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Numero do processo: 10314.722529/2016-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2012 a 30/09/2012, 01/11/2012 a 31/12/2012, 01/03/2013 a 31/03/2013, 01/06/2012 a 30/06/2012, 01/12/2013 a 31/12/2013, 01/03/2014 a 31/03/2014, 01/06/2014 a 30/09/2014, 01/02/2015 a 30/08/2015, 01/11/2015 a 30/11/2015
ALÍQUOTA ZERO. PRODUTOS PARA USO EM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CITOLÓGICA OU DE ANÁLISES CLÍNICAS E EM HOSPITAIS, CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS MÉDICOS ODONTOLÓGICOS E EM CAMPANHAS DE SAÚDE REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO.
As reduções a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no inciso III do art. 1º do Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, são aplicáveis também nas vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial, que constituem a cadeia intermediária de distribuição dos produtos contemplados, sem prejuízo das exigências legais relativas à destinação dos produtos.
SUBVENÇÃO. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA.
No regime de apuração não-cumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978.
INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS.
Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/09/2012 a 30/09/2012, 01/11/2012 a 31/12/2012, 01/03/2013 a 31/03/2013, 01/06/2012 a 30/06/2012, 01/12/2013 a 31/12/2013, 01/03/2014 a 31/03/2014, 01/06/2014 a 30/09/2014, 01/02/2015 a 30/08/2015, 01/11/2015 a 30/11/2015
ALÍQUOTA ZERO. PRODUTOS PARA USO EM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CITOLÓGICA OU DE ANÁLISES CLÍNICAS E EM HOSPITAIS, CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS MÉDICOS ODONTOLÓGICOS E EM CAMPANHAS DE SAÚDE REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO.
As reduções a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no inciso III do art. 1º do Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, são aplicáveis também nas vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial, que constituem a cadeia intermediária de distribuição dos produtos contemplados, sem prejuízo das exigências legais relativas à destinação dos produtos.
SUBVENÇÃO. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA.
No regime de apuração não-cumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978.
INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS.
Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico.
Numero da decisão: 3301-005.881
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Liziane Angelotti Meira
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D' Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Júnior, Marco Antônio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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No regime de apuração nãocumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978. INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 25 29 /2 01 6- 73 Fl. 2745DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.746 2 sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/2012 a 30/09/2012, 01/11/2012 a 31/12/2012, 01/03/2013 a 31/03/2013, 01/06/2012 a 30/06/2012, 01/12/2013 a 31/12/2013, 01/03/2014 a 31/03/2014, 01/06/2014 a 30/09/2014, 01/02/2015 a 30/08/2015, 01/11/2015 a 30/11/2015 ALÍQUOTA ZERO. PRODUTOS PARA USO EM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CITOLÓGICA OU DE ANÁLISES CLÍNICAS E EM HOSPITAIS, CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS MÉDICOS ODONTOLÓGICOS E EM CAMPANHAS DE SAÚDE REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO. As reduções a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no inciso III do art. 1º do Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, são aplicáveis também nas vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial, que constituem a cadeia intermediária de distribuição dos produtos contemplados, sem prejuízo das exigências legais relativas à destinação dos produtos. SUBVENÇÃO. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA. No regime de apuração nãocumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978. INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 2746DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.747 3 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D' Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Júnior, Marco Antônio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do Acórdão no. 1157.770 2ª Turma da DRJ/REC (fls 2677/2698): Em desfavor do contribuinte acima qualificado foram lavrados os autos de infração, por intermédio dos quais foram constituídos créditos tributários referentes à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, dos períodos de apuração setembro, novembro dezembro de 2012; março, junho e dezembro de 2013; março, junhosetembro de 2014; fevereiroagosto e novembro de 2015, nos valores totais (incluindo juros de mora e multa de ofício) de R$ 17.054.331,51 e R$ 33.631.110,52, respectivamente. 2. O Termo de Constatação, parte integrante dos autos de infração indicados, expõe o contexto da ação fiscal em exame: 2.1. A pessoa jurídica fiscalizada tem como objeto social importar, exportar, comerciar, comprar e vender produtos para diagnóstico para diabéticos, aparelhos diagnósticos humanos e veterinários, prestar serviços de realização de exames e testes, montagem de laboratório, reparo de máquinas dentre outros. 2.2. A análise da contabilidade do contribuinte indicou a existência de contas de resultado com saldos credores que não constavam da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. 2.3. A autuação, basicamente, está fundada em três irregularidades: (i) revenda de produtos tributados indevidamente com alíquota zero pelo PIS/Pasep e Cofins; (ii) não inclusão na base de cálculo do PIS/Pasep e Cofins de receitas relativas a crédito presumido do ICMS, considerado subvenção para investimento; e (iii) divergências entre as informações constantes no SPED CONTRIBUIÇÕES e a DCTF. Dos produtos revendidos com aplicação da alíquota zero 2.4. A autoridade fiscal consignou que a aplicação da alíquota zero do PIS/Pasep e da Cofins estabelecida no art. 1º, inciso III, do Decreto nº 6.426, de 2008, condicionase ao atendimento cumulativo dos seguintes requisitos: (a) os produtos, a seguir detalhados, importados ou vendidos no mercado interno deverão ser destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde realizadas pelo poder público, laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas; Fl. 2747DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.748 4 (b) os produtos deverão estar classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18, da NCM; e, (c) os produtos deverão estar expressamente relacionados no Anexo III do Decreto nº 6.426, de 2008. 2.5. Na verificação dos requisitos acima descritos, o autuante informou ter considerado a natureza da operação (com base no CFOP1), os códigos de NCM2 dos produtos vendidos e o CNAE do destinatário (comprador). Destacou que foram desconsideradas as operações de vendas realizadas com pessoas físicas e com comerciantes atacadistas e varejistas. Do crédito presumido de ICMS não computado na base de cálculo 2.6. O sujeito passivo foi intimado a esclarecer a base legal do não oferecimento à tributação do PIS/Pasep e da Cofins relativo a conta contábil 964101001. Em resposta o sujeito passivo afirmou tratarse de crédito presumido do ICMS do Estado de Santa Catarina e que a base legal do regime especial do citado benefício é o art. 196 do Anexo 2 do Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina (RICMS/SC). Além disso, o contribuinte prestou o seguinte esclarecimento: 2.7. Prosseguindo na auditoria, autoridade fiscal identificou que o montante de R$ 1.521.987,01, lançado a débito na conta contábil 964101001, corresponderia a pagamento de litígios, honorários advocatícios etc., os quais não constam da legislação que concedeu o crédito presumido do ICMS. 1 Foram considerados os seguintes CFOP' s para NFE's Saída do Emitente: 5101; 5102; 5103; 5104; 5105; 5106; 5109; 5110; 5111; 5112; 5113; 5114; 5115; 5116; 5117; 5118; 5119; 5120; 5122; 5123; 5124; 5125; 5251; 5252; 5253; 5254; 5255; 5256; 5257; 5258; 5301; 5302; 5303; 5304; 5305; 5306; 5307; 5351; 5352; 5353; 5354; 5355; 5356; 5357; 5359; 5401; 5402; 5403; 5405; 5501; 5502; 5651; 5652; 5653; 5654; 5655; 5656; 5657; 5929; 5932; 5933; 6101; 6102; 6103; 6104; 6105; 6106; 6107; 6108; 6109; 6110; 6111; 6112; 6113; 6114; 6115; 6116; 6117; 6118; 6119; 6120; 6122; 6123; 6124; 6125; 6251; 6252; 6253; 6254; 6255; 6256; 6257; 6258; 6301; 6302; 6303; 6304; 6305; 6306; 6307; 6351; 6352; 6353; 6354; 6355; 6356; 6357; 6359; 6401; 6402; 6403; 6404; 6501; 6502; 6651; 6652; 6653; 6654; 6655; 6656; 6657; 6929; 6932; 6933. 2 Foram considerados os seguintes NCM's para NFE's Saída do Emitente: 4015; 3002.10.22; 3002.10.23; 3002.10.24; 3002.10.29; 3002.90.10; 3006.10.10; 3006.10.20; 3006.10.90; 3006.20.00; 3006.30.21; 3006.30.29; 3006.40.11; 3006.40.12; 3006.40.20; 3006.70.00; 3006.91.10; 3006.91.90; 3926.90.30; 3926.90.40; 3926.90.50; 3926.90.90; 9018.31.11; 9018.31.19; 9018.31.90; 9018.32.11; 9018.32.12; 9018.32.19; 9018.32.20; 9018.39.10; 9018.39.21; 9018.39.22; 9018.39.23; 9018.39.29; 9018.39.30; 9018.39.99; 9018.49.11; 9018.49.12; 9018.49.19; 9018.49.20; 9018.90.95; 9018.90.99. Fl. 2748DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.749 5 2.8. Embora não tendo oferecido o crédito presumido à tributação do PIS/Pasep e da Cofins, foi ressaltado que a pessoa jurídica o ofereceu à exigência do IRPJ. 2.9. Na análise do art. 196 do Anexo 2 do RICMS/SC a autoridade fiscal verificou que não há a exigência de investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Dessa forma, com fundamento nas orientações contidas no Parecer Normativo CST nº 112, de 1978, concluiu que o benefício recebido pelo contribuinte se caracterizaria subvenção para custeio, constituindo receita tributável pelas contribuições (PIS/Pasep e Cofins). Das divergências nas informações do SPED CONTRIBUIÇÕES e DCTF 2.10. A autoridade fiscal disse que, em janeiro de 2012, o contribuinte possuía saldo de crédito de períodos anteriores em valores expressivos, os quais foram aproveitados de ofício, abatendo parte dos valores a lançar dos períodos de apuração do ano de 2012. 2.11. Esclareceu o autuante que o referido aproveitamento poderia levar a lançamento em anos posteriores. Ao reconstituir os controles de créditos dos anos de 2013 a 2015, a partir das informações do DACON e do SPED CONTRIBUIÇÕES, identificou a existência de valores a recolher declarados no SPED CONTRIBUIÇÕES e que não foram declarados na DCTF. 2.12. O sujeito passivo justificou que tal situação deveuse à realização de uma "revisão interna" referente ao período janeiro/2014 a junho/2016 e que, na etapa da retificação da DCTF, recebeu a intimação para prestar esclarecimentos. O contribuinte alegou a existência de pagamentos em valores superiores aos débitos e que, por equívoco, não procedeu à entrega do PER/DCOMP, que era o procedimento adequado, por entender que não haveria necessidade de posteriores pagamentos, já que havia pago antecipadamente. 2.13. A autoridade fiscal esclareceu que existindo períodos cujas declarações no SPED CONTRIBUIÇÕES apresentavam valores a recolher sem o respectivo pagamento ou declaração em DCTF e, considerando que os lançamentos do PIS/Pasep e da Cofins são por homologação, qualquer recolhimento feito fora do período não pode ser aproveitado no lançamento de ofício, cabendo ao sujeito passivo, caso seja seu interesse, apresentar o pedido de compensação dos pagamentos efetuados a maior. 2.14. Com esta ressalva, elaborou demonstrativos e planilhas consolidando os valores a serem exigidos e efetuou os lançamentos de ofício. Fl. 2749DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.750 6 3. Devidamente cientificado da autuação em 28 de dezembro de 2016, o sujeito passivo apresentou sua impugnação em 27 de janeiro de 2017 para arguir, em apertada síntese, o que segue: Do pagamento da parcela não recorrida 3.1. Informou, inicialmente, ter efetuado a quitação parcial, por meio de pagamentos e compensações, da exigência lançada, em razão das divergências entre as informações constantes no SPED CONTRIBUIÇÕES e nas respectivas DCTFs dos períodos de setembro de 2014 e de fevereiro a agosto de 2015, pleiteando o benefício da redução de 50% da multa imposta, nos termos do artigo 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991. Da aplicação do art. 1º, inciso III, do Decreto nº 6.426, de 2008 3.2. Disse que, de acordo com o Termo de Constatação, apesar de os produtos vendidos estarem classificados nas NCMs mencionadas no Decreto nº 6.426, de 2008, e expressamente listados no respectivo Anexo III, parte das vendas foram destinadas a pessoas físicas ou a pessoas jurídicas com enquadramento no CNAE supostamente “incompatível” com a apontada norma. Os códigos considerados incompatíveis com a norma que institui o benefício fiscal são, em grande maioria, relativos às atividades de comércio atacadista ou varejista. 3.3. Afirmou que a Fiscalização adotou uma interpretação restritiva do Decreto nº 6.426, de 2008, uma vez que considerou que somente se poderiam se beneficiar das vendas com alíquota zero as vendas destinadas direta e imediatamente a hospitais, clínicas, consultórios médicos, laboratórios ou órgãos do poder público. 3.4. Sustentou que todas as receitas oriundas da venda de produtos destinadas ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde realizadas pelo poder público, laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas, desde que os produtos em questão se enquadrem nas posições especificas da NCM e estejam listados no Anexo III do Decreto nº 6.426, de 2008. 3.5. Apontou que há dois motivos pelos quais a interpretação adotada pela Fiscalização não pode prevalecer. Em primeiro lugar, porque falta fundamento legal ou respaldo regulamentar para o procedimento adotado pela Fiscalização e, em segundo lugar, porque essa não é a interpretação correta do dispositivo, devendo ser aplicada a regra hermenêutica que determina a interpretação literal (e não restritiva) das normas concessivas de benefícios fiscais. 3.6. Aduziu que a Fiscalização não esclareceu precisamente o critério utilizado para considerar o enquadramento no CNAE como “incompatível com o Decreto 6.426/08”, haja vista que apenas menciona brevemente que seriam empresas em sua maioria comerciais atacadistas e varejistas, sem pontuar Fl. 2750DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.751 7 objetivamente os enquadramentos rejeitados ou as razões para tal rejeição. 3.7. Alegou que a Fiscalização não abriu a oportunidade para que a impugnante comprovasse o destino final das mercadorias comercializadas, ou mesmo esclarecesse as circunstâncias das vendas de seus produtos às empresas enquadradas nos códigos do CNAE tidos por “incompatíveis”. O mesmo se diga em relação aos adquirentes pessoas físicas. 3.8. Argumentou que o legislador utilizou a expressão “destinados ao uso em” para refletir a importância não do destino imediato da mercadoria, mas sim das características intrínsecas do bem comercializado, que deve se destinar ao uso na área de saúde. Caso a intenção fosse priorizar o destino direto e imediato da mercadoria vendida ou importada, o citado Decreto nº 6.426, de 2008, teria utilizado simplesmente a expressão “destinados A hospitais e clínicas (…)” e não “destinadas AO USO EM hospitais e clinicas (…)”. 3.9. Citou ementas de julgados do CARF3 (Acórdãos nº 3403 003.321, 320100.835, 9303004.551), inclusive de sua Câmara Superior, para amparar seus argumentos. 3.10. Expôs que os produtos comercializados pela Requerente destinamse inequivocamente ao uso em laboratório, hospitais, clínicas etc., conforme elucidam as próprias classificações fiscais, juntando ao processo a ficha técnica dos produtos que representam a maior parte de suas vendas. E conclui: "por mais que, em alguns casos, os produtos não sejam vendidos diretamente pela Requerente a hospitais, clínicas, laboratórios etc., pelas próprias características dos produtos comercializados pela Requerente tais entidades são o destino final dos produtos." 3.11. No que se refere às vendas a pessoas físicas, asseverou existir mera intermediação de operações finais realizadas com hospitais e laboratórios localizados e mantidos por instituições de ensino, juntando algumas notas fiscais de tais vendas, nas quais pode ser observado que o local de entrega é justamente os sobreditos hospitais e laboratórios. 3.12. Subsidiariamente, apontou equívocos cometidos no levantamento realizado pela Fiscalização, notadamente em relação ao critério de seleção ser pelo código CNAE, apresentando alguns exemplos verificados. Da não incidência do PIS/Pasep e da Cofins sobre o crédito presumido do ICMS 3.13. Quanto ao crédito presumido do ICMS, argumentou que a legislação tributária prevê que as subvenções para investimento estão fora da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, mas mesmo que assim não fosse, o fato é que tais verbas não podem ser consideradas receitas da pessoas jurídica beneficiária, visto que os ingressos dela decorrentes não são originados da atividade empresarial nem dos negócios jurídicos ou do patrimônio das empresas. Fl. 2751DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.752 8 3.14. Disse que, no caso, os ingressos referentes às subvenções para investimento são meras recuperações de custos, não se qualificando como receita para fins de incidência de PIS/Pasep e Cofins. 3.15. Mencionou que Fiscalização desqualificou o incentivo fiscal da Requerente como subvenção para investimento com base na interpretação superficial do artigo 196, do Anexo II, do RICMS/SC, sem levar em consideração as características específicas do benefício concedido à Requerente. 3.16. Explicou que o incentivo concedido está inserido no contexto da política catarinense de implantação e desenvolvimento de um pólo de saúde localizado no Estado. Em linha com esse programa, o artigo 196, do Anexo II, do RICMS/SC tratou especificamente da concessão de um crédito presumido de ICMS aos contribuintes que viessem a se instalar em território catarinense e que tivessem por atividade a importação e comercialização de produtos vinculados à área da saúde. 3.17. Justificou que para usufruir do incentivo fiscal em questão, firmou um Protocolo de Intenções com o Estado de Santa Catarina, por meio do qual se obrigou a instalar um empreendimento no Município de Itajaí, além de ficar obrigada a atingir um faturamento mínimo nas operações de venda. 3.18. Asseverou que as características do incentivo concedido se enquadram, inclusive, na definição geral de subvenção para investimento trazida pelo o PN CST 112, de 1978, citado pela própria Fiscalização, o qual conceitua subvenção para investimento como sendo “a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não nas suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos”. 3.19. Fez remissão a acórdãos de decisões do CARF e do Superior Tribunal de Justiça sobre o assunto. Dos termos finais 3.20. Como a autuação envolveu a apuração de PIS/Pasep e Cofins com relação ao período de 2012, mas que refletiu diretamente em períodos posteriores, mediante procedimento de reapuração período a período das contribuições, na hipótese de cancelamento apenas parcial da autuação fiscal, falou da necessidade da conversão do feito em diligência e da realização de nova apuração das apontadas contribuições, mantendose o cuidado de aproveitar corretamente os saldos credores eventualmente apurados pela Requerente e, nesta hipótese, apresentou quatro quesitos preliminares a serem respondidos, ressalvando seu direito de complementálos posteriormente. 3.21. Ao final, pleiteou o integral provimento de sua defesa e o cancelamento integral do crédito tributário consignado nos autos de infração. Caso não se entenda pelo imediato cancelamento do Fl. 2752DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.753 9 valor remanescente, propugnou pela conversão do feito em diligência, para que sejam prestados os esclarecimentos reputados necessários e apresentados documentos e informações adicionais para a melhor elucidação dos fatos. Analisada a manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou improcedente em parte a manifestação de inconformidade, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2012 a 30/09/2012, 01/11/2012 a 31/12/2012, 01/03/2013 a 31/03/2013, 01/06/2013 a 30/06/2013, 01/12/2013 a 31/12/2013, 01/03/2014 a 31/03/2014, 01/06/2014 a 30/09/2014, 01/02/2015 a 30/08/2015, 01/11/2015 a 30/11/2015 Ementa: ALÍQUOTA ZERO. PRODUTOS PARA USO EM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CITOLÓGICA OU DE ANÁLISES CLÍNICAS E EM HOSPITAIS, CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS MÉDICOS ODONTOLÓGICOS E EM CAMPANHAS DE SAÚDE REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO. As reduções a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no inciso III do art. 1º do Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, são aplicáveis também nas vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial, que constituem a cadeia intermediária de distribuição dos produtos contemplados, sem prejuízo das exigências legais relativas à destinação dos produtos. SUBVENÇÃO. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA. No regime de apuração nãocumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978. INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/2012 a 30/09/2012, 01/11/2012 a 31/12/2012, 01/03/2013 a 31/03/2013, 01/06/2013 a 30/06/2013, 01/12/2013 a 31/12/2013, 01/03/2014 a 31/03/2014, 01/06/2014 a 30/09/2014, 01/02/2015 a 30/08/2015, 01/11/2015 a 30/11/2015 Ementa: ALÍQUOTA ZERO. PRODUTOS PARA USO EM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CITOLÓGICA OU DE ANÁLISES CLÍNICAS E EM HOSPITAIS, CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS MÉDICOS Fl. 2753DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.754 10 ODONTOLÓGICOS E EM CAMPANHAS DE SAÚDE REALIZADAS PELO PODER PÚBLICO. As reduções a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no inciso III do art. 1º do Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, são aplicáveis também nas vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial, que constituem a cadeia intermediária de distribuição dos produtos contemplados, sem prejuízo das exigências legais relativas à destinação dos produtos. SUBVENÇÃO. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA. No regime de apuração nãocumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, os valores decorrentes de subvenção para custeio, inclusive na forma de crédito presumido de ICMS, constituem, de regra, receita tributável, devendo integrar a base de cálculo dessas contribuições, exceto quando se tratar de subvenção para investimento, assim caracterizada nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978. INCENTIVOS FISCAIS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. Nos termos do Parecer Normativo CST n° 112, de 1978, para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento, é imprescindível a sua efetiva e específica aplicação na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente reitera suas razões. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Passamos à análise dos Recursos Voluntário e de Ofício. Seguiremos a ordem de questões adota na decisão de piso, a saber: 1. Das vendas efetuadas com alíquota zero (art. 1º, inciso III, do Decreto nº 6.426, de 2008) 2. Da tributação do crédito presumido do ICMS 3. Da solicitação de diligência 4. Da conclusão Fl. 2754DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.755 11 1. Das vendas efetuadas com alíquota zero (art. 1º, inciso III, do Decreto nº 6.426, de 2008) Conforme consta da decisão de piso, a questão a ser enfrentada diz respeito à interpretação do alcance das desonerações da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins promovidas pelo Decreto no 6.426, de 7 de abril de 2008, em relação às receitas decorrentes da venda no mercado interno dos produtos classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18 da NCM. Segundo a Fiscalização, as mencionadas desonerações não alcançariam “a cadeia intermediária de distribuição” dos referidos produtos, ou seja as vendas no mercado interno a pessoas jurídicas que exercem atividade comercial (atacadistas e varejistas). Nesta toada, a Fiscalização considerou que a referida desoneração também não seria aplicável às vendas dos citados produtos efetuadas para pessoas físicas, visto que estas também não se encontravam como destinatárias diretas na norma em comento. Com fulcro na Solução de Consulta Cosit nº 03, de 6 de junho de 2012, o julgador a quo entendeu que a redução alcançava os produtos vendidos a pessoas jurídicas, mas não a pessoas físicas. Defende a Recorrente que: Segundo a Recorrente, os produtos em pauta, pela sua própria natureza prestamse somente a uso em hospitais em laboratórios, ainda que vendidos a pessoas físicas e colaciona alguns exemplos: Fl. 2755DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.756 12 A Recorrente assevera que se pode observar nas notas fiscais que os produtos, ainda que vendidos a pessoas físicas, eram efetivamente destinados a laboratórios e hospitais e junta excerto da nota fiscal: Entendemos que a razão assiste à Recorrente e adotamos o entendimento constante do Acórdão CSRF nº 9303004.551, de relatoria da Conselheira Tatiana Midori Migiyama, o qual reproduzimos: Passo, assim, a tratar sobre a discussão acerca da aplicação da alíquota zero às contribuições ao PIS/Cofins condicionada à venda de luvas da posição NCM 4015 diretamente às entidades arroladas no art. 1º, inciso III, do Decreto 6.426/08. Para tanto, importante transcrever o disposto no art. 1º do Decreto 6.426/08: “Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP Importação e da COFINSImportação incidentes sobre a receita decorrente da venda no mercado interno e sobre a operação de importação dos produtos: I químicos classificados no Capítulo 29 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM, relacionados no Anexo I; II químicos intermediários de síntese, classificados no Capítulo 29 da NCM e relacionados no Anexo II, no caso de serem: a) vendidos para pessoa jurídica industrial, para serem utilizados na fabricação dos produtos relacionados no Anexo I; ou b) importados por pessoa jurídica industrial, para serem utilizados na fabricação dos produtos relacionados no Anexo I; III destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde realizadas pelo poder público, laboratório de anatomia patológica, citológica Fl. 2756DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.757 13 ou de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18, da NCM, relacionados no Anexo III deste Decreto.” Considerando o dispositivo em destaque, temse que o termo “destinado ao uso” tem alcance e significado completamente distinto da expressão “destinado para uso”. A autoridade fazendária entende que tal termo reflete o direcionamento da mercadoria para “destinado para uso”, ou seja, de que, no caso em questão, a luva de borracha deve ser importada e revendida diretamente pelo sujeito passivo para hospitais, clínicas e laboratórios. Não obstante, esse entendimento não reflete a intenção do legislador, devendo a expressão “destinado ao uso” ser interpretada literalmente, vez que a norma reflete a importância “não o destino da mercadoria”, mas a característica intrínseca do bem para ser usado na área de saúde. O que, por conseguinte, se torna desnecessária a comprovação do destino pelo sujeito passivo a venda direta para hospitais e clinicas, eis que a mercadoria – luva de borracha, pelas suas características intrínsecas foram concebidas para terem essencialmente a destinação pretendida pelo legislador. O que se quis dizer com o termo “destinado ao uso” – é de que a mercadoria, por sua característica e utilização intrínseca – que deve ser destinado ao uso social – o que, por conseguinte será, independentemente do destinatário direto da r. mercadoria. Eis que a redução da alíquota zero teve por objetivo atuar na área da saúde e bem estar social. Se o legislador quisesse agraciar com a alíquota zero apenas as importações e vendas feitas diretamente a hospitais, clínicas e consultórios, como quer a fiscalização, a redação empregada no Decreto deveria ser diferente. Ao invés de dizer “produtos destinados ao uso em hospitais”, deveria utilizar simplesmente “produtos destinados a hospitais” Entendo, assim, que o entendimento da autoridade fazendária não deve prevalecer, pois não considera a “literalidade” da norma, extrapolando de forma restritiva a intenção do legislador ao trazer a possibilidade de fruição da alíquota zero do PIS e da Cofins sobre o evento em debate. Sendo assim, entendo que a essencialidade/finalidade do produto é de suma importância para a aplicação da norma e fruição da alíquota zero as características do bem. No caso vertente, as luvas de borracha na posição NCM 4015 que possuem o registro na Anvisa são destinadas à área de saúde para uso em hospitais, clínicas e laboratório, em razão de suas características intrínsecas, sendo desnecessário a comprovação do destino dado às mercadorias. Fl. 2757DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.758 14 Não obstante entender dessa forma, importante trazer a essa baila a análise se a alíquota zero do PIS e da Cofins incidentes sobre a receita decorrente da venda no mercado interno alcançaria somente às pessoas jurídicas que observam a sistemática não cumulativa das contribuições. Para tanto, cabe recordar que a empresa é optante pelo Regime do Lucro Presumido. Nos termos do art. 8º, inciso II, da Lei 10.637/02, permanecem sujeitas à sistemática cumulativa do PIS, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido, conforme segue: “Art. 8º Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 6o: Produção de efeito I – as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6o, 8o e 9o do art. 3o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998 (parágrafos introduzidos pela Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001), e Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983; II – as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...]” E, nos termos do art. 10, inciso II, da Lei 10.833/03, permanecem sujeitas à sistemática cumulativa da Cofins, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido, conforme segue: “Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: I as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6o, 8o e 9o do art. 3o da Lei no 9.718, de 1998, e na Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983; II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; [...]” Sendo assim, é de se concluir que o sujeito passivo por observar o Regime de Lucro Presumido – consequentemente, assiste as regras da Sistemática Cumulativa do PIS e da Cofins. O Decreto 6.426/08, ora em discussão, reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins sobre a receita decorrente da venda das luvas no mercado interno trouxe que o que segue: “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no § 3º do art. 2º da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 3º do art. 2º da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 11 do art. 8o da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, Fl. 2758DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.759 15 DECRETA [...]” Ou seja, tal Decreto passou a existir no ordenamento jurídico, em respeito à autorização dada ao Poder executivo, considerando o disposto no art. 2º, § 3º, da Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02. Ressurgindome aos dispositivos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, in verbis: “Art.. 2º Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). [...] § 3º Fica o Poder Executivo autorizado a reduzir a 0 (zero) e a restabelecer a alíquota incidente sobre receita bruta decorrente da venda de produtos químicos e farmacêuticos, classificados nos Capítulos 29 e 30 da TIPI, sobre produtos destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde realizadas pelo poder público, laboratório de DF CARF MF Fl. 3009 18 anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18, e sobre semens e embriões da posição 05.11, todos da TIPI. [...]” “Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). [...] § 3o Fica o Poder Executivo autorizado a reduzir a 0 (zero) e a restabelecer a alíquota incidente sobre receita bruta decorrente da venda de produtos químicos e farmacêuticos, classificados nos Capítulos 29 e 30, sobre produtos destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde realizadas pelo Poder Público, laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18, e sobre sêmens e embriões da posição 05.11, todos da TIPI [...]” Podese extrair dos dispositivos que somente seria reduzida as alíquotas de PIS e Cofins, de 1,65% e 9,6% para zero, se o Poder Executivo autorizar a sua redução. O que fez, por meio do Decreto. Eis as alíquotas trazidas no “caput”. Considerando que somente devem considerar as alíquotas de 1,65% e 9,6% de PIS e Cofins quem observa a sistemática da não cumulatividade, em respeito à aplicabilidade das disposições das normas, não cabe aplicar o disposto no Decreto que traz a fruição a alíquota zero dessas contribuições incidentes sobre a venda no mercado interno para as pessoas jurídicas que observam a Fl. 2759DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.760 16 sistemática cumulativa das contribuições. Assim, o sujeito passivo não faz jus a fruição desse benefício. Dessarte, adoto o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais e voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário nesse ponto e negar provimento ao Recurso de Ofício, estendendo o entendimento da decisão de piso também às aquisições de pessoas físicas. 2. Da tributação do crédito presumido do ICMS Consta dos autos que o contribuinte celebrou acordo como o Governo do Estado de Santa Catarina, por intermédio do qual passou a usufruir de um crédito presumido a título de ICMS, o qual foi considerado tributável pelo autuante, eis que caracterizado como subvenção para custeio, pois o exame da documentação acostada revelou inexistir exigência de investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. A Recorrente, por seu turno, desenvolveu a sua argumentação no sentido contrário, ao sustentar que o crédito presumido em questão caracterizase como subvenção para investimento, porquanto os termos de sua fruição impõem a realização de investimentos e uma série de contrapartidas a seu cargo. A Recorrente citou parte da legislação de Santa Catarina que tratava da concessão do crédito presumido do ICMS e estabelecia as condições: Fl. 2760DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.761 17 Fl. 2761DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.762 18 Fl. 2762DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.763 19 Assim, como defende a Recorrente, resta demonstrado que o incentivo em pauta está em condições à realização de investimentos e à promoção do desenvolvimento econômico do Estado de Santa Catarina. Ademais, como bem indicou a Recorrente, no Acórdão 9303004.312 – 3ª Turma, a Câmara Superior de Recursos Fiscais se manifestou especificamente sobre o crédito presumido de ICMS no Estado de Santa Catarina, vejamos o voto condutor: Fl. 2763DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.764 20 É que já está mais do que pacificada na jurisprudência a tese de que o crédito presumido de ICMS concedido pelos Estados às pessoas jurídicas que neles se instalem ou aumentem a produção já instalada não integra a base de cálculo do PIS/Cofins, por constituirse, segundo este entendimento, apenas mera recuperação de custos. Exemplificativamente, confiramse as seguintes ementas de decisões do Superior Tribunal de Justiça – STJ, a quem cabe, como se sabe, a tarefa de uniformizar a interpretação de lei federal: TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO À CLÁUSULA DA RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. I. Agravo interno interposto em 20/04/2016, contra decisão publicada em 29/03/2016. II. Na esteira do entendimento firmado no STJ, "o crédito presumido de ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com vistas a proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado estadomembro, não assumindo natureza de receita ou faturamento, motivo por que não compõe a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS" (STJ, AgRg no AREsp 626.124/PB, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/04/2015). No mesmo sentido: STJ, AgRg no REsp 1.402.204/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 02/06/2015. III. Consoante a jurisprudência desta Corte, "a questão referente à ofensa ao princípio da reserva de plenário (art. 97 da CF) não deve ser confundida com a interpretação de normas legais embasada na jurisprudência deste Tribunal" (STJ, AgRg no REsp 1.330.888/AM, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe de 21/02/2014). IV. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp 843051 / SP, Rel. Min. Assussete Magalhães, DJe 02/06/2016). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP E DA COFINS. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ ACERCA DA MATÉRIA. SÚMULA 83/STJ. 1. Não se conhece do Recurso Especial em relação à ofensa ao art. 535 do CPC quando a parte não aponta, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF. Fl. 2764DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.765 21 2. O acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento do STJ de que os créditos presumidos de ICMS, por se tratarem de mero ressarcimento, não representam ingresso de valores nos caixas da empresa e, portanto, não são tributáveis. Incidência da Súmula 83/STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1573339 / SC, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 24/05/2016). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO. INCENTIVO FISCAL. NATUREZA JURÍDICA DIVERSA DE RECEITA OU FATURAMENTO. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte os valores provenientes do crédito presumido do ICMS não ostentam natureza de receita ou faturamento, mas de recuperação de custos na forma de incentivo fiscal concedido pelo governo para desoneração das operações, razão pela qual não integra a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Precedentes: AgRg no AREsp 626.124/PB, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 6/4/2015; AgRg no REsp 1.494.388/ES, Rel. Ministra Marga Tessler (Juíza Federal convocada do TRF 4ª Região), Primeira Turma, DJe 24/3/2015; AgRg no AREsp 596.212/PR, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 19/12/2014; AgRg no REsp 1.329.781/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 3/12/2012. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1247255 / RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 26/11/2015). TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. LEIS 10.637/02 E 10.833/03: O CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS CONFIGURA INCENTIVO VOLTADO À REDUÇÃO DE CUSTOS, COM VISTAS A PROPORCIONAR MAIOR COMPETITIVIDADE NO MERCADO PARA AS EMPRESAS DE UM DETERMINADO ESTADOMEMBRO, NÃO ASSUMINDO NATUREZA DE RECEITA OU FATURAMENTO, PELO QUE NÃO COMPÕE A BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS. ENTENDIMENTO APLICÁVEL AO IRPJ E À CSLL. PRECEDENTE: AGRG NO RESP. 1.227.519/RS, REL. MIN. BENEDITO GONÇALVES, DJE 7.4.2015. AGRAVO REGIMENTAL DA FAZENDA NACIONAL DESPROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça assentou o entendimento de que o crédito presumido de ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com vistas a proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado estadomembro, não assumindo natureza de receita ou faturamento, motivo por que não compõe a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. 2. A Primeira Turma desta Corte assentou o entendimento de que o crédito presumido de ICMS não se inclui na base de Fl. 2765DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.766 22 cálculo do IRPJ e da CSLL; Não há dúvida alguma que a aplicação desse sistema de incentivo aos exportadores amplia os lucros das empresas exportadoras. Se não ampliasse, não haveria interesse nem em conceder, nem em utilizar. O interesse é que move ambas as partes, o Fisco e o contribuinte; neste caso, o Fisco tem o interesse de dinamizar as exportações, por isso concede o benefício, e os exportadores têm o interesse de auferir maiores lucros na atividade exportadora, por isso correm reivindicam o benefício. Isso é absolutamente básico e dispensável de qualquer demonstração. 3. Nesse sentido, deve o legislador haver ponderado que, no propósito de menor tributação, a satisfação do interesse público primário representado pelo desenvolvimento econômico, pela geração de emprego e de renda, pelo aumento de capacidade produtiva, etc. preponderaria sobre a pretensão fiscal irrestrita, exemplo clássico de interesse público secundário. 4. Agravo Regimental da Fazenda Nacional desprovido. (AgRg no REsp 1461415 / SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 26/10/2015). PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Recurso especial em que se discute a inclusão do crédito presumido de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo de: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição para Programa de Integração Social (PIS) e Constribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). 2. "O crédito presumido de ICMS configura "benefício fiscal" que ao ser lançado na escrita contábil da empresa promove, indiretamente, a majoração de seu lucro e impacta, consequentemente, na base de cálculo do IRPJ e da CSLL". Nesse sentido: AgRg nos EDcl no REsp 1.458.772/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe 13/10/2014; AgRg no REsp 1.461.032/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 27/11/2014; AgRg nos EDcl no REsp 1.465.870/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 31/3/2015. 3. "Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, os valores provenientes do crédito do ICMS não ostentam natureza de receita ou faturamento, mas mera recuperação de custos na forma de incentivo fiscal concedido pelo governo para desoneração das operações, NÃO integrando, portanto, a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS". Nesse sentido: AgRg no REsp 1422739/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe 18/02/2014; AgRg no REsp 1.463.364/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, julgado em 24/3/2015, DJe 30/3/2015. Fl. 2766DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.767 23 Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1402204 / SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 02/06/2015). O fundamento é o disposto na alínea “b” do inciso V do § 3º do art. 1º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e 10.833, 29 de dezembro de 2003, que assim determinam: Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...) V referentes a: (...) b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. Esse entendimento é também compartilhado pelo Procurador Geral da República, como se vê do parecer que exarou nos autos do Recurso Extraordinário – RE nº 835818/PR, no qual reconhecida a repercussão geral da matéria levada à apreciação do Supremo Tribunal Federal: PARECER Nº 117184/2016 – ASJCIV/SAJ/PGR Recurso Extraordinário 835818 – PR Relator: Ministro Marco Aurélio Recorrente: União Recorrida: O.V.D. Importadora e Distribuidora Ltda. DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 843. CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NO CONCEITO DE RECEITA. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, DA ISONOMIA E DA PROPORCIONALIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS. DESPROVIMENTO. 1 – Proposta de Tese de Repercussão Geral (Tema 843): Devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS os valores correspondentes a créditos presumidos de ICMS decorrentes de Fl. 2767DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.768 24 incentivos fiscais concedidos pelos Estados e pelo Distrito Federal, sob pena de ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da isonomia e da proporcionalidade. 2 – Parecer pelo não provimento do recurso extraordinário. Brasília (DF), 30 de maio de 2016. Rodrigo Janot Monteiro de Barros ProcuradorGeral da República Portanto, na esteira de remansosa jurisprudência do STJ, o crédito presumido de ICMS conferido pelos estados não integra a base de cálculo do PIS/Cofins. Cumpre mencionar ainda que o Convênio em pauta está em consonância com a Lei Complementar no 160, de 7 de agosto de 2017, e portanto, não está eivado de inconstitucionalidade. Dessarte, adoto o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, constante do Acórdão 9303004.312 – 3ª Turma, e voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário nesse ponto. 3. Da solicitação de diligência A Recorrente solicitou a realização de diligência para que pudesse produzir mais provas e esclarecimentos a seu favor. Tendo em conta que a Recorrente já teve oportunidade de juntar todas as provas e esclarecimentos que julgasse relevantes, portanto, precluso seu direito, e tendo em conta também que se propõe decidir a favor da Recorrente, propõese denegar o pedido de conversão do feito em diligência. 4. Conclusão Diante do exposto, propõese dar provimento ao Recurso Voluntário e negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Liziane Angelotti Meira Fl. 2768DF CARF MF Processo nº 10314.722529/201673 Acórdão n.º 3301005.881 S3C3T1 Fl. 2.769 25 Fl. 2769DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.900374/2008-53
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1003-000.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para que os autos retornem à DRF de origem, e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela contribuinte no recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para que os autos retornem à DRF de origem, e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela contribuinte no recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 0342.907, de 29 de abril de 2011, da 2ª Turma da DRJ/BSB, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 00 37 4/ 20 08 -5 3 Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10166.900374/200853 Resolução nº 1003000.057 S1C0T3 Fl. 3 2 Por economia processual e por entender suficientes as informações constantes no Relatório do r. acórdão, passo a transcrevêlo abaixo: Consoante Despacho Decisório reproduzido à fl. 21, emitido eletronicamente em 24/04/2008, a autoridade competente não homologou a compensação efetuada pela contribuinte acima identificado por meio do PER/DCOMP nº.00256.81033.290906.1.6.021244, tendo em vista que não foi confirmado o crédito informado, proveniente de saldo negativo de IRPJ no valor original de R$ 20.944,55, apurado em 31/12/2002, não foi confirmado na DIPJ respectiva, na qual o valor consta zerado. Cientificada do despacho denegatório, por via postal, em 05/05/2008 (fl.20), a interessada apresentou em 04/06/2008 a manifestação de inconformidade acostada às fls.01/09, discordando da não homologação, argumentando, em síntese, que, por mero lapso, o IRRF referente ao período de 01/07 a 31/12/2002 não foi incluído na composição dos valores pagos/retidos na DIPJ/2003. Entretanto, para corrigir a falha, providenciou DIPJ retificadora, cuja cópia apresenta anexa, incluindo os valores não declarados, o que evidencia efetivamente a existência de saldo negativo passível de restituição/compensação. A DRJ/BSB julgou a manifestação de inconformidade improcedente, e não reconheceu o crédito informado pela contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 31/12/2002 IRRF. SALDO NEGATIVO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Diante de manifestação de inconformidade que alega erro no preenchimento da DIPJ, sem trazer prova documental que dê suporte à alegação, resta manter o despacho decisório que não homologou a compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão da DRJ, a contribuinte apresentou recurso voluntário que, em síntese, destacou: (i) Tratase de pedido de homologação de compensação de créditos decorrentes de saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2002 com débitos de IRRF do mesmo período de apuração. Que a compensação apresentada pela Recorrente referente a saldo negativo de IRPJ não encontra vedação na legislação que rege a matéria; (ii) que, por lapso, o IRRF referente ao período de 01/07/2002 a 31/12/2002 não foi incluído na composição dos valores pagos/retidos na DIPJ/2003. Em razão disso, a Recorrente providenciou a retificação da DIPJ , mas não conseguiu retificar o PER/DCOMP porque já havia decisão administrativa; Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10166.900374/200853 Resolução nº 1003000.057 S1C0T3 Fl. 4 3 (iii) no processo administrativo fiscal vigora o princípio da verdade material e da liberdade de prova, fato que confere maior elasticidade tanto na apresentação da prova pela parte, que não estaria sujeita a preclusões, quanto na sua apreciação pelo julgador administrativo. Ao final, requereu a reforma do r. acórdão, julgandose procedente a declaração de compensação formulada. É o Relatório. VOTO Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. A Recorrente declarou ter apurado saldo negativo de IRPJ na DIPJ, exercício 2003, contudo em razão de erro de fato no preenchimento da DIPJ, pois não foram informados na declaração os valores retidos na fonte no período de 01/07/2002 a 31/12/2002. Em razão do equívoco, efetuou a retificação da citada declaração. A DRJ, ao analisar a defesa da Recorrente, fundamentou que o lapso apontado pela Recorrente de erro no preenchimento da DIPJ pode ser sanado, desde que haja a devida comprovação de sua ocorrência, porém a contribuinte não juntou documentos comprobatórios de seu erro ao processo, quando do julgamento da manifestação de inconformidade. Diante de tais razões, a DRJ, acertadamente, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. A Recorrente, em grau de recurso voluntário, aduz que a DIPJ retificadora seria prova suficiente, no entanto apenas a DIPJ retificada não comprova as alegações da Recorrente por se tratar de mera declaração sem efeitos de confissão de dívidas, tendo, pois, efeitos meramente informativos. Imprescindível, por conseguinte, a apresentação de documentos capazes de comprovar o erro apontado pela Recorrente no preenchimento da DIPJ original. A Declaração de Compensação é um processo que visa restituir quantias pagas a título de tributos ou contribuições que são administrados pela Receita Federal do Brasil, que foram recolhidos indevidamente ou ainda, quando o valor pago é maior do que aquele realmente devido. Ela é uma das formas de extinção do crédito tributário, previsto na legislação fiscal federal. A DCOMP, portanto, não é comprovante de crédito. Cabe à Receita Federal, munida de outras informações prestadas pelo contribuinte (IRPJ, DCTF, DIRF, etc), verificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado para homologar a compensação. Logo, havendo qualquer discrepância nas informações constantes na PER/DCOMP com as demais declarações fornecidas pelo contribuinte, é acertado o Despacho Decisório e demais decisões que não reconhecem o crédito. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10166.900374/200853 Resolução nº 1003000.057 S1C0T3 Fl. 5 4 Contudo, a decisão da DRJ baseouse primordialmente na ausência de comprovação do erro cometido por parte do contribuinte e, em razão desse posicionamento, a Recorrente acostou ao processo novos documentos que entende serem suficientes para comprovar as retenções. A legislação sobre a matéria destaca a necessidade do contribuinte apresentar comprovante de retenção, emitido em seu nome pela fonte pagadora, para ter direito a efetuar a compensação dos créditos, senão vejamos o art. 55 da Lei n° 7.450/85: Art. 55. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos No mesmo sentido são as determinações contidas nos arts. 942 e 943 do Decreto n° 3.000/99 ( RIR/99) e art.s 988 e 987 do Decreto nº 9.580/ 2018 A autoridade julgadora deve se orientar pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. A Recorrente destacou que o erro se deu na não inclusão de informações quanto a retenções em determinado período e a autoridade julgadora no r. acórdão limitouse em destacar a ausência de prova, porém não verificou sequer a DIRF, documento disponível para a Receita Federal, a fim de analisar se existiu alguma retenção que não foi lançada pela contribuinte. A Recorrente, por sua vez, a fim de comprovar o erro apontado desde a manifestação de inconformidade e reiterado no recurso voluntário, acostou ao processo efls. 112 a 327 Declaração de Imposto de Renda Retido na fonte DIRF, DIPJ 2003, comprovantes anuais de rendimentos pagos ou creditados e de retenção de imposto de renda na fonte de diversas fontes pagadoras e notas fiscais de prestação de serviço . Tais informações e provas fornecidas pela Recorrente nesta oportunidade são novos no processo e não foram analisados e discutidos pela DRF e pela DRJ. Em que pese ter a Recorrente juntado os documentos apenas após o recurso, verificase que a alegação de erro no preenchimento da DIPJ foi ventilada desde a manifestação de inconformidade e, no julgamento da DRJ, os julgadores entenderam que a Recorrente não juntou provas suficientes para comprovar o erro, destacando que tal erro poderia ser sanado, se devidamente comprovado. Por essa razão, entendo não ter havido a preclusão para a juntada de provas nesse caso específico e, para evitar prejuízo à defesa ou evitar supressão de instância de julgamento, haja vista que os documentos juntados ao processo não foram analisados nas instâncias anteriores, deve o processo retornar à DRF para que seja possível analisar as declarações da Recorrente quanto à demonstração do erro de fato apontado, através da análise dos documentos colacionado aos autos. Por todo o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que os autos retornem à DRF e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10166.900374/200853 Resolução nº 1003000.057 S1C0T3 Fl. 6 5 pela contribuinte no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo. Havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito, a título de saldo negativo de IRPJ ano calendário 2002, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à DCOMP nº 00256.81033.290906.1.6.021244. Por fim, destaco que, em razão do princípio da ampla defesa, que seja o contribuinte intimado do resultado da diligência para, querendo, manifestarse sobre os resultados alcançados. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 332DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.902250/2014-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.024
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento.
Relatório
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento. Relatório
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento. Relatório Trata o presente processo do PER/DCOMP transmitido pelo contribuinte acima identificado por meio do qual solicita o reconhecimento de um direito creditório, referente à COFINS, para fins de sua compensação com débitos próprios. O Despacho Decisório constante dos autos, emitido de forma eletrônica, não homologou a compensação pleiteada, sob o fundamento de não haver crédito disponível para tanto, pelo fato de o pagamento informado no DARF correspondente haver sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 05 .9 02 25 0/ 20 14 -8 8 Fl. 276DF CARF MF Processo nº 10805.902250/201488 Resolução nº 3302001.024 S3C3T2 Fl. 3 2 Anteriormente à emissão do referido Despacho Decisório, foi disponibilizada ao contribuinte a Análise Preliminar do Direito Creditório, no sítio da RFB, com a informação de que, no caso de inconsistências constatadas na referida Análise, ser a ele concedido o prazo de 45 dias a contar dessa disponibilização, para o seu saneamento, através da transmissão de PERDCOMP retificador, ou ainda de outras declarações retificadoras, como DCTF, DIPJ, Dacon, Redarf, DIRF, etc. Contra a referida decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, em que alegou basicamente o seguinte: Através de auditoria em seus controles internos, constatou a ocorrência de pagamento a maior da COFINS do período de apuração em questão, tendo apresentado pedido de compensação do referido crédito, através de PERDCOMP retificador, desacompanhado, porém, da retificação das demais Declarações que compõem sua obrigação acessória – como DACON e DCTF, nas quais o débito devido da referida contribuição social foi declarado com erro. Somente após o recebimento do Despacho Decisório em comento, procedeu à retificação das declarações DACON e DCTF, conforme anexadas aos autos, e nas quais fez refletir o valor a menor devido a título de COFINS, como origem de seu direito creditório, cuja liquidez e certeza restaria então comprovada. Assim, a Defendente requer que seja julgada procedente a presente Manifestação de Inconformidade, com a consequente homologação da compensação pleiteada. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, entendendo não restar comprovada a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Assentou ainda, o colegiado a quo, ser ônus do contribuinte a comprovação documental do direito creditório informado em declaração de compensação. Intimado da decisão a Recorrente interpôs recurso voluntário, no qual reproduz as alegações oferecidas na impugnação e aduz que a decisão de primeira instância trouxe os fatos e razões novas que merecem ser contrapostos, tais como a insuficiência da apresentação da DCTF e da DACON retificadoras para provar o direito da recorrente, daí porque no recurso voluntário traz balancete de verificação que discrimina as contas tributadas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302001.015, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10805.902245/201475, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10805.902250/201488 Resolução nº 3302001.024 S3C3T2 Fl. 4 3 Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3302001.015):. "O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Sem embargo de a recorrente não ter trazido todas as provas necessárias à comprovação do seu direito na manifestação de inconformidade, houve um esforço nesse sentido, com a apresentação da DCTF e da DACON retificadoras. Agora em recurso voluntário, o balancete de verificação e as explicações produzidas demonstram continuação do esforço de comprovar seu direito, todavia surgiu apenas verossimilhança do direito da recorrente, notase que as provas trazidas aos autos são documentos produzidos unilateralmente pela contribuinte, e não foram alvo de inspeção pela auditoriafiscal. Nesse diapasão, voto por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem do lançamento proceda a análise detalhada dos lançamentos contábeis das contas da escrituração da contribuinte em que ocorreram o pagamento a maior (receitas financeiras oriundas de juros, descontos, rendimentos de aplicação financeira, bem como o não aproveitamento de crédito sobre a depreciação de prédio em que está instalada a empresa) e pronuncie se, de forma fundamentada, em relatório fiscal conclusivo se, de fato, a contribuinte tem direito ao crédito pleiteado. Após, dar ciência ao sujeito passivo do resultado da diligência, com reabertura do prazo de 30 (trinta dias) para apresentação de manifestação da recorrente, no tocante às conclusões da diligência proposta. Ao fim do prazo, com ou sem manifestação, devolvase o processo a este Conselho para a conclusão do julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem do lançamento proceda a análise detalhada dos lançamentos contábeis das contas da escrituração da contribuinte em que ocorreram o pagamento a maior (receitas financeiras oriundas de juros, descontos, rendimentos de aplicação financeira, bem como o não aproveitamento de crédito sobre a depreciação de prédio em que está instalada a empresa) e pronunciese, de forma fundamentada, em relatório fiscal conclusivo se, de fato, a contribuinte tem direito ao crédito pleiteado. Após, dar ciência ao sujeito passivo do resultado da diligência, com reabertura do prazo de 30 (trinta dias) para apresentação de manifestação da recorrente, no tocante às conclusões da diligência proposta. Ao fim do prazo, com ou sem manifestação, devolvase o processo a este Conselho para a conclusão do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.727723/2011-40
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.
Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência.
Numero da decisão: 2002-000.976
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1355; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 55 1 54 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18470.727723/201140 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.976 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 23 de abril de 2019 Matéria IRPF DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente DENISE FREITAS FABIAO GUASQUE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidas as despesas médicas, de hospitalização, e com plano de saúde referentes a tratamento do contribuinte, de seus dependentes e de seus alimentandos realizadas em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 77 23 /2 01 1- 40 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 18470.727723/201140 Acórdão n.º 2002000.976 S2C0T2 Fl. 56 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento (efls. 04/08) lavrada em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual Retificadora do exercício 2010 (efls. 09/14), onde se apurou a Dedução Indevida de Despesas Médicas de R$ 45.900,00 referente à Clínica Paula Bellotti Azevedo. A contribuinte apresentou Impugnação (efls. 02/03), cujas alegações foram sintetizadas no relatório do acórdão recorrido (efls. 35): de início, afirma que a despesa tem origem em tratamento dermatológico complexo com inúmeras fases com a Clínica Paula Bellotti Azevedo Ltda, e informa o endereço onde a empresa poderá ser intimada a prestar esclarecimentos; na sequência, aduz que a aposição do termo “estético” nas notas fiscais devese ao fato de que, no ramo da dermatologia, todo tratamento médico, clinico ou cirúrgico também é intrinsicamente estético; ressalta que, com base no princípio da verdade real e material, pode o contribuinte apresentar à autoridade fiscal todo e qualquer documento idôneo e hábil a provar sua alegação, enquanto não encerrados os prazos para impugnação e recurso; por fim, requer o acolhimento da impugnação e protesta pela juntada ulterior de novos documentos. A Impugnação foi julgada improcedente pela 6ª Turma da DRJ/BSB em decisão assim ementada (efls. 34/38): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. NÃO COMPROVAÇÃO. Mantémse a glosa efetuada quando os valores deduzidos na Declaração de Ajuste Anual não são comprovados por documentação hábil e idônea. Cientificada do acórdão de primeira instância em 09/10/2015 (efls. 39), a interessada ingressou com Recurso Voluntário em 06/11/2015 (efls. 43/46) com os argumentos a seguir sintetizados. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 18470.727723/201140 Acórdão n.º 2002000.976 S2C0T2 Fl. 57 3 Expõe que a despesa lançada em sua declaração tem origem em tratamento estético dermatológico complexo na Clínica Paula Bellotti Azevedo, CNPJ n° 05.103.331/000170. Acrescenta que juntou, em sede de impugnação, cópias autenticadas das notas fiscais contendo todos os dados da prestadora de serviços. Explica que a aposição do termo "estético" completando o termo dermatológico quando da emissão nas notas fiscais devese ao fato de que, no ramo da dermatologia, todo tratamento médico, clínico ou cirúrgico também é intrinsecamente estético, haja vista cuidar da pele, órgão que cobre todo o corpo e compõe a identidade do indivíduo. Discorre sobre o tema e afirma que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é privativo do dermatologista o diagnóstico, a prevenção e o tratamento de doenças, assim como a solução de problemas estéticos daí decorrentes. Reitera que os tratamentos por ela realizados são privativos de profissional médico especializado na área de dermatologia e não se confundem com tratamentos de beleza realizados em salões. Defende que a autoridade fiscal não pode supor, desprovida de qualquer elemento indiciário, que os tratamentos dermatológicos aplicados, comprovados por nota fiscal, foram ministrados por outro profissional que não o médico. Entende, ainda, que não se pode pretender que a contribuinte apresente relatórios médicos detalhados expondo sua intimidade para apenas repisar o que já se encontra lançado nas notas fiscais. Voto Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Relativamente à dedução de despesas médicas, aplicase o disposto no art. 80 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99, vigente à época. No caso em tela a autoridade lançadora glosou o pagamento declarado para a Clínica Paula Bellotti Azevedo por considerar insuficiente para a identificação da natureza dos serviços prestados a descrição constante das notas fiscais apresentadas pela contribuinte (efls. 05/06, 12, 17/23). O acórdão de primeira instância manteve a infração apurada com base nas razões de decidir abaixo reproduzidas, as quais acompanho (efls. 37): Inicialmente, cumpre esclarecer à impugnante que a dedutibilidade das despesas declaradas deve ser por ela comprovada, não cabendo ao Fisco intimar o prestador dos serviços para apresentação de documentos que, em princípio, devem estar sob responsabilidade da interessada. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 18470.727723/201140 Acórdão n.º 2002000.976 S2C0T2 Fl. 58 4 Quanto aos documentos apresentados como prova dos pagamentos declarados, cumpre registrar que as Notas Fiscais de Serviços de fls. 17/23 evidenciam na “Descrição dos Serviços” a prestação de “tratamento estético dermatológico”. Ocorre que tal descrição não esclarece se os serviços foram prestados por médico dermatologista ou se consistem apenas em tratamento estético, o qual pode ser prestado por outros profissionais, não abrangidos no caput do art. 80 do RIR/99, anteriormente transcrito. Destarte, a informação ali constante não é suficiente para a avaliação quanto à dedutibilidade da despesa incorrida, motivo pelo qual a glosa efetuada deve ser mantida. Acrescentese que a requerente, após cientificada do lançamento, poderia ter trazido aos autos outros documentos que identificassem a natureza do tratamento, tais como declaração da empresa ou do médico que a atendeu, por exemplo, mas nada foi juntado ao processo nesse sentido. Em seu Recurso Voluntário a interessada sustenta que os tratamentos foram realizados por médico especializado na área de dermatologia, mas não apresenta nenhum documento para suprir a pendência apontada pelo Colegiado a quo, não merecendo reforma a decisão recorrida. Cumpre ressaltar que todas as deduções informadas na Declaração de Ajuste Anual estão sujeitas a comprovação por documentação hábil e idônea, nos termos do art. 73 do RIR/99, e que, havendo questionamento acerca das despesas declaradas, cabe ao sujeito passivo o ônus de comproválas de maneira inequívoca, sem deixar margem a dúvidas. Importa salientar, ainda, que o caput do art. 80 do RIR/99 restringe a dedução de despesas médicas aos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, o que não pode ser constatado no presente caso. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Fl. 58DF CARF MF
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Numero do processo: 12585.720313/2011-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE
Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, deve-se parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX.
PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE.
O alcance do termo insumo, no art. 3º, I, b, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendo-se observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito.
CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito.
Numero da decisão: 3401-005.958
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, devese parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, no art. 3º, I, “b”, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendose observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 72 03 13 /2 01 1- 02 Fl. 5285DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Trata de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ, que considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório, nos seguintes termos: (..) JULGAMENTO EM CONJUNTO. AUTO DE INFRAÇÃO E PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. Não configura cerceamento do direito de defesa o fato de o julgamento administrativo, relativo a determinado auto de infração, ter sido efetuado em data anterior a que ocorre a análise de manifestação de inconformidade de compensação não homologada, envolvendo o mesmo fato gerador e tributo. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DESCABIMENTO. É descabida a discussão sobre a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício em processo administrativo de manifestação de inconformidade que não homologou a compensação, quando os débitos relacionados no PERDCOMP não foram objeto de lançamento de ofício. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Restando comprovado que a empresa tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do despacho decisório e que lhe foi oferecido prazo Fl. 5286DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 4 3 para defesa, inclusive com acolhimento de petição e documentos apresentados após seis meses da petição original, resta superada a discussão sobre nulidade por cerceamento do direito de defesa. (...) REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, há de se fazer o rateio proporcional entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno. REGIME NÃOCUMULATIVO. EXPORTAÇÃO. FATO GERADOR. ASPECTO TEMPORAL. A receita de exportação deve ser reconhecida na data do embarque dos produtos vendidos para o exterior. REGIME NÃO CUMULATIVO. APURAÇÃO DOS CRÉDITOS. MOMENTO. No regime da nãocumulatividade, os créditos a descontar/ressarcir/compensar devem ser apurados em relação às aquisições de insumos/bens para revenda, ou serviços, ocorridos no próprio mês de apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO. PRAZO QÜINQÜENAL. O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, observado o prazo de prescrição de cinco anos contados do primeiro dia do mês seguinte ao de sua apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Entendese por insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado e sejam utilizadas na fabricação ou produção de bens destinados à venda e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na sua produção ou fabricação. ASSUNTO: (...) COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Não há como considerar líquido e certo o direito creditório relativo a período de apuração abrangido por auditoria fiscal, que redundou na formalização de exigência do período em que o suposto crédito teria sido apurado. (...) Do Recurso Voluntário Fl. 5287DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 5 4 Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401005.953, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 12585.720271/201100. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401005.953): "Da Preliminar de Nulidade por Cerceamento de Defesa Não assiste razão à Recorrente concernente a sua afirmativa de que teria havido cerceamento de defesa quando do despacho decisório, em vista de esse não ter fundamentação clara. Ora, não encontra abrigo essa assertiva, uma vez que, pela análise dos autos, não houve falta de clareza ou justificação por parte da fiscalização; se a motivação vier a ser insuficiente para o não reconhecimento do crédito, não é caso para admitir a nulidade, mas sim de provimento quando da análise mérito do recurso – o que será analisado a posteriori. Por fim, ressalto que os vícios que podem ensejar a nulidade do lançamento são aqueles previstos no artigo 59, do Decreto 70.235/1972. Não identifico no presente processo, quaisquer das hipóteses ali encontradas, razão pela qual afasto a preliminar suscitada pela Recorrente. Do Mérito Em síntese, o cerne do presente recurso possui três grandes pontos que devem ser analisados por esse colegiado: Qual deve ser o critério utilizado para o reconhecimento de receitas de exportação para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos nãocumulativos de COFINS passíveis de ressarcimento? É possível a apropriação de créditos decorrentes da não cumulatividade em período de competência distinto daquele em que houve a aquisição do bem ou do serviço? Fl. 5288DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 6 5 No caso concreto, qual deve ser o critério adotado para “insumo”, para apropriação de créditos de COFINS não cumulativo, e os bens e serviços que geraram os créditos glosados por ocasião do despacho decisório se adequam àquele conceito? Vejamos. SOBRE O MOMENTO PARA O RECONHECIMENTO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO A previsão para a utilização do saldo credor de COFINS não cumulativa proveniente de operações de exportação e respectivo cálculo via rateio proporcional decorre está na própria Lei Federal 10.833/2003, nos artigos 3º e 6º: Art. 3º (...) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I Apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II Rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. (...) Art. 6º § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I Dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; Fl. 5289DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 7 6 II Compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. §2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no §1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. §3º O disposto nos §§ 1º e 2º aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º. Ora, a legislação ordinária previu expressamente a possibilidade de se fazer a apropriação de créditos de exportação via rateio proporcional, porém, não previu qual seria o critério temporal para se definir qual o momento que a receita bruta, seja de mercado interno, seja a de exportação, seria tida como gerada. No âmbito da Receita Federal do Brasil, a Instrução Normativa 404/2004, que regulamentou a matéria – a despeito de ter sido legitimada pela legislação ordinária a fazêlo – tampouco o fez, limitandose a reprisar os ditames exarados na norma federal. Caberia então verificar se haveria outra norma complementar que pudesse ser aplicada na estipulação do momento em que a receita de exportação seria apurada. Nesse contexto, a decisão ora recorrida caminhou bem ao entender que a Portaria MF 356/1988 seria aplicável ao caso, já que ela definira, há muito tempo, que A receita bruta de vendas nas exportações de produtos manufaturados nacionais será determinada pela conversão, em cruzados, de seu valor expresso em moeda estrangeira à taxa de câmbio fixada no boletim de abertura pelo Banco Central do Brasil, para compra, em vigor na data de embarque dos produtos para o exterior. I.1 Entendese como data de embarque dos produtos para o exterior aquela averbada pela autoridade competente, na Guia de Exportação ou documento de efeito equivalente. Não só isso, partindose da discussão sobre quando se aperfeiçoa a operação de venda ao exterior, é importante ressaltar que, nos próprios argumentos na decisão recorrida, ela não se adstringe à mera verificação da data da emissão das respectivas notas fiscais, mas sim quando houve a tradição do bem ao respectivo cliente no exterior: Fl. 5290DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 8 7 A adoção do regime de competência revela que, sob o aspecto contábil, o momento do reconhecimento da receita, no caso de venda de mercadorias para o mercado externo, a exemplo de vendas no mercado interno, ocorre no momento da tradição. Com efeito, o que determina a obtenção de uma receita não é a emissão da NF ou da fatura como o termo faturamento poderia levar a supor, mas sim a realização dos atos pelos quais foi fixada a contraprestação. Sob essa questão, extraise do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações Fipecafi (Sérgio de Iudícibus e outros. São Paulo: Atlas, 2003, p. 333): (...) o momento do reconhecimento da receita de vendas deve ser, normalmente, o do fornecimento de tais bens ao comprador. Nas empresas industriais e nas empresas comerciais, a contabilização das vendas pode ser feita pelas notas fiscais de vendas, já que a entrega dos produtos é praticamente simultânea à da emissão das notas fiscais. Ocorre, comumente, todavia, uma pequena defasagem entre a data da emissão da nota fiscal e a da entrega dos produtos, quando a condição da venda é a entrega no estabelecimento comprador. Teoricamente, deveriam ser registradas como receita somente após a entrega dos produtos. (não grifado no original) Com a entrega dos bens (ou a prestação dos serviços), e não com a mera contratação ou emissão da nota fiscal, o vendedor teria realizado o esforço necessário para fazer jus ao preço. Ocorre que o local de entrega dos bens pode ser livremente pactuado pelas partes, e essa definição vai interferir no momento em que se considera auferida a receita. Sendo certa a adoção da premissa acima, caberia, no caso concreto, entender quando houve, de fato, a entrega dos bens objeto de exportação ao comprador no exterior. Diante desse cenário, talvez fosse relevante a condição de compra e venda para cada uma das notas fiscais através dos denominados INCOTERMS , porém, em se tratando de exportação, basta trazer à baila o fato de que, em qualquer hipótese de condição de venda, o responsável por proceder ao despacho de exportação é o exportador, qual seja, o Recorrente, não sendo possível, em qualquer hipótese, conceber a tradição de bem antes da averbação do embarque para o exterior. Assim, sem entrar nos meandros de cada negociação comercial, pareceme razoável adotar como parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. Nessa linha, entendo a administração fazendária acertou ao se utilizar dessa premissa, devendo ser mantida a decisão de primeiro grau. Fl. 5291DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 9 8 SOBRE OS CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS O entendimento fazendário, que restou confirmado na decisão recorrida, direcionase no sentido de que os bens e serviços somente poderiam ter seus créditos imputados ao período de competência em que foram adquiridos. Contudo, não comungo do mesmo posicionamento. Primeiramente, vejamos o que diz o citado artigo 3º, em seu caput e no parágrafo quarto: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes. Vejam que, em interpretação literal e sistemática, o parágrafo quarto estabeleceu o direito de o contribuinte apropriar crédito que eventualmente não tenha sido utilizado para desconto da base de cálculo em um determinado mês em períodos de apuração subsequentes. Caso o legislador fizesse menção ao excesso de créditos, ou mesmo a expressão “saldo credor” – como o faz em diversos outros normativos relativos às contribuições sociais – ele teria o feito. Desse modo, não caberia restrição ao Poder Executivo restringir esse direito quando estabeleceu normas relativas à gestão da fiscalização e arrecadação desses tributos, como faz crer a decisão ora recorrida. É claro que o direito original aos créditos das contribuições parte do pressuposto de que eles devam ser registrados simultaneamente à escrituração dos documentos que embasam a aquisição de bens e serviços, ou ainda que venha a ser apropriado nos períodos em que determinados custos e despesas forem considerados incorridos. Todavia, o parágrafo quarto acima mencionado possibilitou ao contribuinte vir a registrar extemporaneamente os créditos de PIS e COFINS registrados na sistemática não cumulativa das referidas contribuições, vindo a aproveitálos para desconto das contribuições sociais em períodos de apuração distintos (futuros) dos quais se originaram. Esse entendimento vem sendo unânime nessa turma, que aduziu dessa mesma maneira, no Acórdão 3401004.022, proferido em outubro/2017, de relatoria do Conselheiro Robson Bayerl. Vejamos: Fl. 5292DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 10 9 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2010 a 31/01/2010, 01/04/2011 a 30/06/2011, 01/08/2011 a 31/08/2011, 01/11/2011 a 30/11/2011 PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, insculpido no art. 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, não pode ser equiparado restritivamente aos conceitos de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, próprios da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, tal como detalhado no PN CST 65/79, tampouco extenso como os conceitos de custo de produção e despesas operacionais da legislação do IRPJ, arts. 290 e 299 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99), consistindo em bens e serviços, inerentes e necessários à atividade da empresa, adquiridos e empregados diretamente na área de produção, desde que sofram a incidência das contribuições não cumulativas na etapa anterior da cadeia produtiva. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha a retificação das DACONs para que seja alocado no período de apuração a que se refira o dispêndio. ALUGUÉIS. DIREITO DE CRÉDITO. DELIMITAÇÃO. O direito de crédito relativo aos aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na empresa, previsto no art. 3º, IV das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, compreende apenas a retribuição pelo uso e gozo da coisa não fungível, nos contratos de locação, como regulado pelo art. 565 e ss. do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), não englobando as despesas condominiais e demais taxas sob responsabilidade dos locatários, bem assim, as contraprestações financeiras, a cargo dos parceiros públicos, nos contratos administrativos de concessão das parcerias públicoprivadas. BENEFÍCIO FISCAL ESTADUAL. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. INCIDÊNCIA. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Afastada a hipótese de caracterização do crédito presumido concedido pelo Estado do Bahia, através do Decreto nº 6.734/97, como subvenção para investimento, inaplicável as disposições do art. 21 da Lei nº 11.941/2009, então vigente, enquadrandose o benefício fiscal em comento no conceito amplo de receita veiculado no art. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, submetendose à incidência das contribuições de que tratam. Recurso voluntário provido em parte. Fl. 5293DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 11 10 Em seu voto, o Ilustre Conselheiro destaca: Esta interpretação atribuída aos dispositivos é plausível, porém, não é a única aceitável, pois, tanto as Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, como as INs RFB 247/02 e 404/04 que as normatizam, não distinguem o crédito, como espécie, do saldo credor, preferindo a adoção do termo “crédito” indistintamente para uma e outra finalidade, razão porque a interpretação do contribuinte é também acertada, mormente pela sua dicção literal, consoante a qual “o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes”. Ora, os créditos da não cumulatividade podem ser pleiteados a qualquer tempo, enquanto não decaído o direito ao seu exercício, não havendo norma clara que imponha a retificação das DACONs para inclusão de créditos nos períodos de apuração a que se refiram, de maneira que não haveria obstáculo ao aproveitamento a destempo sem observância estrita do regime de competência, como exigiram a DRF/DRJ, eis que se trataria de situação esporádica, valendo a analogia com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, onde os créditos alegados extemporaneamente não impõem a reescrituração do livro, bastando sua indicação em campo próprio. Assim, o aproveitamento de créditos fora dos períodos de apuração a que se referem é possível, como defendido pelo contribuinte, cumprindo à fiscalização a verificação se, de fato, este crédito não foi aproveitado anteriormente e observada a delimitação do conceito de insumo formulada no presente acórdão. Entendo não ser possível criar uma vedação, por meio de interpretação, onde a lei, ou mesmo os atos administrativos correlatos, não expressamente o fizeram. Desse modo, deve ser acolhida a pretensão do contribuinte. Diante do exposto, reformo a decisão recorrida para considerar possível a apropriação extemporânea de créditos das contribuições sociais, observados os demais requisitos legais para seu creditamento. SOBRE O CONCEITO DE INSUMOS. SUA APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO Seguindo a crescente orientação da Receita Federal sobre o tema, o despacho decisório veio a glosar créditos referentes a: serviço com pagamento de estadia e translado, passagens aéreas Fl. 5294DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 12 11 e hospedagens, sessão de mão de obra de motorista, locação de veículos, e despesas de transporte de funcionários. Quantos à glosa de créditos sobre esses itens, creio não merecer reforma a decisão recorrida. Conforme vem sendo exaustivamente discutido pela doutrina e jurisprudência judicial, o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de COFINS nãocumulativa deve ser alargado, porém não a ponto de se confundir com o conceito de despesa dedutível, como chegouse a cogitar. De fato, a Anteriormente, a nãocumulatividade tributária no Brasil foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu de doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, até o advento da não cumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional do PIS e da COFINS limitouse a delegar à lei ordinária para que essa estabelecesse quais setores de atividade econômica o regime nãocumulativo seria aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. Vejam que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: Fl. 5295DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 13 12 (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; De tal forma, ainda que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio – qual seja a de viabilizar a tributação sobre o valor agregado –, é certo que a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Editora Dialética, 2009. Página 427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais nãocumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3º, das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, as quais algumas serão objeto de análise mais adiante. Nesse primeiro momento, vejamos o citado artigo 3º: Fl. 5296DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 14 13 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) Fl. 5297DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 15 14 XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: (...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...) De fato, do ponto de vista puramente econômico, o conceito acima nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente trata se do ICMS e do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 5298DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 16 15 circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei nº 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos. Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a não cumulatividade se manifesta – como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Fl. 5299DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 17 16 Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica” De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o artigo 3º acima mencionado, quando se observa que os incisos e parágrafos insistem na ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando menciona “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da nãocumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse caso, entendo que a legislação possibilitou o desconto de créditos das contribuições além dos elementos que compõem os custos diretos e indiretos de produção através alocação por atividade (i.e. “Sistema de Custeio ABC”), e incluiu componentes que, em uma análise puramente contábil, seriam classificados como despesas variáveis, estritamente atreladas com a geração de receitas. Porém, como premissa básica para a apuração de créditos de PIS/PASEP e COFINS, temos que os custos diretos e indiretos constituem base de cálculo de forma inquestionável; já as despesas deverão ser analisadas caso a caso, na medida em que cada uma contribua de forma cabal para a venda do produto ou serviço. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: Art. 66. (...) 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 5300DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 18 17 § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.(...) Partindo esse entendimento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta nº 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços Fl. 5301DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 19 18 geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art.8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF nº 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8º, §4º, que assim dispôs: Artigo 8º. (...) § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: Fl. 5302DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 20 19 I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente, desde que tais itens estejam intimamente ligados à atividadefim da empresa e que principalmente venham a ser utilizados efetivamente e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo para geração de receitas, devendo ser inquestionável o crédito decorrente dos elementos que compõem o custo de produção, seja direto ou indireto. Seguindo essa linha, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, culminando na edição do Parecer Normativo COSIT 5/2018, que amplificou o espectro para a apropriação de créditos sobre insumos na atividade dos contribuintes: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: Fl. 5303DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 21 20 a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. Dispositivos Legais. Lei nº10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Lei nº10.833, de 2003, art. 3º, inciso II. Analisando o teor do leading case, bem como do Parece COSIT acima ementado, verificase que, no caso concreto, ainda que não guiado por esses, a fiscalização acertadamente glosou créditos sobre despesas que – evidentemente – não teriam conexão direta com a atividade da Recorrente a ponto de ser tratada como imprescindível ou essencial à sua geração de receitas. Por isso mesmo, entendo pela manutenção das glosas propostas no despacho decisória, não merecendo reforma a decisão de primeiro grau nesse particular. Pelo exposto, voto por conhecer do Recurso, e darlhe provimento parcial." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 5304DF CARF MF Processo nº 12585.720313/201102 Acórdão n.º 3401005.958 S3C4T1 Fl. 22 21 Fl. 5305DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.007798/99-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1989 a 30/10/1995
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. PASEP. DECRETOS-LEIS 2.445/88 E 2.449/88. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO.
Para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada do art. 150, §4º, 156, VII e 168, I do CTN, até o advento da Lei Complementar nº 118/2005, que inovou no ordenamento, inteligência que deflui do Recurso Extraordinário nº 566.621.
DECISÃO JUDICIAL. INDÉBITO. ATUALIZAÇÃO.
O indébito tributário reconhecido por decisão judicial deve ser atualizado na forma estabelecida pelo judiciário. Não existindo colisão com o decido judicialmente, os valores passíveis de restituição, no âmbito da Receita Federal, deverão ser atualizados até 31/12/1991 com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27/06/1997. Os valores passíveis de restituição, apurados de 1992 a 1995, serão expressos em UFIR e convertidos para Real utilizandose a UFIR vigente em janeiro de 1996, no valor de 0,8287. A partir de janeiro/1996, serão acrescidos juros equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente até o mês anterior da restituição, mais o percentual de 1% relativamente ao mês em que a restituição for efetivada.
Numero da decisão: 3401-005.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para afastar a alegação de prescrição e para aplicar ao caso a Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n. 8, de 27/06/1997.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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CRÉDITOS. PASEP. DECRETOSLEIS 2.445/88 E 2.449/88. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. Para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada do art. 150, §4º, 156, VII e 168, I do CTN, até o advento da Lei Complementar nº 118/2005, que inovou no ordenamento, inteligência que deflui do Recurso Extraordinário nº 566.621. DECISÃO JUDICIAL. INDÉBITO. ATUALIZAÇÃO. O indébito tributário reconhecido por decisão judicial deve ser atualizado na forma estabelecida pelo judiciário. Não existindo colisão com o decido judicialmente, os valores passíveis de restituição, no âmbito da Receita Federal, deverão ser atualizados até 31/12/1991 com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27/06/1997. Os valores passíveis de restituição, apurados de 1992 a 1995, serão expressos em UFIR e convertidos para Real utilizandose a UFIR vigente em janeiro de 1996, no valor de 0,8287. A partir de janeiro/1996, serão acrescidos juros equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente até o mês anterior da restituição, mais o percentual de 1% relativamente ao mês em que a restituição for efetivada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para afastar a alegação de prescrição e para aplicar ao caso a Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR n. 8, de 27/06/1997. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 00 77 98 /9 9- 74 Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 335 2 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório 1. Tratase do despacho decisório, situado à fls.229, proferido com base no Parecer DRF/MNS/SEORT situado às fls. 221 a 228, que homologou parcialmente os requerimentos de restituição de valores, situados às fls. 2 a 5, transmitidas com o objetivo de restituir e compensar crédito decorrente de valores indevidamente recolhidos a título de PIS, uma vez que foi declarada a inconstitucionalidade dos DecretosLei n. 2.445/88 e 2.449/88. 2. A contribuinte, intimada via postal em 12/11/2007, em conformidade com o aviso postal situado à fl. 236, apresentou, em 28/11/2007, manifestação de inconformidade, na qual argumentou, em síntese, que: (i) o ato declaratório 96/99 não poderia ter sido aplicado retroativamente; (ii) não transcorreram 5 anos da publicação da resolução 49/95 do Senado Federal que concedeu efeito erga omnes à decisão proferida no RE 144.708/RS; (iii) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o prazo de 10 anos para a restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação; (iv) o crédito do contribuinte deve ser integralmente corrigido por índices que correspondam à inflação real do período, e não somente pelos índices discriminados na Norma de Execução Conjunta COSIT/COSAR n° 8/97, por estes não refletirem "a desvalorização da moeda no período por ela compulsado". 3. Em 11 de julho de 2008, a 09ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em São Paulo proferiu o Acórdão DRJ nº 1617.787, situado às fls. 269 a 290, de relatoria do AuditorFiscal José Manuel Recouso de la Fuente, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, indeferindo o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: EMENTA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1989 a 30/10/1995 ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE DE NORMA. LIMITE DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA. Fl. 335DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 336 3 A autoridade administrativa é obrigada a observar a legislação tributária vigente, sendo incompetente para apreciar argüição de ilegalidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1989 a 30/10/1995 REPETIÇÃO. DECADÊNCIA. O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário, assim considerada a data do pagamento do tributo. Decadência para repetir o PIS pago até 09/04/1994. PEDIDO DE COMPENSAÇAO DEBITO DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Só há que se falar em Declaração de Compensação quando o procedimento for relativo a créditos e débitos de um mesmo sujeito passivo (nova redação do art. 74 da Lei n° 9.430/96 dada 66/2002). Solicitação Indeferida 4. A contribuinte tomou ciência do acórdão em 09/09/2008, conforme declaração manual às fls. 290 e, em 12/09/2008, interpôs recurso voluntário, situado às fls. 299 a 319, no qual reiterou manifestação de inconformidade, acrescentando que o Parecer PGFN 1538/1999 se subscreve aos casos em que a declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal teve seus efeitos ex tunc limitado no tempo. É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 337 4 Preliminar de decadência PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CRÉDITOS. PASEP. DECRETOSLEIS 2.445/88 E 2.449/88. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. INAPLICABILLIDADE AO CASO CONCRETO. 6. Os fatos geradores e PER são anteriores a LC 118/05, portanto, o prazo de 5 anos é inaplicável ao caso concreto, devendo prevalecer a contagem por meio da tese chamada de 5 + 5. 7. Como se viu a discussão cingese sobre os recolhimentos da contribuição para o PASEP, de acordo com os DecretosLeis 2.445 e 2.449, ambos de 1988, os quais foram julgados inconstitucional, gerando a recomposição da base de cálculo, e por conseguinte, créditos, ensejando o PER, todavia, de um lado a Recorrente entende que tais créditos devem obedecer o prazo de 10 anos para o pedido de restituição (artigo 150, par. 4 do CTN), por outro, o fisco federal, decidiu que o prazo deve ser de 5 anos, de acordo com a LC 118/05. 8. Para se chegar a conclusão, devese avaliar se o direito pleiteado pelo contribuinte se subsume ao entendimento exarado no RE 566.621 (com repercussão geral), cuja ementa merece ser transcrita: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA –APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº. 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA –NECESSIDADE DE OBSERVANCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DE PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/2005, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada do art. 150, §4º, 156, VII e 168, I do CTN. A LC 118/2005, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implica inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata as pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção e confiança e de garantia de acesso à justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas Fl. 337DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 338 5 após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic.), que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco, impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/058, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” (STF RE. 566.621. Rel. Ministra Ellen Gracie. Dt. Jul. 04/08/2011. Dta. Publ. 11/10/2011). 9. Em resumo, assentou o Supremo Tribunal Federal: 1. Pretensões deduzidas tempestivamente, à luz do prazo aplicável na data da publicação da Lei (tese dos 5 + 5 anos, como comumente convencionouse chamar); ou 2. Pretensões deduzidas em até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da Lei, ou seja, até 09.06.2005. 10. A propósito, este Tribunal já se manifestou sobre o assunto, por meio do acórdão 3402002.316, cuja ementa possui o seguinte teor: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO PROTOCOLIZADO ANTES DE SUA VIGÊNCIA OU DURANTE A VACATIO LEGIS. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. OBSERVÂNCIA DO ART. 62A, DO RICARF. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº. 118/05, considerase válida a aplicação do prazo reduzido para repetição, ressarcimento ou compensação de indébitos tributários, quanto aos pedidos protocolizados após o decurso do prazo de vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da publicação da referida Lei Complementar, ocorrido em 09 de junho de 2005, afastandose a prescrição quanto aos pedidos protocolizados antes desta data, para os quais permanece em vigor o direito de restituir indébitos dos 10 (dez) anos anteriores. Aplicação do entendimento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no RE nº 566.621, Rel. Ministra Ellen Gracie, nos termos do art. 62A, do RICARF. COFINS. SOCIEDADE CIVIL DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. ISENÇÃO. SUMULA 276 STJ. VINCULAÇÃO AO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DO LUCRO. PERÍODO ANTERIOR A REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO PELO ART. 56, DA LEI N° 9.430/96. Para os períodos anteriores à entrada em vigor da Lei 9.430/96, estava em vigor a isenção da COFINS para as sociedades civis de profissão regulamentada, independendo do regime de tributação do lucro a que estava sujeito o contribuinte, segundo firmado pelo STJ nas reiteradas decisões que culminaram na edição da Súmula 276 do STJ, posteriormente revogada, porém, por motivação diversa relativa à hierarquia das leis. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 339 6 11. Da análise dos autos, verificase que a situação do Recorrente repousa na hipótese de nº “1” acima exposta, pois que o protocolo do Pedido de Restituição ora analisado foi efetuado muitos anos antes da edição da Lei Complementar nº 118/2005, mais precisamente em 09/04/1999. Assim sendo, quanto a esta matéria prescrição declarada na decisão recorrida, para considerar tempestivo o pleito do contribuinte à restituição quanto aos fatos geradores anteriores aos 10 anos da data do protocolo do pedido sob análise. 12. Isto posto, entendo superada a questão suscitada. Correção monetária 13. Naquilo que respeita à correção monetária, reportase à decisão, de nossa relatoria, nos autos do Processo administrativo n. 11080.003103/200941, acórdão n. 3401005.458, sessão de 22 de outubro de 2018 que: DECISÃO JUDICIAL. INDÉBITO. ATUALIZAÇÃO. O indébito tributário reconhecido por decisão judicial deve ser atualizado na forma estabelecida pelo judiciário. Não existindo colisão com o decido judicialmente, os valores passíveis de restituição, no âmbito da Receita Federal, deverão ser atualizados até 31/12/1991 com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 8, de 27/06/1997. Os valores passíveis de restituição, apurados de 1992 a 1995, serão expressos em UFIR e convertidos para Real utilizandose a UFIR vigente em janeiro de 1996, no valor de 0,8287. A partir de janeiro/1996, serão acrescidos juros equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente até o mês anterior da restituição, mais o percentual de 1% relativamente ao mês em que a restituição for efetivada. 14. Tal entendimento, a meu ver, aplicase ao presente caso, de sorte que no caso concreto, deverão ser aplicados os índices acima elencados aos períodos correspondentes. 15. Assim, voto por conhecer e dar provimento ao Recurso Voluntário interposto, cabendo à unidade a aplicação da Norma Cosit/Cosar. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 339DF CARF MF Processo nº 10880.007798/9974 Acórdão n.º 3401005.997 S3C4T1 Fl. 340 7 Fl. 340DF CARF MF
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Numero do processo: 10314.728585/2014-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1402-000.850
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 14 .7 28 58 5/ 20 14 -5 0 Fl. 2.870Fl. 2.870 RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 14 .7 28 58 5/ 20 14 -5 0 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - RECEITAS NÃO DECLARADAS - IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - RECEITAS NÃO DECLARADAS - FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO UNIVERSO ONLINE S/A e UNIVERSO ONLINE S/A e FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL Fl. 2870DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.871 2 Relatório: Trata o presente de Recursos Voluntário e de Ofício interpostos em face de decisão proferida pela 4a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro - RJ, que julgou IMPROCEDENTE, em parte, a impugnação do contribuinte em epígrafe. Da autuação fiscal: O processo em litígio envolve o montante de R$ 217.531.341,47 (valores corrigidos até novembro de 2014), em autuações efetuadas sobre a recorrente, referente ao ano- calendário de 2010. Este montante decorre das seguintes infrações, sucintamente discriminadas abaixo, imputadas à recorrente: - omissão de receitas de venda e serviços - cancelamento não comprovado de notas fiscais de vendas, apuradas tanto para o IRPJ quanto para a CSLL, Cofins e Pis/Pasep, nos seguintes valores (somatório anual): Tributo valor infração prejuízos anos ant. Tributo apurado IRPJ 208.104.613,72 92.101.614,20 29.000.749,88 CSLL 208.104.613,72 92.101.614,20 10.440.269,96 Cofins (7,6%) 208.104.613,72 - 15.815.950,65 Pis/Pasep (1,65%) 208.104.613,72 - 3.433.726,14 * multa aplicada de 75% - Exclusões/compensações não autorizadas na apuração do lucro real - exclusões indevidas, nos seguintes valores: valor infração Tributo apurado IRPJ 98.900.766,94 24.725.191,73 CSLL 98.900.766,94 8.901.069,02 Fl. 2871DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.872 3 * multa aplicada de 75% - Redundando nos seguintes valores constituídos, agrupando-se ambas infrações: Tributo Principal Multa Juros Total IRPJ 53.725.941,61 51.169.737,42 19.271.495,25 124.167.174,28 CSLL 19.341.338,98 18.241.105,48 6.937.738,29 44.520.182,75 Cofins (7,6%) 15.815.950,65 17.792.944,49 6.374.486,66 39.983.381,8 Pis/Pasep (1,65%) 3.433.726,14 3.862.941,90 1.383.934,60 8.680.602,64 Total 92.316.957,38 91.066.729,29 33.967.654,8 217.351.341,47 .Do Termo de Verificação: Aqui, por bem resumir os elementos constantes no Termo de Verificação integrante dos autos de infração, transcrevo o que consta na decisão a quo: 2. Consta do referido termo que de janeiro a dezembro/2010, a Impugnante deduziu da Receita Bruta, a título de “vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais”, o valor total de R$ 208.104.613,72 (conforme ficha 07A, linha 10, da DIPJ/2011 – Demonstração do Resultado que serviu de base para o IRPJ e CSLL). 2.1 Após ter sido requerida explicação/comprovação dos valores deduzidos, a Impugnante informou que os valores conta relacionada às vendas canceladas não eram, em essência, deduções de receita; esclareceu que seu sistema de controle contábil não estaria parametrizado para “interromper” o reconhecimento de receitas mensais, por exemplo, na hipótese de um cliente cancelar assinatura anual antes desse prazo. Assim, para neutralizar o efeito das receitas reconhecidas após a interrupção da prestação do serviço, efetuava um lançamento a débito, em uma conta de cancelamento (fl. 612). 2.2 Quanto aos descontos, o procedimento seria semelhante; exemplificou os casos dos planos promocionais que, por questões negociais, a UOL vendia com desconto. Nesse caso, também, em razão de parametrização, o sistema era impedido de registrar a venda do serviço pelo seu valor final (valor de tabela menos o desconto incondicional concedido – fl.612). 2.3 No entanto, afirma que auditoria, que tais informações não vieram acompanhadas de quaisquer documentos de prova - fl. 612. 2.4 Já que a fiscalização não pôde acessar a ECD pela entrega em atraso dos arquivos ao repositório SPED, a Impugnante foi intimado e reintimado a esclarecer os valores mencionados através de planilha e documentos probatórios, com as informações da tabela de fl. 614, a saber: Fl. 2872DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.873 4 2.5 Sem, no entanto, apresentar mídia ou documentos que atendessem ao solicitado e, após cinco pedidos de prorrogação (fl. 616), recebeu a Impugnante o Termo de Constatação e Ciência Fiscal, cientificando-o da transcorrência de 239 dias do primeiro pedido de esclarecimento acerca da matéria, e de que, em caso de lançamento de ofício, estaria sujeito ao agravamento da multa em 50%. 2.6 A resposta a este último termo também foi considerada insatisfatória, em razão não estar acompanhada de qualquer documentos que amparassem as vendas (notas fiscais, boletos, notas canceladas, dentre outros). 2.7 Apesar de a Impugnante argumentar que a materialização dos descontos concedidos por empresa do ramo de “internet” não poder ser comparada àqueles adotados por industrias ou empresas comerciais, pois, no seu caso, os descontos seriam negociados em uma central de relacionamentos (não presencial) e que essas informações seriam processadas em um sistema informatizado, não existindo documentos específicos, a fiscalização enfatizou que a Impugnante não apresentou sequer a planilha solicitada, que conteria apenas informações triviais, como: data da venda do serviço, CPF/CNPJ do assinante, prazo do contrato, valor total do contrato, desconto incondicional concedido, valor mensal da receita de serviço, identificação da conta analítica da apropriação da receita, data do cancelamento do serviço, valor do serviço apropriado ao resultado apurado em 31/12/2010, valor do desconto incondicional apropriado ao resultado apurado em 31/12/2010 e valor do cancelamento apropriado ao resultado apurado em 31/12/2010 (fl. 617). 2.8 Para a auditoria, a afirmativa da Impugnante de que o controle dos descontos concedidos havia sido efetuado na conta contábil nº 41113002 (descontos – assinatura central) e não diretamente em contas contábeis de receitas, e de que procedimento semelhante era adotado nos casos dos cancelamentos de assinatura, controlados na conta contábil nº 41112001 (cancelamento-contas), e a falta de apresentação de documentos comprobatórios denotam a falta de força probatória nas alegações de que o valor da receita constante da linha 05 – ficha 07 A da DIPJ/2011 estaria inflado pelos valores dos descontos concedidos e das assinatura canceladas. 2.9 Depois da entrega em atraso dos arquivos digitais ao repositório SPED, e de sua análise pela fiscalização, constatou-se que os valores anuais consignados nas referidas contas eram R$ 221.663,97 e R$ 1.672.164,24, respectivamente, totalizando R$ 1.893.798,21. Assim, caso comprovados por documentação idônea, somente o valor de tal soma poderia respaldar as vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais declarados em DIPJ. 2.10 Consta, também, que a Impugnante objetivou justificar a parcela dos descontos que compuseram a linha 10 – ficha 07 A da DIPJ/2011, afirmando que estaria relacionada a espaços publicitários disponibilizados no site www.uol.com.br a clientes corporativos. Nestes casos, a agência de publicidade emitiria documento Fl. 2873DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.874 5 denominado “pedido de inserção” ou “autorização de veiculação” contra seu cliente, tendo por objeto a divulgação do produto ou marca no sitio da UOL. 2.11 Contudo, conforme relata a fiscalização, segundo a Impugnante, não seria possível contabilizar o valor pago a título de comissão às agências de publicidade em conta contábil específica, objetivando fazer crer que o valor da receita da linha 05 – ficha 07 A da DIPJ/2011 também estaria inflado pelos valores das comissões pagas às agências de publicidade e que, para neutralizar os efeitos dessas comissões pagas, declarou-as na linha 10 – ficha 07 A (fl. 619). Tributação Reflexa do Pis e da Cofins 2.12 A fiscalização questionou, ainda, a diferença entre o valor da receita anual (R$ 1.005.014.977,95) e o valor da base de cálculo (R$ 761.911.431,65) utilizadas na apuração do PIS/COFINS, extraídas das DACON, conforme tela de fl. 619. E, também, questionou a diferença entre essa receita e aquela informada na DIPJ (R$ 964.914.471,31) 2.13 Em resposta, a Impugnante informou os valores abaixo: 2.14 Concluiu a fiscalização que o valor das vendas, devoluções e descontos incondicionais foram excluídos da BC das contribuições para o PIS/COFINS. Por isso, em face da não comprovação dos valores declarados a tal título (no total de R$ 208.104.613,72), foram os mesmos adicionados na BC das referidas contribuições, mês a mês (tabela de fl. 620). Outras Exclusões Não Comprovadas 2.15 A Impugnante excluiu da BC do Lucro Real (linha 78 – ficha 09 A da DIPJ/2011) o valor de R$ 101.554.513,40, a título de “outras exclusões”. Intimado e reintimado a comprovar a referida exclusão. 2.16 Em resposta, a Impugnante apresentou o quadro a seguir: 1) Rendimentos de Aplicações Financeiras Noruega 2.17 Em 29/10/2013, sem apresentar documentos probatórios, alegou, sobre a exclusão, que R$ 57.952.766,96 se refere a rendimentos de aplicações financeiras na Noruega, referente a juros atrelados a títulos (adquiridos pela UOL) de emissão do Norges Kommunalbank, empresa pública norueguesa. E que não seriam tributados no Brasil, por força do artigo 11, § 3º, “b”, do Tratado para evitar dupla tributação (celebrado entre Brasil e Noruega, através do Decreto Legislativo nº 50/1981 e Decreto nº 86.710/1981). Solicitou prazo de 20 dias para apresentação de documentos probatórios. Fl. 2874DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.875 6 2.18 Ainda, sem documentos probatórios, em 18/11/2013 protocolizou resposta complementar, afirmando que o valor de R$ 57.952.766,96 se compunha de: - R$ 47.016.973,76 – juros incorridos do ano-calendário 2010; - R$ 10.935.793,20 – diferença temporária, sem efeito fiscal, composta pelas rendimentos dos títulos com vencimento em períodos futuros, expurgado o efeito dos títulos vencidos no ano-calendário 2010, cujo controle é realizado mensalmente (adições e exclusões) e não gera impactos na apuração do IRPJ e CSLL; 2.19 Em 18/06/2014, foi intimado a apresentar o seguinte: - conta contábil analítica na qual foram contabilizados os rendimentos das aplicações (em resposta, apresentou cópia da ficha do Razão da conta analítica 42111001 na qual foram contabilizados os rendimentos das aplicações financeiras da Noruega - doc. 1); - prova da tributação da renda no país de origem (em resposta, informou que não houve tributação no país de origem, pois tais rendimentos não estavam sujeitos à tributação, prejudicando o cumprimento do referido item); - contratos/doc/títulos referentes às aquisições dos ativos (em resposta, apresentou os contratos firmados com a Deutsche Bank SA – Banco Alemão, referentes as aquisições dos ativos representativos das aplicações financeiras emitidas pelo Kommunalbanken S/A - doc. 2); - extratos bancários dos meses em que ocorreram as aplicações/remessas (em resposta, mas sem apresentar documentos, informou que a origem do numerário utilizado na aquisição dos ativos advém da aplicação do saldo de caixa de uma companhia de capital aberto e que, por estratégia de negócio, entendeu por bem aplicar tais recursos no exterior, solicitando dilação do prazo por 15 e mais 20 dias, para a apresentação de documentos); - demonstrar que os valores das reversão de provisões (R$ 19.950.988,82 e R$ 17.952.973,50 – que também compunham o montante total da exclusão da linha 78 – ficha 09 A da DIPJ/2011) transitaram como receita pelo resultado contábil apurado em 31/12/2010 (em resposta, apenas solicitou dilação do prazo por 15 e mais 20 dias, para apresentação dos documentos); - encaminhar cópia da parte “A” do LALUR onde estejam demonstradas as adições quando da constituição das provisões objeto das reversões referidas no item anterior, indicando as fichas e linhas da DIPJ em que as mesmas foram declaradas (em resposta, apresentou cópia da parte “A” do LALUR 2010 -doc. 03); 2.20 Diante da contradição de que os rendimentos dos títulos não seriam tributados no Brasil em virtude do tratado mencionado, e a informação de que também não teriam sido tributados no país de origem (Noruega), foi intimado a prestar esclarecimentos (fl. 625). Em resposta, informou que os rendimentos não foram tributados na Noruega por força de regra interna, segundo a qual não há tributação na fonte sobre juros (Lei dos Imposto de Renda Norueguês – Seção 2-3 – “Norwegian Tax Act Section 2-3). E, quanto ao Brasil, não foram tributados em razão do art. 11, § 3º, “b”, do citado Tratado para evitar dupla tributação. 2.21 No entanto, a auditoria (fl. 626) colaciona o aludido § 3º do art. 11 do Decreto nº 86.710, de 09 de dezembro de 1981, que prevê o seguinte: Fl. 2875DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.876 7 b) os juros de títulos da dívida pública, de títulos ou debêntures emitidos pelo Governo de um Estado Contratante, uma sua subdivisão política ou qualquer agência (inclusive uma instituição financeira) de propriedade daquele Governo, são tributáveis nesse Estado. 2.22 A fiscalização argüiu que a lógica dos acordos dessa natureza está explicitada no art. 24, verbis: Artigo 24 Métodos para eliminar a dupla tributação 1. Quando um residente do Brasil receber rendimentos que, de acordo com as disposições da presente Convenção, sejam tributáveis na Noruega, o Brasil permitirá que seja deduzido do imposto que cobrar sobre os rendimentos dessa pessoa um montante igual ao imposto sobre a renda pago na Noruega. Todavia, o montante deduzido não poderá exceder à fração do imposto sobre a renda calculado antes da dedução, correspondente aos rendimentos tributáveis na Noruega. 2.23 Cita, também, a Portaria MF nº 25/1982, que trata dos métodos de aplicação da Convenção entre Brasil e Noruega, artigo VIII: VIII – Quando um residente ou domiciliado no Brasil receber da Noruega rendimentos que, nos termos da Convenção, sejam tributáveis no Brasil, poderá deduzir do imposto brasileiro relativo a tais rendimentos, na forma do artigo 24, parágrafo 1, da Convenção, o imposto pago na Noruega correspondente a esses rendimentos. 2.24 Nesse sentido, conclui que houve a subversão da lógica de se evitar a dupla tributação, por parte do contribuinte, pois se os rendimentos não foram tributados na Noruega não há lógica em utilizar o acordo para evitar a dupla tributação para justificar a não tributação no Brasil. 2.25 Assim, por falta de comprovação documental e previsão legal de sua admissão, a fiscalização efetuou a glosa da exclusão referente aos juros dos rendimentos de aplicações financeiras da Noruega, no valor de R$ 57.952.766,96, no ajuste fiscal relativo ao resultado contábil apurado em 2010. 2) Demais Exclusões (tabela que segue) 2.1) Contrato de exclusividade aquisição carteira clientes “Plug-In” (R$ 379.886,40) 2.26 Informa tratar-se de amortização, pelo prazo de 05 anos, do contrato de exclusividade/não concorrência firmado pelo UOL, quando da aquisição de carteira da “Plug-In”, 12/2007, por R$ 1.899.432,00; o referido valor foi adicionado às BC do IRPJ e CSLL, no ajuste do ano-calendário de 2007, e lançado na parte “B” do LALUR. A partir de 2008, o montante foi amortizado em 20% ao ano, sendo a referida amortização (R$ 379.886,40) excluída das BC do IRPJ e CSLL, com a baixa no LALUR. Fl. 2876DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.877 8 2.27 O fisco informa que a resposta não veio acompanhada da documentação probatória. Além disso, a Impugnante não informou a razão da adição de R$ 1.899.432,00 às BC do IRPJ e CSLL. Ainda que o motivo fosse constituição de provisão neste valor, gerando uma despesa contábil, e a necessidade de adição, a Impugnante não apresentou lançamentos contábeis do resultado de 2007, nem a parte “A” do LALUR correspondente para demonstrar a escrituração da referida adição naquela oportunidade. Ainda assim, seria necessário identificar os lançamentos contábeis que demonstrassem que o objeto da exclusão integrou o resultado contábil como receita de reversão de provisão no ano de 2010. Mas nas cópias apresentadas pela Impugnante, onde constariam as contabilizações das provisões constituídas e respectivas reversões (2009 e 2010) o fisco não logrou localizar o razão contábil correspondente a uma possível reversão no valor de R$ 379.886,40. 2.28 Por fim, considerando tratar-se de “amortização”, conforme afirma a Impugnante, a fiscalização não identificou no rol das hipóteses de exclusão previstas no art. 250 do RIR/99 o pressuposto de exclusão a esse título. 2.29 Assim, foi efetuada a glosa no valor de R$ 379.886,40. 2.2) Provisão para contingências trabalhistas e cíveis (R$ 2.664.151,26), Provisão para contingências tributárias com exigibilidade suspensa (R$ 19.950.988,82) e Provisão de despesas (R$ 17.952.973,50) 2.30 Afirmou a Impugnante tratarem-se as exclusões de provisões temporariamente indedutíveis, adicionadas às BC do IRPJ e CSLL em exercícios anteriores, e excluídas em 2010. Contudo, não apresentou a Parte “A” do LALUR que demonstrasse as adições anteriores. 2.31 A Impugnante apresentou cópia de folhas do livro razão, com informações das contas contábeis do quadro acima, contudo, nas referidas cópias não constam as contrapartidas de reversão de provisão dos lançamentos efetuados, as quais deveriam integrar o resultado contábil apurado em 31/12/2010. Além disso, a planilha apresentada não individualizada as fichas correspondentes, pois deveria ter sido apresentado apenas uma conta contábil analítica por ficha. 2.32 Pelo exposto, foi efetuada a glosa de R$ 40.568.113,58. Do Agravamento 2.33 Tendo em vista 05 pedidos de prorrogação, devidamente aceitos pela fiscalização, para a apresentação de documentos, foi lavrado Termo de Constatação e Ciência Fiscal, em 16/06/2014, restando caracterizado o descumprimento intencional da intimação para prestação de esclarecimentos, caracterizados pela negativa ao acesso às informações solicitadas pela fiscalização. Pelo quê, procedeu a fiscalização ao agravamento da multa de ofício, prevista no art. 959 do RIR/99. Da Conclusão 2.34 Pelo exposto, procedeu a fiscalização à glosa das deduções não comprovadas, a título de “vendas canceladas” e “descontos incondicionais concedidos”, no valor total de R$ 208.104.613,72, bem como à glosa das “outras exclusões” (linha78 da ficha 09 A – demonstração do lucro real – PJ em Geral), no Fl. 2877DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.878 9 valor de R$ 98.900.766,94, referente, referentes a “rendimentos auferidos em aplicações financeiras efetuadas na Noruega”, “despesas de amortização decorrentes da aquisição da carteira de clientes da empresa Plug-in”; “provisão para contingências trabalhistas e cíveis não comprovada”; “provisão para contingências tributárias com exigibilidade suspensa não comprovada”; e “provisão de despesa não comprovada”. Da Impugnação: Inconformada com a autuação, a recorrente apresentou impugnação, a qual aproveito a sua descrição no relatório do v. acórdão recorrido, por bem detalhar os elementos ali postos: 3. O Interessado apresentou em 29/12/2014 a Impugnação de fls. 720/821, e anexos de fls. 822/2045 e 2158/2167, após ciência do Auto de Infração em 28/11/2014, fl. 705, alegando, em síntese, o seguinte. 3.1 A Impugnante, que é empresa líder de mercado no seu segmento, possui mais de 1 milhão de clientes de varejo com cobrança mensal e mais de 2 milhões de produtos e assinaturas ativas. No segmento de correio eletrônico, gerencia mais de 7 milhões de caixas de e-mails ativas. Tanto nos serviços oferecidos, quando na venda dos espaços de mídia, oferece diversos descontos, evidenciados em sua contabilidade, e devidamente considerados para a correta apuração dos tributos devidos. Da Superficialidade do Trabalho Fiscal / Ofensa ao Princípio da Verdade Material (fls. 724 e ss) 3.2 Ensina-nos Alberto Xavier: “a instrução do processo tem como finalidade a descoberta da verdade material no que toca o seu objeto; daí a lei fiscal conceder aos seus órgãos (...) meios instrutórios vastíssimos que lhe permitam formar convicção da existência e do conteúdo do fato tributário (...)”. Tal princípio decorre do princípio da legalidade, cláusula pétrea e viga mestra de todo o ordenamento jurídico brasileiro. 3.3 A título exemplificativo, a Impugnante entregou à fiscalização, em 03.01.2014, a ECD/2010 e, em 25.08.2014, quase nove meses depois, foi intimada a corrigir supostos erros no mês de fevereiro/2010, o que leva a Impugnante a concluir que o D. Agente Fiscal não encontrou qualquer problema quanto aos outros 11 meses. Após entregar os arquivos, como solicitado pela fiscalização, o D. Agente descartou toda a escrituração apresentada sem fornecer justificativa, alegando apenas suposta “impossibilidade de utilizar a escrituração contábil digital apresenta (...)” (fl. 664). A autoridade fiscal, apesar de afirmar que só pode se utilizar da escrituração contábil digital a partir de 11/09/2014, apesar de o trabalho da auditoria ter se iniciado em 20/09/2013, absteve-se de mencionar que demorou quase nove meses para analisar os documentos entregues pela impugnante, ou seja, 75% de um ano. 3.4 Ressalte-se que todos esses arquivos da ECD foram devidamente validados pelo programa validador disponibilizado pela própria RFB. E mais, ao invés de apontar os supostos equívocos na ECF para que a Impugnante os corrigisse ou aprofundasse suas buscas em outros elementos contábeis, determinou o preenchimento de uma planilha de operações da impugnante com inúmeras informações e com prazo bastante curto, se considerado o imenso volume de operações da impugnante. Fl. 2878DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.879 10 3.5 As informações solicitadas na aludida planilha não tinham qualquer vínculo com as informações solicitadas anteriores e sequer serviriam para apurar se a impugnante apurou corretamente o seu resultado. 3.6 Mesmo após a impugnante ter buscado entregar o máximo de informações possível, no curto prazo concedido, o D. Agente Fiscal ironizou os esforços da impugnante em atender as suas exigências, afirmando não ter sido possível atendê-las “apesar da tão propalada tecnologia que a empresa afirma possuir”. Essa atitude revela a forma como o procedimento fiscalizatório foi conduzido e configura, no mínimo, ofensa ao princípio da moralidade, que rege a administração pública (art. 2º da Lei nº 9.784/99). 3.7 Para citar um exemplo, tivesse o sr auditor investigado os documentos entregues, juntamente com a parte “B” do LALUR teria elementos mais que suficientes para verificar que as provisões cíveis, trabalhistas e tributárias com exigibilidade suspensa estão devidamente comprovadas. 3.8 Alega, inclusive, que as contas contábeis relativas às vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais foram objeto de auditoria pela empresa PricewaterhouveCoopers Auditores Independentes, em 2010, como se atesta pela análise do Relatório da Administração relativo ao período (doc. 48). 3.9 Apresenta julgados administrativos (fls. 730/731) acerca do tema “princípio da verdade material”. Da Nulidade dos Autos de Infração em Decorrência da Obrigatoriedade de o D. Agente Fiscal Considerar as Antecipações realizadas no Decorrer do Ano-Calendário (fls. 733 e ss) 3.10 O D. Agente desconsiderou as deduções da linha 10 da ficha 7A, da DIPJ, apurando, em razão disso, o montante de R$ 53.725.941,61 de IRPJ e R$ 19.341.338,98, de CSLL sem considerar, no entanto, as antecipações realizadas e as retenções na fonte, as quais a Impugnante encontra-se obrigado, nos termos dos art. 2º, § 4º, III e IV; e art. 30, da Lei nº 9.430/96, e do art. 37 da Lei nº 8.891/95. 3.11 Os montantes antecipados devem ser abatidos do valor apurado ao término daquele período e, caso se olvide a aplicação da norma existente no sistema jurídico, ou se a faça interpretação equivocada, tem-se um lançamento com erro de direito, ou melhor, com erro no critério jurídico utilizado. 3.12 No caso sob exame, a fiscalização limitou-se a lançar de ofício o IRPJ e CSLL, apurados com base no lucro real e na BC da CSLL, calculados após a glosa das deduções e exclusões supostamente indevidas, sem considerar, contudo, os pagamentos de estimativas e as retenções sofridas no decorrer do ano-calendário de 2010 (anexa-se os comprovantes dos recolhimentos das estimativas e das retenções na fonte – doc. pagamentos_1 e pagamentos_2). 3.13 De fato, conforme consta da DIPJ/2011 (doc. outros-2), a impugnante antecipou mais tributo do que o devido, o que resultou na apuração de saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 9.961.269,48 e de CSLL, no valor de R$ 2.062.944,82. Nesse caso, tivesse a fiscalização feito a recomposição da BC desses tributos, a tributação teria sido a seguinte: IRPJ CSLL Discriminação Discriminação Discriminação Discriminação LL antes do IRPJ 100.563.610,55 LL antes da CSLL 106.293.541,93 (-)ajustes RTT 5.264.155,64 (-) ajustes RTT 5.264.155,64 Fl. 2879DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.880 11 (+)glosas deduções rec bruta 208.104.613,72 (+)glosas deduções rec bruta 208.104.613,72 LL (após ajustes RTT) 303.404.068,63 LL (após ajustes RTT) 309.134.000,01 (+) adições 77.832,693,05 (+) adições 67.096.513,67 (-)exclusões 164.016.339,25 (-)exclusões 144.065.350,43 (+)glosa de outras exclusões 98.900.766,94 (+)glosa de outras exclusões 98.900.766,94 BC antes da comp de Prej 316.121.189,37 BC antes comp da B. Neg 331.065.930,19 (-) comp de Prej Fiscal 94.836.356,81 (-) comp da Base Neg 99.319.779,06 BC do IRPJ (autuação) 221.284.832,56 BC da CSLL (autuação) 231.746.151,13 IRPJ – 15% 33.192.724,88 CSLL – 9% 20.857.153,60 IRPJ – 10% 22.104.483,26 - (-) IRRF 4.915.399,66 (-) CSLL Fonte 31.886,49 (-)estimativas 6.617.196,35 (-)estimativas 3.546.873,95 IRPJ pago no ajuste - CSLL paga no ajuste - (=)IRPJ devido / SN 43.764.612,13 (=)CSLL devida / SN 17.278.393,16 3.14 Não há dúvida, portanto, que, em se considerando procedente a tributação (por amor ao debate), tivessem sido consideradas as antecipações e retenções o tributo apurado seria bem menor, o que evidencia o erro ocorrido na lavratura do auto. 3.15 A própria COSIT, através da Solução de Consulta (sic!) nº 23/2006, firmou o entendimento de que é obrigação do D. Agente Fiscal proceder à dedução das estimativas mensais recolhidas, bem como dos valores de IRPJ e CSLL na fonte no decorrer do ano-calendário, quando da realização do lançamento de ofício, a saber: “14. Por todo o exposto, conclui-se que na constituição de ofício do imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) devem ser considerados, para efeito de dedução do imposto ou da contribuição devida, os valores de IRPJ e da CSLL decorrentes de retenção na fonte ou de antecipação (estimativas), referentes às receitas compreendidas na apuração” 3.16 Entendimento esse já adotado desde o ADN nº 58/1994, da COSIT: “declara em caráter normativo, às Superintendências Regionais e aos demais interessados que, para efeito de determinação da diferença de imposto de renda devida pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, na Declaração de Ajuste Anual correspondente ao exercício financeiro de 1993, ano-calendário de 1992, o valor do imposto calculado por estimativa deverá ser deduzido do somatório dos valores do imposto de renda efetivamente devido em cada período de apuração daquele ano-calendário.” 3.17 Por tais motivos e, nos termos do art. 149 do CTN, os autos de infração deverão ser declarados nulos pela decisão recorrida. DO MÉRITO Das Deduções de Vendas Canceladas, Devoluções e Descontos Incondicionais Concedidos - R$ 208.104.613,72 (fl. 739 e ss) 3.18 O fisco alegou que a Impugnante teria deixado de comprovar os valores de vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais concedidos, abatidos da receita bruta (linha 10, ficha 07 A, da DIPJ), no valor de R$ 208.104.613,72; no entanto, tais deduções ocorreram, sendo provenientes dos dois principais ramos de Fl. 2880DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.881 12 atividade da Impugnante: 1) a prestação de serviços no varejo; e, 2) a venda de espaços de publicidade, cuja proporção para o valor total glosado é assim ilustrada: 3.19 Para comprovar a improcedência das glosas, demonstra-se a adequação das deduções; primeiramente, as relativas às vendas de serviços no varejo, quais sejam: i) descontos incondicionais; ii) cancelamento de assinaturas; e iii) cancelamento de transações realizadas por intermédio do PagSeguro; 3.20 Em seguida, as relativas às vendas de espaços publicitários no portal UOL, que incluem: iv) comissões das agências de publicidade; v) cancelamento de publicidade; e, vi) desconto incondicional em permuta, envolvendo mídia da Impugnante. Das Deduções Relativas ao Varejo Dos Descontos Incondicionais Concedidos (fls. 741 e ss) 3.21 As atividades de varejo da Impugnante incluem a prestação de serviço de hospedagem de páginas, de provedor de acesso à internet, e-mail, entre outros, contratados pelos usuários pela internet, ou telefone. A impugnante oferece desconto aos clientes por inúmeros motivos: contratação de um “combo”, fidelidade do cliente, promoção, campanha de desconto, aplicação de desconto padrão, dentre outros motivos. As formas de pagamento mais comuns são via cartão de crédito, boleto bancário ou débito automático, não havendo contrato escrito e assinado pelas partes, pois o aceite pelo usuário do contrato/termos de uso é feito online, através de um contrato de adesão, disponível no endereço eletrônico abaixo (anexa-se, a título exemplificativo, o contrato de cloud computing do UOL Host (doc. outros_47). 3.22 Tais formas de contratação são inerentes ao padrão do mercado para serviços online, e são utilizadas em todos os serviços que a impugnante oferece no varejo. 3.23 Também devem ser obedecidas as regras de uso gerais e as específicas para o serviço adquirido, todas disponíveis no link: http://regras.uol.com.br/. 3.24 Para gerenciar as receitas e os descontos dos serviços do varejo, a Impugnante utiliza dois sistemas: o CRM_SACA, utilizado pela central de atendimento, e o SAP, utilizado para contabilizar as operações; o CRM_SACA é responsável pela interface entre a ordem de venda requisitada pelo cliente e o SAP. 3.25 Por uma questão de configuração e para que os sistemas interajam harmonicamente, quando da venda de serviço com desconto, a Impugnante apropria no Fl. 2881DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.882 13 resultado tanto o preço bruto do serviço quanto o desconto concedido ao cliente, de modo que o efeito no resultado é somente o valor líquido da receita auferida; assim, a receita bruta (sem o desconto) é apropriada em uma conta de receita antecipada do passivo e, concomitantemente, apropriada em uma conta de receita no resultado, pro rata tempore die, (procedimento detalhado mais adiante); concomitantemente, é feita uma dedução da receita no valor do desconto nas contas contábeis de desconto sobre receita, cobrando-se, então, do cliente, apenas o valor líquido. 3.26 Essa dedução do desconto incondicional concedido compõe a linha 10, da Ficha 07 A, da DIPJ 2011, relativa a vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais concedidos. 3.27 Tanto o valor bruto quanto o desconto serão contabilizados e apropriados pro rata tempore die, seguindo o regime de competência de contabilização de receitas, custos e despesas, mas apenas o valor líquido entre esses dois será passível de tributação. 3.28 Para exemplificar, vez que é inviável trazer aos autos toda a documentação que o D. Agente Fiscal deveria ter analisado durante o procedimento fiscalizatório, a Impugnante preparou doze “conjuntos de documentos”, comprovando a inclusão do valor integral a título de receita pela prestação de serviço nas linhas 05 e 06 da ficha 07 A da DIPJ (sem o desconto), e a respectiva dedução dos descontos na Linha 10 dessa mesma ficha (doc.outros_03). 3.29 A título ilustrativo, a Impugnante selecionou dentre esses doze casos, o da Srª. Isabel Vieira de Azevedo (“Srª Isabel”), que, durante o primeiro trimestre de 2010, contratou o serviço “UOL 4 Horas”. Para contratar o serviço, a Srª Isabel entra em contato com a central de vendas da Impugnante que, ao vender o serviço, imputa os dados no sistema CRM_SACA. Confira-se as telas do referido sistema: 3.30 Como se verifica, a Srª Isabel contratou, no mês 12/2009 um serviço mensal no valor de R$ 21,90, tendo-lhe sido concedido um desconto mensal no montante de R$ 7,95. Assim, em razão do desconto concedido, o valor cobrado do cliente – receita Fl. 2882DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.883 14 efetiva da Impugnante – é apenas o valor de R$ 13,95 (R$ 21,90 – R$ 7,95), que, no presente caso, foi cobrado via débito no cartão de crédito. 3.31 Tal sistemática pode ser observada com a contabilização da receita antecipada nos extratos do sistema SAP, que, neste caso específico, registra as operações da Srª Isabel (cadastrada no SAP sob o nº 20326336): 3.32 Note-se, na tela acima, o montante líquido do serviço contratado pelo cliente (R$ 13,95), que é justamente o montante que afetará o resultado da Impugnante, além de outras informações relevantes sobre a transação efetuada (razão contábil, a data da operação, entre outras). Para tanto, a Impugnante contabilizou uma receita antecipada no valor de R$ 21,90 (preço sem desconto), e, ao mesmo tempo, efetuou a dedução de R$ 7,95, referente ao desconto, em conta específica de desconto. 3.33 A realização da receita ocorre pro rata tempore die (conta contábil 41111016), bem como dos respectivos descontos (conta contábil 41113016). Nesse sentido, ao se verificar as telas do SAP, a seguir, verifica-se que, no mês de janeiro, dos R$ 21,90 (preço total do serviço) R$ 11,30 foram reconhecidos, sendo que do total dos descontos concedidos (R$ 7,95) foram reconhecidos R$ 4,10. Para o mês de fevereiro, aplica-se o mesmo raciocínio. 3.34 Veja-se o exemplo das telas referentes à prestação do serviço de 16/01/2010 a 15/02/2010, cujo “Doc.venda” é o mesmo da tela do SAP anterior (545400183), extraído do sistema SAP: 3.35 Observa-se das telas acima que parte do serviço sem desconto foi contabilizado em janeiro/2010 (R$ 11,30) e parte em fevereiro/2010 (R$ 10,60), totalizando R$ 21,90. Com os descontos, foi feito da mesma forma, parte em janeiro (R$ 4,10) e parte em fevereiro (R$ 3,85), totalizando R$ 7,95. Fl. 2883DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.884 15 3.36 Pelo abatimento mensal dos descontos também é possível verificar o valor líquido cobrado do cliente: R$ 11,30 – R$ 4,10 = R$ 7,20 / R$ 10,60 – R$ 3,85 = R$ 6,75 / R$ 7,20 + R$ 6,75 = R$ 13,95); 3.37 Tal sistemática se deve ao fato de a contabilização no resultado (receita e desconto) ocorrer pro rata tempore die e o sistema considerar a data do “aniversário mensal” da contratação, fazendo-se necessário, no exemplo citado, extrair a realização das receitas referentes à parcela do mês de janeiro (código 3004017703, telas acima) e, à parcela do mês de fevereiro (código 30078507761, conforme telas acima). 3.38 Um resumo das operações contabilizadas pode ser visto no quadro abaixo (tal documento pode ser vinculado com os demais por meio do “doc.Fat.” 0545400183): 3.39 Como visto, a receita é registrada primeiro em uma conta de receita antecipada no passivo; no exemplo: conta 24111016, com lançamento a crédito, no valor da assinatura; e um lançamento a débito correspondente ao desconto. Em seguida, os valores são baixados dessa conta para uma conta de resultado; no exemplo: conta 41113016, com lançamento de receitas e descontos por competência, na medida da prestação dos serviços. 3.40 Em outras palavras, tanto receita quanto desconto são primeiro registrados no passivo (conta de receita antecipada), para depois serem apropriados, aos poucos, em conta de resultado, conforme o serviço é prestado, como determina o regime de competência e o Comitê de Pronunciamento Contábil - “CPC” - 30. 3.41 Tanto a receita bruta quanto os descontos são declarados em DIPJ, formando a receita líquida passível de tributação. 3.42 Nesse particular, compulsando-se o balancete (doc.outros_4) e o razão contábil anexo (doc. outros_05), referente ao ano de 2010, percebe-se que a referida conta contábil 41113016 tem saldo acumulado do ano de R$ 94.886.404,43. O mesmo valor é encontrado na planilha de controle dos valores deduzidos e informados na DIPJ, vinculados exatamente à conta contábil 41113016 (doc. outros_06). O somatório dessa planilha de controle não é outro senão a quantia de R$ 208.104.613,72, informada na linha 10, ficha 07 A, da DIPJ, e glosada pelo D. Agente Fiscal. 3.43 Em todos os outros “jogos de documentos” separados como exemplos pela Impugnante, cujos documentos estão anexos (doc. outros_3 acima), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 3.44 Importante ressaltar que a mesma situação fática demonstrada para a conta 41113016, também se aplica às contas 41113019, 41113001, 41113014, 41113023, 41113027, 41113028, 41113029, 41113030, 41113031, 41113032, 41243003 e 41913001, cujos razões estão anexos (docs. Outros_7 a outros_11). 3.45 A Impugnante anexa, ainda, planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as linhas 05 e 06, Ficha 07 A, da DIPJ/2011 (doc.outros_12), demonstrando que todas as receitas sem qualquer dedução, foram Fl. 2884DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.885 16 informadas na DIPJ. As deduções foram efetuadas, depois, na Linha 10 da ficha 07 A, em procedimento semelhante ao contábil, acima descrito (primeiro registram-se todas as receitas e as deduções, para depois serem ambas apropriadas por competência). 3.46 Assim, não resta dúvida na correção dos procedimentos, quanto à dedução dos descontos na prestação de serviços no varejo do cálculo da receita bruta. 3.47 Nem se alegue que os descontos não poderiam ser excluídos da receita bruta para fins de apuração da base de cálculo dos tributos em tela por não terem natureza de descontos incondicionais. De fato, como decidiu a COSIT, na SCI nº 34/2013, “os descontos incondicionais caracterizam-se por serem parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da NF de venda [...] e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos; esses descontos não se incluem na receita bruta da PJ vendedora e, do ponto de vista da PJ adquirente, constituem redutor do custo de aquisição, não configurando receita” 3.48 A mesma SCI caracteriza os descontos condicionais como “aqueles que dependem de evento posterior à emissão na NF, usualmente, do pagamento da compra dentro de certo prazo, e configuram despesa financeira para o vendedor e receita financeira para o comprador”. 3.49 Esse é o mesmo entendimento do CARF (Acórdão 1801-00.715, de 30/09/2011 – fl. 748). 3.50 Em suma, os descontos incondicionais são aqueles desvinculados de qualquer evento futuro e são concedidos pelo vendedor no momento da formação do preço da mercadoria ou do serviço. Já os condicionais, são vinculados a evento futuro e normalmente se caracterizam por um desconto na fatura já emitida, depois da formação do preço. 3.51 Os primeiros não compõem a receita bruta por estarem relacionados a formação do preço, já os segundos, têm natureza de receita financeira, e devem sofrer a tributação adequada. 3.52 No caso em questão, todos os descontos concedidos pela Impugnante na atividade de varejo são incondicionais, pois estão sempre relacionados à formação do preço dos serviços, seja em virtude da contratação de um “combo”, da fidelidade do cliente, ou de desconto padrão, etc. 3.53 Inclusive, todos os fluxos operacionais foram testados pela PC Company Assessoria e Consultoria Empresarial (“PC Company”), conforme se verifica no Relatório de Procedimentos Previamente Acordados, em anexo (doc.outros_46). Como se verifica desse relatório, desde a venda no varejo até o registro nos sistemas de varejo (CRM_SACA) e a contabilização das receitas antecipadas e dos respectivos descontos, todos os procedimentos foram minuciosamente testados pela PC Company e considerados adequados (fl. 749). 3.54 Assim, pode-se concluir que as receitas antecipadas e, em especial, os respectivos descontos foram devidamente contabilizados e que as correspondentes bases de cálculo foram corretamente apuradas. Do Cancelamento de Assinaturas (fls. 750 e ss) 3.55 Quanto ao cancelamento dos serviços prestados, a contabilização segue sistemática semelhante ao que ocorre com os descontos. A receita integral é apropriada, mas os abatimentos feitos em virtude do cancelamento são posteriormente excluídos do resultado pro rata die (linha 10, Ficha 07 A). Fl. 2885DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.886 17 3.56 A Impugnante organizou doze conjuntos de documentos (doc. outros_13), para comprovar suas alegações, apresentando, a título ilustrativo, os relacionados à cliente Srª Fátima, que cancelou o serviço “uol conteúdo (relacionamento)”. Segue tela abaixo, do sistema CRM_SACA: 3.57 O serviço contratado foi no valor de R$ 21,90, com desconto de R$ 14,00, pagando mensalmente a quantia de R$ 7,90. No entanto, em junho/2010 a cliente requereu o cancelamento, havendo o abatimento do valor devido por ele (R$ 7,90). 3.58 A contabilização no SAP segue o mesmo procedimento do tópico anterior, atribuindo-se um código (41222113) à srª Fátima, usado para rastrear todos os lançamentos contábeis que tenham qualquer relação com essa cliente. 3.59 Através das telas do SAC (abaixo) é possível verificar toda a contabilização da receita antecipada e a respectiva realização dessa receita e do desconto. 3.60 A referida contabilização teve a sua apropriação pro rata tempore die, conforme extrato abaixo Fl. 2886DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.887 18 3.61 Parte do serviço (sem desconto) foi contabilizado em 06/2010 (R$ 10,95) e parte em 07/2010 (R$ 10,95), totalizando R$ 21,90. Com os descontos, foi feito da mesma forma, parte em 06/2010 (R$ 7,00) e parte em 07/2010 (R$ 7,00), totalizando R$ 14,00. Pelo abatimento mensal dos descontos, também é possível verificar o valor líquido cobrado do cliente: R$ 10,95 – R$ 7,00 = R$ 3,95 / R$ 10,95 – R$ 7,00 = R$ 3,95 / R$ 3,95 + R$ 3,95 = R$ 7,90. 3.62 O cancelamento, por sua vez, é apropriado como se fosse um “crédito”, abatendo a receita líquida do cliente (R$ 7,90). Para comprovar tal fato, observe-se a tela abaixo, demonstrando o “crédito” de R$ 7,90: 3.63 Ao mesmo tempo, os valores são apropriados na conta contábil de “cancelamento de assinaturas” 41112001. O saldo dessa conta, no valor de R$ 1.672.164,24 pode ser confirmado no balancete (doc.-outros_4 acima), no razão contábil (doc.outros_14) e na planilha de controle dos valores informados na DIPJ (doc.outros_6 acima). 3.64 Em todos os outros casos separados pela Impugnante, cujos documentos estão em anexo (Doc.outros_13 acima), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 3.65 De modo a demonstrar que todas as receitas, sem qualquer dedução foram devidamente informadas na DIPJ, a impugnante anexa, ainda, a planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as Linhas 05 e 06 da ficha 07 A da DIPJ/2011 (doc.outros_12 acima). Em razão dessa inclusão, sem qualquer exclusão, as deduções fora, depois, efetuadas na linha 10 da ficha 07 A, em procedimento semelhante ao contábil descrito acima. 3.66 Tem-se, portanto, que os valores deduzidos da receita bruta de cancelamento de serviços contratados, mas não prestados, restam devidamente comprovados. Em vista disso, também com relação a esse ponto, os lançamentos são improcedentes, devendo ser cancelados. Do Cancelamento de Transações Realizadas por Intermédio do PagSeguro (fls. 754 e ss) Fl. 2887DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.888 19 3.67 A Impugnante também presta serviço de facilitador de pagamentos (intermediação), que pode ser contratado pela internet1, sendo prestado a empresas e pessoas físicas que vendem ou compram produtos e serviços pela internet, ficando a Impugnante responsável pela cobrança e repasse dos recursos. 3.68 Na falta de entrega de produtos, ou entrega com defeito, sem justificativa, o PagSeguro disponibiliza ao comprador ferramentas para a solução da controvérsia, como a “Disputa”, ou a “Mediação”, onde o PagSeguro suspende o pagamento ao vendedor até a solução da controvérsia. 3.69 Caso o comprador vença a disputa/mediação, os valores recebidos pela Impugnante a título de “tarifa de intermediação” e/ou “taxa de parcelamento” são devolvidos aos vendedores, e deduzidos da receita bruta por meio de sua consideração na linha 10, Ficha 07 A da DIPJ. 3.70 Da mesma forma, a Impugnante separou doze conjuntos de documentos para comprovar suas alegações. (doc. Outros_15). 3.71 Tome-se como exemplo, a compra do produto “shampoo loreal professional force vector 1500ML”, efetuada em 15.05.2010, na loja virtual Shop da beleza. Verifica-se do extrato financeiro (abaixo), o regular pagamento do produto, mas por um motivo qualquer, a transação foi cancelada, com a devolução do valor da compra ao comprador e da taxa de intermediação ao vendedor (no caso, a loja virtual Shop da Beleza [Severino Bento Cosméticos – ME]). 3.72 Os valores de “tarifa de intermediação” devolvidos pela Impugnante (R$ 9,42 + R$ 0,40 = R$ 9,82) estão registrados na conta contábil 41942001 e seu saldo, de R$ 847.071,38, pode ser confirmado no balancete (doc. Outros_4 acima), no saldo do razão contábil (doc. Outros_16) e na planilha de controle das linhas da DIPJ (doc. Outros_6 acima). 3.73 Em todos os outros “conjuntos de documentos” separados como exemplos pela impugnante, cujos documentos estão anexos (doc. Outros_15 acima), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha 10, ficha 07 A. 3.74 A mesma situação da conta 41942001 também se aplica para as contas 41942003, cujo razão contábil está anexo (Doc. Outros_17). Essa conta refere-se a outra taxa cobrada pela Impugnante pelo serviço de PagSeguro (taxa de parcelamento). Seu saldo, no valor de R$ 704.859,19, além de constar do razão já referido, também 1 através do endereço https://pagseguro.uol.com/#rmcl (fl. 754). Fl. 2888DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.889 20 pode ser confirmado no balancete (doc. Outros_4 acima) e na planilha de controle das linhas da DIPJ (doc. Outros_6 acima). 3.75 Todas as transações contabilizadas nas referidas contas encontram-se resumidas na planilha anexa (doc. Outros_18 e outros_19), que contém os dados sobre a transação, valores e identidade de compradores e vendedores, cujo saldo coincide, exatamente, com a soma dos saldos das contas 41942001 e 41942003, ou seja, R$ 1.551.930,57. 3.76 Importante destacar que todas as contas contábeis que compuseram as linhas 05 e 06, ficha 07 A, da DIPJ (doc. Outros_12 acima) estão devidamente demonstradas na planilha anexa, que comprova que todas as receitas, sem qualquer dedução, foram informadas na DIPJ. 3.77 Na linha 10 da aludida ficha 07 A, foram depois efetuadas as deduções, em procedimento semelhante ao contábil descrito (primeiro registram-se as receitas e as deduções, para depois serem apropriadas por competência). 3.78 Tem-se, portanto, que os valores deduzidos da receita bruta, a título de cancelamento dos serviços de PagSeguro restam devidamente comprovados. Em vista disso, os lançamentos devem ser cancelados. Das deduções relativas a Publicidade (fl. 757/758) 3.79 Esse segundo grande bloco dos valores que compõem a linha 10, ficha 07 A, provém de deduções relativas a três operações de vendas de espaços publicitários no Portal UOL: (i) comissão das agências de publicidade; (ii) cancelamento de mídia; e, (iii) desconto incondicional em permuta de mídia. i) da comissão das agências de publicidade (fls. 758 e ss) 3.80 Os espaços de mídia do Portal variam conforme localização, tamanho, tempo do anúncio, etc; via de regra, a agência envia um PI (Pedido de Inserção), onde constam: (a) o valor bruto a ser pago pelo anunciante; (b) a comissão da agência de publicidade (chamada de “desconto”), que é paga pelo anunciante à agência (normalmente, 20% do valor da operação); e, (c) o valor líquido, recebido pela Impugnante. 3.81 As agências de publicidade buscam a Impugnante (em razão de seus canais de mídia), para divulgar o conteúdo de suas campanhas publicitárias; elas atuam por conta e ordem de seus clientes, conforme art. 6º do Decreto-Lei nº 57.690/66, que regulamenta as agências de publicidade, a saber: Art. 6º. Agência de Propaganda é a pessoa jurídica especializada nos métodos, na arte e na técnica publicitários, que, através de profissionais a seu serviço, estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos Veículos de Divulgação, por ordem e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a venda de mercadorias, produtos e serviços, difundir idéias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições a que servem. 3.82 A agência, dessarte, agencia a difusão da imagem de seus clientes a um preço (comissão), chamado de “desconto”, no jargão do mercado; esse “desconto” é regulado no item 2.5.1. das Normas-Padrão da Atividade Publicitária, editadas pelo Conselho Executivo das Normas Padrão (“CENP”), sendo chamado, no âmbito regulatório, de “desconto padrão”: Fl. 2889DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.890 21 2.5.1. Toda Agência que alcançar as metas de qualidade estabelecidas pelo CENP, comprometendo-se com os custos e atividades a elas relacionadas, habilitar-se-á ao recebimento do “Certificado de Qualificação Técnica”, conforme o art. 17, inciso I alínea “f” do Decreto nº 57.690/66, e fará jus ao “desconto padrão de agência” não inferior a 20% (vinte por cento) sobre o valor dos negócios que encaminhar ao Veículo por ordem e conta de seus clientes” 3.83 A mesma Norma-Padrão assim define o “desconto padrão”: 1.11 Desconto- Padrão de Agência ou simplesmente Desconto Padrão: é a remuneração da Agência de Publicidade pela concepção, execução e distribuição de propaganda, por ordem e conta de clientes anunciantes, na forma de percentual estipulado pelas Normas-Padrão, calculado sobre o “Valor Negociado”. 3.84 Portanto, os valores contabilizados como “desconto”, nada mais são do que valores das agências de publicidade, devida por seus clientes em virtude da veiculação de campanhas publicitárias. Trata-se, então, de mera receita das Agências de Publicidade, nada tendo a ver com o resultado da Impugnante. 3.85 Além disso, o pagamento dessa “comissão” é feito diretamente pelo anunciante à Agência, sem interferência da Impugnante, ou trânsito de recursos por suas contas bancárias, não se tratando, assim, de resultado da Impugnante. 3.86 Por tais razões, esse valor foi excluído da apuração dos tributos exigidos nos autos de infração guerreados. 3.87 Para comprovar a legitimidade da exclusão, a Impugnante, de forma semelhante como fez nos casos anteriores, elaborou doze documentos (doc. Outros_20 e outros_21), dos quais selecionou um caso do cliente Ministério da Educação; nesse caso, a agência Link enviou, em 19.03.2010, o PI nº 018577 (fl. 761); após os descontos concedidos pela Impugnante (constantes da PI), a veiculação de mídia foi firmada pelo valor bruto de R$ 444.550,00, da seguinte forma: R$ 88.910,00 (20% do valor bruto) refere-se à “comissão” da agência de publicidade e R$ 355.640,00 são receita da Impugnante. 3.88 Importante destacar que, na formação do preço, existem três formas de cálculo da remuneração da Impugnante nos contratos de publicidade: (i) a mais comum, é a calculada pelo número de impressões da peça publicitária, feitas no Portal UOL; cada impressão equivale a um acesso ou atualização (feita pelo usuário no portal); como esse número chega à casa dos milhões, é dividido por mil para se calcular o número de impressões que servirá de base para a cobrança; (ii) cobrança por click, feita pelo número de cliques efetuados em determinado anúncio; e, (iii) cobrança por tempo, feita pelo dia, horário e intervalo de tempo em que o anúncio será exibido. No exemplo do Ministério da Educação, conforme PI, a contratação foi feita por hora, com a exibição do anúncio por cinco dias úteis na página principal do portal UOL e por dez dias úteis na página do UOL Notícias. 3.89 Após o recebimento do PI, os dados são inseridos no sistema DART, utilizado para controle da venda dos espaços de publicidade (tela de fls. 762/763); da análise das telas, nota-se que os valores do desconto concedido ao anunciante (comissão da agência), o nome do cliente, e o valor líquido recebido pela Impugnante, são todos registrados no sistema. Além disso, são contabilizados no SAP, em uma conta transitória de receita antecipada, em nome do cliente, as quais (como já visto) são apropriadas no resultado pro rata tempore, sendo a comissão da agência (“desconto de publicidade”) contabilizada como redutora dessas contas (mesma sistemática utilizada para descontos, já mencionada – seguem telas de fl. 764) Fl. 2890DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.891 22 3.90 Apenas o valor líquido dessa operação (R$ 355.640,00) é efetivamente contabilizado como receita líquida, passível de tributação pelo IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Com efeito, a somatória das linhas “PUBLICIDADE CAIXA”, com as linhas “DES S/ PUBLICIDADE” resulta no valor líquido de R$ 355.640,00, registrada na linha “ministério da educação “ (publicidade caixa + des s/ publicidade = ministério da educação). Assim, tanto a receita bruta total quanto os descontos são contabilizados, mas a Impugnante apenas se apropria do valor líquido como receita tributável. 3.91 Graficamente, tem-se a seguinte tela (fl. 765): 3.92 Anexa-se a fatura emitida pela Impugnante (fl. 766): 3.93 Colaciona a Impugnante parte do extrato bancário do Bradesco, para confirmar o recebimento do valor (fl. 767). Trata-se do valor de R$ 322.032,02, sobre o qual, a Impugnante informa ter sido resultado da dedução do IR/CSLL Estimativa e, PIS/Cofins faturamento, conforme tela abaixo: Fl. 2891DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.892 23 3.94 O valor auferido pela agência (R$ 88.910,00) pode facilmente ser identificado no razão da conta contábil referente às deduções dos “descontos” das agências de publicidade, número 41213001 (doc. Outros_22). O saldo dessa conta (R$ 21.969.884,83), constante do balancete (doc. Outros_4 acima) e do mencionado razão contábil (doc. Outros_22 acima), somado ao saldo de R$ 203.910,40 da conta contábil do balanço do BOL2 (doc. Outros_23) também registrada pelo número 41213001, como se verifica no razão também anexo (doc. Outros_24), alcança R$ 21.900.795,23, contida na linha 10, ficha 07 A, como se verifica da planilha de controle dos valores informados na DIPJ (doc. Outros_6 acima). 3.95 Em todos os outros conjuntos de documentos separados como exemplos (doc. Outros_20 e outros_21 acima), o mesmo procedimento contábil pode ser observado. 3.96 A mesma situação demonstrada para a conta 31213001 também se aplica para as contas 41333002 (BOL), 41313001 (BOL), 31213001 ( BOL), 31233002 (BOL), 341313005, 41333002, 41213007, 41313001 e 41913010, cujos razões estão anexos (doc. Outros_25). 3.97 A Impugnante anexa, ainda, planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as linhas 05 e 06 da ficha 07 A, (doc. Outros_12 acima), demonstrando que todas as receitas (conta contábil 41211001), sem qualquer dedução, foram informadas na DIPJ, sendo as deduções (conta contábil 41213001) foram efetuadas depois, na linha 10 da aludida ficha, em procedimento semelhante ao contábil. A diferença foi efetivamente tributada pela Impugnante. 3.98 Acrescente-se que a PC Company, no relatório de procedimentos já mencionado (doc. Outros_46) após analisar todo o fluxo de operações, desde colocação da PI pela agência de publicidade até o registro no DART e os lançamentos contábeis no SAP, concluiu pela higidez das práticas da Impugnante, a saber (inserida anotação da fl. 39 do citado relatório – fl. 769). 3.99 Deve, dessa forma, essa D. Turma julgadora dar provimento à Impugnação nessa parte, cancelando-se os lançamentos fiscais. ii) do Cancelamento de Mídia (fl. 770 e ss) 3.100 Trata-se de outra exclusão que compôs o montante informado na linha 10 da ficha 07 A, referindo-se ao cancelamento de anúncio por clientes. Nesses casos, após o faturamento inicial, o cliente informa o cancelamento e a Impugnante efetua a reversão contábil. 3.101 Como nos casos anteriores, a Impugnante trás nove conjuntos de documentos para comprovar essas exclusões (doc.outros_26), dentre eles, o caso do Banco do Brasil; nesse exemplo, houve o faturamento inicial de R$ 712,52 devido pelo cliente (tela de fl. 771); depois de solicitado o cancelamento, foi realizado o lançamento contábil na conta de cancelamento de número 41212001, anulando a receita contabilizada e neutralizando os efeitos contábeis referentes a um negócio que não se concretizou (telas de fl. 771). 2 O BOL é empresa que foi incorporada pela Impugnante, sendo que a sua razão social e CNPJ antes da incorporação eram, respectivamente, Brasil Online Ltda e 02.496.285/0001-29. Para fins de controle interno, as demonstrações contábeis do BOL são registradas separadamente dos da Impugnante, ou seja, tais operações são registradas em um centro de custo próprio. Fl. 2892DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.893 24 3.102 A tela que segue faz a vinculação entre os doc. 3068182638 e 1601272712, deixando evidente a operação realizada (o código RV na coluna “Tip” refere-se a faturamento e o código “DA”, ao cancelamento) 3.103 Assim, o valor de R$ 712,62, a título de cancelamento, encontra-se registrado na conta contábil 41212001, cujo montante (saldo) de R$ 2.294.352,26, constante do balancete (doc. outros_4 acima) e no razão contábil (doc. outros_23), foi devidamente incluído na somatória dos valores que compõem a Linha 10, ficha 07 A, como se verifica na planilha de controle dos valores informados na DIPJ (doc. outros_6 acima). 3.104 Em todos os outros conjuntos de documentos separados como exemplos (doc. outros_26 acima), o mesmo procedimento contábil é observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 3.105 Importante ressaltar que a mesma situação demonstrada na conta 41212001 também se aplica às contas 41112014, 41312001, 41212007, 41232001, 41222001, 41242001, 41242005, 41912001, 41912020, 41912010 e 41412004, cujos razões estão anexos (doc. outros_28). 3.106 A Impugnante anexa ainda a planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as linhas 05 e 06, ficha 07 A (doc. outros_12 acima), demonstrando que todas as receitas, sem qualquer dedução, foram informadas na DIPJ. 3.107 Não há dúvida, assim, acerca da correta exclusão dos valores referentes ao cancelamento do serviço de publicidade, na apuração do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, do ano-base 2010, sendo o lançamento improcedente, também nessa parte. iii) do desconto incondicional em Permuta (fls. 773 e ss) 3.108 A Impugnante ainda costuma conceder a seus anunciantes, rotineiramente, descontos incondicionais, como em suas atividades de varejo; porém, diferentemente do varejo, o desconto de publicidade é mais elevado, podendo chegar a 90%, nos casos em que a Impugnante negocia o pagamento por meio de permuta (prática comum neste mercado). 3.109 Duas tabelas são utilizadas (i) uma para os casos de pagamento em dinheiro; e, (ii) outra, para os casos onde há permuta; nesse último caso, os valores de tabela são mais elevados, o que justificaria a aplicação do desconto. 3.110 No link http://publicidade.uol.com.br/precos/ podem ser encontradas duas tabelas de preços, uma para clientes ativos3 e, outra, para o público em geral (doc. outros_29 e outros_30), cuja comparação demonstra o percentual do desconto atualmente concedido. 3.111 A determinados clientes e/ou contratações, a Impugnante concede expressivos descontos, porém, sobre uma base superior. 3 Com exceção dos clientes de telefonia, mídia e entrenenimento. Fl. 2893DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.894 25 3.112 Nos casos de permuta, o anunciante negocia a divulgação de seu produto, serviço ou marca nos meios publicitários da Impugnante, os quais possuem diferentes preços (conforme localização, tamanho do banner, tempo de divulgação, etc). Com a quitação, o cliente pode permutar com a Impugnante, por exemplo, produtos que produz ou mesmo espaços de mídia que tenham disponíveis (quando o cliente, nesse caso, também é veículo de mídia). 3.113 Por exemplo, na permuta de produto, a Impugnante poderia permutar com o Hopi Hari S.A a divulgação da marca (Hopi Hari) por cem passaportes Hopi Hari, que a Impugnante entregaria a seus funcionários, no final do ano. Isso se daria, sem desembolso financeiro por parte da Impugnante e, da mesma forma, o anunciante Hopi Hari. 3.114 Já na permuta de mídia, poderia a Impugnante permutar com o Jornal Valor Econômico a divulgação deste no Portal UOL em troca de divulgação do Portal UOL no jornal. 3.115 Os descontos na permuta, por sua vez, são concedidos antes do fechamento do preço e da formalização do negócio e, como decorrência, são incondicionais. Assim, são dedutíveis da receita bruta. 3.116 Como prova de suas alegações, a Impugnante elaborou doze conjuntos de documentos, que contém exemplos tanto de permuta de produto, quanto de mídia (doc. outros_31), dos quais separou o exemplo da empresa “Parnaxx”, que celebrou contrato para divulgação de seus produtos e serviços, cujo valor de tabela seria de R$ 250.000,24. Após a negociação do desconto e fechamento do negócio de permuta, o serviço foi vendido por R$ 25.000,02 (90% de desconto). Confira-se a inclusão da operação no sistema DART, após a colocação do PI (tela de fl. 775). 3.117 No caso da Parnaxx, a forma de cálculo do preço (de valor bruto R$ 236.022,69) foi por “impressões”, mas nem todo o valor foi utilizado na emissão da fatura, pois o número de impressões entregues foi de 842.393, resultando em um valor bruto total de serviço entregue de R$ 236.022,64 (tela de fl. 776). O número de impressões é fornecido pela empresa Double Click Adserver (especializada em contabilizar o número de impressões em páginas de internet). No caso da Parnaxx, o relatório da Doublé Click Adserver consta do conjunto de documentos (doc. outros_31). 3.118 Em seguida, é contabilizada a receita bruta total (R$ 236.022,69), na conta contábil de receita 41231001, bem como do respectivo desconto6 (R$ 212.420,2) na mesma conta contábil 41231001, para março/2010. Assim, apenas a diferença constitui receita passível de tributação (R$ 23.602,49 – tela de fl. 777): 3.119 Dessa forma, tanto o valor bruto do serviço entregue (R$ 236.022,69), quanto o desconto (R$ 212.420,42) são contabilizados, e a diferença (R$ 23.602,27) configura receita líquida tributável. A impugnante anexa tela da fatura (fl. 777). Fl. 2894DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.895 26 3.120 O saldo da conta contábil de desconto de publicidade (41232001), no valor de R$ 43.901.563,17, onde foi lançado o valor de R$ 23.602,27, constante do balancete anexo (doc. outros_4 acima) e do respectivo razão (doc. outros_32), compõe o valor informado na linha 10, da ficha 07 A, bem como da planilha de controle (doc. outros_6 acima). 3.121 Em todos os outros conjuntos de documentos, separados como exemplos, (doc. outros_31 acima), o mesmo procedimento contábil foi adotado. 3.122 A mesma situação fática demonstrada para a conta 41232001, se aplica às contas contábeis 41232001 e 41233001. 3.123 A Impugnante anexa, também, planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as linhas 05 e 06 da ficha 07 A, no anexo “doc.outros_12 acima”, demonstrando que todas as receitas, sem qualquer dedução, foram informadas na DIPJ. E apresenta, como nos itens anteriores, a manifestação da empresa PC Company, através do anexo “doc. outros_46” (fl. 779). 3.124 Por tal razão, não resta outra alternativa a não ser julgar improcedente os autos de infração lavrados. Da comprovação das outras exclusões (R$ 101.554.513,40 – fl. 783) 3.125 O montante de R$ 98.900.766,94, glosado da exclusão de R$ 101.554.513,40, indicada na Linha 78 da ficha 09 A da DIPJ, é composto pelas seguintes rubricas: 3.126 Contudo, como será demonstrado, todas encontram respaldo legal e fático- probatório, sendo indevidas as glosas efetuadas. Fl. 2895DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.896 27 Dos Rendimentos de Aplicações Financeiras da Noruega (R$ 57.952.766,96 – fls. 784 e ss) 3.127 Como foi informado à fiscalização (fls. 156 e 475/477), tal exclusão é composta por: (i) R$ 47.016.973,76, relativos aos juros incorridos em 2010, decorrentes de títulos emitidos pelo Kommunalbanken SA (“NKB”), banco múltiplo norueguês (controlado pelo Estado da Noruega, conforme seu estatuto social – anexo doc.outros_34); e, (ii) R$ 10.935.793,20, equivalente ao saldo das adições e exclusões computadas em virtude de contratos de swap firmados para proteção da Impugnante contra variações cambiais de referidos títulos. 3.128 Dos Juros Auferidos: de acordo com o TVF (fl. 678), a exclusão efetuada sob rubrica “rendimentos de aplicações financeiras da Noruega” seria indevida, pois, supostamente, a Impugnante não teria comprovado documentalmente e inexistiria base legal para a sua realização. 3.129 A Impugnante afirma estar apresentando provas suficientes da contabilização dos juros em questão, bem como da existência de fundamentação legal para a sua exclusão, qual seja: o art. 11, § 3º, “b”, da Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Reino da Noruega Destinada a Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre a Renda e o Capital (“TDT Brasil/Noruega” – art. 11). 3.130 Os juros decorrem de três títulos emitidos pelo NKB (doc. outros_35), que possuem as seguintes características: 3.131 Os juros foram registrados nas contas contábeis 11131093 (APLIC DEUTSCHE BANK) e 42111001 (APLICAÇÃO FINANCEIRA). As planilhas anexas (doc. outros_36 e outros_37), que indicam todos os lançamentos a débito e a crédito realizados, demonstram que, em 2010, a Impugnante contabilizou o auferimento dos juros em três momentos distintos, consoante planilha de conciliação anexa (doc. outros_38): (i) 26.01.2010, ocasião em que R$ 19.157.750,85 foram lançados (Rendim Aplic DB Jul/09); (ii) 29.06.2010, data em que R$ 7.822.646,57 foram registrados (Rendimento Aplic DB – Dez/09); e (iii) 21.07.2010, quando R$ 20.036.576,34 foram contabilizados (Rend. Aplic. Norueguês (Liquidação)); 3.132 Como atestam os anexos extratos da Conta Euronuclear 25350 (doc. financeiros_1), em que estão custodiados os títulos emitidos, seus rendimentos (income), isto é, os juros, foram disponibilizados à Impugnante na data de seu vencimento. Confira-se, a título exemplificativo, o extrato referente ao recebimento de R$ US$ 4.399.440,89: Fl. 2896DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.897 28 3.133 Assim, os títulos em questão renderam, respectivamente, US$ 10.730.228,94, US$ 4.399.440,89 e US$ 11.222.457,14, nas datas em que vencidos/liquidados, cuja conversão para Reais monta aos valores acima mencionados, conforme sintetizados na tabela abaixo: 3.134 Portanto, devidamente comprovada sua contabilização, os citados valores encontram suporte fático-probatório, razão pela qual não deve prevalecer o argumento do Sr. Agente fiscal no sentido de que não haveria comprovação documental apta a suportar a exclusão (fl. 678). 3.135 Com relação à inexistência de fundamento legal para exclusão do montante em questão da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, a Autoridade Lançadora fundamentou o lançamento no argumento de que a inexistência de tributação do rendimento por ambos os Estados, isto é, a “dupla não-tributação”, impõe o afastamento do TDT Brasil/Noruega, pois esse só é aplicável na hipótese de existir uma dupla tributação dos rendimentos. Com efeito, como apontado pela Impugnante no procedimento fiscal, a seção 2-3 da Lei do Imposto de Renda Norueguês (Norwegian Tax Act Section 2-3) prevê a inexistência de tributação na fonte sobre os juros remetidos no exterior. 3.136 Assim, diante da falta de tributação dos juros na Noruega, a Autoridade Fiscal lançou mão do falacioso argumento de que os tratados para evitar a dupla tributação somente são aplicáveis se evitarem a dupla tributação, o que desconsidera o modus operandi e a função dos tratados, subvertendo a lógica do sistema de tratados bilaterais, construído desde o início do séc. XX. 3.137 Com efeito, tratados para evitar dupla tributação delimitam a competência tributária entre Estados Contratantes, agindo como um “estêncil colocado sobre o modelo da legislação doméstica, cobrindo certas partes dela4”. Isto é, a legislação doméstica não é modificada pelo TDT nem obrigações jurídico-tributárias são criadas por ele, mas sua aplicação é limitada na medida em que a competência tributária é repartida entre os Estados Contratantes. 3.138 Assim, um TDT pode prever: (i) a competência exclusiva de um Estado Contratante para tributar determinado rendimento (como é o caso do art. 7º da 4 "acts like a stencil that is placed over the pattern of the domestic law and covers certain parts". (VOGEL, Klaus (1986): "Double Tax Treaties and Their Interpretation", Berkley Journal of Internacional Law, Volume 4.). Fl. 2897DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.898 29 Convenção Modelo da OCDE); (ii) a competência concorrente plena de ambos os Estados para tributar certas riquezas (como é o caso do art. 21, segundo o modelo de tratados adotados pelo Brasil); ou (iii) a competência concorrente limitada dos Estados na fonte (exemplo do art. 10 da Convenção Modelo da OCDE). Na primeira hipótese, apenas o Estado a quem foi atribuída a competência para tributação pode exercê-la, enquanto, nas demais, ambos os Estados, dentro de certos limites, podem exercer seu poder tributário. 3.139 No caso dos juros decorrentes dos títulos por uma agência controlada por um dos Estados Contratantes, no caso, o NKB, o artigo 11, § 3º, “b”, do TDT Brasil/Noruega atribui somente ao Estado da fonte pagadora competência exclusiva para tributá-los: Confira-se: Artigo 11 – Juros 1.Os juros provenientes de um Estado Contratante e pagos a um residente do outro Estado Contratante são tributáveis nesse outro Estado. 2.Todavia, esses juros podem ser tributados no Estado Contratante de que provêm, e de acordo com a legislação desse Estado, mas se a pessoa que os receber for o beneficiário efetivo dos juros o imposto assim estabelecido não poderá exceder 15% do montante bruto dos juros. 3 Não obstante o disposto nos parágrafos 1 e 2: a) os juros provenientes de um Estado Contratante e pagos ao Governo do outro Estado Contratante a uma sua subdivisão política ou qualquer agência (inclusive uma instituição financeira) de propriedade exclusiva daquele Governo ou subdivisão política, são isentos de imposto no primeiro Estado Contratante; b) os juros de títulos da dívida pública, de títulos ou debêntures emitidos pelo Governo de um Estado Contratante, uma sua subdivisão política ou qualquer agência (inclusive uma instituição financeira) de propriedade daquele Governo, são tributáveis nesse Estado” (grifos da Impugnante) 3.140 Por essa razão, apenas um Estado pode tributar os juros, no presente caso, a Noruega, encontrando-se o outro, no caso, o Brasil, tolhido de sua competência. Isto é, nesse caso, de acordo com a obrigação assumida para com o Governo da Noruega, o Brasil não possui competência para tributar referidos rendimentos, cabendo tal prerrogativa única e exclusivamente ao Governo Norueguês, caso deseje exercê-lo. 3.141 Saliente-se que o tratado reparte a competência tributária entre os Estados Contratantes, não criando qualquer obrigação jurídico-tributária. Trata-se do “efeito negativo” dos TDT, que delimitam as pretensões tributárias dos Estados Contratantes5. Ao afastar o TDT, a autoridade fiscal usurpou unilateralmente a competência para tributar juros advindos de um título emitido por um banco público de propriedade da Noruega a ela atribuída pelo artigo 11, § 3º, “b”, do TDT Brasil/Noruega (que atribuí à Noruega a competência exclusiva para tributar os juros provenientes de uma agência sua, ou seja, o NKB), inexistindo qualquer outra regra que preveja o afastamento desse dispositivo. 5 Nesse ponto, faz-se citação da obra Direito Tributário Internacional, de Alberto Xavier (fl. 790) Fl. 2898DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.899 30 3.142 Nem mesmo o § 1º do art. 24 do TDT (citado pela Autoridade fiscal6), pois o referido dispositivo trata de uma maneira de se evitar a dupla tributação nos casos em que haja competência concorrente de ambos os países para o exercício de sua competência tributária. Isso porque, nas hipóteses em que ambos os Estados podem tributar um mesmo rendimento à luz das disposições de um tratado, o art. 24 pode ser invocado para se permitir, em um Estado, a dedução do imposto pago no outro (existem tratados que também prevêem a isenção como forma de evitar a bitributação da renda). 3.143 A autoridade fiscal também violou o art. 26 da Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados, ratificada pelo Brasil e promulgada pelo Decreto nº 7.030/20097, que versa sobre o princípio do pacta sunt servenda. 3.144 Além disso, não há qualquer vedação implícita ou explícita à ocorrência do fenômeno da dupla não-tributação, por isso, nem se alegue (como alegou o fisco) que a ocorrência de dupla-não tributação deve ser evitada. Nesse sentido, a imediata função do tratado é definir as competências tributárias; sua função mediata, é eliminar a dupla tributação. Além disso, a doutrina sustenta que os dispositivos de um tratado devem ser aplicados mesmo quando inexiste uma situação de dupla tributação. Nessa linha, Philip Baker assevera que não há evidência de que exista um princípio geral de que um contribuinte deva demonstrar a ocorrência da dupla tributação antes de invocar a aplicação dos dispositivos de um tratado para evitar a dupla tributação. O corolário [dos tratados para evitar a dupla tributação] é que o contribuinte pode valer-se de um tratado para evitar a dupla tributação mesmo nos casos em que sua aplicação na dupla-tributação. 3.145 A base desse raciocínio reside no fato de que o escopo de um tratado será atingido na medida em que o poder tributário de um Estado Contratante for exercido dentro dos limites estabelecidos pelo tratado celebrado. Nesse caso, a dupla tributação é uma conseqüência aceitável da aplicação dos TDT. Não poderia, por tal motivo, a autoridade fiscal, ter afastado o TDT sob o argumento de que haveria um “paradoxo” na aplicação dos TDT nos casos em que isso levasse à dupla não-tributação de um rendimento, visto que isso não é vedado pelos TDT. 3.146 Inclusive, a tributação dos juros já foi questionada pela RFB em fiscalização anterior, conforme TVF que anexamos (doc. outros_39, ano-calendário 2008). Na ocasião, ao analisar as razões e documentos apresentados pela Impugnante, a autoridade fiscal entendeu, naquela fiscalização, pela manutenção da exclusão efetuada pela Impugnante em função do TDT Brasil/Noruega (fl. 794) 3.147 Portanto, na inexistência de qualquer vedação implícita ou explícita à ocorrência da dupla não-tributação, o lançamento de IRPJ e CSLL relativo ao valor de R$ 47.016.973,76 deve ser cancelado. Do Swap com Finalidade de Hedge (fls. 795 e ss) 3.148 Os outros R$ 10.935.793,20, glosados [sob a rubrica “Rendimentos de Aplicações Financeiras Noruega”], referem-se a operações de swap, contratadas pela 6 ARTIGO 24 - Métodos para elimintar a dupla tributação 1 - Quando um residente do Brasil receber rendimentos que, de acordo com as disposição da presente Convenção, sejam tributáveis na Noruega, o Brasil permitirá que seja deduzido do imposto que cobrar sobre os rendimentos dessa pessoa um montante igual ao impoto sobre a renda pago na Noruega. Todavia, o montante deduzido não poderá exceder à fração do imposto sobre a renda calculado antes da dedução, correspondente aos rendimentos tributáveis na Noruega. 7 ARTIGO 26 - Pacta sunt servenda Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé. Fl. 2899DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.900 31 Impugnante com a finalidade de Hedge, para protegê-la de eventuais variações cambiais no recebimento do montante principal investido em título emitido pelo NKB. 3.149 O extrato do contrato nº 007.00391-9 (fls. 489/491), registrados perante a BM&F, atesta a contratação de operações de swap para o Hedge do título emitido, no valor de USD 210.000.000,00 com vencimento em janeiro/2011. 3.150 O referido título foi alienado fiduciariamente ao Deutsche Bank S.A – Banco Alemão (“DB”) para assegurar o cumprimento das operações de swap contratadas perante a BM&F, conforme os “Instrumento Particular de Garantia – Contrato de Alienação Fiduciária de Títulos e Outras Avencas”, apresentados no curso do procedimento fiscal (fls. 637/645). 3.151 Tal contrato indica (anexos I e II) a operação de derivativos contratada, bem como a descrição dos ativos alienados fiduciariamente (título emitido pelo NKB): 3.152 Assim, durante o ano-calendário 2010, a Impugnante apropriou contabilmente, pelo regime de competência, os resultados da marcação a mercado dessas operações, cujo saldo total, ao final do ano-calendário de 2010, equivalia a R$ 10.935.793,20. 3.153 O reconhecimento dos resultados das operações de swap foi registrado na conta contábil de receitas 42111001 (APLICAÇÃO FINANCEIRA) mês a mês, Fl. 2900DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.901 32 conforme planilha anexa (doc. outros_37 acima), em que os diversos lançamentos “Anulação Provisionamento antecipado – DB” e “Provisionamento antecipado – DB” retratam referidos resultados no valor de R$ 10.935.793,20. 3.154 A anexa planilha de conciliação (doc. outros_38 acima) demonstra que o saldo de R$ 10.935.793,20 decorre de lançamentos efetuados em 01.01.2010 (R$ 16.978.629,88 e R$ 118.874,64) e em 31.12.2010 (-R$ 28.033.297,72), todos realizados na conta contábil 42111001. 3.155 O montante, por não integrar a base de cálculo do IRPJ, de CSLL, PIS e COFINS foi corretamente excluído quando da apuração de tais tributos, porque, nos termos do art. 74, § 1º, da Lei nº 8.981/948 e 32, da Lei nº 11.041/049, o resultado das operações de swap deve ser tributado apenas quando da liquidação das operações, isto é, a tributação é postergada para o momento de sua realização. 3.156 Assim, apesar de os ganhos e perdas nas operações de swap serem reconhecidos contabilmente pelo regime de competência, sua tributação, via de regra, não coincide com o momento de seu reconhecimento, mas sim quando da liquidação do contrato. 3.157 Sendo assim, a Impugnante excluiu da BC do IRPJ e CSLL o montante contabilmente reconhecido no ano-calendário 2010, e, quando da liquidação dos contratos, que ocorreu em janeiro de 2011, momento em que vencido o título de USD 210.000.000,00 (fls. 637/645) referido ganho foi devidamente oferecido à tributação, como comprovam os documentos anexos. Com efeito, como atesta a planilha anexa (doc. outros_40), e os lançamentos efetuados na conta-contábil 42111001, em janeiro/2011 (doc. outros_37 acima mencionado), a provisão de R$ 28.033.297,72, que ensejou a exclusão dos R$ 10.935.793,20 foi devidamente anulada no ano-calendário 2011. 3.158 A correta exclusão do resultado pode ser atestada na conta 001016 “Desp. Financeiras Indedut. – Operações Swap” da Parte B do LALUR do referido ano (doc. livros_06), pois sua realização deu-se em momento posterior, como demonstrado. 3.159 Vale dizer, ainda, que tal montante foi lançado a débito na referida conta do LALUR juntamente com outros valores relativos à operações de swap que a Impugnante possui. 8 Art. 74. Ficam sujeitos à incidência do Imposto de Renda na fonte à alíquota de dez por cento, os rendimentos auferidos em operações de swap. § 1º A base de cálculo do imposto das operações de que trata este artigo será o resultado positivo auferido na liquidação do contrato de swap. 9 Art. 32. Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas e da contribuição social sobre o lucro líquido, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, os resultados positivos ou negativos incorridos nas operações realizadas em mercados de liquidação futura, inclusive os sujeitos a ajustes de posições, serão reconhecidos por ocasião da liquidação do contrato, cessão ou encerramento da posição. § 1o O resultado positivo ou negativo de que trata este artigo será constituído pela soma algébrica dos ajustes, no caso das operações a futuro sujeitas a essa especificação, e pelo rendimento, ganho ou perda, apurado na operação, nos demais casos. § 2o O disposto neste artigo aplica-se: I – no caso de operações realizadas no mercado de balcão, somente àquelas registradas nos termos da legislação vigente; II – em relação à pessoa física, aos ganhos líquidos auferidos em mercados de liquidação futura sujeitos a ajustes de posições, ficando mantidas para os demais mercados as regras previstas na legislação vigente. Fl. 2901DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.902 33 3.160 Assim, deve ser cancelado o lançamento no valor de R$ 10.935.793,20, indevidamente glosado. 3.161 Ademais, a tributações de operações swap foi questionada na já mencionada fiscalização anterior (relativa ao a/c 2008), que culminou no anexo TVF (decorrente do MPF 08190.00-2011-00840-6 – doc. outros_39 acima mencionado). Naquela ocasião, a fiscalização acatou os documentos e esclarecimentos fornecidos não efetuando qualquer lançamento sobre a exclusão de resultados decorrentes de operações swap, procedimento esse que atesta a nulidade dos lançamentos. 3.162 Pelo exposto, forçoso concluir que o lançamento não poderá subsistir. Do contrato de Exclusividade na Aquisição da Carteira de Clientes da Plug In (R$ 379.886,40) – fl. 799 e ss) 3.163 Outro ponto refere-se à glosa de R$ 379.886,40 da amortização fiscal anual do Contrato de Exclusividade, Não Concorrência e Cessão de Carteira de Clientes (“Contrato de Exclusividade”) celebrado em 14.11.2007, entre a Impugnante e a Plug- in/Vanet Sistemas de Comunicações S.A (“Plug-In”), apresentado no curso do procedimento (termo de anexação de arquivo não paginável de fl. 205). 3.164 Com efeito, em 14.11.2007 a Impugnante adquiriu o direito de a Plug-In não lhe oferecer concorrência pelo valor de R$ 1.899.432,00. Em razão disso, por ter incorrido em um custo para a aquisição de um direito “cuja existência ou exercício tenha duração limitada”, a Impugnante usou-se da prerrogativa do art. 325, I, “c”, do RIR/9910, e passou a amortizar fiscalmente o valor pago pela não concorrência. 3.165 A Impugnante optou por apropriar contabilmente todo o custo incorrido com o contrato no resultado do ano-calendário 200711 e adicionou o montante pago de R$ 1.867.774,80 ao Lucro Real apurado em 200712. Assim, em virtude da adição realizada, passou a amortizar o valor pago pelo direito ao percentual de 20% a cada ano, como atesta a página 96 da parte A do Lalur de 2007 (doc. livros_3). 3.166 Dessa forma, o valor amortizado no ano-calendário de 2010 equivale a 20% do preço pago, R$ 379.866,40, o que se verifica pelas Partes A e B do Lalur desse ano (doc. livro_6). 3.167 Esse fato (possibilidade de amortização do Contrato de Exclusividade, ao percentual de 20% ao ano) foi, inclusive, aceito pela fiscalização que a Impugnante sofreu anteriormente (já citada), como se pode observar do TVF (doc. outros_39 acima mencionado). 10 Art. 325. Poderão ser amortizados: I - o capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou contratualmente limitado, tais como (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58): [...] c) custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos e direitos de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio; 11 Destaque-se que o procedimento conta´bil, embora não gere consequências fiscais, está em consonância com as normas contábeis, segundo as quais não é possível ativar contratos que não possuem perspectivas de geração de resultados futuros. 12 O valor de R$ 1.867.774,80 já considera a amortização de parte do contrato referente ao mês de dezembro de 2007 (R$ 1.899.432,00 - R$ 31.667,20 = R$ 1.867.774,80). Fl. 2902DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.903 34 3.168 Portanto, diante da possibilidade de amortização do Contrato de Exclusividade, bem como de sua correta contabilização, tem-se que a glosa realizada pela Autoridade Fiscal não deve prosperar. Da Provisão para Contingências Trabalhistas e Cíveis (R$ 2.664.151,26 – fls. 801 e ss) 3.169 Outra exclusão glosada refere-se ao valor de R$ 2.664.151,26, efetuada sob a rubrica Provisão para contingências trabalhistas e cíveis, cujos lançamentos foram realizados nas contas contábeis: > 21621001 (“CONTINGÊNCIAS TRABAL”); > 21621003 (“OUTRAS CONTINGÊNCIAS”); > 22513001 (“PROV OUT CONTINGÊNCI”); e, > 22513002 (“PROV. CONTING. TRABALH”). 3.170 No entender da autoridade fiscal, a Impugnante não teria demonstrado documentalmente a adição das provisões (ao Lucro Real) nos a/c anteriores, e a contabilização da receita decorrente da reversão da provisão (fl. 681). 3.171 Desse modo, a Impugnante apresenta a parte B do LALUR de 2010 (doc. livros_6) para comprovar a legitimidade do procedimento adotado, demonstrando que o montante das contingências trabalhistas e cíveis já adicionado às BC do IRPJ e CSLL até 2009 é superior aos R$ 2.664.151,26 que foram revertidos. Mais especificamente, devem ser consideradas as contas 023035 “Provisão P/ Contingências Trib. C/ Exigib. Suspensa” e 023042 “provisão Contingências Cíveis e Trabalhistas”. 3.172 Ademais, pela análise do balancete, verifica-se que o saldo das contas contábeis das provisões para contingências trabalhistas e cíveis no passivo (21621001, 21621003, 22513001 e 22513002) em 2009 também era superior (R$ 8.150.464,24) ao montante revertido (R$ 2.664.151,26). 3.173 Para comprovar que houve a reversão das provisões anteriormente constituídas, a Impugnante anexa Planilha (doc. outros_41) contendo todos os lançamentos contábeis nas contas 21621001, 21621003, 22513001 e 22513002, que tiveram como contrapartida lançamento em conta de resultado. Somando-se esses lançamentos, chega-se ao montante de, exatamente, R$ 2.664.151,26, que foi corretamente excluído da BC do IRPJ e CSLL. Tais exclusões, inclusive, estão devidamente demonstradas no LALUR de 2010 (doc. livros_06). 3.174 Frise-se que as reversões das provisões foram contabilizadas nas contas de resultado 31811001 (“Contingências Trabal”), 31811003 (“Outras Contingências”) e 31612005 (“Variação Monetária”), ou seja, essas reversões de provisões foram contabilizadas em contas redutoras de despesa (e não em contas de receitas). De qualquer forma, o resultado contábil adotado pela Impugnante é o mesmo daquele cuja comprovação foi requerida pela autoridade fiscal, isto é, a redução de uma conta de despesa tem o mesmo efeito contábil e fiscal de um lançamento a crédito em uma conta de receita. 3.175 Portanto, as adições das contingências trabalhistas e cíveis sobre as provisões realizadas até 2009 e os lançamentos efetuados nas contas redutoras de despesa 31811001, 31811003 e 1612005 atestam que a Impugnante excluiu corretamente de sua base de cálculo do IRPJ e CSLL o valor de R$ 2.664.151,26, razão pela qual, concluiu-se que o auto de infração não merece prosperar. Fl. 2903DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.904 35 Da Provisão para Contingências Tributárias com Exigibilidade Suspensa (R$ 19.950.988,82 – fls. 802 e ss). 3.176 Um outro item objeto de questionamento e glosa pelo fisco diz respeito ao valor de R$ 19.950.988,82, referente à reversões de provisões contabilizadas nas contas 22513003 (Provisão Contin ICMS) e 22513005 (Provisão Cont. COFINS) e excluído da BC do IRPJ e CSLL. 3.177 De acordo com o Balancete anexo (doc. outros_4 acima) a conta 22513003 encontrava-se com o saldo de 0,01 o qual foi zerado no a/c 2010, de modo que, toda a glosa em questão (R$ 19.950.988,81) refere-se à conta contábil 22513005, que trata de provisão de COFINS. 3.178 Também nesse item, entendeu a autoridade que a Impugnante não teria demonstrado documentalmente as adições de tais provisões ao Lucro Real dos anos anteriores, bem como a contabilização da receita decorrente de sua reversão. 3.179 Deveras, referida contingência provisionada de COFINS decorre do Mandado de Segurança 2004.61.00.002687-1, por meio do qual objetivava-se a declaração de inconstitucionalidade da COFINS apurada sob a sistemática não- cumulativa instituída pela Lei nº 10.l833/2003, assegurando à Impugnante o direito de permanecer na sistemática cumulativa de recolhimento, e, em razão disso, sujeitar-se à alíquota de 3%. 3.180 Para a manutenção da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários objeto da referida ação judicial, a Impugnante, mensalmente, apurava a COFINS não-cumulativa devida (alíquota de 7,6%), pagava o montante equivalente a aplicação da alíquota de 3% (alíquota do regime cumulativo) e efetuava o depósito judicial dos outros 4,6% (majoração resultante do sistema não-cumulativo). 3.181 Assim, desde 2004, contabilmente, a Impugnante pagava o valor de COFINS à 3% e realizava provisão da diferença (4,6%), a qual era depositada judicialmente. Sob a ótica fiscal, os valores provisionados eram adicionados ao LR apurado anualmente, conforme se nota das Partes A e B do LALUR 2005 a 2010 (doc. livros_1 a livros_6). 3.182 O tratamento dado às provisões era neutro do ponto de vista fiscal, pois o efeito fiscal decorrente do lançamento a crédito nas contas em que foram registradas as provisões era anulado pela adição, para fins de apuração do LR, do montante provisionado na Parte A do LALUR. 3.183 A provisão para contingência da COFINS perdurou até o início de 2010, época em que a Impugnante, com a publicação da Lei nº 11.941/09 aderiu ao programa de pagamento à vista e parcelamento instituído por essa lei, requerendo a aplicação dos benefícios de redução previstos na legislação e a conversão do montante depositado judicialmente em renda da União, o que resultou na desistência da discussão sobre a inconstitucionalidade da majoração da alíquota, conforme petição anexa (doc. outros_42). 3.184 Com efeito, em 12/2009, o saldo da provisão da COFINS somava R$ 19.950.988,73, consoante planilha anexa (doc. outros_43). Em virtude da conversão em renda da União dos depósitos efetuados, a Impugnante liquidou as provisões constituídas, excluindo contabilmente o montante de R$ 19.950.988,73, da BC do IRPJ e da CSLL. Para tanto, debitou na conta de provisão para contingências (22513005) os valores anteriormente provisionados e, na conta de depósitos judiciais (13413005), creditou os valores, como contrapartida para a reversão das provisões. Fl. 2904DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.905 36 3.185 No LALUR 2010, efetuou a reversão da provisão constituída ao longo dos anos, debitando da Parte “B” o valor de R$ 20.488.593,22 (doc. livros_6 acima), dos quais R$ 19.950.988,82 referia-se ao saldo da provisão em 12/2009, glosado pela autoridade fiscal, e R$ 537.604,40 representava o montante provisionado naquele ano, adicionado no mês de janeiro/2010, conforme Parte “A” do LALUR de 2010. 3.186 Para não restar dúvida quanto a essa adição, interessante conferir a conta 023035 “Provisão P/ Contingência Trib. C/ Exigib. Suspensa” da Parte “B” do LALUR de 2009 (doc. livros_05), na qual consta o saldo inicial de R$ 11.245.536,11, que, somando às adições ao longo do ano (R$ 8.705.452,62), resulta justamente em R$ 19.950.988,82. Vale dizer que o saldo total da conta 023025 “Provisão P/ Contingência Trib C/ Exigib Suspensa” da Parte B do LALUR de 2010 possuía o valor de R$ 26.576.996,66 (isto é, havia outros valores contabilizados nessa mesma linha do LALUR), no início do ano. 3.187 Ademais, no Balancete, verifica-se que o saldo das contas contábeis das provisões para contingências de COFINS em 2009, também era superior R$ 35.795.921,09, ao montante revertido (R$ 19.950.988,81), e, ao final do ano-calendário de 2010, o saldo dessa conta estava zerado, em virtude da reversão das provisões realizadas. 3.188 Vê-se que a reversão não afetou as contas de resultado, pois a contrapartida da redução da provisão foi a redução dos depósitos judiciais, isto é, de um ativo. Por tal razão, não procede o argumento de que o “sujeito passivo não logrou êxito em comprovar que os lançamentos a título de reversão de provisão tiveram como contrapartidas as necessárias receitas de reversão de provisão, as quais deveriam integrar o resultado contábil apurado em 31/12/2010”. Ora, não houve qualquer lançamento nas contas de resultado, pois a contrapartida da reversão das provisões era uma conta patrimonial e não de resultado! 3.189 O efeito fiscal das provisões não decorria de sua contabilização, mas da adição, ano a ano, do montante provisionado. Isso porque, como as provisões eram temporariamente indedutíveis, a adição do montante provisionado ao Lucro Real fazia- se necessária. Da Provisão para Despesas (fls. 806 e ss) 3.190 Última exclusão glosada, no valor de R$ 17.952.973,50, registrada na conta Provisão de Despesas, de nº 21622006. De forma semelhante aos itens anteriores, a fiscalização entendeu que a Impugnante não teria demonstrado, documentalmente, a adições de tais valores ao LR dos anos anteriores, bem como a contabilização da receita decorrente da reversão. 3.191 Convém destacar que o número da conta indicado no TVF (conta 21622006) está equivocado, pois a reversão de provisão ocorreu, na realidade, na conta contábil 22512001, conforme demonstrar-se-á. 3.192 Tal provisão foi constituída e adicionada às BC do IRPJ e CSLL no a/c 2004, no valor de R$ 19.788.636,87, conforme se verifica pelo anexo “doc.outros_44” (apuração desses tributos). 3.193 Para comprovar o equívoco das autoridades fiscais, a Impugnante anexa planilha demonstrando os lançamentos contábeis, referentes à reversão da provisão na conta 22512001, no valor de R$ 9.903.020,01, sob a rubrica “redução capital/venda sinects uolphone”, bem como “outras provisões ip / ref 06/2010” (doc. outros_45). Tal Fl. 2905DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.906 37 exclusão, ainda, pode ser facilmente observada pela análise da conta 023026 Outras Provisões da Parte B do LALUR (doc. livros_6 acima). 3.194 Assim, diante da correta contabilização da provisão em questão, pois foi devidamente adicionada ao LR do período por meio do LALUR, bem como da exatidão dos procedimentos adotados para reversão da provisão, forçoso concluir pela necessidade de cancelamento do lançamento nesse item. Subsidiariamente – Da Impossibilidade de Modificação de Critérios Jurídicos do Lançamento – Violação ao artigo 146 do CTN 3.195 Ainda que se entenda pela improcedência das alegações da Impugnante, o que se cogita apenas por amor ao debate, os lançamentos decorrentes das glosas das exclusões (R$ 47.016.973,76 – juros de títulos emitidos pelo NKB; R$ 10.935.793,20 – operações de swap não realizadas; e R$ 379.886,40 – amortização do contrato de exclusividade com a Plug-IN), devem ser cancelados por violarem o art. 146 do CTN. 3.196 O referido dispositivo veda a modificação retroativa de critérios jurídicos do lançamento, os quais podem ser aplicados somente a fatos jurídicos tributários posteriores à sua adoção. Confira-se a redação: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. 3.197 Dispõe a regra que, no exercício do lançamento relativo a um mesmo contribuinte, todo e qualquer critério jurídico anteriormente utilizado para a constituição ou não de critérios tributários deve ser mantido. A modificação é permitida apenas para os fatos jurídicos tributários posteriores à sua introdução e à ciência do contribuinte dessa alteração. 3.198 O contribuinte deve ser informado da alteração do critério jurídico para, somente com relação a fatos jurídicos posteriores à ciência da modificação dos critérios, o lançamento não violar o art. 146 do CTN. 3.199 Raciocínio semelhante é o aplicável no desembaraço aduaneiro quando o fisco, posteriormente ao desembaraço, altera a classificação fiscal e efetua novo lançamento. A autoridade fiscal não pode, portanto, a seu bel-prazer, a cada ano em que fiscalizar um tributo, valer-se de diferentes fundamentos jurídicos para realizar o lançamento 3.200 No caso, a autoridade considerou que os juros remunerados pelos títulos emitidos pelo NKB não poderiam ter sido excluídos da BC do IRPJ/CSLL pois a eles não poderia ser aplicado o art. 11, § 3º do TDT Brasil/Noruega, bem como que a Impugnante não teria demonstrado o embasamento jurídico para a exclusão dos resultados nas operações de swap e para a amortização do contrato de exclusividade. Contudo, em procedimento fiscal anterior (a/c 2008) as mesmas exclusões foram acatadas pela D. Fiscalização, sob o argumento de que o art. 11, § 3º do TDT Brasil /Noruega seria aplicável e que os resultados das operações de swap não realizadas e a amortização do contrato de exclusividade seriam válidas, como se vê no TVF datado de 22.01.2013 (MPF 2011-00840-6 – doc. outros_39 já mencionado). 3.201 Ou seja, para o a/c 2010, houve para o mesmo contribuinte, critério jurídico diverso daquele adotado em 2008, contudo, os fatos ocorridos em 2010 foram Fl. 2906DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.907 38 anteriores ao TVF referente ao a/c 2008, que fora lavrado em 22.01.2013. Ou seja, os fatos ocorreram antes da modificação no critério jurídico. 3.202 Portanto, tendo em vista (i) o efeito retroativo do novo critério jurídico; (ii) a violação ao art. 146 do CTN; bem como, (iii) a evidente ofensa ao princípio da segurança jurídica, tem-se que os lançamentos relativos aos juros decorrentes dos títulos emitidos pelo NKB devem ser cancelados. Da Improcedência da Multa Agravada por Suposto Embaraço à Fiscalização (fls. 810 e ss) 3.203 De acordo com o TVF, o fisco entendeu ter havido embaraço por suposto “atendimento insatisfatório”, em relação às deduções efetuadas na Linha 10, da ficha 07 A da DIPJ, pois a Impugnante tinha passado 239 dias sem apresentar esclarecimentos que haviam sido solicitados, agravando, em decorrência disso, a multa de ofício par 112,5%. 3.204 A Impugnante não teria apresentado todos os documentos e esclarecimentos constantes do Termo de Intimação de 16.10.2013 (fls. 150/151), atendendo à fiscalização de modo “insatisfatório”. 3.205 Ocorre que a conduta da Impugnante ao longo do procedimento não se enquadra nas hipóteses do art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430/96, pois o referido dispositivo não é aplicável quando o contribuinte, intimado a apresentar esclarecimentos e documentos, apresenta apenas parte deles (no caso, foi apresentado a grande maioria dos documentos), como ocorreu no presente caso. 3.206 Qualquer ação que indique colaboração com o fisco no procedimento é suficiente para descaracterizar o embaraço. Na verdade, o ilícito só pode ser caracterizado se o contribuinte, motivo por dolo específico, cause prejuízo à Fiscalização, impossibilitando a obtenção da base tributável pelo não atendimento integral das intimações e pelo oferecimento de resistência à fiscalização. O não atendimento integral das intimações pode acarretar, apenas o arbitramento dos lucros. Assim, se manifestou a CSRF (Acórdão 9101-001.468; página 9 - fl. 812). 3.207 A Impugnante desde o início colaborou com a fiscalização, tendo apresentado inúmeros documentos de que dispunha e, informando, também, a dificuldade em obter os demais, mostrando com isso boa-fé ao longo do procedimento; os trabalhos, por sua vez, foram efetuados de forma superficial, não tendo a autoridade fiscal atentado ao porte da Impugnante e ao imenso volume de informações solicitadas, pois que são valores referentes a mais de um milhão de clientes apenas no seguimento do varejo. 3.208 O fato de a fiscalização ter entendido que os documentos não foram apresentados de forma satisfatória não é motivo para agravamento da multa, não tendo havido embaraço à fiscalização. 3.209 Se o fiscal entendeu imprestáveis todos os documentos e esclarecimentos prestados, deveria ter arbitrado o lucro (conforme art. 47 da lei n. 8.981/95) ao invés de glosar as exclusões. O arbitramento resulta da presunção de que a documentação contábil seria imprestável para a apuração do LR, mas a glosa é procedimento de recomposição da BC, consertando possível erro cometido na contabilidade. Mas glosas quase todas as deduções feitas é presumir que sua contabilidade não tem liquidez e certeza à apuração do LR. Fl. 2907DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.908 39 3.210 Isso contraria a lógica, na medida em que a Impugnante, como Cia aberta com ações negociadas na BM&Bovespa era obrigada a ter suas demonstrações financeiras auditadas por auditores independentes, que não seriam aprovadas (ou seria provada com ressalvas) se incerta fosse a sua contabilidade. Ad Argumentandum – Da Ilegalidade da Incidência de Juros Sobre a Multa de Ofício (fls. 815 e ss) 3.211 Nos termos do que estabelece o art. 61 da Lei n. 9.430/96, os acréscimos moratórios não incidem sobre as penalidades pecuniárias, pois a multa não se presta a repor capital alheio, mas a punir o não cumprimento da obrigação, possuindo natureza indenizatória, e, diferentemente da multa, incidem no tempo exatamente para refletir o prejuízo do credor com a privação de seu capital. 3.212 Assim, por definição, os juros remuneram o credor pela privação do uso de seu capital, devendo incidir apenas sobre o que deveria ter sido recolhido no prazo e não foi (valor principal). A multa, por sua, vez, não retrata obrigação principal, mas encargo que se agrega ao valor da dívida como forma de punir o contribuinte. 3.213 Admitir a incidência de juros sobre multa (ambos previstos em norma secundária) estaria se desvirtuando completamente a natureza e a própria finalidade na norma secundária (que não se volta para si mesma, para sim para a norma primária). 3.214 Aliás, a aplicação de tal percentual, de forma ilimitada, sobre o principal e sobre a multa, acarreta verdadeira afronta ao princípio constitucional do não-confisco, bem como viola o direito de propriedade, já que faz incidir juros exorbitantes sobre o imposto e, ainda, sobre a multa aplicada 3.215 Apresenta julgados sobre o tema (fls. 816/817). Do Pedido de Perícia e Diligência - fls. 818 e ss 3.216 Nos termos do art. 16, IV do Decreto n. 70.235/72, requer, na remota hipótese de que essa D. Turma de julgamento entenda que a documentação e/ou esclarecimentos ora anexados não são elementos suficientes para se comprovar a legitimidade das deduções da receita bruta e exclusões das BC, a realização de perícia (quesitos às fls. 818/819) Da decisão da DRJ A ementa da decisão é a seguinte: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 2010 ALEGAÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOS ÉTICOS DURANTE A FISCALIZAÇÃO. FORO COMPETENTE. O tratamento de preceitos éticos e a oportunidade e conveniência na conduta do agente público devem ser contemplados através dos instrumentos processuais adequados, dentro do foro competente, não devendo a matéria ser analisada em sede de julgamento administrativo. Fl. 2908DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.909 40 ALEGAÇÃO DE FALTA DE COMPARECIMENTO DO AUDITOR-FISCAL NA EMPRESA. /DESCUMPRIMENTO DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. A alegação de que a apuração do quantum da receita omitida está atrelada ao trabalho do fisco, in loco, não está vinculada, necessariamente, à satisfação do princípio da verdade material; contrario sensu, a fiscalização de estabelecimento longínquo, ou mesmo, julgamentos administrativos a cargo das Delegacias de Julgamento da RFB, que possuem jurisdição nacional, seriam casos em que estaria prejudicado o alcance da verdade substantiva, não sendo razoável de se admitir. Acrescente-se, que o comparecimento ao estabelecimento é prerrogativa do fisco, ao passo que recai sobre o contribuinte o dever de cumprir as exigências fiscais formuladas. ARGUMENTAÇÃO DE DESCONSIDERAÇÃO DAS RECEITAS EM RAZÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DAS DESPESAS A ELA INERENTES. Desmerece guarida o argumento de que se as deduções efetuadas na BC do lucro real foram consideradas não comprovadas, também as receitas não poderiam ter sido concebidas no lançamento, vez que ao fisco compete identificar as infrações tributárias, as quais são relacionadas somente às despesas glosadas. Também, pela via da lógica, se o contribuinte entende que as operações objeto da auditoria foram legítimas e realizadas em total conformidade com a legislação, não há razão para que seja reduzida a base tributável com a retirada de receitas reconhecidas espontaneamente, se, como Interessada, mostra-se a perseguir, através dos meios legais disponíveis, o intento de reverter o ato administrativo do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2010 JUROS RECEBIDOS DO EXTERIOR ORIUNDOS DE TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE VEDAÇÃO À TRIBUTAÇÃO EM AMBOS OS PAÍSES. Os juros recebidos no resgate de títulos da dívida pública emitidos pelo governo da Noruega, país com o qual o Brasil assinou Convenção para evitar a dupla tributação, somente são isentos do imposto de renda no Brasil se comprovado que foram tributados naquele Estado Monárquico. Não deve ser objetivo dos Tratados para evitar dupla tributação proporcionar a dupla-isenção nos países signatários, pelo contrário, seu intento é não permitir que se deixe de pagar; e, evitar, se for o caso, o pagamento em duplicidade. DESCONTOS NEGOCIADOS EM CENTRAIS DE RELACIONAMENTOS. PROVA DOCUMENTAL. CONSTATAÇÃO DA NATUREZA DO DESCONTO. A existência de descontos negociados em central de relacionamentos não presencial, processados em sistema informatizado, sem expedição de documentos materiais e específicos não é suprido pela juntada de telas indicadoras da operacionalização das transações, sendo mister a prova documental relacionadas às respectivas notas fiscais. DESCONTOS. CONSTATAÇÃO DA NATUREZA INCONDICIONAL. A Constatação da natureza do desconto somente se dá depois de comprovada a expedição das notas fiscais (hábeis e idôneas), pois é através de tais documentos que será possível verificar a instrumentalidade da incidência dos descontos, e de que, de fato, não dependeram de eventos posteriores. Fl. 2909DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.910 41 DESPESAS COM AGÊNCIAS DE PROPAGANDA. GLOSA. COMPROVAÇÃO. Para se comprovar uma despesa, de modo a torná-la dedutível, face à legislação do imposto de renda, não basta comprovar que ela foi assumida e que houve o desembolso, é indispensável comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos, através de documentos fiscais. OPERAÇÃO DE SWAP. PROTEÇÃO CONTRA A VARIAÇÃO CAMBIAL ATRELADO A TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA. TROCA DE INDEXADORES. TRIBUTAÇÃO DO GANHO NA OPERAÇÃO DE SWAP. DEDUÇÃO DA VARIAÇÃO CAMBIAL PASSIVA. O resultado positivo auferido nas operações de Swap, ainda que estabelecidas para fins de hedge, estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda. O resultado positivo auferido deve ser reconhecido no momento de seu recebimento. Preceitua o art. 40, §2º, da IN RFB n. 1022/2010, que o termo do momento do recebimento é a data da liquidação da operação ou da cessão do respectivo contrato. COFINS. SISTEMÁTICA NÃO CUMULATIVA. DIFERENÇA DE ALÍQUOTAS. PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS TRIBUTÁRIAS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. O tratamento dado às provisões relativas a COFINS, referente à diferença da alíquota da sistemática não-cumulativa e da cumulativa, objeto de Mandado de Segurança, deve ser neutro do ponto de vista fiscal, e o efeito decorrente da adição na Parte A do LALUR, do montante equivalente à provisão, deve ser anulado pela respectiva adição. Desse ponto de vista, se configurada, por fim, a incidência da alíquota (integral) pela sistemática não-cumulativa, caberia a exclusão da BC no exato montante da diferença do débito devido e recolhido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2010 MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. DESCABIMENTO. O agravamento da multa de ofício de 75% para 112,50% exige o não atendimento total às intimações lavradas pelo Fisco e clara tentativa de obstaculizar a ação fiscal levado a efeito. Comprovado nos autos que a autuada, ainda que parcialmente, atendeu a intimações fiscais descabe o agravamento da multa. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano-calendário: 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS/COFINS. O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, do PIS e da COFINS. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário: Irresignada com a decisão, apresentou recurso voluntário, repisando praticamente os mesmos elementos e argumento da sua peça impugnatória, agregando alguns reforços algumas questões em decorrência da decisão de primeiro grau administrativo: Fl. 2910DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.911 42 Preliminarmente: - ataca a superficialidade do trabalho fiscal, o que ofende o princípio da verdade material. Não houve a realização de visita ao estabelecimento da recorrente para análise presencial do sistema informatizado de contabilização; - não seria razoável a integralidade das deduções da receita bruta contida contidas na linha 10, ficha 07A da DIPJ/2011 - vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais - no montante de R$ 208 milhões, bem como exclusões do lucro real e da base de cálculo da CSLL em que glosou R$ 98 milhões dos R$ 101 milhões; - improcedência dos autos de infração em decorrência da obrigação da autoridade fiscal considerar as antecipações realizadas no decorrer do ano-calendário; - nulidade da diligência e da violação ao artigo 59§ 3º do decreto-lei nº 70.235/72 - houve diligência provocada pela DRJ, que foi entendida como precluída pela unidade de origem; item 65 do rv - portanto requer nulidade do acórdão recorrido com base no art. 59, II, do DL 70235/72, para que seja realizada nova diligência apta a tratar das provas relativas ao item III.1 da impugnação (e também deste RV) Mérito - das deduções de vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais concedidos de R$ 208.104.613,72, glosadas integralmente, em que não foram apresentadas as respectivas notas fiscais respectivas. Nota fiscal não é o único documento hábil à comprovação de fatos relevantes do ponto de vista tributário, e isso é um formalismo exarcebado. Passar a citar alguns enunciados legais e decisões administrativas que entendem irem de encontro ao seu pensamento. - a contabilidade faz prova em favor da recorrente, e à luz do art. 923 do RIR, que cita documentos hábeis¸ o que não se limita às notas fiscais. O próprio TVF, reforçado pelo v. acórdão recorrido, reconhece tal possibilidade: "5.24 A explicação da Impugnante, a meu ver, não carece de razoabilidade, mas, de prova. Veja que o fisco, ao solicitar as informações ao contribuinte, e ao recebê-las, relatando-as em seu TVF, foi claro ao afirmar o seguinte:" (página 51 do acórdão recorrido) "5.84 Assim, apesar de afirmar a Impugnante ter comprovado todas as deduções que efetuou, ter apresentado exemplos em relação às deduções sob análise, indicando, de forma organizada a exposição de motivos, entendo que sua exposição não serviu, in totum, ao que pretendeu, pois que valeu somente para demonstrar a sistemática contábil das deduções, contudo, para o ateste da higidez das referidas operações, necessitar-se-ia da prévia confrontação com a prova instrumental, consubstanciada nos documentos fiscais respectivos, ausentes nestes autos." (páginas 60/61 do acórdão recorrido, grifos da Recorrente) -dos descontos incondicionais concedidos - no gerenciamento da receita das atividades de varejo e dos descontos concedidos aos seus clientes, a Recorrente faz uso de dois sistemas: o CRM SACA, utilizado pela central de atendimento ao cliente, e o SAP, utilizado para contabilizar as operações. O C R M S A C A é o sistema responsável pela interface entre a Fl. 2911DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.912 43 ordem de venda requisitada pelo cliente e o SAP. Para demonstrar tal sistema, preparou doze conjunto de documentos apresentados na sua peça impugnatória (doc. outros_3 da impugnação). Para tanto, exemplifica um caso da sua operacionalidade: A título ilustrativo, a Recorrente selecionou dentre esses doze casos, o da Sra. Isabel Vieira de Azevedo ("Sra. Isabel"), que, durante o primeiro trimestre de 2010, contratou o serviço "UOL 4 Horas". Para contratar o serviço, Sra. Isabel entra em contato com a central de vendas da Recorrente que, ao vender o serviço, imputa os dados no sistema C R M S A C A . Confira-se as telas do referido sistema: (demonstra gráfico de item 150 da peça recursal). 151. Como se verifica do print, a Sra. Isabel contratou, no mês de dezembro de 2009, um serviço mensal no valor de R$ 21,90, tendo-lhe sido concedido um desconto mensal no montante de R$ 7,95. Assim, em razão do desconto concedido, o valor cobrado do cliente - receita efetiva da Recorrente - é apenas o valor de R$ 13,95 (R$ 21,90 -R$7,95 = R$ 13,95), que, no presente caso, foi cobrado via débito no cartão de crédito. Mostra outra tela: 153. Na tela acima, é possível notar o montante líquido do serviço contratado pelo cliente (R$ 13,95), que é justamente o montante que afetará o resultado da Recorrente, além de outras informações relevantes sobre a transação efetuada (razão contábil, a data da operação, entre outras). Para tanto, a Recorrente contabilizou uma receita antecipada no valor de R$ 21,90 (preço sem desconto) e, ao mesmo tempo, efetuou a dedução de R$ 7,95, referente ao desconto, em conta específica de desconto. 154. A realização dessa receita ocorre pro rata tempore die (conta contábil 41111016), bem como dos respectivos descontos (conta contábil 41113016). Neste sentido, ao se verificar as telas do sistema SAP a seguir, verifica-se que, no mês de janeiro, dos R$ 21,90 (preço total do serviço) foram reconhecidos R$ 11,30, sendo que do total dos descontos concedidos (R$ 7,95) foram reconhecidos R$ 4,10. Para o mês de fevereiro aplica-se o mesmo raciocínio. (... ) 159. Como visto, a receita é primeiro registrada em uma conta de receita antecipada no passivo (no exemplo: conta 24111016), que recebe um lançamento a crédito de receita antecipada, no valor da assinatura, e um lançamento a débito corresponde ao desconto. Em seguida, os valores são baixados dessa conta para uma conta de resultado (no exemplo: conta 41113016), que recebe o lançamento das receitas e dos descontos por competência, na medida da prestação dos serviços. (... ) 160. Seguindo o mesmo procedimento, tanto a receita bruta quanto os descontos são declarados na DIPJ, formando a receita líquida passível de tributação. Fl. 2912DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.913 44 (... ) 164. Nesse particular, compulsando-se o balancete (Doe. outros_4 da Impugnação) e o razão contábil anexo23 (Doe. outros_5 da Impugnação), referente ao ano de 2010, percebe-se que a referida conta contábil de desconto 41113016 tem saldo acumulado do ano de R$ 94.886.404,43 163. O mesmo valor é encontrado na planilha de controle dos valores deduzidos e informados na DIPJ, vinculados exatamente à conta contábil 41113016 (Doe. outros_6 da Impugnação). O somatório dessa planilha de controle não é outro senão a quantia de R$ 208.104.613,72, informada na Linha 10, Ficha 07A, da DIPJ/2011, e glosada pelo D. Agente Fiscal 165. Em todos os outros "jogos de documentos" separados como exemplos pela Recorrente, cujos documentos estão anexos (Doe. outros_3 da Impugnação), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 165. Ainda, importante ressaltar que a mesma situação fática demonstrada para a conta 41113016 também se aplica para as contas 41113019, 41113001, 41113002, 41113014, 41113023, 41113027, 41113028, 41113029, 41113030, 41113031, 41113032, 41243003 e 41913001, cujos razões estão anexos (Does. outros_7, a outros_71 da Impugnação). 166. A Recorrente anexou, ainda, planilha de controle de todas as contas contábeis que compuseram as Linhas 05 e 06, Ficha 07A, da DIPJ/2011 (Doe. outros_12 da Impugnação), demonstrando que todas as receitas, sem qualquer dedução, foram informadas na DIPJ. As deduções foram depois efetuadas na Linha 10 da aludida Ficha 07A, em procedimento semelhante ao contábil, acima descrito (primeiro registram-se todas as receitas e as deduções, para depois serem ambas apropriadas por competência). 167.Em momento posterior à apresentação de sua Impugnação, a Recorrente apresentou petição ("Petição Complementar") juntando a totalidade dos documentoscomprobatórios das deduções efetuadas na Linha 10, da Ficha 07A, da DIPJ/2011 ("Demonstrativos"), bem como a inclusão de toda a receita relacionada aos descontos nas Linhas 05 e 06 da Ficha 07A da DIPJ/2011 (fls. 2.084/2.090). Posteriormente a expor exemplos da sua operacionalidade, em que conclui: 177. Portanto, todos os descontos incondicionais que foram deduzidos da receita bruta da Requerente no ano-calendário de 2010 estão efetivamente ligados a receitas devidamente contabilizadas, o que comprova a correção das deduções efetuadas pela Requerente. 178. Ressalte-se que os Demonstrativos anexos consistem em informações obtidas a partir de bancos de dados e contêm milhões de lançamentos, cujo manuseio, a fim de comprovação de que os valores neles contidos correspondem aos montantes registrados na contabilidade da Requerente e indicados em sua DIPJ, pode ser Fl. 2913DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.914 45 realizado por meio de softwares próprios de gerenciamento de bancos de dados, como, por exemplo, o Microsoft Office Access. Os Demonstrativos em questão comprovam que todos os lançamentos individuais efetuados a título de receita e desconto conferem com os valores contabilizados pela Requerente e deduzidos de sua receita bruta. 179. Assim, diante da comprovação cabal de que os descontos indicados na Linha 10, da Ficha 07A, da DIPJ/2011 encontram-se devidamente contabilizados e vinculados à receita auferida pela Requerente, devidamente contabilizada e informada nas Linhas 05 e 06 da Ficha 07A da DIPJ/2011, forçoso concluir pela improcedência do lançamento. E reforça seu posicionamento o fato de serem descontos incondicionais. - do cancelamento de assinaturas - sistemática semelhante ao que ocorre com os descontos (contabilização da receita antecipada e apropriação no resultado pro rata die), sendo que no TVF e no acórdão recorrido, o empecilho foi a ausência de nota fiscal capaz de comprovar os cancelamentos. - do cancelamento do pagseguro - sistemática de controle, em que primeiro registra-se o pagamento, e depois de algum tempo, havendo contestação válida, a transação é cancelada. 221. Em todos os outros "conjuntos de documentos" separados como exemplos pela Recorrente, cujos documentos estão anexos (Doe. outros_15 da Impugnação), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a Linha 10, Ficha 07A, de dedução na DIPJ. 220. A mesma situação fática demonstrada para a conta 41942001 também se aplica para as contas 41942003, cujo razão contábil está anexo (Doe. outros_ 17 da Impugnação). Essa conta refere se a outra taxa cobrada pela Recorrente pelo serviço de Pag Seguro, a "taxa de parcelamento". Seu saldo, no valor de R$ 704.859,19, além de constar do razão já referido, também pode ser confirmado no balancete (Doe. outros_4 da Impugnação) e na planilha de controle das linhas da DIPJ (Doe. outros_6 da Impugnação). (...) 226. Novamente, o único elemento utilizado pela DRJ para não cancelar a autuação foi a inexistência de Nota Fiscal, a despeito de todas as provas produzidas pelo Recorrente, bem como a improcedência dessa exigência, que não tem base legal. - das deduções relativas a publicidade - registrado também na linha 10, ficha 07A, da DIPJ/2011, que envolve venda de espaços publicitários no Portal UOL: a) comissão das agências de publicidade; b) cancelamento de mídia; e c) desconto incondicional em permuta de mídia. Novamente foi negado pela ausência de NF. Há toda uma sistemática para a apuração das suas receitas, e os valores deduzidos. Conforme recorrente: 258. Em todos os outros "conjuntos de documentos" separados como exemplos pela Recorrente, cujos documentos estão anexos (Doc. Fl. 2914DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.915 46 outros_20 e outros_21 da Impugnação), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 259. Ainda, importante ressaltar que a mesma situação fática demonstrada para a conta 41213001 também se aplica para as contas 41333002 (BOL), 41313001 (BOL), 41213001 (BOL), 41233002 (BOL), 41313005, 41333002, 41213007, 41313001 e 41913010, cujos razões estão anexos (Doe. outros_25 da Impugnação). - do cancelamento da mídia - houve demonstração e anexação de documentos na sua peça impugnatória. Novamente, no v. acórdão nega por não haver nota fiscal. - do desconto incondicional em permuta - houve demonstração e anexação de documentos na sua peça impugnatória. Novamente, no v. acórdão nega por não haver nota fiscal. 295. Em todos os outros "conjuntos de documentos" separados como exemplos pela Recorrente, cujos documentos estão anexos (Doe. outros_31 da Impugnação), o mesmo procedimento contábil pode ser observado, assim como a composição do saldo da conta contábil no balancete que compôs a linha de dedução na DIPJ. 296. Ainda, importante ressaltar que a mesma situação fática demonstrada para a conta 41233001 também se aplica para as contas 41233002 e 41223001, cujos razões estão anexos (Doe. outros_33 da Impugnação). Conclui : 304.Como conclusão do presente tópico e parademonstrar a comprovação integral de todo o valor de R$ 208.104.613,72, incluído na Linha 10, Ficha 07A, da DIPJ/2011, e deduzido da apuração da receita bruta da Recorrente para fins de apuração do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, a Recorrente elaborou as seguintes tabelas, onde demonstra todos os saldos das contas contábeis que compuseram as deduções em comento, com respectivo valor, devidamente comprovadas nos tópicos anteriores (importante salientar que essas planilhas têm suporte tanto no balancete quanto nos razões contábeis da Recorrente): E segue com tabela com as contas-contábeis apresentadas no item 304 da sua peça recursal, que envolveram a exclusão integral dos R$ 208.104.613,74 informados na linha 10, ficha 07A da DIPJ/2011. 305. Assim, como se verificou nos tópicos acima e ao contrário do que alega a Fiscalização, a Recorrente possui comprovação para todas as deduções que efetuou, tendo demonstrado dedução por dedução, com exemplos e com a composição dos valores nos saldos dos razões contábeis e das contas nos balancetes, até chegar â Linha 10, Ficha 07A, da DIPJ/2011. - Da comprovação das "outras exclusões" (R$ 101.554.513,40) - em que foram glosados o montante de R$ 98.900.766,94: Fl. 2915DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.916 47 Há uma análise para cada valor integrante que compõe o montante acima, que envolve os seguintes itens, contrapondo-se ao decidido no v. acórdão recorrido: a) Rendimentos de Aplicações Financeiras na Noruega (R$ 57.952.766,96) b) Do Swap com Finalidade de Hedge; c) Do Contrato de Exclusividade na Aquisição da Plug In d) Da provisão para contingências trabalhistas e) Da provisão de reservas Subsidiariamente, questiona os seguintes elementos: - Da Impossibilidade de Modificação de Critérios Jurídicos do Lançamento - Violação ao artigo 146 do CTN; - Da Ilegalidade da Incidência de Juros sobre a Multa de Ofício - Pede por perícia e diligência. Ao final, seus pedidos foram no seguinte sentido: 459. Diante de todo o exposto, requer-se a essa D. Turma Julgadora que reconheça a nulidade do lançamento em virtude da superficialidade com que o trabalho fiscal foi conduzido, resultando em nulidade dos Autos de Infração lavrados. Subsidiariamente, requer-se seja decretada a nulidade das autuações de IRPJ e CSLL pela falta de consideração dos recolhimentos das estimativas e retenções na fonte desses tributos, efetuados ao longo de 2010, na reapuraçáo realizada pela Fiscalização. 460. Também em caráter subsidiário, a Recorrente pleiteia seja convertido o julgamento do Recurso Voluntário em diligência, se esse Conselho não for decidir o mérito em favor da Recorrente, tendo em vista a recusa da Autoridade Fiscal em realizar a diligência determinada pela DRJ. 461. Por fim, caso os Autos de Infração não sejam decretados improcedentes em virtude dos vícios acima apontados, o que se admite apenas para argumentar, a Recorrente requer seja dado integral provimento ao presente Recurso Voluntário, para que se reforme a decisão recorrida e cancele-se integralmente o lançamento, como medida de Direito e Justiça. A PGFN não apresentou contrarrazões. Do encaminhamento à diligência Fl. 2916DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.917 48 Considerando os elementos disponíveis para julgamento, após apresentação do recurso voluntário da recorrente, este colegiado entendeu converter o presente processo em diligência, através da resolução 1402-000.561, sessão de 23/02/2018. A diligência foi decidida no sentido de verificar todos os elementos apresentados na sua peça impugnatória, bem como as alegações de como funciona a contratação do serviço, a sua venda e a eventual atribuição de desconto. Sem realizar a diligência, a autoridade tributária já lavra Termo de Encerramento de Diligência Fiscal, por entender que fora suprido quando instado pela DRJ (fls. 2813/2814), nos seguintes termos: Vale esclarecer que o órgão de julgamento de 1ª instância (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ – 4ª Turma da DRJ/RJ) assim se pronunciou em sua decisão: “Pelo exposto, consolido o voto para dar Parcial Provimento à Impugnação, nos seguintes termos: - Rejeitar as Preliminares de Nulidade; - Deixar de Apreciar o Pedido de Diligência, por considerá-lo suprido; - Reduzir o percentual da multa de ofício de 112,5% para 75% relativamente à infração Omissão de Receitas de Venda e Serviços – Cancelamento Não Comprovado de Notas Fiscais de Vendas; e, no mais, - Manter o lançamento nos valores principais originais.” Como se vê, após a manifestação desta fiscalização no Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal (doc. fls. 2.259 a 2.267) e da criteriosa e detalhada análise dos documentos apresentados pela impugnante, o nobre julgador de primeira instância entendeu que o pedido de diligência se encontrava suprido, rejeitando as preliminares de nulidade, mantendo integralmente o lançamento nos valores principais, reduzindo apenas o percentual da multa de ofício de 112,5% para 75%. Desta forma, em decorrência da análise dos documentos constantes do processo; em face dos argumentos apresentados por esta fiscalização no Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal; ao proferido no Acórdão n° 12-85.407 da 4ª Turma da DRJ/RJO e, por fim, n na ausência documentos comprobatórios que justifiquem as alegações da impugnante (p. ex. Notas Fiscais emitidas/canceladas) e de novos fatos ou documentos que justifiquem um novo pedido de solicitação de documentos ou realização de diligências, já considerado suprido pela DRJ/RJO, mantenho o entendimento de que os elementos apresentados pela impugnante presentes nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10314.728585/2014-50, são suficientes para a manutenção integral do lançamento dos valores principais originais consubstanciados no Auto de Infração lavrado. Fl. 2917DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.918 49 A recorrente, tomando conhecimento do termo de encerramento da diligência imediatamente acima especificado, apresenta manifestação (fls. 2820/2834) no sentido de requerer a nulidade de tal termo de encerramento de diligência, pleiteando uma segunda diligência, tendo em vista a recusa imotivada e, com a devida vênia, arbitrária realizada pelo mesmo auditor em duas ocasiões diferentes. É o relatório. Fl. 2918DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.919 50 Voto Conselheiro Marco Rogério Borges - Relator O recurso voluntário, conforme já exposto no relatório que presente este voto, foi apresentado tempestivamente e atendendo os requisitos para tanto, do qual tomo conhecimento. Como já mencionado anteriormente, no relatório que precede o presente voto, o presente processo já foi convertido em diligência, para apreciação das provas apresentadas pela recorrente, então impugnante, na sua peça impugnatória. Primeiramente, houve a resolução 12.000.612 - 4ª Turma da DRJ/RJ, de 06 de janeiro de 2016, formalizado pela primeira instância administrativa, em que há a especificação de vários elementos a serem analisados apresentados pela recorrente, então impugnante, pela autoridade fiscal, a qual não foi efetuado. Contudo, a DRJ supriu tal análise, invocando a falta de notas fiscais para justificar tais deduções, que, em análise preliminar, realmente não constam nos documentos apresentados. Houve o questionamento da recorrente quanto a esta posição adotada pela DRJ na sua peça recursal, e não compartilhando do mesmo entendimento, a priori, de que apenas notas fiscais justificariam deduções, este colegiado, através da resolução 1402-000.561, sessão de 23/02/2018, converteu em diligência para análise dos mesmos documentos apresentados na peça impugnatória, o qual a autoridade fiscal designada, a mesma que executou o procedimento fiscal e respectiva autuação, e também entendeu não ser mais o momento para atender a diligência provocada pela DRJ, agora entendeu que tal diligência fora suprida pela DRJ em sua decisão, e mantinha o entendimento de que os elementos apresentados pela impugnante presentes nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 10314.728585/0214-50, são suficientes para a manutenção integral do lançamento dos valores principais originais consubstanciados no auto de infração lavrado. Ou seja, firmou juízo pessoal de que não precisaria executar a diligência, emitido no Termo de Encerramento de Diligência Fiscal lavrado em 17/08/2018 (fls. 2815/2816). Antes de me manifestar, cabe aqui uma análise da execução do procedimento fiscal, e respectiva continuidade do processo administrativo, para apreciação da necessidade ou não desta diligência. Da análise do procedimento fiscal e o respectivo processo administrativo O presente processo teve início através do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 56/57), lavrado em 19/09/2013, referente ao ano-calendário de 2010 da recorrente, Fl. 2919DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.920 51 que, em primeiro momento solicitou documentos societários da recorrente, e respectiva procuração. Intimada em 20/09/2013, a recorrente apresentou resposta em 11/10/2013 (fls. 59/142). Posteriormente, houve a lavratura do termo de intimação fiscal em 09/10/2013, para comprovar a entrega da escrituração junto ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), apresentando à fiscalização os "hash codes" gerados quando da entrega da Escrituração Fiscal Digital (EFD) (fls. 143/144). Cientificado em 14/10/2013, a recorrente, então fiscalizada, apresentou resposta em 16/10/2013 (fls. 146/147), em que informa que em razão das dificuldades para validação das informações da escrituração fiscal por meio do Sistema Público de Escrituração Digital ("SPED"), dado o grande número de registros contábeis e operações realizadas, não transmitiu os arquivos referentes ao ano-calendário de 2010. Conclui dizendo que não estava medindo esforços para processar os arquivos. Em 16/10/2013, foi lavrado termo de intimação fiscal (fls. 150/151), em que é solicitado comprovar, com documentação hábil e idônea, os valores declarados de: 1) "Vendas Canceladas, Devoluções e Descontos Incondicionais", no valor de R$ 208.104.613,72, constante na Linha 10 da Ficha 06A da DIPJ; 2) "Outras Exclusões", no valor de R$ 101.554.513,40, constante na Linha 78 da Ficha 09A da DIPJ, apresentando o LALUR e discriminando, de forma analítica, a referida quantia. Tomando ciência em 13/10/2013, a fiscalizada apresentou resposta em 29/10/2013 (fl. 152/205), em que apresenta as seguintes informações: - sobre o item 1 - que os descontos concedidos e cancelamento de assinaturas não são formalizados em documentos físicos, mas sim, realizados automaticamente pelo sistema operacional próprio (SAP), após imputação dos dados pelo responsável pela concessão do desconto e/ou cancelamento. Após, apresenta alguns exemplos da sua operacionalização para tanto, em que destaca o fato que há muitos descontos informados para neutralizar o reconhecimento de uma receita que fora acertada a termo fixo inicialmente. Também informa que há muitas receitas reconhecidas pelo valor bruto, mas eventual promoção ou desconto concedido neste valor quando da contratação, são tratados como descontos concedidos. Aqui apresenta exemplos destas operações, referente às contas contábeis 41112001 - Cancelamento Assinaturas e 41113002 - Descontos Ass. Pós (docs. 01 e 02 - anexos); - sobre o item 2 - apresenta discriminação do montante envolvido nesta linha da DIPJ, conforme detalhado em sua resposta, em envolve rendimento de aplicações financeiras Noruega (R$ 57.952.766,96), contrato de exclusividade aquisição carteira clientes plug-in (R$ 379.886,40), atualização financeira de depósitos judiciais (R$ 2.624.167,00), provisão horas extras sobre folha de pagamentos (R$ 29.579,46). provisão para contingências trabalhistas e cíveis (R$ 2.664.151,26), provisão para contingências tributárias com exigibilidade suspensa (R$ 19.950.988,82), e provisão de despesas (R$ 17.952.973,50). Detalha tais valores após. Apresenta o LALUR referente a 2010. Apresenta alguns arquivos não pagináveis detalhando as informações destes valores destacados acima. Fl. 2920DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.921 52 Em 18/10/2013, é intimado a encaminhar ao SPED a Escrituração Contábil Digital (ECD) referente ao ano-calendário de 2010, e entregar respectivo recibo de entrega à fiscalização (fl. 206/207). Cientificado em 22/10/2013, apresenta resposta em 05/12/2013 (fl. 209/226). em que anexa os recibos de entrega acima intimados. Em intimação fiscal lavrada em 15/08/2014, é solicitado à fiscalizada corrigir a ECD correspondente ao mês de fevereiro/2010, em virtude do relatório de erros (anexo à intimação), e encaminhar novamente a mesma, corrigida (fl. 227/238). Em relação ao intimado imediatamente acima, apresenta solicitação de concessão de maior prazo em 25/08/2014 (fl. 240/241), e apresenta a mídia com a ECD referente a fevereiro/2010 (arquivo não paginável) em resposta entregue dia 11/09/2014 (fl. 255/256). Em 26/02/2014 (fl. 274/276), a fiscalizada é intimada a apresentar planilha e mídia eletrônica contendo as vendas e respectivos cancelamentos/descontos incondicionais, conforme discriminado na intimação fiscal, bem como livros para justificar as outras exclusões anteriormente intimada. Em resposta do dia 25/03/2014, a fiscalizada apresenta resposta para os item 3 (livros para as outras exclusões), e pede concessão de prazo para o item 2 (descontos e vendas canceladas) (fl. 278/413). Em relação ao item 2, apresenta resposta parcial (arquivo não paginável) e faz novo pedido de concessão de prazo para os itens faltantes, em 14/04/2014 (fls. 414/416). Em 05/05/2014, faz novo pedido de concessão de prazo (fl. 417/418). Em 26/05/2014, faz novo pedido de concessão de prazo (fls. 422/423). Em 11/06/2014, a autoridade fiscal lavra um termo de constatação e ciência fiscal (fls. 429/436) em que faz um retrospecto do procedimento fiscal até então, incluindo as alegações da fiscalizada e todas intimações e respostas ocorridas, em que conclui o seguinte: Em face de todo o acima exposto, CONSTATAMOS que as intimações entregues ao contribuinte não foram atendidas na forma e no conteúdo em que foram exigidas pela fiscalização, configurando atendimento insatisfatório. (grifo no original) Após, concede prazo de 05 (cinco) dias para todos os itens faltantes até então. Tomando ciência em 16/06/2014, a fiscalizada apresenta resposta em 24/06/2014 (fls. 441/ 447), em que analisa sua operacionalização no período fiscalizado, como se dava a contabilização dos descontos operados, reitera algumas respostas dadas anteriormente, e conclui nas seguintes palavras: III - Conclusões e Pedidos Considerando-se todas as informações gerenciais apresentadas em formato "TXT" (em 14/04/2014 e nesta data), somadas aos registros efetuados nos "Livros Diário e Razão", os quais, aliás, serviram de base para o preenchimento da DIPJ, entende o Requerente estar suficientemente demonstrada a natureza dos valores declarados na Linha 10 da Ficha 06A da DIPJ do Ano-Calendário de 2010, cuja Fl. 2921DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.922 53 análise, repita-se, não pode ser realizada de forma divorciada dos valores declarados nas Linhas 05 e 06. De toda forma, na hipótese de remanescer qualquer dúvida quanto aos procedimentos (contábil e fiscal) adotados para o preenchimento da Linha 10 da Ficha 06A da DIPJ do Ano-Calendário de 2010, entende o Requerente ser conveniente, adequada e importante para a fiscalização que as autoridades administrativas realizem Diligência in loco no estabelecimento do "UOL", para, pessoalmente, ter acesso ao sistema informatizado utilizado para o controle do reconhecimento de receitas, descontos concedidos e cancelamento de assinaturas. Para tanto, fica o Requerente à inteira disposição da fiscalização para fins de agendamento, com definição de data e hora, da diligência em seu estabelecimento. Em 11/07/2014, é lavrada intimação fiscal (fls. 470/473) para a recorrente apresentar documentação para justificar a diferença existente entre os valores da base de cálculo para o PIS e Cofins e o valor da receita informado em DACON - apresenta tabela das diferenças. Igualmente, no item 3 desta intimação fiscal, solicita maiores informações das outras exclusões da recorrente, intimada anteriormente. A fiscalizada apresenta sua resposta em 25/07/2014 (fls. 475/478), em que procura justificar cada um dos itens intimados, e apresenta alguns documentos anexos (até fl. 498). Em 11/06/2014, é lavrada intimação fiscal (fl. 508/509), solicitando vários documentos referente aos valores contabilizados de rendimentos de aplicações financeiras na Noruega, bem como outras informações. Ocorre a resposta em 24/06/2014 (fls. 511/512), apresentando resposta parcial (com anexos - fls. 517/653 e pedindo concessão de prazo para alguns itens). Após novo pedido de concessão de prazo (fls. 656/657), a autoridade fiscal entendeu por indeferir tal solicitação de prazo em 11/07/2014 (fl. 660). Ocorrem alguns intimações para regularizar questões de assinatura digital (fl. 499/503) e também para apresentar mídia digital e impressa do livro razão das contas contábeis 41112001 e 41112001 (fl. 504). Sua resposta em 05/09/2014 (fl. 506/507) foi no sentido de que houve 145.504 lançamentos na conta contábil 41112001 (cancelamento de assinaturas) e geraria muito papel para imprimir tudo, considerando que o razão já fora apresentado na ECD - assim, considera que os documentos já foram encaminhados anteriormente à RFB. E neste momento do procedimento fiscal, a autoridade fiscal lavra, em 25/11/2014 o Termo de Verificação (fls. 662/695), entendendo que não foram comprovadas as vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais, que as outras exclusões lançadas na linha 78 da ficha 09A da DIPJ não foram comprovadas. Em sede de impugnação, a agora recorrente traz uma série de elementos probatórios, consubstanciado em 700 megabytes de arquivos, incluindo planilhas, telas de sistema, arquivos de voz, entre outros, para tentar demonstrar e comprovar todas operações das quais sofrera autuação fiscal. Fl. 2922DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.923 54 Sua impugnação (fl. 771/872) acusa o procedimento fiscal de superficial, de falta de razoabilidade, pois glosara integralmente os valores a título de vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais (R$ 208 milhões), além de procurar atacar todas as infrações que lhe foram imputadas. A DRJ, considerando a impugnação da fiscalizada, já convertera o processo em diligência em 06/01/2016, através da resolução 12.000.612 (fl. 2191/2212), em que solicita, em linhas gerais, a ser apresentada uma análise dos pontos alegados na impugnação, bem como análise dos documentos acostados à mesma. A autoridade fiscal diligenciante, a mesma que fora autuadora, lavrou termo de início de diligência fiscal (fl. 2219) em que pede basicamente documentos societários e procuração, e após a resposta, lavrou, em 21/06/2016, o relatório de encerramento de diligência fiscal (fl. 2259/2267), em que conclui o seguinte: C - DA CONCLUSÃO E DO DESPACHO Pelas razões acima expostas e, Considerando ser incabível a realização de perícia em se tratando de matéria passível de prova documental a ser apresentada no momento da impugnação. Considerando ser prescindível o procedimento de diligência e/ou de perícia e que o julgamento deve se fazer à luz dos elementos existentes no processo, já de conhecimento das partes. Considerando ausentes os pressupostos para a produção de provas fora dos prazos estabelecidos pela legislação tributária (artigo 16 do Decreto 70.235/72). Considerando ter sido assegurado o direito ao contraditório e a ampla defesa no decurso do prazo entre o primeiro Termo de Intimação Fiscal, datado de 29/10/2013 e o Termo de Verificação, datado de 25/11/2014. Considerando o desperdício, por parte da impugnante, do prazo de trinta dias para interposição de impugnação, abrindo mão de carrear aos autos do processo uma única prova material de suas alegações. Considerando que não se trata de recusa na análise de provas acostadas aos autos e sim do reconhecimento de que é extemporânea, com base na legislação aplicável, a tentativa de impingir à autoridade fiscal o dever de perscrutar provas em favor da impugnante. Considerando que não foi procedida a juntada de prova documental relacionada a qualquer das alegações e planilhas acostadas aos autos, com suporte no disposto nos artigos 276, 922 e 923 do RIR/99. Considerando o consolidado pela jurisprudência acima citada. Considerando, por fim, que esta autoridade fiscal não tem base legal para proceder à diligência em questão nos termos em que foi proposta. Concluo, smj, diferentemente do eminente julgador, que ocorreu a preclusão, não cabendo, nesta fase processual, a produção de provas. Fl. 2923DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.924 55 Ou seja, entendeu precluso o direito de produção de provas do fiscalização após a lavratura do auto de infração. A DRJ, em julgamento em sessão de 14/02/2017 (fls. 2445/2534), assim se manifestou sobre a diligência (pedida na peça impugnatória) Do Pedido de Perícia e Diligência - fls. 818 e ss 5.222 Por fim, sobre o pedido de perícia/perícia formulado, entendo estar suprido, tanto por ter sido dada à Impugnante a oportunidade de trazer aos autos (como de fato o fez) os documentos e esclarecimentos que entendesse pertinentes, consoante o estabelecido nos termos da Resolução 12.000.612, de 06/01/2016, como também pelo fato de haver elementos nos autos suficientes à necessária convicção para a elaboração do voto em sua íntegra. No tocante à diligência promovida anteriormente pela DRJ, assim se manifestou: 5.35 Nesse cenário, os autos foram encaminhados à autoridade a quo, para que, analisando as supostas provas nesse sentido, verificasse se os valores relativos às receitas de prestação de serviços (de forma integral) teriam sido incluídas nas linhas 05 e 06 da Ficha 07 da DIPJ (sem o desconto), e a respectiva dedução (total) dos descontos, na linha 10, da citada ficha. 5.36 Os autos retornaram da diligência sem o devido cumprimento por parte do auditor designado, que alegou a ocorrência da preclusão, advogando no sentido da impossibilidade de anexação de documentos, e defendendo que a garantia à produção de prova deve ser limitada. No entanto, discordo de sua conclusão, sendo fato que a motivação da diligência foi nutrida pela falta de elementos necessários à formação da convicção necessária à condução do voto. Exatamente por tal fato foi que, nos termos do art. 29 do Decreto n. 70.235/7220, entendi essencial a complementação documental nos itens então mencionados. 5.37 Assim, mesmo que após o vencimento do prazo inicial para a apresentação da Impugnação, tenha-se concedido ao interessado, a título de complementação da comprovação, a oportunidade de juntada dos documentos solicitados em sede diligencial, e, tendo o referido Interessado apresentado a documentação que entendeu pertinentes ao que lhe foi solicitado, deverão os mesmos ser analisados em face de atenção ao princípio da busca da verdade substancial, ainda que do material apresentado se possa chegar apenas a um juízo de verossimilhança. 5.38 Esclareça-se, também, sobre a alegação da Impugnante de ter havido a nulidade do processo, alegação essa apresentada após a expedição da Resolução de Diligência, o seguinte: tendo a diligência garantido a aplicação dos princípios informadores da ampla defesa e do contraditório, assim como do já citado princípio da verdade material e, tendo a Impugnante se manifestado depois de intimada do relatório de encerramento, penso que não se deve atribuir razão ao seu pleito, visto que, o fato de ter podido apresentar, conforme sua convicção, a documentação que entendeu pertinentes à comprovar as Fl. 2924DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.925 56 suas alegações e, por sua vez, os itens relacionados na Resolução de Diligência, não há fundamento em se alegar nesses autos a preterição do direito de defesa, tampouco a nulidade do ato administrativo do lançamento, de modo que rejeito o pedido formulado. No que tange à comprovação dos valores de cancelamentos e descontos, entendeu que como não houve a apresentação das notas fiscais, não houve a comprovação dos mesmos, mantendo integralmente as infrações, reduzindo a multa de ofício aplicada de 112,5% para 75%. Da necessidade de nova diligência Entendo o relatório de encerramento de diligência fiscal (fl. 2259/2267) como nulo, pois afronta o Decreto nº 7.574/201113, , no que tange ao seu art. 35, §3º: Seção IV Das Diligências e das Perícias Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendê-las necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto no 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). (...) § 3o Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusar- se de cumpri-las. (grifo meu) Apesar de mencionar a autoridade julgadora de primeira instância, entendo perfeitamente aplicável à autoridade julgadora de segunda instância, no caso aqui, o colegiado do CARF. 13 Regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União, o processo de consulta relativo à interpretação da legislação tributária e aduaneira, à classificação fiscal de mercadorias, à classificação de serviços, intangíveis e de outras operações que produzam variações no patrimônio e de outros processos que especifica, sobre matérias administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016) Fl. 2925DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.926 57 A análise dos dados, documentos e informações apresentadas pela recorrente na sua peça impugnatória já foi objeto de deliberação como contemplar o escopo de uma diligência quando do Parecer 2 - COSIT, de 15 de janeiro de 2018, cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DILIGÊNCIA. ABRANGÊNCIA. COLETA. ANÁLISE. A definição contida procedimento fiscal de diligência contida na revogada Portaria RFB nº 1.687, de 17/9/2014, bem como na Portaria RFB nº 6.478, de 29/12/2017, deve ser interpretada em conformidade com as leis que lhe dão suporte (e não o contrário), de modo que dali não se extrai qualquer restrição à necessária análise pela autoridade fiscal demandada, tal qual ocorreria em sede de perícia. Dispositivos legais: Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 7º e 18; Decreto nº 7.574, de 2011, arts. 33 a 37; Decreto nº 3.724, de 2001, art. 2º; Portaria RFB nº 1.687, de 2014, art. 3º, II; Portaria RFB nº 6.478, de 29/12/2017, art. 3º, II. Descabe à autoridade fiscal designada para a realização de uma diligência formar o juízo de valor que formou no seu relatório de encerramento de diligência fiscal. Note-se que a agora recorrente, quando apresentou resposta em 24/06/2014 (fls. 441/447) solicitando uma diligência para conhecimento in loco da sua operacionalização quanto aos valores inerentes aos cancelamentos/descontos incondicionais intimados anteriormente e suas meios de provas adotados para comprovar, a autoridade fiscal fica silente, inclusive nas etapas seguintes. Em relação a estes itens, a autoridade fiscal já procedeu a autuação fiscal, sem ter investigado os meios probatórios que o contribuinte dispunha, acarretando a ciência do mesmo em 25/11/2014. Por consequência desta postura de não ter investigado no transcorrer do procedimento fiscal a comprovação, surge a grande quantidade de elementos, em tese, probatórios, apresentando durante a impugnação. É consabido que uma auditoria fiscal durante o procedimento fiscal não pode abarcar analisar todos os elementos e valores, principalmente nas circunstâncias apresentadas no caso concreto. Por isso se recomenda uma análise por amostragem para casos assim. Não pode agora carregar toda instrução probatória para a instância administrativa de julgamento. Não há condições de fazer algo que já deveria ter feito durante o procedimento fiscal. O processo administrativo tributário é regulado pela busca da verdade material. Assim, não bastaria evocar o cumprimento de eventual requisito formal (emissão de notas fiscais para comprovar tais deduções, algo que a princípio não tinha amparo legal na época), se houver outros meios de prova admitidos em direito. No presente caso, uma quantidade grande de documentos (mais de 700 megabytes de arquivos não pagináveis) foram apresentados com a impugnação, sem que houvesse uma prévia auditoria da fiscalização. O fato da DRJ ter decidido que não precisaria do resultado da primeira diligência instada na sua alçada para decidir, não vincula a segunda instância de decidir, muito menos os fundamentos desta decisão. Fl. 2926DF CARF MF PPrroocceessssoo nnºº 10314.728585/2014-50 Resolução nº 1402-000.850 S1-C4T2 Fl. 2.927 58 Diante disso, reitero a posição da necessidade de análise dos elementos apresentados pela recorrente na sua peça impugnatória, para verificar se são documentos hábeis e associá-los à contabilidade. Destarte, e nos termos do Parecer Cosit nº 2, de 15 de janeiro de 2018, proponho diligência em que a autoridade fiscal designada, em relação a estas contas contábeis, deve fazer uma análise e batimento, além de outros elementos que entender necessários, verificando se o apresentado na peça impugnatória podem ser comprovados e relacionados a operações associadas a estas contas, bem como respectivos lançamentos contábeis, e a existência (ainda que amostral) de documentos fiscais ou equivalentes, que possam caracterizar a situação alegada pela recorrente. A autoridade fiscal poderá trazer aos autos, utilizando-se dos meios que entender necessários, qualquer elemento ou informação, mesmo que não contemplado nos explicitado acima, mas que no seu entender seja relevante para um melhor resultado da diligência. Caso entendido necessário, seja intimado a recorrente para apresentar esclarecimentos e documentos complementares e adicionais julgado devidos no que concerne a estes itens; Após estas providências, elabore relatório DETALHADO e CONCLUSIVO circunstanciando todas as informações possíveis e juntando documentos comprobatórios necessários. Do procedimento de diligência, inclusive do relatório referido no item “13” (anterior), cientificar o contribuinte, com reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para que, querendo, venha a se manifestar exclusivamente sobre os fatos articulados e narrados na referida diligência, sendo desconsideradas manifestações de outra espécie. Transcorrido o prazo de trinta dias da ciência, com ou sem nova intervenção do contribuinte, o presente processo deverá retornar a esta 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, para prosseguimento de seu julgamento. Destarte, PROPONHO A CONVERSÃO DO PRESENTE PROCESSO EM DILIGÊNCIA, nos termos supracitados. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 2927DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.009682/2008-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 05/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MATÉRIA NÃO RECORRIDA.
Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a discussão de matéria não recorrida. Inexistente, no caso, o vício de omissão apontado pela Embargante.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3402-006.614
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração opostos, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 05/12/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MATÉRIA NÃO RECORRIDA. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a discussão de matéria não recorrida. Inexistente, no caso, o vício de omissão apontado pela Embargante. Embargos Rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração opostos, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos.
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Embargante BUNGE FERTILIZANTES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 05/12/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MATÉRIA NÃO RECORRIDA. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a discussão de matéria não recorrida. Inexistente, no caso, o vício de omissão apontado pela Embargante. Embargos Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração opostos, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 96 82 /2 00 8- 61 Fl. 371DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte visando sanar suposta omissão do Acórdão n.º 3402005.436, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 05/12/2008 NULIDADE DECISÃO. AUSÊNCIA. Não cabe declarar a nulidade da decisão quando os julgadores administrativos apresentaram suas razões para afastar a análise do argumento invocado pelo contribuinte. PRESTAÇÃO INEXATA DE INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO E DOLO ESPECÍFICO. É desnecessário comprovar a efetiva ocorrência de dano ao erário e dolo específico para a aplicação da multa capitulada no art. art. 84, I, da Medida Provisória n.º 2.158/2001 c/c art. 69, §1º da Lei n.º 10.833/2003. A infração é dotada de natureza objetiva, sendo que para ser aplicada basta a confirmação da irregularidade na importação, independentemente da intenção do agente (art. 94, §2º do Decretolei n.º 37/66). Além disso, basta que a conduta implique em prejuízo ao controle administrativoaduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática. MULTA REGULAMENTAR. INCONSTITUCIONALIDADE. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF N.º 2 Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado." No entender do contribuinte, teria deixado de ser analisado um argumento invocado pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário quanto à não vigência da Instrução Normativa MAPA n.º 40/2008 quando do embarque das mercadorias, incorrida em 03/08/2008. As razões para a interposição dos aclaratórios foram elucidadas no despacho de admissibilidade das efls. 366370: "EXAME DOS VÍCIOS ALEGADOS Em seu arrazoado de fls. 329 a 333, a embargante assevera que a decisão embargada teria incorrido em omissão. A empresa fundamenta a acusação do vício argumentando que teria regularmente indicado na Declaração de Importação (DI) o NCM da mercadoria importada (“enxofre a granel”) e o correspondente o Destaque NCM relativo ao tratamento administrativo (“Destaque 999”), contudo, a fiscalização aduaneira teria o entendimento de que o Destaque NCM correto seria outro (“Destaque 001”), nos termos da redação da Instrução Normativa MAPA no 40/2008, o que teria ensejado a exigência de multa no montante de 1% do valor da mercadoria em decorrência de suposto erro no preenchimento do NCM referente à mercadoria importada registrada na DI. Não obstante, argumenta às fls. 330 que (grifos no original): Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11128.009682/200861 Acórdão n.º 3402006.614 S3C4T2 Fl. 372 3 “Todavia, ao se defender da autuação fiscal, a Embargante comprovou ao longo dos autos que a infração não deveria ser mantida, na medida que o suposto erro no preenchimento do NCM estava embasado em norma que sequer estava em vigor a época do fato gerador, visto que a na Instrução Normativa MAPA no 40/2008 somente entrou em vigor em 04/08/2008, ao passo que a mercadoria importada pela Embargante havia sido embarcada em 03/08/2008”. Tal divergência teria decorrido, segundo a embargante, do fato inobservado pela autoridade fiscal de que “a Instrução Normativa MAPA nº 40/2008, norma que previu que para a importação do enxofre a granel seria obrigatória a indicação do Destaque 001 e embasa a presente autuação fiscal combatida, somente foi publicada no Diário Oficial da União em 04/07/2008, sendo que referida norma expressamente consignou a sua vigência para 30 (trinta) dias após a sua publicação”, tendo sido, conforme asseverado no próprio ato normativo, desconsiderada publicação anterior no D.O.U. datada de 01/07/2008. Assim, defende o saneamento do vício que macula a decisão embargada argumentando que (fls. 333): “Nesse contexto, jamais poderia ser aplicada a Instrução Normativa MAPA nº 40/2008 para fatos pretéritos ao dia 04/08/2008, dentre eles a mercadoria objeto da DI n. 08/14077646 embarcada e registrada no exterior no dia 03/08/2008 Neste cenário, verificase que no decorrer das 8 laudas que compõem o v. acórdão n. 3402005.436, ora embargado, não foi tratado o ponto justaposto, restando comprovada a necessidade de complementação do r. julgado, objetivando o esclarecimento concreto desta C. Turma julgado acerca da inviabilidade de aplicação da Instrução Normativa MAPA nº 40/2008 para os fatos ocorridos antes da sua vigência”. (...) Examinando os elementos do processo e a decisão embargada e confrontandoos com o que alega o embargante, verifico inicialmente, conforme salientado pela embargante, que a argumentação de que a Instrução Normativa MAPA no 40/2008 não era vigente à época do registro da DI foi feita em seu Recurso Voluntário (doc. fls. 245 a 269), como se observa nos excertos transcritos a seguir (grifos no original): “Todavia, no que toca ao objeto do segundo item da autuação ora repelida, a Recorrente demonstrou que a infração não pode ser mantida eis que a alteração do NCM está fundamentada na Instrução Normativa MAPA nº 40/2008, a qual não era vigente na época dos fatos, em total afronta ao ordenamento tributário e a segurança jurídica” (fls. 246). “O Auto de Infração em combate exige multa pecuniária, ao fundamento de que a Recorrente não teria cumprido a determinação contida na Instrução Normativa MAPA nº 40/2008, que segundo afirmado na decisão recorrida, teria entrado em vigor na data do embarque da mercadoria” (fls. 255). Percorrendo o voto condutor da decisão embargada, percebo que o argumento de que a Instrução Normativa MAPA no 40, de 2008, a qual estabeleceu a obrigatoriedade de indicação do “Destaque 001”, não estaria em vigor na data de registro da declaração de Importação não foi apreciado pela i. Conselheira Relatora. Fl. 373DF CARF MF 4 A meu pensar, a omissão alegada reclama a apreciação da Turma Julgadora, a quem caberá decidir quanto à necessidade de saneamento. Apresentase possível a ocorrência de vício passível de saneamento pelo colegiado, lastreada em argumentação específica e suficiente para a admissibilidade dos Embargos. Convém notar que o presente despacho não determina se efetivamente ocorreram os vícios. Nesse sentido, o exame de admissibilidade não se confunde com a apreciação do mérito dos embargos, que é tarefa a ser empreendida subseqüentemente pelo Colegiado. CONCLUSÕES Diante do exposto, com base nas razões acima expostas e com fundamento no art. 65, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 2015, DOU SEGUIMENTO os Embargos de Declaração opostos pelo sujeito passivo." (efls. 368369 grifei) Em seguida, os autos foram direcionados para esta Relatora para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne. Admitidos os Embargos, por tempestivos, entendo que eles devem ser rejeitados, eis que inexistente a omissão do acórdão quanto à argumento que não foi aventado expressamente no Recurso Voluntário. Como relatado, entende a Embargante que o acórdão embargado teria se omitido na análise de argumento específico que teria sido trazido em sede de Impugnação e em Recurso Voluntário. A alegação omissa, no entender da empresa, seria que "a Instrução Normativa MAPA nº 40/2008 para fatos pretéritos ao dia 04/08/2008, dentre eles a mercadoria objeto da DI n. 08/14077646 embarcada e registrada no exterior no dia 03/08/2008." Contudo, a leitura do Recurso Voluntário (efl. 245/269) evidencia que inexiste qualquer omissão a ser sanada no presente caso. Com efeito, em nenhum momento a empresa desenvolve uma fundamentação específica no sentido de que a Instrução normativa MAPA n.º 40/2008 não estaria vigente à época do embarque das mercadorias. Atentandose para a Impugnação Administrativa interposta (efls. 139156), observase que esse argumento foi expressamente identificado no tópico II.1 da defesa, intitulado "IN MAPA N.º 40 NÃO VIGIA NA DATA DO EMBARQUE DA MERCADORIA" (e fl. 141143). Este argumento foi expressamente analisado pela r. decisão de primeira instância, que assim se manifestou quanto a esta questão: "Alerta o interessado que a Instrução Normativa MAPA nº 40/08 em seu art. 6° determinou que esta entraria em vigor após 30 dias de sua publicação em 01/07/2008. Porém seu anexo fora publicado posteriormente e por isso deverseia contar o prazo de 30 dias para sua vigência a partir de 04/07/2008, data de publicação do anexo. Ocorre que a contagem de prazo se faz pela regra estabelecida no artigo 8º, § 1º da Lei Complementar nº 95, de 1998, que prescreve a contagem do prazo para Fl. 374DF CARF MF Processo nº 11128.009682/200861 Acórdão n.º 3402006.614 S3C4T2 Fl. 373 5 entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância. A regra exclui a data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. Assim, para o cômputo do prazo da vacatio legis, contase a data da publicação (inclusive) e a data do último dia do prazo, entrando em vigor no dia seguinte a esse prazo, independentemente se for dia útil ou não, como se lê: Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância farseá com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. Dessa feita o início da vigência da referida instrução normativa no que tange as implicações de seu anexo ocorreu em 03/08/2008, ou seja, na data do embarque da mercadoria no exterior, e portanto não pode prosperar as alegações neste sentido." (efl. 233 grifei) Contudo, no Recurso Voluntário, a empresa não trouxe qualquer consideração específica quanto a esse argumento, não trazendo essa questão para apreciação deste Conselho. Somente menciona, de forma geral, no relatório do Recurso, sem desenvolver qualquer consideração específica e detalhada em relação a este argumento. Tratase, portanto, de matéria que não foi expressamente recorrida na forma do art. 33 do Decreto n.º 70.235/72, não cabendo apreciação por esta Turma. Os Embargos de Declaração não se prestam para discutir matéria que não foi expressamente objeto de recurso, não possuindo caráter infringente da forma almejada pela Embargante para incluir argumentos que não foram objeto do Recurso Voluntário. Como salienta a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula no acórdão 3402006.210, "a omissão que justifica o cabimento de embargos de declaração diz respeito à matéria que necessita de decisão por parte do órgão jurisdicional, seja relativamente à matéria recorrida ou à matéria de ordem pública sobre a qual deveria ter se pronunciado o Colegiado." Frisese ainda que a discussão quanto ao momento da vigência da Instrução Normativa MAPA n.º 40/2008 não é uma matéria de ordem pública, passível de ser apreciada de ofício, em consonância com as hipóteses trazidas no Código de Processo Civil de 2015, aplicável de forma subsidiária ao presente processo1. Assim, tratandose de matéria não recorrida, o acórdão recorrido não possui o vício de omissão apontado pela Embargante, não merecendo reparo por meio de aclaratórios na forma do art. 65 do RICARF2. Diante do exposto, voto por conhecer e rejeitar os Embargos de Declaração interpostos, em face da ausência da omissão apontada. 1 Dentre as quais aquelas identificadas no art. 485, §3º, CPC/2015. 2 "Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Fl. 375DF CARF MF 6 É como voto. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Fl. 376DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.727757/2016-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-006.634
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantémse a multa moratória imposta pela fiscalização Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 77 57 /2 01 6- 81 Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10166.727757/201681 Acórdão n.º 3302006.634 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação (Dcomp), por intermédio da qual o contribuinte compensou débito(s) próprios, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório, que reconheceu integralmente o direito creditório, porém homologou parcialmente a compensação declarada, vez que o crédito indicado revelouse insuficiente para quitar o(s) débito(s) confessado(s), tendo em vista que o contribuinte não considerou a multa de mora incidente em decorrência do atraso na quitação deste(s). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, onde argumentou, em síntese, o que segue: Não foi observada a denúncia espontânea estabelecida no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Com a transmissão da Dcomp, antecipouse a qualquer procedimento fiscal, declarando e quitando débito não questionado pela Receita Federal, com acréscimo de juros moratórios. Transmitiu a DCTF retificadora onde declara o débito e o pagamento feito via Dcomp; Apresenta sentenças judiciais favoráveis aos Correios em casos análogos. Indica também jurisprudência dos tribunais onde não foi parte. Lista acórdãos das DRJs à época da transmissão da Dcomp, onde é aplicada a Nota Técnica (NT) Cosit nº 01, de 18/01/2012, vez que os Correios se enquadram na situação nela tratada. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 11057.679. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em que pese a controvérsia acerca da possibilidade ou não de restar configurada a denúncia espontânea quando a extinção do crédito tributário se dá por compensação, a Receita Federal do Brasil, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconheceu que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia caracterizála. E isto porque a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende às exigências do artigo 138 do CTN; b) A denúncia espontânea exclui a responsabilidade pela infração tributária cometida pelo contribuinte, pressupondo a comunicação pertinente a fato desconhecido por parte do Fisco antes de qualquer iniciativa da Administração Tributária, devendo ser acompanhado do pagamento do tributo e dos juros de mora, se for o caso. A intenção do Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10166.727757/201681 Acórdão n.º 3302006.634 S3C3T2 Fl. 4 3 legislador ao editar a norma não fora outra senão estimular o contribuinte a regularizar a sua situação, recebendo em seu benefício o afastamento da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Dessa forma, se o contribuinte antecipase a qualquer procedimento fiscalizatório da administração, efetuando o pagamento dos tributos em atraso e dos juros de mora, não lhe pode ser imposta multa de mora, seja ela punitiva ou moratória. Como os Correios anteciparamse à qualquer procedimento administrativo, fazem jus ao benefício da denúncia espontânea com os consectários do artigo 138, do CTN. Termina o recurso requerendo a vigência e a validade da Nota Técnica Cosit nº 01 ao período em que foi entregue a Dcomp, para fins de reconhecer a configuração da denúncia espontânea de forma que os valores indicados na Dcomp sejam considerados quitados. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.586, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10166.726132/201600, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.586): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. O cerne da questão está em definir se a compensação se equipara ao pagamento para fins de fruição do benefício da denúncia espontânea. Essa questão foi tratada de forma didática e precisa no Acórdão nº 1402003.600, da lavra do conselheiro Marco Rogério Borges, de forma que peço vênia para utilizar a ratio decidendi daquele acórdão para fundamentar esse, in verbis: Como de costume, o voto da ilustre Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio está muito bem fundamentado. Contudo, este colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento, no tocante à equiparação de compensação à pagamento para fins de constatação de denúncia espontânea, e por consequência da não aplicação do alegado artigo 100 do CTN. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10166.727757/201681 Acórdão n.º 3302006.634 S3C3T2 Fl. 5 4 O art. 138 do CTN é taxativo na sua disposição que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo. Não há condições de considerar a compensação como forma de pagamento por se tratar de uma extinção do crédito tributário, pois há outras modalidades de extinção elencados no art. 156 do CTN. Igualmente, não há, até o momento, nenhuma norma no âmbito do Ministério da Fazenda e nem precedente que vincule este Conselho para tal entendimento de se aceitar tal situação. Inclusive, há decisão do E. STJ do tema em sentido contrário ao pleiteado pela recorrente: "AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10166.727757/201681 Acórdão n.º 3302006.634 S3C3T2 Fl. 6 5 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) Ou seja, tal decisão segue a linha que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea. Neste sentido, deve haver a aplicação de multa de mora no caso concreto, o que acarretaria um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/Dcomp. Seria um caso de imputação proporcional, que está perfeitamente legal, como já emanado no voto vencido do nobre relator. No que tange à eventual aplicação do artigo 100 do CTN ao caso, o caso in concretu apresentado não se configura como denúncia espontânea nos termos do artigo 138 do Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10166.727757/201681 Acórdão n.º 3302006.634 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo CTN, as evocadas Notas Técnicas (NTs), de caráter meramente interpretativo, como bem analisados na decisão a quo, não são aplicáveis. Quando da emissão da NT Cosit nº 01, de 18/01/2012, a qual a recorrente se baseia para ter adotado a postura pleiteada no presente processo, a mesma foi criada com objetivo de orientação internamente a Receita Federal do Brasil, e identificado a sua impropriedade, foi cancelara por meio da NT Cosit nº 19, de 12/06/2012, corrigindoa. Ao transmitir sua Per/Dcomp em 30/05/2012, entre a data de expedição de ambas NTs. não criou uma vinculação nos termos do artigo 100 do CTN, pois as NTs não são atos normativos, e, por consequência, nem houve a prática reiterada pela autoridade administrativa pois não foram direcionadas aos contribuintes, muito menos nem pessoalmente à recorrente. Como salienta a decisão a quo, as NTs não são publicadas no DOU, seja no site da Receita Federal, não tendo alcance para o público externo (no caso, contribuintes). Assim, não podem ser evocadas para a postura adotada pela recorrente. Com base no que fora exposto, entendo que não ocorreu a denúncia espontânea em relação aos débitos julho de 2008 e agosto de 2008, por não terem sido pagos e sim compensados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 160DF CARF MF
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Numero do processo: 13163.000050/2007-51
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DEPENDENTE
Para que as deduções com as despesas médicas possam ser aceitas, deve-se declarar a condição de dependente quando do preenchimento da DAA, para controle do Fisco e com objetivo de mitigação dos possíveis desvios na tentativa de burlar a legislação para pagar imposto a menor.
Numero da decisão: 2002-000.875
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 3. 00 00 50 /2 00 7- 51 Fl. 106DF CARF MF 2 Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 03 a 08), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 7.947,50, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 10 a 73 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: Na impugnação oferecida, à fl. 08/70, o autuado alegou, em síntese, que: • As despesas médicas foram para o tratamento de sua mãe e custeadas pelo impugnante, mas por erro não declarou ela como dependente na sua declaração de ajuste anual; • Requer o cancelamento das glosas das profissionais: o Ana Paula Queiroz — CPF 922.720.53149, no valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais); o Renata Silva Martins — CPF 821.476.55104, no valor total de R$ 9.000,00 (nove mil reais); o Silvaney Horozina de Freitas — CPF 393.353.72153, no valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais); o Cínara Mello Lalucci CPF 794.979.50187, no valor total de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A impugnação foi apreciada na 4ª Turma da DRJ/CGE que, por unanimidade, em 27/05/2009, no acórdão 0417.691, às efls. 80 a 83, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformado, o contribuinte apresenta Recurso Voluntário, às efls. 90 a 104 alegando, em síntese, que: · preliminarmente, que sua mãe sofreu derrame e que desde então, necessita de tratamento fisioterápico contínuo; Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13163.000050/200751 Acórdão n.º 2002000.875 S2C0T2 Fl. 107 3 · que por erro no preenchimento de sua DAA não declarou sua mãe enquanto sua dependente; · no mérito, alega que sua mãe recebe apenas dois salários mínimos e que não conseguiria arcar com tais despesas; Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 24/06/2009, efls. 87, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 16/07/2009, efls. 90, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas por não ter colocado sua mãe enquanto sua dependente quando do preenchimento da DAA. Conforme a DRJ, o contribuinte concorda com a glosa de R$2.900,00, como se vê: Em relação as despesas médicas constantes dos recibos emitidos pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Aparecida — CNPJ 37.541.729/000185, no valor total de R$ 2.900,00, o contribuinte concorda com as glosas, conforme despacho de fls. 76, do Chefe ARF/Paranaíba/MS e que já foi efetuado o pagamento do imposto suplementar, quanto a essa glosa o lançamento é procedente. Mantidas as demais glosas sob fundamento que o contribuinte não incluiu sua genitora como dependente quando do preenchimento da DAA: Assim, deduzse pela cópia da declaração de ajuste anual de fls.27/32 que o contribuinte optou por não colocar a sua genitora, como sua dependente, porque este não somou os rendimentos da dependente ao seu, visto que o contribuinte tinha conhecimento que a sua mãe recebia aposentadoria, fls.14, e a pensão por morte previdenciária, fls. 16, portanto isso não caracteriza erro de preenchimento, como alega o impugnante De forma que se deduz da legislação citada, que o contribuinte somente poderá deduzir as despesas médicas de seus dependentes e se estes estiverem constando como dependentes na sua declaração de ajuste. Fl. 108DF CARF MF 4 Conforme o artigo 77 do Regulamento de Imposto de Renda (RIR), Decreto nº 3.000/99, temos: Art. 77. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida do rendimento tributável a quantia equivalente a noventa reais por dependente (Lei n2. 9.250, de 1995, art. 42, inciso III). § 1 Poderão ser considerados como dependentes, observado o disposto nos arts. 42, § 32, e 52, parágrafo único (Lei n2 9.250, de 1995, art. 35): 1 o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até vinte e um anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até vinte e um anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até vinte e um anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 2 Os dependentes a que referem os incisos III e V do parágrafo anterior poderão ser assim considerados quando maiores até vinte e quatro anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau (Lei n 2 9.250, de 1995, art. 35, § 12). § 3 Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges (Lei n2 9.250, de 1995, art. 35, § 22). § 4 No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei n 2 9.250, de 1995, art. 35, § 32). § 5 É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13163.000050/200751 Acórdão n.º 2002000.875 S2C0T2 Fl. 108 5 Assim, devidamente declarado como dependente, o contribuinte terá o direito de deduzir as despesas médicas, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; Fl. 110DF CARF MF 6 V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. § 2º Na hipótese de pagamentos realizados no exterior, a conversão em moeda nacional será feita mediante utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América, fixado para venda pelo Banco Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento. § 3º Consideramse despesas médicas os pagamentos relativos à instrução de deficiente físico ou mental, desde que a deficiência seja atestada em laudo médico e o pagamento efetuado a entidades destinadas a deficientes físicos ou mentais. § 4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. § 5º As despesas médicas dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo da declaração de rendimentos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). Infelizmente, em que pese as alegações do contribuinte de que sua mãe necessita de cuidados médicos devido a derrame sofrido, para que as deduções com as despesas médicas possam ser aceitas, devese declarar a condição de dependente quando do preenchimento da DAA, para controle do Fisco e com objetivo de mitigação dos possíveis desvios na tentativa de burlar a legislação para pagar imposto a menor. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito, negarlhe provimento (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 111DF CARF MF
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