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Numero do processo: 10166.904847/2008-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2000
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. ÔNUS DA PROVA. INDEFERIMENTO
No âmbito especifico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-003.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, os Conselheiros Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 02/02/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, os Conselheiros Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. EDITADO EM: 02/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1199; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.904847/200891 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.521 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente IOB INSTITUTO BRASILIENSE DE ODONTOLOGIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. ÔNUS DA PROVA. INDEFERIMENTO No âmbito especifico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, os Conselheiros Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 02/02/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 48 47 /2 00 8- 91 Fl. 75DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente da turma), Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade de fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso, proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília, a saber: Trata o presente processo de despacho decisório (fl.8), no qual a autoridade fiscal competente não homologou a Dcomp nº 34173.71090.291004.1.4.041002 (fls. 27 a 31), porque não foi confirmado o crédito (R$ 111.959,02), haja vista o DARF, ali discriminado, relativo ao pagamento de Cofins efetuado em 15/08/2000, não foi localizado nos sistemas de controles de pagamento desta RFB. A contribuinte tomou ciência do despacho decisório em 30/09/2008 (AR fl.33). Inconformada apresentou manifestação de inconformidade (fls. 1 a 2) em 03/12/2008, na qual argumenta, em síntese, que o crédito se refere a somatória de vários DARF, individualizados no pedido de retificação formalizado no processo 10166.005129/200831, com o aproveitamento de R$ 37.778,41 do montante de R$ 154.807,81, bem superior. No pedido, requer a reconsideração da decisão proferida no despacho decisório, que determinou o pagamento do valor de R$ 36.421,90 com os acréscimos legais, para considerar devidamente compensado o valor em questão. Na sessão de 07 de julho de 2011, a 4ª Turma Julgadora, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo descrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 Compensação Pagamento indevido Cofins A compensação de débitos tributários somente poderá ser autorizada pela autoridade fiscal competente com crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Retificação de DCTF Só é admissível mediante a comprovação do erro em que se funde, e antes de notificação do ato fiscal. Logo, a retificação de DCTF, por si só, não é prova suficiente para provar a liquidez e certeza do crédito utilizado no Per/Dcomp. Intimada da decisão em 10.06.2011 (fls.44), a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 4548, argumentando o quanto segue1: Ora, pelo despacho supra transcrito, temse que a decisão ora recorrida não analisou a PER/DCOMP RETIFICADORA, citando como impedimento os artigo 147, § único e 139, único, ambos do Código Tributário Nacional. 1 Trecho extraído da resolução. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10166.904847/200891 Acórdão n.º 3302003.521 S3C3T2 Fl. 3 3 Com o devido respeito aos dignos julgadores, não existe no Código Tributário Nacional o § único do artigo 139. Portanto, sem fundamento a decisão ora recorrida, quanto a este preceito legal. Quanto ao artigo 147, § único, temos que o mesmo preceitua o seguinte, "verbis": "Art. 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento". Percebese, que o impedimento de retificação de declaração (inclusive PER/DCOMP) é voltado somente para a declaração que "vise reduzir ou excluir tributo", o que não é o caso do autos. A RETIFICAÇÃO DA PER/DCOMP, NO PRESENTE CASO, COMO JÁ FORA DITO NA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE, FOI APENAS PARA DISCRIMINAR O VALOR DO CRÉDITO DECLARADO, NÃO PARA REDUZIR OU EXCLUIR O TRIBUTO. Inaplicável, portanto, o referido preceito legal utilizado como fundamento para negativa. Desta forma, temos a PER/DCOMP Retificadora, não foi analisada. Considerando as alegações apresentadas pela Recorrente, a antiga composição desta Turma decidiu pela conversão do julgamento em diligência nos seguintes termos (vide resolução 3302000.298 fls.5558): O acórdão de primeira instância baseouse em duas premissas para indeferir a manifestação de inconformidade da Interessada: impossibilidade de retificação da declaração de compensação e falta de demonstração do indébito. No recurso, conforme já informado, a Interessada alegou não se aplicar ao caso os dispositivos legais citados pelo acórdão, concluindo pela necessidade de apreciação da declaração de compensação retificadora. A referida retificação constou do processo 10166.005129/200831, que ainda não foi apreciada pela DRF de origem, segundo ao que pode deduzir do sistema Comprot/Web. Em que pesem as conclusões da DRJ não se terem restringido à questão dos dispositivos citados no recurso, a competência para apreciação da retificação é da DRF, conforme a própria DRJ admitiu. Dessa forma, não é possível afasta a retificação antes da apreciação da admissibilidade da retificação, nos termos do arts. 87 a 92 da IN RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012 (ou a IN vigente à época apropriada). À vista do exposto, proponho que o julgamento do recurso seja convertido em diligência, a fim de que a Seção competente da DRF/Brasília informe sobre a admissibilidade da retificação. Caso ainda tenha sido apreciada a admissibilidade, deverá o processo aguardar sua apreciação, devendo ser juntada cópia da despacho decisório antes do retorno dos autos ao Carf. Cumprida a diligência solicitado por este Conselho, a fiscalização trouxe aos autos a Informação Fiscal nº 231/2015, noticiando sobre a existência de despacho decisório Fl. 77DF CARF MF 4 proferido nos autos do processo nº 10166.005129/200831, o qual resultou no indeferimento do pedido de retificação pelos seguintes motivos (fls.7172): "...analisando o pedido da contribuinte (fl.03) verificase que a mesma não preenche todos os requisitos da Instrução Normativa RFB nº 600 de 28 de dezembro de 2005, visto que o pedido de retificação foi efetuado por meio de formulário, quando deveria ter sido feito mediante a apresentação de documento retificador gerado a partir do Programa PER/DCOMP, uma vez que a declaração retifica de nº 34173.71090.291004.1.3.041002 foi gerada a partir do referido programa. Em face do exposto, proponho o INDEFERIMENTO do pedido de retificação de Declaração de Compensação (fl.03) requerido pela contribuinte IBO INSTITUTO BRASILIENSE DE ODONTOLOGIA LTDA. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, informa a Recorrente que o crédito utilizado no PER/DCOMP nº 34173.71090.291004.1.3.041002, no valor de R$ 154.807,81se refere a somatória de vários DARF´s, individualizados no pedido de retificação formalizado no processo 10166.005129/200831. Nos autos daquele processo administrativo, fora proferida decisão indeferindo o pedido de retificação formulado pela Recorrente sob o fundamento de que o contribuinte não observou os requisitos previstos na IN RFB nº 600/2005, considerando que o pedido de retificação foi efetuado por meio de formulário, quando deveria ter sido feito mediante apresentação de documento retificador gerado a partir do Programa PER/DCOMP. De fato, o procedimento adotado pelo contribuinte para retificar o PER/DCOMP inicialmente apresentado foi contrário a determinação prevista no artigo 56, da IN RFB nº 600/2005, que assim dispõe: Art. 56. A retificação do Pedido de Restituição, do Pedido de Ressarcimento e da Declaração de Compensação gerados a partir do Programa PER/DCOMP, nas hipóteses em que admitida, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à SRF de documento retificador gerado a partir do referido Programa. Como se vê às fls. 1229, a Recorrente apresentou pedido de compensação retificadora por meio formulário em papel, ao passo que a norma vigente à época dos fatos determinava que a retificação deveria ser realizada pelo Programa PER/DCOMP inicialmente utilizado pelo contribuinte. Nestes termos, temse que o pedido de retificação não deverá surtir efeitos em relação ao pedido de compensação inicialmente apresentado pelo Recorrente, posto que realizado fora dos preceitos legais. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10166.904847/200891 Acórdão n.º 3302003.521 S3C3T2 Fl. 4 5 Entretanto, independentemente do procedimento adotado pelo contribuinte para retificar o PER/DCOMP, fato é que a Recorrente não comprovou documentalmente, mediante escrita contábil ou DARF, a origem dos créditos informados no formulário carreado às fls. 1229, deixando, inclusive, de apresentar argumentos sobre o direito que lhe conferiu atribuir aos pagamentos noticiados o título de "pagamento indevido ou a maior". Ora, nos termos do artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V, do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil, nos casos de processo de reconhecimento do direito creditório a prova de liquidez e certeza do crédito tributário pleiteado é do contribuinte. Neste sentido: Ementa(s) Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2004 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito especifico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. (...). (3202001.593) Deste modo, caberia ao contribuinte comprovar a origem do seu pretenso crédito para o fim de viabilizar sua análise, o que não foi efetivamente realizado. Assim, considerando que a Recorrente não observou as normas pertinentes ao procedimento para retificar os pedidos de compensação, tampouco comprovou a origem dos créditos utilizados para compensar os débitos objeto do PER/DCOMP nº 34173.71090.291004.1.3.041002, entendo correto o procedimento adotado pela fiscalização. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.000571/2007-09
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:2003, 2004
SERVIÇO DE TRANSPORTE DE CARGA. CARREGAMENTO DE TOROS. MOVIMENTAÇÃO DE CARGA DENTRO DOS LIMITES DO PARQUE INDUSTRIAL. NÃO ENQUADRAMENTO.
Os serviços de carregamento de toros, dentro dos limites do parque industrial da empresa tomadora, não se enquadra no conceito de serviços de transporte disciplinado na alínea “a”, do inciso II, do § 1º, do art. 15 da Lei nº 9.249/1995.
SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1803-001.175
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Selene Ferreira de Moraes
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário:2003, 2004 SERVIÇO DE TRANSPORTE DE CARGA. CARREGAMENTO DE TOROS. MOVIMENTAÇÃO DE CARGA DENTRO DOS LIMITES DO PARQUE INDUSTRIAL. NÃO ENQUADRAMENTO. Os serviços de carregamento de toros, dentro dos limites do parque industrial da empresa tomadora, não se enquadra no conceito de serviços de transporte disciplinado na alínea “a”, do inciso II, do § 1º, do art. 15 da Lei nº 9.249/1995. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 SERVIÇO DE TRANSPORTE DE CARGA. CARREGAMENTO DE TOROS. MOVIMENTAÇÃO DE CARGA DENTRO DOS LIMITES DO PARQUE INDUSTRIAL. NÃO ENQUADRAMENTO. Os serviços de carregamento de toros, dentro dos limites do parque industrial da empresa tomadora, não se enquadra no conceito de serviços de transporte disciplinado na alínea “a”, do inciso II, do § 1º, do art. 15 da Lei nº 9.249/1995. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Selene Ferreira de Moraes. Fl. 382DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10920.000571/200709 Acórdão n.º 180301.175 S1TE03 Fl. 2 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Como resultado de procedimento fiscal desenvolvido em relação à pessoa jurídica em epígrafe, sobre os anoscalendário foram expedidos autos de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, conforme demonstrado a seguir, com acréscimo de multa de ofício de 75 % e juros de mora com base na taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic (inicialmente calculados até 31/1/2007) a ser calculados à época do pagamento: (...) A motivação dos lançamentos de ofício reside na constatação, pela autoridade fiscal, de que a pessoa jurídica aplicou coeficientes menores do que os devidos para determinação do lucro, na condição de optante pela apuração no regime de lucro presumido, conforme detalhada descrição e demonstração no Termo de Verificação Fiscal (f. 176 a 193) e nos autos de infração acima especificados. Dos atos e termos fiscais teve a pessoa jurídica ciência pessoal em 22 de fevereiro de 2007 (f. 193). Irresignada, interpôs a autuada impugnação integral dos autos de infração, em 26 de março de 2007, mediante os seguintes argumentos de fato e de direito: preliminarmente (por sua natureza) o argumento de que seriam inconstitucionais (i) a aplicação a todo o anocalendário de 2003 de dispositivos da Lei n° 10.684, de 30 de maio de 2003 (f. 224/225) e (ii) a exigência de multa de ofício triplicada, de 225% (f. 226); no mérito, o argumento de que, de fato, a atividade desenvolvida pela empresa é transporte e, nessa condição, sujeita ao coeficiente por ela originalmente utilizado. Requer a declaração de insubsistência dos autos de infração e o cancelamento dos correspondentes créditos lançados a favor da Fazenda Pública nacional, (f.228) A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente, com base nos seguintes fundamentos: Fl. 383DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10920.000571/200709 Acórdão n.º 180301.175 S1TE03 Fl. 3 3 a) A regência constitucional foi adequadamente obedecida pela lei e pela norma regulamentar. b) Mesmo que assim não se entendesse, não caberia a esta primeira instância administrativa de julgamento deixar de aplicar lei ou regulamento, sob o argumento de sua ilegalidade ou de sua inconstitucionalidade. c) As alegações de inconstitucionalidade quanto à aplicação da legislação tributária não podem ser oponíveis na esfera administrativa, por ultrapassar os limites da sua competência legal, conforme orientação contida no Parecer Normativo CST n° 329/1970. d) O CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS DO MINISTÉRIO DA FAZENDA CARF, por meio da Portaria Carf nº 106, de 21 de dezembro de 2009, editou o enunciado n 2 de sua súmula, nos seguintes termos: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. e) Ainda em relação a arguições de inconstitucionalidade, há que esclarecerse que a impugnante operou em equívoco, ao afirmar que lhe estava a ser exigido o pagamento de multa de ofício agravada ou majorada. A multa de ofício aplicada foi de 75%. f) Na questão de mérito a impugnante opera em equívoco quanto à definição da natureza do serviço que presta no pátio da indústria madeireira e que é de "movimentação interna de materiais" e não de "transporte de matériaprima" (logística interna). g) O transporte, em sua acepção para fins tributários, em qualquer modal (terrestre rodo ou ferroviário , marítimo, fluvial, lacustre, aéreo ou espacial, ou por dutos especialmente no caso dos granéis), extrapola os limites do estabelecimento industrial, agropecuário ou comercial e, exceto em relação aos dutos (minerodutos, gasodutos, oleodutos), é realizado com o emprego de veículos automóveis (aviões, barcos, barcaças, rebocadores, caminhões, ônibus etc.) sujeitos a controles e inspeções das autoridades de diversos níveis administrativos competentes para regular, registrar e controlar seu deslocamento (Detran, Polícias Rodoviárias, Agência Nacional da Avião Civil, Ministério da Marinha etc). h) No caso que se aprecia, nada disso ocorre, visto que se trata apenas do emprego de máquinas (industriais) cuja função não é só reposicionar materiais dentro do estabelecimento mas também, em muitos casos principalmente, descarregálos dos veículos que os transportaram (caminhões que trouxeram as toras dos reflorestamentos, no caso dos autos) e empilhálos ou aproximálos de estaleiros e correntões que assim poderão alimentar os tornos de laminação ou as serrasfíta, além de içar produtos acabados em carregamentos de veículos que os transportarão a outros depósitos ou a usuários/consumidores/revendedores. As tarefas são diversas, podem ser complementares, mas não se confundem. Transporte é diferente de simples movimentação interna (carga, descarga, empilhamento e assemelhados, bem como tarefas associadas, como a movimentação de uma pilha para outra ou de um veículo carregado para outro ainda descarregado); a moderna logística comporta diversificadas operações, de acordo com a conveniência de cada circunstância. Fl. 384DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10920.000571/200709 Acórdão n.º 180301.175 S1TE03 Fl. 4 4 i) O exemplo trazido na impugnação (motoscraper) bem ilustra as diferenças entre movimentação de materiais e transporte. No caso do exemplo, tratase de raspagem {scrape) e elevação em depósito da própria máquina para movimentação de solo em operação associada a construção de rodovia; o mesmo trabalho também pode, e é desenvolvido por simples bulldozers (lâminas acopladas a tratores sobre esteiras ou rodas) que transportam por meio rolagem o solo raspado, sem o elevar; é tão movimentação de materiais como a realizada pelo scraper. j) Para efeito fiscal, releva assentar que a prestação de serviços feita pela impugnante é realizada dentro de pátio da tomadora, em distância máxima de 150 m (croquis à f. 275), por máquinas (tratores) articuladas providas de acessórios para descarga de veículos de transporte e empilhamento ou posicionamento próximo às serrasfíta ou tornos de laminação. k) Segundo conceito exarado no Acórdão n° 20163.907, da 1ª Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, a atividade de transporte se desenvolveria, esquematicamente, em 3 fases: uma central, que é a condução (ou transporte, propriamente dito) e outras duas, acessórias, carga e descarga. l) Conclusões: (i) não há transporte sem a fase de condução; se um terceiro agente for encarregado de desenvolver operações exclusivas de carga e de descarga, não será transportador; (ii) a ação de conduzir/transportar é mais importante que as ações acessórias da carga e descarga, normalmente tal ação representa maior custo/valor econômico. De tais constatações se podem identificar bem definidas duas atividades de logística distintas, a de transporte de cargas e a de movimentação de cargas. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que reitera as alegações contidas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes A contribuinte foi cientificada em 21/06/2011 (fls. 364). O recurso foi protocolado em 20/07/2011, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. A recorrente não questionou os fundamentos da decisão recorrida. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10920.000571/200709 Acórdão n.º 180301.175 S1TE03 Fl. 5 5 A controvérsia gira em torno da alínea “a”, do inciso II, do § 1º, do art. 15 da Lei nº 9.249/1995: “Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981 de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: II dezesseis por cento: a) para atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;” O objeto social da empresa está previsto no art. 3º do contrato social (fls. 12): “Art. 3. A Sociedade tem por objetivo a exploração dos ramos de: Serviços de Terraplenagem Abertura de Estradas Destocas em Áreas Rurais Escavações e Carregamentos de Toros” Como muito bem salientou a decisão recorrida, a atividade de carga ou descarga é acessória, não havendo que se falar em transporte, se a movimentação da carga ocorreu dentro dos limites do parque industrial. Os serviços de transportes referidos na alínea “a”, do inciso II, do § 1º, do art. 15 da Lei nº 9.249/1995, são aqueles tratados no art. 178 da Constituição Federal, in verbis: “Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995) Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995)” A decisão recorrida não merece reparos, devendo ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Ante todo o exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 386DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10920.000571/200709 Acórdão n.º 180301.175 S1TE03 Fl. 6 6 Fl. 387DF CARF MF Impresso em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 24/03 /2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 13603.001211/2008-88
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Ano calendário:2007
MULTA PELO ATRASO NA ENTREGA DE DCTF.
Somente podem elidir a aplicação de penalidade pelo descumprimento do prazo de entrega de declarações, falhas comprovadamente imputáveis aos sistemas de recepção das declarações não sendo oponíveis outras causas internas ou externas não reconhecidas oficialmente pela Administração Tributária.
Numero da decisão: 1803-001.021
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Walter Adolfo Maresch
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Somente podem elidir a aplicação de penalidade pelo descumprimento do prazo de entrega de declarações, falhas comprovadamente imputáveis aos sistemas de recepção das declarações não sendo oponíveis outras causas internas ou externas não reconhecidas oficialmente pela Administração Tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira De Moraes Presidente. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Fl. 71DF CARF MF Emitido em 12/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/10/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13603.001211/200888 Acórdão n.º 180301.021 S1TE03 Fl. 68 2 CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS S/A, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ BELO HORIZONTE (MG), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. O auto de infração a folhas 11 impõe multa, no valor total de R$ 4.702,66, por atraso na entrega da declaração de débitos e créditos tributários federais (DCTF) referente ao mês de outubro de 2007, cujo prazo final de entrega era 07.12.2007, mas que foi entregue em 13.02.2008. Houve, portanto, três meses de atraso. Os impostos e contribuições informados na DCTF montaram a R$ 156.755,64. Enquadramento legal: artigo 7° da Lei n° 10.426, de 24.04.2002, com a redação dada pelo artigo 19 da lei n° 11.051, de 29.12.2004. A notificação do lançamento, conforme registro a folhas 12 e 13, foi feita eletronicamente em 13.02.2008, nos termos do artigo 23, inciso III, alínea "h", do Decreto n°70.235, de 1972, com a redação dada pela artigo 113 da Lei n° 11.196, de 21.11.2005. Em 12.03.2008 o sujeito passivo apresentou a impugnação juntada a folhas 1 a 4. Os enunciados seguintes resumem seu conteúdo. • Segundo o que determina o artigo 7° da Lei n° 10.426, de 2002, a impugnante deveria apresentar diversas declarações, entre elas a DCTF. A entrega de tais declarações somente é efetivada pelo Cadastro Sincronizado Nacional, com o fito de cumprimento das obrigações acessórias. Entretanto, a impugnante, em virtude da mudança na estrutura diretiva e na seção de contabilidade da empresa, deveria registrar na Receita Federal o DiretorPresidente e o Chefe do Departamento de Contabilidade. Tais providencias foram devida e tempestivamente realizadas em 01.10.2007, 18.10.2007, 19.10.2007, 30.10.2007, 31.10.2007, 05.11.2007, 06.11.2007, 07.11.2007, 09.11.2007, 12.11.2007, 14.11.2007, 20.11.2007, 27.11.2007, 29.11.2007, 30.11.2007, 03.12.2007, 04.12.2007 e 27.12.2007, conforme demonstram os protocolos eletrônicos da Receita Federal. • A impugnante, portanto, ficou impedida de cumprir o artigo 7° da Lei n° 10.426, de 2002, pois a liberação do cadastro sincronizado nacional só é possível mediante a expedição, por parte da Secretaria da Fazenda Estadual de Minas Gerais (SefazMG), de "nada consta". • Em face da demora da SefazMG em prestar as informações necessárias à Receita Federal, com o fito de realização do cadastramento das pessoas mencionadas, fezse necessário notificar ambas as secretarias, a fim de resguardar direitos e evitar qualquer tipo de penalidade para a qual a impugnante não concorreu. Dessa forma, em 08.11.2007, 05.12.2007 e Fl. 72DF CARF MF Emitido em 12/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/10/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13603.001211/200888 Acórdão n.º 180301.021 S1TE03 Fl. 69 3 08.01.2008, a impugnante notificou esses órgãos, conforme cópias anexas a presente peça. • Contudo, a situação da impugnante somente foi regularizada em 25.01.2008, conforme consta do documento básico de entrada do CNPJ, cópia anexa. • A multa imposta mostrase ilegal, pois não foi ela que deu causa ao descumprimento da obrigação, mas a própria Administração. • Tendo em vista que a Administração tem a prerrogativa de anular os próprios atos quando eivados de ilegalidade e as razões expostas, requerse a anulação da notificação de lançamento. Pedese também ajuntada de todos os documentos que acompanham a impugnação. A DRJ BELO HORIZONTE/MG, através do acórdão 0222.639, de 17 de junho de 2009 (fls. 40/45), julgou procedente o lançamento, ementando assim a decisão: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2007 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF A falta de entrega da DCTF ou sua entrega após o prazo fixado sujeita o contribuinte A. multa de oficio prevista na legislação tributária. Ciente da decisão em 13/07/2009, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 48), apresentou o recurso voluntário em 31/07/2009 fls. 49/52, onde reitera integralmente os argumentos da inicial. É o relatório. Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de notificação de lançamento eletrônica, exigindo a multa por atraso na entrega da DCTF relativa ao mês de Outubro/2007, cujo vencimento ocorreu em 07/12/2007, e a entrega foi efetuada em 13/02/2008. A recorrente se insurge quanto ao lançamento alegando a impossibilidade de entrega tempestiva tendo em vista a falta de liberação pela SEFAZMG de informações para alteração de novos dirigentes no Cadastro Sincronizado do CNPJ e com isso a utilização da certificação digital por parte dos novos dirigentes e responsáveis técnicos. Fl. 73DF CARF MF Emitido em 12/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/10/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13603.001211/200888 Acórdão n.º 180301.021 S1TE03 Fl. 70 4 Não assiste razão à interessada. Conforme deixou assentada a decisão de primeira instância, não pode ser imputada à Secretaria da Receita Federal do Brasil, qualquer responsabilidade pela não transmissão das declarações no prazo estipulado ou mesmo qualquer causa reconhecida oficialmente como impeditiva ao regular cumprimento das obrigações acessórias. Como é natural os fatores internos ou externos mas alheios ao regular funcionamento dos sistemas de entrega da Secretaria da Receita Federal não elidem o regular cumprimento das obrigações acessórias de entrega de declarações como é o caso. No caso em tela, conforme se observa da movimentação no âmbito do cadastro sincronizado (fl. 24), o dever de cumprimento da obrigação acessória já estava inclusive vencido pois o vencimento na entrega era 07/12/2007 e o protocolo das alterações cadastrais ocorreu somente em 27/12/2007. Destarte, inexistindo no ordenamento jurídico tributário qualquer dispositivo que possa afastar a penalidade pelo descumprimento tempestivo da obrigação acessória, deve ser mantido o lançamento na íntegra. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator Fl. 74DF CARF MF Emitido em 12/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/10/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/10/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH
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Numero do processo: 11070.002350/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2005
Ementa:
RATEIO PROPORCIONAL. CRÉDITO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INCLUSÃO NO CÁLCULO.
Todos os créditos normais do contribuinte devem integrar a base de cálculo do rateio proporcional para fins de ressarcimento das exportações, independente de ser ou não o mesmo vinculado ao mercado externo.
CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. PREVISÃO LEGAL. PERÍODO DETERMINADO. CONDIÇÕES. INOBSERVÂNCIA.
A legislação que regulamentou o sistema não cumulativo das contribuições sociais previu o direito de apropriação de crédito presumido da atividade agroindustrial para o cerealista, que exerce a atividade de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados, apenas para o período entre fevereiro e julho do ano de 2004.
A concessão do crédito presumido à cerealista estava condicionada à venda dos produtos às empresas identificadas no § 5º do artigo 3º da Lei 10.833/03, então vigente.
A partir de agosto de 2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial nas condições especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004.
COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO NAS VENDAS COM TRIBUTAÇÃO SUSPENSA, ISENTAS OU NÃO TRIBUTADAS. IMPOSSIBILIDADE.
Não é permitido o aproveitamento de crédito pelas cooperativas agropecuárias em relação a vendas não tributadas, isentas ou com a tributação suspensa.
A norma contida no §4º do art. 8º da Lei nº 10.925/04 dispõe especificamente acerca das pessoas enumeradas nos incisos de I a III do §1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, enquanto o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 traz uma regra geral. Como uma norma geral não revoga uma norma específica, a vedação do §4º do artigo 8º permanece em vigor.
CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO.O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para o abatimento das contribuições devidas por operações no mercado interno.
Recurso Voluntário parcialmente provido
Numero da decisão: 3402-003.977
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto deram provimento em maior extensão para reconhecer o direito ao crédito da atividade cerealista após a Lei nº 11.196/2005, às exclusões da base de cálculo e à correção pela taxa Selic. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Everdon Schlindwein, OAB/PR nº 80.356.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2005 Ementa: RATEIO PROPORCIONAL. CRÉDITO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INCLUSÃO NO CÁLCULO. Todos os créditos normais do contribuinte devem integrar a base de cálculo do rateio proporcional para fins de ressarcimento das exportações, independente de ser ou não o mesmo vinculado ao mercado externo. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. PREVISÃO LEGAL. PERÍODO DETERMINADO. CONDIÇÕES. INOBSERVÂNCIA. A legislação que regulamentou o sistema não cumulativo das contribuições sociais previu o direito de apropriação de crédito presumido da atividade agroindustrial para o cerealista, que exerce a atividade de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados, apenas para o período entre fevereiro e julho do ano de 2004. A concessão do crédito presumido à cerealista estava condicionada à venda dos produtos às empresas identificadas no § 5º do artigo 3º da Lei 10.833/03, então vigente. A partir de agosto de 2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial nas condições especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO NAS VENDAS COM TRIBUTAÇÃO SUSPENSA, ISENTAS OU NÃO TRIBUTADAS. IMPOSSIBILIDADE. Não é permitido o aproveitamento de crédito pelas cooperativas agropecuárias em relação a vendas não tributadas, isentas ou com a tributação suspensa. A norma contida no §4º do art. 8º da Lei nº 10.925/04 dispõe especificamente acerca das pessoas enumeradas nos incisos de I a III do §1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, enquanto o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 traz uma regra geral. Como uma norma geral não revoga uma norma específica, a vedação do §4º do artigo 8º permanece em vigor. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO.O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para o abatimento das contribuições devidas por operações no mercado interno. Recurso Voluntário parcialmente provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto deram provimento em maior extensão para reconhecer o direito ao crédito da atividade cerealista após a Lei nº 11.196/2005, às exclusões da base de cálculo e à correção pela taxa Selic. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Everdon Schlindwein, OAB/PR nº 80.356. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2005 Ementa: RATEIO PROPORCIONAL. CRÉDITO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INCLUSÃO NO CÁLCULO. Todos os créditos normais do contribuinte devem integrar a base de cálculo do rateio proporcional para fins de ressarcimento das exportações, independente de ser ou não o mesmo vinculado ao mercado externo. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. PREVISÃO LEGAL. PERÍODO DETERMINADO. CONDIÇÕES. INOBSERVÂNCIA. A legislação que regulamentou o sistema não cumulativo das contribuições sociais previu o direito de apropriação de crédito presumido da atividade agroindustrial para o cerealista, que exerce a atividade de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados, apenas para o período entre fevereiro e julho do ano de 2004. A concessão do crédito presumido à cerealista estava condicionada à venda dos produtos às empresas identificadas no § 5º do artigo 3º da Lei 10.833/03, então vigente. A partir de agosto de 2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial nas condições especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO NAS VENDAS COM TRIBUTAÇÃO SUSPENSA, ISENTAS OU NÃO TRIBUTADAS. IMPOSSIBILIDADE. Não é permitido o aproveitamento de crédito pelas cooperativas agropecuárias em relação a vendas não tributadas, isentas ou com a tributação suspensa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 23 50 /2 00 9- 40 Fl. 514DF CARF MF 2 A norma contida no §4º do art. 8º da Lei nº 10.925/04 dispõe especificamente acerca das pessoas enumeradas nos incisos de I a III do §1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, enquanto o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 traz uma regra geral. Como uma norma geral não revoga uma norma específica, a vedação do §4º do artigo 8º permanece em vigor. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO.O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para o abatimento das contribuições devidas por operações no mercado interno. Recurso Voluntário parcialmente provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto deram provimento em maior extensão para reconhecer o direito ao crédito da atividade cerealista após a Lei nº 11.196/2005, às exclusões da base de cálculo e à correção pela taxa Selic. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Everdon Schlindwein, OAB/PR nº 80.356. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Porto Alegre, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre PER/DCOMP's com pedido de ressarcimento de valores credores de Cofins não cumulativa vinculados à receita do mercado externo relativamente aos períodos de apuração do 2º ao 4º trimestres de 2005 (jun/nov/dez de 2005), apurados com base no art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003. A autoridade administrativa emitiu Despacho Decisório, mediante o qual reconheceu parcialmente o direito creditório da contribuinte no valor global de R$4.249,87 e Fl. 515DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 515 3 indeferiu os pedidos de ressarcimento quanto à importância de R$ 142.638,90, glosada pela fiscalização. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: Critério de rateio (receitas de exportações, receitas no mercado interno tributadas e não tributadas) Ao contrário do equivocado entendimento do agente fiscal, todos os custos, despesas e encargos são comuns e necessários para o desempenho da atividade da cooperativa. Assim, os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos podem ser apropriados pelo método de rateio proporcional da receita bruta de exportação em relação da receita bruta total. O método de rateio para a apropriação dos créditos está legalmente previsto, enquanto a metodologia híbrida adotada agente fiscal neste processo foi realizada sem embasamento legal. Proporção das receitas no mercado interno que não sofrem incidência de PIS e COFINS As cooperativas podem realizar determinadas exclusões da base de cálculo do PIS e da COFINS, podendo, em face das operações, após realizadas as exclusões, não resultar base de cálculo tributável, ou seja, a base será zero. Não resultando base de cálculo tributável, o percentual da receita tributada em relação à receita total ser igual a zero. Assim, os créditos de PIS e COFINS apurados nestes períodos serão vinculados entre a receita de exportação e a receita de mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência. A cooperativa agiu conforme a legislação, não tendo efetuado adições em sua receita. Partindo do faturamento, efetuou as exclusões legalmente previstas para as sociedades cooperativas. Ao efetuar estas exclusões, não resultou base de cálculo tributável. Consequentemente, o crédito apurado não deverá ser rateado com a receita do mercado interno tributada, porque não houve base tributável. Portanto, deve ser mantido o rateio dos créditos de acordo com a proporcionalidade apurada pela cooperativa. Vendas com suspensão: ilegalidade da restrição ao aproveitamento de créditos O art. 9º da Lei nº 10.925/2004 possibilitou, a partir de 1º/08/2004, que as vendas de produtos relacionados no art. 8º daquela Lei fossem realizadas com suspensão do PIS e da Cofins. Posteriormente foram editadas as Leis nºs 11.033/2004 e 11.116/2005, onde ficou autorizado expressamente o ressarcimento/compensação dos créditos acumulados. Crédito presumido: aquisições de pessoas físicas e jurídicas com suspensão A cooperativa tem direito ao crédito presumido, eis que: desempenha atividades agroindustriais na produção das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM; adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural, insumos utilizados no processo produtivo, em conformidade com o inciso II do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e art. 7º da IN SRF 660; bem como realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial. Restrições da RFB ao ressarcimento do crédito presumido Quanto à mensuração do crédito presumido que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, em relação ao processo produtivo desempenhado pela cooperativa nas mercadorias classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM (milho, trigo e soja, todos beneficiados), a RFB pretende restringir, também, a forma de aproveitamento do respectivo crédito, impedindo o ressarcimento em Fl. 516DF CARF MF 4 dinheiro ou a compensação com demais débitos da contribuinte, alegando equivocadamente, que os referidos créditos somente podem ser utilizados para a dedução das contribuições devidas para o PIS e COFINS. Através do Ato Declaratório Interpretativo n° 15, de 2005, e do inciso II do § 3º do art. 8º da IN 660, interpreta a seu modo que o crédito previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004 somente pode ser utilizado com débitos de PIS e COFINS, não podendo ser ressarcido. Tal argumento não procede, pois a previsão legal para a compensação e o ressarcimento do crédito presumido das contribuições para o PIS e COFINS incidentes sobre os produtos agropecuários já existia antes mesmo da edição da Lei nº 10.925/2004, conforme arts. 5º e 6º, respectivamente das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, que autorizavam a compensação e o ressarcimento de créditos vinculados às receitas de exportação. A cooperativa requer que, quantificado o crédito presumido em conformidade com a lei e, ao final, havendo saldo credor, seja permitido sua compensação com seus débitos junto à RFB, e/ou ressarcimento em dinheiro. Crédito presumido do estoque de abertura Entendeu o agente fiscal que o crédito presumido sobre o estoque de abertura não seria passível de ressarcimento, apenas poderia ser utilizado para dedução, por supostamente estes créditos não serem apurados na forma do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Portando, não haveria previsão legal para ressarcimento. Ocorre que o estoque de abertura é formado pelo custo de aquisição nos bens relacionados no art. 3º daquelas Leis, cuja possibilidade de ressarcimento do crédito apurado é reconhecida pela própria RFB, conforme disciplinado nos arts. 27 e 29 da IN SRF nº 900/2008. Assim, a cooperativa requer o ressarcimento integral do crédito presumido sobre o estoque de abertura na proporção das receitas de exportação, suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência. Apuração da base tributável do PIS e da COFINS: exclusões permitidas às sociedades cooperativas Devem ser consideradas as exclusões da base de cálculo referente aos valores repassados aos associados, às vendas efetuadas a associados, à receita da industrialização da produção do associado e ao custo agregado ao produto agropecuário do associado. Princípios a serem observados pela Administração Pública a autoridade fiscal violou o art. 2º da Lei nº 9.784/1999, não observando os princípios que devem nortear a administração pública, dentre eles o da objetividade, adequação de meios e fins, simplicidade e interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público, todos constantes do parágrafo único do mencionado artigo. Previsão legal para incidência da Taxa SELIC Os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela SELIC, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. Os argumentos da impugnante não foram acolhidos pela DRJ sob os seguintes fundamentos: As receitas auferidas pela pessoa jurídica, em decorrência de vendas realizadas com isenção, não alcançadas pela incidência, com alíquota zero ou de bens do ativo permanente, por não integrarem a receita bruta mensal sujeita à incidência não cumulativa, base de cálculo para a aplicação e recolhimento das respectivas alíquotas não cumulativas, também não integram o montante da receita bruta sujeita à incidência não cumulativa utilizado na definição do percentual para o método do rateio proporcional, porque, de fato, sobre referidas receitas não há incidência e recolhimento efetivo da contribuição. Essas receitas também não integram o montante da receita bruta total, auferidas em Fl. 517DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 516 5 cada mês, para efeito de estabelecimento do percentual existente entre ambas as receitas, a ser aplicado na apuração de créditos relativos aos custos, despesas e encargos comuns. O aproveitamento do crédito presumido na apuração do valor da contribuição pela sistemática da não cumulatividade se restringe às pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal destinadas à alimentação humana ou animal. Portanto, não sendo possível ampliar a definição do termo produzir trazido pela legislação para a atividade de beneficiamento, ou seja, atividade de limpar, secar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos, entendese correto o posicionamento da Fiscalização para o período alcançado pela auditoria fiscal. A compensação e o ressarcimento admitidos pelo art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003, respeitam unicamente aos créditos apurados na forma do art. 3º da referida Lei, donde a conclusão inevitável é a de que o crédito presumido tratado no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, destinase unicamente à dedução dos valores devidos a título de COFINS no período de apuração. Embora a contribuinte apresente tese contrária, o entendimento no âmbito da RFB é de que o crédito presumido apontado pela interessada, não pode ser objeto de ressarcimento, o que, aliás, consta não só do precitado ADI nº 15, de 2005, mas, também, do art. 8º, § 3º, inciso II, da IN SRF nº 660, de 2006. Verificados os demonstrativos onde constam discriminados os créditos presumidos sobre o estoque de abertura eventualmente passíveis de ressarcimento (fls. 478/4891), observase que para os períodos em questão (junho, novembro e dezembro de 2005) não havia mais nenhum valor relativo a tal crédito a ser ressarcido/compensado (o último valor a ser ressarcido referiase ao PA abril/2005), donde descabida a pretensão da contribuinte. Ademais, em nenhum momento de sua manifestação a interessada apontou eventual valor pretensamente passível de ressarcimento, limitando se a tecer considerações sobre a base legal que lhe permitiria tal petição. Consoante as anotações feitas no Termo de Constatação Fiscal e planilhas anexas, foram procedidos ajustes que visaram restabelecer o correto valor dos créditos passíveis de ressarcimento por parte da cooperativa, estando de acordo com a legislação em vigor. Ademais, as exclusões foram admitidas proporcionalmente ao montante utilizado para formação da base de cálculo de cada espécie de receita (créditos vinculados a operações de mercado interno; mercado interno não tributadas isenção, alíquota zero e nãoincidência e exportação), donde correto entendimento do agente fiscal. Tratandose de ressarcimento de COFINS não cumulativa, o art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, expressamente determina que, nessa hipótese, não há que se falar em atualização monetária ou em incidência de juros sobre os respectivos valores. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão de primeira instância em 21/05/2013, por via postal, tendo apresentado o recurso voluntário em 18/06/2013, repisando os argumentos de primeira instância e acrescentando outros, sob os seguintes tópicos: 1) Do critério de rateio para apropriação dos créditos apurados proporcionais às receitas de exportações, receitas no mercado interno tributadas e não tributadas 2) Das vendas com suspensão do PIS e Cofins Ilegítima restrição ao aproveitamento de créditos 3) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM 4) Do crédito presumido do estoque de abertura Fl. 518DF CARF MF 6 5) Da apuração da base tributável do PIS e Cofins Exclusões permitidas às sociedades cooperativas 6) Previsão Legal para a incidência da Selic É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Consta que a contribuinte é uma sociedade cooperativa agropecuária, sujeita ao regime da não cumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins, que atua no ramo de recebimento de produtos agrícolas dos associados e terceiros, de fornecimento de insumos agrícolas aos associados; de comercialização de produtos agropecuários e sementes; de fábrica de rações e moinhos de milho e trigo; bem como no ramo de supermercados. 1) Do critério de rateio para apropriação dos créditos apurados proporcionais às receitas de exportações, receitas no mercado interno tributadas e não tributadas No que diz respeito ao critério de apropriação dos créditos do mercado interno e das importações vinculados à receita de exportação, entendeu a fiscalização que: (...) Para a fiscalização os créditos apurados em relação à aquisição de bens para revenda ou utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, bem como em relação à importação de trigo utilizado como matériaprima na produção de farinha, não têm nenhuma vinculação com a receita de exportação, portanto, não cabe a mesma pleitear a restituição/ressarcimento de tais créditos, tendo em vista que a legislação prescreve que podem ser objeto de restituição ressarcimento os créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, conforme §3º do art. 6º do diploma legal em questão, o qual transcrevemos a seguir: (...) Para a fiscalização a alocação dos créditos do PIS e da COFINS pelo método da proporcionalidade, conforme inciso II do § 8º do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, tem aplicação somente para as pessoas jurídicas que possuam receita sujeita a cumulatividade e a não cumulatividade, o que não é o caso da COTRISA, que tem a integralidade da receita sujeita a não cumulatividade do PIS e da COFINS. Ademais, verificamos ainda que o rateio proporcional dos créditos aplicase aos custos, despesas e encargos comuns, ou seja, somente podem ser rateados os créditos comuns. No caso de custos, despesas e encargos específicos o entendimento da fiscalização é que eles devem ser alocados diretamente aos setores a que pertencem. (...) Fl. 519DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 517 7 De outra parte entende a recorrente que seria vedado pela legislação a utilização de dois métodos para segregar os custos, despesas e encargos que dão direito ao crédito, como efetuado pela fiscalização, utilizando o critério do rateio proporcional para os créditos comuns e o da apropriação direta para os demais créditos, ferindo o art. 15 da Lei nº 9.779/99, que determina a apuração das contribuições de forma centralizada no estabelecimento matriz. Essa questão já foi abordada no Acórdão nº 3202001.618 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 19 de março de 2015, de forma favorável ao entendimento da recorrente, conforme voto da Relatora Tatiana Midori Migiyama, abaixo transcrito: (...) Data venia, em relação ao método de cálculo, considerando que a base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins, é a receita bruta total, e que todos os custos despesas e encargos são comuns e necessários para o desempenho da atividade da contribuinte, estes custos despesas e encargos devem ser apropriados pelo método de rateio proporcional da receita bruta de exportação em relação da receita bruta total. O critério de rateio deve servir para a mesma proporcionalidade para todos os custos, despesas e encargos passíveis de realização de crédito e, que são necessários para o desempenho das atividades da contribuinte. Ora, o art. 6º, § 3º da Lei 10.833/2003, vigente à época dos fatos em dissídio, diz que a compensação dos créditos com débitos administrados pela RFB, pela exportadora de mercadorias, só se aplica aos créditos apurados em relação aos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º. O art. 3º, § 8º, da Lei 10.833/2003 dispõe: sobre critério do rateio: relação percentual entre receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total auferidas em cada mês. O art. 3º, § 9º, da mesma lei dispõe: critério escolhido tem de ser consistente em todo o anocalendário. É de hialina clareza o sentido da lei, qual seja, só se podem compensar créditos de custos, despesas e encargos vinculados a receita de exportação. E, para se saber quais são esses créditos vinculados a receita de exportação, a lei previu dois métodos. A única interpretação possível, lógica e condizente com o sentido da norma legal é a de que o critério de rateio é somente o método: a relação deve ser entre receita de exportação e receita bruta total, para aplicála sobre os custos e despesas, na definição dos créditos vinculados à exportação, i.e., para quantificar os créditos que podem ser usados para compensação. (...) Daí, a remissão aos §§ 8º e 9º do art. 3º feita pelo art. 6º, § 3º, todos da Lei 10.833/2003, diz respeito ao método de cálculo para definição de créditos vinculados a receitas de exportação. No caso do método de rateio, a apuração do crédito devese dar pela relação entre receita de exportação e receita bruta total, e aplicar essa relação sobre os custos e despesas, chegandose à determinação do crédito vinculado à exportação, que é compensável com débitos administrados pela RFB. Fl. 520DF CARF MF 8 O art. 20, § 2º, da IN SRF 404/2004 (não revogado) confirma essa inteligência, ao dizer que os créditos compensáveis são somente os apurados sobre custos e despesas vinculados à receita de exportação, observados "os métodos" de apropriação previstos no art. 21 (o art. 21, § 2º, II, da IN 404/04 repete a dicção do art. 3º, § 8º, II, da Lei 10.833/2003). O método é que é aplicável. A relação percentual deve ser entre receita de exportação e receita bruta total, e aplicála sobre os custos e despesas, para definição do valor do crédito compensável. (...) No mesmo sentido foi o entendimento constante no Acórdão nº 330201.339– 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, 10 de novembro de 2011, citado pela recorrente, conforme voto do Relator Walber José da Silva que segue abaixo: (...) Assim, a apuração do crédito vinculado à receita de exportação seria feita por um sistema híbrido: parte por apropriação direta e parte por rateio proporcional. Tal modo de apuração não encontra respaldo legal. São claras as disposições do § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833/03 de que o crédito será determinado por apropriação direta ou por rateio proporcional. Não há opção de combinar os dois métodos para determinar o crédito vinculado à receita de exportação. O entendimento da recorrente, que concordo, é que todas os custos, despesas e encargos, com direito a crédito normal, que concorreram para a formação da Receita Bruta Total, devem ser incluídos no rateio proporcional e, neste caso, o valor do crédito apurado é exatamente o crédito vinculado à receita de exportação, a que se refere o § 3º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, porque esta é a forma de se apurar o dito crédito vinculado à receita de exportação. Pelo método de rateio proporcional, uma vez determinado a participação relativa da receita de exportação na receita bruta total, não vejo como deixar de aplicar o percentual encontrado nos custos, despesas ou encargos tidos como exclusivamente vinculado às operações no mercado interno e no mercado externo, fazendo incidir somente sobre os custos, despesas e encargos que tenham alguma vinculação tanto com as operações no mercado interno como as operações no mercado externo. (...) Conforme esclarecido na própria decisão recorrida, a RFB, por meio do Ajuda do programa Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon Mensal Semestral 2.6), definiu que o método de rateio para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, de mercado interno não tributada e tributada seria idêntico ao estabelecido para as pessoas jurídicas que auferem receitas sujeitas às incidências não cumulativa e cumulativa do PIS e da COFINS, nesses termos: Ficha 01 Dados Iniciais (...) Método de Determinação dos Créditos O programa possibilita o preenchimento do campo "Método de Determinação dos Créditos", conforme o regime de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins adotado. I) no caso do Regime NãoCumulativo: Fl. 521DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 518 9 a) Vinculados à Receita Auferida Exclusivamente no Mercado Interno Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir apenas receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes exclusivamente de atividades no mercado interno. b) Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e efetuar concomitantemente: I operações de vendas de produtos ou prestação de serviços no mercado interno; e II exportação de produtos para o exterior ou prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, ou vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Neste caso, a pessoa jurídica deve indicar o método por ela escolhido, dentre os seguintes: b.1) Com Base na Proporção dos Custos Diretamente Apropriados – que consiste na determinação dos créditos através do método de apropriação direta previsto no inciso I do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b.2) Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida – que consiste na determinação dos créditos através do método de rateio proporcional previsto no inciso II do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Atenção: 1) O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito deve ser: a) aplicado consistentemente por todo o anocalendário; b) adotado para todos os custos, despesas e encargos comuns; e c) adotado igualmente na apuração dos créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativa. 2) Deve também selecionar este campo a pessoa jurídica que auferir receitas nãotributadas no mercado interno que geram direito a crédito, concomitantemente, com receitas tributadas e/ou com exportação. (não grifado no original) (...) Assim, adotando os mesmos fundamentos dos Acórdãos acima referidos, bem como da orientação constante no Dacon acima transcrita, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, a decisão recorrida deve ser reformada nesta parte para que seja recalculado o direito creditório da recorrente com base unicamente no método do rateio proporcional Fl. 522DF CARF MF 10 adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação; à receita não tributada e à receita tributada no mercado interno. 2) Das vendas com suspensão do PIS e Cofins Ilegítima restrição ao aproveitamento de créditos Entende a recorrente que a cooperativa teria direito aos créditos nesse período, em conformidade com o art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, com fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e no art. 16 da Lei nº 11.116/2005, que assim dispõem: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação (...) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) No entanto, a norma genérica, que permite a manutenção dos créditos nas vendas com suspensão, não derroga a norma específica que veda expressamente o crédito presumido para as pessoas especificadas, em consonância com o disposto no art. 2º, §2º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: Art.2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) (Vide Lei nº 5.144, de 1966) § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Nesse sentido, já foi decidido no Acórdão nº 340101.255 – 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, sessão de 28 de fevereiro de 2011, em votação unânime: (...) Apesar da suposta divergência das normas, não há conflito, pois a primeira (§4o, do art. 8º, da Lei n° 10.925/2004), traz uma vedação específica para as pessoas listadas nos incisos de I a III, do § 1o, do art. 8º, da Lei n° 10.925/2004, onde estão incluídas as cooperativas de produção agropecuária. O art. 17, da Lei no 11.033/2004, traz uma regra geral, sem revogar a regra específica. Portanto, a vedação do §4º, também do artigo 8º permanece em vigor, de modo que não é permitido o aproveitamento de crédito, por essas cooperativas, em ralação a vendas com tributação suspensa, não tributadas ou isentas. (...) Fl. 523DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 519 11 Assim, a decisão recorrida há de ser mantida nesta parte. 3) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM Entendeu a fiscalização autuante que, a partir de agosto/2004, o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial, as quais apuram o crédito presumido em relação às aquisições de pessoas físicas e recebimentos de pessoas físicas (associados de cooperativas), bem como em relação às aquisições de pessoas jurídicas cuja operação foi realizada com suspensão do PIS e da Cofins, de forma que o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria. A Lei nº 10.925/2004 trouxe alteração legislativa ao crédito presumido, permitindoo a partir de agosto de 2004 somente à agroindústria, no caput do art. 8º, para as aquisições de insumo (bens) de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, e no seu §1º, para as aquisições de cerealistas (inciso I) e outras pessoas jurídicas específicas (incisos II e III): Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos Capítulos 2 a 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 09.01, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. [redação original] Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Medida Provisória nº Fl. 524DF CARF MF 12 609, de 2013 (Vide Lei nº 12.839, de 2013) (Vide Lei nº 12.865, de 2013) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; [redação original] I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica e cooperativa que exerçam atividades agropecuárias. III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) A partir de então, não mais há a possibilidade de aproveitamento do crédito presumido pela cerealista, como antes havia no §11 da Lei 10.833/2003, ou pelas pessoas jurídicas descritas nos incisos II e III do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, bem como o crédito em relação às receitas de vendas com suspensão efetuadas a essas pessoas, em face da vedação expressa no §4º do referido art. 8°: § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. Alega a recorrente que teria direito a crédito presumido já que é produtora de mercadorias de origem vegetal, adquirindo bens diretamente de pessoas físicas residentes no país e efetuando o processo de produção/industrialização, sob a modalidade de beneficiamento. Ocorre, no entanto, que a fiscalização concedeu o crédito presumido para esse período nas atividades em que a contribuinte atuou efetivamente como agroindústria, somente excluindo as atividades de cerealista da empresa, na qual exerceu cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados no inciso I do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, conforme extrato abaixo do Termo de Constatação: (...)Com isso o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria o crédito presumido Fl. 525DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 520 13 apurado pela fiscalização se restringiu à atividade de agroindústria. O crédito presumido apurado pela fiscalização na COTRISA se refere ao valor das transferências internas de produtos agrícolas (soja, milho e trigo) para a industrialização na fábrica de ração e nos moinhos de milho e trigo. Das transferências realizadas para fábrica de ração excluímos a transferência de farelo de soja (produto industrializado), cujo crédito foi apurado quando da aquisição de pessoas jurídicas. As diferenças dos créditos presumidos residem no fato da contribuinte considerar as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos agrícolas in natura (soja, milho e trigo), como atividades de produção, apurando o correspondente crédito presumido com base no caput do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, quando para a fiscalização as atividades realizadas pela contribuinte, para deixar os produtos agrícolas recebidos dos associados e adquiridos de terceiros (não associados) em condições de comercialização, estão descritas literalmente no inciso I do § 1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004 e não no caput do mencionado artigo como pretende a contribuinte. Com relação ao alegado processo de industrialização por "beneficiamento" dos grãos, entendo que ele não se caracteriza como industrialização, como bem esclarecido pelo Ilustre Conselheiro José Fernandes do Nascimento em voto vencedor no Acórdão nº 3302 003.301– 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 23 de agosto de 2016, abaixo transcrito: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 Ementa: (...) ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. VOTO VENCEDOR (...) Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010) [também no RIPI/2002 vigente à época dos fatos deste processo], porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Fl. 526DF CARF MF 14 (...) Mas, independentemente da abrangência do termo "pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias (...)", veiculado pelo caput do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, é certo que dentre essas pessoas não se incluem aquelas especificadas no §1º desse dispositivo, expressamente ressalvadas da dedução do crédito presumido pelo §4º do art. 8° da Lei nº 10.865/2004. De forma que não assiste razão à recorrente no pleito do crédito presumido sobre as atividades especificadas no §1º do dispositivo. No que concerne à forma de utilização do crédito presumido da agroindústria, previstos nos art. 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004, por opção do legislador ordinário, o seu aproveitamento pode ser apenas para o abatimento da contribuição devida por operações no mercado interno, ainda que o crédito tenha sido auferido em operações de exportação. Nessa esteira, a Receita Federal do Brasil dispôs em normas complementares, mediante a Instrução Normativa SRF nº 660/2006 e o Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 sobre a compensação ou ressarcimento dos créditos presumidos apurados a partir de 01/08/2004, nos termos do art. 8° da Lei n° 10.925/2004, ou seja, decorrentes de atividades agroindustriais, permitindo apenas deduzilos das contribuições devidas: IN SRF n° 660/2006 Do Crédito Presumido Do direito ao desconto de créditos presumidos Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Do cálculo do crédito presumido Art. 8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7 º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. (...) § 3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 Art. 1º O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa. Art. 2º O valor do crédito presumido referido no art. 1º não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, de que trata a Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, § 1º, inciso II, e § 2º, a Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º,§ 1º, inciso II, e § 2º, e a Lei nº 11.116, de 2005, art. 16. [grifos da Relatora] Fl. 527DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 521 15 Conforme já decidido na Apelação Cível Nº 2006.72.00.0078654/SC, do Tribunal Federal da 4ª Região, cuja ementa segue abaixo, "as próprias leis instituidoras dos créditos presumidos em questão previram como modo de aproveitamento destes créditos o desconto das contribuições do PIS e COFINS a pagar, limitando a sua utilização, assim, à esfera das próprias contribuições". O Superior Tribunal de Justiça também já manifestou seu entendimento, no REsp 1240714/PR (Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 10/09/2013), conforme ementa abaixo: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. PRODUTOR RURAL. CRÉDITOS PRESUMIDOS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 8º DA LEI 10.925/04. LEGALIDADE DA ADI/SRF 15/05 E DA IN SRF 660/06. PRECEDENTES DO STJ. MORA DO FISCO. INEXISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. "A jurisprudência firmada por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ é no sentido de que inexiste previsão legal para deferir restituição ou compensação (art. 170, do CTN) com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do crédito presumido de PIS e da COFINS estabelecido na Lei 10.925/2004, considerandose, outrossim, que a ADI/SRF 15/2005 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação já prevista no art. 8º, da lei antes referida" (AgRg no REsp 1.218.923/PR, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe 13/11/12). 2. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido ser legítima a atualização monetária de crédito escritural quando há demora no exame dos pedidos pela autoridade administrativa ou oposição decorrente de ato estatal, administrativo ou normativo, postergando o seu aproveitamento, o que não ocorre na hipótese, em que os atos normativos são legais. 3. "O Fisco deve ser considerado em mora (resistência ilegítima) somente a partir do término do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias contado da data do protocolo dos pedidos de ressarcimento, aplicandose o art. 24 da Lei 11.457/2007, independentemente da data em que efetuados os pedidos" (AgRg no REsp 1.232.257/SC, Rel. Min.NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe 21/2/13). 4. Recurso especial conhecido e não provido. Nessa linha também foi decidido no Acórdão nº 340101.716– 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 15 de fevereiro de 2012, conforme trecho do Voto do Relator Odassi Guerzoni Filho abaixo: (...) Com a devida vênia, não partilho do mesmo entendimento da Recorrente, haja vista a clareza do dispositivo que passou a tratar do crédito presumido do PIS/Pasep e da Cofins, qual seja o artigo 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, segundo o qual, “As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, [...], Fl. 528DF CARF MF 16 destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nº 10.637, de 30/12/2002, e 10.833, de 29/12/2003, adquiridos de pessoas físicas ou recebidos de cooperado pessoa física.” (grifei) Ora, a menção que referido dispositivo legal faz ao artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003 tem como único objetivo o de identificar os produtos adquiridos que podem gerar o direito ao crédito presumido e não o de estender a este o mesmo direito de aproveitamento [ressarcimento e compensação] que está contemplado, ressaltese, de forma taxativa, nas hipóteses constantes dos incisos do referido artigo 3o. Nem me valerei aqui das regras específicas trazidas pelas instruções normativas que regem os procedimentos de compensação e de ressarcimento, e tampouco discorrerei sobre o argumento de que o crédito presumido seria uma subvenção financeira, porquanto vislumbro na argumentação da Recorrente mero inconformismo com a forma com que o legislador tratou a matéria. Assim, consoante consta de forma clara no art. 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, o crédito presumido somente pode ser deduzido da contribuição eventualmente devida, e não ser aproveitado via ressarcimento e/ou compensação. (...) Assim, no que concerne ao crédito presumido, nada há a reformar na decisão recorrida. 4) Do crédito presumido do estoque de abertura Conforme já esclarecido pela decisão recorrida, para os períodos deste processo (junho, novembro e dezembro de 2005) não havia mais nenhum valor do crédito do estoque de abertura a ser ressarcido/compensado, sendo que o último valor a ser ressarcido foi referente ao período de apuração de abril/2005, no que nada há a reformar. 5) Da apuração da base tributável do PIS e Cofins Exclusões permitidas às sociedades cooperativas Alega a recorrente que teria direito às exclusões da base de cálculo tributável pleiteadas sem nenhuma condicionante, nos termos do art. 15 da Medida Provisória nº 2.158 35/2001 e art. 11 da IN SRF nº 635/2006, que assim dispõem: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Ios valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; IIIas receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; Fl. 529DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 522 17 IVas receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; Vas receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. §1oPara os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. §2oRelativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: Ia contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; IIserão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: I exclusão do valor repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por ele entregues à cooperativa; II exclusão das receitas de venda de bens e mercadorias ao associado; III exclusão das receitas decorrentes da prestação, ao associado, de serviços especializados aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado; V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização; VI exclusão das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos, na hipótese de apuração das contribuições no regime cumulativo; e VII dedução das sobras líquidas apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. § 1º Para os fins do disposto no inciso I do caput: I na comercialização de produtos agropecuários realizados a prazo, assim como aqueles produtos ainda não adquiridos do associado, a cooperativa poderá excluir da receita bruta mensal o valor correspondente ao repasse a ser efetuado ao associado; e, II os adiantamentos efetuados aos associados, relativos à produção entregue, somente poderão ser excluídos quando da comercialização dos referidos produtos. § 2º Para os fins do disposto no inciso II do caput, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculadas diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa, e serão contabilizadas destacadamente pela cooperativa, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie e quantidade dos bens ou mercadorias vendidos. § 3º As exclusões previstas nos incisos II a IV do caput: I ocorrerão no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa; e II terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, Fl. 530DF CARF MF 18 sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. § 4º O disposto no inciso VII do caput aplicase aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de novembro de 1999. § 5º As sobras líquidas, apuradas após a destinação para constituição dos fundos a que se refere o inciso VII do caput, somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a ele creditadas, distribuídas ou capitalizadas. § 6º A sociedade cooperativa de produção agropecuária, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções de que tratam os incisos I a VII do caput, deverá, também, efetuar o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28. § 7º A entrega de produção à cooperativa, para fins de beneficiamento, armazenamento, industrialização ou comercialização, não configura receita do associado. § 8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. § 9º A dedução de que trata o inciso VII do caput poderá ser efetivada a partir do mês de sua formação, devendo o excesso ser aproveitado nos meses subseqüentes. A fiscalização considerou indevidas algumas parcelas das exclusões da base de cálculo tributável das contribuições pela cooperativa, nesses termos: (...) 10.1 Repasse aos Associados Analisando o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, verificamos que tal dispositivo autorizou excluir da base de cálculo do PIS e da Cofins, os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização dos produtos por eles entregues à cooperativa. A interpretação que temos desse dispositivo é que nas operações em que foi excluída a integralidade da receita, por se tratar de venda sujeita a suspensão do PIS e da COFINS ou exportação, não há que se falar em excluir os valores repassados aos associados, proporcional a essas receitas, tendo em vista que a base de cálculo do PIS e da COFINS foi zerada pela exclusão da integralidade da receita. Considerando que na venda de produtos agrícolas com suspensão ou exportação a receita foi integralmente excluída da base de cálculo do PIS e da COFINS, os repasses aos associados, foram ajustados pela fiscalização, permitido a exclusão do repasse aos associados, proporcional, a receita de venda de produtos agrícolas, somada a receita de venda de bens de fabricação própria tributadas no mercado interno, pela soma da receita total da venda de produtos agrícolas com a venda de bens de fabricação própria. 10.2 Venda de Mercadorias aos Associados (...) Período: agosto/2004 a dezembro/2008 A partir do mês de agosto/2004 os insumos e sementes vendidos aos associados tiveram as alíquotas para o PIS e a COFINS reduzidas a zero, portanto, a receita foi excluída a título de venda de mercadorias alíquota zero, tendo anulado (zerado) as bases de cálculo da venda de mercadorias aos associados. (...) as bases de cálculo do PIS e da COFINS foram zeradas pela exclusão da receita sujeita a alíquota zero, não tendo como excluir outra vez, pois, irá afetar a base de cálculo da receita dos demais Fl. 531DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 523 19 setores sujeitos a tributação. Com isto, estamos glosando o valor das mercadorias aos associados a partir do mês de agosto/2004, haja vista a contribuinte ter informado na resposta ao termo de intimação fiscal n° 0003, tratarse de venda de insumos e sementes que tiveram as alíquotas para o PIS e COFINS reduzidas a zero. 10.3 Receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados. (...) Em nenhum aspecto da legislação verificamos que a legislação autorizou a exclusão da receita de venda de produtos industrializados pela cooperativa, a título de receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados. Na resposta ao termo de intimação fiscal n° 0003, a contribuinte informa que os valores das receitas excluídas a título de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados é originária da comercialização de produtos industrializados pela cooperativa, por sua conta e risco, adquiridos dos associados. 10.4 Custos Agregados (...) os mesmos somente podem ser considerados se existe base de cálculo tributável pelo PIS e COFINS, no mesmo sentido do valor dos repasses aos associados. O valor do custo agregado foi ajustado de forma proporcional à receita de venda de produtos agrícolas tributados pelo PIS e COFINS. (...) Como se observa no trecho acima, no caso do Repasse aos Associados, Vendas de produtos aos associados e Custos agregados, essas exclusões da base de cálculo das contribuições, específicas das cooperativas, somente são permitidas se a cooperativa apresentar base de cálculo positiva após as exclusões da receita bruta. Conforme já tinha esclarecido a fiscalização à contribuinte no Termo de Intimação nº 001, "Caso a receita bruta da cooperativa tenha sofrido exclusões com base no que determina a legislação que trata das isenções do PIS e da Cofins nas operações de venda no mercado externo (exportação); venda com suspensão, alíquota zero e substituição tributária das mencionadas contribuições, não há que se falar nas exclusões específicas aplicadas às cooperativas (art. da MP 2.15835/2001 e art. 17 da Lei nº 10.684/2003), pois, se a base de cálculo foi zerada não há mais o que ser excluído". No caso, a contribuinte efetuou as exclusões da base de cálculo específicas para as cooperativas sem levar em consideração que já tinha excluído da receita bruta as receitas de exportações e as receitas de venda de produtos com suspensão, alíquota zero ou substituição tributária; ocorrendo a exclusão em duplicidade das mesmas receitas, tanto na receita bruta total como na base de cálculo das contribuições. Assim, entendo correto o procedimento adotado pela fiscalização. Quanto à exclusão da receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados, ela não foi permitida, pois conforme informado pela própria contribuinte, na verdade, tratavamse de receitas obtidas na comercialização de produtos industrializados pela cooperativa, o que não encontra amparo na legislação, nem no inciso IV (receitas de beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado) ou no inciso II (receitas de vendas aos associados) do art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, nem em outro dispositivo legal. Fl. 532DF CARF MF 20 De forma que não cabe reforma na decisão recorrida nesta parte, relativamente às exclusões das bases de cálculo das contribuições. 5) Previsão Legal para a incidência da Selic Por fim, alega a recorrente que os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela Selic, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. No entanto, a pretensão da recorrente encontra obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins e também ao PIS/Pasep, por força do art. 15 dessa Lei, que assim dispõem: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...) Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) De outra parte, a previsão legal de atualização do valor pela taxa Selic, nos termos do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995, ora transcrito, somente é aplicável para os casos de compensação e restituição, mas não para o ressarcimento: Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. (...) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% Fl. 533DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 524 21 relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Vide Lei nº 9.532, de 1997) [negrito desta Relatora] Ademais, como bem esclareceu o Conselheiro Relator Bernardo Motta Moreira, em seu Voto no Acórdão nº 3301002.088, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em sessão de 23/10/2013, parcialmente transcrito abaixo, o entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação expressa de atualização monetária na lei, o que não ocorre para o IPI. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado por ela para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação e à receita no mercado interno tributada e não tributada. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 534DF CARF MF 22 Declaração de Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Peço vênia para divergir da Ilustre Relatora acerca de dois pontos de seu voto. I) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM A partir de Agosto/2004, entendeu a fiscalização autuante que "A partir de agosto/2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial, as quais apuram o crédito presumido em relação às aquisições de pessoas físicas e recebimentos de pessoas físicas (associados de cooperativas), bem como em relação às aquisições de pessoas jurídicas cuja operação foi realizada com suspensão do PIS e da Cofins. Com isso o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria". A Lei nº 10.925/2004 trouxe alteração legislativa ao crédito presumido, permitindoo a partir de agosto de 2004 somente à agroindústria, no caput do art. 8º, para as aquisições de insumo (bens) de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, e no seu §1º, para as aquisições de cerealistas (inciso I) e outras pessoas jurídicas específicas (incisos II e III): Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; [redação original] I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 535DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 525 23 I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) (...) A partir de então, segundo a fiscalização, não haveria mais a possibilidade de aproveitamento do crédito presumido pelo cerealista, como antes havia no §11 da Lei 10.833/2003, ou pelas pessoas jurídicas descritas nos incisos II e III do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, bem como o crédito em relação às receitas de vendas com suspensão efetuadas a essas pessoas, em face da vedação expressa no §4º do referido art. 8°: § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. Ocorre, todavia, que um ponto específico não foi enfrentado pela fiscalização e que é normativamente relevante para a qualificação da Recorrente: a alteração do conceito de cerealista pela Lei nº 11.196/2005, cujo dispositivo do art. 63 entrou em vigor a partir de 22/12/2005. O dispositivo alterou o conceito de cerealista para excluir a atividade de secar como requisito cumulativo para esta qualificação jurídica, passando a ser necessário que a cooperativa exerça apenas as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar, cumulativamente. Desse modo, a empresa que realizar outras atividades além das quatro mencionadas no art. 63 da Lei nº 11.196/2005, se enquadraria não mais no conceito de cerealista, mas sim no de agroindústria, fazendo jus ao crédito pretendido pela Recorrente. Neste caso, a empresa realiza atividade de secagem, o que lhe garante, frente à Lei mencionada, a condição de empresa agroindustrial. Nesse sentido, menciono os acórdãos do TRF4 na Apelação nº 500780019.2013.404.7104/RS e Apelação nº 5005427 12.2013.404.7105/RS, neste último se afirmouse: As atividades desenvolvidas pela impetrante de limpeza, secagem, classificação e armazenagem de produtos in natura de origem vegetal enquadramse no conceito de empresa agroindustrial ao beneficiar os grãos que exporta, fazendo jus, por consequência, ao ressarcimento do crédito presumido, apurado na forma do artigo 8º da Lei 10.925/2004. Assim, a partir da data de 22/12/2005, a Recorrente passou a se enquadrar não mais na condição de cerealista, mas sim na de empresa agroindustrial, com fundamento no art. 63 da Lei nº 11.196/2005, fazendo jus, como reconhecido pela fiscalização, ao crédito presumido a partir desta data. Em razão disso, minha divergência em relação ao voto da Conselheira Relatora cingese apenas quanto ao reconhecimento do direito do Recorrente aos créditos após 22/12/2005. Fl. 536DF CARF MF 24 II) Previsão Legal para a incidência da Selic Alega a recorrente que os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela Selic, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. Por sua vez, a Ilustre Relatora negou tal pretensão afirmando a existência de obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê lo nos meses subseqüentes. Data vênia, entendo que tal leitura dos dispositivos está equivocada. A restrição legal à atualização diz respeito ao período entre a apuração do crédito e o mês de seu aproveitamento, exclusivamente, não abrangendo o período posterior em que o ressarcimento fica obstado pela resistência ilegítima da fiscalização. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou no EAg 1.220.942/SP, nos seguintes termos: “Desse modo, a lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também a chamada “resistência ilegítima” exigida pela Súmula n. 411/STJ. Sendo assim, realinhei a minha opinião no sentido de reconhecer o direito à correção monetária dos créditos por ressarcimento desde o protocolo dos pedidos administrativos, devendo ser aplicados os índices que constam do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, inclusive a taxa Selic” De fato, não faria sentido o contribuinte ser penalizado em seu crédito em razão de discordância da fiscalização que, ao final do processo administrativo, se mostrou infundada. Sem a incidência da SELIC sobre este crédito, seu valor seria dilapidado ao longo do às vezes extenso período de duração do PAF. Portanto, parece que a interpretação mais consentânea com a sistemática de aproveitamento de créditos e com o respeito ao direito do contribuinte é aquela que estende a restrição do art. 13 da Lei nº 10.833/2003 apenas ao período entre a apuração do crédito e o pedido de ressarcimento. Uma vez solicitado o ressarcimento, o ônus econômico do tempo não pode recair sobre o contribuinte. Fl. 537DF CARF MF Processo nº 11070.002350/200940 Acórdão n.º 3402003.977 S3C4T2 Fl. 526 25 Assim, voto pela incidência da SELIC sobre o valor do crédito a partir da data de apresentação do pedido de ressarcimento. (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto Conselheiro Fl. 538DF CARF MF
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Numero do processo: 13637.001013/2008-27
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2005
CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - DECADÊNCIA - APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN - EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTOS POR COMPETÊNCIA.
Para aferição da regra decadencial descrita no art. 150, §4º do CTN, são considerados os recolhimentos previdenciários descritos nos autos sobre os mesmos fundamentos legais.
CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para aplicar a retroatividade benigna de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2005 CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - DECADÊNCIA - APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º DO CTN - EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTOS POR COMPETÊNCIA. Para aferição da regra decadencial descrita no art. 150, §4º do CTN, são considerados os recolhimentos previdenciários descritos nos autos sobre os mesmos fundamentos legais. CS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para aplicar a retroatividade benigna de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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Para aferição da regra decadencial descrita no art. 150, §4º do CTN, são considerados os recolhimentos previdenciários descritos nos autos sobre os mesmos fundamentos legais. CS OBRIGAÇÃO PRINCIPAL APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites, é necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade e aplicação da retroatividade benigna deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial para aplicar a retroatividade benigna de acordo com a portaria PGFN/RFB AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 63 7. 00 10 13 /2 00 8- 27 Fl. 302DF CARF MF 2 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.194.9084, lavrado contra o contribuinte identificado acima (optante pelo SIMPLES), consolidado em 23/12/2008, no valor de R$ 4.643,99 (Quatro mil, seiscentos e quarenta e três reais, noventa e nove centavos), já acrescidos de juros e multa de mora, correspondente aos pagamentos feitos à UNIMED BARBACENA e lançados como prólabore do sócio José Luiz de Souza Júnior, nos seguintes períodos: 10/2003, 12/2003, 01/2004, 03/2004 a 08/2004 e de 10/2005 a 12/2005. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG julgado o lançamento procedente. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 08/02/2012, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2403001.051, com o seguinte resultado: "Acordam os membros do colegiado, nas preliminares, por unanimidade de votos, em determinar a decadência até o período 11/2003, inclusive, com base no art. 150, §4º, do CTN. No mérito, determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96),prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte.” O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO – CUSTEIO ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA NÃO APRECIAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 3 3 A legislação ordinária de custeio previdenciário não pode ser afastada em âmbito administrativo por alegações de inconstitucionalidade, já que tais questões são reservadas à competência, constitucional e legal, do Poder Judiciário. Neste sentido, o art. 26A, caput do Decreto 70.235/1972 e a Súmula nº 2 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária. PREVIDENCIÁRIO – CUSTEIO INOBSERVÂNCIA DE REGULARIDADE NO LANÇAMENTO NÃO OCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PREVIDENCIÁRIO AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL PERÍODO PARCIALMENTE ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QÜINQÜENAL SÚMULA VINCULANTE STF Nº 8. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991. Após, editou a Súmula Vinculante n º 8, publicada em 20.06.2008, nos seguintes termos:“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Na hipótese dos autos, aplicase o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF RICARF, com a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte. A Recorrente teve ciência do AIOP no dia 24.12.2008, o período do débito é de 10/2003 a 12/2005. Dessa forma, constatase que já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados até a competência 11/2003, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, CTN. PREVIDENCIÁRIO – CUSTEIO VALORES PAGOS A TÍTULO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA PLANOS DE SAÚDE DE Fl. 304DF CARF MF 4 ACESSO RESTRITO AO CORPO GESTOR DA ORGANIZAÇÃO OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR O saláriodecontribuição compreende a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho. Constituem fatos geradores os valores concedidos aos empregados a titulo de assistência médica em relação à parte paga cujo acesso era permitido somente ao corpo gestor da organização. PREVIDENCIÁRIO – CUSTEIO TAXA SELIC APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Neste sentido, há a Súmula nº 4 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente estabelece a aplicação da taxa SELIC. PREVIDENCIÁRIO – CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ACRÉSCIMOS LEGAIS JUROS E MULTA DE MORA ALTERAÇÕES DADAS PELA LEI 11.941/2009 RECÁLCULO DA MULTA MAIS BENÉFICA ART. 106, II, C, CTN. Até a edição da Lei 11.941/2009, os acréscimos legais previdenciários eram distintos dos demais tributos federais, conforme constavam dos arts. 34 e 35 da Lei 8.212/1991. A Lei 11.941/2009 revogou o art. 34 da Lei 8.212/1991 (que tratava de juros moratórios), alterou a redação do art. 35 (que versava sobre a multa de mora) e inseriu o art. 35A, para disciplinar a multa de ofício. Visto que o artigo 106, II, c do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo) para determinação e prevalência da multa de mora mais benéfica. Ressalvase a posição do Relator, vencida nesta Colenda Turma, na qual se deve determinar o recálculo dos acréscimos legais na forma de juros de mora (com base no art. 35, Lei 8.212/1991 c/c art. 61, § 3º Lei 9.430/1996 c/c art. 5º, § 3º Lei 9.430/1996) e da multa de ofício (com base no art. 35A, Lei 8.212/1991 c/c art. 44 Lei 9.430/1996), com a prevalência dos acréscimos legais mais benéficos ao contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 09/04/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 13/05/2012, o presente Recurso Especial. Em Fl. 305DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 4 5 seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação aos seguintes aspectos: a) decadência, e b) retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2400 242/2013, da 4ª Câmara, de 20/03/2013. O recorrente traz como alegações, em relação ao item “a” – decadência, que: · no presente caso, não se operou lançamento por homologação algum, afinal, a contribuinte não antecipou o pagamento do tributo, tendo em vista que não individualizou o fato gerador e não efetuou o recolhimento antecipado da contribuição em comento, e por conta disso, operouse o lançamento de ofício da exação, na linha preconizada pelo art. 173, I, do CTN, que assim dispõe: · o STJ, em sede de recurso repetitivo, já confirmou tal entendimento, não deixando espaços para outras divagações ou interpretações, senão a amplamente defendida pela Fazenda Pública: ainda que se trate de tributo sujeito ao lançamento sob a modalidade por homologação, não ocorrendo a antecipação do pagamento do tributo apurado, para aferição do prazo decadencial, deverá ser aplicada a regra prevista no artigo 173, inciso I, do CTN, independentemente da constatação de ocorrência de fraude, dolo ou simulação na espécie. · verificase no caso dos autos, que o contribuinte não efetuou antecipação de pagamento das contribuições lançadas, conforme DAD de fls. 04/07, razão pela qual a regra a ser utilizada para a contagem do prazo decadencial é a constante do artigo 173, I, do CTN. · para fins de aplicação da norma contida no §4º, artigo 150 do CTN, o recolhimento deve se referir a fato gerador reconhecido, pois o fisco não teria como homologar pagamento em relação a fato não admitido pelo contribuinte no campo de incidência da contribuição, afinal, como consta no paradigma, somente se antecipa algo que se pretende pagar. · no caso, os valores pagos à UNIMED BARBACENA passaram a integrar o salário de contribuição para fins de contribuição como retirada indireta do sócio José Luiz de Souza Júnior, e como essas verbas não foram reconhecidas pelo contribuinte, no momento oportuno, não se tem a antecipação de recolhimentos, pois o contribuinte não admite a incidência da contribuição sob tal rubrica. · Se não há reconhecimento do fato gerador, não há como se aceitar que houve antecipação da contribuição previdenciária, logo, constatada a inexistência de recolhimento, aplicase o art. 173< I do CTN. · Em relação ao item “b” retroatividade benigna obrigação acessória, o recorrente requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a Fl. 306DF CARF MF 6 aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2403001.051, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 01/11/2013, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 307DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 5 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 712. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito As questão objeto do recurso referemse, resumidamente, a regra para aferição da decadência quinquenal, bem como, a retroatividade benigna quanto à natureza das multas aplicadas nos autos de infração de contribuições previdenciárias após a MP 449/2008, convertida na lei nº 11.941/2009. Antes mesmo de apreciar a correta aplicação da regra decadencial no acórdão recorrido, passemos a considerações acerca do tema. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade Fl. 308DF CARF MF 8 previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173, I ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. Fl. 309DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 6 9 No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Contudo, conforme descrito no relatório deste voto, tratase de lavratura de AIOP de contribuições a cargo da empresa (optante pelo SIMPLES) destinadas a Seguridade Social, correspondente aos ,pagamentos feitos a UNIMED BARBACENA e lançados como retirada prólabore do Sócio José Luiz De Souza Junior. Dessa forma, embora, inicialmente concordasse com a tese esboçada pela ilustre procuradora de, em inexistindo recolhimento antecipado da rubrica, a decadência deveria ser operada a luz do art. 173, I do CTN, entendo não ser esse o caso dos autos. Podemos extrair do relatório fiscal, que os levantamentos referemse a contribuintes individuais (pro labore indiretos); dessa forma, em existindo GPS que possam aproveitar esse fundamento legal, para efeitos de cumprimento da exigência legal de recolhimento antecipado , há de se aplicar o art. 150, §4º do CTN. Vejamos trecho do acórdão recorrido: O meu posicionamento se identifica com o direcionamento do Superior Tribunal de Justiça – STJ e com a primeira corrente doutrinária exposta no sentido de no caso de tributo lançado por homologação, desde que haja a antecipação de pagamento e não se configure os casos de dolo, fraude ou simulação, se aplica a regra especial disposta no art. 150, § 4º, CTN, conforme se depreende do REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF – RICARF. Na hipótese presente, verificase que o Relatório de Documentos Apresentados – RDA, disposto às fls. 14 a 16, apresenta, em todas as competências objeto do presente AIOP, 10/2003 a 12/2005, pagamentos realizados pela Recorrente a homologar pela Auditoria Fiscal. Então, aplicandose o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF – RICARF, exsurge a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte, além de não se materializar as hipóteses de dolo, fraude ou simulação. Verificase, da análise dos autos, que a cientificação do AIOP pela Recorrente, às fls. 01, se deu em 24.12.2008 e o débito se refere a contribuições devidas à Seguridade Social no seguinte período: 10/2003 a 12/2005. Dessa forma, nos termos do artigo 150, § 4o, CTN, constatase que já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos lançados até a competência 11/2003, inclusive. Ao contrário do que argumenta a procuradoria, a existência de recolhimentos antecipados pode ser detectada pela análise não apenas do relatório DAD, mas pelo conjunto de relatórios que compõem o auto de infração em conjunto com o relatório fiscal. Fl. 310DF CARF MF 10 No caso dos autos, às fls. 14 e 17 podemos detectar a existência de GPS apresentadas tanto para competência 10/2003, como para competência 11/2003, competências essas, sob reapreciação. Note que o lançamento em questão referese a contribuição de contribuinte individual, (já que é baseada na retirada indireta de prolabore), razão pela qual existido a apropriação de valores sobre o mesmo fundamento legal, como nas paginas citadas, passível de se adotar a regra decadencial vertida no art. 150, §4º do CTN. Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 23/12/2008, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 24/12/2008. Os fatos geradores sob reapreciação envolvem as competência 10/2003 a 11/2003. Dessa forma, a luz do art. 150, §4º do CTN, considerando a demonstração nos autos de GPS recolhidas, correta a exclusão das competências, razão pela qual NEGO PROVIMENTO ao recurso especial, não havendo o que ser alterado na decisão proferida quanto a este ponto.. Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 7 11 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no Fl. 312DF CARF MF 12 caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e Fl. 313DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 8 13 II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da Fl. 314DF CARF MF 14 contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 13637.001013/200827 Acórdão n.º 9202005.228 CSRFT2 Fl. 9 15 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as Fl. 316DF CARF MF 16 penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para qu,e a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 317DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912297/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.964
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara /2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Recorrente CASA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE VALINHOS GRUPO GENTE NOVO RUMO Recorrida FAZENDA NACIONAL ACORDAM os membros da 4ª Câmara /2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu o Pedido de Restituição Eletrônico PER, referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF. Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos do § 7º do art. 195, c/c 146, inc. II, ambos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Isso porque tem a natureza jurídica de associação civil sem fins lucrativos e o objetivo de prestar assistência integral à criança e ao adolescente, na forma dos arts. 203 da CF/88 e 2º do Estatuto da Criança. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 12 29 7/ 20 12 -8 1 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10830.912297/201281 Resolução nº 3402000.964 S3C4T2 Fl. 3 2 Uma vez processada a manifestação de inconformidade, esta foi julgada improcedente nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 RESTITUIÇÃO. PIS – FOLHA DE PAGAMENTO. ATIVIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. INCIDÊNCIA. São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salário, e não sobre o faturamento, as instituições beneficentes de assistência social, de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, quando atendidas as condições e requisitos legais. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido.. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs o recurso voluntário em que alegou, em suma: (i) que é imune ao pagamento do PIS, haja vista o disposto no art. 195, § 7º, c.c. o art. 146, inciso II, ambos da Magna Lex, bem como o disposto no art. 14 do CTN; e, ainda (ii) que a recorrente atende todos os requisitos estabelecidos em lei para gozar da imunidade citada e que, para o período em tela, foi declarada entidade pública federal, nos termos da Portaria Federal n. 685, de 04/04/2007, bem como possui o CEBAS Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social, sob o n. 71000.114296/200930. É o relatório. Resolução Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402000.939, de 28 de março de 2017, proferida no julgamento do processo 10830.912270/201298, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402000.939: "5. O presente recurso voluntário preenche os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 6. Como visto alhures, tratase de pedido de ressarcimento com o fito de ver reconhecido crédito de PIS decorrente da imunidade da recorrente, uma vez que a mesma enquadrarseia no conceito de entidade beneficente. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10830.912297/201281 Resolução nº 3402000.964 S3C4T2 Fl. 4 3 7. Para provar sua condição de entidade beneficente, a recorrente anexa à sua manifestação de inconformidade os documentos de fls. 21/28 [(i) certificado de utilidade pública nacional, emitido pelo Ministério da Justiça; (ii) atestado de registro no Conselho Nacional de Assistência Social; (iii) Portaria Municipal que reconhece o caráter assistencial da recorrente; e, ainda, (iv) cópia da lei municipal n. 4.812/2012, que autoriza a concessão de subvenções às entidades assistenciais do Município de Valinhos, dentre as quais encontrase a recorrente]. 8. Não obstante, juntamente com seu recurso voluntário, o contribuinte apresenta outro documento (fl. 65) que atestaria sua condição de entidade beneficente. Tratase do ofício n. 959/20013, emitido pela Coordenação Geral de Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social, que assim comunica: 9. Da análise de todos os documentos aqui tratados, é possível cogitar que, de fato, a recorrente enquadrase no conceito de entidade assistencial apta a gozar de imunidade tributária. Acontece que, todos os documentos trazidos nos autos pela recorrente com o escopo de provar tal condição referemse à momento posterior ao período do crédito em análise, o qual diz respeito ao mês de fevereiro de 2006 (fl. 32). 10. Neste diapasão, tendo em vista que o acervo probatório trazidos aos autos aparentemente induz à conclusão de que a recorrente preenche as condições para gozar de imunidade tributária, bem com ainda pautado pela ideia de instrumentalidade do processo, resolvo por converter o presente julgamento em diligência para que a unidade preparadora providencie: Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10830.912297/201281 Resolução nº 3402000.964 S3C4T2 Fl. 5 4 · a intimação do contribuinte para apresentar o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social CEBAS válido para o período do crédito aqui vindicado. 11. É a resolução." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório alegado, também foram juntados em cópias nestes autos. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, convertese o presente julgamento em diligência, para que a unidade preparadora intime o contribuinte para apresentar o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social CEBAS válido para o período do crédito aqui vindicado. Após, retornemse os autos para julgamento. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.904298/2009-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 26/06/2001
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 26/06/2001
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 26/06/2001
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.177
Decisão:
ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 26/06/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 26/06/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 26/06/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado.
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COMPENSAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Recorrente VITROTEC VIDROS DE SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 26/06/2001 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 26/06/2001 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificase na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 26/06/2001 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 42 98 /2 00 9- 64 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 3 2 ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra o Acórdão 1429.683, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativa ao IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado no PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, onde alegou, em sede preliminar, que a fundamentação legal genérica do Despacho Decisório implicou cerceamento do seu direito de defesa. No mérito, sustentou que o direito à restituição decorre de recolhimento a maior de IPI face a erro de classificação de seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705). Os mesmos foram classificados na posição 7007 (Vidros de Segurança), com alíquota de 15% de IPI, quando o correto, segundo motivos, julgados e princípio da seletividade, deveria ser na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ/RPO julgoua IMPROCEDENTE, nos termos do Acórdão 1429.683, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 26/06/2001 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 4 3 RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como pára brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.171, de 20 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 13839.904308/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.171): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 5 4 Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 6 5 TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 7 6 Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13839.904298/200964 Acórdão n.º 3301003.177 S3C3T1 Fl. 8 7 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.012624/2008-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DIRPF. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999.
Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°).
PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL.
Comprovado o efetivo pagamento, é permitida a dedução da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física, de pensão alimentícia judicial, em face das normas do Direito de Família.
Numero da decisão: 2202-003.798
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa relativa à pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente
(assinado digitalmente)
Cecilia Dutra Pillar - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CECILIA DUTRA PILLAR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DIRPF. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999. Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Comprovado o efetivo pagamento, é permitida a dedução da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física, de pensão alimentícia judicial, em face das normas do Direito de Família.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa relativa à pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada.
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DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999. Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Comprovado o efetivo pagamento, é permitida a dedução da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física, de pensão alimentícia judicial, em face das normas do Direito de Família. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa relativa à pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 26 24 /2 00 8- 16 Fl. 101DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento lavrada em 01/12/2008 (fls. 12/18), relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, decorrente de revisão da Declaração de Ajuste Anual do IRPF do exercício de 2005, ano calendário de 2004, em que foram glosados, por falta de comprovação documental, valores indevidamente deduzidos a título de: · Previdência Privada e FAPI no valor de R$ 1.040,67; · Despesas com instrução no valor de R$ 1.998,00; · Despesas médicas no valor de R$ 3.004,96; · Pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12. O contribuinte apresentou impugnação tempestiva alegando: 1. Que a Receita Federal a deveria atentar para engano cometido com relação aos dados fornecidos pelo INSS e Fundação desde o termo de separação judicial em 1994, em Bancos Real e Bradesco; 2. Anexou documento referente à internação hospitalar no ano de 2008. A 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP), julgou improcedente a impugnação, conforme acórdão nº 1745.808, de 04/11/2010 (fls. 41/44), uma vez que o interessado não trouxe aos autos nenhum elemento que pudesse contrapor os lançamentos. Cientificado dessa decisão por via postal em 08/12/2010, (A.R. de fls. 47), o interessado apresentou Recurso Voluntário em 20/12/2010 (fls. 48), onde requer a anistia prevista no Decreto Presidencial de 2007/2009 e alega dificuldade em juntar elementos de prova aos autos, devido a graves problemas de saúde. O processo estava distribuído para relatoria do Conselheiro José Raimundo Tosta Santos, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento deste CARF. Em Resolução de 20/06/2012 (fls. 59/60), aquele colegiado, por unanimidade, converteu o julgamento em diligência, para que a repartição fiscal de origem juntasse aos autos os extratos das DIRF's apresentadas pelas fontes pagadoras indicadas pelo contribuinte em sua DIRPF às fls. 20 e elaborasse relatório conclusivo acerca da existência de retenção a título de pensão judicial pelas fontes pagadoras, com posterior ciência do contribuinte. Em informação de 27/08/2012 (94/95) a fiscalização relata que na DIRF à época, as deduções correspondiam à soma dos valores relativos a dependentes, contribuições para a previdência social da União, dos Estados e dos Municípios, contribuições para entidades de previdência privada domiciliadas no Brasil e para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi) e também a pensão alimentícia paga em face das normas de direito de família, não sendo possível afirmar se o valor de R$ 24.193,12, deduzido pelo contribuinte a título de Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10830.012624/200816 Acórdão n.º 2202003.798 S2C2T2 Fl. 102 3 pensão alimentícia, estaria entre as rubricas do campo "deduções" das DIRF's 2004. Informa ter intimado o contribuinte a apresentar cópia dos demonstrativos de pagamento referentes ao período de 01/2004 a 12/2004, fornecidos pelas fontes pagadoras INSS e Fundação CESP, que contivessem a informação dos valores retidos a título de pensão alimentícia. Em resposta à intimação o contribuinte apenas informou estar impossibilitado de apresentar os documentos solicitados. Em 24/09/2012 o contribuinte, atendendo à solicitação fiscal, apresenta os comprovantes de pagamento do INSS e da Fundação CESP, anexados aos autos às fls. 73/91 e, às fls. 97, a fiscalização anexa relatório conclusivo onde confirma a dedução de R$ 24.193,12, referente a pensão alimentícia e propõe o cancelamento da glosa efetuada a este título, com a alteração do resultado da Notificação de Lançamento. Retornaram os autos ao CARF. De acordo com o art. 6º da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprovou o atual Regimento Interno do CARF, as Turmas Ordinárias da 1ª Câmara das Seções de Julgamento foram extintas. Devido ao afastamento do Conselheiro José Raimundo Tosta Santos, os autos foram distribuídos a esta 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF, para minha relatoria. É o Relatório. Voto Conselheira Cecilia Dutra Pillar, relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais formalidades legais, portanto dele conheço. Dos valores glosados a apurados na Notificação de Lançamento, apenas as importâncias relativas à pagamento de pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12 restaram devidamente comprovadas nestes autos, devendo ser afastada sua glosa e restabelecida a dedução declarada pelo contribuinte. Conforme disposto no § 3º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 e no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, abaixo transcrito, todas as deduções estão sujeitas a comprovação: RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Assim, não tendo sido comprovadas pelo interessado, as deduções relativas a Previdência Privada e FAPI, despesas com instrução e despesas médicas, mantémse a glosa de tais valores. CONCLUSÃO Fl. 103DF CARF MF 4 Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a glosa relativa a pensão alimentícia judicial no valor de R$ 24.193,12. (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Fl. 104DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.724003/2011-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO POR ERRO DE CÁLCULO. INOCORRÊNCIA.
Não são cabíveis embargos inominados quando inexistentes na decisão embargada inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e/ou erros de escrita ou de cálculo, devendo ser rejeitados os embargos em espécie.
Numero da decisão: 1401-001.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, a acolher os Embargos propostos, porém rejeitá-los, uma vez que não estão presentes os pressupostos de seu cabimento.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa (Relator), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Abel Nunes de Oliveira Neto.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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INEXATIDÃO POR ERRO DE CÁLCULO. INOCORRÊNCIA. Não são cabíveis embargos inominados quando inexistentes na decisão embargada inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e/ou erros de escrita ou de cálculo, devendo ser rejeitados os embargos em espécie. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, a acolher os Embargos propostos, porém rejeitálos, uma vez que não estão presentes os pressupostos de seu cabimento. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa (Relator), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Abel Nunes de Oliveira Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 40 03 /2 01 1- 61 Fl. 1616DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos Inominados devido a inexatidão material por lapso manifesto, propostos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba PR (DRF/CTA) em face do Acórdão nº 0634.051, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba PR (DRJ/CTA), de 19 de outubro de 2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007, 2008 NULIDADE. Além de não se enquadrar nas causas enumeradas no artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se tratar de caso de inobservância dos pressupostos legais para lavratura do auto de infração, é incabível falar em nulidade do lançamento quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal. INEXATIDÃO DOS CÁLCULOS DA EXIGÊNCIA. EXAME NA FASE LITIGIOSA DO PROCEDIMENTO FISCAL. MATÉRIA DE MÉRITO. Uma vez instaurada a fase litigiosa do procedimento fiscal, cabe à autoridade julgadora analisar a procedência ou não do lançamento fiscal, mediante apreciação das alegações de defesa apresentadas pela impugnante, inclusive quanto à exatidão dos cálculos da exigência fiscal, cujo exame constitui matéria de mérito. ATOS SOCIETÁRIOS OCORRIDOS EM PERÍODO DE APURAÇÃO JÁ DECAÍDO. REFLEXOS TRIBUTÁRIOS EM PERÍODOS NÃO ALCANÇADOS PELA DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE DE QUESTIONAMENTO NO LANÇAMENTO FISCAL. Considerando que os efeitos tributários contestados pela autoridade fiscal ocorreram em período não alcançado pelo prazo decadencial de cinco anos, por ocasião da ciência do lançamento fiscal, descabe a alegação de impossibilidade de questionamento da legalidade de atos societários ocorridos em período já decaídos e cujos reflexos tributários estão agora repercutindo; acrescentese que é dever da contribuinte manter e exibir os documentos que apóiam seus registros contábeis, ainda que tenha como origem um fato anterior ocorrido em período de apuração fiscal já decaído, inclusive quando praticado pela empresa incorporada, haja vista a pessoa jurídica dever conservar os documentos de sua escrituração relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, enquanto não ocorrido a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. FUNDAMENTO ECONÔMICO EM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA DE EMPRESA CONTROLADA. TRANSAÇÃO DOS SÓCIOS COM ELES MESMOS. AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA. Fl. 1617DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.606 3 É descabida a amortização pela contribuinte de ágio interno, com fundamento econômico em expectativa de rentabilidade futura de empresa controlada, pois não é possível reconhecer uma maisvalia de um investimento quando originado de transação dos sócios com eles mesmos, haja vista a ausência de substância econômica na operação e de não resultar de um processo imparcial de valoração, num ambiente de livre mercado e de independência entre as duas companhias. ENCARGOS FINANCEIROS DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS. RECURSOS CAPTADOS NÃO APLICADOS NOS INVESTIMENTOS AOS QUAIS SE DESTINAVAM. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS E NÃO USUAIS OU NORMAIS ÀS ATIVIDADES EXPLORADAS PELA EMPRESA. Considerando que são necessárias as despesas pagas ou incorridas para realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa, atendidos também os critérios da usualidade e normalidade no tipo de transação, operação ou atividades desenvolvidas pela empresa, não há como se acatar a dedutibilidade dos encargos financeiros de empréstimos obtidos cujos recursos captados acabaram sendo aplicados no mercado financeiro, ao invés de serem direcionados aos investimentos aos quais se destinavam. PERDAS APURADAS EM OPERAÇÕES DE SWAP COM FINALIDADE DE HEDGE. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE SER DESPESAS NECESSÁRIA, USUAL OU NORMAL ÀS ATIVIDADES EXPLORADAS PELA EMPRESA. A dedução das perdas apuradas em operações de swap com finalidade de hedge operações destinadas, exclusivamente, à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preço ou de taxas depende da comprovação de ser despesa necessária, usual ou normal às atividades exploradas pela empresa. LUCROS DISPONIBILIZADOS POR EMPRESA CONTROLADA LOCALIZADA NA ARGENTINA. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO. A convenção internacional para evitar a dupla tributação firmada com a Argentina impede que o Brasil exija tributos da empresa controlada/coligada localizada na Argentina, mas não veda a tributação dos lucros distribuídos ou postos à disposição do acionista domiciliado no Brasil, em função de sua participação societária naquela, que tem natureza de dividendos; o fato de a controladora no Brasil deter mais de 10% do capital da controlada/coligada na Argentina não torna o lucro por esta disponibilizado isento do imposto de renda no Brasil, haja vista o imposto pago na Argentina referirse ao “Impuesto a Las Ganancias”, que incide sobre o lucro apurado, e não sobre os dividendos por ela disponibilizados. GANHO DE CAPITAL. INTEGRALIZAÇÃO DE AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL MEDIANTE CONFERÊNCIA DAS AÇÕES DE EMPRESA CONTROLADA. VALOR DE INTEGRALIZAÇÃO NÃO DETERMINADO COM FUNDAMENTO ECONÔMICO EM RENTABILIDADE FUTURA. Fl. 1618DF CARF MF 4 A integralização pela contribuinte do aumento do capital social de investida mediante conferência das ações de controlada, cujo valor não foi nessa operação determinado com fundamento econômico em expectativa de rentabilidade futura, exige apuração do eventual ganho de capital, considerandose como valor de alienação o do aumento do capital constante da alteração contratual, pois não se trata de mera substituição de ativos, mas da materialização da transmissão onerosa da propriedade da participação societária, fato que configura ato jurídico correspondente a espécie do gênero alienação. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA AVALIADA PELO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. ÁGIO CONSTITUÍDO NA AQUISIÇÃO COM FUNDAMENTO ECONÔMICO EM RENTABILIDADE FUTURA. POSTERIOR CONTABILIZAÇÃO DE DESPESAS ADICIONAIS APURADAS PELA INVESTIDA E RELATIVAS A PERÍODOS ANTERIORES À AQUISIÇÃO PELA INVESTIDORA. RECONHECIMENTO INDEVIDO NA INVESTIDORA A TÍTULO DE COMPLEMENTO DO ÁGIO. O valor do ágio constituído com fundamento econômico em rentabilidade futura, sobre participação societária adquirida de terceiros, deve ser apurado pela investidora mediante desdobramento do custo de aquisição, por ocasião da aquisição do investimento avaliado pelo patrimônio líquido; as despesas adicionais apuradas pela investida, com base em novas verificações efetuadas em procedimento de auditoria, acarretam diminuição do patrimônio líquido (ou aumento do patrimônio líquido negativo) da investida, cujo reflexo deve ser sido reconhecido pela investidora (controladora) mediante equivalência patrimonial e não pode alterar o valor do ágio originalmente constituído; assim, o valor contabilizado como complemento de ágio não deve ser considerado na apuração do custo contábil dessa participação societária para efeito de apuração do ganho de capital. GANHO DE CAPITAL. VALOR CONTÁBIL DE INVESTIMENTO AVALIADO PELO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. O valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido corresponde à soma algébrica dos seguintes valores: I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento; III provisão para perdas que tiver sido computada, como dedução, na determinação do lucro real. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS EM VALOR SUPERIOR AO DO SALDO COMPENSÁVEL DE EXERCÍCIOS ANTERIORES. A compensação de prejuízos fiscais, observado o limite de 30% do lucro líquido ajustado, fica limitada ao saldo compensável de exercícios anteriores, cujo valor foi, no presente processo, absorvido pelo valor tributável das demais infrações apuradas nos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008 Fl. 1619DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.607 5 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MENSAL DEVIDO POR ESTIMATIVA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto mensal devido por estimativa, por pessoa jurídica que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada de 50%. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. COMPATIBILIDADE. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do anocalendário, com base no lucro real anual. DECORRÊNCIA. CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constantes do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento à CSLL. DESPESAS DESNECESSÁRIAS. Inexiste na legislação aplicável à CSLL determinação para adição à base de cálculo do valor das despesas desnecessárias e não usuais ou normais para realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa. CSLL. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO. INAPLICABILIDADE. As disposições contidas na Convenção firmada pelo Brasil com a Argentina, para evitar a dupla tributação em matéria de impostos sobre a renda, não se aplicam à CSLL por esta ter sido instituída posteriormente, ser uma contribuição com fim específico e não se enquadrar na definição de imposto idêntico ou substancialmente semelhante ao imposto de renda. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Segundo a Embargante, após julgamento do Recurso Voluntário, foi apurado equívoco nos cálculos constantes do Acórdão da DRJ/CTA em relação às bases de cálculo mantidas das multas isoladas de IRPJ e CSLL dos períodos de 04/2007, 05/2007, 06/2007 e 12/2007. Alega que, no Acórdão da DRJ/CTA, parte das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL dos períodos de 04/2007, 05/2007 e 06/2007 foram indevidamente transferidas para o período de 12/2007, não obstante o valor final da base de cálculo de ambas as formas ser o mesmo. Veja trecho do Acórdão da DRJ/CTA em que foi reproduzido o suposto erro de cálculo das multas isoladas (destaques são meus): (Início da transcrição do Acórdão da DRJ/CTA) Fl. 1620DF CARF MF 6 (...) DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO MANTIDO 2. Por conseguinte, é de se manter a exigência de R$ 78.069.477,19 de IRPJ e 24.224.070,29 de CSLL, além de 36.768.660,96 de Multa de Ofício Isolada de IRPJ e R$ 11.294.322,11 de Multa Isolada de CSLL: VALOR MANTIDO IRPJ (R$) INFRAÇÕES APURADAS Discrim. Amort. Ágio Perdas hedge Desp. finac. Lucros exter. Ganho capital TOTAL AC.2007 . jan 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . fev 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . mar 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . abr 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . mai 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . jun 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . jul 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . ago 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . set 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . out 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . nov 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . dez 704.259,84 0,00 0,00 0,00 394.901.618,15 395.605.877,99 Soma 8.451.118,08 0,00 0,00 0,00 394.901.618,15 403.352.736,23 Compensação de prejuízo fiscal do período 72.063.232,30 Compensação de prejuízo fiscal de período anterior 68.330.768,82 Base de cálculo 262.958.735,11 IRPJ (alíquota 15% + adicional) 65.715.683,78 VALOR MANTIDO – CSLL (R$) INFRAÇÕES APURADAS Discrim. Amort. Ágio Perdas hedge Desp. finac. Lucros exter. Ganho capital TOTAL AC 2007 . jan 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . fev 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . mar 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . abr 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . mai 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . jun 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . jul 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . ago 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . set 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . out 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . nov 704.259,84 0,00 0,00 0,00 0,00 704.259,84 . dez 704.259,84 0,00 0,00 0,00 394.901.618,15 395.605.877,99 Soma 8.451.118,08 0,00 0,00 0,00 394.901.618,15 403.352.736,23 Compensação de base de cálculo negativa do período 72.063.232,30 Compensação de base de cálculo negativo de período anterior 81.290.532,59 Base de cálculo 249.998.971,34 CSLL (alíquota 9%) 22.499.907,42 Fl. 1621DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.608 7 BASE DE CÁLCULO DA ESTIMATIVA DE IRPJ (R$) DIPJ Lançamento Fiscal (valor mantido) Discrim. L.Real antes comp.prej.fisc. L.Real após comp.prej.fisc. Valor tribut. mantido L.Real antes comp.prej.fisc. Compensação prejuízo fiscal L.Real após comp.prej.fisc. AC 2007 . jan 1.258.435,55 1.258.435,55 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . fev 1.377.449,62 1.377.449,62 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . mar 2.575.482,54 2.575.482,54 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . abr 297.401,04 297.401,04 704.259,84 406.858,80 122.057,64 284.801,16 . mai 371.258,16 371.258,16 704.259,84 333.001,68 99.900,50 233.101,18 . jun 1.147.931,15 1.147.931,15 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . jul 69.808.812,27 69.808.812,27 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . ago 25.193.752,39 25.193.752,39 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . set 8.812.767,80 8.812.767,80 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . out 7.269.238,77 7.269.238,77 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . nov 5.172.651,05 5.172.651,05 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . dez 9.588.292,16 9.588.292,16 395.605.877,99 328.436.863,93 67.474.976,83 260.961.887,10 Soma 72.063.232,30 72.063.232,30 403.352.736,23 331.289.503,93 68.330.768,82 262.958.735,11 BASE DE CÁLCULO DA ESTIMATIVA DE CSLL (R$) DIPJ Lançamento Fiscal (valor mantido) Discrim. Base cálc.antes comp.BC neg. Base cálc.após comp.BC neg. Valor tribut. mantido Base cálc.antes comp.BC neg. Compensação base cálc.neg. Base cálc.após comp.BC neg. AC 2007 . jan 1.258.435,55 1.258.435,55 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . fev 1.377.449,62 1.377.449,62 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . mar 2.575.482,54 2.575.482,54 704.259,84 704.259,84 211.277,95 492.981,89 . abr 297.401,04 297.401,04 704.259,84 406.858,80 122.057,64 284.801,16 . mai 371.258,16 371.258,16 704.259,84 333.001,68 99.900,50 233.101,18 . jun 1.147.931,15 1.147.931,15 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . jul 69.808.812,27 69.808.812,27 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . ago 25.193.752,39 25.193.752,39 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . set 8.812.767,80 8.812.767,80 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . out 7.269.238,77 7.269.238,77 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . nov 5.172.651,05 5.172.651,05 704.259,84 0,00 0,00 0,00 . dez 9.588.292,16 9.588.292,16 395.605.877,99 328.436.863,93 80.434.740,60 248.002.123,33 Soma 72.063.232,30 72.063.232,30 403.352.736,23 331.289.503,93 81.290.532,59 249.998.971,34 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA SOBRE DIFERENÇA DE ESTIMATIVAS (R$) IRPJ CSLL Discrim. L.Real após comp.prej.fisc. Diferença Estimat.IRPJ Multa de ofício isolada IRPJ Base cálc.após comp.BC neg. Diferença Estimat.CSLL Multa de ofício isolada CSLL AC 2007 . jan 492.981,89 121.245,47 60.622,74 492.981,89 44.368,37 22.184,19 . fev 492.981,89 121.245,47 60.622,74 492.981,89 44.368,37 22.184,19 . mar 492.981,89 121.245,47 60.622,74 492.981,89 44.368,37 22.184,19 Fl. 1622DF CARF MF 8 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA SOBRE DIFERENÇA DE ESTIMATIVAS (R$) IRPJ CSLL Discrim. L.Real após comp.prej.fisc. Diferença Estimat.IRPJ Multa de ofício isolada IRPJ Base cálc.após comp.BC neg. Diferença Estimat.CSLL Multa de ofício isolada CSLL . abr 284.801,16 69.200,29 34.600,15 284.801,16 25.632,10 12.816,05 . mai 233.101,18 56.275,30 28.137,65 233.101,18 20.979,11 10.489,56 . jun 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . jul 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . ago 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . set 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . out 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . nov 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 . dez 260.961.887,10 65.226.471,78 32.613.235,89 248.002.123,33 22.320.191,10 11.160.095,55 Soma 262.958.735,11 65.715.683,78 32.857.841,91 249.998.971,34 22.499.907,42 11.249.953,73 TOTAL 36.768.660,96 11.294.322,11 (...) (Término da transcrição do Acórdão da DRJ/CTA) Conforme planilha acostada aos Embargos opostos, podese verificar a diferença entre as bases de cálculo (da DRJ/CTA e da DRF/CTA) das multas isoladas dos períodos 04/2007, 05/2007, 06/2007 e 12/2007: (Início da transcrição dos Embargos) (...) Fl. 1623DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.609 9 Fl. 1624DF CARF MF 10 (...) (Término da transcrição dos Embargos) Na análise da admissibilidade dos embargos, assim me pronunciei: Após análise dos cálculos apresentados no acórdão embargado e na peça e Embargos, como bem observado pela unidade da administração tributária encarregada pela liquidação e execução do acórdão, observo que a DRJ/CTA pode ter se equivocado no cálculo das multas isoladas do IRPJ e da CSLL dos períodos de 04/2007, 05/2007, 06/2007 e 12/2007, ao deslocar indevidamente valores das bases de cálculo dos períodos 04/2007, 05/2007, 06/2007 para o período de 12/2007. Desta forma, entendo cabível a aplicação do art. 66 do RICARF, para fins de aplicação do prazo para interposição dos Embargos, que podem ser aceitos como Embargos inominados, smj, pela constatação da subsunção dos fatos ora apontados com o lapso manifesto de erro de cálculo alegado. Desta feita, proponho que sejam ADMITIDOS os embargos interpostos. Com base nesse pronunciamento, o Presidente desta Turma proferiu, então, o seguinte despacho admitindo os embargos: Com fundamento nas razões expendidas na informação retro, declaro a procedência das alegações suscitadas, de forma que ADMITO os embargos de declaração interpostos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba PR em face do Acórdão nº 0634.051, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba PR, de 19 de outubro de 2011, para sanear a supracitada inexatidão material por lapso manifesto. É o Relatório. Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.610 11 Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Relator Quanto aos requisitos de admissibilidade, convém observar que a embargante interpôs os embargos em período muito posterior ao prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 1º do art. 65 do Regimento Interno do CARF (RICARF), que foi aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. § 1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão: Entretanto, como já dito, os embargos foram propostos com base no art. 66 do RICARF (embargos inominados), que trata de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e/ou erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão. Veja a redação regimental: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Como se vê, a propositura de tais embargos não segue a previsão temporal (prazo de 5 dias) prevista no § 1º do art. 65 do RICARF, não havendo, por conseguinte, prazo máximo previsto para interposição do recurso. A jurisprudência desta corte traz a aplicação do prazo em relação aos embargos inominados, conforme se verifica em trecho de ementa de decisão da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF: EMBARGOS INOMINADOS. CABIMENTO. São cabíveis embargos inominados, que não se sujeitam ao prazo de 5 (cinco) dias, na hipótese de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto ou erros de escrita ou de cálculo, nos termos do art. 66, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015). (Acórdão 9101002.216 1ª Turma) Assim sendo, para que se aplique o dispositivo acima, devese verificar se efetivamente ocorreu a inexatidão material conforme alega a Embargante. Fl. 1626DF CARF MF 12 Na admissibilidade, havia me manifestado quanto à possibilidade de admissão dos embargos com base no artigo citado acima: Desta forma, entendo cabível a aplicação do art. 66 do RICARF, para fins de aplicação do prazo para interposição dos Embargos, que podem ser aceitos como Embargos inominados, smj, pela constatação da subsunção dos fatos ora apontados com o lapso manifesto de erro de cálculo alegado. Pois bem. O que se deve perquirir aqui neste julgamento é quem tem razão no cálculo das multas isoladas de IRPJ e CSLL: autoridade fiscal, DRJ/CTA ou DRF embargante? Apresento abaixo resumo não numérico dos 3 (três) cálculos em discussão: 1) Fiscalização para o cálculo de cada mês indicado acima, a autoridade fiscal considerou um valor negativo de base, decorrente do pagamento a maior efetuado nos meses anteriores, em razão do lucro fiscal acumulado do mês corrente ser menor do que o (lucro fiscal acumulado) dos meses anteriores. É como se a fiscalização tivesse aproveitado o saldo negativo do IRPJ e da CSLL do período acumulado imediatamente anterior, convertendoo em prejuízo fiscal e base de cálculo negativa, e transportando tais valores para o período acumulado corrente. Entretanto, a fiscalização equivocadamente não considerou, no cálculo, o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa (compensação dos 30%) de períodos anteriores. 2) DRJ/CTA a partir de pleito da empresa autuada, a DRJ partiu da mesma base de cálculo considerada pela fiscalização, entretanto, ao contrário do fisco, considerou o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa (compensação dos 30%) de períodos anteriores. 3) DRF embargante a embargante não considerou os valores negativos de base acima destacados. Entretanto, no seu cálculo, aproveitou o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa (compensação dos 30%) de períodos anteriores. Assim, o cálculo efetuado pela DRJ e pela embargante se equivalem no final do ano de 2007, devido à cumulatividade da forma de apuração dos balancetes de suspensão e redução dos tributos, mas não se equivalem ao longo do ano (de 2007), gerando a discussão trazida aqui nos embargos. Pois bem. Em análise dos cálculos da multa isolada de IRPJ e de CSLL por falta de recolhimento de estimativas mensais, posso concluir que a embargante não tem razão ao indicar erro de cálculo, por parte da DRJ/CTA, dos períodos de 04, 05, 06 e 12/2007. Passo a explicar. A autoridade lançadora é quem elaborou a planilha a partir da qual a turma da DRJ/CTA se utilizou para refazer o cálculo da multa isolada. Aliás, o pleito pelo recálculo da multa foi trazido pela empresa em sua peça impugnatória, reproduzido no relatório do acórdão da DRJ (fl. 1.145), e reconhecido pela DRJ/CTA no acórdão de sua lavra (fl. 1.189), veja: (Relatório constante no Acórdão da DRJ/CTA) Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.611 13 d) o agente fiscal cometeu equívocos ao calcular tal penalidade, posto não ter deduzido da base de cálculo das estimativas mensais ajustadas os prejuízos acumulados e o saldo da base de cálculo negativa da CSLL, exigindo multa isolada que excede em R$ 13.891.225,06 o valor que seria, em princípio, devido. (...) (Voto constante no Acórdão da DRJ/CTA) 175. Cabe razão à impugnante no que se refere à compensação dos saldos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa de CSLL de períodos anteriores na apuração dos débitos de IRPJ e CSLL devidos por estimativa, porquanto tais antecipações foram calculadas com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução do pagamento do imposto, o qual deve ser levantado com observância das leis comerciais e fiscais, conforme previsto no artigo 230, § 1º, do RIR de 1999. 176. Dessa forma, voto por considerar procedente em parte a exigência da multa de ofício isolada, cujo valor deve ser recalculado em função da exoneração parcial das infrações apuradas nos tópicos anteriores do presente voto. Como se poderá observar abaixo, a planilha que foi juntada pela autoridade fiscal ao auto de infração (e que foi reproduzida no relatório deste acórdão) traz os valores de multa para os meses de 01 a 05/2007 e 12/2007, mas não apresenta valor para o mês de 06/2007. Veja abaixo que os valores mensais que compuseram as multas isoladas de IRPJ e de CSLL constantes no auto de infração coincidem com as planilhas anexas ao auto de infração. Outrossim, as bases de cálculo das multas, de cuja fiscalização partiu coincidem com as bases de cálculo apresentadas pela DRJ/CTA: Total da Multa Isolada IRPJ 2006 e 2007 Fl. 1628DF CARF MF 14 Composição da Multa Isolada IRPJ 2006 Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.612 15 Composição da Multa Isolada IRPJ 2007 Fl. 1630DF CARF MF 16 Total da Multa Isolada CSLL 2006 e 2007 Fl. 1631DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.613 17 Composição da Multa Isolada CSLL 2006 Fl. 1632DF CARF MF 18 Composição da Multa Isolada CSLL 2007 Fl. 1633DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.614 19 Fl. 1634DF CARF MF 20 No mês de 04/2007, por exemplo, a autoridade fiscal e a DRJ/CTA partem do valor de prejuízo fiscal (do próprio mês) de R$ 297.401,04. Esta é a base de cálculo do valor de R$ 76.350,25, que a empresa pagou a maior nos meses de 01 a 03/2007, pelo fato de ter apurado um lucro real menor acumulado no mês 04/2007. Como a base de cálculo decorrente da autuação é R$ 704.259,84, a fiscalização partiu da base de R$ 704.259,84 R$ 297.401,04 = 406.858,80, e compensou 30% de prejuízo de períodos anteriores 406.858,80 122.057,64 (30% de 406.858,80), chegando à base de autuação de R$ 284.801,16. Esta metodologia de cálculo se repete nos meses seguintes. Tanto a autoridade fiscal quanto a DRJ/CTA aproveitaram esta base de cálculo para o lançamento constante no auto de infração. Este é o equívoco, a meu ver, que a embargante comete ao trazer o cálculo das multas que, supostamente, deveria prevalecer, pois, ao contrário da fiscalização e da DRJ/CTA, partiu do valor 0 (zero) para o cálculo da multas isoladas, nas situações em que houve recolhimento a maior no acumulado dos períodos anteriores. Ou seja, no cálculo da multa do mês de 04/2007, a embargante parte do valor de R$ 704.259,84, e não do valor de R$ 406.858,80. Como se vê, a DRJ/CTA alterou o cálculo das multas isoladas do IRPJ e da CSLL efetuado pela fiscalização, mas partiu da mesma base apurada pelo fisco. De outra banda, a embargante apresenta novo cálculo, inserindo inclusive novos lançamentos em período que não havia sido lançado pela fiscalização, por exemplo, o mês de 06/2007. Neste caso, cabe afastar o pedido da embargante pois entendo que a DRJ/CTA calculou corretamente o valor das multas isoladas do IRPJ e da CSLL. Diante do exposto, voto por conhecer dos embargos inominados para REJEITÁLOS, conforme as razões acima aduzidas. Fl. 1635DF CARF MF Processo nº 10980.724003/201161 Acórdão n.º 1401001.820 S1C4T1 Fl. 1.615 21 (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 1636DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12326.000859/2010-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
ANISTIA POLÍTICA. ISENÇÃO.
Somente aqueles valores que representem efetivamente reparação econômica, pagos com recurso do Tesouro Nacional, em razão de ato do Ministro da Justiça, é que podem ser considerados isentos.
AÇÃO TRABALHISTA. VERBAS RECONHECIDAS. JUROS DE MORA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.
Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais sobre verbas trabalhistas pagas em atraso em decorrência de sua natureza indenizatória.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. PERÍODO ATÉ ANO-BASE 2009. DECISÃO DO STF DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO DO ART. 12 DA LEI 7.713/88 COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REPRODUÇÕES OBRIGATÓRIAS PELO CARF.
Conforme decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência).
Numero da decisão: 2301-004.907
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do Recurso Voluntário e dar-lhe provimento parcial, nos termos do voto do relator; votou pelas conclusões o conselheiro Fábio..
Andrea Brose Adolfo - Presidente.
Alexandre Evaristo Pinto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Fabio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Maria Anselma Croscato dos Santos e Alexandre Evaristo Pinto.
Nome do relator: ALEXANDRE EVARISTO PINTO
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ISENÇÃO. Somente aqueles valores que representem efetivamente reparação econômica, pagos com recurso do Tesouro Nacional, em razão de ato do Ministro da Justiça, é que podem ser considerados isentos. AÇÃO TRABALHISTA. VERBAS RECONHECIDAS. JUROS DE MORA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais sobre verbas trabalhistas pagas em atraso em decorrência de sua natureza indenizatória. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. PERÍODO ATÉ ANOBASE 2009. DECISÃO DO STF DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO DO ART. 12 DA LEI 7.713/88 COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REPRODUÇÕES OBRIGATÓRIAS PELO CARF. Conforme decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do Recurso Voluntário e darlhe provimento parcial, nos termos do voto do relator; votou pelas conclusões o conselheiro Fábio.. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 32 6. 00 08 59 /2 01 0- 13 Fl. 79DF CARF MF 2 Andrea Brose Adolfo Presidente. Alexandre Evaristo Pinto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Fabio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Maria Anselma Croscato dos Santos e Alexandre Evaristo Pinto. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 1253.811, de 18/03/2013, (fls. 48 a 54). Contra o contribuinte foi lavrada Notificação de Lançamento em decorrência de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda referente ao Exercício de 20008, AnoCalendário de 2007, resultando no imposto de renda suplementar de R$ 14.427,14, acrescido de multa de ofício e juros de mora regulamentares, perfazendo o crédito total de R$ 27.967,00, uma vez que a fiscalização apurou Omissão de Rendimentos recebidos da Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de R$ 66.046,59, com IRRF sobre a omissão de R$ 1.981,40. Na impugnação, o contribuinte alegou em síntese que: (a) o interessado seria anistiado político e isento do imposto de renda, com base na Lei nº 10.559, de 2002; (b) a importância de R$ 66.046,59 recebida por precatório em razão de decisão judicial proferida nos autos do processo nº 96.00193851, que tramitou na 26ª Vara Cível Federal do Rio de Janeiro seria isenta do IRPF; (c) parte do valor corresponderia a juros que o Contribuinte recebeu em virtude de decisão judicial, que teria nítido caráter indenizatório, na forma do art. 404 do Código Civil, não podendo haver incidência do imposto de renda sobre os juros; (d) devemse observar, para efeitos de incidência tributária, os valores mensais (de outubro de 1988 a setembro de 1992) e não o montante global recebido, bem como a alíquota da época, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça. A DRJ julgou a impugnação improcedente, e o acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 ANISTIA POLÍTICA. ISENÇÃO. Somente aqueles valores que representem efetivamente reparação econômica, pagos com recurso do Tesouro Nacional, em razão de ato do Ministro da Justiça, é que podem ser considerados isentos. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 12326.000859/201013 Acórdão n.º 2301004.907 S2C3T1 Fl. 80 3 RENDIMENTOS OBTIDOS ACUMULADAMENTE. DECISÃO JUDICIAL. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Os rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente até 31 de dezembro de 2009 estão sujeitos à incidência do imposto de renda, juntamente com os juros e atualização monetária, no mês do recebimento ou crédito, devendo ser informados ainda na declaração de ajuste anual. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. O entendimento exposto em decisões judiciais fica restrito aos litigantes das respectivas ações, não se cogitando da extensão de seus efeitos jurídicos ao caso em epígrafe. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso administrativo reiterando os argumentos utilizados na impugnação, assim como juntou a Portaria do Ministro da Justiça que ratificou a anistia do recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. Da Isenção pelo IRPF dos Rendimentos pagos a Título de Indenização para os Anistiados Políticos Com relação à omissão de rendimentos da Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de R$ 66.046,59, o recorrente alega fazer jus à isenção do imposto de renda, em razão de sua condição de anistiado político. Vale lembrar que a isenção do IRPF para os valores pagos a título de indenização está prevista no parágrafo único do artigo 9º da Lei nº 10.559/2002, que assim dispõe: “Art. 9º Os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de contribuição ao INSS, a caixas de assistência ou fundos de pensão ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas responsabilidades estatutárias. Parágrafo único. Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda”. Tal dispositivo foi regulamentado pelo Decreto 4.897/2003, que assim dispõe: Fl. 81DF CARF MF 4 “Art. 1o Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda, nos termos do parágrafo único do art. 9o da Lei no 10.559, de 13 de novembro de 2002. § 1o O disposto no caput inclui as aposentadorias, pensões ou proventos de qualquer natureza pagos aos já anistiados políticos, civis ou militares, nos termos do art. 19 da Lei no 10.559, de 2002”. Embora a Lei nº 10.559/02 tenha criado novo regime aos anistiados políticos, instituindo o direito a reparação econômica, isso não significa que todos os rendimentos pagos a título de indenização por anistia política são alcançados pela isenção. Assim, somente aqueles valores que representem efetivamente reparação econômica, pagos com recurso do Tesouro Nacional, em razão de ato do Ministro da Justiça, nos termos desse dispositivo, é que podem ser considerados isentos. Diante da constatação pelo DRJ da falta de apresentação de ato do Ministro da Justiça conferindo a natureza de reparação econômica isenta do IRPF, o recorrente apresentou no Recurso Voluntário cópia da Resolução n. 2.938 do Ministro da Justiça, pelo qual o recorrente foi declarado anistiado político (fl. 70). Ocorre que embora tal ato do Ministro da Justiça (fl. 70) declare o recorrente como anistiado político, tal ato também dispõe expressamente que é negada qualquer reparação econômica ao recorrente. Em outras palavras, o próprio documento trazido pelo recorrente para demonstrar a sua condição de anistiado político demonstra de forma inequívoca que ele não faz jus à reparação econômica do artigo 1º, II, da Lei nº 10.559/02, que seria aquela passível de isenção pelo IRPF, nos termos do artigo 9º, parágrafo único, da Lei nº 10.559/02. Ante o exposto, voto pela improcedência do recurso voluntário no que tange à isenção pelo IRPF dos rendimentos recebidos no valor de R$ 66.046,59, uma vez que tais rendimentos não possuem natureza de indenização de reparação econômica ao anistiado político conforme ato do Ministro da Justiça, de número n. 2.938, de 3 de setembro de 2009 (fl. 70). Não Incidência do Imposto de Renda sobre os Juros de Mora No que tange à não incidência do imposto de renda sobre os juros de mora incidentes sobre os rendimentos relativos ao período de outubro de 1988 a setembro de 1992, cumpre destacar que decidiu o STJ no REsp nº 1.227.133 sob rito do artigo 543C do CPC que sobre os juros de mora devidos ao reclamante em ações trabalhistas não há incidência do IRPF pela sua natureza indenizatória, independentemente da incidência ou não do imposto sobre a verba principal: RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 12326.000859/201013 Acórdão n.º 2301004.907 S2C3T1 Fl. 81 5 ... Não é possível a incidência de imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do atraso no pagamento de verbas de natureza trabalhista reconhecidas por decisão judicial, visto que os valores que deles decorrem não representam renda tributável, tratandose de hipótese de não incidência tributária, não importando a natureza da verba principal, pois, abrangendo os juros moratórios eventuais danos materiais e, ou apenas, imateriais, não podem ser entendidos como acréscimo patrimonial, já que se destinam à recomposição do patrimônio lesado, não se enquadrando na norma do artigo 43 do CTN. Ademais, conforme o artigo 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, o entendimento do STJ deverá ser reproduzido por essa turma: Art. 62 (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por tudo, voto por dar provimento ao recurso voluntário no que tange à não incidência do imposto de renda sobre os juros de mora incidentes sobre os rendimentos relativos ao período de outubro de 1988 a setembro de 1992. Rendimentos Recebidos Acumuladamente Aplicação do Regime de Competência Com relação à tributação pelo IRPF dos rendimentos conforme os valores mensais das alíquotas da época (de outubro de 1988 a setembro de 1992), cumpre destacar que, tal qual exposto no Acórdão do DRJ, no anocalendário de recebimento de rendimentos pelo recorrente, vigia o artigo 12 da Lei nº 7.713, de 1988, que possuía a seguinte redação: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Todavia, a Lei 12.350, de 2010 introduziu o art. 12A da Lei nº 7.713, de 1988, que definiu como regra, a tributação exclusiva na fonte para os rendimentos recebidos acumuladamente, quando decorrentes de rendimentos do trabalho, aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma, pagos pelas entidades públicas de previdência social: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês Fl. 83DF CARF MF 6 do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Incluído pela Lei 12.350, de 2010) Não há dúvida sobre a aplicação do art. 12A da Lei nº 7.713/88 para os exercícios posteriores a 2010, no entanto, poderia haver dúvida sobre a aplicação do referido artigo para os exercícios anteriores a 2010, tal qual o caso em tela em que os rendimentos foram recebidos em 2009. Ocorre que a questão da tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente de períodos até o anocalendário 2009 foi recentemente objeto do Acórdão CSRF 9202003.695, julgado em 27/01/2016, o qual recebeu a seguinte ementa: IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Dessa forma, voto no sentido de que o imposto sobre a renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente seja calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e darlhe parcial provimento para que (a) não haja incidência do imposto de renda sobre os juros de mora, e (b) o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente seja calculado utilizando se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes no mês em que a parcela foi reconhecida como devida, na decisão judicial, segundo os critérios estabelecidos pelo Resp. 1.470.720. Alexandre Evaristo Pinto Relator Fl. 84DF CARF MF
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