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Numero do processo: 10945.721929/2013-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009, 2010
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA.
Tributam-se, mensalmente, como rendimentos omitidos, os acréscimos patrimoniais a descoberto, caracterizados por sinais exteriores de riqueza, que evidenciam a renda auferida e não declarada, não justificados pelos rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte.
Com o fim de contrapor-se ao acréscimo patrimonial a descoberto, incumbe ao contribuinte apresentar provas da existência de rendimentos declarados suficientes para fazer frente às aquisições de bens e direitos do seu patrimônio.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL.
Para justificar os rendimentos no fluxo financeiro mensal com lucros distribuídos de empresa da qual o contribuinte seja sócio é necessário prova inequívoca da efetiva existência e da transferência dos recursos, cabendo o ônus probatório ao contribuinte, o qual tem interesse em prevalecer os fatos que sustenta como fundamento à sua pretensão.
A escrituração das empresas mantida conforme as disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados, desde que os registros contábeis estejam lastreados por documentos hábeis e idôneos das operações ali escrituradas.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. DISPONIBILIDADE DE CAIXA. ORIGEM DOS RECURSOS. COMPROVAÇÃO.
A simples declaração de disponibilidade de caixa, referente à situação patrimonial no início ou final do ano-calendário, não se presta para demonstrar a existência e a origem dos recursos em espécie, salvo prova inconteste a cargo do contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-004.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, para: a) por unanimidade, retificar o valor originalmente excluído pela DRJ, nos termos do voto do relator; b) por maioria, negar provimento às demais questões, nos termos do voto vencedor, vencidos o relator e as conselheiras Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. Declarou-se impedido o conselheiro Carlos Alexandre Tortato.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess.- Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ÔNUS DA PROVA. Tributamse, mensalmente, como rendimentos omitidos, os acréscimos patrimoniais a descoberto, caracterizados por sinais exteriores de riqueza, que evidenciam a renda auferida e não declarada, não justificados pelos rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte. Com o fim de contraporse ao acréscimo patrimonial a descoberto, incumbe ao contribuinte apresentar provas da existência de rendimentos declarados suficientes para fazer frente às aquisições de bens e direitos do seu patrimônio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. Para justificar os rendimentos no fluxo financeiro mensal com lucros distribuídos de empresa da qual o contribuinte seja sócio é necessário prova inequívoca da efetiva existência e da transferência dos recursos, cabendo o ônus probatório ao contribuinte, o qual tem interesse em prevalecer os fatos que sustenta como fundamento à sua pretensão. A escrituração das empresas mantida conforme as disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados, desde que os registros contábeis estejam lastreados por documentos hábeis e idôneos das operações ali escrituradas. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. DISPONIBILIDADE DE CAIXA. ORIGEM DOS RECURSOS. COMPROVAÇÃO. A simples declaração de disponibilidade de caixa, referente à situação patrimonial no início ou final do anocalendário, não se presta para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 19 29 /2 01 3- 92 Fl. 827DF CARF MF 2 demonstrar a existência e a origem dos recursos em espécie, salvo prova inconteste a cargo do contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, darlhe provimento parcial, para: a) por unanimidade, retificar o valor originalmente excluído pela DRJ, nos termos do voto do relator; b) por maioria, negar provimento às demais questões, nos termos do voto vencedor, vencidos o relator e as conselheiras Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. Declarouse impedido o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess. Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 828DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório PEDRO PEREIRA DE OLIVEIRA, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 3a Turma da DRJ em Brasília/DF, Acórdão nº 0362.564/2014, às efls. 743/759, que julgou parcialmente procedente o Auto de Infração exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de acréscimo patrimonial a descoberto, em relação aos exercícios 2009 e 2010, conforme peça inaugural do feito, às efls. 452/463, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 21/11/2013 (AR. fl. 471), nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, ou seja, excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. Com mais especificidade, restou configurada a omissão de rendimentos por parte do contribuinte, a qual se caracteriza pela existência de dispêndios não suportados por rendimentos ou origens conhecidas nos valores de R$ 1.043.772,41 no anocalendário de 2008 e de R$ 5.025.662,90 no anocalendário de 2009, conforme Demonstrativos de Variação Patrimonial Fluxos de Caixa Financeiros, de fls. 447 e 451. Inconformado com a Decisão recorrida, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 763/802, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, primeiramente suscitando a valorização da documentação contábil, porque é do fisco o ônus probatório das acusações, pois o Demonstrativo, às fls. 447/451, apresenta diversas inconsistências e erros, os quais serão esclarecidos e comprovados pela contribuinte através da escrituração contábil da empresa Habitabem Imóveis LTDA., bem como os lançamentos na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, uma vez revestidos das formalidades legais, estão acobertados pela presunção de veracidade. Esclarece existirem lançamentos não correspondentes à realidade dos valores declarados e comprovados, os quais diminuem a monta dos recursos recebidos pelo Recorrente ou, ao contrário, aumentam de maneira infundada suas aplicações ou dispêndios, o prejudicando sobremaneira, rebatendo pontualmente cada um deles: Quanto a alienação do veiculo Toyota Corolla, esclarece que os autuantes teriam lançado recursos no montante de R$16.300,00 pela venda do automóvel Toyota Corolla no anocalendário de 2008, entretanto, tal alienação constava no histórico do bem na Declaração de Ajuste, pelo valor de R$32.000,00. Fl. 829DF CARF MF 4 Afirma que a fiscalização utilizou o valor constante da declaração do impugnante como base para o lançamento da venda, mas não observou o valor da venda informado no histórico, ou seja, R$32.000,00. Em relação ao contrato de empréstimo FCRG153.08.00355 – Banco da Amazônia, neste caso a fiscalização também utilizou como fonte a declaração do impugnante, onde consta o valor de R$248.882,64, que é incorreto, uma vez que o valor certo do empréstimo é de R$995.530,50, conforme cédula rural pignoratícia e hipotecária (fls.284/293), que este é o valor correto disponibilizado integralmente em 20/06/2008. No tangente ao empréstimo do Banco da Amazônia FCRG153.08.00355, discorda da despesa lançada pelo Fisco como decorrente de pagamento do empréstimo acima mencionado, no valor de R$248.882,64, sob o argumento de que o valor total de R$995.530,50 teria sido disponibilizado em 20/06/2008, e que o vencimento inicial da Cédula Rural seria 10/06/2010 (fl.291). No anocalendário de 2008, teria adquirido 477 animais, devidamente informados na Declaração de Ajuste, não tendo adquirido animais no anocalendário de 2009. Os animais restantes, previstos na Cédula, foram adquiridos no “exercício 2010”, o que teria levado a assinatura de termo aditivo à Cédula Rural, prorrogando o vencimento do contrato para 10/12/2010, a fim de que tivesse tempo para engordar e negociar os animais. Solicitando a exclusão de R$248.882,64, das despesas do anocalendário de 2009. Alega que diversas receitas/recursos declaradas pelo recorrente não foram considerados como fluxo de caixa pelo fiscal, o prejudicando demasiadamente, como por exemplo os lucros e dividendos recebidos da empresa Habitabem. Quanto aos lucros e dividendos recebidos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, esclarece que apesar de ter apresentado os comprovantes de rendimentos pagos (fls.298/300) e cópias do Livro Razão Analítico (fls.301/302) da empresa pagadora, a Fiscalização não teria levado em consideração os lucros distribuídos ao impugnante durante os anoscalendário investigados. Estaria juntando aos autos na impugnação, cópias dos livros Diário e Razão devidamente registrados na Junta Comercial, restando inconteste o pagamento dos valores de R$593.602,00, em 2008 e R$400.080,00, em 2009. Consigna que a empresa realizava pagamentos de diversas despesas suas, conforme relatório gerencial ora anexado (anexo V), depois de apurado o lucro no fechamento do exercício e aprovada a distribuição destes, era feito o acerto dos pagamentos e o registro contábil. Acrescenta que diversos pagamentos de imóveis comprados pela empresa e outros pagamentos, inclusive os relativos a distribuição de lucros, eram feitos por meio de operações realizadas pelo caixa da empresa, com repasse de cheques de terceiros ou dinheiro vivo. Aduz que a autoridade autuante não questiona a distribuição de lucros ou a contabilidade da empresa, mesmo porque caberia a ela provar a inveracidade dos fatos registrados, nos termos do artigo 26, do Decreto 7574/2011. Informa haver disponibilidade financeira de um ano para o outro devendo ser levados em consideração como origens de recursos, uma vez que já teriam sido oferecidos a tributação. Acrescenta que os valores declarados são justificados pelos lucros distribuídos pela Fl. 830DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 4 5 empresa Habitabem, colacionando jurisprudência do CARF apontando no sentido de que estes valores devem ser aproveitados. Lista também diversos imóveis que teriam sido alienados durante o período fiscalizado e as receitas obtidas não foram levadas em conta pela Fiscalização. Destaca o fato de que a Fiscalização, diversas vezes, considerou créditos/recursos no fluxo de caixa a partir das informações declaradas pelo impugnante e, em outros casos deixa de aceitar créditos em idêntica situação, constantes na mesma declaração, sem qualquer justificativa. Salienta que os imóveis eram vendidos e a transferência era realizada diretamente pela empresa Habitabem, por simples prática negocial. Assevera que os instrumentos particulares de compra e venda dos seguintes imóveis já se encontram nos autos: Lote 08, da quadra 51 (Mun. Lucas do Rio Verde/MT, fls.406/407); Lote23, Qd 51 (Mun.Lucas do Rio Verde/MT, fls.409/410). No que tange aos demais imóveis listados, sustenta que suas alienações constam das respectivas matrículas/escrituras, podendo à Receita Federal solicitálas, uma vez que não lhe foram disponibilizadas em tempo hábil para acompanhar o recurso. Alega e aponta existir diversos empréstimos com pessoas jurídicas e pessoas físicas, devendo esses recursos serem considerados no fluxo de caixa produzido pela RFB, como recursos tomados no anocalendário de 2009, devendo ser respeitado o Código de Processo Civil. Por último, alega haver um evidente erro no acórdão recorrido, pois na parte dispositiva há um equivoco no montante exonerado quanto ao anocalendário 2009. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 831DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE IMPEDIMENTO DOS CONSELHEIROS REPRESENTANTES DA FAZENDA NACIONAL Na tribuna o Patrono do contribuinte argüiu o impedimento dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional, em virtude da MP 765/2016 que instituiu o programa de produtividade e o bônus de eficiência. Sem tecer maiores comentários sobre a Portaria CARF que regulamentou a matéria, apenas deixando não concordar com tal medida, o impedimento no ponto de vista deste Conselheiro é de caráter pessoal, não cabendo a este considerar outrem impedido ou não. Nesse ponto, deve ser afastada a preliminar suscitada pelo Patrono nos termos do documento anexado ao presente acórdão. Voltando a demanda especificamente falando, de conformidade com a peça vestibular do feito, a lavratura do presente auto de infração se deu em virtude da configuração da omissão de rendimentos por parte do contribuinte, a qual se caracteriza pela existência de dispêndios não suportados por rendimentos ou origens conhecidas nos valores de R$ 1.043.772,41 no anocalendário de 2008 e de R$ 5.025.662,90 no anocalendário de 2009, conforme Demonstrativos de Variação Patrimonial Fluxos de Caixa Financeiros, de fls. 447 e 451. Por sua vez, ao analisar a impugnação e documentos ofertados pelo contribuinte, a autoridade julgadora de primeira instância entendeu por bem afastar em parte o crédito tributário, sob os fundamentos que culminaram na seguinte conclusão: "pela procedência em parte da Impugnação, para excluir da base de cálculo do imposto de renda os valores de R$217.159,79, no exercício de 2009 e R$710.128,98, no exercício de 2010, o que importa manutenção de imposto devido no valor de R$1.414.090,30, a ser acrescido de juros moratórios e multa de ofício de 75%." Ainda irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, ora objeto de análise, suscitando ser improcedente o auto por diversos fundamentos, para melhor compreensão e organização, trataremos de maneira individualizada cada argumento. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivo legal que fundamenta a infração de acréscimo patrimonial a descoberto, mais precisamente o artigo 55, XII, do RIR/99, que dispõe: "Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): [...]XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo Fl. 832DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 5 7 não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva;" Nessa infração, cabe ao Fisco comprovar o acréscimo patrimonial resultante da diferença entre as aplicações ou dispêndios e as origens, ficando dispensado de provar, no caso concreto, a omissão de rendimentos. É que se trata de uma presunção legal, na qual compete ao contribuinte, para afastar a presunção, provar que o fato presumido não existe no caso. Conforme se depreende do dispositivo legal encimado, bem como dos elementos constantes dos autos, de fato, o presente lançamento decorre de presunção. No entanto, tratase de presunção legal – júris, que desdobrase, ensinam os doutrinadores, em presunções "juris et de jure" e "juris tantum". As primeiras não admitem prova em contrário são verdades indiscutíveis por força de lei. Por sua vez, as presunções "juris tantum" (presunções discutíveis), fato conhecido induz à veracidade de outro, até a prova em contrário. Elas recuam diante da comprovação contrária ao presumido. Serve de bom exemplo a presunção de liquidez certa da dívida inscrita, que pode ser ilidida por prova inequívoca. (CTN, art. 204 e parágrafo único). Na hipótese vertente, a fiscalização partiu dos valores declarados pelo próprio contribuinte para determinar grande parte das aplicações dos recursos, entretanto, não há qualquer irregularidade neste procedimento, uma vez que se presumem verdadeiras as declarações do contribuinte, que, quando solicitado pela Fiscalização, cabe ao contribuinte o ônus da prova em contrário, por tratarse de presunção juris tantum, albergada por lei, mas passível de comprovação do contrário presumido. sempre devem estar respaldadas em documentos hábeis e idôneos. O mesmo vale para a contabilidade de empresas. Neste diapasão, a autoridade fiscal pode, a seu critério, solicitar documentos para comprovar qualquer valor ou informação constante das declarações de ajuste anual, bem como, considerar como verdadeiros outros valores sem que haja qualquer irregularidade nisso. Sobre a matéria, dispõe o artigo 147 do Código Tributário Nacional, in verbis: "Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação." Conforme se extrai da legislação encimada, tornase evidente e claro que o Fiscal agiu na estrita legalidade. Isto posto, passaremos a analisar os argumentos do recorrente, vejamos: a) LANÇAMENTOS NO FLUXO DE CAIXA ANOCALENDÁRIO 2008 Esclarece existirem lançamentos não correspondentes à realidade dos valores declarados e comprovados, os quais diminuem a monta dos recursos recebidos pelo Recorrente Fl. 833DF CARF MF 8 ou, ao contrário, aumentam de maneira infundada suas aplicações ou dispêndios, o prejudicando sobremaneira, rebatendo pontualmente cada um deles: a.1) Alienação do veículo Corolla Quanto a alienação do veiculo Toyota Corolla, esclarece que os autuantes teriam lançado recursos no montante de R$16.300,00 pela venda do automóvel Toyota Corolla no anocalendário de 2008, entretanto, tal alienação constava no histórico do bem na Declaração de Ajuste, pelo valor de R$32.000,00. Afirma que a fiscalização utilizou o valor constante da declaração do impugnante como base para o lançamento da venda, mas não observou o valor da venda informado no histórico, ou seja, R$32.000,00. Sem razão a recorrente! In casu, o contribuinte apenas alega constar na sua Declaração de Ajuste a alienação do veículo Toyota Corolla pelo montante de R$ 32.000,00, devendo ser este o considerado. A recorrente não colaciona aos autos nenhum documento capaz de corroborar seus argumentos, sabemos que é de fácil comprovação o valor o qual um veículo é alienado, seja por um Contrato de Compra e Venda, seja por cópia do DUT (Documento Único de Transferência) do veículo preenchido, Termo de Vistoria, entre diversas outras formas, assim sendo, o pleito do contribuinte não merece ser acolhido. a.2) Contrato de Empréstimo FCRG153.08.00355 junto ao Banco da Amazônia Em relação ao contrato de empréstimo FCRG153.08.00355 – Banco da Amazônia, neste caso a fiscalização também utilizou como fonte a declaração do impugnante, onde consta o valor de R$248.882,64, que é incorreto, uma vez que o valor correto do empréstimo é de R$995.530,50, conforme cédula rural pignoratícia e hipotecária (fls.284/293), que este é o valor correto disponibilizado integralmente em 20/06/2008. Também discorda da despesa lançada pelo Fisco como decorrente de pagamento do empréstimo acima mencionado, no valor de R$248.882,64, sob o argumento de que o valor total de R$995.530,50 teria sido disponibilizado em 20/06/2008, e que o vencimento inicial da Cédula Rural seria 10/06/2010 (fl.291). Em que pesem as razões ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, senão vejamos: Primeiramente é importante explicitar alguns aspecto quanto os contratos de empréstimos rurais, esses têm destinação précontratada, e conseqüentemente, os bancos somente disponibilizam os recursos à medida que o contratante apresenta as notas fiscais e comprovantes de que estaria realizando os dispêndios constantes dos contratos, conseguimos vislumbrar maiores elucidações sobre o tema pelo site do Banco Central do Brasil (https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/rural.asp). Fl. 834DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 6 9 A Cédula Rural Pignotaratícia e Hipotecária em questão, assinada em 26/06/2008 (fl.282), previa a aquisição de 1569 animais descriminados no contrato, referentes ao quanto total de R$ 995.530,50. O próprio contribuinte reconhece que, no anocalendário de 2008, adquiriu somente 477 animais, dos 1569 animas previstos acima. Desse modo, de acordo com o contrato estabelecido, fica claro que apenas parte do empréstimo foi disponibilizada para a compra dos 477 animais discriminados.Essa situação é compatível com a informação constante da Declaração de Ajuste do contribuinte que informou ter recebido apenas parte do crédito total previsto na Cédula. Mais uma vez, o recorrente não apresenta qualquer documento capaz de comprovar suas alegações, argumentos sem provas não são suficientes para rechaçar a pretensão fiscal e o bem fundamento acórdão de primeira instância, o qual peço vênia para transcrever: "(...) No mês de julho de 2008, o contribuinte informa despesas da atividade rural no montante de R$230.000,00, que é compatível com o valor parcial do empréstimo (R$248.882,64) e reflete a compra dos 477 animais. Desse modo, ainda que o total do empréstimo estivesse disponível para o contribuinte, ele utilizou apenas parte dele e o restante somente foi disponibilizado quando o impugnante adquiriu o restante do gado a que se destinava o empréstimo. Vale destacar que a própria Cédula prevê denúncia perante o BACEN nos casos de desvio de crédito (final de fl.285), e nas cláusulas especiais (fl.286), prevê que “c) O emitente se obriga a aplicar o financiamento (parcelas liberadas) exclusivamente no empreendimento financiado, vedado seu emprego em outras finalidades, devendo os recursos, enquanto não efetivamente utilizados nos respectivos itens financiados, permanecerem depositados no BASA: d) concorda o emitente que as parcelas do crédito, posteriores à primeira, só poderão ser liberadas após a comprovação da aplicação das anteriores;.......f) concorda o emitente em que o desembolso das parcelas do crédito correspondentes às aquisições e serviços financiados seja feito mediante pagamento direto ao vendedor dos bens ou prestador dos serviços, contra a entrega da 1ª via da nota fiscal ou de documento equivalente.” Está correto o entendimento da Fiscalização que somente acatou o valor liberado para a compra parcial dos animais, no montante de R$248.882,64." Conforme explicitado acima, bem como no voto condutor da DRJ, foram estipuladas cláusulas e condições para o contribuinte para fazer jus ao valor total do contrato, sendo que ele próprio confirma a aquisição de apenas 447 animais no anocalendário 2008, e não de 1569. Os animais adquiridos são compatíveis com os R$ 248.882,64 (considerados pelo Fl. 835DF CARF MF 10 Fiscal) e com a informação da própria Declaração de Ajuste. Portanto, não merece melhor sorte o recorrente quanto este ponto. b) LANÇAMENTOS NO FLUXO DE CAIXA ANOCALENDÁRIO 2009 b.1) Contrato de Empréstimo FCRG153.08.00355 junto ao Banco da Amazônia No anocalendário de 2008, teria adquirido 477 animais, devidamente informados na Declaração de Ajuste, não tendo adquirido animais no anocalendário de 2009. Os animais restantes, previstos na Cédula, foram adquiridos no “exercício 2010”, o que teria levado a assinatura de termo aditivo à Cédula Rural, prorrogando o vencimento do contrato para 10/12/2010, a fim de que tivesse tempo para engordar e negociar os animais. Solicitando a exclusão de R$248.882,64, das despesas do anocalendário de 2009. Mais uma vez, em que pesem as razões ofertadas pelo contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Vale salientar que o contribuinte informou ter a dívida de R$248.882,64 no início do ano de 2009 e não ter dívida ao final do mesmo ano, ou seja, tratase de uma informação prestada pelo próprio contribuinte. No momento da autuação essa informação se torna equivocada? Nada impede acontecer erros ou equívocos no momento de prestar a Declaração, estando o contribuinte autorizado a retificála de acordo com os ditames legais, conforme versa o §1° do artigo 147 do CTN, vejamos: "§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento." O contribuinte pretende corrigir um "eventual" erro para reduzir o tributo, conforme se observa do dispositivo encimado, neste caso a retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Conforme se depreende da legislação acima e da conclusão, caberia ao recorrente provar suas alegações mediante documentação hábil e idônea, no caso, não teria a menor dificuldade, bastava ele solicitar uma declaração do banco acerca da situação do empréstimo, mas a defesa se limitou a fazer alegações sem provas. A partir do momento que os dados foram informados pelo declarante, cabe a ele demonstrar o equívoco cometido. Assim sendo, a mera argumentação não é suficiente para rechaçar a pretensão fiscal, devendo ser mantida a decisão recorrida. c) RECEITAS NÃO CONSIDERADAS Alega que diversas receitas/recursos declaradas pelo recorrente não foram considerados como fluxo de caixa pelo fiscal, o prejudicando demasiadamente, como por exemplo os lucros e dividendos recebidos da empresa Habitabem. c.1) Distribuição dos lucros e dividendos da empresa Habitatem Imóveis Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 7 11 Quanto aos lucros e dividendos recebidos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, esclarece que apesar de ter apresentado os comprovantes de rendimentos pagos (fls.298/300) e cópias do Livro Razão Analítico (fls.301/302) da empresa pagadora, a Fiscalização não teria levado em consideração os lucros distribuídos ao impugnante durante os anoscalendário investigados. Estaria juntando aos autos na impugnação, cópias dos livros Diário e Razão devidamente registrados na Junta Comercial, efls. 531/596, de ambos os anos, restando inconteste o pagamento dos valores de R$593.602,00, em 2008 e R$400.080,00, em 2009. Consigna que a empresa realizava pagamentos de diversas despesas suas, conforme relatório gerencial anexado (anexo V), depois de apurado o lucro no fechamento do exercício e aprovada a distribuição destes, era feito o acerto dos pagamentos e o registro contábil. Acrescenta que diversos pagamentos de imóveis comprados pela empresa e outros pagamentos, inclusive os relativos a distribuição de lucros, eram feitos por meio de operações realizadas pelo caixa da empresa, com repasse de cheques de terceiros ou dinheiro vivo. Aduz que a autoridade autuante não questiona a distribuição de lucros ou a contabilidade da empresa, mesmo porque caberia a ela provar a inveracidade dos fatos registrados, nos termos do artigo 26, do Decreto 7574/2011. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que fundamentam a distribuição dos lucros e dividendos isentos pelas empresas, mais precisamente o artigo 141 da IN/SRF 1515/2014, que substituiu a IN/SRF 93/1997, que dispõe: "Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Fl. 837DF CARF MF 12 § 3º A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de períodobase não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto sobre a renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. § 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos dos incisos I a IV do parágrafo único do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 2013. § 5º A isenção de que trata o caput não abrange os valores pagos a outro título, tais como "pro labore", aluguéis e serviços prestados. § 6º A isenção de que trata este artigo somente se aplica em relação aos lucros e dividendos distribuídos por conta de lucros apurados no encerramento de períodobase ocorrido a partir do mês de janeiro de 1996. § 7º O disposto no § 3º não abrange a distribuição do lucro presumido ou arbitrado conforme o inciso I do § 2º, após o encerramento do trimestre correspondente. § 8º Ressalvado o disposto no inciso I do § 2º, a distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos que não tenham sido apurados em balanço sujeitase à incidência do imposto sobre a renda na forma prevista no § 4º. § 9º A isenção de que trata este artigo inclui os lucros ou dividendos pagos ou creditados a beneficiários de todas as espécies de ações previstas no art. 15 da Lei nº 6.404, de 1976, ainda que a ação seja classificada em conta de passivo ou que a remuneração seja classificada como despesa financeira na escrituração comercial. § 10. Não são dedutíveis na apuração do lucro real os lucros ou dividendos pagos ou creditados a beneficiários de qualquer espécie de ação prevista no art. 15 da Lei nº 6.404, de 1976, ainda que classificados como despesa financeira na escrituração comercial."(grifo nosso) A propósito da questão, importa salientar que o fiscalizado, foi intimado para que apresentasse documentação comprobatória da distribuição de lucros efetuada pela empresa Habitatem Imóveis Ltda, oportunidade em que foram disponibilizados à fiscalização os comprovantes de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda na fonte (fls.298/300) e cópias do Livro Razão Analítico (fls.301/302). Foram também disponibilizadas cópias dos livros Diário e Razão devidamente registrados na Junta Comercial, efls. 531/596, do período em que ocorrera a alegada distribuição de lucros, constando dos seguintes valores: R$593.602,00, em 2008 e R$400.080,00, em 2009. Fl. 838DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 8 13 A respeito dos lançamentos contábeis e dos documentos que os ancoraram, correspondentes à alegada distribuição de lucros efetuada pela pessoa jurídica, devese notar que não foram objetos de quaisquer questionamentos. Importante frisar que além de ter apresentado comprovantes de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda na fonte e cópias do Livro Razão Analítico, documentação suficiente para comprovar suas alegações, juntou também os livros fiscais (diário, razão) da empresa devidamente autenticados na Junta Comercial (documentação hábil e idônea), conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999: "Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 5º). § 1º Admitese a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 5º, § 3º) § 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, no transporte dos totais mensais dos livros auxiliares, para o Diário, deve ser feita referência às páginas em que as operações se encontram lançadas nos livros auxiliares devidamente registrados. § 3º A pessoa jurídica que empregar escrituração mecanizada poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou auxiliares por fichas seguidamente numeradas, mecânica ou tipograficamente (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 5º, § 1º). § 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no § 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e DecretoLei nº 486, de 1969, art. 5º, § 2º). § 5º Os livros auxiliares, tais como Caixa e ContasCorrentes, que também poderão ser escriturados em fichas, terão dispensada sua autenticação quando as operações a que se reportarem tiverem sido lançadas, pormenorizadamente, em livros devidamente registrados. § 6º No caso de substituição do Livro Diário por fichas, a pessoa jurídica adotará livro próprio para inscrição do balanço e Fl. 839DF CARF MF 14 demais demonstrações financeiras, o qual será autenticado no órgão de registro competente".(grifo nosso) Preceitua o mesmo Regulamento (RIR/1999), que a empresa é obrigada não só a escriturar os fatos contábeis, mas também a manter documentos hábeis e idôneos que comprovem os fatos nela registrados, nos termos do art. 923: “Art.923 .A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, §1º).” (grifamos) Notase que a autuação está baseada em presunção do não recebimento dos valores informados pelo contribuinte, porém em nenhum momento o fiscal buscou desconsiderou a contabilidade da empresa pagadora. Assim, no entendimento desde Conselheiro, os documentos ofertados pelo contribuinte comprovam o recebimento dos valores a título de distribuição de lucros da empresa Habitatem, uma vez que a empresa não teve sua escrituração considerada nula ou ineficaz, sendo uma documentação hábil e idônea, servindo para justificar o acréscimo patrimonial apurados pela fiscalização neste ponto. O fato de a referida distribuição de lucros ter sido efetuada por Caixa, não autoriza sua pronta descaracterização, pois a exigência de os pagamentos serem feitos por cheque ou depósito bancário contraria dispositivos que considera a moeda nacional de curso forçado, como meio de quitação de valores. Além do mais, essa atitude não encontraria amparo, seja na legislação comercial vigente no país ou na legislação tributária, as quais jamais vedaram o uso da moeda corrente nacional como meio de transferência de recursos entre pessoas físicas ou jurídicas. Em se mantendo a motivação ora combatida estarseia desvirtuando as apropriações contábeis/fiscais e seus reflexos, levadas a efeito pela pessoa jurídica, gerando uma contradição factual intrínseca, pois, para todos os efeitos, inclusive tributários, a pessoa jurídica procedeu à distribuição de lucros aos sócios no período em que contabilizara, estribada em documentação cuja idoneidade não foi questionada, reduzindo suas disponibilidades e, conseqüentemente, seu patrimônio líquido, do qual, até então, os lucros distribuídos eram partes integrantes, enquanto que na outra ponta da operação, de forma diversa e contraditória, não se estaria aceitando, exclusivamente para efeitos tributários, que tal distribuição ocorrera para a pessoa física dos sócios. Nessa ordem de juizos, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário em relação a distribuição dos lucros da empresa Habitatem. c.2) Disponibilidade de caixa Informa haver disponibilidade financeira de um ano para o outro devendo ser levados em consideração como origens de recursos, uma vez que já teriam sido oferecidos a tributação. Acrescenta que os valores declarados são justificados pelos lucros distribuídos pela empresa Habitabem, colacionando jurisprudência do CARF apontando no sentido de que estes valores devem ser aproveitados. Neste tópico, também vislumbro melhor sorte ao contribuinte. Antes mesmo de expor minhas razões, com intuito de dar sustentação ao entendimento, trago à colação Fl. 840DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 9 15 acórdãos proferidos pelo antigo Conselho de Contribuintes e deste Tribunal sobre a matéria, vejamos: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DE BENS IMÓVEIS. CONTRATO PARTICULAR. O contrato particular é suficiente para comprovar o custo de aquisição de bens imóveis, ainda que na escritura pública, conste valor divergente, mormente se tal valor encontrase consignado na Declaração de Ajuste Anual, apresentada tempestivamente pelo adquirente, e na documentação contábil do alienante. IRPF DINHEIRO EM ESPÉCIE Os recursos em dinheiro inseridos na declaração de bens, pelo contribuinte, devem ser aceitos para acobertar acréscimo patrimonial a descoberto, salvo prova em contrário, produzida pela autoridade lançadora de sua inexistência no término do anobase em que foi declarado, ou ainda, que sua Declaração de Rendimentos tenha sido apresentada intempestivamente. Recurso especial da Fazenda Nacional negado e do Contribuinte provido." (Câmara Superior de Recursos Fiscais, Acórdão n° 920201.973, Relator Manoel Coelho Arruda Junior, 15/02/2012) "(.)DINHEIRO EM ESPÉCIE DECLARADO EM DECLARAÇÕES DE AJUSTE ANUAL CONTRIBUINTE OMISSO INTIMADO A JUSTIFICAR A ORIGEM DOS RECURSOS DECLARADOS EM ESPÉCIE Os valores declarados na declaração de rendimentos entregue tempestivamente, como dinheiro em espécie, 'dinheiro em caixa numerário em cofre' e outras rubricas semelhantes, a princípio, devem ser aceitos para acobertar acréscimos patrimoniais, salvo prova inconteste de sua inexistência no término do anobase em que tal disponibilidade for declarada. Entretanto, esta regra é inaplicável quando se tratar de contribuinte omisso na entrega de declaração de rendimentos, omisso inclusive no período em que o suposto recurso foi gerado, vindo somente apresentar as declarações em períodos posteriores sob intimação fiscal, e quando intimado a justificar a origem dos recursos nada apresenta. (.)" (Primeiro Conselho, Quarta Câmara, Acórdão n° 10419252, Relator Conselheiro Nelson Mallmann, julgado em 18/03/2003) "(.)ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO — SALDO EM MOEDA CORRENTE INDICADO NA DECLARAÇÃO — Os recursos em moeda corrente indicados na declaração de bens e direitos devem ser admitidos como justificativa na apuração do acréscimo patrimonial no exercício seguinte. Fl. 841DF CARF MF 16 Recurso parcialmente provido." (Primeiro Conselho, Quarta Câmara, Acórdão n° 10418669, Relatora Conselheira Vero Cecília Mattos Vieira de Moraes, julgado em 20/03/2002) "IRPF DINHEIRO EM ESPÉCIE Os recursos em dinheiro inseridos na declaração de bens, pelo contribuinte, devem ser aceitos para acobertar acréscimo patrimonial a descoberto, salvo prova em contrário, produzida pela autoridade lançadora de sua inexistência no término do anobase em que foi declarado, ou ainda, que sua Declaração de Rendimentos tenha sido apresentada intempestivamente. […]Recurso parcialmente provido." (Primeiro Conselho, Segunda Câmara, Acórdão n° 10244464, Relator Conselheiro Valmir Sandri, julgado em 17/10/2000) Analisando os documentos constantes dos autos não verifico qualquer elemento trazido pela autoridade lançadora que possa desqualificar as informações prestadas pelo recorrente nas declarações de rendimentos, relativamente a "disponibilidade de caixa" declaradas na DAA do contribuinte. Também não se sustenta a razão de decidir do colegiado de primeira instância, que o fez sobre a égide dos seguintes fundamentos: "(...) Além disso, cai em contradição ao afirmar que os lucros distribuídos respaldariam tais disponibilidades tendo em vista a explicação de que a distribuição desses lucros se teria dado por meio de pagamentos de despesas dele próprio pela empresa, além de depósitos em conta corrente. Em um país como o nosso, com os níveis de insegurança que conhecemos e com os juros que são pagos nas aplicações financeiras, não há justificativas lógicas nem negociais para manter recursos nesses valores em casa. Mesmo porque R$400.000,00 aplicados no mercado financeiro renderiam facilmente R$3.500,00 por mês. Entender que o simples fato de as disponibilidades em mãos estarem tempestivamente informadas na declaração seria suficiente para que justifiquem acréscimos patrimoniais seria abrir as portas para a sonegação, uma vez que, contribuintes mal intencionados poderiam informar como “disponibilidade em caixa” ao final do ano todas as despesas dificilmente rastreáveis, como despesas com construções e reformas em imóveis, restaurantes, viagens, compras diversas, condomínios, etc., formando um colchão para justificar futuras omissões de rendimento.(...)" (grifo nosso) Fl. 842DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 10 17 Vale dizer que a Declaração de Ajuste do contribuinte tem presunção de veracidade e idoneidade, até prova em contrário ou que tais informações não sejam comprovadas quando solicitado. Pois bem, da mesma forma que não podemos acatar os meros argumentos do contribuinte sem as provas hábeis e idôneas, não podemos corroborar com o pensamento da autoridade fiscal por mero achismo quanto a forma equivocada ou prejudicial de aplicabilidade do dinheiro, conforme se observa do trecho da decisão encimada, especialmente no grifo. Assim, tenho como aplicável ao caso a regra do artigo 845, § 1°, do RIR/99, segundo a qual: Art. 845. Farseá o lançamento de oficio, inclusive: sç' I°. Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indicio veemente de falsidade ou inexatidão." Para sedimentar suas alegações o contribuinte anexa aos autos cópia dos Livros Diário e Razão da empresa Habitatem referente ao anocalendário 2007, às efls. 643/666, constando a distribuição de lucros e dividendos da referida empresa ao contribuinte, como mais um meio de prova para a eventual disponibilidade de caixa. A prova da existência do numerário no final do anocalendário é praticamente impossível de ser produzida pelo contribuinte. Mesmo assim, os argumentos e documentos trazidos aos autos, ao entender deste Conselheiro, transmitem mais certeza do que o mero achismo da autoridade fiscal. Friso ainda que as declarações de ajuste anual contendo a informação relativa a "disponibilidade em caixa" foram entregues tempestivamente e a autoridade lançadora não comprovou a inexistência dos numerários declarados, motivos pelos quais entendo ser necessária a reforma do acórdão recorrido, devendo ser aproveitados os valores constantes da Declaração de Ajuste como "disponibilidade em caixa". Neste sentido, acolho o pleito do recorrente nesse aspecto. c.3) Receita oriundas da vendas de imóveis Lista também diversos imóveis que teriam sido alienados durante o período fiscalizado e as receitas obtidas não foram levadas em conta pela Fiscalização. Destaca o fato de que a Fiscalização, diversas vezes, considerou créditos/recursos no fluxo de caixa a partir das informações declaradas pelo impugnante e, em outros casos deixa de aceitar créditos em idêntica situação, constantes na mesma declaração, sem qualquer justificativa. Salienta que os imóveis eram vendidos e a transferência era realizada diretamente pela empresa Habitabem, por simples prática negocial. Assevera que os instrumentos particulares de compra e venda dos seguintes imóveis já se encontram nos autos: Lote 08, da quadra 51 (Mun. Lucas do Rio Verde/MT, fls.406/407); Lote23, Qd 51 (Mun.Lucas do Rio Verde/MT, fls.409/410). No que tange aos demais imóveis listados, sustenta que suas alienações constam das respectivas matrículas/escrituras, podendo à Receita Federal solicitálas, uma vez que não lhe foram disponibilizadas em tempo hábil para acompanhar o recurso. Fl. 843DF CARF MF 18 Sem razão a recorrente! Repiso mais uma vez, a mera argumentação, por si só, não é suficiente para rechaçar a pretensão fiscal ou alterar o entendimento adotado pela decisão de piso, ou seja, argumentação sem comprovação por meio de documentação hábil e idônea, nada mais são do que palavras jogadas ao vento. Como já dito anteriormente, o presente lançamento decorre de presunção. No entanto, tratase de presunção legal – júris, que desdobrase, ensinam os doutrinadores, em presunções "juris et de jure" e "juris tantum". As primeiras não admitem prova em contrário são verdades indiscutíveis por força de lei. Por sua vez, as presunções "juris tantum" (presunções discutíveis), fato conhecido induz à veracidade de outro, até a prova em contrário. Elas recuam diante da comprovação contrária ao presumido. Serve de bom exemplo a presunção de liquidez certa da dívida inscrita, que pode ser ilidida por prova inequívoca. (CTN, art. 204 e parágrafo único). Podendo o contribuinte provar o contrário por meio de documentação hábil e idônea, porém não apenas argumentos presumidos. Neste tópico, em relação aos argumentos sobre o Lote 08, da quadra 51 (Mun. Lucas do Rio Verde/MT, fls.406/407) e o Lote23, Qd 51 (Mun. Lucas do Rio Verde/MT, fls.409/410), o contribuinte anexa aos autos os contratos de compra e venda dos referidos imóveis. Apesar de constar nos instrumentos a empresa Habitatem como vendedora, há um documento do contribuinte autorizando/repassando a empresa a transferir o imóvel para a compradora, o que rechaçava a pretensão fiscal. Porém, conforme já posto pela DRJ, constatase que os documentos apresentados, assinados no ano de 2007, estão incompletos, trazendo, tão somente, as primeiras e últimas páginas, não permitindo identificar o valor pago na transação, ou as datas dos pagamentos, podendo o contribuinte ter colacionado em sede de recurso o complemento dos contratos, o que não o fez, reiterando apenas as razões da impugnação. Quanto aos demais imóveis citados, esses não merecem tecer maiores considerações, visto que o próprio recorrente assume que as alegações poderiam ser comprovadas mediante apresentação das escrituras, porém não as junta, senão vejamos: Assim, não há recursos adicionais a serem levados em consideração, devendo ser mantida a decisão recorrida c.4) Empréstimos Alega e aponta existir diversos empréstimos com pessoas jurídicas e pessoas físicas, devendo esses recursos serem considerados no fluxo de caixa produzido pela RFB, como recursos tomados no anocalendário de 2009, devendo ser respeitado o Código de Processo Civil. Fl. 844DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 11 19 Quanto a este aspecto, vejamos a decisão de primeira instância: "A defesa apresenta o documento de fl.668, com o intuito de comprovar ter feito empréstimo pessoal no valor de R$61.433,93, que deveria ser hábil para justificar acréscimos patrimoniais apurados pela fiscalização, entretanto, o mesmo documento apresentado para comprovar o ingresso dos recursos, em 08/01/2009, demonstra que foram feitos pagamentos de amortização e juros referentes ao mesmo empréstimo no total de R$69.493,87, durante o anocalendário de 2009. Assim, a entrada de recursos foi negativa, ou seja, ao final do ano, quando ocorreram os acréscimos patrimoniais injustificados, o contribuinte teve mais despesas que receitas decorrentes do empréstimo, não havendo alterações a serem feitas no demonstrativo. Não foram apresentados documentos relativos ao alegado empréstimo efetuado no Bradesco, o simples fato de estar declarado não é suficiente para comprovar a entrada dos recursos, pelos motivos já expostos nessa decisão. Também já esclarecemos que o próprio contribuinte deve providenciar as provas de suas alegações e declarações. Também não foram apresentados documentos relativos aos empréstimos alegadamente tomados com os Srs. Amélio Dezem, Lincoln Marcos Padilha Aguillar e Sra. Selma Vilela Maia, sendo que a própria defesa reconhece não terem sido emitidos tendo em vista os laços familiares, de amizade e profissionais que os unem. Não há nada de ilícito no fato de realizarem transações sem a emissão de contratos, mesmo porque, contratos e recibos somente fazem prova entre os envolvidos, mas podem servir, quando formalizados corretamente, com firmas reconhecidas à época, como provas indiciárias a serem somadas a outras até que se forme convicção sobre a operação. Entretanto, sequer foram apresentadas essas provas. A operação apresentada como exemplo para ilustrar o tipo de transação costumeiramente realizada entre o sujeito passivo e seus parceiros não serve como prova de que tenha obtido os empréstimos alegados, sendo necessária à comprovação do ingresso dos recursos, sua origem e posterior pagamentos/quitação. Os valores depositados na operação descrita e corroborada pelos documentos de fls.673/677, também não podem justificar acréscimos patrimoniais do contribuinte, uma vez que ele próprio confessa que decorrem de transação de terceiros." Fl. 845DF CARF MF 20 Apesar de discordar do ponto formalista quanto a necessidade de formalização do contrato, as razões de decidir do órgão de primeira instância, as quais estão muito bem fundamentadas, motivo pelo qual, compartilho das conclusões acima esposadas. Quanto às demais alegações do contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou documentos comprobatórios, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Neste diapasão, o próprio contribuinte assume não ter provas das suas alegações, vejamos: d) ERRO NO ACÓRDÃO DA DRJ Por último, alega haver um evidente erro no acórdão recorrido, pois na parte dispositiva há um equivoco no montante exonerado quanto ao anocalendário 2009. De fato há um equivoco entre o corpo e o dispositivo da decisão de primeira instância. No corpo do voto, efls 754, o julgador exclui o valor de R$ 633.378,90 por ter sido lançado em duplicidade, vejamos: "(...)Assim, a importância de R$633.378,90 será excluída das despesas de maio/2009, com repercussão nos acréscimos patrimoniais apurados em novembro (R$116.160,46, que deixa de existir) e o restante (R$467.218,52) sobre dezembro.(...) Também foi excluído da infração o montante de R$ 126.750,00 a título de distribuição de lucros, conforme dispõe o Acórdão, efls. 755: "(...)Também serão restabelecidos lucros distribuídos nos valores mensais de R$30.000,00, em março/09; R$58.750,00, em julho/09; R$28.000,00, em setembro/09 e R$10.000,00, em dezembro/09, totalizando R$126.750,00, no anocalendário de 2009.(...)" Conforme se depreende dos recortes encimados, foram excluídos da base de cálculo do lançamento os valores de R$ 633.378,90 e R$ 126.750,00, que somados totalizam R$ 760.128,90 (setecentos e sessenta mil e cento e vinte e oito reais e noventa centavos). Já a parte dispositiva da decisão recorrida traz o seguinte texto: "Em resumo, VOTO pela procedência em parte da Impugnação, para excluir da base de cálculo do imposto de renda os valores de R$217.159,79, no exercício de 2009 e R$710.128,98, no exercício de 2010, o que importa manutenção de imposto devido no valor de R$1.414.090,30, a ser acrescido de juros moratórios e multa de ofício de 75%."(grifamos) Ao analisarmos os dispositivos acima transcritos, resta evidente o equivoco cometido pela autoridade julgadora.Não sendo cabível embargos de declaração da decisão de Fl. 846DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 12 21 primeira instância, o pleito argüido pelo contribuinte nesta oportunidade deve ser acolhido para correção do evidente erro. Assim, dou provimento nesta parte, rechaçando da base de cálculo a diferença, de maneira a dedução alcançar o valor total de R$ 760.128,90 referente ao ano calendário 2009. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em parcial consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 847DF CARF MF 22 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Divirjo do Ilustre Relator no que tange à aceitação dos valores a título de distribuição de lucros e dividendos recebidos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, assim como da disponibilidade de caixa no início dos anoscalendário 2008 e 2009, para fins de compor o fluxo financeiro mensal elaborado pela fiscalização e justificar os acréscimos patrimoniais do contribuinte. Como esclarecimentos inaugurais, lembro que o § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, regulamentado no inciso XIII e parágrafo único do art. 55 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, estabeleceu uma presunção legal, "juris tantum", de tributação pelo imposto sobre a renda da pessoa física na hipótese de identificação de acréscimos patrimoniais a descoberto: Lei nº 7.713, de 1988 Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) RIR/99 Art. 55. São também tributáveis: (...) XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; (...) Parágrafo único. Na hipótese do inciso XIII, o valor apurado será acrescido ao valor dos rendimentos tributáveis na declaração de rendimentos, submetendose à aplicação das alíquotas constantes da tabela progressiva de que trata o art. 86. (DESTAQUEI) Fl. 848DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 13 23 Presumese a existência de rendimentos omitidos quando constatado que o contribuinte aplicou recursos em montante superior aos seus rendimentos comprovados tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. Nessa situação, com o propósito de contraporse ao acréscimo patrimonial a descoberto, incumbe ao contribuinte a tarefa de apresentar documentação hábil e idônea acerca da existência de rendimentos declarados suficientes para suportar as aquisições de bens e direitos do seu patrimônio. Segundo o Termo de Verificação Fiscal, às fls. 464/469, a fiscalização considerou como origem de recursos no fluxo financeiro mensal tão somente as receitas declaradas pela contribuinte respaldadas por documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores. A autoridade lançadora abordou, especificamente, o recebimento de lucros da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, por tratarse de rendimentos isentos do imposto sobre a renda. Conclui pela inexistência de prova cabal da efetiva transferência dos valores ao contribuinte. Para melhor compreensão, reproduzo as palavras da acusação fiscal (fls. 466/467): "(...) Nesse sentido, a título de exemplo, a ausência de comprovação do recebimento de lucros da empresa HABITABEM IMÓVEIS LTDA teve impacto significativo no fluxo de caixa do contribuinte. Com efeito, todo auferimento de recursos por parte do contribuinte deve ser devidamente comprovado, especialmente quando se referir a rendimentos isentos do imposto de renda, como no caso em comento, não podendo a fiscalização se satisfazer com meras alegações e com a documentação contábil da empresa, sendo necessária a prova cabal da efetiva transferência dos valores. (...)" Como se observa, o acolhimento das alegações de defesa com relação às disponibilidades oriundas da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, que justificariam também o "dinheiro em caixa" no início dos anoscalendário 2008 e 2009, demanda o exame do conjunto probatório carreado aos autos pelo recorrente. A produção da prova incumbe a quem tem interesse em prevalecer os fatos que sustenta como fundamento à sua pretensão. A atividade probatória dirigese à formação da convicção do julgador e, no caso sob exame, não fiquei convencido da procedência das alegações do recorrente, visto que o recurso voluntário não está apoiado em um conjunto de elementos sérios e convergentes que, ao final, ganhem força probante. Na sequência, explico meu ponto de vista com base na análise das questões específicas. Fl. 849DF CARF MF 24 (i) Distribuição dos lucros e dividendos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda. Proveniente de lucros e dividendos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda, o recorrente afirma o recebimento do importe total de R$ 593.602,00 (quinhentos e noventa e três mil, seiscentos e dois reais) e R$ 400.080,00 (quatrocentos mil e oitenta reais), respectivamente, nos anoscalendário 2008 e 2009. A decisão recorrida aceitou, para fins de origem de recursos no fluxo financeiro, parte dos valores pleiteados pelo recorrente, isto é, R$ 145.159,79 (cento e quarenta e cinco mil, cento e cinquenta e nove reais, setenta e nove centavos), no anocalendário 2008, e R$ 126.750,00 (cento e vinte e seis mil, setecentos e cinquenta reais), no anocalendário 2009, haja vista a comprovação de saída do numerário da empresa e ingresso na disponibilidade do da pessoa física (fls. 562/563). Portanto, neste ponto a questão controvertida no recurso voluntário limitase ao montante do saldo remanescente, que deixou de ser acatado pelo julgador "a quo". É certo que a escrituração das empresas mantida conforme as disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados, porém desde que os registros contábeis estejam lastreados por documentos hábeis e idôneos das operações ali escrituradas. Eis a redação do art. 26 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União: Art. 26. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos. Parágrafo único. Cabe à autoridade fiscal a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no caput. (DESTAQUEI) O mesmo raciocínio impõese no tocante às informações prestadas voluntariamente pelos contribuintes por intermédio de declarações fiscais, tais como Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte e Declaração de Ajuste Anual, que estão também sujeitas à comprovação, quando solicitados pela Administração Tributária, mediante apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos (art. 806 do RIR/99). No pertinente à quantia que resta em litígio, o que se nota é que os documentos e esclarecimentos carreados aos autos pelo contribuinte não logram êxito na comprovação do efetivo recebimento do numerário a título de distribuição de lucros e dividendos nos anos de 2008 e 2009. Conquanto alegue que tais pagamentos a título de distribuição de lucros e dividendos, na sua maior parte, eram efetuados aos sócios por meio da sistemática de operações através do caixa da empresa, com repasse de cheques de terceiros ou entrega de dinheiro em espécie, o recorrente não aponta, nem comprova, quais os registros contábeis correspondem a esses pagamentos, com datas e valores, considerando os lançamentos realizados na Conta Caixa e contabilizados nos Livros Diário e Razão dos respectivos anos calendário (fls. 531/596). Também não apresenta provas do efetivo ingresso dos recursos no seu patrimônio. Fl. 850DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 14 25 Na lógica jurídica de distribuição do ônus probatório, não é a fiscalização que deve comprovar a inexistência dos recursos declarados como rendimentos isentos e não tributáveis oriundos da distribuição de lucros ou dividendos pela Empresa Habitabem Imóveis Ltda. A fim de justificar o acréscimo patrimonial objeto deste processo administrativo, ao contribuinte impende comprovar a efetividade das operações de distribuição de lucros, evidenciando de maneira harmônica e inequívoca que os valores não considerados pela autoridade fiscal no fluxo de caixa foram recebidos pelo interessado e acresceram ao seu patrimônio. Por essa razão, a ausência de questionamentos explícitos por parte da autoridade lançadora acerca da escrituração contábil da Empresa Habitabem Imóveis Ltda e do próprio montante relacionado à distribuição de lucros, bem como a sinalização da existência de saldo em caixa suficiente para honrar as obrigações da pessoa jurídica, não têm a relevância que pretende dar o recorrente. Independentemente de eventuais medidas de auditoria fiscal na pessoa jurídica, é a pessoa física que está submetida ao procedimento de fiscalização, devendo comprovar com documentação hábil e idônea não só os rendimentos auferidos e as alterações no seu patrimônio sempre que intimado a fazêlo, mas também as circunstâncias em que estes ocorreram. Ainda a respeito do conjunto probatório, destaco a juntada pelo recorrente do Relatório Gerencial de fls. 597/600, com o propósito de demonstrar a existência de transferências de numerários, assim como a realização de pagamentos de despesas pessoais variadas da pessoa física no curso dos anoscalendário, por parte da Empresa Habitabem Imóveis Ltda. Em síntese, o recorrente pretendeu demonstrar que dispunha dos mais variados respaldos financeiros da pessoa jurídica. Consoante suas palavras, tais pagamentos se davam de acordo com a conveniência e ajuste entre as partes, sendo que, ao final do exercício, era providenciado o acerto de contas na distribuição dos lucros. Anoto, por oportuno, que não localizei os correlatos lançamentos individualizados na contabilidade da empresa, coincidentes em datas e valores (fls. 531/596). Embora a relação apresentada não contenha uma vinculação unívoca das transferências e/ou dos pagamentos com o contribuinte, tampouco delimite com precisão a natureza e finalidade dos desembolsos realizados, o procedimento adotado entre as partes sinaliza fortemente para a possibilidade de que os valores à título de distribuição de lucros não estejam associados, necessariamente, a fazer frente aos dispêndios e/ou aplicações de recursos considerados pela fiscalização para construção do fluxo financeiro mensal que chegou ao acréscimo patrimonial a descoberto (fls. 447/451). À vista disso, os valores reivindicados de rendimentos isentos ou não tributáveis não poderiam respaldar os acréscimos patrimoniais a descoberto, porquanto destinados a custear em alguma medida, não delimitada pelo conjunto probatório, as despesas do contribuinte pagas diretamente pela empresa e relacionadas a dispêndios e/ou aplicações de recursos distintos daqueles utilizados pela autoridade fiscal. Fl. 851DF CARF MF 26 Longe de contribuir para o fortalecimento da tese exposta pelo contribuinte, a sua explicação sobre a sistemática de distribuição a título de lucros ou dividendos incorpora fundamentos adicionais para convencerme da impossibilidade de acobertar os acréscimos patrimoniais apurados pela fiscalização nos anoscalendário 2008 e 2009 a partir da inclusão dos valores remanescentes pleiteados como origem de recursos. Consigno, por outro lado, que nem a autoridade lançadora nem a decisão de piso, em momento algum, manifestaramse no sentido de que a distribuição de lucros e dividendos apenas pode ser realizada via sistema bancário. Tampouco afirmaram que a comprovação das transferência de valores entre o recorrente e a empresa há que se dar invariavelmente mediante transações bancárias ou emissão de cheque nominal. Reforço, desse modo, a licitude para fins tributários da entrega de recursos tendo como contrapartida a conta Caixa, exigindose, contudo, à semelhança das outras hipóteses de percepção de rendimentos, que as operações realizadas estejam amparadas em prova inequívoca da efetiva existência e de transferência do numerário da pessoa jurídica para a pessoa física do sócio, o que, no caso do autos, deixou de ser comprovado. (ii) Disponibilidade de caixa A fiscalização desconsiderou os valores declarados pelo recorrente como disponibilidade de caixa. De acordo com os dados da Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte informou o saldo de R$ 456.239,78 (quatrocentos e cinquenta e seis mil, duzentos e trinta e nove reais, setenta e oito centavos), relativo ao início do anocalendário 2008, e R$ 122.861,45 (cento e vinte e dois mil, oitocentos e sessenta e um reais, quarenta e cinco centavos), no final do mesmo ano (fls. 17). Para o recorrente, tais valores deveriam compor o fluxo financeiro como saldo inicial disponível, respectivamente, nos anos de 2008 e 2009. Com a devida vênia, não há como concordar com o ponto de vista de que a informação tempestiva na declaração de ajuste anual pelo contribuinte é medida suficiente para demonstrar a disponibilidade de recursos em espécie, devendo a fiscalização, por consequência, fazer uso daqueles valores declarados para justificar o acréscimo patrimonial da pessoa física. Na linha de entendimento da decisão de piso, os níveis de insegurança no País e as taxas de juros pagas por aplicações financeiras não condizem com a manutenção de um alto volume de dinheiro alheio ao sistema bancário, expresso com precisão de centavos. Razoável, portanto, a exigência de apresentação de justificativas plausíveis pelo contribuinte a respeito do "dinheiro em caixa" declarado. Não significa que a pessoa física, embora afastandose do senso comum da sociedade em que vive, não possa fazer opção pela administração da disponibilidade financeira da maneira que lhe melhor aprouver. Todavia, para fins de legitimar o acréscimo patrimonial com tais recursos, continuará com o ônus de comprovar a efetiva existência do numerário no final do ano calendário e da origem dos recursos em espécie, com base em rendimentos tributáveis ou não tributáveis declarados. A eventual dificuldade na produção da prova nada mais é que uma consequência da livre vontade de manter consigo os recursos financeiros, sujeitos à comprovação pela legislação tributária perante o Fisco. Fl. 852DF CARF MF Processo nº 10945.721929/201392 Acórdão n.º 2401004.579 S2C4T1 Fl. 15 27 Além da indevida inversão do ônus probatório, a pretensão de exigir da autoridade lançadora a comprovação da inexistência dos numerários declarados espontaneamente pelo contribuinte subverte o processo de identificação dos rendimentos percebidos pelas pessoas físicas, reduzindo a efetividade dos mecanismos de fiscalização tributária como instrumento eficaz de justiça fiscal. Diz o recorrente, por sua vez, que a disponibilidade de caixa no início do ano de 2008 tem origem na distribuição de lucros e dividendos da Empresa Habitabem Imóveis Ltda efetuada no anocalendário 2007, num total de R$ 533.951,00 (quinhentos e trinta e três mil, novecentos e cinquenta e um reais), o que é comprovado pela cópia da escrituração contábil acostada aos autos (fls. 643/666). Retornase ao mesmo debate do tópico anterior, em que as provas do recebimento dos lucros e dividendos em dinheiro são frágeis, igualmente para o ano de 2007, eis que desprovidas de documentação firme e segura com aptidão de respaldar os registros da escrituração contábil. Não há prova inconteste produzida pelo contribuinte da existência do montante da disponibilidade declarada no anocalendário. Logo, os valores declarados não podem ser aceitos como justificativa aos dispêndios e às aplicações de recursos considerados pela autoridade lançadora no fluxo financeiro. Tendo em conta a experiência de vida, é visivelmente incomum e improvável a realidade que o recorrente pretende fazer que se acredite como verdade. Tendo recebido a quantia em espécie de R$ 267.311,00 (duzentos e sessenta e sete mil, trezentos e onze reais) até o mês de abril/2007, divida em 4 (quatro) parcelas distintas, somados a R$ 266.640,00 (duzentos e sessenta e seis mil, seiscentos e quarenta reais) pagos em dinheiro no final de dez/2007, defende que restaria indubitavelmente comprovada, para o início de 2008, a disponibilidade de recursos "dinheiro em caixa" no valor de R$ 456.239,78. Decorrente desse raciocínio, prejudicada também a aceitação da disponibilidade de caixa declarada no final do ano de 2008, no importe de R$ 122.861,45, para aproveitamento no início de 2009. Nesses termos, a tributação deve ser mantida conforme avaliou a decisão de piso, por não haver contestação e comprovação eficaz do contribuinte. Conclusão Ante o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário apenas para retificar o valor originalmente excluído pela decisão de piso, relativo ao anocalendário 2009, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 853DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.723884/2010-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2007
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. CELEBRAÇÃO DO ACORDO APÓS O INÍCIO DO PERÍODO DE APURAÇÃO.
As regras para percepção da PLR devem constituir-se incentivo à produtividade. Regras estabelecidas no decorrer do período de aferição não estimulam esforço adicional.
Numero da decisão: 9202-005.269
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2007 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. CELEBRAÇÃO DO ACORDO APÓS O INÍCIO DO PERÍODO DE APURAÇÃO. As regras para percepção da PLR devem constituir-se incentivo à produtividade. Regras estabelecidas no decorrer do período de aferição não estimulam esforço adicional.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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CELEBRAÇÃO DO ACORDO APÓS O INÍCIO DO PERÍODO DE APURAÇÃO. As regras para percepção da PLR devem constituirse incentivo à produtividade. Regras estabelecidas no decorrer do período de aferição não estimulam esforço adicional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 38 84 /2 01 0- 04 Fl. 296DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Trata o presente processo de auto de infração AI NFLD DEBCAD nº 37.305.5668, à efl. 02, cientificado à contribuinte acima qualificada, em 25/10/2010 (efl. 02), com relatório fiscal às efls. 05 a 09. O lançamento visou à constituição de multa por descumprimento de obrigação acessória, por deixar de informar nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência GFIP parte da remuneração paga aos segurados empregados. Tratase de verba de natureza salarial: pagamento de participação nos lucros em desacordo com a legislação. Os instrumentos de acordo para pagamento do PLR teriam vulnerado dois requisitos legais: (a) por não beneficiarem a todos os trabalhadores da empresa, pois somente os trabalhadores lotados em um de seus estabelecimentos foram favorecidos; (b) por não serem formalizados previamente ao início do cumprimento das metas, já que só o foram ao final dos anos de 2006 e 2007. O crédito lançado atingiu o montante de R$ 100.225,303, consolidado na data de 22/10/2010, para o período de apuração de 01/12/2006 a 31/12/2007. O AI foi impugnado, às efls. 168 a 180, em 24/11/2010. Já a 6ª Turma da DRJ/BEL, no acórdão nº 0240.075, prolatado em 28/08/2012, às efls. 204 a 209, considerou, por maioria de votos, parcialmente procedente a impugnação. A procedência parcial se deu em razão do argumento (a) acima citado, que não foi aceito pela maioria dos julgadores, sendo, contudo, mantido integralmente o crédito tributário exigido com base no argumento (b). Inconformada, em 06/12/2012, a contribuinte, interpôs recurso voluntário RV, às efls. 218 a 227, argumentando, em apertada síntese que: § a PLR por ela distribuída respeita integralmente os ditames da Lei nº 10.101/2000; § não há qualquer óbice legal que descaracterize a PLR paga diferenciada por estabelecimento, até porque as representações sindicais têm bases territoriais distintas o que faz com que as filiais de uma mesma empresa estejam sujeitas a negociações com distintas representações e condições; § as metas, que já haviam sido acordadas desde o início do ano, eram de conhecimento dos empregados, tendo sido apenas formalizado o acordo ao seu final, inexistindo exigência na lei de que a negociação com os empregados tivesse metas formalizadas por escrito em documento formal; Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10680.723884/201004 Acórdão n.º 9202005.269 CSRFT2 Fl. 297 3 § há jurisprudência pacífica afirmando a natureza nãosalarial da PLR e considerandoa objeto de livre negociação entre as partes, sem requisitos formais para sua criação. O recurso voluntário foi apreciado pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 14/05/2014, resultando no acórdão 2403002.623, às efls. 229 a 247, que tem a seguinte ementa: PREVIDENCIÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR. FORMALIZAÇÃO DO PACTUADO. Restando provado acerto prévio contendo as metas, resultados e prazos para pagamento de participação nos lucros ou resultados PLR, a aposição das assinaturas no mesmo exercício contábil, com anuência do sindicato da categoria aperfeiçoa o pactuado formalizandoo na forma do que é exigido no art. 2°, II, da Lei 10.101/2000. Recurso Voluntário Provido O acórdão foi assim exarado: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (relator) e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Ivacir Julio de Souza RE da Fazenda Nacional Cientificada do acórdão, em 27/02/2015, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em 19/03/2015, manejou recurso especial de divergência RE (efls. 248 a 255) ao citado acórdão, entendendo que o aresto diverge de entendimento firmados no CARF entende necessária a assinatura de acordo prévio ao pagamento para que se caracterize a PLR. A Procuradora junta como paradigma o acórdão nº 2402003.984 , da Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Explicitando a divergência, assim se manifestou a Procuradora: De um lado, o paradigma deixa claro o entendimento de que como somente com a assinatura do termo de acordo entre as partes ou do acordo coletivo, ocorre a formalização do término da negociação e se tem um ato jurídico perfeito apto a exarar efeitos jurídicos, o termo de acordo entre as partes ou o acordo coletivo deve estar assinado antes do pagamento da PLR. De outro, o acórdão recorrido defende ser possível a assinatura do acordo após o pagamento de PLR. (Sublinhas do original) Na argumentação para sustentar sua posição, a Procuradora sustentou: Fl. 298DF CARF MF 4 Nessa esteira, cumpre registrar que a classificação de determinada verba como “participação nos lucros” exige de maneira imprescindível o estrito cumprimento dos requisitos legais. No caso em estudo, restou demasiadamente demonstrado que a participação nos lucros foi efetivada em desacordo com os parâmetros legais, razão pela qual não pode ser admitida a sua exclusão do salário de contribuição, haja vista que o acordo foi assinado, e, consequentemente formalizado, somente após o pagamento da PLR. Nesse contexto, é importante assinalar, como bem registrou o acórdão paradigma, que somente com a assinatura, considerase concluída a negociação entre as partes, tornandose apta a produção de efeitos jurídicos. Assim, não há como considerar a existência de acordo prévio, se a sua assinatura ocorreu posteriormente ao pagamento da PLR. Pelas razões expostas requereu a Procuradora que fosse conhecido o recurso e provido para que se reforme o acórdão recorrido e se restabeleça o lançamento. O RE da Procuradora foi apreciado pela Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, por meio do despacho nº 24000/2015, datado de 1º/12/2015, às efls. 267 a 269, entendendo ele por lhe dar seguimento, em face do cumprimento dos requisitos regimentais. A contribuinte foi cientificada do acórdão de recurso voluntário, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu prosseguimento, por meio da Intimação nº 44, de 11/01/2016 (efl 270), em 20/01/2016 (efl. 274). Contrarrazões da contribuinte Em 03/02/2016, a contribuinte apresentou contrarrazões ao RE da Procuradoria, às efls. 279 a 287, onde, repisou os argumentos trazidos em seu recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Presentes os necessários pressupostos de admissibilidade, voto por conhecer do recurso especial. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos pagos, a qualquer título, conforme a seguir reproduzido: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10680.723884/201004 Acórdão n.º 9202005.269 CSRFT2 Fl. 298 5 trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97). (Grifei.). A legislação previdenciária é clara quando destaca, em seu art. 28, §9º, quais as verbas que não integram o salário de contribuição. Tais parcelas, relacionadas em numerus clausus, não sofrem incidência de contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial. Reparase que, nos termos a seguir colocados, a participação nos lucros ou resultados somente não integra o saláriodecontribuição, quando paga ou creditada de acordo com lei específica: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (Grifei.) Pois bem, a referida lei específica é a Lei n° 10.101, de 2000, e o procedimento descrito em seu art. 2º, abaixo reproduzido, estabelece que: (a) os instrumentos decorrentes da negociação devem conter regras claras e (b) serem pactuados previamente. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: Icomissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;(Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) (Produção de efeito) II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: Fl. 300DF CARF MF 6 I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. (Grifei.) Em vista da legislação acima, com relação à formalização do PLR, considero que a assinatura do acordo em data posterior à do período de apuração dos lucros ou resultados a serem distribuídos, já é suficiente para darlhe natureza tributável. Isso porque retira da verba paga uma de suas características essenciais: a recompensa pelo esforço conjunto entre o capital e o trabalho, para alcance de metas; o que traria competitividade à empresa e, em última análise, ao país. Entendo que o acordo necessita ser assinado antes de iniciado o período a que se refere, porquanto a PLR tem por finalidade incentivar o trabalhador a incrementar sua produtividade, situandoa acima do que lhe é usual ou ordinário. Sem que o acordo se dê antes de iniciado o período, não haveria como o trabalhador saber, com precisão, em quanto deveria aumentar o seu esforço para alcançar metas e qual o possível efeito financeiro que isto lhe acarretaria. A fim de que o trabalhador não fique ao talante do empregador, e, ao mesmo tempo, que o empregador tenha assegurado o necessário incremento de produtividade para justificar o compartilhamento do seu lucro, o acordo deve ser celebrado antes da vigência do período em que vigorará, de modo a que as partes iniciem esse tempo conhecedores de todas as regras a cumprirem. Essa interpretação, além de estar em consonância com a teleologia da Participação nos Lucros ou Resultados, é totalmente adstrita às normas de hermenêutica em Direito Tributário. Ora, para que se afaste a tributação de pagamentos havidos em face da existência de prestação de serviços, mormente da relação decorrente de contrato de trabalho e seus acessórios, a interpretação das normas tributárias há que ser literal, ou seja, restritiva. Isso decorre da orientação que se tira do art. 111 do Código Tributário Nacional CTN. Assim, não vejo como afastar a exigência de que o pacto prévio deva ser comprovado de forma inequívoca e não é o que se descortina no presente processo. No caso concreto, a formalização ocorreu em pactos firmados até mesmo em momentos posteriores aos pagamentos, conforme admitido pela própria decisão recorrida, fato não contraditado pelas partes: O Relatório Fiscal da obrigação principal apresenta que os pagamentos ocorreram nos dia 22/12/2006 e 20/12/2007 e que os acordos foram assinados nos dias 27/12/2006 (para o ano 2006) e 28/12/2007 (para o ano 2007) e que as metas deveriam ser definidas previamente. 2.2.2 Os referidos instrumentos acima mencionados, denominados "Programas de Metas de Participação nos Lucros e/ou Resultados" foram assinados nas datas de 27/12/2006 (para o ano de 2006) e 28/12/2007 (para o ano de 2007). Deles constam metas de caráter geral, setorial e individual, bem como os critérios de apuração das mesmas. Ora. ao se postergar a assinatura dos acordos para os últimos dias de cada ano, o que ocorreu foi a assinatura de Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10680.723884/201004 Acórdão n.º 9202005.269 CSRFT2 Fl. 299 7 atos para referendar situações pretéritas, de antemão conhecidas; o item II do § 1º do art. 2º da Lei 10.101, acima reproduzido, deixa claro que os programas de metas, resultados e prazos, devem ser previamente pactuados. Nem poderia ser de outra forma, já que, por definição, é impossível o estabelecimento de metas a posteriori. Mais grave, os pagamentos das parcelas a titulo de participação nos lucros/resultados foram feitos nas datas de 22/12/2006 e 20/12/2007, como consta dos acordos, portanto antes mesmo da assinatura dos mesmos. Na realidade estes valores pagos revestemse das características de uma gratificação qualquer, para a qual criouse, após seu pagamento, um simulacro de Programa de Metas de Participação nos Lucros e/ou Resultados. (Negritos do original, sublinhei.) Por fim, não há que se falar em conhecimento prévio do pacto como um atenuante na norma legalmente posta, visto que, na norma, não há previsão dessa possibilidade. Por essas razões, discordo da decisão do relator do voto vencedor do acórdão recorrido e considero acertado o lançamento das contribuições sobre os valores a título de PLR que não se cingiram às disposições legais. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso da Fazenda Nacional e darlhe provimento, para restabelecer as multas decorrentes das contribuições sobre as verbas pagas a título de participação nos lucros e resultados e para manter integralmente o crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 302DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.000708/2003-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2402-000.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos apontados pelo relator.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos apontados pelo relator. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 00 70 8/ 20 03 -4 0 Fl. 365DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Inicialmente, adotase parte do relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: O contribuinte, acima identificado, foi, em decorrência de ação fiscal, autuado e notificado a recolher as importâncias constantes do Auto de Infração de fls. 93/97, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 1998, anocalendário 1997, cujo valor apurado foi R$ 82.668,64 de imposto, R$ 77.394,38 de juros de mora (calculados até 28/02/2003) e R$ 62.001,48 de multa proporcional, totalizando o crédito tributário de R$ 222.064,50. Com base nos documentos apresentados pelo contribuinte em resposta às intimações e nas informações obtidas através de fontes internas e externas, foi procedida a autuação da seguinte parcela: 1 OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO COMPROVADOS Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal n° 01 de fls. 90/92 Os fatos geradores, valores tributáveis e percentuais/He multa de oficio estão especificados à fl. 96. Enquadramento Legal: Fl.. 97 Auto de Infração Cientificado, pessoalmente, em 31/03/2003 (fl.95) e inconformado com a autuação sofrida, o contribuinte apresentou, em 29/04/2003 (fl. 101), por intermédio de procurador legalmente habilitado (fl. 106), a impugnação de fls. 101/105, alegando, em síntese: 1) que ao exercer a função de cirurgião dentista, como voluntário junto à Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas, graciosa e desinteressadamente, cedeu sua conta corrente junto ao Banco Itaú S/A., para que os pacientes provenientes dos Postos de Saúde do sistema de saúde, entre várias entidades sociais do município de Campinas, pudessem levar a cabo a operacionalização do tão sonhado tratamento dentário por ampla gama de pessoas carentes; 2) que, por uma inextricável falha nos anais da entidade financeira, o Banco Itaú S/A, quando da informação da base de cálculo e do valor retido à guisa de CPMF, divulgou ao Fisco montantes muito acima daqueles realmente praticados pelo impugnante; 3) que, entretanto, a autoridade fiscal, ao receber as informações e a documentação fornecida pelo impugnante, por leve descuido, talvez em Fl. 366DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 4 3 função da demanda temporal do procedimento, porém de suma importância para o caso em tela, descuidouse de averiguar, em lista também fornecida por ele, o grau de participação e envolvimento de outros contribuintes ali consignados, os quais se utilizavam da mesma conta corrente junto ao Banco Itaú S/A , 4) que para apuração criteriosa do "quantum" a ser tributado e imputado ao impugnante, no mínimo, essas outras pessoas físicas deveriam ter sido intimadas a prestar esclarecimentos quanto ao uso conjunto e movimentação dos numerários estampados àquela conta corrente; 5) que, porém, como tal procedimento foi ignorado, fica clara a restrição da ampla defesa do impugnante, definido no artigo 5º, LV da Constituição Federal, uma vez que na ausência da informação de todos os outros envolvidos, fica sem ter como comprovar e definir os limites de sua real receita e respectivos dispêndios; 6) que fazse mister ainda observar, que a autoridade fiscal exige, para análise e interpretação pormenorizada dos eventos numéricos, a apresentação de "Livro Caixa", convertendose esta demanda em situação impossível de ser implementada, em razão do impugnante não possuir tal compêndio, não por displicência própria, mas porque à época dos fatos, inexistia tal exigência legal no regulamento do Imposto de Renda; 7) que é fato que o contribuinte não infringiu o limite legal da incidência, ou seja, não praticou qualquer ato tributável pelo fisco, pois somente emprestou sua conta corrente para auxiliar uma entidade como bom cidadão; 8) que diante de tantas irregularidades, requer que o fisco diligencie as pessoas apresentadas em lista que faz parte do relatório fiscal, ora reproduzida, questionando cada qual se os mesmos se utilizaram da conta corrente do Banco Itaú e cada qual responsabilizarse por sua cota; 9) que requer ainda que seja diligenciada a ACDCAssociação do Cirurgiões Dentistas de Campinas para que esta possa prestar os devidos esclarecimentos, indagando se o impugnante cobrava pelo atendimento odontológico naquela instituição, se positivo qual o valor, que se utilizava da conta corrente do impugnante e quem são o s dentistas apresentados na declaração. Em sessão realizada em 08 de outubro de 2008, a DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Ano calendário: 1998 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Rejeitase a preliminar de nulidade do lançamento invocada com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 5 4 Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito defesa. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. DAS DILIGÊNCIAS, OU PERÍCIAS Indeferese o pedido de diligências ou perícias quando formulado em desacordo com a legislação de regência e se revelar prescindível ao julgamento da lide. Os pedidos de diligências ou perícias não integram o rol dos direitos subjetivos do autuado, podendo o julgador, se justificadamente entendêla dispensável não acatar o pleito. Lançamento Procedente O recorrente foi intimado da decisão em 12/11/2008 (fl. 328) e interpôs recurso voluntário em 08/12/2008 (fls. 334 e seguintes), no qual suscitou as seguintes teses de defesa: PRELIMINAR nulidade absoluta de auto de infração por servidor não revestido das formalidades legais no Mandado de Procedimento Fiscal; obtenção de prova por meio ilícito; MÉRITO incabível a exigência de crédito tributário lançado com base na movimentação financeira do contribuinte, quando a soma dos recursos de origem não comprovada não ultrapassar, no decorrer do anocalendário, o valor de R$ 80.000,00 e nenhum deles for superior a R$ 12.000,00. Concluindo o seu recurso, o sujeito passivo ainda afirma ter havido cerceamento de defesa. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 6 5 VOTO Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da conversão do julgamento em diligência O recorrente afirma que o lançamento é nulo, pois, antes da lavratura do auto de infração, é necessária a intimação dos demais cotitulares da conta bancária movimentada. Segundo alega em grau recursal, a conta possuía três titulares. Essa matéria não foi ventilada na impugnação, mas é passível de conhecimento nesta fase em que o processo se encontra. O Código de Processo Civil vigente, em seu art. 278, parágrafo único, preleciona que a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade, exceto aquela que o julgador deva decretar de ofício. Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento. O § 5º do art. 337 do Código determina que o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas nos incisos I a XIII, entre as quais a ausência de legitimidade da parte. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...] XI ausência de legitimidade ou de interesse processual; [...] § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. Neste caso concreto, há possível ilegitimidade de parte, pois, na dicção do § 6º do art. 42 da Lei 9.430/1996, "na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares". Fl. 369DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 7 6 A própria Súmula CARF nº 29 prevê que todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Examinadose o Informe de Rendimentos Financeiros de fl. 50, relativo ao ano calendário 1997, juntado antes mesmo da impugnação, verificase que a conta sob exame era do tipo Conta Universal. Tal conta, conforme se observa nas informações extraídas junto ao banco, na rede mundial de computadores1, é aquela com mais de um cliente como titular: c) Conta conjunta – é a Conta Universal Itaú com mais de um cliente como titular e pela qual todos eles respondem solidariamente, ou seja, igualmente, por todos os direitos e obrigações da conta, inclusive pelas operações de crédito eventualmente contratadas. Se a conta conjunta for do tipo “E/OU”, bastará a assinatura/solicitação de apenas um dos titulares para movimentar, encerrar e contratar serviços e produtos, bem como realizar outras operações (exceto o serviço de fornecimento de talões e/ou folhas de cheques em domicílio, para o qual todos os titulares deverão autorizar expressamente). No caso de contas do tipo “E”, será preciso a assinatura/solicitação de todos os titulares para movimentação, encerramento, contratação de serviços, produtos e outras operações. (como no original) Isto é, há forte indício de que a conta 63937, do Banco Itaú S/A, realmente possuía mais de um titular à época do fato gerador (anocalendário 1997), mas não há nos autos nenhum outro documento atestando essa situação de cotitularidade, tampouco quem seriam os demais cotitulares, senão apenas as alegações do recorrente, formuladas em sede de recurso. Nessa toada, também não há qualquer documento atestando que os eventuais co titulares da conta tenham sido efetivamente intimados na fase que precede à lavratura do auto de infração, ex vi da Súmula encimada. Destarte, fazse necessário aperfeiçoar a instrução processual. Mais ainda, e conforme determina o art. 10 do Código de Processo Civil, o julgador não pode decidir, em grau algum de jurisdição, e ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes 1 https://www.itau.com.br/_arquivosestaticos/Itau/PDF/paravoce/contacorrente/chequeespecial/condicoes geraisdacontauniversalitaudosservicosjan13.pdf, acesso em 16 de novembro de 2016. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 19515.000708/200340 Resolução nº 2402000.586 S2C4T2 Fl. 8 7 oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Em sendo assim, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, a fim de: 1. apurar e demonstrar se a conta sob exame era conjunta à época do fato gerador (anocalendário 1997); 2. em caso afirmativo, informar se os demais cotitulares da conta foram intimados na fase que precede à lavratura do auto de infração; 3. intimar o contribuinte para, realizada a diligência, apresentar sua manifestação no prazo legal. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário e CONVERTER o seu julgamento em DILIGÊNCIA, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 371DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13014.720475/2015-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. FILHO MAIOR DE 21 ANOS. CONDIÇÕES.
A fiscalização não pode condicionar o direito à dedução da pensão alimentícia paga a filho, aos preenchimento das condições estabelecidas para caracterizar a condição de dependente.
Numero da decisão: 2201-003.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido Conselheiro Relator que negava provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
assinado digitalmente
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
assinado digitalmente
Dione Jesabel Wasilewski - Redatora designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. FILHO MAIOR DE 21 ANOS. CONDIÇÕES. A fiscalização não pode condicionar o direito à dedução da pensão alimentícia paga a filho, aos preenchimento das condições estabelecidas para caracterizar a condição de dependente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido Conselheiro Relator que negava provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente assinado digitalmente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator assinado digitalmente Dione Jesabel Wasilewski Redatora designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 4. 72 04 75 /2 01 5- 01 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 64 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF que é objeto do presente processo. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: Contra o contribuinte, acima identificado, foi lavrada Notificação de Lançamento – Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, fls. 31/36, relativo ao anocalendário de 2012, exercício de 2013, para formalização de exigência e cobrança de imposto suplementar no valor total de R$ 3.275,65, incluindo multa de ofício e juros de mora. A infração apurada pela Fiscalização, relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 33/34, decorreu das seguintes constatações: Dedução Indevida com Despesa de Instrução. Glosa do valor de R$ 2.940,00, indevidamente deduzido a titulo de despesas com instrução, por falta de comprovação, ou por falta de previsto legal para sua dedução. De acordo com a sentença apresentada, o contribuinte somente estaria obrigado a arcar com as despesas relativas a curso superior com a alimentando Ana Caroline Mata Santos. Nada foi determinado sobre despesas com instrução referente a Mariana Mata Santos. Enquadramento Legal: Art. 8º, inciso II, alinea “b”, e § 3º, da Lei n° 9.250/95; arts. 1º, 2º e 15 da Lei nº 10.451/2002; arts. 39 a 42 da Instrução Normativa SRF nº 15/2001, arts. 73, 81 e 83 inciso lI do Decreto nº 3.000/99 RIR/99. Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública. Glosa do valor de R$ 9.682,53, indevidamente deduzido a título de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. De acordo com a legislação em vigor o pagamento de pensão sobre o 13° salário tem tributação exclusiva e, portanto não pode ser considerado como dedução no ajuste. Não foi comprovada a condição de universitária da alimentando Ana Caroline Mata Santos a qual já havia ultrapassado a idade limite de 21 anos no anobase de 2012, portanto, não cabe a dedução pretendida. O valor correspondente àquela alimentanda, ou seja 50 por cento do valor total declarado, no ano base de 2012, como pensão alimentícia. Enquadramento Legal: Art. 8º, inciso II, alinea “f”, da Lei n° 9.250/95; arts. 49 e 50 da Instrução Normativa SRF nº 15/2001, arts. 73, 78 e 83 inciso lI do Decreto nº 3.000/99 RIR/99. Os dispositivos legais infringidos e a penalidade aplicável encontramse detalhados às fls. 33/36. Inconformado com a exigência, a qual tomou ciência em 24/08/2015, AR às fls. 39, o contribuinte apresentou impugnação em 09/09/2015, fls. 03, alegando, em síntese: “Infração: DEDUÇÃO INDEVIDA COM DESPESA DE INSTRUÇÃO Valor da infração: R$ 2.940,00. Concordo com essa infração. Infração: DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL E/OU POR ESCRITURA PÚBLICA Valor da infração: R$ 9.682,53. Estou questionando o valor de R$ 9.682,53. O valor contestado referese a pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, conforme normas do Direito de Família, em Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 65 3 decorrência de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública, no caso de divórcio consensual.” Tendo em vista o disposto na Portaria RFB nº 453, de 11 de abril de 2013 (DOU 17/04/2013), e no art. 2º da Portaria RFB nº 1.006, de 24 de julho de 2013 (DOU 25/07/2013), e conforme definição da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial da RFB, encaminhouse o presente eprocesso para apreciação pela DRJB/Fortaleza (fls. 41). A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que: Não se manifestaria sobre a dedução indevida das despesas a título de instrução, uma vez que não foi impugnada pelo requerente. A dedução de pensão alimentícia é irregular, uma vez que a dependente tinha mais de 21 anos, no anocalendário em questão, e não comprovou nenhum dos requisitos legais que embasasse o mantimento da pensão, quais sejam: curso em faculdade ou ensino técnico superior, impossibilidade para trabalho ou impossibilidade para prover a própria mantença. Cientificado do acórdão da DRJ em 01/12/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, tempestivamente, em 30/12/2015, alegando em síntese que: Não concorda com a decisão de primeira instância. Requer a revisão dos documentos apresentados à primeira instância. É o relatório. Voto Vencido Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de pensão alimentícia Acerca da dedução com dependentes, estabelece o artigo 35, da Lei 9.250/95: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 66 4 I o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. § 2º Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges. § 3º No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. § 4º É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte. § 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único do art. 3 o da Lei n o 10.741, de 1 o de outubro de 2003, a pessoa com deficiência, ou o contribuinte que tenha dependente nessa condição, tem preferência na restituição referida no inciso III do art. 4 o e na alínea “c” do inciso II do art. 8 o . (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência).(grifei). O artigo supramencionado é claro. Passados os 21 anos de idade, fazse necessária a prova de curso em ensino superior ou escola técnica de segundo grau para a regular dedução dos valor com dependente. Também sobre esse assunto, preceitua a súmula Nº 98 do CARF: Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 67 5 Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (grifei). Vejamos a regra de direito de família a qual a súmula se refere, nos termos do artigo 1695 do Código Civil: Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecêlos, sem desfalque do necessário ao seu sustento. (grifei). A pensão alimentícia tem sua validade baseada na necessidade do alimentado. Acontece que tal necessidade é presumida até os 21 anos de idade, podendo a presunção ser prorrogada, para os capazes, quando o beneficiário cursa ensino superior ou escola técnica de segundo grau ou reste comprovada a impossibilidade de se manter às suas próprias expensas. Entendimento contrário seria perpetuar uma relação jurídica que se modifica naturalmente com o decorrer dos anos. Não parece razoável aceitar que uma obrigação alimentar que foi estabelecida em longínquo ano possa se perpetuar, sem prova de que a necessidade da alimentada continua a mesma de quando incapaz, mesmo com a presunção de uma pessoa economicamente ativa e que possa estar inserida no mercado de trabalho. No caso em tela, a alimentada possuía, à época dos fatos, 23 anos de idade, sendo necessária a prova de que ela cursava ensino superior ou curso técnico de segundo grau, que era incapaz, ou, por último, que não tinha condições de prover a sua própria subsistência. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. assinado digitalmente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Voto Vencedor Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 68 6 Presto minha homenagem à percuciente construção feita pelo relator em seu voto, contudo não concordo com os seus termos e conclusões. Este voto trata da possibilidade de dedução de pensão alimentícia paga a filho com mais de 21 anos e que não comprove curso em faculdade ou ensino técnico superior ou impossibilidade para trabalho ou para prover a própria mantença. As atividades legislativa e executiva são expressões do poder político do Estado, a primeira responsável pela edição de normas de caráter geral e abstrato que inovam na ordem jurídica e, a segunda, vocacionada a resolver os casos concretos de acordo com a ordem jurídica vigente. Mesmo o poder regulamentar conferido ao executivo deve ser exercido dentro dos estreitos limites impostos pelas leis, sendo pacífico o entendimento de que ele não é autorizado, sob pena de se configurar invasão de competência, a extrapolar essas fronteiras criando regras inovadoras. Se o poder regulamentar está contido pela rigidez desses contornos, que se dirá da atividade da Administração pública, já definida como aquela a quem compete aplicar a lei de ofício. Na hipótese em questão, a norma que confere ao contribuinte o direito à dedução da pensão alimentícia da base de cálculo do imposto de renda tem a seguinte redação (Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (...) Essas regras são diferentes daquelas relativas à dedução dos filhos como dependentes. Para cada uma dessas situações, dedução como dependente ou dedução de pensão alimentícia, existem condições legais próprias a serem atendidas, que expressam verdadeiros ônus para os contribuintes, mas são também expressões de direitos a serem respeitados pela Administração. Ao estender as regras criadas textualmente para as situações de dependência para as de dedução da pensão alimentícia, a Administração onera os contribuintes nesta situação de forma que extrapola os limites impostos pela investigação sintática (literalidade). E Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 69 7 este é o critério fixado pelo Código Tributário Nacional como o adequado para a interpretação das normas dessa natureza (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 111), que tanto serve para limitar o exercício do direito, como para definir o ônus imposto como condição para ele. Ou seja, a literalidade da norma tanto serve para impedir a extensão, como a redução do seu significado. É certo que o CTN autoriza o emprego da analogia quando houver "ausência de disposição expressa" (art. 108, I), ressalvando que, do emprego da analogia, não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei (art. 108, § 1º). Mas, ao se indagar sobre a possibilidade de integração da norma, por analogia, no caso concreto em análise, não é possível superar nem o primeiro obstáculo estabelecido pelo CTN, pois, indubitavelmente, há norma específica regulando a matéria. A meu ver, criar condições que não podem ser extraídas do texto legal significar inovar no ordenamento jurídico, e inovar no ordenamento jurídico é legislar sobre direito tributário, atividade estranha à esfera de competência desse órgão. Isso não quer dizer que a administração está fadada a admitir as deduções a título de pensão alimentícia sem qualquer valoração do caso concreto. Pelo contrário, há um espaço a ser preenchido na verificação da adequação do caso concreto ao preceito geral e abstrato. Assim, para que haja o direito à dedução não basta, por exemplo, que haja um acordo homologado judicialmente. É necessário investigar quais foram as condições estabelecidas como pressupostos para sua validade e se essas condições ainda se mantém (aplicação da cláusula rebus sic stantibus). De forma que, se a pensão foi justificada pelo estado de desemprego involuntário, ou pelo fato do filho estar se dedicando à formação acadêmica, ou pelo casal estar separado de fato, ou por doença do beneficiário da pensão ou de seu filho/cônjuge a exigir atenção integral daquele, pode ser feita a verificação da continuidade dessas condições como pressuposto de eficácia do acordo ou da sentença. A fiscalização também pode e deve conferir se há efetivamente pagamento da pensão. Para tanto, é necessário que haja prova da transferência dos recursos e que estes foram integrados de forma definitiva ao patrimônio do beneficiário. Não comprovado pagamento, não há direito à dedução. A verificação do atendimento dessas condições deve ser feita pela fiscalização e caso constate a existência de irregularidade, ela deve estar suficientemente descrita no auto de infração, com a demonstração dos seus elementos de fato e de direito. Se o lançamento não aponta esses elementos, faltalhe fundamentação. Na hipótese em questão, o auto utilizou como fundamento para glosa da dedução com pensão judicial (fls 34) o não atendimento aos critérios estabelecidos para dedução de dependente. Esse critério não é idôneo para fundamentar essa glosa e outro não pode ser manejado nessa sede recursal sob pena de cerceamento do direito de defesa. Dessa forma, com todo respeito àqueles que pensam de maneira diferente, entendo que, em relação à dedução da pensão alimentícia, a atividade fiscal está limitada a verificar: a existência do acordo/sentença/escritura pública; se seus pressupostos de validade continuam a existir (condições expressamente fixadas em seu texto); e se houve efetivo pagamento. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13014.720475/201501 Acórdão n.º 2201003.406 S2C2T1 Fl. 70 8 Se as normas existentes não forem boas o suficiente para regular as situações concretas da vida, especialmente considerando as grandes mudanças verificadas nas últimas décadas em relação à organização e funcionamento familiar, o caminho a ser trilhado é provocar o debate em sociedade e a criação, via legislativa, de regras mais adequadas aos fins visados pelo Estado. Em vista do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, reformando a decisão recorrida e restabelecendo o direito à dedução da pensão alimentícia no valor de R$ 9.682,53. assinado digitalmente Dione Jesabel Wasilewski Redatora designada Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000231/2009-98
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. PRECLUSÃO.
Hipótese em que, no acórdão embargado, não há que se falar de omissão acerca da aceitação de paradigma prolatado, mas ainda não publicado, uma vez não tendo sido a argumentação deduzida em sede de contrarrazões.
Numero da decisão: 9202-005.197
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte e em rejeitá-los. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
1.0 = *:*
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OMISSÃO. PRECLUSÃO. Hipótese em que, no acórdão embargado, não há que se falar de omissão acerca da aceitação de paradigma prolatado, mas ainda não publicado, uma vez não tendo sido a argumentação deduzida em sede de contrarrazões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte e em rejeitálos. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 02 31 /2 00 9- 98 Fl. 3369DF CARF MF Processo nº 19515.000231/200998 Acórdão n.º 9202005.197 CSRFT2 Fl. 3.370 2 Tratase de embargos de declaração de iniciativa do contribuinte, com fulcro no previsto no art. 65, §1o, inciso II, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº. 343, de 09 de junho de 2015. Referese o embargante, apesar de não citálo, ao Acórdão nº 9.202003.877, deste Colegiado, julgado na sessão plenária de 12 de abril de 2016, onde, pelo voto de qualidade, se conheceu do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para, no mérito, por maioria de votos, darlhe provimento. Transcrevese a ementa e decisão do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005 CONHECIMENTO. Na vigência da Portaria 256/2009, cabível Recurso Especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. No caso de critérios jurídicos distintos aplicados a situações fáticas semelhantes, caracterizada a existência de divergência. SIMULAÇÃO. Em se tratando de operações simuladas, devem os tributos ser exigidos em razão das operações efetivamente realizadas, desconsiderandose os atos simulados. PAGAMENTO SEM CAUSA. Os pagamentos efetuados sem causa justificada devem ser tributados, nos moldes do artigo 61 da Lei n° 8.981/95. Decisão: pelo voto de qualidade, em conhecer do recurso. Vencidos os Conselheiros Gerson Macedo Guerra (Relator), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação das demais questões trazidas no Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Gerson Macedo Guerra (Relator), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. Alega a embargante: a) Que a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial analisado em dezembro de 2013, apresentando como paradigma o Acórdão no. 1302000.992, não juntando cópia do Acórdão ou mesmo comprovante da publicação da Ementa, uma vez que o referido Acórdão foi publicado somente em 04/06/2014, ou seja, seis meses após a interposição do Recurso Especial. Entende a embargante como violado, assim, o disposto no art. 67, §§7o. e 8o. do RICARF, aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de junho de 2009. Como o acórdão não Fl. 3370DF CARF MF Processo nº 19515.000231/200998 Acórdão n.º 9202005.197 CSRFT2 Fl. 3.371 3 estava sequer disponibilizado no sítio deste Conselho, o mesmo seria imprestável para fins de instrução e conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional; b) Que, como no Acórdão no. 10323.637 (segundo paradigma apresentado), se afastou o dolo ou simulação quanto às condutas de compra de soja e exportação da embargante, haveria contradição nas decisões proferidas nos presentes autos, uma vez que estas, adotando o referido acórdão como paradigma, concluem, porém, pela existência de dolo; c) Entende que se tratava, no caso em questão, de mera divergência de valoração de provas, não se podendo aceitar que o Acórdão considerasse que sequência de operações, sob o ponto de vista fático, se trata do mesmo que dar interpretação divergente à legislação federal; d) Alega, ainda, violação ao art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste CARF em vigor à época da interposição do recurso e ao art. 37, inciso II do Decreto no. 70.235, de 06 de março de 1972, para, ao final, requerer o conhecimento e julgamento do Recurso, a fim de sanar as contradições e erros materiais alegados. Os embargos, na forma de despacho de admissibilidade de efls. 3364 a 3367, somente foram admitidos para que fosse sanada a omissão do acórdão, através da prolação de novo Acórdão, onde se explicite os fundamentos da decisão quanto à aceitação do primeiro paradigma apresentado pela Fazenda Nacional (Acórdão no. 1302000.992) , à luz do disposto no art. 67, § 7o. e 8o. do anexo II ao Regimento Interno deste CARF aprovado pela Portaria MF no. 256, de 2009. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Rezavam os §§ 7o. e 8o. do art. 67 do Regimento Interno deste Conselho, vigentes à época de interposição do Recurso: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 7° O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 8° Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou da Imprensa Oficial. Fl. 3371DF CARF MF Processo nº 19515.000231/200998 Acórdão n.º 9202005.197 CSRFT2 Fl. 3.372 4 O cerne da questão sob análise diz respeito à possibilidade de aceitação de paradigma já prolatado, mas não publicado (in casu, o primeiro paradigma apresentado pela Fazenda Nacional em seu Recurso Especial, a saber, Acórdão 1302000.992, publicado somente em 04/06/2014, tendo a interposição do Recurso Especial da Fazenda Nacional se dado em 09/12/2013, consoante efl. 3094). Inicialmente, entendo que o momento para se provocar a discussão acerca da rejeição do paradigma questionado seria em sede de contrarrazões. Não tendo sido a matéria levantada em sede de contrarrazões, me posiciono no sentido de inexistir qualquer omissão no Acoórdão embargado, restando preclusa, a esta altura, a argumentação apresentada pela embargante quanto à imprestabilidade do paradigma 1302000.992, por sua publicação tardia (vide contrarrazões de efls. 3155 e ss., onde não se nota qualquer alegação neste sentido). Assim, voto pela rejeição dos embargos sob análise. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 3372DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.006655/2008-63
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.901
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2007 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 66 55 /2 00 8- 63 Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 177DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 179DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 181DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 11516.006655/200863 Acórdão n.º 9202004.901 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 183DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.009224/2002-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1997
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. ESCLARECIMENTO. ALCANCE DA DECISÃO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos.
No caso, é preciso esclarecer a extensão da decisão embargada, especialmente no que se refere aos juros, haja vista que constam duas rubricas distintas, no Auto de Infração.
Embargos Acolhidos sem Efeitos Infringentes.
Numero da decisão: 2202-003.681
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202-002.981, de 10/02/2015, esclarecer que permanecem em exigência os juros pagos a menor ou não pagos, no valor de R$ 31,90.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202-002.981, de 10/02/2015, esclarecer que permanecem em exigência os juros pagos a menor ou não pagos, no valor de R$ 31,90. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada.
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CABIMENTO. ESCLARECIMENTO. ALCANCE DA DECISÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos. No caso, é preciso esclarecer a extensão da decisão embargada, especialmente no que se refere aos juros, haja vista que constam duas rubricas distintas, no Auto de Infração. Embargos Acolhidos sem Efeitos Infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2202002.981, de 10/02/2015, esclarecer que permanecem em exigência os juros pagos a menor ou não pagos, no valor de R$ 31,90. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 92 24 /2 00 2- 21 Fl. 469DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 470 2 Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Foi proferido o Acórdão nº 2202002.981, de 10 de fevereiro de 2015 (fl. 458), em resumo nos seguintes termos: EMENTA MATÉRIA DE FATO. DCTF. Colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. (...) A questão cingese à auditoria interna na DCTF. Exigise débitos de IRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. (...) Tendo o contribuinte apresentado os documentos às fls. 231/375, firmo o convencimento da existência dos processos judiciais nos quais teriam ocorridos os referidos depósitos judiciais. Deste modo aqueles valores questionados pela autoridade fiscal, como que não teriam sido comprovados, foi evidenciado a vinculação com depósitos em processos judiciais. Deste modo, colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. Isto posto, o lançamento não se mantém no relativo ao juros pagos a menor.(destaquei) Os autos foram enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional que interpôs Embargos de Declaração tempestivos. Alega a Embargante que, como se colhe do trecho acima, o colegiado firmou o seu convencimento na efetiva existência dos processos judiciais para desconstituir o lançamento, inclusive em relação aos juros de mora. Ocorre que, segundo se depreende da leitura do Auto de Infração, os juros de mora em nada se relacionam com a acusação de falta de recolhimento do IRRF por não comprovação dos processos judiciais informados em DCTF. De acordo com o auto, os juros de mora foram lançados em razão do recolhimento intempestivo (fl. 464). Em 02 de maio de 2015, o Presidente da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara desta Seção de Julgamento admitiu os embargos opostos, nos seguintes termos (fl. 467): Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 471 3 Pelo que se vê, o voto condutor do v. Acórdão não foi preciso ao definir para o que se dava o provimento, podendo se entender que o lançamento como um todo deveria ser cancelado. Isso posto, entendo que deve ser acolhido os Embargos, no sentido de submeter os autos novamente à apreciação da Turma, com vistas a suprir a contradição/obscuridade apontada. Assim, os autos foram incluídos em pauta de julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (arquivo .pdf). O Auto de Infração eletrônico que efetuou "batimento" da DCTF, no que diz respeito ao IRRF do ano calendário de 1997, encontrase nas fls. 196 e seguintes. É possível verificar no "demonstrativo de crédito tributário" que existem dois códigos distintos para tributação: um relativo a "imposto" (2932), no valor de R$ 145.856,96, com multa proporcional de ofício e juros de mora, e outro relativo a "juros pagos a menor" (6583), isolados, no valor de R$ 31,90. Em relação a essa última rubrica, a "descrição dos fatos" traz que: falta ou insuficiência de pagamento dos acréscimos legais (multa de mora e/ou juros de mora parcial ou total), remetendo ao "anexo IV" (fl. 202) onde se observa que para a terceira semana do mês de dezembro de 1997, cujo vencimento do imposto deuse em 24/12/1997, houve um pagamento com insuficiência de acréscimos legais (juros), que então exigese mediante Auto de Infração. Inconformado com a exigência tributária, o contribuinte apresentou impugnação que não tratou dessa pequena parte da matéria. Vejamos o que disse a DRJ (fl. 208 e ss.), ao analisála: AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. MATÉRIA INCONTROVERSA. DEFINIT1VIDADE. Na ausência de impugnação expressa, restou incontroverso e tornouse definitivo no âmbito administrativo o lançamento de juros de mora isolados. (...) Tratase de auto de infração lavrado para exigir débitos de ÍRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de Fl. 471DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 472 4 infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. A autuada impugnou, sem fazer menção aos juros de mora isolados. (...) Em vista do exposto voto por julgar procedente em parte o lançamento, para: A) no tocante à matéria incontroversa, declarar a definitividade, no âmbito administrativo, do lançamento de juros de mora isolados; a) preliminarmente, rejeitar a arguição de nulidade e, por desnecessária, indeferir o pedido de perícia; e c) no mérito, manter a exigência dos débitos de IRRF e cancelar a multa de ofício a eles vinculada.(destaquei) Bem, conforme já admitido, o Acórdão embargado não foi claro sobre quais juros se referia, ao entender que estava comprovada a existência de processos judiciais nos quais teriam ocorrido depósitos judiciais do tributo em exigência. Voltando ao Auto de Infração na fl. 196, temos que: Imposto R$ 145.856,96 (Acórdão CARF nº 2202002.981 entendeu pela sua inexibilidade, fl.458 a 461) Multa de Ofício R$ 109.392,72 (Acórdão da DRJ nº 1013.502 entendeu pela sua inexigibilidade, fl. 208/9) Juros de Mora (calculados até 31/05/2002) R$ 131.722,60. A esses o Acórdão CARF, sob embargos, quis referirse, uma vez que não subsistindo a existência do imposto, conforme entendeu, não subsistem as correções a ele vinculadas (Acórdão CARF nº 2202002.981 entendeu pela sua inexibilidade, fl. 461). Ou seja, se não havia imposto a ser pago mediante lançamento de ofício, não pode haver juros, que servem para atualizar o valor monetário desse imposto. Juros pagos a menor ou não pagos R$ 31,90. Esses permanecem em exigência, uma vez que foram matéria não impugnada, conforme assentou o julgador de 1ª instância e estiveram fora do litígio julgado administrativamente. Em conclusão, VOTO no sentido de acolher os embargos declaratórios para, sanando o vício apontado, esclarecer que permanecem em exigência (Auto de Infração fl. 196) os Juros pagos a menor ou não pagos no valor de R$ 31,90. Permanecem em exigência, uma vez que foram matéria não impugnada, conforme assentou o julgador de 1ª instância, e estiveram fora do litígio julgado administrativamente. Assinado digitalmente Fl. 472DF CARF MF Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202003.681 S2C2T2 Fl. 473 5 Marcio Henrique Sales Parada Fl. 473DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003903/2003-21
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ
Exercício: 1998
Ementa: DECADÊNCIA. CSLL. FALTA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.
ART. 173, I, DO CTN.
Embora a CSLL seja tributo sujeito à sistemática de lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial deve ser submetida à regra contida no artigo 173, I, do CTN, vez inexistir pagamento parcial a ser homologado. O dies a quo do lustro de caducidade se identifica ao primeiro dia do exercício subsequente àquele em que ocorrido o fato gerador, na forma consagrada pelo STJ (REsp nº 973.733), de observância compulsória pelo CARF (artigo 62A do RICARF).
Numero da decisão: 1803-000.773
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de
Julgamento, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e do voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes e Selene Ferreira de Moraes.
Nome do relator: Benedicto Celso Benício Júnior
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Exercício: 1998 Ementa: DECADÊNCIA. CSLL. FALTA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CTN. Embora a CSLL seja tributo sujeito à sistemática de lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial deve ser submetida à regra contida no artigo 173, I, do CTN, vez inexistir pagamento parcial a ser homologado. O dies a quo do lustro de caducidade se identifica ao primeiro dia do exercício subsequente àquele em que ocorrido o fato gerador, na forma consagrada pelo STJ (REsp nº 973.733), de observância compulsória pelo CARF (artigo 62A do RICARF).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Exercício: 1998 Ementa: DECADÊNCIA. CSLL. FALTA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CTN. Embora a CSLL seja tributo sujeito à sistemática de lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial deve ser submetida à regra contida no artigo 173, I, do CTN, vez inexistir pagamento parcial a ser homologado. O dies a quo do lustro de caducidade se identifica ao primeiro dia do exercício subsequente àquele em que ocorrido o fato gerador, na forma consagrada pelo STJ (REsp nº 973.733), de observância compulsória pelo CARF (artigo 62A do RICARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e do voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes e Selene Ferreira de Moraes. (assinado digitalmente) SELENE FERREIRA DE MORAES Presidente Fl. 499DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 2 2 (assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Relator Participarem do julgamento os conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Marcelo Fonseca Vicentini, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Rodrigues Mendes e Luciano Inocêncio dos Santos. Relatório Após fiscalização realizada na empresa Recorrente, restou lavrado o auto de infração objeto do presente processo administrativo, exigindo parte da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido do anocalendário de 1997 no total de R$ 35.345,05 (trinta e cinco mil, trezentos e quarenta e cinco reais e cinco centavos), conforme abaixo demonstrado: CSLL 16.619,67 JUROS DE MORA (até 30/09/2003) 18.725,38 MULTA PROPORCIONAL 0,00 CRÉDITO APURADO (R$) 35.345,05 Conforme o Termo de Verificação Fiscal foram verificados os seguintes e sintetizados fatos: A Autoridade Fiscal constatou que a Contribuinte compensou a totalidade da base de cálculo negativa de períodos anteriores na apuração da CSLL referente ao anocalendário de 1997, ou seja, superior ao limite legal de 30%, cuja diferença de base de cálculo perfez o valor de R$ 207.745,89. Entretanto, reconhecendo que a Contribuinte o fizera com base em liminar concedida em Recurso de Apelação pelo TRF da 3ª Região nos autos do Mandado de Segurança n. 95.00335875 e afim de prevenir a decadência, lavrou o auto de infração sem multa de ofício e com a exigibilidade suspensa, conforme determina o artigo 63 da Lei n. 9.430/96 com redação alterada pela Medida Provisória n. 2.15835/2001. Cientificada do auto de infração em 30/10/2003, a Contribuinte apresentou impugnação tempestiva, que nos termos do relatório da DRF restou assim resumida: “6. A Impugnante disse inicialmente que compensou suas bases negativas apuradas até 1994 sem o limite de 30% por força de decisão judicial obtida no processo n°97.03.00847056 (doc. 12). Entende que o auto de Fl. 500DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 3 3 infração, apesar de ter sido corretamente lavrado com a sua exigibilidade suspensa e sem a aplicação da multa de oficio de 75%, não poderia ter sido lavrado, pois contraria ordem judicial obtida no curso do processo citado. 7. A Impugnante defende que, quando da data da ciência do auto de infração, em 30/10/2003, já teria ocorrido a decadência, pois o auto reportase ao anocalendário de 1997 e já teriam se passado cinco anos do fato gerador do tributo. Segundo seu entendimento, o termo final para o lançamento seria 31/12/2002. Cita doutrina e jurisprudência favoráveis a sua tese. 8. Prosseguindo, a Impugnante discorre sobre o mérito, defendendo o direito dele ser apreciado na via administrativa, eis que o lançamento ocorreu em data posterior a da propositura da ação judicial. Entende que negar esse direito constitui afronta às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 9. Sobre a compensação das bases negativas por ela empreendida, defende que ela é regida pela lei vigente à época de sua apuração, sob pena de ofensa ao direito adquirido. 10. Logo a seguir, a Contribuinte alega o descabimento da cobrança dos juros moratórios. Como obteve liminar antes do vencimento do tributo, não há que se falar em divida vencida e tampouco em falta que lhe seja imputável, por estar respaldada em pronunciamento judicial. Defende, ainda, o afastamento da aplicação da taxa SELIC, por ser a sua cobrança inconstitucional. 11. A Contribuinte afirma que a Fiscalização deveria ter procedido ao ajuste da base de cálculo da CSLL dos períodos envolvidos para, somente então, efetuar o lançamento, pelo seu valor líquido, conforme determinado pelos arts. 193 e 219 do RIR/94. Entende cabível a aplicação da "postergação", pois o lançamento baseouse na glosa de valores que ultrapassaram o limite de 30% da compensação. 12. Recompondose as bases negativas dos períodos subseqüentes àqueles em que teriam ocorrido os excessos de compensação de resultados negativos, a Contribuinte conclui que não haveria contribuição a pagar. 13. Em conclusão, requer a Impugnante o acolhimento de sua pretensão conforme acima sintetizado”. Fl. 501DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 4 4 A 2ª Turma – DRJ – SÃO PAULO I julgou, por unanimidade, procedente o lançamento nos seguintes moldes: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 1997 IRPJ. DECADÊNCIA. O direito de praticar o ato de lançamento extinguese após 5 anos, sendo o termo inicial de contagem do prazo o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO PELO LANÇAMENTO. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. A Fazenda Pública tem o poderdever, mesmo em período protegido por decisão judicial, de praticar o ato de lançamento, formalizando o crédito tributário de forma a prevenir a decadência. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES E/OU ILEGALIDES. A apreciação de alegações de inconstitucionalidades e/ou ilegalidades é de exclusiva competência do Poder Judiciário. Matérias que as questionam não são apreciadas na esfera administrativa. PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Pública, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. CABIMENTO. Os juros de mora são devidos por expressa disposição legal, inclusive durante o período em que a respectiva cobrança houver sido suspensa por medida judicial, impugnação ou recurso administrativo. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30%. POSTERGAÇÃO. A glosa de compensação de prejuízos fiscais superiores ao limite de 30% na apuração do IRPJ não configura hipótese de postergação de tributo. Lançamento Procedente Cientificado da decisão em 21/08/2008, o contribuinte interpôs, em 22/09/2008, recurso voluntário a este conselho, aventando razões símiles às anteriores. Fl. 502DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 5 5 É o relatório do essencial. Voto Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR, Relator: O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço. Conforme relatado, aduz o contribuinte ter havido a decadência do direito do Fisco de lançar a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido do anocalendário de 1997. Lembrando ter sido cientificada da lavratura do auto de infração somente em 30/10/2003, argumenta a recorrente que, nos termos do artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, o Fisco poderia ter efetuado o lançamento apenas até 31/12/2002 – ou seja, cinco anos após a ocorrência do fato gerador da contribuição em comento. A contrario sensu, a DRJ recorrida entendeu que o lançamento não estaria decaído, uma vez que, nos moldes do artigo 173, I, do CTN, o direito de praticar o ato de lançamento extinguirseia após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a formalização do crédito poderia ter sido perpetrada. Pois bem. O presente Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, há muito, vinha consagrando a aplicação do artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional a todos os tributos sujeitos a lançamento por homologação – inclusive contribuições sociais –, salvo nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação. Mesmo antes da edição da Súmula Vinculante nº 8/2008, já se sustentava, neste colegiado, a impossibilidade da adoção do artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, para fins de cômputo do prazo decadencial pertinente à CSLL, face à prevalência do quinquênio estatuído pelo CTN. Acontece, contudo, que o Regimento Interno do presente órgão, depois de alterado pela Portaria MF nº 586/10, passou a determinar, em seu artigo 62A, caput, abaixo transcrito, a obrigatoriedade de os julgadores do CARF reproduzirem, na esfera administrativa, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo e. Superior Tribunal de Justiça, no âmbito da sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil: “Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 503DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 6 6 Acerca da decadência tributária, exsurge imperioso, então, reconhecer como acertado o entendimento cimentado no julgamento do REsp nº 973.733, do qual se extraiu a seguinte ementa: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, Fl. 504DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 7 7 revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199)” (g.n.) Notese que, ainda que o tributo esteja abstratamente sujeito a lançamento por homologação, não mais há que se falar na aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, desde que não haja pagamento antecipado parcial, a ser confirmado ou infirmado pela Fazenda. Em situações como a que ora de cuida – na qual inexiste recolhimento, mesmo que incompleto, de tributo –, afigurase inevitável, pois, a cominação da regra de cômputo estatuída pelo artigo 173, I, do Codex. Importa reconhecer, de toda maneira, que a exegese dada ao preceito, pelo STJ, na forma consignada no acórdão acima citado, modifica, substancialmente, os efeitos que têm sido atribuídos, contumazmente, ao telado artigo 173, I. De fato, parece ter afirmado o e. Tribunal que o dies a quo do prazo decadencial, quando ausente pagamento antecipado, identificase ao primeiro dia do exercício subsequente àquele em que ocorrido o fato gerador. Em tal seara, cuidandose de exação cujo fato imponível se materialize, complexivamente, no último dia do anocalendário – como é a CSLL –, o átimo de início do lustro de caducidade se confundiria com o dia 1º de janeiro do anobase ulterior. Assim, na prática, ainda que afastada a incidência do artigo 150, § 4º, do CTN, certo é que o cômputo do lapso de decadência, no que respeita a tributos apurados anualmente, apenas foi adiado em 01 (um) dia – da data de realização do fato gerador, em 31 de dezembro, para o primeiro dia do ano seguinte ao da ocorrência do suporte imponível, em 1º de janeiro. In casu, considerandose que os lançamentos guerreados tocam à CSLL apurada no anobase de 1997, a contagem do quinquênio decadencial, na compulsória orientação adotada pelo e. STJ, deveria começar no dia 01/01/1998, esgotandose em 01/01/2003. O auto de infração em julgamento, todavia, por ter sido cientificado à peticionária em 30/10/2003, não poderia ser formalizado, sendo evidente a nulidade da exigência ali consignada. Isto posto, DOU PROVIMENTO ao recurso, acolhendo a preliminar de decadência suscitada. Sala das Sessões, em 26 de janeiro de 2011. Fl. 505DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR Processo nº 19515.003903/200321 Acórdão n.º 1803000.773 S1TE03 Fl. 8 8 (assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Fl. 506DF CARF MF Emitido em 17/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR Assinado digitalmente em 17/06/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 17/06/2011 por BENEDICTO CELSO BE NICIO JUNIOR
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Numero do processo: 19515.722545/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009
DECADÊNCIA. O fato gerador do imposto de renda ocorre no último dia do período de apuração, isto é, no último dia do ano-calendário.
IRPJ. DEDUTIBILIDADE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. São consideradas indedutíveis para fins fiscais as despesas cuja comprovação não esteja suportada em documentação hábil e idônea.
IRPJ. DEDUTIBILIDADE. PAGAMENTO. SÓCIO. Não são dedutíveis para fins fiscais os pagamentos de royalties realizados a pessoa física ou jurídica, vinculadas societariamente a fonte pagadora.
IRPJ DEDUTIBILIDADE. As despesas com assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes, de pessoa jurídica sediada no Brasil com sua controladora no exterior somente serão dedutíveis a empresa deverá obedecer todos os requisitos previstos na legislação.
MULTA DE OFÍCIO. Não cabe ao CARF se manifestar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária (Súmula n° 02 do CARF).
JUROS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
Numero da decisão: 1301-002.200
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, vencidos o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, que dava provimento parcial para afastar a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício, e os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que davam provimento parcial em maior extensão. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Milene de Araújo Macedo
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Redatora designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 DECADÊNCIA. O fato gerador do imposto de renda ocorre no último dia do período de apuração, isto é, no último dia do anocalendário. IRPJ. DEDUTIBILIDADE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. São consideradas indedutíveis para fins fiscais as despesas cuja comprovação não esteja suportada em documentação hábil e idônea. IRPJ. DEDUTIBILIDADE. PAGAMENTO. SÓCIO. Não são dedutíveis para fins fiscais os pagamentos de royalties realizados a pessoa física ou jurídica, vinculadas societariamente a fonte pagadora. IRPJ DEDUTIBILIDADE. As despesas com assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes, de pessoa jurídica sediada no Brasil com sua controladora no exterior somente serão dedutíveis a empresa deverá obedecer todos os requisitos previstos na legislação. MULTA DE OFÍCIO. Não cabe ao CARF se manifestar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). JUROS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, vencidos o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 25 45 /2 01 3- 21 Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.641 2 que dava provimento parcial para afastar a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício, e os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que davam provimento parcial em maior extensão. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Milene de Araújo Macedo (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Redatora designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Relatório Cuidase de glosa de despesas relativas a pagamentos de royalties decorrentes de licença de uso e de distribuição de software, sendo lavrados autos de infrações de IRPJ e CSLL no montante de R$ 364.277.065,87 e R$ 131.139.743,72, respectivamente. referentes aos anoscalendário de 2008 e 2009. Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 1195/1207), em procedimento de fiscalização foi constado que a maior parte dessas remessas se referem a pagamento de licença de direito de uso e distribuição de programas de computador, “software”, efetuado à matriz. Os pagamentos residuais tratamse de pagamento de serviços de consultoria e treinamentos efetuadas à matriz, bem como as demais subsidiárias do grupo econômico e terceiros. Nos anos fiscalizados, 2008 e 2009 a empresa realizou as seguintes remessas, de acordo com as informações disponibilizadas pela empresa às fl. 973 a 1003, a saber: Fl. 1641DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.642 3 Os pagamentos efetuados aos beneficiários foram classificados em seis diferentes tipos, conforme a natureza da contraprestação e o destinatário, como demonstra o quadro abaixo: A fiscalização entendeu que os pagamento tipo 1 a 4, objeto desses autos, são considerados como despesas indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL, por não atender os requisitos legais. O contribuinte apresentou impugnação, a qual foi julgada improcedente pela 2ª Turma da DRJ/JFA, mantendose os lançamentos fiscais em sua integralidade (fls. 1523/1532). Contra esta decisão, foi interposto Recurso Voluntário (fls. 1540/1605), alegando que: (i) a decadência dos créditos tributários referentes ao período entre janeiro a novembro de 2008; (ii) a dedutibilidade dos pagamentos pelo licenciamento de software (levantamento 5 do AIIM); (iii) a dedutibilidade das remessas ao exterior como pagamento pela pestação de serviços puros (levantamento 6 a 8 do AIIM); (iv) a improcedência da multa e os juros aplicados; (v) a ilegalidade da aplicação do juros selic; e (vi) ilegalidade da aplicação de juros SELIC sobre a multa de ofício. Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.643 4 Ao final, requer seja acolhido e julgado procedente o Recurso Voluntário e cancelada integralmente a exigência fiscal (principal, multa e juros). Por fim, a PGFN apresentou Contrarazões ao Recurso Voluntário às fl. 1609/1633. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. O Recurso Voluntário é tempestivo e cumpre os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Sustenta a contribuinte que o lançamento relativo ao período de janeiro a novembro de 2008 estaria decaído, visto que tomou ciência da lavratura do auto de infração somente em 25/11/2013 (fl. 1.228). Alega que como se trata de tributo sujeito à modalidade de lançamento por homologação, aplicase o art. 150, parágrafo 4°, do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial. Desse modo, como se trata de IRPJ e CSLL impostos sujeitos ao lançamento por homologação, a contagem decadencial tem início quando da ocorrência do fato gerador, sendo que, após 5 anos, o direito do Fisco encontrase decaído. Entendo não merecer guarida este argumento da Recorrente. Não há como considerar as estimativas mensais como fato gerador do imposto de renda, como faz crer a contribuinte. Tendo ela adotado a opção pela apuração anual do imposto, o fato gerador do imposto ocorre no último dia do exercício, isto é, em 31/12/2008. Inclusive é este o entedimento pactuado por este Colegiado, conforme precedente da lavra do Ilustre Conselheiro Waldir Veiga Rocha, vejamos a seguir: DECADÊNCIA. IRPJ E CSLL. APURAÇÃO ANUAL. Para IRPJ e CSLL apurados e lançados com base nas regras do lucro real anual, o fato gerador tributário ocorre no último dia do período de apuração, coincidente com o último dia do anocalendário. Diante disso, no caso concreto, se torna irrelevante a discussão sobre a aplicação do art. 150, § 4º, ou do art. 173, inciso I, ambos do CTN, para a contagem do prazo decadencial visto que, em ambas as hipóteses, a conclusão é pela inocorrência da decadência. [...]” (CARF. Acórdão nº 1302001.386 Rel. Waldir Veiga Rocha, Julgado em 6.05.2014) (grifos adicionados) Diante o exposto, não há que se falar em decadência dos impostos em questão. Fl. 1643DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.644 5 DA DEDUTIBILIDADE DOS PAGAMENTOS LICENCIADOS DE SOFTWARE (LEVANTAMENTO ITEM 5 CONSTANTE DO AIIM) A fiscalização entendeu que as despesas relativas aos pagamentos de licença de uso e distribuição de software efetuados a matriz são indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL, conforme o art. 71 da Lei 4506/1964, classificandoos no inciso “d” relativos royalties pagos a sócio, bem como na alínea 2 do inciso “a” relativos a royalties pelo uso de tecnologia patenteada em processo de fabricação e desenvolvimento de software pelo uso da marca SAP pagos a matriz estrangeira. Ambos os dispositivos replicados no art. 353, I, alínea "b" do RIR. Vejamos: Art. 71. A dedução de despesas com aluguéis ou "royalties" para efeito de apuração de rendimento líquido ou do lucro real sujeito ao imposto de renda, será admitida: Parágrafo único. Não são dedutíveis: (...) d) os "royalties" pagos a sócios ou dirigentes de emprêsas, e a seus parentes ou dependentes; e) os 'royalties' pelo uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação ou pelo uso de marcas de indústria ou de comércio, quando: (...) 2) Pagos pela sociedade com sede no Brasil a pessoa com domicílio no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, contrôle do seu capital com direito a voto. Art. 353. Não são dedutíveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 71, parágrafo único): I os royalties pagos a sócios, pessoas físicas ou jurídicas, ou dirigentes de empresas, e a seus parentes ou dependentes; b) pagos pela sociedade com sede no Brasil a pessoa com domicílio no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, controle do seu capital com direito a voto, observado o disposto no parágrafo único; Ressaltou que a indedutibilidade decorre da presunção legal de que as despesas referentes a pagamentos de direitos, aluguéis, serviços técnicos aos próprios sócios ou a pessoas a eles ligadas não constituem despesas necessárias aos meios de produção da empresa. Diante disso, a contribuinte refuta a Fiscalização baseada em duas fundamentações principais, quais sejam: Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.645 6 i) a natureza jurídica do contrato é de distribuição, no Brasil, do software desenvolvido, licenciado e/ou de propriedade da SAP AG, sendo que os valores remetidos à matriz estrangeira referemse a direitos autorais. ii) o art. 353 RIR extrapolou o alcance do art. 71 § único, alínea “d” da Lei 4.506/64, uma vez que a lei menciona apenas à expressão “sócio”, estendendo a indedutibilidade de pagamentos a sócio pessoas jurídicas. Quanto ao primeiro fundamento, a Recorrente entende que não se trata de royalties, pois alega que não existe o licenciamento clássico de marcas, que permite o fabricante opor marca de terceiro ao produto que fabrica e que a licença lhe foi concedida a título nãooneroso para que a distribuição de software pela SAP AG à contribuinte ocorresse de forma a preservar a segurança jurídica. E caso ensejasse a cobrança de royalties, o INPI não poderia ter negado a sua averbação, como o fez no caso concreto. Ao revés, o INPI teria então a obrigatoriedade de registrálo ou averbálo. Pois bem, no Brasil os royalties são definidos na Lei nº 4.506/64 como rendimento de qualquer espécie relativos do uso, fruição e exploração de direitos, segundo a redação do art. 22 abaixo transcrito: Art. 22. Serão classificados como "royalties" os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: a) direito de colhêr ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais; b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais; c) uso ou exploraçâo de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; d) exploração de direitos autorais, salvo quando percebidos pelo autor ou criador do bem ou obra. Parágrafo único. Os juros de mora e quaisquer outras compensações pelo atraso no pagamento dos "royalties". No âmbito doutrinário admitese ser royalties a remuneração decorrente da exploração de quaisquer direitos, ainda que não estejam especificadamente elencados no art. 22 supra. Este é o entendimento de José Luiz Bulhões Pedreira, conforme excerto de sua obra: A expressão royalties é usualmente empregada para determinar a retribuição pela exploração dos direitos enumerados pela Lei nº 4.506 (...). A lei fiscal usa a mesma expressão para designar a retribuição pelo uso ou exploração de qualquer direito. A enumeração legal é exemplificativa e não taxativa. Desse modo, deve ser afastado o argumento de que somente os pagamentos relativos ao uso de propriedade de patentes e semelhantes é que se submeteriam as regras limitativas de dedução de despesas com royalties. Fl. 1645DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.646 7 Assim, com base na legislação mencionada, bem como na análise documental apresentada pela contribuinte, não resta dúvida de que os valores remitidos a matriz estrangeira possuem natureza jurídica de royalties. Conforme visto, o art. 71, parágrafo único, alínea "d" da Lei n°4.506/64, diz que não são dedutíveis os royalties pagos a sócios, pessoas físicas ou jurídicas, pelo uso de marcas de indústria ou de comércio, quando pagos pela sociedade com sede no Brasil a pessoa com domicílio no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, controle do seu capital com direito a voto. Por sua vez, o art. 353, I do RIR/99 dispõe que não são igualmente dedutíveis os pagamentos de royalties, cujo beneficiário seja um sócio (pessoa física ou jurídica) da entidade pagadora. Dessa maneira, entendese que a controvérsia reside no fato de que o RIR/99 estaria extrapolando a Lei, pois naquela há uma vedação à dedutibilidade aos pagamentos a sócio pessoa jurídica enquanto neste a vedação se restringe às pessoas físicas ou jurídicas. No entanto, entendo que não cabe fazer o uso da interpretação restritiva, em sede de processo administrativo, para afastar a aplicabilidade da norma presente no ordernamento jurídico. Nesse mesmo sentido, este Colegiado já se manifestou quanto a restrição à dedução dessa despesa de royalties aos pagamentos a esse título realizados a pessoa jurídica sócia da entidade pagadora, a saber: IRPJ.DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. São consideradas indedutíveis, para fins fiscais, as despesas cuja comprovação não esteja apoiada em documentação hábil e idônea. ROYALTIES. INDEDUTIBILIDADE. PAGAMENTO. SÓCIO PESSOA JURÍDICA. É indedutível o pagamento de royalties pelo uso de marca feito A pessoa física ou jurídica, vinculada societariamente A fonte pagadora. (1a Seção 3a Câmara 1a Turma Ordinária, Acordão 1301000.817, Rel. Guilherme Pollastri Gomes da Silva . Julgado em 02 de fevereiro e 2012) Vejase também: INDEDUTIBILIDADE . Os royalties pelo uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação, ou pelo uso de marcas de indústria, que atendam as normas gerais de necessidade, usualidade e normalidade são dedutíveis, exceto se pagos por filial no Brasil em benefício de sua matriz no exterior, ou por sociedade com sede no Brasil a pessoa com domicílio no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, controle do seu capital com direito a voto. Quaisquer outros royalties, se pagos a sócio, pessoa física ou jurídica, são indedutíveis.”(CSRF. Acórdão nº 9101 001.908. 1T. Rel. Valmir Sandri. Julgado em 13 de maio de 2014) Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.647 8 Mantenho, portanto, a decisão da DRJ neste ponto, devendo ser mantida a autuação no que tange à indedutibilidade de depesas relativas aos pagamentos realizados pela contribuinte à matriz estrangeira para fins de base de cálculo de IRPJ e CSLL. DA DEDUTIBILIDADE DAS REMESSAS AO EXTERIOR PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (LEVANTAMENTOS 6 A 8 DO AIIM) Conforme consta no Termo de Verificação Fiscal à fl. 1196, além da matriz, também são beneficiárias das remessas realizadas pela Recorrente, diversas outras subsidiárias pertencentes ao grupo e, em menor escala, empresas terceiras, isto é, sem vínculo com o grupo econômico. Inferese que a maior parte de tais remessas se tratam de pagamentos de serviços de consultoria e treinamento efetuados tanto à matriz, quando a outras subdiarias do grupo econômico e também a terceiras empresas. Ainda, de acordo com o referido Termo às fls. 1204 a 1206, as autoridades fiscais enquadraram tais pagamentos como serviços técnicos – assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes, prestados pela matriz, bem como por outras domiciliadas no exterior, sendo subsdiárias pertencentes aos grupo econômico e empresas terceiras. A Fiscalização constatou que os serviços previstos nesses contratos (docs nºs 5 e 6 da Impugnação) são relativos à: serviços de RH, suporte, operacional e de gestão, consultoria, marketing, suporte de produto, desenvolvimento, pesquisa, treinamento, etc. Baseado nisso, a autuação fiscal foi enquadrada nas seguintes hipóteses de indedutibilidade de despesa: i) os contratos celeberados não foram regisitrados no Banco Central (art. 52, alínea "a" da Lei 4.506/64 c/c art. 354, inciso I do RIR/99); ii) o sujeito passivo não comprovou a efetiva prestação do serviço (art. 52, alínea "b" da Lei 4.506/64 c/c art. 354, inciso II do RIR/99); iii) as despesas excederam o prazo legal para serem deduzidas, isto é, após os 5 anos do funcionamento da empresa. (art. 12, § 3º, da Lei nº 4.131/62 c/c art. 354, §1º do RIR/99); iv) tratamse de pagamentos de serviços técnicos realizado por sociedade com sede no Brasil a pessoa domiciliada no exterior, que mantém, diretamente, o controle de seu capital com direito a voto. A fiscalização entendeu ainda que tais despesas não são necessárias aos meios de produção da empresa, reforçando a indedutibilidade destas, o que caracteriza, em última instância, uma distribuição disfarçada de lucro. Face a isso, a contribuinte repisou os argumentos exarados em sua Impugnação, alegando, em sede recursal, que: i) Os serviços descritos nos contratos mencionados não se confudem com ´serviços técnicos e de assistência técnica´ ou ´serviços de assistência administrativa e Fl. 1647DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.648 9 semelhantes´ à medida que tais serviços implicam necessariamente na transferência de tecnologia, o que não ocorre no caso concreto; ii) INPI se negou a registrar os contratos em referência, pois não caracterizam transferência de tecnologia, nos termos do art. 211 da Lei 9.279/96 e não atenderam aos parâmetros do art. 11 da Lei 9.609/98, restando evidente que tais serviços não podem ser considerados como serviços técnicos, de assistência técnica, ou como serviços de assistência administrativa e semelhantes, mas sim como serviços puros, cuja dedutbilidade deve ser reconhecida, de acordo com o art. 299 do RIR/99. Verificase, portanto, que o entrave circunda na questão da necessidade da transferência da tecnologia para a caracterização dos serviços prestados pela Recorrente em "serviços técnicos de assistência administrativa", nos termos da legislação apontada pela autoridade autuante. A Recorrente alega que somente estaria sujeita ao quanto descrito no art. 354 do RIR/99 e, por conseguinte, aos limites e condições de dedutibilidade previstas no art. 355 do referido regulamento, caso existisse a efetiva transferência de tecnologia. Como não há esta transferência, conforme já externado pelo INPI, dispensaria o registro no Banco Central. Assim, a contribuinte apenas estaria sujeita as regras de dedutbilidade geral previstas no art. 299 do RIR/99. Nesse ponto, cumprese tecer breves considerações a respeito da dedutibilidade de despesas com royalties e assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes para fins de IRPJ e CSLL. Primeiramente, convém deixar claro que a dedutibilidade de tais despesas está inserida no tema maior da dedutibilidade de despesas em geral e somente serão dedutíveis caso atendam de antemão os requisitos previstos no artigo 299 do RIR/99, a saber: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Além de atender a estas condições, temse que a despesa deve ser incorrida, o que pressupõe que sejam atendidos os requisitos de existência, certeza e liquidez. Em outros dizeres, a despesa incorrida apresenta tais requisitos na medida em que é exigível, determinada ou determinável e configurase como a decorrência de uma prestação. Feita essa observação geral, vamos analisar as regras específicas do tema. Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.649 10 O artigo 352 do RIR/99 replica a cláusula geral de dedutibilidade, para dizer que a “dedução de despesas com royalties será admitida quando necessárias para que o contribuinte mantenha a posse, uso ou fruição do bem ou direito que produz o rendimento”. Inferese que na hipótese das despesas serem necessárias essas, inicialmente, seriam dedutíveis. Já o artigo 353 do mesmo RIR/99 relaciona as despesas com royalties que são indedutíveis. Verificase que não podem ser deduzidas do lucro real, de acordo com o inciso I, os royalties pagos a sócios, pessoas físicas ou jurídicas. Adiante no inciso III verificase outra proibição de dedução específica, consistente no seguinte tipo de royalties: III os royalties pelo uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação, ou pelo uso de marcas de indústria ou de comércio, quando: a) pagos pela filial no Brasil de empresa com sede no exterior, em benefício de sua matriz; b) pagos pela sociedade com sede no Brasil a pessoa com domicílio no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, controle do seu capital com direito a voto, observado o disposto no parágrafo único; No entanto, o parágrafo único desse artigo 353, possibilita a dedução, caso sejam cumpridos os seguintes requisitos: Parágrafo único. O disposto na alínea ‘b’ do inciso III deste artigo não se aplica às despesas decorrentes de contratos que, posteriormente a 31 de dezembro de 1991, sejam averbados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI e registrados no Banco Central do Brasil, observados os limites e condições estabelecidos pela legislação em vigor (Lei nº 8.383, de 1991, art. 50). Dessa forma, para que as despesas com royalties pelo uso de patentes de invenção, processos e fórmulas de fabricação, ou pelo uso de marcas de indústria ou de comércio, pagos à controladora, direta ou indireta, com sede no exterior sejam dedutíveis, necessária será a averbação do contrato no INPI. Além disso, conforme o inciso V, para que as despesas sejam dedutíveis, estas devem ter seus contratos registrados no Banco Central, bem como não devem exceder os limites de remuneração fixados pelo Ministro da Fazenda, conforme cada grupo de atividades ou produto. Por sua vez, o artigo 354 do RIR versa sobre as despesas com assistência técnica, científica ou administrativa. Confirase: Art.354. As importâncias pagas a pessoas jurídicas ou físicas domiciliadas no exterior a título de assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, quer fixas, quer como percentagem da receita ou do lucro, somente poderão ser deduzidas como despesas operacionais quando satisfizerem aos seguintes requisitos. Fl. 1649DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.650 11 I constarem de contrato registrado no Banco Central do Brasil; II corresponderem a serviços efetivamente prestados à empresa através de técnicos, desenhos ou instruções enviadas ao País, ou estudos técnicos realizados no exterior por conta da empresa; III o montante anual dos pagamentos não exceder ao limite fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda, de conformidade com a legislação específica. § 1º As despesas de assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes somente poderão ser deduzidas nos cinco primeiros anos de funcionamento da empresa ou da introdução do processo especial de produção, quando demonstrada sua necessidade, podendo esse prazo ser prorrogado até mais cinco anos por autorização do Conselho Monetário Nacional § 2º Não serão dedutíveis as despesas referidas neste artigo, quando pagas ou creditadas I pela filial de empresa com sede no exterior, em benefício da sua matriz; II pela sociedade com sede no Brasil a pessoa domiciliada no exterior que mantenha, direta ou indiretamente, o controle de seu capital com direito a voto. § 3º O disposto no inciso II do parágrafo anterior não se aplica às despesas decorrentes de contratos que, posteriormente a 31 de dezembro de 1991, venham a ser assinados, averbados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI e registrados no Banco Central do Brasil, observados os limites e condições estabelecidos pela legislação em vigor. Novamente, as referidas despesas deverão ser efetivas, operacionais e necessárias para serem dedutíveis. Todavia, a par dessa exigência, constam ainda outras regras para a dedutibilidade, como a necessidade de registro do contrato no Banco Central, quando o beneficiário do pagamento for pessoa domiciliada no exterior. Por fim, o artigo 355 estabelece os limites e as condições de dedutibilidade e caso tais requisitos não forem atendidos resultará na impossibilidade da dedutbilide das despesas no cálculo do lucro real para fins IRPJ e CSLL. Art.355. As somas das quantias devidas a título de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, poderão ser deduzidas como despesas operacionais até o limite máximo de cinco por cento da receita líquida das vendas do produto fabricado ou vendido (art. 280), ressalvado o disposto nos arts 501 e 504, inciso V (Lei nº 3.470, de 1958, art. 74, e Lei nº 4.131, de 1962, art. 12, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 6º). §1º Serão estabelecidos e revistos periodicamente, mediante ato do Ministro de Estado da Fazenda, os coeficientes percentuais admitidos para as deduções a que se refere este artigo, Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.651 12 considerados os tipos de produção ou atividades reunidos em grupos, segundo o grau de essencialidade § 2º Não são dedutíveis as quantias devidas a título de royalties pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria e de comércio, e por assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, que não satisfizerem às condições previstas neste Decreto ou excederem aos limites referidos neste artigo, as quais serão consideradas como lucros distribuídos § 3º A dedutibilidade das importâncias pagas ou creditadas pelas pessoas jurídicas, a título de aluguéis ou royalties pela exploração ou cessão de patentes ou pelo uso ou cessão de marcas, bem como a título de remuneração que envolva transferência de tecnologia (assistência técnica, científica, administrativa ou semelhantes, projetos ou serviços técnicos especializados) somente será admitida a partir da averbação do respectivo ato ou contrato no Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI, obedecidos o prazo e as condições da averbação e, ainda, as demais prescrições pertinentes, na forma da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Concluise que para que as despesas com assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes, de pessoa jurídica sediada no Brasil com sua controladora no exterior, sejam dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, a empresa deverá obedecer todos os requisitos previstos na legislação. Diante do exposto, verificase que a Recorrente não cumpriu com requisitos necessários a dedutibilidade da despesa, conforme apontou a autoridade autuante. Além dos registros no INPI e Banco Central, também se faz imperioso, a demonstração da efetiva prestação do serviço, o carater de necessidade aos meios de produção da empresa, bem como o prazo de 5 anos para o funcionamento da empresa. Entendo que o art. 354 é claro em trazer a necessidade do registro no Banco Central, ainda que, os contratos não envolvam transferência de tecnologia. Este entendimento é corroborado pelo art. 1º da Circular 2.816/98 do BACEN. Nesse ponto transcrevo o entendimento da DRJ às fls. 1529/1530: As condições legais que autorizam a atual dedução de importâncias pagas a pessoas jurídicas ou físicas domiciliadas no exterior a título de royalties e de assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, regulamentados pelos artigos 352 a 355 do RIR/1999, permitem concluir que a política cambial e tributária procura restringir remessas de tais naturezas quando as partes são relacionadas, indicando que, nestas situações, a não dedutibilidade dessas despesas é a regra, somente ultrapassada pela via da exceção, quando atendidos determinados limites e requisitos, dentre os quais, o registro no Bacen e a averbação no INPI dos respectivos contratos Portanto, se os contratos de serviços técnicos prestados por controladora no exterior não forem passíveis de registro no Bacen e de averbação no INPI, o tomador dos serviços no País não estará autorizado a deduzir os respectivos pagamentos da base de cálculo do IRPJ, na medida que a essa modalidade de despesa, além da Fl. 1651DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.652 13 necessária observação dos requisitos gerais de dedutibilidade discriminados no art. 299, ainda são impostas as regras específicas dos artigos 352 a 355 do RIR/1999. Dessa forma, o registro no Banco Central independe do contrato envolver a transferência de tecnologia, de forma que qualquer serviço técnico e assemelhados depende desse requisito para que a despesa seja classificada como dedutível para fins fiscais. Resta demonstrado que a contribuinte não preenche os requisitos necessários para que as despesas frutos de seus contratos fossem dedutíveis para fins de IPRJ e CSLL. Portanto, mantenho a decisão da DRJ, persistindo o entendimento da autuação fiscal no que tange a indedutibilidade dessas despesas para fins de base de cálculo de IRPJ e CSLL. DA IMPROCEDÊNCIA DA MULTA A contribuinte entende que não faz jus à multa de 75% sobre o crédito tributário, pois agiu em conformidade com legislação societária e fiscal, não sendo esta razoável e proporcional. Tais alegações não merecem guarida, uma vez que a autoridade autuante observou a legislação de regência para imposição das penalidades, nos moldes do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96. Ademais, não cabe a este Colegiado se manifestar sobre inconstitucionalidade da lei tributária (Súmula n° 02 do CARF), tal qual foi alegado pela contribuinte. DA INCIDÊNCIA DOS JUROS SELIC SOBRE O CRÉDITO TRIBUTÁRIO Sobre a aplicação dos juros SELIC sobre o crédito tributário, já foi sumulada por este colegiado, a saber: Súmula CARF nº4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros oratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, a ilegalidade da aplicação da taxa SELIC não persiste. DOS JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A contribuinte pugna pela não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, conforme fl. 1596/1597. O art. 161 do CTN, cumulado com o art. 61, § 3º, da Lei n° 9.430/96, constituem os fundamentos sobre os quais se exigem os juros de mora sobre a multa de ofício. Os referidos dispositivos encontramse adiante transcritos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.653 14 da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária (...) Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura atenta dos dispositivos acima transcritos, denotase que a taxa SELIC deve ser aplicada "sobre os débitos a que se refere este artigo". Por seu turno, o caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 dispõe sobre "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal". Não há, portanto, qualquer dispositivo legal que permita a incidência de juros de mora sobre as multas de ofício. Notese que a multa de ofício é uma punição imposta ao contribuinte pelo descumprimento do dever legal de pagar o tributo, isto implica dizer que esta penalidade não é um débito decorrente de tributos e contribuições federais. Julgo, por conseguinte, procedente o pedido da contribuinte no que se refere à não incidência dos juros sobre a multa de ofício decorrente do descumprimento da obrigação principal tributária, devendo ser dado provimento ao recurso voluntário em relação a esta questão. CONCLUSÃO Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento parcial a fim de afastar a aplicabilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício. Mantendose, portanto, os lançamentos fiscais quanto a indedutibilidade das despesas em discussão nos presentes autos, bem como a multa e os juros SELIC aplicados sobre o crédito tributário. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Fl. 1653DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.654 15 Voto Vencedor Conselheira Milene de Araújo Macedo. Em que pese os argumentos do ilustre relator, divirjo do seu voto quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. O art. 113 § 1º do Código Tributário Nacional, ao definir o que seria a obrigação tributária principal, assim estabeleceu: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. A obrigação tributária principal consiste na obrigação de "dar" uma importância em moeda, diferentemente das obrigações acessórias que tem por objeto as prestações positivas (fazer) ou negativas (deixar de fazer) determinado ato. Do comando legal acima transcrito inferese que a obrigação tributária principal engloba tanto o pagamento do tributo quanto a penalidade pecuniária, no caso, a multa de ofício. Ao afirmar que a obrigação tributária principal extinguese juntamente com o crédito dela decorrente verificase que ambas são faces de uma mesma relação jurídica. O crédito tributário é a obrigação tributária quantificada pelo Fisco e constituída pelo lançamento, nos termos do art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nesse mesmo sentido, o art. 139 do Código Tributário Nacional, assim dispõe: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Em seguida, o art. 161 do Código Tributário Nacional determina: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.655 16 O crédito tributário constituído nos lançamentos de ofício inclui o tributo, bem assim, a multa de ofício e, quando não pagos no vencimento sujeitamse aos juros de mora. O parágrafo primeiro estabeleceu ainda que referidos juros são calculados à taxa de 1% ao mês nos casos em que a lei não dispuser de modo diverso. Ocorre que o art. 61 da Lei nº 9.430/96 estabeleceu que os débitos com a União, quando decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 01/01/1997, estão sujeitos aos juros Selic quando não pagos nos prazos previstos: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Os débitos a que se referem a Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário objeto do art. 161 do Código Tributário Nacional, visto sob a ótica do sujeito passivo. Conforme acima demonstrado, o crédito tributário compreende os tributos, bem assim, a multa de ofício prevista no art. 44, inciso I,da Lei nº 9.430/96. A jurisprudência deste Conselho é majoritária a favor da incidência dos juros Selic sobre a multa de ofício: JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Acórdão nº 1301001.976, Sessão de 05/04/2016) Fl. 1655DF CARF MF Processo nº 19515.722545/201321 Acórdão n.º 1301002.200 S1C3T1 Fl. 1.656 17 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. É escorreita a cobrança de juros, calculados à taxa Selic, sobre multa de ofício, nos termos do §3°do art. 61 da Lei n°9.430/96. (Acórdão n° 1302000.959, Sessão de 07/08/2012) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão n° 910100.539, Sessão de 11/03/2010) Assim, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário para manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Redatora designada. Fl. 1656DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.000367/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 06/07/2006 a 24/01/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Não se prestam os embargos declaratórios à modificação de julgado baseada na mera irresignação da embargante. Para que seja acolhido este recurso, mister se faz tenha ocorrido efetivamente vícios de omissão, obscuridade ou contradição no julgado.
Embargos rejeitados
Numero da decisão: 3102-001.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente
Winderley Morais Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Winderley Morais Pereira, Helder Massaaki Kanamaru, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro.
Nome do relator: Relator
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 06/07/2006 a 24/01/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Não se prestam os embargos declaratórios à modificação de julgado baseada na mera irresignação da embargante. Para que seja acolhido este recurso, mister se faz tenha ocorrido efetivamente vícios de omissão, obscuridade ou contradição no julgado. Embargos rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente Winderley Morais Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Winderley Morais Pereira, Helder Massaaki Kanamaru, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 03 67 /2 00 8- 11 Fl. 2124DF CARF MF Processo nº 10925.000367/200811 Acórdão n.º 3102001.540 S3C1T2 Fl. 2.125 2 Relatório Cuidase de embargos de declaração, interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, com base no artigo 65 do Regimento Interno do CARF, contra o Acórdão nº 3102.00581, que foi assim ementado: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 06/07/2006 a 24/01/2007 DECISÃO DE PRIMEIRA INSTANCIA. PRODUÇÃO DE PROVA APÓS IMPUGNAÇÃO. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. INOCORRÊNCIA. No âmbito do processo administrativo fiscal, na apreciação da prova, a autoridade julgadora tem liberdade para forma sua convicção, bem como goza da prerrogativa de proceder a instrução probatória, quando entender necessária (art. 29 do PAF). Não configura cerceamento de direito de defesa, a decisão de primeira instância que indefere a complementação de provas após a apresentação da impugnação, quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção da autoridade julgadora. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 06/07/2006 a 24/01/2007 OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. NÃOCOMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS. FATO PRESUNTIVO DA INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. A falta de comprovação da origem, disponibilidade e transferência de recursos utilizados na operação de importação caracteriza, por presunção, a prática da interposição fraudulenta no comércio exterior, definida no inciso V e no § 2° do art. 23 do Decretolei n° 1.455, de 1976. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. DANO AO ERÁRIO. PENA PERDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. CONVERSÃO EM MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Diante da impossibilitada de apreensão, por não ter sido localizada ou por ter sido consumida, convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria a pena de perdimento a que estaria sujeita a mercadoria importada. OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA MEDIANTE 0 USO DE RECURSOS DE TERCEIROS. PREVISÃO. ART. 33 DA LEI 11.488, DE 2007. CARACTERIZAÇÃO. Fl. 2125DF CARF MF Processo nº 10925.000367/200811 Acórdão n.º 3102001.540 S3C1T2 Fl. 2.126 3 A interposição ilícita na operação de importação praticada mediante o uso de recursos de terceiros (ou mediante cessão do nome), introduzida no direito positivo por meio do caput do art. 33 da Lei n° 11.488, de 2007, caracterizase pela comprovação da transferência dos recursos financeiros do verdadeiro adquirente da mercadoria para a interposta pessoa (o importador ostensivo). Nesta modalidade de interposição fraudulenta, o importador apenas cede o nome, porém, os recursos empregados no pagamento da operação de importação são integral ou parcialmente fornecidos pelo real importador. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA MEDIANTE CESSÃO DO NOME. INFRAÇÃO SANCIONADA COM MULTA. LEI NOVA MAIS BENÉFICA. ART. 106 DO CTN. RETROATIVIDADE BENIGNA. MINORAÇÃO. A multa aplicada, equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, resultado da conversão da pena de perdimento, deve ser objeto de minoração, adaptandose ao novo comando normativo veiculado no art. 33 da Lei n° 11.488, de 2007, em conformidade a norma da retroatividade benigna insculpida na alínea "c" do inciso II do art. 106 do CTN, na medida em que se impõe a quem comete a infração caracterizada por interposição fraudulenta na importação mediante cessão do nome uma penalidade pecuniária de valor menor, ou seja, de 10% (dez por cento) do valor da operação. OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA. SUJEITO PASSIVO. INTERESSE COMUM. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. OCORRÊNCIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. Por força do disposto no inciso V do art. 95 do Decretolei n° 37, de 1966, o real adquirente da mercadoria (o importador oculto) responde solidariamente com pessoa jurídica importadora (o importador ostensivo), no caso da importação realizada por sua conta e ordem. Recurso Voluntário Provido em Parte.” A douta procuradoria questiona o provimento parcial do recurso, que reduziu a multa de conversão da pena de perdimento, prevista no art. 23,V, §§ 1º e 3º do DecretoLei nº 1.455/76 para 10% (dez por cento) do valor da operação, aplicando a penalidade prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 em substituição a penalidade originalmente aplicada no Auto de Infração. A embargante alega que a multa de 10% prevista na Lei nº 11.488/2007 e a penalidade de perdimento ou a conversão desta pena em multa, constituemse em duas multas distintas, sendo possível a aplicação concomitante das duas penalidades. Posição determinada art. 727 do Regulamento Aduaneiro. As alegações da Procuradoria da Fazenda foram assim detalhadas no seu embargo: Fl. 2126DF CARF MF Processo nº 10925.000367/200811 Acórdão n.º 3102001.540 S3C1T2 Fl. 2.127 4 "O art. 33 da Lei n.° 11.488/2007 veio estabelecer que a conduta de ceder o nome em operações de comércio exterior para acobertamento dos reais intervenientes será punida com multa de 10% do valor da operação acobertada, restando a partir de então inaplicável, para essa mesma conduta, a pena de inaptidão do CNPJ. A sua significação é inequívoca: entrou em cena a penalidade pecuniária de multa em substituição à sanção tributárioadministrativa de inaptidão do CNPJ. E qual o efeito do art. 33 da Lei n.° 11.488/2007 sobre o disposto no art. 23, V, §§ 1.0 e 3.°, do DecretoLei n.° 1.455/76? A resposta é peremptória: não houve nenhum efeito! Ambas as regras vigem sem qualquer prejuízo de sua aplicabilidade. A interposição fraudulenta na importação gerava duas penalidades (pena de perdimento e inaptidão do CNPJ) e o art. 33 da Lei n.° 11.488/2007 está, expressamente, alterando apenas uma das penalidades, a inaptidão do CNPJ. O art. 33 da Lei n.° 11.488/2007 não veio regrar a matéria veiculada no art. 23, V, §§ 1.° e 3.°, do DecretoLei n.° 1.455/76 (pena de perdimento), o que impõe a afirmação de que a nova multa de 10% sobre o valor da operação acobertada não tem a forca de substituir a pena de perdimento de mercadoria, ou a multa que lhe é substitutiva, já existente. Em nenhum momento a novel legislação fez referência à pena de perdimento da mercadoria, que se mantém incólume. O Decreto n.° 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro), que regula a administração das atividades aduaneiras, a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior, espancou qualquer dúvida ao estabelecer expressamente a possibilidade da cumulação das penas em apreço, segundo a dicção do seu art. 727, caput, e § 3.°, a seguir transcritos: "Art. 727 — Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei n.° 11.488, de 2007, art. 33, caput). [.. .] § 3º A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento as mercadorias importadas ou exportadas." (Grifos nossos)" Finalizando, requer o conhecimento e o provimento do recurso para manter a penalidade prevista no art. 23, V, §§ 1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76. É o Relatório. Fl. 2127DF CARF MF Processo nº 10925.000367/200811 Acórdão n.º 3102001.540 S3C1T2 Fl. 2.128 5 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. A possibilidade de interposição de embargos declaratórios contra os acórdãos proferidos nos julgamentos esta previsto no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. “Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado; II pelo contribuinte, responsável ou preposto; III pelo Procurador da Fazenda Nacional; IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. § 2º O presidente da Turma poderá designar conselheiro para se pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos de declaração. § 3° O despacho do presidente será definitivo se declarar improcedentes as alegações suscitadas, sendo submetido à deliberação da turma em caso contrário. § 4° Do despacho que rejeitar os embargos de declaração será dada ciência ao embargante. § 5° Os embargos de declaração opostos tempestivamente interrompem o prazo para a interposição de recurso especial. § 6° As disposições deste artigo aplicamse, no que couber, às decisões em forma de resolução.” Nos embargos apresentados é questionada a decisão constante do acórdão sobre aplicação da retroatividade benigna para afastar a multa prevista no art. 23, V, §§ 1º e 3º do DecretoLei nº 1.455/76 aplicando em substituição a multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007. A embargante traz argumentos sobre a decisão. Alegando que não caberia a aplicação da retroatividade benigna. Afastar a aplicação do multa de conversão do perdimento, seria decretar a inconstitucionalidade do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76. Fl. 2128DF CARF MF Processo nº 10925.000367/200811 Acórdão n.º 3102001.540 S3C1T2 Fl. 2.129 6 Conforme verificado dentre os argumentos não constam nenhuma indicação de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os fundamentos. Em outras palavras tentase rediscutir o mérito da decisão adotada pela Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara. Em que pese as alegações constantes do embargo, este recurso jurídico não se presta a rediscutir a decisão. Os embargos declaratórios tem a função de resolver problemas de omissão, obscuridade ou discrepância entre a decisão e os seus fundamentos, não podendo ser utilizado para ver reexaminada a matéria em comento, com o intuito de modificar o julgamento. Diante do exposto, rejeito os embargos declaratórios. Winderley Morais Pereira Fl. 2129DF CARF MF
score : 1.0
