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Numero do processo: 16561.000156/2007-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÕES MATERIAIS. DESPACHO DE ADMISSIBILIDADE NÃO ADMITIDO.
Constatado que a matéria objeto dos Embargos de Declaração tem sua apreciação prejudicada pela preclusão processual, deve-se, in casu, tornar sem efeito o despacho de admissibilidade e inadmitir o recurso.
Numero da decisão: 1402-002.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, tornar sem efeito o despacho de admissibilidade dos embargos de declaração e não admiti-los. O Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella declarou-se impedido.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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INEXATIDÕES MATERIAIS. DESPACHO DE ADMISSIBILIDADE NÃO ADMITIDO. Constatado que a matéria objeto dos Embargos de Declaração tem sua apreciação prejudicada pela preclusão processual, devese, in casu, tornar sem efeito o despacho de admissibilidade e inadmitir o recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, tornar sem efeito o despacho de admissibilidade dos embargos de declaração e não admitilos. O Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella declarouse impedido. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente momentaneamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 01 56 /2 00 7- 50 Fl. 935DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 936 2 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos por BANCO DE CREDIT AGRICOLE DO BRASIL S/A que, segundo o Despacho de Admissibilidade de efls. 928/932, teriam sido apresentados em face do Acórdão nº 140200.996, de 12 de abril de 2012. Referido Despacho de Admissibilidade é da lavra do Conselheiro Paulo Roberto Cortez, tendo sido fundamentado nos termos do § 2º, do art. 65, c/c § 7º, do art. 49, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009. Antes de mais nada, cabe fazer um pequeno retrospecto do processo, para que possamos entender o porque do seu trânsito por este CARF, com uma indesejada frequência. Tratase de Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, e Programa de Integração Social PIS, relativo ao ano calendário de 2002, em que foram apuradas as seguintes infrações: 1) Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente. Saldo de Prejuízos Insuficientes; 2) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real. Lucros Auferidos no Exterior; 3) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real. Variações Cambiais Ativas Operações Liquidadas. Intimada da lavratura do Auto de Infração, a Recorrente apresentou a impugnação de efls. 450/477, apreciada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo I em 24 de junho de 2008. Como resultado do julgamento, foi editado o Acórdão nº 1617.585, 5ª Turma (v. efls. 561/579). O referido Acórdão manteve integralmente a exigência fiscal. Registrese, por oportuno, que a matéria relativa à Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente, por inexistência de saldo suficiente, não foi impugnada pela Contribuinte. Não conformada, a Contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de efls. 586/631. Também no seu Recurso Voluntário não faz nenhuma menção à matéria relativa à Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente, por inexistência de saldo suficiente. O Recurso Voluntário foi julgado pela 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, em 18 de junho de 2009, tendo aquele Colegiado proferido o Acórdão nº 1101 00.131 (v. efls. 700/709). O referido Acórdão recebeu a seguinte ementa: Fl. 936DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 937 3 A Decisão foi no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário. Baixados os autos para ciência da Contribuinte e execução da parte não recorrida, eis que a Autuada apresenta novo recurso, desta feita na forma de embargos de declaração, em que aponta a existência de omissão/obscuridade do Acórdão de Recurso Voluntário quanto ao cancelamento da glosa da compensação de prejuízos fiscais (v. efls. 726/735). O argumento para sustentar a pretensa omissão do Acórdão de Recurso Voluntário foi o seguinte: Fl. 937DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 938 4 (...) Assim, seu argumento para justificar os embargos é de que a glosa da compensação de prejuízos fiscais estaria intrinsecamente relacionada às demais infrações levantadas pela fiscalização, sendo delas decorrente. Continuando a análise de seu raciocínio, o simples fato de as demais infrações terem sido rechaçadas pelo Acórdão de Recurso Voluntário, ocasionaria, de forma automática, o cancelamento da glosa da compensação de prejuízos fiscais levada a cabo pela Autoridade Fiscal. Os embargos foram admitidos e julgados em 12 de abril de 2012, data em que proferido o Acórdão de nº 140200.996, por esta mesma Turma, Relatório e Voto lavrados pelo Conselheiro Antonio José Praga de Souza. Abaixo colaciono a ementa do referido Acórdão: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. Verificada a obscuridade no acórdão, cumpre esclarecer a extensão do provimento do recurso. Embargos acolhidos. Obscuridade sanada. Para fundamentar seu voto, o Conselheiro Relator extraiu do Termo de Verificação Fiscal de efls. 93, o trecho a que se refere a Autoridade Fiscal acerca da glosa da compensação de prejuízos: Fl. 938DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 939 5 No voto, o Conselheiro Relator assim se manifestou: Portanto, essa autuação referese a infrações de 2001 autuadas em outro processo, de No. 16561.000083/200615, que também foi contestada expressamente pelo contribuinte. De fato, no recurso voluntário, não há referencia expressa à aludida glosa de prejuízos fiscais de períodos anteriores, tampouco ao recurso apresentado no aludido processo.. Por sua vez, o acórdão embargado tratou apenas das demais infrações autuadas do ano calendário de 2002, quais sejam: Ausência de adição de lucros auferidos no exterior no valor de R$ 953.551,38 (fl. 65); e Ausência de adição de variações cambiais ativas no valor de R$ 17.876.350,00. Porém, compulsando os registros do CARF, verifiquei que o contribuinte também obteve provimento no recurso voluntário interposto no processo 16561.000083/200615, conforme acórdão 10516.886 de 04/03/2008, assim ementado: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ EXERCÍCIO: 2002 TRIBUTAÇÃO DE LUCROS AUFERIDOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR – CONVERSÃO PARA MOEDA NACIONAL TAXA DE CÂMBIO –Os lucros Fl. 939DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 940 6 auferidos por controlada no exterior serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os referidos lucros, a teor do 4° do art. 25 da Lei 9.249/95. Concluo, pois, que a reconstituição dos prejuízos fiscais já deveria ter sido efetuada pela unidade de origem, pelo que cabe razão ao contribuinte, ou seja, a infração também deveria se cancelada. Diante do exposto, voto no sentido de acolher os embargos para sanear a obscuridade, confirmando o provimento integral do recurso (cancelamento das exigências), ficando a cargo da unidade de origem ajustar os sistemas de controle prejuizos da Receita Federal em face do acórdão 10516.886 de 04/03/2008 proferido no processo 16561.000083/200615. Baixados os autos para cumprimento do decisum, a Delegacia Especial de Instituições Financeiras em São Paulo lavrou o Despacho de efls. 849/850, intitulado de Pedido de Correção de Inexatidões Materiais. Referido Pedido foi processado e admitido pelo Conselheiro Antonio José Praga de Souza e pelo Presidente desta Turma, o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, que determinou a baixa dos autos à unidade de origem para cumprimento da Decisão (v. efls. 851/854). Abaixo, reproduzo as partes principais da Informação Fiscal, da lavra do Conselheiro Antonio José Praga de Souza: O pleito da contribuinte neste processo, que restou provido, foi no sentido de cancelar a glosa de compensação de prejuízos no anocalendário de 2002, tendo em vista o litígio relativo ao anocalendário de 2001 tratado no processo 16561.000083/200615, que ao final foi obteve êxito (consoante acórdão 10 516.886). Ocorre que, tanto no recurso voluntário, quanto nos embargos da contribuinte que ensejaram o Acordão 140200.996 (ora questionado), não há menção expressa dos valores desse prejuízo glosado. De igual forma, no voto condutor do acórdão 1402 00.996 não há registro desse valor, tendo ficado a cargo da Unidade de Origem efetuar os ajustes. De fato, essa falta de referência expressa dos valores implicou em obscuridade, que por sua vez levou à conclusão da Unidade de Origem de que haveria inexatidão material no Acórdão 140200.996. A meu ver, não há inexatidão material no Acórdão, mas sim uma pequena obscuridade sanável mediante este despacho. Isso porque, repito, o provimento integral do recurso foi para cancelar a glosa da compensação de prejuízos no ano de 2002, em face do restabelecimento do prejuízo fiscal da contribuinte glosado no auto de infração de que tratado no processo 16561.000083/200615 (ano de 2001). Uma vez que esse prejuízo glosado foi de R$ 819.875,51 (vide cópia da DIPJ da Contribuinte, imagem 831) é a exigência do IRPJ correspondente a esse valor que foi objeto de cancelamento pelo no acórdão 140200.996. Portanto, está correta a conclusão da Unidade de Origem ao final do despacho (fl. 850), no sentido de que remanesce o IRPJ valor de R$ 309.230,19 (que não foi objeto de recurso pela contribuinte – matéria não impugnada/recorrida – Fl. 940DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 941 7 corresponde a parte da glosa da compensação de prejuízos fiscais no valor de R$ 1.236.960,77). Frisese que o valor de 309.230,19 (IRPJ com vencimento em 31/03/2003), deverá cobrado, acrescido de multa de oficio de 75% e juros de mora à taxa Selic. Conclusão Diante do exposto, propugno seja sanada a obscuridade/inexatidão material do Acórdão 140200.996, com fulcro no caput do art. 66 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, esclarecendo que o provimento integral do recurso voluntário não alcança o cancelamento da parcela do auto de infração fora do litigio. Propugno, ainda, sejam os autos volvidos a Unidade de Origem para cumprimento do Acórdão 140200.996, observandose as conclusões do despacho de fls. 849/850. Abaixo, o Despacho do Presidente, Conselheiro Leonardo de Andrade Couto: Nos termos da informação prestada pelo Conselheiro ANTONIO JOSÉ PRAGA DE SOUZA, que aprovo, RETIFIQUESE a inexatidão material contida no Acórdão e retornemse os autos à Unidade de origem para execução da decisão. Irresignada com a Decisão retro, a Contribuinte apresentou a petição de efls. 867/872, intitulada de Embargos de Declaração, através do qual contesta as conclusões contidas na Decisão de efls. 854, calcada que foi na Informação de efls. 851/853. Os embargos foram propostos com base em pretensa omissão da Decisão retro. Abaixo reproduzo as principais razões apontadas pela Recorrente para fundamentar a aludida omissão do aresto embargado: Fl. 941DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 942 8 Os referidos embargos foram admitidos pelo Despacho de efls. 928/932, de lavra do Conselheiro Paulo Roberto Cortez e, finalmente, distribuídos a este Conselheiro para Relatar e proferir seu voto. Do Despacho de admissibilidade cabenos extrair os seguintes trechos, eis que fundamentais para a tomada de decisão deste Colegiado: Após uma série de providências equivocadas por parte da Administração Tributária e dos próprios julgados é de se esperar que a discussão se encerre com a presente solução. Da análise da matéria questionada, se faz necessário ressaltar que o objetivo do presente embargo é a caracterização de possível contradição ou omissão nos arestos embargados. Apesar de ser por vias transversas, a razão está com o contribuinte desde o primeiro Embargos de Declaração. Senão vejamos: O litígio do presente processo (nº 16561.000156/200750) estabeleceuse em torno de autos de infrações relativos ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) do anocalendário de 2002. A pessoa jurídica foi acusada de não ter oferecido à tributação (i) lucros auferidos no exterior por filiais sucursais, controladas ou coligadas, no montante de R$ Fl. 942DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 943 9 953.551,38; e (ii) as variações cambiais ativas relativas às operações liquidadas no período de apuração, no montante de R$ 17.876.350,00. A primeira irregularidade teria causado insuficiência de tributação pelo IRPJ e pela CSLL, e a segunda, insuficiência de tributação pelo IRPJ, pela CSLL e pelo PIS. Além disso, foi glosada compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 2.056.836,28, em razão de sua reversão pelo auto de infração lavrado. O recurso foi apreciado pela 1ª Turma da 1ª. Câmara do CARF na sessão de 18/06/2009, sendo proferido o acórdão 110100.131, assim ementado: (...) Com as vênias necessárias ao relator dos embargos anteriores, o julgamento da glosa de prejuízos fiscais neste processo nada tem há haver com o julgado do processo nº 16561.000083/200615. São processos totalmente autônomos. Isto que dizer que um julgado não interfere no outro. O que foi decidido no processo nº 16561.000083/200615 não interfere de forma alguma no presente processo. Da mesma forma o presente processo não interfere de forma alguma naquele julgado. Resta claro, na decisão do presente processo que “ACORDAM, os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares e, no mérito, DAR provimento ao recurso ao recurso para cancelar as exigências, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.”. Em outras palavras, significa dizer que todas as exigências do auto de infração foram canceladas. O que evidentemente inclui a glosa dos prejuízos fiscais. Não pairam dúvidas de que foi glosada compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 2.056.836,28, em razão de sua reversão pelo auto de infração lavrado no presente processo. Ou seja, em razão das infrações lançadas, neste processo, foi glosado o prejuízo fiscal existente de R$ 2.056.836,28. Com provimento do recurso, neste processo, é de se restabelecer o valor do prejuízo fiscal glosado, independentemente, razões alheatórias em outro processo. Não se faz necessário, que a decisão mencione o fato, já que ao se decidir que as infrações principais lançadas, e que fez surgir a glosa do prejuízo fiscal, são improcedentes, automaticamente, se impõem o cancelamento da glosa de prejuízos fiscais por decorrência natural e lógica e se restabelece o valor do prejuízo fiscal glosado. Nada mais há que se fazer. Só resta cumprir a decisão proferida, pois o assunto, neste aspecto (prejuízos fiscais glosados), se encontra finalizado. Assim sendo, concluo que cabe razão ao contribuinte, ou seja, é de se confirmar o provimento integral do recurso voluntário com cancelamento de todas as exigências lançadas no auto de infração questionado. A vista disso, concluo e proponho, S. M. J., que: 1 – ocorreu hipótese prevista no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria 256, do Ministro de Estado da Fazenda, de 22 de junho de 2009, no julgamento que culminou com os Acórdãos n.º 110100.131, de 18 de junho de 2009; nº 140200.996, de 12 de abril de 2012 e Despacho s/nº, de 23 de novembro de 2012; e 2 – que o presente processo retorne ao relator designado para que o mesmo tome as providências necessárias para que se proceda à inclusão em Pauta de Julgamento Fl. 943DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 944 10 para que a omissão apontada pelo embargante seja sanada pelo colegiado da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, conforme o previsto no § 3º do art. 66 do RICARF. É o relatório. Fl. 944DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 945 11 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. Apesar de tempestivos, prefacialmente, há a necessidade de se rediscutir a admissibilidade dos presentes embargos. Segundo a Recorrente, a petição de efls. 867/872, intitulada de Embargos de Declaração, foi apresentada em face do conteúdo da Decisão de efls. 851/854, proferida pelo Presidente desta Turma Julgadora, para sanar o erro material existente no Acórdão nº 1402 00.996, e que determinou o retorno dos autos à unidade de origem, após o esclarecimento de que o provimento integral do Recurso Voluntário não alcançaria a glosa da compensação de prejuízos realizada em face da inexistência de saldo suficiente. A referida Decisão determinou o retorno dos autos à origem para cumprimento e observância das conclusões do despacho de efls 849/850 que, em apertada síntese, propugna pela manutenção da glosa de compensação de prejuízo fiscal no valor de R$1.236.960,77 e, conseqüentemente, pela cobrança do débito de R$309.240,19 de IRPJ do ano calendário de 2002. Já o Conselheiro Paulo Roberto Cortez admitiu os embargos em face do Acórdão nº 140200.996 (v. efls. 928). Eis aí a primeira inconsistência do referido despacho de admissibilidade. O Acórdão nº 140200.996 também foi proferido em sede de embargos de declaração, opostos pela Contribuinte em face do Acórdão de Recurso Voluntário de efls. 700/709. Assim, salvo melhor juízo, teria havido erro, por parte do Conselheiro que analisou a admissibilidade, ao delimitar a matéria a ser apreciada, pois não foi esse o aresto embargado pela Contribuinte, que atacou o Despacho de efls. 851/854. Outra inconsistência do referido Despacho de Admissibilidade referese aos pressupostos considerados pelo I. Conselheiro para receber os Embargos. Reproduzo abaixo os pressupostos que considero equivocados, com a análise de cada um deles em sequência: A primeira irregularidade teria causado insuficiência de tributação pelo IRPJ e pela CSLL, e a segunda, insuficiência de tributação pelo IRPJ, pela CSLL e pelo PIS. Além disso, foi glosada compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 2.056.836,28, em razão de sua reversão pelo auto de infração lavrado. Ora, a glosa da compensação de prejuízos fiscais em nada tem a ver com as demais infrações apuradas no mesmo procedimento fiscal de exigência. Ela é uma infração autônoma e independente das demais exigidas pelo Auto de Infração. Isso precisa ficar bem claro, haja vista que desmonta totalmente as alegações da Recorrente a respeito. Mesmo antes das autuações serem formalizadas, o contribuinte já havia apurado um Lucro Real de R$14.810.654,45 (vide DIPJ de efls. 832). Após a autuação fiscal, o Lucro Real foi elevado para R$33.640.555,83 (v. efls. 83). Então, as demais infrações, que restaram canceladas pelo Acórdão de Recurso Voluntário, em nada influenciaram na glosa da compensação de prejuízos fiscais. Por Fl. 945DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 946 12 isso, resta claro que o Conselheiro Relator partiu de uma premissa totalmente equivocada neste ponto. A segunda premissa equivocada adotada pelo despacho de admissibilidade, reproduzo abaixo: Com as vênias necessárias ao relator dos embargos anteriores, o julgamento da glosa de prejuízos fiscais neste processo nada tem há haver com o julgado do processo nº 16561.000083/200615. São processos totalmente autônomos. Isto que dizer que um julgado não interfere no outro. O que foi decidido no processo nº 16561.000083/200615 não interfere de forma alguma no presente processo. Da mesma forma o presente processo não interfere de forma alguma naquele julgado. As infrações apuradas no processo nº 16561.000083/200615, relativas ao anocalendário de 2001, fizeram com que o resultado apurado inicialmente pela Contribuinte, um prejuízo fiscal de R$819.875,51, passasse a ser de Lucro Real, no montante de R$14.828.138,05 (v. efls. 795). O referido prejuízo, inicialmente apurado pela Recorrente, de R$819.875,51, compôs o saldo de prejuízos fiscais utilizado por ela para a compensação realizada no ano calendário seguinte, de 2002. Ocorre, que o respectivo Auto de Infração foi cancelado por decisão proferida pela 5ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em 04 de março de 2008 (Ac. nº 10516.886), vide efls. 849/850. Esta decisão restabeleceu o prejuízo fiscal apurado pela Recorrente no anocalendário de 2001 (R$819.875,51), porém, tal valor ainda era insuficiente, segundo os registros constantes do SAPLI (v. efls. 833/845), para cobrir integralmente a compensação de prejuízo fiscal glosada pelo presente Auto de Infração. Assim, a afirmação do Conselheiro Relator de que o resultado final do processo nº 16561.000083/200615 não tem nenhuma relação com o que se discute neste processo não traduz a realidade dos Autos, devendo, portanto, ser questionada. Passemos ao terceiro ponto que reputamos ser incongruente com os fatos constantes dos Autos: Resta claro, na decisão do presente processo que “ACORDAM, os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares e, no mérito, DAR provimento ao recurso ao recurso para cancelar as exigências, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.”. Em outras palavras, significa dizer que todas as exigências do auto de infração foram canceladas. O que evidentemente inclui a glosa dos prejuízos fiscais. Não pairam dúvidas de que foi glosada compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 2.056.836,28, em razão de sua reversão pelo auto de infração lavrado no presente processo. Conforme já vimos anteriormente, foram autuadas 03 (três) infrações, a saber: 1) Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente. Saldo de Prejuízos Insuficientes; Fl. 946DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 947 13 2) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real. Lucros Auferidos no Exterior; 3) Adições não Computadas na Apuração do Lucro Real. Variações Cambiais Ativas Operações Liquidadas. As duas últimas foram objeto tanto da Impugnação quanto do Recurso Voluntário. A primeira, que trata da glosa de compensação de prejuízos não foi atacada em nenhum dos dois recursos, razão pela qual operouse a preclusão a seu respeito. Assim, a meu ver, nem os primeiros Embargos, propostos às efls. 726/735, que resultaram no Acórdão nº 140200.996 (v. efls. 782/788), deveriam ter sido conhecidos, haja vista a manifesta ausência de omissão, obscuridade ou contradição em relação ao Acórdão de Recurso Voluntário, considerando as matérias postas a julgamento e que foram objeto do respectivo recurso. Por força da preclusão, não consideramos correta a assertiva manifestada pelo Conselheiro Paulo Roberto Cortez de que “(...) todas as exigências do auto de infração foram canceladas. O que evidentemente inclui a glosa dos prejuízos fiscais.” Ora, quando o Acórdão decidiu “DAR provimento ao recurso ao recurso para cancelar as exigências” (sic), o fez em relação às matérias levadas a julgamento, objeto do recurso da Contribuinte (itens 2 e 3 citados acima). Isso ficou muito claro, tanto no Acórdão nº 140200.996, quanto na Decisão de efls. 851/854 (ora embargada). Pelo mesmo motivo, ou seja, pelo disposto tanto no Acórdão nº 140200.996, quanto na Decisão de efls. 851/854, também não se pode dizer que “Não pairam dúvidas de que foi glosada compensação de prejuízo fiscal no valor de R$ 2.056.836,28, em razão de sua reversão pelo auto de infração lavrado no presente processo.” Como vimos, a glosa da compensação de prejuízos é infração autônoma, em nada se relacionando com as outras duas infrações apontadas pela Autoridade Fiscal. Por último, ainda arremata o Conselheiro Paulo Roberto Cortez, em seu despacho de Admissibilidade dos Embargos: Assim sendo, concluo que cabe razão ao contribuinte, ou seja, é de se confirmar o provimento integral do recurso voluntário com cancelamento de todas as exigências lançadas no auto de infração questionado. Não cabem, em sede de admissibilidade de recurso, conclusões a respeito do mérito da contenda. Caberia ao Relator, simplesmente apontar a omissão, obscuridade ou contradição do Acórdão embargado, com a fundamentação necessária e suficiente para que o Presidente da Turma julgadora pudesse decidir sobre o seu recebimento. Ademais, além de tudo o que foi até agora discorrido, caberia, no caso, questionar, inclusive, o cabimento de embargos de declaração em face de Despacho exarado para correção de erro ou inexatidão material. Confesso que, relendo os arts. 65 e 66 do antigo Regimento (Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009) não vislumbro tal hipótese. Vejam o disposto no art. 65 do RICARF (vigente à época): Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e Fl. 947DF CARF MF Processo nº 16561.000156/200750 Acórdão n.º 1402002.519 S1C4T2 Fl. 948 14 os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Pareceme que o Conselheiro Paulo Roberto Cortez alargou o alcance da norma em comento, admitindo embargos de declaração em face de despacho para correção de inexatidões/erros materiais, quando o art. 65 admite seu cabimento apenas em relação a acórdãos. Se considerarmos, ainda, que a matéria tratada na petição intitulada de embargos de declaração abrange questão essencialmente meritória, fulminada que foi pelos efeitos da preclusão processual, também chegamos à conclusão de que a admissibilidade do referido recurso deve ser questionada. Por todo o exposto, voto por tornar sem efeito o despacho de admissibilidade de efls. 928/932 e não admitílos. Em 17 de maio de 2017. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 948DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720108/2014-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon May 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
Inconstitucionalidade de Lei. Exame no Processo Administrativo Tributário. Impossibilidade.
É vedado aos órgãos de julgamento administrativo o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo, o que impede que se examinem eventuais violações pela norma legal a princípios constitucionais.
Preço de Transferência. Método PRL60. Ajuste com Base na INSRF nº 243/2002. Legalidade.
A Instrução Normativa SRF nº 243/2002 não viola o princípio da legalidade, mas define critério de interpretação e aplicação da lei, compatível com o disposto no art. 18 da Lei nº 9.430/1996.
Preço de Transferência. Princípios Ativos. Adição de Elementos Inertes, Diluentes e Aditivos. Agregação de Valor. Método PRL60.
A adição de elementos inertes, diluentes e aditivos, pela indústria de farmacêutica, aos princípios ativos produz agregação de valor, atraindo a aplicação do método PRL60.
Preço de Transferência. PRL60. Inclusão de Frete, Seguro e Imposto de Importação.
Na apuração do preço de transferência pelo método PRL60, devem ser adicionados ao preço praticado os valores de frete, seguro e o do Imposto de Importação, de modo a permitir a comparação do preço praticado com o preço parâmetro, no qual aquelas despesas já se encontram inseridas.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão.
Quando o lançamento de IRPJ e o de CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.417
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que votaram pelo provimento integral.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. EXAME NO PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. É vedado aos órgãos de julgamento administrativo o controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo, o que impede que se examinem eventuais violações pela norma legal a princípios constitucionais. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60. AJUSTE COM BASE NA INSRF Nº 243/2002. LEGALIDADE. A Instrução Normativa SRF nº 243/2002 não viola o princípio da legalidade, mas define critério de interpretação e aplicação da lei, compatível com o disposto no art. 18 da Lei nº 9.430/1996. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRINCÍPIOS ATIVOS. ADIÇÃO DE ELEMENTOS INERTES, DILUENTES E ADITIVOS. AGREGAÇÃO DE VALOR. MÉTODO PRL60. A adição de elementos inertes, diluentes e aditivos, pela indústria de farmacêutica, aos princípios ativos produz agregação de valor, atraindo a aplicação do método PRL60. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL60. INCLUSÃO DE FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. Na apuração do preço de transferência pelo método PRL60, devem ser adicionados ao preço praticado os valores de frete, seguro e o do Imposto de Importação, de modo a permitir a comparação do preço praticado com o preço parâmetro, no qual aquelas despesas já se encontram inseridas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 CSLL E IRPJ. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 08 /2 01 4- 19 Fl. 936DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 937 2 Quando o lançamento de IRPJ e o de CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Amélia Wakako Morishita Yamamoto, que votaram pelo provimento integral. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 938 3 Relatório Tratase de recurso interposto por MERIAL SAÚDE ANIMAL LTDA., pessoa jurídica de direito privado já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 0834.381 (fls. 768 a 793), da 3ª Turma da DRJ Fortaleza, que negou provimento à impugnação, mantendo a integralidade do crédito tributário constituído contra a recorrente. A infração colhida no lançamento foi a falta de ajustes (adições) ao lucro líquido decorrentes da aplicação das regras de preço de transferência aos custos incorridos nas aquisições, no exterior, de bens e de serviços, de pessoa vinculada. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 542 a 554), a autoridade lançadora afirmou que, nas importações do ano de 2009, sujeitas às regras de preço de transferência, o contribuinte adotara, no cálculo dos ajustes, o método Preço de Revenda Menos Lucro PRL, utilizandose, no entanto, da sistemática prevista na Instrução Normativa SRF nº 32/2001, embora, à época da ocorrência dos fatos, já estivesse em vigor a metodologia estabelecida pela Instrução Normativa SRF nº 243/2002. Os ajustes foram recalculados pela Fiscalização, aplicandose a sistemática introduzida pela IN SRF nº 243/2002, do que resultou a exigência de crédito tributário de IRPJ e CSLL, acrescido de multa e juros de mora. A contribuinte se insurgiu contra o lançamento, apresentando impugnação, à qual a DRJ Fortaliza negou provimento, em acórdão cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA QUE REGULAMENTOU A MATÉRIA. O contencioso administrativo não possui competência para a apreciação da alegação da inconstitucionalidade ou da ilegalidade da Instrução Normativa SRF n° 243, de 2002, sendo dever do julgador, por expressa disposição legal, adotar o entendimento da RFB expresso em atos normativos regularmente editados. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRINCÍPIOS ATIVOS. PRODUÇÃO DE MEDICAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DO MÉTODO PRL COM MARGEM DE LUCRO DE 20% (VINTE POR CENTO). Para efeito de determinação do preço de transferência, a produção de medicamentos para consumo final com utilização de princípios ativos importados se enquadra no conceito "produção de outro bem", impossibilitando a aplicação do Método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), com margem de lucro de vinte por cento. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PREÇOS PRATICADOS. INCLUSÃO DO FRETE. SEGURO E TRIBUTOS. Fl. 938DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 939 4 Não se deve levar em conta, na mensuração do preço praticado nas operações de importação realizadas perante pessoas vinculadas, situadas no exterior, o valor FOB, pois o correto é o valor CIF, que inclui o frete e o seguro, cujo ônus seja do importador, além dos tributos incidentes na importação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 LANÇAMENTO REFLEXO OU DECORRENTE. Mutatis mutandis, por se tratar de tributação decorrente, aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) a mesma decisão que foi adotada, relativamente ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS E ESTUDOS DOUTRINÁRIOS APRESENTADOS PELA IMPUGNANTE. As decisões administrativas e judiciais, bem como os estudos doutrinários da lavra de consagrados autores não se enquadram no conceito de normas complementares à legislação tributária, ao teor do disposto pelo art. 100 do CTN, de modo que não possuem efeito vinculante relativamente ao contencioso administrativo. Não resignada, a contribuinte interpôs recurso, alegando, em síntese, os seguintes pontos: a) A ilegalidade do art. 12, § 11, da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, por ofensa à regra inserida no art. 97 do CTN; e das disposições contidas no art. 5°, inciso II; art. 37, caput; art. 84, inciso IV; art. 150, inciso I, todos da Constituição Federal. A referida instrução normativa, no entender da recorrente, ultrapassa o disposto no art. 18, inciso II, alínea "d", item 1, da Lei nº 9.430/1996. b) A inconstitucionalidade da Lei nº 9.430, por ofensa aos princípios constitucionais, da razoabilidade, da proporcionalidade, da vedação ao confisco e do livre exercício de atividade econômica (art. 170, parágrafo único e art. 174, todos da Constituição). c) O direito da recorrente de adotar o método PRL20, na apuração do preço parâmetro dos princípios ativos importados de pessoa jurídica vinculada. d) O direito a que os valores de frete e seguro, e o do Imposto de Importação não integrem o preço de aquisição de bens, no exterior, de pessoa jurídica vinculada, para efeito de dedutibilidade do custo dos referidos bens, em comparação com o preçoparâmetro, apurado no Método PRL, razão pela qual, tais valores não poderiam ter sido incluídos no ajuste tributável apurado pelo Fisco. A recorrente citou trabalhos doutrinários e julgados do antigo Conselho de Contribuintes, todos apontando a linha da ilegalidade da IN SRF nº 243/2002. Especificamente nas importações de princípios ativos, empregados pela indústria farmacêutica, afirmou que, na hipótese de ser necessário efetuar ajustes de preço de transferência, o método adequado é preço de revenda menos lucro, com a margem de 20% Fl. 939DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 940 5 (PRL20), sendo imprópria a utilização da margem de 60% (PRL60) É que, em tais casos específicos envolvendo esse ramo de atividade, a produção de outro bem não implica, necessariamente, transformar ou a modificar a composição original do produto importado. Insistiu a recorrente em que não há produção de outro bem, dizendo que produzir é dar nascimento, é criar, gerar, fabricar; o que não ocorre com os princípios ativos, pois a adição de simples elementos inertes, diluentes ou aditivos aos princípios ativos importados não gera produto novo. Os princípios ativos continuam a ser os mesmos, tal como inicialmente importados. É a própria Lei nº 9.430 que fala, no art. 18, inciso II, alínea "d", item 1, em produção de outro bem. Assim, pequenos processos industriais de beneficiamento, recondicionamento e outras modalidades, que não alteram a natureza do bem, não impedem a utilização do PRL20. Insurgiuse também contra a inclusão dos valores de frete e seguro na determinação do preço praticado, ao argumento de que os valores de frete e seguro não podem ser incluídos, se pagos a pessoa não vinculada. Também questionou a inclusão no preço praticado do valor do Imposto de Importação. Com esses fundamentos, pugnou pelo provimento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Inconstitucionalidade A recorrente arguiu a inconstitucionalidade da Lei nº 9.430, por ofensa aos princípios constitucionais, da razoabilidade, da proporcionalidade, da vedação ao confisco e do livre exercício de atividade econômica. Ao CARF não é dado exercer controle de constitucionalidade de lei. Nesse sentido dispõe de forma inequívoca o art. 26A do Decreto nº 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 940DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 941 6 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. No mesmo sentido, a Súmula CARF nº 2, cujo enunciado afirma que o este Colegiado "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Ilegalidade do método PRL60 definido pela IN SRF nº 243/2002 A IN SRF nº 234/2002, no entender da recorrente, seria ilegal, pois, a pretexto de regular a aplicação do método PRL60, previsto no art. 18 da Lei n° 9.430, teria ultrapassado os limites estabelecidos no próprio dispositivo legal, instituindo um critério em desacordo com a lei. O art. 18 da Lei nº 9.430, na parte que trata especificamente do PRL60, contém imprecisões de redação (apontadas nas contrarrazões da PFN e em outros julgados do CARF) que acabam fazendo com que o texto comporte mais de uma interpretação igualmente válida. Tratandose de lei a ser aplicada pela Administração, a esta caberia definir, dentre as várias interpretações possíveis, aquela que haveria de ser observada. Não deve causar estranheza a existência de lei cujo texto se abra a mais de uma possibilidade interpretativa. "A interpretação de uma lei não deve necessariamente conduzir a uma única solução como sendo a única correta, mas possivelmente a várias soluções que na medida em que sejam aferidas pela lei a aplicar têm igual valor, se bem que apenas uma delas se torne Direito positivo no ato do órgão aplicador do Direito." (Hans Kelsen. Teoria Pura do Direito) Não deve igualmente ser causa de perplexidade o fato de a Administração, tendo escolhido uma determinada linha de interpretação ou critério de aplicação da lei, venha depois a adotar uma nova interpretação ou critério jurídico, desde que não o faça com efeito retroativo. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 942 7 A Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo federal, prevê expressamente essa possibilidade. Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. (g.n.) Tendo essas duas premissas como farol, passase a examinar o problema posto nos autos. A lei vigente ao tempo do fato gerador determinava, a fim de apurar o preço parâmetro pelo método PRL60, que do preço de revenda fosse diminuído: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País. Diante desse texto, a IN SRF 32/2001 determinava uma forma de cálculo do preçoparâmetro pela qual se excluíam os valores correspondentes aos descontos incondicionais, aos tributos incidentes sobre vendas, às comissões e corretagens, e o valor agregado, remanescendo como base de cálculo para se chegar ao preçoparâmetro o valor correspondente ao custo do bem importado e a margem de lucro de todo o produto. IN SRF 243/2002, modificando o critério de cálculo, fez com que, ao se excluir o valor agregado, fosse com ele excluída a parcela da margem de lucro a ele correspondente. Vale dizer, a base sobre a qual incidiria a percentagem de 60% seria o valor do bem importado acrescido tãosomente da margem de lucro que lhe correspondesse. Pela IN SRF nº 32, o percentual de 60% era aplicado sobre o valor do bem importado acrescido da margem de lucro de todo o produto, independentemente da maior ou menor relevância daquele insumo em face do produto final. Se o bem industrializado fosse, por hipótese, um automóvel e o produto importado fosse a tampa do acendedor de cigarros, a base sobre a qual se aplicaria a margem de 60% seria a soma daquele bem (tampa do acendedor de cigarros) com a margem de lucro de todo o produto (automóvel), caracterizando enorme distorção. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 943 8 A IN SRF nº 243 veio eliminar essa distorção, fazendo com que ao excluir o valor agregado, fosse excluída também a parcela da margem de lucro a ele correspondente, de modo que, ao final, remanescesse a margem de lucro proporcional ao bem importado. Há quem acuse esse critério de ser nocivo à economia do País e de acarretar outros problemas, inibindo a atividade empresarial. Essas considerações, por mais relevantes que sejam, situamse em campo no qual não cabe ao CARF adentrar. O que compete este órgão julgador verificar é se o critério da IN SRF nº 243 é compatível com o texto legal. A resposta a essa pergunta tem sido reiteradamente no mesmo sentido. A Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF já se debruçou sobre essa matéria, decidindo pela legalidade da IN SRF nº 243, como se pode constatar, entre outros, pelo Acórdão nº 9101002.417, de cujo voto condutor se extraem os fundamentos abaixo reproduzidos: Em relação ao recurso da Fazenda, entendo que assistelhe razão porque não vislumbro a ilegalidade na referida IN. É que sejam as interpretações trazidas pela contribuinte, sejam as previstas em atos normativos editados pela Receita Federal, dentre eles a IN SRF nº 243, de 2002, representam expressões matemáticas resultantes da interpretação feita pelo aplicador da lei, relativamente às disposições do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, a leitura que a contribuinte faz do que dispõe o art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, nada mais é do que a sua interpretação dada ao comando, que representa uma dentre outras tantas possíveis, restando saber se essa sua interpretação traduz, efetivamente, o que desejou a Lei: que o preço parâmetro, obtido a partir de estabelecimento de métodos matemáticos, seja aquele igual ao custo incorrido sem artificialismo, não majorado por renda indevidamente transferida ao exterior, conforme se pode depreender da própria exposição de motivos da Lei: (...) Mas, analisando a leitura que a Contribuinte faz da lei em suas contrarrazões, temse que ela defende que: i) a margem de lucro de 60% deveria ser aplicada sobre o preço líquido de venda total e não sobre o valor da participação do bem importado sobre o preço líquido de venda; e ii) que o desconto do valor agregado deveria ser da margem de lucro e não do preço líquido de venda. Afirma, ainda, que "as duas etapas" de cálculo da IN SRF n° 243, de 2002, "obrigam que a lucratividade total do processo industrial seja de 60%", ferindo a intenção do legislador. Pois bem, no que diz respeito à proporcionalização trazida pela IN, não vislumbro qualquer ofensa ou extrapolação legal; pelo contrário, ela permite "isolar" o efeito do insumo importado, no custo, em relação a outros insumos que não foram importados de pessoas jurídicas vinculadas. Ora, se o que se quer avaliar é se o insumo importado de pessoa ligada foi ou não majorado, no cômputo do custo, nada mais alinhado à intenção do legislador do que comparar o "efeito" do custo desse insumo sobre o custo total. Fl. 943DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 944 9 Passandose às fórmulas matemáticas que traduzem a interpretação da aludida IN, é possível verificar que, ao contrário do que aduzido pela contribuinte, sequer houve majoração de base de cálculo. Isso porque: i) se o limite de dedutibilidade que é o preço parâmetro, ora chamado de PP é igual ao Preço Líquido de Venda (PLV) deduzido da Margem de Lucro de 60%, temse: PP = PLV Margem de Lucro de 60%, que pode ser simplificada (abstraindo se, por enquanto, a discussão do valor agregado), já que a margem de lucro é um percentual sobre o PLV, nos seguintes termos: PP = PLV 0,6PLV = 0,4 PLV ii) se a IN determina que se proporcionalize os custos dos insumos importados (Cl), em relação ao custo total (CT), temse PP = (CI/CT) X 0,4 x PLV Se todos os insumos forem importados, CI/CT = 1, o que significa dizer que nada foi alterado e mais: que atingiuse exatamente a mens legis, ou seja, o preço parâmetro foi calculado sobre todas as operações com pessoas vinculadas. Indose para o outro extremo, que seria uma quantidade mínima de insumos terem sido importados de pessoas vinculadas, o CI/CT será um valor bem pequeno, o que refletirá em uma redução no valor final do preço parâmetro. Mas entendimento diferente é que estaria equivocado, pois se não houvesse essa proporcionalização, o PP estaria "contaminado" com o custo dos insumos que foram agregados no Brasil, e não é isso, como já dito, que os ajustes de preço de transferência buscam. Aliás, cumpre verificar que a referida e questionada proporcionalização até prescinde de ato normativo porque se a lei diz o preço parâmetro é determinado pela aplicação de uma margem de lucro sobre o preço de revenda do produto importado e, se não existe preço de revenda específico sobre esse produto importado, mas sim sobre um outro produto que foi produzido utilizandose esse produto importado, a única forma possível para se calcular o "preço de revenda do produto importado", é proporcionalizando o preço de revenda total do produto produzido e, para tanto, é preciso usar o critério da relação de custos. Em relação ao desconto do valor agregado, também não se pode dizer que a interpretação dada pela IN SRF n° 243, de 2002, extrapola ou fere a lei, pois, o entendimento da IN é o de que o valor agregado no Brasil tem que ser excluído do preço parâmetro porque, mais uma vez, o objetivo dos ajustes é neutralizar eventuais majorações de custos e despesas em operações com pessoas vinculadas, no caso, na importação. E reconhecido que o ato legal padeceu da boa técnica legislativa, tanto que, na Exposição de Motivos da MP n° 478/2009, trazida pela recorrente em seu recurso, porém interpretada por ela, equivocadamente, como um reconhecimento da ilegalidade da IN, o então AdvogadoGeral da União, justifica as alterações trazida pela medida provisória como sendo com o intuito de reduzir a litigiosidade que a lei, e não a IN, causava. Assim, a tentativa de colocar em lei o texto da IN, não é um reconhecimento de ilegalidade na IN, mas sim uma forma de deixar a interpretação da lei menos susceptível a discussões judiciais ou mesmo no contencioso administrativo. Fl. 944DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 945 10 Mas é preciso deixar claro que a interpretação da lei buscada pela contribuinte, em que pese não evidenciar problemas de técnica legislativa, resulta em considerar que a lei trouxe um erro gramatical, senão vejamos: i) o texto da lei, mais uma vez reproduzido, porém com destaques é: (...) ii) para deduzir, como quer a Contribuinte, o valor agregado da margem de lucro, terseia que admitir que a redação da lei seria: "e o valor agregado no País". Porém a redação é "e do valor agregado no País". Portanto, de qualquer forma, é de se reconhecer que o texto não estava bem escrito. Mas, o fato é que esta interpretação buscada pela Contribuinte representaria mais uma distorção no que se pretende com os ajustes do preço de transferência, conforme se demonstra pela fórmula matemática que representa o que ela entende: PP = PLV 0,6 (PLVVA) = PLV 0,6PLV 0,6VA= 0,4PLV + 0,6VA Ou seja, o preço parâmetro seria 40% do preço líquido de venda acrescido de 60% do valor agregado. Assim, se o sujeito passivo agregasse muito valor ao produto no Brasil, o preço parâmetro poderia seria (sic) influenciado por esses valores, o que não tem a menor lógica, se o que se quer avaliar é justamente a influencia dos valores transacionados com o exterior, em operações com pessoas vinculadas. Ora, mais uma vez, é óbvio que a intenção do legislação só pode ser buscada se se excluir o que foi agregado no país do preço parâmetro para que não haja a influência desses valores no limite de dedutibilidade; e isso só ocorre se a fórmula for, tal como preceitua a IN: PP = PLV 0,6PL 0,6VA Neste sentido, esta CSRF já decidiu conforme diversos acórdãos que, a título de exemplo, cito o de nº 9101002.321, de 3 de maio de 2016, da lavra do Cons. André Mendes de Moura, o acórdão 9101002.175, de 27 de fevereiro de 2016, da lavra do Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão. No âmbito das turmas ordinárias, faço destaques ao acórdão nº 1302001.164, de 10 de setembro de 2013, da lavra do exconselheiro Eduardo de Andrade, que, de uma forma bastante exaustiva, fazendo uso inclusive de gráficos, demonstra a legalidade da IN ora guerreada. No âmbito dos tribunais, a Fazenda Nacional colaciona em seu recurso posicionamentos recentes de Tribunais Regionais decidindo, de forma unânime, pela legalidade da mencionada IN, que considero oportuno transcrever: (...) TRF 3 Processo n° 2003.61.00.0061258/SP: TRIBUTÁRIO TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS VINCULADAS MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCROPRL60 APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL EXERCÍCIO DE 2002 LEIS N°S 9.430/96 E 9.959/00 E INSTRUÇÕES NORMATIVAS/SRF N°S 32/2001 E 243/2002 PREÇO PARÂMETRO MARGEM DE LUCRO VALOR AGREGADO LEGALIDADE INOCORRÊNCIA DE OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DEPÓSITOS JUDICIAIS. 1. Constitui o preço de transferência o controle, pela autoridade fiscal, do preço praticado nas operações comerciais ou financeiras realizadas entre pessoas Fl. 945DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 946 11 jurídicas vinculadas, sediadas em diferentes jurisdições tributárias, com vista a afastar a indevida manipulação dos preços praticados pelas empresas com o objetivo de diminuir sua carga tributária. 2. A apuração do lucro real, base de cálculo do IRPJ, e da base de cálculo da CSLL, segundo o Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL, era disciplinada pelo art. 18, II e suas alíneas, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 9.959/00 e regulamentada pela IN/SRF n° 32/2001, sistemática pretendida pela contribuinte para o ajuste de suas contas, no exercício de 2002, afastandose os critérios previstos pela IN/SRF n° 243/2002. 3. Contudo, ante à imprecisão metodológica de que padecia a IN/SRF n° 32/2001, ao dispor sobre o art. 18, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe deu a Lei n° 9.959/00, a qual não espelhava com fidelidade a exegese do preceito legal por ela regulamentado, baixou a Secretaria da Receita Federal a IN/SRF n° 243/2002, com a finalidade de refletir a mens legis da regramatriz, voltada para coibir a evasão fiscal nas transações comerciais com empresas vinculadas sediadas no exterior, envolvendo a aquisição de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. 4. Destarte, a IN/SRF n° 243/2002, sem romper os contornos da regra matriz, estabeleceu critérios e mecanismos que mais fielmente vieram traduzir o dizer da lei regulamentada. Deixou de referirse ao preço líquido de venda, optando por utilizar o preço parâmetro daqueles bens, serviços ou direitos importados da coligada sediada no exterior, na composição do preço do bem aqui produzido. Tal sistemática passou a considerar a participação percentual do bem importado na composição inicial do custo do produto acabado. Quanto à margem de lucro, estabeleceu dever ser apurada com a aplicação do percentual de 60% sobre a participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido, a ser utilizada na apuração do preço parâmetro. Assim, enquanto a IN/SRF n° 32/2001 considerava o preço líquido de venda do bem produzido, a IN/SRF n° 243/2002, considera o preço parâmetro, apurado segundo a metodologia prevista no seu art. 12, §§ 10, e 11 e seus incisos, consubstanciado na diferença entre o valor da participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido, e a margem de lucro de sessenta por cento. 5. O aperfeiçoamento fezse necessário porque o preço final do produto aqui industrializado não se compõe somente da soma do preço individuado de cada bem, serviço ou direito importado. A parcela atinente ao lucro empresarial, são acrescidos, entre outros, os custos de produção, da mão de obra empregada no processo produtivo, os tributos, tudo passando a compor o valor agregado, o qual, juntamente com a margem de lucro de sessenta por cento, mandou a lei expungir. Daí, a necessidade da efetiva apuração do custo desses bens, serviços ou direitos importados da empresa vinculada, pena de a distorção, consubstanciada no aumento abusivo dos custos de produção, com a consequente redução artificial do lucro real, base de cálculo do IRPJ e da base de cálculo da CSLL a patamares inferiores aos que efetivamente seriam apurados, redundar em evasão fiscal. 6. Assim, contrariamente ao defendido pela contribuinte, a IN/SRF n° 243/2002, cuidou de aperfeiçoar os procedimentos para dar operacionalidade aos comandos emergentes da regramatriz, com o fito de determinarse, com maior exatidão, o preço parâmetro, pelo método PRL60, na hipótese da importação de bens, serviços ou direitos de coligada sediada no exterior, destinados à produção e, a partir daí, comparandoseo com preços de produtos idênticos ou similares Fl. 946DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 947 12 praticados no mercado por empresas independentes (princípio arm's lenght), apurarse o lucro real e as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 7. Em que pese a incipiente jurisprudência nos Tribunais pátrios sobre a matéria, ainda relativamente recente em nosso meio, temna decidido o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, do Ministério da Fazenda, não avistando o Colegidado em seus julgados administrativos qualquer eiva na IN/SRF n° 243/2002. Confirase a respeito o Recurso Voluntário n° 153.600 processo n° 16327.000590/200460, julgado na sessão de 17/10/2007, pela 5ª Turma/DRJ em São Paulo, relator o conselheiro José Clóvis Alves. No mesmo sentido, decidiu a r. Terceira Turma desta Corte Regional, no julgamento da apelação cível n° 0017381 30.2003.4.03.6100/SP, Relator o e. Juiz Federal Convocado RUBENS CALIXTO. 5. Outrossim, impõese destacar não ter a IN/SRF n° 243/2002, criado, instituído ou aumentado os tributos, apenas aperfeiçoou a sistemática de apuração do lucro real e das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pelo Método PRL60, nas transações comerciais efetuadas entre a contribuinte e sua coligada sediada no exterior, reproduzindo com maior exatidão, o alcance previsto pelo legislador, ao editar a Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 9.959/2000, visando coibir a elisão fiscal. [...] (Divulgado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3ª Região, em 1/9/2011. Grifos nossos) Portanto, tanto a proporcionalização quanto a exclusão do valor agregado para cálculo do preço parâmetro nos termos preceituados pela IN foram necessários para se atingir a finalidade da norma que é "evitar a prática, lesiva aos interesses nacionais, de transferências de recursos para o Exterior, mediante a manipulação de preços pactuados nas importações ou exportações de bens, serviços ou direitos, em operações com pessoas vinculadas", descabendo se falar, inclusive, que a IN obrigou que a lucratividade total do processo fosse de 60%, pois, o que ela fez foi excluir os efeitos dos valores agregados no Brasil, vez que o que estava sob análise eram os preços dos produtos praticados com as pessoas vinculadas no Exterior. E preciso também deixar claro que não é a IN que fixou a margem de lucro de 60%, mas sim, a lei. Assim, descabido também o argumento de que a IN não funciona como instrumento de controle de preços se o contribuinte, de boafé, praticar uma margem de lucro de 60%. Com esses fundamentos, afastase a arguição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002. Ajustes pelo PRL60 aplicáveis ao princípios ativos Nesse ponto a recorrente questiona a validade da aplicação do PRL60 na apuração do preço parâmetro dos princípios ativos importados, ao argumento de que não haveria propriamente processo de industrialização, já que o produto permaneceria com as mesmas características, conservando as mesmas propriedades. O que é revendido, diz a recorrente, é o mesmo bem importado e, por isso, deveria ser aplicado o método PRL20 para o cálculo do preço de transferência. O requisito para a aplicação do PRL60 não é a existência de um processo de industrialização stricto sensu, ou seja, aquele que se enquadra em uma das modalidades de industrialização, tal como previsto no Regulamento do IPI. A condição que torna aplicável o Fl. 947DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 948 13 método PRL60 é a existência de agregação de valor, ainda que o processo do qual decorra esse resultado não possa ser reconhecido como um típico processo de industrialização. Os parâmetros não são os mesmos do IPI. O importante aqui é verificar se houve agregação de valor, ou seja, custo em sentido contábil. Nessa acepção, custo é entendido como o valor despendido com bens e serviços na elaboração de outros produtos. São exemplos de custo: matéria prima, material de embalagem, bens que se consomem no processo de produção, energia elétrica, salários e encargos do pessoal da produção, depreciação de máquinas empregadas no processo industrial. Importante ter em mente que os custos, quando realizados, não são despesas, são ativo e se transferem para o produto. É como se o produto absorvesse o valor dos diversos fatores de produção. Nisso consiste a agregação de valor. Eis aqui o ponto: para a aplicação do método PRL60, no cálculo do preço parâmetro, basta que haja agregação de valor, ainda que de forma incipiente ou rudimentar; para a incidência do IPI, ao contrário, é preciso que a agregação de valor seja suficiente para consumar o processo de industrialização. Essa é a razão pela qual não se pode adotar, como quer a recorrente, o conceito de industrialização do IPI como critério de aplicação do método PRL60. No caso em tela, a recorrente admite de forma expressa que, aos princípios ativos, são adicionados elementos inertes, diluentes ou aditivos, os quais seguramente não têm custo zero. A adição desses produtos talvez não caracterize, para fins de IPI, um processo industrialização; mas, implicando transferência de custo, é suficiente para atrair a aplicação do método PRL60 no cálculo dos ajustes de preço de transferência. Frete, seguro e Imposto de Importação Insurgiuse a recorrente contra a inclusão dos valores de frete e seguro na determinação do preço praticado, alegando que tais valores não podem ser incluídos, se frete e seguro foram pagos a pessoas não vinculadas. Também questionou a inclusão no preço praticado do valor do Imposto de Importação. A inclusão desses valores no preço praticado é necessária para permitir a comparação com o preço parâmetro, no qual os referidos dispêndios já se acham inseridos. À lei se apresentavam duas alternativas, a fim de assegurar a congruência na comparação dos dois preços: ou mandava adicionar ao preço praticado os valores de frete, seguro e imposto, ou mandava excluílos do preço parâmetro. A lei preferiu a primeira hipótese. Há precedentes da CSRF nesse sentido, dos quais pode ser tomado como exemplo o Acórdão nº 9101002.524, cuja ementa, na parte que toca ao ponto aqui tratado, foi assim redigida: PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PREÇO PRATICADO. INCLUSÃO DE FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE A IMPORTAÇÃO. Segundo o disposto no art. 18, § 6o, da Lei n° 9.430/96, o preço praticado é o preço de aquisição da mercadoria (FOB), acrescido dos valores incorridos a título de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação. A inclusão desses valores Fl. 948DF CARF MF Processo nº 16561.720108/201419 Acórdão n.º 1301002.417 S1C3T1 Fl. 949 14 no cálculo do preço praticado em nada prejudica o direito do sujeito passivo em deduzilos como despesa no levantamento do lucro líquido do exercício. Por outro lado, a não inclusão daqueles valores no cálculo do preço praticado prejudicaria a sua comparabilidade com o preçoparâmetro levantado segundo o método PRL, uma vez que neste estão necessariamente incluídos os valores de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Quando os lançamentos de IRPJ e CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 949DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.902726/2011-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2006
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.310
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente CIAASA MERCANTIL DE VEÍCULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2006 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 26 /2 01 1- 37 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10120.902726/201137 Acórdão n.º 3301003.310 S3C3T1 Fl. 3 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/Pasep NãoCumulativo – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de PIS/Pasep nãoCumulativo, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 03050.924. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10120.902726/201137 Acórdão n.º 3301003.310 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10120.902726/201137 Acórdão n.º 3301003.310 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10120.902726/201137 Acórdão n.º 3301003.310 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10120.902726/201137 Acórdão n.º 3301003.310 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 147DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.002758/96-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 26 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 09/01/1995
ISENÇÃO TRIBUTÁRIA.
O direito à isenção tributária outorgada com fundamento no art. 1º da Lei nº 8.010/90 é estritamente ligado à utilização dos bens nos fins/finalidades para que foram importados e perece em decorrência do desvio de finalidade dos mesmos, decorrente de sua transferência a terceiros.
Exigíveis os tributos incidentes na importação, face ao descumprimento do art. 150, inciso VI, alínea a, da Constituição Federal e Lei nº 8.010/1990.
MULTA DO IPI.
A mudança de enquadramento legal só se permite ao órgão preparador, vedada às Delegacia de Julgamento.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-000.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Antonio Carlos Atulim - Redator ad hoc
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto de Freitas Barreto.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 09/01/1995 ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. O direito à isenção tributária outorgada com fundamento no art. 1º da Lei nº 8.010/90 é estritamente ligado à utilização dos bens nos fins/finalidades para que foram importados e perece em decorrência do desvio de finalidade dos mesmos, decorrente de sua transferência a terceiros. Exigíveis os tributos incidentes na importação, face ao descumprimento do art. 150, inciso VI, alínea a, da Constituição Federal e Lei nº 8.010/1990. MULTA DO IPI. A mudança de enquadramento legal só se permite ao órgão preparador, vedada às Delegacia de Julgamento. Recurso Especial do Procurador Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Antonio Carlos Atulim - Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto de Freitas Barreto.
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O direito à isenção tributária outorgada com fundamento no art. 1º da Lei nº 8.010/90 é estritamente ligado à utilização dos bens nos fins/finalidades para que foram importados e perece em decorrência do desvio de finalidade dos mesmos, decorrente de sua transferência a terceiros. Exigíveis os tributos incidentes na importação, face ao descumprimento do art. 150, inciso VI, alínea “a”, da Constituição Federal e Lei nº 8.010/1990. MULTA DO IPI. A mudança de enquadramento legal só se permite ao órgão preparador, vedada às Delegacia de Julgamento. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Antonio Carlos Atulim Redator ad hoc AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 27 58 /9 6- 17 Fl. 695DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 696 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto de Freitas Barreto. Relatório Nos termos do art. 17, III, do RICARF1, incumbiume o Senhor Presidente do Colegiado de formalizar o Acórdão 930300.856, em virtude da relatora originária, Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando ter se aposentado antes da formalização e assinatura deste acórdão. Sendo assim, para o fim de me desincumbir da tarefa que me foi atribuída, adoto os textos da ementa, relatório e voto que foram entregues à secretaria da CSRF pela relatora originária na época do julgamento, in verbis: "Adoto o relatório da instância a quo: DA AUTUAÇÃO, DA IMPUGNAÇÃO E DAS DILIGÊNCIAS REALIZADAS. Constam do presente processo dois Acórdãos, respectivamente às fls. 574/586 (nº 01.838) e 591/604 (nº 03.115). Adoto inicialmente o segundo relatório, por sua clareza e objetividade, transcrevendoo, in verbis: “O presente acórdão foi proferido para retificar o de nº 0.1838, de 10 de dezembro de 2003, de fls. 574/586, em razão da inexatidão referente a erro de cálculo, documento de fls. 589/590. Consta do próprio VOTO do referido acórdão cabível a redução do percentual da multa de ofício do II e do IPI , para 75%, pela aplicação da legislação posterior mais benigna. Assim deve ser procedido a referida retificação em obediência ao disposto no art. 32 do Decreto nº 70.235/72 e no parágrafo 1º do art. 22 da Portaria MF nº 258, de 24 de agosto de 2001. I Do Auto de Infração Trata o presente de um auto de infração, fls. 01/50, lavrado contra a Universidade Federal de São Paulo. O motivo da autuação foi a não destinação dos bens importados com isenção na finalidade proposta, sendo exigido o crédito tributário relativo ao Imposto de Importação (R$36.258,56), Imposto sobre 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; Fl. 696DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 697 3 Produtos Industrializados (R$26.363,31), Juros de Mora: II (R$9.820,76) e IPI (R$7.039,18); Multa: II (R$ 36.258,56) e IPI (R$79.089,93), totalizando R$194.830,30. O enquadramento legal foi o seguinte: II art.1º, Lei nº 8.010/90 c/c arts .145, 147, 220, 499 e 542 do Regulamento AduaneiroRA, aprovado pelo Decreto nº 91.030/85, e art.1º, § 1º e art.3º da Portaria Interministerial nº 360/95; IPI arts. 42, 55inciso I, alínea “a”, 63, inciso I, alínea “a” e 112, inciso I do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados –RIPI, aprovado pelo Decreto nº 87.891/82. Multa: II art. 521, inciso I, item ‘b” do RA, c/c art.4º, inciso I, da Lei nº 8.218/91 (MP 298/91); Multa do IPI art. 364, inciso III do RIPI, c/c art.32 Lei nº 8.218/91. Consta do referido auto de infração que os bens importados, por intermédio das declarações de importação ali listadas, não se encontram no espaço físico da instituição. Segundo o auto, alguns bens das declarações de importação mencionadas foram destinados a hospitais da rede privada, sem o conhecimento prévio da autoridade da SRF, enquanto outro como o caso de um Notebook Toshiba foi apresentado à fiscalização um notebook da marca IBM. Diante dos fatos, o AFRF caracterizou os fatos como de transferências indevidas de equipamentos de origem estrangeira, sem o prévio conhecimento da autoridade fazendária, bem como desvio dos referidos bens não encontrados no espaço físico da instituição. Os bens foram importados com amparo na Lei nº 8.010/90, estando vinculados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica, nos termos da Portaria Interministerial nº 360/95. II – Da Impugnação A autuada apresentou, tempestivamente, sua Impugnação, fls. 223/237, alegando que : 1. a Universidade de São Paulo, criada pela Lei nº 8.957/94 é uma autarquia federal, tendo como finalidade, entre outras atribuições, a de desenvolver a pesquisa, as ciências e prestar serviços técnicos hospitalares à comunidade e a instituições públicas ou privadas; 2. para cumprir suas finalidades celebrou convênios com entidades filantrópicas ou órgãos públicos, mantendo hospitais, gerenciando a administração, formando agentes de saúde, dando atendimento médicohospitalar e ambulatorial, e realizando pesquisas científicas e tecnológicas, entre outras; Fl. 697DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 698 4 3. as mercadorias importadas, adquiridas ou doadas, são destinadas aos departamentos médicos, seja material permanente ou de consumo, localizados no “campus” ou fora dele, como nas entidades conveniadas; 4. o Setor de Importação da Universidade não estava preparado para acompanhar a demanda das importações, o que provocou as irregularidades verificadas pela IRF e que deram origem ao presente auto de infração; 5. a Reitoria, conhecedora dos fatos via auto de infração, promoveu a solicitação de autorização de transferência de uso de equipamentos ao Superintendente da RF8ª RF; 6. não houve dolo e sim desconhecimento dos procedimentos; 7. os equipamentos foram encaminhados para os departamentos respectivos e, alguns não foram localizados, estando a Universidade procedendo a levantamento para localizálos; 8. quanto ao notebook, em toda a documentação consta a marca Toshiba, mas o equipamento embarcado foi um IBM número de série 17600404, que está sendo utilizado como um acessório otoemissão acústica; (Nota da Relatora: segundo consta da defesa, o “notebook” em questão atua como um acessório para uma “Docking station para o GSI 60 Grason Stadler” e é utilizado para realizar testes de otoemissão acústica). 9. a atual gestão tomou conhecimento do fato e determinou medidas preventivas e corretivas (Proc. Sindicância Portaria nº 1.304/95). Requer a insubsistência do auto de infração. III – Das Diligências da IRF/SP e na DRJ Às fls. 376, há uma manifestação da fiscalização da IRF/SP, do seguinte teor: 1. A afirmação de que os bens importados que não se encontram no espaço físico da instituição estavam no Hospital São Paulo, mantido pela SPDM, credenciado pelo CNPq, não encontra amparo legal, caracterizando o desvio dos equipamentos importados; 2. A imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, letra “a” da CF/88 não se refere ao Imposto de Importação e ao Imposto sobre Produtos Industrializados, linha adotada inclusive pelo Conselho de Contribuintes (2ª Câmara – Acórdão nº 30232813); 3. Às fls. 378, a Universidade foi intimada a informar quais das importações foram recebidas pela SPDMHospital São Paulo, relativo a Lei nº 8.010/90 nos últimos cinco anos, com a indicação da respectiva declaração de importação e data de registro. E, em resposta, fls. 388, o Reitor da Universidade Fl. 698DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 699 5 informou que não conseguiu localizar os bens, por falta de registro das importações nos arquivos da entidade. Ao final o processo foi encaminhado para julgamento. IV – No CNPq Na DRJ/SP foi expedido ofício (DRJ/SPO/GAB 11/97) ao Departamento de Importação do CNPq em Brasília/DF, onde foram formulados vários quesitos de esclarecimento. Em resposta (Of./PRE/Nº1416/97) informaram que, o Conselho Nacional de Desenvolvimento TecnológicoCNPq, a pedido do Ministério Público Federal, realizou inspeção na UNIFESP. A referida Comissão concluiu que embora alguns bens tenham sido encontrados, efetivamente, a entidade deixou de observar as disposições legais pertinentes, por não ter comprovado a localização de outros equipamentos importados, propondo inclusive o cancelamento do credenciamento. Entretanto, a Universidade apresentou novo pleito e, considerando que a Reitoria vem tomando providências (informatização do setor de importação, rescisão de contrato com os antigos despachantes aduaneiros, implantação de cadastro e controle de importações, inclusão no SISCOMEX, etc.), a Comissão propôs a firmatura de Instrumento de Ajustamento de Conduta, a fim de ser mantido o credenciamento da Universidade. V Novas Diligências No retorno, o AFRF encarregado do exame do processo, resolveu propor o encaminhamento à repartição de origem para diligenciar quanto aos bens encontrados pela Comissão do CNPq, a fim de se conhecer onde estão patrimoniados e se houve a transferência dos mesmos. Solicitou informações também dos bens não localizados, sua documentação contábil e em nome de quem foram patrimoniados. Da diligência realizada, o auditor autuante da IRF/SP concluiu que: 1 a instituição não possui hospital próprio, mas no quadro 11 da DI consta “Material destinado ao Hospital da Universidade de São Paulo”; 2 90% dos equipamentos importados são destinados a hospitais da rede privada, sem o conhecimeno da SRF; 3 não há controle, não há cadastro, nem registro patrimonial dos bens importados; 4 as doações são entregues diretamente aos departamentos que na maioria dos casos não sabe informar o destino dos bens; Fl. 699DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 700 6 5 os materiais de consumo foram entregues ao Hospital São Paulo, que também não mantém controle de entrada e saída do almoxarifado; 6 os equipamentos e máquinas hospitalares foram distribuídos para hospitais privados. O AFRF lavrou um Termo de Constatação, fls. 551 e seguintes, apresentando vários quadros indicando os bens não localizados em parte alguma, aqueles que foram localizados e comprovados a devida utilização e, ainda, aqueles cuja comprovação foi parcial, relativamente ao constante das declarações de importação. O processo teve novo retornou em diligência à repartição de origem, a fim de que fosse realizado o cálculo do crédito tributário, tendo em vista que a própria fiscalização, em posterior diligência confirmou a localização de alguns bens importados com isenção, cujo resultado encontrase às fls. 560/562. A UNIFESP voltou a se manifestar, com as mesmas alegações apresentadas em sua impugnação, e desta feita questionando a aplicação da multa do IPI, com base no art. 106, II, “c” do CTN e Lei nº 9.430/96, e ainda do descabimento da aplicação da Taxa SELIC.” DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Em 08 de maio de 2003, os Membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, por unanimidade de votos, mantiveram o lançamento em parte, nos termos do Acórdão nº 03.115, cuja ementa apresenta o seguinte teor: “Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 09/01/1995 Ementa: IMUNIDADE. INTERGOVERNABILIDADE RECÍPROCA. BENS DESTINADOS À PESQUISA CIENTÍFICA. No desvio de finalidade dos bens importados e despachados sem pagamento dos impostos, com fundamento no art. 1º da Lei nº 8.010/90, ocorrendo a transferência de bens a terceiros, tornam se exigíveis os tributos incidentes na importação, em razão do descumprimento do art. 150, inciso VI, alínea “a” da Constituição Federal (ADI SRF nº 20/2002) e Lei nº 8.010/90. PENALIDADE. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÍGNA. II Caracterizada a falta de recolhimento dos tributos devidos ocorre a aplicação do art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.218/91, com a redação do art. 44, inciso I da Lei Nº 9.430/96, sob o amparo do art. 106, inciso II, letra "c" da Lei nº 5.172/66 CTN. Fl. 700DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 701 7 MULTA QUALIFICADA. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÍGNA. IPI Descaracterizada a infração qualificada, não comprovada no processo, mas ocorrendo a falta de recolhimento do IPI, é cabível a multa do art. 80, inciso I, da Lei nº 4.502/64 (art.364, inciso II do RIPI Decreto nº 87.981/82), com a aplicação mais benéfica do art. 461, inciso I do Decreto nº 2.637/ 98, e art.45 da Lei nº 9.430/96 (nova redação do art. 80, I, Lei nº 4.502/64), sob o amparo do art. 106, II, "c" da Lei nº 5.172/66 CTN. Lançamento Procedente em Parte.” DO RECURSO AO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Regularmente intimada do Acórdão prolatado, com ciência em 17/07/2003 (AR à fl. 606v), a Interessada, por Procuradora legalmente constituída, interpôs em 18/08/2003, com guarda de prazo, o recurso de fls. 613 a 622, pelas razões que leio em Sessão para o mais completo conhecimento de meus I. Pares. Às fls. 611 e 612 constam os comprovantes da garantia recursal. Foram os autos encaminhados à Terceira Câmara do terceiro Conselho de Contribuintes que se pronunciou da seguinte forma: O presente recurso apresenta os requisitos para sua admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de Autos de Infração (II e IPI) lavrados contra a Universidade Federal de São Paulo, por ter a Fiscalização constatado que bens importados com isenção de tributos, ao abrigo da Lei nº 8.010/90, vinculados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica, nos termos da Portaria Interministerial nº 360/95, não foram destinados conforme a finalidade proposta, sendo que alguns deles, inclusive, não foram localizados e outros foram encontrados em instituições diversas. Após diligências realizadas pela Inspetoria da Receita Federal em São Paulo e pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ/SPOII – alguns bens objeto da autuação acabaram por ser localizados, tendo sido constatada sua adequada utilização e/ou comprovada a não transferência de sua propriedade ou posse. Outros, contudo, permaneceram não encontrados, sendo que a UNIFESP, inclusive, admitiu em sua impugnação que “o Setor de Importação da Universidade não estava preparado para acompanhar a demanda das importações, o que provocou as irregularidades verificadas pela IRF e que deram origem ao presente auto de infração”. Em primeira instância administrativa de julgamento, o lançamento foi mantido na parcela referente aos bens que não foram nem apresentados à fiscalização, nem tiveram seu destino e sua utilização indicados pela Autuada, nos termos previstos na Fl. 701DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 702 8 legislação de regência. As multas aplicadas também foram reduzidas a 75%. Em sua defesa recursal, a Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – expõe os argumentos que se seguem: 1) É autarquia federal de ensino superior, criada pela transformação da Escola Paulista de Medicina, com base na Lei nº 8957, de 15 de dezembro de 1994. 2) Tem por objetivo desenvolver as atividades relacionadas ao ensino, à extensão e à pesquisa, sendo dada ênfase ao campo das ciências da saúde. 3) Quanto às atividades de pesquisa científica, conforme estabelecido legalmente, devem ser fornecidas “as condições adequadas de trabalho aos docentes e pesquisadores, facilitando o intercâmbio de professores e proporcionando os estágios”. 4) Face aos seus objetivos institucionais, foram celebrados convênios com entidades filantrópicas ou órgãos públicos, primeiramente pela Escola Paulista de Medicina e, posteriormente, pela UNIFESP. 5) A esses convênios cumpre o papel de criar condições e de complementar as atividades desenvolvidas pela Recorrente, dado o fato de que a mesma possui um espaço físico reduzido, além de não possuir em sua estrutura hospital universitário. 6) A falta de espaço físico decorre de estar a universidade em área de perímetro urbano, possuindo um campus diferenciado, o que origina a necessidade de descentralização ou distribuição de alguns de seus departamentos médicos para outros locais. 7) Por outro lado, visando suprir a falta de hospitais e estabelecimentos de saúde em suas instalações e, conseqüentemente, viabilizar o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, a Requerente celebra e renova periodicamente seus convênios com instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos, como, por exemplo, com a SPDM, mantenedora do Hospital São Paulo. Este último versa sobre a cessão de leitos hospitalares e serviços de ambulatório, propiciando aos docentes e discentes da UNIFESP o desenvolvimento de suas especialidades em um hospital de atendimento à população. 8) Assim, muitos dos departamentos de ensino da Recorrente, eminentemente clínicos, estão localizados nas dependências do Hospital São Paulo. 9) O Acórdão recorrido atribuiu o desvio de finalidade ao fato de alguns equipamentos terem sido localizados nos espaços físicos de entidades ou órgãos conveniados, razão pela qual Fl. 702DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 703 9 não merece prosperar, pois esses convênios funcionam como uma extensão das atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas pela Interessada na área da saúde. 10) Este é o entendimento deste E. Conselho, conforme Acórdão que se transcreve nesta oportunidade (Ac. nº 30329218). 11) Também incabível a aplicação da taxa SELIC, por inconstitucional. Ademais, deverá ser observada a hierarquia das leis e o art. 161, § 1º, do CTN, estabelece a taxa de 1% ao mês, para o cálculo dos juros de mora. Juro diverso só pode ser instituído por lei complementar, já que se está tratando de crédito tributário, matéria expressamente reservada a esta última. Impende observar que o STJ possui o entendimento que não se deve aplicar a taxa SELIC para fins tributários, conforme julgados que também se transcreve. 12) Requer, assim, o provimento de seu apelo determinandose a exoneração do crédito tributário em relação aos equipamentos localizados em órgãos conveniados com a Recorrente, por não ter havido o alegado desvio de finalidade e a aplicação dos juros à taxa de 1% ao mês, em relação ao crédito tributário porventura remanescente. Apresentadas as razões de defesa, passo à análise dos fatos verificados neste litígio. Em procedimento de ação fiscal levada a efeito na UNIFESP, em junho de 1996, foi solicitada a apresentação de vários equipamentos de origem estrangeira, importados com o benefício de isenção, no ano de 1995. Vários deles não foram apresentados pela Fiscalizada (ex: dos 67 “desktops” importados ao amparo da Lei nº 8.010/90, só foram localizados 07 – fl. 66), do que resultou a lavratura do Auto de Infração objeto deste processo, em 12/07/1996. Paralelamente, tendo tomado conhecimento da fiscalização instaurada, o Ministério Público Federal solicitou à SRRF em São Paulo informações e providências sobre a mesma (fls. 213 e 216), inclusive cópias dos autos de infração porventura existentes. Em atendimento, foilhe informado que três autos resultaram da fiscalização, sendo que o ora em análise decorreu da “não destinação dos bens nas finalidades que motivaram a concessão da isenção” (fls. 217 e 219). (Nota da Relatora: às fls. 390/407 consta a impugnação referente a outro Auto de Infração que não o objeto deste processo, com argumentos distintos). Na impugnação apresentada em 12/08/1996 (fls. 223 a 237), a UNIFESP, entre outros argumentos, destaca que: (a) com o advento da criação da Universidade, houve um aumento nos investimentos recebidos de outros órgãos, federais, estaduais e Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 704 10 municipais, além de instituições particulares, estimulando a pesquisa em diversas áreas de medicina; (b) o Setor de Importação da entidade não acompanhou a evolução presenciada em outros setores da Administração, pois não estava devidamente equipado para suportar a grande demanda nos pedidos de importação; (c) a falha na estrutura do Setor de Importação fezse notar na prática com a ocorrência de irregularidades verificadas pela IRF/SP relativamente a algumas Declarações de Importação protocoladas em nome da Universidade, e que resultaram na lavratura do AI; (d) a ocorrência desses fatos, extremamente prejudiciais à Universidade, coincidiu com o início da atual gestão que, tomando ciência da situação, determinou a adoção de medidas imediatas de natureza preventiva e corretiva; (e) foi instaurado Processo de Sindicância para apuração de eventuais responsabilidades por parte de servidores da instituição; (f) preventivamente, outras medidas foram adotadas, dentre as quais a informatização do setor, rescisão do contrato de prestação de serviços mantidos com as empresas de despacho aduaneiro, inclusão do setor no sistema da Universidade que abrange o Setor de Patrimônio, Almoxarifado e Contabilidade e Finanças, contratação da assinatura do RENPAC para acesso ao sistema MANTRA da Receita Federal, contratação e treinamento de funcionários para o Setor de Importação, entre outras; (g) com essas medidas, o controle dos processos de importação, anteriormente falho, tem melhorado consideravelmente; (h) alguns equipamentos de informática foram destinados, na ocasião em que as importações foram realizadas, aos departamentos administrativos e médicos da UNIFESP, sendo que inúmeros desses equipamentos estão instalados fora do espaço físico da Universidade, por força dos convênios firmados; (i) foi visando o atingimento de seus objetivos institucionais que a UNIFESP procedeu à transferência de uso, e não de propriedade, de vários equipamentos adquiridos através de importação; (j) a Universidade desconhecia a necessidade de se obter prévia autorização de autoridade da Receita Federal para se proceder à transferência de seus bens permanentes para outra instituição, sendo que referida autorização de transferência de uso dos equipamentos já foi encaminhada à SRF; (k) em nenhum momento houve dolo por parte da UNIFESP ao instalar equipamentos de sua propriedade em locais externos ao seu “campus”, mas nitidamente relacionados com as atividades da Universidade; (l) a Interessada está procedendo a um levantamento minucioso dos equipamentos não vistoriados pelo Sr. Auditor, protestando pela posterior juntada da relação pertinente. Em 22 de novembro de 1996 o Ministério Público Federal instaurou, através da Portaria nº 15/96, inquérito civil público para apurar eventuais irregularidades nos processos de importação, ao amparo da Lei nº 8.010/90, por parte da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e da Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – Hospital São Paulo (fls. 385/386). Fl. 704DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 705 11 Naquela Portaria (fl. 387) está destacado que: (a) nos autos da Representação nº 159/96, em trâmite por esta Procuradoria da República do Estado de São Paulo, consta que a UNIFESP e a SPMD/Hospital São Paulo promoveram centenas de importações de máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos, bem como suas partes e peças de reposição, acessórios, matériasprimas e produtos intermediários, com isenção de tributos federais; (b) conforme apuraram a Receita Federal e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico–CNPq, os requisitos necessários para o gozo do benefício da isenção, em muitos casos, não estão presentes, o que ensejou, inclusive, a suspensão do credenciamento da UNIFESP e do Hospital São Paulo, junto ao CNPq, para fins de importação ao amparo da Lei nº 8.010/90; (c) instada a se manifestar, a UNIFESP declarou não ter o registro de muitas importações e não ter logrado encontrar os bens importados, em suas dependências (fl. 388), revelando, assim, a ausência de controles eficazes no processo de importação de bens, e a necessidade de se apurar eventual comportamento imbrobo, por parte de funcionários, administradores e despachantes aduaneiros; (d) compete ao Ministério Público promover o inquérito civil e a ação pública para a proteção do patrimônio público e social, entre outras funções institucionais. Em 04/04/1997, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo encaminhou ofício ao Diretor do Departamento de Importação do CNPq pedindo esclarecimentos sobre as importações promovidas pela UNIFESP ao abrigo da Lei nº 8.010/90 e sobre o entendimento daquele Órgão com relação à pesquisa científica abrigada por aquele ato legal, bem como informando sobre os resultados obtidos pela fiscalização, na ação fiscal realizada (fls. 410 a 413). Em atendimento, aquele Departamento esclareceu que (fls. 415 a 425): (a) quanto aos equipamentos e material de consumo alocados em outras instituições de saúde com as quais a UNIFESP mantém convênios, por não dispor de um hospital próprio, os mesmos “não foram transferidos a qualquer título”, vez que utilizados pelo corpo de pesquisadores da Universidade, descaracterizando cessão indevida de mercadorias importadas com isenção fiscal; (b) quanto aos equipamentos não localizados, alguns foram encontrados pela entidade, conforme relação anexa. Verificouse que estes últimos estavam sendo utilizados para o desenvolvimento de pesquisas referentes às atividades precípuas da instituição, não havendo qualquer ofensa à finalidade legal; (c) quanto àqueles não localizados, concluiu que a entidade deixou de observar as disposições legais pertinentes, o que sugere que os mesmos tenham sido cedidos sem o devido controle e sem autorização prévia da autoridade fiscal (arts. 137 e 147 do RA); (d) assim, restaria ao CNPq cancelar o respectivo credenciamento; contudo, nova petição da entidade parece evidenciar que vários equipamentos foram importados sem conhecimento da própria Universidade. Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 706 12 Em 29/10/1997, face às informações obtidas junto ao CNPq, a DRJ em São Paulo, considerando que o Auto de Infração apontava a transferência indevida de equipamentos e o desvio de bens importados e que não constava dos autos em nome de quem os referidos bens encontravamse patrimoniados, baixou o processo em diligência à repartição de origem para que a mesma verificasse: (a) se teria havido ou não a transferência patrimonial dos bens constantes do relatório do CNPq como “localizados”, anexando a documentação comprobatória da eventual transação (DI’s indicadas); (b) se os bens constantes de outras DI’s elencadas não foram, efetivamente, “localizados”, apresentando documentação contábil que comprovasse em nome de quem os mesmos foram patrimoniados, se fosse o caso; (c) e, finalmente, também com a indicação das DI’s pertinentes, que fosse apresentada documentação comprobatória da transferência patrimonial dos bens nelas abrigados, com a competente documentação da transação (fls. 427/429). Às fls. 450/451 consta despacho da IRF em São Paulo, datado de 05/04/2000, no sentido de não caber “ao CNPq informar a existência de produtos importados pela UNIFESP, e que não foram apresentados aos Auditores da Inspetoria da Receita Federal, quando da ação fiscal levada a efeito no contribuinte”. Acrescentou que “é tarefa privativa dos Auditores Fiscais da Secretaria da Receita Federal, por lei, comprovar a não destinação dos bens importados, nas finalidades que motivaram a concessão do benefício fiscal..., que não se encontravam no espaço físico da instituição ... (ou que), segundo informações da administração da UNIFESP foram transferidos a hospitais da rede privada”. Destacou outrossim que “para agravar ainda mais a situação, mercadorias importadas com isenção, vinculadas exclusivamente a pesquisa científica ou tecnológica, acobertadas por Declarações de Importação em nome da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP , e que não foram apresentadas à Fiscalização ... foram encontradas em estabelecimento diverso com ramo e atividade comercial”. Concluindo, informou que outra alternativa não restou ao Escritório da Corregedoria, da SRF da 8ª RF, senão a de formar uma comissão de inquérito ... para apurar todos os requisitos do crime de responsabilidade no que tange ao desaparecimento do grande volume de importações com isenção fiscal realizadas pela UNIFESP, amplamente comprovado pelo Fisco, não ilidido pela recorrente ...”. Em 02/03/2001, o processo foi encontrado sem andamento (fl. 451v), tendo sido tomadas as providências pertinentes para o atendimento da diligência determinada pela DRJ. Às fls. 551/555 consta o “Termo de Constatação” emitido pela fiscalização aduaneira da IRF em São Paulo, que relaciona, em tabelas: (a) as importações não localizadas, que se presumem terem sido objeto de desvio da finalidade prevista na Lei nº 8.010/90; (b) as importações localizadas, sejam com comprovação integral, sejam com comprovação parcial; (c) importações em relação às quais os bens foram localizados na Fl. 706DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 707 13 auditoria original, mas considerados como tendo sido objeto de transferência indevida, sendo que a diligência apurou não ter ocorrido a transferência de propriedade ou posse. Após a adequação dos valores relativos ao Imposto de Importação, ao Imposto sobre Produtos Industrializados, juros de mora e multas, relativamente aos bens que não oram objeto de localização (para os quais a exigência do crédito tributário devido deveria ser mantida) (fls. 560/561), bem como da ciência da Interessada para eventual manifestação (fls. 563/570), retornaram os autos à DRJ/SPOII, em prosseguimento. Cumpre destacar que a Interessada, manifestandose, argumentou, preliminarmente, que o crédito tributário remanescente também não deve subsistir, uma vez que a instituição não deu causa ao mesmo. Isto porque, alega, aquele crédito foi gerado a partir de importações que, hipoteticamente, teriam sido realizadas pela UNIFESP, mas que, na realidade, não o foram, tendo sido promovidas por terceiros, com o uso indevido do nome da Universidade, conforme veiculado pela imprensa falada e escrita. No mérito, pleiteou a redução das multas aplicadas, fundamentandose na Lei nº 9.430/96, e insurgiuse contra a aplicação da taxa SELIC no cálculo dos juros de mora. Em síntese, estes são os mesmos argumentos que constam da defesa recursal, acrescidos daquele que trata das finalidades da Universidade, em especial das atividades de pesquisa científica e tecnológica. Requer, destarte, a exoneração do crédito tributário relativo aos equipamentos localizados em entidades ou órgãos com os quais mantém convênio. Ocorre que, em primeira instância administrativa de julgamento, este pleito já foi atendido, sendo afastados da exigência tributária os bens que foram localizados pelo Auditor Fiscal e para os quais foi constatada a adequada utilização, bem como aqueles encontrados em entidades conveniadas, sem que houvesse ocorrido a transferência de propriedade ou posse e também utilizados adequadamente. Apenas foi mantida a parcela do crédito tributário referente aos bens “não localizados” ou “localizados parcialmente” e não existe qualquer razão para que a exigência em questão seja afastada. Quanto à alegação de que não pode ser enquadrada como contribuinte, por não ter dado causa ao crédito tributário constituído, face à alegada utilização de seu nome por terceiros, não colacionou aos autos qualquer comprovação do feito. Aliás, todas as Declarações de Importação acostadas ao processo identificam como importador a Universidade Federal de São Paulo e estão devidamente firmadas. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 708 14 Ocorre que, em relação à responsabilidade por infrações, o art. 136 do Código Tributário Nacional assim dispõe, in verbis: “Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.” Independente das argumentações da Recorrente, a verdade material dos fatos ocorridos, um dos alicerces do Processo Administrativo Fiscal, não está atrelada obrigatoriamente à responsabilidade subjetiva pela infração apurada, que se abriga na esfera do Direito Penal, mas, sim, à responsabilidade objetiva pelo fato ocorrido. Não se pode olvidar que o importador é responsável pelos atos praticados pelo despachante aduaneiro que escolheu como preposto, bem como pelo funcionário ao qual conferiu poderes para representálo. Em assim sendo, não há como afastar a culpa in delegando. Insurgese, ainda, a Interessada, quanto à aplicação da taxa SELIC no cálculo dos juros de mora. Argumenta que sua utilização é inconstitucional e que, nos termos do art. 5º, inciso II, da CF, “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei”. Socorrese, ainda, dos artigos 150, I, da Carta Magna, bem como do art. 161, § único, do Código Tributário Nacional, argumentando que deve ser observada a hierarquia das leis e que a estipulação de juro diverso daquele de 1% ao mês só pode ser instituída mediante Lei Complementar, pois está se tratando de crédito tributário. Salienta que o Superior Tribunal de Justiça já vem proferindo decisões reconhecendo a impossibilidade de utilização da referida taxa como juros de mora para fins tributários. No que se refere à exigência de juros moratórios, dispôs o Código Tributário Nacional (Lei Complementar nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), em seu art. 161, “verbis”: “Art. 161. O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.” Ressaltese que a exigência dos juros de mora não constitui penalidade para o contribuinte, mas apenas remuneração do capital financeiro de propriedade da União, cujo recolhimento foi postergado. Daí a vedação de sua dispensa pelo CTN. Este foi sempre meu entendimento sobre a pertinência da cobrança dos juros moratórios. Afinal, os mesmos representam o Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 709 15 ganho financeiro que, indevidamente, ficaram nas mãos do Contribuinte e o beneficiaram, pelo fato de não haver recolhido no prazo legal o valor devido ao Fisco. Na hipótese dos autos, o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados – Vinculado passaram a ser devidos em decorrência da destinação que foi dada aos bens importados com isenção. Cabível, portanto, a incidência de juros sobre o crédito tributário apurado. Ademais, como bem lembra a Interessada, o próprio art. 161 do CTN, em seu parágrafo primeiro, determina que, in verbis: “Art. 161. ..... § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês.” Ocorre que existe lei dispondo em contrário, qual seja, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 que, em seu art. 61, § 3º, determina, verbis: “Art. 61. ... § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” Por sua vez, o citado art. 5º, em seu parágrafo 3º, assim está expresso: “Art. 5º. ... § 3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento.” Quanto ao argumento de que a aplicação da referida taxa é inconstitucional, não cabe a este Colegiado se manifestar sobre matéria referente à ilegalidade ou inconstitucionalidade de leis, cuja competência é exclusiva do Poder Judiciário, nos termos do disposto no art. 102 da CF/88. Pelo exposto e por tudo o mais que do processo consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto. Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 2006 ELIZABETH EMÍLIO DE MORAES CHIEREGATTO Relatora VOTO VENCEDOR (EM PARTE) Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 710 16 Conselheiro Luis Antonio Flora, Relator Designado No tocante às penalidades, verificase que relativamente ao Imposto de Importação a decisão recorrida, sob o argumento da retroatividade mais benigna, reduziu o seu percentual de 100% para 75% e, no tocante ao Imposto sobre Produtos Industrializados (multa qualificada), sob o mesmo argumento, reduziu o seu percentual de 300% para 75% (multa de ofício), conforme excerto da ementa abaixo transcrita: PENALIDADE. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÍGNA. II Caracterizada a falta de recolhimento dos tributos devidos ocorre a aplicação do art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.218/91, com a redação do art. 44, inciso I da Lei Nº 9.430/96, sob o amparo do art. 106, inciso II, letra "c" da Lei nº 5.172/66 CTN. MULTA QUALIFICADA. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÍGNA. IPI Descaracterizada a infração qualificada, não comprovada no processo, mas ocorrendo a falta de recolhimento do IPI, é cabível a multa do art. 80, inciso I, da Lei nº 4.502/64 (art.364, inciso II do RIPI Decreto nº 87.981/82), com a aplicação mais benéfica do art. 461, inciso I do Decreto nº 2.637/ 98, e art.45 da Lei nº 9.430/96 (nova redação do art. 80, I, Lei nº 4.502/64), sob o amparo do art. 106, II, "c" da Lei nº 5.172/66 CTN. Destarte, permitome divergir da ilustre conselheira relatora quanto a manutenção da “redução” da multa qualificada, eis que ao meu ver, ao contrário do primeiro caso (multa de ofício do Imposto de Importação), houve alteração do enquadramento legal originariamente feito no lançamento. Com efeito, a multa qualificada foi lançada com base no art. 32, da Lei 8.218/91, que alterou o inciso III, da Lei 4.502/64, e isso em consonância com os ditames do inciso IV, do art. 10 do Decreto 70.235/72 (a disposição legal infringida e a penalidade aplicável). Portanto, a decisão recorrida ao descaracterizar a infração qualificada, porque não houve a comprovação de fraude, cancelou tal exigência. Todavia, a imputar à recorrente a multa de ofício (pela falta de recolhimento do imposto), que possui outra disposição legal, extrapolou a sua função de autoridade julgadora, passando, assim, a praticar ato privativo da autoridade preparadora. Em suma, a autoridade julgadora, ao arrepio da lei, alterou a disposição legal infringida e a penalidade aplicável, porque “lançou” uma multa que não constava da autuação. O art. 142 do CTN é claro em dizer que compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento. O Decreto 70.235/72 faz clara distinção entre Fl. 710DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 711 17 autoridade preparadora (que é o órgão encarregado pela administração do tributo) e a autoridade julgadora (que é o órgão responsável pelo julgamento). Ademais, de acordo com o art. 59 do PAF, o procedimento adotado pela autoridade julgadora é nulo de pleno direito, dada a ausência de tal competência. Esclareço que no caso da redução da multa de ofício do Imposto de Importação não houve a alteração da disposição legal, nem da penalidade. Neste caso, o que ocorreu foi apenas a redução do percentual da mesma disposição legal, alterada por lei. No caso do IPI ocorreu a desclassificação do inciso III para o inciso I do art. 80 da Lei 4.502/64, que estabelecem penalidades distintas. Em síntese, a autoridade julgadora retirou uma multa e cominou outra. Esclareço, ademais, que a autoridade julgadora pode valorar a pena, todavia, quando a lei permite e esta prevê aplicação de pena mínima e pena máxima, o que evidentemente não é o caso. É comum, em casos contrários ao que acontece neste processo, a autoridade julgadora entender que efetivamente restou comprovado fraude ou sonegação, e determinar o agravamento da exigência. Mas o agravamento é procedido pela autoridade preparadora que lavra (outro) auto de infração complementar oferecendo ao contribuinte todas as garantias processuais previstas no PAF. Ou seja, a autoridade julgadora, neste caso, não lança, simplesmente determina que se faça o lançamento (por quem de direito). Portanto, no caso de aplicação de multas que envolvam o intuito doloso, entendo que a fiscalização ao fazer o lançamento deve estar munida de prova inequívoca, pois o direito é prova. Na dúvida quanto as provas, ou diante de meros indícios, a prudência recomenda a aplicação da penalidade por falta de pagamento. Ante o exposto, peço venia, para dar provimento parcial ao apelo da recorrente para excluir da autuação a penalidade relativa ao IPI. Sala das Sessões, em 24 de janeiro de 2006 LUIS ANTONIO FLORA – Relator Designado A PGFN apresentou Recurso Especial alegando contrariedade à legislação tributária, aduzindo que a questão da multa referente ao IPI não foi matéria prequestionada ou mesmo pleiteada pela recorrida; e a UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO apresentou contrarrazões aludindo que a multa que se quer restabelecer sequer constava do auto de infração." Fl. 711DF CARF MF Processo nº 10314.002758/9617 Acórdão n.º 9303000.856 CSRFT3 Fl. 712 18 Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Redator ad hoc "Aprecio o Recurso interposto em nome da Fazenda Nacional e contrarrazões da contribuinte, ambos em boa forma. Por economia, considerando que esta Conselheira é parte do colegiado que julgou a matéria na instância a quo e não mudou de posição, adoto integralmente o acórdão 30237.247, decidido em 24 de janeiro de 2006, fls. 629 a 646, que leio em plenário. Assim sendo, voto por dar provimento parcial ao recurso interposto em nome da Fazenda Nacional, para acolher o lançamento, excluindo dele a parte relativa ao IPI, nos termos do voto vencedor do relator designado." Com esse voto, a Câmara Superior de Recursos Fiscais deu provimento ao especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. Antonio Carlos Atulim Fl. 712DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.903357/2011-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.998
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente AUTO R COMERCIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 33 57 /2 01 1- 00 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13839.903357/201100 Acórdão n.º 3302003.998 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.525. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13839.903357/201100 Acórdão n.º 3302003.998 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13839.903357/201100 Acórdão n.º 3302003.998 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13839.903357/201100 Acórdão n.º 3302003.998 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13839.903357/201100 Acórdão n.º 3302003.998 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 94DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.002596/2008-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/04/2006
RECURSO VOLUNTÁRIO. PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA TOTAL. RECURSO NÃO CONHECIDO.
1. O recorrente desistiu da irresignação, considerando ter aderido ao parcelamento.
2. De conformidade com o § 2º do art. 78 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), o pedido de parcelamento importa a desistência do recurso, o que implica o seu não conhecimento.
Numero da decisão: 2402-005.867
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Waltir de Carvalho, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 30/04/2006 RECURSO VOLUNTÁRIO. PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA TOTAL. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. O recorrente desistiu da irresignação, considerando ter aderido ao parcelamento. 2. De conformidade com o § 2º do art. 78 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), o pedido de parcelamento importa a desistência do recurso, o que implica o seu não conhecimento.
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score : 1.0
Numero do processo: 10805.722718/2011-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
MULTA POR FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS. NULIDADE DO LANÇAMENTO POR INEFICÁCIA DAS INTIMAÇÕES DO CONTRIBUINTE PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS
Considerando os fatos expostos e todos os elementos trazidos aos autos, entendo que a falta de eficiência na intimação da empresa para a apresentação de documentos, macula o lançamento por vício material, devendo ser o mesmo anulado (art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972).
Numero da decisão: 2401-004.918
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, dar-lhe provimento, acolhendo a preliminar de nulidade. Vencidas as conselheiras Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini. .
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 MULTA POR FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS. NULIDADE DO LANÇAMENTO POR INEFICÁCIA DAS INTIMAÇÕES DO CONTRIBUINTE PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS Considerando os fatos expostos e todos os elementos trazidos aos autos, entendo que a falta de eficiência na intimação da empresa para a apresentação de documentos, macula o lançamento por vício material, devendo ser o mesmo anulado (art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, dar-lhe provimento, acolhendo a preliminar de nulidade. Vencidas as conselheiras Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini. . (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1034; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10805.722718/201118 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.918 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de julho de 2017 Matéria OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Recorrente VIA VAREJO S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 MULTA POR FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS. NULIDADE DO LANÇAMENTO POR INEFICÁCIA DAS INTIMAÇÕES DO CONTRIBUINTE PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS Considerando os fatos expostos e todos os elementos trazidos aos autos, entendo que a falta de eficiência na intimação da empresa para a apresentação de documentos, macula o lançamento por vício material, devendo ser o mesmo anulado (art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 27 18 /2 01 1- 18 Fl. 1074DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, darlhe provimento, acolhendo a preliminar de nulidade. Vencidas as conselheiras Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini. . (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto, em face da decisão da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I RJ (DRJ/RJ1), que julgou procedente em parte a autuação por descumprimento de obrigações acessórias, conforme ementa do Acórdão nº 1255.793 (fls. 731/752): ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não se cogita de nulidade processual, nem de nulidade do ato administrativo de lançamento quando os autos não apresentam as causas apontadas no artigo 59 do decreto nº 70.235/1972. RESPONSÁVEL LEGAL E SUJEITO PASSIVO. CONCEITOS DISTINTOS. MATÉRIA INCONTROVERSA. Os conceitos de responsável legal e dirigente não se confundem com o de sujeito passivo ou coresponsável e, nestes termos, não podem ser entendidos como elementos cuja identificação em relatório conduza à responsabilização das respectivas pessoas físicas. LANÇAMENTO. ÓRGÃO COMPETENTE. A delegacia competente para lavrar o auto de infração é aquela do domicílio fiscal do contribuinte no início dos procedimentos. AUTO DE INFRAÇÃO. ARQUIVOS E SISTEMAS EM MEIO DIGITAL. Enseja a aplicação de multa decorrente do descumprimento de dever jurídico instrumental deixar a empresa de atender à Intimação Fiscal para apresentação de arquivos e sistemas em meio digital correspondentes aos registros de seus negócios e atividades econômicas ou financeiras, livros ou documentos de natureza contábil e fiscal, conforme previsto no art. 11 §§ 3º e 4º da Lei 8.218, de 29/08/91, com redação dada pela MP nº 2.158, de 24/08/2001. RECEITA BRUTA. TOTALIDADE DAS RECEITAS. Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. As exclusões previstas no at. 31 da Lei nº 8.981/95 são aplicáveis apenas ao cálculo da estimativa mensal. ARQUIVOS MAGNÉTICOS. FALTA DE APRESENTAÇÃO. MULTAS ISOLADAS. CONCOMITÂNCIA. NÃO CABIMENTO. O descumprimento do contido no art. 11 e 13 da Lei nº 8.218, de 1991, não pode ensejar a aplicação de penalidades pecuniárias Fl. 1076DF CARF MF 4 reflexas sobre um único fato jurídico, sendo incabível a aplicação concomitante de diversas multas isoladas por não atendimento à mesma intimação. JUROS DE MORA SOBRE MULTA ISOLADA. A incidência de juros de mora sobre as multas, após o seu vencimento, decorre de expressa disposição legal. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCONTO DA CONTRIBUIÇÃO DE SEGURADOS. VERBAS DISCUTIDAS EM AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA INSUBSISTENTE. O dever jurídico tributário de natureza instrumental, consistente na obrigação de descontar a contribuição dos segurados, exaurese no momento em que a empresa reconhece juridicamente as parcelas salariais devidas a cada segurado, através de informação na folha de pagamento analítica. Logo, inaplicável a imposição de multa sobre parcelas cuja natureza salarial seja objeto de discussão em auto de infração. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O Presente processo é composto por quatro Autos de Infração, lavrados em 19/12/2011, decorrentes dos descumprimentos das obrigações acessórias (deveres jurídicos instrumentais), relativos ao período de 01/2007 a 12/2007. São eles: 1. AIOA nº 51.015.5499 (fl. 10) Código de Fundamentação Legal CFL nº 23, no valor de R$ 44.210.797,19, por constituir infração ao artigo 11, parágrafos 1º, 3º e 4º, da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com redação da MP n° 2.15835/2001, uma vez que a empresa, regularmente intimada, deixou de apresentar os arquivos digitais e sistemas utilizados para processamento de dados relativos aos negócios e atividades econômicas e financeiras, à escrituração contábil e às folhas de pagamento. 2. AIOA nº 51.015.5464 (fl. 07) Código de Fundamentação Legal CFL nº 38, no valor de R$ 91.464,84, referente à multa pelo descumprimento da obrigação acessória, por infração ao artigo 33, §§ 2º e 3º, da Lei n° 8.212/1991, combinado com os artigos 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, uma vez que a empresa, regularmente intimada, deixou de apresentar os documentos ou livros relacionados com os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. 3. AIOA nº 51.015.5472 (fl. 08) Código de Fundamentação Legal CFL nº 35, no valor de R$ 91.464,84, referente à multa pelo descumprimento da obrigação acessória, por deixar a empresa de prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil informações cadastrais, financeiras e contábeis, de interesse da mesma, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização, conforme previsto na Lei n. 8.212, de 24/07/91, art. 32, Fl. 1077DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 4 5 III e parágrafo 11, combinada com o art. 225, III, do Regulamento da Previdência Social. 4. AIOA nº 51.015.5480 (fl. 09) Código de Fundamentação Legal CFL nº 59, no valor de R$ 9.146,58, referente à multa pelo descumprimento da obrigação acessória, por deixar a empresa de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados contribuintes individuais a seu serviço, conforme o disposto na Lei nº 10.666, de 08/05/03, art. 4º, "caput" e no Regulamento da Previdência Social – RPS art. 216, inciso I, alínea "a". No Relatório Fiscal do Processo (fls. 36/59) estão narrados os fatos colhidos na ação fiscal e detalhado o cálculo das multas aplicadas. Nele o Auditor Fiscal também salienta que: 1. O procedimento fiscal teve início em 10/03/2011 com a ciência pessoal do contribuinte no Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF (fls. 11/14), entregue no endereço indicado para o estabelecimento de CNPJ nº 33.041.260/000164; 2. Os documentos e informações solicitados no Termo não foram apresentados no prazo indicado, assim como não houve qualquer manifestação do sujeito passivo no sentido de dirimir dúvidas ou de solicitar prorrogação do prazo; 3. A empresa foi novamente intimada a apresentar os mesmos documentos e informações através do Termo de Intimação Fiscal n° 01 – TIF (fls. 15/18), com ciência pessoal em 20/04/2011, não havendo, também, qualquer manifestação; 4. Foi constatado que a empresa possuía domicílio fiscal em CNPJ diverso do constante no primeiro MPF, o que levou ao encerramento do primeiro procedimento fiscal, com a apresentação do Termo de Encerramento da Ação Fiscal – TEPF (fl. 19), com ciência pessoal dada pelo Contribuinte em 28/07/2011; 5. Foi aberto novo procedimento fiscal, para o estabelecimento centralizador da GLOBEX UTILIDADES S.A. CNPJ n° 33.041.260/065290, com a emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 07.1.85.002011006336 (fls. 20/23), em 07/07/2011, convalidando todos os atos relacionados ao MPF anterior; 6. Diante do não atendimento ao que fora intimado, foi emitido o Termo de Intimação fiscal nº 01 – TIF (fls. 24/27), com ciência pessoal em 28/07/2011; 7. Transcorrido o prazo dado no TIF nº 01, a empresa mais uma vez não se manifestou, o que levou a emissão do Termo de Ciência e de Fl. 1078DF CARF MF 6 Continuação de Procedimento Fiscal nº 01, com ciência via postal (AR – fls. 29/30), em 22/09/2011; 8. O procedimento fiscal foi realizado com os dados constantes dos cadastros da Receita Federal do Brasil e com a apuração de informações disponibilizadas pela GLOBEX UTILIDADES S.A. em seu sitio na internet, assim como no sitio da JUCERJA; 9. Houve a ocorrência de circunstâncias agravantes das infrações reincidências, previstas no art. 290, inciso V, e parágrafo único; e, art. 292, inciso IV, todos do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. O Contribuinte tomou ciência dos Autos de Infração lavrados, pessoalmente, em 20/12/2011 e, tempestivamente, em 18/01/2012 apresentou sua Impugnação (fls. 153/682) onde faz um relato dos fatos e, em síntese, argumenta que: 1. Existe conexão entre o Processo Administrativo atual e o de nº 10805.722717/201165, reconhecida inclusive pela Fiscalização, pelo que entende que devam ser distribuídos ao mesmo Julgador Relator e Turma Julgadora da DRJ/SP; 2. A Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes do Rio de Janeiro – DEMAC/RJ é incompetente, tomando como base o artigo 23, do Decreto nº 70.235/72 c/c os artigos 487, da IN RFB nº 971/09 e 985, do RIR/99 (Decreto nº 3.000); 3. O 1º MPF de nº 07.1.85.002011001059 foi expedido com vicio, relacionado a erro de identificação do contribuinte, CNPJ errado, ou do estabelecimento sujeito à fiscalização, estabelecimento filial, portanto, ele é nulo de pleno direito, além de viciar todo o procedimento de fiscalização levado a efeito com base nele; 4. A 1ª Intimação, que foi o Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 11/14), é nulo de pleno direito pelo mesmo vicio insanável do MPF, qual seja, determinar a fiscalização do estabelecimento filial do Contribuinte não centralizador do recolhimento das Contribuições Previdenciárias contempladas no MPF nº 07.1.85.002011001059, o qual não tinha e não tem nenhuma informação ou documento solicitado pelo Auditor; 5. A 2ª Intimação, que foi o Termo de Início de Fiscalização nº 01/2011 (fls. 15/18), também é nulo, pelos mesmos motivos da 1ª Intimação; 6. O Auditor Fiscal reconheceu tacitamente as nulidades das Intimações relativas ao MPF nº 07.1.85.002011001059, pelos motivos acima destacados, ao determinar o encerramento da ação fiscal (Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal à fl. 19), com a convalidação dos procedimentos para o CNPJ do ESTABELECIMENTO CENTRALIZADOR e a conseqüente emissão de novo MPF nº 07.1.85.002011006336, em 05/07/2001; Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 5 7 7. O MPF nº 07.1.85.002011006336 e as Intimações Correlatas também são nulos porque, mesmo tendo sido determinada a fiscalização no CNPJ e no endereço da Matriz do Contribuinte, o Auditor Fiscal não o cumpriu adequadamente. Ele encaminhou o Termo de Início de Fiscalização (fls. 20/23) para o estabelecimento situado na Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, nº 2000, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, endereço totalmente distinto daquele determinado no MPF, que era o endereço da Matriz à Rua João Pessoa, nº 83, São Caetano do Sul/SP. Para corroborar esse entendimento cita diversas jurisprudências neste sentido; 8. O Termo de Intimação Fiscal nº 01/2011(fls. 24/27), do MPF nº 07.1.85.002011006336, também é nulo pelos mesmos vícios insanáveis do TIF; 9. O Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal nº 01/2011 (fl. 28), apesar de ter sido enviado via correio (AR – fls. 29/30) para o endereço da Matriz, não solicitava nenhum esclarecimentos e/ou documentos ao Contribuinte, mas, apenas dava ciência da continuidade do procedimento fiscal; 10. Também, no Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal nº 02/2011 (fl. 31), enviado para o endereço correto via correio (AR – fls. 32/33), ocorreu o mesmo equívoco, ou seja, ausência de solicitação de documentos; 11. É impossível a aplicação das multas isoladas de que tratam os AI’s, por descumprimento de obrigações acessórias, ante à nulidade das intimações que supostamente teriam sido dirigidas ao Contribuinte com objetivo de solicitar a apresentação e prestação de informações, documentos e arquivos em meios físicos ou eletrônicos; 12. É improcedente a atribuição da coresponsabilidade aos diretores do contribuinte por não restar comprovado e observado nos autos o requisito exigido no art. 135, do CTN; 13. Se submete a dezenas de processos de fiscalização de diversos Fiscos Estaduais e Municipais, bem como da própria Receita Federal do Brasil, e por isso é leviana a acusação de que, por ato de vontade, recusouse a prestar informações justamente, e apenas, a DEMAC/RJ; 14. O Auditor insistiu em enviar intimações para o endereço no qual sabidamente já não mais abrigava os profissionais legalmente habilitados para atendêlas; 15. Não houve recusa em prestar esclarecimentos e/ou apresentar documentos pois, “a única Intimação eficaz produzida pelo Auditor Fiscal foi a do Termo de Intimação para ciência da lavratura dos AI's, ora impugnados! ”; Fl. 1080DF CARF MF 8 16. Não havia motivo para o Contribuinte recusar prestar as informações solicitadas, uma vez que estas informações estavam ao alcance de qualquer pessoa nos sites da CVM e da BMF&BOVESPA; 17. A multa prevista no DEBCAD nº 51.015.5499, imposta pela DEMAC/RJ nos presentes autos, é idêntica à penalidade aplicada simultaneamente nos autos do Processo Administrativo nº 16682.721057/201115 (AI — IRPJ/CSLL e MPF nº 07.1.85.002011006344); 18. As multas dos AI DEBCAD Nº 51.015.5464, 51.015.5472 e 51.015.5480, também provêm do mesmo fato jurídico, que é a suposta ausência de apresentação de documentos; 19. Houve erro na apuração da base de cálculo da multa ao considerar a receita bruta sem excluir as vendas canceladas, as devoluções e os descontos incondicionais, conforme expressamente determinado pelo artigo 31, da Lei n º 8.981/95. Isso fez com que a fiscalização deixasse de deduzir o valor de R$ 239.854.983,28 que fazem parte da linha 09 (Vendas Canceladas, Devol. e Descontos Incond.), da Ficha 06A, da DIPJ/08 (Doc. 29 fl. 681). Com isso pede o cancelamento dos respectivos AI; 20. Na aplicação das multas há ofensa aos Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade, porque as considera confiscatórias, abusivas e desproporcionais; 21. O dispositivo utilizado pelo Auditor Fiscal para o agravamento das multas por reincidência não encontra fundamento legal, portanto é inconstitucional e ilegal; 22. O Auditor fiscal não comprovou nenhuma de suas alegações quanto a reincidência, não tendo juntado cópia de nenhum Auto de Infração, mas somente informações extraídas dos sistemas internos da SRFB; 23. Não podem ser aplicados os juros moratórios, calculados de acordo com a variação da Taxa SELIC, sobre as multas de lançamento de oficio aplicadas e também sobre a multa "regulamentar" ou "isolada". Conclui sua Impugnação pedindo que: 1. Seja reconhecida a conexão e a reunião do presente processo com o Processo Administrativo nº 10805.722717/201165, evitandose, assim, a prolatação de decisões divergentes acerca da mesma matéria e fato; 2. Sejam excluídas as pessoas físicas da qualificação de coresponsáveis, tendo em vista que estas não tem qualquer responsabilidade sobre eventual não recolhimento por parte da Impugnante a título de Contribuições Previdenciárias e Obrigações Acessórias, objeto de contestação desta Impugnação; 3. Sejam acolhidas as Preliminares argüidas e julgados nulos os AI's, na sua totalidade, ou, sejam os Al's julgados integralmente Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 6 9 improcedentes, cancelandose o lançamento fiscal a título de Multas Previdenciárias, inclusive agravamento, juros e demais acréscimos, ou, no mínimo, afastada a cobrança dos juros (SELIC) sobre as multas lançadas, determinandose o arquivamento do processo administrativo instaurado. O processo foi encaminhado para apreciação e julgamento pela 13ª Turma da DRJ/RJ1, que deu provimento parcial à impugnação, exonerando o sujeito passivo do crédito tributário lançado nos AI 51.015.5480 (CFL 59), 51.015.5472 (CFL 35) e 51.015.5464 (CFL 38), e mantendo inalterada a multa do AI 51.015.5499. O Contribuinte teve ciência do Acórdão nº 1255.793, pessoalmente, em 17/05/2013 (fl. 753), e em 17/06/2013, tempestivamente, protocolou seu Recurso Voluntário (fls. 770/833). Em seu RV combate a decisão de 1ª instância reiterando os argumentos aduzidos em sua impugnação no que tange a: 1. Conexão entre o Processo Administrativo atual e o Processo Administrativo de nº 10805.722717/201165; 2. Inexistência de imputação de coresponsabilidade tributária aos administradores; 3. Eficácia formal da alteração de endereço da Recorrente em 29/03/2011; 4. Ineficácia das intimações fiscais: a. Nulidade do Mandado de Procedimento Fiscal nº 07.1.85.00 2011000621 e das Intimações Correlatas; b. Nulidade da 1ª Intimação – Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 11/14); c. Nulidade da 2ª Intimação – Termo de Intimação Fiscal nº 01 (fls. 15/18); d. Nulidade do 2º Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 20/23); e. Nulidade dos Termos de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal nº 01 (fl. 28) e nº 02 (fl. 31); 5. Nulidade do lançamento: autoridade incompetente; 6. Nulidade do lançamento: apuração dos tributos sobre base de cálculo que não corresponde àquela determinada pela legislação; 7. Informações disponíveis à fiscalização, suficientes para a verificação da matéria tributável; Fl. 1082DF CARF MF 10 8. Penalidade aplicada: ofensa à proporcionalidade, razoabilidade e desvio de função; 9. A Duplicidade, Cumulatividade de Cobrança de Multa Isolada sobre o mesmo fato no Processo Administrativo nº 16682.721057/201115. Encaminhado o Processo para apreciação e julgamento pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, a 3ª Turma, da 4ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento, em 03/12/2014 resolveu, por voto de qualidade, converter o julgamento em diligência para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do Recorrente, informasse o resultado final do julgamento do Processo Administrativo nº 16682.721057/2011 15 (AIOP IRPJ/CSLL), no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, bem como, para informar acerca da existência de processo judicial no qual a Recorrente tenha sido parte, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativo tributário (Resolução nº 2403000.302 – fls. 1.046/1.060). O Processo foi encaminhado à RFB em 05/02/2015 a fim de que fosse atendida a Resolução do CARF (fl. 1.063). Em resposta ao pedido de diligência, em 03/02/2017 foi emitido o Despacho de Encaminhamento (fl. 1.071) onde afirma que: O julgamento do recurso do presente processo foi convertido em diligência conforme resolução 2403000.3024ªC3TU do CARF (fls.1046/1060) para: a) Informar o resultado final do julgamento do processo administrativo nº 16682.721057/201115 sendo que, o mesmo encontrase encerrado tendo sido o crédito tributário extinto conforme extrato anexado às fls. 1068/1070. b) Informar se há processo judicial no qual a recorrente seja parte por qualquer modalidade processual com o mesmo objeto do presente processo administrativo/tributário. O contribuinte foi intimado a prestar estas informações à Receita Federal (fls. 1064) no prazo de 30 (trinta) dias da ciência da intimação. Vencido o prazo em 06/07/2016 não se manifestou até a presente data. Proponho encaminhamento ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento. À consideração superior. É o relatório. Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 7 11 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Nulidade do lançamento por ineficácia das intimações do contribuinte para apresentação de documentos Em peça recursal explana a Recorrente que o lançamento de penalidade por falta de apresentação de arquivos magnéticos referente ao Auto de Infração DEBCAD nº 51.015.5499, pressupõe que o contribuinte tenha sido efetivamente intimado de modo eficaz e não tenha atendido as intimações. Inicialmente, mister se faz proceder à análise da comunicação efetuada ao contribuinte, via termos de intimações, para o efetivo conhecimento do procedimento fiscal, bem como do atendimento à Fiscalização no tocante a apresentação de documentos mencionados nas intimações. Como relatado, a fiscalização foi iniciada em 10/03/2011, com a ciência pessoal da empresa do Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF, entregue no endereço indicado para o estabelecimento de CNPJ nº 33.041.260/000164, cadastrado à Rua Prefeito Dulcídio Cardoso, 2000 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro. Após a ineficácia da intimação para a apresentação de documentos no endereço do Rio de Janeiro, foi lavrado o Termo de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal nºs 01 e 02, por via postal, para o estabelecimento centralizador da GLOBEX de CNPJ nº 33.014.260/065290, com endereço em São Caetano do Sul (fls. 28/33), e o Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal, dando conhecimento da lavratura dos autos de Infração, desta vez com intimação pessoal (fls. 34/35). Em virtude do procedimento de fiscalização, foram lavrados, além dos Autos de Infração de obrigação acessória constantes no presente processo administrativo, autos de Infração de obrigação principal e acessória, contidos no Processo Administrativo nº 10805.722.717/201165. O Auto de Infração em debate, DEBCAD nº 51.015.5499, diz respeito à multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter a autuada deixado de cumprir o prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil para apresentação dos arquivos digitais e sistemas utilizados para registro dos negócios e atividades financeiras (CFL 23), no montante Fl. 1084DF CARF MF 12 de R$ 44.210.797,19 (quarenta e quatro milhões duzentos e dez mil setecentos e noventa e sete reais e dezenove centavos). Nesse diapasão, assevera a Recorrente que que é companhia aberta obrigada a observar diversas normas de transparência e publicidade de seus atos, e que em decorrência da aquisição da Globex pelo Grupo Pão de Açúcar e a associação com as Casas Bahia, durante o ano de 2010 (fls. 837/844), todo o corpo diretivo foi transferido para a cidade de São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo. Somente após todo o trâmite de formalização do negócio, em 29/03/2011 foi aprovada a alteração de sua sede para São Caetano do Sul, cuja Ata foi juntada pela fiscalização nas folhas 72/75 do presente Processo Administrativo. Destaca ainda em sua peça recursal que a Ata da Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária que deliberou sobre a alteração da sede social da companhia, foi registrada na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro em 05/04/2011 e na Junta Comercial do Estado de São Paulo em 10/06/2011. Referida informação consta no item 17.4 da acusação fiscal (fls. 42/44). Expõe que a alteração do endereço deveria ter sido considerada desde março de 2011, pois os efeitos do registro da Assembleia Geral retroagiriam à data de assinatura da respectiva Ata, por força do que dispõe os artigos 32 e 36 da Lei nº. 8.934/94 que regulamenta os registros públicos de empresas mercantis e atividades afins, nos seguintes termos: Art. 32. O registro compreende: I a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazénsgerais; II O arquivamento: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder. Na seara tributária, a eleição do domicílio tributário é feita pelo contribuinte, ou com base nas regras para definição do domicílio, da forma insculpida no art. 27 do CTN. Nesse contexto, a Instrução Normativa RFB nº 1.005, de 8 de fevereiro de 2010, vigente à época dos fatos e que dispunha acerca do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), estabelecia que a comunicação da alteração deveria ocorrer até o último dia útil do mês subsequente à data do registro da alteração, o que foi procedido pela Recorrente nos termos da norma então vigente: Fl. 1085DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 8 13 Seção III Da Alteração de Dados Cadastrais Art. 22. É obrigatória a comunicação pela entidade de toda alteração referente aos seus dados cadastrais. § 1º No caso de alteração sujeita a registro, a comunicação de que trata o caput deverá ocorrer até o último dia útil do mês subsequente ao da data do registro da alteração. Com efeito, a empresa comunicou à Receita Federal a mudança de endereço, deliberada através de Assembléia Geral, após os tramites de registro nas Juntas Comerciais e dentro do prazo estabelecido na IN RFB nº 1.005/2010. Ademais, a Recorrente está sujeita ao acompanhamento econômicotributário diferenciado dos tributos administrados pela Receita Federal desde 2004, e, por conta desse monitoramento, anualmente é renovada a indicação da pessoa física responsável pelas informações relativas aos tributos administrados pela Receita Federal. Compulsando os autos, constatase que na DIPJ de 2008 (ano calendário 2007) anexada às fls. 845/847, consta na ficha 03 os dados do representante da pessoa jurídica e responsável pelo preenchimento, com nome telefone e endereço do correio eletrônico, o que corrobora com o entendimento de que o Fisco não teria dificuldades para fazer chegar até a empresa a intimação para a apresentação de documentos. Para execução deste acompanhamento diferenciado, a Receita Federal do Brasil informa ao contribuinte acerca de sua condição e do consequente acompanhamento diferenciado que lhe será aplicado, afastando assim os riscos de ineficácia nas fiscalizações decorrentes de eventual distância ou quantidade de filiais. Importante, nesse ponto, trazer à colação os termos da Portaria RFB nº 2.356, de 14 de Dezembro de 2010 que estabelecia as regras sobre o acompanhamento econômico tributário diferenciado de pessoas jurídicas e de pessoas físicas: Art. 6º As pessoas jurídicas objeto do acompanhamento diferenciado e especial serão indicadas pela Coordenação Especial de Acompanhamento dos Maiores Contribuintes (Comac), com base nas seguintes variáveis: I receita bruta constante da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) ou dos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon); II débitos declarados nas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); III massa salarial constante das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP); IV débitos totais declarados nas GFIP; e V representatividade na arrecadação de tributos administrados pela RFB. Fl. 1086DF CARF MF 14 § 1º As pessoas jurídicas resultantes de cisão, total ou parcial, incorporação e fusão, para os eventos informados a partir de 2 (dois) anoscalendário anteriores ao ano de acompanhamento, cuja sucedida tenha sido indicada nos termos deste artigo, também deverão ser objeto do acompanhamento a que a sucedida se enquadrava. § 2º As Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil (SRRF) deverão encaminhar à Comac, observadas as orientações expedidas por esta Coordenação Especial, a relação das pessoas jurídicas resultantes de cisão, total ou parcial, incorporação e fusão, para o fim previsto no § 1º. § 3º As SRRF, as CoordenaçõesGerais e as Coordenações Especiais poderão propor a indicação de outras pessoas jurídicas para o acompanhamento diferenciado, observadas as orientações expedidas pela Comac. § 4º A proposta de indicação de que trata o § 3º deverá ser fundamentada. Art. 7º Até o último dia útil do mês de dezembro de cada ano, a Comac editará ato interno de aprovação da relação de contribuintes indicados para o acompanhamento diferenciado e especial de pessoas jurídicas para o ano subsequente. Notoriamente, as primeiras intimações não se efetivaram, tanto que foi necessária a mudança de endereço para, a partir desse momento, dar prosseguimento à fiscalização, conforme se verifica no item 9 do Relatório Fiscal (fl. 39): Em que pese as intimações anteriores terem enumerado os documentos a serem apresentados pela empresa à Fiscalização, os Termos nºs 01 e 02 de Ciência e de Continuação de Procedimento Fiscal enviados, por via postal, para o estabelecimento centralizador da GLOBEX de CNPJ nº 33.014.260/065290, conforme o próprio nome já diz, apenas deu conhecimento da continuidade do procedimento fiscal, sem, no entanto, solicitar a apresentação de documentos. Nesse diapasão, a forma como foi conduzido todo o procedimento fiscalizatório, no meu modo de ver, não foi a mais razoável e eficiente, por todas as circunstâncias que envolvem à Recorrente, principalmente pelo fato de ser uma empresa de grande porte, de capital aberto, sujeita a diversos controles internos e externos, com obrigatoriedade de prestar as mais diversas informações nos sites da CVM e BMF&BOVESPA, com monitoramento especial por parte da Receita Federal, configurando uma situação atípica a omissão no atendimento de intimações da Fiscalização. Assim, não é razoável que a fiscalização, diante do acompanhamento diferenciado e especial que a empresa é submetida, por ser considerada como grande contribuinte, deixe de viabilizar a entrega de intimação para simples apresentação de Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 9 15 documentos, procedendo a lavratura de auto de infração no importe de R$ 44.210.797,19 (quarenta e quatro milhões duzentos e dez mil setecentos e noventa e sete reais e dezenove centavos), por ter deixado a empresa de cumprir o prazo estabelecido para a apresentação dos arquivos digitais. O princípio constitucional da eficiência deve ser observado pela administração, conforme dispões a Carta Magna: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: No mesmo sentido preceitua a Lei nº 9.784/1999, quando destaca a obrigatoriedade da administração na observância dos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e eficiência: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Relativamente a matéria, conforme exposto acima, faltou efetividade e eficiência na comunicação da fiscalização com o contribuinte no que tange a intimação para apresentação de documentos, o que é pressuposto indispensável à penalidade combatida através do recurso voluntário. Acerca do tema razoabilidade, proporcionalidade e eficiência, destaco a seguir excertos do Voto vencedor exarado no PAF nº 16682.721057/201115, em que restou cancelada a autuação fiscal perpetrada através da sistemática do lucro arbitrado lavrado nas mesmas circunstâncias ocorridas no presente Processo nº 10805.722718.201118, em que a fiscalização enviou intimações para o endereço desatualizado da empresa, apesar desta sofrer acompanhamento diferenciado pela Receita Federal por ser considerada grande contribuinte, verbis: O ponto aqui é que o arbitramento do lucro é medida extrema, aplicada somente nos casos em que o agente fiscal se encontra impossibilitado de aferir a verdadeira base tributável do contribuinte, não sendo crível ou razoável que uma agente fiscal que compõe equipe de Delegacia da Receita Federal responsável pelo acompanhamento de grandes contribuintes, se paute única e exclusivamente em dados cadastrais de endereço no sistema da Receita Federal e ignore a informação expressamente recebida, acerca da mudança de endereço da administração da empresa. Esta conduta mais passiva da Fiscalização que, ao invés de buscar mais informações sobre o endereço da administração da contribuinte, optou por, simplesmente, enviar intimações pelo correio para endereço sabiamente errado, resultou em autuação por arbitramento de lucro que alcançou a casa de centenas de milhões de Reais, o que pode prejudicar de forma decisiva a própria continuidade da empresa. Fl. 1088DF CARF MF 16 Tratase de situação seriamente gravosa ao contribuinte que fora causada por simples falha de atualização dos dados cadastrais da empresa, ou seja, a ausência da atualização do cadastro da contribuinte junto à Receita Federal pode ter contribuído para o surgimento de débito tributário na casa do R$ 500 milhões. Em suma, tratase de situação desproporcionalmente gravosa ao Contribuinte face o erro cometido falta de atualização cadastral. Assim, faltou à fiscalização da Demac, cumprimento integral de seu papel de execução do acompanhamento especial e próximo do contribuinte, ou seja, foram desrespeitados de uma só vez pelo Fisco, os Princípios da Razoabilidade, Proporcionalidade e Eficiência, que devem nortear todos os atos da Administração Pública. [...] Não defendo aqui que a Receita Federal deva, em todos os casos, tentar corrigir a falha do Contribuinte que não mantém seus dados cadastrais atualizados e em razão disso, aplicar esforços extras para a localização do contribuinte. Contudo, situações extremas e relevantes que envolvem grandes contribuintes, que são responsáveis por parcela significativa da arrecadação federal, como o presente caso, pedem uma postura diferenciada da fiscalização, distinta do simples envio de intimações pelo correio para endereço que sabidamente já não era a correta. Prevaleceu na conduta da fiscalização o formalismo em lugar da eficiência. [...] Ora, o sistema tributário brasileiro é um dos mais custosos e complexos do mundo e envolve centenas de normas de diferentes níveis e um mesmo número de obrigações acessórias, o que implica na dedicação de milhares de horas e recursos financeiros relevantes para a correta observância e cumprimento de todas a legislação. Não é necessário um grande esforço ou apurado conhecimento técnico para deduzir sobre a quantidade de obrigações fiscais que devem ser cumpridas por uma empresa do porte da ora Recorrente. Assim, o arbitramento do lucro, medida que legalmente se impõe nas hipóteses em que diante da ausência de informações ou indícios de fraude, não resta outra alternativa à fiscalização, é claramente incompatível à situação que se resumiu a simples envio de intimações pelo correio, sem qualquer esforço adicional da fiscalização para buscar as informações fiscais da Contribuinte, restando aqui claro a inobservância de mais um Princípio de Direito Administrativo que é o Princípio da Razoabilidade. [...] O arbitramento do lucro de uma grande empresa em decorrência da ausência de resposta à intimações enviadas para endereço que já era de ciência da fiscalização não ser a mais atualizada, Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 10805.722718/201118 Acórdão n.º 2401004.918 S2C4T1 Fl. 10 17 que resulta numa autuação de quase R$ 500 milhões, demonstra flagrante desproporção entre a falta cometida pelo Contribuinte e o efeito daí decorrente. Ora, um débito de tal monta pode colocar em risco a própria continuidade de uma empresa, mesmo que do porte da ora Recorrente. A prudência que também deve orientar o trabalho da fiscalização, é mais necessária numa situação como a presente. Devemos aqui responder as seguintes perguntas: i) a fiscalização envidou os esforços mínimos esperados de uma Demac para identificar a correta apuração e pagamento dos tributos pela ora Recorrente? ii) é abusivo lavrar um Auto de Infração de quase R$ 500 milhões contra um contribuinte, pelo simples fato de intimações enviadas pelo correio, para endereço sabidamente desatualizado, não serem respondidas? iii) poderia e deveria a Fiscalização ter acionado o Contribuinte no endereço informado logo no início da Fiscalização, ainda que não fosse aquele constante no cadastro da Receita Federal, para a busca das informações necessárias para a verificação dos tributos devidos? Em minha opinião, a resposta à primeira pergunta é negativa e as respostas para as demais é positiva. O fato da ora Recorrente ser uma grande contribuinte (do ponto de vista normativo) que sofre acompanhamento diferenciado da Receita Federal, através de Delegacia Demac, cuja missão é monitorar de perto os grandes contribuintes, somado ao fato da auditora fiscal, apesar de alertada sobre a transferência da administração da empresa para outra localidade, ter continuado a enviar intimações para o endereço sabidamente desatualizado, em minha opinião, macula e tira a legitimidade da adoção da medida extrema que é o arbitramento do lucro da empresa, tendo sido flagrante a inobservância do Princípio da Eficiência, vez que tal medida da fiscalização, que resultou em situação extremamente gravosa ao contribuinte, não foi acompanhada da devida e proporcional diligência do trabalho de fiscalização, restando também desrespeitado o Princípio da Proporcionalidade Assim, considerando os fatos expostos e todos os elementos trazidos aos autos, entendo que a falta de intimação da empresa para a apresentação de documentos macula o lançamento por vício material, na medida em que cerceou o direito de defesa da contribuinte o que torna nulo o procedimento fiscal desde a sua origem (art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972). Tendo em vista o entendimento supra ser prejudicial à apreciação das demais razões de mérito, tenho por prejudicados os demais argumentos trazidos no recurso voluntário que dizem respeito à matéria. Fl. 1090DF CARF MF 18 Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário e DARLHE PROVIMENTO, acolhendo a preliminar para declarar a nulidade do lançamento por vício material. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 1091DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.002570/2003-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO.
Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Turma (art. 65 do RICARF).
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO.
São isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores das moléstias enumeradas no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/88.
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. DATA DO INICIO DO BENEFICIO.
A isenção do imposto de renda sobre proventos de aposentadoria de portador de moléstia grave será concedida, quando a doença for contraída apos a aposentadoria, a partir da data de emissão do laudo pericial ou da data em que a doença foi contraída, quando especificada neste. Na existência de dois laudos emitidos por serviços médicos oficiais, que indicam datas diferentes para inicio do gozo da isenção, deve-se optar por aquela mais benéfica ao contribuinte.
Numero da decisão: 2402-005.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos modificativos, a fim de excluir da base de calculo do lançamento os valores relativos à aposentadoria da contribuinte auferidos após 27/08/98.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araujo (Presidente), Ronnie Soares Anderson, Joao Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Mario Pereira de Pinho Filho e Waltir de Carvalho.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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OMISSÃO. CABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a Turma (art. 65 do RICARF). MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. São isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores das moléstias enumeradas no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/88. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. DATA DO INICIO DO BENEFICIO. A isenção do imposto de renda sobre proventos de aposentadoria de portador de moléstia grave será concedida, quando a doença for contraída apos a aposentadoria, a partir da data de emissão do laudo pericial ou da data em que a doença foi contraída, quando especificada neste. Na existência de dois laudos emitidos por serviços médicos oficiais, que indicam datas diferentes para inicio do gozo da isenção, devese optar por aquela mais benéfica ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 25 70 /2 00 3- 00 Fl. 229DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos modificativos, a fim de excluir da base de calculo do lançamento os valores relativos à aposentadoria da contribuinte auferidos após 27/08/98. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araujo (Presidente), Ronnie Soares Anderson, Joao Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Mario Pereira de Pinho Filho e Waltir de Carvalho. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 11516.002570/200300 Acórdão n.º 2402005.833 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Temse em pauta embargos de declaração (fls. 229/232), interpostos tempestivamente pela contribuinte, em razão de alegada omissão no acórdão no 2201001.003, exarado pela extinta 1.ª Câmara / 1.ª Turma Ordinária / 2ª Seção do CARF (fls. 211/215). Os embargos aduziram em síntese as seguintes razões: 1. O processo trata de IRPF do ano calendário 1999. 2. Alega a embargante que foi negado provimento ao Recurso Voluntário, tendo sido nomeado redator ad hoc para a formalização do acórdão. Alega, contudo, que o acórdão ora embargado incidiu em grave omissão em relação aos fundamentos de fato e de direito que o embasaram. 3. Sendo assim, pugna pela nulidade, visto que haveria violação ao art. 5º, LV e 35 da CF/88, artigo 31 do Decreto 70.235/72 e artigo 50 da Lei 9.784/99, impondo alegado injustificável cerceamento de defesa do contribuinte. 4. Pleiteia, desta forma, que sejam explicitados os fundamentos do julgamento ou, em caso de sua impossibilidade, realização de novo julgamento ofertando ao contribuinte decisão legitimamente motivada e fundamentada. É o relatório. Fl. 231DF CARF MF 4 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O juízo de admissibilidade dos embargos concluiu pelo seu conhecimento, conforme despacho de fls. 238, razão por que se passa, diretamente, ao seu exame de mérito. Aduz a Embargante a necessidade de nulidade do acórdão embargado ou que o Colegiado se pronuncie para esclarecer as razões de fato e de direito que o levaram a decidir pelo não provimento do Recurso Voluntário, visto que o redator ad hoc declara não ter tido acesso as razões de decidir do relator original, vejamos: Quanto à data de início da isenção pleiteada, não teve o presente redator ad hoc acesso a razões de decidir do redator originalmente designado que pudessem ser aqui ratificadas, no sentido de: a) se rejeitar o elemento trazido em sede de recurso voluntário de efl. 186, que, notese, contém, expressamente, tanto o reconhecimento do estado de “alienação mental”, como a sua data de início (08/98), ou que, b) alternativamente, fizesse prevalecer o posicionamento do INSS de efls. 55 e 62, no sentido do início da doença ter de dado em 08/01/2003, em detrimento daquele elemento de efl. 186, que, repitase, leva à conclusão da alienação mental ter se iniciado em 27/08/1998. Destarte, opto por me limitar quanto à esta matéria, na presente formalização, a reproduzir o decisum constante em ata, negando provimento ao recurso, para manter a decisão recorrida. (grifei) Uma vez que não consta na fundamentação do voto condutor a explícita indicação dos fundamentos de fato e de direito que levaram ao colegiado a decidir pelo não provimento do recurso voluntário no que se refere ao reconhecimento da moléstia grave, há que se reconhecer a omissão no voto do acórdão embargado, sendo necessário novo exame de mérito quanto a este aspecto. Vale destacar que não é possível que o Colegiado de origem se pronuncie para esclarecer as razões de fato e de direito que o levaram a decidir pelo não provimento do Recurso Voluntário, seja pela extinção da turma que originalmente julgou o mérito, seja porque a relatora original do processo, Dra. Nubia Matos Moura, nao é mais integrante do CARF ou qualquer outros membros da turma original: Acácia Sayuri, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Rubens Mauricio Carvalho ou Vanessa Pereira Rodrigues Domene. De acordo com o histórico apresentado pelos documentos acostados aos autos, em 23 de fevereiro de 2000, a junta medica oficial do tribunal de justiça de Santa Catarina deferiu (fl. 41), nos autos do processo nº 1257062000.4, o pedido de aposentadoria definitiva por invalidez, para o serviço público em geral, com base nos CIDs. F32.3 e F03 (CID 10 F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos e CID 10 F03 Demência não especificada). Fl. 232DF CARF MF Processo nº 11516.002570/200300 Acórdão n.º 2402005.833 S2C4T2 Fl. 4 5 Em 04 de maio de 2000, a mesma junta medica oficial do tribunal de justiça de Santa Catarina deferiu (fl. 42), nos autos do processo nº 128972/2000.1, o pedido de isenção do desconto do imposto de renda na fonte, com base na lei n".7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a nova redação dada pelo art. 47 da lei n'.8.541, de 23 de dezembro de 1992. Neste sentido, a contribuinte pleiteou, junto ao INSS, em 20 de setembro de 2000, o reconhecimento pelo órgão de sua moléstia grave, juntando os documentos relativos aos processos judiciais acima mencionados. Em resposta, foi emitido parecer da junta medica do INSS/RS (fl. 51) afirmando que "Após análise criteriosa da história clinica, história da doença, exames complementares e exame físico, constatamos que a doença da servidora aposentada Nilza Campos Borges, não se enquadra na Lei n° 7713/88, portanto não faz jus a isenção de Imposto de Renda.". A conclusão do INSS foi de: "Quadro depressivo não demencial. Não se enquadra na lista das doenças que isentam do pagamento do Imposto de Renda." Inconformada, em 10 de janeiro de 2003, apresentou pedido de reconsideração da decisão proferida pela junta medica do INSS (fl. 34). Efetivada a perícia os médicos concluíram pela isenção do desconto do Imposto de Renda na fonte, com validade a partir de 08 de janeiro 2003, data do pedido de reconsideração. Em 02 de Abril de 2003, requereu a retificação da data da validade da isenção datada de 08 de janeiro de 2003, para 16 de agosto de 2000, data do pedido inicial porque à época já estava enferma com o mesmo diagnóstico atual e embasou seu pedido, com laudo médico conclusivo quanto a isenção (fl. 59). Em 17 de abril de 2003, a junta medica do INSS esclareceu que, "Após análise do processo e da requisição às fls. 24 . verificamos que a interessada em 20/09/2000, apesar de ser portadora de doença CID F.03, ainda não se enquadrava no requisito necessário para isenção do Imposto de Renda, qual seja, Alienação Mental, conforme Junta Médica Pericial realizada em 14/1212000. Decorridos mais de 02 anos após o requerimento inicial, tempo suficiente para ocorrerem alterações clinicas, como agravamento do quadro, o exame de Junta Médica Pericial, realizado em 06/03/03 concluiu que tal requisito havia sido preenchido. Concluímos pela manutenção da atual data para isenção do Imposto de Renda." (fl. 62) Por ocasião do julgamento de primeira instancia, as autoridades fiscais, apesar de reconhecer que se tratam de rendimentos advindos de aposentadoria (fl. 136), se posicionaram pela improcedência da impugnação, com base nos seguintes argumentos: 1. A respeito da alienação mental: Alega que a "Alienação Mental" sempre decorre de uma doença e que para ensejar direito à isenção, o laudo médico oficial deverá, além de indicar a doença da qual o contribuinte é portador, mencionar explicitamente que se este se encontra em estado de alienação mental. Defende que, a Junta Médica Oficial do Poder Judiciário, em 23.02.2000, reconheceu que a contribuinte era portadora das moléstias F32.3 (Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos) e F03 (Demência não especificada), não esclarecendo, entretanto, se a mesma encontravase em estado de "Alienação Mental". Fl. 233DF CARF MF 6 2. Legitimidade dos laudos oficial e judicial Aduz que, quanto aos laudos apresentados, tanto o emitido pela Junta Médica Oficial do Poder Judiciário quanto o emitido pelo INSS, são laudos médicos oficiais, tendo em princípio, o mesmo valor probante. 3. Do laudo judicial início da doença Quanto ao início da doença, a Junta Médica Oficial do Poder Judiciário, se limitou a opinar que, a contribuinte teve várias licenças requeridas com CIDs. 300.4/0 e F32.3 a partir de 20. 12.1999 e concluiu pela aposentadoria definitiva em 23 de fevereiro do ano 2000. Diante de tal analise, as autoridades de primeira instancia concluíram, em 08 de fevereiro de 2008, que a contribuinte não comprovou ser portadora de moléstia grave no anocalendário em questão, não fazendo jus, portanto, à isenção pretendida. Em sede de recurso voluntário, diante do indeferimento da impugnação, a embargante junto aos autos novo documento, emitido em 16 de maio de 2008. Se trata de nova declaração da junta médica do TJSC, de efl. 186, que sustentaria sua tese de isenção aplicável desde 08/1998. Declaramos para os devidos fins que a Juíza aposentada — Dra. Nilza Campos Borges, conforme anotação em sua ficha de controle médico de processos, arquivada nesta Junta Médica, esteve em licença para tratamento de saúde, desde o dia 27 de agosto de 1998 até o dia de sua aposentadoria, com base nos CIDs 300.4/0; F 32.3 e F03, que se enquadra em Alienação Mental, para fins de isenção do Imposto de Renda. Portanto, sua invalidez iniciouse em 27.08.1998. Tendo em vista o conteúdo constante do novo laudo medico da junta medica do TJSC mencionado acima, não restam duvidas que: a) estamos diante de quadro de alienação mental, moléstia grave constante do rol listado no artigo 39, inciso XX do RIR/99 e b) a doença iniciouse em agosto/98, sendo, portanto, anterior ao período objeto de lançamento. Vale dizer que, conforme admitido na própria decisão de primeira instancia, ambos os laudos tem o mesmo valor probante, dado que emitidos por serviços médicos oficiais, de forma que deve prevalecer aquele que for mais favorável ao contribuinte, ou seja, para fins de isenção devese considerar que a doença foi contraída, na data indicada no laudo emitido pelo serviço medico de do Tribunal de Santa Catarina, 27 de agosto de 1998. Considerando, por fim, que não foram levantadas duvidas quanto a natureza jurídica dos rendimentos serem de aposentadoria e foram atendidos os requisitos necessários ao gozo da isenção de imposto de renda, assim, julgo procedente o recurso voluntário de forma a excluir da base de calculo do lançamento os respectivos valores. Conclusão Fl. 234DF CARF MF Processo nº 11516.002570/200300 Acórdão n.º 2402005.833 S2C4T2 Fl. 5 7 Diante do exposto, voto no sentido de acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, de forma a excluir da base de calculo do lançamento os valores relativos a aposentadoria da contribuinte auferidos após 27/08/98. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 235DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720189/2014-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 31/12/2009
LEI N° 11.941/2009 ("REFIS DA CRISE"). ANISTIA. RECEITA ORIUNDA DE REDUÇÃO DE MULTA, JUROS E ENCARGOS. EXCLUSÃO.
A receita oriunda da redução da multa, juros de mora e encargos legais decorrente da fruição do benefício previsto na Lei 11.941/2009 é passível de exclusão do lucro líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, nos termos do art. 4o. parágrafo único, da referida lei.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Data do fato gerador: 31/12/2009
LANÇAMENTO DECORRENTE.
Por se tratar de exigência reflexa realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento do imposto de renda pessoa jurídica constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL.
Numero da decisão: 1201-001.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário e em negar provimento ao Recurso de Ofício. Vencidos a Conselheira Eva Maria Los (Relatora) e o Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, que davam provimento ao Recurso de Ofício e negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente.
(assinado digitalmente)
Eva Maria Los - Relatora.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Redator do voto vencedor
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães
Nome do relator: EVA MARIA LOS
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2009 LEI N° 11.941/2009 ("REFIS DA CRISE"). ANISTIA. RECEITA ORIUNDA DE REDUÇÃO DE MULTA, JUROS E ENCARGOS. EXCLUSÃO. A receita oriunda da redução da multa, juros de mora e encargos legais decorrente da fruição do benefício previsto na Lei 11.941/2009 é passível de exclusão do lucro líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, nos termos do art. 4o. parágrafo único, da referida lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/2009 LANÇAMENTO DECORRENTE. Por se tratar de exigência reflexa realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento do imposto de renda pessoa jurídica constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário e em negar provimento ao Recurso de Ofício. Vencidos a Conselheira Eva Maria Los (Relatora) e o Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, que davam provimento ao Recurso de Ofício e negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 01 89 /2 01 4- 92 Fl. 678DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Eva Maria Los Relatora. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Redator do voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães Relatório Trata o processo dos autos de infração que exigem Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ no montante de R$5.538.891,27, devido às infrações: 001 Provisões não dedutíveis; 002 Exclusões/Compensações Não Autorizadas na Apuração do Lucro Real/Exclusões Indevidas; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, R$1.994.000,86, relativa às mesmas infrações; ambas exigências se referem ao anocalendário 2009 e foram apenadas com multa de 75%, págs. 135/149; Termo de Verificação de Infração Fiscal de págs. 127/134 e demonstrativos de compensação de Prejuízos Fiscais e de Base de Cálculo Negativa de CSLL às págs. 7 e 149, respectivamente. 2. Cientificada a empresa impugnou o lançamento, págs. 163/180, em relação à qual a DRJ/SPO proferiu o Acórdão nº 1664.342 de 19 de dezembro de 2014, considerando procedente em parte a impugnação: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 LANÇAMENTO. INFRAÇÃO. JULGAMENTO. CONVERSÃO EM OUTRA. IMPOSSIBILIDADE. Descabe ao julgador converter a infração originalmente imputada ao fiscalizado em outra, sob pena de usurpar a atribuição da autoridade lançadora e configurar teratología processual, com supressão de instância, cerceamento de direito de defesa, a dar causa à decretação de nulidade da decisão. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DESPESAS COM TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES. DEDUÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. As despesas e custos com tributos e contribuições podem ser deduzidos na determinação do Lucro Real, em regra, segundo o regime de competência, exceto quando incidente alguma das hipóteses de suspensão de exigibilidade do crédito tributário previstas nos incisos II a V do art. 151 do Código Tributário Nacional, quando sua dedução se dá pelo regime de caixa. LEI N° 11.941 2009. ANISTIA. REMISSÃO. RECEITA DECORRENTE. EXCLUSÃO. Fl. 679DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 4 3 A receita oriunda da redução da multa, juros de mora e encargos legais decorrente da fruição do benefício previsto no art. 1£. § 3. inciso I. da Lei n 11.941 de 2009, pode ser excluída do lucro líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, nos termos do art. 4a. parágrafo único, da mesma Lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 (ementas análogas) Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 3. A DRJ/SPO recorreu de ofício, devido à exoneração de R$4.219.196,34 de IRPJ e R$1.518.910,69 de CSLL e respectivas multas de ofício de 75% e juros de mora. 4. Cientificada em 05/03/2015, pág. 478, apresentou recurso voluntário de págs. 481/502, em 06/04/2015, tempestivamente. 5. Relata que a autuação se deu porque foram consideradas indedutíveis: a) despesas no valor de R$1.334.385,31 da conta 675600000; b) exclusões de R$30.316.422,06, no LALUR. 6. Informa que concordou com a primeira das infrações e efetuou o correspondente pagamento dos valores exigidos. 7. Que a contestação se refere à segunda infração, exclusões no LALUR relacionadas aos benefícios de redução concedidos pela anistia da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 (Refis), para a quitação de créditos tributários de PIS e Cofins; a empresa excluiu R$102.494.401,92, mas a fiscalização entendeu que o limite era de R$72.177.979,85 (R$57.562.008,76 de PIS/Cofins, mais R$14.615.971,09 de despesa financeira de juros), de créditos tributários com vencimento até 11/2008, cujos cálculos transcreve à pág. 484; consequentemente, o total de R$30.316.442,06 de multa, encargos legais e juros anistiados excluídos foi glosado. 8. Demonstra os lançamentos contábeis correspondentes, pág. 485, e advoga que a exclusão teve respaldo no art. 4º, parágrafo único da Lei nº 11.941, de 2009. 9. Que a DRJ/SPO, concordou ser improcedente a autuação em relação à exclusão das receitas de multas e encargos, no total de R$24.109.693,20. 14. Todavia, no tocante aos juros, no valor de R$ 6.206.728,55, o decisum entendeu que o procedimento adotado pela Recorrente, embora legítimo, não poderia prescindir da comprovação acerca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário principal, nos termos do art, 151 do CTN, o que justificaria a constituição de uma provisão, que não teria sido comprovada nos autos, (...) 17. Como visto do trecho destacado acima, o fundamento utilizado na decisão recorrida para justificar a suposta impossibilidade de constituição de provisão que resultaria na desnecessidade de adição do valor provisionado ao lucro real, por se tratar de provisão indedutível — é no sentido de que tais débitos não estariam com a exigibilidade suspensa. No Fl. 680DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 5 4 entendimento que prevaleceu na decisão, as despesas teriam sido efetivamente incorridas e poderiam ser deduzidas à época do seu registro contábil, tornando equivocado o procedimento de registro de provisão (indedutível). 18. A DRJ entendeu que a Recorrente poderia ter deduzido os valores ao longo de 2005 a 2008 procedimento este que afetaria a apuração do IRPJ e da CSLL devidos à época, que seriam então recolhidos em valor inferior ao efetivamente recolhido. De acordo com a decisão, se a Recorrente tivesse procedido, a dedução anterior seria reconhecida como válida, o mesmo sendo dito em relação à dedução decorrente do permissivo constante da Lei nº 11.941/09. !9 Neste primeiro cenário, haveria a dupla dedução das despesas. A primeira dedução com o reconhecimento contábil original como despesa dedutível ao longo de 2005 e 2008. A segunda dedução em 2009, por oportunidade da fruição do benefício deferido pela Lei nº 11.941/09. 20. Por outro lado, o raciocínio exposto na decisão recorrida propõe um segundo cenário no qual também seria possível a dupla dedução das despesas, caso estivesse o débito com exigibilidade suspensa. Neste caso, haveria a necessidade de adição dos respectivos valores ao lucro real nos anos de 2005 a 2008, fato este que autorizaria duas deduções em 2009 a primeira dedução para que os débitos até então apenas provisionados (e adicionados ao lucro real ao longo do período entre 2005 e 2008) fossem reconhecidos como despesas dedutíveis e a segunda dedução em decorrência do benefício concedido pela Lei nº^ 11.941/09. 21. Em qualquer destes cenários, no entender da decisão recorrida, seria possível a dupla dedução. 22. No entanto, tendo o contribuinte adicionado ao lucro real despesas entre 2005 e 2008 que a decisão reputa como efetivamente incorridas àquela época e, consequentemente, tendo recolhido valores a título de 1RPJ e CSLL neste período em montante superior ao que seria devido caso fossem deduzidos os débitos em questão, o entendimento que prevaleceu na decisão inviabiliza a dupla dedução. 23. Em outras palavras, caso a Recorrente tivesse apurado IRPJ e CSLL em valor inferior ao que foi efetivamente apurado entre 2005 e 2008, poderia agora efetuar a dupla dedução, mas como, na verdade, a Recorrente apurou valor superior a título de IRPJ e CSLL neste período em razão da adição promovida, a decisão, agora, sinaliza equivocadamente pela impossibilidade da dupla dedução. 24. Ora, é evidente que, a prevalecer este entendimento, estará sendo imposto à Recorrente o pior de cada um dos dois cenários. Afinal, não houve a dedução quando do reconhecimento original das despesas entre 2005 e 2008, tal como ocorreria no primeiro cenário, tampouco se reconhece o direito à dedução em 2009 Fl. 681DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 6 5 das despesas adicionadas ao longo dos exercícios de 2009, como ocorre no segundo cenário, reconhecendose tão somente o direito à dedução decorrente do permissivo constante do parágrafo único do art. 4º da Lei nº11.941/09. 10. Destaca que os débitos em questão estavam efetivamente suspensos e descreve que, em razão da liminar concedida no Mandado de Segurança 2005.61.00.0211459, de 21.09.2005, os débitos objeto da adesão ao REFIS estavam com a sua exigibilidade suspensa; em 13.10.2005 a Recorrente foi intimada da decisão que concedeu a liminar (doc. 03), mas em 01.11.2006, foi intimada da sentença que julgou improcedente o referido mandamus (doc. 04); apresentou Recurso de Apelação que, nos termos dos art. 558 do CPC, foi recebido no duplo efeito (doc. 05), de modo a preservar a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários em questão; apenas em 22.01.2009 sobreveio decisão (doc. 06) do Tribunal Regional Federal da 3ª Região negando seguimento à Apelação, cessando, portanto, a suspensão da exigibilidade dos referidos créditos tributários; em razão da pacificação da jurisprudência acerca da incidência do PIS e da COFINS sobre valores recebidos a título de juros sobre capital próprio, a Recorrente decidiu incluir tais débitos na anistia da Lei nº 11.941/09 ("REFIS"). 43. Os valores contabilizados e adicionados ao lucro real até o ano de 2008 eram de R$ 66.875.850,43, sendo R$ 57.562.008,76 de principal e R$ 9.313.841,67 de juros, como se pode verificar do saldo inicial das contas "Provisão PIS/COFINS s/ JCP" e "Provisão PIS/COFINS s/JCP Atualização" da Parte B do LALUR do ano de 2009 (doc, 18). 44. Convém observar que o total adicionado até o ano de 2008 engloba tanto os débitos incluídos no REFIS, como o montante devido no mês 11/ 2008. 45. No ano de 2009, a Recorrente continuou fazendo todas as atualizações pertinentes, contabilizando mais R$ 5.654,518,44 a título de juros sobre o montante principal devido ao longo do referido exercício e, consequentemente, adicionado ao Lucro Real. Assim, a conta de juros totalizou, no exercício de 2009, o montante de R$ 14.968.360,11, como se pode observar do lançamento registrado, na conta "Provisão PIS/COFINS s/ JCP Atualização" da Parte B do LALUR, em que o valor total de juros lançado no LALUR referente a juros aumentou de R$9.313.841,17 para R$ 14.968.360,11. (...) 48. Portanto, ignorandose o montante de provisão referente à competência 06/2009, que não guarda qualquer relação com a presente discussão, é possível resumir o montante adicionado ao Lucro Real quanto aos débitos de 2005 a 2008 conforme pág. 499, que evidencia que a Recorrente adicionou R$ 72.530.368,87 de PIS/COFINS (principal + juros) incidente sobre juros sobre capital próprio nos anos de 2005 a 2008, assim como procedeu à exclusão anulando, assim, o efeito da adição anteriormente feita sob o montante de R$ 72.177.979,86, restando uma diferença de R$ 352.389,01 adicionada a maior, compondo, portanto, a base do IRPJ e da CSLL e que não tem relação com os débitos analisados neste processo e compõe o saldo Fl. 682DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 7 6 remanescente da conta de juros sobre capital próprio, como se pode observar da conta "Provisão PIS/COFINS s/ JCP Atualização" da Parte B do LALUR de 2009 (doc. 19), que reproduz à pág. 500. (...) 52. Logo, analisandose o caso concreto, resta demonstrado que a Recorrente não excluiu duas vezes o montante correspondente aos juros, pois, na verdade, apenas realizou a primeira exclusão para eliminação dos efeitos das adições realizadas no passado, através de um ajuste na apuração do lucro real, e, posteriormente, realizou a eliminação fiscal do ganho econômico referente à parcela anistiada da dívida (R$ 6.206.728,55 45% dos juros), por meio da segunda exclusão, amparada pelo parágrafo único do art. 4º da Lei ns 11.941/09, que previa a possibilidade de o contribuinte não computar na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL as receitas financeiras obtidas pelo benefício fiscal da redução do valor de multas, juros e encargos legais. Ou seja, a primeira exclusão teve como objetivo tão somente reverter o efeito das adições realizadas entre 2005 e 2008, enquanto a segunda exclusão se deu em observância à autorização expressa constante da Lei nº 11.941/09, eliminando para todos os efeitos o ganho em resultado. Voto Vencido Conselheiro Relator Eva Maria Los 1 REFIS da Crise. 5. A Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, alterou legislação relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários (REFIS da Crise): Art. 1o Poderão ser pagos ou parcelados, em até 180 (cento e oitenta) meses, nas condições desta Lei, os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e os débitos para com a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, inclusive o saldo remanescente dos débitos consolidados no Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, de que trata a Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, no Parcelamento Especial – PAES, de que trata a Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003, no Parcelamento Excepcional – PAEX, de que trata a Medida Provisória no 303, de 29 de junho de 2006, no parcelamento previsto no art. 38 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e no parcelamento previsto no art. 10 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, (...) § 1o O disposto neste artigo aplicase aos créditos constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada, (...) § 2o Para os fins do disposto no caput deste artigo, poderão ser pagas ou parceladas as dívidas vencidas até 30 de novembro de 2008, de pessoas físicas ou jurídicas, consolidadas pelo sujeito passivo, com exigibilidade suspensa ou não, inscritas ou não em Fl. 683DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 8 7 dívida ativa, consideradas isoladamente, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido objeto de parcelamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado por falta de pagamento, assim considerados: (...) § 3o Observado o disposto no art. 3o desta Lei e os requisitos e as condições estabelecidos em ato conjunto do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional e do Secretário da Receita Federal do Brasil, a ser editado no prazo de 60 (sessenta) dias a partir da data de publicação desta Lei, os débitos que não foram objeto de parcelamentos anteriores a que se refere este artigo poderão ser pagos ou parcelados da seguinte forma: I – pagos a vista, com redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício, de 40% (quarenta por cento) das isoladas, de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal; II – parcelados em até 30 (trinta) prestações mensais, com redução de 90% (noventa por cento) das multas de mora e de ofício, de 35% (trinta e cinco por cento) das isoladas, de 40% (quarenta por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal; III – parcelados em até 60 (sessenta) prestações mensais, com redução de 80% (oitenta por cento) das multas de mora e de ofício, de 30% (trinta por cento) das isoladas, de 35% (trinta e cinco por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal; IV – parcelados em até 120 (cento e vinte) prestações mensais, com redução de 70% (setenta por cento) das multas de mora e de ofício, de 25% (vinte e cinco por cento) das isoladas, de 30% (trinta por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal; ou V – parcelados em até 180 (cento e oitenta) prestações mensais, com redução de 60% (sessenta por cento) das multas de mora e de ofício, de 20% (vinte por cento) das isoladas, de 25% (vinte e cinco por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal. (...) Art. 4o Aos parcelamentos de que trata esta Lei não se aplica o disposto no § 1o do art. 3o da Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, no § 2o do art. 14A da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, e no § 10 do art. 1o da Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003. (Vide Lei nº 12.865, de 2013) (Vide Lei nº 13.043, de 2014) Parágrafo único. Não será computada na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS a parcela equivalente à redução do valor das multas, juros e encargo legal em decorrência do disposto nos arts. 1o, 2o e 3o desta Lei. (Grifouse.) 6. A interpretação da forma de aplicação art. 4º supra está exposta na Solução de Consulta Cosit nº 21, de 6 de novembro de 2013, cujos excertos a seguir, são esclarecedores: 8.2. O caput do art. 177 da Leí rrº 6.404. de 1976. por seu turno, prescreve que a escrituração "será mantida em registros Fl. 684DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 9 8 permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência" (sublinhouse). (...) 8.4. Uma vez encontrado o lucro líquido (contábil), de acordo com a legislação comercial e a Lei das S/A (e as disposições do próprio RIR/1999, por evidente), partese para a determinação do lucro real, sobre o qual incidirá o imposto de renda, mediante um procedimento de ajuste do lucro líquido, por meio das "adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas" (destacouse) pela legislação tributária (arts. 247, 249, 250 e 275 do RIR/1999). De forma análoga se dá quanto à base de cálculo da CSLL, consoante o art. 2º, § lº, alínea "c", da Lei n2 7.689, de 15 de dezembro de 1988, e os arts. 36 a 39 da Instrução Normativa SRF nº 390, de 30 de janeiro de 2004 (que dispõe sobre a determinação e o pagamento da CSLL). (...) 8.11. O caput do art. 41 da Lei n2 8.981, de 20 de janeiro de 1995,(art. 344 do RIR de 1999) estabelece que os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência, ou seja, são dedutíveis no período de apuração em que ocorrerem seus fatos geradores. Essa regra, entretanto, de acordo com o § 1º desse artigo, não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. (...) 8.15. Do ponto de vista contábilfiscal as importâncias correspondentes a tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não preenchem os requisitos para que sejam lançadas como despesas incorridas no resultado do exercício, em contrapartida de contas a pagar. O Parecer Normativo CST n 58. de 1977. já ensinava (destacouse): (...) 8.16. Tecnicamente, o valor do tributo que esteja com exigibilidade suspensa, lançado no resultado do exercício, representa, em princípio, o reconhecimento de uma provisão, que constitui um "passivo de prazo ou de valor incertos" (vejase a norma contábil NBC TG 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, aprovada pela Resolução CFC nº 1.180, de 2009). 8.17. Notese que, a par do art. 41 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 13, inciso I, da Lei n9 9.249, de 1995, veda a dedução, para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, de "qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei n 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável" (grifouse). Fl. 685DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 10 9 8.18. No período de apuração em que ocorrer o fato gerador do tributo cuja exigibilidade esteja suspensa, o valor lançado no resultado do exercício será adicionado ao lucro líquido na determinação do lucro real (parte A do Lalur) e controlado na Parte B do Lalur, para eventual exclusão no período de apuração em que a exigência do tributo se tornar definitiva, ou seja, na hipótese de a decisão final ser desfavorável ao contribuinte. (...) 8.20. Na hipótese de a solução final do litígio administrativo ou judicial ser desfavorável à pessoa jurídica, o tributo (e a multa e os juros) tornarseá dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, no período em que se der a solução, mediante a exclusão dos valores correspondentes ao tributo, controlados na Parte B do Lalur. 8.21. Em suma, no caso deste processo, só há de se falar na dedução do tributo, multa e juros da base de cálculo do IRPJ e da CSLL após o seu pagamento. 7. Especificamente sobre o parágrafo único do art. 4º da Lei do Refis da Crise: 10.1. Ao prescrever esse dispositivo que "não será computada na apuração da base de cálculo" dos tributos nele arrolados a parcela relativa à redução do débito tributário, depreendese que ele se refere a uma receita, sujeita a registro contábil, o que deflui da formação da base de cálculo desses tributos. 10.2. Para estabelecer a origem dessa receita, "equivalente à redução do valor das multas, juros e encargo legal" (encargo legal é o previsto no art. 1º do Decretolei n 1.025, de 21 de outubro de 1969), há que se ter em mente o contexto contábil fiscal que imediatamente antecede (no caso em pauta) o pagamento à vista do débito tributário. Nesse momento, o montante dos valores relativos ao tributo e seus acréscimos legais (calculados até essa data) estará registrado em contas do passivo (pressupõese, para estudo, contas exclusivas para o débito a ser liquidado); realizado o pagamento (com a redução de multa e juros), a importância a ele correspondente será lançada a débito das correspondentes contas de passivo (e a crédito de caixa/bancos). Os saldos remanescentes nessas contas, por evidente, constituirão a parcela de que ora se cuida. Na sequência, as contas que registrem os saldos serão zeradas, mediante lançamentos a débito, em contrapartida a contas de receita. 10.3. Vale comentar que a redução de dividas tributarias possui a natureza de perdão/remissão de dívida. O perdão de dividas, consabidamente, configura receita para a pessoa jurídica devedora e caracteriza o fato gerador do imposto de renda, nos termos do art. 43, inciso II, e § l9, do CTN, pois se está diante de um acréscimo patrimonial resultante da diminuição de um passivo. Essa receita, igualmente, integra a base de cálculo da CSLL (art. 2da Lei n9 7.689, de 15 de dezembro de 1988) e, em princípio, da Contribuição para o PIS/Pasep (art. I9 da Lei n9 10.637, de 30 de dezembro de 2002) e da Cofms (art. I9 da Lei n9 10.833, de 29 de dezembro de 2003). Fl. 686DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 11 10 10.4. A natureza da receita decorrente do perdão de dívidas dependerá da natureza da dívida que a gerou. (...) Lei nº 9.138, de 29 de novembro de 1995” (prevista no art . 373 do RIR/1999). No caso de redução de multa e juros relativos a tributos, enquadrase a receita nesse mesmo dispositivo do RIR/1999, como recuperação ou devolução de custo ou despesa ou ainda reversão de provisão, conforme tenha sido feita originalmente a contabilização a débito do resultado. (...) 10.6. Na situação da consulente, os débitos estavam com exigibilidade suspensa e, portanto, como já se disse, o tributo e os juros eram indedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, tornandose passíveis de exclusão dela após o seu pagamento. 10.8. No que toca à base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, cumpre alertar quanto ao exato alcance do comando exoneratório. Ele prescreve que a parcela equivalente à redução do valor das multas (de mora e de ofício) e juros não será computada na base de cálculo dessas contribuições. Isso não implica dizer, como dá a entender a consulente, que essa parcela poderá ser deduzida da base de cálculo; só se pode falar em deduzila quando tenha integrado a base de cálculo. (Grifouse.) 8. Em síntese: a. o valor da anistia das multas, juros e encargos legais constitui receita tributável, mas a anistia do Refis da Crise concedeu o benefício de que essa receita após contabilizada, seja objeto de EXCLUSÃO no LALUR, e não comporá a base de cálculo do IRPJ e da CSLL; b. a condição para tanto, é que esse valor de multas, juros e encargos legais, se foi contabilizado como despesa no regime de competência, então, que tenha sido, simultaneamente registrado como ADIÇÃO no LALUR, nos períodos correspondentes; c. ou, se esse valor de multas, juros e encargos legais estava como exigibilidade suspensa, então, que tenha sido contabilizado como provisão e não tenha sido deduzido como despesa ao longo dos períodos de apuração. 9. Em outras palavras, assim como a despesa de multas, juros e encargos legais anistiada deixa de ser paga ou devida pela contribuinte, a receita correspondente a essa dívida perdoada não integrará a base tributável significa que a anistia da receita só se justifica se a correspondente despesa não for deduzida não justifica a dedução da despesa, o que não faria sentido se a despesa foi anistiada então, não será deduzida ou sua dedução será revertida, e a receita correspondente não comporá a base tributável. 10. Se não houve a despesa, a receita do perdão, em valor correspondente, não compõe a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 11. Por isso, cabe averiguar que tratamento foi dado pelo contribuinte aos valores de multas, juros e encargos legais objetos da anistia. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 12 11 2 Débitos objeto do Refis da Crise. 12. À pág. 341, o consolidação em 26/11/2008, dos valores que a Recorrente incluiu no REFIS, e que a anistia reduziu: a. débitos relativos a PIS e Cofins dos períodos de apuração de 12/2005 a 06/2008: Valor do Principal (PIS+Cofins) Valor das Multas de Mora (Obs. não há multas de ofício) Valor dos Juros Encargos Legais Totais Valores Sem Reduções 48.525.335,17 9.705.067,02 13.792.730,10 14.404.626,45 86.427.758,74 Valores Com Reduções 48.525.335,17 0,00 7.586.001,55 0,00 56.111.336.72 b. A tabela demonstra que a anistia foi de R$9.705.067,02 de multas de mora; R$6.206.728,55 de juros de mora e R$14.404.626,45 de encargos legais; totalizou R$30.316.422,02; c. à pág. 340, consta que o total de R$48.525.335,17 de Principal se refere a R$8.655.870,59 de PIS e R$39.869.454,58 de Cofins, todos incidentes sobre receita de JCP; d. os totais se referem à data 26/11/2008. 13. Esclareçase que à pág. 340, consta "Quitação sem benefício Refis, Lei 11.941/2009", sendo que estes valores foram objeto de anistia e não estão em discussão. Item CL Conta Texto breve conta Montante em MI Texto 1 2 3 4 5 31 40 40 40 40 11158 2215S80004 6359010000 2218980003 6359010000 MINISTERIO DA FAZEND Prov. p /Cont. F. COFINS Multas Moratória, Co Prov.p/Cont.F. PIS/PA Multas Moratorias Co 11.667.249,25 8.101.118,98 1.484.945,28 1.758.795,56 322.389,43 Recolhimento de PIS/COFINS JCP PA 11/08 Recolhim.Cofins s/ JCP PA 11/2008 Multa Mora Pgto COFINS s JCP PA 11/08 Recolhim.PIS s/JCP PA 11/2008 Multa Mora Pgto COFINS s JCP PA 11/08 2.1 DÉBITOS OBJETOS DA ANISTIA. 14. O contribuinte preencheu na Ficha 09 A Demonstração do Lucro Real, da DIPJ anocalendário 2009, linha 40. EXCLUSÕES () Reversão dos Saldos das Provisões Não Dedutíveis, R$103.006.592,92; questionado, explicou à pág. 74, (item g da intimação): a. R$512.191,00 são reversões de provisões de contratação de serviços; b. R$102.494.401,92, referemse a reversão de provisões devido ao pagamento de PIS/Cofins anteriormente provisionados objetos da liminar nº 2001.61.0002.11459, considerando que aderiu ao Refis da Crise; e demonstra à pág. 94: COMPOSIÇÃO ITENS DE DEDUTIB1LIDADE FISCAL REVERSÃO DE PROVISÃO ANTERIOR Descrição / Natureza Valores Pis principal Dez/05 a Jun/08 8.655.870,59 Pis principal + juros Nov /08 1.758.795,57 Cofins principal Dez/05 a Jun/08 39.869.464,58 Cofins principal + juros Nov/08 8.101.118,99 Juros Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 13.792.730,13 Multa Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 9.705.067,03 Encargos Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 14.404.626,47 Receita de Anistia Dez/05 a Jun/08 6.206.728,56 Fl. 688DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 13 12 Exclusão Fiscal IRPJ nov/09 Pagamento Efetivo Através do Programa REFIS 102.494.401,92 As parcelas em itálico/negrito, referentes a dez/05 a junho/2008 totalizam R$86.427.758,74, isto é, os débitos, antes das reduções, incluídos no Refis. 15. O autuante explicou no Termo de Verificação Fiscal: 13.3. Exclusões não permitidas: PIS (juros anistiados)..................................................................................R$ 1.731.174,12 COFINS (juros anistiados)...........................................................................R$ 2.569.473,91 Total Receita anistia juros não considerada no lucro contábil.....................R$ 6.206.728,55 PIS (multa anistiada)...................................................................................R$ 1.731.174,12 PIS (encargos legais anistiados).................................................................R$ 2.569.473,91 COFINS (multa anistiada)............................................................................R$ 7.973.892,92 COFINS (encargos legais anistiados)..........................................................R$ 11.835.152,56 Total anistia multa e encargos legais não considerada no lucro contábil....R$ 24.109.693,51 Total das exclusões não permitidas.................................................................R$ 30.316.422,06 2.1.1 Parcela R$24.109.693,51 Multas de mora e Encargos Legais anistiados 16. O autuante relatou, pág. 133 no Termo de Verificação Fiscal: 14. Data Cód.Conta Conta D/C Valor Histórico 30/11/2009 2113143100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS PIS/PASEP A RECOLHER D 4.300.648,03 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 6319190000 OUTRAS RECEITAS FINANCEIRAS C 4.300.648,03 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 2113144100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS COFINS A RECOLHER D 19.809.045,47 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 6319190000 OUTRAS RECEITAS FINANCEIRAS C 19.809.045,47 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 Data Cód.Conta Conta D/C Valor Histórico 30/11/2009 6359190000 OUTRAS DESPESAS DIVERSAS D 4.300.648,03 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 2113143100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS PIS/PASEP A RECOLHER C 4.300.648,03 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 6359190000 OUTRAS DESPESAS DIVERSAS D 19.809.045,47 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 30/11/2009 2113144100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS COFINS A RECOLHER C 19.809.045,47 VLR. ANISTIA PARC JUROS PERIDO DEZ/05 A JUN/08 O efeito da receita de anistia da multa e encargos legais do PIS e da COFINS, no valor total de R$ 24.109.693,51, foi anulado pela escrituração de despesa de valor idêntico, despesa esta que não ocorreu. Desta forma, a exclusão de tal valor do lucro real se deu na própria contabilização, antes da apuração do lucro real e quando tal exclusão foi repetida no LALUR fez com que o lucro fosse artificialmente reduzido em R$ 24.109.693,51.(Grifouse.) 17. E o Acórdão DRJ/SPO, págs 451/462: No caso em apreço, depois de realizado o acordo e a confissão de dívida, nos termos da Lei n° 11.941, as obrigações referentes às multas e encargos legais foram reconhecidas pela contribuinte em sua contabilidade, em 30/11/2009, mediante os seguintes registros: créditos nas contas "2113143100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS PIS/PASEP A RECOLHER", de R$ 4.300.648,03 e "2113144100 TRIB. CONTRIB. SOCIAIS COFINS A RECOLHER", de R$ 19.809.045,47, com os débitos na conta de despesas "6359190000 OUTRAS DESPESAS Fl. 689DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 14 13 DIVERSAS", no montante de R$ 24.109.693,20, conforme subitem 14.2 do relatório fiscal. 18. A DRJ concluiu que, tendo em vista que PIS e Cofins e respectivos multa e juros de mora e encargos legais, devem ser apropriados e deduzidos pelo regime de competência, exceto se estiverem com exigibilidade suspensa; e considerando que não foi noticiado que a exigibilidade estivesse suspensa, então concluiu que os R$24.109.693,51 foram deduzidos pelo regime de competência, à medida em que incorridos nos períodos de 12/2005 a 06/2008; que, com o Refis da Crise, o valor da dívida perdoada de R$24.109.693,20 deu baixa no passivo, contra uma receita, que foi excluída no LALUR, e considerou correta a dedução, e improcedente a autuação. 2.1.2 Parcela R$6.206.728,55 Juros anistiados 19. O autuante concluiu, pág. 132: A apropriação da receita de anistia dos juros do PIS e da COFINS, no valor total de R$ 6.206.728,55, ocorreu uma única vez na apuração do lucro contábil. Contudo, foi excluída indevidamente duas vezes no LALUR, fazendo com que o lucro fosse artificialmente reduzido em R$ 6.206.728,55. 20. E o Acórdão DRJ/SPO, págs. 462/464, conclui como segue. 21. Tendo em vista que este valor de juros anistiados foi baixado do passivo contingencial em contrapartida a receitas financeiras, em 30/11/2009, quando do Refis da Crise; porém, que estes valores também foram deduzidos como despesa pelo regime de competência, quando incorridos no período de 12/2005 a 06/2008; que a alegação do contribuinte de que teria adicionado estes valores, no LALUR (como provisões indedutíveis), não foi respaldada por apresentação do LALUR para que tais adições fossem comprovadas; também não há prova de que a despesa de juros estivesse com a exigibilidade suspensa a justificar a indedutibilidade; concluiu a DRJ que o contribuinte excluiu em duplicidade as despesa de juros anistiadas, contra um só lançamento de receita, e considerou procedente a autuação. 22. A Recorrente contesta, argumentando que os débitos estavam com a exigibilidade suspensa e que adicionou na parte B do LALUR, ao longo do período de 12/2005 a 06/2008, os valores, que foram objetos de provisão, portanto indedutíveis: 43. Os valores contabilizados e adicionados ao lucro real até o ano de 2008 eram de R$ 66.875.850,43, sendo R$ 57.562.008,76 de principal e R$ 9.313.841,67 de juros, como se pode verificar do saldo inicial das contas "Provisão PIS/COFINS s/ JCP" e "Provisão PIS/COFINS s/JCP Atualização" da Parte B do LALUR do ano de 2009 (doc, 18). 44. Convém observar que o total adicionado até o ano de 2008 engloba tanto os débitos incluídos no REFIS, como o montante devido no mês 11/ 2008. 45. No ano de 2009, a Recorrente continuou fazendo todas as atualizações pertinentes, contabilizando mais R$ 5.654,518,44 a título de juros sobre o montante principal devido ao longo do referido exercício e, consequentemente, adicionado ao Lucro Real. Assim, a conta de juros totalizou, no exercício de 2009, o montante de R$ 14.968.360,11,(...) Fl. 690DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 15 14 48. Portanto, ignorandose o montante de provisão referente à competência 06/2009, que não guarda qualquer relação com a presente discussão, é possível resumir o montante adicionado ao Lucro Real quanto aos débitos de 2005 a 2008 conforme pág. 499, que evidencia que a Recorrente adicionou R$ 72.530.368,87 de PIS/COFINS (principal + juros) incidente sobre juros sobre capital próprio nos anos de 2005 a 2008, assim como procedeu à exclusão anulando, assim, o efeito da adição anteriormente feita sob o montante de R$ 72.177.979,86, restando uma diferença de R$ 352.389,01 adicionada a maior, compondo, portanto, a base do IRPJ e da CSLL e que não tem relação com os débitos analisados neste processo e compõe o saldo remanescente da conta de juros sobre capital próprio, como se pode observar da conta "Provisão PIS/COFINS s/ JCP Atualização" da Parte B do LALUR de 2009 (doc. 19), que reproduz à pág. 500. a. Suspensão dos débitos: i. pág. 552, Mandado de Segurança 002114553.2005.4.03.6100, em 13/10/2005: (...) Posto isso, concedo a liminar para assegurar a impetrante o direito de não ser penalizada por não estar incluindo na base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS os valores relativos a juros sobre o capital próprio, tanto no que se refere aqueles já recebidos como aos próximos pagamentos que serão feitos pelas sociedades investidas, suspendendose assim a exigibilidade do crédito tributário correspondente, nos termos do artigo 151, inciso IV, do CTN, até decisão final de mérito. (Grifouse.) ii. pág. 553, "(...) Consequentemente, CASSO A LIMINAR CONCEDIDA, para suspensão da exigibilidade (...)"; em 01/11/2006; iii. pág. 554, em 30/11/2006, "Sentença/Despacho/Decisão/Ato Ordinátorio (...) Nos termos do artigo 558 do CPC, recebo o recurso de apelação da impetrante, às fls. 184/211, nos efeitos devolutivo e suspensivo, até ulterior deliberação do Relator do presente processo." iv. págs. 555/583, em 22/01/2009: "A Turma, por unanimidade, negou provimento a apelação, nos termos do voto do(a) Relatoría)."; em 26/03/2009: "A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos, nos termos do voto do(a) Relator(a)." v. págs. 585/590, em 26/05/2009, Medida Cautelar Inominada 2009.61.00.0099549, para que seja acolhida carta de fiança bancária como garantia dos créditos em discussão, deferida para refrear quaisquer restrições cadastrais em nome da autora, relativas ao crédito exigido no processo administrativo nº 12157.000684/200819 vi. Os documentos comprovam a suspensão da exigibilidade, dos débitos em discussão, desde 13/10/2005, até 01/11/2006 e de 30/11/2006 até 22/01/2009. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 16 15 2.1.3 Conclusão neste voto. 23. A exclusão dos R$102.494.401,92, lucro real, consta do LALUR, Doc 8 págs. 592/606: LALUR Parte A Adições Exclusões 31/12/2005 Trib e Contri c/ Exigibil Suspensa 8.532.998,54 31/12/2006 Contas Razão 1 e 2 Atualiza Selic + Principal 14.684.860,74 (13.135.000,00+1.549.860,74) 31/12/2007 Atualiz Contingê Fisc Liminar JCP +Provis PIS e Cofins Liminar JCP 20.472.877,95 (2.711.866,10+17.760.911,85) 31/12/2008 Prov PIS/Cofins s/JCP Atualização +Prov PIS/Cofins s/JCP 23.185.113,20 (5.052.014,83+18.133.098,37) 31/12/2009 Tributos e Contrb c/ Exigibilidd suspensa 15.101.945,13 31/12/2009 Reversão dos saldos das provisões não dedutíveis 103.006.592,92 81.977.795,56 LALUR Parte B conta Provisão Trib c/ exigibil suspensa D C SALDO C 31/12/2005 PIS e Cofins s/ JCP distr em 12/2005 8.532.998,54 8.532.998,54 01/01/2006 Prov ref JCP 06 a 11/2006 + Atuliz Contingê PIS/Cofins 14.684.860,74 23.217.859,28 (13.135.000,00+1.549.860,74) 31/12/2007 Const Provisão +Constituição de Provisão 20.472.877,95 43.690.737,23 (17.760.911,85+2.711.866,10) 31/12/2008 Prov PIS/Cofins s/JCPAtualização +Prov PIS/Cofins s/ JCP 23.185.113,20 66.875.850,43 (5.052.014,83+18.133.098,37) 31/12/2009 Prov PIS/Cofins s/ JCP Atualização do período +Prov PIS/Cofins s/ JCP 15.101.945,13 81.977.795,56 (5.654.518,44+9.447.426,69) 31/12/2009 Prov PIS/Cofins s/ JCPatualiza +Prov PIS/Cofins realização do período 72.176.979,85 9.800.815,71 (14.615.971,09+57562.008,76) Saldo (352.389,02+9447.426,69) 24. Consta a adição, no LALUR, de R$81.977.795,56 de PIS, Cofins e acréscimos, no período de 2005 a 2009 (isto é, inclui valores posteriores a 10/2008); e a reversão, em 2009, de R$72.176.979,85 de provisões atinentes a PIS/Cofins com exigibilidade suspensa (a diferença de R$9.800.815,71 não está explicada, possívelmente se refere aos valores de PIS, Cofins, multa e juros não abrangidos pelo Refis, e que o contribuinte quitou na mesma época, conforme relatado). 25. As peças da ação judicial e do LALUR apresentadas junto com o recurso de ofício justificam que o PIS/Cofins, multa, juros de mora e encargos legais, tenham sido apropriados pelo regime de competência, mas registrados como provisões, que o contribuinte tenha deduzido como despesa na contabilidade, mas, devido à exigibilidade suspensa por medida judicial, tenha efetuado ADIÇÃO ao lucro líquido, no período de 12/2005 a 06/2008; em outras palavras, se ADICIONOU ao lucro real no período de 12/2005 a 06/2008, então é porque havia deduzido na apuração do lucro contábil, a partir do qual se apura o lucro real (e a base de cálculo da CSLL). COMPOSIÇÃO ITENS DE DEDUTIB1LIDADE FISCAL REVERSÃO DE PROVISÃO ANTERIOR (Resposta pág. 94, 121) Descrição / Natureza Valores Pis principal Dez/05 a Jun/08 8.655.870,59 Fl. 692DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 17 16 Pis principal + juros Nov /08 1.758.795,57 Cofins principal Dez/05 a Jun/08 39.869.464,58 Cofins principal + juros Nov/08 8.101.118,99 Juros Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 13.792.730,13 Multa Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 9.705.067,03 Encargos Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 14.404.626,47 Receita de Anistia Dez/05 a Jun/08 6.206.728,56 Exclusão Fiscal IRPJ nov/09 Pagamento Efetivo Através do Programa REFIS 102.494.401,92 26. No presente caso, há dois grupos de contas: a. PIS, Cofins e Juros, não anistiados como foram ADICIONADOS no Lalur à medida em que incorridos, anulando a despesa contabilizada no regime de competência, então, quando do pagamento em 2008 (Pagamento à vista), o registro da EXCLUSÃO no Lalur desses valores significa que foram deduzidos do Lucro Real e BC CSLL, no momento do pagamento: Pis principal Dez/05 a Jun/08 8.655.870,59 Cofins principal Dez/05 a Jun/08 39.869.464,58 Juros Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 7.586.001,55 b. Multa de mora, Encargos legais, Juros anistiados como foram ADICIONADOS no Lalur à medida em que incorridos, anulando a despesa contabilizada no regime de competência, então, como foram anistiados quando da contratação do Refis: i. cabia contabilizar o mesmo valor como Receita e EXCLUIR no Lalur: Receita de Anistia: Multa Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 9.705.067,03 Receita de Anistia: Encargos Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 14.404.626,47 Receita de Anistia: 45% dos Juros Dez/05 a Jun/08 6.206.728,56 ou ii. não contabilizar como Receita, e EXCLUIR no Lalur, pois não foram pagos e a receita da anistia não é tributável no caso do Refis do Bem. Multa Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 9.705.067,03 Encargos Dez/05 a Junho/08 PIS/COFINS 14.404.626,47 45% dos Juros Dez/05 a Jun/08 6.206.728,56 27. No quadro COMPOSIÇÃO ITENS DE DEDUTIB1LIDADE FISCAL REVERSÃO DE PROVISÃO ANTERIOR, se verifica que o contribuinte teria feito uma composição de a) e b), ou deixou de identificar que os valores das EXCLUSÕES de multa e encargos legais, se tratavam de receita de anistia contabilizada. 28. Verificase que a exclusão de juros foi de R$13.792.730,13 (Valor total dos juros, tanto a parcela não anistiada como a parcela anistiada) e adicionalmente excluiu o valor da receita correspondente à parcela anistiada de 45% dos juros, no valor de R$6.206.728,56 houve duplicidade de exclusão, estando correta a autuação, pois a base de cálculo do IRPJ e CSLL foi indevidamente reduzida no valor de R$6.206.728,56. 29. A multa e encargos, que foram 100% anistiados foram excluídos no LALUR apenas uma vez: R$9.705.067,02 e R$14.404.626,45, portanto, em tese descaberia a glosa dos R$24.109.693,47 excluídos. 30. Mas, no Doc 7, págs. 339/340, o contribuinte listou os lançamentos contábeis em 2009: : Fl. 693DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 18 17 31. Recolhimento apenas do PIS/Cofins valor principal: a. 11158 Min da Fazenda R$48.652.335,17 b. 2219980003 e 2219980004 Provisão para Cont PIS e Cofins 32. Contabilização do benefício do REFIS: a. 22219980003 Prov p/ cont F PIS anistia parc juros R$1.107.146,17 b. 6319190008 Outras (fiscal: receitas financeiras ) c. 2219880004 Prov p/ cont F Cofins anistia parc juros R$5.099.582,38 d. 6319190008 Outras (fiscal: receitas financeiras ) 33. Os lançamentos supra totalizam os juros anistiados de R$6.206.728,55. a. 6359190000 (fiscal: Despesas) Diversas Multas+Encargos Legais R$4.300.648,03 b. 2113143100 PIS Multa e Encargos Legais c. 6359190000 (fiscal: Despesas) Diversas Multa e Encargos Legais R$19.809.045,47 d. 2113144100 Cofins Multa e Encargos Legais e. 2113143100 PIS Reversão Multa + Encargos Legais R$4.300.648,03 f. 6319190000 Outras (fiscal: receitas financeiras) g. D 2113144100 Cofins Reversão Multa+Encargos Legais R$19.809.045,47 h. C 6319190000 Outras (fiscal: receitas financeiras) 34. Os lançamentos supra totalizam a multa e encargos legais anistiados, R$24.109.693,50. 35. O autuante, pág. 133, afirmou que esses valores também foram contabilizados como despesa, por ocasião do Refis, em 2009, o que significa que teriam sido deduzidos na apuração do lucro e depois, mais uma vez no Lalur, e por isso autuou esta parcela. 36. De fato, os lançamento que o contribuinte relatou e que se transcreveu supra, confirmam o entendimento do autuante. 37. De forma simplificada, a contabilização deveria ter sido: a. Quando da contabilização das provisões contingenciais, à medida em que incorridas as despesas, cuja exigibilidade estava suspensa, no período de 2005 a 2008: i. D redução de receita ou dedução como despesa do período ii. C Passivo Provisão contingencial iii. LALUR ADIÇÃO (para neutralizar, na apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL) Fl. 694DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 19 18 b. Quando da decisão adesão ao Refis e de pagamento da parcela não enquadrável no mesmo: i. Parcela anistiada Refis: 1. D Passivo Provisão contingencial 2. C Receita de anistia 3. LALUR EXCLUSÃO, para neutralizar a receita ii. Parcela não anistiada ou não enquadrável, enfim, parcela paga: 1. D Passivo Provisão contingencial 2. C Cx/bancos, pelo desembolso com o pagamento 3. LALUR EXCLUSÃO, para neutralizar as ADIÇÕES feitas durante o período de suspensão de exigibilidade e os valores serem deduzidos como despesa, agora em que foram pagos e se tornaram dedutíveis. 38. Verificase, como o próprio contribuinte relatou e o autuante constatou, que os R$24.109.693,50 de multas e encargos legais, além de EXCUÍDOS, no LALUR, também fora DEDUZIDOS como despesa, reduzindo, indevidamente a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 3 Conclusão. Voto por dar provimento ao recurso de ofício e negar ao recurso voluntário, considerando o crédito tributário integralmente procedente. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Fl. 695DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 20 19 Voto Vencedor Conforme exposto, a matéria discutida diz respeito à legitimidade ou não da glosa levada a cabo pela fiscalização em relação à exclusão fiscal promovida pela contribuinte, no montante de R$ 30.316.422,06, correspondentes às parcelas anistiadas a título de multas, 45% dos juros e 100% de encargos legais, decorrentes do pagamento à vista de débitos tributários, de acordo com a Lei n. 11.941/2009. Segundo a fiscalização, referida exclusão seria indevida, pois tais despesas nunca foram pagas e, assim, não representaria um dispêndio efetivo da contribuinte. Após apresentação de defesa, a DRJ julgou o lançamento parcialmente procedente, reconhecendo o direito quanto à exclusão de R$ 24.109.693,20, correspondente à receita gerada com o perdão das parcelas da dívida tributária relativas aos valores de multa e encargos. Esta parte da decisão foi objeto de recurso de ofício. Com relação ao montante de R$ 6.206.728,55 que corresponde à exclusão da receita gerada em face da baixa do passivo com juros da dívida tributária incluída no referido "programa" , as autoridades julgadoras entenderam correta a glosa. Esta parte que manteve parcialmente a glosa ensejou a interposição de recurso voluntário pelo contribuinte. Recurso de Ofício A decisão de primeira instância afastou a glosa da receita gerada em face da redução de multa e encargos promovida pela Lei 11.941/2009 (Refis da crise) com base no seguinte raciocínio (fls. 22 e seguintes): [...] a despesa com encargos legais de R$ 14.404.626,47, reconhecida no resultado contábil da pessoa jurídica em 2009 é dedutível, enquanto a despesa com a multa de mora de R$ 9.705.067,03, também reconhecida nesse mesmo ano não, haja vista que, em obediência ao regime de competência, esta somente seria computável na determinação do Lucro Real nos períodos em que foram verificados os vencimentos dos prazos de pagamentos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, correspondentes aos respectivos períodos de apuração de dezembro/2005 a junho/2008, que não coincidem com o do ano calendário 2009. Assim, para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL do anocalendário 2009, no Lalur, a contribuinte deveria ter adicionado ao lucro líquido o valor correspondente à despesa de multa de mora de R$ 9.705.067,03. Não foram trazidos aos autos as adições promovidas pela fiscalizada, mas, ainda que tal adição não tenha sido realizada, o presente lançamento não tem como fundamento fático ou jurídico a falta de adição obrigatória, mas de exclusão indevida na apuração do Lucro Real, não cabendo ao julgador converter uma infração em outra, sob pena de usurpar a atribuição da autoridade Fl. 696DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 21 20 lançadora, além de configurar teratologia processual, com supressão de instância, cerceandose o direito à ampla defesa do contribuinte, o que daria causa à decretação de nulidade do processo. Simultaneamente, em razão do perdão estatal da dívida relativa à multa e encargos, a contribuinte realizou a baixa desse passivo de R$ 24.109.693,20 (multa e encargos legais) contra uma receita que, por sua vez, foi excluída no Lalur, procedimento que foi considerado indevido pela auditorafiscal. Os valores anistiados e remitidos pela Lei nº 11.941/2009 não são computados na determinação das bases de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS/Pasep ou da Cofins, nos termos do parágrafo único de seu art. 4: Art. 4o Aos parcelamentos de que trata esta Lei não se aplica o disposto no§ 1o do art. 3o da Lei n. 9.964, de 10 de abril de 2000, no§ 2o do art. 14A da Lei no10.522, de 19 de julho de 2002, e no§ 10 do art. 1oda Lei n.10.684, de 30 de maio de 2003.(Vide Lei nº 12.865, de 2013)(Vide Lei nº 13.043, de 2014) Parágrafo único. Não será computada na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS a parcela equivalente à redução do valor das multas, juros e encargo legal em decorrência do disposto nos arts. 1o, 2o e 3o desta Lei. [...] Portanto, se a contribuinte tinha a faculdade de excluir do lucro líquido as receitas geradas com o perdão de parte da dívida tributária promovido pela Lei nº 11.941/2009, a imputação de infração de exclusão indevida do R$ 24.109.693,20 é improcedente. Nenhum reparo cabe à decisão em questão. A lei do Refis da crise, mais precisamente o artigo 4o da Lei 11.941/2009, é clara no sentido de permitir ao contribuinte que aderir ao programa especial de liquidação de passivos tributários a exclusão da parcela equivalente à redução dos valores de multas e encargos. Nessa situação particular, portanto, o contribuinte se valeu de uma exclusão prevista em lei, razão pela qual a sua glosa de fato deve ser afastada, na linha da decisão de piso. Recurso Voluntário Diferentemente do tratamento conferido à redução das parcelas a título de multa e encargos, a decisão de primeira instância manteve a exclusão da receita gerada em face da baixa do passivo com juros da dívida (R$ 6.206.728,55), sob a alegação de que (fl. 26): Fl. 697DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 22 21 Todavia, a contribuinte o excluiu em duplicidade, procedimento aceitável, conforme já mencionado, caso restasse demonstrado que as contribuições aos quais se referiam os juros moratórios encontravamse com suas exigibilidades suspensas e que, nos períodos competentes, a fiscalizada teria realizado a devida adição dos correspondentes valores na apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL. Uma vez evidenciada tal hipótese e com o reconhecimento da dívida em 2009, caberiam as duas exclusões realizadas pela contribuinte: uma, porque faria jus à dedução da despesa de uma dívida reconhecida em 2009, adicionada em períodos anteriores; e, a segunda, para fins do gozo do benefício do parágrafo único do art. 4º da Lei nº 11.941/2009. Ao contrário do quanto exposto na decisão, o contribuinte confirmou que os débitos incluídos no Refis estiveram sim com sua exigibilidade suspensa. De fato, a Recorrente impetrou Mandado de Segurança n. 2005.61.00.0211459, buscando afastar a exigência de PIS e COFINS sobre os valores recebidos a título de juros sobre o capital próprio. Em 13/10/2005 houve intimação de liminar (Doc. 3 do recurso) concedida para assegurar o direito da empresa de não incluir as receitas de JSCP na base de cálculo das aludidas contribuições, liminar esta cassada posteriormente por meio de sentença que denegou a segurança. Ato contínuo, a Recorente interpôs recurso de apelação, o qual foi recebido no duplo efeito (Doc. 5 do recurso), preservando a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários discutidos. A apelação foi julgada improcedente pelo TRF, o que ensejou o ajuizamento de Medida Cautelar pela Recorrente. Nesta ação houve apresentação de carta fiança como garantia, tendo sido concedida nova liminar em prol da suspensão da exigibilidade (Doc. 7 do recurso). Posteriormente, tendo em vista que a tese da Recorrente não vingou no Judiciário, ela optou por incluir os débitos na anistia instituída pela Lei 11.941/09. Contabilmente, a própria autoridade autuante se certificou de que a Recorrente tratou os referidos valores dos créditos tributários suspensos como provisão, a qual, como se sabe, constitui dispêndio indedutível. E, ainda que esta não seja a melhor classificação contábil, o RIR/99 (art. 344) prescreve a regra de indedutibilidade aos tributos (e, consequentemente, os juros) com exigibilidade suspensa, ainda que registrados como obrigação a pagar em conta de passivo. Já do ponto de vista fiscal, a Recorrente apresentou seus LALUR de 2005 a 2009 (Docs. 8 a 19 do recurso), os quais atestam a adição de R$ 72.530.368,87 a título de tributos com exigibilidade suspensa, provisões dos juros e atualizações, bem como um total de R$ 14.968.360,11 controlado na Parte B sob a rubrica de juros incidentes sobre tais tributos suspensos. Fl. 698DF CARF MF Processo nº 19515.720189/201492 Acórdão n.º 1201001.646 S1C2T1 Fl. 23 22 Em face desses elementos, noto que as premissas que sustentam a decisão de primeira instância nesse ponto estão equivocadas, razão pela qual a conclusão quanto à manutenção da glosa referente a receita proveniente da redução dos juros deve ser reformada. Ademais, a própria decisão de primeiro grau, ao afastar a glosa em relação à receita advinda da redução da multa e encargos, assim se pronunciou: Não foram trazidos aos autos as adições promovidas pela fiscalizada, mas, ainda que tal adição não tenha sido realizada, o presente lançamento não tem como fundamento fático ou jurídico a falta de adição obrigatória, mas de exclusão indevida na apuração do Lucro Real, não cabendo ao julgador converter uma infração em outra, sob pena de usurpar a atribuição da autoridade lançadora, além de configurar teratologia processual, com supressão de instância, cerceandose o direito à ampla defesa do contribuinte, o que daria causa à decretação de nulidade do processo. Entendo, nesse contexto, que esse entendimento também deveria ser aplicado no que concerne à receita gerada pela redução dos juros, e não só à multa e encargos. Isto porque, conforme visto, o parágrafo único do artigo 4 da Lei 11.941/09 dispõe que não será computada na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS a parcela equivalente à redução do valor das multas, juros e encargo legal ... Isso significa dizer que a exclusão, na apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL, da receita obtida em face da redução dos juros pela inclusão do contribuinte no Refis constitui direito da Recorrente previsto em lei, independentemente de outras condições. Diante do exposto, conheço dos recursos para, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO e DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 699DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.903869/2011-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.368
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 38 69 /2 01 1- 26 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 143DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 145DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 146DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 147DF CARF MF Processo nº 16327.903869/201126 Acórdão n.º 1301002.368 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 148DF CARF MF
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