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Numero do processo: 13603.905787/2012-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL.
Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF.
Numero da decisão: 3401-003.945
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, acolhendo a informação prestada em diligência.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL. Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, acolhendo a informação prestada em diligência. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 57 87 /2 01 2- 01 Fl. 286DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP utilizando créditos de COFINS, no valor total de R$ 40.139,22. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação não foi homologada, visto que o pagamento foi localizado, mas integralmente utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Cientificada da decisão de piso, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, basicamente, que: (a) o crédito se refere a COFINSimportação de serviços recolhida indevidamente, e que a informação de que o valor foi utilizado integralmente para quitar débito da empresa se deve a ter sido originalmente informado em DCTF valor igual ao total do recolhimento; (b) que foi retificada a DCTF, após o despacho decisório, sendo que o valor não era devido por tratarse de remessa ao exterior em pagamento de licença de uso de marca, a título de royalties, não caracterizando contrapartida de serviços provenientes do exterior, conforme Solução de Consulta RFB no 263/2011; e (c) a DCTF retificadora não foi recepcionada pela RFB tendo em vista ter se esgotado o prazo de cinco anos para a apresentação. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento de carência probatória a cargo do postulante, que não apresenta contrato que discrimine os royalties dos serviços técnicos e de assistência técnica, de forma individualizada, e de que a prazo para retificação de DCTF já havia se esgotado quando da apresentação de declaração retificadora pela empresa. Após ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta tempestivamente Recurso Voluntário, afirmando que: (a) celebrou contrato exclusivamente referente a licenciamento para uso de marcas, não envolvendo a importação de quaisquer serviços conexos, e que em 52 despachos decisórios distintos, a autoridade administrativa não homologou as compensações, por simples cotejo com DCTF, e que a DRJ manteve a decisão sob os fundamentos de ausência de apresentação de contrato e de retificação extemporânea de DCTF; (b) há necessidade de reunião dos 52 processos conexos para julgamento conjunto; (c) deve o CARF receber de ofício a DCTF retificadora, em nome da verdade material; e (d) o crédito foi documentalmente comprovado, figurando no contrato celebrado, anexado aos autos, que o objeto é exclusivamente o licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos, aplicandose ao caso o entendimento externado na Solução de Divergência no 11, da COSIT, como tem entendido o CARF em casos materialmente e faticamente idênticos (Acórdão no 3801001.813). No CARF, o julgamento foi convertido em diligência por meio da Resolução no 3803000.498, para que a autoridade local da RFB informasse “...acerca dos valores devidos pela recorrente na data de transmissão da DComp, bem assim se o valor reconhecido a título de direito creditório (original ou atualizado) é o bastante para solver os débitos existentes nessa data, mediante o confrontamento de valores ou, informar acerca da diferença encontrada” (sic). Em resposta a fiscalização informa que o pagamento objeto do direito creditório não se encontra disponível, uma vez que utilizado para quitação de débito declarado em DCTF, e que, relativamente ao confronto de valores, restou demonstrado “... ser bastante o valor do pagamento pleiteado nestes autos para extinção do débito declarado pela Fl. 287DF CARF MF Processo nº 13603.905787/201201 Acórdão n.º 3401003.945 S3C4T1 Fl. 275 3 contribuinte por meio de compensação”, não havendo necessidade de se dar ciência ao contribuinte da informação. O processo foi a mim distribuído, mediante sorteio, em maio de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O cumprimento dos requisitos formais de admissibilidade já foi verificado na conversão em diligência, passandose, então, aqui, à análise de mérito. De fato, não se tem dúvidas de que, ao tempo da análise massiva, por sistema informatizado, das DCOMP apresentadas, os débitos declarados em DCTF correspondiam aos pagamentos efetuados, ainda que estes fossem eventualmente indevidos. Daí os despachos decisórios eletrônicos, limitados a cotejamento entre dados declarados em DCOMP e DCTF, e pagamentos efetuados com DARF, terem sido pelo indeferimento. No entanto, também não se tem dúvidas de que a empresa já entendia, na data de protocolo dos PER/DCOMP, serem indevidos os pagamentos efetuados, independente de ter ou não retificado as respectivas DCTF. Não há que se falar, assim, em decurso de prazo para repetir o indébito, visto que os PER/DCOMP foram transmitidos dentro do prazo regular para repetição. Após o indeferimento eletrônico da compensação é que a empresa esclarece que a DCTF foi preenchida erroneamente, tentando retificála (sem sucesso em função de trava temporal no sistema informatizado), e explica que o indébito decorre de serem os pagamentos referentes a COFINSserviços incabíveis pelo fato de se estar tratando, no caso, exclusivamente de licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos. No presente processo, como em todos nos quais o despacho decisório é eletrônico, a fundamentação não tem como antecedente uma operação individualizada de análise por parte do Fisco, mas sim um tratamento massivo de informações. Esse tratamento massivo é efetivo quando as informações prestadas nas declarações do contribuinte são consistentes. Se há uma declaração do contribuinte (v.g. DCTF) indicando determinado valor, e ele efetivamente recolheu tal valor, o sistema certamente indicará que o pagamento foi localizado, tendo sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte. Houvesse o contribuinte retificado a DCTF anteriormente ao despacho decisório eletrônico, reduzindo o valor a recolher a título da contribuição, provavelmente não estaríamos diante de um contencioso gerado em tratamento massivo. A detecção da irregularidade na forma massiva, em processos como o presente, começa, assim, com a falha do contribuinte, ao não retificar a DCTF, corrigindo o valor a recolher, tornandoo diferente do (inferior ao) efetivamente pago. Esse erro (ausência de retificação da DCTF) provavelmente seria percebido se a análise inicial empreendida no despacho decisório fosse individualizada/manual (humana). Fl. 288DF CARF MF 4 Assim, diante dos despachos decisórios eletrônicos, é na manifestação de inconformidade que o contribuinte é chamado a detalhar a origem de seu crédito, reunindo a documentação necessária a provar a sua liquidez e certeza. Enquanto na solicitação eletrônica de compensação bastava um preenchimento de formulário DCOMP (e o sistema informatizado checaria eventuais inconsistências), na manifestação de inconformidade é preciso fazer efetiva prova documental da liquidez e da certeza do crédito. E isso muitas vezes não é assimilado pelo sujeito passivo, que acaba utilizando a manifestação de inconformidade tãosomente para indicar porque entende ser o valor indevido, sem amparo documental justificativo (ou com amparo documental deficiente). O julgador de primeira instância também tem um papel especial diante de despachos decisórios eletrônicos, porque efetuará a primeira análise humana do processo, devendo assegurar a prevalência da verdade material. Não pode o julgador (humano) atuar como a máquina, simplesmente cotejando o valor declarado em DCTF com o pago, pois tem o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Nesse contexto, relevante passa a ser a questão probatória no julgamento da manifestação de inconformidade, pois incumbe ao postulante da compensação a prova da existência e da liquidez do crédito. Configurase, assim, uma das três situações a seguir: (a) efetuada a prova, cabível a compensação (mesmo diante da ausência de DCTF retificadora, como tem reiteradamente decidido este CARF); (b) não havendo na manifestação de inconformidade a apresentação de documentos que atestem um mínimo de liquidez e certeza no direito creditório, incabível acatarse o pleito; e, por fim, (c) havendo elementos que apontem para a procedência do alegado, mas que suscitem dúvida do julgador quanto a algum aspecto relativo à existência ou à liquidez do crédito, cabível seria a baixa em diligência para sanála (destacandose que não se presta a diligência a suprir deficiência probatória a cargo do postulante). Em sede de recurso voluntário, igualmente estreito é o leque de opções. E agregase um limitador adicional: a impossibilidade de inovação probatória, fora das hipóteses de que trata o art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. No presente processo, o julgador de primeira instância não motiva o indeferimento somente na ausência de retificação da DCTF, mas também na ausência de prova do alegado, por não apresentação de contrato. Diante da ausência de amparo documental para a compensação pleiteada, chegase à situação descrita acima como “b”. Contudo, no julgamento inicial efetuado por este CARF, que resultou na baixa em diligência, concluiuse pela ocorrência da situação “c”, diante dos documentos apresentados em sede de recurso voluntário. Entendeu assim, este colegiado, naquele julgamento, que o comando do art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972 seria inaplicável ao caso, e que diante da verossimilhança em relação a alegações e documentos apresentados, a unidade local deveria se manifestar. E a informação da unidade local da RFB, em sede de diligência, atesta que os valores recolhidos são suficientes para saldar os débitos indicados em DCOMP, entendendo a fiscalização, inclusive que, diante do exposto, não haveria necessidade de se dar ciência ao contribuinte da informação, apesar de ainda estarem os pagamentos alocados à DCTF original. Resta pouco, assim, a discutir no presente processo, visto que o único obstáculo que remanesce é a ausência de retificação da DCTF, ainda que comprovado o direito Fl. 289DF CARF MF Processo nº 13603.905787/201201 Acórdão n.º 3401003.945 S3C4T1 Fl. 276 5 de crédito, como se atesta na conversão em diligência, mediante o respectivo contrato, acompanhado da invoice correspondente. Atribuir à retificação formal de DCTF importância superior à comprovação do efetivo direito de crédito é típico das máquinas, na análise massiva, mas não do julgador, humano, que deve ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Como atesta a Solução de Divergência COSIT no 11/2011: “Não haverá incidência da CofinsImportação sobre o valor pago a título de Royalties, se o contrato discriminar os valores dos Royalties, dos serviços técnicos e da assistência técnica de forma individualizada. Neste caso, a contribuição sobre a importação incidirá apenas sobre os valores dos serviços conexos contratados. Porém, se o contrato não for suficientemente claro para individualizar estes componentes, o valor total deverá ser considerado referente a serviços e sofrer a incidência da mencionada contribuição.” (grifo nosso) E a cópia do contrato de licença apresentada e analisada, e de seus adendos, atesta que o contrato se refere “exclusivamente a licenciamento de uso de marcas”, não tratando de serviços. Assim, é indevida a COFINS, não havendo qualquer manifestação em sentido contrário pela própria unidade diligenciante. Aliás, efetivamente apreciou turma especial do CARF assunto idêntico, no Acórdão no 3801001.813, de 23/04/2013, acordando unanimemente pela não incidência de COFINSserviços em caso de contrato de “knowhow” que não engloba prestação de serviços: “CONTRATO DE “KNOW HOW”. REMESSAS AO EXTERIOR RELATIVAS A ROYALTIES E DIREITOS PELO USO DE MARCAS E TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO E TECNOLOGIA. NÃO INCIDÊNCIA DA COFINS IMPORTAÇÃO. Uma vez discriminados os valores dos Royalties dos demais serviços, de forma individualizada, não incidirá a COFINSImportação.” Há ainda outros precedentes recentes e unânimes deste tribunal, no mesmo sentido, e com características adicionais em comum com o presente processo: “NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte Fl. 290DF CARF MF 6 quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINSIMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação. À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofins importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. (grifo nosso) (Acórdãos no 3201002.404 a 420, Rel. Cons. Windereley Morais pereira, sessão de 28 set. 2016) Deve, então, ser acolhido o pleito da empresa, removido o derradeiro obstáculo indevido ao reconhecimento do direito creditício e à compensação. Resta, por fim, tecer comentários sobre o pleito da recorrente para análise conjunta dos 52 processos referentes a suas DCOMP, visto que este relator recebeu, em sorteio, apenas 44 dos referidos processos. Em nome da verdade material, efetuei consulta ao sistema eprocessos, sobre a situação dos oito processos restantes, verificando o que se resume na tabela abaixo: N. do processo Situação atual Observações 13603.905762/201207 CARF – “Distribuir/Sortear” (indevidamente) Julgamento convertido em diligência, nas mesmas circunstâncias do presente, mas ainda não enviado à unidade local, para diligência, tendo em vista necessidade de saneamento (erro na anexação do arquivo contendo a Resolução de conversão em diligência). 13603.905764/201298 Idem Idem 13603.905772/201234 Idem Idem 13603.905785/201211 Idem Idem 13603.905790/201216 Idem Idem Fl. 291DF CARF MF Processo nº 13603.905787/201201 Acórdão n.º 3401003.945 S3C4T1 Fl. 277 7 13603.905775/201278 CARF – SEDIS/GECAP – Verificar Processo Processo sequer apreciado pelo CARF ainda, nem para converter o julgamento em diligência. 13603.905793/201250 Idem Idem 13603.905794/201202 Idem Idem Assim, há efetivamente apenas 44 processos maduros para julgamento, visto que os 8 restantes, por falhas processuais (5 deles com juntada incorreta de arquivos e 3 com pendência de verificação de procedimentos pelo setor competente do CARF) acabaram não chegando à unidade local, para realização da diligência. E os 44 processos, prontos para julgamento, serão efetivamente julgados conjuntamente, nesta sessão. Pelo exposto, e acolhendo a informação prestada em sede de diligência, voto por dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720083/2012-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009
DECADÊNCIA. ART. 150, §4º DO CTN.
Aplica-se a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS.
Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS.
Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE.
Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de má-fé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos.
CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE.
Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004.
MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA.
Revela-se improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO.
A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009
DECADÊNCIA. ART. 150, §4º DO CTN.
Aplica-se a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS.
Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS.
Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE.
Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de má-fé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos.
CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE.
Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004.
MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA.
Revela-se improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO.
A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964.
Numero da decisão: 3201-003.038
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri e Winderley Morais Pereira que negavam provimento quanto a decadência parcial do lançamento.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009 DECADÊNCIA. ART. 150, §4º DO CTN. Aplica-se a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS. Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de má-fé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos. CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE. Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revela-se improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO. A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009 DECADÊNCIA. ART. 150, §4º DO CTN. Aplica-se a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS. Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de má-fé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos. CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE. Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revela-se improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO. A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964.
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ART. 150, §4º DO CTN. Aplicase a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS. Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁFÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de máfé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 83 /2 01 2- 83 Fl. 37215DF CARF MF 2 CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE. Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revelase improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO. A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009 DECADÊNCIA. ART. 150, §4º DO CTN. Aplicase a regra decadencial prevista no art. 150,§4º do CTN quando se trate de tributo apurado e lançado relativamente ao período de apuração em que houve saldo credor do imposto. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não ocorre cerceamento de defesa quando a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAIS. Insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais geram direito ao crédito integral na apuração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo, nos termos da legislação de regência. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. AUSÊNCIA DE MÁFÉ OU PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Não restando comprovada a participação da Contribuinte na criação de pessoas jurídicas de fachada, tampouco a existência ou indícios de máfé na aquisição dos insumos, ilegítima a glosa dos créditos. CRÉDITOS DECORRENTES DA DEPRECIAÇÃO DE ATIVO FIXO. AQUISIÇÃO ANTERIOR A30/04/2004. IMPOSSIBILIDADE. Não se reconhece os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revelase improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. Fl. 37216DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.216 3 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AFASTAMENTO. A multa de ofício qualificada deve ser afastada quando não se comprova que a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, deuse provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri e Winderley Morais Pereira que negavam provimento quanto a decadência parcial do lançamento. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório O feito foi assim relatado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP), conforme acórdão de fls. 36.778 e seguintes: Tratase de autos de infração lavrados contra a contribuinte em epígrafe, relativos à falta/insuficiência de recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep (fls. 35720/35724), no montante total de R$ 56.175.010,28, para os períodos de apuração dezembro/2006 a abril2008 e junho/2008 a dezembro/2009, e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 35725/35729), no montante total de R$ 258.776.606,61, para os períodos de apuração de dezembro/2006 a dezembro/2009. No Termo de Termo de Verificação Fiscal (fls. 35730/35795), o autuante, para fundamentar a lavratura do auto de infração, de início, discorre sobre a operação Tempo de Colheita realizada pela Delegacia da Receita Federal em Vitória – ES: · em diversos depoimentos, foi constatado que as indústrias adquiriam café de produtores rurais ou de maquinistas, mas trocavam as notas fiscais para outras de pessoas jurídicas atacadistas inexistentes de fato; · o objetivo era o de aumentar os créditos relativos às contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas, já Fl. 37217DF CARF MF 4 que, se a aquisição fosse feita de pessoas físicas ou cerealistas, o crédito presumido era de 3,2375 %, enquanto que a aquisição efetuada de pessoa jurídica atacadista gerava crédito de 9,25 %. Ademais, os créditos presumidos não podiam ser compensados ou ressarcidos em espécie; · os produtores rurais e os maquinistas expuseram em detalhes como era feito o transporte do café até as grandes indústrias e exportadoras, a troca no caminho da nota fiscal pela da pseudoatacadista e o pagamento a esta pelo fornecimento da nota; · os corretores corroboraram as afirmações dos produtores rurais e maquinistas. Reconheceram que o café adquirido pelas indústrias e exportadoras provinham de vendas de produtores rurais ou maquinistas. Do mesmo modo, reconheceram que os adquirentes eram informados de como se davam as operações, ou seja, que a venda de café era feita por pessoa física. Fizeram revelações surpreendentes de vínculos diretos de algumas exportadoras e indústrias com o esquema; · para dar a aparência de boa fé, as indústrias e exportadoras em toda operação de aquisição de café guiado por nota fiscal de pessoa jurídica “noteira” procedia das seguinte forma: a) verificava a situação cadastral da “noteira” perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil, imprimindo a certidão negativa de débito expedida; b) imprimia a situação cadastral da empresa perante o ICMS – Sintegra; c) efetuava o pagamento identificando a remetente dos recursos (indústrias/exportadoras) na conta bancária das “noteiras”; · era a indústria quem dava o aval para o corretor fechar o negócio com o produtor rural/maquinista, e este “ok” era dado apenas após a consulta da situação cadastral da empresa que seria a “noteira” perante os órgãos de fiscalização federal e estadual. Portanto, está claro que a indústria/exportadora tinha pleno conhecimento das aquisições efetuadas junto a essas pseudoatacadistas; · restou comprovado que após o recebimento dos recursos enviados pelas indústrias, as “noteiras” repassavam os recursos aos proprietários rurais/maquinistas, ou a quem esses indicavam. Inclusive foram identificados diversos recursos creditados nas contas bancárias dos produtores rurais, supridos pelas contas das empresas “noteiras”, o que corrobora as informações prestadas pelos produtores rurais e maquinistas; Fl. 37218DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.217 5 · comprovouse também que, antes da mudança na legislação relativa às contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas, as vendas dos produtores rurais e maquinistas eram realizadas diretamente à indústria/exportadora, utilizando para guiar o café as notas fiscais emitidas pelos produtores rurais ou maquinistas. Após a mudança na legislação, embora a negociação continuasse sendo realizada da mesma forma, as indústrias e exportadoras orientavam os produtores rurais e maquinistas para guiarem o café com nota fiscal em nome de uma pessoa jurídica, suposta atacadista de café (“noteira”). O objetivo, como dito, era a obtenção de crédito maior, cujo saldo poderia ser compensado ou ressarcido em espécie; · da análise das informações prestadas pelos produtores rurais, maquinistas e corretores, restou demonstrado que as indústrias e exportadoras tinham pleno conhecimento da existência das pessoas jurídicas interpostas, chegando elas, inclusive, a indicar o nome das “noteiras” que guiariam o café adquirido; · os produtores rurais mostraram total desconhecimento acerca das pseudoatacadistas (“noteiras”) cujas notas fiscais eram usadas para guiar o café vendido. Negociavam com uma determinada pessoa (corretor/corretora, maquinista ou até mesmo a empresa adquirente) e no momento da retirada do café surgiam nomes desconhecidos de “empresas” para serem utilizados no preenchimento da nota fiscal do produtor. A partir desses fatos e da necessidade de se investigar empresas localizadas em outros estados da federação, com indícios de também se tratar de pessoas interpostas, foi criado grupo de trabalho para uma nova operação de fiscalização denominada Robusta, para, inclusive, rastrear os pagamentos efetuados pelas indústrias de forma a possibilitar a identificação dos reais beneficiários das aquisições suspeitas, tendo o auditor fiscal discorrido sobre essa operação no Termo de Verificação Fiscal: · antes da deflagração da operação Robusta, foi feita uma representação ao Delegado da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto, para que solicitasse ao Ministério Público Federal local a proposição de medida judicial visando o afastamento do sigilo bancário de pessoas jurídicas inexistentes de fato, relativamente aos anoscalendário de 2005 a 2009. A partir disso, o Procurador da República requisitou a instauração de inquérito policial à Polícia Federal local. O Delegado da Polícia Federal instaurou inquérito em 27/08/2010 e, na mesma data, remeteu os autos à Justiça Federal local. Em 26/10/2010, foi deferido o pedido de afastamento do sigilo bancário nos termos da representação formulada; Fl. 37219DF CARF MF 6 · da análise dos extratos bancários verificouse uma situação peculiar: depósitos efetuados pelas indústrias e exportadoras de café, de forma identificada, para as empresas sob investigação e saídas dos recursos das contas bancárias dessas empresas logo em seguida, por meio de transferência (TED) e cheques, muitos emitidos ao próprio titular. Verificouse, como previsto, que as contas bancárias movimentadas pelas “noteiras” servem apenas de passagem dos recursos transferidos dos compradores (indústrias/exportadoras) para os vendedores de café (produtores rurais, maquinistas e cerealistas), mediante interposição fraudulenta, visando induzir a administração tributária em erro, bem como para futura alegação de boa fé. A partir disso, a fiscalização constatou que a empresa Sara Lee Cafés do Brasil Ltda. adquiriu insumos (café) das empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda., CNPJ 27.568.625/000100, Fortaleza Agro Mercantil Ltda., CNPJ 05.735.193/000142 e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, CNPJ 08.011.238/000124. No que tange à empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda., o autuante assim dispôs no Termo de Verificação Fiscal: · a fiscalizada adquiriu café da empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. nos anos de 2006 a 2009; · a representação fiscal lavrada na Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto, e que deu origem à Operação Robusta, informa que a empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. é inexistente de fato. Essa representação detalhou modus operandi das empresas comerciais atacadistas inexistentes (“noteiras”): a. funcionam como agente de intermediação na compra e venda de café entre os produtores rurais e os destinatários finais do grão, ou seja, torrefadores, indústrias, exportadores, etc.; b. por essa intermediação retinham em seu proveito quantia financeira que variava entre R$ 0,15 a R$ 0,30 + CPMF por saca de café operada. c. em alguns casos, o destinatário final entrava em contato com as “noteiras” informando sobre a necessidade de um determinado número de sacas de café, especificando a qualidade, quantidade, tipo de embalagem, preço ofertado por saca, prazo de pagamento, etc. De posse dessa informação, as “noteiras” localizavam produtores interessados na venda do produto; d. a “noteira” exigia do produtor que guiasse o produto com nota de produtor para si. Então, recebendo a nota fiscal do produtor, liberava para este o valor da venda, emitindo, em seguida, uma nota fiscal de venda para a compradora, Fl. 37220DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.218 7 retendo em seu favor apenas a parte que lhe cabia (R$ 0,15 a R$ 0,30 por saca); d. em alguns casos, as “noteiras” funcionavam como intermediárias financeiras, ou seja, recebiam a encomenda do comprador, localizavam o vendedor e no fechamento do negócio somente operavam o dinheiro. Recebiam o recurso do comprador e repassavam o dinheiro ao vendedor, sendo que o comprador podia informar outra empresa, que não as “noteiras”, para receber a nota fiscal do produtor e, assim, emitir a nota fiscal de viagem/venda; f. em outro casos, as “noteiras” nem mesmo procuravam o vendedor/produtor, pois o comprador (seja indústria, exportador ou corretora), depois de fazer a negociação com o produtor ou com a corretora de mercado futuro, apenas informava a noteira que iria precisar de seus serviços, quais sejam receber a nota do produtor, receber o dinheiro, pagar o produtor e emitir a nota fiscal de venda/viagem. · a empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. entregou as DIPJs relativas aos anoscalendário de 2005 a 2006, mas não declarou nenhuma receita (valores iguais a “zero”). Não apresentou a DIPJ relativa ao anocalendário de 2007 (omissa). Não obstante sua movimentação financeira do mesmo período foi superior a cento e oitenta e cinco milhões de reais. Digase que essa é uma situação típica das empresas inexistentes de fato que foram investigadas. Verificouse também que, apesar de essa empresa ter apresentado DCTFs referentes aos anoscalendário de 2005 a 2007, nenhum débito foi nelas informado. Além disso, nos anoscalendário de 2005 a 2007 praticamente não houve recolhimento de tributos federais, apesar da movimentação financeira milionária da empresa. Apresentou, ainda, em 2009 DIPJ como inativa. Portanto, restou devidamente comprovado que a empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. não tinha condições patrimoniais necessárias ao funcionamento como atacadista de café; · diversos corretores confirmaram que utilizaram a Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. para “guiar” o café adquirido pelas indústrias e exportadores dos produtores rurais e maquinistas. Também ficou evidenciado que as contas bancárias dessa empresa eram de passagem, ou seja, recebiam os recursos enviados pelos compradores e repassavam aos produtores rurais e maquinistas. Concluise, pois, que essa empresa foi utilizada apenas para emissão de notas fiscais a fim de dar cobertura ao esquema fraudulento de criação de créditos relativos às contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas. Fl. 37221DF CARF MF 8 A seguir, no Termo de Verificação Fiscal, o autuante cita trechos de algumas declarações prestadas na operação Tempo de Colheita, que serviram de base para a demonstração da inexistência de fato das pessoas jurídicas “noteiras”, especificamente da Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda., bem como do esquema fraudulento implementado com o objetivo de aumentar, indevidamente, o crédito apurado sobre as aquisições de café. O autuante também constatou, analisando os extratos bancários da Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda. obtidos mediante Requisição de Movimentação Financeira realizada pela Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto, do Bradesco, agência 3511, contacorrente 2658, que em diversas ocasiões após o recebimento de pagamento da empresa Sara Lee Cafés do Brasil Ltda. aquela “noteira” realizou depósitos a pessoas físicas citadas como produtoras de café no relatório da investigação. O auditor fiscal transcreve, então, parte desses extratos no Termo de Verificação Fiscal. Por essas razões, o autuante concluiu que os créditos das contribuições PIS/Pasep e de Cofins não cumulativas deviam ser glosados, e considerados como créditos presumidos referentes a apenas 3,237 %, o que a impossibilitava de se ressarcir ou compensar saldos desses créditos. Quanto à empresa Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, o auditor fiscal assim se reportou no Termo de Verificação Fiscal: · a Polícia Federal de Porto Velho – RO realizou diligência no endereço da Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, em Ariquemes – RO, tendo assim se pronunciado: No momento que chegamos ao endereço foi possível observar que existia no interior do galpão apenas alguns equipamentos (aparentemente de panificação) armazenados e uma sala ao fundo com um funcionário que informou que naquele local “mexia com nota fiscal”, embora não tivesse nenhuma identificação que ali existisse a empresa GALES foi observado que no interior do galpão, próximo à porta de entrada existe uma placa indicativa da referida empresa, conforme fotografia abaixo. · a Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME apresentou declaração de inativa relativamente ao anocalendário de 2006. Com relação aos anoscalendário de 2007 e 2009, apresentou DIPJ com opção pelo lucro presumido, porém, não declarou nenhuma receita, pois os valores declarados são todos iguais a “zero”. Além disso, essas declarações só foram apresentadas em junho e julho de 2010. Entretanto, no período de 2007/2009, teve uma movimentação financeira de R$ 43.680.858,19. Fl. 37222DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.219 9 · o objeto social da Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME é “beneficiamento de arroz”. Outro detalhe que merece destaque é a informação do funcionário encontrado no galpão dessa empresa, que afirma que naquele local se mexia com nota fiscal, o que é uma prova inequívoca que se trata de uma empresa aberta com o único objetivo de fornecer notas ficais para acobertar operação de terceiros; · a Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME segue o mesmo modus operandi da empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda.: fornece a nota fiscal e empresta a conta bancária para que as indústrias e exportadoras possam efetuar o depósito dos valores relativos às compras de café e, assim, alegar à Receita Federal que adquiriram esse produto de boa fé; · a Srª. Amélia Alves, apesar de ter sido incluída no quadro societário da Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME somente em maio de 2010, já a administrava desde 2007, ano em que essa empresa entrou no esquema fraudulento. O patrimônio dessa sócia não condiz com a movimentação financeira milionária da empresa; · o fato de que a Srª. Amélia Alves comandava a Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME desde 2007 ficou evidente também nas declarações prestadas pelo corretor Claudinei Silvestre, de Maringá: Também comprava café por intermédio da Srª. Amélia, cujo produto vinha acompanhado de nota fiscal da empresa “Galés”, localizada no município de Ariquemes/RO. Esclarece que o produto (café) era armazenado em armazéns gerais, sendo que o declarante se lembra de dois deles: JODAN, de propriedade dos irmãos José e Daniel, localizado no município de Rolim de Moura, e TUCUMÃ, localizado em Ariquemes. Com relação ao armazém geral denominado “Tucumã”, afirma que a Srª. Amélia trabalhava lá, já que o declarante, quando precisava falar com ela, ligava na “Tucumã”. · além da informação do corretor Claudinei Silvestre, no sentido de que a Srª. Amélia Alves trabalhava na empresa Tucumã – Agricultura e Florestal Ltda., CNPJ 02.240.481/000138, outros fatos demonstram a proximidade entre essa empresa e a Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – M.E. Por exemplo, as várias transferências de recursos da conta bancária desta para aquela. A empresa Tucumã foi intimada a identificar as operações que deram causa às transferências que recebeu da Galés e, em 07/07/2011, apresentou sua Fl. 37223DF CARF MF 10 resposta acompanhada de algumas notas fiscais de vendas, informando que a origem dos créditos teria sido a venda de café. Contudo, os valores e as datas constantes das notas fiscais apresentadas pela Tucumã eram totalmente diferentes daqueles dos lançamentos de créditos em sua conta bancária. Por isso, ela foi intimada novamente a apresentar documentos comprobatórios das operações, ao que respondeu se tratar os valores de adiantamentos realizados no ano de 2007, cujas remessas/entregas de café se deram no ano de 2008, e vendas recebimentos realizados nos anos de 2008 e 2009. Informou ainda que os valores recebidos dos seus clientes eram fracionados por dois motivos: as vendas eram realizadas a prazo com pagamentos em parcelas e os valores eram pagos de forma antecipada pelos seus clientes, de modo que poderiam formar capital de giro, que era utilizado para a aquisição de café diretamente dos micro e pequenos produtores rurais, até que se formassem lotes em quantidade suficiente para realizar a venda e dar saída do produto; · conforme constatado no endereço da Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, ela não possuía estrutura alguma que lhe permitisse adquirir grandes quantidades de café da empresa Tucumã – Agricultura e Florestal Ltda.; · o que fica claro na resposta da Tucumã é que ela adquiria café em coco de pequenos produtores rurais, beneficiava o produto e o revendia, ou seja, nada mais seria que uma empresa maquinista que se utilizava de notas fiscais de empresa de fachada para vender café. Destaquese que o exame dos documentos apresentados por essa empresa permite concluir que a intermediação do negócio foi efetuada pelo corretor Claudinei Silvestre, o mesmo que informara que a Srª. Amélia Alves, responsável pela Galés, era o seu contato na Tucumã; · no dia 24/05/2011, a Ind. Com. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME foi intimada a apresentar vários documentos e livros contábeis, bem como diversos esclarecimentos sobre a integralização do capital da empresa, a movimentação das contas bancárias, a razão das declarações de imposto de renda terem sido entregues com todos os valores iguais a “zero” e não ter sido entregue a do anocalendário 2009. Todavia, alegando que os documentos solicitados no termo de intimação extrapolavam o descrito no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF Diligência, nada apresentou, o que não é de estranhar, porque lhe seria impossível responder à intimação sem confessar que se tratava de empresa de fachada, com o único propósito de emitir notas fiscais para acobertar operações de terceiros. Vale destacar ainda a observação do autuante de que, nesse tipo de investigação, há um complicador que é a figura do terceiro de boa fé, ou seja, o adquirente de insumos acobertados por notas Fl. 37224DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.220 11 fiscais inidôneas, emitidas por pessoas jurídicas interpostas, que sempre alega que não sabia que tais empresas não existiam de fato. Isso porque a legislação tributária protege o terceiro de boa fé (cf. art. 45, § 5º, da Instrução Normativa nº 1.005, de 2010. No caso concreto, a fiscalizada foi intimada a comprovar os pagamentos relativos a aquisições feitas de empresas já suspensas pela RFB. Todos os pagamentos foram comprovados, o que, segundo o autuante, já era de se esperar, pois os contribuintes, cientes da condição de inexistência de fato das empresas, fazem, como dito, o pagamento nas contas bancárias de titularidade delas, visando, no futuro, a alegação de terceiro de boa fé. A seguir o auditor fiscal passa a fundamentar as glosas efetuadas a partir da análise dos créditos referentes ao PIS/Pasep e à Cofins não cumulativos. Com o intuito de se verificar a regularidade dos créditos de PIS/Pasep e de Cofins referentes às aquisições feitas pela autuada junto às sociedades cooperativas, o autuante afirma que estas foram intimadas a responder questões sobre: a. o enquadramento no modelo de cooperativa de produção, nos termos do art. 3º, § 1º, inciso III, da Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006, ou de agroindústria, nos termos do art. 6º, inciso II, da mesma instrução normativa; b. se adquiria produtos somente de associados ou também de terceiros (não associados) e, neste último caso, se segregava os valores em sua contabilidade/escrita fiscal; c. se, nos termos do art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, adotava o critério de excluir da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep os valores/receitas relacionados nos incisos I a V daquele dispositivo legal. A partir da análise das respostas fornecidas, as aquisições de café realizadas puderam ser divididas em dois grupos, quais sejam as feitas junto às cooperativas de produção agropecuária e as feitas junto às cooperativas agroindustriais. Em relação ao primeiro desses grupos, prossegue o auditor fiscal no Termo de Verificação Fiscal expondo que a Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, posteriormente alterada pela Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, e pela Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, permitiu às empresas apurarem crédito presumido quando da compra de insumos de pessoas físicas, cerealistas e cooperativas de produção agropecuária. Enquadramse nessa hipótese, as aquisições de café feitas pela autuada junto às seguintes cooperativas: Fl. 37225DF CARF MF 12 Porém em quase a totalidade dessas aquisições, a autuada calculou crédito integral, ao invés de calcular crédito presumido, como determina a legislação. O autuante esclarece que também foram enquadradas como crédito presumido, por ser mais benéfico à fiscalizada, as aquisições feitas junto às cooperativas para as quais não foram obtidas respostas às intimações: Concluiu, então, o auditor fiscal que, em obediência ao art. 8º, § 1º, inciso III, c/c § 3º, inciso III, da Lei nº 10.925, de 2004, os créditos integrais considerados pela autuada seriam glosados e concedidos os devidos créditos presumidos (35% dos créditos integrais). Quanto ao segundo grupo, o das cooperativas agroindustriais, o autuante afirma que, de acordo com os §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, c/c § 1º, inciso II, do art. 9º do mesmo diploma legal, a suspensão das contribuições PIS/Pasep e Cofins não se aplica às vendas feitas pelas cooperativas que exercem atividade agroindustrial, não havendo, pois, que se falar em créditos presumidos. No caso, foram essas as cooperativas agroindustriais das quais a autuada adquiriu insumos (café): Dessa forma, conclui o auditor fiscal que, como as vendas não saem com suspensão e as cooperativas agroindustriais que forneceram à fiscalizada excluem da base de cálculo os valores das mercadorias adquiridas de seus associados, conforme respostas fornecidas por elas próprias, a autuada não podia se Fl. 37226DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.221 13 creditar de nenhum valor a título de PIS/Pasep ou Cofins nessas aquisições. Com efeito, nos termos do § 2º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, as vendas efetuadas pelas sociedades cooperativas agroindustriais à autuada não estão sujeitas à incidência do PIS/Pasep e da Cofins e, por conseguinte, não geram direito a crédito, razão pela qual todos os créditos referentes a essas operações utilizados pela contribuinte foram glosados. No tocante aos bens incorporados ao ativo imobilizado, o art. 3º, inciso VI, das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2004, permitia às empresas o aproveitamento de créditos relativos aos encargos de depreciação. Todavia, o art. 31 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2005, vedou o desconto de créditos relativo aos encargos de depreciação de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30/04/2004. O auditor fiscal apurou que a autuada utilizou desconto de créditos relativos aos encargos de depreciação relativos a bens que foram adquiridos antes de 30/04/2004, razão pela qual tais descontos foram glosados. Com relação às aquisições realizadas pela contribuinte junto a pessoas jurídicas cerealistas, que exercem atividades agropecuárias, elas deveriam ser realizadas, obrigatoriamente, com suspensão da exigibilidade das contribuições do PIS/Pasep e da Cofins, a teor do disposto na Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. Para essas operações a autuada deveria ter apropriado crédito presumido e não crédito integral, como equivocadamente fez ao calcular as contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas, a teor do disposto no art. 8º, inciso II, da citada Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. Segundo o autuante, tomandose emprestadas as provas obtidas na fiscalização acobertada pelo MPF 08107002010002262, que também fez parte da Operação Robusta, sabese que diversos fornecedores confirmaram que se enquadravam no conceito de cerealistas ou que exerciam atividades agropecuárias. Dentre estas empresas a fiscalizada adquiriu café das seguintes: Exportadora de Café Astolpho Ltda, CNPJ 07.764.089/000101, e Valorização Empresa de Café S.A., CNPJ 01.316.790/000262, razão pela qual os créditos apurados nas aquisições efetuadas junto a essas duas pessoas jurídicas foram considerados créditos presumidos, glosandose parcialmente os créditos indevidamente apropriados. O auditor fiscal glosou também, no cálculo das contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas, os créditos apropriados indevidamente em razão das aquisições de café de produtores rurais, maquinistas e cerealistas “guiados” com nota fiscal das empresas inexistentes de fato Miranda Com. Imp. e Exp. de Carfé Ltda. e Ind. Com. Impl. Exp. de Cereais Galés, considerando, entretanto, os créditos presumidos decorrentes dessas operações que poderiam ser abatidos. Fl. 37227DF CARF MF 14 Assim, o autuante, considerando todas as glosas de créditos feitas, recalculou as contribuições PIS/Pasep e Cofins não cumulativas devidas pela autuada, constituindo, por meio de lançamento de ofício, o crédito tributário devido em razão da insuficiência de recolhimentos/declaração. O auditor fiscal destacou que o lançamento do PIS/Pasep e da Cofins sujeitase ao art. 150, § 4º da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, mas que, dado que a fiscalizada constituiu créditos indevidos e deixou de recolher as contribuições devidas, coube então a aplicação do art. 149, inciso VII, também do CTN, efetuandose, pois, o lançamento de ofício. E sendo de ofício o lançamento da diferença apurada, entendeu o autuante que deveria ser aplicado o disposto no art. 173, inciso I, do CTN. Por fim, o auditor fiscal assim fundamentou a qualificação da multa de ofício: A fiscalizada constituiu, reiteradamente, créditos integrais sobre a aquisição de café de produtores rurais e maquinistas utilizandose de notas fiscais de empresa de fachada (noteiras). A fiscalizada também constituiu, reiteradamente, créditos integrais sobre a aquisição de café de cerealistas e cooperativas de produção agropecuária, sendo conhecedora de que somente poderia constituir créditos presumidos sobre tais aquisições. Além disso, constituiu, reiteradamente, créditos integrais sobre a aquisição de café de cooperativas agroindustriais que excluíam da base de cálculo do PIS/COFINS os valores das mercadorias adquiridas de seus associados, sendo conhecedora de que não poderia constituir quaisquer créditos sobre tais aquisições. Friso que a prática reiterada de constituição de créditos indevidos ultrapassa as fronteira de mero erro de apuração. Os créditos permitidos estão delimitados nos artigos 3º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, exclusivamente. Cabe destacar que por se tratarem de normas que implicam desoneração tributária (redução da contribuição devida), não se pode dar a elas interpretação extensiva, consoante regra de hermenêutica consagrada no art. 111 da Lei nº 5.172/66 – Código Tributário Nacional (CTN). Portanto, não há suporte legal específico para a constituição dos créditos irregulares, os quais foram glosados pela fiscalização neste procedimento. Portanto, restou flagrantemente caracterizado o evidente intuito de fraudar a Fazenda Pública Federal, fato suficiente para justificar a exasperação da penalidade na forma prevista no citado art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996 (...). (...) Fl. 37228DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.222 15 Ressaltese que qualquer conduta irregular do sujeito passivo estará sempre enquadrada em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502 de 30 de novembro de 1964. Portanto, é irrelevante distinguir se a conduta fraudulenta se configurou em sonegação, fraude ou conluio, bastando apenas que a conduta irregular se enquadre em qualquer um dos tipos infracionais definidos na citada lei. O autuante informa ainda que, nos termos do art. 1º da Portaria RFB nº 2.439, de 21/12/2010, formalizou representação fiscal para fins penais, em razão de ter considerado a presença, em tese, de crime contra a ordem tributária, com a reiterada inserção de elementos indevidos na apuração de créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, ressalvando que essa representação deverá permanecer no âmbito da RFB até decisão final na esfera administrativa sobre a exigência fiscal do crédito tributário. Cientificada do auto de infração em 31/08/2012 (fl. 35797), a contribuinte apresentou impugnação em 28/09/2012 (fls. 35829/35906), na qual, após dizer da tempestividade de sua contestação, alega que: · adota uma política uniforme para cadastro de fornecedores e para compra dos produtos utilizados em sua atividade. Para se certificar da idoneidade e da regularidade fiscal de seus fornecedores, implementou a “Política de Cadastro de Fornecedores”, de 06/07/2004, cujas regras determinam os procedimentos a serem adotados para a certificação da austeridade do fornecedor. Somente após as verificações, o fornecedor é habilitado para vender à impugnante. Tão rígido é o controle que a emissão do “Pedido de Compra” somente é autorizada a funcionários previamente habilitados e apenas em relação a fornecedores previamente cadastros; · todos os pagamentos decorrentes de aquisição de café são realizados via boleto, cheques ou transferências bancárias diretamente aos fornecedores e nas contas previamente indicadas por eles e somente após verificado que a conta corrente indicada é de fato de titularidade do fornecedor. Jamais os pagamentos são feitos a terceiros indicados pelos fornecedores ou a qualquer outra pessoa jurídica ou física que não seja o próprio fornecedor; · os produtos adquiridos segundo essa política da empresa são entregues sob condição CIF, ou seja, o transporte e a entrega são de responsabilidade do fornecedor, de forma que os produtos (café) adquiridos são todos entregues no estabelecimento da impugnante; Fl. 37229DF CARF MF 16 · em nenhum momento há a comprovação de que a autuada participou das fraudes relatadas pela autoridade fiscal. Digase “relatada” porque no Termo de Verificação Fiscal o autuante simplesmente descreve o que seria parte do inquérito da Polícia Federal (operações “Tempo de Colheita” e “Robusta”) a que, aliás a contribuinte não teve acesso; · não pode ter lavrado contra si um auto de infração de tamanho porte e monta como o presente, simplesmente porque a autoridade fiscal concluiu, com base em presunção, que houve a participação da impugnante, que não era – e não é – parte do rol das empresas investigadas pela Polícia Federal. Foi intimada pela Polícia Federal a apresentar os pagamentos realizados a duas empresas que estavam sob investigação, o que foi devidamente cumprido. Entretanto, o fato de ter realizado pagamento a essas empresas – apenas duas do rol de cinquenta investigadas –, que eram seus fornecedores, não autoriza a acusação de ser participante da fraude investigada, reputandolhe todos os efeitos fiscais e, o que é pior, sem nenhuma prova cabal; · a situação é tão esdrúxula que o auditor fiscal não só aplicou a multa qualificada, como também a estendeu à totalidade das supostas infrações que teriam sido cometidas. Ora, não há como admitir que a questão relativa a créditos sobre depreciação de bens do ativo possa ser considerada fraude e muito menos que possa estar relacionada às operações investigadas pela Polícia Federal. Além da questão envolvendo fornecedores supostamente inidôneos, o autuante fundamenta o auto de infração em outras questões que dizem respeito somente à interpretação da legislação fiscal aplicável, sendo que, de modo algum isso poderia ensejar a aplicação de multa qualificada. Isso só demonstra que a autoridade fiscal simplesmente ignorou os princípios básicos previstos na Constituição Federal e que norteiam o Direito Tributário, como a ampla defesa, tipicidade, ônus da prova, entre outros; · sempre foi séria, diligente e transparente nos seus negócios, cumprindo sua obrigação de checar a regularidade dos fornecedores nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, mas não lhe cabe exercer o poder de polícia, chegando às raias de investigar a existência de fato de seus fornecedores, obrigação que é da autoridade fiscal e, dependendo do caso, da Polícia Federal; · o lançamento de ofício é insubsistente, pois decorreu de possíveis irregularidades envolvendo seus fornecedores que não guardam relação com a autuada. As infrações de natureza tributária não podem ser baseadas simplesmente em presunções ou indícios, devendo os fatos e o nexo de causalidade entre a infração imputada e a conduta do sujeito passivo ser cabalmente Fl. 37230DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.223 17 demonstrados e comprovados, assegurando ao sujeito passivo o direito ao contraditório e à ampla defesa, o que não ocorreu no presente caso; · a presunção criada pelo auditor fiscal afronta diretamente os princípios da legalidade, do contraditório e da ampla defesa assegurados pela Constituição Federal, bem como pelo art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e pelo art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que rege de forma subsidiária o procedimento administrativo em âmbito federal; · não obstante o fato de não ter sido parte das investigações mencionadas pelo autuante, em nenhum momento teve acesso ao inquérito policial nº 000659474.2010.403.6106, uma vez que referido procedimento de investigação tramita sob segredo de justiça; · caracterizado o nítido cerceamento do direito de defesa, o auto de infração deve ser integralmente cancelado; · se levado em conta o entendimento consubstanciado no Termo de Verificação Fiscal, notase que, apesar de não ter havido formalmente a desconsideração da personalidade jurídica das empresas atacadistas que forneciam os insumos à autuada, em termos práticos foi exatamente isso o que aconteceu, na medida em que a contribuinte foi equiparada a sociedade adquirente de produtos comercializados por empresas cerealistas ou que desenvolviam atividades agropecuárias, e não por empresas atacadistas, como de fato elas eram. No entanto, a desconsideração da personalidade jurídica é medida extrema que só pode ser autorizada quando verificada uma das hipóteses previstas nos seguintes dispositivos: art. 28 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor); arts. 117 e 118 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades Anônimas); art. 18 da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994 (Lei Antitruste); e art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Todos esses dispositivos têm por base a má administração da sociedade, questão que sequer foi discutida no presente caso. Assim, não há nenhum elemento que possa justificar a desconsideração da personalidade jurídica dos fornecedores da autuada, não podendo se ignorar o fato de eles serem empresas comerciais atacadistas, e não empresas cerealistas ou que desenvolviam atividades agropecuárias, como pretende o auditor fiscal. Ademais, a desconsideração da personalidade jurídica extrapolaria a própria competência da autoridade fiscal, já que, de acordo com os dispositivos acima citados, essa prerrogativa caberia tãosomente à autoridade judicial; Fl. 37231DF CARF MF 18 · considerando que, de acordo com o disposto no art. 1º, caput, da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 1º, caput, da Lei nº 10.833, de 2003, os fatos geradores do PIS/Pasep e da Cofins são mensais, a exigência relativa aos fatos geradores ocorridos até agosto/2007 já se encontra fulminada pela decadência, em conformidade com o § 4º do art. 150 do CTN. A autoridade fiscal, contudo, acusou a contribuinte de ter agido de forma fraudulenta e, com base nessa frágil premissa, alegou que o prazo decadencial aplicável seria o do art. 173, inciso I, do CTN, o que não pode prosperar, já que não ocorreu, como dito, a comprovação de dolo, fraude ou simulação. Desse modo, o auto de infração lavrado em 29/08/2012 não poderia exigir valores anteriores a agosto de 2007; · nos termos do § 1º, inciso I e II, do art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, a suspensão do PIS/Pasep e da Cofins prevista no caput desse artigo não se aplica para as vendas de café (código NCM 0901) realizadas por pessoas jurídicas que, cumulativamente, padronizem, beneficiem, preparem e misturem tipos de café. A esse respeito, cabe destacar que as atividades para as quais a suspensão não ocorre são, em síntese, aquelas que o art. 165, § 1º, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 13/11/2009, c/c o inciso III do mesmo dispositivo define como atividades agroindustriais. Dessa forma, uma vez caracterizada a pessoa jurídica como agroindustrial, a suspensão prevista pelo art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, deixa de ser aplicável, independentemente de o fornecedor ser eventualmente considerado como cerealista ou explorador de atividades agropecuárias em seus documentos societários; · os créditos presumidos de PIS/Pasep e de Cofins previstos pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, somente devem ser apurados quando houver aquisição de café in natura junto às seguintes pessoas jurídicas: cerealistas, pessoas jurídicas que exercessem atividades agropecuárias e cooperativas de produção agropecuária; · nas aquisições de café que tenha sido beneficiado (não se encontrando, portanto, em estado in natura) ou que proceda de pessoas jurídicas agroindustriais, não se aplicam nem os créditos presumidos de PIS/Pasep e de Cofins, nem a suspensão dessas contribuições; · a autoridade fiscal equivocadamente adotou a premissa de que, tratandose de vendas de café realizadas por cooperativas ou por pessoas jurídicas supostamente agropecuárias, aplicarseia automaticamente a suspensão e o crédito presumido previstos nos arts. 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004. No entanto, a glosa feita pelo autuante não merece prosperar porque não corresponde ao que efetivamente determinam esses dispositivos legais; Fl. 37232DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.224 19 · o autuante acusa a autuada de registrar indevidamente créditos de PIS/Pasep e de Cofins na aquisição de café cru de diversas cooperativas (em seu entender, agropecuárias) e empresas por ele consideradas como cerealistas ou que exerçam atividades agropecuárias. Ocorre que a contribuinte: (i) não adquiriu café in natura desses fornecedores; (ii) de acordo com as informações prestadas pelos seus próprios fornecedores, não adquiriu produtos junto às pessoas jurídicas referidas pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004; e (iii) o registro dos créditos se deu com base em informações prestadas pelos próprios fornecedores nas notas fiscais que foram emitidas em cada uma das aquisições e em decorrência da sistemática nãocumulativa prevista na legislação; · o café adquirido pela autuada não se encontrava no estado in natura. Com efeito, a contribuinte adquire café cru de seus fornecedores, o que não se confunde com o café in natura, ao qual se reporta o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004. Um produto considerado in natura é aquele que se encontra da mesma forma como na natureza, ou seja, sem passar por nenhum processo de transformação, processamento ou alteração de suas propriedades organolépticas. Especificamente para os casos de produtos alimentícios, o art. 2º do DecretoLei nº 986, de 21 de outubro de 1969, que institui normas básicas sobre alimentos, define alimento in natura como todo alimento de origem vegetal ou animal, para cujo consumo imediato se exija apenas, a remoção da parte não comestível e os tratamentos indicados para a sua perfeita higienização e conservação. Por sua vez, segundo o disposto na Resolução CNNPA nº 12, de 24 de julho de 1978, o café cru, produto adquiridos pela contribuinte nas operações comerciais questionadas pelo auditor fiscal, é definido como a semente beneficiada do fruto maduro de diversas espécies de café. Já beneficiamento é definido pelo art. 4º do inciso II, do Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010 (Ripi/10), como o processo que caracteriza industrialização, por meio do qual haja a modificação, aperfeiçoamento ou, de qualquer forma, a alteração do funcionamento, da utilização, do acabamento ou da aparência do produto. Portanto, a própria legislação define o café cru como um produto beneficiado, de tal modo que o primeiro dos requisitos previstos pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, para ensejar a aplicação de créditos presumidos (aquisição de café in natura) não se verifica no presente caso; · a autuada não adquiriu produtos das pessoas jurídicas a que se reportam os arts. 8º e 9º da Lei nº 10.924, de 2004, mas sim de pessoas jurídicas que exercem atividades agroindustriais e que, por conseguinte, não estão sujeitos à aplicação da suspensão do PIS/Pasep e Fl. 37233DF CARF MF 20 da Cofins e, por isso, não ensejam a aplicação dos créditos presumidos; · seus fornecedores não se enquadram em nenhuma das classificações definidas pelo § 1º do art. 3º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho de 2006, uma vez que: (i) não são cerealistas, por não vender produtos in natura, como explicado no item anterior; (ii) não exercem atividades agropecuárias, segundo definição contida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e/ou (iii) no caso de cooperativas, não comercializam produtos de seus associados, mas de sua própria titularidade. Para demonstrar essa situação, a impugnante colacionou ao presente processo administrativo cópias do CNPJ e do cadastro no Sintegra das pessoas jurídicas indicadas pelo autuante no Termo de Verificação Fiscal. Além disso certificouse junto a cada um dos fornecedores sua respectiva natureza jurídica, a fim de assegurar que estava adotando o procedimento correto. O resultado dessa certificação está consubstanciado em questionários encaminhados pelos próprios fornecedores à autuada, nos quais lhes eram requisitadas as seguintes informações: (1) A sua empresa se enquadra nas atividades de padronização, beneficiamento, preparo e mistura de tipos de café para definição de aroma e sabor ou a atividade de separar café por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial? (2) A sua empresa é beneficiária de algum regime especial de tributação ou suspensão de impostos previstos na Lei 10.924/04? I – Caso seja beneficiada da suspensão do PIS e da Cofins em suas notas fiscais deverão obrigatoriamente: a) ser abatidos no valor total o montante relativo a PIS/Cofins; b) mencionar a seguinte mensagem no corpo da nota fiscal: “Saída com suspensão do PIS/Cofins nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, com alteração da Lei 11.051/2004” II – Caso não seja beneficiária da suspensão do PIS/Cofins deverá constar no corpo da nota fiscal os seguintes termos: “Saída sem suspensão do PIS e Cofins nos termos do artigo 9º da Lei 10.925/2004, com alteração da Lei 11.051/2004” (3) A sua empresa está cadastrada na Receita Federal como cerealista ou pessoa jurídica de atividade agropecuária? Fl. 37234DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.225 21 (4) A sua empresa é uma cooperativa de produção agropecuária? Em caso positivo enviarnos carta informando esta condição para que não efetuemos as retenções de IR e CSLL nos termos da MP 232/2004, a partir dos pagamentos de 01/03/2005. (5) O café que está sendo adquirido é de titularidade da cooperativa ou de algum cooperado? Caso seja de cooperado mencionar os dados do mesmo na nota fiscal. (6) A empresa propôs alguma medida judicial em relação à Lei 11.051/2004 ou da Medida Provisória 232/04? Em caso positivo anexar a cada fornecimento a certidão de objeto e pé referente à ação proposta. · além da compilação e dos documentos pertinentes aos questionários respondidos pelos fornecedores, cujas perguntas foram acima transcritas, anexaramse ainda aos autos Estatutos Sociais disponibilizados por alguns fornecedores, os quais confirmam as informações prestadas, bem como a correção dos procedimentos adotados; · o autuante precipitouse ao equiparar os fornecedores da autuada às pessoas sujeitas ao regime especial instituído pela Lei nº 10.925, de 2004, pois na verdade tratase de cooperativas ou de pessoas jurídicas que exploram atividades de natureza agroindustrial, que, conforme reconhecido expressamente pela própria Receita Federal do Brasil, não se sujeitam às regras dos arts. 8º e 9º da referida lei; · apenas o fato de o procedimento adotado pela contribuinte estar devidamente embasado em respostas dadas por escrito pelos seus fornecedores já seria suficiente para eximila de qualquer responsabilidade pelo suposto registro indevido dos créditos de PIS/Pasep e de Cofins decorrentes de produtos adquiridos junto a essas pessoas jurídicas; · todos os documentos que a contribuinte recebeu de seus fornecedores (notas fiscais) continham a seguinte informação no campo “Informações Complementares”: Saída sem suspensão de PIS e COFINS nos termos do art. 9º da Lei 10925/04, com alteração da Lei 11051/04. Para comprovar essa situação, apresenta notas fiscais emitidas por fornecedores referidos pelo autuante, que demonstram de forma cabal e irrefutável não ter ocorrido a aplicação da sistemática prevista pela Lei nº 10.925, de 2004, nas operações de venda de café cru; Fl. 37235DF CARF MF 22 · a glosa feita pelo auditor fiscal em razão de seus fornecedores (cooperativas agroindustriais) terem excluído de suas respectivas bases de cálculo de PIS/Pasep e de Cofins valores supostamente repassados a seus cooperados se deu por um equívoco na interpretação do disposto no art. 3º, § 2º, inciso II, das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, com redação dada pela Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004. Conforme determina expressamente esses dispositivos, apenas as seguintes situações não ensejam o direito aos créditos: (i) isenção; (ii) sujeição à alíquota zero; ou (iii) não incidência das contribuições. Nenhuma dessas situações, entretanto, se aplica ao presente caso. Ademais, a partir das informações prestadas pelos fornecedores, ainda que tivesse havido o referido repasse aos cooperados, é de se notar que a autuada não teria como saber dessas ocorrências, já que não há informações a respeito nas notas fiscais e essa questão diria respeito exclusivamente à relação jurídica entre cada fornecedor e seus cooperados, de modo que, eventual ausência de pagamento do PIS/Pasep e da Cofins pelas cooperativas agroindustriais ou pelas pessoas para quem essas cooperativas repassem os valores recebidos, deveria implicar a cobrança dessas pessoas, e não da impugnante, que agiu de forma diligente e em observância ao disposto na legislação fiscal aplicável; · antes mesmo das limitações impostas pelo art. 31 da Lei nº 10.865, de 2004, as Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, expressamente autorizavam a tomada de créditos sobre encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado. A referida alteração normativa, portanto, ofendeu a diversos princípios constitucionais de Direito Tributário, em especial o da irretroatividade da lei tributária, o da segurança jurídica, o do direito adquirido e o da nãosurpresa. · E não se diga que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento não poderia examinar ofensas a princípios gerais de Direito Tributário embasados em normas constitucionais, pois, conforme já decidido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão CSRF/0103.620, é dever dos órgãos julgadores na esfera administrativa assegurar ao contribuinte o contraditório e a ampla defesa, analisando e avaliando a aplicação de norma que implique a violação de princípios constitucionais estabelecidos na Lei Maior; · a exigência referente à glosa de créditos decorrentes de transações comerciais com as empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME não merece prosperar porque a contribuinte agiu de boa fé e diligentemente no desenvolvimento de seus negócios com essas empresas, de forma que não cabe lhe ser transferido o ônus de tributos eventualmente não recolhidos por elas. Além Fl. 37236DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.226 23 disso, a diligência e a boa fé das empresas adquirentes de mercadorias são fatores decisivos para lhes reconhecer o direito ao crédito de PIS/Pasep e de Cofins apurados em observância ao princípio da não cumulatividade. · Citase jurisprudência tanto do Carf, como do Superior Tribunal de Justiça; · • o parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.430, de 1996, e o § 5º do art. 43 da Instrução Normativa RFB nº 1.183, de 19 de agosto de 2011, expressamente asseguram a possibilidade de manutenção de créditos de documentos considerados posteriormente inidôneos quando resta demonstrada a boa fé do contribuinte (terceiro interessado); · não se pode pretender descaracterizar a diligência e o dever de boa fé da impugnante, como pretendeu fazer o autuante no Termo de Verificação Fiscal, pois o dever de boa fé se manifesta principalmente por meio do cumprimento de deveres de prestação de informações, que, em última análise, levam as partes à confiança mútua e, consequentemente, à materialidade da regulação jurídica: · em relação à empresa Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda, apresenta em anexo cópias dos seguintes documentos: comprovante de inscrição e de situação cadastral perante o CNPJ, no qual sua situação conta como “ativa”; Cartão de Recepção dos Padrões Globais para Fornecedores, entregue a essa empresa pela autuada em 22/02/2006, assim como em 23/01/2007; questionário enviado pela impugnante no qual aquela empresa afirma expressamente que não é beneficiária de nenhum regime especial de tributação ou suspensão de impostos previstos na Lei nº 10.925, de 2004, nem é cadastrada perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil como cerealista, pessoa jurídica de atividade agropecuária ou cooperativa de produção agropecuária; · em relação à empresa Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, apresenta em anexo cópias dos seguintes documentos: comprovante de inscrição e de situação cadastral perante o CNPJ e o Sintegra, nos quais sua situação consta, respectivamente, como “ativa” e “habilitada; Certidão Conjunta Negativa de Débitos Relativos aos Tributos Federais e à Fl. 37237DF CARF MF 24 Dívida Ativa da União e Certidão Negativa de Débitos Estaduais em nome da Galés; folha de cheque emitida em nome da Galés, que demonstra que essa sociedade mantinha conta junto a instituição financeira devidamente autorizada a operar no país pelo Banco Central do Brasil; Cartão de Recepção dos Padrões Globais para Fornecedores, entregue a essa empresa pela autuada; questionário enviado pela impugnante no qual aquela empresa afirma expressamente que não é beneficiária de nenhum regime especial de tributação ou suspensão de impostos previstos na Lei nº 10.925, de 2004, nem é cadastrada perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil como pessoa jurídica de atividade agropecuária ou cooperativa de produção agropecuária; · dos documentos referentes às empresas cujas cópias Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, vale notar que no Cartão de Recepção dos Padrões Globais para Fornecedores a autuada deixa claro, dentre outros deveres, que os fornecedores não ocultarão, não deixarão de registrar informações, nem registrarão entradas falsas. Todos os livros, registros e contas financeiras devem refletir de maneira precisa operações, pagamentos e acontecimentos e estar em conformidade com os princípios de contabilidade geral e com os controles internos apropriados; · cabe ressaltar que a própria RFB já se manifestou em Processo de Consulta (nº 97/03 da 7ª Região Fiscal, de 15/04/2003), no sentido de que a declaração prestada por uma das partes exime a outra de responsabilidade pela veracidade e cumprimento do declarado; · o dever da fiscalização e o poder de polícia são prerrogativas exclusivas das autoridades fiscais, e não da contribuinte. Não cabe à autuada investigar a real situação fática de seus fornecedores. A contribuinte, por se tratar de uma grande empresa atacadista, adquire diariamente mercadorias de uma quantidade bastante pulverizada de fornecedores, e seria, no mínimo, inviável investigar a regularidade fiscal de todos esses fornecedores a todo momento. Desse modo, a impugnante não poderia ser responsabilizada por fato que desconhecia e que a lei não lhe exigia conhecer; · há entendimento consolidado tanto na esfera administrativa (CSRF), quando na esfera judicial (STJ), no sentido de que cabe às autoridades fiscais punir empresas em situação irregular, e não os contribuintes que com elas transacionaram, não tendo os contribuintes o poder de polícia atribuído àquelas autoridades, nem a Fl. 37238DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.227 25 obrigação legal de fiscalizar os atos e comportamentos de seus parceiros comerciais; · em razão da própria política de compras da autuada, os produtos por ela adquiridos são sempre entregues por seus fornecedores em seus estabelecimentos próprios, localizados no Estado de São Paulo, de modo que sequer chega a tomar conhecimento ou a se responsabilizar pelo caminho feito pelos transportadores respectivos ou por eventuais irregularidade ocorridas no percurso. Isso pode ser comprovado por meio das Confirmações de Pedido emitidas pelas empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, anexadas aos autos, que confirmam o fato de as mercadorias serem embarcadas nos Estados do Espírito Santo e de Rondônia, respectivamente, para serem sempre descarregadas nos estabelecimentos da impugnante no Estado de São Paulo. Esse fato corrobora a completa ausência de relação entre as acusações feitas pelo auditor fiscal e o que efetivamente ocorre no presente caso; · de acordo com o disposto no art. 80 da Lei nº 9.430, de 1996, e nos arts. 29 e 30 da Instrução Normativa RFB nº 1.181, de 2011, para que a contribuinte estivesse legalmente vedada a aproveitar os créditos de PIS/Pasep e de Cofins decorrentes da aquisição de insumos junto à Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e à Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, a autoridade fiscal deveria ter realizado a série de procedimentos para declarar tais empresas inaptas perante o CNPJ. Com efeito, nos termos do art. 43 da citada instrução normativa, a vedação ao creditamento somente procede com a declaração de inaptidão da pessoa jurídica perante o CNPJ, o que não ocorreu no presente caso. A esse respeito o Carf em diversas oportunidades já reconheceu que não procede a glosa de créditos decorrentes de notas fiscais supostamente inidôneas sem que haja expressa manifestação da autoridade fiscal a respeito da inaptidão do fornecedor antes da celebração do negócio jurídico. Se essas empresas estão regulares perante o CNPJ, não caberia à contribuinte suspeitar de sua idoneidade, que, vale notar, somente foi aventada pela Polícia Federal, operação esta que tramita sob segredo de justiça e, logo, não lhe permite acesso. Ademais, os documentos fiscais que diziam respeito às operações ora questionada gozavam de presunção de veracidade e, portanto, propiciavam o creditamento; · o parágrafo único do art. 82 da Lei nº 9.430, de 2006, e o § 5º do art. 43 da Instrução Normativa RFB nº 1.183, de 2011, expressamente asseguram a possibilidade de manutenção de créditos de documentos considerados posteriormente inidôneos quando as operações tenham efetivamente ocorrido. No caso, como demonstram os Fl. 37239DF CARF MF 26 documentos anexados aos autos e que já haviam sido apresentados ao longo do procedimento de fiscalização, as operações de aquisição de insumos junto à Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e à Ind. Com. Imp.Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME efetivamente ocorreram, tendo sido devidamente efetuados os pagamentos pelas mercadorias, diretamente nas contas bancárias indicadas por elas, ensejando assim o direito aos créditos de PIS/Pasep e de Cofins. Citase jurisprudência administrativa. Dessa forma, essas operações, por serem efetivas e realizadas entre partes independentes e não relacionadas, não poderiam de modo algum serem desconsideradas pelo auditor fiscal tãosomente pelo fato de terem sido alvo de investigações da Polícia Federal, das quais a impugnante sequer faz parte e às quais não pode ter acesso; · ainda que as empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME fossem de fato consideradas inidôneas (o que, conforme mencionado, não ocorreu até o presente momento), a legislação fiscal aplicável determina que, tendo a autoridade fiscal identificado os responsáveis pelas infrações mencionadas ao longo do Termo de Verificação Fiscal, é imperativo que as contribuições potencialmente devidas sejam exigidas dessas sociedades, que são efetivamente as empresas infratoras. Isso porque, se tratando de dolo, a responsabilidade é subjetiva, pessoal do agente, a teor do disposto no art. 137 do CTN. A corroborar esse entendimento, ressaltese que, no Termo de Verificação Fiscal, o autuante não afirma em nenhum momento que a autuada teria participado dos atos que foram investigados no contexto das operações Tempo de Colheita e Robusta, e tampouco apresenta provas contundentes e convincentes a respeito da participação da impugnante. Além disso, a impugnante não contribuiu para o comportamento supostamente malicioso dessas empresas e em nenhum momento demonstrou intenção de sonegar impostos ou fraudar o Fisco. Portanto, não tendo participado da prática de nenhuma irregularidade, não pode ser responsabilizada por eventual fraude praticada por outrem; · em nenhum momento o auditor fiscal questionou a efetiva utilização dos bens adquiridos pela autuada em seu processo produtivo, ou seja, não colocou em dúvida o fato de que as mercadorias adquiridas são efetivamente empregadas nas suas atividades. Logo, considerando a própria sistemática não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins (art. 3 º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003), os valores creditados são legítimos, pois, apurados em conformidade com a legislação vigente; · no presente caso, todas as operações efetuadas pela contribuinte estavam devidamente escrituradas em sua contabilidade, nos exatos termos prescritos pela Fl. 37240DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.228 27 legislação em vigor, o que faz prova a seu favor, a teor do disposto nos arts. 923 e 924 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99). Por isso, o auditor fiscal deveria ter considerado a contabilidade e os documentos apresentados ao longo da fiscalização, bem como suas operações, tal como elas efetivamente ocorreram, o que levaria à conclusão de que os créditos registrados são válidos e legítimos, de modo que não subsistiriam as glosas pretendidas; · a multa qualificada de cento e cinquenta por cento não poderia ter sido aplicada, pois não ocorreu conduta simulada, dolosa ou fraudulenta por parte da autuada. Ademais, não há nenhum nexo de causalidade imputável à impugnante que justifique a aplicação da multa qualificada; · o autuante aplicou multa qualificada sobre a totalidade das infrações imputadas, quando tal qualificação, no seu entender, decorreu tãosomente da suposta prática de fraude no aproveitamento de créditos relacionados à aquisição de insumos junto a empresas investigadas no contexto das operações Tempo de Colheita e Robusta. Em outras palavras, em razão de uma infração cujo valor não passa de 3,5 % do total questionado no presente lançamento de ofício, o auditor fiscal aplicou a severa multa qualificada sobre o total dos valores exigidos. Para os itens que não dizem respeito à investigação feita nessas operações, o autuante em nenhum momento alega ter ocorrido sonegação, fraude ou conluio, requisitos indispensáveis para a qualificação da multa de ofício, nos termos do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, razão pela qual, para esses itens, a qualificação da multa deve ser prontamente afastada, dada a total ausência de fundamentação fática e jurídica; · com relação às aquisições de insumos junto a empresas investigadas nas operações Tempo de Colheita e Robusta, embora aventada, em nenhum momento foi efetivamente comprovada pela autoridade fiscal a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio, segundo o art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, como se conclui a partir da leitura da seguinte passagem do Termo de Verificação Fiscal: Ressaltese que qualquer conduta irregular do sujeito passivo estará sempre enquadrada em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502 de 30 de novembro de 1964. Portanto, é irrelevante distinguir se a conduta fraudulenta se configurou em sonegação, fraude ou conluio, bastando apenas que a conduta irregular se enquadre em qualquer um dos tipos Fl. 37241DF CARF MF 28 infracionais definidos na citada lei. (não destacado no original) Assim, valendose de mera presunção e do fato de a impugnante haver negociado com empresas investigadas, imputa a grave acusação de ter agido mediante fraude, sem haver nos autos nenhum nexo de causalidade ou documento que corrobore essa alegação; · conforme a já consolidada jurisprudência do Carf, para aplicação da multa qualificada, as autoridades fiscais devem trazer provas inequívocas da ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Se no caso em tela não se permite sequer cogitar de uma suspeita minimamente racional de fraude ou de qualquer tipo de conduta dolosa por parte da impugnante, é lógico então que não se pode falar em evidente intuito de fraude; · segundo a jurisprudência do Carf, é inaplicável a multa qualificada sem que a autoridade fiscal produza provas que evidenciem o nexo de causalidade entre a conduta do sujeito passivo (que deve apontar para o evidente intuito de fraude) e as supostas infrações de natureza tributária. Especificamente para as infrações semelhantes às tratadas neste caso (suposto aproveitamento indevido de créditos de PIS/Pasep e de Cofins), devese ainda restar comprovada a atuação em conluio com os respectivos fornecedores, o que não foi em momento algum demonstrado pelo auditor fiscal. Anexase aos autos acórdão no qual o Carf tratou da aplicação de multa qualificada sobre supostas infrações decorrentes de esquema investigado pela Polícia Federal, no qual, do mesmo modo como no presente processo, a autoridade fiscal apenas argumentou que, em razão dessas investigações, restaria caracterizada a infração de natureza tributária pelo sujeito passivo. Naquele caso, dada a inexistência de provas que indicasse o nexo de causalidade entre as empresas investigadas e o sujeito passivo alvo da autuação, o Carf concluiu que a multa qualificada deveria ser prontamente afastada, como, da mesma forma, deve a multa qualificada ser aqui completamente afastada; · além de registrar todos os seus atos nos estritos termos da legislação em vigor, a contribuinte portouse ainda de forma exemplar durante a fase de fiscalização e disponibilizou todas as informações e documentos solicitados pelo auditor fiscal, sem jamais omitir ou ocultar nenhum dado que lhe tenha sido requisitado; · é empresa sujeita à fiscalização e acompanhamento especiais disciplinados pela Portaria RFB nº 2.356, de 14 de dezembro de 2010, de forma que não seria nem razoável supor que iludiria a autoridade fiscal. O Carf já se manifestou no sentido de que, se o contribuinte é transparente em seus atos e contribui com a fiscalização apresentando também todos os lançamentos contábeis Fl. 37242DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.229 29 pertinentes, não se pode aplicar a multa de cento e cinquenta por cento, mormente quando ele esteja sujeito ao acompanhamento econômico tributário diferenciado de pessoas jurídicas, como no caso da impugnante; · conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante, ao dispor sobre a aplicação de sanções tributárias, o CTN encampa a chamada “teoria da imputação subjetiva”, segundo a qual a aplicação de penalidade deve levar em consideração a conduta do contribuinte diante de um risco novo e injusto, e não apenas sob a perspectiva da mera ação materialmente realizada. Em outros termos, para que reste configurada a hipótese de aplicação de uma penalidade, as autoridades fiscais devem demonstrar a ocorrência de aspectos objetivos e subjetivos na conduta do contribuinte, sendo que somente após essa avaliação, podese decidir pela aplicação ou não da penalidade. Sob o ponto de vista dessa teoria da imputação subjetiva, resta claro que a autuada não incorreu em nenhum dos aspectos de ordem objetiva e subjetiva que permitissem a aplicação da penalidade qualificada; · o art. 112 do CTN dispõe expressamente que a norma tributária que comine penalidades deverá ser interpretada e aplicada da maneira mais favorável ao contribuinte em casos de dúvida a respeito da capitulação legal do fato e da natureza ou das circunstâncias materiais do fato. Na realidade, o presente caso deve ser tratado como um mero conflito entre interpretações dadas pelo auditor fiscal e pela contribuinte a um mesmo conjunto fático, de forma que a multa qualificada deve ser integralmente cancelada ou, no mínimo, reduzida para 75%, dadas as disposições contidas no citado art. 112, incisos I e II, do CTN; · a aplicação de sanções deve sempre seguir o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, conforme o art. 2º, parágrafo único, inciso VI, da Lei nº 9.784, de 1999. No mesmo sentido, o art. 142 do CTN dispõe que no ato do lançamento, a autoridade administrativa, sendo o caso, poderá propor a aplicação da penalidade cabível. O termo propor no dispositivo em referência deve ser entendido como a competência dada para ponderar as situações objetivas e subjetivas da conduta praticada pelo contribuinte, de modo que possa ser feito um verdadeiro juízo de pertinência e de adequação da aplicação da penalidade se for o caso. É com base nesse posicionamento que Marco Aurélio Greco mostrase enfático ao concluir que o valor percentual da penalidade fiscal deve ser definido a partir de um juízo valorativo de pertinência e de adequação pela autoridade administrativa, uma vez que a legislação fiscal apenas a caracteriza como um teto máximo, e não como um valor único a ser aplicado; Fl. 37243DF CARF MF 30 · de forma a exemplificar a desproporcionalidade da multa qualificada no presente caso, citase o seguinte trecho de decisão proferida pelo Carf, que consignou que, mesmo na ocorrência de simulação, não caberia a aplicação da multa qualificada: O lançamento fiscal realizado justificase com base no próprio CTN que em seu artigo 149, inciso VII, prevê a possibilidade de sua realização quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. E no caso em questão entendo que houve simulação, como já justificado acima. Cumpre ressaltar que agiu bem a Fiscalização ao não aplicar a multa qualificada, apesar da ocorrência da simulação. É que em nenhum momento ficou evidenciado o intuito de fraude. Se assim fosse, todos os outros passos das operações não teriam sido registrados no órgão competente de acordo com a legislação societária. (Acórdão nº 10809793) · no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 523.471/MG, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade de votos, confirmou a redução do percentual de multa originalmente fixada em 60% do valor principal em discussão para 30% corroborando a aplicação da teoria da proporcionalidade ao caso concreto; · incabível a cobrança de juros à taxa Selic sobre a multa de ofício aplicada. Essa atualização é realizada pelas autoridades fiscais com amparo no Parecer MF nº 28, de 02/04/1998, emitido pela Coordenação Geral do Sistema de Tributação, mas o art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, utilizado como fundamento desse parecer trata tãosomente da incidência de juros sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, não havendo menção às multas de ofício aplicadas pela Receita Federal. O Carf já pacificou o entendimento de que as multas de ofício não são atualizáveis; · no que se refere ainda aos juros de mora, cabe lembrar que a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da Selic aos créditos tributários, pois essa taxa não foi criada por lei para esse fim. Por isso, não obstante a posição já sumulada pelo antigo Primeiro Conselho de Contribuintes e tendo em vista a real possibilidade de a taxa Selic vir a ser considerada inaplicável para fins tributários pelo Poder Judiciário, contestase sua aplicação e requerse sua desconsideração no cômputo do crédito tributário principal. Ao final, a autuada pleiteia o acolhimento integral da sua impugnação e o imediato cancelamento integral do Auto de Infração em tela (principal, multa e juros), com o consequente arquivamento do processo administrativo. A impugnante Fl. 37244DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.230 31 protesta ainda pela juntada posterior de documentos que possam se fazer necessários, nos termos do art. 15, § 4º, alínea a do Decreto nº 70.235, de 1972, bem como em razão do princípio da verdade material que orienta o processo administrativo fiscal. O acórdão proferido julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo contribuinte, mantendo parcialmente o lançamento: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2006 a 31/12/2009 DECADÊNCIA. É de cinco anos o prazo de que a RFB dispõe para constituir o crédito tributário, contados, no caso de não ter havido recolhimento ou de ocorrência de simulação, fraude ou conluio, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou, no caso de ter havido recolhimento e não ter ocorrido simulação, fraude ou conluio, da data do fato gerador. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando, ao contrário do que alega a contribuinte, a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. Insumos adquiridos de cooperativa agropecuária geram apenas crédito presumido na apuração da Cofins no regime não cumulativo. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL. VALORES REPASSADOS AOS ASSOCIADOS. Os valores referentes a insumos adquiridos de cooperativas agroindustriais que repassam o respectivo valor a seus associados não geram créditos para o adquirente no regime não cumulativo. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. GLOSA. Comprovada a existência de interposição de pessoas jurídicas de fachada, com o fim exclusivo de mascarar a aquisição de insumos diretamente de pessoas físicas, para obter valores maiores de crédito na apuração da contribuição no regime não Fl. 37245DF CARF MF 32 cumulativo, correta a glosa dos créditos decorrentes desses expediente ilícitos. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo proclamar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em vigor, pois tal competência é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revelase improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ATIVIDADE VINCULADA E OBRIGATÓRIA. A constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício é atividade administrativa vinculada e obrigatória, não restando margem de discricionariedade na aplicação da legislação. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. É legítima a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2006 a 30/04/2008, 01/06/2008 a 31/12/2009 DECADÊNCIA. É de cinco anos o prazo de que a RFB dispõe para constituir o crédito tributário, contados, no caso de não ter havido recolhimento ou de ocorrência de simulação, fraude ou conluio, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou, no caso de ter havido recolhimento e não ter ocorrido simulação, fraude ou conluio, da data do fato gerador. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESCRIÇÃO CLARA DOS FATOS. PROVAS NOS AUTOS. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando, ao contrário do que alega a contribuinte, a descrição dos fatos que motivaram a lavratura do auto de infração foi feita com clareza e precisão, estando disponíveis nos autos todos os documentos utilizados na fundamentação do lançamento de ofício, mormente quando a própria impugnação apresentada é prova de que a autuada exerceu amplamente seu direito de defesa. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. Fl. 37246DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.231 33 Insumos adquiridos de cooperativa agropecuária geram apenas crédito presumido na apuração do PIS/Pasep no regime não cumulativo. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COOPERATIVA. VALORES REPASSADOS AOS ASSOCIADOS. Os valores referentes a insumos adquiridos de cooperativas que repassam o respectivo valor a seus associados não geram créditos para o adquirente no regime não cumulativo. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. GLOSA. Comprovada a existência de interposição de pessoas jurídicas de fachada, com o fim exclusivo de mascarar a aquisição de insumos diretamente de pessoas físicas, com o intuito exclusivo de obter valores maiores de crédito na apuração da contribuição no regime não cumulativo, correta a glosa dos créditos decorrentes desses expediente ilícitos. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo proclamar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em vigor, pois tal competência é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário. MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. Revelase improcedente a exigência quando o auditor fiscal não especifica a motivação que ocasionou o lançamento de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando a conduta do sujeito passivo se enquadra em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ATIVIDADE VINCULADA E OBRIGATÓRIA. A constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício é atividade administrativa vinculada e obrigatória, não restando nenhuma margem de discricionariedade na aplicação da legislação. JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. É legítima a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário de fls. 36845 e seguintes, reiterando os termos da Impugnação, e cujos argumentos serão destacados no voto. Fl. 37247DF CARF MF 34 Em face do valor exonerado, houve interposição de recurso de ofício quanto às seguintes parcelas: 1. excluir a exigência fiscal dos períodos de apuração dezembro/2006, fevereiro/2007, março/2007, abril/2007, e junho/2007 que não dizem respeito às aquisições feitas pela autuada das empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, pois atingida pela decadência; 2. excluir o crédito tributário decorrente das glosas dos créditos relativos às aquisições efetuadas pela contribuinte junto às empresas Exportador de Café Atolpho Ltda. e Valorização Empresa de Café S.A.; 3. reduzir a multa de ofício aplicada para 75 % em relação ao crédito tributário constituído em razão dos valores glosados de créditos sobre a depreciação de bens e sobre a aquisição de café de cerealistas, de cooperativas de produção e de cooperativas agroindustriais, conforme demonstrado nos quadros abaixo. Conforme tabelas referidas, o valor excluído pela DRJ a título de PIS é de R$7.355.453,91 e, a título de COFINS, de R$33.954.116,74. Em primeira análise por esta Turma, optouse pela conversão do feito em diligência, nos seguintes termos: No item "4.1.1.1 Compra de insumos de Cooperativas Agropecuárias" foram elencadas as glosas correspondentes à aquisição de insumo de cooperativas caracterizadas, pela Fiscalização, como sendo de produção agropecuária. A fiscalização negou o direito à apropriação integral dos créditos, permitindo, apenas, a apropriação do crédito presumido. O Contribuinte reconhece que, nos termos da Lei nº 10.925/04, toda a aquisição de empresas ou cooperativas agropecuárias apenas poderia gerar direito ao crédito presumido do PIS e da COFINS. Não obstante, discorda da interpretação fiscal no que diz respeito ao enquadramento dos seus fornecedores como agropecuários, afirmando que estes são, de fato, agroindustriais, uma vez que efetuavam o beneficiamento do café e não a mera remoção de partes não comestíveis; assim como não aplicavam a suspensão do PIS e da COFINS nas vendas à Recorrente, por não se sujeitarem à Lei nº 10.925/04, conforme informações colhidas pela própria Fiscalização. Não se verifica, nem no Relatório Fiscal, nem no acórdão recorrido, a razão pela qual houve o enquadramento das cooperativas como agropecuárias (entendimento do Fisco) e não como agroindustriais (entendimento do contribuinte). Desse modo, voto por converter o feito em diligência para que a Autoridade Preparadora esclareça, dentre os fornecedores listados no item "4.1.1.1 Compra de insumos de Cooperativas Fl. 37248DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.232 35 Agropecuárias", quais foram enquadrados como agropecuárias e quais foram tidas por agroindustriais, esclarecendo, para cada uma delas, qual razão fundamentou a respectiva classificação. Após, seja concedida vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta) dias para que se manifeste acerca do resultado da diligência, ao final, retornando estes autos para julgamento. Em resposta, a Autoridade Preparadora apresentou Relatório Fiscal com a seguinte esclarecimento: Concluindo, através do simples exame das respostas às alíneas “a” do questionário supracitado apresentadas pelas cooperativas listadas na Planilha 1, cujas respostas estão anexadas às fls. 8 a 28 deste edossiê de diligência fiscal (10010.017823/111693), constatase que se tratam de cooperativas de produção agropecuária. Também foram enquadradas como cooperativas de produção agropecuária as cooperativas elencadas na Planilha 2 pois não foram obtidas respostas às intimações referentes ao questionário em questão, e, por esta razão, também foram concedidos créditos presumidos. Este procedimento foi adotado por ser mais benéfico à fiscalizada, e devido à questão da decadência de créditos que deveriam ser lançados por ocasião da fiscalização. Se estas cooperativas tivessem sido enquadradas como cooperativas agroindustriais, nenhum crédito seria concedido à fiscalizada, pois a totalidade das cooperativas agroindustriais que forneceram à fiscalizada excluiu da base de cálculo os valores das mercadorias adquiridas de seus associados, e neste caso, tendo em vista que as vendas efetuadas pelas sociedades cooperativas agroindustriais não estão sujeitas ao pagamento das contribuições PIS e COFINS, não há o que se falar em direito aos créditos incidentes nestas operações, razão pela qual eles seriam totalmente glosados. Intimado, o contribuinte não se manifestou quanto ao resultado da diligência. Após, os autos foram remetidos a este CARF e foram a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário RECURSO VOLUNTÁRIO Fl. 37249DF CARF MF 36 Como se verifica pelo relato dos fatos, tratamse de Autos de Infração com glosas de crédito apurados nos regimes da não cumulatividade do PIS e da COFINS em empresa adquirente de café. É preciso salientar que há nos autos uma pequena parcela de glosas decorrentes da aquisição de café com notas fiscais tidas por fraudulentas, por encobrirem os reais vendedores, pessoas físicas. São autuações decorrentes das operações "Tempo de Colheita" e "Robusta", feitas de forma conjunta pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, que descortinaram operações fraudulentas que consistiam na criação de pessoas jurídicas fictícias (maquinistas) com o único objetivo de intermediar a venda de café de produtores pessoas físicas e grandes compradores / exportadores de café, de modo a gerar a emissão de nota fiscal de venda de pessoa jurídica, já bastante debatida por essa Turma Julgadora. Contudo, existem diversos outros itens de glosa que devem ser considerados na presente decisão. Feita essa breve introdução, passo à análise de cada um dos pontos suscitados no Recurso Voluntário. Preliminar de decadência A Fiscalização, chancelando que o auditor fiscal não trouxe "aos autos nenhuma outra prova que pudesse realmente comprovar o dolo", aplicou o art. 150, §4º do CTN para os meses em que houve recolhimento do tributo, ainda que a menor, e a contagem prevista no art. 173 do CTN para os meses em que não houve recolhimento: Assim, o termo inicial da contagem do lapso quinquenal de decadência, no caso de lançamento por homologação, poderá ser o momento da ocorrência do fato gerador ou o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido lançado, tudo dependendo da circunstância de ter havido ou não pagamento parcial da contribuição exigida e de ter havido ou não dolo, fraude e simulação. Em consulta aos sistemas da RFB (fl. 36777), constatouse que a autuada, em relação aos períodos de apuração até agosto/2007, efetuou recolhimentos de PIS/Pasep e de Cofins para dezembro/2006, fevereiro/2007, março/2007, abril/2007, e junho/2007. Para esses períodos de apuração, caberia a aplicação do § 4º do art. 150 do CTN, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Como a ocorrência ou não, no caso concreto, de dolo, fraude ou simulação será analisada posteriormente, a conclusão, se houve ou não decadência em relação a esses períodos de apuração Assim, em sede de Recurso de Ofício, entendo correta a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, §4º do CTN para os meses em que houve recolhimento do tributo, não merecendo reforma o acórdão recorrido. Não obstante, em Recurso Voluntário, o Contribuinte postula pelo reconhecimento da decadência mediante aplicação do artigo 150, §4º do CTN, ou seja, que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial tenha início a partir do fato gerador da obrigação tributária. Fl. 37250DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.233 37 Com efeito, entendo que assiste razão à Contribuinte em suas razões recursais. No caso dos autos, não houve recolhimento de tributos, pois, conforme consta do próprio relatório, a Contribuinte informou ter apurado créditos em montante superior aos débitos. Contudo, não se contesta que tal apuração foi devidamente informada ao Fisco no tempo e modo previstos na legislação. Na hipótese, entendo ser aplicável a regra prevista no art. 150, §4º do CTN (5 anos a contar do fato gerador). Esclareçase que tal entendimento está em perfeita concordância com a decisão proferida pela STJ em sede de Recurso Repetitivo (REsp 973.733). Explicase. Decidiu o Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). Fl. 37251DF CARF MF 38 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) Conforme se verifica pelo julgado do STJ acima transcrito, a regra do art. 173, I do CTN é aplicável, basicamente, em três hipóteses: (i) constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte e (ii) nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, (iii) a despeito da previsão legal, o pagamento inocorre. Estas duas últimas situações estão condicionadas à inexistência de declaração prévia do débito pelo contribuinte. É o que se extrai da Súmula/STJ nº 555: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. (Súmula 555, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015) É evidente que, na hipótese de o contribuinte ter informado sua apuração ao Fisco e nesta tenha constado a inexistência de saldo de tributo a recolher não equivale, em absoluto, à situação de ausência de declaração por parte do Contribuinte. Fl. 37252DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.234 39 O art. 150, §4º, que dispõe ser tal prazo contado a partir da ocorrência do fato gerador, pressupõe a prévia ciência do Fisco acerca do nascimento da obrigação tributária. Isso ocorre naquelas situações em que o tributo é lançado de ofício ou quando o contribuinte efetua a competente declaração do tributo apurado acompanhada do respectivo pagamento (ainda que a menor). Ou seja, em ambas as hipóteses o Fisco teve a ciência da ocorrência do fato gerador, houve, verdadeiramente, o lançamento do tributo devido, seja de ofício, ou por meio do chamado "autolançamento". Nessas situações, por óbvio, o prazo decadencial de que dispõe o Fisco não precisa ser alargado, já que, repisese, ele já tem ciência da ocorrência do fato gerador no momento da sua ocorrência. É exatamente o que ocorre quando o contribuinte apresenta a competente declaração do tributo, dando exata e inequívoca ciência ao Fisco acerca da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, in casu, sem saldo de tributo a recolher. Logo, entendo que deve ser reconhecida a aplicação do prazo decadencial em conformidade com o art. 150, §4º do CTN para a totalidade dos meses autuados em que houve a apresentação de declaração fiscal pelo contribuinte informando a apuração de crédito excedente. Preliminar de nulidade por impossibilidade de lançamento com base em presunções Nesse tópico a Contribuinte pleiteia pelo reconhecimento de nulidade do lançamento por impossibilidade de utilização da presunção. Tais presunções seriam, exatamente, de que a Contribuinte teria adquirido mercadorias dos chamados "maquinistas" de modo fraudulento. Entendo que essa questão se confunde com o mérito e, portanto, será examinada juntamente com tais parcelas de glosa. Preliminar de nulidade por indevida equiparação da Contribuinte à adquirente direta de insumos e desconsideração de personalidade jurídica dos seus fornecedores Esse tópico, tal qual o anterior, se confunde com o mérito atinente à glosa de créditos decorrente da aquisição de café de pessoas jurídicas tidas por inexistentes, os chamados "maquinistas". Será analisada juntamente com o mérito. Preliminar de nulidade por inovação do lançamento pela Autoridade Julgadora. Argumenta a Recorrente que houve inovação por parte da Decisão recorrida no que diz respeito à aplicação de multa agravada no percentual de 150% sobre as aquisições de pessoas jurídicas tidas por fictícias. Fl. 37253DF CARF MF 40 Consoante Auto de Infração, as multas aplicadas pela Fiscalização tem a seguinte fundamentação legal: Multas Passíveis de Redução Fatos Geradores entre 01/12/2006 e 31/12/2006: 150,00% Art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430/96 Fatos Geradores entre 01/01/2007 e 31/05/2007: 150,00% Art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Medida Provisória nº 351/07 Fatos Geradores entre 01/06/2007 e 31/12/2009: 150,00% Art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/96 com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07 Esclareçase que a multa agravada foi aplicada integralmente à autuação, ou seja, sobre todas as glosas efetuadas pela Fiscalização. Quanto à aquisição de maquinistas, entendeu a Fiscalização ter ocorrido fraude. Quanto às demais glosas, o agravamento foi aplicado por reiteração de conduta. Veja o seguinte trecho da decisão recorrida: O autuante fundamenta a qualificação, ao contrário do que parece entender a impugnante, não apenas no fato de que a fiscalizada constituiu créditos integrais sobre a aquisição de café de produtores rurais e maquinistas utilizandose de notas fiscais de empresa de fachada, mas também porque, reiteradamente, ela constituiu créditos integrais sobre a aquisição de café de cerealistas, de cooperativas de produção e de cooperativas agroindustriais. Para o auditor fiscal a prática reiterada de constituição de créditos indevidos ultrapassa a fronteira de mero erro de apuração. Assim, conclui ele que restou caracterizado o evidente intuito de fraudar a Fazenda Pública Federal, fato que seria suficiente para justificar a exasperação da penalidade. Assim, já de início afasto a aplicação de qualquer multa agravada para aquelas aquisições realizadas sem qualquer indício de fraude. A mera reiteração de consulta no que diz respeito à interpretação da legislação tributária pelo contribuinte não autoriza o agravamento da sanção. Quanto às aquisições supostamente fraudulentas, a aplicação da multa agravada ou não ficará condicionada à interpretação que será auferida em conclusão do presente julgamento. Mérito Itens de glosa 4.1.1.1 Compra de insumos de Cooperativas Agropecuárias Nesse item estão elencadas as glosas correspondentes à aquisição de insumo de cooperativas caracterizadas, pela Fiscalização, como sendo de produção agropecuária. A Fl. 37254DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.235 41 fiscalização negou o direito à apropriação integral dos créditos, permitindo, apenas, a apropriação do crédito presumido. O Contribuinte reconhece que, nos termos da Lei nº 10.925/04, toda a aquisição de empresas ou cooperativas agropecuárias apenas poderia gerar direito ao crédito presumido do PIS e da COFINS. Não obstante, discorda da interpretação fiscal no que diz respeito ao enquadramento dos seus fornecedores como agropecuários, afirmando que estes são, de fato, agroindustriais, uma vez que efetuavam o beneficiamento do café e não a mera remoção de partes não comestíveis; assim como não aplicavam a suspensão do PIS e da COFINS nas vendas à Recorrente, por não se sujeitarem à Lei nº 10.925/04, conforme informações colhidas pela própria Fiscalização. Nesse aspecto é que foi determinada a realização de diligência fiscal por esta Turma Julgadora, uma vez que não se verificou, nem no Relatório Fiscal, nem no acórdão recorrido, a razão pela qual houve o enquadramento das cooperativas como agropecuárias (entendimento do Fisco) e não como agroindustriais (entendimento do contribuinte). Em resposta à diligência, notase que a Autoridade Preparadora não trouxe qualquer fato novo relativamente ao que constara na autuação, apenas reiterou / consolidou os mesmos argumentos que já havia apresentado anteriormente. Solicitouse que, especificamente quanto às cooperativas tidas por agropecuárias, a Fiscalização se manifestasse expressamente quanto aos argumentos apresentados pelo contribuinte relativamente às próprias respostas das cooperativas, e mesmo quanto aos contratos sociais apresentados aos autos. Noticiou que enviou questionários às cooperativas fornecedoras e, com base nas respostas recebidas, classificou como agropecuárias aquelas que assim se definiram em resposta aos questionários, e também aquelas que não responderam o questionário. Ou seja, efetuou uma verdadeira presunção de que estas (as que não responderam) seriam agropecuárias. Não obstante, vejase a seguinte situação. A Recorrente, em seu Recurso Voluntário, apresentou o seguinte argumento: Fl. 37255DF CARF MF 42 No seu Relatório Fiscal, a Autoridade Preparadora não trouxe qualquer justificativa quanto ao fato, por exemplo, da COOP.REGIONAL AGROPECUÁRIA DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ LTDA, CNPJ 24.490.401/000135, ter afirmado, no seu questionário, o que se segue: a) Informar se a cooperativa se enquadra no modelo de cooperativa de produção, nos termos do art. 3º, parágrafo 1º, inciso III da IN SRF 660/2006, ou de agroindústria nos termos do art. 6º inciso II da IN SRF 660/2006; Fl. 37256DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.236 43 “A cooperativa exerce a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo realizar o beneficiamento dessa produção. Além disso, para melhor atender o cooperado e ter um melhor preço no café, é procedimento da cooperativa padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabores (blend) e, separar por densidade de grãos com redução dos tipos determinado pela classificação oficial. ” (resposta transcrita na fl. 37.118) Ora, a resposta apresentada exatamente qualifica a cooperativa como sendo agroindustrial, nos exatos termos do art. 6º, inciso II da IN 660/06: Art. 6ºPara os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2ºda Lei nº8.023, de 1990; e II o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial, relativamente aos produtos classificados no código 09.01 da NCM. Não obstante, como dito, em sede de diligência a Fiscalização apenas reafirmou que a COOP.REGIONAL AGROPECUÁRIA DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ LTDA. foi classificada como agropecuária e não como agro industrial, sem se manifestar especificamente quanto ao que foi solicitado em diligência, repitase: Desse modo, voto por converter o feito em diligência para que a Autoridade Preparadora esclareça, dentre os fornecedores listados no item "4.1.1.1 Compra de insumos de Cooperativas Agropecuárias", quais foram enquadrados como agropecuárias e quais foram tidas por agroindustriais, esclarecendo, para cada uma delas, qual razão fundamentou a respectiva classificação. Desse modo, considerando que a Fiscalização não logrou demonstrar que as Cooperativas fornecedoras se enquadram como agropecuárias, entendo que deve ser mantida a caracterização destas como agroindustriais levada a efeito pela Contribuinte em seus registros contábeis. A confirmação de tais créditos obedecerá ao disposto no tópico subsequente. 4.1.2.2 Compra de insumos de Cooperativas Agroindustriais Para aqueles fornecedores que a própria Fiscalização entendeu serem agroindustriais, portanto, cujas aquisições são passíveis de creditamento integral do PIS e da COFINS, a Fiscalização houve por bem efetuar a glosa de créditos sob a justificativa de que, por serem cooperativas, o produto da venda repassado aos cooperados não estaria sujeita ao PIS e a COFINS. Logo, concluiu que, não havendo recolhimento do PIS e da COFINS pelos cooperados, não haveria qualquer valor a ser creditado pelo adquirente. Fl. 37257DF CARF MF 44 Assim se manifestou a decisão recorrida: Dessa forma, conclui o auditor fiscal que, como as vendas não saem com suspensão e as cooperativas agroindustriais que forneceram à fiscalizada excluem da base de cálculo os valores das mercadorias adquiridas de seus associados, conforme respostas fornecidas por elas próprias, a autuada não podia se creditar de nenhum valor a título de PIS/Pasep ou Cofins nessas aquisições. Com efeito, nos termos do § 2º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, as vendas efetuadas pelas sociedades cooperativas agroindustriais à autuada não estão sujeitas à incidência do PIS/Pasep e da Cofins e, por conseguinte, não geram direito a crédito, razão pela qual todos os créditos referentes a essas operações utilizados pela contribuinte foram glosados. O dispositivo legal utilizado é: Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 2oNão dará direito a crédito o valor:(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. Sem mais delongas, como postulado pela Recorrente, entendo que o crédito relativo à aquisição de produtos de pessoas jurídicas agroindustriais, independentemente do fato de serem estas constituídas na forma de cooperativas, autoriza a apropriação integral do crédito, conforme Solução de Consulta COSIT 65 de 10 de março de 2014: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, não está impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637/2002, art. 3º ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE COOPERATIVA. Pessoa jurídica, submetida ao regime de apuração não cumulativa da Cofins, não está impedida de apurar créditos relativos às aquisições de produtos junto a cooperativas, observados os limites e condições previstos na legislação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.833/2003, art. 3º. Fl. 37258DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.237 45 Assim, reconheço o direito à apropriação de créditos decorrentes da aquisição de bens de cooperativas agroindustriais. 4.1.3 Depreciação de Ativos Fixos adquiridos antes de 30.4.2004 O Contribuinte requereu o reconhecimento do direito de apropriação de créditos decorrentes da depreciação de seu ativo fixo, ainda que adquiridos anteriormente a 30/04/2004. O dispositivo legal aplicável é o art. 31 da Lei nº 10.865/04 Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1odo art. 3odas Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1oPoderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1odo art. 3odas Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1ode maio. § 2oO direito ao desconto de créditos de que trata o § 1o deste artigo não se aplica ao valor decorrente da reavaliação de bens e direitos do ativo permanente. § 3oÉ também vedado, a partir da data a que se refere o caput, o crédito relativo a aluguel e contraprestação de arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica. O pedido formulado pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário assim se fundamenta: Entendo que afastar a aplicação de disposição expressa de lei em face de argumentos de violação de princípios constitucionais esbarra no óbice do art. 62 do RICARF e da Súmula CARF nº 1. Fl. 37259DF CARF MF 46 Desse modo, deixo de reconhecer os créditos decorrentes dos encargos de depreciação de bens integrantes do ativo fixo da Contribuinte adquiridos anteriormente a 30/04/2004. 4.1.5 Compra de insumos de empresas investigadas nas operações "Tempo de Colheita" e "Robusta" da Polícia Federal Nesse item a Fiscalização glosou as aquisições de insumos (café) efetuadas das empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda., CNPJ 27.568.625/000100, Fortaleza Agro Mercantil Ltda., CNPJ 05.735.193/000142 e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, CNPJ 08.011.238/000124. Quando do julgamento de matéria bastante similar a presente (Processo nº 15586.720716/201211, Acórdão nº 32013.201.002.083), me manifestei em sede de Declaração de voto nos seguintes termos: O cerne da questão diz respeito à verificar se os meios de prova acerca da fraude podem ser imputados à Recorrente. Alega a RFB que as empresas vendedoras de café teriam sido constituídas de forma fraudulenta, com amplo conjunto probatório. No caso concreto, a conseqüência da fraude verificada está sendo imputada a terceiro, à compradora do café para fins de exportação. Entendo que, para que a Recorrente possa ser penalizada em razão das supostas fraudes identificadas, seria necessária a comprovação de que esta participou das operações tidas por fraudulenta. Com base em jurisprudência já pacificada no âmbito do STJ, não vejo como imputar a terceiros quaisquer consequências advindas de operações fraudulentas das quais não participou. Até porque, é princípio básico constitucional que a pena jamais poderá ultrapassar a pessoa do condenado. Compreendo a necessidade de se estabelecer procedimentos padronizados/unificados para aprimoramento do processo fiscalizatório. É o que a professora Misabel Derzi de "princípio da praticidade". Todavia, em respeito aos princípios da legalidade, é certo que a praticidade jamais poderá se converter em presunção. Também ressalto que, conforme assaz debatido nessa turma julgadora, é certo que o ônus da prova no processo fiscal deve ser atribuído ao contribuinte na hipótese de ressarcimento, e, à fazenda, nas autuações fiscais. Contudo, não há como negar que não se discute, nos autos, a existência do crédito, o que atrairia o ônus probatório para o contribuinte. A aquisição ocorreu e, nos termos da legislação de regência, esta aquisição gera, efetivamente, direito à crédito para o adquirente. Fl. 37260DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.238 47 No caso, a questão da prova se resume à suposta ocorrência de fraude e mais, de que a Recorrente tenha efetivamente participado dessa fraude ou dela tivesse ciência. Imputar à Recorrente o ônus de comprovar que não participou da fraude é imputar a produção de prova negativa, o que é absolutamente rechaçado pelo sistema jurídico pátrio. Ultrapassada a questão relativa à ocorrência ou não de fraude, já que, como ressaltei, esta prova se faz despicienda na hipótese dos autos, é preciso analisar, exclusivamente, eventuais elementos de prova quanto à participação da Recorrente na suposta fraude. Alega a Fiscalização, essencialmente, que as empresas vendedoras não apresentaram DIPJ no período objeto da autuação, e que se encontravam com o CNPJ baixado. Ora, quanto às DIPJs, entendo não ser possível a utilização desse meio de prova em face da Recorrente, uma vez que esta não tem qualquer forma de acesso à tais documentos, protegidos pelo sigilo fiscal. Quanto ao fato dos CNPJs terem sido baixados em 31/12/2005, de igual modo não há como legitimar tal argumento, uma vez que, no caso dos autos, os créditos glosados são relativos ao 1º trimestre de 2005. Me socorrendo às lições de Sacha Calmon, nos termos do art. 142 do CTN, a atividade de lançamento é privativa da administração tributária. Nesse sentido, é a esta que compete, exclusivamente, fiscalizar. Não se pode imputar aos contribuintes o dever de fiscalizar um ao outro. E, ao meu ver, é esta, exatamente, a situação verificada nos autos. A Recorrente está sendo responsabilizada pelo fato de não ter fiscalizado a regularidade de seus fornecedores. o que, a meu ver, não pode ser chancelado, sob pena de subversão à própria segurança jurídica. A despeito da fraude, a adquirente suportou o ônus do crédito na aquisição das mercadorias, não sendo legítima a exclusão destes de sua escrita fiscal. Diante do exposto, face à clara e incontroversa ausência de provas quanto à participação da Recorrente em qualquer ato fraudulento na constituição das pessoas jurídicas tidas por fictícias, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para exonerar o crédito fiscal lançado. A meu ver, a situação dos presentes autos é bastante similar à examinada naquela oportunidade. Muito embora, como já dito, a operação conjunta MPF, PF e RFB tenha se baseado na coleta de provas robustas acerca da criação de pessoas jurídicas fraudulentas, entendo que a não há prova de conluio da Recorrente. Fl. 37261DF CARF MF 48 O Relatório Fiscal limitase a demonstrar que os Maquinistas seriam pessoas jurídicas fictícias, e que a Recorrente adquiriu café dessas pessoas jurídicas. Contudo, não há qualquer prova no sentido de que a Recorrente teria participado da criação de tais pessoas jurídicas fictícias, ou mesmo que teria imposto a eventuais fornecedores pessoas físicas a utilização de tal intermediação. Ou seja, tenho que a questão não se subsume ao fato de que a Recorrente adquiriu mercadorias das pessoas jurídicas tidas por fictícias. Isso é inconteste nos autos e reconhecido pela contribuinte. O que se extrai é que, no caso específico dos autos, não há provas de que a Recorrente tenha participação nos eventos fraudulentos identificados, a meu ver, condição sine qua non para que se possa atribuir a responsabilidade tributária. Portanto, concluo que, diante do conjunto probatório existente nos autos, não vejo como suportar o lançamento fiscal ora combatido no que se refere às glosas lançadas nesse tópico do Auto de Infração. RECURSO DE OFÍCIO Em sede de Recurso de Ofício cabe a esta Turma Julgadora o exame das seguintes exonerações: 1. excluir a exigência fiscal dos períodos de apuração dezembro/2006, fevereiro/2007, março/2007, abril/2007, e junho/2007 que não dizem respeito às aquisições feitas pela autuada das empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, pois atingida pela decadência; 2. excluir o crédito tributário decorrente das glosas dos créditos relativos às aquisições efetuadas pela contribuinte junto às empresas Exportador de Café Atolpho Ltda. e Valorização Empresa de Café S.A.; 3. reduzir a multa de ofício aplicada para 75 % em relação ao crédito tributário constituído em razão dos valores glosados de créditos sobre a depreciação de bens e sobre a aquisição de café de cerealistas, de cooperativas de produção e de cooperativas agroindustriais, conforme demonstrado nos quadros abaixo. Com efeito, entendo que andou bem a DRJ ao reconhecer a aplicação da decadência, segundo os termos do art. 150, §4º do CTN para aqueles meses em que houve comprovação de recolhimento das contribuições: Em consulta aos sistemas da RFB (fl. 36777), constatouse que a autuada, em relação aos períodos de apuração até agosto/2007, efetuou recolhimentos de PIS/Pasep e de Cofins para dezembro/2006, fevereiro/2007, março/2007, abril/2007, e junho/2007. Para esses períodos de apuração, caberia a aplicação do § 4º do art. 150 do CTN, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Como a ocorrência ou não, no caso concreto, de dolo, fraude ou simulação será analisada posteriormente, a conclusão, se houve ou não decadência em relação a esses períodos de apuração, deve ser Fl. 37262DF CARF MF Processo nº 16561.720083/201283 Acórdão n.º 3201003.038 S3C2T1 Fl. 37.239 49 aqui suspensa para ser retomada mais à frente após a análise dessa outra questão. O segundo aspecto a ser examinado em sede de Recurso de Ofício diz respeito ao reconhecimento da "insubsistência do motivo dado pelo auditor fiscal como fundamento do lançamento de ofício (...) referente à glosa parcial dos créditos relativos às aquisições de insumos feitas pela autuada com as empresas Exportador de Café Astolpho Ltda., CNPJ 07.764.089/000101, e Valorização Empresa de Café S.A. 01.316.790/000262", sob os seguintes fundamentos: O auditor fiscal também glosou parcialmente os créditos relativos a aquisições de insumos que teriam sido fornecidos por empresas cerealistas ou que exercem atividade agropecuária, com a seguinte justificativa: Tomandose emprestadas as provas obtidas na fiscalização acobertadas pelo MPF 08107002010002262, que também fez parte da Operação Robusta, sabese que diversos fornecedores confirmaram que se enquadravam no conceito de cerealistas ou que exerciam atividades agropecuárias. Dentre estas empresas, a fiscalizada adquiriu café das seguintes: Fornecedor CNPJ Exportador de Café Astolpho Ltda. 07.764.089/000101 Valorização Empresa de Café S.A. 01.316.790/000262 Destarte, os créditos apurados nas aquisições efetuadas junto a estas pessoas jurídicas serão considerados como CRÉDITOS PRESUMIDOS, glosandose parcialmente os créditos indevidamente apropriados (...). A fundamentação do lançamento de ofício nesse ponto peca pela falta de clareza e de provas. De fato, o autuante apenas se refere a provas emprestadas obtidas na fiscalização feita sob o MPF 08107002010002262, mas não indica exatamente onde estariam tais provas. Depois diz, de forma genérica, que sabese que diversos fornecedores confirmaram que se enquadram no conceito de cerealistas ou que exerciam atividades agropecuárias, e dentre eles cita duas empresas. Contudo, além de não juntar o documento em que esses fornecedores teriam reconhecido a natureza de suas atividades, não diz se essas empresas para cujas aquisição glosou créditos seriam cerealistas ou agropecuárias. Por sua vez, a busca feita por este julgador nos documentos juntados aos autos não encontrou nenhuma referência à Valorização Empresa de Café S.A. e, em relação à empresa Exportador de Café Astolpho, as referências encontradas (fls. 301, 732, 734/736, 738, 739, 741/744, 747/749, 751, 754/756, 779, 781, 782 e 26263) parecem indicar que ela seria uma empresa de café que teria adquirido produtos de atacadistas de fachada investigadas nas operações Tempo de Colheita e Robusta e vendido café para outras empresas como a autuada, nada comprovando que fosse empresa cerealista ou agropecuária, como afirma o auditor fiscal. Fl. 37263DF CARF MF 50 Com efeito, deve o lançamento pautarse pelos princípios da legalidade, motivação e vinculação. Restando claro que estes não foram seguidos pela Fiscalização, deve se afastar o lançamento nesse aspecto. Por fim, quanto à exclusão da multa agravada relativamente àquelas condutas em que a Autoridade não comprovou a existência de dolo, fraude ou simulação, também agiu de modo coerente a DRJ. Uma vez demonstrado que o suposto não recolhimento de tributos se deu com base em mera divergência de interpretação da legislação tributária, a multa deve ser aplicada em patamar ordinário. Por todo o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para excluir do crédito tributário as seguintes parcelas: (i) parcelas atingidas pela decadência nos termos do art. 150,§4º, considerando não apenas o recolhimento em espécie das contribuições, mas, também, a apuração de saldo credor; (ii) aquisições de mercadorias de cooperativas agroindustriais, assim entendidas aquelas assim registradas pela Recorrente em seus registros contábeis; (iii) aquisições de mercadorias das empresas Miranda Com. Exp. & Imp. de Café Ltda., Fortaleza Agro Mercantil Ltda., e Ind. Com. Imp. Exp. de Cereais Galés Ltda. – ME, uma vez que não comprovado o conluio da Recorrente. Quanto ao RECURSO DE OFÍCIO, nego provimento. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 37264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.910769/2011-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.527
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de PIS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 07 69 /2 01 1- 66 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06043.107. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.910769/201166 Acórdão n.º 3302004.527 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13609.000382/99-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 09 00:00:00 UTC 2005
Ementa: NORMAS PROCESSUAIS - RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO - OMISSÃO.
Cabem embargos de declaração quando existir no acórdão
obscuridade, dúvida ou contradição entre a decisão e os seus
fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se
a Câmara .
SENTENÇA JUDICIAL.LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE.
A norma individual e concreta não exclui o direito decorrente de
norma geral e abstrata superveniente.
EMBARGOS ACOLHIDOS E NEGADO PROVIMENTO
Numero da decisão: 301-31.813
Decisão: DECIDEM os Membros da Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, acolher e negar provimento aos Embargos de Declaração, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Valmar Fonseca de Menezes
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NORMAS PROCESSUAIS - RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO ~ OMISSÃO. Cabem embargos de declaração quando existir no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Câmara . SENTENÇA JUDICIAL.LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. A norma individual e concreta não exclui o direito decorrente de norma geral e abstrata superveniente. EMBARGOS ACOLHIDOS E NEGADO PROVIMENTO Vistos, relatados e discutidos os presentes embargos de declaração interpostos por: ARDÓSIA SANTA CATARINA LTDA. DECIDEM os Membros da Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, acolher e negar provimento aos Embargos de Declaração, nos termos do voto do Relator. OTACÍUO DAN Presidente ADEMENEZES Formalizado em: 27 ABR 2006 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: José Luiz Novo Rossari, Luiz Roberto Domingo, Atalina Rodrigues Alves, Susy Gomes Hoffmann, Irene Souza da Trindade Torres e Carlos Henrique KIaser Filho. Esteve presente o Procurador da Fazenda Nacional Rubens Carlos Vieira. ccs • • EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO N° 301- Processo n° 13609.000382/99-41 Recurso N° 128.590 Embargante Procuradoria da Fazenda Nacional RELATÓRIO Trata o presente caso de embargos de declaração interpostos com relação ao Acórdão proferido nos autos deste processo, à fi,. 144, que deu provimento à contribuinte para determinar o retomo dos autos à DRJ para exame do mérito de restituição do FINSOCIAL. Para melhor compreensão dos meus pares, e com a sua licença, passo à leitura do relatório daquele acórdão e da sua ementa . À fi. 158, a douta Procuradoria da Fazendá Nacional apresenta os referidos embargos sob alegação de que: • Houve obscuridade no acórdão prolatado em vista de que este não se considerou, para a sua decisão, a decisão judicial transitada em julgado que conferiu à contribuinte o direito a não pagar pelas majorações do FINSOCIAL; • O contribuinte formulou o seu pedido de restituição quando decorridos mais de cinco anos do referido trânsito em julgado, donde se conclui que expirou o prazo para o pleito de tal indébito; É o relatório . 2 • • EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO N° 301- Processo n° 13609.000382/99-41 Recurso N° 128.590 VOTO Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes, Relator Preliminarmente, verifiquemos a admissibilidade ou não dos embargos interpostos. Dispõe o Regimento Interno deste Colegiado, in verbis: "Art. 27. Cabem embargos de declaração quando existir no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Câmara. ~ ]'O Os embargos serão interpostos, por Conselheiro da Câmara julgadora, pelo Procurador da Fazenda Nacional, pelo sujeito passivo, pela autoridade julgadora de primeira instância ou pela autoridade encarregada da execução do acórdão, mediante petição fundamentada, dirigida ao Presidente da Câmara, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão. (..)" Com uma clareza cristalina, concluo que, de fato, o acórdão proferido não se pronunciou sobre a ação judicial a que se refere a Procuradoria da Fazenda Nacional. Voto, pois, preliminarmente, pelo acolhimento dos embargos. No que tange ao mérito, no entanto, não guarda a mesma sorte a Fazenda Nacional. Senão, vejamos: Ressalte-se, por oportuno, que a própria Delegacia de origem, conforme despacho de fi. 106, ao analisar ação judicial interposta pela recorrente, não houve, pelo Judiciáiio, o reconhecimento do direito à compensação dos valores indevidamente pagos com contribuições vincendas. Adiante, o mesmo despacho afirma que "outra não podia ser a linha da decisão judicial, tendo em vista que em sua petição inicial foi requerida tão somente a segurança para dispensa a contribuinte do pagamento do FINSOCIAL (fi. 16). Desta forma, entendo, como entendeu o próprio Fisco, que a ação interposta não visava à restituição de valores pagos supostamente a maior de 3 • • EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO N° 301- Processo nO 13609.000382/99-41 Recurso N° 128.590 FINSOCIAL e que, o que é mais importante, não houve o pronunciamento do Poder Judiciário, especificamente em relação a este aspecto e a este contribuinte. Em outras palavras, não havia nenhuma sentença proferida concedendo ou negando à contribuinte o direito à repetição do referido indébito. Ainda que o houvesse ocorrido, há que se lembrar que estaríamos tratando de uma decisão judicial proferida em um ordenamento jurídico diverso e anterior àquele considerado para o deferimento do prazo para restituição, qual seja a edição da Medida Provisória 1621/98. A norma individual e concreta não exclui o direito decorrente de norma geral e abstrata superveniente. Diante do exposto, voto no sentido de que sejam os embargos acolhidos, para, no mérito, negar-lhes provimento . zembro de 2005 4 00000001 00000002 00000003 00000004
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912100/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.814
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 00 /2 01 2- 11 Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.841, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10830.912100/201211 Acórdão n.º 3301003.814 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 201DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.004605/2006-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2006 a 31/07/2006
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Em se tratando de ressarcimento ou compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito aos créditos pleiteados.
COFINS NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO
No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semasiológico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os bens e serviços que integram necessariamente a cadeia produtiva.
COFINS NÃO CUMULATIVA.CRÉDITOS. ÁCIDO SULFÚRICO. COMBUSTÍVEIS E SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS.
É legítima a tomada de crédito da contribuição não cumulativa em relação às aquisições de insumos como por exemplo óleo BPF, o carvão energético, o ácido sulfúrico, o inibidor de corrosão e os serviços de transporte de rejeitos industriais por integrarem o custo de produção do produto exportado (alumina).
COFINS NÃO CUMULATIVA. FRETE. CRÉDITOS.
As despesas com o transporte para a aquisição de insumos devem integrar a base de cálculo dos créditos da COFINS por integrarem o custo de produção, na forma do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03.
COFINS NÃO CUMULATIVA. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS.
Na não cumulatividade da COFINS, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3301-003.654
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação aos subitens 10.1. (Óleo BPF e Carvão Energético) e parcialmente quanto ao subitem 10.5. (quanto aos fretes na aquisição de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) e quanto ao item 11 (somente em relação aos serviços de transporte de rejeitos industriais. Por maioria de votos dar provimento ao recurso em relação ao item 10.2. (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão), vencidos os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcos Roberto da Silva e Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho que mantinham a glosa.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente
(assinado digitalmente)
Valcir Gassen - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 31/07/2006 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Em se tratando de ressarcimento ou compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito aos créditos pleiteados. COFINS NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semasiológico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os bens e serviços que integram necessariamente a cadeia produtiva. COFINS NÃO CUMULATIVA.CRÉDITOS. ÁCIDO SULFÚRICO. COMBUSTÍVEIS E SERVIÇOS DE REMOÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS. É legítima a tomada de crédito da contribuição não cumulativa em relação às aquisições de insumos como por exemplo óleo BPF, o carvão energético, o ácido sulfúrico, o inibidor de corrosão e os serviços de transporte de rejeitos industriais por integrarem o custo de produção do produto exportado (alumina). COFINS NÃO CUMULATIVA. FRETE. CRÉDITOS. As despesas com o transporte para a aquisição de insumos devem integrar a base de cálculo dos créditos da COFINS por integrarem o custo de produção, na forma do art. 3º, II, da Lei nº 10.833/03. COFINS NÃO CUMULATIVA. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na não cumulatividade da COFINS, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 46 05 /2 00 6- 28 Fl. 754DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 755 2 mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação aos subitens 10.1. (Óleo BPF e Carvão Energético) e parcialmente quanto ao subitem 10.5. (quanto aos fretes na aquisição de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) e quanto ao item 11 (somente em relação aos serviços de transporte de rejeitos industriais. Por maioria de votos dar provimento ao recurso em relação ao item 10.2. (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão), vencidos os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcos Roberto da Silva e Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho que mantinham a glosa. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente (assinado digitalmente) Valcir Gassen Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 532 a 590) interposto pelo Contribuinte, em 2 de março de 2012, contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0124.123 (fls. 512 a 529), de 31 de janeiro de 2012, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (PA) – DRJ/BEL – que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Impugnação (fls. 357 a 400) apresentada pelo Contribuinte. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do referido Acórdão: “(...) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS OBJETO DE GLOSA (Ficha 06A/06B/02): Através dos arquivos magnéticos recebidos (planilha excel) onde consta relação completa de todas notas fiscais de insumos adquiridos, bem como sua aplicação no processo produtivo, realizamos verificação de sua consistência pela analise física de algumas notas fiscais (solicitadas por amostragem) e constatamos a irregularidade dos valores Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 756 3 alocados na ficha 06A/06B, item 02 da DACON, conforme detalhamento na planilha 10 e 11, anexas. A pessoa jurídica poderá se creditar de aquisições de insumos (bens ou serviços), inclusive combustíveis e lubrificantes, efetuadas no mês. Considerase como insumos a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Glosas Efetuadas 10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento das caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de Combustíveis/Carvão energético (...) na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo. 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados. (...) 11) CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento das glosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas. Normas Relacionadas: Solução de Divergência Cosit n° 12, de 24/10/2007 "Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o financiamento da seguridade social Cofins, matérias de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas" 12) CRÉDITOS DECORRENTES DE DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA (Ficha 06A/04): Pela análise dos arquivos magnéticos e verificação, por amostragem, das notas fiscais não constatamos irregularidades relacionadas a esse item. 13) BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR REFERENTE AO ATIVO IMOBILIZADO (Ficha 06A/06B/10): A empresa utilizou créditos decorrentes da aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado em duas modalidades: 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4(quatro) anos correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei n° 10.833/2003, Fl. 756DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 757 4 art 3º, § 14, introduzido pela Lei n° 10.865/2004, art. 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput). Através dos arquivos magnéticos referentes às aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1)Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados a venda. 2) Maquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. 13.1.1 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens não se enquadram como máquinas ou equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda, conforme exigência legal para gozo do benefício. 13.1.2 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens caracterizamse como Edificações, não abrangidos pelos benefícios acima referidos embora sejam do ativo imobilizado. Em relação a construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. Notas: a) Não foi concedido o benefício para os outros bens, senão máquinas e equipamentos, destinados ao Ativo Imobilizado utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. b) A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de : móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. 13.2) Por aproveitamento do crédito no prazo de 12(doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam (...). (...) Após análise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12(doze) meses constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos. Elaboramos a Planilha n° 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as Planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 758 5 Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na Planilha 07D: DT05 – Glosados em virtude da data de aquisição (emissão nota fiscal) ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006. EDIF06 – Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006. EDIF07 – Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007. N – Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD – Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionados no Decreto n° 5.988/2006. NREB – Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito (...).” Cientificada, a interessada apresentou tempestivamente a impugnação de fls. 357/400 (com argumentos replicados na manifestação de inconformidade de fls. 435/479), na qual alega: a) Foram glosados créditos gerados por bens e serviços empregados como insumos, mais especificamente: Transporte de Rejeitos Industriais, Óleo BPF, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão, sob o fundamento de que não se enquadrariam como bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção dos bens destinados à venda. Por derradeiro, foram glosados créditos relacionados a despesas ou encargos com Ativo Imobilizado para emprego na fabricação de produtos destinados à Venda ou Prestação de Serviços, inclusive máquinas, equipamentos e outros bens que foram incorporados ao Ativo Imobilizado. b) Ponto fundamental é o da definição e amplitude conceitual dispensadas aos insumos que gerariam o crédito da Contribuição e que seriam os bens e serviços que seriam utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, abrangendo mas não se restringindo ao universo das matériasprimas produtos intermediários e quaisquer outros bens que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produtos em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Também se reputam como insumos empregados na prestação de serviços os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Centrando a atenção ao presente processo, bem se vê que a requerente é sociedade empresária preponderantemente exportadora, de sorte que igualmente faz jus à apropriação de créditos, inclusive concernentes a estoque de abertura oriundos dos custos, despesas e encargos advindos das receitas resultantes de exportação dos produtos que industrializa e comercializa. Especificamente quanto aos serviços utilizados com insumos, a autoridade fazendária glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de transporte de rejeitos industriais, óleo BPF, ácido sulfúrico e inibidor de corrosão. Naturalmente que não poderia furtarse a impugnante do creditamento dos valores desembolsados com o transporte destes rejeitos, que são sabidamente inerentes ao processo fabril do alumínio produzido e exportada por pessoa jurídica como a requerente. Os dispêndios com este transporte são, portanto, irrefutavelmente, dedutíveis. O óleo BPF, considerado pela fiscalização como gerador de energia térmica, destinase à queima em fornos adequados para a calcinação do hidrato e na geração de vapor nas caldeiras. A fiscalização glosou toda a utilização do BPF, tanto nas caldeiras como para calcinação. Em relação ao Ácido Sulfúrico, descabe glosa já Fl. 758DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 759 6 que a fiscalização o está considerando como material de limpeza. O ácido sulfúrico é utilizado para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, limpeza esta fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta. O ácido usado é utilizado na neutralização de afluentes cáusticos. A fiscalização glosou toda a aquisição deste insumo e frete, inclusive glosando fretes e duplicidade. Já a respeito do Inibidor de Corrosão, utilizado para formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento, insta mencionar que sua ausência no rol das especificações compromete substancialmente a qualidade e quantidade da alumina produzida. Ora, com toda a necessidade de que tais insumos sejam empregados de modo direto, na geração do alumínio final que será objeto de exportação, não se vê como possamos acatar a glosa dos serviços de transporte dos itens em voga, como, igualmente nos termos da legislação vigente, insumo de aplicação direta, que, portanto, não podem ser recusados enquanto serviços creditáveis. Transcreve decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais. c) Especificamente quanto aos bens adquiridos como Ativo Imobilizado, a Fiscalização entendera pela glosa de bens adquiridos com Ativo Imobilizado, nada obstante haver acertadamente considerado a requerente que os valores gastos na aquisição de bens, inclusive máquinas, equipamentos e outros incorporados ao ativo imobilizado devem ser recuperados enquanto créditos dedutíveis das bases apuratórias da Contribuição, logo descabe, igualmente, a glosa sobre o ativo imobilizado. Refere solução de consulta. d) O que resta evidente da análise do tratamento legal é a completa ausência de amarras, restrições, condicionantes ao direito de desconto de créditos sobre os valores de COFINS a pagar, desde que os bens ou serviços reputados creditáveis pelo contribuinte, efetivamente, sejam insumos empregados na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, ensejam os descontos. Mesmo analisando as Instruções Normativas editadas pela Receita Federal, no afã de regulamentar os aludidos preceitos legais pertinente ao desconto de créditos de COFINS sobre certas despesas, aquisições e dispêndios, não há discrepância relevante que justifique a manutenção das glosas ora questionadas. A Jurisprudência do outrora denominado Conselho de Contribuintes não tergiversa em rever glosas como as que foram equivocadamente perpetradas no presente caso, especificamente mencionando a possibilidade de se creditar sobre os gastos havidos com a remoção de resíduos industriais, tal como sucede no caso vertente. Refere e transcreve excertos de julgados administrativos, concluindo que as despesas com remoção de resíduos industriais correspondem a serviços aplicados/consumidos no processo produtivo, os quais também geram créditos dedutíveis das bases de apuração da contribuição, haja vista que representam custos, gastos ou despesas vinculados ao produto ou serviço vendido. Aduz que, para o afastamento da glosa sobre Transporte dos Rejeitos Industriais, é de ser observado imperativamente o § 1º do art. 6º da Lei nº 10.833/2003, uma vez que é uma sociedade empresária comercial exportadora. Ora, a dicção do § 3º do art. 6º em questão não permite que remanesça qualquer dúvida sobre quais os créditos passíveis de ressarcimento, como sendo os que são “apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação” e não apenas os que digam respeito aos insumos empregados no processo produtivo do alumínio exportado. Em várias outras ocasiões, ainda que se centrando mais no art. 3º da Lei 10833/2003, os órgãos judicantes do Ministério da Fazenda têm registrado que não se pode sustentar glosas que tenham sido levadas a efeito pela Fiscalização, sem que a mesma tenha logrado “motivar” tais glosas, a ponto de expor sua incompatibilidade legal. Refere julgados administrativos e judiciais, afirmando que o critério fundamental par a concessão do crédito sobre insumos é da essencialidade Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 760 7 ao processo produtivo, também transcrevendo soluções de divergência proferidas pela Cosit e salientando que, no caso concreto, mesmo que se admita que as soluções de consulta possam ser aplicadas em total desconexão com a ordem constitucional e a legislação ordinária, os bens e serviços glosados são inegavelmente insumos de aplicação direta, inclusive de contato físico com o produto final industrializado, de sorte que também sob tal viés não poderiam ter sido glosados. e) Cabe voltarnos com maior detença à glosa das máquinas e equipamentos adquiridos pela requerente e incorporados ao seu ativo imobilizado, a qual, com a devida vênia, causou estranhetza, considerando, de plano, a permissão constante da Lei 10833/2003. A IN SRF nº 457/2004 veiculou a facultatividade do cálculo do crédito insculpido na lei ordinária, observada a periodicidade de quatro anos. O Decreto 5988/2006, que dispõe sobre o art. 31 da Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, instituiu depreciação acelerada incentivada e desconto da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no prazo de doze meses, para aquisições de bens de capital efetuadas por pessoas jurídicas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas das áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM. A querela reside no fato de que a fiscalização, injustificadamente, glosou não menos que a totalidade dos créditos gerados sobre maquinas e equipamentos adquiridos e incorporados ao ativo imobilizado da requerente, sob o suposto fundamento de que a mesma não teria observado as exigências constantes da Lei 11.196/2005, ou seja, não teria considerado na periodicidade legal diferencial de apuração do crédito sobre ativo imobilizado, apenas as máquinas e equipamentos adquiridos sob o regime incentivado do RECAP, utilizandose ao revés da periodicidade excepcional dos 1/12 sobre a totalidade das máquinas e equipamentos adquiridos no período auditado. O fato, contudo, que, data vênia, desmantela a pretensão esposada pela Autoridade Fazendária é que a postulante, por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais créditos automaticamente, de modo que pelas suas especificidades, é evidente que a conduta apontada no Auto, seria, como é, impraticável. Ante tal quadro, o mínimo que se poderia aceitar para a pretensa manutenção das glosas, seria a demonstração por parte da Fiscalização de que a requerente, efetivamente, se apropriou de créditos sobre máquinas e equipamentos adquiridos fora do regime diferenciado do RECAP, sem observar a periodicidade permitida pela lei e pela IN aplicáveis. A ocorrência supra, contudo, reiterese, não apenas é inexeqüível em face do processo produtivo e depreciação ordinária das máquinas e equipamentos empregados no mesmo, como ainda não fora minimamente exposta pela autoridade fazendária, pelo que, consoante as decisões colacionadas alhures, tais glosas também hão de ser inteiramente desconstituídas. Do que é possível inferir da sucinta exposição declinada pela autoridade fazendária, não teria sido reconhecido benefício para tais itens na medida em que não se enquadrariam no rol de máquinas e equipamentos, volvidos ao Ativo Imobilizado, empregados na fabricação de produtos para venda, restando excluídos assim móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e demais que estariam, segundo a inteligência esposada pela autoridade, ao largo do rol de máquinas e equipamentos que gerariam crédito consoante o ordenamento aplicável. Não há, contudo, nem reflexamente, uma clara indicação da razão pela qual e nem tampouco quais seriam estes itens específicos, ao menos referidos em uma planilha anexa ao Mandado de Procedimento que permita à postulante compreender o porquê da desconsideração de tais máquinas e equipamentos defendose objetivamente de tais glosas. O que se tem por certo é que os itens qualificados pela postulante como máquinas efetivamente foram incorporados ao ativo imobilizado e empregados na produção do alumínio destinado à venda, respeitada a periodicidade prevista nas normas aludidas. O Fiscal não se desincumbira de tal ônus mínimo, incorrendo não somente em Fl. 760DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 761 8 cerceamento de defesa como ainda trazendo a lume mais uma glosa descabida. Logo, não há como se vislumbrar infringência à Lei nº 11.488/20087 (REIDI). f) Transcreve o que identifica como o entendimento doutrinário relativo ao regime da nãocumulatividade aplicado à Cofins, concluindo que a Constituição Federal previu o regime da nãocumulatividade originariamente para o ICMS e IPI, traçandolhes com precisão os limites em que tal regime poderia vigorar. Estendeuo pela EC 42/2003 à COFINS, remetendo sua regulamentação à legislação infraconstitucional, o que já havia sido levado a efeito antes da EC, pela Lei ordinária 10833/2003, que não apenas elencara quais setores da economia seriam autorizados a se apropriar de créditos sobre determinadas despesas e encargos, como ainda discriminara quais destes desembolsos permitiriam tal apropriação. As Instruções Normativas e normas complementares afins, por força do princípio da nãocumulatividade, por não gozar de envergadura constitucional, evidentemente, não podem a pretexto de regulamentar, restringir a restrição e muito menos ainda o AuditorFiscal, restringir a restrição da restrição, o que significaria o aniquilamento de uma determinação magna ao ponto de inverter a lógica interna do regime tornandoo mais oneroso que a própria cumulatividade. Nada obstante, o teor das mesmas não se choca com os procedimentos apuratórios da impugnante. No caso vertente, convém ressaltar que a impugnante fora extremamente conservadora na medida em que seguira religiosamente as disposições da Lei 10833, apropriandose dos créditos gerados apenas pelas aquisições e despesas de aplicação direta listadas nos diplomas legais, conquanto seja irrefutável a natureza imperativa e irrestrita do comando constitucional pós EC 42/2003 para os setores previstos em lei, as contribuições serão nãocumulativas. Simples. Nada obstante, amargara as glosas inexplicáveis contra as quais ora se insurge. Cita posição doutrinária. g) Protesta pela produção de prova pericial, via auditagem suplementar, considerandose a incompatibilidade entre a escrita contábil da Alunorte do período, e as razões de glosa suscitadas pela N. Fiscalização esclarecendo que a finalidade é a de ratificar a efetiva utilização dos bens e serviços glosados como insumos de aplicação direta e efetiva no processo produtivo da requerente, desde já indicando Assistente técnico. Tendo em vista a negativa do Acórdão da 3ª Turma da DRJ/BEL, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação (fls. 357 a 400) apresentada pelo Contribuinte, este ingressou com Recurso Voluntário, visando reformar a referida decisão. O Conselho Administrativo de Recurso Fiscais – CARF, por meio da Resolução nº 3101000.394, de 12 de novembro de 2014, resolveu converter o julgamento em diligência. A resposta de tal resolução veio por meio de Relatório Fiscal (fls. 638 a 646), em 3 de julho de 2015. O Contribuinte, por sua vez, apresentou Manifestação ao Termo de Encerramento de Diligência Fiscal (fls. 650 a 670), em 30 de julho de 2015, trazendo os argumentos que visam rebater o conteúdo do Relatório Fiscal. É o relatório. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 762 9 Voto Conselheiro Valcir Gassen, Relator O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0124.123, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 31/07/2006 PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. PAF. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas relativas a terceiros não possuem eficácia normativa, uma vez que não integram a legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do Código Tributário Nacional. PAF. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos previstos no art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972, também se fazendo incabível a realização de perícia quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. COFINS NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo da Cofins NãoCumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. COFINS NÃOCUMULATIVA. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na nãocumulatividade da Cofins, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, Fl. 762DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 763 10 equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. DCOMP. CRÉDITO. HOMOLOGAÇÃO. LIMITE DO CRÉDITO. As declarações de compensação apresentadas pelo sujeito passivo somente podem ser homologadas no exato limite do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido No Recurso Voluntário o Contribuinte alega que requereu o reconhecimento do crédito global de R$ 6.329.275,70 via PER/DCOMPs de no. 42839.80231.110806.1.3.09 8480; 25778.57581.140806.1.7.093854; 06712.77151.160806.1.3.090700, referente a julho de 2006 e que por intermédio do procedimento fiscal foi glosada a quantia de R$ 4.791.354,93. Diante deste fato sustenta: 1) “DO INCABIMENTO DA GLOSA SOBRE BENS CONSIDERADOS EDIFICAÇÕES E COMPONENTES DO ATIVO IMOBILIZADO DO POSICIONAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA ATUAL ADMINISTRATIVA E JUDICIAL ACERCA DO CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE COFINS E PIS/PASEP NÃOCUMULATIVOS” (fls. 537 e seguintes); e, 2) “DO TOTAL INCABIMENTO DAS GLOSAS DE ÓLEO COMBUSTÍVEL/ÓLEO BPF ADQUIRIDO NO PERÍODO APURATÓRIO EQUIVOCADAMENTE ENQUADRADAS COMO INEXISTENTES AQUISIÇÕES DE ENERGIA ELÉTRICA E TÉRMICA – DA APLICAÇÃO DO ART. III, INCISO II, DA LEI NO. 10.833/2003 E NÃO DO INCISO III QUE CONFORME A LEI 11.488/2007 PASSOU A VIGER EM JUNHO DE 2007” (fls. 548 e seguintes); Na análise do Recurso Voluntário do Contribuinte a 1a. Turma da 1a. Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais – CARF, por meio da Resolução nº 3101000.394, resolveram por unanimidade converter o julgamento em diligência com o seguinte teor às fls. 624 e 625: (...) Assim, por entender, também, que a verdade material é essencial no processo administrativo tributário e nesse caso é essencial a verificação física nas dependências da empresa, que proponho a conversão do julgamento em diligência para que a fiscalização responda depois de uma visita nas dependências da empresa ou traga um laudo de perito especializado, respondendo o seguinte: Os referidos insumos e serviços glosados sob avaliação têm afetação sobre o processo produtivo? De que forma? Fl. 763DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 764 11 Levandose em conta o papel exercido pelos insumos e serviços glosados pela fiscalização no processo produtivo da Recorrente, podese afirmar que estes são intrínsecos à atividade produtiva e, portanto, a essa está indissociáveis? Considerando a estrutura da Recorrente e a sua produção seria possível produzir todos os produtos finais comercializados sem a utilização dos insumos e serviços glosados? Os insumos e serviços glosados se mostram essenciais, isto é, se são indispensáveis aos processos produtivos desenvolvidos pela Recorrente? Os bens adquiridos pela Recorrente e que foram glosados podem ser enquadrados ou não como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados à venda? Tal quesito deverá possibilitar a determinação do prazo de depreciação em questão nos autos. Realizada a presente diligência, notifique a Recorrente para se manifestar e, também, se assim desejar, apresente laudo de perito especializado e idôneo para responder aos mesmos quesitos apresentados. Em cumprimento da diligência requerida por intermédio da Resolução nº 3101000.394 assim ficou posto em 3 de julho de 2015 (fls. 639 a 646): DA DILIGÊNCIA Em 10/04/2015, cientificamos o contribuinte do Termo de Início de Diligência, no qual foi solicitado o comparecimento de um técnico da empresa com a finalidade de prestar esclarecimentos sobre todas as fases do processo produtivo. Em 08/05/2015, compareceu o Gerente de Área da Alunorte e apresentou uma explanação completa sobre todo processo produtivo da empresa. Abaixo apresentamos nossas conclusões sobre os pontos solicitados pelo CARF, levando em consideração os esclarecimentos apresentados pelo Gerente da empresa: INSUMOS GLOSADOS Os insumos glosados estão demonstrados na Plan 10, constando as seguintes informações no relatório fiscal: 10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento das caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de Combustíveis/Carvão energético utilizados na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; Sobre essas glosas esclarecemos que o Óleo BPF e Carvão Energético são utilizados na queima das caldeiras para aquecimento da polpa líquida(LICOR) de onde se extrai a Alumina. O aquecimento do LICOR, efetuado pelo vapor gerado nas caldeiras, é essencial para extração da Alumina. Um gerador de vapor, conhecido também como caldeira, é um dispositivo usado para produzir vapor aplicando energia térmica à água. A glosa foi efetuada considerando que a legislação(lei 11.488/2007) só reconheceu crédito sobre energia térmica(queira do Óleo BPF) a partir de 15/06/2007. Fl. 764DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 765 12 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; Essas glosas foram efetuadas basicamente na aquisição de Ácido Sulfúrico e de Inibidor de Corrosão. O Ácido Sulfúrico foi glosado considerando que ele é usado para limpeza ácida e desincrustação dos equipamentos, em nenhum momento ele reage quimicamente com o LICOR para produção da alumina. Embora não seja necessário para produzir alumina, sua utilização é fundamental para "limpeza" dos equipamentos por onde passa o LICOR. O produto "inibidor de corrosão" é utilizado no tratamento da água potável e adicionado à água para diminuir o efeito da corrosão nas tubulações metálica aumentado sua vida útil, em nenhum momento ele é utilizado como insumo na produção da alumina, não participa como reagente na mistura que gera o LICOR da bauxita até sua transformação em alumina(produto final). Fazendo uma comparação com o cotidiano seria similar ao "aditivo" usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero "aditivo" para aumentar a vida útil das tubulações, não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos desse produto. 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; Foram glosadas as aquisições de "bola forjada" por se caracterizar como bem do ativo imobilizado. 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo; Não foram efetuadas glosas por tal motivo. 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados. Foram glosados os fretes relacionados com os produtos glosados. Normas relacionadas: Soluções de Divergência Cosit nº 12, de 24/10/2007, nº 14 de 31/10/2007, nº 15 de 21/11/2007, nº 12, de 08/04/2008, nº 35 de 29/09/2008.". SERVIÇOS GLOSADOS Os serviços glosados estão detalhados na Plan 08, constando as seguintes informações no relatório fiscal. "CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento das glosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas. Normas relacionadas: Solução de Divergência Cosit n° 12, de 24/10/2007 "Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o financiamento da seguridade social Cofins, matérias de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas" As glosas podem ser separadas em 02 tópicos: Fl. 765DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 766 13 1) Serviços de limpeza, manutenção de elevadores e instalações elétricas, , montagem e desmontagem de andaimes: Tais glosas foram efetuadas considerando que os serviços não guardam ligação com o processo produtivo das alumina, não sendo intrínsecos à atividade produtiva. Pela descrição dos serviços, observamos tratarse de despesas eventuais no dia a dia da empresa, não sendo essencial na produção da alumina. 2) Transportes de Rejeitos Industriais: Esse tópico representa quase 90% do valor total dos serviços glosados. Depois de todo processo industrial de separação da alumina resulta uma grande quantidade de rejeito em forma de lama. Todo esse rejeito é transportado por caminhões para diques onde são armazenadas. Como todo o produtivo final já foi produzido(alumina), a retirada da lama residual não tem afetação sobre o processo produtivo. Tal custo acontece depois da produção da alumina não podendo ser considerado um serviço aplicado na produção da mesma. Tratase de uma limpeza do pátio após um ciclo de produção. A não remoção da lama residual formaria uma grande montanha que impediria o funcionamento operacional da empresa. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO O contribuinte optou por calcular os créditos com base na depreciação incentivada, na 1ªfase analisaremos os créditos calculados pela taxa de 1/48(quarenta e oito avos) sobre o valor de aquisição(Lei nº10.833/2003, art. 3º,§14, introduzido pela Lei nº 10.865, art 21 e Instrução Normativa SRF nº 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, e inciso II do caput), na 2ª fase serão abordados os créditos correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem (Lei 11.196/2005, art. 31, e Decreto nº 5.988/2006). 1ª FASE Consta no Relatório Fiscal: 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4(quatro) anos correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei n° 10.833/2003, art 3º, § 14, introduzido pela Lei n° 10.865/2004, art. 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput). Através dos arquivos magnéticos referentes às aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1)Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados a venda. 2) Maquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. 13.1.1Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens não se enquadram como maquinas ou equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda, conforme exigência legal para gozo do benefício. 13.1.2 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens caracterizamse como Edificações, não abrangidos pelos benefícios acima referidos embora sejam do ativo imobilizado. Em relação a construção da Expansão II, o contribuinte informou que a Fl. 766DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 767 14 mesma só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008 Notas: a) Não foi concedido o benefício para os outros bens, senão máquinas e equipamentos, destinados ao Ativo Imobilizado utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. b) A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de: móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Na Plan 01 constam os itens, do período maio/04 a abril/05, que foram glosados por não serem considerados maquinas ou equipamentos utilizados na produção, como definidos no dispositivos legais (Lei nº10.833/2003, art. 3º, §14, introduzido pela Lei nº 10.865, art 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput) que dão base para calcular o crédito pela taxa de 1/48 sobre o valor de aquisição. As glosas foram efetuadas quando a coluna "Descrição do Projeto" da planilha Plan 01, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: Administrativo, Apoio, Instalação Provisória, Móveis..., ou quando a coluna "Área" indicava que o bem foi aplicado na manutenção, utilidades.... A lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e os produtos glosados, embora podendo ser bens do ativo imobilizado, não indicavam que seriam do tipo "maquinas e equipamentos". Na Plan 02 constam os itens, do período maio/04 a abril/05, que foram glosados por serem considerados edificações e não maquinas ou equipamentos utilizados na produção, como definidos nos dispositivos legais (Lei nº10.833/2003, art. 3º, §14, introduzido pela Lei nº 10.865, art 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput) que dão base para calcular o crédito pela taxa de 1/48 sobre o valor de aquisição os bens descritos As glosas foram efetuadas quando a coluna "Descrição do Projeto" da planilha Plan 02, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: Obras Civis, Estruturas Metálicas, Apoio, Instalação Provisória de Canteiro, Estacas Hélices..., ou quando a coluna "Fornecedor" indicava um fabricante de cimento, fios elétrico ou produtos aplicados na construção civil. A lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda, ao passo que os produtos glosados, embora podendo ser do ativo imobilizado, não se caracterizam como maquinas e equipamentos para usufruir da depreciação incentivada utilizada pelo contribuinte, tais bens caracterizamse como "edificações". Na Plan 04 constam os itens, do período de maio/05 a dezembro/05, que foram glosados por não serem considerados maquinas ou equipamentos utilizados na produção, como definidos nos dispositivos legais (Lei nº10.833/2003, art. 3º, §14, introduzido pela Lei nº 10.865, art 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso Fl. 767DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 768 15 I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput) que dão base para calcular o crédito pela taxa de 1/48 sobre o valor de aquisição. As glosas foram efetuadas quando as colunas "Descrição do Bem", "Tipo Transação", "Tarefa", da planilha Plan 04, apontavam para bens fora do setor de produção, tais como: móveis, gaveteiros, armários, poltronas, radio, bicicletas, lanches, colchões e outros bens destinados aos setores Administrativos, Gerenciais, Manutenção, Comercial e outros, quando a lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Na Plan 05 constam os itens, do período de maio/05 a dezembro/05, que foram glosados por serem considerados edificações e não maquinas ou equipamentos utilizados na produção, como definidos nos dispositivos legais (Lei nº10.833/2003, art. 3º, §14, introduzido pela Lei nº 10.865, art 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput) que dão base para calcular o crédito pela taxa de 1/48 sobre o valor de aquisição. As glosas foram efetuadas quando as colunas "Descrição do Bem", "Tipo Transação", "Tarefa", da planilha Plan 05, apontavam para bens fora do setor de produção, tais como: Obras Civis, Estruturas Metálicas, Apoio, Instalação Provisória de Canteiro, Estacas Hélices..., quando a lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre maquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e não sobre edificações, como se caracterizam os bens glosados. 2ª FASE Consta no Relatório Fiscal: 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4(quatro) anos correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei n° 10.833/2003, art 3º, § 14, introduzido pela Lei n° 10.865/2004, art. 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput). Através dos arquivos magnéticos referentes às aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separandoos em duas categorias: 1)Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados a venda. 2) Maquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 12(doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam (Lei 11.196/2005, art. 31, e Decreto nº 5.988/2006). Após análise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12(doze) meses, detectamos nas colunas: "Nome", "Tarefa", "Descrição NFiscal", "Descrição Item", "Data", produtos que não se enquadram na Fl. 768DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 769 16 depreciação inentivada determinada pela Lei 11.196/2005, art. 31, e Decreto nº 5.988/2006. Tais glosas achamse detalhadas na Plan 07D com a seguinte codificação: DT05 – Glosados em virtude da data de aquisição(emissão nota fiscal) ser anterior à previsão legal que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006. Na linha correspondente verificase a da da aquisição do bem. EDIF06 – Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006. Chegamos a tal conclusão pela descrição dos bens nos campos dos arquivos apresentados. Observando a linha da Plan 07 D, facilmente se identifica ser um produto aplicado em edificações. EDIF07 – Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007. Chegamos a tal conclusão pela descrição dos bens nos campos dos arquivos apresentados. Observando a linha da Plan 07 D, facilmente se identifica ser um produto aplicado em edificações. N – Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD – Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionados no Decreto n° 5.988/2006. Considerando que o benefício só foi concedido para bens relacionados em regulamento. NREB – Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito por ser isento das contribuições para a COFINS e PIS. Como ficou demonstrado anteriormente, o contribuinte optou erradamente pelo tipo de depreciação(depreciação incentivada) a ser calculada sobre os bens que foram glosados A seguir efetuados o cálculo da depreciação normal incidente sobre os itens que tiveram os encargos da depreciação incentivada(art. 21 da lei 10.865/2004, art. 31 da lei 11.196/05, 1/48 e 1/12) glosados pela fiscalização, considerando que são bens do ativo imobilizado. Tal procedimento foi adotado caso os Ilustres Conselheiros entendam pertinente reconhecer os créditos incidentes com a apreciação da depreciação normal. As planilhas geradas com as respectivas taxas de depreciação e data de vigência estão contidas na mídia digital (CD) anexo ao presente relatório. Estão incluídos no CD as seguintes planilhas: a) PLAN CA1 – Planilha com relação de bens glosados por não gerarem créditos(PIS/COFINS) em relação aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), adquiridos entre maio/04 e abril/05; b) PLAN CA2 – Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), adquiridos entre maio/04 e abril/05; c) PLAN CA3 – Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833) incidentes sobre Edificações adquiridos entre maio/04 e abril/05; d) PLAN CA4 Planilha com relação de bens glosados por não gerarem créditos(PIS/COFINS) em relação aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), adquiridos entre maio/05 e dezembro/05; Fl. 769DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 770 17 e) PLAN CA5 Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), adquiridos entre maio/05 e dezembro/05; f) PLAN CA6 Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833) incidentes sobre Edificações adquiridos entre maio/05 e dezembro/05; g) PLAN CA7 Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833) de bens adquiridos no mercado interno entre janeiro/06 e dezembro/06; h) PLAN CA8 Planilha com relação de bens glosados por não gerarem créditos(PIS/COFINS) em relação aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), de bens adquiridos no mercado interno entre janeiro/06 e dezembro/06; i) PLAN CA9 Planilha com reconhecimento de crédito(PIS/COFINS) relativos aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), de bens adquiridos no mercado externo entre janeiro/06 e dezembro/06; j) PLAN CA10 Planilha com relação de bens glosados por não gerarem créditos(PIS/COFINS) em relação aos encargos de depreciação normal(lei 10.833), de bens adquiridos no mercado externo entre janeiro/06 e dezembro/06; k) PLAN RES06 Planilha com resumo dos créditos referentes aos encargos de depreciação de janeiro/06 a dezembro/06. Nas planilhas acima foram utilizados os seguintes códigos: NAPLIC GLOSAS DE DEP DE BENS POR NÃO SE ENQUADRAREM COMO IMOBILIZADO OU POR NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS DESTINADOS À VENDA E SIM ALOCADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS, COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); VEIC GLOSADO POR SER VEICULO APLICADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS,COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); MAQ E EQUIP GLOSAS DE DEP DE BENS NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS DESTINADOS À VENDA E ALOCADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS,COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); MAT INFORM GLOSAS DE DEP DE BENS NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS DESTINADOS À VENDA E ALOCADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS,COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); FERRAM GLOSAS DE DEP DE BENS NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS DESTINADOS À VENDA ALOCADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS,COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); MOV E UTEN GLOSAS DE DEP DE BENS NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS DESTINADOS À VENDA ALOCADOS EM ATIVIDADES NÃO INDÚSTRIAIS(ADMINISTRATIVAS,COMERCIAIS, COMPRAS, VENDAS...); NREB – BENS GLOSADOS POR NÃO ESTAREM SUJEITO AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO, SENDO CONSIFDERADO VENDA EQUIPARADO A EXPORTAÇÃO(LEI 9.432/97, ART. 11, § 9º); EXP II – BENS APLICADOS NA EXPANSÃO II, QUE ENTROU EM OPERAÇÃO EM MARÇO/2006, CONFORME INFORMAÇÃO DO CONTRIBUINTE. EXP III – BENS APLICADOS NA EXPANSÃO III, QUE ENTROU EM FUNCIONAMENTO EM JULHO/2008, CONFORME INFORMAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Fl. 770DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 771 18 Os encargos referentes à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado (artº 305, § 2º do RIR/99). Embora tenhamos efetuado os cálculos dos encargos de depreciação normal incidentes sobre os itens anteriormente glosados, não concordamos com o reconhecimento dos créditos incidentes sobre os citados encargos pelos motivos abaixo descritos: a) Em todos Demonstrativos de Apurações das Contribuições Sociais(DACONs), entregues pelo sujeito passivo só foram preenchidos os itens referentes a créditos sobre encargos de depreciação com base no “Valor de Aquisição” (leis 10.865/2004, 11.196/2005), Ficha 16A/10, Ficha 16B/07, Ficha 06 A/10 e Ficha 06 B/07; b) Os itens referentes às depreciações normais (lei 10.833/2003) das referidas fichas, ficaram “em branco”; c) O contribuinte, espertamente, alocou todas aquisições do ativo imobilizado(veículos, maquinas, moveis, ferramentas, edificações...) na lei que lhe seria mais benéfica(dep. Incentivada) não tendo qualquer cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo dos demais bens sujeitos à depreciação normal; d) Como as leis são bem claras(vide notas abaixo) em relação aos bens incentivados, a conduta do sujeito passivo não pode ser considerada “erro de fato” no preenchimento das DACONs; Notas: Não foi concedido o benefício da depreciação incentivada para os outros bens, senão máquinas e equipamentos destinados ao Ativo Imobilizado e utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. A partir de 1º/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de: móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Por aproveitamento do crédito no prazo de 12(doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam.(Lei 11.196/2005, art. 31, e Decreto nº 5.988/2006). e) Como são atos legais distintos e com campos próprios para serem declarados nos DACONs, é de aplicar o art. 832 do RIR/99 que veda a Fl. 771DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 772 19 retificação de declaração após iniciado e concluído o processo fiscal de lançamento de ofício; As planilhas referenciadas no presente relatório estão contidas no CD/DVD anexo e foram anexadas, como mídia digital, nos processos administrativos. Demos ciência do presente Relatório e seus arquivos digitais para que o contribuinte, caso deseje, possa se manifestar no prazo de 30(trinta) dias, sobre as planilhas apresentadas e as conclusões citadas. O contribuinte poderá apresentar laude de perito especializado para responder aos mesmos quesitos constantes das resoluções objeto do presente relatório. E para constar, e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo, em 2 (duas) vias de igual forma e teor, assinado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e pelo representante legal0preposto do sujeito passivo que neste ato recebe uma das vias. O Contribuinte apresentou Manifestação ao Termo de Encerramento de Diligência Fiscal referente a ressarcimento de PIS e COFINS nãocumulativo referente ao mês de julho de 2006, em 30 de julho de 2015 às fls. 650 a 670. Isto posto, cabe lembrar que a mesma 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da Terceira Seção, proferiu antes da Resolução nº 3101000.394 do presente processo, a Resolução nº 3101000.392, referente ao processo nº 10280.004602/200694 do mesmo Contribuinte acerca de declaração de compensação de créditos referentes à COFINS não cumulativa relativos ao mês de abril de 2006. A Resolução nº 3101000.392 converteu o julgamento em diligência com os mesmos pedidos, e, em 20 de julho de 2016, a 2a Turma da 4a Câmara da Terceira Seção, por intermédio do Acórdão nº 3402003.172, decidiu por maioria de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação aos subitens 10.1. (Óleo BPF e Carvão Energético) e 10.2. (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão), e parcialmente quanto ao subitem 10.5 (quanto aos fretes na aquisição de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) e quanto ao item 11 (somente em relação aos serviços de transporte de rejeitos industriais). Como se trata do mesmo Contribuinte, com pedido de compensação de contribuições COFINS referente a julho de 2006, no presente processo, e COFINS, no processo nº 10280.004602/200694, com o período de apuração referente a abril de 2006, que envolve a questão das glosas envolvendo insumos do mesmo processo produtivo e com o mesmo objeto da diligência, cito, como razões para decidir, o voto da conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne no Acórdão nº 3402003.172 proferido em 20 de julho de 2006 na 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF: O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Conforme relatado, o presente processo se refere exclusivamente à pedido de compensação de créditos da COFINS, relativa à competência de abril de 2006, para a qual houve a glosa parcial dos créditos pleiteados pelo sujeito passivo na forma do art. 74 da Lei n.º 9.430/96. Os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados por este CARF em diversos processos da mesma Recorrente: (a) delimitação do conceito de Fl. 772DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 773 20 insumo para as contribuições; (b) glosas de bens considerados como insumos; (c) glosas de serviços considerados como insumos; e (d) glosas em relação a bens do ativo imobilizado e de edificações, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12 e 1/48, meses). Visando facilitar a análise a ser empreendida, as glosas serão identificadas neste voto de acordo com o item do Relatório Fiscal que instruiu o Parecer n.º 523/2011 (fls. 286290), sendo dividida em dois tópicos: I DO CONCEITO DE INSUMO. As glosas trazidas nos itens 10 e 11 do Relatório Fiscal são relativas ao conceito de insumo (questões foram identificadas nos pontos (a), (b) e (c) acima); II DO CRÉDITO A DESCONTAR REFERENTE AO ATIVO IMOBILIZADO. A glosa do item 13 se refere ao ativo imobilizado (questão identificada no ponto (d) acima). Antes de adentrar especificamente em cada uma das glosas, vale consignar que, em se tratando de declaração de compensação, o contribuinte figura como titular da pretensão e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. Em outras palavras, o sujeito passivo possui o encargo de comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, a existência do direito creditório, demonstrando que o direito invocado existe. Assim, quanto aos itens entendidos como não adequadamente descritos ou equivocadamente enquadrados, caberia ao sujeito passivo trazer aos autos os elementos aptos a comprovar a existência de direito creditório, capazes de demonstrar, de forma cabal, que a Fiscalização incorreu em erro com as glosas, em conformidade com os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972. Com efeito, o ônus probatório nos processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito, no entendimento reiterado desse Conselho. No presente caso, quanto aos itens de bens e insumos glosados (itens 10 e 11 do Relatório Fiscal), além de documentos apresentados pela Recorrente à época da fiscalização, foi ainda realizada Diligência Fiscal, oportunidade na qual um representante da Recorrente prestou informações relativas ao seu processo produtivo. Por sua vez, quanto aos ativos imobilizados (item 13 do Relatório Fiscal), a Recorrente somente trouxe alegações genéricas, sem um substrato fático capaz de afastar as premissas fáticas trazidas pela fiscalização e confirmadas na Diligência Fiscal. Cumpre mencionar que, não obstante tenha sido oportunizada à Recorrente a apresentação de informações após a diligência, ela não o fez. Portanto, para a análise do presente caso necessário que sejam analisadas todas as provas acostadas aos presentes autos, seja pela Recorrente, seja na Diligência realizada nesta fase de julgamento no CARF. Feito este apontamento inicial passase, em seguida, à análise de cada um dos itens. I DO CONCEITO DE INSUMOS Neste ponto, o debate travado pela Recorrente centrase no enquadramento no conceito de insumos dos bens e serviços glosados nos itens 10 e 11 que, em seu Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 774 21 entender, geram direito aos créditos da COFINS. Como se depreende do Relatório Fiscal que instruiu o Parecer n.º 523/2011 (fls. 286290), o Fisco glosou créditos de insumos baseado em conceito mais restritivo, no sentido de que, além das matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que componham visualmente o produto final, poderão ser descontados créditos em relação a produtos que sejam aplicados ou consumidos em ação direta sobre o produto em fabricação. Este posicionamento, indicado nas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e que se aproxima à sistemática da não cumulatividade do IPI, foi enfrentado pela Recorrente em sua defesa. Assim, antes do exame das questões fáticas envolvidas, importante que sejam feitas breves considerações acerca do conceito de insumo e a não cumulatividade do PIS e da COFINS (ambos com sistemática não cumulativa idêntica). As contribuições do PIS e da COFINS não cumulativas foram instituídas por diplomas legais ordinários, quais sejam, a Lei n.º 10.637/2002 (conversão da MP 66/2002 que instituiu o PIS não cumulativo vigência a partir de 01/12/2002) e a Lei n.º 10.833/2003 (conversão da MP 135/2003 que instituiu a COFINS não cumulativa vigência a partir de 01/02/2004). Como contribuições incidentes sobre a receita, na forma do art. 1º destes diplomas legais, a sistemática não cumulativa foi prevista para determinadas pessoas jurídicas sendo mantida, para as demais, a sistemática cumulativa do PIS e da COFINS incidentes sobre o faturamento. No art. 3º das referidas leis o legislador identificou a forma como seria operacionalizada a não cumulatividade dessas contribuições, identificando os créditos suscetíveis de serem deduzidos do valor do tributo apurado na forma do art. 2o. Esses créditos são calculados pela aplicação da alíquota do tributo sobre determinadas despesas, identificadas taxativamente, dentre as quais os "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes" (inciso II), ora sob análise. Este Conselho Administrativo, de forma majoritária e à luz de uma interpretação histórica e teleológica dos referidos diplomas legais, tem adotado a interpretação do conceito de insumos considerando a sua essencialidade/necessidade para o processo produtivo da empresa ou para a prestação de serviço, em uma aproximação que não é tão ampla como da legislação do Imposto de Renda, nem tão restritiva como aquela veiculada pelas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e adotada pelo I. Fiscal no caso em tela. Importante mencionar que este entendimento poderá ser ampliado pelo Superior Tribunal de Justiça, em julgamento em curso na sistemática dos recursos repetitivos (Recurso Especial nº 1.221.170). Com efeito, como se depreende do trecho do voto do E. Ministro Relator Napoleão Nunes Maia Filho, proferido em 23/09/2015 em julgamento ainda não concluído, foi externado um primeiro posicionamento no sentido de se garantir o creditamento do PIS e da COFINS sobre todas as despesas realizadas com a aquisição de bens e serviços necessários para o exercício da atividade empresarial, direta ou indiretamente: “26. O creditamento no IPI e no ICMS – digo isso apenas para recordar – vincula se ao quantum recolhido nas operações anteriores porque os fatos geradores desses impostos são, respectivamente, a industrialização e a circulação comercial de mercadoria ou alguns serviços. No caso do PIS/COFINS, o creditamento consiste em verdadeiro ou autêntico desconto, pois essas contribuições têm por fato gerador o próprio faturamento da empresa ou da entidade a ela equiparada; a distinção é formidavelmente gritante, como se percebe. Fl. 774DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 775 22 27. E essa é a pedradetoque para afastar a confusão que comumente havia entre o creditamento do IPI e o creditamento do PIS/COFINS. No primeiro caso, o tributo incide sobre o produto, então o crédito efetivamente decorre dos insumos; no segundo caso, vêse que o tributo incide sobre o faturamento, então o crédito deve decorrer – e somente pode decorrer – das despesas, sendo essa conclusão de clareza ofuscante ou brilhante como a do sol nordestino. 28. Ocorre que a regulamentação levada a efeito pelo Poder Executivo – como é normal de acontecer quando se confere ao credor o condão de arbitrar quanto o devedor lhe pagará – ainda se prende àquela antiga confusão entre o creditamento do IPI e o creditamento do PIS/COFINS, considerando o crédito destes a partir dos insumos (como no primeiro caso), e não das despesas. 29. Nesse proceder, a interpretação fazendária desvirtua, com a devida vênia, o propósito da não cumulatividade, afastandose do padrão legal que supostamente estaria a disciplinar, alguns diriam, em prol de maior arrecadação de curto prazo, às expensas do desenvolvimento econômico e da geração de riquezas do país, problema que se agrava por se tratar de tributos que incidem sobre a primeira linha da DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), base de cálculo alargada. (...) 36. Contudo, a reflexão nos mostra que o conceito estreito de insumo, para além de inviabilizar a tributação exclusiva do valor agregado do bem ou do serviço, como determina a lógica do comando legal, decorre de apreensão equivocada, com a devida vênia, do art. 111 do CTN em que, aliás, insiste, persiste e não desiste a Fazenda Pública, como se trabalhasse algo aleatório ou incerto, num ambiente em que se prima pelas certezas, qual seja, o ambiente da tributação. 37. Como bem apontado no parecer do eminente Professor HUGO DE BRITO MACHADO (fls. 604), o creditamento não consiste em benefício fiscal, tampouto é causa de suspensão ou exclusão do crédito tributário, e menos ainda representa dispensa do cumprimento de obrigações acessórias, de modo que não há de ser interpretado necessariamente de forma literal ou restritiva, como está naquele dispositivo do CTN; essa assertiva do mestre cearense calha como uma luva na compreensão do tema que se discute. 38.Em resumo, Senhores Ministros, a adequada compreensão de insumo, para efeito do creditamento relativo às contribuições usualmente denominadas PIS/COFINS, deve compreender todas as despesas diretas e indiretas do contribuinte, abrangendo, portanto, as que se referem à totalidade dos insumos, não sendo possível, no nível da produção, separar o que é essencial (por ser físico, por exemplo), do que seria acidental, em termos de produto final. (...) 40. Diante do exposto e esperando que algum dos eminentes julgadores deste egrégio Colegiado peça vista destes autos, para verticalizar, muito mais competentemente, o estudo deste problema, voto pelo provimento do Recurso Especial, para declarar a ilegalidade da restrição ao conceito de insumo levada a efeito pelas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, da SRF, reconhecendo que devem ser consideradas no conceito de insumo, para fim de creditamento de PIS e COFINS, todas as despesas realizadas com a aquisição de bens e serviços necessários para o exercício da atividade empresarial, direta ou indiretamente.” (grifei) Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 776 23 Ora, no meu entender particular, para garantir a coerência e dar efetividade ao princípio da não cumulatividade, o legislador ordinário não poderia ter se valido de restrições e deveria ter assegurado o creditamento de todas as despesas incorridas na atividade empresarial para auferir a receita (fato tributado pelas contribuições). Já tive a oportunidade de me manifestar sobre esta questão na seara doutrinária, entendendo que ao apresentar um rol taxativo de créditos, a legislação do PIS e da COFINS culminou em efetivo efeito cumulativo, contrário à finalidade da não cumulatividade. Contudo, inegável que a lei em vigor trouxe limites, com um rol taxativo de bens/serviços passíveis de creditamento e exigindo que, para o creditamento, o insumo seja utilizado "na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" (art. 3o, II, Leis Lei 10.637/2002 e 10.833/2003). Assim, considerando a seara administrativa na qual se insere essa discussão e enquanto ainda não concluído o julgamento do recurso repetitivo acima referenciado, não posso me desvincular dos termos da lei, na forma exigida pelo Regimento Interno deste Conselho. Nesse contexto, e adotando o entendimento já externado em diversas ocasiões por esta Turma, filiome ao entendimento que vêm sendo solidificado no âmbito deste CARF, entendendo por insumos para fins de aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS aquelas despesas incorridas com bens ou serviços comprovadamente utilizados na atividade da pessoa jurídica, seja "na prestação de serviços" ou "na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda", que guarde, portanto, relação com as receitas tributadas. Nesse sentido, de forma exemplificativa, trazse ainda a ementa abaixo de julgado do Conselho Superior: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 Ementa: CONCEITO DE INSUMO. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS. CREDITAMENTO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS E NÃO DA LEGISLAÇÃO DO IPI OU DO IRPJ. A legislação do PIS e da COFINS não cumulativos estabelece critérios próprios para a conceituação de “insumos” para fins de creditamento. É um critério que se afasta da simples vinculação ao conceito do IPI, presente na IN SRF no 247/2002, e que também não se aproxima do conceito de despesa necessária prevista na legislação do IRPJ. CONCEITO DE INSUMO. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA, SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA. LEIS N 10.637/2002 E 10.833/2003. CRITÉRIO RELACIONAL. “Insumo” para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. EMPRESA DE FABRICAÇÃO DE MÓVEIS. CRÉDITOS RECONHECIDOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. INSUMOS. Tratandose de uma empresa fabricante de móveis, foram reconhecidos créditos com relação à aquisição de materiais para manutenção de máquinas. Fl. 776DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 777 24 Os gastos incorridos na aquisição de materiais para manutenção de máquinas são necessários e imprescindíveis à atividade produtiva da contribuinte, inserindo no conceito de “insumo” previsto no inciso II do artigo 3o da Lei n o 10.833/2003. Recurso Especial do Procurador Negado" (Número do Processo 11020.001960/200679. Data da Sessão 14/08/2014. Relator Rodrigo Cardozo Miranda. No Acórdão 9303003.079 grifei) Dessa forma, para decidir quanto ao direito ao crédito do PIS e da COFINS nãocumulativo é imprescindível que, primeiro, se analise as características da atividade produtiva desenvolvida pela empresa para, então, identificar quais as aquisições que configuram insumo para os bens por ela produzidos. Verificase no Estatuto Social que a Recorrente se dedica à produção e comercialização (exportação) de Alumina e outros produtos derivados e de transporte e serviços conexos aos objetivos citados (fls. 381382). Ressaltase ainda que a sociedade empresarial é preponderantemente exportadora. Destacase que à época da fiscalização a Recorrente apresentou um Laudo detalhando seu Processo de Produção (fls. 75107) e, como relatado, foi realizado nos autos a Diligência com a identificação das formas como os bens glosados são utilizados no processo produtivo da Recorrente (fls. 601609). É com fulcro no conceito de insumo aqui adotado, na documentação acostada aos autos e no resultado da diligência fiscal que irei examinar as glosas objeto dos itens 10 e 11 do Relatório Fiscal desta ação. I.1 Das Glosas do Item 10. Dos Bens utilizados como Insumo Neste item a Fiscalização identificou 5 subitens objeto de glosa por não se enquadrarem no seu conceito de insumo (restritivo, reiterese). Adentrase a seguir em cada um desses subitens. 10.1 Combustíveis e Carvão Energético Como foi consignado na Diligência Fiscal (fl. 602), esse item corresponde à glosa dos valores relativos à aquisição de Óleo BPF e Carvão Energético. Naquela oportunidade, esclareceu a fiscalização que esses produtos são essenciais à produção por serem utilizados na queima das caldeiras para aquecimento do LICOR, de onde se extrai o produto comercializado pela Recorrente, a Alumina. Transcrevese novamente os termos do Relatório da Diligência: "10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento de caldeiras, equipamentos e fornos(...) Sobre essas glosas esclarecemos que o Óleo BPF e Carvão Energético são utilizados na queima das caldeiras para aquecimento da polpa líquida (LICOR) de onde se extrai a Alumina. Um gerador de vapor, conhecido também como caldeira, é um dispositivo usado para produzir vapor aplicando energia térmica à água. A glosa foi efetuada considerando que a legislação (lei 11.488/2007) só reconheceu crédito sobre energia térmica (queima do Óleo BPF) a partir de 15/06/2007." (grifei fl. 602) A essencialidade desses produtos para a produção da Alumina foi igualmente evidenciada no Laudo acostado aos autos à época da fiscalização. O trecho a seguir, extraído da fl. 100 do presente PTA, deixa clara a essencialidade do Óleo Combustível e do Carvão para o funcionamento das caldeiras: ÁREA 14 GERAÇÃO DE VAPOR Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 778 25 O vapor gerado destinase ao aquecimento de licor nas áreas de Digestão e Evaporação. O vapor é gerado por meio de caldeira elétrica ou a óleo. Para a Expansão 2 está previsto a instalação de 02 caldeiras que serão projetadas para carvão ou somente em caso de emergência será alimentada com óleo combustível. A visão técnicoeconômica para o uso do carvão mineral nas duas caldeiras estabelece melhoria ao controle ambiental, pois os estudos indicam que os índices tecnológicos atualmente aplicados referente a segurança ambiental em termos da eficiência dos sistemas de tratamento: á exemplo do baixo teor de enxofre e os resultados tanto do material particulado como S02 em cumprimento aos padrões estabelecidos pela Resolução/CONAM n°08/90. Somente para deixar clara a visualização da forma como o vapor gerado nas caldeiras é utilizado dentro do processo produtivo, apresentase abaixo o trecho do processo produtivo acostado na época da Diligência (fl. 597): Assim, considerando o resultado da diligência e da prova acostada aos autos, proponho por reverter a glosa relativa ao item 10.1 Combustíveis e Carvão Energético, eis que comprovada a sua necessidade para o processo produtivo da Recorrente. 10.2 Produtos/bens não serem aplicados diretamente no processo produtivo Em cumprimento da Diligência Fiscal, o I. Fiscal identificou expressamente os dois bens objeto de glosa neste subitem, quais sejam: o Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão. Para os dois bens, a própria fiscalização apontou a sua importância para o processo produtivo da Recorrente. O Ácido Sulfúrico por sua utilização na limpeza ácida e desincrustação dos equipamentos por onde passa o LICOR, sendo identificada como uma limpeza "fundamental" para o processo produtivo. E o Inibidor de corrosão, por sua vez, por ser essencial para manter o bom estado das Fl. 778DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 779 26 tubulações metálicas (e, portanto, manter a qualidade do produto final). Vejamos novamente os termos da Diligência: "O Ácido Sulfúrico foi glosado considerando que ele é usado para limpeza ácida e desincrustação dos equipamentos, em nenhum momento ele reage quimicamente com o LICOR para produção da alumina. Embora não seja necessário para produzir alumina, sua utilização é fundamental para "limpeza" dos equipamentos por onde passa o LICOR. O produto "inibidor de corrosão" é utilizado no tratamento da água potável e adicionado à água para diminuir o efeito da corrosão nas tubulações metálica (sic.) aumentando sua vida útil, em nenhum momento é utilizado como insumo na produção da alumina, não participa como reagente na mistura que gera o LICOR da bauxita até sua transformação em alumina (produto final). Fazendo uma comparação com o cotidiano, seria similar ao 'aditivo' usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero 'aditivo' para aumentar a vida útil das tubulações, não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos desse produto”(grifei – fls 602603). Esta turma, com outra composição, já teve a oportunidade de analisar esses dois bens no processo produtivo da própria Recorrente, quando da prolação do Acórdão n.o 3402002.648. Naquela oportunidade, concluiuse que os "gastos com a aquisição de ácido sulfúrico (...) e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas". E por trazer considerações entendidas como relevantes para a conclusão da reversão da glosa neste item, trago as considerações de voto do Relator Alexandre Kern, acompanhado por unanimidade naquela oportunidade: "Mérito: glosa de créditos a título de insumos No contexto do Processo Bayer, a recorrente explica que o ácido sulfúrico é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. O calcário (produto AL 200 – Carbomil) é empregado durante o processo de combustão nas caldeiras a carvão para absorção do enxofre, que é formado durante o processo de queima do carvão mineral. O inibidor de corrosão, por sua vez, é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. Entendo que o recorrente demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a relação de pertinência e essencialidade destes três bens para com o processo produtivo, nos termos do conceito de insumo que se adota neste voto, devendose reverter as respectivas glosas." (grifei) Assim, propõese pela reversão integral da glosa do item 10.2. posto que comprovada a essencialidade do Ácido Sulfúrico e do Inibidor de Corrosão para o processo produtivo da Recorrente. 10.3 Ativo imobilizado O enquadramento pela Fiscalização da "bola forjada" como bem do ativo imobilizado, confirmada pela Diligência, não foi enfrentado pela Recorrente em suas defesas, seja com a apresentação de argumentos específico, seja com documentos. Nesse sentido, entendo pela manutenção da glosa do crédito neste item. 10.4 Produtos/bens sem descrição detalhada ou informação aplicação no processo produtivo. Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 780 27 Como confirmado pela fiscalização na Diligência Fiscal, nenhum bem deste subitem foi objeto de glosa. 10.5 Fretes dos produtos/bens glosados. Em conformidade com o Relatório Fiscal, com as planilhas a ele anexadas (fls. 264265) e com a Diligência Fiscal, neste subitem "foram glosados os fretes relacionados com os produtos glosados" (fl. 603). Desta forma, como premissa adotada pela própria fiscalização, o presente subitem envolve o transporte de bens que não haviam sido considerados como insumos. Contudo, conforme fundamentado acima, a maior parte desses bens foram neste voto considerados como insumos na forma do entendimento deste CARF, quais sejam: Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e inibidor de corrosão. Diante disso, para esses quatro bens, esse item passou a envolver as despesas de frete para a aquisição de insumos. Neste novo contexto, necessária a reversão da glosa deste item, vez que as despesas com o transporte para a aquisição de insumos devem integrar a base de cálculo dos créditos de COFINS por integrarem o custo de produção. Tratamse, portanto, de despesas na aquisição de insumo que se enquadram na previsão do art. 3o, II, da Lei n.o 10.833/03. Nesse exato sentido, trago alguns julgados deste CARF de forma exemplificativa, inclusive um já proferido por esta E. Turma: "(...) REGIME NÃO CUMULATIVO. CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS. INSUMO. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. Estão aptos a gerarem créditos das contribuições os serviços aplicados no processo produtivo passíveis de serem enquadrados como custos de produção. FRETES. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. Os fretes vinculados à aquisição de insumos geram créditos das contribuições não cumulativas, por se caracterizarem com custo de produção, a teor do art. 290, I, combinado com o art. 289, § 1º do RIR/99. (...) Recurso voluntário provido em parte." (Processo n.o 13656.721158/201115. Relator Antonio Carlos Atulim. Acórdão n.o 3402002.881. Sessão 28/01/2016 grifei) "(...) FRETE. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CUSTO DE PRODUÇÃO. Gera direito a créditos do PIS e da Cofins nãocumulativos o dispêndio com o frete pago pelo adquirente à pessoa jurídica domiciliada no País, para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda, bem assim o transporte de bens entre os estabelecimentos industriais da pessoa jurídica, desde que estejam estes em fase de industrialização, vez que compõe o custo do bem" (Processo no 11080.003380/200440, Relator Maurício Taveira e Silva, Acórdão no 330100.424. Sessão de 03/02/2010 grifei). Assim, uma vez enquadrados como insumos, propõese, como decorrência lógica, a reversão das glosas das despesas com frete nas aquisições de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e inibidor de corrosão, mantidas as glosas nos fretes de eventuais outros produtos que não foram enfrentados pela Recorrente. I.2 Das Glosas do Item 11. Dos Serviços utilizados como insumo Fl. 780DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 781 28 Em relação a serviços utilizados como insumos, percebese que a Fiscalização efetuou a glosa em relação aos seguintes serviços entendidos como não aplicados diretamente no processo produtivo: (I.2.1) Serviços de limpeza, manutenção de elevadores e instalações elétricas, montagem e desmontagem de andaimes; e (I.2.2) Transportes de Rejeitos Industriais. Quanto ao subitem I.2.1 acima, a Recorrente não trouxe qualquer alegação específica em seu Recurso Voluntário, respaldandose, unicamente, no argumento genérico do não enquadramento no conceito de insumo. Com efeito, em qualquer momento deste PTA a Recorrente trouxe documentos ou alegações suscetíveis à enquadrar esses serviços como insumos de sua produção. Diante disso, considerei aqui a conclusão fática trazida pela fiscalização na Diligência Fiscal, em afirmativa não enfrentada pela Recorrente. Como atestado pela fiscalização, "pela descrição dos serviços, observamos tratase de despesas eventuais no dia a dia da empresa, não sendo essencial na produção da alumina" (fl. 603). Assim, por não serem essenciais à produção da Recorrente ou para garantir a qualidade de seu produto, esses serviços não se enquadram no conceito de insumo aqui adotado, sendo necessária a manutenção da glosa. Por sua vez, quanto aos serviços do item I.2.2, de transporte de rejeitos industriais, a Diligência Fiscal foi muito clara ao evidenciar a sua essencialidade para o processo produtivo da Recorrente, expressamente consignando que "a não remoção da lama residual formaria uma grande montanha que impediria o funcionamento operacional da empresa" (fl. 603). Vejase novamente os termos do Relatório da Diligência quanto a este item: "(...) 2) Transportes de Rejeitos Industriais: Esse tópico representa quase 90% do valor total do (sic.) serviços glosados. Depois de todo processo industrial de separação da alumina resulta uma grande quantidade de rejeito em forma de lama. todo esse rejeito é transportado por caminhões para diques onde são armazenadas. Como o produto final já foi produzido (alumina), a retirada da lama residual não tem afetação sobre o processo produtivo. Tal custo acontece depois da produção da alumina não podendo ser considerado um serviço aplicado na produção da mesma. Tratase de uma limpeza do pátio após um ciclo de produção. A não remoção da lama residual formaria uma grande montanha que impediria o funcionamento operacional da empresa." (grifei fl. 603) Assim, necessária a reversão da glosa quanto a esse serviço essencial à continuidade do processo produtivo da Recorrente. Quanto a esse serviço especificamente, essa turma recentemente reconheceu a validade dos créditos para essa mesma Recorrente, no Acórdão 3402003.101 (sessão de 21/06/2016). Naquela oportunidade, o Ilustre Relator Waldir Navarro Bezerra mencionou outros julgados da mesma Recorrente e relativos ao mesmo processo produtivo nos quais igualmente se concluiu pela tomada de créditos em relação a transporte de rejeitos industriais (Acórdãos n.os 3403003.512 a 518 e 3403003.520). À título de exemplo, foi transcrito o seguinte trecho do voto do Conselheiro Walber José da Silva, que peço vênia para novamente transcrever: "Não apenas o transporte de matéria prima destinada ao processo produtivo, mas também o transporte dos resíduos decorrentes da produção configura ato que viabiliza e integra o processo produtivo. Este tema foi enfrentado logo nos primeiros julgados deste Conselho a respeito do regime não cumulativo, concluindose que “Quanto aos dispêndios realizados com o Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 782 29 serviço de remoção de resíduos industriais, não há nenhuma dúvida de que este serviço é parte do processo de industrialização dos bens exportados e está vinculado à receita de exportação. Pela natureza da atividade da recorrente, sem este serviço não há produção. Sendo um serviço diretamente vinculado ao processo produtivo, entendo que a recorrente tem direito ao crédito da Cofins incidente sobre a compra desse serviço e, como tal, tem direito ao ressarcimento desse crédito em face da exportação dos produtos (inciso II do art. 3o da Lei no 10.637/2002)” (trecho do voto proferido no Acórdão 20181.139, Recurso 148.457, Processo 11065.101271/200647, Sessão de 02/06/2008). Assim, em conformidade com o entendimento já externado por este CARF, proponho a reversão das glosas referentes a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose as demais glosas referentes aos serviços do item 11 do Relatório Fiscal. II DO CRÉDITO A DESCONTAR REFERENTE AO ATIVO IMOBILIZADO Verificase no Parecer fiscal que, para o período sob análise de abril de 2006, as glosas foram realizadas devido a inclusão indevida de bens que não comporiam o ativo imobilizado ou que não eram utilizados diretamente na produção da empresa. A natureza desses bens foi novamente enfatizada na Diligência Fiscal realizada, oportunidade em que foi consignado que os bens do ativo imobilizado ou edificações não estariam relacionados à produção: "As glosas foram efetuadas quando a coluna 'Descrição do Projeto' da planilha Plan 01, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: Administrativo, Apoio, Instalação provisória, Móveis... ou quando a coluna 'Área' indicava que o bem foi aplicado na manutenção, utilidades... A lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e os produtos glosados, embora podendo ser bens do ativo imobilizados, não indicavam que seriam do tipo 'máquinas e equipamentos. As glosas foram efetuadas quando a coluna 'Descrição do Projeto' da planilha Plan 02, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: Obras Civis, Estruturas Metálicas, Apoio, Instalação Provisória de Canteiro, Estacas Hélices... ou quando a coluna 'Fornecedor' indicava um fabricante de cimento, fios elétricos ou produtos aplicados na construção civil. A lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda, ao passo que os produtos glosados, embora podendo ser do ativo imobilizado, não se caracterizam como máquinas e equipamentos para usufruir da depreciação incentivada utilizada pelo contribuinte, tais bens caracterizamse como 'edificações'. As glosas foram efetuadas quando as colunas 'Descrição do Bem', 'Tipo Transação', ‘Tarefa, da planilha Plan 04, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: móveis, gaveteiros, armários, rádio, bicicletas, lanches, colchões e outros bens destinados aos setores Administrativos, Gerenciais, Manutenção, Comercial, e outros, quando a lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. As glosas foram efetuadas quando as colunas 'Descrição do Bem', 'Tipo Transação', 'Tarefa', da planilha Plan 05, apontavam para utilização do bem fora do setor de produção, tais como: Obras Civis, Estruturas Metálicas, Apoio, Instalação Provisória de Canteiro, Estacas Hélices.... quando a lei só permite o cálculo da depreciação incentivada sobre máquinas e equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda e não sobre edificações, como se caracterizam os bens glosados. (...) Fl. 782DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 783 30 Após análise dos arquivos contendo listagem dos bens como aproveitamento de crédito no prazo de 12 (doze) meses, detectamos colunas: 'Nome', 'Tarefa', 'Descrição NFiscal', 'Descrição Item', 'Data', produtos que não se enquadram na depreciação incentivada determinada pela Lei 11.196/2005, art. 31 e Decreto 5.988/2006. (...) Como ficou demonstrado anteriormente, o contribuinte optou erroneamente pelo tipo de depreciação (depreciação incentivada) a ser calculada sobre os bens que foram glosados." (fl. 605606 grifei) Assim, restou comprovado nos presentes autos, com fulcro na informação prestada pela própria Recorrente, que os bens envolvidos nas glosas não compõem o ativo imobilizado ou não são utilizados na produção ou não se enquadravam na depreciação incentivada do art. 31 da Lei n.o 11.196/2005. Considerando o argumento de que qualquer bem do ativo imobilizado geraria crédito, não tenho como concordar, considerando que, nos termos do inciso VI, do art. 3o, da Lei no 10.833/03, somente geram direito ao crédito os bens utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Foram glosados bens do ativo imobilizado que não são utilizados na produção de bens, como confirmado pela fiscalização: "Art. 3° Do valor apurado na forma do art. 2° a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;" (grifei) E na análise do caso idêntico ao presente da mesma Recorrente (inclusive com os mesmos fundamentos fáticos) esta Turma não reconheceu os créditos dos ativos imobilizados e edificações no julgamento do PTA 10280.722272/200965 (Acórdão no 3403.001.954, Rel. Cons.Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema). Pedese vênia para reproduzir abaixo os termos desse acórdão, integrando as razões de decidir do presente voto: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04. Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. Os valores dos produtos relacionados na planilha 1 foram glosados porque os bens ali descritos não foram aplicados na produção dos bens destinados à venda, como exige o art. 3º, VI, § 1º, III combinado com o § 14 da Lei nº 10.833/04. Compulsando essa planilha verificase que estão relacionados equipamentos de informática, móveis e utensílios, ferramentas para elétrica, ferramentas diversas, sobressalentes nacionais, instalações provisórias para construção de canteiros, sistema monitor de câmeras da fábrica, equipamentos para restaurante, melhorias para tratamento de efluentes, etc. Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3o, VI, da Lei no 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação Fl. 783DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 784 31 a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, lanches comerciais, café da manhã completo, desfibrilador, veneziana translúcida, condicionadores de ar, poltrona executiva diretor spider, execução de serviços de topografia, serviços de paisagismo das áreas dos restaurantes, veículo Toyota Corolla com transmissão automática, câmera digital Cybershot 5.1, material hospitalar, materiais elétricos diversos, entre outros. É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. Relativamente a essas glosas, o contribuinte alegou que a fiscalização glosou a totalidade do crédito tomado com base no art. 31 da Lei nº 11.196/2005 porque não teria sido observada a periodicidade permitida pela lei e pelo crédito ter sido tomado em relação bens do imobilizado não empregados na produção da alumina. A insurgência da recorrente quanto a este tópico não tem fundamento. A uma porque como bem assinalado pela PFN nas contrarrazões, a glosa não foi integral. Foi glosado apenas o crédito decorrente dos bens relacionados na planilha 7 – D. A duas porque ao contrário do alegado, a fiscalização não questionou a periodicidade e nem a proporção adotada pelo contribuinte para a tomada do crédito. Foram respeitadas as frações de 1/48 e 1/12 adotadas pelo próprio contribuinte nas DACON, conforme se pode comprovar nas planilhas 7A e 7B (Crédito em 48 parcelas de maio/2004 a dezembro/2005) e planilhas 7–C e 7–D (crédito em 12 parcelas período janeiro/2006 a dezembro/2007). O DACON recalculado pela fiscalização consta da planilha 7G, onde se pode comprovar que a glosa foi apenas parcial. O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; N indica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCD indica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREB indica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). Fl. 784DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 785 32 A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo. Relativamente à questão da eficácia das decisões em processos de consulta e da jurisprudência administrativa e judicial, tratase de matéria que não tem relevância para o deslinde deste processo, pois este julgado está de acordo com a jurisprudência majoritária do CARF, que vem adotando o custo de produção como critério para estabelecer o que é insumo para fins da geração de créditos das contribuições não cumulativas." (Acórdão no 3403.001.954, Rel. Cons.Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013 No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Desta forma, mantémse, o entendimento firmado naquele julgamento, reiterado recentemente no já mencionado Acórdão 3402003.101 (Rel. Waldir Navarro Bezerra), restando hígidas neste tópico as glosas decorrentes efetuadas pelo Fisco no item 13. Especificamente quanto aos itens para os quais foi aplicada depreciação incentivada do art. 31 da Lei n.º 11.196/2005 (item 13.2), insta mencionar que, no Relatório Fiscal da Diligência, o I. Fiscal trouxe uma série de cálculos para a aplicação da depreciação normal. Contudo, não localizamos no Recurso Voluntário apresentado um pedido subsidiário de aplicação da depreciação normal para esses casos, não tendo a Recorrente demonstrado que se enquadra nos termos da legislação aplicável. De fato, a defesa se pautou a sustentar a aplicação na hipótese da depreciação incentivada o que, como bem fundamentado acima, não pode prevalecer. Assim, merece ser mantida integralmente a glosa dos créditos identificados no item 13 do Relatório Fiscal. III. CONCLUSÃO DO VOTO De forma conclusiva, sintetizase no quadro abaixo as glosas e as conclusões do voto que estão acima detalhadas: GLOSAS ALUNORTE – PTA 10280.004602/200694 Item Conclusão voto Fl. 785DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 786 33 10.1 Combustíveis e Carvão Energético (Óleo BPF e Carvão Energético) Reversão da glosa. Como evidenciado no laudo pericial acostado aos autos (fl. 100) e atestado na Diligência, tratamse de produtos essenciais ao processo produtivo da empresa, sendo “utilizados na queima das caldeiras para aquecimento da polpa líquida (LICOR) de onde se extrai a Alumina” (fl. 602) 10.2 Produtos/bens não serem aplicados diretamente no processo produtivo (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) Reversão da glosa. Como atestado na Diligência, o Ácido Sulfúrico é um produto essencial para a continuidade regular do processo produtivo da empresa, sendo sua utilização “fundamental para ‘limpeza’ dos equipamentos por onde passa o LICOR” (fl. 602). O inibidor de corrosão igualmente se mostra necessário para a manutenção do processo para evitar o desgaste da tubulação, garantindo a qualidade do produto (nesse sentido Acórdão 3402002.648). 10.3 Ativo imobilizado Glosa mantida. Enquadramento da “bola forjada” como bem do ativo imobilizado não foi enfrentado pela Recorrente em suas defesas. 10.4Produtos/bens sem descrição detalhada ou informação aplicada no processo produtivo. Não foram objeto de glosa pela fiscalização conforme relatório fiscal da Diligência 10. Bens utilizados como insumos 10.5 Fretes dos produtos/bens glosados Reversão parcial da glosa quanto ao transporte dos bens reconhecidos como insumo acima (Óleo BPF, Carvão Energético, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico) 11. Serviços utilizados como insumos (Serviços de limpeza, manutenção de elevadores e instalações elétricas, montagem e desmontagem de andaimes e Transportes de Rejeitos Industriais Reversão parcial da glosa quanto ao transporte de rejeitos industriais. Como atestado na Diligência, esse serviço é essencial vez que “a não remoção da lama residual formaria uma grande montanha que impediria o funcionamento operacional da empresa.” (fl. 603) A essencialidade dos demais serviços para a produção não foi comprovada nos autos. 12. Despesas de Energia Elétrica Não foram objeto de glosa conforme Relatório Fiscal 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4 anos correspondente a 1/48 do valor de aquisição do bem 13. Base de cálculo do crédito a descontar referente ao ativo imobilizado 13.2 Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 meses, contados da data de aquisição (7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem) Glosa mantida, considerando que a empresa não trouxe elementos para desconstituir as premissas adotadas pela fiscalização, no mesmo sentido adotado por esta Turma nos Acórdãos n.º 3403001.954 a 956, Rel. Cons.Antonio Carlos Atulim e Acórdão 3402 003.101, Rel. Waldir Navarro Bezerra Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação aos subitens 10.1 (Óleo BPF e Carvão Energético) e 10.2 (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão), e parcialmente quanto ao subitem 10.5 (quanto aos fretes na aquisição de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) e quanto ao item 11 (somente em relação aos serviços de transporte de rejeitos industriais). Conclusão De acordo com os autos do processo e a legislação aplicável, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para reconhecer o direito ao crédito em relação aos subitens 10.1 (Óleo BPF e Carvão Energético) e 10.2 (Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão), e parcialmente quanto ao subitem 10.5 (quanto aos fretes na Fl. 786DF CARF MF Processo nº 10280.004605/200628 Acórdão n.º 3301003.654 S3C3T1 Fl. 787 34 aquisição de Óleo BPF, Carvão Energético, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão) e quanto ao item 11 (somente em relação aos serviços de transporte de rejeitos industriais). (assinado digitalmente) Valcir Gassen Fl. 787DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.911367/2010-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/05/2002
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.531
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/05/2002 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de PIS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 13 67 /2 01 0- 06 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06051.320. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10980.911367/201006 Acórdão n.º 3302004.531 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 78DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.009952/2002-20
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ano calendário: 1997 Ementa: DÉBITO DCTF X DÉBITO DIPJ/98. Reconhecido pela autoridade fiscal que a documentação e escrituração contábil e fiscal estão consentâneas com o saldo do IRPJ a pagar declarado na DIPJ/98, tem-se como improcedente o Auto de Infração lavrado apenas com o valor declarado em DCTF do mesmo período de apuração.
Numero da decisão: 1802-001.177
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: DCTF_IRPJ - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRPJ)
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Reconhecido pela autoridade fiscal que a documentação e escrituração contábil e fiscal estão consentâneas com o saldo do IRPJ a pagar declarado na DIPJ/98, temse como improcedente o Auto de Infração lavrado apenas com o valor declarado em DCTF do mesmo período de apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gilberto Baptista, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília mediante o Despacho de fl.40 informa que, o auto de infração originouse da realização de Auditoria Interna na DCTF, de acordo com as Instruções Normativas SRF nº 45 e nº 77, ambas de 1998, com a apuração de irregularidades nos créditos vinculados informados na DCTF, indicadas no Relatório de Auditoria Interna de Pagamentos Informados na DCTF (Anexo lb) e Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar (Anexo III), às fls. 07 a 08. Consta que o pagamento apresentado pelo contribuinte encontrase devidamente alocado a seu débito (v. fl. 07 e 37). Este pagamento (R$ 10.034,92 v. fl. 03) não foi suficiente para liquidar o débito de IRPJ de PA 0110/1997 (R$ 50.615,15 v. fl. 34 e 07). Cientificada do auto de infração, a pessoa jurídica apresentou impugnação (fl.01) alegando, em síntese, que os valores constantes do Auto de Infração foram totalmente recolhidos, antes de qualquer procedimento fiscal e portanto por iniciativa espontânea da empresa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento julgou procedente o lançamento conforme decisão proferida mediante o Acórdão nº 0326.059, de 24 de julho de 2008 (4a. Turma da DRJ/Brasília/DF), fls.42/43, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997 PROVAS/DCTF Se na fase impugnatória a contribuinte não comprovar a improcedência do lançamento referente a tributos informados em DCTF será mantido o valor do crédito tributário consignado no Auto de Infração. Conforme o despacho de fl.108 o mencionado Acórdão foi encaminhado ao contribuinte em 30/09/2008, sem o retorno do Aviso de Recebimento até àquela data. A pessoa jurídica interpôs recurso ao Conselho de Contribuintes atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF em 22/10/2008, (fl.48), conforme o termo de juntada de fl. 47.Portanto, antes de 30 dias da data do encaminhamento do Acórdão recorrido. O recorrente resumidamente alega o seguinte: Nas informações prestadas na DCTF do 4° Trimestre de 1997 na Pagina 02, o tributo IRPJ, foi transmitido com valor de R$ 50.615,15, quando o correto é de R$ 10.034,92 (Dez mil, trinta e quatro reais e noventa e dois centavos), conforme consta da folha 24 da Declaração do IRPJ ( copia anexa ). A retificação do DCTF não surtiu efeito já que o tempo decorrido após a constatação havia sido ultrapassado. Em vista do exposto pedimos que seja anulado o auto complementar e revisto o Acórdão em referencia. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10166.009952/200220 Acórdão n.º 1802001.177 S1TE02 Fl. 2 3 A Recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/98 na qual consta à fl.89, o saldo do IRPJ a pagar no valor de R$ 10.034,92 referente ao 4º trimestre de 1997. Com o intuito de esclarecer os fatos, decidiuse pela conversão do julgamento em diligência, mediante a Resolução nº 1802000.041, de 02/08/2011, sob os seguintes fundamentos: (...) Do teor da IN SRF 45 de 1998, os saldos a pagar relativos ao Imposto de Renda das Pessoas JurídicasIRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL seriam objeto de verificação fiscal, em procedimento de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas nas DCTF e na Declaração de Rendimentos. Do despacho da autoridade administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília (fl.40) não consta qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 1997 para que se verifique o real o saldo a pagar do IRPJ relativo ao 4º trimestre de 1997. A recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/98 na qual consta à fl.89, o saldo do IRPJ a pagar no valor de R$ 10.034,92 referente ao 4º trimestre de 1997. Diante do exposto, voto no sentido de que sejam os autos encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília, para comprovar à luz da DIPJ/98, escrituração contábil e fiscal e documentação que lhe deu lastro, qual o saldo a pagar do IRPJ apurado pelo contribuinte relativo ao 4º trimestre de 1997. Elaborado o relatório fiscal de praxe, dar ciência à recorrente para sua manifestação, se interessar. (...) A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília, após a diligência efetuada elaborou Relatório Fiscal conclusivo para a análise, cientificado ao sujeito passivo em 10/02/2012. Não há nos autos, contestação do contribuinte para o Relatório da Diligência Fiscal. É o relatório. Fl. 268DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, dele conheço. Conforme relatado, o presente processo trata de auto de infração que se originou da realização de Auditoria Interna na DCTF, de acordo com as Instruções Normativas SRF nº 45 e nº 77, ambas de 1998, com a apuração de irregularidades nos créditos vinculados informados na DCTF, indicadas no Relatório de Auditoria Interna de Pagamentos Informados na DCTF (Anexo lb) e Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar (Anexo III), às fls. 07 a 08. Consta que o pagamento apresentado pelo contribuinte encontrase devidamente alocado a seu débito (v. fl. 07 e 37). Este pagamento (R$ 10.034,92 v. fl. 03) não foi suficiente para liquidar o débito de IRPJ de PA 0110/1997 (R$ 50.615,15 v. fl. 34 e 07). A recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/98 na qual consta à fl.89, o saldo do IRPJ a pagar no valor de R$ 10.034,92 referente ao 4º trimestre de 1997. Do teor da IN SRF 45 de 1998, os saldos a pagar relativos ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL seriam objeto de verificação fiscal, em procedimento de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas nas DCTF e na Declaração de Rendimentos. Do despacho da autoridade administrativa da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília (fl.40) não consta qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 1997 para se verificar o real saldo a pagar do IRPJ relativo ao 4º trimestre de 1997. Desse modo, decidiuse pela conversão do julgamento em diligência, mediante a Resolução nº 1802000.041, de 02/08/2011 para comprovar à luz da DIPJ/98, escrituração contábil e fiscal e documentação que lhe deu lastro, qual o saldo a pagar do IRPJ apurado pelo contribuinte relativo ao 4º trimestre de 1997. Do Relatório de Diligência Fiscal apresentado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília para o qual não há contestação pela Recorrente, consta o seguinte: (...) Pela análise dos livros apresentados, foi verificado que os montantes escriturados no Diário e no LALUR coincidem com os valores declarados na DIPJ/98, conforme abaixo demonstrado: DATA DIÁRIO LALUR DIPJ/98 DCTF Sinal Resultado Contábil Lucro Real Lucro Real IR a pagar Compensação Saldo de IR Débito Declarado Recolhimentos 4o Trim /1997 229.193,77 160.435,64 160.435,64 34.108,90 24.065,34 10.043,56 50.615,15 10.034,92 ... Fl. 269DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10166.009952/200220 Acórdão n.º 1802001.177 S1TE02 Fl. 3 5 Como a contribuinte não apresentou resposta em relação a compensação efetuada na DIPJ/98, que corresponde exatamente ao imposto de renda sujeito à alíquota dc 15%, foi elaborada nova intimação para a pessoa jurídica informar e comprovar essa compensação. Em atendimento à nova intimação, a interessada respondeu que no ano anterior ao analisado, ou seja, 1996, efetuou recolhimentos mensais de IRPJ, a título de estimativa, no valor total R$88.281,50. No entanto, esclareceu que no final desse exercício foi apurado prejuízo fiscal (lucro real anual). Dessa maneira, informou que compensou parte desses recolhimentos efetuados em 1996, a título de estimativa, com o 1RPJ apurado nos três últimos trimestres do ano seguinte (1997). Ou seja, o valor compensado ria DIPJ/98, quarto trimestre, no valor de R$ 24.065,34, teria sido oriundo dos recolhimentos das estimativas efetuadas durante o anobase 1996. Para comprovar suas alegações, juntou cópia autenticada dos DARFs referentes aos pagamentos das estimativas de IRPJ durante o ano base 1996, cópia autenticada da página 10 do seu LALUR, parte A, onde está registrado a apuração do prejuízo do anobase 1996 e, finalmente, cópia autenticada da DIPJ/97 retificadora entregue em 15/01/2002. A fim de validar as informações prestadas pelo sujeito passivo, foi consultado o sistema S1NAL01, que controla os tributos recolhidos pelos contribuintes, sendo que foi constatado que todos os DARFs apresentados pela contribuinte constam na base de dados desse sistema. Também foi verificado que no sistema que controla a compensação de prejuízos fiscais (SAPLI), consta que no anobase 1996 a contribuinte apurou prejuízo fiscal. Dessa forma, levantadas as informações e documentos requeridos pelo órgão julgador e também para constar e surtir os respectivos efeitos legais, lavramos o presente Relatório, em 02 (duas) vias de igual forma c teor, assinadas pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, cuja ciência por parte da contribuinte, ou seu representante legal, darseá pessoalmente ou por via postal, mediante Aviso de Recebimento (AR). (...) Como se vê, apesar de constar da DCTF o valor devedor de R$ 50.615,15 em relação ao IRPJ do 4º trimestre de 1997, o mesmo não se confirmou à luz dos documentos apresentados à fiscalização. Depreendese do relatório conclusivo da diligência que o saldo do IRPJ a pagar relativo ao 4º trimestre de 1997 é o valor declarado na DIPJ/98, ou seja, R$ 10.043,56, devidamente recolhido conforme demonstrado no extrato “SINAL”, acima discriminado. Assim, reconhecido pela autoridade fiscal que a documentação e escrituração contábil e fiscal estão consentâneas com o saldo do IRPJ a pagar declarado na DIPJ/98, temse como improcedente o Auto de Infração lavrado apenas com o valor declarado em DCTF do mesmo período de apuração. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 Fl. 271DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 13161.000679/2006-30
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação não foi realizada de forma tempestiva.
Numero da decisão: 9202-005.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação não foi realizada de forma tempestiva.
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AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação não foi realizada de forma tempestiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 06 79 /2 00 6- 30 Fl. 140DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 10 de março de 2010, a Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF deu provimento ao recurso voluntário, proferindo o Acórdão nº 210200.517, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DA ÁREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS NO CURSO DO EXERCÍCIO. ATO DO IBAMA RECONHECENDO A ÁREA DE RESERVA LEGAL EM PERÍODO PRETÉRITO AO FATO GERADOR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL TEMPESTIVO DEFERIMENTO DA BENESSE LEGAL. A averbação cartorária da área de reserva legal e a apresentação do ADA respectivo são condições imperativas para fruição da benesse tributária em face do ITR, sempre lembrando a relevância extrafiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das áreas protegidas ambientalmente, neste ultimo caso avultando as obrigações formais (registro cartorário e ADA) para controle das autoridades ambientais das áreas de interesse ambiental (preservação permanente e utilização limitada). A expedição de ato do IBAMA reconhecendo a existência da área de reserva legal em período pretérito ao fato gerador do ITR, secundado por ADA tempestivo, aliado ao registro cartorário no curso do exercício fiscal, são condições suficientes para deferimento da benesse legal. Recurso provido. Trata o presente processo de autuação do ITR decorrente de retificações de ofício 10 de outubro de 2006, mantidas pelo julgamento da DRJ e exonerados pela decisão da Turma a quo, resumidamente: Tratase de lançamento de ITR relativo à D/ITR22002, cujo crédito tributário — ora combatido amparouse, basicamente, no seguinte: a) falta de apresentação de laudo técnico; b) averbação de área de reserva legal em 28.04.2005 (após o fato gerador); c) diferença de 9,1 ha, na área de reserva legal, entre a D/IIR e o ADA;d) diferença de 95 ha., na área de preservação permanente, entre a a D/ITRe o ADA; Fl. 141DF CARF MF Processo nº 13161.000679/200630 Acórdão n.º 9202005.408 CSRFT2 Fl. 141 3 e) sobre os valores das áreas isentas, que glosou, o Senhor AF RF, aplicou a alíquota de 3%, enquanto na D/I1R a alíquota é de 0,45%. Remanescendo no acórdão da DRJ a tributação sobre ARL, indicada no ADA, entretanto considerada de averbação intempestiva, o acórdão recorrido reconsidera tal posicionamento conforme Ementa supra. Cientificada da decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) interpôs recurso especial de divergência, dentro da quinzena legal, alegando divergência com os acórdãos paradigmas nºs 30236.585 e 30335.855, que foram assim ementados, na parte recorrida: Acórdão 30236.585: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR). ÁREA DE A área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusivo da área tributada e aproveitável do imóvel rural quando devidamente averbada à margem da inscrição de matrícula do referido imóvel, junto ao registro de imóveis competente, em data anterior à da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos da legislação pertinente. Nos casos de "posse", o Termo de Compromisso de Averbação e Preservação de Florestas, celebrado com órgão ambiental estadual, substitui a averbação daquela área, nos termos supraindicados, sujeitandose, contudo, ao mesmo limite temporal da referida averbação. [...] Negado provimento ao recurso pelo voto de qualidade. Acórdão 30335.855: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2000 ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA – RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA. A área de reserva legal, para fins de exclusão do ITR, deve estar averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente, à época do respectivo fato gerador, nos termos da legislação de regência. [...] Cientificado o contribuinte, não apresentou contrarrazões. Ou seja, encontrase em litígio, a necessidade de averbação prévia de Área de Reserva Legal para fins tributários. Fl. 142DF CARF MF 4 É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade razão pela qual o conheço. Neste mesmo sentido, essa E. CSRF já se manifestou no acórdão 9202 005.124, razão pela qual adoto o posicionamento ali expresso. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: (...) Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de reserva legal é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. A Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 (Código Florestal Brasileiro, prevê a obrigatoriedade de averbação da área de reserva legal no registro de imóveis competente, nos seguintes termos: (...) Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da necessidade de prévia averbação da reserva legal para fins de nãoincidência do Imposto Territorial Rural ITR. Bem como existência de ADA para reconhecimento da área como de preservação permanente. O argumento principal da Fazenda Nacional reside no fato de que para fins de isenção de ITR, a partir do exercício 2001, inclusive este, o ADA deve ser protocolizado no IBAMA no prazo Fl. 143DF CARF MF Processo nº 13161.000679/200630 Acórdão n.º 9202005.408 CSRFT2 Fl. 142 5 de seis meses, contado do termo final para a entrega da respectiva DITR. ... A meu ver não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é o que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. A área de reserva legal é isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, por isso considero equivocado o condicionamento do reconhecimento do referido benefício à prévia averbação dessa área no Registro de Imóveis, posto que a averbação na matrícula do imóvel não é ato constitutivo do direito de isenção, mas meramente declaratório ante a proteção legal que tal área recebe. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. ... Diante de todo exposto nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar quanto aos requisitos para fins de exclusão da área de Reserva Legal da base de cálculo do ITR. Acerca do tema, alinhome aqui aos que entendem ser necessária a averbação da Reserva Legal/Utilização Limitada junto ao Registro de Imóveis até a data do fato gerador, posicionamento, muito bem esclarecido por voto condutor de lavra da Dra. Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, no âmbito do Acórdão 220201.269, prolatado pela 2a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF em 26 de julho de 2011, o qual adoto como razões de decidir, verbis: Fl. 144DF CARF MF 6 (...) Para fins de apuração do ITR, excluemse, dentre outras, as áreas de reserva legal, conforme disposto no art. 10, § 1o , inciso II, alínea “a”, da Lei no 9.393, de 1996, verbis: Art. 10. [...] § 1o Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; [...] A lei tributária reportase ao Código Florestal (Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965), no qual se deve buscar a definição de reserva legal (art. 1o , §2o , inciso III): Art. 1o [...] §2o Para os efeitos deste Código, entendese por: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] III Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas; (Incluído pela Medida Provisória no 2.16667, de 2001) [...] O Código Florestal define, ainda, percentuais mínimos da propriedade rural que devem ser destinados à reserva legal, para cada região do país (art. 16, incisos I a IV), assim como determina que a referida área seja averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis (art. 16, §8o ). Como se percebe, diferentemente da área de preservação permanente, em que a demarcação de tais áreas encontrase na lei ou em declaração do Poder Público, no caso da reserva legal, a lei fixa apenas percentuais mínimos a serem observados, cabendo ao proprietário/possuidor escolher qual área de sua propriedade será reservada para proteção ambiental. (...) Convém lembrar, ainda, que “os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos Fl. 145DF CARF MF Processo nº 13161.000679/200630 Acórdão n.º 9202005.408 CSRFT2 Fl. 143 7 neste Código” (art. 1.227 do Código Civil). Assim, somente a partir da averbação da reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é que o uso da área corresponde fica restrito às normas ambientais, alterando o direito de propriedade e influindo diretamente no seu valor. Não se trata, portanto, de mera formalidade, mas verdadeiro ato constitutivo. O entendimento acima exposto já foi defendido com muita propriedade no julgamento do Mandado de Segurança no 226889/PB no Supremo Tribunal Federal – STF (publicado no Diário de Justiça de 28/04/2000), pelo Ministro Sepúlveda Pertence, que a seguir transcrevese: A questão, portanto, é saber, a despeito de não averbada se a área correspondente à reserva legal deveria ter sido excluída da área aproveitável total do imóvel para fins de apuração da sua produtividade nos termos do art. 6°, caput, parágrafo, da Lei 8.629/93, tendo em vista o disposto no art.. 10, IV dessa Lei de Reforma Agrária. Diz o art 10: Art. 10. Para efeito do que dispõe esta lei, consideramse não aproveitáveis: (...) IV as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente. Entendo que esse dispositivo não se refere a uma fração ideal do imóvel, mas as áreas identificadas ou identificáveis. Desde que sejam conhecidas as áreas de efetiva preservação permanente e as protegidas pela legislação ambiental devem ser tidas como aproveitadas. Assim, por exemplo, as matas ciliares, as nascentes, as margens de cursos de água, as áreas de encosta, os manguezais. A reserva legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida como uma parte determinada do imóvel. Sem que esteja identificada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel, o que dos novos proprietários só estaria obrigado por a preservar vinte cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Fl. 146DF CARF MF 8 Estou assim em que, sem a averbação determinada pelo § 2° do art 16 da Lei n° 4.771/65 não existe a reserva legal. (os destaques não constam do original) Concluise, assim, que a lei tributária ao se reportar ao Código Florestal, está condicionando, implicitamente, a não tributação das áreas de reserva legal a averbação à margem da matrícula do imóvel, pois tratase de ato constitutivo sem o qual não existe a área protegida. Quanto ao prazo para o cumprimento dessa exigência específica, cabe lembrar que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador da obrigação, conforme disposto no art. 144 do CTN, e que fato gerador do ITR o dia 1o de janeiro de cada ano (o art. 1o , caput, da Lei no 9.393, de 1996). Dessa forma, concluise que a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel deve ser efetivada até a data do fato gerador da obrigação tributária, para fins de isenção do ITR correspondente. (...)" Quanto à necessidade de apresentação ou protocolização do ADA também abranger a área de Reserva Legal, ressalto que entendo que a averbação da Reserva Legal, pública e de natureza constitutiva, na forma acima defendida, supre a obrigatoriedade de apresentação do ADA, interpretandose o dispositivo instituidor da obrigatoriedade sob a ótica teleológica de preservação das áreas de RL e fiscalização desta preservação, considerado aqui, ainda o elemento volitivo do proprietário na eleição de tal área. Todavia, independentemente do ADA, no caso em questão, conforme se depreende da averbação de efl. 13, a área de Reserva Legal em litígio só restou averbada em 28/04/2005, assim, após o fato gerador em questão, ocorrido em 01/01/2002, não sendo, assim, passível de exclusão da base de cálculo do ITR. Diante do exposto, a partir do entendimento acima esposado, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 147DF CARF MF
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Numero do processo: 10768.720137/2007-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA.
Acolhem-se os embargos de declaração apresentados pelo embargante, visto que restou comprovado alegado vício de contradição entre o dispositivo do acórdão e a conclusão do julgado.
Numero da decisão: 3302-004.747
Decisão: Embargos Acolhidos
Crédito Tributário Mantido em Parte
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para retificar o acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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decisao_txt : Embargos Acolhidos Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para retificar o acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1485; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 477 1 476 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.720137/200741 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3302004.747 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 31 de agosto de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO. COFINS Embargante PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. Acolhemse os embargos de declaração apresentados pelo embargante, visto que restou comprovado alegado vício de contradição entre o dispositivo do acórdão e a conclusão do julgado. Embargos Acolhidos Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para retificar o acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 72 01 37 /2 00 7- 41 Fl. 477DF CARF MF 2 Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional com o objetivo de sanar suposta contradição na parte dispositiva do acórdão com os fundamentos do julgado, nos seguintes termos: Na parte dispositiva do acórdão consta que foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer “o direito de o contribuinte excluir da base de cálculo o valor de R$ 21.228.178,34, referente às notas fiscais colacionadas em sede recursal”. Em sentido diverso, na conclusão do voto proferido pelo Conselheiro Domingos de Sá Filho, consta que foi dado provimento ao recurso voluntário para “aplicar alíquota geral sobre o montante de R$ 21.228.178,34”. O resultado da decisão explicitada no voto foi fruto do seguinte entendimento manifestado pelo relator e seguido à unanimidade pelos demais membros do Colegiado, verbis: As notas fiscais juntadas com as planilhas dão conta de que se trata de venda de propeno e estão às fls. 624/690, repetidas às fls. 810/876. A recorrente juntou a relação de notas cujo somatório total importa em R$ 21.228.178,34. Estou convencido de que se trata realmente de vendas de propeno e deve incidir alíquota geral sobre o valor de R$ 21.228.178,34, e não a alíquota de 11,84%. O Acórdão embargado, nº 3403003.654 de 20 de março de 2015, decidiu a lide, com base nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003 COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. CARÁTER DEFINITIVO.LIMINARES. PROVA. Não se pode excluir da base de cálculo da COFINS montante correspondente a medida liminar obtida judicialmente, pelo fato de tal provimento não ser de caráter definitivo, ainda mais se sequer foram carreadas aos autos provas da extensão e da simples existência do provimento judicial. Com base nas razões aduzidas no despacho de fl. 475, com fundamento no art. 65, § 3º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 259/2009 (RICARF/2009), Presidente da 2ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF admitiu os embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Fl. 478DF CARF MF Processo nº 10768.720137/200741 Acórdão n.º 3302004.747 S3C3T2 Fl. 478 3 Dos requisitos de admissibilidade Uma vez cumpridos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado vício de contradição. Assiste razão à Embargante como se demonstra pelos excertos da ementa e voto condutor a seguir transcritos: Acórdão: Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: I) por unanimidade de votos, reconheceuse o direito de o contribuinte excluir da base de cálculo o valor de R$ 21.228.178,34, referente às notas fiscais colacionadas em sede recursal; Dispositivo: Diante do exposto, voto no sentido de conhecer o recurso e dar provimento para afastar da base de cálculo o total das vendas efetivadas sobre liminares e aplicar alíquota geral sobre o montante de R$ 21.228.178,34 Observase do voto embargado que o dispositivo do voto decorreu da seguinte fundamentação: Cuidou a Recorrente de colecionar nos autos cópias das notas fiscais da venda de propileno, em obediência ao princípio da verdade real adotada pelo processo administrativo, e cabe examinar se os documentos trazidos aos autos corroboram o argumento de defesa. As notas fiscais juntadas com as planilhas dão conta de que se trata de venda de propeno e estão às fls. 624/690, repetidas às fls. 810/876. A recorrente juntou a relação de notas cujo somatório total importa em R$ 21.228.178,34. Estou convencido de que se trata realmente de vendas de propeno e deve incidir alíquota geral sobre o valor de R$ 21.228.178,34, e não a alíquota de 11,84%.(grifei). Nesse sentido, o acórdão embargado, passa a ter a seguinte redação: Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: I) por unanimidade de votos, reconhecer o direito de o contribuinte incidir alíquota geral sobre o valor de R$ 21.228.178,34, e não a alíquota de 11,84%., referente às notas fiscais colacionadas em sede recursal; II) por maioria de votos, negouse provimento quanto à exclusão dos valores sub judice da base de cálculo da contribuição. Os Conselheiros Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista acompanharam a divergência no que se refere à carência probatória. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. Esteve presente ao Fl. 479DF CARF MF 4 julgamento a Dra. Fernanda Loures de Oliveira, OAB/MG nº 138.921. Assim, por todo o exposto, voto pelo acolhimento dos embargos de declaração opostos pelo embargante, para retificar e integrar o acórdão embargado, com efeitos infringentes, cujo dispositivo acima transcrito substitui integralmente o anterior. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 480DF CARF MF
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