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Numero do processo: 13971.001619/2008-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jan 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003, 01/01/2004 a 31/01/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO.
A homologação da compensação, quando o direito creditório reclamado é proveniente de outro processo administrativo, sendo lá reconhecido e o saldo suficiente para cobrir o crédito pleiteado, a homologação da compensação deve ser deferida.
Numero da decisão: 3302-006.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a homologação das compensações até o limite do direito creditório reconhecido e disponível no processo nº 13971.000454/00-64.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003, 01/01/2004 a 31/01/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação, quando o direito creditório reclamado é proveniente de outro processo administrativo, sendo lá reconhecido e o saldo suficiente para cobrir o crédito pleiteado, a homologação da compensação deve ser deferida.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a homologação das compensações até o limite do direito creditório reconhecido e disponível no processo nº 13971.000454/00-64. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede - Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
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IPI Recorrente TEKA TECELAGEM KUEHNRICH S/A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003, 01/01/2004 a 31/01/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação, quando o direito creditório reclamado é proveniente de outro processo administrativo, sendo lá reconhecido e o saldo suficiente para cobrir o crédito pleiteado, a homologação da compensação deve ser deferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a homologação das compensações até o limite do direito creditório reconhecido e disponível no processo nº 13971.000454/0064. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Corintho Oliveira Machado, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 16 19 /2 00 8- 61 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13971.001619/200861 Acórdão n.º 3302006.338 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Por bem descrever os fatos, transcrevo e adoto como parte de meu relato o relatório da resolução nº 330200.088, da 2ª Turma da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, proferida na sessão de 10 de dezembro de 2010: Trata o presente processo de aproveitamento de créditos decorrentes de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI objeto do processo n° 13971.000454/0064. Constam declarações de compensação de débitos às fls. (fls. 01/04; 05/08) no valor total de R$ 95.000,00. Às fls. 31/32(verso), consta Parecer SAORT/DRF/Blumenau nº 86/08 e Despacho Decisório, nos quais a autoridade administrativa deixa de homologar as declarações de compensação em razão da inexistência de crédito, uma vez que o processo administrativo nº 13971.000454/0064, que discutia o crédito, foi analisado pela DRF, tendo a conclusão sido pela procedência parcial. Neste sentido e por retratar a realidade dos fatos, passo a transcrever trecho do relatório da decisão de primeira instância administrativa, verbis: “A Autoridade Fiscal da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau, através do despacho decisório de fls. 31/32, de 15/05/2008, decidiu por não homologar as declarações de compensação, em razão da inexistência do alegado crédito, pois o pedido de ressarcimento formulado e analisado no processo n° 13971.000454/0064 foi parcialmente deferido, conforme cópia do despacho decisório de fls. 10/15, exarado em 19/05/2004, e o valor deferido foi utilizado integralmente para homologar as compensações apresentadas naquele processo. Irresignada com a decisão administrativa de cujo teor teve ciência em 21/05/2008, conforme aviso de recebimento nos autos, a contribuinte ofereceu a manifestação de inconformidade de fls. 38/46, alegando, em síntese, que está garantido o direito ao crédito presumido do IPI decorrentes das aquisições de combustível, lubrificante, energia elétrica, e da prestação de serviços de industrialização por encomenda, empregados em produtos exportados. Deste modo, ao final requer a reforma do despacho decisório para que sejam acatadas as compensações efetuadas, considerando a legitimidade dos créditos pleiteados.” Após analisar as razões da Recorrente, a Segunda Turma da Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto proferiu o acórdão nº 1423.304 fls. 63/66, por meio do qual manteve o despacho administrativo nos exatos termos que foi proferido, a saber: Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13971.001619/200861 Acórdão n.º 3302006.338 S3C3T2 Fl. 4 3 “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003, 01/01/2004 a 31/01/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação, quando o direito creditório reclamado é proveniente de outro processo administrativo, só é reconhecida quando o direito creditório reclamado for reconhecido como líquido e certo. Solicitação Indeferida.” Registrase que o mérito do recurso apresentado pela Recorrente, que discutia o direito ao crédito de ressarcimento de IPI, sequer foi analisado pela DRJ, posto que objeto de outro processo administrativo, a saber: “Voto A manifestação de inconformidade, tempestivamente apresentada, cumpre os pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e • alterações posteriores. Portanto, dela tomo conhecimento. A origem do crédito indicado nas declarações de compensação de fls.01/04 e 05/08 está no pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI formalizado no processo n° 13971.000454/0064. Assim, a homologação ou não da declaração de compensação está na total dependência do que for decidido naquele processo. Há que se observar que o direito creditório com base no qual a contribuinte efetuou as compensações é matéria estranha ao presentes autos, não cabendo aqui nenhuma manifestação a seu respeito, eis que se trata de matéria já apreciada e decidida no âmbito do processo n° 13971.000454/0064. Aqui, cabe apenas dar conseqüência ao decidido naqueles autos. O despacho decisório de fls. 31/32 já expôs que crédito analisado no processo n° 13971.000454/0064 foi parcialmente deferido e o valor utilizado integralmente para homologar as compensações apresentadas naquele processo. Assim, a pretensão da contribuinte, de ter homologadas as declarações de compensação deste processo, não foi acolhida.” Irresignada, a Recorrente interpôs recurso voluntário às fls. 70/76, por meio do qual reiterou as alegações realizadas em sua inconformidade, atinentes à existência de crédito tributário em seu favor e principalmente, no que se refere à impossibilidade dos autos serem decididos antes do processo nº 13971.000454/0064 ser julgado definitivamente, uma vez que o direito creditório está sendo discutidos naqueles autos. Neste aspecto, alega a Recorrente que a manutenção da decisão de primeira instância administrativa significa a não homologação Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13971.001619/200861 Acórdão n.º 3302006.338 S3C3T2 Fl. 5 4 da compensação efetuada e que tal fato está vinculado à existência do crédito. Na resolução da qual o relato acima foi retirado, foi convertido o julgamento em diligência, nos seguintes termos: O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme se depreende dos termos do relatório, o Recurso Voluntário apresentado está vinculado a outro processo administrativo, não há meios de concluir pela procedência da compensação sem que a existência e o valor do crédito seja decidido definitivamente. Com razão a Recorrente quando alega que a não homologação da compensação é concluir pela inexistência do crédito, o que não está sendo discutido nestes autos. Ante os fatos apresentados, voto por converter o presente julgamento em diligência para que a autoridade administrativa anexe aos autos cópia da decisão definitiva proferida nos autos do processo administrativo nº 13971.000454/0064. Na hipótese de o mencionado processo ainda não ter sido julgado, os autos deverão ficar aguardando a decisão definitiva nesta Delegacia para posteriormente, após a juntada do documento solicitado, ser encaminhado a este Conselho para julgamento. É como voto. Retornando os autos com a juntada do documento solicitado na resolução, fezse acompanhar informação fiscal, após a prolação de decisão final no processo onde era discutido o crédito que aqui pretende compensar/ressarcir, restou consignado o valor original do crédito presumido de IPI. Passo seguinte, o processo foi redistribuído para minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: Em primeiro lugar cumpre esclarecer que o presente processo não se presta a discutir a efetiva existência do crédito que se pretende o ressarcimento. No presente autos pugnase pela homologação do ressarcimento que, segundo a DRJ não poderia ser deferida por inexistência de crédito. No decorrer da instrução processual, conforme se depreende do relatório acima, verificouse que o processo onde discutiase a existência do crédito a ser ressarcido, carecia de decisão definitiva, motivo pelo qual optouse pela feitura de diligência para que fosse juntado ao presente processo cópia da decisão final do processo nº 13971.000454/0064. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13971.001619/200861 Acórdão n.º 3302006.338 S3C3T2 Fl. 6 5 Pois bem. A decisão definitiva do processo relacionado ao crédito foi prolatada no dia 04 de fevereiro de 2016, traduzida no acórdão da 3ª Turma da Câmara de Recursos Fiscais de nº 9303003.266, onde se chegou a conclusão de que em favor da recorrente haveria crédito passível de ressarcimento. Podemos observar que o crédito apurado foi de R$ 398.362,33, conforme planilha colacionada às fls. 125: Desta forma, considerando a comprovação da existência do crédito que se pleiteia o ressarcimento/compensação, claro está que o pedido deve ser deferido, desde que ainda não tenha sido aproveitado pela contribuinte recorrente em eventual outro pedido, cabendo à autoridade exequente do acórdão realizar a verificação. Conclusão Desta forma, por todo o acima exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a homologação das compensações até o limite do direito creditório reconhecido e disponível no processo nº 13971.000454/0064. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13971.001619/200861 Acórdão n.º 3302006.338 S3C3T2 Fl. 7 6 José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10245.000616/2003-12
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/1998 a 30/09/1998
PRELIMINAR. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Tendo sido o Auto de Infração lavrado segundo os requisitos estipulados no art. 10 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, e não incorrendo em nenhuma das causas de nulidade dispostas no art. 59 do mesmo diploma legal, encontra-se válido e eficaz.
PAGAMENTO CONTRIBUIÇÕES. DIFERIMENTO. POSSIBILIDADE. NÃO APLICÁVEL AO CASO.
Conforme o disposto no art. 7º c/c o art. 17, I, da Lei nº 9.718 de 1988, no caso de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, o pagamento das contribuições poderá, a partir de fevereiro de 1999, ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço.
No caso concreto, essa situação não se configura, pois os fatos geradores tratados ocorreram no ano-calendário de 1988.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.571
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo da alegação de que o tributo lançado estaria sendo cobrado em duplicidade, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/1998 a 30/09/1998 PRELIMINAR. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Tendo sido o Auto de Infração lavrado segundo os requisitos estipulados no art. 10 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, e não incorrendo em nenhuma das causas de nulidade dispostas no art. 59 do mesmo diploma legal, encontra-se válido e eficaz. PAGAMENTO CONTRIBUIÇÕES. DIFERIMENTO. POSSIBILIDADE. NÃO APLICÁVEL AO CASO. Conforme o disposto no art. 7º c/c o art. 17, I, da Lei nº 9.718 de 1988, no caso de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, o pagamento das contribuições poderá, a partir de fevereiro de 1999, ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço. No caso concreto, essa situação não se configura, pois os fatos geradores tratados ocorreram no ano-calendário de 1988. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo da alegação de que o tributo lançado estaria sendo cobrado em duplicidade, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves.
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AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Tendo sido o Auto de Infração lavrado segundo os requisitos estipulados no art. 10 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, e não incorrendo em nenhuma das causas de nulidade dispostas no art. 59 do mesmo diploma legal, encontrase válido e eficaz. PAGAMENTO CONTRIBUIÇÕES. DIFERIMENTO. POSSIBILIDADE. NÃO APLICÁVEL AO CASO. Conforme o disposto no art. 7º c/c o art. 17, I, da Lei nº 9.718 de 1988, no caso de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, o pagamento das contribuições poderá, a partir de fevereiro de 1999, ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço. No caso concreto, essa situação não se configura, pois os fatos geradores tratados ocorreram no anocalendário de 1988. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo da alegação de que o tributo lançado estaria sendo cobrado em duplicidade, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 5. 00 06 16 /2 00 3- 12 Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 146 2 (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Alan Tavora Nem e Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o Acórdão 018.321 da DRJ/BEL, que manteve integralmente o Crédito Tributário lançado pelo Auto de Infração, que exige da contribuinte os valores dos débitos de COFINS, referentes ao 3º trimestre de 1988, declarados em DCTF, contudo, não pagos. Após tomar ciência do lançamento, a contribuinte apresentou Impugnação (fl. 03/04), na qual protestou pelo cancelamento do respectivo Auto de Infração, alegando em seu favor ter havido um erro na contabilidade, que ocasionou a prestação da informação indevido de um débito de COFINS, relativo ao 3º trimestre de 1998, quando o correto seria o reconhecimento de tal débito somente no 4º trimestre de 1999. Em sua peça recursal, a contribuinte explica que o débito referese à NF º 000029, emitida em 01 de julho de 1998, pelo serviço prestado ao DER, pelo diferimento, deveria ser contabilizado em dezembro de 1999, momento do efetivo recebimento da receita. Explica, também, que na DIPJ foram informados os valores corretos e que os tributos incidentes foram recolhidos. Por fim, apresenta vários documentos para comprovar suas alegações. Analisando os documentos e as argumentações da contribuinte, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (DRJ/BEL) julgou a Impugnação improcedente, por Acórdão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1998 DCTF Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 147 3 Procede o lançamento por recolhimento fora do prazo/falta de recolhimento, quando o sujeito passivo comprova têlos efetuado corretamente. Lançamento Procedente Em seqüência, após ser cientificada dessa decisão, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário (126/140), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, em linhas gerais, repisando o argumento de estar sujeita ao regimento de tributação do Lucro Real, mas que o regime de reconhecimento de receita correta para o reconhecimento da receita oriunda da NF nº 000029 era o regime de caixa, ou seja, deveria ter sido reconhecida somente em dezembro de 1999, pois havia disposição legal para isso. Alega ter havido um erro na sua contabilidade. Alega que, embora na DCTF tenha ocorrido um equívoco, na DIPJ a receita foi corretamente reconhecida e os tributos, tempestivamente, foram pagos. Quanto ao regime de reconhecimento daquela receita, alega que a Lei nº 9.718/98 em seu art. 7º autoriza o diferimento do pagamento das contribuições em caso de serviços prestados a pessoas jurídicas de direito público. Cita doutrina sobre o assunto. Por outro lado, a recorrente discorre sobre a desnecessidade da retificação formal da DCTF para o reconhecimento do alegado. E aduz, ainda, que, mesmo que se desconsiderasse o regime de caixa, o Auto de Infração ainda estaria incorreto, porque teria lançado um valor de COFINS já pago, ainda que extemporaneamente. Acrescente que a recorrente pede a nulidade do Auto de Infração pelos motivos acima expostos. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Relator O Crédito Tributário contestado no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. A questão principal a ser resolvida neste julgamento se remete a possibilidade de a contribuinte diferir o pagamento das contribuições, quando do serviço prestado a entidades públicas. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 148 4 Embora, não tenha sido apresentada em preliminar na peça recursal, as alegações de nulidade do Auto de Infração serão assim tratadas neste voto. Preliminar: Nulidade do Auto de Infração Por oportuno, a fim de ressaltar a razão para a lavratura do Auto de Infração, lembremos que a DCTF foi instituída através do DecretoLei nº 2.124/1984 e que, na época dos fatos dos autos, ano de 1998, prevalecia o entendimento de que os valores declarados pelos contribuintes, caso não fossem pagos, deveriam ser objeto de lançamento para poderem ser exigidos. Com o transcurso do tempo, ocorreram evoluções legislativas, doutrinárias e jurisprudências que levaram à situação atual, ou seja, a desnecessidade de constituição de tais créditos tributários, pois estes já se encontram constituídos através da própria confissão de dívida do contribuinte. A fim de melhor esclarecer essa questão evolutiva, reproduzse excerto do voto condutor do Acórdão nº 9303006.528, de 15 de março de 2018, da lavra do I. Conselheiro Demes Brito: "Com efeito, os débitos declarados na Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF, constitui definitivamente o crédito tributário, já que é confissão de dívida, e permite, desde já, a sua exigência, inclusive mediante cobrança executiva. Na época dos fatos, a sistemática da DCTF vigente, dispunha que a cobrança direta da rubrica "saldo a pagar" havia a exigência de lançamento de ofício para formalizar a cobrança das diferenças apuradas em declaração prestada pela Contribuinte, decorrentes de compensação indevida/ressarcimento ou não comprovada. A regra estava contida nas Instruções Normativas SRF nº 45, de 1998, e seguintes. Vejamos: Art. 2º Os saldos a pagar, relativos a cada imposto ou contribuição, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, imediatamente após o término dos prazos fixados para a entrega da DCTF. (Redação dada pela IN SRF nº 15∕00, de 14∕02∕2000) § 1º Na hipótese de indeferimento de pedido de compensação, efetuado segundo o disposto nos arts. 12 e 15 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997, alterada pela Instrução Normativa SRF nº 73, de 15 de setembro de 1997, os débitos decorrentes da compensação indevida na DCTF serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União, trinta dias após a ciência da decisão definitiva na esfera administrativa que manteve o Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 149 5 indeferimento. § 2º Os saldos a pagar relativos ao Imposto de Renda das Pessoas JurídicasIRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL serão objeto de verificação fiscal, em procedimento de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas nas DCTF e na Declaração de Rendimentos, antes do envio para inscrição em Dívida Ativa da União. § 3º Os demais valores informados na DCTF, serão, também, objeto de auditoria interna. (Redação dada pela IN SRF nº 15∕00, de 14∕02∕2000) § 4º Os créditos tributários, apurados nos procedimentos de auditoria interna a que se referem os §§ 2º e 3º, serão exigidos por meio de lançamento de ofício, com o acréscimo de juros moratórios e multa, moratória ou de ofício, conforme o caso, efetuado com observância do disposto na Instrução Normativa SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1997. (Incluído pela IN SRF nº 15∕00, de 14∕02∕2000). IN SRF nº 77, de 24/08/1998 “Art. 1º Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União. (...) Art. 2º Os débitos apurados nos procedimentos de auditoria interna, decorrentes de verificação dos dados informados na DCTF, a que se refere o art. 2° da Instrução Normativa SRF n° 45, de 1998, na declaração de rendimentos da pessoa física ou jurídica e na declaração do ITR, serão exigidos por meio de auto de infração, com o acréscimo da multa de lançamento de ofício e dos juros moratórios, previstos, respectivamente, nos arts. 44 e 61, § 3º, da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observado o disposto nas Instruções Normativas SRF nºs 94, de 24 de dezembro de 1997, e 45, de 1998.” IN SRF nº 126, de 30/10/1998 “Art. 7º Todos os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição,informados na DCTF, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, imediatamente após a entrega da DCTF. § 2º Os saldos a pagar relativos ao imposto de renda e à contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 150 6 jurídicas sujeitas à tributação com base no lucro real, apurado anualmente, serão, também, objeto de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas na DCTF e na Declaração Integrada de Informações da Pessoa Jurídica DIPJ, antes do envio para inscrição em Dívida Ativa da União. § 3º Os débitos apurados nos procedimentos de auditoria interna serão exigidos de ofício, com o acréscimo de multa, moratória ou de ofício, conforme o caso, efetuado com observância do disposto nas Instruções Normativas SRF nº 094, de 24 de dezembro de 1997, e nº 077, de 24 de julho de 1998.” Nesse mesmo diapasão, as Instruções Normativas acima transcritas, consideravam como confessadas pela Contribuinte apenas os valores constantes do campo “saldo a pagar”, tendo em vista, que "saldo a pagar", determinou a inscrição em Dívida Ativa da União, referente aos débitos apurados em procedimento de auditoria interna, assim, impôs à Autoridade Fiscal a efetuar o lançamento de ofício dos valores correspondentes. Ao passo que, o art. 90 da MP nº 2.15835/ 2001, limitou o lançamento de ofício das diferenças apuradas em declaração prestada pela Contribuinte, impondo, assim, a obrigatoriedade de aplicação dos §§ 1º e 2º do art. 5º do DL nº 2.124/84 c/c art. 16 da Lei nº 9.779/99, referente as declarações, o que, por conseguinte sua redação não considerava como parcela confessada as denominadas “diferenças apuradas” em declaração do contribuinte, em tudo redutoras do campo “saldo a pagar”. Entrementes, a imposição de lançamento referentes aos “débitos ou diferenças apuradas” em DCTF, não decorre simplesmente de previsão das Instruções Normativas que regulavam a matéria, mas pela lei, nos termos do art. 90 da MP nº 2.15835/ 2001. Dessa forma, temse que o art. 90 da MP nº 2.15835/ 2001, não alterou a disciplina jurídica das IN's SRF’s nº 45/98, 77/98 e 126/98, pelo que o “saldo a pagar” declarado em DCTF, continuava a ser encaminhado à inscrição em Dívida Ativa da União. logo, os “débitos ou diferenças apuradas” em declaração da Contribuinte, devem ser objeto de exigência fiscal por meio de lançamento de ofício Auto de Infração. Após o advento da MP nº 135, de 30/10/2003, em seu art. 18, caput, é que se retirou do ordenamento jurídico a limitação criada pela regra jurídica do artigo 90 da MP nº 2.15835/ 2001 aos efeitos dos §§ 1º e 2º do art. 5º do Decreto Lei nº 2.124/84 c/c art. 16 da Lei nº 9.779/99, de modo que as “diferenças apuradas” em declarações da Contribuinte passaram também a ser equiparadas a instrumento de confissão de dívida, assim como os “saldos a pagar”, não mais estando obrigatoriamente sujeitas ao lançamento." Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 151 7 (grifo nosso) Dessa forma, à época dos fatos analisados, a falta de pagamento, detectado pela auditoria, decorrente da constatação de inexistência de DARF do valor informado do débito de COFINS, necessariamente, deveria ser objeto de lançamento de ofício para a efetividade de sua cobrança. Portanto, no caso, procedeu corretamente a fiscalização. Não merece prosperar a argumentação da recorrente de nulidade do Auto de Infração. De pronto, afirmemos que o Auto de Infração foi lavrado segundo os requisitos estipulados no art. 10 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, assim como não incorreu em nenhuma das causas de nulidade dispostas no art. 59 do mesmo diploma legal, logo, encontra se válido e eficaz. Ademais, a imposição da penalidade decorreu da inobservância da legislação de regência pelo sujeito passivo, fato este, que se torna inconteste, quando se verifica que, embora tenha declarado o débito em DCTF no 3º trimestre de 1998, o mesmo não foi pago no vencimento, circunstância confessada pela própria recorrente desde sua Manifestação de Inconformidade. Por outro lado, também não se vislumbra a ocorrência de cerceamento do direito de defesa, do contraditório e do devido processo legal, tendo em vista que a recorrente foi validamente cientificada e pôde exercer amplamente sua defesa tanto em primeira, como em segunda instância. Assim, o Auto de Infração, mesmo que lavrado eletronicamente, que preenche os requisitos formais estipulados pelo Decreto 70.235/1972, encontrase válido e eficaz, portanto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada pela recorrente. Mérito Continuando em sua peça recursal, a recorrente alega que o art. 7º da Lei nº 9.718/98, reproduzido abaixo, o autoriza ao diferimento do pagamento das contribuições, quando da prestação de serviço a entidades governamentais: Art.7º No caso de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, o pagamento das contribuições de que trata o art. 2º desta Lei poderá ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço. Parágrafo único. A utilização do tratamento tributário previsto no caput deste artigo é facultada ao subempreiteiro ou subcontratado, na hipótese de subcontratação parcial ou total da empreitada ou do fornecimento. (grifo nosso) Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 152 8 Entretanto, devese se esclarecer que o art. 17 da própria Lei nº 9718/98 determina quando as suas disposições passaram a ter efeito jurídico: Art.17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação aos arts. 2° a 8°, para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de fevereiro de 1999; II em relação aos arts. 9° e 12 a 15, a partir de 1° de janeiro de 1999. (grifo nosso) Como se percebe, a norma esculpida no pelo disposto no art. 7º somente produziu efeitos jurídicos para os fatos geradores a partir de 01/02/1999, ou seja, somente a partir de então, as empresas que realizassem construção por empreitada ou fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, poderiam, em relação a essas receitas, diferir o pagamento das contribuições até a data do recebimento do preço. No caso em tela, como o fato gerador do serviço contratado ocorreu no 3º trimestre de 1998, isto é, antes da produção dos efeitos do art. 7º da Lei nº 9.718/98, a ora recorrente estava obrigada a reconhecer a receita, para fins de cálculo das contribuições, e, em decorrência, a declarar e pagar tais contribuições naquele período. Desta forma, não assiste razão a recorrente. Por outro lado, vale rechaçar qualquer digressão sobre a retificação da DCTF, tendo em vista que, no caso concreto, essa declaração foi apresentada corretamente. Ratifique se que, pelo exposto acima, até janeiro de 1999, inclusive, as receitas auferidas de contratos com o setor público deveriam ser reconhecidas pelo regime de competência para cálculo e pagamento das contribuições. Logo, não deveria ocorrer qualquer mudança nos valores informados nessa declaração. Assim, não há como negar que procedeu corretamente a fiscalização ao lançar o tributo declarado, mas não pago, juntamente com os acréscimos legais. Assim como, ressaltese que foi correta a conclusão do Acórdão recorrido (fl. 113): "O contribuinte em sua defesa alega que efetuou o recolhimento pelo regime de caixa, contudo, considerando que apenas a partir da Lei n° 9.718, de 1998 é permitido o diferimento do pagamento da COFINS quando do auferimento de receitas decorrentes de construção por empreitada ou fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, e, observando que o auto Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10245.000616/200312 Acórdão n.º 3002000.571 S3C0T2 Fl. 153 9 em questão se refere ao exercício de 1998, correto o lançamento efetuado por se reportar à legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador." Quanto à alegação de que o tributo lançado estaria sendo cobrado em duplicidade, pois, em tese, já teria sido declarado na DCTF do 4º trimestre de 1999 e pago, também não procede. Considerandose que seria necessário uma auditoria no último trimestre de 1999 para se ter certeza da inclusão, embora equivocada, das receitas do 3º trimestre do ano anterior, considerandose que, mesmo que isso tenha ocorrido, o procedimento correto, a ser seguido pela contribuinte, seria a formalização de um pedido de restituição do pagamento indevido ou a maior e, por fim, considerandose que a matéria posta em julgamento neste processo se restringe, apenas, a validade do lançamento exteriorizado através do Auto de Infração nº 0000251, essa alegação da recorrente se constitui matéria estranha ao presente processo e, portanto, este Colegiado não pode se manifestar sobre a correção ou incorreção dos valores eventualmente pagos em relação ao 4º trimestre de 1999. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo na integra o Crédito Tributário lançado. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.001624/00-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 30/04/1992 a 31/05/1994
COFINS. DECADÊNCIA. REGRAMENTO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
O art. 45 da Lei nº 8.212/92, que previa o prazo decadencial de dez anos para a Cofins, foi declarado inconstitucional, conforme Súmula Vinculante nº 8 do STF, pelo que deve ser utilizado o regramento do Código Tributário Nacional, que tem, como prazo máximo, cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Numero da decisão: 9303-007.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 30/04/1992 a 31/05/1994 COFINS. DECADÊNCIA. REGRAMENTO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. O art. 45 da Lei nº 8.212/92, que previa o prazo decadencial de dez anos para a Cofins, foi declarado inconstitucional, conforme Súmula Vinculante nº 8 do STF, pelo que deve ser utilizado o regramento do Código Tributário Nacional, que tem, como prazo máximo, cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
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SOUTH INC. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 30/04/1992 a 31/05/1994 COFINS. DECADÊNCIA. REGRAMENTO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. O art. 45 da Lei nº 8.212/92, que previa o prazo decadencial de dez anos para a Cofins, foi declarado inconstitucional, conforme Súmula Vinculante nº 8 do STF, pelo que deve ser utilizado o regramento do Código Tributário Nacional, que tem, como prazo máximo, cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte (fls. 545 a 588), contra o Acórdão 20177.854, proferido pela Primeira Câmara do Segundo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 16 24 /0 0- 01 Fl. 1055DF CARF MF Processo nº 10882.001624/0001 Acórdão n.º 9303007.821 CSRFT3 Fl. 1.056 2 Conselho de Contribuintes (fls. 528 a 536), sob a seguinte ementa (no que interessa à discussão): DECADÊNCIA. O prazo de decadência para lançamento da Cofins é de dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado. Preliminar rejeitada. Ao Recurso Especial foi dado seguimento parcial (fls. 629 a 632) somente “quanto à decadência dos tributos lançados por homologação”, sendo que o contribuinte defende que, para fins de determinação do prazo decadencial da Cofins, é inaplicável o art. 45 da Lei nº 8.212/91, devendo ser utilizada a regra do art. 150, § 4º do CTN (cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador). Contra esta decisão, o contribuinte interpôs Agravo (fls. 702 a 717). Em 12/01/2010 (fls. 1.021 e 1.022), apresentou petição desistindo do recurso, no que tange aos períodos de apuração de 31/01/1999 a 31/07/2000, para adesão a parcelamento especial. E o Agravo foi rejeitado (fls. 1.047 a 1.049). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Preenchidos todos os requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço do Recurso Especial, na parte admitida. No mérito, cabe discussão tãosomente quanto à contagem do período decadencial para a Cofins, mais especificamente no que se refere aos períodos que vão de 30/04/1992 a 31/05/1994, já que o Auto de Infração (fls. 103 a 118) foi lavrado abrangendo dois “blocos”, sendo este o primeiro e o segundo abrangendo os períodos para os quais o contribuinte apresentou pedido de desistência. O período decadencial de 10 (dez) anos, do art. 45 da Lei nº 8.212/92, foi definitivamente afastado pelo Supremo Tribunal Federal, que inclusive editou Súmula Vinculante a respeito: Súmula Vinculante nº 8: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Assim, o prazo decadencial das contribuições para a seguridade social passou a ser regrado pelo Código Tributário Nacional. Fl. 1056DF CARF MF Processo nº 10882.001624/0001 Acórdão n.º 9303007.821 CSRFT3 Fl. 1.057 3 Sendo a Cofins tributo sujeito a lançamento por homologação, a contagem do prazo se daria, observadas as condições para tal, pela regra do art. 150, § 4º (cinco anos do fato gerador). Não atendidas estas condições, utilizase a regra geral do art. 173, I (cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado). No caso concreto, a ciência (pessoal) do Auto de Infração deuse em 22/09/2000 (fls. 103) e os períodos de apuração em discussão vão de abril de 1992 a maio de 1994. Assim, nem cabe perquirir qual das duas regras seria aplicável, pois, como o lançamento poderia ter sido efetuado em junho de 1994, na data da ciência já teriam se transcorrido mais de cinco anos contados de 1º de janeiro de 1995, tendo se operado, assim, a decadência. À vista do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1057DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.900017/2008-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Feb 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003
RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO EM PARTE. MATÉRIA DEDUZIDA SEM QUALQUER PERTINÊNCIA COM O CASO EM JULGAMENTO.
Não merece conhecimento o recurso voluntário interposto com base em discussão que não apresenta qualquer substrato fático com o caso decidendo, ou seja, sem qualquer pertinência com a autuação perpetrada.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PAGAMENTO A MAIOR. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. INEFICÁCIA DO DISPOSITIVO LEGAL.
Os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, não devem ser excluídos na determinação da base de cálculo da COFINS sob o regime cumulativo, em virtude da ineficácia do dispositivo legal (art. 3º inciso III, § 2º da Lei 9.718/98) que estabeleceu a sua previsão.
REVOGAÇÃO DO ART. 3º INCISO III, § 2º DA LEI 9.718/98 PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1991-18, DE 09 DE JUNHO DE 2000. OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA.
O disposto no art. 3º inciso III, § 2º da Lei 9.718/98 dependia de regulamentação normativa, a qual nunca foi exercida. Logo, uma vez revogado pela Medida Provisória nº 1991-18, de 09 de junho de 2000, tal dispositivo da lei 9.718/98 nunca surtiu efeitos no mundo jurídico, motivo pelo qual não há que se falar em irretroatividade da MP n. 1991-18/2000.
Numero da decisão: 3402-006.068
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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MATÉRIA DEDUZIDA SEM QUALQUER PERTINÊNCIA COM O CASO EM JULGAMENTO. Não merece conhecimento o recurso voluntário interposto com base em discussão que não apresenta qualquer substrato fático com o caso decidendo, ou seja, sem qualquer pertinência com a autuação perpetrada. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PAGAMENTO A MAIOR. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. INEFICÁCIA DO DISPOSITIVO LEGAL. Os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, não devem ser excluídos na determinação da base de cálculo da COFINS sob o regime cumulativo, em virtude da ineficácia do dispositivo legal (art. 3º inciso III, § 2º da Lei 9.718/98) que estabeleceu a sua previsão. REVOGAÇÃO DO ART. 3º INCISO III, § 2º DA LEI 9.718/98 PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 199118, DE 09 DE JUNHO DE 2000. OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. O disposto no art. 3º inciso III, § 2º da Lei 9.718/98 dependia de regulamentação normativa, a qual nunca foi exercida. Logo, uma vez revogado pela Medida Provisória nº 199118, de 09 de junho de 2000, tal dispositivo da lei 9.718/98 nunca surtiu efeitos no mundo jurídico, motivo pelo qual não há que se falar em irretroatividade da MP n. 199118/2000. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 00 17 /2 00 8- 06 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 1016.089, proferido pela DRJ/POA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, mantendo assim a negativa de homologação da compensação pretendida. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente contestou o conceito de receita bruta e a tributação sobre a totalidade das receitas, afirmou que houve tributação indevida sobre valores repassados a terceiros, que deveriam ter sido excluídos da base de cálculo tributável com base no disposto no art. 3º, §2º, inciso III, da Lei nº 9.718/1998, gerando assim, indébitos compensáveis. Devidamente cientificada da decisão da DRJ, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, onde repisou os fundamentos desenvolvidos em sua manifestação de inconformidade. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.064, de 29 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 11080.900002/200830, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402006.064): "I. Do não conhecimento de parte do recurso voluntário interposto 5. Conforme se observa dos autos, um dos fundamentos desenvolvidos pelo recorrente seria quanto aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade reconhecida na ADI n. 14170, assim ementada: Ementa Fl. 86DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 3 Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. Medida Provisória. Superação, por sua conversão em lei, da contestação do preenchimento dos requisitos de urgência e relevância. Sendo a contribuição expressamente autorizada pelo art. 239 da Constituição, a ela não se opõem as restrições constantes dos artigos 154, I e 195, § 4º, da mesma Carta. Não compromete a autonomia do orçamento da seguridade social (CF, art. 165, § 5º, III) a atribuição, à Secretaria da Receita Federal de administração e fiscalização da contribuição em causa. Inconstitucionalidade apenas do efeito retroativo imprimido à vigência da contribuição pela parte final do art. 18 da Lei nº 8.71598. 6. Diante desta decisão e segundo o contribuinte em suas razões recursais: Diante dos argumentos trazidos à baila, resta evidente que o período compreendido entre a resolução nª 49 de 09 de outubro de 1995, que suspendeu a execução dos DecretosLei citados, e a promulgação da Lei nº 9.715 de 25 de novembro de 1998, restou configurado um período de vacatio legis. Assim, no período compreendido entre outubro de 1995 e outubro de 1998, não há que se falar em contribuição para PIS. Não existia regramento legal a incidir sobre os recolhimentos, tendo o contribuinte recolhido tributo indevidamente no período supracitado, em discordância com o Princípio Constitucional da Legalidade. 7. Independentemente de adentrar no mérito da decisão pretoriana, mister se faz destacar que ela é totalmente inaplicável ao presente caso, já que a decisão lá proferida referese ao PIS, enquanto a questão aqui travada diz respeito a COFINS supostamente paga a maior. Ademais, a exação em tela referese ao mês de dezembro de 2002 e não ao período que teria pretensamente sido reconhecido como inconstitucional pelo STF (outubro de 1995 a novembro de 1998). 8. Tais considerações também valem para os tópicos desenvolvidos pelo contribuinte e que dizem respeito a uma suposta injuridicidade da IN SRF n. 06/2000 que, segundo o contribuinte, teria restringido os efeitos da declaração de inconstitucionalidade pretoriana reconhecida no nojo da já citada ADI n. 14170. Isso porque, como visto alhures, o teor da aludida decisão é inaplicável ao caso decidendo por absoluta falta de pertinência com os fatos apurados na presente autuação. 9. Logo, tais tópicos do presente recurso voluntário sequer merecem ser conhecidos. II. Do conhecimento de parte do recurso voluntário interposto 10. Não obstante, parte do recurso voluntário merece ser conhecida, já que apresenta pertinência com o caso decidendo, Fl. 87DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 4 por ser a peça recursal tempestiva e por ainda preencher os demais pressupostos de admissibilidade. (ii.a) Do crédito vindicado pelo contribuinte com fundamento no inciso III, § 2º do art. 3º da lei 9.718. de 1998 11. A questão de fundo não é nova neste Tribunal e diz respeito a (in)aplicabilidade imediata do inciso III, § 2º do art. 3º da lei 9.718. de 1998, que assim prescreve: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (...). § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: [...] III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (...). (grifos nosso). 12. A questão aqui travada foi bem tratada pelo acórdão n. 3302004.903, de relatoria da Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que assim prescreveu em seu voto acompanhado a unanimidade pela turma julgadora: Esclarecida a situação a fática, examinase a seguir as normas objeto da controvérsia: Lei nº 9.718, de 1998: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: [...] III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo;(grifei) A norma em destaque foi expressamente revogada pela alínea b do inciso IV da art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 2000: • Medida Provisória nº 199118, de 09 de junho de 2000 (DOU, de 10/06/2000): Art.47. Ficam revogados: Fl. 88DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 5 [...] IV a partir da publicação desta Medida Provisória: (...); b) o inciso III do § 2º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998.(grifei). Dos atos acima transcritos constatase que o inciso III do § 2º do artigo 3º da Lei 9.718, de 1998 é uma norma que depende de regulamentação, tipificada portanto segundo a doutrina abalizada como norma de eficácia limitada, que é aquela que depende de uma regulamentação e integração por meio de normas infraconstitucionais. É digno de nota que a matéria em tela foi objeto de vários precedentes nesse E. Conselho, a exemplo dos acórdãos: 380200.893, de 20/03/2012, 3302002.174, de 26/06/2013 e 3202001.051, de 20/01/2014. Nesse sentido, adoto como fundamento decisório o voto proferido no Acórdão 3202001.051, de 20/01/2014, ex vi do §1º do art. 50 da Lei nº 9.784, de 1999: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 30/09/2000 COFINS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. EFICÁCIA CONDICIONADA À EDIÇÃO DE NORMA REGULAMENTAR. IMPOSSIBILIDADE. A Lei nº 9.718/98 admitia, em seu artigo 3º, § 2º, inciso III, a exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins das receitas transferidas a outras pessoas jurídicas, exclusão esta, contudo, condicionada à edição de norma regulamentadora. Tal norma de eficácia limitada, embora vigente, nunca chegou a ter eficácia, já que não editado o decreto regulamentador.(grifei) RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação, nos termos do que dispõe o artigo 170 do Código Tributário Nacional. APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Não cabe a órgão administrativo apreciar arguição de inconstitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Súmula CARF nº 02. Excertos do voto: Fl. 89DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 6 Como visto, a decisão recorrida indeferiu o restituição solicitada e não homologou as compensações pleiteadas pela Recorrente, fundamentalmente, em decorrência da ausência de regulamentação, pelo Poder Executivo, da norma que previa a exclusão de valores computados como receitas e transferidos para terceiros (art. 3º, §2º, inciso III, da Lei nº 9.718/98). Por conseguinte, a declaração de compensação apresentada não pode ser homologada por falta de certeza e liquidez dos indébitos utilizados. Não há reparos a fazer na decisão recorrida. De fato, o dispositivo legal acima referenciado – que, posteriormente, foi expressamente revogado pelo artigo 47, inciso IV, alínea “b”, da MP no 1.99118, de 09/06/2000, posteriormente convertido na Medida Provisória no 2.15835, de 2001 – tratava da possibilidade de exclusão da base de cálculo da Cofins e do PIS dos valores que, computados como receita, fossem transferidos para outra pessoa jurídica, contudo, “observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo”, conforme se observa da simples leitura do preceito em comento, verbis: (...) Tais normas regulamentadoras, no entanto, nunca chegaram a ser editadas. Destarte, a norma em comento, embora vigente, nunca produziu efeitos.(grifei). Por esse motivo, a Secretaria da Receita Federal, inclusive, editou o Ato Declaratório nº 056, de 20 de julho de 2000, nos seguintes termos: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do § 2o do art. 3o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, declara: não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de 1° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que tenha sido feita a título de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica. A meu ver, o próprio Poder Legislativo, ao criar a possibilidade de exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins das receitas transferidas para outra pessoa jurídica, condicionando a sua aplicação à edição de normas regulamentadoras a serem expedidas pelo Poder Executivo, demonstrou sua intenção de dar ao citado dispositivo natureza de norma de eficácia limitada. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 7 Por ausência de regulamentação tal norma tornouse inaplicável, já que não acompanhada dos comandos operacionais e disciplinadores que o Poder Legislativo outorgara ao Poder Executivo para tanto.(grifei) Desse modo, não cabe a este órgão de julgamento, ao alvedrio de norma regulamentadora específica, dada sua inexistência, usurpar de competência que não é a sua para fixar, segundo seu juízo, as particularidades necessárias à eficácia do comando então previsto em lei. Nesse sentido, é remansosa a jurisprudência do CARF. Confiramse os seguintes acórdãos: nº 20180596, de 20/09/2007; nº 20218928, de 09/04/2008; nº 220100.334, de 05/06/2009; nº 3302000.725, de 08/12/2010; 380200.893, de 20/03/2012. O mesmo cunho decisório tem sido adotado pelo Superior Tribunal de Justiça STJ, a exemplo do AgRg no Ag 977750 SC, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES , SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2011, DJe 22/03/2011, cuja ementa e excertos do voto a seguir se transcrevem: PROCESSUAL CIVIL. VÍCIO DE OMISSÃO. ALEGAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA UNICIDADE RECURSAL. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIA ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, INC. III, DA LEI N. 9.718/98. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO. 1. A via apropriada para questionar a existência de omissão, contradição ou obscuridade em decisão monocrática é a dos embargos de declaração, dirigido ao relator, e não a do agravo regimental. As finalidades dos recursos são diversas e a Segunda Turma não vem permitindo nestes casos a mescla de espécies recursais distintas, em atenção ao princípio da unicidade recursal. Precedentes. 2. O art. 3º, § 2º, inciso III, da Lei 9.718/98, que excluía da base de cálculo do PIS e da Cofins os valores que, computados como receita, foram transferidos a outra pessoa jurídica , nunca teve eficácia, em virtude da ausência de norma regulamentadora exigida em tal dispositivo, posteriormente revogado com a edição da MP 1.99118/2000. (grifei). 3. Precedentes: AgRg no REsp 1074304/RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 1.7.2010; AgRg no REsp 1072533/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 25.5.2009; AgRg no REsp 969.967/RS, Rel. Min. Humberto Martins, DJ 26.11.2007; AgRg no Ag 913.463/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ 18.10.2007; e AgRg no REsp 708.619/SC, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 23.10.2006. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 8 4. Agravo regimental parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido Excertos do voto: Quanto ao mérito, a decisão merece ser mantida por seus próprios fundamentos, os quais transcrevo. Dessumese do exame dos autos que o entendimento sufragado pelo Tribunal de origem está perfeitamente alinhado com o posicionamento do STJ no sentido de não ser possível a exclusão da base de cálculo do PIS e da COFINS dos valores que fossem transferidos a outra pessoa jurídica, ao integrarem a receita da empresa, pois tal procedimento dependia de regulamentação sobre a matéria, em atenção ao princípio da legalidade. (grifei). Entrementes, com o advento da MP n. 1.99118/2000, houve a revogação da norma que previa a exclusão pretendida (art. 3º, §2º, III, da Lei n. 9.718/98), o que retirou totalmente a sua eficácia no plano jurídico.(grifei). E mais recentemente no AgInt no AREsp 288345/ RN, AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL2013/00189748: Data do Julgamento 02/02/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 08/02/2017 EMENTA [...]PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃOAPLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: [...] 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". [...] (REsp 1144469 PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO Fl. 92DF CARF MF Processo nº 11080.900017/200806 Acórdão n.º 3402006.068 S3C4T2 Fl. 0 9 CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 02/12/2016) (...). 13. Ademais, convém destacar que, em outros períodos que não o aqui tratado, o próprio contribuinte já possui decisões no sentido de afastar sua pretensão. É o que se observa dos seguintes acórdão deste Tribunal: 3803006.885, 3803006.876 e 3803006.884, dentre outros. 14. Assim, empregando como meu as razões de decidir externadas no acórdão n. 3302004.903 acima reproduzido e, ainda, com fundamento no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/99, encaminho meu voto para negar provimento ao recurso voluntário interposto. Dispositivo 15. Ante o exposto, voto por não conhecer de parte do recurso voluntário interposto e, na parte conhecida, voto por negarlhe provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por não conhecer de parte do recurso voluntário interposto e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.902667/2016-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 25/04/2013
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3402-005.933
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Ausente, justificadamente, a Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado), Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Ausente, justificadamente, a Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 26 67 /2 01 6- 45 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13851.902667/201645 Acórdão n.º 3402005.933 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição (PER), indeferido em decorrência do crédito alegado não estar disponível, por se encontrar o valor do DARF recolhido vinculado a um débito declarado. Cientificada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade em que solicitou a revisão do despacho decisório, tendo em vista que retificou a DCTF do respectivo período de apuração. Alega que diversos pagamentos de PIS/Pasep e de Cofins “foram recolhidos indevidamente, de acordo com a Lei n° 10.925, de 2004, artigo 1o, inciso XVIII – Solução de Consulta Cosit de 29/06/2016, na qual determina a redução para zero das alíquotas incidentes”. Ato contínuo, a DRJCURITIBA (PR) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06058.410. Neste Recurso, a Empresa repisou os mesmos argumentos apresentados na sua Impugnação e juntou aos autos as notas fiscais eletrônicas de vendas. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.906, de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 13851.902629/201692, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.906): "O recurso em análise não atende a todos os requisitos de admissibilidade, pois, no que se refere especificamente à tempestividade, quando da interposição do recurso, já havia transcorrido o prazo legal. Extraise do Decreto 70.235 de 06.03.1972 (PAF), dentre outros comandos, que o prazo para a interposição de recurso voluntário é de 30 (trinta) dias da ciência da decisão de 1ª instância. Segue transcrito os excertos normativos que importam ao presente exame: Fl. 125DF CARF MF Processo nº 13851.902667/201645 Acórdão n.º 3402005.933 S3C4T2 Fl. 4 3 (...) Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser aplicado o ato Art.23 Farseá a intimação:. (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelosujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº9.532/97) (...) §2º Considerase feita a intimação : (...) II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº11.196/2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº11.196, de 2005) (...) Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. (...) Temse que a data ciência do acórdão por meio eletrônico foi realizada em 27/04/2017 (fls.26). No caso sob exame, segundo a legislação de regência anteriormente transcrita, o termo final do prazo em questão ocorreu em 27/05/2017 (sábado), que por não ser dia útil, transferese o prazo para o dia 29/05/2017. Na folha 27 é demonstrado que o Recurso Voluntário somente foi apresentado no dia 31/05/2017. Portanto, o presente recurso é extemporâneo, pois foi apresentado fora do prazo legal. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13851.902667/201645 Acórdão n.º 3402005.933 S3C4T2 Fl. 5 4 Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, a ciência do acórdão da DRJ e a interposição do Recurso Voluntário ocorreram, respectivamente, em 27/04/2017 e 31/05/2017. Desta sorte, por absoluta identidade fática e jurídica, a decisão lá esposada pode ser perfeitamente aqui aplicada. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.903906/2013-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2008 a 31/12/2012
RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA.
É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decreto-lei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade.
Numero da decisão: 3402-005.653
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado).
Nome do relator: Relator Diego Diniz Ribeiro
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2008 a 31/12/2012 RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decreto-lei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade.
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INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decretolei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de recurso voluntário contra o indeferimento de manifestação de inconformidade postulada ante o não reconhecimento de pedido de restituição de PIS formulado pela recorrente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 39 06 /2 01 3- 13 Fl. 153DF CARF MF 2 Aludida restituição restou indeferida pela DRF de origem, posto que: “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição” Regularmente cientificada, apresentou, a interessada, manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do acórdão nº01033.583.: Cientificado desta decisão apresentou o recurso voluntário ora em apreço. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.626, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10935.903869/201343, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.626): "I. Da intempestividade do recurso voluntário interposto 5. Como é sabido, o prazo para interposição de Recurso Voluntário no âmbito do processo administrativo federal é de 30 (trinta) dias, conforme prevê o art. 33, caput do Decretolei n. 70.235/72. 6. Não obstante, segundo o disposto no art. 5o. do sobredito Decretolei, os prazos no processo administrativo federal são contínuos e deverão ser contados excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Este também é o teor do art. 66 da lei n. 9.784/991. 7. Pois bem. No presente caso o fecorrente foi cientificado via eletrônica da decisão guerreada, sendo a correspondente mensagem aberta em 24 (vinte e quatro) de fevereiro de 2017 (sextafeira) (fl. 142). Logo, levando em consideração as disposições legais acima mencionadas, o termo inicial para a contagem do prazo recursal teve início em 27 (vinte e sete) de fevereiro de 2017 (segundafeira), vencendo, por sua vez, no dia 28 (vinte e oito) de março de 2017 (terçafeira). Acontece que o recurso em apreço só foi interposto em 30 (trinta) de março de 2017 (fl. 145), ou seja, quando já transcorrido o prazo legal. 8. Patente está, portanto, a intempestividade do recurso voluntário interposto, motivo pelo qual não o conheço. Dispositivo 1 "Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindose da contagem o dia do começo e incluindose o do vencimento." Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10935.903906/201313 Acórdão n.º 3402005.653 S3C4T2 Fl. 3 3 9. Diante do exposto, em razão da intempestividade do recurso voluntário interposto, deixo de conhecêlo. 10. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por não conhecer do recurso voluntário por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 155DF CARF MF
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Numero do processo: 10675.002253/2005-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA.
Para caracterizar a denúncia espontânea o art. 138 do CTN exige a extinção do crédito tributário por meio de seu pagamento integral. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário. Não se afasta a exigência da multa de mora quando a extinção do crédito tributário confessado é efetuada por meio de declaração de compensação.
Numero da decisão: 9303-007.924
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, somente em relação a denuncia espontânea do débito e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estarse diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificandose ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. Para caracterizar a denúncia espontânea o art. 138 do CTN exige a extinção do crédito tributário por meio de seu pagamento integral. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário. Não se afasta a exigência da multa de mora quando a extinção do crédito tributário confessado é efetuada por meio de declaração de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, somente em relação a denuncia espontânea do débito e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 22 53 /2 00 5- 51 Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 3 2 conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Trata o presente processo, originalmente, de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, Lei nº 9363/96, e de saldo credor de IPI, art. 11 da Lei nº 9779/99, relativos ao 2º trimestre de 2001. O pedido foi formalizado em 31/10/2001 gerando o processo administrativo nº 10675.002240/200159. Na mesma data foi efetuado pedido de compensação do montante do crédito com débito da Cofins referente ao fato gerador de 07/2001. Em razão da competência administrativa para análise dos créditos, aquele processo administrativo foi desmembrado com o presente processo, sendo que neste processo restou a administrar somente o pedido de ressarcimento do saldo credor de IPI, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.779/99, cujo montante solicitado foi de R$ 288.690,64. Despacho Decisório da DRF/Uberlândia, efls. 227 e segs, autorizou o ressarcimento parcial no montante de R$ 229.684,36. Diante deste contexto homologou parcialmente a DCOMP, efetuando a cobrança dos saldos remanescentes da Cofins compensada. Em sua manifestação de inconformidade o contribuinte não contesta o montante glosado do ressarcimento. Somente defende a não aplicação da multa de mora em relação aos débitos da Cofins compensada. Alegou a sua não aplicação por dois motivos: 1) denúncia espontânea do débito e 2) impossibilidade de sua cobrança em relação à empresa sucessora, Sadia S/A. Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 4 3 Tendo suas defesas administrativas indeferidas, tanto pela DRJ/Juiz de Fora, quanto na Turma Ordinária do CARF, o contribuinte apresentou recurso especial de divergência em face do Acórdão nº 330100332, de 16/11/2009, efls. 373 e segs, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea não se configura com a noticia da infração seguida do parcelamento, porquanto a lei exige o pagamento integral. Precedente do STJ. MULTA DE MORA. A multa de mora é devida no recolhimento de tributo fora do prazo do vencimento legal, ainda que o débito tenha sido espontaneamente confessado pelo sujeito passivo, sendo devida quando presentes as condições de sua exigibilidade. Art. 61 da Lei n2 9.430/96. MULTA DE MORA. COMPENSAÇÃO EFETUADA EM DATA POSTERIOR AO VENCIMENTO DO TRIBUTO. É devida a multa de mora quando o encontro de contas entre débitos e créditos é efetuado em data posterior ao vencimento do tributo. MULTA. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. Responde o sucessor pela multa de natureza fiscal. 0 direito dos contribuintes às mudanças societárias não pode servir de instrumento à liberação de quaisquer ônus fiscais (inclusive penalidades). Recurso Voluntário Negado. O recurso especial do contribuinte, efls. 391 e segs, alega divergência em relação a duas matérias: 1) Aplicação da denúncia espontânea e 2) Impossibilidade de cobrança da multa em razão de sucessão da pessoa jurídica. O recurso foi integralmente admitido por meio de despacho do Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, efls. 462 e segs. Contrarrazões da Fazenda Nacional, pede o improvimento do recurso especial. Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. O recurso especial é tempestivo e atende aos pressupostos formais para o seu conhecimento. Entretanto, entendo que quanto à comprovação da divergência jurisprudencial esta só foi efetivada em relação à possibilidade de ocorrência da denúncia espontânea. Quanto à responsabilidade da multa moratória em razão da sucessão da pessoa jurídica, há diferenças fáticas relevantes entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado. A discussão no presente processo referese à possibilidade de cobrança da multa de mora, pois o contribuinte Granja Rezende S/A efetuou compensação de débitos da Cofins com créditos decorrentes de seu pedido de ressarcimento de IPI. O débito da Cofins referente ao fato gerador de 07/2001, cujo vencimento ocorreu em 14/08/2001, somente foi compensado em 30/10/2001. O pagamento efetuado, via pedido de compensação, foi a destempo, e por essa razão, foilhe exigido, nos cálculos decorrentes da compensação, o valor correspondente à multa de mora. Além de alegar a ocorrência da denúncia espontânea, o contribuinte defende que esta multa não pode ser cobrada da sucessora, Sadia S/A. Em relação a esta matéria, o contribuinte apresentou o acórdão paradigma nº 10194.950, cópia integral às efls. 445 e segs, o qual possui a seguinte ementa: MULTA EMPRESA SUCESSORA RESPONSABILIDADE PESSOAL DA IMPUTAÇÃO INAPLICABILIDADE Uma vez comprovado que a empresa sucedida foi incorporada anteriormente ao lançamento de oficio, sendo que os atos que conduziram a aplicação da multa foram apurados na gestão da empresa sucedida, não se pode responsabilizar a empresa sucessora, com a multa isolada, uma vez patente, tanto na doutrina, como na jurisprudência administrativa e judiciária, a responsabilidade pessoal do agente em matéria penal, como é o presente caso. Portanto, inaplicável a multa conforme lançada contra a empresa sucessora. Lançamento improcedente. Recurso Provido. Da leitura integral do referido acórdão concluise que se trata de um processo de auto de infração de multa isolada por falta de recolhimento das estimativas da CSLL. Foi Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 6 5 aplicada a multa prevista no art. 44, § 1º, inc. IV da Lei nº 9.430/96. Daí advém as primeiras divergências fáticas: 1) a multa aplicada é específica e decorre do descumprimento da legislação da CSLL; e 2) tratase de multa punitiva exigida por meio de auto de infração. Mas não é só isso. Do destaque da ementa do paradigma, negritada por mim, constatase que o lançamento foi efetuado após a sucessão por incorporação da Granja Rezende S/A pela Sadia S/A. Porém no acórdão recorrido, os procedimentos de compensação da Cofins, que cuminou na exigência da multa moratória foram efetuados antes da sucessão, ou seja, quando da incorporação a multa de mora já existia e já deveria ter sido paga e, portanto, evento de conhecimento da pessoa jurídica incorporadora. Conforme espelho de consulta CNPJ, efl. 135, a incorporação foi realizada em 10/09/2002. Assim, em face da patente divergência fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, voto pelo não conhecimento do recurso especial de divergência em relação à matéria: impossibilidade de exigência da multa de mora da sucessora. Em relação à matéria conhecida, possibilidade de aplicação da denúncia espontânea à multa de mora, entendo não caber razão ao recorrente. Como é de sabença, o Superior Tribunal de Justiça, na pessoa do então Ministro Teori Albino Zavascki, decidiu, nos autos do processo nº 2007/01428689, sobre a aplicação do instituto da denúncia espontânea nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação previamente declarados pelo contribuinte e pagos a destempo, nos seguintes termos. EMENTA 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 7 6 denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. (REsp 962379 RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 28/10/2008) Mais tarde, no REsp 1149022, da relatoria do Ministro Luiz Fux, ficou consignado o entendimento de que a denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do tributo sujeito a lançamento por homologação, acompanhado do respectivo pagamento integral, retifica a declaração. A intelecção induvidosa da decisão acima transcrita é no sentido de que o pagamento que não fora previamente declarado em DCTF está albergado pela denúncia espontânea quando pago antes de qualquer procedimento fiscal. Noutro giro, é translúcido o entendimento de que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte (item 7 da ementa a seguir transcrita). EMENTA 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 8 7 em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 9 8 punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. (REsp 1149022 SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010) O artigo 62, § 2º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria 343/2015 e alterações, determina que as matérias de Repercussão Geral sejam reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pela contribuinte. Ressaltase que ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ entendem, de maneira pacífica, que, ainda que se trate de tributo sujeito a lançamento por homologação, se o crédito não foi previamente declarado pelo contribuinte, mas foi pago, podese configurar a denúncia espontânea, desde que ocorram as demais hipóteses do art. 138 do CTN. Portanto, conclusão inequívoca dos citados julgados é que não havendo declaração prévia do tributo e tendo o contribuinte efetuado o seu pagamento sem qualquer ação prévia do ente tributante, deve ser aplicado ao caso a denúncia espontânea, inclusive em relação à multa de mora. Retomando os fatos do presente processo, temse que o contribuinte efetuou a compensação dos débitos da Cofins em 31/10/2001, utilizadose de créditos decorrentes de seu pedido de ressarcimento de IPI. Portanto, em síntese, o contribuinte confessou os débitos da Cofins, porém não efetuou o seu pagamento. Como vimos compensou o débito com créditos decorrentes do ressarcimento de IPI. No caso, tratase de efetivamente efetuar a leitura correta do que dispõe o art. 138 do CTN: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10675.002253/200551 Acórdão n.º 9303007.924 CSRFT3 Fl. 10 9 Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Da leitura do dispositivo legal acima transcrito resta claro que a denúncia espontânea só é valida se vier acompanhada do pagamento do tributo. No presente caso apesar do contribuinte ter confessado o débito por meio das declarações de compensação, esta confissão não veio acompanhada do pagamento e sim de uma pretensa compensação que dependerá sempre de sua homologação posterior, expressa ou tácita. Pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, pois para o pagamento a extinção do crédito tributário não está vinculada a nenhuma condição e o art. 74, § 2º da Lei nº 9.430/96 estabelece que a compensação extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso especial do contribuinte, somente em relação à matéria denúncia espontânea, e, na parte conhecida, por negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 543DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11845.000195/2007-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
DO VALOR DA TERRA NUA
Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT - NBR 14.653-3), demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN declarado.
Numero da decisão: 2402-006.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DO VALOR DA TERRA NUA Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NBR 14.6533), demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN declarado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em exercício (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 84 5. 00 01 95 /2 00 7- 57 Fl. 183DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 184 2 Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 0325.985, da 1ª Turma da DRJ em Brasília (fls. 126/134), que julgou procedente o lançamento da diferença de Imposto Territorial Rural referente ao exercício de 2004, relativo ao imóvel denominado "Lotes 19 e 20", localizado no Loteamento Santo Antônio, 2ª Etapa, localizado no Município de Campos Lindos, Estado do Tocantins, cadastrado na RFB sob o nº 6.137.2480. O crédito tributário apurado pela autoridade fiscal, no valor de R$ 111.041,90, acrescido dos juros de mora, calculados até 31/10/2007 (R$ 50.190,93), e da multa proporcional (R$ 83.281,42), perfaz o montante de R$ 244.514,25. Relata a autoridade fiscal que a recorrente foi intimado, com ciência no dia 02/10/2007, para comprovar o valor da terra nua declarado, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, e solicitou prorrogação de prazo para atendimento à intimação, tendo sido concedida prorrogação até 05/11/2007. Decorrido o prazo, informa o fiscal que a recorrente não compareceu para atendimento, razão pela qual procedeu ao lançamento de ofício, arbitrandose o valor da terra nua com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT da RFB (fls. 15/18). Notificado do lançamento aos 26.11.2007 (fls. 20), o recorrente apresentou impugnação e laudo técnico tempestivamente (fls. 21/121), alegando, em síntese: 01) o arbitramento do VTN foi realizado com base na média dos VTN's declarados pelos contribuintes do município onde se localiza o imóvel e, como se sabe, o valor da terra nua depende da qualidade da terra, das condições de mercado no momento da apuração e de situações específicas da região. Ou seja, os imóveis possuem valor individualizado, não sendo possível apurar uma média entre os imóveis vizinhos e arbitrar o valor de um deles sem levar em conta as especificidades de cada propriedade rural, de modo que o VTN declarado não está subavaliado; 02) o VTN arbitrado não condiz com a realidade do imóvel da recorrente, que é praticamente inacessível, não havendo maneiras de transportar a produção agrícola ou pecuária por outro meio que não seja aéreo, o que torna o custo absurdamente alto. Diz que o imóvel fica a 90 Km da cidade de Campo Alegre e a 80 km do povoado de Rancharia, que a estrada é muito arenosa, com erosões de grande porte e que o tráfego só é possível com veículo de tração animal (carroça) ou de motocicleta; 03) que o "Laudo Técnico de Avaliação de Imóvel" apresentado, de acordo com as normas da ABNT, constata a precariedade de condições de tráfego e que dada a impossibilidade de escoamento da produção em virtude do percurso de 60,00 km em caminho carreiro, fato relevante para a formação de valor na avaliação da propriedade (item 7.3.3 da NBR 14.6533 da ABNT), o avaliador concluiu que deve haver a escolha de métodos de avaliação mais apropriados; Fl. 184DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 185 3 04) afirma que o imóvel em questão está, realmente, localizado em área de grande produtividade de soja, pois os terrenos próximos geralmente são planos e possuem alta fertilidade natural. Dessa forma, o VTN médio do local, apurado pela autoridade fiscal autuante, é bem superior ao declarado pela recorrente. No entanto, seu imóvel não pode ser explorado em função da dificuldade de acesso, uma vez que não há estradas para escoamento da produção, tendo apenas, pela topografia, vocação para a pecuária; 05) diante dessas peculiaridades, a avaliação pelo método comparativo de dados de mercado deve ser vista com cautela no caso vertente, pois sofre a influência da valorização das terras do altiplano, onde se situam uma das melhores áreas para plantio de soja, contrastando significativamente com as terras objeto da lide; 06) alega que deve ser observada a afirmação constante do laudo segundo a qual “a Adoção do valor médio para a avaliação de terras em Campos Lindos é metodologia inadequada, pois os valores do altiplano variam de 30 a 40 vezes o valor das terras da Fazenda Sônia Maria. Somamse (sic) ainda a falta de infraestrutura a sudoeste do município onde se localiza o imóvel”; 07) conclui que como a avaliação pelo método comparativo de dados de mercado se mostra inadequada ao presente caso, o avaliador (profissional devidamente habilitado para proceder à avaliação), utilizou outro método, qual seja o "Método do Valor Presente Líquido (VPL)", conforme consta a fls. 13 do laudo, que considera como investimentos, a implantação da estrada, a implantação da exploração pecuária e o valor da propriedade, avaliada pelo Método Direto; 08) que para o cálculo do Valor Presente Líquido, foram elaborados os seguintes orçamentos (anexados aos laudos): investimento na exploração pecuária; investimento de implantação da estrada; custeio da pecuária e manutenção da estrada. Neste método, se o Valor Presente Líquido (VPL) for positivo ou igual a zero, o valor do imóvel será o da avaliação pelo Método Direto. Contudo, se for negativo, anulase o valor tributável; 09) que no presente caso, considerando os investimentos a serem realizados e receitas futuras com a venda anual das crias no prazo de 10 (dez) anos, descontadas a uma taxa anual de 8% a.a., chegouse a um Valor Presente Líquido (VPL) com um prejuízo de R$ 1.714.133,78; 10) que considerando ser negativo o VPL, uma vez que o grau de utilização da terra ficou prejudicado pela falta de condições de escoar a produção, o valor potencial do imóvel não se confirmou. Em consequencia, devese anular o valor tributável; 11) informa que a conclusão do laudo de avaliação é de que a vistoria foi fator decisivo para constatação da impossibilidade de escoamento da produção e definição negativa do Valor Presente Líquido (VPL), o que inviabiliza economicamente o aproveitamento eficiente do imóvel, não cabendo nenhuma tributação; 12) alega, ademais, que o imóvel está ocupado por 11 posseiros, ocupando 30% (trinta por cento) de sua área total. Diz que são posses antigas, com mais de 30 (trinta anos) e que não há como desconsiderar a depreciação do valor do imóvel em função da presença desses posseiros; Fl. 185DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 186 4 13) afirma que o imóvel não possui valor de mercado por conta da falta de acesso e da presença dos posseiros. Que já tentou vendêlo várias vezes, sem sucesso, por conta da impossibilidade de sua exploração econômica e pelos demais motivos anteriormente expostos; 14) por fim, conclui que restou que o VTN declarado, embora muito inferior à média da região, é o que condiz com a realidade do seu imóvel, pois mesmo estando localizado em uma área altamente produtiva e com VTN médio alto, possui peculiaridades que reduzem drasticamente o valor da terra nua, especialmente a falta de acesso, via terrestre, impossibilitando o escoamento da produção, e a presença de posseiros, o que inviabiliza economicamente o seu aproveitamento eficiente do imóvel, não cabendo sobre ele, em consequencia, nenhuma tributação. A DRJ julgou procedente o lançamento em decisão assim ementada: Assumo: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE . TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DO VALOR DA TERRA NUA SUBAVALIAÇAO. Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exigese que o Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT (NBR 14.6533), demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preços da época do fato gerador do imposto (1°/01/2003), bem como a existência de características particulares desfavoráveis que justificassem o restabelecimento do VTN declarado. Lançamento Procedente Intimado dessa decisão aos 26.01.09 (fls. 140), o recorrente apresentou recurso voluntário aos 16.02.2009, no qual reproduziu as alegações constantes da impugnação, acrescentando, ainda: a) Discorre sobre os Métodos da Capitalização da Renda e sobre o Método Comparativo e afirma que os resultados apurados no laudo apresentado se fundamentaram estritamente em cálculos matemáticos e no conteúdo das pesquisas, seguindo à risca os requisitos exigidos pela ABNT na Norma Brasileira 14.6533. Desse modo, afirma que o documento, ao contrário do que consta na decisão recorrida, tem sim valor probatório e deve ser levado em consideração ante sua consistência, uma vez que demonstra e comprova que o imóvel em apreço possui valor muito inferior a outros do mesmo município, em face de suas características especialíssimas; b) que é possível a apresentação de laudo técnico após o lançamento, não havendo falar em intempestividade. Cita precedente. c) que não existe área passível de aproveitamento para fins de tributação pelo ITR, uma vez que a inviabilidade demonstrada qualifica a área como não aproveitável, por não ser passível de exploração, nos termos do art. 10, § 1º, IV, da Lei nº 9.393/96, aplicandose ao caso o § 1º do art. 11 da mesma lei, reproduzidos pelo Decreto nº 4.382/02; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 187 5 d) que nos termos da legislação mencionada e de acordo com a área do imóvel, a alíquota aplicada pela autoridade autuante está incorreta; e) que no corpo da DITR, não há campo específico para o contribuinte informar a existência de área não aproveitável, nos termos dos arts. 10, §1º e 11, §1º, ambos da Lei nº 9.393/96, para fins de apuração do ITR, o que faz com que não seja possível aplicar a alíquota correta quando do preenchimento da declaração, como ocorreu no presente caso, o que deve ser corrigido por este Colegiado; f) por fim, requer seja o lançamento julgado integralmente improcedente ou, caso o laudo não seja considerado, que o processo seja baixado em diligência para que seja feita vistoria "in loco" os representantes do Fisco constatem, pessoalmente, as reais condições do imóvel para fins de apuração do ITR, na forma da lei. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Renata Toratti Cassini – Relatora. O recurso voluntário é tempestivo, devendo, todavia, ser conhecido em parte. Com efeito, a recorrente apresenta diversos argumentos novos em seu recurso voluntário que não decorrem de sua resposta à decisão recorrida, mas se trata, em verdade, de novas alegações que já poderiam ter constado de suas razões de defesa desde a impugnação. Tratase dos argumentos relacionados no relatório, acima, nos itens "c" a "e", que dizem respeito, em síntese, (i) à inexistência de área passível de aproveitamento em seu imóvel para fins de tributação pelo ITR, nos termos dos arts. 10, § 1º e 11, § 1º, da Lei nº 9.393/96, (ii) à incorreção da alíquota aplicada pela autoridade fiscal e (iii) à inexistência, no programa da DITR, de campo específico para o preenchimento da informação relativa a inexistência de área passível de aproveitamento no imóvel para fins de apuração do tributo. Todas essas alegações, que se trata de matéria inédita, trazidas apenas em grau de recurso, em relação às quais não teve oportunidade de conhecer e de se manifestar a autoridade julgadora de primeira instância, não podem ser apreciadas por este colegiado em grau de recurso, em face da ocorrência do fenômeno processual da preclusão consumativa.1 1 Sobre o assunto, sendo a preclusão a perda da faculdade de praticar o ato processual, ensinanos a doutrina que: “5.Preclusão consumativa: Dizse consumativa a preclusão, quando a perda da faculdade de praticar o ato processual decorre do fato de já haver ocorrido a oportunidade para tanto, isto é, de o ato já haver sido praticado e, portanto, não pode tornar a sêlo. (...)” (NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NOVO CPC – LEI 13.105/2015. São Paulo: RT, 2015, p. 744)” Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 188 6 Portanto, essa matéria não será conhecida. Do Valor da Terra Nua Como relatado, o recorrente foi intimado pela autoridade fiscal para que lhe apresentasse laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, de modo a comprovar o valor da terra nua declarado em sua DITR/2004, de R$ 20.000,00 (R$ 3,68/ha). Não tendo obtido resposta ao Temo de Intimação Fiscal (salientandose que, conforme solicitado pela recorrente, foilhe concedida prorrogação de prazo para essa resposta), a autoridade fiscal, de posse das informações constantes da DITR/2004 e considerando subavaliado o valor da terra nua ali constante, procedeu ao arbitramento desse “Contestação. Uma vez apresentada a contestação, com bom ou mau êxito, não é dada ao réu a oportunidade de contestar novamente ou de aditar ou completar a já apresentada (RTJ 122/745). No mesmo sentido: RT 503/178.” (Idem, p. 745) Nesse sentido, inúmeros são os precedentes deste tribunal no sentido de não conhecer de matéria que não tenha sido submetida à apreciação e julgamento de primeira instância, dos quais cito apenas alguns, ilustrativamente: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Anocalendário: 2006 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL, PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação, que deve ser expressa, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente /contestada pelo impugnante. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. Não se conhece do recurso quando este pretende alargar os limites do litígio já consolidado, sendo defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação. DECADÊNCIA Tendo a contribuinte sido cientificado no transcurso do quinquênio legal não há que se falar em decadência. NULIDADE DO MPF Tendo sido realizadas as prorrogações e inclusões no procedimento de fiscalização, não há que se acolher a nulidade do procedimento. (Acórdão 3301002.475, autos do processo nº 19515.004887/201013) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2013 RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou Manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de Fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância Ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. (1001000.297, autos do processo nº 10830.722047/201331) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 31/12/2001 INOVAÇÃO DE QUESTÕES NO ÂMBITO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fático jurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria. PIS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA. Aplicase à cooperativa de crédito a legislação da contribuição ao PIS e COFINS relativa às instituições financeiras, sendo irrelevante a distinção entre atos cooperativos e não cooperativos. Recurso voluntário negado. Crédito tributário mantido. (3402004.942, autos do processo nº 16327.000840/200381) Fl. 188DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 189 7 valor com base no SIPT, da RFB, em R$ 714.009,40 (RS 131,30/ha), apurando imposto suplementar de R$ 111.041,90. Apresentada impugnação, juntamente com a qual o recorrente juntou, então, o laudo técnico de avaliação do imóvel, a DRJ julgou o lançamento procedente. O laudo apresentado pela recorrente, embora elaborado de acordo com a NBR 14.653 da ABNT, não foi aceito pelos julgadores de primeira instância por vários fundamentos, sendo o principal deles o fato de que não traz o valor da terra nua. Ademais, a decisão recorrida questiona, ainda, o método de avaliação empregado na sua elaboração. Segundo a decisão da DRJ, "o método adotado pelo engenheiro de avaliações VPL [Valor Presente Líquido] não consta taxativamente do rol dos métodos descritos na NBR 14.6533 para avaliação do Valor da Terra Nua de imóvel rural, no caso, a preços de 01/01/2003. O item 8 da Norma descreve os métodos possíveis de utilização, quais sejam: 8.1 Método comparativo direto de dados de mercado (o método preferencial); 8.2 Método da capitalização da renda; 8.3 Método Involutivo; 8.4 Método evolutivo; 8.5 Método comparativo direto de custo; 8.6 Método da quantificação de custo. Cada um dos métodos apresenta peculiaridades e objetivos específicos. Com essas considerações, entendo que o Laudo Técnico de Avaliação não serve para efeito de conhecimento do VTN em questão, tanto por não trazer conclusivamente um valor, quanto por usar metodologia inadequada para tal fim. Cabe ressaltar que foi exigida pela autoridade fiscal uma prova técnica, para efeito de avaliação do valor fundiário do imóvel e formação de convicção, ou seja, um Laudo onde o Engenheiro de Avaliação deveria mensurar exatamente o Valor da Terra Nua. Sem estarem presentes todos os quesitos e critérios legalmente exigidos, o Laudo apenas concluiu pela inviabilidade econômica e aproveitamento eficiente do imóvel, “não cabendo qualquer tributação”." A esse respeito, o recurso voluntário argumenta, em contrapartida, que o laudo técnico utilizou conceitos universalmente aceitos e consagrados e seguiu rigorosamente a norma NBR 14.6533 da ABNT, uma vez que o Método da Capitalização da Renda, também utilizado na sua confecção, juntamente com o Método Comparativo, constituise em mais uma ferramenta básica para a avaliação de propriedades rurais com produções agropecuárias, de acordo com o Curso de Avaliação de Propriedades Rurais IBAPEMG (ABNT NBR 14.653 1, 14.6533 e 14.6534). Argumenta que esse curso apresenta as mais recentes técnicas para identificação do valor de propriedades rurais (fazendas e empreendimentos de base rural) por meio de método comparativo de dados de mercado, evolutivo e da capitalização da renda, com base nas normas da avaliação de bens. Pois bem. Nas considerações inicias do laudo, a fls. 40, consta a seguinte observação: "Na vistoria da propriedade, constatamos a precariedade das condições de tráfego, praticamente um caminho carreiro, com erosões de porte. Dada a impossibilidade de escoamento da produção em virtude do percurso de 60,00 km em caminho carreiro, fato relevante para formação de valor na avaliação da propriedade, (item Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 190 8 7.3.3 da NBR 14.6533 da ABNT), e indica a escola (sic) de métodos mais apropriados. (destacamos) Nessa linha, a fls. 51, prossegue o avaliador afirmando que "a adoção do valor médio para a avaliação de terras em Campos Lindos é metodologia inadequada, pois os valores das áreas do altiplano variam de 30 a 40 vezes o valor das terras da Fazenda Sônia Maria. Somase ainda a falta de infraestrutura a sudoeste do município onde se localizada o imóvel." Assim, abandonando a metodologia preferencialmente recomendada pela norma NBR 14.6533, conforme expresso no item 10.1.1 da aludida norma, o engenheiro avaliador adotou o método do Valor Presente Líquido (VPL). Escolheu, então, as variáveis de um projeto de investimento hipotético e realizou os cálculos pertinentes. O projeto escolhido foi utilizar o imóvel do recorrente em pecuária, com um rebanho de 2.200 bovinos reprodutores (matrizes) e venda de suas crias. Ao lado dos custos com investimentos e do custeio anual, projetou a formação de 2.200,0 ha de pastos, a aquisição das matrizes, a construção das benfeitorias úteis e necessárias, a implantação de 34 Km e recuperação de outros 26 Km de estradas, além do custeio anual do empreendimento e da manutenção das estradas. Esse projeto seria desenvolvido ao longo de 10 anos, sendo que as receitas anuais com a venda das crias, além de cobrir o custeio, deveria amortizar o custo com os investimentos realizados, conforme abaixo (fls. 51/52 do laudo): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 191 9 Usando essa metodologia, o projeto se revelou economicamente inviável, e o fluxo de caixa, ao final de 10 anos, negativo, de modo que a conclusão a que chegou o laudo técnico apresentado foi exatamente a seguinte: "A vistoria realizada foi fator decisivo para constatação da impossibilidade de escoamento de produção, e a definição negativa do Valor Presente Liquido (VPL) inviabiliza economicamente o aproveitamento eficiente do imóvel, não cabendo qualquer tributação. (destacamos) O prejuízo de R$ R$ 1.714.133,78, evidencia o que se sabe há muito tempo, a infra estrutura deve ser custeada pelo Governo." Ocorre que, conforme se percebe, o que fez o laudo técnico, em verdade, não foi proceder à avaliação do imóvel do recorrente e, mais especificamente, da terra nua. Vejase que logo nas considerações iniciais, a fls. 40, como descrito acima, o laudo é expresso no sentido de que dada a impossibilidade de escoamento da produção, fato relevante para formação de valor na avaliação da propriedade, o método preferencialmente indicado pela Norma ABNT 14.6533 não seria o mais apropriado para a avaliação no caso em tela, justificando, assim, a eleição de outro método. Todavia, a NBR 14.653 da ABNT é uma Norma Brasileira de avaliação de bens, sendo assim composta: · NBR 146531 – Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos gerais; · NBR 146532 – Avaliação de bens – Parte 2: Imóveis urbanos; · NBR 146533 – Avaliação de bens – Parte 3: Imóveis rurais; · NBR 146534 – Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos; · NBR 146535 – Avaliação de bens – Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral; Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 192 10 · NBR 146536 – Avaliação de bens – Parte 6: Recursos naturais e ambientais; · NBR 146537 – Avaliação de bens – Parte 7: Patrimônios históricos. A norma a ser seguida na avaliação de imóveis rurais, é a NBR 146533, que trata da avaliação de imóveis rurais, e a NBR 146531, que traz os procedimentos gerais, aplicável, portando, a todas as demais. Nessa linha, no seu item 8.2, que trata do "Método da Capitalização da Renda", a NBR 146533 dispõe logo a seguir, no subitem 8.2.1 que "As avaliações de empreendimentos [e não imóveis!] de base rural deverão observar as prescrições da ABNT NBR 146534" (destacamos). Ou seja, na NBR 146533, que trata da Avaliação de bens Imóveis rurais, o "Método da Capitalização da Renda" está especificamente recomendado para a avaliação de empreendimentos de base rural, e não para a avaliação de imóveis rurais. Vejase que na sequência, no item 10 dessa mesma norma NBR 146533, que trata dos "Procedimentos especiais", seu subitem 10.1 se ocupa, justamente, das "Terras Nuas" e dispõe, no subitem 10.1.1, que "Na avaliação das terras nuas, deve ser empregado, preferivelmente, o método comparativo direto de dados de mercado". Assim, percebese claramente do laudo apresentado pelo recorrente que embora ele tenha seguido a Norma ABNT 14653, o que ele faz, em verdade, não foi a avaliação do imóvel do recorrente e, mais precisamente, da terra nua, como deveria, mas sim a avaliação de um possível e eventual empreendimento naquele imóvel, de um projeto de negócio a ser desenvolvido naquele imóvel. Corrobora essa conclusão o fato de esse "método" (ou "indicador", o Valor Presente Líquido VPL) é descrito, justamente, no item 8.3 da NBR 146534, que trata, exatamente, da Avaliação de Bens Empreendimentos, cuja utilização é recomendada pela NBR 146533, como dito acima, na avaliação de empreendimentos de base rural. Assim, não se está, aqui, questionando a validade do método utilizado, mas sim o fato objetivo de que o laudo não trouxe o valor da terra nua, que é o que realmente importa para a apuração do tributo a ser recolhido pela recorrente e deveria ter sido perseguido no trabalho desenvolvido pelo avaliador. Desse modo, entendo que tem razão a decisão recorrida quando diz que o laudo não conclui trazendo um valor para a gleba rural, o que deveria ser o seu objeto, qual seja mostrar o valor da terra nua, a preços de 01/01/2004, de modo que a autoridade fiscal pudesse verificar se o VTN declarado estava correto. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 193 11 Com todo o respeito, também entendemos, tal como o julgador de primeira instancia, que não é de competência legal do avaliador concluir, no laudo, se cabe ou não recair sobre o imóvel rural alguma tributação. O que o laudo deveria ter feito, de fato, era apurar, dentro das regras da NBR 14.6533, o valor da terra nua, qualquer que fosse, devidamente justificado e comprovado, o que não fez. Concluir que não cabe nenhuma tributação sobre o imóvel em questão é o mesmo que dizer que o imóvel do recorrente não tem valor nenhum ou, em outras palavras, que tem valor igual a ZERO, o que, evidentemente, não é verdade. Com efeito, para a avaliação do empreendimento rural constante do laudo pelo método eleito, o avaliador procedeu à avaliação do imóvel do recorrente valendose, exatamente, do Método Comparativo (o que havia dito ser inadequado), e chegou a um valor para o imóvel, qual seja R$ 281.860,40, que constou do laudo como investimento do recorrente no hipotético empreendimento avaliado. Desse modo, realmente, o laudo em questão não se presta à finalidade a que se destina, pelo que não há como ser considerado. A recorrente questiona, ainda, o fato da decisão recorrida ter afirmado que o laudo técnico não foi apresentado tempestivamente e, uma vez caracterizado o baixo valor do VTN declarado, somente restava à autoridade fiscal arbitrar o VTN, nos termos do art. 14 da Lei nº 9.393/96. No entanto, afirma que há decisões deste tribunal admitindo a apresentação de laudo técnico após o lançamento, não havendo falar em intempestividade. A esse respeito, não tem razão a recorrente. De fato, não tendo a recorrente apresentado o laudo técnico à fiscalização para comprovar a correção do valor da terra nua informado em sua DITR, considerandoo sub avaliado, o auditor fiscal, então, arbitrou o valor da terra nua com base no SIPT, da RFB, conforme dispõe o art. 14 da Lei nº 9.393/96. Era o procedimento legal a ser adotado. Por outro lado, o laudo não foi acatado pela autoridade julgadora de primeira instância não por intempestividade, mas por motivos outros, especialmente por não trazer o valor da terra nua. Caso não tivesse sido aceito por intempestivo, o julgador sequer o teria analisado. Por fim, sobre o pedido para que os autos sejam baixados em diligência para que seja realizada vistoria "in loco" pelos auditores fiscais, ressalto que não há previsão legal para esse tipo de procedimento nesta fase processual, procedimento este aliás, que teria por objetivo suprir a deficiência de uma prova, qual seja o laudo técnico, da qual a recorrente já poderia ter eficientemente se desincumbido caso o documento apresentado tivesse trazido as respostas adequadas. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 11845.000195/200757 Acórdão n.º 2402006.856 S2C4T2 Fl. 194 12 CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de conhecer em parte do recurso voluntário para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Fl. 194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.902074/2016-49
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 2012
ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA PARA LANÇAMENTO DE MULTA. Não se aplicam as regras do artigo 150,§4ª e 173, I do CTN para que a Fiscalização lavre multa por não homologação de crédito. Regra do artigo 74, §5º da Lei 9.430/1996.
CONEXÃO/VINCULAÇÃO.
Para que se opere a conexão entre duas demandas em trâmite no CARF é necessário que ambas tratem de fato idêntico. Artigo 6º, §1º inciso I do Anexo II do RICARF
CRÉDITO NÃO HOMOLOGADO. CONCEITO DE INSUMOS. PIS/COFINS. Contribuinte teve parte dos seus créditos não homologados. Insumos como gastos essenciais e relevantes conforme o Recurso Especial do STJ 1.221.170-PR. Aceitos como insumos os gastos com produtos que compõem o processo produtivo.
DESPESAS COM SERVIÇOS PORTUÁRIOS DIVERSOS. NÃO SUBSUNÇÃO AO CONCEITO DE INSUMOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA CREDITAMENTO.
A jurisprudência majoritária do CARF sustenta que o conceito de insumos, no âmbito das contribuições não-cumulativas, pressupõe a relação de pertinência entre os gastos com bens e serviços e o limite espaço-temporal do processo produtivo. Em outras palavras, não podem ser considerados insumos aqueles bens ou serviços que venham a ser consumidos antes de iniciado o processo ou depois que ele tenha se consumado. Despesas portuárias não se subsumem ao conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições não-cumulativas, uma vez que tais gastos, inconfundíveis com os gastos com frete e armazenagem nas operações de comercialização - para os quais, há expressa previsão normativa para seu creditamento -, são atinentes a serviços ocorridos após o fim do ciclo de produção, não gerando, portanto, direito a crédito.
REINTEGRA. SUBVENÇÃO CORRENTE. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO EM REGIME NÃO CUMULATIVO.
Os valores apurados no âmbito do Regime de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra) representam receitas da pessoa jurídica beneficiária por tratar-se o regime de espécie de subvenção corrente. Portanto, tais valores integram a base de cálculo da contribuição em regime não cumulativo.
INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS.
O conceito de insumos, no contexto das contribuições não-cumulativas, deve ser interpretado à luz dos critérios da essencialidade e relevância do bem ou serviço, aferidos em face da sua estreita relação com o processo produtivo ou de prestação de serviços realizados pelo contribuinte. Em outras palavras, o conceito de insumos pressupõe o consumo de bens ou serviços no contexto do processo produtivo, excluindo-se, de tal conceito, as despesas que não tenham pertinência com o processo produtivo - salvo exceções legais explícitas.
EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DA RECORRENTE.
No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus da recorrente a comprovação precisa e minuciosa do direito alegado.
Numero da decisão: 3003-000.038
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para reconhecer os créditos dos valores referentes ao Hipoclorito de sódio, produtos KURITA, pallet de madeira/capa de pallet/chapa de papelão para pallet e lacres de segurança para carretas; II) Pelo voto de qualidade, negar provimento em relação as demais matérias. Vencidos os Conselheiros Müller Nonato Cavalcanti Silva e Márcio Robson Costa que reconheciam o direito aos créditos em relação aos gastos com energia elétrica com demanda contratada, encargos com a transmissão de energia elétrica, serviços portuários destinados à exportação dos produtos, serviços em isotanques (IBCs) e sua manutenção (OCTOs e REOS), valores de depreciação do ativo imobilizado, valores recebidos pelo REINTEGRA. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Vinícius Guimarães.
Marcos Antônio Borges - Presidente.
Müller Nonato Cavalcanti Silva - Relator.
Vinícius Guimarães - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges (presidente da turma), Müller Nonato Cavalcanti Silva, Vinícius Guimarães e Márcio Robson Costa.
Nome do relator: MULLER NONATO CAVALCANTI SILVA
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Não se aplicam as regras do artigo 150,§4ª e 173, I do CTN para que a Fiscalização lavre multa por não homologação de crédito. Regra do artigo 74, §5º da Lei 9.430/1996. CONEXÃO/VINCULAÇÃO. Para que se opere a conexão entre duas demandas em trâmite no CARF é necessário que ambas tratem de fato idêntico. Artigo 6º, §1º inciso I do Anexo II do RICARF CRÉDITO NÃO HOMOLOGADO. CONCEITO DE INSUMOS. PIS/COFINS. Contribuinte teve parte dos seus créditos não homologados. Insumos como gastos essenciais e relevantes conforme o Recurso Especial do STJ 1.221.170PR. Aceitos como insumos os gastos com produtos que compõem o processo produtivo. DESPESAS COM SERVIÇOS PORTUÁRIOS DIVERSOS. NÃO SUBSUNÇÃO AO CONCEITO DE INSUMOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA CREDITAMENTO. A jurisprudência majoritária do CARF sustenta que o conceito de insumos, no âmbito das contribuições nãocumulativas, pressupõe a relação de pertinência entre os gastos com bens e serviços e o limite espaçotemporal do processo produtivo. Em outras palavras, não podem ser considerados insumos aqueles bens ou serviços que venham a ser consumidos antes de iniciado o processo ou depois que ele tenha se consumado. Despesas portuárias não se subsumem ao conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições nãocumulativas, uma vez que tais gastos, inconfundíveis com os gastos com frete e armazenagem nas operações de comercialização para os quais, há expressa previsão normativa para seu AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 90 20 74 /2 01 6- 49 Fl. 641DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 3 2 creditamento , são atinentes a serviços ocorridos após o fim do ciclo de produção, não gerando, portanto, direito a crédito. REINTEGRA. SUBVENÇÃO CORRENTE. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO EM REGIME NÃO CUMULATIVO. Os valores apurados no âmbito do Regime de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra) representam receitas da pessoa jurídica beneficiária por tratarse o regime de espécie de subvenção corrente. Portanto, tais valores integram a base de cálculo da contribuição em regime não cumulativo. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. O conceito de insumos, no contexto das contribuições nãocumulativas, deve ser interpretado à luz dos critérios da essencialidade e relevância do bem ou serviço, aferidos em face da sua estreita relação com o processo produtivo ou de prestação de serviços realizados pelo contribuinte. Em outras palavras, o conceito de insumos pressupõe o consumo de bens ou serviços no contexto do processo produtivo, excluindose, de tal conceito, as despesas que não tenham pertinência com o processo produtivo salvo exceções legais explícitas. EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DA RECORRENTE. No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus da recorrente a comprovação precisa e minuciosa do direito alegado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para reconhecer os créditos dos valores referentes ao Hipoclorito de sódio, produtos KURITA, pallet de madeira/capa de pallet/chapa de papelão para pallet e lacres de segurança para carretas; II) Pelo voto de qualidade, negar provimento em relação as demais matérias. Vencidos os Conselheiros Müller Nonato Cavalcanti Silva e Márcio Robson Costa que reconheciam o direito aos créditos em relação aos gastos com energia elétrica com demanda contratada, encargos com a transmissão de energia elétrica, serviços portuários destinados à exportação dos produtos, serviços em isotanques (IBCs) e sua manutenção (OCTOs e REOS), valores de depreciação do ativo imobilizado, valores recebidos pelo REINTEGRA. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Vinícius Guimarães. Marcos Antônio Borges Presidente. Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator. Vinícius Guimarães Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges (presidente da turma), Müller Nonato Cavalcanti Silva, Vinícius Guimarães e Márcio Robson Costa. Fl. 642DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra acórdão de Manifestação de Inconformidade proferido no bojo do processo PER/DCOMP de n. 15279.99574.250712.1.1.080015. No intento de ver reconhecido o crédito de R$ 811.597,71 apurado no segundo trimestre de 2012. Para a análise da declaração de crédito o Fisco apurou toda a receita do exercício, chegando ao despacho decisório reconhecendo o crédito na monta de R$ 802.145,36. Inconformada com a diferença de crédito apurada a Recorrente apresentou suas razões recursais com as seguintes alegações: a) Decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício; b) conexão com os autos de nº 13502.720661/201701; c) reconhecimento de créditos glosados, tais como Pallets de madeira, lacres de segurança para carretas, energia elétrica com demanda contratada (TUSD), energia térmica, serviços portuários destinados à exportação dos produtos, serviços em isotanques (IBCs) e sua manutenção (OCTOs e REOS), valores de depreciação do ativo imobilizado, valores recebidos pelo REINTEGRA; água desmineralizada, água clarificada, água potável, vapor, ácido sulfúrico, hidróxido de sódio, hipoclorito de sódio e produtos KURITA. Ao fim requer a total procedência do Recurso Voluntário para que seja reconhecido o direito creditório lançado no Per/Dcomp de n. 15279.99574.250712.1.1.080015, e que todos os itens demonstrados sejam tratados como insumos. Voto Vencido Conselheiro Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator. Por presentes todos requisitos formais de admissibilidade do presente Recurso Voluntário, dele tomo conhecimento. Da Decadência A Recorrente alega que a Fazenda não poderia, ao fazer a glosa dos créditos descritos no Per/Dcomp, efetuar o lançamento do saldo complementar, com multa e juros, em razão de ter sido alcançado o prazo decadencial, seja pelo fundamento do artigo 150, §4º ou pelo artigo 173, I ambos do CTN. Fl. 643DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 5 4 Não assiste razão a Recorrente. A decadência em matéria tributária existe para punir a inércia do Fisco quando permite o decurso de determinado período de tempo sem nenhuma manifestação expressa para que se opere a homologação tácita do lançamento feito pelo contribuinte (art. 150,§4º CTN). Ainda, quando não houver ato praticado por qualquer das partes e o decurso do tempo impede que seja feito lançamento de ofício (art. 173, I CTN). No caso em discussão não é possível vislumbrar nenhuma das hipóteses previstas nos enunciados legais que versam sobre decadência. Ao contrário, ao ser provocada sobre compensação de créditos a Fazenda Nacional manifestouse de forma motivada a razão da glosa e, por consequência, efetuou o lançamento complementar. A propósito do tema em debate a Lei 9.430/1996 no seu artigo 74, §5º estabelece que a Fazenda detém o prazo de 5 (cinco) anos para homologar a compensação de crédito contado da data de entrega da declaração. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pela sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Este Tribunal Administrativo já se manifestou nesse sentido em voto da lavra do Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira nos autos do processo de n. 10540.720020/200560: COMPENSAÇÃO. APURAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO. DECADÊNCIA. A limitação temporal para averiguação da certeza e liquidez do crédito postulado se dá pela observação do art. 74, §5.º, da Lei n.º 9.430/96, e não pelo texto do § 4.º do art. 150 do CTN, este último relativo a lançamento tributário. Portanto, por inexistência de amparo legal e por precedentes deste Conselho, voto pelo afastamento da alegação de decadência. Da conexão com os autos de nº 13502.720661/201701 A Recorrente pugna em suas razões recursais pela reunião do processo em julgamento com o de n. 13502.720661/201701 sob a alegação de que tal medida impediria a possibilidade de decisões divergentes. Conforme aduz o artigo 6º, §1º inciso I do Anexo II do RICARF, a vinculação de processos por conexão pode acontecer quando ambos tratarem de exigência fundada em fato idêntico. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: Fl. 644DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 6 5 §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; No caso em espeque o processos em julgamento, cuja origem é uma declaração de compensação e objetiva o reconhecimento do direito creditório não se identifica com. a discussão sobre o lançamento feito pela Fazenda nos autos do processo de n. 13502.720661/201701. Não há, desta forma, identidade de objetos nos processos que se intenta reunir. Por tratarse de demandas autônomas cujos méritos apontam para decisões naturalmente diferentes, voto pela rejeição do requerimento de conexão. Do reconhecimento do direito creditório Para que se possa apreciar o direito de crédito nas Contribuições Especiais Pis e Cofins há de se falar, inicialmente, da sua base de cálculo e do princípio da não cumulatividade, previsto no texto constitucional do artigo 195, §12. A própria Constituição da República define que a base de cálculo das contribuições Pis e Cofins será o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da empresa. Não convém adentrar em discussão que toca à receita bruta por ser matéria já definida pelo STF e regulada pela Lei 12.973/2014. Basta para os fins pretendidos classificála como sinônimo de faturamento. Portanto, tanto faturamento quanto receita bruta compreendem a entrada de riqueza nova no caixa da empresa, sendo a sua integralidade base de cálculo para as contribuições Pis e Cofins. Ainda no próprio texto constitucional, em específico no artigo 195, §12, há expressa afirmação de que as contribuições incidentes sobre faturamento e/ou receita bruta serão nãocumulativas nos termos da Lei, que são as leis 10.637/2002 e 10.883/2004. Ambas leis, no artigo primeiro, cumprem o mandamento constitucional e estabelecem o regime não cumulativo de apuração e cobrança da Pis e Cofins. Importa dizer que a nãocumulatividade não é meramente uma sistemática de apuração e cobrança, mas antes disso um princípio constitucional; princípionorma com relevante dimensão de peso, conforme ensinamentos do professor Humberto Ávila1, cujo objetivo é impedir a tributação com "efeito cascata". O importante é que tanto os princípios quanto as regras permitem a consideração de aspectos concretos e individuais. No caso dos princípios essa consideração de aspectos concretos e individuais é feita sem obstáculos institucionais, na medida em que os princípios estabelecem um estado de coisas que deve ser promovido sem descrever, diretamente, qual o comportamento devido. O interessante é que o fim, independente da autoridade, funciona como razão substancial para adotar os comportamentos necessários à sua promoção. 1 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios.17ª ed. São Paulo, Malheiros Editores, 2017. p. 70 Fl. 645DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 7 6 O princípio da nãocumulatividade, também aplicável aos impostos IPI e ICMS, deve ser compreendido com maior cautela quando da sua aplicação nas contribuições Pis e Cofins. O princípio insurge como razão de ser a vedação de "tributação em cascata", e o regime de acúmulo de crédito atua para nulificar o efeito econômico da tributação em duplicidade na base de cálculo final. Quando se fala em IPI e ICMS a sistemática de identificação dos créditos tornase mais simples, pois há identificação precisa no destaque em cada nota fiscal de saída de mercadorias do estabelecimento do contribuinte. No que diz respeito às contribuições especiais Pis e Cofins que, como já esclarecido, têm a base de cálculo no faturamento do contribuinte, há de se fazer um juízo sobre quais gastos são geradores de crédito para impedir a tributação em cascata. Há, portanto, um permissivo na própria lei para avaliação, em cada caso individual, quais gastos devem ser excluídos da base de cálculo para se apurar o crédito devido ao contribuinte. Sobre o tema recentemente decidiu a Primeira Seção do STJ no Recurso Especial 1.221.170PR, na sistemática de representativo de controvérsia geral, que vincula este julgamento por força do art. 36, VII do RICARF: O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.(REsp 1.221.170PR. Primeira Seção. Min. Rel. Napoleão Nunes Maia Filho. DJe 24/04/2018). Não é necessário grande esforço hermenêutico para compreender que os elementos essencialidade ou relevância são sinônimos de gastos sem os quais o desenvolvimento da atividade empresarial ficaria prejudicada. Ainda, cristalino o entendimento de que o melhor julgamento do que seria ou não insumo é feito pelo próprio contribuinte quando apresenta sua declaração de compensação, de maneira que compete à Receita Federal efetuar a glosa apenas dos gastos que apresentamse de forma proeminente como não essenciais ao processo produtivo. Portanto, o ônus probatório da impertinência de determinado gasto como insumo recai sobre a Fiscalização. Neste sentido já se manifestou a CSRF nos autos do processo 10880.023539/8955: "Quanto ao ônus probatório no Processo Administrativo Tributário, portanto, é importante observar que ele incumbe a quem tem interesse em provar o seu direito. Salvo nos casos de presunções legais, ele recai inicialmente sobre a autoridade administrativofiscal lançadora, no sentido de provar a prática das irregularidades imputadas ao sujeito passivo”. Valendo das premissas relatadas acima é possível fazer uma análise prudente do crédito pleiteado pela Recorrente e sobre as glosas efetuadas pela Receita Federal. Para tornar mais visível o rol de gastos colaciono tabela elaborada pela própria Recorrente neste Recurso Voluntário: Fl. 646DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 8 7 De início, há de se analisar que alguns dos itens listados pela Recorrente, no próprio laudo técnico apresentado, repetemse dentro da cadeia produtiva de modo a possibilitar um bis in indem caso creditados. Vejamos: a) Vapor: O vapor é listado como insumo por ter parte no processo produtivo. Contudo, o vapor é a soma da água e energia térmica, que também estão listadas como insumo. Por essa razão mantenho a glosa efetuada pelo Fisco por compreender o vapor não é apto a gerar créditos nas contribuições Pis/Cofins; b) Água desmineralizada, água clarificada e água potável: Muito embora a água desmineralizada e água clarificada tenham parte no processo produtivo, elas nada mais são do que água potável somada a aditivos já listados como insumos, tal como o hipoclorito de sódio. Portanto, a água clarificada nada mais é do que uma água tratada com bactericida, que por sua vez também está na lista de insumos. Por fim, sobre a água potável, por mais essencial que seja em razão do emprego para consumo humano, não existe vinculação entre o consumo da água com o resultado final do produto da Recorrente. Por essas razões mantenho a glosa feita pelo Fisco no tocante a água clarificada, água desmineralizada e água potável; c) Ácido Sulfúrico e hidróxido de sódio: Como bem explicado pela Recorrente os dois componentes químicos são usados para o tratamento de efluentes em etapa posterior ao processo produtivo. Os dois componentes listados são usados para atender exigências da legislação ambiental, cuja observância é geral e erga omni. Tratar os efluentes para que se evite a liberação de dejetos no meio ambiente não compõe processo de produção do Fl. 647DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 9 8 produto comercializado pela Recorrente e não deve ser considerados insumos os componentes mencionados, razão pela qual mantenho a glosa efetuada pelo Fisco; Quanto aos demais itens listados pela Recorrente entendo haver conexão direta com o resultado do produto final comercializado, merecendo alguns breves comentários para justificar o direito ao crédito. Se a água clarificada não faz parte do grupo de insumos, o hipoclorito de sódio e produtos KURITA, usados para que se obtenha a água com esse tratamento, deve dar direito a crédito. O processo de resfriamento é parte do processo produtivo, que é feito com água clarificada. O hipoclorito de sódio e produtos KURITA são componentes usados na obtenção da água clarificada. Portanto, caso os retirassem da cadeia de produção não se obteria o resultado final da atividade comercial da Recorrente. Sobre os seguintes itens: Pallets de madeira, lacres de segurança para carretas, energia elétrica com demanda contratada (TUSD), serviços portuários destinados à exportação dos produtos, serviços em isotanques (IBCs) e sua manutenção (OCTOs e REOS), valores de depreciação do ativo imobilizado, valores recebidos pelo REINTEGRA entendo que todos são aptos a gerar crédito pelos breves argumentos abaixo. Como já foi tratado com minúcia nesta decisão, são insumos os itens que tenham relevância e essencialidade no resultado da produção final. Da lista acima transcrita todos os itens guardam relação de essencialidade para a atividade empresarial, que compreende desde etapas de reações químicas na produção quanto armazenagem e distribuição. Entrementes, impõese a necessidade de argumentar sobre os valores recebidos a título do programa REINTEGRA. O programa, instituído pela Lei 12.546/2011 estabelece uma forma de ressarcir o residual de tributos federais a contribuintes que destinem seus produtos à exportação. Como o vocábulo usado no próprio texto legal deixa claro, os valores recebidos a título de REINTEGRA são ressarcimentos; recomposição patrimonial que, indevidamente, estavam com a União pelo recolhimento de tributos. Portanto, não se trata de faturamento pois não é produto de venda/prestação de serviços. São recomposições de caráter indenizatórias sobre as quais não podem incidir as contribuições Pis e Cofins. O artigo 1º, §4º da Lei 12.546/2011esclarece que a pessoa jurídica utilizará os valores para realizar pedidos de restituição e/ou compensação de tributos federais. Sendo, portanto, a precisa conduta da Recorrente, razão pela qual a glosa efetuada pela Receita Federal é indevida. Por derradeiro, mas não menos importante, impõe discorrer sobre o tratamento tributário das quotas de depreciação do ativo imobilizado do Contribuinte. O patrimônio imobilizado de uma empresa é o conjunto de bens empregados no processo de produção que, sem os quais, não se entregaria o produto final. É natural, como se sabe, que maquinários e bem móveis em geral detêm uma vida útil limitada, razão pela qual que, por precisão da escrita contábil da empresa, fazse necessário o cálculo de depreciação à cada exercício. O efeito prático é a redução do valor nominal do bem, ou em termos mais práticos, há redução do ativo; decréscimo patrimonial. Assim dispõe a Instrução Normativa 457 de 2004: Art. 1º As pessoas jurídicas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Fl. 648DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 10 9 Financiamento da Seguridade Social (Cofins), em relação aos serviços e bens adquiridos no País ou no exterior a partir de 1º de maio de 2004, observado, no que couber, o disposto no art. 69 da Lei nº 3.470, de 1958, e no art. 57 da Lei nº 4.506, de 1964, podem descontar créditos calculados sobre os encargos de depreciação de: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0 I máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços; e http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0 II edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. A Recorrente incluiu na sua Declaração de Compensação os valores referentes à quotas de depreciação do seu ativo imobilizado. Portanto, se há redução do ativo, parte da receita que ingressa no exercício prestase para recompor as perdas que tiveram causa pelo uso e depreciação do ativo. É de conclusão lógica que essa recomposição não se enquadra no conceito de faturamento bem como não deve ser ofertada à tributação. Assim trata a Lei 4.506/1964 Art. 57. Poderá ser computada como custo ou encargo, em cada exercício, a importância correspondente à diminuição do valor dos bens do ativo resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e obsolescência normal. § 7º A depreciação será deduzida pelo contribuinte que suporta o encargo econômico do desgaste ou obsolescência, de acôrdo com condições de propriedade, posse ou uso de bem. § 8º A quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir. Apesar de a legislação deixar claro que a quota de depreciação deve ser excluída da base de cálculo das Contribuições Especiais Pis/Cofins, ainda assim houve glosa por parte do Fisco. Correta conduta seria, em caso de dúvida sobre o cálculo de depreciação, solicitar perícia do Instituto Nacional de Tecnologia, nos termos art. 57, §4º da Lei 4.506/1964. Sendo o ônus probatório do Fisco e há ausência de elementos nos autos que levem a descrédito o cálculo de quota de depreciação, entendo por bem a exclusão da glosa para manter o direito creditório declarado pela Recorrente. Por todo o exposto, conheço do presente Recurso Voluntário para no mérito darlhe parcial provimento e conceder em parte o direito creditório pleiteado pela Recorrente para os seguintes itens: Hipoclorito de sódio, produtos KURITA, Pallets de madeira incluindo capa de pallet e chapa de papelão, lacres de segurança para carretas, energia elétrica com demanda contratada, encargos com a transmissão de energia elétrica, Fl. 649DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 11 10 serviços portuários destinados à exportação dos produtos, serviços em isotanques (IBCs) e sua manutenção (OCTOs e REOS), valores de depreciação do ativo imobilizado, valores recebidos pelo REINTEGRA nos exatos termos da fundamentação supra. Müller Nonato Cavalcanti Silva Relator (assinado digitalmente) Voto Vencedor Conselheiro Vinícius Guimarães, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à possibilidade de creditamento de PIS/COFINS, no regime não cumulativo, com relação às despesas portuárias diversas, gastos com demanda de energia elétrica e térmica, vapor d´água, serviços em isotanques e sua manutenção, valores de depreciação do ativo imobilizado e valores recebidos pelo Reintegra. Em seu voto, o i. relator assinala que os referidos dispêndios seriam necessários ao processo produtivo atinente à atividade econômica da recorrente, afigurandose como passíveis de creditamento das contribuições nãocumulativas. Distanciome de tal entendimento pelas razões a seguir expostas. Inicialmente, importa destacar que, no tocante ao conceito de insumos aplicável às contribuições apuradas no regime da nãocumulatividade, a jurisprudência recente do CARF tem afastado a interpretação restritiva consolidada no âmbito do IPI e rejeitado a aplicação do amplo conceito de insumos consagrado na legislação do Imposto sobre a Renda. Nesse contexto, afastando as correntes doutrinárias tradicionais, a jurisprudência majoritária do CARF tem assentado, de forma acertada, que o conceito de insumos, no âmbito do PIS/COFINS nãocumulativos, pressupõe que os bens ou serviços sejam consumidos durante o processo produtivo (ou de prestação de serviços) e dentro de seu espaço, salvo expressas disposições legais, como é o caso das despesas com frete e armazenagem nas operações de comercialização, as quais se dão após o término do processo produtivo, mas geram direito a crédito de PIS/COFINS por inequívoca previsão normativa: art. 3º, inciso IX, e art. 15, inciso II, ambos da Lei 10.833/03. A jurisprudência majoritária do CARF se orienta, portanto, no sentido de vincular o conceito de insumos à relação de pertinência ou inerência da despesa incorrida com o limite espaçotemporal do processo produtivo (ou de prestação de serviços). Na esteira de tal entendimento, os excertos da ementa e do voto vencedor do Acórdão nº 9303002.659, Processo nº 13204.000070/200455, sessão de 14/11/2013, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, transcritos abaixo, sublinham a necessidade de pertinência entre o gasto ao qual se busca aplicar o conceito de insumos e sua inerência ao processo produtivo (grifei algumas partes): Fl. 650DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 12 11 EMENTA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Este colegiado fixou o entendimento de que a legislação do IPI que define, no âmbito daquele imposto, o que são matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem não se presta à definição de insumo no âmbito do PIS e da COFINS nãocumulativos, definição que tampouco deve ser buscada na legislação oriunda do imposto de renda. A corrente majoritária sustenta que insumos são todos os itens, inclusive serviços, consumidos durante o processo produtivo sem a necessidade de contato físico com o produto em elaboração. Mas apenas se enquadra como tal aquilo que se consuma durante a produção e em razão dessa produção. Assim, nada que se consuma antes de iniciado o processo ou depois que ele se tenha acabado é insumo, assim como também não são insumos bens e serviços que beneficiarão a empresa ao longo de vários ciclos produtivos, os quais devem ser depreciados ou amortizados; é a correspondente despesa de depreciação ou amortização, quando expressamente autorizada, que gera direito de crédito. Recurso Especial do Procurador Negado e Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. VOTO CONDUTOR (...)Para uma primeira corrente, que se formou concomitantemente à que a Fazenda mais uma vez pretende seja aplicada, e em antítese a ela, a demarcação deviase buscar nas normas atinentes ao imposto sobre a renda, equiparandose, assim, a expressão a tudo que fosse despendido, de forma necessária, seja como custo ou despesa. Essa posição também já se encontra superada, entendendo a maioria que nem tudo que é despendido, ainda que contabilmente até possa ser registrado como custo ou despesa, é verdadeiramente consumido no processo. Essa posição majoritária, portanto, acentua a necessidade de que o consumo ocorra durante a produção, isto é, que o bem (ou serviço) seja consumido enquanto perdura o processo produtivo, entendido este, obviamente, em sentido amplo para englobar até mesmo a “produção” de serviços. Afastam se, em conseqüência, os gastos ocorridos antes ou depois de iniciado aquele processo por mais que possam ser necessários à produção. E por esse mesmo critério também têm de ser rejeitados aqueles dispêndios em bens e serviços que produzirão efeito ao longo de diversos ciclos produtivos. Tais desembolsos ocorrem, no mais das vezes, em obras ou bens permanentes, hipótese em que devem, pela própria contabilidade, ser ativados. Deles apenas as correspondentes despesas de depreciação ou amortização podem ser deduzidas como créditos, mas apenas nas restritivas condições demarcadas pela própria norma legal específica. (...)Vale, por fim, o registro de que a própria lei expressamente autorizou o direito de crédito com relação a algumas despesas que ocorrem após o fim do processo (frete do produto final, armazenagem) ou relativas a gastos que beneficiam mais de um ciclo produtivo (depreciações e amortizações). Sua inclusão explícita confirma que em tais casos de insumos propriamente não se trata, sendo imprescindível a expressa referência no texto legal. Pela leitura dos excertos, podese observar que o conceito de insumos exige o consumo de bens ou serviços no contexto do processo produtivo, excluindose, de tal Fl. 651DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 13 12 conceito, as despesas que não tenham pertinência com o processo produtivo salvo exceções legais explícitas. Em que pese o conceito de insumo sustentado pela corrente majoritária do CARF, há que se assinalar que tal matéria foi levada ao poder judiciário e, em decisão recente, o Superior Tribunal de Justiça, sob julgamento no rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentou que o conceito de insumos no âmbito das contribuições não cumulativas deve se pautar pelos critérios da essencialidade e relevância dos gastos em face à atividade econômica desenvolvida pela empresa. Eis a ementa da decisão: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (Resp n.º 1.221.170 PR (2010/02091150), Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho). Do julgamento acima, restou decidido que o conceito de insumos, no âmbito do regime nãocumulativo, abarca todos os bens e serviços empregados no processo produtivo ou de prestação de serviços e que sejam essenciais ou relevantes à atividade econômica da empresa, afastandose, desse modo, aquele conceito restritivo de insumos enunciado pelas IN´s nº 247/2002 e 404/2004. Observase, portanto, que o STJ assimilou uma concepção de insumos que é intermediária, distinta daquelas albergadas pela legislação do IPI e do Imposto de Renda. Fl. 652DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 14 13 Filiome ao conceito de insumos acima esposado, afastandome, desse modo, daquelas correntes que entendem como aplicável, no âmbito das contribuições não cumulativas, o conceito de insumos restritivo previsto na legislação do IPI ou o conceito de insumos ampliativo do Imposto de Renda. Da posição firmada pelo STJ, em especial da leitura de seu voto condutor, exsurge, de forma clara, a necessidade de aferição casuística da aplicação do conceito de insumos a determinado gasto, tendo sempre em vista a atividade desempenhada pelo contribuinte. Em outras palavras, saber se determinado dispêndio integra o conceito de insumos para fins de direito creditório no regime das contribuições nãocumulativas passa pela análise de sua essencialidade ou relevância em face das particularidades da atividade que determinada empresa desempenha. Nesse contexto, a instrução probatória ganha sensível importância, pois, em cada caso e para cada despesa, deverão ser demonstradas a relevância e a essencialidade dos gastos para atividade empresarial desenvolvida. Em cada caso concreto, a subsunção de um determinado gasto ao conceito de insumos deverá ser pautada pela análise da sua essencialidade e/ou relevância para a atividade produtiva ou de prestação de serviços, levando se em consideração a natureza da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Tendo em vista tal conceito de insumos e voltando ao caso concreto, há que se concluir que gastos portuários diversos, como é o caso dos serviços de capatazia, rebocagem, movimentação de container, e outros serviços prestados a bordo de navio, ainda que, eventualmente, possam se mostrar necessários à atividade econômica da pessoa jurídica, não podem ser considerados insumos, uma vez que constituem despesas incorridas após o processo produtivo. De fato, os referidos dispêndios ocorrem após o período de duração do processo produtivo, não guardando a fundamental e necessária relação de pertinência com a produção, razão pela qual não se aplica a eles o conceito de insumos para fins de creditamento de PIS/COFINS nãocumulativos. Há que se ressaltar, por fim, que os citados gastos aduaneiros não podem ser confundidos com os gastos com armazenagem ou transporte (frete), uma vez que correspondem, evidentemente, a categorias ontologicamente distintas, resultando daí tratamentos jurídicos distintos no que concerne à possibilidade de crédito de PIS/COFINS: enquanto despesas com armazenagem e frete podem, sob certas condições, gerar direito ao crédito de PIS/COFINS, por expressa previsão legal, os gastos com serviços portuários dos produtos acabados não dão direito a crédito, uma vez que 1) não representam insumos e 2) não há norma tributária prevendo seu creditamento. Com relação aos gastos atinentes à demanda de energia elétrica, térmica e vapor, há que se pontuar que não se referem a dispêndios efetivamente utilizados no processo produtivo, não representando, desse modo, gasto essencial à produção. Da mesma forma, os gastos ligados ao sistema de transmissão de energia não representam despesas incorridas no contexto da produção, faltandolhe a devida relação de relevância e essencialidade adstrita ao processo produtivo. De semelhante modo, não devem gerar direito a crédito de PIS/COFINS os gastos concernentes a serviços em isotanques e sua manutenção, serviços de manutenção em tanques e em IBC’s OCTO e REOS, uma vez que tais dispêndios não guardam relação de essencialidade e relevância com o processo produtivo, afigurandose com serviços ocorridos antes ou após a produção. Ademais, como demonstrado pela fiscalização, tais despesas não Fl. 653DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 15 14 correspondem a serviços de armazenagem ou frete na operação de vendas, afigurandose, antes, como serviços de manutenção, limpeza e descontaminação. Importa lembrar, mais uma vez, que o conceito de relevância e essencialidade, no caso das contribuições nãocumulativas, não é tão amplo quanto aquele do imposto de renda, devendo ser aferido em face da relevância e essencialidade do gasto em relação ao contexto específico do processo produtivo. No tocante aos gastos de depreciação do ativo imobilizado, a questão gira em torno da sua comprovação e da sua subsunção ao regime de apropriação normativamente estabelecido. Nessa esteira, adoto, como razões de decidir, os fundamentos trazidos pelo aresto recorrido (grifei algumas partes): Conforme evidenciado no TVF, visando atender o solicitado no item 07 do TIPF, o contribuinte apresentou um CD contendo uma planilha que, no entendimento da fiscalização, não continha todas as informações necessárias para garantir a regularidade dos créditos. Dentre as informações requeridas e não atendidas citou os seguintes itens: “CFOP”, “classificação fiscal do bem”, “valor contábil”, bem como a demonstração de sua efetiva “utilização na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda”. Ademais, ainda segundo a fiscalização, as planilhas apresentadas se mostraram extremamente genéricas, contendo uma coluna informativa de “descrição sucinta do bem” em relação a qual percebeu a indicação de uma infinidade de itens para os quais a geração de créditos se mostrou, no mínimo, estranha, tendo citado, do modo exemplificativo, os seguintes itens: Diversos itens de “Despesas de Frete”; Prestação de Serviços de Contrução Civil; Instrumentação; Elétrica; Caldeiraria; Mecânica; Pavimentação; Pintura; Almoxarife; Auxiliares de Arquivo Técnico, etc.; Serviços de Engenharia; Consultoria de Projetos; “Tecnologia” e “Assistência Técnica”; Reforma de Imóveis; etc.; Serviços e Equipamentos de Informática (Hardware e Software); Aluguel de IBC's, Locação de Guindaste; Caminhão Munck; Trator; Rádios Portáteis; Toldos; Automóveis; etc.; Aquisição de bens que não guardam relação com o processo de fabricação: aquecedor de água; refrigerador biplex frost free consul, refrigerador eletrolux, fogão industrial; rádio transmissor portátil, móveis e utensílios; ventilador; armários (diversos); ar condicionado; cadeira (longarina); forros em PVC; divisórias; arquivo deslizante; balança alimentação; baldes plásticos; peneira plástica cata folha piscina; etc.; Diversos materiais de almoxarifado: flanges, curvas, juntas, tampão, reduções, parafusos, válvulas, tubos, união, joelhos, niples, rotores, discos de corte, chaves de diversos tipos, barras, perfis, grampos “U”, cabo flexível, eletroduto flexível, rolamentos, luminárias, tintas, selos mecânicos, conectores, disjuntores, grades de piso, etc.; Despesas com materiais de construção civil: cimento; areia; tijolo; telhas; cobertura de alumínio; chapa de madeirite; Fl. 654DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 16 15 caixilho; cumeeira; pisos; portas; tubos em PVC para esgoto; etc.; Despesas gerais: diárias; passagens domésticas; salário; salário educação; educação ambiental; despesas com empresas de viagens/turismo, transporte; etc.; Honorários Profissionais; Tarifas; Taxas; Impostos; Juros Capitalizados; etc. Para a defendente, contudo, todos os itens sobre os quais foram calculados os encargos de depreciação e, conseqüentemente, os créditos objeto da glosa fiscal, são utilizados no processo produtivo da requerente ou em sua atividade. Destacou que a leitura dos itens glosados pela fiscalização denota a existência de bens que inegavelmente compõem máquinas, equipamentos ou integram edificações: Diversos materiais de almoxarifado: flanges, curvas, untas, tampão, reduções, parafusos, válvulas, tubos, união, joelhos, niples, rotores, discos de corte, chaves de diversos tipos, barras, perfis, grampos "U", cabo flexível, eletroduto flexível, rolamentos, luminárias, tintas, selos mecânicos, conectores, disjuntores, grades de piso, etc.; Despesas com materiais de construção civil: cimento; areia; tijolo; telhas; cobertura de alumínio; chapa de madeirite; caixilho; cumeeira; pisos; portas; tubos em PVC para esgoto; etc.; Prosseguiu afirmando que não somente máquinas e equipamentos integram o ativo imobilizado, que todos os bens a ele incorporados geram direito ao crédito, entendimento que se mostrou embasado no próprio dispositivo que fundamenta a tomada de crédito e no disposto pelo item 16 do CPC 27. Para a comprovação de que os bens sobre os quais a requerente calculou seus créditos estão vinculados ao seu processo produtivo, anexou documento denominado Relatório de Descrição das Modernizações e Investimentos, elaborado para obtenção de benefícios no âmbito da SUDENE. Vejamos, a propósito, a legislação relacionada ao tema em análise: Lei nº 10.637, de 2002 Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; [...] XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) [...] Fl. 655DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 17 16 § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no mês; [...][destaques acrescidos] Conforme observado, a legislação fiscal admite o desconto de créditos sobre os encargos de depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, desde que adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (inc. VI). Admite ainda o creditamento de encargos de depreciação sobre edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária. Por fim, admite a dedução dos encargos de amortização de bens incorporados ao ativo intangível, quando adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (inc. XI). Além disso, tendo em vista a inovação legislativa promovida pela Lei nº 10.865, de 2004, a partir de agosto de 2004, tais bens somente ensejam direito ao crédito se adquiridos a partir de 01/05/2004. Voltandose a nossa atenção para o caso concreto colocado em julgamento, salta aos olhos que a legislação fiscal não autoriza o desconto de crédito diretamente sobre os dispêndios arcados com as aquisições de cimento, areia, tijolo, telhas, cobertura de alumínio, chapa de madeirite, caixilho, cumeeira, pisos, portas e tubos em PVC para esgoto, para que fiquemos nos itens pela defesa relacionados. Na realidade, a pessoa jurídica haveria que imobilizar tais itens ao galpão da fábrica, por exemplo, de sorte que sobre um valor contábil hipotético de R$ 100.000,00, o bem passasse a ostentar o valor contábil de R$ 110.000,00. Sendo a taxa de depreciação de 4% por cento ao ano, a despesa de depreciação sobre a qual recairia o crédito seria de R$ 4.400,00 dos quais a quantia de R$ 4.000,00 decorreria do valor do bem antes da reforma e a importância de R$ 400,00 teria por origem os itens adquiridos para serem empregados na melhoria do galpão. Vêse, portanto, a impossibilidade do desconto de crédito diretamente sobre os R$ 10.000,00, o que corresponde ao valor gasto na aquisição de itens para fazer face à suposta reforma do bem do ativo imobilizado, tratandose do critério de apropriação de créditos que foi adotado pela pessoa jurídica e corretamente glosado pela autoridade fiscalizadora. Assim, ante a legislação fiscal apresentada, ainda nos situando no contexto do caso exemplificativo acima apresentado, o contribuinte somente poderia apropriar créditos sobre a quantia de R$ 400,00, referente aos encargos de depreciação incidentes sobre os itens adquiridos para fins da promoção de melhorias do parque fabril. Nesse contexto, restando devidamente demonstrado que pessoa jurídica aproveitou créditos incidentes sobre os dispêndios totais com os itens informados como agregados ao seu ativo imobilizado, contrariando disposição legal, tenho por legítima a glosa fiscal ora debatida. Fl. 656DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 18 17 No tocante à questão acerca da incidência das contribuições sociais apuradas no regime da nãocumulatividade sobre os valores apurados no âmbito do Regime de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra), entendo como correta a posição adotada pela decisão recorrida. Com efeito, os valores recebidos a título de Reintegra representam receitas da pessoa jurídica beneficiária, uma vez que tais valores compreendem regime de espécie de subvenção corrente. Tal é o entendimento consignado no Acórdão nº. 3402004.954, julgado na sessão de 28 de fevereiro de 2008, cujos fundamentos, adotados aqui como razões de decidir, seguem transcritos a seguir, extraídos do voto vencedor: A Recorrente discordou do entendimento quanto a classificação dos valores ressarcidos do Reintegra como subvenção, argumentando que se tratam de incentivo fiscal instituído para diminuir custos tributários e desonerar o exportador produtor de bens manufaturados, a fim de estimular as exportações. A melhor forma de se buscar a real natureza jurídica de um benefício fiscal está na sua origem, ou seja, na lei instituidora e seus dispositivos regulamentares. O Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra) foi instituído pela Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto de 2011, posteriormente convertida na Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, e foi regido por essa lei até dezembro de 2013: Art. 1o É instituído o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), com o objetivo de reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas suas cadeias de produção. Art. 2o No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica produtora que efetue exportação de bens manufaturados no País poderá apurar valor para fins de ressarcir parcial ou integralmente o resíduo tributário federal existente na sua cadeia de produção. (...) § 12. Não serão computados na apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os valores ressarcidos no âmbito do Reintegra. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)” Art. 3oO Reintegra aplicarseá às exportações realizadas: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) I de 4 de junho de 2013 até 31 de dezembro de 2013; e (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) II (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)” Observase que o § 12 do art. 2º da Lei nº 12.546, de 2011, foi inserido pelo art. 13 da Lei nº 12.844, de 19 de julho de 2013, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 19 de julho de 2013, e somente a partir dessa data excluiu das bases de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os valores ressarcidos no âmbito do Reintegra. Posteriormente o Reintegra foi reinstituído pela Medida Provisória nº 651, de 9 de julho de 2014, convertida na Lei n° 13.043, de 13 de novembro de 2014, conforme o texto reproduzido a seguir: Fl. 657DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 19 18 Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, que tem por objetivo devolver parcial ou integralmente o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados. Art. 22. No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica que exporte os bens de que trata o art. 23 poderá apurar crédito, mediante a aplicação de percentual estabelecido pelo Poder Executivo, sobre a receita auferida com a exportação desses bens para o exterior. (...) § 6o O valor do crédito apurado conforme o disposto neste artigo não será computado na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins, do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. A instituição do benefício visou a reintegração de valores às pessoas jurídicas exportadoras referentes a custos tributários federais residuais existentes em suas cadeias de produção de bens manufaturados. Conforme os §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 12.546, de 2011, o valor a ser reintegrado corresponde a um percentual, fixado pelo Poder Executivo (entre zero e três por cento), aplicado sobre a receita de exportação de bens produzidos pela pessoa jurídica. O § 4º do art. 2º, por sua vez, estabelece duas possibilidades de utilização do valor apurado: ressarcimento em espécie ou compensação com débitos próprios relativos a tributados administrados pela RFB. Constatase pelos dispositivos mencionados que o patrimônio da empresa beneficiária é enriquecido com recursos vindos de fora sem que isto importe na assunção de uma dívida ou obrigação. Tais recursos concedidos pela entidade governamental, realizados por meio da fruição do benefício fiscal, visam principalmente auxiliar a empresa no financiamento de suas despesas de custeio do dia a dia. Uma vez que o valor apurado no Reintegra pode ser utilizado livremente pela Empresa, não estando seus recursos vinculados a aplicações específicas, resta claro tratarse de hipótese de subvenção corrente para custeio ou operação. Nesse mesmo sentido, transcrevo trecho da Solução de Consulta Cosit nº 240, de 2014, publicada no DOU de 30 de setembro de 2014, no qual os valores apurados no Reintegra são caracterizados como receitas decorrentes de subvenção para custeio ou operação pela Receita Federal: A caracterização das subvenções como receita é incontroversa, o que se constata pela simples leitura das manifestações explícitas do Comitê de Pronunciamento Técnico, em especial no Pronunciamento Técnico CPC nº 07 (R1) – Subvenções e Assistências Governamentais, in fine: (...) 9. A forma como a subvenção é recebida não influencia no método de contabilização a ser adotado. Assim, por exemplo, a contabilização deve ser a mesma independentemente de a subvenção ser recebida em dinheiro ou como redução de passivo. (...) 12. Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como receita ao longo do período e confrontada com as despesas que Fl. 658DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 20 19 pretende compensar, em base sistemática, desde que atendidas as condições deste Pronunciamento. A subvenção governamental não pode ser creditada diretamente no patrimônio líquido. (...) 15. O tratamento contábil da subvenção governamental como receita deriva dos seguintes principais argumentos: (a) uma vez que a subvenção governamental é recebida de uma fonte que não os acionistas e deriva de ato de gestão em benefício da entidade, não deve ser creditada diretamente no patrimônio líquido, mas, sim, reconhecida como receita nos períodos apropriados; (b) subvenção governamental raramente é gratuita. A entidade ganha efetivamente essa receita quando cumpre as regras das subvenções e cumpre determinadas obrigações. A subvenção, dessa forma, deve ser reconhecida como receita na demonstração do resultado nos períodos ao longo dos quais a entidade reconhece os custos relacionados à subvenção que são objeto de compensação; (c) assim como os tributos são despesas reconhecidas na demonstração do resultado, é lógico registrar a subvenção governamental que é, em essência, uma extensão da política fiscal, como receita na demonstração do resultado. (grifouse) Vêse pela leitura dos autos que a recorrente é sujeita ao regime não cumulativo das contribuições e aos comandos do artigo 1º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, cuja redação quanto a COFINS em 2009 é a abaixo transcrita: Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. (negrito nosso) A base de cálculo das contribuições em comento no regime de apuração não cumulativa é ampla, alcançando todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, salvo aquelas expressamente excepcionadas pela legislação. Inexistia à época dos fatos geradores lançados qualquer dispositivo legal prevendo a exclusão dos valores recebidos do Reintegra da base de cálculo das contribuições do PIS e da COF|INS não cumulativos, o que leva a conclusão de que o lançamento fiscal está de acordo com a legislação vigente no período fiscalizado de 31/03/2009 a 31/12/2012. Somente a partir de 19 de julho de 2013 sobreveio dispositivo legal, constante da Lei nº12.844/2013, que excluiu os valores ressarcidos do Reintegra da base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 13502.902074/201649 Acórdão n.º 3003000.038 S3C0T3 Fl. 21 20 Por fim, discordando do que afirma a Recorrente, a referida lei não guarda qualquer característica de lei interpretativa, não possuindo, portanto, qualquer efeito retroativo. Com base nas considerações acima expostas, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário no tocante aos serviços portuários para exportação de produtos, gastos com demanda de energia elétrica, térmica, vapor d´água, sistema de transmissão de energia, serviços em isotanques e sua manutenção, serviços de manutenção em tanques e em IBC’s OCTO e REOS, valores de depreciação do ativo imobilizado, confirmando, ainda, a incidência da contribuição social sobre os valores recebidos a título de Reintegra. Vinícius Guimarães (assinado digitalmente) Fl. 660DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.000603/2009-88
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 14/02/2008
ARGUMENTO DE AFRONTA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.
Nos termos da súmula CARF nº 02, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA.
Não tendo sido verificada qualquer nulidade na decisão recorrida, deverá ser indeferido o pedido de retorno dos autos à DRJ para nova decisão.
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO.
A opção pela via judicial, antes, após ou concomitantemente à esfera administrativa, importa em renúncia às instâncias recursais administrativas, devendo ser declarada a definitividade administrativa do crédito lançado.
Numero da decisão: 3002-000.585
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo dos argumentos relacionados à violação a princípios constitucionais. Também por unanimidade, acordam em afastar a preliminar de nulidade da decisão da DRJ e em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 14/02/2008 ARGUMENTO DE AFRONTA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Nos termos da súmula CARF nº 02, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não tendo sido verificada qualquer nulidade na decisão recorrida, deverá ser indeferido o pedido de retorno dos autos à DRJ para nova decisão. CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO. A opção pela via judicial, antes, após ou concomitantemente à esfera administrativa, importa em renúncia às instâncias recursais administrativas, devendo ser declarada a definitividade administrativa do crédito lançado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo dos argumentos relacionados à violação a princípios constitucionais. Também por unanimidade, acordam em afastar a preliminar de nulidade da decisão da DRJ e em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
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Nos termos da súmula CARF nº 02, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não tendo sido verificada qualquer nulidade na decisão recorrida, deverá ser indeferido o pedido de retorno dos autos à DRJ para nova decisão. CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO. A opção pela via judicial, antes, após ou concomitantemente à esfera administrativa, importa em renúncia às instâncias recursais administrativas, devendo ser declarada a definitividade administrativa do crédito lançado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo dos argumentos relacionados à violação a princípios constitucionais. Também por unanimidade, acordam em afastar a preliminar de nulidade da decisão da DRJ e em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 06 03 /2 00 9- 88 Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 536 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, às fls. 511/512 dos autos: Tratase de auto de infração (fls. 02 a 09), notificado ao contribuinte em 18/02/2009, referente à multa por cessão de nome, no valor total igual a R$ 21.641,59, com base no art. 33 da Lei 11.488/2007. A autuação é decorrente da constatação, no âmbito do processo administrativo 10909.005316/200883, de que houve a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas através da DI 08/02357282, onde constou como importador a empresa Orientador Alfandegário Comercial Importação e Exportação Ltda, quando na verdade seria a empresa Acoplamento Comércio Ltda. No curso do processo administrativo acima citado foi aplicada a pena de perdimento às mercadorias, após conclusão de procedimento especial de controle aduaneiro. Em 10/03/2009, o contribuinte apresentou sua impugnação (fls. 206 a 249), tratando tanto do auto de infração que apreendeu as mercadorias no curso do despacho aduaneiro, como o auto de infração da multa pela cessão do nome a terceiro, alegando, em síntese: a) que o auto de infração seria nulo, já que teria se baseado em procedimento fiscal nulo; b) que as provas anexadas ao processo de perdimento foram obtidas por meio ilícito; c) que teria havido violação do sigilo de correspondência; d) que a fiscalização teria agido com abuso de autoridade e em afronta aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade; e) que não teria sido configurado o dano ao erário e a ocultação de terceiros; Ao final demanda pela improcedência do procedimento fiscal. Consta ainda do processo que a interessada ingressou com Ação Ordinária (2009.72.08.0007350) perante a Seção Judiciária de Itajaí da Justiça Federal em que insurgese contra ambas as autuações (apreensão das mercadorias e a multa aqui tratada). Em tal ação judicial foi realizado depósito judicial do valor correspondente à multa aplicada, conforme documento de fls. 361. O contribuinte juntou, com a impugnação, procuração e atos constitutivos da empresa (fls. 250/260). Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 536 3 À fl. 261, consta solicitação de cancelamento da inscrição do débito em dívida ativa, e de manifestação da DRJ acerca da tempestividade da impugnação apresentada. À fl. 262, consta a prestação de informações pela PGFN. Às fls. 265, 268/269, constam esclarecimentos acerca das datas a serem consideradas na análise do processo, entre elas a da ciência do contribuinte. Às fls. 270/277, consta informação fiscal na qual se faz o relato de ações judiciais que guardam relação com os fatos objeto do presente processo administrativo. Conforme documentos de fls. 278/508, foram anexadas ao processo cópias de peças dos processos judiciais ajuizados pelo interessado para serem considerados neste processo. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, por unanimidade de votos, não conhecer da impugnação do contribuinte, declarando a definitividade do crédito tributário lançado, conforme decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 14/02/2008 CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA A ESFERA ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO A opção pela via judicial, antes, após ou concomitantemente à esfera administrativa, importa em renúncia às instâncias recursais administrativas, impondo o não conhecimento da matéria versada na impugnação, cujo objeto está sendo discutido simultaneamente em ambas as esferas de julgamento, devendo ser declarada a definitividade administrativa do crédito lançado. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi intimado acerca desta decisão em 18/08/2017 (vide Termo de ciência por abertura de mensagem à fl. 521 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor, interpôs, tempestivamente (vide registro de solicitação de juntada datada de 12/09/2017, à fl. 524), Recurso Voluntário (fls. 525/531). Em seu recurso, o contribuinte alegou que inexiste concomitância entre este processo administrativo e o processo judicial 2009.72.08.0007350 a impedir o conhecimento de sua impugnação, pois, para tal, seria necessária a identidade de pedido e de causa de pedir, o que não seria o caso, devido às alegações tecidas, abaixo sintetizadas. O contribuinte afirma que, em sua impugnação, teria alegado: i) suspensão da pena de multa pela suspensão do perdimento; ii) nulidade do auto de infração por incompetência da autoridade emitente do MPF; iii) nulidade do auto de infração por desrespeito à forma de processamento dos arquivos magnéticos; iv) nulidade das provas (troca de emails) obtidas sem autorização judicial; v) violação aos princípios da isonomia, da moralidade administrativa, do não confisco; vi) incorreção da sujeição passiva; vii) correção do tipo de operação (inexistência de operação por conta e ordem de terceiros); viii) elisão fiscal com propósito negocial; ix) insuficiência de provas para demonstrar o ilícito; x) inexistência de fraude. Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 536,5 4 Já na ação judicial, os argumentos apresentados seriam: i) nulidade do MPF e do AI, pois lavrado por autoridade incompetente; ii) correção do tipo de operação (inexistência de operação por conta e ordem de terceiros); iii) nulidade das provas (troca de emails) obtidas sem autorização judicial; iv) nulidade do AI, pois baseado em provas ilícitas. O recorrente aponta que a própria decisão recorrida teria citado parte da matéria da impugnação na qual teria constado argumento não integrante da ação judicial. Assim, argumentando que a causa de pedir posta nas duas esferas (administrativa e judicial) é parcialmente distinta, requereu a devolução do processo para a primeira instância, para que esta aprecie os argumentos do presente processo que não se encontram no processo judicial. Subsidiariamente, requereu o julgamento do mérito por este Conselho, reiterando integralmente as razões de sua impugnação. Não juntou novos documentos em seu recurso. Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A narrativa acima realizada, constatase que se apresenta incontroversa nos presentes autos a concomitância no que tange aos seguintes argumentos constantes da impugnação: ii) nulidade do auto de infração por incompetência da autoridade emitente do MPF; iv) nulidade das provas (troca de emails) obtidas sem autorização judicial; vii) correção do tipo de operação (inexistência de operação por conta e ordem de terceiros). Quanto a estes argumentos, o próprio Recorrente reconhece que os mesmos são objeto da ação judicial ajuizada. Defende o Recorrente, contudo, que alguns dos fundamentos trazidos em sua impugnação não teriam sido objeto da ação judicial ajuizada, quais sejam: i) suspensão da pena de multa pela suspensão do perdimento; iii) nulidade do auto de infração por desrespeito à forma de processamento dos arquivos magnéticos; v) violação aos princípios da isonomia, da moralidade administrativa, do não confisco; vi) incorreção da sujeição passiva; viii) elisão fiscal com propósito negocial; ix) insuficiência de provas para demonstrar o ilícito; x) inexistência de fraude. Nesse contexto, requer a devolução dos autos à DRJ, para que sejam apreciados tais argumentos de defesa (pedido implícito de reconhecimento de nulidade da decisão recorrida) e, subsidiariamente, que seja julgado o mérito em seu favor. Ou seja, reconhece o Recorrente em seu Recurso que os pedidos de ambas as demandas são idênticos, visto que visam, tanto na esfera administrativa quanto na esfera judicial, o cancelamento da exigência fiscal objeto da presente demanda. Fundamenta, porém, que determinadas causas de pedir seriam distintas, o que levaria à sua necessária apreciação na esfera administrativa, quando não suscitadas na esfera judicial. Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 537 5 De início, é importante delinear os contornos necessários ao reconhecimento da concomitância. Isso porque, entendo que há situações em que, embora tenha havido o ajuizamento de demanda judicial, tal fato não leva necessariamente ao reconhecimento da concomitância quanto à integralidade da impugnação administrativa apresentada. A confirmação da concomitância, portanto, em meu entender, deverá ser verificada casuisticamente, a depender das circunstâncias específicas do caso concreto sob análise. Sobre o tema, trazse à colação o teor da súmula nº 01 do CARF, in verbis: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Ao interpretar o conteúdo desta súmula, penso que restou consignado que a concomitância será reconhecida quando as demandas administrativa e judicial possuírem o mesmo objeto (requisito obrigatório). Contudo, deixará de ser reconhecida quando, em que pese terem o mesmo objeto, possuam matérias distintas a serem apreciadas, estas entendidas como diferentes causas de pedir. Para tanto, é necessário que haja, de fato, uma causa de pedir distinta, pois somente esta estará apta a afastar o reconhecimento da concomitância. Feitas essas considerações iniciais, passo à análise do caso concreto em tela. De início, penso relevante observar a cronologia dos fatos. A impugnação fora apresentada pelo contribuinte in casu em 10/03/2009, ao passo que a Ação Ordinária nº 2009.72.08.0007350, por meio da qual buscava discutir o lançamento tributário aqui combatido, fora ajuizada em 27/11/2009. Ou seja, quando do ajuizamento da referida Ação Judicial, a Recorrente tinha pleno conhecimento de todas os eventuais fundamentos de combate ao auto de infração lavrado. Logo, a não menção na esfera judicial a determinados fundamentos já trazidos em seu recurso administrativo foi uma opção do próprio Recorrente. Mencionese, ainda, que a referida Ação Ordinária em referência já transitou em julgado desfavoravelmente ao contribuinte, tendo sido decidido naqueles autos pela impossibilidade de julgamento do mérito da contenda, em razão da coisa julgada material decorrente do julgado realizado no mandado de segurança n.º 2008.72.08.0041698. A seguir, transcrevese passagem do voto proferido pelo Relator da Apelação Cível nº 2009.72.08.0007350/SC: A sentença extinguiu o feito sem julgamento de mérito, ao entendimento de que há coisa julgada em relação ao mandado de segurança anteriormente impetrado pela autora, relativo ao mesmo fato tratado nos autos, qual seja, a apreensão de mercadorias (quatro motores utilizados para a propulsão de embarcações) durante procedimento fiscalizatório, sob a acusação de que a importação se deu para ocultação do sujeito passivo. De fato, antes de ajuizar a presente ação ordinária, a autora impetrou o mandado de segurança n.º 2008.72.08.0041698 com mesma causa de pedir próxima (situação fática em que é embasada, qual seja, a apreensão) e remota (ilegalidade da pena de perdimento) e pedido (por certo o pedido de liberação Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 537,5 6 no mandamus está abrangido pelo pedido anulatório formulado na presente ação ordinária). Conforme se infere da leitura da sentença exarada na ação mandamental (cópia às fls. 439/443), o autor fundamentou sua pretensão na não ocorrência de interposição fraudulenta de terceiros e dano ao erário, bem como na nulidade das diligências que culminaram com o perdimento (violação ao sigilo de correspondência e inviolabilidade do domicílio profissional e ausência de perícia), alegações que ora repisa na ação ordinária. A sentença de mérito, que denegou a segurança, foi confirmada por esta Corte quando do julgamento da AMS N.º 2008.72.08.0041698, tendo a decisão transitado em julgado, conforme consulta processual anexa às fls. 453/454. Efetivamente, a matéria já foi exaustivamente analisada quando do julgamento da AMS N.º 2008.72.08.0041698 (j. em 09/06/2009, pela 2ª T. do e. TRF da 4ª Região, de minha relatoria), que confirmou a sentença em acórdão que foi assim ementado: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. IN 206/02. RETENÇÃO DE MERCADORIAS. SIGILO DE DADOS FISCAIS. IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO OU POR ENCOMENDA. NECESSIDADE DE PRÉVIA HABILITAÇÃO. OCULTAÇÃO DO VERDADEIRO IMPORTADOR. PENA DE PERDIMENTO. 1. A Lei n.º 10.637/2002, ao dar nova redação ao art. 23 do DecretoLei n.º 1455/76, criou outra hipótese à aplicação da pena de perdimento da mercadoria, que diz respeito às pessoas e empresas envolvidas em ocultação do verdadeiro responsável pela importação. 2. Conforme entendimento manifestado pela Corte Especial deste TRF quando do julgamento do incidente de argüição de inconstitucionalidade na AMS n.º 2005.72.01.0001819, Rel. Des. Federal Otávio Roberto Pamplona, D.E. publicado em 17/12/2007, não há vício de inconstitucionalidade nos §§ 2º e 3º do art. 11 da Lei 9.311/96, nos arts. 5º e 6º da Lei Complementar n.º 105/2001 e no art. 1º da Lei 10.174/2001, na parte que deu nova redação ao § 3º do art. 11 da Lei 9.311/96. Até o advento da Lei 9.311/96, as informações obtidas mediante a "quebra" do sigilo bancário diretamente pela autoridade fiscal não poderiam originar lançamento tributário. Na sua vigência, era possível o lançamento tributário concernente apenas à CPMF. Após a Lei 10.174/01, facultouse ao Fisco a utilização das informações bancárias concernentes à CPMF para instaurar procedimento administrativo objetivando verificar a existência de crédito tributário relativo a outras contribuições e impostos, bem como para o respectivo lançamento. 3. Não há confundir a base física em que dispostos os dados com a proteção constitucional à comunicação dos mesmos. Precedentes do e.STF. 4. Consoante o artigo 2º da IN/SRF n.º 225/2002, é necessária a habilitação prévia do importador em operação por conta e ordem do adquirente ou por encomenda, mediante a apresentação do contrato, dentre outros documentos, à Receita Federal. 5. Mercadoria importada pode ser retida pela autoridade alfandegária para que se apure a ocorrência de irregularidade punível com a pena de perdimento, desde que estejam Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 538 7 demonstrados veementes indícios de sua existência (art. 68 da Medida Provisória n.º 2158/01). 6. A Instrução Normativa n.º 228/02 dispõe sobre o procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas. 7. No caso dos autos, há provas suficientes de indícios que, consoante as máximas de experiências, legitimam a presunção de existência de ocultação dolosa do real importador. 8. A importação por conta e ordem de terceiro e/ou por encomenda não observou a prévia habilitação. 9. A superveniência da Lei 11.281/06 não alterou a situação dos autos. A novel legislação (ao considerar que a importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não mais caracterizaria importação por conta e ordem de terceiros) manteve a necessidade de habilitação prévia da importadora. 10. A pena de perdimento deve ser imposta aos casos em que a interposição fraudulenta é presumida com fundamento em operação comercial onde a interposta empresa não possui capacidade econômica demonstrada, ou seja, os recursos são, na verdade, da real importadora. Analise da legislação aduaneira. 11. Sentença mantida. Registrese que a previsão legal da coisa julgada está contida no artigo 301, VI, §§ 2º e 3º, do CPC, ocorrendo quando se repete ação que já foi decidida por sentença e da qual não caiba mais recurso, sendo que a identidade entre as demandas se afigura quando ambas possuírem as mesmas partes, causa de pedir e pedido. No presente caso, nada obstante as peculiaridades ínsitas à natureza de cada uma das ações, inafastável que o pedido formulado no mandamus anteriormente ajuizado para o afastamento da pena de perdimento e a consequente liberação das mercadorias apreendidas indentificase com o requerido na presente ação ordinária. Sobre a impossibilidade de que a parte promova duas ações visando o mesmo resultado, vejamse os seguintes precedentes: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.OFENSA AO ART. 535, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO INEXISTENTE. FUNDAMENTOS CONTRÁRIOS AOS INTERESSES DAS PARTES. MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO DE COBRANÇA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. 1. A Corte a quo solucionou a quaestio juris de maneira clara e coerente, apresentando todas as razões que firmaram o seu convencimento, em perfeita consonância com o entendimento firmado por esta Corte Superior de Justiça, no sentido de que o direito reconhecido em mandado de segurança não pode ser rediscutido em via ordinária, sob pena de afronta à coisa julgada. 2. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no REsp 993659, Quinta Turma, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJU de 1º/12/2008). PROCESSUAL MANDADO DE SEGURANÇA COISA JULGADA. Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 538,5 8 Se o juiz, no mandado de segurança, enfrenta o mérito da postulação diante da causa de pedir, sua decisão induz litispendência e opera efeitos de coisa julgada quanto aos fatos e fundamentos ventilados no mandamus, que passam a ser insuscetíveis de repetição em outra ação. (TRF4, AMS 2005.72.05.0025367/SC, Rel. Des. Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJU de 11/01/2006). No presente caso, não há dúvida que a parte autora reproduziu a mesma ação anteriormente ajuizada, pois todas as questões da inicial relativas a vícios formais nas diligências que culminaram no perdimento e fraude no momento da importação foram definitivamente enfrentadas e rebatidas no mandado de segurança anteriormente proposto, com a consequente confirmação da pena de perdimento. Assim, merece ser mantida a sentença. Verificase, portanto, que o Recorrente já possui decisão judicial de mérito transitada em julgado em seu desfavor (proferida no MS nº 2008.72.08.0041698). Apesar disso, insiste na apreciação de determinados argumentos na esfera administrativa, sob o fundamento de que, quanto aos mesmos, não teria havido renúncia à esfera administrativa. De início, penso que este argumento não faz muito sentido quando se analisa a cronologia dos fatos acima indicada, em que a demanda judicial fora ajuizada posteriormente à apresentação de impugnação administrativa. Como se não bastasse, da análise dos fundamentos apontados pelo Recorrente, verificase que nenhum deles configuram uma causa de pedir distinta da que fora objeto da ação judicial ajuizada. É o que será devidamente analisado em sucessivo. Quanto ao pedido de i) suspensão da pena de multa pela suspensão do perdimento, verificase que este representa um pedido provisório, cuja apreciação perde o sentido na medida em que o mérito da contenda já tenha sido julgado em definitivo. No que tange ao fundamento de iii) nulidade do auto de infração por desrespeito à forma de processamento dos arquivos magnéticos, verificase que o argumento de nulidade do auto de infração fora objeto da ação judicial ajuizada. Sobre este ponto, inclusive, reproduzse novamente passagem do voto acima transcrito: “todas as questões da inicial relativas a vícios formais nas diligências que culminaram no perdimento e fraude no momento da importação foram definitivamente enfrentadas e rebatidas no mandado de segurança anteriormente proposto”. Já o argumento relacionado à v) violação aos princípios da isonomia, da moralidade administrativa e do não confisco, ou mesmo aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade (esses últimos indicados no relatórios da decisão recorrida, consoante destacado pelo Recorrente em seu Recurso), todos estes princípios amparados pela Constituição Federal, é cediço que a Administração Pública, seja por meio de julgamento da DRJ, seja por meio de julgamento do CARF, não possui competência para afastar a aplicação de norma tributário sob o fundamento de inconstitucionalidade. Nesse sentido, tragase à colação o teor da súmula CARF nº 02: Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10909.000603/200988 Acórdão n.º 3002000.585 S3C0T2 Fl. 539 9 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, quanto aos demais fundamentos apontados pelo Recorrente em seu Recurso, quais sejam, vi) incorreção da sujeição passiva; viii) elisão fiscal com propósito negocial; ix) insuficiência de provas para demonstrar o ilícito; e x) inexistência de fraude, verificase que todos estes estão relacionados ao mérito da presente contenda (correção no tipo de operação – inexistência de operação por conta e ordem de terceiros), já apreciado pelo Poder Judiciário, o qual concluiu que “No caso dos autos, há provas suficientes de indícios que, consoante as máximas de experiências, legitimam a presunção de existência de ocultação dolosa do real importador”. Sendo assim, verificase que o contribuinte pretende, por meio do presente recurso, retardar o cumprimento de decisão judicial já transitada em julgado, sem que haja fundamento legal para tanto. O reconhecimento da concomitância fora corretamente realizado pela decisão recorrida, a qual há de ser mantida, por seus próprios fundamentos. Da conclusão Com fulcro nas razões supra expedidas, voto no sentido de conhecer em parte do Recurso Voluntário interposto, não conhecendo do argumento relacionado à violação a princípios constitucionais, e, quanto à parte conhecida, voto no sentido de afastar a preliminar de nulidade da decisão da DRJ suscitada e negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida que deixou de apreciar os fundamentos da impugnação apresentada, em razão da concomitância. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 543DF CARF MF
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