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Numero do processo: 10880.955820/2010-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-002.124
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Maysa de Sá Pittondo Deligne e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Maysa de Sá Pittondo Deligne e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
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Vencidos os Conselheiros Maysa de Sá Pittondo Deligne e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Trata de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ, que considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório, nos seguintes termos: (...) DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 55 82 0/ 20 10 -1 4 Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10880.955820/201014 Resolução nº 3402002.124 S3C4T2 Fl. 3 2 Motivada é a decisão que, por conta da vinculação de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a insuficiência de direito creditório disponível para fins da compensação pleiteada pelo contribuinte. DCOMP. DARF ALOCADO A DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. SALDO DISPONÍVEL INSUFICIENTE PARA A COMPENSAÇÃO DECLARADA. Considerando que o DARF indicado no PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação) como origem do crédito foi parcialmente utilizado para quitar débito confessado em declaração (DCTF) ativa na data da emissão do Despacho Decisório, a compensação ficará limitada ao saldo disponível do pagamento. Em sendo o montante disponível insuficiente para extinção integral dos débitos declarados em PER/DCOMP, sobrevem a homologação parcial da compensação declarada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimada desta decisão, a Contribuinte apresentou o Recurso Voluntário, pelo qual pede, em síntese, pela homologação do crédito, convalidando a compensação efetuada e o reconhecimento do direito creditório. Para tanto, a defesa sustenta os seguintes argumentos: i) Não possuía um sistema contábil capaz de apurar com precisão a base de cálculo do PIS e da COFINS tendo em vista a dificuldade em calcular os créditos passíveis de serem apropriados referentes a armazenagem, energia elétrica, depreciação, dentre outros; ii) Efetuou o pagamento maior que o devido. Portanto, tem crédito; iii) É patente a duplicidade de débitos, bem como o equívoco da “não homologação da compensação”, com o surgimento de outro débito referente ao mesmo tributo e ao mesmo mês de referência. iv) Alternativamente, pede pela conversão do julgamento em diligência para que a fiscalização possa efetivamente verificar sobre a ocorrência de fato gerador do tributo em referência. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402002.119, de 18 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10880.692270/200975. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10880.955820/201014 Resolução nº 3402002.124 S3C4T2 Fl. 4 3 Portanto, transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3402002.119): "2. Da necessidade de conversão do julgamento em diligência 2.1. Conforme relatado, a Contribuinte apresentou Declaração de Compensação para o fim de quitar os débitos declarados de PIS/COFINS com créditos decorrentes de recolhimento indevido por meio do DARF. 2.2. O pedido foi analisado através do Despacho Decisório, pelo qual foi considerada a utilização do crédito informado pela Contribuinte para compensação com outro débito, restando saldo devedor consolidado para pagamento, acrescido de multa e juros. 2.3. A DRJ de origem negou o pedido da Recorrente pelas seguintes razões: 4.3. No caso concreto, o contribuinte declarou débitos de PIS/COFINS e apontou o suposto saldo não alocado no DARF supracitado como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pelo contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão; 4.4. O ato combatido aponta como causa da homologação parcial o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER/DCOMP como origem do crédito, parte do saldo disponível fora utilizada para a extinção do débito declarado em DCTF, tudo conforme apontado no próprio Despacho Decisório; 4.5. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revela que parte do crédito declarado no presente PER/DCOMP já havia sido aproveitado para liquidar, por meio de pagamento, débitos distintos anteriormente declarado pelo contribuinte em DCTF. Por conseguinte, estes valores não poderiam suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação, o que justifica a não homologação do montante que já estava vinculado a tributo anteriormente confessado, conforme consta do Despacho Decisório; (...) 6.3. Não tendo o contribuinte apresentado qualquer prova documental da ocorrência de erro nos cálculos sumarizados no Despacho Decisório contestado, não prosperam suas alegações genéricas de que os débitos estariam extintos pela compensação. (sem destaque no texto original) Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10880.955820/201014 Resolução nº 3402002.124 S3C4T2 Fl. 5 4 2.4. Em síntese, a controvérsia deste processo reside na afirmação da Contribuinte de que os Ilustres Julgadores de primeira instância se equivocaram ao concluir que parte do crédito declarado no PERDCOMP já havia sido aproveitado para liquidar débitos distintos anteriormente declarados em DCTF e PEDCOMP. 2.5. Afirma tratarse de duplicidade, uma vez que não seria possível possuir dois débitos para o mesmo período de apuração e do mesmo tributo, devendo ser considerada a compensação objeto do PER/DCOMP em análise e cancelado o saldo devedor apontado. 2.6. Para justificar os argumentos de defesa foram apresentados os seguintes esclarecimentos em Recurso Voluntário: Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10880.955820/201014 Resolução nº 3402002.124 S3C4T2 Fl. 6 5 2.7. Ao que pese a Contribuinte não ter apresentado a prova necessária por ocasião da impugnação, destaco que anexou ao Recurso Voluntário, documentos que torna possível a averiguação do direito invocado, a exemplo do DARF recolhido. 2.8. Considerando os fatos apresentados e, em homenagem à necessária apuração da verdade material para que sejam sanadas as dúvidas acerca das questões aventadas, justificase a proposta de conversão do julgamento em diligência, nos termos permitidos pelos artigos 18 e 29 do Decreto nº 70.235/72, cumulados com artigos 35 a 37 e 63 do Decreto nº 7.574/2011, para que a Unidade de Origem proceda às seguintes providências: a) Analise os documentos anexados com o Recurso Voluntário (e fls. 2943), esclarecendo sobre a eventual existência da duplicidade de débitos na compensação objeto do Despacho Decisório nº 849793979 (efls. 7), como apontado pela defesa; b) Elabore Relatório Conclusivo sobre as apurações e resultado da diligência; c) Intime a Contribuinte para, querendo, apresentar manifestação sobre o resultado no prazo de 30 (trinta) dias. 2.9 Após, com ou sem resposta da parte, retornem os autos a este Colegiado para julgamento. É a proposta de Resolução." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10880.955820/201014 Resolução nº 3402002.124 S3C4T2 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por determinar a conversão do julgamento em diligência para que a Unidade Preparadora de Origem proceda às seguintes providências: a) Analise os documentos anexados com o Recurso Voluntário, esclarecendo sobre a eventual existência da duplicidade de débitos na compensação objeto do Despacho Decisório, como apontado pela defesa; b) Elabore Relatório Conclusivo sobre as apurações e resultado da diligência; c) Intime a Contribuinte para, querendo, apresentar manifestação sobre o resultado no prazo de 30 (trinta) dias. Após, com ou sem resposta da parte, retornem os autos a este Colegiado para julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 54DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13807.007298/00-64
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 04 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/06/1990 a 31/07/1994 PIS. RESTITUIÇÃO PRAZO DECADENCIAL.
O prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 168 do CTN, para pedidos de restituição do PIS recolhido a maior com base nos Decretos-Leis n°s 2.445/88 e 2.449/88 e devido com base na Lei Complementar n° 7/70, conta-se a partir da data do ato que definitivamente reconheceu ao contribuinte direito à restituição, assim entendida a data da publicação da Resolução do Senado Federal nº 49/95, de 09/10/95, extinguindo-se, portanto, em 10/10/2000.
PIS. RESTnUIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA
Os indébitos oriundos de recolhimentos efetuados com base nos Decretos-Leis n°s 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo STF, deverão ser calculados considerando que a base de cálculo do PIS, até a edição da Medida Provisória n° 1.212/95, é o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária. A atualização monetária dos valores recolhidos indevidamente, até 31/12/95, deve ser calculada com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução conjunta SRF/COSIT/COSAR n° 8, de 27/06/97, devendo incidir a Taxa SELIC a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 4o, da Lei n° 9.250/95.
PIS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS CONTRA A FAZENDA NÃO EXTINTOS PELA DECADÊNCIA. COMPENSAÇÃO DEVIDA.
Ao pressupor a existência de créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN), a lei somente desautoriza a homologação de compensação, em pedidos que tenham por objeto créditos contra a Fazenda, cujo direito à restituição ou ao ressarcimento, já se ache extinto pela decadência (art. 168 do CTN), o que inocorre no caso.
Numero da decisão: 2102-000.174
Decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido(a)s o(a)s Conselheiro(a)s Walber José da Silva e Mauricio Taveira e Silva que consideravam extinto o direito de pleitear a restituição.
Nome do relator: FERNANDO LUTZ DA GAMA LOBO D'EÇA
1.0 = *:*
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Numero do processo: 10380.730572/2017-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. ARTS. 10 E 59 DO PAF. ART. 142 CTN. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário.
Todos os fatos observados pelo Fisco foram cuidadosamente relatados no Termo de Verificação Fiscal construído como parte integrante do auto de infração do qual tomou ciência a autuada e os contestou com fartos argumentos de direito.
Higidez que afasta sua nulidade à luz dos arts. 10 e 59 do PAF e 142 do CTN
DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA
No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa decisão de Delegacia de Julgamento que enfrenta todas as matérias suscitadas em impugnação, mormente, quando apresenta fundamentação adequada e suficiente para declarar a improcedência do pleito de formulado pela contribuinte.
NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. AUTUAÇÃO POR PRESUNÇÃO.
Não é passível de nulidade o lançamento tributário realizado em observância aos ditames do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN), quanto ao aspecto material.
Descabida a declaração de nulidade quando o relatório fiscal contém a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional.
LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. ART. 146 DO CTN. PRÁTICAS REITERADAS. NÃO OCORRÊNCIA.
A alteração de critério jurídico que impede a lavratura de outro Auto de Infração (art. 146 do CTN), diz respeito a um mesmo lançamento e não a lançamentos diversos, como aduzido neste caso. Não se pode considerar que o posicionamento adotado por uma autoridade fiscal em procedimento de fiscalização tenha o condão de caracterizar essa prática reiterada, de modo a possibilitar a exclusão de penalidade.
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016
CRÉDITO FICTO DO IPI. AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE EMBALAGEM PARA FABRICAÇÃO DE REFRIGERANTES. INSUMO INDUSTRIALIZADO NO QUAL NÃO FOI UTILIZADA MATÉRIA-PRIMA AGRÍCOLA OU EXTRATIVA VEGETAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO.
Na norma isentiva de que trata o artigo 6º do Decreto-lei nº 1.435/75, o termo "matérias-primas" não se encontra de forma isolada, mas associado e delimitado à uma natureza e origem específicas. Não é, pois, o uso de quaisquer matérias-primas produzidas na região que dá direito ao crédito do IPI, mas apenas aquelas "matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional". Assim, para fins de gozo ao crédito em questão, os insumos (originados da Amazônia Ocidental) necessitam ser elaborados com matérias-primas de origem vegetal, quer obtidas pelo cultivo (agricultura), quer pela via extrativa (retirados da natureza, da flora nativa).
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. KITS PARA PRODUÇÃO DE REFRIGERANTES.
Nas hipóteses em que a mercadoria descrita como kit ou concentrado para refrigerantes constitui-se de um conjunto cujas partes consistem em diferentes matérias-primas e produtos intermediários que só se tornam efetivamente uma preparação composta para elaboração de bebidas em decorrência de nova etapa de industrialização ocorrida no estabelecimento adquirente, cada um dos componentes desses kits deverá ser classificado no código próprio da TIPI.
CRÉDITOS DE IPI. DIREITO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS.
O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 592.891, em sede de repercussão geral, decidiu que "Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT".
IPI. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DESGASTE INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE.
Os produtos intermediários que geram direito ao crédito básico do IPI, nos termos do REsp nº 1.075.508, julgado em sede de recurso repetitivo, são aqueles consumidos diretamente no processo de produção, ou seja, aqueles que tenham contato direto com o produto em fabricação.
Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891.
DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. ALEGAÇÃO DE BOA-FÉ. IMPOSSIBILIDADE.
A boa fé do adquirente não é suficiente para garantir o direito ao crédito como se devido fosse se ausentes os requisitos legais previstos na norma de regência.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016
MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO
A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário.
O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade.
Aplicação da Súmula Carf nº 2
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. CABIMENTO. SÚMULA CARF Nº 108.
O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de oficio (Súmula CARF nº 108).
Numero da decisão: 3201-005.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para determinar a aplicação da decisão proferida pelo STF acerca da aquisição de produtos isentos da ZFM, vencidos, no ponto, os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Larissa Nunes Girard e Leonardo Correia Lima Macedo, que entenderam afastar a sua aplicação, e os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior, que deram provimento parcial em maior extensão, para também manter a classificação fiscal utilizada pela contribuinte. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Tatiana Josefovicz Belisario. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisario - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. ARTS. 10 E 59 DO PAF. ART. 142 CTN. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. Todos os fatos observados pelo Fisco foram cuidadosamente relatados no Termo de Verificação Fiscal construído como parte integrante do auto de infração do qual tomou ciência a autuada e os contestou com fartos argumentos de direito. Higidez que afasta sua nulidade à luz dos arts. 10 e 59 do PAF e 142 do CTN DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa decisão de Delegacia de Julgamento que enfrenta todas as matérias suscitadas em impugnação, mormente, quando apresenta fundamentação adequada e suficiente para declarar a improcedência do pleito de formulado pela contribuinte. NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. AUTUAÇÃO POR PRESUNÇÃO. Não é passível de nulidade o lançamento tributário realizado em observância aos ditames do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN), quanto ao aspecto material. Descabida a declaração de nulidade quando o relatório fiscal contém a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional. LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. ART. 146 DO CTN. PRÁTICAS REITERADAS. NÃO OCORRÊNCIA. A alteração de critério jurídico que impede a lavratura de outro Auto de Infração (art. 146 do CTN), diz respeito a um mesmo lançamento e não a lançamentos diversos, como aduzido neste caso. Não se pode considerar que o posicionamento adotado por uma autoridade fiscal em procedimento de fiscalização tenha o condão de caracterizar essa prática reiterada, de modo a possibilitar a exclusão de penalidade. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 CRÉDITO FICTO DO IPI. AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE EMBALAGEM PARA FABRICAÇÃO DE REFRIGERANTES. INSUMO INDUSTRIALIZADO NO QUAL NÃO FOI UTILIZADA MATÉRIA-PRIMA AGRÍCOLA OU EXTRATIVA VEGETAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. Na norma isentiva de que trata o artigo 6º do Decreto-lei nº 1.435/75, o termo "matérias-primas" não se encontra de forma isolada, mas associado e delimitado à uma natureza e origem específicas. Não é, pois, o uso de quaisquer matérias-primas produzidas na região que dá direito ao crédito do IPI, mas apenas aquelas "matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional". Assim, para fins de gozo ao crédito em questão, os insumos (originados da Amazônia Ocidental) necessitam ser elaborados com matérias-primas de origem vegetal, quer obtidas pelo cultivo (agricultura), quer pela via extrativa (retirados da natureza, da flora nativa). CLASSIFICAÇÃO FISCAL. KITS PARA PRODUÇÃO DE REFRIGERANTES. Nas hipóteses em que a mercadoria descrita como kit ou concentrado para refrigerantes constitui-se de um conjunto cujas partes consistem em diferentes matérias-primas e produtos intermediários que só se tornam efetivamente uma preparação composta para elaboração de bebidas em decorrência de nova etapa de industrialização ocorrida no estabelecimento adquirente, cada um dos componentes desses kits deverá ser classificado no código próprio da TIPI. CRÉDITOS DE IPI. DIREITO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 592.891, em sede de repercussão geral, decidiu que "Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT". IPI. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DESGASTE INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE. Os produtos intermediários que geram direito ao crédito básico do IPI, nos termos do REsp nº 1.075.508, julgado em sede de recurso repetitivo, são aqueles consumidos diretamente no processo de produção, ou seja, aqueles que tenham contato direto com o produto em fabricação. Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. ALEGAÇÃO DE BOA-FÉ. IMPOSSIBILIDADE. A boa fé do adquirente não é suficiente para garantir o direito ao crédito como se devido fosse se ausentes os requisitos legais previstos na norma de regência. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. CABIMENTO. SÚMULA CARF Nº 108. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de oficio (Súmula CARF nº 108).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. ARTS. 10 E 59 DO PAF. ART. 142 CTN. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. Todos os fatos observados pelo Fisco foram cuidadosamente relatados no Termo de Verificação Fiscal construído como parte integrante do auto de infração do qual tomou ciência a autuada e os contestou com fartos argumentos de direito. Higidez que afasta sua nulidade à luz dos arts. 10 e 59 do PAF e 142 do CTN DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa decisão de Delegacia de Julgamento que enfrenta todas as matérias suscitadas em impugnação, mormente, quando apresenta fundamentação adequada e suficiente para declarar a improcedência do pleito de formulado pela contribuinte. NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. AUTUAÇÃO POR PRESUNÇÃO. Não é passível de nulidade o lançamento tributário realizado em observância aos ditames do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN), quanto ao aspecto material. Descabida a declaração de nulidade quando o relatório fiscal contém a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 73 05 72 /2 01 7- 08 Fl. 3098DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.099 2 objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional. LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. ART. 146 DO CTN. PRÁTICAS REITERADAS. NÃO OCORRÊNCIA. A alteração de critério jurídico que impede a lavratura de outro Auto de Infração (art. 146 do CTN), diz respeito a um mesmo lançamento e não a lançamentos diversos, como aduzido neste caso. Não se pode considerar que o posicionamento adotado por uma autoridade fiscal em procedimento de fiscalização tenha o condão de caracterizar essa prática reiterada, de modo a possibilitar a exclusão de penalidade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 CRÉDITO FICTO DO IPI. AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE EMBALAGEM PARA FABRICAÇÃO DE REFRIGERANTES. INSUMO INDUSTRIALIZADO NO QUAL NÃO FOI UTILIZADA MATÉRIA PRIMA AGRÍCOLA OU EXTRATIVA VEGETAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO. Na norma isentiva de que trata o artigo 6º do Decretolei nº 1.435/75, o termo "matériasprimas" não se encontra de forma isolada, mas associado e delimitado à uma natureza e origem específicas. Não é, pois, o uso de quaisquer matériasprimas produzidas na região que dá direito ao crédito do IPI, mas apenas aquelas "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional". Assim, para fins de gozo ao crédito em questão, os insumos (originados da Amazônia Ocidental) necessitam ser elaborados com matériasprimas de origem vegetal, quer obtidas pelo cultivo (agricultura), quer pela via extrativa (retirados da natureza, da flora nativa). CLASSIFICAÇÃO FISCAL. KITS PARA PRODUÇÃO DE REFRIGERANTES. Nas hipóteses em que a mercadoria descrita como “kit ou concentrado para refrigerantes” constituise de um conjunto cujas partes consistem em diferentes matériasprimas e produtos intermediários que só se tornam efetivamente uma preparação composta para elaboração de bebidas em decorrência de nova etapa de industrialização ocorrida no estabelecimento adquirente, cada um dos componentes desses “kits” deverá ser classificado no código próprio da TIPI. CRÉDITOS DE IPI. DIREITO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 592.891, em sede de repercussão geral, decidiu que "Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT". IPI. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DESGASTE INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 3099DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.100 3 Os produtos intermediários que geram direito ao crédito básico do IPI, nos termos do REsp nº 1.075.508, julgado em sede de recurso repetitivo, são aqueles consumidos diretamente no processo de produção, ou seja, aqueles que tenham contato direto com o produto em fabricação. Conjuntura dos fatos que autoriza a aplicação ao presente caso do entendimento do STF no RE 566.819, visto não haver decisão em contrário no RE 592.891. DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. ALEGAÇÃO DE BOAFÉ. IMPOSSIBILIDADE. A boa fé do adquirente não é suficiente para garantir o direito ao crédito como se devido fosse se ausentes os requisitos legais previstos na norma de regência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. CABIMENTO. SÚMULA CARF Nº 108. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de oficio (Súmula CARF nº 108). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para determinar a aplicação da decisão proferida pelo STF acerca da aquisição de produtos isentos da ZFM, vencidos, no ponto, os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Larissa Nunes Girard e Leonardo Correia Lima Macedo, que entenderam afastar a sua aplicação, e os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior, que deram provimento parcial em maior extensão, para também manter a classificação fiscal utilizada pela contribuinte. Designada para Fl. 3100DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.101 4 redigir o voto vencedor a conselheira Tatiana Josefovicz Belisario. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisario Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem sintetizar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 0967.245: Trata o presente processo do auto de infração de fls. 2 a 27, do qual consta exigência de IPI relativo ao período de janeiro 2013 a dezembro de 2016. A autuação se deveu à falta de recolhimento do IPI em razão do aproveitamento de créditos indevidos do imposto, nas seguintes hipóteses: A) aquisição de kits concentrados para bebidas da PepsiCola da Amazônia Ltda (“Pepsi”) e Arosuco Aromas e Sucos Ltda. (“Arosuco”), em decorrência de erro na classificação fiscal das mercadorias, já que, segundo a Fiscalização, tais mercadorias não se enquadrariam no código NCM 2106.90.10 “Ex 01”; aquisições de filmes plásticos, rolhas e tampas, os quais não fariam jus à isenção prevista no artigo 95, III, do RIPI/2010, uma vez que não são empregadas em sua produção matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional da Amazônia Ocidental, o que impediria o creditamento de IPI nos moldes artigo 237 do RIPI/2010; B) insumos empregados no processo de industrialização, posto que a Fiscalização considerou que não se enquadrariam no conceito de matériaprima, produto intermediário ou de material de embalagem. Fl. 3101DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.102 5 Inconformada, a autuada sustenta, em resumo: PRELIMINARMENTE: nulidade do auto de infração: 1) pelo fato de ter havido da alteração dos critérios jurídicos do lançamento (novo enquadramento fiscal dos “kits” para produção de refrigerantes); 2) reclassificação fiscal com ausência de motivação. NO MÉRITO: direito ao crédito de IPI sobre os insumos e materiais de embalagem para fabricação de refrigerantes adquiridos da ZFM; direito ao crédito sobre as aquisições ao abrigo da isenção do artigo 82, II, do RIPI/2010; ausência de erro de classificação fiscal dos “kits” adquiridos junto às empresa PEPSI e AROSUCO; boafé da impugnante e o direito aos créditos glosados; regularidade do creditamento extemporâneo; ilegalidade e improcedência da multa de ofício e da cobrança de juros sobre a multa; É o Relatório, no essencial. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0967.245, sessão de 13/07/2018, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 NULIDADE. ALEGADA ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade por alteração de critério jurídico nem ofensa ao art. 146 do CTN se a Fiscalização promove autuação baseada em entendimento distinto daquele que seguidamente adota o contribuinte, mas que jamais foi objeto de manifestação expressa da Administração Tributária. NULIDADE. ALEGADA AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E DE FUNDAMENTO TÉCNICO. INOCORRÊNCIA. No caso de não haver disputa com relação às características técnicas do produto, não há que se cogitar de nulidade se a Fiscalização determina classificação distinta daquela Fl. 3102DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.103 6 utilizada pela autuada, mediante a aplicação fundamentada das regras de classificação fiscal de mercadorias. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 KIT (“CONCENTRADO”) PARA A FABRICAÇÃO DE REFRIGERANTES. ADOÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS COMPONENTES. Demonstrado nos autos que o “concentrado” classificado pela interessada no código Ex 01 do código 2106.90.10 da TIPI tratase, na verdade, de KIT de insumos e de produtos intermediários, devese, por aplicação das regras gerais de classificação de mercadorias, adotar a classificação fiscal de cada um de seus componentes, ao invés de tratar referido KIT como produto único. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2016 DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. INSUMOS ADQUIRIDOS DA AMAZÔNIA OCIDENTAL. A aprovação de projeto por parte da Suframa não exclui o poderdever da Receita Federal de verificar a legitimidade dos créditos de IPI escriturados pelo adquirente do produto e não garante, por si só, o direito ao crédito. Somente aqueles produtos de natureza específica, originados de matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais é que possuem a aptidão de gerar crédito do IPI para o adquirente. DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. INSUMOS ADQUIRIDOS DA ZONA FRANCA DE MANAUS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não cabe o direito ao crédito de IPI como se devido fosse relativamente às aquisições de insumos isentos produzidos na ZFM. DIREITO AO CRÉDITO DE IPI. ALEGAÇÃO DE BOAFÉ. IMPOSSIBILIDADE. A boa fé do adquirente não é suficiente para garantir o direito ao crédito como se devido fosse se ausentes os requisitos legais previstos na norma de regência. INSUMOS UTILIZADOS INDIRETAMENTE NO PROCESSO INDUSTRIAL. CRÉDITOS DE IPI. IMPOSSIBILIDADE. Não geram direito ao crédito de IPI a entrada de insumos que sejam utilizados apenas indiretamente no processo industrial, não observando as condições estabelecidas no Parecer Normativo CST 65/79. Fl. 3103DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.104 7 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido No recurso voluntário, a contribuinte irresignada com a decisão da DRJ suscitas as mesmas matérias da impugnação além da nulidade do acórdão recorrido, tendo abordado os temas: Em preliminares: A nulidade da decisão recorrida por vício de fundamentação e cerceamento do direito de defesa em razão da ausência de apreciação das provas e argumentos apresentados; A nulidade da autuação por ausência de pressupostos de validade: inexistência de apresentação de provas técnicas e de apreciação daquelas apresentadas no curso do procedimento (laudos); A nulidade da autuação por mudança de critério jurídico; No mérito: 1 A correta classificação fiscal dos kits concentrados para a fabricação de refrigerantes; 2 A necessidade da convalidação dos créditos em função da boafé da Recorrente; 3 O direito ao creditamento de IPI referente à aquisições de filmes, rolhas e tampas plásticas da Amazônia Ocidental; 4 O direito constitucional ao crédito e IPI referente aos insumos desonerados adquiridos da ZFM; 5 A regularidade do creditamento de IPI, inclusive extemporâneo, decorrente da aquisição de materiais intermediários de produção; 6 Improcedência e ilegalidade da multa, em razão do caráter confiscatório; e 7 Improcedência e ilegalidade da cobrança de Juros sobre a Multa. É o relatório Voto Vencido Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o lançamento de IPI, por falta de recolhimento, decorrente da escrituração e utilização de créditos indevidos desse Imposto. Fl. 3104DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.105 8 Os créditos foram reputados indevidos pela fiscalização, porque, inexistindo lançamento do IPI nas respectivas notas fiscais de aquisição (o emitente informou saída com isenção), o interessado calculou créditos e os registrou na escrita fiscal, mediante utilização de classificação tarifária e alíquota do IPI em desacordo com os fatos apurados e com a legislação aplicável. Desponta como matéria principal o aproveitamento de crédito de IPI nas aquisições de matériaprima (kits de "concentrados") da Arosuco/Pepsi na produção de refrigerante, em cujas notas fiscais não constaram o destaque do Imposto em razão de suposta isenção . Há também aquisições de materiais de embalagem adquiridos das empresas Valfilm e Ravibras (filme strech, rolhas e tampas plásticas), cujas saídas também eram consideradas isentas. Realizada esta introdução, passase às matérias suscitadas em preliminares e no mérito. PRELIMINARES (vencedor) Foram arguidas as seguintes nulidades da decisão recorrida e/ou do auto de infração: a. A nulidade da decisão recorrida por vício de fundamentação e cerceamento do direito de defesa em razão da ausência de apreciação das provas e argumentos apresentados quanto; b. A nulidade da autuação por ausência de pressupostos de validade, com base em presunção: inexistência de apresentação de provas técnicas e de apreciação daquelas apresentadas no curso do procedimento (laudos); c. A nulidade da autuação por mudança de critério jurídico; Tenho por fundamento que os atos administrativos são eivados de nulidade quando a sua prática pretere formalidade essencial à sua validade ou da qual resulte, sempre e necessariamente, prejuízo irreparável ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo interessado. Constatase in casu que o auto de infração e a decisão recorrida contêm seus elementos obrigatórios (incisos do art. 10 do PAF); além disso, não se verifica qualquer das hipóteses de nulidade elencadas no art. 59 do PAF, relativas ao cerceamento do direito de defesa. A autoridade autuante cumpriu fielmente o que determina o art. 142 do CTN, identificando os elementos do fato gerador do Imposto e a constituição do crédito tributário, segundo a legislação de regência. Igualmente, a Turma julgadora de 1º instância pautou sua decisão acolhendo os argumentos do Fisco tendo motivada sua decisão. Preliminares de nulidade da decisão da DRJ Sustenta a recorrente a precariedade na fundamentação e cerceamento do direito de defesa pois deixou de analisar argumentos e provas essenciais ao deslinde da controvérsia, especialmente as provas técnicas apresentadas, tendo em vista não abordar adequadamente as razões de defesa e estar a decisão fundada em simples presunção. Fl. 3105DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.106 9 Percebese desde logo que a recorrente ataca a decisão quanto à abordagem de suas razões de defesa, que as considera inadequada. Tal comportamento revela o inconformismo ao que restou decidido; não há motivo de nulidade da decisão nessa matéria. Em determinado ponto a nulidade da decisão é atribuída à atividade do Fisco que se utilizou de presunção na reclassificação dos kits de insumo e glosa de créditos de IPI por não ter apresentado prova documental ou técnica. O vício da decisão seria o de não se manifestar acerca da ausência de tais pretensas provas. O relator conduziu o voto evidenciando a competência da Receita Federal para proceder à classificação fiscal de mercadoria pois esta não se trata de atividade técnica, mas de aplicação de regras jurídicas interpretativas para a atribuição de determinado código tarifário à mercadoria cuja identificação corresponder com a sua (do código) descrição. Tais argumentos foram necessários pois que o parecer elaborado não se limitou a efetuar a simples tarefa de identificar as mercadorias, mas a de responder aos quesitos formulados de forma a corroborar o código tarifário pretendido pela AMBEV; dai decorre a explicitação da decisão em afirmar a competência exclusiva do AuditorFiscal da RFB no mister de classificação fiscal, que no mérito fora confirmada a reclassificação pela aplicação da legislação de regência, e não por mera presunção. Por tudo que se verificou, não há qualquer precariedade nos fundamentos para afastar a classificação dos kits e tampouco o cerceamento do direito de defesa. Portanto, não vislumbro qualquer nulidade na decisão recorrida. Preliminares de nulidade do Auto de Infração O lançamento fiscal não teve por base presunção fiscal de ocorrência do fato gerador. À cada uma das infrações constatadas pela autoridade fiscal seguise farta descrição das irregularidades à luz da legislação de regência com a indicação dos dispositivos legais infringidos. Outrossim, o procedimento fiscal e a própria autuação foram firmados em diligências, análise dos documentos colhidos e das regras de classificação fiscal do SH, detendose a fiscalização longamente em seus argumentos para ao final cumprir fielmente o regramento do art. 142 do CTN ao fundamentar e efetuar o enquadramento legal das irregularidades que apurou. Ao final demonstrou o Fisco o não cumprimento dos requisitos para a fruição de benefícios fiscais na aquisição de mercadorias da ZFM/Amazônia Ocidental e ao aproveitamento de crédito ficto do IPI além de minuciosamente demonstrar a correta classificação fiscal nos termos das Regras Gerais de Interpretação e Notas Explicativas do Sistema Harmonizado. Resta assim constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência. O Relatório Fiscal e as demais peças dos autos Fl. 3106DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.107 10 demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento, sem arrimo em presunções não se podendo cogitar de nulidade. E como bem observado pela autoridade fiscal (fl. 55), a fiscalização amparouse no Parecer INT quanto aos aspectos técnicos (identificação dos produtos), porém, quando a peça técnica adentrou nas considerações no tocante à classificação fiscal, "a presente auditoria dele naturalmente se apartou, promovendo, então, a sua própria cognição fiscal sobre a matéria; nos termos acima detalhadamente expostos." Sustenta a recorrente que a reclassificação fiscal dos kits de insumos destinados à fabricação de bebidas em seu estabelecimento consubstanciase em alteração do critério jurídico adotado por ocasião de outros procedimentos fiscais anteriores instaurados contra si, conquanto não tenham procedido à análise da matéria. Cita tal impossibilidade com fulcro nos art. 146 do CTN. Argumenta que configura atos administrativos concretos, não passíveis de alteração, as autuações lavradas "nas últimas duas décadas" que não alteraram a classificação fiscal dos kits concentrados adquiridos com isenção de IPI de empresas da ZFM. Aduz, ainda, que essa ausência de questionamento por parte das autoridades fiscais representa uma prática reiterada da Administração Pública, a qual tem força de norma complementar nos termos do artigo 100, inciso III do CTN. Assevera que a presente autuação fiscal, além de configurar revisão de ato em desconformidade com as reiteradas práticas administrativas vigentes no momento em que as supostas infrações de creditamento indevido ocorreram, configura ainda afronta à jurisprudência judicial majoritária da época. Antes de passar à questão de direito, impende apontar questões fáticas vez que a recorrente aduz que a reclassificação foi meio de contornar a jurisprudência judicial majoritária da época que concedia a isenção do IPI nas aquisições da ZFM Outra apontamento fático é que remonta o ano de 2015 as autuações da Receita Federal em face dos adquirentes de kits de insumos que os classifica no Ex 01 ou 02 do código 2106.90.10. Passemos à análise da suposta alteração de critério jurídico decorrente da reclassificação fiscal dos kits de insumos para fabricação de bebidas. Entendo que para que haja a alteração de critérios jurídicos adotados no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar. Nesse sentido, não houve qualquer alteração de procedimento fiscal no tocante à classificação fiscal em relação à contribuinte. O CARF tem posicionamento firme neste sentido em julgamento de Recurso da AMBEV. Cito dois deles. No Acórdão nº 3402004.988, sessão de 21/03/2018, o Relator, Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, firmou o entendimento de que "O fato de o Fisco não haver detectado anteriormente uma determinada infração praticada pelo contribuinte não pode ser interpretado Fl. 3107DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.108 11 como um reconhecimento tácito da validade desta conduta, nem tampouco tomado como uma “prática reiteradamente observada pelas autoridades administrativas”, que lhe atribua foros de “norma complementar de lei”. Em caso análogo, no Acórdão nº 3302006.113, sessão de 27/11/2018, o Relator Conselheiro Jorge Lima Abud, reproduziu em seu voto manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional de que "o mero silêncio administrativo não se confunde com adoção de critério jurídico pela autoridade administrativa". Perfilho o entendimento esposado nesses indigitados Acórdãos e acrescento que se aceitável a tese da recorrente, seria missão do Fisco manifestarse sobre todas as condutas do contribuinte no período fiscalizado, sob pena de se interpretar qualquer omissão como reconhecimento tácito de validade de conduta e mais, com atributos de "prática reiterada da administração", o que seria completo absurdo. Assim, não há que se falar em qualquer alteração de critério jurídico no lançamento a reclassificação fiscal em relação ao contribuinte. MÉRITO No julgamento das razões de defesa nas matérias de mérito será obedecida sua disposição topológica no recurso voluntário, que se inicia com a classificação fiscal dos kits de insumos para a fabricação de bebidas pela AMBEV, que as empresas da cadeia de produção denominamos "kits concentrados". Todavia, impende observar que a classificação fiscal dos kits foi fundamento subsidiário do Fisco para glosar os créditos aproveitados. Explico. As vendas de produtos industrializados adquiridos pela AMBEV foram, sem exceção, com o benefício de uma isenção objetiva regional e os créditos decorrentes dessas aquisições são fictos, eis que o IPI não foi destacado nas notas fiscais de saída. Teve como fundamento da isenção e de crédito ficto o art. 81, II (base legal no art. 9º do DecretoLei nº 288/1967) ou art. 95, III (base legal no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/1975), ambos cumulados com o art. 237, todos do RIPI/2010. Dessa a forma, a fiscalização afastou ambos os fundamentos de isenção e de crédito fícto, com argumentos de que, em quaisquer das hipóteses, não houve o cumprimento dos requisitos para a isenção. E, uma vez afastada a isenção, negase o crédito ficto, inobstante a classificação fiscal do produto. Ocorre que a classificação fiscal tornouse fundamento subsidiário pois a autoridade fiscal ao longo de vários procedimentos fiscais passou a verificar mais detidamente as características desses kits e conclui que se compõem, em verdade, de conjuntos de ingredientes que segundo as regras e classificação e notas explicativas do Sistema Harmonizado não se classificam no Ex 01 ou do código 2106.90.10 da TIPI, mas sim de outros códigos da Tabela cujas alíquotas são zero razão adicional para negativa ao direito do crédito do IPI. Fl. 3108DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.109 12 Classificação fiscal dos "kits" (vencedor) O direito ao crédito ficto em razão de saídas isentas de produtos industrializados na Amazônia Ocidental, é conferido quando atendido aos requisitos previsto no art. 6º, § 1º do DL nº 1.435/75 (arts. 95, III e 237 RIPI/2010). Esse crédito fícto corresponde à alíquota do código tarifário do produto na TIPI, e somente será efetivo diante de uma alíquota positiva, pois de alíquota zero nenhum valor se apurará. A autoridade fiscal reclassificou todos os "kits" de insumos para fabricação de refrigerantes, por critérios e fundamentos a seguir analisados, atribuindolhes código tarifário cuja alíquota do IPI na TIPI é zero. À parte da conclusão de que os kits de bebidas não satisfazem os requisitos de isenção e suas aquisições não geram o direito ao crédito ficto do IPI, a autoridade fiscal procedeu à reclassificação desses produtos industrializados por entender que não se tratam de concentrados, na acepção dada ao termo pelo Sistema Harmonizado de classificação (Notas e regras de classificação). Segundo afirma o Fisco, isoladamente, esses produtos, denominados "concentrados", não formam uma só mercadoria, mas kits constituídos de componentes que saem dos estabelecimentos industriais em embalagens individuais e que somente em etapas posteriores de industrialização, no estabelecimento da AMBEV, com adição de outras matériasprimas e produtos intermediários é obtido um xarope complexo, este sim, o concentrado a ser diluído em água e adicionado outras substâncias para obter o produto final a bebida. A autoridade autuante, mediante análise documental (inclusive Parecer da INT) e diligência à unidade fabril da recorrente, descreveu o processo de obtenção do refrigerante a partir dos conjuntos de produtos, que denomina "kits", vendidos pela Arosuco/Pepsi. Esclarece que os componentes do kit são misturados à água, e outras substâncias, no estabelecimento da AMBEV (engarrafadora) do qual resulta o concentrado, este sim a ser classificado no Ex 01 ou 02 do código 2106.90.10. Concluiu a fiscalização que a classificação pretendida para o kit produzido pela Arosuco/Pepsi composto por vários ingredientes a serem misturados na unidade engarrafadora (AMBEV) não pode ser o mesmo do concentrado, vez que claramente constituemse produtos distintos. Este é, portanto, o litígio na matéria classificação fiscal: para a Arosuco/Pepsi, o produto vendido à AMBEV é individualizado e único o concentrado para a fabricação de refrigerante ("kits concentrado"), com classificação no código 2106.90.10 EX 01; no entendimento da fiscalização, corroborado na decisão recorrida, são fabricados na Arosuco/Pepsi vários produtos, cuja reunião de ingredientes é denominada "kits de insumos", com classificações tarifárias individualizadas conforme suas matérias constitutivas, que serão misturados no estabelecimento da engarrafadora com outros componentes cujo produto intermediário será o concentrado, este classificado no código 2106.90.10 EX 01. Dessa forma, neste julgamento há de se analisar os fundamentos para tal assertiva a fim de se julgar a procedência ou não da reclassificação. Os textos dos EX 01 e 02 do código TIPI 2106.9010: Fl. 3109DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.110 13 2106.90.10 Preparações dos tipos utilizados para elaboração de bebidas Ex 01 Preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida da posição 22.02, com capacidade de diluição superior a 10 partes da bebida para cada parte do concentrado Ex 02 Preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante do Capítulo 22, com capacidade de diluição de até 10 partes da bebida para cada parte do concentrado A recorrente insiste em afirmar1 que a atividade de classificação fiscal de mercadorias possui caráter eminentemente técnico do que decorre a imprescindibilidade da análise de laudo técnico elaborado pelo INT. A AMBEV entende que a classificação se dá pela simples aplicação da RGI 1 do SH, em precedência às demais, porque o texto do Ex 01 do código 2106.90.10 compõese da expressão "preparação composta" para a fabricação de bebidas não alcoólicas, não se atendo ao que dispõe os textos das demais regras no tocante às definições e termos utilizados no SH. Há incorreções no entendimento da recorrente. A RGI 1 não deixou de ser aplicada. Partiuse de uma premissa equivocada de que a natureza do conjunto de kits de insumos é uma "preparação composta", fato refutado pela autoridade fiscal com será abordado neste tópico. A correta classificação fiscal de qualquer mercadoria só pode ser alcançada depois de haver sido prévia e devidamente identificada a respectiva posição de enquadramento. A aplicação das regras de classificação não se dá ao acaso permitindose escolher qual dos códigos melhor se identifica com a descrição do bem; ao contrário, a metodologia é lógica e possui regramento jurídico, que impõe a utilização sequencial observandose os requisitos de aplicação e de exceção (exclusão) de cada uma delas antes que se prossiga na verificação do código correto. É de disposição legal que a classificação fiscal seja de caráter jurídico, isto porque sujeita à aplicação de regras de classificação e interpretação fiscal cuja competência é da Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos do disposto nos arts. 48 a 50 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, nos arts. 46 a 53 do Decreto nº 70.235, de 6/03/1972, no art. 1º do Decreto nº 97.409, de 22/12/1988, no art. 2º do Decreto nº 766, de 3/03/1993, nos arts. 88 a 102 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, e nos arts. 2º a 4º do Decreto nº 7.660, de 23/12/2011. Nesse sentido, pareceres ou laudo técnico não podem apontar ou confirmar qualquer código tarifário correspondente a mercadoria a qual procedeu à análise de suas características ou composição, ainda que de forma indireta ao responder quesitos formulados pelo contribuinte que nitidamente pretende resposta afirmativas à pretensão de determinada 1 "De plano, cumpre ressaltar que, diferentemente do quanto afirmado pela r. decisão recorrida, a operação de enquadramento de determinado produto em código de classificação fiscal tem caráter essencialmente técnico." (fl. 3.046 do Recurso Voluntário) Fl. 3110DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.111 14 classificação que entende correta. O § 1º do art. 30 do Decreto nº 70.235/72 é categórico ao delimitar as conclusões exaradas nesses trabalhos técnicos: Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. § 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos. A mercadoria submetida à classificação fiscal imprescinde de sua perfeita identificação e caracterização, tarefa que pode (não necessariamente deve) ser realizada por meio de informações técnicas colhidas de catálogos, manuais, informativos e laudos, quando as disponíveis à autoridade fiscal ou julgadora revelaremse insuficientes à dita identificação. Constam dos autos elementos suficientes (termos de intimação, respostas a esses, realizações de diligências em estabelecimentos industriais, Pareceres técnicos) nos quais a autoridade fiscal obteve descrições, composições e demais características técnicas que lhe permitiram a perfeita identificação dos kits. Devese observar que a classificação pretendida pela recorrente não requer qualquer conhecimento das características ou constituição físicoquímicas dos seus produtos/componentes, apenas estabelece que no Ex 01 do código 2016.90.10 classificamse " “Ex 01 Preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida da posição 22.02, com capacidade de diluição superior a 10 partes da bebida para cada parte do concentrado. A mercadoria uma vez identificada é classificada segunda a aplicação de regras jurídicas de classificação e interpretação estipuladas no Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias. A correta classificação dos kits exige, por conseguinte, o conhecimento do que venha a ser expressões como "preparações", "preparações compostas", "concentrados", extratos", "extratos concentrados" e "sabores concentrados", em seus caráter técnico e comercial, mas sobretudo, pelas suas definições extraídas no próprio SH, por meio dos textos de suas Notas de Capítulos, Seções e Explicativas. No presente caso dúvidas não há acerca da identificação da mercadoria, eis que inconteste que se tratam de produtos industrializados compostos por ingredientes acondicionados individualmente e destinados à fabricação de bebidas não alcoólicas. A divergência entre Fisco e contribuinte cingese não à questão de fato, mas de direito, acerca da interpretação de regras jurídicas que atribuem a natureza de preparações para fabricação de bebidas kits, no entendimento da Fiscalização , ou de concentrado, conforme a AMBEV. O Laudo técnico do INT, juntado no curso do procedimento fiscal, não foi rechaçado pelas autoridades fiscal ou julgadora, ao contrário confirma as constatações do Fisco quanto à existência de kits de insumos individualizados e constituídos por ingredientes. No entanto, o equívoco do Parecer INT, assinado somente por engenheira mecânica, é confirmar a classificação fiscal apontada pela AMBEV na formulação dos Fl. 3111DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.112 15 quesitos, contrariando sua própria ressalva que fizera ao final do laudo de que " a competência do enquadramento do produto é da Coordenação Geral do Sistema de Tributação ou das Superintendências Regionais da Receita Federal, do Ministério da Fazenda”. Percebese ainda que, erroneamente, o Laudo responde aos quesitos formulados com a transcrição de textos da NESH, sem que traga conceitos que infirmem as conclusões fiscais, mormente, a fundada no item XI da Nota Explicativa da RGI 3b. Encaminho meu voto no sentido de assentir com as conclusões da autoridade fiscal exarada ao longo da análise no tópico da classificação fiscal e passo, de forma resumida, a demonstrar os fundamentos daquela autoridade ao constatar que os kits de insumos para fabricação de bebidas pela AMBEV não se tratam de concentrados na acepção das Regras Gerais de Interpretação e Notas Explicativas do Sistema Harmonizado. Fundamento 1: Os produtos que compõem o kit não são preparações compostas. A explicação do que vem a ser o termo "preparações" na NCM/TIPI e NESH foi apresentada pela fiscalização a partir das Notas do Sistema Harmonizado, do que resulta que sempre se refere a uma mistura, que no caso "composta" tratase de matérias de Capítulos distintos da NCM/TIPI. Dessa forma, o texto do Ex 01 e Ex 02 do código 2106.90.10, ao ser referirem a “preparações compostas”, estão tratando de bens constituídos por uma mistura de diversas substâncias, que se apresentam em corpo único. Ocorre que os componente dos ‘KITS”, isoladamente considerados, não podem ser identificado como um extrato ou sabor concentrado, não perfazendo, portanto, o conceito de mercadoria única, como indevidamente aduz a recorrente. Ademais, o concentrado é o resultado final de uma das etapas de industrialização no estabelecimento da AMBEV no qual se adicionam várias outras matérias primas além dos kits de insumos. Fundamento 2: Os ingredientes que compõem o kit são adicionados separadamente e não perfazem um concentrado para a fabricação de bebidas. Os "kit de insumos" se apresentam como conjuntos de ingredientes embalados individualmente, portanto não misturados, sem identidade una, tampouco prontos para uso na fabricação de bebidas como se concentrado fosse. Existem partes sólidas dos kits que se constituem produtos individuais e podem ser adquiridos de outros fornecedores, o que comprova não se tratarem de "preparações compostas". São eles: Benzoato de Sódio, Sorbato de Potássio e Ácido Cítrico. Fundamento 3: A forma de apresentação dos kits exige a observação do inciso XI, da Regra "3b)" das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado e impede considerá los mercadoria única. A RGI 1 impõe que a classificação de mercadorias é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção ou de Capítulo. A RGI 6, que é de aplicação subsidiária às demais regras, determina a classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição pelos textos dessas subposições. Fl. 3112DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.113 16 Uma vez determinado que os kits de insumos não se compõem de "preparações", mas de vários ingredientes individualizados, a autoridade fiscal apenas afastou a classificação dos kits de insumo no Ex 01 do código 2106.90.10, mas de forma alguma desprezou a aplicação da RGI 1 como entendeu a recorrente. O procedimento de classificação realizado pelo Fisco prosseguiu à análise e fundamentou o afastamento das Regras 2 pois os kits não se tratam de produtos misturados, incompletos ou inacabados, tampouco desmontado ou por montar. Quanto à Regra 3, concluiu que a Regra "2b" não deixou qualquer possibilidade de sua aplicação em razão de, como mencionado, os kits não se constituem produtos misturados ou artigos compostos. Ainda em relação à Regra 3, a fiscalização informa o correto entendimento da Nota Explicativa XI da Regra 3b efetuado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, que afasta qualquer dúvida quanto à classificação dos componentes utilizados para a fabricação de bebidas. Para elucidar, trago à colação excertos que constam no TVF: Face à forma de apresentação dos KITS, fazse importante observar o disposto na 3ª RGI/SH do Sistema Harmonizado, a qual trata de hipótese em que obras constituídas pela reunião de artigos diferentes e mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho devem ser classificadas como uma mercadoria única [...] XI) A presente Regra não se aplica às mercadorias constituídas por diferentes componentes acondicionados separadamente e apresentados em conjunto (mesmo em embalagem comum), em proporções fixas, para a fabricação industrial de bebidas, por exemplo. (grifamos) A exegese sobre o tema decorrente da inclusão na NESH do citado item XI da Nota Explicativa da RGI “3 b)”, por deliberação da lavra do e. Conselho de Cooperação Aduaneira, deixou patente o alijamento de qualquer possibilidade tendente a tratar [...] Com o propósito de fulminar qualquer dúvida remanescente quanto ao correto entendimento aqui adotado diante da Nota Explicativa XI à Regra 3.b), recorrese à análise levada a efeito pelo Conselho de Cooperação Aduaneira por ocasião da edição da precitada nota explicativa, uma vez suscitada, ainda em 1985, a questão posta aqui. A análise do Conselho de Cooperação Aduaneira acima referida, juntamente com sua tradução juramentada, foi apresentada à auditada por ocasião do Termo de Constatação e Intimação nº 02. Ela evidencia, sem qualquer margem à dúvida, que os componentes individuais destinados à fabricação industrial de bebidas devem ser classificados separadamente nos códigos apropriados a cada um deles, e não como uma mercadoria única. Tratase, simplesmente, da razão de ser da Fl. 3113DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.114 17 Nota Explicativa XI à Regra “3.b)”, em nítida colisão com a tese que a fiscalizada pretende fazer prosperar. Não há, pois, como enquadrar os insumos em análise nessa Regra “3.b)”, pois não são “produtos misturados”, nem “obras”, tampouco estão “acondicionados para venda a retalho”. Logo, a possibilidade de classificação desses KITS, ou de conjunto de partes não misturadas, como uma mercadoria única está em desalinho com a aludida Regra, que, insistimos, não se aplica aos insumos adquiridos de AROSUCO e PEPSI. [...] Posto isso, evidentemente, os KITS fornecidos por AROSUCO e PEPSI à contribuinte não se enquadram como artigo apresentado desmontado ou por montar. Afastadas, também, as hipóteses de enquadramento suscitadas pela Regra “2.a)” e “3b)”, concluise que a classificação fiscal da mercadoria “KITS de Concentrados” deverá ser efetuada para cada um dos componentes do “KIT” individualmente, conforme a composição de cada um deles. Portanto, concluise que os componentes dos kits de insumos para fabricação de refrigerantes que contenha extrato e outros ingredientes, acondicionado em embalagem individual, não podem ser enquadrados em Ex do código 2106.90.10, mas tãosó em códigos tarifários conforme sua composição, pela estrita aplicação da RGI 1 com o subsídio da RGI 6. Fundamento 4: O processo de fabricação do refrigerante no estabelecimento da engarrafadora distingue a etapa na qual é produzido o concentrado classificado no Ex 01 do código 2106.90.10. A descrição do processo industrial no estabelecimento da recorrente revela a etapa exata em que se obtém o concentrado de refrigerante, que pode ser assim sintetizada: A mistura da água tratada com o açúcar é realizada dentro do estabelecimento do engarrafador com a obtenção do xarope simples; O xarope simples é enviado a outro equipamento no qual se mistura com os ingredientes que compõe o kit adquirido da Arosuco/Pepsi, obtendose o xarope composto, caracterizado como um concentrado; O xarope composto é destinado à linha de enchimento onde se realiza a diluição com água carbonatada e envazado para distribuição e consumo o refrigerante pronto. Com essa descrição demonstrase que o extrato concentrado é um produto industrializado obtido no estabelecimento do engarrafador após os processos de transformação e adição dos ingredientes dos kits adquiridos da Arosuco/Pepsi. A possibilidade de diluição no próprio estabelecimento da recorrente evidencia que se trata de um concentrado com capacidade de diluição em que se preserva as características do refrigerante fabricado, conforme definição legal. Fl. 3114DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.115 18 Dessa forma, o concentrado que se classifica no EX 01 ou 02 do código TIPI 2106.90.10, obtido após etapas de industrialização no estabelecimento da AMBEV (engarrafadora), não corresponde aos componentes dos kits produzidos pela Arosuco/Pepsi, pois esses (kits) apenas são uma das matériasprimas no processo de obtenção do concentrado. Ressaltase que essa distinção entre componentes dos kits da Arosuco/Pepsi e o concentrado da engarrafadora se dá a nível de apresentação física, composição química, identificação nos termos da legislação do MAPA e, consequentemente, resulta em distintas classificações tarifárias na TIPI. É irrazoável e ilógica a pretensão da recorrente de que a classificação do kit produzido pela Arosuco/Pepsi deva ser a do concentrado obtido no processo industrial da AMBEV pois a ele se destina como um dos insumos. Tal fundamento não encontra guarida nas regras de interpretação do SH e NESH. Fundamento 5: Vinculação da administração tributária às normas internacionais que tratam de classificação fiscal e interpretação do SH A autoridade fiscal demonstrou a sistemática de interpretação das regras de classificação no âmbito da Organização Mundial das Aduanas OMA, e a sua internalização no ordenamento jurídico pátrio, por meio dos veículos legislativos próprios. Dessa forma, não há que se falar em desconsiderar as deliberações do Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA) utilizadas como fundamento para a edição da Nota Explicativa XI da Regra 3b como alegado pela recorrente (fl. 3.054) que se tratava apenas um trabalho preparatório anterior à redação da referida Nota. não conferindo qualquer efeito vinculante. Enganase a recorrente. O regramento do RIPI/2010, em matéria de classificação fiscal e interpretação do conteúdo dos textos e notas de capítulos, posições e subposições determina em caráter vinculante ou como elemento subsidiário de caráter fundamental a observância das RGIs, RGC, Notas Complementares e NESH: Art. 16. Farseá a classificação de conformidade com as Regras Gerais para Interpretação RGI, Regras Gerais Complementares RGC e Notas Complementares NC, todas da Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM, integrantes do seu texto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 10). Art. 17. As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias NESH, do Conselho de Cooperação Aduaneira na versão lusobrasileira, efetuada pelo Grupo Binacional Brasil/Portugal, e suas alterações aprovadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, constituem elementos subsidiários de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das Posições e Subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, Posições e de Subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado (Lei nº 4.502, de 1964, art.10). Como subsídio adicional trago excerto do voto do Conselheiro Waldir Navarro Bezerra no Acórdão nº 3402004.988, de 21/03/2018 e julgamento de Recurso da AMBEV: Fl. 3115DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.116 19 15. Análise do item XI da Nota Explicativa da RGI 3 b), do SH Considerase que o fato de existir na NESH um item específico que regula os produtos aqui em discussão é suficiente, por si só, para demonstrar o erro no entendimento adotado pela AMBEV. Normalmente, diferentes matérias ou artigos, quando embalados individualmente, devem ser classificados separadamente, ainda que integrantes de uma mesma remessa. Nos termos do art. 16 do Decreto nº 7.212, de 2010, atualmente em vigência, a classificação de mercadorias no âmbito da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é realizada com o emprego das seis Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI/SH), como também das duas Regras Gerais Complementares (RGC) e das Notas Complementares (NC). A regra 1ª RGI dispõe que: "Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas..." Vejase o que dispõem as Regras Gerais Complementares: 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, mutatis mutandis, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. 2. (RGC2) As embalagens que contenham mercadorias e que sejam claramente suscetíveis de utilização repetida, mencionadas na Regra 5 b), seguirão seu próprio regime de classificação sempre que estejam submetidas aos regimes aduaneiros especiais de admissão temporária ou de exportação temporária. Caso contrário, seguirão o regime de classificação das mercadorias. Assim, o ponto de partida para classificar um produto são os textos das posições e das notas de Seção e Capítulo da TIPI. Portanto, dúvida não há que as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), versão lusobrasileira, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 27 de janeiro de 1992 e alterações posteriores, constituem elemento subsidiário de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições do SH. Neste sentido, deve se observar, em especial, o item XI da Nota Explicativa da RGI 3 b), transcrito a seguir, que exclui os bens destinados à fabricação de bebidas do campo de aplicação da RGI 3 b) do Sistema Harmonizado: Fl. 3116DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.117 20 XI) A presente Regra não se aplica às mercadorias constituídas por diferentes componentes acondicionados separadamente e apresentados em conjunto (mesmo em embalagem comum), em proporções fixas, para a fabricação industrial de bebidas, por exemplo. O dispositivo acima mencionado foi incluído na NESH após análise efetuada pelo Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA) nos anos de 1985 e 1986, em resposta a consultas recebidas de países membros da organização internacional sobre a classificação de produtos com as mesmas características dos "kits para fabricação de bebidas" produzidos no Brasil. O CCA (órgão que 1994 passou a ser chamado de Organização Mundial das Aduanas – OMA) decidiu incorporar a sua decisão sobre o assunto na NESH, por meio da criação do item XI da Nota Explicativa da Regra Interpretativa 3 (b). Transcrevo a seguir trecho: Em suas sessões de outubro de 1985 (na 55ª. Sessão do Comitê de Nomenclatura e 55ª. Sessão do Comitê do Sistema Harmonizado Interino), os Comitês examinaram a classificação das bases de bebidas constituídas por diferentes componentes importados conjuntamente em proporções fixas em uma remessa. Os Comitês concordaram com que os componentes individuais deveriam ser classificados separadamente. Os Comitês também concordaram em incorporar o conteúdo da decisão na Nota Explicativa da Regra Interpretativa 3 (b), como um exemplo da não aplicação desta Regra (...) (i) Regra Interpretativa Geral 3 (b) . Novo Item (XI). Após Item ( X ), insira o seguinte novo Item ( XI) : “ (XI) A presente Regra não se aplica a produtos constituídos por diferentes componentes acondicionados separadamente e apresentados em conjunto, mesmo estando em embalagem comum, em proporções fixas, para a fabricação industrial de bebidas, por exemplo“, (Grifei) Da leitura do material, vemos que o item XI da Nota Explicativa da RGI 3 b) teve por origem consultas sobre a classificação fiscal de bens com características idênticas a dos insumos adquiridos pela Recorrente, inclusive bases para elaboração de FANTA (marca produzida pelas empresas do grupo internacional CocaCola) e de um refrigerante sabor Cola. Depois de uma demorada análise, o CCA decidiu que os componentes individuais de bases para fabricação de bebidas deveriam ser classificados separadamente. O texto da análise do CCA, equivale a uma detalhada exposição de motivos para o item XI da Nota Explicativa da RGI 3 b), Fl. 3117DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.118 21 deixando claro que a criação dessa Nota teve por objetivo determinar que os componentes dos kits para fabricação de bebidas devem ser classificados separadamente nos códigos apropriados para cada um deles. O Sistema Harmonizado é cogente e foi internalizado no Brasil por meio do Decreto nº 97.409, de 22/12/1988, cujo art. 1° expressa: “Art. 1° A Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. ” O artigo 98 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 (CTN Código Tributário Nacional) dispõe que: Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. O CCA decidiu incorporar a sua decisão sobre o assunto na NESH. Como a legislação brasileira não deixa dúvidas de que devem ser cumpridas as normas internacionais sobre o Sistema Harmonizado, a Nota XI da RGI 3 b) é suficiente, por si só, para afastar a possibilidade de enquadramento dos componentes dos "kits" em um código de classificação único. Fundamento 6: Os produtos que compõem o kit não são extratos ou sabores concentrados e quando diluídos em água não resultam na bebida. Para efeito da legislação do MAPA que trata de bebidas, o produto concentrado ou o preparado líquido, quando diluído, deverá apresentar as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para a bebida/refrigerante. São as prescrições dos arts. 13 e 30 da Lei nº 8.918/1994, verbis: Art. 13. A bebida deverá conter, obrigatoriamente, a matéria prima vegetal, animal ou mineral, responsável por sua característica sensorial, excetuando o xarope e o preparado sólido para refresco. [...] § 4º O produto concentrado, quando diluído, deverá apresentar as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal. [...] Art. 30. O preparado líquido ou concentrado líquido para refrigerante, quando diluído, deverá apresentar as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para o respectivo refrigerante. Está correta a conclusão da fiscalização de que o concentrado deve conter todos os extratos e aditivos da bebida, o que permite que, quando diluído, apresente os mesmos padrões de identidade e qualidade do produto final. Isto porque a composição do kit que Fl. 3118DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.119 22 contenha o extrato e outros ingredientes, se diluído individualmente, não apresentaria as mesmas características sensoriais e físicoquímicas do refrigerante que porventura viesse a ser elaborado a partir dele. O aroma, o sabor e a coloração (elementos das características sensoriais), bem como as características físicoquímicas não seriam iguais. Se assim não fosse, seriam desnecessárias as outras partes que compõem cada kit. O Decreto nº 6.871/2009 define tipos de concentrados e determina que, quando o insumo for diluído, deverá resultar em bebida que apresente as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal. Assim, não se pode atribuir capacidade de diluição a nenhum componente dos KITS para fabricação de bebidas. Se o conteúdo de qualquer embalagem individual fosse diluído, não apresentaria as mesmas características sensoriais e físicoquímicas da bebida que se pretende comercializar. Arremata a autoridade fiscal em sua conclusão: Logo, tratandose das preparações compostas para elaboração de bebidas da posição 22.02, não há dúvida de que o concentrado diluído deve apresentar as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal, tanto que uma diferença fundamental entre o “EX 01” e o “EX 02” é a "capacidade de diluição", que no primeiro é superior a "10 partes da bebida", enquanto, no segundo, é igual ou menor do que "10 partes da bebida". Afinal, se a preparação diluída não resultar na bebida final, não há como se definir sua capacidade de diluição em "partes da bebida por cada parte do concentrado". Em conclusão, a impossibilidade de os KITS se enquadrarem no "EX 01" do código 2106.90.10 da TIPI decorre do fato de que no momento da ocorrência do fato gerador os componentes não estão misturados; mas, sim, acondicionados em embalagens individuais. Conclusões deste Relator quanto à (re)classificação fiscal dos kits de insumos para a fabricação de bebidas pela AMBEV: Em arremate aos fundamentos apontados para infirmar a classificação defendida pela recorrente, o entendimento deste voto é que a classificação fiscal adotada pelo fornecedor dos kits de insumos é incorreta, não só pelo fato desses "concentrados" serem constituídos por vários componentes embalados individualmente e vendidos em conjunto, mas também pelo fato de que o "concentrado" só passa a existir depois que os componentes dos kits são processados no estabelecimento industrial do adquirente. Aplicando a nota explicativa XI da RGI 3B, está correta a fiscalização no sentido de que essa RGI expressamente no caso de fabricação de bebidas dispõe que "não se aplica às mercadorias constituídas por diferentes componentes acondicionados separadamente e apresentados em conjunto (mesmo em embalagem comum), em proporções fixas, para a fabricação industrial de bebidas, por exemplo." Fl. 3119DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.120 23 Depreendese que a classificação fiscal não pode ser efetuada de acordo com as características que o produto só passará a apresentar em etapas futuras da cadeia produtiva, realizadas em outro estabelecimento industrial. Portanto, cada componente (que a recorrente denomina "kit concentrado") do kit de insumo deve ser enquadrado em um código de classificação, segundo a RGI 1 aplicada subsidiariamente com a RGI 6, antes da realização da operação de industrialização pelo engarrafador, passando a integrar produto classificado em outro código após a realização da operação de industrialização. E quanto à classificação individual dos conjuntos que compõem os diversos kits a recorrente não manifestou qualquer contestação à reclassificação laborada pelo Fisco. Da convalidação dos créditos em função da boafé da Recorrente (vencedor) A recorrente alega que fora responsabilizada por erro de classificação efetuado pelo fornecedor e remetente das mercadorias. Em matéria tributária, a responsabilização pelo pagamento de tributos e acréscimos somente se efetiva quando o sujeito passivo é apontado no lançamento devedor. No caso dos autos, a AMBEV não foi autuada para ser responsabilizada e penalizada por erro de classificação fiscal de outrem, mas, isto sim, porque, inexistindo o destaque do IPI nas respectivas notas fiscais de aquisição, a contribuinte calculou créditos e os registrou na escrita fiscal, mediante utilização de alíquota do Imposto em desacordo com os fatos apurados e com a legislação aplicável, o que levou à glosa de créditos, reconstituição da escrita fiscal e exigência dos saldos devedores do IPI decorrentes dessa glosa. No tocante ao erro de classificação fiscal dos kits de insumos cometido pelos vendedoresemitentes nas vendas de produtos industrializados cuja alíquotas, também incorretas, concederia um pretenso crédito de IPI ao adquirente, não prospera os argumentos de que esse "direito" seria intocável por ser adquirente de boafé. Isto porque, a inobservância de regramento legal não comporta a transmissão de direito creditório por se tratar de procedimento contrário ao legalmente prescrito. Melhor explicando, as pessoas jurídicas que ao arrepio da lei emitiram notas fiscais cuja classificação aponta incorretamente para uma alíquota positiva do IPI não tem o condão de atribuir ao adquirente o crédito desse Imposto se nos termos das regras de classificação fiscal o código tarifário é outro, com alíquota zero. Outrossim, é dever da fiscalização verificar a regularidade das notas fiscais emitidas sob todos os aspectos e proceder à regularização nos termos dos comandos legais ainda que alcance e desfavoreça terceiros, pois não surge direito que seja expressamente vedado em Lei, a saber, o crédito do IPI nas aquisições cujas alíquotas são zero. Fl. 3120DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.121 24 O direito ao crédito de IPI referente à aquisições de filmes, rolha e tampas plásticas (vencedor) No presente tópico a recorrente limita seus argumentos de defesa exclusivamente para sustentar três aspectos da autuação no tocante à glosa dos créditos de materiais de embalagens utilizados no processo produtivo das bebidas. Primeiro aduz que o art. 6º do DL nº 1.435/75 (art. 95, III do RIPI/2010) não traz como requisito que a matériaprima de origem regional empregada nos produtos isentos seja "indispensável" para sua produção. Argumenta que a exigência do cumprimento do requisito de produto fabricado com matériaprima regional não se insere no intuito extrafiscal que pautou a criação do benefício fiscal. A autoridade fiscal afirma que a norma isentiva do art. 6º do DL nº 1.435/75 exige na fabricação de produto com o inequívoco consumo de matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais da específica região amazônica, e tal a recorrente não colacionou qualquer prova. Ao contrário do que alega a AMBEV, não há qualquer dificuldade em conhecer qual o requisito para a fruição da isenção deixou de ser comprovado: simplesmente, é a fabricação de produto por estabelecimento localizado na Amazônia Ocidental que se utilizou de matériaprima agrícola ou extrativa vegetal regional (da Amazônia Ocidental, que compreende a ZFM!). Repisase, a recorrente não comprovou que a fabricação de produto na Amazônia Ocidental tenha se dado com utilização de matériaprima agrícola extrativa vegetal e não um produto intermediário resultado da utilização desse insumo. Ademais o aspecto de composição mínima ou essencialidade não foi suscitado pela autoridade fiscal e, ainda que este Relator considere sua pertinência, tornase secundário face à falta de comprovação em comento. No ponto, cabe as observações da Conselheira Relatora Semíramis de Oliveira Duro no Acórdão nº 3301005.324, de 23/10/2018, no julgamento de Recurso também da AMBEV no qual concluiu que "para fins de gozo ao crédito em tela, os insumos (originados da Amazônia Ocidental) necessitam ser elaborados com matériasprimas de origem vegetal, quer obtidas pelo cultivo (agricultura), quer pela via extrativa (retirados da natureza, da flora nativa), de tal sorte que, nos termos da norma legal isentiva, não há espaço para o gozo decorrente da aquisição de produto intermediário industrializado onde, na sua elaboração, não foram empregadas "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional", como ocorreu no caso presente." Segundo, refuta as assertivas da fiscalização e a decisão recorrida de que não fez provas da utilização, como materiais de embalagens, em seu processo de fabricação de bebidas de produtos fabricados com matériasprimas regionais da Amazônia Ocidental para fruição do benefício da isenção. A contribuinte pretende inverter o ônus da prova e levar a discussão para o tema da comprovação da essencialidade da matériaprima na fabricação do produto isento regional. Vejase o excerto de seu recurso: Fl. 3121DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.122 25 [...] é mister destacar que ainda que se admitisse que a interpretação adotada pela d. Fiscalização e repisada pela r. decisão recorrida não confronta com os dispositivos em questão, fato é que não houve qualquer tipo de comprovação técnica pelo lançamento no sentido de que as matériasprimas regionais empregadas na elaboração não seriam essenciais ao processo produtivo. E nem poderia, haja vista que ao contrário do quanto consignado pela r. decisão recorrida as matériasprimas utilizadas pela Valfilm, Ravibrás, América Tampas, Crown e Videolar são sim essenciais à elaboração das rolhas, tampas e filmes plásticos adquiridos pela Recorrente. É o que se passa a demonstrar. Pareceme que a contribuinte não assimilou que era seu dever prover os autos com provas que ateste a utilização de matériaprima agrícola ou extrativa vegetal na fabricação no âmbito da Amazônia Ocidental de filmes, tampas, rolhas e outros materiais de embalagem na condição de insumos do processo fabril de bebidas. A leitura interpretativa da recorrente é equivocada pois fundada no entendimento de que a norma do art. 6, § 1º exige apenas que os fornecedores sejam situados na ZFM e inexiste qualquer exigência acerca da essencialidade da matériaprima regional na composição do produto fabricado no âmbito daquela regional o qual a lei confere o benefício da isenção. Mais uma vez, a essencialidade não foi fundamento da autuação e tampouco do acórdão da DRJ. Contudo, meu entendimento pessoal é que o requisito de utilização de matériaprima agrícola ou extrativa vegetal traz consigo a essencialidade de utilização de insumo dessa natureza para que o benefício atenda aos seus fundamentos de promoção do desenvolvimento regional da Amazônia Ocidental, tal como se refere a Exposição de Motivos do DL nº 1.435/75. A recorrente traz precedente que entende amparar seu pleito na matéria da essencialidade na composição do produto industrializado isento. Tratase do Acórdão nº 3402 004.284, sessão de 28/06/2017, cujo excerto da ementa, no que interessa, está assim redigida: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 30/04/2011 a 31/12/2012 CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. INSUMOS ORIGINÁRIOS DA ZFM. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS. A manutenção do credito de que trata o art. 6o, § Io, do Decreto Lei n° 1.435/75 é aplicável desde que: a) o produto tenha sido elaborado com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional; b) o produto tenha sido adquirido de estabelecimento industrial localizado na Amazônia Ocidental e cujo projeto (PPB) tenha sido aprovado pelo Conselho de administração da SUFRAMA; e c) o produto seja empregado pelo industrial adquirente como matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao IPI. INEXISTENTE QUALQUER EXIGÊNCIA NORMATIVA QUANTO A QUANTIDADE DE CADA INSUMO NA COMPOSIÇÃO DO PRODUTO FABRICADO, como pretendido pela fiscalização. Recurso de Ofício Neoado." (CARF, Processo n° 11065.722445/201509, Fl. 3122DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.123 26 Acórdão n° 3402004.284, 4a Câmara/2a Turma Ordinária, d. j. 28/06/2017) (g.n) O precedente acima possui matéria fática não enfrentada nestes autos. Lá se discutiu a utilização do óleo de dendê, comprovadamente utilizado como matériaprima, com participação de apenas 2%, na composição do processo produtivo dos filmes stretch. No caso do presente processo, a autoridade fiscal suscitou apenas a utilização de resina termoplástica como matériaprima na fabricação dos filmes que, indiscutivelmente, não se trata de um produto agrícola ou extrativo vegetal de produção regional da Amazônia Ocidental Terceiro, destaca que o direito ao crédito subsiste em virtude do princípio da nãocumulatividade do IPI e da lógica econômica da concessão de incentivos fiscais através da Zona Franca de Manaus. Não cabe maiores delongas ou reflexões no argumento. Ainda que todas os produtos industrializados referidos na discussão tenham alíquotas positivas, todas as notas de saída, sem exceção, não tinham destaque do Imposto, conforme observado no TVF (fl. 37). 15) No caso das rolhas e tampas plásticas adquiridas de Ravibrás Embalagens da Amazônia Ltda, Crown Embalagens Metálicas da Amazônia S.A. e Rexam Amazônia Ltda, justificar a utilização de créditos presumidos de IPI (não há destaque de IPI nas notas fiscais de aquisição), visto que nelas não se visualiza emprego de matériaprima agrícola ou extrativa vegetal. 16) Justificar a utilização dos créditos presumidos de IPI (não há destaque de IPI nas notas fiscais de aquisição) referentes aos filmes adquiridos da empresa Valfilm Amazônia Indústria e Comércio Ltda, vez que consistem em resina termoplástica não biodegradável. O princípio da nãocumulatividade do IPI apenas se efetiva com a concessão do crédito na entrada de produto industrializado no estabelecimento de contribuinte do Imposto e corresponde aos valores destacados no respectivo documento fiscal, quando hábeis e idôneos. Se inexistir IPI destacado crédito não haverá. O direito constitucional ao crédito e IPI referente aos insumos desonerados adquiridos da ZFM (vencido) Argui a recorrente que os créditos de IPI glosados devem ser mantidos em decorrência do princípio constitucional da não cumultatividade do IPI. Afirma que a decisão recorrida selecionou precedente do STF que melhor se amolda à situação fática para a glosa dos créditos do IPI, sem considerar a violação do princípio constitucional e a lógica econômica da concessão de incentivos à ZFM. Fl. 3123DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.124 27 Assevera a irrelevância da isenção de insumo originário da ZFM ou tributado à alíquota zero, pois permanece o direito constitucional de não ser onerado duplamente pelo IPI no ciclo de produção. Aduz ainda que o crédito de IPI nas operações isentas provenientes da ZFM possui fundamento diverso, qual seja, o do benefício regional que deve ser interpretado com a sua finalidade. Suscita como decisão definitiva e vigente o precedente do STF no RE nº 212.484, enquanto não houver decisão final e definitiva no RE de repercussão geral nº 592.891/SP2, e refuta a aplicação no caso dos REs nºs. 590.809 e 566.819, vez analisaram a possibilidade de crédito de IPI decorrente de aquisição de produtos isentos e produtos desonerados em caráter geral, sem adentrar em situações em que a isenção é concedida com vistas a atender propósitos específicos como no caso da Zona Franca de Manaus. Vêse clara a intenção da contribuinte em ver afastada toda a legislação infraconstitucional que limita o direito ao aproveitamento do crédito do IPI nas aquisições às operações anteriores tributadas, com supedâneo no art. 153, III, § 2º da CF/1988 ou na superveniência de decisão definitiva em sede de repercussão geral. Assim sendo, no caso dos produtos isentos adquiridos da ZFM não há previsão legal para o aproveitamento do crédito, e portanto, segue a regra geral de não cumulatividade na qual o direito ao crédito decorre de aquisição de produto que teve tributação do IPI. Desse modo, a regra constitucional da não cumulatividade prevalece na legislação do IPI e se aplica às aquisições isentas ainda que da ZFM, sendo inafastável pelos julgadores deste Conselho, a teor da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Outrossim, a Súmula CARF nº 18 prescreve " "A aquisição de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem tributados à alíquota zero não gera crédito de IPI.” A regularidade do creditamento de IPI, inclusive extemporâneo, decorrente da aquisição de materiais intermediários de produção (vencedor) Revelase o inconformismo da recorrente ao afirmar que a decisão da instância a quo não procedeu à análise dos laudos técnicos da AFAG para assentar que os "materiais intermediários" não são consumidos / desgastados no processo produtivo e, portanto, não geram o direito ao crédito do IPI. 2 Recurso Voluntário fl. 3.068: A esse respeito, conforme esclarecido em sede preliminar, destacase que ao contrário do quanto consignado pela r. decisão recorrida, enquanto não for proferida decisão final e definitiva pelo C. STF no RE n° 592.891/SP, recurso em repercussão geral sobre a matéria, o RE n° 212.484 permanece sendo a decisão definitiva e inequívoca do C. STF quanto ao direito ao crédito do IPI decorrente de aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus. Fl. 3124DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.125 28 Enganase a recorrente vez que no voto daquela decisão foi tomando em consideração o indigitado laudo. O Relator manifestouse no sentido de que os produtos relacionados nos Laudos referemse "a materiais de uso e consumo, peças de reposição e partes e peças de máquinas. Esses produtos não se desgastam por ação direta no produto em industrialização e, muito menos, incorporamse a ele. Por isso é que a Administração Tributária tem posição firme no sentido de que sua aquisição não possibilita o direito ao crédito de IPI." Duas questões exsurgem nesta matéria de litígio. A primeira, quais os requisitos para que determinado bem seja considerado produtos intermediário, isto é, exigese o consumo/desgaste imediato/direto com o bem em elaboração no processo produtivo ou basta o simples consumo/desgaste, sem a necessidade do contato físico? A segunda, os ditos "produtos intermediários" dos autos amoldamse ao conceito estabelecido na legislação ou são, como concluiu o Fisco/DRJ, materiais de uso e consumo, peças de reposição e partes e peças de máquinas que não se caracterizam insumos da produção? A definição do que venha a ser produto intermediário para fins de considerá lo insumo do processo produtivo no âmbito da legislação do IPI é extraída do Regulamento do IPI, que no caso do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI/2010) encontrase no art. 610: Art. 610. Consideramse bens de produção: II os produtos intermediários, inclusive os que, embora não integrando o produto final, sejam consumidos ou utilizados no processo industrial: E o requisito para gerar crédito do IPI encontrase no art. 226: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse: I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente:" Da leitura dos dispositivos, são produtos intermediários que geram direito ao crédito do IPI os bens que sejam consumidos ou utilizados no processo industrial mesmo que não integrem o produto final, e desde que não sejam bens do ativo permanente. Depreendese a necessidade do bem interagir com/no processo de fabricação do produto final do que decorre a exigência do contato físico. Tal entendimento coadunase com a decisão no Recurso Especial nº 1.075.508 submetido à sistemática de recurso repetitivo, portanto, de aplicação obrigatório nos julgamentos deste Conselho, por força do art. 62A do RICARF/2015: EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE Fl. 3125DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.126 29 BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose ‘aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos ‘que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final’, razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Excerto do voto: (...). No caso, a Recorrente não discorda que os produtos adquiridos para manutenção e reparação não tenham tido contato físico direto, nem sofreram ou exerceram diretamente ação no produto industrializado. No entanto, o desgaste geral das peças e equipamentos, decorrentes de sua utilização normal, e não por ação direta no produto em fabricação, não dá o direito ao creditamento do IPI, conforme se depreende as normas acima transcritas. De outra parte, a glosa não se deu em face de tais Fl. 3126DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.127 30 bens integrarem o ativo permanente, sendo desnecessária tal comprovação pelo Fisco, como sustentado pela recorrente. (grifos constantes no original, sublinha nossa)". A recorrente colaciona o Acórdão nº 3302002.451, sessão de 24/02/2015, para sustentar sua tese da dispensa do contato físico do produto intermediário com o bem em produção, conquanto houvesse o consumo no processo produtivo, o que é corroborado nos laudos da AFAG. Ocorre que referido acórdão, prolatado no processo nº 13502.000533/2009 29 que formalizou auto de infração contra empresa do mesmo grupo AMBEV, foi reformado em julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais na sessão de 15 de março de 2016, com o Acórdão nº 9303003.507, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 IPI. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DESGASTE INDIRETO. IMPOSSIBILIDADE. Os produtos intermediários que geram direito ao crédito básico do IPI, nos termos do REsp nº 1.075.508, julgado em sede de recurso repetitivo, são aqueles consumidos diretamente no processo de produção, ou seja, aqueles que tenham contato direto com o produto em fabricação. Recurso Especial do Procurador Provido. No âmbito deste CARF restou assim pacificado a exigência do consumo direito (contato físico) do produto intermediário com o bem em fabricação durante o processo de produção. Outros Acórdãos seguiram a decisão da Câmara Superior, inclusive nos julgamentos de recursos da AMBEV: 3402003,277 (24/08/2016), 3302004.410 (28/06/2017), 3402004.988 (21/03/2018) e 3401005.704 (29/11/2018). Igualmente, este Colegiado proferiu decisão unânime com o entendimento de que elementos do processo produtivo que não atuam diretamente sobre o produto não se enquadram nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário, no Acórdão nº 3201 003.274, sessão de 29/01/2018, de relatoria do Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 07/10/1997 a 22/02/2005 CRÉDITO DE IPI. MATÉRIAS PRIMAS, PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Somente podem ser considerados como matéria prima ou produto intermediário, além daqueles que se integram ao produto novo, os bens que sofrem desgaste ou perda de propriedade, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização e desde que não Fl. 3127DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.128 31 correspondam a bens do ativo permanente. Dessa maneira, a energia elétrica, o oxigênio e o gás, elementos que não atuam diretamente sobre o produto, não se enquadram nos conceitos de matéria prima ou produto intermediário (PN CST, nº 65, de 1979). Análise do segundo quesito. Compulsando os Laudos anexados às fls. 596 a 2.965 dos autos, os materiais utilizados não revelam a natureza exigida de produtos intermediários que se consomem diretamente e em contato com produto elaborado no processo produtivo, pelas razões expostas nas próprias fichas dos laudos, por configurarem ao menos uma das seguintes características: (i) descrição não identifica o contato direito no processo produtivo; (ii) descrição não identifica utilização específica; (iii) descrição insuficiente para identificar o bem; (iv) utilização em equipamento que se evidencia estranho ao processo (exemplo: "bancadas e equipamentos de laboratório"); (v) utilização em assepsia/ limpeza de peças ou equipamentos (biocida, solvente de limpeza e desemgraxante); (vi) material de revestimento, vedação, lubrificação, limpeza ou de conexão de equipamento (mantas, anéis, niples, juntas, abraçadeiras, gaxetas, graxas, membranas, reparo, batentes, escovas, capas, conectores mecânicos, união de tubo, flanges, manoplas, presilhas, perfis plásticos e cestos); (vii) materiais ou dispositivos elétricos/mecânicos (interruptores, contator, estator, chave secccionadora, retentor, manômetro, sinalizadores luminosos, regulador de pressão, bobinas, sensores, lâmpadas, bombas, pistões, cabos elétricos, óleos, tarugo de bronze, atuador elétrico rotativo, mangueira hidráulica, óleo para correia, reguladores de pressão, cartão eletrônico, líquido adesivo, controlador de temperatura, eletrodos e tencionadores); (viii) máquinas ou suas partes e peças (compressores, válvulas, luvas de aço, rolamentos, lavadora de garrafas, esteiras de transporte, engrenagens, cilindros, elementos de aço, eixo cardan, molas, correias, filtros, parafusos, arruelas, porcas, rodas, discos, corrente transportadora, ventosas, cartuchos, colar, mancais, adaptador de solda, kit sobressalente, elásticos, vacuómetro, cones, cilindro pneumático, polias, ventiladores, eletroválvula, transmissor de nível ultrassônico, etiquetadora, empacotadora, sopradora, chumbador, posicionador eletropneumático, pressostato, espaçador, esteira transportadora, defletores e calços ) A "título exemplificativo" a AMBEV aduz que o laudo relativo ao "solvente para limpeza" (nº 95027) e ao "fluído limpa contato" (nº 95015) comprovaria a utilização no processo produtivo da empresa. Os dois itens foram encontrados às folhas 2.658/2.661 e 2.674/2.677, respectivamente. Quanto ao "solvente para limpeza", tratase de um composto químico utilizado para limpeza e assepsia de componentes e peças, em motores dos equipamentos do processo de produção e industrialização, sem que haja o contato físico com o material em elaboração (informação que consta do Laudo fl. 2.659). Portanto, é um produto químico não utilizado no interior de um equipamento que contém o produto em elaboração, mas em motores que acionam/movimentam esses equipamentos. Em relação ao "fluído limpa contato", conforme a descrição do Laudo (item "7. Função/Aplicação"", tratase, igualmente, de um composto químico utilizado para limpeza de contato elétrico sem que haja o contato físico com o material em elaboração (informação que consta do Laudo fl. 2.675). Portanto, é um produto químico não utilizado no interior de Fl. 3128DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.129 32 um equipamento que contém o produto em elaboração, mas uma substância de uso geral destinado à limpeza de contatos elétricos de dispositivos não especificados.. Dessa forma, constatado que os materiais relacionados no Laudo AFAG, inclusive aqueles apontados como exemplificativos no recurso, não são produtos intermediários na acepção do RIPI/2010 pois não são consumidos em contato direto com o produto fabricado no processo produtivo da AMBEV. São, em verdade, corroborando tudo o que consta do TVF e decisão recorrida, materiais de uso, consumo, peças de reposição e partes e peças de máquinas. Com base nessas conclusões, despiciendo quaisquer considerações acerca do aproveitamento de crédito extemporâneo, que sequer foram apresentados notas fiscais de aquisição. Improcedência e ilegalidade da multa – Vedação ao Confisco (vencedor) No tópico, a recorrente entenda pela impossibilidade de se aplicar a multa de ofício em razão do nítido caráter confiscatório, não devendo prevalecer, conforme entendimento do plenário do Supremo Tribunal Federal, inclusive em sede de Repercussão Geral. Desconhecese qualquer precedente com decisão definitiva na sistemática de repercussão geral que afasta multa por identificála como confisco. A vedação ao confisco é princípio constitucional que se dirige ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa prevista em legislação não pode ser afastadas pelo Carf pois decorre de expressa disposição de Lei, conforme o art. 26A PAF. “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” Outrossim, qualquer pronunciamento quanto a inconstitucionalidade de lei é vedado aos membros deste Conselho, conforme enunciado da Súmula CARF nº 2, segundo o qual o “CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Juros de Mora (Taxa Selic) sobre Multa de Ofício (vencedor No que concerne à alegação referente incidência a juros de mora sobre o valor lançado de multa de ofício, a matéria está consolidada na Súmula CARF nº 108: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Assim, os juros de mora devem incidir também sobre a multa de ofício, que integra o crédito tributário constituído de ofício. Fl. 3129DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.130 33 Conclusão Diante de todo o exposto, rejeito as preliminares de nulidade da decisão recorrida e do auto de infração, e no mérito, voto para negar dar provimento (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Voto Vencedor Conselheira Tatiana Josefovicz Belisario, Redatora designada Designada para a redação do Voto Vencedor exclusivamente no que se refere à determinação de aplicação da decisão proferida pelo STF acerca da aquisição de produtos isentos da ZFM. Para tanto, valhome do Voto proferido pelo Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, nos autos do Processo nº 11020.004010/200949, Acórdão 3201005.426, julgado na mesma Reunião de julgamento, que reflete o posicionamento adotado pela Turma. Peço vênia para transcrever a seguir o voto, sem a necessária formatação indicativa de citação, apenas para facilitação da leitura do presente Voto Vencedor: “Em que pese o elevado conhecimento da matéria em julgamento e o bem fundamentado voto proferido pelo ilustre Conselheiro relator, ouso divergir do posicionamento adotado. Conforme consignado pelo ilustre Conselheiro relator, argui a recorrente que os créditos de IPI glosados devem ser mantidos em decorrência do princípio constitucional da não cumulatividade do IPI, da decisão do STF nos REs nºs 212.484, 358.493 e 350.446 e do próprio CARF, nos Acórdãos 20172.942, 20175.412. O mérito desta questão já foi objeto de apreciação por parte do Poder Judiciário. Do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, temse o seguinte precedente: "TRIBUTÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS MATÉRIA PRIMA PROCEDENTE DA ZONA FRANCA DE MANAUS COMPENSAÇÃO DE VALOR NÃO TRIBUTADO POR ISENÇÃO PRECEDENTES JUDICIAIS. 1. CABENTE O CREDITAMENTO DO VALOR DO IPI QUE, EM RAZÃO DE IS ENÇÃO, DEIXOU DE SER TRIBUTADO EM OPERAÇÃO Fl. 3130DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.131 34 ANTERIOR, PARA QUE SE DÊ PLENO ALCANCE AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DE NÃO CUMULATIVIDADE, ENUNCIADO SEM RESTRIÇÕES PARA ESSE IMPOSTO. 2. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (TRF2ª Região Apelação nº 9602060506; Relator para Acórdão Des. Ney Fonseca; julgado em 28/04/1998) Importante, aqui se referir a julgado proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme ementa a seguir consignada: "DIREITO TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IPI. CONCENTRADO DE REFRIGERANTE PRODUZIDO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ABATIMENTO EM RAZÃO DA ISENÇÃO EM OPERAÇÕES ANTERIORES. Não cumulatividade tributária que não está sujeita às restrições previstas para os casos de isenção ou nãoincidência pelas disposições constitucionais atinentes ao ICMS (CR/88, ART153, PAR3, INC1 E ART155, PAR2, INC1 e INC2)." (TRF4, AMS 95.04.373844, PRIMEIRA TURMA, Relator GILSON LANGARO DIPP, DJ 07/08/1996) Tal processo foi submetido à apreciação do Supremo Tribunal Federal STF, através do RE nº 212.4842/RS. Tal decisão apresenta a seguinte ementa: "CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. Não ocorre ofensa à CF (art. 153, § 3º, II) quando o contribuinte do IPI creditase do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. Recurso não conhecido." (RE 212484, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 05/03/1998, DJ 27111998 PP 00022 EMENT VOL0193304 PP00725 RTJ VOL0016702 PP00698) Sirvome da bem fundamentada análise realizada pelo Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, encartada no processo n° 11070.722571/201403: "Mostrase importante o exame da discussão travada pelos Ministros do STF no citado processo, haja vista que a autuação guerreada pelo contribuinte nestes autos somente foi levada a cabo pois a Autoridade Fiscal entendeu que “o mencionado RE 212.484 analisou apenas o aspecto genérico do princípio da não cumulatividade, sem adentrar às normas específicas existentes na zona Franca de Manaus”, como se observa no item II do Termo de Constatação Fiscal. Pois bem. O Ilmo Relator Ilmar Galvão, relator do RE n. 212.484, dissentiu do entendimento esposado no acórdão recorrido pela União Federal, entendendo que o texto constitucional (artigo 153, §3º, inciso II), ao estabelecer que o Fl. 3131DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.132 35 IPI será não cumulativo, “compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”, somente diz respeito aos valores efetivamente “cobrados” para dar direito ao crédito. No seu sentir, as isenções do IPI não visam beneficiar o consumidor final, mas sim o industrial abarcado pela lei, sendo efetivamente a isenção do IPI uma forma de diferir o pagamento do tributo na cadeia produtiva. Desta feita, julga que o contribuinte não tem direito aos créditos de IPI discutido nos autos. De outro lado, vem em defesa do contribuinte o Ministro Nelson Jobim, trazendo uma narrativa sobre a regulação da concorrência do mercado de refrigerantes e sucos feitos através de legislação do IPI. Diverge, assim, da posição do Relator, analisando especificamente o caso da produção de refrigerantes. Abaixo, colaciono o trecho mais expressivo do seu voto acerca das especificidades do caso concreto: O Ministro Nelson Jobim conclui então que, por força da técnica utilizada no Brasil para a tributação do valor agregado pela não cumulatividade do IPI, não se pode vedar a utilização do crédito pretendido pelo contribuinte que compra produtos da Zona Franca de Manaus, sob pena de tornar cumulativo o tributo não cumulativo, exterminando o objetivo extrafiscal pretendido pela tributação. Seguiram este entendimento divergente trazido por Nelson Jobim o Ministro Maurício Corrêa, o Ministro Sepúlveda Pertence, o Ministro Octavio Gallotti, o Ministro Sidney Sanches, o Ministro Néri da Silveira, expressamente consignando o acompanhamento das razões trazidas pela divergência. Igualmente votaram pelo não provimento do recurso os Ministros Moreira Alves e Marco Aurélio Mello. Ao final do julgamento pelo Pretório Excelso, ao acórdão foi atribuída a seguinte ementa: Fl. 3132DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.133 36 Destarte, pela análise das peças processuais trazidas aos autos, constato que o tema do direito ao crédito de IPI decorrente de produtos com isenção saídos da Zona Franca de Manaus foi ampla e claramente tratado pelo contribuinte e apreciado pelo Poder Judiciário. É manifesto que a discussão jurídica travada no Mandado de Segurança n. 91.00095524, culminando no acórdão do RE 212.484/RS, beneficia o contribuinte, diferentemente do quanto alegado pela Autoridade Fiscal no item II do Termo de Constatação Fiscal. Por essas razões, muito embora não haja previsão legal para a tomada de crédito efetuada pelo contribuinte, há decisão judicial que lhe dá esse direito, transitada em julgado na data 10/12/1998, ou seja, anteriormente ao período glosado e cobrado neste auto de infração. Lembrese que a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão decidida (artigo 467 do Código de Processo Civil). Assim, o item II do auto de infração, o qual se embasa justamente no argumento de falta de previsão legal para a utilização do crédito de IPI relativo aos insumos advindos de fornecedor da Zona Franca de Manaus com o benefício previsto no artigo 69, inciso II do RIPI/2002, deve ser cancelado." Importante transcrever excerto do voto do Juiz Convocado Roberto Jeuken proferido no processo nº 1999.61.00.0144900 (julgado em 02/08/2006 TRF 3ª Região): "Portanto, no caso daquelas isenções concedidas as empresas situadas na Zona Franca de Manaus, a exemplo do que também ocorreria nas chamadas Zonas livres de Comércio, é preciso ter presente que a desoneração tem objetivos de desenvolvimento regional, colaborando de molde a baratear a aquisição dos insumos, e a obtenção de preço final mais competitivo, nos produtos resultantes do processo de industrialização, na medida em que o adquirente não precisa pagar o valor do imposto. De fato, se as empresas, adquirindo o produto intermediário a preços mais vantajosos, não pudessem creditarse do montante que seria devido à título de IPI, que se erigia no diferencial que motivara a aquisição de empresa situada em local distante, se tomado em conta as regiões sul e sudeste, por certo ela acabaria mudando de fornecedor, tendo em vista outras indústrias do mesmo ramo, situadas na mesma região, barateando o transporte. Portanto, a finalidade buscada com a isenção, barateamento do custo de produção, restaria frustrado e aquelas empresas lá situadas, que fizeram elevados investimentos para iniciar a produção em locais que no muito das vezes, além de distantes, Fl. 3133DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.134 37 são inóspitos e não possuem mão de obra qualificada, não iriam adiante. Assim, no dizer do Eminente Ministro Marco Aurélio, quando do julgamento que proferiu no RE. 212.484, seria o mesmo que dar com uma mão e tirar com a outra. Destarte, agiu com o costumeiro acerto o Pretório Excelso, vez que resta potencializado o caráter regional da isenção, frente ao princípio da nãocumulatividade, ambos contidos no mesmo patamar constitucional, sendo que aquele se volta ao cumprimento de um dos objetivos fundamentais da nossa República, qual seja a redução das desigualdades regionais, versada no inciso 111 do art. 3°, de nossa lei fundamental." Entendo que o direito ao crédito relativo a produtos isentos nada mais é do que a correta aplicação do princípio da nãocumulatividade, com a consequente desoneração tributária do consumidor final. A adoção de entendimento contrário, com a devida vênia, implica, na prática, transformar a isenção em espécie de diferimento, com a consequente frustração do princípio da nãocumulatividade do IPI. Sobre a nãocumulatividade leciona Geraldo Ataliba: ''A 'compensação' é, nitidamente, categoria jurídica de hierarquia constitucional: porque criada pela Constituição. Mais que isso: é direito constitucional reservado ao contribuinte do IPI; direito público subjetivo de nível constitucional, oponível à União pelo contribuinte desse imposto federal. O próprio Texto Constitucional que outorgou à União o poder de exigir oꞏ.JPI, deu ao contribuinte o direito de abatimento (v. Cléber Giardino, RDT 29/110). Daí anotar Xavier de Albuquerque: "... a técnica jurídicotributária ferrou o imposto com a marca da não cumulatividade, que se erige, em nosso Direito, à dignidade constitucional" (DTR 59, p.57)." (Questões, Revista de Direito Tributário 64, pág 168). É de se consignar decisão monocrática prolatada pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, no RE nº 504.423: "1. Tratase de recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que entendeu indevida a compensação de créditos de IPI relativamente à aquisição de matérias primas e insumos imunes, isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. A recorrente, com fundamento no art. 102, III, a, alega ter havido ofensa ao art. 153, § 3º, II, da Constituição Federal. 2. Consistente, em parte, o recurso. Esta Corte, a partir do julgamento do RE nº 212.484 (Rel. p/ acórdão Min. NELSON JOBIM, j. 05.03.1998), reconheceu a existência do direito de crédito de IPI na aquisição de insumos isentos, como se lhe pode ver da respectiva ementa: "CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE Fl. 3134DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.135 38 CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. Não ocorre ofensa à CF (art. 153, § 3º, II) quando o contribuinte do IPI creditase do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. Recurso não conhecido." A Corte estendeu esse entendimento para o caso de aquisição de insumos não tributados ou tributados com alíquota zero, no julgamento do RE nº 350446 (Rel. Min. NELSON JOBIM, DJ de 06.06.2003): "CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. INSUMOS ISENTOS, SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. Se o contribuinte do IPI pode creditar o valor dos insumos adquiridos sob o regime de isenção, inexiste razão para deixar de reconhecerlhe o mesmo direito na aquisição de insumos favorecidos pela alíquota zero, pois nada extrema, na prática, as referidas figuras desonerativas, notadamente quando se trata de aplicar o princípio da não cumulatividade. A isenção e a alíquota zero em um dos elos da cadeia produtiva desapareceriam quando da operação subseqüente, se não admitido o crédito. Recurso não conhecido." (No mesmo sentido: RE nº 293511AGR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ de 21.03.2003) Mas, no que toca à aquisição de insumos não tributados ou tributados com alíquota zero, a Corte no julgamento dos REs nº 370.682 (Rel. Min. ILMAR GALVÃO), e nº 353.657 (Rel. Min. MARCO AURÉLIO), concluído em 25.06.2007, reviu tal entendimento, decidindo ser indevida compensação de créditos de IPI decorrentes da aquisição de matériasprimas e insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 3. Ante o exposto, nos termos do art. 557, § 1ºA, do CPC, dou parcial provimento ao recurso extraordinário, para, concedendo, em parte, a ordem, considerar devida apenas a compensação de créditos do IPI decorrentes da aquisição de insumos isentos. Custas em proporção. Publiquese. Int.. Brasília, 05 de setembro de 2007. Ministro CEZAR PELUSO Relator" (RE 504423, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 05/09/2007, publicado em DJe115 DIVULG 0210 2007 PUBLIC 03102007 DJ 03/10/2007 PP00069) Deve ser considerado, também, que por ocasião do julgamento do RE nº 566.819, em sede de embargos declaratórios, a Suprema Corte de modo expresso consignou que a decisão proferida nos autos não versava sobre situação jurídica regida quer pela Lei nº 9.779/99 – artigo 11 –, quer por legislação especial acerca da Zona Franca de Manaus, verbis: "IPI – CRÉDITO – INSUMO ISENTO – ABRANGÊNCIA. No julgamento deste recurso extraordinário, não se fez em jogo situação jurídica regida quer pela Lei nº 9.779/99 – artigo 11 –, quer por legislação especial acerca da Zona Franca de Manaus. Esta última matéria será apreciada pelo Plenário ante a admissão da repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 592.891/SP, outrora sob a relatoria da Ministra Ellen Gracie e hoje redistribuído à Ministra Rosa Weber." (RE 566819 ED, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em Fl. 3135DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.136 39 08/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe205 DIVULG 15 102013 PUBLIC 16102013) Do voto condutor consta: "É estreme de dúvidas que o Tribunal ressalvou o exame de controvérsia apanhada quer pela regência da Lei nº 9.779/99 – artigo 11 –,quer por legislação especial, como é o caso da Zona Franca de Manaus. Provejo os embargos declaratórios para prestar esses esclarecimentos. Lembro, como fez o Estado do Amazonas, que a matéria ligada à Zona Franca de Manaus está para ser julgada, em virtude da admissão da repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 592.891/SP, então sob a relatoria da Ministra Ellen Gracie e hoje aos cuidados da Ministra Rosa Weber." Voto vencido proferido pela Conselheira Érika Costa Camargos Autran no processo nº 16045.720010/201573 (acórdão nº 9303008.368, sessão de 21/03/2019) explana bem a questão: "Quanto ao aproveitamento dos créditos de aquisições de insumos isentos da ZFM, entendo que a mesma é peculiar em relação à sistemática habitual da não cumulatividade, tendo natureza de incentivo regional (benefício fiscal), isto é, norma tributária com função indutora. Isso foi expressamente reconhecido em obter dictum do julgamento do RE n.º 566.819/RS. A tomada de créditos decorre da finalidade de incentivar a redução de desigualdades regionais, e não diretamente da sistemática da não cumulatividade interpretar essa isenção como qualquer outra é esvaziar a possibilidade dessa técnica de desagravamento ser manejada pela União para indução econômica. É essa a interpretação que nos parece mais consentânea para o teor do art.9º e incisos do Decreto n.º 288/67. Recordo que essa matéria já é conhecida por esse Colegiado – o que exponho que meu entendimento com o voto confortante manifestado pela ilustre Conselheira Vanessa Cecconello no acórdão n.º 9303004.205. Eis seu voto: [...] A criação e a implementação da Zona Franca de Manaus teve três pilares determinantes: (a) a necessidade de ocupar e proteger a Amazônia frente à nascente política de internacionalização; (b) a meta governamental de substituição das importações e (c) a busca pela redução das desigualdades regionais. O objetivo da sua idealização pelo Governo Federal foi de criar "no interior Fl. 3136DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.137 40 da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância em que se encontram os centros consumidores de seus produtos" (art. 1º do DL nº 288/67). A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer um novo ordenamento jurídico, expressamente prorrogou os benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus pelo prazo de 25 (vinte e cinco) anos a partir da sua promulgação, nos termos do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus. Além de preservar a Zona Franca de Manaus como área de livre comércio, a norma transcrita acima recepcionou o DecretoLei nº 288/67, o qual equipara às exportações as vendas efetuadas àquela região. Importa mencionar ter a Emenda Constitucional nº 42/2003 prorrogado por mais 10 (dez) anos o prazo fixado no art. 40 do ADCT. Com a Emenda Constitucional nº 83/2013 referido prazo estendeuse por mais 50 (cinquenta) anos, até 2073, demonstrando o legislador constitucional que o projeto da Zona Franca de Manaus tem desempenhado seu papel para além do desenvolvimento regional, contribuindo para a preservação e fortalecimento da soberania nacional. Como se depreende da Cartilha de Incentivos Fiscais da SUFRAMA, a política fiscal da Zona Franca de Manaus, das Áreas de Livre Comércio e da Amazônia Ocidental pautase na necessidade de desenvolvimento dessas regiões por meio da criação de um centro industrial, comercial e agropecuário, in verbis: 1 – CONHECENDO A POLÍTICA FISCAL DA ZFM, ALCs E AMAZÔNIA OCIDENTAL. A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de promover o desenvolvimento regional, através da criação de um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram os centros consumidores de seus produtos, Fl. 3137DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.138 41 conforme estabelecido no art. 1º, do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, art. 1º do DecretoLei nº 356, de 15 de agosto de 1968, e art. 504 do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009. Assim, o desenvolvimento da região passou a ser orientado para os três setores da economia: primário, secundário e terciário. Dentro de uma visão focal, o regime especial prevê (didaticamente) quatro situações que implicam na expectativa do recebimento dos benefícios tributários, são eles: 1ª SITUAÇÃO: IMPORTAÇÃO DE BENS PARA A ZFM, AMAZÔNIA OCIDENTAL E ALCs. 2ª SITUAÇÃO: COMPRAS DE PRODUTOS NACIONAIS (NACIONALIZADOS) PELA ZFM, AMAZÔNIA OCIDENTAL E ALCs. 3ª SITUAÇÃO: EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS PELA ZFM, AMAZÔNIA OCIDENTAL E ALCs. 4ª SITUAÇÃO: REMESSA (VENDA) DE PRODUTOS DA ZFM, AMAZÔNIA OCIDENTAL E ALCs. (Cartilha de Incentivos Fiscais Um guia para quem deseja investir na Amazônia Ocidental. Disponível em: http://www.suframa.gov.br/noticias/arquivos/Cartilha_Inc entivos_Fiscais_P ORT_VF_04_10_2014.pdf. Acesso em 05 de agosto de 2016). O caso dos autos enquadrase na remessa de produtos (insumos) da Zona Franca de Manaus para empresa situada no território nacional. Dentre os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, na área de tributos federais, está a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, nas operações internas, para todas as mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus, tanto as que se destinam ao seu consumo interno quanto aquelas para comercialização em qualquer parte do território Nacional, com exceção dos seguintes produtos: armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas e automóveis de passageiros. A isenção está prevista no art. 9º, §1º do DecretoLei nº 288/67; no art. 1º da Lei nº 8.387/91 e na Emenda Constitucional nº 42. Concernente ao IPI imposto sobre produtos industrializados, o art. 153, IV da Constituição Federal/1988 atribui à competência federal a criação e posteriores modificações do referido tributo. Ainda, o §3º do citado dispositivo estabelece critério restritivo para a exação, sendo imprescindível a observância dos atributos da seletividade, em razão da essencialidade dos produtos, Fl. 3138DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.139 42 e a não cumulatividade, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. O ordenamento constitucional vigente trouxe também como predicados do IPI a regra da não incidência sobre os produtos industrializados destinados ao exterior e a obrigatoriedade de lei estabelecendo a redução do impacto do IPI, sobre a aquisição de bens de capital. Demonstrase ser o IPI um instrumento passível de utilização pelo Poder Executivo no âmbito da extrafiscalidade, como o foi na criação da Zona Franca de Manaus pela necessidade de atrair investimentos para o desenvolvimento regional. No âmbito do Supremo Tribunal Federal, restou pacificada a jurisprudência com relação ao creditamento de IPI de insumos isentos, não tributados ou alíquota zero, sendo que anteriormente ao ano de 2007 os julgados eram favoráveis aos contribuintes e, posteriormente, firmaramse no sentido da impossibilidade do creditamento pleiteado. Dentre os julgados favoráveis aos contribuintes, destaquese o recurso extraordinário nº 212.4842/RS, de relatoria do Ministro Ilmar Galvão, em cujo julgamento restou assentada a possibilidade de creditamento do IPI sobre insumos adquiridos no regime de isenção, tendo recebido a seguinte ementa: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO INCIDENTE SOBRE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. Não ocorre ofensa à CF (art. 135, §3º, II) quando o contribuinte do IPI creditase do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. [...]Pertinente a transcrição de excertos extraídos dos votos proferidos pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal que participaram do referido julgamento, em vista da clareza de fundamentos a dar suporte ao reconhecimento da possibilidade de crédito do IPI na aquisição de insumos isentos, in verbis: [...]SR. MINISTRO NELSON JOBIM Sr. Presidente, o ICMS e o IPI são impostos, criados no Brasil, na esteira dos impostos de valor agregado. A regra, para os impostos de valor agregado, é a não cumulatividade, ou seja, o tributo é devido sobre a parcela agregada ao valor tributado anterior. Fl. 3139DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.140 43 Assim, na primeira operação, a alíquota incide sobre o valor total. Já na segunda operação, só se tributa o diferencial. O Brasil, por conveniência, adotouse técnica de cobrança distinta. O objetivo é tributar a primeira operação de forma integral e, após, tributar o valor agregado. No entanto, para evitar confusão, a alíquota incide sobre todo o valor em todas as operações sucessivas e concedese crédito do imposto recolhido na operação anterior. Evitase, assim, a cumulação. Ora, se esse é o objetivo, a isenção concedida em um momento da corrente não pode ser desconhecida quando da operação subsequente tributável. O entendimento no sentido de que, na operação subsequente, não se leva em conta o valor sobre o qual deuse a isenção, importa, meramente em diferimento. [...]A isenção, na Zona Franca de Manaus, tem como objetivo a implantação de fábricas que irão comercializar seus produtos fora da própria zona. Se não fora assim o incentivo seria inútil. Aquele que produz na Zona Franca não o faz para consumo próprio. Visa a venda em outros mercados. Raciocinando a partir da configuração do tributo, posso entender a ementa dos Embargos em Recurso Extraordinário nº 94.177, em relação ao ICM: "havendo isenção na importação de matéria prima, há o direito de creditarse do valor correspondente, na fase de saída do produto...". Se não fora assim terseia mero diferimento do imposto. [...]O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Senhor Presidente, durante dezoito anos, tivemos o tratamento igualitário, em se cuidando da não cumulatividade, dos dois tributos: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e o Imposto sobre Produtos Industrializados. Isto decorreu da própria Emenda Constitucional nº 18/65 e colho este dado do memorial claríssimo, como devem ser todos os memoriais, distribuído pela Recorrida. O que houve, de novo, então, sob a óptica constitucional? Veio à balha a Emenda Constitucional nº 23, de 1983, a chamada Emenda Passos Porto, e aí alterouse unicamente a disciplina concernente ao ICM para transformarse o crédito que era regra em exceção, dispondose que o tributo incidiria sobre "operações relativas à circulação de mercadorias realizadas por produtores, industriais e comerciantes, imposto que não será cumulativo e do qual se abaterá..." Fl. 3140DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.141 44 O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Continuo a leitura da Emenda: "... nos termos do disposto em lei complementar, o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado". Deuse a transformação da regra em exceção, como disse: a isenção ou a não incidência não implicará crédito e estou modificando a ordem das expressões "não implicará" é a regra " crédito de imposto para abatimento daquele incidente nas operações seguintes, salvo determinação em contrário da legislação". O crédito, portanto, tão somente no tocante ao ICM, só poderia decorrer de disposição legal. Houve modificação, em si, quanto ao IPI? Não, o IPI continuou com o mesmo tratamento que conduziu esta Corte a assentar uma jurisprudência tranquilíssima no sentido do direito ao crédito. Não houve mudança. A Emenda Constitucional nº 23 apenas alterou o preceito da Carta então em vigor que regulava o ICM. Ora, isentase de algo, de início devido, e, para não se chegar à inocuidade do benefício, deve haver o crédito, sob pena, também, de transformarmos a isenção em simples diferimento, apenas projetando no tempo o recolhimento do tributo. Na contabilidade alusiva a débito e crédito, no campo do ICM, inexiste a especificação da mercadoria. A conta é única, abrangente. Não há como, depois de produzida uma certa mercadoria, separarse do valor dessa mercadoria a quantia referente à matériaprima que lá atrás dizse isenta. [...]... por isso, deuse a pacificação da jurisprudência pelo direito ao crédito, na hipótese de isenção. A Segunda Turma, julgando o Recurso Extraordinário nº 106.844, que versou, é certo, sobre ICM, mas quando o ICM tinha a mesma disciplina do IPI, concluiu, até a edição da Emenda Constitucional 23, que "havendo isenção na importação da matéria prima, há direito ao crédito do valor correspondente à hora da saída do produto industrializado". Aludi, também, à decisão do Plenário, da lavra do Ministro Djaci Falcão, reportando se a pronunciamentos reiterados das duas Turmas, no sentido do acórdão atacado mediante este extraordinário. Em suam, não podemos confundir isenção com diferimento, nem agasalhar uma óptica que importe em reconhecerse a possibilidade de o Estado dar com uma das mãos e retirar com a outra. Dessa forma, sem que haja norma de estatura maior em tal sentido, porquanto o princípio da não cumulatividade Fl. 3141DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.142 45 é constitucional, impossível é concluirse pelo alijamento, em si, do crédito. [...] A discussão retornou ao STF com o reconhecimento da repercussão geral do tema relativo ao creditamento de insumos isentos, não tributados ou alíquota zero especificamente oriundos da Zona Franca de Manaus, no recurso extraordinário nº 592.891, de relatoria da Ministra Rosa Weber. A Suprema Corte entende tratarse de questão diversa daquela anteriormente tratada por envolver insumos da Zona Franca de Manaus. No julgamento do recurso extraordinário, interrompido por pedido de vista do Ministro Teori Zavascki, a Ministra relatora proferiu voto no sentido de negar provimento ao recurso extraordinário da União, mantendo decisão favorável à possibilidade de creditamento, acompanhada pelos Ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. Como fundamentado pela Ministra relatora na apreciação do recurso extraordinário, para o caso específico da Zona Franca de Manaus a hipótese desonerativa está amparada constitucionalmente, nos termos do art. 40 do ADCT, que constitucionalizou a precisão daquela área, bem como no princípio da igualdade para redução das disparidades regionais e ainda no pacto federativo. No caso, estáse diante de incentivos fiscais específicos, não cabendo a sua interpretação restritiva que culmine com a sua vedação. Cumpre observar que o entendimento pelo direito ao creditamento de IPI de insumos isentos provenientes da ZFM, aqui externado, tem por fundamento preceitos legais, constitucionais e o princípio da não cumulatividade do IPI, não tendo o condão de afastar aplicação de dispositivo de lei ou declarálo inconstitucional, providência expressamente vedada aos julgadores deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais conforme disposições Regimentais. [...]” Prossegue em seu voto a Conselheira indicando precedentes do CARF sobre o tema: "Em consonância com a jurisprudência do STF sobre a matéria, também o CARF já reconheceu a legitimidade de registro de créditos nessa hipótese, como visto acima: IPI – JURISPRUDÊNCIA – As decisões do Supremo Tribunal Federal que fizerem, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto constitucional deverão ser uniformemente observadas pela Administração Fl. 3142DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.143 46 Pública Federal direta e indireta, nos termos do Decreto nº. 2.346, de 10.10.97. CRÉDITOS DE IPI DE PRODUTOS ISENTOS – Conforme decisão do STF– RE nº. 212.4842, não ocorre ofensa à Constituição Federal (art. 153, § 3º, II) quando o contribuinte do IPI creditase do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob o regime de isenção. (Acórdão CSRF/0201.212. Processo nº. 10640.000666/9575. Recurso RD/2030.379 (203098.534). Recorrente: Companhia Mineira de Refrescos. Recorrida: Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Interessada: Fazenda Nacional. Matéria: IPI. Data da sessão: 11 de novembro de 2002. Data da publicação: 11 de novembro de 2002); IPI I) CRÉDITO DO IMPOSTO Insumos adquiridos na Zona Franca de Manaus, com isenção do IPI: é de se reconhecer o direito ao crédito do imposto nas referidas operações, atendidas as demais prescrições estabelecidas para o seu exercício, em submissão à decisão do STF nesse sentido no recurso extraordinário n° 212.4842, tendo em vista as disposições do Decreto n° 2.346/97, sobre a aplicação das decisões judiciais na esfera administrativa; II) ENCARGO DA TRD Não é de ser exigido no período que medeou de 04.02 a 29.07.91; III) RETROATIVIDADE BENIGNA A multa de oficio,' prevista no inc. II do art. 364 do RIPI182, foi reduzida para 75% com a superveniência da Lei nº 9.430/96, art. 45, por força do disposto no art. 106, inc. II, alínea "c", do CTN. Recurso provido em parte. (Segundo Conselho de Contribuintes, Processo Administrativo nº 10875.000380/9671, Acórdão nº 20211.328, 2ª Câmara, Sessão de 07/07/1999). IPI – JURISPRUDÊNCIA – As decisões do Supremo Tribunal Federal que fixem, de forma inequívoca e definitiva, interpretação do texto Constitucional deverão ser uniformemente observadas pela Administração Pública Federal direta e indireta, nos termos do Decreto nº. 2.346, de 10.10.97." Não se pode omitir que a questão, está submetida perante o Supremo Tribunal Federal STF, sob o rito da repercussão geral, objeto do RE nº 592.891, o qual foi recentemente julgado e com decisão favorável a tese posta em discussão pela Recorrente. No julgamento firmouse a seguinte tese: "O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 322 da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto da Relatora, vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia. Em seguida, por unanimidade, fixouse a seguinte tese: "Há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da Fl. 3143DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.144 47 isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do ADCT". Impedido o Ministro Marco Aurélio. Afirmou suspeição o Ministro Luiz Fux. Ausentes, justificadamente, o Ministro Gilmar Mendes e o Ministro Roberto Barroso, que já havia votado em assentada anterior. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 25.04.2019." A Ata de Julgamento nº 13 foi publicada no DJE nº 98, divulgado em 10/05/2019. "Há direito ao creditamento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na entrada de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus (ZFM) sob o regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III (1), da Constituição Federal (CF), combinada com o comando do art. 40 (2) do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Com base nessa orientação, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, ao apreciar o Tema 322 da repercussão geral, negou provimento a recursos extraordinários interpostos em face de acórdãos de tribunal regional federal que reconheceram o direito ao aproveitamento de créditos de IPI quando oriundos da zona franca da cidade de Manaus, sob o regime de isenção. Nos recursos extraordinários, a União sustentou que os insumos adquiridos sob regime de isenção não geram crédito para o contribuinte, ainda que oriundos da ZFM, considerada a inexistência de previsão legal expressa nesse sentido, além da ausência de imposto efetivamente cobrado. O Plenário afirmou que, como regra geral, no caso de tributo não cumulativo, quando a operação anterior é isenta, não existe direito de crédito em favor do adquirente. No entanto, com relação à Zona Franca de Manaus, é devido o aproveitamento de créditos de IPI, porquanto há na espécie exceção constitucionalmente justificada à técnica da não cumulatividade [CF, art. 153, § 3º, II (3)] que legitima o tratamento diferenciado. A regra da não cumulatividade cede espaço para a realização da igualdade, do pacto federativo, dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. À luz de uma hermenêutica constitucional de índole sistemática, essa exceção se justifica pela conjugação de diversos dispositivos constitucionais que, interpretados no seu conjunto como um sistema e somados com a legislação infraconstitucional admitem tal exceção. Há um arcabouço de múltiplos níveis normativos com vista a estabelecer uma importante região socioeconômica, por razões de soberania nacional, inserção nas cadeias globais de consumo e de produção, integração econômica regional e redução das desigualdades regionais e sociais em âmbito federativo. Fl. 3144DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.145 48 A interpretação mais consentânea com a Constituição é a que reconhece esse tratamento favorecido à ZFM, ao lado do princípio que estimula, nas interpretações constitucionais, a redução das desigualdades regionais, por se tratar de uma alternativa econômica dentro de um estado distante, de difícil acesso. Sem algum tipo de incentivo, essa região não teria nenhuma condição de ser competitiva no plano nacional. A exegese dos benefícios fiscais direcionados para a zona franca deve ser ampla, o mais abrangente possível, para neutralizar as desigualdades existentes e dar máxima efetividade aos incentivos fiscais, como forma de potencializar o desenvolvimento da região. O art. 40 do ADCT não beneficiou a região como uma mera formalidade, mas sim representou um programa que encabeça uma realidade normativa e material caracterizada pela manutenção da área de livre comércio com seus incentivos fiscais (ADI 2348). A despeito da ressignificação constitucional da Zona Franca de Manaus no curso de décadas da história republicana, a sua relevância persiste, conforme se depreende das Emendas Constitucionais (EC) 42/2003 e 83/2014. A opção do legislador constituinte em assegurarlhe um regime jurídico diferenciado até o ano de 2073, perpassando gerações, reflete que o projeto tem desempenhado o seu papel, que vai além do desenvolvimento regional, como centro industrial, comercial e agropecuário, que se soma aos demais parques econômicos do Brasil, verdadeiro motor do crescimento do País. Cumpre assim à zona franca, por um lado, seu relevante papel de promover a redução das desigualdades regionais e sociais, bem como, por outro, de colaborar com a preservação da soberania nacional, auxiliando na defesa do território brasileiro pela ocupação física diária de sua geografia, cujas riquezas e importância são reconhecidas internacionalmente. Ademais, a exigência de lei federal específica para a concessão de subsídio ou isenção, redução da base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, de que trata o art. 150, § 6º (4), da CF, tem lugar nas hipóteses em que a incidência de determinado tributo é a regra aplicável. Contudo, não é esse o caso, uma vez que a própria Constituição se adiantou em assegurar a isenção relativamente à Zona Franca de Manaus. Se a incidência do tributo for a regra, a Carta Magna exige a observância de um procedimento por meio de lei específica. Todavia, tal procedimento não tem lugar quando a própria CF exclui determinada hipótese da regra geral. A situação ora apresentada, portanto, está fora do alcance da norma inserta no referido dispositivo constitucional. Vencidos os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Marco Aurélio e Luiz Fux (os dois últimos tão somente em relação ao RE 596614), os quais deram provimento ao recurso por entenderem que o direito ao crédito de IPI na aquisição de insumos pressupõe a existência de imposto cobrado na etapa Fl. 3145DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.146 49 anterior, nos termos da jurisprudência desta Corte, ou a concessão expressa de crédito presumido por meio de lei federal específica. (...)" Em processos envolvendo a exclusão do ICMS da base da cálculo das contribuições para o PIS e COFINS, tive a oportunidade de externar minha posição de que um órgão administrativo de julgamento não aplicar o decidido em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal STF quando até mesmo o Superior Tribunal de Justiça STJ já não mais aplica o seu entendimento em sentido diverso é verdadeira afronta ao julgado pela mais Alta Corte do país. Muito embora no caso em apreço, em razão da contemporaneidade do decidido pelo STF, não se tenha notícia de decisões em sintonia com o deliberado pela Corte Suprema, entendo que é de se aplicar o entendimento lá firmado. Sobre a aplicação do decidido, consigno: "DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. LEGITIMIDADE. POLO PASSIVO. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. REPERCUSSÃO GERAL. INSURGÊNCIA VEICULADA CONTRA A APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO IMEDIATA DOS ENTENDIMENTOS FIRMADOS PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REPERCUSSÃO GERAL. 1. A existência de precedente firmado pelo Plenário desta Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre o mesmo tema, independente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento." (ARE 930647 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 15/03/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe066 DIVULG 08042016 PUBLIC 1104 2016) (nosso destaque) Sobre a inteira e imediata aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, o Superior Tribunal de Justiça STJ assim decidiu: "TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. RECENTE POSICIONAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL (RE 574.706/PR). AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL DESPROVIDO. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 574.706/PR, em repercussão geral, Relatora Ministra CARMEN LÚCIA, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do Contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da Seguridade Social. 2. A existência de precedente firmado sob o regime de repercussão geral pelo Plenário do STF autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, Fl. 3146DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.147 50 independentemente do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes: RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016. 3. Agravo Interno da Fazenda Nacional desprovido." (AgInt no AREsp 282.685/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 27/02/2018) (nosso destaque) Do voto, destaco: "3. No mais, o Supremo Tribunal Federal fixou entendimento de que a existência de precedente sob o regime de repercussão geral firmado pelo Plenário daquela Corte autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, independentemente do trânsito em julgado do paradigma (RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016.)" Ainda: "AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. REPERCUSSÃO GERAL INEXISTENTE. TEMA 660/STF. 1. A Fazenda Pública manejou recurso extraordinário suscitando que "o acórdão que rejeitou os embargos violou os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal)". 2. E neste contexto, limitandose o extraordinário a suscitar afronta aos referidos incisos e princípios, legítima a incidência à espécie do entendimento do STF firmado no Tema 660, que expressamente consigna que os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa não apresentam repercussão geral. ARE 748.371 RG, Rel. Min. GILMAR MENDES, julgado em 6/6/2013, publicado em 1º/8/2013. 3. "A existência de precedente firmado pelo Tribunal Pleno da Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma matéria, independentemente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma" (RE 1.006.958 AgRED ED, Relator Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 21/8/2017, processo eletrônico DJe210, divulgado em 15/9/2017, publicado em 18/9/2017.). 4. Já tendo o STF consignado, no Tema 69/STF, que "o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins", não subsiste a alegada prematuridade em razão de eventual possibilidade de modulação de efeitos. Fl. 3147DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.148 51 Agravo interno improvido." (AgInt no RE nos EDcl no REsp 1214431/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/08/2018, DJe 22/08/2018) (nosso destaque) Nestes termos, é de se prover o Recurso Voluntário parcialmente para reconhecer o direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime da isenção, em plena consonância ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, no Recurso Extraordinário nº 592.891. Assim, considerando todos os argumentos expostos, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto.” Encerrando, assim, a transcrição do Voto proferido pelo Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, concluo por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário apenas para determinar a aplicação da decisão proferida pelo STF acerca da aquisição de produtos isentos da ZFM É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.149 52 Declaração de Voto Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator, mas neste caso em concreto, venho por meio desta declaração de voto apresentar entendimento divergente com relação à classificação fiscal do produto. Conforme Termo de Verificação Fiscal de fls 29, a autoridade lançadora concluiu que o contribuinte aproveitou créditos de IPI, de forma indevida, em razão dos "Kits", "Concetrados" ou "produtos que compõem os Kits" estarem, todos, classificados em posições fiscais que possuem alíquota zero, conforme trechos selecioandos e reproduzidos a seguir: "Na realidade, o refrigerante não é elaborado com a utilização de diversos concentrados. Tal bebida é elaborada com a utilização de diversos ingredientes, que quando misturados entre si formam um concentrado – aludido xarope composto. Essa é a questão nuclear. ... O componente de KIT que contenha o extrato e outros ingredientes, se diluído individualmente, não apresentará as mesmas características sensoriais e físicoquímicas do refrigerante que porventura viesse a ser elaborado a partir dele. Com efeito, o aroma, o sabor e a coloração (elementos das características sensoriais), bem como as características físico químicas não seriam iguais. Se assim não fosse, seriam desnecessárias as outras partes que compõem cada KIT. ... Logo, tratandose das preparações compostas para elaboração de bebidas da posição 22.02, não há dúvida de que o concentrado diluído deve apresentar as mesmas características fixadas nos padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal, tanto que uma diferença fundamental entre o “EX 01” e o “EX 02” é a "capacidade de diluição", que no primeiro é superior a "10 partes da bebida", enquanto, no segundo, é igual ou menor do que "10 partes da bebida". Afinal, se a preparação diluída não resultar na bebida final, não há como se definir sua capacidade de diluição em "partes da bebida por cada parte do concentrado". Em conclusão, a impossibilidade de os KITS se enquadrarem no "EX 01" do código 2106.90.10 da TIPI decorre do fato de que no momento da ocorrência do fato gerador os componentes não estão misturados; mas, sim, acondicionados em embalagens individuais. ... Conforme exposto, os componentes de “KITS” fornecidos por AROSUCO e PEPSI que contêm extratos e ingredientes Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.150 53 aromatizantes específicos para a bebida a ser industrializada se enquadram na posição 2106.90.10 da TIPI, como uma “Preparação do tipo utilizado para elaboração de bebidas”, cuja alíquota do IPI é “zero”. Essa preparação, porém, não se classifica no EX 01 do subitem 2106.90.10, pois, isoladamente, não apresenta as características de um extrato concentrado. ... Desse modo, tais preparações (mistura de ingredientes comumente utilizados em diversos produtos da indústria alimentícia) devem ser posicionadas no código residual 2106.90.90 da TIPI, reservado às "Preparações alimentícias não especificadas nem compreendidas noutras posições Outras Outras", tributado à alíquota zero do IPI. ... E, na espécie, a conclusão à que fiscalização chegou, diferentemente do mencionado Parecer, foi a de que cada “KIT”, para fins de classificação fiscal, não perfaz um produto único; mas, sim, um conjunto de produtos, cada um com identidade própria e respectiva posição na TIPI. ... Diante das avaliações discorridas nos tópicos anteriores, concluise que nenhum dos insumos adquiridos das fornecedoras AROSUCO e PEPSI pela fiscalizada se enquadra no EX 01 da NCM 2106.90.10, ficando caracterizado o erro na classificação fiscal manejado pela contribuinte. Desse modo, considerando que todos os itens constantes dos KITS produzidos e vendidos à auditada pelas sobreditas fornecedoras amazonenses são gravados com alíquota “zero” na TIPI, concluise que a auditada não poderia ter fruído do montante do crédito constante de sua escrita fiscal, tendo esta exação a serventia de reparar tal fato, no âmbito do prazo vinculado ao presente procedimento fiscal. ... A indústria fiscalizada incorporou a seu patrimônio fisco contábil crédito presumido de IPI sem lastro nas normas de regência. Acerca do calibre desse montante, vale consignar que até 30/09/2012 os produtos enquadrados no EX 01 do código 2106.90.10 eram tributados à alíquota de 27%2. Desde 01/10/20123, tais produtos passaram a ser tributados à alíquota de 20%4. E todas as aquisições de KITS relatadas acima, promovidas pela empresa fiscalizada, ensejaram crédito presumido de IPI em seu benefício. Portanto, a fiscalização conclui que cada um dos componentes desses “kits” deverá ser classificado no código próprio da TIPI, por não ser um concentrado, por não ser algo Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.151 54 único, por estar embalado de forma separada e por não possuir as mesas características do produto final se misturados na substância solvente. Contudo, em que pese o detalhado e sério trabalho apresentado pela fiscalização, a premissa de que a mistura do "kit" (solúvel) com a subtância solvente não possuiria as mesas características do produto final, não correponde à realidadade química e mercadológica devidamente comprovada nos autos. A própria fiscalização reconhece que se todos os componentes do "kit" fossem misturados com a substância solvente, o produto final estaria pronto, ou seja, se misturados com água, as bebidas da posição 22.02 da classificação constante na TIPI, estariam prontas. O resultado final da mistura do "Kit" com a substância solvente é incontroverso nos autos, seja pelo Laudo Técnico do INT de fls. 536, seja pelo PPB da empresa, pelo produto final que surge com a mistura e as correspondentes Notas Fiscais. A fiscalização faz um esforço para parecer coerente a ocorrência de uma situação que jamais existiria, a mistura dos componentes do "Kit", de forma separada, à substância solvente, sem que considerar a mistura conjunta do "kit" com uma única "preparação composta" solúvel. Tal situação não possui conexão com a realidade mercadológica do contribuinte, mais do que comprovada nos autos. O contribuinte apresentou provas e verossimilhança suficiente para comprovar que a reclassificação apresentada pela fiscalização não deveria prosperar, uma vez que é impossível transportar, vender, industrializar ou comercializar os concentrados de refrigerante em uma única solução misturada previamente, uma vez que o produto sofre deterioração e reações químicas que inviabilizam a qualidade de seu produto e toda a sua atividade industrial. Faz sentido que os concentrados de refrigerantes sejam transportados em kits, condição formal que em nada altera a sua condição material, essencial, de ser um concentrado para refrigerantes. Ficou demonstrado que não há qualquer interesse da indústria em comercializar nenhum dos componentes do kit de forma separada, de modo que, resta evidente que o produto comercializado não é nenhum dos componentes do kit de forma separada, mas sim o concentrado. Todas a escrita fiscal e documentos das operações demonstram fielmente esta condição mercadológica. Conforme descrito no texto da posição adotada pelo contribuinte, 2106.90.10, o que se exige é que o produto a ser classificado nesta posição seja uma "preparação composta", ou seja, em nenhum momento se exigiu que preparação composta seja um único objeto ou substância, em uma única condição natural (líquida, gasosa ou sólida por exemplo), assim como nunca se exigiu que o transporte desta "prepração composta" seja feito após a mistura de seus componentes. Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.152 55 Não há base legal para tais exigências. Os mencionados laudos apontam que os componentes, ainda que transportados de forma separada, configuram uma preparação composta. Esse sim é o centro da questão. Como preparação composta, esses mencionados "Kits" são uma matéria prima única. Não há na legislação base legal que determine uma espécie de regra geral para que as classificações separem os componentes dos produtos quando não misturados com a substância solvente. Ao contrário, existe na NESH a exigência de que a classificação privilegie a essência do produto (Regra 2, a, I das notas explicativas). O contribuinte adquire como preparação composta e, de fato, é uma preparação composta, com uma destinação e uma utilização única: sua mistura com a substância solvente e o surgimento do produto final. A posição criada na TIPI, que permite a classificação fiscal das preparações compostas, não pode cair em desuso para todo e qualquer setor que não mistura os componentes da preparação composta de forma prévia à solvência, pois tal entendimento segue direção oposta ao fim e objetivo final da própria criação de tal posição. Nos casos em que a fiscalização pretende reclassificar produtos, esta deve aplicar as Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado de forma escalonada, assim como a reclassificação fiscal efetuada pelo fisco deve estar irremediavelmente provada nos autos do processo, de modo a categorizar a situação de fato, sob pena da insubsistência da exigência fiscal. Em geral, os fabricantes de regrigerantes, adquirem estas preparações compostas para fabricar refrigerantes da posição 22.02 da TIPI e aproveitam créditos de IPI nas aquisições. Estes insumos adquiridos são identificados pelo contribuinte como concentrados de refrigerante e o contribuinte recebe estes insumos já classificados na NCM 2106.90.10, de acordo com as NFs. Segue em comparação a NCM 2106.90.10, do contribuinte e, em seguida, as NCMs da fiscalização, a seguir: (...) Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.153 56 No caso dos componentes de “KITS” que correspondem a uma matéria pura acondicionada em embalagem individual, deve ser utilizado o código adequado para a respectiva matéria, nos termos da RGI nº 1, na qual expressa também que: “Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições”. Por conseguinte, os seguintes códigos devem ser respectivamente aplicados para tais produtos: i) O código 2916.31.21, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente Benzoato de Sódio; ii) O código 2916.19.11, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente Sorbato de Potássio; iii) O código 2918.14.00, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente ácido cítrico; iv) O código 2918.15.00, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente citrato de sódio; v) O código 2924.29.91, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente aspartame; vi) O código 2934.99.99, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente acessulfame de potássio; vii) O código 2918.12.00, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente ácido tartárico; viii) O código 2922.49.20, tributado à alíquota zero, é próprio para embalagens contendo exclusivamente EDTA Cálcio Dissódico. Aliás, como é de conhecimento geral, os Ex Tarifários possuem o fim social de desoneração, por redução temporária de alíquota, conforme pode ser verificado na doutrina brasileira, arcabouço legislativo e, inclusive, no próprio site do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços: "Ataualizado em: 08/01/2018 O regime de ExTarifário consiste na redução temporária da alíquota do imposto de importação de bens de capital (BK), de informática e telecomunicação (BIT), assim grafados na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), quando não houver a produção nacional equivalente. Atualmente, o Conselho de Ministros da CAMEX tem promovido a redução a 0% (zero), ao amparo do ExTarifário. Sem a aplicação do regime, as importações de BK têm incidência de 14% de Imposto de Importação e, as de BIT, 16%. Ou seja, o regime de Extarifário promove a atração de investimentos no País, uma vez que desonera os aportes direcionados a empreendimentos produtivos.A importância desse regime consiste em três pontos fundamentais: Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.154 57 Viabiliza aumento de investimentos em bens de capital (BK) e de informática e telecomunicação (BIT) que não possuam produção equivalente no Brasil; Possibilita aumento da inovação por parte de empresas de diferentes segmentos da economia, com a incorporação de novas tecnologias inexistentes no Brasil, com reflexos na produtividade e competitividade do setor produtivo. Produz um efeito multiplicador de emprego e renda sobre segmentos diferenciados da economia nacional. A concessão do regime é dada por meio deResolução CAMEX nº 66/2014da Câmara de Comércio Exterior (Camex), após análise, pelo Comitê de Análise de ExTarifários (CAEx), dos pareceres elaborados pela SDCI." Não há nos autos sequer os textos das posições apontadas como corretas pela fiscalização. Sendo os produtos reclassificados, estes mencionados acima, além deste quadro, não houve nenhuma prova ou sequer individualização por parte da fiscalização na re classificação fiscal. É condição determinada no Art. 16 do RIPI/10, que toda a classificação deve seguir as Regras Gerais para Interpretação do SIstema Harmonizado e às Notas Explicativas: "TÍTULO III DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS Art.15.Os produtos estão distribuídos na TIPI por Seções, Capítulos, Subcapítulos, Posições, Subposições, Itens e Subitens (Lei nº 4.502, de 1964, art. 10). Art.16.Farseá a classificação de conformidade com as Regras Gerais para InterpretaçãoRGI, Regras Gerais Complementares RGC e Notas ComplementaresNC, todas da Nomenclatura Comum do MERCOSULNCM, integrantes do seu texto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 10). Art.17.As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de MercadoriasNESH, do Conselho de Cooperação Aduaneira na versão lusobrasileira, efetuada pelo Grupo Binacional Brasil/Portugal, e suas alterações aprovadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, constituem elementos subsidiários de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das Posições e Subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, Posições e de Subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado (Lei nº 4.502, de 1964, art. 10)." Premissa básica e antecedente que não foi seguida pela fiscalização, que sequer divulgou os textos das posições em que pretendeu reclassificar os concentrados. Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.155 58 E, ainda mais grave, não seguiu a obrigação de aplicar as Regras Gerais de forma escalonada, conforme texto oficial das Notas Explicativas exposto a seguir: "NOTA EXPLICATIVA I) A Nomenclatura apresenta, sob uma forma sistemá tica, as mercadorias que são objeto de comércio internacional. Estas mercadorias estão agrupadas em Seções, Capítulos e Subcapítulos que receberam títulos tão concisos quanto possível, ind icando a categoria ou o tipo de produtos que se encontram ali classificados. Em muitos casos, porém, foi materialmente impossível, em virtude da diversidade e da quantidade de mercadorias, englobá las ou enumerálas completamente nos títulos daqueles agrupamentos. II) A Regra 1 começa, portanto, por determinar que os títulos “têm apenas valor indicativo”. Deste fato não resulta nenhuma consequência jurídica quan to à classificação. III) A segunda parte da Regra prevê que a classifi cação seja determinada: a) De acordo com os textos das posições e das Notas de Seção ou de Capítulo, e b) Quando for o caso, desde que não sejam contrárias aos textos das refer idas posições e Notas, de acordo com as disposições das Regras 2, 3, 4 e 5. IV) A disposição III) a) é suficientemente clara e numerosas mercadorias podem classificarse na Nomenclatura sem que seja necessário recorrer às ou tras Regras Gerais Interpretativas (por exemplo, os cavalos vivos (posição 01.01), as prepa rações e artigos farmacêuticos especificados pela Nota 4 do Capítulo 30 (posição 30.06)). V) Na disposição III) b): a) A frase “desde que não sejam contrárias aos text os das referidas posições e Notas”, destinase a precisar, sem deixar dúvidas, que os dizeres das posições e das Notas de Seção ou de Capítulo prevalecem, para a determinação da classif icação, sobre qualquer outra consideração. Por exemplo, no Capítulo 31, as Notas estabelecem q ue certas posições apenas englobam determinadas mercadorias. Consequentemente, o alcance dessas posições não pode ser ampliado para englobar mercadorias que, de outra forma, aí se incluiriam por aplicação da Regra 2 b). " Assim, sem saber quais os textos das "novas" posições, como poderia a fiscalização reclassificar sem, primeiro, analisar se os textos das posições correspondem ao produto comercializado ou não? Não poderia. A conseqüência de um lançamento sem substância própria, é a total ausência de relação dos fatos com a norma, ausência de descrição e fundamentação da infração tributária no presente processo administrativo fiscal. Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 10380.730572/201708 Acórdão n.º 3201005.423 S3C2T1 Fl. 3.156 59 Estes fatos que somamse à ausência de laudo (por parte da fiscalização) neste processo, ausência do texto das posições indicadas pela fiscalização, ausência da subsunção dos fatos e características dos produtos às Regras Gerais da NESH e às posições apontadas. É igualmente importante mencionar que a Câmara Superior desta Terceira Seção anulou por vício material um lançamento de classificação fiscal que continha os mesmos defeitos deste, conforme pode ser verificado no Acórdão CSRF 9303005.501. E por fim, mas não menos importante, não haveria nenhuma novidade em seguir esta linha de entendimento para a presente Turma de julgamento, visto que cancelou inúmeros lançamentos em razão de defeito na reclassificação por parte da fiscalização, conforme pode ser verificado no Acórdãos 3201003.039, 3201002.253 e 3402003.448. Em adição, se a SUFRAMA autorizou a operação, visto que não há nenhuma prova de descumprimento dos requisitos de aproveitamento dos créditos permitidos pela SUFRAMA, tal atividade é protegida pelo Art. 179 do CTN, in verbis: "Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão." Diante do exposto, votase para DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para manter legítima a classificação fiscal 2106.90.10, utilizada pelo contribuinte. Declaração de voto proferida. (assinatura digital) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 3156DF CARF MF
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Numero do processo: 13830.000831/2001-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998, 1999
IRPF. AUTO DE INFRAÇÃO. ENQUADRAMENTO LEGAL DIVERSO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. AFRONTA A ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO LANÇAMENTO. ART. 142 DO CTN. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE.
Restando caracterizado enquadramento legal diverso com erro na identificação da matéria tributável, que não se adequa ao fundamento do lançamento, afrontando elementos estruturais definidos no art. 142 do CTN, impõe-se a a nulidade do lançamento por vício material.
IRPF. AUTO DE INFRAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. BEM ADQUIRIDO ATÉ 31/12/1995. PERMUTA. NÃO ATUALIZAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. ATO VOLITIVO DO CONTRIBUINTE. TRANSFERÊNCIA POSTERIOR POR VALOR SUPERIOR. DIFERENÇA. GANHO DE CAPITAL APURAÇÃO.
O valor do custo de aquisição original de bem adquirido até 31/12/1995 não atualizado por ato volitivo do contribuinte quando transacionado em permuta registrada em escritura pública, é apto a ser cotejado com o valor pelo qual é transferido em operação posterior, e a diferença configura-se ganho de capital a atrair a incidência de imposto de renda.
Numero da decisão: 2402-007.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para desconstituir o lançamento referente ao ano-calendário de 1999 e manter o lançamento referente ao ano-calendário de 1998.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente convocada), Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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AUTO DE INFRAÇÃO. ENQUADRAMENTO LEGAL DIVERSO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. AFRONTA A ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO LANÇAMENTO. ART. 142 DO CTN. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE. Restando caracterizado enquadramento legal diverso com erro na identificação da matéria tributável, que não se adequa ao fundamento do lançamento, afrontando elementos estruturais definidos no art. 142 do CTN, impõese a a nulidade do lançamento por vício material. IRPF. AUTO DE INFRAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. BEM ADQUIRIDO ATÉ 31/12/1995. PERMUTA. NÃO ATUALIZAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. ATO VOLITIVO DO CONTRIBUINTE. TRANSFERÊNCIA POSTERIOR POR VALOR SUPERIOR. DIFERENÇA. GANHO DE CAPITAL APURAÇÃO. O valor do custo de aquisição original de bem adquirido até 31/12/1995 não atualizado por ato volitivo do contribuinte quando transacionado em permuta registrada em escritura pública, é apto a ser cotejado com o valor pelo qual é transferido em operação posterior, e a diferença configurase ganho de capital a atrair a incidência de imposto de renda. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para desconstituir o lançamento referente ao ano calendário de 1999 e manter o lançamento referente ao anocalendário de 1998. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 00 08 31 /2 00 1- 40 Fl. 482DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 483 2 (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente convocada), Luís Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de recurso voluntário (efls. 456/478) em face do Acórdão n. 17 27.537 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SPOII (efls. 326/342), que julgou procedente em parte a impugnação (efls. 303/315), apresentada em 14/09/2001, e manteve em parte o crédito tributário consignado no lançamento constituído em 13/08/2001 mediante o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física IRPF AnosCalendário 1998 e 1999 no montante de R$ 793.008,24 (efls. 13/18) com fulcro em acréscimo patrimonial não apurado na declaração de ajuste anual (AC 1999) e apuração de omissão de ganhos de capital na transferência de bens (AC 1998), conforme discriminado no Termo de Constatação Fiscal (efls. 19/24). Nos termos do Termo de Intimação Fiscal (efl. 301), lavrado em 15/08/2001, de cujo teor o Recorrente tomou ciência em 16/08/2001, foilhe devolvido prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de impugnação. Todavia, em virtude de deficiente ciência da decisão recorrida, vez que foi encaminhada ao impugnante, agora Recorrente, com a ausência das páginas n. 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 16, o julgamento do recurso voluntário interposto em 03/03/2009 (efls. 354/372) foi convertido em diligência, por motivo de cerceamento de direito à ampla defesa, visando à ciência do Recorrente do inteiro teor do Acórdão n. 1727.537, devolvendose o prazo de 30 (trinta) para interposição de novo recurso voluntário, nos termos do art. 33 do Decreto n. 70.235/1972. Cientificado do inteiro teor da decisão de piso em 17/01/2019 (efl. 453), o impugnante, agora Recorrente, interpôs recurso voluntário em 15/02/2019, esgrimindo, em apertada síntese, os seguintes argumentos: III DA DECISÃO E RAZÕES RECURSAIS 1. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL NÃO DECLARADO Os atos formais de transformação da entidade sem fins lucrativos em pessoa jurídica de fins econômicos e a redação de seu Contrato Social, foram aprovados pela Assembléia Geral Extraordinária de 10/12/1998. Fl. 483DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 484 3 O conteúdo do Termo de Constatação Fiscal assegura não ter ocorrido qualquer desembolso de recursos na formação do capital inicial da nova sociedade, o que torna materialmente impossível imputar qualquer valor como aplicação de recursos. A fiscalização sequer tomou o cuidado de elaborar demonstrativo da evolução patrimonial ocorrida no período em que denuncia o acréscimo não justificado, providência essa indispensável para a apuração e comprovação desse fato imponível. Caso tivesse cumprido esse mister teria apurado pretenso acréscimo em valor divergente daquele equivalente as quotas de capital atribuídas ao Recorrente e sua esposa Regina Lucia Ottaiano Lossasso Serva. A ausência do Demonstrativo de Analise da Evolução Patrimonial Mensal infringe as disposições contidas no artigo 142 do CTN, que exige precisão e certeza jurídicas na determinação da matéria tributável e apuração do tributo devido. Cabe à autoridade lançadora o ônus de provar o fato gerador do imposto de renda. A lei só autoriza a presunção de omissão de rendimentos quando demonstrado incremento patrimonial caracterizado por dispêndios e aplicações incompatíveis com os recursos obtidos a cada mês do ano calendário alcançado pela ação fiscal. [...] Não bastasse essa irregularidade gritante, observase a utilização de dispositivos genéricos para o enquadramento legal da suposta infração, no caso os artigos 37 e 38 do RIR/94, em detrimento da obrigatória capitulação legal específica, também existente no mesmo Regulamento. Nos termos do artigo 10, inciso IV do Decreto 70.235/72 a disposição legal infringida, assim como a correta identificação e descrição do fato jurídicotributário, constituem requisitos essenciais para a validade do auto de infração. A omissão ou infidelidade de qualquer deles contamina o lançamento de vicio substancial insanável. A imposição tributária identifica perfeitamente a origem e a natureza dos valores submetidos à tributação como sendo provenientes da atribuição de quotas de capital em decorrência da transformação de entidade imune em sociedade de fins lucrativos. E a própria ação fiscal reconhece que o ato foi praticado em consonância com as disposições previstas em ato administrativo editado para disciplinar as conseqüências tributárias desse evento, no caso a INSRF n° 113/98. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 485 4 Embora a decisão ora hostilizada já tenha transcrito o artigo 18 e seu parágrafo único, impõese reproduzilos novamente para confronto com as razões de decidir: "Art. 18. A participação societária no capital social da pessoa jurídica resultante, relativa a cada um de seus sócios ou acionistas, será avaliada pelo valor em dinheiro ou em bens e direitos que houver entregue à instituição anteriormente imune ou isenta, para formação de seu patrimônio, comprovado com documentação hábil e idônea, coincidente em data e valor com o constante dos registros da referida instituição. Parágrafo único. Na ausência dos documentos comprobatórios a que se refere o caput, o valor da participação societária será considerado, para todos os efeitos tributários, igual a zero." Esposando raciocínio distorcido, a douta Turma Julgadora sai em socorro do lançamento, desvirtuando os efeitos tributários resultantes da aplicação dos artigos 17 e 18 da INSRF n° 113/1998. Sob sua ótica, os dispositivos mencionados estabelecem apenas a forma de quantificação da participação societária de cada sócio para efeitos tributários na constituição da nova pessoa jurídica, nada definindo no tocante à aferição da tributação. Segundo conclui, definido o quantum tributário da participação de cada sócio, devem ser apurados os efeitos decorrentes dessa nova situação, consolidada no Contrato Social. A engenhosa e confusa descaracterização do preceito legal vem aliada a esdrúxula afirmação de no caso em tela está a se verificar a variação em sua participação societária, e o conseqüente aumento de suas disponibilidades, com a elevação da participação do capital inicial de "zero" para o valor final do capital subscrito no Contrato Social. Esse tendencioso e descabido exercício cerebrino fundamentou a ementa do julgado: "PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA DECORRENTE DE TRANSFORMAÇÃO DE ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS PARA COM FINS LUCRATIVOS. A legislação estabeleceu a forma de aferição da participação societária por ocasião da transformação de entidade sem fins lucrativos para com fins lucrativos, sem definir a forma de tributação." Tentase, de toda forma, desfigurar o ato infralegal para implantar o convencimento de que o valor da participação atribuída ao sócio não é, para todos os efeitos tributários, igual a "zero", como determina o parágrafo único do artigo 18, da IN SRF n° 113/1998. Esse parágrafo, acima transcrito, considera "zero" o custo de participação societária recebida de entidade antes imune, quando não comprovado qualquer desembolso anteriormente efetuado pelo então associado, agora sócio. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 486 5 Independentemente do valor consignado na declaração de bens do sócio ou atribuído no contrato social, o valor da participação societária será considerado, para todos os efeitos tributários, igual a zero, na ausência de documentos comprobatórios da referida entrega. Sendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza a situação eleita como fato gerador do imposto de renda, não há fato gerador quando o valor dessa aquisição é considerado para todos os efeitos fiscais igual a "zero". Comprovadamente, os fatos emergentes dos procedimentos tomados na transformação da entidade, não são passíveis de ensejar a apuração de acréscimo patrimonial de origem não justificada. A exação fiscal serviu apenas ao propósito de desfigurar a interpretação oferecida pela INSRF n° 113/1998, alocando custo efetivo onde a legislação identifica para todos os efeitos tributários "custo zero". Se, de acordo com a INSRF n°. 113/1998, a participação do contribuinte é igual a "zero", sob os pressupostos da legalidade e da moralidade administrativa, inerentes ao lançamento tributário, não pode este "zero" ocasionar acréscimo patrimonial não justificado. O fato de ter o Recorrente consignado em sua declaração de bens do ano calendário de 1999 (fls. 268), valor superior aos R$ 586.800,00 atribuído à doação do imóvel rural não autoriza o critério adotado pela fiscalização, pois como se observa daquele formulário, a indicação do valor da participação advém do ano calendário em que efetivamente ocorreu, isto é, 1998, não tendo havido em 1999 qualquer inovação. Aliás, essa circunstância é suficiente para decretar a nulidade do lançamento questionado, porque revela erro na determinação do aspecto temporal do fato gerador. O evento ocorreu em 10/12/1998 no momento da atribuição de quotas e aprovação da Ata de Transformação, da qual o Contrato Social constitui parte integrante, e não em 31/01/1999, como eleito no Auto de Infração. Se fosse possível a tributação de acréscimo patrimonial, o mês de sua ocorrência seria dezembro/1998, pois foi nesse mês que efetivamente ocorreu a atribuição de quotas. De plena validade a eficácia desses documentos, porque datados de 10/12/1998, foram entregues para registro em 22/12/1998 ao 2° Oficial de Registros das Pessoas Jurídicas de Marília, ou seja, menos de 30 (trinta) dias após os atos praticados. A nulidade ocasionada por erro substancial na data de ocorrência do pretenso fato gerador haverá de ser reconhecida, por tratarse de ofensa ao art. 142, do Código Tributário Nacional. Fl. 486DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 487 6 [...] Como se percebe, o lançamento não está em harmonia com os pressupostos legais autorizadores. Assim, a situação prevista em lei como necessária e suficiente ao surgimento da obrigação tributária não se materializou, e sendo a motivação exigência inafastável da atividade administrativa do lançamento, o princípio da legalidade restou violado. O lançamento nada mais é do que o procedimento administrativo através do qual a autoridade fiscal cumpre seu dever de demonstrar, motivadamente, a ocorrência do suporte fático tributário. Toda e qualquer atuação administrativa há de ter esteio na legalidade motivada, não bastando apenas ter fundamento formal em lei, deve, necessariamente, estar acompanhada da efetiva demonstração da ocorrência dos fatos previstos em lei, como indispensáveis a sua materialização. A demonstração objetiva da efetiva realização do suporte fático tributário deriva da própria natureza do lançamento como ato administrativo vinculado, a teor do art. 142, do CTN, e, sobretudo, das exigências da atuação administrativa segundo os padrões da "legalidade motivada", impostas pela Constituição Federal. Com efeito, o art. 58, inciso XIII, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/94, ao prever a tributação das quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, condiciona essa incidência a efetiva existência desse acréscimo, para fins tributários. Se a única variação eleita na inexistente equação patrimonial está centrada na obtenção de participação societária, cujo valor é igual a zero para todos os efeitos tributários, não há de se cogitar de acréscimo não justificado. No caso vertente, embora as Atas de Assembléia fossem acolhidas pela fiscalização como documentos hábeis, a ação fiscal deixou de considerar os recursos entregues anteriormente, em 1956, 1970 e 1972 pelos associados da época, que montaram em Cr$ 200.000,00 em 31/12/1956, Cr$ 256.858,68 em 02/01/1970 e Cr$ 48.851,33 em 31/ 10/1972. Os aportes efetuados anteriormente beneficiam os sucessores, pois estão integrados ao patrimônio da instituição transformada. As disposições legais previstas nos arts. 12 a 14 da Lei n°. 9.532/1997, cuja aplicação foi disciplinada pelo ato administrativo em comento neste Recurso, não cogitam a segregação entre os sucedidos e os atuais associados, para atribuição da participação societária advinda com a transformação de entidade antes sem fins lucrativos. Fl. 487DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 488 7 Mesmo não acolhidos os desembolsos assinalados, esse fato não repercute na equação patrimonial, pois diante da determinação legal de custo "zero" é materialmente impossível imputálo para verificação de eventual acréscimo. Se o Recorrente não detinha o direito ao valor da participação que lhe foi atribuída no capital da sociedade transformada, porque entregara apenas um bem no valor de R$ 586.800,00 à instituição antes imune, teria obtido com a transformação um Ganho de Capital. Por isso, se alguma tributação fosse possível para enquadrar o recebimento dessas quotas, certamente não seria eleito o acréscimo patrimonial não declarado, mas Ganho de Capital. A conclusão lançada as fls. 22 do Termo de Constatação Fiscal endossa esse enquadramento: "Da análise de todas as informações expostas constatamos que o contribuinte obteve um acréscimo patrimonial, originário da participação societária, não coincidente com os valores entregues anteriormente à instituição, ficando os valores excedentes sujeitos a tributação pelo imposto de renda". O que se vê, claramente, é que toda a fiscalização caminha no sentido de apuração de custo de aquisição da participação societária, cuja conseqüência lógica no âmbito do IR seria a apuração de Ganho de Capital. Contudo, finaliza referindose a acréscimo patrimonial mesmo sem elaborar qualquer planilha de fluxo financeiro de origem e aplicação de recursos, para a apuração da base do cálculo de Acréscimo Patrimonial Financeiro. A constatação de infrações impõe a composição da base de cálculo de forma coerente com a legislação tributária vigente. A caracterização tributária do "acréscimo patrimonial a descoberto" está definida no artigo 58, inciso XIII, do RIR/94, todavia sequer essa legislação foi citada no enquadramento legal da autuação. No presente caso a fiscalização deduziu da matéria tributável descrita no próprio Termo de Constatação Fiscal lançamento com enquadramento divergente, no caso de possível Ganho de Capital para Acréscimo Patrimonial. [...] Se a situação fática traduz Ganho de Capital, sua tributação a título de acréscimo patrimonial contamina o lançamento de vício insanável. Aplicase perfeitamente ao caso o acórdão n° 2102002.219, proferido nos autos do processo administrativo n° 13830.000832/200194 pela Colenda 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção desse E. Colegiado, mesmo porque a matéria tratada naquele precedente é idêntica à do presente Fl. 488DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 489 8 processo e também foi decorrente da mesma ação fiscal levada a efeito na época envolvendo o recebimento de quotas decorrentes da transformação da Associação de Ensino de Manilha. Eis a ementa da decisão: "IRPF ERRO NA INDICAÇÃO DA INFRAÇÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL. LANÇAMENTO NULO. A precisa indicação da infração e enquadramento legal é aspecto essencial na fixação da matéria tributável de modo que eventual erro nesse aspecto do lançamento se constitui vicio substancial e insanável e, portanto, enseja a nulidade do lançamento." Eis a conclusão do voto condutor, do qual foram extraídos alguns excertos: "Ou seja, patente que a matéria tributável não é adequada ao fundamento do lançamento, afrontando o disposto no caput do Art. 142 do Código Tributário Nacional: Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível." E mesmo se esposada a tributação a título de Ganho de Capital o lançamento seria improcedente, uma vez que essa incidência somente poderia ocorrer quando da alienação das quotas ou devolução do capital adquirido a custo "zero". Como se verifica das razões expostas, a tributação do acréscimo patrimonial não deve prosperar, pois: a) não foi elaborado o demonstrativo de evolução patrimonial indicando, mensalmente, tanto as origens de recursos como os dispêndios e aplicações. Esse fluxo financeiro analítico de recursos e aplicações é essencial na determinação de acréscimos patrimoniais; b) agride a determinação legal consubstanciada no artigo 18 e seu parágrafo único da INSRF n° 113/1998, atribuindo custo positivo adicional onde a legislação determina custo "zero"; c) situa o pretenso fato gerador em data diversa daquela em que teria ocorrido, pois a formação do capital da sociedade de fins econômicos com atribuição de quotas ocorreu em 10/12/1998, com a aprovação da Ata da Assembléia de transformação e do Contrato Social; d) ofende o artigo 142 do CTN, porquanto a identificação, descrição dos fatos e composição da base de calculo não são coerentes com a legislação tributária, a revelar matéria tributável não adequada ao fundamento do lançamento; e) na legislação do Imposto de Renda, a caracterização do acréscimo patrimonial está definido no artigo 58, inciso XIII, do RIR/94, Fl. 489DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 490 9 comando sequer mencionado no enquadramento legal da autuação. Assim, o cancelamento da exigência é medida que se impõe! 2. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS Segundo o voto condutor do acórdão recorrido o Ganho de Capital apurado no valor de R$ 86.800,00 resultou da alteração indevida no valor do imóvel "Fazenda São Geraldo" para o montante de R$ 586.800,00, por ocasião da transferência desse bem para o patrimônio da entidade imune "Associação de Ensino de Marília", sendo que tal imóvel fora adquirido pelo valor de R$ 500.000,00, em 20/05/96, por escritura de permuta de fls. 127/130. Reconhece, com respaldo no art. 10 da INSRF n° 48/1998, atual art. 12 da INSRF n° 84/2001, "ser correto o entendimento do contribuinte quando afirma que em se tratando de permuta sem torna, como o caso declarado na escritura de fls. 127/130, prevalece para a nova propriedade o valor atribuído, em sua declaração conforme escritura, daquele imóvel anteriormente possuído. Salientando que a propriedade entregue pelo impugnante na permuta havia sido adquirido pelo valor de R$ 500.000,00, conforme indicado à fl. 128". A partir daí, a decisão "esquece" que o imóvel dado em permuta fora adquirido em 11/05/95, e por isso estava sujeito a conversão da quantidade de Ufir para reais em janeiro de 1996 pela cotação de R$ 0,8287 e não R$ 0,6767 como determinara a Receita Federal. Com efeito, no preenchimento da Declaração de Ajuste Anual relativa ao ano calendário de 1997, o Recorre e seguiu as recomendações constantes do Manual editado pela Secretaria da Receita Federal 1998, cuja página 18 orienta sejam os bens e direitos adquiridos no segundo trimestre/1995, atualizados pelo coeficiente de 1,1736 e lançados na coluna "ano de 1997". Como se verifica, apenas para a declaração relativa ao exercício de 1998, ano calendário de 1997, a Receita Federal autorizou a atualização dos bens e direitos adquiridos ou incorporados ao patrimônio até 31/12/95 pela inflação daquele ano, divulgando os fatores trimestrais a serem utilizados para a atualização. O valor anteriormente utilizado na conversão fora R$ 0,6767 correspondente ao valor da Ufir em janeiro/1995. Na declaração relativa ao exercício de 1998 passou a ser considerada a Ufir de R$ 0,8287, de janeiro/1996, o que gerou aplicação do coeficiente de 1,2246 (divisão de R$ 0,8287 por R$ 0,6767) para a atualização dos bens existentes até março de 1995. No caso dos bens e direitos incorporados ao patrimônio a partir de abril até dezembro de 1995 os coeficientes foram apurados considerandose o valor da Ufir de R$ 0,8287 dividido pela Ufir correspondente ao trimestre da aquisição. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 491 10 Como a aquisição operouse em maio/1995 o valor da Ufir utilizado como divisor foi o do segundo trimestre/1995, fixado em R$ 0,7061, que comparado a R$ 0,8287 resulta no coeficiente de 1,1736 a ser aplicado para atualizar o valor dos bens adquiridos naquele segundo trimestre. Com isso, o imóvel adquirido por R$ 500.000,00 em maio/1995, a partir de janeiro/1996, não fosse o cochilo da Receita Federal, já deveria estar atualizado mesmo antes da permuta para R$ 586.800,00, igual ao valor a ele atribuído na transferência para o patrimônio da instituição até então imune. De se observar que essa atualização já era permitida, mas apenas no momento da venda do bem ou direito, para efeitos de cálculo do Ganho de Capital. Por isso, estranhase o posicionamento da Turma Julgadora ao manter a tributação do Ganho de Capital na transferência do bem, uma vez que essa atualização não só constou do Manual de Orientação para o Preenchimento de Declarações de Pessoas Físicas editado para o exercício de 1998, como também foi divulgado pela imprensa escrita como se observa do texto extraído do jornal Folha de São Paulo, publicado em 19/04/1998, juntado por cópia ao presente recurso. [...] Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele conheço. Passo à análise. Conforme já relatado, o Recorrente desafia a decisão da instância de piso em duas frentes de mérito: acréscimo patrimonial não declarado e ganho de capital na alienação de bens. Ao irresignarse contra a infração tipificada por acréscimo patrimonial não declarado, o Recorrente ampara os seus argumentos em quatro pilares principais: a) não foi elaborado o demonstrativo de evolução patrimonial indicando, mensalmente, tanto as origens de recursos como os dispêndios e aplicações. Esse fluxo financeiro analítico de recursos e aplicações é essencial na determinação de acréscimos patrimoniais; Fl. 491DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 492 11 b) agride a determinação legal consubstanciada no artigo 18 e seu parágrafo único da INSRF n° 113/1998, atribuindo custo positivo adicional onde a legislação determina custo "zero"; c) situa o pretenso fato gerador em data diversa daquela em que teria ocorrido, pois a formação do capital da sociedade de fins econômicos com atribuição de quotas ocorreu em 10/12/1998, com a aprovação da Ata da Assembléia de transformação e do Contrato Social; d) ofende o artigo 142 do CTN, porquanto a identificação, descrição dos fatos e composição da base de calculo não são coerentes com a legislação tributária, a revelar matéria tributável não adequada ao fundamento do lançamento; e) na legislação do Imposto de Renda, a caracterização do acréscimo patrimonial está definido no artigo 58, inciso XIII, do RIR/94, comando sequer mencionado no enquadramento legal da autuação. Muito bem. A instância de piso alinhouse à essência do entendimento da autoridade lançadora, reconhecendo, todavia, acréscimo patrimonial não declarado referente ao ano calendário 1999 no valor total de R$ 1.423.072,06 e não de R$ 1.429.720,00 apurado pela Fiscalização. Nesse contexto, reduziu o valor do imposto apurado, originalmente no valor de R$ 393.173,00, em R$ 1.828,18, mantendo assim R$ 391.344,82, com o respectivo reflexo no valor relativo à multa de ofício de 75%. proporcionalmente ao valor mantido. Ocorre que não obstante a infração ter sido tipificada no lançamento em apreço como acréscimo patrimonial não declarado, a descoberto, portanto, verificase da descrição dos fatos anotada no Termo de Constatação Fiscal, dos procedimentos da Fiscalização, bem assim dos fundamentos legais, que se trata, na verdade, de apuração de custo de aquisição de participação societária com o fito de incidência de imposto de renda sobre ganho de capital, que a autoridade lançadora denomina de "excesso apurado na participação societária", que alcança o montante de R$ 1.429.720,00: Fl. 492DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 493 12 Ora, é cediço que os procedimentos fiscais relativos à apuração de acréscimo patrimonial não declarado (a descoberto) compreendem, necessariamente, a verificação, mês a mês do anocalendário (janeiro a dezembro) fiscalizado, dos recursos/origens e sua compatibilidade com os dispêndios/aplicações, numa sequência lógica e interligada, a influenciar positiva ou negativamente a apuração do mês seguinte, de forma a identificar eventual acréscimo patrimonial passível de tributação de imposto de renda, no(s) mês(es) que restarem caracterizados incompatibilidade (diferença negativa entre recursos/origens e dispêndios/aplicações). Desta feita, os recursos/origens e os dispêndios/aplicações são dispostos em planilha específica normalmente denominada de Demonstração de Variação Patrimonial, na qual são discriminados os valores acompanhados da respectiva descrição dos eventos àqueles associados. E isto porque o fato gerador do IRPF é complexivo ou periódico, vez que compreende a disponibilidade econômica ou jurídica adquirida pelo contribuinte em determinado ciclo que se inicia no dia primeiro de janeiro e se finda no dia 31 de dezembro de cada anocalendário. Todavia, não é o que se observa no caso em análise. Temse, de fato, uma apuração de ganho de capital decorrente de uma participação societária na pessoa jurídica Associação de Ensino de Marilia Ltda., inicialmente entidade sem fins lucrativos, e posteriormente transformada, por deliberação de assembléia de sócios, em sociedade civil com fins lucrativos. Tratase, portanto, de evento específico, que, no entendimento da autoridade lançadora, ensejou apuração de ganho de capital, ou, como foi denominado, excesso apurado na participação societária, de R$ 1.429.720,00. É dizer, nada tem a ver com acréscimo patrimonial não declarado (a descoberto). De se observar que o enquadramento legal consignado para a infração em apreço em nenhum momento reportase ao art. 58, XIII, do Regulamento do Imposto de Renda/RIR/94 aprovado pelo Decreto n. 1.041/1994, vigente à época dos fatos. Esse dispositivo caracteriza, de forma inequívoca, a tributação do acréscimo patrimonial da pessoa física quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, nãotributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. Nessa perspectiva, resta evidenciado que a autoridade lançadora não caracterizou a infração com a base de cálculo respectiva, em conformidade com a legislação tributária vigente, ensejando lançamento com enquadramento diverso, ou seja, apurou um possível ganho de capital e tipificou como acréscimo patrimonial. Desta forma, é indene de dúvida que a matéria tributável em questão não se adequa ao fundamento do lançamento, afrontando elementos estruturais definidos no caput do Fl. 493DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 494 13 art. 142 do CTN, o que reclama a sua nulidade por vício material insanável, afastandose a infração caracterizada por acréscimo patrimonial não declarado. Noutro giro, no que diz respeito à infração tipificada como ganho de capital na alienação de bens, é informado no Termo de Constatação Fiscal que decorre de transação efetuada entre o Recorrente e a Associação de Ensino Marília, assim resumida: A decisão recorrida, sem restrições, corrobora o entendimento da autoridade lançadora, conforme depreendese da leitura dos seguintes excertos do voto condutor: [...] 33 O Ganho de Capital apurado no valor de R$ 86.800,00 resultou da alteração indevida do valor do imóvel "Fazenda São Geraldo" para o montante de R$ 586.800,00, por ocasião da transferência desse bem para o patrimônio da Pessoa Jurídica "Associação de Ensino de Manha", efetuada em 02/12/98, tendo sido adquirido pelo valor de RS 500,000,00, em 20/05/96, por escritura de permuta de fls. 127 a 130. 34 Cabe registrar, ser correto o entendimento do contribuinte quando afirma que em se tratando de permuta sem torna, como o caso declarado na escritura de fls. 127/130, prevalece para a nova propriedade o valor atribuído, em sua declaração conforme escritura, daquele imóvel anteriormente possuído. Salientando que a propriedade entregue pelo impugnante na permuta havia sido adquirido pelo valor de R$ 500.000,00, como indicado à fl. 128. 35 Além disso, tanto na IN SRF n°. 048, de 26 de maio de 1.998, em seu artigo 10, como o dispositivo atualmente vigente, ou seja, a IN SRF n°. 84, de 11 de Outubro de 2001, em seu artigo 12, a seguir transcrito, já definiam o custo de aquisição de imóvel adquirido por permuta com outro imóvel como sendo o valor do imóvel dado em permuta: "Imóvel adquirido em permuta Art. 12. Considerase custo de aquisição de imóvel adquirido por permuta com outro imóvel, o valor do imóvel dado em permuta: 1 acrescido da torna paga, se for o caso; II diminuído do valor correspondente à diferença entre a torna recebida e o ganho de capital relativo a essa torna, apurado na forma do art. 23." (g.n) Fl. 494DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 495 14 36 Então, pela escritura de permuta de fls.. 127/130, lavrada em 20/05/1.996, o contribuinte adquiriu o imóvel denominado de "Fazenda São Geraldo" pelo valor de R$ 500.000,00. Adquirindo, pois este imóvel em 20/05/1.996, não há que se falar em atualização de valor, uma vez que os bens adquiridos a partir de 1°/01/1.996 não estão sujeitos atualização monetária. 37 A valorização pleiteada pelo impugnante, se fosse o caso, deveria ter sido exigida por ocasião da permuta, realizando a transferência dos imóveis por permuta com torna, uma vez que considera que o imóvel que possuía era de maior valor, como ora questiona. 38 Desta feita, estando prejudicada a atualização monetária de imóvel adquirido a partir de 1°/01/1996, correto o lançamento efetuado como Ganho de Capital por ocasião da doação para a Associação de Ensino de Marilia. [...] Pois bem. Compulsando os autos, verificase que o imóvel objeto de permuta foi adquirido pelo Recorrente em 11/05/1995 pelo valor de R$ 500.000,00, conforme denuncia a escritura de permuta (efls. 134/144) e por esse mesmo valor foi permutado sem torna. No entendimento do Recorrente, que diverge da decisão recorrida, o imóvel dado em permuta foi adquirido em 11/05/95, e assim estava sujeito a conversão da quantidade de Ufir para reais em janeiro de 1996 pela cotação de R$ 0,8287 e não R$ 0,6767 como determinara a Receita Federal. Assim, efetuandose a atualização na forma pretendida pelo Recorrente, o valor do imóvel dado em permuta sem torna seria de R$ 586.000,00 (valor informado na Declaração de Ajuste Anual 1999), descaracterizando desta forma eventual apuração de ganho de capital. Nessa perspectiva, o cerne do litígio em relação à infração em tela concentra se na possibilidade, ou não, de o Recorrente atualizar o valor do bem permutado na forma como o fez. Muito bem. De fato, a Receita Federal permitiu que os contribuintes pessoas físicas atualizassem o custo de bens e direitos (aquisição ou pagamento) até 31/12/1995 mediante índices constantes em tabela de atualização específica, na qual se verifica que, para o mês de maio/1995 (mês de aquisição do bem permutado) o índice de atualização correspondente é 0,8521, que aplicado ao custo de aquisição de R$ 500.000,00 decorre valor atualizado de R$ 586.785,59, que converge com o valor informado pelo Recorrente (R$ 586.800,00). Na Declaração de Ajuste Anual (DAA) Exercício 1998, o Recorrente informou pela primeira vez o custo de aquisição do bem permutado no valor de R$ 500.000,00 (situação em 31/12/1996) e no valor de R$ 586.800,00 (situação em 31/12/1997), conforme Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13830.000831/200140 Acórdão n.º 2402007.474 S2C4T2 Fl. 496 15 consta na linha 63 da Ficha Declaração de Bens e Direitos (efl. 255). Não há qualquer referência do referido bem na DAA Exercício 1997. É dizer, não obstante ter sido facultado ao Recorrente a atualização do custo de aquisição do bem permutado em 31/12/1995, para assim constar na DAA Exercício 1996, o Recorrente só informou a referida atualização na DAA Exercício 1998, e, ainda assim, como situação em 31/12/1997. Na Declaração de Ajuste Anual (DAA) Exercício 1999, o Recorrente informou no item 62 da Ficha Declaração de Bens e Direitos (efl. 270) a situação do bem permutado em 31/12/1997 no valor de R$ 586.800,00 e de R$ 0,00 em 31/12/1998, vez que foi transferido à Associação de Ensino Marília em 02/12/1998. De outra banda, quando da formalização da permuta (sem torna) em 20/05/1996, registrada em escritura pública, o Recorrente assinalou, por ato volitivo, que o bem, objeto da permuta, foi transacionado pelo valor de R$ 500.000,00, sendo este o custo de aquisição do bem adquirido na transação (permuta). Não restam esclarecidos os motivos da opção do Recorrente em oferecer o bem permutado por esse valor, quando já poderia têlo feito com o benefício fiscal da atualização do custo de aquisição (R$ 586.785,59). Nesse contexto, não se vislumbra mácula no lançamento ora combatido neste ponto, nem muito menos na decisão da instância que o referendou, vez que é fato incontroverso que o custo de aquisição do bem permutado foi de R$ 500.000,00, por opção do próprio Recorrente, e que o respectivo valor da transferência foi de R$ 586.800,00, caracterizandose assim omissão de ganho de capital no valor de R$ 86.800,00. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e darlhe provimento parcial, para desconstituir integralmente o lançamento referente à infração tipificada por acréscimo patrimonial não declarado no aocalendário 1999 (valor do imposto de R$ 393.173,00 e respectiva multa de ofício de R$ 294.879,75) e manter o lançamento relativo à infração tipificada por omissão de ganhos de capital na transferência de bens no Ano calendário 1998 (valor do imposto de R$ 13.020,00 e respectiva multa de ofício de R$ 9.765,00). (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 496DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17878.000255/2009-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
ESCRITA FISCAL. SALDO CREDOR ACUMULADO. TRIMESTRES-CALENDÁRIO ANTERIORES. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO LEGAL.
Admite-se a manutenção, na escrita fiscal, do crédito de IPI remanescente de outros trimestres-calendário e sua utilização para dedução de débitos do IPI de períodos subsequentes da própria empresa ou da empresa para a qual o saldo for transferido. Contudo, apenas o saldo credor correspondente ao crédito básico escriturado no mesmo trimestre-calendário pode ser objeto de pedido de ressarcimento/compensação.
Numero da decisão: 9303-008.675
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Julgamento iniciado na reunião de abril/2019 e concluído dia 16/05/2019, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 ESCRITA FISCAL. SALDO CREDOR ACUMULADO. TRIMESTRES CALENDÁRIO ANTERIORES. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO LEGAL. Admitese a manutenção, na escrita fiscal, do crédito de IPI remanescente de outros trimestrescalendário e sua utilização para dedução de débitos do IPI de períodos subsequentes da própria empresa ou da empresa para a qual o saldo for transferido. Contudo, apenas o saldo credor correspondente ao crédito básico escriturado no mesmo trimestrecalendário pode ser objeto de pedido de ressarcimento/compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Julgamento iniciado na reunião de abril/2019 e concluído dia 16/05/2019, no período da tarde. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 87 8. 00 02 55 /2 00 9- 01 Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 17878.000255/200901 Acórdão n.º 9303008.675 CSRFT3 Fl. 1.897 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 1.827 a 1.838), contra o Acórdão 3403002.387, proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Sejul do CARF (fls. 1.814 a 1.825), sob a seguinte ementa (no que interessa à discussão): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS NDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 IPI. PRINCÍPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE. O princípio da nãocumulatividade garante aos contribuintes o direito ao crédito do imposto que for pago nas operações anteriores para abatimento com o IPI devido nas posteriores, assim como o transporte do saldo credor da escrita para períodos de apuração subseqüentes para a mesma finalidade. RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR DE ESCRITA. Com o advento do art. 11 da Lei nº 9.779/99 o legislador ordinário excedeu a garantia constitucional e, além da possibilidade de transferência do saldo credor para os períodos seguintes, instituiu o direito ao ressarcimento e à compensação desse saldo. SALDO CREDOR DE ESCRITA TRANSPORTADO DE PERÍODOS ANTERIORES. RESSARCIMENTO. As Instruções Normativas SRF nº 210/2002, 460/2004 e 600/2005, com a redação que lhe foi dada pela IN SRF nº 728/2007, quando interpretadas em consonância com as normas de hierarquia superior não vedaram o direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI transportado de períodos anteriores. RESSARCIMENTO. LIMITAÇÃO DO PEDIDO A UM TRIMESTRECALENDÁRIO. Com o advento da IN SRF 728/2007 cada pedido de ressarcimento de saldo credor da escrita deve se referir a um único trimestre calendário. No seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento (fls. 1.878 a 1.880), a PGFN defende que somente o saldo credor gerado no próprio trimestre, objeto do Pedido de Ressarcimento, é que pode ser ressarcido em espécie e utilizado na compensação com outros tributos. O contribuinte apresentou Contrarrazões (fls. 1.887 a 1.893). É o Relatório. Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 17878.000255/200901 Acórdão n.º 9303008.675 CSRFT3 Fl. 1.898 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Preenchidos todos os requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço do Recurso Especial. No mérito, esta Turma enfrentou a mesma questão em julgamento realizado em 11/07/2018, tendo sido o Acórdão nº 9303007.148 assim ementado: ESCRITA FISCAL. SALDO CREDOR ACUMULADO. TRIMESTRESCALENDÁRIO ANTERIORES. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO LEGAL. Admitese a manutenção, na escrita fiscal, do crédito de IPI remanescente de outros trimestrescalendários e sua utilização para dedução de débitos do IPI de períodos subsequentes da própria empresa ou da empresa para a qual o saldo for transferido. Contudo, apenas o saldo credor correspondente ao crédito básico escriturado no mesmo trimestrecalendário pode ser objeto de pedido de ressarcimento/compensação. Transcrevo o Voto Vencedor do ilustre Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, que adoto como razões de decidir: “... meu entendimento é que, à época dos fatos narrados nos autos, havia, sim, vedação expressa à utilização do saldo credor acumulado em trimestrescalendário anteriores na compensação dos tributos devidos pelo sujeito passivo. Para confirmálo, basta que se leia atentamente as disposições normativas que, na faculdade outorgada no art. 11 da Lei 9.779/99, foram editadas pela Secretaria da Receita Federal”. Vejamos primeiro que diz a lei: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. E, agora, a IN/SRF nº 460/2004: Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 17878.000255/200901 Acórdão n.º 9303008.675 CSRFT3 Fl. 1.899 4 § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: I créditos presumidos do IPI, como ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstos na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001; II créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI a que se refere o art. 1º da Portaria MF nº 134, de 18 de fevereiro de 1992; e III créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista nos termos do item " 6" da Instrução Normativa SRF nº 87/89, de 21 de agosto de 1989. § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF. § 3º O pedido de ressarcimento e a compensação previstos no § 2º serão efetuados mediante utilização do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração (papel) acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. § 4º Somente são passíveis de ressarcimento: I os créditos presumidos do IPI a que se refere o inciso I do § 1º, escriturados no trimestrecalendário, excluídos os valores recebidos por transferência da matriz; II os créditos relativos a entradas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para industrialização, escriturados no trimestrecalendário; e III os créditos presumidos do IPI de que trata o art. 2º da Lei nº 6.542, de 28 de junho de 1978, escriturados no trimestre calendário. Não há margem para dúvida. O § 1° do art. 16 admitia a manutenção na escrita fiscal dos créditos remanescentes desde que fossem utilizados para dedução de débitos do IPI de períodos subsequentes da própria empresa ou da empresa para a qual o saldo fosse transferido. O § 2° apenas reconheceu o direito de ressarcimento ou compensação dos créditos Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 17878.000255/200901 Acórdão n.º 9303008.675 CSRFT3 Fl. 1.900 5 remanescentes passíveis de ressarcimento. O inciso II do § 4°, contudo, especificou com clareza solar quais créditos eram considerados passíveis de ressarcimento, dentre eles, aqueles relativos a entradas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para industrialização, escriturados no trimestrecalendário. Ou seja, os créditos remanescentes a que faz alusão o § 2° referemse apenas ao valor do crédito escriturado naquele trimestrecalendário. A Instrução Normativa autorizou a manutenção dos créditos correspondente a períodos anteriores, mas nunca autorizou que eles fossem utilizados para compensação ou ressarcimento, apenas para dedução de débitos do IPI de períodos subsequentes da própria empresa ou da empresa para a qual o saldo fosse transferido.” À vista do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1900DF CARF MF
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Numero do processo: 16636.001415/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004
PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos.
PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.
PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO.
Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação.
Numero da decisão: 3301-006.251
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. O inconformismo diante de decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. PRELIMINAR. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. PIS/COFINS. SERVIÇOS PRESTADOS A PESSOA JURÍDICA NO EXTERIOR. NÃO INCIDÊNCIA. REQUISITOS. CUMPRIMENTO. Os documentos carreados aos autos confirmam a efetiva prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente, o ingresso de divisas. O fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro, eis que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 63 6. 00 14 15 /2 00 9- 19 Fl. 4135DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Cuida-se de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão que manteve o Despacho Decisório que negou a compensação declarada em PER/DCOMP carreada aos autos. Verifica-se inicialmente que a contribuinte supracitada solicitou restituição de Cofins para fins de compensação com débitos. O suposto direito creditório da contribuinte se fundamenta na alegação de que a prestação de serviços portuários não sofre a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas decorrentes destes, quando efetuados para pessoa física ou jurídica, residentes ou domiciliadas no exterior, cujo pagamento represente o ingresso de divisas, sendo que a intermediação do agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira, tomadora de serviços portuários, não descaracteriza a exportação deste serviços. Tal argumentação é fundamentada no art.6º, inciso II da Lei 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, e na Circular BACEN nº 3.280/2005, bem como na Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, na qual a contribuinte é solicitante. Após análise pela DRF de origem, o pleito de restituição foi negado e, por conseguinte, as compensações realizadas pela contribuinte não foram homologadas. Foi consignado que, intimado o contribuinte para comprovação dos fatos, não restou caracterizada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, em relação aos fatos geradores ocorridos no período litigado, nem tampouco que os pagamentos recebidos pela interessada representam ingresso de divisas no país. Irresignada, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, manejando, inicialmente, os argumentos a seguir sintetizados: __ presta serviços portuários às empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, cujas embarcações atracam em seu porto para as operações, dentre outras, de embarque e desembarque de mercadorias, sendo que as empresas transportadoras estrangeiras a contratam, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários; __ as transferências dos recursos do exterior e para o exterior, são disciplinadas pelo Banco Central do Brasil - BACEN, através da Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005, sendo obrigatória a intervenção de uma agência marítima como representante da empresa de navegação estrangeira, nos termos do § 2o, art. 4o, da IN RFB N° 800, de 27 de dezembro de 2007; __ há duas hipóteses de transferência de valores entre o transportador estrangeiro e o agente marítimo no País, regulados pela Circular n° 3.280, de 09 de março de 2005: o envio de divisas do exterior para o País, abordando a questão das despesas portuárias, e o envio do País para o exterior, envolvendo o pagamento do transporte internacional e dedução das despesas portuárias. Nas duas hipóteses citadas, ao final das operações cambiais, o saldo no balanço de Fl. 4136DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 pagamentos na conta de transações correntes é o mesmo e existem contratos de câmbio, celebrados entre o transportador estrangeiro e a agência de navegação, que evidenciam as operações de prestação de serviços, considerando que a manifestante não é responsável pelo fechamento do câmbio, já que o contrato de câmbio é celebrado entre o transportador estrangeiro e a agência marítima, seu representante no Brasil; __ descreve o relacionamento do transportador estrangeiro, do agente do transportador estrangeiro, e do prestador do serviço (manifestante/contribuinte), informando que 70% (setenta por cento) de sua receita tem origem na prestação de serviços a transportadores estrangeiros, fato que pode ser confirmado através de perícia técnica a ser realizada em seu estabelecimento. No mérito, salienta que origem do crédito decorre de receitas auferidas na prestação de serviços para pessoa jurídica domiciliada no exterior, sendo isenta das contribuições de PIS e Cofins, nos termos do II, do art. 6º, da Lei nº 10.833/2003 e inciso II do art. 5º, da Lei nº 10.637/2002, na redação dada pelo art. 21 da Lei nº 10.865/2004 e ainda pela IN SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, devendo o valor pago indevidamente sobre as receitas mencionadas ser objeto de restituição. Para comprovar nexo causal do ingresso de divisas, faz nova juntada de alguns contratos celebrados com os transportadores estrangeiros e de amostragem das notas fiscais emitidas contra estes, aos cuidados de sua agência marítima ou de seu representante no Brasil. Afirma que a existência das agências de navegação, que seria uma terceira pessoa na relação contratual com os transportadores, não desfigura o efetivo ingresso de divisas, pois estas representam os transportadores e fazem os pagamentos e recebimentos por estes. Ainda ressalta que os contratos de câmbio celebrados entre os transportadores estrangeiros e as agências marítimas são de propriedade destas, não podendo ser exigidos da manifestante, sendo que apresenta alguns contratos de empresa do seu grupo empresarial para comprovar as relações entre a instituição financeira, o agente de navegação e o transportador estrangeiro. Sustenta que o ingresso de divisas também ficaria comprovado nos contratos formais firmados entre esta e os transportares estrangeiros, trazendo aos autos alguns exemplos. Nesta relação de atividade, seria frequente o contrato informal (solicitações por e-mail ou por telefone), que não desfiguraria a relação jurídica, sendo que poderia comprovar o relacionamento jurídico por outros instrumentos, como nota fiscal emitida contra o transportador estrangeiro ou contra seu agente/representante no Brasil, registros contábeis, ou, ainda, através de perícia técnica. Traz cópias de contratos traduzidos para o português para alicerçar sua defesa. Também afirma que os serviços administrativos e operacionais do terminal, quando executados para atender navios estrangeiros, compõem toda a atividade portuária, não podendo de forma nenhuma serem segregados uns dos outros, já que todos integram a atividade da empresa, pois sem a prestação destes serviços o atendimento ao transportador estrangeiro não ocorreria. Para reforçar sua alegação apresenta solução de consultas concluindo pela não incidência/isenção de PIS/Pasep e da Cofins sobre as receitas decorrentes de prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas ou com sede no exterior, mesmo mediante a intermediação do agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil, haja vista a efetividade do ingresso de divisas. Por conseguinte, argumenta que estariam provados seus os crédito decorrentes da não incidência/isenção do PIS e da Cofins sobre a receita oriunda da prestação de serviços de Fl. 4137DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 operação portuária ao transportador estrangeiro, pessoa jurídica domiciliada ou com sede no exterior, cujo pagamento configura o ingresso de divisas no País, ainda que realizado mediante intermediação de agente/representante do transportador estrangeiro no Brasil. Como também estaria comprovado o crédito da contribuição relativo às despesas da manifestante com bens e serviços utilizados como insumos, aluguel de prédio locado de PJ, aluguel de máquina e equipamentos, contraprestação de arrendamento mercantil, encargos de amortização de edificações e benfeitorias e quanto ao crédito a descontar pela aquisição de bens do ativo imobilizado. Por fim, requer a conversão do julgamento em diligência a ser realizada por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento a maior da contribuição em face dos serviços prestados aos transportadores estrangeiros, bem como seja confirmado o crédito a descontar relativo a bens do ativo imobilizado adquiridos pela contribuinte/manifestante. Por seu turno, a DRJ, por maioria de votos, rejeitou o pedido de diligência/perícia e desconheceu da Manifestação de Inconformidade no que tange a matérias que não tenham sido indeferidas no Despacho Decisório (que não constituem parte litigiosa), julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade quanto às demais alegações. Concluiu a instância a quo que a isenção para a receita de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior é condicionada à comprovação documental das operações e do ingresso de divisas no país. Nesse sentido, é obrigação do contribuinte comprovar o alegado, nos termos do art.333, inciso II do CPC. Irresignada com a decisão, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário em que reafirma os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3301- 006.232, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16636.001408/2009-17, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301-006.232): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido e apreciado. Preliminares Cerceamento de Defesa e Pedido de Perícia Segundo a Recorrente, o v. acórdão 10-48.968, proferido pela 2ª Turma da DRJ/POA aponta, mormente no voto divergente, que a análise dos documentos juntados pela Recorrente à Impugnação passou ao largo da unidade de origem, que sequer questionou Fl. 4138DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 os demonstrativos juntados ao processo, assim como a documentação carreada aos autos, afirmando categoricamente que, se caso persistissem dúvidas quanto à documentação, seria de se cogitar, inclusive, a hipótese de remessa dos autos em perícia para que a unidade de origem verificasse de maneira mais acurada a documentação pertinente às operações embasadoras do direito creditório. Portanto, o CARF, na sua função imparcial de "juízo" dos litígios tributários em segunda instância administrativa, não pode negar à análise da documentação acostada aos autos, bem como toda aquela que se encontra no estabelecimento da Recorrente, que comprova a realidade inerente às operações realizadas pela Recorrente, objetivando o reconhecimento da não incidência do PIS/Cofins na prestação de serviços portuários efetuada a armadores estrangeiros domiciliados no exterior. Consequentemente, a realização de diligência já requerida quando do oferecimento da Manifestação de Inconformidade, deve agora ser deferida para a realização de perícia técnica, e por servidor estranho aos autos, a fim de que fique comprovado o pagamento indevido do PIS e da Cofins, sob pena de cerceamento de defesa. Passo à correspondente análise. De fato, é robusta a documentação acostada aos autos pela Recorrente. Vejo que a Recorrente se esforçou para reunir a gama de documentos aqui juntados, diversos carreados, inclusive, após a apresentação de sua Manifestação de Inconformidade. No entanto, o indeferimento de pedido de conversão do julgamento em diligência/perícia, quando fundamentado, como o foi pelo órgão julgador a quo, não tem o condão de representar cerceamento de defesa, mormente quando resta assegurado à contribuinte o prosseguimento da lide, ocasião em que pode reafirmar seu pleito e, se for o caso, obter decisão que lhe é satisfatória. O inconformismo diante de uma decisão contrária às pretensões firmadas em recurso não permite concluir pelo cerceamento de defesa, e também quando a referida decisão é fundamentada, pauta-se na análise do caso de acordo com a legislação e provas dos autos. Ademais, a despeito da apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente a sua convicção, conforme determina o Decreto nº 70.235, de 1.972, ao dispor na Seção VI acerca do julgamento de primeira instância. Logo, não há que se falar em cerceamento de defesa quando o julgador a quo proferiu decisão devidamente motivada, explicitando as razões pertinentes à formação de sua livre convicção. Neste ponto, ressalto haver limites estipulados no Decreto n° 70.235, de 1972, e que devem ser observados, sobretudo para fins de apresentação a destempo de novos documentos aos autos, cabendo ao contribuinte o ônus de demonstrar as razões que ensejariam a admissibilidade da prova documental apresentada a posteriori. Contudo, a autoridade julgadora de segunda instância pode apreciar a prova acostada aos autos, sob o prisma da verdade material, e por ser destinatária dela (prova), o que, inclusive, será feito por este julgador, lembrando que, na apreciação da prova, este julgador formará livremente sua convicção. Assim, a insatisfação do contribuinte, sobre este ponto, não tem o condão de anular a decisão de primeira instância, sendo matéria atinente à interposição de recurso voluntário, a ser objeto de deliberação pelo colegiado de segunda instância. Quanto à reafirmação do pedido de perícia, entendo por sua desnecessidade, porquanto a realização de perícia se justificaria na hipótese de necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos que não ficaram suficiente mente demonstrados pelas provas aportadas ao processo. Fl. 4139DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 Entretanto, essa não é a hipótese presente nos autos, visto que não se faz necessária a apreciação técnica de especialista para subsidiar o julgamento da lide. Portanto, estas preliminares hão de ser rechaçadas. Mérito Os autos tratam da análise do PER/DCOMP nº 07634.97230.301008.1.3.04-5435, por meio do qual a Recorrente informa crédito de pagamento indevido ou a maior cuja gênese seria o recolhimento, em 15/02/2005, para a Cofins, código de receita 5856 (Cofins não cumulativa), período de apuração 01/2005, no valor de R$ 841.704,65, do qual o valor creditória seria R$ 560.998,25. Por intermédio do Despacho Decisório nº 168, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Pelotas/RS não homologou a Declaração de Compensação, em razão da inexistência de crédito. No bojo do referido despacho, a unidade de origem salientou que a DCOMP 07634.97230.301008.1.3.04-5435 foi lastreada em crédito referente a pagamento a maior de Cofins em decorrência de retificações na DACON feitas com base no entendimento de que a contribuinte faz jus a não incidência da Cofins sobre receitas oriundas de prestação de serviços para pessoas domiciliadas ou residentes no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Em sua análise, porém, a unidade de origem concluiu que "não foi comprovada a prestação de serviços para pessoa situada no exterior, como também não foi comprovado que os pagamentos recebidos pelo interessado representam ingresso de divisas. Em conseqüência da falta de comprovação das condições necessárias para que o interessado faça jus a não incidência da Cofins, previstas no inciso II do art. 6º da Lei nº 10.833/2003, com redação dada pela Lei 10.865/2004, não existe base legal que ampare as retificações na DACON. Sendo assim, não foi apurado pagamento a maior de Cofins para o período". A partir de então, com a abertura de prazo para apresentação de Manifestação de Inconformidade, instaurou-se o litígio administrativo tendo como tema central a possibilidade, ou não, de a Recorrente valer-se da não incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. Inicialmente, faz-se necessário transcrever a norma que disciplina o assunto em debate, em sua redação original: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, com pagamento em moeda conversível; Posteriormente, essa norma foi alterada pelo art. 21 da Lei 10.865/2004, que passou a produzir seus efeitos a partir de 01/05/2004, consoante art. 53 do mesmo diploma legal, com nova redação a seguir: Lei 10.833/2003 Art. 6 o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] II - prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)” Da leitura da norma, extraímos a necessidade do preenchimento de dois requisitos cumulativos para a configuração da não incidência da Cofins quanto ao caso, a saber: Fl. 4140DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm#art21art6ii Fl. 7 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 a) prestação de serviços para a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior; e b) cujo pagamento represente ingresso de divisas. Na analise do presente caso, entendo que os referidos requisitos foram satisfeitos pela Recorrente. Vejamos. A Recorrente tem como objeto principal a exploração do terminal de contêineres do Porto de Rio Grande/RS, na qualidade de operador portuário. E, nessa condição, presta serviços portuários (carga, descarga etc.) a empresas transportadoras sediadas e domiciliadas no exterior, mediante contratos. Para a consecução de suas atividades e, em razão natureza inerente a essas atividades, as empresas transportadoras estrangeiras - pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de carga relativas a importações e exportações brasileiras - contratam a Recorrente, através de seus agentes, representantes no Brasil, para execução de serviços portuários, sendo estes os responsáveis pelo pagamento dos serviços prestados pela Recorrente mediante prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. Essa relação de intermediação e seus conceitos são expostos pela Recorrente em seu recurso. Vale transcrevê-la: a) Transportador Estrangeiro São as empresas transportadoras estrangeiras, pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, que operam linhas de transporte marítimo internacional de cargas relativas a importações e exportações brasileiras e que contratam a Recorrente, através de seus agentes/representantes no Brasil, para a execução de serviços portuários. b) Agente do Transportador Estrangeiro (agência marítima) É o representante obrigatório no Brasil dos interesses do transportador estrangeiro, administrando os contratos de prestação de serviços em nome do seu principal. Ele recebe do exterior (câmbio tipo 03) ou utiliza receitas auferidas pelo transportador estrangeiro, transferíveis ao exterior, para fazer face aos pagamentos dos serviços contratados pelo transportador estrangeiro. Assim, a agência de navegação efetua a contratação do câmbio, conforme Carta Circular nº 3.280, de 09/05/2005, emitida pelo Banco Central do Brasil e paga aos fornecedores e efetua a prestação de contas junto ao transportador estrangeiro. c) Prestador de Serviços Ele executa as operações de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou oriundas do ou ao exterior, cumprindo o contrato firmado com o transportador estrangeiro. Também fatura tais serviços ao transportador estrangeiro aos cuidados do seu agente no Brasil e recebe os valores em reais do agente no Brasil, através dos recursos provenientes do exterior, conforme as normas emitidas pelo Banco Central do Brasil. A presença de intermediário, agente do transportador estrangeiro, na operação não descaracteriza a situação de não incidência da Cofins. Nesse sentido foi a conclusão da Solução de Consulta SRRF/08 nº 58, de 07/04/2006, exarada no Processo Administrativo nº 11050.003099/2005-45, em resposta à demanda da própria Recorrente, levando em conta sua situação particular: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Cofins não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo Fl. 4141DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EXPORTAÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. A Contribuição para o PIS/Pasep não incide sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas. A intermediação de agente ou representante, no Brasil, de empresa estrangeira tomadora de serviços portuários, por si só, não é suficiente para descaracterizar a situação. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, II com a redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004; Circular Bacen nº 3.280, de 2005. Nos termos acima, tem-se, ainda, já com a alteração das redações das contribuições não cumulativas do PIS e da Cofins pela Lei nº 10.865/2004, a Solução de Consulta SRRF/07 nº 23, 22/03/2011, no Processo Administrativo nº 10768.007322/2010-41, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO. Para fins de não incidência ou isenção da Cofins sobre a receita decorrente da prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, o pagamento deve necessariamente representar ingresso de divisas no País. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM FAVOR DE ARMADOR ESTRANGEIRO. REPRESENTANTE DO ARMADOR ATUANDO NO PAÍS COMO MERO MANDATÁRIO. Na hipótese de prestação de serviços, efetuada por empresa domiciliada no País, para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que aludem o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, e o art. 14, III, da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. [...] Ainda, tem-se a Solução de Consulta Cosit nº 346, de 26 de junho de 2017, com a seguinte ementa (trecho): [...] Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins NÃO-INCIDÊNCIA. ISENÇÃO. RECEITAS DECORRENTES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. POSSIBILIDADE DE MERA INTERMEDIAÇÃO ENTRE A PRESTADORA DOS SERVIÇOS E A PESSOA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO EXTERIOR. EFETIVIDADE DO INGRESSO DE DIVISAS. A existência de terceira pessoa, desde que agindo como mera mandatária, ou seja, cuja atuação não seja em nome próprio, mas em nome e por conta do mandante estrangeiro, entre a pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior e a prestadora de serviços nacional, não afeta a relação jurídica negocial exigida para enquadramento nos arts. 6°, inciso II, Fl. 4142DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 da Lei n° 10.833, de 2003, e 14, inciso III, da MP 2.158-35, de 2001, para o fim de reconhecimento da não-incidência/isenção da Cofins. [...] Enfim, a Administração Tributária reconhece que a existência de terceira pessoa agindo na condição de mero mandatário da pessoa no exterior não descaracteriza a relação jurídica a que alude o art. 6º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, para fins de reconhecimento da não incidência ou isenção da Cofins. Portanto, neste ponto não há controvérsia. A controvérsia pauta-se na comprovação da efetiva prestação de serviços ao transportador estrangeiro e, consequentemente, no ingresso de divisas. A farta documentação carreada aos autos pela Recorrente, abrangendo notas fiscais de serviço, contratos com armadores estrangeiros, bem como declarações firmadas por estes, e respectivas tabelas de preços praticados, demonstram a efetividade dos serviços prestados e, por decorrência, o ingresso de divisas. Verifica-se nos documentos acostados aos autos que a Recorrente, em virtude de contrato de prestação de serviços com armadores no exterior, às fls. 798-1.277 (Manifestação de Inconformidade) e 1.904-2.157 (Recurso Voluntário), presta serviços portuários a estes e emite nota fiscal de serviços, às fls. 1.300-1.344 (Manifestação de Inconformidade) e 1.829-1.903 (Recurso Voluntário), em nome dos tomadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus representantes/agentes marítimos, os quais atuam como intermediários nessa operação. Considero, portanto, ser incontroversa a comprovação dos serviços prestados diante de arcabouço documental que traz os detalhes da operação de prestação de serviços. No que diz respeito ao ingresso de divisas, embora a fiscalização e a DRJ tenham concluído competir à Recorrente a apresentação dos contratos cambiais para sua comprovação, entendo não ser ônus da dela a apresentação de tais documentos. Conforme mencionado anteriormente, a própria Fazenda Pública entende não descaracterizada a situação de não incidência da Cofins quando, na operação de prestação de serviço para pessoa física ou jurídica domiciliada no exterior, haja representante do armador estrangeiro atuando no país como mero mandatário. Nessa situação, havendo o intermediário na operação, este é quem legalmente detém os referidos contratos, em razão da sistemática deste tipo de operação. Logo, não pode a Recorrente ser compelida a apresentar documento da qual não é proprietária e da qual sequer tem posse. Por sua vez, a norma isentiva da Cofins, Lei 10.833, de 2003, não estipulou que competiria ao prestador de serviço a comprovação do ingresso de divisas, em especial nessa situação em que há operação de intermediação. Dessa forma, sendo permitida a intermediação de mandatário do armador estrangeiro na prestação de serviço sem descaracterizar a não incidência da Cofins, a exigência dos contratos cambiais - como único instrumento de comprovação dos ingressos de divisas - a quem não os detenha acaba por impossibilitar, na prática, o uso deste benefício fiscal (não incidência legal), o que, certamente, não é a finalidade da norma isentiva. Dessa forma, compreendo que o ingresso divisas é decorrência lógica da natureza deste tipo de operação, não sendo ônus da Recorrente a apresentação de contrato cambial para a sua comprovação. A corroborar as conclusões acima, valho-me da pertinente análise do mesmo assunto e mesmo contribuinte efetuada pelo Conselheiro Walker Araújo no bojo do Processo Administrativo nº 17437.720221/2015-65, Resolução nº 3302-000.772, de 21/06/2018: O fato da Recorrente não ter apresentado cópia dos contratos de câmbio - diga- se, documentos que não pertencem è ela, logo não poderia haver exigência nesse sentido -, não pode servir único fundamento/justificativa para fiscalização Fl. 4143DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 afastar o direito do contribuinte e, desconsiderar os demais documentos hábeis à comprovar a origem dos registros contábeis. Com efeito, restou comprovado nos autos que a Recorrente firmou contratos com diversos transportadores estrangeiros (fls.1.007-1.615) para prestar serviços de embarque, descarga, movimentação e armazenagem de mercadorias em embarcações utilizadas para navegações de longo curso. Referidos transportadores estrangeiros nomeiam agentes marítimos para intermediar os negócios objeto dos contratos firmados entre as partes e, realizar os pagamentos à Recorrente pela prestação dos serviços anteriormente citados, na condição de mandatários dos transportadores estrangeiros. A Recorrente, por sua vez, emite nota fiscal de serviços (fls.1.616-2.604) em nome dos transportadores estrangeiros, mas aos cuidados de seus agentes marítimos. Tais fatos operacionais estão totalmente de acordo com o artigo 4º, da Instrução Normativa 800/2007 que, obriga aos transportes estrangeiros utilizarem agentes marítimos, senão vejamos: Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entende-se por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2o A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3o Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador. Nestes termos, o argumento utilizado pela RFB no sentido de que a Recorrente não teria comprovado o ingresso de divisa no país por meio de contratos câmbio, deve ser totalmente rechaçado, posto que os documentos colacionados aos autos comprovam que as receitas registradas em sua contabilidade decorrem de operações de prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior. Portanto, entendo que não deve haver a incidência das contribuições ao PIS e COFINS, porque (i) os documentos carreados autos confirmam a efetiva prestação de serviços à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, consequentente o ingresso de divisa; e (ii) o fato de haver um terceiro mandatário intermediando o pagamento não desconfigura o ingresso de divisas necessário para que tal pagamento chegue ao prestador brasileiro. Reforça o direito da Recorrente, a Solução de Consulta nº 58, de 07/04/2006, da 10ª SRRF, contida no processo administrativo 11050.003099/200545, de solicitação da própria contribuinte, no sentido de que o pagamento por Agente Marítimo em nome de Transportador Estrangeiro denota ingresso de divisas, conforme se verifica na ementa abaixo: [...] IV. Conclusão Diante do exposto, afasto as preliminares de nulidade e, no mérito, dou provimento ao recurso voluntário. É como voto. Em razão de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário, afastar as preliminares nele suscitadas e, no mérito, dar-lhe provimento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 4144DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3301-006.251 - 3ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16636.001415/2009-19 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Relator Fl. 4145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.900004/2009-63
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
RESSARCIMENTO DO IPI ART. 11 DA LEI 9.779/99.
O benefício fiscal a que alude o art. 11 da Lei 9.799/99 só incide sobre aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados no processo industrial da adquirente, o que refoge ao caso dos autos em que a empresa os revende.
Recurso especial do contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-008.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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O benefício fiscal a que alude o art. 11 da Lei 9.799/99 só incide sobre aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados no processo industrial da adquirente, o que refoge ao caso dos autos em que a empresa os revende. Recurso especial do contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 00 04 /2 00 9- 63 Fl. 472DF CARF MF 2 Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o acórdão nº 3301003.040, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 RESSARCIMENTO DO IPI. ART. 11 DA LEI 9.779/99. APLICÁVEL QUANDO HOUVER ATIVIDADE INDUSTRIAL O ressarcimento do IPI aplicase exclusivamente a contribuintes que pratiquem atividades industriais. Como o contribuinte compra e revende e é contribuinte por opção (inc. I do art. 11 do RIPI/2002), não tem direito a requerer o ressarcimento. ART. 11 DA LEI N° 9.779/99. VIOLAÇÃO DO DIREITO À PROPRIEDADE. INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de dispositivo legal, nos termos da Súmula CARF n° 2.” Irresignado, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão Fl. 473DF CARF MF Processo nº 13819.900004/200963 Acórdão n.º 9303008.673 CSRFT3 Fl. 3 3 · A recorrente adquiriu produto intermediário, bem de produção com destaque do IPI e os revendeu à estabelecimento industrial que os utilizou no seu processo produtivo; · Nos termos do inciso I, do art. 11, do RIPI/2002, equiparase a estabelecimento industrial, estabelecimento comercial que der saída a bens de produção para estabelecimentos industriais ou revendedores; · A recorrente se creditou do IPI pela aquisição de chapas de aço que foram adquiridas com o destaque do r. imposto e, tendo em vista que a saída se deu com suspensão, por força do que dispõe o art. 29, da Lei 10.637/02, acumulou saldo credor · No entanto, o acórdão recorrido entendeu que a recorrida não teria direito ao ressarcimento do IPI, uma vez que não realiza qualquer processo industrial ou não realiza industrialização por encomenda; · Reputase existente o direito à restituição, no caso concreto, por existir, em qualquer hipótese, crédito do contribuinte para com o ente federativo tributante, o que ocasiona o dever inafastável da Administração Pública de restituir este imposto ao contribuinte como determina a lei, em obediência ao conceito de Justiça Fiscal e do Estado de Direito. Em Despacho às fls. 520 a 522, foi dado seguimento aos recursos especiais interpostos pelo sujeito passivo. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, que trouxe, entre outros, que, diante da prescrição normativa veiculada pelo art. 29 da Lei 10.637/02 e da regulamentação posta no art. 44 do RIPI/02 e na IN SRF 296/03, alterada pela IN SRF 429/04, a argumentação da defesa não deve prevalecer. É o relatório. Voto Vencido Fl. 474DF CARF MF 4 Conselheira Tatiana Midori Migiyama – Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, eis que atendidos os requisitos constantes do art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015. O que concordo com o Despacho de admissibilidade de recurso. Vêse que a própria Fazenda Nacional traz que o recurso do sujeito passivo deva ser conhecido: “6. Com efeito, como concluiu o ilustre conselheiropresidente, o acórdão recorrido diverge em relação ao acórdão paradigma quanto à interpretação da legislação tributária relativamente ao aproveitamento de créditos de IPI. O acórdão paradigma não apresenta nenhuma restrição quanto ao fato de o estabelecimento ser equiparado a industrial "por opção", o que é ponto central no acórdão atacado.” Sendo assim, conheço o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Quanto ao mérito, importante recordar que: · O sujeito passivo compra aço da CSN com destaque do IPI; · Posteriormente, vende o aço para a empresa que o processa (industrializa) com suspensão do IPI, restando, a rigor, credora da União – acumulando o crédito da aquisição do aço. Para melhor elucidar, importante trazer o art. 29 da Lei 10.637/02 – que trata da suspensão do IPI na saída do produto especificado nesse dispositivo que, por sua vez, corresponde ao caso vertente: “Art. 29. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, à elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28, 29, 30, 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00.00, e nas posições 21.01 a 21.05.00, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (não tributados), sairão do estabelecimento industrial com suspensão do referido imposto. (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) [...]” Fl. 475DF CARF MF Processo nº 13819.900004/200963 Acórdão n.º 9303008.673 CSRFT3 Fl. 4 5 Sendo assim, na saída do produto, a recorrente agiu corretamente ao observar a suspensão do r. tributo, eis que, nos termos do art. 11 do Decreto 4.544/02 (RIPI/2002 – vigente à época), ela seria equiparada a industrial: “Equiparados a Industrial por Opção Art. 11. Equiparamse a estabelecimento industrial, por opção (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso IV, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 1ª): I os estabelecimentos comerciais que derem saída a bens de produção, para estabelecimentos industriais ou revendedores; e II as cooperativas, constituídas nos termos da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que se dedicarem a venda em comum de bens de produção, recebidos de seus associados para comercialização.” Sendo assim, de forma singela, considerando os comandos legais, inegável que a recorrente tinha o direito ao ressarcimento do crédito do IPI da aquisição do aço, nos termos do art. 11 da Lei 9.779/99: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.” Tal dispositivo é abrangente ao dispor que a equiparação deve valer “para todos os efeitos” da lei do IPI. Vêse que a equiparação a industrial teve a finalidade de colocar os distintos estabelecimentos na mesma condição, no mesmo patamar, sujeitandose às mesmas obrigações e adotando os mesmos procedimentos previstos na legislação do IPI. Fl. 476DF CARF MF 6 Dessa forma, considero que a Instrução Normativa nº 296, de 2003, especificamente o art. 23 (redação dada pela IN SRF 429/04 é de discutível legalidade, vez que os comandos legais não restringiam a equiparação a industrial para a recorrente: “Art. 23. O disposto nesta Instrução Normativa não se aplica: I [...] II a estabelecimento equiparado a industrial, salvo quando se tratar da hipótese de equiparação prevista no art. 4º.” Tal IN restringe dispositivo de lei que trata de equiparação industrial, em confronto aos ditames do art. 100 do CTN. Frisese a inteligência da decisão dada pelo STF quando da apreciação do RE 950.841: “JURÍDICA. FATO GERADOR. IMPORTADOR. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. SAÍDA DO ESTABELECIMENTO. BITRIBUTAÇÃO. FATOS GERADORES E CONTRIBUINTES DIVERSOS. 1. O IPI não recai sobre a atividade de industrialização, de elaboração do produto, mas sobre o resultado do processo produtivo, ou seja, a operação jurídica que envolve a prática de um ato negocial do qual resulte a circulação econômica da mercadoria. 2. Mostrase equivocada a assertiva de que a operação jurídica abrange somente o fabricante e o adquirente direto do bem industrializado, não abarcando situações em que a mercadoria não foi industrializada por nenhuma das partes envolvidas no negócio jurídico de transmissão da propriedade ou posse. [...]” Em vista de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 477DF CARF MF Processo nº 13819.900004/200963 Acórdão n.º 9303008.673 CSRFT3 Fl. 5 7 Voto Vencedor Jorge Olmiro Lock Freire Redator designado Com a devida vênia, divirjo da ilustre relatora. O contribuinte em questão não é contribuinte do IPI. Assim, a meu sentir, é absolutamente despropositado quererse aplicar à hipótese a incidência da norma insculpida no art. 11 da Lei 9.799/99. No caso em testilha não se discute o direito à fruição da saída com suspensão do IPI incidente sobre as revendas da recorrente, e nem mesmo a legitimidade do acúmulo de créditos. A questão de fundo é se é possível a recorrente pleitear o ressarcimento de IPI nos termos do mencionado art. 11 da Lei 9.799/99, regulado pela IN SRF nº 33/99, pois este foi o fundamento do suposto crédito, que mesmo sem sua certeza o contribuinte já saiu a se compensar do mesmo. Dispõe a referida norma: "Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda." De sua feita, reza o art. 4º da IN SRF 33/99. Art. 4° O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1° de janeiro de 1999. Ou seja, simplório que o incentivo a que se refere o art. 11 da Lei 9.779/99 aplicase exclusivamente em relação a créditos decorrentes da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. E, estreme de dúvida, que as aquisições da recorrente deramse exclusivamente para fins de revenda, não se enfeixando na hipótese de incidência daquela norma incentivadora, vez que não se destinavam a serem aplicados na industrialização de produtos. Pelo que despicienda a discussão acerca de a recorrente ser equiparada à industrial por encomenda. Assim, sem reparos à r. decisão, que deve ser mantida pelos seus próprios termos. CONCLUSÃO Fl. 478DF CARF MF 8 Ante o exposto, nego provimento ao especial. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 479DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.006278/2005-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2000
DECADÊNCIA.
Aplica-se a regra do art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional, para efeito de apuração do período quinquenal de constituição do crédito tributário.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. TRIBUTAÇÃO.
Sujeita se à tributação o acréscimo patrimonial apurado pela autoridade lançadora não justificado por rendimentos declarados ou comprovados pelo contribuinte, presunção esta que somente pode ser elidida mediante a apresentação de prova hábil.
SÚMULA CARF nº 123.
Imposto de renda retido na fonte relativo a rendimentos sujeitos a ajuste anual caracteriza pagamento apto a atrair a aplicação da regra decadencial prevista no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional
Numero da decisão: 2401-006.634
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
MIRIAM DENISE XAVIER - Presidente
(documento assinado digitalmente)
MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING - Relator
(documento assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MIRIAM DENISE XAVIER, CLEBERSON ALEX FRIESS, LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, JOSÉ LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO, ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO, MATHEUS SOARES LEITE, RAYD SANTANA FERREIRA, MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING
Nome do relator: MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) MIRIAM DENISE XAVIER - Presidente (documento assinado digitalmente) MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING - Relator (documento assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MIRIAM DENISE XAVIER, CLEBERSON ALEX FRIESS, LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, JOSÉ LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO, ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO, MATHEUS SOARES LEITE, RAYD SANTANA FERREIRA, MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING
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Aplica-se a regra do art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional, para efeito de apuração do período quinquenal de constituição do crédito tributário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. TRIBUTAÇÃO. Sujeita se à tributação o acréscimo patrimonial apurado pela autoridade lançadora não justificado por rendimentos declarados ou comprovados pelo contribuinte, presunção esta que somente pode ser elidida mediante a apresentação de prova hábil. SÚMULA CARF nº 123. Imposto de renda retido na fonte relativo a rendimentos sujeitos a ajuste anual caracteriza pagamento apto a atrair a aplicação da regra decadencial prevista no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) MIRIAM DENISE XAVIER - Presidente (documento assinado digitalmente) MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING - Relator (documento assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os Conselheiros: MIRIAM DENISE XAVIER, CLEBERSON ALEX FRIESS, LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, JOSÉ LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO, ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO, MATHEUS SOARES LEITE, RAYD SANTANA FERREIRA, MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 62 78 /2 00 5- 38 Fl. 532DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 Relatório O presente processo trata de autuação contra o contribuinte acima qualificado, conforme auto de infração de e-fls. 274/288, para cobrança do Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2001, ano-calendário de 2000, no valor de R$ 84.196,26 (oitenta e quatro mil, cento e noventa e seis reais e vinte e seis centavos), valor já acrescido dos juros de mora e multa de oficio, calculados de acordo com a legislação de regência. O lançamento de oficio decorreu de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte, tendo sido constatado omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, onde verificou-se excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados / comprovados, conforme e-fls. 276/282, descrição dos fatos e enquadramento legal do auto de infração ora combalido. Inconformado com a autuação o contribuinte apresentou sua impugnação, alegando, em síntese, o seguinte: 1) Decadência Tributária; 2) Proibição de lançamento com base em depósitos bancários; 3) Inconsistências do trabalho fiscal, uma vez que a fiscalização teria deixado de considerar os rendimentos do cônjuge, sendo que estes bastariam para elidir o acréscimo patrimonial a descoberto; 4) que o lançamento foi pautado em planilhas obtidas com quebra de sigilos de dados arquivados em meios magnéticos de terceiros, sem se assentar em elementos sólidos que comprovassem efetivamente as operações, bem como sem considerar os rendimentos auferidos pelo cônjuge; 5) que o fato de apenas constar o nome do impugnante em ordem de remessa, sem a existência de qualquer assinatura ou autorização expressa dele não autoriza a afirmar que o contribuinte remeteu receita para o exterior; 6) que as provas que dispõe a Receita Federal não são apresentadas em vernáculo, o que inibe a utilização plena do principio da ampla defesa e do contraditório e também conduz para a violação do principio da moralidade administrativa. Por sua vez, a DRJ/Belém julgou, por unanimidade, procedente o lançamento nos termos a seguir resumidos: 1) sobre a alegação de decadência, há que se recordar que a Lei n° 7.713, de 23 de dezembro de 1988, instituiu a apuração mensal do imposto e, com a edição da Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990, essa apuração mensal passou a ser feita por antecipação, com o fato gerador do imposto sendo complexivo, isto é, o montante real devido somente viria a ser conhecido na declaração de ajuste, após as deduções a que o contribuinte fizesse jus. No presente caso, constatando-se que, conforme e-fls. 06, o contribuinte apresentou a sua Declaração de Ajuste Anual em 30/04/2001 e sofreu retenção de imposto de renda na fonte para o ano- calendário de 2000 no valor de R$ 1.571,68 (hum mil, quinhentos e setenta e um reais e sessenta e oito centavos). Assim, para esse ano-calendário, o prazo qüinqüenal para constituição de crédito tributário exauriu-se em 31 de dezembro de 2005. Sob esse pórtico, ao se constituir o crédito tributário em 13/12/2005, consoante a ciência pessoal do sujeito passivo e-fls. 274, não há que se falar em decadência para os fatos geradores suscitados em sua defesa, pois, no caso vertente, para o Exercício de 2001, ano-calendário de 2000, o prazo decadencial terá Fl. 533DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 seu termo final em 31/12/2005, estando o lançamento de oficio perfeitamente abarcado pelo período quinquenal determinado na lei; 2) sobre a nulidade do lançamento alegada pelo sujeito passivo em razão da desconsideração pela fiscalização dos rendimentos auferidos pelo cônjuge e em razão do cerceamento do direito de defesa já que as provas que dispõe a Receita Federal não são apresentadas em vernáculo, tem-se que, ao contrário do que entende o impugnante, o auto de infração em epígrafe se revestiu de todas as formalidades legais previstas pelo art. 10 do Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748, de 1993. Além disso, o interessado teve conhecimento não só de tudo o que contém o auto de infração e partes integrantes, mas também do processo como um todo, pois lhe foi oportunizada vista dos autos. Portanto, tendo o contribuinte ingressado com a impugnação, demonstrando de forma inequívoca seu pleno conhecimento do processo fiscal, e não havendo no auto de infração quaisquer imperfeições ou presunções técnicas capazes de viciar a exigência, não procede a argüição de nulidade; 3) quanto as doutrinas e jurisprudência trazidos pelo sujeito passivo, a DRJ considerou igualmente improfícuas vez que tais decisões, mesmo que proferidas por órgãos colegiados, sem uma lei que lhes atribua eficácia normativa, não constituem normas complementares do Direito Tributário, conforme o inciso II do art. 100 do CTN. Cita também Parecer Normativo CST n° 390/1971, para dizer que as decisões administrativas e judiciais somente vinculam as partes envolvidas naqueles litígios específicos, não abrangendo terceiros que não figurem como parte, embora tais decisões possam ser usadas como simples reforço na argumentação; 4) quanto à alegação da proibição de lançamento com base em depósitos bancários, a DRJ lembra que o sujeito passivo foi autuado por ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO, não vislumbrando, quer nos MPFs, quer no Termo de Inicio de Fiscalização ou sequer na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração aqui guerreado, quaisquer menção a lançamento efetuado com base em depósitos bancários. Incabíveis as alegações relativas à inobservância, pela fiscalização, de preceitos estatuídos pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996 e pelo Decreto n° 3.724/2001, pois o lançamento tem base legal distinta.Isto posto, deixo de acatar a tese do contribuinte com relação ao lançamento efetuado com base em depósitos bancários por absoluta falta de elementos que possam sustentá-la; 5) quanto à alegação de que a fiscalização teria deixado de considerar os rendimentos do cônjuge, sendo que estes, segundo o contribuinte, bastariam para elidir o acréscimo patrimonial a descoberto, a DRJ afirma que, não tendo o impugnante juntado documento que comprove a existência da sociedade conjugal no ano-calendário em questão e, considerando a insuficiência de provas dos autos, deve o lançamento permanecer inalterado quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela presunção legal da omissão de rendimentos utilizados em transações financeiras no exterior, não negadas pelo contribuinte que tentou justificar a origem desses recursos em lucros e dividendos isentos auferidos de sua empresa, mas que, após análise dessa documentação, verificou-se que não consta distribuição de Lucros e Dividendos na escrituração contábil apresentada como prova; 6) as aplicações de recursos estão associadas a operações de remessas de divisas para o exterior. Conforme documentos acostados ao processo, as operações foram constatadas no decorrer das investigações de remessas monetárias para o exterior no conhecido "Caso Banestado". Estas investigações evidenciaram que diversos contribuintes brasileiros enviaram ou movimentaram divisas no exterior, à revelia das autoridades monetárias e fiscais, utilizando-se Fl. 534DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 de contas e sub-contas mantidas no "JP Morgan Chase Bank" pela empresa "Beacon Hill Service Corporation", a qual representava doleiros brasileiros ou empresas off shore com participação de brasileiros. Os depósitos em questão foram informados à autoridade lançadora pela Equipe Especial de Fiscalização, criada pela Portaria SRF n° 463/2004, por meio da Representação Fiscal n° 297/05, documentos de e-fls. 90/209, onde está relacionada a movimentação financeira no total de US$ 74.000,00 (setenta e quatro mil dólares dos EUA), realizadas em 06/01/2000 (US$45.000,00), 28/04/2000 (US$12.000,00) e 14/12/2000 (US$17.000,00); 7) quanto a negativa do contribuinte de que efetuou as remessas, ao exterior, objeto da Representação Fiscal n° 297/05, calcando sua defesa numa alegada inexistência de provas inequívocas de que ele as tivesse efetuado, formou-se, segundo a DRJ, uma questão preliminar relacionada com a legitimidade da parte indicada no pólo passivo da presente relação processual fiscal-administrativa. Ressalta a DRJ que o presente trabalho fiscal teve origem em investigações anteriores da Policia Federal e do Ministério Público Federal, pelo que a Equipe Especial de Fiscalização (Portaria SRF n° 463/04), devidamente autorizada por decisão judicial, emitiu a Representação Fiscal n° 3906/05, que descreve as operações em que a pessoa física em questão, aparece como beneficiário de divisas, por meio da sub-conta, mantida ou administrada por "Beacon Hill Service Corporation — BHSC. A DRJ ressalta que foram disponibilizados pela Promotoria Distrital de Nova Iorque arquivos magnéticos com informações sobre essas operações de remessas de divisas e essas informações são objeto de transcrições constante do Laudo n° 1243/04-INC (e-fls. 118/209), elaboradas pelos peritos do Instituto Nacional de Criminalística do Polícia Federal, que constituem, sem dúvida, prova inconteste, e não mera presunção, de que o contribuinte, foi de fato, o remetente dos recursos; 8) A DRJ salienta ainda que as remessas de divisas para o exterior, especialmente para a BHSC/BCF INTERNATINAL, eram operacionalizadas pelo sistema no Chase Payments System (CPS), sistema de processamento de ordens de pagamento existente no "JP Morgan Chase Bank" - e, portanto, cercadas de todas as cautelas em operações dessa natureza -, não havendo nenhum indicio concreto que possa levar à conclusão de que alguém tivesse se utilizado indevidamente do nome do contribuinte e endereço da pessoa jurídica da qual ele era o representante legal junto à Receita Federal, conforme ele alega, havendo nos autos provas robustas de que o contribuinte, de fato, foi o remetente dos recursos, de tal sorte que estes devem ser mantidos como aplicações de recursos no demonstrativo de evolução patrimonial. Cientificado da decisão do órgão julgador a quo em 31/3/08, conforme e-fls.471, o contribuinte apresentou em 30/4/08 Recurso Voluntário (e-fls. 479 a 507) nos termos a seguir resumidos: 1) inconformidade com a decisão de improcedência pela DRJ quando do pedido de nulidade do auto de infração, com agravante da não apreciação do equívoco cometido pelo auditor fiscal, quando este deixou de lançar os rendimentos auferidos pelo cônjuge; 2) nulidade do auto de infração por lançamento tardio, fulminado pela decadência, aduzindo como argumentos a importância dos princípios constitucionais, sobretudo da legalidade e da segurança jurídica, como limites ao poder de tributar e citando doutrina; 3) aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que o imposto de renda, sobretudo da pessoa física, submete-se ao lançamento por homologação e, portanto, toda renda auferida é imediatamente tributada. Para corroborar essas afirmações, tem-se que o levantamento fiscal foi firmado mês a mês e o cálculo do tributo tomou como fato gerador, da mesma forma, as situações materializadas dentro de cada mês, conforme a descrição dos fatos e enquadramento Fl. 535DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 legal. Como o lançamento somente se aperfeiçoa com a notificação regular do contribuinte (art. 145, CTN), ele materializou-se em 13 de dezembro de 2005; 4) insubsistência do lançamento com base em simples depósitos bancários, que não caracterizam por si só rendimentos tributáveis, devendo por isso, o respectivo auto de infração lavrado ser julgado improcedente, conforme orientação jurisprudencial dominante do Conselho de Contribuintes. Cita jurisprudência do Conselho; 5) erro no levantamento do demonstrativo mensal de evolução patrimonial do recorrente, pois, na sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda, existe informação do número do CPF do cônjuge. Assim, para efeito de aferição da sua evolução patrimonial, a fiscalização tem o dever de considerar, neste levantamento, os rendimentos auferidos pelo cônjuge não submetidos à Ação Fiscal, o que no caso em tela não ocorreu, inquinando, dessa forma, de nulidade o referido lançamento, caso contrario o único a ser prejudicado no processo é o impugnante em virtude de um ERRO/EQUIVOCO do auditor fiscal. Para corroborar o acima exposto, demonstra-se na planilha anexa a inexistência de matéria tributável, se no levantamento do DEMONSTRATIVO MENSAL DE EVOLUÇÃO PATRIMONIAL, houvesse levado em consideração os rendimentos auferidos pelo cônjuge; 6) Outro aspecto a ser considerado, segundo o recorrente, é o fato de que ao ser corrigido o DEMONSTRATIVO MENSAL DE EVOLUÇÃO PATRIMONIAL, este ira gerar no mês de dezembro/2000 um saldo disponível para o mês seguinte, ou seja, um saldo (+) para o mês de Janeiro/2001, implicando assim também na correção do Demonstrativo mensal de evolução patrimonial de 2001; 7) diante do exposto, em razão da decadência, da ausência de elementos sólidos que comprovem tais operações e da desconsideração dos rendimentos do cônjuge no cálculo da evolução patrimonial, o recorrente requer que a procedência de seu recurso. vi É o relatório. Voto Conselheiro MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING, Relator. Admissibilidade. O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate em 31/3/08 (e-fls.471), sendo o presente Recurso Voluntário apresentado, TEMPESTIVAMENTE, em 30/4/08, conforme e-fls.479/507, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. Do mérito a) Da alegação de decadência Nesse ponto não assiste razão ao recorrente alega a decadência dos fatos geradores ocorridos de janeiro a novembro de 2000 tendo em vista que a ciência do lançamento se deu em 13/12/2005, portanto, decorridos mais de cinco anos do fato gerador, pela aplicação do art. 150, §4º do CTN, tanto que lançamento foi constituído mês a mês de modo que o crédito tributário foi exigido na data da ocorrência da presumida omissão (mês a mês). A DRJ/BEL, por sua vez, considerou que a regra aplicável seria a do art. 173, I, do CTN, tendo em vista que, embora seja exigido o pagamento mensal do IRPF, esse Fl. 536DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 recolhimento constitui mera antecipação do imposto efetivamente devido o qual somente é apurado no momento da entrega da declaração quando é efetuado o ajuste anual. Há que se recordar que a Lei n° 7.713, de 23 de dezembro de 1988, instituiu a apuração mensal do imposto e, com a edição da Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990, essa apuração mensal passou a ser feita por antecipação, com o fato gerador do imposto sendo complexivo, isto é, o montante real devido somente viria a ser conhecido na declaração de ajuste, após as deduções a que o contribuinte fizesse jus. Sobre fato gerador do imposto, cumpre transcrever lição de Luciano Amaro, em Direito Tributário Brasileiro, 3' edição, Editora Saraiva (págs. 251 e 252): i t “O fato gerador do tributo designa-se periódico quando sua realização se põe ao longo de um espaço de tempo. Não ocorrem hoje ou amanhã, mas sim ao longo de um período de tempo do qual se valorizam 'n' fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo. E tipicamente o caso do imposto sobre a renda periodicamente apurada, à vista dos fatos (ingressos financeiros, despesas, etc.) que, no seu conjunto, realizam o fato gerador. Em imagem de que já nos socorremos noutra ocasião, o fato gerador periódico é um acontecimento que se desenrola ao longo de um lapso de tempo, tal qual uma peça de teatro, em relação à qual não se pode afirmar que ocorra no fim do último ato; ela se completa nesse instante, mas ocorre ao longo do tempo, sendo inegável o relevo das várias situações desenvolvidas durante o espetáculo para a contextura da peça (.)" Por outro lado, o imposto de renda retido na fonte relativo a rendimentos sujeitos a ajuste anual caracteriza pagamento apto a atrair a aplicação da regra decadencial prevista no artigo 150, §4º, do CTN, que por oportuno se reproduz: “Art. 150. 0 lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4° Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Aliás, esse entendimento está consolidado pela SÚMULA CARF nº 123, a seguir transcrita: Imposto de renda retido na fonte relativo a rendimentos sujeitos a ajuste anual caracteriza pagamento apto a atrair a aplicação da regra decadencial prevista no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional Portanto, sendo complexivo o fato gerador do imposto de renda, o mesmo ocorre em 31 de dezembro de cada ano calendário, sendo aplicável a regra decadencial prevista no art. 150, § 4º do CTN, quando houver pagamento antecipado, o que inclui a retenção na fonte. No caso do recorrente, para esse ano-calendário de 2000, o prazo quinqenal para constituição de crédito tributário exauriu-se em 31 de dezembro de 2005, quando ocorreu o fato gerador, sendo este o termo a quo conforme o art. 150, §4º do CTN, uma vez que não houve o pagamento antecipado pela retenção na fonte. Tendo a ciência do lançamento ocorrido em 13/12/2005, não há de se falar em decadência. Fl. 537DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 b) Da alegação de impossibilidade de lançamento baseado em depósitos bancários Também nesse ponto não assiste razão ao recorrente, que insiste em repisar os mesmos argumentos sem provas apresentados à DRJ. O lançamento objeto do presente Auto de Infração, ora em julgamento, baseou-se na variação patrimonial a descoberto e não em depósitos bancários, constatada pela remessa de recursos ao exterior sem a comprovação da origem declarada dos rendimentos (conforme enquadramento legal às e-fls.278/282). Adiro integralmente, portanto, à posição da DRJ, transcrevendo a seguir parte do voto do i. relator: "Ora, o sujeito passivo foi autuado por ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Esta autoridade julgadora não vislumbrou, quer nos MPFs de fl. 1, quer no Termo expedido pela Fiscalização, (Termo de Inicio de Fiscalização, fls. 106/108), ou sequer na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração aqui guerreado, fls.138/141, quaisquer menção a lançamento efetuado com base em depósitos bancários. Isto posto, deixo de acatar a tese do contribuinte com relação ao lançamento efetuado com base em depósitos bancários por absoluta falta de elementos que possam sustentá-la." c) da alegação de equívoco no cálculo da variação patrimonial em razão da desconsideração dos rendimentos do cônjuge O recorrente alega que não foram considerados no lançamento, para apuração da variação patrimonial, os rendimentos do cônjuge e que a DRJ não apreciou essa questão. Em sua peça impugnatória, o contribuinte menciona, embora sem anexar efetivamente, um suposto demonstrativo anexo com rendimentos do cônjuge, cujo número do CPF consta de sua declaração. Sobre essa questão, a DRJ se manifesta nos seguintes termos (e- fls. 451): "Ataca, fls. 160/161, inconsistências do trabalho fiscal, arguindo que a fiscalização teria deixado de considerar os rendimentos do cônjuge, sendo que estes bastariam para elidir o acréscimo patrimonial a descoberto. 0 impugnante protesta pela consideração dos rendimentos do cônjuge no demonstrativo de origens e aplicações de recursos que embasa o acréscimo patrimonial a descoberto. Deixa, no entanto, de informar a qualificação deste, informar quais rendimentos poderiam ser considerados e, mais importante, deixa de juntar documento que comprove a existência da sociedade conjugal nos anos em questão. Assim, considerando a legislação de regência e a insuficiência de provas dos autos, deve o lançamento permanecer inalterado quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto. A ação de provar constitui-se no direito de comprovar a ocorrência de um evento, que a principio é ônus de quem alega o fato objeto da prova. Provar, nesse sentido, é o ato de demonstrar que ocorreu ou deixou de ocorrer determinado evento." Sobre o tema, o artigo 3º da Lei nº 7.713 de 1988 dispõe que o imposto de renda incide sobre o rendimento bruto constituído, também, pelos acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados, in verbis: "Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. Fl. 538DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 [...] § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados."(grifos nossos) Por sua vez, o Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3000/99 (vigente à época), em seu artigo 806, assim preconiza: " Art. 806 - A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessários acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio (Lei n° 4.069/62, art. 5171 )."(grifos nossos) De fato, em 06 de outubro de 2005, foi dada ciência ao contribuinte do Termo de Inicio de Fiscalização (e-fls. 212 a 216), onde lhe foi requerida a documentação necessária para a correta elaboração do Demonstrativo- Mensal de Evolução Patrimonial referente ao ano 2000. Vale salientar que, dentre tais documentos, foi requerida a documentação hábil e comprobatória da origem e tributação dos recursos utilizados em transações financeiras no exterior, uma vez que o nome do recorrente constava - conforme informações obtidas a partir da Representação Fiscal n° 297/05 e documentos anexos, elaborada pela equipe especial de fiscalização (no âmbito da operação Banestado) - como ORDENANTE (ORDER CUSTOMER - CLIENTE) da movimentação de US$ 74.000,00 em 2000, na sub-conta n° 310920, denominada BCF INTERNACIONAL, administrada no JP Morgan Chase de Nova York pela empresa BHSC - Beacon Hill Service Corporation. Assim, intimado, conforme mencionado Termo de Início da Fiscalização, para justificar a origem dos recursos remetidos ao exterior, o contribuinte afirma, em sua resposta às e-fls. 228, se tratar de recursos oriundos de pró-labore e antecipação de lucros, nos seguintes termos: "Conforme qualificações iniciais, sou pequeno empresário, proprietário da firma individual A DE JESUS LOURENÇO, localizada a Av. Ayrão, 1495, Praça 14 de janeiro, inscrita no CNPJ/MF sob o n° 84.126.069/0001-56, sendo que, esta foi a única fonte de renda nos anos objeto do presente procedimento fiscal o qual (sic) os rendimentos auferidos encontram-se devidamente declarados a Receita Federal nas minhas declarações de Imposto de Renda (documento em anexo). Desta forma, informo a Vossa Senhoria que a origem dos recursos aqui questionados são oriundos de pró-labore (mensal) e distribuição de lucros de minha empresa retirados mensalmente como antecipação de lucros e anualmente, também, como distribuição de lucros e todos esses rendimentos auferidos, devidamente informado e registrados nos Livros Contábeis da empresa (Diário Razão e Balancetes)." Do mesmo modo, o recorrente reafirma, ainda em sua resposta, às e-fls. 235: "No tocante a origem e tributação dos recursos utilizados nas transações comerciais identificadas acima, informo que a origem provem da movimentação econômica e financeira da firma individual A DE JESUS LOURENÇO, CNPJ 84126.069/0001-56, empresa de minha propriedade. Tais recursos são proveniente de lucros remanescentes aferidos nos anos de 1999 a 2002 (copia do balanço da empresa), rendimentos estes, isentos e não tributáveis nos termos do que dispõe art. 663, do Decreto 3.000, de 26/03/1999, estando as mencionadas operações contabilizadas nos livros diários e razão, documentos em anexo." Fl. 539DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 De posse da resposta do contribuinte, o auditor fiscal assim se manifestou no auto de infração, no tocante aos fatos e enquadramento legal (e-fls.280): "Tempestivamente, em 25/11/2005 o contribuinte apresentou resposta informando que as citadas transações tiveram como finalidade pagamento de divida a fornecedor no exterior, e a origem dos recursos seria de lucros remanescentes de sua firma individual A de Jesus Lourenço - CNPJ 84.126.069/0001-56 (fls.114 a 118). Na tentativa de comprovar tais argumentos, apresentou cópias do livro Razão e Balanço Patrimonial da mencionada empresa (fls.119 a 134). No entanto, apesar das alegações por parte do contribuinte, não consta em sua Declaração de Ajuste Anual referente ao ano 2000 o recebimento de lucros ou dividendos tampouco verifica-se distribuição de lucros nas cópias da escrituração contábil apresentadas pelo contribuinte. Desta forma, os valores apurados como tendo sido utilizados pelo sr. Antonio Lourenço nas transações financeiras no exterior foram considerados como aplicação de recursos. Após serem convertidos em reais, conforme cotação para venda do dólar americano nas datas das operações, cotação essa fornecida pelo Banco Central do Brasil, tais valores foram incluídos como "Dispêndios/Aplicações" (Movimentação de Divisas) na elaboração do Demonstrativo Mensal de Evolução Patrimonial referente ao ano 2000 (f1.135)." De posse dos documentos necessários o auditor fiscal, procedeu ao lançamento para cobrança do imposto de renda incidente sobre a omissão de rendimentos apurada em razão do acréscimo patrimonial da pessoa física não justificado, uma vez que o contribuinte não conseguiu prestar os esclarecimentos necessários para justificar a origem dos recursos e o destino dos dispêndios, conforme dispõe o art. 807 do Regulamento do Imposto de Renda/99: "Art. 807. O acréscimo do patrimônio da pessoa física está sujeito à tributação quando a autoridade lançadora comprovar, à vista das declarações de rendimentos e de bens, não corresponder esse aumento aos rendimentos declarados, salvo se o contribuinte provar que aquele acréscimo teve origem em rendimentos não tributáveis, sujeitos à tributação definitiva ou já tributados exclusivamente na fonte." (Grifamos). Como se verifica, a própria lei define que na ocorrência de um acréscimo patrimonial incompatível com os rendimentos declarados, presume-se a existência de aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica de renda. A jurisprudência administrativa, por sua vez, é pacífica no tocante à necessidade de provas concretas com o fim de se elidir a tributação erigida por acréscimo patrimonial injustificado, conforme Acórdãos emanados do então Conselho de Contribuintes, a seguir colacionados: PROVA A tributação de acréscimo patrimonial não justificado pelo total dos rendimentos auferidos pelo contribuinte, só pode ser elidida por meio de prova em contrário. (Ac. 10612485, sessão de 23/01/2002) VARIAÇÃO PATRIMONIAL A DESCOBERTO PROVA DOS RECURSOS O afastamento da variação patrimonial a descoberto somente é possível se há prova inequívoca do ingresso dos recursos (Ac.10612203, sessão de 19/09/2001). IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO A tributação de acréscimo patrimonial não compatível com os rendimentos declarados, tributáveis ou não, só pode ser elidida mediante prova em contrário. (Ac. 10242582, sessão de 12/12/1997). Verifica-se, portanto, que a variação patrimonial a descoberto é matéria cujo ônus da prova foi transferido para o contribuinte, e o que se observa, no caso presente dos autos, é que o contribuinte não consegue elidir a tributação decorrente de APD apurado, uma vez que não faz prova inequívoca de suas alegações. Fl. 540DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2401-006.634 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10283.006278/2005-38 Conclusão. Pelo exposto, voto por CONHECER e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) MARIALVA DE CASTRO CALABRICH SCHLUCKING Fl. 541DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.902870/2015-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2012 a 30/11/2012
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA.
Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 3401-006.295
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan.
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ÔNUS PROBATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, não sendo nulo, por ausência de fundamentação, o despacho decisório que deixar de homologar a compensação por não haver investigado a origem do crédito pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Fernanda Vieira Kotzias, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 28 70 /2 01 5- 93 Fl. 71DF CARF MF 2 Tratase de recurso voluntário em face da decisão da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: (...) PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. Diferentemente da hipótese de lançamento de ofício, em que o Fisco deve comprovar a infração cometida, no caso de pedido de restituição ou ressarcimento cabe à parte interessada, que pleiteia o crédito, provar que possui o direito invocado. DÉBITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. ERRO. ÔNUS DA PROVA. O crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de dívida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF. Tratandose de suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado, o contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado. Cientificada do acórdão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário requerendo a reforma de decisão de primeira instância para que seja declarada a nulidade do despacho decisório por haver sido proferido com ausência de fundamentação e homologada a compensação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevsan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.261, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 10865.901009/201427. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.261): "A Recorrente acusa o despacho decisório que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP, por ausência de fundamentação, uma vez que este não teria indicado as razões da inexistência de crédito disponível. Ora, verificase que a referida decisão deixou de homologar a compensação pelo fato de o valor do DARF ter sido integralmente alocado à quitação de outro débito. Este fundamento era suficiente para a negativa, sobretudo porque, como a própria Recorrente veio a informar na Manifestação de Inconformidade, a DCTF só fora retificada Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10865.902870/201593 Acórdão n.º 3401006.295 S3C4T1 Fl. 3 3 posteriormente e o DACON também, de sorte que os sistemas da Receita Federal não dispunham de outra informação que não aquela constante do DCTF original. Assim, não merece prosperar a alegação de nulidade do despacho decisório por carência de fundamentação, visto que analisou acertadamente o direito creditório à luz da circunstância fática vigente à época, que incluía a confissão do débito em DCTF no seu valor original.. Ademais, a posterior retificação da DCTF com o fito de reduzir o valor do débito não tem, per si, o condão de comprovar o direito creditório da Recorrente se desacompanhada de documentos hábeis e idôneos que suportem as alterações realizadas. Em se tratando de pedidos de compensação/ressarcimento, o ônus probatório incumbe ao postulante, conforme reiterada jurisprudência deste Conselho: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) "“CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos relativos a ressarcimento tributário, incumbe ao postulante ao crédito o dever de comprovar efetivamente seu direito.” (Acórdãos 3401004.450 a 452, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes, sessão de 22.mar.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a Fl. 73DF CARF MF 4 respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado”. (Acórdão 3401004.923 – paradigma, Rel. Cons. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, unânime, sessão de 21.mai.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.” (Acórdão 3401005.460 – paradigma, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.nov.2018) Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente veiculou genericamente a alegação de ter se valido de uma base de cálculo ampliada para o PIS/COFINS, com a inclusão de receitas que não comporiam o faturamento, o que ensejara a retificação da DCTF, sem carrear aos autos qualquer documentação que comprove o alegado, desejando transferir à fiscalização o ônus de perscrutar a origem do crédito pleiteado. No presente Recurso Voluntário, limitase à alegação de nulidade do despacho decisório, mesmo ciente de que o mesmo foi proferido antes da retificação que promovera na DCTF, o que já se refutou, silenciando quanto à origem e quantificação do crédito. Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao mesmo. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevsan Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10865.902870/201593 Acórdão n.º 3401006.295 S3C4T1 Fl. 4 5 Fl. 75DF CARF MF
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Numero do processo: 15586.720247/2011-41
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU DA RELEVÂNCIA.
Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, interpretado pelo Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda, nele se enquadrando as despesas com frete de matérias-primas entre estabelecimentos.
Numero da decisão: 9303-008.488
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU DA RELEVÂNCIA. Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, interpretado pelo Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda, nele se enquadrando as despesas com frete de matérias primas entre estabelecimentos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 02 47 /2 01 1- 41 Fl. 901DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 3 2 Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional e pelo contribuinte, contra o Acórdão 3403002.755, proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Sejul do CARF. Em seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento, a PGFN defende que não há o direito ao creditamento relativo aos gastos com fretes entre estabelecimentos da mesma empresa. O contribuinte apresentou Contrarrazões e, em seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento, aborda a questão de forma bastante genérica, alegando, fundamentalmente, que se deve adotar, para PIS/Cofins, um conceito mais amplo do que o do IPI para definir o conceito de insumos. Tanto é assim, que, no início, diz que “não pode concordar com a manutenção da glosa dos créditos de PIS relativos à aquisição de insumos necessários à sua atividade produtiva, razão pela qual interpõe o presente Recurso Especial”. A PGFN apresentou Contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303008.483, de 17 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 15586.720243/201162, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303008.483): "Preenchidos todos os requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço dos Recursos Especiais. No mérito: 1) Recurso Especial da PGFN (Fretes no transporte de insumos entre estabelecimentos) No mérito, como há tempo já o tem feito, de forma majoritária, o CARF, aqui não se adota o conceito do IPI, tampouco o do IRPJ, mas sim, um intermediário, hoje Fl. 902DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 4 3 consagrado e melhor delineado – ainda que não seja possível, à vista da legislação posta, se chegar a um grau de determinação “cartesiano” – nas mais recentes decisões do STJ (mais especificamente, no REsp nº 1.221.170/PR), que levaram inclusive a que a PGFN e a RFB editassem normas interpretativas, para elas vinculantes, quais sejam, a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF e o Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, sendo que transcrevo a ementa deste: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o "critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço": a.1) "constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço"; a.2) "ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência"; b) já o critério da relevância "é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja": b.1) "pelas singularidades de cada cadeia produtiva"; b.2) "por imposição legal". Dispositivos Legais. Lei n° 10.637, de 2002, art. 3°, inciso II; Lei n° 10.833, de 2003, art. 3°, inciso II. Em relação às despesas de transportes de insumos entre estabelecimentos, este próprio Parecer admite – ainda que de forma um tanto “indireta” – o creditamento, conforme se vê no seguinte trecho: 142. Sem embargo, permanece válida a vedação à apuração de crédito em relação a combustíveis consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos utilizados nas demais áreas de atividade da pessoa jurídica Fl. 903DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 5 4 (administrativa, contábil, jurídica, etc.), bem como utilizados posteriormente à finalização da produção do bem destinado à venda ou à prestação de serviço. 143. ... Todavia, não se pode deixar de reconhecer que em algumas hipóteses os veículos participam efetivamente do processo produtivo e, consequentemente, os combustíveis que consomem podem ser considerados insumos para fins de apuração de créditos das contribuições. 144. Diante do exposto, exemplificativamente, permitem a apuração de créditos na modalidade aquisição de insumos combustíveis consumidos em: a) veículos que suprem as máquinas produtivas com matériaprima em uma planta industrial; b) veículos que fazem o transporte de matéria prima, produtos intermediários ou produtos em elaboração entre estabelecimentos da pessoa jurídica; 2) Recurso Especial do Contribuinte (Conceito de insumo) Para fazer esta análise, como indicado pelo próprio recorrente, tomo por base as duas listas de insumos glosados pela Fiscalização que figuram no Relatório às fls. 335 a 344): 2.1) Bens utilizados como insumos na produção. Materiais de Laboratório Despesas de Uniformes Material de Limpeza Suprimentos de Informática Imobilizado Escritório – Bens de Natureza Permanente Materiais de Escritório Escritório – Manutenção e Reparos Escritório – Outras Despesas Postagens Expressas Despesas Médicas Treinamento Funcionários Refeições de Negócios Despesas de Entretenimento Eventos e Feiras – Combustíveis Eventos e Feiras – Veículos Fl. 904DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 6 5 Despesas Copa e Cozinha Alimentação Trabalhador Desta relação, somente os 5 (cinco) primeiros itens poderiam dar margem a discussão, mas o grau de indeterminação é tal que somente um detalhamento maior, acompanhado da devida instrução probante, é que poderia nos levar a alguma conclusão, e, nas razões de decidir do Acórdão recorrido, está claro que efetivamente não há elementos para tal: “O exame das referidas planilhas não permite ao julgador constatar que os bens ali discriminados se enquadram no conceito de insumo que vem sendo adotado por este colegiado. Alguns dos itens glosados definitivamente não integram o custo de produção ... Por outro lado, outros itens poderiam gerar o crédito das contribuições ... Entretanto, a defesa não trouxe aos autos uma descrição do processo produtivo, que permitisse ao julgador correlacionar os materiais glosados com as formas pelas quais são utilizados no processo produtivo. No caso concreto, tratase de processo de iniciativa do contribuinte, no qual ele compareceu perante a administração para lhe opor o direito aos créditos da contribuição. Competelhe, portanto, o ônus de comprovar que o direito alegado é certo quanto à sua existência e líquido quanto ao valor pleiteado. Não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, há que se manter as glosas consignadas no ANEXO I.” 2.2) Bens utilizados como insumos na prestação de serviços (Pela filial em Santos). Aí a primeira listagem “condensa” as glosas, que depois são “segmentadas” no Relatório Fiscal: Frete Planta/Planta Frete Transf IDT INTRACO Despesas de Limpeza Custo de Navios Manutenção e Reparos Fl. 905DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 7 6 Não faz sentido falar em “intercompany” na prestação de serviços (se fossem referentes a transporte de matériasprimas, já teriam sido revertidas as glosas ao não dar provimento ao recurso da PGFN). Quanto às despesas de limpeza, vale o mesmo que foi dito para os bens. As glosas relativas a Custos de Navios já foram revertidas no Acórdão de Embargos. Para ”Manutenção e Reparos”, vamos agora à segunda listagem: Contrato, Despesa, Análise Laboratoriais Prestação Serviço Análises Laboratoriais Diversas Prestação Serviço Assistência Técnica Calibração e Equipamentos Laboratoriais Contrato, Despesa, Combate a Insetos Prestação Serviço, Representação junto ANEEL, Compra Energia Elétrica Conforme Contrato Prestação, Serviço Água/Esgoto Prestação Serviço Aluguel Toalhas Prestação Serviço, Auditoria/Consultoria Prestação Serviço, Desenho Projetos Técnicos Prestação Serviço Planejamento Engenharia Prestação Serviço, Documentos Collect/Delivery Repiso as mesmas considerações feitas quando da análise da listagem dos bens, e, como bem se diz no Acórdão recorrido (fls. 567), “a própria denominação dos itens glosados permite ao homem médio inferir que eles não são aplicados na prestação de serviços a terceiros”, além do que, logo na seqüência, se afirma que “Se a própria recorrente reconheceu que não se tratam de gastos aplicados diretamente na prestação de serviços a terceiros, então não há direito ao crédito”. Por fim, no que se refere à depreciação do vagões utilizados no transporte da fábrica para o porto, esta discussão foge totalmente à relativa ao conceito de insumo, e, ainda, a depreciação de itens do ativo permanente, prevista no inciso VI do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 – como também colocado com propriedade no Acórdão recorrido – só é relativa a “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para Fl. 906DF CARF MF Processo nº 15586.720247/201141 Acórdão n.º 9303008.488 CSRFT3 Fl. 8 7 utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços de insumos entre estabelecimentos”. À vista do exposto, voto por negar provimento aos Recursos Especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pelo contribuinte." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento aos Recursos Especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pelo Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 907DF CARF MF
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