Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,070)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,821)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,490)
- Segunda Turma Ordinária d (15,373)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,232)
- Segunda Turma Ordinária d (13,956)
- Primeira Turma Ordinária (12,798)
- Primeira Turma Ordinária (11,971)
- Segunda Turma Ordinária d (11,932)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,387)
- Terceira Câmara (64,066)
- Segunda Câmara (52,396)
- Primeira Câmara (17,064)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,374)
- Segunda Seção de Julgamen (110,145)
- Primeira Seção de Julgame (72,676)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,769)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,790)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,010)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,802)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,220)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 11080.100481/2008-91
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 11 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE DCTF.
Aplica-se a penalidade disposta no artigo 7° da Lei 10.426/2002, sempre que o cumprimento da obrigação acessória se perfazer fora dos prazos determinados em lei.
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
A nulidade do auto de infração ocorrerá tão somente quando este não preencher os requisitos disciplinados no artigo 59 do Decreto 70.235/72. Não havendo vício em sua forma, não há que se falar em nulidade do auto de infração.
Numero da decisão: 1803-001.835
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Meigan Sack Rodrigues
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201309
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE DCTF. Aplica-se a penalidade disposta no artigo 7° da Lei 10.426/2002, sempre que o cumprimento da obrigação acessória se perfazer fora dos prazos determinados em lei. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. A nulidade do auto de infração ocorrerá tão somente quando este não preencher os requisitos disciplinados no artigo 59 do Decreto 70.235/72. Não havendo vício em sua forma, não há que se falar em nulidade do auto de infração.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 11080.100481/2008-91
conteudo_id_s : 5723420
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1803-001.835
nome_arquivo_s : Decisao_11080100481200891.pdf
nome_relator_s : Meigan Sack Rodrigues
nome_arquivo_pdf_s : 11080100481200891_5723420.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 11 00:00:00 UTC 2013
id : 6758934
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213579821056
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1718; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 110 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.100481/200891 Recurso nº Acórdão nº 1803001.835 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de setembro de 2013 Matéria IRPJ Recorrente GREMIO FOOTBALL PORTO ALEGRENSE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). MULTA REGULAMENTAR. ATRASO NA ENTREGA DE DCTF. Aplicase a penalidade disposta no artigo 7° da Lei 10.426/2002, sempre que o cumprimento da obrigação acessória se perfazer fora dos prazos determinados em lei. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. A nulidade do auto de infração ocorrerá tão somente quando este não preencher os requisitos disciplinados no artigo 59 do Decreto 70.235/72. Não havendo vício em sua forma, não há que se falar em nulidade do auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. 1 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 10 04 81 /2 00 8- 91 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 (Assinado Digitalmente) Walter Adolfo Maresch Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Meigan Sack Rodrigues, Marcos Antônio Pires e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento Eletrônica de exigência de "Multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais — DCTF 2006", no valor de R$ 38.300,48, referente ao mês de maio de 2006. Devidamente notificada do lançamento, a empresa recorrente apresentou impugnação, alegando, em síntese, que o auto de lançamento contém vicio insanável por descumprimento de requisito indispensável previsto no artigo 11 do Decreto n° 70.235/72, notadamente no que diz respeito ao inciso IV deste diploma legal eis que não contém a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, em consequência deve ser declarada a sua nulidade. Ainda, refere que o arbitramento da multa no percentual de 20%, incidente sobre o valor já pago a titulo de encargos tributários da empresa naquele período por descumprimento de obrigação acessória, ignora os princípios da razoabilidade e proporcionalidade que regem a Administração Pública, assumindo caráter confiscatório. Aduz que a pena aplicada decorre de critério de arbitramento previsto em lei, mas eivado de inconstitucionalidade e, por isto, deve ser revisto o lançamento para afastar a sanção aplicada ou, caso assim não seja entendido, que seja, ao menos, compatível com a infração praticada, atribuindoa no patamar mínimo previsto. Cita jurisprudência do então Conselho de Contribuintes e do Superior Tribunal de Justiça, bem como doutrina. Por fim, requer a empresa recorrente que seja declarada nula a presente notificação de lançamento em face do vício formal apontado e caso superada essa questão que 2 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 a sanção aplicada seja afastada ou reduzida pela inconstitucionalidade da base de cálculo prevista em lei e por atentar contra princípios da proporcionalidade e razoabilidade, norteadores da Administração Pública. Em ato contínuo, requer que em caso de subsistência, que seja arbitrada a sanção em consonância com a relevância cometida, reduzindoa ao valor mínimo previsto de R$500,00. A autoridade julgadora de primeira instância entendeu por bem de mandar a multa aplicada. Afere o julgador que descabe o postulado da empresa de que estaria nulo o auto de infração por falta de assinatura, vez que segundo determina o artigo 11, do Decreta 70.235/72, em seu parágrafo único, prescinde de assinatura a notificação de lançamento quando emitida por processo eletrônico. Finaliza repisando que notificação, ora em apreço, preenche in totum os requisitos legais preconizados em lei. Já no que diz respeito às alegações da empresa quanto à penalidade aplicada, de que a mesma viola os princípios da razoabilidade e proporcionalidade e tem caráter confiscatório, afere a autoridade julgadora de primeiro grau que está alicerçada em diploma legal válido, eficaz, oponível erga omnes e que, em momento algum foi declarada, pelo órgão de controle repressivo de constitucionalidade, sua inadequação ou afronta à ordem constitucional pátria. Ainda, em apreciação do art. 7° da Lei 10.426/2002, penalidade aplicada na notificação em tela, o julgador a quo conclui que guarda estrita observância com as disposições legais. Assim a respeito da alegação da empresa recorrente de constituise a penalidade aplicada multa confiscatória, o julgador aduz que é dever de todo o contribuinte adimplir com suas obrigações perante o fisco, quer sejam elas de natureza principal ou acessória. Esclarece que possui a empresa recorrente duas obrigações com o fisco: uma obrigação denominada principal, que é a de verter os tributos devidos, outra denominada acessória, distinta da primeira, que decorre da legislação tributária e tem por objeto prestações positivas ou negativas nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos referidos tributos, é o que dispõe o art. 113 do CTN. Nesse caminho, frisa o julgador que o Estado tem o poderdever de estabelecer mecanismos de coação, a fim de proteger os interesses da sociedade, e o faz através da imposição de penalidades inibidoras das ações ilícitas. Preconiza que em matéria tributárias, esta se consubstancia na instituição de multas pecuniárias, visando a evitar ou reparar o dano que lhe é consequente. Assim, a sobre a alegação de inconstitucionalidade dos dispositivos legais que regem a matéria, a discussão está além das possibilidades de juízo deste órgão julgador. No âmbito do procedimento administrativo tributário cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do Fisco está, ou não, conforme a lei, sem emitir juízo de legalidade ou constitucionalidade das normas jurídicas que embasaram aquele ato. Atenta para o fato de que a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao poder Judiciário, sendo inócuo suscitar tais alegações na esfera administrativa, pois não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar textos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico, em observância ao art. 142, parágrafo único, do CTN. 3 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 Quanto ao pedido de redução da multa ao valor mínimo previsto no § 3° do art. 70 da Lei n° 10.426/2002, assevera o julgador a quo ser inaplicável ao presente caso, posto que os valores mínimos estabelecidos somente serão imputados às infrações cuja multa resulte em valor inferior ao mínimo o que, à evidência, não se amolda à situação verificada. Devidamente cientificada da decisão de primeira instância, a empresa recorrente apresenta suas razões em seara de recurso voluntário, de forma tempestiva, postulando a nulidade do lançamento por falta da presença do agente administrativo quando do lançamento, já que se trata de lançamento eletrônico. Ainda, insurgese a empresa recorrente contra a impossibilidade dos órgãos administrativos de julgamento examinarem matéria constitucional e no mérito repete o já referido na manifestação de inconformidade ao salientar a nulidade da multa por descumprimento de obrigação acessória, quando da inexistência de prejuízo ao erário público. A empresa prossegue aduzindo a necessária proporção entre infração e pena, já que seria proibido o Bis In Iden. E por fim pede o cancelamento da autuação. É o relatório. Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues. O Recurso Voluntário preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Tratase o presente processo de auto de infração para cobrança de multa decorrente da apresentação em atraso da DCTF. A empresa recorrente insurgese alegando ser a multa descabida por ferir preceitos constitucionais, tais como da razoabilidade e proporcionalidade, entre outros. Discussão de Constitucionalidade da Norma Primeiramente há que se atentar para o fato de que discussão referente à constitucionalidade de lei ou mesmo de artigo de lei não é da competência dessa esfera administrativa, posto cumprir ao Poder Judiciário analisar e determinar a constitucionalidade de norma a ser aplicada no sistema jurídico pátrio. Nesse contexto, deixo de abordar as argumentações da empresa recorrente no tocante à constitucionalidade da aplicação da multa pelo atraso na entrega da DCTF, haja vista esta estar preceituada no dispositivo legal elencado 4 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 no auto de infração: art. 7º da Lei n. 10.426/2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.051/2004. Cumpre salientar que este Egrégio Conselho encontrase adstrito à aplicação de suas Súmulas e no presente caso à aplicação da Súmula CARF n°: 02: “O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).” Discussão sobre a Nulidade do Auto de Infração Alega a empresa recorrente ser nulo o auto de infração por ser o mesmo eletrônico, ou seja, não ter sido emitido por agente da administração tal como preconizado pelas normas pátrias. Ocorre que discordo da arguição de nulidade do auto de infração arguido pela empresa recorrente, porquanto que não vislumbro o desrespeito a nenhum dos disciplinamentos dispostos no artigo 59 do Decreto 70.235/72, norma que dispõe sobre a nulidade do auto de infração, tema ora abordado. Neste contexto, cumpre referir que o auto de infração foi perfeitamente lavrado e encontrase em conformidade com os determinantes legais para a sua formalização, haja vista que a empresa foi legalmente intimada, do contrário não teria apresentado suas razões de defesa em seara de impugnação e também em recurso voluntário. Ainda, o auto de infração encontrase dirigido ao sujeito passivo de direito, legitimamente constituído para recebêlo, consta a data e o local da sua lavratura, está descrito, de forma circunstanciada. O fato imponível do tributo está devidamente cobrado, bem como perfeitamente fundamentado com a capitulação estipulada na norma, na qual se enquadra a imputação legal. Tudo de acordo com o artigo 59 do Decreto 70.232/72, conforme já fora referido. Assim, descabida a argumentação de nulidade do auto pela recorrente sob essa fundamentação, apenas por tratarse de auto de infração eletrônico, há muito já admitido dentro do ordenamento pátrio. Discussão de Mérito Já tocante ao mérito da demanda, qual seja: multa pelo atraso na entrega da DCTF, temos que a autuação está correta, haja vista que a empresa entregou a DCTF com atraso, de forma intempestiva, vinte e cinco meses após o prazo regulamentar, definido pela legislação e determinado a todos os contribuintes. A norma disciplinada no artigo 7° da Lei n° 10.426/2002, é clara ao dispor: “Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, 5 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de 2%(dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20%(vinte por cento), observado o disposto no § 3; II de 2%(dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na DIRF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a 20%(vinte por cento), III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). (...) Em outras palavras, o sujeito passivo que deixar de apresentar DCTF nos prazos fixados sujeitarseá às multas dispostas na legislação de regência, no caso em tela, a disciplinada no artigo supra citado. Neste caminho, não podemos olvidar de destacar que a entrega da DCTF fora do prazo não está albergada pelo instituto da denuncia espontânea, sendo essa a posição da Súmula Carf nº 49, tal como segue: “Sumula 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração”. 6 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 De igual modo, importa em citar a jurisprudência pacífica, em ambas as turmas do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no sentido de que a denúncia espontânea não é aplicável às multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, de natureza formal e desvinculadas diretamente do fato gerador da obrigação principal: “TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Recurso especial não provido. (REsp 1129202/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/06/2010, DJe 29/06/2010) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL.DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA. SÚMULA 83/STJ. INCIDÊNCIA. 1. Aresto recorrido que se encontra em consonância com a jurisprudência assente do STJ no sentido de que não se mostra desarrazoada a aplicação de multa em razão do atraso na entrega da Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF. Precedentes. 2. Agravo regimental nãoprovido. (AgRg no Ag 985.433/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 13/02/2009) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS. MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1 A entrega das declarações de operações imobiliárias fora do prazo previsto em lei constitui infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional. Do contrário, estarseia admitindo e incentivando o nãopagamento de tributos no prazo determinado, já que ausente qualquer punição pecuniária para o contribuinte faltoso. 2 A entrega extemporânea das referidas declarações é ato puramente formal, sem qualquer vínculo com o fato gerador do 7 Fl. 109DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES Erro: Origem da referência não encontrada Fl. 111 tributo e, como obrigação acessória autônoma, não é alcançada pelo art. 138 do CTN, estando o contribuinte sujeito ao pagamento da multa moratória devida. 3 Precedentes: AgRg no REsp 669851/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22.02.2005, DJ 21.03.2005; REsp 331.849/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 09.11.2004, DJ 21.03.2005; REsp 504967/PR, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24.08.2004, DJ 08.11.2004; REsp 504967/PR, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24.08.2004, DJ 08.11.2004; EREsp n° 246.295RS, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 20.08.2001; EREsp n° 246.295RS, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 20.08.2001; RESP 250.637, Relator Ministro Milton Luiz Pereira, DJ 13/02/02. 4 – Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 884.939/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/02/2009, DJe 19/02/2009)” Diante do exposto, voto do sentido de Negar Provimento ao recurso. É o voto. (assinado digitalmente) Meigan Sack Rodrigues – Conselheira 8 Fl. 110DF CARF MF Impresso em 14/10/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 10/10/2013 por MEIGAN SACK RODRIGUES
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721184/2013-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2011
AÇÃO JUDICIAL PENDENTE DE JULGAMENTO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Pedido de suspensão do processo apresentado com base no disposto no artigo 62-A da versão anterior do RICARF. Considerando o que determina o Art.1º da Lei de Introdução do Direito Brasileiro, deve ser aplicado ao caso a nova versão do RICARF, que não possui disposição equivalente a suscitada pelo recorrente.
MATÉRIA OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. NÃO CONHECIMENTO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Não se deve conhecer, em sede administrativa, de matéria de matérias objeto de ação judicial.
MULTA ISOLADA.
A simples compensação de crédito decorrente de ação não trasitada em julgado não é suficiente para viabilizar a aplicação de multa isolada, eis que não comprovada a fraude, esta deve ser cancelada.
Numero da decisão: 2402-005.811
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer em parte do recurso, vencido o conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza (Relator), para, na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial, no sentido de afastar a multa isolada, vencido o Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza que dava provimento em maior extensão. Votaram pelas conclusões Ronnie Soares Anderson e Mário Pereira de Pinho Filho no que tange ao afastamento da multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza- Relator.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira Pinho Filho - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201705
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2011 AÇÃO JUDICIAL PENDENTE DE JULGAMENTO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Pedido de suspensão do processo apresentado com base no disposto no artigo 62-A da versão anterior do RICARF. Considerando o que determina o Art.1º da Lei de Introdução do Direito Brasileiro, deve ser aplicado ao caso a nova versão do RICARF, que não possui disposição equivalente a suscitada pelo recorrente. MATÉRIA OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Não se deve conhecer, em sede administrativa, de matéria de matérias objeto de ação judicial. MULTA ISOLADA. A simples compensação de crédito decorrente de ação não trasitada em julgado não é suficiente para viabilizar a aplicação de multa isolada, eis que não comprovada a fraude, esta deve ser cancelada.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10580.721184/2013-48
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5738511
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.811
nome_arquivo_s : Decisao_10580721184201348.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
nome_arquivo_pdf_s : 10580721184201348_5738511.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer em parte do recurso, vencido o conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza (Relator), para, na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial, no sentido de afastar a multa isolada, vencido o Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza que dava provimento em maior extensão. Votaram pelas conclusões Ronnie Soares Anderson e Mário Pereira de Pinho Filho no que tange ao afastamento da multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza- Relator. (assinado digitalmente) Mário Pereira Pinho Filho - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
dt_sessao_tdt : Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
id : 6837855
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:02:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213598695424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2106; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 568 1 567 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.721184/201348 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.811 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de maio de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente VIACAO JAUA LTDA Recorrida FAZENDA PÚBLICA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2011 AÇÃO JUDICIAL PENDENTE DE JULGAMENTO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Pedido de suspensão do processo apresentado com base no disposto no artigo 62A da versão anterior do RICARF. Considerando o que determina o Art.1º da Lei de Introdução do Direito Brasileiro, deve ser aplicado ao caso a nova versão do RICARF, que não possui disposição equivalente a suscitada pelo recorrente. MATÉRIA OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Não se deve conhecer, em sede administrativa, de matéria de matérias objeto de ação judicial. MULTA ISOLADA. A simples compensação de crédito decorrente de ação não trasitada em julgado não é suficiente para viabilizar a aplicação de multa isolada, eis que não comprovada a fraude, esta deve ser cancelada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer em parte do recurso, vencido o conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza (Relator), para, na parte conhecida, darlhe provimento parcial, no sentido de afastar a multa isolada, vencido o Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza que dava provimento em maior extensão. Votaram AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 11 84 /2 01 3- 48 Fl. 569DF CARF MF 2 pelas conclusões Ronnie Soares Anderson e Mário Pereira de Pinho Filho no que tange ao afastamento da multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator. (assinado digitalmente) Mário Pereira Pinho Filho Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 569 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (Fls. 304 a 348) interposto contra decisão proferida no 0127.801 5ª Turma da DRJ/BEL (Fls. 285 a 299) em que acordam os membros da Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação e manter os créditos tributários, DEBCAD’s 51.026.4190 e 51.026.4204, nos termos do Relatório que passam a transcrever por retratar adequadamente a demanda: “Trata se de impugnação em resistência a dois Autos de Infração lavrados em face da Interessada, já qualificada nos autos, em procedimento de verificação de cumprimento de obrigações relativas às contribuições previdenciárias, com os seguintes objetos: 1. DEBCAD 51.026.4190, no montante de R$ 1.426.391,73 – compreendendo as contribuições, juros e multa de mora relativo à glosa de compensações realizadas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP. 2. DEBCAD 51.026.4204, no valor de R$ 1.485.735,52 referente à multa isolada por compensação indevida. Noticia o Relatório Fiscal, fls. 18/28, em síntese, que: As glosas das compensações foram motivadas pela desobediência ao disposto no art. 170A do CTN, ou seja, na época das compensações ainda não havia ocorrido o trânsito em julgados das decisões que autorizariam as compensações das seguintes rubricas: Os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do empregado doente ou acidentado; Adicional constitucional de férias (1/3); Vale transporte convertido em pecúnia; Aviso prévio indenizado; e Adicionais: noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade. Em razão do desrespeito a decisão judicial foram glosadas as compensações relacionadas às férias, saláriomaternidade e parcela de 13º salário indenizado. Para justificar as compensações realizadas a Interessada apresentou à fiscalização cópias de ações judiciais. Na apelação em Mandado de Segurança 2008.33.00.0159714 o Desembargados Federal deu parcial provimento ao solicitado, no entanto, condicionou a compensação ao trânsito em julgado da decisão. No Mandado de Segurança 004335081.2011.4.01.3300 a Juíza Federal Substituta da 14ª Vara Federal/BA julgou “parcialmente procedente o pedido de ilegalidade de contribuição previdenciária relativa à rubrica vale transporte convertido em pecúnia”. Fl. 571DF CARF MF 4 No entanto, a empresa não efetuou a compensação na GFIP dessa rubrica. Já em relação ao Mandado de Segurança 4602466.2010.4.01.3300 o Juiz Federal Substituto da 12ª Vara Cível/BA “deferiu, parcialmente, em 18.02.11, a liminar para suspender a exigibilidade de contribuição previdenciária referente às rubricas aviso prévio indenizado e aos adicionais: noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade”. “Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada”, na seqüência o Relatório Fiscal transcreve o art. 170A do CTN. “A declaração de créditos indevidos nas GFIP’s será objeto de Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP), pois caracteriza, em tese, a prática do crime de falsificação de documento público, capitulado no art. 297, parágrafo 3º, III, do Código Penal”. Destaca que ficou caracterizado a existência de grupo econômico formado entre a empresa fiscalizada e a Viação Regional S/A, CNPJ 01.476.325/000108, “pois, elas estão sob a direção, controle ou administração das mesmas pessoas”. Em razão dos administradores das empresas desrespeitarem o art. 170A do CTN, respondem solidariamente pelos créditos previdenciários, nos termos do inciso III, do art. 135 do CTN: “Em função do exposto, serão emitidos Termos de Sujeição Passiva Solidária (TSPS), uma vez que a empresa VIAÇÃO REGIONAL S/A e os administradores da VIAÇÃO JAUÁ responderão solidariamente pelos créditos previdenciários constantes do Processo COMPROT no 10580721.184/ 201348”. Foi formalizado um Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, “uma vez que o débito levantado é superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e a 30% do patrimônio da empresa fiscalizada”. Em sua impugnação, fls. 134/192, a interessada, representada por seus advogados, fl. 193, alega em síntese, que: Em sede de preliminar requer a nulidade do lançamento haja vista a premissa utilizada não se sustentar: “as compensações só poderiam ser feitas após o trânsito em julgado das sentenças”. Defende que a “a aplicação do art. 170A do CTN em ações de Mandado de Segurança é uma atecnia”. Em relação à multa isolada sustenta que “o limitador do 170A poderia ser levantado no máximo para não homologar a compensação realizada” e não para enquadrar como declaração falsa. Assevera que o art. 74 da Lei 9.430/96 não é aplicável nos casos de compensação de contribuição previdenciária e sim o disposto no art. 66 da Lei 8.383/91. Conclui que o lançamento é nulo em razão do incorreto enquadramento legal. Lembra o impugnante que a Representação Fiscal para Fins Penais não pode ser encaminhada ao Ministério Público antes do lançamento se tornar Fl. 572DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 570 5 definitivo. “E, ainda, após esgotado prazo para o contribuinte pagar e/ou parcelar o tributo”. No mérito informa que as compensações foram realizadas com créditos originados dos Mandados de Segurança nº 2008.33.00.0159714, 0043350.81.2011.4.01.3300 e 460.2466.2010.4.01.3300. A incidência da contribuição previdenciária patronal é sobre os valores pagos destinados a retribuir o trabalho efetivo ou potencial. Ofende ao princípio da legalidade estrita exigir o recolhimento de contribuição previdenciária sobre as importâncias pagas nos primeiros 15 (quinze) dias de afastamento que antecedem a obtenção do auxíliodoença, sobre valores pagos a título de saláriomaternidade, férias gozadas e adicional de férias de 1/3 (um terço). “São todas circunstâncias em que o empregado – acidentado, doente, gestante ou em gozo de férias – não está, obviamente, prestando serviços, nem se encontra à disposição da empresa”. Entende o impugnante que é indevida a exigência da contribuição previdenciária sobre os valores objeto dos mandados de segurança nº 2008.33.00.0159714, referentes aos quinze primeiros dias de afastamento do empregado doentes ou acidentado, pois estes não prestam serviços algum enquanto doentes ou acidentados, portanto, não se insere na hipótese de incidência da contribuição previdenciária, que é o pagamento de remunerações devidas em razão de trabalho prestado, efetiva ou potencialmente. Em relação ao saláriomaternidade, as férias gozadas e o terço constitucional, alega que eles são bases de cálculo para a contribuição do segurado, já que é saláriodecontribuição e não base de cálculo da contribuição patronal. Em razão disso é ilegal e inconstitucional a exigência de contribuição previdenciária devida pela empresa sobre os esses valores, posto que trabalho algum foi prestado. Também alega ser indevida a exigência da contribuição previdenciária sobre os valores objeto do Mandado de Segurança nº 004335081.2011.4.01.3300. Inicia esse novo tópico afirmando que a impugnante não ignora a existência da Súmula 668 do Supremo Tribunal Federal (STF): É LEGÍTIMA A INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O 13º SALÁRIO. No entanto, o STF já declarou como tema sujeito à repercussão geral a incidência de contribuição previdenciária sobre o décimo terceiro de servidores, o que pode resultar na alteração da súmula. Ademais, não deve incidir contribuição sobre o décimo terceiro por que o mesmo não é levado em conta no momento de calcular o benefício previdenciário, portanto, assim como não pode ter benefício previdenciário sem fonte de custeio, não pode prosperar uma fonte de custeio sem benefício. Assevera que a incidência de contribuição previdenciária sobre o vale transporte pago em dinheiro é absolutamente inconstitucional e ilegal, pois o valetransporte não tem natureza salarial, nem integra a remuneração, não se Fl. 573DF CARF MF 6 configurando em hipótese tributária, além de ofender a boa fé dos empregadores. Em relação ao Mandado de Segurança nº 4602466.2010.4.01.3300 sustenta ser indevidas as contribuições previdenciárias sobre parcelas indenizatórias referentes aos adicionais: de horas extras, noturno, periculosidade, insalubridade e de transferência, pois não se inserem nas hipóteses de incidência prevista no art. 22, I, da Lei 8.212/91. Defende a inaplicabilidade do art. 170 do CTN à compensação realizada de acordo com o art. 66 da Lei nº 8.383/91. Já que referido artigo do Código Tributário Nacional “e seu apêndice, o art. 170A – cuidam de outra modalidade de compensação, realizada diretamente pelos agentes fiscais a pedido do contribuinte, e que extingue o crédito tributário (já constituído, portanto)”. Lembra que a constituição do crédito tributário é competência privativa da autoridade administrativa, art. 142, CTN. Requer a nulidade da multa isolada, pois não houve falsidade nas declarações. Alega que ‘ainda que as decisões mencionem o art. 170A do CTN, também não justificaria a aplicação da referida multa. Em seguida cita uma decisão do CARF que faz referência a um processo em que o “sujeito passivo detinha decisão judicial que autorizava a compensação após o seu trânsito em julgado”. Em relação aos valores cobrados a título de multa isolada aduz: “Ainda que seja mantido o entendimento da Fazenda Pública quanto à alegada falsidade das GFIP apresentadas pela Impugnante, MERECE REDUÇÃO O VALOR A SER PAGO A TÍTULO DE MULTA ISOLADA”, pois tal valor “representa verdadeiro confisco por parte da entidade fiscal”. A impugnante cita trechos de decisões judiciais e administrativas, além de entendimentos doutrinários para reforçar seus argumentos. Combate a inclusão da empresa Viação Regional e os administradores da Viação Jauá como sujeitos passivos solidários. Sustenta que o fato da Viação Regional pertencer ao mesmo Grupo Econômico da Impugnante, não significa dizer que também deve responder solidariamente pelo “suposto débito”, pois cada empresa do grupo mantém sua individualidade, seus direitos, obrigações e patrimônio não se misturam. Aduz que o art. 135,III, do CTN não menciona outra pessoa jurídica, mas apenas “diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado” e no caso concreto os administradores da Viação Jauá também não se enquadram, pois a compensação foi realizada com base em decisão judicial e, como sustentado pela defesa, não se aplica o art. 170A do CTN, mas sim o art. 66 da Lei 8.383/91. Requer a nulidade dos Termos de Sujeição Passiva, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a intimação do advogado dos atos processuais e a improcedência dos Autos de Infração.” Em sua peça recursal apresenta como preliminar pedido de devolução dos autos a instancia inferior para nova analise da demanda, fundamentando sua argumentação com base no Art. 62A do RICARF anterior, tendo em vista que a temática deste processo foi objeto Fl. 574DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 571 7 de decisão do STJ e STF com repercussão geral declarada e cita dos seguintes precedentes RE 585160, RE 576967, RE 640452REsp 1.230.957 e REsp 1.358.281. É o Relatório. Fl. 575DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. Admissibilidade O recurso encontrase previsto no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, sendo tempestivo, estando devidamente fundamentado e interposto por parte legítima que pretende ver a decisão da DRJ reformada. Razões pela qual o recebo e voto por dele tomar conhecimento. 2. Preliminares O Recorrente suscita a necessidade de aplicação do Art. 62A da versão anterior do RICARF, sustentando que “fazse necessário que esta turma julgadora reproduza a decisão a decisão proferida nos autos Resp 1.230.957 no presente caso, determinando a devolução dos presentes autos à instância a quo para analise, e se for o caso, e aplicação imediata, ou seja, para que se proceda a revisão e/ou retificação do auto de infração combatido.” Ocorre que o Regimento Interno do Carf foi alterado e, em considerando o que determina o Art.1º da Lei de Introdução do Direito Brasileiro, deve ser aplicado ao caso a nova versão do RICARF que não possui disposição equivalente a suscitada pelo recorrente. Outrossim, conforme transcrito, considerando o pedido formulado, entendemos não ser possível analisar as razões preliminares eis que a matéria em questão desafia análise de mérito, razão pela qual voto pelo não acolhimento. 3. DEBCAD 51.026.4190 Afastada a preliminar, cabe julgar o mérito analisando cada uma das rubricas tidas por compensadas indevidamente segundo o relatório fiscal. As compensações tidas por indevidas pelo agente fiscal tiveram por origem recolhimentos realizados pela Recorrente sobre os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do empregado doente ou acidentado; Adicional constitucional de férias (1/3); Vale transporte convertido em pecúnia; Aviso prévio indenizado; e Adicionais: noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade. O art. 195, I, a, da CF, define as hipóteses de incidência das contribuições previdenciárias da empresa relacionadas ao custeio geral do sistema, determinando que incidam sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados”. Já as contribuições diretamente relacionadas ao benefícios passíveis de fruição pelos trabalhadores segurados não estão delineados de modo claro pela constituição (art. 195, II), salvo pelo §11 do art. 201 com redação dispondo que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e obtenção de benefícios, nos casos e na forma da lei. Fl. 576DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 572 9 Os elementos materiais adotados pela lei de instituição de tais contribuições estão definidos pelo art. 11 da Lei 8212/91 que deu os contornos de suas a bases de cálculo nas contribuições devidas pelas empresas tendo por elemento comum a qual incidência sobre a “remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço” (parágrafo único, alínea a) e dos trabalhadores, incidindo sobre o seu “saláriodecontribuição” (parágrafo único, alínea b). Cabe aqui vistar que na relação de trabalho uma quantidade significativa de verbas são pagas pelas empresas a seus empregados e as razões geradoras de tais pagamentos nem sempre tem por base remuneração, muitas vezes tem caráter indenizatório outras não são regulares. E, justamente neste ponto, surgem algumas controvérsias eis que os conceitos de remuneração e saláriocontribuição tal qual delineados na Lei 8.212/91 são amplos e permitem abarcar uma gama extensa de trocas financeiras relacionadas, direta ou indiretamente, ao trabalho. Dada tal amplitude, uma série de contendas judiciais e posicionamentos doutrinários, por anos, vem buscando delinear os contornos limitativos para alcance dos critérios materiais de incidência das contribuições previdenciárias sobre as verbas relacionadas as relações de trabalho, sendo este o caso em julgamento, tal seja, o direito de considerar como indevido e, por conseqüência passível de compensação, os pagamentos realizados em razão de algumas verbas tidas por indenizatórias ou não regulares. Postas as bases da contenda meritória, analisaremos a questão em relação a cada uma destas hipóteses de incidência para ao final, emitir nosso posicionamento quanto aos pedidos do Recorrente. 3.1. Primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do empregado doente ou acidentado. Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento do empregado segurado da atividade por motivo de doença ou acidente, o custeio de valor equivalente a remuneração integral deste empregado cabe ao empregador (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.876/99). Pelo fato de não haver qualquer contraprestação do trabalhador nos primeiros 15 dias que se seguem a doença ou acidente de trabalho que incapacite o empregado para exercício de suas atividades e ainda por tratarse de verba de pagamento não habitual, temse entendido que tais recursos teriam natureza indenizatória e não estariam abrangidos pela regra matriz de incidência das contribuições previdenciárias de custeio ou benefício. As manifestações jurisprudenciais, em especial as das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ, têm firmado entendimento no sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença ou acidente não há incidência de contribuição previdenciária pois, faltariam elementos de enquadramento na regra matriz do referido tributo, de natureza remuneratória e habitualidade. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg no REsp 957.719/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.8.2006. Fl. 577DF CARF MF 10 Entretanto, em que pese, a coerência do entendimento que vem se consolidando no âmbito dos tribunais superiores, a temática ainda não está definida e, tendo o contribuinte ajuizado ação pendente de julgamento sobre o tema, para que tivesse o direito ao crédito neste ponto, deveria aguardar do transito em julgado da referida ação nos termos do Art. 170A do CTN, razão pela qual, neste ponto voto por negar provimento. 3.2. Adicional constitucional de férias (1/3); A parcela relativa ao terço constitucional de férias a que se refere o art. 7º, XVII, da Constituição Federal de 1988, pode ser pagas com naturezas jurídicas diversas gerando, por conseqüência, efeitos tributários diversos no que se refere a incidência das contribuições previdenciárias. A primeira hipótese é aquela quando há conversão de até dez dias de férias em abono pecuniário, conforme previsto no art. 143 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a segunda ocorre quando o pagamento ocorre em decorrência de férias efetivamente gozadas. No caso da parcela do adicional de 1/3 de férias concedidas durante o contrato de emprego, incidem o IRPF e as contribuições previdenciárias a cargo do empregado e do empregador, entretanto, tais tributos não incidem sobre a parcela paga a título de abono pecuniário de férias sendo esta a posição manifesta através da Solução de Consulta Interna nº 8 Cosit. No que diz respeito às contribuição previdenciárias, a Solução de Consulta interna se posiciona pela “incidência sobre a parcela paga a título de adicional de um terço de férias, e não incidência sobre a parcela paga a título de abono pecuniário”. Entretanto, essa não tem sido a posição dos tribunais superiores que, com relação ao 1/3 de férias, vem entendendo de modo pacífico que o abono possui a finalidade de permitir um reforço financeiro durante o período de férias, conforme AgRg no Resp 1283418. Para a jurisprudência, no que se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não há dúvidas quanto a não incidência de contribuição previdenciária. Pois tal previsão encontra prevista em Lei (art. 28, § 9º, “d”, da Lei 8.212/91 redação dada pela Lei 9.528/97). Contudo, o entendimento jurisprudencial vai além do que dispõe a lei e, em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, vem declarando a sua não incidência tendo em vista que tais valores tem natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária a cargo da empresa. A Primeira Seção/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Público deste Tribunal, adotou a seguinte orientação: “Jurisprudência das Turmas que compõem a Primeira Seção desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuição previdenciária do terço de férias também de empregados celetistas contratados por empresas privadas” Neste ponto acompanhamos a posição que vem sendo manifestada em âmbito judicial, pois, além de não ser um ganho habitual do empregado não tem relação contraprestacional de trabalho sendo uma compensação legalmente prevista. Fl. 578DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 573 11 Contudo, tratase de matéria constitucional ainda pendente de julgamento, não cabendo a este conselheiro competência para avaliar a matéria em nível de controle de constitucionalidade. Outrossim, em que pese a coerência do entendimento que vem se consolidando no âmbito dos tribunais superiores, a temática ainda não está definida e, tendo o contribuinte ajuizado ação pendente de julgamento sobre o tema, para que tivesse o direito ao crédito neste ponto, deveria aguardar do transito em julgado da referida ação nos termos do Art. 170A do CTN, razão pela qual, neste ponto voto por negar provimento. 3.3. Vale transporte convertido em pecúnia; A incidência de contribuições previdenciárias sobre valores pagos a titulo de valetransporte convertido em pecúnia e outro tema que muita celeuma gerou ao longo dos anos. A posição fazendária seguiu desafiada por diversas ações judiciais e manifestações doutrinarias contrárias a classificação de tais verbas como integrantes da hipótese de incidência das contribuições em questão. Atualmente o tema encontrase pacificado não havendo duvidas quanto a não incidência das referidas contribuições sobre verbas pagas a titulo de valetransporte convertido em pecúnia eis que faz frente ao custeio dos deslocamentos do trabalhador no trajeto casa trabalhocasa e ainda que seja em pecúnia tais custos sempre estarão presentes. Independente de nossa posição ser a mais acertada ou não, quanto ao tema a PGFN já emitiu nota incluindo a matéria no rol de questões em relação as quais os procuradores estão de dispensados de contestar e recorrer. Tal manifestação foi proferida no PARECER PGFN/CRJ/Nº 189/2016 que em resumo apresentou, em resumo, o seguinte teor: “Tributário. Contribuição Previdenciária. Valetransporte pago em pecúnia. Jurisprudência pacifica dos Egrégios Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Sumula AGU nO60, de 2011. A analise em comento decorre da existência de decisão plenária do Supremo Tribunal Federal, reverberada nas posteriores decis6es do Superior Tribunal de Justiça STJ, que concluiu ser inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em espécie. A tese sustentada pela União em juízo defendia a higidez da incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, considerando, em síntese, que: o art. 28, §9°, “f', da Lei 8.212, de 1991, estabelece que a verba recebida a titulo de valetransporte não integra o salário de contribuição quando recebida na forma da lei; (ii) o art. 4º da Lei nº 7.418, de 1985, e o art. 50 do Decreto nº 95.247, de 1987, não admitem o pagamento do valetransporte em dinheiro (iii) os ganhos habituais do empregado, a qualquer titulo, incorporamse ao salário, ex vi do art. 201, § 11, da Constituição Federal. Não obstante, o Pleno do STF, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 478.410/SP (não submetido ao rito do art. 543B do CPC), em 10/03/2010, firmou o entendimento de que e inconstitucional a incidência de contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em espécie, já que, qualquer que Fl. 579DF CARF MF 12 seja a forma de pagamento, detém o beneficio natureza indenizatória. De acordo com a Corte Suprema, ao admitirse que o valetransporte possa ter a sua natureza alterada pelo fato de ser pago em dinheiro importaria em relativizar o curso legal da moeda. Sendo assim, considerou que a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago em pecúnia a titulo de valetransporte afrontaria a constituição em sua totalidade normativa. (...) Examinandose a hipótese vertente, concluise que: i) nas causas em que se discute a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, como na hipótese objeto deste Parecer, a competência para representar a União e da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, já que se trata de matéria fiscal (art. 12 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993); e II) as decisões citadas exemplificativamente ao longo deste Parecer manifestam a pacifica jurisprudência do STF e do STJ no sentido reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária nas circunstâncias já aludidas. Destarte, há base legal para a edição de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional que, reiterando a autorização de não contestar, não interpor recursos ou de desistir do que tenha sido interposto no tocante a matéria objeto da presente manifestação (permissão que decorre da edição da Sumula AGU nº 60), possibilite a vincula da atuação administrativa a cargo da RFB” (disponível em http://www.pgfn.fazenda.gov.br/legislacaoe normas/atosdeclaratoriosarquivos/2016/PARECER%201892016.pdf) Este entendimento também foi consolidado no âmbito das câmaras superiores do CARF gerando sumula de nº 89 com o seguinte teor: “Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia.” Ainda que o contribuinte esteja discutindo judicialmente tais crédito quanto a este ponto, considerando a manifestação da PGFN e a posição consolidada no âmbito do CARF verificamos ausência de interesse jurídico do fisco em resistir a tal pretensão, razão pela qual, independente da discussão judicial ainda não ter findado, neste quesito, voto por considerar válida a compensação que por ventura tenha sido realizada com base em recolhimento efetivamente realizado sob tal rubrica e ainda, no concernente a multa aplicada, determinar a exclusão de tais verbas de sua base de calculo. 3.4. Aviso prévio indenizado; As contribuição previdenciária são paga sobre o salário de contribuição do trabalhador e seu conceito está definido no artigo 28 da Lei 8.212/91 que contém um rol com diversas verbas que teriam natureza remuneratória e, por conseqüência, estariam dentro da regra matriz das contribuições previdenciárias de custeio e beneficio. O mesmo dispositivo, em seu §9º, indica as verbas que não integram o salário de contribuições e, justamente o aviso prévio indenizado, não está previsto dentre tais hipóteses, razão pela qual diversas demandas foram ajuizadas sobre o tema e muito tem se escrito sobre sua natureza jurídica tendo a questão chegado as cortes superiores. Fl. 580DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 574 13 Já a muito a doutrina tem apresentado manifestações no sentido de buscar esclarecer a real natureza dessa verba. Dentre os argumentos estão a origem de recomposição de dano sofrida pelo trabalhador que tinha a expectativa de que, ao cumprir todas as determinações do contrato de trabalho, não seria dispensado. Outra vertente de análise segue à fundamentar teses de não incidência baseadas no fato de que tais verbas não compõem o conjunto contributivo tomado por base na determinação do fator que permitirá ao trabalhador obter futuro benefício de aposentadoria. Mauricio Godinho Delgado apresentou o seguinte conceito: “Aviso prévio, no Direito do Trabalho, é instituto de natureza multidimensional, que cumpre as funções de declarar à parte contratual adversa a vontade unilateral de um dos sujeitos contratuais no sentido de romper, sem justa causa, o pacto, fixando, ainda, prazo tipificado para a respectiva extinção, com o correspondente pagamento do período do aviso (DELGADO, 2004, p. 1171).” E Sergio Pinto Martins segue na terminação de sua natureza declarando que “tem o aviso prévio indenizado natureza de indenização, pois é um pagamento pela obrigação descumprida de fornecer o aviso prévio. É um pagamento de indenização substitutiva pelo aviso prévio não concedido” (2007, p. 394) E não foi outro o desfecho judicial da questão. Para o STJ tal verba tem natureza indenizatória e, por conseqüência, não há incidência de contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas em decorrência de aviso prévio indenizado. O RESP nº 1.230.957/RS reconheceu a natureza jurídica indenizatória da verba. Note que não estamos diante de uma decisão constitutiva ou modificativa, mas declaratória, razão pela qual há de se reconhecer que desde a origem não poderia produzir os efeitos tributários pretendidos pela Fazenda Nacional. A questão segue pacificada inclusive com NOTA da PGFN/CRJ de nº 485/2016 (tema 759), onde se determinou a inclusão do tema em lista de dispensa de contestar e recorrer. A citada nota foi aprovado e segue em vigor e, em resumo, a PGFN apresentou o seguinte posicionamento: “Aviso prévio indenizado. ARE nº 745.901. Tema 759 de Repercussão Geral. Portaria PGFN nº 502/2016. Parecer PGFN/CRJ nº 789/2016. Decisões recentes que entendem que o STF assentou a ausência de repercussão geral da matéria em virtude. Inviabilidade, no cenário atual, de recurso extraordinário. Matéria decidida no RESP nº 1.230.957/RS. Recurso representativo de controvérsia. Art. 19, V, da Lei n° 10.522/2002. Alteração da orientação contida na Nota PGFN/CRJ nº 640/2014. Inclusão do tema em lista de dispensa de contestar e recorrer. Alteração a ser comunicada à RFB nos termos do §9º do art. do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014. (...) Feitas essas considerações, tendo em vista a mudança da orientação contida na Nota PGFN/CRJ 640/2014 quanto ao aviso prévio indenizado, concluise que, por força do disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19, da Lei nº 10.522, de 2002, a Secretaria da Receita Federal do Brasil deverá observar o entendimento do STJ contido no RESP nº 1.230.957/RS quanto à impossibilidade de incidência de Fl. 581DF CARF MF 14 contribuição previdenciária quanto ao aviso prévio indenizado. Nesse contexto, sugerese, em caso de aprovação, que a presente Nota seja remetida à RFB para os fins da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014, tendo em vista o disposto no art. 3º, §9º, bem como ampla divulgação à Carreira.” (disponível em https://idg.receita.fazenda.gov.br/acessorapido/legislacao/decisoes vinculantesdostfedostjrepercussaogeralerecursosrepetitivos/arquivos eimagens/notapgfncrjno485_2016respno1230957rs.pdf) Assim, ainda que o contribuinte esteja discutindo judicialmente tais crédito quanto a este ponto, considerando a manifestação da PGFN verificamos ausência de interesse jurídico do fisco em resistir a tal pretensão, razão pela qual, independente da discussão judicial ainda não ter findado, neste quesito, voto por considerar válida a compensação que por ventura tenha sido realizada com base em recolhimento efetivamente realizado sob tal rubrica e ainda, no concernente a multa aplicada, determinar a exclusão de tais verbas de sua base de calculo. 3.5. SalárioMaternidade A incidência de contribuições previdenciárias sobre pagamentos de Salário Maternidade segue em discussão no STF através da ADI nº 5626 de Relatoria do Ministro Celso de Melo e ainda sem definição. A referida ADI foi proposta pelo procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, contra dispositivos da Lei 8.212/1991 que fazem incidir a contribuição previdenciária sobre o saláriomaternidade ao argumento de que os “parágrafos 2º e 9º (alínea “a”, parte final) do artigo 28 da lei são incompatíveis com as garantias constitucionais de proteção à maternidade e ao direito das mulheres de acesso ao mercado de trabalho.” Um dos fundamentos é o que tais normas imputam ao empregador parte do ônus do afastamento da gestante devido à maternidade e contribuem para o aumento do custo de sua mão de obra, em comparação à masculina, o que constitui significativo fator de discriminação da mulher no mercado de trabalho ao impor medidas desproporcionalmente mais custosas para contratação da mão de obra feminina. De fato, do ponto de vista do princípio constitucional da igualdade, é adequado o entendimento autoral exarado na ADI e absurda tal incidência, entretanto, a jurisprudência, até o momento, caminha em sentido contrário, sendo pacifico o entendimento pela incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas. Como exemplo, citamos o REsp 1.230.957/RS que em resumo decidiu pela incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas atinentes ao saláriomaternidade e ao saláriopaternidade. Como o controle de constitucionalidade não integra as competências deste colegiado (Súmula Carf nº 2), apesar de congregar da tese exarada na ADI nº 5626, resta claro que, pela conformação jurídica e legal vigente, não há outra posição a adotar que não seja votar pela incidência de tal contribuição sobre as verbas decorrentes de saláriomaternidade. Deste modo, voto por manter o lançamento no se refere a esta rubrica ficando mantida a penalidade aplicada, porém com observância das limitações constantes do item 4 deste voto. 3.6. Férias Fl. 582DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 575 15 No presente caso não houve distinção entre férias gozadas e não gozadas no âmbito das compensações realizadas. Considerando que as férias indenizadas estão claramente tratadas no Art. 28, §9º da Lei 8.212/91 como hipótese de não incidência, acreditamos que a contenda gira sobre compensação de férias gozadas. No que se refere a esses valores a jurisprudência segue pacificada no sentido da incidência. Outrossim,, no presente caso, tal rubrica estava descrita dentre aquelas em que o Recorrente teve sua pretensão denegada pelo Juízo onde se processou sua ação mandamental. Assim sendo, voto no sentido manter o lançamento no que faz referência as compensações indevidas realizadas sob esta rubrica, mantendose, por conseqüência, a multa aplicada. 3.7. 13º Salário Em relação aos valores pagos a título de 13º Salário, em que pese a existência de decisões nos tribunais superiores no sentido da não incidência tendo em vista que não integrariam a base contributiva para fins de concessão de benefícios previdenciários, a questão segue pacificada com entendimento posto em conformidade com a Súmula 688 STF: “Súmula 688: É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.” Em nosso sentir, os valores pagos a título de 13º salário têm natureza remuneratória pois são proporcionais aos meses trabalhados e, apesar de seu pagamento ser anual, tem a habitualidade como característica. O fato de não integrar a base de calculo para fins de concessão de benefícios é temática ainda não definida como sendo um dos elementos fundamentais para incidência do tributo. Ainda, no caso concreto, o Recorrente não obteve decisão favorável que lhe desse o mínimo de segurança para realizar tal compensação. Diante do exposto, voto por manter o lançamento no que se refere as compensações realizadas sob esta rubrica. 3.8. Adicionais: noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade. Neste ponto trata a contenda da possibilidade de compensação de verbas discutidas judicialmente pelo Recorrente e sobre as quais a segurança buscada não foi deferida pelo juízo. Outrossim, independente da questão judicial, já tivemos a oportunidade de nos manifestar sobre tais verbas em processo administrativo fiscal nº 15940.720133/201386, de relatoria do Conselheiro RONNIE SOARES ANDERSON. Apenas com relação aos adicionais noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade adotaremos posicionamento no mesmo sentido do referido julgado. Pedimos licença para transcrever os pontos de maior relevância para a presente discussão: “No que tange ao particular, observese, de início, que as verbas objeto de lançamento foram as rubricas nominadas como diferença de salário, adicional noturno, de periculosidade e de insalubridade, prêmio produção, horas extras, Fl. 583DF CARF MF 16 13º salário proporcional, progressão funcional não acadêmica, ⅓ de férias, férias e 2ª parcela do 13º salário (itens 19 e 20 do Relatório Fiscal). Nenhuma dessas verbas está discriminada no mencionado § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, por se tratarem, à evidência, de retribuições legais pelo trabalho, de nítido caráter remuneratório. Com respeito às horas extras, adicional noturno, de periculosidade e de insalubridade, vale frisar que o STJ já reconheceu expressamente, no REsp 1.358.281, j. 23/4/2014 sob o rito do art. 543C do CPC (recurso repetitivo), seu teor remuneratório. De sua parte, o adicional de férias comporta análise mais acurada. É fato que o STJ, no REsp nº 1.230.957/RS, julgado sob o rito de recurso repetitivo em 26/2/2014, se manifestou no sentido de que o terço de férias previsto no inciso XVII do art. 7º da CF possui natureza indenizatória. Não obstante, tal decisão encontrase sobrestada, tendo em vista a matéria encontrarse sob exame do STF como Tema 163 de repercussão geral, no RE nº 593.608/SC. Nesse contexto, observese serem inaplicáveis as disposições do art. 62 do Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF Portaria MF nº 343/15) à espécie. Não obstante, tenho que a verba em comento, assim como, logicamente, os valores percebidos a título de férias, apresenta natureza insitamente remuneratória, sendo paga como parcela suplementar a título de retribuição pelo trabalho no período a que se refere, enquadrandose assim nos termos do art. 28, inciso I da Lei nº 8.212/91. (...) Desse modo, tanto sob o prisma do princípio da legalidade, como considerandose o disposto nos arts. 97 inciso VI, 111 e 175, inciso I do CTN, não há óbice à inclusão de verbas do gênero na base de incidência das contribuições guerreadas. No sentido aqui partilhado, convém fazer referência aos Acórdãos nº 9202003.927 (j. 13/4/2016) e 9202003.773 (j. 16/2/2016), da CSRF. (...) sobre a natureza salarial dos montantes recebidos a título de décimo terceiro salário, com relação aos quais há, inclusive, enunciado sumular do STF: Súmula 688 STF: É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.” Ante ao exposto, voto no sentido de, neste ponto, negar provimento ao recurso considerando a compensação realizada indevida seja pelo fato de inda não ter a ação transitada em julgado, seja pelo fato do mesmo não ter obtido decisão favorável que fundamente sua posição neste ponto. 4. DEBCAD 51.026.42004 Fl. 584DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 576 17 O Recorrente alega ter realizado as compensações dos créditos com base nos Mandados de Segurança nº 2008.33.00.0159714, 0043350.81.2011.4.01.3300 e 460.2466.2010.4.01.3300 que interpôs visando obter decisões de desoneração da folha em relação as verbas ora em discussão. O presente DEBCAD tem por fato gerador a realização, pelo Recorrente, de compensação mediante o aproveitamento de crédito de tributo objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva ação judicial, conduta vedada pelo Art. 170A do CTN: “Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.” Em nosso sentir a vedação de tal conduta, além de estar prevista em lei, é razoável eis que não havendo o trânsito em julgado, o crédito não goza de certeza e liquidez. Entretanto, acreditamos que a interpretação do ilustre agente fiscal quanto a incidencia de multa isolada, aplicada no presente caso, não é adequada pois, apesar de não gozar de certeza e liquidez, não é possível tratar como falso um crédito que goza de decisão favorável ainda não transitada em julgado. Em realidade, é inquestionável que estamos diante de uma compensação , em parte, indevida, contudo não vislumbramos falsidade ou fraude, tão pouco o relatório fiscal foi contundente em demonstrar a ocorrência de tal conduta. Sendo o caso de aplicação da penalidade prevista no Art. 89, §9º e não aquela prevista no §10. A Lei 8.212/91 em seu Art. 89 disciplina a questão estabelecendo uma punição para compensação indevida e outra para casos em que seja comprovada a falsidade da declaração: “Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 9º Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).” Fl. 585DF CARF MF 18 O Agente Fiscal entendeu por aplicável a penalidade prevista no o § 10, Art da Lei nº 9.430/96: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)” Este dispositivo, por sua vez, condiciona a aplicação de multa isolada as condutas previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64: “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” A compensação em questão não em nosso sentir, não se amolda as disposições ora transcritas. O crédito em questão não é falso, apenas não está dotado de liquidez e certeza capazes de possibilitar a compensação de forma devida, por prescindir da definitividade conferida pelo trânsito em julgado da decisão judicial em questão. O Carf tem entendimento pacífico no sentido de ser necessária a comprovação de evidente intuito de fraude quando o tipo punitivo assim o exigir. Como exemplo desse entendimento citamos a sumula Carf 14: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Fl. 586DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 577 19 Deste modo, dada em nosso sentir a falta de comprovação da evidente intenção de fraude não é aplicável a multa isolada. 5. Conclusão Por todos o exposto voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para considerar como licitas as compensações das verbas indenizatórias conforme item 3.3 e 3.4 deste voto, excluindo ainda tais valores das bases de calculo da multa aplicada, cabendo, entretanto, prévia verificação do efetivo recolhimento de valores sob estas rubricas. E, por ausência de elementos suficientes para considerar a conduta do Recorrente como fraude ou as informações inseridas como falsas, voto ainda por excluir a aplicação da multa isolada. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 587DF CARF MF 20 Voto Vencedor Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Redator Designado Consoante descrito no Relatório Fiscal, o presente processo é referente aos autos de infração lavrados sob os Debcad nº 51.026.4190 e 51.026.4204 em razão de glosa de compensações realizadas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e de aplicação de multa isolada por compensação indevida. Da análise dos autos, vêse que o recorrente demandou o Poder Judiciário com questionamentos quanto a incidência de contribuições previdenciárias sobre as seguintes rubricas: a) primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do empregado doente ou acidentado; b) adicional constitucional de férias (1/3); c) vale transporte convertido em pecúnia; d) aviso prévio indenizado; e) saláriomaternidade; f) férias; g) 13º Salário; h) adicional noturno; i), adicional de horas extras; j) adicional de insalubridade; e k) adicional de periculosidade. Entretanto, mesmo não tendo havido o trânsito em julgado das ações judiciais impetradas, a recorrente efetuou compensações em GFIP de tais rubricas em clara afronta ao art. 170A do CTN, fato esse que fundamentou a glosa de compensações efetuada pela autoridade autuante, não havendo, nesse ponto, reparos na decisão a quo que considerou improcedente a impugnação apresentada. Outra questão a ser considerada diz respeito aos argumentos trazidos na impugnação e no recurso voluntário acerca da ilegalidade e inconstitucionalidade das verbas objeto de indevida compensação. Conquanto concorde com a decisão de piso quanto a ausência de competência do julgador administrativo para declarar a inconstitucionalidade de lei que tenha fundamento o lançamento de créditos tributários, entendo que esse assunto tem de ser tratado sob um outro enfoque. É que, uma vez que determinada matéria é levada à apreciação do Poder Judiciário, estamos diante a da chamada “renúncia às instâncias administrativas”, ou seja, tendo a recorrente proposto ações judiciais para discutir a legalidade/constitucionalidade com relação à incidência de contribuições sociais sobre determinadas espécies remuneratórias, caberá àquele Poder decidir a questão que lhe foi submetida, não havendo quaisquer providências a serem adotadas em sede administrativa, senão o cumprimento da decisão da Justiça quando esta se fizer definitiva. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 10580.721184/201348 Acórdão n.º 2402005.811 S2C4T2 Fl. 578 21 Aliás, e exatamente nesse sentido o enunciado da Súmula CARF nº 1º, de observância obrigatória no âmbito deste Conselho. Senão Vejamos: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Desse modo, a despeito da análise do r. Relator quanto à incidência ou não de contribuições sobre as espécies remuneratórias citadas, entendo que, em face da renúncia às instâncias administrativas, nesse ponto, não há como conhecer do recurso. Conclusão Em vista do exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário no que se refere aos questionamentos quanto a legalidade ou inconstitucionalidade das contribuições incidentes sobre as rubricas acima relacionadas, por serem essas objeto de questionamento ante o Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 589DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720646/2007-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
LANÇAMENTO. AUTO DE INFRAÇÃO. PROVAS. INSTRUÇÃO INSUFICIENTE.
A acusação fiscal consubstanciada no auto de infração é procedimento inquisitório que deve vir completo. Deve ser cancelada a autuação que não venha acompanhada das provas da infração imputada ao contribuinte. É defeso à autoridade julgadora aperfeiçoar o lançamento pela juntada aos autos de documentos que deveriam basear a autuação fiscal.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 1401-001.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a proposta de diligência levantada de ofício pelo presidente. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Antonio Bezerra Neto; por unanimidade, DERAM provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LIVIA DE CARLI GERMANO - Relatora.
EDITADO EM: 10/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 LANÇAMENTO. AUTO DE INFRAÇÃO. PROVAS. INSTRUÇÃO INSUFICIENTE. A acusação fiscal consubstanciada no auto de infração é procedimento inquisitório que deve vir completo. Deve ser cancelada a autuação que não venha acompanhada das provas da infração imputada ao contribuinte. É defeso à autoridade julgadora aperfeiçoar o lançamento pela juntada aos autos de documentos que deveriam basear a autuação fiscal. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10283.720646/2007-16
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5723964
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1401-001.840
nome_arquivo_s : Decisao_10283720646200716.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LIVIA DE CARLI GERMANO
nome_arquivo_pdf_s : 10283720646200716_5723964.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a proposta de diligência levantada de ofício pelo presidente. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Antonio Bezerra Neto; por unanimidade, DERAM provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente. (assinado digitalmente) LIVIA DE CARLI GERMANO - Relatora. EDITADO EM: 10/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
id : 6761862
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213611278336
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-04-10T19:06:52Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-04-10T19:06:52Z; Last-Modified: 2017-04-10T19:06:52Z; dcterms:modified: 2017-04-10T19:06:52Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:8af37664-c9eb-4522-9489-61ae1d6fbabe; Last-Save-Date: 2017-04-10T19:06:52Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-04-10T19:06:52Z; meta:save-date: 2017-04-10T19:06:52Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-04-10T19:06:52Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-04-10T19:06:52Z; created: 2017-04-10T19:06:52Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; Creation-Date: 2017-04-10T19:06:52Z; pdf:charsPerPage: 1445; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-04-10T19:06:52Z | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 567 1 566 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10283.720646/200716 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.840 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de março de 2017 Matéria IRPJ Recorrente Recofarma Industria do Amazonas Ltda Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 LANÇAMENTO. AUTO DE INFRAÇÃO. PROVAS. INSTRUÇÃO INSUFICIENTE. A acusação fiscal consubstanciada no auto de infração é procedimento inquisitório que deve vir completo. Deve ser cancelada a autuação que não venha acompanhada das provas da infração imputada ao contribuinte. É defeso à autoridade julgadora aperfeiçoar o lançamento pela juntada aos autos de documentos que deveriam basear a autuação fiscal. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a proposta de diligência levantada de ofício pelo presidente. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Antonio Bezerra Neto; por unanimidade, DERAM provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTONIO BEZERRA NETO Presidente. (assinado digitalmente) LIVIA DE CARLI GERMANO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 06 46 /2 00 7- 16 Fl. 567DF CARF MF 2 EDITADO EM: 10/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de auto de infração para a cobrança de IRPJ do anocalendário 2002, em virtude de supostas diferenças entre o valor declarado como devido na DIPJ a título de estimativa nos meses de janeiro, fevereiro, março, julho e outubro, e aquele efetivamente pago pela contribuinte. No auto de infração, o fiscal autuante reconheceu que a contribuinte usou o saldo negativo do anocalendário de 2000 para compensar as estimativas de setembro e outubro de 2002, no entanto esclareceu que essa compensação foi examinada no processo administrativo 13708.001423/200382, no qual se concluiu pela homologação integral da compensação em relação à estimativa de setembro e apenas parcial em relação a estimativa de outubro, restando saldo a pagar neste mês de R$848.328,32. Conforme se extrai do relatório da fiscalização, in verbis: O presente Auto de Infração originouse da revisão da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ/2003, com informações relativas ao anocalendário de 2002, apresentada pelo contribuinte acima identificado. No procedimento de revisão, prevista no art. 835 do Decreto n° 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), verificamos que os pagamentos mensais relativos às estimativas do IRPJ haviam sido efetuados em valores menores do que as estimativas apuradas e declaradas na linha 11 da Ficha 11 Cálculo do Imposto de Renda Mensal por Estimativa. Intimado a prestar esclarecimentos sobre as divergências encontradas, o contribuinte informou que o pagamento das estimativas do IRPJ havia sido efetuado "através de compensação de créditos e complementados com recolhimentos em espécie". No que diz respeito ao IRPJ, apresentou ainda: planilha de apuração das estimativas mensais; demonstrativo do cálculo dos juros sobre o IRPJ pago a maior, o qual também mostra as compensações que teriam sido efetuadas; fichas das DIPJ/1999, 2000, 2001 e 2002 com a apuração dos saldos negativos de IRPJ a pagar nos anoscalendário respectivos, origem dos créditos utilizados nas compensações; e balanço patrimonial do ano 2002. Posteriormente, apresentou os balancetes utilizados para suspensão ou redução dos pagamentos das estimativas de IRPJ, do período de janeiro a novembro/2002, bem como os demonstrativos da isenção/redução utilizada como dedução no cálculo das estimativas do período. Por fim, trouxe cópias de folhas do livro Razão, do ano de 2002, referentes a contas representativas de antecipações de IRPJ e CSLL do exercício e de exercício anteriores (contas do ativo), do IRPJ e CSLL a pagar (contas do passivo) e das despesas do IRPJ e CSLL (contas de resultado), além de cópias de folhas do livro Diário. Pela análise do documento denominado "Demonstrativo do cálculo dos juros sobre o IRPJ pago a maior", verificamos que, segundo o contribuinte, as estimativas devidas até setembro/2002 e uma parte da estimativa de outubro/2002 teriam sido compensadas com créditos referentes a antecipações de IRPJ de exercícios anteriores (1998 a 2001), apurados Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 568 3 como saldos negativos de IRPJ a pagar nas DIPJ respectivas. A forma como teria sido feita essa compensação pode ser resumida na Tabela 1, a seguir. E verdade que, até o final da vigência da Instrução Normativa IN n° 21/97 em setembro/2002, os créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior que o devido, nas condições previstas no art. 14 da mesma instrução, poderiam ser utilizados para compensação de débitos da própria pessoa jurídica independentemente de requerimento. Ocorre que não encontramos nos balancetes nem nas cópias de folhas do razão ou do diário apresentados nenhuma comprovação de que as compensações teriam ocorrido tempestivamente, da forma apresentada no demonstrativo. Ao acompanharmos a evolução do saldo da conta contábil do ativo 125301001 ANTENCIP IRPJ EXERC ANTERIOR por meio dos balancetes (Tabela 2, a seguir), verificamos que o saldo nunca é reduzido ao longo dos meses, o que seria de se esperar no caso da utilização destes créditos para compensação. Nas folhas do razão, com exceção de alguns poucos ajustes, encontramos nesta conta apenas os lançamentos das atualizações monetárias destes créditos (lançamentos com histórico ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DE IMPOSTOS A COMPENSAR). Fl. 569DF CARF MF 4 Resta a hipótese de a compensação ter ocorrido no encerramento ou após o encerramento do exercício, de maneira similar ao que aconteceu no encerramento do exercício 2001, como mostra a cópia da página 3 do "Livro Diário 01.01.200231.01.2002". Nesse caso, com a entrada em vigor da IN n° 210/2002, e de acordo com seu art. 21, a compensação deveria ter sido efetuada mediante o encaminhamento A RFB da "Declaração de Compensação". De fato, em 31/07/2003, foram protocolados Pedido de Restituição e Declaração de Compensação, processos 13708001.422/200338 e 13708001.423/200382 respectivamente, por meio dos quais o contribuinte pretendia quitar os débitos de estimativas de IRPJ de setembro e outubro de 2002 e de CSLL de janeiro, fevereiro, março, julho, setembro e novembro do mesmo ano. Em relação as estimativas de IRPJ de setembro e outubro, a compensação foi parcialmente acatada. pela RFB, restando um saldo devedor, não compensado, de R$ 848.328,32. Porém, em relação aos outros meses em que foram apuradas estimativas de IRPJ a pagar, nada foi declarado. Assim sendo, como não encontramos comprovação de que as compensações alegadas tenham sido realizadas ate setembro/2002, quando não necessitavam de requerimento, nem após essa data, mediante Declaração de Compensação, consideramos as estimativas de janeiro, fevereiro, março e julho de 2002 como não quitadas. Embora tenha sido informado em declaração de compensação, consideramos ainda como não quitado o saldo não compensado da estimativa de outubro/2002, porque as declarações de compensação entregues à SRF antes de 31/10/2003, data da publicação da Medida Provisória n° 135/2003, não são tratadas como confissão de divida nem como instrumento hábil e suficiente a exigência dos débitos indevidamente compensados. Apuramos então as diferenças entre as estimativas de IRPJ calculadas de acordo com a legislação em vigor e os valores quitados pelo contribuinte, conforme Demonstrativo de Valores Revisados (Ficha 11 Cálculo do Imposto de Renda Mensal por Estimativa), anexo a este auto de infração. Estas diferenças sujeitamse apenas à aplicação da multa de 50%, determinada pelo art. 44, § 1°, inciso IV, da Lei n° 9.430/96 alterado pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007. Em seguida, procedemos à revisão da Ficha 12 Calculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, com a alteração do valor declarado na linha 16 para que correspondesse ao valor efetivamente pago (imposto de renda retido na fonte, estimativas de IRPJ recolhidas, compensadas ou declaradas em DCTF) e apuramos saldo de IRPJ a pagar no valor de R$ 2.463.510,53, não recolhido. Diante do exposto, informamos que foi constatada a existência de irregularidades, cujos fatos Fl. 570DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 569 5 geradores, descrição dos fatos, valor tributável, multa aplicável e enquadramento legal encontramse abaixo especificados. 001 – FALTA DE RECOLHIMENTO/DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO OU DECLARAÇÃO Insuficiência de recolhimento do IRPJ referente ao anocalendário de 2002, apurado em decorrência da revisão do valor declarado na linha 16 (Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa) da Ficha 12 Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, uma vez que nem todas as estimativas declaradas foram efetivamente recolhidas ou declaradas em DCTF. Ainda foi aplicada multa isolada, calculada sobre a diferença das estimativas que deixaram de ser recolhidas em cada mês, a saber: Com relação à parcela relativa ao mês 10/2002, o auto de infração ressalva que leva em consideração a parcela não compensada no processo nº 13708.001423/200382. Intimada acerca do auto de infração, a Recorrente apresentou impugnação em que aduz, em síntese: 1) nulidade do presente auto de infração, eis que “solicitou, no processo nº 137085.001423/200382, o reconhecimento do excesso de pagamento de IRPJ decorrente de recolhimentos de todo ano de 2002 e não apenas dos meses de setembro e outubro, com quer fazer crer a descrição dos fatos neste processo” (fls. 310); 2) que possui direito creditório no valor de R$ 5.181.329,17 a título de saldo negativo e que “a decisão proferida no processo 13708.001423/200382 reconhece as compensações realizadas pela ora impugnante e as ratifica, dentro dos limites do crédito reconhecido” (fls. 310); 3) que naquele processo, apurouse um saldo de imposto a pagar, mas que o processo estava pendente de recurso perante o CARF. No entanto, a Recorrente alega que “o referido demonstrativo analítico de fls. 189 concluiu por um débito de IRPJ, para o anobase de 2002, no valor de R$848.328,32, conclusão esta que está sendo objeto de discussão no recurso apresentado ao 1º Conselho de Contribuintes” (fls. 311); 4) impossibilidade de cumulação da multa de ofício com a multa isolada; 5) necessidade de realização de perícia contábil, com o objetivo de se esclarecer os seguintes pontos: a) Qual o valor do saldo negativo do IRPJ ao inicio de 2002 valor originário e devidamente atualizado? b) Foi tal valor reconhecido e considerado pela decisão proferida pela DRJ/Belém, no processo n°13708.001423/200382? Fl. 571DF CARF MF 6 c) Qual o montante do IRPJ devido em 31/12/02? d) Qual o valor efetivamente recolhido pela empresa no ano de 2002, considerandose recolhimentos e compensações com o saldo negativo? e) Qual a origem do débito de R$848.328,32, decretado pela decisão no processo n°13708.001423/200382 e imputado, no auto de infração impugnado ao mês de outubro/ 02? f) Houve regular apresentação de DCTFs? Em sessão de 28 de março de 2008, a DRJ de Belém ratificou o lançamento, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 RECOLHIMENTO A MENOR DO IMPOSTO. EXIGÊNCIA DA DIFERENÇA DEVIDA ACRESCIDA DE JUROS E MULTA DE OFÍCIO. Comprovado nos autos que o sujeito passivo não recolheu a totalidade do imposto apurado na DIPJ, procede o lançamento de oficio do saldo devedor do tributo, acrescido dos juros e da multa de oficio. FALTA DE RECOLHIMENTO DA ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO. BASES DE CALCULO DO IMPOSTO E DAS ANTECIPAÇÕES INALTERADAS. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. Se a falta de recolhimento das antecipações devidas não resultou de qualquer procedimento fiscalizatório, devese aplicar a multa isolada sobre as parcelas não recolhidas. Adicionalmente, se essa diferença das antecipações não recolhidas se refletiu na insuficiência de pagamento do imposto anual, cabível a aplicação da multa sobre a diferença do tributo lançada de oficio. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. A descrição dos fatos clara e completa, aliada à perfeita determinação da base de cálculo do lançamento, impõe o indeferimento do pedido de realização de perícia contábil. Inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário ratificando todos os termos da impugnação e chamando a atenção para o fato de a decisão recorrida não ter dado a devida atenção aos seus argumentos. Assim, aduziu, em suma, o seguinte: 1) como preliminar, a ocorrência de cerceamento do direito de defesa pela denegação da perícia; 2) impossibilidade de cobrança de estimativas após o término do anocalendário; 3) ilegalidade da cobrança cumulativa da multa de ofício com a multa isolada; 4) inexistência de débito de IRPJ a pagar, tendo em vista as compensações realizadas no processo nº 13708.001423/200382, e que o saldo do imposto apurado naquele processo não poderia ser acrescido da multa de 20%, tendo em vista a ocorrência da denúncia espontânea. Em 4 de agosto de 2011, esta Turma proferiu a Resolução 1401000.096, mediante a qual: (i) foi reconhecida a tempestividade de recurso, tendo em vista que o ato declaratório normativo COSIT nº 19/1997 admite o protocolo de impugnação por via postal, bem como que a Recorrente enviou o seu recurso voluntário por meio da empresa DHL Express que, conforme fls. 371, coletou o documento às 17:55h do dia 11 de julho de 2008. (ii) foi delimitada a matéria do presente recurso, não sendo conhecidas as seguintes, porque decididas no processo nº 13708.001423/200382: Fl. 572DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 570 7 a) os R$848.328,24 referemse a estimativa de outubro de 2002, não compensada por força da insuficiência do crédito apontado (e não de saldo negativo do ano calendário de 2002, como apresentado pela Recorrente em seu recurso, referindose à decisão do processo nº 13708.001423/200382); b) a incidência da multa sobre a parcela não compensada, por se tratar de confissão espontânea, também não é matéria afeta ao presente feito, posto que decidida no processo nº 13708.001423/200382. (iii) o julgamento foi então convertido em diligência para o esclarecimento das seguintes questões: 1) no processo nº 13708.001423/200382, a verificação da composição do saldo negativo objeto do pedido de restituição levou em consideração a compensação com débitos de estimativa no curso do ano calendário 2002? 2) no processo nº 13708.001423/200382, está sendo cobrado o valor de R$848.328,32, referente a compensação parcialmente não homologada da estimativa de outubro de 2002? 3) diante das respostas decorrentes dos quesitos anteriores, pedese a elaboração de planilha com a evolução do saldo negativo acumulado no início de 2002 e das compensações consideradas no referido ano calendário. 4) Por fim, solicitase a elaboração de parecer conclusivo, intimandose a Recorrente acerca do resultado da diligência. Para chegar à conclusão de que as questões acima precisariam ser esclarecidas, o voto proferido na Resolução 1401000.096 observa, in verbis: Segundo se extrai do auto de infração e das razões de impugnação e recurso, a matéria objeto da presente demanda fundase em dois pontos, delimitados temporalmente pela IN SRF 210, de setembro de 2002. É que, antes do advento da referida instrução normativa, as compensações de saldo negativo com estimativas de IRPJ não precisavam ser declaradas à RFB por meio da declaração de compensação. A partir da edição de referida norma, tornouse essencial que o contribuinte apresentasse declaração de compensação com a indicação do crédito e do débito a compensar. No presente caso, a contribuinte alega que possuía saldo negativo acumulado no início do ano calendário 2002, e que se utilizou de referido saldo negativo para promover as compensações com as estimativas devidas no anocalendário 2002. Com relação às estimativas de janeiro a agosto de 2002, as compensações não foram declaradas. No entanto, a Autoridade Fiscal entendeu que as mesmas não foram compensadas, por não encontrar comprovação de referida compensação. Vejase as estimativas consideradas não pagas ou compensadas no presente auto de infração: Segundo o demonstrativo de valores declarados e recolhidos elaborado pela Autoridade Fiscal Fl. 573DF CARF MF 8 (fls. 18), verificase que a Recorrente, no ano calendário 2002, declarou na DIPJ os seguintes valores a título de estimativa, a saber: Do auto de infração, existe uma tabela que demonstra a evolução do saldo negativo acumulado de exercícios passados, no curso do anocalendário 2002, informado pela Recorrente durante a fiscalização, nos seguintes termos: De início, noto que o valor referente ao mês de março de 2002 foi declarado pela Recorrente em R$100.000,00 a mais do que declarado na DIPJ, o que reputo erro material. No entanto, com relação aos meses de setembro e outubro de 2002, houve apresentação de declaração de compensação (processo nº 13708.001423/200382). A compensação relativa ao mês de setembro/2002 foi homologada, e a compensação relativa à estimativa do mês de outubro/2002 foi parcialmente homologada, ficando um saldo devedor de R$ 848.328,32, conforme decisão no processo nº 13708.001423/200382. Resta saber se, na composição do saldo negativo cuja restituição fora postulada pela Recorrente no processo nº 13708.001423/200382, a insuficiência do crédito decorreu da consideração de que o valor do saldo negativo original, no início de 2002, fora utilizado para Fl. 574DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 571 9 compensação com as estimativas devidas no curso do anocalendário 2002 e, por isso, em outubro de 2002, não havia crédito suficiente para realizar a compensação. Isso porque, se a decisão do processo nº 13708.001423/200382 considerou, para análise do crédito objeto de compensação, que o mesmo fora sendo reduzido pela compensação com as estimativas devidas nos meses de janeiro, fevereiro, março e julho de 2002, afastar referidas compensações neste processo implicaria em decisão contraditória. Por outro lado, a Autoridade Fiscal considerou que a diferença de estimativa relativa ao mês de outubro de 2002, no valor de R$ 848.328,32 deveria ser considerada na composição do saldo de imposto a pagar porque a negativa da compensação controlada no processo nº 13708.001423/200382 não constituiria lançamento tributário. No entanto, da leitura da decisão proferida em referido processo pelo CARF, havia discussão acerca da aplicação da multa de 20% pelo não pagamento da estimativa, o que me leva a crer que referido valor está em processo de cobrança naquele feito. (grifamos) Em março de 2015, a contribuinte recebeu o Termo de Intimação Fiscal SEORT/DRF/MNS n. 44/2015, por meio do qual foi intimada a apresentar respostas às questões 1, 2 e 3 constantes na Resolução CARF 1401000.096 (fls. 457459). Em sua resposta (fls. 490494), a contribuinte observa o quanto segue: Fl. 575DF CARF MF 10 Fl. 576DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 572 11 O resultado da diligência veio a ser emitido em 7 de abril de 2015, por meio da Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015 (fls. 529532), de seguinte teor: (…) 2. Antes de adentrarmos às respostas aos questionamentos do CARF, informamos que o Processo Administrativo Fiscal nº 13708.001423/200382, não foi localizado até a presente data, e que as respostas terão como base as informações constantes nos sistemas informatizados da RFB. 3. Quanto à primeira questão: (no processo nº 13708.001423/200382, a verificação da composição do saldo negativo objeto do pedido de restituição levou em consideração a compensação com débitos de estimativa no curso do ano calendário 2002?). A resposta é Sim. Especificamente para as estimativas dos meses de 09 (setembro) e 10 (outubro). 4. Quanto à segunda questão: (no processo nº 13708.001423/200382, está sendo cobrado o valor de R$848.328,32, referente a compensação parcialmente não homologada da estimativa de outubro de 2002?). A resposta é Não. Apesar do valor de R$848.328,32 ter como origem o Processo nº 13708.001423/200382, em decorrência de insuficiência de credito para fazer face aos débitos relacionados no pedido de compensação. O valor de R$848.328,32 foi cobrado no Processo nº 10283.720170/201108, o qual foi Fl. 577DF CARF MF 12 quitado através de parcelamento pela Lei nº 11.941/99. 5. Quanto à terceira questão: (diante das respostas decorrentes dos quesitos anteriores, pede se a elaboração de planilha com a evolução do saldo negativo acumulado no início de 2002 e das compensações consideradas no referido ano calendário.) Com base nas informações colhidas no Processo nº 13708.001423/200382 e nos fatos descritos no Auto de Infração, bem como em sua resposta o Contribuinte não ter apresentado novas evidencias, elaboramos a seguinte planilha. Principalmente, que no momento da Constituição do Credito Tributário, a Autoridade Fiscal Autuadora verificou que nos assentamentos contábeis do Contribuinte não constavam as Compensações alegadas, para os meses 01, 02, 03 e 07. Não cabendo neste momento a colheita de novas provas, sob pena de colocarse em dúvida o Trabalho Fiscal desenvolvido anteriormente, bem como as provas instruidoras. 6. Quanto à quarta questão: (Por fim, solicitase a elaboração de parecer conclusivo, intimandose a Recorrente acerca do resultado da diligência.) Quanto à elaboração de parecer conclusivo, indicamos os valores constantes na tabela relacionada no item 5, como o que deve ser considerado. Devendo prosperar o Auto de Infração nos valores relativos aos meses de Janeiro, Fevereiro, Março e Julho de 2002. Conforme tabela no item 5. Intimada a se manifestar sobre o resultado da diligência constante da Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015, a ora Recorrente reitera as observações constantes de sua resposta de fls. 490494, pontuando, ainda, que: (i) a diligência confirma o extravio dos autos do processo 13708.001423/200382; (ii) não resta dúvida de que o débito de outubro de 2002 não pode ser cobrado nos presentes autos, pois a diligência confirma que o débito relativo à diferença de estimativa de outubro de 2002 foi quitado no âmbito do parcelamento especial da Lei 11.941/09. (iii) quanto às estimativas de janeiro, fevereiro, março e julho, a contribuinte discorda do método de trabalho operado pela fiscalização, salientando que não foi atendida a finalidade pretendida por este CARF ao determinar a realização de diligência, que era apurar a verdade dos fatos. Isso porque, mesmo sem ter tido acesso aos autos do processo 13708.001423/200382, o auditor afirma que não caberia “neste momento a colheita de novas provas, sob pena de colocarse em dúvida o Trabalho Fiscal desenvolvido anteriormente”, limitandose a colacionar planilha que é cópia fidedigna da constante do auto de infração, portanto sem trazer qualquer esclarecimento e apenas reiterando o que já constava dos autos. Fl. 578DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 573 13 Recebi o processo em distribuição realizada em 15 de fevereiro de 2017. É o relatório. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Conforme reconhecido pela Resolução 1401000.096, o recurso deve ser conhecido, por ser tempestivo e preencher os requisitos de admissibilidade. A discussão abrange débitos de estimativa dos meses de janeiro, fevereiro, março, julho e outubro de 2002. Quanto ao mês de outubro, a diligência determinada pela Resolução 1401 000.096 e cujo resultado foi exarado na Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015 reconhece que referido o débito foi quitado pela ora Recorrente no âmbito do parcelamento especial da Lei 11.941/2009. Resta, portanto, examinar débitos de estimativa dos meses de janeiro, fevereiro, março, julho de 2002. Quanto a estes, a Resolução 1401000.096 determinou a realização de diligência para exame dos autos do processo nº 13708.001423/200382, a fim de se apurar se, na composição do saldo negativo cuja restituição fora postulada pela Recorrente em tal processo, a insuficiência do crédito ali apurada decorreu da consideração de que o valor do saldo negativo original, no início de 2002, fora utilizado para compensação com as estimativas devidas no curso do anocalendário 2002 e, por isso, em outubro de 2002, não havia crédito suficiente para realizar a compensação. Isso porque, se a decisão do processo nº 13708.001423/200382 considerou, para análise do crédito objeto de compensação, que este fora sendo reduzido pela compensação com as estimativas devidas nos meses de janeiro, fevereiro, março e julho de 2002, afastar referidas compensações neste processo implicaria decisão contraditória. Ocorre que, conforme reconheceu a Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015, os autos do processo 13708.001423/200382 foram extraviados, de modo que não foi possível responder à diligência com base nas informações ali constantes, conforme solicitado por este CARF. Neste sentido, a autoridade fiscal, que surpreendentemente havia determinado que a própria contribuinte respondesse os quesitos constantes da Resolução 1401000.096, ignorou por completo as informações trazidas na resposta apresentada pela ora Recorrente e, ao produzir a resposta à diligência na Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015, mesmo quando solicitada a elaborar “planilha com a evolução do saldo negativo acumulado no início de 2002 e das compensações consideradas no referido ano calendário”, limitouse a reproduzir a planilha constante do auto de infração. Fl. 579DF CARF MF 14 A autoridade fiscal não traz qualquer nova informação e apenas reitera as já constantes do auto de infração sob surpreendente a justificativa de que não caberia “neste momento a colheita de novas provas, sob pena de colocarse em dúvida o Trabalho Fiscal desenvolvido anteriormente”. Mas qual seria o escopo de uma diligência que não colher provas a fim de reforçar a verdade material (seja ela qual for)? Tal proceder aparenta que, para a autoridade fiscal, que não caberia a colheita de novas provas em diligência se esta for beneficiar a tese de defesa do contribuinte. Nada mais absurdo. As condutas adotadas pela fiscalização tanto de, em um primeiro momento, determinar que a contribuinte desse cabo de trabalho seu (responder os quesitos da diligência), quanto de, depois, ignorar a resposta apresentada pela contribuinte e repetir o teor do auto de infração contrariam o que for a determinado por este CARF por meio da Resolução 1401 000.096, além de ser uma verdadeira afronta à busca da verdade material que deve reger o processo administrativo. Diante do extravio dos autos do processo 13708.001423/200382 cujo ônus de manter integro é do Fisco temos: (i) de um lado, as informações constantes do sistema da Receita Federal consultadas pela Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015, que provavelmente são as mesmas consultadas pela autoridade fiscal para elaborar o auto de infração em discussão, e que não necessariamente estão atualizadas ou isentas de equívoco; e (ii) de outro, a planilha de fl. 25, trazida aos autos pela contribuinte ainda em sede de investigação, que comprovaria (a) que, do total de saldo negativo reconhecido nos autos do processo 13708.001423/200382 no valor histórico de R$5.084.848,75, o montante de R$4.556.974,04 foi utilizado para quitar as estimativas de setembro e outubro de 2002 – logo, conforme reconheceu a Resolução 1401000.096, é provável que a diferença de R$528.774,04 tenha sido usada para quitas as estimativas dos meses anteriores; e (b) no encerramento do ano de 2001 formouse um novo saldo negativo, de R$462.547,30 (DIPJ de fl. 30), o qual também foi utilizado para compensar as estimativas de 2002 conforme ali mencionado. Tratase de típica situação de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, a qual autoriza, nos termos do artigo 112 do CTN, a interpretação legal mais favorável ao acusado quanto à cominação de penalidades. Por tal motivo entendo que devem ser exoneradas as multas aplicadas. E mais, como o ônus de manter a integridade dos autos de um processo administrativo é do Fisco – afinal é inclusive para isso que se pagam tantos tributos neste país – entendo que na ausência destes não se pode recorrer aos próprios sistemas da Receita federal. De fato, se o Fisco não foi capaz de manter íntegros os autos de um processo, o que é tarefa relativamente simples, como se pode entender como confiáveis e atualizados os registros em seus sistemas? Diante disso, entendo que a planilha de fl. 25 – que em nenhum momento foi especificamente contraditada pela Informação Fiscal SEORT/DRF/MNS n° 252/2015, eis que simplesmente ignorada não obstante reiteradamente mencionada pela contribuinte – deve fazer prova em favor desta. Fl. 580DF CARF MF Processo nº 10283.720646/200716 Acórdão n.º 1401001.840 S1C4T1 Fl. 574 15 Neste sentido, julgo procedente o recurso voluntário. Consigno que, levada a questão para votação neste Colegiado, o Presidente levantou de ofício a proposta de nova conversão do julgamento em diligência, a fim de apurar se nas DCTFs do período constavam as compensações referidas na planilha de fl. 25. Este posicionamento restou vencido por maioria, em especial porque a DCTF deveria ter sido juntada aos autos pela própria autoridade fiscal autuante, como fundamento para o questionamento dos valores compensados. De fato, a acusação fiscal consubstanciada em um auto de infração é procedimento inquisitório (e não contraditório) e portanto deve vir completa, sendo defeso à autoridade julgadora aperfeiçoála pela juntada aos autos de documentos que na verdade deveriam basear a autuação. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Fl. 581DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.903514/2010-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.340
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.903514/2010-56
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5724646
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1301-002.340
nome_arquivo_s : Decisao_16327903514201056.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : WALDIR VEIGA ROCHA
nome_arquivo_pdf_s : 16327903514201056_5724646.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
id : 6762488
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213652172800
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1683; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.903514/201056 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.340 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de abril de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 35 14 /2 01 0- 56 Fl. 176DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 178DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 180DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 181DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 182DF CARF MF Processo nº 16327.903514/201056 Acórdão n.º 1301002.340 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 183DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19985.720582/2013-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
DESPESAS MÉDICAS. PLANO DE SAÚDE.
Poderão ser deduzidos os pagamentos referentes a plano de saúde efetuados pelo contribuinte, cujo beneficiário seja o próprio declarante ou seus dependentes, desde que comprovados mediante documentação hábil e idônea. Lei nº 9.250/1995, art. 8º, inc. II, § 2º.
Numero da decisão: 2202-003.862
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente
(assinado digitalmente)
Cecilia Dutra Pillar - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: CECILIA DUTRA PILLAR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201705
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 DESPESAS MÉDICAS. PLANO DE SAÚDE. Poderão ser deduzidos os pagamentos referentes a plano de saúde efetuados pelo contribuinte, cujo beneficiário seja o próprio declarante ou seus dependentes, desde que comprovados mediante documentação hábil e idônea. Lei nº 9.250/1995, art. 8º, inc. II, § 2º.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19985.720582/2013-69
anomes_publicacao_s : 201706
conteudo_id_s : 5734206
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-003.862
nome_arquivo_s : Decisao_19985720582201369.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CECILIA DUTRA PILLAR
nome_arquivo_pdf_s : 19985720582201369_5734206.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
dt_sessao_tdt : Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
id : 6806027
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:01:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213657415680
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1362; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 50 1 49 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19985.720582/201369 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.862 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de maio de 2017 Matéria IRPF Despesas Médicas Recorrente JOSÉ CAVASSIN TOSIN Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 DESPESAS MÉDICAS. PLANO DE SAÚDE. Poderão ser deduzidos os pagamentos referentes a plano de saúde efetuados pelo contribuinte, cujo beneficiário seja o próprio declarante ou seus dependentes, desde que comprovados mediante documentação hábil e idônea. Lei nº 9.250/1995, art. 8º, inc. II, § 2º. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 98 5. 72 05 82 /2 01 3- 69 Fl. 50DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (fls. 08/12), decorrente de revisão da Declaração de Ajuste Anual do IRPF do exercício de 2010, ano calendário de 2009, em que foram glosados valores indevidamente deduzidos a título de despesas médicas e pagos a: 1) Sociedade Cooperativa de Serviços Médicos e Hospitalares Curitiba, no valor de R$ 8.744,32, por falta de apresentação de valores discriminados por beneficiários; 2) Maycon P. M. da Fonseca, no valor de R$ 600,00, por falta de indicação do endereço, profissão e conselho de classe no recibo apresentado. Foi apresentada impugnação tempestiva e parcial (pois R$ 4.372,16 do valor pago ao plano de saúde foi em benefício da esposa) e juntados documentos (fls. 02, 04 e 05). A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS), julgou parcialmente procedente a impugnação, conforme acórdão de fls. 37/39, aceitando a comprovação do pagamento ao profissional Maycon Paulo Mendonça da Fonseca e mantendo a glosa da despesa com o plano de saúde pois o contribuinte não apresentou documento emitido pela entidade com a discriminação dos valores relativos ao titular, tendo apenas informado na impugnação que parte da despesa é própria e parte é da esposa, sem apresentar prova neste sentido. Cientificado dessa decisão por via postal em 19/03/2014 (A.R. de fls. 43), o interessado interpôs Recurso Voluntário em 03/04/2014 (fls. 44/46), insurgindose contra a glosa da dedução do plano de saúde e apresentando novo documento, discriminando os pagamentos por beneficiário. É o Relatório. Voto Conselheira Cecilia Dutra Pillar Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais formalidades legais, portanto dele conheço. O presente recurso resumese à controvérsia acerca da não aceitação de documentos relativos a despesas médicas pagas pelo declarante no valor de R$ 4.372,16 destinado a plano de saúde, por falta de comprovação dos valores pagos por beneficiário, uma vez que o demonstrativo apresentado englobava os pagamentos do contribuinte e de sua esposa. Em seu recurso o interessado juntou aos autos às fls. 46, declaração da APUFPR Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná onde estão informados os valores pagos à Sociedade Cooperativa de Serviços Médicos e Hospitalares de Curitiba e discrimina que do total pago de R$ 8.744,32, R$ 4.372,16 referese ao beneficiário José Cazassin Tosin e R$ 4.372,16 a Iveres Maria Bonato. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 19985.720582/201369 Acórdão n.º 2202003.862 S2C2T2 Fl. 51 3 Reconheço que o Decreto 70.235/1972, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Deste modo, com base nas provas apresentadas, há que se restabelecer a dedução a título de despesas médicas, destinadas ao plano de saúde pago pelo declarante em seu próprio benefício no valor de R$ 4.372,16. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10630.005512/2007-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jul 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007
ARQUIVOS DIGITAIS.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados de apresentar ao fisco informações em arquivos digitais.
PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. NÃO ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS. INDEFERIMENTO.
A multa não será relevada se a correção da falta não for demonstrada no prazo para apresentação de impugnação, nos termos do que dispunha o artigo 291, § 1º do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social - RPS).
Numero da decisão: 2401-004.867
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007 ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados de apresentar ao fisco informações em arquivos digitais. PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. NÃO ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS. INDEFERIMENTO. A multa não será relevada se a correção da falta não for demonstrada no prazo para apresentação de impugnação, nos termos do que dispunha o artigo 291, § 1º do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social - RPS).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jul 28 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10630.005512/2007-84
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5746383
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2401-004.867
nome_arquivo_s : Decisao_10630005512200784.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS ALEXANDRE TORTATO
nome_arquivo_pdf_s : 10630005512200784_5746383.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
id : 6873902
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:03:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213659512832
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1103; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 133 1 132 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10630.005512/200784 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.867 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de junho de 2017 Matéria Obrigações Acessórias Recorrente RIOMAR EMPREENDIMENTOS AGROPECUÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/11/2007 a 30/11/2007 ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados de apresentar ao fisco informações em arquivos digitais. PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. NÃO ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS. INDEFERIMENTO. A multa não será relevada se a correção da falta não for demonstrada no prazo para apresentação de impugnação, nos termos do que dispunha o artigo 291, § 1º do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social RPS). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 00 55 12 /2 00 7- 84 Fl. 134DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10630.005512/200784 Acórdão n.º 2401004.867 S2C4T1 Fl. 134 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 103/109) interposto em face do Acórdão nº. 0222.271, cuja ementa restou assim redigida: ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados de apresentar ao fisco informações em arquivos digitais. PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. NÃO ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS. INDEFERIMENTO. A multa não será relevada se a correção da falta não for demonstrada no prazo para apresentação de impugnação. Tratase de auto de infração lavrado com fundamento no art. 32, III, da Lei nº 8.212/91 c/c art. 8º da Lei nº. 10.666/03 e art. 225, III e § 22 do Decreto 3.048/99, pelo fato da empresa autuada não ter apresentado à fiscalização informações em meio digital, na forma das instruções vigentes, solicitadas através do Termo de Ação Fiscal TIAF de 21/08/2007. Informa a Autoridade Fiscal, por meio do relatório de fls. 16 que não ficaram configuradas as circunstâncias agravantes e nem a atenuante, previstas respectivamente nos artigos 290 e 291 do Decreto 3.048/99. O Auto de Infração foi lavrado em 29/11/2007 e a recorrente cientificada em 11/12/2007, conforme comprovante de fls. 19. Em 08/01/2008 a autuada apresentou petição na qual informa que, em anexo, apresenta cópia em CD contendo informações em meio digital e solicita o cancelamento do Auto de INfração por estar atendendo a solicitação em tempo hábil. Em 25/01/2008 é protocolada nova petição em que a autuada declara estar apresentando oito CDs contendo informações em meio digital no formato do arquivo MANAD, com as devidas correções, complementando o requerimento protocolado em 08/01/2008, quando apresentou CD contendo arquivos em meio digital da parte contábil. A turma julgadora da DRJ de Belo Horizonte converteu o julgamento em diligência para que fosse analisada a correção ou não da infração. Às fls. 82 foi prestada a informação solicitada, nos seguintes termos: As informações contidas no CD Manad Contabilidade 2006, anexo às fls. 25 do processo, estão de acordo com as instruções; Os arquivos CD Manad 2002 (fl. 43), 2003 (fl. 48), 2004 (fl. 53), 2005 (fl. 58), 2006 (fl. 64) e 2007 (fl. 68), não estão no padrão Manad, não sendo possível a análise dos mesmos pelos programas Audig e SVA. Fl. 136DF CARF MF 4 Conclui, assim, que as informações das folhas de pagamento em meio digital CDR , entregues pelo contribuinte e anexados ao processo, estão fora do formato estabelecido nas instruções vigentes. A empresa tomou ciência do resultado da diligência sobre a qual ofertou nova petição informando que está apresentando em anexo folhas de pagamento em meio digital no leiaute do MANAD anos 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007, visando a possibilidade da análise dos mesmos pelos programas Audig e SVA. Julgada improcedente a impugnação, nos termos do acórdão acima reproduzido, a recorrente foi intimada em 03/07/2009 do mesmo, apresentando tempestivamente em 04/08/2009 seu recurso voluntário de fls. 103/109, onde alega, em síntese: a) a necessidade de relevação da multa, posto que os equívocos na apresentação dos arquivos foram todos cumpridos dentro do prazo; b) é equivocado o entendimento de que somente os arquivos do ano de 2006 foram entregues dentro do prazo de impugnação, posto que para os demais arquivos também foram entregues no prazo, ante a solicitação de dilação de prazo, na data de 08 de janeiro de 2008, e o consequente protocolo dos mesmos em 25 de janeiro de 2008, conforme documentos acostados às fls. 113. c) se não considerados os arquivos protocolados em 25/01/2008, que seja realizada perícia nos mesmos, para verificação se os mesmos encontramse ou não dentro dos padrões exigidos. É o relatório. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10630.005512/200784 Acórdão n.º 2401004.867 S2C4T1 Fl. 135 5 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele tomo conhecimento. Do pedido de relevação da multa Para a recorrente fazer jus ao benefício do artigo 291, § 1º do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social RPS), deveria atender os seguintes requisitos: Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. § 1o A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. Assim, dois são os requisitos: a) corrigir a falta; b) formulação do pedido de relevação (com a correção da falta) dentro do prazo de impugnação. Na Diligência realizada a requerimento da DRJ/BHE, ficou constatado que (fl. 82): As informações contidas no CD Manad Contabilidade 2006, anexo às fls. 25 do processo, estão de acordo com as instruções; Os arquivos CD Manad 2002 (fl. 43), 2003 (fl. 48), 2004 (fl. 53), 2005 (fl. 58), 2006 (fl. 64) e 2007 (fl. 68), não estão no padrão Manad, não sendo possível a análise dos mesmos pelos programas Audig e SVA. Conclui, assim, que as informações das folhas de pagamento em meio digital CDR , entregues pelo contribuinte e anexados ao processo, estão fora do formato estabelecido nas instruções vigentes. Bastam as informações apresentadas na referida diligência para verificar que a recorrente não atendeu um dos requisitos exigidos, qual seja, a correção da falta, já que os arquivos Manad 2002 (fl. 43), 2003 (fl. 48), 2004 (fl. 53), 2005 (fl. 58), 2006 (fl. 64) e 2007 (fl. 68), não se encontravam no padrão "Manad" e, portanto, não era passível a análise dos mesmos. Fl. 138DF CARF MF 6 Ante a ausência de cumprimento do referido requisito, não há como se admitir a relevação da multa pleiteada pela recorrente, razão pela qual nego provimento ao referido pleito. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.016663/2010-15
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
MULTA QUALIFICADA. DOLO. SONEGAÇÃO. LEI 9.430, ART. 44, II. LEI 4.502, ART. 71.
É restabelecida multa qualificada de 150% na hipótese de identificação do dolo na conduta do contribuinte, especialmente verificada em 4 anos-calendário expressiva diferença entre os valores declarados em DIPJ e os apurados em DIRFs das fontes pagadoras.
Numero da decisão: 9101-002.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201705
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 MULTA QUALIFICADA. DOLO. SONEGAÇÃO. LEI 9.430, ART. 44, II. LEI 4.502, ART. 71. É restabelecida multa qualificada de 150% na hipótese de identificação do dolo na conduta do contribuinte, especialmente verificada em 4 anos-calendário expressiva diferença entre os valores declarados em DIPJ e os apurados em DIRFs das fontes pagadoras.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10830.016663/2010-15
anomes_publicacao_s : 201706
conteudo_id_s : 5735177
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.821
nome_arquivo_s : Decisao_10830016663201015.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CRISTIANE SILVA COSTA
nome_arquivo_pdf_s : 10830016663201015_5735177.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
id : 6812178
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:01:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213661609984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1375; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2.312 1 2.311 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10830.016663/201015 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.821 – 1ª Turma Sessão de 11 de maio de 2017 Matéria IRPJ Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado OURO VERDE CAMPINAS CORRETORA DE SEGUROS LTDA. EPP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 MULTA QUALIFICADA. DOLO. SONEGAÇÃO. LEI 9.430, ART. 44, II. LEI 4.502, ART. 71. É restabelecida multa qualificada de 150% na hipótese de identificação do dolo na conduta do contribuinte, especialmente verificada em 4 anos calendário expressiva diferença entre os valores declarados em DIPJ e os apurados em DIRFs das fontes pagadoras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 66 63 /2 01 0- 15 Fl. 2312DF CARF MF 2 Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de processo originado por Autos de Infração de IRPJ e CSLL, sendo apuradas duas infrações (i) omissão de receita considerandose o confronto entre as DIPJs e das DIRFs entregues pelas fontes pagadoras, com fatos geradores entre 31/03/2005 e 31/12/2008 (apuração trimestral); (ii) omissão de receita apurada por depósitos bancários de origem não comprovada quanto ao mesmo período de apuração. A fiscalização aplicou multa qualificada no percentual de 150% quanto a ambas as infrações. Consta do Termo de Verificação Fiscal: 36. Em razão da prática reiterada de omissão de receitas, no que se refere ao IRPJ e a CSLL e da falta de inclusão desta receita na base mensal do PIS e da COFINS, nos anoscalendário de 2005, 2006, 2007 e 2008, será aplicada multa qualificada, nos termos do Art. 44 da Lei 9.430/96. 37. Oportuno se faz a transcrição do art. 44 da Lei nº 9.430/96 e dos artigos nela mencionados da Lei nº 4.502/64 (...) Lei 4.502/64 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. 38. Ocorre, porém, que nos tipos penais acima transcritos há necessariamente um componente doloso, sem o qual não é possível a caracterização do ilícito. Em outras palavras, para a ocorrência do crime é necessário que a ação perpetrada tenha como finalidade prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre um fato juridicamente relevante. 39. Portanto, para a configuração do crime é preciso restar caracterizado que o contribuinte agiu com a intenção de impedir ou retardar o conhecimento, pela Fazenda Pública, do IRPJ e reflexos devidos no período sob ação fiscal. 40. Quando se pratica uma determinada conduta delitiva, de forma não reiterada, até poderíamos considerála um erro escusável, dependendo, é claro, de uma análise do conjunto dos Fl. 2313DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.313 3 fatos. Mas quando se pratica uma mesma conduta delitiva consecutivamente por vários anos, não se pode aceitar que tal evento seja meramente um erro escusável. O intuito doloso foi caracterizado pela prática reiterada de uma mesma infração: Omissão de Receitas da Atividade culminando com a não declaração do IRPJ e reflexos comprovadamente devidos, conforme acima demonstrado. O TVF ainda identifica os valores que serão sintetizados em planilha a seguir, embora o auditor fiscal da Receita Federal não tenha mencionado tais significativas diferenças como causa para a qualificação da multa de ofício: Ano calendário DIPJ (R$) DIRFs (R$) Mov. financeira 2005 267.022,50 3.141.902,87 10.138.794,09 2006 403.380,76 3.847.147,51 22.248.361,92 2007 609.384,76 2.301.359,69 24.095.827,89 2008 640.480,20 2.231.045,96 26.599.710,90 A contribuinte apresentou Impugnação Administrativa, decidindo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas pela manutenção integral dos lançamentos, conforme acórdão ementado da forma seguinte (2.187/2.205): (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 Omissão de Receitas. Confronto DIRF X DIPJ. Não havendo prova em contrário trazida pela contribuinte, correto é o lançamento do imposto em razão de rendimentos omitidos apurados através de informações da DIRF. Omissão de Receitas. Depósitos Bancários. A Lei n.º 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Multa de Lançamento de Ofício Qualificada Se as provas carreadas aos autos pelo Fisco, evidenciam a intenção dolosa de evitar a ocorrência do fato gerador, pela prática reiterada de desviar expressivas receitas da tributação, cabe a aplicação da multa qualificada. Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. Fl. 2314DF CARF MF 4 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do fisco. Tributação Reflexa. CSLL. PIS. COFINS Lavrado o Auto principal, devem também ser lavrados os Autos reflexos, nos termos do art. 142, parágrafo único do CTN, devendo estes seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem. Destacase do voto do relator, acompanhado pela Turma da DRJ em Campinas: No mérito, a omissão de receita da atividade foi apreendida do confronto entre as informações da DIPJ e da DIRF. (...) Evidentemente, as informações prestadas em DIRF pelas fontes pagadoras podem ser utilizadas para confronto com os pagamentos efetuados e/ou com os dados consignados em outras declarações da própria fonte pagadora e/ou de terceiros. Em regra, as DIRF entregues pelas fontes pagadoras são provas suficientes da prestação de serviços e, conseqüentemente, das receitas auferidas pelos prestadores, pois são apresentadas em cumprimento de obrigações legais e não haveria motivo para indicação a maior ou a menor dos pagamentos e das retenções efetuados. Nesse sentido, as DIRF constituem verdadeiras provas diretas, possuindo peso idêntico a comprovantes de pagamentos ou a Notas Fiscais, identificando não só a quantia recebida pela beneficiária, como também a natureza da operação. Assim, as DIRF contêm informações sobre as receitas próprias dos beneficiários e da respectiva retenção do imposto correspondente, de modo que a autuação está fundamentada em elementos probatórios concretos. Já a omissão de receita decorrente de depósitos bancários cuja origem não foi comprovada se origina da análise da movimentação financeira da contribuinte. Referida hipótese é tratada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e tem como princípio, justamente, o fato de que a manutenção de escrituração regular e da documentação que a acoberta leva à comprovação da origem de todo o crédito em conta corrente bancária da contribuinte, cumprindo ao Fisco, nesse caso, apenas verificar o devido oferecimento à tributação dos ingressos decorrentes da atividade da pessoa jurídica. Ausente documentação hábil e idônea a comprovar a origem dos depósitos bancários estarseia à frente de ingressos à margem da escrituração, hipótese indicativa de omissão de receitas, sendo referida parcela distinta daquela eventualmente objeto de identificação na escrituração e/ou nos documentos mantidos pela pessoa jurídica. (...) Fl. 2315DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.314 5 Cumpre ao Fisco, em tais circunstâncias, tão só provar o indício, como, de fato, foi feito. A relação de causalidade, entre ele e a infração imputada, é estabelecida pela própria lei, o que torna lícita a inversão do ônus da prova e a conseqüente exigência atribuída ao contribuinte de demonstrar que tais valores não são provenientes de receitas omitidas, mantidas à margem da escrituração regular ou em poder dos sócios. E não logrando a contribuinte provar em contrário, subsiste a presunção de a movimentação de origem não comprovada corresponder ao que, em regra, ocorre nas empresas comerciais e industriais: o recebimento de valores pelas vendas realizadas ou por serviços prestados, ou seja, receita operacional da pessoa jurídica. A interessada argumenta em sua defesa que a sua movimentação financeira reflete receitas de terceiros, dada a característica das operações de corretagem de seguro. E afirma que as apólices de seguro comprovam a diferença entre os depósitos bancários e os valores apurados nas DIRF das companhias seguradoras. Cumpre reconhecer, primeiramente, que a afirmação supra vem corroborar a conclusão fiscal de a DIRF revelar a receita da atividade da contribuinte, até porque a interessada deixou de apresentar prova em contrário. E por referida receita não ter sido totalmente declarada na respectiva DIPJ, válido é o lançamento para a formalização da diferença que deixou de ser oferecida à tributação, dado que os valores confessados em DCTF correspondem àqueles informados a menor na citada DIPJ, consoante consultas das referidas declarações, por ora anexadas aos autos. De fato, a Lei nº 9.430, de 1996, prescreveu, em seu art. 44, o lançamento do tributo ou da contribuição, acrescido da multa de ofício, em decorrência de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, assim considerada, perante a Administração, a falta de informação de débito a ser prestada em instrumento o qual configure confissão de dívida (DCTF). (...) Passando aos depósitos bancários, a interessada deixou de apresentar qualquer apólice de seguro ou FCA, bem como de comprovar, efetivamente, as condições de sua contratação. (...) Conforme já decidiu o antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, no acórdão nº 10225.272/90 (DOU de 06/05/91), nos casos de receitas percebidas por representantes comerciais a título de comissões sobre vendas realizadas, a apropriação dos valores correspondentes deve ser lançada no exercício de crédito e/ou recebimento efetivo, quando em razão de cláusula contratual o referido crédito está vinculado ao pagamento da venda efetuada. (...) Fl. 2316DF CARF MF 6 Como já enfatizado neste voto, a presunção legal de omissão de receita inverte o ônus da prova, atribuindo ao sujeito passivo o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. Por tal razão, subsiste a imputação de omissão de receita decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada. (...) Como visto do dispositivo transcrito, para a aplicação da multa no patamar de 75% basta a constatação, em procedimento de ofício, de infração à legislação tributária, da qual resulte falta de recolhimento do tributo ou contribuição, por parte da contribuinte. A necessidade da comprovação in concreto do dolo, fraude ou simulação, conforme previsto nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, fazse necessária apenas para a qualificação da penalidade, a ser aplicada em percentual duplicado (150%), sendo esta a hipótese dos presentes autos, tratada nas infrações nas quais se apurou omissão de receita (omissão de receita da atividade, verificada no confronto da DIRF e da DIPJ, e omissão de receita decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada), conforme os agravantes abaixo explicitados. (...) O fundamento utilizado pela fiscalização para caracterizar o dolo e a conduta fraudulenta a ensejar a qualificação da penalidade nas infrações nas quais se apurou omissão de receita consiste na verificação da conduta reiterada e dos expressivos valores omitidos, para o que não se admite a hipótese de erro escusável. (...) Nesse contexto, correta é a aplicação da penalidade qualificada. A contribuinte apresentou recurso voluntário, que foi parcialmente provido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara deste Conselho, apenas para reduzir a multa ao percentual de 75% (fls. 2.261/2.268): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 LUCRO PRESUMIDO. CORRETORAS DE SEGURO. COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. As corretoras de seguro optantes pelo lucro presumido submetemse ao coeficiente de presunção de 32%. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF N. 25. A demonstração de omissão de receita em decorrência de identificação de movimentações financeiras de origem não comprovada, justificam o lançamento do crédito tributário baseado em presunção, contudo, de forma isolada, não serve Fl. 2317DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.315 7 como fundamento para aplicação da multa qualificada que exige a demonstração inequívoca do dolo do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF n. 25. Consta do voto vencedor, de lavra do Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado: Tenho firme convicção que para a aplicação da multa qualificada, é necessário que a fiscalização apresente claras evidências de que o contribuinte agiu com dolo, o que não ocorreu no presente caso, tendo sido demonstrada, sem duvida, a ocorrência de omissão de receita, o que levou à tributação por presunção, contudo, não existem elementos suficientes que permitam concluir pelo dolo da Recorrente de forma justificar a aplicação de multa qualificada. Mesmo que tenham sido demonstradas as movimentações financeiras sem origem comprovada, tal situação, por si só, não apresenta evidências e muito menos comprova o dolo da Recorrente. Para aplicação da multa qualificada, deve ser provada a existência de sonegação ou de fraude que configuram, segundo os arts. 71 e 72 da Lei n. 4.502/64, ao atos omissivos ou comissivos que visam impedir ou retardar a constituição do crédito tributário ou respectiva satisfação. Os dispositivos acima mencionados trazem previsão expressa no sentido de que para aplicação da multa qualificada, é condição indispensável a existência do elemento subjetivo que é o dolo, de forma que reste caracterizado o intuito (dolo direto) ou risco assumido (dolo indireto) para cometimento de fraude ou sonegação. O fundamento utilizado para a autuação ora em questão foi a ausência de comprovação da origem dos recursos que ingressaram nas contas bancárias do Recorrente, somente isso. Tal situação permitiu ao Fisco presumir a omissão de receita e aplicar a conseqüente tributação, contudo, não justifica a aplicação do percentual de 150%, conforme disposto na Súmula CARF n. 25: (...) Em 22/09/2015, a Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada quanto ao acórdão (fls. 2270), interpondo recurso especial em 24/09/2015 (fls. 2.271/2.278) divergência na interpretação da lei tributária, quanto: (i) imposição de multa qualificada diante da omissão de parcela significativa das receitas, indicando como paradigma o (i.a) acórdão nº 10196.668 (processo nº 19647.000259/200768), no qual teria sido decidido que "o comportamento consistente do contribuinte de deixar de escriturar parcela significativa dos seus rendimentos, torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa majorada " e (i.b) acórdão nº 10196.757 (processo nº 13971.000968/2007 85), constando desta decisão que "De acordo com as planilhas de fls. 1761 e Fl. 2318DF CARF MF 8 1762, os valores contabilizados não chegam a 10% dos valores movimentados em instituições financeiras de titularidade da contribuinte, caracterizando, dessa maneira, a intenção fraudulenta da contribuinte (...) Dessa maneira, caracterizada a conduta dolosa da contribuinte, o prazo decadencial deve ser contado em conformidade com o art. 173, I, do CTN" (ii) a exigência de multa qualificada diante da ocorrência de prática reiterada da infração, apontando como paradigmas os acórdãos: (ii.a) nº 10709.267 (processo nº 10930.004494/200577), constando deste acórdão que "O fato de ter omitido receitas reiteradamente em todos os meses do período, inclusive em valor significativamente superior ao valor declarado, revela a intenção do dolo. Assim, cabível a multa qualificada" e (ii.b) nº 9101001.002, no qual se decidiu "Comprovado que o contribuinte omitiu integralmente suas receitas e o imposto de renda devido em suas declarações de rendimentos (DIPJ) e de tributos devidos (DCTF), durante períodos de apuração sucessivos, visando a retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal pela autoridade fazendária, caracterizase a figura da sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/196, impondose a aplicação da multa de ofício qualificada". A Procuradoria ainda identifica em suas razões (fls. 2278) outro acórdão do CARF que fundamentaria suas razões, sem que tenha identificado este acórdão como paradigma (acórdão nº 20309.098), no qual se decidiu que "A omissão de expressiva e vultosa quantia de rendimentos não oferecidos à tributação demonstra a manifesta intenção dolosa do agente, tipificando a infração tributária como sonegação fiscal. E, em havendo infração, cabível a imposição de caráter punitivo, pelo que, pertinente a infligência da penalidade inscrita no art. 44, II, da Lei n° 9.430. ". O recurso especial foi admitido, conforme razões a seguir reproduzidas (fls. 2.281): Observando o §11º do art. 67 do Anexo II do RICARF, apresentou paradigmas, para comprovar divergências quanto à demonstração do dolo e consequente qualificação da multa de ofício relativamente a: a) significância da omissão, os acórdãos nº 10196.668, da Primeira Câmara do Extinto Primeiro Conselho de Contribuintes (1ºCC), e nº 10196.757, do mesmo colegiado; e b) conduta reiterada, os acórdãos nº 10709.267, da Sétima Câmara do 1º CC, e nº 9101001.002, da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. A partir da leitura das ementas e de trechos dos votos vencedores dos paradigmas citados, as decisões dizem respeito à mesma questão: os elementos integrantes do dolo que implica na qualificação da multa de ofício. Os acórdãos paradigmas julgaram que a significância da omissão e a conduta reiterada demonstram o dolo (resultando no não enquadramento à súmula CARF nº 25) que leva à qualificação da multa de ofício, enquanto o acórdão atacado julgou no sentido da insuficiência desses elementos. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização de divergências de interpretação da legislação Fl. 2319DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.316 9 tributária. Logo, é forçoso admitir o Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. A contribuinte foi intimada em 05/02/2016, sextafeira (fls. 2.297), apresentando suas contrarrazões em 22/02/2016, segundafeira (fls. 2300/2307), requerendo seja negado seguimento ao recurso especial, ou, sucessivamente, negado provimento a este recurso, pelas seguintes razões: (i) não deveria ser conhecido o recurso quanto a 3 (três) paradigmas indicados, considerando a restrição regimental ao conhecimento de divergência quanto a apenas 2 paradigmas (art. 67, §§6º e 7º, do RICARF); (ii) os fatos tratados pelo primeiro e segundo paradigma seriam distintos daqueles tratados nestes autos, eis que aqueles acórdãos tratariam de "omissão de receita não operacional"; (iii) não haveria omissão ou descumprimento de obrigações acessórias, pois a fiscalização confrontou DIRFs entregues por companhias seguradoras e DIPJs entregues pela contribuinte e em Livros Caixa; (iv) não há evidência fática de atos que justificassem a aplicação de multa "agravada", na forma do artigo 44, §1º, da Lei nº 9.430/96, e a Recorrida jamais teria agido "com dolo de fraude"; (v) a multa "isolada" não teria cabimento quando o contribuinte entrega "elementos necessários para a formação do crédito tributário"; (vi) a Súmula 25, do CARF, impediria o restabelecimento da multa qualificada. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora Inicialmente, deixo de conhecer o recurso especial quanto aos acórdãos paradigmas nº 10709.267 e 9101001.002, nos termos do artigo 67, §5º, do atual Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015), considerando que estes tratam da mesma matéria relacionada aos 2 anteriores indicados pela Recorrente, qual seja, a qualificação da multa de ofício. Também deixo de tomar conhecimento quanto ao acórdão nº 20309.098, tendo em vista que este acórdão não foi apontado como paradigma em razões recursais e, ainda, trata da mesma matéria, sendo defeso seu conhecimento por força do artigo 67, §5º, do RICARF/2015. Superado tal ponto, reconheço a tempestividade do recurso especial, passando à análise da divergência na interpretação da lei tributária quanto aos dois primeiros acórdãos paradigmas indicados (10196.668 e 10196.757, para juízo sobre o seu conhecimento. Fl. 2320DF CARF MF 10 O acórdão recorrido desqualificou a multa de ofício por força da Súmula CARF 25, como se observa do trecho da ementa a seguir: A demonstração de omissão de receita em decorrência de identificação de movimentações financeiras de origem não comprovada, justificam o lançamento do crédito tributário baseado em presunção, contudo, de forma isolada, não serve como fundamento para aplicação da multa qualificada que exige a demonstração inequívoca do dolo do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF n. 25 Vale reproduzir novamente trecho do Termo de Verificação Fiscal, no qual explicitada a causa de qualificação da multa de ofício nos presentes autos, ocasião em que foi mencionado pelo ilustre auditor fiscal da Receita Federal a existência de dolo na conduta do contribuinte: 36. Em razão da prática reiterada de omissão de receitas, no que se refere ao IRPJ e a CSLL e da falta de inclusão desta receita na base mensal do PIS e da COFINS, nos anoscalendário de 2005, 2006, 2007 e 2008, será aplicada multa qualificada, nos termos do Art. 44 da Lei 9.430/96. (...) 40. Quando se pratica uma determinada conduta delitiva, de forma não reiterada, até poderíamos considerála um erro escusável, dependendo, é claro, de uma análise do conjunto dos fatos. Mas quando se pratica uma mesma conduta delitiva consecutivamente por vários anos, não se pode aceitar que tal evento seja meramente um erro escusável. O intuito doloso foi caracterizado pela prática reiterada de uma mesma infração: Omissão de Receitas da Atividade culminando com a não declaração do IRPJ e reflexos comprovadamente devidos, conforme acima demonstrado. A DRJ menciona que as razões da fiscalização para caracterizar o dolo consistiria na existência "da conduta reiterada e dos expressivos valores omitidos, para o que não se admite a hipótese de erro escusável " (trecho extraído do acórdão, reproduzido no relatório supra). No entanto, a única causa para qualificação da multa, segundo o TVF, é a prática reiterada da infração, como apontado em trechos acima citados. Pois bem. O primeiro acórdão paradigma conhecido (10196.668) enfrentou o tema da qualificação da multa de ofício da forma seguinte: A empresa foi acusada de ter omitido receitas em 2001, representadas por receitas declaradas pelas companhias seguradoras em suas DIRF e que não foram registradas em sua contabilidade nem justificadas. Além disso, constatou a fiscalização que, em relação às receitas escrituradas, o valor devido do IRPJ, após a compensação dos prejuízos fiscais conforme LALUR não foram declarados em DCTF nem recolhidos. (...) Como se vê, não se confirma a alegação da Recorrente de que as divergências são insignificantes e que apenas uma pequena parcela das receitas não foi escriturada. Em apenas três meses a omissão representou cerca de 5% das receitas, sendo que a Fl. 2321DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.317 11 média de receitas omitidas no ano foi de um terço (33%), tendo, em alguns meses, superado 50%. A jurisprudência recente deste Conselho consagrouse no sentido de que o comportamento consistente do contribuinte de deixar de escriturar parcela significativa dos seus rendimentos, toma notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa majorada (...). O segundo acórdão paradigma (10196.757), da mesma forma, trata da relevância quantitativa da omissão de receita em face da receita declarada, verbis: Com base nas informações prestadas pelas instituições financeiras à SRFB, a fiscalização verificou a existência de depósitos bancários não contabilizados. A movimentação financeira escriturada pela fiscalizada correspondia a menos de 10% dos valores movimentados em instituições financeiras. Considerando que a fiscalizada possui diversas atividades, e é optante pelo lucro presumido, diante da impossibilidade de se determinar a natureza dos créditos a descoberto, os respectivos valores foram considerados como correspondentes ao percentual mais elevado. (...) Para que seja aplicada a multa qualificada de 150% é necessário que se caracterize o evidente intuito de fraude, como determina o art. 44, II, da Lei 9430/97. A Lei n° 4.502, de 1964, estabelece o seguinte: (...) O lançamento efetuouse com base na presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta corrente, estabelecida pelo art. 42 da Lei 9430/96. No presente caso, observase que a pessoa jurídica fiscalizada sequer registrou a existência das contas bancárias sob exame, deixando à margem da contabilidade depósitos bancários em montante superior a R$ 20.052.558,71, nos anos de 2002 a 2004. A própria contribuinte, em petição de fls. 1660/1664, admite que as contas bancárias estavam à margem da contabilidade. De acordo com as planilhas de fls. 1761 e 1762, os valores contabilizados não chegam a 10% dos valores movimentados em instituições financeiras de titularidade da contribuinte,caracterizando, dessa maneira, a intenção fraudulenta da contribuinte. Dessa maneira, caracterizada a conduta dolosa da contribuinte, o prazo decadencial deve ser contado em conformidade com o art. 173, Ido CTN (...) Os acórdãos paradigmas guardam similitude com o TVF constante dos autos, afinal, no lançamento dos presentes autos é demonstrada expressividade da receita omitida em comparação com valores escriturados pela contribuinte. Fl. 2322DF CARF MF 12 Assim conheço do recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional quanto aos paradigmas acima referidos. Passo a analisar o mérito do recurso. A qualificação da multa no caso teve fundamento no artigo 44, II, da Lei nº 9.430/1996, que tinha a seguinte redação ao tempo dos fatos em discussão (anocalendário de 1998): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Vide Lei nº 10.892, de 2004) Este dispositivo legal foi combinado com os artigos 71, da Lei nº 4.502/1964, no lançamento tributário, constando do citado artigo: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. O elemento doloso na conduta do agente é fundamental na identificação da sonegação na forma do artigo 71, para justificar a qualificação da multa de ofício. No processo em análise, o agente autuante menciona que "o intuito doloso foi caracterizado pela prática reiterada de uma mesma infração". O mesmo agente fiscal autuante ainda demonstra a expressividade dos valores omitidos, quando compara a diferença entre os valores declarados em DIPJ e aqueles identificados em DIRFs de fontes pagadoras à contribuinte e, em valor muito superior, quando trata dos valores movimentados em conta corrente da contribuinte. A Turma Ordinária afastou a qualificação da multa entendendo aplicável a Súmula CARF 25, que dispõe: Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. No caso dos autos, no entanto, não ocorreu a mera presunção de omissão de receita. Afinal, o agente fiscal autuante claramente identifica a existência de dolo na conduta da contribuinte, conforme trechos de TVF reproduzidos anteriormente. Fl. 2323DF CARF MF Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 9101002.821 CSRFT1 Fl. 2.318 13 Assim, ao caso dos autos não é aplicável a Súmula CARF 25, tendo sido comprovada o dolo na conduta da contribuinte, que reiteradamente omitiu rendimentos de valor bastante superior aos declarados em DIPJ. Diante disso, dou provimento ao recurso especial da Procuradoria, restabelecendo a multa de 150% e reformando o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 2324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.903371/2011-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.012
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13839.903371/2011-03
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5722253
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-004.012
nome_arquivo_s : Decisao_13839903371201103.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 13839903371201103_5722253.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6755424
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:00:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213686775808
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1725; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.903371/201103 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.012 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de março de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente AUTO R COMERCIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 33 71 /2 01 1- 03 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13839.903371/201103 Acórdão n.º 3302004.012 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.539. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13839.903371/201103 Acórdão n.º 3302004.012 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13839.903371/201103 Acórdão n.º 3302004.012 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13839.903371/201103 Acórdão n.º 3302004.012 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13839.903371/201103 Acórdão n.º 3302004.012 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 94DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10074.000620/2010-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 07/07/2008 a 20/03/2009
LANÇAMENTO. PRESUNÇÃO LEGAL RELATIVA.
A presunção legal relativa autoriza a que se infira, a partir de um fato-base, a ocorrência do fato-presumido, o qual, então, desencadeia seus efeitos próprios, exceto se o contribuinte provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.
A presunção legal não gera seus efeitos próprios se a autoridade fiscal não comprovar a ocorrência da hipótese sobre a qual se sustenta a referida presunção.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INSUFICIÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
Não merece prosperar o lançamento que caracteriza a interposição fraudulenta fundamentada no fato de que os recursos financeiros utilizados em declarações de importação consideradas regulares foram originados de operações comerciais anteriores, em cujo período houve a constatação da infração tributária de ocultação da real adquirente das mercadorias comercializadas. Não se pode penalizar indefinidamente a contribuinte que tornou regulares as suas atividades de importação.
Recurso de Ofício Negado
Numero da decisão: 3301-003.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho declarou-se impedido.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 07/07/2008 a 20/03/2009 LANÇAMENTO. PRESUNÇÃO LEGAL RELATIVA. A presunção legal relativa autoriza a que se infira, a partir de um fato-base, a ocorrência do fato-presumido, o qual, então, desencadeia seus efeitos próprios, exceto se o contribuinte provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. A presunção legal não gera seus efeitos próprios se a autoridade fiscal não comprovar a ocorrência da hipótese sobre a qual se sustenta a referida presunção. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INSUFICIÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Não merece prosperar o lançamento que caracteriza a interposição fraudulenta fundamentada no fato de que os recursos financeiros utilizados em declarações de importação consideradas regulares foram originados de operações comerciais anteriores, em cujo período houve a constatação da infração tributária de ocultação da real adquirente das mercadorias comercializadas. Não se pode penalizar indefinidamente a contribuinte que tornou regulares as suas atividades de importação. Recurso de Ofício Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10074.000620/2010-19
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5740008
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.859
nome_arquivo_s : Decisao_10074000620201019.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10074000620201019_5740008.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho declarou-se impedido.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6847263
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:03:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213698310144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1807; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 12.513 1 12.512 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10074.000620/201019 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3301003.859 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Multa IPI Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PLENA COMERCIAL ATACADISTA LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 07/07/2008 a 20/03/2009 LANÇAMENTO. PRESUNÇÃO LEGAL RELATIVA. A presunção legal relativa autoriza a que se infira, a partir de um fatobase, a ocorrência do fatopresumido, o qual, então, desencadeia seus efeitos próprios, exceto se o contribuinte provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. A presunção legal não gera seus efeitos próprios se a autoridade fiscal não comprovar a ocorrência da hipótese sobre a qual se sustenta a referida presunção. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INSUFICIÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Não merece prosperar o lançamento que caracteriza a interposição fraudulenta fundamentada no fato de que os recursos financeiros utilizados em declarações de importação consideradas regulares foram originados de operações comerciais anteriores, em cujo período houve a constatação da infração tributária de ocultação da real adquirente das mercadorias comercializadas. Não se pode penalizar indefinidamente a contribuinte que tornou regulares as suas atividades de importação. Recurso de Ofício Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 00 06 20 /2 01 0- 19 Fl. 12513DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.514 2 Participaram do julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho declarouse impedido. Fl. 12514DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.515 3 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório contido na decisão de primeira instância: "Trata o presente processo do Auto de Infração, de fls. 04/08, por meio do qual é feita a exigência de R$ 4.202.037,00, relativa à multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas de que trata o art. 23, inciso V e §3º do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 2002, regulamentado pelo inciso XXII, do art. 618 do Decreto n° 4.543/02 (artigo 689 do atual Regulamento Aduaneiro, Decreto 6.759/2009). Às fls. 19/130, a fiscalização relata que ocorreu a constatação de importações com a utilização de recursos cuja origem lícita não foi comprovada, realizadas a partirde 2006 pela fiscalizada, na condição de importadora direta ou adquirente declarada. Esta conclusão deuse a partir do relatório do auto de infração constante do processo 10074.000579/200947, no qual ficou demonstrada a ocorrência de fatos que evidenciaram a ocultação da pessoa jurídica fiscalizada nas operações de importação de produtos da marca SHARP, realizadas por interpostas pessoas jurídicas, no período compreendido entre 22/07/2004 e 30/09/2006. Ou seja, relata que a fiscalizada, entre 2004, ano de sua constituição, e 2006, ano em que foi habilitada no SISCOMEX, amealhou recursos advindos de operações fraudulentas, passando a operar como importadora ou adquirente declarada somente a partir de 2006, porém, com os recursos de origem ilícita obtidos através das referidas operações irregulares. Cientificada da exigência (fls. 140/143), a autuada apresentou, tempestivamente conforme despacho de fls. 1143, a impugnação de fls. 2072/2079, na qual, em síntese: Alega que houve cerceamento ao seu direito de defesa porque não houve a tradução juramentada dos documentos acostados aos autos pela auditoria fiscal. Aduz a decadência de o fisco analisar informações ocorridas em julho de 2004, quando da constituição da sociedade. Argumenta a respeito da impossibilidade de presumir uma conduta fraudulenta e da inexistência de provas contra si no período objeto do lançamento. E as informações relativas ao período anterior a julho de 2008 não tem relevância para o presente feito. Ademais, em momento algum a auditoria solicitou esclarecimentos para que a impugnante prestasse informações sobre os recursos utilizados no período de julho de 2008 até agosto de 2009 e que, ao invés de intimála a esclarecer a origem dos recursos utilizados nessas operações, a fiscalização optou por presumir a sua origem. Alega que detinha capacidade financeira para realizar as operações de importação em tela, através de empréstimos contraídos com instituições financeiras nacionais R$ 4.850.000,00, conforme quadro demonstrativo. Outra fonte de recursos é a própria prestação de serviços, que gerou receita para pagamento das importações, conforme o quadro apresentado. E as próprias atividades comerciais, decorrente das vendas dos produtos importados, também geraram recursos utilizados Fl. 12515DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.516 4 para pagamento das importações. A DIPJ referente ao anocalendário de 2008 demonstra um lucro bruto de R$ 5.664.287,50, antes das despesas operacionais. No ano de 2007, igualmente apresentou lucro bruto positivo, no montante de R$ 3.254.595,81. Informa que foi tributada pela Receita Federal do Brasil nos autos do processo administrativo 18471.002363/200864, que glosou as amortizações de ágio apropriadas pela impugnante nos montantes de R$ 4.599.999,99 (em 2004) e R$ 18.399.999,98 (em 2005), o que resultou no lançamento de tributos a demonstrar que houve receita e lucro, que também deve ser considerado como origem para a prática das operações mercantis da Impugnante. Aduz que inexistiu qualquer prejuízo ao Erário, pois todos os tributos devidos nas importações realizadas foram devidamente recolhidos. Argumenta que a multa imposta (de 100% do valor aduaneiro das mercadorias) deve ser, no mínimo, reduzida, tendo em vista que ela possui patente feição confiscatória. Considera um total absurdo considerar que, por ter eventualmente ocorrido alguma irregularidade no nascedouro da empresa, todas as operações praticadas pela Impugnante serão sempre irregulares, implicando punila indefinida e independentemente de ter praticado algum ilícito. Requer seja julgada procedente a presente impugnação administrativa, para os fins de anular integralmente o auto de infração ora impugnado. Protesta pela juntada posterior de documentos e alegações. Requer, por fim, que todas as intimações referentes ao presente feito sejam direcionadas ao endereço indicado." Importante acrescentar que o contribuinte juntou petição ao processo (fls. 12.444 a 12.454), antes da prolação da decisão de primeira instância, por meio da qual noticia que o Superior Tribunal de Justiça, nos autos do Habeas Corpus 142.045/PR, decidiu que, no âmbito da Operação Dilúvio, eram ilícitas todas as provas colhidas a partir de escutas telefônicas não autorizadas. E que todas as provas constantes dos autos foram obtidas a partir de provas decretadas ilícitas. Em sessão do dia 08/04/2015, por unanimidade de votos, A DRJ em Florianópolis julgou procedente a impugnação e o Acórdão n° 0736.985 foi assim ementado: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 07/07/2008 a 20/03/2009 LANÇAMENTO. PRESUNÇÃO LEGAL RELATIVA. A presunção legal relativa autoriza a que se infira, a partir de um fatobase, a ocorrência do fatopresumido, o qual, então, desencadeia seus efeitos próprios, exceto se o contribuinte provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. A presunção legal não gera seus efeitos próprios se a autoridade fiscal não comprovar a ocorrência da hipótese sobre a qual se sustenta a referida presunção. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. INSUFICIÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Fl. 12516DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.517 5 Não merece prosperar o lançamento que caracteriza a interposição fraudulenta fundamentada no fato de que os recursos financeiros utilizados, em declarações de importação consideradas regulares, foram originados de operações comerciais anteriores, em cujo período houve a constatação da infração tributária de ocultação da real adquirente das mercadorias comercializadas. Não se pode penalizar indefinidamente a contribuinte que tornou regulares as suas atividades de importação. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado" Houve recurso de ofício. É o relatório. Fl. 12517DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.518 6 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira O recurso de ofício preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Foi lavrado auto de infração, para cobrança da multa administrativa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, prevista nos §§ 1° e 3° c/c o inciso V do art. 23 do Decretolei n° 1.455/76. No período de 07/07/2008 a 20/03/2009, teriam sido realizadas importações de produtos da marca SHARP com ocultação da real adquirente, no caso, a autuada, e recursos cuja origem não foi comprovada. A fiscalização presumiu que tais importações teriam sido suportadas por recursos obtidos por meio de importações fraudulentas, realizadas no período de 22/07/2004 a 04/04/2007. Estas operações foram objetos de autuação, a qual deu origem ao processo n° 10074.000579/200947, cujo material probatório foi colhido no âmbito da denominada "Operação Dilúvio" e utilizado nesta e na presente contenda. Com efeito, citado processo já chegou ao CARF, para julgamento do recurso voluntário. Pautado, o julgamento foi convertido em diligência, para que a recorrente trouxesse aos autos cópias das ações judiciais correlatas e a fiscalização verificasse se havia provas nos autos que não tivessem sido consideradas como ilícitas pelo Poder Judiciário e pudessem suportar o lançamento. No momento, aguarda a realização da diligência. O contribuinte contestou o auto de infração e a DRJ em Florianópolis (SC) julgou procedente a impugnação. Ratifico a decisão da DRJ, proferida por unanimidade de votos. O colegiado não encontrou nos autos provas das acusações fiscais formuladas contra o contribuinte. Ao contrário do que aduziu a fiscalização, em todas as operações autuadas o acusado figurou como importador direto ou real adquirente. Ademais, não teria o Fisco intimado o contribuinte a comprovar a origem dos fundos utilizados para financiar as importações. Na verdade, contradizendose, consignou que tinha conhecimento de que eram recursos obtidos em operações ilícitas realizadas no passado. Contudo, ainda que comprovado, tal fato não constituiria fundamentação fática para a acusão fiscal. Extraio excertos do voto condutor da decisão recorrida, dos quais faço minha razão de decidir, nos termos do § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: " (. . .) Fl. 12518DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.519 7 O presente auto de infração foi lavrado para a exigência decorrente de infração considerada como dano ao Erário, capitulada no art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, in verbis: DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976 Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º A pena prevista no §1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Como se percebe, a legislação apenou com o perdimento a mercadoria de origem estrangeira, ou com a multa correspondente ao seu valor aduaneiro, caso não for localizada, for consumida ou revendida, quando constatada a ocorrência de: OCULTAÇÃO do sujeito passivo, na condição de real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS, para a qual a lei trouxe a presunção decorrente da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados em uma operação de comércio exterior. (. . .) No presente caso, nas operações de comércio exterior realizadas no período objeto deste lançamento 07/07/2008 a 20/03/2009 , era a própria autuada que figurava ora como importadora direta, ora como real adquirente declarada. Portanto, não houve a infração de ocultação de sujeito passivo, visto que a auditora nada relatou, no tocante a este período, a respeito de não ser esta Fl. 12519DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.520 8 contribuinte a real adquirente das mercadorias importadas por si própria ou por sua conta e ordem. De fato, o relatório fiscal informa que, em período anterior, compreendido entre 22/07/2004 e 04/04/2007, é que ocorreram importações irregulares, utilizando se de interpostas pessoas que serviram como importadoras (tradings), sem que esta autuada estivesse declarada como real adquirente. E as provas coligidas aos autos, apreendidos na "Operação Dilúvio", conforme foi especificado antes, dizem respeito somente ao citado período anterior, relativas aos anos de 2005 e 2006, cujo lançamento é objeto de outro processo administrativo (nº 10074.000579/200947). Já quanto à presunção legal da interposição fraudulenta, conforme o § 2º do art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, ficaria esta configurada pela simples nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação de comércio exterior. Ressalvo, porém, que a presunção legal autoriza a que se infira, a partir de um fatobase, a ocorrência do fatopresumido, o qual, então, desencadeia seus efeitos próprios. E sendo relativa a presunção, poderá ser refutada pelo contribuinte, mediante a apresentação de contraprova. Vejase, porém, que a norma que estabelece a presunção relativa não desincumbe a Fazenda, na sua função fiscalizadora, de demonstrar a ocorrência do fatobase, que, no presente caso, é o próprio procedimento fiscalizatório a demonstrar que, não obstante seus esforços para tentar descobrir a verdade dos fatos, mediante intimações para prestar esclarecimentos e apresentar documentos, por exemplo, a contribuinte não conseguiu comprovar a origem dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. Verificase que, especificamente para a ação fiscal que culminou com a lavratura deste lançamento, em 10/05/2010, e que se refere ao período de 07/07/2008 a 20/03/2009, houve somente a expedição do Termo de Intimação nº 07/2010 (fls. 134/140), datado de 08/03/2010, no qual foi solicitada a apresentação dos Livros Diário e Razão (07/2008 a 08/2009) e o esclarecimento de qual foi o destino dado às mercadorias importadas entre 07/2008 e 08/2009. O resultado desta intimação consta do seguinte parágrafo, à fl. 124 do Relatório Fiscal, pelo qual se depreende que o objetivo principal da auditoria era formalizar a não localização das mercadorias, sem outra explicação quanto aos livros solicitados: "Não tendo sido possível a intimação da pessoa jurídica por via postal, nem mesmo de seu administrador, doc. fls. 133/134, foi publicado o edital de fls.136, o qual não foi atendido, restando caracterizada a impossibilidade de localização das mercadorias." Ou seja, o fisco não fez nenhuma intimação específica para que a autuada se manifestasse sobre a origem dos recursos financeiros utilizados para as importações que constituem os fatos geradores deste processo, tampouco o fundamentou pelo não atendimento quanto à apresentação de documentos. Fl. 12520DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.521 9 Portanto, não se pode afirmar que a origem dos recursos empregados nas operações de importação ora em análise restou nãocomprovada pelo contribuinte, situação fática que caberia ao fisco demonstrar. Ademais, sequer foi este o caminho que pretendeu trilhar a auditoria, pois, de fato, a fiscalização reconhece que tais recursos são conhecidos, pois são advindos das operações comerciais decorrentes das importações do período anterior a este lançamento. Entretanto, não encontra respaldo legal, com o intuito de tipificar a infração, a fundamentação fática, utilizada pela auditoria fiscal, de que as operações subsequentes também são irregulares, pelo único motivo de que foram realizadas com recursos financeiros advindos de operações anteriores tidas como fraudulentas em decorrência da constatação de interposição e a utilização de recursos cuja origem não fora comprovada no nascedouro da sociedade. Argumenta, ainda, a auditoria que “desconsiderar as mencionadas operações afigurarseia verdadeira afronta ao objetivo maior que o novo complexo normativo pretendeu alcançar, o combate à lavagem de dinheiro.” Ora, segundo a Lei nº 9.613, de 3 março de 1998, o crime de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores, é assim definido: "Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)" Ou seja, são operações comerciais ou financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos sejam incorporados na economia local com a aparência de uma origem lícita. É dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal. Embora a Lei nº 12.683, de 2012, tenha extinguido o rol taxativo de crimes antecedentes, isto deve ser entendido como a admissão de que, a partir de julho de 2012, aceitase como crime antecedente da lavagem de dinheiro qualquer infração penal. Ou seja, a inovação de 2012 não foi no sentido de se admitir que também as infrações tributárias e administrativas pudessem dar azo à caracterização do crime antecedente para a lavagem de dinheiro. Só para se ter uma ideia, conforme a redação anterior da Lei nº 9.613/1998, a origem ilícita do dinheiro poderia ser dos crimes antecedentes de tráfico ilícito de drogas, de terrorismo e seu financiamento, de contrabando ou tráfico de armas, de extorsão mediante sequestro, de corrupção ou favorecimento ilícito, dentre mais alguns. Portanto, até a entrada em vigor da Lei nº 12.683/2012, não eram todos os crimes que autorizavam a existência do delito subsequente de lavagem de dinheiro. Atualmente, portanto, qualquer infração penal que trouxer benefício econômico a quem o praticou, poderá figurar como delito antecedente ao crime de lavagem de dinheiro, incluindose aí o crime de sonegação fiscal. Todavia, ao presente caso, além de os fatos geradores serem anteriores a nova redação da Lei nº 9.613/1998 e, portanto, por ela não alcançada, não consta dos autos que tenha havido a prática de sonegação fiscal, tampouco no citado processo administrativo nº 10074.000579/200947. Fl. 12521DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.522 10 Ainda assim, há que se lembrar da Súmula Vinculante 24 do STF, que dispõe que: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. De qualquer maneira, não é da competência deste colegiado apreciar tal imputação, afeta ao julgamento pelo Poder Judiciário, após a devida instauração do inquérito judicial mediante a lavratura da Representação Fiscal para Fins Penais. O que pretendo deixar bem claro é que as infrações administrativas, tributárias ou aduaneiras, dentre elas, a ocultação de interveniente e a interposição fraudulenta nas importações, por si só, não se caracterizam como crimes antecedentes passíveis de gerar o crime de lavagem de dinheiro. Ademais, pelos argumentos já explicitados, não se admite, na esfera administrativa e tributária, a extensão interpretativa que pretendeu a auditoria fiscal dar ao presente caso, no sentido que “a lei não determina exclusivamente a perda do bem diretamente ligado ao fato delituoso, mas também daqueles que, segundo nexo causal verificado, dele tenham se originado indiretamente”, com relação à aplicabilidade do art. 91, inciso II, alínea "b" do Código Penal que estabelece, in verbis: Art. 91 São efeitos da condenação: (...) II a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boafé: (...) b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Assim, diferentemente do que propõe a auditoria, não se pode concluir que o fato de a empresa ter cometido supostos ilícitos tributários e aduaneiros, em período anterior, para os quais já sofreu a devida penalização, tenha como conseqüência a caracterização de interposição fraudulenta somente porque contou “com os recursos de origem ilícita obtidos através das referidas operações irregulares”. Pensar assim, da maneira posta nos autos, seria penalizar indefinidamente a contribuinte sem permitir que, algum dia, viesse a se tornar regular em suas atividades. De outra parte, conforme consta dos autos, esta autuada passou, a partir de 2006, a declararse, devidamente, como importadora ou real adquirente das mercadorias importadas. Conclusão: Diante de todo o exposto, voto no sentido de julgar procedente a impugnação, exonerando o crédito tributário apurado." Com base no acima exposto, nego provimento ao recurso de ofício. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 12522DF CARF MF Processo nº 10074.000620/201019 Acórdão n.º 3301003.859 S3C3T1 Fl. 12.523 11 Fl. 12523DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15224.722678/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-001.027
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15224.722678/2012-31
anomes_publicacao_s : 201707
conteudo_id_s : 5742984
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 20 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-001.027
nome_arquivo_s : Decisao_15224722678201231.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
nome_arquivo_pdf_s : 15224722678201231_5742984.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
id : 6861233
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:03:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049213705650176
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1561; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 474 1 473 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15224.722678/201231 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.027 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 28 de junho de 2017 Assunto Diligência Recorrente PLAY SOUND INDUSTRIA COMERCIO IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Fortaleza que decidiu, conforme ementa abaixo transcrita, no sentido de: I julgar não conhecida a impugnação, em virtude da ilegitimidade passiva do impugnante, mantendo o crédito tributário exigido; II declarar a revelia da Play Sound Indústria Comércio Importação e Exportação Ltda., em razão da não apresentação de impugnação. Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 31/07/2007 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 52 24 .7 22 67 8/ 20 12 -3 1 Fl. 474DF CARF MF Processo nº 15224.722678/201231 Resolução nº 3402001.027 S3C4T2 Fl. 475 2 ILEGITIMIDADE PASSIVA. É requisito de admissibilidade da impugnação a sua interposição por parte legítima, nos termos dos arts. 3º e 6º do CPC, não podendo esta ser conhecida quando apresentada por terceiro não inserido na relação jurídicotributária originada da obrigação tributária. REVELIA. OCORRÊNCIA. É revel o sujeito passivo que não apresentou tempestivamente impugnação ao auto de infração lavrado contra si. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre a exigência de multa pela cessão do nome da pessoa jurídica para a realização de operações de comércio exterior, prevista pelo artigo 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários, no valor mínimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A fiscalização apurou que a empresa Play Sound – Indústria Comércio e Importação e Exportação Ltda, CNPJ nº 03.474.391/000174, ao promover a importação de mercadorias por intermédio da DI 12/13955183, acobertou a real beneficiária, a pessoa jurídica 4 Pandas Comércio Varejista de Produtos de Informática e Eletroeletrônico Ltda., CNPJ nº 11.839.438/000160, vez que essa operação caracterizouse materialmente como uma importação por conta e ordem de terceiros, mas sem o cumprimento das formalidades exigidas pela legislação. A Play Sound Industria e Comércio de Importação e Exportação Ltda. foi cientificada do lançamento em 30/11/2012, mas não apresentou impugnação. Em 28/12/2012 a empresa 4 Pandas Comércio Varejista de Produtos de Informática Ltda. apresentou impugnação à autuação. Em 7 de fevereiro de 2013 foram juntados aos autos documentos relativos à ação ordinária proposta pela Play Sound Indústria Comércio Importação Ltda, entre eles a petição inicial e a decisão acerca da tutela antecipada exarado pela 4ª Vara Seção Judiciária do Distrito Federal. A decisão recorrida não conheceu da impugnação apresentada por ilegitimidade passiva, nos seguintes termos: (...) A pessoa jurídica que interpôs a defesa, qual seja, a 4 Pandas Comércio Varejista de Produtos de Informática não tem legitimidade para tal, já que não é o sujeito passivo da penalidade cobrada, e nem representante legal da Play Sound Indústria Comercio Importação e Exportação LTDA., que figura, exclusivamente, como sujeito passivo da obrigação tributária discutida nos autos do processo em tela. Esta, por sua vez, não apresentou impugnação ao lançamento, de forma que operase a revelia, não havendo controvérsia a ser apreciada e devendo, portanto, a cobrança do crédito tributário seguir seu curso normal, uma vez que não há medida suspensiva da sua exigibilidade. Em relação a isto, importa frisar que o processo judicial que tramita pela 4ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, cujos documentos Fl. 475DF CARF MF Processo nº 15224.722678/201231 Resolução nº 3402001.027 S3C4T2 Fl. 476 3 foram inseridos nos autos deste processo, não tratam do objeto central deste PAF, mas sim, e unicamente, da pena de perdimento tratada no processo administrativo fiscal de número 15224.722666/201215, razão pela qual não há identidade de matérias, nem qualquer fator que suspenda a exigibilidade do crédito ora apreciado. Conclusão Ante o exposto voto no sentido de julgar não conhecida a impugnação, mantendo o crédito tributário lançado. (...) A empresa Play Sound Industria e Comércio de Importação e Exportação Ltda. foi cientificada da decisão recorrida por edital afixado em 29/10/2013 depois de resultar infrutífera sua ciência pela via postal, tendo apresentado recurso voluntário em 11/11/2013, alegando e requerendo, em síntese: Em que pese a DRJ ter declarado sua revelia, apresentou impugnação tempestiva (doc. 01). Ainda que, só por argumentar, a recorrente não tivesse apresentado impugnação, o crédito tributário estaria suspenso em face da impugnação do sujeito passivo solidário (4 PANDAS). Assim, requer que o CARF anule o Acórdão de primeira instância por violação ao direito de defesa, determinando o retorno dos autos à autoridade a quo para a apreciação de sua impugnação. A empresa 4 Pandas Comércio Varejista de Produtos de Informática Ltda. foi cientificada da decisão recorrida em 11/10/2013 e apresentou seu recurso voluntário em 11/11/2013, alegando e requerendo, em síntese, que: A decisão recorrida viola frontalmente a jurisprudência consolidada do CARF e o Verbete Sumular nº 71: "Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade". A decisão recorrida ignora solenemente o teor do auto de infração, eis que este foi formalmente lançado em face da recorrente e não apenas da empresa PLAY SOUND. A recorrente foi qualificada no polo passivo do auto de infração e foi intimada a recolher o valor da multa ou apresentar impugnação. Portanto, na condição de devedora solidária, possui legitimidade para impugnar o auto de infração, o que fez, inclusive, em face daquilo que foi intimada a fazer. Assim, requer o conhecimento e provimento do recurso para anular a decisão recorrida, determinando o retorno dos autos ao julgador de primeira instância, a fim de que a impugnação seja apreciada e novo Acórdão seja proferido, nos termos do art. 59, II do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 71. É o relatório. Fl. 476DF CARF MF Processo nº 15224.722678/201231 Resolução nº 3402001.027 S3C4T2 Fl. 477 4 VOTO Atendidos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos recursos voluntários. Consta na fl. 159, conforme extrato abaixo, que a Play Sound Industria e Comércio de Importação e Exportação Ltda. foi cientificada do auto de infração pessoalmente, por intermédio do seu representante legal, conforme instrumento público de procuração das fls. 40/41: Alega essa empresa que, não obstante o julgador de primeira instância tenha declarado sua revelia, apresentou impugnação tempestiva, conforme protocolo abaixo: Verificase que não constava nos autos a petição mencionada por esta recorrente. Assim, considerando que eventual impugnação apresentada pela Play Sound Industria e Comércio de Importação e Exportação Ltda. em 27/12/2012 seria tempestiva e, desde que atendidos aos demais requisitos de admissibilidade, poderia, em tese, ter sido conhecida pelo julgador de primeira instância, entendo que o julgamento perante este CARF deve ser convertido em diligência para que a Alfândega RFB do Aeroporto de Manaus adote as seguintes providências: i) confirme se, efetivamente, recebeu, em 27/12/2012, a petição cuja cópia consta nas fls. 433/443 e, em caso afirmativo, informe qual o encaminhamento que deu ao referido expediente; Fl. 477DF CARF MF Processo nº 15224.722678/201231 Resolução nº 3402001.027 S3C4T2 Fl. 478 5 iii) anexe aos autos cópias dos documentos de que disponha para esclarecer a questão, em especial, se for o caso, a via original da impugnação e eventuais documentos que lhe instruíram; iv) cientifique a Play Sound Industria e Comércio de Importação e Exportação Ltda. do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011; e v) devolva os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento após decorrido prazo de manifestação da interessada. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 478DF CARF MF
score : 1.0
