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Numero do processo: 10880.900390/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente processo até o retorno do PAF nº 16306.000.185/2010-38 ao CARF, após concluídas as diligência determinadas naquele processo, para inclusão de ambos na mesma pauta de julgamento. juntamente com o PAF nº 16306.000.184/2010-93.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do presente processo até o retorno do PAF nº 16306.000.185/201038 ao CARF, após concluídas as diligência determinadas naquele processo, para inclusão de ambos na mesma pauta de julgamento. juntamente com o PAF nº 16306.000.184/201093. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 00 39 0/ 20 11 -7 6 Fl. 600DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 601 2 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1636.211 da 4ª Turma da DRJ/SP1, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o despacho decisório que reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado em Per/Dcomp, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO SEM DECISÃO DEFINITIVA. DIREITO CREDITÓRIO. Não pode ser reconhecido direito creditório decorrente de questões ainda não apreciadas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e que foram objeto de Despachos Decisórios e Acórdãos em que não homologadas as compensações pleiteadas e que teriam reflexo no valor do IRPJ apurado para o AC 2005, tendo em vista a carência do direito líquido e certo previsto na legislação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. Reconhecido direito creditório em favor do contribuinte, referente ao IRPJ apurado no AC de 2005, em valor superior ao que consta no Despacho Decisório, ele deve ser utilizado na compensação dos débitos informados nos PER/DCOMP sob análise, até o limite do crédito reconhecido. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Em 09 de abril de 2014, o colegiado desta turma conheceu do recurso e proferiu a Resolução nº 1302 000.298. Na referida resolução descrevese o litígio, mediante a transcrição de trechos do acórdão recorrido, e as razões recursais, verbis: Peço vênia para reproduzir trechos do relatório do acórdão recorrido, o qual bem descreve a situação dos autos, in verbis: “A Interessada transmitiu vários PER/DCOMP, em que pleiteava compensação de débitos próprios, apontando crédito referente ao Saldo Negativo de IRPJ (SNIRPJ), relativo ao anocalendário (AC) de 2005, no montante de R$20.358.766,46, conforme PER/DCOMP com demonstrativo de crédito, de nº 12270.82307.011007.1.7.028318... 2.1. Nas “Informações Complementares da Análise do Crédito”, em relação ao detalhamento das estimativas, consta: parcelas confirmadas (total de R$9.051.453,75); confirmadas parcialmente (R$2.651.993,38, de um total de R$10.889.032,83); e não confirmadas (total de R$844.315,60). Fl. 601DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 602 3 3. O contribuinte (sucessor da Interessada, por incorporação) teve ciência do Despacho Decisório (DD) em 18/02/2011, e dele recorreu a esta DRJ, em 18/03/2011, por meio de advogado, juntando documentos, nos seguintes termos, resumidamente:... 3.3. O crédito diz respeito à composição do Saldo Negativo de IRPJ apurado no período de 01/01/2005 a 31/12/2005, constante do processo administrativo de crédito de n° 10880.900390/201176, objeto do PER/DCOMP com demonstrativo de crédito de n° 12270.82307.011007.1.7.028318. Na DIPJ 2006 (2005) (doc. 3), a Requerente evidenciou ter deduzido do IRPJ R$30.079.567,89 a título de IRPJ Mensal Pago por Estimativa e R$14.436.931,47 a título de IR Retido na Fonte, totalizando deduções no montante de R$44.516.499,36, tendo gerado R$20.358.766,46 a título de Saldo Negativo de IRPJ (valor original) nessa Declaração. 3.4. Desse valor de IRPJ deduzido a título de estimativa, foram confirmadas compensações no montante de R$11.703.447,13, de forma que não foram confirmadas compensações da ordem de R$9.081.355,05, objeto das DCOMP's de n° (...) (doc. 2.1.), cuja não homologação já é objeto de pagamentos ou de Manifestações de Inconformidade cujos processos ainda tramitam perante as instâncias administrativas federais de julgamento, como será demonstrado.” O IRPJ – estimativa de 2005 cujas compensações não foram confirmadas ou foram confirmadas parcialmente são as seguintes: PA Nº DCOMP Vlr Compensado Vlr Confirmado Vlr Não Confirmado JUN/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 14.773,79 13.985,35 788,44 AGO/2005 06847.88315.250906.1.7.025343 2.503.485,18 1.982.220,26 521.264,92 SET/2005 14877.77868.250906.1.7.027036 1.010.068,80 0,00 1.010.068,80 SET/2005 28666.18679.250906.1.7.038856 1.418.811,36 655.787,77 763.023,59 OUT/2005 08563.89456.301105.1.3.046718 138.848,97 0,00 138.848,97 OUT/2005 37604.15080.291105.1.3.042650 34.020,04 0,00 34.020,04 OUT/2005 34121.64661.291105.1.3.042095 38.425,09 0,00 38.425,09 OUT/2005 04322.75599.291105.1.3.049799 12.823,65 0,00 12.823,65 OUT/2005 39963.58700.301105.1.3.048885 184.348,37 0,00 184.348,37 OUT/2005 19483.16395.301105.1.3.041913 112.805,57 0,00 112.805,57 OUT/2005 25714.99085.301105.1.3.042922 129.215,73 0,00 129.215,73 OUT/2005 14444.31995.291105.1.3.043156 38.155,72 0,00 38.155,72 OUT/2005 35608.01208.301105.1.3.044577 3.202,08 0,00 3.202,08 OUT/2005 07020.16187.301105.1.3.040578 152.470,38 0,00 152.470,38 NOV/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 5.941.893,70 0,00 5.941.893,70 TOTAL 11.733.348,40 2.651.993,38 9.081.355,05 Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 603 4 * reprodução des tabelas constantes a fls. 5/6 dos autos Na decisão recorrida, a DRJ confirmou o pagamento dos seguintes valores: PA Nº DCOMP Confirmado p/DRJ OUT/2005 08563.89456.301105.1.3.046718 138.848,97 OUT/2005 19483.16395.301105.1.3.041913 112.805,57 OUT/2005 25714.99085.301105.1.3.042922 129.215,73 OUT/2005 07020.16187.301105.1.3.040578 152.470,38 TOTAL 533.340,65 Assim se pronunciou o Relator do acórdão sobre a confirmação desses valores: “9.2.1.3. Consulta ao Sistema SIDA, da PGFN, confirma que o débito de R$533.340,65, referente ao período de apuração 10/2005 (IRPJ), foi efetivamente quitado, razão pela qual este valor de estimativa há que ser considerado na apuração do SNIRPJ AC 2005 (visto que, conforme fls. 03 e 04 do Despacho Decisório, os débitos de R$138.848,97, R$112.805,57, R$129.215,73 e R$152.470,38 não haviam sido confirmados).”. Em razão da confirmação desses valores, a DRJ assim decidiu: “9.2.4. Conforme item 2., a Autoridade Administrativa identificou a existência SNIRPJ AC 2005 disponível no valor de R$11.277.411,38. Assim, observase que o presente voto acresceu a tal montante o reconhecimento de direito creditório no valor de R$ 533.340,65. 10. Em face do exposto, VOTO no sentido de DEFERIR EM PARTE a Manifestação de Inconformidade, RECONHECER o direito creditório de R$ 11.810.752,03 referente ao saldo negativo de IRPJ apurado no AC 2005 (R$533.340,65 a mais do que o já reconhecido no Despacho Decisório), e HOMOLOGAR a compensação dos débitos informados nos PER/DCOMP sob análise, até o limite do direito creditório pleiteado.”. Após a decisão da DRJ permaneceram não confirmadas as compensações dos seguintes IRPJ – estimativas: PA Nº DCOMP Vlr Não Confirmado JUN/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 788,44 AGO/2005 06847.88315.250906.1.7.025343 521.264,92 SET/2005 14877.77868.250906.1.7.027036 1.010.068,80 SET/2005 28666.18679.250906.1.7.038856 763.023,59 OUT/2005 37604.15080.291105.1.3.042650 34.020,04 OUT/2005 34121.64661.291105.1.3.042095 38.425,09 OUT/2005 04322.75599.291105.1.3.049799 12.823,65 OUT/2005 39963.58700.301105.1.3.048885 184.348,37 Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 604 5 OUT/2005 14444.31995.291105.1.3.043156 38.155,72 OUT/2005 35608.01208.301105.1.3.044577 3.202,08 NOV/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 5.941.893,70 TOTAL 8.548.014,40 A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 14/03/2012 (A/R a fls. 405) e interpôs recurso voluntário em 12/04/2012 (doc. a fls. 407 e segs.), o qual foi subscrito por mandatário com poderes para tal, conforme procuração e substabelecimento a fls. 69 e 72. Em sua peça recursal, a recorrente questiona que os processos que ainda tramitam na instância administrativa, cujos objetos são as Dcomp acima indicadas, constituem questões prejudiciais ao julgamento destes autos. Com base na documentação trazida aos autos e em consulta ao COMPROT, verificase o seguinte: a) processos que se encontram no CARF: PA Nº DCOMP Vlr Não Confirmado PAF (crédito) JUN/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 788,44 10880.939473/200931 AGO/2005 06847.88315.250906.1.7.025343 521.264,92 16306000184/201093 SET/2005 14877.77868.250906.1.7.027036 1.010.068,80 10880.939473/200931 SET/2005 28666.18679.250906.1.7.038856 763.023,59 16306000185/201038 NOV/2005 24940.98467.281205.1.7.023020 5.941.893,70 10880.939473/200931 b) processos que se encontram na DEINF, sobre os quais a recorrente alega que iria apresentar recurso voluntário: PA Nº DCOMP Vlr Ñ Confirmado PAF Crédito PAF Cobrança OUT/2005 37604.15080.291105.1.3.042650 34.020,04 10880976956/200916 10880980760/200926 OUT/2005 34121.64661.291105.1.3.042095 38.425,09 10880976954/200927 10880980758/200957 OUT/2005 04322.75599.291105.1.3.049799 12.823,65 10880978743/200929 10880982496/200965 OUT/2005 39963.58700.301105.1.3.048885 184.348,37 10880976959/200950 10880980763/200960 OUT/2005 14444.31995.291105.1.3.043156 38.155,72 10880976957/200961 10880980761/200971 OUT/2005 35608.01208.301105.1.3.044577 3.202,08 10880978745/200918 10880982498/200954 Conforme consulta ao COMPROT, observo que todos os PAF (cobrança) acima encontramse na DEINF/SP na situação “em andamento”. A única exceção é o PAF (crédito) 10880976956/200916 que se encontra na situação “arquivado” no “ARQUIVO DIGITAL ORGAOS CENTRAISRFBMF” e o respectivo PAF Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 605 6 (cobrança) 10880980760/200926 que se encontra “arquivado” no “ARQUIVO ELETRONICO DO SIEF8 RFSRF”. A recorrrente alega o seguinte sobre cada um desses PAF que estão na DEINF/SP: sobre o PAF 10880976956/200916, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880980760/200926, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade julgada improcedente e que irá interpor o competente recurso voluntário; sobre o PAF 10880976954/200927, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880980758/200957, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade julgada improcedente e que irá interpor o competente recurso voluntário; sobre o PAF 10880978743/200929, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880982496/200965, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade julgada improcedente e que irá interpor o competente recurso voluntário; sobre o PAF 10880976959/200950, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880980763/200960, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade julgada improcedente e que irá interpor o competente recurso voluntário; sobre o PAF 10880976957/200961, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado (R$ 177.346,58) terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880980761/200971, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade ainda pendente de julgamento na DRJ/SP1; sobre o PAF 10880978745/200918, alega que, não homologada a compensação, o valor não compensado terminou sendo objeto de cobrança nos autos do PAF 10880982498/200954, o qual por sua vez, foi objeto de manifestação de inconformidade julgada improcedente e que irá interpor o competente recurso voluntário. O relator da referida resolução, Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior, analisou as questões suscitadas no recurso pela recorrente e propôs o sobrestamento do feito até o julgamento definitivo dos processos administrativos conexos, prejudiciais ao julgamento deste, verbis: [...]Em face do exposto, concluo perfeitamente caracterizada a prejudicialidade das questões tratadas nos processos acima citados para o julgamento do presente processo, razão pela qual, voto por converter o julgamento em diligência, para que: os autos sejam encaminhados à DEINF/SP, para que lá aguarde a decisão definitiva na instância administrativa dos seguintes processos: PAF 16306000184/201093 10880.939473/200931 Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 606 7 16306000185/201038 10880980760/200926 10880980758/200957 10880982496/200965 10880980763/200960 10880980761/200971 10880982498/200954 após o que, a DEINF instrua os autos, com cópia das referidas decisões e informe se os débitos abaixo indicados foram extintos por compensação ou pagamento: PA IRPJ estimativa JUN/2005 788,44 AGO/2005 521.264,92 SET/2005 1.010.068,80 SET/2005 763.023,59 OUT/2005 34.020,04 OUT/2005 38.425,09 OUT/2005 12.823,65 OUT/2005 184.348,37 OUT/2005 38.155,72 OUT/2005 3.202,08 NOV/2005 5.941.893,70 Concluída a diligência, deve ser dada ciência à recorrente do relatório, concedendolhe prazo para se manifestar nos autos, após o que, os autos devem retornar ao CARF para prosseguimento do feito. Em 03 de julho de 2018, a unidade preparadora encaminhou os autos a este CARF, sugerindo a continuidade do julgamento em face da informação prestada no Relatório Fiscal Despacho em Diligência (fls. 562/564), do qual se extrai, verbis: [...]Diante disso, tenho a informar, com auxílio do Quadro I (anexo fls 589): I Dos Processos Administrativos Fiscais: 1) 16306.000.184/201093: Pendente análise final CARF (diligência já produzida) Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 607 8 2) 10880.939.473/200931: PAF encerrado – Homologações e Transferências 3) 16306.000.185/201038: Pendente análise final CARF 4) 10880.980.760/200926: PAF encerrado 5) 10880.980.758/200957: PAF encerrado 6) 10880.982.496/200965: PAF encerrado 7) 10880.980.763/200960: PAF encerrado 8) 10880.980.761/200971: PAF encerrado 9) 10880.982.498/200954: PAF encerrado 1) 16306.000.184/201093 CARF: Baixou em diligência à DEINF para informar. Origem Dcomp SN IRPJ ac 2003. Resposta encaminhada ao CARF em 02/07/2018; 2) 10880.939.473/200931 – Origem: Dcomp SN IRPJ ac 2002. Algumas fontes IRRF não foram confirmadas, pela falta de comprovação da tributação dos rendimentos (receitas financeiras swap). Foi finalizada a análise de recurso especial administrativo, resultando na homologação da compensação do PA Nov 2005 (fls. 20.545 a 20.461). Cópia da homologação anexada a fls.585 e 586 deste processo. Observo que para a parcela de Jun 2005 (valor R$ 14.773,79), houve uma retificação na DCTF do interessado, onde se nota a substituição do número de Dcomp para a 38018.77657.280307.1.7.039044, que também já se encontra homologada. Para as parcelas de Ago 2005 (R$ 2.503.485,18) e Set 2005 (R$ 1.010.068,80), o controle de crédito tributário foi transferido para os PAF nºs 10880.721.631/201031 e 16306.000.184/201093 (análise de SN IRPJ ac 2003 – em análise no CARF); 3) 16306.000.185/201038 – CARF (ainda em análise – consulta 05/06/2018). SN CSLL ac –1 a 11/2003. 4) 10880.980.760/200926 (**) PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.976.956/200916) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 34.020,04 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. 5) 10880.980.758/200957: PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.976.954/200927) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 38.425,09 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. 6) 10880.982.496/200965 PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.978.743/200929) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 12.823,65 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. 7) 10880.980.763/200960 PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.976.959/200950) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 184.348,37 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. 8) 10880.980.761/200971 PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.976.957/200961) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 38.155,72 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. 9) 10880.982.498/200954 PAF encerrado. processo de cobrança (crédito 10880.978.745/200918) pedido de desistência pois opta por anistia L 11941/09. Darf data recolhimento 27/12/13 – PA out/2005 2362: R$ 3.202,08 (+juros). Cópia(s) do(s) recolhimento(s) anexada(s) a fls.469 a 471. obs:(**) fora do eprocesso. Consultar processo de cobrança Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 608 9 II Da extinção dos débitos de estimativas IRPJ ac 2005 e relacionadas aos PAF acima: Jun 2005..R$ 788,44 extinto por homologação – Dcomp 38018.77657 Ago 2005..R$ 521.264,92 – informação prestada ao CARF 16306.000.184/2010 93 Set 2005..R$ 1.010.068,80 informação prestada ao CARF 16306.000.184/2010 93 Set 2005..R$ 763.023,59 pendente decisão CARF 16306.000.185/201038 Out 2005..R$ 34.020,04 recolhido anistia PAF 10880.980.760/200926 Out 2005..R$ 38.425,09 recolhido anistia PAF 10880.980.758/200957 Out 2005..R$ 12.823,65 recolhido anistia PAF 10880.982.496/200965 Out 2005..R$ 184.348,37 recolhido anistia PAF 10880.980.763/200960 Out 2005..R$ 38.155,72 recolhido anistia PAF 10880.980.761/200971 Out 2005..R$ 3.202,08 recolhido anistia PAF 10880.982.498/200954 Nov 2005..R$ 5.941.893,70 extinto por homologação PAF 10880.939.473/200931 Total.......R$ 11.733.348,40, dos quais R$ 2.294.357,31 ainda se encontram pendentes de decisão final.Nada mais a informar, ao CARF – 3ª Câmara/2ª Turma para prosseguimento (Resolução 1302000.298). Retornando os autos ao CARF, foram distribuídos a este relator por sorteio, em face de que o Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior não pertence mais aos quadros do CARF. É o relatório. Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 609 10 VOTO Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais, tendo sido devidamente conhecido por ocasião do proferimento da Resolução nº 1302000.298, pelo colegiado desta turma em 09 de abril de 2014. Conforme relatado o crédito discutido diz respeito à composição do Saldo Negativo de IRPJ, apurado no período de 01/01/2005 a 31/12/2005. Após a decisão de primeiro grau remanesce o litígio quanto ao direito ao crédito relativo às seguintes parcelas originadas de estimativas quitadas mediante compensações não homologadas: PA IRPJ estimativa JUN/2005 788,44 AGO/2005 521.264,92 SET/2005 1.010.068,80 SET/2005 763.023,59 OUT/2005 34.020,04 OUT/2005 38.425,09 OUT/2005 12.823,65 OUT/2005 184.348,37 OUT/2005 38.155,72 OUT/2005 3.202,08 NOV/2005 5.941.893,70 No despacho de diligência encaminhado pela unidade preparadora, a autoridade administrativa aponta que a maior parte dos créditos acima apontados foram extintas por quitação ou homologação, restando apenas três parcelas em litígio, discutidas nos PAFs nº 16306.000.184/201093 e 16306.000.185/201038, verbis: [...] II Da extinção dos débitos de estimativas IRPJ ac 2005 e relacionadas aos PAF acima: Jun 2005..R$ 788,44 extinto por homologação – Dcomp 38018.77657 Ago 2005..R$ 521.264,92 – informação prestada ao CARF 16306.000.184/2010 93 Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 610 11 Set 2005..R$ 1.010.068,80 informação prestada ao CARF 16306.000.184/2010 93 Set 2005..R$ 763.023,59 pendente decisão CARF 16306.000.185/201038 Out 2005..R$ 34.020,04 recolhido anistia PAF 10880.980.760/200926 Out 2005..R$ 38.425,09 recolhido anistia PAF 10880.980.758/200957 Out 2005..R$ 12.823,65 recolhido anistia PAF 10880.982.496/200965 Out 2005..R$ 184.348,37 recolhido anistia PAF 10880.980.763/200960 Out 2005..R$ 38.155,72 recolhido anistia PAF 10880.980.761/200971 Out 2005..R$ 3.202,08 recolhido anistia PAF 10880.982.498/200954 Nov 2005..R$ 5.941.893,70 extinto por homologação PAF 10880.939.473/200931 Total.......R$ 11.733.348,40, dos quais R$ 2.294.357,31 ainda se encontram pendentes de decisão final. Desta feita, verificase que a indefinição do litígio subsiste apenas em face dos créditos cuja discussão se desenrola nos PAF's nºs 16306.000.185/201038 e 16306.000.184/201093. Nesta mesma sessão, este colegiado apreciou, o recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo no âmbito do PAF nº 16306.000.185/201038, tendo acordado por unanimidade em converter o julgamento em diligência, nestes termos: [...] Como se denota do acórdão recorrido, a discussão no presente processo referese ao não reconhecimento de parte do SNCSLL referente a fevereiro de 2003, no valor de R$649.185,19. Vejase o que constou daquela decisão: 8.1.1.1. Conforme Despacho Decisório e tabela do subitem 2.6.6., tem se que: (i) foi informado na Ficha 17, linha 38, o montante de R$1.707.736,54 à título de CSLL Mensal Paga por Estimativa (jan = R$1.059.153,95; fev = R$648.582,59), mas somente foi confirmada compensação de R$1.058.551,35 referente a janeiro; e (ii) como a CSLL apurada na linha 36 foi R$623.101,30, restou comprovado um SNCSLL de R$435.450,05, ou seja, não foi reconhecido o montante de R$649.185,19. Contudo, como se depreende da decisão proferida nos autos do PAF nº 11831.000350/200361, houve o reconhecimento do direito creditório, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP), após reconhecer a maior parte do direito creditório do contribuinte, se manifestado pela homologação da "compensação dos débitos indicados nas DCOMP objeto da presente análise, até o limite do direito creditório reconhecido, após compensados os débitos objeto de compensação sem processo referidos no subitem 11.7, devendose prosseguir na cobrança dos débitos remanescentes". Por outro lado, a autoridade preparadora, em despacho de diligência acostado aos autos do processo nº 16306.000184/201093, confirmou o reconhecimento do direito creditório e a homologação da referida compensação da estimativa de fevereiro de 2003 no âmbito do PAF. Nº Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10880.900390/201176 Resolução nº 1302000.656 S1C3T2 Fl. 611 12 11831.000350/200361, tendo sido comunicada à PGFN da necessidade de excluir os débitos de IRPJ PA Fev/02 da inscrição em dívida ativa da União, visto que entender que o mesmo encontrase liquidado e informada a necessidade de retificação da inscrição em Dívida Ativa DAU nº 80.2.06.02210869, controlada no PA nº 10880.531.292/200617. Em que pese o referido despacho não tratar especificamente do presente processo, os fatos e elementos (em especial a decisão proferida nos autos PAF. nº 11831.000350/200361) são idênticos à presente discussão. Contudo, para que não haja dúvidas quanto reconhecimento do direito creditório ora em discussão (SNCSLL referente a fevereiro de 2003) e, principalmente, porque este direito foi reconhecido em outro processo administrativo, entendese que, por prudência, o julgamento deste PAF deve ser convertido em diligência, para que a Delegacia da Receita Federal do Brasil confirme, via relatório conclusivo, qual o valor de SNCSLL referente a fevereiro de 2003 foi reconhecido no PAF 11831.000350/200361 e se este valor é suficiente para homologar as compensações apresentadas pelo Recorrente. Após a intimação do contribuinte para se manifestar sobre o resultado da diligência, os autos deverão retornar a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgamento. Considerando a evidente prejudicialidade entre os processos 16306.000.185/201038 e 16306.000.184/201093 com o presente, revelase de todo conveniente e necessário que o julgamento dos três processos sejam realizados em conjunto numa mesma sessão de forma a viabilizar sua discussão conjunta em caso de eventuais recursos que possam ser interpostos em face das decisões neles contidas. Isto posto voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente processo até o retorno do PAF nº 16306.000.185/201038 ao CARF para julgamento, após concluídas as diligência determinadas naquele processo, devendo ambos serem incluídos na mesma pauta de julgamento. juntamente com o PAF nº 16306.000.184/201093, que também deve ser sobrestado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 611DF CARF MF
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Numero do processo: 10640.904413/2009-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA.
No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida.
Numero da decisão: 1302-003.132
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999 SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA. No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF E PJ 2000 APÓS DESPACHO DECISÓRIO Recorrente IRMÃOS ORNELLAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA. No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 44 13 /2 00 9- 20 Fl. 43DF CARF MF Processo nº 10640.904413/200920 Acórdão n.º 1302003.132 S1C3T2 Fl. 3 2 Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face de Acórdão da 2a. Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG) que, por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade, registrandose a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à DCOMP. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente, empresa varejista de produtos alimentícios e outros, alega que pagou SIMPLES à alíquota de 4% (que correspondia ao percentual acumulado, relativo a 1998), quando deveria pagar 3%, devidos em 1999, em conformidade com as disposições do art. 5º da Lei nº 9.317/96, vigente à época. Para evidenciar esse pagamento indevido ou a maior e para compensálo, enviou a DCOMP e na sequência retificou a Declaração Simplificada de Pessoa Jurídica (DSPJ) originalmente transmitida. Anexou Recibo de Entrega da PJ 2000 Simples normal, retificadora e Darfs. A DRJ manteve o despacho decisório eletrônico e declarou não homologada a DCOMP. Entendeu que a recorrente não demonstrou que haveria pagamento indevido ou a maior. Desconsiderou a declaração simplificada retificadora de 2004. Não examinou a alegação da recorrente de que a alíquota correta do SIMPLES para 1999 seria de 3% e não de 4%. Não analisou os DARFs por meio dos quais a recorrente pretende demonstrar tal pagamento a maior. Concluiu que o valor contido na declaração simplificada da PJ corresponde ao valor pago e devido, pois considerou somente a PJ 2000 Simples original. Assim, concluiu que não haveria crédito disponível. Intimou a recorrente a pagar: a) principal: R$60,57; b) multa: R$12,11; e c) juros: R$62,55. Total: R$135,23. Diante do acórdão de manifestação de inconformidade, a recorrente interpôs recurso voluntário tempestivamente, reforçando que, ao analisar e confrontar com a Declaração Simplificada PJ, ano calendário 1999, a fiscalização deveria ter considerado os débitos declarados na segunda declaração retificadora PJ Simplificada entregue em 11/04/2004 (cancelada no sistema da Secretaria da Receita Federal do Brasil) e não a primeira, entregue cerca de nove minutos antes, na mesma data. É o breve relatório. Fl. 44DF CARF MF Processo nº 10640.904413/200920 Acórdão n.º 1302003.132 S1C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Conheço do recurso voluntário, à vista da interposição tempestiva e do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. A recorrente atua no comércio varejista de gêneros alimentícios, perfumaria, papelaria, armarinho, louças e legumes (cláus. III, contrato social, fl. 3). Sustenta que dispunha do crédito pleiteado, pois ao detectar o erro, entregou PJ 2000 Simples retificadora em 11/04/2004, sob n° de controle 10.02.38.90.27. Embora a DCOMP tenha sido entregue antes da PJ retificadora, defende que a IN 210/2002 seria omissa quanto à retificação de declarações. Com esse entendimento, afirma que não poderia concordar com o não reconhecimento do crédito. Alega que a fiscalização deveria ter considerado a declaração retificadora, ainda que realizada posteriormente à avaliação de seu pedido (despacho decisório eletrônico). Ressalta que, a IN SRF nº 210/2002, vigente à época, não mencionava como condição para o deferimento que a retificação fosse em data anterior à entrega da DCOMP. Com base em tais fatos e fundamentos, a recorrente, em 10/12/2003, utilizou se da DCOMP n° 36194.68673.101203.1.3.047949 para compensar débito com os supostos créditos de pagamento a maior de SIMPLES (alíquota de 4%, em vez de 3%). Observase, portanto, que independentemente de ter havido a retificação da DSPJ somente após a transmissão da DCOMP, não se verificou se, de fato, houve ou não pagamento a maior ou indevido pela recorrente. Para essa análise, é necessário verificar se procede a alegação da recorrente de que a alíquota do SIMPLES para o ano calendário 1999 seria realmente de 3% e não de 4%. No link idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/.../capitulovsimples 2008.pdf, a Receita Federal do Brasil (RFB) orienta que, Para a determinação do percentual a ser utilizado pelas Micro Empresas (ME), é necessário identificar, primeiramente, a faixa de receita bruta acumulada em que se encontra a ME, com o auxílio da Tabela S1, abaixo transcrita. Nesse caso, a pessoa jurídica deverá verificar o total da receita bruta acumulada, dentro do ano calendário, até o próprio mês em que está fazendo a apuração. Já o valor devido mensalmente, a ser recolhido pela ME, será o resultante da aplicação sobre a receita bruta mensal auferida da alíquota correspondente. Tabela S1: Percentuais aplicáveis às ME (regra geral) Receita Bruta Acumulada (em R$) Alíquotas Até 60.000,00 3% De 60.000,01a 90.000,00 4% De 90.000,01 a 120.000,00 5% De 120.000,01 a 240.000,00 5,4% O Estatuto da Microempresa de 1999 Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, estabeleceu que (art. 2º), para os efeitos desta Lei, ressalvado o disposto no art. 3º, considera se: I microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta Fl. 45DF CARF MF Processo nº 10640.904413/200920 Acórdão n.º 1302003.132 S1C3T2 Fl. 5 4 anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais); (Vide Decreto nº 5.028, de 31.3.2004). Conforme Declaração Anual Simplificada (PJ 2000 SIMPLES), fl. 14, a razão social da recorrente é: Irmãos Ornellas Ltda. ME; natureza jurídica: sociedade por cotas de responsabilidade limitada empresa privada. Os valores declarados pela recorrente em 1999 são a seguir reproduzidos, demonstrando que realmente se enquadrava como Micro Empresa: Verificase, portanto, que procede a alegação da recorrente de que a alíquota do SIMPLES (cód. rec. 61060) que deveria pagar em 1999 era de 3% (art. 5º da Lei nº 9.317/96, vigente à época ) e não de 4%. Os dois DARFs anexados ao processo indicam pagamento à alíquota de 4%. Demonstrado, dessa forma, que houve pagamento a maior ou indevido, fazendo jus à compensação pleiteada. No caso, portanto, entendo que o fato de Declaração PJ 2000 Simples ter sido retificada após a utilização do valor pago a maior não pode retirar o direito creditório da recorrente, em cumprimento ao princípio da verdade material, pois comprovados a certeza, liquidez e disponibilidade do crédito utilizado na DCOMP em questão. Assim, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o crédito pleiteado e homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10640.904413/200920 Acórdão n.º 1302003.132 S1C3T2 Fl. 6 5 Fl. 47DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.925701/2009-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.693416/2009-08, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 25 70 1/ 20 09 -9 5 Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento indevido ou a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. De acordo com o Despacho Decisório constante nos autos, o alegado crédito já havia sido utilizado para a quitação de outro débito, não restando, portanto, valor disponível para a compensação do débito por ela indicado no Per/Dcomp. Dessa forma, não foi homologada a compensação declarada. Ciente dessa decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a manifestante não sabe qual seria, na realidade, o motivo do indeferimento do direito creditório e, consequentemente, da não homologação da compensação declarada. apenas supõe que o direito creditório tenha sido negado em virtude de não ter sido localizada a DCTF retificadora que corrigiu o valor do débito devido. entretanto, não se pode aceitar que a contribuinte seja obrigada a se defender com base em suposições, sem ter segurança quanto ao motivo que determinou a glosa, pois o Decreto n° 70.235/1972 é claro ao determinar que os atos proferidos por autoridades administrativas que prejudicam ou impossibilitam o direito de defesa do contribuinte são eivados de nulidade. há de se observar que o Despacho Decisório ora combatido não contém uma descrição precisa e congruente dos fatos que ensejaram a sua emissão. Tal omissão e imprecisão impedem o pleno conhecimento das circunstâncias que levaram ao indeferimento do seu direito creditório, implicando grandes dificuldades e embaraços ao direito da ampla defesa e do contraditório. a própria fundamentação legal utilizada como embasamento para o indeferimento do direito creditório ora pleiteado foi indicada de modo apenas genérico, não permitindo a identificação de qual o equivoco teria sido pretensamente cometido. Em síntese, não constam, no Despacho Decisório, informações precisas acerca das supostas incorreções cometidas, evidenciando a nulidade do ato administrativo em apreço. o valor do pagamento ora discutido decorre, inequivocamente, da tributação de receitas que não se enquadram no conceito de faturamento. sobre a tributação das receitas que não se enquadram no conceito de faturamento (base de cálculo prevista pela Lei 9.718/1998), é assente que tal exigência não está de acordo com o direito. Isto porque, o Supremo Tribunal Federal já declarou a sua inconstitucionalidade. Ademais, no caso ora analisado, a manifestante obteve decisão judicial definitiva que a possibilita não observar a base de cálculo prevista na Lei 9.718/1998. independentemente da decisão judicial definitiva favorável à manifestante, o direito creditório deve ser reconhecido, pois, como já mencionado, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do alargamento das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 4 3 o não reconhecimento da inconstitucionalidade da lei já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal viola princípios consagrados pelo ordenamento jurídico brasileiro, dentre os quais se destacam o "Principio da Moralidade” e o "Principio da Eficiência". muito embora a manifestante acredite que o seu direito creditório será reconhecido com a conseqüente homologação da compensação efetuada, em função do Principio da Eventualidade, não há como se furtar em apresentar a sua discordância em relação à exigência de multa e juros, na hipótese dos julgadores entenderem que o indeferimento deva prevalecer. no caso em tela, não há que se falar em imposição de multa e juros por atraso no pagamento, já que a manifestante quitou tempestivamente, por meio da DCOMP não homologada, o débito compensado. não há que se alegar mora ao quitar o débito equivocadamente exigido, uma vez que esta apresentou DCOMP com objetivo de cumprir sua obrigação, sendo que, a não homologação da DCOMP apresentada não é, por si só, fato caracterizador de mora do contribuinte. a exoneração da multa e dos juros deverá ser reconhecida, pois a manifestante não incorreu em mora, tendo apresentado tempestivamente a DCOMP para quitação integral do débito tributário compensado. Diante dessas alegações, a interessada solicita: o cancelamento total do Despacho Decisório ora combatido, com a declaração de sua nulidade, pois, em preliminar, é comprovado o cerceamento do direito de defesa. na hipótese de se entenderem que não deve ser declarada a nulidade do Despacho Decisório, a manifestante pede e espera que, no mérito, o seu direito creditório seja deferido e, conseqüentemente, homologada a compensação declarada. caso o indeferimento do direito creditório seja mantido, o que se admite apenas a título de argumentação, deve ser afastada a exigência de multa e juros de mora pelos motivos já expostos. Por fim, a manifestante protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito, sobretudo a diligência fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório, julgando improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão recorrida, a Recorrente interpôs recurso voluntário reproduzindo as matérias de mérito já apresentadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302000.853, de 25 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3302000.853): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A questão tratada nestes autos não é nova neste Conselho e, já foi analisado nos autos do Processo Administrativo nº 10880.693376/200996 (acórdão paradigma nº 3401001.361), instaurada contra a mesma empresa, de relatoria do i. Conselheiro Robson José Bayerl que, entendeu por bem converter o julgamento em diligência para verificar a origem do crédito pleiteado pela Recorrente com base nos documentos já carreados aos autos e outros que fizerem necessários. Neste caso, por concordar com os argumentos explicitados por aquela relator e, visando dar o mesmo tratando processual, adoto as razões do citado Conselheiro como causa de decidir o presente processo, a saber: Como questão preliminar, cabe examinar a exigência de retificação da DCTF correspondente, como condição para repetição do indébito, consoante acentuado pela decisão recorrida. A tese defendida pelo colegiado a quo é que o impedimento à alteração do valor declarado a título de Cofins, dezembro/1999, obstaria o direito à restituição do montante pago indevidamente, mesmo que não ocorrida a decadência desse direito, nos termos do art. 165, I do Código Tributário Nacional, por entender que o crédito tributário já se encontrava formalmente homologado e definitivamente extinto perante a Fazenda Nacional. Todavia, ainda que o art. 150, § 4º do CTN disponha que a fluência do prazo de 05 (cinco) anos corporifica homologação tácita e transmuta o lançamento e respectivo pagamento em causa de extinção do crédito tributário, não se pode olvidar que o mencionado art. 165, I do mesmo diploma legal também garante o direito, independente de prévio protesto, à restituição do tributo pago em quantia maior que a devida, desde que observada a temporalidade do requerimento próprio (art. 168), o que se verificou nesse processo. Nestes autos, o decurso do prazo veda a constituição de crédito tributário complementar àquele declarado pelo sujeito passivo (art. 150, § 4º), entretanto, não obstaculiza a devolução do indébito, ao passo que feito o pedido dentro do prazo de 05 (cinco) anos do recolhimento(arts. 165, I e 168), mormente na situação sub examine, Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 6 5 onde a quantia indevida corresponde justamente ao pagamento feito a destempo, acrescido de multa e juros de mora. Demais disso, esquadrinhando a IN SRF 600/05, vigente por ocasião da transmissão da PERDCOMP, não se localiza qualquer imposição de retificação da DCTF como requisito para processamento do pedido de restituição aviado, salvo na hipótese de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI (Leis nº 9.363/96 e 10.276/01), segundo o art. 16, § 5º, II do ato normativo. Portanto, mostrase improcedente a questão vestibular erigida pela decisão recorrida como fundamento à denegação do recurso. Tocante ao mérito, observase que o motivo inicial à não homologação da compensação realizada se lastreou em uma suposta utilização do direito creditório para “quitação” de outros tributos, de forma tal que não haveria saldo disponível para a compensação realizada. Notase, também, que a Administração Tributária em momento algum contestou diretamente a existência do crédito vindicado, mas sim sua utilização em outra finalidade. Em outra linha argumentativa exposta na decisão de primeira instância, o acolhimento da manifestação de inconformidade, em situações como estas, exigiria a demonstração documental das razões arroladas pelo recorrente, o que não se verificou. Nesse passo, é certo que na primeira oportunidade processual o recorrente não produziu a prova necessária, limitandose a anexar cópias de declarações, que, por si só, assim como sua ausência não serve de causa ao indeferimento de restituição, também não é suficiente ao seu deferimento. Contudo, em recurso voluntário, o contribuinte trouxe demonstrativo de apuração e balancetes, o que, a meu sentir, consubstancia um início razoável de prova a justificar o retorno dos autos à DRF de jurisdição para exame das alegações do recorrente a respeito do direito invocado (pagamento indevido de Cofins ante à inconstitucionalidade do conceito de faturamento veiculado pela Lei nº 9.718/98, decidida em repercussão geral no RE 585.235QO, de 10/09/2008). Poderseia, em princípio, indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, contudo,não se nega que o despacho decisório contestado é fruto de verificações automáticas de sistema, realizadas a partir de declarações prestadas pelo contribuinte, sem qualquer participação das autoridades administrativas, que sequer assinam o despacho decisório, eis que validado por meio de chancela eletrônica. Não se deseja, aqui, ser refratário à modernidade ou às inovações tecnológicas, porém, não se pode perder de vista os princípios norteadores do processo administrativo fiscal, valendo registrar que esta Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem orientado sua jurisprudência no sentido que em situações como a deste processo, onde há um início razoável de prova, composto por documentos outros que não apenas declarações ou Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo debates eminentemente retóricos, deve o julgamento ser convertido em diligência para análise da procedência do direito invocado. Demais disso, ao fato constitutivo do direito ao crédito tributário posto pela Administração tributária – vinculação do direito de crédito a outro débito de titularidade do sujeito passivo –, contrapõe o recorrente um fato modificativo desse mesmo direito – a existência de pagamento a maior e o pedido tempestivo de sua restituição, acompanhado de início de prova –, o que milita em favor da verificação de procedência dessa alegação. Assim, considerando que o processo não se encontra em condições de julgamento, proponho sua conversão em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, ∙ Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10880.925701/200995 Resolução nº 3302000.869 S3C3T2 Fl. 8 7 Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 171DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.725225/2017-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ARTIGO 135, III, DO CTN. PRÁTICA DE ILÍCITO. PARTICIPAÇÃO DOS ADMINISTRADORES.
Tendo a CSRF decidido que houve a prática de um ilícito por parte da pessoa jurídica (o que levou à qualificação da multa), e tendo a autoridade autuante consignado que os sócios administradores participaram direta e ativamente das operações, deliberando e aprovando todas as operações societárias que levaram à criação e amortização do ágio julgado fictício, estão preenchidos os requisitos para a aplicação da responsabilidade tributária prevista no artigo 135, inciso III, do CTN.
Numero da decisão: 1401-002.953
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos apontados como responsáveis solidários.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Sergio Abelson (suplente convocado), Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza e Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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V. D. IMPORTADORA E DISTRIBUIDORA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ARTIGO 135, III, DO CTN. PRÁTICA DE ILÍCITO. PARTICIPAÇÃO DOS ADMINISTRADORES. Tendo a CSRF decidido que houve a prática de um ilícito por parte da pessoa jurídica (o que levou à qualificação da multa), e tendo a autoridade autuante consignado que os sócios administradores participaram direta e ativamente das operações, deliberando e aprovando todas as operações societárias que levaram à criação e amortização do ágio julgado fictício, estão preenchidos os requisitos para a aplicação da responsabilidade tributária prevista no artigo 135, inciso III, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos apontados como responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 52 25 /2 01 7- 96 Fl. 2333DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Sergio Abelson (suplente convocado), Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza e Gonçalves (Presidente). Relatório Tratase de retorno dos autos determinado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF a fim de que seja analisada a responsabilidade tributária atribuída aos sócios administradores da empresa autuada. O lançamento fiscal, consoante o exposto no Termo de Verificação e Encerramento de ação Fiscal (fls. 905935) decorre da glosa das despesas com a amortização de ágio reputado fictício, com reflexos na apuração do IRPJ e da CSLL devidos pelo contribuinte. As infrações foram apenadas com a multa qualificada (150%) e os sócios administradores Orlando von der Osten e Marise Osório von der Osten foram indicados como responsáveis tributários. O relatório do acórdão nº 1102001.080, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF em 9 de abril de 2014, assim resume as razões para a autuação: De acordo com o relato fiscal, no curto espaço de dez dias, entre 20 e 29 de dezembro/2004, os sócios/quotistas da fiscalizada, utilizando duas razões sociais inativas controladas pelos mesmos, simularam atos societários que originaram o ágio fictício combatido no procedimento fiscal. As pessoas jurídicas utilizadas, a cronologia dos eventos e os instrumentos que resultaram na sonegação de tributos federais entre os anos calendário 2005 a 2009 são descritos em minúcias ao longo do relatório. Em apertada síntese: Até 29/11/2004, Orlando von der Osten e sua esposa Marise Osório von der Osten eram únicos quotistas das seguintes pessoas jurídicas: OVD Importadora e Distribuidora Ltda. (OVD, ou recorrente), Osten Ferragens Ltda., e Dismatal Distribuidora Ltda. A OVD Importadora e Distribuidora é empresa criada em 1968 e que concentra as atividades comerciais do grupo econômico. Em 29/11/2004, através da 41ª Alteração Contratual, o casal von der Osten transfere uma pequena parcela dos R$ 11.694.000,00 relativos às quotas sociais que então detinham na fiscalizada para os seus três filhos. Em 20/12/2004, todas as quotas sociais, com exceção de 5 quotas individualmente mantidas em nome das pessoas físicas, foram transferidas para a Osten Ferragens Ltda., empresa Fl. 2334DF CARF MF Processo nº 10980.725225/201796 Acórdão n.º 1401002.953 S1C4T1 Fl. 2.334 3 criada em 2001, com capital de R$ 1.000,00, e que se declarava inativa desde a sua constituição. Com isto, a Osten Ferragens constituiuse em controladora da OVD. A 42ª Alteração Contratual da OVD, datada de 20/12/2004, reflete esta nova situação. A Dismatal Distribuidora Ltda. foi a empresa veículo do ágio simuladamente criado. Igualmente criada em 2001, com capital de R$ 1.000,00, também se declarava inativa desde a sua constituição. Em 23/12/2004, as quotas detidas pela Osten Ferragens na OVD foram transferidas para a Dismatal, cujo capital social foi então aumentado de R$ 1.000,00 para R$ 134.581.875,00. O valor atribuído às quotas entregues em aumento de capital leva em conta o valor econômico da OVD, apurado em laudo de avaliação de empresa especializada, elaborado com base na rentabilidade futura, e datado de 16/12/2004. A 43ª Alteração Contratual da OVD, datada de 23/12/2004, reflete esta nova situação. Em 28/12/2004, é elaborado o laudo de avaliação do acervo líquido da Dismatal, a valores contábeis de 27/12/2004, por empresa especializada, para fins de incorporação desta pela OVD. Na mesma data, é firmado também o Protocolo e Justificativa de Incorporação da Dismatal pela OVD. A incorporação é efetivada, e a 44ª Alteração Contratual da OVD, datada de 29/12/2004, reflete a nova situação. Com a incorporação da Dismatal pela OVD, o ágio passa a integrar a contabilidade da OVD, iniciandose a sua amortização a partir de 2005. De se registrar que o ano de 2005 não foi lançado de ofício pela fiscalização, em face da decadência do direito de o fisco constituir o crédito tributário relativo a esse ano. O acórdão nº 1102001.080 deu parcial provimento aos recursos, para desqualificar a multa de ofício, reconhecer a decadência com relação ao anocalendário de 2006 e afastar a responsabilidade dos sócios Orlando von der Osten e Marise Osório von der Osten, tendo recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009 NULIDADE DE DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não havendo inovação por parte da decisão de primeira instância, e encontrandose ela devida e suficientemente fundamentada, inexiste nulidade apenas pelo fato de não terem sido rebatidos, um a um, todos os argumentos de direito apresentados. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2335DF CARF MF 4 Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009 INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE AÇÕES. SIMULAÇÃO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos econômicos efetivamente existentes. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, sem qualquer desembolso e com a utilização de empresa inativa ou de curta duração (sociedade veículo) constitui prova da artificialidade do ágio e torna inválida sua amortização, sem que seja necessário demandar a nulidade das operações societárias praticadas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009 FATOS COM REPERCUSSÃO EM PERÍODOS FUTUROS. DECADÊNCIA. PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA. É legítimo o exame, pelo fisco, de fatos ocorridos há mais de cinco anos do procedimento fiscal, para deles extrair a repercussão tributária em períodos ainda não atingidos pela caducidade. A restrição decadencial, no caso, volta se apenas à impossibilidade de lançamento de crédito tributário no período em que se deu o fato. SIMULAÇÃO POR VÍCIO DE CAUSA. MULTA QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. Na simulação por vício de causa, inexiste o falseamento ou a manipulação de aspectos relevantes dos negócios jurídicos. As partes deixam às claras as formas jurídicas empregadas. É incabível a qualificação da multa aplicada porque não se concretizam condutas como a sonegação ou a fraude penais. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. INOCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. REGRA DO ART. 150, §4o, DO CTN. O art. 62A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No presente caso, firmandose o entendimento de inocorrência de dolo, e tendo ficado assentado na discussão a existência de pagamento antecipado, aplicase a regra decadencial do art. 150, §4o, do CTN, contando se o prazo fatal de cinco anos a partir do fato gerador. Assim, para o ano de 2006, com fato gerador em 31/12/2006, está decaído o lançamento cientificado apenas em 4/10/2012. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE DOLO. IMPOSSIBILIDADE. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou Fl. 2336DF CARF MF Processo nº 10980.725225/201796 Acórdão n.º 1401002.953 S1C4T1 Fl. 2.335 5 representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Nesse sentido, afastada a qualificação da penalidade sob o argumento de inexistência de dolo, perde se o fundamento da acusação de prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, devendose afastar a imputação de responsabilidade solidária aos sócios. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFICIO. É legítima a incidência de juros de mora, à taxa Selic, sobre o valor da multa de ofício proporcional, não paga no seu vencimento. Por sua vez, a CSRF restabeleceu a qualificação da multa de ofício e afastou a decadência relativamente ao anocalendário de 2006. Especificamente, quanto à responsabilidade, o voto vencedor na CSRF assim consignou: No caso, a Turma a quo julgou prejudicada a análise da participação individual de cada uma das pessoas físicas no cometimento de algum ilícito que ensejasse a responsabilidade tributária nos termos da lei, justamente por compreender inexistir dolo que justificasse a qualificação da multa. Ou seja, tendo em vista o julgamento de questão prejudicial, não se fez necessário ao Colegiado deliberar quanto à presença dos específicos elementos caracterizadores da responsabilidade tributária de cada uma das pessoas relacionadas nos autos. Com a decisão deste Colegiado desta CSRF quanto à caracterização do elemento doloso para a qualificação da multa, passa a ser necessário verificar a legalidade da responsabilidade tributária atribuída a cada um dos indivíduos. Compreendo não ser possível atribuir a responsabilidade tributária como decorrência imediata do restabelecimento da qualificação da multa (por atração). Ocorre que, em matéria de responsabilidade tributária, é necessário aferir a participação individual de cada uma dessas pessoas físicas na prática dos atos que ensejam a referida imputação, nos estritos termos e conforme os requisitos estabelecidos pelo Código Tributário Nacional e demais leis de regência. A referida aferição fática, contudo, não pode ser realizada de forma inaugural por esta Turma da CSRF, sob pena de supressão de instância e prejuízo ao contraditório e à ampla defesa que regem o processo tributário. É preciso que a questão seja decidida por acórdão fundamentado da Turma Ordinária do CARF. Caso tal decisão divirja de outra enunciada por Turma diversa deste Tribunal, assegurase o direito da parte à interposição de recurso especial devidamente fundamentado, bem como o direito à apresentação de contrarrazões à outra parte. Portanto, quanto a este tema, voto para seja dado provimento apenas parcial ao recurso, de forma que os presentes autos retornem à Turma a quo para a análise da caracterização dos Fl. 2337DF CARF MF 6 requisitos necessários para a responsabilidade de cada uma das pessoas relacionadas. Recebi o processo em distribuição realizada em 25 de julho de 2018. Voto Conselheira Relatora Livia De Carli Germano Conforme relatado, a análise pelo presente colegiado cingese à responsabilidade tributária atribuída aos sócios administradores da empresa autuada, considerando a manutenção do auto de infração e da multa qualificada. Sobre a responsabilidade assim registrou o Termo de Encerramento da Ação Fiscal (fls. 929930): Fl. 2338DF CARF MF Processo nº 10980.725225/201796 Acórdão n.º 1401002.953 S1C4T1 Fl. 2.336 7 Em síntese, a autoridade lançadora atribuiu responsabilidade aos sócios porque eles participaram direta e ativamente das operações tidas como simuladas, deliberando e aprovando todas as operações societárias que levaram à criação e amortização do ágio julgado fictício, sendo assim "inquestionável o interesse comum". Notase que a autoridade autuante, talvez propositalmente, mescla as hipóteses dos artigos 124, I e 135, III, do CTN, não tendo decidido pela aplicação de apenas uma delas. Além disso, menciona artigo do Código Civil, diploma inaplicável ao caso na medida em que a legislação tributária traz regulamentação especifica sobre a matéria. Necessário se faz uma digressão sobre as hipóteses de responsabilidade previstas no Código Tributário Nacional CTN. Inserido no Título III ("Da obrigação tributária") temos o Capítulo IV, dedicado ao "Sujeito Passivo". Este capítulo tem início com o artigo 121 do CTN, o qual define o sujeito passivo da obrigação principal como pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e, em seu parágrafo único, esclarece que existem dois tipos de sujeito passivo: Art. 121 Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Fl. 2339DF CARF MF 8 Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (grifamos) Como assenta a doutrina, "Qualquer pessoa colocada por lei na qualidade de devedora da prestação tributária, será sujeito passivo, pouco importando o nome que lhe seja atribuído ou a sua situação de contribuinte ou responsável" (Bernardo Ribeiro de Moraes, in "Compêndio de Direito Tributário", 2º Volume, 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2002, pág. 279). Assim, o contribuinte (também denominado, na doutrina, de sujeito passivo direto, devedor direto ou destinatário legal tributário) tem relação causal, direta e pessoal com o pressuposto de fato que origina a obrigação tributária (artigo 121, I, do CTN). Já no caso do responsável tributário (por alguns chamado sujeito passivo indireto ou devedor indireto), não necessariamente há tal liame direto e pessoal com o fato jurídico tributário, decorrendo o dever jurídico de previsão legal (artigo 121, II, do CTN). Ainda no Capítulo IV, portanto tratando do sujeito passivo (que como vimos pode ser contribuinte ou responsável) temos a previsão constante do artigo 124, I, que prevê como solidariamente obrigadas “as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal” e o artigo 124, II, estabelecendo solidariedade entre "as pessoas expressamente designadas por lei". Mais adiante, o Capítulo V vai tratar especificamente da "Responsabilidade Tributária", iniciando com a previsão do artigo 128: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Seguemse então disposições legais específicas tratando da Responsabilidade de Sucessores (Seção II) e da Responsabilidade de Terceiros (Seção III), estando o artigo 135 nesta última. Pois bem. Quanto ao artigo 124, I, tratase de solidariedade que pode atingir seja o contribuinte (pessoa que tem relação com o fato gerador) seja o responsável (pessoa assim indicada por lei), a depender da configuração do "interesse comum" (e, no caso do responsável, da pressuposta previsão legal que o indique como tal). Existe um certo consenso de que o “interesse comum” referido no dispositivo deve ser jurídico e não meramente econômico. O alcance de tal interesse jurídico é que causa maiores discussões. É amplamente aceito que o artigo 124, I, do CTN se aplica a situações em que as pessoas compõem o mesmo pólo da relação jurídica. Assim, Sacha Calmon Navarro Fl. 2340DF CARF MF Processo nº 10980.725225/201796 Acórdão n.º 1401002.953 S1C4T1 Fl. 2.337 9 Coelho observa: “... o inciso I noticia a solidariedade natural. É o caso de dois irmãos que são coproprietários pro indiviso de um trato de terra. Todos são, naturalmente, codevedores solidários do imposto territorial rural (ITR).” (“Curso de Direito Tributário Brasileiro”. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 594). No mesmo sentido, Paulo de Barros Carvalho: "... o interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo da solidariedade. Em nenhuma dessas circunstâncias cogitou o legislador desse elo que aproxima os participantes do fato, o que ratifica a precariedade do método preconizado pelo inc. I do art 124 do Código. Vale sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributado, como, por exemplo, na incidência do IPTU, em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo imóvel. Tratandose, porém, de ocorrências em que o fato se consubstancie pela presença de pessoas em posições contrapostas, com objetivos antagônicos, a solidariedade vai instalarse entre sujeitos que estiveram no mesmo pólo da relação, se e somente se for esse o lado escolhido pela lei para receber o impacto jurídico da exação. É o que se dá no imposto de transmissão de imóveis, quando dois ou mais são os compradores; no ICMS, sempre que dois ou mais forem os comerciantes vendedores; no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador." ("Curso de Direito Tributário", 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 1996, p. 220). Nesse passo, o STJ tem decidido que tal interesse comum pode ocorrer "no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador" (AgRg no Ag 1.288.247∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 03∕11∕2010; AgRg no Ag 1.055.860∕RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 26∕03∕2009; REsp 884.845∕SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 05∕02∕2009, DJe 18∕02∕2009, REsp 1.001.450∕RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 27.3.2008). Também se reconhece que o mero fato de pessoas integrarem o mesmo grupo econômico não é suficiente para a responsabilização solidária "1. O entendimento prevalente no âmbito das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte é no sentido de que o fato de haver pessoas jurídicas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do CTN. (...)" (Superior Tribunal de Justiça, EREsp 834.044∕RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 8.9.2010, DJe 29.9.2010.) É que integrar o grupo pode significar interesse (econômico) meramente indireto na realização do fato gerador (ou seja, interesse na participação nos respectivos resultados), mas não necessariamente interesse direto ou realização conjunta de tal situação. Assim, para que se configure o interesse jurídico comum é necessária a presença de tal interesse direto, imediato, no fato gerador, que acontece quando as pessoas atuam em comum na situação que constitui o fato imponível, ou seja, quando participam em conjunto da prática da hipótese de incidência. Esta participação comum na realização da hipótese de incidência pode ocorrer de forma direta, quando as pessoas efetivamente praticam em conjunto o fato gerador (duas pessoas praticando o mesmo ato, cada uma atuando em nome próprio), ou indireta, em caso de confusão patrimonial e/ou quando se beneficiam do fato gerador em razão de sonegação, fraude ou conluio (neste caso, vale ressaltar, é necessário que o fisco prove tanto a sonegação, a fraude e/ou o conluio quanto o recebimento do benefício por parte da pessoa física, não podendo este ser presumido apenas por se tratar de sócio e/ou de administrador da empresa autuada). Fl. 2341DF CARF MF 10 Nesses termos, Kiyoshi Harada, fazendo referência a trecho de obra de Carlos Jorge Sampaio Costa: "Ensina Carlos Jorge Sampaio Costa: ... a solidariedade dos membros de um mesmo grupo econômico está condicionada a que fique devidamente comprovado: a) o interesse imediato e comum de seus membros nos resultados decorrentes do fato gerador; e∕ou b) fraude ou conluio entre os componentes do grupo. Há interesse comum imediato em decorrência do resultado do fato gerador quando mais de uma pessoa se beneficiam diretamente com sua ocorrência. Por exemplo, a afixação de cartazes de propaganda de empresa distribuidora de derivados de petróleo em postos de gasolina é, geralmente, um fato gerador de taxa municipal cuja ocorrência interessa não somente à empresa distribuidora, beneficiária direta da propaganda, como também ao posto de gasolina, que é solidário com aquela no pagamento da taxa. (...) Na fraude ou conluio, o interesse comum se evidencia pelo próprio ajuste entre as partes, almejando a sonegação. A solidariedade passiva no pagamento de tributos por aqueles que agiram fraudulentamente é pacífica. (...) (Solidariedade passiva e o interesse comum no fato gerador, Revista de Direito Tributário, Ano II, nº 4. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1978, p. 304)" (Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador, Disponível em http://www.investidura.com.br/ufsc/109 direitotributario/3454responsabilidadetributariasolidariaporinteressecomum nasituacaoqueconstituaofatogerador.html, acesso em 20.10.2016) No mesmo sentido, Marcus Vinicius Neder: Por sua vez, o artigo 135, III, do CTN, responsabiliza pessoalmente os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Assim, tratase de responsabilidade tributária que ocorrerá caso a pessoa que representa a pessoa jurídica (ou "presenta", para Pontes de Miranda) atue para além de suas atribuições legais ou contratuais/estatutárias. No caso, os sócios não praticaram o fato gerador em conjunto com a empresa autuada os atos foram praticados exclusivamente pela pessoa jurídica e os sócios Fl. 2342DF CARF MF Processo nº 10980.725225/201796 Acórdão n.º 1401002.953 S1C4T1 Fl. 2.338 11 administradores, no máximo, a representaram de maneira que não se pode falar em interesse comum direto. Assim, para decidir se há responsabilidade dos sócios administradores em questão é necessário verificar se houve (i) sonegação, fraude ou conluio capaz de caracterizar o "interesse comum" indireto previsto no art. 124, I, do CTN, ou (ii) excesso de poderes ou infração de lei ou contrato social capaz de configurar a hipótese do art. 135, III, do CTN. No caso, restou decidido no acórdão da CSRF que o ágio foi criado de forma artificial, simulada. Destaquese que não se falou especificamente em sonegação, fraude, conluio, mas de simulação. A ementa do julgado deixa isso claro e o trecho a seguir bem resume a decisão (fl. 2.321): Por força de tudo o que acima foi dito, inevitável se torna a qualificação da multa de ofício aplicada, conforme reiteradamente consta da acusação fiscal, calcada em simulação dos aos em questão. É que não sendo aquela grandeza criada artificialmente, a que se pretendeu dar a aparência de ágio, um efetivo ágio, mas um simples artifício contábil, uma prosaica ficção, não há que se falar, no caso, em “critérios de interpretação”, em “equívoco na aplicação da lei” ou, ainda, em “fundadas dúvidas quanto à legitimidade de seu aproveitamento”, mas em pura e simples simulação de ágio, que, na realidade, nunca existiu. Em outras palavras, tivesse havido ágio, o qual, por um ou por outro motivo, não pudesse ser tributariamente admitido, não seria cabível a qualificação da multa de ofício. Do mesmo modo, tivesse havido ágio, estarseia diante do “vício de causa” — como defendido pelo contribuinte e pela decisão recorrida —, e não do “vício da vontade”, o qual, nos parece, restou efetivamente constatado neste caso. Ainda, prova cabal de que o contribuinte, e o Grupo Econômico a que pertence, teriam praticado ação dolosa é o fato de nenhuma alteração concreta ter ocorrido em seu controle societário, após encerrada a tão prefalada “reestruturação societária”. Ou seja, consumiuse tempo, papel e dinheiro em diversas operações intragrupo absolutamente inúteis, para, ao final, permanecer tudo como dantes — mesmo controlador e mesma controlada —, com a única inovação, evidentemente, da criação de um grandeza artificial, a que se pretendeu dar a aparência de ágio. Em meus votos tenho ressaltado a diferença entre, de um lado, sonegação, fraude ou conluio e, de outro, a simulação, por entender que, no caso desta última, não há dolo, eis que a simulação não é um ilícito (exs. acórdãos 9101002.189, 1401002.077, 1401 002.078, 1401001.819). Assim, se a questão estivesse sendo analisada de maneira inaugural por esta relatora, a conclusão deste voto seria pela inexistência de ilícito no caso concreto. Fl. 2343DF CARF MF 12 Não obstante, a presença de dolo é premissa deste julgado, já que a matéria foi assim decidida pela CSRF e portanto tal análise no âmbito administrativo se exauriu. É dizer, no presente voto esta relatora está vinculada a considerar que houve dolo e que o caso é de sonegação, fraude ou conluio. Até porque, a CSRF manteve a qualificação da multa prevista no artigo 44 da Lei 9.430/1996, a qual é aplicável nas hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/1964, que são exatamente a sonegação, a fraude e o conluio. Tendo tais premissas em mente, a conclusão necessária a que se chega é que restou caracterizada a hipótese de responsabilidade tributária no caso em questão. Não a do artigo 124, I, do CTN, na medida em que, muito embora seja vinculante considerar que houve a prática de sonegação, fraude ou conluio, não há alegação de confusão patrimonial nem prova de que os responsáveis receberam algum benefício, não podendo este ser presumido apenas por se tratar de sócio e/ou de administrador da empresa autuada, como já se observou. Não obstante, fato é que, nos termos decididos pela CSRF, houve a prática de um ilícito por parte da pessoa jurídica (o que levou à qualificação da multa), sendo que, conforme observou a autoridade autuante, os sócios administradores participaram direta e ativamente das operações, deliberando e aprovando todas as operações societárias que levaram à criação e amortização do ágio julgado fictício, sendo tal hipótese prevista no artigo 135, III, do CTN como caracterizadora da responsabilidade tributária. Assim, esta relatora se vê vinculada a entender que restou caracterizada a responsabilidade tributária os termos do artigo 135, III, do CTN. Dispositivo Ante o exposto, oriento meu voto para negar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 2344DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.653322/2016-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR).
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL.
A fase agrícola do processo produtivo de cana-de-açúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF.
CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento.
SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL.
O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de cana-de-açúcar e álcool.
NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO.
É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA.
Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não-cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA.
Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Numero da decisão: 3201-004.219
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I - Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("big-bag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD - Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II - Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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INSUMO Recorrente RAIZEN ENERGIA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. AGROINDÚSTRIA. PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E DE ÁLCOOL. A fase agrícola do processo produtivo de canadeaçúcar que produz o açúcar e álcool (etanol) também pode ser levada em consideração para fins de apuração de créditos para a Contribuição em destaque. Precedentes deste CARF. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADEAÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. SERVIÇO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. PRODUÇÃO DE CANA DEAÇÚCAR E ÁLCOOL. O tratamento de resíduos é necessário para evitar danos ambientais decorrentes da colheita e da etapa industrial de produção de canadeaçúcar e álcool. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 33 22 /2 01 6- 17 Fl. 594DF CARF MF 2 NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CAPATAZIA. Os serviços de capatazia e estivas geram créditos de PIS, no regime não cumulativo, como serviços de logística, respeitados os demais requisitos da Lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido o pedido de perícia/diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. A conselheira Tatiana Josefovicz Belisario acompanhou o relator, no ponto, pelas conclusões e ficou de apresentar declaração de voto. E, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: I Por unanimidade de votos: a) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (1) embalagens de transporte ("bigbag"); (2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (5) itens diversos não identificados na EFD Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; b) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, II Por maioria de votos, reverter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (relator) e Leonardo Correia Lima Macedo que, no ponto, negavam provimento ao Recurso Voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator (assinado digitalmente) Fl. 595DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 3 3 Marcelo Giovani Vieira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido eletrônico de ressarcimento de créditos oriundos do PIS, apurado no 3º trimestre de 2013. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Trata o presente Processo Administrativo Fiscal da análise do crédito demonstrado no PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito nº 01718.31630.220114.1.1.100935 referente a PIS/PASEP Não Cumulativo Mercado Interno, 3º Trimestre de 2013, transmitido em 22/01/2014. Cabe observar que tal PER/DCOMP com Demonstrativo de Crédito possui Declarações de Compensação (DCOMP) a ele vinculadas. Anteriormente a essa ação em curso, foi realizada neste interessado a ação fiscal comandada pelo Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal TDPF n° 0816500.2015.01044, concluída em 04/11/2016 pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Carlos Alberto de Toledo da DRF/Jundiaí, com emissão de Autos de Infração lançando contribuições devidas de PIS e COFINS não cumulativos, gerando o Processo Administrativo Fiscal nº 19311.720238/201645, impugnado pelo interessado e já julgado por esta 16ª Turma de Julgamento na qual foi proferido o Acórdão nº 1293.315 em 30 de outubro de 2017 por esta Turma de Julgamento. Naquele processo, em procedimento de fiscalização, a DRF/Jundiaí não aceitou, na apuração da empresa, a tomada de crédito sobre diversos gastos que entende não serem passíveis de creditamento. O entendimento da DRF/Jundiaí resultou em glosas nos créditos, que resultaram menores que os calculados e informados pela empresa em seus DACON e EFD Contribuições. Então, ainda naquele procedimento de fiscalização executado pela DRF/Jundiaí, os créditos reapurados de ofício após as glosas sofridas foram rateados conforme as suas formas passíveis de utilização. As parcelas desses créditos passíveis de serem utilizados somente para deduções das contribuições, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita Tributada no Mercado Interno” e os “Créditos Presumidos da Agroindústria” foram utilizados para a dedução do valor das Contribuições Apuradas pelo interessado, resultando, para maioria dos meses, em Fl. 596DF CARF MF 4 Contribuições a Pagar lançadas em Autos de Infração de PIS e COFINS com multa e juros. Já as parcelas desses mesmos créditos, reapurados de ofício pela DRF/Jundiaí, que são passíveis de ressarcimento/compensação, ou seja, os “Créditos Vinculados à Receita de Exportação” e os “Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, tiveram apenas os seus valores indicados para serem utilizados em procedimentos específicos de análise de PER/DCOMP por parte da DRF/Bauru. Está informado no item 10.1 do Termo de Verificação Fiscal dos Autos de Infração da DRF/Jundiaí, sob o TDPF n° 0816500.2015.01044 : "10.1 Os Pedidos de Ressarcimento do PIS e da Cofins e as Declarações de Compensação (PER/Dcomp) apresentados pelo contribuinte, relativos aos períodos fiscalizados, serão analisados em procedimento específico, a ser realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Bauru SP. " Neste presente processo é tratado o procedimento específico de análise do pedido de ressarcimento/compensação de créditos de PIS/PASEP vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno do 2º Trimestre de 2013. No procedimento deste presente processo, e nos demais procedimentos conexos, a DRF/Bauru subtraiu do pedido de ressarcimento/compensação do interessado, os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí. Os valores de glosa determinados pela DRF/Jundiaí são os valores das “Glosas de Créditos Vinculados à Receita Não Tributada no Mercado Interno”, detalhadas mensalmente em linhas da planilha denominada “Demonstrativo Anexo ao Termo de Verifical Fiscal” às fls 906 a 925 do processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645, originado a partir da sua já citada ação fiscal comandada pelo TDPF n° 0816500.2015.01044. Assim, para esse período e tipo de crédito, do Valor de Crédito Pedido pelo interessado de R$ 894.706,30, a DRF/Bauru subtraiu o valor de glosa determinado pela DRF/Jundiaí no valor de R$ 587.456,11 e chegou ao Valor de Crédito Cofirmado no valor de R$ 307.250,19. O interessado se insurge através de Manifestação de Inconformidade, tempestiva, na qual pede o julgamento em conjunto desta Manifestação de Inconformidade com outras defesas apresentadas em Processos Administrativos conexos, oriundos do mesmo “TDPF” nº 0816500.2015.01044, manejado pela Fiscalização da DRF/Jundiaí, eis que conexos, uma vez que possuem idênticos: (i) quadro fático e discussão de direito (similitude de objetos creditórios / conceito de insumos para crédito de “PIS” e “COFINS” / depreciação de ativo imobilizado), e (ii) pedido e causa de pedir, apenas diferenciandose com relação aos trimestres dos anoscalendário de 2012 e 2013 e alternando as referidas Contribuições Sociais. Fl. 597DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 4 5 (omissis) Dessa forma, com base nos artigos 55, parágrafos 1º e 3º, 56 e 58, do Código de Processo Civil, e supedâneo no artigo 15, do mesmo Código e com o objetivo de evitar decisões conflitantes, bem como facilitar o trâmite processual e organização do julgamento desta “DRJ”, requer o processamento e julgamento da presente Manifestação de Inconformidade com as defesas dos demais Processos Administrativos acima indicados. O interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também apresenta síntese dos fatos. Reafirma que o presente processo que trata da negativa de reconhecimento integral do direito creditório que pleiteia decorre do resultado da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. E que o próprio Termo de Verificação Fiscal – “TVF” do Despacho Decisório deste período, emitido pela DRF/Bauru, adota os termos e os montantes deferidos e indeferidos indicados no Termo de Verificação Fiscal da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí. Entretanto, o interessado, em sua Manifestação de Inconformidade, também alega que haveria diversas diferenças técnicas entre o procedimento de lançamento e constituição do crédito tributário por meio de Auto de Infração, como executado pela DRF/Jundiaí, e os procedimentos de cobrança de valores devidos decorrente das não homologações de Pedidos de Ressarcimento/Compensação, executados pela DRF/Bauru. E, mais adiante, em sua Manifestação de Inconformidade, o interessado repete as alegações de preliminar e de mérito que trouxe aos autos da já citada ação fiscal realizada pela DRF/Jundiaí, sob o processo administrativo fiscal nº 19311.720238/201645 e requer a homologação integral do direito creditório originalmente pleiteado. A 16ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/RJO n.º 1293.794, de 22/11//2017 (fls. 398 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013 JULGAMENTO EM CONJUNTO Devem ser julgados em conjunto processos conexos que possuem idênticos quadro fático e discussão de direito, e pedido e causa de pedir. APURAÇÃO DE CRÉDITO NÃO CUMULATIVO. GLOSAS. MATÉRIA JÁ APRECIADA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO. Fl. 598DF CARF MF 6 Incabível nova apreciação de matéria já analisada em processo administrativo diverso, relativo aos mesmos fatos, ao mesmo período de apuração e ao mesmo tributo. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 477 e ss., por meio do qual repete, basicamente, os mesmos argumentos já delineados em sua manifestação de inconformidade. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou vários pedidos de ressarcimento e, após analisálos, a unidade de origem promoveu lançamento do PIS/Cofins devidos nos períodos de apuração de 01/2012 a 12/2013 (processo administrativo nº 19311.720238/201645, ora também examinado), em face da escrituração de créditos indevidamente descontados na apuração. Deferido em parte o crédito e interposta manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua parcialmente procedente, daí a interposição do recurso voluntário. Em síntese, a Recorrente, grosso modo, repete, no recurso voluntário, os mesmos argumentos já declinados na sua primeira peça de defesa. E pede o julgamento conjunto do presente processo com outros de seu interesse em que se debatem as mesmas matérias. É o que se fará nesta assentada. Preliminarmente, a Recorrente sustenta a nulidade do Despacho Decisório, ao argumento de carência de motivação e de que não haveria a necessária individualização das glosas de créditos. Não é o que se vê dos autos. No próprio Despacho Decisório, consta a orientação de que maiores informações sobre a análise dos créditos poderiam ser obtidas no sítio eletrônico da RFB: Para informações complementares da análise de crédito, detalhamento da compensação efetuada e identificação dos PER/DCOMP objeto da análise, verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço www.receita.fazenda.gov.br, menu "Onde Encontro", opção "PERDCOMP", item "PER/DCOMPDespacho Decisório". Base Legal: Lei nº 10.637, de 2002, Lei nº 10.865, de 2004, art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 1996. Art. 43 da IN RFB nº 1.300, de 2012. Fl. 599DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 5 7 Não fosse o bastante, como a própria Recorrente já indica, no bojo da mesma ação fiscal foram analisados vários outros processos de mesma natureza e efetuado um lançamento de PIS/Cofins integrado por Termo de Verificação Fiscal onde a mesma análise também foi depurada. Cabe ressaltar, ademais, que a eventual correção do Despacho Decisório (e também do lançamento) pelos órgãos que compõem o Contencioso Administrativa, mediante a reversão de créditos glosados pela fiscalização, não macula a decisão (ou mesmo o lançamento), senão que o conforma à legislação aplicável, considerada a jurisprudência administrativa e judicial. Rejeitada a preliminar de nulidade, passamos a reproduzir, pelos motivos já declinados, o nosso voto proferido no processo administrativo nº 19311.720238/201645, adotandoo, também aqui, como razão de decidir: Rejeitada a preliminar de nulidade, vemos que o litígio versa sobre o conceito de insumos para o efeito da apuração do PIS/Cofins não cumulativo, definição que, no entender do Superior Tribunal de Justiça STJ, em decisão proferida na sistemática dos recursos repetitivos (portanto, de observância aqui obrigatória, conforme art. 62 do RICARF/2015), deve atender aos critérios da essencialidade e da relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância do bem ou serviço na atividade econômica realizada pelo contribuinte (Recurso Especial nº 1.221.170/PR): TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para Fl. 600DF CARF MF 8 determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. No caso específico, a fiscalização aplicou o conceito mais restritivo ao conceito de insumos – aquele que se extrai dos atos normativos expedidos pela RFB. E aí glosou os seguintes créditos (consoante Termo de Verificação Fiscal): a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; h) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido de máquinas, equipamentos, instalações, benfeitorias e edifícios, conforme registros contábeis nas contas 1030202002 – Máquinas e Equipamentos – Depreciação Acumulada, 1030214002 – Instalações – Depreciação Acumulada, 1030206002 – Benfeitorias – Fl. 601DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 6 9 Depreciação Acumulada, 1030205002 – Edifícios – Depreciação Acumulada, e 3040699007 – Depreciações – Custo Corrigido, o que contraria a vedação expressa contida no artigo 2º, § 1º da IN SRF nº 457, de 2004; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag); j) Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria; k) Desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes; l) Desconto de crédito presumido sobre valor superior ao PIS e à Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar. Consideradas as razões que fundamentaram a impugnação, a DRJ baixou os autos em diligência, a fim de dirimir algumas dúvidas. Foram elas: I. Quanto ao item “H” – “NULIDADE PARCIAL– INEXISTÊNCIA DE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS” (fls. 981 a 988), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores. Apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. II. Quanto ao item “I” – “DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO” (fls. 1041 a 1047), considerando as alegações e documentos trazidos pela IMPUGNANTE, apresentar planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado sobre os bens citados no referido item “I”, em desacordo com a legislação de regência. Também apresentar a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “I”. III. Por fim, dar ciência do resultado da diligência acima solicitada ao interessado, para que esse, se assim desejar, se manifeste sobre esta documentação no prazo de trinta dias, retornando, então, os autos a esta DRJ/RJO para julgamento. E no Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade que a realizou prestou as seguintes informações: Quanto ao item I, esclarece a fiscalização que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins Fl. 602DF CARF MF 10 sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. No entanto, essas mesmas informações mostram que parte dos bens que serviram de base de cálculo do PIS e da Cofins e que foram classificados como máquinas e equipamentos, na verdade tratamse de outros veículos ou seus componentes, tais como tratores, dollys, transbordos, carregadeiras, carrocerias, reboques e semireboques. Sendo assim, não podem compor a base de cálculo dos créditos sobre depreciação, por falta de previsão legal. Quanto ao item II, segue anexo demonstrativo com planilha do recálculo das diferenças do PIS e da Cofins devidas, consideradas as exclusões das glosas sobre a reavaliação de ativos e levando em conta a memória de cálculo da depreciação apresentada pelo contribuinte às fls. 1453/1481 destes autos. A DRJ, então, julgou parcialmente procedente a impugnação, nos termos seguintes: Manter integralmente as glosas relacionadas ao conceito de insumo nos itens “A” a “G” do Termo de Verificação Fiscal. Afastar a glosa relacionada à reavaliação de ativos no item “H” do Termo de Verificação Fiscal. Manter parcialmente a glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (desconsiderados os valores inovados na diligência). Afastar integralmente todas as glosas efetuadas em relação aos créditos presumidos apurados pelo contribuinte nos itens “J” a “L” do Termo de Verificação Fiscal. Manter o critério adotado de não considerar o saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo. O recurso de ofício, esclareçamos melhor, teve por fundamentos as seguintes matérias, que totalizaram a exoneração de crédito em limite superior ao de alçada: a) a reversão de créditos do PIS/Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, uma vez que as informações apresentadas na impugnação, e confirmadas na diligência, comprovam que não ocorreu a reavaliação do valor dos ativos; b) a manutenção parcial da glosa relacionada aos encargos de depreciação do ativo imobilizado no item “I” do Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os novos valores de glosa apresentados após a diligência (foram desconsiderados os valores inovados na diligência, uma vez que a DRJ Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 7 11 acertadamente entendeu que tal procedimento equivaleria a alterar o lançamento originário); c) a reversão da glosa de créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica "não agroindustrial"; d) a reversão da glosa sobre crédito presumido oriundo de receita de vendas de açúcar não destinado à alimentação humana, mas à fabricação de bebidas e refrigerantes; e) a reversão sobre o desconto de crédito presumido superior ao PIS/Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar. Os motivos da exoneração de parte do crédito foram muito bem enfrentados no acórdão recorrido, razão pela qual passamos a adotálos, também aqui, como fundamento desta decisão, mas a respeito dos quais faremos, ao final de sua transcrição, importante consideração, que, como se verá, nos levarão a adotar, no ponto a ser suscitado, entendimento dele divergente (todavia, transcreveremos na íntegra o voto, apenas quanto às matérias que levaram à exoneração de parte do crédito lançado, para que aos demais integrantes da Turma seja dado pleno conhecimento das controvérsias): DAS GLOSAS SOBRE REAVALIAÇÃO DOS ATIVOS Ítem “H” do Termo de Verificação Fiscal: Sobre essa glosa que a AUTORIDADE FISCAL chamou no Termo de Verificação Fiscal de “Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre o custo corrigido”, não haviam informações suficientes para afirmar que os valores glosados eram créditos apurados e descontados pela IMPUGNANTE sobre encargos de depreciação calculados sobre a reavaliação de seus ativos. A IMPUGNANTE contestou que não reavaliou seus ativos. Então, esta 16ª Turma de Julgamento converteu o julgamento em diligência a fim de que a unidade de origem apresentasse planilhas ou memórias de cálculo acompanhados de documentos que demonstrassem que a IMPUGNANTE tenha reavaliado seus ativos e que tenha tomado crédito em relação a tais valores e apresentar também a relação desses lançamentos com totalização, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa em relação a esse item “H”. A unidade de origem lavrou Termo de Intimação Fiscal (fls. 1371 a 1374), contra a IMPUGNANTE, que atendeu e apresentou os documentos solicitados. Então, a unidade de origem, a DRF/JundiaíSP, no Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1482 a 1484), conclui e esclarece que, muito embora os registros feitos pelo contribuinte de créditos do PIS e da Cofins sobre os valores escriturados na conta contábil 3040699007 com denominação “Depreciações Custo Corrigido”, as novas informações apresentadas na impugnação Fl. 604DF CARF MF 12 comprovam que, de fato, não ocorreu reavaliação do valor dos ativos. Por esse motivo voto por afastar a glosa em relação a este item. (...) DAS GLOSAS SOBRE ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO Ítem “I” do Termo de Verificação Fiscal: Cabe analisar as glosas sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado nos valores recalculados após a diligência. A unidade de origem, glosou créditos sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag) por entender não que não estão listados nas hipóteses que a legislação permite o creditamento do PIS e da Cofins. A IMPUGNANTE contestou. Afirma que foram realizadas glosas sobre depreciação de ativos imobilizados que sequer se creditou. Como os documentos anexados aos autos não deixaram claro que essas glosas foram efetuadas apenas sobre os creditos de PIS e COFINS efetivamente apurados pela IMPUGNANTE sobre a depreciação dos seus ativos, foi determinado em resolução à unidade de origem, que essa apresentasse planilhas ou memórias de cálculo, acompanhados de documentos que demonstrem que a IMPUGNANTE tenha se creditado sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado em desacordo com a legislação de regência e também apresentasse a totalização dos valores desses lançamentos, mês a mês, de modo a ficar apurado o cálculo da glosa. De modo a atender o que lhe fora exigido por meio de Resolução desta 16ª Turma de Julgamento, a DRF/Jundiaí intimou a IMPUGNANTE a apresentar demonstrativo das bases de cálculo dos descontos de créditos do PIS e Cofins sobre o Imobilizado Então, tendo a IMPUGNANTE atendido a intimação, a AUTORIDADE FISCAL da unidade de origem substituiu a base de glosas anteriormente efetuadas pelo demonstrativo apresentado pela IMPUGNANTE na intimação fiscal. Nesse demonstrativo em forma de planilha (fl.1485), foram glosados os créditos de depreciação tomado em relação aos ítens listados como: veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag. A IMPUGNANTE afirma que em relação aos bens sobre os quais de fato tomou crédito relativos a sua depreciação, todos são essenciais ao desenvolvimento do seu processo produtivo diante da já demonstrada relevância da etapa agrícola no referido ciclo agroindustrial, e tendo em vista a disposição contida nos artigos 3º, parágrafo 1º, inciso III de ambas as Leis 10.637/02 e 10.833/03, imperativo o cancelamento dessas glosas . Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 8 13 Art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) ... § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) ... III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; A discriminação dos bens para os quais foram apurados encargos de depreciação, constante do Auto de Infração – veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containers bigbag, embora todos utilizados em algum processo da IMPUGNANTE, não são utilizados no processo industrial de fabricação de açúcar e álcool. Assim, por infringência ao dispositivo legal acima transcrito, corretas as glosas efetuadas. (...) DAS GLOSAS SOBRE CRÉDITOS PRESUMIDOS ORIUNDOS DE AQUISIÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR DE PESSOA JURÍDICA ͞”NÃO AGROINDUSTRIAL” Item “J” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme relatado, AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, ítm “J” (fl.903) glosou o “Desconto de crédito presumido sobre aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica não agroindústria”, pois segundo seu entendimento, não poderiam ter sido apurados créditos de pessoas jurídicas não agroindustriais. Foram elaboradas pela AUTORIDADE FISCAL as planilhas, “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx”, anexadas ao presente processo na forma de arquivos não pagináveis vinculados aos documentos nominados de “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas de créd. presumido 2012” e “Termo de Anexação de Arquivo Não Paginável Plan de cálculo das glosas créd. presumido 2013” (fls. 932 a 933). Fl. 606DF CARF MF 14 Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL apurou os totais mensais de PIS e Cofins apurados sobre os valores de compra de cana de açúcar da IMPUGNANTE, cujos fornecedores têm pelo menos um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial. Esses totais mensais foram levados para os “Detalhamentos das diferenças de PIS e COFINS devidas apuradas pela fiscalização” no ‘Demonstrativo anexo ao Termo de Verificação Fiscal” (fls. 906 a 925), cujos valores servem de base para os lançamentos no Auto de Infração. Da forma como essa glosa foi sucintamente descrita no Termo de Verificação Fiscal e da forma como foi apurado o cálculo dessa glosa nas planilhas “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2012.xlsx” e “Raizen glosas crédito presumido pj não agroindústria 2013.xlsx” bastou a presença de um CNAE não relacionado à atividade agroindustrial em um fornecedor de cana de açúcar para a AUTORIDADE FISCAL automaticamente considerar tal fornecedor “pessoa jurídica não agroindústria” e conseqüentemente glosar os créditos referentes às aquisições de cana de açúcar de fornecedores em tal situação. A IMPUGNANTE destaca que nada impede que as pessoas jurídicas que tenham as mais diversas atividades principais, exerçam, em caráter secundário, a atividade venda de canade açúcar caracterizandose como comercial agropecuária (ou agroindústria), permitindose tal creditamento. Conforme a Lei nº 10.925/2004, base legal citada pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e ..., destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos noinciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: ... III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) ... Cumpre ressaltar que em nenhum momento a AUTORIDADE FISCAL buscou afastar o direito ao crédito em razão de que tais operações não teriam sido relacionadas com a venda de canadeaçúcar, mas, sim, pelo simples fato de terem sido firmadas com pessoas jurídicas que não seriam agroindústrias. Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 9 15 Além de inexistente a restrição apontada pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, cabe verificar o método que adotou para tal glosa. Conforme amostragem realizada pela IMPUGNANTE as fls. 1054 e 1055 desse processo, as pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, são produtores de canadeaçúcar, conforme critério adotado AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí: possuem pelo menos um CNAE em que consta tal atividade. Pesquisas feitas por amostragem nos sistemas internos da RFB a partir da relação das pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, também apontam possuir, além do CNAE relacionado pela AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí, CNAE relacionado à atividade agroindustrial ou agropecuária. Além disso a informação que consta no CNAE não é por si só suficiente para caracterizar que a empresa não exerça atividade agropecuária. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DA GLOSA SOBRE CRÉDITO PRESUMIDO ORIUNDO DE RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR NÃO DESTINADO À ALIMENTAÇÃO HUMANA, MAS À FABRICAÇÃO DE BEBIDAS E REFRIGERANTES Item “K” do Termo de Verificação Fiscal. Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, pode ser descontado crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado diretamente à alimentação humana e é glosado, conforme descrito no item “k)” desse termo, o desconto de crédito presumido sobre o PIS e a Cofins apurados sobre a Receita de Vendas de Açucar não destinado à alimentação humana, mas sim à fabricação de bebidas e refrigerantes. O crédito presumido condicionado a venda de açúcar é calculado sobre a aquisição dos insumos, como a cana de açúcar, destinados a sua produção. No Termo de Verificação Fiscal, é citada pela AUTORIDADE FISCAL, a Lei 10.925/2004, que em seu artigo 8º, passou a permitir apuração desse crédito em relação a aquisição de insumos de pessoa física, cooperado pessoa física e de pessoas jurídicas exercendo algumas condições. A possibilidade de desconto desses créditos está de forma mais clara no artigo 5º da IN 660/2006, também citado pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal: Fl. 608DF CARF MF 16 Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Nas “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2012” e “Plan de cálc glosas cred. Presumido 2013” arquivos não pagináveis correspondentes aos seu respectivos Termos de Anexação de Arquivo Não Paginável, anexados às folhas 934 a 935 desse processo, são apresentadas as planilhas “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2012.xlsx” e “Raizen vendas açucar para ind bebidas 2013.xlsx”. Nessas planilhas, a AUTORIDADE FISCAL, ao invés de calcular crédito presumido sobre o valor da cana de açúcar utilizada como insumos na fabricação de açúcar destinado à alimentação humana ou animal, calculou crédito sobre o valor de venda do açúcar a produtores de bebidas destinadas ao consumo humano. Mas não é sobre a venda de açúcar que esse crédito é calculado, na verdade, essa operação de venda apenas condiciona a tomada do crédito sobre a operação anterior de aquisição da cana. Também foram efetuadas glosas sobre os períodos entre agosto de 2013 e dezembro de 2013, hiato no qual a IMPUGNANTE sequer registrou créditos referentes a esse crédito presumido. Conforme os já mencionados artigo 8º da Lei 10.925/2004 e artigo 5º da IN 660/2006, esse crédito presumido é decorrente das compras de cana de açúcar para a produção de açúcar destinado à alimentação humana ou animal. Da forma como foi sucintamente descrita a glosa desse crédito no Termo de Verificação Fiscal, ainda que fosse calculada corretamente sobre as compras e não sobre as vendas, como de fato aconteceu, o açúcar vendido para as indústrias de bebidas e refrigerantes é destinado à alimentação humana. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. (...) DO DESCONTO DE CRÉDITO PRESUMIDO SUPERIOR AO PIS E À COFINS APURADOS SOBRE A RECEITA DE VENDAS DE AÇÚCAR Ítem “L” do Termo de Verificação Fiscal: Conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, o aproveitamento do crédito presumido sobre as compras de cana de açúcar para a produção de açúcar está limitado ao PIS e à Cofins apurados sobre as Receitas de Vendas de Açucar destinado à alimentação humana. Nesse item “L”, a AUTORIDADE FISCAL glosou a diferença entre o que ela entendeu ser os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar menos o que ele entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 10 17 IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar a partir das informações prestadas nos Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu ser a contribuição (Pis ou Cofins) apurada pela IMPUGNANTE sobre sua receita de venda de açúcar não foi especificamente contestada pela IMPUGNANTE. As somas mensais dessa contribuição sobre a receita de venda de açúcar com as somas mensais das contribuições sobre as demais receitas (como da receita de venda de álcool, de etanol, de melaço, etc.) estão de acordo com os totais mensais das contribuições apuradas conforme fichas 15B e 25B do Dacon. O que a AUTORIDADE FISCAL entendeu serem os créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar foram os valores da linha 29 da Ficha 06A (Pis) e 16A (Cofins) do Dacon. Essa linha corresponde ao somatório dos créditos presumidos de atividades agroindustriais, incluídos os calculados sobre os insumos de origem animal, origem vegetal e os ajustes positivos e negativos de créditos. Pelas informações prestadas nos Dacons e pelos cálculos no Termo de Verificação Fiscal, a AUTORIDADE FISCAL entende como créditos presumidos apurados pela IMPUGNANTE na aquisição de cana de açúcar para a produção de açúcar os créditos presumidos calculados sobre os insumos de origem vegetal e os ajustes positivos de créditos. Entretanto, para a IMPUGNANTE os ajustes positivos de créditos correspondem aos créditos apurados sobre a venda de etanol no mercado interno, conforme expressa disposição contida no artigo 1º, da Lei n° 12.859/13, conversão da Medida Provisória n° 613/13. E, de fato, a IMPUGNANTE, coerentemente com sua impugnação, passou a apurar os créditos apurados sobre a venda de etanol e demonstrálos em seus Dacon somente a partir da publicação da referida medida provisória, em junho de 2013. No Termo de Verificação Fiscal, para fundamentar a glosa sobre o desconto de crédito presumido superior ao Pis e à Cofins apurados sobre a receita de vendas de açúcar, além de descrever os principais dispositivos legais em seu início, a AUTORIDADE FISCAL cita especificamente o trecho da ementa da Solução de Consulta nº 24, de 21 de janeiro de 2010, expedida pela Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 9ª Região Fiscal, in verbis: (...) O crédito presumido antes mencionado somente pode ser utilizado para desconto dos valores devidos a título de Cofins resultantes da comercialização das mercadorias produzidas com os produtos in natura adquiridos, não podendo ser objeto de compensação com outros tributos ou de ressarcimento. A construção dessa Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, foi feita a partir dos seguintes dispositivos legais: Lei nº 10.637/2002, art. 3o , Lei nº 10.833/2002, art. 3o; Lei nº 10.925/2004, art. 8o, caput, e §§ 1o e 4o; IN SRF nº 660/2006, Fl. 610DF CARF MF 18 art. 2o, I e IV, e § 1o; art. 3o, I, §§ 1o e 2o; art. 5o, I, “d”; e art. 6o, I. Quanto à utilização do crédito presumido pelas agroindústrias (item 16, fl.12, dessa SC), o caput do art. 8o da Lei nº 10.925, de 2004, citado tanto pela AUTORIDADE FISCAL em seu Termo de Verificação Fiscal, quanto pela citada Solução de Consulta referida acima, é claro em definir a utilização permitida para o crédito em questão: “deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração”. Tal imposição significa que do valor devido a título de PIS/Pasep e de Cofins, pela comercialização das mercadorias industrializadas com os produtos in natura adquiridos, a agroindústria poderá descontar o crédito presumido apurado. E a IN SRF nº 660, de 2004, citada no Termo de Verificação Fiscal, deixa o assunto bem evidenciado: Art.8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. [...]§3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. §4º O crédito presumido deve ser apurado de forma segregada e seu saldo deve ser controlado durante todo o período de sua utilização. Assim, de acordo com a Lei nº 10.925/04 e com a IN 660/04, o crédito presumido da agroindústria não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, pode apenas ser utilizado para dedução de cada contribuição. E caso não possa ser aproveitado para dedução de cada contribuição no período, seu saldo deve ser controlado segregadamente, até ser totalmente utilizado nos períodos seguintes. A AUTORIDADE FISCAL, diferentemente do disposto na Lei nº 10.925/04 na IN 660/04 e na Solução de Consulta nº 24/2010 da Disit da 9ª RF, para cada mês em que esse crédito presumido foi apurado em valor maior do que a contribuição apurada sobre a receita de venda de açúcar glosou a diferença a maior do valor do crédito. Esse crédito, apurado sobre a aquisição de cana de açúcar, não pode ser utilizado para compensação ou ressarcimento, mas pode ser utilizado para dedução da contribuição devida apurada em relação às mercadorias produzidas, não apenas sobre a contribuição devida sobre a receita de venda da mercadoria “açúcar”. E sobrando saldo, esse não deve ser glosado, esse saldo deve ser controlado e utilizado nos períodos seguintes. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 11 19 Discordamos, no entanto, quanto ao entendimento em relação aos créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica ͞"não agroindustrial". Não obstante admitidos no acórdão recorrido, ao fundamento de que o fato de a empresa vendedora não desenvolver atividade agropecuária não impediria o creditamento, uma vez não haver qualquer exigência legal no sentido de qualificar o vendedor dos bens que ensejariam o crédito presumido em tela, a verdade é que somente a aquisição da canadeaçúcar efetuada junto a pessoa jurídica ou cooperativa de produção que exerça atividade agropecuária dá direito à apuração e à dedução do crédito presumido de que trata o art. 8º da lei nº 10.925, de 2004. É o que se extrai da própria lei (inciso III do § 1º, supra), daí que, ao menos quanto a esta matéria, divergimos do voto acima reproduzido, para manter a glosa efetuada pela fiscalização, de sorte que ao recurso de ofício deve ser dado parcial provimento. Recentemente, nesta mesma Turma, assim também se decidiu: CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÃO DE CANADE AÇÚCAR. EMPRESA VENDEDORA QUE NÃO EXERCE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 8º da lei nº 10.925/04 prevê que a aquisição de mercadorias de origem vegetal destinados à alimentação humana dá direito a crédito presumido ao adquirente. O fato da empresa vendedora não desenvolver uma atividade agropecuária impede o respectivo creditamento. (Acórdão nº 3201004.161, de 28/08/2018) As matérias cuja apreciação remanesce no recurso voluntário são as seguintes: a) Desconto de créditos sobre embalagens de transporte (“big bag”); b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; e) Desconto de créditos sobre serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, cabendo neste caso ser ressaltado que a legislação prevê o creditamento das contribuições apenas somente sobre os dispêndios com armazenagem e fretes sobre vendas; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, Fl. 612DF CARF MF 20 parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais, aeronaves e containeres utilizados em transporte de açúcar (tipo bigbag). E, finalmente, como se demonstrará ao final, também discordamos das glosas de despesas com o tratamento de água, resíduos e análises laboratoriais. Conforme já expusemos noutros votos, os bens e serviços utilizados na fase agrícola, assim como a depreciação de tais bens, não ensejam, a nosso juízo, o creditamento de PIS/Cofins. É que, segundo o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, somente geram o direito ao crédito, no regime não cumulativo, os bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vejam: Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3odo art. 1odesta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1oe 1oA do art. 2odesta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata oart. 2oda Lei no10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 daTipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 12 21 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.(Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (g.n.) Notese que o dispositivo legal descreve de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Se se pretendesse abarcar todos as despesas realizadas para a obtenção da receita, não veríamos o elenco de hipóteses que vemos na norma. Ademais, consoante deixou cristalino o legislador na Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 30/10/2003, posteriormente convertida na Lei n.º 10.833, de 2003, um dos principais motivos para o estabelecimento do regime não cumulativo na apuração do PIS e da Cofins foi combater a verticalização artificial das empresas, a fim de que as diversas etapas da fabricação de um produto ou da prestação de um serviço pudesse ser realizado por empresas diversas, de sorte a gerar condições para o crescimento da economia. 1 Admitir que, no cálculo dos créditos, se incluam os dispêndios na aquisição daqueles bens ou serviços só remotamente empregados na produção do produto final ou no serviço prestado – os chamados "insumos dos insumos" – é não apenas permitir o que o legislador pretendeu desestimular, mas é também legislar. 1 Exposição de Motivos da Medida Provisória – MP n.º 135, de 2003: 1.1. O principal objetivo das medidas ora propostas é o de estimular a eficiência econômica, gerando condições para um crescimento mais acelerado da economia brasileira nos próximos anos. Neste sentido, a instituição da Cofins nãocumulativa visa corrigir distorções relevantes decorrentes da cobrança cumulativa do tributo, como por exemplo a indução a uma verticalização artificial das empresas, em detrimento da distribuição da produção por um número maior de empresas mais eficientes – em particular empresas de pequeno e médio porte, que usualmente são mais intensivas em mão de obra. Fl. 614DF CARF MF 22 Afinal, os diplomas legais aqui referidos delimitaram os insumos àqueles bens e serviços utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, é dizer, aqueles insumos efetivamente empregados no produto final do processo de industrialização ou no serviço prestado ao tomador, não aqueles bens ou serviços consumidos, pela próprio contribuinte, em etapas anteriores, aqueles, enfim, só remotamente empregados. No caso em tela, como já antecipamos, os créditos pretendidos pela Recorrente têm origem nos gastos realizados na produção da canadeaçúcar, ou seja, na fase agrícola, não na industrial (é só nesta fase que se pode permitir o creditamento com fundamento no inciso II do art. 3º). Considerando que tais despesas não foram utilizadas diretamente na fabricação dos produtos vendidos (v.g., nem por hipótese o defensivo agrícola por entrar na fabricação do açúcar, do álcool ou de subprodutos da indústria sucralcooleira), não se faz possível o creditamento. É como vem entendendo a 3ª Turma da CSRF. Exemplificativamente: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 29/02/2004 COFINS. REGIME NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. CRÉDITO. INSUMO DE INSUMO. IMPOSSIBILIDADE A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com serviços de transporte de funcionários, combustíveis e lubrificantes para o maquinário agrícola e aquisições de adesivos, corretivos, cupinicidas, fertilizantes, herbicidas e inseticidas utilizados nas lavouras de canadeaçúcar. (Redator Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Acórdão nº 9303005.541, de 16/08/2017) Esse, contudo, não é, como todos sabemos, o entendimento dos demais integrantes desta Turma2, de modo que, somente por economia processual e apreço ao princípio da colegialidade, também passamos a adotar aqui aquele plasmado nos fundamentos que vimos de reproduzir. Assim, os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar a ser utilizado na produção do açúcar e do álcool também podem ser levados em consideração para fins de apuração de créditos para o PIS/Cofins. No caso aqui julgado, referemse aos seguintes itens (consoante alíneas acima): 2 PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de pertinência, emprego e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não cumulativas. (Rel. Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Acórdão nº 3201003.411, 02/02/2018) Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 13 23 b) Desconto de créditos sobre serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); c) Desconto de créditos sobre materiais diversos aplicados na lavoura de cana; d) Desconto de créditos sobre serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; f) Desconto de créditos sobre itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); g) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; i) Desconto de crédito sobre encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e containeres utilizados em transporte de açúcar (embora conste da alínea "i", na redação anteriormente transcrita, retiramos as aeronaves, porque, conforme ela própria assevera e consta de um dos demonstrativos que integram o acórdão recorrido, a Recorrente sobre elas nada se creditou). Há de se registrar, para melhor esclarecimento do que se trata, algumas observações a respeito dos itens relacionados na mesma alínea "i". Segundo a Recorrente, a) os veículos são aqueles utilizados na fase agrícola, como tratores e colheitadeiras, ônibus para transporte, dollys etc. (conta contábil 1030203002); b) os móveis e utensílios são materiais e equipamentos utilizados no processo produtivo da cana, bem como no seu acondicionamento, processamento e pesagens, tais como estufa, centrífuga, balança etc. (conta contábil 1030204002); c) as licenças e softwares são ativos tecnológicos aplicados no maquinário aplicados na lavoura (conta contábil 1030210002); d) as embarcações são utilizadas no transporte da cana entre a lavoura e a unidade produtora (conta contábil 1030212002). Tais informações, acompanhadas de registros fotográficos no recurso voluntário, em nenhum momento foram antes contraditadas pela fiscalização, quer por ocasião do lançamento, quer na diligência. Concordamos, todavia, com a glosa do crédito em relação aos serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária, pois, com efeito, a legislação não prevê o creditamento das contribuições sobre os serviços de capatazia (alínea "e", supra). Comunga do mesmo entendimento a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF: PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 616DF CARF MF 24 Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime não cumulativo, por absoluta falta de previsão legal. (Acórdão nº 9303004.383, de 08/11/2016) Prosseguindo, agora sobre os crédito tomados em relação às embalagens de transporte ("bigbag"), como é de todos conhecido, temos entendido — e recentemente também assim fizemos noutro processo envolvendo a mesma empresa — que se deve considerálas insumo, no regime não cumulativo de PIS/Cofins, pois destinadas à proteção ou ao acondicionamento do produto final no seu transporte. Conforme Acórdão nº 3201 004.164, de 28/08/2018: NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM OU DE TRANSPORTE QUE NÃO SÃO ATIVÁVEIS. DIREITO AO CREDITAMENTO. É considerado como insumo, para fins de creditamento das contribuições sociais, o material de embalagem ou de transporte desde que não sejam bens ativáveis, uma vez que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, já que garante que o produto final chegará ao seu destino com as características almejadas pelo comprador. Finalmente, cumpre registrar que os créditos tomados em relação aos gastos com o tratamento de água, de resíduos e com análises laboratoriais não foram expressamente citados no texto que encerra o Termo de Verificação Fiscal, mas consta das planilhas a ele e ao acórdão recorrido anexadas. Contudo, mesmo que os considerássemos não originalmente apreciados, se é entendimento dos demais conselheiros que compõem esta Turma que os gastos realizados na fase agrícola para o cultivo de canadeaçúcar podem ser considerados na apuração de créditos para o PIS/Cofins, não há razão para afastar a possibilidade de craditamento quanto os gastos com o tratamento de água (fase agrícola e industrial) e de resíduos (fase industrial) e análises laboratoriais (fase agrícola e industrial). Aliás, é cediço, constitui importante requisito para a produção de açúcar e álcool o tratamento de seus resíduos industriais e o seu constante monitoramento. E, por último, quanto ao não reconhecimento dos saldos de créditos de períodos anteriores, cumpre observar que, com efeito, conforme destacado na decisão recorrida, a consequência é o não aproveitamento dos mesmos saldos para a dedução de valores devidos em períodos subsequentes. Todavia, tais saldos ficam subordinados ao que aqui decidido, já que o entendimento será replicado nos processos a este conexos. O pedido de realização de nova diligência (ou de perícia) afigurase absolutamente desnecessário em face de tudo o que expusemos aqui e das informações já carreadas aos autos (art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972). Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 14 25 Ante o exposto, rejeito a preliminar de nulidade e NEGO PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. E DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para: (i) reverter todas as glosas de créditos decorrentes dos gastos sobre os seguintes itens: (i.1) embalagens de transporte (“bigbag”); (i.2) serviços de mecanização agrícola (preparação do solo, plantio, cultivo, adubação, pulverização de inseticidas e colheita mecanizada da cana de açúcar); (i.3) materiais diversos aplicados na lavoura de cana; (i.4) serviços de transporte da cana colhida nas lavouras do contribuinte até a usina de açúcar e álcool; Fl. 618DF CARF MF 26 (i.5) itens diversos não identificados na EFD – Contribuições como insumos (rolamentos, arruelas, parafusos, válvulas, correntes, pinos, acoplamentos, buchas, mancais, chapas, perfis, cantoneiras, tubos e barras de aço); (i.6) Desconto de créditos sobre serviços, peças de manutenção, pneus, óleo diesel, graxas e lubrificantes para tratores, colhedoras de cana, ônibus e caminhões; (i.7) encargos de depreciação calculados sobre veículos automotores, móveis e utensílios, licenças e softwares, equipamentos de informática, embarcações fluviais e contêineres utilizados em transporte de açúcar; (i.8) gastos com o tratamento de água, de resíduos e análises laboratoriais; (ii) manter a decisão da DRJ quanto à não consideração do saldo de crédito de períodos anteriores para o cálculo dos valores lançados no auto de infração de que trata este processo, e, finalmente, (iii) manter todas as glosas de créditos sobre os serviços de estufagem de containeres, transbordos e elevação portuária. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10880.653322/201617 Acórdão n.º 3201004.219 S3C2T1 Fl. 15 27 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado O presidente incumbiume de redigir o acórdão na parte pertinente aos gastos de capatazia e estiva. Os gastos com logística, na operação de aquisição de insumos, geram direito a crédito por comporem o conceito contábil de custo de aquisição de mercadoria3. Os gastos logísticos para movimentação de insumos, internamente ou entre estabelecimentos da mesma empresa, inseremse no contexto de produção do bem, porque inerentes e relevantes ao respectivo processo produtivo. Desse modo, devem gerar direito de crédito, na esteira do Resp 1.221.170/PR, que tramitou sob o regime dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), e que vincula o Carf (art. 62, §2º, do Anexo II do Regimento Interno). No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado. 3 11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis perante o fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.273/10) Fl. 620DF CARF MF 28 Declaração de Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário. A presente declaração de voto tem por objetivo externar o posicionamento pelo qual acompanhei o Relator "pelas conclusões" relativamente à preliminar de nulidade suscitada pelo contribuinte. Em seu Recurso Voluntário o contribuinte demonstra que a Fiscalização, ao efetuar a lavratura do Auto de Infração, deixou de individualizar as glosas realizadas, deixando, inclusive, de lavrar Termo de Verificação Fiscal próprio, fazendo simples remissão a TVFs de períodos de apuração diversos. Além disso, deixou de indicar a espécie dos créditos glosados (crédito de insumos ou créditos presumidos). Ao assim proceder, a Fiscalização imputou à Recorrente excessivo ônus de defesa que, ainda que cumprido adequadamente pelo contribuinte, não afasta o excesso fiscal, passível de reconhecimento de nulidade do procedimento. Não obstante ao exposto, há que se considerar que, na hipótese dos autos, o mérito da demanda foi resolvido de modo favorável ao contribuinte, incorrendose em hipótese típica de aplicação do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Desse modo, externo meu posicionamento não pela improcedência da preliminar de mérito, mas, sim, pela possibilidade de sua superação, no presente julgamento, nos exatos termos do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. (assinado digitalmente) Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 621DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.904941/2012-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/11/2006
COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA.
A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO.
É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.888
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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EFEITOS Recorrente MOINHO CANUELAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/2006 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 49 41 /2 01 2- 31 Fl. 261DF CARF MF 2 convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Declaração de Compensação para o aproveitamento de crédito de COFINS decorrente de pagamento indevido ou a maior. Em razão da aparente inexistência do crédito, vez que o DARF não foi localizado no sistema, foi transmitido Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação declarada. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade intempestiva, com prequestionamento de tempestividade. Através do Acórdão nº 02061.839, a DRJ não conheceu da defesa por intempestiva. Cientificada desta decisão, a empresa apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, tempestivamente, sustentando a existência do direito creditório e a necessidade de aplicação ao presente processo do princípio da verdade real e material. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.886, de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10882.904939/201262, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.886): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas negolhe provimento, pelas razões a seguir expostas. Pela análise do presente processo, trazida no relatório acima, depreendese que o contencioso no presente processo não foi regularmente instaurado, vez que intempestiva a Manifestação de Inconformidade apresentada pela empresa em 18/12/2012, mais de 30 (trinta) dias após sua regular intimação do Despacho Decisório Eletrônico, ocorrida em 14/11/2012 (e fl. 69). O art. 74, § 9º da Lei n.º 9.430/96, na redação dada pela Lei n.º 10.833/2003, prevê defesa própria a ser apresentada pelo sujeito passivo na hipótese de não homologação de pedido de compensação: a Manifestação de Inconformidade. Esta defesa deve ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias contados da Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10882.904941/201231 Acórdão n.º 3402005.888 S3C4T2 Fl. 3 3 ciência do despacho denegatório, previsto no §7º daquele mesmo dispositivo legal: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimá lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003)" (grifei) No presente caso, a intempestividade é patente, vez que, intimado em 14/11/2012 (quartafeira), o prazo fatal para a apresentação da Manifestação de Inconformidade encerrouse em 14/12/2012 (sextafeira). Essa questão já foi analisada em distintas oportunidades por este CARF1, inclusive em processos semelhantes do mesmo sujeito passivo, nos Acórdãos 3202003.041, 3202003.042, 3202003.043, 3202003.044 3802003.046, 3802003.047 e 3802003.048 publicados em 27/08/2014. Naqueles julgados, os Recursos Voluntários apresentados pela empresa não foram providos pelo Relator Cláudio Augusto Gonçalves Pereira em razão da mesma mácula no procedimento (intempestividade da Manifestação de Inconformidade originária): "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2000 Ementa: Manifestação de Inconformidade Intempestiva Efeitos 1 Vide ainda: Processo n.º 15374.902473/200919 Data da Sessão 08/12/2015 Relator Frederico Augusto Gomes de Alencar Acórdão n.º 1402001.974 Fl. 263DF CARF MF 4 A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito, porque dela não se conhece. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do presente recurso e negarlhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado." (grifei) Ora, todas as questões passíveis de análise nesta seara administrativa seriam pormenorizadas quando do julgamento da primeira Manifestação de Inconformidade. Não tendo sido conhecida esta defesa por patente intempestividade, evidente a preclusão do direito processual da Recorrente, cujas razões trazidas no Recurso Voluntário não merecem análise e provimento. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma (houve apresentação intempestiva da Manifestação de Inconformidade), de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.916164/2009-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO PARA ESTABELECIMENTO FILIAL DA EMPRESA. INCABÍVEL O RESSARCIMENTO DO CRÉDITO TRANSFERIDO.
A empresa, ao transferir o crédito presumido apurado para um de seus estabelecimentos filiais industriais, deverá utilizá-lo na dedução escritural dos débitos de IPI do estabelecimento que o recebeu, sendo incabível o ressarcimento do crédito transferido em nome do estabelecimento que o apurou, sob pena de duplicidade de aproveitamento.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
MATÉRIAS. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235/72
Matéria não impugnada em sede de primeira instância e suscitada somente em recurso voluntário é preclusa, não devendo ser conhecida, nos termo do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 -PAF.
DIREITO CREDITÓRIO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua certeza e liquidez, sem o que não pode ser restituído, ressarcido ou utilizado em compensação. Faltando aos autos o conjunto probatório que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido.
Segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal, Processo Administrativo Fiscal e o Código de Processo Civil, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA.
A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considera-se não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Escapa à competência dos julgadores administrativos afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE.
A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito.
PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS.
Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação.
DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA.
Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicando-se o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 3201-004.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer, por preclusão, das preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO PARA ESTABELECIMENTO FILIAL DA EMPRESA. INCABÍVEL O RESSARCIMENTO DO CRÉDITO TRANSFERIDO. A empresa, ao transferir o crédito presumido apurado para um de seus estabelecimentos filiais industriais, deverá utilizá-lo na dedução escritural dos débitos de IPI do estabelecimento que o recebeu, sendo incabível o ressarcimento do crédito transferido em nome do estabelecimento que o apurou, sob pena de duplicidade de aproveitamento. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 MATÉRIAS. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235/72 Matéria não impugnada em sede de primeira instância e suscitada somente em recurso voluntário é preclusa, não devendo ser conhecida, nos termo do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 -PAF. DIREITO CREDITÓRIO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua certeza e liquidez, sem o que não pode ser restituído, ressarcido ou utilizado em compensação. Faltando aos autos o conjunto probatório que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal, Processo Administrativo Fiscal e o Código de Processo Civil, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considera-se não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência dos julgadores administrativos afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito. PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicando-se o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer, por preclusão, das preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO PARA ESTABELECIMENTO FILIAL DA EMPRESA. INCABÍVEL O RESSARCIMENTO DO CRÉDITO TRANSFERIDO. A empresa, ao transferir o crédito presumido apurado para um de seus estabelecimentos filiais industriais, deverá utilizálo na dedução escritural dos débitos de IPI do estabelecimento que o recebeu, sendo incabível o ressarcimento do crédito transferido em nome do estabelecimento que o apurou, sob pena de duplicidade de aproveitamento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 MATÉRIAS. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235/72 Matéria não impugnada em sede de primeira instância e suscitada somente em recurso voluntário é preclusa, não devendo ser conhecida, nos termo do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 PAF. DIREITO CREDITÓRIO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua certeza e liquidez, sem o que não pode ser restituído, ressarcido ou utilizado em compensação. Faltando aos autos o conjunto probatório que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 61 64 /2 00 9- 64 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 205 2 Segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal, Processo Administrativo Fiscal e o Código de Processo Civil, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considerase não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência dos julgadores administrativos afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito. PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicandose o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer, por preclusão, das preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 206 3 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade interposta pela empresa epigrafada contra a decisão que homologou parcialmente a compensação declarada na DCOMP nº 05428.72228.171204.1.3.016835 e não homologou a DCOMP nº 02545.46368.190906.1.7.011780. De acordo com o despacho decisório (efls. 3 e 97), o crédito utilizado na compensação fora, inicialmente, pleiteado por meio dos PER nº 09931.74053.161204.1.1.01 4563 e nº 08995.67633.161204.1.1.012347, sendo integralmente reconhecido, no valor de R$ 111.705,83 (cento e onze mil, setecentos e cinco reais, oitenta e três centavos), relativamente ao ressarcimento do crédito presumido de IPI do 1º trimestre de 2001. Embora tenha sido integralmente reconhecido, o crédito não foi suficiente para liquidar os débitos declarados nas DCOMP. Cientificada da decisão em 18/05/2009, a interessada manifestou a sua inconformidade (efls. 58/79) em 18/06/2009. Em síntese, aduziu as seguintes razões de defesa: ● Ocorrência de evento de incorporação: A Kraft Foods Brasil S.A., que operava sob o CNPJ 57.003.881/000111, foi incorporada pela Produtos Alimentícios Fleischmann e Royal S.A., CNPJ 33.033.028/000184. Esta, por sua vez, alterou sua denominação societária para Kraft Foods Brasil S.A. (atualmente, denominada Mondelez Brasil Ltda), mantendo a identidade com o grupo internacional. Desta forma, todos os créditos de ressarcimento de IPI da incorporada CNPJ 57.003.881/000111 passaram a se configurar como direito da empresa incorporadora, motivo pelo qual as compensações efetuadas com referidos créditos devem ser integralmente homologadas. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 207 4 ● Dever de proceder as compensações de ofício: É dever da Administração Pública proceder à pesquisa de possíveis créditos anteriores que tivessem sido utilizados em compensação. ● Inexistência de prova material contra a contribuinte: Não há prova contundente quanto à suposta inexistência do crédito ofertado em compensação. ● Possibilidade da correção monetária do crédito: Negar a possibilidade de correção dos créditos pela SELIC viola o princípio da isonomia, bem como o da moralidade administrativa, e acarreta um enriquecimento ilícito da Administração Pública. ● Utilização da taxa SELIC como juros de mora: Diante do esboço do que seria, na prática, a SELIC, vislumbrase a impropriedade da referida taxa servir de alicerce como índice de juros nos processos que tratam de créditos tributários. ● Ofensa ao princípio do nãoconfisco: A multa não pode ultrapassar os limites de sua finalidade, a ponto de ser utilizada como instrumento arrecadatório, ou mesmo como um verdadeiro tributo disfarçado. Assim, não se pode legitimar a imposição de multa exacerbada a qualquer diferença apurada entre os valores declarados e aqueles efetivamente pagos. Ao final, a interessada protesta ainda pela produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e pericial. Em seguida, foram os autos encaminhados a esta DRJ/Ribeirão Preto/SP para o julgamento da manifestação de inconformidade. Contudo, na análise inicial do caso, verificouse que a interessada, quando apresentou os PER/DCOMP nº 08995.67633.161204.1.1.012347 e nº 02545.46368.190906.1.7.011780, tinha a pretensão de utilizar o crédito de ressarcimento de IPI apurado pelo estabelecimento inscrito no CNPJ sob o nº 57.003.881/000111, por ela incorporado em 2002. Embora tenha informado evento de sucessão nesses PER/DCOMP, identificou como detentor do crédito o estabelecimento com inscrição CNPJ nº 33.033.028/000184 (efls. 112/113). Esta situação induziu o processamento eletrônico de dados a agrupar todos os documentos eletrônicos referentes ao 1º trimestre de 2001 em uma única família, tendo o estabelecimento de CNPJ 33.033.028/000184 como aquele que apurou o crédito. Por este motivo, o crédito reconhecido limitouse aos R$ 111.705,83. Os fatos constatados permitiram concluir que o crédito realmente pretendido não fora ainda apreciado. Neste contexto, seria imprescindível que os autos retornassem à DRF de origem para que a autoridade competente se pronunciasse quanto ao alegado crédito de sucedida e, sendo o caso, efetuasse os cálculos de imputação ao débito declarado na DCOMP nº Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 208 5 02545.46368.190906.1.7.011780. Assim, por meio da Resolução DRJ/RPO nº 1402933 (efls. 114/116), o julgamento foi convertido em diligência, encaminhandose o processo à DRF/Curitiba/PR para as providências cabíveis. A diligência levada a cabo resultou na Informação Fiscal de e fls. 135/136, na qual a autoridade fiscal conclui, em suma, que o crédito em litígio já havia sido aproveitado pela empresa naquela mesma ocasião, por transferência a um outro estabelecimento filial (CNPJ 57.003.881/010184), ao final de março de 2001. Acrescenta que o valor do crédito presumido, de acordo com seus cálculos e em conformidade com os dados que lhe eram disponíveis, seria de R$ 72.968,85. Cientificada do teor da Informação Fiscal, a interessada não se manifestou. Concluídas as providências requeridas, o processo retornou a esta DRJ para continuidade do feito. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1460.268, sessão de 26/04/2016, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO PARA ESTABELECIMENTO FILIAL DA EMPRESA. INCABÍVEL O RESSARCIMENTO DO CRÉDITO TRANSFERIDO. A empresa, ao transferir o crédito presumido apurado para um de seus estabelecimentos filiais industriais, deverá utilizálo na dedução escritural dos débitos de IPI do estabelecimento que o recebeu, sendo incabível o ressarcimento do crédito transferido em nome do estabelecimento que o apurou, sob pena de duplicidade de aproveitamento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considerase não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 209 6 MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Considerase como não contestada a matéria que não tenha sido expressamente questionada. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência da autoridade administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito. PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicandose o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 210 7 A decisão da DRJ foi proferida com base no resultado de diligência a qual apurou que o crédito presumido de IPI seria de R$ 72.968,85 e não os R$ 88.033,44 informado no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347; ademais, segundo os registros da empresa, o crédito lançado no RAIPI tinha sido de R$ 86.904,66 e foi inteiramente transferido ao estabelecimento filial com inscrição CNPJ 57.003.881/010184, ao final do 1º trimestre de 2001. Desta forma, além do valor ter sido pleiteado em montante superior ao apurado e ao creditado no RAIPI, o crédito já havia sido aproveitado pela empresa. Assim, conclui o decisão a quo pela improcedência do pedido contido no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347. Naquele julgado, quanto à homologação parcial da DCOMP nº 05428.72228.171204.1.3.016835, que utilizou o crédito objeto do PER nº 09931.74053.161204.1.1.014563, foi parcialmente homologada, não obstante o direito creditório tenha sido reconhecido no montante integral do pedido, contudo negou os pleitos da contribuinte quanto à (1) possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC; (2) impossibilidade de utilização da taxa SELIC para os juros de mora; e (3) inconstitucionalidade da multa moratória. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário inovando sua defesa, em matéria preliminar, quanto à nulidade do despacho decisório sob a alegada ausência de motivação. e (ii) alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição. No mérito, exceto pela matéria "inadmissibilidade de utilização da taxa Selic", que não foi suscita em recurso voluntário, todas as demais matérias versada em sua manifestação de inconformidade foram repisadas e reproduzidos literalmente os mesmos textos para argumentar sua irresignação com a homologação parcial da DCOMP nº 05428.72228.171204.1.3.016835 e a não homologação da DCOMP nº 02545.46368.190906.1.7.011780. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Preliminares Arguição de nulidade do despacho decisório A matéria suscitada em preliminar é preclusa. Não se observou na impugnação ofertada pelo contribuinte qualquer contestação em relação à nulidade do despacho decisório sob o fundamento de ausência de motivação. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 211 8 Quanto a essa matéria consumouse a preclusão nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 PAF: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) De acordo com esse dispositivo do PAF, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante, sendo inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. É defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação, quando em sede de recurso pretende alargar os limites do litígio já consolidado. Isto posto, não conheço da arguição ampara no fundamento de que o despacho decisório é nulo por ausência de fundamentação. Inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição A alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição foi suscitada no mérito da manifestação de inconformidade, e agora em sede recursal a contribuinte reproduz, quase que por completo, os mesmos argumentos. Acrescenta em seu recurso que a prova da inexistência do crédito não fora produzida pela autoridade fiscal encarregada da análise da compensação. Melhor reproduzir suas afirmações de folha 169: " (...) a autoridade administrativa não produziu prova contundente quanto à suposta inexistência do crédito ofertado pelo contribuinte em compensação, pelo contrário, DEIXOU DE ANALISAR A DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELO CONTRIBUINTE, motivo pelo qual, no mínimo, deve ser determinada a baixa dos autos para realização de nova diligência fiscal para apuração do crédito. Assim sendo, por conta da total ausência de provas em desfavor da existência do crédito ofertado, há que ser afastada a sua suposta inexistência, devendo ser deferido o pedido de restituição na forma pleiteada." O presente processos foi formalizado diante da iniciativa da contribuinte com a transmissão de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI cumulado com declaração de compensação para quitação de débitos próprios. A matéria compensação encontrase prevista no art. 74 e §1º da Lei nº 9.430/961 a qual deixa cristalino que a providência incube ao sujeito passivo devendo informar os créditos que serão utilizados para extinguir seus débitos tributários. 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 212 9 A compensação é efetuada em sistemas informatizados e se consubstancia em um encontro de contas (créditos e débitos) que pode ser homologada ou não (total ou parcialmente). Qualquer que seja o motivo da não homologação, a legislação oportuniza ao interessado manifestar seu inconformismo com a apresentação das suas razões, acompanhadas de provas. Cabe assinalar que à luz do art. 170 do CTN2, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com os motivos de fato e de direito que fundamentam sua pretensão, acompanhados dos documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. O ônus processual probatório é regido por dispositivos legais e se trata de um requisito de admissibilidade dos pleitos de natureza creditório, exigindo sua evidência desde a instauração do contencioso. O momento da apresentação da prova, sua ausência na instauração da fase litigiosa e o ônus probatório de quem alega os fatos constitutivos de seu direito possuem regramentos nos artigos 14 a 17, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, da Lei nº 13.115/2015 (Código de Processo Civil), verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. 2 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 213 10 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Lei nº 13.105/2015 CPC: "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Depreendese não ser aceitável que um pleito, onde se objetiva o ressarcimento de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Assim, é ônus da interessada comprovar a existência e o quantum de seu crédito, não cabendo imputar à autoridade administrativa o dever de pesquisar e encontrar outros possíveis créditos para extinguir seus débitos declarados. Tal situação caracterizaria a inversão do ônus da prova, o que não se admite no presente caso. Destarte, inadmissível a acusação de total ausência de prova em desfavor da inexistência de crédito. Mérito Cumpre assinalar que em sede de segunda administrativa federal o objeto de julgamento é o recurso voluntário e não a impugnação ou manifestação de inconformidade. Assim, o que se enfrenta nesta instância é o inconformismo do contribuinte em face do que restou decidido na Delegacia Regional de Julgamento. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 214 11 No presente caso, a contribuinte combateu em sede de manifestação de inconformidade o despacho decisório que homologou parcialmente a declaração de compensação nº 05428.72228.171204.1.3.016835 e não homologou a de nº 02545.46368.190906.1.7.011780. Irresignouse contra a decisão de homologação parcial suscitando (i) a possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC e (ii) inconstitucionalidade da multa moratória. Em relação à DCOMP não homologada, defende a compensação integral sob o fundamento de que (iii) todos os seus créditos decorrentes de ressarcimento de IPI são provenientes de pessoa jurídica da qual é sucessora tornaramse direito da contribuinte; e (iv) é dever da fiscalização de proceder as compensações de ofício quando da existência de créditos dos contribuintes. Ressaltase que quanto ao crédito decorrente de ressarcimento do IPI do 1º trimestre de 2001 assinalou a decisão recorrida que o mesmo crédito fora integralmente transferido a outro estabelecimento filial CNPJ 57.003.881/010184 e aproveitado por este na apuração do IPI devido. Ocorre que em face dessa constatação imposta à utilização do crédito nem mesmo em manifestação de inconformidade houve qualquer pronunciamento da contribuinte. Ainda com base nessa informação fiscal, tornase irrelevante a discussão acerca da possibilidade da recorrente subrogarse no direito aos créditos da sucedida, vez que foram transferidos e apropriados por outro estabelecimento filial da pessoa jurídica. Verificase nos autos, que a contribuinte limitouse, em sede de Recurso Voluntário, a reescrever a impugnação apresentada no tocante às matérias de mérito, repisando os mesmos fundamentos e argumentos com a transcrição literal de seu texto. Dispõe o § 3º do art 57 do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: [...] § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. [...] § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Dessa forma, diante da ausência de novas razões de defesa capazes de alterar meu entendimento quanto às matérias em litígio e por concordar plenamente com os fundamentos e posição dos julgadores da DRJ/Ribeirão Preto, proponho a confirmação e adoção da decisão exarada no Acórdão nº 1460.268, com fulcro no dispositivo acima transcrito. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 215 12 Transcrição da decisão no Acórdão nº 1460.268: "Voto [...] 2 PRODUÇÃO DE PROVAS Antes de adentrar ao mérito da lide, enfrentase de plano o que consta ao final da manifestação, quando a interessada requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e pericial. Importante lembrar que o decreto regulador do PAF aborda a questão no seu art. 16 e parágrafos: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 216 13 demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Do que se apreende dos supracitados dispositivos, o momento da apresentação das provas é na impugnação e a juntada de documentos após este momento somente é permitida nas situações expressamente previstas, que não estando devidamente demonstradas ou caracterizadas, deve o pedido de produção adicional de provas ser indeferido. Quanto à perícia, considerase o pedido não formulado quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. 3 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO Por meio do PER nº 09931.74053.161204.1.1.014563, a interessada solicitou o ressarcimento de R$ 111.705,83 de crédito presumido de IPI (efl. 8), relativo ao 1º trimestre de 2001, apurado pelo estabelecimento com inscrição CNPJ 33.033.028/000184. Em adição, solicitou também, por meio do PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347, o ressarcimento de R$ 88.033,44 de crédito presumido (efl. 112) apurado pelo estabelecimento com inscrição CNPJ 57.003.881/000111, tendo em conta que este havia sido por ela incorporado. O valor pleiteado no PER nº 09931.74053.161204.1.1.01 4563 foi integralmente reconhecido, nos termos do despacho decisório (efls. 3 e 97). Entretanto, o valor solicitado no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347 foi não reconhecido devido a divergências nas informações prestadas. Em sede de manifestação de inconformidade, a interessada esclareceu que o crédito não reconhecido tratavase de crédito de sucedida, suscitando o evento de incorporação. Em face da constatação do fato alegado, os autos retornaram à unidade preparadora com a finalidade de, em procedimento de diligência, certificar a certeza e liquidez do crédito litigado. Como resultado da diligência, a autoridade fiscal apurou que o crédito presumido em questão seria de R$ 72.968,85 e não os R$ 88.033,44 informados no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347. Ademais, segundo os registros da empresa, o crédito lançado no RAIPI tinha sido de R$ 86.904,66 e foi inteiramente transferido ao estabelecimento filial com inscrição CNPJ 57.003.881/010184, ao final do 1º trimestre de 2001. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 217 14 Desta forma, além do valor ter sido pleiteado em montante superior ao apurado e ao creditado no RAIPI, o crédito já havia sido aproveitado pela empresa. Cientificada das mencionadas constatações, a interessada não se manifestou. Como se sabe, matérias não expressamente questionadas são consideradas como não contestadas. Depreende, assim, trataremse de matéria incontroversa, precluindo o direito da interessada a novas alegações quanto às mesmas. Portanto, concluise pela improcedência do pedido contido no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347. 4 COMPENSAÇÕES EFETUADAS A interessada pretendeu utilizar o crédito presumido de IPI, relativo ao 1º trimestre de 2001, para quitar débitos tributários em compensação. Seu procedimento obedeceu ao comando do disposto no art. 74, § 1º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) É possível apreender, pelo teor do texto legal, que a declaração de compensação é uma declaração de vontade, de iniciativa exclusiva da contribuinte. Em outras palavras, sendo o sujeito passivo titular de um crédito de natureza tributária contra a Fazenda Nacional poderá, se assim optar, utilizálo em compensações. Para isso, em declaração apropriada (DCOMP), deve prestar informações a respeito do crédito oferecido à compensação bem como dos débitos tributários a serem quitados com esse crédito. A declaração de compensação não só é uma declaração de vontade como também materializa a compensação tributária, produzindo os seus efeitos de imediato, ainda que sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 218 15 Na declaração de compensação, a declarante deve especificar exatamente o crédito que está utilizando e quais débitos estão sendo compensados. Resta à Administração Tributária homologar ou não o quanto declarado, restringindose a ratificar ou não as informações prestadas na DCOMP, em decisão fundamentada. Neste sentido, não há que se falar em aproveitamento de outros créditos, como defende a manifestante, ou quitação de outros débitos, senão aqueles identificados pela declarante, para os efeitos da compensação especificamente declarada. Estabelecidos os limites que devem balizar a análise das compensações (declarações de compensação), passase, a seguir, às questões abordadas na manifestação de inconformidade, atinentes ao reconhecimento das pretendidas compensações. A DCOMP nº 02545.46368.190906.1.7.011780, que utilizou o crédito pleiteado no PER nº 08995.67633.161204.1.1.012347, foi não homologada e deve ser assim mantida ante a inexistência do direito creditório, nos termos da análise apresentada no tópico 3 deste voto (RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO). Por sua vez, a DCOMP nº 05428.72228.171204.1.3.01 6835, que utilizou o crédito objeto do PER nº 09931.74053.161204.1.1.014563, foi parcialmente homologada, não obstante o direito creditório tenha sido reconhecido no montante integral do pedido. Todavia, a manifestante contesta a forma como a compensação foi efetivada, apelando pela: (1) possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC; (2) impossibilidade de utilização da taxa SELIC para os juros de mora;[matéria não suscitada em recurso voluntário] (3) inconstitucionalidade da multa moratória. Passase a seguir à análise de cada uma das questões apontadas. 4.1 CORREÇÃO DO CRÉDITO Por mais discutível possa ser o mérito da correção do crédito de ressarcimento de IPI, tal não é o caso concreto. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 219 16 Salientese que o crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado na compensação em tela. Não se olvide que o aproveitamento do crédito em uma DCOMP é imediato, eis que extingue o crédito tributário sob condição resolutória desde o momento de sua apresentação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). Para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. Assim, salta aos olhos a inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito, para que se possa cogitar de correção monetária. 4.2 [Matéria não recorrrida] [...] 4.3 MULTA MORATÓRIA A manifestante alega caráter confiscatório da multa, por excessiva e desproporcional; discorre doutrina e cita jurisprudência. Antes de mais nada, a propósito da multa, cumpre ressaltar que tratase de mora, no percentual de 20%, conforme se infere do demonstrativo de compensação (efls. 6 e 141) que instrui o despacho decisório. Ao suscitar o princípio do não confisco, a interessada traz à tona uma discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais. Entretanto, não compete ao julgador administrativo a apreciação de constitucionalidade de leis tributárias exvi do art. 26A do PAF: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) A matéria também possui entendimento já sumulado no CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O princípio do nãoconfisco relacionase à exigência de tributo e é dirigido ao legislador com o intuito de impedilo de criar tributo que tenha efeito de confisco. A instituição de tributo não pode ter, em seu conteúdo, aspectos que ameacem a propriedade ou a renda tributada, devendo ser observada a capacidade contributiva do sujeito passivo. Uma vez existindo no mundo jurídico, a norma regularmente instituída é considerada constitucional, enquanto não declarado contrario sensu pela autoridade competente. Assim, não se tem por confisco a aplicação da lei tributária, ainda que, circunstancialmente, o montante da exigência se revele elevado. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 220 17 De qualquer forma, havendo previsão legal não declarada inconstitucional pelas instâncias judiciais competentes, a multa moratória deve ser tida como legal e constitucional. E previsão legal há para tanto. O art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, determina o acréscimo de multa na situação em que o débito encontrase com o seu prazo de vencimento expirado: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. No tocante à compensação, diz o CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. (grifouse) Obedecendo a norma geral do CTN, a Lei nº 9.430, de 1996, dispôs: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (grifouse) Por seu turno, atendendo o comando legal, a Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004 (vigente à época dos fatos), submeteuse ao quanto determinado pelo art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51 e 52 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. (grifouse) Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 221 18 § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (grifouse) As instruções normativas que sucederam a IN SRF nº 460, de 2004 (IN SRF nº 600, de 2005, IN RFB nº 900, de 2008, e IN RFB nº 1.300, de 2012), repetiram as mesmas disposições. Em razão da natureza vinculada e obrigatória da atividade tributária, é dever da autoridade fiscal, bem como do julgador administrativo, a aplicação da norma legal sem qualquer juízo de valor ou de aspectos de sua validade. Neste diapasão, não há como desviarse das disposições legais e normativas citadas. Ademais, a própria jurisprudência colacionada pela interessada corrobora a possibilidade de cobrança da multa moratória a 20%, consoante citações às fls. 20/21 da peça impugnatória (e fls. 77/78). As ementas ali reproduzidas são extremamente claras em admitirem percentuais até superiores (de 30%) como constitucionais, legítimos e não confiscatórios. Confirase: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL. CDA: REGULARIDADE FORMAL. MULTA MORATORIA (30%): NÃO CONFISCATORIA. SELIC: LEGITIMIDADE. APELAÇÃO DA EMBARGANTE NÃO PROVIDA. APELAÇÃO DA EXEQÜENTE E REMESSA OFICIAL PROVIDAS. (grifouse) (...) 2 A multa moratória (30%, no caso), penalidade administrativa imposta ao contribuinte inadimplente, quando fixada por lei em patamar razoável é acréscimo legitimo, e que não se baliza pela Lei nº 8.078/90. O STF até admite a redução da multa, mas somente quando ela ostenta contornos confiscatórios (RE nº 91.707/MG): v.g., 100%. (grifouse) (...) TRF 1ª Região – 2000.38.00.0228300 – 7ª Turma – Relator Desembargador Luciano Tolentino Amaral – DJ de 04/03/05. TAXA REFERENCIAL (TR). JUROS DE MORA. MULTA. PERCENTUAL EXCESSIVO. REDUÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. LEGITIMIDADE. (...) 2 Tem o STF admitido a redução de multa moratória imposta com base em lei, quando assume ela, pelo seu montante desproporcionado, feição confiscatória. (RE 91.707/MG, rel. Min. MOREIRA ALVES). Precedentes do STF. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 222 19 3. Redução do percentual da multa (60% e 150%) para 30%, conforme tem decidido o STF em hipóteses análogas. (grifouse) (...) TRF 1ª Região – 1998.01.00.014828 9 – 2ª Turma – Relator Juiz Leão A. Alves –DJ de 13/03/03. Assim, ao eleger como paradigma a jurisprudência acima, a manifestante, na verdade, nada mais está a fazer senão expressar, por via indireta, o seu consentimento com a multa moratória nos índices aplicados pelo Fisco. 5 COBRANÇA DOS DÉBITOS INDEVIDAMENTE COMPENSADOS Ao questionar a incidência dos acréscimos legais (multa e juros de mora) sobre os débitos vencidos, a interessada o faz, evidentemente, com vistas à cobrança dos débitos cujas compensações foram não homologadas. Tratase, sem dúvida, de matéria afeta à área de cobrança do crédito tributário, estranha ao contencioso administrativo regido pelo rito do PAF. Isto porque o valor consolidado do débito é calculado na data de seu efetivo recolhimento, quando já não mais se discute sobre o crédito tributário, sendo este o momento em que se define o valor dos acréscimos moratórios. Portanto, a discussão deveria situarse fora do escopo do presente julgamento. Em todo o caso, o assunto foi devidamente abordado neste voto, nos tópicos 4.2 (APLICAÇÃO DA SELIC COMO TAXA DE JUROS MORATÓRIOS) e 4.3 (MULTA MORATÓRIA), que tratam exatamente da matéria combatida. 6 CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo os termos do despacho decisório." Conclusões 1. A matéria "nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação" suscitada em preliminares e não versada na manifestação de inconformidade é preclusa. 2. Rejeitase a alegação preliminar de "inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição" pois é ônus da contribuinte fazer prova da certeza e liquidez de seu direito creditório. 3. Vedada a utilização em compensação de crédito de IPI versado em pedido de ressarcimento e transferido e aproveitado por estabelecimento filial da pessoa jurídica impede sua utilização. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10980.916164/200964 Acórdão n.º 3201004.344 S3C2T1 Fl. 223 20 4. A atualização dos créditos do contribuinte somente é permitido de acordo com o disposto na legislação. 5. Os débitos para com a União não pagos no vencimento sujeitamse aos acréscimos legais de juros e multa de mora, em consonância com a legislação tributária. 6. A multa de mora decorre de estrita previsão legal, sendo os julgadores administrativos pronunciarem acerca de argumentos de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02. Diante do exposto, em preliminar, (i) não conheço da arguição de nulidade do despacho decisório em razão de preclusão, (ii) rejeito a alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do direito creditório, e, no mérito, voto para negar provimento ao recurso voluntário, mantendose integralmente o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 223DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13056.000348/2005-16
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2003
MULTA POR ATRASO DCTF. AUTO DE INFRAÇÃO.
A entrega de DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa moratória. Para isso, é impescindível que o Auto de Infração em que é lançada a referida multa informe corretamente a qual declaração se refere.
Numero da decisão: 1003-000.240
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2003 MULTA POR ATRASO DCTF. AUTO DE INFRAÇÃO. A entrega de DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa moratória. Para isso, é impescindível que o Auto de Infração em que é lançada a referida multa informe corretamente a qual declaração se refere.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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AUTO DE INFRAÇÃO. A entrega de DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa moratória. Para isso, é impescindível que o Auto de Infração em que é lançada a referida multa informe corretamente a qual declaração se refere. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 6. 00 03 48 /2 00 5- 16 Fl. 44DF CARF MF Processo nº 13056.000348/200516 Acórdão n.º 1003000.240 S1C0T3 Fl. 45 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 26/27) que julgou improcedente a impugnação contra o lançamento efetuado mediante o Auto de Infração à folha 18, correspondentes a multa por atraso na entrega de DCTF relativa ao terceiro trimestre de 2003, num valor total de multa a pagar de R$ 4.952,71. A recorrente alega, às folhas 35/40, que a DCTF apontada no Auto de Infração como entregue em atraso em 16/03/2004 (folha 22), é uma retificadora da original relativa ao terceiro trimestre entregue em 12/11/2003 (folha 19), tempestivamente, portanto, em relação ao prazo final de entrega apontado no referido Auto, 14/11/2003. Tal retificadora foi novamente retificada em 17/08/2004 (folha 20), informando débitos no valor total de R$ 99.054,27. Na mesma data da entrega da primeira retificadora mencionada, 16/03/2004, entregou uma DCTF (folha 21), sem débitos informados, relativa a Cisão Parcial ocorrida em 01/07/2003, a qual, conforme IN SRF nº 303/2003, tinha prazo final de entrega em 29/08/2003 Seguem as informações sobre a DCTF constantes do Auto de Infração: É o relatório. Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. O exame do Auto de Infração à folha 18 e das DCTF às folhas 19 a 22 confirma as alegações da recorrente. O número da declaração constante no Auto de Infração não pode ser vinculado a uma ou outra declaração com as informações constantes do processo. Contudo, o valor total dos débitos (R$ 99.054,27) corresponde ao montante informado na declaração apresentada em 17/08/2004 (folha 20) que é retificadora da DCTF apresentada em 16/03/2004, à folha 22, a qual, por sua vez, é retificadora da DCTF relativa ao terceiro trimestre de 2003, entregue tempestivamente em 12/11/2003 (folha 19), já que o prazo final de entrega era o mencionado no Auto de Infração, 14/11/2003. O Auto de Infração aponta entrega em atraso de DCTF original em 16/03/2004. De fato, a DCTF relativa ao evento de cisão, à folha 21, foi entregue com atraso Fl. 45DF CARF MF Processo nº 13056.000348/200516 Acórdão n.º 1003000.240 S1C0T3 Fl. 46 3 em 16/03/2004. No entanto, o total de débitos informados em tal declaração foi zero, e o prazo final de entrega era 29/08/2003, conforme IN SRF nº 303/2003, art. 1º. Desta forma, o referido Auto de Infração traz informações desconexas quanto ao objeto da autuação, já que o prazo final de entrega e o montante de débitos que identificam a DCTF supostamente em atraso se referem a DCTF retificadora cuja original foi entregue tempestivamente. E a data de entrega da declaração original referese a DCTF com prazo final de entrega e montante de débitos distintos aos apontados no referido auto. Conforme bem colocado pela recorrente, houve vícios na descrição do fato, na disposição legal infringida e na determinação da exigência, requisitos do lançamento constantes do art. 10 do PAF, os quais o fulminam, por não identificar corretamente a DCTF supostamente entregue em atraso e objeto da referida autuação. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 46DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720273/2017-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
Impugnação. Documentos e Alegações. Falta de Apreciação. Decisão. Nulidade.
É nula a decisão que não aprecia alegações e documentos apresentados pela impugnante, quando desse exame possa resultar decisão de conteúdo diverso.
Numero da decisão: 1301-003.614
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em anular a decisão de primeira instância e determinar que seja proferida novo acórdão, analisando, em conjunto, a impugnação apresentada no processo nº 16327.720075/2016-33. O Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto acompanhou o voto vencedor por suas conclusões, votando por anular a decisão de primeira instância por cerceamento do direito de defesa, mas não determinar o julgamento em conjunto com o processo nº 16327.720075/2016-33. Vencido o Conselheiro Roberto Silva Junior que votou por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Designada a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
(assinado digitalmente)
Giovana Pereira de Paiva Leite - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente).
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 Impugnação. Documentos e Alegações. Falta de Apreciação. Decisão. Nulidade. É nula a decisão que não aprecia alegações e documentos apresentados pela impugnante, quando desse exame possa resultar decisão de conteúdo diverso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em anular a decisão de primeira instância e determinar que seja proferida novo acórdão, analisando, em conjunto, a impugnação apresentada no processo nº 16327.720075/2016-33. O Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto acompanhou o voto vencedor por suas conclusões, votando por anular a decisão de primeira instância por cerceamento do direito de defesa, mas não determinar o julgamento em conjunto com o processo nº 16327.720075/2016-33. Vencido o Conselheiro Roberto Silva Junior que votou por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Designada a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Relator (assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente).
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DOCUMENTOS E ALEGAÇÕES. FALTA DE APRECIAÇÃO. DECISÃO. NULIDADE. É nula a decisão que não aprecia alegações e documentos apresentados pela impugnante, quando desse exame possa resultar decisão de conteúdo diverso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em anular a decisão de primeira instância e determinar que seja proferida novo acórdão, analisando, em conjunto, a impugnação apresentada no processo nº 16327.720075/201633. O Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto acompanhou o voto vencedor por suas conclusões, votando por anular a decisão de primeira instância por cerceamento do direito de defesa, mas não determinar o julgamento em conjunto com o processo nº 16327.720075/201633. Vencido o Conselheiro Roberto Silva Junior que votou por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Designada a Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator (assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Redatora designada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 02 73 /2 01 7- 88 Fl. 4214DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.215 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Relatório Tratase de recurso interposto por BANCO SAFRA S/A, pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 1158.800, da 4ª Turma da DRJ/Recife, que negou provimento à impugnação e manteve contra a recorrente o lançamento que exigia crédito tributário no montante de R$ 15.474.248,83, compreendendo IRPJ e CSLL, acrescidos ambos de multa e juros. O lançamento objeto deste processo veio para complementar lançamento anterior, objeto do processo 16327.720075/201633, como explica o Termo de Verificação de fls. 3.466 a 3.467, do qual se extrai a seguinte explicação: A Ação Fiscal foi determinada pela Administração Tributária Federal através do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) / Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal (RPF) nº 081660020160002184. Em procedimentos de revisão de trabalhos e no julgamento do recurso referente aos Autos de Infração de IRPJ e CSLL Processo 16327.720075/201633 foram verificadas inconsistências nos lançamentos que resultaram em exigência a menor dos tributos devidos, conforme demonstrado abaixo. I) Postergação No lançamento efetuado no Sistema de Auto de Infração não foram exigidos os juros e multa de mora sobre os valores postergados de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL) referentes a: a) Antecipação de despesas operacionais relativas a processos trabalhistas e cíveis, no valor de R$ 930.442,94; b) Baixa de créditos incobráveis antes do prazo permitido pela legislação, no valor de R$ 20.323.579,84. II) Perdas de Crédito No lançamento efetuado no Sistema de Auto de Infração não foram adicionados na apuração do Lucro Real R$ 12.402.336,27, referentes a perdas onde não foram informados os procedimentos judiciais iniciados e mantidos para o recebimento dos créditos. Fl. 4215DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.216 3 Contra o lançamento complementar foi apresentada impugnação, a qual a DRJ REC negou provimento, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 LANÇAMENTO COMPLEMENTAR DEVIDO A ERRO DE CÁLCULO. MÉRITO JÁ JULGADO EM ACÓRDÃO ANTERIOR. O lançamento complementar decorreu da verificação de inconsistências no cálculo do crédito tributário efetuado no lançamento original, não havendo modificação do valor tributável das infrações ou dos fatos em que se basearam. O mérito das infrações envolvidas nos erros de cálculo já foi enfrentado no acórdão que apreciou o lançamento original, não havendo possibilidade de novo pronunciamento por esta DRJ ante os novos argumentos e provas trazidas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 LANÇAMENTO COMPLEMENTAR DEVIDO A ERRO DE CÁLCULO. MÉRITO JÁ JULGADO EM ACÓRDÃO ANTERIOR. O lançamento complementar decorreu da verificação de inconsistências no cálculo do crédito tributário efetuado no lançamento original, não havendo modificação do valor tributável das infrações ou dos fatos em que se basearam. O mérito das infrações envolvidas nos erros de cálculo já foi enfrentado no acórdão que apreciou o lançamento original, não havendo possibilidade de novo pronunciamento por esta DRJ ante os novos argumentos e provas trazidas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Banco Safra S/A interpôs recurso, alegando nulidade da decisão recorrida, porque o acórdão não analisou a impugnação. Lembrou que, nos termos do o art. 41, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 7.574/2011, o auto de infração complementar e o original devem ser objetos do mesmo processo, para que o órgão julgador realize o julgamento em conjunto das impugnações, de modo que haja um único acórdão para ambos os lançamentos. No entanto, no caso concreto, isso não aconteceu. Foram proferidos dois acórdãos: o Acórdão n° 1153.668, que examinou a impugnação contra o auto de infração original; e o Acórdão n° 1158.800, que tratou da impugnação contra o lançamento complementar. Portanto, são nulos ambos os acórdãos, por flagrante violação ao Decreto nº 7.574. A recorrente teve seu direito de defesa prejudicado, pois parte de suas alegações, provas e pagamentos realizados sequer foram analisados. Nessa linha de argumentação, ponderou que, antes do lançamento complementar, a DRJ já havia proferido julgamento do auto de infração original, mas não apreciou todos os argumentos da recorrente, em especial os da impugnação ao lançamento complementar. Contestou as afirmações do Acórdão n° 1158.800, no sentido de que as matérias de mérito já haviam sido exaustivamente analisadas no primeiro acórdão (1153.668). O acórdão recorrido (1158.800) reconhece que a recorrente trouxe novos argumentos e novas provas na impugnação ao segundo auto de infração, porém não as Fl. 4216DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.217 4 analisou, afirmando que não caberia novo pronunciamento da DRJ. Assim, como o acórdão n°. 1153.668 também não analisou os argumentos e provas trazidos na impugnação ao auto de infração complementar, esses argumentos e provas não foram analisados por nenhum dos dois acórdãos. No entendimento da recorrente, é flagrante o cerceamento ao direito de defesa, estando configurada a hipótese prevista no inciso II do artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, que comina de nulidade o ato praticado com preterição ao direito de defesa. A omissão na análise das provas e dos argumentos apresentados pela recorrente, além de caracterizar cerceamento do direito de defesa, implica ofensa ao princípio constitucional do contraditório e do duplo grau de jurisdição. No mérito, questionou a tributação do excesso de pagamento de juros sobre capital próprio JCP; de outras despesas operacionais; e de perdas dedutíveis em operações de crédito. Relativamente a essas perdas, ponderou que, em alguns casos, a recuperação de créditos e o respectivo registro contábil teria anulado o efeito das baixas. Ao final, pugnou pela nulidade do acórdão recorrido. Subsidiariamente, na eventualidade de não ser acolhido o pedido principal, solicitou que fossem reconhecidos os pagamentos realizados a título de CSLL e IRRF, bem como a utilização do saldo negativo de IRPJ, conforme determinado no processo nº 16327.720175/201660. Por fim, pediu o cancelamento das demais exigência. É o relatório. Fl. 4217DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.218 5 Voto Vencido Conselheiro Roberto Silva Junior Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos formais de admissibilidade. A recorrente arguiu nulidade da decisão recorrida, uma vez que, contrariando o Decreto nº 7.574/2011, o lançamento original e o complementar não foram julgados na mesma decisão, e isso fez com que pontos suscitados na impugnação ao segundo lançamento ficassem sem resposta, caracterizando cerceamento de defesa e afronta aos princípios do contraditório e do duplo grau de jurisdição. De início se deve reconhecer que o procedimento adotado neste processo não está em conformidade com o disposto no Decreto nº 7.574. A desconformidade com o ato regulamentar, entretanto, decorre de um óbice de natureza operacional invencível, como revela a informação de fl. 2, abaixo reproduzida: O crédito tributário do processo 16327.720273/201788 referese ao lançamento complementar de IRPJ e CSLL, proveniente do lançamento original no processo 16327.720075/201633. Conforme sugerido no Acórdão de Impugnação nº 1153.668 de 08/07/2016, foi lavrado AI Complementar em 05/12/2016, com ciência do contribuinte em 12/12/2016. O lançamento complementar deve ser formalizado de acordo com o artigo 41 do Decreto nº 7574/2011, onde se determina que esse lançamento complementar deverá ser objeto do mesmo processo do lançamento original. Tal determinação não pode ser efetuada, haja vista que acarretou problemas quando da integração do lançamento complementar, no sistema SIEF, no processo 16327.720075/2016 33 e portanto, optamos por cadastrar o AI Complementar nesse novo processo em epígrafe. Em 10/01/2017, o contribuinte apresentou tempestivamente impugnação ao Auto de Infração Complementar. Diante de todo o exposto, propomos o encaminhamento deste novo processo à DRJ/SP, para o devido prosseguimento do contencioso administrativo. (g.n.) O lançamento complementar foi motivado por erro quando da formalização do auto de infração. O Termo de Verificação Fiscal TVF apurou infrações no montante de R$ 419.614.847,09. O lançamento, entretanto, ficou aquém desse valor, considerando como o total das infrações R$ 407.212.531,05. A diferença de R$ 12.402.336,27 deu causa ao lançamento complementar. Além disso, o lançamento original não tinha tributado a postergação. Era necessário, portanto, constituir o crédito tributário relativo às diferenças. Porém, quando se concluiu o lançamento complementar, a DRJ já havia apreciado o lançamento original, de modo que foi impossível até mesmo cadastrar no primeiro processo o crédito tributário constituído pelo segundo lançamento. Daí a necessidade de abrir este processo, para controlar o crédito tributário constituído posteriormente. Fl. 4218DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.219 6 Como se vê, a Administração não violou o Decreto nº 7.574. Ao contrário, tentou cumprilo, mas se deparou com uma impossibilidade operacional invencível. Assim, decidiu abrir um novo processo para o controle do crédito tributário. A reunião dos dois lançamentos no mesmo processo, para julgamento conjunto, realmente não ocorreu. Mas essa circunstância não gerou prejuízo à recorrente, pelas seguintes razões: a) existe clareza quanto aos fatos imputados à recorrente, nos dois lançamentos; b) as intimações de ambos os lançamentos foram válidas e eficazes; c) a recorrente pode exercer seu direito de defesa em ambos os processos, nos quais foram apresentadas tanto impugnações, quanto recursos; d) as disposições do art. 41 do Decreto nº 7.574 visam tão somente a assegurar economia e celeridade processuais, sem qualquer relação com os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório; e e) a impugnação apresentada contra o lançamento complementar, assim como o próprio recurso suscitaram pontos que não têm pertinência com o segundo lançamento, mas se referem ao primeiro, que já havia sido impugnado. É importante ter em mente que a impugnação deve cingirse a aspectos fáticos e jurídicos pertinentes ao ato impugnado, no caso concreto, o lançamento complementar. Esse lançamento colheu duas situações específicas: a primeira é a diferença entre o valor apurado no TVF e o valor considerado no auto de infração (R$ 12.402.336,27); a segunda, a falta de lançamento da postergação. Portanto, as matérias passíveis de serem discutidas na impugnação estavam rigidamente delimitadas a esses dois pontos. Observese que no tocante à diferença de R$ 12.402.336,27, o que se tem é um erro no momento de transportar os números apurados no TVF para o auto de infração. O valor não corresponde à qualquer despesa específica. Essa constatação, na prática, impede que na impugnação do lançamento complementar se queira discutir a existência de determinadas despesas, a regularidade de deduções específicas ou a validade de qualquer glosa, já que tais questões haviam de ser tratadas na impugnação do lançamento original. Na verdade, o que a recorrente busca é rediscutir o lançamento original, a pretexto de impugnar o lançamento complementar. Por isso, a DRJ afirmou, com razão, que "o mérito das infrações envolvidas nos erros de cálculo já foi enfrentado no acórdão que apreciou o lançamento original, não havendo possibilidade de novo pronunciamento por esta DRJ ante os novos argumentos e provas trazidas". Quem examinar o processo nº 16327.720075/201633 (lançamento original) há de perceber que tanto a impugnação, quanto o recurso foram feitos à luz do TVF, o que implica dizer que foram contestados todos os itens que a recorrente entendeu passíveis de questionamento. Não o foram apenas os pontos para os quais a recorrente não dispunha de elementos comprobatórios e as situações cuja irregularidade ela própria admitiu. Portanto, a decisão a quo está correta ao afirmar que o mérito das infrações envolvidas nos erros de cálculo já foi enfrentado no acórdão que apreciou o lançamento original. Fl. 4219DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.220 7 Por fim, convém destacar que, ao restringir a impugnação do lançamento complementar às matérias nele contempladas, se está reafirmando um princípio que o próprio Código Tributário Nacional CTN consagra, embora em outro contexto. Nesse sentido, é o regramento dado pelo CTN, quando prevê a hipótese de retificação da Certidão de Dívida Ativa CDA. Confirase: Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I o nome do devedor e, sendo caso, o dos coresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV a data em que foi inscrita; V sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição. Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. Observese que, no caso de retificação de um dos elementos da CDA, o direito de defesa fica restrito à parte modificada, não podendo o devedor se valer dessa circunstância para rediscutir toda a matéria. Tratase de um princípio que, mutatis mutandis, se aplica ao caso em tela. No presente processo, a única matéria trazida pela recorrente passível de exame é a nulidade do lançamento. Os outros pontos são impertinentes, revelando apenas a vontade de rediscutir matérias que já foram, ou deveriam ter sido, examinadas no lançamento original. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, apenas na parte que contesta a validade da decisão recorrida, e no mérito negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 4220DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.221 8 Voto Vencedor Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite Redatora designada Com a devida vênia, o Colegiado divergiu do entendimento do Ilustre Relator no que diz respeito à preliminar de nulidade suscitada pelo contribuinte. Declara o relator que o sujeito passivo arguiu nulidade da decisão recorrida, uma vez que, contrariando o Decreto nº 7.574/2011, o lançamento original e o complementar não foram julgados na mesma decisão, e isso fez com que pontos suscitados na impugnação ao segundo lançamento ficassem sem resposta, caracterizando cerceamento de defesa e afronta aos princípios do contraditório e do duplo grau de jurisdição. Transcrevemse as disposições do § 5º do art. 41 do Decreto nº 7.574/2011, in verbis: Art.41. Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, específicos em relação à matéria modificada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, § 3o, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). (...) § 4º O auto de infração ou a notificação de lançamento de que trata o caput devem ser objeto do mesmo processo em que for tratado o auto de infração ou a notificação de lançamento complementados. § 5º O julgamento dos litígios instaurados no âmbito do processo referido no § 4º será objeto de um único acórdão. Apesar de o dispositivo supracitado estabelecer que o litígio seria decidido em um único acórdão, a nulidade não está embasada apenas em mera questão formal firmada no fato de que os acórdãos deveriam ser uma peça única. Essa questão meramente formal poderia ser superada, se o Colegiado da DRJ tivesse analisado o mérito da impugnação da lançamento complementar, inclusive no que diz respeito aos documentos apresentados. Mas não foi isso que ocorreu. O Colegiado de 1ª Instância, ao julgar a impugnação do lançamento complementar constante deste processo, limitouse a afirmar que a infração lançada em complemento ao lançamento original já havia sido julgada nos autos do processo nº 16327.720075/201633. Vide excerto da ementa do acórdão recorrido: O lançamento complementar decorreu da verificação inconsistências no cálculo do crédito tributário efetuado no lançamento original, não havendo modificação do valor tributável das infrações ou dos fatos em que se basearam. O mérito das infrações envolvidas nos erros de Fl. 4221DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.222 9 cálculo já foi enfrentado no acórdão que apreciou o lançamento original, não havendo possibilidade de novo pronunciamento por esta DRJ ante os novos argumentos e provas trazidas.(grifei) A efetivação do lançamento complementar pela autoridade fiscal traz como consequência inafastável a abertura de prazo para o contribuinte se defender quanto ao lançamento complementar, podendo em sua defesa apresentar novos documentos que entender necessários e oportunos. Como regra geral, o contribuinte se defende apenas dos fatos que deram ensejo ao lançamento complementar. Contudo, no caso em que os fatos do lançamento complementar estão intrinsecamente ligados àqueles constantes do lançamento original, não há como negarlhe a apreciação de novos documentos apresentados sob o fundamento de que a questão de mérito já foi analisada nos autos do processo original. Contrário senso, se o lançamento complementar estivesse baseado nos mesmos fatos, não seria necessário dar oportunidade de o contribuinte apresentar impugnação, bastaria deixar claro no auto de infração complementar que se tratam dos mesmos fatos do lançamento anterior, já que um possível impugnação seria decidida sob o fundamento de que a matéria já foi julgada. Aceitar tal fundamento implicaria desrespeito aos princípios fundamentais do processo administrativo fiscal, quais sejam o contraditório e a ampla defesa. Com efeito, a ementa do acórdão recorrido deixa claro que as novas provas trazidas não foram apreciadas, configurando afronta direta aos princípios do contraditório e ampla defesa. Nesse sentido, entendo que devem ser anulados os acórdãos nº 1153.668 e nº 1158800, proferidos nos processos administrativos nº 16327.720075/201633 e nº 16327.720273/201788, respectivamente, que já se encontram juntados, devendo os mesmos retornar à DRJ para que aprecie as alegações e os documentos trazidos na impugnação do lançamento complementar, juntamente com os argumentos de defesa apresentados na impugnação do lançamento original, e como consequência, emitir acórdão único para os dois lançamentos, nos termos do § 5º do art. 41 do Decreto nº 7.574/2011. Não deixei de levar em consideração os argumentos da DRJ, quando declara que o lançamento original já havia sido julgado em sessão realizada no dia 08/07/2016, portanto anteriormente à ciência do lançamento complementar que se deu em 12/12/2016. Mas esta é a visão da DRJ. Para o contribuinte, a impugnação ao lançamento complementar foi apresentada em 10/01/2017, anteriormente à ciência do acórdão da DRJ efetivada em 24/04/2017. Do ponto de vista do contribuinte, ele teve dois lançamentos efetuados contra si, apresentou duas impugnações, acompanhadas de documentos, e tinha a expectativa de ver analisadas ambas as impugnações, não só a primeira. Importante ainda ressaltar, que o julgamento de primeira instância, diferentemente do que acontece no CARF, não é aberto ao público e não permite que o contribuinte ou seu patrono acompanhe o julgamento. Logo, o conhecimento efetivo do acórdão da DRJ nº 1153.668, referente ao lançamento original, só ocorreu em 24/04/2017, após o contribuinte ter ingressado com a impugnação do lançamento complementar. Fl. 4222DF CARF MF Processo nº 16327.720273/201788 Acórdão n.º 1301003.614 S1C3T1 Fl. 4.223 10 Por todo o exposto, voto no sentido de acolher a preliminar e, anular as decisões de 1ª Instância constantes dos acórdãos nº 1153.668 (PA nº 16327.720075/201633) e nº 1158800 (PA nº 16327.720273/201788), e determinar que seja proferido novo acórdão único analisando, em conjunto, a impugnação apresentada no processo nº 16327.720075/2016 33. (assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Fl. 4223DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.018150/2008-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE.
As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornam-se definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972.
IMPUGNAÇÃO. DELIMITAÇÃO DA LIDE. INOVAÇÃO DE ARGUMENTOS EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.
O conhecimento e apreciação das alegações recursais e provas deve ser conduzido sob as normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, nos termos do disposto nos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/1972, segundo os quais as matérias que delimitam o contencioso devem ser aduzidas por ocasião da impugnação, não se podendo conhecer de novas alegações produzidas apenas em sede de recursal.
Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007
IOF. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. EMPRÉSTIMOS. INCIDÊNCIA.
A realização de operações de mútuo entre empresas coligadas configura hipótese de incidência do IOF, independentemente da destinação dada pela mutuaria ao recurso recebido da mutuante, nos termos do art. 3º e §§ do Regulamento do IOF.
IOF. BASE DE CÁLCULO. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. AUSÊNCIA DE DEFINIÇÃO DO VALOR PRINCIPAL A SER UTILIZADO PELA MUTUARIA. SOMATÓRIO DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS.
O Regulamento do IOF prevê expressamente que a base de cálculo do IOF, nas operações em que não for definido o valor principal a ser utilizado pela mutuaria, será o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, independentemente de haver movimentação na conta que registra o referido mútuo.
Numero da decisão: 3302-006.108
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Weis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède (Presidente).
Nome do relator: DIEGO WEIS JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE. As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornam-se definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972. IMPUGNAÇÃO. DELIMITAÇÃO DA LIDE. INOVAÇÃO DE ARGUMENTOS EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. O conhecimento e apreciação das alegações recursais e provas deve ser conduzido sob as normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, nos termos do disposto nos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/1972, segundo os quais as matérias que delimitam o contencioso devem ser aduzidas por ocasião da impugnação, não se podendo conhecer de novas alegações produzidas apenas em sede de recursal. Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 IOF. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. EMPRÉSTIMOS. INCIDÊNCIA. A realização de operações de mútuo entre empresas coligadas configura hipótese de incidência do IOF, independentemente da destinação dada pela mutuaria ao recurso recebido da mutuante, nos termos do art. 3º e §§ do Regulamento do IOF. IOF. BASE DE CÁLCULO. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. AUSÊNCIA DE DEFINIÇÃO DO VALOR PRINCIPAL A SER UTILIZADO PELA MUTUARIA. SOMATÓRIO DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS. O Regulamento do IOF prevê expressamente que a base de cálculo do IOF, nas operações em que não for definido o valor principal a ser utilizado pela mutuaria, será o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, independentemente de haver movimentação na conta que registra o referido mútuo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède (Presidente).
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AUSÊNCIA DE LITÍGIO. DEFINITIVIDADE. As matérias não contestadas por ocasião da impugnação tornamse definitivas, vez que sobre elas não se instaurou litígio, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto Lei nº 70.235/1972. IMPUGNAÇÃO. DELIMITAÇÃO DA LIDE. INOVAÇÃO DE ARGUMENTOS EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. O conhecimento e apreciação das alegações recursais e provas deve ser conduzido sob as normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, nos termos do disposto nos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/1972, segundo os quais as matérias que delimitam o contencioso devem ser aduzidas por ocasião da impugnação, não se podendo conhecer de novas alegações produzidas apenas em sede de recursal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 IOF. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. EMPRÉSTIMOS. INCIDÊNCIA. A realização de operações de mútuo entre empresas coligadas configura hipótese de incidência do IOF, independentemente da destinação dada pela mutuaria ao recurso recebido da mutuante, nos termos do art. 3º e §§ do Regulamento do IOF. IOF. BASE DE CÁLCULO. MÚTUO ENTRE EMPRESAS COLIGADAS. AUSÊNCIA DE DEFINIÇÃO DO VALOR PRINCIPAL A SER UTILIZADO PELA MUTUARIA. SOMATÓRIO DOS SALDOS DEVEDORES DIÁRIOS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 81 50 /2 00 8- 61 Fl. 1471DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.472 2 O Regulamento do IOF prevê expressamente que a base de cálculo do IOF, nas operações em que não for definido o valor principal a ser utilizado pela mutuaria, será o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, independentemente de haver movimentação na conta que registra o referido mútuo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède (Presidente). Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG DRJ/JFA, assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 ILEGALIDADE A autoridade administrativa não possui competência para apreciar ilegalidade de lei ou ato normativo do poder público, cabendo tal prerrogativa ao Poder Judiciário. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 OPERAÇÕES DE MÚTUO. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas físicas e jurídicas sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas Fl. 1472DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.473 3 instituições financeiras. Constatada a existência das operações e a falta de recolhimento do tributo correspondente, correta a formalização da exigência de ofício em face da contribuinte, na qualidade de responsável pelas faltas de cobrança e recolhimento do imposto. IOFCRÉDITO. ALÍQUOTA ZERO. OPERAÇÕES DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO (ART. 8º, INC. III, DO DECRETO Nº 4.494/2002). As operações de crédito à exportação beneficiadas com a alíquota zero do IOF, conforme previsto no art. 8º, inciso III, do Decreto nº 4.494/2002, são aquelas realizadas por instituições financeiras, nos termos da legislação específica. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na origem foi lavrado auto de infração por ter entendido a autoridade fiscal que existem, na contabilidade do sujeito passivo, diversas contas que representam empréstimos a acionistas e empresas coligadas sem o correspondente recolhimento de IOF, o que levou ao lançamento de ofício desse imposto, acrescido de juros de mora e de multa proporcional de 75%. (fls. 2 a 25) Mediante declaração de fls. 41 a 42, a fiscalizada informou que os lançamentos realizados nas mencionadas contas decorrem de empréstimos por ela efetuados às pessoas físicas ou jurídicas que dão nome às contas, sendo que todas fazem parte do grupo empresarial. A ora recorrente declarou ainda, durante o procedimento fiscal, (fls. 115 e 116) que confirma, por amostragem, os saldos das contas apresentados na planilha elaborada pelo auditor fiscal. Cientificada do auto de infração, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 411 a 421) alegando em sua defesa: a) que tratamse de operações de mútuo destinadas exclusivamente à exportação e, portanto, com a finalidade de amparar ou estimular o ingresso de dividas, devendo, segundo o disposto no art. 8º, III, do Decreto 4.494/2002, ser aplicada alíquota zero do IOF; b) que os denominados mútuos são oriundos de captação de financiamentos bancários, captados em nome da autuada, onde foi devidamente pago o IOF, e depois repassados para as filiadas; c) que, com exceção do registro contábil dos encargos contratuais, as contas analisadas estavam sem movimento, sendo indevida a soma dos saldos diários no fim do mês; Em sessão de 30 de outubro de 2013, a 2ª Turma da DRJ/JFA julgou improcedente a impugnação, alegando, em síntese, que o contribuinte não trouxe nenhum elemento de prova ou alegação capaz de ilidir o contido no relatório da fiscalização, e que Fl. 1473DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.474 4 muito embora as contas em questão estivessem sem movimento, a fiscalização cuidou de deduzir os saldos das contas de passivo, registradas para as mesmas empresa dos mútuos registrados no ativo. Cientificada do teor da decisão de primeira instância em 20.11.2013, a contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivo em 18.12.2013, onde repetiu as alegações da impugnação, bem como sustentou que a decisão a quo foi proferida em total descompasso com as alegações e documentos constantes dos autos, vez que julgou matérias não constantes da impugnação, tal como a suposta preliminar de ilegalidade, que sequer foi ventilada, e que deixou de analisar argumentos e provas trazidos pelo contribuinte, configurando supressão de instância. Assim, pugnou para que fosse o presente processo "retornado à Repartição de origem, para que nova e correta decisão seja prolatada". Em sessão de 16.10.2014, a 3ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, desta Terceira Seção de julgamento, acolheu o recurso do contribuinte e decidiu, por unanimidade, anular a decisão recorrida em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 IOF. NULIDADE DE JULGAMENTO DE PISO. CERCEAMENTO DE DEFESA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO RELEVANTE. Há nulidade no julgamento efetuado pela DRJ que deixa de apreciar argumento relevante apresentado em sede de impugnação, inviabilizando a análise da matéria em sede inaugural pelo CARF. (Acórdão 3403003.366. Relator: Rosaldo Trevisan) Em 14.04.2015, a 2ª Turma da DRJ/JFA proferiu novo acórdão, enfrentando as matérias outrora omitidas por aquela instância, mas mantendo a improcedência da impugnação. Cientificado da nova decisão em 28.05.2015, o sujeito passivo apresentou novo recurso voluntário tempestivo em 26.06.2015, onde além de ratificar os argumentos já aduzidos, alegou que as operações realizadas não se tratavam de mútuo entre empresas, mas de conta corrente entre a controladora e suas controladas. Em novo sorteio no âmbito desta seção de julgamento, em atenção ao disposto no § 8º do art. 49 do RICARF, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Weis Junior, Relator. Fl. 1474DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.475 5 O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos e requisitos de admissibilidade, portanto, passo a analisálo. Consta dos autos que a fiscalização identificou registros contábeis de transações com pessoas físicas e jurídicas, considerandoas como empréstimos (mútuos) e, em consequência, lavrou o auto de infração em discussão para a cobrança do IOF sobre tais operações. Em sede de impugnação (fls. 411 a 421), a contribuinte argüiu ser inconsistentes os lançamentos, sustentando suas razões em 3 (três) fundamentos, a saber: I) serem as operações realizadas entre a empresa e suas coligadas, voltadas exclusivamente à exportação e, portanto, sujeitas à alíquotas zero, na forma do Decreto nº 4.494/2002; II) todas as empresas envolvidas nas operações compõem o Grupo Empresarial INACE, sendo que a totalidade dessas operações referemse a repasse de recursos de financiamentos captados pela controladora junto à instituições financeiras e cedidos em parte às controladas, sobre os quais já foi recolhido o IOF; III) terem sido indevidamente utilizados os "saldos diários no fim do mês", vez que as contas em questão mantiveramse sem movimento, tendo apenas ocorrido a contabilização obrigatória dos encargos contratuais. Assim, temos que as matérias em litígio dizem respeito à natureza das operações realizadas pela recorrente para com as pessoas jurídicas que dão nome às contas contábeis listadas pela fiscalização, bem como sobre a base de cálculo utilizada pela fiscalização (somatório dos saldos devedores diários). 1 Da natureza das transações com pessoas físicas Matéria não impugnada. Segundo a descrição dos fatos constante do auto de infração, o lançamento vergastado referese empréstimos concedidos pela empresa autuada à pessoas físicas acionistas e a empresas coligadas, conforme contas contábeis representadas pelos nomes dos respectivos beneficiários das operações. Dentre os beneficiários de tais operações, encontramse diretores e acionistas (pessoas físicas). Ocorre que, como bem observado pelo ilustre conselheiro Rosaldo Trevisan quando do julgamento do primeiro recurso voluntário interposto, a empresa não impugnou a natureza das operações realizadas com as pessoas físicas, restando incontroverso tratarse de empréstimos o que é ratificado pela declaração de fls. 41 e 42 e materializando os efeitos da preclusão, nos termos dos arts. 14, 16, III, e 17, todos do Decreto Lei nº 70.235/1972. Assim, no que tange as transações realizadas com os diretores e acionistas pessoas físicas, não se conhece nesses autos qualquer discussão sobre a sua natureza, vez que operados os efeitos da preclusão. Fl. 1475DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.476 6 2 Do "Conta Corrente" entre as empresas Inovação de argumentos em fase recursal. Por ocasião do recurso voluntário em análise, o contribuinte alegou em sua defesa que as operações realizadas entre a autuada e suas coligadas e acionistas referemse a contratos de contacorrente, pelo quais a recorrente (controladora) administra o caixa das suas controladas, coligadas e acionistas. Nesse sentido, sustenta a recorrente que há decisões administrativas que afastam a incidência de IOF sobre operações de conta corrente, pugnando pelo cancelamento do lançamento ora combatido. O conhecimento e apreciação das alegações recursais e provas deve ser conduzido sob as normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, nos termos do disposto nos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/1972, segundo os quais as matérias que delimitam o contencioso devem ser aduzidas por ocasião da impugnação. Por não ter tal alegação constado entre aquelas apresentadas por ocasião da impugnação, está caracterizada a inovação dos argumentos de defesa, em afronta ao regramento do PAF, razão pela qual não conheço das alegações de que as transações em comento referemse à contratos de contacorrente. 3 Da destinação dos mútuos ao financiamento de exportações. Sustenta ainda a recorrente que os mútuos identificados pela fiscalização entre a controladora e suas controladas são financiamentos à exportação, e, portanto, a eles deve ser aplicada alíquota zero de IOF, nos termos do art. 8º, III, do Decreto 4.494/2002. A DRJ, por sua vez, ao enfrentar tal alegação, aduziu que a administração tributária, para situação idêntica a aqui tratada, já se manifestou através da Solução de Consulta nº 3 SRRF/3ª RF/Disit, de 08/10/2008, no sentido de que a redução a zero da alíquota do IOF mencionada no Decreto nº 4.494/2002, somente alcança as operações de crédito à exportação, bem como de amparo à produção para exportação ou de estímulo à exportação quando realizadas por instituições financeiras sob a coordenação do Banco do Brasil S/A, de conformidade com a legislação específica e as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Entendeu a instância a quo, que as operações de crédito correspondentes a mútuos de recursos financeiros entre pessoas jurídicas do mesmo grupo tem como característica a liberalidade, de modo que a mera alegação da mutuária, ainda que registrada em contrato, de que emprega os recursos recebidos no desenvolvimento de atividades voltadas à exportação não tem o condão de estender, para tal operação, o benefício de redução a zero da alíquota do IOF concedido às operações de crédito vinculadas à exportação. Segundo inteligência do art. 63, I, do CTN, o crédito objeto da exação pelo IOF é considerado um "produto financeiro", disponibilizado ao interessado em diferentes formas e versões, de modo a melhor atender as finalidades para a qual foi criado. Há, por exemplo, linhas de crédito destinadas ao financiamento estudantil, outras voltadas especificamente para o investimento, custeio ou produção rural, assim como aquelas destinadas à aquisição de moradia. Cada uma dessas linhas de crédito foi concebida com a finalidade de atender a um propósito específico, de modo a fomentar a realização de um ou mais negócios jurídicos distintos e autônomos. Fl. 1476DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.477 7 É o caso, por exemplo, do financiamento para aquisição de veículos, em que o adquirente do veículo busca, perante um terceiro (instituição financeira), recursos para a realização de um segundo negócio jurídico (compra e venda do veículo). Destarte, têmse que a hipótese de incidência do IOFCrédito reside na entrega ou disponibilização do crédito em si (produto financeiro), e não na utilização dos recursos dele decorrentes, que, por sua vez, constituise em negócio jurídico distinto, sujeito, a depender do caso, a outras exações, tais como o ICMS, o PIS e a COFINS, no caso da compra e venda de veículos; ou o ISSQN, no caso da prestação de serviços educacionais custeados com os recursos do financiamento estudantil. Noutras palavras, o objeto da exação do IOFCrédito é o crédito "produto financeiro" e não a sua utilização pelo mutuário. Nesse sentido, a norma que aplica benefícios tributários do IOF a um determinado produto financeiro (modalidade de crédito), não pode ser aplicada a outra modalidade apenas porque ao recurso captado foi dada destinação semelhante, sob pena afronta ao disposto no art. 111 do CTN. Portanto, não merece prosperar a alegação da recorrente de que os mútuos identificados pela fiscalização foram empregados em atividades de exportação ou de estímulo à exportação e, portanto, sujeitarseiam à alíquota zero do IOF, na forma do art. 8º, III, do Decreto 4.494/2002. Isso porque os mútuos em comento não preenchem os requisitos para serem considerados linhas de crédito à exportação, seja em função da natureza de empréstimo similar a um capital de giro e, portanto, desvinculados de um propósito específico , ou seja em função de não ser o mutuante agente autorizado à operacionalizar esse tipo de produto financeiro. Diante do exposto, entendo que a redução à zero da alíquota do IOF, prevista no inciso III, do art. 8º do Decreto nº4.494/2002, aplicase aos produtos financeiros linhas de crédito criados com o propósito específico de fomentar às atividades de exportação, não se podendo aplicar tal benefício fiscal à qualquer outra operação de crédito desvinculada de tal propósito em sua essência simplesmente porque os recursos dela decorrentes foram aplicados em operações de exportação ou em seu estímulo. 4 Do mero repasse de recursos de financiamentos bancários pela controladora às controladas. Alega a recorrente que todas as operações denominadas de "mútuo" pela fiscalização referemse a meros repasses decorrentes da obtenção de recursos de financiamentos bancários pela controladora, posteriormente cedidos às coligadas, sobre os quais foi devidamente pago o IOF quando da realização da operação junto ao agente financeiro. Ocorre que não há nos autos qualquer documento que comprove tal alegação, ao contrário, os documentos constantes dos autos depõem no sentido de que os mútuos em comento são decorrentes de pagamentos de despesas operacionais das coligadas e controladas, realizadas diretamente pela INACE, contabilizadas nesta última em contas de ativo circulante e ativo realizável a longo prazo, constituindo, portanto, direitos a receber e materializando tratar se de empréstimos. Nessa linha: i) a declaração de fls. 41 a 42; ii) as autorizações de pagamentos de despesas de fls. 371 a 390; iii) os razões contábeis de fls. 306 a 369. Fl. 1477DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.478 8 Ademais, consoante ao já exposto, a hipótese de incidência do IOF é a disponibilização de crédito ao mutuário, e não a destinação que será data aos recursos provenientes deste crédito, de modo que a eventual captação de recursos de instituições financeiras pela controladora configuraria, em tese, fato gerador do imposto sobre operações financeiras, enquanto que a transferência dos recursos provenientes de tal operação, mediante novo empréstimo à empresa coligada ou controlada configura novo fato gerador, distinto do anterior e, portanto, igualmente sujeito ao pagamento do imposto. Assim, novamente sem razão a recorrente, vez que há previsão legal expressa no sentido de serem as operações de mútuo entre pessoas jurídicas, bem como entre pessoa jurídica e pessoas físicas, sujeitas ao IOF1, não se podendo afastar tal incidência sob a alegação de que o aludido recurso adveio de operação de crédito anterior. 5 Da utilização indevida dos saldos diários. Em continuação de suas razões de recurso, aduziu também a recorrente que a autoridade autuante utilizou indevidamente os "saldos diários no fim do mês", para calcular os pretensos créditos tributários, que resultaram em valores "estrambóticos" (sic), não verificando que os valores no período se mantiveram sem movimento, com exceção da contabilização obrigatória dos encargos contratuais. Sobre este aspecto, cumpre analisar o que dispunha o Regulamento do IOF vigente à época dos fatos no que tange às alíquotas e bases de cálculo. Da Base de Cálculo e das Alíquotas Reduzidas Art. 7º A base de cálculo e respectiva alíquota reduzida do IOF são (Lei nº 8.894, de 1994, art. 1º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 64, inciso I): I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: a) quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, inclusive por estar contratualmente prevista a reutilização do crédito, até o termo final da operação, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês, inclusive na prorrogação ou renovação: 1. mutuário pessoa jurídica: 0,0041%; 2. mutuário pessoa física: 0,0041%; b) quando ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, a base de cálculo é o principal entregue ou colocado à sua disposição, ou quando previsto mais de um pagamento, o valor do principal de cada uma das parcelas: 1. mutuário pessoa jurídica: 0,0041% ao dia; 2. mutuário pessoa física: 0,0041% ao dia; 1 Nesse sentido o art. 13 da Lei nº 9.779/1999, c/c o art. 3º, §4º, III, do Decreto nº4.494/2002, vigentes à época dos fatos. Fl. 1478DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.479 9 (omissis) § 1º O IOF, cuja base de cálculo não seja apurada por somatório de saldos devedores diários, não excederá o valor resultante da aplicação da alíquota diária a cada valor de principal, prevista para a operação, multiplicada por trezentos e sessenta e cinco dias, ainda que a operação seja de pagamento parcelado. Da leitura dos dispositivos acima transcritos, percebese na primeira hipótese (alínea a), que a alíquota é de apenas 0,0041%, a ser aplicada sobre o somatório dos saldos devedores diários de um determinado mês, enquanto que na segunda hipótese a alíquota é de 0,0041% ao dia, a ser aplicada sobre o valor principal da operação. Ou seja, enquanto na primeira hipótese a base de cálculo é somada no tempo, aplicandose sobre ela a alíquota simples, na segunda hipótese é a alíquota que passa a ser somada no tempo, permanecendo a base de cálculo estática. Tal opção do legislador promove o equilíbrio entre as cobranças de IOF realizadas entre diferentes hipóteses de incidência, fazendo com que duas operações, de mesmo montante e mesmo prazo, tenham a mesma carga tributária do IOF, independentemente da sistemática de cálculo adotada. Vejamos. Imaginemos que uma empresa tenha realizado contrato de empréstimo de R$31.000,00 (trinta e um mil reais) com uma coligada no primeiro dia do mês de janeiro de um determinado ano, disponibilizando a totalidade do crédito no mesmo dia, e devendo a devolução ocorrer no último dia do mesmo mês. Nesse caso, por estar definido o valor principal a ser utilizado pelo mutuário, aplicarseia a hipótese prevista na alínea b), do inciso I, do art. 7º, do Regulamento do IOF, resultando em IOF devido no valor de R$39,40, apurado conforme a memória de cálculo da tabela abaixo: Exemplo de Apuração do IOF (Art. 7º, I, b), Decreto 4.494/02) Operação Descrição Valor 1 Número de Dias 31 2 Alíquota Diária 0,0041% 3 = ( 1 x 2 ) Alíquota aplicável 0,1271% 4 Valor Principal Disponibilizado R$ 31.000,00 5 = ( 4 x 3 ) Valor do IOF Devido R$ 39,40 De outro norte, se a mesma controladora tivesse realizado contrato de mútuo com sua coligada sem a definição do valor principal a ser disponibilizado para a mutuária e, assim, tivesse realizado, no primeiro dia do mês de janeiro, empréstimo do mesmo valor (R$31.000,00), aplicarseia a hipótese prevista na alínea a), do inciso I, do art. 7º, do Regulamento do IOF, resultando em IOF devido no mesmo montante (R$39,40), apurado conforme a memória de cálculo da tabela abaixo: Exemplo de Apuração do IOF (Art. 7º, I, a), Decreto 4.494/02) Operação Descrição Valor 1 Saldo devedor no primeiro dia do mês R$ 31.000,00 2 Número de dias em que permaneceu o saldo devedor dentro do mês 31,00 3 Soma dos saldos devedores diários do mês R$ 961.000,00 4 Alíquota Aplicável 0,0041% 5 = ( 4 x 3 ) Valor do IOF Devido R$ 39,40 Fl. 1479DF CARF MF Processo nº 10380.018150/200861 Acórdão n.º 3302006.108 S3C3T2 Fl. 1.480 10 Como se pode comprovar pela simples comparação dos exemplos acima, muito embora não esteja expressamente prevista a hipótese de contas sem movimentações, a sistemática adotada pelo legislador consistente na soma dos saldos devedores diários a ser multiplicada pela alíquota simples de 0,0041% do IOF produz o mesmo resultado que seria encontrado se a operação fosse realizada mediante valor definido, com a multiplicação de tal valor pelo produto entre a alíquota diária e o número de dias da operação. Não consta nos autos qualquer documento que comprove ter sido definido o valor principal do crédito a ser concedido pela mutuante às mutuarias. Assim, não merece reparos a apuração realizada pela fiscalização, vez que a própria autuada reconheceu a exatidão dos saldos das contas demonstradas nas planilhas elaboradas pela autoridade fiscal2, além de ter a fiscalização aplicado corretamente as regras de composição da base de cálculo e alíquotas definidas na legislação vigente à época dos fatos. Diante de todo o exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator 2 Vide documento de fls. 115. Fl. 1480DF CARF MF
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