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Numero do processo: 11020.912314/2012-87
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 28/02/2010
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
O contribuinte, a despeito da ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-003.793
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
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RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 23 14 /2 01 2- 87 Fl. 85DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 2° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 28/02/2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO. Não há previsão legal para retificação de DCOMP por meio de manifestação de inconformidade. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), identificando, em tese, incorretamente o valor do crédito. O valor do crédito original informado não era suficiente para a quitação o débito, já que teria sido integralmente utilizado em outros débitos. Apesar de afirmar o erro, não retificou a Per/Dcomp, supostamente por não ter conseguido fazêlo em razão da superveniência de decisão administrativa. A DRJ manteve a não homologação, porque não houve comprovação, por meio de documentação hábil, idônea e suficiente, do erro no preenchimento da declaração. A Recorrente, nas razões de fls. 60 e ss., alega que teria tentado retificar o PER/Dcomp, corrigindo o valor original do crédito inicial, do crédito acumulado e do saldo do crédito original. Porém, devido à superveniência do despacho decisório, não conseguiu transmitir a retificação. Sustenta ter direito à retificação, bem como a veracidade do direito de crédito. Apresenta como prova do direito de crédito: “a) INCONFORMIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO; b) PERDCOMP ORIGINAL transmitida; c) PERDCOMP RETIFICADORA não transmitida por motivo de impedimento acima identificado; d) Comprovante de Arrecadação; e) Última alteração Contratual; f) Procuração; d) Cópias C.I. Responsável Legal e do Procurador”. Pleiteia, assim, o recebimento do recurso voluntário e o seu integral provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn Fl. 86DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11020.912314/201287 Acórdão n.º 3802003.793 S3TE02 Fl. 86 3 O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 04/11/2013 (fls. 57), interpondo recurso tempestivo em 29/11/2013 (fls. 60). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o recurso pode ser conhecido. A compensação, consoante destacado, não foi homologada porque o Recorrente transmitiu o PER/Dcomp sem a retificação da Dctf. Em circunstâncias dessa natureza, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, a Turma tem interpretado que o contribuinte, por força do princípio da verdade material, tem direito à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado. Nesse sentido, cumpre destacar os seguintes julgados da Turma: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado (art. 12, § 3o, da Instrução Normativa SRF nº. 583/2005, vigente à época da transmissão das DCTF’s retificadoras). A retificação, porém, não produz efeitos quando o débito já foi enviado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E.Acórdão nº 380201.078. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. [...] Recurso Voluntário Negado. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.290. Rel. Conselheiro José Fernandes do Nascimento. S. 25/09/2012). COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO Fl. 87DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 3802001.593. Rel. Conselheiro Francisco José Barroso Rios. S. 27/02/2013). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 16, § 4º, “C”, DO DECRETO Nº 70.235/1972. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A prova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972. Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.005. Rel. Solon Sehn. S. 22/05/2012). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova contábil da existência do crédito compensado. A simples retificação após o despacho decisório não autoriza a homologação da compensação do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11020.912314/201287 Acórdão n.º 3802003.793 S3TE02 Fl. 87 5 (CARF. S3TE02. Acórdão nº 380201.112. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). COMPENSAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS. AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA DCTF. IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO PELO CONTRIBUINTE APÓS DECORRIDOS CINCO ANOS DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO. EXCEPCIONALIDADE DE ACEITAÇÃO PELO CARF. A retificação de DCTF constitui requisito formal do contribuinte, ao efetuar pedido de compensação com base em créditos decorrentes de retificação de documentos de cunho declaratório (DACON, DIPJ, dentre outros). Assim, a ausência de apresentação da DCTF retificadora é causa para negação do crédito pleiteado. Todavia, excepcionalmente se permite a compensação caso o contribuinte demonstre que a retificação só foi apontada como não efetuada após o decurso dos cinco anos contados da extinção do crédito, sendo certo que a negativa importaria em situação excepcional de restrição formal à verdade material, contrassenso à própria finalidade do processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. (CARF. S3TE02. Acórdão nº 3802001.642. Rel. Conselheiro Bruno Macedo Curi. S. 28/02/2013) No presente caso, o Recorrente limitouse a apresentar como prova da “veracidade” do crédito: “a) INCONFORMIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO; b) PERDCOMP ORIGINAL transmitida; c) PERDCOMP RETIFICADORA não transmitida por motivo de impedimento acima identificado; d) Comprovante de Arrecadação; e) Última alteração Contratual; f) Procuração; d) Cópias C.I. Responsável Legal e do Procurador”. Tais documentos, contudo, são insuficientes para demonstrar a liquidez e a certeza do direito de crédito, porque apenas veiculam a insurgência do Recorrente em face do despacho decisório (item “a”), comprovam o preenchimento do PER/Dcomp retificado (item “b” e “c”), a regularidade da representação do Recorrente (itens “e”, “f” e “d”), bem como o pagamento do Darf (itens “d”). Estão distantes, como se vê, de qualquer relação de pertinência com a prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Votase pelo conhecimento e integral desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 89DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10245.900192/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR.
Considera-se homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Provas apresentadas e comprovadas em diligência.
Recurso Voluntário Provido
Direito Creditório Reconhecido
Numero da decisão: 3301-002.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator, que integra o presente julgamento.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Considera-se homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Provas apresentadas e comprovadas em diligência. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator, que integra o presente julgamento. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas - Relator. Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente).
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Considerase homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Provas apresentadas e comprovadas em diligência. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator, que integra o presente julgamento. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Luiz Augusto do Couto Chagas Relator. Participaram da sessão de julgamento, os conselheiros: Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas (relator), Sidney Eduardo Stahl, Andrada Márcio Canuto Natal, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 5. 90 01 92 /2 00 9- 83 Fl. 311DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 312 2 Relatório JOÃO EVANGELISTA FERREIRA DE SOUSA & CIA LTDA., já qualificado nos autos, recorre a este Conselho contra o acórdão nº 0118.649,de 03 de agosto de 2010, da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém/PA (fls. 92 e seguintes), que não reconheceu o direito creditório alegado, não homologando a compensação declarada, através de PERDCOMP, conforme relatado pela instância a quo, nos seguintes termos: Tratase de declaração de compensação transmitida em 19/10/2006 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito de R$ 1.210,81, resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 8109, do período de apuração de 31/06/2002, no valor originário de R$ 178,20. A Delegacia de origem, em análise datada de 25.05.2009 (fl. 03), constatou que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Assim, não homologou a compensação declarada. Cientificada em 03/06/2009, a interessada apresentou, em 26.06.2009, manifestação de inconformidade na qual alega (fls. 01/02): "Os créditos oriundos dos pedidos de compensação se originaram na elaboração das listas positivas e negativas com base na Lei n°10.147/2000, que foram elaboradas após o pagamento das contribuições, gerando assim um crédito a ser compensado posteriormente. Quando foi retificada a DIPJ 2003, por esquecimento não foi alterada a ficha da COFINS, sendo alterada apenas a do PIS. Em 21/06/2009, procedemos à alteração da referida ficha, transmitindo uma nova declaração retificadora. (.) Entendemos que, após os esclarecimentos que estão ao nosso alcance, não vemos mais motivos para o indeferimento da PER/DCOMP. Nos colocamos à disposição para fazermos qualquer modificação que se faça necessária para que seja efetuada a devida compensação.(.) Como pode ser constatado, nossa empresa recolheu as referidas contribuições a maior, portanto, nos é permitida a compensação com os débitos vencidos.(.) À vista de todo o exposto, está sobejamente demonstrada a insubsistência e a improcedência do Despacho Decisório.” Fl. 312DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 313 3 A DRJ considerou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório, sob a seguinte Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Ano calendário: 2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. 0 crédito tributário também resulta constituído nas hipóteses de confissão de divida previstas pela legislação tributária, como é o caso da DCTF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ONUS DA PROVA. Considerase não homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando não reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Entre outras alegações constantes do v. Acórdão extraise o seguinte trecho: No caso presente, ao efetivar sua compensação, por intermédio de DCOMP, a interessada indicou como crédito a compensar aquele constante de DARF relativo receita de código 2172, do período de apuração de 07/2002. Ocorre que, em consulta aos sistemas da Receita Federal do Brasil, constatouse que o referido DARF encontravase inteiramente alocado a débito informado pelo próprio sujeito passivo, não existindo, por conseguinte, crédito a compensar. Neste ponto, cumpre referir que o crédito tributário resulta constituído não somente pelo lançamento, mas também nas hipóteses de confissão de divida previstas pela legislação tributária, como se dá no caso de entrega da DCTF. Com efeito, o valor informado na DCTF, por decorrer de uma confissão do contribuinte, pode ser encaminhado a divida ativa da Unido sem que se faça necessário o lançamento de oficio. 0 valor confessado faz prova contra o contribuinte. Logo, se o valor declarado (confessado) em DCTF é igual ou maior que o valor pago, a conclusão imediata é que não há valor a restituir ou compensar, pois o próprio contribuinte está informando que efetuou um pagamento igual ou menor ao confessado. Assim, é condição necessária — embora não suficiente — a que o sujeito passivo pleiteie o reconhecimento de direito creditório referente a débito confessado em DCTF a apresentação prévia de nova declaração, retificando a confissão anterior. E nos termos da legislação que rege a matéria, a alteração de informações prestadas em DCTF efetuase mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 314 4 Esclareçase, ainda em relação ao tema, que a desconstituição do crédito confessado em DCTF não depende apenas da apresentação de DCTF Retificadora,mas igualmente da comprovação inequívoca, por meio de documentos hábeis e idôneos, de que houve pagamento indevido ou a maior. Ou seja, para ilidir a presunção de legitimidade do crédito tributário vinculado ao pagamento antecipado (lançamento por homologação'), não se mostra suficiente que o contribuinte promova a redução do débito confessado em DCTF (e menos ainda que o faça apenas em declaração de informações econômico fiscais da pessoa jurídica), fazendose necessário, notadamente, que demonstre, por intermédio de sua escrita contábil e fiscal e respectiva documentação de suporte, que o pagamento foi realmente indevido. Desta feita, ambas as condições devemse encontrar presentes para que possa ser reconhecida a pretensão creditória do sujeito passivo. No caso concreto, como permanece válida a confissão de divida originalmente efetuada pela contribuinte, haja vista a não apresentação, ao que consta dos autos, de DCTF Retificadora, resulta notória a impossibilidade de ser acolhida sua pretensão. Assinalese que em se tratando de pedido de restituição o contribuinte figura como titular da pretensão e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. Em outras palavras, o sujeito passivo possui o encargo de apresentação de documentos comprobatórios de seu direito creditório, por ter sido ele quem inaugurou o procedimento administrativo. Acrescendo a tudo o que se afirmou até aqui, o Decreto n° 70.235, de 1972, assim dispõe: "Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.° da Lei n.° 8.748/1993) (grifouse) Constatase, pois, que figura como ônus do sujeito passivo trazer aos autos administrativos, já com sua peça impugnatória, as provas cuja produção encontrese em sua esfera de responsabilidade. Tempestivamente, o contribuinte protocolizou recurso voluntário de fls. 95 e seguintes, alegando, sumariamente, que “os créditos oriundos dos pedidos de compensação se originaram na elaboração das listas positives e negativas com base na Lei n° 10.147/2000 que foram elaboradas após o pagamento das contribuições, gerando assim créditos a serem compensados posteriormente. Quando foi retificada a DIPJ 2003, por esquecimento não foi alterada a ficha da COFINS, sendo alterada apenas a ficha do PIS. Em 21/06/2009, procedemos a alteração da referida ficha, transmitindo uma nova declaração retificadora. O fato de não Fl. 314DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 315 5 termos feito a DCTF retificadora no tempo hábil, não impede que os créditos existentes sejam identificados. Na confecção da PERDCOMP 37268.18818.131006.1.3.049520, foi utilizado do total de créditos referente maio/2002 que é de R$ 231,91, apenas R$ 178,20”. A Empresa reconhece a falha por não ter retificado a DCTF, mas apresenta os documentos contábeis que – no seu entender – comprovam o alegado crédito. Por fim, requer seja cancelado o débito fiscal reclamado. O julgamento do presente recurso foi convertido em diligência a fim de que a DRF de origem examinasse as alegações do Contribuinte e os documentos juntados, e também para que se verificasse se realmente existe pagamento a maior do tributo e suas conseqüências no PER/DCOMP apresentado. A diligência foi realizada. É o Relatório. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 316 6 Voto Conselheiro LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Relator. Conforme constatado anteriormente, o recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos na lei e deve ser conhecido. O contribuinte, que atua no ramo farmacêutico, teria declarado em DCTF débito relativo à PIS, período de apuração de maio de 2002, no valor de R$ 231,91, quitado através de DARF. Desse valor existiria um crédito de R$ 1.210,81 e teria utilizado apenas R$ 178,20. para compensação através da PER/DCOMP objeto deste processo. O Despacho Decisório não homologou a compensação declarada, pela inexistência de crédito, pois os pagamentos realizados teriam sido integralmente utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O Contribuinte informa ter apresentado apenas DIPJ retificadora, esquecendo se de apresentar DCTF retificadora. Em sede de recurso, como já havia feito quando da sua Manifestação de Inconformidade, o Contribuinte argumenta que, quando apurou a contribuição originalmente teria incluído indevidamente valores que, pela Lei 10.147/00, deveriam ser excluídos da base de cálculo, surgindo aí o valor a ser compensado. De início deve ser ressaltado, como constou no Despacho Decisório, que o Contribuinte deveria ter observado o art. 16 do Decreto nº 70.235/72, segundo o qual as alegações e provas devem ser apresentadas em primeira instância. Entretanto, o presente processo decorre de Despacho Decisório eletrônico, o qual tem origem nas informações prestadas pelo próprio Contribuinte. Nessas situações, não há uma fase de instrução, antes do mencionado Despacho Eletrônico. É feita apenas uma verificação nos registros do sistema da Receita Federal e aí é gerado, eletronicamente, o Despacho. Não se pode menosprezar a possibilidade de erro nas Declarações e até por esse motivo é prevista a retificação, no prazo legal. Mas, iniciado o procedimento fiscal, não mais é permitida a alteração da Declaração ou, se efetuada, a retificação não produz nenhum efeito, nos termos da Súmula do CARF nº 33. Como se aduz dos autos, o Contribuinte apresentou a justificativa para o seu erro já na sua Manifestação de Inconformidade, e essa justificativa, como se verá a seguir, não chegou a ser analisada pelo Despacho Decisório. Na apresentação do seu Recurso Voluntário, os documentos juntados aos autos podem confirmar as alegações do Contribuinte e a existência do crédito. Neste processo, o Acórdão Recorrido prendeuse à declaração constante da DCTF e ao fato do Contribuinte não ter apresentado na Manifestação de Inconformidade as provas das alegações. Todavia, como mencionado, o Contribuinte apresentou os seus motivos para o erro na declaração e se colocou à disposição para apresentar quaisquer elementos necessários. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 317 7 Outro aspecto relevante é que, conforme se verifica de seu Contrato Social, a área de atuação da Recorrente é exatamente o ramo farmacêutico e perfumaria, alcançado pelas disposições da Lei 10.147/00 (alíquota zero ou isenção). Tal documento foi apresentado já na manifestação de inconformidade, mas este e outros aspectos não foram apreciados ou verificados pelo Despacho Decisório. O julgamento do presente recurso foi convertido em diligência a fim de que a DRF de origem examinasse as alegações do Contribuinte e os documentos juntados, para que se verificasse se realmente existe pagamento a maior do tributo e suas conseqüências no PER/DCOMP apresentado. A diligência realizada pela Delegacia da Receita Federal de origem chegou a seguinte conclusão: Foram confrontados os valores informados na DIPJ, referentes à receita bruta, às Vendas de Produtos/Mercadorias sujeitas à substituição tributária e a base de cálculo da Cofins, descritos em fls. 302/303, com os valores apurados nas Listas Positivas e Negativas apresentadas pelo interessado, constantes das fls. 108/180. Foi verificado o total da receita bruta escriturado no Livro Caixa, fls 234/239, com os valores escriturados no Livro Registro de Saídas, fls 187/189, com os valores informados na Guia de Informação Mensal do ICMS – GIM, fls. 108. Percebe se que todos guardam compatibilidade entre si. A verificação foi feita desta forma, uma vez que a pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido está dispensada da escrituração contábil, desde que mantenha o livro Caixa, regime no qual se enquadra a interessada. Ressaltese que, segundo a DIPJ vigente para o anocalendário 2002, transmitida em 17/06/2009, por ser retificadora, o PIS apurado monta R$ 67,24, compatível com a apuração efetuada por meio da diligência. Diante das verificações efetuadas, a diligência constatou que o valor do crédito que pode ser reconhecido é de R$ 231,91. Esse valor é resultado do cálculo demonstrado abaixo: Valor recolhido em 14/06/2002: R$ 299,15 () Valor devido da Cofins (período apuração 05/2002): R$ 67,24 (=) Crédito de pagamento indevido/a maior: R$ 231,91 Importa alertar a Delegacia da Receita Federal que será responsável pela operacionalização da compensação de que há mais de um débito a ser compensado com esse crédito. Em face do exposto, considerando que a turma designada para o julgamento no CARF determinou, por unanimidade, a conversão do julgamento em diligência, para que se buscasse a verdade real dos fatos e, que, assim, o resultado da diligência realizada pela Fl. 317DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10245.900192/200983 Acórdão n.º 3301002.489 S3C3T1 Fl. 318 8 Delegacia da Receita Federal de origem foi de que, realmente o contribuinte tem direito ao crédito, dou provimento ao recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 318DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 28 /01/2015 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 12466.000571/2010-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2005 a 04/07/2005
MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.
Incabível o lançamento de multa de ofício na constituição de crédito tributário cuja exigibilidade esteja suspensa por medida judicial acautelatória.
Numero da decisão: 3201-001.696
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
EDITADO EM: 02/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Helder Massaaki Kanamaru. Ausência justificada da conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator. EDITADO EM: 02/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Helder Massaaki Kanamaru. Ausência justificada da conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
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LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Incabível o lançamento de multa de ofício na constituição de crédito tributário cuja exigibilidade esteja suspensa por medida judicial acautelatória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 02/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, e Helder Massaaki Kanamaru. Ausência justificada da conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 05 71 /2 01 0- 36 Fl. 2805DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 2 Relatório Tratase de recurso de ofício contra o Acórdão nº 0730.118, de 14/11/2012, proferido pela 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Florianópolis (SC), tendo em vista que a parcela do crédito tributário exonerada pela instância a quo excedeu o limite da Portaria MF nº 3, de 2008. Por bem descrever os fatos ocorridos até o julgamento da instância a quo, transcrevese abaixo o relatório do acórdão recorrido: Contra a interessada foram lavrados Autos de Infração, acompanhados dos respectivos demonstrativos de fls. 01 a 246, assim se exigindo, por ausência de recolhimento, o imposto de Importação (II) e o imposto sobre Produtos Industrializados, vinculado à importação (IPI). A presente autuação, cientificada em 11.03.2010 (fls. 01 e 07), alcançou o montante de R$ 110.524.605,35, aí inseridos os acima mencionados impostos (principal), acrescidos de multas de ofício de 75% e de juros moratórios calculados até 09.03.2010 (acessórios). Pela descrição dos fatos de fls. 02 a 06 e 08 a 13 temos, em resumo, que a constituição do crédito tributário deveuse ao fato de a autuada Server Company Comércio Internacional S/A (atual denominação da Sab Company Comércio Internacional S/A), inscrita no CNPJ sob nº 01.780.688/000132, não efetuar o pagamento dos impostos incidentes nas internações de produtos estrangeiros que importou e que foram processadas pelas Declarações de Importação registradas nos meses de abril, maio e junho de 2005, a motivação para o não recolhimento dos tributos está fundada na obtenção do direito de utilizar, como cessionária, os créditosprêmio de IPI cedidos pela empresa Sab Trading Comercial Exportadora S/A CNPJ nº 42.354.274/0001 29, direito esse evidenciado nos “Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros” acostados às fls. 365 a 904 aprovado pela Instrução Normativa SRF nº 21/97. Segundo relata a fiscalização, a autuada, no caso sob exame, somente teve compensado seus débitos fiscais com os créditos prêmio de IPI cedidos pela Sab Trading Comercial Exportadora S/A pelo fato de haver obtido provimento favorável nesse sentido nos autos do Mandado de Segurança Preventivo nº 99.0016658 2/RJ e na Apelação em Mandado de Segurança nº 2001.02.01.0470300/RJ, conforme se evidencia na Informação Fiscal SAORT/ALF/VIT nº 77/2004. Seguindo o relato, esclarece o autuante que o Inspetor da Alfândega do Porto de Vitória determinou, em 30.12.2003, em acatamento do parecer do SECAT/ALF/VIT, a lavratura de autos de infração com vista a prevenir dos efeitos da decadência os créditos tributários que se referem às compensações iniciadas em 2000 (PAF nº 12466.002362/0020). Fl. 2806DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12466.000571/201036 Acórdão n.º 3201001.696 S3C2T1 Fl. 2.806 3 Historiando ainda os fatos considerados relevantes ao presente feito, segue a fiscalização enunciando que a autuada ao efetuar a juntada das cópias dos requerimentos e respectivas decisões judiciais colhidas do PAF nº 11543.0002002/200634, alega ter obtido do TRF/2ª Região provimentos que impedem que a Fazenda Nacional encaminhe para cobrança ou exija multa de ofício de 75% pela falta de pagamento dos impostos lançados nos autos de infração contra si lavrados, em face de sua condição de cessionária dos créditos cedidos pela Sab Trading (MS nº 99.00166582), tendo em vista que a medida liminar, concedida em 19.12.2005 nos autos da Medida Cautelar Inominada (MCI) nº 2005.02.01.0144723 preparatória de ação rescisória, não teria autorizado a União/Fazenda Nacional desconstituir ou desconsiderar os pedidos de ressarcimento e de compensação por ela apresentados. Porém, diferentemente desse entendimento, o Inspetor da Alfândega do Porto de Vitória, mediante expedição do Memorando nº 096/2006/ALF/VIT/Gabinete, de 23.10.2006 (fls. 358 a 360), determinou a lavratura de autos de infração para lançar os tributos não recolhidos acrescidos de multa de ofício e posterior encaminhamento para cobrança, atendendo às orientações da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional (PRFN), especialmente àquelas contidas na Nota PRFN/2ª Região/GAB nº 94/2005 e na documentação anexada ao Ofício PRFN/2ª Região nº 115/2005 (fls. 255 a 272), ao evidenciar a permanência do entendimento de que as decisões judiciais exaradas nos autos do processo original (MS nº 99.00166582) reconheceram “o direito da SAB TRADING de utilizar dos referidos créditos prêmio de IPI, na modalidade de compensação, apenas até a edição da Instrução Normativa SRF nº 41, de 07/04/2000, que vedou tal possibilidade”. Mais, que “segundo o mesmo entendimento, esse direito não alcançaria as compensações efetuadas após esta data, que, portanto, estariam sem respaldo judicial e sujeitas à multa de ofício (art. 44 da Lei nº 9.430/96) e cobrança imediata”. Consigna também o auditor fiscal que os valores dos impostos lançados dizem respeito tão somente aos informados nas Declarações de Importação e não recolhidos quando dos respectivos registros em face das compensações de débitos com a utilização dos créditos da Sab Trading, haja vista às referenciadas ações judiciais impetradas por essa última tanto no RJ quanto em SP. Por fim, além dos pontos acima destacados, esclarece a fiscalização que são partes integrantes dos Autos de Infração as cópias dos Pedidos de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros referentes às Declarações de Importação objeto dos lançamentos e todos os termos, demonstrativos, anexos e demais documentos neles mencionados. No mais, objetivando melhor esclarecer, a seguir sintetizo as ocorrências processuais havidas no âmbito judicial, com relevo àquelas noticiadas nos documentos que instruem as impugnações apresentadas pela autuada, vejamos: Fl. 2807DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 4 06.07.1999, a Sab Trading Comercial Exportadora S/A (já devidamente qualificada no relatório como cedente dos créditos prêmio de IPI, originalmente criado pelo DecretoLei nº 491, de 05.03.1969) impetra, em caráter preventivo, o Mandado de Segurança nº 99.00166582 (processo nº 2001.02.01.0470300) com pedido de concessão de medida liminar, contra ameaça de prática de ato de competência do delegado da Receita Federal, para o fim de reconhecerlhe o direito à manutenção dos mencionados créditos e, com isso, assegurarlhe sua utilização, na forma prescrita nas IN/SRF nº 21/97, 37/97 e 73/97, ao amparado do art. 153, § 3º, II da Constituição Federal e do art. 1º do DL nº 491/69; 20.07.1999, se insurgindo contra a decisão proferida pelo Juízo da 21ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, que denegou seu pedido, a impetrante apresenta Agravo de Instrumento (processo nº 99.02.294464/RJ) perante o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF/2ªRegião), para expõe os motivos pelos quais justificam a reforma da decisão denegatória agravada, requerendo, inclusive, liminar substitutiva com efeito suspensivo; 24.11.1999, a Segunda Turma do TRF/2ªRegião decide prover o agravo atribuindolhe efeito suspensivo à decisão agravada e concedendo a medida liminar substitutiva para que a agravante não sofra coação da autoridade fiscal no sentido de lhe impor o recolhimento do tributo discutido; 07.05.2001, com o retorno dos autos do MS nº 99.00166582 à autoridade a quo (Juízo Federal da 21ª Vara), foi pronunciada sentença pela procedência do pedido, concedendo a segurança para determinar que a autoridade impetrada atente às hipóteses de restituição, ressarcimento ou compensação, previstas na IN/SRF nº 21, de 10.03.1997, alterada pela IN/SRF nº 73, de 15.03.1997, relativamente ao créditoprêmio instituído pelo DL nº 491, de 1969; 04.09.2002, a Segunda Turma do TRF/2ªRegião nega provimento à apelação e remessa necessária interposta pela União contra o resultado do julgamento do Agravo de Instrumento de que trata o processo nº 99.02.294464/RJ; 12.03.2003, a mesma Segunda Turma do TRF/2ªRegião também nega provimento aos embargos interpostos pela Fazenda Nacional que sustentava que o acórdão embargado continha omissão (Embargos de Declaração em AMS nº 41778 (processo nº 2001.02.01.0470300)); 30.04.2003, a cedente (Sab Trading Comercial Exportadora S/A) apresenta petição à citada Segunda Turma do TRF/2ªRegião, solicitando a intimação judicial da autoridade coatora (Derat/RJ) objetivando tornar sem efeito os procedimentos que culminaram nas glosas dos valores do créditoprêmio de IPI já conferidos e reconhecidos pela RFB, restabelecendo, por conseguinte, os montantes pleiteados, em atendimento às decisões judiciais aplicáveis a todos os pedidos de ressarcimento decorrente do direito assegurado no respectivo Mandado de Segurança, bem como, fossem expedidas as notas Fl. 2808DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12466.000571/201036 Acórdão n.º 3201001.696 S3C2T1 Fl. 2.807 5 de compensação e respectivos Darf’s no Sistema Siafi, com referência às compensações já realizadas ou por realizar, sob pena de a recusa configurar desobediência judicial; 12.06.2003, analisando os fundamentos da petição apresentada pela apelada nos autos da AMS (processo 2001.02.01.047030 0/RJ), o relator, desembargador federal Castro Aguiar, determinou que a Derat/RJ tornasse sem efeito as decisões que promoveram as glosas e expedisse as Notas e Darf’s; 27.06.2003, entendendo recalcitrante, protelatória e eivada de má fé a conduta da autoridade coatora (Derat/RJ), na medida em que não cumpria as reiteradas determinações judiciais proferidas pelo TRF/2ª Região, uma vez mais a apelada apresentou petição para citada autoridade judicial, a fim de que a autoridade coatora fosse compelida a cumprir as citadas ordens judiciais nos exatos termos das decisões; 30.06.2003, analisando o pedido em referência o eminente relator proferiu decisão nos seguintes termos: “Parece até brincadeira que eu tenha de esclarecer e determinar o óbvio, num processo que se arrasta e no qual tenho eu de proferir decisões a todo momento, porque a Fazenda Nacional resolve, a todo instante, criar novos embaraços ao cumprimento das decisões judiciais nele já proferidas. Superada uma questão, cria outra. Em assim sendo, deixo claro que a decisão proferida em 12.06.03, objeto da comunicação consubstanciada no Ofício nº 542/03 SUB/2T (FL. 584), abrange todos os créditos a que a peticionária fizer jus, no âmbito do mandado de segurança de que se cuida. E também neste sentido determino.”; 15.08.2003, a União, entendendo inexistir créditos passíveis de compensação, posto que o subsídio se encontrava extinto desde 30.06.1983 e que a demanda foi proposta somente em 08.07.1999, ocasião em que já estaria consumado o lapso prescritivo qüinqüenal prescrito no art. 168 do CTN, interpõe Recurso Extraordinário ao vicepresidente do TRF/2ª Região, com vista à reforma integral do acórdão de que trata a decisão foi favorável ao pleito da apelada, exarada em 07.05.2001; 12.03.2004, a recorrida (Sab Trading), respondendo o recurso extraordinário interposto pela União, após oferecer suas contra razões, requer que a Suprema Corte dele não conheça, ou lhe negue provimento por insubsistentes seus fundamentos, sugerindo fosse aplicada pena por litigância de má fé; 19.04.2004, analisando o pleito da União na AMS com Recurso Extraordinário (processo 2001.02.01.0470300), o relator vice presidente do TRF/2ª Região (desembargador federal Frederico Gueiros) não o admite por entender que a via eleita era cabível; 19.08.2004, a União interpõe o Agravo de Instrumento contra a decisão que não admitiu o Recurso Extraordinário requerendo que aquele Juízo reconsiderasse a decisão agravada ou determinasse a formação do instrumento e sua remessa ao STF Fl. 2809DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 6 (Agravo de Instrumento nº 2004.02.01.0095501, no RE na AMS nº 2001.02.01.0470300/RJ); 23.09.2004, a agravada (Sab Trading), em resposta aos termos do agravo de instrumento em referência, depois de contra arrazoar o recurso, requereu o não seguimento do recurso interposto por entender ser manifestamente inadmissível ou improcedente; 12.09.2005, o ministro relator do STF, Cezar Peluso, negou seguimento ao agravo nos termos da decisão por ele proferida; 15.12.2005, a União, por meio da PRFN/2ª Região, propõe Ação Cautelar Inominada, preparatória de ação rescisória a ser oportunamente proposta no prazo legal (art. 806 do CPC), tendo por requerida a Sab Trading, a fim de obter provimento cautelar para suspender a execução do acórdão proferido na AMS nº 2001.02.01.0470300, cuja origem é o MS nº 99.00166582 (processo 2005.02.01.0144723); 19.12.2005, analisando o pleito apresentado pela União (MCI processo 2005.02.01.0144723), o relator do TRF/2ª Região (desembargador federal Luiz Antonio Soares) decidiu pela concessão da liminar pleiteada, determinando a suspensão dos efeitos e da conseqüente execução do acórdão proferido na citada apelação (AMS nº 2001.02.01.0470300) até que fosse proferida decisão definitiva no âmbito da Ação Rescisória a ser proposta; 15.02.2006, a peticionária ingressou com pedido perante o referido tribunal requerendo fosse declarado que a liminar concedida na medida cautelar em comento não autoriza a desconstituição das compensações já realizadas em razão das decisões proferidas no MS nº 99.00166582, bem como que a PRFN/2ª Região e Derat/RJ se abstenham de promover a revisão, o cancelamento ou a anulação das compensações amparadas pela coisa julgada na qual a União (requerente) pretende desconstituir mediante a Ação Rescisória; 07.03.2006, analisando a citada, em face do Ofício PRFN/2ª Região nº 115/2006 (processo 2005.02.01.0144723), o relator do TRF/2ª Região (juiz federal convocado Guilherme Diefenthaeler) indefere o pedido formulado; 13.03.2006, insurgindose contra essa decisão, a requerida (Sab Trading) interpõe Agravo Interno para a 2ª Seção do TRF da 2ª Região (com pedido de urgente reconsideração), requerendo a imediata suspensão da autorização concedida a PRFN/2ª Região e Derat/RJ para cancelar ou anular os pedidos de ressarcimento e de compensações já realizadas pela peticionária, ou que fosse reconsiderada a própria decisão concessiva de medida liminar ou ainda fosse indeferida própria medida cautelar por ausência dos necessários seus pressupostos de admissibilidade, em especial a falta do fumus boni iuris, ou, por fim, fosse o pedido recebido como Agravo Interno, submetendo à 2ª Seção do TRF da 2ª Região; 14.03.2006, perquirindo as contrarazões da agravante, o relator (desembargador federal Luiz Antonio Soares), por Fl. 2810DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12466.000571/201036 Acórdão n.º 3201001.696 S3C2T1 Fl. 2.808 7 entender que a cautelar visa prevenir a perda de eventuais direitos, tornando, portanto, ineficaz o provimento principal, determina que as autoridades coatoras cumpram a decisão liminar nos termos em que deferida, sem que para isso desconstituísse os pedidos de ressarcimento e de compensações tributárias realizadas pela agravante, uma vez que apenas a execução do acórdão ficou liminarmente suspensa. 10.04.2006, a peticionária protocola requerimento, em caráter de máxima urgência, por entender que a forma como as autoridades fazendárias estavam agindo afrontava a lei, pois contra si estavam em andamento 11 cobranças administrativas e contra a empresa cessionária 4 cobranças administrativas, 2 inscrições em Dívida Ativa da União e uma lavratura de Auto de Infração sem exigibilidade suspensa e com a inclusão de multa punitiva de 75%, procedimentos que entendia estarem fundados em interpretação equivocada da liminar (Ofício PRFN/2ª Região nº 115/2006); Demais disso, convém pontuar que às fls. 2824 a 2827 do processo nº 2005.02.01.0144723 (Medida Cautelar Inominada MCI), o desembargador federal Luiz Antonio Soares (relator) concordando que a decisão embargada estava eivada de contradição, conclui que essa (decisão) não poderia alcançar a coisa julgada, devendo, por conseguinte, seus efeitos operar conforme a situação do pedido de aproveitamento de créditos apresentado pela requerida, nos seguintes termos: 1 Quanto aos pedidos de ressarcimento e compensação já homologados anteriormente à decisão liminar proferida nesta ação cautelar, em razão de existência de coisa julgada assegurando o aproveitamento desses créditos, e considerando que a decisão liminar, dado o seu juízo de cognição sumária, não tem o condão de atingir o acórdão transitado em julgado; o alcance da decisão liminar restringese à suspensão dos efeitos de homologação, permitindo que se proceda ao lançamento dos créditos tributários já aproveitados, porém, com a sua exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal (rescisória); 2 Com respeito aos pedidos de ressarcimento e compensação em andamento até a decisão liminar proferida nesta ação cautelar, com vistas a assegurar o resultado final da ação principal a ser ajuizada (rescisória), da qual esta ação cautelar é instrumento; impõe a decisão liminar proferida nestes autos a suspensão dos processos administrativos, permitindo o lançamento dos créditos tributários objeto dos pedidos, porém, com a exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal; 3 Por fim, em relação aos pedidos de ressarcimento e compensação porventura apresentados após a decisão liminar proferida nesta ação cautelar, por força do provimento jurisdicional acautelatório do resultado final da ação principal; impõe a decisão liminar exarada nestes autos sejam não Fl. 2811DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 8 recebidos referidos pedidos, dada a suspensão dos efeitos do acórdão rescidendo, permitindose o lançamento dos créditos tributários respectivos, porém, com a exigibilidade suspensa, até o julgamento definitivo da ação principal. Inconformada com a exação fiscal, a autuada apresentou as impugnações de fls. 907 a 974, acompanhada dos documentos de fls. 975 e seguintes, expondo minuciosamente suas razões de defesa, para ao final pedir (ipsis verbis): a) o regular processamento da presente impugnação, nos termos do artigo 151, III, do CTN, uma vez que inexiste concomitância de matérias nas vias administrativa e judicial; e; b) seja, em preliminar, reconhecida a nulidade do auto de infração impugnado em razão da incompetência da autoridade autuante e/ou da ausência de MPF; ou, quando não, que no mérito seja julgado totalmente improcedente o auto de infração; ou c) quando menos, na remota hipótese de manutenção da autuação, o que se aceita apenas para argumentar, que a exigência fiscal seja vinculada ao desfecho da Ação Rescisória nº 2006.02.01.0004164, cancelandose a multa de ofício. Junto às impugnações apresentadas, a defendente fez transladar aos autos do presente processo, em sua maioria por cópias simples, os seguintes documentos: Anexo 1 Procuração, documento de identidade do procurador, documentos societários e cartão CNPJ; Anexo II Decisões favoráveis à Sab Trading proferidas no Mandado de Segurança nº 99.00166582/RJ (AMS nº 2001.02.01.0470300); Anexo III Auditorias que confirmam a existência dos créditos compensados; Anexo IV Decisões proferidas nos autos da Medida Cautelar Preparatória nº 2005.02.01.0144723 e respectivo extrato de andamento processual; Anexo V Último acórdão proferido na Ação Rescisória e respectivo extrato de andamento processual; Anexo VI Decisão do MM. Juiz Federal Roberto Gil Leal Faria, que extinguiu a execução fiscal nº 2007.50.01.0072034/4ª VFES; e Anexo VII cópia da decisão proferida no PAF nº 12466.000632/200841. A instância a quo julgou parcialmente procedente a impugnação nos termos do já citado acórdão, que restou assim ementado: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2005 a 04/07/2005 Fl. 2812DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12466.000571/201036 Acórdão n.º 3201001.696 S3C2T1 Fl. 2.809 9 PROCEDIMENTO DE REVISÃO ADUANEIRA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O procedimento de Revisão Aduaneira prescinde de Mandado de Procedimento Fiscal. Na espécie, os atos fiscais praticados, consubstanciados na lavratura de Autos de Infração, dizem respeito a débitos fiscais confessados pela própria autuada em pedidos de compensação, cujo acolhimento decorreu de ordem judicial e reproduz entendimento manifestado em decisão proferida em Solução de Consulta cujo efeito vinculante obriga a consulente. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO EM REVISÃO ADUANEIRA. COMPETÊNCIA. A unidade aduaneira em que se processa o Despacho Aduaneiro de Importação é competente para proceder à Revisão Aduaneira e constituir o crédito tributário dela resultante. PRESSUPOSTOS DA AUTUAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO PREVENTIVA DA DECADÊNCIA. Independentemente de a autuação em tela ter sido consubstanciada em Nota emitida pela Procuradoria da Fazenda Nacional, seus pressupostos decorrem das decisões proferidas em Solução de Consulta formulada pela impugnante e em sede de liminar concedida em Ação Cautelar motivada pela Fazenda Pública da União, imprescindível para o lançamento preventivo da decadência do crédito tributário inscrito nos Autos de Infração em litígio. Não há descumprimento de ordem judicial que autoriza o lançamento dos créditos tributários aproveitados anteriormente, porém com a sua exigibilidade suspensa até o julgamento definitivo da ação principal. VALIDADE DA INTIMAÇÃO PARA PAGAMENTO. Reconhecido o caráter preventivo da decadência de que se revestem os lançamentos em exame, tornamse sem efeito as intimações para pagamentos constantes dos Autos de Infração impugnados. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Incabível o lançamento de multa de ofício na constituição de crédito tributário cuja exigibilidade esteja suspensa por medida judicial acautelatória. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A SERVER, por meio de petição de efls. 1227/1229, manifestouse no sentido de que não recorreria da parte do crédito tributária, que foi mantida, tendo em vista que Fl. 2813DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 10 o acórdão da instância a quo reconhecera que a mesma está com exigibilidade suspensa em razão da pendência de decisão definitiva na Ação Rescisória nº 2006.02.01.0004164 em trâmite no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Em decorrência, em 21/01/2013, foi lavrado termo de perempção (efl. 1232). Em 26/02/2013, foi lavrado termo de esclarecimento para esclarecer que o crédito tributário está com a exigibilidade suspensa por força da ação rescisória, devendo assim permanecer até que seja julgado o recurso de ofício e/ou a referida ação judicial (efl. 1233). O processo foi distribuído e sorteado a este Conselheiro, seguindo o rito regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño O recurso atende os pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores, razão pela qual deve ser conhecido. O recurso de ofício diz respeito ao cabimento, ou não, da cobrança da multa de ofício quando o crédito tributário está com a exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional. O lançamento ora guerreado está fundamentado no entendimento da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 2ª Região – PRFN2, segundo a qual as decisões judiciais exaradas nos autos do processo original (MS nº 99.00166582) reconheceram “o direito da SAB TRADING de utilizar dos referidos créditosprêmio de IPI, na modalidade de compensação, apenas até a edição da Instrução Normativa SRF nº 41, de 07/04/2000, que vedou tal possibilidade”, não alcançado, todavia, os pedidos formulados posteriormente. Como a SERVER transmitiu as declarações de compensação que deram azo ao presente lançamento nos meses de abril, maio e junho de 2005, não haveria óbice à lavratura do auto de infração com a imposição de penalidade de ofício. O colegiado da instância a quo, seguindo as razões de decidir do relator, afastou a multa de ofício, tendo em vista que a SERVER estava amparada pela Solução de Consulta SRRF/7ª RF DISIT nº 451, de 2005, segundo a qual “em havendo determinação judicial em sentido oposto [da legislação vigente], ela há de ser atendida pelos órgãos fazendários [para homologar a compensação de créditoprêmio de IPI de terceiros], conforme orientação contida na Solução de Consulta Interna COSIT nº 10, de 11/03/2005”. Além disso, o colegiado também entendeu eu a decisão que concedeu a liminar à Fazenda Nacional na medida cautelar inominada aplicarseia à SERVER, na qualidade de cessionária dos direitos creditórios da Sab Trading Comercial Exportadora S/A – SAB TRADING. Em outras palavras, a Fazenda Nacional poderia lançar o crédito tributário correspondente aos débitos compensados, porém, com o único objetivo de prevenir a decadência; quando houver a decisão definitiva na ação rescisória, e posteriormente forem transmitidas pela SERVER novas declarações de compensação de créditoprêmio de IPI de terceiros, a Fazenda Nacional poderá lhe impor o crédito tributário, incluindo multa de ofício. Fl. 2814DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12466.000571/201036 Acórdão n.º 3201001.696 S3C2T1 Fl. 2.810 11 Cotejando o fundamento da autuação, inspirada pela PRFN2, com a motivação do acórdão recorrido, percebese que a instância a quo tangenciou a restrição de escopo da decisão judicial que favoreceu a SAB TRADING/SERVER. Portanto, convém analisar se realmente a decisão judicial proferida na ação mandamental impetrada pela SAB TRADING era aplicável somente a pedidos de compensação formulados até a edição da Instrução Normativa SRF nº 41, de 2000. A decisão que atribuiu efeito suspensivo ativo ao agravo de instrumento da SAB TRADING é omissa quanto à compensação, quer seja sob a égide da Instrução Normativa SRF nº 21, de 2000, quer seja sob a égide de ato normativo superveniente (efls. 1031/1037). Já a sentença que enfrentou o mérito da questão, preferida em 07/05/2001, reconheceu o direito creditório da impetrante, bem como a possibilidade de consumar esse direito mediante compensação na forma da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, alterada pela Instrução Normativa SRF nº 73, do mesmo ano (efls. 1038/1049). A partir da leitura da sentença supra mencionada, percebese claramente que a interpretação pretendida pela PRFN2 é absurda. Em momento algum a sentença condiciona a realização das compensações à vigência da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, alterada pela Instrução Normativa SRF nº 73, do mesmo ano; ao contrário, ela determina que as autoridades fiscais competentes observem os ditames dessas instruções normativas sempre que o crédito utilizado na compensação for objeto deste mandado de segurança específico, a despeito de haver mudança legislativa. Como informado, a sentença foi proferida no ano de 2001, sendo que a Instrução Normativa SRF nº 41 é anterior. Logo, se a juíza que proferiu a sentença quisesse impor essa limitação à SAB TRADING, teria o feito expressamente, determinando a compensação na forma da Instrução Normativa SRF nº 41, de 2000, e não na Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, com a alteração do mesmo ano. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso de ofício, mantendo a decisão recorrida integralmente. Em outras palavras, a parcela remanescente do lançamento deverá permanecer com a exigibilidade suspensa até que seja proferida decisão definitiva na Ação Rescisória nº 2006.02.01.0004164 em trâmite no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator Fl. 2815DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/01/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO
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Numero do processo: 16327.001448/2006-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 30 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PRATICADO. MÉTODO PRL-20. INCLUSÃO DO FRETE, SEGURO E TRIBUTOS SOBRE A IMPORTAÇÃO.
Os custos relativos a frete, seguro e tributos incidentes na importação de produtos são plenamente dedutíveis na determinação do lucro real. A inclusão desses valores no cálculo do preço praticado em nada prejudica o direito à integral dedução dos referidos custos. Tal inclusão no cálculo do preço praticado se dá exclusivamente para fins de comparabilidade com o preço parâmetro calculado segundo o método PRL-20, haja vista estarem ali incluídos.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE APURAÇÃO ELEITO PELO SUJEITO PASSIVO. SUBSTITUIÇÃO EX OFFICIO. DEFINITIVIDADE.
A lei faculta ao sujeito passivo eleger, dentre os três métodos de apuração dos preços de transferência por ela previstos, aquele que melhor lhe aprouver. Iniciado o procedimento de ofício, e não tendo sido apresentados os documentos necessários à auditoria dos preços de transferência segundo o método eleito pelo sujeito passivo, caberá à autoridade promover, de ofício, a apuração por meio de um dos dois outros métodos previstos na lei. A apresentação, na fase impugnatória, dos documentos exigidos durante a fiscalização não tem o condão de restabelecer o método de apuração dos preços de transferência eleito pelo sujeito passivo. Caberá ao órgão julgador, tão-somente, verificar se no caso concreto realmente encontravam-se presentes as condições que levaram ao auditor a adotar a medida extrema.
Numero da decisão: 1201-001.061
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado em NEGAR provimento ao recurso voluntário na forma a seguir. PRELIMINARES: a) Por maioria de votos, decidiram que a diligência devolve todas as matérias à apreciação da Turma, vencido o Conselheiro Rafael Correia Fuso; b) Por maioria dos votos, decidiram que não devem ser apreciados os documentos apresentados na fase de impugnação, vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. MÉRITO: a) Por maioria dos votos, decidiram ter sido correta a substituição ex oficio do Método PIC pelo Método PRL, vencido o Conselheiro Rafael Fuso; b) Por maioria dos votos, decidiram ter sido correta a substituição ex oficio do Método CPL pelo Método PRL, vencido o Conselheiro Rafael Fuso; c) Por unanimidade de votos, decidiram estarem corretos os ajustes de frete, de seguro internacional e de imposto de importação ao método PRL-20.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Junior.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. RETORNO DOS AUTOS. REAPRECIAÇÃO DAS QUESTÕES PRELIMINARES E APRECIAÇÃO DAS QUESTÕES DE MÉRITO. O acórdão que converte o julgamento em diligência não decide questão alguma, exceto aquela atinente à própria conversão do julgamento em diligência. Isso posto, ainda que tenham sido objeto de discussão e votação, as questões preliminares e de mérito eventualmente apreciadas pelo Colegiado em julgamento convertido em diligência devem ser novamente discutidas e votadas por todos os seus membros quando do retorno dos autos a julgamento, momento que será proferida a decisão definitiva do Colegiado sobre todas aquelas questões. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE APURAÇÃO ELEITO PELO SUJEITO PASSIVO. SUBSTITUIÇÃO EX OFFICIO. DEFINITIVIDADE. A lei faculta ao sujeito passivo eleger, dentre os três métodos de apuração dos preços de transferência por ela previstos, aquele que melhor lhe aprouver. Iniciado o procedimento de ofício, e não tendo sido apresentados os documentos necessários à auditoria dos preços de transferência segundo o método eleito pelo sujeito passivo, caberá à autoridade promover, de ofício, a apuração por meio de um dos dois outros métodos previstos na lei. A apresentação, na fase impugnatória, dos documentos exigidos durante a fiscalização não tem o condão de restabelecer o método de apuração dos preços de transferência eleito pelo sujeito passivo. Caberá ao órgão julgador, tãosomente, verificar se no caso concreto realmente encontravamse presentes as condições que levaram ao auditor a adotar a “medida extrema”. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 48 /2 00 6- 00 Fl. 3976DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 3 2 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PREÇO PRATICADO. MÉTODO PRL 20. INCLUSÃO DO FRETE, SEGURO E TRIBUTOS SOBRE A IMPORTAÇÃO. Os custos relativos a frete, seguro e tributos incidentes na importação de produtos são plenamente dedutíveis na determinação do lucro real. A inclusão desses valores no cálculo do preço praticado em nada prejudica o direito à integral dedução dos referidos custos. Tal inclusão no cálculo do preço praticado se dá exclusivamente para fins de comparabilidade com o preço parâmetro calculado segundo o método PRL20, haja vista estarem ali incluídos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em NEGAR provimento ao recurso voluntário na forma a seguir. PRELIMINARES: a) Por maioria de votos, decidiram que a diligência devolve todas as matérias à apreciação da Turma, vencido o Conselheiro Rafael Correia Fuso; b) Por maioria dos votos, decidiram que não devem ser apreciados os documentos apresentados na fase de impugnação, vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. MÉRITO: a) Por maioria dos votos, decidiram ter sido correta a substituição ex oficio do Método PIC pelo Método PRL, vencido o Conselheiro Rafael Fuso; b) Por maioria dos votos, decidiram ter sido correta a substituição ex oficio do Método CPL pelo Método PRL, vencido o Conselheiro Rafael Fuso; c) Por unanimidade de votos, decidiram estarem corretos os ajustes de frete, de seguro internacional e de imposto de importação ao método PRL20. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. Conforme relatado no termo de verificação de fls. 495/505, a auditoria fiscal teve como objetivo a averiguação da regularidade dos ajustes que foram ou deveriam ter sido realizados pela contribuinte em sua DIPJ/2002 a título de preços de transferência dos bens adquiridos no exterior de pessoas jurídicas a ela vinculadas. Do referido termo de verificação são merecedoras de destaque as seguintes informações, em síntese: 1) Quanto aos documentos entregues pela contribuinte: Fl. 3977DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 4 3 a) a pessoa jurídica foi intimada (fls. 6/8) a apresentar as memórias de cálculo das informações prestadas nas fichas 34 e 35 da DIPJ/2002 (fls. 53/79), comprovando, de fato e de direito, a razão de haver realizado, ou não, os ajustes a título de preços de transferência dos bens ali informados; b) cumprida em parte a exigência, a fiscalizada foi novamente intimada (fls. 85/87) a informar, dentre outras coisas, o método adotado na apuração dos preços de transferência de cada bem, serviço ou direito, em conformidade com o disposto no art. 40, I, da Instrução Normativa SRF nº 32/2001, bem como a apresentar livros e documentos necessários à comprovação das informações prestadas nas memórias de cálculo e na DIPJ/2002; c) a contribuinte apresentou parte da documentação exigida, e informou (fls. 88/90), entre outras coisas, que independentemente de manipulação, ou não, dos produtos importados para revenda, os ajustes relativos aos preços de transferência haviam sido efetuados pelo método do preço de revenda menos lucro de 20% (PRL20). Solicitou, ainda, prazo de sessenta dias para apresentação dos documentos faltantes; d) tendo a fiscalização concedido prazo adicional de oito dias (fls. 101/103), a contribuinte cumpriu apenas parcialmente o exigido (fls. 104/107). Solicitou, também, novo prazo de sessenta dias para apresentação dos documentos restantes; e) posteriormente veio a pessoa jurídica apresentar a planilha de movimentação de estoque e os arquivos magnéticos previstos na Instrução Normativa SRF nº 68/95, e requerer prazo de oito dias para entrega dos demais documentos exigidos em intimações anteriores (fl. 137); f) constatando a fiscalização que a planilha de movimentação de estoque e os arquivos magnéticos entregues pela contribuinte não haviam sido elaborados na forma estabelecida pela legislação, foi a empresa reintimada a apresentálos; g) após, apresentou a fiscalizada outra parte da documentação anteriormente exigida (fls. 141/143 e fls. 170/171); h) finalmente, às fls. 174/175, a empresa apresentou as planilhas de memórias de cálculo que deram suporte ao método de preços de transferência por ela adotado no ano de 2001; i) constatado que as referidas planilhas de memórias de cálculo não haviam sido elaboradas em observância ao disposto na Instrução Normativa SRF nº 32/2001, foi novamente a contribuinte intimada a fazêlo (fls. 218/220 e fls. 221/226); j) em resposta (fls. 232/235), a fiscalizada reapresentou as planilhas contendo os preços parâmetro dos bens importados para simples revenda e dos bens destinados à produção. Solicitou concessão de prazo para comprovação documental dos cálculos relativos ao método PIC. Quanto ao método CPL, apresentou planilha de cálculo dos custos dos bens importados, produzida por sua vinculada estrangeira; k) mais adiante, veio novamente a empresa apresentar nova versão da planilha de preços praticados, bem como novas versões das planilhas de preço parâmetro para os métodos PRL20 e PRL60 (fls. 296/299). Em relação aos métodos PIC e CPL, solicitou prazo de oito dias para apresentação dos documentos comprobatórios dos ajustes realizados a título de preços de transferência realizados; Fl. 3978DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 5 4 l) vencido o prazo, a contribuinte entregou planilha onde foram relacionados, por amostragem, produtos em relação aos quais foi adotado o método PIC (fl. 331), bem como cópia das faturas internacionais de aquisição desses produtos junto a partes não relacionadas (fls. 332/385). Solicitou prazo para apresentação dos documentos faltantes quanto aos métodos PIC e CPL; m) posteriormente veio a fiscalizada apresentar uma segunda parte da documentação do método PIC, limitandose, quanto ao método CPL, a apresentar estudo realizado pela Delphi Corporation (EUA) onde procura evidenciar que esta empresa obteve prejuízo no ano de 2001 (fls. 386/387). Voltou a requerer prazo para apresentação do complemento da documentação de suporte ao método PIC; n) após, apresentou a contribuinte uma terceira parte da documentação de suporte dos produtos submetidos ao método PIC (fl. 416), bem como solicitou novo prazo para apresentação do restante da documentação relativa à aplicação daquele método; o) por fim, entregou a contribuinte cópia de alguns invoices referentes a produtos submetidos ao método PIC, como também o bill of material de alguns produtos fabricados. 2) Quanto ao constatado pela auditoria – Método PIC: a) foram consideradas pela contribuinte importações de produtos realizadas junto a empresas não vinculadas bem como operações de venda de produtos realizadas por empresas vinculadas a terceiros não vinculados; b) no entanto, as planilhas de cálculo relativas ao método PIC revelam que a contribuinte não observou os critérios estabelecidos no art. 6º, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 32/2001, o qual determina que o preço médio ponderado deverá ser apurado “considerando se as quantidades e valores correspondentes a todas as operações de compra praticadas durante o período de apuração sob exame”; c) no caso, as planilhas referentes aos produtos de código 12212031 e 12212032 foram elaboradas com base em um volume bastante reduzido e particular de operações de venda da empresa vinculada argentina Famar Fueguina S.A. à Fiat Auto Argentina. Essas operações estão longe de representar um quantitativo suficientemente representativo de operações de venda desses produtos para empresas não vinculadas, não possuindo, portanto, o caráter de preço a ser tomado como parâmetro de operação; d) não bastasse isso, intimada que foi a apresentar a documentação comprobatória dos valores lançados em sua planilha, a fiscalizada limitouse a entregar uma única fatura relativa ao produto de código 12212031. Tratase de cópia de uma fatura comercial sem a necessária autenticação consular, desacompanhada de qualquer outro documento que comprovasse a efetividade da operação ou a similaridade dos produtos comercializados. Em relação ao produto de código 12212032, nenhum documento foi anexado. 3) Quanto ao constatado pela auditoria – Método CPL: a) conforme se depreende do disposto no art. 18, III, da Lei nº 9.430/96 e no art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 32/2001, a adoção do método CPL impõe à contribuinte a condição de abrir à auditoria, de forma clara e completa, todos os custos incorridos pela unidade produtora no período sob fiscalização, com valores originados da escrituração Fl. 3979DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 6 5 contábil, apoiados em livros contábeis/fiscais obrigatórios e auxiliares, fichas, e os respectivos mapas de apropriação ou rateio. Mister se faz a separação clara entre os custos e as despesas do período, a indicação da apropriação de custos diretos incorridos em cada produto; o método de rateio adotado pela empresa produtora para apropriação dos custos indiretos: absorção, direto ou padrão, verificandose sua admissibilidade pela legislação brasileira; b) outra informação de fundamental importância para efeito de apuração dos custos é a estrutura de produto (bill of material), ou seja, uma lista de todas as submontagens, componentes intermediários, matériasprimas e itens adquiridos que são utilizados na fabricação e/ou montagem de um produto, mostrando as relações de precedência e quantidade de cada item necessário; c) intimada que foi a comprovar os valores lançados em sua planilha de produtos submetidos ao método CPL, a contribuinte limitouse a apresentar relatórios e estudos, além de uma série de outros documentos fragmentados que são insuficientes à comprovação dos custos de produção da matriz sediada nos EUA; d) além de insuficientes em conteúdo, os documentos estrangeiros apresentados são formalmente inválidos, pois não foram objeto de tradução juramentada nem de autenticação consular. 4) Quanto ao constatado pela auditoria – Método PRL20: a) encontrouse inconsistência nos cálculos do preço praticado e do preço parâmetro realizados pela fiscalizada para o produto código 15345421. Os valores tanto de um quanto de outro, lançados pela contribuinte em suas planilhas, divergiram dos valores apurados por esta fiscalização. Os referidos preços, bem como o ajuste para aquele produto, foram recalculados utilizandose o mesmo método adotado pela empresa, qual seja, o PRL20. 5) Quanto ao método adotado pela fiscalização: a) antes de mais nada é preciso ressaltar que no momento apropriado para a escolha do método de preço de transferência a ser empregado em cada produto, qual seja, a entrega da DIPJ/2002, a contribuinte não optou nem pelo método PIC nem pelo método CPL, que ora intempestivamente pleiteia. À época, os cálculos foram feitos pelos métodos PRL20 e PRL 60; b) tendo em vista todo o exposto, e em conformidade com o estabelecido no art. 40 da Instrução Normativa SRF nº 32/2001, esta fiscalização rejeitou os métodos PIC e CPL adotados pela contribuinte para os produtos de códigos 12212031, 12212032, 52486924, 52476600, 52484210 e 25165453, bem como recalculou, pelo método PRL20, os valores do preço praticado e do preço parâmetro relativos ao produto de código 15345421; c) com a rejeição dos métodos PIC e CPL adotados pela contribuinte em relação aos produtos acima apontados, os quais representam os principais itens importados no período, novas planilhas relativas ao preço praticado e ao preço parâmetro foram elaboradas por esta fiscalização; d) adotouse, em substituição, os métodos PRL20 e PRL60, calculados a partir: do arquivo magnético denominado “Dados Itens Mercadorias – Saídas”, apresentado pela empresa; de informações contidas no Siscomex, relativas às importações efetuadas pela Fl. 3980DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 7 6 contribuinte; do livro Registro de Inventário; das vendas de produtos a empresas não vinculadas contidas no arquivo magnético denominado “Saídas Itens”; e) os cálculos da fiscalização encontramse nas planilhas de fls. 506/559, e são parte integrante deste termo de verificação. Pois bem, lavrados os autos de infração do IRPJ e da CSLL (fls. 560/567), a contribuinte impugnou parcialmente a exigência (fls. 575/607), havendo a DRJ de origem decidido pela procedência do lançamento (fls. 1268/1293). Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 1300/1342) pedindo, ao final, a reforma da decisão de primeira instância, sob as seguintes alegações, em síntese: 1) Quanto à margem de lucro do setor de autopeças: a) a margem de lucro de 60% estabelecida para aplicação do método PRL é irreal para a indústria de autopeças, conforme demonstrado em dois estudos realizados por empresas de auditoria independe (fls. 1462/1493); b) isso posto, e tendo em vista o art. 21, § 2º, da Lei nº 9.430/96, que autoriza a adoção de margem de lucro inferior, desde que seja comprovada com base em publicações, pesquisas ou relatórios, requer a recorrente que este Conselho impeça a exigência de IRPJ e CSLL sobre parcela de seu patrimônio. 2) Quanto à necessidade de demonstração do método mais benéfico a) não poderia o auditor ter aplicado de ofício o método PRL sem antes demonstrar que este é mais benéfico para a pessoa jurídica do que os demais métodos de cálculo de preço de transferência; b) tal entendimento encontra respaldo nos acórdãos nos 10709411 e 10709412, exarados por este Conselho. 3) Quanto à suposta alteração do método a) ao contrário do afirmado no termo de verificação fiscal e na decisão recorrida, a empresa não alterou o método de cálculo do preço de transferência de PRL para PIC (produtos códigos 12212031 e 12212032) e CPL (produtos códigos 52486924, 52476600 e 52484210); b) de fato, esses produtos foram informados em conjunto com outros na ficha 34, linha 50, da DIPJ/2002, na qual não é requerida a indicação do método individual aplicável aos produtos agrupados; c) mas ainda que houvesse indicado na DIPJ/2002 o método PRL para os referidos produtos, tal conduta em nada alteraria o deslinde do presente caso uma vez que a contribuinte tem o direito de escolher o método que lhe seja mais favorável, enquanto o Fisco, em caso de desconsideração do método eleito pela empresa, tem a obrigação de aplicar o método que resulte em menor ajuste. 4) Da aplicação do método PIC (produtos códigos 12212031 e 12212032): Fl. 3981DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 8 7 a) alega a fiscalização que a ora recorrente teria deixado de observar as regras de preços de transferência quando da aplicação do método PIC. Afirmou o auditor, em primeiro lugar, que o cálculo do preço parâmetro foi realizado com base em um número reduzido de operações, enquanto art. 6º, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 exigiria que fossem consideradas todas as operações. Em segundo lugar, assentou que os documentos apresentados pela empresa seriam insuficientes à comprovação do preço parâmetro; b) no que concerne à primeira assertiva, a decisão de primeiro grau já reconheceu que é suficiente considerar, como fez a contribuinte, o total das vendas da empresa vinculada Famar Fueguina à empresa não vinculada Fiat Auto Argentina, num montante de 37 operações para o produto código 12212031 e 29 para o produto código 12212032, sendo desnecessário considerar “todas” as vendas desses produtos feitas pela Famar Fueguina; c) quanto à documentação relativa a tais operações de venda, a recorrente reconhece que quando intimada pela fiscalização, até por questões financeiras e práticas, não dispunha em seus arquivos de cópia consularizada das respectivas faturas comercias, nem de sua tradução juramentada; d) no entanto, quando da impugnação apresentou 29 faturas relativas ao produto código 12212031 e 26 para o produto código 12212032 (fls. 625/782). O órgão de primeira instância, todavia, não acatou o método PIC por entender que era necessária a apresentação de todas as faturas indicadas na memória de cálculo apresentada pela empresa. Tal decisão não pode prevalecer, primeiro porque a grande maioria das faturas foi apresentada e, segundo, porque mesmo que sejam desconsideradas as faturas não apresentadas, os preços parâmetro de cada produto não sofreiam alterações significativas, conforme planilha em anexo (fls. 1358/1359); e) o órgão de primeiro grau também aduziu que a contribuinte, ao calcular os preços parâmetro pelo método PIC, deixou de excluir o imposto sobre o valor agregado (IVA), indicado nas faturas comerciais de venda da Famar Fueguina à Fiat Auto Argentina. A exigência de tal exclusão, todavia, revelase equivocada, primeiro porque o art. 9º da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 estabelece um rol taxativo de ajustes que devem ser realizados nas operações que serviram de base de comparação àquelas efetuadas pela contribuinte, não se encontrando ali eventual ajuste decorrente da incidência de tributos nas respectivas operações; f) segundo, porque a legislação que dispõe sobre o método PIC referese a “preço”, cujo significado é “o valor total pago pelo comprador”, daí porque se o IVA incidiu sobre a operação e foi pago pelo comprador, não há dúvida de que compõe o preço do produto; g) terceiro, em que pese os argumentos acima expostos, devese ter em conta que, por estar localizada em uma região da Argentina cujo desenvolvimento é promovido por meio da concessão de incentivos fiscais a empresas que ali se estabelecem, a Famar Fueguina tem direito a um crédito presumido no valor equivalente ao IVA incidente sobre suas vendas. Em outras palavras, a despeito de haver lançamento de IVA no documento fiscal, a Famar Fueguina tinha direito a registrar um crédito presumido em valor equivalente a esse imposto, de forma que o valor cobrado à Fiat Auto Argentina representa efetivamente o preço do produto, sem incidência do imposto. Em anexo, apresentase cópia da legislação sobre o gozo do referido benefício fiscal (fls. 1360/1440), bem como parecer jurídico elaborado por advogados argentinos especializados que confirmam o aqui afirmado (fls. 1441/1461); h) por fim, ainda que os argumentos acima expostos não sejam acatados, é de se dizer que inexiste base legal para que a autoridade tributária desconsidere o método PIC adotado pela Fl. 3982DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 9 8 recorrente. Eventuais incorreções na aplicação do método pela contribuinte deveriam ser objeto de ajustes por parte da fiscalização, e não de adoção, de ofício, de método diverso. E ainda que assim não fosse, caberia ao auditor demonstrar que o método por ele utilizado é o que resulta em menor ajuste, o que não foi feito. 5) Da aplicação do método CPL (produtos códigos 52486924, 52476600 e 52484210): a) segundo a autoridade fiscal, a opção pelo método CPL não foi admitida uma vez que os documentos, estudos e relatórios apresentados pela empresa para suportar a apuração do custo dos produtos 52486924, 52476600 e 52484210 não seriam hábeis a este fim; b) ademais, a despeito da farta documentação apresentada junto à impugnação, o órgão de primeiro grau manteve a exigência sob o mesmo e equivocado argumento; c) o exame do termo de verificação fiscal e da decisão recorrida permite concluir que a discussão travada com o Fisco gira em torno da documentação necessária à comprovação da aplicação do método CPL. De um lado encontrase a recorrente, que está certa de que apresentou todos os documentos necessários à comprovação dos custos das mercadorias importadas. De outro estão as autoridades fiscais, que entendem que tal documentação é insuficiente; d) o art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 estabelece quais custos podem ser considerados para fins de apuração do preço parâmetro, mas não especifica claramente quais documentos seriam necessários à sua comprovação. Assim, desde que apresentados com os necessários esclarecimentos e a prova de sua veracidade, é lídimo concluir que quaisquer documentos válidos e legítimos serviriam para fazer prova da composição dos referidos custos; e) interessante ressaltar, contudo, que a empresa apresentou em anexo à impugnação (fls. 788/1179) quase todos os documentos indicados na decisão recorrida como necessários ao cálculo do preço parâmetro pelo método CPL, inclusive o bill of material, considerado pela fiscalização como de fundamental importância para essa finalidade; f) enquanto o Poder Legislativo ou mesmo a Receita Federal não estipularem uma lista taxativa de documentos de suporte ao método CPL, é imperativo que esse Conselho coíba abusos como este que ora se apresenta, sob pena de desestímulo à adoção do referido método; 6) Da aplicação do método PRL (produto código 15345421): a) de acordo com o auditor, os valores do preço praticado e do preço parâmetro apurados pela contribuinte relativamente ao produto código 15345421 divergiram daqueles calculados pela fiscalização, razão pela qual efetuou ajustes no método adotado pela empresa, qual seja, o PRL20; b) no que toca ao preço praticado, a divergência reside na correta aplicação da legislação que cuida do método PRL20. Enquanto a contribuinte utilizou o preço de aquisição FOB, a autoridade adicionou a este valor parcelas referentes ao custo de aquisição, tais como frete, seguro internacional e imposto de importação; c) ocorre que diferentemente do afirmado pela fiscalização, o art. 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96 estabelece que frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação não devem compor o preço praticado, mas sim que são dedutíveis. Isto é assim porque tais valores não Fl. 3983DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 10 9 representam parcelas pagas a pessoas vinculadas, e portanto não se sujeitam às regras dos preços de transferência; d) a autoridade, ao computar no cálculo do preço praticado os valores pagos a título de frete, seguro internacional e imposto de importação, acaba por confundir “preço de aquisição” com “custo de aquisição”. Enquanto o preço é a parcela indivisível na aquisição de um bem, direito ou serviço, o custo corresponde ao somatório das parcelas incorridas para têlos à disposição para uso; e) por outro lado, devese considerar que a dedutibilidade do frete, do seguro internacional e do imposto de importação, admitida pelo referido art. 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, equiparase a verdadeira desoneração fiscal, daí porque deve ser interpretada literalmente, a teor do disposto no art. 111, I, do CTN; f) quanto à divergência no preço parâmetro, importante mencionar que a autoridade tributária não apresentou, sequer de maneira resumida, a sua memória de cálculo. Em cálculo realizado internamente, a recorrente verificou que o preço parâmetro por ela encontrado é significativamente superior àquele apurado pela fiscalização. Contudo, como não lhe foi apresentada a memória de cálculo, não foi possível determinar o porquê da divergência; g) isso posto, requer seja determinada a apresentação da referida memória de cálculo e, em seguida, sejalhe aberta a oportunidade de analisála e prenunciarse sobre o assunto; h) por fim, a despeito da segurança da recorrente sobre a regularidade do cálculo do preço parâmetro com base no preço FOB, caso pudesse ser acolhido o entendimento da fiscalização acerca do preço CIF + II, fazse necessária a abordagem de outro método de cálculo de preços de transferência para o produto código 15345421; i) como já mencionado anteriormente, o art. 4º, § 2º, da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 faculta à contribuinte empregar o método que resulte em menor ajuste na base tributável. Nesse sentido, a empresa adotou o PRL20 por acreditar que, mesmo com pequeno ajuste, esse método seria mais favorável que os demais; j) situação diversa, porém, é a colocada pela autoridade fiscal, em que o cálculo pelo método PRL acarreta ajuste significativamente superior àquele que seria necessário pelo método CPL. Assim, apresentase em anexo o cálculo do preço parâmetro segundo o método CPL para o produto importado sob exame, o qual é produzido pela empresa relacionada sediada na Hungria e vendido à recorrente através de empresa vinculada sediada na Áustria. Distribuídos os autos a este relator, na sessão de 19/10/2011 apresentei voto no sentido de que, não havendo a contribuinte apresentado na fase de fiscalização os documentos necessários à comprovação dos ajustes referentes aos métodos PIC e CPL que ela própria declarou haver adotado, não seria juridicamente possível na fase litigiosa do procedimento a adoção daqueles métodos em substituição ao método PRL, o qual foi empregado de ofício pela fiscalização justamente porque a contribuinte deixou de apresentar os documentos comprobatórios dos ajustes realizados pelos métodos PIC e CPL. Entretanto a Turma, por maioria de votos, vencido este relator, entendeu que, apresentados na fase litigiosa os documentos comprobatórios dos ajustes realizados pela contribuinte segundo os métodos PIC e CPL, deveriam estes métodos prevalecer sobre aquele empregado de ofício pelo auditor. O julgamento foi, assim, convertido em diligência para que a Fl. 3984DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 11 10 autoridade local se pronunciasse sobre se os documentos apresentados pela interessada na fase litigiosa realmente comprovam os ajustes por ela feitos segundo os métodos PIC e CPL. Realizada a diligência a autoridade tributária elaborou relatório com as seguintes conclusões acerca dos documentos apresentados pela defesa na fase litigiosa (fls. 2004/2021): 18. Concluo o relatório, com o parecer pela não aceitação da documentação do contribuinte na comprovação do preço de transferência pelo Método dos Preços Independentes Comparados PIC, para os produtos de códigos 1221031 e 1221032, haja vista, que os documentos (invoices) emitidas pela Famar Fueguina S.A relativamente à venda de seus produtos para a montadora Fiat Auto S.A (ambas na Argentina) na comprovação do preço de transferência das operações de importações realizadas pela coligada brasileira "Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda" foi caracterizada como relação de exclusividade e, portanto, imprestáveis, por tratarse de operações com pessoas vinculadas. (...) 38. Concluo, o parecer pela recusa na aceitação do preco de transferência, pelo método do CPL. As principais ressalvas foram: pela falta de comprovação dos custos reais de produção incorridos no exterior, tais como: mapa de produção física, balancete contábil, perdas no processo produtivo, apontamento da quantidade real e custo hora/homem real da mão de obra direta, mapa da despesa com depreciação, amortização e demais despesas indiretas de fabricação. 39. Além disso, a sistemática de custo de produção adotado no exterior foi o "standard cost", conhecido como custopadrão. Não foi comprovado, mediante documentação idônea que os valores de custos contabilizados pelo custopadrão e ajustados pelas variações reais de custos, em função das quantidades e preços, corresponderiam aos mesmos custos quando apurados pelo sistema de custeio por absorção; 40. A empresa no exterior não comprovou a adoção de um sistema de inventário permanente, e que, portanto, possuía um sistema de custo integrado e coordenada com a escrituração contábil que autorizasse a aplicação dos custos de produção como forma de avaliação dos custos dos produtos vendidos; (...) Regularmente intimada, a recorrente apresentou contrarrazões ao relatório de diligência que podem ser assim sintetizadas (fls. 2027/2056): IV. CONCLUSÕES 102. Ante todo o exposto, podese concluir que: Fl. 3985DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 12 11 (i) as alegações do I. Auditor Fiscal para afastar a aplicação do método PIC não merecem prosperar, com base em três argumentos principais: (a) impossibilidade de se desconsiderar o método PIC com base em instrução normativa não vigente à época dos fatos (IN 243/02); (b) impossibilidade de se inovar (criar novo argumento) em relação ao Auto de Infração e à r. Decisão de Primeira Instância, sem que exista fato novo, no intuito de afastar a aplicação do método PIC; e (c) ad argumentandum, ainda que admitida a revisão do lançamento e a inovação do critério jurídico, teria decaído o direito de o I. Auditor Fiscal em realizar tal revisão. (ii) as alegações do I. Auditor Fiscal para afastar a aplicação do método CPL devem ser igualmente afastadas, pois: (a) a abertura de custos pela empresa DHS foi realizada em conformidade com as normas norteamericanas aplicáveis (sendo a contabilidade da DHS devidamente auditada pela Deloitte), devendo ser integralmente consideradas pelas DD. Autoridades Fiscais para apuração do método CPL (mais benéfico à Requerente), já que não conflitam com o disposto na IN 32/01; (b) caso (ad argumentandum) assim não se entenda, o I. Auditor Fiscal dispunha de toda documentação necessária para se afastar eventuais componentes de "custo ou despesa indiretos" que, no seu entender pudessem ser incompatíveis com o método CPL. Assim, ao invés de desconsiderálo como um todo nessa hipótese, o correto seria a revisão dos cálculos, para aceitação do método CPL com eventuais ajustes; e (c) a desconsideração arbitrária e infundada do método, tal qual pretendida pelo I. Auditor Fiscal, contraria a jurisprudência (que autoriza a utilização de método menos gravoso para o contribuinte), a legislação e a própria IN 32/01 (que não vedam a consideração de "custos e despesas indiretos" na composição do método CPL). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) Da Admissibilidade do Recurso O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. Fl. 3986DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 13 12 2) Da Conversão do Julgamento em Diligência Retorno dos Autos Reapreciação das Questões Preliminares e Apreciação das Questões de Mérito Como visto no relatório, na sessão realizada em 19/10/2011 apresentei voto no sentido de que, não havendo a contribuinte juntado na fase de fiscalização os documentos necessários à comprovação dos ajustes referentes aos métodos PIC e CPL, não seria juridicamente possível na fase litigiosa do procedimento a adoção daqueles métodos em substituição ao método PRL, o qual foi empregado de ofício pela fiscalização justamente porque a contribuinte deixou de apresentar os documentos comprobatórios dos ajustes realizados pelos métodos PIC e CPL. Entretanto,naquela oportunidade a Turma, por maioria de votos, vencido este Relator, entendeu que seria possível restabelecer, na fase litigiosa do procedimento, os métodos PIC e CPL, razão pela qual resolveu converter o julgamento em diligência a fim de que autoridade local se pronunciasse sobre se os documentos apresentados pela interessada junto à sua peça impugnatória comprovam, ou não, os ajustes por ela feitos segundo os métodos PIC e CPL. A questão que agora coloco de ofício em preliminar diz respeito à competência desta mesma Turma para se pronunciar sobre a possibilidade do restabelecimento dos métodos PIC e CPL na fase litigiosa do procedimento. Em outras palavras: possui a Turma competência para mudar de entendimento acerca de uma questão enfrentada no momento anterior em que os autos foram baixados em diligência? A resposta é positiva. De fato, conforme jurisprudência pacífica deste Conselho, o acórdão que converte o julgamento em diligência não decide questão litigiosa alguma. Tão somente decide pela baixa dos autos com vistas ao saneamento do processo. Ponto. Aliás a expressão “conversão do julgamento em diligência” denota exatamente isso, que a Turma nada julgou (nada decidiu), exceto pela baixa dos autos com vistas ao saneamento do processo. O julgamento de todas as questões litigiosas, inclusive preliminares e prejudiciais, será realizado em momento posterior, quando do retorno dos autos à apreciação da Turma. Poderá o órgão julgador mudar seu entendimento inicial concluindo, inclusive, serem infundadas as razões que levaram a conversão do julgamento em diligência. Nesse sentido, eventuais questões que chegaram a ser apreciadas na sessão em que a Turma resolveu converter o julgamento em diligência podem (e a meu ver devem) ser novamente discutidas quando do retorno dos autos, podendo o Colegiado confirmar ou infirmar seu entendimento inicial. O importante aqui é ressaltar que o julgamento de todas as questões litigiosas de que cuida o processo ocorre no retorno dos autos, sendo incabível imaginarse que parte das questões tenha sido decidida na sessão em que a Turma resolveu converter o julgamento em diligência. Aliás, se assim fosse, a decisão seria dividida em duas. Uma parte na sessão em que a Turma resolveu converter o julgamento em diligência, e outra parte quando do retorno dos autos, momento em que a Turma não mais poderia se pronunciar a respeito das questões já “decididas”. Em sendo assim, haveria que haver inclusive a possibilidade de Fl. 3987DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 14 13 interposição de recurso (voluntário, de ofício ou especial, conforme o caso) contra a primeira “decisão”. Contudo, tanto o julgamento quanto a decisão proferida ao seu final são unos. Havendo conversão em diligência o julgamento é apenas suspenso, a fim de que a Turma possa apreciar e decidir as questões litigiosas após o saneamento do processo. Feito isso, o julgamento segue o seu curso até que todos os membros do Colegiado tenham manifestado seu voto. Enquanto não encerrado o voto do último julgador e anunciado o resultado do julgamento, qualquer outro membro do Colegiado poderá alterar o voto já proferido, ainda que manifestado em sessão anterior. O que foi dito acima vale não só para as questões de mérito, mas inclusive para as questões preliminares e prejudiciais que eventualmente tenham sido “decididas” na sessão em que a Turma resolveu converter o julgamento em diligência. Não custa recordar que, segundo o art. 59 do RICARF, as questões preliminares são votadas antes do mérito. Havendo, entretanto, conversão do julgamento em diligência após a votação das preliminares, até mesmo essas questões já votadas deverão ser reapreciadas, a teor do disposto no art. 63, § 6º do RICARF. Se é assim em relação às preliminares e prejudiciais, com maior razão o é para as questões de mérito, para as quais o voto que importa para fins do acórdão é aquele proferido por cada um dos membros ao final do julgamento. Pois bem, feitas essas considerações ressalto que, tal como na oportunidade em que o julgamento do presente processo foi convertido em diligência, continuo convencido de que na fase litigiosa do procedimento não mais poderá ser afastado o método PRL empregado de ofício pela autoridade em função da falta de apresentação, na fase de fiscalização, dos documentos que comprovariam a exatidão dos ajustes feitos pela contribuinte segundo os métodos PIC e CPL. As razões dessa afirmação encontramse apresentadas no item 6 do presente voto. Isso posto, nos itens seguintes passo a reproduzir, com algumas poucas alterações, o voto que proferi na sessão realizada em 19/10/2011. 3) Da Margem de Lucro do Setor de Autopeças Alega a defesa que a margem de lucro de 60% empregada no método PRL é irreal para o setor de autopeças. Pugna pela aplicação do disposto no a seguir transcrito art. 21, § 2º, da Lei nº 9.430/96, tendo em vista o resultado contido em dois estudos realizados pela empresa de auditoria independe Deloitte, Touche e Tomatsu. Art. 21. Os custos e preços médios a que se referem os arts. 18 e 19 deverão ser apurados com base em: I publicações ou relatórios oficiais do governo do país do comprador ou vendedor ou declaração da autoridade fiscal desse mesmo país, quando com ele o Brasil mantiver acordo para evitar a bitributação ou para intercâmbio de informações; II pesquisas efetuadas por empresa ou instituição de notório conhecimento técnico ou publicações técnicas, em que se especifiquem o setor, o período, as empresas pesquisadas e a Fl. 3988DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 15 14 margem encontrada, bem como identifiquem, por empresa, os dados coletados e trabalhados. §1º As publicações, as pesquisas e os relatórios oficiais a que se refere este artigo somente serão admitidos como prova se houverem sido realizados com observância de métodos de avaliação internacionalmente adotados e se referirem a período contemporâneo com o de apuração da base de cálculo do imposto de renda da empresa brasileira. §2º Admitirseão margens de lucro diversas das estabelecidas nos arts. 18 e 19, desde que o contribuinte as comprove, com base em publicações, pesquisas ou relatórios elaborados de conformidade com o disposto neste artigo. §3º As publicações técnicas, as pesquisas e os relatórios a que se refere este artigo poderão ser desqualificados mediante ato do Secretário da Receita Federal, quando considerados inidôneos ou inconsistentes. Pois bem, desde já é necessário esclarecer que a competência do Secretário da Receita Federal para desqualificar as publicações, relatórios e pesquisas de que cuida a norma acima transcrita é exercida em caráter geral, ou seja, seus efeitos alcançam todos os procedimentos administrativos em curso na SRF. Tal competência, no entanto, não exclui a competência individual dos órgãos julgadores. Em outras palavras, para fins do parágrafo 3º da norma acima transcrita, o fato de o Secretário da Receita Federal ainda não haver se pronunciado sobre a validade de determinada publicação, relatório ou pesquisa não significa que o órgão julgador, no âmbito do processo sob sua apreciação, não possa desqualificála. Dito isso, o primeiro estudo trazido aos autos pela recorrente (fls. 1462/1472) teve como objetivo, entre outros, a identificação da média da margem bruta de contribuição praticada pela indústria de autopeças em operações independentes. A pesquisa tomou por base informações públicas armazenadas no provedor Bloomberg, prestadas por 678 empresas fabricantes de autopeças, relativamente ao período de 2002 a 2007. O estudo conclui, em síntese, que quanto ao método PRL seria cabível um pedido de redução da margem de 60% para 19,5% nas operações de industrialização, e de 20% para 13,75% nas operações de simples revenda. Em relação a esse primeiro estudo é necessário tecer, ao menos, as seguintes observações: a) apesar de afirmada a existência de um anexo contendo a relação das 678 empresas pesquisadas, tal anexo não foi juntado aos autos. Da mesma forma, o apontado anexo I contendo “a lista completa dos dados utilizados para obtenção dos resultados” também não foi juntado. Isso posto, não é possível verificarse a veracidade dos resultados obtidos; b) não foi indicado se as empresas pesquisadas encontramse todas em território nacional, ou se a pesquisa é de âmbito continental, regional ou mundial. Em conseqüência, também não foi possível identificar se a média da margem bruta de contribuição obtida na pesquisa é nacional, continental, regional ou mundial; Fl. 3989DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 16 15 c) a pesquisa levou em conta a margem bruta de contribuição praticada por cada empresa nos anos de 2002 a 2007, mas não há qualquer análise sobre se a margem obtida seria também aplicável ao ano de 2001, objeto da autuação ora contestada; d) indústrias de autopeças fabricam, via de regra, produtos de diferentes espécies e modelos. Assim, é de se esperar, por exemplo, que uma mesma empresa adote margens maiores para produtos mais sofisticados, com alto grau de tecnologia incorporada, e margens inferiores para produtos mais simples. No entanto, a pesquisa em comento não trata dessas distinções, as quais são de fundamental importância quando se pretende que o Fisco aceite margem distinta da estabelecida em lei; e) ao que parece, o estudo não fez distinção entre as margens praticadas pelas empresas pesquisadas nas operações de simples revenda e aquelas praticadas nas operações de industrialização. É de surpreender, portanto, que o resultado do estudo indique margens distintas para essas operações. Quanto ao segundo estudo apresentado pela recorrente (fls. 1473/1493), também produzido pela empresa de auditoria independe Deloitte, Touche e Tomatsu, é de se dizer que também não foram juntadas aos autos as informações que serviram de base às conclusões ali alcançadas, daí porque não é possível a verificação de seus resultados. Da mesma forma que o primeiro estudo, também aqui é utilizada uma margem bruta global, não havendo distinções entre as margens praticadas em produtos de mais alta tecnologia daquelas aplicadas a produtos mais simples. Há ainda uma observação final a ser feita em relação aos dois estudos apresentados, no que toca ao princípio do arm’s lenght. É que, ao que tudo indica, o pesquisador não tomou o cuidado de trabalhar apenas com empresas que realizam importações junto a empresas não vinculadas. Dessa forma, uma vez que o setor de autopeças no Brasil tem uma importante participação de empresas multinacionais, é bem provável que boa parte das empresas compreendidas no universo da pesquisa pratique operações de importação junto a empresas vinculadas. A não exclusão dessas empresas do universo da pesquisa distorce significativamente os resultados alcançados, já que é de se esperar que as margens praticadas por essas empresas sejam inferiores àquelas praticadas por empresas que realizem importações junto a empresas não vinculadas. 4) Da Alegada Necessidade de Demonstração do Método mais Benéfico Alega a recorrente que a autoridade fiscal não poderia adotar método de cálculo dos preços de transferência distinto daquele por ela empregado sem demonstrar que tal método é mais benéfico à contribuinte. Aponta, nesse sentido, os acórdãos nos 10709411 e 10709412, exarados pelo extinto Conselho de Contribuintes, cujas ementas (idênticas), abaixo se transcreve: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 1997 (...) DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA E DOS EVENTUAIS AJUSTES. Mesmo Fl. 3990DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 17 16 quando a fiscalizada não aponta o método de apuração dos preços de transferência, os auditores fiscais encarregados da verificação deverão utilizar o método mais favorável ao contribuinte ou demonstrar a impossibilidade de aplicação de outros métodos passíveis de utilização nas operações praticadas. (...) Pois bem, quanto a isso há que se ressaltar inicialmente que o entendimento acima esposado não era pacífico nem mesmo no extinto Conselho de Contribuintes. De fato, conforme assinalado naquele mesmo acórdão, há decisões em sentido contrário, como aquela contida no acórdão nº 10194.888, de relatoria da Conselheira Sandra Faroni. Abaixo, trecho do voto contido no referido acórdão: Da mesma forma que a lei faculta ao contribuinte a adoção de qualquer dos métodos e, na hipótese de utilização de mais de um deles, a opção por adicionar ao lucro líquido o menor dos valores obtidos, a lei não prioriza qual o método a ser adotado pelo fisco na apuração de ofício do preço de transferência, nem obriga o fisco a determinar qual o método é mais favorável ao contribuinte. (...) Sobre a questão da utilização do método que resulte em menor ajuste, o art. 18, §§ 4º e 5º, da Lei nº 9.430/96 assim estabelece: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) §4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. §5º Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. (...) Não há dúvida de que a norma sob exame atribui aos contribuintes uma faculdade de empregar o método que resulte em menor ajuste. Todavia, não é possível concluir que essa norma também atribua ao Fisco, nos casos de procedimento de ofício, o dever de adotar o método que resulte em menor ajuste aos contribuintes, ou de demonstrar a impossibilidade de aplicação dos demais métodos. O entendimento defendido pela recorrente é fruto de uma errônea interpretação a contrario sensu da norma em comento. De fato, da faculdade atribuída ao Fl. 3991DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 18 17 sujeito passivo para escolher, dentre os três métodos estabelecidos em lei, aquele que resulte em menor ajuste, não resulta, a contrario sensu, o dever de o Fisco, quando possível, realizar o cálculo pelos três métodos para, só então, empregar aquele que resulte em menor ajuste. 5) Da Escolha do Método pelo Sujeito Passivo Alega a interessada que, ao contrário do afirmado no termo de verificação fiscal e na decisão recorrida, a empresa não alterou o método de cálculo dos preços de transferência. Pois bem, para apurar o IRPJ com base no lucro real a pessoa jurídica deverá conhecer o valor das receitas auferidas, bem como o valor dos custos e despesas por ela incorridas. No caso de pessoa jurídica que utilize, para fins de industrialização e/ou revenda, bens importados de pessoas vinculadas domiciliadas no exterior, o valor dos custos e das despesas correspondentes poderá sofrer ajustes relativos aos preços de transferência. O ajuste no valor dos custos e despesas, por sua vez, dependerá do método de cálculo dos preços de transferência adotado pela contribuinte. A legislação tributária faculta à contribuinte livremente escolher, entre os três métodos de cálculo dos preços de transferência lá estabelecidos, aquele que melhor lhe aprouver. No entanto, como o método por ela escolhido influenciará a determinação do lucro real e, por conseguinte, a apuração do imposto devido, tal escolha deverá necessariamente ser realizada até o momento da apuração deste tributo. Daí porque, exercida a faculdade de escolha deste ou daquele método, operase a preclusão consumativa, ou seja, a contribuinte não mais poderá exercer a faculdade de escolher método diverso. Pois bem, relativamente ao ano de 2001 a contribuinte apurou o IRPJ com base no lucro real anual. Em assim sendo, a escolha do método de cálculo dos preços de transferência para cada bem importado deveria ser feita, no máximo, até o último dia útil do mês de março de 2002, data de vencimento do saldo a pagar do imposto (art. 6º da Lei nº 9.430/96). Eleito o método de preços de transferência para cada bem importado, a contribuinte estava obrigada a informálo na ficha 34 da DIPJ/2002. A referida ficha 34 possui cinqüenta linhas, sendo que em cada uma das primeiras quarenta e nove é requerido o preenchimento das seguintes informações: (i) a identificação do bem importado; (ii) o valor total anual das operações de importação deste bem; (iii) a identificação do método do preço de transferência adotado para este bem; (iv) o preço parâmetro; (v) o preço praticado, e; (vi) o valor do ajuste. A última linha da citada ficha 34 é reservada às pessoas jurídicas que importaram junto a pessoas vinculadas, no ano, mais de quarenta e nove espécies distintas de bens. Sendo esse o caso, a pessoa jurídica está obrigada a preencher a qüinquagésima linha com as seguintes informações agregadas: (i) o valor total anual das operações de importação desses bens, e; (ii) o valor total do ajuste relativo a esses bens. Sendo uma informação agregada, por óbvio não há ali espaço para informarse o método correspondente a cada produto. Fl. 3992DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 19 18 No caso dos autos, foram objeto de fiscalização sete produtos importados cujos códigos são os seguintes: 12212031, 12212032, 52486924, 52476600, 52484210, 25165453 e 15345421. Desses sete produtos, apenas o de código 25165453 foi apontado individualmente na ficha 34 da DIPJ/2002, conforme abaixo (fl. 53 verso): 1.Importações: Bens Total da Operação: 6.585.997,49 Descrição: INJETOR 25165453 Código NCM: 8409.99.13 Quantidade: 280.236,00 Unidade de Medida: Unidade Método: PRL 60% Valor do Ajuste: 0,00 Preço Parâmetro: 23,88 Preço Praticado: 23,42 Coincidência ou não, dos sete produtos objetos da fiscalização, este foi o único produto em relação ao qual a contribuinte deixou de impugnar a exigência, tendo optado por recolher o valor do IRPJ e da CSLL (fl. 1122) correspondente ao ajuste promovido pela autoridade fiscal (fl. 559). Os demais seis produtos foram apontados agregadamente na ficha 34, linha 50, da DIPJ/2002, onde constam as seguintes informações, conforme abaixo: 50.Importações: Não Especificadas Total da Operação: 63.075.639,18 Valor do Ajuste: 706.851,95 Isso posto, é de se reconhecer, como alegado pela recorrente, que tanto a autoridade fiscal quanto o órgão de primeiro grau equivocaramse ao afirmar que a pessoa jurídica havia eleito, na DIPJ/2002, os métodos PRL20 ou PRL60 para todos os produtos fiscalizados. Realmente, apenas em relação ao produto código 25165453 foi expressamente escolhido, na DIPJ/2002, o método PRL60. Quanto aos demais produtos fiscalizados não houve ali informação sobre o respectivo método escolhido pela contribuinte, uma vez que integraram a linha 50 da ficha 34. Entretanto, é igualmente importante reconhecer que tal equívoco em nada influenciou o lançamento ora contestado. Realmente, apesar de afirmar que a contribuinte havia optado pelos métodos PRL20 ou PRL60 na DIPJ/2002, a autoridade tributária acolheu inicialmente, para cada produto fiscalizado, o método informado pela contribuinte em resposta a intimação a ela dirigida. Os métodos informados pela contribuinte à autoridade fiscal foram: (i) o PIC, para os produtos 12212031 e 12212032; (ii) o CPL, para os produtos 52486924, 52476600, 52484210 e 25165453, e; (iii) o PRL20, para o produto 15345421. A posterior rejeição dos métodos PIC e CPL, com a conseqüente adoção, de ofício, do PRL em substituição a estes, ocorreu, segundo a autoridade, em virtude de a contribuinte não haver comprovado, mediante documentação hábil e idônea, os preços de transferência calculados de acordo com aqueles métodos. 6) Da Definitividade do Método Empregado de Ofício pela Fiscalização No caso sob exame a autoridade fiscal afastou a aplicação dos métodos PIC (produtos 12212031 e 12212032) e CPL (produtos 52486924, 52476600, 52484210 e 25165453), eleitos pela contribuinte, por entender que esta não logrou êxito em comprovar, mediante documentação hábil e idônea, os respectivos preços de transferência apresentados em Fl. 3993DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 20 19 sua memória de cálculo. O lançamento foi, assim, realizado mediante a aplicação, de ofício, do método PRL, uma vez que em relação a este a fiscalização afirmou possuir os elementos necessários ao cálculo dos preços de transferência. Todavia, junto à sua impugnação a interessada apresentou diversos documentos que, a seu juízo, atenderiam às exigências feitas pela autoridade durante a fase de fiscalização. Pediu, então, que o julgamento da lide fosse realizado tomandose por base os métodos PIC e CPL, por ela originalmente adotados, e não com supedâneo no método PRL, empregado pelo auditor. Tornase então necessário questionar, em primeiro lugar, se a autoridade lançadora tem o poder de substituir, de ofício, o método de cálculo dos preços de transferência eleito pela contribuinte e, em caso positivo, sob que condições tal medida poderá ser adotada. E em segundo lugar é igualmente importante questionar se o método originalmente eleito pelo sujeito passivo poderá, ou não, ser restabelecido na fase de julgamento acaso este venha a suprir os erros e omissões que levaram a autoridade a adotar, de ofício, o método distinto. Pois bem, quanto ao primeiro ponto, a meu ver não há dúvida de que o Fisco, sob determinadas condições, poderá desconsiderar o método de cálculo dos preços de transferência originalmente eleito pela contribuinte, substituindoo por outro. Tal competência encontra previsão expressa no art. 40 da Instrução Normativa nº 32/2001, verbis: Art. 40. A empresa submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos Auditores Fiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação: I a indicação do método por ela adotado; II a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo, observado o disposto nos arts. 34 a 36. Parágrafo único. Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos a que se refere o inciso II, ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRF encarregados da verificação poderão determinálo com base em outros documentos de que dispuser, aplicando um dos métodos referidos nesta Instrução Normativa. (Grifamos) Veja que a norma acima transcrita não só autoriza o auditor a substituir, de ofício, o método eleito pela contribuinte, como também estabelece as condições para que tal medida seja adotada. Resta então examinarmos o segundo ponto, qual seja, verificar se o método de cálculo dos preços de transferência adotado originalmente pela pessoa jurídica poderá, ou não, na fase de julgamento, ser restabelecido pela autoridade julgadora em substituição ao empregado de ofício pela autoridade. Entendo que não. Como visto no item anterior deste voto, cabe ao contribuinte exercer, até o momento de apuração do IRPJ, a faculdade de escolha do método de Fl. 3994DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 21 20 cálculo dos preços de transferência. A informação ao fisco acerca do método escolhido para cada produto se dará na DIPJ ou, em havendo mais do que quarenta e nove espécies distintas produtos submetidas ao cálculo dos preços de transferência, tal informação somente será prestada em resposta à intimação fiscal dirigida ao contribuinte. Iniciado o procedimento fiscal, caberá à autoridade verificar a integridade dos cálculos dos preços de transferência realizados pelo contribuinte, segundo o método por este escolhido. Referida verificação é realizada mediante apresentação dos documentos que alicerçaram o cálculo dos preços de transferência, segundo o método escolhido pelo contribuinte. No procedimento fiscal poderá acontecer de o contribuinte, apesar de intimado para tanto, deixar de apresentar parte dos documentos exigidos pela autoridade. Nesta hipótese, de acordo com o disposto no acima transcrito art. 40, parágrafo único, da Instrução Normativa nº 32/2001, caberá ao auditor: a) decidir se a falta de apresentação desses documentos importará, ou não, em lançamento de ofício; b) em caso positivo, decidir se é possível a realização do lançamento de ofício com base no método de cálculo dos preços de transferência eleito pelo sujeito passivo, e; c) promover o lançamento de ofício com base em outro método, de acordo com as informações de que dispuser, caso não seja possível a manutenção do método eleito pelo sujeito passivo. Assim, se a legislação autoriza a adoção da “medida extrema”, consistente na apuração do IRPJ mediante cálculo dos preços de transferência realizado com base em método distinto daquele eleito pelo sujeito passivo, entendo que tal “medida extrema” é definitiva. Em outras palavras, ainda que os documentos faltantes sejam apresentados na fase litigiosa do procedimento, não poderão ser eles admitidos com vistas ao restabelecimento do método eleito originalmente pelo sujeito passivo. Não é nova a questão da irreversibilidade de método de apuração do IRPJ empregado pela fiscalização, em substituição àquele eleito pelo sujeito passivo. Realmente, em caso de lançamento de ofício realizado segundo as regras do lucro arbitrado, a apresentação, na fase litigiosa do procedimento, dos documentos cuja falta ensejaram a adoção da “medida extrema”, não tem o condão de restabelecer a forma de apuração do imposto eleita pelo sujeito passivo (lucro real ou presumido). Pelas mesmas razões, entendo que também não é possível retomar, nesta fase de julgamento, o método de cálculo dos preços de transferência originalmente eleito pela contribuinte, ainda que esta houvesse carreado aos autos todos os elementos cuja falta de apresentação na fase de fiscalização tenha levado a autoridade a adotar método alternativo. Dito isso, não há como acolher o pedido da recorrente no sentido de que o presente julgamento tenha como objeto o cálculo por ela realizado com base nos métodos PIC (produtos códigos 12212031 e 12212032) e CPL (produtos códigos 52486924, 52476600 e 52484210). Fl. 3995DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 22 21 O julgamento deverá, então, versar sobre a apuração realizada pela autoridade fiscal. Em especial, deverá a Turma pronunciarse sobre o cabimento da substituição, de ofício, dos métodos PIC e CPL eleitos pela contribuinte, pelo método PRL. Dito de outro modo, será necessário verificar se, no caso concreto, realmente estavam presentes as condições para a adoção da medida extrema. É o que se passa a fazer. 7) Da Substituição Ex Oficio do Método PIC pelo Método PRL Sobre o cálculo do preço parâmetro segundo o método PIC, o art. 8º da Instrução Normativa SRF nº 32/2001 assim estabelece: Art. 8º A determinação do custo de bens, serviços e direitos, adquiridos no exterior, dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá ser efetuada pelo método dos Preços Independentes Comparados (PIC), definido como a média aritmética ponderada dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes. Parágrafo único. Por esse método, os preços dos bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, de uma empresa vinculada, serão comparados com os preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares: I vendidos pela mesma empresa exportadora, a pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes; II adquiridos pela mesma importadora, de pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes; III em operações de compra e venda praticadas entre outras pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes. Conforme demonstrado no item anterior deste voto, o método de cálculo dos preços de transferência empregado pelo auditor para realizar o lançamento de ofício não poderá ser alterado na fase de julgamento. Como dito, caberá ao órgão julgador verificar, em especial, se encontravamse presentes as condições necessárias à adoção da medida. Isso posto, importante ressaltar inicialmente que a ação fiscal durou quase um ano, período ao longo do qual foram lavradas diversas intimações dirigidas à contribuinte. A apresentação da memória de cálculo dos preços de transferência relativa a todos os bens importados junto a pessoas vinculadas, com a indicação do método empregado a cada bem, foi exigida da fiscalizada logo no termo inaugural, lavrado em 13/10/2005 (fls. 6/8). Também ali foi exigida a apresentação dos documentos que serviram de suporte ao cálculo dos preços de transferência indicados na memória de cálculo. A contribuinte, todavia, somente em 20/03/2006 (fls. 174/175), apresentou a memória de cálculo dos preços de transferência contendo as informações mínimas necessárias à realização da auditoria. As memórias de cálculo apresentadas anteriormente a esta data, ou não indicavam o método de preços de transferência empregado (fl. 84), ou não indicavam os preços parâmetros e os preços praticados, mas só os ajustes (fls. 108/122). Fl. 3996DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 23 22 Especificamente em relação aos produtos submetidos ao método PIC, foi a contribuinte intimada em 30/03/2006 (fls.224/225) a apresentar cópia de todas as invoices por ela apontadas em sua memória de cálculo, as quais teriam servido de base à apuração dos respectivos preços parâmetro. A fiscalizada, entretanto, apresentou apenas parte daquelas invoices, conforme documentos encaminhados ao auditor nos dias 27/04/2006 (fl. 331), 08/05/2006 (fl. 386/387), 22/05/2006 (fl. 416) e 25/08/2006 (fl. 458). No que toca ao produto código 12212031, a contribuinte apresentou durante a fase de fiscalização apenas uma das 37 invoices indicadas em sua memória de cálculo. Trata se, no caso, de operação de venda daquele produto realizada pela empresa vinculada argentina, Famar Fueguina, à não vinculada Fiat Auto Argentina (fl. 459). Quanto ao produto código 12212032, das 29 invoices indicadas pela contribuinte em sua memória de cálculo, nenhuma delas foi apresentada à fiscalização. Conforme reconhece a própria interessada, as mencionadas invoices relativas aos produtos códigos 12212031 e 12212032, com exceção daquela presente à fl. 459, somente foram apresentadas na fase de julgamento, em anexo à peça impugnatória. Não há dúvida, portanto, de que em relação aos dois produtos acima indicados a documentação apresentada pela fiscalizada à auditoria revelouse insuficiente à comprovação do preço parâmetro por ela calculado segundo o método PIC. Apesar de a legislação não especificar, como alegado pela recorrente, quais documentos devem ser mantidos a fim de comprovar os preços de transferência por ela calculados, é certo que ao menos os documentos por ela mesma utilizados neste cálculo devem ser guardados e prontamente exibidos ao auditor quando por este solicitado. Em outras palavras, se para fins de determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL do ano de 2001 a própria contribuinte afirmou haver calculado o preço parâmetro PIC dos produtos códigos 12212031 e 12212032 mediante, respectivamente, 37 e 29 operações de venda da empresa vinculada Famar Fueguina à não vinculada Fiat Auto Argentina, então tinha o dever de manter em sua guarda, desde à época em que apurou esses tributos, cópia das respectivas invoices. Se a fiscalização houvesse solicitado a apresentação de outros documentos não efetivamente utilizados pela contribuinte no cálculo do método PIC, a demora estaria justificada. Como a contribuinte não apresentou as citadas invoices, a autoridade fiscal ficou impossibilitada de averiguar a correção do cálculo o preço parâmetro PIC, razão pela qual, corretamente, desconsiderou o método eleito pela empresa e empregou, de ofício, o método PRL, pois em relação a este dispunha das informações necessárias para calcular o preço parâmetro. 8) Da Substituição Ex Oficio do Método CPL pelo Método PRL Como dito no início do item anterior, já na lavratura do termo de início de fiscalização a contribuinte foi intimada a apresentar a memória de cálculo dos preços de transferência dos bens importados junto a pessoas vinculadas, bem como os documentos Fl. 3997DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 24 23 necessários à comprovação dos valores ali indicados. Referida memória de cálculo, todavia, somente foi entregue à fiscalização cinco meses após. No que se refere à comprovação dos preços parâmetro dos produtos submetidos ao método CPL, a contribuinte também deixou de apresentar os documentos exigidos pela auditoria. Em especial, relativamente aos produtos códigos 52486924, 52476600 e 52484210 a fiscalizada, apesar de intimada para tanto, não entregou à autoridade tributária o “bill of material”. Conforme admitido pela própria recorrente, o referido documento somente foi apresentado em anexo à impugnação ao lançamento. É certo que, como alegado pela interessada, a legislação não especificou um rol de documentos cuja guarda seria necessária à comprovação do preço parâmetro dos produtos submetidos ao método CPL. Isso, no entanto, não desobriga a contribuinte de guardar os documentos por ela própria utilizados no cálculo do preço parâmetro. Nem significa, ao contrário do alegado em seu recurso, que “quaisquer documentos válidos e legítimos” serviriam para fazer prova da composição dos custos de produção da empresa vinculada no exterior. A bem da verdade o método CPL é, dentre os três previstos na legislação nacional sobre preços de transferência, aquele cuja carga probatória revelase mais pesada. Nesse sentido a contribuinte, ao eleger esse método, deveria estar ciente de que uma grande quantidade de documentos e informações sobre o custo de produção da empresa vinculada no exterior deve ser guardada com vistas à futura exibição ao Fisco. No caso, a contribuinte limitouse a guardar os relatórios de custo elaborados pela empresa vinculada no exterior. Tais relatórios, ainda que sejam importantes, na medida em que sintetizam as informações presentes nos documentos comerciais e fiscais que serviram de base à sua elaboração, pouco ou nada valem quando desacompanhados destes documentos. Em assim sendo, uma vez que a autoridade fiscal ficou impossibilitada de verificar a correção dos preços parâmetros calculados pela contribuinte relativamente aos produtos códigos 52486924, 52476600 e 52484210, não lhe restou outra alternativa senão desconsiderar o método CPL, eleito pela interessada, e empregar, de ofício, o método PRL, já que em relação a este possuía os documentos e informações necessário ao cálculo. 9) Dos Ajustes ao Método PRL20 No que toca ao produto código 15345421 a contribuinte elegeu o método PRL20. A fiscalização acatou o método, mas promoveu ajustes no cálculo do preço parâmetro e do preço praticado. Quanto ao cálculo do preço praticado, a autoridade adicionou ao preço FOB do produto os valores relativos ao frete, seguro internacional e imposto de importação. A recorrente contesta essa adição sob o argumento de que o art. 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96 estabelece que frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação são custos dedutíveis, não devendo compor o preço praticado. Alega que tais valores não representam parcelas pagas a pessoas vinculadas, daí porque não se sujeitam às regras dos preços de transferência. Diz ainda que a dedutibilidade do frete, do seguro e do imposto de importação, Fl. 3998DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 25 24 admitida pela norma antes referida, equiparase a verdadeira desoneração fiscal, motivo pelo qual deve ser interpretada literalmente, a teor do disposto no art. 111, I, do CTN. Logo de início é importante destacar que os custos relativos a frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação foram integralmente deduzidos pela contribuinte para fins de apuração do lucro líquido. Esse é um direito que lhe assiste por força do próprio conceito constitucional de lucro. No âmbito tributário, o Decretolei nº 1.598/77 assim estabelece: Art 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. (...) Como se observa nos autos de infração do IRPJ e da CSLL bem como no termo de verificação fiscal, e ao contrário do alegado pela recorrente, a autoridade não glosou um único centavo a título de custo relativo a frete, seguro ou tributos incidentes sobre a importação. De fato, o que aqui está em questão é o cálculo dos preços de transferência segundo o método PRL20, relativamente aos produtos importados pela contribuinte junto a pessoas a ela ligadas. Em outras palavras, tratase de verificar se o preço de aquisição desses produtos junto a pessoas vinculadas foi, ou não, artificialmente inflado com vistas a reduzir a incidência do IRPJ e da CSLL devidos pela contribuinte brasileira. Tal apuração é realizada mediante a simples comparação entre: (i) o preço praticado nas operações de importação da contribuinte junto a sua vinculada no exterior (preço praticado), e; (ii) o preço que seria praticado na importação do mesmo produto acaso não houvesse vinculação entre a contribuinte e a sua fornecedora no exterior (preço parâmetro). Se preço praticado for superior ao preço parâmetro, a diferença entre eles deverá ser adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real. A questão da comparabilidade entre o preço praticado entre pessoas vinculadas e aquele praticado em operações de mercado está no cerne do princípio do arm’s lenght. Tanto é assim que o OECD Transfer Pricing Guidelines dedica todo o seu capítulo III ao exame desta matéria. De fato, o objetivo da comparação do valor de uma transação realizada entre pessoas vinculadas com o valor de uma outra transação realizada entre pessoas não vinculadas é a identificação do quanto a questão da vinculação afetou o valor da transação sob exame. Tendo sido inspirado no princípio do arm’s lenght, o art. 18 da Lei nº 9.430/96 não poderia ser corretamente interpretado acaso não fosse dada a devida importância à questão da comparabilidade. Assim, devese ter em conta que no cálculo do preço parâmetro PRL20 estão incluídos os valores pagos pela contribuinte a título de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação. De fato, ao excluirmos do preço de revenda do produto a margem lucro de 20%, restará o custo do produto revendido (vide outros ajustes no art. 18, II, da Lei nº 9.430/96). Esse custo, por óbvio, é composto não só pelo preço de aquisição produto, mas também pelos valores do frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação. Fl. 3999DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 26 25 Isso posto, a comparação entre o preço praticado (FOB) e o preço parâmetro PRL20 (que inclui frete + seguro + tributos sobre a importação), como advoga a recorrente, seria de todo inútil ao fim a que se destina a lei de preços de transferência, qual seja, verificar, mediante comparação entre aqueles preços, se a contribuinte está, ou não, reduzindo artificialmente o lucro apurado no Brasil por meio de aquisições de produtos junto a sua vinculada no exterior a preços superiores aos de mercado. Assim, para corretamente comparar o preço praticado com o preço parâmetro PRL20, é necessário que ambos estejam em pé de igualdade, ou seja, ou bem se exclui do preço parâmetro os valores pagos a título de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação, ou bem se adiciona esses valores ao preço praticado. A lei adotou a segunda opção, mas se houvesse adotado a primeira o resultado seria idêntico. O importante é ter em conta que, como dito no início deste item, os custos de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação não foram glosados pela autoridade. O que o auditor fez foi adicionar ao lucro líquido, para apuração do lucro real, a parcela do preço de aquisição do produto excedente ao preço que o produto seria adquirido em condições de mercado. Os valores de frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação integraram tanto o preço praticado como o preço parâmetro. Poderiam ainda não compor nem o preço praticado nem o preço parâmetro que o resultado seria o mesmo. Noutro giro, também não é correta a afirmação da recorrente segundo a qual a dedutibilidade do frete, do seguro e do imposto de importação corresponderia a verdadeira desoneração fiscal, devendo assim o art. 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96 ser interpretado literalmente, por força do disposto no art. 111, I, do CTN. Realmente, frete, seguro e imposto de importação são custos incorridos quando da aquisição de produtos para revenda. Como o IRPJ e a CSLL incidem sobre o lucro, e não sobre a receita, a dedutibilidade desses e de outros custos é a regra, não podendo ser confundido com desoneração fiscal, que é exceção. Portanto, inaplicável à espécie o mencionado art. 111, I, do CTN. No que toca ao cálculo do preço parâmetro PRL20 realizado pelo auditor, alega a recorrente que a fiscalização não evidenciou, sequer de maneira resumida, a forma como foi feito aquele cálculo. Afirma que, em cálculo realizado internamente, notou que o preço parâmetro por ela encontrado revelouse significativamente superior ao apurado pela autoridade. Pede, assim, seja realizada diligência com vistas à apresentação do referido cálculo e aberto prazo para que sobre ele possa se manifestar. Ao contrário do afirmado na peça recursal, a interessada asseverou em sua impugnação ao lançamento (fls. 596/597) que “o preço parâmetro apurado pela Impugnante é bastante próximo do valor apurado pela d. fiscalização, representando um desvio de menos de 1% que, por essa razão, será desprezado pela Impugnante”. Em outras palavras, há evidente contradição entre o afirmado na impugnação e o alegado no recurso voluntário. Seja como for, a forma de cálculo do preço parâmetro PRL está estabelecida na legislação que cuida dos preços de transferência. Quanto aos valores empregados para realização do referido cálculo, explicou a autoridade (fl. 503) que foram eles extraídos do arquivo “Saída Itens”, apresentado pela empresa. Em anexo ao termo de verificação fiscal, como parte integrante deste (fl. 508), a autoridade apresentou demonstrativo do mencionado cálculo. Isso posto, devese indeferir o pedido de diligência. Fl. 4000DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.001448/200600 Acórdão n.º 1201001.061 S1C2T1 Fl. 27 26 Por fim, devese também denegar o pedido da recorrente para que esta Turma aceite subsidiariamente a aplicação do método CPL para o produto 15345421, caso considere como correto o ajuste procedido pela fiscalização no cálculo do PRL20 realizado pela contribuinte. Isso porque, como visto nos itens 5 e 6 deste voto, uma vez que a contribuinte exerceu a faculdade de escolher, dentre aqueles previstos em lei, o método PRL 20 para o cálculo dos preços de transferência do produto 15345421, não poderá agora, no âmbito do recurso voluntário, pretender alterálo. Como dito naquela oportunidade, eleito pela contribuinte o método de cálculo dos preços de transferência, ocorre a preclusão consumativa do ato, o que significa dizer que não poderá exercer novamente a faculdade de escolha em relação àquele produto, para o mesmo período de apuração. 10) Conclusão Tendo em vista todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 4001DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 30/12/2014 p or RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 15956.720067/2012-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2009
RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece, em sede de Recurso Voluntário, de questão que já se encontre plasmada pelo atributo da Coisa Julgada Administrativa, adquirido mediante decisão administrativa da qual não caiba mais recurso, proferida em Processo Administrativo Fiscal distinto.
O julgamento administrativo limitar-se-á à matéria diferenciada, se porventura houver.
RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA.
A Coisa Julgada Administrativa configura-se causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO.
Perde o direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 a Entidade Beneficente de Assistência Social que deixar de atender a qualquer dos requisitos arrolados nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, desde a data em que deixar de atendê-los, ficando tal entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ISENÇÃO. LEI Nº 12.101/2009. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS ESSENCIAIS. SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO DIREITO À ISENÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO.
No regime jurídico instituído pela Lei nº 12.101/2009, a constatação do descumprimento, pelo Beneficiário, dos requisitos indicados no art. 29 dessa lei implica a suspensão automática do direito à isenção de contribuições previdenciárias, pelo período em que se constatar o descumprimento em foco, devendo a Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrar o auto de infração relativo ao período correspondente e relatar os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91.
Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento, já que a isenção usufruída pela entidade foi cancelada, na forma do Ato Cancelatório nº 001/2008, da DRF em Ribeirão Preto/SP, com efeitos a partir de 01/01/2001, por descumprimento dos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, ficando a entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Wilson Antonio de Souza Correa, Leo Meirelles do Amaral, Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, e Arlindo da Costa e Silva.
Declarações de impedimento: LEO MEIRELLES DO AMARAL.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece, em sede de Recurso Voluntário, de questão que já se encontre plasmada pelo atributo da Coisa Julgada Administrativa, adquirido mediante decisão administrativa da qual não caiba mais recurso, proferida em Processo Administrativo Fiscal distinto. O julgamento administrativo limitar-se-á à matéria diferenciada, se porventura houver. RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. A Coisa Julgada Administrativa configura-se causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO. Perde o direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 a Entidade Beneficente de Assistência Social que deixar de atender a qualquer dos requisitos arrolados nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, desde a data em que deixar de atendê-los, ficando tal entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ISENÇÃO. LEI Nº 12.101/2009. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS ESSENCIAIS. SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO DIREITO À ISENÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO. No regime jurídico instituído pela Lei nº 12.101/2009, a constatação do descumprimento, pelo Beneficiário, dos requisitos indicados no art. 29 dessa lei implica a suspensão automática do direito à isenção de contribuições previdenciárias, pelo período em que se constatar o descumprimento em foco, devendo a Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrar o auto de infração relativo ao período correspondente e relatar os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 31; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2432; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 776 1 775 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15956.720067/201294 Recurso nº 003.516 Voluntário Acórdão nº 2302003.516 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 02 de dezembro de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS AIOP Recorrente FUNDAÇÃO MATERNIDADE SINHÁ JUNQUEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece, em sede de Recurso Voluntário, de questão que já se encontre plasmada pelo atributo da Coisa Julgada Administrativa, adquirido mediante decisão administrativa da qual não caiba mais recurso, proferida em Processo Administrativo Fiscal distinto. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se porventura houver. RECURSO VOLUNTÁRIO. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. A Coisa Julgada Administrativa configurase causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO. Perde o direito à isenção de contribuições previdenciárias de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 a Entidade Beneficente de Assistência Social que deixar de atender a qualquer dos requisitos arrolados nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, desde a data em que deixar de atendêlos, ficando tal entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ISENÇÃO. LEI Nº 12.101/2009. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS ESSENCIAIS. SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO DIREITO À ISENÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 72 00 67 /2 01 2- 94 Fl. 776DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 No regime jurídico instituído pela Lei nº 12.101/2009, a constatação do descumprimento, pelo Beneficiário, dos requisitos indicados no art. 29 dessa lei implica a suspensão automática do direito à isenção de contribuições previdenciárias, pelo período em que se constatar o descumprimento em foco, devendo a Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrar o auto de infração relativo ao período correspondente e relatar os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento, já que a isenção usufruída pela entidade foi cancelada, na forma do Ato Cancelatório nº 001/2008, da DRF em Ribeirão Preto/SP, com efeitos a partir de 01/01/2001, por descumprimento dos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, ficando a entidade, desde então, sujeita ao recolhimento integral das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.212/91. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Wilson Antonio de Souza Correa, Leo Meirelles do Amaral, Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, e Arlindo da Costa e Silva. Declarações de impedimento: LEO MEIRELLES DO AMARAL. Fl. 777DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 777 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2009 Data da lavratura do AIOP: 04/06/2012. Data da Ciência do AIOP: 15/06/2012 Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração nº 51.011.3362 e 51.011.3370 consistente em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados e a segurados contribuintes individuais, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 21/22. Informa a Fiscalização que as bases de cálculo foram apuradas conforme registros das folhas de pagamento. Aduz que a entidade teve a sua isenção de contribuições previdenciárias cancelada mediante o Ato Cancelatório nº 001/2008, da DRF em Ribeirão Preto/SP, a fl. 190, com efeitos a partir de 01/01/2001, por descumprimento dos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, do qual tomou ciência em 11/02/2008, conforme Aviso de Recebimento nº 12164210 0 BR, a fl. 192, e mesmo ciente de que não gozava mais da isenção em foco declarava o cod. FPAS 639 nas GFIP. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 202/228. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1439.763 – 9ª Turma da DRJ/RPO, a fls. 401/407, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 11/03/2013, conforme Aviso de Recebimento a fl. 411. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 419/442, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes elementos: · Que a Fiscalização estava obrigada a observar os procedimentos inseridos na Lei nº 12.101/2009; · Nulidade da decisão de 1ª Instância por não haver reexaminado as questões que culminaram na emissão do Ato Cancelatório; Fl. 778DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 · Que cumpriu efetivamente os requisitos dos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, sendo nulo o Ato Cancelatório nº 01/2008; · Que as multas de mora e de ofício foram calculadas de maneira equivocada; Ao fim. Requer a nulidade dos autos de infração. O julgamento do Recurso Voluntário houvese por convertido em Diligência Fiscal, nos termos da Resolução nº 2302000.245, de 18 de setembro de 2013, a fls. 467/493, para que o Fisco informasse se foi oferecido prazo de recurso ao Contribuinte contra o Ato Cancelatório de Isenção motivado, além da falta de CEBAS, que não era definitiva, pelo não cumprimento das disposições contidas no inciso V do artigo 55 da Lei nº 8.212/91. Em atendimento à diligência requestada, a Autoridade Fazendária se pronunciou formalmente nos autos, mediante Informação Fiscal a fls. 500/501, demonstrando que o Contribuinte foi intimado do Cancelamento da Isenção, sendolhe conferido prazo próprio para o oferecimento de defesa em face do Ato Cancelatório, a qual foi exercida em 13/07/2007, conforme instrumento a fls. 122/299 do PAF nº 15956.000267/200760. Formalmente intimado do conteúdo do resultado da Informação Fiscal acima mencionada – Aviso de Recebimento a fl. 563, o Sujeito Passivo, no prazo que lhe fora assinalado, apresentou aditamento à impugnação a fls. 542/558. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 779DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 778 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 11/03/2013. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 10/04/2013, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO Alega o Recorrente ter cumprido efetivamente os requisitos dos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, sendo nulo o Ato Cancelatório nº 01/2008. Tal matéria, todavia, não poderá ser conhecida no presente recurso em razão de as mesmas questões de fato e de Direito que lhe são pertinentes já terem sido objeto de debate em Processo Administrativo Fiscal distinto – PAF nº 15956000267/200760, e de decisão definitiva no âmbito administrativo, da qual resultou a emissão do Ato Cancelatório nº 001/2008, configurandose, portanto, Coisa Julgada administrativa. “Não se tolera, em direito processual, que uma mesma lide seja objeto de mais de um processo sucessivamente.” (Humberto Theodoro Júnior) Dessarte, diante da flagrante relação de prejudicialidade entre as demandas objeto do PAF no qual foi expedido o Ato Cancelatório nº 001/2008 e a do vertente processo, a decisão definitiva proferida naquele irradia efeitos neste. Mostrase auspicioso enaltecer que, nos termos do inciso V, in fine, do art. 267 do Código de Processo Civil, a coisa julgada figura como causa determinante para a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo ser reconhecida de ofício pela Autoridade Julgadora em qualquer tempo e grau de Jurisdição, enquanto não proferida a decisão de mérito, obstando, inclusive, que o autor intente, novamente, a mesma demanda. Código de Processo Civil Art. 267. Extinguese o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232/2005) (...) V quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Fl. 780DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 (...) §3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos nº IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. (...) Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficandolhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Diante de tal cenário, decorrendo o Ato Cancelatório nº 001/2008 de decisão administrativa em relação à qual não cabe mais recurso nessa Instância, não comporta o presente Processo Administrativo Fiscal mais qualquer debate em torno da questão, em virtude da Coisa Julgada Administrativa, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA ALEGADA NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA O Recorrente alega nulidade da decisão de 1ª Instância, em razão de a DRJ/Ribeirão Preto/SP não haver reexaminado as questões que culminaram na emissão do Ato Cancelatório nº 001/2008. Sem razão. O Ato Cancelatório nº 001/2008, a fl. 199, houve por emitido no curso de Processo Administrativo Fiscal específico, PAF nº 15956000267/200760, no qual se apurou o descumprimento das exigências inscritas nos incisos II e V da Lei nº 8.212/91, mediante o rito previsto no §8º do art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, no qual foi oportunizado ao Sujeito Passivo a faculdade de apresentação de defesa e a produção de provas, do que advém a improcedência da alegação de cerceamento de defesa. De acordo com a Informação Fiscal a fls. 500/501, no curso regular do Procedimento Fiscal no qual a Auditora Fiscal Maria Helena da Silva concluiu que a Fundação Maternidade Sinhá Junqueira não atendia cumulativamente a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8212/91, naufragando quanto aos incisos II e V. Nessa esteira, houvese por emitida a Fl. 781DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 779 7 Informação Fiscal de 22/06/2007, a fls. 505/520, mediante a qual a Autoridade Fazendária fundamentou suas conclusões e postulou o cancelamento da isenção em tela, concedendo ao Contribuinte o prazo normativo de 15 dias para o oferecimento de defesa no endereço da DRF em Ribeirão Preto/SP (fl. 520). Na sequência, em razão da Informação Fiscal de 22/06/2007 acima mencionada, o Contribuinte apresentou defesa tempestiva em 13/07/2007, a fls. 122/299 do Processo 15956000267/200760. Na data de 01/02/2008, procedida a apreciação e análise dos argumentos de defesa apresentados pelo contribuinte, a Auditora Fiscal Guaraci Nemer – Matrícula 0932514, concluiu que os argumentos de defesa não eram suficientes para alterar as argumentações da Fiscalização e pugnou pelo Cancelamento da Isenção, conforme Despacho a fls. 521/527, submetendo seu entendimento à apreciação do Delegado, para emissão do Ato Cancelatório nos moldes que previstos no inciso III do §8° do art. 206 do RPS c.c. artigos 238, VII, e 243 da Portaria MF 95/07. Regulamento da Previdência Social Art. 206. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 201, 202 e 204 a pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I seja reconhecida como de utilidade pública federal; II seja reconhecida como de utilidade pública pelo respectivo Estado, Distrito Federal ou Município onde se encontre a sua sede; III seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação da pelo Decreto nº 4.032/2001) IV promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, apresentando, anualmente, relatório circunstanciado de suas atividades ao Instituto Nacional do Seguro Social; e VI não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores, ou equivalentes, remuneração, vantagens ou benefícios, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes são atribuídas pelo respectivo estatuto social. VII esteja em situação regular em relação às contribuições sociais. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) (...) §8º O Instituto Nacional do Seguro Social cancelará a isenção da pessoa jurídica de direito privado beneficente que não atender aos requisitos previstos neste artigo, a partir da data em que deixar de atendêlos, observado o seguinte procedimento: I Se a fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social verificar que a pessoa jurídica a que se refere este artigo deixou de cumprir Fl. 782DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 os requisitos nele previstos, emitirá Informação Fiscal na qual relatará os fatos que determinaram a perda da isenção; II A pessoa jurídica de direito privado beneficente será cientificada do inteiro teor da Informação Fiscal, sugestões e conclusões emitidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social e terá o prazo de quinze dias para apresentação de defesa e produção de provas; III Apresentada a defesa ou decorrido o prazo sem manifestação da parte interessada, o Instituto Nacional do Seguro Social decidirá acerca do cancelamento da isenção, emitindo Ato Cancelatório, se for o caso; e IV Cancelada a isenção, a pessoa jurídica de direito privado beneficente terá o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão, para interpor recurso com efeito suspensivo ao Conselho de Recursos da Previdência Social. (Redação dada pelo Decreto nº 4.862/2003) §9º Não cabe recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social da decisão que cancelar a isenção com fundamento nos incisos I, II e III do caput. (grifos nossos) Nessa linhada, na mesma data de 01/02/2008 foi emitido o Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais nº 001/2008, a fl. 528, tendo sido o Contribuinte intimado mediante Oficio n° 158/2008/DRF/RPO/SEORT, de 06/02/2008, a fl. 5294, no qual se houve por aviada a informação acerca do não cabimento de Recurso ao Conselho de Contribuintes, em obediência ao que dispõe o §9° do art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/99 e ao §2° do art. 307 da IN SRP 03/05, haja vista que o cancelamento da isenção também decorreu do não atendimento ao requisito essencial previsto no inciso II do art. 206 do Regulamento da Previdência Social, conforme Ato Cancelatório de Isenção de contribuições sociais, a fl. 528. Registrese que em março de 2009 foi elaborada a Representação Administrativa n° 02/20090303, onde fica evidente que a Entidade, de posse da Informação Fiscal de 22/06/2007, a fls. 505/520, houvera apresentado defesa administrativa em face dos argumentos oferecidos na citada Informação Fiscal de 22/06/2007, e da qual não resultou qualquer retificação dos argumentos nesta oferecidos, culminando então na expedição do Ato Cancelatório de Isenção n° 01/2008 e na informação ao Contribuinte de que não seria cabível Recurso ao Conselho de Contribuintes por expressa vedação aviada no §9º do art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99. Inconformada, a empresa recursou da expedição do Ato Cancelatório, não oferecendo, contudo, elementos de convicção dos quais resultassem qualquer alteração nos termos do mencionado Ato Cancelatório, motivo pelo qual este não foi encaminhado ao Conselho de Contribuintes. Conforme assentamento no Despacho a fls. 533/534, “Embora a legislação vigente à época dispusesse sobre o não cabimento de recurso, Decreto 3.048/99, o mesmo foi apreciado nesta esfera e mantido o Ato Cancelatório”. “Foi cientificada a empresa, através do ofício 529/2008 e do Ar Aviso de Recebimento nº RC 52097955 4 e informado na mesma correspondência que o Ato Cancelatório da Isenção de Contribuições Sociais era decisão definitiva no âmbito administrativo, considerandose que os argumentos e fatos Fl. 783DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 780 9 veiculados na Defesa e no Recurso apresentados não resultaram em qualquer alteração do procedimento fiscal” . Nada obstante, com o advento da MP nº 446/2008, publicada em 10/11/2008, mais de nove meses após a data em que se tornou definitiva no âmbito Administrativo a Decisão formalizada no Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais nº 001/2008, a empresa entendeu que seria beneficiada pelos dispositivos encartados nos artigos 37 e 38 da citada MP nº 446/2008, que assim dispõe: Medida Provisória nº 446, de 7 de novembro de 2008. Art. 37. Os pedidos de renovação de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social protocolizados, que ainda não tenham sido objeto de julgamento por parte do CNAS até a data de publicação desta Medida Provisória, consideramse deferidos. Parágrafo único. As representações em curso no CNAS propostas pelo Poder Executivo em face da renovação referida no caput ficam prejudicadas, inclusive em relação a períodos anteriores. Art. 38. Fica extinto o recurso, em tramitação até a data de publicação desta Medida Provisória, relativo a pedido de renovação ou de concessão originária de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social deferido pelo CNAS. A pretensão formulada pela Empresa houvese, contudo, por indeferida em razão de o processo administrativo nº 15956.000267/200760, do qual resultou a emissão do Ato Cancelatório nº 001/2008, já ter sido objeto de apreciação e de decisão definitiva na esfera administrativa, o que torna inaplicável ao caso o preceito inscrito no art. 37 da MP nº 446/2008, que pressupõe que o pedido de renovação do CEBAS ainda não tenha sido objeto de julgamento por parte do CNAS até a data de publicação da citada Medida Provisória. Além disso, mesmo que, em razão do disposto nos artigos 37 e 38 da MP nº 446/2008 a entidade viesse a obter, automaticamente, o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, suprindo a falta do requisito alinhado no inciso II do art. 55 da Lei nº 8.212/91, o que repisese, não é o caso, ainda assim restaria inadimplido o requisito constante no inciso V do mesmo dispositivo legal, o qual seria motivo bastante, suficiente e determinante para o cancelamento da isenção. Tendo em vista que a situação da entidade já fora objeto de apreciação e de decisão definitiva na esfera administrativa, foi expedido o Ofício nº 1048/2008/DRF/RPO/SEORT, de 12/12/2008, a fls. 531/532, mediante o qual o SEORT informa à empresa que a sua pretensão de remessa do processo nº 15956.000267/200760 ao Conselho de Contribuintes não encontrava respaldo legal, por já estar com decisão definitiva, no âmbito administrativo, anteriormente à edição da citada MP 446/08. Dessarte, esgotado definitivamente o trâmite administrativo acima referido, levado a efeito de acordo com o rito processual específico previsto no art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, vigente e eficaz ao tempo da prolação da decisão em xeque, houvese então por emitido o Ato Cancelatório de Isenção de Fl. 784DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 Contribuições Sociais nº 001/2008, a fl. 528, plasmado pelo atributo da Coisa Julgada Administrativa, à qual a Lex Excelsior ordenou respeito. Não se deslembre que de acordo com o preceito insculpido no inciso LV do art. 5º da CF/88, aos litigantes em processo administrativo são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; No caso em pauta, o rito processual aplicável encontravase assentado no art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 c.c. artigos 305 a 308 da IN SRP nº 3/2005, que vedava expressamente recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social da decisão que cancelar a isenção com fundamento no inciso II do art. 55 da Lei nº 8.212/91. Na seara processual, a aplicação de lei ritual nova a processo iniciado antes de sua entrada em vigor é limitada àqueles atos processuais ainda não realizados ou concluídos, respeitados os atos praticados na vigência da lei revogada, bem como os efeitos destes, a teor do caput do art. 6º da Lei de Introdução do Código Civil. DecretoLei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238/57) §1º Reputase ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238/57) §2º Consideramse adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo préfixo, ou condição préestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238/57) §3º Chamase coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238/57) Nessa prumada, os Processos Administrativos Fiscais relativos à concessão e/ou cancelamento de isenção de contribuições previdenciárias apenas passaram a ser regidos Fl. 785DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 781 11 pelo Decreto nº 70.235/72 a partir de 30/11/2009, data da publicação da Lei nº 12.101/2009, por força da norma processual inscrita no §2º do art. 32 desse Diploma Legal. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. §1o Considerarseá automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no art. 31 durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. §2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processo administrativo fiscal vigente. (grifos nossos) Até essa data, os Processos Administrativos Fiscais de semelhante jaez eram regidos pelo art. 206 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 c.c. artigos 305 a 308 da Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005, sendo válidos todos os efeitos jurídicos produzidos de acordo com o ordenamento então vigente, Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 305. A SRP verificará se a entidade beneficente de assistência social continua atendendo aos requisitos necessários à manutenção da isenção, previstos no art. 299. § 1º Constatado o nãocumprimento dos requisitos contidos no art. 299, a fiscalização emitirá Informação Fiscal IF, na qual relatará os fatos, as circunstâncias que os envolveram e os fundamentos legais descumpridos, juntando as provas ou indicando onde essas possam ser obtidas. § 2º A entidade será cientificada do inteiro teor da IF e terá o prazo de quinze dias, a contar da data da ciência, para apresentação de defesa, com a produção de provas ou não, que deverá ser protocolizada em qualquer UARP da DRP circunscricionante do seu estabelecimento centralizador. § 3º Decorrido o prazo previsto no § 2º deste artigo, sem manifestação da parte interessada, caberá à chefia do Serviço/Seção de Arrecadação da DRP decidir acerca da emissão do Ato Cancelatório de Isenção AC. § 4º Caso a defesa seja apresentada, o Serviço/Seção de Análise da DRP decidirá acerca da emissão ou não do Ato Cancelatório de Isenção AC. § 5º Sendo a decisão do Serviço/Seção de Análise da DRP favorável à emissão do Ato Cancelatório de Isenção, a chefia do Serviço/Seção de Arrecadação da DRP emitirá o documento, o qual será remetido, juntamente com a decisão que lhe deu origem, à entidade interessada. § 6º A entidade perderá o direito de gozar da isenção das contribuições sociais a partir da data em que deixar de cumprir os Fl. 786DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 requisitos contidos no art. 299, devendo essa data constar do Ato Cancelatório de Isenção. § 7º Cancelada a isenção, a entidade terá o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão e do Ato Cancelatório da Isenção para interpor recurso com efeito suspensivo ao CRPS. Art. 306. A chefia do Serviço/Seção de Arrecadação ou de Análise da DRP, decidindo pela manutenção da isenção, recorrerá de ofício à autoridade administrativa imediatamente superior, nos termos da alínea "b" do inciso II do art. 366 do RPS. (Redação dada pela IN SRP nº 23, de 30/04/2007) Seção III Recurso Art. 307. Caberá recurso ao CRPS das decisões de indeferimento de pedido de reconhecimento de isenção, bem como contra a emissão de Ato Cancelatório de Isenção. § 1º É de trinta dias o prazo para interposição de recurso e para o oferecimento de contrarrazões ao CRPS, contados das datas da ciência da decisão e da interposição do recurso, respectivamente. § 2º Não caberá recurso ao CRPS da decisão que cancelar a isenção com fundamento nos incisos I a III do art. 299. § 3º O recurso deverá ser protocolizado em qualquer UARP da DRP circunscricionante do estabelecimento centralizador da entidade. § 4º Apresentado o recurso, a autoridade julgadora, caso não reconsidere a decisão anteriormente proferida, emitirá contrarrazões e encaminhará o processo ao CRPS para julgamento definitivo. § 5º Julgado o recurso pelo CRPS, a SRP encaminhará cópia da decisão à interessada e: I no caso de decisão favorável à entidade, em processo de pedido de reconhecimento de isenção, emitirá o Ato Declaratório, nos termos do § 1º do art. 303; II se mantido o indeferimento ou o cancelamento da isenção, comunicará à entidade que, a qualquer tempo, poderá protocolizar novo pedido nos termos do art. 301. Seção IV Representação Administrativa Art. 308. A SRP verificará se a entidade beneficente de assistência social beneficiada com a isenção de que trata o art. 299 continua atendendo aos requisitos necessários à manutenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEAS e do Título de Utilidade Pública Federal. § 1º A SRP, por meio de sua fiscalização, formalizará RA, conforme previsto no art. 615, se verificar que a entidade deixou de atender aos requisitos previstos: I no art. 2º do Decreto nº 752, de 16 de fevereiro de 1993 e no art. 3º do Decreto nº 2.536, de 6 de abril de 1998, que dispõem sobre a concessão do CEAS, na Resolução/CNAS nº 31, de 24 de fevereiro Fl. 787DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 782 13 de 1999, na Resolução/CNAS nº 177, de 10 de agosto de 2000, ou no art. 10 da Lei nº 11.096, de 2005, a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Assistência Social CNAS; II no art. 1º da Lei nº 91, de 1935, que trata da declaração de utilidade pública, ou no art. 6º do Decreto nº 50.517, de 1961, a ser encaminhada ao Ministério da Justiça; III nos arts. 1º, 2º e 11, todos da Lei nº 11.096, de 2005, que instituiu o PROUNI, a ser encaminhada ao Ministério da Educação. § 2º Cópias das Representações Administrativas previstas nos incisos I e II do § 1º deste artigo serão encaminhadas à Secretaria da Receita Federal e ao Ministério Público Federal. Atentese que o art. 26A do Decreto nº 70.235/72 estatui ser vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Fl. 788DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 Cabe lembrar que o Ato Cancelatório nº 001/2008 configurase como Ato Administrativo por excelência, o qual ostenta presunção de legalidade e legitimidade, bem como o atributo da autoexecutoriedade. As alegações pertinentes ao mérito do ato administrativo em realce deveriam ter sido deduzidos no Processo Administrativo Fiscal em que se apurou as violações aos requisitos expostos nos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91. Da mesma forma, eventuais vícios na constituição do Ato em questão deveriam ter sido combatidos no próprio PAF acima referido, o qual, reiterese, é o forum apropriado e adequado para tal debate, e o único na instância administrativa com tal competência. Não se deslembre que o preceito inscrito no inciso XXXV do art. 5º da CF/1988 produz o efeito virtuoso de abrir as portas do Poder Judiciário para a apreciação de qualquer lesão ou ameaça de Direito, mesmos nos casos em que as oportunidades de recurso na esfera administrativa sejam inexistentes ou tenham se esgotado. Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Nessa vertente, caso houvesse sido identificado qualquer vício na formalização do ato administrativo ora em debate, e não mais existindo recursos na instância administrativa, deveria o Interessado ingressar na esfera judicial com demanda própria formulada na defesa de seus alegados direitos. Vale reprisar que a presunção de veracidade dos atos administrativos decorre do princípio da legalidade estatuído no caput do art. 37 da Lex Excelsior, sendo considerada, para efeitos processuais, uma presunção legal iuris tantum e, dessarte, um meio de prova válido no processo. Deflui da interpretação sistemática dos dispositivos encartados nos artigos 19, II da CF/88 e 364 do CPC que os fatos consignados em documentos públicos carregam consigo a presunção de veracidade atávica aos atos administrativos, ostentando estes fé pública, a qual não pode ser recusada pela Administração Pública, devendo ser admitidos como verdadeiros até que se produza prova válida em contrário. Constituição Federal de 1988 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Fl. 789DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 783 15 (...) II recusar fé aos documentos públicos; (...) Código de Processo Civil Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença. A Suprema Corte de Justiça já irradiou em seus arestos a interpretação que deve prevalecer na pacificação do debate em torno do assunto, sendo extremamente convergente a jurisprudência dela promanada, como se pode verificar nos julgados a seguir alinhados, cujas ementas rogamos vênia para transcrevêlas. AgRg no RMS 19918 / SP Relator(a) Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador T6 SEXTA TURMA Data da Publicação/Fonte: DJe 31/08/2009 MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA ATO ADMINISTRATIVO CASSATÓRIO DE APOSENTADORIA. CERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO SOBRE A QUAL PENDE INCERTEZA NÃO RECEPCIONADA PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO. EXTINÇÃO DO MANDAMUS DECRETADO POR MAIORIA. VÍNCULO FUNCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DOS ARQUIVOS DA PREFEITURA. MOTIVO DE FORÇA MAIOR. INCÊNDIO. EXISTÊNCIA DE CERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO EXPEDIDA PELA PREFEITURA ANTES DO SINISTRO. DOCUMENTO PÚBLICO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. 1. Esta Corte Superior de Justiça possui entendimento firmado no sentido de que o documento público merece fé até prova em contrário. No caso, o recorrente apresentou certidão de tempo de serviço expedida pela Prefeitura do Município de Itobi/SP a qual comprova o trecho temporal de 12 anos, 3 meses e 25 dias relativos ao serviço público prestado à referida Prefeitura entre 10/3/66 a 10/2/78 que teve firma do então Prefeito e Chefe do Departamento Pessoal e foi reconhecida pelo tabelião local. 2. Ademais, é incontroverso que ocorreu um incêndio na Prefeitura Municipal Itobi/SP em dezembro de 1992. 3. Desse modo, a certidão expedida pela Prefeitura de Itobi, antes do incêndio, deve ser considerada como documento hábil a comprovar o tempo de serviço prestado pelo recorrente no período de 10/3/66 a 10/2/78, seja por possuir fé pública uma vez que não foi apurada qualquer falsidade na referida certidão , seja porque, em virtude do motivo de força maior acima mencionado, não há como saber se os registros do recorrente foram realmente destruídos no referido sinistro. Fl. 790DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 4. Agravo regimental a que se nega provimento. EREsp 123930 / SP Relator(a) Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS Órgão Julgador CE CORTE ESPECIAL Data da Publicação/Fonte: DJ 15/06/1998 p. 2 PROCESSUAL PROVA COPIA XEROGRAFICA AUTENTICAÇÃO POR FUNCIONARIO DE AUTARQUIA EFICACIA PROBATORIA. Autenticada por servidor publico que tem a guarda do original, a reprografia de documento publico merece fé, ate demonstração em contrario. Em não sendo impugnada, tal reprografia faz prova das coisas e dos fatos nelas representadas (CPC, art. 383). EREsp 265552 / RN Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA Órgão Julgador S3 TERCEIRA SEÇÃO Data da Publicação/Fonte: DJ 18/06/2001 p. 113 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA. PLANILHA APRESENTADA PELO INSS EM QUE CONSTA PAGAMENTO ADMINISTRATIVO DAS DIFERENÇAS RECLAMADAS. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. "As planilhas de pagamento da DATAPREV assinadas por funcionário autárquico constituem documento público, cuja veracidade é presumida." (REsp 183.669) O documento público merece fé até prova em contrário. Recurso que merece ser conhecido e provido para excluir da liquidação as parcelas constantes da planilha, apresentada pelo INSS e não impugnada eficazmente pela parte exadversa, prosseguindo a execução por eventual saldo remanescente. Embargos conhecidos e acolhidos. Nessa prumada, existindo no mundo jurídico um ato administrativo comprovado por documento público, passa a militar em favor do ente público a presunção de legitimidade e veracidade das informações nele assentadas. Como prerrogativa inerente ao Poder Público, presente em todos os atos de Estado, a presunção de veracidade subsistirá no processo administrativo fiscal como meio de prova hábil a comprovar as alegações do órgão tributário, cabendo à parte adversa demonstrar, ante a sua natureza relativa, a não fidedignidade dos assentamentos em realce ou os eventuais vícios na sua constituição, com os meios e recursos inerentes ao devido processo legal, seja na instância administrativa, seja na esfera judiciária, se necessário for. Tais conclusões não discrepam do entendimento esposado pelo Mestre Hely Lopes Meirelles (in Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1995), ad litteris et verbis: Fl. 791DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 784 17 “Os atos administrativos (...) nascem com a presunção de legitimidade (...). A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidação. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos (...). Outra consequência da presunção de legitimidade é a transferência do ônus da prova de invalidade do ato administrativo para quem a invoca. Cuidese de arguição de nulidade do ato, por vício formal, ou ideológico, a prova do defeito apontado ficará sempre a cargo do impugnante e, até sua anulação, o ato terá plena eficácia”. Diante desse quadro, tratandose o Ato Cancelatório nº 001/2008 de Ato Administrativo formado a partir da manifestação da Administração Tributária, levada a efeito através de agentes públicos e expedido no curso de Processo Administrativo Fiscal típico, não há como se negar a veracidade do conteúdo. O que o inciso II do art. 19 da CF/1988 não tolera é a negativa de fé a documento público, consubstanciado no Ato Cancelatório acima aludido, plasmado com o atributo da coisa julgada administrativa, expedido no curso de processo administrativo fiscal em que foi oportunizado ao Interessado a dedução de razões e a produção de provas em prol de seu interesse, o qual poderia ter sido combatido, inclusive, na via judicial. No entender deste Subscritor, mostrase processualmente inaceitável que se ignore os efeitos de um Ato Administrativo dotado de presunção de legalidade, veracidade e legitimidade, permeado pelo atributo da coisa julgada administrativa, para se inaugurar em Processo Administrativo Fiscal distinto um novo front de inconformismo em face das razões de fato e de direito que desaguaram na expedição do ato em questão. Conforme já alertado alhures, decorrendo o Ato Cancelatório nº 001/2008 de decisão administrativa em relação à qual não cabe mais recurso nessa Instância, não comporta o presente Processo Administrativo Fiscal mais qualquer debate em torno da questão, em virtude da Coisa Julgada Administrativa, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Fl. 792DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DO REGIME JURÍDICO Argumenta o Recorrente que a Fiscalização estava obrigada a observar os procedimentos inseridos na Lei nº 12.101/2009. Sem razão, igualmente. Iluminese, inicialmente, que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Como é cediço, poucas coisas em Direito configuramse como absolutas, e esta, com efeito, não foge à regra geral da relativismo, sendo excepcionada, dentre outras hipóteses, nos casos em que legislação posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. De fato, a Lei nº 12.101/2009 estabeleceu, além de novas normas de direito material tributário, também normas de cunho procedimental que instituíram novos critérios de Fl. 793DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 785 19 apuração ou processos de fiscalização, ampliando dessarte os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Assim, dessai da inteligência do art. 144 do CTN a irretroatividade das normas de direito material, ressalvados os casos previstos no art. 106 do próprio codex, porém a retroatividade das normas procedimentais que hajam instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros, a teor do §1º do suso mencionado dispositivo legal. Aprumese que o estabelecimento de requisitos para a concessão de isenção configurase matéria de direito material, e não de direito procedimental, razão pela qual hão de ser observados, no presente caso, os requisitos vigentes à data dos fatos geradores, in casu, art. 55 da Lei nº 8.212/91. No caso em debate, a Fiscalização constatou o descumprimento dos requisitos previstos nos incisos II e V do art. 55 da Lei nº 8.212/91, sendo por tal razão, no rito fixado pela norma vigente à data dos fatos geradores, instaurado Processo Administrativo Fiscal adrede, do qual resultou a emissão do Ato Cancelatório nº 001/2008, em decisão da qual não cabe mais recurso. Dessarte, estando a descoberto de Direito à isenção, houvese por lavrado ao Auto de Infração ora em debate, constituindo o crédito tributário devido pela entidade em questão. Caso fossem observados os procedimentos estatuídos pela novel legislação, de acordo com o pleito defendido pelo Recorrente, o resultado finalístico não seria diverso. Dispondo sobre normas tributárias de jaez procedimental, estatui o art. 32 da Lei nº 12.101/2009 que havendo sido constatado o descumprimento dos requisitos legais para a fruição da isenção, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil deve lavrar, por dever de ofício, o competente auto de infração relativo ao período correspondente e relatar os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. Além disso, considerase automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições previdenciárias ora em debate durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito legal para a sua concessão/fruição. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. §1o Considerarseá automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no art. 31 durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. §2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processo administrativo fiscal vigente. Fl. 794DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 No período em debate, conforme assentado no Ato Cancelatório, houvese por reconhecido, mediante decisão administrativa definitiva, a descumprimento de requisitos legais para a fruição de isenção de contribuições previdenciárias, fatos jurídicos esses que de per se implicam a suspensão automática do direito à isenção em relevo, bem como o dever de ofício da Fiscalização de proceder à lavratura do Auto de Infração tendente ao lançamento tributário das contribuições sociais então devidas. E para colocar uma pá de cal definitiva nas alegações da entidade, atentese que o requisito previsto no inciso V do art. 55 da Lei nº 8.212/91 encontrase reproduzido no inciso II do art. 29 da Lei nº 12.101/2009, o qual restou reconhecido como de efetivo objeto de descumprimento por parte da entidade Recorrente, conforme Ato Cancelatório nº 001/2008. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; III apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; IV mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; V não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; VI conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; VII cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; VIII apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. Nessa prumada, mesmo que houvesse retroatividade de normas de direito material, o quê, repisese, não é juridicamente possível nas circunstâncias do presente caso, Fl. 795DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 786 21 ainda assim haveria descumprimento de requisito legal, importando na consequente suspensão automática do direito à isenção e na inafastável lavratura do correspondente Auto de Infração. Por derradeiro, fechando definitivamente o esquife, o inciso VII do art. 29 da Lei nº 12.101/2009 estabelece como requisito essencial para a fruição da isenção em realce o efetivo cumprimento das obrigações acessórias previstas na legislação tributária. No caso sobre o qual ora nos debruçamos, o Recorrente, mesmo ciente do cancelamento do seu direito à fruição da isenção em foco, nos termos do Ato Cancelatório nº 001/2008, permaneceu informando em suas GFIP o código FPAS 639, que é exclusivo para Entidade Beneficente de Assistência Social em gozo do direito à isenção de contribuições patronais destinadas ao custeio da Seguridade Social e para outras entidades e fundos, dando ensejo assim à lavratura do Auto de Infração de Obrigação Acessória CFL 68. Nessa prumada, nos termos do art. 32, §1º c.c. art. 29, VII ambos da Lei nº 12.101/2009, o mero descumprimento objetivo de obrigação tributária acessória já se configura como motivo justo, bastante, suficiente e determinante para a suspensão automática do direito à isenção de contribuições previdenciárias e a consequente lavratura do correspondente Auto de Infração de obrigação tributária principal. 3.2. DAS MULTAS DE MORA E DE OFÍCIO. O Recorrente alega que as multas de mora e de ofício foram calculadas de maneira equivocada. Se nos antolha que o equívoco não foi da Fiscalização. Conforme já esclarecido anteriormente, vigora no Direito Tributário o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. E para fincar os alicerces sobre os quais será erigida a opinio iuris que ora se escultura, atinese que o nomem iuris de um instituto jurídico não possui o condão de lhe alterar ou modificar sua natureza jurídica. Fl. 796DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 JULIET: ”Tis but thy name that is my enemy; Thou art thyself, though not a Montague. What's Montague? it is nor hand, nor foot, Nor arm, nor face, nor any other part Belonging to a man. O, be some other name! What's in a name? that which we call a rose By any other name would smell as sweet; So Romeo would, were he not Romeo call'd, Retain that dear perfection which he owes Without that title. Romeo, doff thy name, And for that name which is no part of thee Take all myself”. William Shakespeare, Romeo and Juliet, 1600. A questão ora em apreciação trata de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício. Conforme já destacado anteriormente, vigora no Direito Tributário o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Com efeito, o regramento legislativo relativo à aplicação de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal, vigente à data inicial do período de apuração em realce, encontravase sujeito ao regime jurídico inscrito no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 797DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 787 23 c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o §1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). No caso vertente, o lançamento tributário sobre o qual nos debruçamos promoveu a constituição formal do crédito tributário, mediante lançamento de ofício consubstanciado em Autos de Infração de Obrigação Principal referentes a fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro a dezembro/2008. Fl. 798DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 Nessa perspectiva, tratandose de lançamento de ofício formalizado mediante os Autos de Infração de Obrigação Principal acima indicados a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal há que ser dimensionalizada, no período anterior à vigência da MP nº 449/2008, de acordo com o critério de cálculo insculpido no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui denominada “multa de mora”, variando de 24%, se paga até quinze dias do recebimento da notificação fiscal, até 50% se paga após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, hoje CARF, enquanto não inscrito em Dívida Ativa. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não incluídas em lançamentos Fiscais de ofício, ou seja, quando o recolhimento não for resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado, no horizonte temporal em relevo, em conformidade com a memória de cálculo assentada no inciso I do mesmo dispositivo legal acima mencionado, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, variando de oito por cento, se paga dentro do mês de vencimento da obrigação, até vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da exação. Tal discrimen encontrase tão claramente consignado na legislação previdenciária que até o organismo cognitivo mais rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro, com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a cada hipótese de incidência: IF lançamento de ofício THEN art. 35, II da Lei nº 8.212/91 ELSE art. 35, I da Lei nº 8.212/91. Traduzindose do “computês” para o “juridiquês”, tratandose de lançamento de ofício, incide o regime jurídico consignado no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Ao revés, nas demais situações, tal como na hipótese de recolhimento espontâneo de contribuições previdenciárias em atraso, aplicase o regramento assinalado no Inciso I do art. 35 desse mesmo diploma legal. Com efeito, as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator no caso do recolhimento espontâneo a destempo pelo Obrigado, porém, mais severas para o sujeito passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas Fl. 799DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 788 25 outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Mas não parou por aí. Na sequência da lapidação legislativa, a mencionada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 35A que fixou, nos casos de lançamento de ofício, a aplicação de penalidade pecuniária, então batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 800DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias que, antes da metamorfose legislativa promovida pela MP nº 449/2008, encontravamse acomodados em um mesmo dispositivo legal, citese, incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, nessa ordem, agora encontramse dispostos em separado, digase, nos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96, respectivamente, por força dos preceitos inscritos nos art. 35 e 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Fl. 801DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 789 27 Nesse novo regime legislativo, a instrução de seletividade invocada anteriormente passa a ser informada de acordo com o seguinte comando: IF lançamento de ofício THEN art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Diante de tal cenário, a contar da vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado em conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Não demanda áurea mestria perceber que o nomem iuris consignado na legislação previdenciária para a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da Fazenda houvese por batizada com a singela denominação de “multa de ofício”, art. 44 da Lei no 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Mas não se iludam, caros leitores ! Malgrado a diversidade de rótulos, as suas naturezas jurídicas são idênticas: penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. No que pertine à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal não incluída em lançamento de ofício, o título designativo adotado por ambas as legislações acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”. Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que o regramento anterior previsto no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (de 24% a 50%), não havendo que se Fl. 802DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, durante a fase do contencioso administrativo. Código Tributário Nacional Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. O Recorrente defende a aplicação retroativa, para as competências anteriores a dezembro/2008, do limite de 20% para a multa de mora previsto no §2º do art. 61 da Lei nº 9.430/96, por entender tratarse de hipótese de retroatividade benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. De outro eito, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Ocorre que ao efetuar o cotejo de “multa de mora” (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008), quer se promover data venia a comparação de nomem iuris com nomem iuris (multa de mora) e não de institutos de mesma natureza jurídica (penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Reiterese que não se presta o preceito inscrito no art. 106, II, ‘c’ do CTN para fazer incidir retroativamente penalidade menos severa cominada a uma infração mais branda para uma transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e diversas. Fl. 803DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 790 29 Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96 só se presta a punir o descumprimento de obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício. Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, tanto a legislação revogada (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99), quanto a legislação superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio jurídico lex specialis derogat generali, aplicável na solução de conflito aparente de normas. Nessa perspectiva, nos casos de lançamento de ofício, o cotejamento de normas tributárias para fins específicos de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN somente pode ser efetivado, exclusivamente, entre a norma assentada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, uma vez que estas tratam, especificamente, de penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica. Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratandose o vertente caso de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, o atraso objetivo no recolhimento de tais exações pode ser apenado de duas formas distintas, a saber: a) Tratandose de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, na razão variável de 24% a 50%, enquanto não inscrito em dívida ativa. b) Tratandose de fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a inserção do art. 35A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio, em que tal percentual é duplicado. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas revela que a multa de mora aplicada nos termos do art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se mostrará menos gravoso ao contribuinte do que a multa de ofício prevista no art. 35A do mesmo Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº 11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator. Dessarte, para os fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2008, inclusive, o cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento Fl. 804DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos inscritos no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99. Na mesma hipótese especifica, para os fatos geradores ocorridos a partir da competência dezembro/2008, inclusive, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada consoante a regra estampada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O raciocínio acima delineado é válido enquanto não for ajuizada a correspondente ação de execução fiscal. Como se depreende do art. 35 da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei nº 9.876/99, o valor da multa de mora decorrente de lançamento de ofício de obrigação principal é variável em função da fase processual em que se encontre o Processo Administrativo Fiscal de constituição do crédito tributário. De fato, encerrado o Processo Administrativo Fiscal e restando definitivamente constituído, no âmbito administrativo, o crédito tributário, não sendo este satisfeito espontaneamente pelo Sujeito Passivo no prazo normativo, tal crédito é inscrito em Dívida Ativa da União, pra subsequente cobrança judicial. Ocorre que, após o ajuizamento da execução fiscal, a multa pelo atraso no recolhimento de obrigação principal é majorada para 80% ou 100%, circunstância que torna a multa de ofício (75%) menos ferina, operandose, a partir de então, a retroatividade da lei mais benéfica ao infrator, desde que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro/2008, exclusive, considerando a necessidade de se observar o preceito insculpido no art. 106, II, "c" do CTN concernente à retroatividade benigna, o novo mecanismo de cálculo da penalidade pecuniária decorrente da mora do recolhimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício trazido pela MP n° 449/08 deverá operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, in casu, 75%, mesmo que o crédito tributário seja objeto de ação de execução fiscal. Nestas hipóteses, somente irá se operar o teto de 75% nos casos em que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Da conjugação das normas tributárias acima revisitadas concluise que, nos casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação principal deve ser calculada de acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores inadimplidos, conforme se vos segue: a) Para os fatos geradores ocorridos até novembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, observado o limite máximo de 75%, desde que não estejam presentes situações de sonegação, fraude ou conluio, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’ do CTN. b) Para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada Fl. 805DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15956.720067/201294 Acórdão n.º 2302003.516 S2C3T2 Fl. 791 31 de acordo com o critério fixado no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No caso dos autos, tendo os fatos geradores ocorridos em sua totalidade já sob a égide da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, resulta que a penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser aplicada de acordo com o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44, I e §1º da Lei no 9.430/96, em atenção ao princípio tempus regit actum. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 806DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 10735.000921/2004-73
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
É incabível a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de tributo com base em estimativa e da multa de ofício exigida pela constatação de omissão de receitas, quando ambas recaem sobre a mesma receita omitida.
Numero da decisão: 9101-001.932
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão e Luiz Eduardo de Oliveira Santos
(Documento assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente
(Documento assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente-substituto), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADAO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
Nome do relator: JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. É incabível a aplicação concomitante da multa isolada por falta de recolhimento de tributo com base em estimativa e da multa de ofício exigida pela constatação de omissão de receitas, quando ambas recaem sobre a mesma receita omitida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Documento assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (Documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidentesubstituto), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADAO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 00 09 21 /2 00 4- 73 Fl. 353DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/1 1/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVE IRA SANTOS 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento nos artigos 67 a 70 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela portaria MF 256/2009. Insurgiuse a Recorrente contra o acórdão nº 130100.078, proferido pelos membros da 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da Primeira Seção de Julgamento deste Conselho, os quais, por maioria de votos, afastaram a multa de ofício. O acórdão recorrido foi assim ementado: “MULTA DE OFÍCIO — MULTA ISOLADA — CUMULATIVIDADE — Afastase a multa isolada por falta de recolhimento das estimativas quando a sua aplicação cumulativa com a multa de lançamento de oficio implica em dupla penalização do mesmo fato.” Em suas razões recursais afirmou que ocorre bis in idem quando as multas isolada e de ofício decorrem de uma mesma infração, o que não ocorre no caso dos autos. Concluiu que, no caso, a aplicação da multa de oficio, prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96, resultou da omissão de receitas por parte do contribuinte. Por outro lado, a denominada multa isolada, fundada atualmente no art. 44, II, "b" da Lei nº 9.430/96, foi aplicada em razão da falta ou insuficiência de recolhimento do tributo devido por estimativa. Por fim, pugnou pela reforma do acórdão recorrido. Nesse sentido, trouxe como paradigma o acórdão de nº 10194.858, assim ementado: “MULTA DE OFÍCIO — MESMA BASE DE CALCULO — APLICAÇÃO EM DUPLICIDADE — O lançamento de duas multas de oficio, sobre a mesma base de cálculo, é possível, visto tratarse de duas infrações à lei tributária, tendo por consequência a aplicação de duas penalidades distintas." Em sede de exame de admissibilidade (fls. 317) foi dado seguimento ao Recurso. É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Lima Junior, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Em relação à exclusão da multa isolada aplicada em razão da falta ou insuficiência de recolhimento do tributo devido por estimativa, objeto do Recurso Especial em análise, entendo que não merece reforma o acórdão recorrido, pois esta foi aplicada Fl. 354DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/1 1/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVE IRA SANTOS Processo nº 10735.000921/200473 Acórdão n.º 9101001.932 CSRFT1 Fl. 669 3 concomitantemente à multa de ofício, sobre a mesma receita omitida, o que caracterizou dupla penalização do contribuinte. Neste mesmo sentido é a jurisprudência pacífica desta 1ª Turma da CSRF, conforme se verifica das ementas a seguir transcritas, as quais fundamentam o presente voto: “FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. A multa isolada por falta de recolhimento de CSLL sobre base de cálculo mensal estimada não pode ser aplicada cumulativamente com a multa de lançamento de oficio prevista no art. 44, I, da Lei 9.430/96, sobre os mesmos valores apurados em procedimento fiscal.” (Processo 14041.000389/200453. Acórdão 910100.713 – 1ª Turma CSRF) “CSLL MULTA ISOLADA Encerrado o período de apuração do tributo, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência do tributo efetivamente devido apurado com base no lucro real anual e, dessa forma, não comporta a exigência da multa isolada, seja pela ausência de base imponível, bem como pelo malferimento do princípio da não propagação das multas e da não repetição da sanção tributária. CSLL – MULTA ISOLADA CONCOMITÂNCIA – Incabível a aplicação da multa isolada concomitantemente com a multa de ofício.” (Processo 10680.004021/200569. Acórdão 910100.744 – 1ª Turma CSRF) “MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Conforme precedentes da CSRF são incabíveis a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo quando ambas as penalidades tiveram como base o valor da receita omitida apurada em procedimento fiscal.” (Processo 10680.720360/200677. Acórdão 9101001.043 — 1ª Turma CSRF) “MULTA ISOLADA. ANOCALENDÁRIO DE 2000 FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo, visto que ambas as Fl. 355DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/1 1/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVE IRA SANTOS 4 penalidades tiveram como base o valor da receita omitida apurado em procedimento fiscal.” (Processo 10930.003123/200144. Acórdão 910100.112 — 1ª Turma CSRF) “RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFICIO EXIGIDA EM LANÇAMENTO LAVRADO PARA A COBRANÇA DO TRIBUTO. Incabível a aplicação concomitante da multa por falta de recolhimento de tributo sobre bases estimadas e da multa de oficio exigida no lançamento para cobrança de tributo, Visto que ambas as penalidades tiveram como base os valores apurados em procedimento fiscal para lançamento de IRPJ e CSLL.” (Processo 10855.002105/200357. Acórdão 910100.196 — 1ª Turma CSRF) Portanto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para negarlhe provimento. É como voto. (Documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator Fl. 356DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/1 1/2014 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVE IRA SANTOS
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Numero do processo: 13971.721754/2011-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2005 a 31/12/2008
LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
AUTO DE INFRAÇÃO -NULIDADE - INOCORRÊNCIA DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA -
No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato.
LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA DO AUDITOR FISCAL.
Conforme preceitua o artigo 142 do CTN, artigo 33, caput, da Lei nº 8.212/91 e artigo 8º da Lei nº 10.593/2002, c/c Súmula nº 05 do Segundo Conselho de Contribuintes, compete privativamente à autoridade administrativa - Auditor da Receita Federal do Brasil -, constatado o descumprimento de obrigações tributárias principais e/ou acessórias, promover o lançamento, mediante NFLD e/ou Auto de Infração.
INCONSTITUCIONALIDADE - ILEGALIDADE DA MULTA PALIÇADA E TAXA SELIC - IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO
A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
APLICAÇÃO DE JUROS SELIC - MULTA - PREVISÃO LEGAL.
Dispõe a Súmula nº 03, do 2º Conselho de Contribuintes, aprovada na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicadas no DOU de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia - Selic para títulos federais.
O contribuinte inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-003.741
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas. II) Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso, para acatar a dedução das contribuições destinadas a previdência social na modalidade de recolhimento pelo SIMPLES. Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Igor Araújo Soares e Carolina Wanderley Landim, que davam provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como empregado, contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º deverá desconsiderar o vínculo pactuado com a empresa interposta e vinculálos ao efetivo empregador. Não se faz necessário caracterizar os requisitos de empregado, quando o vínculo original com terceira empresa já se dava nessa condição, bastando a configuração de gerenciamento único, ou seja, subordinação jurídica para que se redirecione o vínculo de emprego para efeitos previdenciários. APROVEITAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES FEITOS NA MODALIDADE DO SIMPLES Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2005 a 31/12/2008 LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 17 54 /2 01 1- 22 Fl. 1119DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE INOCORRÊNCIA DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA DO AUDITOR FISCAL. Conforme preceitua o artigo 142 do CTN, artigo 33, caput, da Lei nº 8.212/91 e artigo 8º da Lei nº 10.593/2002, c/c Súmula nº 05 do Segundo Conselho de Contribuintes, compete privativamente à autoridade administrativa Auditor da Receita Federal do Brasil , constatado o descumprimento de obrigações tributárias principais e/ou acessórias, promover o lançamento, mediante NFLD e/ou Auto de Infração. INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DA MULTA PALIÇADA E TAXA SELIC IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. APLICAÇÃO DE JUROS SELIC MULTA PREVISÃO LEGAL. Dispõe a Súmula nº 03, do 2º Conselho de Contribuintes, aprovada na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicadas no DOU de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28: “É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia Selic para títulos federais.” O contribuinte inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas. II) Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso, para acatar a dedução das contribuições destinadas a previdência social na modalidade de recolhimento pelo SIMPLES. Vencidos os conselheiros Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Igor Araújo Soares e Carolina Wanderley Landim, que davam provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Fl. 1120DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 3 3 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 1121DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Relatório Trata o presente auto de infração, lavrado sob n. 37.197.3023, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa, incluindo as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, sobre os valores pagos aos segurados empregados e contribuintes individuais. O lançamento compreende competências entre o período de 05/2005 a 12/2008. Observase que o n. do processo na capa é 1396200376/201078, número original, posteriormente substituído pelo n. 13971.721754/201122, conforme informação fiscal, após conversão em diligência. No caso, conforme consta do relatório fiscal, fl. 35, a empresa autuada INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHE LTDA constituiu a empresa COMERCIAL TRICHE em nome de suas esposas, em endereço diferente e atualmente no mesmo endereço, sem nenhuma condição de subsistir por si só. Este contexto revelou a prática adotada por muitas empresas que se utilizam do artifício da abertura de empresas do SIMPLES que abrigam o quadro funcional com o objetivo de se elidirem da contribuição patronal sobre a folha de pagamento. De acordo com os elementos de prova do Processo 13962000311/201022 referente a COMERCIAL TRICHE LTDA, foi proposto a suspensão para posterior baixa de ofício do CNPJ. Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 23/03/2010, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 26/03/2010. Às fls. 39 do REFISC foi anexado relatório de representação fiscal para baixa de ofício de CNPJ da empresa Comercial Triche Ltda, na qual o auditor enfatiza como pontos a serem observados: DOS FATOS REPRESENTADOS E DOS PERÍODOS DE OCORRÊNCIA Auditorias Fiscais desenvolvidas nas empresas relacionadas ao Grupo Trichê, do qual faz parte a Representada, comprovaram a ausência de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto. Constatouse que a empresa Indústria de Linhas Trichê Ltda constituiu a COMERCIAL TRICHÊ LTDA com o objetivo único de eximirse da contribuição previdenciária patronal e as destinadas aos Terceiros incidente sobre a remuneração de seus colaboradores, mediante opção indevida pelo Sistema de tributação do SIMPLES (Federal e Nacional). DA SEDE, COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA, CAPITAL SOCIAL E OBJETO SOCIAL DAS EMPRESAS SEDE DAS EMPRESAS A REPRESENTADA iniciou suas atividades em 28/10/2002, conforme contrato social datado de 28/10/2002, registrado na JUCESC sob o n°42203242828 em 26/11/2002, na Av. Primeiro de Maio, 591Centro Brusque /SC, e na 2a alteração contratual o número é alterado para 595, no mesmo endereço, até a presente data. Fl. 1122DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 4 5 A INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, ora denominada de "empresa mãe", iniciou suas atividades em 27/01/2000, conforme contrato social datado de 27/01/2000, registrado na JUCESC sob o n° 42202784767, em 07/02/2000, com sede na Rodovia Ivo Silveira, 1000, km 3, Bateas, na cidade de Brusque/SC, até a presente data. COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA COMERCIAL TRICHÊ LTDA A sociedade foi constituída inicialmente pelas sócias Saionara Eccel Lauritzen e Ione Maria Pereira Kuhn, ambas sócias administradoras até 11/02/2009, quando transferem suas cotas para Altair Curt Lauritzen e Carlos Alberto Kuhn, respectivamente, ficando assim o quadro societário da empresa: ALTAIR CURT LAURITZEN 65% 19.500 QUOTAS R$19.500,00 CARLOS ALBERTO KUHN 35% 10.500 QUOTAS R$10.500,00 INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÉ LTDA A sociedade foi constituída inicialmente pelas sócias Saionara Eccel Lauritzen e Ione Maria Pereira Kuhn, ambas sócias gerentes até 27/09/2002, quando transferem suas cotas para Altair Curt Lauritzen e Carlos Alberto Kuhn, respectivamente, ficando assim o quadro societário da empresa: ALTAIR CURT LAURITZEN 65% 5.200 quotas R$520.000,00 CARLOS ALBERTO KUHN 35% 2.800 quotas R$280.000,00 Esclarecemos que os Srs. Altair Curt Lauritzen e Carlos Alberto Kuhn são, respectivamente, esposos das Srs. Saionara Eccel Lauritizen e Ione Maria Pereira Khun. CAPITAL SOCIAL O Capital Social atual da Representada é de R$ 30.000,00 e da INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA é de R$ 800.000,00. OBJETO SOCIAL O objeto social da representada é a exploração dos ramos de indústria, comércio, confecção de produtos têxteis e prestação de serviços industriais e da " empresa mãe" é a exploração dos ramos de industria, comércio e confecção de produtos têxteis. IV DESCRIÇÃO DOS FATOS Durante a ação fiscal foram realizadas diligências às instalações das empresas pertencentes ao grupo econômico, com vistas a melhor entender o processo produtivo e conhecer a sua estrutura administrativa. Em visita ao endereço constante no contrato social da Representada, Avenida 1 o de Maio, 595, foi verificado que existe um pequeno galpão com um comércio atacadista e varejista de linhas, onde foi encontrado apenas um empregado trabalhando, a Sra. Maria Lúcia Duarte Arendartchuk, Fl. 1123DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 empregada da "empresa mãe" e em entrevista, a mesma disse que trabalha há muitos anos na empresa e que ali sempre funcionou aquele comércio(Anexo Consulta CNIS). Conforme 3a alteração contratual de 28/11/2002, a "empresa mãe" criou uma filial no mesmo endereço da Representada, cujo objeto social é o comércio atacadista e varejista de linhas e fios para coser e bordar, tendo sido a mesma baixada em 21/08/2006. O objeto social da Indústria Trichê não contempla a prestação de serviços financeiros e nem de recursos humanos. FATURAMENTO X NUMERO DE EMPREGADOS X FOLHA DE PAGAMENTO Observase que após a constituição da Representada, empresa optante pelo SIMPLES, o número de empregados da "empresa mãe" diminuiu consideravelmente, enquanto da Representada, aumentou e as suas despesas foram praticamente relativas a sua folha de pagamento. As despesas referente à energia elétrica só foram contabilizadas a partir de 01/2007 e despesas de água e telefone não foram contabilizadas até a presente data, itens indispensáveis para o funcionamento de suas atividades, e embora a empresa não possua sede própria, consta lançamentos contábeis referente a pagamento de aluguel somente a partir de 01/2007, embora a representada não funcione no local indicado. A empresa não possui ativo imobilizado, não possui máquinas e equipamentos necessários para o funcionamento de suas atividades (cópias Balanços Patrimoniais), enquanto a "empresa mãe possui, "máquinas, equipamentos e ferramentas",no valor de R$ 1.804.615,60 e que são utilizados normalmente pelos empregados da Representada sem nenhum pagamento pelo uso dos mesmos. Conforme verificação física efetuada nos dias 10 e 11/03/2010(entrevistas anexas), foi constatado a presença de todos os empregados, tanto da empresa mãe como da Representada, trabalhando no galpão situado na Ivo Silveira, 1000, km 03, Bateas em Brusque/SC, onde funciona a Indústria de Linhas Trichê Itda. Verificamos também, que todo o faturamento da REPRESENTADA foi oriundo de prestação de serviços e teve como cliente, exclusivamente, a empresa INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA. Verificamos que os empregados da "empresa mãe" diminuíam enquanto seu faturamento aumentava, pois na realidade todos os empregados da REPRESENTADA trabalhavam na produção da Indústria Trichê Itda, fato este comprovado quando da visita às empresas, conforme entrevistas anexas. DA ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PESSOAL E FINANCEIRO Fl. 1124DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 5 7 Nos dias 10 e 11/03/2010 foram realizadas entrevistas com os empregados das empresas envolvidas, todos trabalhando no endereço Rod. Ivo Silveira, 1000, km 03, Bateas, em Brusque, onde a grande maioria respondeu que não sabe exatamente em qual empresa está registrado e afirmam que sempre receberam ordens do Sr. ALTAIR e do Sr. CARLOS ALBERTO, e que não conhecem e nunca receberam ordens das Sras. IONE MARIA PEREIRA KHUN E SAIONARA ECCEL LAURITZEN, sócias administradoras da Representada desde sua constituição até 11/02/2009. A empresa mãe, a Indústria de Linhas Trichê Ltda. no primeiro momento também foi constituída tendo como sócios administradores de direito as Sras. IONE E SAIONARA, mas quem administrava de fato a empresa eram os Srs. ALTAIR E CARLOS ALBERTO, conforme procuração anexa, constatando assim ser uma pratica dos verdadeiros donos, a inclusão de interpostas pessoas em suas empresas. De acordo com cópias dos Termos de Abertura dos Diários n° 03/2005,04/2006,05/2007 e 06/2008 da Comercial Trichê Ltda, assinadas pelo Sr. Altair Curt Lauritzen. ratificamos a afirmação de que os sócios administradores da Indústria de Linhas Trichê Ltda, são também os verdadeiros donos da Representada. A administração do setor financeiro é efetuada por DENILSON FAGUNDES, empregado da Indústria, no primeiro momento, e depois readmitido na REPRESENTADA. Verificamos que após a constituição da REPRESENTADA, grande parte dos empregados da "empresa mãe" foram demitidos e logo após readmitidos na COMERCIAL TRICHÊ. Anexamos a consulta CNIS CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS de alguns empregados da Representada, onde é constatada esta situação, e documentos da empresa mãe assinados por eles, comprovando assim que se trata de uma única empresa e que todos, independentemente de onde estão registrados, trabalham para um mesmo objetivo: •DENILSON FAGUNDES, antes empregado da Indústria e atualmente da representada ARCÉLIO UPTMOOR, antes empregado da Representada e hoje da Indústria. FERNANDA CENSIRIEG, dispensada da indústria e admitida na Representada quando da sua constituição ARILSON HASSMANN, empregado da Representada ITAMAR FRANCISCO DA SILVA.empregado da Representada EDSON ERTHAL, antes empregado da indústria e hoje da Representada Fl. 1125DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 JONES COSTA NASCIMENTO.empregado da Representada até 15/01/2007 MARCELO QUAIATO, antes empregado da Indústria e hoje da Representada IRIVAM VOSS, antes empregado da Indústria, depois da Representada e hoje novamente da Indústria FLÁVIO RICARDO HANG, empregado da Representada até 09/2007 JEAN CARLOS MAFRA, empregado da Representada DANIELI CRISTINA RECH, empregada da Representada JOEL DOS SANTOS, empregado da Representada LUCIANA ESTEVO SUAVE, da Indústria e atualmente da Representada, CARLOS ALBERTO HECKERT, empregado da Representada, GORETTI FURTADO, empregada da Indústria e hoje da Representada, JOSÉ RICARDO DE SOUZA, antes empregado da indústria e hoje da Representada • Nota Fiscal de Serviço da SERVMED em nome da Representada e despesa contabilizada na Indústria • Receituário em nome da Indústria e cupom fiscal em nome da Representada; •Anexamos, também, cópias de documentos da Representada, assinados pelo Sr. ALTAIR CURT LAURITZEN, fora do período de sua gestão. • Cópia da TELISTAS.net, onde consta o nome da INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA Posto de Vendas, no endereço, onde supostamente funcionaria a Representada. Independentemente de onde estejam registrados os trabalhadores, o comando do grupo é exercido dentro da INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, e a Representada na verdade só existe para registrar os empregados, no papel, ou seja, ela não dispõe de patrimônio e capacidade operacionais necessários à realização de seu objetivo. Concluise que a Representada foi criada com a única finalidade de formalizar os registros dos empregados, sendo totalmente controlada pela empresa mãe. Tratase de criação simulada de pessoa jurídica, por interpostas pessoas físicas e assim eximir a empresamãe do pagamento de contribuições previdenciárias e outros tributos, tudo com o claro e primordial intento de lesar o fisco. Fl. 1126DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 6 9 VI CONCLUSÃO Conforme demonstrado neste relatório, a empresa INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, constituiu a Representada em nome de parentes, no caso, as esposas dos atuais sócios, sem nenhuma condição de subsistência própria. Este contexto tem revelado, via de regra, a prática adotada por muitas empresas que se utilizam do artifício da abertura de empresas optantes pelo SIMPLES que abrigam o quadro funcional com o objetivo de se elidirem da contribuição patronal sobre a folha de pagamento . Reiteradamente essas empresas tem sido autuadas por se tratar não de elisão, mas de simulação com vistas à sonegação fiscal. Por todo o exposto e diante do conjunto de evidências, conclui se que a COMERCIAL TRICHÊ LTDA não existe de fato, e que a mesma é usada pela INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, para obter indevidamente vantagens relativas às contribuições previdenciárias e sonegação de tributos. Isto posto, proponho, nos termos do artigo 38, inciso III da IN RFB n° 1.005, de 08 de fevereiro de 2010, a imediata SUSPENSÃO com posterior BAIXA DE OFÍCIO da inscrição da COMERCIAL TRICHÊ LTDA. no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), a partir de 01 de maio de 2005. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou impugnação ao processo 13.962.00311/201022, fls. 221 a 240, contudo, ao observamos o teor da defesa, identificase que a mesma referese ao DEBCAD 37.197.3023, processo 13.971.721754/2011 22 (Obrigação Principal – Patronal). Foi exarada decisão que confirmou a procedência integral do lançamento, fls. 351 a 356: Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, protocolado em relação ao processo 13.962.000376/201012, porém acredito que o mesmo referese ao DEBCAD 37.197.3023, conforme fls. 831 a 852. Em síntese repete as mesmas alegações anteriores, senão vejamos: 1. Procedimento de Baixa Administrativa: que a empresa a ser baixada foi constituída para prestar serviço à recorrente e a quem mais precise de seus serviços; que os serviços não exigiam a necessidade de qualquer patrimônio, pois eram manuais; que houve a ofensa a vários princípios constitucionais; que a Instrução Normativa não pode ser base legal para notificação; que a empresa Comercial Trichê não tem um setor de serviços financeiros ou de recursos humanos, porque é pequena e o RH é terceirizado; que os entrevistados respondiam que trabalhavam para a Trichê, pois ambas as empresas utilizavam a mesma expressão; que a empresa praticou elisão fiscal lícita, sem esconder qualquer fato; que mantinha escrituração contábil e cumpre com suas obrigações acessórias; que o ato de baixa de ofício é totalmente ilegal e inconstitucional. 2. Nulidade do Auto de Infração 37.197.3023: que não consta a descrição sumária da infração cometida, não foram expostos os fatos e os motivos que levaram à autuação; que os fundamentos legais estão incompletos, especialmente por não descrever os aspectos do fato gerador. Fl. 1127DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 3. Cálculo do débito, que houve ausência de compensação dos recolhimentos no SIMPLES dos períodos de 06/2007 e 02/2008, conforme planilha elaborada e comprovantes juntados, que os recolhimentos devem ser compensados integralmente para abater os débitos previdenciários conforme planilha, que o saldo ainda a compensar resulta R$ 192.006,25, o qual se corretamente compensado, diminuiria os juros e multa do presente lançamento. 4. Omissão em GFIP: que não omitiu qualquer fato ou registro do Fisco; uma vez que a empresa Comercial Trichê estava cadastrada no SIMPLES, todos os registros estavam declarados na GFIP conforme esta forma de tributação; que o Estado poderia ter impedido que a empresa fosse admitida neste regime, porém, nada foi feito à época e agora aplica pesadas multas. 5. Multa: que a multa alcançou um elevadíssimo valor, inviabilizando seu próprio negócio, o que configura o efeito confiscatório; 6. Juros SELIC: que os juros são extorsivos; que a taxa SELIC tem natureza remuneratória, inadequada para o fim pretendido de juros moratórios; que não respeita o limite constitucional de 12% ao ano; que quebra o princípio da legalidade. Aduz que a empresa sempre agiu com lisura, o que deve ser considerado como bom precedente; que houve ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois o valor do débito é impagável. 7. Requer a improcedência da baixa da empresa Comercial Trichê Ltda e a nulidade do auto de infração, além do provimento aos pedidos efetuados e perícia contábil. A DRFB encaminhou o recurso a este conselho para julgamento. É o relatório. Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 7 11 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação constante nos autos. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO Destacase, em sede de preliminar, que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento de defesa, ou ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa, tampouco pela falta de fundamentação legal. A nulidade é declarada, quando viciado ou ilegal o ato praticado, o que não é o caso. Destacase ter o auditor cumprido todos os passos necessários a realização do procedimento: autorização por meio da emissão do Mandato de Procedimento Fiscal – MPF F e complementares, com a competente designação do auditor fiscal responsável pelo cumprimento do procedimento. Intimação para a apresentação dos documentos conforme Termos de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária. Autuação dentro do prazo autorizado pelo referido mandato, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do AI ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes. Notese, que as alegações de que o procedimento não poderia prosperar por não ter a autoridade realizado a devida fundamentação das contribuições, baseandose em presunções, não lhe confiro razão. Não só o relatório fiscal se presta a esclarecer as contribuições objeto de lançamento, cujo detalhamento do desenvolvimento da atividade, das entrevistas realizadas com os empregados, da análise patrimonial e contábil, como também o DAD – Discriminativo analítico de débito, que descreve de forma pormenorizada, mensalmente, a base de cálculo, as contribuições e respectivas alíquotas. Sem contar, ainda, o relatório FLD – Fundamentos Legais do Débito que traz toda a fundamentação legal que embasou o lançamento. Merece destaque o fato de ter a autoridade julgadora detalhado inúmeras situações fáticas, que demonstravam verdadeira confusão entre os empregados da empresa TRICHE e suas supostas contratadas terceirizadas, sem ter a empresa se contraposto de forma pontual em relação a cada uma delas. . Quanto a suposta simulação entendo que logrou êxito a autoridade fiscal em demonstrar por meio dos relatórios, documentos, anexos as situações fáticas que o levaram a caracterizar para efeitos previdenciários, os segurados inicialmente contratados pela empresas COMERCIAL TRICHÊ LTDA, como segurados da empresa notificada. INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA.. , Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 Isto posto, entendo que realizou o auditor devidamente o lançamento, tendoo fundamentado na legislação que rege a matéria, qual seja: lei 8212/91, Decreto 3.048/99. Ressalto, que não apenas o auditor realizou de forma muito minuciosa as fundamentações e descrições necessárias para caracterizar a simulação, como a autoridade julgadora de 1ª instância ao rebater os mesmos argumentos apontados na defesa, destacou de forma detalhada os argumentos trazidos no relatório que ratificam a posição da autoridade fiscal. BAIXA DA EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES Com relação a argumentação de indevida baixa da empresa interposta COMERCIAL TRICHÊ LTDA, por meio do processo baixa administrativa n. 13962.000311/201022, entendo que razão não assiste ao recorrente. O processo de baixa, assim como já destacado pelo julgador, não encontrase em discussão nos presente autos, posto que a competência para seu julgamento dáse em sessão diversa deste Conselho. Ademais, entendo que o referido processo não tem influência direta no julgamento em questão, visto que a constatação de quem é o verdadeiro empregador e responsável, por conseguinte pelas contribuições previdenciárias, encontrase devidamente fundamentado, como exposto acima. Entendo que no procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a condição de vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresa interposta, procedeu o auditor fiscal ao redirecionamento do vínculo empregatício para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato. Pela análise do relatório fiscal, resta claro que não houve simplesmente caracterização do vínculo de emprego, visto que os segurados já estavam enquadrados como empregados nas empresas auditadas em conjunto; porém constatouse que as características inerentes ao vínculo de emprego levaram a autoridade fiscal a desconsideração das contratações de determinadas empresas fiscalizadas em conjunto, vinculando seus supostos empregados a empresa notificada, já que constatou que a mesma é que preenchia os requisitos da condição de empregadora, gerenciando de fato toda a atividade. Em boa parte dos casos, observase a rescisão dos contratos com a empresa notificada e contratação imediata na empresa COMERCIAL TRICHÊ LTDA, fato esse não rebatido pelo recorrente. Vejamos trecho pertinente do relatório: Verificamos que após a constituição da REPRESENTADA, grande parte dos empregados da "empresa mãe" foram demitidos e logo após readmitidos na COMERCIAL TRICHÊ. Anexamos a consulta CNIS CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS de alguns empregados da Representada, onde é constatada esta situação, e documentos da empresa mãe assinados por eles, comprovando assim que se trata de uma única empresa e que todos, independentemente de onde estão registrados, trabalham para um mesmo objetivo: •DENILSON FAGUNDES, antes empregado da Indústria e atualmente da representada ARCÉLIO UPTMOOR, antes empregado da Representada e hoje da Indústria. FERNANDA CENSIRIEG, dispensada da indústria e admitida na Representada quando da sua constituição ARILSON HASSMANN, empregado da Representada ITAMAR Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 8 13 FRANCISCO DA SILVA.empregado da Representada EDSON ERTHAL, antes empregado da indústria e hoje da Representada JONES COSTA NASCIMENTO.empregado da Representada até 15/01/2007 MARCELO QUAIATO, antes empregado da Indústria e hoje da Representada IRIVAM VOSS, antes empregado da Indústria, depois da Representada e hoje novamente da Indústria FLÁVIO RICARDO HANG, empregado da Representada até 09/2007 JEAN CARLOS MAFRA, empregado da Representada DANIELI CRISTINA RECH, empregada da Representada JOEL DOS SANTOS, empregado da Representada LUCIANA ESTEVO SUAVE, da Indústria e atualmente da Representada, CARLOS ALBERTO HECKERT, empregado da Representada, GORETTI FURTADO, empregada da Indústria e hoje da Representada, JOSÉ RICARDO DE SOUZA, antes empregado da indústria e hoje da Representada Quanto a possibilidade de exclusão de empresas do SIMPLES, ressaltese que não cobrou o auditor contribuições patronais das empresas optante pelo SIMPLES, mas simplesmente informou o encaminhamento do processo de baixa. O que ocorreu em verdade, foi, que em constatando realidade diversa da pactuada inicialmente, procedeu o auditor para efeitos previdenciários ao vínculo dos trabalhadores das empresas interpostas diretamente com a notificada, o que encontra respaldo na própria legislação previdenciária. O que vislumbrou o auditor, conforme descrito no relatório fiscal, é a possibilidade de utilização indevida do Sistema simplificado, pela transferência de empregados, porém restou constatado que a subordinação continuou com a empresa notificada. Entendo, assim como descreveu o auditor, que tais procedimentos e artifícios, conjugados com a utilização dos mesmo empregados, entre as empresas, conspiraram para o mesmo resultado: sonegação de tributos devidos à Previdência Social, que agora, os lançamentos fiscais buscaram resgatar. A aparente distinção entre as empresas permitiu aos empresários usufruírem indevidamente do tratamento tributário simplificado e favorecido instituído pela Lei nº 9317/96 (Lei do Simples), mas constatandose que na verdade quem detinha a gerência sobre os ditos empregados era a empresa notificada. Não há que se discutir a alegação que o fisco acatou o enquadramento no SIMPLES, para posteriormente, cobrar elevadas multas. A empresa tem a liberdade de enquadrarse nos simples, conttratar empresas interpostas para gerenciamento de sua atividade, mas em o fazendo de forma irregular, tem o fisco obrigação de promover a fiscalização e aplicação das penalidades pelo uso indevido dos benefícios fiscais. Contudo, isso não se dá de forma aleatória, ou por mera presunção. Conforme já apreciado, o lançamento deve ser consubstanciado em fatos e documentos qu comprovem a irregularidade. Dessa forma, a confusão entre gerência e desempenho de atividades corrobora com as informações trazidas pela autoridade fiscal neste AIOP Por fim, cumprenos esclarecer que a autoridade fiscal não extrapolou de seus limites, quando da cobrança do crédito, desrespeitando os limites legais. A fiscalização previdenciária é competente para constituir os créditos tributários decorrentes dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme descrito no art. 1º da Lei 11.098/2005: Art. 1o Ao Ministério da Previdência Social compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento, em nome do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição, bem como as demais atribuições correlatas e conseqüentes, inclusive as relativas ao contencioso administrativo fiscal, conforme disposto em regulamento. Ademais, não compete ao auditor fiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Na verdade o que se vislumbrou foi a simulação para que as empresas que prestavam os serviços pudessem se beneficiar do Sistema Simplificado de impostos – SIMPLES em um primeiro momento, mantendo o faturamento dentro dos limites da lei. Porém não é aceitável esse tipo de atitude, se constatado ter por objetivo distorcer a realidade dos fatos apenas como fim de lograr proveito, sem cumprir os preceitos legais. Assim, não consigo identificar a nulidade apontada pelo patrono da recorrente. Em restando demonstrado que o verdadeiro empregador era único, compete a fiscalização simplesmente proceder a vinculação das pessoas que lhe prestavam serviços enquanto segurados empregados para efeitos previdenciários, bastando para isso a identificação do verdadeiro empregador. Portanto, não assiste razão ao recorrente, pois a presente notificação encontrase revestida das formalidades legais, tendo sido lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, consoante disposto no artigo 33 da lei n° 8.212, de 1991, senão vejamos: Art. 33 Ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "a" , "b" e "c" do parágrafo único do art. 11. bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "d" e "e" do parágrafo único do art. lI, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. Ainda apenas para efeitos de esclarecimento ao recorrente nos termos do artigo 229 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.o 3.048, de 06 de maio de 1999, também é muito claro ao dispor que: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: 1 arrecadar e fiscalizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nos incisos 1, 11, 111, IVe V do parágrafo único do art. 195. bem como as contribuições incidentes a Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 9 15 título de substituição; (Redação dada pelo Decreto n" 4.032, de 26/11/2001) 11 constituir seus créditos por meio dos correspondentes lançamentos e promover a respectiva cobrança; III aplicar sanções; e IV normatizar procedimentos relativos à arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições referidas no inciso 1. § 1" Os Auditores Fiscais da Previdência Social terão livre acesso a todas as dependências ou estabelecimentos da empresa, com vistas à verificação física dos segurados em selviço. para confronto com os registros e documentos da empresa, podendo requisitar e apreender livros, notas técnicas e demais documentos necessários ao perfeito desempenho de suas funções, caracterizandose como embaraço à fiscalização qualquer dificuldade oposta à consecução do objetivo. (Redação dada pelo Decreto n" 3.265, de 29/11/99) § 2" Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9~ deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nU 3.265, de 29/11/99) (grifo nosso). Destaco aqui as palavras do ilustre Ministro Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho. Ed. LTR. 5° Edição, 2006, pág. 363364), quando sendo identificada relação fática diversa da realidade, compete as autoridades públicas, cada uma em seu campo de atuação, proceder a correção das mesmas, e quando necessário proceder a aplicação das penalidades a ela inerentes. A dinâmica judicial trabalhista também registra a ocorrência de uma situação fáticojurídica curiosa: tratase da utilização do contrato de sociedade (por cotas de responsabilidade limitada ou outra modalidade societária existente) como instrumento simula tório, voltado a transparecer, formalmente, uma situação fáticojurídica de natureza civil/comercial, embora ocultando uma efetiva relação empregatícia. Em tais situações simulatórias, há que prevalecer o contrato que efetivamente rege a relação jurídica entre as partes, suprimindose a simulação evidenciada. Superadas as preliminares passo ao exame do mérito. DO MÉRITO De pronto, importante informar, que meros argumentos não afastam os fatos e documentos acostados aos autos pela autoridade fiscal, para atestar o lançamento de contribuições. Ademais, mesmo depois de proferida a decisão de primeira instância, não trouxe o recorrente, qualquer documento para comprovar suas alegações, pelo contrário repetiu praticamente os argumentos trazidos em sua impugnação. Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 16 Basta uma leitura do relatório fiscal, bem como, dos inúmeros anexos que o compõem para que se chegue a mesma conclusão trazidas pelo auditor fiscal no lançamento em questão e em todos os demais lavrados durante o mesmo procedimento. Conforme já afastado em sede de preliminar, entendo que longe está o lançamento em questão de fundarse em mera presunção. O que restou descrito no relatório e pelo que se pode constatar da análise dos autos, é que a autoridade fiscal, buscou demonstrar que a empresa, COMERCIAL TRICHÊ LTDA.dita como contratada como mera prestadora de serviço, era na verdade fachada, posto que não se identificou a existência de comando gerenciamento, nem tampouco estavam os seus empregados a lhe prestar serviços verdadeiramente. Entendo que diversos são os fatos que devem ser considerados no lançamento em questão, nenhum deles tido de forma isolada. O que se nota é uma espécie de terceirização sim, conforme argumentou o próprio recorrente, contudo realizado de forma irregular, o que ensejou conforme preceitua o princípio trabalhista da Primazia da Realidade o vínculo entre a COMERCIAL TRICHÊ LTDA e a INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA.. .Conforme trazido pelo próprio recorrente, entendo perfeitamente cabível a especialização e descentralização de suas atividades, contudo, para tanto deve primeiramente observar parâmetros legais, para só em observandoos, valerse de estratégias administrativas para busca da excelência. Todavia o que não se admite é contratar empresas, para que seus funcionários prestem serviços dentro do próprio estabelecimento da tomadora, em sua atividade fim, com evidente confusão entre as funções exercidas, visto que o auditor demonstrou em seus relatórios, por meio de entrevistas a empregados e sócios e diversos documentos a que teve acesso, que os mesmos prestam verdadeiramente serviços para empresa INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, e que nem mesmo conheciam as sócias da empresa COMERCIAL TRICHÊ LTDA, a que estava registradas. Nos termos da Súmula 331 do TST, dispositivo hoje que regula a terceirização do Direito Trabalhista Brasileira, visto ausência de norma específica, vejamos: Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 2006 1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. V Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 10 17 inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Ou seja, da análise da referida Súmula, notase que não merece guarida a contratação de outras empresas, na forma como realizado pela recorrente e demonstrado pela autoridade fiscal. Observase de pronto o item III da referida súmula que não admite, em regra, a contratação de serviços terceirizados para atividades fim do empreendimento, formandose o vínculo diretamente com o tomados dos serviços. Ora, por si só esse argumento, demonstra quão equivocada estava sua pretensão de valerse de empresas interpostas para executar sua atividade fim. E não merece guarida o argumento de que a súmula não seria aplicável no âmbito do direito previdenciário. Os termos da súmula 331 regulam atualmente no âmbito das empresas a contratação mediante empresa terceirizada, já que não existe legislação própria que abarque a matéria. Referida súmula, define critérios mínimos de uma terceirização correta, evitando que a empresa se valha desse instituto para maquiar vínculos de emprego, desrespeitando os direitos trabalhistas e previdenciários. Todavia, a competência da auditoria previdenciária resumese a determinar vínculos para efeitos previdenciários, posto assim definir a lei 8212/91. Aqui independente do fato de as empresas contratadas estarem ou não sob a égide do Sistema de Tributação SIMPLES, correto o posicionamento adotado de formação do vínculo para efeitos previdenciários, sempre que constatado que a tomadora dos serviços agia como verdadeira empregadora. Dessa forma, o argumento de que as empresas possuem registro na junta comercial, sendo optante pelo SIMPLES deveriam ser excluídas do lançamento não merece guarida, conforme já esclarecido. QUANTO A PRODUÇÃO DE PROVAS Observase que por inúmeras vezes o recorrente traz como argumento genéricos para desconstituir o lançamento, senão vejamos: Procedimento de Baixa Administrativa: que a empresa a ser baixada foi constituída para prestar serviço à recorrente e a quem mais precise de seus serviços; que os serviços não exigiam a necessidade de qualquer patrimônio, pois eram manuais; que houve a ofensa a vários princípios constitucionais; que a Instrução Normativa não pode ser base legal para notificação; que a empresa Comercial Trichê não tem um setor de serviços financeiros ou de recursos humanos, porque é pequena e o RH é terceirizado; que os entrevistados respondiam que trabalhavam para a Trichê, pois ambas as empresas utilizavam a mesma expressão; que a empresa praticou elisão fiscal lícita, sem esconder qualquer fato; que mantinha escrituração contábil e cumpre com suas obrigações acessórias; que o ato de baixa de ofício é totalmente ilegal e inconstitucional. O processo administrativo permite ao recorrente o amplo exercício do direito de defesa, sendo obrigação da autoridade julgadora indicar todos os seus elementos de convicção, sejam documentos aos quais teve a oportunidade de apreciar, ou mesmo descrever os elementos fáticos encontrados durante a auditoria e que o levaram a concluir pelo lançamento de contribuições. Fl. 1135DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 18 Dessa forma, entendo que teve o recorrente a oportunidade de apreciar pontualmente todos as provas e testemunhos colhidas durante o procedimento fiscal, sendolhe permitido exercer o amplo exercício do direito de defesa com vistas a rebater com elementos probatórios e fáticos, se necessários, que as constatações são totalmente equivocadas. Após apreciar detidamente a peça recursal, a decisão de primeira instância e até mesmo a impugnação apresentada, não identifico que o recorrente demonstrou que as empresas contratadas, realmente exerciam o papel de prestadoras de serviços, empregadoras, exercendo o gerenciamento de seus empregados enquanto prestadores de serviços. Notese que, conforme já mencionado anteriormente, não se funda o lançamento em apenas um elemento de convicção, mas um conjunto deles. Os fatos trazidos pelo auditor em seu relatório, quanto as entrevistas dos empregados, os aspectos contábeis e financeiros, suas constatações, não possuem presunção absoluta, mas possuem força probatória, na medida que não consegue o recorrente demonstrar que se tratam de verdadeiros equívocos. Quem mais poderia rebater os argumentos da auditoria, senão o próprio autuado, que poderia demonstrar a realização de contratos com as prestadoras, a contabilização devida das referidas contratações e de todos encargos gerados por essa contratação. Contudo, não é isso que se conclui, ao apreciar os fatos narrados. O esvaziamento da folha de pagamento e o repasse para outras empresas optantes pelo SIMPLES, demonstra, no presente caso, uma maneira de sonegar contribuições previdenciárias, assim como trazido pelo auditor. Não estou dizendo com isso que não possa existir terceirização, mas, quando realizada, deve o tomador, resguardarse de forma, a manter verdadeira autonomia entre as empresas. Assim, enumerou a autoridade fiscal os principais fatos que demonstram uma única entidade administrativa, laboral e patrimonial única IV DESCRIÇÃO DOS FATOS Durante a ação fiscal foram realizadas diligências às instalações das empresas pertencentes ao grupo econômico, com vistas a melhor entender o processo produtivo e conhecer a sua estrutura administrativa. ENDEREÇO DA COMERCIAL TRICHE Em visita ao endereço constante no contrato social da Representada, Avenida 1 o de Maio, 595, foi verificado que existe um pequeno galpão com um comércio atacadista e varejista de linhas, onde foi encontrado apenas um empregado trabalhando, a Sra. Maria Lúcia Duarte Arendartchuk, empregada da "empresa mãe" e em entrevista, a mesma disse que trabalha há muitos anos na empresa e que ali sempre funcionou aquele comércio(Anexo Consulta CNIS). Conforme 3a alteração contratual de 28/11/2002, a "empresa mãe" criou uma filial no mesmo endereço da Representada, cujo objeto social é o comércio atacadista e varejista de linhas e fios para coser e bordar, tendo sido a mesma baixada em 21/08/2006. Fl. 1136DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 11 19 Traz o auditor no REFISC, corroborado com o relatório instrumento que os endereços das empresas eram diferenciados, tendo sido constatado por meio de diligências que nos respectivos endereços não havia organização física das empresas, dita por contratadas como prestadora de serviços, estando lá laborando apenas um empregado, vinculada a autuada.. Entendo que nesse ponto, um comentário se mostra relevante. A contratação de prestadores de serviços, conforme argumentado pelo recorrente, possibilita que os trabalhadores (prestadores) estejam prestando serviços nas empresas tomadoras em atividades “meio”, ou de limpeza, conservação e vigilância, contudo, as empresa prestadoras deve possuir sede própria, com contabilidade regular, registro de todas as suas operações financeiras e contábeis. Ressaltese ainda, que as empresas ditas pela autoridade fiscal como fictícias não possuem sede própria, encontrandose seus empregados prestando serviços nas dependências da autuada. GERENCIAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES CONTRATADOS A conclusão de não prestação autônoma dos serviços resta caracteriza pelo auditor que assim descreve em seu relatório: O objeto social da Indústria Trichê não contempla a prestação de serviços financeiros e nem de recursos humanos. FATURAMENTO X NUMERO DE EMPREGADOS X FOLHA DE PAGAMENTO Observase que após a constituição da Representada, empresa optante pelo SIMPLES, o número de empregados da "empresa mãe" diminuiu consideravelmente, enquanto da Representada, aumentou e as suas despesas foram praticamente relativas a sua folha de pagamento. As despesas referente à energia elétrica só foram contabilizadas a partir de 01/2007 e despesas de água e telefone não foram contabilizadas até a presente data, itens indispensáveis para o funcionamento de suas atividades, e embora a empresa não possua sede própria, consta lançamentos contábeis referente a pagamento de aluguel somente a partir de 01/2007, embora a representada não funcione no local indicado. A empresa não possui ativo imobilizado, não possui máquinas e equipamentos necessários para o funcionamento de suas atividades (cópias Balanços Patrimoniais), enquanto a "empresa mãe possui, "máquinas, equipamentos e ferramentas",no valor de R$ 1.804.615,60 e que são utilizados normalmente pelos empregados da Representada sem nenhum pagamento pelo uso dos mesmos. Conforme verificação física efetuada nos dias 10 e 11/03/2010(entrevistas anexas), foi constatado a presença de todos os empregados, tanto da empresa mãe como da Representada, trabalhando no galpão situado na Ivo Silveira, 1000, km 03, Bateas em Brusque/SC, onde funciona a Indústria de Linhas Trichê Itda. Verificamos também, que todo o faturamento da REPRESENTADA foi oriundo de prestação de serviços e teve Fl. 1137DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 20 como cliente, exclusivamente, a empresa INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA. Verificamos que os empregados da "empresa mãe" diminuíam enquanto seu faturamento aumentava, pois na realidade todos os empregados da REPRESENTADA trabalhavam na produção da Indústria Trichê Itda, fato este comprovado quando da visita às empresas, conforme entrevistas anexas. DA ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PESSOAL E FINANCEIRO Nos dias 10 e 11/03/2010 foram realizadas entrevistas com os empregados das empresas envolvidas, todos trabalhando no endereço Rod. Ivo Silveira, 1000, km 03, Bateas, em Brusque, onde a grande maioria respondeu que não sabe exatamente em qual empresa está registrado e afirmam que sempre receberam ordens do Sr. ALTAIR e do Sr. CARLOS ALBERTO, e que não conhecem e nunca receberam ordens das Sras. IONE MARIA PEREIRA KHUN E SAIONARA ECCEL LAURITZEN, sócias administradoras da Representada desde sua constituição até 11/02/2009. A empresa mãe, a Indústria de Linhas Trichê Ltda. no primeiro momento também foi constituída tendo como sócios administradores de direito as Sras. IONE E SAIONARA, mas quem administrava de fato a empresa eram os Srs. ALTAIR E CARLOS ALBERTO, conforme procuração anexa, constatando assim ser uma pratica dos verdadeiros donos, a inclusão de interpostas pessoas em suas empresas. Verificamos que após a constituição da REPRESENTADA, grande parte dos empregados da "empresa mãe" foram demitidos e logo após readmitidos na COMERCIAL TRICHÊ. Anexamos a consulta CNIS CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS de alguns empregados da Representada, onde é constatada esta situação, e documentos da empresa mãe assinados por eles, comprovando assim que se trata de uma única empresa e que todos, independentemente de onde estão registrados, trabalham para um mesmo objetivo: •DENILSON FAGUNDES, antes empregado da Indústria e atualmente da representada ARCÉLIO UPTMOOR, antes empregado da Representada e hoje da Indústria. FERNANDA CENSIRIEG, dispensada da indústria e admitida na Representada quando da sua constituição ARILSON HASSMANN, empregado da Representada ITAMAR FRANCISCO DA SILVA.empregado da Representada EDSON ERTHAL, antes empregado da indústria e hoje da Representada JONES COSTA NASCIMENTO.empregado da Representada até 15/01/2007 Fl. 1138DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 12 21 MARCELO QUAIATO, antes empregado da Indústria e hoje da Representada IRIVAM VOSS, antes empregado da Indústria, depois da Representada e hoje novamente da Indústria FLÁVIO RICARDO HANG, empregado da Representada até 09/2007 JEAN CARLOS MAFRA, empregado da Representada DANIELI CRISTINA RECH, empregada da Representada JOEL DOS SANTOS, empregado da Representada LUCIANA ESTEVO SUAVE, da Indústria e atualmente da Representada, CARLOS ALBERTO HECKERT, empregado da Representada, GORETTI FURTADO, empregada da Indústria e hoje da Representada, JOSÉ RICARDO DE SOUZA, antes empregado da indústria e hoje da Representada Independentemente de onde estejam registrados os trabalhadores, o comando do grupo é exercido dentro da INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, e a Representada na verdade só existe para registrar os empregados, no papel, ou seja, ela não dispõe de patrimônio e capacidade operacionais necessários à realização de seu objetivo. Concluise que a Representada foi criada com a única finalidade de formalizar os registros dos empregados, sendo totalmente controlada pela empresa mãe. Tratase de criação simulada de pessoa jurídica, por interpostas pessoas físicas e assim eximir a empresamãe do pagamento de contribuições previdenciárias e outros tributos, tudo com o claro e primordial intento de lesar o fisco. VI CONCLUSÃO Conforme demonstrado neste relatório, a empresa INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, constituiu a Representada em nome de parentes, no caso, as esposas dos atuais sócios, sem nenhuma condição de subsistência própria. Este contexto tem revelado, via de regra, a prática adotada por muitas empresas que se utilizam do artifício da abertura de empresas optantes pelo SIMPLES que abrigam o quadro funcional com o objetivo de se elidirem da contribuição patronal sobre a folha de pagamento . Reiteradamente essas empresas tem sido autuadas por se tratar não de elisão, mas de simulação com vistas à sonegação fiscal. Por todo o exposto e diante do conjunto de evidências, conclui se que a COMERCIAL TRICHÊ LTDA não existe de fato, e que a Fl. 1139DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 22 mesma é usada pela INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA, para obter indevidamente vantagens relativas às contribuições previdenciárias e sonegação de tributos. Assim, entendo conforme descrito pela autoridade fiscal, que o liame empregatício entre os supostos sócios e os empregados das supostas “prestadoras de serviço” sempre existiu havendo, como dito anteriormente verdadeira CONFUSÃO entre os serviços prestados pela empresa notificada INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA E A .COMERCIAL TRICHÊ LTDA. Por fim, de posse de todo o detalhamento exposto pelo auditor poderia a empresa rebater ponto a ponto trazido pelo auditor fiscal, o que não o fez, razão porque deve ser mantido o lançamento, quanto a inclusão de todos os empregados das empresas “dita pelo recorrente como prestadora de serviço”, como verdadeiros empregados da empresa. INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA.. ASPECTOS CONTÁBEIS Contabilmente, também bem demonstrou a autoridade fiscal como se dava o pagamento das despesas da empresa COMERCIAL TRICHÊ LTDA para consecução de seus objetivos. Vejamos: • Nota Fiscal de Serviço da SERVMED em nome da Representada e despesa contabilizada na Indústria • Receituário em nome da Indústria e cupom fiscal em nome da Representada; •Anexamos, também, cópias de documentos da Representada, assinados pelo Sr. ALTAIR CURT LAURITZEN, fora do período de sua gestão. • Cópia da TELISTAS.net, onde consta o nome da INDÚSTRIA DE LINHAS TRICHÊ LTDA Posto de Vendas, no endereço, onde supostamente funcionaria a Representada. De acordo com cópias dos Termos de Abertura dos Diários n° 03/2005,04/2006,05/2007 e 06/2008 da Comercial Trichê Ltda, assinadas pelo Sr. Altair Curt Lauritzen. ratificamos a afirmação de que os sócios administradores da Indústria de Linhas Trichê Ltda, são também os verdadeiros donos da Representada. A administração do setor financeiro é efetuada por DENILSON FAGUNDES, empregado da Indústria, no primeiro momento, e depois readmitido na REPRESENTADA. Fl. 1140DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 13 23 Novamente, convém destacar a demonstração por parte da auditoria fiscal que os serviços prestados não se coadunam com verdadeira prestação de serviços na modalidade de terceirização, argumentada pelo recorrente, mas vinculo direto dos prestadores com a empresa notificada uma vez que era a mesma que assumia papel de empregadora, inclusive com o ônus de administrar os trabalhadores, papel que seria inerente apenas a figura de empregador. No caso, de terceirização cada empresa tem que assumir a responsabilidade e o ônus de seus empregados, sendo ilegal existir subordinação entre o tomador e o prestador de serviços. JUROS SELIC E MULTA – VALORES EXORBITANTES Com relação à cobrança de juros está prevista em lei específica da previdência social, art. 34 da Lei n ° 8.212/1991, abaixo transcrito, desse modo foi correta a aplicação do índice pela autarquia previdenciária: Art.34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n ° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de Fl. 1141DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 24 validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996. (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. Não tendo o contribuinte recolhido à contribuição previdenciária em época própria, tem por obrigação arcar com o ônus de seu inadimplemento. Caso não se fizesse tal exigência, poderseia questionar a violação ao principio da isonomia, por haver tratamento similar entre o contribuinte que cumprira em dia com suas obrigações fiscais, com aqueles que não recolheram no prazo fixado pela legislação. Dessa forma, não há que se falar em excesso de cobrança de juros, estando os valores descritos na NFLD, em consonância com o prescrito na legislação previdenciária. Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 03, do CARF: “É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais.” QUANTO A MULTA IMPOSTA Em relação ao questionamento acerca do caráter confiscatório da multa, observamos, que o item 5 do relatório fiscal, foi muito esclarecedor em relação a multa aplicada. Conforme descrito no referido relatório, a multa originalmente prevista era a do art. 35 da Lei n ° 8.212/1991: No caso, a multa moratória é bem aplicável pelo não recolhimento em época própria das contribuições previdenciárias. Ademais, o art. 136 do CTN descreve que a responsabilidade pela infração independe da intenção do agente ou do responsável, e da natureza e extensão dos efeitos do ato, sendo que o fato de entender que a verba não constituiria salário de contribuição não é argumento válido para afastar a penalidade. O art. 35 da Lei n ° 8.212/1991 dispõe, nestas palavras: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99) I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 14 25 c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). § 1º Nas hipóteses de parcelamento ou de reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o Caput e seus incisos. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 26 competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) § 4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.876/99) Contudo, também como enfatizado pelo auditor, não só a ausência de recolhimento ensejava a aplicação de multa moratória, mas a ausência de informação em GFIP ensejava aplicação de multa, pelo descumprimento de obrigação acessória. Contudo, no que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da referida MP 449, convertida na lei 11.941. A citada MP alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, a MP 449/2008, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 15 27 II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício (como no presente caso), a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, qual seja, aplicação de multa de ofício de 75%. Contudo, ao observar o auditor a ausência de pagamento e ausência de informação em GFIP, procedeu ao auditor ao comparativo da antiga legislação com a atual, de forma, que se aplicasse a multa mais benéfica ao contribuinte. Assim, na planilha as fls. 35, o auditor detalha competência a competência qual a multa seria mais favorável ao recorrente, pois que a aplicação da multa pela ausência e GFIP e a multa de ofício ensejariam bis in idem. Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Nesse sentido, entendo que a multa imposta, obedeceu a legislação pertinente, não havendo caráter confiscatório na sua aplicação, posto o estrito cumprimento dos ditames legais. Também entendo que, o fato de ter reconhecido a simulação pela contratação de empresas interpostas, (FATO GERADOR não contestado, objeto de desmembramento para parcelamento, também enseja procedência da multa imposta.). INCONSTITUCIONALIDADES APONTADAS Ademais, mesmo tange a argüição de inconstitucionalidade de legislação previdenciária que dispõe sobre o recolhimento de contribuições, frisese que incabível seria sua análise na esfera administrativa. Não pode a autoridade administrativa recusarse a cumprir norma cuja constitucionalidade vem sendo questionada, razão pela qual são aplicáveis os prazos regulados na Lei n ° 8.212/1991. Dessa forma, quanto à ilegalidade/inconstitucionalidade na multa imposta, não há razão para a recorrente. Como dito, não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional, razão pela qual são exigíveis Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 28 a aplicação da taxa de juros SELIC, e a multa pela inadimplência conforme o fez a autoridade fiscal. Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. Nesse sentido, entendo pertinente transcrever trecho do Parecer/CJ n ° 771, aprovado pelo Ministro da Previdência Social em 28/1/1997, que enfoca a questão: Cumpre ressaltar que o guardião da Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal, cabendo a ele declarar a inconstitucionalidade de lei ordinária. Ora, essa assertiva não quer dizer que a administração não tem o dever de propor ou aplicar leis compatíveis com a Constituição. Se o destinatário de uma lei sentir que ela é inconstitucional o Pretório Excelso é o órgão competente para tal declaração. Já o administrador ou servidor público não pode se eximir de aplicar uma lei, porque o seu destinatário entende ser inconstitucional, quando não há manifestação definitiva do STF a respeito. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. No mesmo sentido posicionase este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF ao publicar a súmula nº. 2 aprovada em sessão plenária de 08/12/2009, sessão que determinou nova numeração após a extinção dos Conselhos de Contribuintes. SÚMULA N. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DO APROVEITAMENTO DOS RECOLHIMENTOS Quanto ao pedido de aproveitamento dos valores recolhidos na modalidade do SIMPLES, embora pessoalmente entenda por essa impossibilidade, face os regime de tributação ser distinto, acato o entendimento expresso na súmula n. 76 do CARF, posto a regra ali descrita aplicarse ao caso de simulação do SIMPLES ora sob julgamento, RAZÃO PELA QUAL CONFIRO RAZÃO AO RECORRENTE PARA APROVUEITAMENTO DA PARCELA DO SIMPLES DOS EMPREGADOS VINCULADOS A EMPRESA AUTUADA. Súmula CARF nº 76: Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. Por todo o exposto o lançamento fiscal seguiu os ditames previstos, devendo ser mantido nos termos da Decisão Proferida, com ressalva ao pedido de compensação ao qual acato, conforme acima especificado. Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13971.721754/201122 Acórdão n.º 2401003.741 S2C4T1 Fl. 16 29 CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para, rejeitar as preliminares suscitadas, e no mérito voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, para acatar a compensação das contribuições destinadas a previdência social na modalidade de recolhimento pelo SIMPLES. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 01/12/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10830.004146/2007-90
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2002
NORMAS GERAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO.
Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão exarado, correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado.
No presente caso, a decisão colegiada decidiu pelo provimento do recurso da PGFN, mas não determinou o retorno dos autos à Câmara a quo, a fim de analisar argumentos que não foram decididos, devido à decisão sobre a decadência, motivo dos acolhimentos dos embargos.
Numero da decisão: 9202-003.496
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para suprir a omissão, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO
Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão exarado, correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. No presente caso, a decisão colegiada decidiu pelo provimento do recurso da PGFN, mas não determinou o retorno dos autos à Câmara a quo, a fim de analisar argumentos que não foram decididos, devido à decisão sobre a decadência, motivo dos acolhimentos dos embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para suprir a omissão, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 41 46 /2 00 7- 90 Fl. 235DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Elias Sampaio Freire. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10830.004146/200790 Acórdão n.º 9202003.496 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de embargos, fls. 0132, opostos tempestivamente, contra acórdão que, deu provimento a recurso da nobre Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), nos seguintes termos: IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO § 4°, ART 150, DO CTN. Comprovada a ocorrência de pagamento parcial, a regra decadencial expressa no CTN a ser utilizada deve ser a prevista no § 4°, Art. 150 do CTN, conforme inteligência da determinação do Art. 62A, do Regimento Interno do CARE (RICARF), em sintonia com o decidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Recurso Especial 973.733. No presente caso, não há nos autos demonstração de recolhimentos parciais efetuados pelo sujeito passivo, motivo da aplicação do determinado no I, Art. 173, do CTN, e, conseqüentemente, do provimento do recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhdes de Oliveira, substituído pelo Conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa (suplente convocado). Entende a embargante, em síntese, que o acórdão foi omisso, pois, com a decisão sobre o provimento do recurso da Procuradoria, o colegiado deveria ter determinado o retorno dos autos à Câmara a quo, a fim de analisar as demais questões contidas em seu recurso voluntário, que não foram analisadas, pelo provimento gerado pela aplicação da regra decadencial expressa no Art. 150 do CTN. Portanto, para a recorrente, essa omissão deve ser sanada, com o acolhimento dos embargos. Os embargos foram analisados e foi decidido pela ocorrência da omissão descrita. É o relatório. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Por possuir os requisitos para sua admissibilidade, analiso os embargos. Os embargos de declaração, no âmbito do CARF, estão disciplinados no artigo65, do Regimento Interno do Conselho (RICARF), aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Na análise dos autos, verificamos que há razão na interposição dos embargos, pois há a omissão apontada. Com o provimento do recurso da PGFN o lançamento tornase procedente, diversamente do que decidiu a decisão a quo, que, por isso, não analisou fundamentos contidos no recurso voluntário. Assim, em face da omissão apontada, os embargos devem ser acolhidos, para correção do acórdão, com a determinação para o retorno dos autos à Câmara a quo, a fim de decidir sobre as demais questões presentes no recurso voluntário. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto pelo acolhimento e pelo provimento dos embargos, com o retorno dos autos à Câmara a quo, a fim de decidir sobre as demais questões presentes no recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 238DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10830.004146/200790 Acórdão n.º 9202003.496 CSRFT2 Fl. 4 5 Fl. 239DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 16832.000545/2009-18
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
Omissão de Receitas. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada.
A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratando-se de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastá-la, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazê-lo, fica caracterizada a omissão de receitas.
Tributam-se como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea.
Tributação Reflexa. CSLL, PIS e COFINS.
O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1801-002.265
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Maria de Lourdes Ramirez Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: MARIA DE LOURDES RAMIREZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 Omissão de Receitas. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada. A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratando-se de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastá-la, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazê-lo, fica caracterizada a omissão de receitas. Tributam-se como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. Tributação Reflexa. CSLL, PIS e COFINS. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. A presunção estabelecida pelo artigo 42 da Lei no. 9.430, de 1996, foi regularmente introduzida no sistema normativo e determina que o contribuinte deva ser regularmente intimado a comprovar, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em contas de depósito ou de investimentos. Tratandose de presunção relativa, o sujeito passivo fica incumbido de afastála, mediante a apresentação de provas que afastem os indícios. Não logrando fazêlo, fica caracterizada a omissão de receitas. Tributamse como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 05 45 /2 00 9- 18 Fl. 701DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 10/02/ 2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra acórdão da 3a. Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro/RJI que, por unanimidade de votos, manteve parcialmente as exigências consubstanciadas nos autos. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ no Rio de Janeiro/RJI: Tratase de auto de infração lavrado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil para exigência dos tributos, abaixo relacionados, e dos respectivos acréscimos legais (multa de oficio e juros de mora), totalizando o crédito tributário de R$ 528.694,20 [...omissis...] 2 Na DIPJ2 acostada aos autos, referente ao anocalendário 2004, observase que o interessado adotou o Lucro Real anual como forma de tributação do IRPJ e da CSLL e o regime nãocumulativo para cálculo do PIS e da COFINS. 3 No curso do procedimento fiscal, que se iniciou em 18/09/2008, a autoridade lançadora, conforme relatado no termo de constatação e na descrição dos fatos do auto de infração, onde se encontra descrito o enquadramento legal, apurou a infração abaixo descrita, conseqüente da falta de comprovação da origem dos créditos bancários efetuados nas contas correntes do interessado: 4 001 — Omissão de Receitas Depósitos bancários não contabilizados. 5 Em decorrência, foram lavrados autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, em relação ao anocalendário 2004 (fato gerador 31/12/2004), com exigência de multa de 75%. 6 Cientificado dos sobreditos autos de infração em 30/06/2009, o interessado apresentou impugnação em 24/07/2009, cujos principais argumentos estão sintetizados a seguir: 7 a maioria dos depósitos não poderiam ser lançados na contabilidade como entrada, pois tratase de simples transferências de recursos entre contas bancárias do interessado; 8 o AuditorFiscal relacionou no termo de constatação, por conta bancária, todos os depósitos identificados como não lançados, porém parte substancial de tais depósitos configuram simples transferências entre as contas bancárias do interessado, conforme planilhas e documentos em anexo, notadamente, o Livro Razão de 2004 e o instrumento particular de contrato de mútuo. Fl. 702DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 10/02/ 2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 16832.000545/200918 Acórdão n.º 1801002.265 S1TE01 Fl. 3 3 9 O interessado cita ementas de julgados do antigo Conselho de Contribuintes, acosta aos autos documentação ttrazida com a impugnação e encerra requerendo o cancelamento dos autos de infração, bem como das penalidades dele decorrentes. 10 Nesta Turma foram juntadas consultas feitas nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil. A Turma Julgadora de 1a. Instância analisou a documentação apresentada pela empresa na impugnação e considerou como comprovados vários valores creditados nas contascorrentes da interessada, relacionados pela fiscalização como de origem não comprovada, excluindoos das bases de cálculo dos tributos exigidos nos autos. Tais valores referemse, em sua maioria, a transferências entre contas correntes de titularidade da empresa. Relativamente aos poucos montantes cuja origem a empresa atribuiu a empréstimos de terceiros, a Turma Julgadora de 1a. Instância consignou que apenas os contratos de mútuo não seriam suficientes para fazer a prova da origem, razão pela qual foram mantidos nas bases de cálculo dos lançamentos. Contra a decisão a empresa interpôs recurso voluntário. Nas razões de defesa afirma que, ao contrário do apregoado pela decisão da autoridade “a quo”, as decisões administrativas transcritas na impugnação vinculariam a Administração Tributária, ainda que inexista lei que assim o determine, pois, ao no caso, incidiria a “teoria dos atos próprios”. Nesse sentido assegura que se a Corte Administrativa adota uma posição não seria legítimo que outro órgão da mesma administração adote posição contrária, sob pena de violação dos princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da coerência. Também restariam esvaziados os princípios da isonomia e da impessoalidade, previstos na Lei n º 9.784/99. Afirma comprovar, com a juntada na impugnação da escrituração e de planilhas, a improcedência dos lançamentos, observando que o art. 26 do Decreto n º 7.574/2011, determina que a escrituração mantida com observância da lei faz prova a favor de seu titular. Ao final pede pela reforma daquele decisum. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 10/02/ 2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 De acordo com as informações deste processo a notificação para ciência da decisão da Turma Julgadora de 1a. Instância foi postada em 15/05/2013 (efl. 663). Contudo, não consta dos autos a cópia do AR com a data do recebimento da cópia da decisão, tampouco qualquer informação que possa assegurar em qual data teria se efetivado a sua notificação. Como o recurso voluntário foi protocolizado em 12/06/2013, é razoável admitir a tempestividade da peça de defesa, razão pela qual dela tomo conhecimento. A recorrente não se defende, expressamente, dos valores creditados em suas contascorrentes bancárias, cuja origem foi considerada como não comprovada pela auditoria fiscal e pela Turma Julgadora de 1a. Instância, observando que essa autoridade acatou a comprovação de inúmeros outros montantes, como consignado no relatório. Nesse contexto resta reconhecer que a lei é clara ao determinar que o contribuinte, devidamente intimado, deve comprovar, individualmente, a origem dos valores depositados em suas contascorrentes de depósitos, sob pena de, em não o fazendo, considerar se que os valores não comprovados tem origem em receitas omitidas. É o que se verifica no presente caso. É certo que a recorrente logrou demonstrar que grande parte dos valores considerados como receitas omitidas por presunção teve origem em meras transferências entre contascorrentes de sua titularidade, o que levou a Turma Julgadora de 1a. Instância a excluí los da tributação. Contudo, alguns montantes restaram sem comprovação. E não há exceções ao caso. Todos os valores devem ter a origem demonstrada. No que toca as alegações da recorrente no sentido de que decisões desta Corte Administrativa de Julgamento vinculariam as demais autoridades administrativas, observo que no Processo Administrativo Fiscal, regulado especificamente pelo Decreto n º 70.235, de 1972, prevalece o princípio do livre convencimento do julgador. Assim, a partir dos argumentos e documentos constantes dos autos, o julgador pode decidir de acordo com sua livre convicção. As decisões administrativas, ainda que reiteradas, servem, apenas, como norte, como jurisprudência, e não vinculam as demais autoridades administrativas. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 10/02/ 2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 16832.000545/200918 Acórdão n.º 1801002.265 S1TE01 Fl. 4 5 Fl. 705DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 10/02/ 2015 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.914818/2012-27
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-003.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2008 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 48 18 /2 01 2- 27 Fl. 138DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa seguinte: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 PROVAS. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas os autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 DCTF. RETIFICAÇÃO. DECISÓRIO. ESPONTANEIDADE. REDUÇÃO DE TRIBUTO. CONFIGURAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. É legítima a declaração retificadora que reduzir ou excluir tributo se apresentada por contribuinte em espontaneidade legal. No entanto, para que se atribua eficácia às informações nela contidas, especificamente em relação àquelas que suportam a caracterização do pagamento a maior ou indevido de tributo, é mister que a retificadora tenha sido entregue antes do decisório. Se entregue depois, incumbe ao contribuinte o ônus de comprovar o seu direito creditório mediante a juntada, com a manifestação de inconformidade, não somente da declaração retificadora, mas também de documentos contábeis e fiscais que fundamentam a retificação. DACON. CARÁTER INFORMATIVO. O DACON configura declaração de caráter informativo e não instrumento de confissão de dívidas tributárias nem veículo de inscrição desses débitos em Dívida Ativa da União. A informação prestada no DACON, desacompanhada de documentos que a justifiquem, não é suficiente para provar a existência de direito creditório pleiteado em declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), retificando exclusivamente a Dacon, sem, portanto, retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), Fl. 139DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11080.914818/201227 Acórdão n.º 3802003.818 S3TE02 Fl. 139 3 o que só veio a ocorrer após o despacho decisório. Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. A DRJ manteve a não homologação, porque, apesar da retificação da Dctf após o despacho decisório, não houve comprovação, por meio de documentação hábil, idônea e suficiente, do erro no preenchimento da declaração. A Recorrente, nas razões de fls. 65 e ss., alega a falta de retificação da Dctf seria um mero equívoco, que poderia ser constatado pela análise da Dacon, já retificada quando da apresentação do pedido de PER/Dcomp. Afirma que, pelo princípio da verdade material, deveria o órgão julgador verificar quais dos dois documentos (Dctf ou Dacon) continha os valores corretos, bem como que a Dacon e a Darf são os únicos meios de provas capazes de demonstrar o valor efetivamente devido à título de Cofins, bem como a existência de pagamento a maior. Pleiteia, assim, o recebimento do recurso e o seu integral provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 06/03/2014 (fls. 63), interpondo recurso tempestivo em 02/04/2014 (fls. 65). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o recurso pode ser conhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. A compensação, consoante destacado, não foi homologada porque o Recorrente transmitiu o PER/Dcomp sem a retificação da Dctf. Em circunstâncias dessa natureza, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, a Turma tem interpretado que o contribuinte, por força do princípio da verdade material, tem direito à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado. Nesse sentido, cumpre destacar os seguintes julgados da Turma: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado (art. 12, § 3o, da Instrução Normativa SRF nº. 583/2005, vigente à época da transmissão das DCTF’s retificadoras). A retificação, porém, não produz efeitos quando o débito já foi enviado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E.Acórdão nº 380201.078. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. [...] Recurso Voluntário Negado. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.290. Rel. Conselheiro José Fernandes do Nascimento. S. 25/09/2012). COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 3802001.593. Rel. Conselheiro Francisco José Barroso Rios. S. 27/02/2013). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 16, § 4º, “C”, DO DECRETO Nº 70.235/1972. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 11080.914818/201227 Acórdão n.º 3802003.818 S3TE02 Fl. 140 5 PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A prova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972. Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.005. Rel. Solon Sehn. S. 22/05/2012). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova contábil da existência do crédito compensado. A simples retificação após o despacho decisório não autoriza a homologação da compensação do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. S3TE02. Acórdão nº 380201.112. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). COMPENSAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS. AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA DCTF. IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO PELO CONTRIBUINTE APÓS DECORRIDOS CINCO ANOS DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO. EXCEPCIONALIDADE DE ACEITAÇÃO PELO CARF. A retificação de DCTF constitui requisito formal do contribuinte, ao efetuar pedido de compensação com base em créditos decorrentes de retificação de documentos de cunho declaratório (DACON, DIPJ, dentre outros). Assim, a ausência de apresentação da DCTF retificadora é causa para negação do crédito pleiteado. Todavia, excepcionalmente se permite a compensação caso o contribuinte demonstre que a retificação só foi apontada como não efetuada após o decurso dos cinco anos contados da extinção do crédito, sendo certo que a negativa importaria em situação excepcional de restrição formal à verdade material, contrassenso à própria finalidade do processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 (CARF. S3TE02. Acórdão nº 3802001.642. Rel. Conselheiro Bruno Macedo Curi. S. 28/02/2013) No presente caso, entretanto, entendese que a documentação apresentada é insuficiente para a demonstração da certeza e da liquidez do direito de crédito. A Dipj e o Dacon, diversamente do que sustenta o Recorrente, somente têm valor probatório quando acompanhados da escrituração fiscal, ainda que parcial, notadamente em face das divergências encontradas no curso do processo. Além disso, também deveria ter sido apresentada a documentação que lastreia a escrituração, porquanto esta, de acordo com o art. 9.º, § 1.º, do DecretoLei n.º 1.598/1977, apenas “faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais”. Portanto, nada justifica a reforma da decisão recorrida, porque cabe ao interessado o ônus da prova nos pedidos de compensação e de restituição. Votase pelo conhecimento e integral desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 143DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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