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Numero do processo: 19515.001984/2003-25
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/12/1997
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL
1- Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorre o pagamento antecipado da exação e inexiste declaração prévia do débito. Por outro lado, nos casos em que não foi constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, e que há pagamento antecipado ou declaração prévia do débito, o prazo decadencial é contado da data de ocorrência do fato gerador (art. 150, §4º, do CTN). Entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previstos no artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ nº 08/2008. Interpretação que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015.
2- Uma vez afastado o entendimento do reconhecimento de decadência, os autos devem ser devolvidos à Turma Ordinária para o exame das outras matérias suscitadas no recurso voluntário e não apreciadas naquela fase processual em razão do que lá foi decidido.
Numero da decisão: 9101-003.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/12/1997 TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL 1- Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorre o pagamento antecipado da exação e inexiste declaração prévia do débito. Por outro lado, nos casos em que não foi constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, e que há pagamento antecipado ou declaração prévia do débito, o prazo decadencial é contado da data de ocorrência do fato gerador (art. 150, §4º, do CTN). Entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previstos no artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ nº 08/2008. Interpretação que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. 2- Uma vez afastado o entendimento do reconhecimento de decadência, os autos devem ser devolvidos à Turma Ordinária para o exame das outras matérias suscitadas no recurso voluntário e não apreciadas naquela fase processual em razão do que lá foi decidido.
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PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL 1 Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorre o pagamento antecipado da exação e inexiste declaração prévia do débito. Por outro lado, nos casos em que não foi constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, e que há pagamento antecipado ou declaração prévia do débito, o prazo decadencial é contado da data de ocorrência do fato gerador (art. 150, §4º, do CTN). Entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previstos no artigo 543C do CPC e da Resolução STJ nº 08/2008. Interpretação que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. 2 Uma vez afastado o entendimento do reconhecimento de decadência, os autos devem ser devolvidos à Turma Ordinária para o exame das outras matérias suscitadas no recurso voluntário e não apreciadas naquela fase processual em razão do que lá foi decidido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 19 84 /2 00 3- 25 Fl. 530DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial relativamente à contagem de prazo decadencial para constituição de crédito tributário. A recorrente insurgise contra o Acórdão nº 180300.221, de 01/09/2010, por meio do qual a 3ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, acolheu preliminar de decadência e cancelou a exigência fiscal contida nestes autos. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1997 DECADÊNCIA. IRPJ. A partir de janeiro de 1992, por força do artigo 38 da Lei n° 8.383/91, o IRPJ passou a ser tributo sujeito ao lançamento pela modalidade homologação. O início da contagem do prazo decadencial é o da ocorrência do fato gerador do tributo, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do §4º do artigo 150 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 4 3 A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à lei tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL o acórdão recorrido aplicou o art. 150, §4º, do CTN, indistintamente, sem qualquer ressalva, sem aferir sobre a existência ou não de pagamento antecipado. Considerou apenas que, pelo IRPJ tratarse de tributo sujeito â modalidade de lançamento por homologação, deveria ser aplicado o dispositivo mencionado, afastando a aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, mesmo diante da ausência de comprovação de recolhimento antecipado do tributo nos autos; assim, acolheu a preliminar de decadência com relação anocalendário de 1997. É a ementa do julgado recorrido: [...]; a respeito do prazo para a constituição de créditos tributários relativos a tributos sujeitos a lançamento por homologação, o entendimento jurisprudencial que fundamenta o presente recurso diverge do adotado pela Col. Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF, e está representado nos acórdãos paradigmas cujas ementas estão abaixo transcritas (cópias anexas): Acórdão 910100460 Ementa: DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173. inciso I. do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP nº 973.733 SC, submetido ao regime do art. 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Acórdão 330100359 COFINS E PIS. DECADÊNCIA. Uma vez que o STF, por meio da Súmula Vinculante nº 08, considerou inconstitucional o art. 45 da Lei n9 8.212/91, há que se reconhecer a decadência em conformidade com o disposto no Código Tributário Nacional. Assim, o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente à Cofins e ao PIS decai no prazo de cinco anos fixado pelo CTN, sendo, com fulcro no art. 150, §4º. caso tenha havido antecipação de pagamento, inerente aos lançamentos por homologação, ou artigo 173, I, em caso contrário. Fl. 532DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 5 4 a demonstração da divergência na espécie é cristalina pelo próprio teor das ementas colacionadas. Em todos os casos confrontados, questionase qual seria o dispositivo aplicável para aferição do prazo decadencial tratandose de tributos sujeitos à modalidade do lançamento por homologação, na hipótese de total ausência de pagamento. Contudo, enquanto os acórdãos paradigmas consideraram que no caso aplicase o art. 173, inciso I, do CTN, pela ausência de antecipação de pagamento, o acórdão recorrido ao revés, apenas ponderou que, simplesmente por tratarse de tributo sujeito ao lançamento por homologação, deveria ser aplicado o art. 150, §4º, do CTN; com efeito, quando o sujeito passivo da obrigação tributária antecipa adequadamente o pagamento, a contagem do prazo decadencial tem início na data da ocorrência do fato gerador, conforme o disposto no art. 150, §4º do CTN; por outro lado, não havendo recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do respectivo crédito tributário regerseá pelo contido no art. 173, I, do CTN; cabe observar inclusive que no Acórdão nº 330100359, indicado acima como paradigma, muito embora se tratasse de lançamento decorrente de falta/insuficiência de recolhimento e diferença entre o valor escriturado e o declarado/pago, o Colegiado, para aferir qual o dispositivo aplicável à espécie, não se baseou em ilações ou presunções. Ao revés, recorreu aos elementos coligidos aos autos pela fiscalização Demonstrativos elaborados pela fiscalização atestando que neles não constava informação sobre a existência de pagamento antecipado dos tributos devidos no caso (PIS e COFINS), também tributos sujeitos a lançamento por homologação; no caso em tela, não consta pagamento, devidamente confirmado, do tributo em discussão. Portanto, para fins de contagem de prazo decadencial, não deve ser aplicado o art. 150, §4º, CTN, e sim, o art. 173, I, do CTN; dessa forma, demonstrado o dissídio jurisprudencial, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso, consoante o disposto no artigo 67 do RICARF; DOS FUNDAMENTOS PARA REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO para os tributos sujeitos a lançamento por homologação em que o contribuinte calcula o montante devido e antecipa adequadamente o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o CTN, no art. 150, §4º, estabelece o seguinte: [...]; ocorre que, adotandose o cuidado necessário ao perfeito entendimento da legislação tributária, tornase imprescindível atentar para o que dispõe o art. 149, V, CTN: no caso em tela, está claro que o art. 150 do CTN foi contrariado, já que não houve recolhimento do tributo. Portanto, em face da ausência de pagamento, cabível é a aplicação do art. 149, V, do CTN, motivo pelo qual foi efetuado o lançamento de ofício pela autoridade administrativa; ora, se inexato o pagamento antecipado, negase a homologação e operase o lançamento de ofício (CTN 149, V); se omisso na antecipação do pagamento, nada há Fl. 533DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 6 5 passível de homologação e a exigência se formalizará por ato de ofício da administração (CTN 149, V); sendo o lançamento de ofício, para fins de contagem de prazo decadencial, não se aplica o art. 150, §4º, CTN e sim o art. 173, I, que assim dispõe: [...]; como se vê, não há que se falar em homologação do art. 150 do CTN prolatável no prazo de 5 anos contados do fato gerador. Ao contrário, sob o amparo do art. 149, V, a Administração poderá exercer o direito de lançar de ofício, enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública na forma do art. 173 do CTN; e, nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, conforme ementa abaixo: [...]; registrese que a matéria concernente ao termo inicial de contagem do prazo decadencial de tributos foi recentemente objeto do procedimento de recurso especial representativo de controvérsia, nos termos do art. 543C do CPC, verbis: [...]; no acórdão proferido no Recurso Especial nº 973.733SC, autos nº 2007/01769940, admitido nos termos do dispositivo legal acima transcrito, o STJ entendeu que: [...]; o entendimento acima sedimentado e agora pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça não deixa espaços para outras divagações ou interpretações senão a amplamente exposta e defendida pela Fazenda Pública: ainda que se trate de tributo sujeito ao lançamento sob a modalidade por homologação, não ocorrendo a antecipação do pagamento do tributo apurado, para aferição do prazo decadencial, deverá ser aplicada a regra prevista no artigo 173, inciso I, do CTN, independentemente da constatação de ocorrência de fraude, dolo ou simulação na espécie; assim, diante do entendimento agasalhado pelo STJ acerca da matéria decadência em sede de recurso repetitivo, é necessário voltar a atenção para o disposto no art. 62A do RICARF, verbis: [...]; cabe observar que, no andamento processual do Recurso Especial em epígrafe, consta o trânsito em julgado do acórdão alhures transcrito em 22/10/2009; registrese que o recolhimento antecipado do tributo deve estar devidamente comprovado nos autos e que declaração não equivale necessariamente à antecipação de pagamento. Não se deve olvidar que a DIPJ sequer possui caráter de confissão de dívida. Ademais, cumpre averbar que retenção não é sinônimo de recolhimento dos respectivos valores aos cofres públicos; noutros termos, a constatação de que ocorreu o recolhimento antecipado do tributo deve derivar de provas carreadas aos autos e não advir de mera presunção por parte do julgador; logo, a antecipação do pagamento do tributo deve estar lastreada em prova hábil e idônea à comprovação desse fato (DARF's, relatório e/ou planilhas elaboradas pela auditoria fiscal, etc); Fl. 534DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 7 6 cabe destacar que a alegação de decadência é matéria de defesa que contém a afirmação de fato impeditivo do direito da União de exigir o crédito tributário. Assim, nos termos do art. 333, inciso II, do Código de Processo Civil, o ônus da prova do pagamento é do contribuinte para fins de aplicação do art. 150, §4º, do CTN na contagem do prazo decadencial segundo a tese aqui esposada; a ausência de antecipação do recolhimento do tributo devido resta demonstrada de forma patente, ante a inexistência nos autos de qualquer documento hábil e suficiente à sua demonstração, nos termos já destacados. Ao revés, a total ausência de recolhimento antecipado do tributo, foi constatada pela auditoria fiscal no Auto de Infração de fls. 58/59 e no Termo de Verificação Fiscal de fls. 53/54. Aliás o próprio voto condutor atesta essa esse fato, conforme já consignado no trecho transcrito alhures; nessa mesma linha, a própria decisão de primeira instância atesta a inexistência de recolhimento antecipado do tributo devido, requisito exigido pelo art. 150, §4º do CTN para ensejar a sua aplicação. Senão vejase o seguinte excerto: [...]; vêse expresso nos termos do artigo 150, §4º do CTN o requisito de prévio pagamento para aplicação do prazo ali previsto. Esse é o fato positivo que, uma vez conhecido da administração tributária, move a autoridade a iniciar os eventuais procedimentos para aferir a regular satisfação da obrigação principal; já no período em questão, conforme salientado acima, inexiste prova hábil e idônea a comprovar a existência de pagamento antecipado a suscitar a homologação tácita pretendida; e, neste contexto, adotando o regime geral de decadência previsto no Código Tributário Nacional, concluise que não há óbice ao lançamento de ofício formalizado. Isto porque, a matéria está tratada no referido diploma legal, nos moldes do artigo 173, inciso I; assim, para o fato gerador correspondente ao anocalendário de 1997, 31/12/1997, o lançamento poderia ser efetuado somente no ano seguinte, fazendo com que o início do prazo decadencial fosse conduzido para o dia 1º de janeiro de 1999 (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Contandose o prazo de cinco anos, temse que a decadência somente ocorreria em 01/01/2004. Como a ciência do lançamento aconteceu em 28/05/2003 (fl. 58), não houve lançamento a destempo; apenas a título de nota, a fim de melhor esclarecer o dies a quo do prazo de decadência, impende salientar que o Superior Tribunal de Justiça vem acolhendo as alegações da Fazenda Nacional em sede de Embargos de Declaração após o julgamento de recurso repetitivo no qual se decidiu a respeito do dispositivo aplicável para a contagem do lapso decadencial, consoante se pode vislumbrar do precedente abaixo colacionado: [...] (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 674.497/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/02/2010, DJe 26/02/2010); a Primeira Turma da CSRF, acompanhando esse entendimento, em recente julgamento, realizado nos autos do processo administrativo nº 10805.000649/200451, assentou que o termo inicial da decadência, de acordo com o art. 173, I, do CTN, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado, consoante a literalidade do CTN; Fl. 535DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 8 7 como conclusão, permanece lídimo o período objeto do presente lançamento, não havendo que se falar em decadência na espécie, em razão da aplicação do art. 173, inciso I, do CTN. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da PGFN, a Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho n° 1400 00.400, de 24/06/2011, admitiu o recurso com base na seguinte análise sobre a divergência suscitada: O acórdão recorrido recebeu a ementa abaixo: [...] De acordo com o respectivo voto condutor, in verbis: [...] Por sua vez, a recorrente aduz haver interpretação divergente conferida por outros colegiados à lei tributária, consubstanciada nos seguintes julgados: [...] Conforme visto, no acórdão recorrido, mesmo diante da constatação de que "não houve pagamento pois a empresa registrou prejuízos fiscais'", prevaleceu a interpretação de que o prazo decadencial deve ser regulado pelo art. 150, §4°, do Código Tributário Nacional, exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude e simulação. A seu turno, os acórdãos paradigmas consideraram como condição essencial a atrair a incidência do art. 150, §4°, do CTN, a antecipação de pagamento, o que basta à identificação da divergência jurisprudencial suscitada. Presentes os requisitos de admissibilidade, PROPONHO, com base no artigo 25 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria n° 256, de 22/06/09, c/c itens 4.1 e 4.3 da Ordem de Serviço CARF n° 01, de 22/10/09, seja ADMITIDO o recurso especial interposto. Em 22/04/2013, a contribuinte foi intimada do despacho que admitiu o recurso especial da PGFN, e ela não apresentou contrarrazões ao recurso. É o relatório. Fl. 536DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto lançamento a título de IRPJ com fato gerador ocorrido em 31/12/1997 (lucro real anual). O motivo da autuação é que a contribuinte não computou na base de cálculo do IRPJ a realização mínima do lucro inflacionário acumulado. Na DIPJ, a contribuinte tinha apurado prejuízo no valor de R$ 902.593,34, e a realização mínima do lucro inflacionário, segundo a Fiscalização, era de R$ 1.083.713,21. Com a adição do lucro inflacionário realizado, deixou de haver prejuízo, apurandose um lucro real de R$ 181.119,87, sobre o qual foi calculado o IRPJ. O lançamento foi cientificado à contribuinte em 28/05/2003. A controvérsia que chega a essa fase de recurso especial diz respeito à divergência jurisprudencial sobre a contagem do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. O acórdão recorrido reconheceu a decadência com base no art, 150, §4º, do CTN, com o entendimento de que "para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação (art. 150, § 4º do CTN), o dies a quo para início da contagem do lapso decadencial é a data do fato gerador, independentemente de ter ou não havido pagamento, exceto nos casos em que comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação". Quanto a essa questão sobre decadência, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento (decisão que foi citada tanto no recurso especial, quanto nas contrarrazões): PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (Precedentes da Primeira Seção: REsp Fl. 537DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 10 9 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008). Essa interpretação deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, conforme determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. De acordo com o STJ, devese aplicar o artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito. No sentido inverso, há duas condições para a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN: 1) haver pagamento ou 2) haver declaração prévia do débito. Não se pode, portanto, deixar de reconhecer a relevância da existência ou não de pagamento ou de declaração/confissão do débito (ainda que parciais) para fins de definição do critério para a contagem de prazo decadencial. Aliás, vale frisar que todo esse debate em torno da relevância do pagamento ou da declaração/confissão de débito para análise de decadência de lançamento posteriormente realizado pelo Fisco pressupõem pagamento e/ou declaração/confissão parciais mesmo. Até porque o Fisco não realizaria nenhum lançamento de ofício para constituir crédito tributário que já foi em momento anterior integralmente pago ou declarado/confessado pelo contribuinte. Assim, o fundamento da decisão recorrida (favorável à contribuinte) não se sustenta diante da referida decisão do STJ exarada na sistemática dos recursos repetitivos. Compulsando os autos (vol. 1, efls. 54/57), vêse que a autuação fiscal partiu da apuração constante da DIPJ apresentada pela contribuinte. A realização mínima do lucro inflacionário (R$ 1.083.713,21) foi adicionada ao prejuízo apurado na DIPJ (R$ 902.593,34), o que resultou num lucro real de R$ 181.119,87, sobre o qual foi calculado o IRPJ exigido nestes autos, com a multa normal de 75%. O acórdão recorrido afirma que "não houve pagamento pois a empresa registrou prejuízos fiscais no período de apuração encerrado em 31/12/1997". Assim, portanto, improcedente a aplicação de decadência. É ainda oportuno registrar que na fase de recurso voluntário, a contribuinte suscitou questões sobre outras matérias, quais sejam, inaplicabilidade de multa ao sucessor; irretroatividade da Lei n° 8.200/91; não obrigatoriedade de se proceder a correção IPC x BTNF e inaplicabilidade da taxa SELIC à título de juros de mora. Entretanto, o exame dessas matérias restou prejudicado na fase anterior, porque houve o reconhecimento da decadência. Fl. 538DF CARF MF Processo nº 19515.001984/200325 Acórdão n.º 9101003.246 CSRFT1 Fl. 11 10 Desse modo, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial da PGFN, determinando que os autos sejam devolvidos à Turma Ordinária para o exame das outras matérias suscitadas no recurso voluntário e não apreciadas naquela fase processual em razão do que lá foi decidido. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 539DF CARF MF
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Numero do processo: 15582.000895/2008-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
CRÉDITO DO CONTRIBUINTE RECONHECIDO E COM DÉBITO EXTINTO PELA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, SEM ACRÉSCIMO DA MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA CARACTERIZADA. STJ. RECURSO REPETITIVO.
A Declaração de Compensação após o vencimento do tributo, sem qualquer procedimento prévio, incluindo fiscalização ou a confissão mediante a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), extingue o crédito tributário, sem acréscimo da multa de mora, caracterizando a denúncia espontânea, prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, segundo o Recurso Especial nº1.149.022, julgado pelo Eg. Superior Tribunal de Justiça com efeito repetitivo.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 1201-001.832
Decisão: (assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente
(assinando digitalmente)
RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator
EDITADO EM: 25/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (presidente da turma), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: Rafael Gasparello Lima
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 CRÉDITO DO CONTRIBUINTE RECONHECIDO E COM DÉBITO EXTINTO PELA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, SEM ACRÉSCIMO DA MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA CARACTERIZADA. STJ. RECURSO REPETITIVO. A Declaração de Compensação após o vencimento do tributo, sem qualquer procedimento prévio, incluindo fiscalização ou a confissão mediante a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), extingue o crédito tributário, sem acréscimo da multa de mora, caracterizando a denúncia espontânea, prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, segundo o Recurso Especial nº1.149.022, julgado pelo Eg. Superior Tribunal de Justiça com efeito repetitivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente (assinando digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA Relator EDITADO EM: 25/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (presidente da turma), Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 2. 00 08 95 /2 00 8- 11 Fl. 124DF CARF MF 2 Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, Luis Henrique Marotti Toselli e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Em Despacho Decisório nº 804812664 (fl. 21), a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES deferiu a integralidade do crédito original de pagamento a maior de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), porém, homologou parcialmente a Declaração de Compensação (DCOMP) do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), período de apuração de outubro de 2003 (fl. 26). O referido Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) foi declarado à compensação após seu vencimento, somente com acréscimo de juros pela Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). A Declaração de Compensação (DCOMP), versão original, foi transmitida em 27 de fevereiro de 2004 e, na mesma data, justificando a ausência de multa de mora, a Recorrente declarou sua denúncia espontânea à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES, mediante correspondência própria (fl. 30), ressaltando "que até a presente data não houve o antecedente procedimento administrativo fiscal e que também não se encontra sob ação fiscal". A Recorrente impugnou o mencionado Despacho Decisório através da sua Manifestação de Inconformidade (fls. 1 a 9), que foi julgada improcedente pelo acórdão nº 12 30.154 (fls. 40 e 41), prolatado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ I), a seguir ementado: Em síntese, o acórdão recorrido concluiu que a denúncia espontânea, preceituada no artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN), "não afasta a multa de mora, de índole indenizatória e destituída de caráter de punição". (fl. 41). Em 7 de junho de 2011, a Recorrente foi intimada do acórdão nº 1230.154, interpondo seu Recurso Voluntário em 7 de julho de 2011, reiterando a inexigibilidade da Fl. 125DF CARF MF Processo nº 15582.000895/200811 Acórdão n.º 1201001.832 S1C2T1 Fl. 125 3 multa de mora pela denúncia espontânea, citando o artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN), a doutrina e a jurisprudência. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima O Recurso Voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Inicialmente, frisese que a multa moratória foi constituída, exclusivamente, pela transmissão da Declaração de Compensação (DCOMP) após o vencimento do tributo, sem qualquer procedimento prévio, incluindo fiscalização ou a confissão mediante a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). A denúncia espontânea é um procedimento que antecede qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, que exclui a responsabilidade do contribuinte pelo inadimplemento tributário, exigindo o pagamento devido com o acréscimo de juros de mora, consoante o artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN): "Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração." Os precedentes deste Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) excluem a responsabilidade pela multa de mora na hipótese dos autos, como adiante exemplificado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DE DÉBITO NÃO CONSTITUÍDO ANTES DE PROCEDIMENTO FISCALIZATÓRIO. OCORRÊNCIA EFICAZ. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração apenas parcial de um débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo adimplemento, procede voluntariamente (antes de qualquer Fl. 126DF CARF MF 4 procedimento de fiscalização) à quitação do valor remanescente, simultânea ou posteriormente noticiando ao Fisco da existência daquela diferença. Matéria julgada pelo E. STJ (REsp nº 1.149.022/SP), na sistemática dos recursos repetitivos. (acórdão nº 1402002.420, 4ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, sessão de 22/03/2017) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/12/2004, 15/01/2005 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito. COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A correta declaração e o pagamento ou compensação antes de qualquer medida de fiscalização são requisitos para o reconhecimento da denúncia espontânea. (acórdão nº 3301003.218, 3ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/02/2017) Por sua vez, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ) uniformizou a jurisprudência sobre o tema, quando do julgamento do Recurso Especial (Resp) nº 1.149.022, apreciado com efeito repetitivo, segundo o artigo 543C do Código de Processo Civil (CPC/1973), in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA. MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). Fl. 127DF CARF MF Processo nº 15582.000895/200811 Acórdão n.º 1201001.832 S1C2T1 Fl. 126 5 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Finalmente, considerando a exposição acima, não há aplicabilidade da Súmula nº 49, editada por este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), vez que restrita à "penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração". Isto posto, voto pelo conhecimento do Recurso Voluntário e, no mérito, DOULHE PROVIMENTO para excluir a multa de mora, homologando a Declaração de Compensação (DCOMP) até o limite do crédito deferido. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 128DF CARF MF 6 Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.721334/2012-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/01/2009 a 31/12/2009
REPERCUSSÃO GERAL. RECONHECIMENTO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE SOBRESTAMENTO.
O processo administrativo é regido pelo princípio da oficialidade. Não há lei ou norma regimental que autorize o sobrestamento do julgamento em razão do reconhecimento, pelo STF, de repercussão geral de matéria ainda pendente da decisão judicial. Suspensão do julgamento indeferida.
DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS.
A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considera-se não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. CONTRIBUIÇÃO DAS AGROINDÚSTRIAS. MATÉRIA SOB EXAME JUDICIAL. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. ATIVIDADE VINCULADA.
Não compete ao Carf arredar a norma vigente sob a alegação de inconstitucionalidade (Súmula Carf nº 2). Aplica-se a lei vigente se outra norma jurídica na a afastar. As agroindústrias estão sujeitas à contribuição prevista no art. 22-A da Lei nº 8.212, de 1991.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. AGROINDÚSTRIAS. BASE DE CÁLCULO. COMPOSIÇÃO. ICMS.
A contribuição para a seguridade social das agroindústrias prevista no art. 22-A da Lei nº 8.212, de 1991, incide sobre a receita bruta, que é integrada pelo ICMS. Não há norma jurídica a afastar a aplicação do conceito legal.
Numero da decisão: 2301-005.156
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, (a) por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso voluntário, não conhecendo da questão da inconstitucionalidade de lei; (b) por maioria de votos, rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento do feito; vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que a deferia; (c) por unanimidade de votos, considerar não formulado o pedido de diligência; no mérito, (d) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(assinado digitalmente)
João Maurício Vital - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Júnior.
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/01/2009 a 31/12/2009 REPERCUSSÃO GERAL. RECONHECIMENTO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE SOBRESTAMENTO. O processo administrativo é regido pelo princípio da oficialidade. Não há lei ou norma regimental que autorize o sobrestamento do julgamento em razão do reconhecimento, pelo STF, de repercussão geral de matéria ainda pendente da decisão judicial. Suspensão do julgamento indeferida. DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS. A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considera-se não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. CONTRIBUIÇÃO DAS AGROINDÚSTRIAS. MATÉRIA SOB EXAME JUDICIAL. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. ATIVIDADE VINCULADA. Não compete ao Carf arredar a norma vigente sob a alegação de inconstitucionalidade (Súmula Carf nº 2). Aplica-se a lei vigente se outra norma jurídica na a afastar. As agroindústrias estão sujeitas à contribuição prevista no art. 22-A da Lei nº 8.212, de 1991. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. AGROINDÚSTRIAS. BASE DE CÁLCULO. COMPOSIÇÃO. ICMS. A contribuição para a seguridade social das agroindústrias prevista no art. 22-A da Lei nº 8.212, de 1991, incide sobre a receita bruta, que é integrada pelo ICMS. Não há norma jurídica a afastar a aplicação do conceito legal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, (a) por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso voluntário, não conhecendo da questão da inconstitucionalidade de lei; (b) por maioria de votos, rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento do feito; vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que a deferia; (c) por unanimidade de votos, considerar não formulado o pedido de diligência; no mérito, (d) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior - Presidente. (assinado digitalmente) João Maurício Vital - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Júnior.
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RECONHECIMENTO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE SOBRESTAMENTO. O processo administrativo é regido pelo princípio da oficialidade. Não há lei ou norma regimental que autorize o sobrestamento do julgamento em razão do reconhecimento, pelo STF, de repercussão geral de matéria ainda pendente da decisão judicial. Suspensão do julgamento indeferida. DILIGÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS. A solicitação de perícia e diligência deve atender aos os requisitos do art. 16, IV do Decreto 70.235/72. Considerase não formulado o pedido de perícia ou diligência em desacordo com as exigências legais. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. CONTRIBUIÇÃO DAS AGROINDÚSTRIAS. MATÉRIA SOB EXAME JUDICIAL. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. ATIVIDADE VINCULADA. Não compete ao Carf arredar a norma vigente sob a alegação de inconstitucionalidade (Súmula Carf nº 2). Aplicase a lei vigente se outra norma jurídica na a afastar. As agroindústrias estão sujeitas à contribuição prevista no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. AGROINDÚSTRIAS. BASE DE CÁLCULO. COMPOSIÇÃO. ICMS. A contribuição para a seguridade social das agroindústrias prevista no art. 22 A da Lei nº 8.212, de 1991, incide sobre a receita bruta, que é integrada pelo ICMS. Não há norma jurídica a afastar a aplicação do conceito legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 72 13 34 /2 01 2- 94 Fl. 2610DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, (a) por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso voluntário, não conhecendo da questão da inconstitucionalidade de lei; (b) por maioria de votos, rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento do feito; vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que a deferia; (c) por unanimidade de votos, considerar não formulado o pedido de diligência; no mérito, (d) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (assinado digitalmente) João Maurício Vital Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Júnior. Relatório Tratase de lançamento de ofício, Debcad nº 51.020.2900, para a exigência das contribuições previdenciárias devidas pelas agroindústrias, nos termos do art. 22A da Lei nº 8.212, 24 de julho de 1991. No caso destes autos, consta do Relatório Fiscal (efl. 2365 e seguintes) que o sujeito passivo não recolheu e nem declarou em Gfip os débitos de contribuição previdenciária incidentes sobre receitas brutas provenientes da comercialização, no mercado interno, da produção própria ou adquirida de terceiros, relativos aos períodos de 1/2009 a 12/2009. Os valores devidos foram apurados com base em notas fiscais de saída, registros contábeis e outras informações fornecidas à Autoridade Fiscal pelo contribuinte. Na impugnação, a Recorrente sustentou que a exação seria inconstitucional, que o Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não deveria compor a base de cálculo e que não incidiria taxa Selic sobre a multa de ofício. Solicitou, ainda, que o julgamento dos autos ocorresse em conjunto com os demais processos decorrentes da mesma fiscalização. A DRJ/Recife, unanimemente, deu por improcedente a impugnação pelos seguintes motivos: a) na inexistência de decisão judicial hábil a afastar a constitucionalidade da aplicação da norma tributária ao caso, prevalece o disposto no parágrafo único do art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN); b) o ICMS integra o preço do produto e, por falta de disposição legal, não pode ser excluído da base de cálculo da contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta; c) a impugnante não tem interesse de agir no que se refere à incidência de juros, à taxa Selic, sobre a multa de ofício porque não consta dos autos essa incidência, e Fl. 2611DF CARF MF Processo nº 10410.721334/201294 Acórdão n.º 2301005.156 S2C3T1 Fl. 2.611 3 d) inexiste mandamento legal que determine o julgamento simultâneo de distintos processos administrativos fiscais. É o relatório essencial. Voto Conselheiro João Maurício Vital Relator. O recurso (efls. 2598 a 2604) é tempestivo. Alega, a Recorrente, que a contribuição previdenciária devida pelas agroindústrias com base no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991, seria inconstitucional. Entretanto, consoante o disposto na Súmula Carf nº 2, não compete ao Carf arredar a norma vigente sob a alegação de inconstitucionalidade: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, conheço do recurso, exceto em relação à alegação de inconstitucionalidade. Preliminares Do pedido de suspensão do julgamento até a manifestação final sobre a constitucionalidade a contribuição prevista no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991 A Recorrente solicitou a suspensão do julgamento do presente processo até que seja julgado, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o RE nº 611.601. De fato, a constitucionalidade da contribuição prevista no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991, está sob exame do STF, em rito de repercussão geral. O processo administrativo é regido pelo princípio da oficialidade, devendo ser impulsionado ex officio, conforme determina o inc. XII do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Não há qualquer previsão legal ou regimental que autorize a suspensão do marcha processual em razão de a constitucionalidade de matéria estar pendente de decisão, ainda que esteja submetida à repercussão geral, pelo quê indefiro o pedido de sobrestamento do julgamento do feito. Do pedido de diligência A Recorrente requer diligências na hipótese de o colegiado entender necessárias provas adicionais. A solicitação não observou o disposto no inc. IV do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, e, portanto, considero não formulado o pedido, nos termos do § 1º do art. 16 daquele regulamento. Ademais, o caso não inspira a necessidade de novas provas. Mérito Fl. 2612DF CARF MF 4 Da exclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição previdenciária A Recorrente alega a base de cálculo considerada pela Autoridade Fiscal continha o ICMS, tributo estadual que não consistiria receita do contribuinte, mas do estado membro. Requer, pois, que a base de cálculo seja recomposta, excluindose o ICMS, e a contribuição social seja, então, recalculada. O acórdão recorrido afirma, quanto à matéria, que a contribuição em questão incide sobre a receita bruta, que é composta também pelo ICMS, já que é tributo calculado por dentro, integrando o preço do produto. Discorre, ainda, que, por ausência de previsão legal, o valor do ICMS não pode ser excluído, devendo compor a base de cálculo. Não há dúvidas de que a base de cálculo da contribuição dos autos é a receita bruta proveniente da comercialização da produção, nos termos do art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991. Portanto, há que se aclarar o conceito de receita bruta para a determinação do quantum tributável. A despeito das controvérsias jurídicas, a receita bruta está bem definida pelo menos em duas leis que são afetas ao universo tributário. Como base legal fundamental no campo econômico brasileiro, a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, assim estabelece: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; ......................................................................................................... A apuração do resultado econômico da atividade empresarial, conforme entendimento absolutamente sedimentado na doutrina contábil e universalmente aceito, segue a estrutura definida na Lei nº 6.404, de 1976, aqui simplificada: (+) Receita bruta de vendas de bens e serviços () Deduções de vendas () abatimentos de vendas () impostos incidentes sobre a venda (=) Receita líquida de venda de bens e serviços () Custo das mercadorias e serviços (=) Lucro bruto Em outras palavras, as deduções, impostos e abatimentos sobre as vendas integram a receita bruta, segundo a norma societária. O mesmo conceito foi transposto para a norma tributária e está estabelecido no DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, que assim, originalmente, asseverava, até o advento da Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014: Fl. 2613DF CARF MF Processo nº 10410.721334/201294 Acórdão n.º 2301005.156 S2C3T1 Fl. 2.612 5 Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. O entendimento de que os impostos incidentes sobre a venda integravam a receita bruta derivava do conceito legal e contábil da receita líquida. Ora, se receita líquida resultava da dedução, da receita bruta, de certas parcelas, essas parcelas estavam contidas na receita bruta. Essa inteligência foi aclarada com o advento da Lei nº 12.973, de 2014, que deu nova redação ao art. 12 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, que passou a vigorar da seguinte forma: Art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: I devoluções e vendas canceladas; II descontos concedidos incondicionalmente; III tributos sobre ela incidentes; e IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. O conceito foi mantido e ficou mais evidente com a nova redação, ou seja, devoluções e vendas canceladas, descontos incondicionais e tributos sobre a venda integram a receita bruta. A matéria tem caminhado para uma pacificação de entendimento, na medida em que a doutrina e a jurisprudência vêm se convergindo na interpretação de que o ICMS não compõe o faturamento e, portanto, também não faz parte da receita bruta. Essa definição certamente terá impacto em futuras relações tributárias e contratuais. Todavia, não está claro quais serão as consequências para os fatos pretéritos, inclusive os fatos geradores de tributos já ocorridos. Em que pese o STF tenha fixado a tese, nos autos do RE nº 574.706/PR, cuja ementa foi publicada no DJe nº 223/2017, de 2 de outubro de 2017, de que o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins, não se pronunciou quanto à composição da base de cálculo de outros tributos, como a contribuição previdenciária das Fl. 2614DF CARF MF 6 agroindústrias. Ademais, aquela decisão ainda carece de definitividade, porquanto está sujeita a embargos. Por essas razões, não cabe, ao caso, a aplicação do art. 62, § 1º, inc. II, alínea b, do Ricarf. Portanto, para efeito de incidência da contribuição previdenciária sobre a receita bruta das agroindústrias, aplicase o conceito dado pelo DecretoLei nº 1.598, de 1977, e, considerando que o lançamento é atividade plenamente vinculada, nos termos dos arts. 3º e 142, parágrafo único, do CTN, não há como deixar de observar a disposição legal e excluir, da base de cálculo da contribuição das agroindústrias, o ICMS ou qualquer outro tributo incidente sobre as vendas, razão pela qual indefiro o pedido de exclusão. Conclusões Voto, pois, por não conhecer do recurso em relação à alegação de inconstitucionalidade do art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991, rejeitar a preliminar de suspensão do julgamento do feito, considerar não formulado o pedido de diligência e, no mérito, negar provimento ao recurso. Conselheiro João Maurício Vital Relator Fl. 2615DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.020016/2009-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2006
COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica.
Numero da decisão: 9303-005.968
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Tatiana Midori Migiyama e Demes Brito.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*
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camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/08/2006 COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Tatiana Midori Migiyama e Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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ALARGAMENTO DA BC. Recorrente BANCO BMG S/A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2006 COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Tatiana Midori Migiyama e Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 02 00 16 /2 00 9- 81 Fl. 710DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo sujeito passivo, com fundamento no art. 67, do anexo II, do antigo regimento interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, em face do Acórdão nº 3102002.217, de 28/05/2014, o qual possui a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/08/2006 COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de repercussão geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarados inconstitucional o § 1º e constitucional o caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS todo o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/08/2006 PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DECISÃO JUDICIAL FAVORÁVEL AO SUJEITO PASSIVO. APLICAÇÃO. À autoridade administrativa compete fazer cumprir a decisão judicial favorável ao sujeito passivo. Inerente a esse procedimento a interpretação do alcance da sentença ou acórdão proferidos em juízo. Recurso Voluntário Negado Fl. 711DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 4 3 Para melhor contextualizar os fatos ocorridos, transcrevo parte do relatório da decisão recorrida: Lavrouse contra o contribuinte acima identificado o presente Auto de Infração, relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls.03/07), correspondente ao período de apuração de agosto de 2006, totalizando um crédito tributário de R$ 7.732.991,93, incluindo multa de oficio e juros de mora. A autuação ocorreu em virtude de insuficiência de declaração e recolhimento da contribuição no período acima identificado, conforme o Termo de Verificação Fiscal (TVF), de fls. 08/10. A fiscalização destaca no TVF que o contribuinte propôs a Ação Rescisória n° 2006.01.00.0107238, contra o Acórdão do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0212911, que foi julgada procedente, concedendo à empresa o direito de calcular a Cofins utilizando o conceito de faturamento precedente à Lei n° 9.718, de 1998 (o constante do art. 2° da LC n°70, de 1991) e legitimando a majoração da alíquota (art. 8° da Lei n° 9.718, de 1998). Tal decisão transitou em julgado em 06/04/2009. No mês de agosto/2006, o contribuinte declarou apenas o valor da Cofins correspondente às taxas e tarifas, que configuram os serviços bancários, conforme o seu entendimento. No entanto, a PGFN, nos termos do Parecer PGFN/CAT n° 2.773, de 2007, formulado em decorrência da Nota Técnica Cosit/SRF n° 21, de 28/08/2006, firmou entendimento de que, apesar da declaração de inconstitucionalidade da base ampliada, o faturamento, correspondente à receita bruta das vendas de mercadorias e de serviços, compreende a totalidade das receitas advindas com as atividades principais e acessórias desenvolvidas nos termos do objeto social da pessoa jurídica. Assim, no caso das instituições financeiras, o resultado da atividade de intermediação financeira, apesar de não sujeita à ação de faturar, constituindo ato de comércio e decorrente da própria atividade negocial da empresa, integra o seu faturamento, base de cálculo da Cofins. Foram utilizados para o cálculo da contribuição devida os valores registrados na contabilidade e discriminados na planilha apresentada pelo contribuinte, na forma estabelecida pelo art. 95 da IN SRF n° 247, de 2002, excluindose as receitas não operacionais que não fazem parte da base de cálculo da Cofins por força da declaração de inconstitucionalidade do §1° do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998. (...) Assim, como se depreende da ementa do acórdão recorrido, a Turma negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte com o entendimento de que declarados inconstitucional o §1º e constitucional o caput do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, deve integrar a base de cálculo da Cofins todo o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. O contribuinte apresentou recurso especial de divergência, efls. 626/ss, pleiteando a reforma do julgamento, argumentando que a incidência da Cofins deve se dar sobre o faturamento, assim entendido a receita de venda de mercadoria e de prestação de Fl. 712DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 5 4 serviço. No seu entender as receitas financeiras não estariam contidas nesse conceito. Aduz que o STF, ao declarar a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, teria assegurado o direito do contribuinte ao recolhimento das contribuições exclusivamente sobre o seu faturamento, não tendo analisada a questão sob o enfoque das receitas operacionais, como teria entendido o acórdão recorrido. Assim, conclui que a receita de prestação de serviços, que configura o faturamento das instituições financeiras e seguradoras engloba apenas as taxas e tarifas cobradas pelas instituições, sendo que as receitas da atividade financeira propriamente dita estariam fora do conceito de faturamento fixado pelo STF. O contribuinte assevera ainda ser imperioso o cancelamento do acórdão recorrido sob pena de ofensa direta à coisa julgada formada nos autos da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238, que, na sua compreensão, teria determinado que a base de cálculo da Cofins fosse calculada com base no faturamento, tal qual previsto na Lei Complementar nº 70/91. O recurso especial foi admitido, conforme despacho de admissibilidade de e fls. 678/ss, pelo então Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento. A PFN apresentou, tempestivamente, contrarrazões, efls. 686/ss, pedindo que seja negado provimento ao recurso. Em apertada síntese, defende o entendimento no sentido de que para as instituições financeiras as receitas decorrentes de prestação de serviços abrangem tanto as advindas da cobrança de taxas e tarifas quanto aquelas de intermediação financeira. Aduz que não pode se depreender da declaração de inconstitucionalidade do STF que o conceito de faturamento é restrito e, muito menos, que ele pode ser extraído das disposições literais da LC nº. 07/70. Isso porque a declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, não alterou, nesse particular, o critério definidor da base de incidência das contribuições como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus objetivos sociais. Assim, por perfilar desse entendimento, afirma inexistir violação à coisa julgada formada nos autos da ação judicial proposta pelo contribuinte. É o relatório. Fl. 713DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Relator. O recurso especial do sujeito passivo é tempestivo e atende aos demais requisitos formais para o seu conhecimento. O acórdão paradigma apresentado pela recorrente representa bem a divergência de interpretação e, portanto, deve ser conhecido, ressaltando que a PFN não contestou aspectos relativos ao conhecimento do recurso. No mérito, discutese entendimento sobre o que vem a ser “receita” para as instituições do mercado financeiro. Como relatado, a Recorrente obteve decisão judicial (em Ação Rescisória n° 2006.01.00.0107238, contra o Acórdão do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0212911) para calcular a Cofins utilizando o conceito de faturamento precedente à Lei n° 9.718, de 1998, ou seja, o constante do art. 2º da LC nº 70, de 1991. Esse entendimento fica claro na fundamentação do Voto que proveu em parte a apelação, quando o Exmo. Desembargador Federal Relator do Processo reitera menção à aplicação da legislação alterada pela Lei 9.718/98, como a seguir lêse nos excertos extraídos do VotoMérito da Ação Rescisória N° 2006.01.00.0107238/MG (folhas 268 e 288): Vêse, pois, ilegítima a majoração da base de cálculo da COFINS operada pela Lei n° 9.718/98, devendo os fatos geradores havidos sob sua égide serem balizados pela sistemática de cálculo atinente à legislação pretérita (art. 2° da LC n° 70/91). (...) Prevalece, então, para fins de determinação da base de cálculo da exação, o conceito de faturamento precedente à Lei n° 9.718/98 (o previsto no art. 2° da LC n°70/91). (...) O citado art. 2º da Lei Complementar nª 70/91 tem a seguinte redação: Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Fl. 714DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 7 6 Portanto, como se vê, a questão referese ao sentido a ser atribuído à expressão “o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, especificamente para a compreensão do que se entende por “receita de serviços” para as instituições financeiras. Pois bem. No meu entender, a referida decisão judicial (Ação Rescisória n° 2006.01.00.0107238) efetivamente não adentrou no mérito da discussão sobre o que deve ser entendido por receita de serviços para as instituições financeiras. Logo, não há que se falar em desrespeito a coisa julgada: a decisão judicial apenas afastou a aplicação do §1º do art. 3º da Lei n.º 9.718/98, na esteira do que já restara assentado no Supremo Tribunal Federal, e definiu que a base de cálculo da contribuição deve ser o faturamento previsto no art. 2º da LC nº 70/91. E mais nada! Contudo, resta ainda a discussão sobre o conceito de “faturamento” para fins de incidência do PIS e da Cofins para as instituições financeiras, ou seja, sobre o que deve ser entendido por “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza” em relação às instituições financeiras. Como muito bem destacado no voto condutor do Acórdão CSRF nº 9303 002940, julgado em 03/06/2014, que tratou especificamente sobre a mesma matéria deste litígio, a controvérsia teve início na promoção do alargamento do conceito de faturamento para efeito de cálculo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, introduzido pela Lei 9.718/98, que incluiu na base de cálculo toda e qualquer receita, independentemente de sua classificação contábil. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a matéria decidiu, em sistemática de Repercussão Geral, nos seguintes termos: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98.Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Decisão O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e Fl. 715DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 8 7 negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso Portanto, tanto a decisão judicial obtida pelo contribuinte quanto o julgado do STF que reconheceu a repercussão geral para a matéria, apenas afastou a aplicação do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, mas não adentrou no alcance das receitas financeiras, nem tampouco ventilou a possibilidade de exclusão da receita bruta operacional do faturamento. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já fixou o conceito de receita bruta como sendo não somente aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também à soma das receitas oriundas do exercício de atividades empresariais. Nesse sentido, vejamos o leading case RE 390.840/MG, onde o Ministro Cezar Peluzo delimita o conceito de faturamento nos seguintes termos: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação”. (negritei) No mesmo sentido, vejamos os trechos dos pronunciamentos dos Ministros Marco Aurélio, Carlos Brito, Cezar Peluzo e Sepúlveda Pertence sobre a matéria, trazidos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, na ocasião do julgamento do Pleno do STF dos Recursos Extraordinários nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR (leading cases): Min. Marco Aurélio (relator): Presidente, na condição de relator, permitame aos colegas escancarar a questão versada neste processo. Houve a edição da Lei 9.718/98, sob a égide da Carta da redação anterior a Emenda Constitucional nº. 20. O artigo 3º, cabeça, dessa lei preceituou algo que se mostrou consentâneo com o Diploma Maior: Fl. 716DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 9 8 “art. 3º. O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde a receita bruta da pessoa jurídica.” O Tribunal estabeleceu a sinonímia “faturamento/receita bruta”, conforme decisão proferida na ADC nº 11/DF – receita bruta evidentemente apanhando a atividade precípua da empresa. O SR. MINISTRO CARLOS BRITO – Receita operacional. O SR. MINISTRO MARCO AURELIO (RELATOR) – Operacional. (...)” Min. Carlos Brito: Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo DecretoLei 2397, de 1987, art. 22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Min. Veloso acabou de fazer também essa remissão à lei: “a) a receita bruta das vendas de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda; Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente aqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional. Min. Cezar Peluso: “Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgado proferido no RE 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que , a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Min. Sepúlveda Pertence: “(...) Lamentando não poder nada mais acrescentar a tudo que aqui foi dito hoje, acompanho o voto do Min. Cezar Peluso e, nos outros casos, o do Ministro Marco Aurélio.” Destarte, resta claro que o entendimento assentado no STF é de que faturamento não se restringe unicamente à venda de mercadorias e serviços, mas também às receitas decorrentes de outras atividades empresariais desempenhadas pelo sujeito passivo, como delimita objetivamente o Ministro Cezar Peluzo no RE 444.601ED: “O conceito de receita bruta sujeita à incidência da COFINS envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas também a soma das receitas oriundas do exercício de outras atividades empresariais." Em conclusão, no meu entender, em consonância com a jurisprudência do STF, o faturamento das instituições financeiras deve compreender não apenas as receitas de prestação de serviços (taxas e tarifas), mas também as demais receitas decorrentes de outras atividades empresariais da recorrente. Pois bem. E quais são as atividades empresariais típicas de um banco? Fl. 717DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 10 9 A clara delimitação de quais são as atividades empresariais da Recorrente pode ser extraída do seu próprio Estatuto Social (efls. 236/ss), onde consta: Artigo 3º A Sociedade tem como objetivo social a prática de todas as operações ativas, passivas e acessórias permitidas nas normas legais e regulamentares para o funcionamento dos bancos comerciais, dos bancos de investimento, inclusive câmbio, das sociedades de crédito, financiamento e investimento, das sociedades de arrendamento mercantil e das sociedades de crédito imobiliário (5' Região) através das respectivas carteiras. Percebese que o rol de atividades indicadas no objeto social da Recorrente – “operações ativas, passivas e acessórias permitidas nas normas legais e regulamentares (...), inclusive câmbio, das sociedades de crédito, financiamento e investimentos (...)” envolve necessariamente, de forma ampla, todas as receitas decorrentes e/ou provenientes da prestação de serviços de intermediação financeira, dentre as quais podemos citar os “spreads bancários”, prêmios, ágios/deságios na venda de moedas estrangeiras (receitas cambiais), juros oriundos da intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, financiamento bancário, negociação de títulos e valores mobiliários, etc., em suma, todas as receitas ordinárias, típicas, provenientes da prestação de serviços geradas pelos bancos. A meu ver, não há como fazer uma interpretação restritiva para abarcar no conceito de receita bruta apenas aquelas decorrentes das receitas com “taxas e tarifas” cobradas pelas instituições para prestar serviços bancários, como pretende a Recorrente. Categoricamente, todos sabem, o negócio principal de um banco não se restringe apenas em cobrar taxas ou tarifas pela prestação de serviços bancários (sobre a abertura ou manutenção de contascorrentes, pela emissão de talonário de cheques, pelo fornecimento de extratos bancários, etc...), até mesmo porque em muitos casos, após um determinado volume de movimentação financeira de seus clientes, estas taxas e tarifas são até mesmo isentadas. Estas últimas representam, a bem da verdade, atividades acessórias àquela principal. A essência da atividade bancária reside justamente na prática de operações ativas e passivas inerente à sua carteira comercial (desconto de duplicatas, com um percentual de deságio, p. ex.), carteira de crédito (os valores depositados por determinados clientes na instituição são oferecidos a outros clientes, por meio de empréstimos, cheques especiais, etc... devidamente remunerados pelos juros cobrados), etc... Aliás, são justamente essas atividades que constam como objeto social no Estatuto Social da Recorrente. Fl. 718DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 11 10 Destarte, é de concluirse que as instituições financeiras têm como atividade principal a intermediação de recursos financeiros. Por conseguinte, as receitas oriundas de todas as operações bancárias (receitas operacionais), em sentido lato, aqui incluídas as receitas advindas da cobrança de taxas/tarifas (serviços bancários) e das operações de intermediação financeira, compõem o faturamento porque estão relacionadas ao exercício do objeto social dessas instituições. Por fim, registrese que a jurisprudência desta Câmara Superior tem decidido no mesmo sentido defendido neste voto (Acórdãos nº 9303002.962; 9303002.960, 9303 002.957, dentre outros) Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 719DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 12 11 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Depreendendose da leitura dos autos do processo, peço vênia ao ilustre Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal para manifestar meu entendimento acerca da lide. Para tanto, a priori, importante recordar que se trata de Auto de Infração lavrado sob a acusação fiscal de que a recorrente não teria recolhido a totalidade da COFINS supostamente devida, por ter excluído de sua base de cálculo as receitas de intermediação financeira. Não obstante à lide posta, essa conselheira havia pedido vista dos autos do processo, pois a recorrente, por meio de seu patrono, manifestou que possui autorização judicial para recolher a COFINS sobre o “faturamento”, conforme disposto na LC 70/91, ou seja, sobre a receita decorrente da venda de bens e serviços – decorrente da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238. Sendo assim, após analisar os autos, verifiquei que essa decisão judicial transitada em julgada é a mesma que a 3ª turma da CSRF apreciou quando do julgamento do processo nº 15504.015967/201072. Após apreciação pelo colegiado daquele processo, foi formalizado acórdão 9303004.138, que consignou a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2008 a 31/12/2009 INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. BASE DE CALCULO DA COFINS.DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO Tendo o sujeito passivo obtido provimento na esfera judicial, cabe àautoridade administrativa respeitar o que restou decidido de forma Fl. 720DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 13 12 definitivano Poder Judiciário que,por sua vez, garantiu a tributação pela Cofins coma observância das regras preceituadas na Lei Complementar 70/91. Nesse ínterim, cabe lembrar que a Lei Complementar 70/91 traz como basede cálculo da Cofins o faturamento e, tendo o STF manifestado, quando dainconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, que faturamento é areceita bruta derivada exclusivamente das vendas de mercadorias e daprestação de serviço, resta tratar como isentas da Cofins as receitasfinanceiras auferidas pelas Instituições Financeiras.” Por se tratar de mesma decisão judicial transitada em julgado e para melhor elucidar e recordar meu entendimento exposto à época – o que reflito que aplicarseia ao caso vertente, importante transcrever parte de meu voto constante daquele acórdão: “[...] Sendo assim, primeiramente, importante trazer que o sujeito passivo traz que, na lavratura do Auto de Infração, a autoridade fazendária desconsiderou a decisão transitada em julgado, que expressamente determinou que a base de cálculo da Cofins fosse calculada com base no faturamento, tal qual previsto na legislação anterior à Lei 9.718/98 – ou seja, a LC 70/91. O que, por conseguinte, argumenta o sujeito passivo ter ocorrido equívoco de interpretação ao entender a autoridade fazendária que a Cofins seria devida sobre as receitas financeiras auferidas pelo sujeito ainda que haja decisão transitada em julgado afastando a aplicação do §1° do art. 3° da Lei 9.718, de 1998. Quanto à essa parte e, em respeito à coisa julgada, importante analisar o provimento judicial concedido na Ação Rescisória nº. 200601.00.0107238. O que, depreendendose de sua análise, entendo que o pedido dessa ação é clara – rescisão do acórdão proferido no Mandado de Segurança 1999.38.000212911 quanto ao alargamento da base de cálculo das contribuições: Fl. 721DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 14 13 “[...] sucessivamente, caso denegada a segurança para os fins do item anterior, seja a mesma concedida para, reconhecendose a inconstitucionalidade da Lei n. 9.718/98, garantirse às impetrantes o recolhimento da COFINS nos termos da Lei Complementar n. 70/91, com base no faturamento (...)” Nesse ínterim e analisando os autos, é de se verificar que houve expresso pedido para se garantir o direito ao recolhimento da Cofins com base na LC 70/91 – sendo concedida a segurança pelo Eg TRF da 1ª Região nesses termos. A decisão judicial contemplou expressamente que deve ser observada a base de cálculo prevista no art. 2° da LC 70/91, e não os dispositivos da Lei 9.718, de 1998, que delimita quais receitas devem ser computadas no conceito de faturamento. Considerando que a decisão garantiu a observância das regras preceituadas pela LC 70/91, cabe trazer que essa lei dispõe que a base de cálculo das contribuições se resume ao “faturamento” da instituição – que, por sua vez, equivale à receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Tal Lei não faz menção à “soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. E, no caso vertente, o valor exigido se refere à Cofins incidente sobre receitas que não correspondem ao sentido estrito de "faturamento" adotado tanto no Acórdão transitado em julgado, quanto nos “leading cases” sobre a matéria no Supremo Tribunal Federal. Ressaltase que o STF não fez distinção sobre a variedade de ramos de atividade econômica dos contribuintes, tampouco trouxe que faturamento equivale a todas as receitas operacionais auferidas pelas instituições e empresas. 0 STF vem adotando o conceito restritivo de prestação de serviços, tanto é que julgou inconstitucional a tributação, pelo ISS, da "locação de bens móveis". Para ser considerado "serviço", este deve preencher os Fl. 722DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 15 14 requisitos do conceito jurídico, que é "obrigação de fazer" e, para ser tributável, costumase exigir o critério "preço". O que, por óbvio, temse que a receita de prestação de serviços que configura o “faturamento” das Instituições Financeiras alcança as taxas, tarifas e comissões cobradas pela prestação de serviços bancários e de serviços de intermediação financeira de clientes. A movimentação financeira decorrente de operações bancárias, e não de serviços bancários, não compõe o conceito de "faturamento" determinado pelo STF. Frisese tal entendimento a distinção entre "serviços bancários" e "operações bancárias" discutida pelo STF na ADIN 2.591 (aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos Bancos), que segue transcrita (Grifos meus): “EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVERPODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na exploração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua abrangência. 4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a perspectiva macroeconômica, da taxa Fl. 723DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 16 15 base de juros praticável no mercado financeiro. 5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo deverpoder de fiscalizar as instituições financeiras, em especial na estipulação contratual das taxas de juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de dinheiro na economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastandose a exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 8.078/90] a definição do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMAOBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO. 7. O preceito veiculado pelo art. 192 da Constituição do Brasil consubstancia normaobjetivo que estabelece os fins a serem perseguidos pelo sistema financeiro nacional, a promoção do desenvolvimento equilibrado do País e a realização dos interesses da coletividade. 8. A exigência de lei complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclusivamente a regulamentação da estrutura do sistema financeiro. CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/64. CAPACIDADE NORMATIVA ATINENTE À CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ILEGALIDADE DE RESOLUÇÕES QUE EXCEDEM ESSA MATÉRIA. 9. O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa a chamada capacidade normativa de conjuntura no exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de suas atividades no plano do sistema financeiro. 10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não pode ser objeto de regulação por ato normativo produzido pelo Conselho Monetário Nacional. 11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional, quando não respeitem Fl. 724DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 17 16 ao funcionamento das instituições financeiras, é abusiva, consubstanciando afronta à legalidade. Decisão Prosseguindo no julgamento, o Tribunal, por maioria, julgou improcedente a ação direta, vencido parcialmente o Senhor Ministro Carlos Velloso (Relator), no que foi acompanhado pelo Senhor Ministro Nelson Jobim. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Redigirá o acórdão o Senhor Ministro Eros Grau. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Não participou da votação o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski por suceder ao Senhor Ministro Carlos Velloso, Relator do presente feito. Plenário, 07.06.2006” Nos termos dessa decisão, o STF firmou entendimento que os serviços bancários são remunerados por taxas e tarifas, e, por conseguinte, há incidência de ISS. Tais receitas compõem, assim, o "faturamento" das instituições financeiras, enquanto as receitas financeiras decorrentes de operações bancárias (empréstimos, financiamentos, etc.) estão fora desse conceito, vez que não são decorrentes da prestação de serviço das instituições financeiras. Ensina Marco Aurélio Greco que “Adotar a soma das receitas oriundas das atividades empresariais como critério para determinar a amplitude do conceito constitucional de faturamento implica generalização subjetiva (basta ser pessoa jurídica) que desconsidera o tipo de atividade e a natureza da relação jurídica subjacente que enseja a respectiva cobrança. Com isto, (a) extrapola o conceito pressuposto assumido pelo artigo 195, I, da CF/88; (b) desconsidera a expressa previsão do artigo 192, § 3º que afirma que a atividade financeira não gera faturamento; e (c) implica, de forma indireta, restaurar parte do § 1º do artigo 3º da Lei n. 9.718 que foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.” Nessa linha, o ilustre professor Tercio Sampaio Ferraz Jr traz que “A base de cálculo sobre a qual pode ser exigida a Cofins na vigência da Lei n. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 18 17 9.718/98, à luz do decidido pelo Supremo Tribunal Federal, restringese apenas à receita oriunda efetivamente da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza”. E, em respeito à decisão transitada em julgado obtido pelo sujeito passivo, devese respeitar a garantia lá concedida – qual seja, de que a Cofins deve incidir somente sobre o faturamento. Dessa forma, considerando que o faturamento decorre da prestação de serviço ou venda de mercadoria, vêse claro que para a Instituição Financeira as receitas decorrentes dos serviços bancários somente abrangeriam as taxas e comissões cobradas de seus clientes, e não as oriundas de operações financeiras. Tanto é assim, que o próprio STF ao apreciar questão envolvendo a observância do CDC pelas Instituições Financeiras tratou de esclarecer as receitas passíveis de tributação pelo ISS ao analisar o alcance do CDC às essas instituições. Ademais, por serem as instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo banco Central do Brasil, devem observar, para fins contábeis o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeira, não devendo considerar na apuração da base de cálculo o “spread” bancário que, por sua vez, se resume em ser a diferença entre o que o banco paga para captar numerário e o valor cobrado quando do empréstimo a quem o procura. O próprio Banco Central define o termo da forma seguinte: “o spread bancário é definido como sendo a diferença entre a taxa de empréstimo e a taxa de captação de CDB [certificado de depósito bancário]. A taxa média de CDB para o conjunto das instituições financeiras foi calculada a partir de uma média das taxas individuais ponderada pela captação liquida de cada instituição.” E, sendo assim, em respeito ao Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), tal “spread” não deve ser contabilizado em contas de receitas de prestação de serviço, tal como Fl. 726DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 19 18 sempre firmou a autoridade fazendária. Eis que são contabilizadas na conta “Rendas de Operações de Crédito”. Ademais, é de se trazer também manifestação dos ilustres pareceristas à Consif e à Febraban quanto à base de cálculo da Cofins: · Marco Aurélio Greco (Grifos meus): “A base de cálculo da contribuição prevista na LC 70/91 corresponde ao faturamento assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Faturamento é conceito em que a identificação da sua amplitude depende do exame de elementos objetivos e não subjetivos. Como objeto que existe em si algo não deixa de sêlo ou passa a sêlo em função das pessoas levadas em consideração. Receitas financeiras e dividendos não configuram faturamento nos termos do artigo 195, I, da CF/88, seja qual for a natureza da pessoa jurídica que os auferir. Faturamento indica a cobrança de um preço a título de contraprestação num negócio bilateral.” · Tercio Sampaio Ferraz Jr.: Em síntese, prevendo a CF que a seguridade social será financiada por toda a sociedade (art. 195, caput), é possível admitir que a empresa deva a contribuição sobre o faturamento mesmo quando, em suas vendas, não proceda à extração de faturas. Entendese, assim, o entendimento uniforme do STF do faturamento como receita das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza (ao teor da LC 70/91), admitindo um sentido de faturamento para efeitos fiscais que alcança todas as vendas, mesmo se não acompanhadas de fatura. Mas não atinge outros numerários, aqueles que não resultam de venda, como juros, aluguéis, variações monetárias, royalties, lucros e dividendos, descontos obtidos etc. Assim, quando a jurisprudência do STF diz que a distinção entre receita bruta e faturamento não é óbice à constitucionalidade de lei que os equipare, lembrandose dispositivos legais, até anteriores à atual Constituição (por exemplo, o DL n. 2397/87), há de se ter em conta que o Fl. 727DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 20 19 que ali se opera é uma equiparação entre termos, mas tomandose receita bruta como receita bruta das vendas de mercadorias e serviços. · Alcides Jorge Costa: “A base de cálculo da COFINS, tal como prevista pela Lei Complementar n. 70/91 era o faturamento mensal, assim considerada a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Portanto, esta base de cálculo era o faturamento, produto da venda de mercadorias, destas e de serviços ou apenas de serviços de qualquer natureza, não se alterando em função da atividade desenvolvida pela empresa. [...] Entretanto, como atividade de empresas de outros ramos não envolvia faturamento, a Lei Complementar n. 70/91, em seu artigo 11, determinou um aumento de oito pontos percentuais na alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro devida instituições referidas no § 1º do artigo 22 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, a saber: bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedade corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada e aberta. Portanto, a Lei Complementar 70/91 deixou claro que estas empresas não vendem mercadorias, nem serviços. Deixou claro, também, que não tendo as holdings faturamento por venda de serviços ou de mercadorias, nem constando da relação acima, não eram contribuintes da Cofins.” Proveitoso trazer que somente até o advento da MP 627/13 – convertida na Lei 12.973/14, o PIS e Cofins tinha como base de cálculo o seu “faturamento” – assim entendido como a receita de prestação de serviço. Eis que, com o advento da MP 627/13 convertida na Lei 12.973/14, houve extensão da base de cálculo do PIS e Cofins para as instituições financeiras: Fl. 728DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 21 20 “Art. 52. A Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. [...]” “Art. 2º O DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, passa a vigorar com as seguintes alterações: [...] “Art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. [...]” Até a edição da referida MP e respectiva lei de conversão, a receita operacional não compreendia a base de cálculo das instituições financeiras e seguradores, posto que, se assim não fosse, inócuo seria trazer expressamente a inclusão das “receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidos nos incisos I a III”. Nessa linha, a exposição de motivos é clara ao expor a intenção do legislador – nos sentido de alterar efetivamente a base de cálculo das contribuições com o aperfeiçoamento da definição de receita bruta. Ora, o legislador foi transparente ao trazer que tal mudança “alterou” a base de cálculo daquelas contribuições, não dando caráter interpretativo. Caso tal dispositivo tivesse caráter interpretativo, somente seria assim legitimado caso se limitasse a reproduzir o conteúdo normativo interpretado – sem modificar, estender ou limitar o seu alcance. O que, no caso, não Fl. 729DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 22 21 ocorreu. O legislador, de fato, ALTEROU a base de cálculo das contribuições ampliando sua base – passando a tributar pelas contribuições as receitas operacionais auferidas pelas instituições financeiras. Em vista do exposto, não há que se contrariar o Acórdão proferido pelo TRF da lª Região na Ação Rescisória – invocando a tributação pela Cofins das receitas financeiras auferidas pela Instituição Financeira, eis que tal decisão garantiu a observância da LC 70/91 (base de cálculo = faturamento). E, observando tal decisão de se apurar a Cofins sob a sistemática da LC 70/91, o sujeito passivo estaria isento da cobrança dessa contribuição, tal como conclui o próprio Parecer PGFN 2773/07 (Grifos meus): “66. Em face dos argumentos acima expendidos, concluise que: a) as instituições financeiras e as seguradoras estavam isentas da cobrança da COFINS anteriormente à entrada em vigor da Lei nº 9.718, de 1998 (parágrafo único do art. 11 da Lei Complementar nº 70, de 1991), mas recolhiam a CSLL com alíquota majorada (caput do mesmo art. 11); [...]” Ora, se possui decisão transitada em julgada para observar a LC 70/91, deve tratar a receita financeira como isenta dessa contribuição, sob pena de confrontar, dentre outros, a conclusão dada pelo próprio Parecer emitido pela PGFN. E, quanto às argumentações da Fazenda relativas à aplicação das definições trazidas pelo Acordo Geral de Comércio e Serviços (CATS), entendo que tais definições são adotadas especificamente na regulamentação do Comércio Internacional, o que não é o caso concreto, em que se discute o conceito de "faturamento" na legislação da Cofins. Para o GATS o conceito de serviço tem função residual, abrangendo tudo o que não é mercadoria, o que conflita com a jurisprudência do STF, Fl. 730DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 23 22 que adota o conceito restritivo de obrigação de fazer, remunerado por preço determinado. Assim, é de se afastar a definição do GATS de que "empréstimos de todo tipo" configura serviço para se levar a conclusão estranha de que os juros decorrentes do empréstimo constituem base de cálculo da Cofins. Ora, os juros decorrentes da remuneração do capital disponibilizado ao cliente não constituem receita de serviços, mas sim receita financeira, não alcançada pelo "faturamento", que é a base de cálculo legítima da Cofins. Nesse ínterim, trago também manifestações dadas pelos ilustres professores em relação à definição dada pelo GATS: · Marco Aurélio Greco: “[...] A mesma palavra pode assumir sentidos diferentes em função do contexto em que se insere. O termo serviço utilizado no GATS não encontra uma definição que indique sua amplitude. Por tratarse de um Acordo internacional de que participam vários Países as palavras são utilizadas num sentido tão abrangente que permita o consenso sobre o mérito negociado. Por exemplo, em países como os europeus, a noção de “serviço”para fins tributários é obtida por exclusão, enquanto no Brasil o é por inclusão. Distintos critérios de identificação implicam em distintos âmbitos circunscritos. O sentido do termo “serviço” deve ser aferido à luz da norma constitucional ou legal que o utiliza considerando seu contexto e a continuidade de significado que emana de sua história.” · Tercio Sampaio Ferraz Jr.: “A questão levantada referese à hipótese de a definição constante do referido Anexo, por integrar um acordo internacional de que fez parte o Brasil, deve ser vinculante de modo prevalecente para a legislação tributária brasileira, por força do CTN, art. 98, e da própria CF, art. 5º, par. 2º. Assim, sendo as atividades financeiras definidas como serviço, elas estariam incluídas na definição de receita bruta como a receita bruta das Fl. 731DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 24 23 vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços e serviços de qualquer natureza. Antes de mais nada é preciso entender que essa prevalência de tratados e convenções internacionais não cabe em face da própria Constituição. Assim, quando a definição de um conceito tem a ver com a discriminação de competências constitucionais e é para elas relevante, é o conceito constitucional que prevalece sobre qualquer outro, definido em nível infraconstitucional, caso do GATS. E, para tributação dos serviços, a Constituição Federal reservou competência exclusiva para os Municípios (art. 156 – IV: serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar), salvo os indicados na competência dos Estados (art. 155, II: prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação). Ou seja, justamente para efeitos da legislação tributária, serviço é um conceito constitucional. Ademais, a questão está posta em cima de um equívoco. Não se trata de saber se o conceito de serviço financeiro integra a expressão serviços de qualquer natureza, conforme a definição legal de receita bruta, mas se faz parte da definição constitucional de faturamento. Portanto, independentemente da questão referente à definição das atividades financeiras como serviço, pelo GATS e do conceito constitucional de serviço na competência tributária de Municípios e Estados, o problema relativo à COFINS está antes na definição de faturamento e não de receita bruta. Nesses termos, conforme o Ministro Pertence, „a partir da explícita vinculação genética da contribuição social de que cuida o art. 28 da Lei 7738/89 ao FINSOCIAL, é na legislação desta, e não alhures, que se há de buscar a definição específica da respectiva base de cálculo, na qual receita bruta e faturamento se identificam‟. E nessa legislação (DL n. 2397/87, art. 22, par. 1º), como já exposto, está disposto que receita bruta é das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços de qualquer natureza (alínea a), dela distinguindose e dela excluindose as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a ela equiparadas (alínea b), bem como as receitas operacionais e patrimoniais das sociedades seguradoras e entidades a elas equiparadas (alínea c). Tais rendas e receitas constituem receita enquanto quantidade de valor financeiro, originários de outro Fl. 732DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 25 24 patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado. Vale dizer, ainda que se entendesse que o conceito constitucional de serviço pudesse agasalhar, para efeito de discriminação de competências tributárias, os serviços efetivamente prestados por instituições financeiras (como o serviço de cobrança de duplicatas, o serviço de emissão de talão de cheques e outros), as demais receitas operacionais das instituições financeiras (receitas financeiras e outras) estão excluídas do conceito de receita bruta em sentido estrito para efeito de sua subsunção ao conceito constitucional de faturamento. Não há, pois, como subsumir as demais atividades financeiras à expressão: serviços de qualquer natureza”. Se o GATS denomina as atividades bancárias de serviço, isto poderia até significar a inclusão daquelas atividades no conceito de receita bruta em sentido extenso, („a receita‟) mas não significaria sua absorção no conceito constitucional de faturamento („o faturamento‟). Mesmo essa hipótese tem de ser interpretada à luz do próprio GATS. As definiçõesneleconstantessãoestabelecidas “for the purposes of this Annex” (Agreement on subsidies and countervailing measures, Annex on Financil Services, 5. Definitions). Os referidos purposes referemse às atividades conduzidas por um banco central ou autoridade monetária ou de tarifas e também às atividades que formam parte do sistema legal de seguros sociais ou de planos de aposentadoria pública. Quanto a estas, o sentido é de atividades conduzidas pela entidade pública para as contas ou relacionadas com a garantia ou uso de recursos financeiros do Governo (Annex, 1., b, itens (i), (ii) e (iii). Ou seja, a definição de atividades financeiras como serviço tem a ver com o acesso ao mercado, a eliminação de direitos de monopólio e “financial servicespurchasedbypublicentities” (UnderstandingonCommitments in Financial Services, B, 1, 2). Ou seja, em questão está a cláusula da nação mais favorecida no que diz respeito à venda ou aquisição de recursos financeiros mediante operações com bancos e entidades 8 equiparadas, realizadas com estes por uma entidade pública em seu território (valhome do The ResultsoftheUruguay Round of Multilateral Fl. 733DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 26 25 Trade Negociations, World Trade Organization, Geneva, 1995, p. 356, 478). Ora, o fato de se tratar a atividade financeira e bancária como „serviço financeiro‟ não altera o núcleo conotativo da definição de receita bruta para efeito de equiparação a faturamento em sentido tributário: vendas. O GATS define a atividade em termos de aquisição e uso de recursos bancários, não de tributação de receitas de entidades financeiras. Não há como transferir a definição efetuada para aquele propósito para outro âmbito. Isso significaria, a tomar a transferência em toda a sua extensão, que a própria disciplina civil e comercial das operações bancárias teria de ser inteiramente revista, o que é um manifesto absurdo. Ou seja, ainda que se denomine de „serviço financeiro‟ a atividade financeira e bancária, o que importa é que o custo de operações ativas e a remuneração das operações passivas praticadas pelas instituições financeiras na exploração da intermediação de dinheiro na economia não constituem receita da venda de serviços em termos de receita bruta em sentido estrito, como base de cálculo equiparada a faturamento. E em nada altera essa conclusão o disposto no art. 98 do CTN, segundo o qual os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, devendo ser observados pela que lhes sobrevenha. Afinal, a utilização da definição do GATS referente à aquisição de recursos financeiros junto a bancos para qualificar sua receita para efeitos tributários é uma extensão indevida, por força da confusão que se estabelece entre as finalidades do Acordo e os objetivos constitucionais de definição de base de cálculo para tributos previstos pela CF.” · Alcides Jorge Costa: “[...] As definições do Anexo do GATS sobre o que considera serviços financeiros, limitamse ao âmbito do próprio acordo, como nele mesmo está expressamente dito”. Passadas tais considerações, é de se considerar ainda que a Procuradoria da Fazenda Nacional reconheceu, quando da interposição do Recurso Extraordinário, que o acórdão do TRF da lª Região havia Fl. 734DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 27 26 autorizado a Recorrente a apurar a COFINS com base em sua receita de prestação de serviços ("faturamento") sem considerar o valor das receitas financeiras, pois inclui dentre as suas argumentações tópico "inaplicabilidade das decisões proferidas no STF ao caso em tela", com o intuito de englobar todas as receitas decorrentes do objeto social da empresa; É inconteste que a decisão do TRF transitou em julgado, e, com base nesse acórdão o sujeito passivo apurou a COFINS devida no mês objeto de autuação, considerando os termos da decisão – vez que considerou como base de cálculo o faturamento. Ademais, importante trazer que a questão da composição da base de cálculo do PIS e da Cofins, em relação às receitas financeiras de instituições financeiras, será definida pelo STF apenas quando do julgamento do Recurso Extraordinário 609.096, no qual se reconheceu a repercussão geral da questão constitucional suscitada naquele Recurso. Não obstante, ainda que o Supremo alargue a base de cálculo do PIS e da COFINS para o conceito de receitas decorrentes da atividade empresarial, não haverá possibilidade jurídica de que tal decisão, em sede de repercussão geral, tenha efeito extunc sobre as sentenças já transitadas em julgado que tenham por fundamento entendimento contrário e que o eventual novo entendimento do STF somente poderá ser aplicado a casos anteriormente julgados se a União ajuizar ação rescisória. Nesse esteio, o Ministro Lewandowski no RE 609.096 trouxe: “Com efeito, o tema apresenta relevância do ponto de vista jurídico, uma vez que a definição sobre o enquadramento das receitas financeiras das instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da Cofins e da contribuição para o PIS norteará o julgamento de inúmeros processos similares, que tramitam e nos demais tribunais brasileiros. Ademais, a discussão também apresenta repercussão econômica porquanto a solução da questão em exame poderá ensejar relevante impacto financeiro Fl. 735DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 28 27 no orçamento das referidas instituições, bem como no da Seguridade Social e no do PIS. Além disso, a matéria em debate guarda similitude submetido ao julgamento do Plenário desta Corte em 18/8/09, mas suspenso, na mesma data, em razão do pedido de vista do Min. Marco Aurélio.” Em vista de todo o exposto, entendo, em síntese, que: · O sujeito passivo possui decisão transitada em julgado, garantindo tributar as receitas pela Cofins pela regra preceituada na LC 70/91; · A LC 70/91 traz como base de cálculo da Cofins o faturamento; · O STF entendeu, quando da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, que faturamento é decorrente da prestação de serviço ou venda de mercadorias; · A Própria PGFN alertou em seu Parecer 2773/2007 que pelas regras da LC 70/91 as Instituições Financeiras eram isentas da Cofins em relação às receitas operacionais; · O que, por conseguinte, independentemente da discussão acerca do conceito de faturamento, com a interpretação dada pela PGFN e em respeito a coisa julgada, é de se afastar a tributação pela Cofins sobre a receita financeira auferida pelo sujeito passivo; · Não obstante à conclusão descrita no item anterior, tenho que somente com o advento da MP 627/13 convertida na Lei 12.973/14, houve efetivamente o alargamento da base de cálculo da Cofins, passando a abranger também as receitas operacionais, e não mais as receitas de prestação de serviço. Isso, considerando a própria intenção do legislador consignada na exposição de motivos daquela MP. Considerando todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. [...]” Em vista de todo o exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. Fl. 736DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 29 28 (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Declaração de Voto Conselheiro Demes Brito Em que pese concordar com todos os fundamentos do Ilustre Relator Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, com a devida vênia, divirjo, excepcionalmente em razão do provimento judicial, que em minha visão beneficiava a Contribuinte no sentido de recolher a COFINS sobre o “faturamento”, conforme disposto na LC 70/91, ou seja, sobre a receita decorrente da venda de bens e serviços – decorrente da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238. Em respeito a coisa julgada e a decisão judicial dou provimento ao Recurso da Contribuinte. Contudo, entendo que as operações de desmutualização devem ser tributadas, nos termos do acórdão nº9303004.232, de 11 de agosto de 2016. Vejamos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/11/2007, 31/12/2007 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. BANCOS.VENDA DE AÇÕES. "DESMUTUALIZAÇÃO". As instituições financeiras (Bancos), assim como as corretoras de valores mobiliários que tenham em seu objeto social a subscrição de ações para compra e venda de ações, por conta própria e de terceiros, a base de cálculo das contribuições sociais é o faturamento (Receita Bruta) operacional, receitas típicas de compra e venda de ações da BM&F S.A. e da Bovespa Holding S.A., recebidas em decorrência das operações societárias denominadas “desmutualização”. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Fl. 737DF CARF MF Processo nº 15504.020016/200981 Acórdão n.º 9303005.968 CSRFT3 Fl. 30 29 Classificamse no ativo circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. As ações da Bovespa Holding S/A e da BM&F, recebidas em virtude da operação chamada desmutualização da Bolsa de valores de São Paulo Bovespa e BM&F, que foram negociadas dentro do mesmo ano, poucos meses após o seu recebimento, devem ser registradas no Ativo Circulante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Vanessa Marini Cecconello (relatora) e Tatiana Midori Migiyama, que não o conheceram e, no mérito, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Demes Brito". Sem embargo, concordo com o mérito exposto pelo Relator, em respeito a coisa julgada dou provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 738DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720229/2014-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 28/02/1999 a 28/02/2006
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/98.
A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos artigos 2º e 3º, caput da Lei nº 9.718, de 1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º desta lei.
As receitas decorrentes das atividades constantes do seu objeto social (artigo 17 da Lei nº 4.595/1964), mais precisamente as Receitas Financeiras decorrentes da intermediação financeira, se enquadram na hipótese de incidência da Contribuição para a COFINS, já que são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais.
AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA ISOLADA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
É devida a aplicação da multa isolada normal de 50% (cinquenta por cento), prevista no art. 62 da Lei 12.249/2010, sobre o valor do débito objeto de DCOMP não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.770
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em rejeitar a proposta do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro no sentido de sobrestar o julgamento até a decisão final no RE nº 609.096/RS, sob julgamento no STF no rito de repercussão geral. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Daniel; e, no mérito: (a) por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso do processo 16327.720229/2014-25; e (b) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso referente ao processo apensado de nº 16327.721076/2014-33. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos artigos 2º e 3º, caput da Lei nº 9.718, de 1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º desta lei. As receitas decorrentes das atividades constantes do seu objeto social (artigo 17 da Lei nº 4.595/1964), mais precisamente as Receitas Financeiras decorrentes da intermediação financeira, se enquadram na hipótese de incidência da Contribuição para a COFINS, já que são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA ISOLADA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. É devida a aplicação da multa isolada normal de 50% (cinquenta por cento), prevista no art. 62 da Lei 12.249/2010, sobre o valor do débito objeto de DCOMP não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em rejeitar a proposta do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro no sentido de sobrestar o julgamento até a decisão final no RE nº 609.096/RS, sob julgamento no STF no rito de repercussão geral. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 02 29 /2 01 4- 25 Fl. 1510DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.511 2 Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Daniel; e, no mérito: (a) por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso do processo 16327.720229/201425; e (b) por maioria de votos, em negar provimento ao recurso referente ao processo apensado de nº 16327.721076/201433. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Versam os autos sobre Pedido de Restituição de créditos de COFINS dos períodos de apuração de fevereiro/1999 a fevereiro/2006, no valor total de R$ 11.005.561,35, decorrentes de decisão judicial transitada em julgado nos autos da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238/MG (fls. 2/4). Esse crédito foi utilizado para a compensação de diversos débitos por meio de Declarações de Compensação transmitidas entre 18/03/2014 e 19/09/2014 (fls. 433/480). O “Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado” anteriormente formulado pelo interessado foi deferido no Processo nº 16327.720157/201416 (fls. 5/9). A DEINF/SPO, após apreciar o pedido de restituição e as compensações declaradas, proferiu o Despacho Decisório de fls. 1.108/1.118, no qual decidiu pelo deferimento parcial do pedido de restituição, reconhecendo o direito creditório no valor original de R$ 34.624,70, e pela consequente homologação das compensações declaradas nas DCOMP nºs 25900.19276.180314.1.3.543160, 37249.04803.260314.1.3.549692, 18467.48648.170414.1.3.54 1331, 25308.76445.300414.1.3.545348, 02205.50405.200514.1.3.542860, 16920.61127.300514.1.3.544647 e 38016.96498.170614.1.3.547052, homologação parcial da compensação declarada na DCOMP nº 18288.64927.160714.1.3.540044 e não homologação das compensações declaradas nas Dcomps nºs 41330.21131.300714.1.3.547411, 09593.06200.200814.1.3.549331, 12101.84618.290814.1.3.543110 e 39887.16434.190914.1.3.540579. Conforme consignado no Despacho Decisório, a não homologação de parte das compensações declaradas pelo contribuinte, levou à lavratura de Auto de Infração para imposição da multa isolada de 50% sobre os valores dos créditos da COFINS utilizados nas respectivas DCOMPS cujas compensações não foram homologadas, prevista no §17 c/c §15 da Lei nº 9.430/96, introduzidos pelo art. 62 da Lei nº 12.249/2010, sendo protocolado o PAF nº 16327.721076/201433, apenso a este. Por bem narrar os fatos e com a devida clareza, valhome do relatório da decisão recorrida, vazada nos seguintes termos (fls. 1.386/1.410): Fl. 1511DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.512 3 "(...) Na Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238/MG, impetrada contra o Acórdão proferido nos autos do Mandado de Segurança Preventivo nº 1999.38.00.021291 1/MG, que havia mantido a cobrança da Cofins nos termos do art. 3º e §1º da Lei 9.718/98, o TRF da 1ª Região julgou procedente o pedido, concedendo à impetrante o direito de calcular a Cofins afastandose o §1º do art. 3º da Lei 9.718/98, com a adoção da sistemática anterior estabelecida no art. 2º da Lei Complementar (LC) nº 70/91. Tal decisão transitou julgado em 06/04/2009. Constam desses autos documentos da ação judicial nas fls. 64/332. A autoridade a quo destaca que, na medida judicial em questão, o contribuinte não formulou pedido específico para que fossem delimitadas expressamente as receitas que se enquadrariam na base de cálculo da Cofins após o afastamento em definitivo do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98, ou seja, o interessado não requereu que suas receitas de intermediação financeira, rendas de arrendamento mercantil, rendas advindas de aplicações financeiras de liquidez e de títulos e valores mobiliários fossem classificadas como não operacionais e, estivessem, portanto, fora da composição da base de cálculo da Cofins. Diante da ausência de requerimento expresso para que fossem detalhadas as receitas tributáveis a serem enquadradas no conceito de prestação de serviços, o Judiciário não deliberou acerca desse ponto. Assim, a composição das receitas passíveis de tributação pela Cofins foi delimitada com base no Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007. O Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, posteriormente reiterado pelas Notas PGFN/CRJ nº 178/2009 e nº 842/2009, conclui que a declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, não impede que o PIS e a Cofins incidam sobre as receitas decorrentes dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras, empresas de capitalização, gestoras de ativos, sociedades de arrendamento mercantil e pelas seguradoras, só sendo excluídas da base de cálculo das contribuições as receitas não operacionais. Assim, as receitas de intermediação financeira, com títulos de capitalização, títulos e valores mobiliários e receitas de aplicações interfinanceiras de liquidez e prêmios de seguros auferidas classificamse como receitas vinculadas à atividade fim dessas pessoas jurídicas, ou seja, estão diretamente relacionadas ao seu objeto social, e devem ser tributadas. Não há, portanto, pagamento indevido de Cofins incidente sobre as receitas operacionais, bem como o direito à compensação desses valores. No cálculo do montante a ser restituído e compensado foi reconhecido o direito à exclusão das receitas não operacionais da base de cálculo da Cofins. Cientificado do Despacho Decisório em 12/12/2014 (fl. 1.134), o contribuinte apresentou, em 08/01/2015, a manifestação de inconformidade de fls. 1.137/1.165, acompanhada dos documentos de fls. 1.166/1.361, com os argumentos a seguir sintetizados. Fl. 1512DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.513 4 Inicialmente, relata e transcreve as decisões proferidas no curso da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238, ajuizada contra o Acórdão proferido nos autos do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0212911. O Acórdão do TRF proferido naquela ação transitou em julgado favoravelmente ao contribuinte em 06/04/2009, sendo julgado procedente o pedido rescisório e declarado o direito à compensação da Cofins recolhida a maior desde fevereiro de 1999. Em seguida, explica que o crédito apresentado para habilitação e posterior compensação corresponde aos pagamentos a maior da Cofins decorrentes da diferença entre os valores recolhidos sobre a totalidade de suas receitas, como previa a Lei nº 9.718/98, e aqueles calculados sobre o seu efetivo faturamento, qual seja, receitas de prestação de serviços e venda de mercadorias. Após transcrever a fundamentação utilizada para não homologar integralmente as compensações, afirma que autoridade fiscal desconsiderou totalmente e por isso ofendeu a decisão transitada em julgado, que expressamente determinou que a base de cálculo da Cofins fosse calculada com base no faturamento, tal qual previsto na legislação anterior à Lei nº 9.718/98, ou seja, como consignado na LC nº 70/91. Argumenta ser falha a interpretação posta no Despacho Decisório de que o STF teria adotado posicionamento de que o PIS e a Cofins podem incidir sobre receitas operacionais das pessoas jurídicas relacionadas às suas atividades principais, sendo inconstitucional apenas sua incidência sobre as receitas não operacionais, como a receita de aluguel de imóveis ou de alienação de ativos. Além do Tribunal não ter se manifestado sobre a tributação ou não das atividades operacionais das pessoas jurídicas, o Despacho Decisório ignorou que o Acórdão transitado em julgado dispôs expressamente que deve ser observada a base de cálculo prevista no art. 2º da LC nº 70, de 1991 (e não os dispositivos da Lei nº 9.718/98), que prevê de forma clara que faturamento deve ser entendido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, sem qualquer menção à atividade principal da pessoa jurídica ou às receitas operacionais. O Parecer PGFN/CAT nº 2.273/2007 e o Despacho Decisório imputam às decisões do STF e à própria LC nº 70/91 afirmação que não está lá, no sentido de que o faturamento corresponderia à receita operacional das pessoas jurídicas. Dessa forma, é totalmente insubsistente a alegação do Despacho Decisório de que, como não teria formulado pedido específico para que suas receitais financeiras fossem classificadas como não operacionais e estivessem fora da composição da base de cálculo da Cofins, seria devida a contribuição sobre essas receitas. O pedido expresso foi no sentido de recolhimento da Cofins com base na LC nº 70/91, a qual já delimita a incidência da contribuição Fl. 1513DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.514 5 apenas sobre as vendas de mercadorias e serviços. Não sendo as receitas de operações de instituições financeiras advindas da venda de mercadorias e serviços, obviamente estão fora do campo de incidência da Cofins. Lembra que quando se pretendeu exigir das instituições financeiras o PIS sobre base de cálculo diversa do faturamento, previuse expressamente na legislação uma grandeza diversa de “receita de prestação de serviços e venda de mercadorias”, como no caso do Fundo Social de Emergência , em que se estabeleceu que a base de cálculo do PIS seria a “receita bruta operacional nos termos da legislação do imposto de renda”, conceito que procurava expandir a base de cálculo para além do simples “faturamento”, como disposto no art. 2º da LC nº 70/91. Transcreve, em seguida, trechos dos Pareceres de dois juristas sobre o tema (íntegra em anexo), os quais concluem não ser possível a equiparação das receitas oriundas das atividades empresarias com as receitas de vendas de mercadorias e da prestação de serviços para a delimitação do conceito de faturamento e sobre a impossibilidade de se diferenciar esse conceito em relação a determinado segmento econômico para permitir a tributação de receitas distintas das obtidas de vendas e prestação de serviços. A fiscalização olvidou que a Procuradoria da Fazenda Nacional empreendeu todos os esforços para fazer prevalecer nos autos da ação judicial o entendimento manifestado no parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, mas os recursos por ela interpostos foram todos desprovidos, tendo prevalecido o Acórdão do TRF da 1ª Região. A PGFN reconheceu em seu Recurso Extraordinário que o referido Acórdão havia autorizado a apuração da Cofins com base na receita de prestação de serviços (faturamento) sem considerar o valor das receitas financeiras e por esse motivo incluiu um tópico em seu recurso chamado “Inaplicabilidade das decisões proferidas no STF ao caso em tela”, para tentar reformar o Acórdão e ampliar o alcance do termo faturamento, como se ele englobasse todas as receitas decorrentes do objeto social da empresa. Portanto, o Despacho Decisório vai de encontro ao que a própria PGFN afirmou em juízo acerca do conteúdo do Acórdão proferido pelo TRF da 1ª Região, ou seja, que esse Acórdão viabiliza “que as Autoras/Recorridas se furtem ao pagamento da Cofins sobre as receitas de suas atividades típicas”. Assim, operouse a preclusão consumativa em relação à discussão trazida pelo fisco, pois não é juridicamente possível trazer argumentos já discutidos na via judicial para tentar mitigar a coisa julgada na esfera administrativa, pois esses argumentos não tiveram força para impedir a sua efetivação. A esse respeito, cita os arts. 473 e 474 do CPC. Traz, sobre o tema, decisões judiciais do STJ e do TRF da 3ª Região e Reclamação interposta pela União ao STF. Apresenta também decisões do CARF que adotaram o mesmo entendimento Fl. 1514DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.515 6 que defende, nos quais foi expressamente reconhecida a impossibilidade de revisão da coisa julgada, resguardandose o direito da entidade financeira de recolher o PIS sem a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição. Conclui que, nos termos da decisão judicial, a base de cálculo da Cofins não deve ser extraída da interpretação do fisco sobre os demais dispositivos da Lei nº 9.718/98 não declarados inconstitucionais, mas unicamente do art. 2º da LC nº 70/91, que delimita de forma rígida quais receitas devem ser computadas no conceito de faturamento. Em outro tópico, explicita o conceito de faturamento de acordo com a jurisprudência do STF (valor das receitas decorrentes de operações de venda de mercadorias, em conta própria ou alheia, e operações de prestação de serviços), ressaltando que até o advento da Lei 9.718/98 as diversas normas exaradas pelo legislador respeitaram esse conceito. Registra os entendimentos adotados por esse Tribunal no julgamento da inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, declarada definitivamente em 09/11/2005 quando do julgamento dos Recursos Extraordinários (RE) nºs 346.084, 390.840, 358.273 e 357.950. Destaca o voto do Ministro Marco Aurélio, relator do recurso considerado o leading case, que definiu faturamento como “... o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de mercadorias e serviços, quer da venda de serviços, não se considerando receita de natureza diversa.” Ressalta que o STF, nos diversos julgados, não fez distinção sobre a variedade de ramos de atividade econômica dos contribuintes, determinando, de forma indistinta, que faturamento equivale à receita decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, e também não utilizou os conceitos de receita operacional e nãooperacional como forma de diferenciação entre faturamento e receita bruta. Traz o voto de outros Ministros, enfatizando que todos eles tiveram esse entendimento sobre o conceito de faturamento, válido também para as instituições financeiras. A definição constitucional não pode abranger situação em que não está se cobrando preço, nem celebrando negócio de natureza bilateral e contraprestacional. Não é o fato de determinada receita resultar da exploração do objeto social da pessoa jurídica que se está diante de faturamento. A legislação fiscal, ao dispor que o lucro operacional da empresa é o resultado das suas atividades normais, não autoriza cobrança da Cofins sobre os ingressos decorrentes das atividades típicas, pois, nesse caso, estariase restaurando, ainda que parcialmente, a eficácia do §1º do art. 3º da Lei nº 9.178/98, julgado inconstitucional. O STF interpretou a expressão receita bruta presente do caput do art. 3º da Lei nº 9.718/98 de forma a estreitar o seu entendimento até fazêlo coincidir com a noção de faturamento Fl. 1515DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.516 7 como aquele decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias. E os §5º e 6º desse artigo, não declarados inconstitucionais, tratam de exclusões da base de cálculo que só fazem sentido se fosse aceita pelo STF uma base de cálculo ampla e irrestrita. No entanto, foi considerada inconstitucional a inclusão de todas as receitas na base de cálculo da contribuição. Volta a afirmar que a fiscalização ignora o decidido no seu caso concreto, que, muito além de declarar este ou aquele artigo da Lei nº 9.718/98 inconstitucional, decidiu que a receita bruta a que se refere a Lei engloba tãosomente as vendas de mercadorias e serviços, como consignado na LC nº 70/91. Aborda ainda o reconhecimento pelo STF em repercussão geral do RE nº 609.096, em que se discute a composição da base de cálculo do PIS/Cofins para as instituições financeiras. Entende que o STF identificou uma nova discussão e que, mesmo se decidido em favor da União, não poderá haver aplicação ex tunc sobre sentenças transitadas em julgado há mais de dois anos que tenham entendimento contrário ao eventual novo posicionamento do Tribunal, como no caso concreto. Destaca que a MP nº 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014, definiu que o conceito de receita bruta operacional de que trata o art. 12 do Decretolei nº 1.598/97 passará a compreender também “as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidos nos incisos I a III”, o que corrobora o entendimento de que a LC nº 70/91 nunca previu a incidência do PIS/Cofins sobre as receitas decorrentes das atividades principais da pessoa jurídica. A citada Lei também alterou o art. 3º da Lei nº 9.718/98. Assim, somente a partir de 01/01/2015, quando a Lei nº 12.973/2014 entrou em vigor, a receita bruta operacional passou a ser não apenas aquela decorrente da venda de bens e serviços, como pacificado pelo STF, mas toda a receita do objeto social das empresas, ou seja, até essa data, a receita operacional não compreendia a base de cálculo das instituições financeiras. Caso contrário, seria inútil a referida alteração prevista na Lei nº 12.973/2014. Transcreve a manifestação do relator da MP nº 627/2013 no processo legislativo da sua conversão em Lei, que afirmou que essa MP trazia “fato gerador novo, inaugural no mundo jurídico tributário”, reconhecendo que antes da alteração em questão não havia que se falar em exigência do PIS/Cofins sobre as atividades principais da pessoa jurídica. Reproduz também manifestação da Consultoria Tributária da Câmara dos Deputados sobre as inovações da MP. Conclui que a MP nº 627/2013 e a Lei nº 12.973/2014 vieram alterar o ordenamento jurídico com a desvinculação da base de cálculo do PIS/Cofins ao faturamento e a tributação das receitas operacionais, mas apenas após a vigência da Lei. E se o STF entender que antes dessa alteração legislativa a base de cálculo Fl. 1516DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.517 8 do PIS/Cofins compreendia as receitas operacionais, esse entendimento não será aplicável, tendo em vista o trânsito em julgado da Ação Rescisória. Por fim, requer seja acolhida a sua defesa para que seja reformado o Despacho Decisório e homologadas todas as compensações declaradas e seja outorgado à manifestação de inconformidade o efeito de suspender a exigibilidade do crédito tributário. AUTO DE INFRAÇÃO – PROCESSO Nº 16327.721076/2014 33 Em decorrência da não homologação das compensações de que trata o presente processo, foi lavrado Auto de Infração para a exigência de multa isolada, que deu origem ao processo administrativo nº 16327.721076/201433, em apenso. Ressaltese que todas as referências a números de folhas feitas neste item do relatório se referem ao processo apenso. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 8/13), a fiscalização, após citar os arts. 113, 114, 139 e 144 do CTN, sustenta que a aplicação de multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada encontrase expressamente prevista no art. 74, §17, da Lei nº 9.430/96, alterado pela Lei nº 12.249/2010, em vigor no período em que as compensações foram declaradas (18/03/2014 e 19/09/2014). A matéria foi regulamentada à época pela IN SRF nº 900/2008, em seu art. 38, §1º, inciso I. A mesma previsão encontrase no art. 45 da IN RFB nº 1.300/2012, atualmente em vigor. A penalidade pecuniária tem como fato gerador o ato de promover a compensação posteriormente não homologada, ou seja, considerase ocorrido o fato gerador da multa isolada na data de apresentação da Declaração de Compensação, pois neste momento houve a transgressão de norma previamente estabelecida, a qual exige o aproveitamento de crédito líquido e certo, passível de restituição. A base de cálculo para lançamento da multa isolada corresponde ao total do crédito utilizado, o que equivale ao total do débito expressamente confessado na Declaração de Compensação, com os respectivos acréscimos legais cabíveis. O cálculo da multa isolada foi efetuado no percentual de 50% sobre os valores das compensações não homologadas, totalizando o montante de R$ 52.238,86. Cientificado da autuação em 09/12/2014 (fl. 18), o contribuinte apresentou, em 08/01/2015, a impugnação de fls. 22/45, acompanhada dos documentos de fls. 46/66, na qual apresenta as alegações a seguir sintetizadas. Inicialmente, relata os fatos que levaram à emissão do Despacho Decisório que homologou parcialmente as compensações pleiteadas de créditos de Cofins decorrentes do trânsito em julgado da Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238/MG. Fl. 1517DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.518 9 Sobre o presente lançamento, diz que a nova multa isolada de 50%, prevista no §17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96, é incompatível com a sistemática da compensação por homologação, porque inexiste dano a ser penalizado (já que o débito não compensado será cobrado) e porque essa sistemática já contempla penalidade específica para a não homologação do crédito, o que implica dizer que a multa isolada representa uma dupla penalidade. Ademais, essa multa implica abusiva limitação ao direito de petição, à ampla defesa e ao contraditório e ao próprio direito de pleito à compensação do indébito, em franca violação dos princípios da boafé, moralidade e proporcionalidade, além da vedação ao não confisco. No lançamento por homologação, é imprescindível o mecanismo da compensação tributária para corrigir eventuais erros no cálculo e no recolhimento do tributo, de forma a assegurar uma rápida e eficaz recuperação do indébito tributário e a evitar o enriquecimento ilícito da Administração e erros que impliquem a perda da arrecadação de tributos devidos. Apesar da autorização, prevista no art. 170 do CTN, para que cada ente, de acordo com a sua conveniência, institua o procedimento de compensação, essa competência está vinculada ao princípio da legalidade e ao crivo da constitucionalidade. Em seguida, descreve as multas previstas na atual sistemática da compensação (multa de mora de 20% e multa isolada de 150%) e afirma que a partir da Lei nº 12.249/10 foi instituída nova modalidade de multa isolada no percentual de 50% sobre o débito não compensado, que deve ser aplicada mesmo nos casos de mera divergência de entendimento entre o contribuinte e a Receita sobre a existência ou o valor do crédito, sem qualquer suspeita de falsidade na declaração do contribuinte. No caso de a compensação não ser homologada, inexiste dano, uma vez que o fisco irá cobrar os valores não homologados. A ampliação do campo de aplicação da multa isolada implica a dupla penalização do contribuinte pelo suposto cometimento de uma única infração, contrariando a sistemática da compensação e da imposição de penalidades. Salienta que o STJ há muito pacificou o entendimento de que não há distinção entre a multa moratória e a punitiva, sendo ambas penalidades impostas em razão de uma infração. Assim, a exigência cumulativa das multas de 20% e 50% é inadmissível e caracteriza o bis em idem, por se tratarem de duas multas aplicáveis sobre uma única infração/obrigação, isto é, a suposta falta de recolhimento do imposto. A eventual não homologação da compensação, que é uma conduta lícita, já é suficientemente punida pela multa de 20%, além de o débito decorrente não poder ser objeto de novas compensações e ficar sujeito à inscrição em dívida ativa e cobrança imediata, o que implica o risco de inclusão do contribuinte no Cadin e impossibilidade de renovação da sua Fl. 1518DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.519 10 certidão de regularidade fiscal. Portanto, não há qualquer fundamento razoável capaz de justificar a imposição de tal penalidade, quando não se constata a intenção de burlar a legislação tributária. Cita entendimento do STF sobre o tema e defende que não se pode admitir a cobrança da multa isolada no caso concreto. Argumenta que o lançamento da multa isolada, ainda que não seja considerada bis in idem, implica violação ao direito de petição, ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, previstos constitucionalmente, uma vez que inibe a busca de crédito pelo procedimento de compensação, na medida em que impõe que uma conduta lícita possa ser severamente punida. O direito de petição dá ao particular a faculdade de reivindicar e exigir soluções e impede o Poder Público de impor sanções por não aprovar ou acolher o simples requerimento realizado. Ao aplicar a multa de 50% como resposta a esse direito, o fisco viola o direito de petição e o próprio direito à compensação, na medida que impõe uma multa em razão da mera pretensão de compensação de débitos declarados/confessados, que podem ser exigidos imediatamente, com valores recolhidos indevidamente ou a maior. Transcreve decisão do TRF da 4º Região que declarou inconstitucionais os §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei nº 9.430/96. Lembra também que está em trâmite no STF a ADI nº 4.905 ajuizada pela Confederação Nacional das Indústrias no mesmo sentido. Reafirma que o contribuinte não pode ser penalizado por ato legitimamente permitido (requerer a compensação), ou seja, por ato não infracional, e por divergir do fisco quanto aos valores objeto da compensação, uma vez que se trata de interpretação da legislação tributária, de ampla complexidade, o que causa inúmeras controvérsias acerca de valores. Essa divergência não pode ser considerada má fé do contribuinte, a qual justificaria a imposição da multa isolada de 150%, mas nunca a de 50%. Salienta que a RFB noticiou a redução considerável dos pedidos de compensação após a entrada em vigor da nova multa, o que demonstra a intimidação dos contribuintes e o manifesto cerceamento do seu direito de petição. Argumenta ainda que a multa isolada de 50% não é razoável e claramente desproporcional. Como o simples pedido de compensação não implica qualquer prejuízo à Administração, que poderá exigir os valores correspondentes às compensações não homologadas imediatamente, a imposição da multa isolada de 50% acrescida da multa de 20% caracteriza a natureza de sanção política daquela, o que é abominado pela ordem constitucional. Fl. 1519DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.520 11 A indução ao pagamento de uma exação mediante interdição ou restrição ao direito dos contribuintes é um tratamento estatal arbitrário e inadmissível num Estado Democrático de Direito. A exigência dessa multa carece de plausibilidade jurídica, pois cria uma penalidade completamente desvinculada da prática de um ilícito, de forma atentatória à moralidade, além de representar embaraço ao exercício de um direito constitucionalmente assegurado. A inequívoca desproporção entre o desrespeito à norma e a consequência jurídica (a multa) evidencia também o caráter confiscatório da punição, atentando contra o patrimônio do contribuinte. A multa fiscal não pode ser transformada em instrumento de arrecadação, devendo guardar proporção com a gravidade da conduta. Sobre o assunto, cita jurisprudência do STJ. Assim, diante da inconstitucionalidade e da ilegalidade da multa isolada de 50%, que viola o direito à compensação de forma desarrazoada e desproporcional, deve ser cancelado integralmente o Auto de Infração. No item “Impossibilidade da aplicação de multa isolada – suficiência dos créditos de Cofins para liquidar as compensações”, o contribuinte reitera os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório que homologou parcialmente as compensações declaradas, já relatados anteriormente. Por fim, requer seja cancelado o Auto de Infração, seja porque a multa isolada de 50% não é compatível com o instituto da compensação, além de violar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, ou porque possui créditos suficientes para a homologação de todos os Per/Dcomps transmitidos. É o relatório. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade, conforme ementa proferida no Acórdão da DRJ em Belo Horizonte (MG) nº 0268.847, de 07/06/2016, abaixo transcrito (fls. 1.386): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 28/02/1999 a 28/02/2006 INCONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98 não alcança as receitas típicas das instituições financeiras e assemelhadas. Fl. 1520DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.521 12 As receitas oriundas da atividade operacional, incluindo as receitas de intermediação financeira, compõem o faturamento dessas entidades e a base de cálculo da Cofins, já que são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. A aplicação da multa isolada de 50% calculada sobre o valor do crédito objeto de compensação não homologada encontrase expressamente prevista na legislação que rege a matéria, sendo defeso ao órgão de julgamento administrativo afastá la. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 13/06/2016 (fl. 1.421) o Recorrente foi devidamente cientificada por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante a RFB e não resignada com a r. decisão, a empresa em 11/07/2016 (fl. 1.422), interpôs o presente recurso voluntário, (fls. 1.433/1.474) no qual, repisa os argumentos de sua impugnação e em suma, complementa com as seguintes razões: (a) no item II.1, discorre brevemente sobre a Ação Judicial: Aduz que na Ação Rescisória nº 2006.01.00.01070238, que deu origem ao crédito discutido neste processo, que pleiteou a desconstituição de decisão judicial que considerara legitima a majoração da base de calculo da COFINS, promovida pela Lei nº 9.718/98, em dispositivo que veio a ser declarado inconstitucional pelo STF, por ofensa ao art. 195 da CF. Após uma série de recursos, o acórdão do TRF transitou em julgado favoravelmente ao contribuinte em 06.04.2009, de modo a se reconhecer expressamente o direito do Recorrente ao recolhimento da COFINS nos termos da LC n° 70/91 (vendas de bens e serviços). Na decisão que transitou em julgado foi declarado ainda o direito do Recorrente à compensação da COFINS recolhida a maior desde fevereiro de 1999. (b) no item II.2, trata dos Créditos e das Compensações: Após o deferimento do “Pedido de Habilitação”, o Recorrente apresentou Pedido de Restituição ou Ressarcimento a RFB, informando o credito de R$ 11.005.561,35, e as Declarações de Compensação Eletrônicas, relacionadas, que visavam a utilização de apenas uma pequena parte do credito, o restante do credito seria utilizado posteriormente; apesar do Recorrente ter habilitado o credito de COFINS no valor de R$ 11.005.561,35, e as compensações contempladas no despacho decisório não esgotarem o referido montante, a Fiscalização foi clara no sentido de reconhecer como indébito apenas o valor de R$ 34.624,70, indeferindo o restante do crédito, uma vez que, no seu entender, não seria possível excluir as Receitas Financeiras da base de cálculo da contribuição; em decorrência da não homologação total dos pedidos de compensação, foi lavrado também o Auto de Infração que originou o PAF no 16327.721076/2014 33, para a cobrança de multa isolada, baseado na Lei nº 12.248/10, a qual acrescentou os parágrafos 15º e Fl. 1521DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.522 13 17º ao artigo 74 da Lei nº 9.430/96, que prevê a multa isolada de 50% quando formula pedido de ressarcimento ou de compensação e tem seu pleito indeferido ou nao homologado, sendo o percentual da multa aplicado sobre o valor creditório indeferido; a DRJ manteve a multa; (c) No item III.1, trata das razões para reforma do Acórdão Recorrido, da contrariedade à coisa julgada: De acordo com a Fiscalização e com a decisão da DRJ/BHE, seria devido o valor da COFINS sobre as receitas financeiras do Recorrente, mesmo diante da decisão transitada em julgado na Ação Rescisória nº 2006.01.00.01070238, pois nenhuma decisão judicial declarando a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º, da Lei nº 9.718/98 (que determinou que a base de calculo da COFINS seria a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica) poderia afastar a tributação das receitas operacionais das pessoas jurídicas; argumenta que a decisão recorrida ignorou que no caso concreto foi expressamente consignado no acórdão transitado em julgado que a base de cálculo da COFINS deveria observar especificamente o art. 2º da LC 70/91 (e não os dispositivos da lei nº 9.718/98), que prevê de forma clara que faturamento deve ser entendido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. como expressamente reconhecido pela Fiscalização, o Recorrente formulou pedido expresso de recolhimento da COFINS com base na LC n° 70/91, a qual já delimita a incidência da contribuição apenas sobre as vendas de mercadorias e serviços. Não sendo as receitas de operações de bancos comerciais, bancos de investimento, inclusive cambio, das sociedades de credito, financiamento e investimento, das sociedades de arrendamento mercantil e das sociedades de credito imobiliário advindas da venda de mercadorias e serviços, por obvio estão fora do campo de incidência da COFINS, pelo simples fato destas receitas não se constituírem como faturamento; neste sentido, cita trecho do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, que admite que as receitas financeiras não estavam elencadas na Lei Complementar nº 70/91; informa que de maneira diversa do que defende a decisão recorrida, nenhum dos Processos Administrativos relacionados à presente questão se findou de forma desfavorável ao Banco BMG, em caso idêntico ao do Recorrente (ainda pendente de decisão na CSRF do CARF). (d) No item III.2, discorre sobre o conceito de Faturamento de acordo com a Jurisprudência do STF; vejase que a impossibilidade da COFINS ser exigida com base em todas as receitas do Recorrente decorre da induvidosa inadequação do § 1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98 ao conceito de faturamento consolidado na jurisprudência do STF, tudo com base na LC n° 70/91, no sentido de que o faturamento consiste no valor das receitas de uma empresa relativas as vendas de mercadorias e serviços; como visto, no caso concreto foi considerado inconstitucional a inclusão de todas as receitas auferidas na base de cálculo da contribuição, ao declararse a inconstitucionalidade da equiparação do termo receita bruta e faturamento; Fl. 1522DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.523 14 (e) No item III.3, aduz sobre o posicionamento do STF acerca da Base de Calculo do PIS e da COFINS para as Instituições Financeiras MP 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014; É relevante ainda destacar que em 04/03/2011 o STF reconheceu a repercussão geral da questão constitucional suscitada no Recurso Extraordinário nº 609.096, do Banco Santander. Nesse processo se discute exatamente a composição da base de calculo do PIS e da COFINS das instituições financeiras e seguradoras, tendo em vista o anterior e já mencionado reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade do §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Atualmente o RE nº 880.143, da empresa Sita Corretora também esta elevado a situação de repercussão geral, na medida em que, por um problema processual, apenas o PIS será julgado no caso do Santander. Cita outros Recursos ainda sobre apreciação do STF; destaquese que em 12/11/2013, foi publicada no Diário Oficial da União, a Medida Provisória no 627/2013, a qual, em 13/05/2014 foi convertida na Lei nº 12.973/2014, que em seu art. 2º, definiu que o conceito de receita bruta operacional de que trata o art. 12 do Decreto Lei nº 1.598/77, passara a compreender também “as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, nao compreendidos nos incisos I a III”. ou seja, a partir de 01/01/2015, quando a Lei nº 12.973/2014 efetivamente entrou em vigor, a receita bruta operacional passou a ser não apenas aquela decorrente da venda de bens e serviços do contribuinte, conforme restou pacificado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários no 346.084, no 390.840, no 358.273 e no 357.950, mas também compreende toda a receita decorrente do objeto social das empresas. com efeito, o responsável pela aprovação da norma, muito acertadamente, reconheceu que antes da alteração em questão, não havia que se falar em exigência do PIS e da COFINS sobre as atividades principais da pessoa jurídica, trazendo a MP 627 a partir deste momento, fato gerador novo, inaugural no mundo jurídico tributário. (f) No item III.4, aborda sobre o PAF nº 16327.721076/201433, alegando a impossibilidade de cobrança de multa isolada em Compensação não homiologada. que na remota hipótese de manutenção da glosa das compensações em tela por ausência de credito, o que apenas se admite para argumentar, ainda assim não se poderia falar em cobrança de multa isolada no presente caso, tendo em vista que a sistemática da compensação de créditos, ainda em casos de insuficiência de credito, não comporta tal lançamento. Isso porque, o lançamento por homologação, como e o caso da COFINS, consiste em outorgar ao sujeito passivo o dever de identificar o fato gerador, apurar o montante devido e realizar o pagamento na data do vencimento. por se tratar a declaração de compensação de instrumento de confissão de divida (semelhante a DCTF), sujeita a posterior homologação, os débitos nela contidos estão sujeitos a inscrição em divida ativa e ajuizamento da execução fiscal, sem que haja o prévio lançamento pela autoridade fiscal. Por isso, da mesma forma como ocorre com os demais débitos declarados em oficio), não se sujeitam a aplicação da multa de oficio de 75%, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/96 (especifica para as hipóteses em que ha a atividade fiscalizatório e o lançamento de oficio), sujeitandose a multa de mora, a qual e limitada ao percentual de 20%. Fl. 1523DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.524 15 Por outro lado, a ampliação do campo de aplicação da multa isolada implica a dupla penalização do contribuinte, pelo suposto cometimento de uma única infração, também em ofensa a sistemática prevista para o instituto da compensação. Por todo exposto, requer que seja dado provimento ao recurso, reformandose integralmente o Acórdão proferido pela DRJ/BHE, para que seja reconhecida a integralidade do crédito de COFINS habilitado, no valor histórico de R$ 11.005.561,35 e, consequentemente, sejam totalmente homologadas as compensações já enviadas e glosadas pela Fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator 1. Da admissibilidade do recurso O recurso voluntário interposto é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 2. Objeto da lide As matérias postas sob discussão nesse julgamento são duas: (i) à exclusão da base de cálculo das contribuições para a COFINS das receitas decorrentes das atividades típicas das instituições financeiras (bancos, etc.), diante da inexistência de venda de mercadorias, prestação de serviços ou vendas de mercadorias e prestação de serviços, em face das decisões do STF e da Ação rescisória própria do Recorrente e, (ii) do Auto de Infração (que está sendo julgado em conjunto neste Acórdão conforme o PAF apenso nº 16327.721076/2014 33), referente a aplicação da multa isolada de 50% calculada sobre o valor do crédito objeto de compensação não homologada. 3. Do Pedido de Restituição e DCOMP Ação Rescisória nº 2006.01.00.0107238/MG Aduz o Recorrente que na Ação Rescisória nº 2006.01.00.01070238 (MG), ajuizada contra o Acórdão proferido nos autos do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0212911/MG, que deu origem ao crédito discutido neste processo, pleiteou a desconstituição de decisão judicial que considerara legitima a majoração da base de calculo da COFINS, promovida pela Lei nº 9.718/98, em dispositivo que veio a ser declarado inconstitucional pelo STF, por ofensa ao art. 195 da CF. Após uma série de recursos, o acórdão do TRF transitou em julgado favoravelmente ao contribuinte em 06.04.2009, de modo a se reconhecer expressamente o direito ao recolhimento da COFINS nos termos da LC n° 70/91 (vendas de bens e serviços). Na decisão que transitou em julgado foi declarado ainda o direito do Recorrente à compensação da COFINS recolhida a maior desde fevereiro de 1999. Portanto, verificase que na referida Ação Rescisória requereu a concessão da segurança no tocante à majoração da base de cálculo da COFINS operada pela Lei nº 9.718/98, declarandose a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º dessa Lei, e reconhecendo o seu direito de compensar os valores indevidamente recolhidos a título de COFINS sobre as receitas excedentes ao seu “faturamento”, desde a entrada em vigor da Lei nº 9.718/98, com outros tributos administrados pela RFB. Vejase os pedidos: Fl. 1524DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.525 16 “Por todo o exposto, requerem as Autoras que esse E. Tribunal se digne a: a) conceder a antecipação parcial da tutela jurisdicional nos termos em que pleiteada; b) determinar a citação da União Federal, na pessoa do seu representante legal, para, querendo, vir contestar a presente; c) julgar procedentes os pedidos de rescisão do acórdão proferido nos autos do Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0212911, e de novo julgamento da causa, que conceda, a segurança no tocante à majoração da base de cálculo da COFINS operada pela Lei nº 9.718/98, conforme mansa e pacífica jurisprudência do STF, declarandose a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e o direito das Autoras de compensarem os valores indevidamente recolhidos de COFINS sobre receitas excedentes ao “faturamento”, desde a entrada em vigor da Lei nº 9.718/98, com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal.” (Grifei) "(...) ACÓRDÃO Decide a 4ª Seção JULGAR PROCEDENTE o pedido rescisório por unanimidade. 4ª Seção do TRF – 1ª Região, 06/06/2007" Nesse diapasão, o dispositivo do acórdão eximiu a impetrante do MS “das alterações no perfil da COFINS promovidas pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98”, bem como assegurou a compensação do indébito, atualizado monetariamente pela SELIC, com parcelas vincendas da COFINS, do PIS e da CSLL, e negou provimento à apelação da Fazenda Nacional e à remessa oficial, motivando a decisão nos julgados dos RE´s nº 346.084/PR; nº 357.950/RS; nº 358.273/RS; e nº 390.840/MG. Como visto, verificase que no Acórdão proferido pelo TRF da 1ª Região, transitado em julgado em 06/04/2009, julgou procedente o pedido rescisório e proveu em parte o pedido originário da empresa, concedendo a ela o direito de calcular a COFINS conforme o conceito de faturamento precedente à Lei nº 9.718/98 (o constante do art. 2º da Lei Complementar (LC) nº 70/91), nos termos da seguinte ementa: EMENTA CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO RESCISÓRIA COFINS BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA CONCEITO AMPLO DE FATURAMENTO (ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/98): INCONSTITUCIONAL (STF) BASE DE CÁLCULO CORRETA: ART. 2º DA LC Nº 70/91 ALÍQUOTA (ART. 8º DA LEI Nº 9.718/98): LEGÍTIMA PEDIDO RESCISÓRIO PROCEDENTE. Sendo assim, o provimento jurisdicional obtido nos autos da Ação Rescisória referida está em linha com o entendimento do STF no sentido da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da COFINS dada pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, sem adentrar, contudo, a questão, claramente diversa e específica, de definir se as receitas financeiras auferidas por instituições financeiras (e equiparadas a tal) integram, ou não, como receitas operacionais, o faturamento dessas instituições. Observase que tal questão não foi arguida pelo autor em sua petição inicial, ou seja, a questão do conceito de “faturamento” para instituições financeiras e assemelhadas não foi objeto do pedido do autor. Ou seja, a incidência, ou não, da COFINS sobre receitas Fl. 1525DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.526 17 advindas das atividades financeiras desenvolvidas por instituições financeiras ou a elas equiparadas não foi abordada na petição da empresa, muito menos nas decisões exaradas nos autos da Ação Rescisória por ela ajuizada. Corroborando esse entendimento, temos no caso, que no pronunciamento do STF ao julgar o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) nos autos da Ação Rescisória interposta pelo contribuinte, observese que foi negado provimento ao agravo regimental da PGFN justamente porque na Ação Rescisória não se discutia questões específicas sobre a abrangência do conceito de faturamento, em particular as questões relacionadas às instituições financeiras (bancos, seguros, previdência). Portanto, a alegação principal do Recorrente consiste na ofensa à coisa julgada na Ação Rescisória nº 2006.01.00.01070238, vez que o Fisco considerou como serviços tributáveis as receitas decorrentes das atividades desenvolvidas em torno do objeto social da recorrente, mais precisamente, as receitas decorrentes da intermediação financeira. Por outro giro, analisando a petição inicial e o acórdão transitado em julgado, concluise que não houve decisão sobre a incidência de COFINS especificamente sobre as receitas financeiras decorrentes da intermediação financeira ou as receitas oriundas das atividades empresariais típicas, mas tão somente foi pedido pelo Recorrente a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, conforme a “mansa e pacífica jurisprudência do STF”, pedido este provido pelo acórdão transitado em julgado, reproduzindo os entendimentos exarados nos RREE nº 346.084/PR; nº 357.950/RS; nº 358.273/RS; e nº 390.840/MG. Destaco o seguinte trecho do acórdão transitado em julgado, transcrito à fl. 1.443 do recurso voluntário: "(...) O “novo conceito” de faturamento implementado pelo §1º do art. 3º da Lei no 9.718/98, ampliando a base imponível da COFINS, foi declarado inconstitucional pelo STF (RREE´s no 346.084/PR; no 357.950/RS; no 358.273/RS; e no 390.840/MG), porque incompatível com a redação (primitiva) do art. 195, I, “b”, da CF/88, não convalidável o vicio originário pela superveniência da EC no 20/98, prevalecendo, então, o conceito de faturamento precedente à Lei nº 9.718/98 (o constante do art. 2º da LC nº 70/91). destacamos". Nesse contexto, prossegue a Recorrente alegando em seu recurso que, (...) Como expressamente reconhecido pela Fiscalização, o Recorrente formulou pedido expresso de recolhimento da COFINS com base na LC n° 70/91, a qual já delimita a incidência da contribuição apenas sobre as vendas de mercadorias e serviços. Não sendo as receitas de operações de bancos comerciais, bancos de investimento, inclusive cambio, das sociedades de credito, financiamento e investimento, das sociedades de arrendamento mercantil e das sociedades de credito imobiliário advindas da venda de mercadorias e serviços, por obvio estão fora do campo de incidência da COFINS, pelo simples fato destas receitas não se constituírem como faturamento. Neste sentido, cita trecho do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, que admite que as receitas financeiras não estavam elencadas na Lei Complementar nº 70/91". Fl. 1526DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.527 18 Neste ponto específico, caberia discorrer sobre o alcance das decisões proferidas nos RREE nº 346.084/PR; nº 357.950/RS; nº 358.273/RS; e nº 390.840/MG (formadores dos leading cases, que afirmaram a inconstitucionalidade do §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998), para se verificar se houve ou não a ocorrência de ofensa à coisa julgada neste caso. No entanto vou me ater, por bem ilustrar a matéria, somente ao RE 585.2351/MG (com repercussão geral do tema) e a alguns trechos do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007. Quanto ao Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, que abordou o conceito de serviços para as instituições financeiras e seguradoras, cujos argumentos transcrevo abaixo: “9. Com efeito o enquadramento da atividade de bancos e de seguros no setor terciário da economia (serviços) é contemplado no Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS), firmado durante a rodada de negociações multilaterais promovidas no âmbito de Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994 (GATT 1994) – Rodada Uruguai, promulgada pelo Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994. (...). 32. Dessa forma, fica claro que a atividade bancária é constituída por serviços que são disponibilizados aos clientes, dentre os quais se inclui a intermediação financeira. Efetivamente, o ponto fundamental do presente trabalho é possuir a clara avaliação do que se pode considerar serviço para fins tributários. Assim, o conceito de serviço, deve ser considerado sob o “contexto sistemático da Constituição”, que “leva à conclusão de que o conceito constitucional de serviço não coincide com o emergente da acepção comum, ordinária, desse vocábulo”. Foi Alfredo Augusto Becker – apoiado em Pontes de Miranda – quem melhor mostrou que a norma jurídica como que “deturpa” ou “deforma” os fatos, do mundo, ao erigilos em fatos jurídicos”.2 Ainda, segundo Aires Barreto, “serviço tributável é o desempenho de atividade economicamente apreciável, produtiva de utilidade para outrem, porém sem subordinação, sob regime de direito privado, com fito de remuneração”. 33. Com efeito, o conceito de serviços não se limita àqueles assim caracterizados na legislação e na doutrina especificamente bancárias, na qual as atividades da instituições financeiras, em geral, discriminadas entre operações bancárias (em síntese, relacionadas à intermediação financeira) e serviços bancários (estes, em síntese, relacionados à prestação direta de serviços pelas instituições a seus usuários, clientes ou não, e normalmente remunerados sob a forma de tarifas). 35. Tal conceito (de serviços) compreende a totalidade das atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras em torno do seu objeto social legalmente tipificado – ou seja, compreendendo tanto as “operações” quanto os “serviços” bancários/financeiros, como caracterizado no item 5 do Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS), firmado na Rodada Uruguai do GATT (1994) e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994. (...) 50. Nesse passo, temos que a natureza jurídica dos serviços de intermediação financeira não é diferente da natureza jurídica de quaisquer outros serviços colocados, pelas instituições financeiras, à disposição de seus clientes. Ontologicamente a única diferença é a forma como se aufere a receita proveniente de tais serviços. Fl. 1527DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.528 19 51. De fato, a receita auferida pelos serviços de fornecimento de talão de cheques, extratos, compensação de cheques, etc., é proveniente de pagamentos diretos feitos pelos clientes (por meio do débito automático de tarifas correspondentes nas contas de depósito dos mesmos). Por outro lado, as receitas provenientes dos serviços de intermediação ou aplicação de recursos são decorrentes exatamente de tais transações, ou seja, correspondem à diferença apurada entre os valores originariamente aplicados, o seu rendimento, e o valor que contratualmente deve ser devolvido ao aplicador ao final da operação, o que se convencionou chamar de spread, como já demonstrado. (...) 66. Em face dos argumentos acima expendidos, concluise que: (...) f) no caso da COFINS o conceito de receita bruta é o contido no art. 2º da LC nº 70, de 1991, isto é, as receitas advindas da venda de mercadorias e da prestação de serviços; g) no caso do PIS o conceito de receita bruta é o contido no art. 1º da Lei nº 9.701, de 1998; h) serviços para as instituições financeiras abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira); i) serviços para as seguradoras abarcam as receitas advindas do recebimento dos prêmios; (...) 66. Têmse, então, que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao ‘plus’ contido no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/ RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada.” (Grifei) Por outro lado, temos que o alcance do termo faturamento ou receita bruta abarcando a atividade empresarial típica, restou assente no RE nº 585.2351/MG, no qual reconheceuse a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, e reafirmouse a jurisprudência consolidada pela Corte Suprema nos leading cases. Transcrevese a ementa: "EMENTA. RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em resolver questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.529 20 cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Brasília, 10 de setembro de 2008 Ministro Cezar Peluso, Relator" No voto, o Ministro Cezar Peluso deixou consignado que: “1. O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais....”(Grifei) Verificase que as conclusões obtidas no Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007 se coadunam com o entendimento exarado no RE 585.2351/MG acima (no qual reconheceu se a repercussão geral do tema, devendo a decisão ser reproduzida nos julgamentos no âmbito deste CARF), e prestigiam o princípio da universalidade na manutenção da seguridade social (art. 195, caput da Constituição Federal) e da capacidade contributiva (art. 145, §1º da Constituição Federal), revelando, pois, legítimas as incidências da COFINS sobre as receitas oriundas das atividades empresariais dos contribuintes. No entanto, se faz importante ressaltar, que a incidência (composição das bases de cálculo) de PIS e COFINS, especificamente, sobre as receitas financeiras das instituições financeiras e seguradoras está sendo julgada no RE nº 609.096/RS, no qual foi reconhecida a repercussão geral do tema, o que implica reconhecer que a matéria não foi objeto dos julgamentos dos RREE nº 346.084/PR; nº 357.950/RS; nº 358.273/RS; e nº 390.840/MG e, conseqüentemente, ainda não foi decidida pela Suprema Corte. Cabe salientar também que, atualmente o RE nº 880.143 (da empresa Sita Corretora), também esta elevado a situação de repercussão geral do tema, na medida em que, por um problema processual, apenas o PIS será julgado no caso do RE nº 609.096/RS. Argumenta ainda a Recorrente em seu recurso que (...) de maneira diversa do que defende a decisão recorrida, nenhum dos Processos Administrativos relacionados à presente questão se findou de forma desfavorável ao Banco BMG, em caso idêntico ao do Recorrente (ainda pendente de decisão na CSRF do CARF)". Verificase que de fato o PAF nº 15504.015967/201072, do próprio Recorrente (Acórdão nº 9303004.138, de 08/06/2016), foi julgado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, por maioria de votos, deu provimento ao Recurso Especial do Banco BMG, entendendo pela impossibilidade de inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da COFINS. Em verdade o fato é que essa matéria não se encontra pacificada perante esse Tribunal Administrativo. Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.530 21 Neste diapasão, em sentido oposto, com o qual compartilho de seus fundamentos, citase o julgado proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), o qual negou provimento a Recurso Especial deste mesmo contribuinte (Banco BMG S.A), PAF nº 15504.730283/201347, Acórdão CSRF nº 9303003.862, de 18/05/2016, de relatoria do Conselheiro Valcir Gassen, cuja ementa e parte do voto transcrevo abaixo: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. BASE DE CÁLCULO DA COFINS. As receitas decorrentes do exercício das atividades empresariais, incluindo as receitas da intermediação financeira, compõem a base de cálculo da Cofins para as instituições financeiras e assemelhadas, nos termos do RE 585.2351/MG." "(...) A alegação principal do Contribuinte consiste na ofensa à coisa julgada na Ação Rescisória n° 2006.01.00.01070238. Ocorre que da leitura da petição inicial e do acórdão transitado em julgado, o objeto foi a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art.3º da Lei 9.718/1998, não se tratou especificamente da incidência da COFINS sobre as receitas financeiras decorrentes da intermediação financeira. Observese ainda que a intermediação financeira decorre das atividades típicas da razão social da empresa e, portanto, não implica na sua exclusão da base de incidência da COFINS. Neste sentido o voto do Ministro Cezar Peluso no julgamento do agravo regimental no RE 400.4798/RJ é ilustrativo: “Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominados prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (grifei). No RE 585.2351/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral acerca da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista §1º do art.3º da Lei 9.718/1998, trata do alcance do termo faturamento ou receita bruta abarcando a atividade empresarial típica conforme se pode depreender: EMENTA. RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social PIS. COFINS.Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.531 22 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em resolver questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Brasília, 10 de setembro de 2008 Ministro Cezar Peluso Relator No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: “1. O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais....” (grifei) Diante do exposto, da inquestionável declaração de inconstitucionalidade do §1º do art.3º da Lei 9.718/1998; da não violação dos termos da decisão judicial transitado em julgado pelo fato de não ter sido especificamente tratado da incidência da COFINS sobre as receitas financeiras decorrentes da intermediação financeira na Ação Rescisória; de se considerar que a intermediação financeira integra a atividade empresarial típica da recorrente, nego provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. No caso sob análise bem como no acima decidido pela CSRF, restou assentado nos autos o entendimento no sentido de que não foi objeto de contestação, naquela ação judicial questão específica, qual seja, que as receitas financeiras, auferidas pelas Instituições Financeiras (atividade da Recorrente), integrariam, ou não, como receitas operacionais, o faturamento das referidas instituições, para fins de tributação da COFINS. O artigo 17 da Lei nº 4.595/1964 definiu a instituição financeira nos seguintes termos: Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. (...). (Grifei). Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.532 23 Portanto, todas as receitas auferidas pelo Recorrente são classificadas como rendas operacionais, sendo consideradas típicas, regulares e habituais, se inserindo na definição de faturamento dada pelo STF no RE 585.2351/MG, o qual reafirmou a sujeição das receitas típicas oriundas das atividades empresariais à incidência das contribuições. O Recorrente argumenta que (...) a decisão recorrida ignorou que no caso concreto foi expressamente consignado no acórdão transitado em julgado que a base de cálculo da COFINS deveria observar especificamente o art. 2º da LC 70/91 (e não os dispositivos da lei nº 9.718/98), que prevê de forma clara que faturamento deve ser entendido como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza". É cediço que no âmbito tributário, desde a LC nº 70/91, o faturamento corresponde à receita bruta de vendas de mercadorias e de serviços, compreendendo a totalidade das receitas operacionais da pessoa jurídica. As receitas operacionais são aquelas desenvolvidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica. No caso das instituições financeiras, as receitas operacionais são as receitas de serviços decorrentes das operações de intermediação financeira e de outros serviços bancários ou financeiros. Portanto, entendo que não houve afronta à coisa julgada na inconstitucionalidade da ampliação das bases de cálculo do PIS e da COFINS pelo § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, pois como asseverado neste voto, as receitas financeiras são típicas da atividade fim das instituições financeiras e, portanto, componentes do seu faturamento. Veja se que a tipificação dos bens e serviços foi posta em segundo plano pelo STF nos REE, posto que, para ser sofrer a incidência das contribuições, basta que a receita seja decorrente do objeto social da pessoa jurídica. Reprisese que no Mandado de Segurança proposto pelo Recorrente, não foi abordado a natureza de suas receitas, mas apenas reproduziu o julgamento efetuado nos leanding cases (RE) acerca da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições, o que, entretanto, não afastou a incidência da COFINS sobre as receitas oriundas das atividades empresariais típicas da PJ, no caso Instituição Financeira (Banco BMG). É importante ressaltar que a decisão transitada em julgado, não impede que se apure a receita operacional do Recorrente, a qual integrou o seu faturamento nos anos calendário aqui discutidos, e, consequentemente, constituiu a base de cálculo da COFINS. Nesse caso, não há, pois, ofensa à coisa julgada e à segurança jurídica. Concluise, portanto, que as receitas decorrentes das atividades constantes do seu objeto social (conforme artigo 17 da Lei nº 4.595/1964), mais precisamente as Receitas Financeiras decorrentes da intermediação financeira, se enquadram na hipótese de incidência da Contribuição para a COFINS. 4. Da MP 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014 Aduz a Recorrente que "(...) destaquese que em 12/11/2013, foi publicada no Diário Oficial da União, a Medida Provisória no 627/2013, a qual, em 13/05/2014 foi convertida na Lei nº 12.973/2014, que em seu art. 2º, definiu que o conceito de receita bruta operacional de que trata o art. 12 do Decreto Lei nº 1.598/77, passara a compreender também “as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidos nos incisos I a III”. Ou seja, a partir de 01/01/2015, quando a Lei nº 12.973/2014 efetivamente Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.533 24 entrou em vigor, a receita bruta operacional passou a ser não apenas aquela decorrente da venda de bens e serviços do contribuinte, conforme restou pacificado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários no 346.084, no 390.840, no 358.273 e no 357.950, mas também compreende toda a receita decorrente do objeto social das empresas". Analisandose o caso, entendo que se encontra correta os termos da decisão recorrida, que ratifico e, supletivamente, adoto todos os fundamentos, que tenho por boa e conforme a lei (forte no art. 50, § 1º, da Lei no 9.784, de 1991), que restou consignada que quanto às alterações promovidas pela Medida Provisória nº 627/2013 no art. 3º da Lei nº 9.718/98 e no art. 12 do Decretolei nº 1.598/77, cabe observar que elas não têm o condão de alterar a interpretação de que a base de cálculo da COFINS é o faturamento que corresponde à receita bruta de vendas de mercadorias e de serviços, compreendendo a totalidade das receitas operacionais da pessoa jurídica. O fato das novas redações do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e do art. 12 do Decretolei nº 1.598/77 coincidirem com a interpretação dada pela RFB e pela PGFN para a base de cálculo da COFINS das instituições financeiras e assemelhadas não implica que tal interpretação estava equivocada. As alterações introduzidas pela MP nº 627/2013 foram implementadas somente para dirimir a discussão acerca da correta interpretação da base de cálculo do PIS e da COFINS. Corrobora tal entendimento o item 15.4 da Exposição de Motivos da MP nº 627/2013: “15.4. O art. 12 foi alterado com o objetivo de aperfeiçoar a definição de receita bruta e de receita líquida;”. Portanto, estão corretas a exclusão das receitas esporádicas e atípicas do contribuinte (“outras receitas”) ou receitas não operacionais, desvinculadas do seu objeto social, da base de cálculo da COFINS, para a determinação do montante a ser restituído/ compensado e, por outro lado, a inclusão das receitas decorrentes de intermediação financeira, típicas das instituições financeiras, não afastadas pelo provimento judicial obtido. 5. Do Auto de Infração referente ao PAF nº 16327.721076/201433 Em seu recurso aduz o Recorrente que (...) na remota hipótese de manutenção da glosa das compensações em tela por ausência de credito, o que apenas se admite para argumentar, ainda assim não se poderia falar em cobrança de multa isolada no presente caso, tendo em vista que a sistemática da compensação de créditos, ainda em casos de insuficiência de credito, não comporta tal lançamento. Isso porque, o lançamento por homologação, como e o caso da COFINS, consiste em outorgar ao sujeito passivo o dever de identificar o fato gerador, apurar o montante devido e realizar o pagamento na data do vencimento". "(...) por se tratar a declaração de compensação de instrumento de confissão de divida (semelhante a DCTF), sujeita a posterior homologação, os débitos nela contidos estão sujeitos a inscrição em divida ativa e ajuizamento da execução fiscal, sem que haja o prévio lançamento pela autoridade fiscal". Argumenta ainda que a multa isolada de 50% não é razoável e claramente desproporcional. Como o simples pedido de compensação não implica qualquer prejuízo à Administração, que poderá exigir os valores correspondentes às compensações não homologadas imediatamente, a imposição da multa isolada de 50% acrescida da multa de 20% Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.534 25 caracteriza a natureza de sanção política daquela, o que é abominado pela ordem constitucional. E continua afirmando que considerando a atual sistemática que rege a compensação tributaria e por já existir multa especifica no caso de não homologação das compensações declaradas a Administração, não se pode admitir a cobrança da multa isolada prevista nos §§ 15 e 17 do art. 74 da Lei no 9.430/96, com a redação data pela Lei nº 12.249/10, no caso concreto, devendo quando menos, ser esta cancelada, mesmo na eventualidade de manutenção de qualquer glosa de compensação administrativa no caso concreto. Por isso, da mesma forma como ocorre com os demais débitos declarados, não se sujeitam a aplicação da multa de oficio de 75%, prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96 (especifica para as hipóteses em que há a atividade fiscalizatório e o lançamento de oficio), sujeitandose a multa de mora, a qual e limitada ao percentual de 20%. Por outro lado, a ampliação do campo de aplicação da multa isolada implica a dupla penalização do contribuinte, pelo suposto cometimento de uma única infração, também em ofensa a sistemática prevista para o instituto da compensação. Pois bem. Em decorrência da não homologação das compensações de que trata o presente processo, foi lavrado Auto de Infração para a exigência de multa isolada, que deu origem ao processo administrativo nº 16327.721076/201433, em apenso. Ressaltese que todas as referências a números de folhas feitas neste tópico se referem ao processo apenso. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 8/13), a fiscalização sustenta que a aplicação de multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada encontrase expressamente prevista no §17 c/c §15, do art. 74 da Lei nº 9.430/96, introduzidos pelo art. 62 da Lei nº 12.249/2010, em vigor no período em que as compensações foram declaradas (18/03/2014 e 19/09/2014). A matéria foi regulamentada à época pela IN SRF nº 900/2008, em seu art. 38, §1º, inciso I. A mesma previsão encontrase no art. 45 da IN RFB nº 1.300/2012, atualmente em vigor. Vejase o disposto no art. 74, § 17, da Lei 9.430/1996, incluído pelo art. 62 da Lei 12.249/2010 e posteriormente alterado pelo 8º da Lei 13.097/2015, a seguir transcritos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...). § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) (Grifei). Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.535 26 Da leitura dos dispositivos transcritos acima, extraise que a base de cálculo da multa isolada por compensação não homologada é o valor do crédito (na redação vigente à época do fato gerador destes autos) ou débito (na redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015), não compensado e a conduta sancionada é a simples apresentação da DCOMP, cujos débitos totais ou parciais não foram homologados. Tratase, portanto, de multa sancionadora de conduta que prescinde da existência do dolo do infrator. Portanto, a partir da Lei nº 12.249/2010, mesmo nos casos de mera divergência de entendimento entre o contribuinte e o Fisco sobre a existência ou o valor do crédito de compensação, sem qualquer suspeita de falsidade na declaração do contribuinte, haverá a aplicação da multa isolada de 50% sobre o débito não compensado. O recorrente alega que a multa em questão representa uma dupla penalidade (bis in idem) e implica limitação ao direito de petição, como o próprio direito de pleito à compensação do indébito, em franca violação dos princípios da boafé, moralidade, razoabilidade e proporcionalidade, além da vedação ao não confisco, sendo, portanto, ilegal e inconstitucional, amplamente rechaçado em matéria tributária. Preliminarmente, cabe ressaltar que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do CTN. Verificandose, no caso concreto, a não homologação de compensação, é dever da autoridade fiscal proceder ao lançamento. Desta forma, o Fisco nada mais fez que levar a efeito o aludido comando legal. Nesse sentido, a alegação de afronta a princípios constitucionais não é oponível na esfera administrativa de julgamento, uma vez que sua apreciação foge à alçada da autoridade administrativa, que não dispõe de competência legal para examinar hipóteses de invalidade de normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Esse é o teor art. 26A do Decreto nº 70.235/1972, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009, prestigiado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais através da Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Retornando ao caso, a penalidade pecuniária tem como fato gerador o ato de promover a compensação posteriormente não homologada, ou seja, considerase ocorrido o fato gerador da multa isolada na data de apresentação da Declaração de Compensação, pois neste momento houve a transgressão de norma previamente estabelecida, a qual exige o aproveitamento de crédito líquido e certo, passível de restituição. A base de cálculo para lançamento da multa isolada corresponde ao total do crédito utilizado, o que equivale ao total do débito expressamente confessado na Declaração de Compensação, com os respectivos acréscimos legais cabíveis. O cálculo da multa isolada foi efetuado no percentual de 50% sobre os valores das compensações não homologadas, totalizando o montante de R$ 52.238,86. Nada há, portanto, o que contestar na decisão recorrida. De fato, a base legal para exigência da multa definida pelo art. 74, § 17 da Lei 9.430, de 1996, introduzido pela Lei nº 12.249, de 2010 é clara a disciplinar que ela incidirá sobre a parcela do débito objeto de compensação não homologada. Desta forma, deve ser mantida, portanto, a exigência da multa isolada constituída no Auto de Infração lavrado no PAF nº 16327.721076/201433. Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 16327.720229/201425 Acórdão n.º 3402004.770 S3C4T2 Fl. 1.536 27 6. Conclusão Ante ao todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado no presente processo administrativo extensivo ao processo administrativo apenso nº 16327.721076/201433. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 1536DF CARF MF
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Numero do processo: 13116.720407/2014-13
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2014
SIMPLES NACIONAL TERMO DE INDEFERIMENTO DÉBITOS
Não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débitos com a Fazenda Pública Federal.
Numero da decisão: 1001-000.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (efl. 04) para o ano calendário 2014, tendose em vista a existência de débito (Simples Nacional, R$77,30, no período de apuração 04/2011) com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, de natureza não previdenciária, cuja exigibilidade não estava suspensa, nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 72 04 07 /2 01 4- 13 Fl. 133DF CARF MF 2 Após tomar ciência do contido do Termo de Indeferimento a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade. A decisão de primeira instância (efls. 75/78) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que o interessado retificou por diversas vezes a apuração do débito do Simples Nacional (PGDASD), mas que a retificação que diminuiria o débito para o patamar pago não foi homologada. Isto porque a Resolução, no art.37 A, estabelece que não terá efeito a retificação da apuração de débito cujo saldo a pagar já tenham sido enviado à PGFN, ou com relação ao ICMS ou ISS, transferidos para o Estado ou Município convenente. Cientificada da decisão de primeira instância em 22/10/2014 (efl. 82) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 07/11/2014 (efl. 130), em que aduz, em resumo, que sua DASN competência 04/2011 foi modificada erroneamente pata consignar o débito cobrado e que só percebeu o erro do contabilista quando teve negada sua adesão ao Simples; alega que a adesão ao Simples é indispensável para assegurar a continuidade das atividades da empresa: . Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso é tempestivo, portanto dele conheço. Tratase, nestes autos, exclusivamente do Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (efl. 06) para o ano calendário 2014. Cabe verificar o que dispõe o artigo 17 da Lei nº 123/2006, inciso V e XI, e o art. 7o, § 1ºA, da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: “Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa”;(destaquei). (...) Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13116.720407/201413 Acórdão n.º 1001000.237 S1C0T1 Fl. 134 3 A opção pelo Simples Nacional está regulamentada pela Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (...) § 1ºA Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) O débito que deu causa ao indeferimento não foi pago, nem teve sua exigibilidade suspensa dentro do prazo legal. Alegando que o montante devido seria de R$ 30,22 (período 04/2011), o interessado tentou retificar a apuração do débito do Simples Nacional (PGDASD), durante o período de adesão ao SN em janeiro de 2014, mas a retificação não foi homologada. E nem poderia, tendose em vista que a Resolução CGSN nº 94 de 29 de novembro de 2011, no art.37 A, estabelece que não terá efeito a retificação da apuração de débito cujo saldo a pagar já tenha sido enviado à PGFN, ou com relação ao ICMS ou ISS, transferidos para o Estado ou Município convenente. Por bem descrever os fatos, a base legal e a confirmação da prevalência do disposto no art.37 A da Resolução CGSN nº 94 de 29 de novembro de 2011, peço vênia para reproduzir o voto vencedor do acórdão recorrido: 8. A Resolução CGSN nº 94 de 29 de novembro de 2011 e alterações estabelece que o prazo para regularização de pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional é o prazo para a Solicitação da Opção: Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo e observado o disposto no § 3º do art. 21. § 1ºA Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009)(...) 9. A mesma Resolução, no art.37 A, estabelece que não terá efeito a retificação da apuração de débito cujo saldo a pagar já Fl. 135DF CARF MF 4 tenham sido enviado à PGFN, ou com relação ao ICMS ou ISS, transferidos para o Estado ou Município convenente: ...Art. 37A . A alteração das informações prestadas no PGDAS D será efetuada por meio de retificação relativa ao respectivo período de apuração. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 2º, inciso I, § 6º) ( Incluído pela Resolução CGSN nº98, de 13 de março de 2012 ) 1º A retificação terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada,substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitosjá informados. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 2º, inciso I, § 6º) ( Incluído pela Resolução CGSN nº 98,de 13 de março de 2012 ) 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos aos períodos de apuração: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 2º, inciso I, § 6º; Lei nº 5.172, de 1966,art. 138, Parágrafo único) ( Incluído pela Resolução CGSN nº 98, de 13 de março de 2012 ) I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU, ou, com relação ao ICMS ou ao ISS, transferidos ao Estado ou Município que tenha efetuado o convênio previsto no § 3º do art. 41 da Lei Complementar nº 123, de 2006; ou ( Incluído pela Resolução CGSN nº 98, de 13 de março de 2012 ). 10. Pois bem. Da consulta (efls.63/64) ao Sistema Informatizado da RFB (SIEF/FISC.ELETR) vêse que o débito (gerado a partir da apuração retificadora de nº. 12.77.18.17.20.11.04.003 e fls.51/52), no valor de R$142,67, relativo ao PA 04/2011, foi informado na DASN retificadora nº00.12.77.18.17.20.11.002, de 28/05/2013 (efls.24/32). O recolhimento, alegado pelo interessado, foi efetuado em 30/05/2011. 11. Em 28/05/2013– 15:27:05, o interessado efetuou uma apuração retificadora de nº. 12.77.18.17.20.11.04.003 (e fls.51/52), apurando um débito de R$142,67. Nesta mesma data, às 15:38:04, efetuou outra apuração retificadora de nº. 12.77.18.17.20.11.04.004 (efls.53/54), mantendo o débito de R$142,67. 12. Em 28/01/2014– 16:21:49, o interessado efetuou uma nova apuração retificadora de nº. 12.77.18.17.20.11.04.005 (e fls.57/58), reduzindo o débito para R$30,22. Nesta mesma data, às 16:36:49, procedeu à outra apuração retificadora de nº. 12.77.18.17.20.11.04.006 (efls.59/60), mantendo o débito de R$30,22. 13. Ainda em 28/01/2014, o interessado apresentou DASN retificadora (efls.35/43), informando o débito nº 12.77.18.17.20.11.04006, no valor de R$30,22. 14. Ocorre que a pretendida alteração do débito de R$142,67 para R$30,22, em 28/01/2014, não teve efeito porque o saldo devedor de ICMS, processado diante do recolhimento efetuado em 30/05/2011, já houvera sido repassado ao ente convenente Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13116.720407/201413 Acórdão n.º 1001000.237 S1C0T1 Fl. 135 5 (Estado) – vide consulta SIEF às efls.63/64 . Nos termos da legislação, a retificação pretendida, em 2014, não gera efeitos. 15. Como o interessado não regularizou a pendência que o impediu de ingressar no Simples Nacional, mantenho o Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (TI), de fls.4. É o meu voto. No que se refere à alegação de que o não deferimento da adesão pleiteada inviabilizaria suas atividades, adianto que o julgador administrativo encontrase vinculado aos preceitos da legislação tributária, somente podendo julgar com base em conceito de equidade na ausência de disposição expressa, o que não é o caso. Desta forma, concluo que havia impedimento para a adesão. Assim, voto para negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Fl. 137DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.910771/2008-68
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/08/2001
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS.
A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.726
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*
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COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO ALEGADO. Recorrente FLEURY S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/08/2001 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 07 71 /2 00 8- 68 Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10880.910771/200868 Acórdão n.º 9303005.726 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802002.016, de 24/09/2013, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2001 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido quanto à impossibilidade de apresentação de DCTF retificadora, após o Despacho Decisório e no prazo da Manifestação de Inconformidade, para a comprovação do direito creditório alegado. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 1302001.423 (possibilidade de homologação da PER/DCOMP em face da apresentação de DCTF retificadora após o Despacho Decisório) e 3401002.744 e 3401002.128 (necessidade de conversão do julgamento em diligência caso não seja reconhecido o direito à homologação com base na DCTF retificada). Por meio do exame de admissibilidade do recurso, propôsse o seu não seguimento, o que, embora acatado pelo Presidente do CARF em despacho de reexame, foi revertido por medida liminar em mandado de segurança, determinando o seguimento do recurso especial. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Fl. 249DF CARF MF Processo nº 10880.910771/200868 Acórdão n.º 9303005.726 CSRFT3 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.708, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 10880.910755/200875, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.708): "Em face do provimento judicial que determinou a este Colegiado Administrativo o seguimento do recurso especial, ultrapassamos a análise de sua admissibilidade e passamos ao mérito do litígio. Neste, como já registramos noutros processos envolvendo matéria idêntica, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original, conforme preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Nesse contexto, ainda que não se tenha concordado com o argumento de que a falta de DCTF retificadora não seria óbice ao deferimento do pedido (coisa com a qual também concordamos), não se poderia, pura e simplesmente, dar provimento ao recurso especial, mas retornar os autos à unidade de origem, a fim de que, ultrapassada a questão, enfrentasse o mérito do litígio, mediante a análise da documentação fiscal ou contábil por meio da qual se pudesse comprovar o crédito a ser restituído. Para nós, portanto, correta a Câmara baixa, ao afirmar que a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não seria suficiente para a demonstração do crédito, sendo indispensável, nos termos do § 1º do art. 147 do CTN, supra, a comprovação do erro em que se fundou a retificação, o que, no caso ora em exame, não se verificou, daí porque absolutamente impertinente converter o julgamento em diligência, como pretende a Recorrente1. Ante o exposto, conheço do recurso especial em face do provimento judicial e, no mérito, negolhe provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a contribuinte também "limitouse a retificar a DCTF, sem apresentar qualquer prova da liquidez e da certeza do direito de crédito". 1 Segundo o relator do acórdão recorrido: "No presente caso, o contribuinte limitouse a retificar a Dctf, sem apresentar qualquer prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Portanto, nada justifica a reforma da decisão recorrida, porque cabe ao interessado o ônus da prova nos pedidos de compensação e de restituição". Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10880.910771/200868 Acórdão n.º 9303005.726 CSRFT3 Fl. 5 4 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido em face do provimento judicial e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.002863/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.187
Decisão: Vistos e relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. ROSALDO TREVISAN Presidente. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .0 02 86 3/ 20 09 -4 1 Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10865.002863/200941 Resolução nº 3401001.187 S3C4T1 Fl. 241 2 Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração, lavrado em 05/11/2009 (fls.1. 2/17) e cientificado pessoalmente em 06/11/2009 (fl. 3) para exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e acréscimos legais, no valor original de R$634.816,64, por utilização indevida de crédito presumido do IPI, da Lei nº 9.363/96, no mês de 12/2004, resultando em saldos devedores dos períodos de apuração posteriores (de 12/2004 a 05/2007), objeto do presente lançamento de ofício, conforme Termo de Constatação Fiscal TCF (fls. 19/26). No TCF, restou consignado que, a partir da consulta à Declaração de Compensação DCOMP nº 31716.64747.151003.1.3.018007, de 15/10/2003, nos sistemas da Receita Federal RFB, foi constatado tratarse de compensação de crédito presumido de IPI, apurado extemporaneamente, relativo ao período de 12/1997 a 10/2002. Intimado a apresentar a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF e o Demonstrativo do Crédito Presumido DCP (Portaria MF nº 64, de 24/03/2003, art. 6º, e IN SRF nº 313, de 03/04/2003, art. 22; antes, Portaria MF nº 38, de 27/02/1997, art. 6º, e IN SRF nº 23, de 13/03/1997, art. 11) de apuração do valor devido, a título do crédito alegado, o sujeito passivo apresentou à Fiscalização um relatório de planejamento tributário, elaborado pelo escritório Marcondes Advogados Associados, onde consta um arrazoado sobre o tema e uma planilha demonstrativa do valor apurado a título de crédito presumido, informando, em documento de 14/10/2009, não ter sido apurado este crédito em DCTF, até o 3º trimestre de 2002, e não existir DCP elaborado, após este período, informações confirmadas em extratos e consultas aos sistemas da RFB, concluindo, de rigor a glosa do crédito lançado no Livro de Apuração do IPI, pois, o contribuinte não observou os procedimentos adequados à apuração do crédito presumido (INFRAÇÃO 4.1.03.01.07), exsurgindo, após reconstituição da escrita fiscal do sujeito passivo, os débitos apurados no presente Auto de Infração (INFRAÇÃO 4.1.02.01.01). A empresa apresenta a Impugnação em 08/12/2009 (fls. 130/138), preliminarmente, alegando nulidade do auto de infração, por que constatouse apenas uma ausência de obrigação acessória, o envio do DCP, que sequer existia no ano anterior, em detrimento ao direito da impugnante de se utilizar do credito presumido de IPI, direito este constitucional e um beneficio que auxilia nas exportações; no mérito, que se faz necessário que se aceite as provas a serem produzidas, no caso, demonstrativo do crédito do contribuinte que não foi lançado em DCP, providência que não existia no ano de 2003; que a autuação no presente caso foi estabelecida mediante presunção e que o Fisco tem o dever de oferecer prova concludente, demonstrando a inexistência de crédito do contribuinte; que se a possibilidade da impugnante demonstrar seu crédito presumido de IPI não for aceita neste momento, bem como posteriormente, estará se ferindo o princípio da ampla defesa e da busca da verdade material ou real, não havendo impedimento para diligências que comprovem o direito da impugnante; que a utilização e o abatimento do crédito presumido do IPI é um direito constitucional reservado ao contribuinte, somado ao direito de compensar o referido crédito fiscal com os demais tributos e contribuições administrados pela RFB; que há direito ao crédito presumido da impugnante, sendo necessária a aceitação do demonstrativo de crédito através de posterior cálculo; requer a redução da multa imposta, pois, incorreuse em ilegalidade, ao arbitrar uma penalidade abusiva, e em inconstitucionalidade patente, ferindo preceitos constitucionais, como os princípios da capacidade contributiva, do direito de propriedade, e da vedação ao confisco tributário, do art. 150, IV, da Constituição Federal; bem como que seja afastada a taxa SELIC; protesta por posterior juntada de provas documentais que o julgador entenda necessárias, ou 1 Todos os números de folhas indicados neste documento referemse à numeração eletrônica do eprocesso. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10865.002863/200941 Resolução nº 3401001.187 S3C4T1 Fl. 242 3 ainda, que seja o julgamento convertido em diligência tendo em vista o grande volume de documentos. Na decisão de primeira instância, proferida em 17/07/2013 (fls. 179/195) e cientificada em 15/08/2013 (AR à fl. 200), a DRJ acorda unanimemente pela improcedência da impugnação, em decisão cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 31/12/2004 a 31/05/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRELIMINAR DE NULIDADE. Estando os atos administrativos, consubstanciados do lançamento, revestidos de suas formalidades essenciais, não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal. PROVA. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova cabe a quem alega. No processo sobre ressarcimento de crédito presumido do IPI, o contribuinte é o autor e, como tal, possui o encargo probatório quanto ao fato constitutivo de seu direito, sendo obrigatória a manutenção a apresentação dos livros contábeis e fiscais, devidamente acompanhados de documentos que respaldem sua pretensão. MULTA DE OFÍCIO. A multa a ser aplicada em procedimento exofficio, inclusive sua majoração, é aquela prevista nas normas válidas e vigentes à época de constituição do respectivo crédito tributário. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. É legítima a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa Selic. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR à fl. 200), em 15/08/2013, apresentase, em 10/09/2013, o recurso voluntário de fls. 202/212, em essência, reiterando os argumentos iniciais apresentados na impugnação e aduzindo outras razões, nos seguintes tópicos recursais: II. preliminarmente das razões para anulação do auto de infração: II.1 da constatação apenas do descumprimento de obrigação acessória desvinculado do objeto do auto de infração que à luz do princípio da legalidade (art. 5º, II, CF/88), eventual descumprimento de obrigação acessória de entrega de DCP, não tem o condão de impedir o direito de crédito da recorrente, nem ser corolário para sanção em relação à obrigação tributária principal de pagamento; que no lançamento tributário, o Fisco tem o dever de fundamentar e produzir provas da existência ou não do crédito; que a questão não recai sobre o ônus da prova, mas, sobre ser suficiente a ausência de DCP a servir de prova à constituição do credito tributário; II.2 da inexistência de suporte probatório para a lavratura do auto de infração que consulta ao PERDCOMP e ausência de entrega de DCP, não fazem prova de creditamento extemporâneo indevido e de falta de recolhimento do tributo, sendo nulo, por vício formal, o auto de infração lavrado sem suporte probatório e baseado em presunções não expressas em lei; III. do mérito das razões de reforma do acórdão recorrido: III.1 da devida demonstração da regularidade na operação de crédito presumido do IPI que devem ser considerados suficientes, para demonstração do direito creditório, o livro RAIP e o 'Relatório Demonstrativo de Crédito Apurado', apresentados e juntados aos autos, não se verificando qualquer óbice ou Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10865.002863/200941 Resolução nº 3401001.187 S3C4T1 Fl. 243 4 irregularidade no creditamento presumido do IPI; e III.2 do descabimento da aplicação da multa de ofício e de seu efeito confiscatório requer a redução da multa ao patamar de 50%, pois, incorreuse em ilegalidade, ao arbitrar uma penalidade (75%) descabida e abusiva, e em inconstitucionalidade, pois, irrazoável, desproporcional e possui caráter confiscatório, na medida em que as multas são acessórias e não podem, como tal, ultrapassar o valor principal, apontando jurisprudência no sentido da vedação ao confisco do art. 150, IV, da CF/88. É o relatório. Voto Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida Antes de se entrar na análise das questões do recurso voluntário, cumpre enfrentar questão prejudicial, ora suscitada de ofício, no que referese a ausência de informações sobre o tratamento e o desfecho da Declaração de Compensação, de 15/10/2003, DCOMP nº 31716.64747.151003.1.3.018007 pleiteando, previamente ao presente lançamento de ofício, a compensação do mesmo crédito presumido de IPI, glosado e lançados os saldos devedores resultantes, por meio do processo administrativo fiscal nº 10865.002863/200941, Auto de Infração, de 06/11/2009. Compulsando os autos e o sistema eprocesso, depareime com o fato da ausência de qualquer documento ou informação, sobre a existência e o conteúdo de processo, físico ou eletrônico, tratando da DCOMP nº 31716.64747.151003.1.3.018007. Consulta do Processamento via WEB, no sítio da Receita Federal do Brasil (https://www32.receita.fazenda.gov.br/Aplicacoes/SSL/ATRCE/SCC/perdcomp), aponta para a Situação PER/DCOMP (31716.64747.151003.1.3.018007) 'Homologado': Entendo aqui tratarmos de um processo reflexo (Auto de Infração) de um principal (Declaração de Compensação), pois, sem a manifestação sobre o direito creditório e sua imputação aos débitos eventualmente compensados, não é possível determinar se os débitos, objeto do presente lançamento de ofício, foram alcançados pelo reconhecimento de crédito pleiteado no processo principal de compensação. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10865.002863/200941 Resolução nº 3401001.187 S3C4T1 Fl. 244 5 Notar que o art. 74, da Lei nº 9.430/96, a partir de 1º de outubro de 2002, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 30/12/2002, conversão da MP nº 66, de 30/08/2002, estabelece tratamento específico e independente de eventuais autos de infração, às DCOMP Declarações de Compensação, sob pena da homologação tácita, do §5º, do mesmo artigo. Nesse sentido, proponho que se baixe o presente à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira/SP, em diligência, para que a autoridade preparadora promova a vinculação dos processos e/ou a anexação ao presente processo de todos os documentos gerados, a partir do tratamento dado à DCOMP nº 31716.64747.151003.1.3.018007, em especial, Despacho Decisório e respectiva ciência ao interessado, anexando, cópia integral da declaração de compensação e do histórico de retificações e processamento, além de formalizar informação, em documento que ateste o tratamento e o desfecho dado à referida declaração. Após os autos deverão retornar ao CARF para julgamento. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 244DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11052.000893/2010-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
O Recurso Voluntário apresentado após o prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência do acórdão da DRJ não deve ser conhecido, por ser intempestivo.
Numero da decisão: 1401-002.116
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por ser o mesmo intempestivo..
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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NÃO CONHECIMENTO. O Recurso Voluntário apresentado após o prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência do acórdão da DRJ não deve ser conhecido, por ser intempestivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por ser o mesmo intempestivo.. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 08 93 /2 01 0- 84 Fl. 477DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ I), que, por meio do Acórdão 1261.349, de 13 de novembro de 2013, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa. Reproduzo, por oportuno, o teor do relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Tratase dos Autos de Infração a seguir (fls.228/250) e, do Termo de Constatação de IrregularidadesTCI correspondente (fls.187/224), lavrados em 28.10.2010 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro I – DRF RJOI, referentes a fatos geradores do anocalendário de 2007 (lucro real): Tributo Total das Infrações eFolhas Ajuste da Base de Cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa JurídicaIRPJ 112.569.583,06 228238 Ajuste da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL 112.569.583,06 239250 2 As infrações foram descritas e capituladas assim: Infração Descrição InfraçãoR$ Base Legal 001 Custos, Despesas Operacionais e Encargos não Necessários – Despesas não necessárias – glosa de juros e variação monetária passiva sobre dívidas assumidas por terceiros. 108.347.499,15 Art.13, inciso I, da Lei nº 9.249, de 1995; art. 47, § § 1º e 2º, da Lei nº 4.506, de 1964. 002 Pagamento a Pessoas Físicas Vinculadas 60.157,61 Art.302, inciso II, §1º, do RIR/1999; art.47 da Lei nº 4.506, de 1964. 003 Provisões Indedutíveis 4.161.926,30 Art.13, inciso I, da Lei nº 9.249, de 1995; art. 3º do DecretoLei nº 1.730, de 1979. Parecer Normativo CST nº 61/79. Total 112.569.583,06 3 No TCI, lêse: a) conta 3.3.3.01.01.005 Variações Monetárias Passivas, no total de R$ 3.921.282,94 – atualização monetária de impostos não recolhidos, concernentes a processos de débitos com o INSS, a RFB e a CVM; b) conta 3.3.3.01.01.015 – Multas e Juros, no total de R$ 240.643,36 – referemse a provisão para pagamento de juros sobre débitos com o INSS; Fl. 478DF CARF MF Processo nº 11052.000893/201084 Acórdão n.º 1401002.116 S1C4T1 Fl. 478 3 c) conta 3.3.3.01.01.001 – Juros Pagos ou Incorridos, no total de R$ 84.787.103,36 – a dívida do interessado junto a Bancos foi assumida por terceiros; o interessado não comprovou sua vinculação à dívida; d) conta 3.3.3.01.01.005 – Variação Monetária Passiva sobre Dívidas Assumidas por Terceiros – R$ 23.560.395,79 – juros referentes ao item anterior; e) pagamento a pessoa física vinculada – despesas de viagens de diretores – R$ 60.157,61 o interessado apresentou apenas os comprovantes das despesas realizadas, sem aduzir documentos hábeis e idôneos, como: relatórios, contratos, minutas, que demonstrassem a vinculação das despesas à atividade da empresa. 4 A ação fiscal foi encerrada em 28.10.2010 (fls.269), tendo sido instruída com os documentos de fls.1/272. 5 Em impugnação às 273/287, o interessado diz: a) o autuante glosou os juros e as multas moratórias pelo simples fato de que a dedutibilidade destes estaria condicionada ao pagamento da obrigação, em claro desrespeito ao disposto no art. 41 da Lei 8.981, de 1995, segundo o qual, para a dedução de juros e multas de mora deve prevalecer o regime de caixa; b) os juros e a variação sobre dívidas assumidas por terceiros se referem aos contratos de financiamento bancário firmados com os bancos Banrisul, Banestado, Nordeste do Brasil, BDMG e do Estado do Amazonas, dívidas que, por meio de contrato particular de confissão e assunção, foram assumidas por suas controladas; permaneceu como garantidora solidária do débito, efetuando mensalmente o pagamento dos juros e acréscimos, “como se vê, a título exemplificativo, nas cláusulas de contrato firmado com o Banco do Estado do Amazonas, que atribui expressamente a responsabilidade solidária à Impugnante”; c) “apenas a impugnante ficava responsável pelo pagamento dos juros e encargos decorrentes do financiamento obtido, “sendo que tais valores jamais foram utilizados pelas controladas”; d) “os valores tomados como empréstimos devem ser considerados úteis à manutenção da atividade da empresa, normal, usual e relacionado à atividade explorada”; e) “os valores ingressaram efetivamente nos cofres da empresa, e, os contratos de renegociação apenas transmudaram o polo passivo do débito, para controladas, restando à Impugnante a obrigação solidária de principal pagadora”; f) “todos os requisitos necessários à dedutibilidade dessas despesas se mostram presentes, sendo absurda a glosa”; g) “as despesas de viagem glosadas referemse a acertos de viagem e gastos com a recepção de clientes do Mercado Internacional para fechamentos de contratos de vendas; os comprovantes anexos comprovam que as ditas viagens tiveram como única finalidade a manutenção da fonte produtora dos rendimentos”. 6 O interessado reproduz jurisprudência e doutrina, pedindo, ao final: a) “da fala dos ilustres Auditores, ou juntada de novos documentos, demonstrativos ou relações complementares, desde já, requer vista à Impugnante com devolução do prazo para aditamento à presente impugnação”; Fl. 479DF CARF MF 4 b) “do deferimento ou indeferimento da produção de prova pericial, seja intimada a autuada/impugnante, antes de ser proferida a r.decisão de V.Exa., sobre a impugnação propriamente dita, para os fins de direito”; c) “seja julgada procedente a presente impugnação para se declarar nulo o lançamento contido no auto de infração em face da nulidade apontada, ou no mérito, que seja anulado o lançamento, determinandose o cancelamento do auto de infração, ou quando muito, reduzido o valor do crédito tributário, devido às irregularidades apontadas”. 7 Com a impugnação (fls.273/288), vieram os seguintes documentos (cópias): a) auto de infração (fls.288/296), estatuto social e ata do Conselho de Administração (fls.296/328). 8 Nesta Turma, foram juntadas as consultas de fls.334/339. Relatados. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) A DRJ, por meio do Acórdão 1261.349, de 13 de novembro de 2013, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. ALCANCE. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por órgão colegiado, sem lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário e nem vinculam os órgãos julgadores de primeira instância. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. As alegações desprovidas de prova não produzem efeito em sede de processo administrativo fiscal. PROVA PERICIAL. REJEIÇÃO. Indeferese o pedido para a realização de perícia, formulado sem a observância dos requisitos da lei, ainda mais se relativo a provas que a lei determina sejam apresentadas com a impugnação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 AJUSTE DA BASE DE CÁLCULO. IRPJ E CSLL. PROVISÃO INDEDUTÍVEL. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. GLOSA MANTIDA. No regime do lucro real, a dedutibilidade da despesa está condicionada às regras da lei e à prova de sua efetividade, necessidade, normalidade e usualidade. Impugnação Improcedente Fl. 480DF CARF MF Processo nº 11052.000893/201084 Acórdão n.º 1401002.116 S1C4T1 Fl. 479 5 Outros Valores Controlados Cientificada da decisão da DRJ na data de 06/02/2014 via ARECF (efls. 365) e não satisfeita com a decisão da delegacia de piso, resolveu apresentar recurso voluntário em apresentado em 13/03/2014 (cf. protocolo de efl. 378) e, também, na data de 18/03/2014 (cf. termo de análise de solicitação de junta de efl. 469), repetindo basicamente os argumentos apresentados na impugnação. No CARF, coube a mim a relatoria do processo. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Quanto aos requisitos de admissibilidade, penso que devo enfrentar a questão da (in)tempestividade do recurso. Intempestividade do Recurso Voluntário Como visto no relatório deste acórdão, o recurso voluntário foi apresentado intempestivamente. A ciência do acórdão da DRJ à recorrente se deu via ARECF (efl. 365) na data de 06/02/2014 (quintafeira), por meio da Intimação da DRF/RJ I (fl. 359). Logo, o início do prazo para interposição de recurso voluntário se deu em 07/02/2014 (sextafeira dia útil). O caput do art. 33 determina o prazo para interposição de recurso voluntário: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Da redação do dispositivo acima, vêse que o recurso voluntário deveria ter sido protocolado até a data de 10/03/2014 (segundafeira), pois seria o primeiro dia útil após o encerramento do prazo de 30 (trinta) dias, que seria em 09/03/2014 (domingo). Uma vez que o recurso voluntário proposto pela recorrente foi apresentado em 13/03/2014 (cf. protocolo de efl. 378) e, também na data de 18/03/2014 (cf. termo de análise de solicitação de junta de efl. 469), temse que, por ambos os comprovantes de apresentação, o recurso voluntário foi proposto intempestivamente. Fl. 481DF CARF MF 6 A recorrente não traz nenhuma alegação sobre eventual tempestividade do recurso, tampouco apresentou algum documento que fizesse prova de que a protocolização do recurso voluntário havia se dado dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados da intimação do resultado da decisão da DRJ. Assim, a decisão a quo deve ser mantida na íntegra. Conclusão Diante do exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário por sua intempestividade. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 482DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.909112/2011-31
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE.
A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido.
Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria.
Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação.
Recurso Especial do Contribuinte não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-006.198
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas, que conheceram do recurso.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE. A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido. Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria. Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação. Recurso Especial do Contribuinte não Conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas, que conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.
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PAGAMENTO INDEVIDO. COMPROVAÇÃO. Recorrente GREEN STAR PEÇAS E VEÍCULOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE. A admissibilidade do recurso especial de divergência está condicionada à demonstração de que outro Colegiado do CARF ou dos extintos Conselhos de Contribuintes, julgando matéria similar, tenha interpretado a mesma legislação de maneira diversa da assentada no acórdão recorrido. Conseqüentemente, não há que se falar divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria. Da mesma forma, se os acórdãos apontados como paradigma só demonstram divergência com relação a um dos fundamentos assentados no acórdão recorrido e o outro fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do decisum, não há como se considerar demonstrada a necessária divergência de interpretação. Recurso Especial do Contribuinte não Conhecido. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas, que conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 91 12 /2 01 1- 31 Fl. 284DF CARF MF Processo nº 10850.909112/201131 Acórdão n.º 9303006.198 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte com fundamento nos artigos 64, inciso II, 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, contra ao acórdão nº 3803006.733, que decidiu negar provimento ao Recurso Voluntário por ausência de prova efetiva da existência do direito creditório pleiteado. A decisão recorrida restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre a pessoa que alega o direito ou o fato que o modifica, extingue ou que lhe serve de impedimento, devendo prevalecer a decisão administrativa não infirmada com documentação hábil e idônea. Não conformada com tal decisão a Contribuinte interpôs o presente recurso. Visando comprovar o dissenso jurisprudencial apontou como paradigmas os Acórdãos nºs 3801004.317 e 3801004.318. Mediante despacho de admissibilidade do Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF foi dado seguimento ao recurso. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões nas quais requer o nãoconhecimento do recurso especial interposto pela Contribuinte. Alternativamente, requer, no mérito, que seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão proferido pela eg. Turma a quo por seus próprios fundamentos. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.174, de 13/12/2017, proferido no julgamento do processo 10850.900064/201205, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.174): Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10850.909112/201131 Acórdão n.º 9303006.198 CSRFT3 Fl. 4 3 "O Recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, restando contudo investigar adequadamente o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, prerrogativa, em última análise, da composição plenária da Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual tem competência para não conhecer de recurso especiais nos quais não estejam presentes os pressupostos de admissibilidade respectivos. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Após essa breve introdução, passemos, então, ao exame de admissibilidade do Recurso Especial. A divergência suscitada pela Contribuinte diz respeito à comprovação de seu direito creditório, e trouxe os seguintes acórdãos paradigmas, 3801004317 e 3801004318, que tratam em tese da mesma matéria, diferindo a solução. Pelas ementas não se pode reconhecer a divergência, todavia, se examinar os votos dos paradigmas verseá a que não há identidade de (conjunto probatório) e diversidade das soluções. Verificase que o voto condutor da decisão recorrida, o recurso voluntário não mereceu provimento sob o fundamento de que: "Conforme se verifica do relatório supra, a DRJ Ribeirão Preto/SP não reconheceu o direito creditório por ausência de provas hábeis a demonstrar e comprovar o suposto recolhimento a maior, considerando que os documentos apresentados se referiam apenas às receitas financeiras, dados esses insuficientes à apuração da base de cálculo da contribuição, qual seja, o faturamento. O Recorrente alega que, junto às Manifestações de Inconformidade, havia trazido aos autos planilhas de cálculo, cópias do balancete e do livro Razão, documentos esses que, segundo ele, seriam bastantes para a comprovação do direito pleiteado. A par das decisões da DRJ Ribeirão Preto/SP, em que a questão da prova do indébito foi posta como condicionante ao reconhecimento do direito creditório, tendo sido ressaltada pelo julgador de piso a necessidade de se comprovar o faturamento do período para fins de apuração da contribuição efetivamente devida no período, o contribuinte nada acrescenta aos autos em grau de recurso para fins de demonstrar inequivocamente a base de cálculo da contribuição. Não se pode olvidar que, de acordo com o art. 16 do Decreto n° 70.235/1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal (PAF), cabe ao impugnante o ônus da prova de suas alegações contrapostas à decisão de indeferimento do direito pleiteado, prova essa que deve ser apresentada no momento da manifestação de inconformidade. Conforme já dito, os elementos trazidos aos autos por cópias pelo contribuinte na primeira instância não eram aptos, por si sós, a comprovar o direito reclamado, dado que restritos às informações relativas às receitas financeiras e a outras receitas, situação em que não se tem por comprovada a base de cálculo da contribuição devida (faturamento), o que impede o confronto entre os valores recolhidos aos cofres públicos e aqueles efetivamente devidos. Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10850.909112/201131 Acórdão n.º 9303006.198 CSRFT3 Fl. 5 4 Abrir a possibilidade de produção de novas provas, a meu ver, ainda que em consonância com o princípio da verdade material, configura afronta à obrigatoriedade de atuação da Administração em conformidade com a lei e o Direito e à adequação entre meios e fins (art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.784, de 1999), assim como ao dever do administrado de apresentar os documentos comprobatórios do direito alegado antes das decisões administrativas e de prestar todas as informações necessárias ao esclarecimento dos fatos (art. 3º, III, e 4º, IV, da Lei nº 9.784, de 1999). Mesmo depois de ter sido alertado pelo julgador administrativo de primeira instância acerca da necessidade de apresentação de documentos comprobatórios da base de cálculo da contribuição (faturamento), com vistas a se apurar o alegado crédito pleiteado, o Recorrente não se predispôs a instruir o processo nesta segunda instância de forma efetiva, dado que nenhum documento contábilfiscal foi acrescentado aos autos". Como se observa, a decisão recorrida, acompanhou o fundamento esposado pela DRJ de origem, no sentido de que: “A planilha contendo as receitas financeiras e a cópia de parte do balancete contendo tais receitas não permitiriam apurar a base de cálculo com as exclusões pretendidas, para se chegar ao valor devido e comparálo com o valor recolhido, pois tais documentos permitem vislumbrar tão somente as receitas financeiras do período, mas não o faturamento da empresa. Assim, não haveria como se apurar o total da base de cálculo e a contribuição devida, para comparála com o recolhimento efetuado e concluirse pela eventual existência de recolhimento a maior, e em que montante”. Por outro lado, o acórdão paradigma nº 3801004.317, analisou tão somente a questão de mérito, dando provimento ao Recurso por entender que a Lei nº 9.718/98, conversão da Medida Provisória nº 1.724/98, estendeu o conceito de faturamento, base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, definindoo no §1º do art. 3º como a receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Sem embargo, o Colegiado decidiu o direito creditório da contribuinte com fundamento no artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010, que dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral. Como se vê, o acórdão paradigma não trouxe outro fundamento com relação as provas, e não se verifica demonstrada semelhança fática e divergência jurisprudencial. Vejamos: "No mérito, entendo que assiste razão à recorrente, senão vejamos: A Lei nº 9.718/98, conversão da Medida Provisória nº 1.724/98, estendeu o conceito de faturamento, base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, definindoo no §1º do art. 3º como a receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Neste sentido, entendo estarmos diante da hipótese prevista no artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010, que dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, conforme colacionado acima. Desta forma, deve ser reconhecido o direito creditório do Recorrente caso exista, em seu favor, crédito oriundo de recolhimentos efetuados a título de COFINS na forma da Lei nº 9.718/98, excluindose da sua base de cálculo as receitas não compreendidas no conceito de Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10850.909112/201131 Acórdão n.º 9303006.198 CSRFT3 Fl. 6 5 faturamento nos moldes da Lei Complementar nº 70/91, nos termos dos conceitos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal". No mesmo sentido, o acórdão paradigma nº 3801004.316, mesmo relator do acórdão, nº 3801004.317, deu provimento ao Recurso Voluntário,para reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998. Como se observa, o acórdão paradigma nada tratou sobre provas, e não se comprova semelhança fática e divergência jurisprudencial. Vejamos: "É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998". Como visto, contexto fático e jurisprudencial exposto nas decisões paradigmas e no acórdão recorrido, patente pela leitura das passagens acima transcritas, demanda do mesmo modo, que o recurso especial não seja conhecido em face da ausência de demonstração de que, discutindo casos similares, foi dada interpretação jurídica diversa. Neste sentido, O Manual de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial (versão atualizada, pg.30) estabelece que: O RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, assim estabeleceu, em seu art. 67, § 1º, do Anexo II: "§ 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar de forma objetiva qual a legislação que está sendo interpretada de forma divergente." Em 15 de fevereiro de 2016, foi publicada a Portaria MF nº 39, de 12 de fevereiro de 2016, com a seguinte redação: “§ 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente.” Neste sentido, não tomo conhecimento do Recurso interposto pela Contribuinte, em razão de não ter sido comprovada divergência, e similitude fática, nos termos do § 1º da Portaria MF nº 39, de 12 de fevereiro de 2016." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte não foi conhecido. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 288DF CARF MF
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