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Numero do processo: 10680.011399/2006-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
RENDIMENTOS DO TRABALHO RECEBIDOS FACE À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A AGÊNCIA ESPECIALIZADA DA ONU. ISENÇÃO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STJ NO RESP 1.306.393/DF SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC/73. ART. 62 RICARF.
Os rendimentos do trabalho percebidos por perito ou técnico especialista contratado por agência especializadas da ONU são isentos do imposto de renda, dado o entendimento consolidado pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.306.393/DF realizado sob o rito do art. 543-C do CPC/73, entendimento o qual deve ser aplicado nos julgamentos do CARF consoante regra o art. 62 do RICARF.
Numero da decisão: 2202-004.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 RENDIMENTOS DO TRABALHO RECEBIDOS FACE À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A AGÊNCIA ESPECIALIZADA DA ONU. ISENÇÃO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STJ NO RESP 1.306.393/DF SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC/73. ART. 62 RICARF. Os rendimentos do trabalho percebidos por perito ou técnico especialista contratado por agência especializadas da ONU são isentos do imposto de renda, dado o entendimento consolidado pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.306.393/DF realizado sob o rito do art. 543-C do CPC/73, entendimento o qual deve ser aplicado nos julgamentos do CARF consoante regra o art. 62 do RICARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson.
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ISENÇÃO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STJ NO RESP 1.306.393/DF SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/73. ART. 62 RICARF. Os rendimentos do trabalho percebidos por perito ou técnico especialista contratado por agência especializadas da ONU são isentos do imposto de renda, dado o entendimento consolidado pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.306.393/DF realizado sob o rito do art. 543C do CPC/73, entendimento o qual deve ser aplicado nos julgamentos do CARF consoante regra o art. 62 do RICARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 13 99 /2 00 6- 08 Fl. 94DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte (MG) DRJ/BHE, que julgou procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2005 (fls. 06/10), decorrente da omissão de rendimentos recebidos pela prestação de serviços à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ensejando falta de recolhimento de carnêleão e consequente multa exigida isoladamente. Os termos da impugnação foram assim resumidos pela instância de piso (fl. 70): A contribuinte alega que o regramento estabelecendo a isenção dos rendimentos percebidos por servidores de organismos internacionais com os quais o Brasil mantenha acordo ou convênio está previsto na “Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas”, na “Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Agências Especializadas das Nações Unidas” e no “Acordo Básico de Assistência e Cooperação Técnica com a Organização das Nações Unidas”. Ademais o Parecer CST n° 897, de 31 de outubro de 1973, assim mencionou: “Concluise, pelo exposto, que ƒuncionários brasileiros da Organização das Nações Unidas são isentos do pagamento do imposto de renda, conforme dispõe o Artigo V, Seção 18 letra “b da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, aprovado pelo Decreto n°27. 784/50. e o estabelecido na letra “b ", do artigo 13, do RIR. Decreto n°58.400, de 10.05.66. " Assim a impugnante entende que seus rendimentos auferidos da Unesco estão isentos de imposto de renda, pelo que requer a inexigibilidade do crédito tributário ora lançado. A exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 69/76), sendo que a contribuinte interpôs recurso voluntário em 14/04/2009 (fls. 80/927), repisando, em linhas gerais, os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. É incontroverso ser a recorrente técnica contratada de agência especializada da ONU, a Unesco, sendo que, à época tanto da autuação, quanto da decisão vergastada, havia remanso entendimento administrativo no sentido de que a isenção prevista nos Decretos nos 27.784/50, 52.288/63 e 59.308/66, c/c o inciso II do art. 5º da Lei nº 4.506/64, aplicavase somente a funcionários daquelas organizações, não prestadores de serviços por elas contratada. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10680.011399/200608 Acórdão n.º 2202004.843 S2C2T2 Fl. 95 3 A percepção era, em síntese, de que havia dois grupos distintos de funcionários da ONU e de suas agências especializadas, os funcionários internacionais, dotados de diversos privilégios, entre os quais o da isenção tributária sobre os rendimentos daquelas percebidos, e os técnicos a serviço desses organismos, sem essas vantagens. O enunciado da Súmula CARF nº 39, que consolidou o entendimento ao norte exposto, foi aprovado pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) em sessão de 08/12/2009, e publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) em 22/12/2009, data a partir da qual passou a ser de observância obrigatória para os membros do CARF. Posteriormente à edição dessa Súmula, entretanto mais precisamente em 08/06/2011 foi julgado pela 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) o REsp nº 1.159.379/DF, sendo relator o Ministro Teori Albino Zavascki, o qual resultou na prolação do acórdão cuja ementa reproduzse: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RENDIMENTOS RECEBIDOS POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO PNUD. ISENÇÃO. MULTA. SÚMULA 98/STJ. 1. O Acordo Básico de Assistência Técnica firmado entre o Brasil, a ONU e algumas de suas Agências, aprovado pelo Decreto Legislativo 11/66 e promulgado pelo Decreto 59.308/66, assumiu, no direito interno, a natureza e a hierarquia de lei ordinária de caráter especial, aplicável às situações nele definidas. Tal Acordo atribuiu, não só aos funcionários da ONU em sentido estrito, mas também aos que a ela prestam serviços na condição de "peritos de assistência técnica", no que se refere a essas atividades específicas, os benefícios fiscais decorrentes da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, promulgada pelo Decreto 27.784/50. 2. O autor prestou serviços de assistência técnica especializada, na condição de Técnico Especialista, ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD, de quem recebia a correspondente contraprestação. Assim, os valores recebidos nessa condição estão abrangidos pela cláusula isentiva de que trata o inciso II do art. 23, do RIR/94, reproduzida no art. 22, II, do RIR/99. 3. Nos termos da Súmula 98/STJ, embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 4. Recurso especial provido. O ilustre Ministro Relator amparou suas razões no fato de que o art. V do Acordo Básico de Assistência Técnica com a Organização das Nações Unidas, suas Agências Especializadas e a Agência Internacional de Energia Atômica, conferiu aos peritos de assistência técnica as vantagens previstas nas respectivas convenções sobre privilégios, sendo que o art. IV do Acordo dispõe que a expressão "perito", compreende, também, qualquer outro pessoal de assistência técnica designado pelos Organismos para servir no país, nos termos do acordo. Fl. 96DF CARF MF 4 Trilhando essa senda, rematou o Ministro, reportandose a anterior votovista de sua lavra (REsp nº 1.031.259/DF, 1ª T. Min. Francisco Falcão, DJe de 03/06/2009), que os assistentes técnicos passíveis de enquadramento como peritos fazem jus à isenção do imposto de renda sobre os rendimentos percebidos daqueles Organismos, conforme prescrito no art. 22, II do RIR/99. O entendimento supra foi submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543 C do Código de Processo Civil então vigente), sendo ratificado no julgamento pela 1ª Seção do STJ do REsp nº 1.306.393/DF em 24/10/2012, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques. Transcrevase a respectiva ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543C DO CPC). ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE OS RENDIMENTOS AUFERIDOS POR TÉCNICOS A SERVIÇO DAS NAÇÕES UNIDAS, CONTRATADOS NO BRASIL PARA ATUAR COMO CONSULTORES NO ÂMBITO DO PNUD/ONU. 1. A Primeira Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.159.379/DF, sob a relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, firmou o posicionamento majoritário no sentido de que são isentos do imposto de renda os rendimentos do trabalho recebidos por técnicos a serviço das Nações Unidas, contratados no Brasil para atuar como consultores no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD. No referido julgamento, entendeu o relator que os "peritos" a que se refere o Acordo Básico de Assistência Técnica com a Organização das Nações Unidas, suas Agências Especializadas e a Agência Internacional de Energia Atômica, promulgado pelo Decreto 59.308/66, estão ao abrigo da norma isentiva do imposto de renda. Conforme decidido pela Primeira Seção, o Acordo Básico de Assistência Técnica atribuiu os benefícios fiscais decorrentes da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, promulgada pelo Decreto 27.784/50, não só aos funcionários da ONU em sentido estrito, mas também aos que a ela prestam serviços na condição de "peritos de assistência técnica", no que se refere a essas atividades específicas. 2. Considerando a função precípua do STJ de uniformização da interpretação da legislação federal infraconstitucional , e com a ressalva do meu entendimento pessoal, deve ser aplicada ao caso a orientação firmada pela Primeira Seção. 3. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08. Nas páginas 5 a 6 desse julgado se expõe o conceito de "perito" então firmado: (...) Pois bem, analisando tais acordos observo que a qualidade de "funcionário" advém da existência de um vínculo permanente com a ONU ou organismo internacional, e a qualidade de "perito" deriva de um contrato temporário com período préfixado ou por empreita se realizada (apresentação ou execução de projeto e/ou consultoria). Para esta distinção, pouco importa se o contrato de perito tenha sido renovado por diversa vezes e períodos ou não, resultando em uma Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10680.011399/200608 Acórdão n.º 2202004.843 S2C2T2 Fl. 96 5 sequência contínua e mensal de contracheques, como no presente caso. Tal convenção não retira qualidade de perito do contratante. Posteriormente, sucessivos atos administrativos acolheram tal posicionamento, valendo citar, dentre outros, a Nota PGFN/CRJ nº 1.549/12, em razão da qual a matéria ora versada foi incluída na lista de dispensa de contestação/recurso pela PGFN, sob o nº 87, a Nota PGFN/CRJ nº 1.104/17, e as Soluções de Consulta Cosit nos 64/14 e 194/15. E, com base na Nota Técnica nº 01/ASTEJ/PRESIDÊNCIA/CARF/MF, foi revogada, pela Portaria CARF nº 3/18, a Súmula CARF nº 39, mais acima aludida. Ora, resta incontroverso, conforme mencionado, ser a recorrente prestadora de serviço técnico contratada da Unesco nos termos dos documentos de fls. 11 e ss. Por outra via, como visto à saciedade, temse que o STJ firmou posicionamento segundo o qual peritos de assistência técnica têm o direito à isenção, sendo que no entendimento daquele sodalício a qualidade de "perito" deriva de um contrato temporário com período préfixado ou por empreitada se realizada, podendo ser a execução de projeto ou mesmo a prestação de consultoria. Portanto, cabe aplicar o referido cogente precedente judicial, em virtude do que devem ser reconhecidos como isentos os rendimentos do trabalho percebidos pela contribuinte pela prestação de serviços à Unesco, no decorrer do anocalendário 2004. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 98DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.720124/2013-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA.
Constatada a omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, deve ser mantido o crédito tributário lançado em decorrência dessa infração.
ESPÓLIO. MULTA DE MORA. PERCENTUAL DE 10%.
A multa aplicável ao espólio, por omissão de rendimentos do de cujus, relativa a período anterior à abertura da sucessão, é de dez por cento sobre o imposto apurado, na forma da legislação vigente.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.753
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. Constatada a omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, deve ser mantido o crédito tributário lançado em decorrência dessa infração. ESPÓLIO. MULTA DE MORA. PERCENTUAL DE 10%. A multa aplicável ao espólio, por omissão de rendimentos do de cujus, relativa a período anterior à abertura da sucessão, é de dez por cento sobre o imposto apurado, na forma da legislação vigente. Recurso Voluntário Negado
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Constatada a omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, deve ser mantido o crédito tributário lançado em decorrência dessa infração. ESPÓLIO. MULTA DE MORA. PERCENTUAL DE 10%. A multa aplicável ao espólio, por omissão de rendimentos do de cujus, relativa a período anterior à abertura da sucessão, é de dez por cento sobre o imposto apurado, na forma da legislação vigente. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 72 01 24 /2 01 3- 16 Fl. 474DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 475 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 15956.720124/201316, em face do acórdão nº 1652.223, julgado pela 16ª Turma da Delegacia Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (DRJ/SP1), em sessão realizada em 30 de outubro de 2013, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar procedente em parte a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: “Trata o presente processo de auto de infração, de fls. 02 a 22, relativo aos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, formalizando a exigência do recolhimento do crédito tributário constituído de IRPF de R$ 58.877,93, multa de ofício de R$ 88.316,91, multa exigida isoladamente (código de receita 6352) de R$20.976,99, que, com juros de mora calculados até 03/2013, totaliza o valor de R$184.353,00 (fl.03). O lançamento originouse das seguintes infrações: 1) omissão de rendimentos de aluguéis e royalties recebidos de pessoa jurídica no valor de R$24.855,06 em 2008, R$ 10.140,00 em 2009, e R$ 10.398,03 em 2010; 2) omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e/ou Fapi no valor de R$ 52.115,10, com retenção de imposto de renda na fonte de R$13.668,71 em 2009; 3) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física no valor de R$77.427,25 em 2008, R$ 67.822,50 em 2009, e R$ 87.897,96 em 2010; 4) omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais no valor de R$ 29.806,00 em 2010. Cientificado da lavratura da peça fiscal em 22/03/2013 (fl.401), o inventariante do espólio de Geraldo Alberto Borges de Oliveira Junior (Instrumento de Mandato às fls. 414/417) apresentou impugnação, fl. 407/412, em 19/04/2013 (fl.407), alegando, em síntese, que: 1) não tendo apresentado declarações de ajuste anual relativas aos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, reconhece a omissão de rendimentos de aluguéis e royalties de pessoa jurídica no valor de R$ 45.393,09, a omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e Fapi no valor de R$ 52.115,10, e a omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos no valor de R$ 29.806,00; Fl. 475DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 476 3 2) no que se refere à omissão de rendimentos de trabalho sem vínculo empregatício, recebidos de pessoa física, alega que foram considerados equivocadamente como rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física, parte das parcelas recebidas decorrente de ação judicial, Processo nº 2071/97, que tramitou na 10ª Vara Cível de Ribeirão Preto, iniciada em 01/10/1997 e finalizada através do Acordo Amigável homologado em 08/11/2006, ação esta que decorre da cobrança de dois cheques nº 002279 e 002280 do Banco Bradesco S/A, nos valores de R$ 974.000,00 e R$ 1.936.000,00 emitidos em 29/04/1997; 3) os cheques acima mencionados foram emitidos a favor do requerente para o pagamento dos valores constantes dos Relatórios Negociais I e II (nas fls. 346/351 ou 418/423), os quais compreendem apenas reembolso de despesas havidas pelo contribuinte, e fazem parte integrante do processo judicial mencionado; 4) tais relatórios citam individualmente os valores que deram origem ao processo, com minuciosa descrição dos fatos ocorridos, data da ocorrência e o valor na moeda da época; a descrição de todos os valores originários da ação judicial tem por objetivo demonstrar de forma clara e indiscutível que, a ação proposta baseiase apenas e unicamente em reembolso de despesas e pagamentos realizados a terceiros efetuados pelo contribuinte; 5) em nenhum momento mencionase a prestação de serviços por parte do contribuinte, mas apenas reembolso de valores efetivamente desembolsados pelo mesmo; 6) fica claro o equívoco ocorrido no auto de infração, onde se considera 1/8 dos valores recebidos pelo contribuinte como decorrentes de rendimentos recebidos de pessoa física e, sua conseqüente tributação nas ocasiões de recebimento de parcelas do Acordo Judicial; 7) no Termo de Conclusão de Ação Fiscal, o agente fiscal baseiase erroneamente em uma menção havida na impugnação apresentada ao Embargo à Execução, em 04/05/1998; que embora tenha sido mencionado com a intenção de justificar a existência de relação de trabalho entre as partes, uma vez que, no início das negociações, acertouse o pagamento de 1/8 de tudo o que se produzisse ou que fosse explorado, tal afirmação se perde por completo quando menciona em sua parte final “(8) (sic) por solicitação do próprio embargante foi elaborado pela funcionária da AERP, Sra. Vera Lucia Borges, dois relatórios (Relatório Negocial I e Relatório Negocial II) referente aos itens dos quais o Embargado é credor, resultando daí, a emissão dos cheques em número de três, sendo certo que um foi pago”; 8) verificase que em tais relatórios consta apenas reembolso de despesas e gastos diversos havidos pelo contribuinte; que se havia, no início da negociação entre as partes, uma determinação de que o contribuinte receberia 1/8 de toda a Fl. 476DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 477 4 produção e exploração havida na propriedade, com o desgaste ocorrido e o insucesso no acerto dos valores combinados, ateve se o contribuinte apenas na busca de recuperar o investimento realizado, ou seja, recuperar o que desembolsou no período que trabalhou no projeto, o que fica evidente na elaboração dos relatórios negociais e os itens que este menciona; 9) desta forma, considera que fica evidente o fato de que as parcelas recebidas decorrentes da ação e conseqüente Acordo Judicial firmado em 08/11/2006 têm origem apenas e unicamente em reembolso de despesas e pagamentos efetuados a terceiros, solicitando o cancelamento do lançamento dos valores a título de rendimentos recebidos de pessoa física, já que, elaborado o acordo, o mesmo converteuse em um bem, em um direito do contribuinte, devendo ter o mesmo tratamento que é dado a todos os bens móveis e imóveis de qualquer declarante, não constituindo o resultado de transação em rendimento; 10) solicita o cancelamento do lançamento das multas aplicadas pelo não recolhimento do imposto de renda através do carnê leão, uma vez que não estava sujeito ao seu recolhimento. Com relação à omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, constatase que tais rendimentos são decorrentes de uma ação judicial, de Execução Forcada por Título Extrajudicial, contra Electro Bonini, perante a 10ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto, Processo nº 2071/97, pelo não recebimento das importâncias consignadas em dois cheques nº 002279 e 002280, do Banco Bradesco S/A, Agencia São Sebastião do Paraíso/MG, datados de 29/04/1997, de R$ 974.000,00 e R$1.936.000,00, devolvidos pelo banco sacado por insuficiência de fundos (cópia às fls.54). Consta dos autos a petição inicial dessa ação, datada de 01/10/1997, de fls. 50/52. Em 05/09/2000, é proferida sentença favorável a Geraldo Alberto Borges de Oliveira Junior, pelo MM. Juiz da 10ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto, fls. 99 a 103, contestada por Electro Bonini, que apresenta apelação. Em 26/10/2006, é o proferido o Acórdão pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, de fls. 90/95, mantendo a decisão dada pelo juiz a quo. No Acordo datado de 08/11/2006 (homologado em 07/12/2006), de fls.36/43 (ou fls.104/111) ficou acordado que o executado pagaria ao exequente R$9.000.000,00, incluídos neste montante R$ 900.000,00 de honorários de sucumbência. Ficou também acordado que R$ 8.100.000,00 seriam pagos ao contribuinte, com imóveis, terreno, e em espécie R$ 6.900.000,00, que seriam pagos em parcelas de R$ 40.000, 00 com vencimento todo o dia 10 de cada mês, sendo que a primeira deveria ser paga no dia 07 de novembro de 2006, no valor de R$ 30.000,00 e a segunda no dia 10 de dezembro de 2006, também no valor de R$ 30.000,00, e as demais de R$ 40.000,00, sucessivamente a partir de 10 de fevereiro de 2007, cujos pagamentos deveriam ser feitos através de depósito em conta corrente do exeqüente no Banco Bradesco. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 478 5 Consta dos autos Cópia de Escritura de Abertura de Inventário e Nomeação de Inventariante de fls. 414 a 417 e Cópia de Certidão de Óbito de Geraldo Alberto Borges de Oliveira Junior à fls. 417, que faleceu em 14/01/2013. O item VI da Escritura de Abertura de Inventário e Nomeação de Inventariante, que trata da Indicação de Inventariante dispõe: “Que havendo pendências de ordem administrativa e judicial a serem resolvidas antes da partilha dos bens mediante lavratura de outra Escritura Pública, em complementação da presente, tais como averbação de documentos públicos, vem nomear, como interessado na representação do Espólio e como seu inventariante, para tudo assinar e requerer o herdeirofilho RODRIGO SILVEIRA BORGES DE OLIVEIRA, já qualificado, podendo assim cumprir as obrigações ativas e passivas pendentes, conforme permissivo contido no artigo 11 da Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, do Conselho Nacional de Justiça e artigos 991 e seguintes do Código de Processo Civil.” É o relatório.” A DRJ de origem entendeu pela procedência em parte da impugnação apresentada pelo contribuinte, alterando, assim o crédito tributário lançado. No que concerne ao recolhimento mensal obrigatório foram aplicadas multas de 50% incidente sobre o imposto devido, tendo, a relatora, assim fundamentado o seu voto: No entanto, no entendimento desta relatora, na situação acima descrita, ou seja, quando se apurar que o de cujus não apresentou declaração de exercícios anteriores, ou o fez com omissão de rendimentos até a abertura da sucessão, cabe apenas a aplicação da multa de mora prevista no art. 964, I, "b" do Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99), tornando, consequentemente, indevidas as multas aplicadas por falta de recolhimento do IRPF devido a título de Carnêleão. Diante do exposto, julgo Procedente parte em Impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário lançado no auto de infração de fls. 02/22, conforme mostrado no Quadro II. Ressaltese que o crédito tributário mantido, referente à omissão de rendimentos de aluguéis e royalties recebidos de pessoa jurídica no valor de R$ 45.393,09, à omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e Fapi no valor de R$52.115,10, e à omissão de ganho Fl. 478DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 479 6 de capital na alienação de bens e direitos no valor de R$ 29.806,00, por decorrer de matéria incontroversa, encontrase definitivamente constituído, razão pela qual devese proceder à sua imediata cobrança. O contribuinte, inconformado com o resultado do julgamento, apresentou recurso voluntário, às fls. 450/455, reiterando, em parte, as alegações expostas em impugnação, quanto ao que foi vencido. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Trata o presente processo de auto de infração, formalizando a exigência do recolhimento do crédito tributário, relativo aos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, discriminado na fl.03, pela: 1) omissão de rendimentos omissão de rendimentos de aluguéis e royalties recebidos de pessoa jurídica no valor de R$ 45.393,09; 2) pela omissão de rendimentos recebidos a título de resgate de contribuições de previdência privada e Fapi no valor de R$52.115,10; 3) pela omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física no valor de R$ 233.147,71; e, 4) pela omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos no valor de R$ 29.806,00. Na impugnação, o contribuinte contesta apenas a omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física no valor de R$ 233.147,71. Portanto, as demais infrações foram consideradas não impugnadas, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 9.532/97, ficando o crédito tributário apurado a elas relativo definitivamente constituído. Desta forma, o presente litígio se resume à apreciação da omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoa física no valor de R$77.427,25 em 2008, R$ 67.822,50 em 2009, e R$ 87.897,96 em 2010. O contribuinte insurgese contra a omissão de rendimentos do trabalho recebidos de pessoa física, argumentando que as importâncias consignadas nos cheques emitidos em 29/04/1997, no total de R$ 2.910.000,00, objeto da ação de Execução Forcada por Título Extrajudicial contra Electro Bonini, perante a 10ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto, Processo nº 2071/97, foram erroneamente classificados pela autoridade fiscal como recebidos de pessoa física, oriundos do trabalho sem vinculo empregatício, quando, na realidade, compreendem apenas o reembolso de despesas havidas pelo contribuinte, despesas essa relacionadas nos Relatórios Negociais I e II (nas fls. 346/351 ou 418/423). Com relação aos valores que lhe foram pagos em parcelas, em decorrência do acordo judicial, insiste o contribuinte que compreendem as importâncias constantes nos Relatórios I e II, que citam individualmente os valores que deram origem ao processo, com Fl. 479DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 480 7 minuciosa descrição dos fatos ocorridos, data da ocorrência e o valor na moeda da época, e que a descrição de todos os valores originários da ação judicial tem por objetivo demonstrar, de forma clara e indiscutível, que a ação proposta baseavase apenas e unicamente em reembolso de despesas e pagamentos realizados a terceiros efetuados pelo contribuinte a favor de Electro Bonini. Sustenta o contribuinte também o equívoco ocorrido no auto de infração, onde se considerou 1/8 dos valores recebidos do acordo homologado entre as partes, como decorrentes de prestação de serviços para pessoa física, e sua consequente tributação nas ocasiões de recebimento de parcelas do Acordo Judicial, em razão de interpretação incorreta da autoridade fiscal que, no Termo de Conclusão de Ação Fiscal (fl.332/343), baseouse erroneamente em uma menção havida na impugnação apresentada ao Embargo à Execução de 04/05/1998, quando dentre os argumentos de sua defesa declarou que “(2) (sic) em troca dos serviços prestados, isto é, da abertura de estradas e efetiva tomada de posse da fazenda, bem como a sua manutenção por 10 (dez) anos, o Embargado receberia 1/8 de tudo que fosse produzido ou da exploração de madeira, ou a mesma proporcionalidade em terras...” (fl.333). Porém, conclui, que tal inferência do auditor se perde por completo, quando menciona no seu relatório final que “(8) por solicitação do próprio embargante foi elaborado pela funcionária da AERP, Sra. Vera Lucia Borges, dois relatórios (Relatório Negocial I e Relatório Negocial II) referente aos itens dos quais o Embargado é credor, resultando daí, a emissão dos cheques em número de três, sendo certo que um foi pago” (fl.334). No Termo de Conclusão da Ação Fiscal, de fls. 332 a 343, que é parte integrante do auto de infração, o auditor fiscal considera que os valores consignados no cheques compreendem tanto o reembolso dos itens dos Relatórios Negociais I e II, quanto remuneração por serviços prestados pelo contribuinte, sem vínculo empregatício, para o Sr. Electro Bonini. E, os valores considerados como omissões de rendimentos recebidos de pessoa física não foram apurados, como alega o contribuinte, como sendo 1/8 das parcelas recebidas em decorrência ação judicial, conforme se verificará a seguir. Compartilho do entendimento adotado no voto da DRJ de origem de que os valores recebidos, em parcelas, pelo contribuinte encerram tanto o reembolso dos itens dos Relatórios Negociais I e II, quanto a remuneração por serviços prestados pelo contribuinte ao Sr. Electro Bonini. Nesse sentido, vale mencionar declaração do contribuinte nos Embargos à Execução de 04/05/1998, na fl. 278, de que “há vários anos (desde 1985) existe transação comercial e prestação de serviços entre as partes, que culminou com a emissão dos cheques cobrados na execução em apenso.” Quanto ao procedimento que o auditor fiscal utilizou para apurar os valores considerados como omissões de rendimentos oriundos do trabalho sem vínculo empregatício, recebidos de pessoa física, basta observar o último parágrafo da fl.336, que faz parte do item IV – Auditoria Fiscal (fls. 336/342) do Termo de Conclusão de Ação Fiscal, para se constatar que o contribuinte está totalmente equivocado quando afirma que o auditor considerou como rendimentos recebidos de pessoa física 1/8 do valor das parcelas pagas em decorrência do acordo judicial. Explica a autoridade fiscal, no parágrafo mencionado, que a fim de comprovar que os valores objeto dos cheques executados são superiores aos valores devidos pela simples indenização dos itens relacionados nos "Relatórios Negociais I e II", corrigiu monetariamente pelo INPC todos os valores consignados nesses relatórios, tomando por marco Fl. 480DF CARF MF Processo nº 15956.720124/201316 Acórdão n.º 2202004.753 S2C2T2 Fl. 481 8 inicial as datas de sua efetiva realização, constantes nos relatórios, até o dia 29 de abril de 1997, data da emissão dos cheques executados, e que para tal atualização, foi utilizado o mesmo índice de correção monetária usado pelo fiscalizado para atualizar os valores dos cheques, desde a sua emissão até a data da propositura da ação judicial. Os valores corrigidos dos itens constantes dos Relatórios Negociais I e II para a data da emissão dos cheques executados constam da tabela de fls. 337/338. Se o valor apurado dos bens e das transações relacionados nos Relatórios Negociais I e II somaram R$2.312.611,00 (fls.337/338), em valores corrigidos até a data da emissão dos cheques executados (29/04/97) que somam R$ 2.940.000,00, é de concluir, como concluiu o auditor fiscal, que a diferença entre os dois valores corresponde à prestação de serviços do contribuinte para o Sr. Electro Bonini. Na sequência, na fls. 338, a autoridade fiscal calcula a relação proporcional existente entre a parcela obtida dos rendimentos recebidos de pessoa física e o valor total dos cheques (27,1290%) e a aplica às parcelas auferidas mensalmente, apurando o valor dos rendimentos considerados omitidos, recebidos de pessoa física, e decide pela manutenção integral das omissões de rendimentos recebidos de pessoa física, referentes aos anoscalendário 2008, 2009 e 2010, noticiadas no auto de infração. Entendo por correto a metodologia descrita, não merecendo reparos o acórdão recorrido. Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 481DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901129/2015-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
A comprovação de certeza e liquidez do crédito se dá com a apresentação de documentação hábil e idônea, que comprove os valores informados DCTF retificada após a ciência da decisão denegando o pedido. Não se presta como prova planilha elaborada pelo próprio interessado no pleito. Inexistindo a demonstração do direito ao crédito, não se homologa a compensação pretendida.
Numero da decisão: 1302-003.182
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.901127/2015-46, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique da Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2012 IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A comprovação de certeza e liquidez do crédito se dá com a apresentação de documentação hábil e idônea, que comprove os valores informados DCTF retificada após a ciência da decisão denegando o pedido. Não se presta como prova planilha elaborada pelo próprio interessado no pleito. Inexistindo a demonstração do direito ao crédito, não se homologa a compensação pretendida.
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PAGAMENTO INDEVIDO Recorrente A.A.DE MELO & CIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A comprovação de certeza e liquidez do crédito se dá com a apresentação de documentação hábil e idônea, que comprove os valores informados DCTF retificada após a ciência da decisão denegando o pedido. Não se presta como prova planilha elaborada pelo próprio interessado no pleito. Inexistindo a demonstração do direito ao crédito, não se homologa a compensação pretendida. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.901127/201546, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique da Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 11 29 /2 01 5- 35 Fl. 126DF CARF MF 2 Trata de recurso voluntário apresentado em face ao Acórdão da decisão de primeira instância, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da recorrente, com a seguinte ementa: DCOMP. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. NÃO COMPROVAÇÃO. Não comprovadas a liquidez e a certeza do crédito informado em declaração de compensação, não se homologam as compensações vinculadas. A recorrente apresentou Declaração de Compensação na qual pretende compensar pagamento indevido/a maior de IRPJ. A declaração não foi homologada pela DRF/Piracicaba, pois o pagamento estava integralmente utilizado para quitação de débito da recorrente, não restando crédito disponível para compensação de débitos informados na DCOMP. A decisão recorrida julgou improcedente a manifestação de inconformidade, pois não foram apresentados os motivos de fato e de direito, os pontos de discordância e sequer provas, de forma a demonstrar que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida. Após ciência da decisão, foi apresentado recurso voluntário com as seguintes alegações: constataram erro na apuração dos impostos devidos em 2012, onde foram efetuados pagamentos a maior de IRPJ, sendo a diferença utilizada para compensar débitos de IRPJ e CSLL do ano de 2013. deixaram de apresentar as DCTF retificadoras, tendo como conseqüência que todos os pedidos foram indeferidos. afirma que possui o direito de compensar nos termos do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, aduzindo que as divergências foram corrigidas, motivo pelo qual requer o reconhecimento do direito creditório. É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 13888.901129/201535 Acórdão n.º 1302003.182 S1C3T2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.180, de 18/10/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901127/2015 46, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.180): "O recurso é tempestivo, e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Assim, dele eu conheço. A recorrente reprisa suas alegações no recurso voluntário, afirmando que teria constatado erro no cálculo dos tributos devidos, mas que teria deixado de retificar as DCTF, fato que deu origem ao indeferimento do pedido. Para comprovar o seu direito creditório, apresentou planilha de cálculo e DCTF retificadora. Esta mesma defesa foi trazida na impugnação, analisada pela decisão recorrida, que não acatou as razões apresentadas pela ausência da demonstração do erro cometido, assim como falta de apresentação de provas. De fato, não basta alegar que pagou tributo a maior. Para comprovação do erro, seria necessário demonstrar como foi feita a primeira apuração, o que estaria incorreto, as retificações necessárias, com a nova apuração do tributo devido. A apresentação de DCTF retificadora, após a ciência da decisão negando o pedido, não se presta para comprovação do erro cometido e que teria efetuado recolhimento a maior. A recorrente chegou a elaborar planilha de cálculo onde informa a receita bruta, o tributo que seria devido, o valor pago e a diferença a maior. Mas a planilha, desacompanhada de qualquer elemento probatório que comprove os valores nela constantes, principalmente no que concerne à receita bruta, também não é suficiente para demonstrar a certeza e liquidez do crédito pleiteado, requisitos necessários previstos no artigo 170 do CTN. É importante salientar que a decisão recorrida apontou a insuficiência de provas trazidas aos autos, principalmente no que concerne os documentos contábeis e fiscais que respaldem a diferença existente entre o valor supostamente devido e do DARF recolhido." Fl. 128DF CARF MF 4 Pelo exposto, como não foi comprovada a certeza e liquidez do crédito que pleiteia, cujo ônus é da recorrente, voto por não dar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13982.000516/2006-93
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004
MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. IMPUTAÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO. MATÉRIA SUMULADA.
Imputação de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativas mensais, e lançamento de multa de ofício. Sendo os fatos geradores anteriores ao ano de 2007, aplica-se a Súmula nº 105 do CARF, sedimentada com precedentes da antiga redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que foi alterada pela MP nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.489, de 15/07/2007, para afastar a multa isolada.
Numero da decisão: 9101-003.779
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se aqui o decidido no julgamento do processo 10508.000384/2006-15, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Relator e Presidente em exercício
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004 MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. IMPUTAÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO. MATÉRIA SUMULADA. Imputação de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativas mensais, e lançamento de multa de ofício. Sendo os fatos geradores anteriores ao ano de 2007, aplica-se a Súmula nº 105 do CARF, sedimentada com precedentes da antiga redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que foi alterada pela MP nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.489, de 15/07/2007, para afastar a multa isolada.
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score : 1.0
Numero do processo: 11836.720032/2015-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 10/12/2010
DATA DA AUTUAÇÃO. DATA DA IMPORTAÇÃO PRESUMIDA. TERMO DE REFERÊNCIA PARA CÁLCULO DA MEDIANA DOS VALORES DE QUE TRATA O PARÁGRAFO PRIMEIRO DO ARTIGO 67 DA LEI 10.833/03.
A data para o cálculo da mediana de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03 tem como termo de referência a data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o qual é, por presunção legal, o momento da lavratura do auto de infração. No caso de extravio, a data do lançamento, a data da ocorrência do fato gerador e a data da ocorrência da importação (que é presumida) são precisamente a mesma, devendo tal data ser utilizada para o cômputo do "semestre anterior" de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03.
Numero da decisão: 3302-006.023
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso de ofício, vencidos os Conselheiros Raphael Madeira Abad (relator), Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Jr, que lhe negavam provimento. Designado o Conselheiro Vinícius Guimarães (suplente convocado) para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto proferido definitivamente pelo Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida na sessão de agosto de 2018.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
(assinado digitalmente)
Vinicius Guimarães - Redator designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 10/12/2010 DATA DA AUTUAÇÃO. DATA DA IMPORTAÇÃO PRESUMIDA. TERMO DE REFERÊNCIA PARA CÁLCULO DA MEDIANA DOS VALORES DE QUE TRATA O PARÁGRAFO PRIMEIRO DO ARTIGO 67 DA LEI 10.833/03. A data para o cálculo da mediana de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03 tem como termo de referência a data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o qual é, por presunção legal, o momento da lavratura do auto de infração. No caso de extravio, a data do lançamento, a data da ocorrência do fato gerador e a data da ocorrência da importação (que é presumida) são precisamente a mesma, devendo tal data ser utilizada para o cômputo do "semestre anterior" de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03.
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DATA DA IMPORTAÇÃO PRESUMIDA. TERMO DE REFERÊNCIA PARA CÁLCULO DA MEDIANA DOS VALORES DE QUE TRATA O PARÁGRAFO PRIMEIRO DO ARTIGO 67 DA LEI 10.833/03. A data para o cálculo da mediana de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03 tem como termo de referência a data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o qual é, por presunção legal, o momento da lavratura do auto de infração. No caso de extravio, a data do lançamento, a data da ocorrência do fato gerador e a data da ocorrência da importação (que é presumida) são precisamente a mesma, devendo tal data ser utilizada para o cômputo do "semestre anterior" de que trata o art. 67, §1º da Lei 10.833/03. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso de ofício, vencidos os Conselheiros Raphael Madeira Abad (relator), Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Jr, que lhe negavam provimento. Designado o Conselheiro Vinícius Guimarães (suplente convocado) para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) não participou do julgamento em razão do voto proferido definitivamente pelo Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida na sessão de agosto de 2018. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 83 6. 72 00 32 /2 01 5- 11 Fl. 650DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 3 2 Raphael Madeira Abad Relator. (assinado digitalmente) Vinicius Guimarães Redator designado. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. Relatório O presente Recurso de Ofício tem origem a partir de Auto de Infração por meio do qual foi formalizada a exigência de Imposto sobre a importação e multa em razão de suposto extravio de mercadorias que foram destinadas ao Brasil, mas aqui não chegaram conforme o manifesto de carga, ensejando a aplicação do tributo e das penalidades. Por considerar as mercadorias extraviadas, a fiscalização aplicou alíquota de 80% sobre base de cálculo arbitrada, bem como multa de 50% sobre o tributo. Tratase de carga transportada pela LAN CARGO S.A. que deveria fazer transbordo/baldeação no Aeroporto de Viracopos, para que fossem posteriormente remetidas para o Aeroporto de Ezeiza. Durante a tramitação da Impugnação, no bojo da qual foi realizada diligência com o objetivo de aferir o ocorrido com as mercadorias foi alegado que, por erro operacional a carga não foi desembarcada no Brasil, mas sim remetida diretamente para a Argentina. O alegado erro logístico ocorreu no dia 10.12.2010, mas o extravio foi identificado apenas em 02.12.2015. Foi deferido prazo para que a parte interessada apresentasse os documentos que embasam seu pleito de forma TRADUZIDA, CONSULARIZADA E REGISTRADA, o que não foi feito conforme declaração de fls. 516. Contudo, a DRJ de São Paulo entendeu, sob a relatoria de Jorge Lima Abud, por julgar procedente a Impugnação não por este motivo, mas por lavrando a seguinte Ementa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 10/12/2010 Apurado o extravio de mercadorias entradas no território aduaneiro mediante confronto do manifesto de carga correspondente com os registros informatizados de descarga relativos a volumes que seriam objeto de transbordo/baldeação, por meio de Declarações de Fl. 651DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 4 3 Transbordo ou Baldeação (DTIs) registradas pelo transportador nacional. A fiscalização não observou o comando imperativo do artigo 144 do Código Tributário Nacional, ao aplicar a aliquota de alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação simplificada. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Finalmente, encaminhou o processo para que fosse apreciado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF por força de Recurso Necessário. O contribuinte apresentou CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE OFÍCIO às fls. 540, onde sinteticamente aduz que: É ilegítima para integrar o polo passivo da relação tributária, eis que não foi responsável pelo equívoco logístico que originou toda a controvérsia. A ilegalidade do arbitramento da base de cálculo com o emprego da redação do artigo 67 da Lei 10.833/03, que não estava em vigor quando da ocorrência dos fatos. A inocorrência do extravio, eis que as cargas comprovadamente chegaram ao destino final, na Argentina. A manutenção da autuação caracterizará enriquecimento sem causa. A chegada das mercadorias no seu destino final, na Argentina, demonstra que elas não ficaram no Brasil. A ABSA não tem legitimidade para figurar no polo passivo da demanda. A Constituição não autoriza a tributação sobre o extravio, mas apenas sobre a importação. A Recorrente ABSA é ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda eis que foi a LAN CARGO a responsável pelo equívoco logístico que acarretou todo o problema. Não houve importação ou internalização clandestina de qualquer mercadoria, mas tão somente trânsito aduaneiro, até porque as mercadorias foram comprovadamente nacionalizadas na Argentina. Durante a confusão logística, ainda no dia 10.12.2010 a contribuinte protocolou o cancelamento do manifesto (fls. 49) A Lei 13.043, de 13 de novembro de 2014, que alterou o artigo 67 da Lei 10.833/03 não pode ser aplicada no caso concreto eis que posterior ao fato gerador. A Impossibilidade de se valorar as mercadorias pelo art. 67 da Lei 10.833/03 Fl. 652DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 5 4 Do erro do computo da Base de Cálculo arbitrada, eis que não levou em consideração o semestre anterior ao fato, que seria o primeiro semestre de 2010 e não 2015. Do erro quanto à utilização do Decreto 8.010/2013, e não o Decreto Lei n. 37/1966. Da impossibilidade de se tributar a importação de bens que não foram comprovadamente importados. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Raphael Madeira Abad Relator. 1. Admissibilidade O Recurso de Ofício encontrase no valor de alçada e a matéria é de competência deste colegiado. 2. Preliminares 2.1. Legitimidade da Recorrida ABSA para integrar o polo passivo. A legislação vigente admite que seja atribuída ao beneficiário da DTI (Declaração de Transbordo ou Baldeação Internacional) a responsabilidade pelos tributos devidos, razão pela qual esta preliminar de ilegitimidade deve ser afastada para que seja analisado o Recurso de Ofício. 2.2. A Recorrente ABSA é ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda eis que foi a LAN CARGO a responsável pelo equívoco logístico que acarretou todo o problema. Em relação à legitimidade da ABSA para integrar o polo passivo da presente demanda, é de se destacar que apesar do argumento de que o equívoco logístico ter se dado em razão de atos de terceiro, foi a Recorrida quem registrou no sistema Siscomex Trânsito as Declarações de Transbordo ou Baldeação Internacional (DTIS), como pode ser verificado no Relatório de Procedimento Fiscal. A Decisão da DRJ é perfeita quando, fulcrada no artigo 660 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, admite que "foi a ABSA AEROLINHAS BRASILEIRAS S. A., CNPJ 00.074.635/0001 33 que, embora não sendo a emissora do manifesto e a transportadora da carga ou ainda a depositária, na qualidade de beneficiária de Declarações de Transbordo e Baldeação Internacional (DTIs) por ela registradas, acobertou volumes em relação aos quais foi devidamente apurado o extravio mediante o competente procedimento fiscal, tornando se assim responsável pelo pagamento do tributo incidente sobre essas mercadorias, bem como pela multa aplicável, na forma do artigo 660 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 6.759/2009." Fl. 653DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 660. A responsabilidade pelo extravio ou pela avaria de mercadoria será de quem lhe deu causa, cabendo ao responsável, assim reconhecido pela autoridade aduaneira, indenizar a Fazenda Nacional do valor do imposto de importação que, em conseqüência, deixar de ser recolhido, ressalvado o disposto no art. 655 (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 60, parágrafo único). Desta feita, não há qualquer irregularidade em se lançar tributos e multas em face da Recorrida, que na forma da legislação é responsável pelos tributos incidentes sobre o extravio, razão pela qual neste ponto deve ser mantida integralmente a Decisão da DRJ. 3. Mérito No mérito são suscitados os seguintes argumentos, que foram agregados nos seguintes tópicos, seguindo a mesma divisão proposta pela contribuinte. 3.1. A ilegalidade do arbitramento da base de cálculo com o emprego da redação do artigo 67 da Lei 10.833/03, que segundo a Recorrida não estava em vigor quando da ocorrência dos fatos. Em relação a este tópico, partindose da premissa de que houve a tributação a partir da presunção de extravio de mercadoria, e que neste caso a data do fato gerador é a data da constatação do extravio (e não da entrada da mercadoria), admitese que não assiste razão à Contribuinte, eis que em conformidade com a legislação brasileira a data do fato gerador no caso do extravio é a data do extravio, que por sua vez é a data da lavratura do Auto de Infração, abstraindose a data da entrada da mercadoria. Desta forma, por presunção legal considerase importada a mercadoria estrangeira constante de manifesto de carga, cujo extravio seja apurado pela autoridade aduaneira, e o fato gerador do Imposto de Importação II ocorrido na data do lançamento do correspondente crédito tributário, sendo esta a data da ocorrência do fato gerador do Imposto de Importação II exigido e dos seus respectivos consectários legais. Desde sua redação original, a Lei 10833/03 sempre admitiu a tributação das mercadorias extraviadas, bem como estipula a forma do arbitramento da base de cálculo, qual seja o valor equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior à importação. Art. 67. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, serão aplicadas, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes, as alíquotas de 50% (cinqüenta por cento) para o cálculo do Imposto de Importação e de 50% (cinqüenta por cento) para o cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados. (redação original) § 1o Na hipótese prevista neste artigo, a base de cálculo do Imposto de Importação será arbitrada em valor equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte Fl. 654DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 7 6 internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais, acrescida de 2 (duas) vezes o correspondente desvio padrão estatístico. (redação original) Art. 67. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, será aplicada, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes na importação, alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação simplificada relativa ao Imposto de Importação II, ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, à Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/Pasep, à Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e ao Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante AFRMM. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 1o A base de cálculo da tributação simplificada prevista neste artigo será arbitrada em valor equivalente à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 2o Na falta de informação sobre o peso da mercadoria, adotar seá o peso líquido admitido na unidade de carga utilizada no seu transporte. (grifos não constantes do original) Por estes motivos é de se admitir como ocorrido o fato gerador importação, ainda que por presunção legal, partindose do fato jurídico "extravio" no dia da lavratura do Auto de Infração, devendo ser esta data utilizada para todos os demais fins tributários. 3.2. A inocorrência do extravio, eis que as cargas comprovadamente chegaram ao destino final, na Argentina. A Recorrida sustenta que as cargas objeto do presente processo partiram da França com destino a Argentina, mas que deveriam ser trasbordadas no Brasil, eis que o voo que saiu da França pousaria no Brasil, mas teria como destino final o Chile. O voo efetivamente pousou no Brasil, mas a carga não foi transbordada e foi dirigida, por equívoco, ao Chile. No Chile ela foi identificada e remetida para a Argentina. Em outras palavras, a prova de que a carga não foi internalizada no Brasil é o fato dela haver chegado na Argentina. Em outras palavras, se ela chegou na Argentina então não pode ter ficado no Brasil. Contudo, a Recorrida não se desincumbiu do ônus de TRADUZIR, CONSULARIZAR E REGISTRAR os documentos que comprovam o seu direito, razão pela qual não foram considerados pela DRJ. 3.3. A manutenção da autuação caracterizará enriquecimento sem causa. A chegada das mercadorias no seu destino final, na Argentina, demonstra que elas não ficaram no Brasil Fl. 655DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 8 7 Efetivamente, o direito tributário não deve tributar o erro do contribuinte que, por exemplo, tece uma declaração equivocada, desde que tal equívoco possa ser aferido com segurança, hipótese em que deve prevalecer a verdade material sobre a verdade formal, o que é perfeitamente aceito, mormente em sede de processo administrativo. Contudo, no caso concreto a oportunidade de manifestação foi conferida ao contribuinte, que não se desincumbiu do ônus de produzir, segundo as regras que regem o processo administrativo, a prova que demonstraria o seu direito, no caso concreto, que as mercadorias não ficaram no Brasil, mas sim foram remetidas para o Chile, e efetivamente chegaram na Argentina, destino final. Tal prova demonstraria que, se as mercadorias chegaram na Argentina, não podem ter ficado no Brasil. No entanto ao não desincumbirse do direito de produzir a prova, o contribuinte autorizou que o fisco utilizasse os critérios legalmente previstos para os casos de extravio, que se presume ocorrido até que se prove que não ocorreu. Por estes motivos é de se manter a decisão proferida pela DRJ. 3.4. A Recorrente ABSA é ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda eis que foi a LAN CARGO a responsável pelo equívoco logístico que acarretou todo o problema. Em relação à legitimidade da ABSA para integrar o polo passivo da presente demanda, é de se destacar que apesar do argumento de que o equívoco logístico ter se dado em razão de atos de terceiro, foi a Recorrida quem registrou no sistema Siscomex Trânsito as Declarações de Transbordo ou Baldeação Internacional (DTIS), como pode ser verificado no Relatório de Procedimento Fiscal. A Decisão da DRJ é perfeita quando, fulcrada no artigo 660 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, admite que "foi a ABSA AEROLINHAS BRASILEIRAS S. A., CNPJ 00.074.635/0001 33 que, embora não sendo a emissora do manifesto e a transportadora da carga ou ainda a depositária, na qualidade de beneficiária de Declarações de Transbordo e Baldeação Internacional (DTIs) por ela registradas, acobertou volumes em relação aos quais foi devidamente apurado o extravio mediante o competente procedimento fiscal, tornando tornandose assim responsável pelo pagamento do tributo incidente sobre essas mercadorias, bem como pela multa aplicável, na forma do artigo 660 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 6.759/2009." Art. 660. A responsabilidade pelo extravio ou pela avaria de mercadoria será de quem lhe deu causa, cabendo ao responsável, assim reconhecido pela autoridade aduaneira, indenizar a Fazenda Nacional do valor do imposto de importação que, em conseqüência, deixar de ser recolhido, ressalvado o disposto no art. 655 (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 60, parágrafo único). Desta feita, não há qualquer irregularidade em se lançar tributos e multas em face da Recorrida, que na forma da legislação é responsável pelos tributos incidentes sobre o extravio, razão pela qual neste ponto deve ser mantida integralmente a Decisão da DRJ. 3.5. A Constituição não autoriza a tributação sobre o extravio, mas apenas sobre a importação. Fl. 656DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 9 8 Neste tópico a Recorrida questiona a própria validade das normas jurídicas que estabelecem a incidência do Imposto de Importação sobre os extravios, que a legislação tributária equipara à importação, sob o argumento de que o arquétipo constitucional trata tão somente do fato importação, e que tal equiparação (do extravio à importação) seria inconstitucional. Tal análise, contudo, é vedada ao CARF por força da Súmula CARF 02, segundo a qual este Colegiado é incompetente para apreciar a constitucionalidade das normas tributárias, Súmula esta de observância obrigatória conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018. 3.6. Da efetiva ocorrência ou não da importação ou internalização clandestina de mercadoria. Em relação à análise do que efetivamente ocorreu no mundo fático, conforme exposição do Contribuinte, a administração pública deve aterse aos mecanismos criados pelo Legislador, conforme o inafastável princípio da legalidade, para que os fatos da vida, ou eventos, ou acontecimentos, sejam levados em consideração em um processo, seja ele judicial ou administrativo. É certo que no processo administrativo vigora, com maior intensidade, o princípio da verdade real, ou verdade material, em detrimento da verdade formal, o que significa que a Administração Pública possui mais liberdade para buscar e investigar o que realmente ocorreu, contudo esta liberdade é relativa, não sendo lícito à autoridade julgadora abstrairse dos comandos legais existentes. Contudo, apesar de haver sido aberta oportunidade para que o contribuinte demonstrasse que as mercadorias não foram extraviadas, eis que segundo ele elas chegaram na Argentina, não foi produzido nos autos prova suficiente a demonstrar tal fato, muito embora, repitase, tenha sido dado oportunidade para tanto. Este Conselho é especializado em normas brasileiras, não sendo a ele lícito decidir levando em consideração documentos administrativos da Argentina, não apenas pelo idioma, que é semelhante embora rico em falsos cognatos, mas principalmente pela vedação legal e, mais ainda, pelo desconhecimento de detalhes da administração tributária da Argentina, o que poderia levar o julgador a equívocos. Assim, por estes motivos não é lícito à Administração Pública aceitar a ocorrência de fatos sem que esteja satisfatoriamente convencido, convencimento este que não é livre, mas sim motivado e pautado nas normas jurídicas. 3.7. Durante a confusão logística, ainda no dia 10.12.2010 a contribuinte protocolou o cancelamento do manifesto (fls. 49) A Recorrente alega que protocolizou o cancelamento do manifesto, e que tal fato seria suficiente para eximirse da responsabilidade. Contudo, diante da ausência de norma que preveja tal possibilidade, este colegiado não pode atribuir a tal ato a força para eximir a responsabilidade da Recorrida. 3.8. Dos argumentos quanto à legislação aplicável ao caso em razão do momento da prática do fato gerador. Fl. 657DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 10 9 Tratase de discussão da aplicação do direito tributário no tempo que pode ser resolvida da forma abaixo, levandose em consideração os seguintes fatos e datas. A Lei 10.833/03 entrou em vigor dia 29.12.2003. As mercadorias adentraram no Brasil no dia 10.12.2010. A Lei 10.833/03 foi alterada em 13.11.2014 pela Lei 13.043/14. O extravio da mercadoria foi formalmente identificado em 02.02.2015. Por força do artigo 67 da Lei 10.833/03, em vigor quase sete anos antes dos fatos, o extravio de mercadorias é fato jurídico que autoriza a incidência dos tributos e penalidades devidos quando da importação. Assim, apesar das mercadorias terem adentrado no Brasil em 2003, o seu extravio foi verificado em 2015, razão pela qual é correta a aplicação das normas vigentes em 2015, pois este foi o momento da ocorrência do fato gerador. O mesmo se aplica em relação à utilização do Decreto 8.010/2013, que já era vigente à época do fato gerador. 3.9. Do erro do computo da Base de Cálculo arbitrada, eis que não levou em consideração o semestre anterior ao fato, que seria o primeiro semestre de 2010 e não o primeiro semestre 2015. Embora o momento da ocorrência do fato gerador importação, ficticiamente presumido com a constatação do extravio de mercadorias e a prática do lançamento, seja o dia da referida constatação, não é este o dia que deve ser levado em consideração para a apuração da base de cálculo. Embora em regra o direito tributário utilize como aspecto temporal da base de cálculo o momento da prática do fato gerador, este caso é uma exceção, pois a data utilizada para o computo do "semestre anterior" deve ser a importação, e não a identificação do extravio. Lei 10.833/03 Art. 67. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, será aplicada, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes na importação, alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação simplificada relativa ao Imposto de Importação II, ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, à Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/Pasep, à Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e ao Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante AFRMM. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 1o A base de cálculo da tributação simplificada prevista neste artigo será arbitrada em valor equivalente à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, Fl. 658DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 11 10 incluídas as despesas de frete e seguro internacionais. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 2o Na falta de informação sobre o peso da mercadoria, adotar seá o peso líquido admitido na unidade de carga utilizada no seu transporte. (grifos não constantes do original) Se o objetivo do legislador foi buscar uma média de importações em um passado recente, para presumir o valor das mercadorias extraviadas, não faria sentido usar a data do extravio, mas sim da importação, e é esta a melhor interpretação da supratranscrita norma jurídica. No caso concreto, para o cálculo da referida mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais, foi utilizado o primeiro semestre de 2015 e não o primeiro semestre de 2010, o que demonstra o equívoco da sistemática utilizada para o computo do quantum, maculando o Auto de Infração. 4. Conclusão. Conclusivamente, em razão da utilização de base de cálculo equivocada para o arbitramento dos valores que servirão de base de cálculo dos tributos e das penalidades, é de se conhecer do Recurso de Ofício, contudo negarlhe provimento, para manter a decisão da DRJ. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Fl. 659DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 12 11 Voto Vencedor Conselheiro Vinícius Guimarães. Redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento no tocante à apuração da base de cálculo da tributação simplificada, em caso de extravio de mercadoria, de que trata o § 1o do Art. 67 da Lei 10.833/03, cuja redação segue transcrita: Lei 10.833/03 Art. 67. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, será aplicada, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes na importação, alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação simplificada relativa ao Imposto de Importação II, ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, à Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/Pasep, à Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e ao Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante AFRMM. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 1o A base de cálculo da tributação simplificada prevista neste artigo será arbitrada em valor equivalente à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 2o Na falta de informação sobre o peso da mercadoria, adotar seá o peso líquido admitido na unidade de carga utilizada no seu transporte. (grifos não constantes do original) Em seu voto, o i. relator entendeu que se o objetivo do legislador é buscar uma média de importações "em um passado recente, para presumir o valor das mercadorias extraviadas, não faria sentido usar a data do extravio, mas sim da importação", para o cálculo da mediana dos valores das mercadorias importadas a título definitivo, integrantes das declarações registradas no semestre anterior. Nessa esteira, o i. relator afasta a autuação pois o Auto de Infração teria adotado o primeiro semestre de 2015 tomando como marco temporal a data de extravio das mercadorias , e não o primeiro semestre de 2010 data da importação das mercadorias, em desrespeito à norma inscrita na Lei 10.833/03. Pois bem. A discussão se concentra na metodologia de cálculo adotada pela fiscalização para proceder ao arbitramento previsto nos casos de extravio de mercadorias importadas. Vejamos. Fl. 660DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 13 12 No tocante ao II, há regramento próprio que define o aspecto temporal de seu fato gerador. Neste sentido, dispõe o art. 23 do Decretolei n°37, de 1966, a seguir reproduzido: Art. 23 Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, considerase ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44. Parágrafo único. A mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que a autoridade aduaneira efetuar o correspondente lançamento de ofício no caso de: I – falta, na hipótese a que se refere o § 2º 18 do art. 1º;(...) Como assinalou, de forma correta, o i. relator, devese considerar, por presunção legal, importada a mercadoria estrangeira constante de manifesto de carga, cujo extravio tenha sido apurado pela autoridade aduaneira. Neste caso, a data do fato gerador do Imposto de Importação (II) e de seus respectivos consectários legais será a data do lançamento do crédito tributário pela autoridade fiscal. Tal é a situação que se amolda ao caso concreto, tendo o nobre relator discorrido precisamente sobre essa questão: no caso de extravio de mercadoria importada, a data de ocorrência do fato gerador é, por presunção normativa, a data do lançamento do crédito tributário pela fiscalização. Observase, assim, que a legislação tributária confere à importação de mercadoria extraviada um regime jurídico próprio e peculiar, no qual o marco temporal de referência para a delimitação dos elementos da obrigação tributária é a data do lançamento de ofício e não mais a data da importação, pois, nesse caso, estamos diante de importação presumida, cuja ocorrência se verifica na data da autuação. Nesse sentido, toda a apuração do II e seus consectários deve tomar como referencial a data do lançamento pela autoridade aduaneira: a data da lavratura do auto de infração, valendome das próprias palavras do i. relator, deve ser "utilizada para todos os demais fins tributários". Com efeito, no caso de extravio de mercadoria importada, a data de lavratura do auto de infração é o marco temporal que deve irradiar seus efeitos sobre todos os outros elementos da obrigação tributária alíquota aplicável, base de cálculo, etc. , assim como sobre determinados institutos jurídicos contagem de prazo prescricional, determinação da legislação aplicável, etc. Pois bem. Voltando à atenção aos dispositivos inscritos no art. 67 da Lei 10.833/2003, acima transcritos, observase que, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes na importação, quando se tratar de mercadoria extraviada, o legislador estabeleceu alíquota única de 80% em regime de tributação simplificada com relação ao II, IPI, PIS/COFINS e Adicional ao Frente da Marinha Mercante (AFRMM). No tocante à base de cálculo, esta será arbitrada em valor equivalente à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes das declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais. Fl. 661DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 14 13 A divergência em relação ao voto do i. relator incide, precisamente, na interpretação a ser dada à expressão "declarações registradas no semestre anterior". A expressão "semestre anterior" teria como referência a importação de fato ou a importação presumida? Como sublinhado, o nascimento da obrigação tributária do II (e seus consectários), o qual se dá com a lavratura do auto de infração, irradia efeitos sobre diversos aspectos da obrigação tributária, entre os quais, o próprio critério quantitativo da regramatriz de incidência. Assim, no caso concreto, a aplicação do arbitramento da base de cálculo para o regime de tributação simplificada deverá tomar como termo inicial o momento da lavratura do respectivo auto de infração, momento no qual se dá a ocorrência do fato gerador do II. Desse modo, a metodologia de arbitramento da base de cálculo adotada pela fiscalização, prevista no § 1º, artigo 67 da Lei 10.833/2003, foi correta, pois tomou a mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes das declarações registradas no semestre anterior à data da autuação que é, conforme explicamos, a data que deve ser considerada como a data da importação guardando harmonia entre os critérios temporal e quantitativo dos tributos incidentes na importação. Podese dizer que a metodologia adotada toma, na apuração da base de cálculo, os valores constantes das declarações registradas no semestre anterior ao da importação. E, aqui, surge a pergunta: quando é a importação no caso específico de mercadoria extraviada? A importação é, como visto, o momento da lavratura do auto de infração, instante em que nasce a obrigação do II (e seus respectivos consectários). O caminho interpretativo aqui trilhado nada mais é do que aquele de apreciar o fenômeno da importação tal como o legislador o apreciou. Se o legislador toma como fundamental, para os casos de mercadoria extraviada, o momento da lavratura, afastando, para efeitos tributários, a data da importação "de fato", não poderia o intérprete da lei se eximir de adotar tal perspectiva: a data da importação presumida, que é a data da autuação, deverá irradiar efeitos sobre uma série de questões tributárias, entre as quais, determinação da alíquota, base de cálculo, legislação aplicável, etc. Afastar o nascimento da obrigação tributária como marco temporal para reger diversos aspectos da obrigação tributária entre os quais, certamente, a apuração da base de cálculo, é ir na contramão de toda a racionalidade que rege o sistema tributário nacional. O sistema tributário nacional prestigia o aspecto temporal da obrigação tributária, revestindolhe de fundamental importância na irradiação de efeitos tributários diversos em especial, sobre institutos como prescrição, decadência, legislação aplicável, base de cálculo, alíquota, etc. Desse modo, no caso concreto, considero como correta a adoção, pela fiscalização, do primeiro semestre de 2015 e não o primeiro semestre de 2010, para a apuração da mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, na metodologia de arbitramento enunciada pelo § 1º, artigo 67 da Lei 10.833/2003. Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Vinícius Guimarães Fl. 662DF CARF MF Processo nº 11836.720032/201511 Acórdão n.º 3302006.023 S3C3T2 Fl. 15 14 Fl. 663DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.730255/2013-05
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DOCUMENTAÇÃO HÁBIL
As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
Numero da decisão: 2002-000.404
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DOCUMENTAÇÃO HÁBIL As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 02 55 /2 01 3- 05 Fl. 101DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 04 a 07), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 4.080,24, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 42 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: O sujeito passivo foi cientificado NL em 18/09/2013 e apresentou impugnação em 24/09/2013, alegando, em síntese, que o valor das despesas médicas glosadas referese a seu tratamento, onde acosta documentos com fito de comprovar a alegação. A impugnação foi apreciada na 5ª Turma da DRJ/SDR que, por unanimidade, em 21/08/2014, no acórdão 1536.411, às efls. 72 a 74, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformada, a contribuinte, apresentou Recurso Voluntário, às efls. 78 a 92, no qual alega, em resumo, que realizou cirurgia em Portugal e, quando regressou ao Brasil solicitou ao seu plano de saúde, o ressarcimento das despesas médicas realizadas no exterior. O plano de saúde ressarciu a contribuinte em R$ 23.817,28, valores gastos no exterior e no Brasil, importância glosada pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 09/09/2014, efls. 76, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 07/10/2014, efls. 78, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus Fl. 102DF CARF MF Processo nº 11080.730255/201305 Acórdão n.º 2002000.404 S2C0T2 Fl. 102 3 dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. Fl. 103DF CARF MF 4 O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 11080.730255/201305 Acórdão n.º 2002000.404 S2C0T2 Fl. 103 5 Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 105DF CARF MF 6 Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. A decisão da DRJ negou provimento à impugnação do contribuinte, dentre outros fundamentos, pelo fato de que o recibo de efls. 14 emitida pelo profissional está datado de 03/02/11, como se vê: O contribuinte apresentou à fiscalização o documento de fls. 14 que, além de emissão em 03/02/2011, informa valor total para serviços prestados no ano. Tal característica e a não apresentação de outros elementos probatórios da efetividade da prestação de serviços e correspondentes pagamentos tornam o documento prova inábil, pois a emissão de recibos mês a mês e contemporâneos à prestação de serviços médicos constitui fato relevante quando se observa que os profissionais emitentes estão obrigados a efetuar recolhimento mensal de imposto de renda por meio de CarnêLeão. Destaquese, ainda, que as deduções obedecem ao regime de caixa, sendo imprescindível a Fl. 106DF CARF MF Processo nº 11080.730255/201305 Acórdão n.º 2002000.404 S2C0T2 Fl. 104 7 prova inequívoca de que o dispêndio efetivamente ocorreu no anocalendário ao qual se refere a Declaração de Ajuste Anual. A DRJ manteve a glosa das despesas médicas sob os seguintes fundamentos: O Serviço de Fiscalização, depois de analisar a documentação acostada ao processo pelo sujeito passivo, decidiu por manter o lançamento, visto que as cópias dos documentos referemse a pagamentos de despesas efetuadas no exterior (em euros) sem esclarecimentos sobre ressarcimento ou não da despesa com o Segurosaúde ou Plano de saúde. Acrescentase, ainda, que os mencionados recibos apresentados pela contribuinte referemse a despesas incorridas no anocalendário 2010, não se prestando para comprovar despesas atinentes ao lançamento ora sob julgamento, uma vez que este corresponde ao ano calendário 2011. Destarte, não há reparo a ser feito no Despacho Decisório. Irresignada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, acostando às efls. 91 e 92 documento emitido pelo Banco Central do Brasil confirmando as despesas médicas arcadas pela recorrente, no exato valor autuado e referente ao ano calendário de 2011. Face a fé pública que merece tal documento, conheço do presente recurso para, no mérito, darlhe provimento, afastando as glosas das despesas médicas. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10320.720179/2010-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Inicialmente é necessário esclarecer que o presente feito compreende um lote de 36 processos conexos, todos eles relativos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS apurados pelo regime da nãocumulatividade nos anos calendários de 2003 a 2008. Tratamse dos seguintes processos: PROCESSO ACÓRDÃO DRJ TRIBUTO PERÍODO 10320.720149/201020 0830.513 PIS 2ª Trim 2003 10320.720150/201054 0831.407 PIS 3ª Trim 2003 13338.000103/200441 0831.247 PIS 1ª Trim 2004 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 20 .7 20 17 9/ 20 10 -3 6 Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 3 2 10320.720152/201043 0830.749 PIS 2ª Trim 2004 13338.000011/200542 0831.246 PIS 3ª Trim 2004 10320.720169/201009 0831.237 COFINS 4ª Trim 2004 10320.720047/201012 0830.748 COFINS 1ª Trim 2005 10320.720155/201087 0830.750 PIS 1º Trim 2005 19647.012516/200542 0825.611 COFINS Abril/2005 13338.000155/200680 0830.757 COFINS 2ª Trim 2005 10320.720156/201021 0830.751 PIS 2º Trim 2005 19647.007420/200562 0822.687 PIS 3ª Trim 2005 10320.720157/201076 0830.752 PIS 3º Trim 2005 10320.720170/201025 0830.755 COFINS 3º Trim 2005 10320.720158/201011 0830.753 PIS 4ª Trim 2005 10320.720171/201070 0830.931 COFINS 4º Trim 2005 10320.720159/201065 0830.936 PIS 1º Trim 2006 10320.720172/201014 0831.238 COFINS 1º Trim 2006 10320.720160/201090 0830.927 PIS 2º Trim 2006 10320.720161/201034 0830.928 PIS 3ª Trim 2006 10320.720174/201011 0830.933 COFINS 3º Trim 2006 10320.720162/201089 0830.929 PIS 4º Trim 2006 10320.720175/201058 0830.934 COFINS 4º Trim 2006 10320.720163/201023 0830.930 PIS 1º Trim 2007 10320.720164/201078 0830.937 PIS 2º Trim 2007 10320.720177/201047 0830.938 COFINS 2º Trim 2007 10320.720165/201012 0831.233 PIS 3º Trim 2007 10320.720178/201091 0831.239 COFINS 3º Trim 2007 10320.720166/201067 0831.234 PIS 4º Trim 2007 10320.720179/201036 0831.240 COFINS 4º Trim 2007 10320.720167/201010 0831.235 PIS 1º Trim 2008 10320.720180/201061 0831.241 COFINS 1º Trim 2008 10320.720168/201056 0831.236 PIS 2º Trim 2008 10320.720181/201013 0831.242 COFINS 2º Trim 2008 10320.720182/201050 0831.243 COFINS 3º Trim 2008 10320.720183/201002 0831.408 COFINS 4ª Trim 2008 Desse modo, a presente Resolução será replicada em todos os processos acima referidos, devendose, na execução do julgado, observarse aquilo que se aplica a cada um dos fatos geradores abrangidos. Como dito, tratamse de diversos Pedidos de Ressarcimento de créditos de PIS e COFINS oriundos da aquisição de bens e serviços utilizados na fabricação de bens exportados para o mercado externo, apurados trimestralmente, além de um Auto de Infração. Conforme Relatório Fiscal integrante do Despacho Decisório: (...) o não reconhecimento do crédito se deu em virtude de vários fatores, compreendendo cômputo de outras receitas registradas na escrituração contábil (livro razão) e fiscal (livros registro de entrada, registro de saída, apuração de IPI, inventário etc) não informadas pelo Fl. 320DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 4 3 contribuinte no Dacon, bem como glosa de créditos informados no Dacon, mas não respaldados na contabilidade, incidentes sobre gastos ou despesas: Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 5 4 A Recorrente apresentou Manifestações de Inconformidade e Impugnação solicitando o reconhecimento integral do crédito postulado. Após exame, a DRJ proferiu acórdão assim ementado (ajustandose, apenas, para cada processo, o tributo PIS ou COFINS e o período de apuração): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PEDIDO DE PERÍCIA. CARÁTER TÉCNICO DA PROVA. A perícia é meio de prova destinado a exames que requeiram conhecimento técnico específico. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento Fl. 322DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 6 5 processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas os autos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A partir de dezembro de 2002, a base de cálculo da contribuição é o faturamento, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. RECEITA FINANCEIRA. ALÍQUOTA ZERO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir de agosto de 2004, estão sujeitas à alíquota zero as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas submetidas ao regime nãocumulativo. As receitas submetidas à alíquota zero não integram a base de cálculo da contribuição. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Quando adquiridos, os bens e serviços utilizados como insumo geram direito ao crédito na incidência nãocumulativa da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OPTANTE PELO SIMPLES. O fato de a pessoa jurídica fornecedora do bem enquadrado como insumo ser optante pelo Simples não obsta o direito de crédito do adquirente, relativamente ao valor pago. INSUMO. FORNECEDOR PESSOA FÍSICA. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. INSUMO. FORNECEDOR OU PRESTADOR. SITUAÇÃO FISCAL IRREGULAR. A situação fiscal irregular do fornecedor ou prestador não constitui obstáculo ao creditamento sobre o valor de bens e serviços. FALTA DE PROVA. UTILIZAÇÃO COMO INSUMO. Incumbe ao manifestante comprovar que determinado bem ou serviço, sobre o qual pleiteia creditamento, foi utilizado como insumo na fabricação de produtos destinados à venda. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 7 6 RESSARCIMENTO. INSUMO CORPÓREO. Para configurar insumos para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e do art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, as matérias primas, os produtos intermediários e o material de embalagem, utilizados na fabricação de bens destinados à venda, devem sofrer alterações, tais como o desgaste, o dano, ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, e, ainda, não podem representar acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem em que forem aplicadas. RESSARCIMENTO. SERVIÇO. INSUMO. Na apuração do PIS/Pasep e da Cofins, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre gastos incorridos com serviços utilizados como insumo, desde que pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. RESSARCIMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. Podem ser descontados créditos da Cofins e do PIS/Pasep Nãocumulativos sobre os gastos totais com a energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. RESSARCIMENTO. COMBUSTÍVEIS. O gasto com combustíveis utilizados como insumos na fabricação de produtos gera crédito na apuração da Cofins e do PIS/Pasep Não Cumulativos, ainda que submetidos à tributação monofásica com base em alíquota diferenciada, sendo os créditos calculados, todavia, com base nas alíquotas padrões. FRETE NA COMPRA DE INSUMOS. Não há previsão legal para apurar créditos de frete nas operações de compra. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em ParteA O acórdão recorrido, portanto, afastou as seguintes glosas: (i) receitas financeiras (determinou a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo das contribuições); (ii) bens adquiridos e não integralmente pagos aos fornecedores no mesmo trimestre de apuração (aplicação do regime de competência); (iii) bens adquiridos de pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 8 7 (iv) créditos adquiridos de pessoas jurídicas com irregularidades, posto que não comprovado pela Fiscalização a inaptidão do respectivos CNPJs; As glosas mantidas foram as seguintes: (v) receitas de recuperação de despesas (manteve as receitas de recuperação de despesas na base de cálculo das contribuições) (vi) carvão adquirido de produtores rurais pessoas físicas, portanto, não sujeitos à incidência do PIS e da COFINS; (vii) serviços utilizados como insumos, em razão destes não estarem devidamente escriturados em DACON e, também, pela ausência de demonstração da sua inserção no "conceito funcional de insumo"; (viii) aquisição de energia elétrica em razão de divergências entre os livros fiscais e os balancetes de verificação; (ix) frete sobre operações de compra, por ausência de previsão legal; (x) "outros valores com direito a crédito", por ausência de comprovação da natureza de tais créditos Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido, requerendo: (a) o afastamento da declaração de preclusão do direito à apresentação de documentos probatórios; (b) o afastamento do critério físico na apuração do PIS e da COFINS não cumulativos, com a utilização dos conceitos de custos necessários à obtenção de receita, conforme legislação do Imposto de Renda; (c) a autorização para a apropriação de créditos sobre a aquisição de carvão de pessoas físicas, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004; (d) a autorização para apropriação de créditos decorrentes da aquisição de insumos, ainda que não escriturados corretamente em DACON (erro material), bem como pela negativa imposta de comprovação da sua essencialidade; (e) a autorização para apropriação de créditos em decorrência da aquisição de energia elétrica, consumida no processo produtivo, devendo ser afastadas eventuais inconsistências verificadas em DACON; (f) a legitimidade da apropriação de créditos sobre quisição de fretes, seja nas operações de venda, seja nas aquisições; (g) autorização para a apropriação de créditos diversos decorrentes da aquisição de insumos (bens ou serviços) essenciais ao seu processo produtivo; Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 9 8 (h) requer a conversão do feito em diligência para a realização de perícia contábil para a verificação dos alegados erros de declaração e, também, da essencialidade dos insumos adquiridos; (i) por fim, requer seja determinada a aplicação da correção monetária sobre o crédito tributário a ser ressarcido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio ou por redistribuição em razão de conexão. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Conforme se verifica pelo relato dos fatos, o presente feito abrange tanto discussões exclusivamente de direito, como aspectos relacionados à materialidade do crédito tributário, quanto questões relativas aos cálculos de apuração do crédito tributário. Nesse aspecto, 2 (duas) questões sobressaltam e, a meu ver, demandam melhor análise dos fatos: (i) existência de divergências entre valores declarados em DACON e escriturados em documentos contábeis; (ii) essencialidade de itens ao processo produtivo da Recorrente. Quanto ao primeiro, tenho que deve se observar, na hipótese dos autos, o princípio da verdade material a ser perseguido no curso do procedimento administrativo de constituição do crédito tributário. Por óbvio, a aplicação de tal princípio deve estar calcada na necessária observância ao ônus da prova. Tratandose de apuração de créditos de PIS e COFINS, cabe ao contribuinte demonstrar a existência do seu direito. Verifico que a Recorrente, em sua defesa e em seu Recurso Voluntário, apresentou alegações e documentos pelos quais busca legitimar os valores dos créditos considerados em sua apuração, especialmente com relação aos seguintes pontos, conforme redação utilizada pelo Acórdão recorrido: "(...)despesas incorridas com serviços prestados por pessoa jurídica, declaradas pelo contribuinte no Dacon como utilizados como insumo, mas não verificadas na sua escrituração (...)". "(...) despesas com energia elétrica, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas não integralmente comprovadas na escrituração (...)" Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 10 9 "(...) despesas com armazenagem e frete, declaradas pelo contribuinte no Dacon, mas em valores significativamente inferiores aos comprovados na escrituração (...)" "(...) crédito relativo a outras operações com direito a crédito, identificada na linha 13 da ficha 6 do Dacon (...)" Embora o acórdão proferido tenha se manifestado acerca das alegações de erros cometidos pela Recorrente, não adentrou acerca da análise específica dos documentos apresentados, limitandose a concluir que competia ao contribuinte, ao prestar suas informações, trazer maiores especificações e detalhamentos. Assim, ainda sem concluir pela prestabilidade ou não dos esclarecimentos e documentos apresentados pela Recorrente, entendo que tais demonstrações não restaram devidamente examinadas pelo acórdão recorrido, merecendo melhor análise. Quanto ao segundo aspecto, atinente aos insumos aplicados ao processo produtivo da Recorrente, sabese que, há muito, a jurisprudência deste CARF vinha se firmando no conceito da essencialidade como critério autorizador à tomada de créditos no regime não cumulativo do PIS e da COFINS. Tal entendimento foi recentemente chancelado pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Representativo de controvérsia, portanto, de observância obrigatória por este órgão julgador: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10320.720179/201036 Resolução nº 3201001.447 S3C2T1 Fl. 11 10 lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (REsp 1221170/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 24/04/2018) Assim, para a análise acerca da legitimidade das glosas efetuadas pela Fiscalização, necessário perquirir acerca da natureza de tais insumos e a sua essencialidade ao processo produtivo, aspecto não adentrado, seja em sede de lançamento, seja pela decisão de primeiro grau. Pelo exposto, voto por converter o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora intime o contribuinte para, no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por mais 30 (trinta) dias: (i) apresentar, de forma detalhada, quais os erros de declaração existentes em suas DACONs, indicando, com o devido lastro probatório, os corretos valores a serem observado, podendo a Autoridade lançadora solicitar especificamente os documentos que entenda necessários para tal comprovação; (ii) apresentar laudo descritivo da sua atividade operacional, indicando, para cada um dos itens (insumos) objeto de glosa, sua aplicação e essencialidade ao seu processo produtivo. Após, deverá a Autoridade Lançadora se manifestar acerca das informações e documentos apresentados pela Contribuinte, notadamente no que se refere aos alegados erros de preenchimento das DACONs e respectivos documentos probatórios, apresentando relatório conclusivo. Concluído, abrase novo prazo de (30) trinta dias para que a Recorrente se manifeste acerca do Relatório Fiscal. Ao final, retornemse os autos para julgamento. Esclareço que o prazo concedido é único e aplicase a todos os processos objeto da presente Resolução. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 328DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.905966/2015-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/06/2012
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO.
Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.904943/2015-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1538; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.905966/201571 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301005.227 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de setembro de 2018 Matéria RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente MRV ENGENHARIA E PARTICIPACOES SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 25/06/2012 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 59 66 /2 01 5- 71 Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo pedido de restituição formalizado por meio de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. Em análise ao referido documento, a autoridade tributária proferiu Despacho Decisório Eletrônico, formalizado no sentido do indeferimento da restituição pretendida pela interessada, explicando que o pagamento indicado já estava integralmente alocado, não restando, assim, crédito disponível para restituição e eventuais compensações vinculadas à esse crédito. Inconformado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva esclarecendo que durante procedimento de auditoria interna, realizada nas apurações dos tributos da companhia, foram identificados pagamentos a maior em determinados períodos e a menor em outros. Para regularizar a situação fiscal perante a Receita Federal do Brasil, providenciou a quitação dos débitos pagos a menor e solicitou a restituição dos pagamentos a maior, retificando as DCTF para informar os novos valores. Entende que a Per/Dcomp está em conformidade com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 e com a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, restando demonstrada a insubsistência e improcedência do despacho decisório. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06055.800. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em síntese, trazendo argumento novo, de que o pagamento indevido seria da conta de Sociedades em Conta de Participação da qual é sócia ostensiva. É o relatório. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.223, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301005.223): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. A acórdão recorrido desce a detalhes do ocorrido: Segundo a versão apresentada pela defesa, o crédito apontado (R$ 275,20) decorreu da revisão da base de cálculo da COFINS de 31/03/2010, conforme informado na DCTF retificadora apresentada em 06/11/2014. Constatouse que o despacho decisório foi emitido levando em conta as informações contidas na DCTF retificadora, transmitida em 06/11/2014, a qual, como se vê, tratase da DCTF retificadora que a contribuinte alega conter as informações corretas correspondente ao débito do período. Nessa DCTF, o débito de COFINS confessado do período de apuração de 31/03/2010 é de R$ 1.134.352,27 – que foi quitado por meio de vários pagamentos (DARF) que totalizam R$ 871.733,98 e compensações no valor de R$ 696,80 – restando, saldo a pagar de R$ 261.921,49 – conforme a tela extraída do sistema de controle de declarações: 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 5 4 Essas mesmas informações constam da DCTF que está ativa no sistema de controle de declarações, transmitida em 08/01/2015. No sistema de controle de arrecadação, verificouse que os pagamentos apontados na DCTF retificadora – no valor total de R$ 871.733,98 – foram validados e vinculados ao débito de Cofins do período (código 2172). No entanto, tendo em vista que os pagamentos validados foram insuficientes para a extinção do débito e verificada a existência de outros pagamentos para o mesmo período de apuração, dentre os quais o pagamento pleiteado no PER em tela, o sistema informatizado alocou esses pagamentos para amortizar parte do saldo devedor confessado na DCTF, como se vislumbra nas telas copiadas a seguir: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 6 5 Desse modo, o pagamento por meio do DARF discriminado no PER – de R$ 275,20 – foi integralmente utilizado para quitar o débito de COFINS de 31/03/2010, em face das informações prestadas pela própria contribuinte na DCTF retificadora apresentada à Receita Federal, não restando crédito para a restituição pretendida: [...] Destaca ainda a decisão de piso que "desde a constituição da DCTF pela Instrução Normativa SRF nº 126, de 30/10/1998, e suas alterações posteriores, e de acordo com o disposto no DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984", tal declaração constituise em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. A recorrente, alega que o pagamento indevido de R$275,20, seria provenientes e originário "de SCP’s (Sociedades em Conta de Participação), das quais" [...] "é sócia ostensiva". E acrescenta: O débito montante de R$ 1134352,27, declarado em DCTF, alberga valores devidos de Cofins de várias SCP’s que tem a Recorrente como sócia ostensiva e outras empresas como sócias participantes. A título de lembrete sabese que os sócios ostensivos de SCP’s são aquelas pessoas jurídicas que se obrigam perante terceiros, enquanto que os sócios participantes (antigos sócios ocultos), não têm essa obrigação. Em vista dessa situação, a Recorrente é responsável pelas obrigações acessórias tributárias, dentre elas, a apresentação de DCTF com os competentes recolhimentos tributários. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 7 6 No caso em questão, o valor recolhido, R$ 275,2 é proveniente da atividade da SCP, "Laguna Beach" contrato anexo, Doc. 1, que recolheu este valor. Contudo, como já informado, tinha como valor devido a quantia de R$ 0 Ao manter a decisão que indeferiu o crédito pleiteado, a Receita Federal acaba violando a individualidade de outra pessoa jurídica, uma vez que o crédito solicitado diz respeito a uma sociedade em conta de participação específica que tem a Recorrente como sócia ostensiva. O quadro abaixo, demonstra muito bem a composição deste crédito. Tanto que o código do imposto é o 217208, cujo dígito identifica ser o crédito decorrente de sociedade em conta de participação. Portanto, no caso da decisão ser mantida, permanecerseá uma verdadeira invasão no patrimônio da SCP Laguna Beach, visto o desrespeito à sua individualidade e atividade empresarial, pois está sendo punida por conta de débitos tributários que não são dela. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA. Na apuração dos resultados da sociedade em conta de participação serão observadas as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Tendo em vista que a sociedade em conta de participação não se confunde com o sócio ostensivo, os resultados daquela não podem ser tributados diretamente neste mas apenas distribuídos na proporção da participação.” (CARF, Recurso Voluntário Recurso de Ofício, PTA 15504.724276/201314, Acórdão 1402 002.208. Relator Dr. Leonardo de Andrade Couto , DJ 27.06.2016) (destacouse) Diante do exposto, não há que se falar na aplicação da IN SRF 126/98, pois o saldo a pagar da Recorrente não pode prejudicar uma SCP em que ela é a sócia ostensiva e que, por isso, é obrigada ao cumprimento das obrigações acessórias, dentre elas, a entrega de DCTF. Ocorre, no entanto, que tal argumento de defesa não foi trazido em sede de manifestação de inconformidade, precluindo o direto de fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Também não localizei a prova da liquidez e certeza do crédito em foco, que não a DCTF retificada e o DARF dado como pago indevidamente. Tal Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10680.905966/201571 Acórdão n.º 3301005.227 S3C3T1 Fl. 8 7 comprovação é exigência do art. 170 do Código Tributário Nacional e ônus do peticionário, nos termos do art. 373 do Código do Processo Civil. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 87DF CARF MF
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Numero do processo: 10218.900023/2008-90
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
ARGÜIÇÃO DE NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. INADMISSIBILIDADE.
Inadmissível o acolhimento da argüição de cerceamento do direito de defesa quando a matéria contestada pelo Recorrente não interfere diretamente na solução do litígio e não há a demonstração cabal de prejuízo.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO.
Correta a homologação parcial de declaração de compensação, quando comprovado que parte do crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE.
Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente, por meio de elementos idôneos e na forma da legislação tributária, o direito creditório vindicado, não cabendo ao julgador neste momento processual realizar trabalho de auditoria, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
Numero da decisão: 1002-000.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: AILTON NEVES DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2004 ARGÜIÇÃO DE NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. INADMISSIBILIDADE. Inadmissível o acolhimento da argüição de cerceamento do direito de defesa quando a matéria contestada pelo Recorrente não interfere diretamente na solução do litígio e não há a demonstração cabal de prejuízo. Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004 HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a homologação parcial de declaração de compensação, quando comprovado que parte do crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente, por meio de elementos idôneos e na forma da legislação tributária, o direito creditório vindicado, não cabendo ao julgador neste momento processual realizar trabalho de auditoria, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. INADMISSIBILIDADE. Inadmissível o acolhimento da argüição de cerceamento do direito de defesa quando a matéria contestada pelo Recorrente não interfere diretamente na solução do litígio e não há a demonstração cabal de prejuízo. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a homologação parcial de declaração de compensação, quando comprovado que parte do crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 90 00 23 /2 00 8- 90 Fl. 79DF CARF MF 2 Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente, por meio de elementos idôneos e na forma da legislação tributária, o direito creditório vindicado, não cabendo ao julgador neste momento processual realizar trabalho de auditoria, eis que implicaria o revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes. Relatório Por bem sintetizar os fatos até o momento processual anterior ao do julgamento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação da compensação, transcrevo e adoto o relatório produzido pela DRJ/BEL: "Tratase de declaração de compensação transmitida em 29/08/2005 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito no valor de R$ 11.072,64, resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 2484, do período de apuração de 12/2002, no valor de R$ 14.455,86. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Marabá, por intermédio de despacho decisório eletrônico (fl. 05), asseverou que 'a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas parcialmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP'. Assim, homologou parcialmente a compensação declarada. Inconformado com a decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, em 04/06/2008 (fls. 01/04), na qual alega, que: 'Reconhece que errou ao não retificar sua Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, referente ao 4o trimestre de 2002. Conforme consta da DIPJ/2003, Ficha 16, Linha 07, mês de dezembro relativamente a CSLL (código 2484) foi declarado o valor a pagar de RS 57.480,46. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10218.900023/200890 Acórdão n.º 1002000.471 S1C0T2 Fl. 80 3 Este débito foi vinculado em DCTF com dois DARF que totalizam RS 60.720,46 e que demonstra o pagamento a maior no valor de RS 3.240,00. Porém, o citado pagamento a maior não havia sido demonstrado na respectiva DCTF do 4o trimestre de 2002. Que na DCTF (retificada em 14/05/2008) referente ao 4o trimestre de 2002 há o crédito no valor de RS 3.240,00' ". A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ/BEL, conforme acórdão n. 0119.666, 26 de outubro de 2010 (efl. 44), que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS DA PROVA. Considerase homologada apenas parcialmente a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando não reste comprovada a existência da totalidade do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Irresignado, o Recorrente apresenta Recurso Voluntário (efls. 52), no qual, oferece os argumentos abaixo sintetizados (destaques do original). Contesta a não homologação da compensação, sustentando que "(...) apresentou Manifestação de Inconformidade, sob o fundamento de que o crédito é existente e que apenas, por equívoco, não havia sido demonstrado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, referente ao 4o trimestre de 2002, situação que já havia sido reparada com a retificação de 14/05/2008." Relativamente à preliminar de mérito, ressalta que "o Acórdão recorrido introduziu no processo dispositivo da Medida Provisória 66, de 30 de agosto de 2002, que teria sido convertida na Lei 10.637, de 31/12/2002, que teria alterado o artigo 74 da Lei 9430, de 30/12/1996" e que "Tais dispositivos não constam no Despacho Decisório e, muito menos foram debatidos na Manifestação de Inconformidade, razão pela qual a introdução dos mesmos no processo pelo Acórdão recorrido, vicia o processo a ponto acarretar sua nulidade." Diz que teve seu direito de defesa cerceado porquanto "No Voto do relator são citados os artigos 30 e 2º da 9430/96, são transcritos os artigos 220 a 232, do Regulamento do RIR/1999, com o agravante de não ter sido informado o número e o Órgão relativos ao mencionado Regulamento", sendo ainda " citado e transcrito o artigo 6o, § 1o, da Lei 9430/06" e que "Ainda mais graves são as indevidas introduções acima mencionadas, quando se verifica que são de datas bem posteriores as dos fatos considerados no Despacho Fl. 81DF CARF MF 4 Decisório, que são a arrecadação (26/02/2003) e a transmissão do pedido de compensação (11/02/2004)". Quanto ao mérito, afirma que "O Acórdão recorrido não acatou a prova do crédito apresentada juntamente anexa à Manifestação de Inconformidade, onde claramente restou demonstrada a existência do crédito objeto da compensação indeferida" e que "Se os julgares entendessem que o documento era insuficiente deveriam assim ter afirmado e mandado baixar em diligência para a verificação julgada cabível, pois não há que se olvidar, que na esfera administrativa prevalece o princípio da verdade material, segundo o qual o que deve ser prestigiado é a realidade fática". Ao final, "requer a reforma ou nulidade do Acórdão recorrido, para que seja homologada a compensação e cancelada a cobrança decorrente do seu indeferimento, ou baixado em diligência para verificação do crédito apontado pela Recorrente." É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva, Relator Admissibilidade Inicialmente, reconheço a plena competência deste Colegiado para apreciação do Recurso Voluntário, na forma do art. 23B da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), com redação dada pela Portaria MF nº 329/2017. Demais disso, observo que o recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminar Como preliminar de mérito, o Recorrente alega cerceamento do direito de defesa fundado, em suma, na alegação de introdução no acórdão recorrido de dispositivos normativos que não constaram na fundamentação do Despacho Decisório, mormente o artigo 66 da MP 66/2002 e os artigos e 2º, 6º e 30 da lei nº 9.430/96. Vejo que essa alegação do Recorrente é desprovida de prova e não é consistente quanto à ocorrência de eventual prejuízo decorrente da introdução no acórdão recorrido dos dispositivos normativos atacados. No campo processual, é cediço que "alegar sem provar é o mesmo que não alegar" e que a arguição de cerceamento do direito de defesa capaz de dar azo à nulidade de decisão é condicionada à apresentação de prova do prejuízo sofrido pela parte. A propósito, vejase o teor dos artigos 59 e 60 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I (...); Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10218.900023/200890 Acórdão n.º 1002000.471 S1C0T2 Fl. 81 5 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. No presente caso, não restou configurado cerceamento do direito de defesa do Recorrente porque as normas questionadas, introduzidas no acórdão recorrido como registro histórico da legislação respeitante ao tema da compensação de crédito por estimativa, tiveram o escopo de explicar e contextualizar a matéria, não interferindo diretamente na solução do litígio, eis que o Despacho Decisório Eletrônico teve por fundamento jurídico legislação específica, conforme se constata no excerto abaixo (destaques deste relator em vermelho): Assim, do ponto de vista processual, ausente a demonstração de prejuízo não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, razão porque rejeito a preliminar de mérito suscitada. Mérito Quanto ao mérito, constato que ora Recorrente teve homologado parcialmente o PER/DCOMP nº 17789.50752.110204.1.3.040262 transmitido em 11/02/2004, sob a alegação de que do valor original de R$ 3.806,35, nele informado, somente R$ 87,06 foi reconhecido como crédito. Fl. 83DF CARF MF 6 Observase às efls. 5 que a circunstância fática que motivou a homologação parcial do PER/DCOMP está inequivocamente registrada no Despacho Decisório Eletrônico, qual seja: a utilização anterior de parte do crédito pleiteado no pagamento de tributo de código 2484 (CSLL Demais PJ que apuram o IRPJ com base em Lucro Real estimativa mensal), do período de apuração de 31/12/2002, devendo, portanto, ser provadas pelo Recorrente quaisquer alegações em sentido contrário que visem à alteração daquele Despacho. Diante deste quadro, a falta de comprovação da existência e suficiência do crédito pleiteado configura ausência do requisito de liquidez e certeza necessários à homologação do pedido de compensação, a teor do que dispõe o artigo 170 do Código Tributário Nacional CTN (grifos nossos): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Aduzo que o Despacho Decisório Eletrônico foi emitido com base em informações constantes da base de dados da RFB e extraídas de documentos fiscais e declarações prestadas pelo próprio Recorrente, sendo, portanto, legalmente válidas, a não ser que tenham sido retificadas na forma da legislação tributária de regência. A este respeito, registro, por oportuno, que a DCTF retificadora do 4º trimestre do anocalendário de 2002 apresentada pelo Recorrente (efls. 21) foi transmitida em 14/05/2008, data posterior a de ciência do Despacho Decisório Eletrônico, ocorrida em 05/05/2008 (efls. 6). Entretanto, a simples retificação da DCTF é condição necessária, porém não suficiente ao reconhecimento do direito creditório vindicado, havendo que ser confirmada por outras declarações e documentos idôneos relacionados, conforme se depreende da leitura do excerto das conclusões do Parecer Cosit nº 02/2015 abaixo: (...) Conclusão 22. Por todo o exposto, concluise: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, s em prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10218.900023/200890 Acórdão n.º 1002000.471 S1C0T2 Fl. 82 7 (...) No presente caso, constatase que o Recorrente faz apenas uma descrição sumariada dos fatos e a evoca a aplicação do princípio da verdade material à solução da lide, sem, contudo, colacionar novos argumentos, provas ou fundamentos de fato e de direito tendentes a infirmar a decisão de indeferimento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação do PER/DCOMP proferida pela instância de origem. Em outras palavras, o Recorrente não junta aos autos elementos comprobatórios indispensáveis para atestar a legitimidade do direito ao crédito vindicado, tais como, Livro Diário, Livro de Apuração do Lucro Real, balancetes transcritos na escrita contábil, e deixa de apresentar, igualmente, quadro analítico descritivo e detalhado do suposto crédito e as declarações fiscais do período com ele relacionadas (DIPJ, DACON, etc), motivo porque o indeferimento do Recurso Voluntário impõese. Neste sentido caminha a jurisprudência do CARF, conforme precedente abaixo: Acórdão n.º 3001000.312 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. De outra parte, o requerimento de diligência constante do Recurso Voluntário não merece acolhimento. A uma, porque há comprovação evidente e insofismável nos autos de que o suposto crédito foi alocado a outro débito, conforme explicado alhures e, a duas, porque o ônus probatório do direito vindicado compete ao Recorrente e não ao Fisco, conforme forte corrente jurisprudencial deste CARF, da qual colaciono, como exemplo, o Acórdão 3201 002.303, no qual essa temática foi debatida: ACÓRDÃO 3201002.303 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1989, 1990, 1991, 1992 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EXIGÊNCIA DE PROVA. Fl. 85DF CARF MF 8 Não pode ser aceito para julgamento a simples alegação sem a demonstração da existência ou da veracidade daquilo alegado. (...) Recurso Voluntário Negado Conclusão Considerando que o artigo 170 do CTN só autoriza a compensação de débitos tributários com créditos líquidos e certos dos interessados frente à Fazenda Pública; que parte do suposto crédito de R$ 3.806,35 constante do PER/DCOMP de nº 17789.50752.110204.1.3.040262 fora utilizado na quitação de débitos de tributo do código 2484 de período de apuração de 31/12/2002; e, ainda, que o Recorrente não traz nenhum elemento de prova adicional capaz de infirmar os fatos aqui narrados, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, mantendo integralmente a decisão de piso. É como voto. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Fl. 86DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.916168/2009-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
MATÉRIAS. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235/72
Matéria não impugnada em sede de primeira instância e suscitada somente em recurso voluntário é preclusa, não devendo ser conhecida, nos termo do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 -PAF.
DIREITO CREDITÓRIO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua certeza e liquidez, sem o que não pode ser restituído, ressarcido ou utilizado em compensação. Faltando aos autos o conjunto probatório que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido.
Segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal, Processo Administrativo Fiscal e o Código de Processo Civil, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA.
A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considera-se não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Escapa à competência dos julgadores administrativos afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE.
A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito.
PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS.
Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação.
DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA.
Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicando-se o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 3201-004.348
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer, por preclusão, das preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235/72 Matéria não impugnada em sede de primeira instância e suscitada somente em recurso voluntário é preclusa, não devendo ser conhecida, nos termo do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 PAF. DIREITO CREDITÓRIO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua certeza e liquidez, sem o que não pode ser restituído, ressarcido ou utilizado em compensação. Faltando aos autos o conjunto probatório que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal, Processo Administrativo Fiscal e o Código de Processo Civil, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considerase não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência dos julgadores administrativos afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 61 68 /2 00 9- 42 Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 211 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito. PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicandose o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer, por preclusão, das preliminares de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 212 3 Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade interposta pela empresa epigrafada contra a decisão que homologou parcialmente a compensação declarada na DCOMP nº 00640.51988.271204.1.7.019920 e não homologou a DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300. De acordo com o despacho decisório (efls. 3 e 112), o crédito utilizado nas compensações fora, inicialmente, pleiteado por meio dos pedidos de ressarcimento PER nº 37876.56920.161204.1.1.010010 e nº 02133.21453.161204.1.1.016032, sendo integralmente reconhecido, no valor de R$ 369.382,43 (trezentos e sessenta e nove mil, trezentos e oitenta e dois reais, quarenta e três centavos), relativamente ao ressarcimento do crédito presumido de IPI do 1º trimestre de 2002. Embora tenha sido integralmente reconhecido, o crédito não foi suficiente para liquidar todos os débitos declarados nas DCOMP. Cientificada da decisão em 18/05/2009, a interessada manifestou a sua inconformidade (efls. 73/94) em 18/06/2009. Em síntese, aduziu as seguintes razões de defesa: ● Ocorrência de evento de incorporação: A Kraft Foods Brasil S.A., que operava sob o CNPJ 57.003.881/000111, foi incorporada pela Produtos Alimentícios Fleischmann e Royal S.A., CNPJ 33.033.028/000184. Esta, por sua vez, alterou sua denominação societária para Kraft Foods Brasil S.A. (atualmente, denominada Mondelez Brasil Ltda), mantendo a identidade com o grupo internacional. Desta forma, todos os créditos de ressarcimento de IPI da incorporada CNPJ 57.003.881/000111 passaram a se configurar como direito da empresa incorporadora, motivo pelo qual as compensações efetuadas com referidos créditos devem ser integralmente homologadas. ● Dever de proceder as compensações de ofício: É dever da Administração Pública proceder à pesquisa de possíveis créditos anteriores que tivessem sido utilizados em compensação. ● Inexistência de prova material contra a contribuinte: Não há prova contundente quanto à suposta inexistência do crédito ofertado em compensação. ● Possibilidade da correção monetária do crédito: Negar a possibilidade de correção dos créditos pela SELIC viola o princípio da isonomia, bem como o da moralidade administrativa, e acarreta um enriquecimento ilícito da Administração Pública. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 213 4 ● Utilização da taxa SELIC como juros de mora: Diante do esboço do que seria, na prática, a SELIC, vislumbrase a impropriedade da referida taxa servir de alicerce como índice de juros nos processos que tratam de créditos tributários. ● Ofensa ao princípio do nãoconfisco: A multa não pode ultrapassar os limites de sua finalidade, a ponto de ser utilizada como instrumento arrecadatório, ou mesmo como um verdadeiro tributo disfarçado. Assim, não se pode legitimar a imposição de multa exacerbada a qualquer diferença apurada entre os valores declarados e aqueles efetivamente pagos. Ao final, a interessada protesta ainda pela produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e pericial. Em seguida, foram os autos encaminhados a esta DRJ/Ribeirão Preto/SP para o julgamento da manifestação de inconformidade. Contudo, na análise inicial do caso, verificouse que a interessada, quando apresentou o PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032 e a DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300, tinha a pretensão de utilizar o crédito de ressarcimento de IPI apurado pelo estabelecimento inscrito no CNPJ sob o nº 57.003.881/000111, por ela incorporado em 2002. Embora tenha informado evento de sucessão nesses PER/DCOMP, identificou como detentor do crédito o estabelecimento com inscrição CNPJ n. 33.033.028/000184 (efls. 122/123). Esta situação induziu o processamento eletrônico de dados a agrupar todos os documentos eletrônicos referentes ao 1º trimestre de 2002 em uma única família, tendo o estabelecimento de CNPJ 33.033.028/000184 como aquele que apurou o crédito. Por este motivo, o crédito reconhecido limitouse aos R$ 369.382,43 relativos ao mesmo. Os fatos constatados permitiram concluir que o crédito realmente pretendido não fora ainda apreciado. Neste contexto, seria imprescindível que os autos retornassem à DRF de origem para que a autoridade competente se pronunciasse quanto ao alegado crédito de sucedida e, sendo o caso, efetuasse os cálculos de imputação aos débitos declarados na DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300. Assim, por meio da Resolução DRJ/RPO nº 1402937 (efls. 124/126), o julgamento foi convertido em diligência, encaminhandose o processo à DRF/Curitiba/PR para as providências cabíveis. A diligência levada a cabo resultou na Informação Fiscal de efls. 141/142, na qual a autoridade fiscal conclui, em suma, que devido à falta de apresentação de documentos e livros fiscais, e tendo em vista a constatação de Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 214 5 aproveitamento em duplicidade do crédito relativo a trimestres anteriores, bem como de divergências nos valores de receita operacional bruta, não há como assentir com o pedido. Cientificada do teor da Informação Fiscal, a interessada não se manifestou. Concluídas as providências requeridas, o processo retornou a esta DRJ para continuidade do feito. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1460.272, sessão de 26/04/2016, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PRODUÇÃO DE PROVAS. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PERÍCIA. A apresentação de prova documental deve ser feita no momento da impugnação. Considerase não formulado o pedido de perícia quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Considerase como não contestada a matéria que não tenha sido expressamente questionada. RESSARCIMENTO DE CRÉDITO. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA DOS FATOS. É imprescindível que as alegações contraditórias a questões de fato tenham o devido acompanhamento probatório. Quem não prova o que afirma, não pode pretender ser tida como verdade a existência do fato alegado, para fundamento de uma solução que atenda ao pedido feito. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência da autoridade administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PER/DCOMP. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO DE RESSARCIMENTO DE IPI EM COMPENSAÇÕES. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 215 6 ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A compensação de débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB é efetuada por meio da apresentação da DCOMP, sendo que, para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP. O crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado em compensações. Não há que se cogitar de correção monetária diante da inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito. PER/DCOMP. COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE ACRÉSCIMOS LEGAIS. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da declaração de compensação. DÉBITOS VENCIDOS. INCIDÊNCIA DE MULTA E JUROS DE MORA. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso. Sobre os débitos incidem também juros de mora, aplicandose o percentual equivalente à taxa SELIC, conforme previsto na Lei nº 9.430, de 1996. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão da DRJ foi proferida com base no resultado de diligência a qual informou que, após intimação, a contribuinte não apresentou a documentação necessária à análise de seu direito creditória, ainda mais que nos dois trimestres anteriores constatou o aproveitamento em duplicidade de crédito (os mesmos valores foram declarados e compensação e transferido a estabelecimento industrial, que o aproveitou) bem como de divergências nos valores de receita operacional bruta.. Assim, conclui o decisão a quo pela improcedência do pedido contido no PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032. Naquele julgado, quanto à homologação parcial da DCOMP nº 00640.51988.271204.1.7.019920, que utilizou o crédito objeto do PER nº 37876.56920.161204.1.1.010010, foi parcialmente homologada, não obstante o direito creditório tenha sido reconhecido no montante integral do pedido, contudo negou os pleitos da contribuinte quanto à (1) possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC; (2) impossibilidade de utilização da taxa SELIC para os juros de mora; e (3) inconstitucionalidade da multa moratória. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 216 7 Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário inovando sua defesa, em matéria preliminar, quanto à nulidade do despacho decisório sob a alegada ausência de motivação. e (ii) alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição. No mérito, exceto pela matéria "inadmissibilidade de utilização da taxa Selic", que não foi suscita em recurso voluntário, todas as demais matérias versada em sua manifestação de inconformidade foram repisadas e reproduzidos literalmente os mesmos textos para argumentar sua irresignação com a homologação parcial da DCOMP nº 00640.51988.271204.1.7.019920 e a não homologação da DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Preliminares Arguição de nulidade do despacho decisório A matéria suscitada em preliminar é preclusa. Não se observou na impugnação ofertada pelo contribuinte qualquer contestação em relação à nulidade do despacho decisório sob o fundamento de ausência de motivação. Quanto a essa matéria consumouse a preclusão nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72 PAF: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) De acordo com esse dispositivo do PAF, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante, sendo inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. É defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação, quando em sede de recurso pretende alargar os limites do litígio já consolidado. Isto posto, não conheço da arguição ampara no fundamento de que o despacho decisório é nulo por ausência de fundamentação. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 217 8 Inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição A alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição foi suscitada no mérito da manifestação de inconformidade, e agora em sede recursal a contribuinte reproduz, quase que por completo, os mesmos argumentos. Acrescenta em seu recurso que a prova da inexistência do crédito não fora produzida pela autoridade fiscal encarregada da análise da compensação. Melhor reproduzir suas afirmações de folha 174: " (...) a autoridade administrativa não produziu prova contundente quanto à suposta inexistência do crédito ofertado pelo contribuinte em compensação, pelo contrário, DEIXOU DE ANALISAR A DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELO CONTRIBUINTE, motivo pelo qual, no mínimo, deve ser determinada a baixa dos autos para realização de nova diligência fiscal para apuração do crédito. Assim sendo, por conta da total ausência de provas em desfavor da existência do crédito ofertado, há que ser afastada a sua suposta inexistência, devendo ser deferido o pedido de restituição na forma pleiteada." O presente processos foi formalizado diante da iniciativa da contribuinte com a transmissão de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI cumulado com declaração de compensação para quitação de débitos próprios. A matéria compensação encontrase prevista no art. 74 e §1º da Lei nº 9.430/961 a qual deixa cristalino que a providência incube ao sujeito passivo devendo informar os créditos que serão utilizados para extinguir seus débitos tributários. A compensação é efetuada em sistemas informatizados e se consubstancia em um encontro de contas (créditos e débitos) que pode ser homologada ou não (total ou parcialmente). Qualquer que seja o motivo da não homologação, a legislação oportuniza ao interessado manifestar seu inconformismo com a apresentação das suas razões, acompanhadas de provas. Cabe assinalar que à luz do art. 170 do CTN2, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. 2 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 218 9 com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com os motivos de fato e de direito que fundamentam sua pretensão, acompanhados dos documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. O ônus processual probatório é regido por dispositivos legais e se trata de um requisito de admissibilidade dos pleitos de natureza creditório, exigindo sua evidência desde a instauração do contencioso. O momento da apresentação da prova, sua ausência na instauração da fase litigiosa e o ônus probatório de quem alega os fatos constitutivos de seu direito possuem regramentos nos artigos 14 a 17, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, da Lei nº 13.115/2015 (Código de Processo Civil), verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 219 10 Lei nº 13.105/2015 CPC: "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Depreendese não ser aceitável que um pleito, onde se objetiva o ressarcimento de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Assim, é ônus da interessada comprovar a existência e o quantum de seu crédito, não cabendo imputar à autoridade administrativa o dever de pesquisar e encontrar outros possíveis créditos para extinguir seus débitos declarados. Tal situação caracterizaria a inversão do ônus da prova, o que não se admite no presente caso. Destarte, inadmissível a acusação de total ausência de prova em desfavor da inexistência de crédito. Mérito Cumpre assinalar que em sede de segunda administrativa federal o objeto de julgamento é o recurso voluntário e não a impugnação ou manifestação de inconformidade. Assim, o que se enfrenta nesta instância é o inconformismo do contribuinte em face do que restou decidido na Delegacia Regional de Julgamento. No presente caso, a contribuinte combateu em sede de manifestação de inconformidade o despacho decisório que homologou parcialmente a declaração de compensação nº 00640.51988.271204.1.7.019920 e não homologou a DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300. Irresignouse contra a decisão de homologação parcial suscitando (i) a possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC e (ii) inconstitucionalidade da multa moratória. Em relação à DCOMP não homologada, defende a compensação integral sob o fundamento de que (iii) todos os seus créditos decorrentes de ressarcimento de IPI são provenientes de pessoa jurídica da qual é sucessora tornaramse direito da contribuinte; e (iv) é dever da fiscalização de proceder as compensações de ofício quando da existência de créditos dos contribuintes. Verificase nos autos, que a contribuinte limitouse, em sede de Recurso Voluntário, a reescrever a impugnação apresentada no tocante às matérias de mérito, repisando os mesmos fundamentos e argumentos com a transcrição literal de seu texto. Dispõe o § 3º do art 57 do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 220 11 [...] § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. [...] § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Dessa forma, diante da ausência de novas razões de defesa capazes de alterar meu entendimento quanto às matérias em litígio e por concordar plenamente com os fundamentos e posição dos julgadores da DRJ/Ribeirão Preto, proponho a confirmação e adoção da decisão exarada no Acórdão nº 1460.272, com fulcro no dispositivo acima transcrito. Transcrição da decisão no Acórdão nº 1460.272: "Voto [...] 2 PRODUÇÃO DE PROVAS Antes de adentrar ao mérito da lide, enfrentase de plano o que consta ao final da manifestação, quando a interessada requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e pericial. Importante lembrar que o decreto regulador do PAF aborda a questão no seu art. 16 e parágrafos: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 221 12 V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Do que se apreende dos supracitados dispositivos, o momento da apresentação das provas é na impugnação e a juntada de documentos após este momento somente é permitida nas situações expressamente previstas, que não estando devidamente demonstradas ou caracterizadas, deve o pedido de produção adicional de provas ser indeferido. Quanto à perícia, considerase o pedido não formulado quando não atendidos os requisitos exigidos pela Lei. 3 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO Por meio do PER nº 37876.56920.161204.1.1.010010, a interessada solicitou o ressarcimento de R$ 369.382,43 de crédito presumido de IPI (efl. 8), relativo ao 1º trimestre de 2002, apurado pelo estabelecimento com inscrição CNPJ 33.033.028/000184. Em adição, solicitou também, por meio do PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032, o ressarcimento de R$ 136.541,76 de crédito presumido (efl. 122) apurado pelo estabelecimento com inscrição CNPJ 57.003.881/000111, tendo em conta que este havia sido por ela incorporado. O valor pleiteado no PER nº 37876.56920.161204.1.1.010010 foi integralmente reconhecido, nos termos do despacho decisório Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 222 13 (efls. 3 e 112). Entretanto, o valor solicitado no PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032 foi não reconhecido devido a divergências nas informações prestadas. Em sede de manifestação de inconformidade, a interessada esclareceu que o crédito não reconhecido tratavase de crédito de sucedida, suscitando o evento de incorporação. Em face da constatação do fato alegado, os autos retornaram à unidade preparadora com a finalidade de, em procedimento de diligência, certificar a procedência do crédito litigado. Como resultado da diligência, a autoridade fiscal concluiu pela inexistência do direito creditório devido à impossibilidade de aferir a certeza e a liquidez do crédito pleiteado, consoante relato contido na Informação Fiscal (efls. 141/142). Cientificada da Informação Fiscal, a interessada não se manifestou. Como se sabe, matérias não expressamente questionadas são consideradas como não contestadas. Depreende, assim, tratarse de matéria incontroversa, precluindo o direito da interessada a novas alegações quanto à mesma. É oportuno mencionar aqui que, por envolver a fruição de créditos, é ônus da postulante a comprovação da sua existência. É incabível pretender que deva o Fisco produzir prova negativa da existência do crédito. Tratase de postulado do Código de Processo Civil, adotado de forma subsidiária na esfera administrativotributária. Dizia o anterior Código (Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. Tais disposições encontram exata correspondência nos artigos 373 e 435 do novo Código, atualmente em vigência (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015). Em outras palavras, a quem alega possuir um crédito cabe a prova de sua existência. Sendo matéria de fato, deveria a interessada comprovar, de forma cabal, que fazia jus ao direito creditório, apresentando o documentário fiscal e contábil necessário e suficiente a demonstrar o quanto pleiteado. Quem não prova o que afirma, não pode pretender ser tida como Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 223 14 verdade a existência do fato alegado, para fundamento de uma solução que atenda ao pedido feito. Portanto, concluise pela improcedência do pedido contido no PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032. 4 COMPENSAÇÕES EFETUADAS A interessada pretendeu utilizar o crédito presumido de IPI, relativo ao 3º trimestre de 2001, para quitar débitos tributários em compensação. Seu procedimento obedeceu ao comando do disposto no art. 74, § 1º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) É possível apreender, pelo teor do texto legal, que a declaração de compensação é uma declaração de vontade, de iniciativa exclusiva da contribuinte. Em outras palavras, sendo o sujeito passivo titular de um crédito de natureza tributária contra a Fazenda Nacional poderá, se assim optar, utilizálo em compensações. Para isso, em declaração apropriada (DCOMP), deve prestar informações a respeito do crédito oferecido à compensação bem como dos débitos tributários a serem quitados com esse crédito. A declaração de compensação não só é uma declaração de vontade como também materializa a compensação tributária, produzindo os seus efeitos de imediato, ainda que sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). Na declaração de compensação, a declarante deve especificar exatamente o crédito que está utilizando e quais débitos estão sendo compensados. Resta à Administração Tributária homologar ou não o quanto declarado, restringindose a ratificar ou não as informações prestadas na DCOMP, em decisão fundamentada. Neste sentido, não há que se falar em aproveitamento de outros créditos, como defende a manifestante, ou quitação de outros débitos, senão aqueles identificados pela declarante, para os efeitos da compensação especificamente declarada. Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 224 15 Estabelecidos os limites que devem balizar a análise das compensações (declarações de compensação), passase, a seguir, às questões abordadas na manifestação de inconformidade, atinentes ao reconhecimento das pretendidas compensações. A DCOMP nº 20799.32733.050105.1.3.018300, que utilizou o crédito pleiteado no PER nº 02133.21453.161204.1.1.016032, foi não homologada e deve ser assim mantida ante o não reconhecimento do direito creditório, nos termos da análise apresentada no tópico 3 deste voto (RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO). Por sua vez, a DCOMP nº 00640.51988.271204.1.7.019920, que utilizou o crédito objeto do PER nº 37876.56920.161204.1.1.010010, foi parcialmente homologada, não obstante o direito creditório tenha sido reconhecido no montante integral do pedido. Todavia, a manifestante contesta a forma como a compensação foi efetivada, apelando pela: (1) possibilidade de correção do crédito pela taxa SELIC; (2) impossibilidade de utilização da taxa SELIC para os juros de mora;[matéria não suscitada em recurso voluntário] (3) inconstitucionalidade da multa moratória. Passase a seguir à análise de cada uma das questões apontadas. 4.1 CORREÇÃO DO CRÉDITO Por mais discutível possa ser o mérito da correção do crédito de ressarcimento de IPI, tal não é o caso concreto. Salientese que o crédito de ressarcimento foi solicitado em 16/12/2004 e, no dia seguinte, foi totalmente utilizado na compensação em tela. Não se olvide que o aproveitamento do crédito em uma DCOMP é imediato, eis que extingue o crédito tributário sob condição resolutória desde o momento de sua apresentação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430, de 1996). Apesar da DCOMP nº 00640.51988.271204.1.7.019920 ter sido apresentada em 27/12/2004, tratase de retificação da DCOMP nº 10005.48822.171204.1.3.01 7729. Para todos os efeitos legais, a data da compensação é a data da apresentação da DCOMP original. Assim, salta aos olhos a inexistência de um interstício temporal minimamente necessário, entre o pedido e o efetivo aproveitamento do crédito, para que se possa cogitar de correção monetária. 4.2 [Matéria não recorrrida] Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 225 16 [...] 4.3 MULTA MORATÓRIA A manifestante alega caráter confiscatório da multa, por excessiva e desproporcional; discorre doutrina e cita jurisprudência. Antes de mais nada, a propósito da multa, cumpre ressaltar que tratase de mora, no percentual de 20%, conforme se infere do demonstrativo de compensação (efls. 6 e 147) que instrui o despacho decisório. Ao suscitar o princípio do não confisco, a interessada traz à tona uma discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais. Entretanto, não compete ao julgador administrativo a apreciação de constitucionalidade de leis tributárias exvi do art. 26A do PAF: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) A matéria também possui entendimento já sumulado no CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O princípio do nãoconfisco relacionase à exigência de tributo e é dirigido ao legislador com o intuito de impedilo de criar tributo que tenha efeito de confisco. A instituição de tributo não pode ter, em seu conteúdo, aspectos que ameacem a propriedade ou a renda tributada, devendo ser observada a capacidade contributiva do sujeito passivo. Uma vez existindo no mundo jurídico, a norma regularmente instituída é considerada constitucional, enquanto não declarado contrario sensu pela autoridade competente. Assim, não se tem por confisco a aplicação da lei tributária, ainda que, circunstancialmente, o montante da exigência se revele elevado. De qualquer forma, havendo previsão legal não declarada inconstitucional pelas instâncias judiciais competentes, a multa moratória deve ser tida como legal e constitucional. E previsão legal há para tanto. O art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, determina o acréscimo de multa na situação em que o débito encontrase com o seu prazo de vencimento expirado: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 226 17 serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. No tocante à compensação, diz o CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. (grifouse) Obedecendo a norma geral do CTN, a Lei nº 9.430, de 1996, dispôs: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (grifouse) Por seu turno, atendendo o comando legal, a Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004 (vigente à época dos fatos), submeteuse ao quanto determinado pelo art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51 e 52 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. (grifouse) § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. (grifouse) As instruções normativas que sucederam a IN SRF nº 460, de 2004 (IN SRF nº 600, de 2005, IN RFB nº 900, de 2008, e IN RFB nº 1.300, de 2012), repetiram as mesmas disposições. Em razão da natureza vinculada e obrigatória da atividade tributária, é dever da autoridade fiscal, bem como do julgador administrativo, a aplicação da norma legal sem qualquer juízo de valor ou de aspectos de sua validade. Neste diapasão, não há como desviarse das disposições legais e normativas citadas. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 227 18 Ademais, a própria jurisprudência colacionada pela interessada corrobora a possibilidade de cobrança da multa moratória a 20%, consoante citações às fls. 20/21 da peça impugnatória (e fls. 92/93). As ementas ali reproduzidas são extremamente claras em admitirem percentuais até superiores (de 30%) como constitucionais, legítimos e não confiscatórios.Confirase: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL. CDA: REGULARIDADE FORMAL. MULTA MORATORIA (30%): NÃO CONFISCATORIA. SELIC: LEGITIMIDADE. APELAÇÃO DA EMBARGANTE NÃO PROVIDA. APELAÇÃO DA EXEQÜENTE E REMESSA OFICIAL PROVIDAS. (grifouse) (...) 2 A multa moratória (30%, no caso), penalidade administrativa imposta ao contribuinte inadimplente, quando fixada por lei em patamar razoável é acréscimo legitimo, e que não se baliza pela Lei nº 8.078/90. O STF até admite a redução da multa, mas somente quando ela ostenta contornos confiscatórios (RE nº 91.707/MG): v.g., 100%. (grifouse) (...) TRF 1ª Região – 2000.38.00.0228300 – 7ª Turma – Relator Desembargador Luciano Tolentino Amaral – DJ de 04/03/05. TAXA REFERENCIAL (TR). JUROS DE MORA. MULTA. PERCENTUAL EXCESSIVO. REDUÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. LEGITIMIDADE. (...) 2 Tem o STF admitido a redução de multa moratória imposta com base em lei, quando assume ela, pelo seu montante desproporcionado, feição confiscatória. (RE 91.707/MG, rel. Min. MOREIRA ALVES). Precedentes do STF. 3. Redução do percentual da multa (60% e 150%) para 30%, conforme tem decidido o STF em hipóteses análogas. (grifouse) (...) TRF 1ª Região – 1998.01.00.014828 9 – 2ª Turma – Relator Juiz Leão A. Alves –DJ de 13/03/03. Assim, ao eleger como paradigma a jurisprudência acima, a manifestante, na verdade, nada mais está a fazer senão expressar, por via indireta, o seu consentimento com a multa moratória nos índices aplicados pelo Fisco. 5 COBRANÇA DOS DÉBITOS INDEVIDAMENTE COMPENSADOS Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 228 19 Ao questionar a incidência dos acréscimos legais (multa e juros de mora) sobre os débitos vencidos, a interessada o faz, evidentemente, com vistas à cobrança dos débitos cujas compensações foram não homologadas. Tratase, sem dúvida, de matéria afeta à área de cobrança do crédito tributário, estranha ao contencioso administrativo regido pelo rito do PAF. Isto porque o valor consolidado do débito é calculado na data de seu efetivo recolhimento, quando já não mais se discute sobre o crédito tributário, sendo este o momento em que se define o valor dos acréscimos moratórios. Portanto, a discussão deveria situarse fora do escopo do presente julgamento. Em todo o caso, o assunto foi devidamente abordado neste voto, nos tópicos 4.2 (APLICAÇÃO DA SELIC COMO TAXA DE JUROS MORATÓRIOS) e 4.3 (MULTA MORATÓRIA), que tratam exatamente da matéria combatida. 6 CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo os termos do despacho decisório." Conclusões 1. A matéria "nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação" suscitada em preliminares e não versada na manifestação de inconformidade é preclusa. 2. Rejeitase a alegação preliminar de "inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição" pois é ônus da contribuinte fazer prova da certeza e liquidez de seu direito creditório. 3. Vedada a utilização em compensação de crédito de IPI versado em pedido de ressarcimento e transferido e aproveitado por estabelecimento filial da pessoa jurídica impede sua utilização. 4. A atualização dos créditos do contribuinte somente é permitido de acordo com o disposto na legislação. 5. Os débitos para com a União não pagos no vencimento sujeitamse aos acréscimos legais de juros e multa de mora, em consonância com a legislação tributária. 6. A multa de mora decorre de estrita previsão legal, sendo os julgadores administrativos pronunciarem acerca de argumentos de inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula CARF nº 02. Diante do exposto, em preliminar, (i) não conheço da arguição de nulidade do despacho decisório em razão de preclusão, (ii) rejeito a alegação de inexistência de prova material para o indeferimento do direito creditório, e, no mérito, voto para negar provimento ao recurso voluntário, mantendose integralmente o acórdão recorrido. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10980.916168/200942 Acórdão n.º 3201004.348 S3C2T1 Fl. 229 20 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 229DF CARF MF
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