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Numero do processo: 10280.723226/2012-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2011 a 31/03/2011
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA VIGENTE. PORTARIA MF Nº 63/2017. SÚMULA CARF Nº 103.
A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, majorou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o limite de alçada para interposição de recurso de ofício. Nos termos da Súmula CARF nº 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Numero da decisão: 2401-006.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Matheus Soares Leite - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MATHEUS SOARES LEITE
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2011 a 31/03/2011 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA VIGENTE. PORTARIA MF Nº 63/2017. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, majorou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o limite de alçada para interposição de recurso de ofício. Nos termos da Súmula CARF nº 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA VIGENTE. PORTARIA MF Nº 63/2017. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, majorou para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) o limite de alçada para interposição de recurso de ofício. Nos termos da Súmula CARF nº 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 32 26 /2 01 2- 89 Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10280.723226/201289 Acórdão n.º 2401006.128 S2C4T1 Fl. 155 2 Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP – Debcad 51.024.1050. O lançamento é referente à Contribuição Previdenciária, cota patronal, competência 03/2011, tendo em vista a glosa da compensação efetuada via GFIP, considerada indevida pela fiscalização. A Prefeitura de Ananindeua aderiu ao parcelamento previsto pela Lei nº 11.960/2009 através dos processos administrativos 12155.000678/200954 e 12155.000677/200918. Em face do pagamento das primeiras parcelas em valor inferior ao mínimo exigido, os pedidos de parcelamento foram tornados sem efeito. O sujeito passivo não obteve sucesso ao tentar compensar os valores pagos a título de parcelamento através do sistema PER/DCOMP pois o sistema retornava a informação “Esta receita não pode ser restituída” (fl. 68). Segundo o relatório fiscal, “diante do ocorrido, a fiscalizada simplesmente lançou na guia fundiária o valor a ser compensado, competência 03/2011”, no valor de 1.358.501,93. Tendo em vista que a compensação não obedeceu às formalidades previstas na norma pertinente, foi efetuada a glosa do valor compensado e, conseqüentemente, foi lavrado o Auto de Infração supra, referente à contribuição previdenciária patronal. Inconformado, o sujeito passivo apresentou a impugnação de fls. 129 a 131 alegando, em síntese, que “não procedeu à compensação via PER/DCOMP, pois entende que o procedimento correto é a compensação via GFIP”. Solicitou, na oportunidade, o cancelamento do Auto de Infração e o reconhecimento da compensação. Em seguida, sobreveio julgamento proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (DRJ/BEL), por meio do Acórdão nº 0133.536 (fls. 141/146), de 03/02/2017, cujo dispositivo considerou a Impugnação Procedente, com Exoneração do Crédito Tributário. É ver a ementa do julgado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2011 a 31/03/2011 Ementa: LANÇAMENTO. ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO. A motivação constitui elemento essencial ao ato administrativo vinculado ao lançamento. A falha na motivação macula o lançamento de vício formal insanável, tornandoo nulo. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Nesse sentido, cumpre repisar que a decisão a quo exarou, em síntese, os seguintes motivos e que delimitam o objeto do debate recursal: 1. De acordo com a autoridade lançadora, a Prefeitura de Ananindeua deveria, obrigatoriamente, ter apresentado formulário de declaração de compensação em papel diante da impossibilidade de efetuar tal Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10280.723226/201289 Acórdão n.º 2401006.128 S2C4T1 Fl. 156 3 requerimento eletronicamente, conforme previsto no art. 34 caput e §2º da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, vigente à época. 2. Com base na insuficiência de documentos apresentados, principalmente na não apresentação da Declaração de Compensação, os valores compensados em GFIP foram considerados não homologados, ensejando o lançamento em questão. 3. Ocorre que, no caso em questão, o sujeito passivo agiu corretamente ao efetuar a compensação através da GFIP. Isso porque os valores utilizados na compensação originaramse de parcelamentos não consolidados. Como os pedidos de parcelamento foram tornados sem efeito, os pagamentos correspondentes passaram a ser classificados como indevidos, enquadrandose no caput e § 7º do art. 44 da IN RFB nº 900/2008. 4. Diante dos fatos acima narrados, constatase a existência de erro na descrição dos fatos que deram origem ao lançamento já que autoridade lançadora informou como motivo da glosa a não apresentação de declaração de compensação. 5. Tendo em vista que a legislação não exige que a compensação em análise seja operacionalizada via Perd/Comp ou, subsidiariamente, através de entrega de Declaração de Compensação em papel, deve ser declarada a nulidade do lançamento com base na inadequação dos motivos expostos no Auto de Infração. 6. Além de defender o procedimento adotado para a compensação em análise, a Prefeitura de Ananindeua solicita que a compensação seja reconhecida e homologada. Em relação a essa questão, por se tratar de matéria sobre a qual as Delegacias de Julgamento não possuem competência, o pedido não será analisado pois a homologação ou o indeferimento da compensação devem se dar mediante decisão prolatada pelo Delegado da Receita Federal do Brasil da circunscrição do domicílio da autuada, através de despacho decisório. 7. Ante todo o exposto, voto por considerar nulo o lançamento, exonerando o crédito tributário, em face da constatação da existência de vício na descrição dos fatos (motivação) que deram origem ao auto de infração Debcad 51.024.4050. Em seguida, os autos foram remetidos a este Conselho para apreciação e julgamento do Recurso de Ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Matheus Soares Leite – Relator Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10280.723226/201289 Acórdão n.º 2401006.128 S2C4T1 Fl. 157 4 Recurso de Ofício 1. Juízo de Admissibilidade. O Recurso de Ofício foi apresentado com supedâneo no artigo 34, do Decreto n° 70.235/72 c/c as alterações introduzidas pela Lei n° 9.532/97, em observância ao artigo 1° da Portaria MF n° 03/2008 que previa a interposição do apelo necessário sempre que a decisão exonerasse o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Contudo, a Portaria MF n° 63/2017, D.O.U de 10/02/2017 (seção 1, página 12), revogou a Portaria MF n° 03/2008 e majorou o limite da alçada para a interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Dessa forma, tendo em vista que o montante exonerado a título de tributo e encargos de multa foi de R$ 1.630.202,32 (um milhão, seiscentos e trinta mil, duzentos e dois reais e trinta e dois centavos), inferior, portanto, ao novo limite de alçada previsto na Portaria MF n° 63/2017, aplicável aos processos na data de sua apreciação em segunda instância (Súmula CARF n° 1031), decido pelo não conhecimento do Recurso de Ofício. Conclusão Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite 1 Súmula CARF n° 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Fl. 157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.001886/2005-35
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/05/2005
CUSTOS/DESPESAS. LAVOURA CANAVIEIRA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Os custos/despesas com a lavoura canavieira incorridos com as oficinas, tais como: combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da cana-de-açúcar; materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado.
DESPESAS. FRETES. TRANSPORTE. EMPREGADOS, ATIVIDADE RURAL. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As despesas com fretes para transporte de empregados para a produção da cana-de-açúcar não integra o custo de produção desta matéria-prima e, consequentemente, não geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor.
DESPESAS/CUSTOS. ARRENDAMENTO. TERRA. PESSOA JURÍDICA. PRODUÇÃO. MATÉRIA-PRIMA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Os custos/despesas incorridos com arrendamento rural de terras, de pessoas jurídicas, para produção de matéria-prima destinada à produção/fabricação dos produtos, objetos da atividade econômica explorada pelo contribuinte, geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor.
Numero da decisão: 9303-008.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa com transporte com empregados, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/05/2005 CUSTOS/DESPESAS. LAVOURA CANAVIEIRA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas com a lavoura canavieira incorridos com as oficinas, tais como: combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da cana-de-açúcar; materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. DESPESAS. FRETES. TRANSPORTE. EMPREGADOS, ATIVIDADE RURAL. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com fretes para transporte de empregados para a produção da cana-de-açúcar não integra o custo de produção desta matéria-prima e, consequentemente, não geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor. DESPESAS/CUSTOS. ARRENDAMENTO. TERRA. PESSOA JURÍDICA. PRODUÇÃO. MATÉRIA-PRIMA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas incorridos com arrendamento rural de terras, de pessoas jurídicas, para produção de matéria-prima destinada à produção/fabricação dos produtos, objetos da atividade econômica explorada pelo contribuinte, geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa com transporte com empregados, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2200; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 815 1 814 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13888.001886/200535 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9303008.299 – 3ª Turma Sessão de 20 de março de 2019 Matéria COFINS PER/DCOMP Recorrentes FAZENDA NACIONAL e COSAN S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2005 CUSTOS/DESPESAS. LAVOURA CANAVIEIRA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas com a lavoura canavieira incorridos com as oficinas, tais como: combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar; materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. DESPESAS. FRETES. TRANSPORTE. EMPREGADOS, ATIVIDADE RURAL. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com fretes para transporte de empregados para a produção da canadeaçúcar não integra o custo de produção desta matériaprima e, consequentemente, não geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor. DESPESAS/CUSTOS. ARRENDAMENTO. TERRA. PESSOA JURÍDICA. PRODUÇÃO. MATÉRIAPRIMA. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas incorridos com arrendamento rural de terras, de pessoas jurídicas, para produção de matériaprima destinada à produção/fabricação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 18 86 /2 00 5- 35 Fl. 815DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 816 2 dos produtos, objetos da atividade econômica explorada pelo contribuinte, geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa com transporte com empregados, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recursos especiais interpostos tempestivamente pela Fazenda Nacional e pelo contribuinte contra o Acórdão nº 3401003.066, de 26/01/2016, integrado pelo Acórdão nº 3401003.210, de 23/08/2016, ambos proferidos pela Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O Colegiado da Câmara Baixa, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, nos termos da ementa transcrita, na parte que interessa às matérias em litígio nesta fase recursal: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO a PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo, entendese que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais Fl. 816DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 817 3 como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL. O arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dá de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão coisa principal, que é parte do todo. Por isso, não há como deixar de reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis não cumulativo. EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES. Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida. COMBUSTÍVEIS. DIREITO A CRÉDITO. CONSUMIDOS NO TRANSPORTE DE MÃO DE OBRA E DE INSUMOS E BENS PARTES DO PROCESSO DE CULTIVO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Fazem jus a crédito os dispêndios com combustíveis que se referem a transporte de empregados e de mão de obra na área do cultivo e colheita da cana de açúcar, transporte aéreo para aplicação de produtos na área cultivada, transporte de resíduos, Fl. 817DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 818 4 transportes nas atividades de colheita e na fase de tratamento da cana e dos subprodutos da cana, antes da obtenção do produto final (açúcar ou álcool)." Posteriormente, depois de o Colegiado ter votado e dado provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, o Relator do acórdão, Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, o embargou, alegando omissão e obscuridade, em relação à glosas dos créditos sobre combustíveis consumidos no transporte de mãodeobra e de insumos e bens, partes do processo de cultivo e da produção agrícola. Os embargos foram acolhidos, com efeitos infringentes, para reconhecer também o direito de o contribuinte aproveitar créditos sobre os custos com combustíveis consumidos no transporte de mãodeobra e de insumos e bens, partes do processo de cultivo e produção agrícola, afastando, consequentemente, as glosas efetuadas pela Fiscalização sobre tais custos/despesas, nos termos do Acórdão nº 3401003.210, às fls. 655e/662e. Intimada dos acórdãos, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial, suscitando divergência, quanto às seguintes matérias: 1) conceito de insumos 2) despesas com lavoura, plantio 3) despesas com armazenagem 4) despesas com manutenção; e, 5) despesas com transporte de funcionários e arrendamento rural. Por meio do Despacho de Admissibilidade às fls. 698e/707e, o Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção admitiu, em parte, o recurso especial da Fazenda Nacional, apenas em relação às matérias dos itens: 1) conceito de insumos; 2) despesas com lavoura (plantio); e 5) despesas com transporte de funcionários e arrendamento rural. Notificada da admissão parcial, a Fazenda Nacional não apresentou agravo. No recurso especial, alega, sem síntese, que os custos/despesas incorridos com (i) com a lavoura de canadeaçúcar e (ii) com o transporte de funcionários e arrendamento rural foram incorridos em etapas anteriores às do processo de industrialização dos produtos fabricados e vendidos pelo contribuinte. Segundo seu entendimento, esses custos/despesas são correspondentes a bens e serviços que, embora sejam importantes ao seu processo de produção, não são empregados diretamente na fabricação dos produtos fabricados e vendidos; assim, não se enquadram como insumos, nos termos do inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, e não geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal. A Fazenda Nacional, em seu recurso especial, impugnou expressamente o aproveitamento de créditos reconhecidos, no acórdão recorrido, sobre os custos/despesas incorridos com bens e serviços, a seguir discriminados: I) lavoura canavieira: I.1) oficinas: combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar; materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; Fl. 818DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 819 5 mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. I.2) despesas com transporte: de empregados e de mãodeobra para o cultivo e colheita da canadeaçúcar. I.3) despesas com arrendamento rural: custos de arrendamento de terras rurais para a produção da matériaprima, canadeaçúcar, utilizada na fabricação dos produtos fabricados e vendidos, pagos a pessoas jurídicas. Notificado dos acórdãos da Câmara Baixa, do recurso especial da Fazenda Nacional e do despacho da sua admissibilidade parcial, o contribuinte interpôs recurso especial, suscitando divergência, quanto à glosa dos créditos aproveitados sobre as despesas portuárias e de embarque, nas operações de exportações, alegando, em síntese, que tais despesas podem ser enquadradas como insumos, nos termos do inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, ou ainda como despesa, na operação de venda, cujo direito aos créditos está previsto no inciso IX, desse mesmo artigo. Por meio do Despacho de Admissibilidade às fls. 793e/796e, o Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção admitiu o recurso especial do contribuinte. Tanto a Fazenda Nacional como o contribuinte apresentaram contrarrazões aos recursos especiais interpostos por cada um deles, ambos pugnando pela manutenção do acórdão recorrido, na parte que beneficiou um e outro, respectivamente. Em síntese é o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. Em relação ao recurso especial da Fazenda Nacional, ao contrário do entendimento do contribuinte, considero que os paradigmas apresentados atendem ao disposto no art. 67 do Anexo II do RICARF; assim, deve ser conhecido. A Lei nº 10.833/2003 que instituiu o regime não cumulativo para a Cofins, assim dispunha, quanto aos insumos e aproveitamento de créditos, no período dos fatos geradores dos créditos, objeto do ressarcimento/compensação em discussão: "Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 1º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...). II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi. Fl. 819DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 820 6 (...). IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. (...)." De acordo com a interpretação literal desses dispositivos legais, apenas os custos incorridos com os insumos (matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem) utilizados diretamente no processo de produção/fabricação dos bens ou produtos vendidos (inciso II) e as despesas de armazenagem de mercadorias e de fretes na operação de venda geram créditos passíveis de desconto do valor da contribuição calculada sobre o faturamento mensal. No entanto, no julgamento do REsp 1.221.170/PR, em sede de recurso repetitivo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ampliou o conceito de insumos, para efeito de aproveitamento de créditos do PIS e da Cofins, reconhecendo como tal, os custos e despesas empregados direta ou indiretamente no processo de produção/fabricação de bens destinados a venda pelo contribuinte. Consoante a decisão do STJ "o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a impossibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte". Em face da decisão do STJ, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional expediu a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF que autoriza seus procuradores a dispensa de contestar e recorrer com fulcro no art. 19, IV, da Lei n° 10.522, de 2002, e art. 2º, V, da Portaria PGFN n° 502, de 2016, contra decisão desfavorável à União Federal, quanto ao conceito de insumos e respectivo direito de se aproveitar créditos sobre tais insumos, nos termos definidos no julgamento do referido REsp pelo STJ, observada a particularidade do processo produtivo de cada contribuinte. No presente caso, o contribuinte tem como objetivo econômico e social, dentre outros, a produção e comercialização, inclusive exportação, de açúcar de canade açúcar, de álcool carburante e demais derivados da produção agrícola, bem como a produção de parte da própria matériaprima, ou seja, da canadeaçúcar. No recurso especial, a Fazenda Nacional suscitou divergência, quanto ao direito de o contribuinte aproveitar créditos sobre os custos/despesas com a lavoura canavieira (custo de produção da canadeaçúcar) e sobre os custos/despesas com transporte de funcionários (empregados) para o plantio e colheita da canadeaçúcar, bem como sobre o custo do arrendamento mercantil das terras rurais para a produção da matériaprima utilizada na produção industrial dos produtos fabricados e vendidos. No entanto, em face do disposto no § 2º do art. 62, do Anexo II, do RICARF, c/c a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF da PGFN, e a Portaria PGFN n° 502, de 2016, adotase para o presente caso a decisão do STJ, no REsp nº 1.221.170/PR, para dar provimento parcial ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose, em parte, a decisão recorrida que reconheceu o direito de o contribuinte apurar créditos sobre: Fl. 820DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 821 7 I) lavoura canavieira: I.1) oficinas: combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar; materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. I.3) despesas com arrendamento mercantil: custos de arrendamento de terras rurais para a produção da matériaprima, canadeaçúcar utilizada na fabricação dos produtos fabricados e vendidos, pago a pessoas jurídicas. Quanto aos custos/despesas com transporte de funcionários (empregados) para o plantio e colheita da canadeaçúcar, tratamse de verbas trabalhistas e não podem ser consideradas insumos. Assim, dou provimento parcial ao Recurso especial interposto pela PGFN, para restabelecer a glosa com transporte com empregado. Já quanto ao recurso especial do contribuinte, sua apresentação também atende aos requisitos do art. 67 do Anexo II do RICARF; assim, deve ser conhecido. O litígio oposto nesta fase recursal se restringe ao aproveitamento de créditos sobre as despesas portuárias e de embarque, nas operações de exportações. As despesas portuárias e de estadia incorridas, nas operações de exportação dos produtos produzidos/fabricados, devem ter revertidas as glosas efetuadas pela Fiscalização sobre tais despesas e mantidas pelo Colegiado da Câmara Baixa. Essas despesas não podem ser enquadradas como insumo, nem mesmo à luz do REsp nº 1.221.170/PR, tampouco em atos da RFB ou da PGFN. Assim, deve ser reconhecido o direito do contribuinte aproveitar créditos sobre as despesas incorridas com arrendamento rural de terras de pessoas jurídicas para a produção de matériaprima (canadeaçúcar). Em face do exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso especial da Fazenda Nacional para restabelecer a glosa com transporte com empregados e NEGO PROVIMENTO ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 821DF CARF MF Processo nº 13888.001886/200535 Acórdão n.º 9303008.299 CSRFT3 Fl. 822 8 Fl. 822DF CARF MF
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Numero do processo: 10882.903547/2009-81
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
INOVAÇÃO DO PEDIDO EM GRAU DE RECURSO.IMPOSSIBILIDADE.
A matéria não contestada na manifestação de inconformidade resta preclusa. O contribuinte não pode inovar no pedido em grau de recurso voluntário.
Numero da decisão: 1003-000.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. INOVAÇÃO DO PEDIDO EM GRAU DE RECURSO.IMPOSSIBILIDADE. A matéria não contestada na manifestação de inconformidade resta preclusa. O contribuinte não pode inovar no pedido em grau de recurso voluntário.
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COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. INOVAÇÃO DO PEDIDO EM GRAU DE RECURSO.IMPOSSIBILIDADE. A matéria não contestada na manifestação de inconformidade resta preclusa. O contribuinte não pode inovar no pedido em grau de recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 35 47 /2 00 9- 81 Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10882.903547/200981 Acórdão n.º 1003000.578 S1C0T3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 1269.399, de 20 de outubro de 2014, da 15ª Turma da DRJ/RJO, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. Aos 28/05/2009, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório, nº de rastreamento 831697800, emitido em 20/04/2009, que não homologou a compensação declarada em razão de inexistência de crédito PER/DCOMP nº 08295.49302.220906.1.3.044118, na qual declarou ter apontado como o "tipo de crédito" no PER/DECOMP Pagamento Indevido ou a Maior", contudo o correto deveria ter sido "Saldo Negativo de IRPJ". Requerendo, ao final, o CANCELAMENTO do PER/DCOMP 08295.49302.220906.1.3.044118 e o CANCELAMENTO da cobrança do débito no valor original de R$ 1.538,89. A DRJ/RJO julgou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconhecei o direito creditório, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. Não sendo comprovado o direito creditório oriundo de pagamento indevido ou a maior, há de se decidir pela não homologação da compensação declarada. DCOMP. CANCELAMENTO. O Pedido de Cancelamento de Declaração de Compensação (DCOMP) obedece a rito específico, e seu exame cabe às unidades de jurisdição e somente é admitido enquanto pendente de decisão administrativa à data do envio do pedido de cancelamento. DCOMP. DÉBITO CONFESSADO. CANCELAMENTO. A manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo não constitui meio adequado para veicular o cancelamento do débito indicado na Declaração de Compensação (DCOMP). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário que, em síntese, destacou: Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10882.903547/200981 Acórdão n.º 1003000.578 S1C0T3 Fl. 4 3 (i) que, na sua manifestação de inconformidade, a Recorrente reconheceu ter havido erro formal (erro de nomenclatura) ao identificar o crédito da PER/DCOMP como "Pagamento Indevido ou a Maior de CSLL", quando na realidade se tratava de "saldo negativo de CSLL", referente ao ano calendário 2003, no valor de R$ 24.808,97. Que o crédito se tratava de adiantamento de CSLL devida; (ii) que o r. acórdão não homologou o crédito por entender que o objeto de análise originária era avaliar se o crédito era efetivamente decorrente de "pagamento indevido ou a maior" e que a IN RFB 1.300/2012 não prevê tal procedimento, já que a manifestação de inconformidade não é meio adequado para o cancelamento do débito. Esse posicionamento da DRJ demonstra formalismo excessivo, o qual é incondizente com a recente regulamentação da Receita Federal, que deve ser regido pelos princípios da verdade material e da economia processual; (iii) que a Receita Federal argumenta inexistir previsão legal para cancelamento do PER/DCOMP, porém, independente da possibilidade de cancelamento, pode o julgador corrigir erro formal de ofício (atr. 149, III, CTN). Aterse a questões formais para negar o crédito declarado equivocadamente vai de encontro aos princípios acima citados. Apresenta trecho de parecer da COSIT e doutrina sobre essa matéria; (iv) que manter a não homologação na presente situação em que existe crédito de saldo negativo para realizar a compensação, já que ocorreu mero erro formal, representa violação às regras e princípios citados; Por fim, requereu a reforma da r. decisão a quo para reconhecimento do direito da Recorrente a ver homologada a PER/DCOMP nº 08295.49302.220906.1.3.044118, para que seja reconhecido o crédito de saldo negativo de CSLL no exercício de 2004 que totalizam R$ 24.808,97 como suficinete para quitar os débitos posteriores de PIS no montante original de R$ 1.538,89, referente a agosto de 2005. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento e passo a apreciar. Inicialmente, importante destacar que, na manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, esse, após informar ter havido erro no preenchimento do PER/ DCOMP e não o ter regularizado, requereu o cancelamento da declaração de compensação. Ou seja, a Recorrente, na manifestação de inconformidade, pediu unicamente o cancelamento do PER/DCOMP 08295.49302.220906.1.3.044118 e do débito no valor original de R$ 1.538,89. Concluise pela análise da manifestação de inconformidade da Recorrente que a mesma, embora tenha informado a origem do equívoco e seu suposto direito ao crédito, não requereu a análise do crédito com base em saldo negativo, mas sim solicitou o cancelamento do PER/DCOMP, haja vista ter reconhecido erro que inviabilizou a análise correta do crédito discriminado na DCOMP. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10882.903547/200981 Acórdão n.º 1003000.578 S1C0T3 Fl. 5 4 Ora, a matéria objeto deste processo suposto erro formal não foi, em verdade, impugnada, não se instaurando o litígio em relação à análise do crédito propriamente. Isso porque a análise realizada pela DRJ no r.acórdão restringiuse a verificar a possibilidade de cancelamento do PER/DCOMP na fase processual na qual se encontrava o processo. Eis o Relatório da DRJ em relação à manifestação de inconformidade: Cientificado da decisão em 29/04/2009, conforme documento de fls. 34, o interessado apresentou, em 28/05/2009, a manifestação de inconformidade de fls. 7/9, alegando, em síntese: a) que informara equivocadamente no PER/DCOMP que se tratava de crédito de “pagamento indevido ou a maior”; b) que, efetivamente, não tem mesmo crédito a titulo de “pagamento indevido ou a maior"; entretanto, o valor do DARF quitado faz parte do conjunto do saldo negativo da DIPJ/2004; c) que, nesse sentido, tem crédito tributário suficiente para efetuar a compensação; mas deveria ter informado na PER/DCOMP que se tratava não de “pagamento indevido ou a maior”, mas, sim, de saldo negativo de tributo apurado anualmente; d) que equivocadamente não cancelou o PER/DCOMP; e) que os débitos compensados não foram utilizados nem declarados nas DCTF; f) que, percebendo o erro cometido, pede cancelamento do PER/DCOMP em tela, pela sua não utilização em nenhuma compensação de débitos, e, por conseguinte, pede ainda o cancelamento da cobrança do débito compensados. Contrariamente ao que faz crer a Recorrente nas suas razões recursais, o que fundamentou toda a decisão recorrida foi o pedido de cancelamento do PER/DCOMP. Nesta senda, merece trazer a baila a norma contida no Decreto nº 70.235 de 06 de Março de 1972, o qual dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências, deixando muito claro no seu art 17 a questão da preclusão. Vejamos: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Ou seja, quando não impugnada a matéria no momento devido, ocorre a preclusão, que pode ser definida como a extinção da faculdade de se praticar determinado ato processual devido já haver ocorrido a oportunidade para realizálo. No Recurso Voluntário, contudo, o pedido da Recorrente é no sentido de que seja reconhecido tratarse de mero erro formal a indicação do tipo do crédito (saldo negativo e não pagamento indevido ou a maior) e requerer o reconhecimento do crédito. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10882.903547/200981 Acórdão n.º 1003000.578 S1C0T3 Fl. 6 5 Claramente, a Recorrente inova o pedido no recurso voluntário, provocando pedido de uma nova análise do crédito. A fase processual para tal pedido, como já visto, deveria ter sido realizada desde a manifestação de inconformidade, o que, como demonstrado, não ocorreu. Em razão disso, entendo que está preclusa a análise quanto à liquidez e certeza do crédito, haja vista que esse não foi o motivo da impugnação apresentada pelo contribuinte, o qual se limitou a informar o equívoco e requerer o cancelamento da declaração de compensação e do débito. Não obstante a clara preclusão existente nos presentes autos, é oportuno tecer alguns comentários acerca das razões opostas no recurso voluntário. Alega a Recorrente, em síntese, que o erro cometido no preenchimento da DCOMP, qual seja, a indicação errada do tipo de crédito, é mero erro de fato e que, em razão da verdade material e economia processual, deve ser feita a alteração de ofício por parte da autoridade administrativa. O art. 170 do CTN, que rege a matéria, destaca como condição para realização da compensação a existência de direito líquido e certo, senão vejamos: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 destaca em seu artigo 74, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2oA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Vêse, conforme declaração da Recorrente, que a mesma errou quanto à informação em relação ao tipo de crédito. Em que pese seu argumento de se tratar de erro de fato, o equívoco apontado impede a análise do crédito. A Declaração de Compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pela Recorrente quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de débitos tributários. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10882.903547/200981 Acórdão n.º 1003000.578 S1C0T3 Fl. 7 6 Apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes no pedido podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento da Requerente, como determina o art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. O equívoco que impede a autoridade julgadora de analisar a liquidez e certeza do crédito não pode ser considerado mero erro de fato ou material. Se o contribuinte informa tratarse de pagamento indevido ou a maior é em cima dessa declaração que a análise quanto ao crédito será realizada. O erro de preenchimento indicado impediu a análise do requerimento, isso porque os diplomas normativos de regências da matéria, quais sejam o art. 170 do Código Tributário Nacional e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deixam clara a necessidade da existência de direto creditório líquido e certo no momento da apresentação da Declaração de Compensação, hipótese em que o débito confessado encontrarseia extinto sob condição resolutória da ulterior homologação. A informação de que o direito creditório era de saldo negativo de IRPJ e não pagamento indevido ou a maior na Declaração de compensação revestese, pois, de inovação da matéria, porque a autoridade administrativa deverá analisar, obrigatoriamente, a regularidade da apuração do lucro real e os pagamentos realizados para identificar a liquidez e certeza do crédito. Não se acolhe a alegação de celeridade e economia processual, visto que a competência para a análise da regularidade do crédito apontado não é do CARF, mas da DRF respectiva. Outrossim, a regra é de que a declaração de compensação somente pode ser retificado pela Recorrente caso se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador, em conformidade com o art. 6º da Instrução Normativa RFB nº 432/2004. Por essa razão, entendo que não se trata de erro material passível de correção de ofício. Isto posto, voto em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão da DRJ/RJO. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.001101/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.754
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Recorrente YLIDIA BOLZAN MANSUR Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 3ª Turma da DRJ/SPOII, consubstanciada na Acórdão nº 1730.364 (fl. 243), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Por bem descrever os fatos, transcrevo o relatório da decisão recorrida: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 59 83 .0 01 10 1/ 20 08 -1 4 Fl. 299DF CARF MF Processo nº 15983.001101/200814 Resolução nº 2402000.754 S2C4T2 Fl. 300 2 Em ação fiscal levada a efeito n contri5uinte acima qualificada, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 02/05, acompanhado dos demonstrativos de fls. 01 e 06/07 do Termo de Verificação e anexos de fls. 11/30 e do Termo de Encerramento de fls. 08, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário de 2003, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 167.016,90 (cento e sessenta e sete mil, dezesseis reais e noventa centavos), sendo R$ 53.587,74 referentes ao imposto, R$ 80.381,61 à multa proporcional, e R$ 33.047,55, aos juros de mora (calculados até 30/09/2008). Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 04/05), o procedimento apurou a seguinte infração: Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários de origem não Comprovada Enquadramento legal: art. 42 da Lei n° 9.430/96 com as alterações efetuadas pelo art. 4° da Lei ° 9.481/97 e acréscimos do art. 58 da Lei n° 10.637/2002; Instrução Normativa SRF nº 24/02; art. 849 do RIR199 — Decreto 3.000/99; art. 1° da Medida Provisória nº 22/2002, convertida na Lei n° 10.451/2002. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito acima referido encontrase relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 11/21). Cientificada da autuação em 11/10/2008 (fls. 178), a contribuinte protocolizou, em 12/11/2008, a impugnação de fls. 185/207, alegando, em resumo, o que segue: 1. a teor do art. 150, § 4º do CTN, decaiu o direito do Fisco Federal de lançar o crédito tributário referente a supostos fatos geradores ocorridos entre 1° de janeiro de 2003 a 30 de setembro de 2003, em face da ciência do auto de infração ter ocorrido somente em outubro de 2008; 2. no lançamento por depósitos bancários de origem não comprovada, o fato gerador do tributo ocorre a cada mês, por expressa disposição dos §§ 1° a 4° do art. 42 da Lei h° 9.430/1996, tendo sido esta a forma adotada pelo Fisco para a elaboração do auto de infração, onde oram detalhadas as datas dos supostos fatos geradores mês a mês; 3. não há que se falar, portanto, em nenhum ajuste anual que possa transferir o fato gerador para 31 de dezembro de 2003; 4. traz a colação jurisprudência administrativa nesse sentido; 5. a regra de decadência do art. 173. I, do CTN só poderia ser aplicada se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o que não ocorreu no presente caso; 6. devem ser excluídos da tributação, os depósitos individuais inferiores a R$ 12.000,00, cujo somatório não supere R$ 80.000,00, em obediência ao disposto no art. 42, §3°, II, da Lei Fl. 300DF CARF MF Processo nº 15983.001101/200814 Resolução nº 2402000.754 S2C4T2 Fl. 301 3 n° 9.430/96, sendo tal referência ao somatório daqueles de valor até R$ 12.000,00; 7. quanto à aplicação dos limites para contas mantidas em conjunto, também não há dúvidas sobre a aplicação individual a cada contribuinte titular dos parâmetros (cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes para embasar seus argumentos); 8. alienou móveis, utensílios, instalações, carteira de clientes e outros ativos ao Sr. Luiz Alberto Porta Nova Zarif, antigo sócio da empresa Bignet Informática Ltda, da qual também era sócia, sendo que os bens mencionados foram repassados, em 12/01/2001, a empresa Carrie Micro Group Ltda, da qual a impugnante se tornou credora; 9. a mencionada transação se deu pelo valor de R$ 180.000,00, com pagamento estipulado em 24 parcelas de R$ 7.500,60, a partir de dezembro de 2001, conforme fez constar em sua declaração de ajuste anual do anocalendário de 2001, tendo recebido as parcelas finais da transação no anobase de 2003; 10. comprova a transação o Instrumento Particular de Contrato de Compra e Venda de Bens e Direitos firmado entre o exsócio da impugnante, Luiz Alberto Porta Nova Zarif, e a empresa Carrie Micro Group Ltda, no qual a contribuinte figura como credora; 11. informou na declaração de bens e direitos do anocalendário 2003, saldo credor em 31/12/2002 de R$ 82.500,00, e em 31/12/2003, saldo nulo, o que prova que recebeu o valor de R$ 82.500,00 durante o ano de 2003; 12. não foram aceitos como comprovados os dois cheques de R$ 7.500,00 depositados no Bradesco, decorrentes da operação acima citada; 13. quando o fiscalizado é pessoa física e não uma empresa é natural que surjam inconsistências entre valores e datas de recebimentos versus valores e datas dos depósitos; 14. recebeu honorários por sua atividade de arquiteta no montante de R$ 36.000,00 durante ao ano, tendo pago o imposto correspondente (carnêleão), e depositou as respectivas importâncias em conta bancária, fato que não foi levado em consideração pelo autuante; 15. o autuante desconsiderou parcela significativa da movimentação de recursos do marido da contribuinte, Sr. Paulo Roberto Gomes Mansur, correspondentes a lucros e mútuos comprovados, que foi objeto de impugnação no processo n° 15983.001102/200831, e demonstram ter o autuado recursos que superam a movimentação considerada não comprovada; 16. havendo contas conjunta, a desconsideração de valores recebidos por um dos titulares contamina o outro participante. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 15983.001101/200814 Resolução nº 2402000.754 S2C4T2 Fl. 302 4 eis que o critério de divisão em partes iguais dos valores depositados, embora justo, resulta de presunção; 17. assim, a apreciação conjunta de ambos os processos é imperativa, até para que seja feita a movimentação financeira do casal após o provimento daquela impugnação, o que certamente sobrevirá; 18. rechaça a aplicação da multa agravada de 150%, pois a regra é a incidência da multa de 75%, sendo exceção a aplicação do percentual de 150%; 19. o Conselho de Contribuintes tem pacifica jurisprudência sobre o tema, na linha de que "qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de oficio, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos"; 20. só se poderia falar em evidente intuito de fraudar o Poder Público se, por hipótese, o contribuinte se utilizasse de contas de terceiros ("laranjas”) ou de quaisquer expedientes outros de mesmo quilate; 21. no caso vertente, os depósitos bancários de origem não identificada, foram valores regularmente depositados em conta bancária da própria contribuinte ou conjunta com o seu marido, tendo lastro no fluxo financeira da própria impugnante ou do cônjuge cotitular, não podendo ser admitida a aplicação da multa agravada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo SP julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 1730.364 (fl. 243), conforme ementa abaixo reproduzida: PRELIMINAR. DECADÊNCIA. O início da contagem do prazo decadencial terá, efeito no primeiro dia do exercício seguinte àquele previsto para a entrega da declaração de ajuste anual, não havendo que se falar em decadência. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de deposito ou de investimento. MULTA QUALIFICADA. É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado o intento doloso da contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do imposto devido. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 15983.001101/200814 Resolução nº 2402000.754 S2C4T2 Fl. 303 5 Lançamento Procedente Cientificada dessa decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário de fl. 263, reiterando os termos da impugnação apresentada. É o relatório. VOTO Conselheiro Gregório Rechmann Junior Relator Conforme mencionado no relatório supra, tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 3ª Turma da DRJ/SPOII, consubstanciada na Acórdão nº 17 30.364 (fl. 243), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Conforme AR de fl. 262, verificase que o contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância no dia 23/03/2009 – uma segundafeira: Dessa forma, temse que o prazo fatal para o contribuinte interpor o seu recurso voluntário se encerrou no dia 22/04/2009 – uma quartafeira (30 dias após a ciência). Pois bem! De acordo com o carimbo da Unidade de Origem constante na peça recursal da contribuinte, temse que esta foi apresentada no dia 24/04/2009, pelo que, a princípio, o recurso voluntário apresentado seria intempestivo. Eis o registro da Unidade de Origem: Fl. 303DF CARF MF Processo nº 15983.001101/200814 Resolução nº 2402000.754 S2C4T2 Fl. 304 6 Compulsando os autos, entretanto, verificase que à fl. 292 consta a xerox de um envelope destinado à Delegacia da Receita Federal em Santos – SP, com um carimbo dos correios datado de 22/04/2009, data do prazo fatal para interposição do recuso voluntário, registrese. Ocorre que, não há qualquer esclarecimento nos autos a que se refere à cópia do susodito envelope. Referese, por exemplo, ao meio pelo qual o contribuinte apresentou o seu recurso voluntário no em análise? Se sim, porque não foi feita qualquer observação neste sentido e mais: porque o protocolo carimbado no recurso voluntário foi datado de 24/04/2009? Como se vê, são perguntas para as quais os elementos constantes nos autos não possuem respostas, pelo que, tratandose de matéria atinente ao conhecimento do próprio recurso voluntário, a conversão do julgamento em diligência é medida salutar que se impõe, notoriamente em homenagem ao princípio da verdade material paradigma do processo administrativo fiscal. Neste contexto, entendo ser imprescindível, no caso vertente, a conversão do presente julgamento em diligência para a Unidade de Origem para que a autoridade administrativa fiscal (i) confirme a data do protocolo do recurso voluntário, (ii) esclareça se a cópia do envelope destinado à Delegacia da Receita Federal em Santos – SP, constante à fl. 292, tratase de efetivamente de documento do presente processo e, caso positivo, qual o seu objeto e (iii) intime o contribuinte, do resultado da diligência fiscal, para, querendo, apresentar manifestação à diligência fiscal no prazo de 30 dias. (assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior. Fl. 304DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15453.000271/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
IMPOSTO COMPLEMENTAR.
Somente os recolhimentos efetuados no decorrer do ano-calendário, até o ultimo dia útil de dezembro, podem ser objeto de compensação a titulo de imposto complementar na DAA do exercício correspondente.
DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ERRO DE PREENCHIMENTO.
Comprovado o erro do contribuinte ao preencher a declaração retificadora, deve ser cancelado o crédito apurado, relativo a diferença correspondente à multa por suposto recolhimento em atraso, que, de fato, não ocorreu.
Numero da decisão: 2401-006.506
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que negava provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Recorrente MARCELINO TADEU DE ASSIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 IMPOSTO COMPLEMENTAR. Somente os recolhimentos efetuados no decorrer do anocalendário, até o ultimo dia útil de dezembro, podem ser objeto de compensação a titulo de imposto complementar na DAA do exercício correspondente. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ERRO DE PREENCHIMENTO. Comprovado o erro do contribuinte ao preencher a declaração retificadora, deve ser cancelado o crédito apurado, relativo a diferença correspondente à multa por suposto recolhimento em atraso, que, de fato, não ocorreu. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que negava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 45 3. 00 02 71 /2 00 9- 51 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 15453.000271/200951 Acórdão n.º 2401006.506 S2C4T1 Fl. 81 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento de imposto de renda pessoa física IRPF, fls. 7/11, anocalendário 2005, que apurou imposto suplementar de R$ 5.305,93, acrescido de juros de mora e multa de mora, em virtude de compensação indevida de imposto complementar (mensalão), referente à diferença entre o valor declarado R$ 5.305,93 e o valor efetivamente recolhido com código de receita 0246 de R$ 0,00. Em impugnação apresentada às fls. 2/6, o contribuinte alega que o valor de R$ 5.305,93 não é imposto complementar, tratase de saldo de imposto a pagar apurado na declaração original, quitado antes da declaração retificadora. Após a retificadora o imposto devido apurado foi de R$ 37.738,28, com IRRF de R$ 30.946,25, chegandose ao imposto a pagar de R$ 6.792,03. Como já recolheu na declaração original o valor de R$ 5.305,93, restou uma diferença já recolhida de R$ 1.486,10. Pede o cancelamento do lançamento. A SRL foi indeferida, de acordo com a fl. 12. A DRJ/RJ1, julgou improcedente a impugnação, conforme Acórdão 12 57.400 de fls. 55/57, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO COMPLEMENTAR. Não há previsão legal para que o contribuinte inclua como imposto complementar na declaração de ajuste retificadora o valor que foi recolhido a título de imposto a pagar apurado na declaração de ajuste anual original. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do Acórdão em 13/9/13 (Aviso de Recebimento AR de fl. 58), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 9/10/13, fls. 68/72, que contém, em síntese: Afirma que o valor de R$ 5.305,93 não é imposto complementar, tratase de saldo de imposto a pagar apurado na declaração original, quitado antes da declaração retificadora. Após a retificadora o imposto devido apurado foi de R$ 37.738,28, com IRRF de R$ 30.946,25, chegandose ao imposto a pagar de R$ 6.792,03. Como já recolheu na declaração original o valor de R$ 5.305,93, restou uma diferença já recolhida de R$ 1.486,10. Entende que os valores recolhidos no montante de R$ 5.305,93 não foram alocados, razão pela qual consta como devedor à fl. 29. Tais valores recolhidos no código 0211 devem ser alocados, sob pena de penalizar o contribuinte com recolhimento em duplicidade do valor apurado no anocalendário 2005. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 15453.000271/200951 Acórdão n.º 2401006.506 S2C4T1 Fl. 82 3 Diz que houve erro de interpretação do contribuinte que informou equivocadamente na declaração retificadora o imposto já recolhido após o envio da declaração original como imposto complementar. Tal erro material não provocou alteração no valor total apurado de saldo de imposto a pagar, comprovadamente recolhido. Cita jurisprudência e conclui que o erro no preenchimento da declaração retificadora não alterou a base de cálculo do imposto de renda, nem ocorreu recolhimento a menor, não havendo prejuízo aos cofres públicos. Cita o CTN, art. 147, § 2º, que autoriza o fisco a revisar o lançamento do contribuinte contaminado por erro de fato. Requer o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. MÉRITO Sobre a dedução do imposto complementar recolhido, a Lei 9.250/95 assim dispõe: Art. 12. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos: [...] V o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; A Instrução Normativa SRF n° 15, de 2001, vigente à época, determina: Art. 25. É facultado ao contribuinte antecipar o imposto devido na Declaração de Ajuste Anual mediante o recolhimento complementar do imposto. § lº O recolhimento deve ser efetuado, no curso do ano calendário, até o último dia útil do mês de dezembro. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 15453.000271/200951 Acórdão n.º 2401006.506 S2C4T1 Fl. 83 4 No caso, não houve recolhimento de imposto complementar, estando correta a glosa efetuada pela fiscalização. Contudo, conforme informa o contribuinte, houve erro na declaração. Tal valor se refere a imposto a pagar apurado na declaração original, quitado antes da declaração retificadora, comprovados pelas DARFs de fls. 25/27. Esclarecese que se a retificação da declaração resultar em aumento do imposto de renda já declarado, como no presente caso, o contribuinte deve recolher a diferença com juros e multa. O valor já recolhido já se encontraria apropriado no sistema, não devendo ser informado no campo imposto complementar, destinado a outro tipo de recolhimento. Porém, prestigiando a verdade material, não há como serem ignorados os elementos trazidos aos autos, sendo forte a prova produzida pelo contribuinte. Caso a fiscalização tivesse considerado o imposto pago no demonstrativo de fl. 10, não haveria apuração de imposto suplementar a pagar. Sob o aspecto material, apropriandose o valor recolhido em DARFs (fls. 25/27) relativas ao IRPF anocalendário 2005 ao crédito tributário lançado, o principal apurado mais os juros seriam extintos. Restaria apenas o valor da multa de mora, decorrente do erro do contribuinte de informar o valor já recolhido no campo "imposto complementar". A Lei 9.430/96, assim dispõe: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (grifo nosso) . § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Logo, o crédito tributário ao final, considerando a apropriação das DARFs já pagas à época própria, equivaleria à multa de mora apurada por suposto atraso no pagamento, que não ocorreu, não podendo prosperar. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 15453.000271/200951 Acórdão n.º 2401006.506 S2C4T1 Fl. 84 5 CONCLUSÃO Ante o exposto, prestigiando a verdade material, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento, para excluir a multa de mora lançada, devendo os valores recolhidos em DARF relativos ao IRPF anocalendário 2005 serem apropriados ao presente lançamento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.720769/2013-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012
MULTA. OMISSÃO DE DECLARAÇÃO DA VINCULAÇÃO ENTRE EXPORTADOR E IMPORTADOR. NÃO COMPROVAÇÃO DO CONTROLE EXERCIDO POR UMA EMPRESA SOBRE A OUTRA.
O contrato de representação ou distribuição é comutativo, sendo de sua natureza a existência de determinadas obrigações a ambas as partes que não sejam comuns a outras modalidades contratuais, como a exclusividade de venda e de distribuição, livre acesso às informações contábeis e comerciais, determinação da composição do valor alocado ao capital de giro líquido e patrimônio líquido, dentre outras, sem que isso signifique que uma das empresas seja controladora da outra.
O contrato de representação ou distribuição também é personalíssimo, o que justifica determinadas imposições contratuais quanto à administração, composição e alterações do capital social.
Numero da decisão: 3401-006.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Lázaro Antônio Souza Soares - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LAZARO ANTONIO SOUZA SOARES
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 MULTA. OMISSÃO DE DECLARAÇÃO DA VINCULAÇÃO ENTRE EXPORTADOR E IMPORTADOR. NÃO COMPROVAÇÃO DO CONTROLE EXERCIDO POR UMA EMPRESA SOBRE A OUTRA. O contrato de representação ou distribuição é comutativo, sendo de sua natureza a existência de determinadas obrigações a ambas as partes que não sejam comuns a outras modalidades contratuais, como a exclusividade de venda e de distribuição, livre acesso às informações contábeis e comerciais, determinação da composição do valor alocado ao capital de giro líquido e patrimônio líquido, dentre outras, sem que isso signifique que uma das empresas seja controladora da outra. O contrato de representação ou distribuição também é personalíssimo, o que justifica determinadas imposições contratuais quanto à administração, composição e alterações do capital social.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
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OMISSÃO DE DECLARAÇÃO DA VINCULAÇÃO ENTRE EXPORTADOR E IMPORTADOR. NÃO COMPROVAÇÃO DO CONTROLE EXERCIDO POR UMA EMPRESA SOBRE A OUTRA. O contrato de representação ou distribuição é comutativo, sendo de sua natureza a existência de determinadas obrigações a ambas as partes que não sejam comuns a outras modalidades contratuais, como a exclusividade de venda e de distribuição, livre acesso às informações contábeis e comerciais, determinação da composição do valor alocado ao capital de giro líquido e patrimônio líquido, dentre outras, sem que isso signifique que uma das empresas seja controladora da outra. O contrato de representação ou distribuição também é personalíssimo, o que justifica determinadas imposições contratuais quanto à administração, composição e alterações do capital social. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 72 07 69 /2 01 3- 77 Fl. 5707DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.708 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório 1. Trata o presente caso de Auto de Infração lavrado em 16/04/2013, com ciência eletrônica em 10/05/2013, conforme TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO, à fl. 5.441, para cobrança de multa isolada, prevista no art. 711, inciso III, do Decreto nº 6.759/2009 (com base na Medida Provisória nº 2.15835/2001, art. 84, caput; e Lei nº 10.833/2003, art. 69, § 1º), no valor total de R$ 167.614.670,67. 2. A descrição dos fatos verificados e das infrações tributárias apuradas consta no Termo de Verificação Fiscal (TVF), às fls. 7/36, nos seguintes termos: 2 – EXPOSITIVO A presente fiscalização foi aberta em função de fundados indícios de omissão de declaração da vinculação existente entre o exportador internacional e o importador nacional, nas importações efetuadas pela MMC DO BRASIL. A MMC Automotores é uma empresa que realiza importação de veículos automotores, partes e peças da marca comercial japonesa Mitsubishi Motors. A partir de 1998, instalou uma unidade fabril na cidade goiana de Catalão, onde passou também a funcionar uma linha de montagem de veículos da mesma marca, utilizando em seu processo produtivo diversas mercadorias importadas do exterior (conforme o próprio site da empresa – documentos nos autos). Apesar de ser representante da marca no país, não há qualquer declaração de vinculação entre a Mitsubishi Motors internacional e a MMC DO BRASIL na maioria das Declarações de Importação – DIs registradas pela última, nas quais importa mercadorias diretamente daquele exportador internacional. Por tudo que foi exposto acima, no dia 25/10/2012 o Inspetor da Alfândega do Aeroporto Internacional de Brasília expediu Mandado de Procedimento Fiscal nº 01176002012000939 a fim de verificar regularidade das importações efetuadas pela MMC DO BRASIL, em especial aquelas cujo exportador pertence ao grupo comercial da Mitsubishi Motors internacional e nas quais não consta declaração de vinculação entre o importador e o exportador. (...) 3 – DA ANÁLISE DOS FATOS E DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA Fl. 5708DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.709 3 (...) Com efeito, a MMC DO BRASIL realizou, no período abrangido por esta fiscalização, a saber de 01/07/2008 a 30/06/2012, um total de 10.621 operações de importação por conta própria, sendo a maioria (10.327) provenientes de exportador internacional pertencente ao grupo da Mitsubishi Motors Corporation. Destas, na grande maioria dos casos (aproximadamente 97%) não há declaração, por parte da importadora MMC DO BRASIL, de ocorrência de vinculação entre o exportador estrangeiro e a empresa importadora em campo próprio para tal nas respectivas DIs. Apenas em 330 casos essa informação é declarada na DI. Ocorre que, conforme dita o Art. 4º da Instrução Normativa – IN SRF nº 680, de 02/10/2006, a qual disciplina o despacho aduaneiro de importação, temos que a empresa importadora é obrigada a registrar toda e qualquer informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, prestando para tal as informações constantes do Anexo Único da referida IN SRF nº 680/2006. O citado Anexo Único traz uma lista abrangente das informações as quais o importador está obrigado a declarar de forma exata e completa, de forma a possibilitar ao Fisco, no momento do despacho aduaneiro de importação e em revisões subseqüentes, efetuar os procedimentos de controle aduaneiro de forma ampla e irrestrita a fim de resguardar os interesses da Fazenda Nacional e da Indústria Nacional. Temos que em seu “Item 44 – Valoração Aduaneira”, o Anexo Único da referida IN SRF nº 680/2006 urge ao importador declarar qual o método de valoração aduaneira utilizado, eventuais acréscimos, deduções e demais informações que julgar necessárias para a devida composição do valor aduaneiro da mercadoria importada, o qual constitui a base de cálculo do Imposto de Importação. Além disso, o mesmo Anexo Único traz, logo em seguida e de forma específica, a obrigação que o importador tem de declarar, em campo próprio da DI, qual o método utilizado para valoração da mercadoria, conforme a tabela “Método de Valoração”, administrada pela Receita Federal do Brasil, além de indicativo de vinculação entre o comprador e o vendedor. (...) É portanto de suma importância a correta determinação do Valor Aduaneiro das mercadorias importadas. Na apuração do valor aduaneiro, a referida IN SRF nº 327/03 determina que a utilização do primeiro método de valoração, conforme definido pelo AVAGATT, a saber, o próprio valor de transação praticado, somente poderá ser utilizado entre pessoas vinculadas Fl. 5709DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.710 4 quando a vinculação não tiver influenciado o preço efetivamente pago pelas mercadorias. Essa vinculação diz respeito à relação existente entre o comprador e o vendedor na transação comercial que dá origem à importação de mercadorias. (...) Uma vez informado pelo importador a ocorrência de vinculação entre o comprador e o vendedor, passará a administração aduaneira a analisar se houve afetação do valor de transação praticado na operação, e, se tiver motivos para considerar que a vinculação influenciou no preço, deverá comunicálos ao importador a fim de que este tenha tempo hábil para contestá los, conforme enuncia o parágrafo 2 do Artigo 1º do AVAGATT. Passamos agora a analisar o que diz a legislação, em especial o próprio AVAGATT a fim de determinar o que deve ser considerado como vinculação entre o comprador e o vendedor numa operação de importação de mercadorias. O Artigo 15 do AVAGATT enumera, em seu parágrafo 4º uma série de critérios que enquadram as figuras partícipes das operações de comércio exterior como sendo vinculadas para fins do próprio Acordo. (...) O parágrafo 5º do mesmo artigo define o que são pessoas legalmente associadas em negócios: Vemos portanto que o conceito de pessoas vinculadas, tal como definido pelo AVAGATT, abrange não somente aquela vinculação societária convencional nas quais há vinculação explícita no capital social, mas também as associações de cunho comercial, nas quais empresas que estejam associadas em negócios detém interesses comuns e nas quais haja controle direto ou indireto de uma sobre os negócios da outra. No caso concreto da empresa fiscalizada, temos que os Contratos de Distribuição apresentados pela MMC DO BRASIL, em atendimento à intimação constante do Termo de Início de Fiscalização nº 148/2012 e do Termo de Reintimação nº 22/2013 associam legalmente a empresa em questão à sua contraparte internacional, a saber a Mitsubishi Motors Corporation, sediada no Japão. Contrato de distribuição entre Mitsubishi Motors Corporation e MMC Automotores do Brasil S/A. Contrato de distribuição. O presente contrato de Distribuição (“Contrato”), é celebrado neste dia 20 de junho de 2000, entre a MMC Automotores do Brasil S.A., sociedade constituída e existente em conformidade com leis da República Federativa do Brasil, com sede na Rua Maestro Joaquim Capocchi, 165, São Paulo, Brasil (“DISTRIBUIDORA”), e a Mitsubishi Motors Corporation, Fl. 5710DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.711 5 sociedade constituída e existente em conformidade com as leis do Japão, com sede em 338, Shiba 5Chome, Minatoku, Tóquio, Japão (“MMC”). (...) Analisando mais a fundo os Contratos de Distribuição apresentados, demonstraremos que estes vinculam as partes através de uma série de exigências comerciais nas quais fica evidente que a Mitsubishi Motors Corporation controla indiretamente a MMC DO BRASIL. Essa vinculação, como pode ser depreendido dos próprios contratos apresentados ocorre desde a assinatura do primeiro “Contrato de Distribuição”, e assim, vale para todo o período abrangido pela presente fiscalização, a saber as DIs com data de registro de 01/07/2008 a 30/06/2012, as considerações deste Termo de Verificação Fiscal feitas com base nos Contratos de Distribuição supracitados Passaremos então a elencar as cláusulas contratuais que evidenciam essa relação de controle indireto. Logo em suas Cláusula 2, ambos os Contratos de Distribuição citados trazem uma indicação clara de controle indireto na medida em que a Mitsubishi Motors Corporation determina qual será o quadro societário da MMC DO BRASIL, especificando até os índices de participação no Capital Social da empresa importadora. (...) Além de determinar a composição do quadro societário e a distribuição do Capital Social da MMC DO BRASIL, a Mitsubishi Motors Corporation também regula a forma como a fiscalizada deverá revender os produtos importados, controlando a quantidade de produtos vendidos e o estoque da sua correspondente no Brasil. (...) Além disso, o controle indireto exercido pela Mitsubishi Motors Corporation sobre a MMC do Brasil chega ao cúmulo de proibir a comercialização de produtos e serviços de concorrentes e exigir a manutenção de um capital de giro líquido e de um patrimônio líquido conforme determinado pela controladora internacional. Ainda, a importadora fica obrigada, pelos Contratos de Distribuição que configuram sua associação legal nos negócios, a fornecer ao exportador o progresso da sua organização de vendas e informações financeiras como demonstração de resultados, balanço patrimonial, orçamento anual, etc., além de obrigar a MMC DO BRASIL a franquear seus livros e registros ao escrutínio da Mitsubishi Motors Corporation. (...) Fl. 5711DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.712 6 A coleção de evidências de controle indireto exercido pela exportadora sobre a empresa fiscalizada é extensa e os tópicos acima são suficientes para configurar a relação entre as partes. Fica demonstrado portanto a existência de vinculação entre o grupo internacional denominado Mitsubishi Motors Corporation e a MMC DO BRASIL, nos termos do Artigo 15, parágrafo 4º, alíneas ‘b’ e ‘e’, em conjunto com o parágrafo 5º do mesmo Artigo 15 do Acordo Sobre a Implementação do Artigo VII do GATT – AVAGATT. (...) As evidências acima elencadas são ainda corroboradas pela própria empresa fiscalizada, na medida em que, no período analisado pela presente fiscalização, esta registra um total de 330 (trezentos e trinta) Declarações de Importação, nas quais declara estar vinculada ao exportador internacional pertencente ao grupo da Mitsubishi Motors Corporation, porém declarando que tal vinculação não afetava o preço de transferência das mercadorias importadas. Ainda, podese depreender das próprias DIs com informação de vinculação declarada pela importadora que a MMC do BRASIL está vinculada ao grupo econômico formado por diversas empresas sob a denominação de Mitsubishi Motors Corporation, uma vez que nestas 330 (trezentos e trinta) DIs com existência de vinculação declarada, existem importações de diversos países, e com exportadores com as mais diversas denominações dentro do referido grupo econômico. Abaixo segue uma lista da DIs para as quais a MMC do BRASIL declara estar vinculada ao exportador estrangeiro, sem que haja influência sobre o preço da mercadoria. As denominações utilizadas para o exportador são as mais variadas e incluem: Mitsubishi Corporation, Mitsubishi Motors Corporation, Mitsubishi Motors Kyoto Works e MMC Automotores, Inc. Os países de aquisição também são variados e incluem: Estados Unidos da América, Suécia, Tailândia e Japão. (...) A multa de 1% será aplicada sobre o valor aduaneiro de todas as mercadorias de todas as DIs registradas pela MMC do Brasil no período da presente fiscalização, a saber de 01/07/2008 a 30/06/2012, para os quais a empresa omite a informação de ser vinculada ao exportador estrangeiro pertencente ao grupo econômico formado pela Mitsubishi Motors Corporation, num total de 9.997 Declarações de Importação – DIs. 3. O contribuinte, irresignado, apresentou Impugnação em 07/06/2013, às fls. 5.443/5.487, que pode ser resumida nos seguintes termos: Fl. 5712DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.713 7 2. Razões que demonstram o descabimento da autuação fiscal. Como se verá a seguir, o lançamento fiscal deve ser cancelado, em síntese, pelas seguintes razões: 2.1. Ausência de vinculação entre a MMCO e MMCB. Importadora e exportadora não são partes vinculadas, nos termos do AVA, em razão de: 2.1.1. Não serem associadas em negócio. Nas relações de agente, distribuidor ou concessionário só há associação legal em negócios se o contratado for representante exclusivo do contratante. Como, no caso, MMCB é distribuidora não exclusiva de MMCO não há que se cogitar da existência de vinculação; 2.1.2. MMCO não deter participação no capital de MMCB e tampouco controlar MMCB. Os sócios de MMCB estão listados no seu contrato social, são pessoas diversas e independentes de MMCO. Por essas razões, MMCO não detém o poder de controle de fato ou de direito sobre as decisões tomadas por MMCB, pressuposto para se cogitar da possibilidade de vinculação (Nota Interpretativa ao a rt. 15, § 4°, "e" do AVA); e 2.1.3. Os elementos contratuais identificados pela fiscalização não revelarem a existência de vinculação. O AVA autoriza concluir pela existência de subordinação caracterizadora de vinculação quando identificadas disposições contratuais atípicas que possibilitam a fixação arbitrária do preço das mercadorias transacionadas. Na hipótese em exame, inexiste clausulas com referido conteúdo, como adiante descrito analiticamente. Além de os pontos identificados pela fiscalização serem típicos do negócio em exame, com prestações comutativas, há outras previsões que fixam direitos e obrigações recíprocos aos contratantes. O conteúdo de ajuste nesses moldes afasta a possibilidade de se falar em vinculação, segundo o Comitê de Valoração Aduaneira da OMC. Assim, mesmo que MMCO e MMCB fossem associadas em negócios, o que se assume para argumentar, jamais, poderiam ser consideradas pessoas vinculadas. Por esses motivos, aliás, o CARF, tratando da relação entre MMCO e MMCB, já se manifestou no sentido de serem desvinculadas. 2.2. Inexistência de fundamento legal para a imputação da multa de que se cuida no âmbito do controle aduaneiro. Mesmo que houvesse vinculação, o que se aceita para argumentar, o procedimento de valoração aduaneira não se confunde com o procedimento de controle aduaneiro. Neste, não há espaço para a requisição e avaliação de informações ligadas às características das partes importadora e exportadora (Regulamento Aduaneiro, art. 711, § 1°). A constatação revela o descabimento da penalidade imposta. 2.3. Ausência do pressuposto material (ajuste ao valor declarado) que autorizaria a imputação da sanção. Por fim, ainda que superados fundamentos antes expostos, assunção Fl. 5713DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.714 8 aceita a título de argumentação, a autuação ora impugnada deve ser cancelada, na medida em que foi indiferente para determinar o correto preço das mercadorias importadas. A suposta vinculação não influenciou o valor ajustado, haja vista a fiscalização ter aceitado a correição do valor declarado. Desse modo,, inexistindo prejuízo ao Erário Público com a imaginada infração de caráter formal (erro no preenchimento de DIs), tornase descabida a exigência de multa expressiva no percentual 1% sobre o valor das importações feitas por MMCB junto à MMCO entre julho/08 e junho/12. Interpretação contraria atentaria contra a proporcionalidade e a vedação ao confisco na imputação de penalidades, cânones de observância obrigatória na auditoria fiscal. 4. A 1ª Turma da DRJFlorianópolis (DRJFNS), em sessão datada de 21/08/2013, exarou o Acórdão nº 0732.262, às fls. 5494/5518, sendo a Impugnação considerada improcedente por unanimidade dos votos, nos seguintes termos: O litígio dos autos está basicamente concentrado na interpretação que autoridade fiscal e impugnante fazem a respeito das cláusulas dos contratos firmados entre importador e exportador. A fiscalização aduz que os fatos se enquadram na previsão do artigo 15 do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT), parágrafo 4, alínea “b” e “e” estando ainda presente o elemento exclusividade previsto no parágrafo 5 do mesmo artigo; a impugnante nega. Assim, cumpre analisar o feito sobre este aspecto. Embora já citado anteriormente, eis o que diz o texto legal: 4. Para os fins deste Acordo, as pessoas serão consideradas vinculadas somente se: (...) (b) forem legalmente reconhecidas como associadas em negócios; ... (e) uma delas, direta ou indiretamente,, controlar a outra; (...) 5. As pessoas que forem associadas em negócios, pelo fato de uma ser o agente, o distribuidor ou o concessionário exclusivo da outra, qualquer que seja a denominação utilizada, serão consideradas vinculadas para os fins deste Acordo, desde que se enquadrem em algum dos critérios do parágrafo 4 deste Artigo. (...) Fl. 5714DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.715 9 Muito embora a fiscalização tenha enquadrado a situação dos autos como tipificadora do contido na alínea “b”, do parágrafo 4, do Artigo 15, do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT), não demonstrou qual a legislação pátria que configura o conteúdo dos contratos como espécie de associação (em negócios). Nos termos da Opinião Consultiva 21.1 para que reste configurada a hipótese da alínea “b”, as relações com vistas a caracterizar a vinculação entre as partes devem estar inseridas na legislação, de modo que a conduta esteja devidamente tipificada na lei como caracterizadora da existência de partes associadas. Neste aspecto, a fiscalização não indicou na autuação qual o embasamento legal que permitiu concluir que os contratos analisados devem ser legalmente reconhecidos como uma associação (em negócios). (...) Assim, não indicada a base legal para o reconhecimento como partes associadas em negócios, isto é, não indicada a norma jurídica que diga que a relação jurídica estabelecida entre as partes configura associação em negócio (sociedade), o entendimento é de que a aventada vinculação não pode ser sustentada nesta hipótese indicada no âmbito do Acordo. Resta analisar ainda a segunda hipótese indicada pela fiscalização, ou seja, a hipótese de “controle direto ou indireto”, inserida na alínea “e”, do parágrafo 4, do Artigo 15, do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT). (...) (...) Assim, por tudo que foi exposto até aqui, a conclusão é de que a Empresa MITSUBISHI MOTORS CORPORATION e a Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA são consideradas pessoas vinculadas para efeitos do Acordo de Valoração Aduaneira da OMC, isto porque resta evidente que a Empresa MITSUBISHI MOTORS CORPORATION tem a capacidade de controlar direta ou indiretamente a Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA, configurando então a hipótese indicada no Artigo 15, parágrafo 4, alínea “e” do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT). 5. Tomando ciência da decisão da DRJ em 06/09/2013, conforme TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO à fl. 5522, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 23/09/2013, às fls. 5524/5554. Nesta peça recursal, contestou a decisão da DRJ nos seguintes termos, resumidamente: 2.1. Ausência de identidade entre as motivações do lançamento e da decisão DRJ. Reconhecimento da improcedência da acusação fiscal pelo acórdão de 1° grau. O acórdão DRJ afastou a acusação que serviu de fundamento ao lançamento, no sentido de que MMCO e MMCB seriam vinculadas por, no conjunto, serem associadas em negócio (AVA, art. 15, § 4º, "b") Fl. 5715DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.716 10 e a primeira controlar a segunda (AVA, art. 15, § 4º, "e"), ilação extraída da leitura do contrato firmado entre as partes. Não obstante, manteve a exigência fiscal a partir de argumentação distinta, qual seja, de que apenas três clausulas citadas na peça fiscal configurariam o controle. As demais disposições enumeradas na autuação seriam comutativas, o que impediria falar em controle. Da mesma forma, seria improcedente imaginar haver associação legal em negócios entre MMCB e MMCO. Ou seja, a DRJ construiu razões autônomas ao do lançamento para concluir pela procedência do crédito tributário. Todavia, é vedado às autoridades julgadoras alterar a motivação das exigências fiscais na revisão de lançamentos quando da sua impugnação pelo contribuinte. Por esse motivo, deve ser mantida a fundamentação exposta na decisão recorrida para afastar as alegações adotadas pela fiscalização e alterada a sua conclusão, a fim de ser declarada a improcedência da autuação. 2.2. Ausência de vinculação entre a MMCO e MMCB. Importadora e exportadora não são partes vinculadas, nos termos do AVA, em razão de: 2.2.1. MMCO não deter participação no capital de MMCB e tampouco controlar MMCB. Os sócios de MMCB estão listados no seu contrato social, são pessoas diversas e independentes de MMCO. Por essas razões, MMCO não detém o poder de controle de fato ou de direito sobre as decisões tomadas por MMCB, pressuposto para se cogitar da possibilidade de vinculação (Nota Interpretativa ao art. 15, § 4º, "e" do AVA). O fato de a MMCO condicionar a subsistência do contrato com MMCB à manutenção do seu quadro social e do seu diretor presidente não faz com que a controle, como erroneamente concluiu a DRJ. Tratase apenas de condição negocial normal não só em contratos de distribuição, como também em outras espécies de relações econômicas, incapaz de influenciar o valor aduaneiro; e 2.2.2. Os elementos contratuais identificados simultaneamente pela fiscalização e pela DRJ não revelarem a existência de vinculação. O AVA autoriza concluir pela existência de subordinação caracterizadora de vinculação quando identificadas disposições contratuais atípicas que possibilitam a fixação arbitrária do preço das mercadorias transacionadas. Na hipótese em exame, inexistem cláusulas com referido conteúdo, como adiante descrito analiticamente. Além de os pontos identificados pela fiscalização e pela DRJ serem típicos do negócio em exame, com prestações comutativas, há outras previsões que fixam direitos e obrigações recíprocos aos contratantes. O conteúdo de ajuste nesses moldes ignorados pela fiscalização e pela DRJ afasta a possibilidade de se falar em vinculação, segundo o Comitê de Valoração Aduaneira da OMC. Assim, mesmo que MMCO e MMCB fossem associadas em negócios, o que se assume para argumentar (ilação que foi não acatada nem mesmo pela DRJ), jamais poderiam ser Fl. 5716DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.717 11 consideradas pessoas vinculadas. Por esses motivos, aliás, o CARF, tratando da relação entre MMCO e MMCB, já se manifestou no sentido de serem aquelas desvinculadas, por ser inviável imaginar que uma exerceria o poder de controle sobre a outra. 2.3. Inexistência de fundamento legal para a imputação da multa de que se cuida no âmbito do controle aduaneiro. Mesmo que houvesse vinculação, o que se aceita para argumentar, o procedimento de valoração aduaneira não se confunde com o procedimento de controle aduaneiro. Neste, não há espaço para a requisição e avaliação de informações ligadas às características das partes importadora e exportadora (Regulamento Aduaneiro, art. 711, § 1°). A constatação revela o descabimento da penalidade imposta. A DRJ reconheceu que ambas são inconfundíveis, porém, a partir de raciocínio dissociado do quanto estabelecem as normas de regência, manteve a autuação, justificandose assim a sua reforma. 2.4. Ausência do pressuposto material (ajuste ao valor declarado) que autorizaria a imputação dá sanção. Por fim, ainda que superados fundamentos antes expostos, assunção aceita a título de argumentação, a autuação ora impugnada deve ser cancelada, na medida em que foi indiferente para determinar o correto preço das mercadorias importadas. A suposta vinculação não influenciou o valor ajustado, haja vista a fiscalização ter aceitado a correição do valor declarado. Desse ' modo, inexistindo prejuízo ao Erário Público com a imaginada infração de caráter formal (erro no preenchimento de DIs), tornase descabida a exigência de multa expressiva no percentual 1% sobre o valor das importações feitas por MMCB junto à MMCO entre julho/08 e junho/12. Interpretação contraria atentaria contra a proporcionalidade e a vedação ao confisco na imputação de penalidades, cânones de observância obrigatória na auditoria fiscal. 6. Esta Turma do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em sessão datada de 24/08/2016, exarou o Acórdão nº 3401003.217, às fls. 5573/5589, no qual, por maioria de votos, deu provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan e Fenelon Moscoso de Almeida, sendo que a existência de vinculação entre as partes não foi examinada em função da prejudicialidade pelo acolhimento do argumento de descabimento da multa (em verdade, foi examinada sim, porém constou apenas do Voto Vencido do Conselheiro Robson José Bayerl, que entendeu pela sua existência e comprovação). MULTA POR PRESTAR INFORMAÇÃO INEXATA EM DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO E DESPACHO ADUANEIRO. REQUISITO. Para justificar a multa prevista no artigo 69 da Lei nº 10.833/2003, é necessário caracterizar e demonstrar a infração, qual seja que a falia da informação ou a prestação inexata da informação influenciou, cm pelo menos um caso, na determinação do controle aduaneiro apropriado. Fl. 5717DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.718 12 DEFINIÇÃO DA INFRAÇÃO. MULTA POR PRESTAR INFORMAÇÃO INEXATA EM DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. INFLUENCIA SOBRE A DETERMINAÇÃO DO PROCEDIMENTO ADUANEIRO APROPRIADO. Em revisão aduaneira, não corresponde ao tipo definido no artigo 69 da Lei 10.833/2003 a suspeita de que a informação sobre a existência de vínculo entre fornecedor/produtor e importador influenciaria o procedimento de valoração aduaneira. (...) Primeiro ponto: Não temos dúvida de que a IN RFB n. 680/2006 não pode ser considerada base legal para caracterizar a infração e para a exigência da multa. Nesse ponto divergimos do ilustre Conselheiro relator, bem como da autoridade de lançamento e dos julgadores a quo, pois essa instrução normativa não traz definição de quais informações atenderiam aos fins dispostos no artigo 69 da Lei n. 10.833/2003. Na verdade, essa IN apenas disciplina o despacho aduaneiro e a forma de preenchimento da declaração de importação. Ela não teve e não tem a finalidade de complementar ou suplementar aquele texto de lei (art. 69 da Lei 10.833/2003). O anexo desta instrução normativa lista e detalha todos os campos, os dados e as informações prevista para uma declaração de importação. Essa instrução normativa não aponta quais dessas deveriam ser alçadas e destacadas das outras para serem consideradas mais relevantes. Não é possível que todos ou qualquer um desses dados justifique aquelas penalidades, como não é possível que fique dependendo da interpretação subjetiva da contribuinte ou da autoridade administrativa identificar quais dados constituem as hipóteses daquele artigo 69 da Lei 10.833/2003 e do artigo 84 da MP 2.15835/2001. (...) Segundo ponto: Além do mais, parecenos equivocada a crença de que uma instrução normativa estaria pretendendo estabelecer elementos definidores do tipo infracional ou administrativo penal. Certamente não seria propósito da Administração Tributária estabelecer infrações e penalidades por outro meio que não a própria lei. Portanto, falta base legal para a exigência fiscal e também lhe falta correspondência com o tipo definido em Lei, no sentido de que a informação quanto à existência de vínculo entre fornecedores/produtores estrangeiros e o importador constituiria tipo de informação necessária para a determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. Terceiro ponto: Retornemos, por favor, ao texto da Lei e para o primeiro aspecto por nós levantado neste voto. A nosso ver, como requisito para a aplicação da multa deve se caracterizar a infração. E a infração tem como dimensão inescapável o Fl. 5718DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.719 13 prejuízo na determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. Cremos que, no caso aqui em discussão, a exigência não logrou atender a essa caracterização. Bastaria apenas a autoridade fiscal apresentar uma única importação, dentre as submetidas a revisão aduaneira, para demonstrar que a ausência da informação (da existência do vínculo entre fornecedores/produtores estrangeiro e importador) ou a informação inexata significou e significaria para todas as outras importações prejuízo na determinação do procedimento de controle. Mas não é o que temos nessa autuação. A exigência fiscal se apóia exclusivamente em afirmar que há vínculo entre os fornecedores estrangeiros e o importador, e que a contribuinte omitiu essa informação nas declarações de importação. Mas o auto de infração não comprova a sua implicação no procedimento aduaneiro. 7. A Procuradoria da Fazenda Nacional, em 07/10/2016, apresentou Recurso Especial, às fls. 5591/5616. O contribuinte, por sua vez, apresentou Contrarrazões ao Recurso Especial em 22/02/2017, às fls. 5638/5657. 8. A 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) do CARF, em sessão datada de 11/04/2018, exarou o Acórdão nº 9303006.663, às fls. 5666/5676, julgando o Recurso Especial nos seguintes termos, resumidamente: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS CONTROLE ADUANEIRO DE MERCADORIAS. INFORMAÇÃO DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA, CAMBIAL OU COMERCIAL. INEXATIDÃO. INCOMPLETUDE. OMISSÃO. MULTA DE UM POR CENTO DO VALOR ADUANEIRO. A inexatidão, incompletude ou omissão de informação especificada em ato normativo editado pelo Secretário da Receita Federal como sendo necessária ao procedimento de controle aduaneiro da mercadoria importada dá ensejo à aplicação da multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria prevista no art. 84 da MP 2.15835/01, combinado com o art. 69 da Lei 10.833/03. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/06/2012 DECISÃO. INSTÂNCIA AD QUEM. PREJUDICIAL DE MÉRITO. INOCORRÊNCIA. RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIAS QUO. A decisão da instância ad quem que afasta a prejudicial de mérito decidida pela instância a quo deve determinar o retorno dos autos para análise das demais questões de mérito, sob pena de supressão de instância e preterição do direito de defesa. Fl. 5719DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.720 14 (...) No caso concreto, a informação que, segundo o Fisco, foi negligenciada, teria sido exigida pela Instrução Normativa SRF n° 680/2006, qual seja, o vínculo entre o comprador e o vendedor das mercadorias. (...) Indubitavelmente, há exigência da informação em epígrafe em norma infralegal. Da mesma forma, conforme antes demonstrado, indubitavelmente, há previsão em Lei para que a Secretaria da Receita Federal estabeleça quais informações considera necessárias à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. (...) Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do recurso especial somente em relação à incompetência da IN SRF n° 680/2006 para estabelecer obrigação administrativofiscal, e não conheço o recurso quanto a discussão de mérito relativa à existência ou não de vínculo entre importador e exportador. Na parte conhecida, voto por lhe dar provimento e determinar o retorno dos autos a instância a quo para análise das demais questões de mérito. 9. É o relatório. Voto Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares, Relator 10. Do quanto exposto no Relatório, verificase que a controvérsia, nesta fase processual, resumese à existência ou não de vinculação entre o comprador e o vendedor, ou melhor, entre o exportador e o importador das mercadorias objeto das Declarações de Importação (DIs) nas quais a Autoridade Fiscal identificou a omissão na prestação de informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial considerada necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. 11. O lançamento tributário, conforme o Termo de Verificação Fiscal (TVF), teve por fundamento legal o Artigo 15 do AVAGATT, o qual enumera, em seu parágrafo 4º, uma série de critérios que enquadram as figuras partícipes das operações de comércio exterior como sendo vinculadas para fins do próprio Acordo: 4. Para os fins deste Acordo, as pessoas serão consideradas vinculadas somente se: (a) uma delas ocupar cargo de responsabilidade ou direção em empresa da outra; (b) forem legalmente reconhecidas como associadas em negócios; Fl. 5720DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.721 15 (c) forem empregador e empregado; (d) qualquer pessoa, direta ou indiretamente, possuir, controlar ou detiver 5% ou mais das ações ou títulos emitidos com direito a voto de ambas; (e) uma delas, direta ou indiretamente, controlar a outra; (f) forem ambas, direta ou indiretamente, controladas por uma terceira pessoa; ou (g) juntos, controlarem direta ou indiretamente uma terceira pessoa; (h) forem membros da mesma família. 12. A Autoridade Fiscal entendeu que haveria vinculação entre exportadores integrantes do grupo econômico denominado MITSUBISHI MOTORS CORPORATION (MMCO), e o importador, a empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA, doravante chamada MMC DO BRASIL (MMCB), por conta de suas relações se enquadrarem nos critérios das alíneas (b), em virtude de serem legalmente reconhecidas como associadas em negócios, e (e), em virtude de uma delas, direta ou indiretamente, controlar a outra. 13. A DRJ, no julgamento de 1ª instância, já havia afastado o enquadramento das relações entre exportador e importador no critério da alínea (b), em razão, resumidamente, da Autoridade Fiscal não ter indicado na autuação qual o embasamento legal que permitiu concluir que os contratos analisados devem ser legalmente reconhecidos como uma associação (em negócios). 14. Esta Turma do CARF, portanto, quando do julgamento realizado em 24/08/2016, analisou unicamente a existência, ou não, do controle de uma empresa sobre a outra, de forma a caracterizar a vinculação entre ambas, nos termos do art. 15, § 4º, (e), do AVAGATT. 15. Ocorre que, ao acatar, por maioria de votos, uma preliminar de ausência de base legal para o lançamento, esta Turma deu provimento ao Recurso Voluntário sem votar as questões referentes à vinculação. 16. Com o retorno do processo a esta Turma, após decisão da CSRF dando provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional contra o acolhimento daquela preliminar, passo a decidir sobre a referida vinculação entre as empresas. 17. A Autoridade Fiscal buscou caracterizar o controle da empresa exportadora, MMCO, sobre a empresa brasileira importadora, a MMCB, com base nas seguintes cláusulas contratuais: a) Logo em suas Cláusula 2, ambos os Contratos de Distribuição citados trazem uma indicação clara de controle indireto na medida em que a Mitsubishi Motors Corporation determina qual será o quadro societário da MMC DO BRASIL, especificando até os índices de participação no Capital Social da empresa importadora. Fl. 5721DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.722 16 Contrato de distribuição entre Mitsubishi Motors Corporation e MMC Automotores do Brasil S/A Cláusula 2. Designação 2.1. Observados os termos e condições do presente Contrato, a MMC desde já concede à DISTRIBUIDORA o direito não exclusivo de importar e distribuir os Produtos no Território, e a DISTRIBUIDORA aceita ser designada como tal. 2.2. A MMC firmou o presente Contrato fiandose no fato de a DISTRIBUIDORA ter aqui declarado e garantido que: (a) as atividades comerciais da DISTRIBUIDORA previstas no presente Contrato são e continuarão sendo direta ou indiretamente administradas por ambas ou qualquer uma das pessoas a seguir: Eduardo de Souza Ramos – Presidente Paulo Arantes Ferraz – VicePresidente; e (b) Todo o capital social em circulação da DISTRIBUIDORA tem e continuará tendo a seguinte conformação, a menos que alguma alteração na participação societária ou no quadro de sócios abaixo descrito venha a ser aprovada previamente por escrito pela MMC. Eduardo de Souza Ramos – Participação Societária: 78,93% Paulo Arantes Ferraz – Participação Societária: 11,18%” b) Além de determinar a composição do quadro societário e a distribuição do Capital Social da MMC DO BRASIL, a Mitsubishi Motors Corporation também regula a forma como a fiscalizada deverá revender os produtos importados, controlando a quantidade de produtos vendidos e o estoque da sua correspondente no Brasil. Contrato de distribuição entre Mitsubishi Motors Corporation e MMC Automotores do Brasil S/A Cláusula 3. Relação entre as partes Todos os produtos fornecidos à DISTRIBUIDORA na forma do presente instrumento deverão ser por esta comprados por sua própria conta e risco, e revendidos somente de acordo com os termos e condições do presente Contrato. Cláusula 5. Quantidade Mínima de Vendas (...) A DISTRIBUIDORA deverá apresentar à MMC, até o dia 15 de cada mês, uma lista discriminativa de Produtos vendidos durante o mês anterior e de seu estoque de Produtos no final do mês anterior. Fl. 5722DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.723 17 c) Além disso, o controle indireto exercido pela Mitsubishi Motors Corporation sobre a MMC do Brasil chega ao cúmulo de proibir a comercialização de produtos e serviços de concorrentes e exigir a manutenção de um capital de giro líquido e de um patrimônio líquido conforme determinado pela controladora internacional. Ainda, a importadora fica obrigada, pelos Contratos de Distribuição que configuram sua associação legal nos negócios, a fornecer ao exportador o progresso da sua organização de vendas e informações financeiras como demonstração de resultados, balanço patrimonial, orçamento anual, etc., além de obrigar a MMC DO BRASIL a franquear seus livros e registros ao escrutínio da Mitsubishi Motors Corporation. Contrato de distribuição entre Mitsubishi Motors Corporation e MMC Automotores do Brasil S.A. Cláusula 8. Proibição de Negociação de Veículos Automotores Concorrentes Cláusula 9. Proibição de Compra de Peças de Reposição Cláusula 10. Instalações (...) A MMC e a DISTRIBUIDORA determinarão, de tempos em tempos, o valor do capital de giro líquido e do patrimônio líquido necessário para que a DISTRIBUIDORA possa cumprir com sucesso as obrigações por ela assumidas no presente Contrato, sendo que a DISTRIBUIDORA concorda em manter o capital de giro líquido e patrimônio líquido de seu negócio. Cláusula 18. Informações e Relatório à MMC 18.1 A DISTRIBUIDORA deverá entregar à MMC as seguintes informações e relatórios. (a) relatórios sobre o andamento de sua organização de vendas, (...) (b) Até o dia de cada mês que venha a ser especificado pela MMC, uma lista discriminativa de Produtos vendidos durante o mês anterior e de seu estoque de Produtos no final do mês anterior, na forma especificada pela MMC. (c) Informações financeiras da DISTRIBUIDORA, incluindo suas demonstrações de resultados, balanço patrimonial, orçamento anual e quaisquer notas explicativas e/ou atualizações de tais informações até onde se encontrem disponíveis. (...) 18.2. A DISTRIBUIDORA concorda que a MMC poderá, para uso confidencial, inspecionar os livros e registros da DISTRIBUIDORA (...) Fl. 5723DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.724 18 18. A Autoridade Fiscal, após listar tais cláusulas, prossegue em seu TVF: A coleção de evidências de controle indireto exercido pela exportadora sobre a empresa fiscalizada é extensa e os tópicos acima são suficientes para configurar a relação entre as partes. Fica demonstrado portanto a existência de vinculação entre o grupo internacional denominado Mitsubishi Motors Corporation e a MMC DO BRASIL, nos termos do Artigo 15, parágrafo 4º, alíneas ‘b’ e ‘e’, em conjunto com o parágrafo 5º do mesmo Artigo 15 do Acordo Sobre a Implementação do Artigo VII do GATT – AVAGATT. (...) As evidências acima elencadas são ainda corroboradas pela própria empresa fiscalizada, na medida em que, no período analisado pela presente fiscalização, esta registra um total de 330 (trezentos e trinta) Declarações de Importação, nas quais declara estar vinculada ao exportador internacional pertencente ao grupo da Mitsubishi Motors Corporation, porém declarando que tal vinculação não afetava o preço de transferência das mercadorias importadas. (...) Abaixo segue uma lista da DIs para as quais a MMC do BRASIL declara estar vinculada ao exportador estrangeiro, sem que haja influência sobre o preço da mercadoria. As denominações utilizadas para o exportador são as mais variadas e incluem: Mitsubishi Corporation, Mitsubishi Motors Corporation, Mitsubishi Motors Kyoto Works e MMC Automotores, Inc. Os países de aquisição também são variados e incluem: Estados Unidos da América, Suécia, Tailândia e Japão. 19. Inicialmente, fazse necessário transcrever os parágrafos 11, 12 e 14 da Nota Explicativa 4.1, do Anexo Único da Instrução Normativa SRF n° 318, de 2003, os quais norteiam a análise de cláusulas contratuais, para a finalidade de verificar, a partir destas, se uma das partes contratantes se encontra, de fato ou de direito, numa posição de impor limitações ou ditar ordens a segunda, a tal ponto de se entender que uma pessoa controla a outra: 11 Entre as disposições do Artigo 15.4 que definem a vinculação, resta examinar a do Artigo 15.4 e) que estabelece a existência de vinculação quando uma pessoa controlar direta ou indiretamente a outra. A Nota Interpretativa ao Artigo 15.4 e) enuncia que "para os fins deste Acordo, entenderseá que uma pessoa controla outra quando a primeira estiver, de fato ou de direito, numa posição de impor limitações ou ditar ordens a segunda". 12 Obviamente, devese proceder com muita cautela, para que uma interpretação errônea dessa disposição não acarrete Fl. 5724DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.725 19 resultados indesejáveis, quando forem considerados os termos e as condições de contratos livremente concluídos entre pessoas que, de outro modo, não estejam vinculadas. Os exemplos dados nos parágrafos 6 e 7 anteriores evocam situações em que os termos e as condições dos contratos são bem mais favoráveis a uma das partes, que estaria juridicamente em situação de impor à outra parte o respeito a seus direitos contratuais. Entretanto, em qualquer contrato, verbal ou escrito, inclusive no mais simples, uma das partes se encontra sempre em situação de estabelecer certos direitos, obrigações e outras cláusulas que serão impostas juridicamente à outra parte. (...) 14 Podese concluir que o Acordo não visa criar uma vinculação a partir de cada contrato ou acordo que, por sua própria natureza, estabeleça os direitos ou as obrigações legais decorrentes da aplicação da legislação nacional. Por conseguinte, a redação da Nota Interpretativa ao Artigo 15.4 e) deve, normalmente, ser considerada como aplicável a situações que não se enquadram naquelas usualmente encontradas nos contratos celebrados por um comprador e um vendedor ou em acordos usuais de distribuição e que supõem que uma pessoa se encontra em situação de impor limitações ou ditar ordens em áreas essenciais relacionadas com a direção das atividades da outra. 20. Devese destacar, em seguida, a existência da Lei nº 6.729, de 28/11/1979, que dispõe sobre a concessão comercial entre produtores e distribuidores de veículos automotores de via terrestre. É conhecida como a "Lei Ferrari", tendo sido atualizada pela Lei nº 8.132, de 1990, e se constitui no arcabouço normativo que deve guiar as análises que se seguirão neste voto. 21. O TVF, contudo, não faz qualquer menção a nenhuma das regras instituídas por este diploma legal. 22. Sendo o contrato de distribuição um contrato típico, com previsão legal, a análise das cláusulas selecionadas pela fiscalização deverá, evidentemente, se realizar à luz dos seus dispositivos. Para facilitar a compreensão do tema, transcrevo a seguir os artigos que terão influência direta neste julgamento: Art . 1º A distribuição de veículos automotores, de via terrestre, efetivarseá através de concessão comercial entre produtores e distribuidores disciplinada por esta Lei e, no que não a contrariem, pelas convenções nela previstas e disposições contratuais. Art. 2° Consideramse: (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) I produtor, a empresa industrial que realiza a fabricação ou montagem de veículos automotores; (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) Fl. 5725DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.726 20 II distribuidor, a empresa comercial pertencente à respectiva categoria econômica, que realiza a comercialização de veículos automotores, implementos e componentes novos, presta assistência técnica a esses produtos e exerce outras funções pertinentes à atividade; (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) § 1° Para os fins desta lei: (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) a) intitulase também o produtor de concedente e o distribuidor de concessionário; (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) Art . 3º Constitui objeto de concessão: I a comercialização de veículos automotores, implementos e componentes fabricados ou fornecidos pelo produtor; Il a prestação de assistência técnica a esses produtos, inclusive quanto ao seu atendimento ou revisão; III o uso gratuito de marca do concedente, como identificação. § 1º A concessão poderá, em cada caso: a) ser estabelecida para uma ou mais classes de veículos automotores; b) vedar a comercialização de veículos automotores novos fabricados ou fornecidos por outro produtor. (...) Art. 5° São inerentes à concessão: (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) I área operacional de responsabilidade do concessionário para o exercício de suas atividades; (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) II distâncias mínimas entre estabelecimentos de concessionários da mesma rede, fixadas segundo critérios de potencial de mercado. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) § 1° A área poderá conter mais de um concessionário da mesma rede. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) § 2° O concessionário obrigase à comercialização de veículos automotores, implementos, componentes e máquinas agrícolas, de via terrestre, e à prestação de serviços inerentes aos mesmos, nas condições estabelecidas no contrato de concessão comercial, sendolhe defesa a prática dessas atividades, Fl. 5726DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.727 21 diretamente ou por intermédio de prepostos, fora de sua área demarcada. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) § 4° Em convenção de marca serão fixados os critérios e as condições para ressarcimento da concessionária ou serviço autorizado que prestar os serviços de manutenção obrigatórios pela garantia do fabricante, vedada qualquer disposição de limite à faculdade prevista no parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) Art. 6° É assegurada ao concedente a contratação de nova concessão: (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) I se o mercado de veículos automotores novos da marca, na área delimitada, apresentar as condições justificadoras da contratação que tenham sido ajustadas entre o produtor e sua rede de distribuição; (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) Art. 7º Compreendese na concessão a quota de veículos automotores assim estabelecida: I o concedente estimará sua produção destinada ao mercado interno para o período anual subseqüente, por produto diferenciado e consoante a expectativa de mercado da marca; II a quota corresponderá a uma parte da produção estimada, compondose de produtos diferenciados, e independentes entre si, inclusive quanto às respectivas quantidades; III o concedente e o concessionário ajustarão a quota que a este caberá, consoante a respectiva capacidade empresarial e desempenho de comercialização e conforme a capacidade do mercado de sua área demarcada. § 1º O ajuste da quota independe dos estoques mantidos pelo concessionário, nos termos da presente Lei. § 2º A quota será revista anualmente, podendo reajustarse conforme os elementos constantes dos incisos deste artigo e a rotatividade dos estoques do concessionário. (...) Art. 8° Integra a concessão o índice de fidelidade de compra de componentes dos veículos automotores que dela faz parte, podendo a convenção de marca estabelecer percentuais de aquisição obrigatória pelos concessionários. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) Art 9º Os pedidos do concessionário e os fornecimentos do concedente deverão corresponder à quota de veículos Fl. 5727DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.728 22 automotores e enquadrarse no índice de fidelidade de componentes. (...) Art. 10. O concedente poderá exigir do concessionário a manutenção de estoque proporcional à rotatividade dos produtos novos, objeto da concessão, e adequado à natureza dos clientes do estabelecimento, respeitados os limites prescritos nos §§ 1º e 2º seguintes. § 1º É facultado ao concessionário limitar seu estoque: a) de veículos automotores em geral a sessenta e cinco por cento e de caminhões em particular a trinta por cento da atribuição mensal das respectivas quotas anuais por produto diferenciado, ressalvado o disposto na alínea b seguinte; b) de tratores, a quatro por cento da quota anual de cada produto diferenciado; c) de implementos, a cinco por cento do valor das respectivas vendas que houver efetuado nos últimos doze meses; d) de componentes, o valor que não ultrapasse o preço pelo qual adquiriu aqueles que vendeu a varejo nos últimos três meses. § 2º Para efeito dos limites previstos no parágrafo anterior, em suas alíneas a e b, a cada seis meses será comparada a quota com a realidade do mercado do concessionário, segundo a comercialização por este efetuada, reduzindose os referidos limites na proporção de eventual diferença a menor das vendas em relação às atribuições mensais, consoante os critérios estipulados entre produtor e sua rede de distribuição. (...) Art . 12. O concessionário só poderá realizar a venda de veículos automotores novos diretamente a consumidor, vedada a comercialização para fins de revenda. (...) Art. 13. É livre o preço de venda do concessionário ao consumidor, relativamente aos bens e serviços objeto da concessão dela decorrentes. (Redação dada pela Lei nº 8.132, de 1990) (...) Art . 15. O concedente poderá efetuar vendas diretas de veículos automotores. I independentemente da atuação ou pedido de concessionário: a) à Administração Pública, direta ou indireta, ou ao Corpo Diplomático; Fl. 5728DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.729 23 b) a outros compradores especiais, nos limites que forem previamente ajustados com sua rede de distribuição; Art. 16. A concessão compreende ainda o resguardo de integridade da marca e dos interesses coletivos do concedente e da rede de distribuição, ficando vedadas: I prática de atos pelos quais o concedente vincule o concessionário a condições de subordinação econômica, jurídica ou administrativa ou estabeleça interferência na gestão de seus negócios; (...) III diferenciação de tratamento entre concedente e concessionário quanto a encargos financeiros e quanto a prazo de obrigações que se possam equiparar. (...) Art . 19. Celebrarseão convenções da marca para estabelecer normas e procedimentos relativos a: (...) VIII quota de veículos automotores, reajustes anuais, ajustamentos cabíveis, abrangência quanto a modalidades auxiliares de venda (art. 7º, §§ 1º, 2º, 3º e 4º) e incidência de vendas diretas (art. 15, § 2º); IX pedidos e fornecimentos de mercadoria (art. 9º); X estoques do concessionário (art. 10 e §§ 1º e 2º); XI alteração de época de pagamento (art. 11); XII cobrança de encargos sobre o preço da mercadoria (art. 13, parágrafo único); (...) Art. 20. A concessão comercial entre produtores e distribuidores de veículos automotores será ajustada em contrato que obedecerá forma escrita padronizada para cada marca e especificará produtos, área demarcada, distância mínima e quota de veículos automotores, bem como as condições relativas a requisitos financeiros, organização administrativa e contábil, capacidade técnica, instalações, equipamentos e mão deobra especializada do concessionário. XIII margem de comercialização, inclusive quanto a sua alteração em casos excepecionais (art. 14 e parágrafo único), seu percentual atribuído a concessionário de domicílio do comprador (art. 5º § 2º); 23. Analisando a primeira das cláusulas selecionadas pelo Auditor Fiscal, a cláusula 2ª, observo que nada há de atípico em uma empresa de renome Fl. 5729DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.730 24 internacional, como a Mitsubishi Motors, estabelecer com quem deseja manter relações comerciais, qual ou quais as pessoas que atendem a critérios internos da empresa para estarem aptas a representar/distribuir seus produtos em outros países. 24. Por certo, uma empresa conhecida em todo o mundo não irá transacionar com pessoas que não tenham reputação no ramo, conhecimento comprovado naquele tipo de negócio (expertise), prévia experiência, capital ou capacidade de endividamento para fazer frente a um negócio deste porte, dentre inúmeras outras características. É necessário também uma relação de confiança, de segurança de que a pessoa ou pessoas que irão representar a marca não terão condutas que possam arranhar a imagem da companhia nacionalmente. 25. Observese que a relação, apesar de formalmente estabelecida com uma pessoa jurídica, depende essencialmente dos seus sócios. Se a exportadora fez uma prévia análise e aprovou que determinadas pessoas, enquanto sócias de uma distribuidora de veículos, a representem em um país, por certo é uma preocupação justa que este quadro societário não se altere. Uma empresa não se gerencia sozinha; seu desenvolvimento depende, essencialmente, dos seu quadro societário. 26. Imaginese que os atuais sócios da distribuidora, por qualquer razão, desistam de prosseguir no negócio e resolvam vender suas ações ou quotas na sociedade. Qualquer pessoa que tiver o recurso poderá comprar a empresa? E se o eventual comprador não preencher os requisitos mínimos que o exportador exige para negociar seus produtos? E se for alguém sem experiência, alguma pessoa simplesmente querendo lavar dinheiro obtido ilicitamente? 27. Em situações como esta, terá o exportador que simplesmente aceitar tal alteração e correr o risco de ver toda sua rede de distribuição ser mal gerida, ou comprometer o nível de excelência em atendimento que ela adota como padrão da marca? Por certo que não. 28. Correta e legítima a preocupação do exportador em exigir que seu distribuidor, caso queira mudar de sócio, lhe submeta tal alteração para aprovação por escrito, sem que isto implique, de forma alguma, que haja um controle do exportador sobre o importador. O que existe é apenas uma cláusula que salvaguarde os interesses do exportador, e que não implica em qualquer problema para o importador, tanto que o AuditorFiscal apresentou duas renovações contratuais nas quais houve alteração do quadro societário em ambas, bem como alteração na distribuição do capital social. 29. De se ver que, como já dito, que tendo o exportador/produtor uma legítima preocupação sobre quem irá gerir a distribuição de seus produtos em outro país, e se terá condições financeiras para tal empreitada, nada mais natural que definir dentre os sócios, aquele que deverá ter o controle societário, ou em qual proporção. 30. Imaginese que o sócio mais importante queira se retirar da sociedade; aquele no qual o exportador confia essencialmente. Não tendo sua retirada aprovada pelo exportador, repassa 99% de suas quotas para um outro sócio qualquer. Seria uma forma de burlar a vedação imposta pelo exportador. Para se resguardar, então, coloca em contrato a determinação de que eventuais alterações nas distribuição das cotas ou ações deverão ter sua prévia aprovação por escrito. Fl. 5730DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.731 25 31. Além disso, verificando o que a doutrina considera como cláusulas usuais em contratos desta natureza, utilizome das lições de Maria Helena Diniz, em sua obra Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 03, 2017, à pág. 457: Isto é assim porque a relação entre concedente (produtor) e concessionário (distribuidor), semelhantemente à concessão de serviço público, possui caráter intuitu personae, visto que as condições pessoais do concessionário são essenciais ao contrato, de tal sorte que a concessão comercial ocorrerá sob condição de exclusividade, tanto de aprovisionamento, em benefício do concedente, quanto de área geográfica em prol do concessionário (art. 5º, I e II, § 1º, da Lei nº 6.729/79, com alteração da Lei nº 8.132/90). 32. Passo a analisar o segundo conjunto de cláusula selecionadas, no caso, a 3ª e a 5ª. De início, prever que os produtos fornecidos à DISTRIBUIDORA deverão ser por esta comprados por sua própria conta e risco, e revendidos somente de acordo com os termos e condições do presente Contrato, me parece bastante óbvio. Se não fosse por conta e risco do importador/distribuidor, haveria então uma sociedade, pois imagino que se os custos e riscos são compartilhados, é da lógica empresarial que os lucros também o sejam. 33. Se tal cláusula não fosse assim redigida, aí sim poderiase falar em associação entre as empresas, que já havia até sido afastada pela DRJFNS. Então penso que a existência desta cláusula leva a uma conclusão totalmente oposta àquela que chegou a Autoridade Fiscal. Se a importadora é controlada pela exportadora, em um nível de vinculação que possa afetar o valor aduaneiro das mercadorias transacionadas, não me parece nem um pouco lógico que esta deixe por conta daquela todos os custos, riscos e, consequentemente, os lucros do negócio. 34. Ainda em relação à cláusula 3ª, não posso concordar com a afirmação do AuditorFiscal de que o exportador "regula a forma como a fiscalizada deverá revender os produtos importados", no sentido de que isto signifique um controle, simplesmente porque consta nesta cláusula que os produtos deverão ser revendidos somente de acordo com os termos e condições do presente Contrato. Ora, e deveriam ser revendidos de acordo com que o que? Na verdade, tal cláusula é redundante, pois mesmo que não estivesse escrita, resta óbvio que as demais cláusulas existem justamente para estabelecer termos e condições de revenda dos produtos. Não há como imaginar um contrato de representação ou distribuição que não siga este padrão. 35. Além disso, vemos que as disposições da cláusula 3ª são inerentes à natureza destes contratos, conforme dispõe o art. 5º, § 2º, da Lei nº 6.729/79: Art. 5° São inerentes à concessão: (...) § 2° O concessionário obrigase à comercialização de veículos automotores, implementos, componentes e máquinas agrícolas, de via terrestre, e à prestação de serviços inerentes aos mesmos, nas condições estabelecidas no contrato de concessão comercial, sendolhe defesa a prática dessas atividades, diretamente ou por intermédio de prepostos, fora de sua área demarcada. Fl. 5731DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.732 26 36. Quanto à cláusula 5ª, afirma o AuditorFiscal que o fato da MMCB dever apresentar à MMCO uma lista discriminativa de Produtos vendidos durante o mês anterior e de seu estoque de Produtos no final do mês anterior, significa que a MMCO "controla" a MMCB. 37. Contudo, mais uma vez entendo que foi equivocada a interpretação dada pelo AuditorFiscal aos dispositivos contratuais. Se a MMCO recebe royalties pelas vendas da MMCB, se deve ter uma programação de produção para atender à demanda da MMCB, e se tem o óbvio interesse de saber em que nível estão as vendas dos seus produtos no mercado brasileiro, nada mais natural do que realizar este tipo de acompanhamento de vendas e de estoque. Na verdade, o que se mostraria surpreendente seria se a MMCO não tivesse preocupação em manter tal controle das operações da MMCB. 38. Além disso, tratase de cláusula essencial à natureza deste contrato, sendo inclusive objeto de inúmeros artigos da Lei nº 6.729/79, pois somente com tais informações podem ser estabelecidas as quotas de veículos de cada concessionário, bem como seu índice de fidelização, conforme estabelecem seus arts. 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 19. 39. Passo agora a analisar o terceiro conjunto de cláusulas selecionadas, no caso, as de nº 8, 9, 10 e 18. Para embasar suas conclusões sobre o controle que a MMCO exerce sobre a MMCB, afirma que a MMCO "chega ao cúmulo de proibir a comercialização de produtos e serviços de concorrentes", por conta das cláusulas 8ª e 9ª. No entanto, cláusulas de exclusividade são amplamente utilizadas em contratos de distribuição, havendo inclusive previsão legal para tanto, conforme o art. 3º, § 1º, alínea "b", da Lei nº 6.729/79: Art . 3º Constitui objeto de concessão: (...) § 1º A concessão poderá, em cada caso: (...) b) vedar a comercialização de veículos automotores novos fabricados ou fornecidos por outro produtor. 40. Em relação à cláusula 10, há a determinação para que as partes ajustem, de tempos em tempos, o valor do capital de giro líquido e do patrimônio líquido necessário para que a DISTRIBUIDORA (MMCB) possa cumprir com sucesso as obrigações por ela assumidas no Contrato. 41. Já pela cláusula 18, fica determinado que a DISTRIBUIDORA deverá entregar à MMCO informações e relatórios, tais como: a) relatórios sobre o andamento de sua organização de vendas; b) informações financeiras da DISTRIBUIDORA, incluindo suas demonstrações de resultados, balanço patrimonial, orçamento anual e quaisquer notas explicativas; Fl. 5732DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.733 27 c) a MMCO poderá, para uso confidencial, inspecionar os livros e registros da DISTRIBUIDORA. 42. Mais uma vez, a existência de tais cláusulas está amparada na Lei nº 6.729/79, em seu art. 20: Art. 20. A concessão comercial entre produtores e distribuidores de veículos automotores será ajustada em contrato que obedecerá forma escrita padronizada para cada marca e especificará produtos, área demarcada, distância mínima e quota de veículos automotores, bem como as condições relativas a requisitos financeiros, organização administrativa e contábil, capacidade técnica, instalações, equipamentos e mão deobra especializada do concessionário. (...) XIII margem de comercialização, inclusive quanto a sua alteração em casos excepecionais (art. 14 e parágrafo único), seu percentual atribuído a concessionário de domicílio do comprador (art. 5º § 2º); 43. Além disso, tais cláusulas são usuais em contratos de distribuição. Trago à colação, mais uma vez, o entendimento de Maria Helena Diniz, op. cit., às págs. 465/467: O distribuidor, por sua vez, terá a obrigação de: a) vender os produtos fornecidos pela indústria, mediante normas estabelecidas contratualmente, o que acarretará relativa subordinação do concessionário ao concedente; b) submeterse à fiscalização da concedente e à imposição, por ela, de normas relativas ao preço dos produtos, à assistência técnica a ser prestada, aos acessórios que deverão ser colocados à venda, à revisão que deverá preceder à entrega do produto, ao número de bens que deverão ser necessariamente vendidos; c) ter uma reserva de estoque; d) aparelhar adequadamente suas instalações com oficinas de reparo, salas para escritório e atendimento de clientela, loja de revenda de peças e acessórios; (...) f) facilitar a realização de inspeções técnicas por profissionais da concedente, para controlar o estoque para reposições, e verificar os métodos de trabalho do pessoal da distribuidora; (...) k.3.4 Controle empresarial sobre a rede de distribuição O controle do produtor sobre os circuitos do mercado se dá em razão de seu direito de propriedade industrial pela marca, que Fl. 5733DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.734 28 representa o potencial de vendas futuras a consumidores. O produtor controla a marca nas mãos da revendedora. (...) (...) O contrato de distribuição pressupõe controlador, que é, portanto, o fabricante. Tal controle empresarial será exercido sobre toda a rede de distribuição pelo fabricante, manifestando se: (...) pela adoção, pelos distribuidores, dos métodos e condutas organizativas do fabricante, o que gerará no mercado a impressão de tratarse de um todo orgânico; assim, ante essa uniformidade, pouco importará ao consumidor do produto negociálo com este ou aquele distribuidor. Para tanto, o fabricante procurará parceiros com lastro econômico compatível com o empreendimento, pois o distribuidor deverá contratar pessoal, instalar escritórios, adquirir certos equipamentos. O fabricante, para obter homogeneidade, procurará treinar o pessoal, fornecer tecnologia, dados, informações e produtos a prazo. O fabricante poderá até mesmo planejar a montagem do negócio do distribuidor, fornecendo empréstimos, indicando a espécie e qualidade das instalações necessárias à distribuição, estabelecendo a política de vendas, de pessoal, de estoques e compras, de contabilidade integrada; 44. Merece especial destaque que a Lei nº 6.729/79, em seu art. 16, veda expressamente que a empresa concedente possa controlar a empresa concessionária: Art. 16. A concessão compreende ainda o resguardo de integridade da marca e dos interesses coletivos do concedente e da rede de distribuição, ficando vedadas: I prática de atos pelos quais o concedente vincule o concessionário a condições de subordinação econômica, jurídica ou administrativa ou estabeleça interferência na gestão de seus negócios; 45. Em relação a boa parte destas cláusulas, a própria DRJ já havia afastado as conclusões da fiscalização, nos seguintes termos: Quanto às clausulas relacionadas à forma de revenda dos produtos importados e controle das quantidades de produtos vendidos e em estoque e, à comercialização de veículos automotores concorrentes, bem como quanto à compra de peças de reposição, serviço ou sobressalentes concorrentes, o entendimento é de que se tratam de cláusulas compatíveis com a realidade do mercado automotivo, vale dizer tratam os dispositivos de condições típicas inerentes ao mercado: tem relação direta com a garantia e segurança dos veículos; a manutenção de estoques mínimos tem relação com a reposição ou reparo de veículos e suas partes e peças, garantias ao consumidor ou cliente; proibição de revenda de veículos e peças concorrentes também é situação comum no mercado automotivo, Fl. 5734DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.735 29 vez que a concorrência é acirrada nesse mercado, e neste caso haveria conflitos de interesse. 46. Em relação a outras, contudo, entendeu que extrapolavam as cláusulas usualmente dispostas em contratos desta natureza, sendo suficientes para definir a existência da vinculação entre as empresas, como consta do voto: Cumpre agora analisar as demais cláusulas, relacionadas a: administração, composição e alterações do capital social; composição do valor alocado ao capital de giro líquido e patrimônio líquido e; acesso às informações contábeis e comerciais da Empresa; todos relacionados à Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA. (...) Assim, este conjunto de limitações, restrições e imposições caracterizam a existência de controle, por parte da Empresa MITSUBISHI MOTORS CORPORATION sobre a Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA., exatamente como disposto na Nota Interpretativa do Parágrafo 4(e), do Anexo I, do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT): (...) Assim, por tudo que foi exposto até aqui, a conclusão é de que a Empresa MITSUBISHI MOTORS CORPORATION e a Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA são consideradas pessoas vinculadas para efeitos do Acordo de Valoração Aduaneira da OMC, isto porque resta evidente que a Empresa MITSUBISHI MOTORS CORPORATION tem a capacidade de controlar direta ou indiretamente a Empresa MMC AUTOMOTORES DO BRASIL LTDA., configurando então a hipótese indicada no Artigo 15, parágrafo 4, alínea “e” do Acordo sobre a Implementação do Artigo VII, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1994 (AVA/GATT). 47. Nesse contexto, concluise que, quanto ao argumento de ausência de identidade entre as motivações do lançamento e da decisão DRJ, não assiste razão ao recorrente, pois as cláusulas utilizadas pela instância de piso para fundamentar sua decisão já constavam do TVF. 48. Tais fundamentações expostas na decisão da DRJ, contudo, já foram rechaçados neste voto, conforme parágrafos 22 a 44, acima. 49. Assim, pelos fundamentos acima expostos, voto por conhecer e dar provimento integral ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lázaro Antônio Souza Soares Relator Fl. 5735DF CARF MF Processo nº 10111.720769/201377 Acórdão n.º 3401006.145 S3C4T1 Fl. 5.736 30 Fl. 5736DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13921.000002/2009-03
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE.
A apresentação de recibos que atendam aos requisitos formais previstos na legislação tributária, embora seja condição de dedutibilidade de despesa, não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e de seu pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa.
Numero da decisão: 9202-007.798
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para restabelecer a glosa de R$ 5.635,00, a título de despesas médicas. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE. A apresentação de recibos que atendam aos requisitos formais previstos na legislação tributária, embora seja condição de dedutibilidade de despesa, não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e de seu pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para restabelecer a glosa de R$ 5.635,00, a título de despesas médicas. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 00 00 02 /2 00 9- 03 Fl. 86DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2006, anocalendário de 2005, acrescido de juros de mora e multa de ofício no percentual de 75%, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas no total de R$ 11.635,00; e dedução indevida de previdência privada (FAPI). A exigência foi mantida em Primeira Instância. Inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, visando rever glosas de despesas médicas que totalizariam R$ 8.448,83, relativos aos seguintes destinatários: Fioterapia Hallyvane Ltda R$ 1.135,00; Clínica de Frats. e Ortop. Sta Rita R$ 80,00; Spada e Vergani Ltda R$ 60,00; Tmocin Tomografia São Vicente R$ 100,00; Vanessa Cristina D'Agostini R$ 4.500,00; Dior Center R$ 890,00; e Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil R$ 1.683,83. Em sessão plenária de 18/04/2018, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2001000.382 (efls. 41 a 52), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento." O processo foi encaminhado à PGFN em 14/06/2018 (Despacho de Encaminhamento de efls. 53) e, em 15/06/2018, foi interposto o Recurso Especial de efls. 54 Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 9202007.798 CSRFT2 Fl. 87 3 a 61 (Despacho de Encaminhamento de efls. 62), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, visando rediscutir o critério de comprovação de despesas médicas. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 29/06/2018 (efls. 65 a 68). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: não obstante, a princípio, admitamse recibos para fins de deduções, é possível a exigência, pelo Fisco, de documentos adicionais para a comprovação da efetividade do tratamento e do real desembolso pelo Contribuinte (ônus a cargo deste), sem os quais o recibo não é bastante para justificar o abatimento; tal linha de raciocínio encontrase colmatada pela jurisprudência administrativa, assente na necessidade de demonstração da efetiva prestação dos serviços médicos e do real dispêndio do Contribuinte, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda; tratase de situação diferenciada, em que a autoridade fiscal trouxe aos autos razões para a exigência de comprovação do efetivo pagamento; todavia, não obstante a intimação específica e fundamentada para tanto, a Contribuinte deixou de apresentar a prova necessária; não obstante os indícios constantes dos autos, o julgado recorrido entendeu que a mera apresentação de recibos é suficiente para afastar a glosa das despesas, desacompanhada de qualquer prova documental idônea do efetivo desembolso. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 05/07/2018 (Termo de Ciência de efls. 72/73), a Contribuinte ofereceu, em 16/07/2018 (carimbo de efls. 74), as Contrarrazões de efls. 74 a 80, contendo os seguintes argumentos: a jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais indica que, embora seja ônus do Contribuinte fazer prova do pagamento, uma vez apresentados recibos regulares de prestadores de serviços na área da saúde, incumbe ao Fisco demonstrar, ao menos, elementos que coloquem em cheque a veracidade das informações lançadas; a recusa dos recibos pelo Fisco não pode vir desatrelada de justificativa séria, afirmada com base em indícios manifestos de vícios nos documentos; conforme disposto expressamente pelo artigo 8o, § 2o, III, da Lei n° 9.250, de 1995, o pagamento das despesas dedutíveis pode ser feito mediante apresentação de cheque nominal quando o contribuinte não dispuser da documentação mencionada no mesmo inciso (com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu); dito de outro modo, a prova do pagamento é uma alternativa ao Contribuinte, não podendo ser exigida de forma simultânea ao recibo; Fl. 88DF CARF MF 4 destaquese que o Fisco não produziu qualquer prova de fraude da Contribuinte, ônus que lhe incumbia para não aceitar a prova constituída pelos recibos, limitandose a sustentar suas razões com base em alegações genéricas, as quais não merecem acolhimento; reforçase que diante da farta jurisprudência que reitera a conclusão defendida nestas Contrarrazões, eventual divergência entre Turmas deve ser expurgada, sob pena de fomentar a insegurança jurídica do contribuinte e desrespeitar o princípio da isonomia. Ao final, a Contribuinte pede que seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão recorrido. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista dedução indevida de previdência privada (FAPI) e glosas de despesas médicas, referentes ao anocalendário de 2005. No acórdão recorrido, acolheuse o total de R$ R$ 8.448,83, pleiteado em sede de Recurso Voluntário a título de restabelecimento de despesas médicas que teriam sido glosadas. A Contribuinte assim especificou os valores e destinatários, em seu Recurso Voluntário: Clínica de Fioterapia Hallyvane Ltda (R$ 1.135,00); Clínica de Frats. e Ortop. Sta Rita (R$ 80,00); Spada e Vergani Ltda (R$ 60,00); Tmoclin Tomografia São Vicente (R$ 100,00); Vanessa Cristina D'Agostini (R$ 4.500,00); Dior Center (R$ 890,00); e Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (R$ 1.683,83). De plano, esclareçase que, conforme a Notificação de Lançamento/Complementação da Descrição dos Fatos (fls. 09/10), não houve glosa relativamente aos valores pagos a Clínica de Frats. e Ortop. Sta Rita, Spada e Vergani Ltda, Tmoclin Tomografia São Vicente, Dior Center e Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Assim, do total pleiteado em sede de Recurso Voluntário, apenas o valor de R$ 5.635,00, relativo à Fisioterapia Hallyvane (R$ 1.135,00) e à Fisioterapeuta Vanessa Cristina D'Agostini (R$ 4.500,00), correspondeu efetivamente a glosas levadas a cabo pela Fiscalização. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 9202007.798 CSRFT2 Fl. 88 5 No acórdão recorrido, dita dedução foi restabelecida, ao fundamento de que os recibos seriam suficientes, à míngua de indícios que desabonassem os aludidos documentos. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que sejam restabelecidas as glosas, vez que, em face de dúvidas levantadas pela Fiscalização, os recibos apresentados não seriam suficientes, sendo necessária a comprovação da efetividade do serviço ou a prova do respectivo pagamento. A matéria não é nova neste Colegiado e já foi objeto de inúmeros julgados, dentre os quais destacase o Acórdão nº 9202005.461, de 24/05/2017, da lavra do Ilustre Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, cujos fundamentos ora adoto e colaciono como minhas razões de decidir: "Acerca do assunto, entendo que as despesas médicas dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes, e se limitam, sim, a serviços comprovadamente realizados quando objeto de indagação pela autoridade fiscal, a partir de dúvida razoável, bem como a pagamentos especificados e comprovados. Nesse sentido, é oportuno, conferir o estabelecido na Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que traz essas condições para dedução desse tipo de despesa: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...). § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Complementando a necessidade dessa comprovação, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999, em seu art. 73, dispõe que (a) as deduções estão sujeitas à comprovação e (b) deduções exageradas poderão ser glosadas inclusive sem audiência do contribuinte, conforme a seguir reproduzido: Fl. 90DF CARF MF 6 Art.73. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). §1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Por certo, a legislação, em regra, estabelece a apresentação de recibos como forma de comprovação das despesas médicas, a teor do que dispõe o art. 80, § 1º, III, do RIR/1999, mas não restringe a ação fiscal apenas a esse exame. Em uma visão sistêmica da legislação tributária, verificase, inclusive, que a indicação do cheque nominativo, apesar de conter muito menos informação que o recibo, é também eleito como meio de prova, evidenciando a força probante da efetiva comprovação do pagamento. Portanto, em vista do exposto, podemos concluir que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais: (a) a prestação de serviço tendo como beneficiário o declarante ou seu dependente, e (b) que o pagamento tenha se realizado pelo próprio contribuinte. Todavia, havendo qualquer dúvida em um desses requisitos, é não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais ou da efetividade do serviço, e/ou do beneficiário deste e/ou do pagamento efetuado. E é dever do contribuinte apresentar comprovação ou justificação idônea no caso de tal exigência, sob pena de ter suas deduções não admitidas pela autoridade fiscal. Entendo que a conclusão acima esteja alicerçada no art. 73 do RIR/99, já transcrito." No presente caso, as despesas médicas relativas à profissional Vanessa Cristina D'Agostini, no total de R$ R$ 4.500,00, bem com as referentes à Clínica de Fioterapia Hallyvane Ltda, no valor de R$ 1.135,00, foram glosadas em face do seguinte contexto, levantado pela Fiscalização: "2 O contribuinte informou pagamento de despesas para VANESSA CRISTINA DAGOSTINI, CPF 839.813.65968, no valor de R$ 4.500,00, e como comprovação apresentou 7 (sete) recibos nos valores de R$ 600,00, datado de 17/06/2005, de numeração 102; R$ 750,00, datado de 22/07/2005, de numeração 103; RS 750,00, datado de 26/08/2005, de numeração 104; R$ 750,00, datado de 28/09/2005, de numeração 105; R$ 500,00, datado de 26/10/2005, de numeração 106; RS 650,00, datado de 24/ll/2005, de numeração 107; e R$ 500,00, datado de 30/12/2005, de numeração 108. Alem da numeração seguida dos recibos (um recibo para cada mês), essa profissional e filha da contribuinte. Em vista dos fatos apontados e da falta de comprovação dos desembolsos dos pagamentos referentes a essas despesas, devidamente solicitados por Termo de Intimação Complementar, deve ser glosado o valor total declarado, RS 4.500,00. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 9202007.798 CSRFT2 Fl. 89 7 3 O contribuinte informou pagamento de despesas para CLÍNICA DE FISIOTERAPIA HALLYANE LTDA, CNPJ 05.186.525/000187, no valor de RS 1.135,00, e como Comprovação apresentou as Notas Fiscais n° 086, no valor de RS 200,00, datada de 26/01/2005; n° 090, no valor de R$ 150,00, datada de 10/02/2005; n° 093, no valor de RS 275,00, datada de 29/04/2005; n° 095, no valor de R$ 300,00, datada de 31/05/2005; e nº 099, no valor de RS 210,00, datada de 29/06/2005. Essa clínica é da filha da contribuinte (VANESSA CRISTINA DAGOSTINI). Em vista dos fatos apontados e da falta de comprovação dos desembolsos dos pagamentos referentes a essas despesas, devidamente solicitados por Termo de Intimação Complementar, deve ser glosado o valor total declarado, RS 1.135,00. OBS.: A contribuinte tem Plano de Saúde da CASSI Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil. Assim, no contexto levantado pela Fiscalização, a aceitação destas despesas somente seria possível mediante a apresentação de elementos de prova adicionais, o que não foi aportado aos autos. Incabível, portanto, a dedução de despesas médicas, quando as respectivas provas não logram o convencimento acerca da efetiva prestação do serviço, tampouco do pagamento correspondente. Com efeito, a apresentação tão somente de recibos, no presente caso, é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, restabelecendo a glosa de R$ 5.635,00, a título de despesas médicas, ressaltando que a diferença objeto do provimento no acórdão recorrido, no valor de R$ 2.813,83 (R$ 80,00 + R$ 60,00 + R$ 100,00 + R$ 890,00 + 1.683,83), sequer fora objeto de glosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 92DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.721169/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008
APENAS NOVAS ALEGAÇÕES. PRECLUSÃO.
O recurso voluntário que nada diz sobre as razões de fato e de direito declinadas pelo órgão julgador de primeira instância para a manutenção do lançamento, e apenas lança novas alegações, merecedoras de tratamento consentâneo com o instituto da preclusão, por não serem veiculadas na primeira oportunidade da defesa, não deve ser conhecido.
Numero da decisão: 3302-006.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008 APENAS NOVAS ALEGAÇÕES. PRECLUSÃO. O recurso voluntário que nada diz sobre as razões de fato e de direito declinadas pelo órgão julgador de primeira instância para a manutenção do lançamento, e apenas lança novas alegações, merecedoras de tratamento consentâneo com o instituto da preclusão, por não serem veiculadas na primeira oportunidade da defesa, não deve ser conhecido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 APENAS NOVAS ALEGAÇÕES. PRECLUSÃO. O recurso voluntário que nada diz sobre as razões de fato e de direito declinadas pelo órgão julgador de primeira instância para a manutenção do lançamento, e apenas lança novas alegações, merecedoras de tratamento consentâneo com o instituto da preclusão, por não serem veiculadas na primeira oportunidade da defesa, não deve ser conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 11 69 /2 01 1- 76 Fl. 449DF CARF MF Processo nº 16682.721169/201176 Acórdão n.º 3302006.894 S3C3T2 Fl. 450 2 Relatório Por bem descrever a realidade dos fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de primeira instância: Tratase de processo de lançamento de oficio para exigência de crédito tributário relativo ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro no valor de R$ 2.868.472,86 (fl. 248), acrescido de multa de ofício proporcional, passível de redução, no valor de R$ 2.151.354,54 e de juros de mora, calculados até 30/11/2011, que perfaziam R$ 982.944,40. A Descrição dos Fatos, como noticiado no corpo do auto de infração, consta do Termo de Verificação Fiscal anexo ao auto (fls. 183/197) e pode ser resumida pelos seguintes excertos: “No caso em tela, a COSAN LUBRIFICANTES E ESPECIALIDADES S A (antes denominada Esso Brasileira de Petróleo Limitada), realizou um contrato de empréstimo, datado de 10 de agosto de 2010, abrangendo, portanto, o período de janeiro/2007 a Dezembro/2008, destinando o montante à empresa MOBIL SERVICES (BAHAMAS) LIMITED com sede nas Bahamas. Tratandose de saída de moeda do país, a operação é realizada por meio de transferência bancária (art. 65 da Lei nº 9.069/95) e, necessariamente, deve ocorrer uma transação cambial anterior (art. 1º do Decreto nº 23.258/33) para a conversão da moeda nacional em estrangeira. Vejase que há duas operações (operação de câmbio e de crédito) que comportam a incidência do IOF, pois, como visto anteriormente, tratase de tributo que contempla uma pluralidade de fatos geradores. (...) A Lei nº 9.779/1999 em seu artigo 13 definiu como fato gerador do IOF o mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas, incluindo no campo de incidência do IOF as operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física, informando que o fato gerador sujeitase às mesmas normas aplicáveis às operações de empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. (...) Nas operações de crédito rotativo ocorrem concessões de empréstimos e amortizações continuamente, pois não há valor e prazo fixos previamente definidos. Deste modo, a base de cálculo é o somatório dos saldos devedores diários apurados no último dia de cada mês, o imposto é calculado à alíquota de 0,0041% e a respectiva cobrança ocorre no primeiro dia útil do mês Fl. 450DF CARF MF Processo nº 16682.721169/201176 Acórdão n.º 3302006.894 S3C3T2 Fl. 451 3 subseqüente ao da operação (art. 10, I dos Decretos de nº 4.494, de 2002 e de nº 6.306, de 2007). Nas operações de crédito rotativo o empréstimo é concedido uma única vez a valor certo e com prazo de amortização previamente definido. Nesta situação, havendo valor e prazo já fixados na data da operação, a base de calculo é o principal entregue ou colocado à disposição, o imposto é calculado à alíquota de 0,0041 ao dia de empréstimo e a respectiva cobrança é feita na mesma data da concessão do empréstimo (data da entrega ou colocação dos recursos à disposição do mutuário, art. 10, VII dos Decretos de nº 4.494, de 2002 e de nº 6.306, de 2007)”. Intimada, a contribuinte apresentou a impugnação juntada às fls. 307/317, onde, após longo discurso, vem defender a inconstitucionalidade das alterações trazidas pela Lei nº 9.779/99, como se verifica no trecho a seguir transcrito: “Dito isso, concluise que a Lei 9.779/99 inovou o ordenamento jurídico de forma inconstitucional e ilegal, haja vista que violou diretamente o artigo 153, inciso V c/c o artigo 22, inciso VII, da CF/88, assim como o artigo 67 do CTN e o artigo 1° da Lei 5.143/66.” Ao final de sua peça defensiva vem argumentando que o imposto mencionado não pode incidir em operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas não financeiras. Ao final veio requerer a improcedência da autuação. Em 29/08/2013, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2007, 2008 OPERAÇÕES DE CRÉDITO. MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 VALIDADE DA LEI. COMPETÊNCIA. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 16682.721169/201176 Acórdão n.º 3302006.894 S3C3T2 Fl. 452 4 Falece competência à autoridade julgadora de instância administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a validade de Lei, tarefa privativa do Poder Judiciário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão em 05/09/2013, consoante AR acostado, a Recorrente interpôs recurso voluntário em 04/10/2013, consoante Termo de solicitação de juntada de documentos juntado, no qual abandona totalmente os argumentos iniciais apresentados na impugnação e diz que: 1) é caso de sobrestamento, porque a matéria está sob repercussão geral no STF; 2) aplicase a isenção do art. 2º, § 2º, do Decreto nº 6306/2007; e 3) não incide IOF em situações de contacorrente de empresas coligadas. Por fim, se não deferido o sobrestamento, requer o reconhecimento da insubsistência do auto de infração. Ato seguido, o expediente é encaminhado ao CARF para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Preliminarmente, cumpre observar que os três argumentos trazidos agora pela recorrente (sobrestamento, isenção e contacorrente) para requerer a insubsistência do auto de infração, não foram esgrimidos no primeiro grau administrativo, sendo pois preclusos, sob pena de supressão de instância. A decisão recorrida assim tratou das alegações trazidas pela recorrente para tentar afastar a imputação da auditoriafiscal: No que tange às alegações de inconstitucionalidade, argumento único de defesa, é sabido que tal discussão não encontra guarida no Processo Administrativo Fiscal, pois no sistema jurisdicional adotado pelo Constituinte de 1988 a discussão acerca da validade das leis ou atos normativos ficou restrita ao âmbito do Poder Judiciário. (...) Sendo assim, não cabe aqui apreciar questão que venha a perquirir sobre a validade de lei ou ato normativo expedido pela Receita Federal do Brasil, competindo tão somente aplicar o direito tributário positivado na legislação tributária de regência A propósito do assunto destaquese que é pacífica a jurisprudência sobre a incompetência dos órgãos julgadores Fl. 452DF CARF MF Processo nº 16682.721169/201176 Acórdão n.º 3302006.894 S3C3T2 Fl. 453 5 administrativos para apreciar a inconstitucionalidade de normas legais, conforme enunciado de súmula do 2º do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Como se extrai do termo de verificação fiscal, o auto de infração teve por base as operações de mútuo firmadas entre a autuada e a empresa Móbil Service Bahamas Limited (empresa ligada), que se encontram contabilizados em seu Ativo. A impugnante não contesta a existência das operações de mútuo, preferindo trilhar, como se viu, o caminho de ataque à validade do diploma legal infringido. Quanto à alegação de que os contratos de mútuo firmados foram feitos sem a participação de instituição financeira, o que tornaria ilegal a cobrança de IOF, me parece óbvio que tal argumento guarda estreita relação com o argumento de inconstitucionalidade da Lei nº 9.779/99, que passou a prever expressamente que as operações de mútuo entre as pessoas jurídicas seriam fato gerador de IOF, como determina o seu art. 13, verbis: “Art.13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras.” Portanto, sendo válida a Lei, correto o lançamento do crédito tributário efetuado. Em sede recursal, nada foi dito sobre as razões de fato e de direito declinadas pela DRJ para a manutenção do lançamento. Apenas foram lançadas novas alegações, que merecem tratamento consentâneo com o instituto da preclusão, por não serem veiculadas na primeira oportunidade da defesa. Assim é que data maxima venia da posição da recorrente, merece ser prestigiada a decisão recorrida, que verificou haver razões suficientes para a manutenção do lançamento em desfavor da recorrente. Posto isso, voto por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Fl. 453DF CARF MF Processo nº 16682.721169/201176 Acórdão n.º 3302006.894 S3C3T2 Fl. 454 6 Fl. 454DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15889.000184/2007-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2002
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS POR INTERMÉDIO DE COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COM REPERCUSSÃO GERAL. RICARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO.
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou, em recurso com repercussão geral, a inconstitucionalidade do inc. IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (RE nº 595.838/SP, Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23 de abril de 2014).
2. O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543-B e 543-C do CPC revogado, ou dos arts. 1.036 a 1.041 do Código de Processo Civil vigente, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
3. Diante da inconstitucionalidade da norma legal que estabeleceu o fato gerador das contribuições lançadas, deve ser dado provimento ao recurso, para cancelar o lançamento.
Numero da decisão: 2402-007.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregorio Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado).
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2002 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS POR INTERMÉDIO DE COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COM REPERCUSSÃO GERAL. RICARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou, em recurso com repercussão geral, a inconstitucionalidade do inc. IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (RE nº 595.838/SP, Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23 de abril de 2014). 2. O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543-B e 543-C do CPC revogado, ou dos arts. 1.036 a 1.041 do Código de Processo Civil vigente, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 3. Diante da inconstitucionalidade da norma legal que estabeleceu o fato gerador das contribuições lançadas, deve ser dado provimento ao recurso, para cancelar o lançamento.
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RETENÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS ATRAVÉS DE COOPERATIVAS DE TRABALHO Recorrente DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS FERNANDES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2002 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS POR INTERMÉDIO DE COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COM REPERCUSSÃO GERAL. RICARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou, em recurso com repercussão geral, a inconstitucionalidade do inc. IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (RE nº 595.838/SP, Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23 de abril de 2014). 2. O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543B e 543C do CPC revogado, ou dos arts. 1.036 a 1.041 do Código de Processo Civil vigente, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 3. Diante da inconstitucionalidade da norma legal que estabeleceu o fato gerador das contribuições lançadas, deve ser dado provimento ao recurso, para cancelar o lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 88 9. 00 01 84 /2 00 7- 11 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 15889.000184/200711 Acórdão n.º 2402007.160 S2C4T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregorio Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Nessa perspectiva, adotamos o relatório objeto do Acórdão nº 2402007.150 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 9 de abril de 2019, proferido no âmbito do processo n° 10865.001232/201049, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402007.150 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada em resistência ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias devidas pela empresa incidentes sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços, relativamente aos serviços que lhe foram prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Devidamente intimado da decisão de Primeira Instância, o Contribuinte interpôs recurso voluntário pugnando pela improcedência do Lançamento. É o relatório." Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Assim sendo, ao presente litígio aplicase a decisão de mérito plasmada no Acórdão nº 2402007.150 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 9 de abril de 2019, proferido no âmbito do processo n° 10865.001232/201049, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevemos, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci, digno Relator da decisão paradigma suso citada, reprisese, Acórdão nº 2402007.150 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 9 de abril de 20. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 15889.000184/200711 Acórdão n.º 2402007.160 S2C4T2 Fl. 4 3 Acórdão nº 2402007.150 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "1. Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2. Da declaração de inconstitucionalidade O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543B e 543C do CPC revogado, ou dos arts. 1.036 a 1.041 do Código de Processo Civil ora vigente, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Até pelo uso do verbo (deverão), vêse que se trata de norma cogente, de aplicação obrigatória por parte do Conselheiro. É sabido, ademais, que a tradição jurídica brasileira adotou a tese da nulidade absoluta do ato inconstitucional. Isto é, prevalece o entendimento segundo o qual são absolutamente nulos os atos normativos contrários à lei fundamental, pois tais atos são repudiados pela necessidade de se preservar o princípio da supremacia da Constituição e, consequentemente, a unidade da ordem jurídica nacional. Tomandose de empréstimo a assertiva do Min. Celso de Mello (STF, ADI 652), "esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras inscritas na Carta Política, sob pena de sua ineficácia e de sua completa inaplicabilidade". Daí, porque, nas palavras do citado Ministro: – Atos inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em conseqüência, de qualquer carga de eficácia jurídica. – A declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança, inclusive, os atos pretéritos com base nela praticados, eis que o reconhecimento desse supremo vício jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder Público, desampara as situações constituídas sob sua égide e inibe – ante a sua inaptidão para produzir efeitos jurídicos válidos – a possibilidade de invocação de qualquer direito. – A declaração de inconstitucionalidade em tese encerra um juízo de exclusão, que, fundado numa competência de rejeição deferida ao Supremo Tribunal Federal, consiste em remover do ordenamento positivo a manifestação estatal inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as conseqüências daí decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia da lei e das normas afetadas pelo ato declarado inconstitucional. Esse poder excepcional – que extrai a sua autoridade da própria Fl. 191DF CARF MF Processo nº 15889.000184/200711 Acórdão n.º 2402007.160 S2C4T2 Fl. 5 4 Carta Política – converte o Supremo Tribunal Federal em verdadeiro legislador negativo. No caso concreto, vêse que o lançamento tem como fato gerador a prestação de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, conforme previsto no inc. IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, que era assim redigido: Lei nº 8.212/91 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: [...] IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). (Execução suspensa pela Resolução nº 10, de 2016) Ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou, em recurso com repercussão geral, a inconstitucionalidade do citado dispositivo (RE nº 595.838/SP, Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23 de abril de 2014). Segue a ementa da decisão: EMENTA Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos Fl. 192DF CARF MF Processo nº 15889.000184/200711 Acórdão n.º 2402007.160 S2C4T2 Fl. 6 5 do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. (RE 595838, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe196 DIVULG 07 102014 PUBLIC 08102014) (destacouse) Foi, inclusive, negada a modulação dos efeitos da decisão, conforme se vê na ementa abaixo: EMENTA Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. Lei aplicável em razão de efeito repristinatório. Infraconstitucional. 1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema, a qual somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contêm indicação concreta, nem específica, desse risco. 2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos. 3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dandose primazia à Constituição Federal. 4. É de índole infraconstitucional a controvérsia a respeito da legislação aplicável resultante do efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. 5. Embargos de declaração rejeitados.(RE 595838 ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe036 DIVULG 24022015 PUBLIC 25022015) No âmbito do legislativo, foi editada a Resolução Senado Federal nº 10/2016, para "suspender" a execução do dispositivo inconstitucional. Em sendo assim, deve ser aplicado o art. 62, § 2o, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015, segundo o qual as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, tomadas, respectivamente, em sede de repercussão geral ou recurso repetitivo devem ser reproduzidas por suas Turmas. Logo, diante da inconstitucionalidade da norma legal que estabeleceu o fato gerador das contribuições lançadas, deve ser Fl. 193DF CARF MF Processo nº 15889.000184/200711 Acórdão n.º 2402007.160 S2C4T2 Fl. 7 6 dado provimento ao recurso, para cancelar o lançamento ora em debate. 3. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido conhecer e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci" Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, cancelando se integralmente o lançamento. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Relator. Fl. 194DF CARF MF
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Numero do processo: 13204.000116/2007-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2003 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Deve-se restabelecer a despesa médica, quando comprovado por documento hábil e idôneo a regularidade da dedução pleiteada. Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2101-01.746
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente
Nome do relator: José Raimundo Tosta Santos
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DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Devese restabelecer a despesa médica, quando comprovado por documento hábil e idôneo a regularidade da dedução pleiteada. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Raimundo Tosta Santos Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Fl. 57DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 21/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 2 O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão nº 0116.835 (fl. 38), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. A infração indicada no lançamento e os argumentos de defesa suscitados na impugnação foram sintetizados pelo Órgão julgador a quo nos seguintes termos: Trata o presente processo de Auto de Infração de Imposto de Renda de Pessoa Física (fls. 03/07), Exercício 2003, AnoCalendário 2002, no montante de R$2.921,86, compreendendo o principal, a multa de oficio e os juros de mora, lavrado em decorrência da Dedução Indevida de Despesas Médicas. O sujeito passivo, inconformado com a autuação, apresentou impugnação em 21/12/2007 (fls. 01/02), alegando que preencheu a sua declaração de ajuste anual de acordo com a Cédula C emitida pela Secretaria Executiva da Fazenda Estadual, que comprova o desconto anual de despesas médicas no valor de R$20.762,57 (fl. 09). Isto posto, requer o cancelamento do débito fiscal reclamado, restituindo o valor de fato a receber. Em razão da despesa médica ter sido considerada elevada em relação aos rendimentos auferidos, determinouse a realização da diligência para a unidade de origem: a) Intimar o contribuinte a apresentar outros documentos que comprovem o efetivo gasto com despesas médicas/hospitalares, tais como, contracheques, boletos bancários, débito em conta corrente, etc; b) Intimar a Secretaria Executiva Estado da Fazenda a manifestarse acerca do valor de despesas médicas/hospitalares constante no Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte de fls. 09; Concluída a diligência, conforme Termo de Encerramento de fl. 36, o processo retornou a esta DRJ para julgamento. O entendimento manifestado pelo Órgão julgador de primeiro grau encontra se resumido na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF. Exercício: 2003 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. A dedução das despesas médicas na declaração de ajuste anual esta condicionada à comprovação hábil e idônea dos pagamentos efetuados, e restringese aos serviços prestados ao próprio contribuinte ou a seus dependentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu apelo ao CARF, à fl. 42, o contribuinte reitera as mesmas questões suscitadas perante o Órgão julgador a quo. Fl. 58DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 21/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 13204.000116/200789 Acórdão n.º 210101.746 S2C1T1 Fl. 2 3 É o relatório. Voto Conselheiro JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Relator O recurso atende os requisitos de admissibilidade. Do exame das peças processuais, firmo convencimento de que os elementos de prova nos autos, dão suporte à dedução da despesa médica pleiteada pelo contribuinte, tendo em vista que o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte, à fl. 09, fornecido pela Secretaria Executiva Estado da Fazenda, CNPJ nº 05.054.903/000179, indica precisamente o montante de R$20.126,90, referente a despesas médicas/hospitalares. Vale ressaltar que demais informações referentes às deduções com previdência oficial e pensão judicial alimentícia, indicadas no mesmo documento, foram regularmente acatadas pelo Órgão lançador, e que os rendimentos tributáveis, imposto retido na fonte e 13º salário, indicados no documento à fl. 09, estão em consonância com os informados na Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2003, anocalendário de 2002, às fls. 11/14. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José Raimundo Tosta Santos Fl. 59DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 21/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS
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