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Numero do processo: 13808.001085/00-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 1997
AJUSTE POR REDUÇÃO NO VALOR EXIGIDO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA.
Não é causa de nulidade da decisão recorrida o procedimento da Autoridade Julgadora em primeira instância de ajustar o valor exigido no lançamento, fazendo computar o prejuízo fiscal apurado pelo contribuinte no próprio período de apuração.
GLOSA DE CUSTOS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO DO TRIBUTO.
Deve ser cancelada a exigência por glosa de custos quando se comprova nos autos, inclusive mediante diligência, a hipótese de mera inobservância do regime de competência, com o efeito de postergar o pagamento do tributo para o período seguinte.
GLOSA DE DESPESAS COM COMISSÕES.
Somente se pode cogitar de inobservância do regime de competência quando se cuidar de uma mesma despesa, ou uma mesma receita, a influir no resultado de período de apuração diverso daquele em deveria fazê-lo. Provado nos autos que as despesas com comissões a que se referiu o contribuinte, no ano seguinte, eram diversas das despesas glosadas pelo Fisco, por se basearem em negócios distintos, com contratantes e valores diversos, fica afastada a hipótese de inobservância do regime de competência.
DESPESAS INDEDUTÍVEIS COM COMISSÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. FALTA DE VINCULAÇÃO DAS COMISSÕES COM OS NEGÓCIOS QUE AS TERIAM MOTIVADO.
É de se manter o lançamento de glosa de despesas com comissões, quando a documentação apresentada pelo contribuinte é insuficiente para comprovar a efetiva atuação das empresas supostamente contratadas na intermediação de negócios, ou sua vinculação aos contratos firmados pela interessada com seus
clientes.
Numero da decisão: 1301-000.748
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, rejeitar a
preliminar de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar apenas as exigências correspondentes ao item 001 – Glosa de Custos do
auto de infração.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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(nova denominação de TECNOLOGIA CLIENTE SERVIDOR INFORMÁTICA LTDA.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 AJUSTE POR REDUÇÃO NO VALOR EXIGIDO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INOCORRÊNCIA. Não é causa de nulidade da decisão recorrida o procedimento da Autoridade Julgadora em primeira instância de ajustar o valor exigido no lançamento, fazendo computar o prejuízo fiscal apurado pelo contribuinte no próprio período de apuração. GLOSA DE CUSTOS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSTERGAÇÃO DO TRIBUTO. Deve ser cancelada a exigência por glosa de custos quando se comprova nos autos, inclusive mediante diligência, a hipótese de mera inobservância do regime de competência, com o efeito de postergar o pagamento do tributo para o período seguinte. GLOSA DE DESPESAS COM COMISSÕES. Somente se pode cogitar de inobservância do regime de competência quando se cuidar de uma mesma despesa, ou uma mesma receita, a influir no resultado de período de apuração diverso daquele em deveria fazêlo. Provado nos autos que as despesas com comissões a que se referiu o contribuinte, no ano seguinte, eram diversas das despesas glosadas pelo Fisco, por se basearem em negócios distintos, com contratantes e valores diversos, fica afastada a hipótese de inobservância do regime de competência. DESPESAS INDEDUTÍVEIS COM COMISSÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. FALTA DE VINCULAÇÃO DAS COMISSÕES COM OS NEGÓCIOS QUE AS TERIAM MOTIVADO. É de se manter o lançamento de glosa de despesas com comissões, quando a documentação apresentada pelo contribuinte é insuficiente para comprovar a Fl. 1DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 794 2 efetiva atuação das empresas supostamente contratadas na intermediação de negócios, ou sua vinculação aos contratos firmados pela interessada com seus clientes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar apenas as exigências correspondentes ao item 001 – Glosa de Custos do auto de infração. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Valmir Sandri e Alberto Pinto Souza Junior. Relatório SYBASE BRASIL SOFTWARE LTDA. (nova denominação de TECNOLOGIA CLIENTE SERVIDOR INFORMÁTICA LTDA.), já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 6.179, de 23/11/2004, da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Trata o presente processo de autos de infração, lavrados em 31/05/2000, por infrações à legislação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ, fl. 118) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL, fl. 123). A exigência inclui principal, multa de ofício de 75% e juros de mora, totalizando R$ 810.132,36, conforme Termo de Encerramento à fl. 125, tudo referente a fatos geradores ocorridos no anocalendário 1996. Conforme descrito nos Autos de Infração (fls. 119 e 124) e no Termo de Constatações (fls. 113 a 115), a contribuinte cometeu as seguintes infrações: • Deduziu indevidamente na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real, custos no montante de R$ 616.840,50, por ter sido retirada em declaração retificadora a receita geradora desses custos (infração 001); Fl. 2DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 795 3 • Deduziu indevidamente na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real, despesas com comissões sobre vendas na importância de R$ 18.656,25, por ter sido retirada em declaração retificadora a receita ensejadora desses custos (infração 003); e • Deduziu indevidamente na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real, despesas com comissões no valor de R$ 452.405,20, por falta de comprovação da necessidade e efetiva prestação de serviços e falta de identificação da operação que deu origem a essas despesas, o que caracterizou pagamentos sem causa (infração 002). Ciente das exigências e com elas irresignada, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 128/140, acompanhada dos documentos de fls. 141/476, na qual, sinteticamente, alega o seguinte: a) Quanto à glosa de custos, a alegação da fiscalização de que, com a retificação da declaração de rendimentos do anocalendário 1996, cancelou receitas sem ter promovido o estorno dos custos de serviços prestados correspondentes é improcedente, já que simultaneamente também retificou a declaração de rendimentos do ano calendário 1997 (documento de fls. 205 a 239), ocasião na qual procedeu ao estorno dos custos em questão; b) As folhas do razão contábil de 1997 juntamente com demonstrativo do valor glosado pela fiscalização (documentos de fls. 240 a 248) “comprovam os lançamentos a débito da conta respectiva no passivo (royalties a pagar à Sybase Inc.) e a crédito de resultado, de forma que, se algum equívoco houve, foi apenas de antecipação da despesa (custo) de 1997 para o de 1996 – ou postergação dos estornos (receitas) para o ano de 1997 , incorrendose, apenas, em inexatidão quanto ao períodobase de escrituração”; c) O “fato de ter havido postergação da receita não resulta, necessariamente, que se possa imputar a postergação do imposto”, como determina o artigo 6º, § 5º, inciso I, do Decretolei nº 1.598/1977; d) “Efetuados os estornos em período diverso da competência”, a fiscalização não poderia glosar os custos no ano de 1996, sem compensálos com o valor recolhido no ano em que reconhecida a receita, lançando apenas a diferença, conforme prevêem os §§ 4º e 6º do artigo 6º do DL nº 1.598/1977; e) Mesmo após o reconhecimento do estorno dos custos no período correto (ano calendário 1996), “inexiste diferença de imposto a ser recolhido em favor do Fisco”, já que perdura a situação de recolhimentos efetuados a maior no decorrer do ano calendário 1996, conforme a declaração retificada (documento de fls. 249 a 276), sendo a única conseqüência a diminuição do crédito apurado pela retificação; f) Não se pode afirmar que houve a compensação de prejuízos futuros com lucros pretéritos, já que “ao reconhecer a receita (estorno dos custos) no anocalendário de 1997, após promovida a retificação desse ano, o resultado tributável foi justamente superior ao retificado”, “de sorte que, a retificação das declarações dos anos calendário de 1996 e 1997 não repercutiu em prejuízo nenhum ao Fisco, desde que a situação consolidada no biênio é sempre a mesma”; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 796 4 g) No tocante à glosa de despesas com comissões, apesar de ter cancelado negócio com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia no valor de R$ 68.750,00 (documentos de fls. 277/279) e não ter cancelado comissões que seriam devidas à RMO Consultores Associados Ltda. na importância de R$ 18.656,25 se o negócio não fosse cancelado, estas comissões passaram a serem devidas no anocalendário seguinte, quando outro faturamento foi efetuado contra outra instituição de ensino (documentos de fls. 280/282) no valor de R$ 73.720,00, sendo sobre este outro faturamento devida a comissão do agente no montante de R$18.337,85 (documentos de fls. 283 a 285); h) O pagamento de comissões ao agente não transitou pelo resultado do anocalendário 1997, conforme evidenciam os lançamentos contábeis e cópias de cheques e notas fiscais juntados (documentos de fls. 286/294), o que evidencia inexatidão quanto ao registro de despesa, que, apesar de ter sido antecipada, não implica necessariamente em insuficiência ou falta de recolhimento do imposto, senão somente depois de implementados os procedimentos determinados pelo DL 1.598/1977; i) Quanto a este tópico também deve ser cancelada a exigência devido à regra do artigo 6º, § 5º, do DL nº 1.598/1977, já que da inexatidão no reconhecimento da despesa não decorreu prejuízo ao Fisco, em razão de persistir crédito favorável a si, resultante do cotejo entre o resultado ajustado e o retificado, que serviu de base para recolhimentos no decorrer do anocalendário 1996; j) Em relação aos pagamentos de despesas com comissões injustificados, caracterizados como sem causa, a impugnante traz aos autos cópias das notas fiscais referentes aos pagamentos efetuados no anocalendário de 1996 aos prestadores de serviços Angulus Ware e Compnet (documentos de fls. 295/299 e 302/320) satisfeita, desta forma, a condição de comprovação do pagamento com a identificação de seus destinatários; k) Esses serviços de terceiros têm estreita conexão com as atividades da autuada, já que, devido à especialização distante do cidadão mediano, é comum no ramo de informática valerse de profissionais promotores de contatos e vendas que atuam como tradutores e sedutores de clientes, já que têm o conhecimento técnico e se fazem entender pelos não familiarizados à matéria; l) As prestadoras de serviços AngulusWare e Compnet inegavelmente contribuíram para a realização de diversos negócios tendo em vista os documentos de fls. 321/476, focados à luz dos critérios firmados pela jurisprudência administrativa; m) O lançamento mostrase inconsistente na medida que glosou o pagamento de serviços, mas aceitou o reembolso das despesas aos mesmos prestadores; n) “A verificação fiscal não poderia ter se limitado à simples leitura dos documentos, sem que a verdade dos fatos fosse efetivamente aferida, em respeito ao princípio de busca da verdade material – e não apenas formal – que rege o procedimento administrativo fiscal”; o) Informa que recolheu no prazo da impugnação o valor de R$ 41.235,34, correspondente a parcela do crédito lançado relativa a infração “pagamentos sem causa”, cuja documentação não foi anexada às razões do processo, e valeuse do disposto no artigo 961 do RIR/1999; Fl. 4DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 797 5 Ao final, requer o conhecimento da impugnação e o acolhimento dos argumentos apresentados para o lançamento fiscal e a exigência nele consubstanciada serem cancelados. A 5ª Turma da DRJ em São Paulo I / SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 6.179, de 23/11/2004 (fls. 538/546), considerou procedente em parte o lançamento com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Data do fato gerador: 31/12/1996 Ementa: CUSTOS E DESPESAS INCOMPROVADOS. Mantémse a glosa de custos e despesas não comprovados por documentos hábeis e idôneos. SERVIÇOS PRESTADOS. COMPROVAÇÃO DE NECESSIDADE E EFETIVIDADE. FALTA. PAGAMENTOS SEM CAUSA. Caracterizamse como pagamentos sem causa os realizados a título de prestação de serviços cuja efetividade e necessidade não foram comprovadas por documentos hábeis e idôneos. PREJUÍZO DO PRÓPRIO PERÍODO DECLARADO. O lançamento de ofício deve levar em consideração o prejuízo do próprio período declarado pelo sujeito passivo. RECOLHIMENTOS ANTERIORES. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Recolhimentos anteriores efetuados pelo contribuinte não implicam a improcedência do lançamento de ofício decorrente de glosas de custos e despesas indevidamente deduzidos pelo sujeito passivo, mas, se ainda não restituídos ou compensados, podem ser considerados para efeitos de quitação, ainda que parcial, do crédito tributário lançado de ofício. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/12/1996 Ementa: LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. O decidido quanto à infração que, além de implicar o lançamento de IRPJ implica o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também se aplica a este outro lançamento naquilo em que for cabível. Ciente da decisão de primeira instância em 02/03/2007, conforme Aviso de Recebimento à fl. 553, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 29/03/2007 conforme carimbo de recepção à folha 556. No recurso interposto (fls. 557/573), alega os pontos que se seguem: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 798 6 • Reafirma os argumentos já trazidos na peça impugnatória. • Reclama que as provas documentais acostadas aos autos, juntamente com a impugnação, não teriam sido adequadamente apreciadas pela autoridade julgadora em primeira instância. • Afirma (fls. 571/573) que, ao verificar que a autoridade autuante deixou de considerar no cálculo dos lançamentos os valores referentes ao prejuízo fiscal e à base de cálculo negativa da CSLL do próprio anocalendário 1996, a autoridade julgadora cancelou em parte o auto de infração. Por sua ótica, tal procedimento seria uma incabível retificação do lançamento, feita por autoridade incompetente para tanto, pelo que, também por este motivo, pede o cancelamento da exigência em sua totalidade. O processo foi levado a julgamento perante a Quinta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes em 24/06/2008. Mediante a resolução nº 1051.400 (fls. 655/660), o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Unidade Preparadora procedesse às verificações e adotasse as providências especificadas à fl. 660. Em cumprimento da diligência, foram acostados aos autos os documentos de fls. 665/780. No relatório de conclusão do procedimento (fls. 781/782), datado de 23/11/2010, consta: Providência determinada na diligência: 1. Instrua o processo com cópias autenticadas das declarações de rendimentos, original e retificadora, dos exercícios 1997 e 1998, respectivamente anoscalendário 1996 e 1997. Resposta da Autoridade Fiscal: Em relação à solicitação de juntada das Declarações autenticadas (item 1 supra), cabe esclarecer que as DIPJs dos anoscalendário de 1996 e 1997, em geral, não mais se encontram disponíveis nos sistemas deste Órgão. Observo, por fim, que a contribuinte não atendeu a intimação para apresentar a Declaração que não consta do Processo (como cópia), qual seja, a original do ano calendário de 1997. Providência determinada na diligência: 2. Verifique se as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, no anocalendário 1997, se encontram majoradas da quantia de R$ 616.840,50, correspondente ao estorno de custos discriminado à fl. 240. Resposta da Autoridade Fiscal: Na forma do doc. 01, a empresa demonstra a apuração original e retificadora do resultado do período de 1997, verificandose (em ambas) que, na composição do Custo dos Serviços Vendidos (R$ 5.879.582,50 ), o custo considerado a titulo de "cessão de uso" foi de R$ 3.374.263,68, que resulta do custo correspondente ao anocalendário de 1997 — R$ 3.991.104,18, subtraído da importância de R$ 616.840,50 que fora apropriada indevidamente no período de 1996. Estes valores se Fl. 6DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 799 7 encontram sintetizados por mês no doc. 02, e individualizados no doc. 03. No "razão" que constitui o doc. 04 encontramse os lançamentos dos custos apropriados em 1996 a crédito da conta custos/cessão de uso, reduzindo assim o custo do período de 1997. Ante tais elementos, configurase que o Lucro Liquido e o Lucro Real apurados no anocalendário de 1997 refletem um acréscimo correspondente ao estorno de custos contabilizado. Ressaltese, de todo modo, que o montante em questão (R$ 616.840,56), deveria efetivamente ter sido excluído da Declaração do IRPJ do anocalendário de 1996, como o foram suas respectivas receitas, o que gerou a redução indevida do lucro naquele ano. Providência determinada na diligência: 3. Verifique se o contribuinte já utilizou de alguma forma (restituição, compensação) os saldos negativos de IRPJ e de CSLL apurados em sua Declaração de Rendimentos retificadora do exercício 1997, anocalendário 1996, ND 7935943. Resposta da Autoridade Fiscal: No_que se refere ao prejuízo fiscal e à base de cálculo_negativa da CSLL declarados no anocalendário de 1996, nos montantes de R$ 175.436,77 e R$ 215.301,96, respectivamente, reiterase, conforme descrito no item 4 do Termo de Constatações (fl.114) que integra a autuação, que tais valores foram efetivamente utilizados pela contribuinte no anocalendário seguinte (1997). Essas compensações estão consignadas na "linha 32" da "ficha 07" (IRPJ) e "linha 19", "ficha 11" (CSLL) da Declaração retificadora do período (fls. 212 e 227). A própria contribuinte, por sua vez, também informa em sua resposta datada de 28/10/2010 que os valores em pauta foram objeto de compensação, juntando cópia do Livro LALUR. A interessada foi cientificada do resultado da diligência e apresentou suas considerações às fls. 789/790. Sustenta que estaria confirmado que “seguramente o estorno de custos, outrora glosados em relação ao período de 1996, efetivamente majorou o resultado contábil de 1997, e, consequentemente, as bases de cálculo de IRPJ e CSLL”. Conclui que não teria havido dano ao erário, e que não deve subsistir o lançamento deste item do auto de infração. O processo retorna, agora, para prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Muito embora a recorrente trate do assunto ao final da peça recursal, há uma alegação de nulidade do acórdão recorrido, a qual deve ser apreciada preliminarmente. Afirma Fl. 7DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 800 8 a recorrente que, ao verificar que a autoridade autuante deixou de considerar no cálculo dos lançamentos os valores referentes ao prejuízo fiscal e à base de cálculo negativa da CSLL do próprio anocalendário 1996, a autoridade julgadora cancelou em parte o auto de infração. Por sua ótica, tal procedimento seria uma incabível retificação do lançamento, feita por autoridade incompetente para tanto, pelo que, também por este motivo, pede o cancelamento da exigência em sua totalidade. O assim chamado “julgamento administrativo” de um auto de infração se reveste de características diferentes do julgamento propriamente dito, reservado ao Poder Judiciário. Na esfera administrativa, o procedimento é no sentido da revisão e controle da legalidade do lançamento, da verificação da correta aplicação da lei em face da situação fática constatada e comprovada nos autos. Nessa linha agiu a autoridade julgadora em primeira instância, ajustando o valor exigido ao efetivamente devido, mediante o cômputo, em favor da interessada, do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL apurados no mesmo ano em que se verificaram as infrações que conduziram ao lançamento. Não se trata em absoluto, como pretende a recorrente, de novo lançamento, nem de ato praticado por autoridade incompetente, mas da correção de erro (segundo o entendimento da Autoridade Julgadora) no cálculo do valor exigível, de forma absolutamente compatível com a natureza do julgamento administrativo e com o sempre invocado princípio da verdade material Não vislumbro, pois, qualquer vício no acórdão recorrido capaz de tornálo nulo, muito menos de motivar o cancelamento total da exigência, como pretende a recorrente. No mérito, a primeira infração apontada pelo Fisco (infração 001 do auto de infração) é a redução indevida na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de custos no montante de R$ 616.840,50. Tais custos seriam correspondentes a receitas que, originalmente, constavam da DIRPJ, mas foram retiradas na DIRPJ retificadora. A alegação da contribuinte é de que, contabilmente, tanto as receitas quanto os custos a elas correspondentes teriam sido apropriados em 1996 e estornados em 1997. Para fins fiscais, o estorno das receitas teria sido feito na DIRPJ do anocalendário 1996 (retificadora), enquanto que o estorno dos custos somente teria sido feito na DIRPJ do ano calendário 1997. Com isso, teria havido mera inobservância do regime de competência. Em primeira instância, a Autoridade Julgadora manteve o lançamento, por não ter conseguido identificar individualizadamente os R$ 616.840,50 na DIRPJ retificadora do anocalendário 1997. O resultado da diligência determinada pela Quinta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes é taxativo: o lucro real e a base de cálculo da CSLL apurados no anocalendário 1997 se encontram majorados pelo estorno de custos feito contabilmente no valor de R$ 616.840,50. De se registrar, ainda, que o contribuinte apurou imposto de renda e CSLL positivos nesse mesmo anocalendário, conforme se pode constatar às fls. 213 e 227. Não tenho dúvidas de que o contribuinte deixou de observar o regime de competência, ao estornar receitas e seus custos correspondentes em diferentes períodos de apuração. Especificamente, os custos no valor de R$ 616.840,50 reduziram indevidamente o Fl. 8DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 801 9 resultado fiscal no anocalendário 1996, desde que as receitas a eles correspondentes não integravam aquele resultado. No entanto, o resultado fiscal do anocalendário seguinte, 1997, restou majorado no mesmo montante. O tratamento fiscal, em tais casos, é aquele disciplinado pelo art. 273 do Decreto nº 70.235/1972 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99), a seguir transcrito. Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. §1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no §2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §6º). §2º O disposto no parágrafo anterior e no §2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). Concluo, assim, que devem ser acolhidas as razões da recorrente, no que toca a esta infração (001). Comprovado nos autos a inobservância do regime de competência e que seu efeito foi a postergação do pagamento dos tributos (IRPJ e CSLL) para período de apuração posterior àquele em que seriam devidos, somente seria cabível a cobrança de multa moratória e juros de mora pelo período postergado. Não tendo sido feito desta forma o lançamento, a exigência correspondente não pode prosperar. Passo, a seguir, a apreciar os argumentos atinentes à infração 003 do auto de infração – dedução indevida na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de despesas com comissões sobre vendas na importância de R$ 18.656,25, por ter sido retirada em declaração retificadora a receita ensejadora desses custos. A alegação da interessada é de que, também aqui, se trataria de mera postergação de imposto por inobservância do regime de competência, visto que, apesar de cancelado, em 1996, o contrato que daria lastro às comissões glosadas, teria sido firmado um outro contrato em 1997, de valor semelhante, e a comissão devida naquele ano (1997) não teria transitado pelo resultado. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 802 10 Não assiste razão à recorrente. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão combatido bem esclarece o ocorrido: 10. [...] Primeiramente, as comissões devidas no anocalendário 1997 (comprovadas pelas notas fiscais de fls. 283 a 285) totalizam R$18.337,85, enquanto o valor glosado em 1996 monta R$18.656,25. As receitas origens das comissões também são distintas: em 1996 foram canceladas receitas no importe de R$68.750,00 (fls. 277 a 279) e em 1997 as receitas foram de R$73.720,00. Observa se, portanto, que apesar de as receitas terem aumentado, as comissões sobre as mesmas devidas diminuíram. 11. Notase também que, diferentemente do que afirma a impugnante, nem todos os negócios cancelados em 1996 seriam com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, já que a nota fiscal de fls. 279 foi emitida para a Universidade Estadual de Feira de Santana e a nota fiscal de fls. 277 para a empresa RMO Consultores Associados Ltda. Desta forma, observase que a autuada deduziu despesas com comissões que seriam pagas à empresa RMO Consultores Associados Ltda. originárias parcialmente de receitas que seriam recebidas da própria RMO, conforme cópia da nota fiscal cancelada de fl. 277. O que se observa é que a contribuinte tenta “compensar” a redução do lucro líquido em 1996, constatada pelo Fisco, com uma suposta majoração do lucro líquido no ano calendário seguinte. No entanto, tratase de negócios diferentes, com participantes e valores distintos e embasados em outros documentos fiscais. A redução do lucro em 1996 foi corretamente caracterizada pelo Fisco: se o contrato que daria causa ao pagamento das comissões foi cancelado, as despesas com as correspondentes comissões não mais são dedutíveis para fins tributários. A existência de um outro contrato no ano seguinte poderia justificar a apropriação, naquele outro ano, de despesas com comissões. Mas tratase de negócios distintos, não cabendo cogitar de inobservância do regime de competência, mas sim, com bem fez a fiscalização, da apropriação de despesas indedutíveis no anocalendário 1996. Diante do exposto, não faço reparos à decisão recorrida e nego provimento ao recurso voluntário, quanto a esta infração (003). Na sequência, devem ser analisados os argumentos da recorrente contrários à infração 002 do auto de infração – dedução indevida na apuração do lucro líquido, partida para cálculo do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de despesas com comissões no valor de R$ 452.405,20, por falta de comprovação da necessidade e efetiva prestação de serviços e falta de identificação da operação que deu origem a essas despesas, assim caracterizadas como pagamentos sem causa. Desde a impugnação, a interessada admitiu parte da exigência (afirma ter efetuado recolhimento no valor de R$ 41.235,34). Quanto à parte litigiosa, fez juntar aos autos os documentos de fls. 295/476, mediante os quais busca estabelecer vinculações entre contratos por ela firmados com seus clientes e as comissões glosadas pelo Fisco. Sustenta que as comissões por intermediação de negócios seriam necessárias a sua atividade, estariam comprovadas e seriam efetivamente devidas às empresas AngulusWare e Compnet. Em primeira instância, a autuação foi mantida, ao entendimento de que não teria restado comprovado o vínculo entre as despesas glosadas, supostamente comissões, e os negócios e contratos firmados pela interessada com seus clientes. Confirase o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido, ao analisar a documentação apresentada: Fl. 10DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 803 11 14. Quanto à última infração (pagamentos sem causa decorrentes de despesas com comissões injustificadas) a contribuinte afirma que os documentos juntados aos autos (fls. 295 a 299 e 302 a 473) comprovam os pagamentos, identificam seus beneficiários, bem como atestam a necessidade dos serviços prestados para a realização de suas atividades. Contudo, ao se examinar estes documentos, a conclusão é outra. 15. A impugnante afirma que as empresas AngulusWare e Compnet intermediaram a venda de serviços a outras empresas, o que não é compatível com a descrição contida nas notas fiscais de serviços emitidas por aquelas empresas (fls. 295 a 299 e 302 a 320), que discriminam os serviços como “processamento de dados em informática”. Neste contexto, os demais documentos apresentados (contratos de prestação de serviços com outras empresas, cheques nominais a pessoas físicas, comprovantes de despesas com hospedagens, refeições e táxis sem identificação dos beneficiários, registro de empregados, contas telefônicas e passagens aéreas, extratos e demonstrativos) não são hábeis para afastar a autuação, já que não está demonstrada materialmente o vínculo e a pertinência das alegadas despesas com comissões com a celebração dos contratos relativos aos serviços prestados pela autuada. 16. Cabe observar ainda que as notas fiscais de fls. 295 a 299 e 302 a 320 já haviam sido apresentadas pela fiscalizada à autoridade lançadora, que afirmou, no termo de constatações de fls. 114, que os pagamentos à Compnet foram apropriados mês a mês, apesar de as notas fiscais da Compnet terem data de emissão somente de novembro e dezembro de 1996, conforme comprovam as cópias de fls. 309 a 320. A impugnante não contesta esta afirmação da fiscalização. 17. A alegação da impugnante de que o lançamento se mostra inconsistente já que glosou o pagamento dos serviços ao mesmo tempo que aceitou o reembolso das despesas aos mesmos prestadores de serviços também não é hábil para invalidar a autuação, já que não se encontra no presente processo homologação expressa das demais despesas deduzidas para a apuração do lucro tributável. Nem se pode falar em homologação tácita de outras despesas deduzidas indevidamente, já que o termo de encerramento da ação fiscal (fl. 125) diz claramente que a verificação das obrigações tributárias foi por amostragem. O fato de a fiscalização não descobrir todas as infrações eventualmente cometidas pela contribuinte, não torna as infrações descobertas inválidas. O que importa é que as irregularidades cometidas estejam fática e legalmente fundamentadas, que é a situação do presente caso. Não faço reparos ao decidido em primeira instância. As despesas glosadas são representadas pelas notas fiscais emitidas em favor da interessada pelas empresas: (i) AngulusWare Processamento de Dados S/C Ltda. – ME (fls. 295/308); e (ii) Compnet Comércio e Consultoria de Informática Ltda. (fls. 309/320). Em ambos os casos, os serviços supostamente prestados são discriminados como “proc. dados em informática”, o que, a princípio, é bastante diferente das alegadas comissões por intermediações de negócios. Além do fato de não haver qualquer referência a nomes de clientes, contratos ou faturas, chama também a atenção a emissão dos documentos fiscais de forma sequencial e mensal, regularmente. Na sequência, os documentos a partir da fl. 324 consistem em: (i) Cópias de contratos firmados pela interessada com diversos de seus clientes, bem assim notas fiscais emitidas por serviços a eles prestados. De plano, os contratos Fl. 11DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 804 12 e notas fiscais datados de 1997 e até mesmo 1999 devem ser descartados como hábeis a justificar alguma comissão devida no ano anterior, 1996. Tal é a situação de Telesp (fls. 324 e segs.), Caixa Econômica Federal (fls. 356 e segs), Credicard S/A Administradora de Cartões de Crédito (fls. 386 e segs.), Transportadora Itapemirim S/A (fls. 426 e segs.), Verdados S. A. Tecnologia da Informação (fls. 447 e segs.). Por outro lado, alguns contratos e documentos são datados de 1996. Nessa situação se encontram The First National Bank of Boston (fls. 366 e segs.), Companhia Siderúrgica de Tubarão S/A (fls. 432 e segs.) e Banco Sudameris Brasil S/A (fls. 471 e segs.). (ii) Entremeados aos contratos e notas fiscais referidos no item anterior, há também cópias de documentos diversos (notas fiscais/recibos de taxi, restaurantes, contas telefônicas, hotéis etc), supostamente representativos de gastos incorridos pelo Sr. Dalton Gobato e pelo Sr. Valsoir Tronchini Junior. na prestação de serviços à interessada, atuando, respectivamente, pela Compnet e pela AngulusWare, gastos esses que teriam sido devidamente reembolsados diretamente às pessoas físicas em questão. De seu exame minucioso, não consigo chegar a conclusão diversa daquela manifestada pela Turma Julgadora em primeira instância. As vinculações apontadas pelo contribuinte entre as comissões e os contratos são inconsistentes. Os valores das supostas comissões não guardam qualquer relação de proporcionalidade com os negócios que lhes dariam causa, como seria de se esperar. As comissões foram contabilizadas durante o ano de 1996, quando teriam ocorrido “visitas” aos clientes, mas as notas fiscais descrevem “processamento de dados em informática”. Por outro lado, a maioria dos contratos apontados são de 1997, vários meses ou até um ano após as “visitas”. Há um contrato de 1999. Não se pode admitir como usual ou habitual o pagamento de comissão antes de firmado o contrato. E mesmo naqueles poucos contratos datados de 1996, não encontro elementos que permitam vincular a atividade da empresa supostamente intermediária ao fechamento do negócio entre a interessada e seu cliente. Por todo o exposto, também no que tange a esta infração 002, é de se negar provimento ao recurso voluntário. Em conclusão, voto por rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, pelo provimento parcial do recurso voluntário interposto, para afastar as exigências correspondentes à infração 001 – Glosa de Custos. (assinado digitalmente) 23 de novembro de 2011 Waldir Veiga Rocha Fl. 12DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 13808.001085/0019 Acórdão n.º 130100.748 S1C3T1 Fl. 805 13 Fl. 13DF CARF MF Impresso em 25/01/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 12/12/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 18108.002286/2007-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004
PAGAMENTOS A PRESTADORES DE SERVIÇO PESSOAS FÍSICAS SEM VÍNCULO DE EMPREGO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Incidem contribuições previdenciárias sobre pagamentos que a empresa contabilizou como retribuição a pessoa física sem vínculo de emprego, os quais a mesma não demonstrou tratar-se de desembolsos a pessoas jurídicas.
CONSTATAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO.
CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS.
Havendo a constatação de que determinados trabalhadores atuaram
habitualmente na execução de serviços para a empresa, com subordinação e mediante o pagamento de remuneração, abre-se
ao Fisco a possibilidade de enquadrá-los como segurados empregados.
PAGAMENTOS A SÓCIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO DESEMBOLSO. APURAÇÃO COMO PRÓLABORE.
Não tendo a empresa demonstrado a origem de registros contábeis de pagamentos aos sócios, tais desembolsos devem ser considerados prólabore, sobre os quais há incidência de contribuições previdenciárias.
PRIMARIEDADE. POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA EXIGÊNCIA FISCAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não há, nem houve, na legislação previdenciária previsão no sentido de reduzir o valor das imposições para exigência da obrigação principal para os contribuintes que ostentassem a condição de primariedade no cometimento de infrações às norma de regência.
CONSTATAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDAS.
NECESSIDADE DE DUPLA VISITA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA
Verificada a existência de contribuição não adimplidas, a Auditoria Fiscal tem o dever de constituir o crédito mediante o lançamento, não exigindo a legislação que a lavratura seja precedida de visita fiscal.
ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004
AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
A Auditoria Fiscal detém competência para efetuar a interpretação da legislação previdenciária e, se cabível, para constituir o crédito tributário.
AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA PARA ANALISAR LANÇAMENTOS CONTÁBEIS.
O Fisco é detentor de competência para analisar a escrita contábil dos sujeitos
passivos, independentemente de habilitação como contabilista.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004
PRAZO DECADENCIAL EXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO OU IMPOSSIBILIDADE DE SE VERIFICAR ESSE FATO.
APLICAÇÃO DO § 4. DO ART. 150 DO CTN.
Constatando-se antecipação de recolhimento ou quando, com base nos autos, não há como a se concluir sobre essa questão, deve-se
aferir o prazo decadencial pela regra constante do § 4. do art. 150 do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-002.135
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, I) por maioria de votos, declarar a decadência até a competência 11/2002. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que votou por não declarar decadência. II) Por unanimidade de votos: a) rejeitar as
preliminares suscitadas; e b) no mérito, negar provimento ao recurso.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 PAGAMENTOS A PRESTADORES DE SERVIÇO PESSOAS FÍSICAS SEM VÍNCULO DE EMPREGO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Incidem contribuições previdenciárias sobre pagamentos que a empresa contabilizou como retribuição a pessoa física sem vínculo de emprego, os quais a mesma não demonstrou tratar-se de desembolsos a pessoas jurídicas. CONSTATAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. Havendo a constatação de que determinados trabalhadores atuaram habitualmente na execução de serviços para a empresa, com subordinação e mediante o pagamento de remuneração, abre-se ao Fisco a possibilidade de enquadrá-los como segurados empregados. PAGAMENTOS A SÓCIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO DESEMBOLSO. APURAÇÃO COMO PRÓLABORE. Não tendo a empresa demonstrado a origem de registros contábeis de pagamentos aos sócios, tais desembolsos devem ser considerados prólabore, sobre os quais há incidência de contribuições previdenciárias. PRIMARIEDADE. POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA EXIGÊNCIA FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. Não há, nem houve, na legislação previdenciária previsão no sentido de reduzir o valor das imposições para exigência da obrigação principal para os contribuintes que ostentassem a condição de primariedade no cometimento de infrações às norma de regência. CONSTATAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDAS. NECESSIDADE DE DUPLA VISITA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA Verificada a existência de contribuição não adimplidas, a Auditoria Fiscal tem o dever de constituir o crédito mediante o lançamento, não exigindo a legislação que a lavratura seja precedida de visita fiscal. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. A Auditoria Fiscal detém competência para efetuar a interpretação da legislação previdenciária e, se cabível, para constituir o crédito tributário. AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA PARA ANALISAR LANÇAMENTOS CONTÁBEIS. O Fisco é detentor de competência para analisar a escrita contábil dos sujeitos passivos, independentemente de habilitação como contabilista. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 PRAZO DECADENCIAL EXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO OU IMPOSSIBILIDADE DE SE VERIFICAR ESSE FATO. APLICAÇÃO DO § 4. DO ART. 150 DO CTN. Constatando-se antecipação de recolhimento ou quando, com base nos autos, não há como a se concluir sobre essa questão, deve-se aferir o prazo decadencial pela regra constante do § 4. do art. 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte
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INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Incidem contribuições previdenciárias sobre pagamentos que a empresa contabilizou como retribuição a pessoa física sem vínculo de emprego, os quais a mesma não demonstrou tratarse de desembolsos a pessoas jurídicas. CONSTATAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. Havendo a constatação de que determinados trabalhadores atuaram habitualmente na execução de serviços para a empresa, com subordinação e mediante o pagamento de remuneração, abrese ao Fisco a possibilidade de enquadrálos como segurados empregados. PAGAMENTOS A SÓCIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO DESEMBOLSO. APURAÇÃO COMO PRÓLABORE. Não tendo a empresa demonstrado a origem de registros contábeis de pagamentos aos sócios, tais desembolsos devem ser considerados prólabore, sobre os quais há incidência de contribuições previdenciárias. PRIMARIEDADE. POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA EXIGÊNCIA FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. Não há, nem houve, na legislação previdenciária previsão no sentido de reduzir o valor das imposições para exigência da obrigação principal para os contribuintes que ostentassem a condição de primariedade no cometimento de infrações às norma de regência. CONSTATAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDAS. NECESSIDADE DE DUPLA VISITA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. Fl. 467DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Verificada a existência de contribuição não adimplidas, a Auditoria Fiscal tem o dever de constituir o crédito mediante o lançamento, não exigindo a legislação que a lavratura seja precedida de visita fiscal. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. A Auditoria Fiscal detém competência para efetuar a interpretação da legislação previdenciária e, se cabível, para constituir o crédito tributário. AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA PARA ANALISAR LANÇAMENTOS CONTÁBEIS. O Fisco é detentor de competência para analisar a escrita contábil dos sujeitos passivos, independentemente de habilitação como contabilista. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 PRAZO DECADENCIAL EXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO OU IMPOSSIBILIDADE DE SE VERIFICAR ESSE FATO. APLICAÇÃO DO § 4. DO ART. 150 DO CTN. Constatandose antecipação de recolhimento ou quando, com base nos autos, não há como a se concluir sobre essa questão, devese aferir o prazo decadencial pela regra constante do § 4. do art. 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) por maioria de votos, declarar a decadência até a competência 11/2002. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que votou por não declarar decadência. II) Por unanimidade de votos: a) rejeitar as preliminares suscitadas; e b) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Cleusa Vieira de Souza, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 468DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18108.002286/200718 Acórdão n.º 240102.135 S2C4T1 Fl. 455 3 Relatório Tratase da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD n.º 37.014.1288, na qual foram lançadas as contribuições dos segurados e as contribuições patronais para a Seguridade Social, inclusive aquela destinada ao custeio dos benefícios acidentários, e aquelas arrecadadas para outras entidades e fundos. O crédito, com data de consolidação em 30/11/2007, assumiu o montante de R$ 1.429.679,37 (um milhão, quatrocentos e vinte e nove mil, seiscentos e setenta e nove reais e trinta e sete centavos). De acordo com o Relatório Fiscal, os fatos geradores abarcados na NFLD dizem respeito ao pagamento de remunerações a: a) contribuintes individuais diversos; b) segurados empregados não registrados, contratados por empreiteiros pessoas físicas informalmente; c) aos sócios da empresa e; d) aos transportadores rodoviários autônomos. Informase ainda que tais valores foram extraídos da escrita contábil, apresentada em arquivos digitais, sendo que não houve a declaração dos mesmos na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP, tampouco registro em folhas de pagamento. Os referidos valores foram pormenorizados em tabelas acostadas. Cientificada do lançamento em 10/12/2007, a empresa apresentou impugnação, cujas razões não foram acatadas pelo órgão de primeira instância, que declarou procedente o lançamento. Irresignado, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário, no qual, em apertada síntese, alegou que: a) estão decadentes as competências até novembro de 2002; b) o Fisco não poderia autuar a empresa, sem que antes tivesse feito uma visita para orientála quanto às falhas porventura existentes. Assim, por ferir as disposições legais vigentes, o AI merece ser nulificado; c) o Auditor Fiscal atuou com abuso de poder, na medida em que não detém competência para desconsiderar lançamentos contábeis ou para configurar relação empregatícia, sendo que tais competências são privativas de profissional contabilista e da Justiça do Trabalho, respectivamente; Fl. 469DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 d) a apuração relativa aos contribuintes individuais é arbitrária, posto que considerou ali pagamentos a pessoas jurídicas, o que se pode ver da análise dos valores apurados na competência 02/2003; e) o Fisco sequer requereu a apresentação dos documentos relativos aos lançamentos contábeis considerados na apuração; f) a maioria dos valores apontados pela Auditoria dizem respeito à pagamentos por fornecimento de produtos com instalação, conforme comprova mediante os documentos acostados; g) mesmo que se considere a incidência de contribuições sobre tais valores, deve ser abatida da base tributável a parcela relativa aos materiais fornecidos; h) inexistiu a relação de emprego apontada pelo Fisco; i) os valores tomados como prólabore, na verdade, referemse à distribuição de lucros aos sócios da empresa. j) por ser primária, deve ter a imposição reduzida a 50% do valor lançado. Ao final, pede a decretação de nulidade ou insubsistência do lançamento ou, alternativamente, a redução da exigência à metade. É o relatório. Fl. 470DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18108.002286/200718 Acórdão n.º 240102.135 S2C4T1 Fl. 456 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Decadência Vamos à decadência do direito de lançar as contribuições em questão. Na data da lavratura, o Fisco Previdenciário aplicava, para fins de aferição da decadência do direito de constituir o crédito, as disposições contidas no art. 45 da Lei n.º 8.212/1991, todavia, tal dispositivo foi declarado inconstitucional com a aprovação da Súmula Vinculante n.º 08, de 12/06/2008 (DJ 20/06/2008), que carrega a seguinte redação: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do decreto lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. É cediço que essas súmulas são de observância obrigatória, inclusive para a Administração Pública, conforme se deflui do comando constitucional abaixo: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (...) Então, uma vez afastada pela Corte Maior a aplicação do prazo de dez anos previsto na Lei n.º 8.212/1991, aplicase às contribuições a decadência qüinqüenal do Código Tributário Nacional – CTN. Para a contagem do lapso de tempo, a jurisprudência vem lançando mão do art. 150, § 4.º, para os casos em que há antecipação do pagamento (mesmo que parcial) e do art. 173, I, para as situações em que não ocorreu pagamento antecipado. É o que se observa da ementa abaixo reproduzida (EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL nº 674497/PR, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques, julgamento em 05/11/2009, DJ de 13/11/2009): PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA CONSUMADA. MATÉRIA SUBMETIDA AO REGIME DO ART. 543C DO CPC Fl. 471DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 (RECURSOS REPETITIVOS).OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. CARÁTER PROTELATÓRIO. MULTA. 1. O aresto embargado foi absolutamente claro e inequívoco ao consignar que "em se tratando de constituição do crédito tributário, em que não houve o recolhimento do tributo, como o caso dos autos, o fisco dispõe de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Somente nos casos de tributo sujeito a lançamento por homologação, em que o pagamento foi feito antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN)". 2. Devem ser repelidos os embargos declaratórios manejados com o nítido propósito de rediscutir matéria já decidida. 3. Embargos de declaração rejeitados com aplicação de multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa atualizado. No caso vertente, a ciência do lançamento deuse em 10/12/2007 e o período do crédito é de 01/2002 a 12/2004. Verificase do Relatório de Documentos Apresentados, fls. 16/49 a existência de recolhimentos para o estabelecimento no qual foram lançadas as contribuições, mormente para as competências de 01 a 11/2002. Por esse motivo, adotar o comando previsto no art. 150, § 4.º, do CTN. Diante desse cenário, devem ser excluídas do crédito em razão da decadência o período de 01 a 11/2002. Da necessidade de dupla visita Como preliminar de mérito a empresa argüiu a nulidade da lavratura em razão de inobservância do critério legal da dupla visita, segundo o qual o Fisco não lhe poderia penalizar logo em um primeiro momento, devendo inicialmente ter uma atuação educativa e não punitiva. Essa tese recursal encontrase divorciada das normas de regência. Uma vez constatado pelos Agentes Fiscais a falta de recolhimento das contribuições, surge para os mesmos o poderdever de constituir o crédito correspondente, sob pena de responsabilização funcional. Eis disposição da Lei n.º 8.212/1991 sobre a questão: Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento.(redação original) Vejase que o requisito para a lavratura fiscal é unicamente a constatação da falta de recolhimento, não existindo, como afirma a recorrente, qualquer menção à necessidade de dupla visita para que o Fisco possa constituir o crédito tributário. Fl. 472DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18108.002286/200718 Acórdão n.º 240102.135 S2C4T1 Fl. 457 7 Da incompetência do Auditor Fiscal Outra preliminar que não merece sucesso, diz respeito ao suposto abuso de poder cometido pela Auditoria, que supostamente teria invadido a competência do Judiciário ao caracterizar relação empregatícia. Equivocase a recorrente. A Auditoria Fiscal, tendo inegavelmente a atribuição de aplicar a legislação previdenciária, é competente para, diante do caso concreto, interpretar se determinada relação jurídica revestese das características do liame de emprego Essa autorização é dada pelo Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/1999, que no § 2.º do art. 229 dispõe: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) Por outro lado, a constituição do crédito tributário sobre as parcelas em questão é autorizada ao Fisco, conforme dispõe a Lei n.º 11.457/2007: “Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (...) Pois que, diante do surgimento da obrigação tributária, fato sobre o qual nos debruçaremos ao tratar do mérito da contenda, tem a Auditoria Fiscal autorização legal para constituir o crédito tributário, não se verificando na espécie qualquer indício de abuso de poder, o qual é caracterizado pelo desrespeito do agente público às barreiras legais de fixação de competência. No que diz respeito à competência da Auditoria Fiscal para avaliar os lançamentos contábeis, é matéria já pacificada por esse Tribunal Administrativo, sendo inclusive objeto da seguinte súmula: Súmula CARF nº 8: O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Fl. 473DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 Nesse sentido, tendo autorização para verificar os lançamentos contábeis, o Fisco também tem o poder para identificar nos mesmos a ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias e lançar o crédito tributário correspondente, sendo descabida a alegação da recorrente quanto a essa questão. Pagamentos a contribuintes individuais Alega a recorrente que os pagamentos que o Fisco entendeu terem sido feitos a contribuintes individuais dizem respeito a quitação faturas de pessoas jurídicas pela venda de materiais e prestação de serviços. Vejamos o que expôs a Auditoria sobre esse tema. Afirmase que a grande parte dos lançamento considerados pagamentos a contribuintes individuais foram lançados na conta contábil SERVIÇOS PRESTADOS PESSOA FÍSICA, além de que os lançamentos cujos históricos foram registrados como “Marcenaria Ferreira” referemse a pagamentos ao contribuinte individual Luís Ferreira Veras. Analisando a Tabela A, a qual contempla as remunerações a contribuintes individuais, isso para o período não decadente (a partir de 12/2002), pude observar que os históricos indicam se tratarem efetivamente de pagamentos a pessoas físicas como indicam as expressões “MÃO DE OBRA DE AUTÔNOMOS”, “MARCENARIA FERREIRA”, “SERVIÇOS PRESTADOS PF”, “HONORÁRIOS”, etc. Verifico ainda que os documentos colacionados na impugnação, todos do período considerado decadente e alguns até de competência não incluídas no lançamento, não correspondem aos registros contábeis apontados pelo Fisco. Nesse sentido, as provas acostadas não são hábeis a afastar a exigência fiscal. Pude constatar ainda mediante análise dos Termos de Intimação para Apresentação de Documentos lavrados na ação fiscal, que o Fisco solicitou sim os documentos relativos a serviços prestados por pessoas físicas e subempreiteiras. Nesse sentido, também descabe o argumento de que a Auditoria não houvera se aprofundado na busca da verdade material. Por outro lado, também não merece acolhida a alegação de que devessem ser excluídos da base de cálculo os valores relativos a materiais fornecidos pelos prestadores de serviço, uma vez que a recorrente não conseguiu demonstrar que houve a efetiva utilização de materiais na execução dos serviços. Da caracterização de segurados como empregados Alega a recorrente que a Auditoria não se desincumbiu do ônus de demonstrar a ocorrência de vínculo de emprego entre a empresa e os segurados que foram caracterizados como empregados no presente lançamento. Começo por transcrever excerto do Relatório Fiscal que trata dessa questão: 23.2. Os obreiros relacionados abaixo prestaram serviços à empresa por vários meses consecutivos, configurando não eventualidade na prestação laboral. Além disso, executaram serviços de construção civil, de pedreiro, servente, ajudante, encanador, eletricista e pintor, com evidente subordinação ao sujeito passivo, uma vez que a execução de seus serviços era dirigida e controlada pelos engenheiros e funcionários da Fl. 474DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18108.002286/200718 Acórdão n.º 240102.135 S2C4T1 Fl. 458 9 empresa autuada, sendo que, perante os estabelecimentos bancários que contratavam os serviços da autuada, quem era o responsável técnico e cível pelas reformas contratadas era a autuada, e portanto os operários por ela utilizados de maneira informal, como os listados na Tabela B, não trabalhavam por sua própria conta e risco, não podendo ser enquadrados como contribuintes individuais. E continua o Fisco: 23.4. Ao tentar elaborar as folhas de pagamento aditivas dos segurados cujas remunerações haviam sido omitidas de GFIP e de folhas de pagamento originalmente apresentadas Fiscalização, o sujeito passivo admitiu que pelo menos cinco dos segurados enquadrados como empregados pela Fiscalização assim o eram: Admilson Campos Miquiles, Francisco Alves Cabral, José Severino da Silva, Juarez da Silva Viana e Sidinei Dias Viana, pois nos resumos das folhas de pagamento aditivas apresentadas a Fiscalização, algumas das quais juntamos em anexo, na forma de uma pequena amostra, ao calcular a contribuição devida pela empresa, considerou a GIILRAT e a contribuição para Terceiros, que incidem apenas sobre remuneração paga, devida ou creditada a empregados. A empresa por sua vez limitouse a alegar que o Fisco deixou de demonstrar a ocorrência do liame de emprego, sem, contudo apresentar qualquer elemento de prova que pudesse afastar as afirmações contidas no Relatório Fiscal e na Tabela B, onde são apresentadas as contas contábeis de onde foram extraídas as remunerações e os beneficiários dos pagamentos. Diante do conjunto probatório constante dos autos e até do fato da empresa haver tentado elaborar folhas de pagamento aditivas para incluir os segurados empregados apontados pelo Fisco, tenho que afastar a tese da empresa, quanto à falta de demonstração pela Auditoria da existência de vínculo empregatício na espécie. Do pagamento de prólabore Também advoga a recorrente que os valores lançados como prólabore são, na verdade, distribuição de lucros aos sócios. O Fisco afirmou que não se trata de distribuição de lucros, posto que os valores repassados aos sócios a esse título eram lançados a débito das contas 24200500001 Giuseppe Bruno Filho 50% e 24200500002 Antonio Carlos Martins David 50%, o que não ocorre nos lançamentos relacionados na Tabela D. A Auditoria assevera que a empresa não conseguiu comprovar a origem das despesas localizadas na contabilidade como pagamento aos sócios e que, por esse motivo, tais valores foram considerados remuneração auferida pelos sócios a título de prólabore, sobre os quais há incidência de contribuições. Observese ainda que, para delimitação da base de cálculo, das quantias apuradas na contabilidade foram abatidos os valores declarados em GFIP a título de prólabore. Fl. 475DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 Diante das evidências constantes dos autos, tenho que devo dar razão à DRJ, quando considerou procedente as contribuições decorrentes dos pagamentos de prólabore não declarados em GFIP. Da redução da exigência Também não devo acolher a pretensão da empresa para se reduza a exigência, pelo fato da mesma ser primária no cometimento de infrações à legislação previdenciária. Inexiste previsão legal para atendêla. Inexiste previsão legal para redução do valor das contribuições lançadas, nem também dos acréscimos legais. Havia a possibilidade de atenuação ou relevação das multas aplicadas por descumprimento de obrigações acessórias, desde que, dentre outras exigências, o sujeito passivo ostentasse a condição de primariedade e efetuasse a correção da falta, todavia, tal previsão legal não era extensiva aos lançamentos para exigência da obrigação principal. Assim, impossível juridicamente atender a esse pedido. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso, por afastar as preliminares suscitas, por reconhecer a decadência para o período de 01 a 11/2002 e, no mérito, pelo seu desprovimento. Kleber Ferreira de Araújo Fl. 476DF CARF MF Emitido em 29/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 08/12 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/12/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 13709.000841/2001-81
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário: 2000
Ementa: PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. SALDO NEGATIVO DE
IRPJ. COMPENSAÇÃO. Constatado mediante diligência fiscal que o
contribuinte preencheu a DIPJ/2001 (Ficha 12 A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real), de maneira equivocada, mas, comprovado o IRPJ pago a maior em 31/12/2000 é de ser reconhecido o direito creditório existente. Por outro lado, verificado que o mesmo crédito já fora utilizado para outras compensações, resta incabível a compensação dos débitos de que
tratam os presentes autos sob pena de duplicidade de aproveitamento de crédito.
Numero da decisão: 1802-001.044
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO. Constatado mediante diligência fiscal que o contribuinte preencheu a DIPJ/2001 (Ficha 12 A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real), de maneira equivocada, mas, comprovado o IRPJ pago a maior em 31/12/2000 é de ser reconhecido o direito creditório existente. Por outro lado, verificado que o mesmo crédito já fora utilizado para outras compensações, resta incabível a compensação dos débitos de que tratam os presentes autos sob pena de duplicidade de aproveitamento de crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José De Oliveira Ferraz Corrêa, Marciel Eder Costa, Nelso Kichel, Marco Antonio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Relatório Por economia processual e bem resumir os fatos adoto o Relatório da decisão recorrida (fls.99/101)que a seguir transcrevo: Fl. 681DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Originouse o presente processo do pedido de restituição de fls 01, no valor de R$ 762.333,22 protocolizado em 07/05/2001. Posteriormente foram ainda apresentados pedidos de compensação nos quais a interessada discrimina os débitos que pretende extinguir com os créditos que alega possuir. Os referidos débitos são : 1) os constantes do pedido de compensação de fls 02, protocolado em 07/05/2001; 2) os originários do processo de n° 13709001412/200121, que tem como objeto pedido de compensação protocolizado em 14/08/2001 (fls 02); 3) os originários do processo de n° 13709001076/200116, que tem como objeto pedido de compensação datado de 21/06/01 (fls 02); Os pedidos de compensação formulados converteramse em declaração de compensação por força do art 49 § 4° da Lei 10.637/2002. Registro ainda que, conforme pesquisa de fls 23, os débitos originários dos processos 13709001412/200121 e 13709001076/200116 ainda não foram transferidos para o presente. Através do Despacho Decisório de fls. 19/21, emitido pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária no Rio de Janeiro — Derat, do qual a interessada obteve ciência em 05/10/2005 (fls 23 verso), foi negada a compensação pleiteada. A motivação do indeferimento foi : 1) os créditos que a interessada pretende aproveitar referemse a IRRF sobre rendimentos de aplicações financeiras diversas realizadas em 2000; 2) tais valores constituem antecipação do saldo do IR apurado ao fim do período base e, como tal, não são passíveis de restituição ou compensação; 3) somente constitui direito creditório o saldo do IRRF enquanto parte integrante do eventual saldo negativo do IRPJ, quando, então, perderá a natureza de antecipação e passará a constituir IRPJ pago a maior; 4) no presente caso, não foi comprovada a existência de saldo do imposto a restituir, tendo em vista que a dedução do IRRF, nos termos do art. 231, inciso III do RIR/1999, não resultou em saldo negativo do IRPJ para o período em análise. Em 31/10/2005 a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls 24/30 na qual contesta o indeferimento de seu pedido. Alega a seu favor que : 1) o direito creditório foi indeferido tão somente com base no fato de não haver sido indicado saldo negativo de IRPJ na DIPJ do ano de 2000; Fl. 682DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13709.000841/200181 Acórdão n.º 1802001.044 S1TE02 Fl. 682 3 2) As DIPJs dos anos de 1999 e 2000 foram objeto de retificação em suas Fichas 13 —A e 12 — A, que originalmente apresentavam incorreções no seu preenchimento; 3) Com a retificação, os saldos negativos ficaram claramente demonstrados. Requer ainda a interessada que seja retificado o extrato do sistema profisc (fls 23) de forma que dele passem a constar os períodos de apuração de janeiro a junho de 2001 , indevidamente registrados como janeiro a junho de 2000. A 8a. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/Rio de Janeiro I) negou provimento à manifestação de inconformidade em decisão proferida no venerando Acórdão nº 9905, de 16/03/2006 (fls.99/105), assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2000 Ementa: É do sujeito passivo o ônus de demonstrar a liquidez e certeza do direito creditório que pleiteia. A empresa interessada foi cientificada da decisão proferida no Acórdão acima mencionado, em 02/08/2006, conforme extrato Aviso de Recebimento AR, e, interpôs recurso ao Conselho de Contribuintes em 28/08/2006, fls.114/127, no qual afirma que pleiteou o reconhecimento do direito creditório no valor original total de R$ 762.333,22 (setecentos e sessenta e dois mil, trezentos e trinta e três reais e vinte e dois centavos), para compensação com débitos de sua titularidade. Aduz que o mencionado crédito é proveniente do IRRF incidente sobre aplicações financeiras efetuadas no anocalendário de 2000. Sobre a existência do crédito decorrente do IRRF, ainda que tenha apurado o 1RPJ sem computar tal dedução, discorre às fls.117/125. A recorrente informa que nesta oportunidade está anexando mapa onde demonstra mês a mês, com base na DIPJ e na escrituração, a composição do IRRF do exercício de 2001, demonstrando, no final, a existência do saldo negativo de R$ 1.085.688,86, isto porque as antecipações e/ou estimativas de janeiro a novembro de 2000 totalizaram a quantia de R$ 1.166.631,60, enquanto que o imposto devido no mesmo ano (dezembro balanço de suspensão) importou em R$ 80.942,74, valor este que subtraído das antecipações e/ou estimativas resultou no saldo negativo acima mencionado. A recorrente afirma que a quantia pleiteada na compensação, da ordem de R$ 762.333,22, corresponde ao valor remanescente do saldo negativo, na data do pedido de compensação, uma vez que já havia utilizado parcialmente aquele saldo, ou seja, a quantia de R$ 323.355,64, mediante compensações com tributos da mesma natureza (IR x IR), procedimento este que não exigia pedido de compensação, eis que se processava via DCTF, enquanto que ao pleitear a compensação com débitos de tributos de natureza diversa teve que, obrigatoriamente, formalizar o pedido de compensação de que cuidam os presentes autos. Fl. 683DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Finalmente requer, que seja acolhido e provido o presente RECURSO, para o fim de ser reconhecido seu direito creditório e, em conseqüência, homologadas as compensações declaradas. Diante dos elementos constantes nos autos, a Oitava Câmara, do então 1º Conselho de Contribuintes, na Sessão de 19/09/2008, converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 10800.494 (fls. 212/221), nos termos do voto do Relator, para: (...) 1) conferir a autenticidade das cópias das fichas das DIPJ's presentes nos autos e, à vista dos originais da escrituração contábil da contribuinte, conferir a autenticidade das cópias das fichas do livro Razão, fls. 169 a 203 dos autos; 2) à vista dos demais documentos presentes nos autos, especialmente das informações constantes da(o)s: 2.1 fichas das DIPJ's, fls. 63/64, 78 a 85, 89 a 98, 135 a 140, 152 a 153, e 165 a 168; 2.2 DCTF's, fls. 40 a 55; 2.3 DIRF de fls. 15; 2.4 dos informes de rendimentos de aplicações financeiras, fls. 08/09, 66 a 75, e 155 a 164; 2.4 planilhas elaboradas pela contribuinte, fls. 07, 76, 150 e 151 e; 2.5 das cópias de folhas do livro Razão, fls. 169 a 203. Verificar se o valor de R$ 6.882.351,99, informado na linha 24, da ficha 06A — "outras receitas financeiras", inclui as receitas financeiras no valor de R$ 3.809.539,68, sobre as quais teria incidido o IRRF correspondente ao direito creditório pleiteado e se estão devidamente contabilizadas tanto as receitas quanto o correspondente IRRF; 3) a partir dos documentos e informações citadas no item anterior elaborar demonstrativo evidenciando o IRPJ devido correspondente ao exercício financeiro de 2001, anocalendário de 2000; o 1RRF aproveitado em compensações e eventual saldo negativo de 1RPJ, passível de compensação; 4) elaborar relatório de diligência circunstanciado das verificações efetuadas e dele dar ciência à contribuinte para se manifestar a respeito, no prazo de 30 (trinta) dias, querendo. Após cumprida a diligência retornar os autos a este Colegiado para prosseguimento. (...) O resultado da diligência consta do Relatório juntado aos autos (fls. 375/376), do qual se transcreve o seguinte: Fl. 684DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13709.000841/200181 Acórdão n.º 1802001.044 S1TE02 Fl. 683 5 Através de Diligência iniciada em 09/02/2009, foi constatado que no AnoCalendário 2000, o contribuinte apropriou na Ficha 06A, no item 24 "Receitas Financeiras", o valor de R$ 6.882.351,99, sendo que nesse valor está incluída a quantia de R$ 4.992.806,11 a qual referese a Receita Financeira apropriada pelo Regime de Competência no ano de 2000, referente às aplicações financeiras efetuadas no Banco Guanabara. A fiscalização informa que o valor de R$ 3.809.539,61 constante na D1RF do Banco Guanabara referese ao rendimento das aplicações financeiras que foram resgatadas no ano de 2000, e o valor de R$ 4.992.806,11 referese ao rendimento das aplicações financeiras pelo Regime de Competência. Esta auditora ressalta que na DIPJ 2001 / AC2000 o contribuinte preencheu a Ficha 12 A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, de maneira equivocada. Entretanto, tal fato não alterou o Saldo Negativo, conforme abaixo: Item Contribuinte Fiscalização IMPOSTO SOBRE 0 LUCRO REAL 01 —À alíquota de 15% 64.513,98 64.513,98 03 — Adicional 19.009,32 19.009,32 DEDUÇÕES 05 ( ) Programa de Alimentação do Trabalhador 2.580,56 2.580,56 13()Imposto de Renda Retido na Fonte 156.037,04 1.022.741,66 16() Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa 1.010.594,56 143.889,94 18 IMPOSTO DE RENDA A PAGAR 1.085.688,86 1.085.688,86 (Grifei) Observações: 1 0 contribuinte alocou indevidamente no item 16 "Imposto de Renda Mensal pago por Estimativa", o valor do IRRF, o qual deveria ser alocado no item 13. 2 0 contribuinte alocou indevidamente no item 13 "Imposto de Renda Retido na Fonte", o valor da Base Negativa proveniente do AC1999, e que foi compensado no AC2000. Fl. 685DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 3 0 valor de R$ 143.889,94 alocado no item 16, na coluna Fiscalização, referese ao Saldo Negativo do AC1999, o qual foi compensado conforme abaixo: MÊS VALOR 01/2000 6.893,54 02/2000 136.996,40 0 contribuinte terá um prazo de 30 (trinta) dias para se manifestar a respeito do presente Relatório de Diligência (...) Intimado, o contribuinte declarou à fl.377 que concorda “com o relatório final apresentado pela fiscalização, sem restrições ou observações”. A Fiscalização juntou ainda relatório circunstanciado da diligência às fls.378/382, reproduzindo, essencialmente, os mesmos termos do relatório entregue ao contribuinte, e, propõe que o processo seja encaminhado à DERAT/RJO para atendimento do item 3 da resolução de diligência, no qual foi solicitado “informar o valor do IRRF aproveitado em compensações e eventual saldo negativo de IRPJ passível de compensação”. Após os despachos de fls.391/394, em razão de competência regimental conforme estrutura da Receita Federal do Brasil foi encaminhado o presente processo à Delegacia Especial de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro — Demac/RJO/Diort, que proferiu despacho às fls.617/620 no qual verifica se, após consideradas as compensações levadas a efeito pela interessada nas DCTF relativas ao ano de 2001, ainda havia saldo de crédito passível de compensação com outros débitos. Para tanto a Demac elaborou os demonstrativos juntados às fls. 579/599, procedendo ao cruzamento do montante do crédito de saldo negativo do IRPJ do ano de 2000 apurado pela diligência fiscal (relatórios de fls. 375/376 e 378/382) com os 114 débitos que a interessada declarou terem sido com ele compensados. Ao final concluiu que, mesmo considerado o crédito de saldo negativo do IRPJ do ano calendário de 2000 no valor de R$ 1.085.688,86 e seus devidos acréscimos legais, não foi suficiente sequer para extinção dos 114 débitos de IRRF e IRPJ que a interessada declarou nas DCTF dos 1º ao 4º trimestre de 2001 e que, portanto, inexiste saldo remanescente de crédito passível de compensação com os débitos objeto do presente processo e de seus apensos. Desse despacho foi cientificada a pessoa jurídica para sua manifestação, se do seu interesse. A pessoa jurídica apresentou novamente a mesma peça recursal às fls.623/636, já exibida às (fls.114/127), sem qualquer alusão ao despacho proferido pela Demac . É o relatório. Fl. 686DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13709.000841/200181 Acórdão n.º 1802001.044 S1TE02 Fl. 684 7 Voto Conselheira Relatora ESTER MARQUES LINS DE SOUSA O recurso voluntário apresentado é tempestivo. Dele conheço. Conforme relatado o presente processo trata do pedido de restituição no valor de R$ 762.333,22 indeferido mediante o despacho decisório (fls. 19/21) e, conseqüentemente, não homologadas as compensações efetivadas através dos pedidos de fls. 01/02 deste processo, fls. 01/02 do processo 13709.001076/200116 e fls. 01/02 do processo 13709.001412/200121. A interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls 24/30 na qual contesta o indeferimento de seu pedido e, a 8a. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/Rio de Janeiro I), (fls.99/105) negou provimento à manifestação de inconformidade pelos mesmos fundamentos do despacho decisório. Inconformada a pessoa jurídica interpôs recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF que converteu o julgamento em diligência, conforme Resolução (fls.211/221). A diligência solicitada pelo CARF foi levada a efeito pela então Delegacia da Receita Federal de Fiscalização no Rio de Janeiro — DEFIS/RJ, que fez juntar aos autos os documentos de fls. 223/374 e os relatórios de fls. 375/376 e 378/382, nos quais responde aos quesitos formulados por esse Conselho, e, atesta a existência de saldo negativo de IRPJ ao final do anocalendário de 2000 no valor original de R$ 1.085.688,86. Cientificado do resultado da diligência, o contribuinte declarou à fl.377 que concorda “com o relatório final apresentado pela fiscalização, sem restrições ou observações”. Com efeito, reconhecida pela autoridade administrativa a existência de saldo negativo de IRPJ ao final do anocalendário de 2000 no valor original de R$ 1.085.688,86, resta contido nesse valor o reconhecimento do direito creditório (fls. 375/376 e 378/382) do valor de R$ 762.333,22 pleiteado pelo contribuinte (pedido de restituição, fl.01) relativo ao anocalendário de 2000. A recorrente afirma que a quantia pleiteada na compensação, da ordem de R$ 762.333,22, corresponde ao valor remanescente do saldo negativo, na data do pedido de compensação, uma vez que o recorrente havia utilizado parcialmente aquele saldo, ou seja, a quantia de R$ 323.355,64, mediante compensações com tributos da mesma natureza (IR x IR), procedimento este que não exigia pedido de compensação, eis que se processava via DCTF, enquanto que ao pleitear a compensação com débitos de tributos de natureza diversa teve que, obrigatoriamente, formalizar o pedido de compensação de que cuidam os presentes autos. No que tange à apuração do saldo desse crédito passível de compensação, foram encaminhados os autos à Delegacia Especial de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro — Demac/RJO/Diort, para verificar se, após consideradas as compensações realizadas pela Fl. 687DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 interessada nas DCTF relativas ao ano de 2001, ainda havia saldo de crédito passível de compensação com outros débitos indicados no presente processo. Da análise, a Demac proferiu despacho às fls.617/620 e, concluiu o seguinte (fls.619/620): (...) verificamos que, mesmo considerados seus devidos acréscimos legais, o crédito de saldo negativo do IRPJ do anocalendário de 2000 não foi suficiente sequer para extinção daqueles 114 débitos de IRRF e IRPJ que a interessada declarou nas DCTF dos 1º ao 4º trimestre de 2001 e que, portanto, inexiste saldo remanescente de crédito passível de compensação com os débitos objeto do presente processo e de seus apensos. Por fim, cumpre esclarecer ainda que os débitos de IRPJ decorrente de lançamento de oficio (cód. 2917) e os débitos de PIS controlados pelo processo 13709.001075/200171, apesar de listados pela interessada na planilha de fls.464/465, foram na verdade objeto de Pedidos de Compensação apresentados nos autos do processo 13709.001127/0085, no qual foi analisado o direito a outros créditos, quais sejam, os saldos negativos do IRPJ dos anoscalendário de 1998 e 1999, já inclusive indeferidos e enviados para cobrança (vide docs. juntados as fls. 600/616); bem como que foi detectada a existência de cinco Declarações de Compensação DCOMP eletrônicas (DCOMP nºs 41170.80936.240206.1.3.040420, 41342.47866.240206.1.3.048706, 28677.37149.240206.1.3.04 3523, 09737.13668.240206.1.3.045490 e 07792.46213.240206.1.3.044347) nas quais a interessada buscava mais outras compensações com o mesmo crédito de saldo negativo de IRPJ do ano de 2000 e que estas compensações restaram consideradas como não declaradas através de Parecer Conclusivo no 007/2010 e respectivo Despacho Decisório, exarados por esta DEMAC/RJ nos autos do processo 16682.720014/201031, tendo sido os respectivos débitos também encaminhados para cobrança. Isto posto, e considerando ainda as determinações contidas na parte final da Resolução CARF 10800.494 (fls. 211/221), PROPONHO seja dada ciência à interessada do inteiro teor deste despacho e dos demonstrativos de fls. 579/599, ressalvando seu direito de, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência, manifestarse a respeito. Esgotado referido prazo, os presentes autos deverão ser remetidos à 8ª Câmara de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CARF. (Grifei) Como se vê das conclusões acima, apesar de reconhecido o saldo negativo do IRPJ no valor pleiteado R$ 762.333,22, o mesmo fora utilizado para compensar outros débitos, seja de IRRF ou IRPJ, não restando saldo de crédito para compensar com os débitos declarados nos pedidos de fls. 01/02 deste processo, relativos a PIS e Cofins; fls. 01/02 do processo 13709.001076/200116 e fls. 01/02 do processo 13709.001412/200121, relativos a autos de infração. Fl. 688DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13709.000841/200181 Acórdão n.º 1802001.044 S1TE02 Fl. 685 9 O Contribuinte não foi prejudicado e concordou com o resultado da diligência em que se reconheceu o direito creditório indicado pelo interessado. Por outro lado, apesar da oportunidade concedida para se manifestar, o interessado nada contestou quanto ao fato a ele imputado de já haver se utilizado desse mesmo crédito para compensar outros débitos fora dos pedidos de compensação de que tratam os presentes autos. Nessa ordem de idéia, e, não havendo manifestação contrária, é forçoso concluir que inexiste saldo remanescente de crédito passível de compensação com os débitos objeto do presente processo e de seus apensos(fls. 01/02 deste processo, relativos a PIS e Cofins; fls. 01/02 do processo 13709.001076/200116 e fls. 01/02 do processo 13709.001412/200121, relativos a autos de infração). Portanto, constatado mediante diligência fiscal que o contribuinte preencheu a DIPJ/2001 (Ficha 12 A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real), de maneira equivocada, mas, comprovado o IRPJ pago a maior em 31/12/2000 é de ser reconhecido o direito creditório existente. Por outro lado, verificado que o mesmo crédito já fora utilizado para outras compensações efetivadas pelo interessado, resta incabível a compensação dos débitos de que tratam os presentes autos sob pena de duplicidade de aproveitamento de crédito. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins De Sousa Fl. 689DF CARF MF Emitido em 06/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/ 12/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 35301.013568/2006-84
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO À DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO.
No presente caso há decisão judicial com trânsito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte.
As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.457
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
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DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO À DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. No presente caso há decisão judicial com trânsito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte. As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Recurso especial negado. Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (Presidente-Substituto), Gonçalo Bonet Allage (Vice-Presidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 205- 00.837, proferido pela antiga Quinta Câmara do 2° CC em 03/07/2008 (fls. 767/778), interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de contrariedade b. Camara Superior de Recursos Fiscais (fls. 783/800), nos termos do art. 7°, inciso I c/c art. 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007. O acórdão recorrido, por maioria de votos, anulou o auto de infração/lançamento. Segue abaixo sua ementa: DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ESTABELECIMENTO CENTRALIZADOR. Prevalece o direito à eleição do domicilio tributário que somente pode ser recusado nas hipóteses comprovadas de impossibilidade ou dificuldade de realização da ação fiscal no domicilio eleito. Processo Anulado." A recorrente afirma que o acórdão proferido merece ser reformado, pois contraria a legislação tributária de regência da matéria, precisamente, o art. 127, §2° do CTN; arts. 9°, §2°, 11, 59,60 e 61, todos do Decreto n°70.235/72; e, ainda, arts. 2°, ix e 22, da Lei n° 9.784/99. No seu entender contraria também a prova dos autos, no ponto em que interpreta equivocadamente a decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 2a Regido. Explica que não há fundamento juridico que respalde a decretação de nulidade do auto de infração sob a argumentação de que a autoridade fiscal não demonstrou os motivos que ensejaram a recusa do domicilio fiscal eleito pelo sujeito passivo, ou ainda, que a decisão final do TRF determina a anulação dos autos praticados pela fiscalização no domicilio escolhido para realização dos trabalhos fiscais. Entende que a decisão recorrida, ao anular o presente procedimento fiscal diante de decisão do TRF que declarou que o domicilio fiscal da pessoa jurídica era aquele constante da alteração do contrato social, partiu de premissa equivocada, pois atribuiu ao acórdão em comento um efeito constitutivo de anulação que ele não tem. Desse modo, violou o teor da decisão judicial, prova coligida nos autos. Em seguida, aduz que, se foram confirmadas as razões para a desconsideração do domicilio eleito pela contribuinte, ao anular a autuação a decisão atacada afronta o art. 127, §2° do CTN. Pondera que, à luz do regramento legal pertinente, não subsiste motivo para a anulação da autuação, afinal os procedimentos de fiscalização são válidos mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicilio tributário do sujeito passivo. In casu, o auto de infração foi lavrado por servidor competente, muito embora este não fosse lotado no suposto domicilio fiscal da contribuinte. Nesse contexto, o acórdão recorrido viola o art. 9°, §2° do PAF. Alega que, da leitura detida do auto de infração, bem como do Relatório Fiscal e demais termos que acompanham o procedimento fiscal, conclui-se que tudo está em plena conformidade com o que estabelece os arts. 10, 11, 59, 60 e 61 do Decreto n°70235/72 e a Lei n°8212/91. Processo n°35301.013568/2006-84 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.457 Fl. 2 Em sua opinião, a descrição pormenorizada dos fatos e dos fundamentos legais que sustentam a autuação estão precisamente explicitados nos termos do procedimento fiscal. Assim, todos os elementos essenciais ao ato praticado estão presentes, não restando evidenciada situação de prejuízo ao direito de defesa a ensejar a decretação de nulidade do processo. Sustenta que o contribuinte em momento algum demonstrou de forma concreta e efetiva o prejuízo advindo da desconsideração do domicilio tributário. Na verdade, teria demonstrado ter pleno conhecimento da origem da autuação, tanto que rebate de forma bem minuciosa o débito. Cita jurisprudência da CSRF segundo a qual, se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não somente preliminares, mas também razões de mérito, mostra-se incabível a declaração de nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa, devendo prevalecer os princípios da instrumentalidade e economia processual em lugar do rigor das formas. Ao final, requer seja dado provimento ao recurso. Nos termos da Informação e Decisão de fls. 802/808, negou-se seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. As fls. 812/817, a PGFN interpôs agravo em face da Decisão acima descrita. Nos termos do Despacho n° 2401-141/2009 (fls. 819/821), que reexaminou a admissibilidade do recurso interposto, deu-se seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. 0 contribuinte ofereceu contra-razões as fls. 828/859. Inicialmente afirma que, nos termos do art. 7°, §3° do Regimento Interno, o Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional não deve ser admitido, uma vez que o acórdão recorrido apreciou matéria preliminar de nulidade do lançamento, decidindo por anular a decisão de primeira instância, bem como todo o procedimento fiscal. Não deve ser admitido também porque as provas dos autos comprovam a nulidade de todo o procedimento fiscal, viciado desde sua origem. Entende que a legislação tributária estabelece que a recusa ao domicilio deve ser justificada, o que não ocorreu no presente caso. Ressalta que o domicilio da empresa, desde 1995, é sua sede em Rio das Flores. A declaração judicial citada pela recorrente, que confirma tal fato, produz reflexos em relação a uma fiscalização levada a efeito em local diverso do declarado. Explica que se a Fiscalização, embora ciente do local correio a fiscalizar, optou por efetivar o ato fiscal fora do domicilio da empresa e, se ela, empresa, não está obrigada a apresentá-los em local diverso do seu centralizador, não há corno se aplicar a aferição indireta. Eis o vicio da fiscalização, em sua opinião. Ressalta que não foi demonstrado qualquer empecilho para a ocorrência fiscal, tanto assim que outros órgãos Municipais, Estaduais e Federais procedem norm ente 3 ãs suas fiscalizações. A empresa apontou o equivoco dos fiscais e indicou o endereço correto para a diligência fiscal, informação desprezada pelo Fisco. Assim, não se justifica a recusa do domicilio fiscal da recorrida. Pondera que o cerceamento de defesa se deu pela ausência de acompanhamento da ação fiscal por técnico habilitado, com a prestação de informações e apresentação de documentos necessários h. conferência da regularidade fiscal da empresa. Ao final, requer que não seja admitido o Recurso Especial interposto pela Unido e, caso assim não entenda, que seja negado provimento ao mesmo, mantendo-se a decisão que anulou o lançamento em tela. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator Saliente-se que, não obstante o aludido recurso não encontrar previsão no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a Portaria Ministerial MF n°. 256, de 22 de junho de 2009, em suas disposições transitórias, prevê que os recursos com base no inciso I do art. 7° e do art. 9° do Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007, interpostos em face de acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior A. 10 de julho de 2009, serão processados de acordo com o rito previsto nos arts. 15 e 16 e nos arts. 43 e 44 daquele Regimento. Por seu turno o inciso I do art. 7° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007, fazia previsão de interposição de recurso especial na hipótese de contrariedade h. lei. 0 recurso é tempestivo e examinando-se o recurso especial apresentado verifica-se que ele demonstrou, fundamentadamente, em que a decisão recorrida seria contrária h. lei, no entendimento da Fazenda Nacional, consoante o disposto no inciso I do artigo 7° do Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais. Assim, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Para melhor elucidação da controvérsia, transcrevo trecho do relato contido no Acórdão da Apelação Cível n.° 2003.51.01.022430 -0 da Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 2a Regido, de relatoria do desembargador Sérgio Schwaitzer: Trata-se de recurso de apelação interposto por MI MONTREAL INORMÁTICA LTDA em ataque et sentença proferida pelo MM. Juizo da 19a Vara Federal desta Cidade, nos autos de ação sob procedimento ordinário movida pela ora Apelante em face do INSS. A espe;cie foi sumariada pelo ilustre sentenciante nos seguintes termos: "MI. MONTREAL INFORMÁTICA LTDA, qualificada na inicial, ajuiza a presente ação em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a declaração de Processo n°35301.013568/2006-84 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.457 Fl. 3 que o domicílio fiscal da autora é o local de sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares, n° 4 — Rio da Flores — RJ. Postula, ainda, seja determinado que seus requerimentos sejam recebidos e processados pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda, ao qual o Município de Rio das Flores está vinculado, e, ainda, que todos os atos administrativos praticados pelo réu sejam provenientes da referida Gerência Regional de Volta Redonda. Como causa de pedir, alega que tern sua sede fixada na Rua Capitão Soares, n° 4, no Município de Rio das Flores, conforme consta de seu Contrato Social, que foi devidamente registrado. Portanto, este é o seu domicilio fiscal, nos exatos termos do disposto no art. 127, do Código Tributário Nacional, e está ele submetido ri fiscalização pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda. Entretanto, o Réu insiste em fiscalizá-la na sua filial, situada na Rua São José, no 90, no Centro do Rio de Janeiro. Sustenta a ilegalidade da atuação do réu, que discricionariamente, elegeu filial para efetuar fiscalização impedindo-lhe de realizar seus atos administrativos na Gerência Regional de Volta Redonda, obstando, inclusive, o protocolo dos requerimentos de certidões. Dai o pedido. (..) Ademais, há de se salientar que transitou em julgado a seguinte decisão judicial: "dou provimento ao recurso para, reformando a sentença, julgar procedente o pedido e declarar como domicilio tributário da Autora a sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares n° 04, Centro, Município de Rio das Flores — RJ.", assim ementada: "ADMINISTRATIVO — ALTERAÇÃO DE SEDE - DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO — RECUSA PELA ADMINISTRAÇÃO - ART. 127, § 2° , DO C7'N. I — Da leitura do capuz' do artigo 127 do C7N verifica-se que, a principio, a eleição de domicilio tributário ó prerrogativa do contribuinte. Se o mesmo não o elege, passa a Administração a avaliar as alternativas legais para sua definição, enumeradas nos incisos do referido artigo. Nesta situação, em se tratando de pessoa jurídica de direito privado, tem-se como domicílio. tributário, ex vi do inciso II, o local de sua sede. II — A autonomia que a pessoa jurídica possui para definir, em seus atos constitutivos, o local de sua sede, não se confunde com o exercício da faculdade de eleição do seu domicilio tributário. O § 2° do art. 127 do GEV permite que a autoridade administrativa recuse domicílio fiscal apenas quando este tenha sido fixado por eleição, e não em virtude de mudança de sede promovida por conta de alteração de contrato social da empresa. III— Recurso provido." Como se vê, no presente caso há decisão judicial com transito em jegado que define o domicilio tributário do contribuinte. 5 As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Portanto, o tratamento a ser conferido na esfera administrativa há de se vincular ao conteúdo da decisão judicial transitada em julgado cuja conseqüência é sua imperatividade e imutabilidade da resposta jurisdicional. Acerca do tema, assim nos ensina o eminente jurista Luiz Fux em sua obra "Curso de Direito Processual Civil", Ed. Forense, 2001, p. 694/695, da qual se extrai o seguinte excerto: "A imutabilidade da decisão é fator de equilíbrio social na medida em que os contendores obtem a última e decisiva palavra do Judiciário acerca do conflito intersubjetivo e a sua imperatividade da decisão completa o ciclo necessário de atributos que permitem ao juiz conjurar a controvérsia pela necessária obediência ao que foi decidido." A decisão judicial faz lei entre as partes, a ser aplicada ao caso concreto, não cabendo a este Colegiado dar-lhe outro entendimento diferente daquele expresso, sob pena de desobediência A. determinação judicial. Neste sentido: "PREVIDENCIÁRIO — CUSTEIO — NFLD — DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL - DOMICILIO TRIBUTÁRIO. Havendo decisão judicial que determina o domicilio tributário do contribuinte, deve ser esse o domicilio a ser considerado pela autoridade fiscal, salvo se comprovado obstrução ou justificativa para desconsiderá-lo, desde que devidamente justificado. A simples alegação de confronto das informações de GFIP com a verificação fisica não é suficiente para desconsiderar domicílio determinado pela justiça, se não comprovada obstrução. Processo Anulado" (Acórdão CARP n° 2401-01.604, Relatora: conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira) P o eX osto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. Elias Sampaio Freire 6
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Numero do processo: 10166.007876/2003-07
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Exercício: 2002
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO
ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. DECISÃO DEFINITIVA DO PLENÁRIO
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O Supremo Tribunal Federal, através do seu órgão plenário, já se posicionou de forma definitiva quanto à inconstitucionalidade do disposto no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, com a reafirmação da sua jurisprudência, no julgamento do RE nº 582.235/MG, reconhecido como de repercussão geral,
tendo se deliberado, ainda, neste caso, pela edição de súmula vinculante.
APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 4º
DO DECRETO Nº 2.346/1997 E DO ARTIGO 62 DO RICARF.
Nos termos do parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/1997, na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Esse entendimento é corroborado pelo disposto no artigo 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, que permite aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação, sob fundamento de
inconstitucionalidade, de dispositivo que já tenha sido declarado
inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-001.365
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarou-se impedido de votar.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. DECISÃO DEFINITIVA DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal, através do seu órgão plenário, já se posicionou de forma definitiva quanto à inconstitucionalidade do disposto no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, com a reafirmação da sua jurisprudência, no julgamento do RE nº 582.235/MG, reconhecido como de repercussão geral, tendo se deliberado, ainda, neste caso, pela edição de súmula vinculante. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 4º DO DECRETO Nº 2.346/1997 E DO ARTIGO 62 DO RICARF. Nos termos do parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/1997, na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Esse entendimento é corroborado pelo disposto no artigo 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, que permite aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação, sob fundamento de inconstitucionalidade, de dispositivo que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1437DF CARF MF Emitido em 17/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/07/2 011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarouse impedido de votar. Henrique Pinheiro Torres Presidente. Rodrigo Cardozo Miranda Relator. EDITADO EM: 30/06/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Gileno Gurjão Barreto, Rodrigo da Costa Possas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Henrique Pinheiro Torres. Relatório Cuidase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 377 a 399) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 370 a 373) que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso de ofício e deu provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo da contribuição ao PIS as receitas financeiras em relação ao fato gerador de janeiro de 2002. A ementa do referido julgado, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Exercício: 1999, 2000, 2002 NORMAS TRIBUTÁRIAS. COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. A compensação é urna das formas de extinção do crédito tributário, quando realizada na forma da lei. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO LÓGICA. Considerase tacitamente aceita a manifestação da qual inocorreu impugnação, trazendo, portanto definitividade à mesma. PIS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo do PIS é o produto da venda de bens, serviços, e bens e serviços, consoante afirmou o STF, devendo ser excluídas as receitas financeiras, variações cambiais e descontos obtidos. Fl. 1438DF CARF MF Emitido em 17/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/07/2 011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 10166.007876/200307 Acórdão n.º 930301.365 CSRFT3 Fl. 1.438 3 Recurso provido em parte. (grifos nossos) Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso especial, alegando, em síntese, verbis, que o § 12 do art. 32 da Lei n2. 9.718/98 foi declarado inconstitucional apenas em sede de controle difuso, verificandose, inclusive, atual rediscussão da matéria no Supremo Tribunal Federal. O recurso foi admitido através da r. decisão de fls. 441 a 442. Contrarrazões às fls. 448 a 465, apontandose, em suma, que o Excelso Supremo Tribunal Federal já pacificou a matéria no sentido da inconstitucionalidade do dispositivo em apreço, inclusive tendo aprovado a edição de súmula vinculante sobre o tema. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Inicialmente, mister destacar que a premissa da exigência e o cerne do recurso especial da Fazenda Nacional diz respeito ao disposto no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, especificamente quanto à base de cálculo do PIS. Este dispositivo, como se sabe, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle difuso de constitucionalidade, o que limita a eficácia da decisão às partes do litígio. É de se notar, todavia, que este entendimento já foi objeto de decisões reiteradas pela Excelsa Corte, tendo sido, inclusive, cristalizado de forma definitiva pelo seu órgão plenário, com a reafirmação da jurisprudência no julgamento do RE nº 582.235/MG, reconhecido como de repercussão geral, tendo se deliberado, ainda, pela edição de súmula vinculante: Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. (grifos e destaques nossos) Fl. 1439DF CARF MF Emitido em 17/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/07/2 011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA 4 Aplicável à espécie, portanto, o disposto no parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/1997: Art. 4° Ficam o Secretário da Receita Federal e o Procurador Geral da Fazenda Nacional, relativamente aos créditos tributários, autorizados a determinar, no âmbito de suas competências e com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei, tratado ou ato normativo, que: 1 não sejam constituídos ou que sejam retificados ou cancelados; II não sejam efetivadas inscrições de débitos em divida ativa da União; III sejam revistos os valores já inscritos, para retificação ou cancelamento , da respectiva inscrição; IV sejam formuladas desistências de ações de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Nos mesmos termos, aliás, é o disposto no artigo 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou (...) Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 1440DF CARF MF Emitido em 17/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/07/2 011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA Processo nº 10166.007876/200307 Acórdão n.º 930301.365 CSRFT3 Fl. 1.439 5 Fl. 1441DF CARF MF Emitido em 17/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/07/2 011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 30/06/2011 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA
score : 1.0
Numero do processo: 10510.001644/2002-99
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/1998
PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO REALIZADA APÓS O PRAZO PRESCRICIONAL.
O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, era de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Para pedido de restituição ou escrituração da protocolado em 27 de janeiro de 2000, aplica-se, portanto, a tese dos 5 + 5.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-001.753
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso especial para restabelecer a exigência fiscal relativa à glosa dos créditos cujos fatos geradores ocorreram anteriormente a janeiro de 2000.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Henrique Pinheiro Torres
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/1998 PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO REALIZADA APÓS O PRAZO PRESCRICIONAL. O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, era de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Para pedido de restituição ou escrituração da protocolado em 27 de janeiro de 2000, aplica-se, portanto, a tese dos 5 + 5. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/1998 PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO REALIZADA APÓS O PRAZO PRESCRICIONAL. O prazo para repetição de indébito, para pedidos efetuados até 08 de junho de 2005, era de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), a partir de 9 de junho de 2005, com o vigência do art. 3º da Lei complementar nº 118/2005, esse prazo passou a ser de 5 anos, contados da extinção do crédito pelo pagamento efetuado. Para pedido de restituição ou escrituração da protocolado em 27 de janeiro de 2000, aplicase, portanto, a tese dos 5 + 5. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso especial para restabelecer a exigência fiscal relativa à glosa dos créditos cujos fatos geradores ocorreram anteriormente a janeiro de 2000. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Fl. 306DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório A decisão a quo assim descreveu os fatos: Tratase de auto de infração (fls. 39/46), lavrado para cobrança da contribuição para o PIS relativa aos períodos de apuração de abril a dezembro de 1998, apurada em procedimento interno de auditoria realizada nas DCTF apresentadas pela contribuinte. Cientificada da exigência fiscal em 15/05/2002, a autuada apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: as diferenças descritas no auto de infração decorrem da compensação realizada pela autuada com créditos oriundos de pagamentos indevidos do próprio PIS, efetuados com base nos DecretosLeis n2 2.445 e 2.449, de 1988, declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal; o crédito compensado decorre do cálculo da contribuição sobre o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, conforme determina o art. 60, parágrafo único, da Lei Complementar nº 7, de 1970; a compensação efetuada pela autuada — em que o próprio contribuinte apura e antecipa o pagamento, cabendo à autoridade fiscal a posterior verificação da regularidade do procedimento —, encontrase disciplinada pelo art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, alterado pelo art. 58 da Lei n2 9.069, de 1995, e art. 39 lia Lei n°9.250, de 1995. Ao final, requer a improcedência do lançamento. A DRJ em Salvador manteve integralmente a exigência, por entender que a compensação não pode ser alegada como matéria de defesa e também porque não acatou a tese da semestralidade. No recurso voluntário, a empresa embaralhase na defesa das compensações, mas reafirma que as fez na contabilidade, com amparo na legislação vigente, pelo que requer o cancelamento do auto de infração. Se assim não entender o Conselho de Contribuintes, requer a realização de perícia para verificar o montante dos seus créditos e se foram suficientes para quitar os valores exigidos no auto de infração. O recurso foi apreciado por este Colegiado na sessão de 12/03/2008, ocasião em que o julgamento foi convertido em diligência à repartição de origem, conforme Resolução nº 202 Fl. 307DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10510.001644/200299 Acórdão n.º 930301.753 CSRFT3 Fl. 269 3 01.204, constante às fls. 103/106, para que a autoridade fiscal calculasse o valor dos créditos segundo o critério da semestralidade da base de cálculo e verificasse se a empresa havia anotado a compensação na contabilidade, devendo informar se os créditos eram suficientes para quitar os valores exigidos no auto de infração. Vieram aos autos, então, os documentos de fls. 108/195 e mais o relatório fiscal de fls. 196/200. Intimado do procedimento, a recorrente não se manifestou. Julgando o feito, a câmara recorrida deu provimento ao recurso voluntário apresentado pelo sujeito passivo, em acórdão assim ementado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/1998 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE PIS. DECRETOSLEIS N 52S 2.445/88 E 2.449/88. PRAZO DECADENCIAL. O prazo para efetuar a compensação dos pagamentos da contribuição para o PIS, efetuados com base nos Decretos Leis n2s 2.445/88 e 2.449/88, é de 5 (cinco) anos, iniciandose a sua contagem no momento em que eles foram considerados indevidos com efeitos erga omnes, o que só ocorreu com a publicação da Resolução n2 49, do Senado Federal, em 10/10/1995. (Ac. CSRF/0103.239, de 19/03/2001). BASE DE CÁLCULO. LEI COMPLEMENTAR N2 07/70. SEMESTRALIDADE. A base de cálculo do PIS, até a entrada em vigor da MP n2 1.212/95, corresponde ao faturamento do sexto mês anterior ao de ocorrência do fato gerador. (Súmula nº 11, do 2CC). ATUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS. A atualização monetária, até 31/12/95, dos valores recolhidos indevidamente, deve ser efetuada com base nos índices constantes da tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/Cosit/Cosar n 2 8, de 27/06/97, devendo incidir a taxa Selic a partir de 01/01/96, nos termos do art. 39, § 42, da Lei n2 9.250/95. LANÇAMENTO. COMPENSAÇÃO REALIZADA EM DCTF. RECONHECIMENTO DO DIREITO AOS CRÉDITOS GLOSADOS. Fl. 308DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 CANCELAMENTO. Cancelase o lançamento de oficio, se a compensação efetuada em DCTF, com fundamento no art. 66 da Lei nº 8.383/91, não foi indevida ou não comprovada. Recurso provido. Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou recurso especial, onde defendeu que o prazo de restituição é o previsto no art. 168 do CTN, isto é, 5 anos contados da extinção do crédito pelo pagamento. O apelo foi admitido, nos termos do despacho de fls. 261 a 263. Regularmente cientificado do despacho de admissibilidade do especial fazendário, bem como da cópia do acórdão recorrido, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. A teor do relatado, a questão que se apresenta a debate diz respeito ao termo inicial do prazo para repetição de indébito. De um lado, a câmara a quo entendeu que o termo inicial seria o da data de publicação da Resolução nº 49/1995. De outro lado, a PGFN defende em seu recurso o da extinção do crédito pelo pagamento antecipado. Registrese, por oportuno, que a compensação foi realizada após a autuação fiscal, mais precisamente, em 03 de janeiro de 2000, informação de fl. 197, e o lançamento foi efetuado em 15 de maio de 2002, com isso, predita compensação não poderia haver afetado o lançamento fiscal. Todavia, essa matéria não subiu, e o limite da lide cingese ao termo de início para a prescrição do direito à repetição do indébito. Nesta matéria, já me pronunciei inúmeras vezes, entendendo que o termo inicial para repetir indébito é o previsto no artigo 168 do CTN, com a interpretação dada pelo art. 3º da Lei Complementar 118/2005, ou seja, o da extinção do crédito pelo pagamento indevido. Esse entendimento vinha prevalecendo neste Colegiado, quando se resolveu sobrestar a matéria até que o Supremo Tribunal Federal se pronunciasse sobre a constitucionalidade do art. 4º da Lei Complementar suso mencionada, que determinava a aplicação retroativa da interpretação autêntica dada pelo citado artigo 3º. A decisão do STF foi no sentido de que o termo inicial do prazo para repetição de indébito, a partir de 09/06/2005, vigência da Lei Complementar 118/2005, era a data da extinção do crédito pelo pagamento; já para as ações de restituição ingressadas até a Fl. 309DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10510.001644/200299 Acórdão n.º 930301.753 CSRFT3 Fl. 270 5 vigência dessa lei, deverseia aplicar o prazo dos 10 anos, consubstanciado na tese dos 5 mais 5 (cinco anos para homologar e mais 5 para repetir), prevalente no Superior Tribunal de Justiça. Para melhor clareza do aqui exposto, transcrevese a ementa do acórdão pretoriano que decidiu a questão. 04/08/2011 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621 Rio GRANDE DO Sul. RELATORA : MIN. ELLEN GRACIE DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE '9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, 1, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer Outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao Principio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, Fl. 310DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vatatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. lnaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacacio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 54343, § 3, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. AC0RDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a RE 66.621 / RS Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto da relatora. Essa decisão não deixa margem a dúvida de que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 só produziram efeitos a partir de 9 de junho de 2005, com isso, quem ajuizou ação judicial de repetição de indébito, em período anterior a essa data, gozava do prazo decenal (tese dos 5 + 5) para repetição de indébito, contado a partir do fato gerador da obrigação tributária. Ademais, não se pode olvidar que a Constituição é aquilo que o Supremo Tribunal Federal diz que ela é, com isso, em matéria de controle de constitucionalidade, a última palavra é do STF, por conseguinte, deve todos os demais tribunais e órgãos administrativos observarem suas decisões. De outro lado, não se alegue que predita decisão seria inaplicável ao CARF já que o acórdão do STF teria vedado a aplicação retroativa da lei aos casos de ação judicial impetradas até o início da vigência da lei interpretativa, pois o fundamento para declarar a inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º acima citado, foi justamente a ofensa ao princípio da segurança jurídica e da confiança, o que se aplica, de igual modo, aos pedidos administrativos, não havendo qualquer motivo, nesse quesito – segurança jurídica – para diferenciálos dos pedidos judiciais. De todo o exposto, temse que aos pedidos administrativos de repetição de indébito, ou à efetiva compensação, formalizados até 8 de junho de 2005, aplicase o prazo decenal. De outro lado, como a efetiva escrituração da compensação deuse em 3 de janeiro de 2000, e os créditos compensados referemse a indébitos, cujos fatos geradores da obrigação tributária ocorreram entre dezembro de 1988 e agosto de 1995, devese reconhecer que, na data compensação, o direito aos créditos, cujos fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 1989, foram alcançados pela prescrição. Anotese que o fato gerador da contribuição é mensal, ocorre no último dia do mês de competência, no caso sob exame, a contribuição do mês de Fl. 311DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10510.001644/200299 Acórdão n.º 930301.753 CSRFT3 Fl. 271 7 janeiro 1990, por ter o fato gerador ocorrido no dia 31 desse mês, teve como termo final de prescrição o dia 31 de janeiro de 2000, portanto, antes de exaurido o prazo prescricional. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso da Fazenda Nacional, para restabelecer a exigência fiscal relativa à glosa dos créditos, cujos fatos geradores ocorreram anteriormente a janeiro de 2.000. Henrique Pinheiro Torres Fl. 312DF CARF MF Emitido em 05/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/12/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 03/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 10120.000968/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2008
PAGAMENTOS “EXTRA FOLHA”. COMPROVAÇÃO. OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
Ao provar que a empresa pagava remunerações a seus empregados, sem que tais valores fossem objeto de declaração ao Fisco e registro contábil, a Auditoria cumpriu o seu mister de demonstrar a ocorrência dos fatos geradores correspondentes a esses pagamentos.
AFERIÇÃO INDIRETA. UTILIZAÇÃO DE PARÂMETROS COLETADOS EM PROCESSOS TRABALHISTAS NA QUAL O SUJEITO PASSIVO ERA PARTE RECLAMADA. POSSIBILIDADE.
Não se apresenta desarrazoada a aferição indireta da base de cálculo efetuada com base em parâmetros coletados em processos trabalhistas nos quais a empresa autuada era parte reclamada.
BIS IN IDEM. AFERIÇÃO COM BASE EM RECIBOS DE PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO INDIRETA DOS MESMOS FATOS GERADORES.
No crédito em questão percebe-se apuração em duplicidade, haja vista que para as competências 01/2005 a 12/2006 as contribuições foram lançadas também em outro crédito com base nos recibos e depósitos bancários obtidos de processos trabalhistas. Quanto às demais competências não há o que se falar em bis in idem, posto inexistiu lançamento com base nos mesmos fatos geradores e as contribuições incidiram sobre remunerações não declaradas
em GFIP. Assim não há duplicidade de cobrança, uma vez que em relação a essas parcelas não houve qualquer recolhimento de contribuições.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2008
REUNIÃO DE PROCESSOS PARA JULGAMENTO CONJUNTO. INEXISTÊNCIA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DE NORMA OBRIGANDO TAL PROCEDIMENTO.
Inexiste no âmbito do Processo Administrativo Fiscal Federal norma que torne obrigatório o julgamento conjunto de processos lavrados contra o mesmo contribuinte, ainda que guardem relação de conexão, quando há elementos que permitam o julgamento em separado.
PROCEDIMENTO FISCAL. NATUREZA INQUISITÓRIA. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. INAPLICABILIDADE.
O procedimento fiscal possui característica inquisitória, não sendo cabível, nessa fase, a observância do contraditório, que só se estabelecerá depois de concretizado o lançamento.
RELATÓRIO FISCAL QUE RELATA A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, APRESENTA A FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO TRIBUTO LANÇADO E ENFOCA A APURAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA.
Não se vislumbra cerceamento ao direito do defesa do sujeito passivo, quando as peças que compõem o lançamento lhe fornecem os elementos necessários ao pleno exercício da faculdade de impugnar a exigência.
DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE ENFRENTA TODOS OS PONTOS DA IMPUGNAÇÃO E CARREGA A MOTIVAÇÃO SUFICIENTE AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não se vislumbra cerceamento ao direito do defesa do sujeito passivo, quando o órgão julgador enfrenta todas as alegações suscitadas por esse e traz a motivação necessária ao exercício do pleno direito defesa do administrado.
REQUERIMENTO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE PARA SOLUÇÃO DA LIDE. INDEFERIMENTO.
Será indeferido o requerimento de perícia técnica/diligência quando esta não se mostrar útil para a solução da lide.
ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2008
INDICAÇÃO DOS MOTIVOS PARA SELEÇÃO DE EMPRESA A SER SUBMETIDA A PROCEDIMENTO FISCAL. OBRIGATORIEDADE.
INEXISTÊNCIA.
Os procedimentos fiscais, em geral, tem por finalidade averiguar a regularidade do sujeito passivo quanto ao cumprimento de suas obrigações tributárias, não sendo obrigatório à Administração Tributária justificar os motivos que a levaram a selecionar determinado contribuinte a ser submetido a ação fiscal.
ESCRITA CONTÁBIL QUE NÃO REFLETE A REALIDADE ECONÔMICO FINANCEIRA
DA EMPRESA E DOCUMENTAÇÃO QUE NÃO APRESENTA DADOS SUFICIENTES PARA VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL. POSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE ARBITRAMENTO.
A exibição de documentos e esclarecimentos insuficientes para verificação de sua regularidade fiscal, bem como a existência de registros contábeis que não reflitam a realidade econômico financeira da empresa, possibilita ao Fisco o arbitramento do tributo devido, sendo do contribuinte o ônus de fazer prova
em contrário.
DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS FISCAIS NA SEDE DA EMPRESA FISCALIZADA. OBRIGATORIEDADE. INEXISTÊNCIA.
Inexiste norma que obrigue o Fisco a desenvolver os trabalhos de auditoria necessariamente em estabelecimento do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-002.053
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) afastar as preliminares suscitadas; II) indeferir o pedido de perícia técnica/diligência; e III) no mérito, dar provimento dar parcial do recurso para que sejam abatidas do lançamento as bases de cálculo constantes no AI n.º 10120.000977/201002 (DEBCAD n.º 37.257.4130).
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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OCORRÊNCIA DE FATO GERADOR DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. Ao provar que a empresa pagava remunerações a seus empregados, sem que tais valores fossem objeto de declaração ao Fisco e registro contábil, a Auditoria cumpriu o seu mister de demonstrar a ocorrência dos fatos geradores correspondentes a esses pagamentos. AFERIÇÃO INDIRETA. UTILIZAÇÃO DE PARÂMETROS COLETADOS EM PROCESSOS TRABALHISTAS NA QUAL O SUJEITO PASSIVO ERA PARTE RECLAMADA. POSSIBILIDADE. Não se apresenta desarrazoada a aferição indireta da base de cálculo efetuada com base em parâmetros coletados em processos trabalhistas nos quais a empresa autuada era parte reclamada. BIS IN IDEM. AFERIÇÃO COM BASE EM RECIBOS DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO INDIRETA DOS MESMOS FATOS GERADORES. No crédito em questão percebese apuração em duplicidade, haja vista que para as competências 01/2005 a 12/2006 as contribuições foram lançadas também em outro crédito com base nos recibos e depósitos bancários obtidos de processos trabalhistas. Quanto às demais competências não há o que se falar em bis in idem, posto inexistiu lançamento com base nos mesmos fatos geradores e as contribuições incidiram sobre remunerações não declaradas em GFIP. Assim não há duplicidade de cobrança, uma vez que em relação a essas parcelas não houve qualquer recolhimento de contribuições. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2008 Fl. 345DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 REUNIÃO DE PROCESSOS PARA JULGAMENTO CONJUNTO. INEXISTÊNCIA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DE NORMA OBRIGANDO TAL PROCEDIMENTO. Inexiste no âmbito do Processo Administrativo Fiscal Federal norma que torne obrigatório o julgamento conjunto de processos lavrados contra o mesmo contribuinte, ainda que guardem relação de conexão, quando há elementos que permitam o julgamento em separado. PROCEDIMENTO FISCAL. NATUREZA INQUISITÓRIA. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. INAPLICABILIDADE. O procedimento fiscal possui característica inquisitória, não sendo cabível, nessa fase, a observância do contraditório, que só se estabelecerá depois de concretizado o lançamento. RELATÓRIO FISCAL QUE RELATA A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, APRESENTA A FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO TRIBUTO LANÇADO E ENFOCA A APURAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se vislumbra cerceamento ao direito do defesa do sujeito passivo, quando as peças que compõem o lançamento lhe fornecem os elementos necessários ao pleno exercício da faculdade de impugnar a exigência. DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE ENFRENTA TODOS OS PONTOS DA IMPUGNAÇÃO E CARREGA A MOTIVAÇÃO SUFICIENTE AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se vislumbra cerceamento ao direito do defesa do sujeito passivo, quando o órgão julgador enfrenta todas as alegações suscitadas por esse e traz a motivação necessária ao exercício do pleno direito defesa do administrado. REQUERIMENTO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE PARA SOLUÇÃO DA LIDE. INDEFERIMENTO. Será indeferido o requerimento de perícia técnica/diligência quando esta não se mostrar útil para a solução da lide. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2008 INDICAÇÃO DOS MOTIVOS PARA SELEÇÃO DE EMPRESA A SER SUBMETIDA A PROCEDIMENTO FISCAL. OBRIGATORIEDADE. INEXISTÊNCIA. Os procedimentos fiscais, em geral, tem por finalidade averiguar a regularidade do sujeito passivo quanto ao cumprimento de suas obrigações tributárias, não sendo obrigatório à Administração Tributária justificar os motivos que a levaram a selecionar determinado contribuinte a ser submetido a ação fiscal. ESCRITA CONTÁBIL QUE NÃO REFLETE A REALIDADE ECONÔMICOFINANCEIRA DA EMPRESA E DOCUMENTAÇÃO QUE NÃO APRESENTA DADOS SUFICIENTES PARA VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL. POSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE ARBITRAMENTO. Fl. 346DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 346 3 A exibição de documentos e esclarecimentos insuficientes para verificação de sua regularidade fiscal, bem como a existência de registros contábeis que não reflitam a realidade econômicofinanceira da empresa, possibilita ao Fisco o arbitramento do tributo devido, sendo do contribuinte o ônus de fazer prova em contrário. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS FISCAIS NA SEDE DA EMPRESA FISCALIZADA. OBRIGATORIEDADE. INEXISTÊNCIA. Inexiste norma que obrigue o Fisco a desenvolver os trabalhos de auditoria necessariamente em estabelecimento do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) afastar as preliminares suscitadas; II) indeferir o pedido de perícia técnica/diligência; e III) no mérito, dar provimento dar parcial do recurso para que sejam abatidas do lançamento as bases de cálculo constantes no AI n.º 10120.000977/201002 (DEBCAD n.º 37.257.4130). Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Cleusa Vieira de Souza, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 347DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Relatório O lançamento O presente processo administrativofiscal referese ao Auto de Infração n.º 37.257.4084, no qual foram lançadas contra o sujeito passivo acima identificado as contribuições dos segurados. O crédito, com data de consolidação em 29/01/2010, assumiu o montante de R$ 1.579.744,37 (um milhão, quinhentos e setenta e nove mil, setecentos e quarenta e quatro reais e trinta e sete centavos). De acordo com o Relatório Fiscal, os fatos geradores que deram ensejo ao lançamento foram os pagamentos efetuados a segurados empregados a serviço da empresa no período de 01/2005 a 11/2008. Afirmase que a base de cálculo foi obtida por aferição indireta, em razão da constatação de que a empresa efetuou pagamentos a segurados sem fazer os registros contábeis dos mesmos, nem declarálos na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP. O Auditor Fiscal relata que a empresa costumeiramente efetuava pagamentos aos seus empregados, sem registrar as quantias em folha de pagamento. Esses desembolsos davamse mediante depósitos em contas bancárias dos beneficiários. Tal constatação foi verificada a partir da análise de vários processos trabalhistas, os quais foram listados no Relatório. Salientase que as reclamatórias trabalhistas evidenciam que a prática de efetuar pagamentos “por fora” era extensiva a todos os empregados da instituição autuada. O Fisco dá conta também da existência de ação cautelar de busca e apreensão tramitando na Justiça Comum, a qual foi proposta por JOÃO RODRIGUES DE PAULA e OUTROS em face de AGOSTINHO S. PEDROSA e CONTAC CONTABILIDADE S/S LTDA. Registrase ainda que na referida ação se postula a exclusão do sócio ALEX MARCÓRIO SANTIAGO, por gestão fraudulenta e transferência de bens. Segundo a Auditoria, ficou demonstrado nos autos do referido processo que recursos da empresa eram desviados para contas de outras pessoas jurídicas. Tal constatação foi corroborada em pesquisa efetuada pelo Fisco, na qual se evidencia que pagamentos de mensalidades escolares eram direcionados para outras empresas. A Autoridade Fiscal apresenta ainda dados que revelam a existência de ligação entre as empresas recebedoras dos recursos supostamente desviados da recorrente com sócios e empregados da mesma. Foram ainda mencionadas diversas irregularidades, a exemplo da transferência de recursos da empresa autuada para empresa já encerrada. Fl. 348DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 347 5 Outro fato destacado é a realização de seqüestro pela Justiça do Trabalho de valores da conta corrente bancária de empresa que supostamente recebia transferências de recursos da recorrente para quitar dívida trabalhista desta. Apresentouse ainda estudo comparativo entre a receita estimada da empresa, conforme pesquisa efetuada no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Ministério de Educação e Cultura, a qual demonstraria que o faturamento contabilizado é muito inferior ao que efetivamente foi realizado pela recorrente. O Fisco apontou ainda inconsistências entre valores contabilizados de distribuição de lucros e os valores lançados na Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – DIPJ do principal acionista da empresa autuada. Ao final, concluiu a Auditoria que os fatos narrados seriam suficientes a comprovar que a contabilidade da recorrente não reflete a realidade de sua situação econômico financeira. A base de cálculo para os empregados cujas reclamatórias trabalhistas foram analisadas foi obtida mediante a aplicação sobre a remuneração total (valores constantes e não constantes em folha) do percentual médio de remuneração não registrada. Quanto aos segurados que não constaram nos processos trabalhistas, o percentual de remuneração não declarada em relação à remuneração total foi obtido conforme indicado na reclamatória trabalhista do empregado NEY BARBOSA, responsável pelo setor de recursos humanos da empresa autuada. Esse percentual corresponde a aproximadamente 60,43% da remuneração total, patamar este muito próximo do percentual médio de remuneração não declarada dos empregados constantes das reclamatórias trabalhistas (60,98%). A auditoria menciona ainda que, para fatos geradores ocorridos antes de dezembro de 2008, aplicouse a multa mais benéfica considerando a alteração legislativa promovida pela MP n.º 449/2008, posteriormente convertida na Lei n.º 11.941/2009. A decisão recorrida A Delegacia de Julgamento – DRJ em Brasília declarou improcedente a impugnação, mantendo integralmente o crédito. O recurso voluntário Irresignado, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário no prazo legal, alegando, em apertada síntese, que: a) o recurso é tempestivo; b) todos os recursos relativos aos lançamentos efetuados na ação fiscal que deu ensejo ao presente AI devem ser julgados conjuntamente, em razão da conexão que os vincula; Fl. 349DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 c) a empresa sempre cumpriu com suas obrigações previdenciárias e trabalhistas, prova disso é que contratou um dos mais conceituados escritórios de contabilidade do Estado de Goiás; d) não ficou esclarecido qual motivo levou a RFB a iniciar o procedimento fiscal que culminou com a lavratura questionada; e) há uma ação judicial envolvendo a recorrente, ajuizada para evitar que um sócio com poderes de gestão, mediante práticas criminosas, pudesse se apropriar indevidamente do controle da mesma; f) temse a impressão que o procedimento fiscal foi iniciado a partir de denúncias relacionadas à referida ação judicial; g) os autos lavrados na ação fiscal são de um todo absurdos e improcedentes, posto que a empresa sempre cumpriu com suas obrigações tributárias; h) as solicitações da Auditoria Fiscal sempre foram prontamente atendidas pela recorrente; i) com as autuações foram carreados ao processo inúmeros documentos, esses até então desconhecidos pela empresa; j) dentre os processos trabalhistas mencionados pela Fiscalização, verificase a existência de um do ano de 2003, portanto, fora do período fiscalizado; k) conforme a melhor doutrina, o lançamento deve ser efetuado em conformidade com o art. 142 do CTN, não sendo possível o Fisco extrapolar os limites legais; l) devem ser observados os princípios da legalidade, da objetividade da ação fiscal, da audiência do interessado e da instrução probatória ampla; m) a coleta de documentos e a investigação levada a cabo durante o procedimento fiscal deve ser notificada ao fiscalizado, sob pena de invalidação do trabalho da Auditoria; n) a empresa desconhece a maneira como foram feitas diligências em outros órgãos e até mesmo junto a pessoas físicas; o) a descrição do fato gerador presente no Relatório Fiscal não guarda relação com o que prescreve às normas aplicáveis, pois o Fisco não demonstrou a existência da prestação de serviços, quando a mesma ocorreu e quanto foi o montante envolvido; p) a Auditoria Fiscal atevese mais a questão da coerência dos registros contábeis de que a efetiva ocorrência da hipótese de incidência tributária; q) uma vez que as declarações prestadas pela empresa refletem a realidade dos fatos por ela praticados, descabe o procedimento de aferição indireta da matéria tributável; r) o arbitramento utilizado para obter o valor da remuneração paga aos empregados da recorrente não guarda nenhuma coerência técnica; Fl. 350DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 348 7 s) o lançamento do tributo foi realizado pelo contribuinte, mediante declaração em GFIP, não sendo possível que seja alterado sem que o Fisco demonstre a ocorrência de irregularidades; t) meros erros nos registros contábeis, não autorizam a desconsideração de toda a contabilidade e o arbitramento do tributo, ainda mais que a sua escrita foi elaborada em obediência aos Princípios Fundamentais de Contabilidade; u) o valor da hora/aula encontrado nos documentos mencionados pelo Fisco está em conformidade com o valor estabelecido em convenção coletiva; v) o fato da empresa ter firmado acordo, perante a Justiça do Trabalho, com seus exempregados não pode ser tomado como confissão de culpa, uma vez que esse instrumento de conciliação tem larga utilização em processos judiciais, em especial nos Tribunais Trabalhistas; w) a análise da documentação deveria ter sido realizada nas dependências da empresa, como manda a boa técnica de auditoria, evitandose assim conclusões errôneas, dissociadas da realidade administrativa da recorrente; x) não pode ser aplicada a aferição indireta se existe a possibilidade de se verificar a base de cálculo pelas folhas de pagamento, GFIP e contabilidade; y) a Auditoria não determinou o momento em que se materializa o fato gerador da obrigação tributária; z) se houve o lançamento das contribuições por arbitramento não poderia haver na mesma ação fiscal outros lançamentos decorrentes de divergências de GFIP, de glosa de compensações, de diferenças de segurados, sob pena de se recair em bis in idem; a1) uma vez arbitrados os valores e descontadas as quantias recolhidas, descabe qualquer outro lançamento complementar; b1) o Fisco desrespeitou o princípio da verdade material, uma vez que não comprovou a ocorrência do fato gerador, não confirmou sua materialidade com base em documentos idôneos, tendo a Auditoria tomado como base apenas em registros secundários, informações obtidas unilateralmente e sem o formalismo exigido para que o ato de investigação pudesse produzir efeito; c1) é obrigação dos agentes da Administração Tributária investigar e demonstrar cabalmente a ocorrência do fato jurídico tributário, somente se podendo inverter o ônus da prova nos casos expressamente previstos em lei, o que não se aplica à situação sob enfoque; d1) notase que o cálculo do tributo foi levado a efeito de forma obscura, carecendo de maiores explicações sobre a forma de apuração da matéria tributável, donde se conclui que foi atropelado o art. 37 da Lei n.o 8.212/1991; e1) se não há clareza e precisão, é evidente o cerceamento ao seu direito de defesa, o que é causa de nulidade, conforme tem decidido reiteradamente o próprio Conselho de Contribuintes; Fl. 351DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 f1) a decisão da DRJ simplesmente homologou as conclusões a que chegou o Fisco, sem levar em conta as diversas alegações de ilegalidade lançadas na peça de defesa; g1) ao tentar arrecadar a contribuição sem a destinação clara de sua aplicação, o ato fiscal fere o princípio de contrapartida da contribuição previdenciária; Ao final, requereu: a) o reconhecimento da tempestividade do recurso e o seu regular processamento; b) o reconhecimento dos lançamentos efetuados através da declaração da GFIP; c) a declaração de nulidade do lançamento; d) que o processo seja baixado em diligência para correção das irregularidades apontadas; e) a realização de perícia técnica, conforme quesitos que formula. É o relatório. Fl. 352DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 349 9 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Reunião dos processos para julgamento conjunto Requer a contribuinte que todos os recursos relativos aos processos de débito lavrados na mesma ação fiscal, que são vinte e três julgamento conjunto. O pedido, apesar de desejável, não é obrigatório, posto que não há norma legal na seara do processo administrativo fiscal que preveja esse procedimento. Por outro lado, há de se convir que estamos incluindo nessa reunião de julgamento quinze dos processos referidos, de modo que se tenha a eficiência e a coerência desejadas nos julgamentos dos processos dessa empresa. Posso dizer ainda que, para o AI sob cuidado, os dados constantes dos autos são suficientes para o deslinde da controvérsia, não havendo necessidade de que se aguarde a chegada dos oito processos restantes a esse Conselho para que se inicie o seu julgamento. Da necessidade do contraditório durante o procedimento de fiscalização No que diz respeito à falta de comunicação à empresa fiscalizada acerca dos passos seguidos na fiscalização, devese ter em conta que no decorrer da ação fiscal não há contraditório. Os agentes do fisco dão ciência de que a empresa está sob ação fiscal através da entrega do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, promovem a intimação para apresentação da documentação necessária ao desenvolvimento dos trabalhos, elaboram os lançamentos (se cabível) e, por fim, comunicam ao sujeito passivo o resultado da fiscalização. Essa seqüência de atos é que deve ser observada, sob pena de nulidade do lançamento. Na espécie, não vislumbrei qualquer vício relativo ao procedimento narrado que pudesse macular o resultado da ação fiscal. A oportunidade disponibilizada ao contribuinte para demonstrar seu inconformismo ocorre durante o contencioso fiscal. Neste momento é possível apresentar todas as razões e provas que possam afastar ou modificar o lançamento fiscal. Assim, em relação ao trabalho de investigação do auditor fiscal não há o que se falar na obrigatoriedade de manter o contribuinte ciente de todos os passos seguidos pelo agente do Fisco, no entanto, quando da conclusão da fiscalização, o contribuinte deve ser municiado de todos os elementos que lhes sejam úteis a exercer o seu direito de defesa, sob pena de nulidade dos lançamentos porventura lavrados. Nessa linha de pensamento, vale repisar que a ação fiscal é um procedimento inquisitório, de investigação, durante o qual não há obrigatoriedade de ciência do contribuinte Fl. 353DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 em relação ao modo de proceder da Auditoria. Isso porque o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa só é de observância obrigatória na fase litigiosa do processo, que tem início apenas com a impugnação ao lançamento. Nesse sentido, mesmo para as diligências realizadas pelo Fisco em órgãos fora da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, não havia obrigatoriedade de se cientificar previamente o sujeito passivo de tais providências, sendo, todavia, obrigatória a menção no Relatório Fiscal dos elementos coletados nas diligências efetuadas que tiveram influência nas conclusões da Auditoria quanto à existência de obrigação tributária não adimplida. Uma leitura do relato do Fisco me deixa à vontade para afirmar com convicção que foram apresentadas à contribuinte todas as fases do procedimento fiscal, bem como, as evidências que foram tomadas como base para se concluir sobre a necessidade de efetuar o lançamento das contribuições previdenciárias. Das motivações para início da ação fiscal Também não há necessidade de que a ação fiscal tenha uma motivação específica, posto que o objetivo do procedimento de fiscalização é sempre verificar a regularidade das obrigações tributárias do sujeito passivo, relativas aos tributos administrados pela RFB. Os elementos relativos ao procedimento fiscal que devem obrigatoriamente ser informados ao contribuinte são aqueles constantes do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF (art. 7.º da Portaria RFB n.º 11.371/2007), quais sejam: a) natureza do procedimento (fiscalização/diligência); b) o tributo ou contribuição objeto do procedimento fiscal; c) o período da verificação. Vejo que esses dados constam do MPF e que não há obrigatoriedade de se informar qual o motivo determinante para que se programe determinada ação fiscal, posto que a seleção de empresas fica no campo da discricionariedade da Administração Tributária. Nesse sentido, não posso dar razão à recorrente quando alega nulidade em razão do seu desconhecimento dos motivos que deram ensejo ao procedimento fiscal, uma vez que, o próprio MPF já esclarece que a finalidade do procedimento é verificar o cumprimento das obrigações tributárias do contribuinte. Da apuração fiscal fora da sede da empresa Acerca do inconformismo da empresa quanto ao fato dos trabalhos fiscais terem se desenvolvido fora da sede da empresa, não de acatálo. Essa matéria já se encontra pacificada no CARF, sendo inclusive objeto de súmula, conforme se vê: Súmula CARF nº 6: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Portanto, descabe a alegação de que a apuração fiscal deveria obrigatoriamente ter se dado nas dependências da empresa fiscalizada. Da ocorrência dos fatos geradores Fl. 354DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 350 11 Afirma a recorrente que o Fisco não se desincumbiu do encargo de demonstrar a ocorrência dos fatos geradores de contribuição previdenciária. Pois bem, conforme se verifica do relatório acima, a fiscalização inferiu mediante a verificação de diversos processos trabalhistas que a empresa fiscalizada utilizavase do artifício de pagar remunerações a segurados empregados que lhes prestavam serviço sem registrar a totalidade dos valores em folha de pagamento. Segundo a Auditoria, essas quantias eram depositadas diretamente em contas correntes dos beneficiários, não sendo também objeto de declaração em GFIP, nem de lançamento na escrita contábil da empresa autuada. A Autoridade Fiscal analisou treze processos trabalhistas identificando em todos eles a ocorrência de pagamentos de remunerações “por fora”, tendo sido anexados aos autos os depósitos bancários e os recibos desses pagamentos, os quais não se sujeitaram à incidência de contribuições previdenciárias. Há um processo, o de n.º 01354200400618003 (reclamante Ney Barbosa), que embora não circunscrito ao período da apuração, foi utilizado pelo Fisco para demonstrar a ocorrência de pagamentos sem registro na contabilidade da empresa. Esse processo, embora as contribuições decorrentes já não pudessem ser apuradas em razão do transcurso do prazo decadencial, assume grande relevância na medida em que o reclamante era o Encarregado do Setor de Recursos Humanos, o qual relata que recebia ordens superiores para efetuar pagamentos “por fora” para todo o quadro funcional da empresa, inclusive para ele próprio. O referido processo trabalhista, cujo pedido inicial totalizou R$ 25.020,00, foi objeto de acordo para pagamento de R$ 18.000,00. Assim, diante da constatação de que a empresa tinha por prática o pagamento, sem o devido registro, de parcelas salariais aos seus empregados, não poderia o Fisco deixar de apurar as contribuições decorrentes das remunerações que a empresa não houvera declarado na GFIP. Observese que foram solicitados os documentos que comprovariam a contabilização dos pagamentos correspondentes aos depósitos bancários coletados dos processos trabalhistas, todavia, a empresa não os apresentou, deixando claro que tais dispêndios não foram objeto de registros contábeis. Portando, devo afastar desde já dois dos principais argumentos utilizados pela empresa em seu recurso: a) o de que cumpria regularmente com suas obrigações fiscais e trabalhistas; e b) o de que houvera prontamente atendido a todas as solicitações do Fisco para exibição de documentos. Entendo, assim, que a ocorrência costumeira do artifício de pagar remunerações “por fora”, visando à supressão de obrigações trabalhistas e previdenciárias, está bem caracterizado no presente AI, portanto, observo que o Fisco não deixou de demonstrar a ocorrência da hipótese de incidência de contribuições, que se materializou pelo pagamento de parcelas salariais não lançadas em folha de pagamento, não declaradas em GFIP e nem registradas na escrita contábil. Do cabimento da aferição indireta da base de cálculo Fl. 355DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 Passo agora a análise da alegação relativa ao descabimento da aplicação do método aferição indireta para obtenção de bases de cálculo utilizadas na presente apuração. O arbitramento da base de cálculo de tributos em geral é previsto no Código Tributário Nacional, art. 1481, tendo cabimento quando as informações prestadas pelo sujeito passivo não mereçam fé. Também a legislação previdenciária tem fundamentação específica para aferição indireta das contribuições, é esta a previsão do §§ 3.º e 6.º do art. 33 da Lei n.º 8.212/19912, os quais trazem a possibilidade de arbitramento das contribuições, quando haja recusa, sonegação ou apresentação deficiente de informações por parte do sujeito passivo. Nessa análise não se pode perder de vista que o procedimento de aferição indireta é um instituto jurídico de exceção, excepcional, incomum, por isso, a lei condicionou a sua aplicação à presença de anormalidade. Tal procedimento deve se pautar pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Dessa forma, o fisco precisa apresentar relação lógica entre os fatos e as conclusões e se acautelar, para não se enveredar no excesso de exação fiscal por arbítrio e abuso de discricionariedade. Somente é admissível o citado procedimento quando o fisco se vê diante de situação instransponível, ou seja, não tenha como se valer de outros meios para recompor o momento da ocorrência do fato gerador e obter os dados necessários ao cálculo do valor correspondente ao crédito tributário. Na situação sob enfoque, verifico que o Fisco solicitou a documentação que deu embasamento aos lançamentos contábeis, no afã de verificar se as parcelas constantes nos processos trabalhistas teriam sido contabilizadas, todavia, a empresa não os exibiu. O Fisco, por esse motivo não teve como visualizar se tais parcelas apareceriam nos registros contábeis da recorrente, por conseguinte, é de se supor que a contabilidade da empresa não registrava a remuneração dos segurados a seu serviço. Ora, o mister da fiscalização é apurar a ocorrência dos fatos geradores e calcular o tributo devido. No caso sob análise, os autos demonstram que foram realizados pagamentos de remunerações não registradas na documentação da empresa. Por isso, o Fisco não teria como verificar diretamente o montante desses pagamentos, estando diante da impossibilidade de concluir o seu trabalho apenas com esteio nos elementos apresentados. 1 Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. 2 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (...) Fl. 356DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 351 13 Em resumo, poderseia dizer que a existência de pagamentos não contabilizados e cuja documentação não foi apresentada à Auditoria, caracterizouse um obstáculo intransponível para que se pudesse aferir diretamente a base de cálculo a partir dos elementos disponíveis. Assim, entendo que na espécie estão presentes os requisitos que autorizam a aferição indireta da remuneração paga sem lançamento na folha de salários, posto que a legislação já mencionada autoriza tal procedimento. Vejo, então, que a Auditoria Fiscal não se desviou das normas que permitem o arbitramento dos tributos lançados, as quais foram oportunamente mencionadas tanto no relatório do AI, quanto no anexo Fundamentos Legais do Débito. Há ainda muitas outras falhas contábeis apontadas no relato do Fisco, sobre as quais a empresa tenta justificar apenas em questões de disputa societária, fato que é irrelevante para o Direito Tributário. Apontou a Auditoria a existência de receitas de mensalidades escolares não contabilizadas, além de discrepâncias entre o número de alunos matriculados e a receita declarada, além de valores de distribuição de lucros não lançados integralmente na contabilidade. Todos essas falhas não caracterizam apenas meros erros contábeis como quer fazer crer a recorrente, mas indicam que a documentação apresentada, principalmente a escrita contábil, não representa a realidade econômicofinanceira da empresa. Da inversão do ônus da prova Nos termos do § 6.º do art. 33 da Lei n.º 8.212/1991, já transcrito, a verificação de que os registros contábeis estão dissociados da realidade econômicofinanceira da empresa é motivo para arbitramento das contribuições, tendo o contribuinte a prerrogativa de fazer prova em contrário. Nessa toada, não devo acolher a tese recursal de que há na espécie inversão do onus probandi não autorizada por lei. Da razoabilidade do método de arbitramento adotado Outra questão aventada no recurso diz respeito à falta de coerência técnica e a obscuridade na determinação da base tributável por aferição indireta. Uma leitura do Relatório Fiscal indica que no presente processo foram arbitradas apenas as remunerações dos pagamentos efetuados “extra folha”, ou seja, aqueles que não foram declarados na GFIP. Conforme declarou o Fisco, para os segurados constantes nos processos trabalhistas a remuneração foi apurada mediante a utilização de índice que representa o quociente médio entre a remuneração não declarada e a remuneração total auferida pelo contribuinte. Fazendose uma média do índice para todos os segurados envolvidos nas reclamatórias obtémse 60,98%, levando a conclusão que cerca de sessenta por cento da remuneração total era paga sem o devido registro na contabilidade. Fl. 357DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 Para os demais segurados utilizouse o índice encontrado para o segurado Ney Barbosa (Encarregado de RH), o qual não discrepou da média anterior, posto que foi calculado em 60,43%. Assim, não observo qualquer incoerência técnica ou falta de razoabilidade na determinação da base de cálculo por aferição indireta, haja vista que os índices para apuração dos valores pagos sem constar em folha foram obtidos com esteio em processos trabalhistas nos quais a empresa figurava na situação de reclamada, não se podendo afirmar que os valores não tenham qualquer relação com os fatos geradores que deram ensejo às contribuições apuradas. Da ocorrência de bis in idem Como já foi mencionado o processo em questão diz respeito às contribuições da empresa incidentes sobre as remunerações não declaradas em GFIP, não havendo o que se falar em duplicidade de cobrança em relação aos valores declarados, posto que não houve na ação fiscal lançamentos decorrentes de remunerações declaradas em GFIP. Ainda sobre essa questão, também não merece acolhimento a tese de que o Fisco desconsiderou as declarações prestadas pela recorrente mediante a GFIP, na verdade, conforme se depreende dos autos, as declarações de GFIP, bem como os recolhimentos efetuados, foram integralmente considerados pela Auditoria. Repitase que o AI sob cuidado diz respeito ao lançamento de contribuições por arbitramento as quais tiveram como fato gerador os valores pagos aos segurados a serviço da contribuinte não declarados em GFIP, nem contabilizados. No entanto, tenho que me quedar ao argumento de duplicidade de cobrança quando me deparo com o AI n.º 10120.000977/201002 (DEBCAD n.º 37.257.4130). Nesse crédito foram lançadas as contribuições dos segurados incidentes sobre as remunerações constantes nos recibos juntados às reclamatórias trabalhistas, ou seja, a base de cálculo ali foi extraída diretamente dos documentos de pagamento. Diante dessa constatação, vejo que não caberia incluir essas mesmas contribuições no presente lançamento, o qual decorre de aferição indireta do saláriode contribuição. Não há nos autos nenhuma indicação de que as contribuições decorrentes dos valores constantes nos recibos tenham sido excluídas do presente lançamento. Por isso, entendo que devam ser expurgados desse AI as contribuições constantes do lançamento consubstanciado no AI n.º 10120.000977/201002. Do cerceamento ao direito de defesa em razão de deficiência no Relatório Fiscal Já tendo concluído que o Fisco descreveu com clareza a ocorrência do fato gerador e apresentou de forma clara e precisa os passos seguidos para obtenção da base tributável, além de haver mencionado todas as circunstâncias que o levaram a concluir pela existência de obrigação tributária não adimplida, não devo concordar com a afirmação de que o relato do fisco, por lhe faltarem clareza e precisão, estaria a prejudicar o direito de defesa do sujeito passivo. A meu ver, todos os elementos de que a autuada necessitaria para exercer com amplitude o seu direito de defesa lhe foram fornecidos, de modo que não há de se acolher a tese de cerceamento desse direito. Da decisão de primeira instância Fl. 358DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10120.000968/201011 Acórdão n.º 240102.053 S2C4T1 Fl. 352 15 A decisão de primeira instância abordou todos os pontos trazidos ao processo com a impugnação, não merecendo sucesso a afirmação da recorrente de que a decisão se baseou tãosó nos argumentos da peça de acusação. Estando em confronto as teses do Fisco e do sujeito passivo, o órgão julgador tem obrigatoriamente que aderir a uma delas para dar uma solução para a contenda jurídica. Todavia essa escolha deve se dar de forma motivada, de modo a não prejudicar o direito de defesa do contribuinte. A motivação apresentada pela DRJ foi satisfatória, tendo sido abordados todos os pontos de inconformismo apresentados pela empresa. Na situação sob testilha, se a tese vencedora foi a da procedência do lançamento, fatalmente a DRJ teria que se basear nos fatos trazidos ao processo pela Auditoria Fiscal. Uma vez expostas as peças de ataque de defesa, tem o julgador que se posicionar, pondo fim à lide naquela instância, desde que o faça com esteio nas provas e na legislação aplicável ao caso. Ponderar se a decisão foi ou não acertada é o que deve fazer o órgão ad quem quando do enfretamento das questões de mérito. O Decreto n. 70.235/1972, quando trata das nulidades, prevê: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Por não enxergar na decisão recorrida qualquer das hipóteses acima listadas, afasto a preliminar de nulidade suscitada. Da perícia contábil/diligência Deixo de acatar o pedido para a produção de novas provas, haja vista que os elementos analisados já são suficientes para concluir pela procedência do lançamento, não havendo necessidade de outras dilações probatórias além daquelas já carreadas ao processo. Tenho que concordar com o indeferimento pelo órgão a quo do pedido de produção de novas provas, por entender que no processo administrativo fiscal vigora o princípio do livre convencimento motivado. Segundo o qual a autoridade julgadora tem liberdade para adotar a tese que ache mais adequada a solução da contenda, desde o que o faça com a devida motivação. Nesse sentido, somente à autoridade que preside o processo é dado determinar a realização de perícias e diligências caso ache necessário. Não está o julgador obrigado a deferir pedidos de dilação probatória se os elementos constantes nos autos já lhe dão o convencimento suficiente para emissão da decisão. Assim, sendo a prova dirigida à autoridade julgadora, é essa que tem a prerrogativa de determinar ou não a sua produção. Tenho que concordar com a decisão Fl. 359DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 16 original, quando se afirma que o relato do fisco e os documentos colacionados permitem concluir pela existência de obrigação tributária não satisfeita pelo devedor. Não há, portanto, necessidade de realização de perícia contábil/diligência, haja vista que os elementos constantes dos autos são suficientes para que se tenha um julgamento seguro da presente lide. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso, por afastar as preliminares suscitadas, por indeferir o pedido de perícia técnica/diligência e, no mérito, pelo provimento parcial do recurso para que sejam abatidas do lançamento as contribuições constantes no AI n.º 10120.000977/201002 (DEBCAD n.º 37.257.4130). Kleber Ferreira de Araújo Fl. 360DF CARF MF Emitido em 20/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10 /2011 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 14751.000351/2006-36
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2002, 2003, 2004, 2005
SIMPLES. EXCLUSÃO. OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL EM MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. NÃO CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA COM A MATÉRIA.
A propositura de ação judicial, antes ou após o procedimento fiscal do lançamento, com o mesmo objeto, implica renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa a quem caberia o julgamento.
DA MULTA.
A Multa deve obedecer aos critérios estabelecidos pela Lei 9.430/96, com relação à espécie de lançamento. Para lançamento de Ofício, adota-se o percentual de 75% conforme art. 44 §1º.
DA COMPENSAÇÃO DOS VALORES PAGOS COM CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Não é possível a compensação dos valores recolhidos a titulo de SIMPLES com as contribuições previdenciárias. Imposição legal com guarida na Lei 8.212/91, art. 89 e na Lei 9.430/96, art. 74, §12, II, “d” e “e”.
Numero da decisão: 1802-001.061
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer da matéria objeto de discussão judicial e no mais, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: MARCIEL EDER COSTA
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ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Estando o lançamento revestido das formalidades previstas no art. 10 do Decreto n. 70.235, de 1972, sem a ocorrência de erro na identificação do sujeito passivo, não há falar em nulidade. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. NÃO HÁ COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE RECURSOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Nesse caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar por meio hábil e idôneo que o fato presumido não existiu na situação concreta. TRIBUTAÇÃO REFLEXA PIS, COFINS E CSLL. Estendese aos lançamentos decorrentes a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Ausente justificadamente o Conselheiro André Almeida Blanco. (assinado digitalmente) Fl. 551DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 547 2 Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Marco Antonio Nunes Castilho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, André Almeida Blanco (ausência justificada), Marcelo Baeta Ippolito e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 548 3 Relatório JOSELITON MARQUES DA SILVA ME, ora Recorrente, já qualificado nos autos, recorre da decisão proferida pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Recife – PE, que por unanimidade de votos, julga improcedente a impugnação e mantém o crédito tributário exigido. Em 31 de dezembro de 2008 o Recorrente foi cientificado da autuação fiscal, perpetrada em decorrência da falta de comprovação da origem de valores creditados, nos meses de janeiro a dezembro de 2004, em conta corrente mantida junto à instituição financeira. Analisando a movimentação da conta bancária que o Recorrente mantinha na Caixa Econômica Federal no anocalendário de 2004, a Fiscalização identificou um volume financeiro muito superior aos valores de receita bruta informados espontaneamente na DIPJ (Lucro Presumido) do período. O Recorrente foi intimado a apresentar documentos para justificar a diferença entre o valor total da movimentação bancária e da receita bruta declarada. Para cumprir a intimação o Recorrente requereu ao Fisco, por duas vezes, dilação de prazo (fls. 57 e 58), ambas concedidas pela fiscalização. Em sua resposta (fl. 62) o Recorrente reconheceu que o montante de R$ 210.000,00, creditado em seu extrato bancário em janeiro de 2004 não fora realmente declarado e solicitou ao Fisco o lançamento dos tributos e das penalidades devidas sobre este valor. Porém, negou a relação entre as demais movimentações bancárias e os registros contábeis da empresa informando ao Fisco que a conta corrente fora administrada no ano calendário de 2004 por procurador, falecido em 30.07.2006, motivo pelo qual não seria possível prestar outros esclarecimentos. Diante da falta de comprovação das diferenças entre receitas declaradas e movimento bancário, a fiscalização procedeu a autuação por omissão de receita, nos termos do artigo 42 da Lei n. 9.430/96. Do mesmo modo, em razão da não apresentação da escrita contábil (Livro Diário/Razão) ou do Livro Caixa, insistentemente solicitados à Recorrente, restou a autoridade fiscal arbitrar o lucro da empresa para apurar o valor do IRPJ devido no período. Para apuração do lucro arbitrado foi considerada a receita bruta operacional da empresa, relativamente à revenda dos produtos adquiridos e à prestação de serviço parcialmente registrada nos livros fiscais (Livro de Saída, da Revenda de Mercadorias e da Prestação de Serviços) que se verifica às fls. 396481. Somandose a estas receitas, a movimentação financeira registrada nos extratos da Caixa Econômica Federal e reduzindo o total tributado conforme a DIPJ 2005(04), resulta nos valores constantes na planilha transcrita nos autos (fls. 395). No Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fl. 492,item 20), o Fisco afirma ser cabível a responsabilização solidária entre o proprietário da pessoa jurídica Sr. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 549 4 Joseliton Marques da Silva e seu procurador Sr. Otaviano José de Carvalho Júnior pelo crédito tributário apurado. No entanto, pelo fato deste último estar falecido, esta responsabilização deveria seguir o disposto no artigo 23 do Decreto n. 3.000/99 (RIR/99). Regularmente cientificado da lavratura dos autos de infração, o Recorrente protocolizou, tempestivamente, impugnação (fls. 502509), na qual alegou em síntese: a) Não consta o nome do depositante do valor de R$ 210.000,00 no comprovante de depósito solicitado pela empresa à Caixa Econômica Federal não sendo possível esclarecer a origem do montante; b) Provavelmente o Sr. Otaviano José de Carvalho Júnior, utilizando de seus plenos poderes de procurador para movimentar a conta corrente, excedeu aos limites de sua outorga, devendo responder como sujeito passivo de qualquer obrigação relacionada aos depósitos bancários; c) A empresa não tem porte compatível com a movimentação bancária desta conta corrente e seu proprietário não possui tamanho poder aquisitivo; d) O outorgante não tinha conhecimento do volume financeiro movimentado pelo outorgado. e) A fiscalização não comprovou que os valores da conta corrente são relacionados às atividades da empresa; f) A própria RFB reconheceu a responsabilidade solidária entre outorgante e outorgado, isto demonstraria que o Sr. Otaviano era o único responsável pela movimentação bancária da empresa autuada. E no final requer nulidade do auto de infração por erro na eleição do sujeito passivo, pois o Sr. Otaviano enquadrase na condição de sujeito passivo da obrigação tributária, nos termos do artigo 121, parágrafo único, inciso I, do CTN. E seja cancelada a exigência fiscal e por consequência as penalidades imputadas indevidamente o contribuinte. A 4º Turma da DRJ no Recife considerou a impugnação improcedente, mantendo os autos de infração. Mencionada decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 PRELIMINAR DE NULIDADE. ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO – Estando o lançamento revestido das formalidades previstas no art. 10 do Decreto n. 70.235, de 1972, sem a ocorrência de erro na identificação do sujeito passivo, não há falar em nulidade. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. NÃO HÁ COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE RECURSOS Fl. 554DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 550 5 A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Nesse caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar por meio hábil e idôneo que o fato presumido não existiu na situação concreta. LUCRO ARBITRADO – MATÉRIA NÃO CONTESTADA TRIBUTAÇÃO REFLEXA – PIS, COFINS E CSLL. Estendese aos lançamentos decorrentes a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Ciente da decisão o Recorrente, protocolizou o recurso voluntário em 17 de outubro de 2010, no qual, apresenta os mesmos argumentos lançados na impugnação. Acrescentando o fato de que “Na cidade de Caruaru era público e notório que o Sr. Otaviano realizava operação de descontos de cheques a comerciantes da praça” sendo titular de uma empresa de Factoring. O Recorrente juntou ao processo alguns comprovantes de transferência bancárias (TED) demonstrando a saída de dinheiro da conta corrente da Caixa Econômica Federal, em nome do Sr. Joseliton Marques da Silva, com o intuito de provar a relação entre a movimentação bancária e as supostas atividades do Sr. Otaviano. Estes comprovantes estão todos em nome do Recorrente e efetuados através da conta bancária de titularidade desta. No final requer a insubsistência e improcedência da ação fiscal ou, se assim não entender este Conselho, seja modificada a forma de apuração do tributo no auto de infração para a apontada no Recurso Voluntário. Confirase: “Considerando que o valor inicial das movimentações importa em R$ 210.000,00 (capital), depósito efetuado em 02.01.2004, mencionado com a apresentação de cópia quando da impugnação, bem como que a taxa média de juros praticadas pelas empresas que exploram a atividade de factoring gire em tomo de 5% a.m., o que produziria lucro mensal na ordem de R$ 10.500,00, seria tributado sobre o mesmo PIS à alíquota de 1,65%, COHNS de 7,6%, TRPJ de 15% ,CSLL de 8%, conforme legislação vigente, aplicandose as cominações devidas. Desta forma, a partir do Lucro arbitrado mensal no valor de R$ 10.500,00, temos: TRIBUTAÇÃO MULTA (75%) PIS = R$ 173,25 129,93 COFINS = R$ 804,30 603,22 IRPJ = R$ 1.575,00 1.181,25 Fl. 555DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 551 6 CSLL = R$ 840,00 630,00 Total mensal R$ 5.936,95 x 12 = RS 71.243,40” É o relatório, passo a decidir Fl. 556DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 552 7 Voto Conselheiro Marco Antonio Nunes Castilho, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. A fiscalização identificou omissão de receitas pelo Recorrente, através da análise comparativa entre a receita bruta declarada nas obrigações acessórias do Recorrente e os depósitos bancários efetuados em contacorrente no anocalendário de 2004. Lançou, assim, auto de infração relativo ao Imposto sobre Renda da Pessoa Jurídica, da Contribuição Social sobre o Lucro, da Contribuição para o PIS e da Contribuição Para o Financiamento da Seguridade e Social. Principio pelo exame da preliminar de nulidade dos autos de infração. O Recorrente alega que os autos de infração do presente processo são nulos devido a erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária e requer a insubsistência e improcedência da ação fiscal. Neste sentido o Recorrente destaca em seu favor os argumentos analisados a seguir: Alega que a empresa Joseliton Marques da Silva ME não tinha conhecimento do volume financeiro movimentado pelo outorgado. Este argumento não se sustenta em provas concretas uma vez que em momento algum neste processo administrativo o Recorrente comprovou a origem do dinheiro. Pelo contrário, alegou apenas que em razão da morte do procurador, o proprietário da empresa não poderia comprovar a origem dos depósitos efetuados (fls. 62 e 67). Declara que a empresa não tem porte compatível com a movimentação bancária desta conta corrente e seu proprietário não possui tamanho poder aquisitivo. Ora, mais uma vez o contribuinte não comprovou por meio documental hábil e idôneo a argumentação apresentada. Observase pelo extrato bancário da Caixa Econômica Federal (fls. 202350) que a empresa possui movimentação financeira elevada, porém não declarada ao fisco, o que ratifica a presunção de omissão receita pela qual foi autuada. O Recorrente alega que como a própria RFB reconheceu a responsabilidade solidária entre outorgante e outorgado, isto demonstraria que o Sr. Otaviano era o único responsável pela movimentação bancária do Recorrente e que extrapolou os limites dos poderes outorgados pelo mandante. Primeiramente, o fato de haver uma procuração concedendo ao Sr. Otaviano poderes ilimitados para movimentar a contacorrente do Recorrente não faz com que a empresa se exima das responsabilidades atinentes ao titular da conta bancária. Ademais, ajustes particulares não podem ser opostos contra o fisco nos termos do artigo 123 do CTN. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 553 8 No mais, não há nos autos qualquer comprovação de que, de fato, tenha havido abuso por parte do outorgado. Faltou à Recorrente fundamentar as alegações levantadas. Sem dúvida alguma, diante dos poderes elencados da procuração apresentada no processo dos autos de infração (fl. 63) há responsabilidade solidária, porém, antes de alcançar o responsável solidário pelo crédito tributário a obrigação tributária alcança o sujeito passivo direto, nos termos do artigo 121 do CTN. Por fim, o Recorrente alega que: “Na cidade de Caruaru era público e notório que o Sr. Otaviano realizava operação de descontos de cheques a comerciantes da praça” sendo ainda titular de uma empresa de Factoring. Para comprovar a atividade de trocas de cheques o Recorrente juntou ao processo alguns comprovantes de transferência bancárias (TED) demonstrando a saída de dinheiro da contacorrente da Caixa Econômica Federal, para terceiros, com os quais, supostamente, a empresa não teria relacionamento comercial. Ocorre que esta contacorrente é a mesma conta da Caixa Econômica Federal que está em nome da empresa Joseliton Marques da Silva – ME e não há qualquer comprovação nos autos de que estes terceiros não possuíam relação comercial com o Recorrente. Ainda, sendo público e notório as atividades de factoring do procurador, caberia a empresa manter sua contacorrente sob a administração de pessoa de confiança com rígido controle de sua movimentação sob as penas de arcar com eventuais consequências fiscais. Diante do exposto, rejeito a preliminar. Quanto ao mérito, o Recorrente solicita que seja modificada a forma de apuração do tributo no auto de infração para a apontada no Recurso Voluntário. Cumpre mencionar que cabe à fiscalização apurar nos termos da legislação vigente a base de cálculo das obrigações tributárias nos termos do artigo 142 do CTN aplicando, quando cabível, as penalidades legais. Neste sentido, a autoridade fiscal utilizou critérios consistentes para a apuração das bases de cálculo dos tributos excluindo do total de receitas omitidas a receita previamente declarada na DIPJ do período. Deste modo, corretamente a fiscalização presumiu a receita tomando previsão legal contida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, “in verbis”: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” O Recorrente não trouxe em sua defesa qualquer base legal ou prova hábil e idônea que, no mínimo, sustentasse a sistemática proposta para apuração da base de cálculo ou das presunções de lucro expostas em seu recurso. Ademais, cabe destacar que a Recorrente não impugnou a forma de tributação utilizada pela fiscalização na peça impugnatória, concordando tacitamente com a mesma, implicando tal pedido verdadeiro inovação no julgado, o que é vedado pelas regras do processo administrativo. Fl. 558DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA Processo nº 10435.003519/200859 Acórdão n.º 180200.961 S1TE02 Fl. 554 9 No mais, em razão da inércia da Recorrente quanto à questão do arbitramento do lucro, consideramos esta matéria perempta, não cabendo análise por esta Corte. Ficou evidenciado nos autos que a interessada foi autuada pela caracterização da omissão de receitas e, em consequência, restou à fiscalização o lançamento dos tributos não declarados e não pagos ao fisco, incidindo ao fato a forma legal acima transcrita. Não há que se considerarem os valores e percentuais descritos na defesa da Recorrente para cálculo dos tributos. Ante o exposto, REJEITO a preliminar e, no mérito, voto no sentido de NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Marco Antonio Nunes Castilho Fl. 559DF CARF MF Impresso em 14/12/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 08/12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 08 /12/2011 por MARCO ANTONIO NUNES CASTILHO, Assinado digitalmente em 13/12/2011 por ESTER MARQUES LIN S DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 10950.002645/2004-33
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2002
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL.
HIPÓTESE DE ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO MEDIANTE AVERBAÇÃO
INTEMPESTIVA ANTES AÇÃO FISCAL. Tratando-se de área de reserva
legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente demonstrando a averbação junto à matrícula do imóvel, ainda que posteriormente ao fato gerador do tributo, mas antes ao início da ação fiscal, impõe-se o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INEXISTÊNCIA DE ADA. DEMONSTRAÇÃO VIA LAUDO PERICIAL. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL.
Uma vez devidamente/documentalmente comprovada à área de preservação permanente, a partir de Laudo Pericial e Memorial Descritivo do imóvel rural, ainda que não apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA, impõe-se o afastamento da glosa procedida pela fiscalização, com o respectivo acolhimento de referida área para efeito de cálculo do imposto a pagar, em
observância ao princípio da verdade material, consagrado pelo disposto no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratando-se as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.764
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira e Elias Sampaio Freire que davam provimento e Francisco Assis de Oliveira Junior que dava provimento parcial quanto à reserva legal averbada.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ÁREA DE RESERVA LEGAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO MEDIANTE AVERBAÇÃO INTEMPESTIVA ANTES AÇÃO FISCAL. Tratandose de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente demonstrando a averbação junto à matrícula do imóvel, ainda que posteriormente ao fato gerador do tributo, mas antes ao início da ação fiscal, impõese o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ÁREADE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. INEXISTÊNCIA DE ADA. DEMONSTRAÇÃO VIA LAUDO PERICIAL. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Uma vez devidamente/documentalmente comprovada à área de preservação permanente, a partir de Laudo Pericial e Memorial Descritivo do imóvel rural, ainda que não apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA, impõe se o afastamento da glosa procedida pela fiscalização, com o respectivo acolhimento de referida área para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material, consagrado pelo disposto no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratandose as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente. Recurso especial negado. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira e Elias Sampaio Freire que davam provimento e Francisco Assis de Oliveira Junior que dava provimento parcial quanto à reserva legal averbada. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 14/10/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório CLÓVIS CERQUEIRA CÉSAR, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 20/09/2004, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 2002, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jundiá”, localizado no município de Icaraima/PR, inscrita na RFB sob nº 2456486, conforme peça inaugural do feito, às fls. 27/34, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Campo Grande/MS, Acórdão nº 049.962/2006, às fls. 93/100, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 1ª Câmara, em 10/07/2008, por maioria de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30134.622, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR EXERCÍCIO: 2002 Fl. 2DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 3 3 ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL APÓS FATO GERADOR DO IMPOSTO A averbação à margem da inscrição da matricula do imóvel, nos termos do art. 16, § 8°, do Código Florestal, tem a finalidade de resguardar a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão de qualquer titulo, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade futura de terceiros eventuais adquirentes do imóvel. A exigência, como précondição ao gozo de isenção do ITR, de que a averbação seja realizada até a data da ocorrência do fato gerador do imposto, não encontra amparo na Lei ambiental (precedentes da CSRF). ITR ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL EXIGÊNCIA. Não há obrigação de prévia apresentação protocolo do pedido de expedição do Ato Declaratório Ambiental para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR. A obrigação de comprovação da área declarada em DITR por meio do ADA, foi facultada pela Lei n°. 10.165/2000, que alterou o art. 17O da Lei n°. Lei no 6.938/1981. É apropriada a comprovação das áreas de utilização limitada e de preservação permanente por meio de laudo técnico, elaborado por Engenheiro Agrônomo com anotação de ART, devidamente apresentado à fiscalização. Aplicação retroativa do § 70 do art. 10 da Lei n° 9.939/96, com a redação dada pela MP 2.16667, de 24/08/01. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 160/177, com arrimo no artigo 7º, inciso I, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado a legislação de regência, notadamente o artigo 16, § 8°, do Código Florestal, c/c artigos 110, 144 e 150 do Código Tributário Nacional; artigo 10, § 1°, inciso II, da Lei n° 9.393/1996, c/c artigo 1° da Lei n° 10.165/2000, os quais exigem a averbação tempestiva da reserva legal à margem da matrícula do imóvel, bem como o protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, capaz de justificar a isenção do ITR na forma inscrita no decisum guerreado, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente. Infere que a Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), na redação dada pela Lei nº 7.803/1989, impõe que a comprovação da existência de área de reserva legal, para fins de não incidência do ITR, depende de prévia averbação tempestiva à margem da matrícula do imóvel. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 4 4 Em defesa de sua pretensão, assevera que a exigência encimada foi expressamente inserida no art. 10, § 4º, inciso I, da IN/SRF/nº 43/1997, (que disciplinou a Lei 9.363/96), com redação do art. 1º, inciso II, da IN/SRF nº 67/1997. Aduz que a Medida Provisória nº 2.166/2001, a qual dispôs sobre a declaração das áreas na Lei nº 9.393/1996, utilizada como esteio ao Acórdão atacado, em nada alterou a necessidade da averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel, eis que, igualmente, contemplou essa exigência, remetendo às disposições do Código Florestal, instituído pela Lei nº 4.771/1965. Tece comentários a propósito do conceito e finalidade da “Reserva Legal”, traçando histórico da legislação que regulamenta a matéria, notadamente Código Florestal, aprovado pela Lei nº 4.771/1965, bem como Lei nº 7.803/1989, a qual estabeleceu a necessidade da averbação ou registro da reserva legal à margem da inscrição da matrícula do imóvel, concluindo que aludida exigência visa justamente atender o fim precípuo da reserva legal, a partir da publicidade dessa situação de fato e de direito. Contrapõese ao entendimento da Câmara recorrida, aduzindo para tanto que áreas de reserva legal são aquelas definidas pelo citado Código Florestal em seu artigo 16 e que, para serem consideradas como tal não bastam apenas “existir” no mundo fático, mas devem “existir” também no mundo jurídico quando averbadas na matrícula do imóvel, mormente quando referida exigência decorre da legislação de regência, mais precisamente a Lei nº 4.771/65, que deverá ser interpretada literalmente, com arrimo no artigo 111 do Códex Tributário. Elucida, ainda, para fins de não incidência do ITR, que a averbação da reserva legal junto à matrícula do imóvel, deve ser procedida antes do fato gerador do tributo, somente passando a produzir efeitos a partir de tal providência, não retroagindo, portanto, a fatos geradores ocorridos anteriormente a esse ato, em observância ao disposto no artigo 144 do Código Tributário Nacional, com vistas a assegurar os interesses coletivos relativamente à proteção do meio ambiente. Relativamente à área de Preservação Permanente, defende que para comprovação das referidas áreas, não se pode prescindir do Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado junto ao IBAMA, no prazo estipulado na legislação. Infere que a Receita Federal do Brasil já se manifestou por diversas oportunidades a propósito do assunto, firmando o entendimento de que a não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente está condicionada ao reconhecimento como tal por parte do Poder Público, por intermédio do ADA, devendo existir em cada imóvel informação específica da parte reservada, como estabelecem as normatizações internas da SRF, notadamente o artigo 10, § 4º, inciso I, da IN SRF nº 43/1997, que disciplinou a Lei nº 9.393/1996, com redação do artigo 1º, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 67/1997. No presente caso, tratandose do exercício de 2002, com mais razão a exigência do Ato Declaratório Ambiental, ou mesmo a protocolização tempestiva de seu requerimento, se faz presente, sobretudo após a alteração do artigo 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, na redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 10.165/2000. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 5 5 Assim, inexistindo na hipótese dos autos provas de que a contribuinte procedeu tempestivamente à averbação em comento e a protocolização atempada do requerimento do ADA, impõese à manutenção da glosa realizada pela fiscalização. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Fazenda Nacional, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito das mesmas matérias, conforme Despacho n° 21000149/2009, às fls. 180. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Fazenda Nacional, o contribuinte não apresentou suas contrarrazões. É o Relatório. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 6 6 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF a contrariedade à lei suscitada pela Fazenda Nacional, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram os dispositivos legais que regulamentam a matéria, os quais exigem a averbação tempestiva da reserva legal à margem da matrícula do imóvel e, bem assim, o protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, capaz de justificar a isenção do ITR na forma inscrita no decisum guerreado. Sustenta, ainda, a PFN que ao desconsiderar a exigência da prévia averbação de reserva legal e requerimento tempestivo do ADA para fins da benesse isentiva, a Câmara recorrida malferiu as normas insertas nas Leis n°s 9.393/1996, 6.938/1981 e 10.165/2000, mormente tratandose do exercício de 2002, posteriormente ao advento da alteração do artigo 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, na redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 10.165/2000. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a propósito da necessidade de averbação tempestiva da reserva legal junto à matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, bem como a exigência do requerimento do Ato Declaratório Ambiental – ADA dentro do prazo legal, quanto às áreas de preservação permanente e reserva legal, para fins de não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta e mansa jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: Fl. 6DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 7 7 a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) DA AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL Conforme se extrai dos dispositivos legais encimados, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de assentamento nos registros cartorários, de reserva legal em imóvel rural, não é, em si, condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo à gleba de terra destinada à proteção ambiental, ao revés do entendimento da recorrente. Melhor elucidando, a norma concessiva do beneficio fiscal em apreço, acima transcrita, sequer fala em necessidade de comprovação por parte do declarante, para fins de afastar a tributação do ITR da parcela destinada à reserva ambiental. Apenas reconhece que a simples declaração do contribuinte, no sentido de que determinada gleba destinase a proteção, é suficiente para assegurar o direito à isenção, sem prejuízo, é obvio, de eventual constatação contrária. Tratase, pois, do conhecido lançamento por homologação, promovido pelo contribuinte sujeito a posterior exame da autoridade fazendária. Com efeito, a partir do momento em que a norma isentiva não exige sequer a comprovação da existência da reserva legal propriamente dita, não há sentido lógico que sustente a exigência do prévio assentamento no Cartório de Registro de Imóveis – CRI, como condição para exclusão da incidência do ITR. Destarte, não sendo legalmente viável exigir a comprovação da existência da área destinada à proteção ambiental, muito menos poderá condicionar a isenção a prévio assentamento cartorário. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 8 8 É preciso reconhecer que ao desvincular a isenção em comento, da necessidade de comprovação da existência da área de reserva legal, a legislação de regência prestigia a destinação ambiental a ser dada à gleba destacada da propriedade rural, em clara preterição a procedimentos burocráticos, que apenas frustrariam o objetivo legal maior, consubstanciado no alcance da exploração consciente e adequada do meio rural, preservando se as condições mínimas para o saudável equilíbrio do meio ambiente. Sob o enfoque da análise de uma norma concessiva de isenção fiscal, a interpretação conferida pela autoridade lançadora, corroborada pela decisão da douta DRJ e defendida pela PFN, no sentido de condicionar a isenção do ITR a prévio registro em cartório da área de proteção ambiental, criando exigências onde a própria Lei instituidora não as criou, apenas limita o alcance da norma de isenção em apreço, mediante interpretação extensiva de uma condição não legalmente prevista, o que em letras frias significa clara afronta ao artigo 111, I e II do CTN, que exige uma interpretação literal de tais normas. Não se pode perder de vista ainda o fato de que a isenção, a teor do artigo 176 do CTN, e na esteira da previsão contida no § 6º do artigo 150 da Constituição Federal, decorre da lei que a instituiu, e que especificará, dentre outros aspectos, as condições e os requisitos exigidos para sua concessão, ou seja, a lei instituidora da isenção será especifica e trará todos os elementos necessários para o gozo do beneficio fiscal que está concedendo. Ao que nos parece, o texto codificado lança o alerta de que a isenção reporta se apenas a legislação que a contemplou, estando vinculada aos eventuais requisitos e condições nela expressamente delimitados, marcando sua natureza exclusiva. Tal alerta, vale lembrar, tem dois focos distintos, um direcionado ao sujeito passivo, assegurandolhe o beneficio fiscal se comprovada à observância das condicionantes previstas na legislação que o concedeu, e outro voltado ao sujeito ativo, no sentido de reforçalhe a certeza de que apenas ao legislador especifico é outorgado o direito de condicionar a isenção por ele instituída. Essa natureza exclusiva da norma que concede a isenção fiscal é passo fundamental para bem compreendermos que leis diversas, reguladoras de matérias estranhas à isenção propriamente dita, tais como Direito Civil, Penal, Florestal, etc., não podem servir de fundamento legal nem para o seu gozo, assim como para criar obrigação ou condição que frustre o usufruto do seu direito1. A Lei que concede a isenção, e apenas ela, pode condicionar a sua fruição. Por essas razões, não merece ressalvas o voto condutor do Acórdão ora guerreado, ao rechaçar o entendimento do Fisco/Fazenda Nacional, escorado no Código Florestal, para se exigir prévio registro da área de reserva ambiental no competente CRI, como condição para isenção do ITR, porquanto tal exigência não se reporta à legislação que instituiu o favor fiscal, mas outra que lhe é entranha. Somente a título elucidativo, não sendo o prévio assentamento da reserva legal em Cartório condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. 1 Misabel Derzi, Comentários de atualização da 11ª Edição da Obra Direito Tributário Brasileiro, do mestre Aliomar Baleeiro, a sua pág. 932. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 9 9 Contudo, ainda que a legislação exigisse a comprovação por parte do contribuinte, ad argumentandum tantum, o reconhecimento da inexistência de reserva legal decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, a mera inscrição em Cartório ou ainda o requerimento do ADA, não se perfazem nos únicos meios de se comprovar a existência ou não de reserva legal. Assim, realizado o lançamento de ITR decorrente da glosa de reserva legal, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pelo não assentamento prévio em cartório ou requisição do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à reserva legal. Mais a mais, com esteio no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. In casu, o que torna ainda mais digno de realce, relativamente à área de reserva legal, e que fora determinante para os demais Conselheiros que acompanharam o presente voto pelas conclusões, é que o contribuinte trouxe à colação documentos comprobatórios de sua existência, dando conta, inclusive, que a averbação fora procedida, ainda que intempestivamente, em 01/10/2003 (posteriormente ao fato gerador), mas antes do início da ação fiscal, como a própria autoridade lançadora reconhece no Auto de Infração – “Termo de Verificação Fiscal”, às fls. 31. Nesse sentido, afora entendimento pessoal a propósito da matéria acima alinhavada, o certo é que a averbação à margem da escritura do imóvel, ainda que intempestiva, associada ao Laudo Técnico e Memorial Descritivo, às fls. 66/77 e 78/85, respectivamente, se prestam a comprovar a existência da área de reserva legal, rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda Nacional. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL – INEXIGÊNCIA – EXERCÍCIO 2002 – COMPROVAÇÃO MEDIANTE LAUDO – VERDADE MATERIAL APLICABILIDADE Inicialmente, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal. Por outro lado, para os exercícios de 2001 em diante, após o advento da Lei no 10.165, de 28/12/2000, que alterou a Lei no 6.938/1981, entende a jurisprudência majoritária deste Colegiado que a protocolização atempado do ADA passou a ser exclusiva exigência legal, para fins de fruição da isenção em comento. Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou Enunciado da Súmula, contemplando o tema nos seguintes termos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o Fl. 9DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 10 10 lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” No entanto, afora a exigência de apresentação do ADA contemplada pela legislação vigente à época do fato gerador do tributo em debate, o mesmo entendimento levado a efeito na área de reserva legal deve ser adotado para a preservação permanente, sobretudo em face do disposto no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, a qual estabelece que a isenção em epígrafe sobre aludidas áreas, independe de prévia comprovação (requisição atempada do ADA), bastando que o contribuinte a declare como tal na DITR, ficando sujeito ao pagamento do imposto devidamente corrigido na hipótese de falsidade na informação. Em outras palavras, em vista deste evidente conflito entre as normas que regulamentam a matéria, impõese privilegiar a verdade real, ou seja, a comprovação material da área declarada pelo contribuinte como de preservação permanente, o que se vislumbra na hipótese dos autos, como se verifica do Laudo Técnico e Memorial Descritivo, às fls. 66/77 e 78/85, respectivamente, delimitando precisamente a área de preservação permanente, afastando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento eleito pelo autuado, conforme restou circunstanciadamente demonstrado no Acórdão recorrido. Nesse sentido, a documentação trazida à colação pelo contribuinte, se presta a comprovar a existência da área de preservação permanente, repelindo o pleito da recorrente, mormente em homenagem ao princípio da verdade material. Por derradeiro, no que tange às determinações inseridas nas Instruções Normativas nºs 43 e 67, de 1997, esteios do entendimento da Fazenda Nacional, uma vez demonstrado que a legislação tributária específica não condiciona a isenção em comento, exclusivamente, a requisição atempada do ADA e à averbação tempestiva da reserva legal junto a matricula do imóvel, não podem aludidas normas complementares/secundárias, por sua própria natureza, inovar, suplantar e/ou cingir os ditames contidos nas leis regulamentadas. Perfunctória leitura do artigo 100, inciso I, do Códex Tributário, fulmina de uma vez por todas a pretensão fiscal, senão vejamos: “Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;[...] Na esteira desse entendimento, cabe invocar os ensinamentos do renomado doutrinador Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, na obra “Comentários ao Código Tributário Nacional”, volume 2, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Saraiva, 1998, págs. 40/41, que ao tratar do artigo 100 do Código Tributário Nacional, assim preleciona: “ Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. São as instruções ministeriais, as portarias ministeriais e atos expedidos pelos chefes de órgãos ou repartições; as instruções normativas expedidas pelo Secretário da Receita Federal; as circulares e demais atos normativos internos da Administração Pública, que são vinculantes para os agentes públicos, mas não podem criar obrigações para os contribuintes que já não estejam previstas na lei ou no decreto dela decorrente. Também não Fl. 10DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 11 11 vinculam o Poder Judiciário, que não está obrigado a acatar a interpretação dada pelas autoridades públicas através de tais atos normativos.” Outro não é o entendimento do eminente jurista Leandro Paulsen, ao comentar o Código Tributário Nacional, adotando posicionamento do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos: “Vinculação absoluta dos atos normativos à lei. “... As instruções normativas editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, editada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação de lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá de ilegalidade...” (STF, Plenário, AGRADI 365/DF, rel. Min. Celso de Mello, nov/1990)” (DIREITO TRIBUTÁRIO – Constituição e Código Tributário Nacional à luz da Doutrina e da Jurisprudência” – 5ª edição, Porto Alegre: Livraria do Advogado:ESMAFE, 2003, pág. 740) Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 1ª Câmara do 3o Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 11DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO Processo nº 10950.002645/200433 Acórdão n.º 920201.764 CSRFT2 Fl. 12 12 Fl. 12DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 18/10/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 20/10/2011 por OTACILIO DANT AS CARTAXO
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Numero do processo: 10183.720435/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Ano calendário: 2004
INTIMAÇÃO. CIÊNCIA POR EDITAL.
A intimação poderá ser feita por edital, quando resultar improfícuo um dos meios ordinários, quais sejam: pessoal, por via postal ou por meio eletrônico.
INTIMAÇÃO. VIA POSTAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO.
O domicílio tributário, para fins de intimação por via postal, é aquele fornecido pelo sujeito passivo, para fins cadastrais, à administração tributária.
Numero da decisão: 2102-001.760
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR
provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro relator que DAVA provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Núbia Matos Moura. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pageti.
Nome do relator: ATILIO PITARELLI
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CIÊNCIA POR EDITAL. A intimação poderá ser feita por edital, quando resultar improfícuo um dos meios ordinários, quais sejam: pessoal, por via postal ou por meio eletrônico. INTIMAÇÃO. VIA POSTAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. O domicílio tributário, para fins de intimação por via postal, é aquele fornecido pelo sujeito passivo, para fins cadastrais, à administração tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro relator que DAVA provimento. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Núbia Matos Moura. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pageti. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Presidente Assinado digitalmente Atilio Pitarelli – Relator Fl. 193DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 Assinado digitalmente Núbia Matos Moura – Redatora designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pageti. Relatório O presente Recurso Voluntário é proposto face a decisão proferia em 27 de novembro de 2.009, pela 1a Turma da DRJ/CGE (fls. 135/139), que por unanimidade de votos não conheceu da impugnação por intempestiva, apreciandoa com fundamento no Ato Declaratório Normativo n.o 15, de 12/07/96, por nela conter preliminar de tempestividade. O Auto de Infração foi lavrado em 03/12/2007, no valor total de R$ 1.085.102,17 (um milhão, oitenta e cinco mil, cento e dois reais e dezessete centavos), sendo R$ 490.552,52 a título de imposto suplementar, R$ 226.635,26 de juros de mora e R$ 367.914,39 de multa de ofício, pertinente a imóvel localizado no município de Santo Antonio do LevergerMT e decorrem dos seguintes fatos: Área de preservação permanente não comprovada Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a titulo de preservação permanente no imóvel rural. 0 Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Enquadramento Legal ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Valor da Terra Nua declarado não comprovado Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo como base as informações do Sistema de Pregos de Terra SIFT da RFB. Os Fl. 194DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10183.720435/200710 Acórdão n.º 2102001.760 S2C1T2 Fl. 194 3 valores do DIAT encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Enquadramento Legal ART 10 PAR 1 E INC I E ART 14 L 9393/96 Complemento da Descrição dos Fatos: 1. Do Procedimento Fiscal: Contribuinte regularmente intimado por edital, Edital de n° 0208/07 SEFIS/DRF/CBAMT, uma vez que foi improfícua a intimação encaminhada via postal para o endereço do contribuinte constante na Secretaria da Receita Federal. Decorrido o prazo legal de afixação do edital e o prazo para atendimento da intimação, o contribuinte não compareceu para atendimento; sendo efetuado lançamento de oficio com as informações de que se dispõe na Secretaria da Receita Federal. Arbitramento Do Valor Da Terra Nua VTN: A Lei 9.393/96 estabelece, em seu art. 14, que no caso de subavaliação do valor do imóvel, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de oficio do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de Area total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. Determina ainda que as informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1 0 , inciso II da Lei n° 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Para o município do imóvel rural em questão, apesar de solicitado As Secretarias de Agricultura Estadual e Municipal informações sobre o VTN para serem levados em consideração no estabelecimento do SIPT, não obtivemos resposta. Na hipótese de não serem fornecidos os preços de terras para um determinado município, nem pela Secretaria Estadual de Agricultura, nem pela Secretaria Municipal de Agricultura, tendo em vista o comando e a competência legal para a instituição do SIPT, nos termos do art. 14 da Lei n° 9.393, de 1996, a Receita Federal do Brasil disporá, para fins de lançamento de oficio do ITR, do preço médio do hectare obtido a partir dos valores informados nas Declarações do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR) pelo conjunto dos próprios contribuintes dos imóveis localizados em cada município. Sendo assim, os valores instituídos pela RFB para o SIPT, conforme Portaria SRF n. 447 de 28/03/02, com valores evidenciados abaixo, extratos do SIPT encontramse no processo de autuação. 0 VTN arbitrado é a média dos VTN declarados Fl. 195DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 pelos contribuintes do município de localização do imóvel rural para o exercício. Com base nesses dados, foi então arbitrado o valor da terra nua VTN, conforme a seguinte demonstração: a) Área Total do Imóvel declarada/apurada = 11756, OHA b) VTN/há de = R$ 348,37 c) VTN do imóvel = Área Total * VTN/há = R$ 4095437,72 Assim, conforme demonstrativo objeto da fl. 5, foi considerada tributável a área total do imóvel, que é de 11.756,0 hectares, uma vez não considera como isenta a área de 5.878,0 hectares, declarada pelo contribuinte como de Preservação Permanente. No tocante ao valor da terra nua, que constitui outro elemento da base de cálculo do imposto, foi apurado pela autoridade fiscal o valor de R$ 4.095.437,72, que redundou no valor a título de imposto de R$ 491.452,52, que considerando o valor de R$ 900,00, declarado e recolhido pelo contribuinte, quando atribuiu o VTN em R$ 200.000,00, para a metade da área total, restou a diferença que está exigida no auto de infração, a título de imposto, que é de R$ 490.552,52. No tocante ao valor da terra nua, expressamente, admite como legal o valor apurado pela autoridade fiscal autuante, requerendo ao final, que o valor da exigência fiscal a título de imposto seja reduzido para R$ 9.214,73, com os acréscimos legais. O recorrente impugnou o lançamento fiscal às fls. 34/40, juntando vários documentos de natureza distintas, argüiu em preliminar o acolhimento da peça de defesa, argumentando sobre a indevida intimação por edital e quanto ao mérito, alegou apenas equívoco no preenchimento da DITR, quando da distribuição da área do imóvel rural, mais especificamente, na linha 02 – Área de Preservação Permanente, quando o correto, seria constar na linha 03 – Área de Utilização Limitada ou Reserva Legal, sendo esta a destinação de 50% da área total do imóvel, objeto de averbação na matrícula do Registro de Imóveis e constante no ADA relativos aos anos de 1.997 e 2.003. Juntou documentos de fls. 42/115. Informa o recorrente à fl. 124, ter solicitado parcelamento do débito admitido como devido. Como destacado acima, a decisão proferida em primeira instância foi no sentido de não conhecer da impugnação, por intempestividade, não obstante ter o seu relator consignado à fl. 139, seu entendimento sobre a admissibilidade de revisão de ofício pela autoridade lançadora, em função da “regularização tempestiva da área isenta, bem como da concordância do impugnante quanto ao VTN e o pedido de parcelamento da parte não impugnada”, recomendando ao final, o retorno à unidade de origem para os devidos fins, inclusive, para apreciação desta possibilidade, o que não consta ter ocorrido. Na decisão recorrida, consta ainda no voto (fl 138): 15. Entretanto, através do contrato de locação de fl. 73 se verifica que o aluguel da residência anterior havia findado em 30/10/2007, depois, portanto, do envio da intimação postada 25/07/2007 e devolvida em 02/08/2007; oportunidade em que poderia haver sido informada a questão da mudança de endereço. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10183.720435/200710 Acórdão n.º 2102001.760 S2C1T2 Fl. 195 5 Em grau de Recurso Voluntário a este colegiado (fls. 150/162), resumidamente, aduz o Recorrente que: a) a agência dos correios de Rondonópolis e nem o agente autuante se dignou em ligar para informar sobre a intimação, uma vez que seu nome figurava na lista telefônica da cidade; o relator da decisão recorrida reconheceu o direito à isenção sobre a reserva legal, mas se prendeu ao aspecto burocrático do prazo decorrente da notificação por edital, mencionando expressamente seu entendimento que os autos deveriam retornar à origem para que fosse verificada a possibilidade de revisão de ofício, em função dos documentos apresentados; c) com fundamento nos princípios constitucionais que lhe asseguram o direito de petição; de ser privado de seus bens sem o devido processo legal, e da vedação no processo apenas de provas obtidas por meios ilícitos, protesta pela admissão do Recurso Voluntário a este colegiado, para que a questão de mérito seja apreciada; d) a decisão recorrida deixa dúvidas com relação à revisão de ofício do lançamento fiscal, e que está sendo injustiçado por questões meramente burocráticas, o que fere o princípio constitucional da ampla defesa e irrestrita legalidade, caracterizando a penalidade pecuniária em enriquecimento ilícito, uma vez que os documentos acostados provam a improcedência do trabalho fiscal, entendendo ao final, que este colegiado é competente para apreciar o mérito da defesa apresentada; e) referindose ao mérito, destaca que a autoridade fiscal presumiu a revelia ao afixar o edital n.o 0208/07, ignorando o fato de ter apresentado a DIRPF em 27/04/2008, com atualização do domicilio fiscal, tenho a autoridade fiscal utilizado para seu trabalho a DITR de 2004, lançando o imposto em data de 03/12/2007; f) repassando as informações constantes na DITR, se constata que a área destinada à reserva legal, consta como de Preservação Permanente, e corresponde a 50% da área total do imóvel, está averbada na matrícula do Registro de Imóveis desde 22/06/1999 e foi devidamente notificada ao IBAMA através dos Atos Declaratórios Ambientais de 1997 e 2003, e foi posteriormente ratificada através do georeferenciamento concluído em 2008, confirmando como de reserva legal a área de 5.878,0 hectares, observando assim integralmente o disposto no art. 12 do decreto 4.382/2002 e corroborado por precedentes deste colegiado; Fl. 197DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 g) convalidado o direito à isenção sobre a área destinada à, tal como reserva legal, há que se alterar o demonstrativo de apuração do imposto, para figurar na linha 06, como área aproveitável, 5.870,0 hectares informada na DITR de 2.004, e ignorada pela autoridade autuante e no item 13, Grau de Utilização, na ordem de 100% para o valor apurado; h) no item 18 Valor da Terra Nua, no quadro cálculo do imposto, aplicar o reflexo na ordem 50%, reconhecendo assim a área destinada à Preservação Permanente (Reserva Legal), que está devidamente comprovada; i) por fim, considerar o efeito no Grau de Utilização de 100% (linha 18), ficando alterado para 0,45% tanto para o valor declarado quanto no valor apurado, alterando com isto o valor devido na linha 20, figurando o imposto no valor de R$ 6.694,21. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Atilio Pitarelli, Relator. O recurso é tempestivo, está em conformidade com o prazo estabelecido pelo artigo 33 do Decreto 70.235/72, foi interposto por parte legítima e está devidamente fundamentado, dele conhecendo. Inicialmente cabe destacar entendimento deste relator, no sentido da nulidade das notificações pertinentes ao lançamento fiscal. Aquela efetuada por edital precedendo a postal, constitui inversão não autorizada pelo art. 23 do decreto n.o 70.235/72, comprometendo assim, tão relevante ato do processo administrativo, que é a ciência do Auto de Infração para o exercício da defesa, não podendo tomar por empréstimo informação da notificação da solicitação para a apresentação de documentos. Diante deste fato, caberia à DRJ conhecer e apreciar as questões de mérito apresentadas pelo Recorrente, quando alegou tomar ciência do lançamento e apresentou impugnação, não somente em função da preliminar de tempestividade, que se deu em decorrência do prescrito no Ato Declaratório Normativo n.o 15, da Coordenação do Sistema de Tributação – ADN/COSIT, de 12 de julho de 1.996, mas também, em função da nulidade da notificação para que o fizesse quando da lavratura. Amparado no par. 3.o do art. 59 do decreto n.o 70.235/72, entendo ainda que não seria necessário retornar o processo àquele órgão julgador, para que apreciasse os documentos e questões de mérito apresentados na impugnação, podendo o mesmo ser efetuado nesta instância, uma vez que assim estabelece este dispositivo: Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprimir a falha.” Fl. 198DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10183.720435/200710 Acórdão n.º 2102001.760 S2C1T2 Fl. 196 7 Destarte, não obstante o fato do contribuinte não pode se beneficiar da sua própria desídia, em não comunicar ao fisco a alteração de seu endereço, no presente caso, concorre o vício na notificação, o que compromete a postura da fiscalização, não podendo simplesmente ser ignorada a defesa apresentada, sob o pretexto de intempestiva. Com efeito, já constava da peça de impugnação, documentos que evidenciavam o erro no preenchimento da DITR, informando como APP área que na verdade é de reserva legal, objeto de ADAS (fls. 51 e 52) e averbação na matrícula do Registro de Imóveis (fl. 57), medidas estas, que atendem aos mais exigentes Conselheiros deste colegiado, para reconhecer o direito dos contribuintes de excluírem esta área da base de cálculo do imposto, corroboradas com documentos, que com base no inciso III do art. 3.o e 38 da lei n.o 9.784/99, mereciam apreciação, o que não impede que seja feita nesta oportunidade, por este colegiado, a quem compete a decisão final, uma vez que por força do Ato Declaratório Normativo n.o 15, de 12/07/96, a impugnação foi conhecida e da sua decisão originou a peça recursal. Assim, com base nos dispositivos e diplomas acima mencionados, e não restando dúvidas sobre as medidas adotadas pelo Recorrente antes mesmo do início do trabalho fiscal, entendo que a pretensão fiscal não deve prosperar. Por todo o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso. Assinado digitalmente ATILIO PITARELLI Voto Vencedor Conselheira Núbia Matos Moura, Redatoradesignada O ilustre relator restou vencido, eis que a maioria do colegiado entendeu que a impugnação apresentada pelo contribuinte estava intempestiva., sendo certo que, nesta conformidade, negouse provimento ao recurso. Pois muito bem. A autoridade julgadora de primeira instância entendeu caracterizada a intempestividade da impugnação, dado que considerou que o contribuinte foi cientificado da Notificação de Lançamento em 29/12/2007 (edital, fls. 75) e que a impugnação somente foi apresentada em 10/02/2009, fls. 101. Para a análise da questão transcrevese a seguir despacho proferido pela autoridade fiscal, onde foram prestados esclarecimentos acerca da ciência da Notificação de Lançamento ao contribuinte: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 Durante o procedimento fiscal o contribuinte foi intimado por edital, com ciência no dia 09/10/2007, a correspondência postal enviada para o endereço informado pelo contribuinte havia retornado com a informação de que ele havia mudado de endereço. Decorrido os prazos da intimação o contribuinte não prestou os esclarecimentos solicitados, sendo lançado de oficio o ITR com as informações de que se dispunha na RFB, com emissão da Notificação de Lançamento em 01/12/2007. Como já estava configurado durante a fase de intimação que o envio postal seria improfícuo, publiquei o Edital de n° 0259/2007SEFISDRF/CBA em 14/12/2007 para se efetivar a ciência em 29/12/2007. Tanto seria improfícua a via postal, que a correspondência das notificações postadas pelo sistema eletrônico somente em 17/12/2007, retornou em 08/01/2008 pelo mesmo motivo anterior: "mudouse". Portanto, considerar o contribuinte ciente por Edital no dia 29/12/2007. De fato, restou comprovada, nos autos, improfícua a ciência por via postal, dado que o Aviso de Recebimento (AR), fls 12, encaminhado para o endereço cadastral do contribuinte, retornou com a informação de que o contribuinte havia mudado de endereço. No que se refere ao entendimento exarado pela Coordenação Geral de Administração Tributária – COSIT, na Solução de Consulta Interna (SCI) nº 46, de 21/12/2004, mencionada no voto vencido, entendese que neste caso seria desnecessário o encaminhamento de nova correspondência ao endereço cadastral do contribuinte, antes da publicação do edital para cientificar o contribuinte do lançamento, dado que o AR relativo à intimação do Termo de Intimação Fiscal já havia retornado à repartição com a informação de que o contribuinte havia mudado de endereço. Veja que depois de fixado o edital, encaminhou se ao contribuinte cópia da Notificação de Lançamento, por via postal, que retornou com a mesma informação de que o contribuinte havia mudado de endereço. Tal fato, reforça o entendimento de que desnecessária seria a tentativa de ciência por via postal para cada um dos atos, conforme previsto na SCI já referida. Destaquese que o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 determina que a intimação deverá ser feita por edital, quando resultar improfícua a ciência pessoal ou por via postal. E este foi o caso dos autos. Por fim, importa esclarecer que o contribuinte somente efetuou a alteração de seu endereço, junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) em 24/04/2008, quando da apresentação de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), relativa ao exercício 2008, ano calendário 2007, fls. 43. Observese que tal data (24/04/2008) é posterior a data da publicação do edital, que cientificou o contribuinte do lançamento. Nestes termos, correta a decisão recorrida ao considerar intempestiva a impugnação. Logo, voto por NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Fl. 200DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10183.720435/200710 Acórdão n.º 2102001.760 S2C1T2 Fl. 197 9 Fl. 201DF CARF MF Impresso em 13/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 24/02/2012 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 27/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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