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Numero do processo: 13827.003145/2008-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL TERCEIROS AFERIÇÃO
INDIRETA AUSÊNCIA DE REGISTRO DE DOCUMENTOS QUE DESCREVEM MÃO DE OBRA BEM COMO IDENTIFICAÇÃO DE VALORES NÃO CONTABILIZADOS INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos do AI. Não compete a empresa apenas alegar, mas demonstrar por meio de prova suas alegações.
Aferição indireta é o procedimento de que dispõe a RFB para apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais. Será a aferição indireta utilizada, quando no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento do sujeito passivo, a auditoria fiscal constatar que a contabilidade
não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, ou do faturamento e do lucro.
No caso em questão a ausência de contrato com a empresa prestadora de serviços, a ausência de contabilização do movimento bancário, de entrada e saída de matéria prima para industrialização, do valor do frete da saída das mercadorias, justificam a aplicação da aferição.
A fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL SEGURADOS EMPREGADOS AFERIÇÃO INDIRETA NULIDADE DA AUTUAÇÃO CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES.
Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente não só no relatório de lançamentos, no DAD, bem como no relatório fiscal.
Ao deixar de contabilizar documentos e movimentação financeira, provocou a empresa o descrédito de sua contabilidade, passando a presumir a utilização de mão de obra, cabendo a parte contrária a apresentação de provas para desconstituir o lançamento.
TRABALHO DO AUDITOR ATIVIDADE VINCULADA
Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes.
REQUERIMENTO DE PERÍCIA AFERIÇÃO INDIRETA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE INDEFERIMENTO.
Deverá restar demonstrada nos autos, a necessidade de perícia para o deslinde da questão, nos moldes estabelecidos pela legislação de regência. Não se verifica cerceamento de defesa pelo indeferimento de perícia, cuja necessidade não se comprova
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-002.077
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA
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A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos do AI. Não compete a empresa apenas alegar, mas demonstrar por meio de prova suas alegações. Aferição indireta é o procedimento de que dispõe a RFB para apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais. Será a aferição indireta utilizada, quando no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento do sujeito passivo, a auditoria fiscal constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, ou do faturamento e do lucro. No caso em questão a ausência de contrato com a empresa prestadora de serviços, a ausência de contabilização do movimento bancário, de entrada e saída de matéria prima para industrialização, do valor do frete da saída das mercadorias, justificam a aplicação da aferição. A fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL SEGURADOS EMPREGADOS AFERIÇÃO INDIRETA NULIDADE DA AUTUAÇÃO Fl. 109DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES. Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente não só no relatório de lançamentos, no DAD, bem como no relatório fiscal. Ao deixar de contabilizar documentos e movimentação financeira, provocou a empresa o descrédito de sua contabilidade, passando a presumir a utilização de mão de obra, cabendo a parte contrária a apresentação de provas para desconstituir o lançamento. TRABALHO DO AUDITOR ATIVIDADE VINCULADA Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. REQUERIMENTO DE PERÍCIA AFERIÇÃO INDIRETA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE INDEFERIMENTO. Deverá restar demonstrada nos autos, a necessidade de perícia para o deslinde da questão, nos moldes estabelecidos pela legislação de regência. Não se verifica cerceamento de defesa pelo indeferimento de perícia, cuja necessidade não se comprova Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Cleusa Vieira de Souza, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 110DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 110 3 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal, lavrado sob o n. 37.083.7061, em desfavor da recorrente, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela destinada a terceiros, , no período de 01/2004 a 12/2004. Observase que inicialmente ao processo em questão foi apensado ao DEBCAD 37.083.7053, por descrever fatos geradores relacionados, envolvendo a contribuição patronal. Contudo, apresentou o recorrente recursos em separado para cada AI. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 18 a 26, considerando que a empresa não possui nenhum empregado para o ano 2004 e somente as notas fiscais de serviço da empresa Lazaro Hailton Foganholo Junior ME conforme demonstrado na planilha anexo II do REFISC, e considerando, outrossim, que no exame da escrituração contábil a mesma não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro nos termos do art. 3 Lei 8212 de 24/07/91 combinado com o art. 235 do Regulamento da Previdência Social — RPS aprovado pelo Decreto 3048 de 06/05/99, foi a massa salarial apurada em função da receita bruta e a massa salarial de empregados declarada em GFIP, cujos dados foram extraídos dos sistemas Fazendários SIF 4 e DW PESSOA JURÍDICA 14/08/2008, para o segmento Fabricação de Calçados de Couro do ano calendário 2004 do município de Jaú, cujos dados encontramse na planilhas anexo III do referido relatório. Esclarece a autoridade fiscal, que a apuração do percentual a ser aplicado sobre o faturamento encontrase demonstrado na planilha anexo IV e dos percentuais apurados de 90,92% (desvio padrão), 51,88% (média) e 26,65% (mediana) foi adotado como critério razoável e proporcional para a aferição indireta da massa salarial a partir do faturamento, o percentual de 26,65% que representa a MEDIANA, que aplicado sobre o faturamento do sujeito passivo fornece a massa salarial. Cabe esclarecer que do valor da mão de obra aferida apurado na aplicação do percentual de 26,65% sobre o faturamento demonstrado na planilha anexo I foi deduzido os valores da mão de obra contido nas notas fiscais de serviços emitidas pela empresa Lazaro Hailton Foganholo ME demonstrado na planilha anexo II, cujos valores foram apurados com base no $ 30 do art. 601 da INSTRUÇÃO NORMATIVA MPS/SRP N° 3, DE 14 DE JULHO DE 2005 aplicandose 50% para a apuração do valor dos serviços contido nas notas fiscais, uma vez que a utilização de equipamento é inerente à execução dos serviços contratados, ainda que não esteja previsto em contrato e para fins de aferição da remuneração da mão de obra utilizada na prestação de serviços, foi aplicado 40% conforme previsto no inciso I do art. 600 IN 03 citada acima. Ainda conforme o relatório fiscal, restou detectado que a empresa não contabilizou: todas movimentações financeiras, perfazendo a movimentação anual de todos os bancos um total de R$8.438.194,53 conforme relatório do banco de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil e cópia do balanço patrimonial 2004; notas fiscais referente a serviços prestados pela empresa Lazaro Hailton Foganholo Junior ME, pagamentos de fretes a cargo da empresa, uma vez que na contabilidade não consta nenhum pagamento de frete tanto na compra como nas vendas de mercadorias. Fl. 111DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Importante, destacar que a lavratura da NFLD deuse em 24/10/2008, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no mesmo dia. Inconformado com a NFLD, a notificada apresentou defesa, conforme fls. 29 a 49. Foi exarada a DecisãoNotificação DN que confirmou a procedência do lançamento, fls. 60 a 69. Indicou a autoridade julgadora, que considerando a conexão entre os diversos auto de infração lavrados durante o mesmo procedimento, procedeu a apensação do processos: 13827.003143/200867, 13827.003145/200856, 13827.003146/200809 e 13827.003148/200890, por entenderem que encontramse vinculados ao crédito apurado. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso, conforme fls. 76 a 105, onde, em síntese a recorrente traz as mesmas alegações da impugnação, quais sejam: 1. O relatório fiscal não demonstra os motivos que ensejaram a autuação, por não comprovar a efetiva existência de empregados e, não mencionar a respectiva fundamentação jurídica, desrespeitando o contraditório e a ampla defesa, bem como o art. 661 da IN 03/2005, causando a nulidade do ato administrativo face a ausência de motivação. 2. Os dados informados pelo agente fiscal são genéricos, apenas registrando de quais documentos partiram suas conclusões, sem, ao menos, explicitar, de fato, o motivo que deu ensejo à cobrança das Contribuições Previdenciárias supostamente fundamentadas na omissão dos fatos geradores em GFIP, referentes ao ano calendário 2004. 3. A recorrente não realiza a industrialização de seus produtos, ficando apenas com os encargos de laboração, criação e venda, sendo que a efetiva "produção" da mercadoria fica a cargo da terceirizada que atualmente é a empresa Lázaro Hamilton Foganholo Júnior ME, por isso não há valores declarados em GFIP. 4. No tocante às vendas, por tratarse de mercadorias com comercialização reflexa em modas temporais, suas coleções eram extremamente limitadas e os produtos diretamente remetidos a uma lista de clientes, em especial grandes varejistas do mercado nacional, ficando tudo a encargo da empresa recorrente. 5. O agente fiscal ao dirigirse ao estabelecimento da recorrente, só encontrou um escritório administrativo, e descreve que ao procurar os maquinários não os encontrou. Entretanto estes se encontravam nos fundos do estabelecimento, sem utilização. 6. O fato de não ter sido comprovada a origem da mãodeobra utilizada na consecução de suas atividades, impossibilita a imputação de pagamentos de valores baseados em mera presunção. 7. São inúmeras as razões determinantes da impropriedade da conclusão de que não ter mãodeobra própria é fato indiciário da aludida omissão de contratações e registros contábeis obrigatórios. 8. Nesse desiderato, a fundamentação do ato administrativo constituise em exigência intransponível no cenário jurídico vigente, em especial quando se tratar de matéria intrínseca ao direito tributário, vez que viabiliza a aferição por parte do contribuinte da sua legalidade, onde a omissão ou contradição do dispositivo legal que motiva a ação Fl. 112DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 111 5 Estatal, implicará em verdadeira supressão oblíqua do devido processo legal, da ampla defesa e contraditório. 9. Notase, ainda, que ao contrário das afirmações externadas na r. decisão de que a ora recorrente valeuse do direito de impugnar o Auto de Infração o que por si só afasta a afronta aos princípios constitucionais supra aduzidos, necessário reafirmar que da singela análise do auto compelido verificase a impossibilidade de efetivamente identificar quais foram os motivos e fundamentos utilizados pelo nobre fiscal para configurar a soidisant exigência fiscal. 10. Nessa vereda, como é impossível para o contribuinte ou para qualquer outra pessoa que não seja o próprio fiscal autuante sabermos os verdadeiros motivos, como se deu, as razões e os fundamentos da autuação, é de rigor que seja rechaçada a NFLD ora altercada, haja vista que o vício macula o lançamento de forma integral. 11. No tocante a elaboração das mercadorias da recorrente, conclui não ter sido comprovada a origem da mãodeobra utilizada na consecução de suas atividades, impossibilitando, assim, à autoridade fiscal, a imputação à empresa ao pagamento de valores, baseandose em mera presunção. 12. Os dados fornecidos durante a fiscalização e que fazem parte da autuação (respostas às intimações) demonstraram cabalmente a origem da mãodeobra executora dos serviços e a real responsabilidade da contratação dos trabalhadores. Não tem sentido, portanto, tributar pela via das contribuições sociais previdenciárias a utilização de mãodeobra originada em acordo pactuado entre empresas, mesmo que esse acordo tenha sido celebrado verbalmente. 13. No presente caso não é válida a apuração por aferição indireta, efetuada nos moldes do artigo 597 da IN 03/2005 e art. 33, § 6° da Lei n 8.212/1991, vez que as inconsistências encontradas na escrituração contábil não estão relacionadas à remuneração de empregados, citando vasta jurisprudência para corroborar suas alegações; 14. O próprio agente fiscal, ao lavrar o auto de Infração elucida que as inconsistências apontadas na escrituração contábil se referem à inobservâncias de obrigações acessórias, não podendo, com base nesses argumentos atribuir ao contribuinte a restrita aferição indireta. 15. Ademais, em outro espeque, o artigo 33, 5 6°, da Lei n° 8.212/91 é firme ao prever que a as contribuições efetivamente devidas somente serão apuradas por aferição indireta caso a contabilidade da empresa não se preste a informar o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro. 16. Todavia, no presente AIIM, o Sr. Auditor Fiscal não comprovou todos os pressupostos legais de caracterização de uma relação trabalhista, simplesmente lançando argumentos e suposições, aguardando a comprovação de licitude do requerente, isto é, não provou com documentos e outras provas idôneas os fatos "in concreto" que respaldam a sua autuação. 17. Discorda, ainda, do índice de 26,65% para o cálculo da massa salarial, alegando parâmetros superiores à sua receita bruta, já que o fisco utilizou dados empresariais de outras pessoas jurídicas, as quais sequer fazem parte da mesma atividade profissional desenvolvida pelo recorrente. Fl. 113DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 18. Para fins de arbitramento foi utilizado o malfadado percentual de 26,65%, contudo, para os descontos relativos às notas fiscais emitidas pela empresa Lazaro Hamilton Foganholo Junior ME, a autoridade fiscal utilizou apenas o percentual de 20%, sendo creditado à recorrente apenas R$ 24.193,20, quando na verdade deveria ser R$ 32.073,79 . 19. Não foi excluído da receita bruta, os valores de faturamento, gerados pela venda dos produtos, fabricados pela empresa prestadora de mãodeobra. 20. Para a fixação do índice em comento, o agente fiscal estabeleceu como parâmetro dados empresariais de pessoas jurídicas outras, além das fabricantes de calçados, as quais sequer fazem parte da mesma atividade profissional desenvolvida pela ora recorrente, o, que definitivamente não se pode asilar! 21. O Sr. Fiscal não se utilizou de base de cálculo "pura" para aferição dos tributos supostamente devidos, o que vicia todo o cálculo da apuração. 22. A busca da verdade material e a tentativa de inversão do ônus da prova almejado pelo Sr. Fiscal, apenas ocorre em casos extremamente específicos e, da forma como vem empregando as autoridades fiscais, além de ferir o artigo 142 do CTN, torna impossível a defesa do contribuinte, ao passo que necessita fazer prova negativa de suposições. 23. O Sr. Fiscal não comprovou todos os pressupostos legais de caracterização de uma relação trabalhista, simplesmente lançando argumentos e suposições, aguardando a comprovação de licitude do requerente, não provando com documentos e outras provas idôneas os fatos "in concreto" que respaldam a autuação; 24. Frisase que a fundamentação adotada pelos julgadores para o indeferimento do pedido da recorrente se perfez à luz dos artigos 16, 18 e 28 do Decreto n°. 70.235/72. 25. No entanto, em sentido diverso, identificamse na doutrina e na jurisprudência posicionandose pela admissibilidade de produção de prova documental em fase seguinte à impugnação. 26. Neles, existe expressa referência ao comando da Lei 9784/99, e aos princípios da legalidade, da oficialidade e da verdade material, dentre outros. 27. De todo o exposto, a recorrente requer a este E. Conselho seja dado provimento ao presente recurso, para o fim de modificar o , Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Rio de Janeiro/RJ, anulando o lançamento fiscal ou, assim não entendendo, que seja anulada a decisão, convertendose o julgamento de mérito em diligência para que seja dada a oportunidade à recorrente de produzir as provas necessárias. A DRFB encaminhou o recurso a este Conselho para Julgamento. É o Relatório. Fl. 114DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 112 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 107. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: NULIDADE PELA NÃO DISCRIMINAÇÃO CORRETA DOS FATOS GERADORES O cerne do recurso apresentado referese a falta de motivação para realização de aferição indireta, e apuração de contribuição de segurados, sendo que a empresa alega que não realizava qualquer industrialização. Entendeu que o auditor não descreveu de forma adequada os motivos que respaldaram a aferição, nem tampouco apreciaram o julgadores os pontos trazidos em fase de impugnação que comprovariam a nulidade do lançamento. Quanto as ditas alegações, em primeiro lugar cumprenos destacar que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento de defesa, conforme alegado pela recorrente. Destacase como passos necessários a realização do procedimento: Ø autorização por meio da emissão do Mandato de Procedimento Fiscal – MPF F e complementares, com a competente designação do auditor fiscal responsável pelo cumprimento do procedimento; Ø intimação para a apresentação dos documentos conforme Termos de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária, inclusive solicitando esclarecimentos sobre diversos pontos apurados durante o procedimento quanto a não contabilização de valores. Ø autuação dentro do prazo autorizado pelo referido mandato, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do auto de infração ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes. Neste sentido, as alegações de que o procedimento não poderia prosperar por não ter a autoridade realizado a devida indicação dos motivos que ensejaram a autuação, valendose do critério da aferição indireta, entendo que razão não assiste ao recorrente. Fl. 115DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 Observamos que o relatório DAD descreve por competência os valores das contribuições apuradas, tendo o relatório fiscal detalhado de forma satisfatória todos os motivos que levaram a autoridade fiscal a valerse da aferição. Assim, primeiramente descreveu a autoridade as irregularidades quanto a contabilização de valores bancários, bem como de contrato com a empresa prestadora de mão de obra, que segundo a recorrente era quem efetivamente realizava a mão de obra. Ditos fatos, associado a ausência de contratos com a prestadora, ausência de pagamentos a contador, além de outros, levaram a autoridade a lançar valores de mão de obra por aferição, considerando que a contabilidade não apresentava todos os registros para comprovação da regularidade fiscal. Ao contrário do entendimento do recorrente, a falta de contabilização de valores, enseja o descrédito da contabilidade da empresa, levando a autoridade fiscal, a considerar parâmetros para que se apure a mão de obra, capaz de refletir o movimento real da empresa. Neste caso, perfeitamente aceitável não apenas a aferição, como também entendo plenamente cabível a inversão do ônus da prova. Notese que não se trata de contabilização de valore pela empresa, que acabaram desconstituídos pela autoridade fiscal. Pelo contrário, a autoridade fiscal constatou diversas omissões contábeis da empresa, solicitando esclarecimentos, contudo, simplesmente apresentou a empresa defesa e recurso, sem demonstrar com elementos probatórios suas alegações. Entendo que competiria a empresa demonstrar que efetivamente não industrializava os produtos, mas apenas promoveu alegações, sem qualquer elemento de prova. Entendo que para comprovar a não utilização de mão de obra, competiria a empresa demonstrar qual o teor do contrato com a empresa Lázaro, e não simplesmente alegar que o mesmo era verbal. Como aceitar que um contrato de utilização de mão de obra, para fabricação de calçados é feito de forma verbal. Ademais, também não demonstrou o recorrente que entregava a matéria prima para execução dos serviços pela prestadora, deixando em aberto dito fato, resumindose a alegar que a nota era emitida de forma genérica. Pelas alegações da empresa, a mesma agia como mera compradora e vendedora, passando a terceiro toda a sua industrialização. Pois bem, neste caso, competiria a empresa demonstrar a entrada da matéria prima comprada, a saída da mesma para a empresa prestadora de mão de obra, com a apresentação de contrato, indicando de forma detalhado, o custo dos produtos fabricados, o retorno dos mesmos a empresa e sua efetiva venda. Não há como se admitir que a empresa não contabilizava e registrava de forma detalhada, seus custos, a entrada e saída da mercadoria. O custo do frete na saída, já que conforme descrito pelo auditor fiscal, na próprias nota constava que o custo do mesmo era do emitente. Entendo que em demonstrando tais fatos de forma detalhada, poderia a empresa comprovar que toda sua industrialização competiria a terceiros. Oras, o registro contábil dos fatos da empresa, é que servirá como meio hábil a comprovar o fiel cumprimento da legislação previdenciária. Não se trata aqui de mera obrigação acessória, posto que o desrespeito a contabilização de todos os fato geradores, ou mesmo a falta do registro da entrada e saída de matéria prima, de mercadorias prontas até sua venda final, é que levou ao descrédito de todo o procedimento da empresa. Assim, por ser a atividade do auditor vinculada e havendo indícios de ausência de contabilização de mão de obra, compete a autoridade fiscal, lançar o que entende devido, é claro que dentro de parâmetros descritos pelas normas da previdência social. Assim, prescreve o artigo 33, §§ 1°c 6° da Lei n°8.212/1991: " Art. 33. (.) Fl. 116DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 113 9 § I° É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei n°11.941, de 2009). § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova, em contrário." (grifei). Simplesmente alegar, sem demonstrar a ausência de movimento com documentos relacionados a desconstituição da empresa, ou encontrarse paralisada não é suficiente para refutar o lançamento. Caso a empresa tivesse apresentados os documentos e registro, poderseia cabalmente identificar a pertinência dos mesmos com os fato geradores aqui elencados. Neste caso, a inversão do ônus é bem aplicável, passando para empresa comprovar a inexistência dos fatos geradores, o que não restou provado. Ademais, não compete ao auditor fiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, ou a auência de contabilização do movimento real da empresa, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. DA DECISÃO NOTIFICAÇÃO Com relação a alegação de que a autoridade julgadora, não apreciou devidamente o feito, ignorando provas, ressalto que a Decisão Notificação enfrentou as alegações, sendo desnecessário apreciar uma a uma, quando afastadas as alegações em conjunto. O fato de não ter a autoridade julgadora acatado as alegações do impugnante, de forma alguma, descreve a nulidade da decisão, quando se identifica a apreciação dos fatos e questões de direito suscitadas. DA PERÍCIA Fl. 117DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 Por fim, quanto ao indeferimento da perícia, entendo que razão também não assiste ao recorrente. Assim, como já demonstrado pela autoridade julgadora, de acordo com o disposto no art. 9º, IV da Portaria MPAS n ° 520/2004, são requisitos da perícia, nestas palavras: Art. 9º A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito. § 1º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 2º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 3º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pelo Conselho de Recursos da Previdência Social. § 4º A matéria de fato, se impertinente, será apreciada pela autoridade competente por meio de Despacho ou nas contra razões, se houver recurso. § 5º A decisão deverá ser reformada quando a matéria de fato for pertinente. § 6º Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. § 7º As provas documentais, quando em cópias, deverão ser autenticadas, por servidor da Previdência Social, mediante conferência com os originais ou em cartório. § 8º Em caso de discussão judicial que tenha relação com os fatos geradores incluídos em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito ou Auto de Infração, o contribuinte deverá juntar Fl. 118DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 114 11 cópia da petição inicial, do agravo, da liminar, da tutela antecipada, da sentença e do acórdão proferidos. No presente caso, não houve o preenchimento dos requisitos exigidos para realização da perícia, assim considerase não formulado tal pedido. Desse modo, pode a autoridade julgadora indeferir o pleito da recorrente, sem ferir o princípio da ampla defesa. Nesse sentido, segue o teor do art. 11º da Portaria MPAS n ° 520/2004: Art. 11 A autoridade julgadora determinará de ofício ou a requerimento do interessado, a realização de diligência ou perícia, quando as entender necessárias, indeferindo, mediante despacho fundamentado ou na respectiva DecisãoNotificação, aquelas que considerar prescindíveis, protelatórias ou impraticáveis. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 9º. § 2º O interessado será cientificado da determinação para realização da perícia por meio de Despacho, que indicará o procedimento a ser observado. No mesmo sentido dispõe o Decreto n ° 70.235/1972 sobre o processo administrativo fiscal, sendo aplicado subsidiariamente no processo administrativo no âmbito do INSS, nestas palavras: Art. 17. A autoridade preparadora determinará, de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, a realização de diligência, inclusive perícias quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Parágrafo único. O sujeito passivo apresentará os pontos de discordância e as razões e provas que tiver e indicará, no caso de perícia, o nome e o endereço do seu perito. Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligência ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/93) (...) A Portaria MPAS n ° 520/2004 é a que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito do INSS, conforme autorização expressa no art. 304 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999 e alterações, nestas palavras: Art.304. Compete ao Ministro da Previdência e Assistência Social aprovar o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, bem como estabelecer as normas de procedimento do contencioso administrativo, aplicandose, no Fl. 119DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 que couber, o disposto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e suas alterações. Como se percebe, a Portaria n ° 520 surgiu em virtude da previsão expressa no Regulamento da Previdência Social, que transferiu a competência para o Ministério da Previdência Social regulamentar a matéria. Dessa forma, está perfeitamente compatível com o ordenamento jurídico. E como demonstrado, o assunto acerca de perícias e diligencias está tratado da mesma maneira no Decreto n ° 70.235/1972. No presente caso, a perícia é despicienda; pois toda a matéria probatória suscitada pelo recorrente deveria constar dos autos. E com principio basilar do direito processual, cabe à parte provar fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito do Fisco. O lançamento foi realizado por aferição, considerando que a documentação apresentada pelo recorrente, e os registros contábeis não registravam em sua totalidade a movimentação da empresa, seguindo a autoridade fiscal o procedimento previsto na legislação. Superadas as preliminares, passo ao exame do mérito DO MÉRITO As questões alusivas ao mérito, trazidas pelo recorrente possuem pertinência direta com a preliminar de nulidade apreciada, visto tratarse de alegação de impropriedade na aferição executada. Em primeiro lugar, cumpre observar que fiscalização previdenciária possui competência para arrecadar e fiscalizar as contribuições destinadas a terceiros, conforme art. 94 da Lei 8.212/91. Conforme descrito anteriormente, considerando que a contabilidade da empresa não espelhava o movimento real da empresa, e que as explicações apresentadas pelo recorrente vieram desprovidas de provas, correto a utilização da aferição indireta. Aferição Indireta Art. 596. Aferição indireta é o procedimento de que dispõe a SRP para apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais. Art. 596. Aferição indireta é o procedimento de que dispõe a RFB para apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais. Art. 597. A aferição indireta será utilizada, se: I no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento do sujeito passivo, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, ou do faturamento e do lucro; (...) IV as informações prestadas ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo não merecerem fé em face de outras informações, ou outros documentos de que disponha a fiscalização, como por exemplo: Fl. 120DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 115 13 a) omissão de receita ou de faturamento verificada por intermédio de subsídio à fiscalização; b) dados coletados na Justiça do Trabalho, Delegacia Regional do Trabalho, Secretaria da Receita Federal ou junto a outros órgãos, em confronto com a escrituração contábil, livro de registro de empregados ou outros elementos em poder do sujeito passivo; c) constatação da impossibilidade de execução do serviço contratado, tendo em vista o número de segurados constantes em GFIP ou folha de pagamento específicas, mediante confronto desses documentos com as respectivas notas fiscais, faturas, recibos ou contratos. § 1º Considerase deficiente o documento apresentado ou a informação prestada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele documento que contenha informação diversa da realidade ou, ainda, que omita informação verdadeira. § 2º Para o fim do inciso III do caput, considerase prova regular e formalizada a escrituração contábil em livro Diário e Razão, conforme previsto no § 13 do art. 225 do RPS e no inciso IV do art. 60 desta IN. Novamente, ao contrário do alegado pelo recorrente, entendo que os parâmetros trazidos pelo auditor para apuração foram perfeitamente razoáveis, posto que foi apurada base de cálculo em empresas com atividades semelhantes a da autuada. Se entende a empresa, que a mesma não pertence ao segmento, deveria identificar por documentos e não simplesmente alegar, qual a atividade exercida e como se dava a execução da mesma, quais as justificativas para não contabilização das notas, do movimento financeiros e do valores devidos ao contador (que mesmo que fossem pagos a posteriori deveriam ser contabilizados, posto que o fato gerador surge com o valor pago, devido ou creditado. Assim, esclareceu na forma devida, quais os valores seriam utilizados para aferir a base, entendo os mesmos em perfeita consonância com a legislação, nos termos do art. 601 da IN n. 03/2005. Aferição Indireta da Remuneração da MãodeObra com Base na Nota Fiscal, na Fatura ou no Recibo de Prestação de Serviços Art. 600. Para fins de aferição, a remuneração da mãodeobra utilizada na prestação de serviços por empresa corresponde ao mínimo de: I quarenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços; II cinqüenta por cento do valor dos serviços constantes da nota fiscal, da fatura ou do recibo, no caso de trabalho temporário. Parágrafo único. Nos serviços de limpeza, de transporte de cargas e de passageiros e nos de construção civil, que envolvam utilização de equipamentos, a remuneração da mãodeobra Fl. 121DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 utilizada na execução dos serviços não poderá ser inferior aos respectivos percentuais previstos nos arts. 602, 603 e 605. Art. 601. Caso haja previsão contratual de fornecimento de material ou de utilização de equipamento próprio ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, para a execução dos serviços, se os valores de material ou equipamento estiverem estabelecidos no contrato, ainda que não discriminados na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, o valor da remuneração da mãodeobra utilizada na prestação de serviços será apurado na forma do art. 600. § 1º Caso haja previsão contratual de fornecimento de material ou de utilização de equipamento próprio ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, e os valores de material ou de utilização de equipamento não estiverem estabelecidos no contrato, nem discriminados na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, o valor do serviço corresponde, no mínimo, a cinqüenta por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo, aplicandose para fins de aferição da remuneração da mãodeobra utilizada o disposto no art. 600. § 2º Caso haja discriminação de valores de material ou de utilização de equipamento na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, mas não existindo previsão contratual de seu fornecimento, o valor dos serviços será o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo, aplicandose, para fins de aferição da remuneração da mãodeobra, o disposto no art. 600. § 3º Se a utilização de equipamento for inerente à execução dos serviços contratados, ainda que não esteja previsto em contrato, o valor do serviço corresponderá a cinqüenta por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, aplicandose, para fins de aferição da remuneração da mãode obra utilizada na prestação de serviços, o disposto no art. 600 e observado, no caso da construção civil, o previsto no art. 605. Assim, Notese que mesmo depois de ter suas alegações de impugnação sido afastadas, não fez o recorrente, qualquer prova do alegado, trazendo qualquer novo documento para demonstrar as ditas inconsistências. Assim, entendo que a fiscalização seguiu o trâmite correto, sendo que as alegações da recorrente em sua totalidade foram incapazes de desconstituir o lançamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para rejeitar as preliminares de nulidade e no mérito NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 122DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 13827.003145/200856 Acórdão n.º 240102.077 S2C4T1 Fl. 116 15 Fl. 123DF CARF MF Emitido em 24/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 13/10/2011 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SIL, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 10640.003260/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. RENDIMENTO DO FISCALIZADO
COMPATÍVEL COM O MONTANTE DA DESPESA GLOSADA. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO RATIFICADA PELOS PROFISSIONAIS PRESTADORES. DESPESAS NÃO EXAGERADAS.
RESTABELECIMENTO DAS DESPESAS. A dedutibilidade de despesas
médicas é uma questão tormentosa no âmbito da tributação federal, porém não se pode simplesmente renegar a despesa médica do declarante, apenas se fiando na ausência de comprovação do efetivo pagamento ou da prestação do serviço com documentário médico, que sequer constam especificamente como exigência na legislação do imposto de renda, mormente quando o contribuinte tomador do serviço apresenta os recibos pertinentes, tem renda
compatível com a despesa assumida, a despesa não é exagerada e os
profissionais prestadores ratificam a prestação do serviço, tudo isso aliado à ausência de investigação por parte da fiscalização da situação pessoal de cada prestador, não havendo, na espécie, qualquer indício que desabone as declarações ratificadoras da prestação dos serviços.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-001.468
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. RENDIMENTO DO FISCALIZADO COMPATÍVEL COM O MONTANTE DA DESPESA GLOSADA. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO RATIFICADA PELOS PROFISSIONAIS PRESTADORES. DESPESAS NÃO EXAGERADAS. RESTABELECIMENTO DAS DESPESAS. A dedutibilidade de despesas médicas é uma questão tormentosa no âmbito da tributação federal, porém não se pode simplesmente renegar a despesa médica do declarante, apenas se fiando na ausência de comprovação do efetivo pagamento ou da prestação do serviço com documentário médico, que sequer constam especificamente como exigência na legislação do imposto de renda, mormente quando o contribuinte tomador do serviço apresenta os recibos pertinentes, tem renda compatível com a despesa assumida, a despesa não é exagerada e os profissionais prestadores ratificam a prestação do serviço, tudo isso aliado à ausência de investigação por parte da fiscalização da situação pessoal de cada prestador, não havendo, na espécie, qualquer indício que desabone as declarações ratificadoras da prestação dos serviços. Recurso provido.
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RENDIMENTO DO FISCALIZADO COMPATÍVEL COM O MONTANTE DA DESPESA GLOSADA. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO RATIFICADA PELOS PROFISSIONAIS PRESTADORES. DESPESAS NÃO EXAGERADAS. RESTABELECIMENTO DAS DESPESAS. A dedutibilidade de despesas médicas é uma questão tormentosa no âmbito da tributação federal, porém não se pode simplesmente renegar a despesa médica do declarante, apenas se fiando na ausência de comprovação do efetivo pagamento ou da prestação do serviço com documentário médico, que sequer constam especificamente como exigência na legislação do imposto de renda, mormente quando o contribuinte tomador do serviço apresenta os recibos pertinentes, tem renda compatível com a despesa assumida, a despesa não é exagerada e os profissionais prestadores ratificam a prestação do serviço, tudo isso aliado à ausência de investigação por parte da fiscalização da situação pessoal de cada prestador, não havendo, na espécie, qualquer indício que desabone as declarações ratificadoras da prestação dos serviços. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 09/09/2011 Fl. 141DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Em face do contribuinte MARCOS ROBERTO DE CARVALHO, CPF/MF nº 236.834.90659, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 30/06/2008, auto de infração (fls. 04 e seguintes), com ciência postal em 09/07/2008 (fl. 109). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 3.850,00 MULTA DE OFÍCIO R$ 2.887,50 Ao contribuinte foi imputada uma glosa de despesas médicas, no ano calendário 2003, com a seguinte motivação: Dedução Indevida de Despesas Médicas. Glosa do valor de R$ ********14.000,00, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. (...) Dedução indevida de despesas médicas no valor de R$14.000,00, por falta de comprovação do efetivo desembolso de tal quantia, relativa a pagamentos declarados para ANDRE LUIZ DIAS (R$8.000,00) + WALDECK JOSE LOCASSO ARAUJO (R$6.000,00). Em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal 2004/606116730211073 o contribuinte apresentou os seguintes recibos para comprovação dos valores citados: 1 ANDRE LUIZ DIAS: foram apresentados 02 (dois) recibos nos valores de R$1.500,00 (02/02/2003) e R$1.000,00 (02/07/2003) totalizando R$2.500,00. Quanto a diferença de R$5.500,00 entre o valor declarado e os recibos apresentados, o contribuinte alega que houve erro na declaração, apresentando recibos emitidos por Liliane Pacheco de Carvalho, não declarados anteriormente. 2 WALDECK JOSE LOCASSO ARAUJO: foram apresentados 10 (dez) recibos no valor de R$600,00 cada, emitidos de março a dezembro/2003. Tais recibos não foram considerados suficientes para comprovação em razão dos valores elevados e da apresentação de recibos referentes a pagamentos anteriormente não declarados. Fl. 142DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10640.003260/200811 Acórdão n.º 210201.468 S2C1T2 Fl. 2 3 Em resposta enviada para atendimento do Termo de Intimação Fiscal 110/2008 o contribuinte informa: 1 quanto à comprovação do efetivo recebimento dos serviços: o contribuinte apresenta declaração dos profissionais emitentes, confirmando a prestação dos serviços e o recebimento dos valores. 2 quanto à comprovação do efetivo pagamento: o contribuinte não esclareceu qual foi o meio utilizado para pagamento e nem apresentou nenhum tipo de comprovação do efetivo desembolso das quantias, conforme solicitado no Termo de Intimação, alegando que a comprovação já foi efetuada com a apresentação dos recibos, conforme determina o artigo 80, inciso III do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/99). No entanto, conforme artigo 73 do citado Regulamento, todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Para se gozar do abatimento pleiteado não basta a disponibilidade de um simples recibo, sem vinculação do pagamento e da efetiva prestação do serviço, quando houver dúvida quanto à idoneidade do documento, no caso devido aos valores expressivos e a apresentação de valores não declarados anteriormente, após inicio do procedimento de ofício. Compulsando os autos, apreendemse as seguintes informações e documentos: § declaração ratificadora de prestação de serviço ao contribuinte e seus dependentes e recibos emitidos pelo odontólogo Waldeck Araújo, tudo no importe global de R$ 6.000,00 (fls. 6 a 16); § declaração ratificadora de prestação de serviço de implante dentário à dependente do contribuinte (Terezinha de Jesus Miranda Carvalho) e recibos emitidos pelo odontólogo André Luiz Dias, no importe global de R$ 2.500,00 (fls. 17 e 18); § declaração ratificadora de prestação de serviço a dependente do contribuinte (Terezinha de Jesus Miranda Carvalho) e recibos emitidos pela odontóloga Liliane Pacheco de Carvalho, no importe global de R$ 5.500,00 (fls. 19 e 23); § na declaração de ajuste anual auditada do fiscalizado constam os valores de R$ 120.929,56, R$ 53.031,18 e R$ 8.586,13, como rendimentos tributáveis, isentos/nãotributáveis e sujeitos à tributação definitiva/exclusiva, respectivamente, com saldo de imposto a pagar de R$ 6.759,63 (fl. 31). Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Fl. 143DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 A 4ª Turma de Julgamento da DRJJFA (MG), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 0931.066, de 20 de agosto de 2010 (fls. 113 e seguintes). O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 1º/09/2010 (fl. 117). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 1º/10/2010 (fl. 118). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que comprovou com documentos hábeis e idôneos as despesas glosadas pela fiscalização, que não são exageradas frente aos rendimentos do contribuinte ou mesmo em face dos beneficiários delas (recorrente e seus dependentes), enfatizando o erro de fato em relação aos odontólogos André Luiz Dias e Liliane Pacheco de Carvalho, o qual somente não foi acertado na via da declaração retificadora porque o contribuinte já se encontrava em procedimento de fiscalização. Dessa forma, ao exigir documentos além dos recibos médicos, a autoridade fiscal agiu com arbitrariedade, contra lei, imputando o ônus tributário a partir de mera presunção não prevista em lei. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 1º/09/2010 (fl. 117), quartafeira, e interpôs o recurso voluntário em 1º/10/2010 (fl. 118), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 1º/10/2010. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Como tenho tido oportunidade de asseverar em julgados anteriores (Acórdãos nºs 2102001.351, 2102001.356 e 2102001.366, sessão de 09 de junho de 2011; Acórdão nº 210201.055, sessão de 09 de fevereiro de 2011; Acórdão nº 210200.824, sessão de 20 de agosto de 2010; acórdão nº 210200.697, sessão de 18 de junho de 2010), entendo que os recibos médicos, em si mesmos, não são uma prova absoluta para dedutibilidade das despesas médicas da base de cálculo do imposto de renda, mormente quando: § as despesas forem excessivas em face dos rendimentos declarados; § houver o repetitivo argumento de que todas as despesas médicas de diferentes profissionais, vultosas, tenham sido pagas em espécie; § o contribuinte fizer uso de recibos comprovadamente inidôneos, aqui no caso da edição de súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz em desfavor de prestador de serviço informado na declaração de renda do autuado, o que é suficiente para lançar sombra de suspeição sobre as demais despesas médicas de outros prestadores; § houver a negativa de prestação de serviço por parte de profissional que consta como prestador na declaração do fiscalizado; Fl. 144DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10640.003260/200811 Acórdão n.º 210201.468 S2C1T2 Fl. 3 5 § houver recibos médicos emitidos em dias não úteis, por profissionais ligados por vínculo de parentesco, tudo pagos em espécie. Nas hipóteses acima, a autoridade fiscal pode e deve intimar o contribuinte a comprovar o pagamento da despesa, com documentação bancária, ou mesmo a efetiva prestação do serviço com documentário médico (receitas, cópias de exames etc.). Especificamente, no caso de profissionais para os quais tenha sido emitida a súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz, a jurisprudência administrativa, inclusive, autoriza a glosa e a exasperação da multa de ofício para o percentual de 150% sobre o imposto lançado (Súmula CARF nº 40: A apresentação de recibo emitido por profissional para o qual haja Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz, desacompanhado de elementos de prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento, impede a dedução a título de despesas médicas e enseja a qualificação da multa de ofício). Entretanto, não me parece que quaisquer das hipóteses acima estejam presentes nestes autos. Primeiramente, as despesas médicas glosadas não podem ser consideradas vultosas, quando apreciadas isoladamente, pois beneficiaram o contribuinte e seus dependentes, na área de odontologia, especialidade reconhecidamente custosa. Ainda, quando comparada tais despesas com os rendimentos do contribuinte, como se viu no relatório, há clara compatibilidade entre eles, ou seja, ele tinha condições de fazer frente aos dispêndios. Em segundo lugar, os prestadores de serviço confirmaram a realização do trabalho, robustecendo a prova constante dos recibos. Insistese que a autoridade autuante não poderia simplesmente arrostar os recibos apresentados, sem quaisquer das situações antes descritas, ou sem aprofundar a investigação em desfavor dos prestadores do serviço, simplesmente se fiando na ausência de comprovação bancária da despesa ou da prestação do serviço com documentário médico, sob pena de criar, em abstrato, exigências não previstas em lei. A hipótese concreta, como já explanado, poderia dar substrato ao procedimento, porém nada há de inaudito ou desarrazoado no caso em comento, pois se viu um dispêndio global de R$ 14.000,00, distribuído em 03 profissionais de odontologia, beneficiando o contribuinte e seus dependentes, em absoluta harmonia com os rendimentos ofertados à tributação (na declaração de ajuste anual auditada do fiscalizado constam os valores de R$ 120.929,56, R$ 53.031,18 e R$ 8.586,13, como rendimentos tributáveis, isentos/nãotributáveis e sujeitos à tributação definitiva/exclusiva, respectivamente). Por fim, também restou demonstrado o erro de fato na declaração do contribuinte, que havia informado uma despesa de R$ 8.000,00, com o odontólogo André Luiz Dias, quando tal despesa somente montava R$ 2.500,00, não registrando, de outra banda, a despesa no valor de R$ 5.500,00, com a odontóloga Liliane Pacheco de Carvalho, o que implica que se deve considerar o montante global antes informado (R$ 8.000,00), dividido entre os odontólogos antes citados. Ante tudo o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Fl. 145DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 6 Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 146DF CARF MF Emitido em 05/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001217/2006-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Sep 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CREDITAMENTO. INSUMOS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE
PRODUTOS FAVORECIDO PELA IMUNIDADE OBJETIVA.
IMPOSSIBILIDADE.
À mingua de previsão legal, é vedado o aproveitamento de créditos de IPI
referentes à aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos
favorecido por imunidade objetiva (Não Tributado NT
na Tabela do IPI TIPI).
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-001.237
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Presente ao julgamento o Dr.
Bruno Capello Fulginiti – OAB/68965.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: ALAN FIALHO GANDRA
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CREDITAMENTO. INSUMOS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS FAVORECIDO PELA IMUNIDADE OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. À mingua de previsão legal, é vedado o aproveitamento de créditos de IPI referentes à aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos favorecido por imunidade objetiva (Não Tributado NT na Tabela do IPI TIPI). Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CREDITAMENTO. INSUMOS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS FAVORECIDO PELA IMUNIDADE OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. À mingua de previsão legal, é vedado o aproveitamento de créditos de IPI referentes à aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos favorecido por imunidade objetiva (Não Tributado NT na Tabela do IPI TIPI). Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Presente ao julgamento o Dr. Bruno Capello Fulginiti – OAB/68965. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente. (Assinado digitalmente) Alan Fialho Gandra Relator. EDITADO EM: 02/09/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Alan Fialho Gandra, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 128DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA 2 Relatório Por bem relatar os fatos até a manifestação de inconformidade, transcrevo o relatório da decisão de primeiro grau. “O contribuinte em epígrafe pediu o ressarcimento do saldo credor do IPI apurado no período em destaque, com base na Lei n° 9.779/99, a fim de ser utilizado na compensação dos débitos que declarou. A fiscalização apurou que parte dos créditos escriturados se referiam a insumos aplicados tanto na industrialização de produtos de alíquota zero, como em produtos não tributado pelo imposto (Livros e Listas Telefônicas), assim os saldos credores foram recalculados com a exclusão proporcional dos insumos empregados na produção do produto NT. Diante disso, foi exarado o Despacho Decisório da autoridade competente reconhecendo parcialmente o direito creditório e homologando em parte as compensações. Tempestivamente, o interessado apresentou sua manifestação de inconformidade alegando preliminarmente que, pelo disposto no § 4° do art. 150 do CTN os débitos do PIS e COFINS estariam prescritos. No mérito, em síntese argúi que tem direito ao crédito por força do principio da nãocumulatividade previsto no artigo 153,§3°, II, da Constituição Federal; além disso, por serem seus produtos imunes, nos termos da CF/88, seu direito estaria garantido no art. 1º, § 4°, da IN SRF n°33/99. Encerrou solicitando o integral deferimento do pedido”. A DRJ, por unanimidade de votos, não acolheu as razões da manifestação de inconformidade, em acórdão com a seguinte ementa: “IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO N/T. Inexiste direito de crédito pela entrada de insumos para fabricação de produtos que estão fora do campo de incidência do imposto, pois neste caso o IPI deve ser contabilizado como custo. Solicitação Indeferida”. Cientificada do acórdão, a interessada insurgese contra seus termos interpondo recurso voluntário a este Eg. Conselho, aduzindo que a decisão de primeira instância destoa do caso controvertido, eis que o caso dos autos trata da manutenção do crédito do IPI incidente na aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem aplicados no processo de industrialização de produtos imunes, o acórdão discorreu acerca de produtos nãotributados. Aduz, também, que a decisão recorrida não poderia acatar as disposições do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 05, de 17 de abril de 2006 por ser inaplicável ao presente caso. No mais, repisa os argumentos aduzidos na manifestação de inconformidade. Fl. 129DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA Processo nº 11516.001217/200647 Acórdão n.º 330201.237 S3C3T2 Fl. 2 3 Na forma regimental, o processo foi distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Alan Fialho Gandra, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Concernente a alegação de que a decisão de primeira instância destoa do cerne da questão, eis que tratou de crédito do IPI incidente na aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem aplicados no processo de industrialização de produtos nãotributados, quando os autos referemse a insumos aplicados em produtos imunes, entendo não assistir razão à Recorrente conforme defluise do seguinte trecho do voto condutor: “Em síntese, a inovação trazida pelo art. 11 da Lei n° 9.779/99 não revogou o direito ao crédito, bem como ao ressarcimento do saldo credor, no caso dos produtos tributados que gozem da imunidade constitucionalmente prevista nas exportações, isto não significando que a IN SRF n° 33/99, bem como a de n° 21/97, tenham permitido o crédito e o ressarcimento do imposto pago na produção dos casos de imunidade objetiva, tais como: energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do Pais, livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, que constam na TIPI como NT”. No tocante a afirmação de que a decisão recorrida não poderia acatar as disposições do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 05, de 17 de abril de 2006, entendo que tal pretensão não merece acolhida vez que a autoridade julgadora de primeira instância está vinculada aos ditames de atos dessa espécie, por força do disposto na Portaria MF n° 58/2006. Em relação ao crédito em baila, sem razão a Recorrente conforme se demonstrará adiante. O Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 475.551, julgou questão correlacionada com a matéria dos autos, concluindo descaber direito de crédito de IPI, relativamente a insumos empregados na fabricação de produtos isentos e de alíquota zero, com fatos anteriores à Lei no 9.779/99. Vejamos: EMENTA: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. INSUMOS OU MATÉRIAS PRIMAS TRIBUTADOS. SAÍDA ISENTA OU SUJEITA À ALÍQUOTA ZERO. ART. 153, § 3º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 11 DA LEI N. 9.779/1999. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. Fl. 130DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA 4 DIREITO AO CREDITAMENTO: INEXISTÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. Direito ao creditamento do montante de Imposto sobre Produtos Industrializados pago na aquisição de insumos ou matérias primas tributados e utilizados na industrialização de produtos cuja saída do estabelecimento industrial é isenta ou sujeita à alíquota zero. 2. A compensação prevista na Constituição da República, para fins da não cumulatividade, depende do cotejo de valores apurados entre o que foi cobrado na entrada e o que foi devido na saída: o crédito do adquirente se dará em função do montante cobrado do vendedor do insumo e o débito do adquirente existirá quando o produto industrializado é vendido a terceiro, dentro da cadeia produtiva. 3. Embora a isenção e a alíquota zero tenham naturezas jurídicas diferentes, a consequência é a mesma, em razão da desoneração do tributo. 4. O regime constitucional do Imposto sobre Produtos Industrializados determina a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores, esta a substância jurídica do princípio da não cumulatividade, não aperfeiçoada quando não houver produto onerado na saída, pois o ciclo não se completa. 5. Com o advento do art. 11 da Lei no 9.779/1999 é que o regime jurídico do Imposto sobre Produtos Industrializados se completou, apenas a partir do início de sua vigência se tendo o direito ao crédito tributário decorrente da aquisição de insumos ou matérias primas tributadas e utilizadas na industrialização de produtos isentos ou submetidos à alíquota zero. 6. Recurso extraordinário provido. (http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.a sp?s1=(475551.NUME.%20OU%20475551.ACMS.)&base=base Acordaos) O recurso acima sinaliza que, anterior ou posteriormente à referida lei, os insumos empregados em produtos não tributados não geram direito de crédito do IPI. A defesa da Interessada sustenta que os produtos fabricados seriam imunes e, relativamente a tais produtos, o direito de crédito existiria haja vista, principalmente, o disposto no art. 4º da IN SRF no 33/99, que assim dispõe: Art. 4o O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1o de janeiro de 1999. A argumentação, entretanto, não merece guarida. Ocorre que este dispositivo não pode ser analisado isoladamente, a boa técnica de hermenêutica recomenda que todo e Fl. 131DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA Processo nº 11516.001217/200647 Acórdão n.º 330201.237 S3C3T2 Fl. 3 5 qualquer excerto normativo deve ser interpretado de forma sistêmica e, sob este prisma, deve se levar em conta o que reza o § 3º do art. 2º do referido diploma normativo, vejamos: Art. 2º Os créditos do IPI relativos a matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializados, serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI: (...) § 3º Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). No mesmo sentido, temos o art. 190, § 1º1, do Regulamento do IPI – RIPI, aprovado pelo Decreto nº 4.544/02. As disposições da Tipi para os produtos em questão são as seguintes: CÓDIGO NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA (% 49.02 JORNAIS E PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS, IMPRESSOS, MESMO ILUSTRADOS OU CONTENDO PUBLICIDADE 4902.10.00 Que se publiquem pelo menos 4 vezes por semana NT Ex 01 0 4902.90.00 Outros NT Ex 01 0 Noção cediça, os produtos imunes estão fora da incidência do imposto, da mesma forma que os não tributados. A diferença entre tais produtos poderia ser definida a partir da consideração de que os produtos NT não seriam considerados industrializados, enquanto que os produtos imunes seriam industrializados, mas protegidos da incidência do IPI por disposição constitucional. Se o emprego de insumos em produtos de alíquota zero e isentos, que estão dentro da incidência do imposto, dependeu de previsão legal (Lei no 9.779/99) para gerar direito de crédito, não faz sentido que o emprego dos mesmos insumos em produtos que sequer estão dentro do campo de incidência gerem crédito. 1 Art. 190. Os créditos serão escriturados pelo beneficiário, em seus livros fiscais, à vista do documento que lhes confira legitimidade: (...) § 1º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal. Fl. 132DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA 6 Como bem asseverado pela decisão recorrida, a Instrução Normativa nº 33/99, ao considerar que o emprego de insumos em produtos imunes gera direito de crédito, está se referindo a imunidade decorrente de exportação de produtos, e não a imunidade objetiva. Tanto é que determina, em seu art. 2º, § 3º, sejam estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Dirimindo qualquer dúvida acerca disso, foi editado o Ato Declaratório Interpretativo SRF no 5, de 17 de abril de 2006, que assim dispõe: Art. 1o Os produtos a que se refere o art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos. Art. 2o O disposto no art. 11 da Lei no 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5o do Decretolei no 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4o da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação “NT” (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5o do Decreto no 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Ripi). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na Tipi que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior. Ademais, esta questão está sedimentada no âmbito do CARF a teor da Súmula CARF nº 20, verbis: Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Corrobora neste sentido, a Súmula CARF nº 16 eis que contempla o aproveitamento dos créditos de IPI apenas dos insumos utilizados na fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou alíquota zero, in litteris: Súmula CARF nº 16: O direito ao aproveitamento dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou alíquota zero, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos pelo estabelecimento do contribuinte a partir de 1º de janeiro de 1999. Portanto, a imunidade decorrente da natureza do produto, que é o caso dos autos, não gera direito ao creditamento, pois não tem amparo na Lei no 9.779/99. Fl. 133DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA Processo nº 11516.001217/200647 Acórdão n.º 330201.237 S3C3T2 Fl. 4 7 No mais, com fulcro no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99, adoto e ratifico as razões e fundamentos do acórdão de primeira instância. Pelas razões acima aduzidas e sendo o que basta para o deslinde processual, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Alan Fialho Gandra Relator Fl. 134DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 p or WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/09/2011 por ALAN FIALHO GANDRA
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Numero do processo: 10920.000229/2006-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DEPEQUENO PORTE SIMPLES
Ano-calendário: 2000
NULIDADE DO ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO CERCEAMENTO
DO DIREITO DE DEFESA HIPÓTESE NÃO CONFIGURADA Comprovado,
mediante termo lavrado no processo, que o contribuinte teve vista dos autos dos quais constam, minuciosamente relatadas e documentadas, as irregularidades que motivaram a exclusão,
descabido alegar cerceamento de defesa por não ter recebido cópia do processo.
PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EFEITOS
DA EXCLUSÃO DO SIMPLES O contribuinte que infringe a legislação tributária deve ser excluído do Simples de ofício, com efeitos a
partir do mês em que fique caracterizada a reiteração na prática infracional.
DATA DA CONFIGURAÇÃO DA REITERAÇÃO E DECADÊNCIA A decadência diz respeito ao direito de efetuar o lançamento, não tendo
relevância para reconhecimento da validade do ato declaratório de exclusão.
A questão deve ser oposta no processo administrativo que tenha por objeto o lançamento dos créditos porventura constituídos de ofício em razão da exclusão.
Numero da decisão: 1301-000.730
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira
Seção de Julgamento, por unanimidade, os membros da Turma afastam as preliminares suscitadas e, no mérito, negam provimento ao recurso voluntário, nos termos exarados no voto do relator
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: VALMIR SANDRI
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PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EFEITOS DA EXCLUSÃO DO SIMPLES O contribuinte que infringe a legislação tributária deve ser excluído do Simples de ofício, com efeitos a partir do mês em que fique caracterizada a reiteração na prática infracional. DATA DA CONFIGURAÇÃO DA REITERAÇÃO E DECADÊNCIA A decadência diz respeito ao direito de efetuar o lançamento, não tendo relevância para reconhecimento da validade do ato declaratório de exclusão. A questão deve ser oposta no processo administrativo que tenha por objeto o lançamento dos créditos porventura constituídos de ofício em razão da exclusão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, os membros da Turma afastam as preliminares suscitadas e, no mérito, negam provimento ao recurso voluntário, nos termos exarados no voto do relator. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 2 2 (documento assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 3 3 Relatório Usicol Usinagem de Componentes Ltda. foi excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES pelo Ato Declaratório Executivo nº 022, de 22/02/2008, do Delegado da Receita Federal em JoinvilleSC, com efeitos a partir de 01/01/2000, por praticar reiteradamente infração à legislação tributária, nos termos do disposto no inciso V do artigo 14 da Lei nº 9.317, de 1996. A ação que culminou com a exclusão da contribuinte ao Simples teve origem em Representação Administrativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por meio de sua Delegacia em BlumenauSC (fls. 02/35, acompanhada dos documentos de fls. 36/249, 251/502 e, 505/515. Em manifestação de inconformidade tempestiva, a interessada trouxe várias alegações para suscitar a nulidade do Ato Declaratório, tais como: (i) que não lhe foram remetidos os documentos nele mencionados; (ii) que as acusações imputadas são genéricas; (iii) que foram descumpridos os incisos III e IV do artigo 10 do Decreto n° 70.235 de 1972; (iv) que o ADE não é preciso pois não estabelece se a razão da exclusão é a omissão de receitas ou o lançamento de faturamento em outros CNPJ; (v) que o ADE não descreve quais seriam as omissões de receitas e quais os lançamento efetuados em outros CNPJ; (vi) que não foi mencionado em que consistem as práticas reiteradas que lhe foram imputadas. Afirmou desconhecer que sua contabilidade não seja escorreita, bem como o fato de ter ultrapassado o limite previsto para permanecer no Simples, ou ainda, que tenha omitido receitas. Aduziu que o fato de mais de uma empresa ocuparem o mesmo endereço não constitui violação à Lei. Refutou o efeito retroativo do ato, uma vez que em tempo algum teria sido mencionado quando ocorreu a prática reiterada de infração à legislação, limitandose a ser estabelecida a data em que optou pelo benefício. Alegou que só podem ser anulados os atos praticados há menos de cinco anos. Arrimou que o fato de não ter restado descrito o momento da prática que determinou sua exclusão ao Simples configurou afronta ao contraditório e à ampla defesa. Disse ter sido violado o princípio da irretroatividade da lei. Asseverou não haver qualquer indício probatório que confirme a acusação, de prática reiterada de infração à legislação do Simples, e discorreu acerca do ônus da prova. Postulou: (i) a anulação e improcedência do ato declaratório em razão de não ter sido acompanhado dos documentos indispensáveis; pela ausência de fundamentação; motivação; descrição precisa; pela incerteza quanto as suas razões; ausência de fundamento quanto ao marco de retroação do ato e por falta de provas ou; ii) caso o pleito não seja concedido, que os efeitos da exclusão não se operem de forma retroativa, mas somente a partir da data da ciência do Ato Declaratório ou, sucessivamente, no mínimo, dos últimos cinco anos que o antecedeu. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 4 4 A Segunda Turma de Julgamento da DRJ em Curitiba, por unanimidade de votos, indeferiu o pleito, em decisão que traz a seguinte ementa: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2000 ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO DE EXCLUSÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. HIPÓTESE NÃO CONFIGURADA. Se a motivação do Ato de Exclusão e os demais elementos apontados na Representação Fiscal, que originou o referido Ato, permitem ao contribuinte o pleno conhecimento das razões que levaram à sua exclusão do Simples, permitindo detalhada defesa de mérito, é de se afastar a preliminar de nulidade por conta de suposto cerceamento de direito de defesa. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁR1A. PRATICA REITERADA. EXCLUSÃO DO SIMPLES. O contribuinte que infringe a legislação tributária deve ser excluído do Simples de ofício com efeitos a partir do mês em que fique caracterizada a reiteração na prática infracional. DOS ARGUMENTOS DE VIOLAÇÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Não cabe ao órgão administrativo apreciar argüição de legalidade ou constitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. EXCLUSÃO DO SIMPLES PRECLUSÃO X DECADÊNCIA A alegação de que já teria ocorrido a preclusão do direito de a Fazenda Pública exigir eventuais créditos tributários que poderiam ser lançados em razão da exclusão do SIMPLES não tem o condão de invalidar o ato declaratório de exclusão, posto que tal instituto se aplica a questões probatórias e; eventual alegação de decadência deve ser oposta no processo administrativo que tenha por objeto o lançamento destes créditos, caso porventura sejam constituídos de ofício. OPÇÃO. REVISÃO. EXCLUSÃO COM EFEITOS RETROATIVOS. POSSIBILIDADE. A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte sujeito a condições e passível de fiscalização posterior. A exclusão com efeitos retroativos, quando verificado que o contribuinte incluiu se indevidamente no sistema, é admitida pela legislação. Solicitação Indeferida: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 5 5 Ciente da decisão em 03 de agosto de 2009, a interessada ingressou com recurso em 31 do mesmo mês, reiterando as razões declinadas perante a primeira instância de julgamento. É o relatório. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 6 6 Voto Conselheiro Valmir Sandri, Relator Recurso tempestivo, dele conheço. O presente litígio estabeleceuse em torno do ato de exclusão da Recorrente, de ofício, do sistema simplificado de pagamento de tributos e contribuições (SIMPLES). De início, devese ter em mente que a inclusão no sistema não depende de anuência prévia da administração tributária, sendo ato unilateral da pessoa jurídica que, desde que preencha os requisitos legais, faz a opção, por simples alteração cadastral. Contudo, a inclusão e permanência no sistema estão condicionadas ao cumprimento dos requisitos previstos na lei, e se, a qualquer tempo, a Receita Federal constatar o não atendimento das condições, a inclusão é desfeita (resolvida) por ato declaratório, com efeitos ex tunc. O ato declaratório da exclusão pode ser impugnado, assegurada a ampla defesa e o contraditório. No caso, a interessada exerceu opção e efetuou os pagamentos pelo Simples de 01/01/2000 a 31/12/2005, e em novembro de 2005 pediu sua exclusão a partir de 01/01/2006. Contudo, em janeiro de 2006, em procedimento de fiscalização previdenciária, o auditor da extinta Delegacia da Receita Previdenciária apurou fatos que, a seu juízo, configurariam a irregularidade da inclusão, encaminhando representação à Secretaria da Receita Federal. Na representação foi demandada a exclusão da empresa do Simples devido à prática reiterada de infração à legislação tributária. O autor da representação observou que a empresa, para se manter no Simples, omitiu receitas auferidas e/ou lançou o faturamento em outros CNPJ, cujas empresas estão localizadas no mesmo endereço da USICOL. Além dessa, outras infrações foram apontadas ao longo do extenso relatório, inclusive com descrição de escrituração contábil que não espelha a realidade da empresa e não respeita os princípios de contabilidade. Observou o autor, que a empresa teria incorrido na situação excludente contida no inciso V do artigo 14 da Lei 9.317/1996 (prática reiterada de infração à legislação tributária). A representação, com a vasta documentação que a acompanhou, deu lugar à formalização do presente processo administrativo em 31/01/2006, do qual, mediante procuração específica, o representante da Usicol tomou ciência em 22 de fevereiro de 2006 (fls. 516). Da análise da representação resultou o Despacho Decisório 111/2008, e a emissão do Ato Declaratório 22, de 22/02/2008, com o seguinte teor: Art. 1° A exclusão da empresa USICOL USINAGEM DE COMPONENTES LTD.,, CNPJ n° 00.097.590/000112, do Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições Fl. 6DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 7 7 de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES — por praticar reiteradamente infração à legislação tributária, conforme o disposto no inciso V do artigo 14° da Lei n° 9.317/1996, e demais informações contidas no processo administrativo n° 10920.000229/2006 10. Art. 2° A exclusão surtirá efeito a partir de 01 de janeiro de 2000, conforme disposto no artigo 24, inciso VI da IN SRF n° 608, de 09/01/2006. Art. 3° Poderá o contribuinte, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência deste, manifestar sua inconformidade relativamente ao procedimento acima ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Art. 4° Não havendo manifestação no prazo acima, a exclusão tornarse á definitiva. A recorrente reclama pela nulidade do ato declaratório por cerceamento de defesa, alegando que, além de ser genérico em seus argumentos, há menção de fatos contidos em processo administrativo, mas que esses documentos não lhe foram encaminhados. Contudo, como já assentado pela instância a quo, não se configurou o alegado cerceamento de defesa. No ADE em foco consta expressamente que a exclusão é motivada pela “prática reiterada de infração à legislação tributária" (inciso V, art. 14, da Lei 9.317/1996), conforme apurado em procedimento fiscal relativo ao processo administrativo fiscal nº 10920.000229/200610”. Neste processo estão descritas detalhadamente as apurações feitas, as quais deram origem à representação que culminou na exclusão e, como dito acima, dele o procurador da Recorrente teve vista em 22/02/2006, conforme Termo de Vista às fls. 516, ocasião em que poderia ter solicitado cópia do que entendesse relevante (até integral). Ou seja, dois anos antes da emissão do ADE a Recorrente tinha conhecimento do inteiro teor da representação fiscal para fins da exclusão, na qual estão descritas detalhadamente todas as acusações. Se não se municiou, desde então, das provas para desconstituílas e invalidar qualquer ato que a partir delas fosse praticado (o que, obviamente, seria o natural), poderia, ainda assim, obter a cópia do processo quando da ciência do ADE que expressamente o indica. Ainda para apoiar sua alegação de cerceamento de defesa, indica a Recorrente a citação de dispositivo indevido no ato de exclusão, afirmando que isso a teria induzido a condução da defesa por caminho errado. Também nesse fato não vislumbro qualquer cerceamento de defesa. O Ato Declaratório menciona expressamente a motivação da exclusão, com a indicação correta da capitulação legal: “praticar reiteradamente infração à legislação tributária, conforme o disposto no inciso V do artigo 14° da Lei n° 9.317/1996”. Ocorreu, sim, equívoco na menção ao dispositivo da Instrução Normativa que fundamenta a data a partir da qual a exclusão surte efeito (inciso VI do art. 23, em lugar de inciso VII). Contudo, ainda que a interessada pudesse ter dúvida quanto à data a partir do qual o ato gera efeitos (o que não é absolutamente o caso, como se demonstrará a seguir), não Fl. 7DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 8 8 haveria prejuízo à sua defesa quanto à acusação de prática reiterada de infrações, que foi a motivação de sua exclusão. De fato, o art. 2º do ADE dispõe: Art. 2° A exclusão surtirá efeito a partir de 01 de janeiro de 2000, conforme disposto no artigo 24, inciso VI da IN SRF n° 608, de 09/01/2006. Reza a IN 608/2006 Exclusão de ofício Art. 23. A exclusão darseá de ofício quando a pessoa jurídica incorrer em quaisquer das seguintes hipóteses: (...) V prática reiterada de infração à legislação tributária; (...) Parágrafo único. A exclusão de ofício darseá mediante Ato Declaratório Executivo (ADE) da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo administrativo fiscal da União, de que trata o Decreto nº 70.235, de 1972. Efeitos da exclusão Art. 24. A exclusão do Simples nas condições de que tratam os arts. 22 e 23 surtirá efeito: (...) VI a partir do anocalendário subseqüente àquele em que foi ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 20; VII a partir, inclusive, do mês de ocorrência de qualquer dos fatos mencionados nos incisos II a VII do art. 23; Ora, se o ADE diz expressamente que o motivo da exclusão foi a prática reiterada de infração à legislação tributária (item V do art. 23 da IN), salta aos olhos de qualquer um o erro material (que em nada dificultou a defesa) na menção ao inciso VI do art. 24 da IN, posto que a remissão do dispositivo que trata da prática reiterada de infrações (art. 23, V) encontrase no inciso VII do art. 24. Portanto, rejeito a preliminar suscitada. Em seguida, alega a Recorrente que o Ato Declaratório não menciona o momento em que houve prática reiterada de infração à legislação, dizendo tratarse de marco imprescindível para a validade do ato, ex vi do inciso V do art. 15 e V do art. 14 da Lei 9.317/96. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 9 9 Diz que, sem a data e sua justificativa plena, informando qual momento se realizou a reiteração, fica impedida a análise da decadência. Inicialmente, digase que a decadência diz respeito ao direito de efetuar o lançamento. Assim, desde que demonstrado que em 01/01/2000 já se configurara a prática reiterada de infração à legislação tributária, não há qualquer impedimento em emitir, em fevereiro de 2008, ato declaratório excluindo a empresa a partir de 2000. O que não seria possível é, em fevereiro de 2008, efetuar lançamentos relativos aos períodosbase até janeiro de 2003. Contudo, é realmente necessária a definição do momento em que se configurou a reiteração de infração à legislação tributária, para determinar a partir de quando a exclusão surte efeito (conforme inciso V do art. 15 da Lei nº 9.317/96, a partir, inclusive, do mês em que se configurou a prática reiterada à legislação tributária). Vejamos o que aponta a representação fiscal levada a efeito em 2006: (...) a fiscalização tomou conhecimento da existência de outras empresas, localizadas no mesmo endereço, cujos sócios são comuns, e/ou parentes. Tais empresas referemse às razões sociais CAL COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA. e MAJOC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Antes de iniciarmos a descrição propriamente dita, julgamos oportuno ressaltar aqui, o histórico das sociedades empresárias sob ação fiscal e de seus sócios, para uma melhor compreensão dos fatos, visando demonstrar, de forma inequívoca, que as empresas USICOL USINAGEM DE COMPONENTES LTDA, CNPJ 00.097.59010001100, atual denominação da antiga Majoc Com e Representações Ltda; CAL COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA, CNPJ 03.473.628/000100; e MAJOC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, CNPJ 00.614.6481000158, embora dotadas de personalidade jurídica distintas, na verdade foram constituídas e/ou mantidas no firme propósito de darem guarida a manutenção de benefícios oriundos de sistema diferenciado de recolhimentos de tributos, (SIMPLES), benefício do qual goza a empresa USICOL USINAGEM DE COMPONENTES LTDA, CNPJ 00.097.590/000100; que por sua vez, não faz jus ao mesmo, por não atender aos ditames da legislação aplicável à espécie no tocante ao faturamento, por exemplo, ou ainda pela prática reiterada de procedimentos que inviabilizam tal benesse, conforme demonstraremos ao longo deste relatório. Começaremos por traçar um perfil das empresas em questão, tratando inicialmente das suas informações cadastrais, quem são seus coresponsáveis, grau de parentesco entre os envolvidos, a utilização de empregados para figurarem como sócios gerentes das mesmas; tudo, digase de passagem, com o firme e inequívoco propósito de mascarar a realidade jurídica, com vias a se beneficiar de tratamentos diferenciados no âmbito tributário, burlando determinações e exigências legais, tendo em vista o porte da empresa. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 10 10 Em seguida, traçaremos um perfil dos procedimentos e práticas contábeis adotados, que ferem na sua essência princípios e convenções de contabilidade, geralmente aceitos, como o princípio da entidade, onde despesas incorridas em uma determinada empresa, foram reconhecidas em outra, ou ainda, despesas e receitas que deixaram de ser reconhecidas, ou movimentação bancária não lançada contabilmente por quase dois anos a fio; bem como a confusão patrimonial que se estabeleceu ao longo do período, onde por vezes, os empregados filiados ao Sindicato da categoria admitidos em uma das empresas, são comunicados como sendo de outra, entre outras situações, que iremos discorrendo durante o desenrolar do relatório A fiscalização aponta, ainda: Foi verificado pela fiscalização, fatos que, em tese, configuram hipóteses de vedação e exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições da Microempresa e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), instituído pela Lei 9.317, de 05/12/1996, por parte da empresa USICOL USINAGEM DE COMPONENTES LTDA, que se utilizou de artifício de constituição de outra empresa (CAL COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA), com a finalidade de absorver seu faturamento, visando manutenção da benesse do SIMPLES, por parte daquela. (...) Em relação à Recorrente, o auditor discorre sobre a constituição da empresa (em 1994), e a evolução da composição do capital, e anota constar que ela permaneceu "SEM MOVIMENTO", nos meses de agosto/96 a novembro/96 (Diário 04); janeiro/97 a novembro/97, janeiro/98 a novembro/98 (Diário 04) e março/99 a julho/99 (Diário 05), lançando durante este período tão somente a depreciação dos equipamentos ao final de cada exercício. Afirma, ainda, que a contabilidade em cada exercício incorre em vícios, que por certo, contribuirão decisivamente para sua desconsideração, exatamente por não evidenciar a realidade econômica da empresa .... Destaca as seguintes constatações: a) Em 31/12/1995, foi registrado a crédito da conta Contas Correntes (Passivas) e Débito de Despesas Lucros Distribuídos, o valor total de R$ 34.720,21; b) Para o ano de 1996, apresenta demonstração de resultado onde consta como Receita de Serviços Prestados a importância de R$ 84.002,04, para um custo de serviços vendidos de 54.473,77, que depois de deduzidas das demais despesas chegase a um prejuízo de R$ 14.390,43, contudo houve distribuição de resultado de R$ 3.780,30; c) Em 1997, o Livro Diário 04 informa a condição "SEM MOVIMENTO", nos meses de janeiro/97 a outubro/97, constando na sua demonstração de resultado somente despesas de depreciação, e resultado negativo do período R$ 3.740,28; Fl. 10DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 11 11 d) No ano de 1998, também não consta nenhum faturamento, sendo a demonstração de resultado negativa de R$ 3.428,59, decorrente do único lançamento, de depreciação do período; e) No ano de 1999, a empresa não apresentou nenhum faturamento (embora mantivesse quadro de empregados a partir de agosto/99), a apuração de resultado apresenta Custo dos Produtos Vendidos de R$ 18.353,72, despesas de R$ 913,96, receita de venda de bens do imobilizado no valor de R$ 3.142,60, totalizando um resultado negativo de R$16.125,08; f) No ano de 2000, a apuração de resultados mostra Custo dos Produtos Vendidos de R$ 117.696,19 + Custos dos Serviços Vendidos de R$ 11.836.57; porém com nenhum centavo de faturamento, e mantendo quadro de empregados. Indaga o auditor: “Como pode haver custo de produtos, sem que haja produtos? Onde estaria sendo lançado o faturamento? Destaca, também, o fato inusitado de encontrarse registrado a crédito da conta Adiantamento de Clientes (Passivo) e a débito da conta Caixa, desde julho/2000, valores recebidos a tal título, que pela sua natureza contábil, indicam que de fato existe um faturamento, que na verdade não está reconhecido na contabilidade, e conclui que a contabilidade não espelha a realidade econômica da empresa. Individualiza, ainda, vários lançamentos na conta de passivo circulante “Financiamento a Curto Prazo”, cujos históricos indicam financiamento obtidos de outras empresas do grupo, os quais, na realidade, segundo se depreendem das notas fiscais que anexa, correspondem à venda de bens do imobilizado; g) No ano de 2001, a empresa apresentou uma receita bruta anual de R$ 316.207,92, para um Custo dos Produtos Vendidos de 296.508,18 (somente salários no ano, já embutido nos custos, foram no montante de R$ 221.405,20), que somados aos demais custos e despesas, resultou quando da apuração de resultado, em um prejuízo final de R$ 21.342,26, com registro, no último dia de cada mês, de janeiro a agosto, de valores a crédito da conta Adiantamento de Clientes (Passivo), totalizando R$ 80.500,00; h) No ano 2002, aconteceu o inimaginável, ou seja, os lançamentos contábeis geram saldos de Ativo e Passivo, que simplesmente não fecham, conforme consta no Livro Diário número 08, fls. 46 a 50. Os valores relativos à conta Adiantamento de Clientes, nos anos de 2000 e 2001, anteriormente descrito, no montante de R$ 180.120,00, proveniente do somatório dos exercícios de 2000 e 2001 (R$ 99.620,00 + R$ 80.500,00), foram baixados a débito de caixa em 2002. As contas apresentadas na Demonstração em 01/11/2002 com saldos zerados, em relação aos saldos efetivos de 31/12/2001, voltaram a ser movimentadas durante o exercício no Razão de 2002, como se as mesmas possuíssem os mesmos saldos anteriores, ou seja, apenas "maquilaram" as mesmas, para efeitos de Balanço. No mesmo ano de 2002, a empresa, apresentou uma receita bruta anual de 997.571,72, para um Custo dos Produtos Vendidos de 465.446,24, que somados a outras despesas e dedução de vendas, resultou em um lucro líquido final de R$ 424.791,80; i) No ano de 2003, a movimentação registrou uma receita bruta anual de R$ 1.199.026,39, para um Custo dos Produtos Vendidos de R$ 592.697,54, que agregado a outras despesas, ocasionou um lucro final de R$ 473.193,98; j) Para o ano de 2004, verificouse uma receita bruta anual de R$ 748.900,05, para um Custo dos Produtos Vendidos de R$ 809.307,30, outras despesas de R$ 183.736,44 e dedução de vendas de R$ 65.163,38, ocasionando um prejuízo final de R$ 309.307,07. Fatos inusitados: A Despesa com Pessoal, no item relativo aos salários tributados para efeitos de Fl. 11DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 12 12 INSS, em 2003, que era de R$ 361.740,36, subiu 75,90% em relação a 2004, quando esta cifra alcançou R$ 636.309,44; o número médio de empregados em 2003 que era de 34, passou em 2004 para 55, (acréscimo de 61,76%), enquanto o faturamento de 2003 que foi de R$ 1.199.026,39, caiu em 2004 para R$ 748.900,05, com conseqüente queda de 37,58%; k) Da inteligência destes elementos podese concluir que parte deste faturamento estaria sendo omitido e/ou sendo lançado em outra empresa do grupo, passandose a verificar a situação das demais empresas, a fim de se chegar a um denominador comum. Em seguida, passa a discorrer sobre as empresas CAL COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA. (constituída em 03 de janeiro de 2000) e MAJOC INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (constituída em 08 de maio de 1995). Sobre a primeira (CAL Componentes) aponta: A empresa constituída em 2000, permaneceu sem empregados até julho/2001; data em que contratou um Auxiliar de Serviços Gerais e uma Auxiliar Administrativa, permanecendo então com 2 empregados até outubro/2001; quando demitiu um deles, permanecendo com um auxiliar de serviços gerais, até mar/2002; em seguida permaneceu tão somente com 01 recepcionista até mar/2003; na seqüência permaneceu com 02 empregados (um Auxiliar Administrativo e um coordenador de qualidade); até 08/2004, quando passou a ter 11 empregados em out/2004, média esta que permaneceu até fev/2005, contando atualmente com 17 empregados. Em resumo, somente passou a ter empregados registrados na linha de produção, em 08/2004, ainda assim poucos, sendo 11 (onze), ao todo. Porém, quando se fala em rentabilidade, a situação já se inverte em relação mesma empresa do grupo, a Usicol... Após demonstrar a evolução da rentabilidade da CAL, consigna o autor da representação: Confrontando então as informações das duas empresas, fica fácil entender o por quê, uma que agrega um número crescente de empregados e que por acaso se encontra no SIMPLES, no caso a USICOL, tem um faturamento decrescente, enquanto a outra, CAL COMPONENTES, praticamente sem empregados, durante todo o tempo, ao contrário detém um faturamento tão expressivo para sua realidade. Para corroborar ainda mais a idéia de que os elementos contábeis não refletem a realidade econômica da empresa, verificouse que constam contas bancárias de titularidade de uma empresa registrada contabilmente em outra, sem nenhuma contrapartida de mútuo, empréstimo ou algo semelhante, que caracterize a operação, ocasionando confusão patrimonial entre as diversas empresas; ou ainda conta bancária que sequer foi lançada contabilmente, (...) quais sejam: (...) Fl. 12DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 13 13 Consta movimentação bancária na Conta Corrente 002063, agência 1390, do Banco Real S/A, cujos valores do período de 26/0812004 a 31/12/2004, não foram lançados na contabilidade, indagados por esta fiscalização, alegaram que fora um lapso, e que iria reconhecer tais operações, inclusive os lançamentos de 2005, neste exercício em curso. A movimentação consta de extrato bancário conforme cópias anexas fornecidas pela empresa, cujos lançamentos podem assim ser resumidos. (...) A empresa ao ser indagada peta fiscalização, sobre o fato da não contabilização da conta bancária acima, que ensejou a lavratura de Auto de Infração 35.764.0616, reconheceu tal omissão e se comprometeu a regularizar tal fato, ainda que intempestivo, no propósito de atenuar o referido Auto e assim o fez, apresentando para este exercício, a movimentação contábil do período de janeiro a abril/2005, para conta 002063 Agência 1390 — Banco Real S/A, já citada. Sobre a segunda, (MAJOC Ind. Comércio), relata: Consta ainda do grupo, esta empresa onde se vislumbra a inscrição dos seguintes coresponsáveis: Valdenor Grolli, Márcio José da Cunha, Flamir Wischral e Dulcineia Mendes Wischral , conforme períodos a saber: (...) Dos fatos acima, podemos extrair as seguintes conclusões: O Sr. Flamir, foi empregado da MAJOC de 01/04/97 até 01/03/01, embora já fosse sócio gerente da mesma desde 22/01/01; situação esta, que perdura até a presente data, uma vez que não foi apresentada nenhuma outra Alteração Contratual modificadora desta relação empresarial; quando demitido de sua própria empresa, na condição de segurado empregado, insatisfeito, insurgiu contra si próprio (uma vez que era o sócio gerente de sua própria empresa), movendo Reclamação Trabalhista (contra ele mesmo), sem olvidar que, durante este interregno, continuou a laborar como segurado empregado em outras duas empresas, que a princípio nada têm a haver com o grupo, quais sejam Donner Indústria e Comercio de Serviços Ltda, de 01/06/02 a 23108102, e Eugenio Joel Martins, a partir de 02/09/02. Curioso também o fato de que o Sr. Valdenor Grolli e Márcio José da Cunha, embora "não mais fizessem parte da empresa, a partir de 22/01/01, conforme querem fazer constar da 2ª. Alteração Contratual, continuaram a assinar documentos em nome daquela,(...) (,,,) FATOS COMUNS ÀS TRÊS EMPRESAS Fl. 13DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 14 14 Ao longo de todo o período podemos encontrar junto a documentação fiscal, pagamentos que refletem bem a confusão patrimonial existente entre as diversas empresas do grupo; vejamos alguns exemplos: Despesas da Usicol, CNPJ 00.097.5901000112, pagas através de recursos da conta do Banco do Brasil 14389 Ag 35394 de titularidade da própria Usicol. Para esta conta a contabilidade não apresenta lançamentos contábeis no ano de 2001, sendo os primeiros lançamentos a partir de janeiro/2002, conforme depósito inicial de R$ 32.607,91. (...) Despesas da Usicol, CNPJ 00.097.590/000112, pagas através de recursos da conta do Banco do Brasil 114227 Ag. 35394, cuja titularidade é da empresa CAL Componentes CNPJ 03.473.628/000100, (...) Despesas da CAL Componentes, CNPJ 03.473.6281000100, pagas com recursos do Banco do Brasil 14389 Ag 35394 de titularidade da empresa Usicol Usinagem. Para esta conta a contabilidade não apresenta lançamentos contábeis no ano de 2001, sendo os primeiros lançamentos a partir de janeiro/2002, conf. depósito inicial de R$ 32.607,91. (...) Despesas da CAL Componentes, CNPJ 03.473.628/000100, pagas com recursos do Banco do Brasil 86266 Ag 35394 de titularidade da empresa Usicol Usinagem CNPJ 00.097.5901000112. Para esta conta a contabilidade não apresenta lançamentos contábeis no ano de 2001, sendo os primeiros lançamentos a partir de janeiro/2002, conf. depósito inicial de R$ 32.607,91: (...) Confusão relacionada a empregados admitidos entre as diversas empresas: É comum a confusão inclusive em relação a comunicação de empregados filiados ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Oficinas Mecânicas de Joinville e Região, CNPJ 84.714.104/000158, entre as empresas Cal Componentes e Usicol Usinagem (...) Tais confusões, são passives de sucederem, principalmente no caso em questão, pois foi constatado quando das visitas, por esta fiscalização junto à empresa, ainda que consta nos documentos instituidores, como Contrato Social, Alterações e Cartão de CNPJ, a alusão à "Sala 1" e "Sala 2", na verdade as empresas, de fato são uma só, que se resume em um grande galpão onde se Fl. 14DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 15 15 encontra os trabalhadores da linha de produção, e um escritório no segundo andar, onde inclusive a Funcionária, Sra. Cátia Rosane Feddersen, assinou inicialmente Mandado de Procedimento Fiscal e Termos de Intimação para Apresentação de Documentos Fiscais em 11/08/2005, pela empresa Usicol como sendo representante da mesma, e no entanto depois se contatou que a funcionária é admitida na empresa Cal desde 03/06/2002. A linha que supostamente dividiria as empresa, é tão tênue, que até mesmo a filiação à uma categoria profissional, como ato de expressão da vontade de cada empregado, por vezes, se confundem, como se viu através da correspondência do Sindicato. Finalmente, para própria surpresa da fiscalização, a empresa apresentou quando do término dos trabalhos, cópia do pedido de exclusão do SIMPLES, feito por sua própria iniciativa o que vem de certa forma corroborar, os elementos aqui narrados. Em que pese a iniciativa da empresa no sentido de se excluir do SIMPLES, (efeitos a partir de 01/2006), insistimos para que seja analisada a presente Representação, com vistas a sua exclusão desde sua opção, tendo em vista os procedimentos aqui descritos. Assim, o Auditor da Secretaria da Receita Previdenciária apurou e demonstrou (acompanhado de farta documentação) a manipulação artificiosa dos registros contábeis levada a efeito pela Recorrente, de modo a reconhecer receita bruta menor, compatível com a sistemática do Simples. Entre os muitos fatos apontados, mencionemse: (a) a referência a períodos em que, não obstante haver declaração de custo de mercadorias vendidas, o faturamento registrado foi zero; (b) a ausência de contabilização de contas correntes que eram utilizadas tanto para pagar suas próprias despesas bem como as despesas das outras duas empresas; (c) o pagamento de despesas suas com recursos de outra empresa do grupo; (d) a confusão patrimonial das três pessoas jurídicas; (e) a confusão relacionada a empregados admitidos entre as diversas empresas, etc. As irregularidades constatadas alcançam períodos anteriores a janeiro de 2000. Portanto, considerando que, nos termos do inciso V do art. 15 da Lei nº 9.317/96, a exclusão motivada pela prática reiterada de infração à legislação tributária surte efeito a partir, inclusive, do mês de ocorrência do fato, correta a exclusão a partir de janeiro de 2000. Não tem pertinência a invocação ao art. 150, III, “a”, da Constituição Federal para afastar a exclusão retroativa ao dia 01/01/2000. Tal dispositivo veda a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentados, o que não é, absolutamente, o caso. O ato de exclusão, repitase, não desfaz uma situação jurídica preexistente, ou seja, não tem o caráter desconstitutivo. Na realidade, ele declara a inexistência da situação jurídica a que se atribuiu o administrado e, como ato declaratório, produz efeitos ex tunc. Por todo o exposto, NEGO provimento ao recurso. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI Processo nº 10920.000229/200610 Acórdão n.º 1301000.730 S1C3T1 Fl. 16 16 Sala das Sessões, em 20 de outubro de 2011. (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri Fl. 16DF CARF MF Emitido em 10/01/2012 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por AL BERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/10/2011 por VALMIR SANDRI
score : 1.0
Numero do processo: 11634.001279/2007-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E
CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE SIMPLES
Anocalendário:
2002
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA.
Descabida a argüição de cerceamento do direito de defesa de sócios de fato, a
quem foi atribuída a responsabilidade solidária. A oportunidade de defesa se
iniciou com a ciência do lançamento e do Termo de sujeição passiva
solidária, tendo a empresa autuada e os responsáveis solidários o prazo de 30
dias para interposição da impugnação.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS.
SÓCIOS DE FATO.
Tendo a sociedade sido formalmente constituída por interpostas pessoas e
identificados os sócios de fato, devem os mesmos ser arrolados como
responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído.
LANÇAMENTO. REGIME DO SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO JUSTIFICADA.
PRESUNÇÃO LEGAL.
Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em contas de depósito
ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos
quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante
documentação hábil e idônea, a origem dos recursos, nos termos do art. 42 da
Lei 9.430/96. Por tratarse
de uma presunção legal, o ônus da prova é do
sujeito passivo.
PENALIDADE. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.Correta a aplicação da multa qualificada na situação de interposição de
terceiras pessoas como sócios, com a utilização de documentos não
verdadeiros, com a clara intenção dolosa dos sócios de fato, de não serem
responsabilizados pela pessoa jurídica e de esconder as receitas auferidas pela
empresa.
Numero da decisão: 1402-000.792
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e no mérito, negar provimento ao recurso, mantendo-se a atribuição de responsabilidade solidária aos Senhores Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa e também à Sra. Liciana Lopes Costa, nos termos do relatório e voto, que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Descabida a argüição de cerceamento do direito de defesa de sócios de fato, a quem foi atribuída a responsabilidade solidária. A oportunidade de defesa se iniciou com a ciência do lançamento e do Termo de sujeição passiva solidária, tendo a empresa autuada e os responsáveis solidários o prazo de 30 dias para interposição da impugnação. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. SÓCIOS DE FATO. Tendo a sociedade sido formalmente constituída por interpostas pessoas e identificados os sócios de fato, devem os mesmos ser arrolados como responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído. LANÇAMENTO. REGIME DO SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos, nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96. Por tratarse de uma presunção legal, o ônus da prova é do sujeito passivo. PENALIDADE. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Fl. 366DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 2 Correta a aplicação da multa qualificada na situação de interposição de terceiras pessoas como sócios, com a utilização de documentos não verdadeiros, com a clara intenção dolosa dos sócios de fato, de não serem responsabilizados pela pessoa jurídica e de esconder as receitas auferidas pela empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e no mérito, negar provimento ao recurso, mantendose a atribuição de responsabilidade solidária aos Senhores Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa e também à Sra. Liciana Lopes Costa, nos termos do relatório e voto, que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 367DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 2 3 Relatório Tratase de lançamento relativo ao anocalendário 2002, em razão da infração de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não justificada, no valor de R$ 696.995,28. A apuração dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e Contribuição para a Seguridade Social) deuse no regime do Simples. A empresa nesse anocalendário esteve omissa quanto à apresentação de Declaração Simplificada para esse anocalendário. Foi atribuída responsabilidade solidária aos senhores Jair Delfim da Costa e . Celso Brusque da Costa, e ainda, à Sra. Liciana Lopes Costa. Consta no Termo de Verificação e encerramento parcial da ação fiscal, de fls. 212/221, o seguinte: a) A ciência do Termo de Início da ação fiscal se deu por edital, pois, a empresa não foi localizada no endereço cadastral; b) O sócio responsável perante o CNPJ, Edivaldo Bispo de Lucena foi intimado a apresentar contrato social da empresa e posteriores alterações, informar se a empresa estava em atividade e qual o seu atual endereço, sendo que, a correspondência retornou da ECT, com a informação de endereço insuficientes, fls. 7 a 10. c) Não tendo a empresa apresentado os documentos solicitados no Termo de Início, a fiscalização solicitou as informações sobre movimentação financeira às instituições bancárias, que encaminharam os elementos solicitados; d) Em 21/08/2007, a Sra. Liciana Lopes Costa foi cientificada de que é sócia de fato e verdadeira administradora da empresa Lucena & Cia. Ltda., conforme Termo de Constatação e Intimação Fiscal, de fls. 131/133; e em 04.09.2007, a Sra. Liciana, por meio de sua advogada, solicitou cópia dos documentos mencionados no Termo de Constatação e Intimação Fiscal; e) Em 12.11.2007, foi expedido edital de Termo de ciência de Intimação Fiscal, por meio da qual a empresa foi intimada a comprovar por meio de documentos hábeis a origem dos valores depositados/creditados em duas contas correntes bancárias, porém a intimação não foi atendida; f) Em 20.11.2007, o Sr. Jair Delfim da Costa e o Sr. Celso Brusque da Costa por meio do Termo de Constatação e Intimação Fiscal foram considerados sócios de fato e verdadeiros administradores da empresa Lucena & Cia. Ltda. e foram intimados a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados nas contas correntes, não tendo os mesmos se manifestado até à data da lavratura do Termo de Verificação Fiscal; Fl. 368DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 4 g) Em 27.11.2007, a empresa foi intimada, na pessoa da sócia solidária Liciana Lopes Costa a comprovar por meio de documentos hábeis, a origem dos valores depositados/creditados nas contas correntes bancárias; h) em 07.12.2007, os sócios solidários, em atendimento às intimações para comprovação da origem e dos recursos movimentados pela empresa em instituições financeiras, apresentaram o documento de fls. 209/210, no qual solicitam procedimentos e cópia dos extratos bancários, e em resposta, em relação aos itens a e b, os mesmos não foram objeto de questionamento, e em relação a cópia dos extratos, informou a fiscalização que os valores constantes do Anexo I das referidas intimações foram extraídos dos extratos bancários obtidos por meio de RMF, também foi informado que o prazo para atendimento da intimação encerravase em 07.12.2007, fls. 210, e ressaltou que o prazo concedido ao Sr. Jair e ao Sr. Celso, para atendimento à intimação havia sido encerrado em 03.12.2007, fls. 151/152; i) Esclareceu a autoridade fiscal, que o Sr. Jair e o Sr. Celso também foram considerados sócios solidários em outras fiscalizações de empresas com a mesma atividade comercial, utilizandose de terceiros com baixa capacidade econômicofinanceira, alheio aos fatos, mediante uso indevido de documentos pessoais, falsificação de documentos (carteiras de identidade adulteradas, fotocópias de faturas de energia elétrica adulteradas) falsificação de assinatura em contratos sociais, inclusive utilização de documentos pertencentes a pessoa falecida Sobre os sócios solidários, consta no referido Termo de Verificação Fiscal, o seguinte: a) Em 14.03.2005, o Sr. Amarildo Rodrigues Moura, responsável perante o CNPJ da empresa Lucena junto à Receita Federal, solicitou alteração do quadro societário da referida empresa, uma vez que não pertencia ao mesmo, não tendo assinado o contrato social ou qualquer alteração contratual da mencionada sociedade; o mesmo apresentou boletim de ocorrência policial, onde relata que existe uma empresa de nome Lucena & Cia. Ltda., funcionando com seu nome e em nome de Edivaldo Bispo de Lucena, e que só descobriram o fato porque a CAPSML enviou computadores para conserto na empresa Lucena e a mesma não os devolveu, notificando as duas vítimas para justificarem a falta da entrega dos referidos computadores, fls. 159 a 163. Concluiu a fiscalização que o Sr. Amarildo e o Sr. Edivaldo não são sócios da empresa; b) Em resposta a ofício, o Cartório de Registro de Títulos e Documentos, 2º ofício da cidade de Londrina, encaminhou documento datado de 23.10.2002, emitido pela Cia. de Habitação de LondrinaCOHAB, em que notifica extrajudicialmente a empresa Lucena & Cia. Ltda., na pessoa de sua representante legal, Sra. Liciana Costa, em 12.11.2002, fls. 164v; c) Com base na documentação bancária encaminhada pelas instituições financeiras em atendimento à Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, a fiscalização verificou junto ao cartão de autógrafos, da conta corrente 0200420327, de titularidade da empresa Lucena, no Banco Santander, Ag. 00282, que a Sra. Liciana Lopes Costa movimentava recursos da citada empresa, podendo emitir, endossar, aceitar, descontar, caucionar duplicatas, notas promissórias e cheques, fls. 53; d) A Sra. Liciana foi considerada sócia de fato e verdadeira administradora da empresa Lucena & Cia. Ltda., conforme Termo de Constatação e intimação fiscal, de 21.08.2007, fls. 131/133; Fl. 369DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 3 5 e) Na terceira alteração contratual da empresa C.Brusque Costa & Cia. Ltda. (antiga Lucena), em 02.03.99, os sócios Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa cederam e transferiram suas cotas para os Senhores Edivaldo Bispo de Lucena e Amarildo Rodrigues de Moura; concluiu a fiscalização, que na verdade, não houve transferência, uma vez que os referidos “adquirentes” nada assinaram e tampouco tiveram conhecimento da transação; em 14.06.2007, o Sr. Amarildo e o Sr. Edivaldo impetraram ação declaratória de nulidade de alteração de contrato social c/c indenização por danos morais e pedido de antecipação de tutela, fls.165/188; f) Em 21.09.2007, recebeu da Polícia Federal fotocópias de documentos de diversas pessoas físicas e jurídicas, dentre elas, a fiscalizada. Desses documentos, surgiram outros elementos relativos à empresa Lucena & Cia. Ltda. g) No depoimento prestado à Polícia Federal de Londrina o Sr. Edivaldo e o Sr.Amarildo disseram que nunca foram sócios de qualquer empresa, muito menos da C. Brusque da Costa & Cia. Ltda., que se conhecem, pois moram no mesmo bairro, que não conhecem Celso Brusque da Costa e nem Jair Delfim da Costa, e também não conhecem qualquer pessoa que trabalhe com venda de computadores ou coisa parecida; h) Na abertura da contacorrente junto ao Unibanco, para fins de comprovação de renda, o Sr. Celso Brusque da Costa apresentou contracheques da empresa Lucena, relativos aos meses de 12/99, 01 a 02/2000 e 06/2000, na função de gerente comercial, fls. 189/193; e o Sr. Jair Delfim da Costa, para a mesma finalidade, apresentou contracheques dos mesmos meses, na função de Gerente Administrativo Financeiro, fls. 194/199; i) Foi aberta uma conta corrente junto ao Unibanco em nome de Edivaldo, sendo que em um cheque compensado da referida contacorrente, assinatura constante no mesmo pertence ao Sr. Jair Delfim da Costa, fls.202 a 204; j) Em 18.09.2007, a empresa PAUTA EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS LTDA. foi intimada a informar o nome da pessoa de contato na empresa Lucena; em resposta foi informado que além do Sr. Edivaldo e Amarildo eram o Sr. Celso Brusque da Costa e o Sr. Jair Delfim da Costa, fls. 205/208; k) Ressaltou a fiscalização que considerando que o Sr. Edivaldo e o Sr. Amarildo nunca foram sócios da empresa Lucena, e que não houve de fato a transferência de quotas objeto da 3ª alteração contratual, e considerando que a Sra. Liciana movimentou recursos da referida empresa e é esposa do Sr. Celso, e ainda, considerando todos os outros fatos expostos, a fiscalização concluiu que além da Sra. Liciana Lopes Costa, o Sr. Jair Delfim da Costa e o Sr. Celso Brusque da Costa também são sócios de fato e verdadeiros administradores da empresa Lucena & Cia. Ltda., sendo cientificados de que foram considerados responsáveis solidários, nos termos do art. 124, I, do CTN. Da multa qualificada A fiscalização, face ao exposto, e considerando que a utilização de documentos ideologicamente falsos, com a finalidade de transferir a responsabilidade tributária para terceiros sem capacidade econômica, caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos dos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64. Aplicou a multa de 150% sobre os valores apurados. DA DECISÃO DA TURMA JULGADORA Fl. 370DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 6 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/01/2002, 28/02/2002, 31/03/2002, 30/04/2002, 31/05/2002, 30/06/2002, 31/08/2002, 31/12/2002 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. SÓCIOS DE FATO QUE INTERPUSERAM OUTRAS PESSOAS. Não há cerceamento do direito de defesa dos sócios de fato que interpuseram outras pessoas se, quando finalmente identificados e intimados, não exerceram o direito de vistas ou solicitação de cópias de documentos do processo e dispuseram de 68 (sessenta e oito) para a sua defesa e a da empresa, além de ser facultada a apresentação de documentos a posteriori, caso haja motivo justificado, e recurso à segunda instância de julgamento. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS DE FATO. Demonstrado de forma inequívoca que a sociedade é formalmente constituída por interpostas pessoas e identificados os sócios de fato, devem os mesmos ser arrolados como responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído: MULTA DE OFÍCIO DE 150%. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE. DOLO. Aplicável a multa de ofício qualificada no lançamento de crédito tributário sonegado relativo a receitas omitidas apuradas mediante presunção legal relativa a depósitos/créditos em contas bancárias de titularidade da autuada, não escrituradas nem declaradas pela empresa cujos sócios verificouse serem interpostas pessoas, mediante documentos falsificados, tendo sido identificados e responsabilizados solidariamente os sócios de fato. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Não compete à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – SIMPLES Data do fato gerador: 31/01/2002, 28/02/2002, 31/03/2002, 30/04/2002, 31/05/2002, 30/06/2002, 31/08/2002, 31/12/2002 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. Fl. 371DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 4 7 A Lei n° 9.430, de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. ERRO DE FATO. Demonstrado erro de fato na apuração da base de cálculo, cancelamse a exigências correspondentes. LANÇAMENTOS REFLEXOS: PIS, CSLL, COFINS e INSS Simples. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos o decidido no principal. NOVAS PROVAS. As provas devem ser apresentadas junto com a impugnação, precluindo o direito de a interessada fazêlo em outra ocasião, ressalvada a impossibilidade por motivo de força maior, quando se refira a fato ou direito superveniente ou no caso de contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. PERÍCIA. PEDIDO NÃO FORMULADO Considerase não formulado pedido de perícia genérico, sem formulação de quesitos específicos nem indicação de perito. OITIVA DE TESTEMUNHAS. Indeferese o pedido para oitiva de testemunhas, no âmbito da primeira instância do contencioso administrativo fiscal, por falta de previsão legal. Lançamento Procedente em Parte Consta no voto condutor do acórdão, que este processo foi analisado e julgado em conjunto com os seguintes, devido aos elementos em comum existentes entre os mesmos: 11.634.000307/200836 e 11634.000100/200861: Ower Computadores Ltda. 11634.000305/200847 e 11634.000099/200875: C. Brusque Costa 11634.000306/200891 e 11634.000098/200821: LCTHEC Informática Ltda 11634.001263/200781 e 11.634.001267/200769: Technology Componentes Eletrônicos Ltda. 11634.000471/200843: PCPlug Comércio de Equipamentos Eletrônicos Sistemas e Automação Industrial. Fl. 372DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 8 Consta no voto condutor do acórdão que a impugnação foi apresentada pelas pessoas identificadas como sócios solidários da empresa e que o seu teor evidencia que defende tanto esta como aqueles, sendo a autuação contra a pessoa jurídica, tratoua como apresentada por representantes da empresa, bem como, contestação à imputação de solidariedade passiva. DO RECURSO VOLUNTÁRIO A ciência da decisão ao Sr. Celso e Sr. Jair foi dada em 06.04.2009, e à Sra. Liciana, em 03.04.2009, e a ciência à empresa Lucena foi dada por edital de fls. 340. O recurso foi interposto conjuntamente pelos responsáveis solidários, em 05.05.2009. Não foi apresentada impugnação em nome da empresa autuada. Os argumentos contidos no recurso, são os seguintes: a) Após intimados a se manifestarem sobre a origem dos recursos movimentados nas contas correntes da empresa Lucena, requereram às autoridades fiscais: (i) que expedisse intimação ao contador, para que este entregasse à Receita Federal os livros contábeis e fiscais relativamente ao período de atividade da mesma, (ii) demonstrativo de recolhimentos fiscais federais havidos pela referida empresa, bem como, os respectivos débitos, se houvesse, (iii) cópia dos extratos bancários referidos no Termo de intimação; b) Referidos documentos seriam indispensáveis, para elucidar os recorrentes na elucidação das origens dos recursos, motivo pelo qual também requereram a dilatação do prazo para manifestação quanto à origem dos valores dos recursos, mas que, todavia, o pedido foi indeferido, sob o argumento de que o procedimento fiscal já havia sido concluído, razão pela qual não tiveram meios de proceder a qualquer levantamento documental, contábil e outros a fim de que pudessem conhecer e se defender dos fatos narrados no auto de infração; c) Destacaram que todo o procedimento fiscal foi realizado sem a participação dos recorrentes, tendo sido estes cientificados apenas quando seus respectivos nomes foram citados pelos auditores fiscais como responsáveis, isto é, já na fase final do procedimento; d) Salientaram, que sem qualquer prova pericial e o estabelecimento do contraditório, os auditores concluíram que os recorrentes falsificaram documentos e usaram indevidamente documentos de terceiros; que a fiscalização utilizou como fundamento da conclusão a que chegaram a ação declaratória proposta pelas pessoas de Edivaldo e Amarildo, sem sequer citar o número da ação, autos em que juízo tramita, sendo certo que não haveria qualquer sentença judicial que provasse o afirmado pelo fisco; e)Que nem tudo que se apura em contas correntes bancárias pode ser tido como fato gerador tributável, e que o dever da prova é do fisco, quanto a provar cabalmente que todos os lançamentos bancários são tributáveis; f) Afirmam que o prazo foi exíguo e que foram cerceados e não tiveram a oportunidade de mostrar, primeiro, que não tinham poderes administrativos que fundamentem a responsabilização solidária tributária; e segundo, que os lançamentos encontrados nas contas bancárias nada tinham a ver como os mesmos; ou ainda, que poderiam ter as origens justificadas; g) Que afirmase que a Sra. Liciana Lopes da Costa “foi cientificada de que é sócia de fato e verdadeira administradora da empresa Lucena & Cia Ltda”, mas que aquela notificação não teve o referido propósito, mas o de propiciar à mesma a manifestação sobre Fl. 373DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 5 9 dados apurados pelos auditores junto ao Banco Santander e ao Cartório, tanto, que solicitou cópia dos documentos mencionados; h) Além disso, o fato de os auditores terem encaminhado notificações à empresa, para que a mesma se manifestasse sobre os levantamentos apurados, intimandoa para apresentação de livros contábeis sabendo que a empresa estava inativa, não aproveita aos recorrentes; i) Que em nenhum momento, os auditores intimaram os recorrentes para a apresentação de documentos fiscais, e que apenas o fez para justificarem receitas, quando estes já estavam sendo considerados sócios de fato, sem sequer terem direito de defesa; j) que os recorrentes não tinham acesso aos livros contábeis e demais informações à SRF, daí a importância do pedido formulado e negado; que a autuação não se vincula aos caminhos trilhados pela legislação vigente; k) Aborda a nulidade do auto de infração, a lesão ao contraditório e à ampla defesa e a necessidade de prova técnica: (i) que o fisco deve permitir a participação contraditória do sujeito passivo, tanto que permitiu até o limite que ao Estado era conveniente, (ii) que não basta uma mera suspeita para legitimar a formalização do lançamento, porque há o resguardo das garantias constitucionais contra o excesso de exação, contra o confisco, que decorrem de exigência supostas, de lançamentos indiciários, fruto de arbítrio; (iii)que não basta para legitimar um lançamento, a simples lavratura de um auto de infração, quando existem fundadas razões para dar continuidade à elucidação dos fatos, como no caso dos autos, (iv) que a lei não admite que o sujeito passivo integre a instância quando a fase oficiosa não tenha seguido as determinações legais, pois, o legislador quis evitar que o sujeito passivo tivesse o incômodo de percorrer todas as instâncias administrativas para demonstrar fato negativo, quando a ação fiscal não tivesse a condição de prosperar, (v) que é dever da administração tutelar seus próprios atos; (vi) que a autuação fora lavrada com base no subjetivismo de que os recorrentes são sócios de fato da empresa mencionada e que omitiram receitas, embora inexista qualquer prova pericial técnica quanto às supostas alegadas fraudes; (vii) que a prova pericial quanto às fraudes apontadas são indispensáveis e que os elementos colhidos pelo fisco não podem ser considerados como suficientes para a constatação da responsabilidade solidária, e de que para a prova de que as informações colhidas pelo fisco são verdadeiras, somente a perícia grafotécnica poderia constatar o liame estabelecido; (viii) que não procede o argumento de que o pedido de prova pericial deveria vir acompanhado de quesitos, que depois da exibição dos documentos pelo contador, certamente pediriam pela prova pericial, com indicação de assistentes técnicos e peritos, mas que, com a precipitação do encerramento da fase de instrução, somente restou aos contribuintes, o pedido de nulidade do auto de infração, com a identificação da necessidade de realização de prova pericial. (xix) que negada a produção de provas, julgouse apenas com a presunção, e que esta ocorreu tanto no entendimento de que os recorrentes são os administradores e responsáveis pela empresa, como também, em relação à omissão de receitas; (x) que a administração está presa ao princípio da legalidade e que os princípios da ampla defesa e do contraditório há muito tempo não mais são exclusivos do processo judicial; (xi) que a súmula 473 do STF, não deixa margem a qualquer dúvida de que a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornariam ilegais, (xii) faz referência à segurança jurídica; (xiii), que depósitos bancários são somente indícios e que meros indícios de renda (depósitos bancários) não podem legitimamente ser transformados em acréscimos patrimoniais suscetíveis de tributação, sem que previamente se exerça o dever de prova e investigação que a norma de lançamento exige, (xiv) que a Fl. 374DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 10 movimentação bancária de uma empresa nem sempre encontra respaldo exato nas notas fiscais de entrada e saída, já que os depósitos bancários e saques podem ser feitos em dias e circunstâncias aleatórias e/ou alternadas, de acordo com a conveniência e organização do dirigente, porém sem o acesso aos recolhimentos e declarações da empresa, como poderiam justificar ou demonstrar?, (xv) discute o conceito de renda; (xvi)que a fiscalização ignorou a documentação que poderia ter sido obtida com o contador, (xvii) conclui que é totalmente nula e improcedente a exigência contida na autuação e o próprio auto de infração, pelo cristalino cerceamento de defesa, consubstanciado na necessária e indispensável perícia técnica e contábil, no qual os impugnantes obteriam êxito na demonstração de que não são sócios de fato da empresa, e igualmente aos lançamentos, que fosse oportunizado aos recorrentes a perícia contábil, após a intimação do contador responsável e a entrega dos livros, (xviii) pede a aplicação do princípio da interpretação mais favorável ao contribuinte de reconhecida aplicabilidade do Conselho de Contribuintes. l) Aborda ainda a desproporção entre o desrespeito à norma e sua conseqüência jurídica, em razão do caráter confiscatório, e que quando a multa ultrapassa o valor do principal, abandonase os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, razão pela qual, deveria ser reconhecida a nulidade da multa imposta; que os fatos e as fraudes narradas pelos auditores fiscais não foram provadas o que desautorizaria a imputação de dolo aos recorrentes e a imputação e a imputação de multa de grau máximo m) Como prova, requer a realização de perícia contábil na escrita e documentos da empresa, assegurandolhe a indicação de assistente técnico, quesitos e participação em atos do contraditório, na época oportuna, bem como, a juntada de novos documentos, requisição de informações à Secretaria da Fazenda do Estado, ou qualquer outro órgão, oitiva de testemunhas e demais meios admitidos em direito. Este é o relatório. Voto Conselheira Albertina Silva Santos de Lima Cabe registrar que a Turma Julgadora julgou a impugnação relativa a estes autos juntamente com a impugnação de outros 9 processos que têm elementos em comum. Desses 9 processos, estão em julgamento nesta sessão, também os recursos relativos aos processos 11634.000306/200891 e 11634.000098/200821 da LCTHEC Informática Ltda, e aos 11634.001263/200781 e 11634.001267/200769, relativos à Technology Componentes Eletrônicos Ltda. Dos demais processos julgados em conjunto pela Turma Julgadora, cujos recursos voluntários foram apreciados pelo CARF, destaco: a) 11634.000099/200875 – C. Brusque Costa: Acórdão 180100.340, de 31.08.2010: recurso voluntário negado; b) 11634.000100/200861 Ower Computadores: Acórdão 120200546, de 28.06.2011: não foi conhecido o pedido de perícia, a preliminar de nulidade dos autos de infração foi negada, foi considerada definitiva a matéria não contestada, e no mérito, foi negado provimento ao recurso; Fl. 375DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 6 11 c) 11.634.000307/200836 Ower Computadores: Acórdão 120200.547, de 28.06.2011: recurso voluntário negado. Ainda não foram apreciados os recursos relativos aos seguintes processos: a) 11634.000305/200847 – C. Brusque Costa. b) 11634.000471/200843: PCPlug Comércio de Equipamentos Eletrônicos Sistemas e Automação Industrial. O recurso somente foi interposto pelos responsáveis solidários. O mesmo atende às condições de admissibilidade e deve ser conhecido. O recurso voluntário dos responsáveis solidários é focado tanto na defesa do empresa autuada quanto da atribuição da responsabilidade solidária e centrase na alegação de nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa e falta de prova técnica, na discussão sobre depósitos bancários não poderem ser considerados como receita da atividade, sobre o conceito de renda, na contestação da multa qualificada, pedido de perícia e oitiva de testemunhas. Argumentam que após intimados a se manifestarem sobre a origem dos recursos movimentados nas contas correntes da empresa autuada, requereram às autoridades fiscais: (i) que expedisse intimação ao contador, para que este entregasse à Receita Federal os livros contábeis e fiscais relativamente ao período de atividade da mesma, (ii) demonstrativo de recolhimentos fiscais federais havidos pela referida empresa, bem como, os respectivos débitos, se houvesse, (iii) cópia dos extratos bancários referidos no Termo de intimação; mas que o pedido foi indeferido sob o argumento de que o procedimento fiscal já havia sido concluído, o que os teria impedido de proceder a qualquer levantamento documental, contábil e outros para que pudessem se defender. Ainda sobre essa preliminar alegam que o procedimento fiscal foi realizado sem a participação deles, tendo sido intimados somente na fase final do procedimento. Afirmaram ainda que o prazo foi exíguo e que foram cerceados e não tiveram a oportunidade de mostrar, primeiro, que não tinham poderes administrativos que fundamentem a responsabilização solidária tributária; e segundo, que os lançamentos encontrados nas contas bancárias nada tinham a ver como os mesmos; ou ainda, que poderiam ter as origens justificadas. Em 07.12.2007, os três responsáveis solidários apresentaram a petição mencionada no recurso voluntário. A autoridade fiscal respondeu que em relação à expedição de intimação ao contador da empresa para que este entregasse à SRF os livros contábeis e fiscais e demonstrativos de recolhimentos e débitos, esses itens não foram objeto da Intimação, e que em relação ao pedido de cópia dos extratos, os valores constantes do anexo I foram extraídos dos extratos bancários. Informou ainda que o prazo para a comprovação da origem dos recursos movimentados em instituições financeiras se encerrava naquela data (07.12.2007). Portanto, as autoridades fiscais justificaram o não atendimento do pleito, e encerraram o procedimento fiscal após o vencimento do prazo para que os intimados fornecessem as informações solicitadas. O prazo de 10 dias não foi exíguo. Fl. 376DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 12 Registrese ainda que a oportunidade de defesa se iniciou com a ciência do lançamento e do Termo de sujeição passiva solidária, tendo a empresa autuada e os responsáveis solidários o prazo de 30 dias para interposição da impugnação. O processo administrativo fiscal, após o lançamento, é encaminhado ao setor competente da Unidade de origem, para possibilitar aos interessados, a solicitação de eventuais pedidos de vistas do processo e de cópia dos documentos que o integram, de forma a possibilitar a sua defesa, dentro do prazo de 30 dias, para interposição da impugnação. Quanto ao acesso aos livros contábeis e fiscais, nem mesmo a fiscalização teve acesso aos mesmos, e nesse sentido, não teriam como os fornecer aos recorrentes, mesmo porque, segundo depoimento prestado pelo contador à Polícia Federal, toda a documentação foi levada pelos senhores Celso e Jair. Em relação à argumentação de que foram acusados de terem falsificado documentos e se utilizado de documentos de terceiros chegando a utilizar como fundamento da conclusão a ação declaratória proposta pelas pessoas de Edivaldo e Amarildo, sem sequer citar o número da ação, autos e em que juízo tramita, e sem sentença judicial, transcrevo trecho da decisão de primeira instância que bem explica a situação: 44. Celso, Jair e Liciana acusam a fiscalização de ter fundamentado a conclusão a que chegaram na ação declaratória proposta por Edivaldo e Amarildo, sem sequer citar o número da ação, autos e em que juizo tramita, sendo certo que não há qualquer sentença judicial que prove o afirmado; temse, às fls. 178/188, o Of. n° 1504/2007 dirigido ao Juízo de Direito da 3a Vara Cível da Comarca de Londrina/PR, da Junta Comercial do Paraná, relatando as providências adotadas em atendimento aos autos n° 646/2007 da Ação Declaratória de Nulidade de Alteração de Contrato Social c/c Indenização por Danos Morais e Pedido de Antecipação ed Tutela, movida por Edivaldo Bispo de Lucena e Amarildo Rodrigues Moura em face de Lucena & Cia Ltda, Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa, que se utilizaram de assinaturas falsas dos primeiros, para transferir lhes a responsabilidade pela empresa como sócios; às fls. 307/308, anexaramse extratos obtidos da internet relativos a essa ação judicial, onde consta que a advogada dos acusados é a mesma da impugnação, portanto, não há como os interessados alegarem que não foi citada a ação, nem onde tramita, sendo evidente que dela têm pleno conhecimento; quanto à sentença, de fato, ainda se encontra em tramitação, não estando conclusa, o que não impede se caracterizar a solidariedade passiva dos interessados, calcada nos mesmos motivos que embasam a ação. Por todas essas razões, descabe a alegação de cerceamento do direito de defesa. Sobre a atribuição da responsabilidade solidária, também não merece reparos a decisão da Turma Julgadora. Transcrevo trecho dessa decisão: 32. A DRF em Londrina/PR empreendeu fiscalização que resultou na lavratura de autos de infração contra um grupo de empresas, onde em todas Celso Brusque da Costa CPF 002.499.67936 e/ou Jair Delfim da Costa CPF 014.052.33915 (pai do primeiro) e/ou Liciana Lopes Costa CPF 918.201.97972 (esposa de Celso) e/ou Celeide Brusque da Costa CPF Fl. 377DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 7 13 006.942.89990 (esposa de Jair e mãe de Celso) são ou sócios ostensivos, ou sócios de fato considerados solidariamente obrigados nos termos do art. 124, I do CTN por se ter evidenciado o interesse comum dos mesmos nas receitas auferidas por essas empresas na qualidade de verdadeiros sócios enquanto os sócios de fachada sequer sabiam que estavam qualificados como tal. 33. As pessoas qualificadas operaram as empresas e movimentaram recursos em contas bancárias em nome destas em valores superiores às receitas declaradas e em nenhuma delas (nem naquelas onde eram os sócios abertamente) a origem desses créditos/depósitos foi objeto de qualquer esclarecimento, em qualquer dos 10 (dez) processos administrativos constituídos, nos quais todas foram autuadas por omissão de receitas com base em depósitos bancários de origem não esclarecida em c/c de titularidade dessas empresas na agência 092 do Unibanco e/ou na agência 09415 do Bradesco, em Londrina/PR. 34. Todas as empresas eram integrantes do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — Simples;todas possuem o mesmo contador, Jair Anciotto, CPF 223.041.42915, atuam no mesmo ramo "CNAEFiscal 4751200 Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática", e têm ou em algum momento tiveram domicílio fiscal em Londrina/PR, onde os sócios identificados são domiciliados; identificouse que, além das empresas onde eram os sócios no Contrato Social, Celso Brusque da Costa, Jair Delfim da Costa, e Liciana Lopes Costa estavam por trás das seguintes empresas, na realidade, sendo eles os interessados nas respectivas operações, acobertados por "sócios" fictícios que eles interpuseram à revelia daqueles, mediante falsificação de documentos a fim de esconder sua real participação nas operações dessas empresas, conforme identificam elementos em comum resumidos a seguir: (...) 37. Assim, evidenciouse que a transferência da empresa os "sócios" Edivaldo Bispo de Lucena e Amarildo Marques Moura, na Terceira Alteração do Contrato Social, em 02/03/1999, não se concretizou e que Celso, Jair e Liciana, continuaram operando a empresa e movimentando seus recursos, caracterizandose a solidariedade passiva em relação à presente autuação, do que estes foram devidamente cientificados. 38. A argumentação de que não há provas periciais ou sentença judicial de que eles falsificaram documentos e usaram indevidamente documento de terceiros a respaldar a conclusão fiscal desmorona quando se verificam as fraudes grosseiras denunciadas pelas vítimas da falsificação dos documentos e uso indevido dos seus nomes traçadas pela fiscalização que reuniu elementos suficientes para provar que os verdadeiros sócios e Fl. 378DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 14 administradores da empresa são Jair Delfim da Costa, Celso Brusque da Costa e Liciana Lopes Costa. 39. E porque haveriam pessoas de interpor como sócios no Contrato Social, pessoas de reduzidos recursos, à revelia das mesmas, senão para evadir responsabilidade tributária sobre receitas da empresa, especialmente as omitidas? A jurisprudência do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda — CCMF, hoje convertido no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CARF reconhece que a prática de interposição de pessoas configura que os sócios ocultos têm interesse comum na situação devendo ser responsabilizados solidariamente. (...) Da longa exposição sobre os fundamentos que levaram a Turma Julgadora a manter a atribuição da responsabilidade solidária dos senhores Celso e Jair e da Sra. Liciana, os recorrentes não trouxeram aos autos nenhum elemento que os pudesse auxiliar em sua defesa. Apesar de alegarem que durante o procedimento fiscal não tiveram a oportunidade de demonstrar que não tinham poderes administrativos que fundamentem a responsabilização solidária, no recurso voluntário nada trouxeram aos autos que a infirmasse. A fiscalização relatou as diligências realizadas e o caminho percorrido para chegar à conclusão de que os senhores Celso e Jair e a Sra. Liciana são de fato os sócios e administradores responsáveis pela autuada, conforme seqüência abordada no relatório acima, tendo os mesmos sido cientificados dessa conclusão durante o procedimento fiscal, com a intimação para comprovar a origem dos recursos depositados nas contas correntes bancárias da autuada. No prazo estabelecido na intimação, os três recorrentes não se manifestaram quanto à conclusão sobre a atribuição da responsabilidade solidária e nem quanto à comprovação dos depósitos. Destaco alguns dos elementos que a fiscalização relatou sobre a atribuição de responsabilidade solidária: a) Em 14.03.2005, o Sr. Amarildo Rodrigues Moura, responsável perante o CNPJ da empresa Lucena junto à Receita Federal, solicitou alteração do quadro societário da referida empresa, uma vez que não pertencia ao mesmo, não tendo assinado o contrato social ou qualquer alteração contratual da mencionada sociedade; o mesmo apresentou boletim de ocorrência policial, onde relata que existe uma empresa de nome Lucena & Cia Ltda, funcionando com seu nome e em nome de Edivaldo Bispo de Lucena, e que só descobriram o fato porque a CAPSML mandou consertar computadores na empresa Lucena e a mesma não os devolveu, notificando as duas vítimas para justificarem a falta da entrega dos referidos computadores, fls. 159 a 163. Concluiu a fiscalização que o Sr. Amarildo e o Sr. Edivaldo não são sócios da empresa; b) Em resposta a ofício, o Cartório de Registro de Títulos e Documentos, 2º ofício da cidade de Londrina, encaminhou documento datado de 23.10.2002, emitido pela Cia de Habitação de LondrinaCOHAB, em que notifica extrajudicialmente a empresa Lucena & Cia Ltda, na pessoa de sua representante legal, Sra. Liciana Costa, em 12.11.2002, fls. 164v; c) Com base na documentação bancária encaminhada pelas instituições financeiras em atendimento à Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, a fiscalização verificou junto ao cartão de autógrafos, da conta corrente 0200420327, de Fl. 379DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 11634.001279/200793 Acórdão n.º 140200.792 S1C4T2 Fl. 8 15 titularidade da empresa Lucena, no Banco Santander, ag. 00282, que a Sra. Liciana Lopes Costa movimentava recursos da citada empresa, podendo emitir, endossar, aceitar, descontar, caucionar duplicatas, notas promissórias e cheques, fls. 53; d) Na terceira alteração contratual da empresa C.Brusque Costa & Cia Ltda (antiga Lucena), em 02.03.99, os sócios Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa cederam e transferiram suas cotas para os Senhores Edivaldo Bispo de Lucena e Amarildo Rodrigues de Moura; concluiu a fiscalização, que na verdade, não houve transferência, uma vez que os referidos “adquirentes” nada assinaram e tampouco tiveram conhecimento da transação; em 14.06.2007, o Sr. Amarildo e o Sr. Edivaldo impetraram ação declaratória de nulidade de alteração de contrato social c/c indenização por danos morais e pedido de antecipação de tutela, fls.165/188; e) Em 21.09.2007, recebeu da Polícia Federal fotocópias de documentos de diversas pessoas físicas e jurídicas, dentre elas, a fiscalizada. Desses documentos, surgiram outros elementos relativos à empresa Lucena & Cia Ltda. f) No depoimento prestado à Polícia Federal de Londrina o Sr. Edivaldo e o Sr.Amarildo disseram que nunca foram sócios de qualquer empresa, muito menos da C. Brusque da Costa & Cia Ltda, que se conhecem, pois moram no mesmo bairro, que não conhecem Celso Brusque da Costa e nem Jair Delfim da Costa, e também não conhecem qualquer pessoa que trabalhe com venda de computadores ou coisa parecida; g) Na abertura da contacorrente junto ao Unibanco, para fins de comprovação de renda, o Sr. Celso Brusque da Costa apresentou contracheques da empresa Lucena, relativos aos meses de 12/99, 01 a 02/2000 e 06/2000, na função de gerente comercial, fls. 189/193; e o Sr. Jair Delfim da Costa, para a mesma finalidade, apresentou contracheques dos mesmos meses, na função de Gerente Administrativo Financeiro, fls. 194/199; h) Foi aberta uma conta corrente junto ao Unibanco em nome de Edivaldo, sendo que em um cheque compensado da referida contacorrente, assinatura constante no mesmo pertence ao Sr. Jair Delfim da Costa, fls.202 a 204; i) Em 18.09.2007, a empresa PAUTA EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS LTDA foi intimada a informar o nome da pessoa de contato na empresa Lucena; em resposta foi informado que além do Sr. Edivaldo e Amarildo eram o Sr. Celso Brusque da Costa e o Sr. Jair Delfim da Costa, fls. 205/208; j) Ressaltou a fiscalização que considerando que o Sr. Edivaldo e o Sr. Amarildo nunca foram sócios da empresa Lucena, e que não houve de fato a transferência de quotas objeto da 3ª alteração contratual, e considerando que a Sra. Liciana movimentou recursos da referida empresa e é esposa do Sr. Celso, e ainda, considerando todos os outros fatos expostos, a fiscalização concluiu que além da Sra. Liciana Lopes Costa, o Sr. Jair Delfim da Costa e o Sr. Celso Brusque da Costa também são sócios de fato e verdadeiros administradores da empresa Lucena & Cia. Ltda., sendo cientificados de que foram considerados responsáveis solidários, nos termos do art. 124, I, do CTN. Em relação à prova pericial, esta somente é necessária para convicção do julgador, entretanto, os elementos trazidos aos autos são suficientes para manter a atribuição da responsabilidade solidária, nos termos do art. 124, I, do CTN, uma vez que sendo esses senhores e senhora, os sócios de fato, tinham interesse comum na situação que constituiu os Fl. 380DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA 16 fatos geradores da pessoa jurídica autuada. Indeferese portanto, o pedido de prova pericial, pela sua desnecessidade. Quanto ao pedido de oitiva de testemunhas, não há previsão legal nesta instância, razão pela qual indeferese tal pedido. Sobre os argumentos dos recorrentes a respeito do lançamento relativo à infração de omissão de receitas, caracterizado por depósitos bancários com origem não comprovada, fundamentada no art. 42 da Lei 9.430/96, também não lhes assiste razão. Tendo a empresa sido intimada por edital, a comprovar a origem dos depósitos bancários mantidos em suas contas correntes e sendo também intimados os responsáveis solidários para fazer a mesma comprovação, tratandose de uma presunção legal, o ônus da prova é do sujeito passivo. Cabia à autuada e aos recorrentes comprovar a origem dos depósitos bancários, o que não ocorreu. Também não é o caso de se aplicar o art. 112 do CTN, que trata da interpretação mais favorável ao acusado, uma vez que inexistem as dúvidas dispostas em seus incisos. Em relação à multa de ofício de 150%, os sócios de fato, a quem lhes foi atribuída a responsabilidade solidária interpuseram terceiras pessoas, com a utilização de documentos não verdadeiros, com o objetivo de não serem responsabilizados pela empresa, e com a clara intenção dolosa de esconder da fiscalização as receitas auferidas pela empresa. Consequentemente, a multa qualificada deve ser mantida. Quanto ao argumento de que as multas têm caráter confiscatório, aplicase a súmula nº. 2 do CARF. Súmula CARF nº. 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Do exposto, oriento meu voto para rejeitar as preliminares, e no mérito, negar provimento ao recurso, mantendose a atribuição de responsabilidade solidária dos Senhores Celso Brusque da Costa e Jair Delfim da Costa e também da Sra. Liciana Lopes Costa. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Relatora Fl. 381DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 10670.001400/2004-35
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA SITUAÇÃO
NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA.
Nos termos do artigo 7°, inciso II, § 5°, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007, vigente ao tempo da interposição do recurso especial em apreço, este Colegiado somente poderia apreciar as teses suscitadas pelo contribuinte (aplicação do princípio da verdade material, necessidade de revisão do lançamento por erro de fato, a Súmula n° 03 do Terceiro Conselho de Contribuintes e a invalidade da intimação da decisão de primeira instância) se
o acórdão recorrido as tivesse analisado e desde que tal decisão desse à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outro Colegiado, o que não ocorreu neste caso. Considerando que no âmbito do recurso especial de divergência a função da Câmara Superior de Recursos Fiscais é uniformizar a jurisprudência e que, neste feito, discutiu-se unicamente o
momento de intimação da decisão da DRJ, não houve pré-questionamento das matérias recorridas e, portanto, inexiste divergência de interpretação da legislação tributária entre a decisão de segunda instância e os acórdãos apontados como paradigmas.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-001.309
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não
conhecer do recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal - outros (inclusive penalidades)
Nome do relator: Gonçalo Bonet Allage
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PLANEJAMENTO, TÉCNICA E ADMINISTRAÇÃO DE REFLORESTAMENTOS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA SITUAÇÃO NÃO VERIFICADA NO CASO EM TELA. Nos termos do artigo 7°, inciso II, § 5°, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007, vigente ao tempo da interposição do recurso especial em apreço, este Colegiado somente poderia apreciar as teses suscitadas pelo contribuinte (aplicação do princípio da verdade material, necessidade de revisão do lançamento por erro de fato, a Súmula n° 03 do Terceiro Conselho de Contribuintes e a invalidade da intimação da decisão de primeira instância) se o acórdão recorrido as tivesse analisado e desde que tal decisão desse à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outro Colegiado, o que não ocorreu neste caso. Considerando que no âmbito do recurso especial de divergência a função da Câmara Superior de Recursos Fiscais é uniformizar a jurisprudência e que, neste feito, discutiuse unicamente o momento de intimação da decisão da DRJ, não houve prequestionamento das matérias recorridas e, portanto, inexiste divergência de interpretação da legislação tributária entre a decisão de segunda instância e os acórdãos apontados como paradigmas. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso. Fl. 132DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 2 2 CAIO MARCOS CÂNDIDO – Presidente Gonçalo Bonet Allage Relator EDITADO EM: 25/02/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Giovanni Christian Nunes Campos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elias Sampaio Freire e Susy Gomes Hoffmann. Relatório Em face de Plantar S.A. – Planejamento, Técnica e Administração de Reflorestamentos, CNPJ n° 17.227.414/000231, foi lavrado o auto de infração de fls. 0208, para a exigência de imposto sobre a propriedade territorial rural, exercício 2000, em razão da glosa de áreas declaradas como sendo de utilização limitada e de produtos vegetais, além da alteração do valor das culturas/pastagens/florestas e do VTN, relativamente ao imóvel denominado Fazenda Sobrado, situado no município de Botumirim (MG). A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília (DF) considerou procedente o lançamento (fls. 438458). Apreciando o recurso voluntário interposto pela empresa, a Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu o acórdão n° 30334.247, que se encontra às fls. 533535, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2000 Ementa: ITR/2000. NORMAS PROCESSUAIS. Não deve ser conhecido o recurso voluntário protocolado intempestivamente. A decisão recorrida, por unanimidade de votos, não tomou conhecimento do recurso voluntário por intempestivo, considerando como data da intimação 07/12/2005 e como protocolo do recurso 10/01/2006. Fl. 133DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 3 3 Intimado do acórdão, o contribuinte opôs embargos de declaração às fls. 541 545 procurando demonstrar que a intimação ocorrera em 12/12/2005 e, portanto, o recurso voluntário seria tempestivo. Por intermédio da manifestação de fls. 564566 os embargos restaram rejeitados. Cientificado desta decisão em 19/03/2008 (fls. 570), o sujeito passivo interpôs recurso especial às fls. 573592, acompanhado dos documentos de fls. 593682, cujas razões podem ser assim sintetizadas: a) As razões ora apresentadas trazem as seguintes matérias: 1. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL (LAUDO TÉCNICO JUNTADO NA FASE RECURSAL E NÃO APRECIADO); 2.ERRO DE FATO E REVISÃO DO LANÇAMENTO; 3.SÚMULA 03 DO TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES; 4. INTIMAÇÃO INVÁLIDA E ARTIGO 27 DA LEI 9784/99; b) Quanto ao princípio da verdade material, vários julgados demonstram a necessidade de apreciação de laudo técnico juntado aos autos na fase recursal e antes da decisão final. Representam paradigmas para esta situação os acórdãos nos 10322.497, 30131.652, 20312.338, CSRF/03 04.371 e CSRF/0304.194; c) O parágrafo segundo do artigo 147 do CTN diz que os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Neste sentido a jurisprudência administrativa é uníssona, conforme demonstram o acórdão n° 20171002; d) Devese aplicar ao caso a Súmula n° 03 do Terceiro Conselho de Contribuintes; e) Por fim, quando do envio do acórdão de primeira instância, recebeu mais de uma intimação, em um único envelope, o que lhe causou sérios prejuízos; f) Nos termos do artigo 26 da Lei 9.784/99, a intimação deve ser específica e conter a sua finalidade, sob pena de ser considerada nula; g) No caso da Recorrente, o envio de várias intimações num mesmo envelope lhe trouxe prejuízos na medida em que qualquer falha do correio ou mesmo sua poderia envolver diversos assuntos ao mesmo tempo; h) E foi exatamente isso que ocorreu. A Recorrente recebeu as intimações no dia 12 de dezembro de 2005 e o carteiro, por conta própria e rasurando o "AR", deixou a dúvida se a data preenchida por ele foi 07 ou 17 de janeiro de 2006; i) O prejuízo é evidente. Se a Delegacia da Receita Federal em Montes Claros tivesse enviado as intimações em envelopes separados, não Fl. 134DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 4 4 haveria qualquer prejuízo, já que seria um "AR" para cada intimação recebida; j) O que causa estranheza é que esta foi a única vez que isto ocorreu, pois em todas outras oportunidades a Receita envia uma intimação para cada envelope; k) Nesta única vez é que gerou prejuízo para a Recorrente. Devendo ser considerado nulo este ato administrativo; l) Apresenta como paradigmas os acórdãos nos 30333.772e 20176.711; m) Outro indício forte que demonstra que a Recorrente não recebeu a intimação no dia descrito pelo Carteiro diz respeito a data em que a mesma saiu da Cidade de Montes Claros; n) Ora, como se vê do AR a correspondência saiu de Montes Claros no dia 06.12.05 e nunca chegaria a Belo Horizonte em 07.12.05; o) Por cabe defender também que a pessoa recebedora da intimação, não poderia recebêla, justamente por se tratar a Recorrente de Sociedade Anônima, conforme acórdão n° 10322.623; p) Diante de todo o exposto e considerando a existência de LAUDO TÉCNICO expedido por entidade de reconhecida capacidade técnica (EMATER), acostado aos autos pela Recorrente em razão do seu recurso para o Conselho de Contribuintes, o qual não se dispôs a apreciálo, requer seja conhecido e provido positivamente seu recurso para ajustar os dados constates da declaração do ITR/2001 à realidade presente do laudo. Admitido o recurso por intermédio do Despacho n° 2311 (fls. 684686), a Fazenda Nacional foi intimada e apresentou contrarrazões às fls. 692698, onde defendeu, preliminarmente, a impossibilidade de conhecimento do recurso, por ausência de prequestionamento da matéria recorrida e, ainda, pela inexistência de divergência jurisprudencial. Quanto ao mérito, pugnou, fundamentalmente, pela manutenção do acórdão recorrido. É o Relatório. 1 "Ante o exposto, dou seguimento ao recurso especial do sujeito passivo, quanto à invalidade da intimação." Voto Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, Relator Fl. 135DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 5 5 Sob minha ótica, o Recurso Especial interposto pelo contribuinte não pode ser conhecido. Reitero que o acórdão proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, não conheceu do recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, em razão de sua intempestividade. Eis o inteiro teor do votocondutor do acórdão recorrido (fls. 535): Cientificada em 07/12/2005 da referida decisão, conforme AR de fl. 460 verso, a empresa Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 10/01/2006 (fls. 463510), ou seja, fora do prazo legal que seria até 06/01/2006. O Contribuinte alega ter recebido a notificação em 12/12/2005, porém tal fato não ficou demonstrado nos autos. Portanto, sendo o presente recurso protocolado intempestivamente, não se instaura a relação processual, razão pela qual deixo de tomar conhecimento do mesmo. É como eu voto. A rejeição dos embargos de declaração opostos pela empresa se deu pelos seguintes motivos (fls. 564566): Alega a embargante que o Recurso Voluntário apresentado é tempestivo e deve ser conhecido por este Conselho, por que: "(..) sem ressaibos de dúvidas, foi cientificada no dia 12/12/2005, conforme se vê da correspondência em que juntos aos autos com seu recurso e respectivo carimbo datado de 12/12/2005, carimbo este lançado pelo Sra. Terezinha Costa recepcionista da Embargante. (...) A primeira é que ao invés de a Embargante, na pessoa de sua recepcionista, ter assinado e datado o AR comprovando a entrega do Acórdão, foi o próprio Carteiro, Sr. Anderson R. da Silva,que lançou de mão própria a data de recebimento da correspondência em procedimento equivocado e que não merece qualquer respaldo. (...) A segunda circunstância é que, além de ter o carteiro lançado data diferente da que a Embargante recebeu a correspondência, ele rasurou esta mesma data, a qual não se sabe se é 07 (sete) 17 (dezessete), de forma a não poder ser considerada por V. Exa”. Ao final, requer sejam conhecidos e providos os embargos declaratórios, a fim de considerar a data de 12 de dezembro de 2005 como sendo aquela em que realmente a peticionária foi cientificada do acórdão, ou ainda seja convertido o julgamento Fl. 136DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 6 6 em diligência para apurar a veracidade das alegações suscitadas pela Embargante. Pareceme, pois, que não assiste razão à Embargante. Dentre outros processos desta empresa Contribuinte que tramitam neste Terceiro Conselho de Contribuintes pela ora Recorrente foram interpostos três embargos declaratórios versando sobre o mesmo tema (demonstrar a tempestividade dos recursos voluntários) nos seguintes processos: Recurso n° 134802, n° 134803 e n° 134804. Em todos os três a data de recebimento da correspondência com a intimação do acórdão proferido pela Delegacia de Julgamento de Brasília é a mesma: 07.12.2005, que no presente é o AR de f1.460 verso. Porém, em nenhum dos processos a Contribuinte conseguiu demonstrar satisfatoriamente que teria sido intimada em data diversa, como insiste em dizer que somente teria sido em 12.12.2005. Comparemos: 1) Processo n° 10670.000224/200503, Recurso n° 134802, AR n° SQ902019392BR, fl .667, data de 07.12.2005; 2) Processo n° 10670.001400/200435, Recurso n° 134803, AR n° SQ902019392BR, fl. 460 verso, data de 07.12.2005 3) Processo n° 10670.000223/200551, Recurso n° 134804, AR n° RC353061340BR, fl. 272 verso, data de 07.12.2005 Não sendo possível fazer o rastreamento do AR em questão (em informação obtida junto as Correios, o sistema fica disponível somente por três meses para cada AR) e entendendo não suficientes os argumentos trazidos nos embargos, deve ser mantida a data constante do AR de fl. 460 verso, ou seja, 07.12.2005, que coincide inclusive com a data do carimbo de entrega na unidade de destino (Belo Horizonte). Apenas para registro, em dois outros recursos ocorre o mesmo vício de intempestividade: Recurso n° 134.897 e Recurso n° 134.8 , julgados pela Primeira Câmara deste Terceiro Conselho. Por tais razões, REJEITO os Embargos Declaratórios. Portanto, a discussão travada em segunda instância cingiuse ao momento da intimação com relação ao acórdão da DRJ (07/12/2005 ou 12/12/2005). Em sede de recurso especial a contribuinte trouxe questões relacionadas ao princípio da verdade material, à necessidade de revisão do lançamento por erro de fato, à Súmula n° 03 do Terceiro Conselho de Contribuintes (que envolve fatos ocorridos nos Fl. 137DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 7 7 exercícios 1994, 1995 e 1996, enquanto o caso em apreço está relacionado ao exercício 2000) e à invalidade da intimação da decisão de primeira instância. Segundo penso, a pretensão da recorrente não pode sequer ser conhecida. Isso porque, nos termos do artigo 7, inciso II, § 5°, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, vigente à época da interposição do recurso em análise: Art. 7°. Compete à Câmara Superior de Recursos Fiscais, por suas Turmas, julgar recurso especial interposto contra: (...) II – decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. (...) § 5º. O recurso especial interposto pelo sujeito passivo somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação das peças processuais. De acordo com tais regras, a Câmara Superior de Recursos Fiscais somente poderia apreciar as teses suscitadas pelo contribuinte se o acórdão recorrido as tivesse analisado e desde que tal decisão desse à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outro Colegiado, o que não ocorreu no caso em apreço. No âmbito do recurso especial de divergência, a função da Câmara Superior de Recursos Fiscais é uniformizar a jurisprudência. No caso, em que, reitero, discutiuse unicamente o momento de intimação da decisão da DRJ, não houve prequestionamento das matérias recorridas e, portanto, inexiste divergência de interpretação da legislação tributária entre a decisão de segunda instância e os acórdãos apontados como paradigmas. Sendo assim, entendo que não se pode conhecer do recurso especial em tela. É como voto. Gonçalo Bonet Allage Fl. 138DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10670.001400/200435 Acórdão n.º 920201.309 CSRFT2 Fl. 8 8 Fl. 139DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.014674/2007-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA
Anos calendários: 2002
CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA,
Quando assegurado no processo administrativo todas as oportunidades para o contribuinte apresentar as suas razões de defesa, não se pode acolher alegação de cerceamento ao direito de defesa.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO OU INCORREÇÃO DA DIRF
Os valores recebidos pelo contribuinte devem constar da DIRPF, sendo eles os informados pelas fontes pagadoras nas DIRFs. Havendo divergências, cabe a ele a comprovação da ocorrência de erro ou incorreção. Na falta, prevalece a exigência fiscal sobre a diferença apurada.
MULTA. AFASTAMENTO PELO JULGADOR ADMINISTRATIVO
Os percentuais das multas previstos na legislação do imposto de renda decorrem de lei, portanto, não é facultado ao julgador a sua redução ou relevância.
Numero da decisão: 2102-001.475
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em
REJEITAR a preliminar aventada e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: ATILIO PITARELLI
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ementa_s : IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA Anos calendários: 2002 CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA, Quando assegurado no processo administrativo todas as oportunidades para o contribuinte apresentar as suas razões de defesa, não se pode acolher alegação de cerceamento ao direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO OU INCORREÇÃO DA DIRF Os valores recebidos pelo contribuinte devem constar da DIRPF, sendo eles os informados pelas fontes pagadoras nas DIRFs. Havendo divergências, cabe a ele a comprovação da ocorrência de erro ou incorreção. Na falta, prevalece a exigência fiscal sobre a diferença apurada. MULTA. AFASTAMENTO PELO JULGADOR ADMINISTRATIVO Os percentuais das multas previstos na legislação do imposto de renda decorrem de lei, portanto, não é facultado ao julgador a sua redução ou relevância.
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO OU INCORREÇÃO DA DIRF Os valores recebidos pelo contribuinte devem constar da DIRPF, sendo eles os informados pelas fontes pagadoras nas DIRFs. Havendo divergências, cabe a ele a comprovação da ocorrência de erro ou incorreção. Na falta, prevalece a exigência fiscal sobre a diferença apurada. MULTA. AFASTAMENTO PELO JULGADOR ADMINISTRATIVO Os percentuais das multas previstos na legislação do imposto de renda decorrem de lei, portanto, não é facultado ao julgador a sua redução ou relevância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar aventada e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Fl. 76DF CARF MF Impresso em 22/02/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10980.014674/200733 Acórdão n.º 2102001.475 S2C1T2 Fl. 76 2 GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Presidente Assinado digitalmente ATILIO PITARELLI Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Nubia Matos Moura, Rubens Maurício Carvalho e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Tratase de Recurso Voluntário face decisão da 4a. Turma da DRJ/CTA, de 18 de maio de 2.010 (fls. 54/58), que por unanimidade de votos deu provimento parcial à impugnação, reduzindo o valor do imposto suplementar exigido para R$ 2.047,43, multa de R$ 1.535,57, com os acréscimos legais. De acordo com o Auto de Infração (fls. 18/23), originariamente, a exigência do crédito tributário era no valor total de R$ 6.349,38, sendo R$ 2.608,73 a título de imposto, R$ 1.956,54 de multa, R$ 1.784,11 de juros de mora decorrem da omissão de receitas do trabalho sem vinculo empregatício na DIRPF de valores recebidos do Instituto de Saúde do Paraná, de R$ 9.490,91 e da Salva Serv. Médicos de R$ 3.108,41, conforme descrito à fl. 19. A DRJ/CTA reconheceu o oferecimento parcial à tributação de parte dos rendimentos auferidos junto à empresa Salva Serviços Médicos de Emergência Ltda., de R$ 2.041,12, remanescendo a exigência apenas sobre R$ 1.067,29, bem como manteve a omissão sobre os rendimentos exigidos inicialmente originários do Instituto de Saúde do Paraná, no valor de R$ 9.490,91, uma vez que embora protestado pela juntada de documentos que evidenciariam a incorreção do trabalho fiscal, decorridos mais de dois anos da impugnação, nada apresentou. Em grau de Recurso Voluntário a este colegiado, o Recorrente alega preliminarmente a nulidade da decisão, uma vez que a mesma “indeferiu a produção de provas requeridas, sob o argumento de que o pleito teria sido genérico e que toda a prova documental deveria ter sido apresentada com a impugnação” , pois protestou pela produção de provas documental, testemunhal e pericial, destacando esta, assim como mencionando ainda ser imprescindível para a análise das razões de defesa. Reitera que não declarou pois não recebeu qualquer valor do Instituto de Saúde do Paraná, uma vez que a ele não prestou qualquer serviço, e que o fisco acatou como verdade absoluta a DIRF por ele apresentada, não podendo o Recorrente fazer agora prova negativa, o que é difícil, quando não impossível. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 22/02/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10980.014674/200733 Acórdão n.º 2102001.475 S2C1T2 Fl. 77 3 Que a diligencia fiscal seria o único meio de constatar o equivoco cometido na lavratura do lançamento, decorrente da falta da fase instrutória, o que lhe originou prejuízo e inequívoco cerceamento ao seu direito de defesa, razão pela qual protesta pela nulidade da decisão recorrida, mencionando ainda, que mesmo na fase recursal, em atenção ao princípio da verdade material, é permitida a conversão do feito em diligência, para apuração de fato controvertido. No tocante ao que denomina de mérito, o Recorrente menciona que “diferentemente do que fixado na decisão recorrida, é possível o afastamento da penalidade pecuniária (multa), quando comprovada a boa fé do contribuinte, e eventuais equívocos plenamente escusáveis”, seguida por transcrição doutrinária a este respeito, para ao final, concluir e formular seus pedidos, nos seguintes termos: E no caso em tela, o Recorrente demonstrou cabalmente que atende à todos os critérios apontados pela doutrina e jurisprudência como autorizadores à anistia da penalidade. Deste modo, requer o Recorrente, caso ultrapassadas as razões anteriores e mantida a obrigação tributária discutida, que seja afastada a penalidade (multa) aplicada, em razão da situação fática especifica, cristalizada na conduta do Recorrente. Por todo o anteriormente exposto, é a presente para requerer que Vossas Senhorias integrantes desta d. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, reformem a decisão recorrida, reconhecendo: a) preliminarmente, a nulidade da decisão recorrida, em razão do claro e inequívoco cerceamento de defesa havido, especialmente quando cotejada a situação fática e jurídica dos autos, com o imprescindível Principio da Verdade Material, que norteia o Direito Tributário; • b) caso ultrapassada a preliminar, o que não se espera, requerse o provimento do presente recurso, de modo a se reconhecer a inexistência total de omissão de rendimentos tributáveis, em razão da não prestação de serviços as entidades pagadoras indicadas, com o consequente cancelamento do auto de infração em espeque; . c) por fim, caso se entenda pela manutenção da obrigação tributária principal, requerse o afastamento da penalidade aplicada (multa), em razão da conduta especifica do Recorrente, como destacado em tópico próprio. Outrossim, nos precisos termos do artigo 37 do Código de Processo Civil, requerse a concessão de prazo para a regularização da representação processual, com a apresentação de instrumento procuratório, outorgando poderes de representação aos signatários da presente peça. É o relatório. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 22/02/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10980.014674/200733 Acórdão n.º 2102001.475 S2C1T2 Fl. 78 4 Voto Conselheiro Atilio Pitarelli, Relator. O presente recurso apresenta as condições de admissibilidade. Assim, dele conheço. Com efeito, as preliminares levantadas em momento algum se aplicam ao caso, pois a decisão recorrida não apresenta qualquer vício de nulidade ou cerceamento ao direito de defesa do Recorrente, nem mesmo, pela inexistência de fase instrutória. A razão do lançamento fiscal está clara e objetivamente colocada, qual seja, omissão parcial dos rendimentos da empresa Salva Serviços Médicos de Emergência S/C. Ltda., que a decisão de primeira instancia reduziu para R$ 1.067,29 e a totalidade do valor constante na DIRF apresentada pelo Instituto de Saúde do Paraná, no valor de R$ 9.490,91. Desses fatos se defendeu o Recorrente, que não obstante o lapso temporal, apresentou qualquer documento que infirmasse o trabalho fiscal ou mesmo as DIRFs apresentadas pelas fontes pagadoras. Portanto, descabida e desnecessária a realização de perícias ou qualquer outra diligência por parte do fisco, cabendo exclusivamente ao Recorrente afastar a pretensão fiscal com a apresentação de documentos que constituíssem provas de equívocos cometidos, que comprometessem o trabalho fiscal. No que denomina de mérito, na peça recursal consta apenas considerações sobre a multa aplicada, pedindo a sua anistia, o que considera uma faculdade do julgador, não merecendo assim, maiores considerações para manter a exigência fiscal, tal como decidida em primeira instância. Por essas razões, CONHEÇO do recurso, afasto a preliminar argüida de nulidade e quanto ao mérito, NEGO PROVIMENTO. Assinado digitalmente ATILIO PITARELLI Fl. 79DF CARF MF Impresso em 22/02/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10980.014674/200733 Acórdão n.º 2102001.475 S2C1T2 Fl. 79 5 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 22/02/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 05/12/2011 por ATILIO PITARELLI, Assinado digitalmente em 23/12/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 10510.003716/2002-32
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1998
ITR ÁREA DE PASTAGENS CABEÇAS DE GADO DE TERCEIROS COMPROVAÇÃO.
Para a apuração do ITR, as áreas de pastagens têm influência na área utilizada, no grau de utilização, na alíquota aplicável e no imposto devido. No caso, para cálculo da área de pastagens a autoridade lançadora levou em consideração os animais de grande porte da autuada. Quanto aos de terceiros, embora seja incontestável a existência de contrato de arrendamento de área
de pastagem para a criação de cabeças de gado, nenhuma prova da efetiva ocupação do imóvel rural por estes animais foi trazida aos autos pela empresa.
Recurso especial provido
Numero da decisão: 9202-001.304
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por voto de qualidade, dar
provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Susy Gomes Hoffmann que negavam provimento.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: Gonçalo Bonet Allage
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1998 ITR ÁREA DE PASTAGENS CABEÇAS DE GADO DE TERCEIROS COMPROVAÇÃO. Para a apuração do ITR, as áreas de pastagens têm influência na área utilizada, no grau de utilização, na alíquota aplicável e no imposto devido. No caso, para cálculo da área de pastagens a autoridade lançadora levou em consideração os animais de grande porte da autuada. Quanto aos de terceiros, embora seja incontestável a existência de contrato de arrendamento de área de pastagem para a criação de cabeças de gado, nenhuma prova da efetiva ocupação do imóvel rural por estes animais foi trazida aos autos pela empresa. Recurso especial provido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1700; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10510.003716/200232 Recurso nº 331.092 Especial do Procurador Acórdão nº 920201.304 – 2ª Turma Sessão de 8 de fevereiro de 2011 Matéria ITR Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DROGARIA E FARMÁCIA NOSSA SENHORA DO CARMO LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1998 ITR ÁREA DE PASTAGENS CABEÇAS DE GADO DE TERCEIROS COMPROVAÇÃO. Para a apuração do ITR, as áreas de pastagens têm influência na área utilizada, no grau de utilização, na alíquota aplicável e no imposto devido. No caso, para cálculo da área de pastagens a autoridade lançadora levou em consideração os animais de grande porte da autuada. Quanto aos de terceiros, embora seja incontestável a existência de contrato de arrendamento de área de pastagem para a criação de cabeças de gado, nenhuma prova da efetiva ocupação do imóvel rural por estes animais foi trazida aos autos pela empresa. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Susy Gomes Hoffmann que negavam provimento. CAIO MARCOS CÂNDIDO – Presidente Gonçalo Bonet Allage Relator Fl. 1DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 2 2 EDITADO EM: 25/02/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Giovanni Christian Nunes Campos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elias Sampaio Freire e Susy Gomes Hoffmann. Relatório Em face de Drogaria e Farmácia Nossa Senhora do Carmo Ltda., CNPJ n° 13.012.547/000159, foi lavrado o auto de infração de fls. 1621, para a exigência de imposto sobre a propriedade territorial rural, exercício 1998, em razão da glosa de área declarada como sendo de pastagens, relativamente ao imóvel denominado Fazenda Nossa Senhora do Carmo, situado no município de Itaporanga D´Ajuda (SE). A autoridade lançadora justificou a constituição do crédito tributário da seguinte forma (fls. 18): O contribuinte alterou o valor calculado para o item 12 da ficha 6 do DIAT, pela rotina de cálculo do programa em disquete, quando da sua transcrição para o item 8 da ficha 4. Intimado a justificar tal procedimento, não apresentou decisão judicial que o autorizasse a assim proceder. Entretanto, apresentou resposta à intimação informando que cometera um equívoco na informação sobre a média anual da animais de grande porte. Em razão dos documentos apresentados pelo contribuinte, todos em anexo, foi alterada esta informação para 104 animais, conforme sua manifestação. Com isto, foi alterado o valor calculado para o item 12 da ficha 6 do DIAT, sendo este considerado no item 8 da ficha 4 do DIAT. Por conseguinte, foram recalculados: a Área Utilizada, o Grau de Utilização, a alíquota e o Imposto Devido; sendo lançada, por intermédio deste auto de infração, a diferença de imposto apurada. De acordo com o item 12 da ficha 6 da DIAT, a área de pastagens seria de 5,7 hectares (fls. 09), mas a empresa informou na DITR/98 uma área de 324,7 hectares, que em razão do lançamento foi reduzida para 148,6 hectares (fls. 19). A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife (PE) considerou o lançamento procedente (fls. 5965). Fl. 2DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 3 3 Apreciando o recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, a Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu o acórdão n° 30133.052, que se encontra às fls. 8795, cuja ementa é a seguinte: ITR GRAU DE UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL. PASTAGENS E REBANHO. A retificação do cálculo do tributo em função do alegado rebanho depende da apresentação de provas consistentes da existência dos animais na propriedade, sendo suficiente, para isso, declarações e apresentação de contrato, de arrendamento devidamente formalizado, registrado em Cartório e assinado por testemunhas. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO A decisão recorrida, por maioria de votos, deu provimento ao recurso, considerando improcedente a exigência, vencidos os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres (Relatora), José Luiz Novo Rossari e Luiz Roberto Domingo. Intimada do acórdão em 14/03/2007 (fls. 96), a Fazenda Nacional interpôs, com fundamento no artigo 5°, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais então vigente, recurso especial às fls. 97104, onde alegou, em apertada síntese, que: a) O acórdão recorrido acolheu o entendimento de que o contrato de arrendamento para fins de exploração de pecuária, trazido aos autos às fls. 49/50, seria suficiente para corrigir o cálculo do tributo, em virtude da alteração do valor da área declarado como "Pastagens", da "Área Utilizada do Imóvel", do "Grau de Utilização" e da alíquota aplicável; b) Decidiuse que estariam corretos os valores declarados pela contribuinte em sua impugnação, assim explicitados: área de 324,7 ha (trezentos e vinte e quatro vírgula sete hectares) a título de "Pastagens", fato que implica alteração da AU para 341,7 ha (trezentos e quarenta e um vírgula sete hectares), do "Grau de Utilização" (GU) para 100% (cem por cento) e da alíquota aplicável de 0,10% (zero vírgula dez por cento) sobre o VTNt; c) Ao assim agir, a decisão atacada contrariou o disposto no artigo 147, § 1°, do CTN; d) Da leitura deste dispositivo legal, extraise a norma segundo a qual é permitido ao sujeito passivo retificar declaração anteriormente prestada que vise a reduzir ou a excluir tributo, desde que preenchidos dois requisitos: a) mediante comprovação do erro passível de retificação e b) antes de notificado o lançamento; e) Não foi o que ocorreu no caso em apreço. Pelo contrário, a autuada não se desincumbiu de demonstrar, através de provas idôneas, o erro passível de retificação; Fl. 3DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 4 4 f) O contrato de arrendamento não é prova hábil a demonstrar a utilização efetiva das áreas de pastagens para a engorda dos 130 animais nele indicados, conforme bem salientado no voto vencido; g) Assim, não tendo o sujeito passivo cumprido o requisito da prova do erro ensejador da retificação da DITR/1998, não se realizou o suporte fático previsto na norma constante do § 1° do art. 147 do CTN, fato que impede a incidência dessa norma; h) E não tendo havido a incidência da norma apontada, a declaração apresentada pela contribuinte quando da sua intimação no procedimento de fiscalização deve manterse intacta; i) O procedimento da autoridade autuante observou a legislação pertinente, razão pela qual a exigência deve ser mantida, restaurandose o teor da decisão de primeira instância. Admitido o recurso por intermédio do Despacho n° 1380.131092 (fls. 105 108), a contribuinte foi intimada e deixou de se manifestar, conforme informou a repartição de origem às fls. 114. É o Relatório. Voto Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, Relator O Recurso Especial da Fazenda Nacional cumpre os pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. Reitero que o acórdão proferido pela Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, deu provimento ao recurso, considerando improcedente a exigência. Segundo a recorrente, que invocou a regra do § 1°, do artigo 147, do Código Tributário Nacional, como fundamento de sua pretensão, o contrato de arrendamento para fins de exploração pecuária não é prova hábil a demonstrar a utilização efetiva das áreas de pastagens para a engorda dos 130 animais nele indicados, o que justificaria o restabelecimento do lançamento. Pois bem, o artigo 10, § 1°, inciso V, alínea “b”, da Lei n° 9.393/96, assim estabelece: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos Fl. 4DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 5 5 pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1°. Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) V – área efetivamente utilizada, a porção do imóvel que no ano anterior tenha: (...) b) servido de pastagem, nativa ou plantada, observados os índices de lotação por zona de pecuária. Neste feito, de acordo com o item 12 da ficha 6 da DIAT, a área de pastagens seria de 5,7 hectares (fls. 09), mas a empresa informou na DITR/98 uma área de 324,7 hectares, que em razão do lançamento restou reduzida para 148,6 hectares (fls. 19). Para este cálculo, a autoridade lançadora considerou 104 animais de grande porte (fls. 18). A decisão recorrida, levando em conta o Contrato de Arrendamento de Imóvel Rural de fls. 4950 e a declaração de fls. 51, acolheu a argumentação da autuada, no sentido de que, além das 104 cabeças de gado próprias, a propriedade esteve ocupada com outros 130 animais de grande porte de terceiros, totalizando, portanto, 234 cabeças de gado para fins de apuração da área de pastagens. O caso em apreço envolve análise de provas e, segundo penso, a pretensão da Fazenda Nacional merece prosperar. Sob minha ótica, os documentos de fls. 4950 e 51 dos autos indicam que a autuada arrendou pastagens em área de 134 hectares para a criação de até 130 garrotes de 08 a 10 arrobas. O arrendamento é inquestionável. No entanto, nada comprova a efetiva ocupação do imóvel por estes animais, o que poderia ser feito com documento do transporte destes garrotes, no início ou no final do contrato ou com notas fiscais de vacina, entre outras formas de prova, mas isso não ocorreu. De acordo com o voto vencido do acórdão recorrido (fls. 9394): A redução da área de pastagem deveuse em razão de ter sido considerada a declaração emitida pelo próprio contribuinte (fl. 13) de que a média anual de cabeças de gado em 1997 era de 104 animais. Referida declaração veio acompanhada de documentos comprobatórios: cópia de Notas Fiscais das vacinas (fl. 14) e Declaração expedia pela EMDAGRO, baseada em dados coletados na Declaração de Vacinação arquivada naquele órgão (fl. 18). Fl. 5DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 6 6 Pretende o contribuinte sejam desconsideradas as provas anteriormente apresentadas por ele, sob a alegação de que não sabia que podia declarar os animais que utilizaram o pasto de sua propriedade por meio de contrato de arrendamento. Aduz o recorrente que o Contrato de Arrendamento apresentado (fls. 49/50), bem como a declaração da EMDAGRO(f1.51), são provas suficientes de que a média anual em 1997 era de 234 cabeças de gado e que esse é o quantitativo que deve ser utilizado para cálculo da área de pastagem. Enganase, entretanto, o recorrente em suas conclusões. O contrato de arrendamento apresentado não se mostra suficiente para lastrear suas alegações. Referido contrato manifesta apenas uma autorização para utilização do pasto por, no máximo, as 130 cabeças de gado ali indicadas, mas não implica em uma efetiva utilização deste pasto nos moldes em que foi acordado. Poderia o pasto ter sido utilizado, no ano de 1997, pelas 130 cabeças de gado ali elencadas, o que não significa que realmente o foi. Há uma sutil diferença entre o poder ser e o ser. Dizer que o pasto estava à disposição para 130 cabeças de gado, não quer dizer que realmente seja o que de fato ocorreu ao longo daquele ano, até porque poderia ter iniciado o ano de 1997 com os 130 animais, mas poderia ter sido o rebanho acometido de algum desfalque (ter sido vendido, ter morrido algum boi), o que culminaria com uma redução no cálculo da média. A Declaração fornecida pela EMDAGRO (fl. 51) não muda a situação, posto informar tãosomente que as terras foram arrendadas para pastagem de 130 reses, conforme consta do Contrato de Arrendamento, mas não indica que isto foi o que ocorreu ao longo daquele ano de 1997. Notese que referida Declaração, em seu trecho final, informa que consta de seus registros que ORLANDO DE AZEVEDO GARÇÃO vacinou regularmente naquele período, mas tem o cuidado de não afirmar que a vacinação foi das 130 reses. Isto porque, anteriormente, a EMDAGRO já havia declarado que tinha havido vacinação regular do gado efetuada pelo Sr. ORLANDO DE AZEVEDO GARÇÃO, mas somente de 120 reses (fl. 18). Desta forma, não há contradição entre as duas declarações fornecidas por aquele órgão, devendose, entretanto, estar atento para a extensão daquilo que de fato ambas declaram. As provas apresentadas, portanto, não se mostram suficientes para fundamentar a pretensão aduzida pelo recorrente, e deveriam, para tal, ter sido complementadas por outros documentos que lhes pudessem robustecer, conforme entendeu a autoridade julgadora a quo. Também entendo que, por falta de comprovação, não pode ser aceito para cálculo da área de pastagem o quantitativo de 234 cabeças de gado. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO Processo nº 10510.003716/200232 Acórdão n.º 920201.304 CSRFT2 Fl. 7 7 Nessa ordem de juízos, devo concluir que a decisão de segunda instância não pode prosperar. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Gonçalo Bonet Allage Fl. 7DF CARF MF Emitido em 22/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE Assinado digitalmente em 01/03/2011 por GONCALO BONET ALLAGE, 21/03/2011 por CAIO MARCOS CANDIDO
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Numero do processo: 11065.002450/2007-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2007
LANÇAMENTOS REFERENTES FATOS GERADORES
ANTERIORES A MP 449. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO
DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN.
A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de
lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a
aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. Quando no
mesmo procedimento de ofício houver lançamento de penalidade por infração
relativa à GFIP e lançamento da própria contribuição em relação ao mesmo
período, devemos nos basear no art. 35A.
Assim, comparamos a multa de
75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas
dos §§4º, 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. A penalidade mais benéfica ao
contribuinte é aquela que deve prevalecer. Se o caso restringese
a declaração
inexata de GFIP, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44
da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei
8.212/91.
DA VEDAÇÃO AO CONFISCO COMO NORMA DIRIGIDA AO
LEGISLADOR E NÃO APLICÁVEL AO CASO DE PENALIDADE
PECUNIÁRIA.
O Princípio de Vedação ao Confisco está previsto no art. 150, IV, e é dirigido
ao legislador de forma a orientar a feitura da lei, que deve observar a
capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco.
Portanto, uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicála
.
Além disso, é de se ressaltar que a multa de ofício é devida em face da
infração à legislação tributária e por não constituir tributo, mas penalidade
pecuniária estabelecida em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto
no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal.
IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO
FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO,
ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO.
Por força do art. 26A
do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo
administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a
aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto,
sob fundamento de inconstitucionalidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2301-002.386
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que a multa seja recalculada, caso seja mais benéfica, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei
8.212/1999. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este seja mais benéfico à Recorrente; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para calcular a aplicação da multa de ofício mais benéfica entre a penalidade do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das penalidades dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para determinar que a multa seja recalculada, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1991, deduzindo-se
as multas aplicadas nos lançamentos correlatos, e que se utilize esse valor, caso seja mais benéfico à Recorrente; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a) Declaração de voto: Marcelo Oliveira.
Matéria: CPSS - Contribuições para a Previdencia e Seguridade Social
Nome do relator: Mauro Jose Silva
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2007 LANÇAMENTOS REFERENTES FATOS GERADORES ANTERIORES A MP 449. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. Quando no mesmo procedimento de ofício houver lançamento de penalidade por infração relativa à GFIP e lançamento da própria contribuição em relação ao mesmo período, devemos nos basear no art. 35A. Assim, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§4º, 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. A penalidade mais benéfica ao contribuinte é aquela que deve prevalecer. Se o caso restringese a declaração inexata de GFIP, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. DA VEDAÇÃO AO CONFISCO COMO NORMA DIRIGIDA AO LEGISLADOR E NÃO APLICÁVEL AO CASO DE PENALIDADE PECUNIÁRIA. O Princípio de Vedação ao Confisco está previsto no art. 150, IV, e é dirigido ao legislador de forma a orientar a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Portanto, uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicála . Além disso, é de se ressaltar que a multa de ofício é devida em face da infração à legislação tributária e por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária estabelecida em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO, ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO. Por força do art. 26A do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que a multa seja recalculada, caso seja mais benéfica, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1999. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este seja mais benéfico à Recorrente; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para calcular a aplicação da multa de ofício mais benéfica entre a penalidade do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das penalidades dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para determinar que a multa seja recalculada, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1991, deduzindo-se as multas aplicadas nos lançamentos correlatos, e que se utilize esse valor, caso seja mais benéfico à Recorrente; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a) Declaração de voto: Marcelo Oliveira.
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MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. Quando no mesmo procedimento de ofício houver lançamento de penalidade por infração relativa à GFIP e lançamento da própria contribuição em relação ao mesmo período, devemos nos basear no art. 35A. Assim, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§4º, 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. A penalidade mais benéfica ao contribuinte é aquela que deve prevalecer. Se o caso restringese a declaração inexata de GFIP, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. DA VEDAÇÃO AO CONFISCO COMO NORMA DIRIGIDA AO LEGISLADOR E NÃO APLICÁVEL AO CASO DE PENALIDADE PECUNIÁRIA. O Princípio de Vedação ao Confisco está previsto no art. 150, IV, e é dirigido ao legislador de forma a orientar a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Portanto, uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicála . Além disso, é de se ressaltar que a multa de ofício é devida em face da infração à legislação tributária e por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária estabelecida em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 2 IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE TRATADO, ACORDO INTERNACIONAL, LEI OU DECRETO. Por força do art. 26A do Decreto 70.235/72, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por voto de qualidade: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que a multa seja recalculada, caso seja mais benéfica, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1999. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este seja mais benéfico à Recorrente; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para calcular a aplicação da multa de ofício mais benéfica entre a penalidade do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das penalidades dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para determinar que a multa seja recalculada, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1991, deduzindose as multas aplicadas nos lançamentos correlatos, e que se utilize esse valor, caso seja mais benéfico à Recorrente; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a) Declaração de voto: Marcelo Oliveira. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.002450/200783 Acórdão n.º 230102.386 S2C3T1 Fl. 64 3 Relatório Tratase de Auto de Infração, lavrado em 12/09/2007, por ter a empresa acima identificada, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 14, apresentado o documento a que se refere o art. 32, inciso IV e §3º com informações inexatas, incompletas ou omissas em relação aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, no período de 03/1999 a 06/2007, tendo resultado na constituição do crédito tributário de R$ 13.338,69, fls. 01. Após tomar ciência pessoal da autuação em 25/09/2007, fls. 01, a recorrente apresentou impugnação, fls. 21/24, na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 4ª Turma da DRJ/Santa Maria, no Acórdão de fls. 44/51, julgou o lançamento procedente em parte, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 22/04/2009. O recurso voluntário, apresentado em 22/05/2009, fls. 54/60, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Afirma que a multa aplicada tem efeito confiscatório, não podendo prevalecer pois contraria o art. 150, inciso IV da Constituição Federal. Sustenta a nulidade do lançamento, tendo em vista que não houve uma adequada motivação e descrição dos fatos geradores. É o relatório. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 4 Voto Conselheiro Mauro José Silva, Relator Reconhecemos a tempestividade do recurso apresentado e dele tomamos conhecimento. Nulidade por inconsistências no lançamento Ao contrário do que afirma a recorrente, o lançamento foi lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente notificante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem a Notificação, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas, cumprindo adequadamente os preceitos do art. 142 do CTN. O Relatório Fiscal, juntamente com todos os anexos do AI constantes dos autos, traz todos os elementos que motivaram a lavratura do lançamento. Incabível a declaração de nulidade de lançamento que traz um enquadramento legal das infrações que permite ao sujeito passivo identificar os dispositivos legais aplicáveis de modo a construir adequadamente sua defesa. O enquadramento legal contido no lançamento de ofício não contém qualquer vício que resulta na nulidade. No mesmo sentido há vários julgados deste Colegiado: CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA INEXISTÊNCIA Inexiste nulidade no auto que contém a descrição dos fatos e seu enquadramento legal, permitindo amplo conhecimento da alegada infração. ( Ac. 1º CC 10805.383) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE Contendo o auto de infração completa descrição dos fatos e enquadramento legal, mesmo que sucintos, atendendo integralmente ao que determina o art. 10 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, especialmente quando a infração detectada foi simples falta de recolhimento de tributo. ( Ac. 2º CC 20211700) PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO CERCEAMENTO DE DEFESA Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. Estando o enquadramento legal e a descrição dos fatos aptos a permitir a identificação da infração imputada ao sujeito passivo, não há que se falar em nulidade do lançamento por cerceamento de defesa. O cerceamento do direito de defesa não prevalece quando todos os valores utilizados na autuação se originam de documentos e demonstrativos constantes nos autos do processo. (Acórdão 1º CC, 10613409) Fl. 69DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.002450/200783 Acórdão n.º 230102.386 S2C3T1 Fl. 65 5 Entendemos que o lançamento cumpriu as exigências do art. 142 do CTN, o que resulta em afastarmos o argumento de nulidade do lançamento. Multas no lançamento de ofício após a edição da MP 449 convertida na Lei 11.941/2009 Antes da MP 449, se a fiscalização das contribuições previdenciárias constatasse o não pagamento de contribuições, seja aquelas já declaradas em GFIP, omitidas da GFIP ou mesmo omitidas da escrituração ocorria a aplicação de multa de mora, sendo que esta partia de 12% e poderia chegar a 100%, segundo o inciso II do art. 35 da Lei 8.212/91. Além disso, a fiscalização lançava as multas dos §§4º, 5º e 6º do art. 32 por incorreções ou omissões na GFIP. O §4º tratava da não apresentação da GFIP, o §5º da apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores e o §6º referiase a apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores. Com a edição da referida MP, foi instituído o art. 32A da Lei 8.212/91 que trata da falta de apresentação da GFIP, bem como trata da apresentação com omissões ou incorreções. Porém, foi também previsto, no art. 35A, a aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 para os casos de lançamento de ofício. Interessanos o inciso I do referido dispositivo no qual temos a multa de 75% sobre a totalidade do imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Tais inovações legislativas associadas ao fato de a fiscalização realizar lançamento que abrangem os últimos cinco anos e de existirem lançamentos pendentes de definitividade na esfera administrativa no momento da edição da novel legislação colocamnos diante de três situações: 1 lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores esta. 2 lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449 Vamos analisar individualmente cada uma das situações. Lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores a esta Para os lançamentos realizados após a edição da MP 449 e referentes a fatos geradores posteriores esta, o procedimento de ofício está previsto no art. 35A da Lei 8.212/91, o que resulta na aplicação do art. 44 da Lei 9.430/96 e na impossibilidade de aplicação da multa de mora prevista no art. 35 da Lei 8.212/91. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 6 Assim, se constatar diferença de contribuição, a fiscalização, além do próprio tributo, lançará a multa de ofício que parte de 75% e pode chegar a 225% nas hipóteses de falta de recolhimento, falta de declaração ou declaração inexata. A falta de recolhimento é uma hipótese nova de infração que, portanto, só pode atingir os fatos geradores posteriores a MP 449. Por outro lado, com relação às contribuições previdenciárias, a falta de declaração e a declaração inexata referemse a GFIP e são infrações que já eram punidas antes da MP 449. A falta de GFIP era punida pelo §4º do art. 32 da Lei 8.212/91 e a declaração inexata da GFIP era punida tanto pelo §5º quanto pelo 6º do mesmo artigo, a depender da existência (§5º) ou não (§6º) de fatos geradores da contribuição relacionados com as incorreções ou omissões. É certo que, a princípio, podemos vislumbrar duas normas punitivas para a não apresentação e a apresentação inexata da GFIP: o art. 32A e o inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Tendo em conta o princípio geral do Direito Tributário de que a mesma infração não pode ser sancionada com mais de uma penalidade, temos que determinar qual penalidade aplicar. Para tanto, nossa análise percorre o seguinte caminho: primeiro verificamos a existência de diferença de contribuição constada no mesmo procedimento de ofício, depois determinamos a multa de ofício aplicável e, por último, na ausência de diferença de tributo, verificamos a multa pelo descumprimento de obrigação acessória. Logo, apurada diferença de contribuição, a falta de apresentação da GFIP e a declaração inexata da GFIP, hipótese antes punidas pelos §§4º e 5º do art. 32 da Lei 8.212/981, são puníveis pela multa de 75% sobre a diferença do tributo, com base no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96. Por fim, se não foi apurada diferença de contribuição, hipótese antes punida pelo §6º do art. 32 da Lei 8.212/91, a MP 449 previu a aplicação da multa do art. 32A da Lei 8.212/91. Acrescentamos que não há no regime jurídico do procedimento de ofício previsto na MP 449, convertida na Lei 11.941/2009, a previsão para multa de mora pelo fato de ter ocorrido atraso no recolhimento. Tratase de infração – o atraso no recolhimento que deixou de ser punida por meio de procedimento de ofício. Outra infração similar, mas não idêntica, foi eleita pela lei: a falta de recolhimento. Nesses termos, temos como delineado o novo regime jurídico das multas em lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previsto pela MP 449, convertida em na Lei 11.941/2009, aplicável aos fatos geradores ocorridos após a edição da referida MP. Com base nesse novo regime jurídico vamos determinar a penalidade aplicável às outras duas situações. Para tanto, devemos tomar o conteúdo do art. 144 do CTN em conjunto com o art. : Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 11065.002450/200783 Acórdão n.º 230102.386 S2C3T1 Fl. 66 7 § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A interpretação conjunta desses dois dispositivos resulta na conclusão de que devemos aplicar o regime jurídico das penalidades conforme a lei vigente na data da ocorrência dos fatos geradores, salvo se lei posterior houver instituído penalidade menos severa ou houver deixado de definir um fato como infração. Lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449 Para os lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a MP 449, de plano devemos afastar a incidência da multa de mora, pois a novo regime jurídico do lançamento de ofício deixou de punir a infração por atraso no recolhimento. O novo regime pune a falta de recolhimento que, apesar de similar, não pode ser tomada como idêntica ao atraso. O atraso é graduado no tempo, ao passo que a falta de recolhimento é infração instantânea e de penalidade fixa. No regime antigo, o atraso era punido com multa de mora de 12% a 100%, ao passo que no regime atual o atraso não é punível em procedimento de ofício e pode atingir até 20% nos casos em que não há lançamento de ofício. No tocante às penalidades que se relacionam com a GFIP, o novo regime das infrações relativas às contribuições previdenciárias prevê que separemos duas situações: quando houver diferença de tributo e quando não houver tal diferença. Nas competências em que houver tal diferença, ou seja, quando no mesmo procedimento de ofício houver lançamento de penalidade por infração relativa à GFIP e lançamento da própria contribuição em relação ao mesmo período, devemos nos basear no art. 35A. Assim, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§4º, 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. A penalidade mais benéfica ao Fl. 72DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 8 contribuinte é aquela que deve prevalecer. Se o caso restringese a declaração inexata de GFIP, comparamos a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com a soma das multas dos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. Nas competências em que não houver tal diferença, ou seja, quando a multa for fundamentada no §6º do art. 32 da Lei 8.212/91, a comparação há de ser feita com o art. 32 A da Lei 8.212/91, prevalecendo a multa mais benéfica. Multa de ofício confisco O impugnante suscita em sua defesa o Princípio de Vedação ao Confisco está previsto no art. 150, IV, da Constituição Federal, que veda à União utilizar tributo com efeito de confisco. É descabida a alegação de confisco quanto à exigência da multa, pois a vedação estabelecida na Constituição Federal é dirigida ao legislador. Tal princípio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado o princípio, a lei deixa de integrar o mundo jurídico por inconstitucional. Portanto, uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicála . Além disso, é de se ressaltar que a multa é devida em face da infração à legislação tributária e por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária estabelecida em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO de modo a manter a multa mais benéfica quando comparada a penalidade do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96 com aquela aplicada pela fiscalização em relação aos §§ 5º e 7º do art. 32 da Lei 8.212/91. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 73DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por PATRICIA ALMEIDA PROENCA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10070.000801/2003-56
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jul 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCLUSÃO, NA SUA BASE DE CÁLCULO, DOS PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS
(“NT”). O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de
“mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos
industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer
distinção onde a própria lei não o fez, razão pela qual incluem-se na base de cálculo os valores dos produtos NT que foram produzidos e exportados pelo contribuinte.
CORREÇÃO PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE.
Deve ser aplicada a taxa Selic aos valores a serem ressarcidos à
título de incentivo fiscal, sob risco de se afrontar à própria lei instituidora do benefício, se este tiver seu valor corroído pelos efeitos da inflação. Com efeito, a não aplicação de qualquer índice para recompor o valor de compra da moeda reveste-se em violação aos princípios da razoabilidade e da isonomia. Portanto, aplica-se a taxa Selic desde o protocolo do pedido até seu efetivo pagamento ou até a data da consolidação das compensações a ele vinculadas.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-001.549
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar
provimento ao recurso especial quanto à exportação de produtos NT. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo da Costa Pôssas e Otacílio Dantas Cartaxo, que negavam provimento. O Conselheiro Júlio César Alves Ramos votou pelas conclusões; e, por
unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial quanto à taxa Selic.
Matéria: IPI- processos NT- créd.presumido ressarc PIS e COFINS
Nome do relator: NANCI GAMA
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCLUSÃO, NA SUA BASE DE CÁLCULO, DOS PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS (“NT”). O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez, razão pela qual incluem-se na base de cálculo os valores dos produtos NT que foram produzidos e exportados pelo contribuinte. CORREÇÃO PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. Deve ser aplicada a taxa Selic aos valores a serem ressarcidos à título de incentivo fiscal, sob risco de se afrontar à própria lei instituidora do benefício, se este tiver seu valor corroído pelos efeitos da inflação. Com efeito, a não aplicação de qualquer índice para recompor o valor de compra da moeda reveste-se em violação aos princípios da razoabilidade e da isonomia. Portanto, aplica-se a taxa Selic desde o protocolo do pedido até seu efetivo pagamento ou até a data da consolidação das compensações a ele vinculadas. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2005; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 279 1 278 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10070.000801/200356 Recurso nº 230.724 Especial do Contribuinte Acórdão nº 930301.549 – 3ª Turma Sessão de 05 de julho de 2011 Matéria IPI Recorrente MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A MBR Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INCLUSÃO, NA SUA BASE DE CÁLCULO, DOS PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS (“NT”). O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez, razão pela qual incluemse na base de cálculo os valores dos produtos NT que foram produzidos e exportados pelo contribuinte. CORREÇÃO PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. Deve ser aplicada a taxa Selic aos valores a serem ressarcidos à título de incentivo fiscal, sob risco de se afrontar à própria lei instituidora do benefício, se este tiver seu valor corroído pelos efeitos da inflação. Com efeito, a não aplicação de qualquer índice para recompor o valor de compra da moeda revestese em violação aos princípios da razoabilidade e da isonomia. Portanto, aplicase a taxa Selic desde o protocolo do pedido até seu efetivo pagamento ou até a data da consolidação das compensações a ele vinculadas. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial quanto à exportação de produtos NT. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo da Costa Pôssas e Otacílio Dantas Cartaxo, que negavam provimento. O Conselheiro Júlio César Alves Ramos votou pelas conclusões; e, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial quanto à taxa Selic. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Nanci Gama Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Júlio César Alves Ramos, Marcos Tranchesi Ortiz, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo contribuinte com fulcro no artigo 32, II do antigo Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, em face ao acórdão de n.º 20218.870, o qual, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte para entender que os insumos empregados em produtos exportados, considerados como não tributados “NT” pela TIPI, não integram o cálculo do crédito presumido de IPI, bem como, por unanimidade de votos, negoulhe provimento para considerar como incabível a incidência de atualização monetária ou juros sobre os créditos de IPI, conforme ementa a seguir: “CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. O direito ao crédito presumido do IPI instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, condicionase a que os produtos estejam dentro do campo de incidência do imposto, não estando, por conseguinte, alcançados pelo benefício os produtos não tributados (NT). CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. É incabível, por falta de previsão legal, a incidência de atualização monetária ou de juros sobre créditos escriturais legítimos do IPI. Para créditos que se revelem inexistentes ou ilegítimos, a pretensão de tal incidência é, deveras, absurda. Recurso negado.” Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Especial de Divergência suscitando, em um primeiro ponto, que outros acórdãos, utilizados como paradigmas, entenderam que a Lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI, o concedeu às empresas produtoras/exportadoras de mercadorias nacionais, não cabendo ao intérprete restringilo apenas aos “produtos industrializados”, os quais são espécie do gênero Fl. 294DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10070.000801/200356 Acórdão n.º 930301.549 CSRFT3 Fl. 280 3 “mercadorias”. Dessa forma, concluiu que caberia a inclusão dos produtos “NT”, os quais se tratam de “mercadorias”, à base de cálculo do crédito presumido de IPI. Em um segundo ponto, o contribuinte aduziu que outros acórdãos, também utilizados como paradigmas, entenderam que incide a atualização monetária pela taxa Selic sobre o saldo credor de IPI nos casos de restituição. Em despacho de fls. 250/251, o i. presidente da Primeira Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais admitiu o Recurso Especial do contribuinte no que se refere à exportação de produtos “NT” e à atualização monetária do ressarcimento pela taxa Selic. Regularmente intimada, a Fazenda Nacional apresentou suas contrarazões às fls. 255/267, requerendo o não conhecimento do recurso especial no que se refere à matéria referente exportação de produtos “NT”, eis que aludida matéria já teria sido consubstanciada em súmula que manifesta o entendimento de que “não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT” e, segundo o art. 67, §2º do Regimento Interno do CARF, não seria cabível recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula dos Conselhos de Contribuintes. Caso se entendesse pelo conhecimento do recurso em ambas as matérias, a Fazenda Nacional requereu lhe fosse negado provimento, de forma a se manter integralmente a decisão a quo. É o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora Primeiramente cabe a esta Conselheira analisar se os pressupostos de admissibilidade, previstos no Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 246/2009, foram devidamente preenchidos no que tange à parte do recurso especial referente à exportação de produto “NT”. De fato, o acórdão recorrido se baseou, ao ser prolatado, em súmula, qual seja, a de nº 13 do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, a qual foi publicada no Diário Oficial em 28/09/2006 e previa que “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT”. Por sua vez, o artigo 67, do Regimento Interno do CARF prevê que: “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 2° Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do Fl. 295DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instância.” (grifouse) No entanto, tendo o acórdão recorrido se respaldado em súmula publicada em momento anterior à prolação do acórdão de nº 02/02.505 – em 17/10/2006 , utilizado pelo contribuinte como paradigma, o qual foi proferido em divergência à aludida súmula por esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, quando do julgamento dos embargos de declaração com efeitos infringentes nos autos do recurso especial de nº 203113900, entendo que seja cabível a admissibilidade do recurso especial. Isso porque, segundo o meu entendimento, havendo decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais posterior à publicação da súmula de nº 13 do extinto Segundo Conselho de Contribuintes que tenha decidido de forma oposta ao entendimento nela respaldado, restase claro e evidente que o tema ainda não é pacífico, sendo plausível que a Câmara Superior de Recursos Fiscais cumpra a sua finalidade de sanar as divergências. Dessa forma, presentes os requisitos de admissibilidade do recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte, o qual foi tempestivo, conheço do mesmo no que se refere à matéria referente à exportação de produto “NT” de forma a dar prosseguimento ao seu devido julgamento quanto à essa matéria. A controvérsia aduzida nessa parte do recurso especial consiste em definir se os insumos utilizados para a produção de produtos, classificados como não tributáveis –“NT” pela TIPI, integram a base de cálculo do crédito presumido do IPI ao serem exportados. Primeiramente, vale considerar que o artigo 1º da lei nº 9.363/961, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à “empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. Assim, tendo o benefício fiscal em tela sido dado ao gênero “mercadorias nacionais”, não cabe ao intérprete restringilo à espécie de “produtos industrializados”. Nesse sentido, peço venia para transcrever como meu, o voto proferido pelo i. Conselheiro DALTON CESAR CORDEIRO DE MIRANDA quando do julgamento do Recurso nº 202126.282, cujas razões passo a aduzir: “Não cabe ao intérprete da norma jurídica estabelecer distinção onde o legislador não o fez. Ao excluir as aquisições, cuja última operação não esteja sujeita à incidência das contribuições por haver um distanciamento do critério legal de apuração da carga de contribuições contida nos insumos, automaticamente estarse ia legitimando o pleito de um ressarcimento maior que o previsto em lei para os casos em que a carga de contribuições contida no valor das mercadorias fosse maior que o valor resultante da aplicação do critério previsto em lei, em razão do maior número de etapas que tenha percorrido. O erro da exigência da efetiva incidência das contribuições na última operação decorre, na minha opinião, de dois fatores. A tentativa da administração de barrar o benefício dado pela lei às empresas que adquiram produtos sem a incidência 1 “Art. 1º. A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo.” (grifouse) Fl. 296DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10070.000801/200356 Acórdão n.º 930301.549 CSRFT3 Fl. 281 5 das contribuições, em razão do evidente ganho que auferem pela critérios contidos na lei. O outro é a decorrente da transferência indevida das regras vigentes na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI para a presente sistemática de apuração dos créditos de COFINS e PIS a serem ressarcidos. Como é sabido, a legislação do IPI, como regra geral, expressamente proíbe o registro do crédito do imposto, se a operação de aquisição não está sujeita à incidência do referido imposto. Em razão do nome “crédito presumido de IPI” a Secretaria da Receita Federal deu ao incentivo fiscal o tratamento de crédito de IPI (conforme fica evidenciado pelas diversas normas administrativas expedidas por aquele órgão), como é o caso das mercadorias classificadas como “Não Tributadas” (ou NT) na tabela de incidência do IPI, hipótese em que as considera fora do incentivo fiscal em tela. O crédito passível de registro nos livros fiscais do IPI foi apenas uma forma criada pelo legislador para o ressarcimento mais rápido das contribuições, e seu valor não pode ser confundido com o IPI. Por outro lado, a lei autoriza que se utilize os conceitos da legislação do IPI apenas no que se refere aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem (art. 3o., parágrafo único, da Lei nº 9.363/96). O fato de ser ressarcido mediante a compensação com créditos de IPI não lhe altera a natureza jurídica, que permanece sendo de contribuição para o PIS e COFINS. Finalmente, não cabe à autoridade administrativa tentar corrigir eventuais distorções contidas na lei, como é o caso do ressarcimento das contribuições nos casos em que não houve essa incidência na operação anterior por não ser praticada por contribuinte, como nos casos de pessoas físicas e cooperativas, entre outros. Da mesma forma como a lei beneficiou as empresas que adquirem mercadorias de não contribuintes do PIS e PASEP, ao estabelecer um critério uniforme de apuração do crédito a ser ressarcido para todas as situações, igualmente prejudicou aquelas, cujos produtos percorrem várias etapas, sendo oneradas pelas contribuições de forma mais intensa, pela cumulação da incidência tributária, lhes retirando a competitividade, especialmente no mercado internacional, onde a regra é a não exportação de tributos. Entendo que a lei deva ser aplicada da forma como foi concebida pelo legislador, e que somente a este compete aprimorála. Evidentemente, por todas razões expostas, sou da opinião de que as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, mesmo que adquiridos de não contribuintes do PIS e da COFINS, ou que, por outro motivo, essas contribuições não tenham incidido na aquisição dessas mercadorias, os valores correspondentes a essas operações devem compor a base de cálculo do incentivo fiscal em tela, sendo, portanto, incorreta a glosa aplicada pela fiscalização.” (...) “Como já por diversas vezes decidido na Câmara Superior de Recursos Fiscais, a finalidade da Lei nº 9.363/96 foi a de desonerar as exportações de mercadorias nacionais e, como conseqüência, melhorar o balanço de pagamentos. Aliás, tal entendimento está em linha com o que doutrinariamente defendido por José Erinaldo Dantas Filho, “O espírito do citado diploma legal foi o de incentivar a exportação de produtos nacionais, tentando diminuir o chamado ‘custo Brasil’ para os produtos pátrios, de maneira que sejam ‘exportados tributos para o exterior’. O legislador federal visualizou a extrema necessidade de desonerar a exagerada carga tributária para os produtos exportados, bem como visou a combater o Fl. 297DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 acentuado déficit da balança comercial de nosso País, assim gerando mais empregos e maior arrecadação.”2. Diferente não é, aliás, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme já consubstanciado no acórdão referente ao julgamento do já mencionado e citado Recurso Especial nº 586.392/RN3. Creio, ainda, abrindo aqui parênteses a bem ilustrar o debate, que do exame do Regulamento do IPI (Decreto nº 2.637/98), que trata dos conceitos de industrialização (transformação; beneficiamento; montagem; acondicionamento; e renovação e recondicionamento), entendo possível afirmar que as “mercadorias” exportadas pela recorrente (produtos de origem animal), são sim objeto ou resultante de um processo produtivo, mesmo que classificados como NT. Neste sentido, vale citar trechos de artigo de Júlio M. de Oliveira, intitulado “A Constituição, A Lei e o Regulamento do IPI – Hipóteses de Conflito”4:” (...) “Ao nosso ver, o objeto do imposto não consiste meramente no ato de produzir acima delineado, pelo contrário, a materialidade da hipótese de incidência reside no resultado final deste ato – o produto. Assim não fosse, estaríamos diante de um imposto sobre industrialização e não sobre o produto industrializado. Neste sentido, cabe lembrar as sempre lúcidas considerações do mestre Geraldo Ataliba, verbis: “... Pela sua utilização (desse conjunto de componentes) é que se obtém, afinal, um produto. Se, portanto, a produção ou industrialização for posta na materialidade da hipótese de incidência do imposto, já não se estará diante do IPI, mas de tributo diverso.” Porém, esgotarse na existência de produtos industrializados a materialidade da hipótese de incidência do IPI, em outras palavras, o mero surgimento de um produto industrializado é suficiente para caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto? Quer nos parecer que não.” (...) “E a propósito da discussão travada nestes autos, necessária se faz reafirmar que o benefício do crédito presumido está expressamente direcionado à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. O artigo de lei é abrangente, portanto, daí não ser possível restringir o debate entre a distinção entre “produto industrializado não tributado” e “produto industrializado tributado”, pois tanto um como outro são “mercadorias”5 e, conseqüentemente, abrangidos pela Lei nº 9.363/96.” 2 “Da impossibilidade de Restrições ao Crédito Presumido de IPI através de Normas Administrativas Complementares”, in Revista Dialética de Direito Tributário, volume 75, p. 77. 3 REsp 586.392/RN, Ministra relatora Eliana Calmon, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, acórdão publicado no D.J.U., Seção I, de 6/12/2004 4 “IPI – Aspectos Jurídicos Relevantes – Coordenação Marcelo Magalhães Peixoto” – São Paulo: Quartier Latin, 2003, pp. 221 a 238 5 “Aquilo que é objeto de comércio; bem econômico destinado à venda; mercancia. ...” Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. “Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa/3ª edição – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999 Fl. 298DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10070.000801/200356 Acórdão n.º 930301.549 CSRFT3 Fl. 282 7 Nesse sentido, restase evidente o entendimento de que, tendo o crédito presumido em análise o objetivo de ressarcir as contribuições incidentes sobre as etapas anteriores da cadeia produtiva, não é relevante se o produto é ou não tributado pelo IPI na sua saída final. Com efeito, conheço do recurso especial de divergência do contribuinte no que se refere à argüição referente à exportação de produto “NT” para, no mérito, darlhe provimento no sentido de incluir, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, os seus valores. Quanto à segunda argüição realizada no recurso especial, referente à incidência da taxa Selic sobre os créditos objeto de pedido de ressarcimento, também entendo que tenham sido devidamente preenchidos os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço no que se refere à essa parte. O cabimento da taxa Selic em matéria de ressarcimento de IPI também foi muito bem explicitado pela ilustre Conselheira Maria Teresa Martínez López, em seu voto proferido no Recurso 201125.339, a quem peço vênia para reproduzir como meu, conforme abaixo segue: “O STJ, orientado pela jurisprudência do STF, não reconhece o direito à correção monetária dos créditos meramente escriturais, como é o caso, porquanto, fundamentalmente, nos casos de compensação, a correção se aplicada aos créditos escriturais, ensejaria a correção dos débitos da mesma conta, sendo inalterável o resultado final e efetivo, se comparado aos valores históricos6. Nesse sentido, também é a jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes. 7 No entanto, a partir da data de protocolização do respectivo pedido e o do efetivo ressarcimento, por imposição dos princípios constitucionais da isonomia e da moralidade, nada mais justo que à contribuinte titular do direito ao crédito de IPI, garantase o direito à atualização monetária pela taxa SELIC, nesse período, nos moldes aplicáveis na restituição. Nesse sentido, vejamse precedentes jurisprudenciais reconhecendo a aplicação da taxa SELIC.8 Isto porque a demora própria do andamento fiscal, e a correspondente defasagem monetária do crédito, não podem ser carregadas como ônus do contribuinte, sob pena de ficar comprometido, pelo menos em parte, o valor ressarcido, que se busca preservar. De outra frente, poderseia invocar que a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, não seria apropriada em razão de não ser especificamente taxa de atualização monetária. Penso que a sua aplicação vai de encontro ao adotado na legislação, nos pedidos de restituição, compensação e cobrança de créditos da União. 6 REsp. 667308/ SC; REsp. 412.710∕SC, Rel. Min. Franciulli Netto, DJU 08∕09∕2003. REsp 416.776∕RS, Rel. Min. Luiz Fux, DJU 16∕02∕2004 e REsp 541.505∕PR, Rel. Min. José Delgado, DJU 20.10.2003, e REsp 412.710∕SC. 7 Vejase os acórdãos 20302.719/96, 20208.583/96, 20208.594/96 e 20302.719/97. 8 A matéria já foi objeto de vários julgados dos Conselhos de Contribuintes, (ACÓRDÃO 20213.920, sessão de 09/07/2002; ACÓRDÃO 20177.484 , sessão de 16/02/2004, incluindo CSRF ( CSRF/0201.732, sessão de 13 de setembro de 2004; e CSRF/020.762, DOU de 06/08/99; Acórdão nº CSRF/020.708, de 04/06/98), reconhecendo, tratandose de restituição de crédito de IPI, o direito à atualização do crédito pela taxa SELIC. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 Há de se lembrar que o crédito presumido, quando aproveitado a maior ou indevidamente, também é pago com o acréscimo da SELIC. Observo inexistir texto legal específico conceituando a taxa SELIC. Podese dizer que a taxa SELIC é por sua composição, híbrida, tendo em vista que comporta juros e atualização monetária.9 Em verdade, o Fisco exige ou paga ao contribuinte aquilo que a União paga para tal captação. Nesse sentido, a “atualização/juros” são devidos por representar remuneração do capital, que permaneceu à disposição da empresa, e não guardam natureza de sanção. Também deve ser considerado o disposto no art. 39, § 4º da Lei nº 9.250/95, que preceitua que, a partir de 1º de janeiro de 1996, em lugar da UFIR, a compensação ou restituição de tributos deve ser acrescida de juros equivalentes à taxa referencial SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Ora, na repetição do indébito, consoante o disposto no parágrafo único do art. 167 do CTN, os juros moratórios são devidos apenas a partir do trânsito em julgado da decisão que a determinar. Logo, inferese que tal incidência não se faz a título de juros moratórios, pois estes estão vedados pelo Código Tributário Nacional nesse mesmo parágrafo único do art. 167. Por outro lado, as Instruções Normativas da Receita Federal indicam ser a taxa SELIC adotada como referencial de juros moratórios, verdadeiro substitutivo da correção monetária. Mas, se a inflação, mesmo oficial, ainda permanece, não há como reconhecer apenas juros moratórios em favor do Fisco credor, sendo a correção elemento integrativo do próprio tributo devido e, pois, inseparável deste. Em verdade, o que ocorre é a substituição de um indexador por outro, de forma a repor o valor real do indébito a ser restituído. O mesmo, de resto, sucede quando credor o Fisco, com a atualização de seus créditos mediante uma taxa de supostos juros moratórios correspondentes à taxa referencial SELIC.10 Por esses motivos, a exemplo do ocorrido na cobrança, restituição ou compensação dos tributos e contribuições federais é que entendo que a escolha da taxa Selic reflete a melhor opção.” Em face do exposto, conheço do Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte em ambas as suas argüições, para, no mérito, darlhe integral provimento, de forma a incluir, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, os valores referentes a 9 Algumas Resoluções antigas do Banco Central, como as de n°s. 2.672/96, 1.693/90 e 1.124/86, permitem inferir que essa taxa corresponde àquela média mensal apurada no Sistema Especial de Liquidação SELIC para os rendimentos dos títulos federais dentre os quais se inserem as Letras do Banco Central. Outrossim, inexiste definição legal quanto à composição dessa mesma taxa. Como corresponde ela aos rendimentos dos títulos federais, deve albergar conjuntamente os juros remuneratórios do capital empregado na aquisição desses títulos e, ainda, a correção monetária, que, a despeito de suprimida relativamente às demonstrações financeiras, para fins de apuração do imposto de renda (art. 4º da Lei nº 9.249/95), continua presente na economia nacional e é reconhecida através da publicação de vários índices oficiais ou oficiosos. Aliás, não é por outra razão que essa taxa varia mensalmente. Embora o livre jogo do mercado financeiro possa influir nessa variação, o componente relativo à inflação mensal é nela indescartável. 10 Também devese levar em consideração que o próprio Banco Central do Brasil, que apura a taxa SELIC, reconheceu em sua Circular nº 2.672/96, ao regulamentar Linha Especial de Assistência Financeira do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER), ser a taxa SELIC diferenciada dos juros. Tanto assim que cobra encargos financeiros capitalizados diariamente e exigíveis trimestralmente à taxa equivalente à taxa média ajustada de todas as operações registradas no SELIC, acrescida de juros. Portanto, distinguemse os juros dessa última taxa. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10070.000801/200356 Acórdão n.º 930301.549 CSRFT3 Fl. 283 9 aquisições de produtos classificados pela TIPI como “NT”, bem como a determinar a correção do seu crédito com base na taxa Selic. Nanci Gama Fl. 301DF CARF MF Impresso em 04/04/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 14/02/2012 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 29/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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