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Numero do processo: 10950.001409/2007-42
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2003
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO
COMPROVADA.
Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDA CONSUMIDA. DISPENSA DE
COMPROVAÇÃO.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26).
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2003
CSLL. PIS. COFINS. INSS. IPI. DECORRÊNCIA.
Ressalvados os casos especiais, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejar conclusões diversas.
Numero da decisão: 1803-001.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDA CONSUMIDA. DISPENSA DE COMPROVAÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2003 CSLL. PIS. COFINS. INSS. IPI. DECORRÊNCIA. Ressalvados os casos especiais, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejar conclusões diversas.
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EPP, atual CIARIN COMÉRCIO DE ARTIGOS PARA SELARIA LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. RENDA CONSUMIDA. DISPENSA DE COMPROVAÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2003 CSLL. PIS. COFINS. INSS. IPI. DECORRÊNCIA. Ressalvados os casos especiais, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejar conclusões diversas. Fl. 544DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 490 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 545DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 491 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 457verso a 459): Trata o processo de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ – Simples; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS – Simples; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins – Simples; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL – Simples, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Simples e Contribuição para Seguridade Social – INSS – Simples, referentes ao anocalendário de 2002. 2. O auto de infração de IRPJ – Simples (fls. 372/379) exige o recolhimento de R$ 12.005,34 de imposto e R$ 9.003,95 de multa de lançamento de ofício, além dos encargos legais. 3. O lançamento resultou de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias da interessada, em que foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 352/356: Omissão de Receitas – Depósitos Bancários não Escriturados: no período de 01/2002 a 12/2002. Enquadramento legal no art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; arts. 2º, § 2º, 3º, § 1º, “a”, 5º, 7º, § 1º, e 18 da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996; art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; art. 3º da Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998; arts. 186, 188 e 199 do RIR/1999. Multa de 75%; Insuficiência de Recolhimento: nos períodos de 02/2002 a 12/2002. Enquadramento legal no art. 5º da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996; art. 3º da Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998; arts. 186 e 188 do RIR/1999. Multa de 75%. 4. Os demais autos de infração são decorrentes das mesmas infrações apuradas em relação ao IRPJ Simples, sendo que resultaram na exigência dos seguintes valores, além dos encargos legais; Imposto / contribuição Principal Multa PIS Simples 12.005,34 9.003,95 CSLL Simples 20.364,52 15.273,33 Cofins Simples 40.729,01 30.546,67 IPI Simples 10.182,25 7.636,64 INSS Simples 76.219,40 57.164,51 5. Cientificada em 25/06/2007, conforme fls. 376, 384, 400, 416 e 420, tempestivamente, em 24/07/2007, a interessada apresentou impugnação aos lançamentos, às fls. 430/449, através de seu procurador, conforme procuração de fls. 450, acompanhada dos documentos de fls. 451/454, que se resume a seguir: Fl. 546DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 492 4 a. Alega que a Lei Complementar nº 105/2001 e Decreto nº 3.724 tendem a se transformar em mecanismo de arbítrio para satisfazer a voracidade arrecadadora do fisco, instituindo verdadeiro terrorismo na vida do contribuinte; b. Sustenta que o sigilo bancário é considerado pela doutrina e jurisprudência pátria como parte da vida privada da pessoa física e jurídica, devendo ser protegido pelas Constituições dos Estados soberanos, fazendo parte do rol dos direitos e garantias fundamentais da pessoa; c. Cita o artigo XII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, art. 11, item “2” da Convenção Americana de Direitos Humanos, para concluir que a norma prevista no art. 60 da Lei Complementar nº 105/2001 fere os preceitos da Constituição Federal; e que um lançamento de tributo baseado apenas em movimentação financeira é absolutamente incorreto, por ser apenas presunção, suposição ou indício, conforme jurisprudência e súmula 182 do TFR; d. Entende que uma fiscalização, para que possa ter início, é indispensável a representação, que tenha com base expediente administrativo iniciado pela Delegacia da SRF ou outro agente do fisco, não sendo lógico ter como parâmetro a CPMF cobrada dos contribuintes; e. Justifica que a movimentação financeira, quando superior à renda declarada pelo contribuinte, pode ter inúmeras explicações, como administradores de bens de terceiros, e até mesmo os advogados, podem receber depósitos em suas contas bancárias de valores que não lhes pertencem e dos quais são obrigados a prestar contas; f. Afirma ser equivocada a idéia de que o Ministério Público possa investigar crimes fiscais sem que tenha ocorrido lançamento de tributo, sendo certo que o lançamento do imposto de renda é privativo do auditorfiscal da SRF; g. Defende que, a menos que o STF mude radicalmente a sua posição, a qual vem sendo sedimentada por nove dos onze ministros, a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial deve ser considerada inconstitucional (incisos X e XII do art. 5º), fazendo valer sua função precípua de zelar pela Constituição, preservando o equilíbrio dos poderes constituídos, que nada mais são que os mandamentos para a sobrevivência das instituições democráticas e do Estado de Direito; h. Cita doutrina acerca da presunção e da prova, concluindo que, entre o fato conhecido (fato indiciário) e o fato desconhecido (fato provável) deve haver uma correlação segura e direta, não podendo haver dúvidas sobre a materialização dessa correlação, sob pena de esse artifício resultar indevido por absoluta inadequação do conceito jurídico escolhido para sua concreção; i. Argumenta que, quanto às pessoas jurídicas, vários são os motivos que impedem a materialização dessa correlação lógica; em primeiro lugar, a observação da experiência cotidiana demonstrou que não há uma correlação natural entre depósitos e rendimentos omitidos; a movimentação bancária não corporifica fato gerador do imposto de renda, conforme decisões administrativas e judiciais; j. Conclui que a presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96 colide com as diretrizes do processo de criação das presunções legais, pois a experiência com casos anteriores evidenciou que entre esses dois fatos não havia nexo causal, tendo sido constatado não haver liame absoluto entre o depósito bancário e o rendimento omitido; Fl. 547DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 493 5 k. Declara que pode licitamente alegar e demonstrar que os valores movimentados em contas correntes provêm de empréstimos obtidos com agiotas ou com pessoas interessadas no destino da empresa, ou até investidores informais, capitais estes que não são rendimentos e não são tributáveis; e que pode comprovar que o capital movimentado, nos anos fiscalizados, provém de aquisição de riqueza (capital) em anoscalendário anteriores e já acobertados pela prescrição do direito de tributação pelo fisco; e que pode demonstrar e comprovar, por quaisquer outras formas imagináveis e em direito admitidas, que as quantias objeto, por quaisquer outros motivos, não se caracterizam como renda ou rendimentos tributáveis; l. Reclama que um princípio basilar está sendo afrontado no presente caso, pela legislação tributária, ora aplicada como fundamento do auto de infração, ou seja, o de que ninguém é obrigado a fazer provas contra si mesmo; m. Assevera que os fatos relacionados no Termo de Verificação Fiscal induzem que a empresa, por legislação totalmente inconstitucional, foi obrigada a fazer provas contra si mesma, e que, diante das mesmas, firmouse falsas presunções de que houve faturamento sonegado, conforme movimentação financeira não comprovada, o que tornam insubsistentes os autos de infração; n. Aponta que a aplicação da multa de ofício no patamar de 75% ofende o princípio da capacidade contributiva, bem como o do nãoconfisco, além de sua inconstitucionalidade, diante da situação patrimonial da empresa; o. Cita doutrina; p. Reclama que a empresa teve, conforme termo de arrolamento de bens, sua capacidade produtiva e sua livre iniciativa atingidas seriamente, pois os bens arrolados são vitais para a existência da empresa; e que o montante calculado em 20/06/2007, no valor de R$ 502.752,25, ultrapassa o valor patrimonial da empresa; e a consequência é a total inoperância da mesma, social e financeiramente falando, pois caso aquele débito venha a ser consolidado, deverá cerrar as portas, além de prejudicar terceiros credores, tornando até inoperante eventual aplicação da Lei 11.101/2005; q. Repisa que a multa de 75% é inconstitucional, pois viola o princípio do nãoconfisco, ou seja, tal ato atinge o patrimônio da empresa, o patrimônio que gera as riquezas e, consequentemente, alimenta os cofres públicos; r. Cita doutrina, que enfatiza que, em se tratando de restrições a determinados direitos, devese indagar não apenas sobre a admissibilidade constitucional da restrição eventualmente fixada (reserva legal), mas também sobre a compatibilidade das restrições estabelecidas com o princípio da proporcionalidade; s. Pede a retirada da multa de 75%, primeiramente por sua inconstitucionalidade flagrante, que ofende aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e do nãoconfisco e, segundo, pela retroatividade da lei mais benigna, que elimina tal multa, conforme caso elencado anteriormente e jurisprudência expressa. 6. Acompanha o presente o processo de Representação Fiscal nº 10950.00001411/200711. 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 457 e verso): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 548DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 494 6 Anocalendário: 2002 SIGILO BANCÁRIO. DIREITO À INTIMIDADE E À PRIVACIDADE. INOPONIBILIDADE A PESSOAS JURÍDICAS. MATÉRIA NÃO SUJEITA À RESERVA DE JURISDIÇÃO. É improcedente o pedido de insubsistência do auto de infração dos tributos do Simples, por violação do sigilo bancário da empresa, eis que o acesso às informações bancárias diretamente pelo fisco é legítimo, não configurando afronta ao direito de intimidade e privacidade, defesas estas que não são oponíveis em face de pessoas jurídicas, e, além disso, o ato de levantamento do sigilo bancário não se insere nas matérias sujeitas à reserva de jurisdição. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. PERCENTUAL. LEGALIDADE. Os percentuais da multa de ofício, exigíveis em lançamento de ofício, são determinados expressamente em lei, não dispondo as autoridades administrativas de competência para apreciar a constitucionalidade de normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA. INSUFICIÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. Correto o lançamento fundado na insuficiência de comprovação da origem dos depósitos bancários, por constituirse de presunção legal de omissão de receitas, expressamente autorizada pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996. OMISSÃO DE RECEITAS. MUDANÇAS DE ALÍQUOTA. Em virtude das alterações de alíquotas, causadas por mudanças de faixas de receita bruta acumulada por constatação de omissão de receitas, impõese a exigência de ofício das insuficiências de recolhimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 3. Cientificada da referida decisão em 29/10/2009 (fls. 470), a tempo, em 27/11/2009, apresenta a interessada Recurso de fls. 473 a 480, nele argumentando, em síntese: a) que deixou a fiscalização de demonstrar, de forma objetiva e motivada, a efetiva existência de renda consumida, por meio de sinais exteriores de riqueza ou outros elementos de fato, limitandose a lavrar o auto de infração com base nos extratos bancários; b) que, assim, cai por terra o argumento de que os depósitos de origem não comprovada constituem indícios de rendimentos omitidos, uma vez que somente poderiam ser tomados como tal, caso a autoridade fiscal Fl. 549DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 495 7 efetivamente tivesse demonstrado fundamentadamente os sinais exteriores de riqueza do contribuinte; c) que é dever jurídico da Fiscalização (e não mero ônus da parte), comprovar consistentemente que o lançamento baseouse em provas verossímeis de que houve enriquecimento do contribuinte, o que não restou comprovado; d) que é dever da autoridade embasar fundamentalmente o motivo pelo qual o lançamento está sendo efetuado, não cabendo “presunções” de enriquecimento com base em extratos de movimentações bancárias; e) que o lançamento com base em extratos bancários e dados da CPMF somente pode ser admitido se estiver acompanhado de outros elementos que autorizem a presunção de que os depósitos enumerados pela Fiscalização representam, de fato e de direito, rendimentos omitidos, o que no caso não ocorreu; f) que é dever do fisco provar que, quanto à renda consumida, existiram sinais exteriores de riqueza, obedecendo aos arts. 43 e 142 do CTN; g) que basta análise superficial dos extratos acostados aos autos, para constatarse que não houve enriquecimento por parte da Recorrente, como se pode observar das inúmeras vezes em que o saldo da conta foi negativo, tendo se utilizado de crédito disponibilizado pelo Banco; h) que não se pode tomar o total da movimentação financeira como base tributável pelo Imposto de Renda e seus reflexos; i) que não houve, em nenhum momento, a solicitação de documentos contábeis para análise do caso; e j) que não há que se admitir a inversão do dever de provar a origem dos depósitos bancários, sendo que o dever do Fisco de efetuar o lançamento (e não um ônus) deve ser calçado de provas robustas, motivo pelo qual deve ser nulo o lançamento ora efetuado. Em mesa para julgamento. Fl. 550DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 496 8 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Extratos bancários 4. De início, cumpre esclarecer que foi a Recorrente devidamente intimada e reintimada a apresentar os extratos bancários de todas as contas correntes por ela movimentadas (fls. 7 e 9), tendoos apresentado e, quando não os possuía, autorizado a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) a solicitálos junto aos bancos (fls. 130, 136 e 175). Existência de renda consumida 5. Alega a Recorrente que teria deixado a fiscalização de demonstrar, de forma objetiva e motivada, a efetiva existência de renda consumida, por meio de sinais exteriores de riqueza ou outros elementos de fato, limitandose a lavrar o auto de infração com base nos extratos bancários. 6. Aplicase, aqui, o contido na Súmula CARF nº 26, de seguinte teor: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. 7. Afirma a Recorrente, ainda, que o lançamento com base em extratos bancários e dados da CPMF somente pode ser admitido se estiver acompanhado de outros elementos que autorizem a presunção de que os depósitos enumerados pela Fiscalização representam, de fato e de direito, rendimentos omitidos. 8. Quanto a esse ponto, é de se dizer que a presunção legal de omissão de receitas por depósitos bancários, prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, se fundamenta, não na mera existência desses depósitos, mas na ausência de comprovação, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos recursos utilizados nessas operações. 9. Os lançamentos fiscais assim efetuados não são propriamente sobre os depósitos bancários, em tal qualidade; mas, sim, sobre os rendimentos omitidos à declaração, quando neles inequivocamente espelhados. 10. Os depósitos apurados constituem, pois, somente elementos dos quais se infere a omissão de rendimentos, pelo contribuinte, em sua declaração, ao tempo que este não fornece explicações quanto à sua origem. Fl. 551DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.001409/200742 Acórdão n.º 180301.083 S1TE03 Fl. 497 9 11. Assim, a diferença entre a receita declarada pelo contribuinte e a apurada nos registros que controlam as contas bancárias do sujeito passivo, por meio de procedimentos de auditoria que levam em consideração todos os aspectos da movimentação dessas contas, admitida ainda prova em contrário, caracteriza omissão de receitas. 12. Nesse sentido, observase que foram expurgados da movimentação financeira total da Recorrente os valores referentes a empréstimos bancários e a devolução de cheques depositados, e outros passíveis de exclusão identificável pelo histórico do lançamento no extrato bancário, além das transferências comprovadas, conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 355). Demais exigências 13. Ressalvados os casos especiais, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejar conclusões diversas. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 552DF CARF MF Emitido em 29/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 11522.000048/2003-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1996, 1997, 1998, 1999
LANÇAMENTO DE OFÍCIO MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA.
Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos na conduta do agente.
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B
e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62-A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C,
do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à
ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º).
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.834
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GUSTAVO LIAN HADDAD
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Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser justificada e comprovada nos autos, não se prestando para tanto a alegação de reiteração da conduta, desacompanhada da demonstração de outros elementos dolosos na conduta do agente. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). O STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC definiu que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação” (Recurso Especial nº 973.733). O termo inicial será: (a) Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 2 pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres – Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad – Relator EDITADO EM: 28/10/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em Exercício), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Sérgio de Oliveira Cunha foi lavrado o auto de infração de fls. 658/664, objetivando a exigência de imposto de renda pessoa física dos anoscalendário de 1996 a 1998, tendo sido apurada omissão de rendimentos recebidos da Assembléia Legislativa do Estado do Acre. A Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte, exarou o acórdão n° 10249.026, que se encontra às fls. 858/877 e cuja ementa é a seguinte: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1996, 1997, 1998, 1999 DECADÊNCIA Tratandose de lançamento por homologação (art. 150 do CTN), o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário decai em 5 (cinco) anos contados da data do fato gerador. A ausência de recolhimento da prestação devida não altera a natureza do lançamento, já que o que se homologa é a atividade exercida pelo sujeito passivo. Preliminar de decadência acolhida. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11522.000048/200304 Acórdão n.º 920201.834 CSRFT2 Fl. 2 3 VERBA DE GABINETE PAGA AOS DEPUTADOS – DESVIO DE FINALIDADE DOS RECURSOS INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA A denominada verba de gabinete se constitui em meio necessário para que o parlamentar possa exercer seu mandado. Entretanto, constatado que os valores correspondentes aos repasses da cota de passagens e de correspondências não foram utilizados aos fins a que se destinavam, sendo utilizados pelo deputado para outas finalidades não autorizadas, tais valores transformamse em rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda. VERBA DE GABINETE, PAGA AOS DEPUTADOS UTILIZAÇÃO DIVERSA AOS FINS A QUE SE DESTINAVA MULTA QUALIFICADA INEXIGIBILIDADE O fato do deputado não utilizar a verba de gabinete na finalidade para a qual se destinava, não caracteriza, por si sé, evidente intuito de fraude tributária. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO JUSTIFICADOS – VALORES INFERIORES A DOZE MIL: REAIS INEXIGIBILIDADE – É incabível a exigência de crédito tributário constituído com base na movimentação financeira do contribuinte, quando a soma dos recursos de origem não comprovada não ultrapassar, no decorrer do exercício, o valor de R$ 80.000,00 e nenhum deles for superior a R$ 12.000,00. Preliminar de decadência acolhida. Multa desqualificada. Recurso parcialmente provido.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por maioria de votos, (i) acolheu a preliminar de decadência em relação ao anocalendário de 1997, (ii) desqualificou a multa de ofício e, por unanimidade, deu provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo a exigência referente aos depósitos bancários. Intimada pessoalmente do acórdão em 04/06/2008 (fls. 878) a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial às fls. 881/889, em que sustenta, em apertada síntese, ter sido comprovado o intuito de fraude à legislação tributária pela conduta reiterada do contribuinte em omitir rendimentos, devendo ser mantida a multa qualificada, bem como que a contagem do prazo decadência deveria observar o disposto no artigo 173, I, do CTN. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 619, de 01/12/2008 (fls. 890/891). Intimado sobre a admissão do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional o contribuinte apresentou suas contrarazões de fls. 897/905. É o Relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 4 Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator O recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional preenche os requisitos de admissibilidade. Dele conheço. A discussão no presente recurso está limitada (i) ao dispositivo legal aplicável para contagem do prazo de decadência (art. 150, §4º ou 173, I, ambos do CTN) e (ii) ao restabelecimento da multa qualificada aplicada ao contribuinte. No presente caso, a autoridade fiscal autuante entendeu estar caracterizado evidente intuito de fraude, tendo aplicado a multa qualificada de 150%. O v. acórdão recorrido afastou a multa qualificada imposta pela autoridade fiscal autuante, e, no tocante à decadência, determinou a aplicação da regra do § 4º do artigo 150 do CTN, verbis: “Art. 150 – (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação” (destacamos). Em seu recurso especial a Procuradoria da Fazenda Nacional requer a aplicação da sistemática de contagem do prazo decadencial do artigo 173, I do CTN, bem como o restabelecimento da multa qualificada. Considerando que a qualificação da multa implica o afastamento da aplicação da sistemática do artigo 150, §4º do CTN optei por primeiramente examinar referida qualificação. Qualificação da multa A penalidade em questão foi aplicada com base no art. 44, inciso II da Lei n. 9.430, de 1996, incorporado ao art. 957, II, do RIR/99, assim redigido (conforme redação em vigor à época dos fatos geradores): “Art. 957 – Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei n.º 9.430, de 1996, art. 44) (...) II de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11522.000048/200304 Acórdão n.º 920201.834 CSRFT2 Fl. 3 5 Os dispositivos referidos, vale dizer, os artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502, de 1964, cuidam das figuras do dolo, fraude e sonegação, nos seguintes termos: “Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Já me manifestei em outras oportunidades que a teor da previsão legal acima, para que a multa de lançamento de ofício de 75% seja qualificada e elevada para 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude, demonstrado inequivocadamente nos autos a partir de elementos probatórios colacionados pela fiscalização. Essa posição é reconhecida pela jurisprudência deste E. Colegiado, restando incontroverso que a fraude não se presume, sendo necessário que sejam produzidas provas do evidente intuito a que se refere a norma legal, não bastando suspeitas. A experiência indica que o evidente intuito de fraude se configura nas situações em que demonstrado o emprego de meios ardis, como notas fiscais calçadas, recibos falsificados, etc. Ao contrário da responsabilidade pela obrigação tributária principal, que a teor do art. 136 do CTN não requer dolo ou culpa para sua configuração, bastando a prática da infração por qualquer meio, a aplicação da multa dita qualificada pressupõe dolo específico, no sentido de subtrair o imposto que se sabe devido pela utilização de meios fraudulentos. No caso presente, em que pese a ausência de um detalhamento claro acerca da qualificação da penalidade no auto de infração, o v. acórdão recorrido entendeu por bem desqualificar a multa na medida em que a conduta caracterizada como fraudulenta (deixar de devolver aos cofres públicos verbas indenizatórias não utilizadas) estaria fora do campo tributário, como se verifica do voto condutor, in verbis: “Ainda que o auto de infração em julgamento seja genérico em relação às circunstâncias que resultaram na qualificação da multa, podendo ser aplicado indistintamente a qualquer Deputado Estadual do Acre, tenho que o recorrente compreendeu que a qualificação deuse em virtude de ficar para si a diferença da quota correspondente a passagens e correspondência. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 6 Em relação a este ponto, tenho que a intenção do sujeito passivo deve ser avaliada em dois momentos: a) quando fica para si com a diferença correspondente às passagens e correspondências não utilizadas; b) quando não declara em seu imposto de renda os valores correspondentes à diferença das quais se apropriou. No primeiro momento, isto é, quando o Deputado, quer por erro de direito, quer mediante fraude, não devolve a diferença correspondente às passagens aéreas e correspondências não utilizadas, não se pode dizer que está agindo com a intenção dolosa de ocultar ou retardar o conhecimento de um fato gerador do imposto de renda. A intenção do agente, neste momento, caso não caracterizada situação de erro de direito, é de fraudar quem lhe alcançou os recursos, no caso a Assembléia do Estado do Acre. Ainda que se admita que o sujeito passivo agiu mediante fraude para apropriarse dos valores correspondentes à diferença com despesas de passagem e correspondências, sua intenção, no momento em que está cometendo a alegada fraude para apropriarse indevidamente dos recursos, não está voltada a ocultar ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. O caso dos autos pode ser comparado à situação de alguém que tenha recebido diárias para fazer determinado curso e, sem participar do evento, apresenta notas fiscais "frias" para justificar despesa que não ocorreu. A intenção do agente, no momento da ação, não é sonegar tributo, mas sim apropriarse de recursos que não lhe pertence. No segundo momento, caracterizada a situação em que o agente, mediante procedimento irregular, obteve determinada receita e não declarou ao imposto de renda, não se pode dizer que esta omissão, frente ao fisco, possa ser caracterizada como atitude dolosa com a intenção de ocultar ou retardar a ocorrência do fato gerador correspondente à exigência do crédito tributário. No caso dos autos, o fato do recorrente ter agido mediante procedimento irregular para obter para si os valores que deveria ter restituído à Assembléia Legislativa, caracteriza fraude que se situa fora do campo tributário, razão pela qual afasto a multa qualifica aplicada em relação aos valores correspondentes à diferença de passagens e correspondências.” O recurso especial apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional pleiteia o restabelecimento da multa qualificada de 150% tendo em vista a conduta reiterada e sistemática do contribuinte que omitiu rendimentos nos exercícios de 1995 a 1998 (fls. 883/885). Entendo, no tocante às alegações apresentadas pela Procuradoria da Fazenda Nacional em seu recurso especial, que a simples omissão de rendimentos, ainda que reiterada em vários exercícios, desacompanhada de outros elementos probatórios do evidente intuito de fraude, não dá causa para a qualificação da multa. Além disso, tal aspecto não foi aventado na qualificação da multa. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11522.000048/200304 Acórdão n.º 920201.834 CSRFT2 Fl. 4 7 Dentre outras razões, tal conclusão decorre do fato de que, se assim não fosse, não haveria hipótese para a aplicação da multa de ofício “não qualificada” de 75%. Com efeito, considero que para a correta aplicação da multa qualificada a inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova que o contribuinte, por ato fraudulento, levou a autoridade administrativa a erro, por meio por exemplo da utilização de documentos falsos, notas frias, interposição de pessoas, etc. Em resumo, entendo não ter a fiscalização logrado êxito em demonstrar evidente intuito de fraude na conduta do Recorrente a justificar a qualificação da penalidade, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso especial nesse quesito. Decadência Por outro lado, no tocante à decadência, já manifestei meu entendimento em diversas oportunidades segundo o qual o IRPF é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para efetuar o lançamento de tal tributo seria, em regra, o do art.150, §4º do CTN. Dessa forma, o prazo decadencial para o lançamento seria de cinco anos a contar do fato gerador. Ocorre que o Regimento Interno deste E. Conselho, conforme alteração promovida pela Portaria MF n.º 586/2010 no artigo 62A do anexo II, introduziu dispositivo que determina, in verbis, que: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” Assim, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o RESP nº 973.733, nos termos do artigo 543C, do CPC, consolidou entendimento diverso, conforme se verifica da ementa a seguir transcrita: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o Fl. 7DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 8 mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Dessa forma, com o advento da decisão acima referida, temse que nos casos em que não houve antecipação de pagamento devese aplicar a regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, contarse o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Nos casos em que há recolhimento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, o prazo iniciase na data do fato gerador. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 11522.000048/200304 Acórdão n.º 920201.834 CSRFT2 Fl. 5 9 No presente caso o acórdão recorrido acolheu a alegação de decadência em relação ao anocalendário de 1997. Examinando a declaração de ajuste anual apresentada pelo contribuinte relativamente ao anocalendário de 1997 (fls. 07/08) verifico que houve antecipação de imposto de renda durante o anocalendário. Logo, aplicase no presente caso o disposto no artigo 150, §4º do CTN, sendo que o início do prazo de decadência dáse a partir da ocorrência do fato gerador. Considerando que o fato gerador se deu em 31/12/1997 a data limite para lançamento venceu em 31/12/2002. Na data em que a contribuinte tomou ciência do lançamento (20/01/2003 – fls. 686) os fatos geradores referentes ao ano calendário de 1997 estavam fulminados pela decadência, razão pela qual deve darse negar provimento ao presente recurso especial também nesta parte. Destarte, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 9DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/11/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/11/2 011 por GUSTAVO LIAN HADDAD, Assinado digitalmente em 24/11/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 18050.005450/2008-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DA ALEGAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições.
JUROS CALCULADOS À TAXA SELIC. APLICABILIDADE.
A cobrança de juros estava prevista em lei específica da Previdência Social, art. 34 da Lei n° 8.212/1991, desse modo foi correta a aplicação do índice pela fiscalização federal. Para lançamentos posteriores à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449, convertida na Lei nº 11.941, aplica-se o art. 35 da
Lei nº 8.212 com a nova redação.
No sentido da aplicabilidade da taxa Selic, o Plenário do 2º Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula de nº 3.
GFIP. TERMO DE CONFISSÃO. – ALEGAÇÃO DO CONTRIBUINTE NÃO CORROBORADA POR MEIO DE PROVA.
Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999 os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados.
A notificada teve oportunidade de demonstrar que os valores apurados pela fiscalização, e por ela própria declarados em GFIP ou registrados nas folhas de pagamento não condizem com a realidade na fase de impugnação e agora na fase recursal, mas não o fez. Para fins processuais, alegar sem provar é o mesmo que não alegar.
Numero da decisão: 2302-001.499
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda
Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi negado
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
Nome do relator: Marco André Ramos Vieira
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DA ALEGAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. JUROS CALCULADOS À TAXA SELIC. APLICABILIDADE. A cobrança de juros estava prevista em lei específica da Previdência Social, art. 34 da Lei n° 8.212/1991, desse modo foi correta a aplicação do índice pela fiscalização federal. Para lançamentos posteriores à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449, convertida na Lei nº 11.941, aplica-se o art. 35 da Lei nº 8.212 com a nova redação. No sentido da aplicabilidade da taxa Selic, o Plenário do 2º Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula de nº 3. GFIP. TERMO DE CONFISSÃO. – ALEGAÇÃO DO CONTRIBUINTE NÃO CORROBORADA POR MEIO DE PROVA. Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999 os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados. A notificada teve oportunidade de demonstrar que os valores apurados pela fiscalização, e por ela própria declarados em GFIP ou registrados nas folhas de pagamento não condizem com a realidade na fase de impugnação e agora na fase recursal, mas não o fez. Para fins processuais, alegar sem provar é o mesmo que não alegar.
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Recorrente CONTACTOS RECURSOS HUMANOS LTDA Recorrida DRJ SALVADOR BA Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DA ALEGAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. JUROS CALCULADOS À TAXA SELIC. APLICABILIDADE. A cobrança de juros estava prevista em lei específica da Previdência Social, art. 34 da Lei n ° 8.212/1991, desse modo foi correta a aplicação do índice pela fiscalização federal. Para lançamentos posteriores à entrada em vigor da Medida Provisória n º 449, convertida na Lei n º 11.941, aplicase o art. 35 da Lei n º 8.212 com a nova redação. No sentido da aplicabilidade da taxa Selic, o Plenário do 2º Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula de nº 3. GFIP. TERMO DE CONFISSÃO. – ALEGAÇÃO DO CONTRIBUINTE NÃO CORROBORADA POR MEIO DE PROVA. Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999 os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados. A notificada teve oportunidade de demonstrar que os valores apurados pela fiscalização, e por ela própria declarados em GFIP ou registrados nas folhas de pagamento não condizem com a realidade na fase de impugnação e agora na fase recursal, mas não o fez. Para fins processuais, alegar sem provar é o mesmo que não alegar. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Manoel Coelho Arruda Júnior e Eduardo Augusto Marcondes de Freitas. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18050.005450/200824 Acórdão n.º 230201.499 S2C3T2 Fl. 695 3 Relatório O presente auto de infração tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa relativa aos Terceiros, cujos valores foram declarados em GFIP após o início da ação fiscal, referente ao período janeiro e décimo terceiro de 2004, fls. 35 a 48. Não conformado com a notificação, foi apresentada defesa pela sociedade empresária, fls. 99 a 163. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento exarou a Decisão, que confirmou a procedência, em parte, do lançamento, fls. 549 a 556. Foram excluídos os levantamentos PLO e PLS. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso, conforme fls. 562 a 620. Em síntese, a recorrente em seu recurso alega o seguinte: • O lançamento é nulo, pois foi expirado o prazo para conclusão do procedimento; • Falta clareza e precisão ao auto de infração; • Já houve o recolhimento na competência dezembro de 2004; • Os valores foram indevidamente considerados como prolabore; • Não há provas para descaracterizar o contrato de mútuo; • É indevida a contribuição para o Salárioeducação; • Não é devida a contribuição para o Incra; • São indevidas as contribuições para o Sesc e Senac; • É inconstitucional a contribuição para o Sebrae; • A multa possui efeito confiscatório; • Não pode ser cobrado juros à taxa Selic; • A multa não poderia ultrapassar 12% ao ano; Não foram apresentadas contrarrazões pelo órgão fazendário. É o relato suficiente. Fl. 705DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 693. Pressuposto de admissibilidade superado, passo ao exame das questões preliminares ao mérito. Quanto ao argumento da recorrente de que o lançamento não está coberto por MPF; e que o lançamento foi realizado após a expiração do prazo, não lhe assiste razão. De acordo com o disposto no Enunciado n º 25 do CRPS, abaixo transcrito, não há ressalva do tipo de ciência que será conferida ao contribuinte: pessoal, postal com aviso de recebimento ou por edital. Não havendo ressalva do tipo de ciência, não pode o intérprete, no caso esta Câmara, reduzir o alcance de tal dispositivo. Enunciado Nº 25 A notificação do sujeito passivo após o prazo de validade do Mandado de Procedimento Fiscal MPF não acarreta nulidade do lançamento. Conforme previsto no art. 15 do Decreto n ° 3.969/2001, que instituiu o MPF, este se extinguirá pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio; ou pelo decurso dos prazos. A conclusão do procedimento fiscal não pode, considerando o teor do Enunciado n ° 25, ser interpretada como a ciência ao contribuinte, sendo este um requisito de eficácia do lançamento; mas deve ser interpretada como a lavratura do lançamento, pois esta é o requisito de existência do ato. Quando efetivamente encerra um procedimento fiscal, o Auditor Fiscal tem duas possibilidades para cientificar o contribuinte: pessoalmente, ou pelo correio com aviso de recebimento, sem ordem de preferência entre estas. Entretanto, a lavratura do crédito tributário por meio do auto de infração ou da Notificação Fiscal tem que ocorrer em período coberto pelo MPF. Na verdade não é a data do TEAF que determina a invalidade do auto de infração, mesmo porque há casos em que esta é lavrada antes do encerramento da ação fiscal. A lavratura do auto de infração é que determina sua validade em relação ao MPF. O auto de infração foi lavrado em 27 de agosto de 2008, fl. 01; o MPF conferia cobertura fiscal. Os TIAD às fls. 25 a 32, emitidos em fevereiro de 2008, maio de 2008, julho de 2008, agosto de 2008, respectivamente, indicam a continuidade e prorrogação dos trabalhos de fiscalização. Desse modo, não há que se falar em reaquisição da espontaneidade pelo sujeito passivo. Assim havia cobertura para ação fiscal e principalmente para a realização do lançamento. Quanto ao argumento de que o auto de infração deve ser declarada nulo; não lhe confiro razão. O lançamento foi realizado com base em documentação da própria recorrente, conforme relatório fiscal às fls. 35 a 48; o relatório indicou os motivos do lançamento; os fatos geradores estão devidamente descritos às fls. 14 a 17; a forma para se apurar o quantum devido, por competência, encontrase às fls. 04 a 08. Os valores foram Fl. 706DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18050.005450/200824 Acórdão n.º 230201.499 S2C3T2 Fl. 696 5 apurados na GFIP, que são registros elaborados pela própria recorrente. Os fundamentos legais do lançamento estão devidamente descritos às fls. 19 a 22. Os relatórios juntados pela fiscalização favorecem a ampla defesa e o contraditório, possibilitando ao notificado o pleno conhecimento acerca dos motivos que ensejaram o lançamento. Desse modo, não assiste razão à recorrente de que houve omissão na motivação do lançamento. A motivação é simples, e restou cabalmente demonstrada no relatório fiscal às fls. 35 a 48: a empresa remunerou segurados, confessou os valores em GFIP e não recolheu os valores declarados. Conforme dispõe o art. 225, § 1º do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999, abaixo transcrito, os dados informados em GFIP constituem termo de confissão de dívida quando não recolhidos os valores nela declarados. Art.225. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; (...) § 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir seão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento. Desse modo, caso houvesse algum erro cometido pela recorrente na elaboração, tanto das folhas de pagamento, como da GFIP, caberia à notificada a demonstração da fundamentação de seu erro. A notificada teve oportunidade de demonstrar que os valores apurados pela fiscalização, e por ela própria declarados em GFIP ou registrados nas folhas de pagamento não condizem com a realidade na fase de impugnação e agora na fase recursal, mas não o fez. Alegar sem provar é o mesmo que não alegar. Não procede, portanto, o argumento da recorrente de que é inexato o quantum devido. De acordo com os princípios basilares do direito processual, cabe ao autor provar fato constitutivo de seu direito, por sua vez, cabe à parte adversa a prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A fiscalização previdenciária provou a existência do fato gerador, com base nos termos de confissão, GFIP, elaborados pela própria recorrente. Assim, a presente autuação não foi lavrada apenas com base em presunções, a fiscalização demonstrou, por meio de documentos elaborados pela própria recorrente, a veracidade do argumento da existência dos fatos geradores. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 A sociedade empresária alega que pagou os valores devidos; contudo mesmo considerando os recolhimentos efetuados pela autuada, ainda restaram valores devidos para as competências janeiro de 2004 e décimo terceiro de 2004. A recorrente não ataca os fundamentos da decisão de primeira instância, limitase apenas a repetir os argumentos da peça impugnatória. Quanto aos argumentos relativos ao prólabore, os mesmos não guardam pertinência com a presente autuação. In casu, estão sendo cobradas somente as contribuições devidas a outras entidades e fundos que não incidem sobre o pagamento relativo a prólabore. A cobrança das contribuições sociais do salárioeducação é perfeitamente compatível com o ordenamento jurídico vigente. Nesse sentido, é pacífico o entendimento nos tribunais superiores, chegando ao ponto de o STF ter publicado o verbete de Súmula de n ° 732, nestas palavras: SÚMULA Nº 732 É CONSTITUCIONAL A COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DO SALÁRIOEDUCAÇÃO, SEJA SOB A CARTA DE 1969, SEJA SOB A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E NO REGIME DA LEI 9.424/96. A legislação que lastreia a cobrança da contribuição social do Salário educação encontrase discriminada às fls. 19 a 22. A cobrança das contribuições destinadas ao INCRA está prevista em lei, conforme fundamentação legal, estando perfeitamente compatível com o ordenamento jurídico vigente. Quanto às empresas urbanas terem que recolher contribuição destinada ao INCRA, não há óbice normativo para tal exação. Nesse sentido é o entendimento do STF, conforme ementa no Agravo Regimental do Recuso Extraordinário de n ° 211.190, publicado no Diário da Justiça em 29 de novembro de 2002: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA A FINANCIAR O FUNRURAL. VIOLAÇÃO DO PRECEITO INSCRITO NO ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALEGAÇÃO INSUBSISTENTE. A norma do artigo 195, caput, da Constituição Federal, preceitua que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem expender qualquer consideração acerca da exigibilidade de empresa urbana da contribuição social destinada a financiar o FUNRURAL. Precedentes. Agravo regimental não provido. No mesmo sentido é o entendimento da 1ª Seção do STJ no julgamento do Recurso Especial n 977.058 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. ADICIONAL DE 0,2%. NÃO EXTINÇÃO PELAS LEIS 7.787/89, 8.212/91 E 8.213/91. LEGITIMIDADE. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18050.005450/200824 Acórdão n.º 230201.499 S2C3T2 Fl. 697 7 1. A exegese PósPositivista, imposta pelo atual estágio da ciência jurídica, impõe na análise da legislação infraconstitucional o crivo da principiologia da Carta Maior, que lhe revela a denominada “vontade constitucional”, cunhada por Konrad Hesse na justificativa da força normativa da Constituição. 2. Sob esse ângulo, assume relevo a colocação topográfica da matéria constitucional no afã de aferir a que vetor principiológico pertence, para que, observando o princípio maior, a partir dele, transitar pelos princípios específicos, até o alcance da norma infraconstitucional. 3. A Política Agrária encartase na Ordem Econômica (art. 184 da CF/1988) por isso que a exação que lhe custeia tem inequívoca natureza de Contribuição de Intervenção Estatal no Domínio Econômico, coexistente com a Ordem Social, onde se insere a Seguridade Social custeada pela contribuição que lhe ostenta o mesmo nomen juris. 4. A hermenêutica, que fornece os critérios ora eleitos, revela que a contribuição para o Incra e a Contribuição para a Seguridade Social são amazonicamente distintas, e a fortiori , infungíveis para fins de compensação tributária. 5. A natureza tributária das contribuições sobre as quais gravita o thema iudicandum , impõe ao aplicador da lei a obediência aos cânones constitucionais e complementares atinentes ao sistema tributário. 6. O princípio da legalidade, aplicável in casu, indica que não há tributo sem lei que o institua, bem como não há exclusão tributária sem obediência à legalidade (art. 150, I da CF/1988 c.c art. 97 do CTN). 7. A evolução histórica legislativa das contribuições rurais denota que o Funrural (Prorural) fez as vezes da seguridade do homem do campo até o advento da Carta neoliberal de 1988, por isso que, inaugurada a solidariedade genérica entre os mais diversos segmentos da atividade econômica e social, aquela exação restou extinta pela Lei 7.787/89. 8. Diversamente, sob o pálio da interpretação histórica, restou hígida a contribuição para o Incra cujo desígnio em nada se equipara à contribuição securitária social. 9. Consequentemente, resta inequívoca dessa evolução, constante do teor do voto, que: (a) a Lei 7.787/89 só suprimiu a parcela de custeio do Prorural; (b) a Previdência Rural só foi extinta pela Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, com a unificação dos regimes de previdência; (c) entretanto, a parcela de 0,2% (zero vírgula dois por cento) – destinada ao Incra – não foi extinta pela Lei 7.787/89 e tampouco pela Lei 8.213/91, como vinha sendo proclamado pela jurisprudência desta Corte. 10. Sob essa ótica, à míngua de revogação expressa e inconciliável a adoção da revogação tácita por incompatibilidade, porquanto distintas as razões que ditaram as exações sub judice, ressoa inequívoca a conclusão de que resta hígida a contribuição para o Incra. 11. Interpretação que se coaduna não só com a literalidade e a história da exação, como também converge para a aplicação axiológica do Direito no caso concreto, viabilizando as promessas constitucionais pétreas e que distinguem o ideário da nossa nação, qual o de constituir uma sociedade justa e solidária, com erradicação das desigualdadesregionais. 12. Recursos especiais do Incra e do INSS providos. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 Em relação às contribuições destinadas ao Sebrae as mesmas são devidas estando perfeitamente compatíveis com o ordenamento jurídico vigente, não sendo necessária lei complementar para sua instituição. Apenas para ilustrar, segue ementa do entendimento firmado pelo TRF da 4ª Região: Tributário – Contribuição ao Sebrae – Exigibilidade. 1. O adicional destinado ao Sebrae (Lei nº 8.029/90, na redação dada pela Lei nº 8.154/90) constitui simples majoração das alíquotas previstas no DecretoLei nº 2.318/86 (Senai, Senac, Sesi e Sesc), prescindível, portanto, sua instituição por lei complementar. 2. Prevê a Magna Carta tratamento mais favorável às micro e pequenas empresas para que seja promovido o progresso nacional. Para tanto submete à exação pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. 3. Precedente da 1ª Seção desta Corte (EIAC n 2000.04.01.1069909). ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos entre as partes acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 17 de junho de 2003. (TRF 4ª R – 2ª T – Ac. nº 2001.70.07.0020183 – Rel. Dirceu de Almeida Soares – DJ 9.7.2003 – p. 274) Na mesma linha é o pensamento do STJ, conforme ementa do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento de n ° 840946 / RS, publicado no Diário da Justiça em 29 de agosto de 2007: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES AO SESC, AO SEBRAE E AO SENAC RECOLHIDAS PELAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – PRECEDENTES. 1. A jurisprudência renovada e dominante da Primeira Seção e da Primeira e da Segunda Turma desta Corte se pacificou no sentido de reconhecer a legitimidade da cobrança das contribuições sociais do SESC e SENAC para as empresas prestadoras de serviços. 2. Esta Corte tem entendido também que, sendo a contribuição ao SEBRAE mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, devem recolher aquela contribuição todas as empresas que são contribuintes destas. 3. Agravo regimental improvido. Desse modo, não procede o argumento da recorrente de que as contribuições destinadas ao SEBRAE somente podem ser exigidas de microempresas e de empresas de pequeno porte. Nesse sentido é o entendimento pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, conforme julgamento dos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento n ° 518.082, publicado no Diário da Justiça em 17 de junho de 2005, cuja ementa é abaixo transcrita: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS À DECISÃO DO RELATOR: CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18050.005450/200824 Acórdão n.º 230201.499 S2C3T2 Fl. 698 9 CONTRIBUIÇÃO: SEBRAE: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. Lei 8.029, de 12.4.1990, art. 8º, § 3º. Lei 8.154, de 28.12.1990. Lei 10.668, de 14.5.2003. CF, art. 146, III; art. 149; art. 154, I; art. 195, § 4º. I. Embargos de declaração opostos à decisão singular do Relator. Conversão dos embargos em agravo regimental. II. As contribuições do art. 149, CF contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas posto estarem sujeitas à lei complementar do art. 146, III, CF, isso não quer dizer que deverão ser instituídas por lei complementar. A contribuição social do art. 195, § 4º, CF, decorrente de "outras fontes", é que, para a sua instituição, será observada a técnica da competência residual da União: CF, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, § 4º. A contribuição não é imposto. Por isso, não se exige que a lei complementar defina a sua hipótese de incidência, a base imponível e contribuintes: CF, art. 146, III, a. Precedentes: RE 138.284/CE, Ministro Carlos Velloso, RTJ 143/313; RE 146.733/SP, Ministro Moreira Alves, RTJ 143/684. III. A contribuição do SEBRAE Lei 8.029/90, art. 8º, § 3º, redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003 é contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o art. 1º do DL 2.318/86, SESI, SENAI, SESC, SENAC. Não se inclui, portanto, a contribuição do SEBRAE no rol do art. 240, CF. IV. Constitucionalidade da contribuição do SEBRAE. Constitucionalidade, portanto, do § 3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003. V. Embargos de declaração convertidos em agravo regimental. Não provimento desse. São devidas as contribuições destinadas ao Sesc e ao Senac, conforme fundamentação legal às fls. 19 a 22. A cobrança de juros estava prevista em lei específica da Previdência Social, art. 34 da Lei n ° 8.212/1991, abaixo transcrito, desse modo foi correta a aplicação do índice pela fiscalização federal: Art.34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Fl. 711DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n ° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996. (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. Para lançamentos realizados após a entrada em vigor da Medida Provisória nº 449, convertida na Lei n º 11.941, aplicamse os juros moratórios na forma do art. 35 da Lei n º 8.212 com a nova redação. Quanto à inconstitucionalidade apontada pela recorrente, não cabe tal análise na esfera administrativa. Não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional. Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. A alegação de inconstitucionalidade formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. De acordo com a Súmula n ° 2 aprovada pelo Conselho Pleno do 2º Conselho de Contribuintes não pode ser declarada a inconstitucionalidade de norma pela Administração. Súmula N ° 2 O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. No sentido da aplicabilidade da taxa Selic, o Plenário do 2º Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula de n 3, nestas palavras: Súmula N º 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais Fl. 712DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 18050.005450/200824 Acórdão n.º 230201.499 S2C3T2 Fl. 699 11 Não possui natureza de confisco a exigência da multa pelo atraso, tendo previsão expressa no art. 35 da Lei n ° 8.212/1991. Não recolhendo na época própria o contribuinte tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência haveria violação ao principio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com suas obrigações fiscais. É bem verdade que o art. 35 da Lei n º 8.212 foi alterado por meio da Medida Provisória n º 449, tendo, inclusive, sido acrescentado o art. 35A à Lei n º 8.212. Assim, a partir da MP n º 449, convertida na Lei n º 11.941, há que se diferenciar se os valores constaram ou não em lançamento de ofício. Se não houver lançamento de ofício e o contribuinte recolher espontaneamente os valores devidos aplicase a multa prevista no art. 35 da Lei 8.212, caso os valores tenham sido apurados por meio de lançamento de ofício, aplicase o disposto no art. 35A da Lei 8.212. Quanto à alegação de não observação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; da proibição de efeito confiscatório e da capacidade contributiva, teço os seguintes comentários. Não há dúvida da importância dos princípios para o ordenamento jurídico, pois os mesmos são vetores para elaboração dos atos normativos, devendo ser observados pelo Poder Legislativo na elaboração das leis. Portanto são direcionados ao legislador, sendo critérios prélegais, e caso não sejam observados, e seja publicada uma lei com ofensa a princípios constitucionais, cabe análise e censura pelo Poder Judiciário. Entretanto, uma vez sendo publicada a lei, há presunção de constitucionalidade da mesma, e cabe ao Poder Executivo, cumprir e executar as determinações legais, sem que se faça juízo de valoração do ato, sob pena de fragilidade do ordenamento constitucional, e invasão de atribuições entre os Poderes. O Poder Executivo somente utilizará os princípios na hipótese de falta de disposição expressa legal, conforme previsto no art. 108 do CTN; logo se há dispositivo legal, não cabe aplicação direta dos princípios em detrimento do ato legal, sob pena de ofensa ao art. 108 do Codex Tributário. Desse modo, foi correta a aplicação da multa pelo órgão fazendário, não cabendo alteração do lançamento. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário, para no mérito NEGARLHE PROVIMENTO. É o voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 713DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 Fl. 714DF CARF MF Impresso em 15/03/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 13/12/ 2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10183.002024/2006-50
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2001
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO VIA LAUDOS PERICIAIS. ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO.
Tratando-se de área de preservação permanente, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente Laudos Periciais, ainda que apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA intempestivo, impõe-se o reconhecimento de aludidas áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material.
ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA.
Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17-0
da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação, sobretudo quando se constata que fora
requerido anteriormente ao início da ação fiscal.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-001.842
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - ação fiscal (AF) - valoração da terra nua
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1883; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 336 1 335 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10183.002024/200650 Recurso nº 338.808 Especial do Contribuinte Acórdão nº 920201.842 – 2ª Turma Sessão de 26 de outubro de 2011 Matéria ITR Recorrente AGROPECUÁRIA SANTA ROSA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO VIA LAUDOS PERICIAIS. ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de área de preservação permanente, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente Laudos Periciais, ainda que apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA intempestivo, impõese o reconhecimento de aludidas áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17O da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação, sobretudo quando se constata que fora requerido anteriormente ao início da ação fiscal. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres – Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 31/10/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em Exercício), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro Convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório AGROPECUÁRIA SANTA ROSA LTDA., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 16/10/2006, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 2001, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Santa Rosa”, cadastrado na RFB sob o nº 60227494, localizado no município de Barra do Garças/MT, conforme peça inaugural do feito, às fls. 04/09, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então Terceiro Conselho de Contribuintes contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Campo Grande/MS, Acórdão nº 0411.720/2007, às fls. 135/152, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 2ª Câmara, em 10/12/2008, pelo voto de qualidade, achou por bem NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DA CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 30240.046, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR Exercício: 2001 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. É obrigatória a utilização do Ato Declaratório Ambiental ADA para fins de redução no cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural pelo reconhecimento da isenção tributária prevista para as áreas de preservação permanente declaradas pelo contribuinte. VALOR DA TERRA NUA. PROVA Não tendo o contribuinte trazido aos autos prova do valor da terra nua declarado, deve ser considerado o valor consignado nos registros oficiais da administração. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10183.002024/200650 Acórdão n.º 920201.842 CSRFT2 Fl. 337 3 RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.” Irresignada, a contribuinte interpôs Recurso Especial, às fls. 245/262, com arrimo no artigo 7°, inciso II, do então Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, defendendo ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai dos Acórdãos nºs 30333.727, 39333.726, 30334.880, dentre outros, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência argüida. Sustenta que os Acórdãos encimados, ora adotados como paradigmas, divergem do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, independe da requisição tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, sobretudo quando aludidas áreas se encontram lastreadas em Laudo Técnico com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica ART, bem como ADA, ainda que protocolizado intempestivamente, ao contrário do que restou decidido pelo julgado recorrido. Contrapõese ao entendimento da Câmara recorrida, defendendo que as áreas de preservação permanente, conquanto que devidamente comprovadas mediante Laudo Técnico, devem ser excluídas da base de cálculo do Imposto Territorial Rural, mormente quando o laudo em comento não foi objeto de contestação pela autoridade lançadora e/ou julgadora. Infere que a legislação de regência estabelece que o contribuinte não está obrigado a promover a comprovação prévia das áreas declaradas como isentas em sua Declaração de ITR, ou mesmo apresentar ADA tempestivo, conforme se verifica do artigo 10, § 7°, da Lei n° 9.393/1996, na redação dada pela MP n° 2.16667/2001. No entanto, assevera que, mesmo desobrigada, a autuada apresentou Mapas Topográficos e Laudos Técnicos, além dos registros imobiliários, comprovando a existência de referidas áreas. Acrescenta que tratandose de áreas declaradas via Decretos como destinadas ao patrimônio indígena (silvícolas), estando incluídas no Parque Indígena do Xingu, consoante comprovam os documentos trazidos à colação, a própria legislação de regência, mais precisamente a Lei nº 4.771/65, em seu artigo 3o, alínea “g”, § 2º, considera como de preservação permanente, independentemente da requisição do ADA. Elucida, em outras palavras, que a comprovação de que a área objeto da demanda é de preservação permanente decorre da própria lei reguladora. Por fim, repisa os argumentos lançados em sede de recurso voluntário, requerendo o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da contribuinte, sob o argumento Fl. 3DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 4 de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão guerreado divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, a necessidade de requisição tempestiva do ADA para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 220200185/2010, às fls. 323/324. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial da contribuinte, a Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões, às fls. 326/335, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF a divergência suscitada pela contribuinte, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado nos Acórdãos nºs 30333.727, 39333.726, 30334.880, ora adotados como paradigmas, determina que a comprovação da existência das áreas de preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, independe do requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental – ADA, notadamente quando devidamente lastreadas em Laudo Técnico com a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica – ART e ADA, ainda que intempestivo, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Em defesa de sua pretensão, assevera que tratandose de áreas declaradas via Decretos como destinadas ao patrimônio indígena (silvícolas), estando incluídas no Parque Indígena do Xingu, consoante comprovam os documentos trazidos à colação, a própria legislação de regência, mais precisamente a Lei nº 4.771/65, em seu artigo 3o, alínea “g”, § 2º, considera como de preservação permanente, independentemente da requisição do ADA. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a propósito da exigência do Ato Declaratório Ambiental, ou mesmo a protocolização tempestiva de seu requerimento, para fins de não incidência do Imposto Territorial Rural sobre as áreas de preservação permanente. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da contribuinte merece acolhimento, por espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, em consonância com a farta e mansa jurisprudência administrativa, impondo a reforma do Acórdão recorrido com o fito de restabelecer a ordem legal nesse sentido, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: Fl. 4DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10183.002024/200650 Acórdão n.º 920201.842 CSRFT2 Fl. 338 5 “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Como se extrai dos dispositivos legais encimados, em nosso entendimento, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA não é, em si, exclusiva condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas a preservação permanente, ao revés do entendimento da recorrente. Entrementes, afora entendimento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente. Por outro lado, para os exercícios de 2001 em diante, após o advento da Lei no 10.165, de 28/12/2000, que alterou a Lei no 6.938/1981 entende parte dos julgadores deste Colegiado que a protocolização atempado do ADA passou a ser exclusiva exigência legal, para fins de fruição da isenção em comento. Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou Enunciado da Súmula, contemplando o tema nos seguintes termos: Fl. 5DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 6 “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, e na linha do que fora exposto no voto vencido do julgado recorrido, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de preservação permanente decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa da preservação permanente, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Aliás, a jurisprudência Judicial que se ocupou do tema, notadamente após a edição da Lei n° 10.165/2000, corrobora o entendimento encimado, ressaltando, inclusive, que a MP n° 2.166/2001, por ser posterior ao primeiro Diploma Legal, o revogou, fazendo prevalecer, assim, a verdade material. Ou seja, ainda que não apresentado e/ou requerido o ADA no prazo legal, conquanto que o contribuinte comprove a existência das áreas declaradas como de preservação permanente e/ou reserva legal, mediante documentação hábil e idônea, quando intimado para tanto ou mesmo autuado, devese admitilas para fins de apuração do ITR, consoante se extrai dos julgados assim emantados: “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR. LEI N. 9.393/96 E CÓDIGO FLORESTAL (LEI N. 4.771/65). ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP. 2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106 DO CTN. 1. "Ilegítima a exigência prevista na Instrução Normativa SRF 73/2000 quanto à apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA comprovando as áreas de preservação permanente e reserva legal na área total como condição para dedução da base de cálculo do Imposto Territorial Rural ITR, tendo em vista que a previsão legal não a exige para todas as áreas em questão, mas, tãosomente, para aquelas relacionadas no art. 3º, do Código Florestal" (AMS 2005.35.000112067/GO, Rel. Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso, DJ de 10.05.2007). 2. A Lei n. 10.165/00 inseriu o art. 17O na Lei n. 6.938/81, exigindo para fins de exclusão das áreas de preservação Fl. 6DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10183.002024/200650 Acórdão n.º 920201.842 CSRFT2 Fl. 339 7 permanente e de reserva legal da área tributável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA). 3. Consoante a jurisprudência do STJ, a MP 2.16667/2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art. 106 do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior, dispensando a apresentação prévia do Ato Declaratório Ambiental no termos do art. 17O da Lei n. 6.938/81, com a redação dada pela Lei n. 10.165/00. 4. Apelação provida.” (8ª Turma do TRF da 1ª Região AMS 2005.36.00.0087250/MT eDJF1 p.334 de 20/11/2009) “EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREAS DE RESERVA LEGAL. APRESENTAÇÃO ADA. AVERBAÇÃO MATRÍCULA. DESNECESSIDADE. ÁREAS DE PASTAGENS. DIAT DOCUMENTO DE INFORMAÇÃO E APURAÇÃO. DEMOSTRAÇÃO DE EQUÍVICO. ÔNUS DO FISCO. 1. Não se faz mais necessária a apresentação do ADA para a configuração de áreas de reserva legal e consequente exclusão do ITR incidente sobre tais áreas, a teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96 (redação da MP 2.16667/01). Tal regra, por ter cunho interpretativo (art. 106, I, CTN), retroage para beneficiar os contribuintes. 2. A isenção decorrente do reconhecimento da área não tributável pelo ITR não fica condicionada à averbação, a qual possui tão somente o condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo caráter constitutivo. 3. A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo art. 16 da Lei nº 4.771/65. 4. Cabe ao Fisco demonstrar que houve equívoco no DIAT Documento de Informação e Apuração do ITR, passível de fundamentar o lançamento do débito de ofício, de conformidade com o art. 14, caput, da Lei nº 9.393/96, o que não restou evidenciado na hipótese dos autos. 5. Apelação e remessa oficial desprovidas.” (2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.70.00.0062742/PR 28 de junho de 2011) Como se observa, em face da legislação posterior (MP n° 2.166/2001) mais benéfica, dispensando o contribuinte de comprovação prévia das áreas declaradas em sua DITR, não se pode exigir a apresentação e/ou requisição do ADA para fins do benefício fiscal em epígrafe, mormente em homenagem ao princípio da retroatividade benigna da referida norma, em detrimento a alteração introduzida anteriormente pela Lei n° 10.165/2000. Ademais, com esteio no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 8 Na esteira desse raciocínio, afora a exigência de apresentação do ADA contemplada pela legislação vigente à época do fato gerador do tributo em debate, o mesmo entendimento levado a efeito na área de reserva legal deve ser adotado para a preservação permanente, sobretudo em face do disposto no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, a qual estabelece que a isenção em epígrafe sobre aludidas áreas, independe de prévia comprovação (requisição atempada do ADA), bastando que o contribuinte a declare como tal na DITR, ficando sujeito ao pagamento do imposto devidamente corrigido na hipótese de falsidade na informação. Melhor elucidando, o que torna ainda mais digno de realce, e que fora determinante para os demais Conselheiros que acompanharam o presente voto pelas conclusões, em vista deste evidente conflito entre as normas que regulamentam a matéria, impõese privilegiar a verdade real, ou seja, a comprovação material da área declarada pelo contribuinte como de preservação permanente, o que se constata na hipótese dos autos, como se verifica do Laudo Técnico delimitando precisamente referidas áreas, às fls. 195/200, bem como o próprio ADA, ainda que intempestivo, de fl. 174, afastando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento eleito pela autuada. Nesse sentido, constatase que os Laudos Técnicos apresentados pelo contribuinte e, especialmente, o ADA, mesmo formalizado fora do prazo, se prestam a comprovar a existência da área de preservação permanente, rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda Nacional, mormente em homenagem ao princípio da verdade material. Mais a mais, a jurisprudência deste Colegiado vem firmando o entendimento de que, após a alteração introduzida pela Lei n° 10.165/2000, em que pese à legislação de regência impor a existência do ADA, para fins de fruição do benefício fiscal em comento, em momento algum se reportou ao prazo para tanto. Neste sentido, vários são os julgados que vem acolhendo a pretensão do contribuinte, reconhecendo a isenção de tais áreas, ainda que apresentado ADA intempestivo, como se vislumbra na hipótese dos autos. A corroborar este entendimento, ressaltase que a Instrução Normativa SRF n° 659, de 11/07/2006, não faz qualquer referência a prazo para requisição do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, somente exigindo a apresentação de referido documento, ao contrário do estipulado nas Instruções Normativas SRF nºs 43/1997 e 67/1997, as quais prescreviam o prazo de 06 (Seis) meses, contados da data da entrega da DITR, para protocolização do requerimento do ADA. Assim, inobstante Instruções Normativas não vincularem este Órgão, tratandose de legislação mais recente impõese a sua observância, inclusive para fatos geradores pretéritos, com arrimo no artigo 106 do Códex Tributário, reforçando a tese em favor do contribuinte, que apresentou ADA, às fls. 174, contemplando as áreas objeto da demanda, ainda que intempestivamente, datado de 11/05/2007. Não bastasse isso, como muito bem asseverado pela contribuinte, a própria legislação de regência, mais precisamente o artigo 3o, alínea “g”, § 2º, da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), considera como área de preservação permanente aquelas que integram o Patrimônio Indígena, declaradas por ato do Poder Público, como aqui se vislumbra, senão vejamos: Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: Fl. 8DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 10183.002024/200650 Acórdão n.º 920201.842 CSRFT2 Fl. 340 9 [...] g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; [...] § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.” Dessa forma, tratandose de área de preservação permanente, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea trazida à colação pela contribuinte, ainda que apresentado o ADA intempestivo, impõese o restabelecimento de tais áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito da fruição da isenção em comento, sob pena se fazer prevalecer o formalismo em detrimento do princípio da verdade material. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE E DARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 9DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 04/11/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 08/11/2011 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES
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Numero do processo: 13840.000429/2004-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS M1CROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES
Exercício: 2004
SOLICITAÇÃO DE REVISÃO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. DESPACHO DECISÓRIO. ARGUIÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O Despacho Decisório proferido após análise da Solicitação de Revisão de Exclusão do Simples constitui revisão do Ato Declaratório de exclusão do Simples, feito pela mesma Autoridade Administrativa da qual emanou esse ato. Desta forma, não se constitui em instancia de julgamento de litígio fiscal nem em desrespeito as regras do processo administrativo fiscal. 0 julgamento administrativo se dá nas DRJ, em primeira instância, e no CARF, em segunda instância.
PRAZO PARA PROFERIR DECISÃO. DESCUMPRIMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O art. 24 da Lei n° 11.457/2007 instituiu meta a ser perseguida pelo julgador, em conformidade com o principio constitucional da razoável duração do processo. Entretanto, o descumprimento dessa meta, diante da falta de previsão de sanção legal e especialmente após o veto presidencial aos parágrafos do dispositivo, não inquina de nulidade a decisão proferida após o prazo previsto na norma, viabilizado pelos recursos disponíveis.
CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF n° 2.
SIMPLES. LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do Simples, aos fatos ocorridos nos aros-calendário 2002 e 2003 aplica-se a Lei n° 9.317/1996, então vigente. Descabe a pretensão de aplicar retroativamente dispositivos da Lei Complementar n° 123/2006.
Numero da decisão: 1301-000.733
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS M1CROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Exercício: 2004 SOLICITAÇÃO DE REVISÃO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. DESPACHO DECISÓRIO. ARGUIÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O Despacho Decisório proferido após análise da Solicitação de Revisão de Exclusão do Simples constitui revisão do Ato Declaratório de exclusão do Simples, feito pela mesma Autoridade Administrativa da qual emanou esse ato. Desta forma, não se constitui em instancia de julgamento de litígio fiscal nem em desrespeito as regras do processo administrativo fiscal. 0 julgamento administrativo se dá nas DRJ, em primeira instância, e no CARF, em segunda instância. PRAZO PARA PROFERIR DECISÃO. DESCUMPRIMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O art. 24 da Lei n° 11.457/2007 instituiu meta a ser perseguida pelo julgador, em conformidade com o principio constitucional da razoável duração do processo. Entretanto, o descumprimento dessa meta, diante da falta de previsão de sanção legal e especialmente após o veto presidencial aos parágrafos do dispositivo, não inquina de nulidade a decisão proferida após o prazo previsto na norma, viabilizado pelos recursos disponíveis. CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF n° 2. SIMPLES. LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. . digoalmente em 2510.2011 ;,:or VfLDR VELIGA, R3U A. A ,.,so t:rn 2(.'d I :‘,!'20''. p df= ROCHA, Assmaoo dIgita!mpnie em 08/11/2011 por Al RER i O l';N JO SOUZA JUNIOR J;;; ii;'01 1pei() Mmts!Atio C13 irazocie ..= Di CARE' Mr Processo n° 13840.000429/2004-99 Acórdão n.° 1301 -00.733 FL 242 S1-C3T1 Fl. 242 No âmbito do Simples, aos fatos ocorridos nos aros-calendário 2002 e 2003 aplica-se a Lei n° 9.317/1996, então vigente. Descabe a pretensão de aplicar retroativamente dispositivos da Lei Complementar n° 123/2006. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Digite em caixa baixa o nome dos conselheiros presentes à sessão. Relatório MONTREL CONTROLES ELETRÔNICOS LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 14-32.439, de 08/02/2011, da 6a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valho-me do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Trata o presente processo de exclusão da contribuinte acima identificada do Sistema Integrado de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES (Federal), com efeitos a partir de 01/01/2003, conforme Ato Declaratório Executivo (ADE) da DROCampinas -SP n° 565.173 (fl. 45), tendo em vista a seguinte irregularidade: • Sócio ou titular (CPF 516.931.436-15) participa de outra empresa com mais de 10% do capital (CNPJ 72.686.223/0001-65) e a Receita Bruta Global no ano calendário de 2002, ultrapassa o limite legal" Baseou-se o ADE na Lei n° 9.317, de 1996, art. 9 0, IX; 12, 14, I, 15, II; Instrução Normativa (IN) SRF n°355, de 2003, art. 20 IX, 23, I, 24, II c/c parágrafo Ciente do ADE a contribuinte ingressou com Solicitação de Revisão da Exclusão do Simples (fl. 01), de cuja análise foi proferido o Despacho Decisório da Assiciodo VVILLk \/E!GA NOC.:1 - 1A. AF,slilado ei 25! 10/2 ..)11 mente o 08111i201 -, ocq P! 'TC SOU7A Fazc-lea 2 DI CAR!' \41 7 IT 243 Processo n° 13840.000429/2004-99 Sl-C31'1 Acórdão n.° 1301-00.733 Fl. 243 Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira-Sp (fls. 169/170), indeferindo o pleito da contribuinte de manter-se no Simples. Consta do referido Despacho Decisório, que não foi acolhida a revisão de exclusão do Simples, pelos mesmos motivos contidos no ADE, por restarem comprovados nos autos, as circunstâncias impeditivas A permanência no Simples, ou seja: "sócio ou titular participa de outra empresa com mais de 10% do capital e Receita Bruta Global no ano calendário de 2002, ultrapassa o limite legal". Ciente daquela decisão, a contribuinte ingressou com manifestação de inconformidade As fls. 173/179, mediante a qual a refuta, em suma, sob os seguintes argumentos: • Nulidade do despacho decisório que manteve a exclusão, tendo em vista que o inciso I, do artigo 25 do Decreto n° 70.235, de 1972, já com as modificações introduzidas pelas Leis n's. 8.748/93 e 11.457/2007, determinou delegação de competência exclusiva As DRJ para o julgamento de processo em primeira instância. A falta da devida competência para prolatar o indigitado despacho decisório o torna nulo de pleno direito, consoante disciplina o art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972. • Patente a nulidade do Despacho Decisório, espera a Recorrente que seja acolhida pela DRJ sua nulidade aplicando-lhe os efeitos de direito para cancelar o Ato Declaratório, em razão do vicio processual instalado. • Inobstante a nulidade decisória demonstrada, ocorreu ainda preclusão do direito da Receita Federal para constituir a exigência de crédito tributário, no caso, em decorrência do Ato Declaratório de Exclusão do Simples (ADE), por absoluto descumprimento do prazo de 360 dias para proferir decisão administrativa, consoante fixado na Lei n° 11.457, de 2007, conforme disposto no art. 24. Com efeito, a decisão monocrática que não observou a norma em relação ao prazo para decidir, ressente-se de vicio insanável incorrendo, assim, na sua nulidade. Assim é nula a determinação da manutenção da exclusão do Simples. • Conforme evidenciado na SRS a recorrente comprovou tratar-se de erro plenamente escusável na forma que dispõe o art. 172 do Código Tributário Nacional (CTN) por desconhecer que o sócio minoritário, admitido na sociedade apenas para prestar responsabilidade técnica, possuía participação no capital social de outra empresa. Tão logo tomou conhecimento do fato, por meio do Ato Declaratório de Exclusão, no momento do protocolo da SRS, já havia retirado aquele sócio do quadro societário, conforme fez prova, por meio da competente alteração contratual carreada A estes autos. Isto, por si só, comprova que a contribuinte cometeu erro de fato plenamente escusável, na forma do que dispõe o art. 172,11 do CTN. • Das disposições mencionadas constata-se que a Autuada se vê albergada no direito de ver cancelado o ADE por essa DRJ, urna vez presentes os requisitos para a admissibilidade de tal direito. , , olootfo3do=1!:Valmente em 2:I012011 nor '‘,'"A',.L:FrZ VL1GA ROC:A o d c) 2011u/20;1 p r • YVAt± IR RUCHA Assmado diza' ■ -neole cm (T11112:11'. Ai 0 (112 0 ::0:17/\ oUNiOR' em 09111/2011 pelo Mns0om aa 0a2er! ,:in Dl CAR!' MI. Processo n" 13840.000429/2004-99 Acórdão n." 1301-00.733 Fl. 244 SI-C3TI Fl. 244 • 0 Ato Declaratório emitido em 02/08/2004, determinou a exclusão do Simples a partir de 01/01/2003, o que desrespeita o principio constitucional da anterioridade. • Nas disposições contidas na Lei Compl mentar (LC) n° 123, de 2006, com a redação dada pela LC n° 127 de 2007, no art. 31, III, alínea b determina que os efeitos da exclusão, nas hipóteses do inciso III, do art. 30, terão efeito somente a partir de 1° de janeiro do ano calendário subseqüente. Portanto, mais uma razão para ver anulado o ADE. A 6a Turma da DRJ em Ribeirao Preto/SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão no 14-32.439, de 08/02/2011 (fls. 181/186), considerou-a improcedente com a seguinte ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — Simples Ano-calendário: 2003 NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. Incabível aplicar a nulidade prevista no art. 59 do Decreto 70.235, de 1972 ao ato administrativo lavrado por pessoa competente, que contém a descrição do fato excludente e as normas as quais este se subsome, não configurando o cerceamento do direito de defesa. EXCLUSÃO. SÓCIO COM MAIS DE 10% DE PARTICIPAÇÃO EM OUTRA PESSOA JURÍDICA COM RECEITA BRUTA GLOBAL SUPERIOR AO LIMITE ESTABELECIDO. A pessoa jurídica cujo sócio detém mais de 10% de participação em outra pessoa jurídica e a Receita Bruta Global ultrapassa o limite estabelecido no art. 9°, IX da Lei n°9.317, de 1996, deve ser excluída do Simples. EFEITOS DA EXCLUSÃO No caso de exclusão com base no art. 90, IX da Lei n° 9.317, de 1996, os efeitos desta dar-se-do a partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente, conforme IJrevê o art. 15, II dessa lei. Ciente da decisão de primeira instância em 03/03/2011, conforme Aviso de Recebimento A fl. 187v, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 17/03/2011 conforme carimbo de recepção A folha 188. No recurso interposto (fls. 188/193), a recorrente insiste, com as mesmas palavras, nos seguintes argumentos: • Nulidade do despacho decisório que manteve a exclusão, tendo em vista que o inciso 1, do artigo 25 do Decreto n° 70.235, de 1972, já com as modificações introduzidas pelas Leis n's. 8.748/93 e 11.457/2007, determinou delegação de competência exclusiva As DRJ para o julgamento de processo em primeira instância. A falta da devida 25'102P1 1 por WALDIR VEICA 2'71://231 p / ,3800.:do dipitahr=e -Ae en; CC! I 1 12C 1 1 r /'‘, ',tEk SOL:t7:= isiiirttstet:t-) da Fazencia DF CAR! MI; H. 245 Processo n° 13840.000429/2004-99 SI-C3T1 Acórdão n.° 1301-00.733 FL 245 competência para prolatar o indigitado despacho decisório o torna nulo de pleno direito, consoante disciplina o art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972. Patente a nulidade do Despacho Decisório, espera a Recorrente que seja acolhida sua nulidade aplicando-lhe os efeitos de direito para cancelar o Ato Declaratório, em razão do vicio processual instalado. • Inobstante a nulidade decisória demonstrada, ocorreu ainda preclusão do direito da Receita Federal para constituir a exigência de crédito tributário, no caso, em decorrência do Ato Declaratório de Exclusão do Simples (ADE), por absoluto descumprimento do prazo de 360 dias para proferir decisão administrativa, consoante fixado na Lei n° 11.457, de 2007, conforme disposto no art. 24. Com efeito, a decisão monocrática que não observou a norma em relação ao prazo para decidir, ressente-se de vicio insanável incorrendo, assim, na sua nulidade. Assim é nula a determinação da manutenção da exclusão do Simples. • 0 Ato Declaratório emitido em 02/08/2004, determinou a exclusão do Simples a partir de 01/01/2003, o que desrespeita o principio constitucional da anterioridade. • Nas disposições contidas na Lei Complementar (LC) n° 123, de 2006, com a redação dada pela LC n° 127 de 2007, no art. 31, III, alínea b determina que os efeitos da exclusão, nas hipóteses do inciso III, do art. 30, terão efeito somente a partir de 1° de janeiro do ano calendário subseqüente. Portanto, mais uma razão para ver anulado o ADE. o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator 0 recurso é tempestivo e dele conheço. Inicialmente, cumpre apreciar a argüição de nulidade do Despacho Decisório de fls. 169/170. Segundo a recorrente, tal despacho seria nulo, por incompetência da autoridade que o proferiu. Da mesma forma que já foi feito em primeira instância, é de se esclarecer que a solicitação de revisão da exclusão do simples dá azo a nova manifestação da Autoridade Administrativa, revisando seu próprio ato (no caso, o Ato Declaratório Executivo DRF/CPS n° 565.173, fl. 45), emitido eletronicamente, mediante o qual o contribuinte foi excluído do Simples. A revisão do ato eletrônico é feita individualizadamente, e resulta em despacho decisório mediante o qual a Autoridade Administrativa pode declarar seu próprio ato insubsistente, se assim entender, ou mantê-lo, como foi o caso sob análise. Mantido o ato, se ainda assim o contribuinte com ele não se conformar, lhe é facultada a manifestação de inconformidade dirigida A. Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, instaurando, desta forma, o litígio, a ser julgado em primeira instância por aquele órgão. Ainda, é garantido ao contribuinte o direito a recurso, a ser apreciado em ,og o;;Henik, on 25510/2011 y) VVALEY'R R.00HA. Assi:a:13 Os em '2.110/20 i 1 p , k VS GA RC:Cf-11;, Ássmado do , ta!mele em 02j111201 I pp! J"\. H:RTO Pit.TrO jtkilf.Y": mu;do Í3 ■ 1 , 09/11/n -11 1)e:0 Mmtstf - io si Faz,-,nc'a 1)I CARI - MF H.246 Processo if 13840.000429/2004-99 SI -C3TI Acórdão n.° 1301-00.733 Fl. 246 segunda instância por este CARF, tudo em conformidade com a legislação de regência do Simples e do processo administrativo fiscal. De se observar que, ainda que por hipótese se pudesse admitir que a revisão de seu próprio ato pela autoridade emitente pudesse consistir em uma instância de julgamento administrativo, isso de nenhuma forma prejudicaria o direito da inte essada à ampla defesa e ao contraditório, visto que, nesse caso, lhe seriam garantidas três e não duas) instâncias de apreciação de suas reclamações. A seguir, a interessada protesta pela "preclusdo do direito da Receita Federal do Brasil para constituir a exigência de crédito tributário, neste eds.°, em decorrência do não julgamento da impugnação do Ato Declaratório de Exclusão do Simples, dentro do prazo legal de 360 (trezentos e sessenta) dias, para proferir decisão administrativa, consoante fixado na Lei n° 11.457, de 2007, confOrme disposto no art. 24". Diante disso, a decisão incorreria em vicio insanável, a acarretar sua nulidade. Eis o dispositivo legal da Lei n° 11.457/2007 em comento: Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Também aqui não assiste razão A. recorrente. Esse dispositivo se alinha com o principio da razoável duração do processo, em conformidade com o inciso LXXVIII 1 do art. 5° da Constituição Federal de 1998, incluído pela Emenda Constitucional n° 45/2004. Deve-se observar que a norma em questão é tipicamente secundária, de caráter instrumental, assim entendidas a4uelas que dizem respeito estrutura e funcionamento dos órgãos, à disciplina de processos técnicos 2 . Trata-se de meta a ser perseguida pela Administração. Ressalte-se, ainda, que sua redado não institui sanção pelo descumprimento de seu comando, naquilo que a doutrina classifica como norma imperfeita ou leges impeifectae 3 . Descabe, portanto, inferir a nulidade do ato como sanção, como pretende a recorrente, o que resta reforçado pela mensagem de veto presidencial aos parágrafos do art. 24, a seguir reproduzida: MENSAGEM N° 140, DE 16 DE MARÇO DE 2007 (DOU de 19/03/2007) [...] Os Ministérios da Fazenda e da Justiça propuseram, ainda, veto ao seguinte dispositivo: 4 ,* 1 ° e 2° do art. 24 "Art. 24. I LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a raoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004) 2 POLETTI, Ronaldo. Introdução ao Direito. 3' ed. rev. - Sao Paulo : Saraiva, 1996, p.186. 3 Em rigor são leis apenas formalmente, porque na verdade nao incluem elemento essencial do jurídico. MACHADO NETO, A. L. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 6' eclição. São Paulo : Saraiva. 1988, p.145. 0120; pc; WALDiR VL1GA ROCHA. 1 si0o nn0e eu 25/10/2011 p •.%; •; .• 1 ;(,,ii '( ;gitalm3nle cm 0811112011 p;_.); ALEE -J;;- 1) i'NTO 1/LIOLA 11/011 O • 1)1- CARF Mt. H. 247 Processo n° 13840.000429/2004-99 SI -C3T1 Acórdão n.° 1301-00.733 Fl. 247 § 1 2 0 prazo do caput deste artigo poderá ser prorrogado urna única vez, desde que motivadamente, pelo prazo máximo de 180 (cento oitenta) dias, por despacho fundamentado no qual seja, pormenorizadamente, analisada a situação especifica do contribuinte e, motivadamente, § 22 Haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 (cento e vinte) dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte." Razões do veto "Corno se sabe, vigora no Brasil o principio da unidade de jurisdição previsto no art. 52, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observa-se que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, deve-se lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das conseqüências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários a adequada apreciação da matéria." Dessa linha de raciocínio não discrepa a jurisprudência administrativa, como se pode verificar no acórdão a seguir transcrito: PRECLUSÃO DO DEVER DE JULGAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO. 0 art. 24 da Lei n° 11.457, de 2007 instituiu meta a ser perseguida pelo julgador, materializada no julgamento do processo em prazo alinhado com o principio da celeridade, alçado à condição de garantia individual pela Emenda Constitucional n° 45. Entretanto, o deseumpriniento dessa meia, máxime após o Veto Presidencial aos parágrafos do dispositivo novel não limita o dever de julgar o processo no prazo viabilizado pelos recursos disponíveis. (Ac. 3102-00.671, de 25/05/2010, Rel. Cons. Luis Marcelo Guerra de Castro) A seguir, a recorrente argumenta que o Ato Declaratório emitido em 02/08/2004 teria determinado a exclusão do Simples a partir de 01/01/2003, em desrespeito ao principio constitucional da anterioridade. it ,-.:1! ■ 1;ddo digo;-11mole ern 25/1();2011 pc WA:DIR YE 1/A RC(F)A. .2011 p l vHA R0(;HA, Asnaoc: di!Aalme:nie em 08 1 I /2011 our ALBERTC);71NIC) SOUZA JUNIOR 12 1111 rwlo Mi eleiio dc ;a7ertja DI CA lt :111' Processo n° 13840.000429/2004-99 Acórdao n.° 1301-00.733 H. 248 SI-C3T1 Fl. 248 Acerca do desrespeito a princípios constitucionais deve ser trazida à colação a súmula n° 2 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de aplicação obrigatória por este Colegiado: Simula CARF n° 2: 0 CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ainda sobre a matéria, cabível, por amor à clareza, a reprodução parcial dos arts. 9°, 12, 13, 14e 15 da Lei n°9.317/1996: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: IX - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa, desde que a reCeita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso H do art. 2°; Art. 12. A exclusão do SIMPLES será feita mediante comunicação pela pessoa jurídica ou de oficio. Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurídica dar-se-6: - obrigatoriamente, quando: a) incorrer em qualquer das situações exclzidentes constantes do art. 9°; Art. 14. A exclusão dar-se-á de oficio quando a pess a jurídica incorrer em quaisquer das seguintes hipóteses: I - exclusão obrigatória, nas formas do inciso lIe ssç 2° do artigo anterior, quando não realizada por comunicação da pessoa jurídica Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de qu arts. 13 e 14 surtirá efeito: tratam os II - a partir do mês subseqfiente ao em que incorrida excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III art. 9'; a situação a XVIII do Desde que a situação excludente, prevista no inciso IX do art. 9°, ocorreu em 31/12/2002, correta a exclusão a partir do mês subsequente, ou seja, janeiro de 2003. E de se observar que o Ato Declaratório questionado seguiu rigorosamente as disposições legais VVALDtFt VEiCtiA ftila! 25/1U (21) /201'1 At trO t'AY,Itt?"\ titirktiOR 8 . DI: ('\j: H. 249 Processo n° 13840.000429/2004-99 SI-C3T1 Acórdão n.° 1301-00.733 Fl. 249 pertinentes e que constam de seu enquadramento legal, não se acatando quaisquer questionamentos sobre isso. Finalmente, não se há de acolher o pedido da recorrente de aplicabilidade de disposições da Lei Complementar n° 123/2006. E que, por ocasião dos fatos aqui discutidos, se encontrava em plena vigência a Lei n° 9.317/1996, a qual somente veio a ser revogada a partir de 1° de julho de 2007, pelo art. 89 da Lei Complementar n° 123/2006. Ainda, a mesma Lei Complementar n° 123/2006, em seu art. 88, fixa expressamente que "Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, ressalvado o regime de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte, que entra em vigor em 1' de julho de 2007'. Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Aute!wcado digitalmente em 2500,20'. 1 por VVAIX 2/2011 p o WALHiR VEIGA ROCHA. Msinado dq mooe cm OM 1/2011 por ALBET:TO PIN ro F-0)ZA JUNIOR 0001/20 1 1 pelo MimstéNo da Falenda
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Numero do processo: 10073.001079/2002-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS – PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO PARA RECORRER. Nos termos do artigo 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 (trinta) dias o prazo para interpor recurso voluntário. Interposto fora do trintídio legal, o recurso é intempestivo.
Numero da decisão: 1102-000.644
Decisão: ACORDAM os Membros da 1ª CÂMARA / 2ª TURMA ORDINÁRIA do PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, nos termos do voto da relatora.
Matéria: DCTF - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada(TODOS)
Nome do relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro
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PRAZO PARA RECORRER. Nos termos do artigo 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 (trinta) dias o prazo para interpor recurso voluntário. Interposto fora do trintídio legal, o recurso é intempestivo. ACORDAM os Membros da 1ª CÂMARA / 2ª TURMA ORDINÁRIA do PRIMEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso,nos termos do voto da relatora. Assinado digitalmente. IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Presidente e Relatora EDITADO EM: 23/01/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Leonardo de Andrade Couto, Maria Elisa Bruzzi Boechat (suplente convocada) Gilberto Batista (Suplente Convocado) Antônio Carlos Guidoni Filho (Vice Presidente). Relatório Fl. 459DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 10073.001079/200266 Acórdão n.º 110200.644 S1C1T2 Fl. 460 2 Tratase de recurso contra decisão que manteve a exigência decorrente do auto de infração n o.0001052, de 13/06/2002,fls.05/08, referente à falta de recolhimento da CSLL , detectada a partir de auditoria interna na.DCTF do 4o. trimestre de 1997. Na impugnação de fls.01/02, em síntese, a Contribuinte alega ter vinculado o saldo negativo da Contribuição Social Sobre o Lucro apurado no encerramento do ano calendário de 1996, ao valor lançado por meio do auto de infração (fls. 01/02). Para respaldo desses argumentos juntou cópia do razão (fls. 17/18) e da Ficha 09 da declaração de rendimentos da pessoa jurídica do exercício 1998, anocalendário 1997 (fls. 19). Acórdão 1223.073, de 29/02/2009, fls.85/87, julga procedente o lançamento e está assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1997 ESTIMATIVA. PAGAMENTO. BALANÇO OU BALANCETE DE SUSPENSÃO. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual poderá suspender ou complementar o recolhimento do valor devido a título de estimativa mensal da CSLL, desde que demonstre que os valores pagos até a data do levantamento do balanço de suspensão ou redução foram iguais ou superiores ao valor devido apurado com base no referido balanço levantado no mês calendário. Lançamento Procedente Ciente em 08/06/2009, conforme fls.97, o responsável legal interpõe o recurso voluntário às fls. 98/100, em 09/07/2009, onde repisa os argumentos expendidos na inicial e , para dar cumprimento ao artigo 35 da Lei 8981/1995, diz instrui o processo com as cópias do LALUR referentes aos anos de 1996 e 1997. Requer a prova pericial no Livro Diário e nos documentos que o suportam, ante a dificuldade de sua juntada aos autos Também pede: “ a produção de outros meios de provas, inclusive, se necessário a apresentação dos originais e dos próprios livros perante a fiscalização para demonstrar a licitude da ação questionada no Auto de Infração.” Despacho de fls.440 informa a intempestividade na interposição do recurso e encaminha os autos para julgamento. Estes formam encaminhados à 3a. Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e através do acórdão 3803.000.937, de 28/10/2010, declinou da competência de julgamento, em razão da matéria, nos termos do art. 2º, do anexo II, do Regimento Interno do CARF, veiculado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009. Por sorteio, recebo o processo. É o relatório. Fl. 460DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 10073.001079/200266 Acórdão n.º 110200.644 S1C1T2 Fl. 461 3 Voto Começo pela análise da tempestividade do recurso voluntário. Com efeito, como se vê do AR inserto às fls. 97, a ciência do acórdão de primeiro grau ocorreu em 08/06/2009. Nestas condições, a contagem do prazo recursal se iniciou em 09.06.2009, uma terçafeira, terminando em 08/07/.2009, quarta feira. Determina o Decreto 70235/1972, no artigo 33, o seguinte: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Ainda, em relação à forma de contagem dos prazos determina o artigo 5o.do Decreto 70235/1972, a forma como esta se realizará, nos termos seguintes: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. No caso dos autos, o prazo terminou na quarta feira, dia 08 de julho de 2009. Contudo, como se vê das fls.97, a data do protocolo do recurso é o dia 09 de julho de 2009, ou seja, após esgotado o prazo recursal, restando, portanto, intempestivo. O artigo 35 do Decreto 70235/1972 determina: Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção. Nessa conformidade , não conheço do recurso voluntário,por perempto. Assinado digitalmente. Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Fl. 461DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Processo nº 10073.001079/200266 Acórdão n.º 110200.644 S1C1T2 Fl. 462 4 Fl. 462DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/04/2012 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO
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Numero do processo: 10935.004542/2004-04
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jul 04 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Jul 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO
PELA TAXA SELIC.
Período de apuração: 01/09/2001 a 31/12/2001
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 9.363/96. AQUISIÇÕES A NÃO
CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. PESSOAS FÍSICAS.
Os insumos, matérias-primas e material de embalagem, consumidos no processo produtivo de produto exportado, e que tenham, em qualquer fase de suas comercializações, sofrido a incidência de PIS e/ou COFINS, incluem-se na base de cálculo do crédito presumido do IPI.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC
No ressarcimento e na compensação de crédito presumido de IPI aplica-se a taxa SELIC desde o protocolo do pedido. (aplicação do art. 62-A do RICC).
O dies a quo para aplicação da Taxa selic é o da data do protocolo do pedido de ressarcimento ou restituição.
Recurso do Contribuinte Provido
Numero da decisão: 9303-001.517
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso especial.
Matéria: IPI- processos NT - ressarc/restituição/bnf_fiscal(ex.:taxi)
Nome do relator: Judith do Amaral Marcondes Armando
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ementa_s : RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. Período de apuração: 01/09/2001 a 31/12/2001 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 9.363/96. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. PESSOAS FÍSICAS. Os insumos, matérias-primas e material de embalagem, consumidos no processo produtivo de produto exportado, e que tenham, em qualquer fase de suas comercializações, sofrido a incidência de PIS e/ou COFINS, incluem-se na base de cálculo do crédito presumido do IPI. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC No ressarcimento e na compensação de crédito presumido de IPI aplica-se a taxa SELIC desde o protocolo do pedido. (aplicação do art. 62-A do RICC). O dies a quo para aplicação da Taxa selic é o da data do protocolo do pedido de ressarcimento ou restituição. Recurso do Contribuinte Provido
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ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. Período de apuração: 01/09/2001 a 31/12/2001 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 9.363/96. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. PESSOAS FÍSICAS. Os insumos, matériasprimas e material de embalagem, consumidos no processo produtivo de produto exportado, e que tenham, em qualquer fase de suas comercializações, sofrido a incidência de PIS e/ou COFINS, incluemse na base de cálculo do crédito presumido do IPI. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC No ressarcimento e na compensação de crédito presumido de IPI aplicase a taxa SELIC desde o protocolo do pedido. (aplicação do art. 62A do RICC). O dies a quo para aplicação da Taxa selic é o da data do protocolo do pedido de ressarcimento ou restituição. Recurso do Contribuinte Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Fl. 422DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 2 Judith do Amaral Marcondes Armando Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Júlio César Alves Ramos, Marcos Tranchesi Ortiz, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Por bem descrever os fatos adoto o Relatório do acórdão recorrido: Tratase de Recurso Voluntário contra Acórdão da 28 Turma da DRJ, que mantendo decisão do órgão de origem indeferiu, parcialmente, Pedido Eletrônico de Ressarcimento do Crédito Presumido do IPI instituído pela Lei n° 9.363/96, relativo ao 4° trimestre de 2001. A parte em litígio correspondente à exclusão, no cálculo do incentivo, dos insumos adquiridos de pessoas físicas e de cooperativas, e à não aplicação da taxa Selic sobre o valor parcialmente deferido. A peça recursal, tempestiva, refuta a decisão recorrida e defende o direito ao Crédito Presumido sobre as matériasprimas adquiridas de pessoas físicas, bem como à incidência da taxa Selic sobre a parcela do incentivo a que faz jus, neste ponto requerendo que os valores sejam ‘corrigidos monetariamente’. A Câmara a quo negou provimento ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/09/2001 a 31/12/2001 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 9.363/96. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. PESSOAS FÍSICAS. EXCLUSÃO. Matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas, que não são contribuintes de PIS/Faturamento e Cofins, não dão direito ao Crédito Presumido instituído pela Lei n° 9.363/96 como ressarcimento dessas duas Contribuições, devendo seus valores serem excluídos da base de cálculo do incentivo. RESSARCIMENTO. JUROS SELIC. INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento de IPI, inclusive do Crédito Presumido instituído pelo Lei n° 9.363/96, inconfundível que é com a restituição ou compensação, não se aplicam os juros Selic. Fl. 423DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10935.004542/200404 Acórdão n.º 9303001.517 CSRFT3 Fl. 417 3 Recurso negado. Irresignado, o sujeito passivo apresentou recurso especial às fls. 352/375, por meio do qual requereu a reforma do acórdão ora fustigado. Alega em sua peça recursal que é seu direito obter o reconhecimento do crédito presumido de IPI em relação às aquisições de pessoas físicas, bem como, obter a atualização dos ressarcimentos pela taxa Selic, desde a protocolização do pedido. O recurso foi admitido pelo Presidente da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, por meio de despacho às fls. 403/404. Embora o recurso tenha abordado as duas matérias julgadas no acórdão combatido, a admissibilidade apreciou tão somente a questão de aquisições de pessoas físicas e cooperativas. Por constatar que a recorrente cumpriu os requisitos de admissibilidade, também, com relação ao pedido de atualização dos ressarcimentos pela taxa Selic, admito o recurso quanto à matéria e passo a enfrentála em meu voto. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões às fls. 407/414. É o Relatório. Voto Conselheira Relatora Judith da Amaral Marcondes Armando Aprecio o Recurso Especial do Contribuinte, admitido conforme despacho acima mencionado, e complementado por análise de admissibilidade que procedi, na parte que deixou de ser apreciada na Câmara recorrida. As matérias postas à apreciação por esta Câmara Superior, cingemse ao reconhecimento do crédito presumido de IPI em relação às aquisições de pessoas físicas, bem como, à atualização dos ressarcimentos pela taxa Selic, desde a protocolização do pedido. Quanto ao direito ao crédito presumido de IPI decorrente de compras realizadas junto às pessoas físicas, a Lei nº 9.363, de 1996 em seus arts 1º e 3º , parágrafo único diz: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970; 8, de 3 de dezembro de 1970; e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Fl. 424DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 4 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. ...................................................................................................... Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. (os grifos são meus) Aqui observo que o crédito presumido está direcionado à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, e que o estabelecimento dos conceitos de receita operacional bruta, produção, matérias primas, insumos e materiais de embalagem devem ser buscados no escopo das normas que falam respectivamente do Imposto de Renda e do IPI. Assim sendo, não tenho dúvidas quanto aos produtos que podem gerar os benefícios desta Lei nº 9.363, que são matérias primas, materiais de embalagens e insumos, nas condições estabelecidas na legislação do IPI, isto é, que se consumam no processo produtivo ou integrem o produto final desse processo, e que em algum passo da cadeia produtiva tenham sofrido incidência das contribuições PIS e COFINS. A norma não fala em insumos, matérias primas e embalagens adquiridos de pessoas contribuintes do PIS e da COFINS, ou do IPI. Passamos ao conceito de crédito presumido: Presumido é o que se pretende verdadeiro à luz de certos conhecimentos previstos. Pode ser entendido como uma probabilidade alta de verdade, ainda que fictício. Pois bem, na proposta de lei introduzida pela Medida Provisória nº. 948, de 23 de março de 1995, ficou clara a inviabilidade de aferir todos os valores de PISPASEP COFINS que oneram o produto final a ser exportado. O Legislador fez a escolha de presumir um valor a ser restituído ao exportador, a título de desoneração de parte dessa tributação. Naturalmente, não estamos aqui diante de uma benesse do Estado. Estamos diante de ponderação racional e objetiva relativa ao princípio de não exportar tributos, na medida exata do interesse comercial, nem mais nem menos. Visando tão só não exportar tributos e fomentar a atividade econômica, é essa a razão que se encontra na exposição de motivos que acompanhou a formação da lei, há de se considerar que, qualquer produto exportado, mesmo estando ele fora do campo de incidência do IPI, ou seja notificado como produto NT circunstancialmente, não deve carregar consigo, por razões que passam da análise dessa lide, carga tributária interna. E qualquer insumo comprado de quem quer que seja, que carregue consigo carga tributária relativa ao PIS e à COFINS, utilizado na produção da mercadoria exportada, deve fazer parte da fórmula que calcula o crédito presumido. Fl. 425DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10935.004542/200404 Acórdão n.º 9303001.517 CSRFT3 Fl. 418 5 Seguindo essa interpretação que não julgo apartada dos termos da Lei, encaminho meu voto no sentido de ser cabível o ressarcimento a título de desoneração da carga tributária nas exportações, quando os produtos exportados sejam obtidos a partir de insumos, matérias primas e material de embalagem, adquiridos de quem quer que os tenha produzido, desde que tenham sido objeto de tributação relativa às contribuições para o PIS, PASEP e COFINS em qualquer etapa de suas produções, e desde que consumidos no processo produtivo ou dele fizerem parte nos termos da legislação do IPI, independentemente de ser o produto resultante exportado tributável pelo IPI. Sobre a aquisição a pessoas físicas e cooperativas, tenho ainda as seguintes ponderações: O crédito presumido é instituído para produtores e exportadores, com o fito de ressarcir os valores pagos ao Estado a título de contribuições, ressarcimento que se dará por via de conta do IPI, e que terá por base de cálculo o valor total das aquisições com matérias primas, material de embalagem e demais produtos intermediários, que sejam utilizados no processo produtivo de bens a serem exportados. Do ponto de vista econômico e comercial, essa é a forma de desonerar as exportações tornando o produto nacional mais competitivo. Entendo que o crédito presumido do IPI é uma arquitetura conceitual que permitiu ao legislador desonerar parte dos tributos incidentes em produto final exportável, no caso, expressamente, parte das contribuições ao PIS e à COFINS, determinando que o pagamento do crédito presumido, na forma estabelecida na lei, fosse correspondente a um direito de crédito de IPI. Na realidade, tal crédito pode ser inscrito na classe dos incentivos gerais da caixa verde, da Organização Mundial do Comércio: incentivo ao comércio, que não deve ser confundido com incentivo tributário ou fiscal. Assim, busca o Estado o desenvolvimento do comércio, de forma generalizada, ampla e leal, fazendo com que a economia brasileira, como um todo, possa ser beneficiada pela sua melhor inserção no mercado internacional. Observese que a lei que instituiu o crédito presumido não fala em ajuda, ou doação, em incentivo ou benefício tributário. Tratase de desoneração de parte de tributos cumulados na cadeia produtiva de bens exportados na forma de crédito de IPI, como se não incidência houvera de parte da tributação (ainda que presumida por razões operacionais do Estado, conforme se pode ver na Exposição de Motivos que acompanhou a proposta de lei): Permitir a desoneração fiscal da COFINS e PIS/PASEP incidente sobre insumos, objetivando possibilitar a redução dos custos e o aumento da competitividade dos produtos brasileiros exportados,dentro da premissa básica da diretriz política do setor, de que não se deve exportar tributos... Assim é como leio a expressão desoneração fiscal Fl. 426DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO 6 Vendo tal entrada de recursos como ingressos compensatórios da desoneração feita pelo exportador a priori, (entendo aqui que, de fato, parte do tributo foi retirada do preço internacional) atua o Estado como promotor do desenvolvimento, tendo o cuidado de não se valer de valores inexplicáveis, tais como prêmios à exportação, ou outros benefícios e incentivos tributários. Com toda essa introdução, feita com intuito de mostrar com clareza minha percepção do que seja crédito presumido do IPI, resta claro que entendo o ressarcimento solicitado pela empresa, nas bases em que o fez, considerando que seus insumos foram utilizados na produção que exportou, cabível. Nos termos do art. 2º da Lei nº 9.363, de 1996, a base de cálculo do crédito presumido é obtida a partir da relação entre receita de exportação e receita operacional bruta, resultado sobre o qual se aplica 5, 37%. A Lei não fez qualquer exclusão, a exposição de motivos, que sinaliza o espírito da lei, também não fez. Portanto, não se pode, pela via da interpretação, apequenar o alcance da restituição dos impostos pagos internamente, que foi a proposta do legislador no caso da criação do crédito presumido de IPI. Tenho me deparado com a mitologia grega em meus estudos de hermenêutica. Hermes, um dos deuses mais populares da antiguidade clássica, tinha com o um de seus atributos interpretar o LOGOS ( a palavra escrita ou falada). Mas, mesmo na mitologia, Logosfilho tem subordinação ao LogosPai. Assim, a metáfora me conduz ao axioma de que a palavra de Hermes não pode, ou melhor, não deve, se contrapor ao Logos. Também considerando a hierarquia das normas, a infralegal não pode modificar o espírito da legal, pode darlhe exeqüibilidade, completar sem modificar o conteúdo ou o alcance. Por último vale lembrar que o Superior Tribunal de Justiça já abordou a matéria em sede de recurso representativo de controvérsia, dando razão ao argumento das empresas, e por força regimental não há de se ignorar tal decisão, de aplicação obrigatória. Na esteira do exposto, na base de cálculo do crédito presumido está o valor total das aquisições de matérias primas, materiais de embalagens e outros insumos, aplicados no processo produtivo de bens exportados, adquiridos de quem quer que seja, mesmo não contribuinte de PIS, PASEP, COFINS ou IPI, motivo pelo qual dou provimento ao recurso do contribuinte quanto a esta matéria. No que se refere à atualização do ressarcimento pela taxa Selic, em face da superveniência do art. 62A do Regimento Interno do CARF RICARF, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça devem ser reproduzidas nos julgamentos dos recursos no âmbito deste Tribunal Administrativo. A recorrente teve obstada pela administração tributária a aplicação da referida Taxa. Nos recursos repetitivos do STJ está subjacente a questão do dies a quo para aplicação da taxa Selic, considerado o protocolo do pedido de restituição ou ressarcimento junto à administração tributária. Na esteira do exposto voto por dar provimento ao Recurso Especial do sujeito passivo. Fl. 427DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO Processo nº 10935.004542/200404 Acórdão n.º 9303001.517 CSRFT3 Fl. 419 7 Judith do Amaral Marcondes Armando Fl. 428DF CARF MF Emitido em 24/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN Assinado digitalmente em 05/08/2011 por JUDITH DO AMARAL MARCONDES ARMAN, 08/08/2011 por OTACILIO DA NTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 10140.720061/2007-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2005
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREAS DE RESERVA LEGAL E PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO VIA LAUDOS PERICIAIS. ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO.
Tratando-se de áreas de reserva legal e preservação permanente, devidamente comprovadas mediante documentação hábil e idônea, notadamente Laudos Periciais e Averbação (Reserva Legal) à margem da matrícula do imóvel, formalizadas antes da ocorrência do fato gerador, ainda que não apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA, impõe-se o reconhecimento de aludidas áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar,
em observância ao princípio da verdade material.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL.
Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratando-se as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-001.902
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Marcelo Oliveira.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - valor terra nua
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ÁREAS DE RESERVA LEGAL E PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO VIA LAUDOS PERICIAIS. ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de áreas de reserva legal e preservação permanente, devidamente comprovadas mediante documentação hábil e idônea, notadamente Laudos Periciais e Averbação (Reserva Legal) à margem da matrícula do imóvel, formalizadas antes da ocorrência do fato gerador, ainda que não apresentado Ato Declaratório Ambiental ADA, impõese o reconhecimento de aludidas áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÕES NORMATIVAS. LIMITAÇÃO LEGAL. Às Instruções Normativas é defeso inovar, suplantar e/ou coarctar os ditames da lei regulamentada, sob pena de malferir o disposto no artigo 100, inciso I, do CTN, mormente tratandose as IN’s de atos secundários e estritamente vinculados à lei decorrente. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Marcelo Oliveira. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 02/12/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório EMANUEL ALFREDO DORILEO E OUTROS, contribuintes, pessoas físicas, já devidamente qualificados nos autos do processo administrativo em epígrafe, tiveram contra si lavrada Notificação de Lançamento, em 17/08/2007, exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, em relação ao exercício de 2005, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Santa Amalia”, cadastrado na RFB sob o nº 2.142.5388, localizado no município de Corumbá/MS, conforme peça inaugural do feito, às fls. 01/05, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à Segunda Seção de Julgamento do CARF contra Decisão da 1a Turma da DRJ em Campo Grande/MS, Acórdão nº 0413.943/2008, às fls. 87/93, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 2ª Turma Ordinária da 1a Câmara, em 02/02/2010, por unanimidade de votos, achou por bem NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DOS CONTRIBUINTES, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 210200.460, sintetizados na seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR Exercício: 2005 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como Fl. 262DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO Processo nº 10140.720061/200721 Acórdão n.º 920201.902 CSRFT2 Fl. 246 3 condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de áreas de preservação permanente e de reserva legal, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO. Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de oficio a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor. Recurso Voluntário Negado.” Irresignados, os contribuintes interpuseram Recurso Especial, às fls. 176/199, com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o decisum atacado, defendendo ter contrariado entendimento levado a efeito por outras Câmaras dos Conselhos a respeito da mesma matéria, conforme se extrai dos Acórdãos nºs 30334.324 e 30335.841, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência argüida. Sustenta que os Acórdãos encimados, ora adotados como paradigmas, divergem do decisum guerreado, uma vez impor que a comprovação da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, independe da requisição tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, sobretudo quando aludidas áreas se encontram averbadas à margem da matrícula do imóvel (Reserva Legal), bem como lastreadas em Laudo Técnico com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica ART, ao contrário do que restou decidido pelo julgado recorrido. Contrapõese ao entendimento da Câmara recorrida, defendendo que as áreas de reserva legal e preservação permanente, conquanto que devidamente comprovadas mediante Laudo Técnico, devem ser excluídas da base de cálculo do Imposto Territorial Rural, mormente quando o laudo em comento não foi objeto de contestação pela autoridade lançadora e/ou julgadora. Infere que a legislação de regência estabelece que o contribuinte não está obrigado a promover a comprovação prévia das áreas declaradas como isentas em sua Declaração de ITR, ou mesmo apresentar ADA tempestivo, conforme se verifica do artigo 10, § 7°, da Lei n° 9.393/1996, na redação dada pela MP n° 2.16667/2001. No entanto, assevera que, mesmo desobrigada, a autuada apresentou Mapas Topográficos e Laudos Técnicos, além dos registros imobiliários, comprovando a existência de referidas áreas. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO 4 Por fim, repisa os argumentos lançados em sede de recurso voluntário, requerendo o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora guerreado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial dos contribuintes, sob o argumento de que os recorrentes lograram comprovar que o Acórdão recorrido divergiu de outras decisões exaradas pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes a propósito da mesma matéria, qual seja, a necessidade de requisição tempestiva do ADA para fins de não incidência do tributo (ITR), conforme Despacho nº 2100438/2010, às fls. 226. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Especial da contribuinte, a Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões, às fls. 229/244, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 1ª Câmara da 2a SJ do CARF a divergência suscitada pelos contribuintes, conheço do Recurso Especial e passo ao exame das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretendem os recorrentes a reforma do Acórdão em vergasta, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outras decisões das demais Câmaras do Terceiro Conselho a respeito da mesma matéria. A fazer prevalecer sua pretensão, infere que o entendimento consubstanciado nos Acórdãos nºs 30334.324 e 30335.841, ora adotados como paradigmas, determina que a comprovação da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para fins de não incidência do ITR, independe do requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental – ADA, notadamente quando devidamente comprovadas a partir de prévia averbação à margem da matrícula do imóvel, bem como lastreadas em Laudo Técnico com a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, ao contrário do que restou decidido pela Câmara recorrida. Como se observa, resumidamente, o cerne da questão posta nos autos é a discussão a propósito da exigência do Ato Declaratório Ambiental, ou mesmo a protocolização tempestiva de seu requerimento, para fins de não incidência do Imposto Territorial Rural sobre as áreas de reserva legal e preservação permanente. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da contribuinte merece acolhimento, por espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, em consonância com a farta e mansa jurisprudência administrativa, impondo a reforma do Acórdão recorrido com o fito de restabelecer a ordem legal nesse sentido, como passaremos a demonstrar. Antes mesmo de se adentrar ao mérito, cumpre trazer à baila a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: Fl. 264DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO Processo nº 10140.720061/200721 Acórdão n.º 920201.902 CSRFT2 Fl. 247 5 “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; [...] § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001)” (grifamos) Como se extrai dos dispositivos legais encimados, em nosso entendimento, a questão remonta a um só ponto, qual seja: a exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA não é, em si, exclusiva condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às glebas de terra destinadas à reserva legal e preservação permanente, na forma que sustenta a recorrente. Entrementes, afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, impende esclarecer que este Egrégio Colegiado já sedimentou o entendimento de que inexiste previsão legal, anteriormente à vigência da Lei no 10.165, de 28/12/2000, contemplando a exigência do ADA para efeito de não incidência de ITR sobre as áreas de preservação permanente e/ou de reserva legal. Aliás, o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, aprovou a Súmula n° 41, tratando do tema nos seguintes termos: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o Fl. 265DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO 6 lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Por outro lado, para os exercícios de 2001 em diante, após o advento da Lei no 10.165, de 28/12/2000, que alterou a Lei no 6.938/1981, entende parte dos julgadores deste Colegiado que a protocolização atempado do ADA passou a ser exclusiva exigência legal, para fins de fruição da isenção em comento. Somente a título elucidativo, não sendo a requisição atempada do ADA, anteriormente ao exercício 2000, condição legal para obtenção do beneficio isentivo que ora cuidamos, nos parece coerente reconhecer que a ausência de tais elementos apenas confere a auditoria fiscal à possibilidade de presumir a inexistência da parcela de proteção ambiental e assim considerála como sendo área passível de aproveitamento, e, portanto, tributável. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da intempestividade e/ou ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de reserva legal e preservação permanente decorrente de um raciocínio presuntivo, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não se perfaz no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Assim, realizado o lançamento de ITR com base em glosa da reserva legal e preservação permanente, a partir de um enfoque meramente formal, ou seja, pela não requisição tempestiva do ADA, e demonstrada, por outros meios de prova, a existência da destinação de área para fins de proteção ambiental, deverá ser restabelecida a declaração do contribuinte, e lhe ser assegurado o direito de excluir do cálculo do ITR à parte da sua propriedade rural correspondente à aludidas áreas, como aqui se vislumbra. Aliás, a jurisprudência Judicial que se ocupou do tema, notadamente após a edição da Lei n° 10.165/2000, corrobora o entendimento encimado, ressaltando, inclusive, que a MP n° 2.166/2001, por ser posterior ao primeiro Diploma Legal, o revogou, fazendo prevalecer, assim, a verdade material. Ou seja, ainda que não apresentado e/ou requerido o ADA no prazo legal, conquanto que o contribuinte comprove a existência das áreas declaradas como de preservação permanente e/ou reserva legal, mediante documentação hábil e idônea, quando intimado para tanto ou mesmo autuado, devese admitilas para fins de apuração do ITR, consoante se extrai dos julgados assim emantados: “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR. LEI N. 9.393/96 E CÓDIGO FLORESTAL (LEI N. 4.771/65). ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP. 2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106 DO CTN. 1. "Ilegítima a exigência prevista na Instrução Normativa SRF 73/2000 quanto à apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA comprovando as áreas de preservação permanente e reserva legal na área total como condição para dedução da base de cálculo do Imposto Territorial Rural ITR, tendo em vista que a previsão legal não a exige para todas as áreas em questão, mas, tãosomente, para aquelas relacionadas no art. 3º, do Código Florestal" (AMS 2005.35.000112067/GO, Rel. Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso, DJ de 10.05.2007). 2. A Lei n. 10.165/00 inseriu o art. 17O na Lei n. 6.938/81, Fl. 266DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO Processo nº 10140.720061/200721 Acórdão n.º 920201.902 CSRFT2 Fl. 248 7 exigindo para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da área tributável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA). 3. Consoante a jurisprudência do STJ, a MP 2.16667/2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art. 106 do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior, dispensando a apresentação prévia do Ato Declaratório Ambiental no termos do art. 17O da Lei n. 6.938/81, com a redação dada pela Lei n. 10.165/00. 4. Apelação provida.” (8ª Turma do TRF da 1ª Região AMS 2005.36.00.0087250/MT eDJF1 p.334 de 20/11/2009) “EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREAS DE RESERVA LEGAL. APRESENTAÇÃO ADA. AVERBAÇÃO MATRÍCULA. DESNECESSIDADE. ÁREAS DE PASTAGENS. DIAT DOCUMENTO DE INFORMAÇÃO E APURAÇÃO. DEMOSTRAÇÃO DE EQUÍVICO. ÔNUS DO FISCO. 1. Não se faz mais necessária a apresentação do ADA para a configuração de áreas de reserva legal e consequente exclusão do ITR incidente sobre tais áreas, a teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96 (redação da MP 2.16667/01). Tal regra, por ter cunho interpretativo (art. 106, I, CTN), retroage para beneficiar os contribuintes. 2. A isenção decorrente do reconhecimento da área não tributável pelo ITR não fica condicionada à averbação, a qual possui tão somente o condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo caráter constitutivo. 3. A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo art. 16 da Lei nº 4.771/65. 4. Cabe ao Fisco demonstrar que houve equívoco no DIAT Documento de Informação e Apuração do ITR, passível de fundamentar o lançamento do débito de ofício, de conformidade com o art. 14, caput, da Lei nº 9.393/96, o que não restou evidenciado na hipótese dos autos. 5. Apelação e remessa oficial desprovidas.” (2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.70.00.0062742/PR 28 de junho de 2011) Como se observa, em face da legislação posterior (MP n° 2.166/2001) mais benéfica, dispensando o contribuinte de comprovação prévia das áreas declaradas em sua DITR, não se pode exigir a apresentação e/ou requisição do ADA para fins do benefício fiscal em epígrafe, mormente em homenagem ao princípio da retroatividade benigna da referida norma, em detrimento a alteração introduzida anteriormente pela Lei n° 10.165/2000. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO 8 Mais a mais, com esteio no princípio da verdade material, o formalismo não deve sobrepor à verdade real, notadamente quando a lei disciplinadora da isenção assim não estabelece. Como se observa, afora a exigência de apresentação do ADA contemplada pela legislação vigente à época do fato gerador do tributo em debate, o mesmo entendimento levado a efeito na área de reserva legal deve ser adotado para a preservação permanente, sobretudo em face do disposto no artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº 9.393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, a qual estabelece que a isenção em epígrafe sobre aludidas áreas, independe de prévia comprovação (requisição atempada do ADA), bastando que o contribuinte a declare como tal na DITR, ficando sujeito ao pagamento do imposto devidamente corrigido na hipótese de falsidade na informação. Melhor elucidando, o que torna ainda mais digno de realce, e que fora determinante para os demais Conselheiros que acompanharam o presente voto pelas conclusões, em vista deste evidente conflito entre as normas que regulamentam a matéria, impõese privilegiar a verdade real, ou seja, a comprovação material da área declarada pelo contribuinte como de reserva legal e preservação permanente, o que se constata na hipótese dos autos, como se verifica da Averbação procedida à margem da escritura do imóvel (antes da ocorrência do fato gerador), às fls. 62/65 e do Laudo Técnico delimitando precisamente referidas áreas, às fls. 66/77, afastando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento eleito pela autuada. Nesse sentido, o certo é que a Averbação (Reserva Legal) e o Laudo Técnico apresentado pelo contribuinte, se prestam a comprovar a existência das áreas de preservação permanente e reserva legal, rechaçando de uma vez por todas a pretensão da Fazenda Nacional, mormente em homenagem ao princípio da verdade material. Partindo dessas premissas, tratandose de áreas de reserva legal e preservação permanente, devidamente comprovadas mediante documentação hábil e idônea trazida à colação pelos contribuintes, ainda que não apresentado o ADA, impõese o restabelecimento de tais áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito da fruição da isenção em comento, sob pena se fazer prevalecer o formalismo em detrimento do princípio da verdade material. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DOS CONTRIBUINTES E DARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 268DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO Processo nº 10140.720061/200721 Acórdão n.º 920201.902 CSRFT2 Fl. 249 9 Fl. 269DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/2 011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CART AXO
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Numero do processo: 10120.007877/2004-51
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005
MULTA QUALIFICADA. IRPJ.
Comprovado que o contribuinte omitiu integralmente suas receitas e o imposto de renda devido em suas declarações de rendimentos (DIPJ) e de tributos devidos (DCTF), durante períodos de apuração sucessivos, visando retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal pela autoridade fazendária, caracteriza-se a figura da sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/196, impondo-se a aplicação da multa de
ofício qualificada, prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996.
Numero da decisão: 9101-001.194
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, vencido o Conselheiro João Carlos de Lima Júnior.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Alberto Pinto Souza Junior
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ME ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 MULTA QUALIFICADA. IRPJ. Comprovado que o contribuinte omitiu integralmente suas receitas e o imposto de renda devido em suas declarações de rendimentos (DIPJ) e de tributos devidos (DCTF), durante períodos de apuração sucessivos, visando retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal pela autoridade fazendária, caracterizase a figura da sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/196, impondose a aplicação da multa de ofício qualificada, prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, vencido o Conselheiro João Carlos de Lima Júnior. ﴾documento assinado digitalmente﴿ HENRIQUE PINHEIRO TORRES – Presidente Substituto. ﴾documento assinado digitalmente﴿ ALBERTO PINTO S. JR. Relator. Participaram do presente julgamento: Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto), Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Antonio Carlos Guidoni Filho, João Carlos de Lima Junior, Alberto Pinto Souza Junior, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Valmir Sandri e Claudemir Rodrigues Malaquias. Fl. 296DF CARF MF Emitido em 30/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/1 2/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUN IOR 2 Relatório Tratase de Recurso Especial do Procurador da Fazenda Nacional, em face do acórdão nº 10809.057, de 19 de outubro de 2006 (fls. 452/458), proferido pela Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, para reduzir a multa majorada de 150% para 75%, no lançamento ex officio do IRPJ nos anoscalendários de 2001 a 2004. A recorrente tomou ciência do acórdão em 16/07/2008 (fls. 460), tendo interposto o recurso especial (fls. 463/468), com base no art. 7o, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 147/07. A Fazenda Nacional alega em síntese: I – que a recorrida, durante anos consecutivos apresentou à SRF declarações omitindo informações de tributos a recolher e que assim tentou impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento, por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal; II que a reiteração dessa prática aliada aos resultados obtidos evidenciam a clara intenção de fraudar o Fisco por meio da ação dolosa prevista no inciso I, do art. 71, da Lei n° 4.502/64; e III – ao final, após transcrever ementas de julgados do Conselhos de Contribuintes em linha com o entendimento da recorrente, requer o conhecimento e provimento do recurso especial, para que seja reestabelecida a multa qualificada. O presidente da 8ª Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, em despacho proferido às fls. 470, admitiu o recurso especial por entender que ficou demonstrado que a decisão recorrida contraria “em tese” o § 1o do art. 44 da Lei no 9.430/96. Cientificado em 14/04/2009 do Acórdão do Conselho de Contribuintes, do Recurso Especial do Procurador e do Despacho acima referidos, o interessado não se manifestou (vide doc. a fls. 481). É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior, Relator. O recurso atende os pressupostos para sua admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. A questão a ser solucionada versa sobre a possibilidade de aplicação da multa qualificada (150%) sobre a omissão de rendimentos apurada pela fiscalização, tendo em vista que o contribuinte apresentou declarações de rendimentos (DIPJ) e dos tributos devidos (DCTF) relativos aos anoscalendário de 2001 a 2004 com valores zerados, embora tenha apurado lucros em sua contabilidade. O acórdão recorrido adota o seguinte posicionamento quanto a exasperação da multa de ofício: MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA — DESCABIMENTO Sobre os créditos apurados em procedimento de oficio só cabe a exasperação da multa Fl. 297DF CARF MF Emitido em 30/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/1 2/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUN IOR Processo nº 10120.007877/200451 Acórdão n.º 910101.194 CSRFT1 Fl. 655 3 quando restar tipificada a hipótese de incidência do artigo 1o, inciso I, da Lei 8137/1990. No caso dos autos se aplica a multa de oficio do inciso primeiro do artigo 44 da Lei 9430/1996. Sumula 14 do 1° CC. Não obstante, tal entendimento não encontra amparo no ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário do que afirma o acórdão recorrido, é irrelevante para a aplicação da multa qualificada se perquirir se a conduta da contribuinte se subsume em um dos tipos penais dos art. 1o e 2o da Lei no 8.137/90. Se a constituição definitiva do crédito tributário na instância administrativa é condição objetiva de punibilidade dos crimes contra a ordem tributária, por sua vez, tal conduta criminosa não é, per si, autorizadora do lançamento da multa qualificada. Com efeito, conforme preceitua o art. 44 da Lei nº 9.430/1996, a multa qualificada é aplicável quando demonstrado o evidente intuito de fraude, seja por uma conduta que se subsuma nos conceitos legais de sonegação, fraude ou conluio, previstos, respectivamente, nos artigos 71, 72, e 73 da Lei nº 4.502/1964, in verbis: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. De plano, para os fatos geradores em tela (anoscalendários de 2001 a 2004), há que se afastar as hipóteses previstas nos artigos 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, pois em momento algum a fiscalização indica que a recorrida tenha praticado “ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”, ou agido em conluio. Por outro lado, a conduta da recorrida se enquadra na hipótese fática do art. 71 acima transcrito, se não vejamos os seguintes excertos do auto de infração, in verbis: “Confrontando os valores de receita de vendas e respectivas devolu ões escriturados nos Livros Diário e Razão com os registrados nos Livros de Registro e Apuração de ICMS nos anoscalendário de 1999 a 2003 e ao período de janeiro/2004 a setembro/2004 constatamos que são correspondentes (cópia às fls. 32 a 93 e 107 a 31.). Então, a partir dos valores de receitas e despesas escriturados nos Livros Razão, compusemos as Fl. 298DF CARF MF Emitido em 30/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/1 2/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUN IOR 4 planilhas "Demonstração do Resultado do Exercício" (fls. 371 a 374) , a partir delas, apuramos os valores de IRPJ devidos, os quais somente ocorreram nos quatro trimestres de 2001, 1° trimestre/2002, 2° trimestre/2002, 2° trimestre/2003, 3o trimestre/2003 e 3° trimestre/2004. Em consulta ao Sistema Informatizado de Arrecadação da SRF SINAL, onde são registrados os recolhimentos de tributos federais efetuados pelo contribuinte e ao sistema gerencial das DCTFs entregues pela empresa à SRF (fls. 369), constatamos que a empresa não efetuou o recolhimento de quaisquer valores de IRPJ e ainda que declarou valores zerados na DCTF. ............................................................................................................... Analisandos Livros Diário, Razão e Balancetes Analíticos (cópia às fls. 97 a 108, 189 a 193, 261 a 264, 315, 316 a 340), constatamos que a empresa apurou os mesmos resultados que a fiscalização (à exceção do 4o trimestre/2004), os quais estão escriturados nas contas contábeis n° 2.3.02.01.003 "Lucros ou Prejuízos Acumulados", tendo provisionado os valores de IRPJ a pagar na conta contábil n° 2.1.01.03.002 "IRPJ a Recolher", o que indica que a empresa conscientemente declarou à SRF, por meio das DCTFs entregues, valores zerados de IRPJ, com evidente intuito de retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal.... .................................................................................................................... (Obs.1: a empresa entregou as Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica referentes aos anoscalendário de 2001 a 2003 DIPJ/2002, DIPJ/2003 e DIPJ/2004, originariamente com os valores zerados (cópia às fls. 348 a 366). Após o início da ação fiscal, a empresa retificou estas DIPJs (fls. 94 e 95), passando a informar os valores de receita e despesas conforme escriturado no Livro Razão, informando, assim, os efetivos resultados de IRPJ devidos....” Notase, assim, que a recorrida tinha total conhecimento das suas bases tributáveis e do imposto de renda devido, tanto que chegava a provisionar os valores do IRPJ a recolher. Todavia, apresentou DCTF e DIPJ durante os vários anos consecutivos com valores zerados. Só quando já estava sob investigação fiscal, retificou as DIPJs para que passassem a informar os valores de receita e despesas conforme escriturado no Livro Razão, demonstrando assim, que nunca teve o interesse de realmente informar ao Fisco os valores devidos, só vindo a fazêlo quando estava sob fiscalização, com o único próposito de tentar evitar a aplicação da multa qualificada. Ora, a apresentação durante vários anos consecutivos de DCTF e DIPJ zeradas, quando inegavelmente tinha conhecimento dos valores devidos a título de imposto de renda, é prova irrefutável da conduta dolosamente concebida com o intuito de sonegar tributos, ou seja, da intenção de retardar o conhecimento pelo Fisco do fato gerador. Assim, pelas circunstâncias descritas e demais elementos constantes do presente processo, conforme acima examinado, entendo que as infrações ocorridas nos anos de 2001 e 2004, e de que resultaram na lavratura do auto de infração, se amoldam perfeitamente à hipótese descrita no art. 71 da lei nº 4.502/1964; ou seja, que estão presentes os elementos objetivo (omissão dos rendimentos e tributos) e subjetivo (dolo de retarrdar o conhecimento do Fisco do fato gerador), caracterizadores do tipo previsto na lei. Para melhor ilustrar como a conduta da recorrida se amolda perfeitamente à hipótese de sonegação, prevista no art. 71 da lei nº 4.502/1964, vejamos o dispositivo em confronto com a conduta da autuada no quadro abaixo: Fl. 299DF CARF MF Emitido em 30/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/1 2/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUN IOR Processo nº 10120.007877/200451 Acórdão n.º 910101.194 CSRFT1 Fl. 656 5 Artigo 71 da Lei 4.502/1964 Conduta da Contribuinte Sonegação é: toda ação ou omissão Entregou declarações (DIPJ´s e DCTF´s) dolosa tendente a De forma consciente, repetida e deliberada declarou valores das receitas e dos tributos zerados, quando em verdade não o eram. impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Retardou o conhecimento do Fisco, já que a declaração de bases de cálculo zeradas aliada ao não recolhimento do tributo fez com que os sistemas informatizados da RFB apontasse para uma situação regular. Precisou assim o Fisco mobilizar a fiscalização para descobrir as verdadeiras bases de cálculo do contribuinte, quando era obrigação do contribuinte declarálas para o Fisco. Não resta dúvida que a recorrida agiu intencionalmente (com dolo) ao omitir, em todas as declarações apresentadas, os valores das receitas e tributos devidos, retardando o conhecimento do fisco quanto aos fatos geradores efetivamente ocorridos, aliado ao fato de não efetuar o recolhimentos de qualquer valor nos períodos de apuração fiscalizados. A conduta da fiscalizada denota o claro intuito de sonegar os tributos devidos. Assim, por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial para restabelecer a cobrança da multa de ofício qualificada (150%) sobre o IRPJ apurado nos anoscalendário 2001 a 2004, nos moldes constantes do lançamento. ﴾documento assinado digitalmente﴿ ALBERTO PINTO S. JR. Relator. Fl. 300DF CARF MF Emitido em 30/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/1 2/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/11/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUN IOR
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Numero do processo: 15504.002913/2008-22
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/1995 a 04/2002
DECADÊNCIA-CONTRIBUIÇOES PREVIDENCIÁRIAS
É de cinco anos o prazo para a Fazenda Nacional constituir créditos relativos à contribuição previdenciária. Confirmado o pagamento antecipado, o prazo se inicia da data do fato gerador, na forma definida pelo art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.416
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Ronaldo Lima de Macedo, que dava provimento parcial ao recurso, para aplicar a regra do art. 173, I nos levantamentos em que não há recolhimento.
Nome do relator: Francisco Assis de Oliveira Junior
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Confirmado o pagamento antecipado, o prazo se inicia da data do fato gerador, na forma definida pelo art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Ronaldo Lima de Macedo, que dava provimento parcial ao recurso, para aplicar a regra do art. 173, I nos levantamentos em que não há recolhimento. Elias Sampaio Freire – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Francisco Assis de Oliveira Júnior – Relator (Assinado digitalmente) EDITADO EM: 18/04/2011 Fl. 906DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (PresidenteSubstituto), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado pela autoridade fiscal cujo sujeito passivo é a empresa em epígrafe. Conforme consta do Relatório Fiscal, fls. 4631469, a notificação referese a Lançamento de Débito cujos fatos geradores correspondem a diversos pagamentos, vantagens concedidas, e parcelas salariais constantes de atas de acordos e sentenças em processos trabalhistas, feitos a segurados empregados, e pagamentos a contribuintes individuais e transportador autônomo. O período do crédito lançado compreende 01/1995 a 04/2002. O crédito foi constituído, DEBCAD: 35.476.3768, e consolidado em 28/09/2005, tendo sido cientificado em 30/09/2005, fl. 714. Apresentada a impugnação e analisada pela autoridade competente, o lançamento foi julgado procedente conforme DECISÃONOTIFICAÇÃO n° 11.401.4/0784/2006 exarada pela Secretaria da Receita Previdenciária Delegacia em Belo Horizonte MG, fls. 759/765. Irresignado, o sujeito passivou interpôs recurso voluntário, fls. 771/789 que, após apreciação pela 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, deulhe provimento conforme acórdão nº 240100.404, fls. 839/849 , cuja ementa transcrevo : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PRE'VIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/05/2007 DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI N° 8.212/1991 1NCONSTITUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's nos 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4°). No caso, tratase de tributo sujeito a lançamento por homologação e, como não houve demonstração pela Fl. 907DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 155O4.002913/200822 Acórdão n.º 920201.416 CSRFT2 Fl. 889 3 fiscalização de que não houve antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 150, § 4° do CIN. PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO INDIRETO. PELO TRABALHO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. I Os ganhos habituais decorrentes do contrato de trabalho, sem previsão nas normas excludentes do art. 28, § 9° da Lei n° 8.212/91, integram o salário de contribuição para fins incidência do tributo previdenciário; II Não comprovado que a utilidade fornecida visa fornecer meios para o trabalho, sendo, na verdade, mais sua decorrência, nítida a sua natureza salarial. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. DECADÊNCIA. 05 ANOS. I Segundo a súmula n° 8 do Supremo Tribunal Federal, as regras relativas a homologação e decadência das contribuições sociais, diante da sua reconhecida natureza tributária, seguem aquelas fixadas pelo Código Tributário Nacional; II Em se tratando de tributo sujeito à homologação, contase o prazo para constituir o crédito tributário da ocorrência do fato gerador, no entanto, constatado a presença de dolo, fraude ou simulação, como no caso em apreço, incide a regra do art 173, I do CTN, ou seja, do exercício seguinte em que poderia haver a constituição do débito. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Tendo tomado ciência do acórdão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra decisão não unânime alegando contrariedade à lei ou à evidência da prova, tempestivamente, fls. 853/861,recebido em relação à matéria decadência. No entendimento da Fazenda Nacional, o acórdão merece reforma, visto ter negado vigência ao art. 173, I, do CTN, bem como aplicado indevidamente o art. 150, § 4º, do CTN, situação que implica manifesta violação dos preceitos legais bem como entendimento já manifestado no CARF em outros colegiados. Acrescenta que a aplicação dessas normas está umbilicalmente associada à verificação do pagamento parcial antecipado das contribuições objeto de cobrança, ou não. Além disso, a decisão recorrida sustenta que, em havendo pagamento antecipado do tributo como um todo, pode ser considerada a guia de recolhimento genérica das contribuições previdenciárias, autorizando a contagem do prazo decadencial na espécie conforme disposto no art. 150, § 4º do CTN. Tal entendimento, entretanto, não é a melhor interpretação a ser conferida ao caso concreto, haja vista a necessidade de individualizar o recolhimento antecipado para os fatos geradores objeto do lançamento, ou seja, referente às rubricas constantes da NFLD em comento. Fl. 908DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 O recurso foi admitido através de despacho, fls. 861/862, sob o fundamento de que merece acolhimento, haja vista ter ficado demonstrado fundamentadamente em que, no entender da Fazenda Nacional, a decisão recorrida seria contrária à lei, consoante o disposto no inciso I do artigo 7° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Em contrarazões, o interessado sustenta a inadmissibilidade do recurso e, no mérito, reprisa os argumentos em seu recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Assis de Oliveira Júnior, Relator O recurso especial é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, conforme consta do despacho às fls.861/863. Inicialmente, destaquese que a tese controversa trazida para apreciação desta Turma da Câmara Superior referese à aplicação do prazo de decadência ao crédito previdenciário lançado e discutido no presente lançamento, tendo por base o entendimento manifesto a partir da edição da Súmula Vinculante nº 8, do Supremo Tribunal Federal, publicada no Diário Oficial da União, de 20/06/2008, em consonância com as disposições do art. 103A da Constituição Federal, in verbis: Súmula Vinculante nº 8 – São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.5691997 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). O art. 2º da Lei nº 11.417, de 19/12/2006, que regulamenta o dispositivo constitucional supratranscrito, assim dispõe sobre os efeitos da Súmula Vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal: Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Quanto ao teor da Súmula Vinculante editada, esta declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que previam, respectivamente, Fl. 909DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 155O4.002913/200822 Acórdão n.º 920201.416 CSRFT2 Fl. 890 5 prazos decadencial e prescricional de 10 anos para as contribuições devidas à Seguridade Social. O fundamento da decisão foi que lei ordinária não pode dispor sobre prazos de decadência e prescrição de tributo, questões reservadas à lei complementar (artigo 146, III, “b”, da Constituição Federal). Além do entendimento manifesto pelo Supremo Tribunal Federal, para deslinde da questão há de ser considerada também a previsão contida no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, alterado pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, abaixo transcrito: “62A – As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infracontitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa forma, no tocante à matéria prazo decadencial, o Superior Tribunal de Justiça, julgando os recursos submetidos à sistemática de repetitivos, proferiu o Acórdão no Resp 973733, pacificando a matéria, cujo ementa transcrevo: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o Fl. 910DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Nesse sentido, considerando a existência de decisão emanada do egrégio Tribunal, em sede de Recursos Repetitivos, passo a análise do caso concreto. Notese, inicialmente que, diferente da tese dominante nesse Conselho em relação ao fato de que a atividade desenvolvida pelo sujeito passivo tendente a praticar as ações previstas no art. 142 do CTN, independente de pagamento, seria o objeto da homologação pela autoridade tributária, verificase que a teor da decisão do STJ, o que deve ser homologado é o pagamento eventualmente antecipado pelo sujeito passivo. Feitas essas considerações, para solução da lide ora proposta, ainda resta dirimir a questão relacionada ao recolhimento específico da rubrica eventualmente lançada, conforme defende a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, ou se seria suficiente para caracterização de pagamento antecipado o recolhimento genérico relativo aos valores consolidados na folha de pagamento elaborada pelo sujeito passivo. Em relação à essa matéria, creio que a solução mais adequada deve considerar a regra matriz relacionada efetivamente à definição de qual seria a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, observamos que à luz do que dispõe o inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, o elemento jurídico a ser considerado para efeito de análise do recolhimento total ou parcial referese à remuneração total paga, devida ou creditada aos segurados pelo empregador: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo Fl. 911DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 155O4.002913/200822 Acórdão n.º 920201.416 CSRFT2 Fl. 891 7 coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Nesse sentido, se eventualmente o sujeito passivo não recolhe o tributo em relação a determinada rubrica que acredita não ter incidência da contribuição previdenciária, tal fato não descaracteriza a antecipação de pagamento para o restante calculado e recolhido indicado pela folha de pagamento do empregador. Em verdade, o fracionamento dessas rubricas revelase necessário para identificação dos requisitos estabelecidos para verificação da não incidência do salário de contribuição em conformidade com as inúmeras previsões do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Contudo, o conjunto de situações e específicas que caracterizam a contraprestação onerosa do empregado pela empresa em nada altera a natureza jurídica de cada uma dessas rubricas que são, em seu conjunto, a remuneração devida ao segurado. Em outras palavras, cada rubrica é espécie do gênero remuneração. Desse modo, para efeito de identificação do pagamento antecipado, não deve ser exigido o recolhimento específico de uma ou outra rubrica paga pelo empregador, mas sim a consolidação desses valores relativos aos itens discriminados na folha de pagamento. Ante o exposto, constatase que durante a ação fiscal foram analisadas guias de recolhimentos relacionadas às folhas de pagamento da empresa que não incluíram a rubrica objeto do presente lançamento, conforme consta à fl. 461, no Termo de Encerramento da Ação Fiscal, razão pela qual o prazo decadencial a ser aplicado, considerando os dispositivos retro mencionados, é o quinquenal contados do fato gerador, isto é, nos termos do § 4º do art. 150 do CTN, haja vista ter ocorrido a antecipação de pagamento pelo sujeito passivo dos valores relacionados aos demais itens da folha de pagamento consolidada. Ante o exposto, considerando que foi demonstrada a ocorrência de pagamento antecipado pelo contribuinte, o prazo decadencial a ser aplicado é o previsto no § 4º do art. 150 do CTN, razão pela qual VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela FAZENDA NACIONAL, mantendo a exclusão dos valores lançados até a competência 08/2000. Francisco Assis de Oliveira Júnior (Assinado digitalmente) Fl. 912DF CARF MF Emitido em 28/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU Assinado digitalmente em 28/04/2011 por FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA JU, 28/04/2011 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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