Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,063)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,078)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,780)
- Primeira Turma Ordinária (15,405)
- Segunda Turma Ordinária d (15,346)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,197)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,787)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,864)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,159)
- Quarta Câmara (82,185)
- Terceira Câmara (63,848)
- Segunda Câmara (52,208)
- Primeira Câmara (16,897)
- 3ª SEÇÃO (15,780)
- 2ª SEÇÃO (11,159)
- 1ª SEÇÃO (6,680)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,015)
- Segunda Seção de Julgamen (109,843)
- Primeira Seção de Julgame (72,358)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,762)
- Câmara Superior de Recurs (37,215)
- Terceiro Conselho de Cont (25,924)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,040)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,793)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,984)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,314)
- HELCIO LAFETA REIS (3,232)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,798)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,458)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2025 (16,253)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 16832.000291/2010-63
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
BOLSAS DE ESTUDO DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO. BASE DE CÁLCULO.INAPLICABILIDADE
O pagamento de bolsas de estudo de graduação e pós-graduação a todos os empregados e dirigentes, enquadra-se na exceção legal prevista na alínea tdo § 9° do art. 28 da lei 8.212/91, não se constituindo em salário de contribuição.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2803-003.306
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Carlos Cornet Scharfstein.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 BOLSAS DE ESTUDO DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO. BASE DE CÁLCULO.INAPLICABILIDADE O pagamento de bolsas de estudo de graduação e pós-graduação a todos os empregados e dirigentes, enquadra-se na exceção legal prevista na alínea tdo § 9° do art. 28 da lei 8.212/91, não se constituindo em salário de contribuição. Recurso Voluntário Provido
turma_s : Terceira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 16832.000291/2010-63
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5355905
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 25 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2803-003.306
nome_arquivo_s : Decisao_16832000291201063.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : OSEAS COIMBRA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 16832000291201063_5355905.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Carlos Cornet Scharfstein.
dt_sessao_tdt : Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5502867
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815701467136
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1562; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE03 Fl. 2 1 1 S2TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16832.000291/201063 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2803003.306 – 3ª Turma Especial Sessão de 13 de maio de 2014 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente FRANCECAR COMERCIO DE VEICULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 BOLSAS DE ESTUDO DE GRADUAÇÃO E PÓSGRADUAÇÃO. BASE DE CÁLCULO.INAPLICABILIDADE O pagamento de bolsas de estudo de graduação e pósgraduação a todos os empregados e dirigentes, enquadrase na exceção legal prevista na alínea “t”do § 9° do art. 28 da lei 8.212/91, não se constituindo em salário de contribuição. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 02 91 /2 01 0- 63 Fl. 238DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Carlos Cornet Scharfstein. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve parcialmente o auto de infração lavrado, referente a contribuições devidas em razão de pagamentos de auxílio educação. O r. acórdão – fls 156 e ss, conclui pela procedência parcial da impugnação apresentada, retificando o auto de infração lavrado em razão da parcial decadência reconhecida. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário, alegando, em síntese, o seguinte: · Cursos de formação superior se incluem no conceito de capacitação e qualificação profissional. · A limitação temporal de um ano no emprego não desnatura a natureza da verba. · Requer o provimento do recurso, com a reforma da decisão guerreada. É o relatório. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Do que posto, temos que a fiscalização entendeu considerar as verbas pagas a título de salário educação como remuneração uma vez que a recorrente não apresentou documentos que comprovassem a efetiva destinação das parcelas ao pagamento de serviços educacionais. Na defesa foram apresentados tais documentos sendo que se tratavam de bolsas de estudo para nível superior e apenas s trabalhadores Lucival Santos Costa e José Ronario Lemos Vieira cursavam educação profissional tecnológica de nível superior, mesmo assim não consideraria tais valores uma vez que a política de empresa seria de concessão de bolsas a empregados com mais de um ano, o que desvirtuaria a norma isentiva prevista no § 9º e alínea “t” do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991 Não acompanho o raciocínio esposado na r. decisão. O ponto controverso apontado cingese decidir se bolsas de estudo oferecidas para curso superior configuram salário de contribuição. Vejamos a legislação a respeito – lei 8.212/91: Art. 28. ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do Art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; Alínea acrescentada pela MP nº 1.59614, de 10/11/97 e convertida na Lei nº 9.528, de 10/12/97 Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20.11.98 (grifei) Da legislação retro, temos que avaliar se cursos de graduação e pós graduação se enquadram como “a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa”. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 6 5 A evolução das relações de trabalho e das atividades desenvolvidas, há muito exigem uma formação multidisciplinar de seus atores. A busca de atividades que levem a um desenvolvimento cognitivo, seja ele qual for, influencia na qualidade do empregado e, dessa feita, o melhor qualifica e o capacita. Nesse sentido também já aponta a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE AUXÍLIOEDUCAÇÃO DE EMPRESA (PLANO DE FORMAÇÃO EDUCACIONAL). DESCABIMENTO. VERBAS DE NATUREZA NÃO SALARIAL. 1. Recurso Especial interposto contra v. Acórdão que considerou não incidir contribuição previdenciária sobre as verbas referentes ao auxílioeducacional de empresa (plano educacional), por considerar que as mesmas não integram o saláriodecontribuição. 2. O § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, com as alterações efetivadas pela Lei nº 9.528/97, passou a conter a alínea 't', dispondo que 'não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente, o valor relativo a plano educacional que vise ao ensino fundamental e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. 3. Os valores recebidos como 'formação profissional incentivada não podem ser considerados como salário in natura, porquanto não retribuem o trabalho efetivo, não integrando, portanto, a remuneração do empregado, afinal, investimento na qualificação de empregados não há que ser considerado salário. É um benefício que, por óbvio, tem valor econômico, mas que não é concedido em caráter complementar ao salário contratual pago em dinheiro. Salário é retribuição por serviços previamente prestados e não se imagina a hipótese de alguém devolver salários recebidos. 4. Recurso não provido." (RESP 365.398/RS, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 18/3/2002) "TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DESCABIMENTO. VERBAS DE NATUREZA NÃO SALARIAL. Os valores pagos pela empresa diretamente à instituição de ensino, com a finalidade de prestar auxílio escolar aos seus empregados, não podem ser considerados como salário 'in natura', pois não retribuem o trabalho efetivo, não integrando a remuneração. Tratase de investimento da empresa na qualificação de seus empregados. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 7 6 A Lei nº 9.528/97, ao alterar o § 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, que passou a conter a alínea 't', confirmou esse entendimento, reconhecendo que esses valores não possuem natureza salarial. Precedente desta Corte. Agravo regimental improvido." (AGRESP 328.602/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 2/12/2002) PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. BOLSA DE ESTUDO. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE A BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. "O auxílioeducação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho." (RESP 324.178PR, Relatora Min Denise Arruda, DJ de 17.12.2004). 2. In casu, a bolsa de estudos, é paga pela empresa e destinase a auxiliar o pagamento a título de mensalidades de nível superior e pósgraduação dos próprios empregados ou dependentes, de modo que a falta de comprovação do pagamento às instituições de ensino ou a repetição do ano letivo implica na exigência de devolução do auxílio. Precedentes:. (Resp. 784887/SC. Rel Min. Teori Albino Zavascki. DJ. 05.12.2005 REsp 324178/PR, Rel. Min. Denise Arruda, DJ. 17.02.2004; AgRg no REsp 328602/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ.02.12.2002; REsp 365398/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ. 18.03.2002). 3. Agravo regimental desprovido.(AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.330.484 – RS, 1ª Turma, Min. Luiz Fuz. Julgado em 18.11.2010 Assim sendo, o pagamento de bolsas de graduação e pósgraduação pode ser enquadrado na exceção legal, não se configurando como base de cálculo de contribuições previdenciárias. Acerca da vedação constante nos normativos da empresa, de que somente empregados há mais de um ano se habilitariam às bolsas, temos norma objetiva que atinge indistintamente todos os que pleiteiam as referidas bolsas, não desvirtuando assim a norma legal. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 16832.000291/201063 Acórdão n.º 2803003.306 S2TE03 Fl. 8 7 CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 244DF CARF MF Impresso em 25/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/06/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722546/2008-51
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal, uma vez que a atribuição de titularidade do produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercute sobre a legitimidade da União Federal para exigir o imposto de renda sujeito ao ajuste anual.
IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL.
A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluí-los, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12.
REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO - INCIDÊNCIA.
Sujeitam-se à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba.
IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO.
No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça - STJ.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429/SP.
Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual dever-se-ia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ no RESP 1.118.429/SP.
MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73.
Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício.
Recurso provido em parte
Numero da decisão: 2802-002.969
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para tão somente excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator.
EDITADO EM: 28/07/2014
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). Ausente Justificadamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal, uma vez que a atribuição de titularidade do produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercute sobre a legitimidade da União Federal para exigir o imposto de renda sujeito ao ajuste anual. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluí-los, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO - INCIDÊNCIA. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça - STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429/SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual dever-se-ia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ no RESP 1.118.429/SP. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Recurso provido em parte
turma_s : Segunda Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 04 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10580.722546/2008-51
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5364172
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 04 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2802-002.969
nome_arquivo_s : Decisao_10580722546200851.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
nome_arquivo_pdf_s : 10580722546200851_5364172.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para tão somente excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator. EDITADO EM: 28/07/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). Ausente Justificadamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
id : 5546214
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:25:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815710904320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2107; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE02 Fl. 173 1 172 S2TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.722546/200851 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2802002.969 – 2ª Turma Especial Sessão de 17 de julho de 2014 Matéria IRPF Recorrente JOSE GEMINIANO DA CONCEICAO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal, uma vez que a atribuição de titularidade do produto da arrecadação do imposto de renda retido na fonte toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercute sobre a legitimidade da União Federal para exigir o imposto de renda sujeito ao ajuste anual. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. IRPF. JUROS DE MORA. PAGAMENTO FORA DO CONTEXTO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 25 46 /2 00 8- 51 Fl. 173DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 No caso dos autos a verba não foi recebida no contexto de rescisão de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, de forma que incide o imposto de renda sobre as parcelas intituladas juros de mora, conforme jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça STJ. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento decorreu diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica, portanto, o entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no RESP 1.118.429∕SP. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Recurso provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para tão somente excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente e Relator. EDITADO EM: 28/07/2014 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). Ausente Justificadamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano. Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2005, 2006 e 2007, anocalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.722546/200851 Acórdão n.º 2802002.969 S2TE02 Fl. 174 3 Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. O caso foi adequadamente relatado em primeira instância da seguinte forma: O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) não classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membro do magistrados estaduais; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 5º da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; d) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem a natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; e) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boa fé, seguindo orientações da Fl. 175DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV; h) o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boa fé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB; i) é isento de imposto de renda em razão de ser portador de moléstia grave. Foi determinada diligência fiscal para que o órgão de origem adotasse as medidas cabíveis para ajustar o lançamento fiscal ao Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que, em razão de jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexistisse outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visassem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, deveriam ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global. A diligência fiscal ficou prejudicada com a edição do Parecer PGFN/CRJ/N 2.331/2010, de 26 de outubro de 2010, que concluiu pela suspensão das medidas propostas pelo Parecer PGFN/CRJ/N° 287/2009 até que a questão seja apreciada pelo Supremo Tribunal Federal. A impugnação foi indeferida, em resumo, pelos seguintes fundamentos: a) o pagamento extemporâneo do rendimento não modifica sua natureza tributável, mesmo que o beneficiário tenha sido obrigado a recorrer à justiça, e que o acordo tenha sido implementado mediante lei complementar, a tributação do principal e dos juros de mora encontram amparo nos art. 55 e 56 do RIR1999; b) dispositivo de Lei Estadual não estabelece efeito tributário de tributo regido por lei federal; c) não se pode estender efeitos da Resolução do STF n° 245, de 2002, que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos magistrados federais, porque isenção somente se outorga por lei específica e está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN extensão a outras categorias implicaria analogia que não é permitida em matéria de isenção; d) a situação da impugnante é distinta daquela dos membros da magistratura e do MP federais, pois regidos por leis específicas distintas; Fl. 176DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.722546/200851 Acórdão n.º 2802002.969 S2TE02 Fl. 175 5 e) de acordo com Parecer Normativo SRF n° 1, de 24 de setembro de 2002, a responsabilidade da fonte pagadora não exclui a do contribuinte; f) ainda que o imposto retido, por determinação constitucional pertença ao Estado da Bahia, a retenção, mesmo que houvesse ocorrido, não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União; g) a multa exigida (75%) independe da intenção do agente (art. 136 do CTN); h) as respostas a Consultas Administrativas apontadas pelo impugnante não possuem força vinculante, por não ter seguido o rito do processo de consulta (art. 48 da Lei 9.430/1996 e não integrar o conceito de norma complementar do art. 100 do CTN; o mesmo ocorre com: Nota AGU/AV 12/2007, Nota Técnica Cosit 4/2009 e Parecer PGFN/CAT 179/2009; i) quanto à tributação das diferenças de URV de forma isolada, sem que fossem considerados os rendimentos e deduções já declarados, cabe observar que, nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como que já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão; j) a isenção concedida a portador de moléstia grave não engloba rendimentos decorrentes do trabalho, mesmo que recebidos após a concessão da aposentadoria. No presente caso, o contribuinte somente se aposentou no ano de 2005, conforme Diário do Poder Judiciário, às fls. 46, portanto, as diferenças de remuneração referentes ao período de 1994 a 2001, mesmo que recebidas nos anos de 2004 a 2006, estavam sujeitas à tributação. Ciência do acórdão em 08/04/2014. Recurso voluntário interposto no dia 13/04/2011. No recurso voluntário, o recorrente alega: 1. inexistência de conduta hábil à aplicação de multa, pois a responsabilidade é exclusiva da fonte pagadora e atos da Fazenda Nacional reconhecem a inaplicação da multa, os quais tem força vinculante; 2. nulidade do lançamento por apurar inadequadamente a base de cálculo pois deveria ter sido apurada a base de cálculo mês a mês com refazimento das Declarações de Ajuste correspondentes, na esteira do entendimento firmado pelo STJ; se o lançamento houvesse sido feito dessa forma teria sido evidenciado que o valor de URV em cada um dos meses em que era devida estaria dentro da faixa de isenção; 3. não incidência do imposto sobre os juros moratórios; Fl. 177DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 4. o valor da URV constitui verba de natureza indenizatória, cita precedentes deste Conselho e do Poder Judiciário de Rondônia e Parecer do MP do Estado do Maranhão 5. ilegitimidade ativa da União, pois o imposto retido na fonte, no caso concreto, pertence ao Estado; e 6. violação ao princípio constitucional da isonomia, pois não houve tributação das verbas de mesma natureza pagas ao MP e aos magistrados federais, diante da edição da Resolução 245/2002 do STF, cita o RESP 1187109. Ao reputar que se discutia a tributação de rendimentos recebidos acumuladamente, a 1ª Turma Ordinária desta Segunda Câmara sobrestou o julgamento, com base no §1º do Art. 62A do Regimento Interno do CARF, por meio da Resolução 2201 000.140, de 23/01/2013. Com a revogação da norma regimental que prescrevia o sobrestamento de processos no CARF, o julgamento foi retomado, sendo que a Conselheira Relatora original não mais integra o CARF, o que levou a redistribuição do processo ao presente Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Relator Como o recurso já foi admitido, passase ao exame das preliminares e do mérito. A alegada nulidade do lançamento apuração inadequada da base de cálculo é matéria a ser apreciada como mérito. O fato de o produto da arrecadação do IRRF pertencer ao Estado da Federação não subtrai da União sua competência para fiscalizar e arrecadar o Imposto de Renda sujeito ao ajuste anual, que não se confunde com o imposto retido na fonte. Este é mera antecipação daquele. A União possui legitimidade ativa, pois não só possui competência tributária como tem interesse econômico e jurídico em fiscalizar e arrecadar o imposto apurado no ajuste anual. São inconfundíveis os conceitos de imposto retido na fonte e de imposto devido no ajuste anual, bem como os de competência tributária, legitimidade ativa e de titularidade do produto da arrecadação. Ademais, a ausência de retenção do imposto na fonte não exclui a competência da União para a constituição do crédito tributário de rendimentos sujeitos a incidência do imposto na DIRPF, nos termos da Súmula CARF n.12, verbis: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” Fl. 178DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.722546/200851 Acórdão n.º 2802002.969 S2TE02 Fl. 176 7 Desta forma, a decisão proferida no RE 684.169 e na Solução de Consulta não tem o efeito almejado pelo recorrente. Essa Turma Julgadora reiteradas vezes decidiu , entre outros pontos, que: a) a União possui legitimidade ativa e as diferenças pagas pelo Estado da Bahia, de que trata este processo, tem natureza remuneratória e tributável; b) a Resolução do STF nº 245/2002 não é dirigida aos Membros da magistratura estadual; c) não há quebra de isonomia; d) a atualização do tributos pelos juros de mora é correta; e e) a multa de ofício deve ser excluída em decorrência de o contribuinte ter sido induzido ao erro pelas informações prestadas pela fonte pagadora nos comprovantes de rendimentos e certidões. Citase como exemplo o acórdão nº 2802002.778, de 19 de Março de 2014, cujas razões de decidir são transcritas e passam a integrar a fundamentação do presente acórdão. Outrossim, de logo deve ser pontuado que, inobstante o presente feito ter sido sobrestado por conta de se tratar da tributação de rendimentos recebidos acumuladamente, entendo que à presente hipótese não pode ser aplicado o entendimento manifestado pela Primeira Seção do STJ ao julgar o REsp 1.118.429∕SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), de acordo com o regime de que trata o art. 543C do CPC. Isto porque a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil. Quanto à suposta ilegitimidade ativa da União para a exigência do tributo, conforme exposto nas razões de embargante, a tese fundase na disposição constitucional do artigo 157, I, que determina caber aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do IRRF sobre rendimentos pagos por estes Entes Federativos, suas autarquias ou fundações públicas. A questão é singela e já foi objeto de decisão do CARF em diversas ocasiões, assentandose na jurisprudência deste Conselho que a ausência de retenção do imposto na fonte não exclui a competência da União para a constituição do crédito tributário de rendimentos sujeitos a incidência do imposto na DIRPF, nos termos da Súmula CARF n.12, verbis: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” Fl. 179DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 8 A título de obiter dictum, digase que é natural que a repartição das receitas tributárias haverá de ser observada, tratandose de matéria relativa às relações financeiras entre União e Estados e não à competência para a arrecadação do imposto. No mérito, a controvérsia ora apresentada reside na caracterização da natureza dos rendimentos auferidos pela Contribuinte, membro do Poder Judiciário do Estado da Bahia, a título de recomposição de diferenças de remuneração havidas quando da conversão do Cruzeiro Real para URV, sendo que para o caso concreto é relevante citar que tratase de pagamento de verba prevista em Lei Estadual, in casu a Lei Ordinária Estadual n° 8730, a qual o Recorrente tenta equivaler à verba paga aos magistrados federais e estendida aos Procuradores da República. Sendo certo que esse abono pago à magistratura federal foi objeto de Resolução administrativa nº 245/2002 do Supremo Tribunal Federal e que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional curvouse ao entendimento do STF, este manifestado em expediente administrativo interna corporis, e passou a tratar essa verba como isenta. Destaco que a verba objeto da Resolução STF nº 245/2005 foi o abono previsto no art. 6° da Lei n° 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2° da Lei n° 10.474, de 2002. Este abono alcançou unicamente a Magistratura Federal, cuja Lei que o criou estabelece que: “Art. 6o Aos membros do Poder Judiciário é concedido um abono variável, com efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 1998 e até a data da promulgação da Emenda Constitucional que altera o inciso V do art. 93 da Constituição, correspondente à diferença entre a remuneração mensal atual de cada magistrado e o valor do subsídio que for fixado quando em vigor a referida Emenda Constitucional.” Ao passo que os arts. 4º e 5º da Lei Ordinária Estadual n° 8730, dispõe: “Art. 4º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias de nº 613 e 614, julgadas procedentes pelo supremo Tribunal Federal, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei.” Com a devida vênia, não vislumbro identidade nas verbas de que tratam os atos normativos federais e o que veicula a lei ordinária do Estado da Bahia ora examinada. A legislação federal demonstra apenas que o subsídio conhecido como “abono variável” foi criado com a finalidade de se atribuir aos membros do Poder Judiciário uma espécie de verba retroativa que corrigia as eventuais diferenças de escalonamento salarial. Já a verba percebida pelo Recorrente, na análise dos elementos constantes dos autos, se traduz em recomposição de natureza salarial, ainda que paga extemporaneamente, sendo certo que para fins de Imposto de Renda vige o princípio de impossibilidade de concessão de isenções heterônomas, razão pela qual é irrelevante, para fins da definição da natureza oe rendimento, a classificação que lhe dá a sua fonte pagadora. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.722546/200851 Acórdão n.º 2802002.969 S2TE02 Fl. 177 9 Pontuese que não se trata de negar vigência ou atribuir ao citado dispositivo legal qualquer pecha de inconstitucionalidade, pois não se discute a natureza indenizatória da verba percebida, mas não se pode olvidar que nem toda indenização referese à recomposição de patrimônio, como no exemplo clássico dos lucros cessantes, e no presente caso entendo ter ocorrido uma recomposição salarial que, malgrado a extemporaneidade, significou acréscimo patrimonial. Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos acórdãos 10616801, 10616360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. “(...) MULTA DE OFÍCIO EXCLUSÃO Deve ser excluída do lançamento a multa de ofício quando o contribuinte agiu de acordo com orientação emitida pela fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos. (...)” (acórdão 10616801, de 06/03/2008, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes,relator Conselheiro Luiz Antonio de Paula) “ (...) MULTA DE OFICIO CONTRIBUINTE INDUZIDO A ERRO PELA FONTE PAGADORA Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. (...) (Acórdão n° 10616360, sessão de 23/01/2008, relator o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos) “ (...) MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.(...)” (acórdão nº 19600065, de 02/12/2008, da 6ª Turma Especial do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Valéria Pestana Marques) Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Com relação aos juros de mora, estes constituem mera atualização do valor do tributo para assegurarlhe a manutenção do seu valor quando pago a destempo, não se trata de sanção e possui previsão legal de incidência. Quanto a tese de não incidência do IRPF sobre verbas relativas a incidência de juros de mora sobre valores recebidos a destempo, na ausência de norma isentiva explícita, é de se observar o caráter tributável dos rendimentos em questão. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 10 Ademais, a legislação em vigor é taxativa ao determinar a sua tributação nos termos do art.55, XIV, do RIR: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Ressaltese, ainda, que a tributação independe da denominação dos rendimentos, bastando para a incidência o benefício por qualquer forma e a qualquer título, nos termos do § 40, art. 3°, da Lei 7.713/88. Observese que o artigo 62 do Regimento do CARF, Portaria MF n.256/2009, veda que este Conselho deixe de aplicar dispositivos de lei ou decreto, ao fundamento de inconstitucionalidade, salvo quando declarados inconstitucionais por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Do mesmo modo, a jurisprudência do STF e do STJ em matéria infraconstitucional, somente vincula os julgamentos do CARF, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, nos termos do artigo 62A do citado Regimento do CARF. Neste sentido, é relevante destacar que o Acórdão proferido no Agravo Regimental em Embargos de Divergência no Resp n° 1.163.490, veiculado pelo DJe de 21 de março de 2012, trata do alcance do decidido em sede de recurso repetitivo pelo Acórdão proferido no citado REsp n° 1.227.133. Desta forma, há que se entender pelo não cabimento à espécie dos autos do precedente que fundamentou a decisão recorrida, o REsp n° 1.227.133. De fato, ao apreciar o REsp n° 1.227.133, inicialmente o voto vencedor do Ministro Cesar Asfor Rocha reconhecia a nãoincidência do IR sobre juros moratórios, de forma ampla. Por outro lado, o julgamento dos embargos de declaração no referido recurso especial, publicado no DO de 02/12/11 reconheceu que os Ministro que acompanharam o voto do relator, deram provimento ao recurso em sentido mais restrito, reconhecendo apenas a nãoincidência do IR sobre juros moratórios, quando os mesmos incidem sobre rescisão de contrato de trabalho, o que levou à modificação da ementa do acórdão por ocasião dos referidos embargos de declaração. Os fundamentos abaixo reforçam a adequação do entendimento desta Turma Julgadora. Quanto à exclusão da multa, restou prejudicada a análise dos efeitos dos atos citados pelo recorrente, pois se aplica a Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10580.722546/200851 Acórdão n.º 2802002.969 S2TE02 Fl. 178 11 O caso do recorrente não se refere a rescisão de contrato de trabalho, de forma que os juros de mora são tributáveis, como decidido pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ no REsp 1089720/RS, julgado em 10/10/2012 e publicado em 28/11/2012. (No mesmo sentido há o REsp 1234377/RS, AgRg no AgRg no AREsp 190821/RS, AgRg no AREsp 18626/RS; e EDcl no AgRg no REsp 1221039/ RS). Como a verba em discussão está sujeita a tributação no ajuste anual (não se trata de tributação exclusivamente na fonte) e não se aplica a tributação de rendimentos com base no REsp 1.118.429∕SP (imposto calculado mensalmente, pelas tabelas das épocas próprias), rejeitase a alegação de inadequação da forma de apurar a base de calculo como sustentado pelo recorrente. Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Fl. 183DF CARF MF Impresso em 04/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 29 /07/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 10510.903653/2011-15
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE.
Cabe ao interessado o ônus da prova da certeza e liquidez do crédito utilizado na declaração de compensação.
INOVAÇÃO NO ARGUMENTO DE DEFESA. PRECLUSÃO.
O Interessado deve apresentar as questões de direito e de fato na manifestação de inconformidade, bem como anexar todos os documentos que provem os fatos constitutivos do seu direito, precluindo a faculdade de fazê-lo em outro momento, ressalvadas as hipóteses constantes do mesmo dispositivo legal.
Numero da decisão: 3803-006.197
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por inovação dos argumentos de defesa.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. Cabe ao interessado o ônus da prova da certeza e liquidez do crédito utilizado na declaração de compensação. INOVAÇÃO NO ARGUMENTO DE DEFESA. PRECLUSÃO. O Interessado deve apresentar as questões de direito e de fato na manifestação de inconformidade, bem como anexar todos os documentos que provem os fatos constitutivos do seu direito, precluindo a faculdade de fazê-lo em outro momento, ressalvadas as hipóteses constantes do mesmo dispositivo legal.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jun 27 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10510.903653/2011-15
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5356171
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jun 27 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3803-006.197
nome_arquivo_s : Decisao_10510903653201115.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BELCHIOR MELO DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10510903653201115_5356171.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por inovação dos argumentos de defesa. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito.
dt_sessao_tdt : Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
id : 5503409
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815744458752
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-06-20T14:54:20Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-06-20T14:54:20Z; Last-Modified: 2014-06-20T14:54:20Z; dcterms:modified: 2014-06-20T14:54:20Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:46343bef-d60f-4499-8df5-644132d290a0; Last-Save-Date: 2014-06-20T14:54:20Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-06-20T14:54:20Z; meta:save-date: 2014-06-20T14:54:20Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-06-20T14:54:20Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-06-20T14:54:20Z; created: 2014-06-20T14:54:20Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2014-06-20T14:54:20Z; pdf:charsPerPage: 1725; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-06-20T14:54:20Z | Conteúdo => S3TE03 Fl. 82 1 81 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.903653/201115 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.197 – 3ª Turma Especial Sessão de 28 de maio de 2014 Matéria COFINS COMPENSAÇÃO Recorrente SÃO LUCAS MÉDICO HOSPITALAR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. Cabe ao interessado o ônus da prova da certeza e liquidez do crédito utilizado na declaração de compensação. INOVAÇÃO NO ARGUMENTO DE DEFESA. PRECLUSÃO. O Interessado deve apresentar as questões de direito e de fato na manifestação de inconformidade, bem como anexar todos os documentos que provem os fatos constitutivos do seu direito, precluindo a faculdade de fazê lo em outro momento, ressalvadas as hipóteses constantes do mesmo dispositivo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por inovação dos argumentos de defesa. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 90 36 53 /2 01 1- 15 Fl. 82DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito. Relatório Esta contribuinte transmitiu declaração de compensação em que compensou o débito discriminado no referido PeR/DComp servindose de suposto crédito de pagamento a maior de Cofins. Despacho Decisório da DRF/Aracaju reconheceu parcialmente o direito creditório e homologou parcialmente a DComp, por insuficiência de crédito. Em manifestação de inconformidade apresentada, a Manifestante alegou que: a) a falta de retificação da DCTF não invalida o direito de proceder à compensação do pagamento efetuado indevidamente ou a maior; b) discorreu sobre o direito à compensação administrativa, fazendo menção à legislação pertinente, tendo ainda tratado da retificação da DCTF e das hipóteses em que há vedação legal e expressa para a Declaração de Compensação. Em julgamento da lide, a DRJ/Belo Horizonte consignou que o fato evidenciado pelo Despacho Decisório é que o crédito utilizado pela Contribuinte foi alocado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de compensação, além do montante já considerado na decisão. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão em 05/03/2014, 15 dias após a disponibilização da decisão na caixa postal eCAC, irresignada, a Contribuinte apresentou recurso voluntário em 14/03/2014, em que identificou que a origem do crédito era pagamento indevido sobre as receitas decorrentes do fornecimento de medicamentos sujeitos à alíquota zero, com tributação concentrada no produtor, nos termos da Lei nº 10.147/00, com liminar deferida no processo judicial nº 2009.34.00.0314472, confirmada na segurança concedida, em trâmite na 9ª Vara Federal da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal, ascendidos os autos ao TRF1ª Região em 02/05/2001 para o reexame necessário. É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10510.903653/201115 Acórdão n.º 3803006.197 S3TE03 Fl. 83 3 Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para admissibilidade, portanto dele conheço. Com efeito, na manifestação de inconformidade a Contribuinte não identifica a origem do crédito que utiliza na declaração de compensação e não anexa documentos nem sua escrita fiscal e contábil para comprovar a sua alegação de pagamento a maior. No recurso voluntário a Recorrente apresentase como substituída no mandado de segurança coletivo impetrado pela Confederação Nacional de Saúde, ação que teve como objeto a exclusão da base de cálculo das contribuições apuradas por hospitais e clínicas das receitas obtidas com o fornecimento de medicamentos na prestação de serviços, uma vez que tais medicamentos estão sujeitos à incidência concentrada e da alíquota zero relativamente aos demais agentes da cadeia de circulação desses produtos. Anexa Certidão Narrativa de Objeto e Pé contendo o andamento do processo e em que é atestada a concessão de liminar, a posterior concessão da segurança, a subida dos autos para reexame necessário e seu estado de concluso para o relator. Com este argumento a Recorrente inova a sua defesa, trazendo questão que não foi posta perante o juízo de primeiro grau. Reza o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 que o impugnante deve arguir na impugnação todas as questões de fato e de direito, bem como apresentar todos os documentos que fazem a prova das alegações. Os processos de restituição, ressarcimento e compensação são de iniciativa do interessado, que se constitui em sujeito ativo no processo fazendo a afirmação do seu direito ao crédito e à concomitante compensação, cabendo a ele, dessa forma, o ônus de instruir o processo com as provas dos fatos constitutivos do seu direito. No presente caso, além de o novo argumento repercutir na supressão da primeira instância, que deixou de apreciar o mérito ora colocado, a Recorrente trouxe apenas a prova quanto à certeza do seu crédito, decorrente da existência da ação judicial em que é parte na condição de substituída processual, com provimento do pedido reconhecendo o direito de não se submeter ao pagamento do PIS/Cofins, porém não se desincumbiu de demonstrar a sua liquidez, comprovandoo por meio de controle segregado dos produtos alvo da exclusão da base de cálculo, bem como, adicionalmente, por meio da escrita contábil e fiscal. Os argumentos da Recorrente apoiados apenas no documento apresentado corresponde à pretensão de obter o provimento do recurso voluntário com base no direito em tese. A prova da certeza do crédito é necessária, mas insuficiente, porquanto não assegura minimamente a existência do seu direito material. Desse modo, a Recorrente apresenta uma defesa que não tem força para lhe favorecer, pois é elementar que restasse provada a materialidade do direito alegado, sintetizada, pelo menos, num demonstrativo de recuperação de crédito, tecnicamente consistente e facilitador de uma possível diligência fiscal, de vez que apresentada apenas na segunda instância. Somente assim, poderia a Recorrente obter, quando menos, alguma parcela de êxito no presente julgamento. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Dessarte, a carência de elementos probatórios que ministrassem em favor da sua alegação realça tão só a inovação no argumento de defesa, que, ante a correção da decisão recorrida, não tem índole bastante para ser conhecida. Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso por inovação no argumento de defesa. Sala das sessões, 28 de maio de 2014 (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 85DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 13836.000023/98-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1993 a 31/07/1995
PIS - RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - DECRETOS Nº 2445/88 E 2449/88 - DIREITO À RESTITUIÇÃO DO CRÉDITO LÍQUIDO E À COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS VENCIDOS OU VINCENDOS.
A declaração de inconstitucionalidade pelo STF das base de cálculo do PIS prevista nos Decretos-leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, suspensos pela Resolução do Senado Federal n° 49 de 09/10/95, autoriza a restituição do tributo recolhido de acordo com a base de cálculo declarada inconstitucional (arts. 165 a 168 do CTN), vez que a inconstitucionalidade é vício que acarreta a nulidade ex tunc do ato normativo, que, por isso mesmo, já não pode ser considerado para qualquer efeito e, embora tomada em controle difuso, a decisão do STF tem natural vocação expansiva, com eficácia imediatamente vinculante para os demais tribunais, inclusive para o STJ (CPC, art. 481, § único), com a força de inibir a execução de sentenças judiciais contrárias (CPC, art. 741, § único; art. 475-L, § 1º, redação da Lei 11.232/05), sendo que a desobediência à autoridade decisória dos julgados proferidos pelo STF importa na invalidação do ato que a houver praticado. Diante do reconhecimento parcial em diligência fiscal da existência, liquidez e certeza do valor do crédito de PIS, recolhido indevidamente conforme declaração de inconstitucionalidade do STF, impõe-se o provimento do recurso para extinção recíproca dos créditos através da compensação, nos termos da diligência.
Numero da decisão: 3402-002.289
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos deu-se provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator.
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
Presidente
FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA
Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Luiz Carlos Shimoyama (Suplente), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Morais Pereira (Substituto) e João Carlos Cassuli Júnior Ausente justificadamente, os conselheiros Francisco Maurício de Albuquerque Silva e Nayra Bastos Manatta.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201401
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1993 a 31/07/1995 PIS - RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - DECRETOS Nº 2445/88 E 2449/88 - DIREITO À RESTITUIÇÃO DO CRÉDITO LÍQUIDO E À COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS VENCIDOS OU VINCENDOS. A declaração de inconstitucionalidade pelo STF das base de cálculo do PIS prevista nos Decretos-leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, suspensos pela Resolução do Senado Federal n° 49 de 09/10/95, autoriza a restituição do tributo recolhido de acordo com a base de cálculo declarada inconstitucional (arts. 165 a 168 do CTN), vez que a inconstitucionalidade é vício que acarreta a nulidade ex tunc do ato normativo, que, por isso mesmo, já não pode ser considerado para qualquer efeito e, embora tomada em controle difuso, a decisão do STF tem natural vocação expansiva, com eficácia imediatamente vinculante para os demais tribunais, inclusive para o STJ (CPC, art. 481, § único), com a força de inibir a execução de sentenças judiciais contrárias (CPC, art. 741, § único; art. 475-L, § 1º, redação da Lei 11.232/05), sendo que a desobediência à autoridade decisória dos julgados proferidos pelo STF importa na invalidação do ato que a houver praticado. Diante do reconhecimento parcial em diligência fiscal da existência, liquidez e certeza do valor do crédito de PIS, recolhido indevidamente conforme declaração de inconstitucionalidade do STF, impõe-se o provimento do recurso para extinção recíproca dos créditos através da compensação, nos termos da diligência.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 30 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13836.000023/98-11
anomes_publicacao_s : 201405
conteudo_id_s : 5351117
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 30 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3402-002.289
nome_arquivo_s : Decisao_138360000239811.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA
nome_arquivo_pdf_s : 138360000239811_5351117.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos deu-se provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Luiz Carlos Shimoyama (Suplente), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Morais Pereira (Substituto) e João Carlos Cassuli Júnior Ausente justificadamente, os conselheiros Francisco Maurício de Albuquerque Silva e Nayra Bastos Manatta.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 28 00:00:00 UTC 2014
id : 5472424
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815748653056
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2562; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13836.000023/9811 Recurso nº 260.026 Voluntário Acórdão nº 3402002.289 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de janeiro de 2014 Matéria PIS RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO DECRETOS NºS 2445/98 E 2449/98 INCONSTITUCIONALIDADE Recorrente KRAFT FOODS BRASIL LTDA. (SUCESSORA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS FLEISCHMANN E ROYAL LTDA. E JÚPITER PRODUTOS ALEMENTÍCIOS LTDA.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1993 a 31/07/1995 PIS RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DECRETOS Nº 2445/88 E 2449/88 DIREITO À RESTITUIÇÃO DO CRÉDITO LÍQUIDO E À COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS VENCIDOS OU VINCENDOS. A declaração de inconstitucionalidade pelo STF das base de cálculo do PIS prevista nos Decretosleis nºs 2.445/88 e 2.449/88, suspensos pela Resolução do Senado Federal n° 49 de 09/10/95, autoriza a restituição do tributo recolhido de acordo com a base de cálculo declarada inconstitucional (arts. 165 a 168 do CTN), vez que a inconstitucionalidade é vício que acarreta a nulidade ex tunc do ato normativo, que, por isso mesmo, já não pode ser considerado para qualquer efeito e, embora tomada em controle difuso, a decisão do STF tem natural vocação expansiva, com eficácia imediatamente vinculante para os demais tribunais, inclusive para o STJ (CPC, art. 481, § único), com a força de inibir a execução de sentenças judiciais contrárias (CPC, art. 741, § único; art. 475L, § 1º, redação da Lei 11.232/05), sendo que a desobediência à autoridade decisória dos julgados proferidos pelo STF importa na invalidação do ato que a houver praticado. Diante do reconhecimento parcial em diligência fiscal da existência, liquidez e certeza do valor do crédito de PIS, recolhido indevidamente conforme declaração de inconstitucionalidade do STF, impõese o provimento do recurso para extinção recíproca dos créditos através da compensação, nos termos da diligência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 6. 00 00 23 /9 8- 11 Fl. 305DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos deuse provimento parcial ao recurso nos termos do voto do relator. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Fernando Luiz da Gama Lobo d'Eça (Relator), Luiz Carlos Shimoyama (Suplente), Silvia de Brito Oliveira, Winderley Morais Pereira (Substituto) e João Carlos Cassuli Júnior Ausente justificadamente, os conselheiros Francisco Maurício de Albuquerque Silva e Nayra Bastos Manatta. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 114/125) contra o Acórdão DRJ/CPS nº 2.775 de 27/11/02 constante de fls. 96/101 exarado pela da 5ª Turma da DRJ de Campinas SP que, por unanimidade de votos, houve por bem “indeferir” a manifestação de inconformidade de fls. 52/62, mantendo o r. Despacho decisório nº 368/2000 (fls. 48/49) da DRF de Jundiaí SP que indeferiu o Pedido de Restituição de PIS (fls. 02) no valor de R$ 70.948,34 relativo a recolhimentos supostamente indevidos de PIS efetuados com base nos DecretosLeis nºs 2.445/88 e 2.449/88 julgados inconstitucionais pelo STF, e deixou de homologar a compensação relatada no Pedido de compensação (fls. 01) de débitos de terceiros. O r. Despacho decisório nº 368/2000 (fls. 48/49) da DRF de Jundiaí SP indeferiu os Pedidos de Restituição e Compensação, aos fundamentos explicitados nos seguintes termos: “O pedido apresentado; pela empresa JUPITER PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA, não atende aos mínimos requisitos para a sua perfeita apreciação, eis que ausentes os motivos de fato e de direito que necessários à formação da convicção sobre a procedência do pleito. Ainda assim, leve indicio indicado na planilha de fls. 03 (PIS devido cf. LC 07/70) leva a inferir que o requerente entende ter direito a um pretenso crédito do PIS por haver pago essa contribuição de forma diversa da estabelecida na LC 7/70. Em que pese a declaração de inconstitucionalidade do DL 2445/88 e 2449/88, e o consequente revigoramento temporário da LC 7/70, não cabe á autoridade administrativa se manifestar em questões que, no mérito, se refiram a matéria constitucional, por fugir A sua competência. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13836.000023/9811 Acórdão n.º 3402002.289 S3C4T2 Fl. 3 3 Quanto a possível contestação de prazo de recolhimento do PIS, também não cabe qualquer manifestação da DRF/Jundiai, eis que fixados em normas jurídicas, que a teor do art. 100, do Código Tributário Nacional, devem ser obedecidas pela autoridade administrativa, por força do disposto no art. 142, do mesmo código. Isto posto, e Considerando que os prazos de recolhimento do PIS foram fixados em normas jurídicas; Considerando que foge á Delegacia da Receita Federal a competência para apreciar matéria constitucional; INDEFIRO, com fundamento no art. 142, c/c art. 170, do CTN, o pedido de compensação constante do presente processo.. Encaminhese ao ARF/AMPARO para ciência aos interessados, facultando ao detentor do crédito o direito a recurso á DRJ/Campinas, no prazo de trinta dias contados da ciência.” Por seu turno a decisão de fls. 96/101 da 5ª Turma da DRJ de Campinas SP, houve por bem “indeferir” a manifestação de inconformidade de fls. 52/62, mantendo o r. Despacho decisório nº 368/2000 (fls. 48/49) da DRF de Jundiaí – SP, aos fundamentos sintetizados em sua ementa exarada nos seguintes termos: “Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1993 a 31/07/1995 Ementa: RESTITUIÇA0 DE INDÉBITO. PIS. BASE DE CALCULO. FATO GERADOR. A base de cálculo vinculase ao fato tributável para que surja a obrigação tributária. Aquela há de retratar, em valores, a real dimensão do fato gerador, pelo que o art. 6° da Lei Complementar 7, de 1970, veicula norma sobre prazo de recolhimento e não regra especial sobre base de cálculo retroativa da referida contribuição ao PIS, conforme Parecer PGFN/CAT/n° 437/98, aprovado pelo Ministro da Fazenda. Solicitação Indeferida” Nas razões de Recurso Voluntário (fls. 114/125) oportunamente apresentadas, a ora Recorrente sustenta que a reforma da r. decisão recorrida e a legitimidade do crédito compensando, tendo em vista: a) a declaração de inconstitucionalidade dos Decretos nº 2445/98 e 2449/98 por decisão definitiva da Suprema Corte, sendo inequívoca a demonstração do crédito através das planilhas que juntou. Submetido o processo a julgamento, através da Resolução n° 340200.092 (fls. 145) em sessão de 25/08/10 esta C. Turma por unanimidade acolheu o voto do ìnclito Relator Júlio César Alves Ramos, e converteu o processo em diligência “para que se apure se o direito creditório alegado é suficiente à Compensação promovida”. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO 4 No atendimento à diligência determinada, a d. Fiscalização produziu o Parecer Técnico (fls. 240/253) esclarecendo que: “1. Em 12/01/1998, o interessado protocolou o Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros, de fl. 01, onde autoriza o valor de R$ 70.948,34, referente a crédito conexo ao PIS —Receita Operacional para compensar parte de débito referente COFINS (valor total do débito de R$ 1.434.039,13) relativa ao período de apuração 12/97 e vencimento 09/01/1998 de responsabilidade da empresa Produtos Alimentícios Fleischmann e Royal Limitada. 2. Concomitantemente, apresentou o Pedido de Restituição de fl. 02, onde requer a restituição de R$ 70.948,34 alegando o crédito conforme mencionado no articulado anterior. 3. Importa ressalta que, conforme planilha que o próprio anexou ao processo (ver fl. 03), os créditos pleiteados se referem àqueles conexos à filial da empresa localizada em Pedreira SP. 4. Anexou ao processo os documentos de fls. 04 a 38, dentre os quais os documentos, de fls. 13 a 38, contemplando os comprovantes de arrecadação referentes à filial da empresa localizada em Pedreira SP — CNPJ no 43.244.128/000375. 5. Os documentos, de fls. 39 e 40, comprovam os recolhimentos mencionados no articulado anterior. 6. Em 04/02/1998, o processo foi encaminhado para o SESIT/DRF/CAMPINAS para apreciação e, em seguida, para a DRFJundiaíSP. 7. De acordo com o Despacho Decisório, de fls. 48 e 49, o Pedido de Compensação foi indeferido. 8. Em 28/04/2000, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário, de fls. 52 a 62, e documentos de fls. 63 a 81. 9. Em 27/11/2002, foi providenciado o Acórdão, de fls. 96 a 101, para indeferir a solicitação do contribuinte. 10. Em 17/12/2002, o processo foi encaminhado para esta DRF tendo em vista alteração da jurisdição do contribuinte. 11. Em 03/04/2007, o interessado foi cientificado do Acórdão da DRJ (fl. 112). 12. Em 03/10/2007, o interessado apresentou o Recurso Voluntário, de fls. 114 a 125, acompanhado dos documentos de fls. 126 e 127. 13. Em 09/06/2008, o Recurso Voluntário tempestivo foi encaminhado para o CARF (fl. 128). 14. Conforme Resolução n° 340200.092, o CARF — Conselho Administrativo de Recursos Fiscais converteu o julgamento em diligência e encaminhou o processo para esta Delegacia de Origem (fl. 145 — verso e anverso). Fl. 308DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13836.000023/9811 Acórdão n.º 3402002.289 S3C4T2 Fl. 4 5 15. Em 28/03/2010, foi providenciada a Intimação Fiscal n° 088/2010 onde foi requerido que o interessado apresentasse as bases de cálculo necessárias para a implementação da diligência determinada. 16. Em 04/05/2010, o contribuinte apresentou os documentos, de fls. 150 a 235, onde à fl. 186, estão estampadas as bases de cálculo necessárias para a implementação da diligência requerida. 17. É o relatório. 18. Conforme Resolução do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o julgamento do Recurso Voluntário foi convertido em diligência conforme documento de fl. 145 (verso e anverso). 19. Os valores a serem considerados nos cálculos contemplam os recolhimentos realizados pelo interessado conforme documentos de arrecadação anexados ao processo às fls. 172 a 235. 20. Referidos valores tiveram seus recolhimentos confirmados conforme pesquisa junto ao sistema de informações SINAL 09. 21. Os cálculos a serem implementados, conforme 3° parágrafo do anverso da fl. 145, deverão levar em consideração a semestralidade uma vez que a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6° da Lei Complementar no 07/70, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. 22. No entanto, apesar de não ser aplicada a correção monetária entre o mês da base de cálculo (sexto mês anterior) e o mês do fato gerador, conforme mencionado no articulado anterior, há que se levar em consideração a correção monetária entre o mês do fato gerador do tributo e o mês do recolhimento da exação. 23. Em resumo, as alterações efetuadas pela legislação posterior Lei Complementar n° 7/70, relativamente aos prazos de recolhimento do PIS são as seguintes: • Lei n° 7.691/88, arts. 1° e 3°: dispôs sobre atualização monetária (conversão em OTN) do PIS e sobre prazo de recolhimento (dia 10 do 3° mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador) para fatos geradores a partir de 1°/01/89; • Lei n° 7.799/89, arts. 67 e 69: dispôs sobre atualização monetária (conversão em BTNF) e prazo de recolhimento (até o dia 10 do 3° mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador) para fatos geradores a partir de 07/89; • MP n° 134/90 e Lei n° 8.019/90, art. 5°: alteraram o prazo de recolhimento (até o dia 05 do 3º mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador) para os fatos geradores a partir de 03/90; Fl. 309DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO 6 • Lei n°8.012/90, art. 1°: alterou a data da conversão em BTNF para fatos geradores a partir de 04/90; • Lei n° 8.218/91, art. 2° : alterou o prazo de recolhimento (até o 5° dia do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador) para os fatos geradores a partir de 08/91; • Lei n° 8.383/91, arts. 52 e 53: alterou o prazo de recolhimento (até o dia 20 do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador) e a data de conversão em UFIR para fatos geradores ocorridos a partir de 01/92; • MP n° 368/93 e Lei n° 8.850/94, art. 2°: alteraram a data de conversão em UFIR e o prazo de recolhimento (até o 5° dia útil do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador) para fatos geradores ocorridos a partir de 11/93; • MP no 566/94, MP n° 596/94 (Lei n° 9.069/95, arts.43 e 57): alteraram o prazo de recolhimento (até o último dia útil do 1° decêndio do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador) para fatos geradores ocorridos a partir de 08/94 e a data de conversão em UFIR para fatos geradores ocorridos a partir de 09/94; • Lei n° 8.981/95, art. 83: alterou a data de vencimento (até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês da ocorrência do fato gerador) para fatos geradores ocorridos de 01/95 a 09/95. 24. Levandose em consideração a legislação acima ilustrada, optei por apresentar as planilhas ilustradas na seqüência onde estão demonstrados os valores dos indébitos de PIS mediante o cotejo dos recolhimentos da exação feitos com base nos decretosleis n°s 2.445/88 e 2.449/88 e o devido pela Lei Complementar n° 07/70 conforme decisão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 25. Os cálculos conexos às planilhas mencionadas contemplam as seguintes premissas: • Os valores das bases de cálculo considerados estão de acordo com as bases de cálculo fornecidas pelo próprio contribuinte conforme planilha anexada ao processo A fl. 186. • Os montantes das alíquotas consideram o valor de 0,5% estabelecida pela Lei Complementar n° 07/70 somada ao incremento de 0,25% determinada pela Lei Complementar n° 17/73 e, relativamente ao anocalendário de 1999, considera a alíquota de 0,35% conforme estabelecida pela Lei n° 7.689/88. • 0 valor do PIS devido na data do pagamento considera o incremento da atualização monetária entre a data do levantamento da exação e a data do efetivo recolhimento do tributo conforme "Tabela de Atualização Monetária entre as datas do levantamento da exação e a do pagamento do tributo" anexada á fl. 192 sendo que os prazos de recolhimentos e as atualizações monetárias estão de acordo com a legislação vigente á época de ocorrência dos fatos geradores. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13836.000023/9811 Acórdão n.º 3402002.289 S3C4T2 Fl. 5 7 • 0 valor do PIS pago está de acordo com pesquisas realizadas junto aos sistemas de informações SINAL 09. • A coluna "Diferença" representa o valor a maior ou a menor recolhida no mês de referência e expressa em moeda da data do pagamento do tributo. • É importante ressaltar que devido As alterações dos padrões monetários ocorridos em 1993 e em 1994 houve um desencontro de moedas referentes As bases de cálculo e os pagamentos conexos As mesmas como resultado da "semestralidade". Dessa forma, para comparação de valores no mesmo padrão monetário, as bases de cálculo dos meses de 07/93 até 01/94 foram divididas por 1.000 e as bases de cálculo de 06/94 até 12/94 foram divididas por 2.750. Os valores recolhidos a maior após 31/12/1991 foram transformados em UFIR da data do efetivo recolhimento a maior do tributo e expressos em Reais de 31/12/1995 considerandose a UFIR de 0,8287. Os recolhimentos realizados após 29/08/1994 (data da publicação da Medida Provisória n° 596/94 — arts. 36 e 37) e anteriores a 31/12/1994 foram atualizados multiplicandose o valor pago a maior pelo coeficiente definido como sendo: numerador o valor da UFIR de 0,8287 e denominador o valor da UFIR do mês seguinte ao do pagamento. • Os recolhimentos realizados após 01/01/1995 (data da vigência da Medida Provisória n° 812/94 — Lei n° 8.981/96 — art. 96) foram atualizados multiplicandose o valor pago a maior pelo coeficiente definido como sendo: numerador o valor da UFIR de 0,8287 e denominador o valor da UFIR do trimestre seguinte ao do pagamento. (...) 26. Conforme se verifica nas planilhas ilustradas anteriormente e com base na determinação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mostrou que o contribuinte recolheu valores de PIS a maior, considerandose o universo temporal considerado e o cotejo entre os valores recolhidos com base nos decretosleis n°s 2.445/88 e 2.449/88 e o devido com base na Lei Complementar n° 07/70, no valor de R$43.636,00 (database 31/12/1995) a ser acrescido de taxa de juros SELIC a partir de 01/01/1996. 27. Tendo em vista o Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros (fl. 01), imputei os dados do crédito e do débito no Sistema de Apoio Operacional, sendo que o resultado conforme documentos de fls. 236 a 239, demonstra que o crédito calculado não foi suficiente para proporcionar a homologação da compensação do débito elencado no Pedido de Compensação de fl. 01. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO 8 28. Observese que os cálculos desenvolvidos pelo interessado na planilha de fl. 170 estão equivocados conforme se comprovará a seguir. 29. Exemplificaremos a demonstração utilizandose o valor calculado na primeira linha da referida planilha. 30. A coluna "Valor devido em UFIR" (8a coluna da planilha de fl. 170) foi calculada como sendo o valor devido em moeda (5a coluna) dividido pelo valor da UFIR do dia do recolhimento do tributo. Tal valor resultou em 3.190,99 UFIR. 31. Na realidade, a maneira correta de cálculo considera o valor devido em moeda (13.917.196,16) dividida pela UFIR do último dia de do mês de ocorrência do fato gerador, conforme art. 53 da Lei n° 8.383/91 a seguir transcrita, in verbis: Art. 53. Os tributos e contribuições relacionados a seguir serão convertidos em quantidade de UFIR diária pelo valor desta: (Redação dada pela Lei n° 8.850, de 1994): (...) IV contribuição para o financiamento da Seguridade Social (COFINS), instituída pela Lei Complementar n° 70, de 1991, e contribuições para o Programa de Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), no último dia do mês de ocorrência dos fatos geradores; (Redação dada pela Lei n° 8.850, de 1994) (...)". 32. Considerandose que o fato gerador da primeira linha da planilha é o mês de janeiro de 1993, logo o valor da UFIR de conversão é 9.597,03 e não 11.673,80 como considerou o contribuinte. 33. Utilizandose o índice de conversão de 9.597,03 irá resultar em uma quantidade maior de UFIR devidas e, consequentemente um valor menor a restituir. 34. Considerandose os demais valores, cujos cálculos desenvolvidos pelo interessado são similares, fica explicado insuficiência de crédito para proporcionar a homologação integral do débito de fl. 01. 35. Dessa forma, conforme determinação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fl. 145 — anverso), proponho, após consideração superior, seja dada ciência ao interessado deste Parecer Técnico. 36. À consideração superior. .... De acordo. RESOLVO aprovar o presente Parecer Técnico.” Por seu turno, através da petição de fls. 257 a ora Recorrente faz a juntada da Guia DARF devidamente recolhida e referente ao pagamento do débito remanescente no valor de 25.365,31. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13836.000023/9811 Acórdão n.º 3402002.289 S3C4T2 Fl. 6 9 É o Relatório. Voto Conselheiro FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA, Relator O Recurso Voluntário reúne as condições de admissibilidade e, no mérito, merece ser parcialmente provido. Inicialmente anoto ser assente na jurisprudência deste Conselho que a autoridade administrativa não é competente para decidir sobre a constitucionalidade dos atos baixados pelo Poder Legislativo, salvo se a respeito dela já houver pronunciamento do STF, cuja orientação tem efeito vinculante e eficácia subordinante, eis que a desobediência à autoridade decisória dos julgados proferidos pelo STF importa na invalidação do ato que a houver praticado (cf. Ac. do STFPleno na Reclamação nº 1.770RN, rel. Min. Celso de Mello, publ. in RTJ 187/468; cf. Ac. do STFPleno na Reclamação nº 952, rel. Min. Celso de Mello publ. in RTJ 183/486). E isto porque, como também esclareceu o E. STJ, “a inconstitucionalidade é vício que acarreta a nulidade ex tunc do ato normativo, que, por isso mesmo, já não pode ser considerado para qualquer efeito” e, “embora tomada em controle difuso, a decisão do STF tem natural vocação expansiva, com eficácia imediatamente vinculante para os demais tribunais, inclusive para o STJ (CPC, art. 481, § único), e com a força de inibir a execução de sentenças judiciais contrárias (CPC, art. 741, § único; art. 475L, § 1º, redação da Lei 11.232/05)” (cf. Ac. da 1ª Turma do STJ no RESP nº 828.106SP, Reg. nº 200600690920, em sessão de 02/05/06, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, publ. in DJU de 15/05/06, pág. 186). Assim, é evidente que a declaração de inconstitucionalidade dos Decretos leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, suspensos pela Resolução do Senado Federal n° 49 de 09/10/95, e que fixavam a alíquota de 0,65% para o PIS, autoriza a restituição do tributo recolhido de acordo com a base de cálculo declarada inconstitucional. Nesse sentido a Jurisprudência desse E Conselho, como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “PIS. SEMESTRALIDADE. Até fevereiro de 1996, a base de cálculo do PIS, nos termos do parágrafo único do art. 6º da LC nº 7/70, corresponde ao faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária até a data do respectivo vencimento (Primeira Seção do STJ – Resp nº 144.708RS e CSRF), sendo a alíquota de 0,75%. Recurso Provido.” (cf. Ac. nº 20179.457, Rec. nº 125.824, Proc. nº 10940.001645/200192, em sessão de 30/06/06, em nome de Falcão Auto Posto Ltda., Rel. Cons. Gustavo Vieira de Melo Monteiro; no mesmo sentido cf. Acórdão CSRF/0202.635 da 2ª Turma da CSRF, no Rec. de Div. nº 202122694, Proc. nº 10950.002565/200216, em sessão de 23/04/07, Rel. Cons. Josefa Maria Coelho Marques) No caso concreto a própria diligência fiscal expressamente reconhece que: Fl. 313DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO 10 “26. Conforme se verifica nas planilhas ilustradas anteriormente e com base na determinação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mostrou que o contribuinte recolheu valores de PIS a maior, considerandose o universo temporal considerado e o cotejo entre os valores recolhidos com base nos decretosleis n°s 2.445/88 e 2.449/88 e o devido com base na Lei Complementar n° 07/70, no valor de R$43.636,00 (database 31/12/1995) a ser acrescido de taxa de juros SELIC a partir de 01/01/1996. Por outro lado, através da petição de fls. 257 a ora Recorrente concordou com a conclusão fiscal e procedeu a juntada da Guia DARF devidamente recolhida e referente ao pagamento do débito remanescente no valor de 25.365,31. Diante da existência, liquidez e certeza do valor do crédito restituendo de PIS, reconhecida pela própria d. Fiscalização, é evidente que a Recorrente faz jus ao crédito restituendo e à compensação pleiteados, impondose o provimento parcial do recurso, para reforma da r. decisão recorrida, para extinção dos créditos tributários compensados Isto posto voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para reformar a r. decisão recorrida, para extinção dos créditos tributários compensados nos termos dos direitos reconhecidos na diligência. É como voto. Sala das Sessões, em 28 de janeiro de 2014. FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D'EÇA Fl. 314DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente e m 05/02/2014 por FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D ECA, Assinado digitalmente em 19/02/2014 por GILSON MA CEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 15504.722336/2011-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010
DEDUÇÃO DE DESPESA MÉDICA. COMPROVAÇÃO. A comprovação do alegado pelo contribuinte, nos termos do Regulamento do Imposto sobre a Renda, deve ser considerada pelo julgador administrativo em sua decisão, em face de sua vinculação com o princípio da legalidade do lançamento tributário, consubstanciado pelo princípio da verdade material que vige no processo administrativo tributário.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 2101-002.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Maria Cleci Coti Martins, que votou por negar provimento ao recurso.
(assinado eletronicamente)
MARIA CLECI COTI MARTINS - Presidente em exercício e Relatora
(assinado eletronicamente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA CLECI COTI MARTINS (Presidente em exercício), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA(Redator), ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EDUARDO DE SOUZA LEÃO
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010 DEDUÇÃO DE DESPESA MÉDICA. COMPROVAÇÃO. A comprovação do alegado pelo contribuinte, nos termos do Regulamento do Imposto sobre a Renda, deve ser considerada pelo julgador administrativo em sua decisão, em face de sua vinculação com o princípio da legalidade do lançamento tributário, consubstanciado pelo princípio da verdade material que vige no processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 01 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15504.722336/2011-94
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5363787
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 01 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2101-002.485
nome_arquivo_s : Decisao_15504722336201194.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARIA CLECI COTI MARTINS
nome_arquivo_pdf_s : 15504722336201194_5363787.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Maria Cleci Coti Martins, que votou por negar provimento ao recurso. (assinado eletronicamente) MARIA CLECI COTI MARTINS - Presidente em exercício e Relatora (assinado eletronicamente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA CLECI COTI MARTINS (Presidente em exercício), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA(Redator), ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EDUARDO DE SOUZA LEÃO
dt_sessao_tdt : Thu May 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5546094
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:25:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815769624576
conteudo_txt : Metadados => date: 2014-07-28T13:30:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2014-07-28T13:30:17Z; Last-Modified: 2014-07-28T13:30:17Z; dcterms:modified: 2014-07-28T13:30:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:83efc9bb-8397-4ecd-84bf-9fdfd17fc9b5; Last-Save-Date: 2014-07-28T13:30:17Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2014-07-28T13:30:17Z; meta:save-date: 2014-07-28T13:30:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2014-07-28T13:30:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2014-07-28T13:30:17Z; created: 2014-07-28T13:30:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2014-07-28T13:30:17Z; pdf:charsPerPage: 1914; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2014-07-28T13:30:17Z | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 2 1 1 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.722336/201194 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101002.485 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de maio de 2014 Matéria IRPF Recorrente GERALDO SENRA DELGADO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010 DEDUÇÃO DE DESPESA MÉDICA. COMPROVAÇÃO. A comprovação do alegado pelo contribuinte, nos termos do Regulamento do Imposto sobre a Renda, deve ser considerada pelo julgador administrativo em sua decisão, em face de sua vinculação com o princípio da legalidade do lançamento tributário, consubstanciado pelo princípio da verdade material que vige no processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencida a conselheira Maria Cleci Coti Martins, que votou por negar provimento ao recurso. (assinado eletronicamente) MARIA CLECI COTI MARTINS Presidente em exercício e Relatora (assinado eletronicamente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA CLECI COTI MARTINS (Presidente em exercício), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA(Redator), ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EDUARDO DE SOUZA LEÃO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 23 36 /2 01 1- 94 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA 2 Relatório O recurso voluntário sob análise visa a reforma do Acórdão 0237.226 – 9a. Turma da DRJ/BHE que manteve a glosa de despesas médicas conforme o Auto de Infração, por falta de comprovação hábil e idônea da efetiva prestação do serviço e do seu pagamento. Em suas razões, o contribuinte manifestou não concordância especificamente com a glosa dos valores pagos a título de despesa médica de sua titularidade e de sua esposa, constantes da tabela a seguir. Argumenta que a esposa é sua dependente informada na declaração e que, inicialmente, entendia que somente os recibos eram meios bastantes para comprovação das despesas dedutíveis. Apresentou junto com o recurso voluntário cópias de documentos –cheques nominais – que acredita sejam suficientes para a comprovação das despesas da tabela a seguir. Também apresentou pedido de análise prioritária do recurso e de suspensão da exigibilidade. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Maria Cleci Coti Martins O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade conforme Decreto 70235/1972(PAF). Assim, deve ser conhecido. A discussão no recurso voluntário está limitada à possibilidade de análise dos documentos comprobatórios da dedutibilidade das despesas supra nas Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física do contribuinte nos exercícios 2009 e 2010. O recorrente anexou, extemporaneamente, documentação composta de cópias de cheques e extratos bancários, à fls. 175 a 230. Os documentos apresentados estão analisados a seguir. Cheque 850921 – (número do cheque completamente ilegível), que teria sido emitido em outubro de 2009 (dia ilegível), com assinatura pouco legível, por Silvia Bellote Delgado (em valor de R$ 32.850,00, inferior ao declarado ao fisco, R$ 33.240,00), nominal ao Dr. Alberto (restante do nome está ilegível). Observandose o extrato bancário (BANCO DO BRASIL) anexado ao processo, no mês outubro/2009 existe primeiramente um crédito de R$32.000,00 e, alguns Fl. 244DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA Processo nº 15504.722336/201194 Acórdão n.º 2101002.485 S2C1T1 Fl. 3 3 lançamentos após, o débito relativo ao cheque 850921, no valor de R$ 32.850,00. Demais cópias de cheques estão com informações importantes como a identificação do cheque, data da emissão e valor do cheque completamente ilegíveis, impossibilitando qualquer análise. Não se pode inferir que as cópias ilegíveis dos cheques apresentadas sejam os constantes dos extratos bancários anexados ao processo. Diante do exposto, não se pode afirmar que as cópias (ilegíveis) dos cheques apresentados (extemporaneamente) se refiram às despesas relacionadas nas declarações do contribuinte. Mais ainda, a maior despesa declarada, no valor de R$ 33.240,00 não coincide com o valor da cópia (quase ilegível) do cheque apresentado (R$ 32.850,00), sem considerar a particularidade de que um crédito de valor parecido (32.000,00) teria sido feito anteriormente, o que poderia configurar um empréstimo. Mais ainda, os documentos comprobatórios foram anexados aos autos do processo, após a impugnação. Conforme art. 16 do Decreto 70235/72, a juntada de provas após a impugnação somente poderá ser efetuada desde que atenda às condições dos incisos a), b) e c) do parágrafo 4o. do mesmo dispositivo legal, a seguir transcrito. DEC. 70235/72, ART. 16 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Diante da situação configurada nos autos deste processo, desconsiderase, na presente análise, o documento juntado à fls. 175230, por não ter ficado comprovada a ocorrência de pelo menos uma das situações de excepcionalidade previstas nas alíneas “a”, “b” ou “c” do § 4.º do artigo 16 do Decreto n.º 70.235, de 1972. Na hipótese, o direito do contribuinte de apresentar provas no Processo Administrativo Fiscal precluiu com a entrega da Impugnação. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA 4 Esse é também o posicionamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, tal como manifestada no Acórdão cuja ementa a seguir transcrevese: QUESTÃO PROCESSUAL – MOMENTO DEAPRESENTAÇÃO DE PROVAS – PRECLUSÃO –PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA VERDADE MATERIAL A apresentação de prova documental, após o decurso do prazo para interposição de impugnação, pode ser admitida excepcionalmente, nos termos do artigo 16, do Decreto nº. 70.235/72, com redação dada pela Lei nº. 9.532/97, a fim de que a decisão proferida se coadune com os princípios da legalidade e da verdade material. (Acórdão CSRF/0305.210, de 12/02/2007) Por todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Maria Cleci Coti Martins Relatora Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Tratase de recurso voluntário proposto em face de acórdão que manteve a glosa de despesa média, por falta de comprovação da prestação de serviços e de seu pagamento, da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física referente aos exercícios de 2009 e 2010, consoante o relatório e o voto da ilustre Conselheira Maria Cleci Coti Martins. Em apertada síntese, o voto da eminente Conselheira Relatora, não acolhe, em primeiro lugar por apresentação intempestiva, a comprovação do pagamento das despesas do contribuinte. Acrescenta, às suas razões de decidir, que as cópias dos cheques anexados não são legíveis, ou não se comprova que os cheques apresentados constam do extrato bancário anexado. Com o devido respeito e escusa, ouso discordar da ilustre relatora. Passo a fundamentar minha opinião. Em primeiro lugar, me convenço, pela observação das cópias dos cheques apresentados (fls de 1 a 8, numeradas no processo digitalizado, como do anexo “documentos diversos’ do Recurso Voluntário), que foram obtidos do sítio da instituição financeira, Banco do Brasil, e que as páginas da internet, cujas cópias se anexou, contêm dados que reproduzem as informações constantes dos cheques, permitindo a comprovação dos valores, datas e favorecidos indicados pelo recorrente. Devo acrescentar que esses dados são novamente verificáveis ao se analisar o extrato bancário anexado (fls 9 e 10 do mesmo anexo do Recurso Voluntário). Assim, me sinto convencido no sentido da comprovação do pagamento e da efetiva prestação dos serviços deduzidos a título de despesa médica. Enfrento agora a questão do tempo de apresentação da prova. “O Direito não socorre a quem dorme” é uma máxima jurídica cujo conhecimento, podese dizer, é público graças a sua imensa aplicabilidade. A decadência, a Fl. 246DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA Processo nº 15504.722336/201194 Acórdão n.º 2101002.485 S2C1T1 Fl. 4 5 prescrição e a preclusão são institutos jurídicos fundados na falta de agir daqueles que possuem um direito, visando a estabilidade das relações jurídicas pela punição, em face da omissão, dos que não buscam a realização desse seu direito. Examinemos o que nos interessa para a decisão do caso em apreço: a preclusão. Sabemos que se trata da perda de um ato processual pela inércia ou intempestividade de sua prática. Como nos recorda De Plácido e Silva, “indica propriamente a perda de determinada faculdade processual...” (Vocabulário Jurídico, 27ª ed, Editora Forense, 2008, p. 1076). Tal instituto visa garantir agilidade processual por meio da impulsão, pelas próprias partes, do processo administrativo ou judicial, impedindo que a demora de determinada parte no dever de se desincumbir de determinado ônus, cause uma demora exagerada no tempo do processo administrativo ou judicial. Nesse sentido, a lei determina que tal mora seja penalizada com a própria perda do ato processual, “acarretando a superação daquele estágio do processo...”, conforme ensina Celso Antonio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed., Malheiros Editores, 2007, p. 1016). Exatamente essa a inferência que se obtém da leitura do artigo 16, parágrafo 4º do Decreto nº 70.235/71: “Art. 16. A impugnação mencionará: ... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.” (negritamos) Não obstante todo o exposto, não podemos, no caso em apreço, adotar o entendimento acima explicitado. Nossa decisão deve ser tomada no âmbito do processo administrativo tributário, procedimento pelo qual a Administração Pública visa controlar a legalidade de seus atos. Importante, nesse ponto, explicitar a função do processo administrativo dentro do ordenamento jurídico pátrio recordando que, para tanto, é necessário abordarmos a função do Estado dentro da sociedade moderna. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA 6 Em apertada síntese, podemos dizer, comungando a visão de Celso Antonio Bandeira de Melo (ob. cit., p. 29), que o Estado moderno desempenha três funções primordiais: legislativa, administrativa (ou executiva) e jurisdicional. Essas três funções se encontram distribuídas pelos Três Poderes, como se sabe, Legislativo, Executivo e Judiciário. Muito embora se reconheça que nenhum dos Poderes exerça somente sua função precípua, é, inegavelmente, essa que o consagra e determina seu regramento e modelo de atuação. Essa ressalva é importante para se analisar a função do processo administrativo dentro do Poder Executivo, pois é justamente nesse poder que se encontra uma função importantíssima para sua atuação e que pode parecer, para um leigo, verdadeiro desvio de função. A Administração Pública, exteriorização do Poder Executivo, tem a função precípua de realizar o interesse público, dando concretude aos comandos emanados dos Poderes Legislativo e Judiciário. Nesse sentido que se afirma serem princípios fundantes da Administração Pública a supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do interesse público. (Celso Bandeira de Melo suporta essa afirmação in ob. cit, p.53). Decorre desses princípios enfeixadores do sistema jurídico que embasa a Administração Pública Brasileira, princípios fundantes do Direito Administrativo pátrio, a primazia do princípio da legalidade nesse ramo do Direito Público, pois ao submeter à Administração à lei, o ordenamento jurídico “explicita a subordinação da atividade administrativa à lei e surge como decorrência natural da indisponibilidade do interesse público, noção esta que, conforme foi visto, informa o caráter da relação de administração”. (Celso Bandeira de Melo, ob. cit., p. 72). Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, 32ª ed., Malheiros Editores, p. 87): “A legalidade como princípio de administração (CF, art 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não pode se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e exporse a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso” (grifamos) É essa vinculação absoluta ao império da lei que exige que a Administração Pública controle a legalidade de seus próprios atos, independentemente de manifestação do particular, por meio do que se chama, princípio do controle administrativo ou tutela, ou ainda autotutela. Por isso, dizse com razão que, o processo administrativo resguarda os interesses dos administrados. Como todos os ramos do Direito Administrativo, também o ramo processual encontra seus limites interpretativos em seus princípios específicos. Muitos desses princípios se encontram positivados, embora denominados como “critérios” na Lei 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, especificamente no parágrafo único do artigo 2º, que preceitua: “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA Processo nº 15504.722336/201194 Acórdão n.º 2101002.485 S2C1T1 Fl. 5 7 Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; II atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boafé; V divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.” (grifamos) Além desses princípios positivados, a doutrina elenca outros, não menos importantes, como por exemplo, o princípio da verdade material que nos interessa para o caso em concreto. Lucas Rocha Furtado (Curso de Direito Administrativo, Ed. Fórum, 2007, p. 1209), com clareza que merece reprodução, assegura: Fl. 249DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA 8 “Nos processos administrativos, diversamente do que ocorre com os processos judiciais, especialmente no âmbito do processo civil, os responsáveis pela condução dos autos não devem se ater às informações constantes dos autos para a formação das suas convicções e para a construção das decisões a serem proferidas.” (negritamos) Continua o doutrinador: “Evidentemente que se espera que a denominada verdade formal, aquela que se extrai exclusivamente das informações constantes dos autos, corresponda a realidade dos fatos e a correta aplicação do direito. Ou seja, é de se esperar que a denominada verdade formal esteja em perfeita harmonia com a verdade material. Caso se constate eventual descompasso entre uma e outra, no entanto, os responsáveis pela condução do processo administrativo devem decidir com base na verdade material. A realização do principio da verdade material mantém forte relação com o do formalismo moderado. Assim, exigências ou limitações formais não devem impedir que a Administração Pública decida com base na verdade material caso esta contrarie a verdade formal”. (os grifos não constam do original) Tal princípio, como sobredito, decorre do dever da Administração em buscar o interesse público que se atinge com a observância dos preceitos estabelecidos em lei. Nesse ponto nossa vinculação à observância do princípio da verdade material se torna majorada, em face de nossa atuação como Administração Tributária. Essa atuação, que tem por função precípua prover de recursos o Estado Democrático e Social de Direito, como se diz do Estado Brasileiro, para que este possa realizar os ditames constitucionais. Porém, não se pode exigir a transferência de recursos do contribuinte para o Estado, além daqueles definidos e quantificados pela lei. Ao analisar a questão sob a ótica da tributação como forma de manutenção do Estado de Direito e das liberdades individuais, Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ª ed., Ed. Saraiva, 2013, p. 31), reconheceu que: “O tributo surge, nessa perspectiva, como o preço dessa liberdade. Ele não se justifica como tal, mas somente na medida em que seja indispensável e na extensão em que se espera uma atuação estatal na construção de uma liberdade coletiva, de inclusão social.” Por isso as receitas derivadas do Estado, consoante expressa determinação do Constituinte, são controladas exclusivamente pela lei. Explicita a imposição constitucional o princípio da legalidade expresso no artigo 150, inciso I, da Carta Magna. Ao tratar do tema, Schoueri (ob cit., p. 279), recorda que: “Em matéria tributária, o Princípio da Legalidade é anterior mesmo ao Estado de Direito. É o direito de concordar com a tributação e controlar o modo como os recursos arrecadados, são empregados.” Fl. 250DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA Processo nº 15504.722336/201194 Acórdão n.º 2101002.485 S2C1T1 Fl. 6 9 Verdadeira limitação constitucional ao poder de tributar, o Princípio da Legalidade é consubstanciado, segundo o artigo 146, II e III, por meio de lei complementar a quem cabe regular as limitações constitucionais ao poder de tributar e estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre o lançamento tributário, entre outros institutos. Coube ao Código Tributário Nacional, CTN, esse papel. Não nos desviemos de nosso objetivo. Não podemos nos esquecer que estamos diante do controle de legalidade do ato administrativo do lançamento tributário. Logo, devemos observar a disposição do CTN sobre a questão: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” (grifamos) Cristalina a disposição codicista sobre o lançamento tributário, em especial quanto à necessidade do mesmo em quantificar o tributo devido. Como nos recorda Luis Eduardo Schoueri (ob. cit., p. 585), “a atividade do lançamento tem uma finalidade: apurar o “an" e o “quantum debeatur”: se é devido e o quanto é devido”. Indiscutível o comando legal: o lançamento tributário, assim entendida também a notificação de lançamento, deve observar a ocorrência do fato gerador e apurar a base de cálculo do tributo devido. No caso em apreço, evidenciouse a ocorrência do fato gerador, pois o contribuinte declarou a renda auferida no ano calendário 2004. Quando da determinação da base de cálculo do tributo, a Administração Tributária glosou uma despesa dedutível por falta de comprovação dessa dedutibilidade. Em defesa, o sujeito passivo se livra desse ônus, porém de forma intempestiva. O princípio da verdade material, verdadeira materialização da observância da legalidade tributária, impõe ao julgador administrativo o dever de analisar a prova que tem o condão de impedir o lançamento tributário advindo da glosa da despesa médica. Por todo o acima exposto e restando incontroverso que os documentos, de pronto, evidenciam o direito à dedução da despesa médica, podemos concluir que, no caso em destaque, a forma (apresentação posterior à impugnação, em desatenção ao art. 16, § 4°, do Decreto n° 70.235/72) não deve se sobrepor ao conteúdo (decorrência direta do princípio da legalidade), de sorte que voto por dar provimento ao recurso. Em conclusão, conheço do recurso voluntário, para darlhe provimento nos termos do voto. Carlos Henrique de Oliveira Fl. 251DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA 10 Fl. 252DF CARF MF Impresso em 01/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 28/07/2014 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEI RA
score : 1.0
Numero do processo: 10920.911133/2012-27
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2003
EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS.
Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula nº 2 do CARF.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-003.330
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. A Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel votou pelas conclusões.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201404
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2003 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula nº 2 do CARF. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10920.911133/2012-27
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5352335
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3801-003.330
nome_arquivo_s : Decisao_10920911133201227.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10920911133201227_5352335.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. A Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel votou pelas conclusões. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
id : 5483588
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:23:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815778013184
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1785; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.911133/201227 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801003.330 – 1ª Turma Especial Sessão de 24 de abril de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Recorrente LOJAS HIRT LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2003 EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula nº 2 do CARF. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. A Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel votou pelas conclusões. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 91 11 33 /2 01 2- 27 Fl. 54DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 3 2 (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 55DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o acórdão, julgado pela 3ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte (DRJ/BHE), referente ao processo administrativo, em que foi julgada improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, não sendo reconhecido o direito creditório. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ/BHE, que assim relatou os autos: O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório nº rastreamento emitido eletronicamente, referente ao PER/DCOMP. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de pedir a restituição de crédito de PIS/PASEP, Código de Receita 8109, no valor original de, decorrente de recolhimento com Darf efetuado. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Assim, diante da inexistência de crédito, a restituição foi INDEFERIDA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN). DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando, em síntese, o que se segue: que o PerDcomp referese a crédito decorrente de pagamento a maior de PIS/Cofins, em razão da inclusão do ICMS nas bases de cálculos dessas contribuições; que em relação à base de cálculo da Cofins, a Lei Complementar 70/91, que instituiu a cobrança da contribuição, dispõe em seu art. 2º "que a contribuição incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza"; que em relação à base de cálculo do PIS, a Lei Complementar 07/70, que instituiu a cobrança da contribuição dispõe em seu art. 3º que o Fundo de Participação será constituído por duas parcelas, sendo a segunda com recursos calculados com base no faturamento da empresa; que posteriormente as contribuições ao Fl. 56DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 5 4 PIS e a Cofins passaram a ser disciplinadas pela Lei 9718/98 que dispõe em seu art. 2º, parágrafo 1º que "entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas"; que a Constituição Federal em seu art. 195, I, b, dispõe que "A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, Estados, DF e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre: (...) b) a receita ou o faturamento”; que segundo o dispositivo constitucional citado, apenas poder seia reconhecer, como base de cálculo para o PIS e a Cofins, a receita ou o faturamento, não possuindo autorização para incluir em sua base o valor pago a título de ICMS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não faturamento. Requer a reavaliação do Despacho Decisório. Assim, entendeu a DRJ/BHE por conhecer a manifestação de inconformada apresentada, por ser tempestiva e atender os demais pressupostos de admissibilidade. Entretanto, ao analisar o mérito da manifestação de inconformidade, entendeu a DRJ/BHE por indeferir a solicitação, ratificando a decisão da DRF de origem, não reconhecendo o direito creditório e, por conseqüência, não deferindo o pedido de restituição. O referido julgado contou com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a restituição de crédito que não se comprova existente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte apresentou Recurso Voluntário, postulando a reforma da decisão, por entender que o pedido de restituição de crédito tributário, oriundo da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS se mostra legítimo. Em sua fundamentação, fez a colação de trecho do voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio, relator do RE 240.7852/MG, onde ele conclui que o valor correspondente ao ICMS não têm natureza de faturamento ou receita e por isso não incide na base de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 6 5 Por fim, refere a Recorrente que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da matéria no julgamento do RE 574.706, requerendo que o presente recurso fique sobrestado até pronunciamento definitivo pela Suprema Corte, com fundamento no artigo 62A, § 1º, do Regimento Interno do CARF. É o relatório. Fl. 58DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Tanto na manifestação de inconformidade apresentada, quanto no recurso voluntário interposto, a contribuinte manteve o argumento de que deveria ser excluído o ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Primeiramente, necessário destacar se há necessidade ou não de sobrestamento do processo. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, em ação declaratória de constitucionalidade proposta pelo Presidente da República (ADC n° 18), deferiu, por maioria, medida cautelar para determinar que juízos e tribunais suspendam o julgamento dos processos em trâmite que envolvam a aplicação do art. 3º, § 2º, I, da Lei 9.718/1998, até o julgamento final da ação pelo Plenário do STF. (MCADC 18/DF, rel. Min. Menezes Direito, 13.8.2008) Contudo, em sessão plenária do dia 4.2.2009, o Tribunal, resolvendo questão de ordem, por maioria, prorrogar o prazo da decisão liminar concedida, nos termos do voto do relator. (QOMCADC 18/DF, rel. Min. Menezes Direito) Após, em sessão plenária do dia 16.9.2009, o Tribunal, resolvendo questão de ordem, por maioria, decidiu novamente por prorrogar o prazo da decisão liminar concedida. (2ª QOMCADC 18/DF, rel. Min. Menezes Direito) Por fim, em sessão plenária do dia 25.03.2010, o Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem no sentido de prorrogar, pela última vez, por mais 180 dias (cento e oitenta) dias, a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida. (3ª QOMCADC 18/DF, rel. Min. Celso de Mello) Deste modo, entendese que após decorrido o prazo de 180 dias, a contar de 25.03.2010, perdeu a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida. Assim, entendese que não deve haver o sobrestamento da matéria. Outrossim, cabe ainda destacar que o § 1º do Art. 62A do Regimento Interno do CARF que faz referência a contribuinte no presente Recurso Voluntário (interposto em 19/12/2013), estava inclusive já revogado pela Portaria MF nº 545, de 18 de novembro de 2013. Cumpre ressaltar inclusive que a presente Turma ao apreciar a mesma matéria já se manifestou no sentido de não sobrestar o processo. Tal decisão ocorreu por unanimidade nos autos do processo administrativo n° 10950.003104/201071, de Relatoria do Conselheiro José Luiz Bordignon, em sessão de 27 de novembro de 2012, onde foi lavrado o acórdão n° 3801001.593. No referido acórdão, assim restou decidido: Fl. 59DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 8 7 “Acordam os membros do colegiado: (I) Por unanimidade de votos, não sobrestar o processo; (II) Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso em relação às preliminares de cerceamento de defesa e de que o crédito tributário já sido constituído pelo contribuinte; (III) Pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso em relação à preliminar de vício do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que reconheciam a nulidade; (IV) Por unanimidade de votos, no mérito, negar provimento ao recurso.” (grifouse) Deste modo, entendo por não sobrestar o presente processo. Analisando o mérito, verificase que a recorrente alega que a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS promovida pela Lei n° 9.718/98 violou dispositivos da Constituição Federal de 1988. Pretende, em suma, a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, pretendendo a contribuinte a inconstitucionalidade de lei tributária, necessário que seja aplicada ao presente caso a Súmula n° 2 do CARF, que assim dispõe: SÚMULA Nº 2 do CARF: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por se tratar de matéria constitucional, não sendo competência deste Conselho a sua análise, encaminho voto por negar provimento ao mérito do recurso, consoante o que vem sendo julgado por este Conselho Neste sentido as seguintes ementas deste Conselho: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. Sendo a base de cálculo da Cofins o faturamento, nele se incluindo todas as parcelas que o compõem, deve o ICMS integrála. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF nº 2. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. (Acórdão n° 3302 000.745, julgado em 10/12/2010, grifouse) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas são incompetentes para apreciar argüições de inconstitucionalidade de lei regularmente editada, tarefa privativa do Poder Judiciário. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de Fl. 60DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 9 8 novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será aplicada à multa de oficio de 150%. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2005, 2006, 2007 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. EXCLUSÃO DO ISS E TPT. IMPOSSIBILIDADE. Para fins de determinação da base de cálculo do PIS e da Cofíns, os tributos que podem ser excluídos da receita bruta são o IPI e o ICMS, quando cobrados pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. (Acórdão 1102 000.519, julgado em 03/10/2011, grifouse) Deste modo, encaminho o voto por negar provimento ao recurso voluntário, em razão deste Conselho não ser competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). É necessário igualmente analisar o mérito do recurso, em que pese as considerações acima trazidas. Apesar de entendimento diverso desse relator, o pedido do contribuinte vai de encontro com a jurisprudência dominante e sumulada do STJ. Importante referir que o pedido da recorrente não possui respaldo no Superior Tribunal de Justiça, que já editou Súmula com o seguinte teor: STJ Súmula nº 68 15/12/1992 DJ 04.02.1993 ICM Base de Cálculo do PIS A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS. Em igual sentido o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região assim tem se manifestado: EMENTA: PIS. COFINS. ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. INADMISSIBILIDADE. Os encargos tributários integram a receita bruta e o faturamento da empresa. Seus valores são incluídos no preço da mercadoria ou no valor final da prestação do serviço. Por isso, são receitas próprias da contribuinte, não podendo ser excluídos do cálculo do PIS/COFINS, que têm, justamente, a receita bruta/faturamento como sua base de cálculo. É constitucional e legal a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, §2º, I, da Lei 9.718/98. (TRF4, AC 5008959 23.2010.404.7000, Primeira Turma, Relatora p/ Acórdão Maria de Fátima Freitas Labarrère, D.E. 12/09/2013) Deste modo, entendese que os encargos tributários integram a receita bruta e o faturamento da empresa. Assim, seus valores são incluídos no preço da mercadoria ou no valor final da prestação do serviço. Diante disso, são receitas próprias da contribuinte, não Fl. 61DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 10920.911133/201227 Acórdão n.º 3801003.330 S3TE01 Fl. 10 9 podendo deixar de ser incluídos no cálculo do PIS e da COFINS, que tem, justamente, a receita bruta/faturamento como sua base de cálculo. Assim, incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Em face do exposto, encaminho o voto para NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É assim que voto. Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator Relator Fl. 62DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 09/06/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 20/05/2014 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.907375/2011-44
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2003
PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02.
A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3802-002.896
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201404
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2003 PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (Icms-ST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 11 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10830.907375/2011-44
anomes_publicacao_s : 201408
conteudo_id_s : 5366293
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 11 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3802-002.896
nome_arquivo_s : Decisao_10830907375201144.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : SOLON SEHN
nome_arquivo_pdf_s : 10830907375201144_5366293.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
id : 5557682
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:25:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815829393408
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2193; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 78 1 77 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.907375/201144 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3802002.896 – 2ª Turma Especial Sessão de 23 de abril de 2014 Matéria PISCOMPENSAÇÃO Recorrente CITRATUS IBERTECH DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2003 PIS/PASEP. ICMS. EXCLUSÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 02. A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e a Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento desta, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 73 75 /2 01 1- 44 Fl. 78DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2003 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. Em sede de manifestação de inconformidade, o Recorrente alegou que o crédito seria decorrente do recolhimento indevido de PIS/Pasep e de Cofins, resultante da inclusão do Icms na base de cálculo das contribuições. Sustentou ainda que, em se tratando de receita tributária dos Estados da Federação, o referido imposto não faria parte da receita auferida pela empresa. Aduz que a manutenção do imposto na base de cálculo da contribuição afrontaria os arts. 146, III, da Constituição e art. 110 do Código Tributário Nacional. A Recorrente, nas razões de fls. 67 e ss., reitera os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, requerendo a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 09/10/2013 (fls. 75), interpondo recurso tempestivo em 12/11/2013 (fls. 67). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o mesmo pode ser conhecido. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10830.907375/201144 Acórdão n.º 3802002.896 S3TE02 Fl. 79 3 A exclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, de acordo com a legislação vigente (Lei nº 10.833/200e, art. 1º, § 3º, III; Lei nº 9.718/1998, art. 3º, § 2º, Lei nº 9.715/1998, art. 3º, parágrafo único; Lei nº 10.637/2002, art. 1º, § 3º, II), somente é autorizada no regime de substituição tributária (IcmsST). No demais casos, a exclusão pressupõe o reconhecimento da inconstitucionalidade da incidência, matéria que, como se sabe, é objeto da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 14, no Supremo Tribunal Federal. Antes do julgamento da referida ADC, não há como se afastar a inclusão do Icms na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep, pela falta de previsão legal e, nos termos da Súmula CARF nº 02, pela incompetência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para declarar a inconstitucionalidade de atos normativos fora das hipóteses previstas no art. 62 do Regimento Interno: Súmula Carf nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. Votase pelo não conhecimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 80DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Fl. 81DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10980.723447/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1402-000.252
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos à 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, para julgamento em conjunto com o processo 10980.724879/2010-26.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10980.723447/2009-64
anomes_publicacao_s : 201407
conteudo_id_s : 5359614
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1402-000.252
nome_arquivo_s : Decisao_10980723447200964.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
nome_arquivo_pdf_s : 10980723447200964_5359614.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos à 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, para julgamento em conjunto com o processo 10980.724879/2010-26. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
id : 5520787
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:24:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815841976320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1383; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 934 1 933 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.723447/200964 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1402000.252 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 7 de maio de 2014 Assunto Recorrente OLIVEIROS PAZ KING Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, encaminhar os autos à 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, para julgamento em conjunto com o processo 10980.724879/201026. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .7 23 44 7/ 20 09 -6 4 Fl. 934DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 935 2 Oliveiros Paz King recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 4ª Turma da DRJ Curitiba/PR, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Por meio do Auto de Infração de fls. 795/801, exigemse da contribuinte R$ 338.489,81 de imposto sobre a renda de pessoa física e R$ 507.734,71 de multa de ofício de 150%, além dos acréscimos legais. O lançamento, conforme descrição dos fatos e enquadramento legal, referese à apuração de: (a) rendimentos excedentes ao lucro presumido/arbitrado pagos a sócio ou acionista no anocalendário 2004; e, (b) omissão de rendimentos, em face de variação patrimonial a descoberto, nos meses de dezembro de 2003, junho, agosto e dezembro de 2004, em que se verificou excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 777/794, parte integrante do auto de infração, consta o detalhamento do procedimento fiscal e dos fatos. Cientificado do lançamento, em 11/11/2009 (fl. 799), o interessado, por intermédio de procurador (fl. 856), apresentou, tempestivamente, em 11/12/2009, a impugnação de fls. 805/824, acompanhada dos documentos de fls. 825/850, a seguir sintetizada. Preliminarmente, referindose aos fatos geradores que teriam ocorrido em 31/12/2003, 30/06/2004 e 31/08/2004, suscita "prescrição" (sic), fundamentandose nos arts. 150, § 4°, 156 e 168 do CTN, citando jurisprudência administrativa e ponderando que, nos termos do art. 2° da Lei n° 7.713, de 1988, e art. 55, XIII, do RIR/1999, o fato gerador do IRPF, para fins de "prescrição", deve ser considerado mensalmente. No mérito, ressalta que "a totalidade dos valores imputados à impugnante, como excedente ou a descoberto, foram efetivamente declarados por si ou por seu cônjuge, porém em sua grande maioria, na qualidade de isentos", conforme documentação que aventa ter sido apresentada, os quais, uma vez considerados, redundariam na desconstituição do auto de infração. Alega que o repasse dos valores encontrase demonstrado nos autos, destacando que o cônjuge, na qualidade de sócio de empresas, apresentou os comprovantes de rendimentos, ao passo que a fonte pagadora procedeu ao registro dos efetivos repasses de lucros, em sua contabilidade e na DIPJ, havendo incremento de patrimônio compatível com a demanda de recursos declarados. Diz estar, assim, evidenciada a entrega e utilização dos recursos, suscitando a impossibilidade de acréscimo patrimonial sem a existência daqueles. Acrescenta que haveria bitributação, uma vez que advindos da pessoa jurídica, que os teria tributado. Pondera que a autoridade fiscal parafraseia relatório emitido por outra fiscalização, junto às empresas REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA e REFLORESTADORA OVE LTDA, sem ter conhecimento dos fatos apurados e comprometendose apenas com as conclusões lá expostas, omitindo detalhes Fl. 935DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 936 3 importantes e mencionando apenas aquilo que é favorável à sua tese. Destaca, em contrapartida, trechos daquele relatório, a partir dos quais argumenta que não há como determinar que os valores declarados não existiram. Argúi que, assim, a "complexidade da operação de distribuição de lucros, perpetrada pela empresa, será alvo de chancela e crivo dos órgão internos, na análise do processo próprio'" e que "ao contribuinte beneficiado, qualquer que seja o resultado, deve ser considerada a nãoincidência sobre esses rendimentos". Cita jurisprudência administrativa, uma acerca de acréscimo patrimonial a descoberto e, outra, em referência ao art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, destacando que não caberia à pessoa física comprovar a origem e eventual tributação dos recursos na pessoa jurídica. Aduz que a fiscalização não comprovou a inexistência dos lucros declarados, tendo se baseado em relatório de ação fiscal na pessoa jurídica, que sequer teria apresentado conclusão nesse sentido. Acrescenta que os erros contábeis, pela pessoa jurídica, não impediriam a apuração dos lucros, descabendo desconsiderálos. Discute a consideração de que teria transferido de forma fictícia a empresa para interpostas pessoas e questiona a "substituição", pela fiscalização, da declaração de rendimentos isentos pela omissão de rendimentos tributáveis, sem demonstrar a origem desses, ressaltando que os recursos são provenientes de empresa da qual seu cônjuge é sócio. Descreve, ainda, que a fiscalização na pessoa jurídica REFLORESTADORA OVE LTDA teria se restringido, no tocante à exatidão dos lucros distribuídos, aos anos de 2004 e 2005, permanecendo incólume o ano de 2003; que, em relação à REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA, apesar de a fiscalização correlata abranger o ano de 2003, o direito ao lançamento correspondente foi considerado, em julgamento de primeira instância (DRJ), decaído. Conclui, nesse contexto, que devem ser aceitos, como origem de recursos, os rendimentos declarados pelo cônjuge como auferidos daquelas pessoas jurídicas, no montante de R$ 792.876,26 (R$ 182.419,73 e R$ 610.456,53), corroborados pelas DIPJs e pelas contabilizações correspondentes, que alega serem imutáveis. Aventa incorreções na apuração de recursos e dispêndios ("partes deles não foram consideradas, e alguns dos que o foram, acabaram por ser em período diferente do efetivamente havido"), acrescentando, com base no art. 845 do RIR/1999, que "A cerca dos esclarecimentos prestados pela impugnante, durante o curso da fiscalização realizada, muitas delas não foram efetivamente consideradas, bem como não restou comprovada falsidade ou inexatidão" (sic). A respeito, no tocante ao ano de 2003, manifesta as seguintes discordâncias: (a) dispêndio correspondente ao item "Área de Terra no Município de Piraí do Sul com 80 Alqueires", de R$ 480.000,00, adquirido em 2002 e não em 2003, o que diz implicar a necessidade de novo lançamento; (b) dispêndio dos itens "Uma Colheitadeira SLC, com uma Plataforma de Corte John Deere ano 2000, financiado", de R$ 32.000,00, e "Banco Bradesco Financiamento", no valor de R$ 15.998,00, que estariam em duplicidade, uma vez considerados tanto os valores incorporados ao patrimônio como os referentes à redução da dívida do financiamento (atribui as diferenças aos juros e encargos inerentes ao empréstimo); e (c) recursos recusados, em 2003, de R$ 377.259,00, referentes à cessão de cotas do cônjuge na REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA, operação que ressalta ter sido, inclusive, imputada como dispêndio aos adquirentes. Conclui que no ano de 2003 seria "praticamente nula o APD"" e que, ainda que desconsiderados os "lucros demonstrados'", o patrimônio existente suportaria a variação no ano. Pugna pela realocação e recálculo dos valores. Quanto ao ano de 2004, apresenta os questionamentos a seguir: (a) desconsideração dos recursos advindos da alienação de imóvel denominado Fl. 936DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 937 4 "Apartamento à Rua Euclides da Cunha, Financiado, com 165 m2, vendido em 2004", no montante de R$ 100.000,00, conforme escritura (fls. 367/368), não havendo nos autos quaisquer óbices à aceitação dos mesmos; (b) disponibilidade de R$ 55.000,00 declarada, em espécie, em vista dos rendimentos havidos durante o ano, da venda do imóvel citado, destinados às "situações de emergência" e ue "ficam guardados por habita", que alega ser "quase impossível" comprovar, exceto pela declaração firmada; defende que caberia à fiscalização comprovar a inexistência de tais recursos, não podendo desconsideralos; (c) alienação pelo cônjuge, em 19/11/2004, do "Veículo Modelo Sportage Turbo placas BCV 2001"", valorado em R$ 57.000,00, por R$ 35.000,00, apontando, como comprovação, esclarecimentos prestados à fiscalização, baseados em email da revenda WEST CAR COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA, que poderiam ter sido confirmados por diligência; (d) disponibilidade de R$ 680.000,00, pelo cônjuge, oriundos da "necessidade do mercado operado pelo mesmo, que contempla negociação direto com produtores e agricultores"" para "promover a compra e venda de reflorestamentos, de terras e afins"", esclarecendo que "os vendedores não aceitam cheques, TED ou outro forma de transação"" e argumentando que a fiscalização não comprovou a sua inexistência; (e) a aquisição de "20 Alqueires de Terra em Piraí do Sul Campo do Meio", valorado em R$ 200.000,00, ocorreu efetivamente em 02/06/1989, conforme matrícula do imóvel (fls. 512 e ss), bem como esclarecimentos (fls. 739/740); (f) a aquisição de "Terreno 100 Alqueires em Tijucas do Sul, adquirido de Sergio Ataviu Maia matrícula 39942"", no valor de R$ 150.000,00, ocorreu em 2004, porém em 12/03/2004, e não em dezembro, segundo resposta de fl. 500 e documentos de fls. 538 e ss (contrato de compra e venda e cessão parcial relativamente ao imóvel); e (g) a aquisição de "30.000 Arvores Pinus Teda, Fazenda Itupava Rio Branco do Sul, com 30 anos"", por R$ 540.000,00, ocorrida efetivamente em 13/04/2004, e não em dezembro. Em relação à multa qualificada, reprisa a alegação de que a autoridade lançadora parafraseia fiscalização realizada na empresa da qual o cônjuge é sócio, não conduzindo a uma lógica precisa de convencimento, a fim de esclarecer os motivos que ensejam sua aplicação. Suscita falta de motivação, clareza e objetividade, acrescentando que o dispositivo legal utilizado o art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996 disciplina multa de 50%. Questiona a imputação de multa qualificada sob a consideração de fraude "em tese", aduzindo se tratar de "achismo". Destaca, em contrapartida, que, assim como seu cônjuge, não omitiu de informações, tendo declarado os recursos recebidos e que proporcionaram incremento patrimonial, aduzindo se tratar de prática legal, que não pode ser tida como fraudulenta. Reitera que a fiscalização na pessoa jurídica não foi conclusiva ao descaracterizar a existência dos valores declarados, tendo apenas desconstituído a contabilidade e aventado a possibilidade de os lucros não terem os montantes registrados. Reclama a necessidade de a fraude ou o conluio serem exaustivamente comprovados pela fiscalização, assim como de as informações disponibilizadas em outra fiscalização serem evidentes e completas, o que não se opera no caso em questão. Transcreve jurisprudência administrativa acerca da aplicação da multa qualificada. Ao final, requer, ainda, o reconhecimento de "mero erro de lançamento passível de glosa". Às fls. 852/853, foi o processo encaminhado em diligência, para confirmação da representatividade do subscritor da impugnação, o que foi atendido mediante a juntada dos documentos de fls. 854/856.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 3625.441 (fls. 858884) de 10/02/2010, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento. A decisão foi assim ementada. Fl. 937DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 938 5 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Ano calendário: 2003, 2004 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, notadamente quando o lançamento é efetuado com a constatação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação. RENDIMENTOS EXCEDENTES AOS LUCROS PRESUMIDOS/ARBITRADOS. MANUTENÇÃO. Apurados rendimentos excedentes aos lucros presumidos/arbitrados pagos por participação societária e não tendo o impugnante apresentado argumentos que os descaracterize, deve ser mantido o lançamento correspondente. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM DE RECURSOS. À míngua de comprovação hábil de origem de recursos que dê suporte ao acréscimo patrimonial a descoberto, mantémse inalterado o lançamento efetuado, por presunção de omissão de rendimentos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Demonstrada a intenção deliberada em inserir informações inverídicas em declaração de ajuste anual, com o objetivo de impedir o conhecimento pela autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, além de ação dolosa tendente a excluir ou modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do imposto devido, aplicável a multa qualificada.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 03/03/2010 (termo de fl. 887) o interessado interpôs recurso voluntário em 05/04/2010 (fls. 888911) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 938DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 939 6 Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Do relato vêse que a infração aqui veiculada decorre de omissão de rendimentos apurada em face da constatação de variação patrimonial a descoberto, encontrandose no presente processo a tributação referente à proporção de 50%, sendo que ao cônjuge (TAISA BERNADETE BAUER), em processo próprio (PAF nº 10980.723579/2009 96), foram atribuídos os outros 50% dos rendimentos omitidos. Alega o Recorrente que a totalidade dos valores imputados como omitidos teria sido declarada, seja pela contribuinte, seja pelo cônjuge e que parte desses rendimentos seria, na realidade, constituída de valores isentos que teriam sido auferidos, pelo cônjuge, da REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA e da REFLORESTADORA OVE LTDA, em decorrência de supostos lucros e dividendos recebidos, fato que estaria amparado, segundo a interessada, em comprovantes de rendimentos pagos, escrituração contábil e DIPJ, documentos esses que seriam provenientes daquelas pessoas jurídicas. Nesse sentido, vejase o excerto da decisão recorrida. “[...]A impugnante apresenta, à fl. 826, cópia do livro Diário Geral da REFLORESTADORA OVE LTDA, que registraria, em 31/12/2003, distribuição de lucros de R$ 182.419,93, em contrapartida da conta "CAIXA MATRIZ", operação também estampada, à fl. 830, no Razão Analítico; às fls. 834/835, encontramse lançamentos no Razão Analítico de 2004, em datas diversas, contabilizando a distribuição de lucros ao cônjuge da autuada, ao longo do ano; à fl. 837, no Diário Geral, constam os lançamentos de 31/12/2004, efetuados a crédito da conta "CAIXA MATRIZ". Em relação à REFLORESTADORA BOM SUCESSO, constam, à fl. 842, registros do Diário Geral, em dezembro de 2003, de distribuição de lucros, à conta "CAIXA MATRIZ", estando, à fl. 845, o Razão Analítico correspondente. Ocorre que a impugnante não traz, em contrapartida, prova, primeiro, de que os recursos foram efetivamente pagos na forma como a contabilidade pretendeu caracterizar (os repasses de valores que a fiscalização considerou não comprovados) e, segundo, de que houve apuração de lucros passíveis de serem distribuídos com o benefício de isenção na pessoa física. A escrituração, por si só, como exposto, não supre a prova de materialidade dos fatos. No caso, inclusive, contrariamente ao intento da impugnante, verificase, às fls. 21/50, cópia integral do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal lavrado em face da REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA, no qual constam as conclusões a que chegou a fiscalização correspondente, notadamente nos itens “11.1. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA" e "11.2 INSUFICIÊNCIA DE CAIXA E LUCRO INFERIOR AO APURADO NA ESCRITA" (fls. 45/47). Já às fls. 51/71, encontrase a cópia integral do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal lavrado em face da REFLORESTADORA OVE LTDA, do qual se destacam os itens "10. IMPOSSIBILIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS SEM TRIBUTAÇÃO ANTE A NÃO APRESENTAÇÃO DOS LIVROS CONTÁBEIS" e "11. DA INEXISTÊNCIA DE RECURSOS PARA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS" (fls. 62/64). Dos documentos citados, extraise que, naquelas ações fiscais, no que tange aos Fl. 939DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 940 7 supostos lucros e dividendos que teriam sido atribuídos aos sócios, as conclusões foram aquelas mesmas destacadas pela autoridade fiscal no presente processo, não tendo ocorrido a tentativa de distorcer os fatos, tal como sugere a impugnante, que diz que a fiscalização teria citado trechos que lhe eram favoráveis e omitido os desfavoráveis. Por elucidarem os fatos, transcrevemse trechos do relato fiscal relativo à REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA, às fls. 45/47: "11. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS 11.1. IMPRESTABILIDADE DA ESCRITA A empresa, por ser tributada com base no lucro presumido, utilizava como base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, 8% de suas receitas, e 12% para fins de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. As pessoas jurídicas, optantes pelo lucro presumido, regra geral, podem distribuir, com isenção do imposto, o valor da base de cálculo do IRPJ, diminuída de todos os impostos e contribuições que estiver sujeita. Pode ser distribuído, sem tributação, valor superior ao citado no parágrafo acima, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido (Instrução Normativa SRF n°93/97, art. 48, parágrafo 2°). Para que os livros comerciais possam fazer prova a favor do contribuinte a respeito do lucro efetivo apurado, há necessidade de eles possuírem todas as formalidades exigidas pela legislação. Conforme narrado neste termo, a empresa não obedeceu a legislação comercial no tocante aos seus livros contábeis, já que em sua escrita deixou de registrar diversas operações, tais como receitas, despesas, pagamentos, recebimentos, compra de imobilizado, etc. A fiscalizada deixou ainda de manter em boa guarda documentos de suas operações, assentados na escrita, conforme detalhado no capítulo 5. Face a imprestabilidade da escrita, e a falta de apresentação de documentos, restou comprovada a impossibilidade de apuração dos lucros efetivamente auferidos. 11.2 INSUFICIÊNCIA DE CAIXA E LUCRO INFERIOR AO APURADO NA ESCRITA Restou ainda comprovado que os lucros registrados como distribuídos são fictícios, pois para registrar lucros desta monta, a empresa deixou de contabilizar diversas despesas, conforme descrito no item 6.1. Se houvesse registrado todas as despesas, os lucros auferidos seriam muito inferiores aos contabilizados, e também não haveria saldo de caixa para distribuir os lucros que a empresa alega ter distribuído. Do exame da planilha às fls. 213 a 257 anexo II, em confronto com a escrita contábil, comprovase que a empresa deixou de escriturar, nos anos fiscalizados, despesas, custos e outros pagamentos, que se tivessem sido escriturados deduziriam o saldo de caixa e de lucros a distribuir. Da análise do descrito no presente termo, restou demonstrado que é impraticável determinar os valores efetivos dos lucros, visto que não foi possível obter toda a documentação de receitas e despesas, pois a empresa não a apresentou e também não localizamos todos os fornecedores e clientes. Além disso, a empresa se negou a refazer a escrita contábil com registro de todas as operações. Como a empresa não manteve escrita contábil, nos termos da legislaçãocomercial, e foi optante do lucro presumido, só poderia ter sido distribuído aos sócios, a título de lucros, o valor do próprio lucro presumido deduzido do imposto Fl. 940DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 941 8 de renda correspondente, inclusive adicional, da Contribuição Social sobre o Lucro, da COFINS e das contribuições ao PIS/PASEP. Do exame dos documentos bancários, constatase que não houve distribuição de lucros, nos valores informados na DIPJ e registrados na contabilidade, através de cheques e transferências. Outra irregularidade que citamos no tocante a distribuição de lucro, é que no intuito de tentar provar que os sócios receberam os lucros que declararam em suas declarações de rendimentos (DIRPF), no decorrer da ação fiscal a empresa tentou ludibriar a fiscalização, já que informou que recursos que comprovadamente foram destinados a pagamentos de despesas e custos tais como compras de arvores e toras, eram destinados a pagamento de lucros (vide resposta ao Termo de Intimação n° 12). Por exemplo: Pagamentos a Luciano Zenival Castro, Clinio Leandro Lira, e Arnoldo Klas Junior. Constatada a inveracidade das informações prestadas, a empresa foi reintimada a reapresentalas, através do Termo de Intimação n° 15. Mais uma vez são apresentadas informações falsas, desta vez relativas ao pagamento de florestas adquiridas da empresa THK. Por exemplo: pagamentos a Florida Importação de Veículos, José Antônio Neuwald, Transportadora Rota Norte Ltda. A empresa pela segunda vez informou que eram oriundos de distribuição de lucros. As informações só foram corrigidas, quando esta fiscalização, através do Termo de Intimação n° 19, questionou a empresa sobre os pagamentos de florestas adquiridas da THK. Do exame do Demonstrativo das Despesas/Pagamentos não Contabilizados e Demonstrativo dos Pagamentos a Beneficiário não Identificado ou Operação não Comprovada, onde estão relacionadas as saídas de recurso da empresa, constatase que não houve distribuição nos valores que os sócios declaram ter recebido. Após consideradas as despesas não contabilizadas e demais pagamentos, não restaria lucro e tampouco recursos para distribuir, no montante que foram informados como distribuídos. Mesmo que houvesse recursos, estes não poderiam ter sido distribuídos sem tributação, já que a escrituração mostrouse imprestável." E do relato fiscal referente à REFLORESTADORA OVE LTDA, às fls. 62/64: "10. IMPOSSIBILIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS SEM TRIBUTAÇÃO ANTE A NÃO APRESENTAÇÃO DOS LIVROS CONTÁBEIS (...) Pode ser distribuído, sem tributação, valor superior ao citado no parágrafo acima, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido (Instrução Normativa SRF n°97/97, art. 48, parágrafo 2°). Ocorre que os livros contábeis não foram entregues a fiscalização, mesmo tendo sido a empresa intimada a apresentalos. Os sócios que teriam interesse em demonstrar a efetividade lucro distribuído, já que foram os beneficiários, Oliveiros Paz King, Marcos Evaldo Pavanato e Maria Cristina Mourão Veloso, apesar de intimados, não apresentaram os livros. Fl. 941DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 942 9 Como já descrito, houve uma simulação de venda da empresa, e atribuiuse aos novos sócios, que comprovadamente são interpostas pessoas, a guarda dos livros. Os fatos evidenciam que a simulação na venda das quotas também teve como objetivo justificar a não apresentação dos livros, pois os mesmos demonstrariam que o lucro distribuído é inexistente, conforme relataremos no capítulo 11 que trata do destino dos recursos movimentados na contacorrente bancária da empresa. 11. DA INEXISTÊNCIA DE RECURSOS PARA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS (.) De todo o exposto no presente termo, concluise que não haveria lucros no montante que os sócios declararam haver recebido, cujo quantun é impossível mensurar, em decorrência do exposto nos cinco primeiros itens acima. Do exame da planilha dos beneficiários dos cheques, TED, DOC, etc (fls. 114 a 199) em confronto com os valores creditados em contacorrente bancária, constatase que não sobrariam recursos para a distribuição dos lucros que os sócios declaram ter obtido. Constatase ainda que não houve retiradas pelos sócios, nos montantes que estes declaram ter recebido como lucro. Todos os documentos de débitos, encaminhados pelo banco onde era movimentada a contacorrente de titularidade da empresa, são anexados ao processo administrativo do auto de infração do IRPJ, pois constituem prova que não foram entregue aos sócios os montantes que os mesmos declaram ter recebido a título de lucro, e também que todos os cheques foram assinados pelos sócios de fato da empresa, Oliveiros Paz King e Marcos Evaldo Pavanato, e não pelos sócios constantes na 6a alteração contratual. Mesmo que tivessem sido auferidos os lucros que os sócios declaram ter recebido, estes só seriam isentos se tivesse sido apresentada a escrituração contábil, conforme detalhado." (Grifos do original) Esclareçase que a "impossibilidade" suscitada nas fiscalizações das pessoas jurídicas, de verificar a regularidade na apuração e distribuição de efetivos valores de lucros, não supre, por si só, o ônus da autuada e seu cônjuge de comprovar que teriam recebido tais recursos das pessoas jurídicas. Vale dizer, ao contrário do pretendido, o fato de as pessoas jurídicas produzirem contabilidade sem confiabilidade ou não a fornecerem à fiscalização não lhe serve de argumento, por inversão de ônus, para se eximir de comprovar os fatos, eis que os interessados pretenderam se valer daquelas pessoas jurídicas para justificar as variações patrimoniais constatadas. Ressaltese, também, que a presente lide, no tocante ao acréscimo patrimonial a descoberto, é relativa às pessoas físicas, às quais incumbiria comprovar, em face da presunção de omissão de rendimentos, a existência efetiva dos recursos isentos que aventa terem sido recebidos. Essa é a discussão existente, em primeiro plano, no presente processo. Nesse sentido, temse que a menção à fiscalização levada a efeito junto às pessoas jurídicas assume caráter supletivo, destinandose à contextualização fática correlata à falta da prova que os interessados deixaram de produzir. Ou seja, não são exclusivamente as informações advindas das fiscalizações ocorridas nas pessoas jurídicas que dão suporte ao presente lançamento, mas a falta de comprovação de recursos para a variação patrimonial acréscimo a descoberto que, como já exposto, caracteriza omissão de rendimentos, por presunção legal. As Fl. 942DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10980.723447/200964 Resolução nº 1402000.252 S1C4T2 Fl. 943 10 conclusões das ações fiscais nas empresas tornamse relevantes quando se verifica que a contribuinte e seu cônjuge pretenderam, por meio das declarações de ajuste anual, caracterizar recebimentos de recursos isentos que, ao final, não lograram comprovar. [...]” (Grifei). Pelo relato, vêse claramente que a matéria aqui discutida é conexa àquela levantada pela Fiscalização, referente às pessoas jurídicas citadas acima. Em pesquisa nos sistemas de controle de processo administrativos fiscais (e processo, em 06/05/2014) constatei que a matéria relativa às pessoas jurídicas está sendo discutida nos PAF 10980.006088/200987 e 10980.006084/200907 (REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA) e 10980.007918/200993 (REFLORESTADORA OVE LTDA). Sendo que todos se encontram neste CARF, em diversos setores, a saber: o PAF 10980.006088/200987 encontrase SECOJ/SECEX; o 10980.006084/200907 no SECAM/1a CÂMARA/2a SEJUL e o 10980.007918/200993 no SECAM/4a CÂMARA/1a SEJUL. Mais ainda. O PAF 10980.724879/201026, cuja interessada é a empresa Royal Empreendimentos Comerciais Ltda, do mesmo grupo econômico e resultante da mesma ação fiscal que originou os processos acima citados, sendo desses conexos, encontrase na 1a TO/4a CÂMARA/1a SEJUL, Conselheiro Maurício Pereira Faro, na atividade “para relatar”, movimentado em 10/10/2011. Considerando que o art. 49, § 7° do Anexo II do Regimento Interno do CARF dispõe que os processos conexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, e sendo a apreciação do presente recurso voluntário dependente do julgamento dos processos administrativos n° 10980.006088/200987, 10980.006084/200907, 10980.007918/200993 e 10980.724879/201026, resta evidente que, identificada conexão entre as matérias contidas em processos administrativos distintos, os autos devem ser julgados conjuntamente no sentido de que as decisões prolatadas sejam fundadas na totalidade dos elementos trazidos à consideração da autoridade julgadora. Diante do exposto, conduzo meu voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para as providências de redistribuição do presente processo ao Conselheiro Maurício Pereira Faro, integrante da 1a Turma Ordinária, 4ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento para julgamento conjunto com os processos administrativos já citados. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 943DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 30/06/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 35464.002126/2006-40
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004
NORMAS PROCESSUAIS. ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
No que tange ao recurso especial do contribuinte, que versa sobre a regra aplicável a decadência, não merece ser conhecido, uma vez que o acórdão recorrido não prolatou decisão acerca da decadência.
Recurso especial do contribuinte não conhecido.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE FORMAL NÃO DECLARADA. NÃO CONFIGURADO BINÔMIO DEFEITO-PREJUÍZO.
De acordo com o princípio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vício formal se este não causar prejuízo.
Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto nº 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal.
Não obstante a existência de vício formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo.
Recurso especial da Fazenda Nacional provido.
Numero da decisão: 9202-003.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencido o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso do Contribuinte. Vencidos os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Gustavo Lian Haddad.
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Elias Sampaio Freire - Relator
EDITADO EM: 28/05/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Gustavo Lian Haddad, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka.
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 NORMAS PROCESSUAIS. ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. No que tange ao recurso especial do contribuinte, que versa sobre a regra aplicável a decadência, não merece ser conhecido, uma vez que o acórdão recorrido não prolatou decisão acerca da decadência. Recurso especial do contribuinte não conhecido. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE FORMAL NÃO DECLARADA. NÃO CONFIGURADO BINÔMIO DEFEITO-PREJUÍZO. De acordo com o princípio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vício formal se este não causar prejuízo. Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto nº 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Não obstante a existência de vício formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeito-prejuízo. Recurso especial da Fazenda Nacional provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 35464.002126/2006-40
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5352107
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 9202-003.228
nome_arquivo_s : Decisao_35464002126200640.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ELIAS SAMPAIO FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 35464002126200640_5352107.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencido o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso do Contribuinte. Vencidos os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Gustavo Lian Haddad. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire - Relator EDITADO EM: 28/05/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Gustavo Lian Haddad, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka.
dt_sessao_tdt : Thu May 08 00:00:00 UTC 2014
id : 5482386
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815870287872
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2193; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 9 1 8 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 35464.002126/200640 Recurso nº 142.515 Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9202003.228 – 2ª Turma Sessão de 08 de maio de 2014 Matéria Contribuição Previdenciária Recorrentes SANTANDER BRASIL SEGUROS S.A. e FAZENDA NACIONAL SANTANDER BRASIL SEGUROS S.A. e FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 NORMAS PROCESSUAIS. ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. No que tange ao recurso especial do contribuinte, que versa sobre a regra aplicável a decadência, não merece ser conhecido, uma vez que o acórdão recorrido não prolatou decisão acerca da decadência. Recurso especial do contribuinte não conhecido. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE FORMAL NÃO DECLARADA. NÃO CONFIGURADO BINÔMIO DEFEITOPREJUÍZO. De acordo com o princípio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vício formal se este não causar prejuízo. Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto nº 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Não obstante a existência de vício formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeitoprejuízo. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 46 4. 00 21 26 /2 00 6- 40 Fl. 476DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Vencido o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso do Contribuinte. Vencidos os Conselheiros Manoel Coelho Arruda Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Gustavo Lian Haddad. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Relator EDITADO EM: 28/05/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Gustavo Lian Haddad, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka. Relatório A Fazenda Nacional e o contribuinte, inconformados com o decidido no Acórdão nº 230100.020, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF em 03/03/2009, interpuseram, dentro do prazo regimental, recurso especial de contrariedade (PGFN) e recurso especial de divergência (contribuinte) à Câmara Superior de Recursos Fiscais. O acórdão recorrido, por maioria de votos, anulou o auto de infração/lançamento. Segue abaixo sua ementa: “SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIOS CRECHE E BABÁ. Integra o SaláriodeContribuição (SC) o ressarcimento de reembolso creche pago em desconformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. A ausência de fundamento legal é vício formal insanável que toma nulo o lançamento. Processo Anulado.” Recurso especial de contrariedade (PGFN) Fl. 477DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 35464.002126/200640 Acórdão n.º 9202003.228 CSRFT2 Fl. 10 3 Em seu recurso, a Fazenda Nacional entende que o acórdão contrariou a legislação tributária de regência da matéria, precisamente os arts. 11, 59 e 60 do Decreto 70235/72 e art. 33, §§ 1º, 3º e 6º, art. 37, caput da Lei n.º 8212/91, além de estar em confronto com o conjunto probatório dos autos do processo. Explica que o aresto atacado anulou o processo por entender que faltou a indicação do dispositivo legal que fundamentou a aferição indireta do débito, qual seja, o §3º do art. 33 da Lei 8212/91, o que teria implicado cerceamento de defesa do contribuinte. Considera que não houve ausência de fundamentação legal no presente caso, uma vez que o parágrafo é parte integrante do artigo e, na hipótese dos presentes autos, o artigo 33 da Lei 8.212/91 consta, expressamente, como fundamento legal para justificar o lançamento do débito. Ademais, ressalta que, de acordo com a jurisprudência da CSRF, não existe prejuízo à defesa quando os fatos narrados e fartamente documentados nos autos amoldamse perfeitamente às infrações imputadas à empresa fiscalizada. Frisa que não há nulidade sem prejuízo. Destaca que a descrição pormenorizada dos fatos, bem assim a metodologia utilizada para cálculo e constituição do crédito, encontramse satisfatoriamente postas no auto de infração e nos demais atos administrativos posteriores. Assevera que todos os elementos essenciais à notificação estão presentes, não restando evidenciada situação de prejuízo ao direito de defesa a ensejar a decretação de nulidade do processo. Diz que a falta ou erro na indicação de um dispositivo legal não invalida o lançamento, se os fatos estão adequadamente descritos. Ao final, requer o provimento do seu recurso. Nos termos do Despacho de fls. 318, foi dado seguimento ao pedido em análise. O contribuinte ofereceu, tempestivamente, contrarrazões. Entende que, por se tratar de lançamento por aferição indireta, imperioso que conste no auto de infração, especificamente, a fundamentação legal autorizadora da adoção de tal procedimento. Considera que, em função da ausência de fundamentação legal que embase o auto de infração, resta patente a nulidade contida em todo o processo de lançamento, sendo correto o seu cancelamento. Afirma que a ausência de fundamentação legal, além de cercear o direito de defesa do contribuinte, afronta o princípio da estrita legalidade. Ao final, requer seja negado seguimento ao recurso da PGFN. Recurso especial de divergência (contribuinte) Em seu recurso, o contribuinte se insurge contra a aplicação do art. 173, I do CTN, ao invés do art. 150, §4º do mesmo Diploma Legal, por considerar certo que a autoridade Fl. 478DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 julgadora deveria ter reconhecido a decadência do direito do Fisco em exigir o crédito tributário apurado até o mês de novembro de 2000. Afirma que a decisão recorrida contraria os paradigmas descritos a seguir: “PIS. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Os tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa amoldamse à sistemática de lançamento por homologação, prevista no art. 150 do CTN, hipótese em que o prazo decadencial tem como termo inicial a data da ocorrência do fato gerador. Mesmo a completa ausência de recolhimento não desnatura o lançamento, pois o que se homologa é a atividade exercida pelo sujeito passivo, da qual pode resultar ou não em pagamento de tributo. Recurso provido.” (AC 202 16.026) “IRPJ DECADÊNCIA AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO A classificação do lançamento, se por homologação e, portanto com 0 prazo de decadência fixado pelo art. 150, parágrafo 4°, do CTN, não depende do recolhimento do tributo. Tributo sujeito por homologação é aquele em que a lei estabelece ao contribuinte o dever de apurar e recolher o tributo independentemente de ato administrativo prévio. Recurso especial negado.” (AC CSRF/01 05.464) Considera ter havido pagamento antecipado das contribuições, razão pela qual a contagem do prazo decadencial iniciase a partir da ocorrência dos fatos geradores dos tributos. Frisa que o CARF pacificou o entendimento segundo o qual, ainda que não tenha havido recolhimento do tributo, deve ser aplicado o art. 150, §4º do CTN para a contagem do prazo decadencial dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ao final, requer o provimento do seu recurso. Nos termos do Despacho n.º 2300478/2013, foi dado seguimento ao pedido em análise. A Fazenda Nacional apresentou, tempestivamente, contrarrazões. Inicialmente, considera que o recurso do contribuinte não merece sequer ser conhecido, pois não há interesse de agir. Explica que, apesar de o Colegiado a quo ter se manifestado sobre a decadência, ao final deu provimento ao recurso voluntário para anular todo o auto de infração, ou seja, não houve sucumbência do sujeito passivo. Consequentemente, não há interesse recursal. Ademais, verifica que, ao contrário do argumentado pela autuada, não se verificou a existência de qualquer antecipação de pagamento das contribuições relativas às rubricas objeto da autuação, razão pela qual a regra a ser utilizada para a contagem do prazo decadencial é a constante do artigo 173, I, do CTN, e não a do artigo 150, §4º, do mesmo diploma legal. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 35464.002126/200640 Acórdão n.º 9202003.228 CSRFT2 Fl. 11 5 Destaca que, no caso em apreço, os valores inseridos no lançamento fiscal não foram reconhecidos pelo contribuinte, e tampouco adimplidos parcialmente, sendo forçoso concluir que inexiste pagamento antecipado quanto às contribuições previdenciárias exigidas. Ao final, requer o não conhecimento do recurso do contribuinte ou, alternativamente, que seja negado provimento ao pedido em tela. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator No que tange ao recurso especial do contribuinte, que versa sobre a regra aplicável a decadência, não merece ser conhecido, uma vez que o acórdão recorrido não prolatou decisão acerca da decadência. Entendo que o recurso especial da Fazenda Nacional preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. A questão controvertida posta à apreciação diz respeito à declaração de nulidade do lançamento em decorrência da ausência da expressa fundamentação legal do arbitramento procedido e, ainda, não ter mencionado o fato de ter sido adotado o procedimento de arbitramento para a apuração do crédito tributário. No passado, por diversas vezes me manifestei pela nulidade de lançamentos fiscais que não apresentassem a expressa menção ao arbitramento. Aliás, este entendimento encontravase consolidado no âmbito das câmaras com competência para julgar os processos administrativos fiscais referentes às contribuições previdenciárias, desde que esta competência era exercida no âmbito do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, que aprovou o enunciado nº 29: “Nos casos de levantamento por arbitramento, a existência do fundamento legal que ampara tal procedimento, seja no relatório Fundamentos Legais do Débito FLD ou no Relatório Fiscal REFISC garante o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, não gerando a nulidade do lançamento” Entretanto, a jurisprudência firmada no âmbito do CARF, no sentido de que não há nulidade sem prejuízo me fez reavaliar a questão. O seguinte precedente ilustra o entendimento dominante no CARF: NULIDADE ENQUADRAMENTO LEGAL Deve ser rejeitado o pedido de nulidade do auto de infração fundado na deficiência de enquadramento legal, quando os elementos contidos em termo, expressamente referido como parte integrante e indissociável da peça acusatória, e utilizado pela própria Impugnante em sua defesa, supre suficientemente falha porventura ocorrida. Se não há prejuízo para a defesa e o ato cumpriu sua finalidade, o enquadramento legal da exigência, ainda que incompleto, não enseja a decretação de sua nulidade. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 6 O cerceamento do direito de defesa deve se verificar concretamente, e não apenas em tese. O exame da impugnação evidencia a correta percepção do conteúdo e da motivação do lançamento.(Acórdão 10807651 da 8ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, Relatora: conselheira Karem Jureidini Dias de Mello Peixoto) Modernamente, o direito processual, inclusive o administrativo fiscal, tem como primado a efetividade da tutela dos direitos assegurados, adotando a vertente de instrumentalidade do processo à persecução do direito material deduzido. As formalidades desmotivadas foram substituídas pela instrumentalidade e busca da eficiência na prestação jurisdicional. Ada Pellegrini Grinover sustenta que “a decretação da nulidade implica perda da atividade processual já realizada, transtornos ao juiz e às partes e demora na prestação jurisdicional almejada, não sendo razoável, dessa forma, que a simples possibilidade de prejuízo dê lugar à aplicação da sanção; o dano deve ser concreto e efetivamente demonstrado em cada situação.”1 Afirma, ainda, a referida autora que “o princípio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestre do sistema de nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processuais representam tãosomente um instrumento para a correta aplicação do direito; sendo assim, a desobediência a formalidades estabelecidas pelo legislador só deve conduzir ao reconhecimento da invalidade do ato quando a própria finalidade pela qual a forma foi instituída estiver comprometida”.2 As formas do processo são meios para alcance da tutela jurisdicional. Caso a tutela jurisdicional pretendida seja alcançada, mesmo em detrimento das formas legalmente exigidas, não há nulidade. De acordo com o princípio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vício formal se este não causar prejuízo. Ou seja, podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto nº 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Assim sendo, em atendimento ao princípio do pas de nullité sans grief, a invalidade processual há de ser entendida como uma sanção que somente será aplicada caso se constate a presença do binômio defeito e prejuízo, devendo o último ser entendido como obstáculo ao alcance da finalidade do ato processual. Isto é, não há de ser declarada a nulidade de ato processual se este não causa prejuízo a alguém, já que o processo, como meio de pacificação dos conflitos sociais, nada mais é do que o instrumento para efetivação do direito. Marcos Neder e Maria Teresa Martinez Lopez, citando Ada Pellegrini Grinover lecionam: “Assim, antes de se anular o ato processual, é preciso examinar a possibilidade de se aproveitar o ato realizado, eliminandose ou superandose o vício que, sobre ele, pesa. Para Ada 1 Ada Pellegrini Grinover e outros; As Nulidades no Processo Penal; São Paulo, p. 26. 2 Idem, p. 27. Fl. 481DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 35464.002126/200640 Acórdão n.º 9202003.228 CSRFT2 Fl. 12 7 Pellegrini Grinover, “a decretação da nulidade implica perda da atividade processual já realizada, transtornos ao juiz e às partes e demora na prestação jurisdicional almejada, não sendo razoável, dessa forma, que a simples possibilidade de prejuízo dê lugar à aplicação da sanção; o dano deve ser concreto e efetivamente demonstrado em cada situação”. Com efeito, é inútil, do ponto de vista prático, anularse ou se decretar a nulidade de um ato, não tendo havido prejuízo da parte. Afirma, ainda, a renomada autora que “o princípio do prejuízo constitui, seguramente, a viga mestre do sistema das nulidades e decorre da idéia geral de que as formas processuais representam tão somente um instrumento para a correta aplicação do direito; sendo assim, a desobediência a formalidades estabelecidas pelo legislador só deve conduzir ao reconhecimento da invalidade do ato quando a própria finalidade pela qual a forma foi instituída estiver comprometida. Com efeito, a atipicidade do ato não conduz necessariamente ao pronunciamento de sua nulidade. Se o ato defeituoso alcançou os fins postos pelo sistema, sem que se verifique prejuízo às partes e ao sistema de modo que o torne inaceitável, ele deve permanecer válido. São atos meramente irregulares que não sofreram a sanção de ineficácia. Nessa linha, a nulidade não deve ser declarada em todos os casos em que o julgador se defronta com vício formal no ato de lançamento, só nos casos em que está configurado prejuízo às partes ou ao sistema processual.” No presente caso, o contribuinte sequer argüiu a nulidade do lançamento, o que nos faz inferir que este não se sentiu prejudicado em sua defesa ante a ausência da expressa fundamentação legal do arbitramento procedido. Tendo a nulidade por vício formal sido declarada de ofício pela câmara a quo. Destarte, não obstante a existência de vício formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeitoprejuízo. Isto posto, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE E CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para afastar a nulidade por vício formal declarada no acórdão recorrido, em decorrência da ausência de fundamentação legal do arbitramento, devendo o colegiado a quo apreciar as demais matérias pertinentes ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Fl. 482DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 8 Fl. 483DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/06/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 09/06/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 10670.720021/2005-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL.
Ao procedimento de compensação aplica-se a legislação vigente à época em que se efetua o confronto dos créditos e débitos.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 1102-001.105
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Antonio Carlos Guidoni Filho, Francisco Alexandre dos Santos Linhares e João Carlos de Figueiredo Neto, que afastavam a exigência de reconhecimento do benefício pela Receita Federal, e prosseguiam no julgamento de mérito para avaliar a procedência do direito creditório.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201405
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2001 COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Ao procedimento de compensação aplica-se a legislação vigente à época em que se efetua o confronto dos créditos e débitos. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10670.720021/2005-29
anomes_publicacao_s : 201406
conteudo_id_s : 5351431
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1102-001.105
nome_arquivo_s : Decisao_10670720021200529.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : RICARDO MAROZZI GREGORIO
nome_arquivo_pdf_s : 10670720021200529_5351431.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Antonio Carlos Guidoni Filho, Francisco Alexandre dos Santos Linhares e João Carlos de Figueiredo Neto, que afastavam a exigência de reconhecimento do benefício pela Receita Federal, e prosseguiam no julgamento de mérito para avaliar a procedência do direito creditório. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé - Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto.
dt_sessao_tdt : Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
id : 5475644
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:22:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713046815884967936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2040; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T2 Fl. 1.030 1 1.029 S1C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10670.720021/200529 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1102001.105 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 07 de maio de 2014 Matéria Compensação. Crédito oriundo de saldo negativo apurado em razão da dedução de benefícios fiscais no âmbito da SUDENE. Recorrente COMPANHIA DE TECIDOS NORTE DE MINAS COTEMINAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. Inexiste ofensa ao instituto da coisa julgada quando as alegações deduzidas pela parte vão além da matéria definitivamente decidida em outro processo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 BENEFÍCIOS FISCAIS. SUDENE. RECONHECIMENTO. A retrospectiva histórica da legislação sobre os benefícios fiscais calculados sobre o lucro da exploração e concedidos no âmbito da SUDENE permite concluir que os benefícios originalmente instituídos pelo artigo 13 da Lei nº 4.239/63 carecem de reconhecimento formal, pela Receita Federal, para que a empresa beneficiária possa fruir seu direito. Por outro lado, os benefícios originalmente instituídos pelo artigo 14 da mesma Lei, mantém essa necessidade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. Ao procedimento de compensação aplicase a legislação vigente à época em que se efetua o confronto dos créditos e débitos. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 00 21 /2 00 5- 29 Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.031 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Antonio Carlos Guidoni Filho, Francisco Alexandre dos Santos Linhares e João Carlos de Figueiredo Neto, que afastavam a exigência de reconhecimento do benefício pela Receita Federal, e prosseguiam no julgamento de mérito para avaliar a procedência do direito creditório. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto. Relatório Inicialmente, esclareço que todas as indicações de folhas inseridas neste relatório e no subsequente voto dizem respeito à numeração digital do sistema eProcesso, ressalvo, entretanto, as eventuais indicações contidas nos trechos transcritos. Tratase recurso voluntário interposto por COMPANHIA DE TECIDOS NORTE DE MINAS – COTEMINAS contra acórdão proferido pela DRJ/Juiz de Fora que concluiu pela procedência parcial de pedido de compensação (PER/DCOMP anexada de fls. 14 a 24) de oito débitos de tributos federais referentes a períodos de apuração ocorridos entre 2002 e 2003 com o crédito de R$ 2.375.137,57 decorrente do saldo negativo do IRPJ apurado no anocalendário de 2001. A DRF/Montes ClarosMG, mediante o Despacho Decisório nº 294/2005 (fls. 336 a 391), não reconheceu a existência do direito creditório alegado e, por conseguinte, não homologou a compensação pleiteada. Tal decisão, motivada pelo questionamento de aspectos relacionados a benefícios fiscais calculados sobre o lucro da exploração e concedidos no âmbito da SUDENE, concluiu pela indevida dedução do valor de R$ 24.974.114,57, a título de isenção e redução, na apuração do imposto devido no anocalendário de 2001. Com a glosa dessa dedução, o saldo negativo seria revertido para um saldo de imposto a pagar no valor de R$ 22.598.977,00. Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.032 3 Diante dessa decisão, a empresa interpôs manifestação de inconformidade (fls. 400 a 435) na qual reuniu diversos argumentos para demonstrar que fazia jus a todos os benefícios fiscais questionados. As circunstâncias evidenciadas pelos argumentos apresentados fizeram com que a já mencionada DRJ/Juiz de Fora, através dos despachos de fls. 865/866 e 897, convertesse o julgamento em diligência para que a unidade de origem elaborasse nova apuração do imposto devido no anocalendário de 2001. Essa diligência (fls. 939 a 948) restabeleceu a maioria das deduções a título de isenção, o que redundou numa nova apuração de saldo negativo, desta vez, no valor de R$ 2.242.570,77. Ainda assim, a empresa interpôs manifestação de inconformidade complementar (fls. 951 a 970) por não se conformar com o não restabelecimento total das deduções a título de isenção e redução. A 2ª Turma da DRJ/Juiz de Fora proferiu, então, o Acórdão nº 0932.488 (fls. 984 a 993), de 24 de novembro de 2010, por meio do qual reconheceu o direito creditório referente (i) ao saldo negativo apurado na diligência efetuada pela unidade de origem e (ii) ao acréscimo no referido saldo negativo correspondente à parcela remanescente da dedução a título de isenção que ainda não tinha sido admitida (referente à filial de CNPJ nº 22.677.520/001652). A compensação declarada foi, nesta conformidade, homologada até o limite do direito creditório reconhecido. Com isso, do total do crédito originalmente pleiteado, restou uma pequena parcela correspondente ao saldo negativo que seria apurado se também fosse admitida a dedução a título de redução do imposto devido que, segundo a empresa, teria direito o seu estabelecimento matriz. Mais especificamente, o citado direito é o benefício fiscal de redução do imposto, no percentual de 37,5% aplicado sobre o imposto de renda e adicionais não restituíveis, conforme estabelecido pelo § 2º, I, do artigo 3º da Lei 9.532/97. Apesar dos argumentos invocados pela empresa, essa parcela não foi admitida pela instância a quo pelo fato de a matéria ter sido anteriormente apreciada pela mesma 2ª Turma daquela Delegacia de Julgamento em acórdão proferido nos autos de outro processo administrativo, o de nº 10670.000473/200591. Na ocasião, conforme trechos transcritos às fls. 881 e 882, decidiuse que a empresa só tinha direito ao citado benefício fiscal a partir de 26/12/2002. Isso porque o § 1º do artigo 80 da IN/SRF nº 267/02 fixou como termo inicial para fruição do benefício a data em que a pessoa jurídica apresentasse declaração de que satisfaz as condições preestabelecidas no órgão competente do Ministério da Integração Nacional. Ainda, segundo a DRJ, não seria possível a reapreciação da matéria porque o § 4º do artigo 3º do Decreto nº 4.213/02, bem como o § 4º do artigo 60 da mesma IN/SRF nº 267/02, expressamente determinaram que seriam irrecorríveis as decisões proferidas pelas delegacias de julgamento que denegassem pedidos de reconhecimento do direito à redução do imposto na área de atuação da, então, extinta SUDENE. Com o não reconhecimento do total do crédito originalmente pleiteado, a DRJ teve que enfrentar também um outro argumento suscitado na manifestação de inconformidade, qual seja, a inaplicabilidade dos acréscimos moratórios previstos no artigo 28 Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.033 4 da IN/SRF nº 210/02, com a redação dada pela IN/SRF nº 323/03. Para a empresa, tais acréscimos não são aplicáveis ao caso porque os fatos geradores do crédito e dos débitos indicados na compensação são anteriores à vigência da nova regulamentação dada por esta última IN. A instância a quo, contudo, rechaçou esse entendimento frisando que a alteração legislativa deve ser aplicada a todas as compensações pleiteadas após a sua vigência, independentemente dos períodos a que se referem os créditos e débitos indicados, tal como na situação que ocorreu no presente caso. Na parte que interessa, assim figurou a ementa daquele julgado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 MATÉRIA DEFINITIVAMENTE JULGADA. NOVO JULGAMENTO. Não cabe, por impedimento legal, reanalisar quaisquer dos argumentos apresentados pelo interessado quanto ao não reconhecimento, já definitivamente julgado na esfera administrativa, de seu direito à redução de 37,5% do IRPJ calculado com base no lucro de exploração. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO DÉBITOS VENCIDOS A partir de 28/05/2003. os débitos objeto de compensação sofrerão a incidência de acréscimos moratórios. na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. Inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário onde requer a reforma da decisão na parte que ainda lhe foi desfavorável, de modo a reconhecer a totalidade do crédito originalmente pleiteado e homologar a totalidade das compensações declaradas. Para isso, deduz os seguintes argumentos: a) Inexiste coisa julgada a ser imponível ao presente processo. O processo nº 10670.000473/200591 foi instaurado apenas para homologação de benefício já reconhecido pelo Ministério da Integração Nacional. Tratou, portanto, de pedido de natureza diferente daquela que aqui se trata, no caso, o pedido de compensação. Os efeitos de uma decisão que reconheça o direito creditório deste processo consistiria tão somente na homologação das compensações declaradas. b) A recorrente faz jus, para seu estabelecimento matriz, à redução da alíquota do IR incidente sobre o lucro de exploração avindo da comercialização de fios, tecidos e subprodutos de algodão e sintéticos, desde 12/03/92, benefício que foi outorgado pela SUDENE através da Declaração DAÍ/PTE 190/92. Com as alterações promovidas no regime de benefício fiscal de redução do imposto e adicionais não restituíveis pela MP nº 2.058/00, reeditada pela MP nº 2.19914/01, a recorrente mantevese beneficiária Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.034 5 pelo fato de estar incluída dentre os setores prioritários previstos no artigo 2º do Decreto nº 4.213/02 (têxtil). Portanto, seu benefício fiscal nunca foi extinto. c) A decisão proferida no processo nº 10670.000473/200591 fundamentou seu posicionamento acerca do termo inicial para a fruição do benefício fiscal (26/12/2002) através do Laudo Constitutivo nº 0060/2005 expedido pelo Ministério da Integração Nacional. O fato de este Laudo ter sido editado após longo transcurso de tempo desde a emissão da Declaração DAÍ/PTE 190/92 não afasta o direito preexistente da empresa. A homologação do benefício junto à Receita Federal tem a virtude de apenas reconhecer seu direito, já concedido por lei, pendente apenas de verificação acerca da implementação dos requisitos apontados na norma e a indicação precisa do objeto da redução. d) O § 1º do artigo 80 da IN/SRF nº 267/02 deve ser analisado conjuntamente com a redação do seu caput. O sentido que se extrai dessa análise é que o termo de início só se aplicaria para as empresas que tiveram o benefício cessado e, após um reenquadramento de suas atividades como prioritárias, passaram a fazer jus ao gozo do benefício de redução. Contudo, a redação do artigo 2º da MP nº 2.19914/01 é clara e determina que o benefício fiscal jamais cessou para as empresas consideradas relevantes para o desenvolvimento da região abrangida pela SUDENE, independentemente da edição de qualquer ato normativo. É inequívoca, portanto, a inaplicabilidade do artigo 80 da IN/SRF nº 267/02. Ademais, ainda que se entenda que o requisito da homologação pela Receita Federal seria necessário, ele só foi instituído em 23/12/2002 (data da edição da IN), assim, o benefício há de ser reconhecido para o período anterior conforme as normas até então vigentes. e) São inaplicáveis os acréscimos moratórios previstos no artigo 28 da IN/SRF nº 210/02, com a redação dada pela IN/SRF nº 323/03. Isso porque os fatos geradores do crédito e dos débitos indicados na compensação são anteriores à vigência da nova regulamentação dada por esta última IN. A redação anterior previa que se o pagamento a maior fosse anterior ao vencimento do débito, a compensação seria considerada efetuada na data da realização daquele pagamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.035 6 Inicialmente, há que se enfrentar a alegação de coisa julgada. Isso porque ao se entender, como a DRJ, que não cabe mais discutir o direito creditório atinente à parcela do saldo negativo que seria apurado se fosse admitida a dedução a título de redução do imposto devido referente ao estabelecimento matriz da recorrente, o mérito do recurso residiria unicamente na análise do pedido de inaplicabilidade dos acréscimos moratórios. A recorrente afirma que o processo nº 10670.000473/200591 foi instaurado para obter a homologação do citado benefício. Tratou, portanto, de pedido de natureza diferente daquela que aqui se trata, no caso, o pedido de compensação. Na argumentação desenvolvida em seu recurso, sustenta que o instituto da coisa julgada só pode ser oponível a outro processo se houver plena identidade de partes, pedido e causa de pedir. Realmente, não se pode falar em coisa julgada quando os dois processos possuem pedidos diferentes. Neste sentido, aliás, já lecionava o Professor Humberto Theodoro Júnior (Cf. Curso de Direito Processual Civil, 1 v., 38ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 478.): “para ser acolhida a exceção de res iudicata, haverá de concorrer, entre as duas causas, a tríplice identidade de partes, pedido e causa de pedir (art. 301, §2º)”. No entanto, é de se notar que o voto condutor da decisão recorrida não se socorreu do instituto da coisa julgada, mas, do fato de que a matéria estaria definitivamente julgada por força que dispõem o § 4º do artigo 3º do Decreto nº 4.213/02 e o § 4º do artigo 60 da IN/SRF nº 267/02. Confirase: Decreto nº 4.213/02: Art.3o O direito à redução do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas e adicionais nãorestituíveis incidentes sobre o lucro da exploração, na área de atuação da extinta SUDENE será reconhecido pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda a que estiver jurisdicionada a pessoa jurídica, instruído com o laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional. (...) §4o Tornase irrecorrível, na esfera administrativa, a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento que denegar o pedido. (grifei) IN/SRF nº 267/02: Art. 60. A competência para reconhecer o direito será da unidade da SRF a que estiver jurisdicionada a pessoa jurídica, devendo o pedido estar instruído com laudo expedido pelo MI. (...) § 4º Tornase irrecorrível, na esfera administrativa, a decisão da DRJ que denegar o pedido. (grifei) Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.036 7 Ou seja, o raciocínio da autoridade julgadora foi no sentido de que a matéria discutida no processo nº 10670.000473/200591, qual seja, o reconhecimento do direito ao benefício de redução, não sendo recorrível por determinação regulamentar (Decreto e Instrução Normativa), já possuía um entendimento definitivo no âmbito administrativo. Por isso, aplicou a decisão contida naquele processo como razão de decidir a causa contida neste processo. Nada obstante, verifico que as alegações sobre o mérito do direito ao benefício da redução deduzidas pela recorrente vão além da decisão proferida no outro processo. Isso porque ela questiona a própria necessidade de existir um ato da Receita Federal para que seu direito seja reconhecido. Com efeito, seu recurso é claro ao argumentar que a homologação do benefício junto à Receita Federal tem a virtude de apenas reconhecer seu direito, já concedido por lei, pendente apenas de verificação acerca da implementação dos requisitos apontados na norma e a indicação precisa do objeto da redução. Diante disso, considero indispensável a análise da necessidade da homologação, pela Receita Federal, do benefício que já estava previsto em lei. Sobre o assunto, esta Turma se manifestou no recente Acórdão nº 1102 000.873. Na ocasião, o relator do caso, o ilustre Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé, apresentou em seu voto uma breve retrospectiva da legislação a respeito do tema que, apesar da maior amplitude em relação à situação do presente processo, por ser demais esclarecedora, peço vênia para reproduzila: Inicialmente, assim dispôs a Lei no 4.239/1963 a respeito (grifos acrescidos): “Art 13. Os empreendimentos industriais ou agrícolas que se instalarem, modernizarem, ampliarem ou diversificarem, nas áreas de atuação da SUDAM ou da SUDENE, até o exercício de 1982, inclusive, ficarão isentos do imposto de renda e adicionais não restituíveis incidentes sobre seus resultados operacionais, pelo prazo de 10 anos, a contar do exercício financeiro seguinte ao ano em que o empreendimento entrar em fase de operação ou, quando for o caso, ao ano em que o projeto de modernização, ampliação ou diversificação entrar em operação, segundo laudo constitutivo expedido pela SUDAM ou SUDENE. Art 14. Até o exercício de 1973 inclusive, os empreendimentos industriais e agrícolas que estiverem operando na área de atuação da SUDENE à data da publicação desta lei, pagarão com a redução de 50% (cinqüenta por cento) o impôsto de renda e adicionais não restituíveis. Art 16. A SUDENE, mediante as cautelas que instituir, fornecerá, as emprêsas interessadas, declaração de que satisfazem as condições exigidas para o benefício da isenção a que se refere o artigo 13, ou da redução prevista no artigo 14, documento que instruirá o processo de reconhecimento pelo Diretor da Divisão do Impôsto de Renda, do direito das emprêsas ao favor tributário.” Portanto, a Lei no 4.239/1963 previa inicialmente que tanto o benefício de isenção (art. 13) quanto o de redução (art. 14) deveriam ser objeto de um processo de reconhecimento do direito pelo então Diretor da Divisão do Imposto de Renda (art. 16). Notese que somente com relação ao benefício de isenção (art. 13) havia menção a laudo constitutivo expedido pela Sudene. Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.037 8 Regulamentando o art. 16, determinou o Decreto no 55.334, de 31 de dezembro de 1964, ora já revogado, que o Diretor da Divisão do Imposto de Renda decidiria sobre cada pedido de reconhecimento de direito à isenção ou redução dentro de 180 dias da respectiva apresentação à competente repartição fiscal, findos os quais, se não fosse a empresa notificada de decisão contrária ao pedido, e tendo o favor fiscal sido recomendado pela SUDENE, considerarseia a interessada automaticamente em pleno gozo da isenção ou da redução pretendida. Posteriormente, a Lei no 5.508/1968 determinou o seguinte (grifos acrescidos): “Art 37. Os benefícios previstos no art. 13 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963, modificado pelo art. 34 desta Lei, uma vez reconhecidos pela SUDENE, serão comunicados às Delegacias Regionais e Seccionais do Impôsto de Renda para tomarem conhecimento da concessão.” Esta mesma lei havia promovido alterações tanto ao art. 13 (isenção) quanto ao art. 14 (redução) da lei anterior. Contudo, somente com relação ao art. 13 (isenção) é que observou que as Delegacias Regionais e Seccionais do Imposto de Renda seriam apenas “comunicadas” da concessão do benefício pela Sudene. Portanto, com relação aos benefícios de isenção, a lei retirou da Receita Federal o poder de reconhecimento do direito. A esta nova disposição legal teve de adaptarse a regulamentação. Foi então editado o Decreto no 64.214, de 18 de março de 1969, que, nos seus artigos 1o e 3o tratou do benefício de redução, no seu artigo 2o tratou do benefício de isenção, e no seu artigo 8o assim dispôs (grifos acrescidos): “Art. 8º A Secretaria Executiva da SUDENE, analisando a documentação a que se refere o artigo anterior e procedendo às investigações que julgar necessárias, emitirá parecer fundamentado para apreciação do Conselho Deliberativo, propondo, quando fôr o caso, a expedição da declaração a que alude o artigo 7º, ou o reconhecimento, pelo mesmo Conselho Deliberativo, do direito à isenção prevista no artigo 2º dêste Decreto, nos têrmos do artigo 37, da Lei nº 5.508, de 11 de outubro de 1968. § 1º As pessoas jurídicas ou firmas individuais, em favor das quais a SUDENE expedir a declaração a que alude o artigo anterior, instruirão, com o referido documento, o processo de reconhecimento, pelo órgão próprio da Secretaria da Receita Federal, do direito ao gôzo do beneficio previsto nos artigos 1º e 3º dêste Decreto, devendo o pedido formulado ser encaminhado àquela repartição, através da Delegacia da Receita Federal a que estiver jurisdicionado o requerente. § 2º O órgão próprio da Secretaria da Receita Federal decidirá sôbre cada pedido de reconhecimento do direito à redução prevista nos artigos 1º e 3º dêste Decreto, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da respectiva apresentação à competente repartição fiscal.” Mais adiante, a Lei no 9.532/97 trouxe novas alterações relativas a esses benefícios no seu artigo 3o, verbis: “Art. 3º Os benefícios fiscais de isenção, de que tratam o art. 13 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963, o art. 23 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969, com a redação do art. 1º do DecretoLei nº 1.564, de 29 de julho de 1977, e o inciso VIII do art. 1º da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, para os projetos de Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.038 9 instalação, modernização, ampliação ou diversificação, aprovados pelo órgão competente, a partir de 1º de janeiro de 1998, observadas as demais normas em vigor, aplicáveis à matéria, passam a ser de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis, observados os seguintes percentuais: (Vide Medida Provisória nº 2.19914, de 2001) I 75% (setenta e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2003; II 50% (cinqüenta por cento), a partir de 1º de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2008; III 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2013. § 1º O disposto no caput não se aplica a projetos aprovados ou protocolizados até 14 de novembro de 1997, no órgão competente, para os quais prevalece o benefício de isenção até o término do prazo de concessão do benefício. § 2º Os benefícios fiscais de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis, de que tratam o art. 14 da Lei nº 4.239, de 1963, e o art. 22 do Decreto Lei nº 756, de 11 de agosto de 1969, observadas as demais normas em vigor, aplicáveis à matéria, passam a ser calculados segundo os seguintes percentuais: I 37,5% (trinta e sete inteiros e cinco décimos por cento), a partir de 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2003; II 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2008; III 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento), a partir de 1º de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2013. § 3º Ficam extintos, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1º de janeiro de 2014, os benefícios fiscais de que trata este artigo.” Em síntese, portanto, a Lei no 9.532/97: transformou o benefício de isenção, previsto no art. 13 da Lei no 4.239/63, em benefício de redução, com percentuais decrescentes ao longo do tempo, ressalvados apenas os projetos já aprovados ou protocolizados até 14 de novembro de 1997; alterou o benefício de redução, previsto no art. 14 da Lei no 4.239/63, estabelecendo percentuais menores e decrescentes ao longo do tempo; determinou a extinção de ambos os benefícios a partir de 1º de janeiro de 2014. Entretanto, esta lei em nada alterou a forma como se deveria dar o reconhecimento da concessão. Ao contrário, expressamente determinou que, para ambos os benefícios, fossem “observadas as demais normas em vigor, aplicáveis à matéria”. Tanto é assim que o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (atual Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99), continua a fazer a distinção entre as formas de reconhecimento do benefício de redução e do de isenção (vide, neste Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.039 10 sentido, o art. 550, que trata da isenção – e da isenção transformada em redução – e faz referência ao art. 37 da Lei no 5.508/68, e o art. 553, que trata da redução, e faz referência ao art. 16 da Lei no 4.239/63). Posteriormente, a Medida Provisória no 219914, de 2001 (oriunda de sucessivas reedições desde a MP no 2.058/2000, original) trouxe novas alterações relativas a esses benefícios em seus artigos 1o e 2o, verbis: “Art. 1o Sem prejuízo das demais normas em vigor aplicáveis à matéria, a partir do anocalendário de 2000, as pessoas jurídicas que tenham projeto protocolizado e aprovado até 31 de dezembro de 2018 para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados, em ato do Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste SUDENE e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia SUDAM, terão direito à redução de 75% (setenta e cinco por cento) do imposto sobre a renda e adicionais calculados com base no lucro da exploração. (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) § 1o A fruição do benefício fiscal referido no caput deste artigo darseá a partir do anocalendário subseqüente àquele em que o projeto de instalação, ampliação, modernização ou diversificação entrar em operação, segundo laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional até o último dia útil do mês de março do anocalendário subseqüente ao do início da operação. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1oA. As pessoas jurídicas fabricantes de máquinas, equipamentos, instrumentos e dispositivos, baseados em tecnologia digital, voltados para o programa de inclusão digital com projeto aprovado nos termos do caput terão direito à isenção do imposto sobre a renda e do adicional, calculados com base no lucro da exploração. (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011) § 2o Na hipótese de expedição de laudo constitutivo após a data referida no § 1o, a fruição do benefício darseá a partir do anocalendário da expedição do laudo. § 3o O prazo de fruição do benefício fiscal será de 10 (dez) anos, contado a partir do anocalendário de início de sua fruição. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3oA. No caso de projeto de que trata o § 1oA que já esteja sendo utilizado para o benefício fiscal nos termos do caput, o prazo de fruição passa a ser de 10 (dez) anos contado a partir da data de publicação da Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto de 2011. (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011) § 4o Para os fins deste artigo, a diversificação e a modernização total de empreendimento existente serão consideradas implantação de nova unidade produtora, segundo critérios estabelecidos em regulamento. § 5o Nas hipóteses de ampliação e de modernização parcial do empreendimento, o benefício previsto neste artigo fica condicionado ao aumento da capacidade real instalada na linha de produção ampliada ou modernizada em, no mínimo: I vinte por cento, nos casos de empreendimentos de infraestrutura (Lei nº 9.808, de 20 de julho de 1999) ou estruturadores, nos termos e nas condições estabelecidos pelo Poder Executivo; e Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.040 11 II cinqüenta por cento, nos casos dos demais empreendimentos prioritários. § 6o O disposto no caput não se aplica aos pleitos aprovados ou protocolizados no órgão competente e na forma da legislação anterior, até 24 de agosto de 2000, para os quais continuará a prevalecer a disciplina introduzida pelo caput do art. 3o da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. § 7o As pessoas jurídicas titulares de projetos de implantação, modernização, ampliação ou diversificação protocolizados no órgão competente e na forma da legislação anterior a 24 de agosto de 2000, que venham a ser aprovados com base na disciplina introduzida pelo caput do art. 3o da Lei nº 9.532, de 1997, e cuja atividade se enquadre em setor econômico considerado prioritário, em ato do Poder Executivo, poderão pleitear a redução prevista neste artigo pelo prazo que remanescer para completar o período de dez anos. § 8o O laudo a que se referem os §§ 1o e 2o será expedido em conformidade com normas estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. § 9o O laudo de que trata o § 1o poderá, exclusivamente no ano de 2001, ser expedido até o último dia útil do mês de outubro. Art. 2o Fica extinto, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1o de janeiro de 2001, o benefício fiscal de redução do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis, de que trata o art. 14 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963, e o art. 22 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969, exceto para aqueles empreendimentos dos setores da economia que venham a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, e para os que têm sede na área de jurisdição da Zona Franca de Manaus.” O artigo 1o, portanto, trata dos projetos aos quais aplicase a isenção do imposto (transformada em redução), e estabelece que os novos projetos que venham a ser aprovados fazem jus à redução de 75%, pelo prazo de 10 anos (sem a redução escalonada decrescente, portanto), contudo, desde que tais projetos se enquadrem em setores da economia que venham a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional. O § 7o deste artigo confere a possibilidade de os projetos, enquadrados em setores considerados prioritários, porém já protocolizados com base na legislação anterior, e que venham a ser aprovados com base na disciplina introduzida pelo caput do art. 3o da Lei nº 9.532, de 1997 (i.e, referente aos benefícios fiscais de isenção, convertida em redução escalonada, de que trata o art. 13 da Lei nº 4.239/63), pleitearem a redução prevista no caput, de 75%, pelo prazo que remanescer para completar o período de dez anos. Já os projetos não enquadrados em setores considerados prioritários, continuam a observar a disciplina introduzida pelo caput do art. 3o da Lei nº 9.532/97, ou seja, a redução escalonada decrescente. Além de não ter havido qualquer revogação expressa do art. 13 da Lei nº 4.239/63, verificase, pelo exposto, a ligação ontológica do art. 1o da Medida Provisória no 219914, de 2001, com o art. 13 da Lei nº 4.239/63. Ressaltese ainda a expressa menção que faz o referido art. 1o ao laudo constitutivo, a ser expedido pelo Ministério da Integração Nacional, bem como a ressalva quanto às “demais normas em vigor aplicáveis à matéria”. O artigo 2o da MP no 219914/2001, por sua vez, trata dos empreendimentos que fazem jus ao benefício de redução do imposto, originalmente instituído pelo art. 14 da Lei nº 4.239/63, e estabelece que o referido benefício (com a redução escalonada decrescente estabelecida pela Lei no 9.532/97) permanece mantido para Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.041 12 os empreendimentos em setores considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional (a redação do dispositivo fala em extinção do benefício, porém ressalva, por exceção, os empreendimentos em setores considerados prioritários – o efeito é rigorosamente o mesmo). Contrariamente ao arguido no recurso, portanto, é fácil perceber que tampouco houve revogação, quer expressa, quer tácita, do art. 14 da Lei nº 4.239/63. Em síntese, temse que os benefícios instituídos pelos artigos 13 e 14 da Lei nº 4.239/63 não foram revogados pela Medida Provisória no 219914, de 2001, mas tão somente foram por ela substancialmente alterados. Por outro lado, a forma de reconhecimento desses benefícios não foi alterada, exceto pelo fato de que, por força de outra Medida Provisória (MP no 21565/2001, oriunda de sucessivas reedições da MP no 2145, de 2 de maio de 2001, e que determinou a extinção da Sudene), o laudo constitutivo, a ser expedido no caso do benefício de que trata o art. 13 da Lei nº 4.239/63 (isenção transformada em redução) passou a ser emitido pela ADENE – Agência de Desenvolvimento do Nordeste, vinculada ao Ministério da Integração Nacional. Este fato é confirmado pela alteração na redação do § 1o do art. 1o da Medida Provisória no 219914, de 2001: na redação original, da MP no 2.058/2000, constava que o laudo constitutivo seria emitido pela Sudene; posteriormente, a redação passou a determinar que o laudo seria emitido pelo Ministério da Integração Nacional. (...) Ocorre que, para regulamentar as alterações promovidas pela Medida Provisória no 219914/2001, no tocante aos benefícios afetos à Sudene, foi editado o Decreto nº 4.213/2002, abaixo parcialmente transcrito (grifos acrescidos): “Art. 1º Este Decreto define os empreendimentos prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da extinta Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste SUDENE, para fins dos benefícios de redução do imposto de renda, inclusive de reinvestimento, de que tratam os arts. 1º, 2º e 3º da Medida Provisória nº 2.19914, de 24 de agosto de 2001. (...) Art. 3o O direito à redução do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas e adicionais nãorestituíveis incidentes sobre o lucro da exploração, na área de atuação da extinta SUDENE será reconhecido pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda a que estiver jurisdicionada a pessoa jurídica, instruído com o laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional. § 1o O chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal decidirá sobre o pedido em cento e vinte dias contados da respectiva apresentação do requerimento à repartição fiscal competente. § 2o Expirado o prazo indicado no § 1o, sem que a requerente tenha sido notificada da decisão contrária ao pedido e enquanto não sobrevier decisão irrecorrível, considerarseá a interessada automaticamente no pleno gozo da redução pretendida. Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.042 13 § 3o Do despacho que denegar, parcial ou totalmente, o pedido da requerente, caberá impugnação para a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, dentro do prazo de trinta dias, a contar da ciência do despacho denegatório. § 4o Tornase irrecorrível, na esfera administrativa, a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento que denegar o pedido. § 5o Na hipótese do § 4o, a repartição competente procederá ao lançamento das importâncias que, até então, tenham sido reduzidas do imposto devido, efetuandose a cobrança do débito. § 6o A cobrança prevista no § 5o não alcançará as parcelas correspondentes às reduções feitas durante o período em que a pessoa jurídica interessada esteja em pleno gozo da redução de que trata o § 2o.” Este novo decreto, portanto, intentou submeter ambos os incentivos, originariamente instituídos pelos artigos 13 e 14 da Lei nº 4.239/63, ao crivo da Secretaria da Receita Federal, para fins de reconhecimento do direito à redução do imposto. A Instrução Normativa SRF nº 267, de 2002, trilha o mesmo caminho. Estes, aliás, foram os dois normativos citados pela autoridade fiscal para considerar indevidas as deduções do imposto feitas pela recorrente, uma vez que não haviam sido apresentados os pedidos de reconhecimento do direito ao titular da unidade da SRF da sua jurisdição. Para concluir, conforme restou exposto na breve digressão histórica acima feita, o argumento recursal, de que a exigência de reconhecimento do direito pela Secretaria da Receita Federal teria suporte em dispositivos meramente regulamentares, é apenas parcialmente verdadeiro. De fato, no caso do benefício originalmente instituído pelo art. 13 da Lei nº 4.239/63 (isenção, posteriormente convertida em redução) isto tornouse verdade a partir da alteração introduzida pelo art. 37 da Lei no 5.508/68, dispositivo este em nenhum momento revogado. Contudo, no caso do benefício de redução, originalmente instituído pelo art. 14 da Lei nº 4.239/63, a exigência de reconhecimento pela Secretaria da Receita Federal sempre esteve assente em lei. Portanto, a conclusão daquele ilustre Conselheiro, com a qual estou plenamente de acordo, é a de que, no caso dos benefícios originalmente instituídos pelo artigo 13 da Lei nº 4.239/63, não há necessidade do reconhecimento formal, pela Receita Federal, para que a empresa beneficiária possa fruir seu direito. Por outro lado, no caso dos benefícios originalmente instituídos pelo artigo 14 da mesma Lei, há essa necessidade. O benefício que aqui se apresenta é o de redução do imposto, no percentual de 37,5% aplicado sobre o imposto de renda e adicionais não restituíveis, conforme estabelecido pelo § 2º, I, do artigo 3º da Lei 9.532/97. Tratase, consequentemente, da modalidade originalmente instituída pelo artigo 14 da Lei nº 4.239/63. Assim, havia, de fato, a necessidade de reconhecimento do benefício pela Receita Federal. E, como bem ressaltado no trecho do voto acima transcrito, tal exigência nunca perdeu sua fundamentação legal. Diversamente do que reclama a recorrente, o ato de reconhecimento é, sim, condição necessária para a fruição do benefício. Além disso, seguindo as orientações normativas, a decisão contida no processo nº 10670.000473/200591 fixou como termo inicial para fruição do benefício a data Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.043 14 de 26/12/2002. Quanto a isso, nada mais há a discutir. Isso porque, uma vez que se entenda necessário o ato da Receita Federal, está correta a decisão recorrida ao considerar a matéria definitivamente julgada. Afinal, a norma segundo a qual é irrecorrível a decisão da DRJ que denega o pedido de reconhecimento do benefício foi veiculada por decreto presidencial. Por conseguinte, quanto a essa determinação, este Colegiado também está vinculado. Resta, então, a análise do pedido de inaplicabilidade dos acréscimos moratórios. A recorrente pretende que a compensação seja considerada efetuada na data da realização do pagamento a maior em consonância com a redação original do artigo 28 da IN/SRF nº 210/02. No seu entender, a regra estabelecida com a nova redação dada ao dispositivo pela IN/SRF nº 323/03 não poderia ser aplicada ao caso porque os fatos geradores do crédito e dos débitos indicados na compensação são anteriores à sua vigência. Quanto a isso, importa perceber que, na essência, a compensação nada mais é do que um encontro de contas no qual um determinado crédito pode ser utilizado para solver tantos débitos quantos forem capazes de ser absorvidos por sua dimensão quantitativa. Usando da competência que lhe foi atribuída pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, que consolida o instituto da compensação dos tributos federais, bem como considerando a previsão do artigo 61 da mesma Lei, segundo a qual sobre os débitos de tributos federais deve incidir acréscimos moratórios, a Receita Federal, em 28/04/2003, publicou a IN/SRF nº 323/03, que determinou nova regulamentação para a matéria ao alterar a redação do artigo 28 da IN/SRF nº 210/02. Confirase: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios na forma prevista nos arts. 38 e 39 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. Parágrafo único. Na compensação de ofício, os juros compensatórios e acréscimos moratórios de que trata o caput serão calculados considerandose as seguintes datas: I do consentimento, expresso ou tácito, da compensação; ou II da efetivação da compensação, quando se tratar de débito inscrito em Dívida Ativa da União." Assim, a Receita Federal, no regular exercício de sua competência legislativa, editou nova norma para regulamentar a incidência dos acréscimos moratórios nas compensações efetuadas pelo sujeito passivo e nas compensações efetuadas de ofício. Não fez qualquer ressalva para situações em que os fatos geradores do crédito e dos débitos indicados na compensação fossem anteriores à sua vigência. Nesse sentido, foi precisa a decisão recorrida quando frisou que ao procedimento de compensação aplicase a legislação vigente à época em que se efetua o Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10670.720021/200529 Acórdão n.º 1102001.105 S1C1T2 Fl. 1.044 15 confronto dos créditos e débitos. No caso presente, o pedido foi originalmente apresentado em 17/07/2003 (fls. 3 e 14), portanto, quando já vigia a nova redação do artigo 28 da IN/SRF nº 210/02. Pelo exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 29/05/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME
score : 1.0
