Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,092)
- Segunda Câmara (27,783)
- Primeira Câmara (25,080)
- Segunda Turma Ordinária d (16,855)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,492)
- Segunda Turma Ordinária d (15,401)
- Primeira Turma Ordinária (15,291)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (13,997)
- Primeira Turma Ordinária (12,809)
- Primeira Turma Ordinária (11,973)
- Segunda Turma Ordinária d (11,939)
- Quarta Câmara (11,511)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,499)
- Terceira Câmara (64,123)
- Segunda Câmara (52,438)
- Primeira Câmara (17,109)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,518)
- Segunda Seção de Julgamen (110,258)
- Primeira Seção de Julgame (72,795)
- Primeiro Conselho de Cont (49,045)
- Segundo Conselho de Contr (48,789)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,932)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,044)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,959)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,851)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,779)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,018)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,321)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,804)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,383)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,946)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,837)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,574)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,016)
Numero do processo: 10435.002234/2008-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2006
NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Trata-se de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos.
Não é nulo o procedimento fiscal que, seguindo os trâmites da lei, inverteu o ônus da prova ao contribuinte, e recusou-se
a realizar diligência para a obtenção de documentos com terceiros.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DE ORIGEM.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26).
Comprovar a origem dos depósitos não significa apenas identificar os depositantes, mas indicar a natureza dos créditos bancários, demonstrando não se tratarem de receitas tributáveis, ou em qual rubrica já foram tributados.
Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas.
No caso dos autos, o contribuinte não conseguiu comprovar que os depósitos bancários decorriam de sua atividade no comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes na feira da sulanca de Caruaru.
JUROS DE MORA. CÁLCULO A PARTIR DO VENCIMENTO DO IMPOSTO.
Apesar do imposto de renda sobre os rendimentos omitidos ser devido mensalmente, sua apuração é anual. Desta forma, toda a omissão de rendimentos foi tributada em 31/12/2005, com vencimento em 28/04/2006, data inicial do cálculo dos juros de mora.
Preliminar de Nulidade Rejeitada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2101-001.439
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: Jose Evande Carvalho Araújo
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201201
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Trata-se de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. Não é nulo o procedimento fiscal que, seguindo os trâmites da lei, inverteu o ônus da prova ao contribuinte, e recusou-se a realizar diligência para a obtenção de documentos com terceiros. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). Comprovar a origem dos depósitos não significa apenas identificar os depositantes, mas indicar a natureza dos créditos bancários, demonstrando não se tratarem de receitas tributáveis, ou em qual rubrica já foram tributados. Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. No caso dos autos, o contribuinte não conseguiu comprovar que os depósitos bancários decorriam de sua atividade no comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes na feira da sulanca de Caruaru. JUROS DE MORA. CÁLCULO A PARTIR DO VENCIMENTO DO IMPOSTO. Apesar do imposto de renda sobre os rendimentos omitidos ser devido mensalmente, sua apuração é anual. Desta forma, toda a omissão de rendimentos foi tributada em 31/12/2005, com vencimento em 28/04/2006, data inicial do cálculo dos juros de mora. Preliminar de Nulidade Rejeitada. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10435.002234/2008-09
anomes_publicacao_s : 201201
conteudo_id_s : 4880620
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2101-001.439
nome_arquivo_s : 210101439_10435002234200809_201201.pdf
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : Jose Evande Carvalho Araújo
nome_arquivo_pdf_s : 10435002234200809_4880620.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
id : 4748755
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:44:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232300658688
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2289; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 389 1 388 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10435.002234/200809 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 210101.439 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de janeiro de 2012 Matéria IRPF Recorrente ANDREANNI PEREIRA DE CARVALHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratase de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. Não é nulo o procedimento fiscal que, seguindo os trâmites da lei, inverteu o ônus da prova ao contribuinte, e recusouse a realizar diligência para a obtenção de documentos com terceiros. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). Comprovar a origem dos depósitos não significa apenas identificar os depositantes, mas indicar a natureza dos créditos bancários, demonstrando não se tratarem de receitas tributáveis, ou em qual rubrica já foram tributados. Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. Fl. 392DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 390 2 No caso dos autos, o contribuinte não conseguiu comprovar que os depósitos bancários decorriam de sua atividade no comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes na feira da sulanca de Caruaru. JUROS DE MORA. CÁLCULO A PARTIR DO VENCIMENTO DO IMPOSTO. Apesar do imposto de renda sobre os rendimentos omitidos ser devido mensalmente, sua apuração é anual. Desta forma, toda a omissão de rendimentos foi tributada em 31/12/2005, com vencimento em 28/04/2006, data inicial do cálculo dos juros de mora. Preliminar de Nulidade Rejeitada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _____________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente. (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa, Célia Maria de Souza Murphy, Gonçalo Bonet Allage, Alexandre Naoki Nishioka. Relatório AUTUAÇÃO Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 1 a 7, referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2006, para lançar infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$1.443.438,31, acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora. Fl. 393DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 391 3 IMPUGNAÇÃO Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 186 a 214), acatada como tempestiva. O relatório do acórdão de primeira instância resumiu os argumentos do recurso da seguinte maneira (fls. 336 a 338): Do Auto de infração I inicialmente indaga quem é Averaldo Ramos da Silva Neto, qualificado no Auto de infração nos termos do art.121, inciso I do CTN e acrescenta que desconhece esse Senhor e que a contacorrente nº 204609 do Bradesco nunca foi dele e nem de ninguém, além da titular (a contribuinte); II quanto à autuação, argumenta que esta se deu em total cerceamento de defesa da defendente a qual solicitou em diligência do autuante, quando dos esclarecimentos complementares e quando da origem dos valores depositados, pois aqueles que não foram creditados por transferência bancária o foram por meio de cheque e, assim, plenamente conhecido quem é o sacado, além de mencionar que existe interposta pessoa e equivocarse quanto à aplicação do art.42 da Lei nº 9.430, de 1996, o que torna o Auto de infração nulo de pleno direito; Dos Fatos III assevera que, conforme comprovado nos autos administrativos, exerce a atividade de comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes; que há vários anos não possui nenhuma empresa em funcionamento, vindo a comprar ou vender ou simplesmente a intermediação de negócios em geral, recebendo por isso comissões (no percentual de 0,5% a 2%), e assim, para a consecução dos negócios, permitia que os valores transitassem em sua contacorrente bancária mantida no Bradesco, não constituindo qualquer acréscimo patrimonial, e que muitas vezes os cheques depositados voltavam por falta de provisão de fundos; ressalta que realizara muitas vezes compra de roupas na feira da sulanca em CaruaruPE, para as amigas e conhecidas; por fim, como não mantinha nenhum controle das comissões recebidas, auferia uma renda média mensal de R$ 2.000,00 a R$ 4.500,00 e com base nisso fez a sua Declaração do imposto de Renda do exercício de 2006. IV ressalta que, conforme cópia dos extratos bancários já anexados aos autos dos meses de janeiro a dezembro de 2005 e conforme planilha discriminativa em anexo, iniciou o anocalendário de 2005 com um saldo credor de R$ 20.136,57, em 01/01/2005 e terminou o referido ano com um saldo devedor de R$ 5.034,68; V conclui, por fim, que a movimentação financeira mencionada, apenas representa valores de terceiros e não seus e que analisando a planilha confeccionada pelo autuante notase que este não deu importância ao dispositivo central/nuclear do art.42, da Lei nº 9.430, de 1996 que é a origem dos recursos creditados na conta corrente, mas sim, deu total importância aos créditos, até mesmo em valores maiores dos que os realmente existentes na referida conta bancária; VI pondera que muito embora não tivesse a instrução ou cautela de guardar consigo cópia dos cheques que recebeu, temse em conseqüência da própria cultura da região onde vive, que as relações comerciais informais não possuem registro contábil ou até mesmo de caixa, sendo feitas apenas, em sua maioria na “palavra” , tanto é assim, que as várias declarações acostadas aos autos comprovam isso; VII entende que, pelo fato de todos os créditos em sua conta bancária haverem sido por meio de transferências ou de cheques, os quais, todos, possuem a Fl. 394DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 392 4 identificação exata de quem os depositou e de quem os emitiu, poderia, a autoridade autuante facilmente identificar quem são os depositantes e quem são os recebedores de depósitos/transferências feitas por ela (a defendente) com base no próprio argumento que utilizou na informação (de que a ação funcional do Auditor Fiscal está amparada no art.6º, da LC 105/01, que dá poderes a este de examinar documentos, livros, registros de instituições financeiras, inclusive os referentes à conta de depósitos e aplicações financeiras), tendo, entretanto, cerceado esse direito da defendente para imputarlhe imposto totalmente indevido. Do Mérito VIII Apresenta informações sobre o entendimento da FEBRABAN, com base nas normas do Banco Central do Brasil, sobre o uso do cheque no Brasil e sua formas de emissão ( ao portador e nominal) para concluir que o autuante claramente interpreta equivocadamente a norma do art.42 da Lei nº 9.430, de 1996 e leva em consideração os créditos e não a origem dos créditos utilizados, como deixa evidente o próprio texto da norma; IX repete o argumento de que o autuante, mesmo possuindo todos os mecanismos legais para obter da instituição financeira a identificação dos sacados que depositaram valores na conta bancária fiscalizada, pairou na presunção totalmente descabida, já que ela ( a impugnante) requereu ao fisco que utilizasse o seu poder para tais identificações, já que todos os créditos em sua conta corrente bancária se davam por meio de cheques, portanto registrados no próprio Banco, não havendo que se falar, portanto, em créditos de origem não comprovada, conforme previsto no art.42 da Lei nº 9.430, de 1996; X destaca, que, assim, é de se aplicar ao presente caso o art.43 e seguintes do CTN, pois os créditos estão todos identificados no próprio Banco; XI conclui que é inquestionável que o simples ato de depositar não configura fato gerador do imposto de renda, por não apresentar nenhum tipo de renda, invocando Acórdãos do Conselho de Contribuintes do MF e dos tribunais Judiciários, bem como considerações doutrinárias como amparo para a sua tese; XII aduz que o autuante considerou o valor total do imposto de renda como base de cálculo para a aplicação dos juros de mora, o que contrariaria o que está previsto no § 4º do art.42, da Lei nº 9.430, de 1996, isto é, a mora, para a incidência dos juros, existiria por mês que se considerasse auferidos os valores e, sendo assim, o valor considerado em dezembro/2005 teria juros de mora menor que o valor considerado em janeiro de 2005. Do Fato Gerador. XIII Cita e transcreve os artigos 114 e 116 do CTN, para concluir que, o autuante “fere” claramente o Art.112 do CTN, já que não considera todos os elementos do tipo expressos no Art.42, da Lei nº 9.430, de 1996, pois a norma não trata de depósitos bancários simplesmente, mas sim, de depósitos bancários de origens não comprovadas e repete que o autuante, mesmo diante da comprovação das origens dos depósitos bancários em questão, por parte da impugnante, se valeu de presunção incabível para imputar valores à defendente como se fosse renda ou como se a mesma não tivesse comprovado a sua origem e conclui que, assim, não há fato gerador que impute obrigação tributária à defendente a título de imposto de renda pessoa física; Da Base de Cálculo Fl. 395DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 393 5 XIV repete as mesmas argumentações utilizadas nos itens anteriores, para concluir que sendo conhecidos todos os créditos, estes devem ser excluídos da base de cálculo, uma vez que a presunção só vale para os créditos desconhecidos e aduz que o autuante, não desconsiderou, sequer, os cheques devolvidos indicados na planilha apresentada pela defendente e nem o saldo da contacorrente existente no dia 01/01/2005, o que majora ainda mais a referida base de cálculo. Dos Pedidos XV requer, diante do exposto: i) a total improcedência do auto de infração em discussão, com o seu conseqüente arquivamento; ii) no caso de dúvidas, a aplicação do art.112 do CTN; iii) protesta provar por todos os meios de prova admitidos na legislação tributária pertinente. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou procedente o lançamento, em julgamento consubstanciado na seguinte ementa (fls. 333 a 352): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. A determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, com as exclusões autorizadas pelo § 3º do mesmo dispositivo legal. ÔNUS DA PROVA. PRESUNÇÃO RELATIVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. OMISSÃO DE RENDIMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS FATO GERADOR Os rendimentos omitidos, de origem não comprovada, serão apurados no mês em que forem recebidos e estarão sujeitos à tributação, com multa de ofício e juros de mora, na declaração de ajuste anual, sujeitos à tabela progressiva anual (exceto os rendimentos isentos e de tributação exclusiva ou definitiva) e devem ser somados a fim de se apurar o imposto a ser exigido no ajuste anual, , na forma do art. 2º da Lei nº 7.713/88 c/c os arts. 2º e 9º da Lei nº 8.134/90. Fl. 396DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 394 6 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2005 PRELIMINAR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E AO CONTRADITÓRIO DESCRIÇÃO DOS FATOS Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa e ao contraditório, quando o contribuinte tem acesso à detalhada descrição dos fatos e a todos os elementos e provas que embasaram o Auto de Infração. JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. No processo administrativo fiscal, a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que ocorra um dos fatos previstos no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2005 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido RECURSO AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) Cientificada da decisão de primeira instância em 1/10/2010 (fl. 354v), a contribuinte apresentou, em 29/10/2010, o recurso de fls. 355 a 386, onde defende: a) preliminarmente, a nulidade do auto de infração, por cerceamento do direito de defesa, pois foram atendidas todas as diligências solicitadas; b) que todos os depósitos eram de conhecimento do Fisco, não se podendo falar que sua origem fosse desconhecida, e que seria fácil se obter os documentos bancários Fl. 397DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 395 7 através de seu CPF, e não exigir que ela gastasse muito e tivesse de aguardar mais de seis meses para ter a microfilmagem de todos os cheques depositados e a cópia das guias de transferências de todo o período fiscalizado; c) que há muitos anos vive do comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes, sem possuir empresa em funcionamento, vindo a comprar e vender ou simplesmente intermediar negócios em geral, recebendo por isso comissões; que, para a consecução dos negócios, muitas vezes permitia que os valores transitassem por sua conta bancária mantida no Banco Bradesco, mais como uma questão de garantia no recebimento de sua comissão; que tais valores simplesmente transitavam por sua conta, não constituindo qualquer tipo de renda ou acréscimo patrimonial; que sua comissão era um valor determinado ou um percentual de 0,5% a 2%; que iniciou o ano calendário de 2005 com um saldo credor de R$20.136,57 e terminou com saldo devedor de R$5.034,68; que muitas vezes os cheques depositados em sua conta voltavam por falta de provisão de fundos, o que proporcionava o cancelamento do negócio ou a realização parcial do mesmo; que ainda compra para revender roupas adquiridas na feira da sulanca de Caruaru, vindo várias vezes a realizar a compra para amigas e conhecidas devido a mesma possuir boa credibilidade no local; d) que os fatos acima demonstram a quase plenitude dos valores que circularam em sua conta corrente era "dinheiro de terceiros", sendo seu ganho apenas uma comissão, que correspondia a uma renda mensal média de R$2.000,00 a R$4.500,00, com base na qual fez sua declaração de ajuste anual do exercício de 2006; e) que várias declarações acostadas aos autos comprovam a atividade de intermediação conforme descrito; f) que as normas do Banco Central exigem a identificação dos depositantes, e logo o Fisco poderia ter acesso a quem fez o depósito, o que comprovaria sua origem; g) que a decisão recorrida afirma que foi mero erro do autuante a indicação no bojo do auto de infração impugnado do nome do Sr. Averaldo Ramos da Silva Neto, mas que, apesar de não se lembrar quem seja essa pessoa, imagina que os autuantes começaram a identificar os depositantes e também os que receberam cheques/ sacaram valores da conta corrente em questão, mas terminaram "desistindo" de o fazer como solicitado em diligência pela recorrente; h) que a existência de depósitos bancários, por si só, não é fato gerador de imposto de renda, sendo o lançamento baseado em depósitos bancários somente admissível quando ficar comprovado o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de rendimentos, conforme jurisprudência do Conselho de Contribuintes; i) que foram aplicados juros de mora sobre todo o valor do imposto, o que está incorreto, pois o valor considerado em dezembro de 2005 deveria ter juros de mora menor que o valor considerado em janeiro do mesmo ano, já que os juros têm incidência mensal; j) que não foram desconsiderados os cheques devolvidos, nem os valores constantes como saldo da conta corrente no dia 01/01/2005. Ao final, pugna pela improcedência do lançamento ou pela nulidade do auto de infração. Fl. 398DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 396 8 O processo foi distribuído a este Conselheiro, numerado até a fl. 387, que também trata do envio dos autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, contendo ainda a fl. 388, sem numeração, referente ao Despacho de Encaminhamento dos autos do SECOJ/SECEX/CARF para a 1a Câmara da 2a Seção. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Tratase de lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada no anocalendário de 1999, com base no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Preliminar de nulidade: Preliminarmente, a recorrente pugna pela nulidade da autuação pelo indeferimento das diligências solicitadas à Fiscalização no sentido de se identificar os depositantes diretamente no banco, para assim se comprovar a origem dos créditos. O julgador de 1a instância não admitiu essa linha de defesa, afirmando ser do fiscalizado o ônus da comprovação dos depósitos, como demonstra o trecho abaixo transcrito (fl. 342): 22. No que se refere a outra causa de nulidade apontada na impugnação, qual, seja, o não atendimento pelo auditor autuante ao pedido de diligência efetuado pela impugnante no decurso dos trabalhos fiscais, para a identificação dos emitentes dos cheques, esta também padece de apoio, em face da própria natureza da tributação baseada em depósitos bancários, uma vez que esta, consoante se verá ulteriormente no presente Voto, está ancorada em presunção legal juris tantum, ou seja, comporta prova em contrário a ser apresentada pelo contribuinte, uma vez que neste caso, o ônus da prova é da sua responsabilidade. 23. Sendo assim, este ônus não pode ser transferido para a autoridade administrativa fiscal e nem para a autoridade julgadora, ficando a cargo, exclusivamente do contribuinte. 24. Por conseguinte, se a contribuinte entende que, identificando os depositantes dos cheques ou os emitentes das ordens bancárias, estaria afastada a hipótese de omissão de rendimentos, deveria, na época em que estava sendo desenvolvido o procedimentos fiscal, no qual lhe foi dada a oportunidade de apresentar as origens dos recursos depositados em sua conta corrente bancária, solicitar junto ao Bradesco as cópias desses cheques e a identificação dos depositantes, direito aliás, assegurado ao correntista de acordo com as normas do Banco Central. (...) Fl. 399DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 397 9 26. Pelo exposto, não vejo razão para a anulação do Auto de infração baseada na argumentação de cerceamento do direito de defesa. Para se enfrentar esse argumento, é necessário conhecer a legislação que rege a autuação, o que também se aproveitará na análise do mérito. O lançamento se deu com base no art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, abaixo transcrito: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em Fl. 400DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 398 10 separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Acrescentese que os limites do inciso II do § 3º foram alterados para R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente, pelo art. 4o da Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997. Assim, vêse que a lei criou uma presunção legal de omissão de receita, que se caracteriza quando o titular de conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, após regular intimação, não comprove a origem dos recursos creditados nessas contas, mediante documentação hábil e idônea. Por isso, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. No caso, verifico que a autoridade fiscal intimou devidamente o contribuinte a apresentar seus extratos bancários (fls. 09 a 10), e que, depois de totalizar os depósitos, a Fiscalização intimou o sujeito passivo a justificar sua origem (fls. 162 a 172), tendo sido lavrado o auto de infração com os depósitos sem origem justificada. Isso comprova a correta adequação do procedimento fiscal aos termos da lei. Essa explicação afasta também o argumento de que não se poderia utilizar os depósitos bancários como omissão de receitas sem que se estabelecesse um vínculo entre os recursos depositados e alguma receita não escriturada, devendose ressaltar que essa interpretação está definitivamente sepultada na esfera administrativa desde a edição da Súmula CARF nº 26, que possui o seguinte enunciado: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Assim, após devidamente intimado a esclarecer a origem dos depósitos, passou a ser do recorrente o ônus dessa comprovação, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores com os depósitos bancários. Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. Diante do exposto, vêse que não prospera a preliminar de nulidade suscitada, uma vez que a fiscalização se utilizou das prerrogativas que lhe foram conferidas pela lei. Se o fiscalizado não comprovou de forma contundente a origem dos depósitos, não estava o Fisco obrigado a efetuar diligências para esclarecer o início de prova trazido aos autos. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 399 11 Mérito: No mérito, a recorrente afirma que os depósitos tributados decorrem de sua atividade no comércio formal e informal de bens móveis, imóveis e semoventes na feira da sulanca de Caruaru, sem possuir empresa em funcionamento, vindo a comprar e vender ou simplesmente intermediar negócios em geral, recebendo por isso comissões, que podiam ser fixas ou em um percentual de 0,5% a 2% da operação. Acrescenta que, para a consecução dos negócios, muitas vezes permitia que os valores transitassem por sua conta bancária mantida no Banco Bradesco como garantia no recebimento de sua comissão. Defende que sua conta corrente no ano de 2005 iniciou com saldo credor de R$20.136,57 e terminou com saldo devedor de R$5.034,68, o que demonstra que os valores simplesmente transitaram por ela. Como prova do fato, foram acostadas aos autos as declarações de fls. 16 a 22, onde 7 pessoas informam que mantiveram negócios com a recorrente, tendo feito circular valores pessoais pela conta bancária dela do Banco Bradesco, mas que ela fez jus apenas a uma parte desses valores a título de comissão, a qual poderia ser um valor fixo ou um percentual de 0,5% a 2% sobre o negócio. Entretanto, há que se reconhecer que essas declarações se constituem em provas bastante frágeis dos fatos, pois não mencionam datas e valores, nem trazem qualquer tipo de comprovação documental dos negócios efetuados e das comissões pagas. A outra prova dos depósitos, na visão da contribuinte, seria a identificação dos depositantes que poderia ser obtida pelo AuditorFiscal junto ao banco. Anteriormente, já se explicou não ser possível se transferir ao Fisco o ônus da prova atribuído por lei ao contribuinte. Além disso, há que se ressaltar que comprovar a origem não significa apenas identificar os depositantes, mas indicar a natureza dos créditos bancários, demonstrando não se tratarem de receitas tributáveis, ou em qual rubrica já foram tributados. Assim, mesmo que se tivesse uma relação das pessoas que efetivaram os depósitos, isso não afastaria a presunção de que os créditos se referiam a receitas auferidas junto aos depositantes. Ademais, a conta corrente fiscalizada teve depósitos de mais de R$5 milhões, já descontados os cheques devolvidos, ferindo o senso comum a idéia de que tamanha movimentação financeira corresponda à atividade comercial sem qualquer comprovação documental. A contribuinte também afirma que não foram desconsiderados os cheques devolvidos, nem os valores constantes como saldo da conta corrente no dia 01/01/2005. Entretanto, o demonstrativo de fls. 162 a 169 comprova que foram estornados R$1.237.978,30 do total de depósitos a título de cheques devolvidos, não tendo o recurso apontado nenhum valor tributado que corresponda a um estorno não excluído. Quanto ao saldo inicial da conta corrente, ele não compõe a tributação, que consiste apenas dos valores depositados sem origem comprovada. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10435.002234/200809 Acórdão n.º 210101.439 S2C1T1 Fl. 400 12 Finalmente, registro que concordo com a conclusão do acórdão recorrido de que a menção a um certo Averaldo Ramos da Silva Neto, pessoa estranha aos autos, no Termo de Verificação e de Encerramento de Ação Fiscal, devese a um engano do Auditor Fiscal que não prejudica em nada o entendimento do Auto de Infração. Juros de mora: A contribuinte entende que os juros de mora cobrados estão incorretos, pois foram calculados sobre todo o valor do imposto. No seu entender, o valor lançado em dezembro de 2005 deveria ter juros de mora menor que o valor tributado em janeiro do mesmo ano, já que os juros têm incidência mensal. Sem razão a recorrente. Apesar do tributo ser devido mensalmente, sua apuração é anual. Desta forma, toda a omissão de rendimentos foi tributada em 31/12/2005, com vencimento em 28/04/2006, como consta do Demonstrativo de Multa e Juros de Mora de fl. 07. Assim, os juros somente começaram a ser calculados em 28/04/2006, sem qualquer prejuízo para o sujeito passivo. Conclusão: Diante do exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 403DF CARF MF Impresso em 12/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 31/ 01/2012 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 36072.001960/2006-94
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. SALÁRIO INDIRETO. DIFERENÇA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4º, CTN.
O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada
Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. Tratando-se
de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, é entendimento deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais
dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.268
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Nome do relator: Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201102
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. SALÁRIO INDIRETO. DIFERENÇA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4º, CTN. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, é entendimento deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 36072.001960/2006-94
anomes_publicacao_s : 201102
conteudo_id_s : 4820084
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 11 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9202-001.268
nome_arquivo_s : 920201268_36072001960200694_201102.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Rycardo Henrique Magalháes de Oliveira
nome_arquivo_pdf_s : 36072001960200694_4820084.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
id : 4746135
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232342601728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1843; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 36072.001960/200694 Recurso nº 251.325 Especial do Procurador Acórdão nº 920201.268 – 2ª Turma Sessão de 08 de fevereiro de 2011 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ITAGUASSU AGRO INDUSTRIAL S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. SALÁRIO INDIRETO. DIFERENÇA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4º, CTN. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, é entendimento deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Caio Marcos Candido – PresidenteSubstituto Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Caio Marcos Candido (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Giovanni Christian Nunes Campos (suplente convocado), Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório ITAGUASSU AGRO INDUSTRIAL S/A, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrada Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD nº 37.016.5780, referente às contribuições sociais devidas pela notificada ao INSS, correspondentes a parte da empresa, dos segurados, do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, e as destinadas a Terceiros, incidentes sobre as remunerações (salário indireto) pagas ou creditadas aos segurados empregados, assim caracterizadas as importâncias concedidas aos funcionários a título de Prêmio de Incentivo, em relação ao período de 04/1998 a 12/2005, conforme Relatório Fiscal, às fls. 933/937. De conformidade com o Relatório Fiscal, constituem fatos geradores do presente crédito previdenciário os valores pagos aos segurados empregados, por meio do cartão de premiação denominado “Premium Card”, na modalidade de premiação “Flexcard”. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à Segunda Seção de Julgamento do CARF contra decisão da então Secretaria da Receita Previdenciária, DN nº 22.401.4/0001/2007, às fls. 1.152/1.162, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a egrégia 1ª Turma Ordinária da 4a Câmara, em 03/12/2009, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão nº 240100.860, com sua ementa abaixo transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1998 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO INDIRETO. PREMIAÇÃO. NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA. DECADÊNCIA. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 36072.001960/200694 Acórdão n.º 920201.268 CSRFT2 Fl. 2 3 1 DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE' s nos 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4°). No caso, tratase de tributo sujeito a lançamento por homologação e houve antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 150, § 4 ° do CTN. Assim, considerando a data da ciência da notificação em 06/12/2006, as contribuições relativas às competências até 11/2001, já se encontravam alcançadas pela decadência SALÁRIO INDIRETO. PRÊMIO. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Nos termos do artigo 28, inciso I, da Lei n° 8.212/91, c/c artigo 457, § 1°, da CLT, integra o salário de contribuição, a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos segurados empregados, objetivando retribuir o trabalho, inclusive àqueles recebidos a título de prêmio, na forma de gratificação ajustada. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.” Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, às fls. 1.265/1.274, com arrimo no artigo 67 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 20501.257, dentre outros, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada à divergência argüida. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, eis que exige, para aplicação do prazo decadencial do artigo 150, § 4°, do CTN, a existência de antecipação de pagamento, o que não se vislumbra na hipótese vertente, impondo seja adotado o prazo inscrito no artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Infere que a jurisprudência deste Colegiado, corroborada pelo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, estabelece que a aplicação do prazo decadencial inserido no artigo 150, § 4º, do CTN, pressupõe a antecipação de pagamento, ainda que parcialmente. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 4 Contrapõese ao Acórdão recorrido, por entender que o artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, estaria dispondo sobre prazo para o ato de “homologação” de um procedimento do contribuinte, e não sobre o prazo para lançamento. Assevera que inexistindo recolhimento, ou seja, antecipação de pagamento não há o que se homologar, não estando o lançamento de ofício previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, no artigo 173, inciso I, daquele Diploma legal, conforme doutrina transcrita na peça recursal. Em defesa de sua pretensão, aduz que para interpretação dos dispositivos legais que tratam da decadência impõese observar/verificar se houve pagamento de parte do débito tributário objeto de cobrança, e não daqueles afetos a outros fatos, afastando o entendimento que a concepção de que as contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados devem ser analisadas como um todo, como se verifica do posicionamento consolidado na 1a Turma Ordinária da 3a Câmara da 2a Seção do CARF, traduzido no Acórdão n° 20501.257. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no paradigma a respeito do prazo decadencial, consoante se positiva do Despacho nº 2400120/2010, às fls. 1.284/1.286. Devidamente intimada para se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, a contribuinte não ofereceu suas contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, tratase de notificação fiscal exigindo contribuições previdenciárias incidentes sobre as importâncias concedidas aos segurados empregados da notificada a título de Prêmio de Incentivo, contrariando a legislação de regência, configurando, por conseguinte, salário indireto. Por sua vez, ao analisar o caso, a Câmara recorrida achou por bem rechaçar em parte a pretensão fiscal, aplicando o prazo decadencial insculpido no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, restando decaído parcialmente o crédito tributário. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional, interpôs Recurso Especial, aduzindo, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram a Fl. 4DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 36072.001960/200694 Acórdão n.º 920201.268 CSRFT2 Fl. 3 5 jurisprudência administrativa traduzida no Acórdão paradigma trazido à colação, a qual exige a existência de recolhimentos, ou seja, a antecipação de pagamento para que se aplique o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, impondo sejam levados a efeito os ditames do artigo 173, inciso I, uma vez que inexistindo autolançamento do contribuinte, com antecipação de pagamento, não há o que se homologar. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Da simples análise dos autos, concluise que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Fl. 5DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 6 O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Não bastasse isso, é de bom alvitre esclarecer que o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de julgamento realizada no dia 15/12/2008, por maioria de votos (21 x 13), firmou o entendimento de que o prazo decadencial a ser aplicado para as contribuições previdenciárias é o insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, independentemente de ter havido ou não pagamento parcial do tributo devido, o que veio a ser ratificado, também por maioria de votos, pelo Pleno da CSRF em sessão ocorrida em 08/12/2009, com a ressalva da existência de qualquer atividade do contribuinte tendente a apurar a base de cálculo do tributo devido. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do Fl. 6DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 36072.001960/200694 Acórdão n.º 920201.268 CSRFT2 Fl. 4 7 tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO 8 Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Esta, aliás, é a tese que prevaleceu na última reunião do Conselho Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Na hipótese dos autos, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, por tratase de salário indireto, portanto, diferenças de contribuições, uma vez que a contribuinte promoveu o recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração reconhecida (salário normal), fato relevante para aqueles que sustentam ser determinante à aplicação do instituto, entendimento não compartilhado por este Conselheiro. Assim, ocorrendo à comprovação de recolhimentos, em virtude dos fatos encimados, concordam os Conselheiros desta Colenda Câmara pela aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, uns pela natureza do tributo outros pela antecipação de pagamento, devendo ser acolhido o pleito da contribuinte para restabelecer a ordem nesse sentido. Dessa forma, é de se manter a ordem legal no sentido de acolher o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, na forma do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional, em observância aos preceitos consignados na Constituição Federal, CTN, jurisprudência pacífica e doutrina majoritária. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 06/12/2006, com a devida ciência da contribuinte constante do Aviso de Recebimento – AR, às fls. 938, a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, relativamente aos fatos geradores ocorridos no período de 04/1998 a 11/2001, os quais se encontram fora do prazo decadencial de 05 (cinco) anos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela 1ª TO da 4ª Câmara da 2ª SJ do CARF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 8DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO Processo nº 36072.001960/200694 Acórdão n.º 920201.268 CSRFT2 Fl. 5 9 Fl. 9DF CARF MF Emitido em 22/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 18/02/2011 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE , 21/02/2011 por CAIO MARCOS C ANDIDO
score : 1.0
Numero do processo: 11020.005235/2007-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 26 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Oct 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 30/03/2003
Ementa: DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADOÉ
atribuída à fiscalização da SRP a prerrogativa de, seja qual for a forma de contratação, desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurados empregados da empresa contratante, desde que presentes os requisitos do art. 12, I, "a", da Lei n. 8.212/91.
Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-002.408
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em
negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201101
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/03/2003 Ementa: DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADOÉ atribuída à fiscalização da SRP a prerrogativa de, seja qual for a forma de contratação, desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurados empregados da empresa contratante, desde que presentes os requisitos do art. 12, I, "a", da Lei n. 8.212/91. Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 27 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 11020.005235/2007-51
anomes_publicacao_s : 201110
conteudo_id_s : 4784048
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 15 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2301-002.408
nome_arquivo_s : 230102408_11020005235200751_201101.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
nome_arquivo_pdf_s : 11020005235200751_4784048.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).
dt_sessao_tdt : Wed Jan 26 00:00:00 UTC 2011
id : 4747227
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232360427520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1464; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.005235/200751 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 230102.408 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2011 Matéria CARACTERIZAÇÃO SEGURADO EMPREGADO: CONTRIBUINTE INDIVIDUAL Recorrente FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/03/2003 Ementa: DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO É atribuída à fiscalização da SRP a prerrogativa de, seja qual for a forma de contratação, desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurados empregados da empresa contratante, desde que presentes os requisitos do art. 12, I, "a", da Lei n. 8.212/91. Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício estão devidamente demonstrados no relatório fiscal da NFLD. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete de Oliveira Barros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Bernadete De Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. 2 Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição dos empregados. Conforme o relatório fiscal (fls. 20), o fato gerador das contribuições apuradas ocorreu com a prestação de serviços, à notificada, de professores considerados segurados empregados pela fiscalização, por ter sido constatada a presença dos requisitos caracterizadores da relação de emprego, quais sejam, pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. O agente notificante informa que as contribuições ora lançadas foram apuradas a partir de documentos como Folhas de Pagamento Contribuintes Individuais, GFIPs, RPAs,Planilhas de Conteúdos Programáticos e Conteúdos Desenvolvidos, e Relatórios de Freqüência, nos quais constam informações sobre a disciplina ministrada, nome do professor, horário, período, nome dos alunos, aproveitamento, notas e controle e freqüência dos mesmos. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1017.654, da 6a Turma da DRJ/POA (fls. 107), julgou o lançamento procedente em parte, acatando a preliminar de decadência, e excluindo do débito os valores lançados entre as competências 01/2002 e 11/2002, inclusive. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 126), alegando, em síntese, o que se segue. Preliminarmente, alega que a recente MP 446/2008 reconhece o caráter filantrópico das entidades beneficentes de assistência social e das pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tenham por finalidade a prestação de serviços na área de assistência social, saúde ou educação, como é o caso da ora recorrente, e que, reconhecido o caráter filantrópico da recorrente, a ela não podem ser exigidas contribuições como se não tivesse isenção ou imunidade, pelo que deve ser arquivado o presente processo, pela perda do objeto em que se fundamenta. No mérito, reitera que tais professores não foram empregados da FUCS, mas apenas ministraram aulas em cursos de pósgraduação, mestrado ou doutorado ou outros cursos de curta duração e por isso não mantêm relação de emprego com a Instituição. Reafirma a incompetência do auditor fiscal para desconsiderar e autuar relações entre pessoas jurídicas e declarar a existência de vinculo empregatício, sendo a competência para tais atos é da Justiça do Trabalho ou, em elástica interpretação, da Fiscalização do Ministério do Trabalho. Discorre sobre cada elemento caracterizador da relação de emprego para tentar demonstrar que nenhum deles está presente na relação existente entre a recorrente e os professores listados pela fiscalização. Defende que uma empresa pode ter contrato para prestação de serviços ligada à sua atividade, podendo tais contratos serem perfeitamente celebrados com pessoa que Processo nº 11020.005235/200751 Acórdão n.º 230102.408 S2C3T1 Fl. 2 3 futuramente passe a condição de empregado, não sendo tais fatores suficientes para caracterizar a existência de relação de emprego. Observa que não existem provas para sustentar o lançamento, sendo que a Fiscalização deveria, na busca da verdade real, trazer outros elementos para compor o lançamento do tributo que entende devido e, não o fazendo, acabou por contaminar todo o lançamento. Registra que a alegada perda da isenção patronal, levada a cabo pelo INSS, não prevalece ante os critérios fixados em lei e que garantem à recorrente não apenas o direito à isenção, mas o beneficio maior da imunidade tributária. Renova o pedido de prova pericial, em caso de subsistir parcela do lançamento ou do crédito tributário, e insurgese contra seu indeferimento pela primeira instância administrativa . É o relatório. 4 Voto Conselheiro Bernadete De Oliveira Barros O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Da análise do recurso apresentado, registro o que se segue. Preliminarmente, a recorrente alega que a MP 446/2008 reconhece o caráter filantrópico da recorrente e, portanto, a ela não podem ser exigidas contribuições como se não tivesse isenção ou imunidade, pelo que deve ser arquivado o presente processo, pela perda do objeto em que se fundamenta. Contudo, cumpre observar que é objeto do lançamento ora discutido as contribuições dos segurados empregados e que, mesmo na hipótese de a recorrente fazer jus ao alegado benefício fiscal, tal fato não interferiria no débito lançado por meio da NFLD em tela, já que até mesmo as entidades isentas ou imunes estão obrigadas a recolher as contribuições dos segurados que lhe prestam serviços. Dessa forma, rejeito a preliminar suscitada. No mérito, a notificada defende o entendimento de que a caracterização de vínculos empregatícios extrapola a competência do auditor fiscal e que somente a Justiça do Trabalho é competente para reconhecer vínculo empregatício, conforme art. 114 da Carta Magna. Contudo, restou comprovada, nos autos, a ocorrência de todos os requisitos necessários para a caracterização da relação de emprego , exigidos pelo art. 12, I, "a" da Lei n. º 8.212/91 c/c art. 9. º, I, "a", do RPS, aprovado pelo Decreto n. º 3.048/99, quais sejam, a não eventualidade (habitualidade), a remuneração e a subordinação. Aplicase portanto, ao caso, o artigo 9º, da Consolidação das Leis do Trabalho, que considera nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos nela contidos E como o parágrafo 2. º do art. 229 do Decreto 3.048/99, permite ao Auditor Fiscal desconsiderar o vínculo pactuado, a Auditoria, ao verificar a ocorrência dos requisitos da relação de emprego, agiu em conformidade com ditames legais e enquadrou corretamente os trabalhadores como empregados da notificada para efeitos da legislação previdenciária. Esse enquadramento será automático sempre que estiverem presentes, na prestação do serviço, os pressupostos da relação de emprego, quais sejam, a remuneração, a habitualidade e a subordinação, porque a lei assim determina, mesmo que no contrato formalizado entre as partes esteja definido de forma diversa, pois a relação de emprego não é aferida pelos elementos formais do ajuste, mas do conteúdo emergente de sua execução. Dessa forma, ao contrário do que entende a recorrente, desde que presentes os requisitos do art. 12, I, "a", da Lei n. º 8.212/91, pode sim o Auditor Fiscal desconsiderar a contratação do segurado como contribuinte individual para considerálo como empregado da Processo nº 11020.005235/200751 Acórdão n.º 230102.408 S2C3T1 Fl. 3 5 contratante, exclusivamente para fins de recolhimento da contribuição previdenciária, pois houve a ocorrência do fato gerador. Ademais, conforme os Acórdãos trazidos na decisão recorrida, os nossos Tribunais já vêm decidindo que o Fisco pode autuar empresa se esta deixar de recolher contribuições previdenciárias em relação às pessoas que ela julgue com vínculo empregatício e, caso discorde, a empresa dispõe do acesso à Justiça do Trabalho afim de questionar a existência do vínculo. Nesse sentido, não houve extrapolação de competência, uma vez que a empresa ainda pode recorrer à justiça do Trabalho. E, de acordo com o art. 118, inciso I do CTN, a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Nesse sentido e por tudo que foi exposto no Relatório Fiscal, entendo que restou comprovada, nos autos, a relação de emprego entre a FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL e as pessoas físicas que lhes prestaram serviços como professores. Os julgados trazidos pela recorrente apenas reforçam a competência da auditoria fiscal de, constatada a presença dos elementos caracterizadores da relação de emprego, desconsiderar o vínculo pactuado. Insta salientar que, conforme art. 114, I da CF/88, compete à. Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, não havendo, portanto, invasão de competência, uma vez que a autoridade fiscal apenas constituiu o crédito previdenciário incidente sobre as remunerações pagas aos segurados empregados, mas não julgou, com atributo de coisa julgada, a relação de emprego, pois que esta última matéria é de competência da Justiça do Trabalho. A autoridade fiscalizadora em questão tem competência para efetuar o lançamento, uma vez que é, sim, atribuição inerente ao cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil verificar a ocorrência de fatos geradores das contribuições previdenciárias, lançando os respectivos tributos, e enquadrar a pessoa física como segurado obrigatório da Previdência Social, independentemente da forma jurídica que foi adotada, a qual, por vezes, pode mascarar tal condição, nos termos do art. 33, caput da Lei n° 8.212/91. Assim, em respeito ao Princípio da Verdade Material e pelo poderdever de buscar o ato efetivamente praticado pelas partes, a Administração, ao verificar a ocorrência de fato gerador, pode superar o negócio jurídico para aplicar a lei tributária aos verdadeiros participantes do negócio. Esse é o entendimento consolidado do Colendo Superior Tribunal de Justiça, conforme manifestação exarada pelo eminente Ministro CASTRO MEIRA, quando do julgamento do REsp n° 575.086/PR, em 21/03/2006, verbis : "0 reconhecimento da relação de emprego para fins de fiscalização, arrecadação e lançamento de contribuições previdenciárias é independente do exame na Justiça 6 Trabalhista. A autarquia previdenciária por meio de seus agentes e fiscais tem competência para reconhecer o vinculo trabalhista, porém, somente para fins de fiscalização, arrecadação e lançamento da contribuição previdenciária, mas à Justiça do Trabalho cabe reconhecer o vinculo trabalhista e os direitos advindos. 0 agente fiscal do INSS exerce atos próprios quando expede notificação de lançamento referente a contribuições devidas sobre pagamentos efetuados, podendo submeterse tal avaliação administrativa ou judicial." (grifei) A competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil para caracterização de empregado para fins previdenciários tem sido agasalhada pela jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça, conforme os arestos a seguir: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INSS. FISCALIZAÇÃO DE EMPRESA. CONSTATAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO NÃO DECLARADO. COMPETÊNCIA. AUTUAÇÃO. POSSIBILIDADE. REEXAME DO SUBSTRATO FÁTICOPROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA N° 07/STJ. I 0 INSS, "ao exercer a fiscalização acerca do efetivo recolhimento das contribuições por parte do contribuinte, possui o dever de investigar a relação laboral entre a empresa e as pessoas que a ela prestam serviços. Caso constate que a empresa erroneamente descaracteriza a relação empregatícia, a fiscalização deve proceder a autuação, a fim de que seja efetivada a arrecadação" (REsp n°515.821/RJ, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 25/04/05). II Destaquese que remanesce hígida a competência da Justiça do Trabalho na chancela da existência ou não do aludido vinculo empregatício, na medida em que: "0 juízo de valor do fiscal da previdência acerca de possível relação trabalhista omitida pela empresa, a bem da verdade, não é definitivo e poderá ser contestado,seja administrativamente, seja judicialmente" (REsp n°575.086/PR,Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 30/03/06). III O acórdão recorrido, ao dirimir a controvérsia, entendeu que inexistiu prova que afastasse a validade da NFLD, sendo que, para rever tal posicionamento, seria necessário o seu reexame, que serviu de sustentáculo ao convencimento do julgador, ensejando, no caso, a incidência da Súmula n° 07/STJ. IV Agravo regimental improvido. PREVIDENCIÁRIO INSS FISCALIZAÇÃO AUTUAÇÃO POSSIBILIDADE VINCULO EMPREGATÍCIO. A fiscalização do INSS pode autuar empresa se esta deixar de recolher contribuições previdenciárias em relação Its pessoas que ele julgue com vinculo empregatício. Caso discorde, a empresa dispõe do acesso à Justiça do Trabalho, a fim de questionar a existência do vinculo. Recurso provido. (STJ. la Turma. REsp 236279/RJ; Recurso Especia11999/00981057. Relator Min. Garcia Vieira. DJ 20.03.2000. p. 48) Processo nº 11020.005235/200751 Acórdão n.º 230102.408 S2C3T1 Fl. 4 7 (...) 1. A competência da Justiça do Trabalho não exclui a das autoridades que exerçam funções delegadas para exercer a fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho, entre as quais se inclui o direito & previdência social. 2. No exercício de suas funções, o fiscal pode tirar conclusões diferentes das adotadas pelo contribuinte, sob pena de se consagrar a sonega cão. Exigese, contudo, que a decisão docorrente da fiscalização seja fundamentada, quer para que se atenda ao principio da legalidade, ou para que o ato possa ser objeto de controle judicial, ou para que o contribuinte possa exercer seus direito de defesa. Dou provimento ao recurso e inverto as penas de sucumbencia. (STJ. AG n° 257.017RS. Relator Min. José Delgado. DJ 21/10/99.) RECURSO ESPECIAL — FISCALIZAÇÃO — CONSTATAÇÃO DE LIAME LABORAL POR MEIO DE FISCAL DA PREVIDÊNCIA — ALEGADA POSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO DE VINCULO EMPREGATÍCIO DE PESSOAS QUE PRESTAM SERVIÇOS NAS EMPRESAS QUE DEVEM RECOLHER CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCOMPETÊNCIA PARA DESQUALIFICAR A RELAÇÃO EMPREGATÍCIA RECONHECIDA EM AMBAS AS INSTÂNCIAS — PRETENDIDA REFORMA COM BASE EM JULGADO DESTE SODALÍCIO — RECURSO PROVIDO. No particular, o fiscal, ao promover a fiscalização para eventual cobrança da contribuição, entendeu que os médicos que estavam a prestar serviços nas dependências do hospital da contribuinte possuíam vinculo de trabalho, razão por que lavrou os autos de infração. O LAPAS ou o INSS (art. 33 da Lei n. 8.212), ao exercer a fiscalização acerca do efetivo recolhimento das contribuições por parte do contribuinte, possui o dever de investigar a relação laboral entre a empresa e as pessoas que a ela prestam serviços. Caso constate que a empresa erroneamente descaracteriza a relação empregatícia, a fiscalização deve proceder a autuação, a fim de que seja efetivada a arrecadação. (...) – Recurso especial conhecido e provido com base na divergência jurisprudencial. (Resp 515821/RJ; Recurso Especial 2003/00272128. Relator Min.Franciulli Netto. STJ. 2a Turma. DJ 25.04.2005. p. 278.) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INSS. FISCALIZAÇÃO DE EMPRESA.CONSTATAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO NÃO DECLARADO. COMPETÊNCIA. AUTUAÇÃO. POSSIBILIDADE. REEXAME DO SUBSTRATOFATICOPROBATÓRIO DOS AUTOS. SUMULA N° 07/STJ. 8 I 0 INSS, "ao exercer a fiscalização acerca do efetivo recolhimento das contribuições por parte do contribuinte, possui o dever de investigar a relação laboral entre a empresa e as pessoas que a ela prestam serviços. Caso constate que a empresa erroneamente descaracteriza a relação empregaticia, a fiscalização deve procedera autuação, a fim de que seja efetivada a arrecadação" (Resp n°515.821/RJ, Rel. Min. FRANCIUM NETTO, DJ de 25/04/05). (...) IV Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 894015 /AL ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2006/02279329 Relator Min. FRANCISCO FALCÃO Franciulli Netto. STJ. la Turma. DJ 12.04.2007 p. 251) (grifei) No mesmo sentido são os seguintes julgados do CRPS: PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. TERCEIRIZAÇÃO. SIMULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. AUSÊNCIA DE NULIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. TAXA SELIC LEGALIDADE.CONSTITUCIONALIDADE. I — Constatado pela fiscalização do INSS que os serviços terceirizados da empresa ocorrem de forma simulada, apenas para burlar o FISCO, correto o enquadramento dos empregados terceirizados como segurados empregados da empresa contratante; (.) RECURSO CONHECIDO E WO PROVIDO. (4° CAJ. NFLD DEBCAD N° 35.472.4258. Acórdão n° 239/2005. Relator: Rogério de Lellis Pinto. Julgamento em 23/02/05. Resultado do julgamento: RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO POR UNANIMIDADE.) PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. TERCEIRIZAÇÃO. SIMULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. AUSÊNCIA DE NULIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SEBRAE. INCRA. CONSTITUCIONALIDADE. ASSISTÊNCIA MÉDICA. PRÓLABORE. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. SESI. SENAL COMPETÊNCIA PARA ARRECADAR. I — Constatado pela fiscalização do INSS que os serviços terceirizados da empresa ocorrem de forma simulada, apenas para burlar o FISCO, correto o enquadramento dos empregados terceirizados como segurados empregados da empresa contratante; (..) RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. CAJ. NFLD DEBCAD N° 35.472.4231. Acórdão n° 238/2005. Relator: Rogério de Lellis Pinto. Julgamento em 23/02/05. Processo nº 11020.005235/200751 Acórdão n.º 230102.408 S2C3T1 Fl. 5 9 Resultado do julgamento: RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO POR UNANIMIDADE) Por todo o exposto, concluise que o lançamento fiscal, realizado dentro da competência legal da Secretaria da Receita Federal do Brasil, foi lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente notificante demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, fazendo constar, nos relatórios que compõem a Notificação, os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. O Relatório Fiscal traz todos os elementos que motivaram a lavratura da NFLD e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, encerra todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento, separados por assunto e período correspondente, garantindo, dessa forma, o exercício do contraditório e ampla defesa à notificada. A notificada entende, ainda, que a fiscalização não comprovou a existência dos elementos caracterizadores da relação de emprego. Entretanto, a autoridade notificante constatou que os professores que prestavam serviços à recorrente como autônomos na verdade enquadravamse no art. 12, inciso I, alínea “a”, da Lei 8.212/91, citada acima, sendo, portanto, segurados empregados da recorrente. Cumpre observar que a própria recorrente afirma que os professores caracterizados como em. Ou seja, as atividades desenvolvidas pelos professores relacionados no Relatório Fiscal são matérias da competência de uma Universidade, e diante da existência de uma posição jurisprudencial de que é vedada a terceirização da atividade fim da empresa, não há como vislumbrar que atividade da instituição de ensino seja exercida por terceiros sem vínculo com a recorrente. Dessa forma, a fiscalização demonstrou a presença de subordinação, pessoalidade, onerosidade e nãoeventualidade, requisitos necessários à caracterização do vínculo de emprego e caracterizou as pessoas físicas enquadrada como autônomo pela empresa, como segurado empregado da recorrente. E, segundo o Ministro Carlos Veloso “Corre em favor do ato administrativo a presunção da legitimidade. Assim, se o lançamento fiscal previdenciário aponta a existência de empregados e não trabalhadores autônomos, cumpre ao contribuinte ilidir, mediante prova, essa presunção” (TRF AC. 101.404MG, Min. Carlos Veloso – DJU 05/09/85, pág. 14800). Dessa forma, o agente fiscal, ao constatar a existência dos elementos caracterizadores da relação de emprego e a falta do recolhimento da contribuição devida incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados, lavrou corretamente a presente NFLD. É oportuno salientar que, após 03/2003, esses mesmos trabalhadores foram enquadrados como segurados empregados pela própria recorrente, e continuaram a exercer as 10 mesmas funções que exerciam antes, ou seja, continuaram a ministrar aulas como quando eram considerados contribuintes individuais pela empresa. A fiscalização verificou que tais segurados estavam obrigados a ministrar aulas de acordo com os horários e os conteúdos programáticos estabelecidos pela notificada, nos locais por ela definidos, obrigandose ainda ao controle de freqüência dos alunos e a sua avaliação para fins de aprovação ou não. Todos esses fatos, aliados aos demais narrados pela fiscalização, reforçam a convicção de que esses professores eram, na verdade, empregados da Fundação. A recorrente traz um extenso arrazoado tentando demonstrar que possui direito, legalmente constituído, à isenção e à imunidade tributária. Contudo, conforme já exposto acima, tal matéria é totalmente impertinente ao objeto da NFLD discutida, uma vez que toda empresa, inclusive as detentoras do benefício fiscal de isenção tributária, estão obrigadas à recolher a contribuição previdenciária devida pelos seu empregados. A recorrente protesta pela realização de perícia. Todavia, da análise dos autos, verificase que não existem dúvidas a serem sanadas, já que o Relatório Fiscal está claro e a NFLD muito bem fundamentada. O art. 18, da Lei do Processo Administrativo Fiscal (Dec. 70.235/72), estabelece que: Art.18 A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. Portanto, as autoridades julgadoras de primeira instância, ao entenderem ser prescindível a produção de novas provas, indeferiu com muita propriedade o pedido de períciacia. Dessa forma, não se pode acolher a alegação de cerceamento de defesa pelo indeferimento da perícia, já que não restou demonstrada pela recorrente a necessidade de sua realização. Assim, indeferese o pedido de perícia, por considerála prescindível e meramente protelatória. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta. VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. É como voto. Bernadete De Oliveira Barros Relatora Processo nº 11020.005235/200751 Acórdão n.º 230102.408 S2C3T1 Fl. 6 11
score : 1.0
Numero do processo: 13840.000850/2003-19
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SIMPLES. EXCLUSÃO De se pautar o julgamento na atividade cuja
natureza resta comprovada nos autos. A atividade de arquivista é
regulamentada, pelo que aplicável a vedação imposta pelo inciso XIII do artigo 9º da Lei nº. 9.317/96.
Numero da decisão: 9101-001.005
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª TURMA DA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS
FISCAIS, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Karem Jureidini Dias
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201105
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : SIMPLES. EXCLUSÃO De se pautar o julgamento na atividade cuja natureza resta comprovada nos autos. A atividade de arquivista é regulamentada, pelo que aplicável a vedação imposta pelo inciso XIII do artigo 9º da Lei nº. 9.317/96.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 13840.000850/2003-19
anomes_publicacao_s : 201105
conteudo_id_s : 4857717
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 9101-001.005
nome_arquivo_s : 910101005_13840000850200319_201105.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Karem Jureidini Dias
nome_arquivo_pdf_s : 13840000850200319_4857717.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 1ª TURMA DA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
id : 4746705
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232364621824
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1523; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF‐T1 Fl. 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13840.000850/200319 Recurso nº 137.652 Especial do Procurador Acórdão nº 910101.005 – 1ª Turma Sessão de 24 de maio de 2011 Matéria SIMPLES EXCLUSÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ALMEIDA E GUILHERME DA SILVA S.C. LTDA. SIMPLES. EXCLUSÃO De se pautar o julgamento na atividade cuja natureza resta comprovada nos autos. A atividade de arquivista é regulamentada, pelo que aplicável a vedação imposta pelo inciso XIII do artigo 9º da Lei nº. 9.317/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 11ªª TTUURRMMAA DDAA CCÂÂMMAARRAA SSUUPPEERRIIOORR DDEE RREECCUURRSSOOSS FFIISSCCAAIISS, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Claudemir Rodrigues Malaquias, Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner, Susy Gomes Hoffmann, Alberto Pinto Souza Júnior, Karem Jureidini Dias, João Carlos de Lima Júnior, Antonio Carlos Guidoni Filho e Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. Relatório Fl. 126DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13840.000850/200319 Acórdão n.º 910101.005 CSRF‐T1 Fl. 2 2 Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 94/98), contra o Acórdão nº. 30335.095 (fls. 86/89), proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. O processo se refere ao Ato Declaratório Executivo DRF/CPS 470.121, de 07 de agosto de 2003 (fls. 03), por meio do qual o contribuinte ALMEIDA A GUILHERME DA SILVA S/C LTDA., ora Recorrido, foi excluído do programa SIMPLES de recolhimento de tributos federais, nos termos do artigo 9º, inciso XIII; artigo 12; artigo 14; artigo 15, inciso II, todos da Lei n°. 9.317 de 05.12.1996, concomitantemente com artigo 73 da Medida Provisória nº. 2.15834, de 27 de julho de 2001, e artigo 20, inciso XII; artigo 21; artigo 23, inciso I; artigo 24, inciso II e parágrafo único, todos da Instrução Normativa nº. 250 de 26 de novembro de 2002. Em síntese, o contribuinte foi excluído do SIMPLES, por meio do referido Ato Declaratório, sob o argumento de exercer a atividade de biblioteca e arquivo, o que seria vedado aos optantes do SIMPLES. Cientificado da sua exclusão do SIMPLES, o contribuinte apresentou Impugnação em 25.09.2003 (fls. 01), argumentando que exerce somente atividade de organização de arquivo, sem que haja atividade profissional regulamentada envolvida, como de serviços de biblioteca. Naquele momento o contribuinte juntou diversos contratos de prestação de serviços de arquivo, bem como demonstrou sua regularidade fiscal por meio de certidões negativas fornecidas pela Receita Federal do Brasil e Procuradoria da Fazenda Nacional. Foi proferido acórdão pela 1ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Campinas (fls. 56/57) sob o nº. 0515.479, no dia 06.12.2006, com a seguinte ementa, in verbis: “ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 ARQUIVISTA. VEDAÇÃO. A pessoa jurídica que preste serviços profissionais de arquivista não pode optar pelo Simples. Solicitação Indeferida” A ciência do Acórdão nº. 0515.479 se deu em 08.01.2007 (fls. 61). O contribuinte apresentou Recurso em 02.02.2007 (fls. 62/68), ao Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Em síntese, reafirmou que não exerce nenhuma atividade vedada pela Lei nº. 9.317 de 05.12.1996. Trouxe, também, o conceito de arquivista e sustentou que o objeto de seu contrato social é composto pelas atividades de arquivista e de processamento de dados, ressaltando que esta última atividade não é vedada pela legislação. Inicialmente, o contribuinte alegou que no momento da Impugnação foi mal assessorado e por esse motivo não foi afirmado que nunca exerceu atividade de arquivista. Fl. 127DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13840.000850/200319 Acórdão n.º 910101.005 CSRF‐T1 Fl. 3 3 Afirmou, ademais, que apesar dos dois objetos sociais, somente há o exercício da atividade de processamento de dados (digitação) desde o início de suas atividades, de modo que, apesar da atividade de arquivista estar em seu contrato social, desde que não exercida, não é causa de exclusão do SIMPLES. Inclusive, neste sentido, o contribuinte alterou seu contrato social e juntou aos autos do presente processo uma via de seu contrato social, com o objeto social adequado somente à atividade de digitação (fls. 78), o qual foi registrado em 24 de janeiro de 2007. Sobreveio Acórdão nº. 30335.095 da Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes que, por maioria de votos, decidiu: “ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2001 SIMPLES DIGITAÇÃO E REALIZAÇÃO DE ARQUIVOS. Empresas prestadoras de serviços de digitação e organização de arquivos não se ENQUADRAM entre as que exercem atividades impeditivas de enquadramento no SIMPLES, visto prescindirem de atividade profissional regulamentada para seu exercício, sendo também descabida a exigência de prova negativa pelo contribuinte do não exercício de atividade impeditiva. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO” O Recurso Especial da Fazenda Nacional, interposto em face de decisão contrária à legislação tributária, alega que a atividade do contribuinte diz respeito à organização de arquivo de documentos em estabelecimento próprio e/ou de terceiros. Alega, também, que a atividade de arquivista é regulamentada por lei, sendo, assim, uma atividade profissional, cujo exercício depende de habilitação legalmente exigida, o que impede que a pessoa jurídica opte pelo SIMPLES, tendo em vista a vedação do artigo 9º, inciso XII, da Lei nº. 9.317. A Recorrente assenta, por fim, que basta o exercício da prestação dos serviços de arquivista, seja por profissional regulamentado ou não, para que a opção pelo SIMPLES seja vedada. O Despacho de admissibilidade de fls. 100/101 deu seguimento ao Recurso Especial e o contribuinte apresentou suas contrarrazões às fls. 106/113. É relatório. Fl. 128DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13840.000850/200319 Acórdão n.º 910101.005 CSRF‐T1 Fl. 4 4 Voto Conselheira Karem Jureidini Dias, Relatora O Recurso Especial reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação de regência e lhe foi dado seguimento em despacho de admissibilidade, pelo que dele conheço. No tocante ao mérito, a questão cingese em saber se a atividade do contribuinte é considerada atividade vedada para a opção do SIMPLES. Nesse sentido, de um lado, o contribuinte reitera que errou que é arquivista, informando que apesar de ter duas atividades descritas no objeto social, apenas uma é desenvolvida, qual a de digitação. Alega ainda que esta atividade não é vedada. Argumenta o contribuinte que a atividade exercida, qual seja: arquivista e processamento de dados (digitação); não exige habilitação profissional legalmente exigida. Desse modo, entende o contribuinte que sua atividade não se enquadra nas atividades descritas no artigo 9º, inciso XIII, da Lei nº. 9.317/96, o qual determina que qualquer profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida (regulamentação), a pessoa jurídica não poderia optar pelo SIMPLES. Também afirma o contribuinte que não exerce atividade de arquivista, apesar de constar de seu objeto social. Nesse sentido, reproduzo a norma acima citada: Artigo 9°. Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (...) XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; Por outro lado, a Fazenda Nacional argumenta que a atividade do contribuinte é atividade que diz respeito à organização de arquivo de documentos em estabelecimento próprio e/ou de terceiros (profissão regulamentada) e, por esse motivo não deve prosperar o entendimento de que o contribuinte se enquadre nas pessoas jurídicas que podem fazer a opção pelo SIMPLES. Primeiramente, cumpre averiguar a natureza desenvolvida pelo contribuinte. Mais do que as alegações, independentemente de erros eventualmente cometidos no curso dessas alegações, importam as provas. Fl. 129DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13840.000850/200319 Acórdão n.º 910101.005 CSRF‐T1 Fl. 5 5 A mera afirmação de que a atividade de arquivista não é praticada não condiz com o conjunto probatório juntado pelo próprio contribuinte no momento de sua Impugnação (fls. 08/39). O contribuinte alegou em sede de Recurso Voluntário que os contratos e a notas fiscais anteriormente juntados aos autos, apesar de mencionarem a atividade de arquivista, na realidade eram documentos de contratação para a realização da atividade de digitação. Caso a atividade do contribuinte fosse somente a de digitação e restasse comprovado que a atividade de arquivista não era exercida, restaria razão ao contribuinte, conforme já se consolidou a jurisprudência deste órgão. Contudo, não é o caso, diante do conjunto de documentos trazido pelo próprio contribuinte aos autos, não há prova alguma de que sua atividade se restringia somente à de digitação. Ao contrário, vejamos o objeto do contrato de prestação de serviços juntado às fls. 08/11, conforme segue: “O objeto do presente contrato é a organização de arquivo de terceiros, em seu próprio estabelecimento ou no estabelecimento do terceiro, informação será prestada por escrito, 48 (quarenta e oito horas) antes da execução dos serviços aqui contratados.” Da mesma forma, na nota de serviços consta descrição de: “Serviços de Organização de arquivos – conf. Contrato de 15/05/2001”. De se salientar que não há juntada de qualquer prova acerca de serviço de processamento de dados (digitação) como alega o contribuinte. A partir da natureza de serviço de arquivista, efetivamente comprovada, é válida ressaltar que tal atividade é regulamentada, conforme se depreende da Lei nº. 6.546 de 4 de julho de 1978, cujos artigos 1º e 4º bem esclarecem tal situação: “Art. 1º O exercício das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo, com as atribuições estabelecidas nesta Lei, só será permitido: I aos diplomados no Brasil por curso superior de Arquivologia, reconhecido na forma da lei; Il aos diplomados no exterior por cursos superiores de Arquivologia, cujos diplomas sejam revalidados no Brasil na forma da lei; III aos Técnicos de Arquivo portadores de certificados de conclusão de ensino de 2º grau; IV aos que, embora não habilitados nos termos dos itens anteriores, contem, pelo menos, cinco anos ininterruptos de atividade ou dez intercalados, na data de início da vigência desta Lei, nos campos profissionais da Arquivologia ou da Técnica de Arquivo; Fl. 130DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Processo nº 13840.000850/200319 Acórdão n.º 910101.005 CSRF‐T1 Fl. 6 6 V aos portadores de certificado de conclusão de curso de 2º grau que recebam treinamento especifico em técnicas de arquivo em curso ministrado por entidades credenciadas pelo Conselho Federal de MãodeObra, do Ministério do Trabalho, com carga horária mínima de 1.110 hs. nas disciplinas específicas. Art. 4º O exercício das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo, depende de registro na Delegacia Regional do Trabalho do Ministério do Trabalho.” Sendo atividade regulamentada, a norma contida no artigo 9º, inciso XIII, da Lei 9.317/96, é explícita ao referenciar que é vedada a opção pelo simples pelas Pessoas Jurídicas que praticam atividade cujo exercício prescinda habilitação legalmente exigida, assim considerada como atividade regulamentada. Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias – Relatora.24 de maio de 2011 Fl. 131DF CARF MF Emitido em 23/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS Assinado digitalmente em 22/08/2011 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, 22/06/2011 por KAREM JUREIDINI DIAS
score : 1.0
Numero do processo: 10746.000818/2006-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
RESULTADO DA ATIVIDADE RURAL. CUSTO DE BENFEITORIAS.
Quando da apuração do resultado da atividade rural, a parcela do preço do imóvel rural correspondente às benfeitorias pode ser considerada investimento. Entretanto, quando da alienação da propriedade, a parcela do preço correspondente às benfeitorias, cujo custo de aquisição foi considerado despesa de investimento, deve ser computada como receita da atividade rural.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2102-001.463
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR
provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal (AF) - atividade rural
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPF- ação fiscal (AF) - atividade rural
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 RESULTADO DA ATIVIDADE RURAL. CUSTO DE BENFEITORIAS. Quando da apuração do resultado da atividade rural, a parcela do preço do imóvel rural correspondente às benfeitorias pode ser considerada investimento. Entretanto, quando da alienação da propriedade, a parcela do preço correspondente às benfeitorias, cujo custo de aquisição foi considerado despesa de investimento, deve ser computada como receita da atividade rural. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10746.000818/2006-66
anomes_publicacao_s : 201108
conteudo_id_s : 5013676
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 10 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2102-001.463
nome_arquivo_s : 210201463_10746000818200666_201108.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : NUBIA MATOS MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 10746000818200666_5013676.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2011
id : 4744435
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:42:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232377204736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1437; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 274 1 273 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10746.000818/200666 Recurso nº 165.226 Voluntário Acórdão nº 210201.463 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de agosto de 2011 Matéria IRPF Atividade rural Recorrente JOSE OLIMPIO PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 RESULTADO DA ATIVIDADE RURAL. CUSTO DE BENFEITORIAS. Quando da apuração do resultado da atividade rural, a parcela do preço do imóvel rural correspondente às benfeitorias pode ser considerada investimento. Entretanto, quando da alienação da propriedade, a parcela do preço correspondente às benfeitorias, cujo custo de aquisição foi considerado despesa de investimento, deve ser computada como receita da atividade rural. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos – Presidente Assinado digitalmente Núbia Matos Moura – Relatora EDITADO EM: 08/09/2011 Fl. 1DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 275 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Atílio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Contra JOSE OLIMPIO PEREIRA foi lavrado Auto de Infração, fls. 168/171, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa ao anocalendário 2003, exercício 2004, no valor total de R$ 1.111.529,23, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 31/07/2006. A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Relatório Fiscal, fls. 173/178, foi omissão de rendimentos da atividade rural, conforme apurado nos Demonstrativos, fls. 20/24. A infração de omissão de rendimentos foi caracterizada primordialmente por glosa de despesas de custeio e investimentos, nos anos calendário 2002 e 2003. O contribuinte adquiriu imóvel rural, denominado Fazenda Beira Rio, no anocalendário 2002, cujos pagamentos das benfeitorias, que foram consideradas despesas de investimento, foram realizadas nos anoscalendário de 2002 e 2003. Ocorre que a escritura de compra e venda somente foi celebrada em 2003, ocasião em que o contribuinte optou por colocar o imóvel em nome de seu filho, Jose Antonio Pereira. Em suma, procedeuse a doação do imóvel, com usufruto para o contribuinte e sua esposa. Diante de tais fatos a autoridade fiscal, adotou o seguinte procedimento: (i) para o anocalendário 2002, considerou os valores gastos com benfeitorias e deduzidos como despesas de custeio/investimento, como receita bruta no anocalendário 2003; e para o ano calendário 2003, glosou os valores gastos com benfeitorias e deduzidos como despesas de custeio/investimento. Logo, somente apurouse crédito tributário no anocalendário 2003. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 186/199, e a autoridade julgadora de primeira instância, julgou procedente o lançamento, conforme Acórdão DRJ/BSA nº 0322.108, de 29/08/2007, fls. 244/250. Ressaltese que a decisão restabeleceu despesas de custeio/investimentos, no anocalendário 2003, no valor de R$ 15.730,06. Entretanto, tal fato não influenciou no crédito tributário exigido no Auto de Infração, dado que o resultado (receitas – despesas) após a compensação de prejuízos (R$ 5.882.435,33) é muito superior à opção pelo arbitramento de 20% (R$ 2.087.166,77), que foi levado à tributação pela autoridade fiscal. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 31/10/2007, Aviso de Recebimento (AR), fls. 260, o contribuinte apresentou, em 30/11/2007, recurso voluntário, fls. 261/269, no qual traz as alegações a seguir resumidas: Nulidade do lançamento Fl. 2DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 276 3 Quanto à propriedade rural, esta foi adquirida pelo contribuinte/recorrente, em 2002, por via de contratos particulares de compra e venda, com discriminação dos valores da terra nua e das benfeitorias existentes, a qual foi escriturada em 2003, por sua autorização, diretamente em nome de seu filho, José Antônio Pereira, tendo o autuado comparecido apenas como pagador com usufruto vitalício a seu favor e de sua esposa. A nulidade do lançamento reside no ponto em que a fiscalização utiliza "dois pesos e medidas" diferentes para tratar a matéria relacionada às benfeitorias contidas nos imóveis que formaram a "Fazenda Beira Rio", nos anoscalendário fiscalizados. Vêse do auto que a fiscalização considerou o registro, pelo contribuinte, das benfeitorias no anocalendário de 2002, no valor total de R$ 2.019.500,00 (dois milhões, dezenove mil e quinhentos reais), como despesas de custeio/investimento da atividade rural, como determina a legislação de regência, entretanto, não aceitou a inclusão a título de despesa da atividade rural, das benfeitorias adquiridas e pagas relativamente ao anocalendário de 2003, no valor total de R$ 3.497.555,55 (três milhões, quatrocentos e noventa e sete mil, quinhentos e cinqüenta e cinco reais e cinqüenta e cinco centavos), ou seja, adotou um critério para o anocalendário de 2002 e outro para o de 2003, quando a matéria é absolutamente a mesma. (...) A legislação de regência é cristalina no sentido de admitir que todo e qualquer investimento na atividade rural seja considerado como despesa no mês do efetivo pagamento. E ASSIM FOI FEITO PELO CONTRIBUINTE/RECORRENTE (...) Além destes equívocos cometidos pelo fisco, houve ainda o cometimento de outro erro ao se lançar no anocalendário de 2003, a quantia de R$ 2.019.500,00 (dois milhões, dezenove mil e quinhentos reais), a título de receita, sem contudo indicar sua origem. (...) As únicas receitas auferidas pelo contribuinte foram originadas da atividade rural e esta quantia R$ 2.019.500,00 absolutamente não se trata de receita desta atividade, mesmo que se atribuísse a ela a natureza de receita da atividade rural, no lançamento não ficou demonstrada a origem, forma ou critério de sua apuração, nesta hipótese, estaríamos diante de um lamentável engano, já que não existiu aí o fato gerador da renda a se tributar porque não houve ingresso de numerário na transação de doação do imóvel ao filho do autuado, conforme exegese do artigo 43 do CTN. (...) Fl. 3DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 277 4 Ressaltese, ainda, doutos julgadores, que os dispositivos legais mencionados na "Descrição dos fatos e enquadramento legal" do auto, nenhum deles alberga o direito de proceder as glosas nos moldes efetivados pela fiscalização. (...) No mérito (...) O recorrente deduziu como despesas de custeio/investimento os valores das benfeitorias, discriminadas nas escrituras dos imóveis que compuseram a Fazenda Beira Rio, entretanto, embora tivesse doado aludido imóvel rural não recebeu, efetivamente, nenhum numerário que pudesse ensejar a tributação, isto é, não recebeu dinheiro na negociação então realizada, o que foi totalmente desconsiderado pela decisão recorrida. É o Relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 278 5 Voto Conselheira Núbia Matos Moura O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. De acordo com informações prestadas pelo próprio contribuinte durante o procedimento fiscal, assim como quando da apresentação do recurso, verificase que o recorrente adquiriu no anocalendário de 2002, quatro imóveis rurais, que juntos formam a Fazenda Beira Rio. A aquisição foi formalizada inicialmente por meio de contratos particulares de compra e venda, com pagamentos parcelados. Posteriormente, no anocalendário de 2003, nos dias 21/01, 28/05 e 25/09, foram lavradas as Escrituras Públicas de Compra e Venda com Constituição de Usufruto Vitalício, fls. 47/56 e 71/73. Contudo, quando da lavratura das escrituras de compra e venda, o filho do contribuinte, Jose Antonio Pereira, constou como adquirente dos imóveis, figurando como usufrutuários o contribuinte e sua esposa. Temse, portanto, que o contribuinte adquiriu, no anocalendário 2002, a Fazenda Beira Rio e no anocalendário 2003, por meio de doação em adiantamento da legítima, transferiu o imóvel para seu filho. Nessa conformidade, deixou de ser o proprietário do imóvel, muito embora, tenha dado prosseguimento a exploração da atividade rural na Fazenda Beira Rio, já que detinha, juntamente, com sua esposa, o usufruto vitalício do imóvel. Por outro lado, o contribuinte ao apurar o resultado de sua atividade rural, nos anoscalendário 2002 e 2003, registrou como despesas de custeio/investimento os valores correspondentes aos pagamentos realizados para a aquisição das benfeitorias existentes na Fazenda Beira Rio. Vale destacar que o filho do contribuinte, José Antônio Pereira, não explora a atividade rural e não apresentou declaração de imposto de renda nos anoscalendário 2002 e 2003, tampouco, figurou como dependente do contribuinte nestes anoscalendário. Por oportuno, trazse a legislação que trata do assunto: Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990 Art. 6º Considerase investimento na atividade rural, para os propósitos do art. 4º, a aplicação de recursos financeiros, exceto a parcela que corresponder ao valor da terra nua, com vistas ao desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade agrícola. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) Art.61.(...) §1º Integram também a receita bruta da atividade rural: Fl. 5DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 279 6 IIIo valor da alienação de bens utilizados, exclusivamente, na exploração da atividade rural, exceto o valor da terra nua, ainda que adquiridos pelas modalidades de arrendamento mercantil e consórcio; Art.62. (...) §2ºConsiderase investimento na atividade rural a aplicação de recursos financeiros, durante o anocalendário, exceto a parcela que corresponder ao valor da terra nua, com vistas ao desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade e seja realizada com (Lei nº 8.023, de 1990, art. 6º): Ibenfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos e reparos; (...) IN SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, art. 19: § 2º Na alienação dos imóveis rurais, a parcela do preço correspondente às benfeitorias é computada: I como receita da atividade rural, quando o seu valor de aquisição houver sido deduzido como custo ou despesa da atividade rural; II como valor da alienação, nos demais casos. Da legislação acima transcrita, inferese que, quando da apuração do resultado da atividade rural, a parcela do preço do imóvel rural correspondente às benfeitorias pode ser considerada investimento. Entretanto, quando da alienação da propriedade a parcela do preço correspondente às benfeitorias, cujo custo de aquisição foi considerado despesa de investimento, deve ser computada como receita da atividade rural. No presente caso, no que diz respeito ao anocalendário 2002, ano em que o contribuinte adquiriu a propriedade e passou a utilizála no desenvolvimento da atividade rural, a parcela do preço correspondente às benfeitorias poderia ter sido considerada despesa de investimento, quando da apuração do resultado da atividade rural. Observese que assim procedeu o contribuinte, computando como despesas de investimento, a quantia de R$ 2.019.500,00, que foi o valor desembolsado, durante o anocalendário 2002, para a aquisição das benfeitorias existente na Fazenda Beira Rio. Entretanto, no anocalendário 2003, o contribuinte transferiu o imóvel para seu filho por meio de doação em adiantamento da legítima. Vale lembrar que, para fins tributários, a doação equivale à alienação. Nessa conformidade, alienado o imóvel rural, ainda que por meio de doação, temse que as parcelas dos preços correspondentes às benfeitorias devem ser computadas como receita da atividade rural. Assim, tendo em vista que a doação se deu pelo mesmo valor de aquisição, a parcela dos preços correspondentes às benfeitorias, R$ 2.019.500,00, deveria ter sido Fl. 6DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 280 7 computada como receita da atividade rural, no anocalendário da doação, qual seja, 2003. Como assim não procedeu, correto o procedimento fiscal, que ao revisar o resultado da atividade rural, acrescentou tal quantia às receitas já declaradas. Correta, também, a conduta da autoridade fiscal ao glosar, no anocalendário 2003, as despesas de investimentos, no valor de R$ 3.497.555,55, que equivale ao somatório das parcelas do preço da Fazenda Beira Rio, correspondente às benfeitorias. Destaquese que tais parcelas foram quitadas justamente na data do registro das escrituras de doação. Assim, não há que se falar, para o contribuinte, que apenas possui o usufruto do imóvel, em despesas de investimento, no que diz respeito às benfeitorias que, juntamente com a terra nua, pertencem a terceiros. Portanto, temse que a autoridade fiscal agiu de conformidade com o disposto na legislação tributária, não podendo prevalecer a alegação da defesa de que houve uso de dois pesos e duas medidas. No recurso, o contribuinte queixase de que no lançamento o valor de R$ 2.019.500,00 não está demonstrado no Auto de Infração e também que tal quantia não pode ser considerada receita da atividade rural, pois não seria fato gerador do imposto de renda, conforme definido no art. 43 do CTN. Ao contrário do que afirma a defesa, o valor de R$ 2.019.500,00, encontrase perfeitamente demonstrado no Auto de Infração, principalmente no Relatório Fiscal, fls. 173/178, e no Demonstrativo, fls. 24. Como já dito, para fins tributário, a doação caracteriza alienação, podendo o doador, inclusive, sujeitarse a apuração de ganho de capital, quando a transferência for efetuada a valor de mercado. No caso, o contribuinte usufruiu do benefício de considerar despesa de custeio a parcela do preço correspondente às benfeitorias, entretanto, conforme disposto na legislação, quando da alienação do imóvel rural, a parcela do preço correspondente às benfeitorias deveria ter sido considerada receita da atividade rural. Nessa conformidade, não podem prosperar as alegações do recorrente, devendose manter a infração de omissão de receitas nos termos em que consubstanciado no Auto de Infração. Vale lembrar que na decisão recorrida foram restabelecidas despesas de custeio/investimentos, no anocalendário 2003, no valor de R$ 15.730,06. Entretanto, tal fato não influenciou no crédito tributário exigido no Auto de Infração, dado que o resultado (receitas – despesas) após a compensação de prejuízos (R$ 5.882.435,33) é muito superior à opção pelo arbitramento de 20% (R$ 2.087.166,77), que foi levado à tributação pela autoridade fiscal. Acrescentese, ainda, que no recurso, o contribuinte silencia no que diz respeito às demais glosas de despesas de custeio relativas aos anoscalendário 2002 e 2003. Ante o exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Fl. 7DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10746.000818/200666 Acórdão n.º 210201.463 S2C1T2 Fl. 281 8 Núbia Matos Moura Relatora Fl. 8DF CARF MF Emitido em 29/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 10680.000622/2004-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 09 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Tue Nov 09 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1998
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO.
Estando evidenciada a ocorrência de equivoco na forma como a decisão fora proclamada, retifica-se o aresto embargado com vistas à perfeita definição do que foi decidido pelo Colegiado.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 9101-000.735
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os embargos de declaração, para retificar o Acórdão n°.01-00.062, para excluir da parte final o retorno dos autos para a câmara de origem para demais questões de mérito, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201011
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO. Estando evidenciada a ocorrência de equivoco na forma como a decisão fora proclamada, retifica-se o aresto embargado com vistas à perfeita definição do que foi decidido pelo Colegiado. Embargos Acolhidos
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 09 00:00:00 UTC 2010
numero_processo_s : 10680.000622/2004-11
anomes_publicacao_s : 201011
conteudo_id_s : 4868440
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 03 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9101-000.735
nome_arquivo_s : 910100735_10680000622200411_201011.PDF
ano_publicacao_s : 2010
nome_relator_s : FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ
nome_arquivo_pdf_s : 10680000622200411_4868440.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os embargos de declaração, para retificar o Acórdão n°.01-00.062, para excluir da parte final o retorno dos autos para a câmara de origem para demais questões de mérito, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 09 00:00:00 UTC 2010
id : 4746019
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232387690496
conteudo_txt : Metadados => date: 2011-09-09T14:24:21Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 9; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2011-09-09T14:24:21Z; Last-Modified: 2011-09-09T14:24:21Z; dcterms:modified: 2011-09-09T14:24:21Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:a031f4b4-0033-4ba4-9869-cf4b248a41bb; Last-Save-Date: 2011-09-09T14:24:21Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2011-09-09T14:24:21Z; meta:save-date: 2011-09-09T14:24:21Z; pdf:encrypted: false; modified: 2011-09-09T14:24:21Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2011-09-09T14:24:21Z; created: 2011-09-09T14:24:21Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; Creation-Date: 2011-09-09T14:24:21Z; pdf:charsPerPage: 1717; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2011-09-09T14:24:21Z | Conteúdo => 1-- 1. 387 CSRF-T1 Fl 382 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS j ' Processo n° 10680.000622/2004-11 Recurso no 141.407 Embargos Acórdão n° 9101-00.735 — I' Turma Sessão de 09 de novembro de 2010 Ma téria IRP.1 - MULTA SUCESSÃO Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado MG MASTER (SUCESSORA DA BAINORTE ESPORTES LTDA.) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JUR1D1CA - IRPJ Ano-calendário: 1998 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO. Estando evidenciada a ocorrência de equivoco na forma como a decisão fora proclamada, reti fica-se o aresto embargado com vistas á. perfeita definição do que foi decidido pelo Colegiado. Embargos Acolhidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os embargos de declaração, para retificar o Acórdão n°.01-00.062, para excluir da parte final o retorno dos autos para a câmara de origem para demais questães de mérito, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente, (assinado digitalmente) FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ - Relator. EDITADO EM: 02/12/2010 ; Participaram do presente julgamento os conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho, Leonardo de Andrade Couto, Karem Jureidini Dias, Claudemir Rodrigues Malaquias, Antonio Carlos Guidoni Filho, Viviane Vidal Wagner, Valmir Sandri, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto. vtr .-EtEtEv v.E:12,-24310 c<i F1::,-, [1:1bCC r-',Ire,EIRO DE p;": CArcLOS.ALE!ERT IrtrEIEEro lc) por DE-: SALES P,ISEIRO CE 1 - 1. 388 Trata-se de Embargos de Declaração interpostos pelo Conselheiro Presidente nmeira Turma Ordinária da Segunda Camara da Primeira Seção de Julgamento do CARP, elf caberia a execução do Acórdão n° 9101-00.062, de decisão proferida pela Turma da ara Superior de Recursos Fiscais — CSR_F, na sessão de 10 de março de 2009, em face do iro Especial da Fazenda Nacional interposto contra decisão proferida pela extinta Oitava ara do Primeiro Conselho de Contribuintes, dada seguimento através do Despacho n ° 108- 006 (fl. 322). Na sua explanação (fls. 380/381)0 embargante, após minudente análise dos tos questionados no recurso voluntário, enumerando-os um a um (fl. 380), não logrou trilcar, entre eles, ponto que não tivesse sido devidamente apreciado pela Camara rrrda, consoante se pode verificar pela leitura do voto condutor do Acórdão n° 108-08.592 265/295), asseverando, assim, que: inierparnos embareos de deck:recap corn o pc) de se sanear a contrariedade ou a ornissizo para se esclarecer quais questdes devem ser enfrentadas pot esta (urina " (fL 381) Dessa forma, se não mais remanescer ponto algum passive l de apreciação parte da mencionada 1 3 Turma Ordinária, estaria equivocada a decisão embargada quando rmina o retorno dos autos "a Câmara recorrida para apreciar as denials alegações da On ente" No Recurso Especial que ensejou a decisão ora embargada, a Procuradoria Faz' enda Nacional conclui seu pedido requerendo apenas que (fl. 318/319): (J. deve ser dado provimento ao presents recurso para restabelecer a multa isolada no percentual de 150% sob a responsabilidade da sucessora. (destaques acrescidos) Por seu turno, consta do aresto embargado que a decisão foi proclamada nos os a seguir (fl.. 365): ACORDAM os Membros da Primeira Turma da Câmara Superior de Recutsos. Fiscais, por unanimidade de votos, CONHECER do recurso especial e DAR provimento ao recurso especial, e determinar o retorno dos autos a amara recorrida para apreciar as demais alegações da recorrente, nos termos do relattirio e voto que pass= integrar o presente julgado (destaques acrescidos) E o Relatório, Conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz - Relator Os presentes Embargos de Declaração, apresentados pelo Conselheiro sidente da la 10 da 2' Câmara da 1 3 S.J que, em substituição A. extinta 8" Câmara do 1° larente m CY::; , 12r20 10 rc.: FPAZ- ICIGI::(2, DE SALF.-IE: 7.:•E 1/12/21:t p CARI,0".3 iLDEEF fifETO Ii neta :am Or.012r20 FPANCISCO DE SAL:: Fl;,:;,:1) ,AD DE 2 /01,1201 I p.oc .1 Conselho de Contribuintes, fora encarregada da execução do Acórdão n ° 9101-00.062, preenchem os requisitos regimentais necessários a sua interposição, merecendo ser conhecidos Corn efeito, as razões apresentadas pelo embargante levam-me â. conclusão de que não caberia àquela decisão, ao dar provimento ao Recurso Especial da PFN, "determinar o retorno dos autos à Câmara recorrida para apreciar as demais alegações da recorrente", porquanto os demais pontos que foram questionados no recurso voluntário já haviam sido devidamente apreciados naquela instância de julgamento Conforme relatado, no Recurso Especial foi requerido unicamente o restabelecimento da multa isolada, elevada ao percentual de 150% com assento no art. 44, inciso II, e §1 ° inciso IV, da Lei no 9430/1996, tendo a Fazenda Nacional logrado êxito na sua pretensão, em face do Colegiado ter abraçado o seu entendimento no sentido de que, no caso, referida multa seria aplicável também A sucessora por incorporação, dando-lhe provimento, Da leitura dos excertos transcritos a seguir, extraídos do voto vencedor do Acórdão n° 108-08,519, redigido exclusivamente para afastar a aplicação da multa isolada nos casos de incorporação, já que o relator original fora vencido, tem-se a exata visão dessa única matéria que posteriormente foi posta à apreciação deste Colegiado pela PFN (IL 293 dos autos, p. 29 do Acórdão 108-08.592): Inicialmente gostaria de enaltecer a clareza do i ela/ária, e a profundidade do voto proferido do ilustre Relator . Pep vênia para dele discordar somente onanto a aplica/ia da multa isolada nos casos de Incorporaedo (destaques acrescidos) Desta forma, estando demonstrado que o questionamento objeto do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional restringira-se à viabilidade do lançamento de multa isolada na sucessora por incorporação, e nada mais, tendo seus argumentos sido acolhidos por esta instância especial de julgamento, considero procedentes os presentes Embargos de Declaração, apenas para excluir da decisão embargada a recomendação do "retorno dos autos à Camara recorrida para apreciar as demais alegações da recorrente". E como voto, (assinado digitalmente) FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ 11 $9 Processo n° 10680000622/2004-11 Acerchlo n.° 9101-00 735 CSRF-f 1 11 383 ctrti De/II-2010 r. f" c;!,SC,C.': DE SALES MEtEIRO DE NET() (,"9;12222:-: pc:r FJ :::::i!CF$C0 DE SALES RISEIRt.:. rE ;2111 pElo tf ALO LEE I 3
score : 1.0
Numero do processo: 10865.000337/96-43
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 08 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Wed Dec 08 00:00:00 UTC 2010
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 27/11/1995
DEPÓSITOS JUDICIAIS. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. INTEGRALIDADE.
Os depósitos judiciais apenas suspendem a exigibilidade do crédito tributário se forem efetuados em montante integral.
DEPÓSITO INSUFICIENTE. MULTA DE OFÍCIO.
Havendo insuficiência dos depósitos não ocorre a situação descrita no art. 151, II do CTN, logo, inexistindo causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário é procedente a aplicação da multa de ofício.
JUROS DE MORA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário
decorrente de depósitos judiciais não impede a constituição do crédito referente aos juros moratórios. Sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem juros de mora, conforme legislação em vigor na data de sua aplicação.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-001.299
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar
provimento parcial ao recurso especial para manter a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López (Relatora) e Luiz Roberto Domingo, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
Nome do relator: MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201012
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/11/1995 DEPÓSITOS JUDICIAIS. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. INTEGRALIDADE. Os depósitos judiciais apenas suspendem a exigibilidade do crédito tributário se forem efetuados em montante integral. DEPÓSITO INSUFICIENTE. MULTA DE OFÍCIO. Havendo insuficiência dos depósitos não ocorre a situação descrita no art. 151, II do CTN, logo, inexistindo causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário é procedente a aplicação da multa de ofício. JUROS DE MORA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário decorrente de depósitos judiciais não impede a constituição do crédito referente aos juros moratórios. Sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem juros de mora, conforme legislação em vigor na data de sua aplicação. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 08 00:00:00 UTC 2010
numero_processo_s : 10865.000337/96-43
anomes_publicacao_s : 201012
conteudo_id_s : 4986236
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-001.299
nome_arquivo_s : 930301299_108650003379643_201012.pdf
ano_publicacao_s : 2010
nome_relator_s : MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
nome_arquivo_pdf_s : 108650003379643_4986236.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para manter a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martínez López (Relatora) e Luiz Roberto Domingo, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 08 00:00:00 UTC 2010
id : 4746052
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232453750784
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1904; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 962 1 961 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10865.000337/9643 Recurso nº 224.761 Especial do Procurador Acórdão nº 930301.299 – 3ª Turma Sessão de 08 de dezembro de 2010 Matéria PIS multa Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado NHEEL QUÍMICA LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/11/1995 DEPÓSITOS JUDICIAIS. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. INTEGRALIDADE. Os depósitos judiciais apenas suspendem a exigibilidade do crédito tributário se forem efetuados em montante integral. DEPÓSITO INSUFICIENTE. MULTA DE OFÍCIO. Havendo insuficiência dos depósitos não ocorre a situação descrita no art. 151, II do CTN, logo, inexistindo causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário é procedente a aplicação da multa de ofício. JUROS DE MORA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário decorrente de depósitos judiciais não impede a constituição do crédito referente aos juros moratórios. Sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem juros de mora, conforme legislação em vigor na data de sua aplicação. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para manter a multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Fl. 1DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Martínez López (Relatora) e Luiz Roberto Domingo, que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Maria Teresa Martínez López Relatora Gilson Macedo Rosenburg Filho Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Gileno Gurjão Barreto, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Nayra Bastos Manatta, Maria Teresa Martínez López, Luiz Roberto Domingo e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional, com fundamento nos incisos I e II do art. 7º c/c art. 15, ambos do RICSRF (Port. MF nº 147/2007), contra Acórdão nº 20310.691, que por unanimidade excluiu a multa de ofício e os juros sobre os valores depositados. A ementa dessa decisão, após ter sido objeto de embargos de declaração, possui a seguinte redação: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO JUDICIAL COM DEPÓSITO NÃO INTEGRAL. INCIDÊNCIA DA MULTA DE OFÍCIO APENAS SOBRE AS DIFERENÇAS A MENOR. Nos termos do art. 151, II, do CTN, somente o depósito integral suspende a exigibilidade do crédito tributário. Embora a parcela depositada em juízo não seja equivalente ao pagamento, posto que a conversão em renda possui os mesmos efeitos deste, aquele há de ser considerada no lançamento, de modo que a multa e os juros legais só incidam sobre as diferenças depositadas a menor. Recurso provido em parte. Embargos acolhidos em parte. A recorrente traz como paradigma de divergência, o AC. nº 20179.960. O apelo especial, sob entendimento de terem sido preenchidos os requisitos de admissibilidade, foi recebido pelo despacho n˚ 203278 (fls. 934/936) da Presidência daquela Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Às fls. 942/950, as ContraRazões do contribuinte, onde invoca preliminarmente o não conhecimento do recurso. No mérito, pede ao final a manutenção do acórdão recorrido. É o Relatório. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10865.000337/9643 Acórdão n.º 930301.299 CSRFT3 Fl. 963 3 Voto Vencido Conselheira Maria Teresa Martínez López, Relatora O recurso atende as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Tratase de recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional, com fundamento nos incisos I e II do art. 7º c/c art. 15, ambos do RICSRF (Port. MF nº 147/2007), contra Acórdão nº 20310.691, que por unanimidade excluiu a multa de ofício e os juros sobre os valores depositados. Penso não assistir razão à recorrente. Explico: As causas suspensivas de exigibilidade do crédito tributário, enumeradas no artigo 151, do Código Tributário Nacional, advindas antes do decurso do prazo para pagamento do tributo (sujeito a lançamento por homologação ou a lançamento de ofício direto), têm o condão de impedir a aplicação de multa ou juros moratórios, por não restar configurada a demora no recolhimento da exação pelo contribuinte, pressuposto dos aludidos encargos (a multa moratória pune o descumprimento da obrigação principal no vencimento; e os juros de mora constituem compensação pela falta de disponibilidade dos recursos pelo sujeito ativo pelo período correspondente ao atraso). O Judiciário tem se manifestado no sentido de que os depósitos judiciais para suspensão da exigibilidade do crédito tributário constituem verdadeiro “pagamento antecipado” da dívida tributária sob condição resolutória, a teor da regulamentação contida na Lei 9.703/98. Uma vez destacado do patrimônio do contribuinte e depositado em juízo, não mais lhe pertence, passando a sua destinação a depender do resultado da demanda. Se o tributo for considerado indevido, após o encerramento da lide, o valor é devolvido ao depositante ou, caso reconhecida a legitimidade da cobrança da exação, fica “transformado em pagamento definitivo” (art. 1º, § 3º, da Lei 9.703/98). A conversão do depósito em renda produz os mesmos efeitos de um pagamento à vista. Assim, sobre “pagamento antecipado” (parcelas de depósito) não me parece razoável se exigir multa de ofício e juros de mora sob pena de se criar uma ficção tributária (a mora sobre o depósito). Nesse sentido, penso aplicável o artigo 2° da Lei ° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, a qual regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, a seguir transcrito: Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são de fundamental importância na aplicação do Direito e satisfação da Justiça. A razoabilidade contrapõese a racionalidade, diante da insuficiência de seus critérios, permitindo soluções que não seriam possíveis no estrito campo do formalismo, e auxiliando na fundamentando das "decisões Fl. 3DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 jurídicas razoáveis". Tomese por exemplo um contribuinte que devesse depositar R$ 1.000.000,00, mas que por qualquer motivo, o faz tão somente na quantia de R$ 999.000,00. Nesse exemplo, não parece razoável considerar que, inexistindo depósito integral, devido o lançamento com a imposição de multa e de juros (SELIC) sobre o valor total de R$ 1.000,00. O princípio da proporcionalidade determina, que a aplicação da lei seja congruente com os exatos fins por ela visados em face da situação concreta. Deve haver lógica entre a decisão administrativa e a sua proposta de eficácia. Outrossim, a critério senso, devido os respectivos consectários legais, neste multa e juros, apenas, e tão somente, sobre a diferença não depositada. No mais, se o art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício) deixa dúvida quanto a exigência de multa apenas sobre a diferença não depositada, eis que não é clara sobre o assunto, pertinente passa a ser a regra inserida no art. 112, incisos II e IV do Código tributário Nacional: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: (...) II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (...) IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Maria Teresa Martínez López Voto Vencedor Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Redator Designado A pedra angular da discórdia cingese em definir se a multa de ofício incide sobre o valor total de contribuição, nos casos de depósitos parciais, ou sobre a diferença entre o valor depositado e o valor que deveria ter sido depositado. O contribuinte efetuou depósitos judiciais com o fito de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Contudo, identificouse que os depósitos efetuados, referentes a alguns períodos de apuração, não correspondiam com o montante integral apurado na ação fiscal. Diante dos fatos, foi lavrado auto de infração para constituir o crédito tributário com imposição de multa de ofício e juros de mora, tomando por base o valor integral da exação. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10865.000337/9643 Acórdão n.º 930301.299 CSRFT3 Fl. 964 5 O sujeito passivo protocolou recurso administrativo onde reclamou que a multa de oficio e os juros de mora somente poderiam se fazer incidir sobre a parcela da contribuição devida não coberta pelo depósito judicial e não pelo valor total. A Delegacia de Julgamento manteve o lançamento sobre a totalidade. Insatisfeito com a decisão de primeira instância, protocolou recurso voluntário repisando os mesmos fundamentos jurídicos e legais da impugnação. A Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuinte deu provimento parcial para excluir a multa e os juros da parcela depositada tempestivamente. A Fazenda Pública interpôs recurso especial de divergência pleiteando que a multa de ofício e os juros de mora incidam sobre o valor total da contribuição e não apenas sobre a parcela não depositada. Delimitada a lide passo a análise. Oportuno é discorrer acerca do significado extraído inciso II do art. 151 do CTN: O referido artigo 151 do CTN assim prescreve: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Inciso incluído pela LC nº 104, de 10.1.2001)” O depósito é o ato de o contribuinte depositar, voluntariamente, o valor integral do tributo supostamente devido. Pode ser definido também como a quantia debatida em juízo que, para fins de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, poderá ser entregue a uma instituição financeira determinada que fará a guarda do numerário (dinheiro) até o final do processo. O depósito, segundo o artigo 151, II do Código Tributário Nacional, constitui em uma das causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Porém, para tanto, diz a súmula 112 do STJ, que é necessário que o contribuinte o realize de maneira integral e em dinheiro. O artigo 151, II do CTN, mencionado acima, também aduz à necessidade de o depósito ser feito de modo integral para que possa ocorrer a suspensão. Esse depósito tem a finalidade de evitar a aplicação de multa pelo atraso no recolhimento do tributo, bem como dos juros de mora. Segundo o art. 111 do CTN devese interpretar literalmente a legislação que disponha sobre suspensão do crédito tributário, mandamento que objetiva afastar qualquer Fl. 5DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 ampliação do comando legal, e que, forçosamente, levanos à conclusão de que o depósito de montante “nãointegral” não possui o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Neste sentido transcrevemos acórdão do STJ, que faz referência à Súmula 112 do mesmo STJ e entende que a multa e os juros moratórios, se devidos, também devem entrar no cômputo do montante integral. “TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADEDO CRÉDITO. CTN, ART. 151. DEPÓSITO INTEGRAL. ABRANGÊNCIA. 1. O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. (Súmula 112/STJ) 2. A expressão " depósito integral", contida no art. 151, do CTN, e na Súmula 112/STJ, abrange não só a quantia considerada devida, mas, também, a multa e juros moratórios. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.” (grifos nossos) (STJ, AGA 389503/RJ, 1ª Turma, Relator Min. José Delgado, 04/02/2002) A determinação do montante integral é prerrogativa do Fisco, conforme tem decidido a jurisprudência, logo, o montante integral é o valor pretendido pelo credor, valor este determinado por disposição legal, e não o valor que o devedor entende ser devido: “TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO DO MONTANTE CONTROVERTIDO. CTN, ART. 151, II. O montante integral do crédito tributário, a que se refere o artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, é aquele exigido pela Fazenda Pública, e não aquele reconhecido pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Recurso especial conhecido e provido.” (grifos nossos) (STJ, RESP 69.648/SP, 2a Turma, Relator Min. Ari Pargendler, agosto/1997) “PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO EM GARANTIA DO JUÍZO. INTEGRALIDADE. LIBERAÇÃO... O depósito de que trata o art. 151, II, do CTN, pode ser feito independentemente de autorização judicial. Independe assim, da propositura de ação cautelar. De qualquer modo, só suspende a exigibilidade do crédito tributário quando integral, vale dizer, da quantia correspondente ao que o credor pretende receber, sendo inadmissível qualquer disputa a respeito de seu valor...” (grifos nossos) (TRF5, AG 0502386, 1a Turma, Relator Juiz Hugo de Brito Machado) É importante ressaltar que, conforme indicam os arts. 139 e 113, §1o do CTN, a cada fato gerador corresponde uma obrigação e seu respectivo crédito. No caso da exação em epígrafe, o critério temporal da regramatriz de incidência indica que a referida contribuição incide sobre o faturamento mensal, portanto, a cada mês verificamos a ocorrência de um fato gerador da obrigação tributária. Logo, se um Auto de Infração é referente a créditos da Cofins relativos a diversos meses estamos diante de uma pluralidade de obrigações, e não de Fl. 6DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10865.000337/9643 Acórdão n.º 930301.299 CSRFT3 Fl. 965 7 uma pluralidade de prestações, uma vez que a cada prestação corresponde um fato gerador, ou melhor, um título diverso: Não se deve confundir pluralidade de obrigações com pluralidade de prestações. O que distingue a obrigação cumulativa é a pluralidade de prestações, oriunda da mesma causa, decorrente, por outras palavras, do mesmo título. Se as diversas prestações correspondem a obrigações com diferentes causas, a pluralidade não se verifica no objeto da obrigação, pois que cada qual tem objeto simples. (GOMES, Orlando. Obrigações. 13a ed, Forense, São Paulo, 2000, p. 73.) Resta claro que o depósito do montante integral deve ser considerado em relação a cada fato gerador, ou melhor, a cada crédito individualmente considerado, e não em relação ao total do crédito constituído pelo Auto de Infração. Tratandose de suspensão de exigibilidade pelo depósito do montante integral analisemos a questão da imposição da multa de ofício. O art. 63 da Lei no 9.430/96, alterado pelo art. 70 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, dispõe que a multa de ofício não se aplica à constituição de créditos destinada a prevenir a decadência cuja exigibilidade esteja suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (redação dada pelo artigo 70 da Medida Provisória nº 2.15834 de 27.07.2001.) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. Houve omissão quanto aos outros casos de suspensão da exigibilidade do crédito, dentre os quais o depósito do montante integral, todavia, estando a exigibilidade do crédito suspensa, não há que se falar em obrigatoriedade de recolhimento e, conseqüentemente, em infração ensejadora da penalidade tipificada no art. 44 da Lei no 9.430. Além das hipóteses acima previstas de lançamento sem multa de ofício, têm se, nos termos do Parecer Cosit nº 02, de 05.01.1999, que o depósito judicial do montante integral do crédito tributário também obsta a imposição de multa de ofício Hipótese prevista no inciso II do art. 151 do CTN “7. Relativamente ao depósito do montante integral do crédito tributário, é pertinente salientar que, em conformidade com o art. 4º do Decretolei nº 1.737, de 20 de dezembro de 1979, deve ele ser efetuado pelo valor monetariamente atualizado do crédito, acrescido da multa e juros de mora cabíveis, calculados a partir da data do vencimento do tributo ou contribuição até a data do depósito. Assim, à suspensão da exigibilidade do crédito Fl. 7DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 tributário agregase o principal efeito decorrente do depósito, qual seja, exime o sujeito passivo, a partir da data em que é efetuado, do ônus da correção monetária e evita a fluência dos juros e multa de mora em que incorreria até a solução da lide ou litígio. 8. Considerando que a conversão do depósito em renda, após solução favorável à União, é, nos termos do art. 156, inciso VI, do CTN, modalidade de extinção do crédito tributário e que ela opera efeitos ex tunc, retroagindo à data do depósito, parece claro que não há que se falar em pagamento extemporâneo do crédito tributário, tampouco em pagamento após o vencimento sem os acréscimos moratórios cabíveis. 9. Em face disso, concluise que, ao dispor sobre a inaplicabilidade da multa de ofício na constituição de créditos tributários para prevenir a decadência, entendeu o legislador desnecessário expressar que o tratamento previsto no art. 63 da Lei nº 9.430/1996 estendese aos casos de suspensão da exigibilidade do crédito em razão do depósito do seu montante integral, pois dispensável é legislar sobre o óbvio.” Pelo exposto, concluise inexistir meio termo. Qualquer valor do crédito tributário depositado a menor não pode ser considerado montante integral e, sendo assim, não é idôneo para produzir os efeitos do depósito do montante integral: não haverá suspensão da exigibilidade do crédito tributário e conseqüentemente caberá o lançamento de ofício do tributo e da multa de ofício sobre a totalidade do tributo apurado e não proporcional ao depósito efetuado. Ex positis, voto por dar provimento parcial ao recurso da Fazenda Nacional para aplicar a multa de ofício sobre o montante do crédito tributário e não sobre a diferença não depositada. Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 8DF CARF MF Impresso em 15/05/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2011 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 06/03/2012 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 02/03/2012 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 02/05/2012 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10670.002282/2007-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO.
O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configura-se como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-001.261
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da segunda
SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: Adriana Sato
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configura-se como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10670.002282/2007-25
anomes_publicacao_s : 201108
conteudo_id_s : 5046576
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 30 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2302-001.261
nome_arquivo_s : 230201261_10670002282200725_201108.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Adriana Sato
nome_arquivo_pdf_s : 10670002282200725_5046576.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da segunda SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2011
id : 4743930
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:41:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232461090816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1594; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 1 1 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10670.002282/200725 Recurso nº 272.829 Voluntário Acórdão nº 2302001.261 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de agosto de 2011 Matéria Auto de Infração: Obrigações Acessórias em Geral Recorrente ETEMAN MANUTENÇÃO MONTAGEM E COMÉRCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configurase como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da segunda SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente Adriana Sato Relator Fl. 1DF CARF MF Emitido em 14/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MAR CO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente),Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Vera Kempers de Moraes Abreu, Manoel Coelho Arruda Junior, e, Adriana Sato. Ausência momentânea: Vera Kempers de Moraes Abreu. . Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em 12/06/2006, cuja ciência do recorrente ocorreu em 04/07/2006 (fls.15). De acordo com o Relatório Fiscal o Recorrente deixou de destacar, em Notas Fiscais de Prestação de Serviço, a retenção prevista no caput do artigo 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei 9.711/98, o que constitui infração ao § 1 do referido artigo 31. A multa foi aplicada em conformidade com o caput e § 3 0 do art. 283 do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999. Em razão da ausência de circunstâncias agravantes previstas no art. 290 do Regulamento da Previdência Social — RPS, a multa foi fixada no valor mínimo estabelecido. O Recorrente apresentou impugnação, e, em razão de suas alegações de que nenhum dos contratos haviam elementos que caracterizasse a cessão de mão de obra, a Seção de Contencioso encaminhou o processo para fiscalização realizar diligência juntando aos autos os contratos. A fiscalização juntou às fls.60/73 os contratos que embasaram a lavratura do Auto de Infração. Após a informação fiscal foi aberto prazo para o Recorrente apresentar sua manifestação. A DRFB de Belo Horizonte julgou o lançamento procedente, e, inconformado, o recorrente interpôs recurso voluntário, alegando em síntese: desnecessidade do depósito recursal; inexistência de fato gerador; diversos serviços contratados e que ensejaram as autuações ora examinadas não se referem a atividades que requeiram cessão de mãodeobra. É o Relatório. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 14/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MAR CO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO Processo nº 10670.002282/200725 Acórdão n.º 2302001.261 S2C3T2 Fl. 2 3 Voto Conselheiro Adriana Sato, Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo a análise das questões suscitadas. O recorrente argúi a inexigência do depósito recursal para garantia de instância, contudo tal pressuposto não é mais exigido por este Colegiado em obediência ao Regimento Interno do Conselho de Contribuintes. De acordo com o previsto no parágrafo único do art. 49 do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes RICC, aprovado pela Portaria n ° 147/2007 do Ministério da Fazenda, no julgamento de recurso voluntário ou de ofício, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Não se aplicando aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo, que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; O STF já se posicionou no julgamento do Recurso Extraordinário n ° 389383, transitado em julgado, pela inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 126 da Lei n ° 8.212. O recorrente foi autuado por deixar de efetuar o destaque do valor a ser retido, equivalente a onze por cento do valor bruto das Notas Fiscais de Prestação de Serviço no período de 01/1999 a 11/2003, o que constitui infração ao disposto no artigo 31, parágrafo 1º da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, combinado com o art. 219, parágrafo 4º, do Regulamento da Previdência social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, sujeitandose a multa imposta pelo artigo 283, caput e parágrafo 3°do RPS, atualizada pela Portaria do Ministério da Previdência Social –MPS N° 479/2004. A retenção de onze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura emitida pelo prestador nos serviços executados mediante cessão de mãodeobra, foi instituída pelo art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela MP nº 1.66315/98, convertida na Lei nº 9.711/98. O recorrente alega que não prestou serviço mediante cessão de mão de obra, não estando sujeito à retenção. Tais argumentos não são sustentáveis. O art. 31 da Lei n° 8.212/91 e seus parágrafos trata especificamente da retenção de onze por cento sobre o valor da nota fiscal dos serviços prestados mediante cessão de mãodeobra. O § 3º do referido artigo traz a definição legal de cessão de mãodeobra, como se vê; Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a Fl. 3DF CARF MF Emitido em 14/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MAR CO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO 4 importância retida até o dia dois do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no art. 33. (Redação alterada pela MP nº 1.66315/98, convertida na Lei nº 9.711/98) (...) § 3º Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição da contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação alterada pela MP nº 1.66315/98, convertida na Lei nº 9.711/98) O documento juntado às fls.60 menciona a prestação de serviço mediante cessão de mão de obra com a disposição de empregados da contratada na contratante, caracterizando cessão de mãodeobra, vez que reza no próprio contrato. Assim, comprovada a cessão de mãodeobra e estando o serviço no rol do art. 219 parágrafo 2°, inciso XXIV, do ,Regulamento da Previdência Social, que especifica quais serviços sujeitamse à retenção, a recorrente está obrigada a destacar onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura emitida, na forma do disposto pelo parágrafo 4° do mesmo artigo É irrelevante a questão da locação do espaço físico para caracterizar a prestação do serviço com cessão de mão de obra, eis que o próprio conceito admite que os serviços poderão ser prestados nas dependências da contratante ou na de terceiros. Portanto, o que deve ser considerado é a forma como tais serviços são prestados, o que restou demonstrado no caso presente, não se configurando a dúvida que alega a recorrente, buscando a aplicação da cláusula in dúbio pro reo. É ainda de salientar, que o Relatório Fiscal foi complementado pela diligência, da qual foi dada ciência ao recorrente, com a devida reabertura de prazo para manifestação, que foi regularmente utilizado pela mesma. Por fim,a autuação objeto do presente recurso, foi executada de acordo com os preceitos legais e o Auto de Infração lavrado contempla os requisitos exigidos pelo artigo 293 do Regulamento da Previdência Social. Por todo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Adriana Sato Fl. 4DF CARF MF Emitido em 14/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MAR CO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO Processo nº 10670.002282/200725 Acórdão n.º 2302001.261 S2C3T2 Fl. 3 5 Fl. 5DF CARF MF Emitido em 14/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MAR CO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2011 por ADRIANA SATO
score : 1.0
Numero do processo: 11444.000211/2007-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE SIMPLES
Ano-calendário: 2004
EXCLUSÃO.
Não podem optar ou permanecer no sistema simplificado as pessoas jurídicas resultantes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento.
Numero da decisão: 1201-000.625
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Marcelo Cuba Netto
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201111
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano-calendário: 2004 EXCLUSÃO. Não podem optar ou permanecer no sistema simplificado as pessoas jurídicas resultantes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 11444.000211/2007-24
anomes_publicacao_s : 201111
conteudo_id_s : 4845536
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-000.625
nome_arquivo_s : 1201000625_11444000211200724_201111.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Marcelo Cuba Netto
nome_arquivo_pdf_s : 11444000211200724_4845536.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2011
id : 4747620
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232482062336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1769; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 191 1 190 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11444.000211/200724 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 120100.625 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de novembro de 2011 Matéria SIMPLES EXCLUSÃO Recorrente MECBRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2004 EXCLUSÃO. Não podem optar ou permanecer no sistema simplificado as pessoas jurídicas resultantes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Claudemir Rodrigues Malaquias Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Claudemir Rodrigues Malaquias (Presidente), Marcelo Baeta Ippolito (Suplente Convocado), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcelo Cuba Netto, Regis Magalhães Soares Queiroz e João Carlos de Lima Junior (ausente justificadamente). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11444.000211/200724 Acórdão n.º 120100.625 S1C2T1 Fl. 192 2 Por bem descrever a controvérsia sob apreciação, tomo de empréstimo os seguintes trechos do relatório contido da decisão de primeiro grau: O contribuinte acima identificado foi excluído do SIMPLES, por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/MRA n° 45/2007, com efeitos a partir de 01/01/2004, tendo o referido ato por fundamento o art. 9º, XVII, da Lei n° 9.317/96 (pessoa jurídica resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica). 2. Na representação administrativa (fls. 0102) elaborada pela Delegacia da Receita Previdenciária de Bauru, foi relatado que as empresas MECBRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (doravante apenas "MECBRASIL" e CROMODINÂMICA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA (doravante apenas "CROMODINÂMICA") formam um único grupo econômico, resultado de uma cisão da primeira. No quadro societário da MECBRASIL, constituída desde 10/03/1983, figuram os seguintes sócios: Adonay Anthony Evans (50% das quotas); Edson Patrocínio (50% das quotas). 2.1. Em 12/06/2000, foi constituída a empresa CROMODINÂMICA, figurando no quadro societário os seguintes sócios: Adonay Anthony Evans (90% das quotas); Anthony Lawrence Evans (10% das quotas). Posteriormente, a partir de 10/06/2002, os sócios originários retiraramse da sociedade, que passou a ser integrada pelos seguintes sócios: Ava Ann Evans (90% das quotas); Maximilian Alexander Evans (10% das quotas). O senhor Adonay Anthony Evans é sócio gerente da MECBRASIL e procurador, com amplos poderes para gerir e administrar, da CROMODINÂMICA. 2.2. Em diligência realizada junto à sede da CROMODINÂMICA, na Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, 2.772, Marília/SP, constatou a autoridade que se trata de amplo salão, sem qualquer maquinário ou estoque, onde se encontrava apenas a empregada Simone Yakie Onodera, que desenvolve funções administrativas. Por outro lado, nas dependências da sede da MECBRASIL, situada na Av. Fundação Shunji Nishimura, 500, Pompéia/SP, constatou a autoridade que estavam trabalhando os empregados registrados na empresa CROMODINÂMICA. Para justificar tal fato, foi apresentado contrato particular de locação de máquinas e equipamentos, firmado pelas empresas em 01/02/2003, apresentado tal contrato as seguintes características: a) não foi registrado, não há reconhecimento de firma e não constam testemunhas; b) o prazo do contrato (01/02/2003 a 01/01/2006) pode ser renovado expressa ou tacitamente; c) o valor da horamáquina é de R$ 8,00, a ser pago até o dia 10 de cada mês. 2.3. Quando de sua constituição, o endereço da CROMODINÂMICA era o mesmo que o da MECBRASIL, havendo coincidência também de objeto social. Nas dependências da MECBRASIL há publicidade da empresa CROMODINÂMICA, inclusive com afixação de cartazes. Há, Fl. 204DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11444.000211/200724 Acórdão n.º 120100.625 S1C2T1 Fl. 193 3 ademais, uma página na internet nas quais as empresas MECBRASIL e CROMODINÂMICA se confundem, constando logotipo com as inscrições "MEC" e "CROMODINÂMICA". Além disso, a despeito de sua sede situarse formalmente em Marília/SP, a maior parte dos empregados da CROMODINÂMICA reside nas cidades de Pompéia e Quintana. 2.4. De acordo com o Livro Registro de Saídas, a empresa CROMODINÂMICA auferiu receitas antes mesmo de possuir empregados, fato este que só ocorreu em fevereiro de 2003. Mesmo após fevereiro de 2003, quando os serviços estavam sendo executados por empregados da CROMIDINÂMICA, na vigência do contrato de locação de equipamentos, a MECBRASIL continuou a ter faturamento. 3. Inconformado com sua exclusão do SIMPLES, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 7789, na qual deduz as alegações a seguir resumidamente discriminadas: 3.1. A MECBRASIL dedicase ao ramo metalúrgico, tendo como principal atividade a montagem de máquinas para laticínios. Já a CROMODINÂMICA atua na industrialização (montagem), comércio (venda) e prestação de serviços de assistência técnica em máquinas em geral, dentre as quais envasadoras, trituradores, sorveterias etc, encontrandose ativa desde junho de 2000. 3.2. As duas empresas não formam um grupo econômico. O senhor Adonay Evans e o senhor Edson Patrocínio compunham o quadro societário da MECBRASIL quando o primeiro, juntamente com seu filho, o senhor Anthony Lawrence Evans, constituíram a CROMODINÂMICA, sem nenhum tipo de participação do senhor Edson Patrocínio e sem ligação com a MECBRASIL. A sede da CROMODINÂMICA foi inicialmente constituída em terreno ao lado da MECBRASIL, tendo em vista o grande espaço ocioso no terreno onde esta se localizava. Porém, tendo em vista que a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo não aceitou a instalação da empresa neste local, fazendo exigências muito onerosas, optouse por contratar, mediante arrendamento, máquinas e equipamentos da MECBRASIL para realizar serviços técnicos com o pagamento de horamáquina, transferindo a sede da CROMODINÂMICA para Marília/SP. A CROMODINÂMICA efetuou inúmeros pagamentos à MECBRASIL pela industrialização, inclusive com emissão de notas fiscais. 3.3. O senhor Adonay Anthony Evans deixou o quadro social da CROMODINÂMICA e passou a atuar como procurador da empresa em face da pouca experiência dos atuais sócios, de modo que o senhor Adonay atua mais como um consultor do que propriamente como um gerente. Além disso, os cartazes com o logotipo da CROMODINÂMICA no interior da MECBRASIL encontramse ali depositados e esquecidos desde que aquela se mudou para Marília/SP, quase como peças de decoração, sem qualquer conotação comercial. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11444.000211/200724 Acórdão n.º 120100.625 S1C2T1 Fl. 194 4 3.4. As duas empresas têm empregados distintos, faturamento próprio e administrações separadas. O senhor Adonay Anthony Evans atua mais na qualidade de pai, fiscalizador dos atos dos filhos e muito menos como gerente. Ademais, as sedes das empresas estão localizadas em cidades distintas. 3.5. As evidências apresentadas não corroboram a conclusão de que teria havido cisão da MECBRASIL, com o surgimento da CROMODINÂMICA. As empresas são constituídas por bens corpóreos e incorpóreos. Pode uma empresa sobreviver sem bens corpóreos, mas isto já não é possível sem bens incorpóreos, tais como marca, nome comercial, clientes etc. Daí a conclusão no sentido de que pode uma empresa terceirizar a produção e até mesmo locar seus equipamentos para que outra empresa realize esta tarefa. Portanto, não há motivo para que a autoridade responsável pelas diligências junto à MECBRASIL tenha considerado precário o contrato por esta celebrado como a CROMODINÂMICA. Nos termos do art. 594 do Código Civil, toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição. 3.6. O Código Tributário Nacional, como lei complementar, sobrepõese às leis ordinárias e instruções normativas invocadas no parecer da autoridade fiscal. Na hipótese de que trata os autos, as circunstâncias descritas pela autoridade, que sequer certificou a data de início do suposto grupo econômico ou da cisão da MECBRASIL, evidenciam a inexistência de qualquer intenção ou dolo direto em fraudar o Fisco, sendo descabida a atribuição de responsabilidade objetiva ao contribuinte. Nos termos do art. 112, II, do CTN, a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. 3.7. Por fim, pede o contribuinte que seja revogado o ato declaratório de exclusão, admitindose sua permanência no SIMPLES. Examinadas as razões expostas pela interessada, a DRJ de origem decidiu pela manutenção da exclusão (fls. 166/171). Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário pedindo, ao final, a reforma da decisão de primeira instância, sob os mesmos argumentos aduzidos na manifestação de inconformidade (fls. 174/186). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) Da Admissibilidade do Recurso Fl. 206DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11444.000211/200724 Acórdão n.º 120100.625 S1C2T1 Fl. 195 5 O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. 2) Da Exclusão do Simples Federal Segundo a autoridade fiscal, a ora recorrente cindiuse parcialmente, vertendo parte de suas operações à empresa Cromodinâmica Indústria e Comércio Ltda., daí porque não poderia permanecer no Simples, a teor do disposto no art. 9º, XVII, da Lei nº 9.317/1996, que assim estabelece: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (...) XVII que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica, salvo em relação aos eventos ocorridos antes da vigência desta Lei; (...) Apesar de não ter havido cisão formal da pessoa jurídica, o auditor concluiu que houve cisão de fato, tendo em vista o seguinte: a) o Sr. Adonay Anthony Evans, sócio gerente da contribuinte, é também procurador da Cromodinâmica, possuindo amplos poderes para administrála; b) na sede da Cromodinâmica, em Marília – SP, não há maquinário ou estoque, mas somente um salão onde trabalha uma funcionária com funções meramente administrativas; c) os empregados contratados pela Cromodinâmica exerciam suas funções na sede da contribuinte, localizada em Pompéia – SP; d) há coincidência de objeto social entre a contribuinte e a Cromodinâmica; e) há publicidade da Cromodinâmica na sede da contribuinte, bem como em um sítio na internet onde as empresas se confundem; f) a despeito de estar sediada em Marília, a maioria dos funcionários da Cromodinâmica residem em Pompéia e Quintana; g) a Cromodinâmica auferiu receitas mesmo antes de contratar funcionários. Pois bem, os fatos acima apontados, nenhum deles negados pela recorrente, seriam insuficientes à conclusão a que chegou a autoridade fiscal acaso fossem tomados isoladamente. No entanto, tomados em seu conjunto, permitem concluir, sem sombra de dúvida, que a contribuinte pretendeu desmembrarse, seja para não se sujeitar aos percentuais mais elevados de incidência Simples (art. 5º da Lei nº 9.317/96), seja para não ultrapassar o limite de receita (art. 9º, II, da Lei nº 9.317/96). Os argumentos opostos pela defesa intentam rebater individualmente as alegações do Fisco, mas revelamse incapazes a fazer frente ao conjunto dos fatos. Em especial, não há uma única linha que explique a razão pela qual, em sua página na internet, há os nomes Mec e Cromodinâmica em uma única logomarca (fls. 62/63). Fl. 207DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11444.000211/200724 Acórdão n.º 120100.625 S1C2T1 Fl. 196 6 Quanto ao pedido para aplicação do disposto no art. 112 do CTN, não é possível atendêlo, uma vez que, no caso, não há dúvida sobre a interpretação a que deve ser emprestada ao art. 9º, XVII, da Lei nº 9.317/1996. 3) Conclusão Tendo em vista todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 208DF CARF MF Impresso em 30/01/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 27/01/2012 p or CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/12/2011 por MARCELO CUBA NETTO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726976/2009-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV
CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO
IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE
URV PAGAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NÃO
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.
A Lei complementar baiana nº 20/2003 pagou as diferenças de URV aos
Membros do Ministério Público local, as quais, no caso dos Membros do
Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto
de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com
supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº
923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da
Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos
termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto
de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV,
não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças
pagas a mesmo título aos Membros do Ministério Público da Bahia, na forma
da Lei complementar estadual nº 20/2003.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2102-001.688
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso.
Nome do relator: RUBENS MAURICIO CARVALHO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201111
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei complementar baiana nº 20/2003 pagou as diferenças de URV aos Membros do Ministério Público local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros do Ministério Público da Bahia, na forma da Lei complementar estadual nº 20/2003. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10580.726976/2009-22
anomes_publicacao_s : 201111
conteudo_id_s : 5024428
dt_registro_atualizacao_tdt : Sun May 05 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2102-001.688
nome_arquivo_s : 210201688_10580726976200922_201111.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : RUBENS MAURICIO CARVALHO
nome_arquivo_pdf_s : 10580726976200922_5024428.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
id : 4748204
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:44:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044232488353792
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2165; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 245 1 244 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.726976/200922 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102001.688 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de novembro de 2011 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrente JULIO CEZAR DOREA GUSMÃO Recorrida Fazenda Nacional Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei complementar baiana nº 20/2003 pagou as diferenças de URV aos Membros do Ministério Público local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros do Ministério Público da Bahia, na forma da Lei complementar estadual nº 20/2003. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 246 2 Giovanni Christian Nunes Campos Presidente. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. EDITADO EM: 06/01/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Acácia Sayuri Wakasugi, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Eivanice Canário da Silva e Rubens Maurício Carvalho. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Para descrever a sucessão dos fatos deste processo até o julgamento na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), adoto o relatório do acórdão de fls144 a 151 da instância a quo, in verbis: Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 141.956,11, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, nem as que tinham como origem o abono de férias, em atendimento ao despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. Foi atendido, também, o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, que dispõe sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: Fl. 246DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 247 3 a) o lançamento fiscal teve como objeto verbas recebidas pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não representaram qualquer acréscimo patrimonial, mas sim o ressarcimento por erro cometido pela fonte pagadora no cálculo da remuneração paga no período de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001; b) o referido erro ocorreu no procedimento de conversão de cruzeiro real para URV a que eram submetidos os salários pagos aos membros do Ministério Público Estadual. Tal procedimento tinha o intuito de preservar o ganho mensal, compensando as perdas em face dos altos índices de inflação, o que evidencia a feição indenizatória da URV; c) o acordo para o pagamento das diferenças de URV se deu através da Lei Estadual Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, tendo o impugnante recebido tais valores ao longo dos anos de 2004, 2005 e 2006; d) a referida diferença consistiu apenas em correção do capital, ou seja, recomposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado. Não correspondeu a qualquer permuta do trabalho/serviço por moeda que configurasse a natureza salarial. Assim, por ser mera atualização do principal, e por não ter sido implementada em tempo certo, não deveria ser levada à tributação, haja vista o entendimento doutrinário e jurisprudencial, que veda a tributação da correção monetária; e) a mera correção monetária não aumenta ou acresce patrimônio do contribuinte, apenas lhe torna indene das perdas inflacionárias, portanto, não integra a base de cálculo do imposto de renda; f) havia um evidente caráter compensatório da URV desde sua gênese, e as diferenças recebidas representaram uma reparação por danos, tendo clara natureza de indenização, e não de salário. Dessa maneira, por não caracterizar aumento patrimonial, a verba recebida não subsume nos conceitos de renda e proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; g) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos magistrados federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo está isento da contribuição previdenciária e do imposto de renda; h) apesar da citada resolução ter sido dirigida à magistratura federal, é impositiva e legítima a equiparação do tema por analogia às verbas recebidas pelos magistrados estaduais, conforme preceitua o art. 108 do CTN. Negar o caráter indenizatório destas verbas é afrontar o princípio constitucional da isonomia, não só na sua concepção geral, mas, também, no que tange a tratamento diferenciado entre membros do Ministério Público Federal da União e Estadual. Viola, também, o disposto no inciso II do art. 150 da Constituição Federal que proíbe o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente; i) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do imposto ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga. Implementou todos os pagamentos sem qualquer retenção de IR e informou aos beneficiários dos rendimentos a natureza desta parcela como indenizatória; Fl. 247DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 248 4 j) o sujeito passivo da obrigação de tributária, na condição de responsável, era a fonte pagadora, que estava obrigada a reter o imposto. Desta forma, a discussão acerca da classificação dos rendimentos pagos deveria ser travada entre o fisco federal e a fonte pagadora. Entretanto, não se instaurou qualquer procedimento fiscal contra a fonte pagadora, mas sim contra o impugnante, que sofreu os dissabores e ônus da ação fiscal, inclusive com a imposição de multa de ofício e juros moratórios. ; l) de forma transversa o Estado Membro devedor da obrigação mensal de retenção não exauriu sua obrigação e gerou para o contribuinte o dever de pagar mais imposto; conseqüentemente o Estado se beneficia com os acréscimos que sua inação causou. Assim, ao lançar o tributo nos termos da autuação gera quebra da capacidade contributiva do signatário; m) o impugnante não agiu com intuito de fraude, simulação ou conluio, simplesmente seguiu a informação prestada pela fonte pagadora, e fez constar em suas declarações de rendimentos relativas aos períodos bases de 2004 a 2006 as parcelas recebidas como isentas de tributação. Isto posto, mantida a exigência fiscal, devese observar o princípio da boafé, da qual estava imbuído o impugnante, e afastar a exigência da multa de ofício e juros de mora; n) a informação prestada pela fonte pagadora estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Portanto, os valores declarados pelo impugnante tratase de informação lastreada em ato normativo expedido por autoridade administrativa, que se enquadra na hipótese do inciso I do art. 100 do CTN. Assim, de acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, devem ser afastados a multa de ofício e os juros de mora; o) o lançamento fiscal tributou isoladamente os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar os rendimentos e deduções já declarados, conforme determina o art. 837 do RIR/1999. Caso fosse mantida a tributação das verbas recebidas, caberia sujeitálas ao ajuste anual, o que resultaria em um imposto devido menor; p) nos anos de 1994 e 1998, a alíquota do imposto de renda que vigorava era de 25%, e não as alíquotas de 26,6% e 27,5% aplicadas no lançamento fiscal; q) parte dos valores recebidos a título de URV se referia à correção incidente sobre 13º salários e férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isentas, conseqüentemente, mesmo que prevalecesse o entendimento do órgão fiscalizador, caberia a exclusão de tais parcelas na apuração da base de cálculo sujeita ao lançamento fiscal; r) os juros de mora constantes no cálculo da diferença de URV representam um indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio. Assim, os juros de mora têm natureza distinta da originária do principal ao qual incidiu acessoriamente, porque não se constituíram em aquisição de disponibilidade de renda, produto do trabalho remunerado pelo Estado da Bahia; Diante desses fatos, as alegações da impugnação e demais documentos que compõem estes autos, o órgão julgador de primeiro grau, ao apreciar o litígio, em votação unânime, julgou procedente o lançamento, mantendo o crédito consignado no auto de infração, considerando que os argumentos da recorrente não foram acompanhadas de provas suficientes Fl. 248DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 249 5 e fundamentos legais, para desconstituir os fatos postos nos autos que embasaram o lançamento, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, de fls. 154 a 241, ratificando os argumentos de fato e de direito expendidos em sua impugnação e requerendo pelo provimento ao recurso e cancelamento da exigência, uma vez que o abono conferido aos magistrados federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo está isento da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento de segunda instância administrativa. É O RELATÓRIO. Voto Conselheiro Rubens Maurício Carvalho. O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. Cuidase de processo idêntico a outro já apreciado nesta Turma, em sessão realizada em 08/06/2011, razão porque peço vênia para transcrever o voto proferido pelo ConselheiroPresidente Giovanni Christian Nunes Campos, no Acórdão nº 2102001.337, de 08/06/2011, que em tudo se aplica ao presente caso: Para o deslinde da controvérsia, trazse a Resolução STF nº 245/2002: RESOLUÇÃO Nº 245, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2002 Dispõe sobre a forma de cálculo do abono de que trata o artigo 2º e §§ da Lei nº 10.474, de 27 de junho de 2002. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 250 6 O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 13, XVII, combinado com o artigo 363, I, do Regimento Interno, Considerando o decidido pelo Tribunal, na sessão administrativa de 11 de dezembro de 2002, presentes os ministros Moreira Alves, Sydney Sanches, Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Maurício Corrêa, Nelson Jobim, Ellen Gracie e Gilmar Mendes; Considerando a vigência do texto primitivo – anterior à Emenda nº 19/98 – da Constituição de 1988, relativo à remuneração da magistratura da União; Considerando a vigência da Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979; Considerando o direito à gratificação de representação artigo 65, inciso V, da Lei Complementar nº 35, de 1979, e Decretolei nº 2.371, de 18 de novembro de 1987, nos percentuais fixados; Considerando o direito à gratificação adicional de cinco por cento por qüinqüênio de serviço, até o máximo de sete qüinqüênios artigo 65, inciso VIII, da Lei Complementar nº 35, de 1979; Considerando a absorção de todos e quaisquer reajustes remuneratórios percebidos ou incorporados pelos magistrados da União, a qualquer título, por decisão administrativa ou judicial pelos valores decorrentes da Lei nº 10.474, de 27 de junho de 2002 artigos 1º, § 3º, e 2º, §§ 1º, 2º e 3º; Considerando o disposto na Resolução STF nº 235, de 10 de julho de 2002, que publicou a tabela da remuneração da Magistratura da União, decorrente da Lei nº 10.474, de 2002; Considerando o escalonamento de cinco por cento entre os diversos níveis da remuneração da magistratura da União artigo 1º, § 2º, da Lei nº 10.474, de 2002; Considerando a necessidade de, no cumprimento da Lei Complementar nº 35, de 1979, e da Lei nº 10.474, de 2002, adotarse critério uniforme, a ser observado pelos órgãos do Poder Judiciário da União, para cálculo e pagamento do abono; Considerando a publicidade dos atos da Administração Pública, RESOLVE: Art. 1º É de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2º da Lei nº 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal. Art. 2º Para os efeitos do artigo 2º da Lei nº 10.474, de 2002, e para que se assegure isonomia de tratamento entre os beneficiários, o abono será calculado, individualmente, observandose, conjugadamente, os seguintes critérios: Fl. 250DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 251 7 I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%); II o montante das diferenças mensais apuradas na forma do inciso I será dividido em vinte e quatro parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2003 a dezembro de 2004. Art. 3º Serão recalculados, mês a mês, no mesmo período definido no inciso I do artigo 2º, o valor da contribuição previdenciária e o do imposto de renda retido na fonte, expurgandose da base de cálculo todos e quaisquer reajustes percebidos ou incorporados no período, a qualquer título, ainda que pagos em rubricas autônomas, bem como as repercussões desses reajustes nas vantagens pessoais, por terem essas parcelas a mesma natureza conferida ao abono, nos termos do artigo 1º, observados os seguintes critérios: I o montante das diferenças mensais resultantes dos recálculos relativos à contribuição previdenciária será restituído aos magistrados na forma disciplinada no Manual SIAFI pela Secretaria do Tesouro Nacional; II o montante das diferenças mensais decorrentes dos recálculos relativos ao imposto de renda retido na fonte será demonstrado em documento formal fornecido pela unidade pagadora, para fins de restituição ou compensação tributária a ser obtida diretamente pelo magistrado junto à Receita Federal. Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Ministro MARCO AURÉLIO Pela Resolução STF nº 245/2002, especificamente em seu art. 3º, ficou determinado que “todos e quaisquer reajustes percebidos ou incorporados no período [1998 a 2002], a qualquer título, ainda que pagos em rubricas autônomas, bem como as repercussões desses reajustes nas vantagens pessoais”, percebidos pela Magistratura da União, com base no art. 6º da Lei nº 9.655/98 c/c o art. 2º da Lei nº 10.474/2002, inclusive as verbas referentes a diferenças de URV, ficaram excluídos da base de cálculo do imposto de renda, por terem a mesma natureza indenizatória do abono variável. O Sr. Ministro da Fazenda, com base no Parecer PGFN nº 529/2003, reconheceu o caráter indenizatório das verbas percebidas com base na legislação citada. Ocorre que foi publicada a Lei nº 10.477/2002, que, em seu art. 2º, estendeu aos Membros do Ministério Público Federal MPF as mesmas vantagens do art. 6º da Lei nº 9.655/98 dadas à Magistratura da União, e, instado o Sr. Ministro da Fazenda sobre o caráter dos valores percebidos no período 19982002 Fl. 251DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 252 8 pelos Membros do MPF, aplicou a mesma interpretação do parágrafo precedente, em linha com o entendimento do Supremo Tribunal Federal para a Magistratura da União (Resolução STF nº 245/2002), apoiado no Parecer PGFN nº 923/2003. Interessante ressaltar que a Lei nº 9.655/98 estava voltada unicamente à Magistratura da União, com deferimento de abono variável a partir de janeiro de 1998, de forma a atingir o subsídio que se esperava vir a lume com publicação da Emenda Constitucional nº 19/1998, situação que não se concretizou, levando, posteriormente à publicação da Lei nº 10.474/2002, que majorou os estipêndios da Magistratura da União e determinou o pagamento das diferenças do período 19982002 em 24 parcelas a partir de janeiro de 2003. Os Membros do Ministério Público não tinham quaisquer expectativas de aumento de remuneração com base na Lei nº 9.655/98, pois lá não tinham sido contemplados. A despeito disso, quando o art. 2º da Lei nº 10.477/2002 fez remissão ao abono variável do art. 6º da Lei nº 9.655/1998, pugnaram a exclusão da base de cálculo do imposto de renda dos valores citados no art. 3º da Resolução STF nº 245/2002, obtendo, como se viu, o beneplácito do Ministro da Fazenda. Em minha leitura, o pagamento da diferença da URV previsto no art. 2º da Lei complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 tem a mesma natureza daqueles pagos ao Ministério Público Federal, pois o Ministério Público do Estado da Bahia também não tinha qualquer expectativa de aumento salarial com a Lei nº 9.655/98, que era voltada apenas à Magistratura mantida pela União (por óbvio, somente a lei estadual poderia versar sobre estipêndios dos Membros do MP local). Veio a Lei complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 e pagou as diferenças de URV, as quais, no caso dos membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda, pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas aos Membros do Ministério Público da Bahia, na forma da Lei complementar baiana nº 20/2003, referentes às mesmas diferenças de URV. Observese que aqui não se está aplicando analogia para afastar o tributo devido, até porque nenhuma das leis citadas, federais ou estadual, trata de incidência do imposto de renda, mas apenas dando a mesma interpretação jurídica a normas que só não são idênticas por provirem de fontes diversas União e Estado da Bahia e terem destinatários diferentes. Porém os efeitos do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 e da Lei complementar estadual nº 20/2003 são idênticos, no caso das Fl. 252DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2102001.688 S2C1T2 Fl. 253 9 diferenças da URV, beneficiando destinatários diversos, não podendo o imposto de renda incidir sobre diferenças de uma, sendo afastado de outra. Assim, se o Sr. Ministro da Fazenda, com esteio no Parecer PGFN nº 923/2003, com supedâneo último na Resolução STF nº 245/2002, entendeu que as diferenças auferidas pelos Membros do MPF com base no art. 2º da Lei nº 10.477/2002 tem caráter indenizatório, igual raciocínio deve ser aplicado às diferenças auferidas pelos Membros do Ministério Público da Bahia com base na Lei complementar nº 20/2003, pois onde há a mesma razão, deve haver o mesmo direito (ubi eadem ratio ibi idem ius). Com as razões acima, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Considerando as razões exaradas no voto acima transcrito, devese cancelar o crédito tributário exigido no Auto de Infração, de modo que tornase desnecessária a análise das demais argumentações apresentadas pelo contribuinte no recurso. Ante o exposto, voto por DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 01/03/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 06/01/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
