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Numero do processo: 10380.721528/2011-11
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira (Relator), que lhe negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira (Relator), que lhe negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 15 28 /2 01 1- 11 Fl. 110DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), por meio da qual se exige crédito tributário do exercício de 2009, anocalendário de 2008, em que foram glosadas deduções de despesas médicas no valor de R$ 20.200,00. O contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente, mediante Acórdão da DRJ Recife de f. 61/78. Cientificado, a interessado apresentou recurso voluntário de f. 83/89. Em síntese, alega que atendeu ao que foi solicitado pela autoridade fiscal, apresentando os respectivos recibos relativos às despesas médicas. Aduz que os recibos, por si só, fazem prova dos pagamentos realizados a este título. Argumenta que não está obrigada a apresentar seus exames médicos e laboratoriais. Sustenta ainda que não é razoável exigir a apresentação de extratos ou outros meios de prova dos pagamentos, seja porque a pessoa física não é obrigada a ter escrita fiscal, seja porque a reunião destes documentos é difícil para o contribuinte. Pugna pela procedência do recurso e pelo cancelamento do crédito tributário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Ricardo Moreira Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. A questão aqui posta para análise cingese à glosa de despesas médicas. A interessada, no recurso, insurgese contra estas glosas, pelas razões que enumera. Dispõe o art. o art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Consta da fundamentação do lançamento, bem como da decisão de primeira instância, que é necessária a apresentação de comprovação do efetivo pagamento para aceitação das despesas médicas. Desta forma, verificase que o recibo, ao contrário do que defende a recorrente, não faz prova absoluta da real ocorrência do pagamento. A autoridade fiscal, se entender necessário, pode solicitar outros elementos de convicção da efetiva realização da despesa que se pretende deduzir. Não poderia ser de outra forma. Entender o contrário seria tolher a ação da fiscalização, que ficaria impossibilitada de exercer sua atividade investigativa, na busca de Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10380.721528/201111 Acórdão n.º 2001000.473 S2C0T1 Fl. 3 3 verificar a veracidade das declarações prestadas. Há que ser frisado que aqui não se trata de mera prerrogativa, mas de um dever da autoridade fiscal, haja vista tratarse de dedução da base de cálculo e, portanto, de redução do tributo. Com efeito, as solicitações de documentos devem atender à razoabilidade, devendo ser evitados os pedidos de provas impossíveis ou de difícil produção. Analisando a Notificação de Lançamento, verificamos que foram glosadas despesas médicas de valores significativos, que justifica a solicitação de informações adicionais. A Descrição dos Fatos e Enquadramento legal do Lançamento encontrase devidamente fundamentado, com todas as razões que levaram a efetivação da glosa. Não foram apresentadas provas do efetivo pagamento das despesas, não houve suficiente descrição do tratamento ou dos exames realizados. Aqui deve prevalecer o princípio do benefício da prova, já que o interesse em provar é do contribuinte, a quem a prova aproveita. Não há que se falar em quebra de sigilo ou de invasão à privacidade do cidadão. Não há quebra de sigilo perante o fisco, cuja atividade primordial é justamente investigar a veracidade dessas despesas que resultam em redução de tributo. Ademais, ao intimar o contribuinte para apresentar documentos adicionais que comprovam a efetividade das despesas (provas essas que beneficiam o contribuinte), a autoridade fiscal não está interessada na intimidade da pessoa, mas está cumprindo o dever legal de investigar a veracidade das declarações prestadas. Tratase de imposto lançado por homologação e o quantum devido pode ser alterado pela autoridade lançadora, no exercício de suas atribuições legais. Da mesma forma, não se mostra desarrazoado o pedido de apresentação de extratos bancários. Pode ocorrer de o contribuinte haver pago as despesas em cheques ou mediante saques da conta corrente, o que seria facilmente comprovado pela existência de saques de valores compatíveis em datas aproximadas das da efetivação das despesas. O contribuinte poderia requerer à instituição financeira os referidos extratos (em alguns casos, obtémse extratos pela internet, em poucos instantes), sendo que essa providência não lhe seria de difícil execução. Se tivesse atendido a este simples pedido, provavelmente não seriam glosadas parte ou a totalidade das despesas. O contribuinte, entretanto, por diversas vezes, mediante negativas genéricas, se opôs a trazer os elementos de prova que lhe seriam benéficos. Não apresentou à autoridade lançadora, não juntou à impugnação e não se aproveita da oportunidade agora trazida pelo recurso voluntário. Desta forma, reitero a motivação do voto exposto na decisão de primeira instância, que indeferiu a dedução das despesas glosadas. CONCLUSÃO: Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negarlhe provimento. Fl. 112DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Voto Vencedor Discordo do Relator em relação às despesas médicas. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que seja glosado devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e o fundamento para lançar limitase a que recibos não comprovam pagamento de despesas médicas. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa a documentos usuais não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como se pode ver no art 2º Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. Além disso, Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10380.721528/201111 Acórdão n.º 2001000.473 S2C0T1 Fl. 4 5 mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Diante do exposto, voto por dar provimento integral ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Redator Designado. Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.003706/2003-17
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1998
PAGAMENTO ANTECIPADO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.
Conforme entendimento pacificado pela jurisprudência do STJ, seguido por este Conselho Administrativo, constatado o pagamento antecipado dos impostos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação e restando comprovado nos autos a ausência de dolo, fraude ou simulação, correta a aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º do CTN.
Numero da decisão: 1002-000.443
Decisão: Recurso Voluntário Provido
Sem Crédito em Litígio
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998 PAGAMENTO ANTECIPADO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Conforme entendimento pacificado pela jurisprudência do STJ, seguido por este Conselho Administrativo, constatado o pagamento antecipado dos impostos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação e restando comprovado nos autos a ausência de dolo, fraude ou simulação, correta a aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º do CTN.
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HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Conforme entendimento pacificado pela jurisprudência do STJ, seguido por este Conselho Administrativo, constatado o pagamento antecipado dos impostos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação e restando comprovado nos autos a ausência de dolo, fraude ou simulação, correta a aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º do CTN. Recurso Voluntário Provido Sem Crédito em Litígio Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 37 06 /2 00 3- 17 Fl. 109DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efl. 101) interposto contra o Acórdão n° 01 13.098, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/BEL (efls. 96 e 97). Decisão essa ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1998 DCTF É procedente cobrança quando contribuinte alega compensação em virtude de valor pago a maior frente a DIPJ, mas não apresenta elementos de prova do alegado. Lançamento Procedente Por representar acurácia na análise dos fatos, faço uso do Relatório do Acórdão a quo: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o auto de infração 0002786 (fls. 03/10), formalizando lançamento de ofício de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL no total de R$ 17.285,07, em razão de a fiscalização, em procedimento de auditoria interna em DCTF's relativas aos 1° trimestre de 1998, ter constatado haver ausência de pagamentos declarados. No dia 18/07/2003, o contribuinte apresentou impugnação (fl. 01/02) onde alega que o referido tributo foi recolhido de maneira correta, pois contribuinte alega ter feito compensação, do montante cobrado no auto de infração com valores recolhidos a maior no ano calendário 1997. A DRF Manaus, em 17/07/2008, encaminhou o presente processo à DRJ/BELEM para julgamento da impugnação. O Recurso Voluntário, por seu turno, reitera o teor defensivo apresentado em sede de Auto de Infração, e, por seu grau de síntese, cabe a transcrição integral (efl 101): Conforme já informamos anteriormente o Crédito Tributário no valor de R$ 6.280,00 que esta sendo exigido, foi quitado através de compensação com o montante da CSLL pago a maior no ano calendário de 1997 constante da DIPJ do exercício de 1998, sendo que deixamos de informar tal compensação na DCTF daquele período e quando recebemos o Auto de Infração n° 0002786 de 13/06/2003 tentamos retificar a DCTF fomos informados que tendo em vista que a DCTF já ter sido analisada e o Auto de Infração Lavrado teríamos que entrar com Processo de Impugnação que depois de analisado receberíamos autorização para retificar a DCTF, autorização esta que até a presente presente data não recebemos. Não restaram anexadas quaisquer provas adicionais quando do protocolo do Recurso, e nem foram acrescidos documentos à coletânea já existente nos autos. É o Relatório. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10283.003706/200317 Acórdão n.º 1002000.443 S1C0T2 Fl. 110 3 Voto Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário supre os requisitos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Outrossim, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal, inclusive estando adequada a representação processual, e apresentase tempestivo, tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Portanto, conheço do Recurso Voluntário. Mérito Quanto ao mérito, merece ser reconhecida de plano a decadência do lançamento consubstanciado no auto de infração, lavrado em 13/06/2003, conforme (efl. 4): Outrossim, ficou também demonstrado o pagamento antecipado de R$ 12,48 em 30/04/1998, conforme DARF de efls. 12: Fl. 111DF CARF MF 4 A visualização de tais aspectos é de palmar importância para análise do direito litigado. Como se sabe, a CSLL é tributo sujeito à homologação, o qual, por consectário de seu regular pagamento, recailhe a norma insculpida no art. 150, § 4°, do CTN. Esta, por seu turno, confere o prazo quinquenal para a análise da Administração, sendo que, após seu transcurso, darseá a homologação tácita dos valores. Nessa trilha, o pagamento antecipado ocorreu em 30/04/98 e o auto de infração foi lavrado em 13/06/2003. Ou seja, notase o transcurso do lustro e o inafastável consectário da decadência, eis que o auto de infração foi lavrado depois de 5 anos do fato gerador do tributo (31/03/98). Essa intelecção encontra amparo nos parágrafos 1º e 4º do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Essa vertente é consentânea com a jurisprudência pacificada neste e. CARF, conforme se expõe a seguir: a. Acórdão 1402002.967, Sessão de 13 de março de 2018, Rel. Cons. Caio Cesar Nader Quintella Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10283.003706/200317 Acórdão n.º 1002000.443 S1C0T2 Fl. 111 5 (...) Diante disso, não havendo dúvidas que o IRPJ e a CSLL são tributos sujeitos a lançamento por homologação, em relação a todos os 4 Trimestres do anocalendário de 2000 resta certa a incidência do previsto no art. 150, § 4º do CTN para o cômputo da decadência, seja pela ausência de imputações de condutas fraudulentas, dolosas ou sumuladas, seja pela confirmação da constituição de débitos por DCTF (que, para tal fim, surte o mesmo efeito de antecipação do pagamento). Nesse sentido, confirase o Acórdão nº 9101003.103, proferido pela C. 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, de votação por maioria, e voto vencedor da I. Conselheira Cristiane Silva Costa, publicado em 10/10/2017: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. 150, §4º, CTN. DCTF. O prazo decadência para exigência do IRPJ é submetido ao artigo 150, §4º, do CTN na hipótese de apresentação de DCTF pelo contribuinte. Reprodução do acórdão do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº 973.733, decidido sob o regime do artigo 543C, do Código de Processo Civil/1973, nos termos do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 343/2015, artigo 62, §2º). (...) Com a devida vênia ao entendimento da ilustre Relatora, voto por negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, mantendo o acórdão recorrrido que aplicou o artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional. Ressalto que a orientação prevalecente nesta Turma da CSRF é pela aplicação do artigo 150, §4º quando é apresentada declaração com efeito de confissão de dívida, como efetivamente é o caso da DCTF cuja existência é mencionada pela Ilustre Relatora. A esse respeito, destaco precedente desta Turma, relatado pelo Conselheiro Rafael Vidal de Araújo: (...) Destaco trecho do voto do Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, acompanhado à ocasião por esta Relatora, mencionando o acórdão do STJ no REsp : 4.2. De acordo com o STJ, devese aplicar o artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste Fl. 113DF CARF MF 6 declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. 4.3. No sentido inverso, há duas condições para a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN: 1) haver pagamento ou 2) haver declaração prévia que constitua crédito tributário. 4.4. Não se pode, portanto, deixar de reconhecer a relevância da existência ou não de pagamento ou declaração/confissão (ainda que parciais) para fins de definição do critério para a contagem de prazo decadencial. 4.5. Aliás, vale frisar que todo esse debate em torno da relevância do pagamento ou da confissão de débito para análise de decadência de lançamento posteriormente realizado pelo Fisco pressupõem pagamento e/ou confissão parciais mesmo. Até porque o Fisco não realizaria nenhum lançamento de ofício para constituir crédito tributário que já foi em momento anterior integralmente pago ou confessado pelo contribuinte. (...) 5.3. Ocorre que, compulsando os autos, constatase a presença de documentos (apresentados com o recurso voluntário) que comprovam confissões em DCTF e pagamentos por DARF de débitos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS relacionados a fatos ocorridos em todos os meses do anocalendário de 2000. 5.4. Às fls. 292/458, constam cópias das DCTF trimestrais referentes ao anocalendário 2000, todas elas indicando débitos de IRPJ/CSLL para os 4 trimestres de 2000 e débitos de PIS/COFINS para todos os meses desse mesmo ano. (...) Com efeito, tendo o contribuinte declarado os créditos tributários em DCTF, o prazo decadencial contase na forma do artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional. Por tais razões, nego provimento ao recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. Considerando aquilo acima exposto, temos que em relação aos débitos do anocalendário de 2000, aplicase (a todos os Trimestres) o art. 150, §4º do CTN, vez que reconhecidamente e incontroversa a transmissão das respectivas DCTFs. b. Acórdão 1201002.146, Sessão de 13 de abril de 2018, Rel. Cons. Eva Maria Los (...) 22. A homologação do pagamento e da compensação pode ser verificada nos artigos 150, §1º, do Código Tributário Nacional, e no artigo 74, §2º, da Lei nº 9.430/96, respectivamente: Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10283.003706/200317 Acórdão n.º 1002000.443 S1C0T2 Fl. 112 7 “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.” “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” (destaques nossos) 23. Portanto, da leitura dos trechos acima, temse que tanto a compensação quanto o pagamento são formas de extinção do crédito tributário, sob condição resolutória de ulterior homologação. 24. Diante do exposto, tais pagamento indiretos devem necessariamente ser levados em consideração quando da contagem do prazo decadencial. 25. Assim, diante das circunstâncias fáticoprobatórias e técnicas apresentadas,considero aplicável o prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º, do CTN. Tendo transcorrido mais de 5 anos da ocorrência do fato gerador dos débitos de IRPJ e CSLL em exigência, quando da ciência da autuação fiscal, deve ser reconhecida a ocorrência da decadência, com o consequente cancelamento dos autos de lançamento que deram origem ao presente processo administrativo. Portanto, quedase imperativo conhecer da decadência, haja vista o inegável transcurso do lustro quinquenal. Fl. 115DF CARF MF 8 Dispositivo Ante o exposto, voto para conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar lhe provimento, cancelandose o auto de infração. É como Voto. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Fl. 116DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.918420/2015-24
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Data do fato gerador: 29/11/2013
PEDIDO ELETRÔNICO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE QUANTO A CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
Inexiste direito creditório disponível para fins de compensação quando, por conta da vinculação de pagamento a débito do próprio interessado, o crédito analisado não apresenta saldo disponível. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 1002-000.498
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 29/11/2013 PEDIDO ELETRÔNICO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE QUANTO A CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. Inexiste direito creditório disponível para fins de compensação quando, por conta da vinculação de pagamento a débito do próprio interessado, o crédito analisado não apresenta saldo disponível. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 84 20 /2 01 5- 24 Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 140 2 Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efls. 133/134) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância (efls. 119/123), proferida em sessão de 08 de junho de 2017, consubstanciada no Acórdão n.º 1677.863, da 8.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP (DRJ/SPO), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade (efls. 04/05) que pretendia desconstituir o Despacho Decisório (DD), emitido em 05/05/2015 (efl. 112), emanado pela Autoridade Administrativa que analisou o Pedido Eletrônico de Restituição e a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) n.º 18152.44574.060614.1.3.045841 (efls. 107/111), transmitido em 06/06/2014, e não homologou a compensação declarada, por não reconhecer o direito creditório, cujo acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 29/11/2013 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Vejase o contexto fático dos autos, incluindo seus desdobramentos e teses da manifestação de inconformidade, conforme se extrai do relatório constante no Acórdão do juízo a quo: O interessado, supra qualificado, entregou por via eletrônica a Declaração de Compensação de fls. 107/111 (PER/DCOMP n.º 18152.44574.060614.1.3.045841), na qual declara a compensação de pretenso crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (cód. receita 2484 – CSLL – PJ QUE APURA IR COM BASE NO LUCRO REAL DEMAIS ENTIDADES Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 141 3 ESTIMATIVA MENSAL) relativo ao período de apuração encerrado em 31/10/2013. Pelo Despacho Decisório de fl. 112 o contribuinte foi cientificado, em 12/05/2015 (fl. 114), de que: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em razão do acima descrito, não foi homologada a compensação declarada, tendo sido o interessado intimado a recolher os débitos indevidamente compensados (principal: R$ 1.032,30). Irresignado, o contribuinte apresentou em 08/06/2015 a Manifestação de Inconformidade, de fls. 04/05, alegando, em síntese, i) que recolheu e declarou em DCTF a estimativa de CSLL relativa a outubro/2013, no valor de R$ 267.002,11; ii) que não retificou a DCTF correspondente para apontar o valor correto da estimativa de CSLL de outubro/2013, que seria de R$ 249.350,32; iii) que o valor correto da estimativa de CSLL de outubro/2013 foi devidamente informado na DIPJ transmitida em 30/06/2014; iv) que o crédito pleiteado existe, tendo ocorrido apenas um erro no preenchimento da DCTF; v) anexa em favor dos seus argumentos, cópias da DCTF, PER/DCOMP, DIPJ, todas originais, do DARF no valor de R$ 267.002,11, bem como do razão contábil das contas de CSLL referentes ao ano de 2013; vi) por fim, pede que seja acolhida a sua Manifestação de Inconformidade e homologadas as compensações declaradas no PER/DCOMP. O presente processo está sendo apreciado na mesma sessão em que os processos ns.º 10880.918414/201577, 10880.918421/201579, 10880.918415/201511 e 10880.918419/201508, estão sendo julgados, tendo em vista a identidade do direito creditório discutido e corresponderem ao mesmo Darf. O Despacho Decisório informa que o limite do crédito analisado, para fins de restituição, era da ordem de R$ 1.005,30, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão, o qual seria utilizado para efetivar a compensação, no entanto, analisadas as informações prestadas na declaração, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP. Informase, outrossim, que, a partir das características do DARF discriminado no próprio PER/DCOMP, foi localizado pagamento integralmente utilizado para quitação de outro débito do contribuinte, de modo a não mais haver crédito disponível para utilizar em operação de compensação, pelo que o débito informado para compensar não foi extinto, isto é, não foi compensado. Temse o seguinte quadro sintético no Despacho Decisório: Características do DARF discriminado no PER/DCOMP Período de Apuração (PA) Código de Receita Valor total do DARF Data de Arrecadação 31/10/2013 2484 R$ 267.002,11 29/11/2013 Utilização dos Pagamentos encontrados para o DARF discriminado no PER/DCOMP Número do Valor Original Processo (PR) / PERDCOMP (PD) / DÉBITO Valor Original Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 142 4 Pagamento Total (DB) Utilizado 2670473893 R$ 267.002,11 Db: cód 2484 PA 31/10/2013 R$ 267.002,11 Valor Total R$ 267.002,11 Débitos indevidamente compensados, para pagamento até 29/05/2015 Principal: R$ 1.032,30 Multa: R$ 206,46 Juros: R$ 105,60 A tese de defesa não foi acolhida pela DRJ, mantendose o não reconhecimento do crédito e, por conseguinte, não homologando a compensação, eis, em síntese, nas palavras do juízo de primeira instância, as razões de decidir do meritum causae: Conforme consignado no Despacho Decisório de fl. 112, o indeferimento teve como origem a alocação integral do Darf de R$ 267.002,11 para quitação do débito de CSLL (cód 2484) relativo a outubro/2013. Ou seja, uma das providências requeridas para a indicação do pretenso direito creditório seria a retificação da DCTF referente a outubro/2013. Consulta aos sistemas da RFB revela que a DCTF atualmente ativa de outubro/2013 (original) foi entregue em 20/12/2013, nela constando a alocação integral do pagamento ao débito de outubro/2013, tal qual demonstra a DCTF anexada pelo interessado às fls. 22 e seguintes. Assim, tomandose em consideração a informação prestada pelo próprio contribuinte em sua DCTF, inexistiria direito creditório relativo a pagamento indevido ou a maior. Reza o parágrafo 1.º do artigo 5.º do DecretoLei n.º 2.124, de 13 de junho de 1984: Parágrafo 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário,constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Tratase de confissão extrajudicial da existência de tais débitos, conforme arts. 348, 350 e 353 do atualmente vigente Código de Processo Civil (CPC) – Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e por isso mesmo é título executivo. Os débitos tributários, então declarados e confessados na DCTF, decorrem do lançamento por homologação de que trata o artigo 150 do CTN, verbis: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa”. É a DCTF, portanto, a forma com que o sujeito passivo dá conhecimento à autoridade administrativa da ocorrência do fato jurídicotributário e informa o pagamento do valor correspondente do tributo. Por essa razão a necessidade da retificação da DCTF sempre que o sujeito passivo queira modificar anterior informação prestada quanto aos seus débitos Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 143 5 tributários, pois o conhecimento deste fato pelo Fisco é elemento indispensável para o aperfeiçoamento do lançamento por homologação. Sobre a imprescindibilidade da retificação da DCTF para a comprovação do pagamento indevido ou a maior, a Receita Federal do Brasil editou o Parecer Normativo (PN) COSIT n.º 2, de 28 de agosto de 2015, que confirmou a vinculação necessária entre as informações prestadas na DCTF e a disponibilidade do direito creditório utilizado em PER/DCOMP, além de esclarecer diversos pontos relacionados à temporalidade da apresentação desta DCTF retificadora, admitindo, sem deixar de considerála obrigatória, a sua apresentação mesmo após a transmissão do PER/DCOMP, e até após a ciência de Despacho Decisório que não tenha homologado as compensações declaradas. É oportuna a transcrição de trecho do citado PN que aborda a necessidade da informação do débito correto em DCTF para que possa ficar caracterizado o direito creditório do pagamento indevido ou a maior, inclusive com citação a vários acórdãos da 2ª instância administrativa de julgamento (CARF): 10.5. Desse modo, por se tratar de uma confissão de dívida do sujeito passivo, inclusive podendo ser contra ele cobrado na falta de pagamento, ele necessariamente terá de alterar essa confissão se entender que pagou um valor indevido, para então poder requerer um pedido de restituição ou apresentar uma DCOMP. Tratase de simetria de formas. Fazendo uma analogia, é a mesma situação daquela contida no art. 352 do CPC, pois ali também depende de uma atuação de quem fez a confissão para ela poder ser revogada. No presente caso, a atuação do sujeito passivo se dá mediante retificação da declaração que constituiu o crédito tributário perante o Fisco, conforme item 10. Inclusive o CARF já decidiu que o crédito alocado em DCTF não retificada não é líquido e certo, e o indébito pressupõe a retificação da DCTF: INDÉBITO PLEITEADO DECLARADO EM DCTF. NECESSIDADE DE RETIFICAÇÃO PRÉVIA Enquanto não retificada a DCTF, o débito ali espontaneamente confessado é devido, logo, valor utilizado para quitálo não se constitui formalmente em indébito, sem que a recorrente promova a prévia retificação da declaração. (Acórdão n.º 1302001.571, Rel. Cons. Alberto Pinto Souza Júnior, 25 de novembro de 2014). DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde o que não ocorreu. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. (Acórdão n.º 3801002.926, Rel. Cons. Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Sessão de 25/02/2014) (grifouse) 10.6. A despeito da necessidade de o sujeito passivo retificar a DCTF para ter direito creditório contra a Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 144 6 Fazenda Nacional, não há impedimento para que ele a retifique para reduzir tributos cujos pagamentos já tenham sido objeto de PER ou de DCOMP como créditos a serem restituídos ou compensados. Consoante o seguinte julgado administrativo: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano calendário: 2004 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ADMISSIBILIDADE. O crédito tributário do contribuinte nasce do pagamento indevido ou a maior que o devido, porém ele apenas se torna oponível à Receita Federal após a devida retificação e/ou correção das respectivas Declarações, quando então o Órgão Administrativo poderá tomar conhecimento daquele direito creditório em questão. De qualquer forma, em determinadas situações, em razão do procedimento eletrônico de compensação, em que não há espaço para emendas ou correções pelo contribuinte, há que se admitir e analisar a retificação da DCTF efetuada posteriormente ao despacho decisório, sob pena de excesso de rigorismo, que não resolve satisfatoriamente a lide travada e leva o contribuinte ao Poder Judiciário, apenas fazendo aumentar a condenável litigiosidade. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão n.º 3403003.340, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, Sessão de 15/10/2014). Sendo assim, não tendo o interessado retificado, até a data deste julgamento, o débito de CSLL Estimativa de outubro de 2013, através da necessária apresentação da DCTF retificadora, é de se indeferir seu pedido de homologação das compensações por ausência do indébito pleiteado na PER/DCOMP objeto deste processo. Todavia, ainda que essa questão preliminar da ausência da retificação do débito em DCTF correspondente ao pagamento pleiteado como indevido ou a maior pudesse ser superada, o que se faz aqui por mera argumentação, a liquidez e certeza do direito creditório alegado, fundamental para o deslinde de demandas como a presente, não é comprovada a partir dos elementos trazidos pelo interessado juntamente com a Manifestação de Inconformidade. Na ficha 16 de sua DIPJ (fl. 68) consta demonstração do cálculo da estimativa de CSLL devida relativamente ao PA de outubro de 2013, apurada com base em balanço de suspensão ou redução, com os seguintes valores: Base de Cálculo do IRPJ 13.301.694,59 CSLL apurada 1.197.152,51 () CSLL devida em meses anteriores 943.157,82 () CSLL retida na fonte 4.644,32 (=) CSLL a pagar 249.350,37 Esse é o valor que o sujeito passivo afirma ser o correto para este débito. Porém, no razão contábil de CSLL devida (conta 2112100003) ,acostado ao processo à fl. 98, o valor devido neste mês foi contabilizado como R$ 271.646,42, que diminuído da CSLL informada como retida neste mês de R$ 4.644,32, redunda em valor a recolher de R$ 267.002,10, exatamente o valor efetivamente recolhido por ele em Darf. Não foi apresentado pelo sujeito passivo qualquer demonstrativo ou Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 145 7 elemento que comprove que a correta base de cálculo da estimativa de CSLL relativa a outubro de 2013 seja realmente a que foi informada na DIPJ, e não aquela que serviu para apuração do valor contabilizado e pago de CSLL neste mês de outubro. Sendo assim, à luz dos elementos comprobatórios trazidos à apreciação desta instância julgadora, não é possível concluir pela existência, liquidez e certeza do crédito pleiteado. Ante o exposto, ausente a retificação do débito de CSLL estimativa referente a outubro de 2013, bem como não tendo o sujeito passivo comprovado adequadamente por meios hábeis e idôneos o indébito, voto no sentido de considerar improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecer o direito creditório pleiteado e não homologar as compensações declaradas. No recurso voluntário (efls. 133/134), em síntese, o contribuinte reiterou os termos da manifestação de inconformidade. Argumenta que não efetuou a retificação da DCTF mensal de Outubro/2013 para o valor correto do débito de R$ 249.350,32, conforme DIPJ do respectivo período. Diz que essa problemática originou a divergência que redundou na inexistência do crédito. Alega que os pontos de discordância são: a) a DIPJ de 2013, transmitida em 30/06/2014, informa o valor correto de débito para o IRPJ na ordem de R$ 249.350,32; b) houve erro no preenchimento da DCTF de Outubro/2013, resultando no lançamento de imposto indevido; c) devese considerar os lançamentos apresentados na DCTF retificadora transmitida em 17/11/2017 que evidencia o referido crédito tributário originado de pagamento à maior, referente ao código de receita 248401 CSLL (página 11, no valor de R$ 249.350,32 CSLL por estimativa mensal demonstrado na DIPJ de 2013). Informa como documentos anexados, especialmente: a DCTF retificadora referente a Outubro/2013; a DIPJ de 2013; o razão contábil das contas de CSLL de Outubro/2013; recibo do SPED Contábil referente a 2013. Nesse contexto, os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando os juízos de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator Admissibilidade Inicialmente, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017, haja vista que as turmas extraordinárias são competentes para apreciar recursos voluntários de reconhecimento de direito creditório, até o valor em litígio de 60 (sessenta) salários mínimos, assim considerado o valor constante do sistema de controle do crédito tributário. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 146 8 Outrossim, a Portaria CARF n.º 111, de 20 de julho de 2018, que estabelece o momento da verificação do valor em litígio para fins de definição da competência das Turmas Extraordinárias (TE's), disciplina que a verificação do valor em litígio, para fins de definição da competência das TE's, será realizada pela Divisão de Sorteio e Distribuição da Coordenação de Gestão do Acervo de Processos (Disor/Cegap) no momento do sorteio do processo administrativo fiscal para a turma de julgamento, bem como define que permanecerá na competência das referidas turmas o recurso voluntário cujo processo administrativo fiscal sofra atualização de valor após o sorteio para a turma ou para o conselheiro relator, desde que a partir dessa atualização o valor em litígio não exceda a 120 (cento e vinte) salários mínimos. Neste caso cabe informar que o valor constante no sistema do eprocesso para o direito creditório que a contribuinte busca reconhecer está registrado como sendo de R$ 1.005,30. Observo, ainda, que o Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Outrossim, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal, inclusive estando adequada a representação processual, e apresentase tempestivo (intimação em 26/10/2017, efls. 125 e 129/130, e protocolo recursal em 22/11/2017, efls. 131/133), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Portanto, conheço do Recurso Voluntário. Mérito Quanto ao mérito não assiste razão ao recorrente. Explico. Trata o presente caso de pedido de restituição de quantias recolhidas a maior ou indevidamente a título de tributo (CTN, art. 165, I), alegando o contribuinte que possui crédito contra a Administração Tributária, combinado com pedido de declaração de compensação, na qual o contribuinte confessa débito (Lei 9.430, art. 74, § 6.º) ao mesmo tempo em que efetua o encontro de contas, sob condição resolutória de sua ulterior homologação pela Autoridade Fiscal (Lei 9.430, art. 74, caput, §§ 1.º e 2.º), para fins de extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, II). Afinal, como reza o Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem (CC, art. 368). O regime jurídico da compensação tem fundamento no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Neste diapasão, inicialmente, o instituto da compensação tributária foi regido pelo art. 66 da Lei n.º 8.383, de 1991, sendo, posteriormente, fixadas novas regras para compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no art. 74 da Lei 9.430, de 1996, com suas alterações. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 147 9 Para que se tenha a compensação tornase necessário que o contribuinte comprove que o seu crédito (montante a restituir) é líquido e certo. Cuidase de conditio sine qua non, isto é, sem a qual não pode ocorrer a compensação. O ônus probatório do crédito alegado pelo contribuinte contra a Administração Tributária é especialmente dele, devendo comprovar a liquidez e certeza de seu direito creditório. O primeiro passo do PER/DCOMP é exatamente a análise do pedido de restituição; apenas se houver crédito líquido e certo se efetuará a compensação do débito confessado com a extinção do crédito tributário que o próprio contribuinte confessa e indica para ser objeto da quitação via compensação. No caso dos autos, a Administração Tributária não homologou a compensação declarada, por não reconhecer o pagamento indevido ou a maior vindicado, negando a restituição do crédito requerido. Observase que, na primeira análise, pelos sistemas informatizados da Receita Federal, o suposto crédito, proveniente do DARF indicado no PER/DCOMP, estava integralmente alocado, não havendo saldo disponível, razão pela qual do indeferimento da compensação, eis que não se reconheceu o direito creditório. A fim de refutar tal constatação, o contribuinte retificou a DCTF e afirma que a DIPJ corroboraria a informação. Ocorre que, após analisar os autos, incluindo os documentos não pagináveis, constato que não há provas, sequer verossimilhança, quanto a alegação da redução do valor devido a título do tributo que estava inicialmente alocado no DARF objeto do crédito anotado no PER/DCOMP, de forma que inexiste comprovação, pelo contribuinte, de certeza e liquidez para o crédito vindicado. Em suma, para a análise que foi efetivada no PER/DCOMP em comento não se comprovou o indicado crédito líquido e certo, incontroverso. Em verdade, foi apontada a alocação do DARF em extinção de débito próprio do sujeito passivo. Quando da apresentação do relatório destes autos, na forma acima apresentada, constou o respectivo quadro sintético demonstrativo da situação de alocação do DARF, de modo a não restar saldo na forma pretendida pelo contribuinte. A despeito da retificação da DCTF, inexistiu provas, mínimas que fossem, a fim de atestar, ao menos, verossimilhança das alegações. O razão contábil, quanto a conta apresentada, não atesta a redução do débito. Aliás, neste ponto interessante a anotação da DRJ, nestes termos, litteris: (...), a liquidez e certeza do direito creditório alegado, fundamental para o deslinde de demandas como a presente, não é comprovada a partir dos elementos trazidos pelo interessado juntamente com a Manifestação de Inconformidade. Na ficha 16 de sua DIPJ (fl. 68) consta demonstração do cálculo da estimativa de CSLL devida relativamente ao PA de outubro de 2013, apurada com base em balanço de suspensão ou redução, com os seguintes valores: Base de Cálculo do IRPJ 13.301.694,59 CSLL apurada 1.197.152,51 () CSLL devida em meses anteriores 943.157,82 () CSLL retida na fonte 4.644,32 (=) CSLL a pagar 249.350,37 Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 148 10 Esse é o valor que o sujeito passivo afirma ser o correto para este débito. Porém, no razão contábil de CSLL devida (conta 2112100003) ,acostado ao processo à fl. 98, o valor devido neste mês foi contabilizado como R$ 271.646,42, que diminuído da CSLL informada como retida neste mês de R$ 4.644,32, redunda em valor a recolher de R$ 267.002,10, exatamente o valor efetivamente recolhido por ele em Darf. Não foi apresentado pelo sujeito passivo qualquer demonstrativo ou elemento que comprove que a correta base de cálculo da estimativa de CSLL relativa a outubro de 2013 seja realmente a que foi informada na DIPJ, e não aquela que serviu para apuração do valor contabilizado e pago de CSLL neste mês de outubro. Sendo assim, à luz dos elementos comprobatórios trazidos à apreciação desta instância julgadora, não é possível concluir pela existência, liquidez e certeza do crédito pleiteado. No que se refere ao argumento acima apresentado pela primeira instância, o contribuinte não refuta o fundamento, de modo que, não havendo verossimilhança nas alegações, entendo por não dar razão ao sujeito passivo. Logo, a questão é que no recurso voluntário o contribuinte não logra êxito de comprovar, de modo incontroverso, a existência do seu direito a crédito, especialmente sob a ótica da natureza do crédito vindicado, qual seja, pagamento indevido ou a maior. Demais disto, a retificadora desprovida de outros elementos não corrobora com a certeza e liquidez necessárias para autorizar o reconhecimento do crédito. Da forma como este é vindicado apresentase controverso, inexistindo certeza e liquidez. Desprovidos de outros elementos da escrita contábil, não resta comprovado o crédito. Aliás, as demonstrações contábeis também não estão colacionadas a contento nos autos para confirmação inconteste do eventual crédito. A esse respeito, cito o seguinte precedente: Acórdão n.º 3402004.103 – Recurso Voluntário Relator: Waldir Navarro Bezerra Data da sessão: 27/04/2017 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2008 APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. (...) Ressaltese, neste aspecto, que a demonstração analítica dos valores e lançamentos, dentro da escrituração contábil e, consequentemente, da comprovação Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 149 11 inconteste do eventual direito creditório integra o ônus de prova atribuído ao contribuinte, notadamente quando se discute crédito objeto de pedido de compensação. Vejase, ainda, que não foi juntado aos autos outros elementos probatórios, tais como, a escrita contábil e outras escritas fiscais, como, por exemplo, o Livro Diário, eventuais balancetes transcritos na escrita contábil, o Balanço, eventuais apurações demonstrando os erros e correções posteriores, deixandose, portanto, de apresentar, face a inexistência de elementos de prova, uma demonstração criteriosa do suposto direito a crédito, não havendo como confirmar o alegado crédito vindicado apenas com as declarações, ou parte delas, não tendo sido realizado um trabalho analítico de esclarecimento do suposto crédito. Sendo assim, não cabe reconhecer liquidez e certeza, no que não resta demonstrado, comprovado. Em suma, não há uma precisa indicação consubstanciada em elementos documentais para confrontarse DIPJ, DCTF, apurações, balanço patrimonial, balancetes e demais demonstrações contábil, e integral análise de contas contábeis do razão, tudo a fim de comprovar, de modo líquido e certo, a certeza de eventual crédito, inclusive para se compreender eventuais cálculos de valores originalmente declarados e dos valores retificados. Nesse sentido entendo por bem trazer aos autos o resumo da conclusão do seguinte precedente que entendo reforçar o presente fundamento: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Ressaltese, não caberia ao julgador, em instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria, sem falar que eventual documentação contábil não pode ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e de devida fundamentação com análise circunstanciada das conclusões que se extrairiam da escrita contábil ou da escrita fiscal, a fim de demonstrar o fato jurídico constitutivo da situação de direito a crédito que se pretende invocar sob a ótica da restituição, que seria o elo para efetivar a compensação. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10880.918420/201524 Acórdão n.º 1002000.498 S1C0T2 Fl. 150 12 Não há, portanto, motivos que justifiquem uma eventual reforma da decisão proferida pela DRJ, principalmente por ser atribuição deste Colegiado o controle da legalidade, e não o saneamento de erros imputados aos próprios contribuintes, notadamente quando de pedidos de compensação eletrônicos. Outrossim, não compete a este julgador sanear os autos para colacionar provas ao processo, quando sequer está convencido quanto a verossimilhança das alegações. Logo, verificandose correção no julgamento a quo, bem como observando que a Administração Tributária não agiu em desconformidade com a lei, nada há que se reparar no procedimento adotado na análise do pedido transmitido pelo contribuinte e apreciado no Despacho Decisório. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, não restando este devidamente comprovado, assim como considerando o até aqui esposado, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ por não merecer reparos. Dispositivo Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, em lhe negar provimento para manter íntegra a decisão recorrida. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator Fl. 150DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.900049/2014-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência para apresentação de provas quanto à validade do crédito. Vencidos os Conselheiros Pedro Sousa Bispo, Maria Aparecida Martins de Paula e Waldir Navarro Bezerra, que entendiam ser desnecessária a diligência. Designada a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência para apresentação de provas quanto à validade do crédito. Vencidos os Conselheiros Pedro Sousa Bispo, Maria Aparecida Martins de Paula e Waldir Navarro Bezerra, que entendiam ser desnecessária a diligência. Designada a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo - Relator (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
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CRÉDITO PRESUMIDO. Recorrente BUGIO AGROPECUÁRIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência para apresentação de provas quanto à validade do crédito. Vencidos os Conselheiros Pedro Sousa Bispo, Maria Aparecida Martins de Paula e Waldir Navarro Bezerra, que entendiam ser desnecessária a diligência. Designada a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .9 00 04 9/ 20 14 -0 8 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10925.900049/201408 Resolução nº 3402001.491 S3C4T2 Fl. 106 2 Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório do acórdão recorrido com os devidos acréscimos: Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração junho de 2011, no valor de R$ 35.239,83 (DARF de 25/07/2011, no valor R$ 35.239,83), transmitida através do PER/Dcomp nº 29338.64912.310713.1.3.049980. A DRF Joaçaba não homologou a compensação por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 7, já que pagamento indicado no PER/Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar débito mesmo período de apuração. Cientificado do despacho em 21/02/2014 (fl. 13), o recorrente apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 14/19, em 07/03/2014, para alegar que o despacho decisório não teria encontrado saldo de pagamento disponível, pois primeiramente, teria retificado apenas o Dacon, e não a DCTF. A retificação da DCTF teria ocorrido em 06/09/2013, e, portanto, antes da emissão do despacho. O interessado argumentou que seria frigorífico, sendo que sua atividade consistiria da aquisição de suínos vivos, de pessoas físicas, para abate. Estaria abrangido pela hipótese tratada no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Até dezembro de 2010, teria aplicado o dispositivo legal para deduzir crédito presumido, correspondente à 60% da alíquota do PIS e da Cofins, calculado sobre o valor dos bens adquiridos de pessoa física ou cooperado pessoa física Alegou que a partir de janeiro de 2011 teria deixado de fazer tal dedução, motivo pelo qual os pagamentos efetuados no período teriam sido a maior. Esclareceu que o art. 2º da Medida Provisória nº 552/2011 teria alterado o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para suprimir a dedução, se os bens fossem utilizados em produtos sobre os quais não incidissem o PIS e a Cofins, estivessem sujeitos à alíquota zero ou com a exigibilidade suspensa. Contudo, tal artigo não teria sido recepcionado pela Lei nº 12.655/2012, quando a Medida Provisória foi convertida. O Decreto nº 247/2012 teria tornado sem efeito as relações jurídicas constituídas e decorrentes do art. 8º da MP. O contribuinte concluiu, para defender que desde a edição da Lei nº 10.925/2004 teria direito à dedução tratada em seu art. 8º. Solicitou a realização de perícias e diligências para comprovar as retificações da DCTF e do Dacon. Por fim, requereu a anulação ou revisão do despacho decisório e a homologação da compensação. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10925.900049/201408 Resolução nº 3402001.491 S3C4T2 Fl. 107 3 Ato contínuo, a DRJRIBEIRÃO PRETO (SP) julgou a Manifestação de Inconformidade do Contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 30/06/2011 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. Em seu Recurso Voluntário, a Empresa suscitou apenas questões de mérito, apresentando as mesmas argumentações da sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Pedro Sousa Bispo. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Cabe frisar que pedido de diligência deve ser indeferido haja vista que já constam nos autos elementos suficientes a fim de se decidir a respeito da questão de mérito posta quanto a avaliação da procedência do direito creditório da Recorrente, nos termos do art.18 do Dec. nº70.235/72. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo. Voto Vencedor Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Em sessão, ousei divergir do I. Relator por entender que seria cabível, no caso, a conversão do processo em diligência para verificar a validade do crédito pleiteado pelo sujeito passivo. Como se depreende dos presentes autos, a Recorrente entende que seria suficiente a retificação do DACON e, posteriormente, da DCTF, para confirmar a validade do seu crédito. Contudo, necessário ainda que, além deste indício da existência do crédito, sejam analisados os documentos contábeis e fiscais necessários à confirmar a validade das informações constantes do DACON. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10925.900049/201408 Resolução nº 3402001.491 S3C4T2 Fl. 108 4 Uma vez que o contribuinte trouxe documentos que sugerem a existência do crédito (DACON retificador e DCTF retificadora), entendo pela necessidade da conversão do processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem oportunize à Recorrente a apresentação de documentos e informações adicionais que podem confirmar sua validade. Diante dessas considerações, à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/721, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba/SC): (i) intime a Recorrente para apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar o crédito presumido tomado pelo contribuinte informado em seu DACON retificador (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes). Importante que sejam anexados aos autos o DACON e a DCTF originais, com os esclarecimentos pela empresa de quais informações foram modificadas na apuração da COFINS devida no mês (comparação entre o DACON original e o DACON retificador). (ii) elaborar relatório fiscal conclusivo considerando os documentos e esclarecimentos apresentados, informando se os dados trazidos pelo contribuinte no DACON retificador estão de acordo com sua contabilidade, veiculando análise quanto à validade do crédito presumido informado pelo contribuinte (art. 8º da Lei nº 10.925/2004) e a possibilidade de seu reconhecimento no presente processo. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. É como proponho a presente Resolução. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. 1 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 108DF CARF MF
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Numero do processo: 10660.720897/2009-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)
Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, incluindo as áreas de florestas nativas localizadas no Bioma Mata Atlântica, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular.
DO VALOR DA TERRA NUA (VTN)
Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exige-se que o Laudo de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, atenda a integralidade dos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, e a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos.
Numero da decisão: 2201-004.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, incluindo as áreas de florestas nativas localizadas no Bioma Mata Atlântica, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exige-se que o Laudo de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, atenda a integralidade dos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, e a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente. (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, incluindo as áreas de florestas nativas localizadas no Bioma Mata Atlântica, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exigese que o Laudo de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, atenda a integralidade dos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, e a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 08 97 /2 00 9- 18 Fl. 430DF CARF MF 2 Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 366/393, interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), de fls. 338/360, a qual julgou parcialmente procedente o lançamento de Imposto Territorial Rural ITR, exercício de 2005, acrescido de multa lançada e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado "Fazenda São Bento II", cadastrado na RFB sob o nº 4.899.5258, com área declarada de 524,4 ha, localizado no Município de Passa Quatro/MG. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 100.801,00 (cem mil, oitocentos e um reais), já incluídos os juros e a multa. Ante a clareza do Relatório constante da decisão proferida pela DRJ, transcrevo: A ação fiscal, proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2005 incidentes em malha valor, iniciouse com o Termo de Intimação Fiscal nº 06106/00013/2009 de fls. 06/07, para a contribuinte apresentar os seguintes documentos de prova: 1º Identificação do contribuinte; 2º matrícula atualizada do registro imobiliário ou, em caso de posse, documento que comprove a posse e a inexistência de registro de imóvel rural; 3º Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR – do INCRA; 4º Ato Declaratório Ambiental – ADA requerido dentro de prazo junto ao IBAMA; 5º documentos, tais como Laudo Técnico emitido por engenheiro agrônomo/florestal, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART registrada no CREA, que comprovem as áreas de preservação permanente declaradas, identificando o imóvel rural e detalhando a localização e dimensão das áreas declaradas a esse título, previstas nos termos das alíneas “a” até “h” do art. 2º da Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, que identifique a localização do imóvel rural através de um conjunto de coordenadas geográficas definidores dos vértices de seu perímetro, preferivelmente georeferenciadas ao sistema geodésico brasileiro; 6º Certidão do órgão público competente, caso o imóvel ou parte dele esteja inserido em área declarada como de preservação permanente, nos termos do art. 3º da Lei nº 4.771/1965, acompanhado do ato do poder público que assim a declarou; Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 431 3 7º matrícula atualizada do registro imobiliário, com a averbação da área de reserva legal, caso o imóvel possua matrícula ou cópia do Termo de Responsabilidade/Compromisso de Averbação da Reserva Legal ou Termo de Ajustamento de Conduta da Reserva Legal, acompanhada de certidão emitida pelo Cartório de Registro de Imóveis comprovando que o imóvel não possui matrícula no registro imobiliário; 8º documento que comprove a localização da área de reserva legal, nos termos do § 4º do art. 16 do Código Florestal, introduzido pela Medida Provisória 2.16667, de 24 de agosto de 2001; 9º Laudo de Avaliação do Valor da Terra Nua emitido por engenheiro agrônomo/florestal, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT com grau de fundamentação e de precisão II, com Anotação de Responsabilidade Técnica – ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados e planilhas de cálculo e preferivelmente pelo método comparativo direto de dados do mercado. Alternativamente, o contribuinte poderá se valer de avaliação efetuada pelas Fazendas Públicas Estaduais (exatorias) ou Municipais, assim como aquelas efetuadas pela Emater, apresentando os métodos de avaliação e as fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel. Tais documentos devem comprovar o VTN na data de 1º de janeiro de 2005, a preço de mercado. A falta de comprovação do VTN declarado ensejará o arbitramento do VTN, com base nas informações do SIPT, nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, pelo VTN/ha do município de localização do imóvel para 1º de janeiro de 2005 no valor de R$: • Pastagem/pecuária R$ 3.000,00. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal, a contribuinte apresentou as correspondências de fls. 11/12 e 42 e juntou aos autos os documentos de fls. 13/41 e 43/105. No procedimento de análise e verificação da documentação apresentada e das informações constantes da DITR/2005, a fiscalização resolveu glosar integralmente a área de preservação permanente de 329,0 ha, além de alterar o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$731.000,00 (R$1.394,01/ha) para o arbitrado de R$1.217.420,82 (R$2.321,55/ha), com base em valor médio constante do SIPT, com consequentes aumentos da área tributável/aproveitável, do VTN tributável e da alíquota aplicada, e disto resultando imposto suplementar de R$44.687,24, conforme demonstrado às fls. 04. A descrição dos fatos e os enquadramentos legais das infrações, da multa de ofício e dos juros de mora constam às fls. 02/03 e 05. Da Impugnação Fl. 432DF CARF MF 4 Recebida a cientificação do lançamento, em 19.11.2009 (fls. 118), apresentou, em 21.12.2009 (fl. 119), impugnação de fls. 119/149, alegando em síntese: considera que a glosa da área de preservação permanente, mesmo com a apresentação do ADA e de Laudo Técnico, por não ter apresentado certidão do órgão público competente revelase totalmente arbitrária, consistindo em exigência que extrapola a norma, uma vez que os documentos entregues são suficientes à sua comprovação; explicita que, nos termos do artigo 5º, XXIII, da Constituição da República, “a propriedade atenderá sua função social”, sendo que o legislador constitucional limitou o direito de propriedade, declarando alguns espaços territoriais como “áreas de preservação permanente”, levandose em conta a sua função ambiental, nos termos do art. 170, VI, da Constituição; considera que, para dar efetividade aos referidos comandos Constitucionais, o Código Florestal conceitua área de preservação permanente, em seu art. 1º, §2°, III, relacionando nos artigos 2º e 3º as características essenciais para assim serem declaradas; salienta que o Decreto nº 91.304/1985, dispôs sobre a implantação da área de proteção ambiental nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, declarando a cidade de Passa Quatro (art. 1º) como Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira onde a Fazenda São Bento II está localizada; cita que a Resolução CONAMA nº 302/2002 estabeleceu a função da APP, sendo ela constituída pela flora, florestas e demais formas de vegetação (art. 20, caput e 30, caput, do Código Florestal), fauna, solo, ar e águas (Leis nº 4.771/1965 e nº 7.803/1989); informa que, corroborando as disposições citadas, a Resolução CONAMA nº 303/2002, dispôs acerca dos parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente, considerando a função sócioambiental da propriedade, de acordo com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, consistentes no dever de preservar a flora, fauna, os recursos hídricos, ocasião em que ratifica os termos do Código Florestal, em especial para proteger as faixas marginais ao curso d'água, montanhas e morros; enfatiza que é de ser reconhecido que a Fazenda São Bento II está encravada em área declarada como de proteção ambiental e preservação permanente, restando impossível ignorar esse instituto de direito ambiental; ressalta que, pelo exposto, tornase redundante exigir que se comprove algo que a própria lei já declarou, ou seja, exigir um documento declaratório, além do ADA e do Laudo Técnico, para que faça jus à isenção do imposto é um despropósito, pois a própria lei já cuidou de afetar parcela do imóvel como de interesse ambiental; Fl. 433DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 432 5 reitera que a área objeto da tributação pelo ITR está circunscrita no perímetro de preservação permanente, da denominada área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira, dentro do bioma da Mata Atlântica, não havendo o que ser questionado nesse sentido; sintetiza que, para comprovar que a área faz jus a exclusão da tributação, lançase mão da Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), Resolução CONAMA nº 302 e 303/2002, Decreto nº 91.304/1985, ADA e Laudo Técnico elaborado por profissional habilitado; informa que, sobre o tema, junta mapa de situação e uso do solo (anexo), contendo as particularidades da área denominada Fazenda São Bento II, sendo de fácil comprovação a existência de bacias hidrográficas por toda área, com inúmeras nascentes d'água, florestas nativas, e assim, áreas de reserva legal; considera que a fiscalização desconsiderou todos os documentos juntados, incluindo na base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente, presumindo como falsa a declaração apresentada, sem ao menos fazer prova de suas alegações; entende que somente o IBAMA poderia desconsiderar o ADA, sendo esse o órgão competente para proceder a fiscalização e autuação, caso a declaração esteja em desacordo com a previsão legal, aplicando as correspondentes sanções; salienta que o Laudo Técnico foi elaborado por profissional habilitado, o qual responde civil e criminalmente pela veracidade das suas informações, falecendo competência à fiscalização para desconsiderar esse documento sem sequer diligenciar a área do imóvel, e cita e transcreve ementas de Decisões do CARF e Decisões Judiciais, para referendar sua tese; esclarece que o Laudo de Avaliação foi elaborado por profissional habilitado, inscrito no CREA, com expertise na matéria e ART, ocasião em que se constata a idoneidade das informações constantes do referido parecer; afirma que o parecer elaborado para a avaliação do imóvel seguiu as diretrizes constantes da ABNT, optandose pelo Método Comparativo Direto de Dados de Mercado; informa que, em relação a especificidade almejada pela avaliação, teve como meta atingir o “Grau II”, tanto para à fundamentação como para a precisão do valor do imóvel, todavia, dadas as características do imóvel, sua atipicidade e, principalmente, a qualidade dos dados de mercado disponíveis em pesquisa de campo, não foi possível ao Perito atingir tal meta; informa, ainda, que, com base na legislação o laudo seguiu a classificação “Grau I” quanto à fundamentação, conforme a Fl. 434DF CARF MF 6 pontuação atingida para fins de classificação das avaliações, inclusive quanto à precisão, conforme amplitude do intervalo de confiança de 80% em torno da estimativa; assinala, ainda, que no caso de insuficiência de informações, que não permitam a utilização dos métodos previstos na norma, conforme item 8.1.2 da NBR 146531, o trabalho não será classificado quanto fundamentação e precisão e será considerado parecer técnico, como definido em 3.34 da NBR 146531; registra que o método utilizado tem respaldo legal, sendo que o valor das terras foi obtido com base no unitário definido para a propriedade padrão local, considerandose as devidas correções especificas para adequação às características do imóvel; considera que a pesquisa de mercado e os memoriais de cálculo instruem o laudo, sendo indevida a afirmação de que as fontes de pesquisa do estudo não foram anexadas ao trabalho, bem como, a de que não teria sido juntada a documentação idônea correspondente aos instrumentos de coleta de dados para comprovação do levantamento e formação do valor atribuído ao VTN; informa que, em relação ao mérito do laudo, este se baseou em levantamento georreferenciado, constatando que 100% do imóvel encontrase inserido na APA da Serra da Mantiqueira e que grande parte do imóvel (85,64%) encontrase ocupado por Áreas de Preservação Permanente, Áreas de Reserva Legal e Áreas de Floresta Nativa, em Bioma Mata Atlântica, portanto sujeita às suas limitações e restrições de uso e ocupação, fato esse que interfere diretamente no valor de mercado do imóvel; ressalta que o valor constante no Laudo segue critérios e procedimentos usuais da Engenharia de Avaliações, não representando um número exato e sim uma expressão monetária teórica e provável do valor pelo qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um imóvel, dentro das condições de mercado vigente, razão pela qual informou o preço médio do imóvel (R$1.394,01), não se valendo do mínimo (R$1.002,24) e nem do máximo (R$1.861,31); entende que o lançamento é nulo, posto que decorre de presunções, já que o imposto devido já foi corretamente declarado e recolhido e que, por isso, os fatos que envolvem o suposto débito devem ficar bem esclarecidos, a fim de não haver cerceamento do direito de defesa; salienta que a administração pública está adstrita ao principio da legalidade, sendo que a legislação do ITR (art. 10, § 7º) presume a veracidade em favor do contribuinte, não sendo legitimo o lançamento com base em suposições, carente de motivação e fundamentação, em especial de prova hábil a comprovar a eventual inverdade da declaração; ressalta que o arbitramento do valor do imposto é medida extrema, cerceadora do direito de defesa da Impugnante, e que a utilização do SIPT afronta o principio da legalidade, tendo em Fl. 435DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 433 7 vista a falta de segurança de seus dados, assim como a falta de publicidade, e a inacessibilidade ao sistema; entende que o ato da autoridade é desprovido de razoabilidade, eis que não considerou as particularidades do imóvel, optando por arbitrar o VTN com base em uma tabela que não reflete a realidade, o que demonstra a sua inadequação; ressalta que a nulidade do lançamento é evidente, não devendo a RFB prosseguir com a cobrança do mesmo, na medida em que presumiu que o VTN corresponderia ao valor fixado pela SIPT, sem ao menos realizar a diligência no imóvel, desconsiderando o valor médio informado no laudo elaborado pelo técnico habilitado, de acordo com os padrões exigidos pela norma ABNT; conclui que, para motivar a decisão da fiscalização, seria imprescindível a realização de diligências a fim de constatar eventuais irregularidades e não tendo sido realizadas as diligências que poderiam refutar a veracidade da declaração, resta cerceado o seu direito de defesa, afrontando a garantia constitucional estatuída no artigo 5º, LV, da Carta Magna; entende que a nulidade do lançamento é patente, posto que contém vícios formais insanáveis e que, portanto, deve ser o mesmo considerado nulo de pleno direito; reitera que o arbitramento da base de cálculo do ITR, com base na tabela SIPT constitui patente cerceamento ao direito de defesa da Impugnante, em razão da restrição ao acesso as informações inseridas no sistema, utilizadas no lançamento, não havendo como se averiguar a fidedignidade daqueles dados, não sendo uma fonte confiável e segura na determinação da base de cálculo do ITR, devendo prevalecer o laudo que leva em consideração a particularidades da região, em especial o valor do imóvel. discorre sobre o princípio da verdade material, considerando que, em matéria tributária, a autoridade fiscal tem o dever de buscar a verdade, sendo que o processo fiscal tem a finalidade de garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador bem como da constituição do crédito tributário, cabendo ao julgador buscar de forma exaustiva o que realmente ocorreu de modo a não prejudicar o direito do contribuinte; reitera que a fiscalização ignorou integralmente os documentos acostados, presumindoos inócuos, quando na verdade, caso pairasse alguma dúvida, deveria diligenciar para averiguar a veracidade das declarações; discorre sobre os princípios da motivação das decisões, da razoabilidade e da proporcionalidade, concluindo que o resultado a que chegou a fiscalização não está em consonância com esses princípios, posto que deveria ter considerado a documentação juntada; Fl. 436DF CARF MF 8 pelo exposto, requer a nulidade do lançamento, em razão das ilegalidades perpetradas pela fiscalização, em especial a: a) impossibilidade de desconsiderar o ADA e o Laudo Técnico, documentos estes suficientes a comprovação da idoneidade das informações firmadas na DITR, devendo haver o reconhecimento da área de preservação permanente; b) impossibilidade de exigir a certidão do órgão público competente, constituindo formalismo excessivo, uma vez que lei não exige tal documento, estando a administração pública adstrita ao principio da estrita legalidade, considerando que a presunção de veracidade é em favor do contribuinte, sendo incabível a inversão desses valores; c) impossibilidade de tributar a parcela do imóvel considerada área de preservação permanente, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas e das áreas cobertas por florestas nativas, restando ilegal o ato que desconsidera as informações do contribuinte, uma vez que é de fácil constatação que a área do imóvel está encravada na APA da Serra da Mantiqueira, dentro do bioma da Mata Atlântica, em respeito ao principio da verdade material, a fiscalização, subsidiada pelo ADA e pelo Laudo Técnico, deveria ratificar a declaração; d) impossibilidade de alteração do VTN informado na DITR, uma vez que alicerçado em Laudo de Avaliação elaborado por profissional habilitado, inscrito no CREA, com ART, não restando dúvidas acerca da idoneidade das informações constantes do referido parecer, realizado de acordo com as diretrizes elencadas na ABNT; e) impossibilidade de arbitramento da base de cálculo do ITR com base no SIPT, em razão do patente cerceamento ao seu direito de defesa, por conta; i) da restrição ao acesso as informações inseridas no sistema, ii) pela falta de publicidade das informações que subsidiaram a fixação da tabela, não sendo possível averiguar a fidedignidade dos dados utilizados, iii) não reflete uma fonte confiável e segura na determinação da base de cálculo do ITR, razão pela qual deve prevalecer o laudo que leva em consideração as particularidades do imóvel; por fim, solicita que , caso não seja acolhido seu entendimento, que a matéria seja devolvida a DRF, e, a fim de que seja reconhecido in totum o direito à exclusão da área tributável e, consequentemente, a não incidência sobre as áreas de preservação permanente, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas e cobertas por florestas nativas, realizandose as diligências necessárias, para que reste comprovada a veracidade das declarações, conforme fazem prova os documentos em anexo. Ressalvase que as referências à numeração das folhas das peças processuais, feitas no relatório e no voto, referemse aos autos primitivamente formalizados em papel, antes de sua conversão em meio digital, no qual as referidas peças estão reproduzidas sob a forma de imagem. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) Fl. 437DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 434 9 Quando da apreciação do caso, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) julgou procedente a autuação, conforme ementa abaixo (fls. 338/339): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 DA NULIDADE DO LANÇAMENTO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Tendo a contribuinte compreendido a matéria tributada e exercido de forma plena o seu direito de defesa, não há que se falar em NULIDADE do lançamento, que contém todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF). DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Com base em provas documentais hábeis, cabe restabelecer, parcialmente, a área de preservação permanente, para efeito de exclusão do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Para efeito de exclusão do ITR, não serão aceitas como de interesse ecológico ou como de preservação permanente as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, como os situados em APA, incluindo as áreas de florestas nativas localizadas no Bioma Mata Atlântica, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exigese que o Laudo de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, atenda a integralidade dos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, e a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos. DA PROVA PERICIAL A perícia técnica destinase a subsidiar a formação da convicção do julgador, limitandose ao aprofundamento de questões sobre provas e elementos incluídos nos autos, não podendo ser utilizada para suprir o descumprimento de uma obrigação prevista na legislação. Impugnação Procedente em Parte Fl. 438DF CARF MF 10 Crédito Tributário Mantido em Parte Transcrevo parte da decisão proferida em que deu parcial provimento à impugnação: De todo o exposto, com base em documentação hábil, cabe acatar uma área de preservação permanente de 117,3 ha, reduzindose a área tributável e o Valor da Terra Nua Tributável (VTNt), e, consequentemente, o valor do imposto suplementar apurado pela autoridade fiscal, conforme demonstrado a seguir: Alterar: Do Recurso Voluntário O Recorrente, devidamente intimado da decisão da DRJ, conforme aviso de fls. 394, em 20/03/2013 e apresentou o recurso voluntário de fls. 366/393. Em sede de Recurso Voluntário, praticamente repetiu os argumentos em sede de impugnação. Acrescentando os seguintes argumentos: Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 435 11 Nada obstante, a r. decisão recorrida silencia quanto a um aspecto essencial contido naquele Laudo: A isenção relativa às "Áreas com Floresta Nativa" em Bioma de Mata Atlântica de 216,57ha. Com efeito, mesmo que se desconsidere o ADA como meio legal para a comprovação da APP (o que realmente se espera) faz mister reconhecer que a área de 216,57ha é igualmente isenta de tributação pelo ITR. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama O Recurso interposto pelo contribuinte é tempestivo e, portanto, dele conheço. Área de Preservação Permanente A decisão recorrida houve por bem reduzir parte da autuação e passou a considerar a área de preservação permanente de 117,3ha, ao invés dos 0,0, considerados quando da lavratura do AI. Ocorre que, de acordo com a Recorrente, ainda há divergência com relação à área com florestas nativas que correspondem a 216,57ha e que segundo seu entender, também estaria isenta nos termos da legislação de regência. É fato que o laudo apresentado reconhece esta área, até mesmo, constam imagens de satélite relativas aos anos de 2007, 2009 e 2011 (fls. 380 a 381) dos autos. O correto seria dar provimento ao presente recurso reconhecendo a área de 216,57ha, conforme constou no laudo apresentado e pela comprovação das imagens de satélite. Entretanto, o pleito da recorrente não merece acolhida pelo simples fato de que só passou a ser reconhecido o direito à isenção da área de floresta nativa, com a alteração promovida pela Lei nº 11.428. de 22 de dezembro de 2006, ou seja, o reconhecimento da isenção pleiteada nos presentes autos, poderia ser reconhecida a partir do ano de 2007, ou seja, para o presente caso não se aplica conforme se verifica da legislação mencionada, especificamente, artigo 10, § 1º, inciso II, em sua redação original: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: Fl. 440DF CARF MF 12 I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vide art. 25 da Lei nº 12.844, de 2013) b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) as áreas sob regime de servidão florestal.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Redação dada pela Lei nº 11.428, de 2006) d) sob regime de servidão ambiental; (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) Merece destaque o fato de que a alínea "e" acima transcrita foi introduzida apenas em dezembro de 2006, passando a incidir apenas em 2007. Do VTN A autoridade lançadora esclareceu que o Contribuinte foi regularmente intimado, mas não comprovou o VTN declarado por meio de Laudo de Avaliação do Imóvel, razão pela qual o VTN foi arbitrado com base no SIPT. O Contribuinte, por sua vez, desde a Impugnação insiste que o imóvel não tem valor comercial em função de intervenções estatais que inviabilizam a sua utilização e, por esse motivo, conclui que o VTN arbitrado com base no SIPT não pode ser aceito. Conforme se verifica dos presentes autos, é possível observar que o referido sistema não distinguiu os VTNs em função da aptidão agrícola. Entretanto, esse é um elemento indispensável, conforme o art. 14, § 1º, da Lei. nº 9.393/1996 com art. 12, II, da Lei nº Fl. 441DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 436 13 8.629/1993. Sem a distinção por aptidão agrícola, o SIPT não preenche os requisitos de certeza mínimos para apuração da base de cálculo, se tornando imprestável para fins de arbitramento do VTN. Nesse sentido é a jurisprudência pacífica desse e.CARF: VTN. VALOR DA TERRA NUA. SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO. SIPT. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. VALOR MÉDIO DAS DITR. AUSÊNCIA DE APTIDÃO AGRÍCOLA. Incabível a manutenção do arbitramento com base no SIPT, quando o VTN é apurado adotandose o valor médio das DITR do município, sem levarse em conta a aptidão agrícola do imóvel. (acórdão CSRF nº 9202005.781, de 31/08/2017) ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. (acórdão CSRF nº 9202005.687, de 27/07/2017) PREÇOS DE TERRAS. VALOR MÉDIO DAS DITR. AUSÊNCIA DE APTIDÃO AGRÍCOLA. Incabível a manutenção do arbitramento com base no SIPT, quando o VTN é apurado adotandose o valor médio das DITR do município, sem levarse em conta a aptidão agrícola do imóvel. Por outro lado, uma vez reconhecida a subavaliação do imóvel por parte do Contribuinte, acolhese o VTN apurado com base em Laudo por ele apresentada. (acórdão CSRF nº 9202006.050, de 28/09/2017) VTN. VALOR DA TERRA NUA. SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO. SIPT. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. VALOR MÉDIO DAS DITR. AUSÊNCIA DE APTIDÃO AGRÍCOLA. LAUDO TÉCNICO. Rejeitado o arbitramento do VTN com base no SIPT, por não levar em conta a aptidão agrícola do imóvel, é de se acolher o valor apurado em Laudo de Avaliação apresentado pelo Contribuinte. (acórdão CSRF nº 9202005.699, de 27/07/2017). Caso o contribuinte conseguisse comprovar, por meio de laudo com uma eficiente pesquisa de preços e à época do fato gerador, o mesmo poderia ser considerado, o que não ocorreu. Nesse sentido, merece destaque o alegado na decisão recorrida, que justificam o não acolhimento do laudo apresentado : No caso, a autoridade fiscal não acatou, para comprovar o VTN declarado, o “Laudo de Avaliação”, doc. de fls. 61/96, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Maurício Elias Jorge, com ART anotada no CREA, documentos de fls. 103/105, com um VTN de R$581.464,80 (R$1.108,82/ha), especificamente, às fls.61 e 73, valor esse menor que o VTN declarado de Fl. 442DF CARF MF 14 R$1.394,01/ha, por entender que o mesmo não atendia às normas da ABNT (NBR 14.6533), como se depreende do teor da “Descrição dos Fatos” de fls. 03. A autoridade fiscal constatou, em síntese, que, primeiramente, o VTN/ha constante do Laudo era bem inferior ao valor médio/ha das DITR apresentadas para os imóveis rurais com a mesma localização, informado no SIPT e que foi adotado fatores de homogeneização medidos no mercado e que as fontes de pesquisa desse estudo especifico que lhes deu origem não foram anexadas ao trabalho, ou seja, que houve apenas citação das fontes, tais como mercado imobiliário (corretores e imobiliárias atuantes), cartório e pessoas ligadas ao meio rural (proprietários, agrônomos e pessoas afins), porém, não havendo nenhuma documentação idônea correspondente aos instrumentos de coleta de dados (recorte de jornais, certidão de matricula e/ou escritura, fichas, planilhas, roteiros de entrevistas, entre outros) que comprovasse tal levantamento e contribuísse na formação da convicção do valor atribuído ao VTN (NBR 7.4.1 e 7.7.2.1). Foi verificado, ainda, pela fiscalização, que da amostra de pesquisa de imóvel para comparação foram informados apenas quatro, quando se necessita, no mínimo, cinco dados (NBR 9.2.3.5, b) e que, também, foram considerados atributos semelhantes, aqueles em que cada um dos fatores de homogeneização foram calculados em relação ao imóvel avaliando, no intervalo entre 0,50 e 1,50, enquanto que para caracterização do grau de fundamentação II, o intervalo admissível de ajuste para cada fator e para cada conjunto de fatores deve estar entre 0,80 e 1,20 (NBR 9.2.3.5). Pois bem, no presente caso não há como restabelecer o VTN declarado pela contribuinte, pois entendo que o teor do documento trazido aos autos não se mostra hábil para a finalidade a que se propõe, uma vez que não segue a integralidade das normas da ABNT, para um Laudo com fundamentação e grau de precisão II, não demonstrando, de forma clara e inequívoca, o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do ITR/2005 (1º.01.2005), nem a existência de características particulares desfavoráveis, que justificassem um VTN/ha abaixo do arbitrado pela fiscalização com base no SIPT. De fato, a avaliação constante do Laudo não atende aos requisitos estabelecidos na NBR 14.6533, principalmente os itens 7.4 – Pesquisa para estimativa do valor de mercado, 7.7 – Tratamento de Dados e 9 – Especificação das Avaliações, com todos os elementos de pesquisa identificados (número de dados efetivamente utilizados maior ou igual a cinco – item 9.2.3.5) e em especial o subitem 9.2.2.2., que estabelece que o profissional deve enquadrar o seu trabalho em cada item da Tabela 2 da Norma, para conferir o grau de fundamentação do Laudo de Avaliação. Portanto, o laudo é sucinto, podendo ser enquadrado como um “Parecer Técnico”, mas não como “Laudo Técnico de Avaliação”, classificado, pelo menos, com Grau de fundamentação I, quando o que se exige é Grau II de Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10660.720897/200918 Acórdão n.º 2201004.739 S2C2T1 Fl. 437 15 fundamentação e precisão. No que concerne aos requisitos da NBR 146533, o item 9.2.3.3 desta Norma estabelece que são obrigatórios, em qualquer grau “a explicitação do critério adotado e dos dados colhidos no mercado”. Ainda, ocorre que a exemplo do VTN/ha originariamente declarado, o VTN/ha apontado pelo autor do trabalho, de R$1.108,82/ha, também, se encontra muito abaixo dos VTN relacionados no SIPT, correspondendo a apenas 47% do VTN médio por hectare, apurado no universo das DITRs, de R$2.321,55, referentes aos imóveis localizados no município de Passa Quatro – MG, para o ano de 2005, além, de corresponder a apenas 37% do valor constante, por aptidão agrícola, do SIPT (R$3.000,00/ha), informado pela Secretaria Estadual de Agricultura, de forma que o acatamento da pretensão da contribuinte exigiria uma demonstração que não deixasse dúvidas da inferioridade do imóvel em relação aos outros existentes na região, o que não aconteceu. Enfim, o autor do trabalho não fez, de maneira objetiva, a comparação qualitativa das características particulares do imóvel em comparação com as demais terras dos imóveis rurais circunvizinhos, não evidenciando, de forma inequívoca, que o mesmo possui características particulares desfavoráveis diferentes das características gerais da microrregião de sua localização, para fins de justificar a revisão pretendida. Salientese que o Laudo de Avaliação apresentado na fase inicial dos trabalhos de fiscalização foi, praticamente, o mesmo apresentado na fase de impugnação administrativa, às fls. 159/195. Além de as 4 amostras apresentarem pequenas variações entre os dois Laudos, às fls. 95 e 194, e os VTN permanecem os mesmos, às fls. 61 e 159. Verificase, também, que o primeiro Laudo afirmava possuir Grau II de fundamentação e precisão, às fls. 70, e que após análise feita pela fiscalização e constante da “Descrição dos Fatos” de fls. 03, o segundo Laudo, apenas, modifica o texto referente a “Especificação da Avaliação”, às fls. 168, afirmando que a meta era atingir o Grau II e que não foi possível atingila, pelas características do imóvel, e que foi atingido o Grau I para fundamentação e precisão. Quanto ao tema, a própria contribuinte reconhece em sua impugnação que o laudo seguiu a classificação “Grau I” quanto à fundamentação, conforme a pontuação atingida para fins de classificação das avaliações, inclusive quanto à precisão, conforme amplitude do intervalo de confiança de 80% em torno da estimativa, contudo, assinalando que no caso de insuficiência de informações, que não permitissem a utilização dos métodos previstos na norma, conforme item 8.1.2 da NBR 146531, o trabalho não seria classificado quanto fundamentação e precisão e será considerado parecer técnico, como definido em 3.34 da NBR 146531. Fl. 444DF CARF MF 16 Quanto a essa alegação, cumpre esclarecer que o Laudo não apresenta as justificativas e comprovações necessárias ao reconhecimento dos fatos impeditivos quanto a eventual insuficiência de informações que não permitissem atingir o Grau II de fundamentação e precisão, não bastando apenas a afirmação nesse sentido. Assim, na fase de impugnação, poderia a interessada ter apresentado um novo Laudo, ou, realmente, um Laudo Complementar, suprindo as deficiências constatadas, de modo a demonstrar, de forma inequívoca, além do valor fundiário do imóvel, a preços de 1º.01.2005, também, que o imóvel avaliado, especificamente, apresenta condições desfavoráveis que justifiquem a utilização de VTN por hectare inferior ao constante do SIPT/RFB. Não tendo sido apresentado Laudo de Avaliação, de acordo com as normas da ABNT com as exigências apontadas anteriormente, e especificadas no Termo de Intimação Fiscal, e sendo tal documento imprescindível para demonstrar que o valor fundiário do imóvel, a preços de mercado, em 1º.1.2005, está compatível com a distribuição das suas áreas, de acordo com as suas características particulares e classes de exploração, não cabe alterar o VTN arbitrado pela autoridade fiscal. Dessa forma, entendo que deva ser mantida a tributação do imóvel com base no VTN de R$1.217.420,82 (R$2.321,55/ha), arbitrado pela fiscalização com base no SIPT para o município de Passa Quatro/MG. Sendo assim, não cumpridos os requisitos legais, o laudo apresentado pode ser acolhido para reduzir o valor da terra nua. Conclusão Em razão do exposto, conheço do recurso voluntário e negolhe provimento. (assinado digitalmente) Relator Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 445DF CARF MF
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Numero do processo: 19985.722272/2016-21
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
A matéria não impugnada representa o aceite por parte do contribuinte.
DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO.
As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea.
Numero da decisão: 2002-000.434
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. A matéria não impugnada representa o aceite por parte do contribuinte. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
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A matéria não impugnada representa o aceite por parte do contribuinte. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 98 5. 72 22 72 /2 01 6- 21 Fl. 94DF CARF MF Processo nº 19985.722272/201621 Acórdão n.º 2002000.434 S2C0T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls.82/85) contra decisão de primeira instância (fls.73/75), que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da r. DRJ, que assim diz: O interessado impugna lançamento do anocalendário 2012, onde foram glosadas deduções de previdência oficial (R$ 34,50), despesas médicas (R$ 12.388,40) e pensão alimentícia (R$ 7.787,72), resultando em imposto suplementar de R$ 1.762,34. De acordo com o relatório fiscal, somente foi considerada a pensão alimentícia relativa ao excônjuge, considerando que os demais filhos já eram maiores de 24 anos em 2012. Como o documento apresentado não discriminava as parcelas de pensão que caberia a cada beneficiário, a pensão foi dividida pelo número de beneficiários. Apresenta documentos para comprovar a pensão alimentícia glosada (R$ 7.787,72) e a dedução de despesas médicas de R$ 2.350,65, pagas à Assefaz, relativas ao dependente Allessandro de Luccianno Fanchin, 24 anos, universitário. Não contesta as demais glosas. O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento: DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando as alegações da impugnação e juntando documentos. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. O contribuinte foi cientificado em 23/05/2017 (fl.79); Recurso Voluntário protocolado em 09/06/2017 (fl.82), assinado pelo próprio contribuinte. Fl. 95DF CARF MF Processo nº 19985.722272/201621 Acórdão n.º 2002000.434 S2C0T2 Fl. 4 3 O r. acórdão recorrido, manteve a condenação do recorrente, nos seguintes títulos: a) pensão alimentícia; b) dedução de despesa médica de Allessandro de Luccianno Fanchin. Irresignado, o contribuinte maneja Recurso Voluntário, combatendo apenas os valores a título de pensão alimentícia. A r. decisão de origem, finca entendimento na seguinte razão: “A pensão alimentícia somente é dedutível no imposto de renda quando paga por força de sentença, acordo homologado judicialmente ou escritura pública”. O documento de fl. 90, trazido aos autos pelo recorrente, dá conta que em 25 de setembro de 1990, o MM. Juízo da 4ª Vara da Família da Comarca de Curitiba ordena ao superintendente do INAMPS, para que faça o desconto mensal em folha de pagamento de Laertes Fanchin, da importância de 50% sobre todos os rendimentos líquidos à título de pensão alimentícia. O documento de fl. 89, trazido aos autos pelo recorrente, dá conta que em 07 de novembro de 2003, o MM. Juízo da 4ª Vara da Família da Comarca de Curitiba, envia um Ofício, ao Ilmo Sr. Diretor do Departamento de Recursos Humanos do Ministério da Fazenda, com o seguinte teor: “Atendendo ao contido nos autos sob nº 636/2003 de EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS em que é requerente LAERTES FANCHIN e requerido MARIA CECILIA FANCHIN, LUCIANE FANCHIN PEREIRA, ALLESSANDRA FANCHIN E ANDRESSA FANCHIN, solicito a Vossa Senhoria as providências necessárias no sentido de que seja implantado em folha de pagamento do Sr. LAERTES FANCHIN, a redução do desconto para a importância mensal correspondente a 12,5% (doze vírgula cinco por cento) dos seus rendimentos líquidos, a título de pensão alimentícia em favor de MARIA CECILIA FANCHIN”. Desta forma, pela documentação apresentada, o recorrente provou suas alegações no seu apelo. Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito dáse provimento ao recurso, para expungir da condenação os valores sob o título de “Pensão Alimentícia”. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.955025/2010-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/05/2004
COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO POR FORÇA DA SÚMULA CARF N. 02.
Em conformidade com a Súmula CARF n. 02 é vedado a este colegiado analisar a constitucionalidade de norma tributária em vigor.
REMISSÃO DE DÉBITOS
Dentre as competências atribuídas ao julgador de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento não se inclui a concessão de remissão de débitos.
Numero da decisão: 3302-005.947
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.903059/2011-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/05/2004 COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO POR FORÇA DA SÚMULA CARF N. 02. Em conformidade com a Súmula CARF n. 02 é vedado a este colegiado analisar a constitucionalidade de norma tributária em vigor. REMISSÃO DE DÉBITOS Dentre as competências atribuídas ao julgador de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento não se inclui a concessão de remissão de débitos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.903059/2011-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad
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INCIDÊNCIA SOBRE SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO POR FORÇA DA SÚMULA CARF N. 02. Em conformidade com a Súmula CARF n. 02 é vedado a este colegiado analisar a constitucionalidade de norma tributária em vigor. REMISSÃO DE DÉBITOS Dentre as competências atribuídas ao julgador de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento não se inclui a concessão de remissão de débitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.903059/201116, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimaraes (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 95 50 25 /2 01 0- 18 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10880.955025/201018 Acórdão n.º 3302005.947 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB com créditos decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio de Despacho Decisório Eletrônico, a compensação pleiteada não foi homologada ante a ausência/insuficiência de créditos oponíveis contra a Fazenda Pública, uma vez que o pagamento indicado foi encontrado, encontrandose, todavia, totalmente alocado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado da decisão o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade. Sinteticamente, sustenta a inconstitucionalidade da COFINS recolhida em razão de no período estar em vigor a Súmula STJ n. 276 e entender que a exigência da contribuição sobre sociedades uniprofissionais seria indevida até 17 de setembro de 2008, quando admite que tributo finalmente teve sua constitucionalidade declarada pelo STF, quando do julgamento da ADI 4071. Sobreveio então o julgamento da DRJ, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 16038.295. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário ao CARF, por meio do qual suscitou os argumentos já submetidos à DRJ, enfatizando a inconstitucionalidade da exação bem como a existência de remissão promovida pela lei 11.941/2009. É o relatório. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10880.955025/201018 Acórdão n.º 3302005.947 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.932, de 26 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.903059/201116, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.932): "O Recurso Voluntário foi apresentado de forma tempestiva e revestese dos demais requisitos legais, razão pela qual o admito. Não tendo sido arguidas preliminares, é de se passar à análise do mérito. O cerne da controvérsia é deveras interessante, não é de competência deste colegiado, mas sim do Poder Judiciário, contudo merece ser mencionada para a devida contextualização da matéria em discussão: Tratase da à possibilidade ou não de uma lei formalmente complementar, contudo materialmente ordinária, ser revogada por uma lei ordinária. Da solução desta polêmica decorre a tributação, ou não, das sociedades uniprofissionais, isentadas da COFINS pela Lei Complementar n. 70/91, mas que a referida isenção foi revogada pela Lei Ordinária n. 9.430/96. Na tentativa de pacificar a matéria, no dia 14.05.2003 o STJ editou a Súmula n. 276 que dispunha que "As sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas de COFINS, irrelevante o regime tributário adotado". Contudo, no julgamento do RE 377.457/PR e RE 381.964/MG o STF admitiu a constitucionalidade da revogação da Lei Complementar (materialmente ordinária) pela Lei Ordinária e a Súmula STJ 276, o que na prática chancelou a tributação das sociedades uniprofissionais pela COFINS desde a entrada em vigor da Lei Ordinária n. 9.430/96. Em que pese o fato da enorme insegurança jurídica promovida pela alteração jurisprudencial, por força da SÚMULA CARF N. 02 a este Colegiado é vedado apreciar eventual inconstitucionalidade de norma jurídica em vigor. Em relação à exigência da COFINS sobre as sociedades uniprofissionais, este Colegiado possui entendimento consolidado no sentido de que deve ser reconhecida a isenção para sociedade civil prestadora de serviços profissionais em período anterior à publicação da Lei 9.430/96, sendo irrelevante o regime tributário que esta adote para fins do Imposto de Renda, conforme prevê a Súmula 276 do STJ, como se aduz do Acórdão n. 9303 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10880.955025/201018 Acórdão n.º 3302005.947 S3C3T2 Fl. 5 4 002.036 proferido no Recurso Especial n. 15374.002049/0063, de relatoria da Ilma. Conselheira Nanci Gama, julgado em 10 de julho de 2012. Contudo, os valores tratados nos presentes autos dizem respeito a período posterior, no qual encontrase em vigor legislação que determina a tributação das sociedades uniprofissionais pela COFINS, cuja constitucionalidade foi reconhecida pelo Pretório Excelso. Neste sentido vale destacar que a declaração da constitucionalidade da revogação pelo STF, por ter natureza declaratória, possui efeitos ex tunc, ou seja, retroagido à data da entrada em vigor da norma revogante. Estando a atividade da Recorrente na região de incidência de norma fiscal impositiva, não há de se reformar a decisão atacada, que nega direito ao crédito tributário pretendido pela Recorrente. Em relação ao argumento da existência de remissão promovida pela lei 11.941/2009, também é certo que a concessão ou o reconhecimento da remissão não é matéria de competência da Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil, razão pela qual deve ser mantida a r. decisão atacada. Pelos motivos já expostos é de se negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000996/2004-73
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO.
Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadram-se no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep não-cumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002.
Numero da decisão: 9303-007.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadram-se no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep não-cumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002.
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secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
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NÃO CONHECIMENTO. Tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadramse no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep nãocumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 09 96 /2 00 4- 73 Fl. 724DF CARF MF Processo nº 11020.000996/200473 Acórdão n.º 9303007.682 CSRFT3 Fl. 725 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (efls. 07 a 55, e reproduzido às efls. 616 a 664), com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 330200.174 (efls. 01 a 06, e reproduzido às efls. 604 a 609) proferido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 18 de setembro de 2009, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. OUTRAS DESPESAS. Por falta de previsão legal, não geram direito ao crédito do PIS/Cofins as despesas realizadas ou incorridas que não se enquadrem no conceito de insumo, exceto as previstas na legislação. Também não geram direito a crédito as despesas que não forem comprovadas por meio de documentação hábil e idônea. COMBUSTÍVEL E LUBRIFICANTES USADO NA PRODUÇÃO. DIREITO AO CRÉDITO. As despesas com a aquisição de combustíveis, inclusive o GLP, e os lubrificantes usados no processo produtivo da adquirente dão direito ao crédito do PIS/Cofins nãocumulativos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da TERCEIRA CÂMARA da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao crédito nas aquisições de GLP. (grifouse) Fl. 725DF CARF MF Processo nº 11020.000996/200473 Acórdão n.º 9303007.682 CSRFT3 Fl. 726 3 Não resignada em parte com a decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial (efls. 07 a 55, e reproduzido às efls. 616 a 664) alegando divergência jurisprudencial quanto ao conceito de insumos para fins de utilização de créditos das contribuições para o PIS e a COFINS na sistemática da nãocumulatividade, defendendo que apenas podem ser considerados insumos para fins de cálculo do crédito do PIS não cumulativo aqueles elencados no art. 3º da Lei nº 10.637/2002 combinado com o art. 66 da IN SRF nº 464/2004, adotando a tese da definição de “insumos” prevista na legislação do IPI. Nessa linha, sustenta não ser possível o creditamento de PIS e COFINS com relação às aquisições de gás GLP para empilhadeiras e lubrificantes para máquinas industriais, pois não se incorporam ao produto final. Para comprovar a divergência, colacionou como paradigma o acórdão n.º 20312.448 que, diversamente da decisão recorrida, adota como conceito de “insumo” a tese trazida na legislação do IPI. A Recorrente aduz ainda, em apertadas linhas, com base no conceito de insumos da legislação do IPI, para se considerar combustíveis e lubrificantes como insumos, é necessário que estes sejam empregados diretamente na fabricação dos produtos destinados à venda, e desde que não contabilizados pelo contribuinte no seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou por ele diretamente sofrida, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Por fim, pede o provimento do recurso especial com a reforma do acórdão recorrido no ponto atacado. Nos termos do despacho n.º 33000042, de 06 de junho de 2011 (efls. 95 a 98), foi dado seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, por ter sido entendida como comprovada a divergência jurisprudencial, com base no Acórdão paradigma n.º 203 12.448, quanto ao conceito de insumo para utilização dos créditos na apuração do PIS e da COFINS na sistemática da nãocumulatividade, mais especificamente quanto ao direito ao crédito de PIS/Pasep nas aquisições de GLP e lubrificantes para máquinas industriais. Cientificada, a Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 707 a 722), postulando a negativa de provimento ao recurso especial. O presente processo foi distribuído a essa Relatora, estando apto a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Fl. 726DF CARF MF Processo nº 11020.000996/200473 Acórdão n.º 9303007.682 CSRFT3 Fl. 727 4 Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisarse o atendimento aos demais requisitos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (anteriormente Portaria MF n.º 256/2009). No acórdão recorrido, a Turma a quo afastou a glosa relativa aos créditos de PIS/Pasep nãocumulativo decorrente das aquisições de combustíveis gás GLP para as empilhadeiras e lubrificantes para as máquinas industriais, com base no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, que expressamente prevê a possibilidade de exclusão dos referidos itens da base de cálculo do PIS desde que utilizados na fabricação dos bens, restando superada a discussão quanto ao seu enquadramento no conceito de insumos. Para elucidar a assertiva, transcrevese trecho da decisão de parcial provimento do recurso voluntário, combatida no recurso especial da Fazenda Nacional, in verbis: [...] A recorrente defende que o gás usado em empilhadeira e o lubrificante usado na manutenção de máquinas são insumos, no que a decisão recorrida discorda. Sobre este tema, o inciso II, do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002, e alterações posteriores (Leis nº 10.684/03 e 10.865/04), assim dispõe: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (grifei). Da leitura atenta deste dispositivo legal há que se concluir que a condição para descontar o crédito sobre combustíveis e lubrificantes é que eles sejam usados na fabricação de bens ou Fl. 727DF CARF MF Processo nº 11020.000996/200473 Acórdão n.º 9303007.682 CSRFT3 Fl. 728 5 produtos, estando superada a discussão se os mesmos são ou não insumos. A Lei determina que os mesmos sejam assim tratados. No caso concreto, não vejo como negar o crédito sobre o gás (GLP) usado em empilhadeira e o lubrificante para máquinas porque estes equipamentos (máquinas e empilhadeira) são usados no processo de produção de artefatos de madeira. Poderseia questionar que a empilhadeira não é equipamento usado na fabricação de artefatos de madeira. No entanto, pelo que disse a recorrente, no que concordo, este equipamento é usado pára a movimentação de matériaprima dentro da empresa, indispensável e integrante do processo produtivo. 0 fato de também ser usada para movimentar produtos acabados, ao meu ver, não excluir o direito ao crédito. Por seu turno, o lubrificante usado na manutenção de máquinas deve ter o mesmo tratamento das peças de reposição que, inquestionavelmente, geram direito a crédito. [...] Portanto, os argumentos que embasaram a concessão do direito ao crédito passam ao largo da discussão quanto ao conceito de insumos, pois se restringem à disposição contida no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 e na condição de que os combustíveis e lubrificantes sejam utilizados na fabricação dos bens, requisitos verificados no caso dos autos. A Fazenda Nacional, por meio do seu recurso especial, busca reverter o julgado com relação à concessão dos créditos decorrentes das aquisições de GLP e lubrificantes para máquinas, atacando, no entanto, argumento diverso daquele utilizado pelo acórdão recorrido. A divergência jurisprudencial suscitada e comprovada pela Procuradoria referese ao conceito de insumos, defendendo aplicarse aquele mais restrito decorrente da legislação do IPI. Nesse sentido é a argumentação desenvolvida em sua peça recursal, bem como o acórdão n.º 203 12.448, indicado como paradigma, cuja ementa segue abaixo transcrita, in verbis: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/07/2003 IPI. CRÉDITOS. Geram o direito ao crédito, bem como compõem a base cálculo do crédito presumido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem), e os artigos que se consumam durante o processo produtivo e que não faça parte do ativo permanente, mas que nesse consumo continue guardando uma relação intrínseca com o conceito stricto sensu de matériaprima ou produto intermediário: exercer na operação de industrialização um contato físico Fl. 728DF CARF MF Processo nº 11020.000996/200473 Acórdão n.º 9303007.682 CSRFT3 Fl. 729 6 tanto entre uma matériaprima e outra, quanto da matériaprima com o produto final que se forma. PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. GLOSA PARCIAL. O aproveitamento dos créditos do PIS no regime da não cumulatividade há que obedecer às condições especificas ditadas pelo artigo 3° da Lei n° 10.637, de 2002, c/c o artigo 66 da IN SRF n° 247, de 2002, com as alterações da IN SRF n° 358, de 2003. Incabíveis, pois, créditos originados de gastos com seguros (incêndio, vendaval etc), material de segurança (óculos, jalecos, protetores auriculares), materiais de uso geral (buchas para máquinas, cadeado, disjuntor, calço para prensa, catraca, correias, cotovelo, cruzetas, reator para lâmpada), peças de reposição de máquinas, amortização de despesas operacionais, conservação e limpeza, manutenção predial. Recurso negado. Portanto, tendo o acórdão paradigma restringido a sua análise da matéria a quais bens ou serviços enquadramse no conceito de insumos, segundo a legislação do IPI, para fins de creditamento do PIS/Pasep nãocumulativo, não se estabelece com a decisão recorrida a necessária divergência jurisprudencial, pois não se trava a discussão quanto à previsão expressa contida no inciso II do art. 3º, da Lei n.º 10.637/2002. Além disso, verificase dos itens tratados na decisão paradigmática não estarem dentre os mesmos combustíveis (gas GLP) e lubrificantes para máquinas, evidenciandose ainda mais a ausência de divergência jurisprudencial. Diante do exposto, não se conhece do recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 729DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.723254/2013-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÃO DO CUSTO HOSPITALAR DA BASE DE CÁLCULO
As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da COFINS as despesas e custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos, hospitalares, entre outros, realizados com seus próprios beneficiários e beneficiários de outras operadoras, líquidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades.
COFINS DESCONTADA NA FONTE. APROVEITAMENTO EM MESES SUBSEQUENTES
De acordo com as instruções do DACON, o valor descontado em determinado mês somente pode ser transferido para o seguinte, caso não tenha sido possível sua utilização, ou seja, se o valor a pagar for menor do que o descontado na fonte.
Como o contribuinte apurou valores a pagar em todos os meses anteriores àqueles em que efetuou as compensações, não se configurou a impossibilidade de deduzir o fonte no mesmo em que houve o desconto. Portanto, incabível sua dedução em períodos de apuração seguintes.
Numero da decisão: 3301-004.757
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer, em parte, o recurso voluntário e, na parte conhecida, dar parcial provimento para acatar as alegações de equívoco no cálculo do auto de infração. Vencidos os Conselheiros Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen, que também davam provimento para exclusão das receitas financeiras.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: Relator
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OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÃO DO CUSTO HOSPITALAR DA BASE DE CÁLCULO As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da COFINS as despesas e custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos, hospitalares, entre outros, realizados com seus próprios beneficiários e beneficiários de outras operadoras, líquidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. COFINS DESCONTADA NA FONTE. APROVEITAMENTO EM MESES SUBSEQUENTES De acordo com as instruções do DACON, o valor descontado em determinado mês somente pode ser transferido para o seguinte, caso não tenha sido possível sua utilização, ou seja, se o valor a pagar for menor do que o descontado na fonte. Como o contribuinte apurou valores a pagar em todos os meses anteriores àqueles em que efetuou as compensações, não se configurou a impossibilidade de deduzir o fonte no mesmo em que houve o desconto. Portanto, incabível sua dedução em períodos de apuração seguintes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer, em parte, o recurso voluntário e, na parte conhecida, dar parcial provimento para acatar as alegações de equívoco no cálculo do auto de infração. Vencidos os Conselheiros Semíramis de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 32 54 /2 01 3- 02 Fl. 3630DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.626 2 Oliveira Duro e Valcir Gassen, que também davam provimento para exclusão das receitas financeiras. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Fl. 3631DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.627 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Versa o presente processo sobre Autos de Infração lavrados em nome do contribuinte Unimed do Estado de Santa Catarina Federação Estadual das Cooperativas Médicas, pertinente à falta ou insuficiência de recolhimento da Contribuição para o Pis Programa de Integração Social e para a Cofins – Contribuição para o financiamento da Seguridade Social, nos períodos de janeiro de 2009 a dezembro de 2011, conforme elementos acostados no Termo de Verificação às fls. 2.799/2.820, respectivamente nos valores de R$ 12.271.827,52 (doze milhões, duzentos e setenta e um mil, oitocentos e vinte e sete reais e cinqüenta e dois) e R$ 52.613.324,70 (cinquenta e dois milhões, seiscentos e treze mil, trezentos e vinte e quatro reais e setenta centavos) incluindo principal e juros de mora calculados até 30/09/2013. O procedimento fiscal teve como escopo a verificação da apuração do Pis e da Cofins nos anoscalendário de 2009 a 2011. O Termo de Verificação fiscal às fls. 2.799/2.820, em síntese concluiu que: 1. O contribuinte apresentou os Balancetes às fls. 39/2.782, informando também não ser parte em ação judicial referente às contribuições fiscalizadas; 2. Após a análise das informações e documentos fornecidos pelo contribuinte, referentes às intimações efetuadas ao longo do procedimento fiscal, concluiuse pela insuficiência de recolhimentos, tendo em vista a grande diferença entre as bases de cálculo apresentadas pelo contribuinte e as apuradas pela fiscalização, que entendeu não estarem amparadas pela legislação, expressivas deduções efetuadas pelo contribuinte; 3. Das deduções previstas no §9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, as dos incisos I e II foram ratificadas pela fiscalização. Entretanto, em relação ao inciso III, que trata das indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de transferências de responsabilidades, o valor deduzido foi considerado incorreto; 4. O autuante, baseado na jurisprudência administrativa, que através de julgados e Pareceres concluiu que o dispositivo em questão tratava apenas de operações com associados de outras operadoras, glosou as operações com os próprios associados da Unimed Santa Catarina; 5. Cita a Solução de Consulta SRRF/3º Região RF/Disit nº 20 de 23 de outubro de 2003, adotando seu entendimento. As planilhas de apuração elaboradas pela fiscalização constam às fls. 2.808/2.813. Cientificado dos lançamentos em 07/10/2013 (fls.2.822 e 2.832), o contribuinte apresentou a peça impugnatória de fls. 2.847 a 2.861, em 30/10/2013. Nesta alega em síntese, que a autuação fiscal não deve prosperar pelos seguintes fatos: Fl. 3632DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.628 4 1. Preliminarmente assevera que Auto de Infração não é istrumento próprio para constituição do crédito tributário, tendo em vista que deve ser utilizado para aplicação de penalidades, conforme determinação dos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72; 2. Portanto, o meio correto seria a Notificação de Lançamento; 3. Havendo erro de forma, tendo em vista que a constituição do crédito tributário se dá por ato administrativo plenamente vinculado (arts. 3o e 142 do CTN), deve ser anulado o ato que descumpra a forma exigida em lei; 4. No mérito argumenta que a glosa feita pela fiscalização em relação à dedução prevista no inciso III, § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, não deve prosperar tendo em vista ter sido considerado, para fins de tributação, toda a receita bruta da cooperativa, porém, ter sido desconsiderada como dedutível da base de cálculo das aludidas contribuições, o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da própria operadora da cobertura oferecida pelos planos de saúde; 5. A interpretação literal do dispositivo permite concluir que é possível deduzir da base de cálculo do Pis e da Cofins, todas as importâncias referentes às indenizações dos eventos ocorridos. O dispositivo não menciona nem limita as exclusões, se são os valores despendidos com os beneficiários próprios ou de outras operadoras; 6. Denotase assim, que o art. 3o, parágrafo 9o, III, da Lei 9.718/1998 pretendeu excluir da tributação do Pis e da Cofins o valor referente a todas as indenizações correspondentes aos eventos ocorridos; 7. A Agência Nacional de Saúde consolidou o entendimento acerca do parágrafo acima referido nos seguintes termos, consubstanciado no Ofício 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS: '3 VALOR REFERENTE ÀS INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS, EFETIVAMENTE PAGOS, DEDUZIDOS DAS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS A TÍTULO DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES. Eventos ocorridos: são os custos assistenciais decorrentes da utilização, pelos beneficiários, da cobertura oferecida pelo plano de saúde, ou seja, são os custos com os atendimentos feitos aos beneficiários do plano de saúde da operadora, tais como consultas médicas/odontológicas, exames laboratoriais, hospitalização, terapias etc. que estejam diretamente ligados ao ato assistencial, os quais a operadora reconhecerá contabilmente na data de apresentação da conta médica ou do aviso pelos prestadores, em atenção ao regime de competência. A classificação será nas contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117 e 4118 (capitulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006; ou Capítulo IV do Anexo II da RN n. 27/2003); Esses eventos serão escriturados em "Controles Gerenciais" conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN n. 27/2003; Fl. 3633DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.629 5 Valor dos Eventos Efetivamente Pagos: são os eventos conhecidos, ocorridos, líquidos das recuperações por glosas, ressarcimento ou outras deduções, como descontos obtidos, classificados nas contas 4121, 4122, 4128, 4129, 4131 e 4132, ou seja, é o que efetivamente a operadora saldou, pagou no mês. Podese dizer que serão consideradas as contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, 4118 () 4121, () 4122, () 4128, () 4129, () 4131 3 () 4132, 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006; ou Capítulo IV do Anexo I da RN n. 27/2003). Esses pagamentos serão escriturados em "Controles Gerenciais" conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN n. 27/2003;” Importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades: são os valores de repasse recebidos a título de transferência de responsabilidades, ou seja, os valores recuperados de eventos em decorrência do compartilhamento de risco . classificados nas contas 4123 e 4124 ao Plano de Contas Padrão ANS (Capítulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RNn. 27/2003.' 8. O TRF da 4ª Região Fiscal já se posicionou sobre o tema de forma contrária ao entendimento do Fisco, em Decisão prolatada nos autos do Processo nº 2006.71.02.0002021, em 14/04/2009, nos seguintes termos: 'Dentre as exclusões permitidas para as operadoras de planos de saúde, encontramse os custos que a impugnante pretendeu deduzir, pois se pode considerar como sendo indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, os valores correspondentes aos pagamentos registrados nas contas descritas, a despesas operacionais ou custos decorrentes do cumprimento dos contratos de prestação de serviços médicos contratados pela UNIMED com seus usuários.' 9. O CARF decidiu no mesmo sentido que os tribunais, nos autos do Processo n° 13982.001408/200981, através do Acórdão n° 3403001.989 da 4a Câmara / 3a Turma Ordinária, na Sessão de 20 de março de 2013: 'PIS/COFINS. COOPERATIVAS DE SERVIÇOS MÉDICOS. DEDUÇÕES DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. ART. 3o, § 9o, III, DA LEI 9.718/98. INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS. Configuram indenizações de eventos ocorridos, para o efeito da dedução da base de cálculo prevista no art. 3o, § 9o, III, da Lei n° 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas para terceiros (tais como médicos, clínicas, hospitais e laboratórios credenciados), para suportar os atendimentos (tais como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, cirurgias, terapias etc), a que deram causa os usuários dos planos de saúde, independente de se tratar de usuários da própria operadora ou de outras operadoras, desde que tenham sido efetivamente pagos, reduzidos dos valores reembolsados pelas outras operadoras, (destacamos)' Fl. 3634DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.630 6 10. Cita outros julgados do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais com a mesma interpretação do item anterior; 11. Conceitualmente os valores recebidos pelas operadoras de plano de saúde, quando destinados a cobrir as indenizações dos eventos ocorridos, não são tributáveis porque sequer compõem o conceito de receita base de cálculo das contribuições ao Pis e Cofins; 12. Assim, como visto, a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas do direito privado, sob pena de ferir o art. 110 do Código Tributário Nacional; 13. Ademais, para por uma pá de cal sobre o tema, sobreveio a Lei nº 12.783, em 24 de outubro de 2013 que acresceu o parágrafo 9° A ao art. 3o da Lei nº 9.718/1998 que, inclusive para fins interpretativos, ou seja, de acordo com o art. 106 do CTN, resolveu a presente celeuma esclarecendo que as deduções ora combatidas foram legais. Lei nº 12.783, em 24 de outubro de 2013: 'Art. 19. A Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações: 'Art.3o. § 9°A Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9° entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.' 14. Portanto, se requer a improcedência do lançamento tributário no que diz respeito às exclusões dos eventos ocorridos com os usuários da própria operadora do plano de saúde, por estar amparado em premissa incorreta; 15. Ainda, caso permaneça a autuação, cabe esclarecer que não foram considerados para fins de apuração da base de cálculo os valores declarados em DACON, utilizados em compensações diretas cujos valores foram retidos na fonte pelos clientes. A planilha citada encontrase às fls. 2.859/2.860; 16. Houve ainda um erro por parte da fiscalização. No ano de 2010, os valores alocados na linha de contraprestações de coresponsabilidade, grupo 3117 do plano de contas, disposto nas páginas 12 e 13 do relatório fiscal, foram equivocadamente repetidos os mesmos valores dos balancetes de 2009. Porém, há valores distintos no ano de 2010 que devem ser considerados, para redução da base de cálculo. É o Relatório." A DRJ no Rio de Janeiro (RJ) julgou a impugnação parcialmente procedente, o que motivou a interposição de recurso de ofício. O Acórdão n° 1264.678 foi assim ementado: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 Fl. 3635DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.631 7 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VÍCIO DE FORMA. INOCORRÊNCIA. Não se apresentando nos autos as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade processual, nem em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. Improcedente a arguição de nulidade do lançamento, tendo em vista que a exigência foi formalizada com observância das normas processuais e materiais aplicáveis ao fato em exame. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO. Comprovado o ERRO cometido pelo autuante, há que ser corrigido o lançamento, ajustandoo à correta situação fática. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÃO DO CUSTO HOSPITALAR. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins as despesas e custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos, hospitalares, entre outros, realizados com seus próprios beneficiários e beneficiários de outras operadoras, reduzido este valor das importâncias recebidas a título de transferências de responsabilidades. FONTE. DEDUÇÃO. CABIMENTO. A Cofins retida na Fonte por Pessoa Jurídica quando do pagamento por outra Pessoa Jurídica pode ser deduzida na apuração das Contribuições por expressa determinação legal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 TRIBUTÁRIO. PIS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÃO DO CUSTO HOSPITALAR. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Pis as despesas e custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos, hospitalares, entre outros realizados com seus beneficiários e beneficiários de outras operadoras, reduzido deste valor as importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. FONTE. DEDUÇÃO. CABIMENTO. Fl. 3636DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.632 8 O Pis retido na Fonte por Pessoa Jurídica quando do pagamento a outra pessoa jurídica pode ser deduzido na apuração das Contribuições por expressa determinação legal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" A DRJ acatou os seguintes argumentos, que redundaram em redução dos créditos tributários lançados: dedução das bases de cálculo das despesas e custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos, hospitalares, entre outros, realizados com seus próprios beneficiários e beneficiários de outras operadoras, reduzido este valor das importâncias recebidas a título de transferências de responsabilidades; e dedução dos valores de PIS e COFINS a pagar dos descontos na fonte sofridos, quando do recebimento de pagamentos de outras pessoas jurídicas. Não obstante, a recorrente interpôs recurso voluntário, pois discordou dos valores das deduções de despesas e dos descontos de fonte. Adicionalmente, reiterou preliminar de nulidade, acerca de suposto uso indevido de auto de infração para cobrança de crédito tributário, quando, em seu entendimento, está reservado à aplicação de penalidades. E, por fim, trouxe contestação não: o Fisco teria feito incidir as contribuições sobre receitas financeiras, apesar de o STF já ter declarado a inconstitucionalidade de tal exação. Em 28/09/14, a recorrente juntos aos autos petição de desistência parcial do recurso voluntário (fl. 3.552). Declinou dos argumentos em que pleiteava a nulidade do auto de infração e contestava os valores das dedução das despesas e custos assistenciais. A petição foi examinada e objeto de Despacho do Presidente do CARF(fl. 3.596). O processo foi encaminhado à unidade de origem, que intimou o contribuinte a apresentar planilha contendo os valores de PIS e COFINS que deixara de contestar. Em 24/07/15, foi apresentada resposta (fls. 3.608 a 3.610). A unidade de origem emitiu Despacho (fl. 3.624), devolvendo o processo ao CARF, para julgamento das matérias não contempladas pela desistência. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Os recursos de ofício e voluntário preenchem os requisitos legais de admissibilidade e devem ser conhecidos. Tratase de auto de infração de PIS e COFINS, relativo aos períodos de apuração (PA) de janeiro de 2009 a dezembro de 2011, no montante total de R$ 68.885.152,22 (principal, juros de mora e multa de ofício proporcional de 75%). Fl. 3637DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.633 9 Antes de adentrarmos nos recursos, é necessário estabelecer o escopo deste julgamento: o recurso de ofício deverá ser apreciado, pois a exoneração concedida pela DRJ RJ/RJ é superior ao limite de alçada de R$ 2.500.000,00 (Portaria MF n° 63/17); e o recurso voluntário contém uma preliminar de nulidade do auto de infração (item "2.5 Nulidade quanto os instrumento utilizado para a constituição do crédito tributário") e outros quatro itens: "2.1 Do agravamento em parte da exigência inicial pela decisão de primeira instância"; "2.2 Equívoco no cálculo apresentado erro material"; "2.3 Valores utilizados em compensação PIS e COFINS cumulativos do ano"; e "2.4 Da não incidência de PIS/COFINS sobre receitas financeiras". Conforme detalhadamente descrito no relatório, houve desistência parcial do recurso voluntário. Não serão apreciados os argumentos contidos nos itens "2.1 Do agravamento em parte da exigência inicial pela decisão de primeira instância" e item "2.5 Nulidade quanto os instrumento utilizado para a constituição do crédito tributário". No tocante ao item "2.4 Da não incidência de PIS/COFINS sobre receitas financeiras", voto no sentido de não o conhecer, pois não foi incluído na impugnação (artigos 14 ao 17 do Decreto n° 70.235/72) e não se trata de matéria de ordem pública. Isto posto, iniciemos pelo exame do recurso de ofício. Recurso de Ofício A DRJ acatou os seguintes argumentos do contribuinte: a) direito às deduções das bases de cálculo do PIS e da COFINS, concernentes às despesas com custos assistenciais relacionados com os atendimentos médicos e hospitalares, realizados com seus próprios beneficiários e beneficiários de outras operadoras, reduzidos das importâncias recebidas a título de transferências de responsabilidades; b) para apuração das bases de cálculo de 2010, a fiscalização teria deduzido os valores lançados na conta contábil "3.1.17 Contraprestações de coresponsabilidade" em 2009 e não em 2010; e c) direito à dedução dos valores de PIS e COFINS descontados na fonte, cuja comprovação teria sido juntada aos autos. Não cabe nenhum reparo `a decisão da primeira instância. Em relação às letras "b" e "c", ratifico a conclusão da DRJ, que validou os argumentos do contribuinte, por meio de conferência com a documentação juntada aos autos. No caso específico da questão tratada na letra "c", cumpre mencionar que a DRJ reconheceu como passíveis de dedução dos valores a pagar os montantes descontados na fonte no mês da dedução e que conferiam com os informes de rendimentos carreados aos autos. Não obstante, quando do exame do recurso voluntário, discutiremos sobre os descontos de fonte não reconhecidos pela fiscalização e tampouco DRJ. Fl. 3638DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.634 10 Sobre o direito às deduções das bases de cálculo do PIS e da COFINS, relativas às despesas com custos assistenciais, adoto trecho da decisão de primeira instância como minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.894/99): "A contribuição para o PIS foi instituída pela Lei Complementar n° 07/70. A Cofins Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social foi instituída pela Lei Complementar n° 70/91. Posteriormente, a Lei n° 9.718/98 (modificada pelas sucessivas Medidas Provisórias de n° 1.807/99, 1.858/99, 1.991/99, 2.037/00, 2.113/00 e 2.158/01) passou a disciplinar a cobrança da Cofins e também da contribuição para o Pis, para fatos geradores ocorridos a partir de 01/02/99, tratando inclusive, das exclusões e deduções, gerais e específicas, na apuração da base de cálculo das supracitadas contribuições. A base de cálculo das contribuições do Pis e da Cofins é o faturamento, que corresponde à receita bruta, em conformidade com os art. 2°e 3o da Lei n° 9.718/1998. Em relação às deduções e exclusões permitidas, além das gerais, existem as específicas, especiais para alguns segmentos econômicos, como o de operadoras de saúde, categoria que se insere o impugnante. É o caso das deduções contidas no § 9º do art. 3º da Lei 9.718, direcionadas às operadoras de saúde. Verbis: “§ 9º Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória n° 215835, de 2001) I coresponsabilidades cedidas; II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades.” Essas deduções foram inseridas na Lei nº 9.718/98 somente em 2001 com a edição da Medida Provisória 2.15835. Em relação aos dois primeiros incisos não houve discussões ou discordâncias relevantes, entretanto, o mesmo não ocorreu com a interpretação do inciso III. Conforme já explicitado no Termo de Verificação Fiscal, a jurisprudência administrativa havia consagrado o entendimento de que a dedução em comento referiase apenas aos custos ocorridos com beneficiários de outras operadoras a título de transferência de responsabilidades. Foi respaldado neste entendimento que os Autos de Infração deste processo foram lavrados em 07/10/2013. Ocorre que em 24 de outubro de 2013, poucos dias depois da ciência da autuação pelo contribuinte, foi editada a Lei nº 12.783, que acresceu o parágrafo 9° A ao art. 3° da Lei nº 9.718/1998, que interpretou o inciso III do § 9º, concluindo que as indenizações nele referidas eram relativas além dos custos ocorridos com beneficiários de outra operadora também com seus próprios beneficiários. Assim resta razão ao contribuinte no mérito não devendo persistir a glosa ocorrida na autuação. Fl. 3639DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.635 11 Importante salientar alguns aspectos acerca do comando contido no inciso III, do §9º da Lei nº 9.718/98. Diz o texto do dispositivo: Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. De acordo com a Agência Nacional de Saúde, que regulamenta e controla as atividades das operadoras de saúde, nos termos do Ofício 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS, o significado das expressões contidas no inciso III, do art. 9º , da Lei nº 9.718/98 são os seguintes: '" Eventos ocorridos: são os custos assistenciais decorrentes da utilização, pelos beneficiários, da cobertura oferecida pelo plano de saúde, ou seja, são os custos com os atendimentos feitos aos beneficiários do plano de saúde da operadora, tais como consultas médicas/odontológicas, exames laboratoriais, hospitalização, terapias etc. que estejam diretamente ligados ao ato assistencial, os quais a operadora reconhecerá contabilmente na data de apresentação da conta médica ou do aviso pelos prestadores, em atenção ao regime de competência. A classificação será nas contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117 e 4118 (capitulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006; ou Capítulo IV do Anexo II da RN n. 27/2003); Esses eventos serão escriturados em "Controles Gerenciais" conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN n. 27/2003; Valor dos Eventos Efetivamente Pagos: são os eventos conhecidos, ocorridos, líquidos das recuperações por glosas, ressarcimento ou outras deduções, como descontos obtidos, classificados nas contas 4121, 4122, 4128, 4129, 4131 e 4132, ou seja, é o que efetivamente a operadora saldou, pagou no mês. Podese dizer que serão consideradas as contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, 4118 ( ) 4121, () 4122, () 4128, () 4129, ( ) 4131 3 () 4132, 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006; ou Capítulo IV do Anexo I da RN n. 27/2003). Esses pagamentos serão escriturados em "Controles Gerenciais" conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN n. 27/2003; Importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades: são os valores de repasse recebidos a título de transferência de responsabilidades, ou seja, os valores recuperados de eventos em decorrência do compartilhamento de risco . classificados nas contas 4123 e 4124 ao Plano de Contas Padrão ANS (Capítulo V, Anexo I, da IN n. 08/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RNn. 27/2003."' Sendo os Termos acima bastante singulares, o Ofício 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS, ao esclarecer o conteúdo de cada um deles, nos ajuda a compreender o objetivo do legislador. É claro que a definição de determinado instituto, ainda que feito por uma agência reguladora governamental, não possui o condão de mudar a legislação tributária e seus efeitos. Neste caso específico, combinando o esclarecimento da ANS acerca dos termos contidos no inciso III, com sua interpretação legal, dada pelo parágrafo 9º A, introduzido pela Lei nº 12.783, em 24 de outubro de 2013, chegamos à segura conclusão de que a pretensão do legislador com aplicação do inciso III do §9º era a dedução da totalidade dos custos assistenciais, independentemente de com quem fossem efetuados, seus beneficiários ou beneficiários de outras operadoras. Na parte final do Fl. 3640DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.636 12 inciso está previsto ainda que a despesa passível de dedução deverá ser reduzida dos valores recuperados, como glosa de despesas, ressarcimentos, descontos obtidos etc, ou seja, a despesa a ser deduzida é líquida. Somente para esclarecer, apesar de o Ofício acima citado exemplificar em qual grupo de contas encontramse os valores envolvidos na dedução prevista no inciso III, do §9º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, importante estar atento à inteligência do dispositivo, portanto, as contas trazidas pela ANS – Agência Nacional de Saúde devem ser consideradas como fios condutores, mas nada impede ou limita que o Fisco vá buscar os valores envolvidos em outras contas contábeis que aquelas apresentadas no Ofício 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS." Isto posto, nego provimento ao recurso de ofício. Recurso Voluntário "2.2 Equívoco no cálculo apresentado erro material" A recorrente alega que, ao refazer os cálculos da fiscalização, para admitir a dedução de custos assistenciais e descontos de PIS/COFINS na fonte (temas do recurso de ofício), a DRJ equivocouse, ao transportar os seguintes valores do balancete para as novas bases de cálculo: Confrontei os valores apontados pela recorrente com os balancetes e confirmei que assistelhe razão. Importante mencionar que os montantes que a recorrente indicou para os meses de junho e dezembro de 2010 e novembro de 2011 já constavam nos cálculos da fiscalização, contidos no Termo de Verificação Fiscal, tendo sido, realmente, equívocos da DRJ, ao recalcular o PIS e a COFINS dos respectivos meses. Assim sendo, dou provimento aos argumentos da recorrente. Fl. 3641DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.637 13 "2.3 Valores utilizados em compensação PIS e COFINS cumulativos do ano" Com base nos livros contábeis, DACON e DCTF, a fiscalização apurou o PIS e a COFINS dos anos de 2009 a 2011, comparou com os valores declarados e pagos e lançou de ofício as diferenças apuradas. Conforme mencionamos anteriormente, as divergências diziam respeito a deduções das bases de cálculo de PIS e COFINS relativas a custos assistenciais, não admitidas pela fiscalização (tratadas no recurso de ofício e no item anterior), e de PIS e COFINS descontados na fonte, não computados pela fiscalização no cálculo do lançamento de ofício. Na impugnação, no que concerne a compensações, o contribuinte informou os valores descontados na fonte e os comprovantes de retenção, isto é, os informes de rendimentos emitidos pelas fontes pagadoras dos rendimentos que sofreram o desconto na fonte de PIS e COFINS.. A DRJ admitiu que o contribuinte tinha direito à compensação de valores descontados na fonte. Contudo, acatou somente os valores descontados na fonte nos meses em que o contribuinte efetuou as deduções e de acordo com os comprovantes de retenção apresentados. Isto é, a DRJ não autorizou a dedução dos saldos acumulados, relativos a valores descontados na fonte em meses anteriores, porém não utilizados. A IN SRF n° 833/08 aprovou o programa gerador do DACON. Encontramse nas Fichas 15A (PIS/PASEP) e 25A (COFINS) as seguintes instruções relativas a deduções de valores descontados na fonte: Fl. 3642DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.638 14 Da leitura das instruções de preenchimento do DACON, resta claro que o valor descontado em determinado mês somente pode ser transferido para o seguinte, caso não tenha sido possível sua utilização, ou seja, se o valor a pagar for menor do que o descontado na fonte. Nesta hipótese, além de poder deduzir o valor no PA seguinte, o contribuinte tem o direito de pedir restituição ou ressarcimento do valor. No Termo de Verificação Fiscal (fl. 2.816 a 2.818), verificase que, originalmente, o contribuinte apurou valores a pagar em todos os meses anteriores àqueles em que efetuou as compensações, isto é, não se configurou a hipótese prevista no item 2 das instruções acima reproduzidas, qual seja, impossibilidade de deduzir o fonte no mesmo em que houve o desconto. Portanto, irretocável o procedimento fiscal. Conclusão Nego provimento ao recurso de ofício. Dou provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: Fl. 3643DF CARF MF Processo nº 10920.723254/201302 Acórdão n.º 3301004.757 S3C3T1 Fl. 3.639 15 não conheço dos argumentos contidos nos itens "2.1 Do agravamento em parte da exigência inicial pela decisão de primeira instância" e "2.5 Nulidade quanto ao instrumento utilizado para a constituição do crédito tributário" do recurso voluntário, em razão de a recorrente ter renunciado formalmente `a discussão na segunda instância administrativa; não conheço dos argumentos contidos no item "2.4 Da não incidência de PIS/COFINS sobre receitas financeiras" do recurso voluntário, pois não foi incluído na impugnação (artigos 14 ao 17 do Decreto n° 70.235/72) e não se trata de matéria de ordem pública; dou provimento aos argumentos contidos no item "2.2 Equívoco no cálculo apresentado erro material"; e nego provimento aos argumentos contidos no item "2.3 Valores utilizados em compensação PIS e COFINS cumulativos do ano". É como voto. (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 3644DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.007684/90-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 1985, 1986, 1987
PERÍCIA DETERMINADA POR SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. INTIMAÇÕES PESSOAIS NÃO ATENDIDAS. INTIMAÇÃO POR EDITAL VÁLIDA. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA INTIMAÇÃO DE ADVOGADO. NULIDADE INEXISTENTE
Após sentença judicial transitada em julgado, que anulou as decisões administrativas da DRF e DRJ para a realização de perícia visando demonstrar a inexistência de prejuízo aos cofres públicos, a recorrente não respondeu à intimação pessoal para a realização da perícia requerida judicialmente. Também não respondeu à intimação por edital, realizada em cumprimento ao artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972. A alegação de que caberia intimação de advogados constituídos nos autos, em vez da intimação da contribuinte não encontra respaldo legal.
DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA
À vista da regular intimação do lançamento fiscal realizada em 01/10/1990, não há ocorrência de decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos-base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4° do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de "notas calçadas".
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
O prazo prescricional de cinco anos é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do caput do artigo 174 do CTN, ou seja, a partir do momento em que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária; estando o presente processo pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional somente começará a fluir após a notificação da nova decisão administrativa definitiva.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária.
OMISSÃO DE RECEITAS. NOTAS FISCAIS "CALÇADAS". PROVAS EMPRESTADAS DO FISCO ESTADUAL.
A comprovação pelo Fisco Estadual de que o contribuinte emitiu diversas notas fiscais "calçadas", com valores divergentes entre os indicados nas primeiras vias e quintas vias das notas fiscais, também caracteriza omissão de receitas para fins de IRPJ.
Numero da decisão: 1302-003.169
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, de decadência e de prescrição e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Ano-calendário: 1985, 1986, 1987 PERÍCIA DETERMINADA POR SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. INTIMAÇÕES PESSOAIS NÃO ATENDIDAS. INTIMAÇÃO POR EDITAL VÁLIDA. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA INTIMAÇÃO DE ADVOGADO. NULIDADE INEXISTENTE Após sentença judicial transitada em julgado, que anulou as decisões administrativas da DRF e DRJ para a realização de perícia visando demonstrar a inexistência de prejuízo aos cofres públicos, a recorrente não respondeu à intimação pessoal para a realização da perícia requerida judicialmente. Também não respondeu à intimação por edital, realizada em cumprimento ao artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972. A alegação de que caberia intimação de advogados constituídos nos autos, em vez da intimação da contribuinte não encontra respaldo legal. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA À vista da regular intimação do lançamento fiscal realizada em 01/10/1990, não há ocorrência de decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos-base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4° do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de "notas calçadas". PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. O prazo prescricional de cinco anos é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do caput do artigo 174 do CTN, ou seja, a partir do momento em que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária; estando o presente processo pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional somente começará a fluir após a notificação da nova decisão administrativa definitiva. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTAS FISCAIS "CALÇADAS". PROVAS EMPRESTADAS DO FISCO ESTADUAL. A comprovação pelo Fisco Estadual de que o contribuinte emitiu diversas notas fiscais "calçadas", com valores divergentes entre os indicados nas primeiras vias e quintas vias das notas fiscais, também caracteriza omissão de receitas para fins de IRPJ.
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NOTAS CALÇADAS. PROVA EMPRESTADA. FISCAO ESTADUAL Recorrente BELPAR DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 1985, 1986, 1987 PERÍCIA DETERMINADA POR SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. INTIMAÇÕES PESSOAIS NÃO ATENDIDAS. INTIMAÇÃO POR EDITAL VÁLIDA. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA INTIMAÇÃO DE ADVOGADO. NULIDADE INEXISTENTE Após sentença judicial transitada em julgado, que anulou as decisões administrativas da DRF e DRJ para a realização de perícia visando demonstrar a inexistência de prejuízo aos cofres públicos, a recorrente não respondeu à intimação pessoal para a realização da perícia requerida judicialmente. Também não respondeu à intimação por edital, realizada em cumprimento ao artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972. A alegação de que caberia intimação de advogados constituídos nos autos, em vez da intimação da contribuinte não encontra respaldo legal. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA À vista da regular intimação do lançamento fiscal realizada em 01/10/1990, não há ocorrência de decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodosbase de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4° do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de "notas calçadas". PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. O prazo prescricional de cinco anos é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do caput do artigo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 76 84 /9 0- 77 Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 3 2 174 do CTN, ou seja, a partir do momento em que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária; estando o presente processo pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional somente começará a fluir após a notificação da nova decisão administrativa definitiva. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTAS FISCAIS "CALÇADAS". PROVAS EMPRESTADAS DO FISCO ESTADUAL. A comprovação pelo Fisco Estadual de que o contribuinte emitiu diversas notas fiscais "calçadas", com valores divergentes entre os indicados nas primeiras vias e quintas vias das notas fiscais, também caracteriza omissão de receitas para fins de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade, de decadência e de prescrição e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário, interposto face ao Acórdão nº 0653.222, de 17/08/2015, da DRJ de Curitiba (PR) que, por unanimidade de votos, não acatou as preliminares de decadência e prescrição e, no mérito, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, registrandose a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 4 3 NORMAS PROCESSUAIS. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL NO ACÓRDÃO ANTERIOR. SANEAMENTO. Para a correção de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculo existentes no acórdão, deve ser proferido novo acórdão. RETORNO DOS AUTOS PARA REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO. Tendo as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias sido anuladas por decisão judicial transitada em julgado, porquanto foi negada a realização da prova pericial requerida pela impugnante, procedese ao novo julgamento de 1a instância. PERÍCIA CONTÁBIL. IMPOSSIBILIDADE. Inviável a realização da pericial contábil requerida pela impugnante quando o perito por ela indicado declara não mais possuir elementos técnicos para sua realização. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INTIMAÇÃO DE ATOS E DECISÕES AO ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com o disposto no art. 23 do Decreto 70.235, de 1972, as intimações de atos e decisões do processo administrativo fiscal devem ser enviadas à própria contribuinte, inexistindo previsão para envio ao endereço de advogados ou representante em local diverso ao domicílio tributário eleito pela contribuinte. INTIMAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. Válida é a intimação por edital quando resultar improfícuo um dos meios previstos no artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972, a intimação pessoal, por via postal ou por meio eletrônico. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 PROVA EMPRESTADA. VALIDADE Legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de elementos probatórios produzidos em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, desde que não haja simples transposição das conclusões sem a juntada das provas correspondentes. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTA CALÇADA. A prática da emissão de "nota calçada" procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrada outra operação com valor inferior configura omissão de receitas e justifica o lançamento fiscal sobre a diferença apurada. OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA EMPRESTADA PELO FISCO ESTADUAL. PAGAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE ICMS. Confirma a procedência do lançamento de IRRF efetuado nos autos, com base em elementos probatórios produzidos em processos instaurados pela fiscalização do ICMS, quando os autos de infração lavrados pelo fisco Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 5 4 estadual, inicialmente impugnados, acabaram sendo pagos e/ou parcelados pela contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1985, 1986, 1987, 1988 DECADÊNCIA. Tendo o lançamento fiscal sido regularmente intimado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodos base de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4° do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de "notas calçadas". PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Como a prescrição não corre contra quem não pode agir (agere non valenti non currit praescriptio), o prazo prescricional de cinco anos é contado somente a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do caput do artigo 174 do CTN, ou seja, a partir do momento em que a Fazenda Pública puder exigir, do devedor, a prestação tributária; estando o presente processo pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional somente começará a fluir após a notificação da nova decisão administrativa definitiva. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. A prescrição intercorrente, ou seja, a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Destacamse os seguintes trechos do relatório do Acórdão recorrido por reproduzir com precisão os fatos e fundamentos em questão: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte identificada, foi lavrado o auto de infração de Imposto de Renda na Fonte (fls. 1821), que exige o recolhimento de 278.738,47 BTNF de imposto, 418.107,47 BTNF de multa de ofício de 150%, à época prevista no art. 729, II, do RIR de 1980 (aprovado pelo Decreto n° 85.450, de 1980) e art. 2° da Lei n° 7.683, de 2 de dezembro de 1988, e 129.733,79 BTNF de juros de mora. 2. A exigência é reflexo do lançamento de IRPJ (Proc. 10980.007686/9001) e decorre da omissão de receitas caracterizadas por "notas calçadas", apurada mediante confronto entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais emitidas pela contribuinte, com destinatários e valores diversos, com base em levantamento efetuado pela fiscalização do ICMS, conforme descrito no item 1 do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 0409), com infração ao disposto no Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 6 5 art. 8° do Decreto n° 2.065, de 26 de outubro de 1983, e Parecer Normativo n° 20, de 1984. (...) 5. No julgamento de primeira instância à época realizado, a DRF/Curitiba, por meio da Decisão n° 1054/91, de 21/03/1991 (fls. 3335), pela relação de causa e efeito, aplicou ao presente processo o que ficou decidido no processo matriz e manteve integralmente a exigência fiscal. 6. A Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio do Acórdão n° 1057.018, sessão de 17/06/1993 (fls. 4547), por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto pela contribuinte e confirmou a decisão proferida pela DRF/Curitiba. 7. Em 22/03/1993, a interessada apresentou recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais (fl. 53), cujo seguimento foi negado pelo Presidente da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em 20/04/1993 (fl. 57). A contribuinte apresentou pedido de reexame de admissibilidade de recurso especial em 19/07/1993 (fl. 62), que foi de igual forma negado (fl. 66). 8. Inscrita na Dívida Ativa da União, a exigência fiscal foi objeto da Execução Fiscal n° 95.00.045869 (fls. 9495), cujo andamento foi paralisado em razão de decisão judicial favorável nos autos da Ação Ordinária n° 94.00.095678 e da Ação Cautelar n° 94.00.055030, tendo o Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba, em 29/03/1996, entendido que há imperiosa necessidade de perícia contábil/fiscal para se apurar, com critério e equilibro, a alegada prática de "omissão de receita", razão pela qual anulou o procedimento administrativo em análise a partir da decisão da DRF/Curitiba, que negou a realização da prova pericial. 9. Em sessão realizada em 19/08/1999, a Segunda Turma do TRF da 4a Região, nos autos da Remessa ExOfficio em Ação Cautelar n° 96.04.388347/PR e n° 96.04.383027/PR, negou provimento à remessa oficial e acolheu o entendimento esposado pelo Juízo a quo, em decisão assim ementada (decisão transitada em julgado em 16/11/1999): ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL NO PROCESSO ADMIINISTRATIVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Configurado o cerceamento de defesa, face ao indeferimento de perícia indispensável ao esclarecimento dos fatos, deve ser anulado o procedimento administrativo, a partir do ato que indeferiu a perícia. 10. A Procuradoria da Fazenda Nacional cancelou as inscrições em dívida ativa dos débitos de IRPJ e lançamentos reflexos e encaminhou os processos administrativos à RFB em 22/04/2014, para análise quanto às providências eventualmente cabíveis, ante a decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 (fls. 9698). 11. Por conseguinte, em cumprimento à decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 e com base no disposto no art. 18 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, arts. 35 e 36 do Decreto n° 7.574, de 29 de setembro de 2011, e art. 224, inciso XXVI, da Portaria MF n° 203, de 14 de maio de 2012, esta Turma da DRJ/Curitiba, por meio do Despacho n° 42, de 21/08/2014 (fls. 103105), devolveu o processo à DRF/Curitiba para designação de servidor, como perito da União, para acompanhar a realização da perícia requerida pela interessada, além de efetuar Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 7 6 outros exames nos livros e documentos comerciais e fiscais da interessada dos períodosbase de 1985 a 1988, porventura ainda existentes, e obter cópia da decisão proferida pela Receita Estadual no julgamento dos autos de infração n°s 3.612.315 7, 3.612.3162 e 3.612.3173 e demais autuações de ICMS relacionadas com as notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ. 12. O AFRFB designado como perito na União, Celso Guimarães Senra Vidal, lavrou Termo de Informação de Diligência (fls. 218222), por meio do qual relatou que: . se dirigiu ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ (Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR), onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ n° 115.488.297/000153), razão pela qual o Termo de Início de Diligência Fiscal (fls. 109110) foi cientificado por meio do Edital/Sefis n° 165/2014 (fl. 118), afixado no período de 12 a 27/11/2014, mas resposta alguma foi apresentada; . o perito indicado pelo sujeito passivo, Euclides Locatelli entregou termo esclarecendo que carece de elementos técnicos para realização da Perícia Contábil; . em resposta aos Ofícios n° 395/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 09/10/2014, e 421/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 19/10/2014 (fls. 132133), a Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual, por meio do Ofício n° 88/2014 IGT (fl. 134), de 07/11/2014, forneceu os seguintes documentos: (i) cópia das decisões proferidas no julgamento dos autos de infração n°s 36123157, 36123165, 36123173 e 3687383 0 (fls. 152186); (ii) tela com dados de débitos inscritos em dívida ativa e incluído em parcelamentos (fls. 187215); (iii) Informação n° 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual (fls. 216217), no qual consta que os autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173 (lavrados em 18/03/1988) e n°s 36873830 e 36873849 (lavrados em 19/09/1990) foram objeto de parcelamento pelo sujeito passivo, estando totalmente quitados, enquanto os autos de infração n°s 36873814 e 36873822 (lavrados em 19/09/1990) foram pagos pelo sujeito passivo; . considerando a manutenção de todos os autos de infração lavrados na esfera estadual, concluiu que as operações retratadas nas primeiras vias das nota fiscais arroladas nos autos foram efetivamente realizadas. 13. À fl. 224 consta o Despacho n° 7, de 27 de fevereiro de 2015, desta Turma da DRJ/Curitiba, por meio do qual foi solicitado à DRF/Curitiba que desse ciência do Termo de Informação de Diligência de fls. 218222 à interessada e a seu sócio gerente Oscar Ferreira Pinto, com consequente abertura de prazo de 30 dias para oportunizar a apresentação de novos argumentos impugnatórios. 14. Como o AR com o Termo de Informação de Diligência enviado à interessada (fl. 228) foi devolvido com o motivo "MUDOUSE, a interessada foi cientificada por Edital Eletrônico publicado em 17/03/2015 (fl. 232). O AR enviado a Oscar Ferreira Pinto foi devolvido com o motivo "FALECIDO" (fls. 233235), mas autoridade fiscal informou, por meio de Relatório de Diligência (fl. 259), que foi dada ciência postal do relatório de diligência à atual sócia administrativa da sociedade, Laura Crispin (AR recebido em 11/06/2015, à fl. 242). 15. Portanto, a interessada, por intermédio de seu representante legal (mandato à fl. 256), apresentou, em 09/07/2015, a tempestiva contestação de fls. 243256, instruída com os documentos de fls. 257258, cujas alegações são sintetizadas a seguir: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 8 7 a) no tópico "Tempestividade", alega que, como foi cientificada do Termo de Informação de Diligência em 11/06/2015, o prazo de 30 dias venceu no dia 13/07/2015; b) no tópico "Prescrição ou decadência" argumenta que os débitos fiscais em análise foram objeto da execução fiscal n° 95.00045869 da 1a Vara de Execuções Fiscais de Curitiba, extinta em decorrência do julgamento da ação n° 95.00055030 pelo TRF da 4a Região em 19/08/1999 (RNAC 96.04.388347 e 96.04.383027), cujo acórdão transitou em julgado em 16/11/1999; a Fazenda foi novamente intimada da baixa dos autos em 23/04/2002 (na ação ordinária) e em 26/08/2003 (na execução fiscal), tendo ambas as ações sido encaminhadas ao Arquivo Geral para baixa e arquivamento em 30/09/2003; apenas em abril/2014, após pleito de baixa de arrolamento administrativo dos 2 caminhões que ficaram com registro de alerta no Detran em decorrência dos referidos débitos (processo 2013.0043778 da PGFN) é que esta Delegacia resolveu reabrir os PAFs; c) o prazo prescricional ou decadencial, portanto, iniciouse com o trânsito em julgado da decisão que anulou o PAF em 16/11/1999, data a partir da qual a Fazenda poderia ter reaberto o PAF, mas a Fazenda simplesmente quedouse inerte por 15 anos; sendo assim, seja pelo transcurso do prazo de 15 anos entre data da decisão judicial e a data da reabertura do PAF, seja pelo fato do processo administrativo ter ficado paralisado igualmente por este mesmo período, em total desídia do fisco, implementouse a extinção de eventuais créditos tributários pela prescrição ou decadência, na forma dos arts. 173, II, e 174 do CTN ou do art. 1°, § 1°, da Lei n° 9.873/1999; cita julgados do STJ; d) qualquer que seja o entendimento a ser aplicado, decadência (se for considerado que a decisão judicial determinou a nulidade formal do processo administrativo de lançamento e constituição do crédito tributário, contandose o prazo de 5 anos a partir da decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, consoante art. 173, II, do CTN), prescrição (se for considerado que a notificação da decisão final no PAF é o marco inicial da prescrição, que ficou suspensa durante o trâmite do PAF, na forma do art. 174 do CTN, prescrição esta que foi interrompida pelo despacho que ordenou a citação na execução fiscal, conforme art. 8°, § 2°, da Lei n° 6.830, de 1980, e art. 219 do CPC, voltando a correr a partir do trânsito em julgado da decisão que cancelou as CDA's e extinguiu a execução) ou prescrição intercorrente (se for considerado que o processo administrativo permaneceu paralisado por mais de 5 anos ou ainda pelo prazo mais restritivo de 3 anos do art. 1°, § 1°, da Lei n° 9.873, de 1999), o crédito tributário perseguido encontrase extinto na mais elastecida das hipóteses desde 16/11/2004, ou seja, há mais de 10 anos; e) ainda que o processo administrativo possa suspender a prescrição durante o seu trâmite, o fato é que o processo administrativo foi julgado em instância final administrativa, momento a partir do qual a prescrição teve seu início, sendo interrompido pelo processo de execução fiscal, voltando a correr com o trânsito em julgado da decisão que cancelou as CDA's e extinguiu o crédito tributário em 16/11/1999, contando a partir desta data o prazo para que o Fisco concluísse o processo administrativo e promovesse nova execução ou ao menos para que procedesse a reabertura do processo administrativo, exatamente como já decidido pelo STJ, sob pena do crédito tributário se tornar imprescritível, figura inexistente em nosso ordenamento jurídico; f) no tópico "Nulidade da intimação por Edital" aduz que não houve esgotamento dos meios para a localização da empresa, visto que a mesma possui advogados Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 9 8 constituídos no processo administrativo, sendo, portanto, inválida a intimação por Edital; a prova máxima de que não houve o esgotamento dos meios para a cientifícação da empresa da reabertura do processo administrativo fiscal é que a empresa possui domicílio em seu contrato social diverso do endereço em que o Fisco tentou localizála (contrato social e procuração atualizada em anexo) e também pelo fato da Fazenda ter procedido a intimação pessoal da representante legal da empresa para se manifestar sobre o Termo de Diligência realizado, em substituição à perícia determinada pela decisão judicial; g) o direito processual brasileiro adota um padrão de cientifícação de atos processuais para as partes em litígio, seja para processos de natureza judicial, seja para processos de ordem administrativa; a citação, ato de comunicação inicial da existência do processo, é feita via de regra à parte; os demais procedimentos de comunicação de atos do processo, depois da citação, devem ser dirigidas aos advogados, profissionais do direito e que possuem procuração com poderes específicos de representação; com estes poderes compete aos advogados procederem aos atos necessários à defesa e, portanto, tornase imprescindível sua intimação de todos os atos do processo indispensáveis à defesa, sob pena de ofensa aos princípios do devido processo legal e da publicidade; afastar a regra processual da intimação dos atos do processo ao representante legal especialmente designado, sob o argumento de que há norma expressa prevista no Decreto n° 70.235, de 1972, elegendo o domicílio tributário do sujeito passivo, é uma ofensa às regras processuais indispensáveis à formação do processo administrativo e ao seu desenlace; h) o argumento de que no processo administrativo o interesse da administração prevalece frente o interesse privado não mais se sustenta, tendo em vista as garantias do contribuinte na nova ordem constitucional; a paridade de armas no caso entre fisco e contribuinte é tão desproporcional que ao Fisco é assegurada a intimação pessoal do procurador da fazenda, ao passo que ao contribuinte, se prevalecer a intimação da forma como realizada, seu procurador constituído somente tomará ciência do ato por intermédio de terceiros; é nulo, portanto, o feito, a partir da notificação por Edital da reabertura do PAF e no qual se exige a apresentação pela empresa de seus livros fiscais, restabelecendose o devido processo legal; i) no tópico "A não realização da prova pericial se deu por culpa única e exclusiva do fisco" argumenta que a sentença transitada em julgado em 16/11/1999 é clara quanto à indispensabilidade da prova pericial, tendo em vista que o lançamento dos créditos tributários federais foi realizado sem qualquer elemento de prova, além dos carreados pela Receita Estadual, que demonstre a existência de omissão de receita pela empresa no período da autuação; o fisco no intento de cumprir a decisão judicial que anulou o PAF intimou o assistente técnico para dar início aos trabalhos, mas referido assistente técnico, indicado pela parte 20 anos atrás, não mais possui qualquer vínculo com o contribuinte desde 2008, nem mesmo possui qualquer documento da empresa, documentos estes que se encontram de posse de sua representante legal; j) o Fisco intimou o assistente técnico, mas não intimou os advogados constituídos nos autos, o que é mais uma prova da ofensa ao devido processo legal, pois foi reaberto um PAF e iniciada uma perícia em absoluta revelia da empresa e de seus advogados constituídos; além de todas as irregularidades já relatadas, o Termo de Diligência ainda assevera que o assistente técnico teria dito carecer de elementos técnicos para a realização da perícia; estranhando o fato, entrou a empresa em contato com o assistente técnico, o qual informou ter dito apenas que não possui Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 10 9 mais qualquer documento da época, pois não mais trabalha para a empresa, estando a documentação de posse do contribuinte; k) se o assistente técnico, indicado à época (20 anos atrás), afirma não possuir qualquer documento da empresa, a empresa é quem deveria ter sido notificada a apresentar a documentação que o fisco entende necessária; ainda que viesse a ser constatada eventual ausência de documentação, o que não é o caso dos autos, pois a empresa sequer foi notificada para apresentar qualquer documento, a suposta inviabilização da perícia, pelo longo tempo transcorrido, seria de culpa única e exclusiva do fisco, pois quedouse inerte por quinze anos, abandonando completamente a perseguição do crédito; l) se pretende o fisco realizar agora a prova técnica, mesmo estando extinto o crédito tributário pela decadência ou prescrição, deveria ter esgotado os meios para a notificação da empresa da reabertura do PAF e não notificar uma pessoa (contador) que não mais possui qualquer vínculo com a empresa; "Ad argumentandum tantum", ainda que a perícia venha a ser considerada inviável, pelo longo transcurso de prazo desde a época dos fatos que levaram ao lançamento tributário, o que não é o caso dos autos, não pode agora responsabilizar a contribuinte pelo excesso de prazo; m) no tópico "Anistia" alega que, ao contrário do que consta do Termo de Informação de Diligência, os créditos tributários estaduais não foram parcelados, mas sim anistiados, na forma da Lei n° 11.800, de 1997, que concedeu anistia da multa e atualização monetária, remissão dos juros e exclusão dos honorários de sucumbência, de forma que os créditos tributários estaduais, por serem anteriores à estabilização monetária do plano real (1988 e 1990), praticamente foram zerados; a adesão à anistia pela empresa deuse, única e exclusivamente, em razão de critérios econômicos, visto que os créditos tributários estaduais foram reduzidos para um valor inferior, inclusive, aos custos com despesas judiciais e com as perícias técnicas que haviam sido determinadas nas ações anulatórias que se encontravam em trâmite na justiça comum (autos n°s 14.175/0000, 14.176/000, etc, da 3a Vara Fazenda Pública da Capital); n) a adesão da parte à anistia dos créditos tributários estaduais não implica em reconhecimento dos créditos tributários federais, mesmo porque, a decisão judicial transitada em julgado na ação anulatória, que decidiu pela imprescindibilidade da prova pericial junto ao PAF, pontificou que os procedimentos realizados pela Receita Estadual não podem ser utilizados como elemento de prova pela Receita Federal, sem que seja realizada perícia técnica que aponte a existência ou não de lucro real no período, não podendo, portanto, ser descumprida pelo Fisco, sob pena de usurpação da jurisdição do poder judiciário e do óbice intransponível do manto da coisa julgada (cláusula pétrea de nossa Constituição Federal CF art. 5°, XXXVI); o) ao final, requer: (i) a extinção de eventual crédito tributário, em face da decadência ou prescrição; (ii) a nulidade da notificação de reabertura do PAF realizada via Edital; (iii) a nulidade do Termo de Informação de Diligência, pois além dos vícios assinalados, fundamentouse, única e exclusivamente, no processo fiscal estadual, em manifesta contrariedade à decisão judicial transitada em julgado, não podendo, portanto, substituir a prova pericial determinada; (iv) cancelamento das autuações, com a imediata baixa junto aos cadastros da Receita Federal do Brasil. 16. À fl. 296 consta despacho da Secat da DRF/Curitiba, que informa haver divergência entre o número do processo identificado no Acórdão n° 0653.222 (processo n° 10980.007681/9089), às fls. 263293, e o do tratado nos autos (n° 10980.007684/9077). Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 11 10 É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Conheço o Recurso Voluntário à vista de sua tempestividade e do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. Da Anulação da Decisão da DRF por Decisão Judicial, face ao Indeferimento de Perícia Como visto, o processo envolve lançamento de Imposto de Renda na Fonte, decorrente do lançamento de IRPJ (processo n° 10980.007686/9001), no qual foi tributada a omissão de receitas caracterizada por "notas calçadas", apurada mediante confronto entre as primeiras e quintas vias de notas fiscais emitidas pela Recorrente nos períodos base de 1985 a 1988, com destinatários e valores diversos, conforme descrito no Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 0409). O Acórdão n° 0653.222, de 17/08/2015, da DRJ Curitiba (fls. 263/293), indicou, por inexatidão material (art. 32, Dec. 70.235/72), o Proc. 10980.007681/91089, quando, na realidade, diz respeito ao presente Proc. 10980.007684/9077. Proferiuse, assim, o acórdão retificador em questão. O lançamento fiscal referese à Decisão n° 1054/91, de 21/03/1991 da DRF Curitiba (fls. 3235) que, estendeu ao presente processo as razões aplicadas ao processo de IRPJ na Decisão n° 1053/91, de 21/03/1991. Assim, indeferiuse o pedido de realização de perícia e, no mérito, mantevese integralmente a exigência de IRPJ, em decisão assim ementada: IMPOSTO DE RENDAFONTE. Períodos de apuração 12/85, 12/86, 12/87 e 12/88. Decorrência: pela relação de causa e efeito, aplicase ao processo decorrente o que ficar decidido no processo matriz. A Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio do Acórdão n° 1057.018, sessão de 17/06/1993 (fls. 4547), por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto pela Recorrente, em decisão cuja ementa transcrevese a seguir: DECORRÊNCIA O resultado verificado no processo matriz será aplicável no processo reflexo à vista da estreita correlação de causa e efeito existente entre os procedimentos fiscais. Houve Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 22/03/1993 (fl. 53), cujo seguimento foi negado pelo Presidente da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em 20/04/1993, conforme Despacho PRESI n° 1050.83/93 (fl. 57). A Recorrente apresentou pedido de reexame de admissibilidade de Recurso Especial em 19/07/1993 (fl. 62), também negado, conforme Despacho PRESI n° 1050.151/93 (fl. 66). Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 12 11 A exigência fiscal foi inscrita na Dívida Ativa da União, tendo sito objeto da Execução Fiscal n° 95.00.045869 (fls. 9495), cujo andamento foi paralisado em razão de decisão judicial, nos autos da Ação Ordinária n° 94.00.095678 e da Ação Cautelar n° 94.00.055030, promovidos perante o Juízo da 6a Vara Federal de Curitiba. Na sentença proferida em 29/03/1996, o Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba anulou o procedimento administrativo em análise a partir da decisão da DRF Curitiba, que havia negado a realização da prova pericial. Em sessão realizada em 19/08/1999, a Segunda Turma do TRF da 4a Região, nos autos da Remessa ExOfficio em Ação Cautelar n° 96.04.388347/PR e n° 96.04.38302 7/PR, negou provimento à remessa oficial e acolheu o entendimento do juízo a quo, em decisão assim ementada (decisão transitada em julgado em 16/11/1999): ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL NO PROCESSO ADMIINISTRATIVO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Configurado o cerceamento de defesa, face ao indeferimento de perícia indispensável ao esclarecimento dos fatos, deve ser anulado o procedimento administrativo, a partir do ato que indeferiu a perícia. A Procuradoria da Fazenda Nacional cancelou as inscrições em Dívida Ativa da União e encaminhou os processos administrativos de IRPJ e lançamentos reflexos à Receita Federal do Brasil em 22/04/2014 para análise quanto às providências cabíveis, ante a decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 (fls. 9698). Portanto, em cumprimento à decisão judicial transitada em julgado em 16/11/1999 e com base no disposto no art. 18 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, arts. 35 e 36 do Decreto n° 7.574, de 29 de setembro de 2011, e art. 224, inciso XXVI, da Portaria MF n° 203, de 14 de maio de 2012, a DRJ/Curitiba, por meio do Despacho n° 42, de 21/08/2014 (fls. 103105), devolveu o processo à DRF/Curitiba para: a) designar servidor, como perito da União, para realizar o exame pericial dos livros comerciais e fiscais da interessada dos períodosbase de 1985 a 1988 e correspondente documentação comprobatória, porventura ainda existentes, para atestar se foram efetivamente realizadas as operações de venda de mercadorias retratadas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ; b) determinar que o perito indicado pelo sujeito passivo, o contador Euclides Locatelli, seja intimado a realizar o exame à época requerido, como forma de comprovar "a existência ou não de dano ao erário público"; c) considerando que na sentença proferida em 29/03/1996, o Juiz Federal da 6a Vara Federal acolheu a tese de que há vinculação entre a ação fiscal em análise (IRPJ e lançamentos reflexos) com a ação fiscal realizada pela fiscalização do ICMS, razão pela qual entendeu que não há como se negar a adoção da figura da "prova emprestada", obter cópia da decisão proferida pela Receita Estadual no julgamento dos autos de infração n°s 3.612.3157, 3.612.3162 e 3.612.3173 e demais autuações de ICMS relacionadas com as notas fiscais arroladas pela fiscalização do IRPJ; em caso de manutenção, total ou parcial, das exigências de ICMS, confirmar se os débitos correspondentes foram pagos, parcelados ou extintos de outra forma pela interessada. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 13 12 O Auditor designado como perito da União Federal, Celso Guimarães Senra Vidal, lavrou Termo de Informação de Diligência (fls. 218222), por meio do qual relatou as seguintes constatações: a) quanto à solicitação de exame dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal do sujeito passivo dos anoscalendário de 1985 a 1988, informa que se dirigiu ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ à Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR , onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ n° 115.488.297/000153) (fls. 109117), razão pela qual o Termo de Início de Diligência Fiscal foi cientificado por meio do Edital/Sefis n° 165/2014 (fl. 118), afixado no período de 12 a 27/11/2014, mas resposta alguma foi apresentada; b) com relação à determinação para que o perito indicado pelo sujeito passivo, Euclides Locatelli, realizasse o exame requerido, informa que após contato telefônico, referido perito compareceu pessoalmente na DRF Curitiba para entregar termo esclarecendo que "quanto à Perícia Contábil, carece de elementos técnicos para a sua realização"; c) no que diz respeito à obtenção de cópia das decisões proferidas pela Receita Estadual, informa que, em resposta aos Ofícios n° 395/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 09/10/2014, e 421/2014/RFB/DRF/SEFIS/CTA, de 19/10/2014 (fls. 132133), a Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual, por meio do Ofício n° 88/2014 IGT (fl. 134), de 07/11/2014, forneceu os seguintes documentos: (i) cópia das decisões proferidas no julgamento dos autos de infração n°s 36123157, 36123165, 36123173 e 36873830 (fls. 152186); (ii) tela com dados de débitos inscritos em dívida ativa e incluído em parcelamentos (fls. 187215); (iii) Informação n° 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da Receita Estadual (fls. 216217), no qual consta que os autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173 (lavrados em 18/03/1988) e n°s 36873830 e 36873849 (lavrados em 19/09/1990) foram objeto de parcelamento pelo sujeito passivo, estando totalmente quitados, enquanto os autos de infração n°s 36873814 e 36873822 (lavrados em 19/09/1990) foram pagos pelo sujeito passivo; d) ao final, considerando a manutenção de todos os autos de infração lavrados na esfera estadual, concluiu que as operações retratadas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas nos autos foram efetivamente realizadas. O processo foi devolvido para a DRJ Curitiba para novo julgamento que, por meio do Despacho n° 7, de 27 de fevereiro de 2015 (fl. 224), encaminhou novamente o processo à DRF Curitiba para que fosse dado ciência do Termo de Informação de Diligência de fls. 218222 à Recorrente e a seu sóciogerente Oscar Ferreira Pinto, com consequente abertura de prazo de 30 dias para oportunizar a apresentação de manifestação. Como o AR com o Termo de Informação de Diligência enviado à Recorrente foi devolvido com o motivo "MUDOUSE (fl. 228), a contribuinte foi cientificada por Edital Eletrônico publicado em 17/03/2015 (fl. 232). O AR enviado a Oscar Ferreira Pinto foi devolvido com o motivo "FALECIDO" (fls. 233235), mas autoridade fiscal informou que foi dada ciência postal do relatório de diligência à atual sócia administrativa da sociedade, Laura Crispin (fl. 242), que, por intermédio de seus representantes legais, apresentou nova Impugnação, em 09/07/2015. Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 14 13 Houve, assim, novo julgamento de primeira instância, com análise conjunta das alegações de defesa apresentadas em 29/10/1990 (fl. 23) e 09/07/2015 (fls. 243256). Da Alegação de Nulidade da intimação por Edital A Recorrente alega a nulidade da intimação realizada por meio do Edital Sefis n° 165/2014 (fl. 118), para ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal (fls. 107108), ao argumento de ofensa aos princípios do devido processo legal e da publicidade, pois não teria havido o esgotamento dos meios para a localização da empresa. Alega que o advogado constituído no processo deveria ter sido intimado de todos os atos do processo indispensáveis à defesa. Todavia, o entendimento que deve prevalecer nesse caso é de que não há respaldo legal para exigir que a Administração Tributária efetue a intimação de atos processuais na pessoa e no domicílio do procurador (advogado) constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Nesse sentido também concluiu o Acórdão recorrido, colacionandose as seguintes ementas: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INTIMAÇÕES. ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE De acordo com o disposto no art. 23 do Decreto 70.235/72, as intimações relativas a atos e decisões do processo administrativo fiscal são efetuadas pessoalmente ao próprio contribuinte. (Acórdão 2401003.841 da 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, sessão de 21/01/2015) INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ESCOLHA DIVERSA. IMPOSSIBILIDADE As intimações no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário são regidas pelo art. 23 do Decreto no 70.235/1972, que limita o envio ao endereço postal fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária, não contemplando o endereçamento a advogados ou representantes localizados em domicílio diverso. (Acórdão n° 3403003.465 da 3° Turma Ordinária da 4a Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, sessão de 11/12/2014) INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. (Acórdão n° 3803 006.636 da 3a Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento do CARF, sessão de 11/11/2014) INTIMAÇÕES ATOS PROCESSUAIS PROCURADOR Não encontra respaldo legal nas normas do Processo Administrativo Fiscal a solicitação para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do procurador (advogado) constituído pelo sujeito passivo da obrigação Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 15 14 tributária. (Acórdão n° 10420.408 da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, sessão de 26/01/2005) Registrese que, além de não haver respaldo legal para a pretensão quanto à intimação diretamente ao patrono da Recorrente, para ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal (fls. 107108), cabe destacar que, não há nos autos qualquer requerimento no sentido de que as intimações fossem dirigidas ao representante legal. Com relação à intimação por edital, registrouse que o Auditor Fiscal designado como perito na União Federal, Celso Guimarães Senra Vidal, se dirigiu, em 12/11/2014, ao domicílio tributário declarado pela interessada no cadastro do CNPJ, à Rua José Antunes Ferreira, 83, CIC, Curitiba/PR, onde constatou que estava estabelecida a empresa São Gabriel Transportes, Logística e Distribuição Ltda. (CNPJ n° 115.488.297/000153) (fls. 109 117), conforme relatado no Termo de Diligência Fiscal de fls. 123. Nesse sentido, acompanho as conclusões da DRJ de que, considerando que § 1° do artigo 23 do Decreto n° 70.235, de 1972, com a redação dada pelas Leis n°s 11.196, de 2005, e 11.941, de 2009, dispôs que a intimação poderá ser feita por edital quando resultar improfícuo um dos meios previstos naquele artigo intimação pessoal, por via postal ou meio eletrônico o Termo de Início de Diligência Fiscal foi cientificado por meio do Edital Sefis n° 165/2014 (fl. 118), afixado no período de 12 a 27/11/2014. Pelo exposto, não há como acatar a alegação de não ter sido intimada a realizar a perícia determinada por decisão judicial transitada em julgado. Das Alegações de Decadência e Prescrição A recorrente sustenta que os débitos fiscais em análise teriam sido objeto da execução fiscal n° 95.00045869 da 1a Vara de Execuções Fiscais de Curitiba, extinta em decorrência do julgamento da ação n° 95.00055030 pelo TRF da 4a Região em 19/08/1999 (RNAC 96.04.388347 e 96.04.383027), cujo acórdão transitou em julgado em 16/11/1999. Acrescenta que a Fazenda Nacional foi novamente intimada da baixa dos autos em 23/04/2002 (na ação ordinária) e 26/08/2003 (na execução fiscal), tendo ambas as ações sido encaminhadas ao Arquivo Geral para baixa e arquivamento em 30/09/2003. Apenas em abril/2014, após pleito de baixa de arrolamento administrativo dos 2 caminhões que ficaram com registro de alerta no Detran em decorrência dos referidos débitos (processo 2013.0043778 da PGFN) é que a DRF Curitiba resolveu reabrir os PAFs. Argumenta que o prazo prescricional ou decadencial iniciouse com o trânsito em julgado da decisão que anulou o PAF em 16/11/1999, data a partir da qual a Fazenda poderia ter reaberto o PAF, o que não ocorreu. Assim, seja pelo transcurso do prazo de 15 anos entre data da decisão judicial e a data da reabertura do PAF, seja pelo fato de o processo administrativo ter ficado paralisado igualmente por este mesmo período, entende a Recorrente que teria havido a extinção de créditos tributários pela prescrição ou decadência, na forma dos artigos 173, II, e 174 do Código Tributário Nacional (CTN) ou do artigo 1°, § 1°, da Lei n° 9.873, de 1999. De outro modo, a DRJ entendeu que o direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação extinguese no prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador, exceto quando o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, ou Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 16 15 quando ausente o pagamento antecipado, hipóteses em que o prazo é contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Ressalta que, no presente caso, como o lançamento fiscal foi regularmente cientificado em 01/10/1990, não há que se falar em decadência para os fatos geradores ocorridos nos períodosbase de 1985 a 1988, seja com base na contagem do prazo decadencial previsto no § 4° do artigo 150 do CTN (cinco anos contados da ocorrência do fato gerador), seja com base no artigo 173, inciso I, do mesmo diploma legal (contagem do prazo decadência no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), aplicável ao caso em face de ter sido detectada conduta dolosa pela emissão de "notas calçadas". O Acórdão recorrido ainda ressalta que, da mesma forma, não cabe a alegação de nulidade formal do processo administrativo de lançamento e constituição do crédito tributário, com contagem do prazo de cinco anos a partir da decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, consoante disposto no artigo 173, inciso II, do CTN, porquanto a decisão judicial transitada em julgado não anulou o lançamento fiscal, mas apenas o processo administrativo a partir da decisão proferida pela DRF/Curitiba em 21/03/1991. A Recorrente ainda alegou prescrição do crédito tributário, considerando o tempo que o processo não tramitou durante a fase de execução fiscal, na forma do parágrafo único do artigo 174 do CTN. Somente após o trânsito em julgado da decisão que cancelou as CDAs e extinguiu a execução. Descabida a argumentação da Recorrente, pois a execução fiscal foi sobrestada por decisão judicial. Assim, compartilho do entendimento da DRJ, no sentido de que se a Recorrente foi cientificada do lançamento fiscal, em 01/10/1990 e apresentou impugnação, em, em 29/10/1990, a exigibilidade foi suspensa (artigo 151, inc. III, CTN). Como o processo se encontra pendente de decisão administrativa definitiva, haja vista a decisão judicial transitada em julgado ter anulado as decisões administrativas de 1a e 2a instâncias anteriormente proferidas, o prazo prescricional previsto no caput do artigo 174 do CTN somente começará a fluir com a notificação da decisão, desfavorável à Recorrente, do último recurso administrativo por ela impetrado. Colacionaramse as seguintes ementas do Carf, no sentido de que não se pode cogitar em prescrição, enquanto o crédito tributário não puder ser cobrado por estar pendente de decisão definitiva: NORMAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO PRESCRIÇÃO A contagem do prazo a que se refere o art. 174 do CTN tem como ponto de partida a data da constituição definitiva do crédito tributário. Como ato de lançamento, o sujeito passivo é notificado a recolher ou impugnar o débito dentro do prazo de trinta dias. Nesse intervalo a Fazenda Nacional ainda não está investida da titularidade da ação de cobrança, não podendo, por via de consequência, ser considerada inerte. As impugnações e recursos interpostos nos termos do processo administrativo fiscal suspendem a exigibilidade do crédito tributário, mas o prazo de prescrição sequer foi iniciado. (Acórdão Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 17 16 10319.693 da 3a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte, sessão de 14/10/1998) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CRÉDITO TRIBUTÁRIO PRESCRIÇÃO Os recursos administrativos oferecidos contra o lançamento, impeditivos ou suspensivos da correlativa ação fiscal de cobrança, afetam o prazo inerente ao fenômeno extintivo da prescrição, vez que o crédito tributário pendente de discussão não pode ser cobrado, razão pela qual também não se pode cogitar de prescrição, cujo prazo só se inicia na data de sua constituição definitiva. (Acórdão 20173.442 da 1a Câmara do Segundo Conselho de Contribuinte, sessão de 12/07/2000) (Grifouse) Também não há fundamento para a alegação de prescrição intercorrente, ao argumento de que o crédito tributário perseguido encontrase extinto na mais elastecida das hipóteses desde 16/11/2004, ou seja, há mais de 10 anos, considerando o prazo de 3 anos para julgamento de processo administrativo, conforme previsto no artigo 1°, § 1°, da Lei n° 9.873, de 23 de novembro de 1999, in verbis: Art. 1°. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. § 1°. Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. § 2o. Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição regerseá pelo prazo previsto na lei penal. Art. 1°A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração à legislação em vigor. (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009). Não obstante, o artigo 5° do mesmo diploma legal dispõe expressamente que a perda do direito de ação pela paralisação do procedimento administrativo por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, não se aplica aos processos e procedimentos de natureza tributária: Art. 5°. O disposto nesta Lei não se aplica às infrações de natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária. No mesmo sentido, a Súmula 11 do CARF dispõe que não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal: Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 18 17 Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Por todo o exposto, voto por rejeitar as alegações relativas à decadência, prescrição e prescrição intercorrente do crédito tributário. Da Perícia Contábil/Fiscal A Recorrente requereu a produção de prova pericial, na impugnação apresentada em 29/10/1990, com fundamento no disposto no artigo 17, parágrafo único, do Decreto n° 70.235, de 1972, como forma de comprovar a existência ou não de dano ao erário público, indicando como seu perito o contador Euclides Locatelli, à época com escritório na Rua XV de Novembro, 266, conjunto 33, Centro, Curitiba/PR. O pedido de realização da perícia contábil/fiscal foi indeferido na decisão de primeira instância administrativa proferida pela DRF/Curitiba em 21/03/1991 (Decisão n° 1 053/91 no processo matriz), confirmada pela Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em 17/11/1992 (Acórdão n° 1057.015). Posteriormente, nos autos da Ação Ordinária n° 94.00.095678 e da Ação Cautelar n° 94.00.055030, o Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba entendeu que, como os lançamentos fiscais de IRPJ e lançamentos reflexos estão fundamentados em prova emprestada, porquanto baseados única e exclusivamente nos elementos/provas auridos do procedimento fiscal realizado pela receita estadual, cujos autos de infração de ICMS estavam sendo objeto de impugnação, havia imperiosa necessidade de perícia contábil/fiscal para se apurar, com critério e equilibro, a alegada prática de omissão de receita, motivo pelo qual anulou, em 29/03/1996, o procedimento administrativo em análise a partir da decisão da DRF/Curitiba. Da sentença proferida pelo Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba extraemse os seguintes excertos: Tem, portanto, como incontroverso o fato de que tanto a ação fiscal como a lavratura do auto de infração dela resultante partiram única e exclusivamente dos elementos/provas auridos do procedimento fiscal realizado pela receita estadual, no qual imputouse, também à Autora a prática da omissão de receita. Diante desta constatação lógica e razoável a conclusão de que o procedimento hostilizado adotou a figura da presunção como elemento justificador de sua atuação, daí porque, invoca a Requerida a legitimidade de tal proceder na medida em que estaria revelada a substancial (grifos da Requerida) prova documental que instruiu o referido processo administrativo. Até aqui nada demais. Ocorre, porém, que a Autora trouxe aos autos comprovação de que alguns dos autos de infrações emitidos pela Receita Estadual estão sendo objeto de impugnação, conforme fazem certas as certidões de fls. 46 e 48, destes autos, de sorte que, quanto a eles, bem como quanto aqueles objeto de inscrição em dívida ativa encontramse em fase de discussão judicial (fls. 50). Ora, tal fato por si só antedemonstra a fragilidade da alegada "força substancial" da prova emprestada perante o fisco estadual, pois enquanto não definitivamente constituído o crédito tributário estadual não se pode presumilo como hábil e suficiente para caracterizar a alegada omissão de receita, ao menos para efeito de préconstituir o crédito tributário devido ao fisco federal. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 19 18 Diante desta consideração é que entendo necessária e pertinente a produção da prova pericial requerida pela Autora, visto que, é através dela que será possível identificar se, discriminadamente, se houve o alegado "lucro real", e, uma vez apurado, o montante passível de tributação. Por tal motivo reconheço que inocorrente as circunstâncias que eventualmente possam inviabilizar a produção do referido meio provante expressamente previsto pelo artigo 17, do Decreto 70.235/72. (...) No presente caso, malgrado a ilustre autoridade fiscal, à qual está vinculada a Requerida, tivesse por reiteradas vezes procurado negar a estreita vinculação entre a ação fiscal por ela encetada, com a ação fiscal realizada pela receita estadual, não há como se negar a adoção da figura da "prova emprestada ", quando não da presunção desta para justificação daquela. (...) (...) Sem embargo de maior aprofundamento da matéria, vez que não se pretende adentrar no mérito propriamente dito da existência ou não do alegado crédito tributário, entendo que a farta prova documental carreada aos autos, especialmente aquela produzida no corpo do processo cautelar em apenso antedemonstra a necessidade de se apurar com critério e equilíbrio a alega prática de "omissão de receita ", proporcionandose à Autora a possibilidade de comprovar pela atividade da empresa e pelo movimento econômico, se apurou ou não lucro real capaz de justificar a incidência do imposto de renda da pessoa jurídica bem como das demais contribuições dela decorrentes, daí porque evidenciarse imperiosa a necessidade da perícia contábil/fiscal. À vista do exposto e mais do que dos autos consta julgo procedente a ação anulatória de débito fiscal, simultaneamente com a medida cautelar em apenso, o que faço para anular o procedimento administrativo notificado nestes autos, a partir da decisão que negou a realização da prova pericial. (...) (Grifouse) A decisão a quo foi confirmada pela Segunda Turma do TRF da 4a Região, em 19/08/1999, nos autos da Remessa ExOfficio em Ação Cautelar n° 96.04.388347/PR e n° 96.04.383027/PR, transitada em julgado em 16/11/1999, a Procuradoria da Fazenda Nacional cancelou as inscrições em dívida ativa dos débitos de IRPJ e lançamentos reflexos e devolveu os processos administrativos à Receita Federal do Brasil em 22/04/2014, para análise quanto às providências eventualmente cabíveis (fls. 98100). O perito indicado pelo sujeito passivo, Euclides Locatelli foi instado a realizar a perícia contábil/fiscal requerida na impugnação apresentada em 29/10/1990. Em resposta, entregou termo esclarecendo que: "Quanto à Perícia Contábil, carece de elementos técnicos para sua realização". Na manifestação apresentada em 09/07/2015, a Recorrente, por intermédio de seus representantes legais, alegou que a autoridade fiscal intimou o assistente técnico indicado há vinte anos que não possuía mais qualquer documentação comprobatória em face de ter encerrado seu vínculo com a interessada em 2008 , mas não intimou os advogados constituídos nos autos, o que é mais uma prova da ofensa ao devido processo legal, já que foi reaberto um PAF e iniciada uma perícia em absoluta revelia da empresa e de seus advogados constituídos. Acrescentou que, se o assistente técnico afirmou não possuir mais qualquer documento da empresa, a Recorrente é quem deveria ter sido notificada a apresentar a documentação que o fisco entendesse necessário. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 20 19 Sobre essa alegação, o Acórdão recorrido registrou que, era necessário reiterar que, a ciência do Termo de Início de Diligência Fiscal foi dada por meio do Edital/Sefis n° 165/2014 em decorrência exclusiva do fato de a interessada não ter atualizado o seu domicílio tributário no cadastro do CNPJ, o que impediu que ela fosse localizada para acompanhar a perícia contábil/fiscal por ela requerida na impugnação apresentada em 29/10/1990. A DRJ salientou que, independentemente das razões pelas quais o processo em tela somente foi devolvido pela Procuradoria da Fazenda Nacional para a Receita Federal do Brasil em 22/04/2014, o fato é que a perícia contábil/fiscal determinada pela decisão judicial transitada em julgado é aquela requerida na impugnação apresentada em 29/10/1990, com fundamento no disposto no artigo 17, parágrafo único, do Decreto n° 70.235, de 1972, na qual foi indicado o contador Euclides Locatelli como seu perito. Destaca que, como na manifestação de 09/07/2015 a Recorrente limitouse a demonstrar irresignação contra o fato de a autoridade fiscal não ter intimado os advogados por ela constituídos para apresentar a documentação que comprovaria a inexistência de dano ao erário público (o quesito formulado para o exame pericial requerido em 29/10/1990), a Recorrente teria perdido nova oportunidade para demonstrar que não ocorreram as operações registradas nas primeiras vias das notas fiscais arroladas nos autos, pois sequer um indício de prova foi apresentado em sua defesa. Com relação à alegação de que as atividades da Recorrente, pelo seu movimento econômico, não poderiam jamais gerar um lucro real no montante apurado pela autoridade fiscal, a DRJ registrou que, não havia como se deixar de ponderar a possibilidade de a contribuinte, da mesma forma que procedeu com as "notas calçadas", ter deixado de escriturar parte das aquisições de mercadorias para revenda. Pelo exposto, compartilho do entendimento da DRJ no sentido de que foram cumpridas as determinações cabíveis para atender ao pedido de perícia contábil/fiscal e, sendo assim, não há cerceamento de defesa, nem mesmo infração ao princípio do devido processo legal. De qualquer forma, conforme ressaltado pela DRJ, ainda que não tenha sido possível realizar a perícia contábil/fiscal requerida pela Recorrente, foram juntados aos autos novos elementos probatórios que permitiram a formação de convicção, como analisado em sequência. Da Prova Emprestada A Recorrente protestou contra o fato de o Fisco Federal terse baseado em autos de infração de ICMS lavrados pela Receita Estadual lavrados em 18/03/1988 (autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173) e 19/09/1990 (n°s 36873830, 36873849, 36873814 e 36873822), devidamente impugnados, fato que acarretaria ofensa ao princípio constitucional do devido processo legal. Nesse ponto, o Acórdão recorrido registrou que, o CARF vem reiteradamente admitindo a utilização de prova emprestada produzida pela fiscalização estadual: PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 21 20 As provas obtidas do Fisco Estadual na fase de fiscalização são admissíveis no processo administrativo fiscal desde que submetidas a novo contraditório por justamente não prejudicarem o direito de defesa do contribuinte. (Acórdão n° 1401001.316 da 1a Turma Ordinária da 4a Câmara da Primeira Seção de Julgamento do CARF, sessão de 25/09/2014) PROVA EMPRESTADA. No processo administrativo fiscal os fatos podem ser provados por todos os meios admitidos em direito, inexistindo vedação legal ao uso da prova emprestada. (Acórdão n° 3403003.152 da 3a Turma Ordinária da 4a Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, sessão de 19 /08/2014). PROVA EMPRESTADA. FASE OFICIOSA. ADMISSIBILIDADE. As provas obtidas do Fisco na fase de fiscalização são admissíveis no processo administrativo fiscal, desde que submetidas a novo contraditório, sem prejudicar o direito de defesa do contribuinte. (Acórdão n° 3202001.173 da 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, sessão de 23/04/2014). OMISSÃO DE RECEITAS OPERACIONAIS 1) PROVA PRODUZIDA PELO FISCO ESTADUAL: Os fatos descritos em auto de infração estadual, por conterem declarações prestadas por agentes do Poder Público, presume se verdadeiros até prova em contrário. O pagamento da exigência formulada pelo fisco estadual implica, também, no reconhecimento da exatidão do levantamento efetuado. (Acórdão n° 10176.486 da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, sessão de 11/06/1986) LANÇAMENTO DE OFÍCIO COM BASE EM PROVA PRODUZIDA PELO FISCO ESTADUAL. Os fatos descritos em auto de infração estadual, por conterem declarações prestadas por agentes do Poder Público presumemse verdadeiros até prova em contrário. O pagamento da exigência ou o pedido de parcelamento implica no reconhecimento da exatidão dos levantamentos efetuados na oportunidade. O pedido de parcelamento só é viável com a confissão da dívida. Inconcebível o questionamento na esfera federal da veracidade dos fatos que embasaram o lançamento pela Fazenda Estadual, se o contribuinte não comprovar, desde logo, as suas alegações. (Acórdão n° 10176.715 da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, sessão de 05/08/1986) De qualquer forma, assim como concluiu a DRJ, não obstante seja legítima a utilização de prova emprestada, ou seja, o aproveitamento de provas da infração produzidas em processos instaurados por autoridades fiscais de uma esfera de poder por outra, contra o mesmo contribuinte, é importante registrar que, o lançamento em análise não se limita a simples transposição das conclusões da fiscalização do ICMS, pois a omissão de receitas está efetivamente comprovada pelas notas fiscais emitidas pela interessada (primeiras e quintas vias), cuja análise autoriza concluir pela prática da emissão de "notas calçadas". Das Notas calçadas A fiscalização identificou a prática pela Recorrente de emissão de "notas calçadas", procedimento que consiste no registro do valor real da operação na primeira via da Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 22 21 nota fiscal (via do destinatário), enquanto nas demais vias é registrado um valor inferior para fins contábeis e fiscais, prática considerada crime de sonegação fiscal pelo artigo 1°, inciso III, da Lei n° 4.729, de 14, de julho de 1965, e enquadrada como crime contra a ordem tributária pelo artigo 1°, inciso III, da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Mediante confronto entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais abaixo relacionadas, foi apurada uma omissão de receitas no montante de Cr$ 5.101.559.752,00, Cz$ 11.936.206,84, NCz$ 14.827.680,04 e NCz$ 1.832.715,66 nos períodosbase de 1985, 1986, 1987 e 1988, respectivamente: Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 23 22 Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 24 23 Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 25 24 Chamouse a atenção para o fato de que, nas primeiras vias dessas notas fiscais constam expressivas vendas de mercadorias para apenas dois clientes, Casa do Perfume Ltda. (CNPJ n° 21.174.305/000190, com sede em Belo Horizonte/MG) e Cosmetel Perfumaria e Cosméticos Ltda. (CNPJ n° 48.213.714/000104, em São Paulo/SP), enquanto nas quintas vias constam ínfimas vendas a diversos clientes em Curitiba. A Recorrente alegou que o lançamento estaria apoiado em meras presunções e indícios, mas tal argumento não se sustenta diante os seguintes fatos: a) as primeiras e quintas vias das notas fiscais de emissão da interessada, cujas cópias foram fornecidas pela fiscalização do ICMS, constituem prova direta da omissão de receitas; b) considerando que a emissão da nota fiscal é obrigatória, para fins fiscais, para documentar uma operação de venda de mercadorias conforme Convênio SINIEF S/N, de 15 de dezembro de 1970, cujo artigo 14 determina que "Sempre que for obrigatória a emissão de documentos fiscais, aqueles a quem se destinarem as mercadorias são obrigados a exigir tais documentos dos que devam emitilos, contendo todos os requisitos legais" , e tendo em vista que apenas a interessada podia ter utilizado seus blocos de nota fiscal, considerase, enquanto não apresentada prova em contrário, que as operações retratadas nas primeiras vias das notas fiscais em análise foram realmente realizadas pela fiscalizada; c) com relação à alegação de que a emissão das notas fiscais com consignações diferentes em suas vias foi realizada por funcionários inescrupulosos, à revelia dos Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 26 25 sócios da empresa, com o claro intuito de vender créditos de ICMS a pessoas com eles coniventes, cumpre destacar que, além de tal justificativa não restar comprovada nos autos, a interessada é responsável por todos os prejuízos e danos causados a outrem por seus funcionários, em decorrência de atos praticados no desempenho das atividades dos cargos para os quais foram contratados, seja por culpa in vigilando (que se imputa culpa à pessoa, em razão de prejuízos ou danos causados a outrem, por atos de pessoa sob sua dependência, em consequência da falta de vigilância ou atenção que deveria ter), seja por culpa in eligendo (que atribuiu culpa ao proprietário, patrão, empregador, etc. pelas faltas cometidas por seus empregados ou prepostos, na execução de atos ou omissões que possam causar danos a outrem no exercício do trabalho que lhes é cometido); d) conforme disposto no artigo 136 do CTN, a responsabilidade é objetiva (ação ou omissão prevista em lei como contrária ao Direito), dispensando a análise do elemento subjetivo (dolo ou culpa), a não ser, apenas, para agravar a penalidade a ser aplicada, razão pela qual a responsabilidade pelo pagamento dos tributos é, em princípio, do sujeito passivo responsável pela realização do fato gerador, não podendo ser afastada pela alegação de que o ato teria sido praticado por funcionários inescrupulosos, à revelia dos sócios da empresa. A Recorrente argumentou na defesa apresentada em 29/10/1990 que os autos de infração de ICMS nos quais os autos de infração de IRPJ e lançamentos reflexos estavam baseados haviam sido impugnados e estavam pendentes de decisão administrativa final. No mesmo sendo, a decisão judicial, transitada em julgado, que determinou a realização da perícia contábil/fiscal, se fundamentou no fato de se tratar de prova emprestada e de o julgamento dos lançamentos de ICMS ainda estar pendente de decisão final. Por conseguinte, qualquer dúvida acerca da efetividade das vendas registradas nas primeiras vias das notas fiscais foi definitivamente suprimida quando a contribuinte reconheceu a procedência dos autos de infração lavrados pela Receita Estadual, com base nas mesmas operações tributadas nos presentes autos, quando efetuou o pagamento e/ou parcelamento (que exige confissão da dívida) daquelas exigências de ICMS, conforme consta da Informação n° 504/2014 da Inspetoria Geral de Tributação da 1a Delegacia Regional da Receita do Estado do Paraná (fls. 216217): A DRJ certificouse que esses lançamentos de ICMS foram integralmente mantidos nos julgamentos administrativos de 1a e 2a instâncias da Secretaria de Estado da Fazenda do Estado do Paraná: a) no julgamento das impugnações apresentadas contra os lançamentos de ICMS, os autos de infração lavrados em 18/03/1988 (n°s 36123157, 36123165 e 36123173) e 19/09/1990 (n°s 36873830, 36873849, 36873814 e 36873822) foram julgados integralmente procedentes tanto pela Inspetoria Regional de Tributação da 1a Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 27 26 Delegacia Regional da Receita do Estado do Paraná e como pelo Conselho de Contribuintes e Recursos Fiscais do Estado do Paraná (fls. 152186); b) os débitos constantes dos autos de infração de ICMS n°s 36123157, 36123165 e 36123173 foram inscritos na Dívida Ativa em 13/03/1990 (fls. 190192), enquanto os dos autos de infração n°s 36873830 e 36873849 foram inscritos em 23/04/1994 (fl. 193) e 25/06/1993 (fl. 187), respectivamente; c) os débitos dos autos de infração n°s 36873814 e 36873822 foram recolhidos pelo sujeito passivo em 02/09/1992 (fls. 188, 189 e 214215); d) os débitos dos autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173 foram incluídos no parcelamento TAP n° 01.5171154 (fls. 198202), com 36 parcelas, tendo a última sido quitada em 17/02/1993, enquanto os débitos dos autos de infração n°s 36873830 e 36873849 foram incluídos no parcelamento TAP n° 15385316, com 100 parcelas, a última quitada em 24/02/2006 (fls. 203213). A Recorrente (09/07/2015), alegou que os créditos tributários estaduais não foram parcelados, mas sim anistiados, na forma da Lei n° 11.800, de 10 de julho de 1997, do Estado do Paraná. Todavia, a DRJ verificou que tal lei autorizou o parcelamento de débitos de ICMS, lançados até a data da publicação daquela lei, em até 100 parcelas, com anistia da multa e da atualização monetária sobre ela incidente, e remissão dos juros, mas o valor do principal devia ser integralmente pago. Registrou ainda que, dos lançamentos de ICMS citados nos autos, somente os débitos incluídos no parcelamento TAP n° 15385316 (autos de infração n°s 36873830 e 36873849) se beneficiaram da redução de encargos prevista na Lei Estadual n° 11.800, de 1997. Reiterouse que o Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba, nos autos da Ação Ordinária n° 94.00.095678 e da Ação Cautelar n° 94.00.055030, anulou, em 29/03/1996, o procedimento em análise a partir da decisão da DRF/Curitiba porquanto entendeu que os lançamentos de IRPJ e lançamentos reflexos estavam fundamentados em prova emprestada, baseados única e exclusivamente nos elementos/provas auridos do procedimento fiscal realizado pela receita estadual, cujos autos de infração de ICMS estavam sendo contestados pela interessada. Todavia, como destacou a DRJ, verificase que a decisão do Juiz da 6a Vara Federal de Curitiba se fundamentou em premissa incorreta, pois os recursos apresentados contra os autos de infração n°s 36873814 e 36873822 já haviam à época sido julgados improcedentes e os débitos correspondentes estavam integralmente recolhidos, em 02/09/1992, enquanto os dos autos de infração n°s 36123157, 36123165 e 36123173, cujos recursos também já haviam sido julgados improcedentes, foram incluídos no parcelamento TAP n° 01.5171154, tendo a última parcela sido quitada em 17/02/1993, ou seja, antes da sentença proferida em 29/03/1996. Apenas os débitos constantes dos autos de infração n°s 36873830 (notas fiscais emitidas nos meses de setembro e novembro/1985) e 36873849 (notas fiscais emitidas no período de abril a novembro/1986) ainda não estavam quitados em 29/03/1996, mas os lançamentos correspondentes já tinham sido julgados procedentes pela Receita Estadual, conforme Certidão de fl. 185, razão pela qual foram posteriormente incluídos no parcelamento Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10980.007684/9077 Acórdão n.º 1302003.169 S1C3T2 Fl. 28 27 TAP n° 15385316, com a redução de encargos legais prevista na Lei Estadual n° 11.800, de 1997. Dessa forma, também acompanho a DRJ, ao confirmar a divergência entre as primeiras e quintas vias das notas fiscais emitidas pela interessada e, dessa forma, não há como não manter a exigência correspondente. Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade, decadência e prescrição e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a exigência de IRRF. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 379DF CARF MF
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