Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,092)
- Segunda Câmara (27,783)
- Primeira Câmara (25,080)
- Segunda Turma Ordinária d (16,855)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,785)
- Primeira Turma Ordinária (15,492)
- Segunda Turma Ordinária d (15,401)
- Primeira Turma Ordinária (15,291)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (13,997)
- Primeira Turma Ordinária (12,809)
- Primeira Turma Ordinária (11,973)
- Segunda Turma Ordinária d (11,939)
- Quarta Câmara (11,511)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,499)
- Terceira Câmara (64,123)
- Segunda Câmara (52,438)
- Primeira Câmara (17,109)
- 3ª SEÇÃO (15,785)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,697)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,518)
- Segunda Seção de Julgamen (110,258)
- Primeira Seção de Julgame (72,795)
- Primeiro Conselho de Cont (49,045)
- Segundo Conselho de Contr (48,789)
- Câmara Superior de Recurs (37,245)
- Terceiro Conselho de Cont (25,932)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,044)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,959)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,851)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,779)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,018)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,321)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,804)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,383)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,946)
- 2018 (26,043)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,460)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,837)
- 2009 (15,837)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,612)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (17,574)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,016)
Numero do processo: 10650.001530/2007-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
Ementa: MULTA DE OFÍCIO
Ano-calendário: 2003 e 2004
Ementa: MULTA DE OFÍCIO. OMISSÃO DE RECEITAS. NÃO
COMPROVAÇÃO DO INTUITO FRAUDULENTO. REDUÇÃO.
Não comprovado, pelo trabalho fiscal, que a omissão de receitas foi pautada em dolo, com intuito fraudulento, é necessária a redução da multa de ofício, em obediência à Súmula 14 do CARF.
Numero da decisão: 1101-000.610
Decisão: Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira
Câmara da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso, para excluir a multa qualificada, nos termos do relatório e do voto que acompanham o presente acórdão. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro.
Matéria: IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
Nome do relator: BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPJ - AF- lucro presumido(exceto omis.receitas pres.legal)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201110
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : MULTA DE OFÍCIO Ano-calendário: 2003 e 2004 Ementa: MULTA DE OFÍCIO. OMISSÃO DE RECEITAS. NÃO COMPROVAÇÃO DO INTUITO FRAUDULENTO. REDUÇÃO. Não comprovado, pelo trabalho fiscal, que a omissão de receitas foi pautada em dolo, com intuito fraudulento, é necessária a redução da multa de ofício, em obediência à Súmula 14 do CARF.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10650.001530/2007-59
anomes_publicacao_s : 201110
conteudo_id_s : 4965938
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1101-000.610
nome_arquivo_s : 110100610_10650001530200759_201110.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10650001530200759_4965938.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso, para excluir a multa qualificada, nos termos do relatório e do voto que acompanham o presente acórdão. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2011
id : 4747185
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233334554624
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 1 1 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10650.001530/200759 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 110100.610 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de outubro de 2011 Matéria IRPJ E OUTROS Recorrente GUARÁ AGROPECUÁRIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: MULTA DE OFÍCIO Anocalendário: 2003 e 2004 Ementa: MULTA DE OFÍCIO. OMISSÃO DE RECEITAS. NÃO COMPROVAÇÃO DO INTUITO FRAUDULENTO. REDUÇÃO. Não comprovado, pelo trabalho fiscal, que a omissão de receitas foi pautada em dolo, com intuito fraudulento, é necessária a redução da multa de ofício, em obediência à Súmula 14 do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso, para excluir a multa qualificada, nos termos do relatório e do voto que acompanham o presente acórdão. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro. (assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente (assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Fl. 241DF CARF MF Impresso em 19/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES 2 Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Benedicto Celso Benício Júnior, Edeli Pereira Bessa, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, José Ricardo da Silva e Nara Cristina Takeda Taga. Relatório Contra a contribuinte acima identificada foram lavrados os Autos de Infração de fls. 05/46, que lhe exigem um crédito tributário de R$ 303.808,86 (trezentos e três mil, oitocentos e oito reais e oitenta e seis centavos), com juros de mora calculados até 31/10/2007, relativo ao IRPJ, ao PIS/Pasep, à CSLL e à Cofins. Segundo a "Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is)", constante dos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de omissão de receitas da atividade comercial da pessoa jurídica. Em razão da infração apurada foi formalizada representação fiscal para fins penais por meio do processo n.° 10650.001534/200737. Por meio de procurador constituído pelo instrumento de fls. 189, a contribuinte apresentou impugnação, na qual pediu "seja o Auto de Infração revisto, conforme já requerido, sendo ao final reduzida a multa aplicada ao percentual de 50%..." O crédito tributário relativo à matéria não impugnada foi transferido para o processo n.° 15254.000005/200893, conforme Termo de Transferência de Crédito Tributário às fls. 208/210. Quanto a matéria impugnada o lançamento foi mantido pela Delegacia de Julgamento de Juiz de Fora MG. A ementa do Acórdão da DRJ foi a seguinte: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004 MULTA. IMPERFEIÇÃO NO ENQUADRAMENTO LEGAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. A imperfeição na capitulação legal na aplicação da penalidade não autoriza, por si só, a declaração de nulidade ou a redução da multa, se a acusação fiscal estiver claramente descrita e propiciar ao contribuinte dela se defender amplamente, Fl. 242DF CARF MF Impresso em 19/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES Processo nº 10650.001530/200759 Acórdão n.º 110100.610 S1C1T1 Fl. 2 3 mormente se este não suscitar e demonstrar o prejuízo sofrido em razão do ato viciado. Precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. INTIMAÇÕES NO ESCRITÓRIO DO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. No processo administrativo fiscal a ciência dos atos processuais se dá na forma estabelecida no Decreto n.° 70.235/72, devendo, no caso de utilizada a via postal, ocorrer no domicilio tributário do sujeito passivo. Lançamento Procedente.” Cientificada da decisão da DRJ, a recorrente apresentou recurso voluntário, reafirmando sua concordância quanto aos tributos lançados, recorrendo apenas do percentual da multa de ofício no percentual de 150%, requerendo sua redução para o percentual de 75% sob o argumento de que não agiu com dolo, e isto está demonstrado pelo fato de ter assumido sua culpa. Assim, o processo foi redistribuído para minha relatoria, nesta 1ª Câmara/ 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento do CARF. É o relatório. Voto Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR, Relator: O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço. A lavratura do AIIM teve fulcro no trabalho fiscal, em que se constatou a omissão de receitas pelo recorrente, para o período referente aos anoscalendários de 2003 e 2004, decorrente da remessa de “leitões em lactação”, sem a emissão de notas fiscais, para a empresa parceira SADIA S.A., sendo que esta emitia Notas Fiscais de Entradas para acobertar o recebimento das mercadorias. Conseguintemente, foram lavrados autos de infrações para exigir IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, para o período omitido, uma vez que os valores encontrados passaram a integrar a base de cálculo dos referidos tributos. Assim, em consequência da constatação de que o recorrente cometeu crime contra a ordem tributária, foi lavrado também o respectivo auto de infração, para a devida apuração. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 19/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES 4 Inicialmente, o recorrente em sua impugnação, buscou desconstituir apenas o percentual da multa de ofício aplicada, requerendo sua redução, anuindo com os tributos exigidos. Por esta razão, o crédito tributário não impugnado foi transferido de pronto para o processo nº 15254.000005/200893. Portanto, no presente recurso, resta a irresignação apenas no tocante a multa de ofício aplicada, não havendo a necessidade de adentrarmos, no presente julgamento, sobre o mérito da omissão de receitas constatada pelo trabalho fiscal, uma vez que confessado pelo recorrente. O recorrente, em suas razões recursais, alega que a omissão de receitas se deve pelo fato da não emissão das notas fiscais de saídas para o acobertamento do envio de “leitões em lactação” à empresa Sadia S/A, sendo que a mercadoria era acobertada por notas fiscais de entrada emitidas por esta. Esclarece que a falha no registro contábil do recorrente, ao lançar apenas parte de suas receitas, se deve pelo não recebimento da via da nota fiscal de entrada por seus contadores, das notas emitidas pela empresa Sadia/SA, pelos seus funcionários responsáveis pela entrega. Afirma que a omissão de receitas só ocorreu por falha de seus empregados, e que tal fato não pode ser considerado como conduta dolosa a justificar a aplicação da multa de ofício no percentual de 150% do imposto devido, corroborando com este argumento o fato de ter confessado sua culpa, instituto jurídico dissonante do dolo. Requerendo a redução da penalidade para 75%. Quanto a multa de ofício aplicada nos casos de omissão de receitas, há disposição expressa, assentada através de súmula deste Egrégio Conselho, determinando que só deverá ser aplicada a multa de ofício quando comprovado o evidente intuito fraudulento do sujeito passivo. Conforme disposto na Súmula 14 do CARF: “A simples apuração da omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo” Portanto, uma vez que há disposição expressa em súmula, não me estenderei a respeito da questão, pois verifico, pelas provas acostadas aos autos, que o intuito fraudulento não resta comprovado, o que inadmite a manutenção da aplicação da multa de ofício de no patamar de150% (cento e cinquenta por cento). Isto posto, DOU PROVIMENTO ao recurso, para determinar a redução do percentual da multa de ofício aplicada, até o importe de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do tributo devido. Sala das Sessões, em 20 de outubro de 2011 Fl. 244DF CARF MF Impresso em 19/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES Processo nº 10650.001530/200759 Acórdão n.º 110100.610 S1C1T1 Fl. 3 5 (assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente (assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Relator Fl. 245DF CARF MF Impresso em 19/04/2012 por JOSE ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 10665.720783/2007-66
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR
Exercício: 2005
Ementa: ÁREAS ALAGADAS. RESERVATÓRIOS DE USINAS HIDRELÉTRICAS.
O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n° 45, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009).
Numero da decisão: 9202-001.908
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Maria Lener Leite, OAB/SP nº 53.655, advogada do contribuinte.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - valor terra nua
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : ITR - notific./auto de infração eletrônico - valor terra nua
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201111
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2005 Ementa: ÁREAS ALAGADAS. RESERVATÓRIOS DE USINAS HIDRELÉTRICAS. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n° 45, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009).
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10665.720783/2007-66
anomes_publicacao_s : 201111
conteudo_id_s : 4813700
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9202-001.908
nome_arquivo_s : 920201908_10665720783200766_201111.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : MARCELO OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10665720783200766_4813700.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Maria Lener Leite, OAB/SP nº 53.655, advogada do contribuinte.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
id : 4747904
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:44:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233336651776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1424; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 191 1 190 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10665.720783/200766 Recurso nº 143.045 Especial do Contribuinte Acórdão nº 920201.908 – 2ª Turma Sessão de 30 de novembro de 2011 Matéria ITR. Recorrente FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S/A Interessado PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL (PGFN) Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2005 Ementa: ÁREAS ALAGADAS. RESERVATÓRIOS DE USINAS HIDRELÉTRICAS. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. (Súmula CARF n° 45, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009). Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Maria Lener Leite, OAB/SP nº 53.655, advogada do contribuinte. (assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente Fl. 179DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti (Conselheira Convocada), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro Convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elias Sampaio Freire. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10665.720783/200766 Acórdão n.º 920201.908 CSRFT2 Fl. 192 3 Relatório Tratase de Recurso Especial por divergência, fls.0134, interposto pelo sujeito passivo contra acórdão, fls. 0117, que decidiu, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso. O acórdão em questão possui as seguintes ementa e decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREAS SUBMERSAS. EXCLUSÃO DA BASE DE CALCULO. POSSIBILIDADE. Áreas rurais de empresa concessionária de serviços públicos de eletricidade, destinadas a reservatórios de usina hidrelétrica, devem ser consideradas corno áreas ocupadas com benfeitorias para efeito de cálculo do grau de utilização do território. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. No caso de prestação de informações inexatas pelo contribuinte, a legislação autoriza a Secretaria da Receita Federal a arbitrar o Valor da Terra Nua com base no SIPT. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relator. Os Conselheiros Corintho Oliveira Machado e Mércia Helena Trajano D'Amorim votaram pela conclusão. Em seu recurso especial o sujeito passivo alega, em síntese, que: 1 A tributação não pode prosperar, pois, inclusive, a jurisprudência levou ao CARF a expedir Súmula que dá razão á recorrente; e 2 Pelo exposto, requer o conhecimento e o proviemnto do presente recurso. Por despacho, fls. 0177, deuse seguimento ao recurso especial. A PGFN apresentou suas contra razões, argumentando, em síntese, que as alegações da recorrente são improcedentes e que o recurso deve ser negado. Os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA 4 É o Relatório. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10665.720783/200766 Acórdão n.º 920201.908 CSRFT2 Fl. 193 5 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Muito embora o lançamento trate de arbitramento do Valor da Terra Nua (VTN), verificase que a lide instalada desde o início do procedimento fiscal gira em torno da possibilidade de se exigir, ou não, ITR sobre terras alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. Tal constatação se confirma pela leitura dos autos, fls. 001 a 018 e fls. 072, partes integrantes do processo, onde as autoridades fiscais discorrem longamente sobre o tema. Ocorre que tal matéria já se encontra pacificada neste Conselho, conforme Súmula CARF 45, de 22/12/2009, que a seguir se transcreve: Súmula CARF n°45 O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural não incide sobre áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidroelétricas. No presente caso, resta claro dos autos que o imóvel é utilizado como reservatório de usina hidrelétrica, estando suas áreas, portanto, submersas, de sorte que a exigência consubstanciada no lançamento não pode prosperar. CONCLUSÃO: Ante o exposto, VOTO em dar provimento ao recurso, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 183DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA 6 Fl. 184DF CARF MF Impresso em 27/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 10/01/2012 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001097/2003-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano calendário:1998
CSLL. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE.
Incabível a homologação de compensação de débito declarado à Receita Federal, quando o direito creditório utilizado não é reconhecido. Valor recolhido com base na anistia da MP 38/2002 é insuficiente, não havendo que se falar em indébito tributário.
Numero da decisão: 1402-000.687
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário:1998 CSLL. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. Incabível a homologação de compensação de débito declarado à Receita Federal, quando o direito creditório utilizado não é reconhecido. Valor recolhido com base na anistia da MP 38/2002 é insuficiente, não havendo que se falar em indébito tributário.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 16327.001097/2003-86
anomes_publicacao_s : 201108
conteudo_id_s : 5080204
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1402-000.687
nome_arquivo_s : 140200687_16327001097200386_201108.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
nome_arquivo_pdf_s : 16327001097200386_5080204.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2011
id : 4743856
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:41:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233340846080
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1703; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 192 1 191 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001097/200386 Recurso nº 173.810 Voluntário Acórdão nº 140200.687 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 5 de agosto de 2011 Matéria CSLL Recorrente ITAÚ CAPITALIZAÇÃO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1998 CSLL. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. Incabível a homologação de compensação de débito declarado à Receita Federal, quando o direito creditório utilizado não é reconhecido. Valor recolhido com base na anistia da MP 38/2002 é insuficiente, não havendo que se falar em indébito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 193 2 Relatório Itaú Capitalização S.A. recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 8ª Turma da DRJ São Paulo01/SP, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face do Despacho Decisório de fl. 96, em que foi apreciada a DCOMP de fls. 01, protocolizada em 01/04/2003. Por intermédio da referida declaração a contribuinte pretende compensar débito de sua responsabilidade (Código 2319 – IRPJ Lucro Real Estimativa) com crédito decorrente de Pagamento a maior ou indevido (código 9235 – CSLL – Desistência de Ação Judicial de que trata o art. 11 da MP 66/02 – demonstrado às fls. 03/05). 2. A autoridade competente para apreciação da pretendida compensação elaborou o Despacho Decisório de fls. 96, em que assim se pronunciou: O presente processo foi aberto para análise de DComps apresentadas pelo contribuinte a fim de compensar valores pagos indevidamente ou a maior. Observase que o crédito se refere a valores pagos pela anistia prevista pela MP 38/2002. Estes valores não são passíveis de devolução em função de que o pagamento constitui confissão irretratável de divida. Verificase, ainda que o contribuinte efetuou cálculo desde o anobase de 1998. O pagamento, no entanto, ocorreu em 30/08/2002. Diante do exposto, não reconheço o direito creditório do contribuinte, uma vez os valores não serem passíveis de restituição, assim como, mesmo que o fossem, deveriam ter sido corrigidos desde o pagamento e não quando do fato gerador. 3. A contribuinte foi cientificada a respeito do teor do despacho supra citado em 02/10/2006, conforme consignado no documento (A.R.) de fls. 84. Em sua Manifestação de Inconformidade (fls. 101/104), protocolizada em 17/07/2008, a suplicante expõe que: ● Tendo em vista os benefícios fiscais concedidos pelo art. 11 da Medida Provisória nº 38/02, o Recorrente, no ano de 2002, optou por aderir a anistia tendo desistido definitivamente da ação judicial na qual discutia a tese da CSNão Empregador (Mandado de Segurança n° 1999.61.00.0257007 Doc. 05) e efetuado o recolhimento em 31.07.02 da primeira parcela da Contribuição Social controversa (Darfs docs. 06) e, em 30.08.02, das demais parcelas (Darf s docs. 07) relativas a essa discussão; Fl. 2DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 194 3 ● no que tange ao recolhimento da Contribuição Social relativa ao ano calendário de 1998, ao invés de recolher a CSLL devida no final do período, ou seja, aquela apurada na Declaração de Ajuste (que seria do montante de R$ 1.721.061,51), recolheu indevidamente as antecipações de Contribuição Social apuradas nos meses de abril a novembro/98, totalizando o valor de R$ 2.143.337,89 ● Tal procedimento gerou, portanto, um pagamento a maior no valor de R$ 422.276,38 conforme se verifica no demonstrativo anexo (doc. 08), cuja restituição/compensação foi pleiteada nos autos do presente processo administrativo; ● No demonstrativo mencionado (doc. 08) e na ficha da declaração de ajuste da CS no anocalendário de 1998 (doc. 09), verificase que a CS apurada no final do período sobre o exigível suspenso foi de R$ 8.788.558,16, sendo que: a) R$ 4.882.532,32 se refere à CS Isonomia (ainda em discussão nos autos do Mandado de Segurança nº 98.00026134); b) R$ 2.184.964,33 relativo à discussão nos autos do Mandado de Segurança n° 94.00202830, já recolhido com os benefícios da MP 1.858/99 e; c) R$ 1.721.061,51 relativo à discussão da CSNão Empregador (Mandado de Segurança nº 1999.61.00.0257007) que, conforme já informado, foi recolhida no montante de R$ 2.143.337,89, tendo havido, portanto, pagamento a maior no valor de R$ 422.276,38 (valor original); ● descabe a alegação levantada pelo julgador de que tal valor recolhido a maior não seria passível de devolução tendo em vista que, ainda que os pagamentos com anistia sejam considerados confissão irretratável de dívida, somente o serão aqueles pagamentos efetuados pelo valor correto do tributo apurado nos termos da lei e não os valores pagos em montante superior ao devido, como ocorreu no presente caso; ● Quanto à atualização do crédito, o Recorrente informa que não se opõe ao posicionamento adotado pelo julgador no sentido de que, no caso, caberia a atualização a partir da data do pagamento e não do fato gerador. Nesse caso, o valor do crédito, incluindo os juros recolhidos também a maior, e considerando a atualização a partir da data do recolhimento, seria no valor de R$ 770.341,50, conforme demonstra a planilha anexa (doc. 10); ● o Recorrente anexa à presente (doc. 11) cópia do despacho decisório proferido pela DEINF/SP, nos autos do PA n° 16327.004.486/0282 que, analisando caso semelhante ao presente, houve por bem reconhecer o direito creditório e homologar as compensações requeridas; ● requer a Recorrente a reforma da decisão recorrida, para que seja reconhecido o crédito relativo ao pagamento a maior ora demonstrado e, por conseqüência, homologadas as compensações a ele vinculadas.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 16 19.532 (fls. 141146) de 19/11/2008, por unanimidade de votos, indeferiu a solicitação da contribuinte. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1998 CSLL. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. Incabível a homologação de compensação de débito declarado à Receita Federal, quando o direito creditório utilizado não é Fl. 3DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 195 4 reconhecido. O valor recolhido com base na anistia da MP 38/2002 é insuficiente inclusive para cobrir o débito discutido no processo judicial, não havendo que se falar em indébito tributário.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 17/12/2008 (A.R. de fl. 150), a interessada interpôs recurso voluntário em 14/01/2009 (fls. 151156) onde repisa os argumentos trazidos na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. A discussão presente reside no fato de a autoridade administrativa ter concluído que os valores recolhidos não seriam passíveis de devolução, já que o pagamento na forma da anistia prevista na MP 38/2002 importaria em confissão irretratável de dívida. Transcrevese, de início, o dispositivo do qual se valeu a contribuinte para efetuar o pagamento com benefício fiscal, o artigo 11 da MP 38, de 14/05/2002: Art. 11. Poderão ser pagos ou parcelados, até o último dia útil do mês de julho de 2002, nas condições estabelecidas pelo art. 17 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, e no art. 11 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, decorrentes de fatos geradores ocorridos até 30 de abril de 2002, relativamente a ações ajuizadas até esta data. § 1o Para os fins do disposto neste artigo, a dispensa de acréscimos legais alcança: I as multas, moratórias ou punitivas; II relativamente aos juros de mora, exclusivamente, o período até janeiro de 1999, sendo devido esse encargo a partir do mês: a) de fevereiro do referido ano, no caso de fatos geradores ocorridos até janeiro de 1999; b) seguinte ao da ocorrência do fato gerador, nos demais casos. § 2o Para efeito do disposto neste artigo, a pessoa jurídica deverá comprovar a desistência expressa e irrevogável de todas as ações judiciais que tenham por objeto os tributos a serem pagos ou parcelados na forma do caput, e renunciar a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundam as referidas ações. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 196 5 § 3o A opção pelo parcelamento referido no caput darseá pelo pagamento da primeira parcela, no mesmo prazo estabelecido para o pagamento integral. § 4o Aplicase o disposto neste artigo às contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, observada a regulamentação editada por esse órgão. O artigo 17 da Lei nº 9.779, de 19/01/1999, por sua vez, estabelecia: Art. 17. Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(vide Medida Provisória nº 215835, de 24.8.2001) § 1o O disposto neste artigo estendese: (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) I aos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) II a contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) III aos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 2o O pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador: (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) I – (...) § 3o O pagamento referido neste artigo: (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) I importa em confissão irretratável da dívida; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) II constitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 5DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 197 6 III poderá ser parcelado em até seis parcelas iguais, mensais e sucessivas, vencendose a primeira no mesmo prazo estabelecido no caput para o pagamento integral e as demais no último dia útil dos meses subseqüentes; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IV relativamente aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, poderá ser efetuado em quota única, até o último dia útil do mês de julho de 1999. (...) § 4o As prestações do parcelamento referido no inciso III do § 3o serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês de vencimento da primeira parcela até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 5o Na hipótese do inciso IV do § 3o, os juros a que se refere o § 4o serão calculados a partir do mês de fevereiro de 1999. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 6o O pagamento nas condições deste artigo poderá ser parcial, referente apenas a determinado objeto da ação judicial, quando esta envolver mais de um objeto. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 7o No caso de pagamento parcial, o disposto nos incisos I e II do § 3o alcança exclusivamente os valores pagos. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 8o Aplicase o disposto neste artigo às contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Como se vê, o parágrafo 6º, introduzido pela MP nº 1.8586, de 29/06/1999, admite o aproveitamento do benefício sem o pagamento da totalidade da respectiva ação judicial nos casos em que uma mesma ação tenha objetos distintos, nitidamente separáveis, de forma que se possa desistir parcialmente da ação judicial e, ainda, que o montante do crédito tributário concernente à parte que se desistiu possa ser precisamente determinado, como orienta o Ato Declaratório nº 69, de 28/07/1999: Dispõe sobre o pagamento de impostos e contribuições demandadas judicialmente, nas hipóteses e condições previstas no art. 17 da Lei nº 9.779, de 1999 O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, declara que o disposto no § 6º do art. 17 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, com a alteração dada pelo art.10 da Medida Provisória n° 1.99114, de 13 de janeiro de 2000, aplicase às hipóteses em que a desistência parcial da ação seja possível por envolver objeto que permita, por razões fáticas ou jurídicas, distinguir parte do crédito tributário discutido. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 16327.001097/200386 Acórdão n.º 140200.687 S1C4T2 Fl. 198 7 Embora não haja nos autos cópia da inicial do MS nº 1999.61.00.0257007, mas apenas cópia do requerimento de homologação da desistência (fl. 122), pelo objeto da ação, mencionado na peça de defesa (CSLL – não empregador) é possível inferir que o objeto da ação judicial é único: a interessada requer provimento judicial para não recolher a CSLL porquanto não é empregadora. Ora, o caso em comento não se enquadra na situação descrita no parágrafo 6º, pois o pedido para não recolher a CSLL, por não ser a contribuinte empregadora, abrange a totalidade da CSLL devida no anocalendário. Como o recolhimento com base na MP nº 38/2002 foi insuficiente para cobrir o crédito tributário discutido no MS nº1999.61.00.0257007 (a totalidade da CSLL devida/“a pagar” R$ 7.506.174,89 – fl. 71), está claro que não há indébito tributário no(s) recolhimento(s) em questão. Correta, portanto, a conclusão do Despacho Decisório e da decisão da DRJ que entenderam se tratar de confissão irretratável da dívida (da totalidade da contribuição devida). Dessa forma, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Sala das Sessões, em 5 de agosto de 2011. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente e m 04/06/2012 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENC, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 13135.000071/97-34
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 1992
Ementa: INCENTIVOS FISCAIS. PERC. DECADÊNCIA.
Conforme precedentes da Camara Superior de Recursos Fiscais, o PERC tem natureza de recurso processual contra o indeferimento da opção pelo incentivo fiscal efetuada na declaração de rendimentos. Nos termos do Decreto n° 70.235/72, a perda de prazo processual para interposição de recurso administrativo ocorre apenas após transcorridos 30 dias da ciência da decisão, aplicando-se esse mesmo prazo para o exercício do direito de defesa por meio do PERC.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9101-001.155
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Antonio Carlos Guidoni Filho
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPJ - restituição e compensação
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201108
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1992 Ementa: INCENTIVOS FISCAIS. PERC. DECADÊNCIA. Conforme precedentes da Camara Superior de Recursos Fiscais, o PERC tem natureza de recurso processual contra o indeferimento da opção pelo incentivo fiscal efetuada na declaração de rendimentos. Nos termos do Decreto n° 70.235/72, a perda de prazo processual para interposição de recurso administrativo ocorre apenas após transcorridos 30 dias da ciência da decisão, aplicando-se esse mesmo prazo para o exercício do direito de defesa por meio do PERC. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 13135.000071/97-34
anomes_publicacao_s : 201108
conteudo_id_s : 4856596
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Feb 13 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 9101-001.155
nome_arquivo_s : 9101001155_131350000719734_05_2011.PDF
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Antonio Carlos Guidoni Filho
nome_arquivo_pdf_s : 131350000719734_4856596.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 03 00:00:00 UTC 2011
id : 4746919
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233343991808
conteudo_txt : Metadados => date: 2011-09-19T14:48:39Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 7; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2011-09-19T14:48:39Z; Last-Modified: 2011-09-19T14:48:39Z; dcterms:modified: 2011-09-19T14:48:39Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:a9040b59-978a-4fd9-90cc-cc57f89ff0e0; Last-Save-Date: 2011-09-19T14:48:39Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2011-09-19T14:48:39Z; meta:save-date: 2011-09-19T14:48:39Z; pdf:encrypted: false; modified: 2011-09-19T14:48:39Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2011-09-19T14:48:39Z; created: 2011-09-19T14:48:39Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2011-09-19T14:48:39Z; pdf:charsPerPage: 1512; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2011-09-19T14:48:39Z | Conteúdo => r L 12 Otacilio D Antonio Ca Editado em: Presidente. i Filho - Relator. 2.01 1 CSRF-Tl Fl. 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo n° 13135.000071/97-34 Recurso n° 141.955 Especial do Procurador Acórdão n° 9101-001.155 — la Turma Sessão de 03 de agosto de 2011 Matéria PERC Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ENGEDIS - DISTRIBUIÇÃO E SERVIÇOS LTDA. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1992 Ementa: INCENTIVOS FISCAIS. PERC. DECADÊNCIA. Conforme precedentes da Camara Superior de Recursos Fiscais, o PERC tem natureza de recurso processual contra o indeferimento da opção pelo incentivo fiscal efetuada na declaração de rendimentos. Nos termos do Decreto n° 70.235/72, a perda de prazo processual para interposição de recurso administrativo ocorre apenas após transcorridos 30 dias da ciência da decisão, aplicando-se esse mesmo prazo para o exercício do direito de defesa por meio do PERC. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Claudemir Rodrigues Malaquias, Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner, Karem Jureidini Dias, Alberto Pinto Souza Junior, João Carlos de Lima Junior, Antonio Carlos Guidoni Filho e Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. Ausente, momentaneamente a Conselheira Susy Gomes Hoffmann. Relatório Com base em permissivo do Regimento Interno dos extintos Conselhos de Contribuintes, a Fazenda Nacional interpõe recurso especial em face de acórdão proferido pela extinta 7a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, assim ementado: "IRPJ - RESTITUIÇÃO - APLICAÇÕES EM INCENTIVOS FISCAIS - FINOR - PERC - TEMPESTIVIDADE - lnexistindo prazo específico para se pleitear a revisão de extrato de aplicação em incentivos fiscais zerado pela SRF e considerando que o prazo previsto no § 50 do art. 1° do Decreto-lei n° 1.752/79 versa sobre regra especial, o recurso a analogia deve tomar por base regra que, pela sua generalidade, permite a adequada solução ao caso.Recurso a que se dá provimento (Recurso Voluntário n° 138022). Precedentes." 0 caso foi assim relatado pela Câmara recorrida, verbis: "Em 15.09.97, a Recorrente ingressou com Pedido de Liberação de Quotas relativas a opção que realizou pelo incentivo fiscal FINOR, no exercício de 1994 (PERC). Explicou que efetuou referida opção na Declaração de Imposto de Renda 92/91 e que até 08.09.97, não havia recebido tais quotas, tendo recebido informação do Banco do Nordeste que as mesmas não haviam sido liberadas pela Receita Federal. 0 pedido não foi conhecido em razão de preliminar de decadência, pois a SAORT entendeu que o mesmo foi realizado fora do prazo legal, a teor do §50 do art. 1° do Decreto-Lei n° 1.752/79, que assim estabelece: Art. 1° - 0 artigo 15 do Decreto-lei n° 1.376, de 12 de dezembro de 1974, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 15. A Secretaria da Receita Federal, com base nas opções exercidas pelos contribuintes e no controle dos recolhimentos, encaminhará, para cada exercício, aos Fundos referidos neste Decreto-lei e 6 EMBRAER, registros de processamento eletrônico de dados que constituirão ordens de emissão de certificados de investimentos e ações novas da EMBRAER, em favor das pessoas jurídicas optantes. () 50 Reverterão para os Fundos de Investimento os valores das ordens de emissão cujos títulos pertinentes não forem procurados pelas pessoas jurídicas optantes até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder a opção. "(grifo nosso)" Isto porque "...os valores das ordens de emissão deverão ser contestados pelas pessoas jurídicas optantes até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder a opção" (fls. 57). 2 Processo n° 13135.000071/97-34 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-001.155 Fl. 2 A Recorrente apresentou Manifesta cão de Inconformidade, onde alegou que: (a) Nunca recebeu as quotas correspondentes a op cão exercida • referente ao incentivo fiscal-FINOR; (b)A decisão impugnada é descabida e ilegal. t que, após a opção, deveria ter sido emitido Extrato das aplicações em Incentivos Fiscais, certificado representativo do investimento, todavia isto jamais ocorreu e a Recorrente sequer foi intimada de eventual óbice a emissão de suas quotas no FINOR. (c) 0 entendimento da r. decisão impugnada contraria a jurisprudência do próprio Conselho de Contribuintes. (d) Ademais, mesmo que se pudesse pensar na aplicação do prazo estabelecido pelo Decreto-lei n° 1.376/74, o seu termo inicial deveria ser o momento em que Recorrente viesse a ser informada da falta de emissão do "Extrato de Aplicação em Incentivos Fiscais". (e) Neste contexto, a Recorrente apenas foi informada da recusa na emissão das quotas em 08/09/1997, informação esta proveniente, aliás, não da Secretaria da Receita Federal, mas do Banco do Nordeste S.A., sendo que apresentou, enteio, o PERC em 21/09/1997 (dentro dos trinta dias possíveis). Diante do que expôs, requereu o provimento da Manifestação de Inconformidade, no intuito de que o processo fosse enviado a Delegacia da Receita Federal em Anápolis-GO, para apreciação do mérito do Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais. A i. DRJ, por sua vez, denegou o pedido da Recorrente, com a seguinte argumentação: Exercício: 1992 Ementa: Pedido de Revisão da Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais - PERC - Intempestividade. A falta de emissão do Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais, pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal, deve ser contestada pelas pessoas jurídicas optantes até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder et op cão. Solicitação Indeferida Het que se estabelecer um paralelo entre a situação da pessoa jurídica que é detentora do certificado jet emitido em seu nome, que deixa de procurá-lo, e a situação daquela outra que, por qualquer razão, não procura saber do resultado de sua opção feita por ocasião da entrega da 3 declaração, nem contesta a falta do extrato respectivo (cuja emissão está prevista no art. 30 acima citado) ou a irregularidade na sua emissão. Esse paralelo se torna possível na medida em que, em ambas as situações, visa-se a obtenção do incentivo fiscal, que se inicia com a opção na DIRPJ e se consolida com a emissão do respectivo certificado. Assim havendo um prazo para a procura, pela pessoa jurídica, do titulo em questão, esse prazo deve ser respeitado por todos aqueles optantes do incentivo, sob pena de se diferenciar o tratamento para aqueles em situações semelhantes. Trata-se de aplicação por analogia, com fundamento no art. 108 do Código Tributário Nacional, do prazo previsto no § 50 já transcrito, para reclamação através de apresentação do PERC do recebimento de extrato sem as opções efetuadas ou efetuadas com divergência entre os valores declarados e aqueles constantes do respectivo extrato,_ ou, até mesmo, do seu não recebimento ou da sua não emissão. (---) A interessada não recebeu da Secretaria da Receita Federal o Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais, protocolando o PERC em 21/09/1997. No entanto, o prazo limite, de acordo com o sS. 5° do art. 1 0 do Decreto-lei n° 1.752/1979, terminara em 30/09/1996. Ocorreu, portanto, a perda do direito da interessada para contestar a falta de emissão do extrato. (--) A titulo de ilustração, transcreve-se abaixo ementa do Acórdão n° 105-13.724, sessão de 20/02/2002, da 5 Câmara do 1° Conselho de Contribuintes: IRPJ - APLICAÇÕES EM INCENTIVOS FISCAIS - 0 erro na emissão do Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais, ou mesmo a falta da emissão do mesmo, deve ser contestada pela pessoa jurídica optante até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder a opção. Portanto, a optante, cuidadosa e ciente de seus direitos e obrigações, deveria ter procurado a instituição financeira que administra o FINOR, dentro do prazo estabelecido na legislação, para requisitar seus títulos e não os tendo disponibilizados, deveria informar-se, formalmente, na SRF sobre o motivo da não constituição da ordem de emissão do certificado de investimento, e em sendo o caso, apresentar o pedido de revisão de ordem de emissão de incentivos fiscais. Os prazos previstos para a extinção de um direito decorrem da necessidade de se salvaguardar a segurança jurídica. Dessa forma, a interessada deveria ingressar 4 Processo n° 13135.000071/97-34 Acórdão n.° 9101-001.155 com o PERC, anexando os documentos necessários, respeitando o prazo legal. In casu, a empresa somente ingressou com o PERC em 21/09/1997, ou seja, após o prazo limite, previsto no § 5° do art. 1° do Decreto-lei n° 1.752/1979. No tocante iz tese sustentada pela contribuinte, segundo a qual o prazo para que pudesse solicitar a revisão do incentivo em tela, deveria obedecer aquele previsto no art. 168 do C7'N, não prospera esse entendimento; pois esse dispositivo trata do decurso do prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo pago indevidamente ou maior que o devido. Em assim sendo, ele não é aplicável a espécie, na medida em que, como já enfatizado, a matéria é disciplinada por legislação específica, que estabelece prazo menor para que se ultimem todas as providencias voltadas para a consolidação da opção feita pelas pessoas jurídicas relacionadas com o incentivo em questão. A respeito da jurisprudência trazida aos autos, é de se observar o disposto no art. 472, do Código de Processo Civil, o qual determina que a sentença faz coisa julgada as partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros . Logo, não sendo parte nos litígios objetos-de decisões judiciais, a interessada não pode usufruir dos efeitos das sentenças ali prolatadas, posto que esses efeitos são inter partis e não erga omnes. Em obediência ao disposto no art. 28 do Decreto 70.235, de 1972 e alterações, neste Acórdão não será julgada questão de mérito por incompatível com a preliminar de intempestividade. Diante do exposto, considerando o disposto no art. 204 do Regimento Interno da SRF, aprovado pela Portaria ME n° 259, de 24/08/2001 c/c a Portaria SRF n° 1042, de 31/08/2001, voto pelo indeferimento a manifestação de inconformidade da contribuinte, mantendo na integra a decisão proferida no Despacho Decisório, questionado (fls. 95-97). Em seu Recurso Voluntário, a contribuinte volta a defender a sua tese da tempestividade de seu pedido. É o Relatório." CSRF-T1 Fl. 3 0 acórdão impugnado deu provimento ao recurso voluntário interposto pela Contribuinte tão somente para afastar o decreto de intempestividade do PERC, sob o fundamento de que "considerando que o que o contribuinte aqui busca é o reconhecimento ao direito aos incentivos fiscais derivado da opção que fez em sua declaração de rendas, entendo que, pelo recurso 6 analogia, a regra mais consentânea para a solução do litígio é a inserta no art. 168 do GIN, que diz respeito ao prazo decadencial para restituição de tributos, dado que a concessão de aludidos incentivos, indiretamente, nada mais representa do que uma espécie de restituição". E conclui: "no caso concreto, a Recorrente fez sua opção pela aplicação em 5 incentivos fiscais no exercício de 1992 e o Pedido de Revisão foi realizado em 1997, sendo que não se teve sequer emissão de extratos por parte da Fazenda Pública. Com a orientação e a argumentação supracitadas, tem-'se que o pedido de revisão não é intempestivo". Em sede de recurso especial, argüi a Fazenda Nacional, contrariedade entre o acórdão recorrido e o Acórdão n. 105-14.196, o qual assenta o entendimento de que "a contagem do prazo para que o contribuinte procure pelos certificados e títulos correspondentes 6 opção exercida inicia-se com a entrega de sua declaração e termina no prazo estipulado na lei, 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder a opção (Decreto-lei n°. 1.376/74, art. 11 e art. 15, sç 5'; Decreto-lei n'. 1.752/79, art. 1 °)". 0 recurso especial foi admitido pelo Sr. Presidente do Colegiado a quo (Despacho DDF107141955 35 (fls. 140/141)), em vista da alegada caracterização de dissenso jurisprudencial. Foram apresentadas contra-razões. É o relatório. 6 Processo n° 13135.000071/97-34 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-001.155 Fl. 4 Voto Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, Relator 0 recurso especial é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, pelo que dele conheço. Cinge-se a controvérsia sobre a tempestividade de PERC formulado pela Contribuinte em 21.09.1997 (relativo h. opção realizada em DIPJ do exercício 1992) formulado pela Recorrente em data posterior a 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro a que corresponder a opção (art. 15, § 5°, do Decreto-lei n° 1.376, de 12 de dezembro de 1974, com a redação dada pelo art.1° do Decreto-lei n° 1.752, de 31 de dezembro de 1979). Segundo informação constante dos autos, a Contribuinte não recebeu da Secretaria da Receita Federal o Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais, tendo sido informada da recusa na emissão das quotas pelo Banco do Nordeste apenas em 08.09.1997. Em julgamentos sobre a matéria, orientei meus votos no sentido de que na ausência de norma expressa que fixe o termo final para solicitar a revisão de extrato de aplicação em incentivos fiscais, deverá ser reconhecida a tempestividade do pedido formulado dentro do prazo qüinqüenal de decadência do direito A. restituição ou compensação de indébitos, em respeito ao equilíbrio entre o prazo do direito do Fisco para lançar e aquele dado ao sujeito passivo para pleitear tais direitos, ressalvando-se A. Administração Tributária a possibilidade de conferir a liquidez e certeza do respectivo valor. A aplicação da analogia, nessa hipótese, apenas poderá tomar por base norma que permita a adequada solução ao litígio, no caso o art. 168, I do CTN, que trata a respeito do prazo decadencial para ressarcimento de tributos. Contudo, este Colegiado assentou entendimento no sentido de que o PERC tem natureza de recurso processual contra o indeferimento da opção pelo incentivo fiscal efetuada na declaração de rendimentos. Nos termos do Decreto n° 70.235/72, a perda de prazo processual para interposição de recurso administrativo ocorre após transcorridos 30 dias da ciência da decisão, aplicando-se esse mesmo prazo para o exercício do direito de defesa por meio do PERC. Veja-se, nesse sentido, trecho do voto da lavra do Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima no Ac CSRF/01-05.574, verbis: "Ressalte-se, por oportuno, que a opção pela aplicação em incentivos fiscais é formalizada na declaração de rendimentos e s6 se transforma em investimentos a partir do momento da concordância da SRF da opção formalizada. Enquanto a homologação expressa da Receita Federal não ocorrer, os valores informados na declaração de rendimentos do contribuinte para serem aplicados em incentivos fiscais continuam sendo receitas públicas da Unido. Na verdade, se a pessoa jurídica tem sua apuração com base no Lucro Real, pode optar investimento no Fundo de Investimentos da Amazônia - FINAM, destinando parcela de seu imposto de renda, cuja rentabilidade e valorização serão retorno dos 7 investimentos. 0 investimento no FINAM proporciona a implantação de projetos aprovados pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM Por isso, muitos classificam o incentivo de investimento no FINAM dentro do gênero restituição, numa espécie próxima ao ressarcimento de tributos, pois o imposto que seria pago retoma, por força da norma incentivadora, ao patrimônio do contribuinte na forma de um ativo. Com efeito, o procedimento administrativo previsto para gozo do mencionado incentivo inicia-se com a opção pela aplicação em incentivos fiscais na declaração de rendimentos. 0 passo seguinte é a homologação expressa da Receita Federal que emite os Extratos das Aplicações em Incentivos Fiscais e envia aos Fundos de Investimento, conforme estabelecido no artigo 10 do Decreto-lei n° 1.752/79. Art I° - 0 artigo 15 do Decreto-lei n° 1.376, de 12 de dezembro de 1974, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 15 -_A Secretaria da Receita Federal, com base nas opções exercidas pelos contribuintes e no controle dos recolhimentos, encaminhará, para cada exercício, aos Fundos referidos neste Decreto-lei e a EMBRAER, registros de processamento eletrônico de dados que constituirão ordens de emissão de certificados de investimentos e ações novas da EMBRAER, em favor das pessoas jurídicas optantes. A emissão do extrato representa um ato administrativo da Secretaria da Receita Federal e que tem por objetivo informá-lo a respeito da confirmação ou alteração dos dados relativos a opção pelos incentivos fiscais e, nesta hipótese (alteração), a sua respectiva motivação. Os Extratos ficam em poder do Fundo de Investimento, como se depreende da regra decadencial prevista no parágrafo 5° do artigo 1° do Decreto-lei n° 1.752/79, a saber: "§ 5° Reverterão para os Fundos de Investimento os valores das ordens de emissão cujos títulos pertinentes não forem procurados pelas pessoas jurídicas optantes até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro que corresponder a opção." 0 Extrato propicia ao contribuinte as condições para exercício do seu direito de defesa e conseqüente manifestação da sua inconformidade ao órgão local da Secretaria da Receita Federal quanto aos itens eventualmente alterados em conseqüência da revisão realizada. 0 instrumento adequado para a manifestação é o PERC, em que o interessado recorre do indeferimento a sua opção formalizada. Para definição do prazo de interposição do PERC, a autoridade de primeiro grau entende aplicável a espécie a regra decadencial do parágrafo 50 acima transcrito. Vê, contudo, que a hipótese fcitica específica dos autos não se subsume a previsão normativa, pois esse diploma legal trata dos casos em que as 8 Processo n° 13135.000071/97-34 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-001.155 Fl. 5 ordens de emissão de certificados foram homologadas e não resgatadas pelos beneficiados no FINJAM até o dia 30 de setembro do segundo ano subseqüente ao exercício financeiro que corresponder a opção. No caso presente, não houve o reconhecimento do direito, por parte da SRF, pela opção em incentivos fiscais formalizada pela contribuinte. Foram, inclusive, emitidos Extratos das Aplicações com divergência de valor. Ressalte-se que, alterando minha posição esposada no julgado que serviu de paradigma para o recurso especial, não vislumbro também a possibilidade de se empregar o prazo do art. 168 do CTN para a apresentação do PERC. Mesmo que se pretendesse equiparar o procedimento administrativo de aplicação do imposto de renda em investimentos do FINAM ao procedimento de restituição/ressarcimento de tributo, seria o ato de opção da contribuinte pela aplicação no FINAM efetuada na DIPJ aquele ato que se equipararia ao pedido de ressarcimento do tributo. A apresentação do PERC, por outro lado, tem natureza processual e equipara-se a manifestação de inconformidade contra o ato de indeferimento da Administração. O PERC investe contra a alteração da opção pela aplicação prevista no incentivo, contida no Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais. Assim, entendo inaplicável a regra geral de restituição de tributos previsto do artigo 168 do Código Tributário Nacional para interposição do PERC. Acompanho a decisão recorrida, no entendimento de que o prazo aplicável é de 30 dias como previsto na regra processual - o art. 15 do Decreto n° 70.235/72." Nesses termos, pois, o Contribuinte não possui o prazo de 5 (cinco) anos contados da opção pelo beneficio para formulação de PERC (por analogia ao art. 168, I do CTN), mas sim o prazo o prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento do Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais a ser enviado pela Secretaria da Receita Federal. No caso, conforme salientado linhas acima, a Contribuinte não recebeu da Secretaria da Receita Federal o Extrato das Aplicações em Incentivos Fiscais, mas foi informada da recusa na emissão das quotas pelo Banco do Nordeste em 08.09.1997. Contra tal recusa foi apresentado PERC em 21.09.1997, dentro, portanto, do trintidio legal a que se refere o art. 15 do Decreto n. 70.235/1972 e a jurisprudência assente por este Colegiado. Por tais fundamentos, voto no sentido de conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional para negar-lhe prey - 1 i 4 Antonio Carlos e e ho - Relator 9
score : 1.0
Numero do processo: 13603.002713/2007-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO.
Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado.
DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A
QUO NO CASO CONCRETO.
De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional
(CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação. Constatando-se dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial
é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN.
CONTRIBUIÇÃO AO SEST/SENAT. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
Por força do art. 7º, inciso II da Lei 8.706/1993, os transportadores
autônomos devem contribuir com 2,5% do salário de contribuição para o
SEST/SENAT, ao passo que a retenção e o recolhimento de tais valores
foram atribuídos às pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços, conforme
o art. 2º, §3º, alínea “a” do Decreto 1.007/1993.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 2301-002.376
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em
acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator; b) acatados os embargos, em rerratificar o acórdão para excluir do lançamento, devido à regra decadencial aplicada, as contribuições apuradas até a competência 12/2000, anteriores a 01/2001. nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Mauro Jose Silva
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201109
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação. Constatando-se dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN. CONTRIBUIÇÃO AO SEST/SENAT. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Por força do art. 7º, inciso II da Lei 8.706/1993, os transportadores autônomos devem contribuir com 2,5% do salário de contribuição para o SEST/SENAT, ao passo que a retenção e o recolhimento de tais valores foram atribuídos às pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços, conforme o art. 2º, §3º, alínea “a” do Decreto 1.007/1993. Embargos Acolhidos
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 13603.002713/2007-45
anomes_publicacao_s : 201109
conteudo_id_s : 4805693
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 04 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2301-002.376
nome_arquivo_s : 230102376_13603002713200745_201109.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Mauro Jose Silva
nome_arquivo_pdf_s : 13603002713200745_4805693.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator; b) acatados os embargos, em rerratificar o acórdão para excluir do lançamento, devido à regra decadencial aplicada, as contribuições apuradas até a competência 12/2000, anteriores a 01/2001. nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
id : 4745375
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:42:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233353428992
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2268; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 366 1 365 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13603.002713/200745 Recurso nº 248.359 Embargos Acórdão nº 230102.376 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de setembro de 2011 Matéria NFLD. Decadência e Contribuintes individuais. Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado ISOBRASIL LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação. Constatandose dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN. CONTRIBUIÇÃO AO SEST/SENAT. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Por força do art. 7º, inciso II da Lei 8.706/1993, os transportadores autônomos devem contribuir com 2,5% do salário de contribuição para o SEST/SENAT, ao passo que a retenção e o recolhimento de tais valores foram atribuídos às pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços, conforme o art. 2º, §3º, alínea “a” do Decreto 1.007/1993. Embargos Acolhidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 375DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 2 Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator; b) acatados os embargos, em rerratificar o acórdão para excluir do lançamento, devido à regra decadencial aplicada, as contribuições apuradas até a competência 12/2000, anteriores a 01/2001. nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram do presente julgamento a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 367 3 Relatório Tratase de embargos de declaração contra acórdão, amparado na existência de contradição na decisão. O Regimento Interno deste Órgão Colegiado prevê, em seu art. 65 e seguintes, o manejo de embargos declaratórios contra seus julgados que restarem omissos, obscuros ou contraditórios em algum de seus termos, sendo estes os requisitos indeclináveis para o acatamento dos declaratórios. Analisando as alegações da embargante e contrastandoa com o Acórdão guerreado concluímos que há razão na peça recursal, pois existiu contradição na apuração dos períodos decaídos. Dessa forma, necessária a correção. Por oportuno, observamos que houve omissão no Acórdão anterior quanto a contribuição ao SEST/SENAT e contribuintes individuais, o que também será corrigido. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 4 Voto Conselheiro Mauro José Silva, Relator Decadência. Prazo de cinco anos e dies a quo tomando a regra do art. 173, inciso I ou art. 150, §4º, conforme detalhes do caso A aplicação da decadência suscita o esclarecimento de duas questões essenciais: o prazo e o dies a quo ou termo de início. O prazo decadencial para as contribuições sociais especiais para a seguridade social, que era objeto de disputa com relação à aplicação do que dispunha a Lei 8.212/1991 – dez anos ou o CTN – cinco anos, suscitou o surgimento de súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Fl. 378DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 368 5 Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos devem acatar o conteúdo da Súmula Vinculante n°. 08. Temos, então, que a partir da edição da Súmula Vinculante nº 08 o prazo decadencial das contribuições sociais especiais destinadas para a seguridade social é de cinco anos. Definido o prazo decadencial, resta o esclarecimento sobre o seu dies a quo. Como podemos extrair dos trechos citados acima, a referida súmula trata, no que se refere â decadência, da definição de seu prazo – 05 anos – em harmonia com o previsto no CTN , deixando o dies a quo do prazo decadencial para ser definido segundo as regras constantes do art. 150,§4º ou do art. 173, inciso I do CTN. A regra geral para aplicação dos termos iniciais da decadência encontrase disciplinada no art. 173 CTN: Fl. 379DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 6 “Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.” Quis o legislador dispensar tratamento diferenciado para os contribuintes que antecipassem seus pagamentos, cumprindo suas obrigações tributárias corretamente junto a Fazenda Pública, fixando o termo inicial do prazo decadencial anterior ao do aplicado na regra geral, no dispositivo legal do §4o do art. 150 do CTN, in verbis : "Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. (...). § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Observese, pois que, da definição do termo inicial do prazo de decadência, há de se considerar o cumprimento pelo sujeito passivo do dever de interpretar a legislação aplicável para apurar o montante devido e efetuar o pagamento ou o recolhimento do tributo ou contribuição correspondente a determinados fatos jurídicos tributários. Nesta mesma linha transcrevemos algumas posições doutrinárias: Misabel Abreu Machado Derzi, Comentários ao Código Tributário Nacional, coordenado por Carlos Valder do Nascimento, Ed. Forense, 1997, pág. 160 e 404: “A inexistência do pagamento devido ou a eventual discordância da Administração com as operações realizadas pelo sujeito passivo, nos tributos lançados por homologação, darão ensejo ao lançamento de ofício, na forma disciplinada pelo art. 149 do CTN, e eventual imposição de sanção.” (auto de infração). Fl. 380DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 369 7 “O prazo para homologação do pagamento, em regra, é de cinco anos, contados a partir da data da ocorrência do fato gerador da obrigação. Portanto a forma de contagem é diferente daquela estabelecida no art. 173, própria para os demais procedimentos, inerentes ao lançamento com base em declaração ou de ofício. Tratase de prazo mais curto, menos favorável a Administração, em razão de ter o contribuinte cumprido com seu dever tributário e realizado o pagamento do tributo.”. Luciano Amaro , Direito Tributário Brasileiro, Ed. Saraiva, 4a Ed., 1999, pág. 352: “Se porém o devedor se omite no cumprimento do dever de recolher o tributo, ou efetua recolhimento incorreto, cabe a autoridade administrativa proceder ao lançamento de ofício (em substituição ao lançamento por homologação, que se frustrou em razão da omissão do devedor), para que possa exigir o pagamento do tributo ou da diferença do tributo devido.”. Sob o mesmo enfoque, no Acórdão CSRF/0101.994, manifestouse o Relator: “O lançamento por homologação pressupõe o pagamento do crédito tributário apurado pelo contribuinte, prévio de qualquer exame da autoridade lançadora. Segundo preceitua o art. 150 do Código Tributário Nacional, o direito de homologar o pagamento decai em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, exceto nos casos de fraude, dolo ou simulação, situações previstas no § 4º do referido artigo 150. O que se homologa é o pagamento efetuado pelo contribuinte, consoante dessumese do referido dispositivo legal. O que não foi pago não se homologa, porque nada há a ser homologado. Se o contribuinte nada recolheu, se houve insuficiência de recolhimento e estas situações são identificadas pelo Fisco, estamos diante de uma hipótese de lançamento de ofício. Tratase de lançamento ex officio cujo termo inicial da contagem do prazo de decadência é aquele definido pelo artigo 173 do Código Tributário Nacional, ou seja, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.” (negrito da transcrição). O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que durante anos foi bastante criticado pela doutrina por adotar a tese jurídica da aplicação cumulativa do art. 150, §4º com o art. 173, inciso I, julgou em maio de 2009 o Recurso Especial 973.733 – SC (transitado em julgado em outubro de 2009) como recurso repetitivo e definiu sua posição mais recente sobre o assunto, conforme podemos conferir na ementa a seguir transcrita: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 8 DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadência regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Extraise do julgado acima transcrito que o STJ, além de afastar a aplicação cumulativa do art. 150, §4º com o art. 173, inciso I, definiu que o dies a quo para a decadência nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação somente será aquele da data do fato gerador quando o contribuinte tiver realizado o pagamento antecipado. Nos demais casos, deve ser aplicado o dispositivo do art. 173, inciso I. Apesar de contribuir para clarificar a aplicação da decadência, tal julgado não eliminou por completo as possíveis dúvidas do aplicador da lei. Entre elas, a que nos interessa no momento é a seguinte: qualquer pagamento feito pelo contribuinte relativo ao tributo e ao Fl. 382DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 370 9 período analisado desloca a regra do dies a quo da decadência do art. 173, inciso I para o art. 150, § 4º? Nossa resposta é: não. O pagamento antecipado realizado só desloca a aplicação da regra decadencial para o art. 150, §4º em relação aos fatos geradores considerados pelo contribuinte para efetuar o cálculo do montante a ser pago antecipadamente. Fatos não considerados no cálculo, seja por omissão dolosa ou culposa, se identificados pelo fisco durante procedimento fiscal que antecede o lançamento, permanecem com o dies a quo do prazo decadencial regido pelo art. 173, inciso I. Vale dizer que a aplicação da regra decadencial do art. 150, §4º referese aos aspectos materiais dos fatos geradores já admitidos pelo contribuinte. Afinal, não se homologa, não se confirma o que não existiu. Assim, mesmo estando obrigados à reproduzir as decisões definitivas de mérito do STJ, por conta da alteração do Regimento do CARF pela Portaria 586 de 26/12/2010, manteremos nossa posição quanto a esse aspecto, uma vez que a decisão daquele Tribunal Superior não esclarece a dúvida quanto à abrangência do pagamento antecipado. Definida a aplicação da regra decadencial do art. 173, inciso I, precisamos tomar seu conteúdo para prosseguirmos: “Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;” Da leitura do dispositivo, extraímos que este define o dies a quo do prazo decadencial como o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”. Mas ainda precisamos definir a partir de quando o lançamento pode ser efetuado. No Resp 973.733SC, o STJ entendeu que o lançamento poderia ser efetuado a partir da ocorrência do fato gerador, mas não partilhamos desse entendimento. Aqui tratamos de lançamento de ofício e sabemos que este só pode ser realizado após a constatação da omissão do contribuinte em relação ao seu dever de calcular o montante do tributo a ser antecipado e realizar o pagamento. Seria possível, no dia seguinte ao fato gerador, a fiscalização efetuar lançamento de ofício, com aplicação de penalidades, sabendo que o contribuinte ainda dispõe de prazo legal para efetuar o pagamento? Evidentemente que não, pois, insistimos, o lançamento de ofício só pode ser realizado após transcorrido o prazo para o contribuinte efetuar o pagamento. Não pode passar sem ser notado que para fatos geradores ocorridos no último mês do ano essa circunstância pode ser relevante. No caso das contribuições regidas pela Lei 8.212/91, por exemplo, o prazo para pagamento, desde outubro de 2008 conforme estabelecido pela Lei 11.733/2009, é o 20º dia do mês subseqüente ao da competência. Logo, os fatos geradores ocorridos em dezembro de 20XX ensejam crédito tributário que deve ser adimplido em janeiro de 20(XX+1), o que resulta em considerar que o lançamento somente poderia ser realizado em 20(XX+1) e o dies a quo da decadência somente ocorre no primeiro dia de janeiro de 20(XX+2). Não obstante nossa posição sobre os fatos geradores ocorridos em dezembro de cada ano, deixamos de aplicála a partir de janeiro de 2011 em virtude do conteúdo do art. 62 A do Regimento deste CARF que obriga a todos os Conselheiros a reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STJ julgados na sistemática do art. 543C. Assim, mesmo para fatos geradores ocorridos em dezembro de cada ano, consideraremos o dies a quo em primeiro de janeiro do ano subseqüente, no caso de aplicação do art. 173, inciso I. Fl. 383DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 10 Ainda sobre o assunto, estamos cientes que após o trânsito em julgado do Resp 973.733, em 22/10/2009, a Segunda Turma do STJ já se manifestou no sentido de admitir que os fatos geradores ocorridos em dezembro de 200X só tem seu dies a quo em relação à decadência em 01 de janeiro de 20(X+2), conforme podemos conferir na ementa a seguir: EDcl nos EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 674.497 PR (2004/01099782) Julgado em 09/02/2010. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. No entanto, como a vinculação imposta aos Conselheiros pelo art. 62A do RICARF só abrange o teor do que foi decidido em Recursos Repetitivos, o julgado da Segunda Turma não tem tal status e não se refere à composição de toda a Primeira Seção como o Resp 973.733, concluímos que não podemos tomar o referido ED como interpretativo do Resp 973.733. Logo, não estamos desvinculados de acompanhar o conteúdo do Resp 973.733, notadamente o item 3 da ementa daquele Acórdão, o que resulta em mantermos nossa posição de considerar que mesmo para fatos geradores ocorridos em dezembro de cada ano, adotaremos o dies a quo em primeiro de janeiro do ano subseqüente, no caso de aplicação do art. 173, inciso I. Então, para o lançamento do crédito tributário de contribuições sociais especiais destinadas à seguridade social, seja este oriundo de tributo ou de penalidade pelo não pagamento da obrigação principal, o prazo decadencial é de cinco anos contados a partir do primeiro do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso dos fatos geradores para os quais não houve qualquer pagamento por parte do contribuinte, em atendimento ao disposto no art. 173, inciso I do CTN. Para o lançamento de ofício em relação aos aspectos materiais dos fatos geradores relacionados a pagamentos efetuados pelo contribuinte nas situações em que não haja caracterização de dolo, fraude ou sonegação, o dies a quo da decadência é a data da ocorrência do fato gerador, conforme preceitua o art. 150, §4º do CTN. Para a aplicação do art. 150, § 4º, entretanto, temos que atentar para o texto do referido dispositivo: Fl. 384DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 371 11 § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Notamos que o texto legal referese a uma homologação tácita por parte da Fazenda Pública – “considerase homologado” é a expressão utilizada no caso de expirado o prazo de cinco anos do fato gerador sem que o fisco “se tenha pronunciado”. A interpretação mais comum desse trecho conclui que o pronunciamento a que se refere o dispositivo deve ser entendido como a homologação expressa ou a conclusão do lançamento de ofício com a ciência do sujeito passivo. Discordamos de tal entendimento. A expressão “pronunciado” não conduz a uma interpretação inequívoca de que equivale a homologação expressa ou lançamento de ofício. O verbo pronunciar, no dicionário Michaelis, é associado a diversos sentidos possíveis, entre eles, “emitir a sua opinião, manifestar o que pensa ou sente “. Quando a Fazenda Pública inicia fiscalização sobre um tributo em um período, está se manifestando, se pronunciando no sentido de que irá realizar a atividade prevista no art. 142 do CTN. Caso o §4º do art. 150 quisesse exigir a homologação expressa e não um simples pronunciamento, teria feito referência ao conteúdo do caput do mesmo artigo que define os contornos de tal atividade, mas preferiu a expressão ”pronunciado”. Com esse entendimento concluímos que, iniciada a fiscalização, a decadência em relação a todos os fatos geradores ainda não atingidos pela homologação tácita, passa a ser submetida à regra geral de tal instituto, ou seja, passa a ser regida pelo art. 173, inciso I. Ressaltamos que não se trata de interrupção ou suspensão do prazo decadencial, mas de um deslocamento da regra aplicável. Vejamos um exemplo. Considerando que uma fiscalização tenha sido iniciada em 06/20XX em relação a um tributo para o qual o sujeito passivo exerceu a atividade dele exigida pela lei, ou seja, o sujeito passivo realizou sua escrituração, prestou as informações ao fisco e antecipou, se foi o caso, algum pagamento. Nesse caso teria ocorrido a homologação tácita em relação aos fatos geradores ocorridos até 05/20(XX5). Os fatos geradores ocorridos depois de 05/20(XX5) poderão ser objeto de lançamento de ofício válido, desde que este seja cientificado ao sujeito passivo antes de transcorrido o prazo previsto no art. 173, inciso I. Feitas tais considerações jurídicas gerais sobre a decadência, passamos a analisar o caso concreto. Não contam dos autos quaisquer pagamentos feitos pela recorrente em relação aos fatos geradores considerados pela fiscalização, logo é de ser aplicada a regra decadencial do art. 173, I do CTN. Assim, estão atingidos pela caducidade os fatos geradores até 31/12/2000, o que inclui tanto a competência 12 como a competência 13 do respectivo ano, em razão do conteúdo do Resp 973.933SC e do art. 62A do Regimento deste CARF. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 12 Contribuição ao SEST/SENAT. Contribuinte individual. A contribuição ao SEST/SENAT foi instituída pela Lei 8.706/93 como exações sucessoras das contribuições ao SESI/SENAI, conforme segue: Art. 7º As rendas para manutenção do Sest e do Senat, a partir de 1º de janeiro de 1994, serão compostas: I pelas atuais contribuições compulsórias das empresas de transporte rodoviário, calculadas sobre o montante da remuneração paga pelos estabelecimentos contribuintes a todos os seus empregados e recolhidas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, em favor do Serviço Social da Indústria SESI, e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI, que passarão a ser recolhidas em favor do Serviço Social do Transporte SEST e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SENAT, respectivamente; II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária;... Como se vê, os transportadores autônomos devem contribuir com 2,5% do salário de contribuição para o SEST/SENAT, ao passo que a retenção e o recolhimento de tais valores foram atribuídos às pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços por força do art. 2º, §3º, alínea “a” do Decreto 1.007/1993. Assinalada a legalidade de tais contribuições, passemos aos fatos do caso em testilha. No caso dos autos, a recorrente argumentou sobre a não incidência de tais contribuições, pois os pagamentos foram fetos a “motoboys” e/ou, muitos deles, correspondiam a transportes dentro de um mesmo canteiro de obras. Com relação aos motoboys, apesar de compreendermos que estes, além de realizarem o transporte rápido de pequenos volumes, realizam também diversos outros serviços externos, não há nos autos quaisquer elementos que comprovem que os pagamentos anotados como “frete” na contabilidade correspondiam, de fato, ao pagamento por outros serviços externos realizados por “motoboys”. Caberia à recorrente fazer tal prova, em vista de ter a fiscalização tomado informações que a própria interessada inseriu em sua contabilidade ao identificar tais pagamentos como “frete”. Mantida a qualificação dos pagamentos como referentes a transporte realizado por autônomo, por falta de provas em sentido oposto, não há fundamento para excluílos do lançamento. Em relação ao local do transporte, assumimos as conclusões insertas na decisão a quo para afastar os argumentos da recorrente, conforme segue: “Sobre as contribuições para o SEST e o SENAT, conforme disposto na Lei 8.706/93 (art. 7°) e no Decreto 1.007/93 (art. 2°), citados pela defendente, está definido como sujeito passivo de tais contribuições o "transportador autônomo, não se verificando no texto legal o termo "transportador rodoviário". Fl. 386DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 13603.002713/200745 Acórdão n.º 230102.376 S2C3T1 Fl. 372 13 Assim, infrutíferas as alegações sobre o local onde é realizado o frete.” Afastados os argumentos da recorrente, não vislumbramos fundamentos para críticas ao lançamento. Considerando a desistência do recurso para os fatos geradores posteriores a 12/2001, deixamos de apreciar os argumentos relativos à retenção da contribuição devida pelos contribuintes individuais que passou a ser feita a partir de 04/2003. Contribuinte individual aposentado que retornou à atividade Não merecem prosperar os argumentos da recorrente quanto à impossibilidade de as pessoas físicas em gozo de aposentadoria serem sujeitos passivos da contribuição previdenciária. O aposentado pelo RGPS, está sujeito às contribuições previdenciárias se exercer atividade remunerada, nos termos do §4° do art. 12 da Lei 8.212/91, in verbis: Art 12. (..) §4º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime ë segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade Social. Por fim, ressaltamos que, como resultado da diligência requerida pela DRP/Belo Horizonte, foram excluídos todos os pagamentos para os quais não havia a correta identificação do serviço prestado, o que afasta a discussão sobre a incerteza relativa à efetividade de ocorrência dos fatos geradores. Por todo o exposto, voto no sentido de acolher os embargos propostos, de modo a afastar do lançamento os fatos geradores até 12/2000, o que inclui as competências 12 e 13/2000 e afastar os demais argumentos da recorrente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 387DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA 14 Fl. 388DF CARF MF Impresso em 18/01/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 16/12/2011 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/11/2011 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.009464/2002-19
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1998
ISENÇÃO PROVENTOS DE APOSENTADORIA PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE.
Em conformidade com a legislação tributária, os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portador de moléstia grave, são isentos do imposto de renda. Para esse efeito, a transferência do militar para a reserva remunerada se enquadra no conceito de aposentadoria, já que ambas configuram inatividade.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.374
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em vnegar provimento ao recurso.
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
Nome do relator: Manoel Coelho Arruda Junior
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201104
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1998 ISENÇÃO PROVENTOS DE APOSENTADORIA PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Em conformidade com a legislação tributária, os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portador de moléstia grave, são isentos do imposto de renda. Para esse efeito, a transferência do militar para a reserva remunerada se enquadra no conceito de aposentadoria, já que ambas configuram inatividade. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10980.009464/2002-19
anomes_publicacao_s : 201104
conteudo_id_s : 4846516
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 17 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9202-001.374
nome_arquivo_s : 920201374_10980009464200219_201104.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Manoel Coelho Arruda Junior
nome_arquivo_pdf_s : 10980009464200219_4846516.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em vnegar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
id : 4746497
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233357623296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1348; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.009464/200219 Recurso nº 138.542 Especial do Procurador Acórdão nº 920201.374 – 2ª Turma Sessão de 12 de abril de 2011 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado NEWTON RODRIGUES ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1998 ISENÇÃO PROVENTOS DE APOSENTADORIA PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Em conformidade com a legislação tributária, os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portador de moléstia grave, são isentos do imposto de renda. Para esse efeito, a transferência do militar para a reserva remunerada se enquadra no conceito de aposentadoria, já que ambas configuram inatividade. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em vnegar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire – PresidenteSubstituto (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 2 EDITADO EM: 24/05/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (PresidenteSubstituto), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional por seu procurador (a) [fls.102106], sobre a intenção de reformar o julgado não unânime da então Quarta Câmara do Primeiro Conselho [fls.84 – 97], que deu provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte, reconhecendo o direito do mesmo a isenção por ser portador de moléstia grave: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF— Exercício: 1998 MOLÉSTIA GRAVE COMPROVAÇÃO –ISENÇÃO. REQUISITOS Para a configuração da isenção do imposto de renda aos portadores de moléstia grave, dois requisitos precisam estar presentes, simultaneamente: os rendimentos devem estar relacionados à aposentadoria, reforma ou pensão, e a existência da doença por intermédio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial do qual conste, de forma inequívoca, a existência de moléstia grave prevista no inc. XXVII do art. 40, do RIR194. IRPF RENDIMENTOS ISENTOS MOLÉSTIA GRAVE MILITAR TRANSFERIDO PARA RESERVA REMUNERADA Em conformidade com a legislação tributária, os proventos de — aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portador de 11. moléstia grave, do isentos do imposto de renda. Para esse efeito, a transferência do militar para a reservaremunerada se enquadra no conceito de aposentadoria, já que ambas configuram inatividade. Recurso parcialmente provido. Alega a Fazenda Nacional que ao julgar o recurso do contribuinte, a relatora, afrontou o artigo 6° da Lei n° 7.713/88, a procuradoria, relata que tal dispositivo concede o benefício da isenção apenas para proventos de reforma e não de reserva. Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...]XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10980.009464/200219 Acórdão n.º 920201.374 CSRFT2 Fl. 2 3 esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) Sendo assim, requer a Procuradoria da Fazenda Nacional, afim de que seja mantida a decisão de primeira instância [fls.76 – 79], que julgou pela impossibilidade de restituição de valores pleiteados pelo contribuinte, que seja dado provimento ao seu recurso, por tudo exposto e por encontrarse de acordo com o que estabelece o artigo 7 inciso II, do atual Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF N.° 147/2007, Não obstante ter sido intimado a se manifestar, o Contribuinte mantevese silente. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Sendo tempestiva a interposição e demonstrada a divergência, conheço do Recurso Especial interposto. Perpassado o exame da admissibilidade, inicio a análise do mérito. Cingese a contrariedade aqui manifestada tãosomente ao reconhecimento pela Câmara a quo de que os valores percebidos por militar da reserva, portador de moléstia grave, são isentos de IR. Apesar dos substanciosos argumentos colacionados pela PGFN, entendo que o acórdão recorrido não merece qualquer reparo, no máximo, acréscimo de argumentação. A Lei n° 8.541, de 1992, alterou a redação do inciso XIV, do artigo 6°., da Lei n° 7.713, de 1988 e acrescentou o inciso XXI ao artigo mencionado que passou a vigorar com a seguinte redação: Art. 6". Ficam isentos do Imposto sobre a Renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas fisicas: XIV os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço, e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerosemúltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 4 grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte defonnante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (grifamos) XVI os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão." Da interpretação conjunta dos dispositivos anteriormente transcritos, conclui se que a isenção de que trata a Lei n° 7.713, de 1988, abrange os proventos de: (I) aposentadoria motivada por acidente de trabalho; (II) aposentadoria motivada por moléstia profissional e (III) os proventos recebidos pelos portadores de tuberculose ativa, alienação mental, esclerosemúltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parlcinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida. Ao usar as expressões "mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão", existentes na parte final do inciso XIV e no inciso XXI do artigo 6° da Lei n° 7.713/88, o legislador conferiu isenção às pessoas aposentadas que após a aposentadoria se tornaram vítimas de uma das moléstias anteriormente relacionadas. A inclusão do inciso XXI, ao artigo 6° da n° 7.713, de 1988, estabelecendo que a isenção era extensiva aos casos em que a doença tivesse sido contraída após a concessão da pensão teve por finalidade evitar tratamento desigual a pessoas em situações idênticas. Afrontaria a lógica jurídica e a ciência do razoável conceder isenção a quem se aposentou em virtude de moléstia grave e não assegurar idêntico benefício a quem já estivesse aposentado quando contraiu a moléstia. Novamente surge a questão muito bem suscitada pela Conselheira Relatora do Acórdão recorrido: Todavia, a partir do momento em que vem à tona a condição de reservista do recorrente, surge outro ponto de discussão: considerando que a letra da lei que trata da isenção do IRPF referese, exclusivamente, a proventos de "reforma", os proventos oriundos da "reserva" estariam ou não enquadrados em tal beneficio fiscal? Vale dizer, quais das situações se equiparam à aposentadoria: a reserva ou a reforma? Ou ambas.? Para por termo à discussão, valhome das razões de decidir desenvolvidas, com precisão, pelo Conselheiro Nelson Mallmann, as quais considero parte integrante desse voto: Conforme a legislação mencionada, estão isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores de moléstia grave, com base em conclusão da medicina especializada. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10980.009464/200219 Acórdão n.º 920201.374 CSRFT2 Fl. 3 5 A isenção por moléstia grave, concedida aos rendimentos de aposentadoria ou reforma, limitase aos casos de acidente em serviço e das doenças previstas em lei, com base em conclusão da medicina especializada. Para fazer jus à norma isencional, cabe ao requerente o ônus da prova de que sua situação está prevista na legislação tributária que trata do assunto. Entendo, ainda, que na análise dos pedidos de isenção ou restituição do imposto de renda incidente sobre rendimentos auferidos por portador de moléstia grave, devem ser analisados todos os elementos de convicção constantes dos autos, tais como, informações, atestados e exames laboratoriais que comprovem o termo inicial da doença. Visto isto, indiscutivelmente, o requerente era portador, a época referida, de moléstia grave (neoplasia maligna), prevista na legislação de regência para a concessão de isenção de imposto de renda. Entretanto, neste processo, a discussão vai além do fato de ser o requerente portador de moléstia grave, já que abrange militar que estava na situação de "transferido para reserva remunerada", que não deixa de ser, em última análise, um sinônimo de "aposentado", pois o militar nesta situação não se encontra mais no serviço ativo e somente em situações especiais é poderá ser feito à reversão de reserva remunerada para serviço ativo, conforme legislação abaixo mencionada. Diz o Decretolei Estadual n°. 260, de 29 de maio de 1970, entre outros, o seguinte: "Art. 26 Os Oficiais da reserva remunerada poderão ser revertidos ao serviço ativo, por ato do Governador: I em caso de guerra, de comoção intestina e de calamidade pública; II por convocação da Justiça Militar; III para instauração de inquéritos policiais militares; IV para integrar comissões especiais ou exercer funções técnicas e especializadas, por tempo não superior a 12 (doze) meses e que não possam ser desempenhadas por Oficiais da ativa, por impedimento legal ou estatutário. § 1° Os Oficiais convocados terão os direitos e deveres dos da ativa em igual situação hierárquica, e contarão como acréscimo esse tempo de serviço. § 2° A convocação será precedida de inspeção médica. (.). Art. 29 A reforma "exofficio" será aplicada: I ao Oficial: (...). Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 6 d) convocado na forma do artigo 26 e julgado inapto em inspeção de saúde (...)III ao policial militar: a) julgado inválido ou fisicamente incapaz, em caráter permanente, para o serviço ativo." Para fins de argumentação e traçar uma analogia entre militar na situação de reserva remunerada e os aposentados de forma genérica, e por tratar de situações idênticas, transcrevese alguns trechos da Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980, que dispõe sobre o Estatuto dos Militares: "Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. § 1° Os militares encontramse em uma das seguintes situações: a) na ativa: (...) b) na inatividade: I os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização; II os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores estejam dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração da União. III os da reserva remunerada, e excepcionalmente, os reformados, executando tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força Armada. (...) Art. 4° São considerados reserva das Forças Armadas: I individualmente: a)os militares da reserva remunerada; e b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a ativa; II no seu conjunto: a)as Policias Militares; e b)os Corpos de Bombeiros Militares. Art. 50 A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente devotada às finalidades precipuas das Forças Armadas, denominada atividade militar. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10980.009464/200219 Acórdão n.º 920201.374 CSRFT2 Fl. 4 7 Art. 96 A passagem do militar à situação de inatividade, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua: I a pedido; e II exofficio. Parágrafo único. A transferência do militar para a reserva remunerada pode ser suspensa na vigência do estado de guerra, estado de sitio, estado de emergência ou em caso de mobilização. Art. 97 A transferência para a reserva remunerada, a pedido, será concedida, mediante requerimento, ao militar que contar, no mínimo 30 (trinta) anos de serviço. (...) Art. 98 A transferência para a reserva remunerada, ex officio, verificarseá sempre que o militar incidir em um dos seguintes casos: I atingir as seguintes idadeslimite: II completar o oficialgeneral 4 (...) III completar os seguintes tempos de serviço como oficialgeneral: IV ultrapassar o oficial 9 (cinco) anos de permanência no último posto da hierarquia de paz de seu Corpo, Quadro, (...) (—). Art. 104 A passagem do militar à situação de inatividade, mediante reforma, se efetua: I a pedido; e II exofficio. Art. 105 A reforma a pedido exclusivamente aplicada ao membros do Magistério Militar, se o dispuser a legislação especifica da respectiva Força, somente poderá ser concedida àquele que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez), do mínimo, de tempo de Magistério Militar. Art. 106 A reforma, ex officio, será aplicada ao militar que: I atingir as seguintes idadeslimite de permanência na reserva: a)para OficialGeneral, 68 (sessenta e oito) anos; b)para oficial Superior, inclusive membros do Magistério Militar, 64 (sessenta e quatro) anos; Fl. 7DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 8 c) para CapitãoTenente e oficial subalterno, 60 (sessenta anos; e d)para Praças, 56 (cinqüenta e seis) anos. II for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas (...) Art. 108 A incapacidade definitiva pode sobrevir em conseqüência de: I ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública; V tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicina especializadas." Pela leitura dos dispositivos legais mencionados e da análise dos documentos contidos no processo, especialmente os de fls. 02/04, firmo entendimento de que o recorrente tem razão, já que comprovou que preenchia os requisitos necessários à isenção do imposto de renda sobre os proventos percebidos, oriundos de sua transferência para a inatividade. Ora, qualquer interpretação que leve em conta tão somente à letra da lei, mas não o seu contexto, a finalidade da norma a se aplicar, está fadada a cometer equívocos. Com efeito, a um caso concreto aplicase o ordenamento jurídico vigente inteiro, com os seus freios e contrapesos, de acordo com a razoabilidade que o caso concreto pede. Há de se buscar, no caso em tela, a finalidade da norma isentiva. Parecenos objetivar a proteção ou ressalva dos proventos daquele que se encontra inativo, seja militar ou civil, desde que portador de moléstia grave especificada em lei. Esses dois requisitos são suficientes, sem necessidade de entrarmos numa discussão de termos técnicos, como, por exemplo, o da distinção entre reforma e reserva remunerada. Aquela decisão, interpretando e aplicando tãosomente a literalidade da lei, houve por bem não acolher o pleito do contribuinte, não reconhecendo a isenção a que se refere o artigo 6°, inciso XIV da Lei n°. 7.713, de 1988, para o período em que o recorrente se encontrava na reserva remunerada, manifestandose que apenas faz jus àquele que passou para a inatividade mediante reforma. Não obstante, entendo que o portador de moléstia grave faz jus à isenção por enquadrarse na condição de aposentado. Buscando a finalidade que norteia a norma isentiva, que inegavelmente visa proteger o portador de doença grave prevista em lei, constatase que a reserva remunerada nada mais é que a aposentadoria a que se refere o dispositivo isencional acima transcrito. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10980.009464/200219 Acórdão n.º 920201.374 CSRFT2 Fl. 5 9 Da citada legislação, podese verificar que, tanto a transferência para a Reserva Remunerada como a Reforma, podem ser efetuadas "a pedido" ou "exoficio", sendo certo que, a reforma exoficio, será aplicada ao militar que atingir determinadas idadeslimite de permanência na reserva ou ser portador de doença grave que o incapacite para exercer a atividade militar. Além disso, se por ventura for convocado, dentro das situações previstas em lei, para integrar novamente o serviço ativo, o militar na reserva, portador de doença incapacitante, não poderá participar do serviço ativo e será automaticamente reformado. Assim, é que o recorrente deveria ter sido reformado exoficio na data em que foi constatado ser portador de neoplasia maligna, já que não poderia ser convocado para exercer atividade na ativa. Entretanto, não foi feito à transposição de reserva remunerada para a situação de reformado, que para mim, para fins tributários, é irrelevante, já que o termo transferência para inatividade (reserva remunerada ou reforma) tem o mesmo significado que aposentado, caso contrário seria uma norma tributária restritiva, não dando direitos iguais para situações iguais, pois a norma isentiva é para os portadores de moléstia grave prevista na lei, cujos rendimentos são oriundos de aposentadoria. O militar na reserva remunerada não exerce mais atividade militar é um aposentado no sentido amplo, que s6 perdera esta condição se estiver em perfeitas condições de saúde e se for caso excepcional de convocação, em situações especiais previstos na lei, para reversão ao serviço ativo e para que esta condição excepcional se realize deverá, antes de qualquer coisa, passar por uma junta médica para que seja verificado a sua situação de saúde. (...) Ora, o suplicante na situação que se encontrava em 02 de outubro de 2000 (constatação de neoplasia maligna devidamente atestada), jamais voltaria a integrar o serviço ativo em circunstância alguma, pois seria considerado inapto para o serviço militar. Não tenho dúvidas, de que o termo reserva remunerada, refere se à aposentadoria de que trata o norma isencional, tendo recebido nominação própria em face das peculiaridades dos membros das Forças Armadas e Forças Auxiliares. Entendo, pois, que a simples negativa ao direito isencional em face da denominação de "reserva remunerada" não tira do contribuinte o direito à isenção em face de moléstia grave. Considerandose, ainda, que a tipificação primeira, naquele Estatuto, enquadra a reserva remunerada a titulo de inatividade. Da mesma forma, discordo daqueles que se filiam à tese de que quando a Lei n°. 7.713, de 1988, no seu artigo 6°, inciso XIV quis falar, propositalmente, em proventos de reforma, e que esta norma estaria restringindo a isenção somente aos militares portadores de doença grave que fossem reformados, não Fl. 9DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE 10 entraria neste contexto os militares que estivessem na inatividade sob a condição de transferidos para reserva remunerada não importando os detalhes da situação individual de cada um, ou seja, só faz jus àqueles que estiverem na situação de reformado, apresentando como contraponto o inciso XV do artigo 6° da lei anteriormente citada, sob o argumento que neste inciso se fala em transferência para a reserva remunerada ou reforma. Ora, é evidente que a redação do artigo 6° da Lei n°. 7.713, de 1988, não poderia ser diferente, já que pela Lei 6.880, de 1980 (Estatuto dos Militares) os militares portadores de doença que incapacite para o exercício da função militar são reformados ex officio, independentemente de estar no serviço ativo ou estar na inatividade sob a condição de transferidos para reserva remunerada. Ou seja, em termos práticos o militar que esta na condição de transferido para inatividade (transferência para reserva remunerada) portador de doença que incapacite para o exercício de atividades inerentes das forças armadas, não poderá, mesmo que queira, retornar ao serviço ativo, deverá ser automaticamente reformado e não poderá mais ser convocado. Ademais, o termo transferência para a reserva remunerada utilizado pelo inciso VX do artigo 6° da Lei n°. 7.713, de 1988, se comparado ao conteúdo da Lei n°. 6.880, de 09 de dezembro de 1980 (Estatuto dos Militares) é letra morta, já que somente abrangeria os oficiaisgenerais, pois estes são reformados ex officio aos 68 (sessenta e oito) anos, o restante, que representam a expressividade das forças armadas, são reformados ex officio com idades entre 56 (cinqüenta e seis) anos e 64 (sessenta e quatro) anos. Por fim, esclareço que a referida matéria foi objeto do enunciado da Súmula n. 43, constante da Portaria CARF n. 49, de 01.12.2010: Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Portanto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto. É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 10DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE Processo nº 10980.009464/200219 Acórdão n.º 920201.374 CSRFT2 Fl. 6 11 Fl. 11DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/06/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA Assinado digitalmente em 29/06/2011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, 06/07/2011 por ELIAS SAMPAIO FR EIRE
score : 1.0
Numero do processo: 12897.000868/2009-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2008
Ementa:
CONCOMITÂNCIA ENTRE OS PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO
Na medida judicial, o recorrente pede a não aplicação do art. 74 da MP 2.158 em razão da causa de pedir “incompatibilidade com os tratados para evitar a bitributação” . Já no feito administrativo, para afastar a tributação nacional, o
recorrente pede a aplicação do art. 23, n° 2, do Tratado com a Áustria. Como o pedido judicial não pode ser formulado em tese, seu objeto é definido em face das controladas relacionadas na inicial, dentre as quais, não consta nenhuma domiciliada na Áustria. Por esse motivo, não há concomitância entre a ação judicial e o processo administrativo no que concerne, quanto a
este último, ao pedido de aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976.
Pelas mesmas razões, também deve ser enfrentada pela instância
administrativa a vinculação formal da autoridade fiscal em relação às supostas disposições da IN SRF n ° 213/2002 relativamente ao conceito de equivalência patrimonial.
Numero da decisão: 1201-000.603
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DETERMINAR o retorno dos autos à autoridade de primeira instância para que seja proferida nova decisão em suplementação à anterior, para que sejam enfrentadas as razões da defesa atinentes à aplicação
do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976, bem como a questão atinente à vinculação da atividade de lançamento às disposições previstas na IN SRF nº 213/02, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Régis Magalhães Soares de Queiroz que anulava a decisão de primeira instância. O Conselheiro Marcelo Baeta Ippolito acompanhou o relator pelas conclusões.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201111
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008 Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE OS PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO Na medida judicial, o recorrente pede a não aplicação do art. 74 da MP 2.158 em razão da causa de pedir “incompatibilidade com os tratados para evitar a bitributação” . Já no feito administrativo, para afastar a tributação nacional, o recorrente pede a aplicação do art. 23, n° 2, do Tratado com a Áustria. Como o pedido judicial não pode ser formulado em tese, seu objeto é definido em face das controladas relacionadas na inicial, dentre as quais, não consta nenhuma domiciliada na Áustria. Por esse motivo, não há concomitância entre a ação judicial e o processo administrativo no que concerne, quanto a este último, ao pedido de aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976. Pelas mesmas razões, também deve ser enfrentada pela instância administrativa a vinculação formal da autoridade fiscal em relação às supostas disposições da IN SRF n ° 213/2002 relativamente ao conceito de equivalência patrimonial.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 12897.000868/2009-98
anomes_publicacao_s : 201111
conteudo_id_s : 4794606
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-000.603
nome_arquivo_s : 120100603_12897000868200998_201111.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
nome_arquivo_pdf_s : 12897000868200998_4794606.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DETERMINAR o retorno dos autos à autoridade de primeira instância para que seja proferida nova decisão em suplementação à anterior, para que sejam enfrentadas as razões da defesa atinentes à aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976, bem como a questão atinente à vinculação da atividade de lançamento às disposições previstas na IN SRF nº 213/02, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Régis Magalhães Soares de Queiroz que anulava a decisão de primeira instância. O Conselheiro Marcelo Baeta Ippolito acompanhou o relator pelas conclusões.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
id : 4747614
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233368109056
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2297; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 699 1 698 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12897.000868/200998 Recurso nº 905.168 Voluntário Acórdão nº 120100.603 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de novembro de 2011 Matéria IRPJ e outro Recorrente Vale S.A. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008 Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE OS PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO Na medida judicial, o recorrente pede a não aplicação do art. 74 da MP 2.158 em razão da causa de pedir “incompatibilidade com os tratados para evitar a bitributação” . Já no feito administrativo, para afastar a tributação nacional, o recorrente pede a aplicação do art. 23, n° 2, do Tratado com a Áustria. Como o pedido judicial não pode ser formulado em tese, seu objeto é definido em face das controladas relacionadas na inicial, dentre as quais, não consta nenhuma domiciliada na Áustria. Por esse motivo, não há concomitância entre a ação judicial e o processo administrativo no que concerne, quanto a este último, ao pedido de aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976. Pelas mesmas razões, também deve ser enfrentada pela instância administrativa a vinculação formal da autoridade fiscal em relação às supostas disposições da IN SRF n ° 213/2002 relativamente ao conceito de equivalência patrimonial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DETERMINAR o retorno dos autos à autoridade de primeira instância para que seja proferida nova decisão em suplementação à anterior, para que sejam enfrentadas as razões da defesa atinentes à aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976, bem como a questão atinente à vinculação da atividade de lançamento às disposições previstas na IN SRF nº 213/02, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o conselheiro Régis Fl. 699DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 700 2 Magalhães Soares de Queiroz que anulava a decisão de primeira instância. O Conselheiro Marcelo Baeta Ippolito acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Claudemir Rodrigues Malaquias Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudemir Rodrigues Malaquias (Presidente), Marcelo Baeta Ippolito (suplente convocado), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Eduardo Martins Neiva Monteiro (suplente convocado), Regis Magalhães Soares Queiroz e Antonio Carlos Guidoni Filho. Fl. 700DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 701 3 Relatório DA AUTUAÇÃO E DA IMPUGNAÇÃO Em ação fiscal direta em face do contribuinte em epígrafe, foram lavrados, relativamente ao anocalendário de 2007, autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O sujeito passivo apresentou impugnação às fls. 271 a 307. Abaixo tomo de empréstimo o relatório elaborado pela autoridade julgadora de primeiro grau acerca das referidas peças de acusação e defesa: Trata o presente processo dos autos de infração lavrados pela Defis (RJ), referentes ao anocalendário de 2007, através dos quais são exigidos do interessado o imposto sobre a renda de pessoa jurídica IRPJ, no valor de R$ 4.218.010.166,49 (fls. 256/260 e relatório fiscal às fls. 71/78), e a contribuição social sobre o lucro liquido — CSLL, no valor de R$ 1.524.355.650,00 (fls. 261/265), acrescidos da multa de 75% e dos encargos moratórios. 2 Fundamentaram as exações: não tributação dos resultados de equivalências patrimoniais de empresas controladas sediadas no exterior. 3 Em 3/2/2003 o interessado impetrou mandado de segurança preventivo com pedido de liminar na Justiça Federal — Seção Judiciária do Rio de Janeiro (processo nº 2003.51010029370 — fls. 125/159), objetivando: a concessão de medida liminar inaudita altera parte com a finalidade de suspender a exigibilidade dos créditos tributários de IRPJ e CSLL resultantes (i) da aplicação do regime de tributação previsto no caput do art. 74 da MP n° 2.15834/01 (e posteriores reedições), na forma como foi regulamentado pela IN n ° 213/2002, no que concerne ao resultado positivo de equivalência patrimonial de suas controladas e coligadas no exterior no ano de 2002 e exercícios subseqüentes; e (ii) da aplicação do regime constante do parágrafo único do art. 74 da MP n ° 2.15834/01 aos lucros apurados por sua controlada desde 1996 até dezembro de 2001. por fim, seja concedida em definitivo a segurança no sentido de reconhecer ao interessado o seu direito liquido e certo de não estar sujeito à tributação pelo IRPJ e CSLL na forma do art. 74 e parágrafo único da MP n° 2.15834/01 (e posteriores reedições) tal como regulamentados pela IN SRF nº 213/2002. Fl. 701DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 702 4 3.1 Apresenta como primeiro argumento que o art. 74 da MP n° 2.15834/01 é incompatível com os tratados contra a dupla tributação celebrados pelo Brasil com os Estados de domicilio das sociedades controladas (Bélgica, Dinamarca e Luxemburgo), tratados esses que prevêem uma competência tributária exclusiva do pais de domicilio da sociedade controlada estrangeira, no que concerne aos lucros por elas produzidos, e consequentemente a exclusão de competência do Brasil, pais de domicilio da sociedade controladora. 3.2 Como segundo argumento alega que o art. 74 e parágrafo único da MP nº 2.15834/01 extrapolou a permissão concedida pelo art. 43 caput e §2° do CTN que apenas permitia à lei ordinária fixar as condições e o momento em que dará a disponibilidade de receita ou rendimentos oriundos do exterior, mas não o de utilizar a via ilegítima da ficção legal para considerar como disponibilizado o lucro meramente apurado e não distribuído. 3.3 O terceiro argumento é o de que, ainda que se considerasse que o art. 74 e parágrafo único da MP n° 2.15834101 se teria conformado com o art. 43 caput e §2° do CTN, a tributação não poderia alcançar a totalidade do resultado de equivalência patrimonial, como determina o art. 7° da IN SRF n° 213/2002, mas tão somente a parcela imputável aos lucros propriamente ditos, com a exclusão da variação cambial do valor do investimento que a legislação contábil e societária considera incluída no conceito de equivalência patrimonial, mas que não pode ser submetida a tributação nem pelo IRPJ, nem pela CSLL. 4 Em 5/2/2003 a liminar foi (fls. 160/164): 4.1 deferida, no sentido de suspender a exigibilidade do crédito tributário do IRPJ e da CSLL resultante da aplicação do regime de tributação do caput do art. 74 da MP n°2.15834101, no que se refere às disponibilizações dos lucros, para que, na espécie, continue sendo obedecido o regime anterior da Lei 9.532, de 10/12/1997, até o julgamento final desta ação; 4.2 deferida parcialmente a liminar, no sentido de suspender a exigibilidade do crédito tributário do IRPJ e da CSLL resultante da aplicação do regime de tributação do parágrafo único do art. 74 da MP n° 2.15834/01, quanto aos lucros apurados por suas controladas, desde 1996 até dezembro de 2001, aqueles — apenas e tão somente — que ainda não foram disponibilizados, até o julgamento final desta ação. 4.2.1 As disponibilizações ocorridas até 31 de dezembro de 2001, por terem sido excluídas do campo de incidência do parágrafo único do art. 74 da MP, também deverão se sujeitar ao regime anterior da Lei 9.532/1997, até o julgamento final desta ação; 4.3 indeferida a liminar, para negar o pedido formulado no sentido que o interessado não esteja sujeito à aplicação do regime de tributação estabelecido na IN SRF nº 213/2002, no Fl. 702DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 703 5 que concerne ao resultado positivo de equivalência patrimonial de suas controladas e coligadas no exterior no ano de 2002 e sobre os resultados dos exercícios subseqüentes, relativamente à pretensão de exclusão da variação cambial do valor do investimento. 5 Interposto agravo de instrumento no TRF da 2ª Região pela União, contra a decisão que deferiu em parte a liminar, o relator converteuo em agravo retido, em 16/12/2003 (fls. 378/379). 6 O Juízo da 7ª Vara Federal julgou em 1/7/2005 improcedente o pedido para negar a segurança pleiteada, com base no art. 269, I, do CPC e, por consequência, revogar a liminar deferida (fls. 165/172). 7 O interessado interpôs recurso de apelação em 23/9/2005 (fls. 173/246), que foi recebido no duplo efeito. 8 Diante da denegação da segurança, constituíramse os créditos tributários, tendo como bases de cálculos as participações nos resultados das investidas, no anocalendário de 2007, sem considerar as variações cambiais, conforme a seguir: Empresa Participação no resultado R$ Brasilux Luxembourg 1.610.000,00 RDE (Luxembourg) 10.234.000,00 Holdings GMBH (Áustria) 16.832.185.000,00 CMM Overseas (Ilhas Cayman) 93.256.000,00 Total 16.937.285.000,00 8.1 Na apuração do IRPJ compensouse R$ 65.244.334,01 de prejuízos fiscais de períodos anteriores (fl. 258). 9 Multa. 9.1 Os lançamentos foram constituídos com a multa de oficio de 75%, por se entender que a exigibilidade não se encontrava suspensa, visto a sentença ter negado a segurança e cassado a liminar concedida, apesar da apelação ter sido recebida no duplo efeito. 9.2 Segundo entendimento da ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional na 2ª Região (fls. 251/255), a liminar ficou superada pela posterior sentença que denegou a segurança. O quadro não se altera com o recebimento da apelação no duplo efeito. A concessão de efeito suspensivo à apelação interposta não tem o condão de restabelecer a tutela liminar anteriormente deferida. Dar efeito à apelação não modifica o que foi julgado na sentença. Em síntese, não restabelece a liminar, expressamente revogada Fl. 703DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 704 6 na sentença denegatória, o só fato de a apelação a ela interposta ter sido recebida no duplo efeito. 10 Ao impugnar as exigências, fls. 271/307 e documentos de fls. 308/488, o interessado alega, em síntese, que: inexiste qualquer concomitância entre a presente discussão administrativa e a discussão judicial objeto do mandado de segurança. A matéria tratada no mandado de segurança diz respeito à inconstitucionalidade do regime de tributação previsto no art. 74 e parágrafo único da MP n° 2.15834/2001, por violação do requisito da disponibilidade da renda tal como definido pelo art. 43 do CTN, bem como à prevalência sobre a legislação interna das disposições dos tratados contra a dupla tributação celebrados pelo Brasil com países onde se encontram domiciliadas as sociedades controladas; a presente impugnação tratará da (i) inaplicabilidade da multa de oficio na pendência de causa suspensiva da exigibilidade dos créditos tributários, ex vi do art. 63 da Lei 9.430/1996; (ii) vinculação das autoridades de lançamento As disposições da IN n° 213/2002 que fixam como base de calculo do IRPJ e da CSLL o "resultado positivo de equivalência patrimonial"; e (iii) a incompatibilidade do artigo 23, ri° 2, do tratado com a Áustria; o entendimento de que na data de lavratura do auto de infração não se encontrava mais vigente a medida liminar não é exato, pois ao apreciar o recurso de agravo de instrumento da União, o Desembargador Relator manteve a decisão liminar, convertendo o agravo de instrumento em agravo retido (fls. 378/379); na petição de interposição do recurso de apelação, visando a manutenção da medida liminar, foi requerido expressamente o recebimento nos efeitos devolutivo e suspensivo; em virtude da decisão que recebeu a apelação ter sido no duplo efeito, a sentença denegatória da segurança não chegou a produzir os seus efeitos, pelo que a medida liminar anteriormente deferida continua plenamente em vigor, suspendendo a exigibilidade dos créditos tributários sub judice, nos exatos termos do art. 151, IV, do CTN; a nota da PRFN na 2ª Região incorre no equivoco de se basear em jurisprudência do STJ totalmente inaplicável ao presente caso, já que trata especificamente de caso de tutela antecipatória revogada por sentença de improcedência e não de medida liminar cassada pela denegação do mandado de segurança; Fl. 704DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 705 7 não existe incompatibilidade entre uma eventual sentença denegatória e a manutenção da vigência de medida liminar acautelatória; face à vigência de medida liminar os créditos tributários encontramse com a exigibilidade suspensa, conforme previsto no art. 151, IV, do CTN. Portanto, o lançamento da multa deve ser anulado; a autuação não distinguiu as empresas domiciliadas em países com tratados para evitar a dupla tributação, daquelas domiciliadas em países que não possuem tratados dessa natureza. A empresa CVRD Holding GMBH se encontra sob proteção do tratado com a Áustria; no caso especifico da Áustria a tributação pelo Brasil dos lucros da sociedade controlada ali domiciliada é sempre juridicamente impossível, seja qual for a qualificação que se atribua ao objeto de tributação do art. 74 da MP n° 215835/01 lucro ou dividendo (ficto) , pois o artigo 23, n° 2, daquele tratado prevê a isenção como método para eliminar a dupla tributação; no mandado de segurança foi definido como objeto do processo, para além da questão da inconstitucionalidade do art. 74 da MP n° 215835/01 face o art. 43 do CTN, a incompatibilidade deste preceito com o art. 7° de todos os tratados contra a dupla tributação celebrados pelo Brasil; com relação à controlada domiciliada na Áustria o que se suscita é a impossibilidade de tributação com fundamento no art. 23, n° 2, que é autônomo em relação ao art. 7, do tratado com esse pais; na sistemática dos tratados, todas as normas que prevêem uma competência cumulativa, como é o caso do n° 2, do art. 10, do tratado com a Áustria, devem ser lidas em conjunto com as normas relativas aos métodos para evitar a dupla tributação que no caso estão enunciadas no art. 23; conquanto o n° 2, do art. 10, estabeleça a possibilidade de tributação dos dividendos pelo pais de residência do sócio (p. ex. o Brasil), o seu art. 23, nº 2, estabelece que os dividendos distribuídos pelas sociedades austríacas detidas em mais de 25% por sociedade domiciliada no Brasil deverão ser isentos de tributação no Brasil; aplicando tal disposição à CVRD Holding GMBH, domiciliada na Áustria, que é detida em 100% pelo interessado, concluise que os dividendos dela provenientes são isentos de tributação no Brasil; estas considerações devem ser aplicadas também aos lucros não efetivamente distribuídos; Fl. 705DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 706 8 na interpretação do auto de infração, o interessado estaria submetido a um ônus tributário final de 49%, sendo 25% de IRPJ e 9% de CSLL, mais 15% de imposto na fonte na Áustria, quando da distribuição dos dividendos. Já se não houvesse tratado, pelo menos o crédito do imposto pago na Áustria seria teoricamente passível de compensação com aquele devido no Brasil; a intributabilidade, no Brasil pelo IRPJ, dos lucros da sociedade controlada na Áustria aplicase igualmente à CSLL; as convenções contra a dupla tributação em matérias sobre a renda aplicamse, em principio, aos tributos que revestem aquela natureza substancial, independentemente da sua denominação, da pessoa de direito público que é seu titular ou do método adotado para a sua cobrança; a questão deve ser examinada face ao §2°, do art. 2º, do tratado com a Áustria; a CSLL, à luz da Constituição e face às regras do CTN, é um imposto substancialmente semelhante ao imposto de renda, e, por isso, abrangida pelo tratado com a Áustria; na identificação da matéria tributável, não foi levado em consideração a disposição contida na IN nº 213/02, fazendo a tributação incidir sobre os lucros apurados pelas sociedades controladas no exterior e não sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial, como preconizado no art. 7°, §1°. DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU A decisão recorrida (fls. 492 a 504) negou provimento à impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 INVESTIMENTOS EM CONTROLADAS SEDIADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DOS RESULTADOS. TRATADO INTERNACIONAL PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL SOBRE O INVESTIMENTO. AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE COM PROCESSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial importa em renúncia As instâncias administrativas e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 Fl. 706DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 707 9 MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CASSADA. INCIDÊNCIA DA MULTA DE OFÍCIO. EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Denegada a segurança com a revogação da medida liminar, o crédito tributário será constituído e exigido com a multa de oficio. O recurso de apelação recebido no duplo efeito não restabelece a liminar revogada por sentença. Vale ainda tecer um resumo de seus fundamentos. Em relação à concomitância, faz um resumo da medida judicial e conclui que “as questões relativas à tributação dos lucros auferidos por coligadas sediadas no exterior, sua regulamentação pela IN n° 213/2002, e a consideração dos tratados internacionais para se evitar a dupla tributação são objetos da ação judicial e desse processo administrativo”. Desse modo, deixa de conhecer “questões que importem na apuração das bases e dos cálculos do IRPJ e da CSLL”. Quanto à aplicação da multa, o julgador considerou que a sentença que denegou a segurança cassou a liminar outrora concedida. Dessarte, a exigibilidade do crédito não mais estava com a exigibilidade suspensa nos termos do art. 151, inciso IV, do CTN. Ademais, entendeu que o fato de o recurso ter sido recebido no duplo efeito – devolutivo e suspensivo – não restabeleceu os efeitos da limiar. Para tal, embasou sua decisão em decisões do STF e do STJ, bem como em parecer da Procuradoria da Fazenda Nacional, de cujo teor extraiu alguns trechos, dentre os quais: “De nada altera esse quadro o recebimento da apelação no ‘duplo efeito’. A concessão de efeito suspensivo à apelação interposta não tem o condão de restabelecer a tutela liminar anteriormente deferida. Dar efeito suspensivo à apelação não modifica o que foi julgado na sentença. Em síntese, não restabelece a liminar, expressamente revogada na sentença denegatória, o só fato de a apelação a ela interposta ter sido recebida no duplo efeito”. Assim, como a exigibilidade do crédito no momento do lançamento não estaria suspensa, a autoridade fiscal teria agido legalmente ao aplicar a multa de ofício. DO RECURSO VOLUNTÁRIO O sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 509 a 548, mediante o qual teceu as considerações que se seguem. No presente feito administrativo, argüiu, como causa de pedir pela improcedência da autuação, a aplicação de dispositivo específico constante do tratado com a Áustria. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 708 10 No entender da defesa, a causa de pedir relativa à medida judicial diz respeito apenas à aplicação do art. 7° dos tratados para evitar a dupla tributação. Desse modo, não alcançaria a disposição específica prevista no tratado com a Áustria (art. 23, n° 2), a qual estaria sendo suscitada apenas no presente processo administrativo e que estabelece “a aplicação do método da isenção aos dividendos distribuídos por uma controlada na Áustria ao sócio controlador no Brasil”. Não haveria, então, concomitância passível de ensejar a renúncia do julgamento administrativo, uma vez que os objetos são distintos em razão das distintas causas de pedir. Ademais, essa disposição convencional deve ser aplicada também em relação à Contribuição Social sobre o Lucro, pois os tratados para evitar a dupla tributação de impostos sobre renda e fortuna se referem a tributos com esta natureza substancial, independentemente de sua denominação jurídica, conforme disposição do art. 2° dos Tratados com a Áustria. Também entende não ser concomitante a alegação de que a autoridade fiscal deixou de cumprir o disposto na IN SRF nº 213/02 relativamente ao conceito de resultado positivo da equivalência patrimonial. No entender da defesa, uma vez que o art. 7º, § 1º, da IN 213, estabelece a tributação do “resultado positivo da equivalência patrimonial”, estaria a autoridade fiscal formalmente obrigada a considerar, para fins de determinação desse valor, a variação cambial negativa do período. Ao não proceder dessa forma, deixou de cumprir regra fixada por autoridade hierarquicamente superior, questão que não foi levada ao Judiciário. No que se refere à multa de ofício, entende ser indevida em razão da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Ao impetrar mandado de segurança preventivo, obteve liminar com o fito de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Apesar de a sentença posteriormente proferida ter sido denegatória, a apelação foi expressamente recebida no duplo efeito. Dessa forma, em virtude da decisão que recebeu o recurso não só no efeito devolutivo, mas também no suspensivo, “a medida liminar anteriormente deferida, à data da lavratura do auto de infração, estava (como ainda está) plenamente em vigor, mantendose, pois, suspensa a exigibilidade dos créditos sub judice”. Por derradeiro, realizou os seguintes pedidos, in verbis: (i) seja reconhecida a inexistência de concomitância do presente processo administrativo com o processo judicial (mandado de segurança n° 2003.02.02.00.48646) quanto à disposição especial do tratado com a Áustria (art. 23, nº 2) não invocada no mandado de segurança, que apenas tem como causa de pedir o art. 7º dos tratados contra a dupla tributação com os países de domicilio das controladas diretas, com a consequente apreciação das razões expostas na impugnação e reiteradas neste recurso a respeito da intributabilidade dos lucros da CVRD HOLDING GMBH; (ii) seja reconhecida a inexistência de concomitância do presente processo administrativo com o processo judicial (mandado de Fl. 708DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 709 11 segurança n° 2003.02.02.0048646) quanto à questão de direito formal relativa à vinculação da autoridade de lançamento ao conceito de resultado positivo de equivalência patrimonial preconizado pelo art. 7º, § 1° da IN nº 213/02 como base de cálculo do IRPJ e da CSLL, com o consequente cancelamento proporcional das exigências para que a tributação. incida apenas sobre o referido resultado liquido, isto é, levando em conta o efeito redutor da variação cambial negativa; e (iii) seja cancelado o lançamento de multa de oficio, por violação do art. 63, § 10 da Lei n° 9.430/96, em razão da vigência de medida liminar suspensiva da exigibilidade dos créditos tributários em discussão. DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO VOLUNTÁRIO A Fazenda Nacional, às fls. 641 a 667, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário nos termos que se seguem. A aplicação do Tratado com a Áustria teria sido abrangida pela lide judicial, uma vez que: (i) o pedido do contribuinte não se restringiu ao ano de 2002, mas também aos seguintes. Desse modo, não se restringiu aos lucros de determinados países, mas do exterior como um todo; (ii) de forma coerente com o pedido acima, são os fundamentos, como a inconstitucionalidade do art. 74 da MP 2.158/01. Destaquese que esse fundamento alcança todas as controladas do exterior; (iii) a decisão de primeiro grau reforça o entendimento acima exposto na medida em que, da sua leitura, compreendese que “os lucros das controladas sediadas no exterior não se confundem com os lucros da controladora sediada no Brasil” e esse argumento se aplica a todos os tratados. (iv) o precedente do CARF não deve ser adotado “seja porque está sendo objeto de insurgência recursal, seja porque, quanto ao mérito, ele merece ser reformado”. Aduz não haver à concomitância atinente à IN nº 213/02, pois: (i) as teses propostas judicial e administrativamente são opostas, mas independentemente disto o contribuinte buscou no Judiciário demonstrar que a variação cambial não deve surtir efeitos para fins tributários sem fazer distinção entre variações positivas e negativas; (ii) a questão levada à esfera administrativa (variação cambial negativa como redutor do resultado da equivalência patrimonial) está abarcada pelo objeto da ação judicial (ilegalidade total do método da equivalência patrimonial prevista no art. 7º da IN 213/02, no qual se inclui a variação cambial). Fl. 709DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 710 12 Quanto à multa punitiva, considera devida, porque: (i) o recebimento da apelação com efeito suspensivo não restabelece a liminar anteriormente concedida, pois não modifica o que foi julgado na sentença. Reproduz jurisprudência administrativa (Câmara Superior do CARF) e judicial (STJ), que entende confirmar sua posição; (ii) o recebimento da apelação no duplo efeito não está elencado entre as causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário prevista na relação taxativa do art. 151 do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes DO TRATADO COM A ÁUSTRIA A questão da concomitância do dispositivo específico constante do Tratado com a Áustria já foi pessoalmente por mim analisada em relação a este contribuinte e com respeito à mesma ação judicial, nos autos do processo administrativo nº 18471.000141/2008 15. Naquela oportunidade, assim me manifestei: Uma mesma matéria, levada ao juízo e à esfera administrativa, não deve ser conhecida por esta última, conforme posição já consagrada neste Colegiado e sedimentada na Súmula CARF n° 1° de cumprimento vinculante. Tal assertiva decorre do entendimento de que a ação judicial deve prevalecer sobre o feito administrativo. Assim, se houver identidade entre seus elementos identificadores, o processo administrativo não deve prosseguir. Na lição de Cintra, Grinover e Dinamarco: “Cada ação proposta em juízo, considerada em particular, apresenta intrinsecamente certos elementos, de que se vale a doutrina em geral para a sua identificação, ou seja, para isolála e distinguila das demais ações já propostas, das que venham a sêlo ou de qualquer outra ação que se possa imaginar. Esses elementos são as partes, a causa de pedir e o pedido. É tão importante identificar a ação, que a lei exige a clara indicação dos elementos identificadores logo na peça inicial de qualquer processo, ou seja: na petição inicial Fl. 710DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 711 13 (CPC, art. 282, incs. II, III e IV) [...]. A falta dessas indicações acarretará o indeferimento liminar da petição inicial, por inépcia (CPC, arts. 284 e 295, par. ún., inc. I)”. A controvérsia aqui estabelecida acerca da concomitância não diz respeito às partes, nem ao pedido. Ela se restringe à causa de pedir, que será adiante o foco de nossa atenção. O mandado de segurança teve duas causas de pedir a não aplicação do art. 74 da MP n° 2.15834/01: (i) a sua incompatibilidade com os tratados para evitar a bitributação e (ii) a extrapolação dos ditames da lei complementar, no caso, o § 2° , art. 43 do CTN introduzido pela LC n° 104/01. Há ainda o pedido subsidiário (item 8, subitem III da petição inicial) para que a tributação alcance apenas a parcela da equivalência patrimonial correspondente ao conceito de lucro. Como já discorri previamente, o pedido subsidiário não compõe o objeto desta lide administrativa. De igual sorte, também não é matéria trazida aos autos o pedido principal em face da causa relativa à extrapolação das prescrições do CTN. Desse modo, se essas fossem as únicas razões levadas ao judiciário, as matérias suscitadas na impugnação administrativa deveriam ser conhecidas. A discussão se restringe, portanto, a analisar se a matéria composta pelo pedido “não aplicação do art. 74 da MP 2.158” em face da causa de pedir “incompatibilidade com os tratados para evitar a bitributação”, corresponde à mesma matéria suscitada na instância administrativa. Sobre esse ponto, foram aduzidas no Mandado de Segurança as seguintes considerações (fls. 459 a 462), in verbis: I – INCOMPATIBULIDADE DO ART. 74 DA MP nº 2.15834/01 COM OS TRATADOS CONTRA A DUPLA TRIBUTAÇÃO 11. O regime de transparência fiscal internacional do art. 74 da MP n° 2.15834/01 é incompatível com os tratados contra a dupla tributação celebrados pelo Brasil com os países onde se encontram domiciliadas as sociedades estrangeiras controladas pela IMPETRANTE: (i) Bélgica (Decreto n° 72.542/73); (ii) Dinamarca (Decreto n° 75.106/74); (iii) Luxemburgo (Decreto n° 85.051/80). 12. Com efeito, o art. VII dos tratados celebrados pelo Brasil (que seguem a redação do art. VII da Convenção Modelo da OCDE) dispõem, todos eles (inclusive os com a Bélgica, a Dinamarca e o Luxemburgo), no seu n° 1, que “os lucros de uma empresa de um Estado Fl. 711DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 712 14 contratante só podem ser tributados nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento estável aí situado. Se a empresa exercer sua atividade deste modo, os seus lucros podem ser tributados no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem imputáveis a esse estabelecimento estável”. 13. Estabelecimento estável é, nos termos do art. V, n° 1, dos tratados (seguindo também o art. V da Convenção Modelo da OCDE) “uma instalação fixa onde a empresa exerça toda ou parte da sua atividade”, compreendendo notadamente um local de direção, uma sucursal, um escritório, uma fábrica, uma oficina, uma mina ou uma pedreira. São, pois, “estabelecimentos estáveis”, para efeito dos tratados, as sucursais ou filiais destituídas de personalidade jurídica própria. 14. Aplicando este preceito ao caso de uma empresa brasileira (EB) que tenha, por exemplo, na Dinamarca, uma filial (FD) ou controlada (CD), podem extrairse as seguintes conclusões: a) O Brasil pode tributar os lucros da FD, por esta constituir um estabelecimento permanente no exterior (1ª frase, 2ª parte, do nº 1); b) A Dinamarca pode tributar os lucros da FD unicamente na medida em que forem imputáveis a esse estabelecimento (2ª frase do item 1); c) Só a Dinamarca (“competência exclusiva”) pode tributar os lucros auferidos na Dinamarca pela CD, pois CD é empresa dinamarquesa (1ª frase, 1ª parte do nº 1); d) O Brasil não pode tributar os lucros auferidos na Dinamarca pela CD, pois só pode tributar estabelecimentos permanentes no exterior e não entidades com personalidade jurídica própria existentes no outro Estado. 15. A confirmar esta última afirmação está o n° 6 do art. V dos tratados, segundo o qual “o fato de uma sociedade residente de um Estado Contratante controlar ou ser controlada por uma sociedade residente do outro Estado Contratante ou que exerce a sua atividade nesse outro Estado, que seja através de um estabelecimento estável, quer de outro modo, não é, por si, bastante para fazer de qualquer dessas sociedades estabelecimento estável da outra”. 16. O art. VII contém uma norma de reconhecimento de competência exclusiva do país em que se encontra domiciliada a sociedade controlada, como resulta claramente da expressão literal “só podem ser tributados”. Fl. 712DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 713 15 17. Infringiria, por isso, frontalmente, os tratados qualquer tentativa de aplicação de preceito legal que determinasse a adição ao lucro líquido da sociedade brasileira dos lucros próprios da sociedade controlada domiciliada em outro Estado contratante, pois tal significaria o Brasil arrogarse uma competência tributária cumulativa, quando o tratado é expresso em atribuir ao Estado de domicílio da controlada ou coligada no exterior uma competência tributária exclusiva. 18. Seja qual for a posição que se adote quanto aos tratados internacionais em geral, a verdade é que o Direito Brasileiro consagra norma expressa em matéria de tratados tributários, constante do art. 98 do Código Tributário Nacional (CTN) que, em preceito declaratório, dispõe que “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação interna e serão observados pela que lhes sobrevenha”. 19. Observese que o art. 98 do CTN, tendo natureza de lei complementar, contém um comando adicional ao legislador ordinário, que veda a este, hierarquicamente, qualquer desobediência ao tratado. 20. Ora, o fato de o art. 74 da MP n° 2.15834/01 não conter qualquer ressalva no que concerne a sociedades domiciliadas em países com os quais o Brasil celebrou tratados contra a dupla tributação gera o justo receio de que as autoridades fiscais apliquem cegamente referido preceito aos lucros das controladas estrangeiras da IMPETRANTE, sem respeitar a norma de competência exclusiva do art. 7° dos tratados em causa. Diante do texto acima, devemos responder: qual a causa de pedir? Antes, porém, sirvome das lições de consagrados doutrinadores acerca do conceito de “causa de pedir”. Para Cândido Rangel Dinamarco, in “Instituições de Direito Processual Civil – tomo I”: “A causa de pedir traduzse nos fundamentos do pedido que o autos vem fazer em juízo. Pela dicção da lei (CPC, art. 282, inc. III), ela reside (a) nos fatos narrados e (b) nas razões de direito material invocadas ao demandar”. [...] “Vige no sistema processual brasileiro o sistema da substanciação, pelo qual os fatos narrados influem na delimitação objetiva da demanda e conseqüentemente da sentença (art. 128) mas os fundamentos jurídicos, Fl. 713DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 714 16 não. Tratandose de elementos puramente e nada tendo de concreto relativamente ao conflito e à demanda [...], a invocação dos fundamentos jurídicos na petição inicial não passa de mera proposta ou sugestão endereçada ao juiz, ao qual compete fazer depois os enquadramentos adequados – para o que levará em conta a narrativa de fatos contida na petição inicial, a prova realizada e sua própria cultura jurídica, podendo inclusive dar aos fatos narrados e provados uma qualificação jurídica diferente daquela que o demandante sustentara (narra mihi factum dabo tibi jus)”. Como exemplo, “Se o autor narra determinados fatos na petição inicial e com fundamento neles pede a anulação do contrato por erro, nada o impede – e nada impede o juiz também – de alterar essa capitulação e considerar que os fatos narrados integram a figura da coação e não do erro”. “Isso não significa que os fundamentos jurídicos deixem de integrar a causa petendi. Exigeos a lei expressa (art. 282, inc. III) e eles têm algumas das utilidades que a lei associa à individualização das demandas – ao menos no tocante à competência [...]”. Já para José Carlos Barbosa Moreira, in “O Novo Processo Civil Brasileiro”: “Não integram a causa petendi: a) a qualificação jurídica dada pelo autor ao fato em que apóia sua pretensão [...]; b) a norma jurídica aplicável à espécie”. [...] “Não há alteração da causa petendi, nem portanto necessidade de observar essas restrições, quando o autor, sem modificar a substância do fato ou conjunto de fatos narrado, naquilo que bastaria para produzir o efeito jurídico pretendido: [...] b) passa atribuir ao fato ou conjunto de fatos qualificação jurídica diferente da originariamente atribuída – v.g., chamando ‘dolo’ ao que antes denominara ‘erro’ (haveria, ao contrário, alteração da causa petendi se o autor passasse a narrar outro fato, quer continuasse, quer não, a atribuirlhe a mesma qualificação jurídica); Fl. 714DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 715 17 c) invoca em seu favor norma jurídica diversa da primitivamente invocada, desde que o efeito jurídico atribuído à incidência da nova norma sobre o fato ou o conjunto de fatos seja idêntico ao efeito jurídico atribuído na inicial à incidência da norma primitivamente invocada – v.g., a substituição da referência a um pela referência a outro dentre os dispositivos legais que autorizam a decretação do despejo”. Em síntese, devemos responder à seguinte pergunta: se, a despeito de o autor não ter em parte alguma de sua peça judicial citado o art. 23, n° 5, do Tratado com a Dinamarca, nem o art. 23, n° 2, do Tratado com a Áustria, poderia a autoridade judicial neles enquadrar os fatos narrados e a qualificação jurídica? A resposta é positiva quanto ao tratado da Dinamarca. (...) (...) O mesmo, contudo, não podemos dizer em relação ao tratado com a Áustria. Não foi levado ao juízo um fato que pudesse incidir o referido diploma. A referência às controladas na petição inicial não pode ser interpretada como de caráter exemplificativo, uma vez que sobre cada uma deve incidir diplomas normativos – os tratados – formalmente diversos, ainda que parcialmente idênticos quanto à substância. A conclusão de que o tratado com a Áustria (no caso sua disposição especial) não está abrangido pelo objeto da ação judicial é reforçada justamente pela circunstância de o dispositivo alegado não apresentar equivalente nos tratados celebrados com os países em que são domiciliadas as controladas mencionadas na petição judicial. Abaixo, transcrevoo, in verbis: Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976 ARTIGO 23 Método para eliminar a dupla tributação (...) 2. Os dividendos pagos por uma sociedade residente da Áustria a uma sociedade residente do Brasil que possua no mínimo 25% das ações do capital da sociedade que paga os dividendos serão isentos do imposto de sociedade no Brasil. Ora, por que razão o juízo iria se debruçar sobre esse diploma normativo se não havia qualquer referência a uma controlada na Áustria? Por que iria dizer o direito sobre um fato inexistente? Fl. 715DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 716 18 O juiz não deve dizer a interpretação de um dispositivo convencional se a parte não possuía controlada no país signatário. Não cabe ao juízo decidir em tese. Para compreendermos tal assertiva, basta supor a seguinte decisão: “o autor, caso possua ou venha a possuir uma controlada na Áustria, tem o direito de sobre seus rendimentos não pagar imposto de renda”. Evidentemente, uma decisão dessa estirpe seria absurda. Desse modo, entendo que deve ser enfrentada a compatibilidade do art. 74 da MP 2.158 com o art. 23, n° 2, do Tratado com a Áustria, o que impõe declarar nula a decisão a quo. Contra essa decisão, foram oferecidos pela Fazenda Nacional embargos declaratórios. A embargante aduziu que a decisão era omissa por não ter indicado as razões da declaração de nulidade do julgado de primeiro grau, bem como por não ter analisado a decisão judicial para fins de análise da concomitância. Em relação a esse último ponto, ao revés de se limitar a apontar a suposta omissão, teceu um longo arrazoado no qual aduziu as mesmas razões aqui trazidas nas contrarrazões. Expus, naquela oportunidade em meu voto como relator, que a decisão judicial era peça inapropriada para fins de aferição da concomitância, razão suficiente para a denegação dos embargos. Apesar disso, enfrentei sucessivamente cada um dos demais pontos apresentados. Abaixo, transcrevo minhas considerações: Com relação ao outro ponto, a decisão não foi omissa por um motivo simples. Calcouse na razão de que a análise da concomitância deve ser empreendida com base na petição inicial e não nas demais peças processuais. Desse modo, a ausência de análise da sentença não foi uma omissão simples passível de ser atacável por meio de embargos, mas sim uma conduta consciente e coerente de ignorar um documento considerado irrelevante à luz do fundamento de decidir adotado. Se eventualmente esse fundamento estivesse errado, seja porque deveria ter sido analisada a sentença, seja porque teria havido equívoco na interpretação da petição inicial, tais equívocos se caracterizariam como “erro in iudicando”, passível eventualmente de ser atacado por meio do recurso próprio à instância superior. Não se qualificam, porém, como uma omissão apta a ser conhecida em sede de embargos de declaração. Apesar de não estarem sujeitas à nova análise nos embargos, não é demais destacar com mais minúcias os motivos de considerar exclusivamente a petição inicial. Essa posição alinhase com a Súmula CARF nº 1: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de Fl. 716DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 717 19 ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Com o parágrafo único, art. 38, da Lei nº 6.830/80: Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Com o § 2º, art. 1º, do DL nº 1.737/79: § 2º A propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Mas principalmente com a própria posição expressamente adotada pela Secretaria da Fazenda Nacional, expressa por meio do ADN COSIT, nº 3/96: DECLARA, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que: a) a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto; b) conseqüentemente, quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada (p.ex., aspectos formais do lançamento, base de cálculo, etc.); c) no caso da letra "a", a autoridade dirigente do órgão onde se encontra o processo não conhecerá de eventual petição do contribuinte, proferindo decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida, se for o caso, encaminhando o processo para a cobrança do débito, ressalvada a eventual aplicação do disposto no art. 149 do CTN; Fl. 717DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 718 20 d) na hipótese da alínea anterior, não se verificando a ressalva ali contida, procederseá a inscrição em dívida ativa, deixandose de fazêlo, para aguardar o pronunciamento judicial, somente quando demonstrada a ocorrência do disposto nos incisos II (depósito do montante integral do débito) ou IV (concessão de medida liminar em mandado de segurança), do art. 151, do CTN; e) é irrelevante, na espécie, que o processo tenha sido extinto, no Judiciário, sem julgamento de mérito (art. 297 do CPC). (nosso negrito) O trecho acima destacado do Ato Declaratório não deixa dúvidas de que a própria Fazenda Nacional, representada pela Secretaria da Receita Federal, adotou a posição de que a renúncia à instância administrativa deve ser aferida à luz do teor da inicial, uma vez que essa condição se caracterizaria, segundo expressamente consta do ADN, independentemente do julgamento de mérito. Em nenhum diploma, seja de hierarquia legal, seja infralegal, há menção, para análise da concomitância e, portanto, da renúncia, a qualquer ato processual posterior à propositura da ação. Agora, a Fazenda, para fins de reabrir a discussão em sede inapropriada de embargos, defende posição diametralmente oposta àquela que serviu para fundamentar ato da própria autoridade administrativa responsável pelo lançamento. Ademais, repisamos, ainda que a posição da embargante fosse a correta, esse tema não poderia ser enfrentado novamente nos embargos, recurso este cujas margens de cognição são sobremaneira estreitas. Todavia, ainda que pudéssemos reapreciar a matéria (analisar se a renúncia deveria ter sido ou não apreciada à luz da decisão judicial) e concluir pela posição da Fazenda de que a decisão judicial deveria ser considerada para fins de apreciação da concomitância, melhor sorte não teriam os embargos. A Fazenda ora tenta dar uma abrangência mais ampla à petição inicial isoladamente considerara, ora afirma que este foi o entendimento do Poder Judiciário, o qual, certo ou não, deveria ser acatado. Quanto à análise isolada da petição inicial, reporto novamente às mesmas razões expostas no nosso voto condutor do acórdão embargado: (não reproduzo, pois já foi transcrito anteriormente nos fundamentos deste voto) Fl. 718DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 719 21 Uma vez que consideramos não ter a petição inicial trazido, como causa de pedir, o disposto no art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976, adotar a suposta interpretação da decisão judicial nos termos defendidos pela Fazenda só seria possível se (i) tivéssemos que interpretar a petição inicial à luz da decisão ou (ii) considerássemos que a decisão ultrapassou as fronteiras da petição inicial. A primeira hipótese deve ser afastada de pronto à luz do princípio da congruência, o qual também é denominado pela Doutrina, por Princípio da adstrição, correlação, correspondência ou simetria. Segundo tal preceito, o juízo está obrigado a se pronunciar na exata medida da pretensão do demandante. Não pode ir além, ficar aquém ou proferir algo diverso do pleiteado; por outros termos, não pode decidir ultra, citra ou extra petita. Esse preceito está calcado nos diversos direitos e garantias individuais constitucionalmente estabelecidos, como a ampla defesa e o contraditório, que podem ser sinteticamente enunciados como o “devido processo legal”, o qual é concretizado por vários disposições legais, como o art. 460 do Código de Processo Civil. Em linguagem simples, a sentença deve se ater à petição inicial. Esse ditame estabelece um importante vetor hermenêutico. Fixa uma direção de interpretação. A sentença deve ser compreendida à luz da inicial e não a inicial a partir da sentença. Há uma relação contextual com um sentido necessário. A sentença é o texto, cujo contexto é a inicial e não o contrário. Ler isoladamente a sentença, atribuir a ela uma dada interpretação, para só então se dirigir à inicial é um erro crucial. O percurso gerativo de sentido é inteiramente diverso. Primeiro deve ser lida a inicial para se erigir o significado com a dimensão exata do pedido e das causas de pedir, para só depois, de posse desses elementos significativos, poderá o intérprete aferir a precisa medida da peça decisória. Esse erro tornase ainda mais evidente na segunda hipótese, ou seja, na assertiva de que a sentença teria ultrapassado a pretensão. No controle de constitucionalidade de leis, o julgador não pode declarar de primeiro impulso que o diploma normativo padece de inconstitucionalidade e afastar seu texto expresso sem antes verificar a possibilidade de existência de algum significado concordante com nossa Carta Conspícua. Por outros termos, a regra é que as leis são constitucionais. Há presunção nesse sentido. Desse modo, antes da declaração de inconstitucionalidade por redução de texto, o julgador deve necessariamente buscar toda e qualquer possível interpretação conforme. Fl. 719DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 720 22 A análise de constitucionalidade deve pressupor que o texto é constitucional e não o contrário, uma vez que as interpretações devem sempre principiar pela regra geral e não pela exceção. Devemos adotar, como ponto de partida cognitiva, que o legislador cumpriu a Constituição. Só na absoluta impossibilidade de se atribuir ao texto legal um sentido congruente com nossa Carta de Direitos, é que poderemos afirmar que ali há uma efetiva patologia. O mesmo se diga aqui. Devese presumir que o juízo cumpriu a Constituição, os diplomas legais; enfim, o princípio da congruência. A leitura de sua decisão deve principiar por esse ponto. Somente no caso de ser absolutamente impossível atribuir à sentença um significado congruente com a demanda é que estaríamos legitimados a afirmar que a manifestação judicial ultrapassou as margens da petição inicial, pois isto seria um vício. Pois bem, é sobremaneira simples aferir um significado da sentença congruente com a interpretação da inicial estampada nos fundamentos do voto condutor do acórdão embargado. Basta, para tal, que ela seja compreendida nos limites materiais e normativos do caso, em que não está inserido o Tratado com a Áustria. Mas vamos fazer ainda mais um esforço. Vamos supor que as alegações da Procuradoria também suplantassem esse ponto, ou seja, que a decisão deveria ser interpretada antes da petição inicial e que conformaria o próprio sentido da pretensão e definiria o conteúdo concomitante. Mesmo assim o pedido da Fazenda Nacional não poderia ser acolhido. A Procuradoria aduziu que o pedido foi amplo o suficiente para abarcar os lucros de todas as origens internacionais ao alegar, por exemplo, a inconstitucionalidade do art. 74 da MP 2158/2001 e que, caso tivesse sido deferido nesses termos, abarcaria inclusive os lucros advindos da controlada na Áustria. Desse modo, no caso de derrota, todos os lucros devem compor o resultado tributável independentemente de sua origem. A premissa adotada pela Procuradoria é verdadeira, mas o raciocínio é falso e, portanto, a conclusão também. Deixaremos de lado a demonstração por meio de formulações típicas dos estudos de lógica. Um exemplo simples revela a falsidade da argumentação. Se uma determinada instituição demanda em juízo uma pretensão de inexistência de relação jurídicotributária em face de se considerar imune ao imposto de renda por se tratar de instituição de ensino, no caso de vitória, não se sujeitará a nenhuma exigência dessa natureza. Todavia, se perder, isso não significará que outras causas de pedir não poderão ser levadas Fl. 720DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 721 23 ao conhecimento em novos processos judiciais e, portanto, em processos administrativos. Poderá fazer o mesmo pedido, por exemplo, em razão de alguma lei que isente instituições sediadas numa região pobre do país, ou poderá formular uma demanda com uma extensão menor, como o pedido para não se considerar na base de cálculo rendimentos isentos em razão de algum critério legal objetivo. Enfim, o fato de o demandante ter perdido uma pretensão ampla não implica que tenham sido enfrentadas pelo juízo competente todas as demais razões que poderiam conduzir integral ou parcialmente ao resultado pretendido. Já nas primeiras lições de processo, aprendese que o demandado deve apresentar em sua defesa todas as razões contra a pretensão sob pena de preclusão interna e externa ao processo por força da coisa julgada formal e material, mas o demandante não está obrigado a esgotar, na mesma ação, todas as causas de pedir que levariam ao mesmo pedido. Poderá renovar “n” vezes o pedido no caso de “n” causas de pedir levadas de forma independentes ao juízo. Isso é evidente mais uma vez em razão do primado da congruência. Qhiovenda, há quase um século, ao estudar o referido preceito, já afirmava que era vedado ao juízo alterar a causa de pedir (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. Trad. J. Guimarães Menegale. São Paulo: Saraiva, 1943, vol. II, p. 461/462). Pode parecer, para alguns, pouco prático permitir que o demandante reapresente o mesmo pedido no caso de alterar a causa de pedir, mas é sobre esse pilar que se assenta o direito processual brasileiro. Também merecem algumas considerações a seguinte afirmação da Procuradoria, in verbis: Em outras palavras, de acordo com a sentença, o rendimento objeto do art. 74 da MP 2158/2001 está fora da abrangência do tratado. Se está fora da abrangência do tratado, não faz sentido qualificálo como "lucro da empresa estrangeira" ou "dividendos da empresa brasileira" para então evitar a dupla tributação. Simplesmente, o lucro tributado pela MP 2158/2001 não está sujeito a dupla tributação. Repitase: absurdo ou não, esse é o entendimento judicial que enseja a concomitância com o presente processo. Ora, a embargante, nesse ponto, adotou a estratégia de equiparar o fundamento da decisão com a sua parte dispositiva. O dito “entendimento judicial” consubstancia a fundamentação, a qual não produz efeitos externos o processo. Vamos ilustrar com um exemplo mais simples e usual para quem milita com direito tributário. Fl. 721DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 722 24 Se o contribuinte ingressa em juízo para pedir a emissão de certidão negativa de débitos e o juízo a concede sob o fundamento de se tratar de entidade imune, esta decisão só terá o condão de obrigar a autoridade administrativa a emitir o referido documento e não o de cancelar os débitos constituídos. É possível que o Judiciário, caso tivesse enfrentado o Tratado com a Áustria no que se refere à sua disposição específica, viesse a proferir decisão em desfavor do contribuinte ao adotar o “entendimento” alegado pela Procuradoria, mas esta não foi a pretensão demandada; da mesma forma que, no exemplo ilustrativo, não foi pedido o cancelamento dos débitos. Por derradeiro, cumpreme ainda aduzir que, se a sentença deveria definir o objeto da concomitância; por maiores razões, o acórdão do tribunal deveria produzir os mesmos efeitos, uma vez que substitui a sentença. Nesse caso, é mais que oportuno reproduzir o seguinte trecho (fl. 737): Alega a apelante, em síntese, que o art. 74 da MP n. 2.15834/01 é incompatível com os tratados contra a dupla tributação celebrados pelo Brasil com os Estados de domicilio das sociedades controladas pela apelante (Bélgica, Dinamarca e Luxemburgo), tratados esses que prevêem uma competência tributária exclusiva do pais de domicilio da sociedade controlada estrangeira, no que concerne aos lucros por ela produzidos, e consequentemente, a exclusão da competência do Brasil, pais de domicilio da sociedade controladora (...) Notese que o voto condutor, na fundamentação e não só no relatório, destacou expressamente os países em que o contribuinte possuía controladas e os respectivos tratados para evitar a dupla tributação; demarcando, portanto, com clareza o alcance da parte dispositiva do voto. Não vejo nada de novo nas contrarrazões oferecidas pela Procuradoria, que possa alterar o meu entendimento. Nos mesmos embargos, porém, acatei a posição defendida pela PFN relativamente à natureza da decisão. Abaixo transcrevo o respectivo trecho: Como já foi destacado no relatório, nos embargos, a Fazenda Nacional questiona dois pontos. Passamos a enfrentar o primeiro: a nulidade da decisão de primeiro grau. Nesse passo, de fato, há que se reconhecer a omissão do acórdão embargado. Em nenhuma parte, constam expressamente os Fl. 722DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 723 25 fundamentos que levaram o julgador a decidir pela nulidade, o que passamos a fazer agora. Naquela época, nossa decisão se calcou no cerceamento ao direito de defesa. È oportuno destacar que, à luz da dicção expressa das regras do PAF (Decreto nº 70.235/72), o cerceamento ao direito de defesa é hipótese de nulidade da decisão de primeiro grau. Abaixo, reproduzimos na literalidade o dispositivo pertinente: Art. 59. São nulos: (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Como a autoridade julgadora de primeiro grau deixou de analisar razões apresentadas pelo impugnante sob o fundamento de que haveria concomitância integral entre os dois processos – administrativo e o judicial –, consideramos ter havido cerceamento ao seu direito de defesa. É oportuno, nesse ponto, destacar que, em face de seu status súpero como uma das garantias mais importantes num Estado Democrático de Direito, o qual não pode ser mitigado sequer por emenda constitucional, sempre interpretamos o direito de defesa com a maior amplitude possível, o que nos conduz a também dar amplas margens ao reconhecimento de qualquer mácula ao seu exercício. Esse foi o fundamento que deixamos de consignar no acórdão embargado. Nada obstante, em nova reflexão à luz das considerações apresentadas nos embargos, cremos que a decisão pela nulidade não é a correta. Como a concomitância conduziria à definitividade do crédito tributário na instância administrativa, a sua improcedência gera sucumbência para a Fazenda Nacional. Em razão disso, a reforma da decisão de primeiro grau com a possibilidade de manejo do recurso especial, ao revés da decretação de nulidade, é o conteúdo decisório apto a compatibilizar, para ambas as partes, os preceitos da ampla defesa e do contraditório. Com relação à vinculação formal da autoridade fiscal em relação às supostas disposições da IN SRF n ° 213/2002 relativamente ao conceito de equivalência patrimonial, também se trata de causa de pedir diversa daquelas estampadas na petição inicial. Essa causa de pedir é similar àquela que contestasse a autuação sob o fundamento de que o agente autuante não possui competência para tal, uma vez que é fiscal municipal. Seu caráter é de cunho formal e, portanto, correta ou não, é diversa daquelas estampadas em juízo. Assim, também deve ser enfrentada pela autoridade de primeiro grau. Fl. 723DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME Processo nº 12897.000868/200998 Acórdão n.º 120100.603 S1C2T1 Fl. 724 26 Com relação à imposição sancionatória, em face de ter sido materialmente enfrentada pela decisão de primeiro grau, essa questão deverá ser analisada por este Colegiado no retorno do feito depois da nova decisão de primeiro grau. CONCLUSÃO Isso posto, voto por reformar a decisão de primeiro grau para que outra seja proferida em suplementação e, assim, sejam enfrentadas as razões da defesa atinentes à aplicação do art. 23, n° 2, do Decreto nº 78.107, de 22 de julho de 1976, bem como a questão atinente à vinculação da atividade de lançamento às disposições previstas na IN SRF nº 213/02. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Fl. 724DF CARF MF Impresso em 29/11/2011 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 29/11/2 011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS ME
score : 1.0
Numero do processo: 10825.001861/2002-35
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Nov 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PIS. BASE DE CÁLCULO NA VIGÊNCIA DA LEI 9.718. CRÉDITO
PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO.
Consoante decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, o conceito de faturamento válido para a definição da base de cálculo do PIS anteriormente à aprovação da Emenda Constitucional nº 20 não inclui receitas não decorrentes da atividade empresarial. Como tal se enquadra o acréscimo patrimonial decorrente do incentivo fiscal deferido pela Lei 9.363, o qual, receita embora, não resulta diretamente da atividade exercida pela sociedade empresária.
Numero da decisão: 9303-001.711
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Nanci Gama.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Julio Cesar Alves Ramos
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : PIS - ação fiscal (todas)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201111
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : PIS. BASE DE CÁLCULO NA VIGÊNCIA DA LEI 9.718. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. Consoante decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, o conceito de faturamento válido para a definição da base de cálculo do PIS anteriormente à aprovação da Emenda Constitucional nº 20 não inclui receitas não decorrentes da atividade empresarial. Como tal se enquadra o acréscimo patrimonial decorrente do incentivo fiscal deferido pela Lei 9.363, o qual, receita embora, não resulta diretamente da atividade exercida pela sociedade empresária.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 07 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 10825.001861/2002-35
anomes_publicacao_s : 201111
conteudo_id_s : 5131920
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 13 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9303-001.711
nome_arquivo_s : 930301711_10825001861200235_201111.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Julio Cesar Alves Ramos
nome_arquivo_pdf_s : 10825001861200235_5131920.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Nanci Gama.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2011
id : 4748544
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:44:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233421586432
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1905; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10825.001861/200235 Recurso nº 132.371 Especial do Procurador Acórdão nº 9303001.711 – 3ª Turma Sessão de 07 de novembro de 2011 Matéria PIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado TILIBRA S/A PRODUTOS DE PAPELARIA PIS. BASE DE CÁLCULO NA VIGÊNCIA DA LEI 9.718. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. NÃO INCLUSÃO. Consoante decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, o conceito de faturamento válido para a definição da base de cálculo do PIS anteriormente à aprovação da Emenda Constitucional nº 20 não inclui receitas não decorrentes da atividade empresarial. Como tal se enquadra o acréscimo patrimonial decorrente do incentivo fiscal deferido pela Lei 9.363, o qual, receita embora, não resulta diretamente da atividade exercida pela sociedade empresária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Nanci Gama. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. EDITADO EM: 29/11/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Maria Teresa Martínez López e Gileno Gurjão Barreto : Fl. 500DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Relatório A douta procuradoria da Fazenda Nacional impugna decisão proferida pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes que deu parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a incidência da COFINS no ano de 2000 sobre as receitas oriundas do ressarcimento do crédito presumido de IPI. A decisão, embora reconhecendo o caráter de receita de tais direitos, deu aplicação às decisões do Pleno do Supremo Tribunal Federal que declararam a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Destarte, incidindo a contribuição apenas sobre as receitas decorrentes da venda de mercadorias ou serviços, não alcançaria as decorrentes do crédito presumido. O recurso especial pretende a modificação desse entendimento, dado que a decisão do STF não produziria efeitos em relação a outros contribuintes, ainda que se trate de decisão plenária, e apresenta como paradigmas os Acórdãos 20177.773, 20311.403, 204 01.912, 20401.911 e 20401.643. Ele foi admitido por meio do despacho de fls. 429/430. Cabe registrar que o acórdão hostilizado negara provimento aos outros questionamentos apostos no recurso voluntário, em especial quanto às parcelas autuadas em relação aos meses de maio de 2001 a julho de 2002. Cientificado em 18 de agosto de 2009 dessa decisão bem como do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, o contribuinte não apresentou recurso especial, nem mesmo contrarazões ao recurso fazendário. Não obstante, já em 29 de dezembro de 2009, apresentou petição de “desistência de recurso” para efeito de opção pelo parcelamento de que cuida a Lei 11.941, desistência essa que “ficaria restrita” aos fatos geradores ocorridos entre maio de 2001 e julho de 2002. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS A divergência foi bem demonstrada, cabendo o conhecimento do recurso. A ele, porém, não se pode dar provimento. Com efeito, a alegação de que a decisão plenária do STF não poderia ser aplicada administrativamente a outros contribuintes por não ter efeitos erga omnes não resiste à inclusão do inciso I no art. 62 do Regimento Interno desta Casa, que expressamente autoriza tal aplicação. Notese que, inicialmente editada por meio de Portaria Ministerial, a norma goza hoje de status legal, incluída que foi no texto da Lei 11.941. Destarte, é perfeitamente lícito aos Conselheiros membros do CARF, ao menos a partir de maio de 2009, estender decisões plenárias do STF a contribuintes que não integraram originalmente a demanda, desde que convencidos de que a matéria sob exame se identifica perfeitamente com aquela julgada na excelsa corte. E esse é precisamente o caso aqui. Fl. 501DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10825.001861/200235 Acórdão n.º 9303001.711 CSRFT3 Fl. 2 3 Com efeito, no julgamento dos recursos extraordinários nº 346.084 e nº 357.950, a Corte Maior, em sua composição plena, deu o entendimento de que o faturamento a que se refere aquela lei não pode ser confundido com a totalidade das receitas auferidas, como pretendia o inconstitucional parágrafo. Para as empresas comerciais e de prestação de serviços, as decisões não deixam dúvida de que o primeiro restringese ao somatório das receitas provenientes da venda de bens ou da prestação de serviços, que corresponde ao resultado das atividades empresariais típicas de tais entidades. Não remanescem dúvidas, por conseguinte, de que até o período de apuração novembro de 2002 não se incluem no faturamento, base de cálculo do PIS segundo o caput do art. 3º da Lei nº 9.718/98, receitas que extrapolem o restritivo conceito de faturamento acima destacado. Esse é, sem sombra de dúvidas, o caso do reconhecimento contábil do direito ao benefício fiscal instituído pela Lei nº 9.363/96. De fato, partilho o entendimento da relatora do acórdão recorrido de que o valor obtido em ressarcimento das contribuições incidentes nas aquisições de matérias primas, na forma autorizada pela Lei 9.363, constitui sim receita da titular do incentivo fiscal. Com efeito, ouso divergir do entendimento que tem prevalecido nesta instância recursal que o vê como subvenção não incluível na receita operacional bruta, o que o faz não integrante da base de cálculo mesmo sob a vigência da Lei 10.833. E o faço recorrendo a considerações acerca do caráter das subvenções. Apesar de expendidas em julgamento de recurso versando incentivo fiscal estadual, enquadrável como tal, elas se aplicam perfeitamente aos que assim considerem o incentivo federal aqui discutido. Reproduzoas em seguida: Quanto à segunda matéria, se refere ao correto enquadramento contábil das subvenções e, por decorrência, à incidência da Cofins. O primeiro registro do tema pode ser encontrado na norma legal que tratava dos lançamentos contábeis para efeito de exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, antes da edição da Lei nº 6.404/76 (Lei das SA), ou seja, a Lei nº 4.506/64. Assim dispunha ela: Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. Mesmo tendo sido adaptada, pelo Decretolei nº 1.598/77, às disposições da lei das S.A., neste particular não sofreu alteração. Vale dizer que o segundo não revogou a norma anterior. Ele dispôs: Art. 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: Fl. 502DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; IV lucro na venda de ações em tesouraria. § 1º O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real. § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no artigo 36 e seus parágrafos; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. Examinando o assunto, a Coordenação do Sistema de Tributação da SRF expediu o Parecer Normativo (PN CST) nº 112/78, que esclareceu os requisitos para que as subvenções recebidas possam ser tratadas como para investimento, permitindose o seu lançamento direto em conta de reserva de capital sem transitar pelo resultado do período. Assim, tomando como referência o PN CST nº 02/78, adotou o seguinte entendimento: 2.12 – Observase que a subvenção para investimento apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o” animus” de subvencionar para investimento. Impõe se, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. Mais adiante em seu item 2.14: ... As SUBVENÇÕES, em princípio, serão todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as subvenções para custeio ou operação, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as subvenções para investimento, como parcelas do resultado não operacional. Resta ainda definir se essa inclusão das subvenções no resultado operacional, se de custeio, e nãooperacional, se para investimento, implica sua tributação pela COFINS, após a edição da Lei nº 9.718/98. É que entendem alguns que, mesmo integrando o resultado operacional, não se conformariam a um conceito de receitas, mais restritivo, que exigiria uma efetiva contraprestação em bens ou serviços por parte da recebedora dos recursos. Essa linha de raciocínio pretende estabelecer uma distinção entre acréscimo patrimonial, o gênero, e receitas, definindoas como espécie daquele, que incluiria ainda as recuperações de despesas, as subvenções e as doações. Podese encontrar na literatura contábil exemplo (embora aparentemente isolado) de tal definição, na seguinte conceituação 3 _________________ 3 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1986. p.127 Receita é a expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de bens e serviços da entidade, em sentido amplo, em determinado período de tempo e que provoca um acréscimo concomitante no ativo e no patrimônio líquido, considerado separadamente da diminuição do Fl. 503DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10825.001861/200235 Acórdão n.º 9303001.711 CSRFT3 Fl. 3 5 ativo (ou do acréscimo do passivo) e do patrimônio líquido provocados pelo esforço em produzir tal receita. Entretanto, tal definição (ou, melhor dizendo, a interpretação que nela pretenda ver a possibilidade de excluir alguns tipos de acréscimo patrimonial) não encontra guarida nas normas técnicas de contabilidade emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), órgão legalmente habilitado a disciplinar o exercício da profissão. Com efeito, a Norma Técnica NBT 10, subitem 10.16, aprovada pela Resolução CFC nº 922, de 13 de dezembro de 2001 estabelece: 10.16.2 REGISTRO CONTÁBIL 10.16.2.1 As transferências a título de subvenção que correspondam ou não a uma contraprestação direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidade recebedora dos recursos financeiros. 10.16.2.2 As transferências a título de contribuição, mesmo que não correspondam a uma contraprestação direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidade recebedora dos recursos financeiros. 10.16.2.3 Os auxílios ou contribuições para despesas de capital devem ser contabilizados diretamente em conta específica de Reserva de Capital, no Patrimônio Líquido. De igual modo, os auxílios ou contribuições devem ser contabilizados em conta específica, designativa da operação, no Patrimônio Social das entidades que se sujeitam às normas contábeis mencionadas no item 10.16.1.4. 10.16.2.4 As doações financeiras para custeio devem ser contabilizadas em contas específicas de receita. As doações para investimentos e imobilizações, que são consideradas patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, devem ser contabilizadas no Patrimônio Líquido ou Social, conforme seja o caso específico da pessoa jurídica beneficiária da transferência. Essa determinação do órgão responsável pelo disciplinamento do exercício da contabilidade no nosso País, ratifica, como não poderia deixar de ser, o que já vem expresso na norma legal específica do assunto, qual seja a Lei nº 6.404/76: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto nãocapitalizado. § 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela assembléiageral. § 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. Guarda, além disso, e igualmente como não poderia deixar de ser, inteira coerência com as resoluções do mesmo Conselho que definem e explicam os princípios de contabilidade geralmente aceitos. São elas a Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, que diz SEÇÃO VI O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. § 3º As receitas consideramse realizadas: I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetiválo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções. e a de nº 774, de 16 de dezembro de 1994 (DOU de 18.01.1995) que, aprofundando a anterior, menciona: 1.4 Dos objetivos da Contabilidade O objetivo científico da Contabilidade manifestase na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma Entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10825.001861/200235 Acórdão n.º 9303001.711 CSRFT3 Fl. 4 7 O tema, tão claro no quadrante científico, comporta comentários mais minuciosos quando direcionado aos objetivos concretos perseguidos na aplicação da Contabilidade a uma Entidade em particular. Adentramos, no caso, o terreno operacional, regulado pelas normas. Assim, ouvese com freqüência dizer que um dos objetivos da Contabilidade é o acompanhamento da evolução econômica e financeira de uma Entidade. No caso, o adjetivo “econômico” é empregado para designar o processo de formação de resultado, isto é, as mutações quantitativoqualitativas do patrimônio, as que alteram o valor do Patrimônio Líquido, para mais ou para menos, correntemente conhecidas como “receitas” e “despesas”. Já os aspectos qualificados como “financeiros” concernem, em última instância, aos fluxos de caixa. E mais adiante: 2.6.1 As variações patrimoniais e o Princípio da Competência A compreensão do cerne do Princípio da COMPETÊNCIA está diretamente ligada ao entendimento das variações patrimoniais e sua natureza. Nestas encontramos duas grandes classes: a daquelas que somente modificam a qualidade ou a natureza dos componentes patrimoniais, sem repercutirem no montante do Patrimônio Líquido, e a das que o modificam. As primeiras são denominadas de “qualitativas”, ou “permutativas”, enquanto as segundas são chamadas de “quantitativas”, ou “modificativas”. Cumpre salientar que estas últimas sempre implicam a existência de alterações qualitativas no patrimônio, a fim de que permaneça inalterado o equilíbrio patrimonial. A COMPETÊNCIA é o Princípio que estabelece quando um determinado componente deixa de integrar o patrimônio, para transformarse em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da confrontação entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido – usualmente denominados “receitas” – e das suas diminuições – normalmente chamadas de “despesas” –, emerge o conceito de “resultado do período”: positivo, se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativo, quando ocorrer o contrário. Observase que o Princípio da Competência não está relacionado com recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas no período. Mesmo com desvinculação temporal das receitas e despesas, respectivamente do recebimento e do desembolso, a longo prazo ocorre a equalização entre os valores do resultado contábil e o fluxo de caixa derivado das receitas e despesas, em razão dos princípios referentes à avaliação dos componentes patrimoniais. Quando existem receitas e despesas pertencentes a um exercício anterior, que nele deixarem de ser consideradas por qualquer razão, os competentes ajustes devem ser realizados no exercício em que se evidenciou a omissão. Por tudo quanto exposto, não parece haver dúvida de que, sendo as subvenções para custeio, RECEITAS integrantes do subgrupo dos Resultados Operacionais, estão englobadas no conjunto de elementos contábeis sujeitos à tributação pela COFINS após o advento da Lei nº 9.718/98. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 8 Assim, é de se concluir que mesmo que se entenda que o crédito presumido deva ser visto como uma subvenção estatal aos exportadores, não deixa, só por isso, de ser contabilmente enquadrado como receita. Para tanto, seria necessário que tal subvenção pudesse se enquadrar como “subvenção para investimento”, nos termos acima expostos, o que só muita imaginação pode conceber... Por outro lado, as transcrições da Lei 6.404 e 4.506 deixam claro, ainda, que o mesmo se dá caso seja ele considerado “recuperação de custos ou de despesas”, dado que ambas integram a receita bruta operacional. Inescapável, por isso, a conclusão: o crédito presumido do IPI instituído pela Lei 9.363 é receita e teria de ser incluído na base de cálculo do PIS se mantida a vigência plena da Lei 9.718, isto é, se a sua base de cálculo fosse mesmo a “totalidade das receitas auferidas”. Destarte, é o meu voto no sentido de que o crédito presumido de IPI instituído pela Lei 9.363 somente pode ser tributado pela contribuição em tela se e quando sua base de cálculo for a “totalidade das receitas auferidas”. Tendo a autuação englobado períodos de apuração em que vigia a Lei 9.718, não pode prosperar, resultando acertada a decisão que a douta PFN procura combater. Vejase que até a inclusão do citado inciso I no art. 62 do Regimento deste Colegiado, partilhei o entendimento esposado pela douta representação fazendária, do que resulta que um dos acórdãos paradigmas apontados tenha sido por mim redigido. Ocorre que hoje não há mais a restrição que ali defendi. Desse modo, não merece reparos, a meu ver, o acórdão proferido pela Segunda Câmara, devendo ser negado provimento ao recurso da Fazenda Nacional. E é nesse sentido o meu voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 507DF CARF MF Impresso em 26/07/2012 por CLEUZA TAKAFUJI CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/03/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 29/11/2011 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004292/2008-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. LANÇAMENTO. MULTA DE MORA COM EFEITO DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA.
Não constitui confisco a imputação de penalidade pecuniária em razão de não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária.
Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88.
CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. LEGALIDADE
Dada a sua natureza de contribuição especial de intervenção no domínio econômico, a contribuição social destinada ao INCRA não foi extinta pela Lei 8.212/91, podendo ser exigida também do empregador urbano, como ocorre desde a sua origem, quando instituída pela Lei 2.613/55.
A contribuição destinada ao INCRA tem caráter de universalidade e sua incidência não está condicionada ao exercício da atividade rural.
SALÁRIO EDUCAÇÃO. LEI nº 9.424/96. CONSTITUCIONALIDADE.
É constitucional a cobrança da contribuição do salário educação,
seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, assim como no regime da lei 9.424/96. Súmula 732 do STF.
SEBRAE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONSTITUCIONALIDADE.
A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, prescindindo de lei complementar para a sua criação, revelando-se constitucional, portanto, a sua instituição pelo §3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação dada pelas Leis 8.154/90 e 10.668/2003.
CONTRIBUIÇÕES PARA O SESI E SENAI. CONSTITUCIONALIDADE
O Tribunal Pleno do STF, em sessão realizada em 26 de novembro de 2003, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 396.2663/
SC, relatado pelo Ministro Carlos Velloso, concluiu pela constitucionalidade da contribuição devida ao SESC, SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC, assentando a inexigibilidade de lei complementar para a sua criação e exigibilidade.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE.
O crédito decorrente de contribuições previdenciárias não integralmente pagas na data de vencimento será acrescido de juros de mora, de caráter irrelevável, seja qual for o motivo determinante da falta, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC a que se refere o artigo 13 da Lei 9.065/95, incidentes sobre o valor atualizado, nos
termos do art. 161 do CTN c.c. art. 34 da Lei nº 8.212/91.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-001.346
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF,
por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
Nome do relator: Arlindo da Costa e Silva
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201109
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. LANÇAMENTO. MULTA DE MORA COM EFEITO DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. Não constitui confisco a imputação de penalidade pecuniária em razão de não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária. Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. LEGALIDADE Dada a sua natureza de contribuição especial de intervenção no domínio econômico, a contribuição social destinada ao INCRA não foi extinta pela Lei 8.212/91, podendo ser exigida também do empregador urbano, como ocorre desde a sua origem, quando instituída pela Lei 2.613/55. A contribuição destinada ao INCRA tem caráter de universalidade e sua incidência não está condicionada ao exercício da atividade rural. SALÁRIO EDUCAÇÃO. LEI nº 9.424/96. CONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a cobrança da contribuição do salário educação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, assim como no regime da lei 9.424/96. Súmula 732 do STF. SEBRAE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONSTITUCIONALIDADE. A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, prescindindo de lei complementar para a sua criação, revelando-se constitucional, portanto, a sua instituição pelo §3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação dada pelas Leis 8.154/90 e 10.668/2003. CONTRIBUIÇÕES PARA O SESI E SENAI. CONSTITUCIONALIDADE O Tribunal Pleno do STF, em sessão realizada em 26 de novembro de 2003, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 396.2663/ SC, relatado pelo Ministro Carlos Velloso, concluiu pela constitucionalidade da contribuição devida ao SESC, SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC, assentando a inexigibilidade de lei complementar para a sua criação e exigibilidade. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. O crédito decorrente de contribuições previdenciárias não integralmente pagas na data de vencimento será acrescido de juros de mora, de caráter irrelevável, seja qual for o motivo determinante da falta, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC a que se refere o artigo 13 da Lei 9.065/95, incidentes sobre o valor atualizado, nos termos do art. 161 do CTN c.c. art. 34 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 19515.004292/2008-43
anomes_publicacao_s : 201109
conteudo_id_s : 5047024
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 05 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2302-001.346
nome_arquivo_s : 230201346_19515004292200843_201109.pdf
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Arlindo da Costa e Silva
nome_arquivo_pdf_s : 19515004292200843_5047024.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
id : 4745125
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:42:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233448849408
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 27; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2313; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 191 1 190 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.004292/200843 Recurso nº 080.911 Voluntário Acórdão nº 230201.346 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de setembro de 2011 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS AIOP Recorrente NOROBRAS IMPERMEABILIZAÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. LANÇAMENTO. MULTA DE MORA COM EFEITO DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. Não constitui confisco a imputação de penalidade pecuniária em razão de não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária. Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. LEGALIDADE Dada a sua natureza de contribuição especial de intervenção no domínio econômico, a contribuição social destinada ao INCRA não foi extinta pela Lei 8.212/91, podendo ser exigida também do empregador urbano, como ocorre desde a sua origem, quando instituída pela Lei 2.613/55. A contribuição destinada ao INCRA tem caráter de universalidade e sua incidência não está condicionada ao exercício da atividade rural. SALÁRIO EDUCAÇÃO. LEI nº 9.424/96. CONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a cobrança da contribuição do salárioeducação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, assim como no regime da lei 9.424/96. Súmula 732 do STF. SEBRAE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CONSTITUCIONALIDADE. A contribuição social destinada ao SEBRAE tem natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, prescindindo de lei complementar para a sua criação, revelandose constitucional, portanto, a sua instituição pelo §3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação dada pelas Leis 8.154/90 e 10.668/2003. CONTRIBUIÇÕES PARA O SESI E SENAI. CONSTITUCIONALIDADE. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 O Tribunal Pleno do STF, em sessão realizada em 26 de novembro de 2003, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 396.2663/SC, relatado pelo Ministro Carlos Velloso, concluiu pela constitucionalidade da contribuição devida ao SESC, SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC, assentando a inexigibilidade de lei complementar para a sua criação e exigibilidade. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. O crédito decorrente de contribuições previdenciárias não integralmente pagas na data de vencimento será acrescido de juros de mora, de caráter irrelevável, seja qual for o motivo determinante da falta, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC a que se refere o artigo 13 da Lei 9.065/95, incidentes sobre o valor atualizado, nos termos do art. 161 do CTN c.c. art. 34 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 192 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Data de lavratura da NFLD : 13/08/2008 Data da Ciência da NFLD : 14/08/2008. Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da empresa em epígrafe, consistente em contribuições a cargo da empresa destinadas a outras entidades e fundos, a saber : INCRA (0,2%), SESI (1,5%), SENAI (1,0%), SEBRAE (0,6%) e FNDE (Salário Educação 2,5%), incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, conforme descrito no Relatório Fiscal, a fls. 40/42. Informa a Autoridade Lançadora que os fatos geradores foram apurados a partir das informações registradas nas GFIP, folhas de pagamento, RAIS, termos de rescisão de contrato de trabalho, recibos de férias, recibos de pagamentos, Livro de Registro de Empregados, Convenção Coletiva de Trabalho, Livros Diário e outros documentos pertinentes. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 46/81, acompanhada pelos documentos a fls. 82/86. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I/SP lavrou Decisão Administrativa a fls. 90/120, julgando procedente em parte o presente lançamento, promovendo a redução de 50% da multa de mora aplicada, com fundamento nas disposições insculpidas no §4º do art. 35 da Lei nº 8.212/91. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 28/12/2009, conforme termo a fl. 130. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 133/180, deduzindo seu inconformismo em argumentação desenvolvida nos termos que se vos seguem: • Ilegalidade da cobrança do Salário Educação; • Ilegitimidade da cobrança de contribuição para o INCRA. Aduz que a cobrança da contribuição de empresa que desenvolve atividade exclusivamente urbana é ilegal, pois o INCRA não exerce qualquer atividade de natureza previdenciária em beneficio dessas empresas; • Que a contribuição para o SEBRAE é inconstitucional; • Que as contribuições para o SESI e SENAI são inconstitucionais; • Que a multa aplicada tem caráter confiscatório; Fl. 3DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 • Ilegalidade dos juros calculados pela Taxa SELIC; Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 193 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 28/12/2009. Havendo sido o recurso voluntário postado em 27/01/2010, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre, de plano, assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente contestadas pelo Recorrente, as quais se presumirão verdadeiras. 3.1. DO SALÁRIO EDUCAÇÃO Insurgese o Recorrente em face da cobrança do salárioeducação, sob o argumento de ilegalidade de sua exigência. Tal repúdio é imotivado. Instituído em 1964, pela Lei nº 4.440, de 27/10/64, figura o salárioeducação como uma contribuição social destinada ao financiamento de programas, projetos e ações voltados para o financiamento da educação básica pública, podendo ser aplicada na educação especial, desde que vinculada àquela. A contribuição social do salárioeducação está prevista no artigo 212, §5º da Constituição Federal, regulamentada pelas leis nº 9.424/96 e 9.766/98 e pelo Decreto nº 6.003/2006, sendo calculada mediante a incidência da alíquota de 2,5% sobre o montante total das remunerações pagas, creditadas ou juridicamente devidas pelas empresas, a qualquer título, Fl. 5DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 aos segurados empregados. Sua arrecadação e fiscalização e cobrança judicial monta a cargo, nos dias atuais, da Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda (RFB/MF). Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salárioeducação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53/2006) LEI Nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Art. 15. O SalárioEducação, previsto no art. 212, §5º, da Constituição Federal e devido pelas empresas, na forma em que vier a ser disposto em regulamento, é calculado com base na alíquota de 2,5% (dois e meio por cento) sobre o total de remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, assim definidos no art. 12, inciso I, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (grifos nossos) São contribuintes do salárioeducação as empresas em geral e as entidades públicas e privadas vinculadas ao Regime Geral da Previdência Social, entendendose como tal qualquer firma individual ou sociedade que assuma o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, sociedade de economia mista, empresa pública e demais sociedades instituídas e mantidas pelo poder público, nos termos do §2º, art. 173 da Constituição, ressalvadas as exceções expressamente assentadas na lei. DECRETO Nº 6.003, de 28 de dezembro de 2006. Art. 2º São contribuintes do salárioeducação as empresas em geral e as entidades públicas e privadas vinculadas ao Regime Geral da Previdência Social, entendendose como tais, para fins desta incidência, qualquer firma individual ou sociedade que assuma o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem assim a sociedade de economia mista, a empresa pública e demais sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público, nos termos do art. 173, § 2o, da Constituição. Parágrafo único. São isentos do recolhimento da contribuição social do salárioeducação: I a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações; II as instituições públicas de ensino de qualquer grau; III as escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, devidamente registradas e reconhecidas pelo competente órgão de educação, e que atendam ao disposto no inciso II do art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991; Fl. 6DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 194 7 IV as organizações de fins culturais que, para este fim, vierem a ser definidas em regulamento; V as organizações hospitalares e de assistência social, desde que atendam, cumulativamente, aos requisitos estabelecidos nos incisos I a V do art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991; Reiteradas alegações de inconstitucionalidade impeliram o Procurador Geral da Republica a ajuizar, perante o Supremo Tribunal Federal, a Ação Declaratória de Constitucionalidade n° 3, cuja decisão, de relatoria do Min. Nelson Jobim, publicada no Diário da Justiça de 10/12/1999, pautouse pela constitucionalidade do art. 15 da Lei nº 9.424/96, atribuindolhe efeitos ex tunc. ADC 3 / UF UNIÃO FEDERAL AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. NELSON JOBIM Julgamento: 01/12/1999 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação : DJ 09052003 PP EMENTA: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 15, LEI 9.424/96. SALÁRIOEDUCAÇÃO. CONTRIBUIÇÕES PARA O FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E DE VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO. DECISÕES JUDICIAIS CONTROVERTIDAS. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL. FORMAL: LEI COMPLEMENTAR. DESNECESSIDADE. NATUREZA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. § 5º, DO ART. 212 DA CF QUE REMETE SÓ À LEI. PROCESSO LEGISLATIVO. EMENDA DE REDAÇÃO PELO SENADO. EMENDA QUE NÃO ALTEROU A PROPOSIÇÃO JURÍDICA. FOLHA DE SALÁRIOS REMUNERAÇÃO. CONCEITOS. PRECEDENTES. QUESTÃO INTERNA CORPORIS DO PODER LEGISLATIVO. CABIMENTO DA ANÁLISE PELO TRIBUNAL EM FACE DA NATUREZA CONSTITUCIONAL. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL: BASE DE CÁLCULO. VEDAÇÃO DO ART. 154, I DA CF QUE NÃO ATINGE ESTA CONTRIBUIÇÃO, SOMENTE IMPOSTOS. NÃO SE TRATA DE OUTRA FONTE PARA A SEGURIDADE SOCIAL. IMPRECISÃO QUANTO A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. A CF QUANTO AO SALÁRIOEDUCAÇÃO DEFINE A FINALIDADE: FINANCIAMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E O SUJEITO PASSIVO DA CONTRIBUIIÇÃO: AS EMPRESAS. NÃO RESTA DÚVIDA. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI AMPLAMENTE DEMONSTRADA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE QUE SE JULGA PROCEDENTE, COM EFEITOS EXTUNC. A cobrança das contribuições sociais do salárioeducação revelase, pois, perfeitamente compatível com o ordenamento jurídico vigente. Nesse sentido, o Supremo Fl. 7DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 Tribunal Federal, nocauteando de uma vez por todas qualquer dúvida que ainda pudesse ser suscitada a respeito, fez publicar a Súmula nº 732, a qual transcrevemos adiante. SÚMULA STF Nº 732 É CONSTITUCIONAL A COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DO SALÁRIOEDUCAÇÃO, SEJA SOB A CARTA DE 1969, SEJA SOB A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E NO REGIME DA LEI 9.424/96. O Verbete da Sumula nº 732 do STF atira a última pá de cal sobre qualquer ainda possível alegação de inconstitucionalidade da contribuição social do Salário Educação, fechando definitivamente o esquife. 3.2. DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O INCRA Protesta o Recorrente contra a cobrança da contribuição para o INCRA, pelo fato de exercer atividade urbana; Tal argumento não encontra imagem no espelho do ordenamento jurídico nacional. Merece ser enaltecido, de plano, que uma contribuição pode ser conceituada como uma espécie de tributo, de natureza autônoma, caracterizada por uma destinação social particularizada em lei, desvinculada de atuação estatal específica, com hipótese de incidência própria, e não restituível. A doutrina elege três modalidades de contribuições: Sociais; coorporativas e interventivas. A investigação a respeito da natureza jurídica da contribuição para o INCRA tem sido por demais tormentosa ao longo dos últimos anos. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento de Ag. Regimental no Agravo de Instrumento de despacho que inadmitiu Rec. Extraordinário contra Acórdão do TRF da 3ª Região , ementado como se segue : TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA AO INCRA E AO FUNRURAL – EMPREGADOR URBANO – CONSTITUCIONALIDADE. A exação de que trata o artigo 15, II da Lei Complementar nº 11/71, destinada parte ao FUNRURAL (2,4%) e parte ao INCRA (0,2%), pode ser exigida de empregador urbano, como ocorre desde a sua origem, quando instituída pela Lei 2.613/55, em benefício do então criado Serviço Social Rural. Constitucionalidade. Precedentes Jurisprudenciais desta Corte. Apelação Improvida. pacificou o entendimento no sentido da inexistência de qualquer empecilho constitucional que obste a cobrança das contribuições das empresas urbanas para o INCRA e para o FUNRURAL, consoante se depreende da ementa da decisão exarada: Fl. 8DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 195 9 EMENTA: Contribuição para o FUNRURAL: empresas urbanas: acórdão recorrido que se harmoniza com o entendimento do STF, no sentido de não haver óbice a que seja cobrada, de empresa urbana, a referida contribuição, destinada a cobrir os riscos a que se sujeita toda a coletividade de trabalhadores: precedentes. (STF, AIAgRg nº 334.360/SP; Rel. Min. Sepúlveda Pertence; 1ª Turma; DJ 25.02.2005) O Superior Tribunal de Justiça, por seu turno, após um longo período em que oscilou sua jurisprudência, sedimentou o entendimento de que a contribuição destinada ao INCRA ostenta natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, no adorno moldado pelo art. 149 da CF/88, não sendo tal contribuição sujeita às normas inscritas nas Leis nº 7.787/89, 8.212/91 e 8.213/91, podendo ser exigida também das empresas urbanas. VIGÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. NATUREZA DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. LEIS Nº 7.789/89 e 8.212/91. DESTINAÇÃO DIVERSA. EMPRESAS URBANAS. ENQUADRAMENTO. I A Primeira Seção do STJ, na esteira de precedentes do STF, firmou entendimento no sentido de que não existe qualquer óbice para a cobrança da contribuição destinada ao INCRA também das empresas urbanas. Precedentes: EDcl no AgRg no REsp nº 716.387/CE, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ de 31/08/06 e EDcl no REsp nº 780.280/MA, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 25/05/06. II Este Superior Tribunal de Justiça, após diversos pronunciamentos, com base em ampla discussão, reviu a jurisprudência sobre o assunto, chegando à conclusão que a contribuição destinada ao INCRA não foi extinta, nem com a Lei nº 7.787/89, nem pela Lei nº 8.212/91, ainda estando em vigor. III Tal entendimento foi exarado com o julgamento proferido pela Colenda Primeira Seção, nos EREsp nº 770.451/SC, Rel. p/ac. Min. CASTRO MEIRA, Sessão de 27/09/2006. Naquele julgado, restou definido que a contribuição ao INCRA é uma contribuição especial de intervenção no domínio econômico, destinada aos programas e projetos vinculados à reforma agrária e suas atividades complementares. Assim, a supressão da exação para o FUNRURAL pela Lei nº 7.787/89 e a unificação do sistema de previdência através da Lei nº 8.212/91 não provocaram qualquer alteração na parcela destinada ao INCRA. IV Agravo regimental improvido. (STJ; AgRg no AgRg no REsp 894345 / SP; Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO; T1 PRIMEIRA TURMA; DJ 24/05/2007, p. 331) TRIBUTÁRIO. INCRA. CONTRIBUIÇÃO. NATUREZA. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 66, § 1º DA LEI Nº 8.383/91. INAPLICABILIDADE. 1. O INCRA foi criado pelo DL 1.110/70 com a missão de promover e executar a reforma agrária, a colonização e o Fl. 9DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 desenvolvimento rural no País, tendolhe sido destinada, para a consecução de seus objetivos, a receita advinda da contribuição incidente sobre a folha de salários no percentual de 0,2% fixada no art. 15, II, da LC n.º 11/71. 2. Essa autarquia nunca teve a seu cargo a atribuição de serviço previdenciário, razão porque a contribuição a ele destinada não foi extinta pelas Leis 7.789/89 e 8.212/91 ambas de natureza previdenciária , permanecendo íntegra até os dias atuais como contribuição de intervenção no domínio econômico. 3. Como a contribuição não se destina a financiar a Seguridade Social, os valores recolhidos indevidamente a esse título não podem ser compensados com outras contribuições arrecadadas pelo INSS que se destinam ao custeio da Seguridade Social. 4. Nos termos do art. 66, § 1º, da Lei nº 8.383/91, somente se admite a compensação com prestações vincendas da mesma espécie, ou seja, destinadas ao mesmo orçamento. 5. Embargos de divergência improvidos. STJ; EREsp 770.451/SC; R.P/ACÓRDÃO Min. CASTRO MEIRA; DJ: 11/06/2007. Em aditamento ao voto proferido no EREsp 770.451/SC; a Min. Eliane Calmon sublinhou os traços fundamentais da espécie tributária em exame, rememorando magnífico trabalho doutrinário contido na tese apresentada pelo Dr. Luciano Dias Bicalho Camargo, em curso de doutorado da Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, o qual pedimos venia para transcrevêlo. “As contribuições interventivas têm como principal traço característico a finalidade eleita e explicitada na consequência da norma de incidência tributária. (...) Assim, para a perfeita compreensão da norma de incidência tributária das contribuições de intervenção sobre o domínio econômico, especificamente aquelas que se prestam à arrecadação de recursos para o custeio dos atos interventivos, há de se prever uma circunstância intermediária a vincular a hipótese de incidência e a consequência tributária, sem a qual não há de se falar da existência de norma de incidência válida. Assim, nas contribuições de intervenção sobre o domínio econômico deverá coexistir, para a sua perfeita incidência, os dois núcleos da hipótese de incidência: o "fato do contribuinte", relacionado ao domínio econômico, e os atos interventivos implementados pela União. (...) Assim, no caso específico das contribuições para o INCRA, elas somente se mostram válidas na medida em que o INCRA, efetivamente, promove desapropriações para fins de reforma agrária (circunstância intermediária), visando alterar a estrutura fundiária anacrônica brasileira, conforme minudentemente visto no capítulo 3, aplicandose, assim, os recursos arrecadados na consecução dos objetivos constitucionalmente previstos: função social da propriedade e diminuição das desigualdades regionais. Salientese, por relevante, que as contribuições devidas ao INCRA, muito embora não beneficiem diretamente o sujeito ativo Fl. 10DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 196 11 da exação (empresas urbanas e algumas agroindustriais), beneficiam toda a sociedade, por ter a sua arrecadação destinada a custear programas de colonização e reforma agrária, fomentam a atividade no campo, que é de interesse de toda a sociedade (e não só do meio rural), tendo em vista a redução das desigualdades e a fixação do homem na terra. Não há que se falar da existência de uma referibilidade direta, que procura condicionar o pagamento das contribuições às pessoas que estejam vinculadas diretamente a determinadas atividades e que venham a ser beneficiárias da arrecadação. Ora, o princípio da referibilidade direta, como defendido por vários autores, simplesmente não existe no ordenamento jurídico pátrio, especialmente no que se refere às contribuições de intervenção no domínio econômico. Tratase de mera criação teórica e doutrinária, sem respaldo no texto da Constituição Federal. (...) Com efeito, a exação em tela é destinada a fomentar atividade agropecuária, promovendo a fixação do homem no campo e reduzindo as desigualdades na distribuição fundiária. Consequentemente, reduzse o êxodo rural e grande parte dos problemas urbanos dele decorrentes. Não pode ser negado que a política nacional de reforma agrária é instrumento de intervenção no domínio econômico, uma vez que objetiva a erradicação da miséria, segundo o preceituado no §1º do art. 1º da Lei nº 4.504/64 Estatuto da Terra. Dessa forma, a referibilidade das contribuições devidas ao INCRA é indireta, beneficiando, de forma mediata, o sujeito passivo submetido a essa responsabilidade”. Cumpre neste comenos destacar que escapa à competência deste Colegiado a sindicância relativa à adequação da norma legal aos princípios norteadores do ordenamento jurídicos que permeiam a Constituição Federal, eis que tal tarefa foi outorgada, por Ulisses et alli, ao Poder Judiciário, exclusivamente. A esta 2ª Seção foi deferida, tão somente, a competência para perscrutar a conformidade do lançamento formalizado pela autoridade fiscal à legislação tributária vigente e eficaz, em honra ao Princípio Constitucional da estrita legalidade. Assentado que a declaração de inconstitucionalidade de leis ou a ilegalidade de atos administrativos constituemse prerrogativas outorgadas pela Constituição Federal exclusivamente ao Poder Judiciário, não podem os agentes da Administração Pública imiscuíremse sponte propria nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pelas leis que regem as contribuições ora em apreciação plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Notificante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Código Tributário Nacional CTN Fl. 11DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 12 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Devese atentar para o fato de que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa seja na via concentrada, exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo portanto todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Ademais, perfilhando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desbastada nesses talhes a escultura jurídica, impedido se encontra este Colegiado de apreciar tais alegações e propalar declarações de inconstitucionalidade, atividade essa que somente poderia emergir do Poder Judiciário. 3.3. DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O SEBRAE Insurgese também o Recorrente contra a exigibilidade das contribuições destinadas ao SEBRAE, uma vez mais ao argumento de inconstitucionalidade de sua exigência. Razão não lhe assiste. A Contribuição para o SEBRAE foi instituída pelo §3º do art. 8º da Lei nº 8.029/90 com o objetivo exclusivo de atender a execução da política governamental de apoio às micro e às pequenas empresas, sendo exigida como tributo complementar às Contribuições para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC, para o Serviço Social da Indústria SESI e para o Serviço Social do Comércio SESC, nos seguintes termos: Lei nº 8.029/90 de 12 de abril de 1990 Art. 8° É o Poder Executivo autorizado a desvincular, da Administração Pública Federal, o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa CEBRAE, mediante sua transformação em serviço social autônomo. (...) §3º. Para atender à execução da política de Apoio às Micro e às Pequenas Empresas, é instituído adicional às alíquotas das Fl. 12DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 197 13 contribuições sociais relativas às entidades de que trata o artigo 1º do DecretoLei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986, de: (redação dada pela Lei nº 8.154/90) a) 0,1% (um décimo por cento) no exercício de 1991; b) 0,2% (dois décimos por cento) em 1992; e c) 0,3% (três décimos por cento) a partir de 1993. §4º. O adicional da contribuição a que se refere o parágrafo anterior será arrecadado e repassado mensalmente pelo órgão competente da Previdência e Assistência Social ao CEBRAE. DECRETOLEI Nº 2.318 DE 30 DE DEZEMBRO DE 1986 Art. 1º Fica mantida a cobrança, fiscalização, arrecadação e repasse às entidades beneficiárias das contribuições para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI, para o Serviço Nacional de aprendizagem Comercial SENAC, para o Serviço Social da Indústria SESI, e para o Serviço Social do Comércio SESC, ficam revogados: I o tetolimite a que se referem os artigos 1º e 2º do Decretolei nº 1.861, de 25 de fevereiro de 1981, com a redação dada pelo artigo 1º do DecretoLei nº 1.867, de 25 de março de 1981; II o artigo 3º do DecretoLei nº 1.861, de 25 de fevereiro de 1981, com a redação dada pelo artigo 1º do DecretoLei nº 1.867, de 25 de março de 1981. Assim, a partir de janeiro de 1991, foi criada a contribuição destinada ao SEBRAE, a cargo das empresas que já contribuíam para o SESC, SENAC, SESI e SENAI (Lei nº 8029/90 e Lei nº 8154/90 e OS/INSS/DAF05/9l) mediante as alíquotas de 0,1% (1991), 0,2% (1992) e 0.3% (a partir de 1993) para cada uma das entidades acima citadas. No caso do Fundo de Previdência e Assistência Social – FPAS 515, ao qual se vinculam as cooperativas, estas passaram a contribuir para o SEBRAE, em 1991 com adicional de 0,2% (0,1 % referente ao SESC e 0,1% referente ao SENAC); em 1992 com o adicional de 0,4% (0,2 % referente ao SESC e 0,2% referente ao SENAC) e a partir de 1993, com o adicional de 0,6% (0,3 % referente ao SESC e 0,3% referente ao SENAC). Tal controvérsia já foi bater às portas da Suprema Corte de Justiça, que irradiou em seus arestos a interpretação que deve prevalecer na pacificação da matéria ora tratada, conforme dessai do seguinte julgado assim ementado: REsp 892084/RJ Relator(a) Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Órgão Julgador T1 PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 07/05/2009 Fl. 13DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 14 Data da Publicação/Fonte DJe 18/05/2009 Ementa PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. ACÓRDÃO RECORRIDO ASSENTADO SOBRE FUNDAMENTAÇÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL AO SESC/SENAC E SESI/SENAI. CABIMENTO. 1. A falta de prequestionamento da matéria suscitada no recurso especial, a despeito da oposição de embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso especial (Súmula 211 do STJ). 2. A controvérsia acerca da exigibilidade da contribuição para o SEBRAE, imposta pela Lei 8.029/90, foi decidida por fundamentos de natureza eminentemente constitucional, insuscetíveis de exame em recurso especial. 3. É devido o pagamento efetuado com base no adicional de 0,3% sobre cada uma das contribuições sociais devidas ao SESC/SENAC e ao SESI/SENAI. Precedentes: AgRg no REsp 500.634/SC, 2ª Turma, Min. Herman Benjamin, DJe de 31.10.2008; REsp 491.105/SC, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 13.12.2004. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. É de sabença universal que o título nominativo de um instituto de Direito não tem o condão de lhe modificar a natureza jurídica. Nessa perspectiva, nada obstante a lei supramencionada têla rotulado como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais repassadas ao SESI, SENAI, SESC e SENAC, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a contribuição para o SEBRAE consubstanciase numa contribuição de intervenção no domínio econômico, na concepção plasmada no art. 149, caput, da Constituição Federal, conforme consignado definitivamente no julgamento do Recurso Extraordinário RE 396.266/SC, cuja ementa pedimos a devida vênia para transcrevêla: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEBRAE: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. LEI 8.029, DE 12.4.1990, ART. 8o, §3o. LEI 8.154, DE 28.12.1990. LEI 10.668, DE 14.5.2003. CF, ART. 146, III; ART. 149; ART. 154, I; ART. 195, §4º. I – As contribuições do art. 149, CF – contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas – posto estarem sujeitas à lei complementar do art. 146, III, CF, isto não quer dizer que deverão ser instituídas por lei complementar. A contribuição social do art. 195, §4º, CF, decorrente de ‘outras fontes’, é que, para a sua instituição, será observada a técnica da competência residual da União: CF, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, §4º. A contribuição não é imposto. Por isso, não se exige que a lei complementar defina a sua hipótese de incidência, a base imponível e contribuintes: CF, art. 146, III, a. Precedentes: RE 138.284/CE, Ministro Carlos Velloso, RTJ 143/313; RE 146.733/SP, Ministro Moreira Alves, RTJ 143/684. (grifos nossos) Fl. 14DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 198 15 II – A contribuição do SEBRAE – Lei 8.029/90, art. 8º, §3º, redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003 – é contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o art. 1º do D.L. 2.318/86, SESI, SENAI, SESC, SENAC. Não se inclui, portanto, a contribuição do SEBRAE, no rol do art. 240, CF. III – Constitucionalidade da contribuição do SEBRAE. Constitucionalidade, portanto, do §3º, do art. 8º, da Lei 8.029/90, com a redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003. IV – RE conhecido, mas improvido. (STF, RE 396266/SC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, j. em 26112003, DJU de 27/2/2004, p. 22) Por esse motivo, a contribuição ao SEBRAE não se inclui no rol do art. 240 da Constituição Federal, uma vez que se mostra totalmente autônoma e desvinculada das contribuições ao SESI/SENAI e ao SESC/SENAC, e não destas um mero adicional. Acrescentese, ainda, que o SEBRAE não presta serviços somente às micro e pequenas empresas, mas a todas as atividades empresariais conexas, atendendo ao bem comum de toda a sociedade. Assim, considerandose o princípio da solidariedade social que permeia o art. 195, caput, da CF/88, por se tratar de contribuição de intervenção no domínio econômico, a contribuição ao SEBRAE deve ser recolhida por todas as empresas, e não apenas pelas micro e pequenas empresas, não existindo, necessariamente, correspondência entre contribuição e prestação, nem tampouco entre o contribuinte e os benefícios decorrentes da exação. As vozes dimanadas do STF também produzem eco no Plenário da Corte Superior de Justiça, cuja consolidada jurisprudência não se mostra dissonante, consoante ressai do julgado referente ao Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n° 840.946/RS, publicado no Diário da Justiça em 29 de agosto de 2007, assim ementado: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÕES AO SESC, AO SEBRAE E AO SENAC RECOLHIDAS PELAS PRESTADORAS DE SERVIÇO – PRECEDENTES. 1. A jurisprudência renovada e dominante da Primeira Seção e da Primeira e da Segunda Turma desta Corte se pacificou no sentido de reconhecer a legitimidade da cobrança das contribuições sociais do SESC e SENAC para as empresas prestadoras de serviços. 2. Esta Corte tem entendido também que, sendo a contribuição ao SEBRAE mero adicional sobre as destinadas ao SESC/SENAC, devem recolher aquela contribuição todas as empresas que são contribuintes destas. 3. Agravo regimental improvido. De toda essa exposição deflui não proceder o argumento do Recorrente de que a contribuição para o SEBRAE deveria ter sido instituída mediante Lei Complementar, nos termos do art. 149 da CF/88. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 16 Constituição Federal de 1988 Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, §6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Isto porque tal contribuição, conforme exaustivamente demonstrado, possui natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico, e não de contribuição previdenciária, não lhe alcançando, pois, o preceito estampado no §4º do art. 195 da CF/88. Assim, não exige nossa Lei Soberana Lei Complementar para sua instituição e exigência, mas mera lei ordinária, conforme art. 5º, II da Carta. Tal controvérsia já foi bater às portas do Excelso Pretório, que sedimentou o entendimento no sentido da não exigência de Lei Complementar para a sua instituição, tampouco para a definição de sua hipótese de incidência, base imponível e contribuintes, conforme julgamento dos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento n° 518.082, publicado no Diário da Justiça em 17 de junho de 2005, cuja ementa é abaixo transcrita: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS À DECISÃO DO RELATOR: CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEBRAE: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. Lei 8.029, de 12.4.1990, art. 8º, §3º. Lei 8.154, de 28.12.1990. Lei 10.668, de 14.5.2003. CF, art. 146, III; art. 149; art. 154, I; art. 195, § 4º. I. Embargos de declaração opostos à decisão singular do Relator. Conversão dos embargos em agravo regimental. II. As contribuições do art. 149, CF contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas posto estarem sujeitas à lei complementar do art. 146, III, CF, isso não quer dizer que deverão ser instituídas por lei complementar. A contribuição social do art. 195, §4º, CF, decorrente de "outras fontes", é que, para a sua instituição, será observada a técnica da competência residual da União: CF, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, §4º. A contribuição não é imposto. Por isso, não se exige que a lei complementar defina a sua hipótese de incidência, a base imponível e contribuintes: CF, art. 146, III, a. Precedentes: RE 138.284/CE, Ministro Carlos Velloso, RTJ 143/313; RE 146.733/SP, Ministro Moreira Alves, RTJ 143/684. (grifos nossos) III. A contribuição do SEBRAE Lei 8.029/90, art. 8º, §3º, redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003 é contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o art. 1º do DL 2.318/86, SESI, SENAI, SESC, SENAC. Não se inclui, portanto, a contribuição do SEBRAE no rol do art. 240, CF. Fl. 16DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 199 17 IV. Constitucionalidade da contribuição do SEBRAE. Constitucionalidade, portanto, do §3º do art. 8º da Lei 8.029/90, com a redação das Leis 8.154/90 e 10.668/2003. V. Embargos de declaração convertidos em agravo regimental. Não provimento desse. Corretíssimos, portanto, a Autoridade Lançadora, ao efetuar a lavratura do Auto de Infração sub examine, bem como o órgão julgador a quo, por não dar provimento à impugnação ofertada pelo sujeito passivo em foco, inexistindo, ao nosso sentir, na decisão recorrida, arestas a serem aparadas. 3.4. DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O SESI E SENAI Insurgese também o Recorrente contra a exigibilidade das contribuições destinadas ao SENAI e SESI por entender ser inconstitucional a sua cobrança. Às alegações acima postadas não se reserva melhor sorte. Os Serviços Sociais Autônomos são entes de natureza jurídica de direito privado que compõe a categoria das entidades paraestatais, pois atuam em cooperação com o Estado desempenhando atividades de manifesto interesse público, voltadas, precipuamente, à assistência social e à formação profissional, dentro do setor econômico ao qual se vinculam. A criação de tais entidades depende de lei que, expressamente, autorize as respectivas Confederações Nacionais a fazêlo, como assim sucedeu no caso do Decretolei nº 9.403/46, cujo artigo 1º atribuiu à CNI o encargo de criar o SESI. As entidades componentes do sistema S não possuem fins lucrativos, por não explorarem atividade econômica, desempenhando, na verdade, ações de interesse público. Para se manterem, auferem subvenções legalmente estabelecidas, através do recolhimento parafiscal correspondente a um adicional às alíquotas das contribuições sociais, subvenções essas que são mensalmente arrecadadas e a elas repassadas pelo órgão federal arrecadador. Tais subvenções legais são calculadas sobre a folha de pagamentos de todos os empregados do estabelecimento contribuinte, pertencente, por sua vez, à categoria assistida pelo Serviço Social Autônomo respectivo. DECRETOLEI Nº 9.403 DE 25 DE JUNHO DE 1946 Art. 3º Os estabelecimentos industriais enquadrados na Confederação Nacional da Indústria (artigo 577 do Decretolei n° 5.452, de 1 de maio de 1943), bem como aqueles referentes aos transportes, às comunicações e à pesca, serão obrigados ao pagamento de uma contribuição mensal ao Serviço Social da Indústria para a realização de seus fins. §1°. A contribuição referida neste artigo será de dois por cento (2%) sobre o montante da remuneração paga pelos estabelecimentos contribuintes a todos os seus empregados. O montante da remuneração que servirá de base ao pagamento de Fl. 17DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 18 contribuição será aquele sobre o qual deva ser estabelecido a contribuição de previdência devida ao instituto de previdência ou caixa de aposentadoria e pensões, a que o contribuinte esteja filiado. §2°. A arrecadação da contribuição prevista no parágrafo anterior será feita pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários e também pelas instituições de previdência social a que estiverem vinculados os empregados das atividades econômicas não sujeitas ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários. Essa arrecadação será realizada pelas Instituições da previdência social conjuntamente com as contribuições que lhes forem devidas. DECRETOLEI Nº 4.048 DE 22 DE JANEIRO DE 1942 Art. 1º Fica criado o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários. Art. 4º Serão os estabelecimentos industriais das modalidades de indústrias enquadradas na Confederação Nacional da Indústria obrigados ao pagamento de uma contribuição mensal para montagem e custeio das escolas de aprendizagem. § 1º A contribuição referida neste artigo será de dois mil réis, por operário e por mês. § 2º A arrecadação da contribuição de que trata este artigo será feita pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, sendo o produto posto à disposição do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários. § 3º O produto da arrecadação feita em cada região do país, deduzida a quota necessária às despesas de caráter geral será na mesma região aplicado. Estas são, pois, as matrizes legais da obrigatoriedade das contribuições devidas ao SESI e ao SENAI, e a fixação de seus sujeitos passivos, as quais foram mantidas pelo DecretoLei nº 2.318/86. Decretolei nº 2.318, de 30 de dezembro de 1986 Art. 1º Mantida a cobrança, fiscalização, arrecadação e repasse às entidades beneficiárias das contribuições para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), para o Serviço Social da Indústria (SESI) e para o Serviço Social do Comércio (SESC), ficam revogados: I o teto limite a que se referem os artigos 1º e 2º do Decretolei nº 1.861, de 25 de fevereiro de 1981, com a redação dada pelo artigo 1º do Decretolei nº 1.867, de 25 de março de 1981; II o artigo 3º do Decretolei nº 1.861, de 25 de fevereiro de 1981, com a redação dada pelo artigo 1º do Decretolei nº 1.867, de 25 de março de 1981. As contribuições para o SESI e SENAI foram perfeitamente reafirmadas pelo artigo 240 da Constituição Federal de 1988, como assim já se manifestou o Supremo Tribunal Fl. 18DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 200 19 Federal, no julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento AI 839196 AgR/SC, da relatoria do Min. Gilmar Mendes, assim ementado: AI 839196 AgR / SC SANTA CATARINA Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 05/04/2011 Órgão Julgador: Segunda Turma Ementa : 1. Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Contribuição destinada ao SENAI. Exação enquadrada no artigo 240 da Constituição Federal. Tributo instituído originariamente por decretolei. 3. Fenômeno da recepção. O modo da enunciação inaugural de texto normativo validamente produzido sob a égide de Constituição anterior é aspecto indiferente na aferição de sua eficácia diante do paradigma constitucional que o recepciona materialmente. 4. Compatibilidade com a Constituição Federal de 1988. Precedente do Plenário do STF. RE 396.266. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. A constitucionalidade das contribuições destinadas ao SESI e SENAI foi reafirmada expressamente no Agravo de Instrumento AI 748.459/SP, da relatoria do Min. Marco Aurélio, lançando definitivamente uma pá de cal sobre qualquer questionamento pudesse ainda se revelar renitente: AI 748.459 / SP SÃO PAULO Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 30/03/2011 Publicação DJe068 divulgação 08/04/2011 publicação 11/04/2011 EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONTRIBUIÇÃO PARA O SESC, SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC PRECEDENTE DO PLENÁRIO – DESPROVIMENTO DO AGRAVO. 1. O Tribunal Pleno, em sessão realizada em 26 de novembro de 2003, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 396.266 3/SC, relatado pelo Ministro Carlos Velloso, concluiu pela constitucionalidade da contribuição devida ao SESC, SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC, assentando a inexigibilidade de lei complementar. Proclamou ser a contribuição prevista na Lei nº 8.029/90, art. 8º, §3º, com a redação dada pelas Leis nºs 8.154/90 e Fl. 19DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 20 10.668/2003 de intervenção no domínio econômico, não obstante a referência como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.318/86. Nesse sentido, entendeu o Pleno não se incluir a contribuição em tela no rol do artigo 240 da Constituição Federal. Diante dos aludidos dispositivos e da Jurisprudência dos Tribunais Superiores avulta estar correta, portanto, a autoridade a quo ao deixar de acatar as alegações do Recorrente em sede de impugnação. 3.5. DA APLICAÇÃO DE MULTA DE MORA COM EFEITO DE CONFISCO Argumenta o Recorrente que a multa aplicada tem natureza confiscatória e abusiva. O clamor do Recorrente não merece acolhida. Com efeito, a Constituição Federal de 1988, no Capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional assentou, em relação aos impostos, os princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva do contribuinte. Nessa mesma prumada, ao tratar das limitações do poder do Estado de tributar, o inciso IV do art. 150 da Carta obstou, igualmente, a utilização de tributos com efeito de confisco, estatuindo ipsis litteris: Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) §1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (grifos nossos) Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV utilizar tributo com efeito de confisco; Olhando com os olhos de ver, avulta que os Princípios Constitucionais suso realçados são dirigidos, sem sombra de dúvida, aos membros políticos do Congresso Nacional, como vetores a serem seguidos no processo de gestação de normas matrizes de cunho tributário, não ecoando nos corredores do Poder Executivo, cujos servidores auditores fiscais subordinamse cegamente ao principio da atividade vinculada aos ditames da lei, dele não podendo se descuidar, sob pena de responsabilidade funcional. Imerso na Ordem Constitucional positiva e eficaz, a disciplina atinente à aplicação de multa de mora decorrente do descumprimento tempestivo de obrigações Fl. 20DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 201 21 tributárias principais de cunho previdenciário ficou a cargo da Lei nº 8.212/91, cujos artigos 34 e 35 estatuem, de forma objetiva, que as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas a multa de mora de caráter irrelevável. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 21DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 22 §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Conforme articulado, escapa da competência deste Colegiado a análise da adequação das normas tributárias introduzidas pela Lei nº 8.212/91 ao Ordenamento Jurídico às vedações e princípios constitucionais aviados nos artigos 145 e 150 da Lei Maior. Revelase mais do que sabido que a declaração de inconstitucionalidade de leis ou a ilegalidade de atos administrativos constituise prerrogativa outorgada pela Constituição Federal exclusivamente ao Poder Judiciário, não podendo os agentes da Administração Pública imiscuíremse ex proprio motu nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Ademais, perfilhando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Cumpre ainda salientar, por relevante, ser vedado aos membros das turmas de julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar o conteúdo encartado em leis e decretos sob o fundamento de incompatibilidade com a Constituição Federal, conforme determinado pelo art. 62 Regimento Interno do CARF, aprovado pela PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009, do Ministério da Fazenda. PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009 Art. 62. Fica vedado aos membros afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou Fl. 22DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 202 23 II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Igualmente, sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pelas leis que regem as contribuições ora em apreciação plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Notificante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Cumprenos chamar a atenção para o fato de que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa seja na via concentrada, exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo, portanto, todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Desbastada nesses talhes a escultura jurídica, impedido se encontra este Colegiado de apreciar tais alegações e afastar a multa aplicada nos trilhos mandamentais da lei, sob alegação de inconstitucionalidade por violação ao princípio previsto no artigo 150, IV da Constituição Federal, atividade essa que somente poderia emergir do Poder Judiciário. 3.6. DA TAXA SELIC Rebelase o Recorrente contra a utilização da taxa SELIC como juros de mora na esfera tributária, alegando sua contrariedade ao princípio da legalidade. Tal insurgência é improcedente. De plano, cumpre trazer à baila que os juros representam a remuneração do capital investido. Esmiuçando o conceito, juros representam o rendimento que o detentor do capital aufere em troca da colocação de um quantitativo à disposição de uma outra pessoa/entidade. Iluminese que um investidor poderia empregar seu patrimônio financeiro em uma atividade econômica qualquer que lhe rendesse lucro. Pode, todavia, essa pessoa abdicar de seu capital, ofertandoo a outra pessoa, mediante a cobrança de uma taxa de remuneração, compensatória pela perda da oportunidade de produzir lucro, na forma da hipótese anterior. A taxa de juros figura, então, como o quantum relativo que o titular do capital exige do tomador deste, num horizonte temporal, pela utilização do montante tomado. Nesse Fl. 23DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 24 quadro, o índice nominal da taxa pode ser fixado unilateralmente pelo capitalista, ou, em comum acordo com aquele que se apodera da riqueza por empréstimo. É importante ressaltar que, em qualquer caso, a fixação da taxa de juros prescinde da edição de lei formal, como assim acredita piamente o Recorrente, até porque tal exigência culminaria por emperrar a atividade financeira do país – extremamente dinâmica em sua natureza , paralizandoo. Isso porque cada investidor, banco ou demais instituições financeiras possuem seus critérios próprios para o computo dos juros na atividade financeira, os quais são extremamente influenciados pelo mercado, pela oferta e procura de capital, pela taxa de crescimento da economia, pelo risco da inadimplência, etc., o que gera uma saudável concorrência entre os detentores do livre numerário. Diante desse panorama mostrase evidente que a exigência de lei stricto sensu a que se refere o CTN, não é para a fixação da taxa de juros (esta flui ao sabor das correntes do mercado), mas, sim, para a indicação de qual taxa de juros será a utilizada na remuneração do capital de titularidade da Fazenda, ainda nos cofres do sujeito passivo. Com efeito, num mundo globalizado, em que qualquer evento econômico ocorrido no polo norte produz efeitos imediatos, da mesma de ordem de grandeza, no polo sul, seria impensável que, para se alterar uma taxa de juros em, digamos, vinte e cinco centésimos por cento, como é extremamente comum em nossa economia, com a velocidade e prontidão que o mercado exige hodiernamente, fosse exigível a edição de uma lei ordinária, haja vista o trâmite procedimental exigido pela CF/88. Nessa perspectiva, avulta, portanto, que o requisito da legalidade, na espécie, foi de fato adimplido, senão vejamos: A Constituição Federal de 1988 outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários, nas cores desenhadas em seu art. 146, III, ‘b’, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Imerso nessa ordem constitucional, ao tratar do crédito tributário, já no âmbito infraconstitucional, o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN, topograficamente inserido no Capítulo que versa sobre a Extinção do Crédito Tributário, estabeleceu que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis: Código Tributário Nacional Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante Fl. 24DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 203 25 da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifos nossos) §1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (grifos nossos) §2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Salientese que o percentual enunciado no parágrafo primeiro acima transcrito será o aplicável se a lei não dispuser de modo diverso. Ocorre que a lei de custeio da seguridade social disciplinou inteiramente a matéria relativa aos acessórios financeiros do crédito previdenciário em constituição e de forma distinta, devendo esta ser observada em detrimento do percentual previsto no §1º do art. 161 do CTN. Nesse sentido já se manifestou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região ao proferir, ipsis litteris: “Na esfera infraconstitucional, o Código Tributário Nacional, norma de caráter complementar, não proíbe a capitalização de juros nem limita a sua cobrança ao patamar de 1% ao mês. pois o art. 161, §1º desse diploma legal prevê que essa taxa de juros somente será aplicada se a lei não dispuser de modo contrário. Assim, não tendo o Código Tributário Nacional determinado a necessidade de lei complementar, pode a lei ordinária fixar taxas de juros diversas daquela prevista no citado art. 161, §1º do CTN, donde se conclui que a incidência da SELIC sobre os créditos fiscais se dá por forca de instrumento legislativo próprio (lei ordinária) sem importar qualquer afronta à Constituição Federal” (TRF 4ª Região, Apelação Cível 200471100006514, Rel. Álvaro Eduardo Junqueira; 1ª Turma; DJ de 15/06/2005, p. 552). Com efeito, as contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social estão sujeitas não só à incidência de multa moratória, como também de juros computados segundo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do art. 34 da Lei nº 8.212/91 que, pela sua importância ao deslinde da questão, o transcrevemos a seguir, com a redação vigente à época da lavratura do presente débito. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (redação dada pela Lei nº 9.528/97) (grifos nossos) Fl. 25DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 26 A matéria relativa à incidência da taxa SELIC já foi bater à porta da Suprema Corte de Justiça, que firmou jurisprudência no sentido de sua legalidade, consoante ressai do julgado a seguir ementado: TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO DE DÉBITO. JUROS MORA TÓRIOS. TAXA SELIC. CABIMENTO. 1. O artigo 161 do CTN estipulou que os créditos não pagos no vencimento serão acrescidos de juros de mora calculados à taxa de 1%, ressalvando, expressamente, em seu parágrafo primeiro, a possibilidade de sua regulamentação por lei extravagante, o que ocorre no caso dos créditos tributários, em que a Lei 9.065/95 prevê a cobrança de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais (art. 13). 2. Diante dai previsão legal e considerando que a mora é calculada de acordo com a legislação vigente à época de sua apuração, nenhuma ilegalidade há na aplicação da Taxa SELIC sobre os débitos tributários recolhidos a destempo, ou que foram objeto de parcelamento administrativo. 3. Também , há de se considerar que os contribuintes têm postulado a utilização da Taxa SELIC na compensação e repetição dos indébitos tributários de que são credores. Assim, reconhecida a legalidade da incidência da Taxa SELIC em favor dos contribuintes, do mesmo modo deve ser aplicada na cobrança do crédito fiscal diante do princípio da isonomia. 4. Embargos de divergência a que se dá provimento. STJ EREsp nº 396.554/SC, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI; 1ª SEÇÃO; DJ 13/09/2004; p. 167. Em reforço a tal assertiva jurisdicional, iluminese o Enunciado da Súmula nº 03 do Segundo Conselho de Contribuintes, vazado nos seguintes termos: SÚMULA CARF nº 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para títulos federais. A propósito, repisese que, sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pela Lei nº 8.212/91 plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Notificante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Atentese que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa seja na via concentrada, exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo portanto todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Fl. 26DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.004292/200843 Acórdão n.º 230201.346 S2C3T2 Fl. 204 27 Ademais, perfilando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Dessarte, se nos afigura correta a incidência de juros moratórios à taxa SELIC, haja vista terem sido aplicados em conformidade com o comando imperativo fixado no art. 34 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 161 caput e §1º do CTN, em afinada harmonia com o ordenamento jurídico. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva. Fl. 27DF CARF MF Emitido em 19/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/10/2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 06/10/ 2011 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/10/2011 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 35301.002670/2007-35
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO Á DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO.
No presente caso há decisão judicial com transito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte.
As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.435
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: Elias Sampaio Freire
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201104
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO Á DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. No presente caso há decisão judicial com transito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte. As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
numero_processo_s : 35301.002670/2007-35
anomes_publicacao_s : 201104
conteudo_id_s : 4835904
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 19 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 9202-001.435
nome_arquivo_s : 920201435_35301002670200735_201104.PDF
ano_publicacao_s : 2011
nome_relator_s : Elias Sampaio Freire
nome_arquivo_pdf_s : 35301002670200735_4835904.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2011
id : 4746412
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:43:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713044233491841024
conteudo_txt : Metadados => date: 2011-05-17T14:21:46Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 7; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2011-05-17T14:21:46Z; Last-Modified: 2011-05-17T14:21:46Z; dcterms:modified: 2011-05-17T14:21:46Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:3fbec0da-f8c6-4b3f-a056-59c5dd720f9a; Last-Save-Date: 2011-05-17T14:21:46Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2011-05-17T14:21:46Z; meta:save-date: 2011-05-17T14:21:46Z; pdf:encrypted: false; modified: 2011-05-17T14:21:46Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2011-05-17T14:21:46Z; created: 2011-05-17T14:21:46Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2011-05-17T14:21:46Z; pdf:charsPerPage: 1475; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2011-05-17T14:21:46Z | Conteúdo => CSRF-T2 Fl. 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo n° 35301.002670/2007-35 Recurso n° 244.405 Especial do Procurador Acórdão n° 9202-01.435 — 2 Turma Sessão de 12 de abril de 2011 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MI MONTREAL INFORMÁTICA LTDA. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO Á DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. No presente caso lid decisão judicial com transito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte. As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acor provimento ao recurso. membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar Elias Sampaio Freire — Relator e Presidente-Substituto EDITADO EM: 26/04/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire (Presidente-Substituto), Gonçalo Bonet Allage (Vice-Presidente Substituto), Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Ronaldo de Lima Macedo (Conselheiro Convocado). Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 205- 01.337, proferido pela antiga Quinta Câmara do 2° CC em 05/11/2008 (fls. 400/412), interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de contrariedade à Camara Superior de Recursos Fiscais (fls. 416/433), nos termos do art. 7°, inciso I c/c art. 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007. O acórdão recorrido, por maioria de votos, anulou o auto de infração/lançamento. Segue abaixo sua ementa: DOMICILIO TRIBUTÁRIO. ESTABELECIMENTO CENTRALIZADOR. Prevalece o direito et eleição do domicilio tributário que somente pode ser recusado nas hipóteses comprovadas de impossibilidade ou dificuldade de realização da ação fiscal no domicilio eleito. Processo Anulado." A recorrente afirma que o acórdão proferido merece ser reformado, pois contraria a legislação tributária de regência da matéria, precisamente, o art. 127, §2° do CTN; arts. 9°, §2°, 11, 59, 60 e 61, todos do Decreto n° 70.235/72; e, ainda, arts. 2°, IX e 22, da Lei n° 9.784/99. No seu entender contraria também a prova dos autos, no ponto em que interpreta equivocadamente a decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 2 Regido. Explica que não há fundamento jurídico que respalde a decretação de nulidade do auto de infração sob a argumentação de que a autoridade fiscal não demonstrou os motivos que ensejaram a recusa do domicilio fiscal eleito pelo sujeito passivo, ou ainda, que a decisão final do TRF determina a anulação dos autos praticados pela fiscalização no domicilio escolhido para realização dos trabalhos fiscais. Entende que a decisão recorrida, ao anular o presente procedimento fiscal diante de decisão do TRF que declarou que o domicilio fiscal da pessoa jurídica era aquele constante da alteração do contrato social, partiu de premissa equivocada, pois atribuiu ao acórdão em comento um efeito constitutivo de anulação que ele não tem. Desse modo, violou o teor da decisão judicial, prova coligida nos autos. Em seguida, aduz que, se foram confirmadas as razões para a desconsideração do domicilio eleito pela contribuinte, ao anular a autuação a decisão atacada afronta o art. 127, §2° do CTN. Pondera que, â luz do regrarnento legal pertinente, não subsiste motivo para a anulação da autuação, afinal os procedimentos de fiscalização são válidos mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicilio tributário do sujeito passivo. In casu, o auto de infração foi lavrado por servidor competente, muito embora este não fosse lotado no suposto domicilio fiscal da contribuinte. Nesse contexto, o acórdão recoirido viola o art. 9', §2° do PAP. Alega que, da leitura detida do auto de infração, bem como do Relatório Fiscal e demais telmos que acompanham o procedimento fiscal, conclui-se que tudo está em plena confoimidade com o que estabelece os arts. 10, 11, 59, 60 e 61 do Decreto n°70235/72 e a Lei n°8212/91. Processo n° 35301.002670/2007-35 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.435 Fl. 2 Em sua opinião, a descrição pormenorizada dos fatos e dos fundamentos legais que sustentam a autuação estão precisamente explicitados nos termos do procedimento fiscal. Assim, todos os elementos essenciais ao ato praticado estão presentes, não restando evidenciada situação de prejuízo ao direito de defesa a ensejar a decretação de nulidade do processo. Sustenta que o contribuinte em momento algum demonstrou de forma concreta e efetiva o prejuízo advindo da desconsideração do domicilio tributário. Na verdade, teria demonstrado ter pleno conhecimento da origem da autuação, tanto que rebate de forma bem minuciosa o débito. Cita jurisprudência da CSRF segundo a qual, se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não somente preliminares, mas também razões de mérito, mostra-se incabível a declaração de nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa, devendo prevalecer os princípios da instrumentalidade e economia processual em lugar do rigor das formas. Ao final, requer seja dado provimento ao recurso. Nos termos da Informação e Decisão de fls. 435/441, negou-se seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Às fls. 445/450, a PGFN interpôs agravo em face da Decisão acima descrita. Nos termos do Despacho n° 2401-108/2009 (fls. 452/454), que reexaminou a admissibilidade do recurso interposto, deu-se seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. 0 contribuinte ofereceu contra-razões às fls. 463/494. Inicialmente afirma que, nos termos do art. 7°, §3° do Regimento Interno, o Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional não deve ser admitido, uma vez que o acórdão recorrido apreciou matéria preliminar de nulidade do lançamento, decidindo por anular a decisão de primeira instância, bem como todo o procedimento fiscal. Não deve ser admitido também porque as provas dos autos comprovam a nulidade de todo o procedimento fiscal, viciado desde sua origem. Entende que a legislação tributária estabelece que a recusa ao domicilio deve ser justificada, o que não ocorreu no presente caso. Ressalta que o domicilio da empresa, desde 1995, é sua sede em Rio das Flores. A declaração judicial citada pela recorrente, que confirma tal fato, produz reflexos em relação a uma fiscalização levada a efeito em local diverso do declarado. Explica que se a Fiscalização, embora ciente do local correto a fiscalizar, optou por efetivar o ato fiscal fora do domicilio da empresa e, se ela, empresa, não está obrigada a apresentá-los em local diverso do seu centralizador, não há como se aplicar a aferição indireta. Eis o vicio da fiscalização, em sua opinião. Ressalta que não foi demonstrado qualquer empecilho para a ocorrência fiscal, tanto assim que outros Órgãos Municipais, Estaduais e Federais procedem norma ente às suas fiscalizações. A empresa apontou o equivoco dos fiscais e indicou o endereço correto para a diligência fiscal, informação desprezada pelo Fisco. Assim, não se justifica a recusa do domicilio fiscal da recorrida. Pondera que o cerceamento de defesa se deu pela ausência de acompanhamento da ação fiscal por técnico habilitado, com a prestação de informações e apresentação de documentos necessários à conferência da regularidade fiscal da empresa. Ao final, requer que não seja admitido o Recurso Especial interposto pela Unido e, caso assim não entenda, que seja negado provimento ao mesmo, mantendo-se a decisão que anulou o lançamento em tela. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator Saliente-se que, não obstante o aludido recurso não encontrar previsão no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a Portaria Ministerial MF no. 256, de 22 de junho de 2009, em suas disposições transitórias, pre -ye que os recursos com base no inciso I do art. 7 0 e do art. 9° do Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007, interpostos em face de acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior A. 1° de julho de 2009, serão processados de acordo com o rito previsto nos arts. 15 e 16 e nos arts. 43 e 44 daquele Regimento. Por seu turno o inciso I do art. 7° do Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 147, de 25 de junho de 2007, fazia previsão de interposição de recurso especial na hipótese de contrariedade à lei. 0 recurso é tempestivo e examinando-se o recurso especial apresentado verifica-se que ele demonstrou, fundamentadamente, em que a decisão recorrida seria contrária A. lei, no entendimento da Fazenda Nacional, consoante o disposto no inciso I do artigo 7° do Regimento Interno da Camara Superior de Recursos Fiscais. Assim, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Para melhor elucidação da controvérsia, transcrevo trecho do relato contido no Acórdão da Apelação Cível n.° 2003.51.01.022430-0 da Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 2 Regido, de relatoria do desembargador Sérgio Schwaitzer: Trata-se de recurso de apelação interposto por MI MONTREAL INORMÁTICA LTDA em ataque et sentença proferida pelo MM. Juizo da IV' Vara Federal desta Cidade, nos autos de ação sob procedimento ordinário movida pela ora Apelante em face do INSS. A espécie foi sumariada pelo ilustre sentenciante nos seguintes termos: "MI. MONTREAL INFORilLiTICA LTDA, qualificada na inicial, ajuiza a presente ação em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a declaração de 4 Processo n°35301.002670/2007-35 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.435 Fl. 3 que o domicilio fiscal da autora é o local de sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares, n° 4 — Rio da Flores — Rd'. Postula, ainda, seja determinado que seus requerimentos sejam recebidos e processados pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda, ao qual o Município de Rio das Flores está vinculado, e, ainda, que todos os atos administrativos praticados pelo réu sejam provenientes da referida Gerência Regional de Volta Redonda. Como causa de pedir, alega que tem sua sede fixada na Rua Capitão Soares, n° 4, no Município de Rio das Flores, conforme consta de seu Contrato Social, que foi devidamente registrado. Portanto, este é o seu domicilio fiscal, nos exatos termos do disposto no art. 127, do Código Tributário Nacional, e está ele submetido à fiscalização pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização de Volta Redonda. Entretanto, o Réu insiste em fiscalizá-la na sua filial, situada na Rua Silo José, n° 90, no Centro do Rio de Janeiro. Sustenta a ilegalidade da atuação do réu, que discricionariamente, elegeu filial para efetuar fiscalização impedindo-lhe de realizar seus atos administrativos na Gerência Regional de Volta Redonda, obstando, inclusive, o protocolo dos requerimentos de certidões. Dai o pedido. (.) Ademais, há de se salientar que transitou em julgado a seguinte decisão judicial: "dou provimento ao recurso para, reformando a sentença, julgar procedente o pedido e declarar como domicilio tributário da Autora a sua sede, situada na Rua Capitão Jorge Soares no 04, Centro, Município de Rio das Flores — RJ.", assim ementada: "ADMINISTRATIVO — ALTERAÇÃO DE SEDE - DOMICiLIO TRIBUTÁRIO — RECUSA PELA ADMINISTRAÇÃO - ART. 127, § 2°, DO CTN. I — Da leitura do caput do artigo 127 do CTN verifica-se que, a principio, a eleição de domicilio tributário é prerrogativa do contribuinte. Se o mesmo não o elege, passa a Administração a avaliar as alternativas legais para sua definição, enumeradas nos incisos do referido artigo. Nesta situação, em se tratando de pessoa jurídica de direito privado, tem-se como domicilio tributário, ex vi do inciso II, o local de sua sede. II — A autonomia que a pessoa jurídica possui para definir, em seus atos constitutivos, o local de sua sede, não se confunde com o exercício da faculdade de eleição do seu domicilio tributário. O § 2° do art. 127 do CTN permite que a autoridade administrativa recuse domicílio fiscal apenas quando este tenha sido fixado por eleição, e não em virtude de mudança de sede promovida por conta de alteração de contrato social da empresa. III — Recurso provido." Como se vê, no presente caso há decisão judicial com trânsito em julgado que define o domicilio tributário do contribuinte. 5 As decisões proferidas pelo Poder Judiciário tem prevalência sobre as proferidas pelas autoridades Administrativas, devendo estas cumprirem as determinações judiciais, nos exatos termos em que foram proferidas. Portanto, o tratamento a ser conferido na esfera administrativa há de se vincular ao conteúdo da decisão judicial transitada em julgado cuja conseqüência é sua imperatividade e imutabilidade da resposta jurisdicional. Acerca do tema, assim nos ensina o eminente jurista Luiz Fux em sua obra "Curso de Direito Processual Civil", Ed. Forense, 2001, p. 6941695, da qual se extrai o seguinte excerto: "A imutabilidade da decisão é fator de equilíbrio social na medida em que os contendores obtêm a última e decisiva palavra do Judiciário acerca do conflito intersubjetivo e a sua imperatividade da decisão completa o ciclo necessário de atributos que permitem ao juiz conjurar a controvérsia pela necessária obediência ao que foi decidido." A decisão judicial faz lei entre as partes, a ser aplicada ao caso concreto, não cabendo a este Colegiado dar-lhe outro entendimento diferente daquele expresso, sob pena de desobediência A. determinação judicial. Neste sentido: "PREVIDENCLi RIO — CUSTEIO — NFLD — DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL - DOMICILIO TRIBUTÁRIO. Havendo decisão judicial que determina o domicilio tributário do contribuinte, deve ser esse o domicilio a ser considerado pela autoridade fiscal, salvo se comprovado obstrução ou justificativa para desconsiderá-lo, desde que devidamente justificado. A simples alegação de confronto das informações de GFIP com a verificação fisìca não é suficiente para desconsiderar domicilio determinado pela justiça, se não comprovada obstrução. Processo Anulado" (Acórdão CARE n° 2401-01.604, Relatora: conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira) Pelo osto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. Elias Sampaio Freire 6
score : 1.0
