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Numero do processo: 10950.004315/2008-14
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/10/2003 a 31/12/2003
RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÕES DE COOPERATIVAS E DE PESSOAS FÍSICAS.
Em face do disposto no art. 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf) c/c a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Resp 993.164, sob o regime do art. 543-C da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhece-se o direito ao crédito-presumido do IPI sobre aquisições, no mercado interno, de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem de cooperativas e de pessoas físicas. RESSARCIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS.
Nos termos do art. 62-A do Ricarf c/c a decisão do STJ no Resp 993.164, sob o regime do art. 543-C da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhece-se a incidência de juros compensatórios, a taxa Selic, calculados a partir da data de transmissão da respectiva Declaração de Compensação (Dcomp). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 13/02/2004, 27/02/2004, 15/03/2004, 15/04/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). HOMOLOGAÇÃO
O reconhecimento de parte do crédito financeiro declarado nos respectivos Pedido de Ressarcimento (PER) implica em homologação da compensação dos débitos fiscais declarados até o limite do montante do ressarcimento reconhecido. RECURSO PROVIDO.
Numero da decisão: 3301-001.312
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator.
Presente o advogado da recorrente, Dr. Antônio Sinhiti Myasava, OAB 25.937-PR.
Nome do relator: José Adão Vitorino de Morais
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CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÕES DE COOPERATIVAS E DE PESSOAS FÍSICAS. Em face do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf) c/c a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Resp 993.164, sob o regime do art. 543C da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhecese o direito ao créditopresumido do IPI sobre aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem de cooperativas e de pessoas físicas. RESSARCIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS. Nos termos do art. 62A do Ricarf c/c a decisão do STJ no Resp 993.164, sob o regime do art. 543C da Lei nº 8.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhecese a incidência de juros compensatórios, a taxa Selic, calculados a partir da data de transmissão da respectiva Declaração de Compensação (Dcomp). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 13/02/2004, 27/02/2004, 15/03/2004, 15/04/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). HOMOLOGAÇÃO O reconhecimento de parte do crédito financeiro declarado nos respectivos Pedido de Ressarcimento (PER) implica em homologação da compensação dos débitos fiscais declarados até o limite do montante do ressarcimento reconhecido. RECURSO PROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Presente o advogado da recorrente, Dr. Antônio Sinhiti Myasava, OAB 25.937PR. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator. Participaram do presente julgamento: os Conselheiros José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Maurício Taveira e Silva, Andréa Medrado Darzé, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Ribeirão Preto que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório que homologou em parte as compensações dos débitos fiscais vencidos nas datas de 13/02/2004, 27/02/2004, 15/03/2004 e 15/04/2004, declarados nas Declarações de Compensação (Dcomps), às fls. 43/83; às fls. 88/91, às fls. 96/99 e às fls. 104/107, transmitidas nas datas de 28/04/2004 e 05/05/2004, com créditos financeiros decorrentes de crédito presumido do IPI, apurado para o quarto trimestre de 2003. A homologação parcial decorreu do reconhecimento parcial do ressarcimento pleiteado e declarado, como crédito financeiro, pelo fato de a autoridade administrativa não ter reconhecido créditos sobre aquisições de insumos adquiridos sem a incidência das contribuições para o PIS e Cofins, conforme despacho decisório às fls. 158/156. Cientificada do despacho decisório, inconformada a recorrente interpôs manifestação de inconformidade (fls. 172/189), requerendo a sua reforma a fim de que fosse reconhecido, na integra, o seu direito ao ressarcimento pleiteado e homologadas as compensações dos débitos fiscais declarados, alegando razões que foram assim resumidas por aquela DRJ: “ . . .atos da administração não poderiam restringir o que teria sido concedido por lei e que caberia a correção monetária dos valores a serem ressarcidos, tudo conforme doutrina e jurisprudência que cita”. Analisada a manifestação de inconformidade, aquela DRJ julgoua improcedente, conforme acórdão nº 1427.920, datado de 10/03/2010, às fls. 196/200, sob as seguintes ementas: “CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÕES DE MATÉRIASPRIMAS DE PESSOAS FÍSICAS, COOPERATIVAS E EMPRESAS COMERCIAIS. O valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas, cooperativas e afins, não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não se inclui na base de cálculo do crédito presumido do IPI. Também não integra a base de cálculo, o valor dos produtos adquiridos de terceiros e que não tenham sido submetidos a qualquer processo de industrialização pelo exportador. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10950.004315/200814 Acórdão n.º 330101.312 S3C3T1 Fl. 231 3 CRÉDITO PRESUMIDO. JUROS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para abonar atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI.” Inconformada com essa decisão, a recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 204/221, requerendo a sua reforma a fim de que se reconheça seu direito ao ressarcimento integral do valor pleiteado e a homologação das compensações de todos os débitos fiscais declarados nos Per/Dcomps em discussão alegando, em síntese, que faz jus aos créditos presumido do IPI, apurados sobre os custos com insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas. É o relatório. Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele conheço. As questões opostas nesta fase recursal se restringem ao direito de a recorrente apurar, se creditar e compensar créditospresumido de IPI sobre aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, de nãocontribuintes destas contribuições (pessoas físicas e cooperativas), para utilização no processo produtivo de produtos exportados para o exterior, bem como o pagamento de juros compensatórios, à taxa Selic, sobre os valores a serem ressarcidos/compensados. I – glosas sobre aquisições de nãocontribuintes Quanto às glosas dos créditospresumido do IPI sobre matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos no mercado internos, em cujos custos de aquisição não incidiram as contribuições para o PIS e Cofins, entendemos que a Lei nº 9.363, de 13/12/1996, não ampara o seus restabelecimentos, ou seja, esta lei não prevê créditospresumido sobre tais aquisições. A instituição do benefício fiscal do créditopresumido do IPI teve como objetivo econômico o aumento da capacidade de competição dos produtos produzidos em território nacional e exportados para o mercado externo, baixando seus custos de produção, mediante o ressarcimento das contribuições do PIS e Cofins incidentes sobre as matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados em suas produções, evitandose a exportação de tributos. Aquela lei assim dispõe quanto a esse benefício: “Art. 1º. A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 Fl. 232DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único.O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior.” Ora, de acordo com este dispositivo, a empresa pode se ressarcir das contribuições incidentes e pagas sobre as respectivas aquisições e não de contribuições presumidas. Se não há pagamento de contribuições nas respectivas aquisições, inexistem valores a serem ressarcidos. A incidência efetiva das contribuições nos custos das respectivas aquisições é condição imprescindível à geração do créditopresumido do IPI. Tanto assim o é, que a Lei nº 10.833, de 29/12/2003, vedou de forma expressa este benefício às pessoas jurídicas sujeitas ao PIS e à Cofins com incidência nãocumulativa, assim dispondo: “Art. 14. O disposto nas Leis nos 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e 10.276, de 10 de setembro de 2001, não se aplica à pessoa jurídica submetida à apuração do valor devido na forma dos arts. 2º e 3º desta Lei e dos arts. 2º e 3º da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002.” Também de acordo com as leis que instituíram as contribuições para o PIS e Cofins com incidência nãocumulativa, o direito de se creditar dos valores pagos nos custos de aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, a título destas contribuições, está condicionado a sua incidência nas respectivas aquisições. Dessa forma, ao se reconhecer créditopresumido de IPI, a título de custos presumidos, ou seja, de custos nãoincorridos, para as pessoas jurídicas nãosujeitas às contribuições para o PIS e Cofins com incidência cumulativa e não poder estender este mesmo benefício para as pessoas jurídicas submetidas ao regime de incidência nãocumulativa implica em tratamento diferenciado e infringência ao princípio constitucional da isonomia ou igualdade tributária. Assim, não tendo o produtor exportador pagado PIS e Cofins nas aquisições de matériasprima, produtos intermediários e material de embalagem de nãocontribuintes destas contribuições, não há do que se ressarcir de seus valores. Ressarcimento implica pagamento na etapa anterior, como não houve pagamento não há que se falar em ressarcimento. No entanto, em face do julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no RESP 993.164, decidido sob o regime do art. 543C da Lei nº 5.869, de 11/01/1973 (CPC), e do disposto no Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf), art. 62A, as glosas dos créditospresumido do IPI sobre aquisições de cooperativas e de pessoas físicas, efetuadas pela autoridade administrativa competente e mantidas pela autoridade julgadora de primeira instância, deverão ser restabelecidas, reconhecendose à recorrente o direito ao seu ressarcimento/compensação dos créditospresumido apurados sobre aquelas aquisições. A decisão do STJ naquele RESP foi prolatada nos seguintes termos: Fl. 233DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10950.004315/200814 Acórdão n.º 330101.312 S3C3T1 Fl. 232 5 “O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. (...). Conseqüentemente, sobressai a ‘ilegalidade’ da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS. RESP 993164, Min. Luiz Fux. (...) É que: (i) ‘a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição’; (ii) ‘o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais’; e (iii) ‘a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes’ (REsp 586392/RN). (...) A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). (...). A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010 (...). Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic.” Fl. 234DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 Já o Regimento Interno do Carf, determina: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (...).” II – juros compensatórios Também, em face do disposto no art. 62A do Ricarf e do RESP 993.164, em face da vedação do Fisco ao ressarcimento/compensação tempestiva, os juros compensatórios, à taxa Selic, são devidos a partir da data da transmissão dos Per/Dcomps em discussão. III – homologação das compensações declaradas A homologação da compensação de débitos fiscais vencidos com créditos financeiros contra a Fazenda Nacional está prevista na Lei nº 9.430, de 27/12/1996, art. 74, assim dispõe: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão”.(Redação dada pela MP nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002). “§ 1º. A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados”.(Redação dada pela MP nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002). § 2º. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Redação dada pela MP nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002). (...).” Conforme se verifica deste dispositivo legal, a compensação, mediante a entrega de Dcomp e/ ou transmissão de Per/Dcomp, assim como a sua homologação depende da certeza e liquidez dos créditos financeiros nela declarados. No presente caso, a recorrente faz jus ao ressarcimento/compensação do créditopresumido do IPI correspondente às glosas sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo, de pessoas físicas e cooperativas, efetuadas pela autoridade administrativa competente e mantidas pela DRJ, conforme reconhecido nesta fase recursal. Em face de todo o exposto e de tudo o mais que conta dos autos, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito de a recorrente apurar crédito Fl. 235DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10950.004315/200814 Acórdão n.º 330101.312 S3C3T1 Fl. 233 7 presumido do IPI sobre as aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos no mercado interno, de cooperativas e de pessoas físicas, no 4º trimestre de 2003, efetivamente utilizados na industrialização dos produtos exportados, cabendo à autoridade administrativa competente apurar o montante dos créditos, acrescerlhe juros compensatórios, à taxa Selic, calculados a partir das datas de transmissões das Dcomps, e homologar a compensação dos débitos neles declarados até o limite do montante apurado, exigindose os saldo/débitos declarados, nãoextintos pelas homologações das compensações ora determinadas. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 236DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 27 /02/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 13805.006726/93-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1990
DEPÓSITO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DESNECESSIDADE DO LANÇAMENTO.
O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontra-se constituído o crédito tributário, razão pela qual não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedente do STJ no EREsp nº 898.992/PR.
Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração. Precedente no STJ em recurso representativo de controvérsia julgado no rito do art. 543-C do antigo CPC. REsp 1.140.956/SP.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1402-002.193
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Demetrius Nichele Macei.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves e Roberto Silva Júnior.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1990 DEPÓSITO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DESNECESSIDADE DO LANÇAMENTO. O depósito judicial configura verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há que se falar em necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedente do STJ no EREsp nº 898.992/PR. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração. Precedente no STJ em recurso representativo de controvérsia julgado no rito do art. 543C do antigo CPC. REsp 1.140.956/SP. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Demetrius Nichele Macei. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 5. 00 67 26 /9 3- 23 Fl. 577DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 578 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves e Roberto Silva Júnior. Fl. 578DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 579 3 Relatório ABBOTT LABORATÓRIOS DO BRASIL LTDA. recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 16 21.869 da 4ª Turma da Delegacia de Julgamento em São Paulo I – DRJ/SPI que julgou improcedente a impugnação apresentada. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o presente processo de lançamento de Contribuição Social sobre o Lucro – CSLL (fls. 15/20), no valor total de R$ 90.583,77, incluindose a contribuição, multa proporcional de 50% e juros de mora relativamente ao anocalendário de 1990, ficando a exigibilidade suspensa até ulterior decisão judicial, que se referiu a discussão da constitucionalidade das Leis nºs 7.689/1988, 7.787/1989 e 7.856/1989. Tendo tomado ciência da autuação em 23/11/1993, a empresa, por meio de seu procurador (fls. 30/32) apresentou impugnação (fls. 23/29), protocolada em 22/12/1993, alegando, em síntese, que: Padece do vício de nulidade em face de o crédito em questão estar sob discussão judicial nos autos do Mandado de Segurança que tramitou perante a D. 19ª Vara da E. Justiça Federal sob o nº 91.06745440 e o valor exigido ter sido depositado judicialmente naqueles autos. A Fiscalização suspende a exigibilidade, no “Termo de Ressalva”, anexo ao Auto, ao mesmo tempo que intima o contribuinte a recolher ou impugnar o débito em 30 dias, no item 7 do mesmo Auto, contradição que implica na nulidade do Auto de Infração, posto que configurado está o cerceamento do direito de defesa da Suplicante, que não tem como saber o que de fato se está a lhe exigir. Ademais, tendo sido procedida a lavratura de Auto de Infração apenas para se prevenir a decadência do direito de fazêlo, reconhecendose no entanto estar suspensa a exigibilidade do lançamento, não pode a Fazenda pretender aplicar multa de 50% e juros de mora, conferindo ao contribuinte que vai a Juízo questionar a legitimidade da exação em tela o mesmo tratamento que seria deferido a um outro que houvesse se quedado inerte, usufruindo da disponibilidade do capital. No referido mandado de segurança, foi deferida a medida liminar e determinado o depósito dos valores controvertidos, para fins de suspender a exigibilidade da exigência contestada, nos termos dos incisos II e IV do artigo 151 do Código Tributário Nacional – CTN. O feito tramitou regularmente e, a despeito de ter sido proferida sentença denegatória da segurança, o crédito da Fazenda Nacional, se existente, está com a sua exigibilidade suspensa em razão de a Suplicante ter efetuado o depósito integral das quantias questionadas. E, ainda, no último dia 3 de novembro, a 3ª Turma do E. Tribunal, por unanimidade, deu Fl. 579DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 580 4 provimento a apelação interposta pela Suplicante, estando suspensa a exigibilidade do crédito tributário. De fato, admitirse a lavratura de Auto de Infração para a cobrança da contribuição ora em discussão seria tornar, pelo simples fato de terse socorrido do Poder Judiciário, mais onerosa a posição da Suplicante do que se daria caso tivesse permanecido inerte, pois não precisaria desde logo garantir os interesses da Fazenda mediante os depósitos judiciais que regularmente efetuou. Ademais, tal procedimento fiscal implica afrontamento a ordem judicial concessiva da segurança conforme jurisprudência (fls. 26). Por outro lado, nem se diga que o lançamento seria necessário para evitar a decadência ou prescrição, uma vez que é pacífico, quanto a esta última, a aplicação do princípio da actio nata, de modo que, durante o período de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não flui o respectivo prazo. Quanto a decadência, esta também não ocorrerá, bastando para tanto a notificação do respectivo montante, o que pode se dar, seja por ato formal da Fazenda, seja po autonotificação do respectivo montante apurado, conforme as próprias guias de depósito anexas aos autos. Aliás, como, no caso, os valores exigidos estão depositados em Juízo, sobrevindo decisão judicial desfavorável ao contribuinte os mesmos serão imediatamente convertidos em renda da União Federal e nada mais poderá ser exigido da suplicante. Assim, nada impede que a Fazenda promova as medidas administrativas cabíveis no caso, consistentes na verificação da exatidão dos valores constantes das referidas guias, sem, contudo, proceder a lavratura do Auto de Infração, o que em nada a prejudica, como supra demonstrado. Indiscutível assim que, no caso concreto, face ao depósito efetuado justamente para suspender a exigibilidade do crédito em questão, bem como, em razão da decisão proferida pelo TRF, é nulo o Auto de Infração lavrado, no termos da Lei Complementar supra citada. Ressaltese que é entendimento já unânime em nossos Tribunais o de que o depósito efetuado no curso do processo suspende a exigibilidade do crédito até o final e definitiva decisão do mesmo, inclusive em ações declaratórias (jurisprudência a fl. 28). Assim, efetuado o depósito referente ao montante do crédito em discussão nos autos do processo judicial, não se pode pretender cobrálo por meio da autuação ora defendida, pela qual é ainda imputada a Suplicante multa de 50% do valor discutido e juros de mora. Diante do exposto, demonstrado que a autuação em causa é nula, face ao fato de estar suspensa a exigibilidade do crédito tributário exigido, pede e espera a suplicante que seja reconhecida a sua improcedência, caso antes não seja reconhecida sua nulidade, determinandose o arquivamento do feito. Tendo sido o processo encaminhado para julgamento, o Delegado da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (fl. 63) resolveu sobrestar o julgamento da impugnação interposta, de vez que a matéria versada no processo era a mesmo que se encontrava “sub judice”. Foi então o processo enviado a Divisão de Arrecadação (DISAR) da DRF de origem, para aguardar o pronunciamento definitivo da Justiça Federal. Ademais, foi Fl. 580DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 581 5 feito encaminhamento para que, após as anotações cabíveis a DISAR, deveria o processo ser remetido a SRRF/8ª Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, visto que foi juntado aos autos expediente do TRF da 3ª Região (fls. 53/55) onde o MM. Juiz Federal solicita providências ao “Chefe do Departamento da Receita Federal em São Paulo”. O DISAR em razão do despacho de fl 63 da DRJ/SP, encaminhou os autos a EQIJU/DISIT/SRRF/8ª Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB para informar o andamento da ação. As fls. 82, há despacho no qual é relatado, pela DISIT/EQIJU/SRRF 8ª RF, que o Auto de Infração foi lavrado com suspensão da exigibilidade devido a existência de liminar e deposito judicial no Mandado de Segurança nº 91.06745440, o qual foi julgado parcialmente procedente pelo STF, propondo que o processo fosse encaminhado a Procuradoria Regional da Fazenda Nacional para juntada das cópias da sentença e acórdãos do citado Mandado de Segurança e informação a respeito da conversão do depósito judicial, depois do que o processo deveria ser encaminhado a DRJ em cumprimento do despacho de fls. 63. Foi juntada, então, pela Procuradoria, cópia integral dos autos, fls. 84/457, com a ressalva, dirigida ao Sr. Chefe da DISIT/EQIJU/SRRF 8ª RF, de que o E. TRF da 3ª Região não havia se pronunciado nos termos do acórdão proferido pelo STF. O Chefe da DISIT/EQIJU/SRRF 8ª Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, em face da documentação anexada, constatou que o processo judicial ainda não se encontrava com decisão transitada em julgado e encaminhou o processo a DERAT/SP/DICAT para o atendimento dos dois últimos parágrafos do despacho de fls. 63. A DERAT/SP/DICAT/EQAMJ se pronunciou nos seguintes termos sobre o assunto (fls. 474): “Tratase de auto de infração lavrado a título da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referentemente ao exercício de 1990 (fls. 16/21). Referido auto foi lavrado com a exigibilidade suspensa (uma vez que foram efetuados depósitos judiciais das parcelas de CSLL "sub judice") e foi dada ciência do auto ao contribuinte em 23 de novembro de 1993 (fl. 18). Requerendo a nulidade da autuação, o contribuinte apresentou, tempestivamente, impugnação em 22 de dezembro de 1993 (fls. 23/29), alegando, em suma, que os débitos da CSLL em questão estariam suspensos pelo mandado de segurança nº 91.06745440, o qual fora impetrado perante a 19a Vara da Justiça Federal de São Paulo (fls. 285 a 302). Em tal "mandamus", o contribuinte requereu eximirse do recolhimento da CSLL, instituída pela Lei nº 7.689/88, sob o argumento de sua inconstitucionalidade. De fato, da análise dos autos, verificamos que em Primeira Instância, a sentença foi desfavorável ao contribuinte, denegandose a segurança. Contra tal decisão, o contribuinte interpôs o recurso de apelação nº 93.03.648862 perante o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3a Região, em cujo acórdão, foi dado provimento ao recurso, reconhecendose a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689/88 (fls.247/249). Inconformada, a União interpôs recurso especial e extraordinário, os quais foram submetidos ao crivo de admissibilidade do Tribunal. O recurso especial não foi admitido (fl. 428). Já o recurso extraordinário foi admitido (fls.429/431) e encaminhado para julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi Fl. 581DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 582 6 parcialmente provido para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689/88 apenas para o anobase de 1988 (fls. 436/441). O trânsito em julgado ocorreu em 21 de novembro de 1995 (fl. 473). Ressaltese que às folhas 303 a 308 foram juntadas ao processo as guias de depósitos judiciais efetuados pelo contribuinte. Em consulta ao sistema SINAL08 desta Secretaria da Receita Federal (SRF), verificamos que já houve a conversão em renda dos depósitos judiciais, a favor da União, em 09 de junho de 2006, no montante de R$ 34.388,88 (trinta e quatro mil e trezentos e oitenta e oito reais e oitenta e oito centavos fl. 465). Mediante cálculos no sistema DEPJUD, apuramos o montante convertido em renda de R$ 34.403,57 (trinta e quatro mil e quatrocentos e três reais e cinqüenta e sete centavos fl. 466). A diferença de R$ 14,69 (quatorze reais e sessenta e nove centavos) é imaterial. Adicionalmente, com o fito de verificarmos a suficiência dos mencionados depósitos, efetuamos cálculos no sistema SICALC, onde apuramos saldos devedores para todos os períodos de apuração (fls.467/470). Ante todo o cenário exposto e dado o fato de que não houve a apreciação do mérito da impugnação apresentada pelo contribuinte, propomos o envio deste processo administrativo à DRJII/SPO/SP para providências e posterior encaminhamento do processo à EQCOB/DICAT/DERAT para ciência da decisão e medidas cabíveis; uma vez que já houve o trânsito em julgado da medida judicial envolvida.” Os autos foram então enviados a esta Delegacia de Julgamento (DRJ/SPOI) para prosseguimento. A 4ª Turma da DRJ em São Paulo, em análise da impugnação apresentada, julgoua improcedente. Em resumo, considerou válido o lançamento pelos seguintes motivos: (i) o depósito realizado pelo contribuinte não teria sido integral; (ii) o acórdão favorável ao contribuinte e relativo à apelação somente foi publicado após a ciência do lançamento. Em razão disso, concluiu a turma julgadora que no momento do lançamento não havia suspensão da exigibilidade, o que implicaria a manutenção do lançamento em sua integralidade, incluindo multa e juros de mora. O contribuinte foi cientificado da decisão em 23 de novembro de 2009 (efl. 528), apresentando recurso voluntário de efls. 538560 em 23 de dezembro de 2009. Em síntese, a Recorrente alega que: o lançamento foi realizado com exigibilidade suspensa, conforme consta no próprio Termo de Verificação Fiscal, portanto, não poderia a decisão recorrida alterar tal entendimento; em face do lançamento ter sido realizado com exigência de multa de ofício e juros de mora, a Recorrente peticionou nos autos do processo judicial requerndo o cancelamento do auto de infração, tendo sido deferida seu pedido pelo Poder Judiciário; ainda que fosse confirmada a insuficiência dos depósitos, o lançamento até poderia ter sido feito com exigibilidade suspensa, mas a incidência de multa de ofício e juros Fl. 582DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 583 7 de mora somente poderiam incidir sobre a parcela de tributo não acobertada pelos depósitos judiciais; ainda que assim não foose, o valor do saldo remanescente não poderia jamais ser cobrado por absoluta falta de liquidez e certeza; por fim, questiona a aplicação da taxa Selic como juros moratórios. É o relatório. Fl. 583DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 584 8 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 23 de novembro de 2009 apresentando recurso voluntário 23 de dezembro de 2009, ou seja, tempestivamente. Preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade do recurso, dele, portanto, tomo conhecimento. 2 MÉRITO O litígio é relativamente simples: a autoridade fiscal lavrou auto de infração para prevenção de decadência em face da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em face de depósitos judiciais realizados pelo contribuinte no bojo de Mandado de Segurança. Além da CSLL lançada, houve ainda a cominação de multa de ofício e cobrança de juros moratórios. É importante ressaltar que a autoridade fiscal responsável pelo lançamento fez constar à efl. 16 que o lançamento estava sendo constituído com exigibilidade suspensa em face de depósitos judiciais realizados pelo contribuinte, fazendo ainda ressalva expressa à efl. 22 de que “O item 7 do Auto de Infração, fica ressalvado, estando a exigibilidade suspensa até ulterior decisão judicial nos termos do art. 151 da Lei nº 5.172/66 – CTN”. A decisão recorrida, contudo, tomando por base despacho exarado pela unidade preparadora 16 anos após a realização do lançamento, considerou que os depósitos não eram suficientes para garantir a totalidade do crédito tributário em litígio, concluindo, então, que não era o caso de suspensão da exigibilidade em razão da realização de depósito do montante, e, na ausência de decisão judicial que à data do lançamento suspendesse a exigibilidade do crédito tributário, a exigência devia prosperar, inclusive no tocante à incidência de multa de ofício e juros moratórios. Entendo que a decisão recorrida não pode prosperar. Se a própria autoridade fiscal que realizou o lançamento assentiu que o depósito realizado correspondia ao montante do crédito tributário lançado de ofício, não poderia a turma julgadora alterar tal conclusão, até mesmo porque o contribuinte, em sua impugnação, sequer abordou a matéria, uma vez que, conforme constava expressamente no lançamento, a exigibilidade do crédito estaria suspensa em face de depósito do montante integral. Isso porque o § 3º do art. 18 do Decreto nº 70.235/72 é taxativo ao impor que se houver inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência deverá ser lavrado auto de infração complementar, devolvendose o prazo ao sujeito passivo para apresentação de impugnação no concernente à matéria modificada. Tal dispositivo, portanto, proíbe às turmas julgadoras a alteração do fundamento do lançamento. No caso concreto, nos moldes em que foi realizada, preteriu Fl. 584DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 585 9 inclusive o direito de defesa do contribuinte, o que poderia ensejar, inclusive, sua nulidade, a teor do que dispõe o art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72. Esclareço que somente não o faço em razão do disposto no parágrafo terceiro desse mesmo dispositivo legal que faculta ao julgador, quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, não se pronunciar nem mandar repetir o ato ou suprirlhe a falta. Considerandose que a própria autoridade lançadora considerou que a exigibilidade do crédito tributário estava suspensa em razão de depósito do montante integral, há de se analisar a necessidade, ou não, de realização de lançamento nessas hipóteses. Esse colegiado, ainda que em outra composição, já decidiu que não se faz necessário o lançamento em casos de depósito do montante integral (Acórdão 1402001.570, sessão de 12 de fevereiro de 2014). Em tal julgado também fui responsável pelo relato do caso, tendo assim me manifestado: [...] a Primeira Seção do STJ já pacificou a matéria no julgamento EREsp n. 898.992/PR (acórdão publicado no DJ 27/08/2007), sob a relatoria do Ministro Castro Meira, de modo unânime, exarando o entendimento de que: [...] com o depósito do montante integral temse verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Se a Fazenda aceita como integral o depósito, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito, aquiesceu expressa ou tacitamente com o valor indicado pelo contribuinte, o que equivale à homologação fiscal prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontra se constituído o crédito tributário, razão pela qual não há mais falar no transcurso do prazo decadencial nem na necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Eis a sua ementa: PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. ART. 151, II, DO CTN. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONVERSÃO EM RENDA. DECADÊNCIA. 1. Com o depósito do montante integral temse verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Se a Fazenda aceita como integral o depósito, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito, aquiesceu expressa ou tacitamente com o valor indicado pelo contribuinte, o que equivale à homologação fiscal prevista no art. 150, § 4º, do CTN. 2. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há mais falar no transcurso do prazo decadencial nem na necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. 3. "No lançamento por homologação, o contribuinte, ocorrido o fato gerador, deve calcular e recolher o montante devido, independente de Fl. 585DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 586 10 provocação. Se, em vez de efetuar o recolhimento simplesmente, resolve questionar judicialmente a obrigação tributária, efetuando o depósito, este faz as vezes do recolhimento, sujeito, porém, à decisão final transitada em julgado. Não há que se dizer que o decurso do prazo decadencial, durante a demanda, extinga o crédito tributário, implicando a perda superveniente do objeto da demanda e o direito ao levantamento do depósito. Tal conclusão seria equivocada, pois o depósito, que é predestinado legalmente à conversão em caso de improcedência da demanda, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, equiparase ao pagamento no que diz respeito ao cumprimento das obrigações do contribuinte, sendo que o decurso do tempo sem lançamento de ofício pela autoridade implica lançamento tácito no montante exato do depósito" (Leandro Paulsen, "Direito Tributário", Livraria do Advogado, 7ª ed, p. 1227). 4. Embargos de divergência não providos. Logo, se o depósito realizado realmente for suficiente para acobertar o montante integral do crédito tributário em litígio, não há que se falar em lançamento. A própria Fazenda Nacional vem se valendo de tal exegese em execuções fiscais nas hipóteses em que o contribuinte realizou o levantamento do depósito, como se pode observar no REsp nº 1216466 / RS em que a Fazenda ingressou com execução fiscal baseada na confissão de dívida via depósito judicial: TRIBUTÁRIO EXECUÇÃO FISCAL PRESCRIÇÃO INEXISTÊNCIA – DEPÓSITO CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LEVANTAMENTO INDEVIDO EXIGIBILIDADE TERMO A QUO. 1. O depósito do crédito tributário equivale ao lançamento tributário para fins de constituição da dívida. Precedentes. 2. O levantamento indevido de depósito judicial autoriza a cobrança da quantia percebida, no prazo de prescrição de 5 anos, contados da data da extinção do depósito. 3. Inexistência de prescrição se o ajuizamento ocorreu 3 anos após o levantamento indevido do depósito. 4. Recurso especial não provido. (REsp nº 1216466 / RS, Relatora Ministra Diva Malerbi – Desembargadora Convocada do TRF da 3ª Região, 2ª Turma, sessão de 20/11/2012, DJe de 04/12/2012) Logo, se o depósito realizado realmente for suficiente para acobertar o montante integral do crédito tributário em litígio, não há que se falar em lançamento. A própria Fazenda Nacional vem se valendo de tal exegese em execuções fiscais nas hipóteses em que o contribuinte realizou o levantamento do depósito, como se pode observar no REsp nº 1.216.466/RS em que a Fazenda ingressou com execução fiscal baseada na confissão de dívida via depósito judicial: TRIBUTÁRIO EXECUÇÃO FISCAL PRESCRIÇÃO INEXISTÊNCIA – DEPÓSITO CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LEVANTAMENTO INDEVIDO EXIGIBILIDADE TERMO A QUO. 1. O depósito do crédito tributário equivale ao lançamento Fl. 586DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 587 11 tributário para fins de constituição da dívida. Precedentes. 2. O levantamento indevido de depósito judicial autoriza a cobrança da quantia percebida, no prazo de prescrição de 5 anos, contados da data da extinção do depósito. 3. Inexistência de prescrição se o ajuizamento ocorreu 3 anos após o levantamento indevido do depósito. 4. Recurso especial não provido. (REsp nº 1.216.466/RS, Relatora Ministra Diva Malerbi – Desembargadora Convocada do TRF da 3ª Região, 2ª Turma, sessão de 20/11/2012, DJe de 04/12/2012) Na mesma linha de raciocínio, e para pôr fim de vez à controvérsia, o STJ analisou o tema sob a égide do então art. 543C do CPC (“recurso repetitivo”), cujo entendimento deve ser reproduzido pelos membros deste Tribunal Administrativo, a teor do que dispõe o art. 62, §2º, do Anexo II do RICARF. A ementa de tal julgado, na parte que interessa ao caso concreto, foi assim vazada: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. AÇÃO ANTIEXACIONAL ANTERIOR À EXECUÇÃO FISCAL. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). ÓBICE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL, QUE, ACASO AJUIZADA, DEVERÁ SER EXTINTA. [...] 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. [...] (REsp 1.140.956/SP, Relator Ministro Luiz Fux, sessão de 24/11/2010, DJe 03/12/2010) Portanto, no caso concreto, se a própria autoridade fiscal autuante concluiu que havia depósito do montante integral, e que o STJ pacificou o entendimento de que o lançamento estaria impedido em tal hipótese, há de se cancelar integralmente a presente exigência. Além disso há de ressaltar que havia decisão judicial expressa já cancelando a presente exigência: às fls. 5960 dos presentes autos consta cópia de decisão judicial exarada no bojo do Mandado de Segurança em questão em que, de maneira taxativa, o magistrado deferiu o pedido do contribuinte para tornar insubsistente o presente lançamento. Certa ou errada tal decisão, há de se cumprila. Caso a Fazenda Nacional discordasse de tal entendimento, deveria ter buscado sua reforma nos tribunais competentes. Tal fundamento, contudo, não seria suficiente, nesse momento, para firmar convicção definitiva sobre o cancelamento da exigência por decisão judicial, uma vez que não há nos autos elementos suficientes para se afirmar se houve não interposição de recursos da PGFN com vistas a reforma de tal decisão. Fl. 587DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13805.006726/9323 Acórdão n.º 1402002.193 S1C4T2 Fl. 588 12 De toda forma, em razão do depósito do montante integral do débito em questão, nos termos em que realizado o lançamento, a exigência não prosperar. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 588DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13603.002727/2003-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/07/2003
COMPENSAÇÃO. DCOMP NÃO HOMOLOGADA. DÉBITO NÃO CONFESSADO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Deve ser constituído o crédito tributário referente a débito declarado em declaração de compensação à época em que este documento não possuía característica de confissão de dívida.
Numero da decisão: 3201-002.129
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntário e de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Elias Fernandes Eufrásio, Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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DCOMP NÃO HOMOLOGADA. DÉBITO NÃO CONFESSADO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Deve ser constituído o crédito tributário referente a débito declarado em declaração de compensação à época em que este documento não possuía característica de confissão de dívida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntário e de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Elias Fernandes Eufrásio, Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Ausente, justificadamente, a conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 00 27 27 /2 00 3- 35 Fl. 284DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13603.002727/200335 Acórdão n.º 3201002.129 S3C2T1 Fl. 285 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente processo de Auto de Infração de fls. 06/12 com exigência de crédito tributário no montante de R$4.262.241,07 a título de Cofins (R$2.318.780,67), mais multa de oficio e juros de mora, relativa aos fatos geradores de out/2002, dez/2002, abr/2003, jun/2003 e jul/2003. Tal autuação ocorreu em face do indeferimento, pela DRF Contagem, do pleito de compensação de tais débitos com crédito de IPI, formulado nos processos 13603.002125/200388, 13603.001587/200388 e 13603.001590/200300, sendo que o indeferimento foi motivado pelo fato de o alegado crédito de IPI estar, à época, em discussão no Mandado de Segurança n° 2003.38.00.0209351. Irresignada, tendo sido cientificada em 25/11/2003 (fl. 11), a empresa apresentou, em 22/12/2003, o arrazoado de fls. 56/78, acompanhado dos documentos de fls. 79/143, com as suas razões de defesa a seguir reunidas sucintamente. “(...) ... como o auto de infração foi apurado através de escrituração fiscal, o agente fiscal deveria, (...), ter relacionado os livros ou registros contábeis fiscalizados para embasar seu lançamento, como também deveria comprovar sua habilitação contábil ensejadora Como é de conhecimento de todos, (...), somente pode exercer as funções desta natureza os contabilistas formados e devidamente registrados no órgão competente,ou seja, no Conselho Regional de Contabilidade de sua área de atuação, in casu , Minas Gerais. Assim, a agente fiscal não poderia, ou melhor, nem deveria, já que é proibido por lei, de exercer tarefas concernentes à outra profissão, sob o risco de incorrer no "exercício ilegal de profissão". (...) ... insta demonstrar o erro do Fisco quando traz anexos e demonstrativos juntados ao auto de infração e que, supostamente, demonstram os períodos, datas e valores apurados. Estão em total desarmonia com a legislação e doutrina em vigor... (...) Em momento algum houve, por parte da Fiscalização, a intenção de buscar a verdade fiscal, prevalecendo a intenção de lavrar o auto de infração mais oneroso para o contribuinte. (...) Fl. 285DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13603.002727/200335 Acórdão n.º 3201002.129 S3C2T1 Fl. 286 3 Ademais, como a presente autuação decorreu da não homologação da compensação efetuada pela empresa, e que a mesma apresentou Manifestações de Inconformidade contra os respectivos despachos decisórios, devese atentar para a falta de atendimento a previsto no art.74, §11 da Lei n° 9.430/96, alterado pela Lei n° 10.637/02 e pela MP 135/03... Devese ressaltar que enquanto perdurar a causa da suspensão da exigibilidade, o crédito tributário é desprovido de certeza, liquidez e exigibilidade, não podendo a Fazenda promover qualquer ato tendente a cobrar esse crédito. Desde que a exigibilidade do crédito tributário esteja suspensa, enquanto não esgotada a via utilizada para o questionamento quanto à legalidade ou constitucionalidade do crédito constituído, não pode a autoridade fiscal dar início a qualquer procedimento tendente a proceder a sua cobrança, ou caso o procedimento de cobrança já tenha sido iniciado deverá ser interrompido. Desta forma, como as manifestações de inconformidade apresentadas ainda não foram devidamente julgadas, o Fisco não poderia ter lavrado o presente auto de infração. (...) DO MÉRITO Ressaltase que a ESAB promoveu a extinção do débito, objeto do presente Auto de Infração, através das seguintes Declarações de Compensação apresentadas à SRF: Processos 13603.002125/200388, 13603.001587/200388 e 13603.001590/200300. Nas referidas compensações foram utilizados créditos oriundos de pagamentos a maior ocorridos no período de Fevereiro/99 a Setembro/02, posteriormente apurados pela contribuinte. Entretanto, a ESAB não providenciou a retificação das DCTF relativas ao período. Dessa forma, o Delegado da Receita Federal não conseguiu verificar a origem dos pagamentos a maior e declarou nãohomologada as declarações apresentadas. Ressaltase que os despachos decisórios que indeferiram as homologações somente foram comunicados à ESAB em 25 de novembro de 2003. Em virtude do equívoco verificado em relação à análise realizada pela SRF, a ESAB protocolizará, dentro do prazo de 30 trinta dias concedido pela Instrução Normativa n° 210, de 30 de setembro de 2002, a manifestação de inconformidade para reforma da decisão que não homologou a compensação declarada. QUANTO ÀS MULTAS Fl. 286DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13603.002727/200335 Acórdão n.º 3201002.129 S3C2T1 Fl. 287 4 ... levandose em consideração que não ocorreu nenhuma das hipóteses previstas pela legislação, uma vez que a empresa efetuou a compensação de seus créditos, não havendo, por isso que se falar em aplicação de multa, em qualquer percentual, já que não houve ilícito e portanto, não há penalidade que se imponha à Impugnante. Frisase, mais uma vez, que a empresa impugnante não deixou de efetuar o pagamento do tributo em questão, mas sim realizou compensações em que o crédito utilizado é reconhecidamente válido." A DRJ/Belo Horizonte, por intermédio do Despacho n° 04, de 09 de julho de 2007, de fl. 153, resolveu encaminhar o presente processo à DRF em Contagem/MG, em razão de seu julgamento depender do julgamento dos processos de compensação precitados, lembrando que "só deve retornar à esta DRJ quando do deslinde dos processos supra, acompanhado de cópia dos Acórdãos de seu julgamento". Em atendimento, a Delegacia da Receita Federal em Contagem/MG despachou à fl. 210 informando ter anexado cópias dos acórdãos proferidos pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos processos precitados, e ressaltando que, após tomar ciência dos acórdãos, a contribuinte não se manifestou nos autos. Sobreveio decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo em parte o lançamento fiscal. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2002 a 31/07/2003 DÉBITO DECLARADO NÃO QUITADO. Caracterizado que o débito declarado não foi quitado, a exigência nele consubstanciada deve ser mantida. MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA Em face do princípio da retroatividade benigna, deve ser reduzida a penalidade que, posteriormente à sua imposição e antes da decisão administrativa, acabou atenuada pela legislação tributária. A decisão cancela a exigência da multa de ofício de 75%, convertendo a mesma em multa de mora de 20%, em atenção ao princípio da retroatividade benigna. O crédito exonerado foi objeto de recurso de ofício. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. Fl. 287DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13603.002727/200335 Acórdão n.º 3201002.129 S3C2T1 Fl. 288 5 Requereu, ainda, a desistência parcial do recurso em relação as competências 04, 06 e 07 de 2003, a qual foi posteriormente retificada com o pedido de não desistir do recurso em relação à competência 07/2003 Encaminhado o processo ao CARF, decidiu a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção pela conversão do julgamento em diligência, para verificação de possível duplicidade de lançamento. A unidade de origem, em atendimento a determinação desta Turma, informou que não existe a alegada duplicidade de lançamento, tendo em vista que os débitos que poderiam levar a esta dupla exigência foram excluídos dos processos 13603.002312/200281 e 13603.000089/200318. A recorrente, intimada do resultado deste procedimento de diligência, não apresentou novas razões. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Os recursos voluntário e de ofício atendem aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. Do Recurso de Ofício A multa de oficio aplicada (75%) foi convertida para a multa de mora (20%), prevista art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, em atenção ao princípio da retroatividade benigna. De fato, tendo em vista que o art. 18 da Lei n° 10.833/2003, posterior ao lançamento, prevê que o lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida, mostrase correta a decisão recorrida em aplicar tal dispositivo de forma retroativa e cancelar a exigência, em atenção ao previsto no artigo 106, II, "c", do CTN. Desta forma, nego provimento ao recurso de ofício. Do Recurso Voluntário Tratase de auto de infração que formaliza a exigência de tributos que foram objeto de declarações de compensação não homologadas pela RFB, protocoladas pelo sujeito passivo entre outubro de 2002 julho de 2003, época em que tais documentos ainda não tinham o caráter de confissão de dívida. As declarações de compensação que originaram a presente autuação foram objeto de recurso administrativo já definitivamente julgado, tendo decidido a administração pela manutenção do indeferimento do pleito. Fl. 288DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 13603.002727/200335 Acórdão n.º 3201002.129 S3C2T1 Fl. 289 6 Em relação à alegação de duplicidade de lançamento, conforme verificado em procedimento de diligência fiscal, os débitos a que se refere este auto de infração não estão sendo exigidos nos processos nº 13603.002312/2002 e 13603.000089/200318, de forma que não assiste razão a recorrente. Correta, portanto, a decisão recorrida ao manter o lançamento. Diante do exposto, voto por negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 289DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 06/05/2016 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 11128.003286/2010-45
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 08/05/2010
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Recurso Especial Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.621
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 32 86 /2 01 0- 45 Fl. 175DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 176 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801003.277, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.551, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.004458/201015, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.551): "O recurso é tempestivo e, ao contrário do alegado pelo sujeito passivo em suas contrarrazões, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser admitido. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 177 3 De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, como dito anteriormente, são, exatamente, as mesmas, a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima, que não faz qualquer distinção se o transporte é marítimo ou aéreo. O dispositivo legal interpretado é, absolutamente, idêntico, mas os resultados dos julgamentos foram distintos. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese ainda que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Importante frisar que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Atendido, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 178 4 Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 179 5 Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 179DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 180 6 natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 181 7 De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 182 8 Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.003286/201045 Acórdão n.º 9303003.621 CSRF‐T3 Fl. 183 9 Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 183DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 15586.720716/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2004 a 03/12/2004
SIMULAÇÃO.
A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente - realização formal - e o ato que se quer materializar - oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes verdadeiramente manifestadas publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente.
RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram.
SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO
Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. INAPLICABILIDADE.
Inaplicável a imposição de multa isolada de 150% prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003 quando a autoridade fiscal não demonstra, por meio da linguagem de provas, a intenção dolosa na falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 3201-002.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial, nos termos seguintes: a) por voto de qualidade, para manter a glosa dos créditos. Vencidos os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Schappo, que davam integral provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. b) por maioria de votos, para reduzir a multa isolada para 75%. Vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano D'Amorim e Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, relator, que a mantinha no percentual lançado. Designado para redigir o voto vencedor, nesta parte, o Conselheiro Winderley Morais Pereira.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto - Relator.
Winderley Morais Pereira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cassio Schappo, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2004 a 03/12/2004 SIMULAÇÃO. A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente - realização formal - e o ato que se quer materializar - oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes verdadeiramente manifestadas publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente. RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram. SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. INAPLICABILIDADE. Inaplicável a imposição de multa isolada de 150% prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003 quando a autoridade fiscal não demonstra, por meio da linguagem de provas, a intenção dolosa na falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo.
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A simulação se caracteriza pela divergência entre o ato aparente realização formal e o ato que se quer materializar oculto. Assim, na simulação, os atos exteriorizados são sempre desejados pelas partes, mas apenas formalmente, pois materialmente o ato praticado é outro. Portanto, para fins de caracterizar, ou não, simulação, é irrelevante terem as partes verdadeiramente manifestadas publicamente vontade de formalizar determinados atos por natureza lícitos, pois tal fato em nada influi sobre o cerne da definição de simulação, que é a divergência entre exteriorização e vontade. Para que não se configure simulação, é necessário mais que isso, é necessário que as partes queiram praticar esses atos não apenas formalmente, mas também materialmente. RELAÇÃO JURÍDICA APARENTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Restando configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada, os efeitos tributários devem ser determinados conforme os atos efetivamente ocorreram. SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. INAPLICABILIDADE. Inaplicável a imposição de multa isolada de 150% prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/2003 quando a autoridade fiscal não demonstra, por meio da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 07 16 /2 01 2- 11 Fl. 693DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 676 2 linguagem de provas, a intenção dolosa na falsidade da compensação efetuada pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial, nos termos seguintes: a) por voto de qualidade, para manter a glosa dos créditos. Vencidos os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Schappo, que davam integral provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. b) por maioria de votos, para reduzir a multa isolada para 75%. Vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano D'Amorim e Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, relator, que a mantinha no percentual lançado. Designado para redigir o voto vencedor, nesta parte, o Conselheiro Winderley Morais Pereira. Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator. Winderley Morais Pereira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Cassio Schappo, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Trata o presente da análise dos Pedidos de Ressarcimento e respectivas Declarações de Compensações referentes a pretensos créditos de PIS e COFINS, apurados no período compreendido entre o 1º trimestre de 2005 e o 4º trimestre de 2008, inclusive, vinculados à receita de exportação de que tratam os arts. 3º e 5º da Lei n° 10.637/2002 e arts. 3º e 6º da Lei n° 10.833/2003, combinados com o art. 17 da Lei n° 11.033/'00. e o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Inicialmente, foi formalizado um processo por tributo e trimestre, contendo, cada processo, o Pedido de Ressarcimento e as Dcomp a ele vinculadas. Fl. 694DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 677 3 Posteriormente, a fim de atender ao princípio da economia processual, os processos foram apensados ao presente. A DRF/Vitória exarou o despacho decisório de fls. 320/322, com base no Parecer SEFIS nº 149/2012, fls. 288/319, no qual reconheceu em parte o direito creditório pleiteado e homologou parcialmente as compensações declaradas. Em decorrência da decisão proferida foi lavrado o Auto de Infração de fls. 32/39 do processo apenso nº 15586.720852/201258, relativos a multa isolada de 150% calculados sobre o valor dos débitos indevidamente compensados, em virtude da compensação indevida efetuada com base em declaração falsa, no valor total de R$ 867.271,31. No Parecer SEFIS, que serviu de base para o Despacho Decisório, a autoridade fiscal registra, em resumo, que: A partir da instituição das leis que criaram o PIS e a COFINS com incidência nãocumulativa foram abertas várias empresas no Estado do Espírito Santo para atuarem na comercialização de café junto aos produtores (pessoas físicas), pois a referida legislação permite as pessoas jurídicas adquirentes (empresas comerciais exportadoras, torrefadoras de café optantes pela tributação do IRPJ com base no lucro real) à utilização de créditos apurados pela aplicação dos percentuais de 1,65% e 7,6% à titulo do PIS e da COFINS, respectivamente, sobre os valores dessas compras. Estes percentuais não seriam aproveitados caso as aquisições de café em grão fossem feitas diretamente de pessoas físicas. No encerramento de diversas ações fiscais realizadas pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória/ES foram detectadas mudanças no comportamento desse mercado. Grande parte dos proprietários rurais (pessoas físicas) havia sido substituída por empresas atacadistas de fachada. As investigações comprovam que parte dessas empresas era inexistente de fato desde de sua constituição. Quanto ao "modus operandi" pode ser, sucintamente, descrito da seguinte forma: os adquirentes negociavam o café diretamente com os produtores rurais (pessoas físicas) com a determinação de emitir a nota fiscal de saída em nome de uma empresa de fachada, que por sua vez para guiava o café diretamente para um estabelecimento da real compradora (comercial exportadora ou industria cafeeira). O resultado desse planejamento tributário é que as empresas “de fachada" além de não declararem nem pagarem os tributos devidos decorrentes dessas operações, passaram a gerar créditos do PIS e da COFINS para as empresas comerciais exportadoras ou para a industria de café. Já os adquirentes de café se creditam de tributos que jamais foram declarados ou recolhidos nas fases anteriores do processo produtivo. Fl. 695DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 678 4 Para comprovar essa prática, foram anexadas cópias de vasto material narrativo dos fatos constatados nas ações fiscais encerradas nesta Delegacia e a grande cobertura jornalística dada às duas operações decorrentes desse trabalho, a "TEMPO DE COLHEITA", deflagrada em 2007 e a "BROCA" empreendida em 2010. Em conseqüência do exposto, foram efetuadas glosas de créditos sobre aquisições de café de empresas de fachada. As empresas selecionadas possuem nos seus quadros societários sócios "laranjas" identificados a partir de depoimentos prestados pelos próprios sócios e movimentação financeira incompatíveis com a receita bruta de venda declarada à RFB. Foram consolidadas as aquisições de café em nome das empresas “de fachada" abaixo para compor a base de cálculo mensal de glosa dos créditos parciais indevidamente apropriados. a) Mercantil Mundo Novo Ltda CNPJ 03.085.314/000122; b) Mercantil Novo Horizonte Ltda CNPJ 05.298.287/000100; c) Danúbio Com. e Exp. de Café e Cereais Ltda CNPJ 39.618.624/0001 02 As bases de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos foram recompostas em razão das glosas e da apuração de crédito presumido. A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório em 09/11/2012 e apresentou Manifestação de Inconformidade em 10/12/2012 (fl. 368 a 379), alegando, em síntese que: A glosa fiscal é totalmente arbitrária e ilegal. Com efeito, o parecer administrativo em questão foi expedido com manifesta contrariedade aos fatos e ao direito, conforme se explana adiante. Em nenhuma das ações investigativas do Fisco a interessada figurou como suspeita de agir em conluio com as empresas “de fachada” listadas. Assim sendo, tal fato não pode impedila de exercer seu direito ao aproveitamento dos créditos Efetivamente, impõese mencionar que as aquisições de cafés foram, de fato, efetuadas e pagas às empresas em questão. Não obstante, o procedimento fiscal não levantar dúvidas a esse respeito, por medida de cautela, a Recorrente traz aos autos a documentação, comprobatória da efetividade dessas operações, tais como, as cópias das notas fiscais de aquisição, os comprovantes de pagamentos, as consultas online realizadas junto ao S1NTEGRA estadual, que informavam as empresas na condição de empresas regulares.e ativas. Cabe lembrar que, mesmo nas hipóteses de declaração da condição de inapta da inscrição no CNPJ, dispõe o Parágrafo Único, art. 82, da Lei n.° 9.430/96, que os efeitos da declaração Fl. 696DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 679 5 da condição de inapta da inscrição no CNPJ não se aplicam ao terceiro, adquirente da mercadoria, que comprova a efetividade da operação e seu pagamento. A empresa Danúbio Com e Exp de Café e Cereais LTDA. encontrase com seu CNPJs ativos e regulares até a presente data, enquanto a Mercantil Novo Horizonte Ltda e a Danúbio Com. e Exp. de Café e Cereais Ltda. somente tiveram suas inscrições no CNPJ suspensas/baixadas em datas bem posteriores às operações realizadas com a Recorrente. Conforme normatiza a IN RFB n.° 568/05, art. 48, que versa sobre a inidoneidade do documento fiscal da pessoa jurídica cuja inscrição no CNPJ esteja na condição de inapta, a proibição de utilizar créditos para efeito de dedução de tributos somente se aplica quando se efetivar a referida situação fiscal irregular. É forçoso mencionar que o fato dessas empresas supostamente não terem recolhido essas contribuições nessas operações e, ainda, terem incorrido na fraude de não declarar essas operações ao Fisco Federal, não obstaculiza, de modo algum, o direito da Recorrente descontar os créditos integrais de PIS (1,65%) e COFINS (7,60%) sobre essas operações de aquisição de café. Não tem a Recorrente como comprovar e atestar o cumprimento das obrigações tributárias pelo vendedor da mercadoria adquirida. No que tange à hipótese de serem "empresas de fachada" a Recorrente não detém nenhum poder de polícia para exercer previamente uma investigação sobre a veracidade das operações praticadas por essas empresas, bem como se essas empresas possuíam ou não sócios "laranjas". Enfim, a conclusão inarredável é no sentido de que o procedimento fiscal incorreu em flagrante ilegalidade ao glosar os créditos integrais de PIS e COFINS, aproveitados pela Recorrente, em relação às aquisições de cafés efetuados junto a pessoas jurídicas, Com efeito, o fato das pessoas jurídicas terem sido consideradas pelo Fisco Federal como ."empresas de fachada", não pode constituir fato impeditivo que obstaculiza o direito da Recorrente aproveitar os referidos créditos integrais; sobretudo quando inexistem quaisquer indícios que revelem que a Recorrente agiu em conluio com as denominadas "empresas de fachada" com o objetivo de lesar o Fisco Federal. Na impugnação ao Auto de Infração (folhas 42 a 50 do processo nº 15586.720852/201258, apenso) a interessada alega que, conforme se depreende das razões expostas na manifestação da inconformidade ao Parecer n° 149/2012 não são legítimas as glosas realizadas. Alega ainda que Fisco não constituiu quaisquer provas.de que a Impugnante agiu com dolo ou conluio com as denominadas “empresas de fachada" com objetivo de cometer sonegação fiscal. Nesse passo, aqueles procedimentos fiscais revelamse flagrantemente arbitrários, pois nâo encontram suporte na lei e, muito menos, em provas materiais. Fl. 697DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 680 6 Neste contexto, é totalmente indevida a aplicação da multa de 150%. É forçoso concluir que a circunstância de que as empresas vendedoras não efetuaram o recolhimento do PIS e da COFINS, não descaracteriza a incidência dessas contribuições sobre as operações de vendas por elas realizadas. Além disso, depreende se do comando contido no art. 114 do / CTN, que a configuração do fato gerador do tributo obrigação principal independe do cumprimento de obrigações acessórias (declaração da receita em DIPJ, DCTF, etc). Sobreveio decisão da 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, bem como manteve o lançamento da multa isolada. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 03/12/2004 FRAUDE. DISSIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. NEGÓCIO ILÍCITO. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos. USO DE INTERPOSTA PESSOA. INEXISTÊNCIA DE FINALIDADE COMERCIAL. DANO AO ERÁRIO. CARACTERIZADO. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. MULTA ISOLADA SOBRE O VALOR DE DÉBITOS INDEVIDAMENTE COMPENSADOS. Aplicase a multa isolada de 150% sobre o valor do débito indevidamente compensado quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. MULTA DE OFÍCIO. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando ocorre prática reiterada, consistente de ato destinado a iludir a Administração Fiscal quanto aos efeitos do fato gerador da Fl. 698DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 681 7 obrigação tributária, mormente em situação fraudulenta, planejada e executada mediante ajuste doloso. Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A contribuinte teve negado seu direito creditório referente à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, apurados pelo regime da não cumulatividade, devido da glosa de créditos apropriados pela recorrente. Os créditos glosados referemse a aquisições de café – insumo do processo produtivo da recorrente – que a fiscalização entendeu terem sido realizadas junto a empresas atacadistas de fachada, constituídas com o objetivo de apropriação de créditos do PIS e da Cofins no regime da não cumulatividade. A fiscalização afirma que estas empresas formalizavam a compra de café de pessoas físicas, com posterior venda para empresas da região, comerciais exportadoras ou industria cafeeira, operação esta simulada, efetuada com o objetivo de mascarar o negócio realmente realizado, qual seja à aquisição direta do café junto à proprietários rurais pessoas físicas – que não concede direito ao crédito pleiteado. A recorrente, por sua vez, sustenta a licitude dos seus negócios junto a estas empresas, alegando que não teria obrigação de fiscalizar a idoneidade das empresas as quais contrata a aquisição de seus insumos. Alega ainda não ter figurado como investigado nos procedimentos realizados pelo Fisco, realçando a licitude de seus atos. Pois bem, para a solução da lide mostrase necessário antes o esclarecimento de alguns conceitos aplicados neste julgamento. A primeira distinção a ser feita referese aos termos elisão e evasão fiscal. De forma sucinta, podemos conceituar elisão fiscal como sendo a economia lícita de tributos. Já por evasão fiscal entendese a diminuição da carga tributária alcançada pela prática de sonegação, fraude ou simulação, vedadas pelo nosso ordenamento jurídico. A autoridade fiscal afirma que a recorrente teria adquirido serviços empresas de fachada, inexistentes de fato, prática vulgarmente conhecida como constituição de empresa por meio de sócio “laranja”, conceituada juridicamente como simulação. De Plácido e Silva conceitua simulação como “o artifício ou o fingimento na prática ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como Fl. 699DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 682 8 verdadeiro, ou lhe dando aparência que não possui (...) No sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros” (Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense, 1990). Luciano Amaro complementa que “a simulação seria reconhecida pela falta de correspondência entre o negócio que as partes realmente estão praticando e aquele que elas formalizam.” (Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 13ª Ed. Ed Saraiva, 2007, p. 231) Simulação corresponde, portanto, a realização de atos ou negócios jurídicos através de forma prescrita ou não defesa em lei, mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relação jurídica. O ato existe apenas aparentemente; é um ato fictício, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. A autoridade fiscal, ao verificar que o sujeito passivo utilizouse de simulação para esquivarse do pagamento de tributo, tem o dever de aplicar a legislação tributária de acordo como os fatos efetivamente ocorreram, em detrimento daquela verdade jurídica aparente. Esta afirmação encontrase em consonância com o atual estágio de evolução do pensamento jurídico. Já se encontra ultrapassada a fase da idolatria à Lei, e isto não apenas em relação aos ramos clássicos do Direito; o Direito Tributário também acompanhou esta passagem da jurisprudência dos conceitos para a jurisprudência dos valores. Segundo a hermenêutica contemporânea, ao fatos jurídicos tributários não devem ser interpretados apenas sob a ótica das formas jurídicas permitidas, mas sim também sob a perspectiva de sua utilização concreta, à luz dos valores básicos de igualdade, da solidariedade e da justiça. Ponderase a liberdade com a isonomia e a capacidade contributiva. Marco Aurélio Greco, com lucidez, ressalta que esta transformação acompanha a mudança ocorrida em nossa realidade política, social e fática: Por outro lado, a liberdade absoluta do contribuinte levou a uma infinidade de estruturas negociais e reestruturações societárias que, com propriedade, foram consideradas meramente “de papel”. A prevalência da forma levou, da perspectiva da legalidade, à veiculação de praticamente quaisquer conteúdos desde que através de lei em sentido formal; e da perspectiva da liberdade de autoorganização ao surgimento de “montagens jurídicas” sem qualquer substância econômica, empresarial ou extratributária. Enquanto o modelo formal de abordagem do fenômeno tributário era levado à sua quintessência e privilegiava a forma – e não apenas esta, pois chegava até mesmo à idolatria da linguagem em que esta se apresentava – a realidade política, social e fática mudava profundamente. A Constituição de 1988 assumiu o perfil de uma Constituição da Sociedade Civil, diversamente da Carta de 1967 que possuía o feitio de uma Constituição do Estadoaparato (GRECO, 2005). Esta mudança se espraia por todo seu texto a começar pelo Fl. 700DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 683 9 artigo 1º que afirma categoricamente ser o Brasil um Estado Democrático de Direito e não apenas um Estado de Direito e seu art. 3º, I coloca a construção de uma sociedade livre, justa e solidária como objetivo fundamental da República. Isto implica colocar a variável social ao lado e no mesmo plano da individual e abre espaço para se reconhecer a solidariedade social como fundamento último da tributação (GRECO, 2005). [...] Por outro lado, a sociedade passou a ver nos direitos fundamentais e na eficácia jurídica das normas que os prevêem um canal relevante de reconhecimento e atendimento das demandas sociais. Por fim, criouse a consciência de que a criatividade deve ser prestigiada, mas é importante reagir contra a mera esperteza de quem quer levar vantagem como se o indivíduo vivesse isolado, tendo o mundo submetido à sua disposição ou predação. (Greco, Marco Aurélio, artigo “Crise do Formalismo do Direito Tributário”, publicado na Revista da PGFN nº 01) Caracterizado que a forma jurídica adotada não reflete o fato concreto, o Fisco encontrase autorizado “a determinar os efeitos tributários decorrentes do negócio realmente realizado, no lugar daqueles que seriam produzidos pelo negócio retratado na forma simulada pelas partes” (Amaro, Luciano, ob. cit., p. 233/234). Assim, quando verificado que o contribuinte, com o único objetivo de não recolher tributos, adota formas jurídicas anormais, insólitas ou inadequadas, as mesmas podem ser desconsideradas, exigindose os tributos que seriam devidos não fosse a forma jurídica anormal adotada. Uma questão a ser dirimida é a de se saber se houve, no procedimento fiscal, comprovação material da infração e, para tanto, algumas considerações acerca de direito probatório, ou mais especificamente sobre como se chega à comprovação material de um dado fato, são necessárias. Na busca pela verdade material – princípio este informador do processo administrativo fiscal –, a comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Não há, em sede de processo administrativo, uma hierarquização préestabelecida dos meios de prova, sendo perfeitamente regular o estabelecimento da convicção a partir do cotejamento de elementos de variada ordem, desde que estejam estes, por óbvio, devidamente juntados ao processo. É a consagração da chamada prova indiciária, de largo uso no direito. A comprovação fática do ilícito raramente é passível de ser produzida por uma prova única, isolada; aliás, só seria possível, praticamente, a partir de uma confissão expressa do infrator, coisa que dificilmente se terá, por mais evidentes que sejam os fatos. O uso de indícios não pode ser confundido com a utilização de presunções legais. Diferem a presunção e o indício pela circunstância de que àquele o direito atribui, Fl. 701DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 684 10 isoladamente, o vigor de um verdadeiro conformador de uma outra situação de fato que a lei presume, por uma aferição probabilística que ocorra no mais das vezes. Já o indício não tem esta estatura legal, uma vez que a ele, isoladamente, pouca eficácia probatória é dada, ganhando ele relevo apenas quando, olhado conjuntamente com outros indícios, transfere a convicção de que apenas um resultado fático seria verossímil. Fazse necessário ainda lembrar que no direito administrativo tributário é permitido, em princípio, todo meio de prova, uma vez que não há limitação expressa, ressaltando que predominam a prova documental, a pericial e a indiciária. Pois é exatamente a associação da primeira com a última que se permite concluir a respeito da correção e validade do lançamento. Desta forma, as provas indiretas – indícios e presunções simples – podem ser instrumentos coadjuvantes do convencimento da autoridade julgadora quando da apreciação do conjunto probatório do processo administrativo tributário. As presunções legais ou absolutas independem de prova, assim como a ficção jurídica. As presunções relativas admitem prova em contrário. As presunções simples devem reunir requisitos de absoluta lógica, coerência e certeza para lastrear a conclusão da prova da ocorrência do fato gerador de tributo. Alberto Xavier, em “Do lançamento. Teoria Geral do Ato do Procedimento e do Processo Tributário”, Ed. Forense, 2ª ed., 1998, pág. 133, ao tratar das presunções e da verdade material, assim se pronuncia: A questão está em saber se os métodos probatórios indiciários, aí aonde são autorizados a intervir, são, em si mesmo, compatíveis com o princípio da verdade material. Nos casos em que não existe ou é deficiente a prova direta pré constituída, a Administração Fiscal deve também investigar livremente a verdade material. É certo que ela não dispõe agora de uma base probatória fornecida diretamente pelo contribuinte ou por terceiros; e por isso deverá ativamente recorrer a todos os elementos necessários à sua convicção. Tais elementos serão, via de regra, constituídos por provas indiretas, isto é, por fatos indiciantes, dos quais se procura extrair, com o auxílio de regras da experiência comum, da ciência ou da técnica, uma ilação quanto aos fatos indiciados. A conclusão ou a prova não se obtém diretamente, mas indiretamente, através de um juízo de relacionação normal entre o indício e o tema da prova. Objeto de prova em qualquer caso são os fatos abrangidos na base de cálculo (principal ou substituta) prevista na lei: só que a verdade material se obtém de modo direto e nos quadros de um modo indireto, fazendo intervir ilações, presunções e juízos de probabilidade ou de normalidade. Tais juízos devem ser, contudo, suficientemente sólidos para criar no órgão de aplicação do direito a convicção da verdade. Por fim, em se tratando especificamente da verificação da presença de simulação, os atos praticados pelos contribuintes precisam ser analisados em conjunto, não sendo suficiente a constatação da validade formal do ato visto de forma isolada dos demais. Analisase o filme e não apenas a foto. Fl. 702DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 685 11 Feitas estas considerações, podese voltar ao caso concreto que aqui se tem, analisandose os fatos trazidos pelas partes. A glosa teve por objeto as aquisições de café junto a três empresas, quais sejam: a) Mercantil Mundo Novo Ltda CNPJ 03.085.314/000122; b) Mercantil Novo Horizonte Ltda CNPJ 05.298.287/000100; c) Danúbio Com. e Exp. de Café e Cereais Ltda CNPJ 39.618.624/000102. A recorrente não contesta a inexistência de fato destas empresas, ou mesmo qualquer das irregularidades constatadas pelo Fisco em relação a estas. Afirma, contudo, inexistir nos autos prova de que a mesma agiu em conluio com as referidas "empresas de fachada" com o objetivo de lesar o Fisco Federal. Aduz que as aquisições de cafés foram, de fato, efetuadas e pagas às empresas em questão, e que as empresas encontravamse, segundo pesquisa junto ao SINTEGRA estadual, na condição de empresas regulares e ativas. Pois bem, em relação às operações praticadas no ambiente de negócios ao qual estava incluída a recorrente, encontrase fartamente comprovado que as empresas do ramo adquiriam café de pessoas físicas, todavia formalizavam tais operações como sendo aquisições junto a pessoas jurídicas, com o nítido objetivo de apropriação irregular de créditos integrais do PIS e da Cofins. A operação era assim formalizada pois as aquisições feitas junto a pessoas jurídicas permitem a apropriação de créditos integrais no regime da não cumulatividade do PIS e da Cofins, ao passo que as efetuadas diretamente com pessoas físicas da direito apenas ao crédito presumido previsto no artigo 8º da Lei nº 10.925/2004. Ao formalizar a compra de café como sendo adquirido junto a pessoas jurídicas, as empresas alcançariam o direito de crédito em sua forma integral, superior ao crédito presumido que teria direito pela aquisição de pessoas físicas. A situação exposta está bastante clara nos autos, não sendo nem mesmo objeto de recurso por parte da recorrente. Ressalto, neste ponto, que os processos administrativos tributários que formalizaram as decisões do Fisco neste sentido tem sido confirmados por unanimidade nesta casa, como demonstram as ementas dos acórdãos abaixo citados: SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 686 12 (Acórdão no 3403002.893, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime,sessão de 27/03/2014) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2007 a 31/05/2008, 01/07/2008 a 31/08/2008, 01/10/2008 a 31/12/2009 PIS E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITO. Constatado que o negócio jurídico efetivo foi celebrado com fornecedor pessoa física, devese glosar o crédito de PIS e COFINS apropriado na operação, em conformidade com o art. 3º, §3º, I da Lei nº 10.833/03. INTERPOSIÇÃO DE TERCEIRO. SIMULAÇÃO. FRAUDE E CONLUIO. MULTA QUALIFICADA. A interposição simulada de terceiro alheio ao negócio jurídico, com o escopo de reduzir o montante do tributo configura fraude e conluio (Lei nº 4.502/64, arts. 72 e 73), justificando aplicação de multa qualificada (Lei nº 9.430/96, art. 44, §1º). (Acórdão no 3403002.635, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime ,sessão de 27/11/2013) Observo ainda que este esquema era de plena utilização na região, não sendo factível acreditar que a recorrente não tivesse conhecimento do mercado em que atuava. Assim, o fato de as empresas estarem em situação cadastral regular e ativa no SINTEGRA estadual não parece ser motivo para que a recorrente não tivesse conhecimento de que os documentos que formalizaram os negócios traziam dados de empresas inexistentes de fato. Estas empresas não possuíam locais para a armazenagem do café que negociavam, e se localizavam em diminutos escritórios, algo totalmente incoerente com o volume de negócios que praticavam. As empresas não possuíam patrimônio, não demonstravam capacidade operacional, não possuíam funcionários contratados, nem apresentavam qualquer estrutura logística. Ressaltese ainda que nenhuma destas empresas recolhia os tributos que seriam devidos caso tivesse efetivamente praticado as operações em comento. Ainda em relação aos argumentos apresentados pela recorrente, o fato da mesma não ter sido mencionada nos depoimentos anexados aos autos não se contrapõe a confirmação de que a recorrente se utilizou deste procedimento, adquirindo café de empresas inexistentes de fato e apropriandose irregularmente de créditos do PIS e da Cofins. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 687 13 Ao praticar tais condutas, a recorrente sujeitouse as medidas tomadas pelo Fisco, quais sejam a glosa dos créditos e a aplicação da multa sobre o valor dos débitos indevidamente compensados. A recorrente contesta ainda a aplicação da multa isolada de 150%, pois entende que, além de ser indevida a glosa, não restou comprovado o conluio entre a recorrente e as empresas com que negociou o café. Observase, em que pese o alegado pela recorrente, que a citada penalidade não se restringe a presença de conluio, caracterizado pelo ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, mas também tem aplicação quando presentes as condutas de sonegação ou fraude. Desta forma, em que pese não restar comprovado o conluio entre a recorrente e as empresas, a fraude encontrase cabalmente comprovada, conforme demonstrado neste voto. A glosa dos créditos decorre exclusivamente da constatação de fraude na apropriação de créditos do PIS e da Cofins, posto que os produtos eram adquiridos de pessoas físicas mas formalizados como sendo adquiridos de pessoas jurídicas. A recorrente, como bem observado na decisão recorrida, “se utilizou de uma ‘indústria’ erguida e mantida com sua participação essencial, cujo produto são notas fiscais ideologicamente falsas, emitidas por pessoas jurídicas construídas com este fim específico. Empresas essas com patrimônio totalmente incompatível com a atividade declarada e com a suposta movimentação comercial; que não declaram, nem pagam quaisquer tributos, situada em escritórios acanhados em prédios comerciais, sem qualquer logística capaz de movimentar cargas, armazenar e, muito menos beneficiar, cargas de café”. A recorrente, por meio das Declarações de Compensação objeto desta penalidade, materializou a fraude exposta, incidindo no disposto do artigo 72 da Lei nº 4.502/64. Assim, em atenção ao artigo 18, §2º da Lei 10.833/2003, mostrase correta a exigência da multa isolada no percentual de 150%. Desta forma, diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Voto Vencedor Conselheiro Winderley Morais Pereira Em que pese o voto do i. Relator, divirjo do entendimento quanto a aplicação da multa isolada por falsidade na declaração apresentada pela Recorrente, prevista no art. 18, § 2º da Lei nº 10.833/2003. In Verbis. Fl. 705DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 688 14 Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3o Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando se o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1o, quando for o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 5o Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) O relatório e voto, bem fundamentados do Relator, descrevem a existência de operações de compra e venda de café realizadas a partir de pessoas jurídicas, que foram criadas com o intuito de formalizar operações que viabilizariam a utilização de créditos de COFINS. A posição do relator quanto a esta matéria, ao meu sentir, resta plenamente comprovada e acertada. a Fiscalização comprovou a simulação na criação de empresas jurídicas interpostas para viabilizar a venda de produtos. Existe um vício na criação das empresas jurídicas que realizaram as vendas de café para a Recorrente , impedindo a Recorrente de utilizarse destes créditos. Coaduno com o entendimento do voto do relator que mantêm as glosas realizadas pela Fiscalização. Entretanto, divirjo do seu entendimento quanto a multa isolada por apresentação de declaração falsa. Entendo que a falsidade prevista na norma não tratase, única e exclusivamente, da existência de informação falsa intrínsica a declaração, fazse necessário que o elemento subjetivo também esteja presente, ou seja, é necessário que o sujeito passivo que registra o pedido de compensação tenha conhecimento da falsidade das informações constantes da compensação. Não basta apenas a comprovação da existência de falsidade na declaração, Fl. 706DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 689 15 sendo necessária, para a configuração da penalidade, a prova do conhecimento do sujeito passivo da existência de tal elemento na declaração por ele registrada. A teor do relatado e consultando os autos, não é comprovado pela Fiscalização uma vinculação evidente ou prova da existência da vontade ou ainda, do conhecimento do sujeito passivo da existência de vícios na criação e operação das pessoas jurídicas revendedoras dos produtos. Entendo que a aplicação da multa isolada, nos termos previstos na legislação, necessita da comprovação por meio de provas, do intuito doloso do agente. Nos autos, tal situação não restou comprovada. Lembro que na exigência fiscal, o ônus probante é da Fiscalização e no caso em tela, não esta configurado nos autos a prática de atos dolosos por parte do Recorrente. Vale ressaltar, conforme já explicitado neste voto, que quanto as glosas realizadas nos pedidos de compensação, entendo não existir nenhum reparo na posição adotado pelo relator. Assim,devese manter as glosas realizadas e afastar a penalidade, diante da não comprovação por parte da Fiscalização de conduta dolosa do sujeito passivo, quanto a falsidade nas declarações de compensação. Winderley Morais Pereira Declaração de Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisario O cerne da questão diz respeito à verificar se os meios de prova acerca da fraude podem ser imputados à Recorrente. Alega a RFB que as empresas vendedoras de café teriam sido constituídas de forma fraudulenta, com amplo conjunto probatório. No caso concreto, a conseqüência da fraude verificada está sendo imputada a terceiro, à compradora do café para fins de exportação. Entendo que, para que a Recorrente possa ser penalizada em razão das supostas fraudes identificadas, seria necessária a comprovação de que esta participou das operações tidas por fraudulenta. Com base em jurisprudência já pacificada no âmbito do STJ, não vejo como imputar a terceiros quaisquer consequências advindas de operações fraudulentas das quais não participou. Até porque, é princípio básico constitucional que a pena jamais poderá ultrapassar a pessoa do condenado. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 690 16 Compreendo a necessidade de se estabelecer procedimentos padronizados/unificados para aprimoramento do processo fiscalizatório. É o que a professora Misabel Derzi de "princípio da praticidade". Todavia, em respeito aos princípios da legalidade, é certo que a praticidade jamais poderá se converter em presunção. Também ressalto que, conforme assaz debatido nessa turma julgadora, é certo que o ônus da prova no processo fiscal deve ser atribuído ao contribuinte na hipótese de ressarcimento, e, à fazenda, nas autuações fiscais. Contudo, não há como negar que não se discute, nos autos, a existência do crédito, o que atrairia o ônus probatório para o contribuinte. A aquisição ocorreu e, nos termos da legislação de regência, esta aquisição gera, efetivamente, direito à crédito para o adquirente. No caso, a questão da prova se resume à suposta ocorrência de fraude e mais, de que a Recorrente tenha efetivamente participado dessa fraude ou dela tivesse ciência. Imputar à Recorrente o ônus de comprovar que não participou da fraude é imputar a produção de prova negativa, o que é absolutamente rechaçado pelo sistema jurídico pátrio. Ultrapassada a questão relativa à ocorrência ou não de fraude, já que, como ressaltei, esta prova se faz despicienda na hipótese dos autos, é preciso analisar, exclusivamente, eventuais elementos de prova quanto à participação da Recorrente na suposta fraude. Alega a Fiscalização, essencialmente, que as empresas vendedoras não apresentaram DIPJ no período objeto da autuação, e que se encontravam com o CNPJ baixado. Ora, quanto às DIPJs, entendo não ser possível a utilização desse meio de prova em face da Recorrente, uma vez que esta não tem qualquer forma de acesso à tais documentos, protegidos pelo sigilo fiscal. Quanto ao fato dos CNPJs terem sido baixados em 31/12/2005, de igual modo não há como legitimar tal argumento, uma vez que, no caso dos autos, os créditos glosados são relativos ao 1º trimestre de 2005. Me socorrendo às lições de Sacha Calmon, nos termos do art. 142 do CTN, a atividade de lançamento é privativa da administração tributária. Nesse sentido, é a esta que compete, exclusivamente, fiscalizar. Não se pode imputar aos contribuintes o dever de fiscalizar um ao outro. E, ao meu ver, é esta, exatamente, a situação verificada nos autos. A Recorrente está sendo responsabilizada pelo fato de não ter fiscalizado a regularidade de seus fornecedores. o que, a meu ver, não pode ser chancelado, sob pena de subversão à própria segurança jurídica. A despeito da fraude, a adquirente suportou o ônus do crédito na aquisição das mercadorias, não sendo legítima a exclusão destes de sua escrita fiscal. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 15586.720716/201211 Acórdão n.º 3201002.083 S3C2T1 Fl. 691 17 Diante do exposto, face à clara e incontroversa ausência de provas quanto à participação da Recorrente em qualquer ato fraudulento na constituição das pessoas jurídicas tidas por fictícias, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para exonerar o crédito fiscal lançado. Tatiana Josefovicz Belisario Fl. 709DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 10/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por CARLOS ALBERTO NASCI MENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 03/06/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10600.720032/2013-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. CABIMENTO.
Não se trata aqui de tributação de lucros auferidos pela Recorrente no exterior, mas de repercussão dos lucros auferidos pela sua controlada e apurado por meio do Método de Equivalência Patrimonial. Exige-se IRPJ e CSLL sobre a equivalência patrimonial obtida a partir do resultado gerado em Luxemburgo pela equivalência patrimonial gerada pelo resultado em Portugal. O STF julgou inconstitucional apenas a aplicação do MEP no caso de coligadas não estabelecidas em paraíso fiscal. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ.
SWAP. RTT. EFEITOS TRIBUTÁRIOS NEUTRALIZADOS.
Uma vez que apenas se chega à tributação pelo MEP dos lucros auferidos pela empresa estabelecida no exterior em 2008 por meio da aplicação de uma das normas contábeis do IRFS, que antes não era aplicável, tal tributação precisaria ser neutralizada por conta do RTT, de modo que, ou não há o que tributar, ou, se há, o efeito é neutralizado. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ.
Numero da decisão: 1401-001.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento aos Recursos de Ofício e Voluntário.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Mendes, Luciana Zanin, Marcos Villas-Bôas (relator), Fernando Mattos e Aurora Tomazini.
Nome do relator: MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. CABIMENTO. Não se trata aqui de tributação de lucros auferidos pela Recorrente no exterior, mas de repercussão dos lucros auferidos pela sua controlada e apurado por meio do Método de Equivalência Patrimonial. Exige-se IRPJ e CSLL sobre a equivalência patrimonial obtida a partir do resultado gerado em Luxemburgo pela equivalência patrimonial gerada pelo resultado em Portugal. O STF julgou inconstitucional apenas a aplicação do MEP no caso de coligadas não estabelecidas em paraíso fiscal. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ. SWAP. RTT. EFEITOS TRIBUTÁRIOS NEUTRALIZADOS. Uma vez que apenas se chega à tributação pelo MEP dos lucros auferidos pela empresa estabelecida no exterior em 2008 por meio da aplicação de uma das normas contábeis do IRFS, que antes não era aplicável, tal tributação precisaria ser neutralizada por conta do RTT, de modo que, ou não há o que tributar, ou, se há, o efeito é neutralizado. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento aos Recursos de Ofício e Voluntário. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Mendes, Luciana Zanin, Marcos Villas-Bôas (relator), Fernando Mattos e Aurora Tomazini.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2170; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 15 1 14 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10600.720032/201342 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1401001.619 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 4 de maio de 2016 Matéria IRPJ e CSLL. Lucros auferidos no exterior. Recorrente Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. CABIMENTO. Não se trata aqui de tributação de lucros auferidos pela Recorrente no exterior, mas de repercussão dos lucros auferidos pela sua controlada e apurado por meio do Método de Equivalência Patrimonial. Exigese IRPJ e CSLL sobre a equivalência patrimonial obtida a partir do resultado gerado em Luxemburgo pela equivalência patrimonial gerada pelo resultado em Portugal. O STF julgou inconstitucional apenas a aplicação do MEP no caso de coligadas não estabelecidas em paraíso fiscal. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ. SWAP. RTT. EFEITOS TRIBUTÁRIOS NEUTRALIZADOS. Uma vez que apenas se chega à tributação pelo MEP dos lucros auferidos pela empresa estabelecida no exterior em 2008 por meio da aplicação de uma das normas contábeis do IRFS, que antes não era aplicável, tal tributação precisaria ser neutralizada por conta do RTT, de modo que, ou não há o que tributar, ou, se há, o efeito é neutralizado. Deve ser, portanto, mantido o Acórdão da DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento aos Recursos de Ofício e Voluntário. Documento assinado digitalmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 60 0. 72 00 32 /2 01 3- 42 Fl. 2579DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 2 Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Mendes, Luciana Zanin, Marcos VillasBôas (relator), Fernando Mattos e Aurora Tomazini. Relatório Tratase de Recurso de Ofício e Recurso Voluntário em face do Acórdão nº 1268.871 da DRJ do Rio de Janeiro, decorrente de sessão realizada em 26 de setembro de 2014, que julgou, por maioria, improcedente em parte a Impugnação da contribuinte. O julgador Marcelo de Franco Matos, Presidente da Turma, votou pela improcedência total da Impugnação e declarou formalmente seu voto. Haviam sido lançados valores com principal, juros e multa, de R$ 27.929.976,50 (IRPJ) e de R$ 10.059.111,53 (CSLL), mas foram exonerados pela DRJ R$ 21.912.589,00 (IRPJ) e de R$ 7.888.532,03 (CSLL). Tais valores exonerados pela DRJ estão em discussão no Recurso de Ofício. Estão, portanto, em discussão no Recurso Voluntário os valores de R$ 6.017.387,50 (IRPJ) e R$ 2.170.579,50 (CSLL). Seguem trechos do Relatório do Acórdão da DRJ que explicam a Autuação e a Impugnação: "3.2 Segue a fiscalização informando que, conforme documentos analisados, a fiscalizada não fez a adição para a apuração do lucro real dos lucros obtidos no exterior com as controladas diretas: Usiminas International, Usiminas Europa e Usiminas Commercial. 3.3 Segundo destaca a autoridade fiscal, a Usiminas ofereceu apenas uma pequena parte destes rendimentos à tributação, qual seja, somente os lucros da controlada Cosipa Overseas em 2009. Já os lucros das demais controladas diretas Usiminas International, Usiminas Europa e Usiminas Commercial, e das controladas/coligadas indiretas Usiminas Portugal e Ternium, que também apuraram lucros em 2008, 2009 e/ou 2010, não foram oferecidos. 3.4 Relata a fiscalização que a fiscalizada justificara (fls. 735/739) essa não adição ao seu resultado do lucro de coligadas no exterior por força de os países onde estão domiciliadas a Usiminas International e a Usiminas Europa, respectivamente, Luxemburgo e Dinamarca, terem com o Brasil acordos para evitar a Dupla Tributação. Segundo argumentou a fiscalizada, a não adição decorre da aplicação do art. 7 (1) desses acordos. A fiscalizada argumentara ainda que em relação à Dinamarca, ainda há o art. 23 (5) que determina que os lucros não distribuídos de uma sociedade anônima da Dinamarca não são tributáveis no Brasil. Fl. 2580DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 16 3 3.5 Informa a autoridade que, em relação à Usiminas Commercial, a fiscalizada alegou que, apesar de situada em país considerado paraíso fiscal, não houve lucro tributável de acordo com as regras fiscais e contábeis vigentes no Brasil. 3.6 Após trazer a fundamentação legal para a tributação do lucro de coligada/controlada do exterior, a autoridade fiscal conclui que o objetivo do ordenamento jurídico sobre a matéria é “... aperfeiçoar a tributação universal da renda das pessoas jurídicas evitando o diferimento por tempo indeterminado da renda auferida por intermédio de controladas ou coligadas no exterior”. 3.7 Entende a fiscalização que esse diferimento por tempo indeterminado da renda foi o objetivo da fiscalizada. Um exemplo dessa intenção explícita seria um trecho do relatório da Diretoria para o ano de 2009 Demonstrações Financeiras, item 3.19 das Notas Explicativas, Imposto de renda e contribuição social corrente e diferido (pg. 29 no documento original), que foi reproduzido no TVF e novamente abaixo: "o imposto de renda e a contribuição social diferidos com respeito a lucros não remetidos de controladas no exterior não são reconhecidos, na medida em que a USIMINAS pode controlar o pagamento de dividendos e não pretende fazêlo no futuro previsível" (negritado) [...] 3.9 Informa a fiscalização que, na mesma sessão, o STF julgou os Recursos Extraordinários RE n° 611.586 e n° 541.090. No que tange ao RE n° 611.586, com repercussão geral, o STF aplicou o entendimento já adotado na ADIN, negando provimento, por maioria, ao recurso do contribuinte, por envolver controlada localizada em paraíso fiscal. E, no caso do RE n° 541.090, interposto pela Fazenda Nacional, que envolvia controladas situadas fora de paraísos fiscais, o Plenário deu parcial provimento ao recurso, entendendo no sentido da aplicabilidade do caput do artigo 74 da MP n° 2.15835/2001, sendo inconstitucional apenas seu parágrafo único, que tratava da retroatividade da norma, questão também já definida na ADIN, mas que não afeta este procedimento. [...] 3.12 Reproduzemse excertos do TVF, nas partes em que a autoridade enfatiza as irregularidades que apurou: (...) 45. O ponto crucial a ser analisado diz respeito às estruturas operacionais das empresas controladas e coligadas. Simplesmente, as controladas diretas, no período fiscalizado 2008 a 2010, não possuíam qualquer estrutura nesses países. Eram apenas empresas juridicamente constituídas, mas que estavam ali somente na busca de um suposto benefício fiscal. Intimada (Termo n° 01) a demonstrar a estrutura dessas empresas no exterior, a fiscalizada simplesmente apresentou somente os documentos de constituição das empresas. Não houve a apresentação de qualquer pagamento a funcionário, encargos, despesas administrativas ou gastos comerciais. Não há esses gastos porque não existia qualquer estrutura nesses países no período fiscalizado. Em relação à Usiminas Europa, até houve a apresentação de documentos que comprovam uma estrutura, porém essa estrutura foi instalada somente a partir de 2011, quando houve a venda da participação na Ternium, tornando a Usiminas Europa uma controlada integral e passando a atuar na área de trading. Ou seja, Usiminas Europa e Usiminas International, no período fiscalizado, eram empresas de participação (Holding) sem qualquer estrutura nos seus domicílios e tinham como rendimentos basicamente as receitas de equivalência patrimonial. São empresas sem autonomia e praticamente sem custos. A direção, as negociações e tudo relacionado aos negócios são efetivamente realizadas pela fiscalizada no Brasil, pois não há quem as faça Fl. 2581DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 4 no exterior. Já a Usiminas Commercial, situada em paraíso fiscal, serviu apenas como uma intermediária financeira. 46. Assim, constatado que as empresas não tinham atividade operacional, eram simplesmente uma sociedade documental, concluise que a utilização destas empresas nesses países serviu apenas para a tentativa de, no entendimento da fiscalizada, usufruir de possíveis benefícios dos Tratados para Evitar a Bitributação. Quando, por exemplo, da aprovação da criação da Usiminas Europa pelo Conselho de Administração, houve a preocupação de conselheiro com a legalidade daquela ação, inclusive recomendando a obtenção de parecer jurídico para o caso (Certidão de Reunião realizada em 24/08/2005). 47. Portanto, a constituição destas empresas serviu apenas para a obtenção de um possível benefício tributário, visto não ter qualquer estrutura nestes países. Diversos fatores levam a concluir que todo este estratagema foi planejado e executado visando única e exclusivamente à economia tributária da Usiminas. Sabemos que as empresas podem se organizar da forma que considerarem mais adequada. E que a busca da economia tributária é legítima. Porém, tudo dentro dos limites constitucionais.(...) 49. Todas as operações destas controladas/coligadas em Luxemburgo e na Dinamarca eram, na época, desenvolvidas através de suas controladas/coligadas indiretas em outros países. Supor que o controle indireto em terceiro país afaste a tributação no Brasil em bases universais corresponde a inutilizar, via planejamento tributário abusivo, toda a legislação brasileira sobre lucros no exterior, o que certamente não corresponde ao objetivo nem da referida legislação, e muito menos dos Tratados, como será visto a frente. 50. Portanto, a criação das controladas e a escolha, pura e simples, dos domicílios em países que têm tratados com o Brasil para evitar a dupla tributação, como Luxemburgo e Dinamarca, porém sem atividades nestes países, não dão o direito à fiscalizada de usufruir qualquer benefício tributário, pois os resultados não provêm de atividades praticadas nesses países. 51. Além disso, como vimos na decisão do STF, a questão do domicílio em País com tributação favorecida é relevante na análise do caso concreto. E a utilização de certas empresas em Luxemburgo e Dinamarca possuem características que impediriam de usufruir de vantagens previstas na legislação. 3.13 No que tange à conceituação de paraíso fiscal, a fiscalização faz um histórico da legislação aplicável, e dá ênfase à IN SRF nº 1037, de 2010, que revogou a IN SRF nº 188, de 2002, na qual se vêem exemplificados os países com tributação favorecida e regimes fiscais privilegiados, tudo com base nos critérios definidos na Lei nº 9.430, de 1996 (arts. 24 e 24A). 3.14 Destaca a fiscalização que, entre os regimes fiscais considerados privilegiados, também é relacionada a pessoa jurídica constituída sob a forma de holding na Dinamarca (art 2º, III), sendo que tal menção já existia com relação a Luxemburgo, desde a IN SRF nº 188, de 2002, e que foi mantida na IN SRF nº n° 1037, de 2010. Segundo afirma a autoridade, a IN, ao exemplificar, deu apenas praticidade e operacionalidade à lei, e por isso, não é uma lista taxativa. 3.15 No entender da autoridade fiscal, mesmo havendo tratados do Brasil com Luxemburgo e com Dinamarca, as empresas desses países, em certas condições, têm um tratamento tributário diferenciado, haja vista que as holdings de Luxemburgo que cumprem os quesitos da Lei de 31 de julho de 1929 estão inclusas no conceito de paraíso fiscal, bem como as empresas constituídas como holdings domiciliadas na Dinamarca a partir de 01 de janeiro de 2009 (vigência do art. 23 da Lei n° 11.727/08). 3.16 A fiscalização destaca que, os tratados para evitar a dupla tributação têm como objetivo incrementar as trocas de bens e serviços e a movimentação de capital e pessoas, isso tudo mediante a eliminação da dupla tributação. O Fl. 2582DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 17 5 Brasil possui acordos com diversos países, entre eles, Luxemburgo (Decreto nº 85.051/80) e Dinamarca (Decreto nº 75.106/74), países sedes das controladas diretas da fiscalizada, respectivamente, Usiminas International e Usiminas Europa. 3.17 A fiscalização lembra que a fiscalizada, para não oferecer à tributação lucros do exterior, invocou o art. 7º desses tratados nos casos do lucro das empresas Usiminas International e Usiminas Europa, bem como alegou que não há que se falar em tributação dos lucros da Usiminas Europa, domiciliada na Dinamarca, haja vista o disposto no §5° do art. 23 do tratado correspondente (esse artigo, que trata dos métodos para eliminar a dupla tributação, determina que os lucros não distribuídos na Dinamarca não são tributáveis no Brasil). 3.18 Segundo a fiscalização, discordando do entendimento da autuada, o que se fez foi tributar, mediante adição à base de cálculo do IRPJ e da CSLL, os lucros oriundos da participação societária nessas empresas. Segundo a autoridade fiscal, o que se tributa não é o lucro direto de Usiminas International e Usiminas Europa, mas sim os lucros obtidos pela empresa brasileira nesta participação societária. Assim, a norma interna incide em contribuinte brasileiro, inexistindo qualquer conflito com os dispositivos do tratado que versam sobre a tributação de lucros. 3.19 Ressalta a autoridade que as disposições dos tratados não visam a limitar o direito de um Estado tributar contribuinte com domicílio em seu próprio território, mas sim regular situações em que possa haver pretensão de tributar se renda de um contribuinte de outro Estado contratante. A norma brasileira incide somente sobre contribuinte com domicílio no Brasil, e não em contribuinte com domicílio no outro Estado contratante. 3.20 Segundo entende a autoridade fiscal, o art. 7º dos tratados não se aplica, pois não é caso de tributação no Brasil de empresa estrangeira. Os lucros das investidas, antes mesmo de serem efetivamente distribuídos, representam um acréscimo patrimonial para a investidora, inclusive já podendo ser pagos aos acionistas. 3.21 Segundo a autoridade, levando em conta o conteúdo dos tratados do Brasil com Dinamarca e Luxemburgo, as empresas controladas da fiscalizada nestes países não se sujeitam às normas convencionais, haja vista que não possuem característica de estabelecimento permanente. 3.22 Assim, no entender da fiscalização, as empresas Usiminas International (Luxemburgo), Usiminas Portugal (Ilha da Madeira), Usiminas Europa (Dinamarca), Ternium (Luxemburgo) e Usiminas Commercial (Cayman) são, todas elas, controladas/coligadas da Usiminas no Brasil, razão pela qual devem ser adicionados ao lucro liquido da investidora no Brasil a participação da Usiminas nos lucros por elas auferidos no exterior. 3.23 Enfatiza a fiscalização que, mesmo que se admitisse a existência de algum propósito negocial nas controladas diretas (que não existe comprovação), consideramse auferidos diretamente os lucros da controlada/coligada indireta pela fiscalizada brasileira por força da legislação societária e fiscal expedida pela Comissão de Valores Mobiliários (Instrução CVM n° 247, de 27 de março de 1996, com suas posteriores alterações). 3.24 Segundo observou a fiscalização, essas empresas controladas no exterior, até pelo tipo de atividade exercida, não possuíam qualquer estrutura, sendo apenas utilizadas na idéia de obter benefício tributário nesses países. 3.25 Manifestase a fiscalização no sentido de que os lucros auferidos por todas as controladas no exterior – sejam elas diretas e indiretas – estão sujeitos à tributação pelo IRPJ e pela CSLL, na medida das participações da controladora nessas controladas. Fl. 2583DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 6 [...] 3.27 No que diz respeito à Usiminas Comercial, com sede nas Ilhas Cayman, caracterizada como paraíso fiscal (inciso XIII, art. 1º da IN SRF 188/2002 e inciso XV, art. 1º da IN RFB nº 1037/2010), a fiscalização informou que a Usiminas, questionada sobre a não adição dos lucros apurados por essa controlada, alegara que essa empresa foi constituída com fins específico de captação de recursos financeiros no mercado internacional e fez o integral repasse à sua controladora no Brasil, nas mesmas condições. Desta forma, o resultado obtido pela controlada seria neutro. Quanto às operações de hedge (Swap) para proteção das variações cambiais nestas operações, realizadas pela Usiminas Comercial, a fiscalizada informara que o lucro obtido no balanço parcial de 2008 (U$ 37.505.501) teria sido decorrente da contabilização pelo valor justo dos instrumentos derivativos (swap). Porém, em função do Regime Tributário de Transição – RTT, a empresa utilizou as regras vigentes em 31/12/2007. 3.28 Nesse ponto a fiscalização não acolhe esse entendimento, pois, a seu ver, o Regime Tributário de Transição RTT (Lei n° 11.941, de 2009) não alcançaria empresas de fora do País, afinal a neutralidade estaria restrita a casos em que o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na apuração do lucro liquido da empresa nacional tenham sido modificados. E as operações de Swap (que foram alteradas pelas novas regras contábeis da Lei 11.638, de 2007) foram efetuadas por empresa do exterior, Usiminas Commercial, de tal forma que não são alcançadas pelas regras contábeis brasileiras neste quesito. [...] 3.31 A autoridade fiscal consignou que, no curso do procedimento fiscal, a fiscalizada optou pelos benefícios concedidos pelo art. 40 da Lei n° 12.865, de 2013, alterado pela Medida Provisória n° 627, de 2013, e legislação infralegal, que trata, justamente, dos débitos relativos ao IRPJ e à CSLL decorrentes da aplicação do art. 74 da MP 2.4583. Com isso, a Usiminas optou pelo pagamento à vista dos débitos, protocolando na DRF/Belo HorizonteMG, em 29/11/2013, o processo 15504.732.231/201313. Nesse processo, ainda a ser analisado por aquela Delegacia da Receita Federal, foram discriminados os pagamentos efetuados [...]. Esclarece a fiscalização que a interessada informara que o pagamento dos débitos à vista foi relativo apenas aos lucros da Usiminas Europa nos anos de 2008, 2009 e 2010, sendo, então, esses valores informados no histórico do lançamento e lançados ao final deste procedimento fiscal; portanto, a matéria exigida de ofício com multa de 75% se refere à participação nos lucros das controladas Usiminas International (Luxemburgo) e Usiminas Commercial (Cayman) de 2008 [...]. Impugnação [...] Primeira parte Usiminas International (Luxemburgo) Da Usiminas International (Luxemburgo) 4.1 que, pelo balanço da Usiminas International, traduzido para o vernáculo (doc. n° 05), se vê que o lucro apurado por essa sociedade, no anocalendário de 2008, remontou exatos € 97.431,36; 4.2 que o Auditor adicionou, como se lucro da Usiminas International fosse, o resultado da equivalência patrimonial decorrente de sua participação na controlada direta Usiminas Portugal; 4.3 que somente seria admissível a tributação, em tese, se tivesse ocorrido a desconsideração da personalidade jurídica da Usiminas International, considerandoa uma chamada conduit company ou treaty company, para, daí, considerar diretamente os resultados auferidos pela Usiminas Portugal, fato que não ocorreu nos presentes autos; 4.4 em se tratando de holding pura, a gestão das participações sociais detidas em outras sociedades constitui um fim em si mesmo; logo, não há necessidade Fl. 2584DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 18 7 de que elas possuam diversos itens de ativo imobilizado, infraestrutura desenvolvida, elevado número de funcionários ou até mesmo que contratem prestadores de serviços; 4.5 que Usiminas Internacional não tem regime tributário privilegiado em Luxemburgo, ou seja, não está abrangida nas disposições da Lei de 31 de julho de 1929, daquele país, pois tem apenas um sócio; 4.6 que, de qualquer forma, os documentos que junta, fornecidos pelos órgãos administrativos de Luxemburgo (doc. n° 06), atestam estar a Usiminas International sujeita à tributação ordinária, sem qualquer privilégio ou benefício fiscal; 4.7 que, para reforçar, apresenta parecer elaborado pelo escritório de advocacia que presta serviços à Usiminas International em Luxemburgo, esclarecendo que esta empresa, desde sua criação, nunca foi constituída na forma de holding regida pela Lei de 31 de julho de 1929 (doc. n° 07); 4.8 que, além disso: (a) pela Lei de 22 de dezembro de 2006, o Governo de Luxemburgo extinguiu o regime privilegiado das holdings disciplinado na Lei de 31 de julho de 1929; (b) ademais, para se beneficiar desse último regime, outras inúmeras condições haviam de ser cumpridas pelas holdings, nos termos do que prescrevia o art. 1o, item 1, da Lei de 12 de julho de 1977, dentre as quais: (b.1) a redação do objeto social da empresa deveria indicar, de forma expressa, que ela solicitou ser considerada holding no sentido dado pela Lei de 31 de julho de 1929; (b.2) alternativamente, a razão social da empresa deveria ser precedida/sucedida por seu tipo societário, acompanhada da palavra "holding" ou "holdings", exceto se uma dessas palavras já estivesse compreendida na própria razão social da empresa; 4.9 que, por ocasião da lavratura do Auto de Infração, as disposições da IN n° 1.037, de 2010, relativas a Luxemburgo, já haviam sido revogadas pelo Ato Declaratório Executivo RFB n° 03, 2011; 4.10 que a fiscalização não logrou comprovar que a Usiminas International não teria um estabelecimento permanente em Luxemburgo, já que suas instalações não são utilizadas unicamente para fins (a) de publicidade, (b) de fornecimento de informações, (c) de pesquisas científicas ou (d) de atividades análogas que tenham um caráter preparatório ou auxiliar Da aplicação das regras do art. 7º da Convenção BrasilLuxemburgo 4.11 que as normas brasileiras não têm o condão de surtir efeitos em outros Estados soberanos, de modo que, com ou sem convenção, as empresas estrangeiras não são contribuintes do IRPJ e da CSLL devidos ao Fisco nacional; 4.12 que o art. 25 da Lei n° 9.249, de 1995, é claro quando afirma que o que são tributados são os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior; logo, a fiscalização fez incidir a tributação sobre os lucros auferidos pelas controladas sediadas no exterior, grandezas que, pelo art. 7o da Convenção Brasil Luxemburgo, estão fora do campo de tributação; Da impossibilidade de se tributar equivalência patrimonial 4.13 que, pelo balanço da Usiminas International, comprovase que o lucro apurado por essa sociedade, no anocalendário de 2008, remontou exatos € 97.431,36; 4.14 que o montante apurado pela fiscalização, € 7.447.935,70, corresponde ao resultado da equivalência patrimonial da sua participação na controlada direta Usiminas Portugal; 4.15 que a norma de incidência tributária não elegeu o resultado de equivalência patrimonial da controlada como passível de incidência, mas o lucro contábil por ela calculado segundo a aplicação das regras contábeis/fiscais de seu país de domicílio, no caso, Luxemburgo; Fl. 2585DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 8 4.16 que, pelas regras contábeis de Luxemburgo, os lucros auferidos pela Usiminas Portugal (investida) não impactam o lucro contábil da Usiminas International; 4.17 que a tributação somente seria admissível se tivesse havido desconsideração da personalidade jurídica da Usiminas International para, daí, considerar diretamente os resultados auferidos pela Usiminas Portugal; 4.18 que o art. 74 da MP n° 2.15835/01 ou o art. 25 da Lei n° 9.249/94, quando se referiram às sociedades controladas ou coligadas, estavam se referindo somente às sociedades que fossem diretamente controladas ou coligadas; Segunda parte – Usiminas Commercial (Cayman) 4.19 que esclarecera a fiscalização (fls. 735/737) acerca da natureza da Usiminas Commercial: "É empresa sediada em Cayman Islands, criada em 28 de abril de 2006, com objetivo específico de captação de recursos no mercado financeiro. A Companhia tem atividade estritamente financeira e realizou uma única operação de captação de recursos em 2008 (eurobonds), com vencimento em 2018". (Item 3 da resposta ao termo de intimação). "Neste contexto, a Companhia realizou uma emissão de eurobonds e repassou os recursos captados para a Usiminas Siderúrgica (Brasil), a título de empréstimo. Como os termos contratuais e os montantes são equivalentes, e estando contabilizados como Ativo (empréstimo a receber) e Passivo (eurobonds), os juros e as variações monetárias aplicáveis geram receita e despesa de igual valor e, consequentemente, o Resultado do Exercício é igual a zero, conforme demonstrado nas Fichas 34 e 25 da DIPJ, do anocalendário de 2008, da sua controladora". 4.20 que a controlada, Usiminas Commercial, possui uma única atividade operacional e o resultado (lucro) desta atividade no exercício de 2008 foi igual a zero; 4.21 que, para proteger a operação financeira mencionada, foi contratada uma operação de swap, com fins de hedge (doc. n° 09); contudo, no ano de 2008, com o advento da Lei n° 11.638/07, o Brasil passou a adotar novo padrão de contabilidade (IFRS International Financial Reporting Standards), o qual, por força da redação do art. 183 da Lei das Sociedades Anônimas e item 122 da Orientação CPC n° 02/08, determinou que os instrumentos financeiros derivativos (swap) passassem a ser contabilizados pelo seu valor justo; 4.22 que a controlada Usiminas Commercial, por força do art. 6º, § 1º, da Instrução Normativa da SRF n° 213, de 2002, é obrigada a adotar os padrões contábeis previstos pela legislação brasileira; 4.23 que, exclusivamente tal fato, o registro do valor justo do derivativo (swap) em comento, gerou um lucro contábil para a Usiminas Commercial de U$ 37.505.501 (R$ 87.650.355); 4.24 que, dessa forma, se não tivesse adotado o novo padrão contábil (seguindo aquele vigente em 31/12/07), o lucro contábil da Usiminas Commercial seria igual a zero; 4.25 que, portanto, a Impugnante (controladora), em função do Regime Tributário de Transição (RTT) a ela aplicável por força da Lei n° 11.941, de 2009, para fins de adição do lucro de sua controlada no cômputo de seu lucro real, considerou o lucro apurado segundo as normas contábeis vigentes em 31/12/2007 (o qual é igual a zero); 4.26 que tudo isso foi esclarecido no curso do processo de fiscalização e foi demonstrado no Balanço Patrimonial de 2008 da controlada (doc. n° 11); 4.27 que a fiscalização não discordou ou contestou os fatos trazidos, uma vez que a discordância da Fiscalização se resumiu, exclusivamente, à possibilidade de se aplicar à operação em comento o RTT; 4.28 que, por força do §1º, do art. 6º, da IN SRF nº 213, de 2002, que trata das dependências que não possuem regras claras regulando demonstrações Fl. 2586DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 19 9 financeiras, hipótese que se aplica às empresas situadas nas Ilhas Cayman, elaborou as demonstrações da sua controlada Usiminas Commercial em consonância com o regramento brasileiro; 4.29 que, dessa forma, o lucro contábil indicado nas demonstrações financeiras da Usiminas Commercial reflete, em tudo e por tudo, o lucro líquido definido no art. 191 da Lei das Sociedades Anônimas; 4.30 que, portanto, não é verdade que as demonstrações contábeis/financeiras e a apuração do lucro da Usiminas Commercial sejam realizadas segundo os critérios previstos nas regras das Ilhas Cayman, quando, na realidade, a controlada se submete à legislação brasileira; 4.31 que, se fosse verdade, e apurasse o lucro da controlada sem influência das alterações da legislação brasileira, sua contabilidade apresentaria também um lucro líquido zerado; 4.32 que, caso se aceite que se deva apurar lucro líquido da controlada em sintonia com legislação das Ilhas Cayman, não se pode admitir a eleição do "lucro líquido" tributável a partir do "ajuste" ditado pela Lei n° 11.638, de 2007; mais ainda pelo fato de a controlada ter indicado, em seu Balanço Patrimonial de 2008 (doc. n° 11, cit), o que seria o lucro líquido apurado "sem ajustes da Lei n° 11.638/07"; 4.33 que, ou se apura o lucro da controlada sem influência dos ajustes determinados pela legislação brasileira, chegandose a um resultado de 0,00, ou bem se leva em conta essas alterações das leis (Lei nº 11.638, de 2007 – contabilidade pelas normas internacionais; e Lei nº 11.941, de 2009 – Regime Tributário de Transição) e também se chega a um resultado de 0,00; 4.34 que, sob qualquer das hipóteses, o lançamento deve ser cancelado". O Acórdão da DRJ ficou ementado da seguinte forma: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADAS. TRATADO PARA EVITAR DUPLA TRIBUTAÇÃO. ART. 74 DA MP Nº 2.158 35/2001. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. A tributação no Brasil dos lucros auferidos no exterior não viola os tratados de bitributação celebrados pelo Brasil com base na ConvençãoModelo da OCDE. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADA. AVALIAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS. LEI Nº 11.637/2007. RTT. O rendimento contabilizado por força modificação do critério de reconhecimento da receita na apuração do lucro líquido não terá efeito para fins de apuração do lucro real da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de Transição RTT. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2008, 2009, 2010 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONTROLADAS As regras do imposto de renda relativas à tributação dos lucros auferidos no exterior aplicamse, também, à contribuição social sobre o lucro liquido. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Como determina a legislação, o próprio Acórdão da DRJ registrou que estava sendo interposto o Recurso de Ofício por conta das partes exoneradas dos créditos tributários. Fl. 2587DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 10 Inconformada com o Acórdão da DRJ, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, por meio do qual repetiu os argumentos da Impugnação e trouxe mais alguns fundamentos que serão analisados no Voto nos momentos pertinentes. É o relatório. Voto Conselheiro MARCOS DE AGUIAR VILLASBÔAS Relator. O Recurso de Ofício, como já dito, foi interposto no Acórdão da DRJ conforme determina a legislação. O Recurso Voluntário é tempestivo e cumpre os demais requisitos de admissibilidade, de modo que passo à análise de ambos os Recursos. Delimitação do objeto O quadro abaixo apresenta a estrutura societária da Recorrente nos anos calendários tributados: Existiam, portanto, três empresas "imediatamente embaixo" da Recorrente. Quanto a lucros auferidos pela Usiminas Europa, houve, antes mesmo de concluída a Fiscalização, pagamento à vista dos tributos e acréscimos com aproveitamento dos benefícios do art. 40 da Lei nº 12.865/2013. Deste modo, tratase aqui apenas de lucros auferidos no exterior por Usiminas International, estabelecida em Luxemburgo, e Usiminas Commercial, estabelecida em Cayman. Quanto ao primeiro caso, o Acórdão da DRJ manteve a infração (Recurso Voluntário). Quanto ao segundo, ele decidiu pela improcedência da infração (Recurso de Ofício). Fl. 2588DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 20 11 Recurso Voluntário: Usiminas International (Luxemburgo) Como visto no quadro antes apresentado, a Usiminas International tem "embaixo" de si, como controlada (100% das ações), a Usiminas Portugal, estabelecida na Ilha de Madeira. A Autuação exige IRPJ e CSLL sobre a repercussão na Recorrente causada pela equivalência patrimonial dos lucros auferidos pela Usiminas International, não havendo tentativa de tributar por via direta o lucro da Usiminas Portugal, como alegado. Não houve desconsideração de personalidade jurídica, não houve propriamente tributação por conta de utilização da Usiminas International como empresa existente meramente na forma. O que se alegou no TVF foi o fato de ela ser uma holding criada apenas para deter as ações da sua controlada em Portugal. Essa visão funciona como mais um fato dentro do contexto, e não como o gatilho da tributação. Não houve, portanto, tributação direta dos lucros da Usiminas Portugal na Usiminas International, mas a tributação dos resultados de equivalência patrimonial na Recorrente causados pela sua controlada direta Usiminas International, que, por sua vez, teve ganhos por equivalência patrimonial quando a Usiminas Portugal auferiu lucros. Esse foi o entendimento do Acórdão da DRJ: "16. Nesse sentido, esse resultado positivo apurado na Usiminas International (Luxemburgo) com relação à Usiminas Portugal (Ilha da Madeira) é, por natureza, resultado próprio da primeira, cujo objeto social, vale lembrar, nada mais é o de funcionar como detentora das ações da segunda. Esse resultado positivo de equivalência patrimonial reflete, por excelência, a ocorrência de um lucro natural da atividade própria da controlada direta (Usiminas International Luxemburgo). 17. O que faltou à impugnante foi adicionar esses resultados obtidos no exterior ao lucro líquido, para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, pois são eles tributados na forma da legislação, como visto anteriormente neste voto. 18. A fiscalização, assim, em nenhum ponto buscou ir diretamente ao lucro da Usiminas Portugal (Ilha da Madeira) de modo a leválo diretamente ao resultado na impugnante. A própria impugnante o fez, por meio da seqüência de levantamento da equivalência patrimonial, da controlada indireta (Usiminas Portugal) para a controlada direta (Usiminas International) e desta para a impugnante. 19. Em verdade, a própria impugnante, como salientou a autoridade fiscal no TVF, seguiu os ditames da Instrução Normativa CVM nº 247, de 1996, norma que regula o procedimento da apuração da equivalência patrimonial, pois tratou como simples controlada a sua controlada indireta na Ilha da Madeira:" Como se nota, a própria Recorrente realizou as apurações corretas pelo Método de Equivalência Patrimonial, porém deixou de tributar os resultados, o que era de se esperar quando olhamos para o contexto. Também não houve qualquer tributação em Luxemburgo, ficando claro que o objetivo da Recorrente era realizar um planejamento para não ser tributada nem lá, nem no Brasil. Caso tivesse sido tributada em Luxemburgo, ela poderia compensar os tributos pagos no exterior com aqueles devidos aqui no Brasil, porém nenhuma tributação foi comprovada relativamente a essas empresas. Fl. 2589DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 12 Assim como a DRJ, concordo que a Fiscalização não logrou comprovar cabalmente que, apenas por ser uma holding controladora de empresa estabelecida em paraíso fiscal, ela não estaria apta a se aproveitar do tratado de não tributação. A Recorrente trouxe, inclusive, elementos para provar o contrário. Deste modo, entendo que não se deve utilizar como premissa a caracterização da Usiminas Luxemburgo como holding prevista na Lei de 1929. No entanto, ficou claro que a holding em Luxemburgo existe apenas para permitir o aproveitamento do tratado de não tributação. Não se pode deixar de tributar a Recorrente no Brasil, seja porque ela não foi tributada em nenhum país (nem Portugal, nem Luxemburgo, nem Brasil), seja porque o tratado para evitar bitributação não obsta a tributação da empresa brasileira pelo MEP. O Acórdão da DRJ afirma, então, que, se prosperasse o entendimento da Recorrente, não se poderia invocar o regime legal que obsta a dupla tributação, pois, em verdade, se levaria à dupla não tributação. É pior do que isso, em verdade, como visto, não houve tributação em três países distintos por conta de um típico planejamento tributário internacional evasivo. Tratase de "tripla não tributação". Um caso relativamente semelhante ao presente foi julgado por esta mesma turma no mês de fevereiro deste ano. Ficou acordado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte, que discutia a possibilidade de tributação pelo método MEP da empresa brasileira por conta de lucros auferidos no exterior por uma controlada. Seguem abaixo trechos do Acórdão: "No caso presente, a jurisdição brasileira não tem conexão com o lucro produzido pela empresa espanhola. A nossa lei não pode alcançar esta última sem que algum critério de conexão se estabeleça. Portanto, o que a nossa lei faz é tributar a nossa empresa, residente, pelo natural critério da residência. Apenas o cálculo da renda tributada nesta empresa, conforme determinado pela lei interna, é que é baseado nos lucros apurados pela empresa no exterior. A compensação do imposto pago sobre o lucro pela empresa não residente, para alívio da bitributação econômica, é mera liberalidade da lei interna. Assim como, se existisse (ou vier a existir) determinação para a não tributação dos dividendos efetivamente distribuídos a posteriori, esta seria (ou será) também outra liberalidade (uma vez que já havia sido concedido o alívio anterior). Portanto, não assiste razão à recorrente. Inexiste ofensa ao Acordo Brasil Espanha, seja pelo artigo 7, seja pelo artigo 23, parágrafo 4 (o qual isenta os dividendos tributáveis na Espanha recebidos por residentes brasileiros)" (CARF, Primeira Seção, Quarta Câmara, Primeira Turma, Acórdão nº 1401 001.526, Rel. Ricardo Marozzi, Sessão de 02 de fevereiro de 2016). Em que pesem os louváveis esforços da Recorrente, que trouxe vasta argumentação para reverter o resultado do julgamento da DRJ, não parece lhe assistir razão. Tratase aqui de norma de transparência fiscal internacional, que possibilita combater a enorme evasão fiscal que vinha se dando pelo uso de planejamentos abusivos com empresas estrangeiras. A norma aplicável ao caso evita que a tributação de empresas intituladas como Controlled Foreign Corporations (CFC) seja amplamente diferida, como vinha acontecendo. Não se trata de tributar o lucro da empresa estrangeira duas vezes, mas de tributar a repercussão do lucro auferido pela estrangeira na sua controladora aqui no Brasil, o Fl. 2590DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 21 13 que está previsto no art. 74 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, que foi questionado pela Confederação Nacional da Indústrias (CNI) por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), tendo resultado na invalidação da aplicação do dispositivo apenas para o caso de coligadas que não estão estabelecidas em paraísos fiscais. Pelo exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário quanto a este item. Recurso de Ofício: Usiminas Commercial (Cayman) Quanto à Usiminas Commercial, a obrigação da Recorrente de tributar a repercussão dos lucros auferidos por ela pela via do MEP é ainda mais evidente, uma vez que estabelecida em paraíso fiscal. Ocorre, no entanto, que os lucros auferidos pela Usiminas Commercial decorrem de uma operação específica de swap com efeitos de hedge, cujos resultados, segundo a Recorrente e conforme entendimento da DRJ, não deveriam ser tributados. A Recorrente apresentou os resultados da sua controlada, os quais totalizavam um lucro líquido de R$ 87.650.355,98, mas a DIPJ consignou um valor zerado. Quando questionada sobre esse fato pela Fiscalização, a Recorrente explicou que essa sua controlada integral e direta foi criada com o objetivo de captar recursos no mercado estrangeiro. Em 2008, ela recebeu 400.000.000,00 de euros com a emissão de eurobonds, operação com vencimento em 2018. Os recursos foram repassados à Recorrente a título de empréstimo (mútuo), conforme consta da fl. 178 dos autos e das demonstrações financeiras de 2008 da controlada/mutuante (Usiminas Commercial) e controladora/mutuária (Recorrente). Segundo a Recorrente também informou à Fiscalização, como haveria a tomada de um empréstimo pela Usiminas Commercial, o que representava um passivo em eurobonds, e o oferecimento de empréstimo por ela, o que representava um ativo, os juros e as variações monetárias geravam ganhos e perdas no mesmo valor, de modo que o resultado apenas poderia ser zero. Para proteger as operações realizadas por câmbios distintos, foi realizada operação de swap com efeitos de hedge, sendo que os ganhos nessas operações eram tributados pelo regime de caixa, ou seja, somente quando da liquidação das operações, o que viria a acontecer depois do período tributado. Conforme afirmou a DRJ, a Fiscalização não questionou esses fatos narrados e alguns documentos juntados por ela própria, a exemplo do Balanço Patrimonial (fl. 73) da Usiminas Commercial, os confirmam. As Demonstrações Financeiras de 2008 (fls. 132 e ss.) da controlada trazem registros contábeis das operações acima narradas (vide fl. 178). Sobre a operação de Swap, conforme também atestado pelo Acórdão da DRJ, ela também está provada nas referidas Demonstrações Financeiras (fl. 205 e ss.) juntadas aos autos deste processo administrativo. Fl. 2591DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 14 Entre as operações de Swap, podemos encontrar, na fl. 206, a operação relativa à emissão de eurobonds no valor de EUR 400.000.000,00. Frente a esses fatos e suas provas, o Acórdão da DRJ conclui pela sua veracidade e passou a analisar os fundamentos da Recorrente para não tributálos, conforme segue: "36. Diante desse conjunto de informações e documentos, acompanhado do fato de a fiscalização não ter em nenhum ponto impugnado essas operações assim descritas pela impugnante, podemos chegar à conclusão de que realmente a impugnante, por meio dessa controlada em Cayman: efetuou emissão de eurobônus naquele país; recebeu por meio de empréstimo esses recursos captados; e efetuou operação de swap como seguro contra a volatilidade cambial. 37. Seguindo a análise, vemos na mesma resposta dada pela então fiscalizada (fls. 735/736), no ponto em que justifica a não tributação do lucro líquido auferido por meio da Usiminas Commercial (Cayman), que : 37.1 a partir de janeiro de 2008, com a implantação da Lei nº 11.638, de 2007, os instrumentos financeiros derivativos (swap) passaram a ser contabilizados pelo valor justo, isto é, pelo valor de mercado (CPC 02, item 122); 37.2 o lucro de R$ 87.650.355,98, apresentado no Balanço Patrimonial de 2008, que decorreu do novo padrão contábil para reconhecimento a valor justo dos instrumentos financeiros, foi ajustado para fins de apuração do Lucro Real (IRPJ e CSLL), em observância ao disposto no artigo 16 do Regime Tributário de Transição RTT (Lei nº 11.941, de 2009); 37.3 isso se deu visando à neutralidade tributária em relação às receitas, custos e despesas advindas da nova legislação, permanecendo tributável o valor apurado na forma dos contratos, conforme regra contábil vigente em 31/12/2007 (Lei 6.404/76)". A conclusão da Fiscalização foi a de que o valor de R$ 87.650.355,98 deveria ser considerado como indevidamente não adicionado ao lucro líquido por se referir a lucro auferido pela controlada no exterior. A discussão pairou sobre o fato de o Regime Tributário de Transição (RTT) ser aplicável ao caso ou não. A Recorrente sustenta que, para chegar ao valor de R$ 87.650.355,98 adicionado ao lucro líquido, é necessário aplicar as novas normas trazidas pela integração do sistema contábil brasileiro ao International Financial Reporting Standards (IFRS). Ocorre que, uma vez aplicadas as novas normas contábeis, elas precisavam ser neutralizadas para efeitos tributários na Recorrente, que estava submetida ao RTT. A Fiscalização entendeu que não seria o caso, pois se estava tratando de operação de Swap contratada pela empresa estrangeira, à qual não se aplica o RTT. O Acórdão da DRJ concordou, todavia, com o entendimento da Recorrente: "41. Pois bem. Após percorrer o iter que levou a efeito a autuação nessa parte, entendo que guarda razão a impugnante. Como destacado, ou bem as operações que deram origem ao lucro da controlada no exterior (operações de swap) se submetem às regras contábeisfiscais nacionais integrais, ou bem a elas não se sujeitam. Em suma, caso esses ativos se sujeitaram, em 2008, à avaliação com base na normas internacionais de contabilidade (em inglês: International Accounting Standard, IAS, hoje conhecidas como International Financial Reporting Standards, IFRS), em consonância com o que determinou a Lei nº 11.638, de 2007, a neutralização dos efeitos fiscais dessa medida era Fl. 2592DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10600.720032/201342 Acórdão n.º 1401001.619 S1C4T1 Fl. 22 15 procedimento legalmente previstos (em 2008), por força do chamado Regime Tributário de Transição implementado por meio da Lei nº 11.941, de 2009. Parece irretocável a conclusão da DRJ. A Fiscalização não podia afirmar que o novo regime contábil era aplicável aos resultados da operação de Swap da estrangeira, mas que o RTT não seria. O Acórdão da DRJ também explica de forma clara que os valores dos derivativos, ativos da sua controlada, foram atualizados pela Recorrente para valor justo conforme determinava a Lei nº 11.638/2007 e, assim, tais atualizações foram ajustadas nos documentos fiscais dela por conta das disposições da Lei nº 11.941/2009, que estabeleceu o RTT. Deste modo, deve ser mantido o posicionamento da DRJ no sentido de que, uma vez aplicadas as novas normas contábeis, cabia neutralizálas para efeitos tributários, devendo ser afastada a tributação dos efeitos na Recorrente gerados pelos lucros auferidos pela empresa Usiminas Commercial no ano calendário 2008 quando da aplicação do MEP. Conclusão Pelo exposto, oriento o meu voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e ao Recurso de Ofício, ficando mantido o Acórdão da DRJ em sua totalidade. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Fl. 2593DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /06/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS
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Numero do processo: 10580.724213/2009-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE VÍCIO FORMAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF. DEPÓSITO JUDICIAL.
Não é possível a compensação de valores que se encontrem sub judice e com exigibilidade suspensa, sem a ocorrência do trânsito em julgado.
Numero da decisão: 2201-003.133
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente.
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 20/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 20/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA.
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AUSÊNCIA DE VÍCIO FORMAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF. DEPÓSITO JUDICIAL. Não é possível a compensação de valores que se encontrem sub judice e com exigibilidade suspensa, sem a ocorrência do trânsito em julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 20/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 42 13 /2 00 9- 47 Fl. 135DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Em 27/07/2009, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício 2008, anocalendário 2007, decorrente da restituição indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte, no valor de R$ 7.842,85. Inconformada com a notificação apresentada, a contribuinte protocolizou impugnação, fl. 2, 17 e 42, alegando isenção do pagamento do imposto de renda referentes aos proventos de aposentadoria por ser portador de moléstia grave especificada em lei, conforme laudo médico de fl. 43. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, com as seguintes considerações: a) na declaração de ajuste anual retificadora (fls. 9/14), o contribuinte deixou em branco (zerado) o campo “rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica” e transferiu os rendimentos pagos pela Previ para o campo “rendimentos isentos e nãotributáveis – proventos de aposentadoria por moléstia grave”. Também não informou qualquer retenção de imposto de renda na fonte; b) os documentos anexados à impugnação comprovam um dos requisitos para a isenção: proventos de aposentadoria (fl. 7). Quanto ao segundo requisito, condição pessoal de portador de moléstia grave, o documento apresentado (fl. 43) – relatório emitido por médico servidor público federal em receituário do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos – não atende às exigências legais de laudo pericial emitido por serviço médico federal, caso do órgão emissor, autarquia federal, posto que, a Portaria da Secretaria de Recursos Humanos (SRH) nº 797, de 22/03/2010, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, institui o Manual de Perícia Oficial em Saúde do Servidor Público Federal, a ser adotado como referência nos procedimentos periciais em saúde na Administração Pública Federal. Nele está estabelecido que a avaliação para isenção de imposto de renda compete à junta oficial em saúde ou a perito oficial em saúde, obrigatoriamente, designado em documento legal, o que não restou comprovado; c) não há infração quanto à omissão de rendimentos, mas sim a compensação indevida de imposto de renda retido na fonte pois na análise da declaração retificadora, ND 05/34.526.976, de Fl. 136DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10580.724213/200947 Acórdão n.º 2201003.133 S2C2T1 Fl. 136 3 21/07/2009, detectouse que o saldo de imposto de renda a restituir declarado na declaração de ajuste original, ND 05/34.470.043, de 21/07/2008, foi restituído indevidamente; d) que informações na Dirf da fonte pagadora, Previ (fl. 44) indicam rendimentos tributáveis com exigibilidade suspensa, de R$ 90.710,43, aos quais correspondem imposto de renda retido na fonte, de R$ 17.335,76; e) o lançamento fiscal está de acordo com o contexto do questionamento judicial, pois o que está sendo exigido do contribuinte é a devolução do imposto não recolhido aos cofres públicos e que foi restituído indevidamente. Observase que a integralidade do IRRF declarado pelo contribuinte, no montante de R$ 17.335,76, foi depositada em juízo, portanto, não estava disponível para que fosse restituída. Qualquer restituição deste valor somente seria cabível se a União fosse vitoriosa na citada ação judicial, e somente a partir do momento em que o depósito judicial fosse convertido em renda da União. Caso contrário, ocorreria uma restituição em duplicidade ao contribuinte, pois ele já teria recebido uma restituição no valor de R$ 7.842,85, e quando obtivesse êxito na ação judicial, receberia a integridade do valor IRRF depositado judicialmente. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte aduz, em síntese, que: a) em cumprimento da determinação judicial, a fonte pagadora passou a realizar o depósito do IRRF perante a Caixa Econômica Federal na conta judicial n.º 975.635.0202.4406, procedimento que foi realizado desde o anocalendário 2001 até o anocalendário 2009,inclusive no anocalendário controvertido (2007), como pode ser observado no informe de Rendimento do recorrente, bem como no próprio acórdão objeto do presente recurso; b) em sua declaração de IRPF do exercício de 2008, o recorrente fez constar o valor que havia sido retido na fonte pela entidade pagadora, sendo que a RFB a processou e deferiu a restituição do IRPF recolhido a maior; c) após realizada a restituição, em 2009, a SRFB emitiu Notificação de Lançamento sob o argumento de que tal restituição teria sido indevida, em razão de o valor do IRRF depositado em juízo não ter sido até então convertido em renda em favor da União; d) o processo judicial proposto pelo contribuinte findouse em 05/12/2003 (consulta processual doc 2), momento no qual teve início o processo de execução de sentença proposto pela União (vide consulta processual doc 3) que veio a encerrar em 10/02/2006; e) caberia a União prestar a informação relativa ao recebimento dos valores, uma vez que a execução da sentença relativa ao Fl. 137DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 processo em que os depósitos judiciais foram realizados foi promovida pela própria União; f) caso o montante não tenha sido efetivamente devolvido aos cofres públicos por omissão ou mora, tal situação jamais poderia ser imputada ao contribuinte; g) nulidade da notificação de lançamento por vício formal decorrente da ausência de enquadramento legal correlacionado com a descrição dos fatos; h) embora a ação ordinária e sua execução tenham findado, respectivamente, em 2003 e 2006, nada impede que os depósitos judiciais tenham continuado a ocorrer, como efetivamente o foram; i) os depósitos realizados pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, perpetuaramse mesmo após o final do processo, provavelmente, em razão de a fonte pagadora, que não foi parte no processo judicial, não ter sido informada do término da ação, o que deveria ter sido determinado pelo juiz da causa ou mesmo solicitado pela PGFN na condição de representante da União, maio interessada no recebimento do valor correspondente ao IRRF; j) a realização dos depósitos judiciais estavam amparados por decisão de juiz competente para determinálos e não contaram com qualquer participação por parte do contribuinte; k) em que pese o coerente requisito da necessidade de a União ter sido vitoriosa na ação judicial, o mesmo não pode ser dito do requisito do depósito já ter sido convertido em renda, pois ocorrido o trânsito em julgado de sentença favorável para a União, o levantamento do valor depositado dependia exclusivamente da Procuradoria da Fazenda Nacional; l) o simples fato de a União ter promovido a execução de sentença já é suficiente para se aduzir que a mesma consagrou se vitoriosa no processo de origem, afastando a ilação da SRJ no sentido de que se o contribuinte obtivesse êxito na ação judicial, poderia obter a restituição em duplicidade; m) o contribuinte não fez prova de que a sentença foi favorável à União, porque, em razão dos vícios da notificação, desconhecia o teor das imputações que estavam lhe sendo feitas; n) o contribuinte não conseguiu obter a cópia dos autos do processo judicial, devido ao arquivamento e aos problemas estruturais da Seção de Arquivo e de Depósito Judicial; o) no que se refere à conversão do valor depositado em renda, ainda que o mesmo não tenha ocorrido integralmente, isto se deu pela simples inércia da fazenda Nacional que, de posse de título executivo favorável a si não procedeu com a conversão do valor depositado em renda; p) considerando que a ação ordinária transitou em julgado em 05 de agosto de 2003 (doc 05), todos os depósitos judiciais que o Fl. 138DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10580.724213/200947 Acórdão n.º 2201003.133 S2C2T1 Fl. 137 5 sucederam eram por direito da União, podendo ser, a qualquer tempo levantados; q) o comportamento do contribuinte encontra guarida na IN n.º 1.216/2011, que constitui norma complementar à legislação tributária, cuja observância afasta a exigência de qualquer montante a título de multa e juros de mora; r) requer o contribuinte a conversão do julgamento em diligência para que seja oficiada a PGFN para que preste informações acerca dos processos judiciais de n.º 2001.34.00.0025136 e 2003.34.00.0124186 (Seção Judiciária de Brasília) informando sobre o conteúdo da sentença e sobre a conversão em renda dos valores depositados em favor da União e da existência de saldo remanescente passível de conversão complementar; s) requer também o recorrente que seja solicitada à PGFN que oficie a CEF no sentido de obter o saldo disponível da conta bancária dos depósitos judiciais, os quais permanecem pendentes de transferência para a conta da União, em decorrência da decisão transitada em julgado; t) demanda o contribuinte pela possibilidade de realizar a juntada de novos documentos como forma de fazer prevalecer o princípio do contraditório e da ampla defesa. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Da ausência de nulidade da notificação de lançamento Aduz o recorrente a nulidade da notificação de lançamento por vício formal decorrente da ausência de enquadramento legal correlacionado com a descrição dos fatos. Tal vício suscitado, ainda fosse identificado, não seria capaz de ensejar a nulidade do auto de infração, pois, conforme consta dos autos, o contribuinte efetivamente se defendeu com base no objeto da notificação, que foi a restituição indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 7.842,85. O artigo 59 do Decreto 70.235/1972 assim dispõe sobre as nulidades: Art. 59. São nulos: Fl. 139DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 6 I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) O mesmo Decreto, em seu art. 60, esclarece que "as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio". Assim, ao contrário do sustentado pelo contribuinte, não houve cerceamento do direito de defesa, o que pode ser claramente observado em todas as fases do presente processo, e, ainda que eventualmente estivesse imprecisa a fundamentação legal, não restou demonstrado prejuízo ao contribuinte. Portanto, rejeito a preliminar de nulidade. Da restituição indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte Conforme relatado, em 27/07/2009, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício 2008, anocalendário 2007, decorrente da restituição indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte, pelo titular e/ou dependentes, no valor de R$ 7.842,85 referente à fonte pagadora Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, tendo em vista que o citado valor foi depositado em juízo, não podendo ser objeto de restituição através de Declaração de Ajuste Anual. O contribuinte, em suas razões recursais, tece argumentações considerando que o processo judicial no qual figura com autor findouse em 05/12/2003 (processo n.º 2001.34.00.0025136, em trâmite na Seção Judiciária do Distrito Federal) e o processo de execução de sentença proposto pela União encerrouse em 10/02/2006 (processo n.º 2003.34.00.0124186). Desse modo, aduz o recorrente que, devido ao trânsito em julgado da ação no ano de 2003, todos os depósitos judiciais que o sucederam eram por direito da União, podendo serem, a qualquer tempo, levantados. Ademais, tendo em vista que o contribuinte não logrou êxito ao solicitar a cópia do processo judicial, em razão da suposta indisponibilidade para cópia no setor de arquivos, pugnou pela conversão em diligência para que seja oficiada a PGFN a prestar informações acerca dos processos judiciais em comento informando sobre o conteúdo da Fl. 140DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10580.724213/200947 Acórdão n.º 2201003.133 S2C2T1 Fl. 138 7 sentença; sobre a conversão em renda dos valores depositados em favor da União; e a existência de saldo remanescente passível de conversão complementar. Pleiteou também o recorrente a determinação à PGFN que oficie à CEF no sentido de obter o saldo disponível da conta bancária dos depósitos judiciais, os quais permanecem pendentes de transferência para a conta da União; bem como que seja aberta a possibilidade de realização da juntada de novos documentos como forma de fazer prevalecer o princípio do contraditório e da ampla defesa. Em consulta aos documentos anexados pelo recorrente, fls. 121 e 122, verificase que o saldo de depósitos referentes inclusive ao anocalendário em questão (2007) ainda encontravamse em conta judicial em 23/01/2013, ou seja, não haviam sido convertidos em renda para União, quando da realização do pedido de compensação. Além disso, em consulta realizada no sítio do Tribunal Regional Federal da 1º Região, foi possível identificar que a baixa ocorrida nas duas ações (ordinária e de execução) nos respectivos anos de 2003 e 2006 foram canceladas, sendo retomado o andamento processual, o que corrobora o fato de que os valores depositados em juízo não estavam disponíveis para a União, no período em que foi realizada a compensação, conforme andamento processual abaixo: a) Processo n.º 2001.34.00.0025136 Procedimento Ordinário Movimentação Data Cod Descrição Complemento 12/04/2016 12:42:35 123 BAIXA REMETIDOS PARA EXECUCAO SENTENCA ATUALIZAÇÃO DE MOVIMENTAÇÃOALTERAÇÃO DE CLASSE PARA CUMPRIMENTO DE SENTENÇA PROCESSO 20030424186 FLS630V NO DIA 05122003 20/10/2015 15:32:26 210 PETICAO OFICIO DOCUMENTO JUNTADOO 15/09/2015 13:39:38 204 OFICIO EXPEDIDO 17/08/2015 15:37:02 204 OFICIO ORDENADA EXPEDICAO 17/08/2015 15:36:56 154 DEVOLVIDOS C DESPACHO 10/08/2015 15:23:33 137 CONCLUSOS PARA DESPACHO 10/08/2015 15:23:17 124 BAIXA CANCELADA RESTAURADA MOVIMENTACAO PROCESSUAL 05/12/2003 10:58:59 123 BAIXA REMETIDOS PARA EXECUCAO SENTENCA b) Processo n.º 2003.34.00.0424186 Cumprimento de Sentença Fl. 141DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 8 Movimentação Data Cod Descrição Complemento 15/04/2016 14:41:14 204 OFICIO ORDENADA EXPEDICAO 15/04/2016 14:41:08 154 DEVOLVIDOS C DESPACHO 13/04/2016 17:09:07 137 CONCLUSOS PARA DESPACHO 06/08/2015 14:22:08 210 PETICAO OFICIO DOCUMENTO JUNTADOO PETIÇÃO REITERA PEDIDO DE FLS 704 06/08/2015 14:12:27 218 RECEBIDOS EM SECRETARIA SEM PETIÇÃO 30/07/2015 12:45:31 126 CARGA RETIRADOS ADVOGADO REU RETIRADOS PELO FUNC UBIRAJARA EVANGELISTA DE AVILA RG 932315 SSPDF ADVGDF00002787 IVO EVANGELISTA DE AVILA TELEFONE3226980085501512 DATA DEVOLUÇÃO03082015 QTDE FOLHAS709 29/07/2015 11:55:02 185 INTIMACAO NOTIFICACAO VISTA ORDENADA REU OUTROS 29/07/2015 11:54:56 179 INTIMACAO NOTIFICACAO PELA IMPRENSA PUBLICADO DESPACHO 03/07/2015 17:28:00 178 INTIMACAO NOTIFICACAO PELA IMPRENSA PUBLICACAO REMETIDA IMPRENSA DESPACHO PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 290715 28/05/2015 15:04:06 176 INTIMACAO NOTIFICACAO PELA IMPRENSA ORDENADA PUBLICACAO DESPACHO 28/05/2015 15:03:46 154 DEVOLVIDOS C DESPACHO 26/05/2015 16:25:27 137 CONCLUSOS PARA DESPACHO 18/03/2015 13:10:48 210 PETICAO OFICIO DOCUMENTO JUNTADOO 18/03/2015 12:38:58 218 RECEBIDOS EM SECRETARIA 18/03/2015 12:38:53 124 BAIXA CANCELADA RESTAURADA MOVIMENTACAO PROCESSUAL 10/02/2006 11:16:27 123 BAIXA ARQUIVADOS Portanto, verificase que o trânsito em julgado da decisão, com baixa definitiva do processo n.º 2001.34.00.0025136 Procedimento Ordinário, ocorreu apenas em 12/04/2016, ocasião na qual foi remetido para a execução de sentença. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10580.724213/200947 Acórdão n.º 2201003.133 S2C2T1 Fl. 139 9 Dessa forma, não se faz necessária a conversão em diligência pleiteada pelo contribuinte, tendo em vista que foram identificados todos os elementos necessários para o deslinde do litígio. Nesse contexto, tendo em vista a motivação da glosa, as alegações do contribuinte, bem como o disposto no art. 74 da Lei 9.430/96 (Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão), deve ser mantida a glosa referente à restituição indevida, pois, quanto realizada a restituição, a ação judicial ainda encontravase em trâmite e os depósitos não haviam sido convertidos em renda para a União. Assim, diante da impossibilidade de restituição de valores que se encontrem sub judice e com exigibilidade suspensa, não assiste razão ao recorrente. Dos juros e da multa aplicados Sustenta o recorrente a sua fiel observância da legislação tributária sendo indevida a aplicação de juros e de multa. Não obstante as alegações acerca dos juros e da multa, conforme restou demonstrado anteriormente, houve de fato a compensação indevida do Imposto de Renda Retido na Fonte, o que enseja a correspondente aplicação de juros e multas nos termos do art. 61, caput e § 3º, da Lei n.º 9.430/96, art. 18 da Lei n.º 10.833/2003. Assim, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 143DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 13603.724623/2011-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009
OMISSÃO, DÚVIDA OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Os embargos de declaração não se revestem em via adequada para rediscutir o direito, devendo ser rejeitados quando não presentes os pressupostos de dúvida, contradição ou omissão no acórdão recorrido.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.958
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Acompanhou o julgamento pelo contribuinte o Dr. Marco Túlio Fernandes Ibrahim, OAB/MG n° 110.372.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 OMISSÃO, DÚVIDA OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Os embargos de declaração não se revestem em via adequada para rediscutir o direito, devendo ser rejeitados quando não presentes os pressupostos de dúvida, contradição ou omissão no acórdão recorrido. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Acompanhou o julgamento pelo contribuinte o Dr. Marco Túlio Fernandes Ibrahim, OAB/MG n° 110.372. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 46 23 /2 01 1- 95 Fl. 3628DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.629 2 Relatório Em sessão transcorrida em 29 de janeiro de 2016, esta Primeira Turma Ordinária deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, nos termos do acórdão nº 3301002.813, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2009 a 30/04/2009 PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado – além de seu emprego para locação a terceiros – a seu uso “na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Fl. 3629DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.630 3 Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), Fl. 3630DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.631 4 passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações – no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não cumulatividade – nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento O dispositivo do voto condutor do acórdão embargado segue abaixo transcrito: Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso, no seguinte sentido: I) negar o direito ao creditamento do PIS e da COFINS pela aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado (item 3.1 do TVF); II) reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF); III) manter o entendimento da fiscalização pela impossibilidade de creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF), ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF); IV) quanto à glosa dos créditos calculados sobre fretes pela “falta de identificação das mercadorias transportadas” (item 3.7 do TVF), dar parcial provimento ao recurso, nos termos dos cálculos apresentados pela autoridade fiscal no relatório de diligência de fls. 3553/3558; V) concernente à reclassificação de créditos (item 4.2 do TVF), desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela fiscalização, uma vez caracterizada a possibilidade de utilização dos créditos, para fins de compensação ou de ressarcimento, em vista das compras das máquinas e dos veículos destinadas à revenda; Fl. 3631DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.632 5 VI) quanto ao reposicionamento dos créditos (item 4.3 do TVF), dar parcial provimento ao recurso para permitir o ajuste necessário de forma a considerar a incidência de juros e de multa de mora sobre os débitos apenas até o término de cada trimestre data a partir da qual a contribuinte passou a ter direito ao crédito; VII) negar provimento quanto à retificação dos erros de cálculo. (grifouse) Aduz a d. Procuradoria que o acórdão em tela incide em omissão, contradição e dúvida a respeito das questões que elenca, as quais seguem abaixo discriminadas. Especificamente no que concerne ao item II do dispositivo acima transcrito, cujo entendimento foi o de "reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF)", aduz a Fazenda Nacional que referido entendimento se alicerçou no equivocado argumento de que os serviços prestados pela citada empresa seriam inerentes a um "sistema de controle de fluxo de produção e dos estoques ligados à produção", conforme seguinte trecho extraído do voto condutor do acórdão: [...] Contudo, em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual entendo que os créditos calculados com base nos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos. Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. Segundo a Fazenda Pública, o equívoco restaria caracterizado diante da leitura da Cláusula Primeira do contrato firmado entre a embargada e a GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., cujo objeto estaria restrito à disponibilização de mãodeobra sob a gerência de órgão de planejamento da CNH. Assim o contrato contemplaria apenas a cessão de mãode obra, e não a prestação de serviços, como, ressalta, entendera a decisão de primeira instância, segundo a qual os serviços prestados pela citada empresa teriam caráter nitidamente administrativo. Fl. 3632DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.633 6 Assim, entende a Fazenda Nacional que deveria ser afastada a possibilidade de creditamento inerente às despesas contratuais com a pessoa jurídica GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda.. Em relação ao item V do dispositivo acima transcrito, concernente ao afastamento da reclassificação de créditos efetuada pela fiscalização (item 4.2 do TVF), entendeu a Fazenda Pública que seria contraditória a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, eis que inadmissível o embargado valerse do desconto da base de cálculo do PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 10.865) conjuntamente com o direito de compensação ou restituição do crédito veiculado pelo artigo 15 da mesma lei. Ressalta que a decisão da DRJ entendeu não ser possível a cumulação de ambos os benefícios fiscais, e que enquanto o artigo 17 da Lei nº 10.865 veicula norma de exclusão do crédito tributário, o artigo 15 da mesma lei trata de previsão de não cumulatividade. Ainda, aduz a d. Procuradoria que o Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário com repercussão geral, já se pronunciara sobre a impossibilidade de utilização concomitante da benesse da exclusão do crédito e da não cumulatividade. Reproduz a ementa do acórdão proferido nos autos do RE nº 398.365/RG, e ressalta que muito embora citado decisum trate do IPI, a questão foi analisada sob a ótica do artigo 153, inciso IV, § 3º, inciso II, da Constituição Federal, aplicável à nãocumulatividade das contribuições sociais. Reportase ainda a Fazenda Pública à interpretação literal de que trata o artigo 111 do CTN. Diante do exposto, e dada a aduzida necessidade de saneamento das supostas obscuridades, contradições e omissões, requer sejam acolhidos e providos os presentes embargos de declaração. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios Inicio a análise dos presentes embargos declaratórios apreciando os questionamentos da d. Fazenda Pública quanto ao item II do dispositivo do voto condutor da decisão embargada, cujo entendimento foi no sentido de "reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF)". A Fazenda Nacional alega equivocado o argumento segundo o qual os serviços prestados pela citada empresa são inerentes a um "sistema de controle de fluxo de produção e dos estoques ligados à produção", conforme trecho extraído do voto condutor do acórdão, reproduzido linhas acima. Para a Fazenda Pública, a leitura da Cláusula Primeira do contrato firmado entre a interessada e a GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. restringiria o objeto do contrato à disponibilização de mãodeobra sob a gerência de órgão de planejamento da CNH. Dessa forma, o contrato contemplaria apenas a cessão de mãodeobra, e não a prestação de serviços, Fl. 3633DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.634 7 como, ressalta, teria entendido a decisão de primeira instância, segundo a qual os serviços prestados pela citada empresa teriam caráter nitidamente administrativo. A Cláusula Primeira do contrato referenciado, no qual se alicerça a Fazenda Pública, segue abaixo reproduzida: De pronto, releva destacar que a cláusula primeira acima transcrita não se restringe à "disponibilização de três colaboradores" e, portanto, a mãodeobra, mas também, em parágrafo distinto, à "identificação das restrições dos métodos e processos produtivos (gargalos)" com a sugestão de "alternativas em prazos que possibilitem ações técnicas corretivas". Ou seja, entendemos que o contrato em tela contempla, sim, o "controle de fluxo de componentes nas instalações fabris [...] essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, 'depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time'" (nos termos da decisão embargada). Isso é corroborado pela Cláusula Sétima do contrato em evidência, segundo a qual a execução dos serviços pela contratada ocorrerá, também, "em local diverso das dependências da CONTRATANTE". Confirase: Ademais, conforme demonstrado no voto condutor do acórdão embargado, a suposta restrição do contrato em tela à sessão de mãodeobra não foi levantada em nenhum momento pela fiscalização. Com efeito, a fundamentação adotada pela fiscalização para a glosa do creditamento pelos serviços pagos à empresa GFL foi a impossibilidade de creditamento em face de serviços de "Gerenciamento das operações de transporte "IN Bound" Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante". Isso é reiterado pela fiscalização quando reproduz a ementa da Solução de Consulta Nº 125/2007 da DISIT da 10ª RF, segundo a qual "não gera direito a crédito da Cofins a aquisição de serviços de movimentação e controle de estoques de matériasprimas, materiais de embalagem e produtos acabados, realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada". Fl. 3634DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.635 8 Foi fundado nessa premissa que analisamos a questão e entendemos que [...] em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Confirase o correspondente trecho da decisão embargada abaixo reproduzido: Das glosas objeto do item 3.2 do TVF: serviços não empregados diretamente na industrialização A fiscalização glosou o creditamento correspondente a alguns serviços que não foram “empregados diretamente na industrialização”. Reproduzo o trecho do relatório fiscal correspondente à questão: Instado, conforme Termo de Intimação nº 0551/2011, a informar quais tipos de serviços prestavam as empresas Fiat do Brasil S/A e GFL Gestão de Fatores Logísticos, e a apresentar os respectivos contratos, a empresa respondeu, em 01/09/2011, o seguinte: “Serviços prestados à INTIMADA pela FIAT DO BRASIL S/A: [...] Serviços prestados à INTIMADA pela GFL GESTÃO DE FATORES LOGÍSTICOS LTDA: • Gerenciamento das operações de transporte "IN Bound" Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante.” Nenhuma destas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos. Os serviços prestados pela Fiat do Brasil S/A, claramente, têm caráter administrativo, mas mesmo os prestados pela GFL não podem ser considerados insumos. Neste sentido, a ementa da Solução de Consulta Nº 125 de 2007 – DISIT – 10ª RF declara: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. SERVIÇOS DE MOVIMENTAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES. Não gera direito a crédito da Cofins a aquisição de serviços de movimentação e controle de estoques de matérias primas, materiais de embalagem e produtos acabados, realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada. As contas contábeis responsáveis pelo registro dos créditos de PIS e COFINS incidentes sobre serviços, conforme resposta ao Termo de Início entregue em 08/06/2011, são as de nos 144240 e 144241, e a esmagadora maioria dos lançamentos referemse a serviços prestados pelas duas empresas mencionadas anteriormente, com algumas exceções: a nota fiscal nº 149087 da Metropolitana Vigilância Comercial, cujo crédito o contribuinte afirmou não ter incluído na base de cálculo, e algumas notas Fl. 3635DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.636 9 fiscais, em 2010, referentes a treinamentos técnicos de diversos tipos, aos quais, pelos mesmos argumentos expostos acima, é vedada a geração de créditos. Deste modo, todo o crédito descrito como “Serviço Nacional” nas memórias de cálculo entregues em 08/07/2011, em resposta ao Termo de Início, deve ser glosado [...] A análise do problema envolve essa que talvez seja a questão mais controvertida em relação à nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS: definir o que são insumos para fins de creditamento das citadas contribuições. [...] Contudo, em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual entendo que os créditos calculados com base nos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos. Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (os destaques em negrito não constam do original) Vale ressaltar, ainda, que, diferentemente do que afirma a d. Procuradoria, a decisão de primeira instância também não se fundamentou na apontada restrição do contrato referido à sessão de mãodeobra, conforme comprova o seguinte trecho da decisão em referência: 4. SERVIÇOS NÃO EMPREGADOS DIRETAMENTE NA INDUSTRIA LIZAÇÃO. ITEM 3.2 DO TVF. A DRF glosou tais despesas em virtude de a legislação somente autorizar o creditamento sobre serviços utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, e desde que aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto e prestados por pessoa jurídica domiciliada no país. Afirma que a contribuinte não observou essa regra ao apurar os créditos das contribuições, indicados nas memórias de cálculo apresentadas, enquanto que, instada a informar quais os tipos de serviços prestados pelas pessoas jurídicas Fiat do Brasil Ltda. e GFL Gestão de Fatores Logísticos, a recorrente esclareceu que a primeira prestou serviços relativos ao comércio exterior, contabilidade geral, controle fiscal, gestão tributária e societária e assessoria a expatriados enquanto que a última teria prestado serviços relativos a gerenciamento das operações de Fl. 3636DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.637 10 transporte e acompanhamento de entrega de materiais e componentes. Nenhuma dessas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos, eis que possuem caráter nitidamente administrativo. Em adição, a DRF informou que os serviços destacados correspondem à esmagadora maioria dos lançamentos contábeis nas contas nº 144240 e nº 144241, com exceção da nota fiscal nº 149087 da pessoa jurídica Metropolitana Vigilância Comercial, cujo crédito a contribuinte informou não ter incluído na base de cálculo, e algumas notas fiscais concernentes a treinamentos técnicos de diversos tipos, aos quais, pelos mesmos argumentos, é vedada a geração de créditos das contribuições em exame. Assim, concluiu a DRF, todo o crédito descrito como “Serviço Nacional” nos documentos acostados, foi objeto de glosa. Conforme evidenciado, podem ser considerados insumos para efeitos fiscais somente aqueles bens e serviços que, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, efetivamente sejam aplicados ou consumidos na fabricação ou na produção de bens, ou na prestação de serviços. Desse modo, os serviços em tela não podem ser tidos por insumos. Em adição, embora a requerente alegue que esses serviços são essenciais, não foi o critério da indispensabilidade ou essencialidade, como visto, que motivou a legislação ora em exame. (grifos nossos) Como se vê, também na decisão da DRJ é ressaltado que a natureza dos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. é a de "gerenciamento das operações de transporte e acompanhamento de entrega de materiais e componentes", tendo entendido a decisão de primeira instância, com base na rejeição do critério da "indispensabilidade ou essencialidade" acolhido na decisão embargada , que "nenhuma dessas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos, eis que possuem caráter nitidamente administrativo". Assim, em vista de a aduzida (e equivocada) restrição à sessão de mãode obra no contrato firmado entre a interessada e a GFL, em nenhum momento, ter servido de fundamentação para a glosa dos créditos (seja pela unidade de origem, seja pela DRJ) o que revela inadmissível inovação argumentativa em sede de embargos , e ainda, pelo fato de referido contrato, com efeito, contemplar a "identificação das restrições dos métodos e processos produtivos (gargalos)" com a sugestão de "alternativas em prazos que possibilitem ações técnicas corretivas", demonstrando albergar o "controle de fluxo de componentes nas instalações fabris", como destacado na decisão embargada, entendo que, nessa parte, deverão ser rejeitados os embargos da d. Procuradoria da Fazenda Nacional, eis que demonstrada a perfeita higidez da decisão em tela e, portanto, a ausência de quaisquer dos pressupostos de admissibilidade de embargos de declaração (obscuridade, omissão ou contradição). O d. Procuradoria também se insurgiu contra o entendimento objeto do item V do dispositivo do voto condutor do acórdão embargado, o qual reproduzo novamente: V) concernente à reclassificação de créditos (item 4.2 do TVF), desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela fiscalização, uma vez caracterizada a possibilidade de utilização dos créditos, para fins de compensação ou de ressarcimento, em vista das compras das máquinas e dos veículos destinadas à revenda; Fl. 3637DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.638 11 Segundo a Fazenda Pública, seria contraditória a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, eis que inadmissível o embargado valerse do desconto da base de cálculo do PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 10.865) conjuntamente com o direito de compensação ou restituição do crédito veiculado pelo artigo 15 da mesma lei. Ressalta que a decisão da DRJ entendera não ser possível a cumulação de ambos os benefícios fiscais, e que enquanto o artigo 17 da Lei nº 10.865 veicula norma de exclusão do crédito tributário, o artigo 15 da mesma lei trata de previsão de não cumulatividade. Faz referência ainda ao RE nº 398.365/RG, cujo entendimento deveria ter sido observado na decisão embargada. Não obstante, da análise dos argumentos contidos no voto condutor do acórdão recorrido, vêse que, no mesmo, não há nenhuma contradição entre o que foi decidido e os fundamentos do acórdão que justifique o acolhimento dos presentes embargos declaratórios. Tãosomente foi adotada uma interpretação específica dentre entendimentos possíveis na lamentável colcha de retalhos que é a legislação inerente ao regime da não cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS. No caso, o colegiado entendeu que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, ao admitir a compensação e o ressarcimento também em relação aos créditos decorrentes da incidência do PIS e da COFINS sobre as importações nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, abrangia as mercadorias discriminadas no artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004, por entender que aduzido dispositivo (artigo 17) trata de um subconjunto das hipóteses amplamente abordadas pelo artigo 15, principalmente considerando o teor do parágrafo 8º do mesmo artigo 17, segundo o qual "o disposto neste artigo alcança somente as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta Lei" (grifei). Segundo o entendimento exarado no acórdão, a especificidade do artigo 17 referenciado seria inerente à forma de apuração dos créditos, prescrita em seu parágrafo 2º, o qual, no caso dos bens de que trata o § 3º do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004 (“máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM”), correspondia a 2% e a 9,6%, respectivamente, para o PIS e para a COFINS, nos termos da redação à época vigente do artigo 1º da Lei nº 10.485/20021, a que remete o inciso III do artigo 2º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Exceção, pois, às alíquotas gerais de 1,65% para o PIS e de 7,6% para a COFINS, prescritas pelo caput do artigo 2º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Evidentemente, acaso exista dissenso jurisprudencial no âmbito deste CARF, poderá a questão ser questionada via recurso especial, mas não mediante embargos de declaração, eis que este recurso não pode ser utilizado para a rediscussão do direito. Da conclusão 1 Art. 1° As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 3638DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724623/201195 Acórdão n.º 3301002.958 S3C3T1 Fl. 3.639 12 Diante do exposto, e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de dúvida, omissão ou contradição que justifique a oposição de embargos de declaração, voto para que seja rejeitado o recurso formalizado pela Fazenda Pública, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. Sala de sessões, em 28 de abril de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios – Relator Fl. 3639DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 10314.722059/2012-14
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2000
NORMAIS PROCESSUAIS. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. POR FALTA DE ANÁLISE DE ARGUMENTOS POSTOS EM IMPUGNAÇÃO COMPLEMENTAR APRESENTADA APÓS O TRANSCURSO DO PRAZO REGULAMENTAR. INOCORRÊNCIA.
Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa a decisão de primeira instância que não se pronuncia sobre razões de defesa aduzidas em peça impugnatória complementar, apresentada após o término do prazo impugnatório.
Numero da decisão: 9303-003.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Maria Cecconello e Maria Teresa Martínez López e o Conselheiro Demes Brito, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator.
EDITADO EM: 28/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto e as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2000 NORMAIS PROCESSUAIS. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. POR FALTA DE ANÁLISE DE ARGUMENTOS POSTOS EM IMPUGNAÇÃO COMPLEMENTAR APRESENTADA APÓS O TRANSCURSO DO PRAZO REGULAMENTAR. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa a decisão de primeira instância que não se pronuncia sobre razões de defesa aduzidas em peça impugnatória complementar, apresentada após o término do prazo impugnatório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Maria Cecconello e Maria Teresa Martínez López e o Conselheiro Demes Brito, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. EDITADO EM: 28/05/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 20 59 /2 01 2- 14 Fl. 219865DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto e as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López. Relatório Por meio do despacho de fls. 219.978 o Presidente da Primeira Câmara admitiu parcialmente recurso especial do contribuinte que pretendia rediscutir, em sua totalidade, a decisão que lhe foi integralmente desfavorável. A análise preliminar restringiu a admissibilidade à nulidade por cerceamento do direito de defesa, entendimento que foi confirmado pelo Presidente da CSRF. Segundo o recorrente, ela decorreria da não apreciação de suas "razões complementares" aduzidas em "impugnação complementar" apresentada após esgotado o prazo regulamentar. Sobre a matéria, a ementa da decisão recorrida registra: NULIDADE DE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DA ALEGADA SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa a decisão de primeira instância que não se pronunciou sobre razões defesa aduzidas em peça impugnatória complementar, apresentada após o término do prazo impugnatório e demonstrado que foram analisadas todas as alegações aduzidas na impugnação tempestiva. E o acórdão consigna: Em sede de preliminar, as recorrentes alegaram nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa, sob o argumento de que houve supressão de instância no âmbito do julgado recorrido, porque não foram analisados os argumentos aduzidos nas impugnações complementares de fls. 212679/212736 e 215867/215923 nem o argumento apresentado na impugnação original sobre a ilegalidade da dupla incidência ou bitributação do IPI, que descaracterizaria a imputada quebra de cadeia do IPI apontada como o motivo da ocultação da responsável solidária. Sem razão a recorrente, porque as referidas impugnações complementares foram apresentadas em 12/12/2012, ou seja, em data bem posterior ao prazo final de impugnação de 30 (trinta) dias, que se expirou em 4/5/2012. Aliás, o fato de a Turma de Julgamento de primeiro grau não ter apreciado os argumentos aduzidos nas citadas peças, bem como os documentos que a elas foram colacionados, está em perfeita consonância com o disposto nos arts. 15 e 16 do Decreto 70.235/1972, doravante denominado de PAF, que exigem Fl. 219866DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10314.722059/201214 Acórdão n.º 9303003.845 CSRFT3 Fl. 219.864 3 respectivamente, que: a) a impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, seja apresentada ao órgão preparador no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias; e b) a prova documental seja apresentada junto com a impugnação tempestiva, sob pena de preclusão, exceto se (i) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, (ii) refirase a fato ou direito superveniente e (iii) destinese a contrapor fatos ou razões supervenientes, o que não ocorreu no caso em tela. Foi admitida a divergência com as decisões apontadas acórdãos n° 1801 001.863 e 2202002.748 cujas ementas são similares: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2008 IMPUGNAÇÃO. RAZÕES DE DEFESA ADICIONAIS APRESENTADAS ANTES DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. Não deve ser oposta preclusão ou intempestividade em face de razões de defesa adicionais, complementares, apresentadas pelo sujeito passivo antes da decisão de 1a Instância. Apreensão do objetivo primordial do processo de impugnação verificação da legalidade do lançamento. Observância do princípio da verdade material. Ausência de vedação no artigo 17, do Decreto n°. 70.235, no que se refere às matérias contestadas, em oposição à limitação temporal prescrita no artigo 16 e seus parágrafos no que tange à prova documental. Nelas, basicamente, se entendeu que: a) os citados artigos do Decreto 70.235/72 não trariam vedação expressa à apresentação de razões complementares, apenas quanto à prova documental; b) que não há prejuízo a nenhuma das partes mesmo à Administração na apreciação de tais razões; c) que o princípio da verdade material tem subsidiado até mesmo a aceitação de prova documental após o prazo previsto no PAF e d) "na conformação do processo de impugnação, a todos interessa a amplitude de cognição dos possíveis vícios do ato administrativo. Não há utilidade, nem eficiência administrativa, na condução de crédito indevido, ilegal ou nulo, ao processo judicial de cobrança forçada". Vale, desde logo, o esclarecimento de que também nos paradigmas a impugnação complementar foi apresentada após os trinta dias regulamentares, ainda que antes da decisão de primeiro grau. Tempestivas contrarrazões pugnam pela manutenção do julgado. É o Relatório. Fl. 219867DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Concordo com a conclusão do despacho de admissibilidade, visto que absolutamente idênticos os fatos e diametralmente opostas as conclusões. Porém, no mérito, estou com as razões da decisão recorrida. De fato, apesar do esmero demonstrado pelo conselheiro Leonardo Mendonça, relator da decisão aceita como comprobatória da divergência, na exposição das razões para afastar a intempestividade e a preclusão, delas divirjo. Com efeito, no meu entender, os artigos 15, 16 e 17 do PAF, em conjunto, trazem sim vedação expressa à apreciação de razões após esgotado o prazo fixado no primeiro. Permitamme novamente reproduzilos, destacando aquilo que me parece relevante: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 219868DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 10314.722059/201214 Acórdão n.º 9303003.845 CSRFT3 Fl. 219.865 5 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante Dessa leitura conjunta, pareceme, a única conclusão cabível é aquela expressa na decisão recorrida: é no prazo de trinta dias que devem ser apresentadas as razões e argumentos que devem ser analisados pela instância julgadora, além das provas documentais que a defesa possuir. Ademais, não consigo aderir à tese da decisão paradigmática segundo a qual a presença da expressão preclusão apenas no art. 17 e a referirse à prova documental implica não afetar ela a apresentação de razões fora do prazo previsto. É que, em meu entender, sendo a preclusão um instituto processual sequer haveria necessidade de que ela constasse expressamente do decreto regulamentar, pois sempre seria aplicável. O que o artigo 17 faz, nesse sentido, é abrir exceção à regra, de modo a permitir que a prova documental, e apenas ela, possa ser apresentada após o prazo regulamentar e tãosomente nas hipóteses que elenca. E não é sem motivo: como o próprio paradigma afirma, ela pode ser bastante para definir o processo por exemplo, quando se trata de um DARF comprobatório de pagamento realizado e não haveria, assim, razão para que não fosse aceita quando comprovada sua impossibilidade de apresentação tempestiva. Nada disso, no entanto, se aplica às razões de defesa, que devem sempre ser expostas, e de forma definitiva, dentro do prazo que a lei lhe facultou. Como ensinam os mais renomados mestres1, a preclusão consumativa, de que aqui se trata, alicerçase no princípio de que 1 THEODORO JR. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 12 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, pág. 31. Fl. 219869DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 6 "o processo deve ser dividido numa série de fases ou momentos, formando compartimentos estanques, entre os quais se reparte o exercício das atividades tanto das partes, como do juiz. [ ] dessa forma, cada fase prepara a seguinte e, uma vez passada à posterior, não é mais dado retornar à anterior. Assim, o processo caminha sempre para a frente, rumo à solução do mérito, sem dar ensejo a manobras de má fé de litigantes inescrupulosos ou maliciosos (...)." Nesses termos, exercido o direito no prazo que lhe facultou a norma legal, impedido o retorno à mesma fase, agora já superada. Com tais considerações, voto pelo não provimento do recurso apresentado. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 219870DF CARF MF Impresso em 13/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 07/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RA MOS, Assinado digitalmente em 29/05/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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Numero do processo: 10907.001085/2003-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 31/03/2003
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. MULTA QUALIFICADA DE 150%. APRECIAÇÃO DE OFÍCIO. As matérias de ordem pública devem ser suscitadas pelo colegiado e apreciadas de ofício, ou seja, mesmo que não tenham sido objeto de recurso voluntário. A aplicação de multa qualificada é matéria de ordem pública, por pressupor a demonstração do evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64.
Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 3301-002.922
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para suprir a omissão no que tange à apreciação de ofício de matéria de ordem pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Paulo Roberto Duarte Moreira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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APLICAÇÃO DE PENALIDADE. MULTA QUALIFICADA DE 150%. APRECIAÇÃO DE OFÍCIO. As matérias de ordem pública devem ser suscitadas pelo colegiado e apreciadas de ofício, ou seja, mesmo que não tenham sido objeto de recurso voluntário. A aplicação de multa qualificada é matéria de ordem pública, por pressupor a demonstração do evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos formulados pela Fazenda Nacional, para suprir a omissão no que tange à apreciação de ofício de matéria de ordem pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 10 85 /2 00 3- 44 Fl. 253DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 5/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10907.001085/200344 Acórdão n.º 3301002.922 S3C3T1 Fl. 11 2 Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Paulo Roberto Duarte Moreira e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra a Embargada, pelo qual se exigiu o recolhimento de R$ 188.575,71 de COFINS e R$ 282.863,56 de multa de ofício de 150%, devido ao indeferimento do pedido de restituição/compensação objeto do processo administrativo fiscal nº 10907.001984/200266, referente ao período de apuração de 03/2003. Tendo em vista que a TCP tomou ciência do indeferimento do pedido de restituição/compensação em 24/03/2003 e que apresentou Declaração de Compensação em 12/09/2003 e 24/09/2003, a autoridade fiscal entendeu estar configurado evidente intuito de fraude, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/1996, aplicando a multa de 150%. A DRJ manteve a integralidade da exigência fiscal. Em seu recurso voluntário, a TCP formulou pedido para que o auto de infração concernente à cobrança dos créditos fiscais relativos à COFINS fosse extinto por flagrante ilegalidade ou, no mínimo, suspenso até a decisão final do processo administrativo do Pedido de Restituição. Em cumprimento à diligência solicitada através da Resolução 201 00412, a autoridade fiscal relatou o trânsito em julgado da decisão que negou provimento ao pedido de restituição. Em sessão transcorrida em 29 de janeiro de 2015, a Primeira Turma da Terceira Câmara, desta Terceira Seção do CARF deu provimento parcial ao recurso voluntário da TCP, para excluir do lançamento a aplicação da multa de 150%, nos termos do acórdão nº 3301002.555, relatada pela Conselheira Mônica Elisa de Lima, assim ementado: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2003 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COFINS. PEDIDO ORIGINÁRIO DO CRÉDITO INDEFERIDO. COMPENSAÇÃO IMPROCEDENTE. DECORRÊNCIA. Atestada, em decisão administrativa irrecorrível, a inexistência do crédito, não subsiste a compensação solicitada por ausência de pagamento indevido ou a maior. MULTA DE 150%. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE. DOLO NÃO DEMONSTRADO. Não há previsão de qualquer multa sobre a compensação não homologada, quando não caracterizados fatos previstos nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. (Grifei) A Fazenda Nacional alega que houve omissão do r. acórdão, ao não dispor expressamente sobre os pressupostos que permitiram a análise de mérito da aplicação da multa de 150%, uma vez que não houve questionamento de validade dessa multa no recurso voluntário da Embargada. Para a Fazenda Nacional, não se trata de matéria de ordem pública, Fl. 254DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 5/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10907.001085/200344 Acórdão n.º 3301002.922 S3C3T1 Fl. 12 3 sendo assim, se a TCP não questionou expressamente o percentual da multa, estaria a questão preclusa e, portanto, o julgamento fora extra petita. Por isso, requer sejam conhecidos e acolhidos os presentes embargos de declaração, a fim de sanar o vício acima apontado e prequestionar a matéria que não foi objeto de análise expressa no acórdão embargado. É o relatório. Voto A questão central destes Embargos é a possibilidade ou não de manifestação de mérito do julgador sobre a multa qualificada, quando não expressamente postulado o inconformismo pelo contribuinte e a justificativa para tanto. À luz do Decreto nº 70.235/1972 (art. 16, II e 17), que rege o processo administrativo fiscal, em se tratando de recurso voluntário, cumpre aos julgadores apreciar as matérias expressamente recorridas. A despeito disso, é pacífico o entendimento que é dever do colegiado apreciar de ofício as matérias de ordem pública, ou seja, ainda que não tenham sido contestadas, bem como corrigir os erros materiais que, porventura, agravarem incorretamente a exigência fiscal. As questões de ordem pública são aquelas que condicionam a legitimidade do próprio exercício de atividade administrativa. Por isso, não precluem e podem, a qualquer tempo, ser objeto de exame, em qualquer fase do processo e em qualquer grau de jurisdição, sendo passíveis de reconhecimento de ofício pelo julgador, nos termos do art. 303, II e III do CPC/73 e, 342, II e III do CPC/2015. A rigor, a aplicação de penalidades tributárias são matérias de ordem pública, pois, o Estado não pode punir indevidamente os administrados, por imperativo do art. 37, caput, da CF/88 e art. 2º, parágrafo único, I, VI e IX da Lei nº 9.784/99. A aplicação de penalidade, sendo matéria de ordem pública, integra a lide de forma implícita, razão pela qual sua inclusão ex officio, pelo julgador, não caracteriza julgamento extra ou ultra petita, hipótese em que prescindível o princípio da congruência entre o pedido e a decisão. O CARF já se manifestou nesse sentido, vejase: MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. APLICAÇÃO DA MULTA DE PENALIDADE. APRECIAÇÃO DE OFÍCIO. As matérias de ordem pública podem ser suscitadas pelo colegiado e apreciadas de ofício, ou seja, mesmo que não tenha sido objeto do recurso voluntário. Isso se aplica à exigência de penalidades, dentre elas a multa de oficio isolada por falta de recolhimento do tributo por estimativa, que foi lançada em concomitância com a multa de oficio proporcional sobre o tributo devido no anocalendário. Embargos conhecidos e rejeitados.Acórdão nº 1402000.246, julg. 04/08/2010. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 5/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10907.001085/200344 Acórdão n.º 3301002.922 S3C3T1 Fl. 13 4 Nos casos de comprovado intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será aplicada a multa de ofício de 150%. A lição de Paulo de Barros Carvalho esclarece o papel da aplicação da multa qualificada: É a espécie de multa que tem por conteúdo a agravação de penalidade em decorrência de dolo, fraude ou simulação na prática do ato jurídico tributário. É aplicada quando a Administração Pública demonstra, por elementos seguros de prova, no Auto de Infração, a existência da intenção do sujeito infrator de atuar com dolo, fraudar ou simular situação perante o Fisco. Para caracterizar a multa agravada, é necessário, outrossim, a existência de fato doloso, fraudulento ou simulado, devidamente provado, para se produzir a correta subsunção do fato infracional à norma autorizadora do agravamento da penalidade. (Direito Tributário, Linguagem e Método. 6. Ed. São Paulo: Noeses, 2015, p. 894). Grifei. No caso em comento, a compensação não foi homologada pela autoridade fiscal, sem, contudo, que se tenha provado qualquer falsidade, prática de sonegação, conluio ou fraude, inaplicável dessa forma a multa de 150%, sendo remansosa a jurisprudência do CARF sobre o tema, a exemplo da recente decisão da CSRF, de 01/03/2016, Acórdão nº 9101002.261: MULTA QUALIFICADA. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS NÃO TRIBUTÁRIOS E DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE FRAUDE. Para a aplicação da multa de 150%, necessária a demonstração de que o contribuinte procedeu com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Não configura fraude, por si só, a mera apresentação de declaração portando elementos inexatos, objetivando a utilização de crédito de terceiro e/ou que não se refira a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a fim de compensar débitos próprios regularmente confessados. MULTA ISOLADA. INAPLICABILIDADE DA MULTA ISOLADA DE 75.% RETROATIVIDADE BENIGNA. Diante da previsão legal para a aplicação de multas isoladas apenas para a hipótese de falsidade e no percentual de 150%, incabível a desqualificação da multa pela DRJ para a exigência de multa isolada de 75% em face das compensações não homologadas realizadas pelo contribuinte. E ainda, o julgado da Colenda Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9202003.764: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2006, 2009 Fl. 256DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 5/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10907.001085/200344 Acórdão n.º 3301002.922 S3C3T1 Fl. 14 5 MULTA QUALIFICADA. REQUISITOS. ASPECTO SUBJETIVO DO INFRATOR. Diferentemente da multa de ofício de 75%, que é objetiva, decorre do tipo (lei) e é imposta com culpa ou dolo, a multa qualificada de 150% necessita da aferição do aspecto subjetivo do infrator, consistente na vontade livre e consciente, deliberada e premeditada de praticar a conduta ou de assumir o risco da sonegação. (...) Acórdão nº 9202003.764, julg. 16/02/2016. O acórdão embargado fundamentou o reconhecimento de ausência da tipicidade, conforme se observa no excerto: Para além de mera opinião, a Autoridade Lançadora não apresentou qualquer prova ou indício consistente de que o Sujeito Passivo agira com dolo, fraude ou simulação, procedimentos esses cuja verificação da existência é um ônus do Fisco. Este Conselho é pacífico no entendimento de que a fraude não se presume; devendo, pelo contrário, ser comprovada pelo Agente Público que a alega. (...) Com as específicas adaptações de contexto, igual entendimento emerge da Súmula CARF nº 14, segundo a qual: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo". Portanto, configurada está a omissão quanto à fundamentação do reconhecimento da matéria de ordem pública no acórdão: desqualificação da multa de 150%. Todavia, não há qualquer alteração no resultado do julgamento. Conclusão Diante do exposto, voto por acolher os embargos interpostos, para suprir a omissão do voto condutor no que tange à apreciação de ofício de matéria de ordem pública, e ratificar o acórdão 3301002.555, de 29/01/2015, sem efeitos infringentes. Sala de Sessões, em 26 de abril de 2016. Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 257DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 25/0 5/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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