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Numero do processo: 10980.013814/2008-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004, 2005
Ementa:
ITR. VTN. NÃO COMPROVAÇÃO.
Constatada - pelo Fisco - a flagrante subavaliação do VTN utilizado pelo contribuinte, a este cabe a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica - ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, com vistas a contrapor o valor obtido no SIPT.
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. OBRIGATORIEDADE.
A partir do exercício 2001, faz-se obrigatória, para valer-se da isenção das áreas elencadas nas alíneas "a" a "f" do inciso II do artigo 10 da Lei 9.393/96, a apresentação - tempestiva - do ADA ao IBAMA, com referidas informações.
ITR. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO.
A ARL deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, consoante estabelecem os §§ 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65.
Numero da decisão: 2402-006.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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VTN. NÃO COMPROVAÇÃO. Constatada pelo Fisco a flagrante subavaliação do VTN utilizado pelo contribuinte, a este cabe a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, com vistas a contrapor o valor obtido no SIPT. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício 2001, fazse obrigatória, para valerse da isenção das áreas elencadas nas alíneas "a" a "f" do inciso II do artigo 10 da Lei 9.393/96, a apresentação tempestiva do ADA ao IBAMA, com referidas informações. ITR. RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. A ARL deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, consoante estabelecem os §§ 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 38 14 /2 00 8- 37 Fl. 165DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra o contribuinte (espólio) foi lavrado Auto de Infração para constituição do ITR, exercícios 2004 e 2005 no valor principal de R$ 18.005,23 e R$ 19.464,31, respectivamente, acrescidos de multa de ofício (75%) e juros legais (Selic), relativo ao NIRF 1.450.5169 FAZENDA MANIKA. Foram apuradas as seguintes infrações em ambos os exercícios: 1 Área de Preservação Permanente não comprovada; 2 Área de Reserva Legal não comprovada; 3 VTN declarado não comprovado; e 4 Área Ocupada com Produtos Vegetais não comprovadas. Regulamente intimado do lançamento, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ fls. 119/129. Em seu Recurso Voluntário de fls. 134/155 aduz, em resumo: 1 Que a área do imóvel consta do ecossistema da Mata Atlântica, inserida na Área de Proteção Ambiental APA de Guaraqueçaba, criada pelo Decreto Federal n° 90.883 de 31 de janeiro de 1.985 e declarada como área de proteção ambiental no âmbito do Estado do Paraná, conforme Decreto Estadual PR n° 1.228 de 30 de março de 1992, e o excluiria definitivamente da condição de áreas tributáveis, uma vez que proibida toda e qualquer atividade nessas áreas. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 3 3 Que o ADA apresentado demonstraria a integralidade da área como de interesse ecológico. 2 Que as áreas utilizadas com benfeitorias e produtos vegetais que foram glosadas pela Fiscalização deveriam ser consideradas como APP; 3 Que o VTN considerado no lançamento, infundado e inconseqüente, decorreu de uma valor de terras que é varias vezes maior do que o negociado quando da aquisição do imóvel. Que não se trataria de terras mistas inaproveitáveis e si de área de preservação formada por manguezais, morros, serras, montanhas, enfim topografia exageradamente acidentada, servindo de abrigo de animais silvestres e florestal protegidos pela legislação comercial e que não tem valor comercial, apenas preservação natural e permanente. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 06.072010 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 03.08.2010. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Consoante se denota do demonstrativo de apuração do ITR devido, a Fiscalização promoveu alterações na DITR do contribuinte no que toca às áreas: de preservação permanente, de reserva legal, além de no valor total do imóvel e áreas utilizadas por produtos vegetais e sobre tais assuntos se desenvolverá a análise a seguir. Vejamos: Fl. 167DF CARF MF 4 As alterações promovidas de ofício pelo lançamento trazem repercussão direta na base imponível e alíquota do tributo. Glosa das Áreas de Preservação Permanente APP e Reserva Legal ARL. Prosseguindo na análise, o § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, que deve ser aplicado em sua literalidade por força do artigo 111 do CTN1, elenca as áreas que podem ser deduzidas da área tributável para fins de apuração do ITR. Vejamos: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: 1 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (...) Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 4 5 a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) as áreas sob regime de servidão florestal.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) As áreas de preservação permanente APP, consoante definidas na Lei 4.771/65, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas, podem ser classificadas como legais (art. 2º) e administrativas (art. 3º). Quanto às primeiras, as legais, temos as florestas e demais formas de vegetação natural situadas próximas a fontes de recursos hídricos e a relevos com importância a preservação dos eco sistemas, tais como: i) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal; ii) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; iii) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; iv) no topo de morros, montes, montanhas e serras; v) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; e vi) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. Fl. 169DF CARF MF 6 Por sua vez, as APP administrativas, declaradas por ato do poder público, são as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. Percebese que há uma evidente diferença entre as duas espécies de APP. Enquanto que para as legais, já determinadas no diploma legal, a finalidade é intrínseca ao que se propõe a lei; para as administrativas, a finalidade a ser alcançada pelo administrador público está textualmente prevista nas alíneas daquele artigo 3º. Assim, indubitavelmente, a ação do poder público tornase imprescindível para a constituição dessas APP administrativas. Frisese que a supressão total ou parcial dessas áreas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. Por seu turno, ainda de acordo com o diploma encimado, as reservas legais são áreas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessárias ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, cuja vegetação não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos. Devem ser averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após aprovada sua localização pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada (§ § 4º e 8º do artigo 16 da Lei 4.771/65). A obrigatoriedade da aprovação acima citada foi introduzida na lei de regência, por conta da MP 2.16667/2001. Veja, a obrigatoriedade de se ter aprovada a localização da ARL pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada está diretamente relacionada à vedação a que se constitua reserva legal sobre área de preservação permanente, já dedutível, observadas as exigências legais, na apuração do imposto. Com isso, tendese a evitar a utilização da mesma área, por mais de uma vez, como dedução do ITR. Assim, podese resumir: APP Pode haver a supressão, quando assim determinar o interesse público; Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 5 7 ARL Não pode haver a supressão, mas somente sua utilização em regime de manejo florestal sustentável. E, por fim, naquilo que interessa ao caso, temos as áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que, destacase: ampliem as restrições de uso previstas para as APP e ARL. Em outras palavras: ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de interesse ecológico, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, tenho que sua dedução, da área tributável pelo ITR, não possui suporte legal. Confirase. ITR ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ÁREA DECLARADA DE INTERESSE ECOLÓGICO NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Para que não se tribute pelo Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR a área de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declarada mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, deve ser comprovada a ampliação às restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e reserva legal, ou seja, restrições além do manejo sustentável. Acórdão nº 9202003.051 – Sessão de 12 de fevereiro de 2014 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. Para que as Áreas de Interesse Ecológico para a proteção dos ecossistemas sejam isentas do ITR, é necessário que sejam assim declaradas por ato específico do órgão competente, federal ou estadual, e que estejam sujeitas a restrições de uso superiores àquelas previstas para as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente. O fato de o imóvel rural encontrarse inserido em zoneamento ecológico, por si só, não gera direito à isenção ora tratada. Acórdão nº 9202004.576 – Sessão de 24 de novembro de 2016 Reforçase: para efeito de exclusão do ITR, a Área de Interesse Ecológico deve ser assim declarada em caráter específico para determinada área da propriedade particular. Quer dizer com isso, que a área declarada em caráter geral não satisfaz, por si só, a condição legal para sua dedutibilidade. Portanto, se o imóvel rural estiver dentro de área declarada em caráter geral como de interesse ecológico, é necessário também o reconhecimento específico de órgão competente federal ou estadual para a área da propriedade particular. O reconhecimento dessas áreas depende de ato específico, por imóvel, expedido pelo Ibama (Ato Declaratório Ambiental – ADA). Prosseguindo, a alínea "e" do inciso II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, com a redação dada pela lei 11.428/2006, autorizou a dedução, a partir de 01.01.2007, das Fl. 171DF CARF MF 8 áreas cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração. Notese que áreas cobertas por florestas nativas secundárias em estágio inicial de regeneração não foram contempladas pelo dispositivo.2 Malgrada a digressão acima, seja qual for a área que, ao amparo do inciso II, do § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, se pretenda expurgar daquela tributável pelo ITR, o fato é que ela deve constar consignada no competente Ato Declaratório Ambiental ADA, conforme preconiza o artigo 17O da Lei 6.938/81, com a redação dada pela Lei 10.165/2000. Confirase. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (...) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. Por sua vez, o Ato Declaratório Ambiental – ADA é um instrumento legal que possibilita ao Proprietário Rural uma redução do Imposto Territorial Rural – ITR, em até 100%, sobre a área efetivamente protegida, quando declarar no Documento de Informação e Apuração DIAT/ITR, Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Interesse Ecológico, Servidão Florestal ou Ambiental, áreas cobertas por Floresta Nativa e áreas Alagadas para fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas. É documento de cadastro das áreas do imóvel rural junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental que o integram para fins de isenção do Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sobre estas últimas. Deve ser preenchido e apresentado pelos declarantes de imóveis rurais obrigados à apresentação do ITR. O texto legal encimado evidencia uma atuação conjunta de órgãos autônomos no sentido de manter o controle em relação à desoneração tributária. Ademais, prevê a necessidade de pagamento de uma taxa de vistoria, a qual, em sendo realizada, e não se confirmando a existência das áreas excluídas de tributação, poderá ensejar o lançamento de ofício do tributo, sendo inequívoco que o ADA é obrigatório para aqueles que desejam se beneficiar da redução do tributo devido a título de ITR. É dizer: é instrumento eleito pelo legislador para controle, integração de órgãos e fonte de custeio da atividade de vistoria, questões absolutamente indispensáveis ao acompanhamento do cumprimento dos preceitos da legislação relativos à limitação da utilização de tais áreas, bem assim da correção no gozo da benesse fiscal. 2 http://www.fundacaofia.com.br/gdusm/florestas_estagios.htm Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 6 9 Nesse contexto, o legislador estabeleceu a forma que entendeu adequada para promover tal controle e fiscalização, não sendo possível a este Conselho deixar de aplicar comando legal válido e vigente apenas pela eventual convicção de que tal atividade poderia ser levada a termo de outra forma. Reprisese. Não há esforço interpretativo que, a partir da literalidade da frase "a utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória", possa ser capaz de concluir pela desnecessidade da obrigação imposta pelo legislador. É entendimento corrente neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, com o advento da lei 6.938/81, com a redação dada pela Lei nº 10.165/00, é obrigatória a apresentação do ADA protocolado junto ao IBAMA. Situação diversa da verificada em períodos anteriores ao ano de 2001, como se depreende da Súmula Carf. nº 41, segundo a qual, “a não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. No caso em tela, o que se vê é a utilização da função extrafiscal do tributo, mediante sua aplicação como instrumento de política ambiental, estimulando a preservação ou recuperação da fauna e da flora em contrapartida a uma redução do valor devido a título de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Contudo, a legislação impõe requisitos para gozo de tais benefícios, os quais variam de acordo com a natureza de cada hipótese de exclusão do campo de incidência do tributo e das limitações que cada situação impõe ao direito de propriedade. Voltando às reservas legais, caso de fato existentes, há que se observar, cumulativamente, o preenchimento dos dois requisitos a seguir: sua averbação junto à matrícula do imóvel previamente ao exercício em que dela se pretenda usufruir, após aprovação do local pelo órgão ambiental e sua informação no ADA protocolizado no IBAMA, no prazo estabelecido em norma regulamentar. 3 Em suma: a existência das ARL, APP, áreas cobertas pro floresta nativa ou qualquer outra especificada naquele inciso II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96, por si só não assegura ao contribuinte a não tributação das áreas s que se refere. Há de se cumprir as exigências legais. Notem por sua vez, que os prazos acima destacados não se tratam de mera formalidade ou desprovidos de propósito razoável. Vejamos: Se por um lado é indubitável que as ARL devem ser averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, por outro, o que se questiona é se tal providência pode ser efetivada a qualquer tempo. Tenho que não. Tal averbação é condição legal para que o sujeito passivo possa, a rigor, se valer de tal isenção e não ter contra si constituído o crédito tributário a ela relacionada. Logo, todas as circunstâncias constitutivas 4 e fatos devem estar perfeitamente configurados à data do fato gerador da obrigação principal. E mais, a averbação em registro 3 Artigo 9º, § 3º, I da IN SRF 256/2002. 4 o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Fl. 173DF CARF MF 10 próprio possibilita a determinação dos limites e localização das ARL, viabiliza o efetivo controle de sua manutenção pelo poder público, além de dar publicidade de seus contornos à eventuais adquirentes da propriedade. Seria, a grosso modo, uma via de mão dupla. Assim dispõe o § 1º do artigo 12 do Decreto 4.382/2002, de obediência obrigatória por este colegiado: Art. 12. São áreas de reserva legal aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, nas quais é vedada a supressão da cobertura vegetal, admitindose apenas sua utilização sob regime de manejo florestal; § 1º Para efeito da legislação do ITR, as áreas a que se refere o caput deste artigo devem estar averbadas na data de ocorrência do respectivo fato gerador. Já no que toca ao prazo para o protocolo do ADA, da mesma forma de evidente obrigatoriedade legal, veja que está relacionado á viabilidade do exercício do poder de polícia a cargo do IBAMA. Admitir o protocolo a qualquer tempo conduzira, por óbvio, ao inegável prejuízo no exercício da atividade estatal, já que poderia não mais dispor de tempo hábil à tomada de eventuais providências no âmbito do lançamento de oficio do ITR. Esvaziaria, assim entendido, o propósito legal. Na mesma linha, o inciso I do § 3º do artigo 10 daquele Decreto 4.382/2002 estabelece: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: I de preservação permanente; II de reserva legal; III de reserva particular do patrimônio natural; IV de servidão florestal; V de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; VI comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual.. § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 2º A área total do imóvel deve se referir à situação existente na data da efetiva entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural DITR. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 7 11 § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo; E II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR. § 4º O IBAMA realizará vistoria por amostragem nos imóveis rurais que tenham utilizado o ADA para os efeitos previstos no § 3º e, caso os dados constantes no Ato não coincidam com os efetivamente levantados por seus técnicos, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, que apurará o ITR efetivamente devido e efetuará, de ofício, o lançamento da diferença de imposto com os acréscimos legais cabíveis. Nesse diapasão, em atenção à parte final daquele inciso I do parágrafo 3º acima, a Instrução Normativa SRF nº 256/2002, que é, na forma do artigo 100 do CTN, norma complementar das leis e, portando, de observância obrigatória por todos os contribuintes, estabelece em seu artigo 9º, o prazo para a apresentação do referido ADA, para fins do seu aproveitamento em matéria tributária. Reforçase: não se trata de criar tributo ou mesmo restringir/limitar o exercício do direito do contribuinte, que se deu por força da lei 9.393/96 e artigo 17O da Lei 6.938/81, mas sim de regulamentar seu exercício. Em outras palavras: para se valer dessa isenção condicionada, seu cumprimento deve se dar de forma a efetivamente assegurar ao Estado, por meio de seu órgão ambiental, a possibilidade de se aferir o escorreito enquadramento da área a ele declarada e que pretende ver excluída da apuração do ITR. Assim, não resta dúvida que para fins de exclusão da área tributável, aquelas áreas deverão ser obrigatoriamente informadas em ADA, protocolado pelo sujeito passivo no IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo. É o que exige o Decreto 4.382/2002, de observância obrigatória por este colegiado, a teor do artigo 62 do RICARF. Conforme se extrai do excerto abaixo, que constou do voto vencedor no acórdão 9202005753, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a jurisprudência neste Conselho consolidouse no sentido de aceitar o ADA protocolizado até o início da ação fiscal. Confirase: É certo que, no caso da Área de Preservação Permanente (APP), tratase de acidentes geográficos já existentes na natureza, porém a exclusão da tributação desta área ambiental não está condicionada à criação da área e sim da sua preservação, como a própria denominação está a indicar. Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, Fl. 175DF CARF MF 12 no que tange ao ITR, este foi fixado em 1º de janeiro (art. 1º da Lei nº. 9.393, de 1996), é claro que a fruição do benefício está condicionada à preservação à época do fato gerador. Nesse passo, a Receita Federal, utilizandose da prerrogativa de regulamentar a forma e os prazos para cumprimento de obrigações acessórias, estabeleceu o prazo de seis meses após a data de entrega da DITR, para que o Contribuinte providencie o protocolo do ADA. E tratandose de declarar algo que a priori já existiria na natureza, este Colegiado consolidou a jurisprudência no sentido de aceitarse o ADA protocolado antes do início da ação fiscal, em respeito à espontaneidade do Contribuinte. Não retrata, com a devida venia, o entendimento deste relator. Não seria razoável imaginar que tal informação pudesse ser prestada em data, por exemplo, próxima a da ação fiscal, porquanto a potencial vistoria pelo órgão ambiental não observaria, decerto, o lustro legal para a constituição do imposto, fosse o caso. Da mesma forma, supor que a atividade de polícia, legalmente exigida e que traria certa segurança ao considerar isentas aquelas áreas, possa ser substituída pela exclusiva atuação privada (por meio de laudos técnicos), não me parece atender ao interesse público. No mesmo sentido, como bem destacado no voto acima parcialmente colacionado, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas, conforme estabelece a lei, em determinados locais do imóvel, são de PRESERVAÇÃO PERMANENTE existentes a época do fato gerador do tributo, consoante preceitua o inciso II do § 3º do artigo 10 do Decreto 4.382/2002. Vale dizer: as florestas e demais formas de vegetação natural devem estar em permanente preservação, sobretudo na data do fato gerador. Dito isso, como se aferir tal circunstância pelo órgão de controle ambiental, admitindose a apresentação do ADA em data significativamente distante da do fato gerador do tributo ? Em outras palavras, haveria como o IBAMA empreender alguma vistoria eficaz a partir de um ADA apresentado após 4 anos do exercício a que se referem as informações nele prestadas, ainda que tenha sido entregue antes de o início da ação fiscal ? Não basta que no imóvel exista rios ou qualquer outro curso d´água, lagoas ou reservatórios de d´ água naturais ou artificiais, topo de morros, montes ou serra, fazse necessário, aí sim, que nesses locais efetivamente haja floresta ou demais formas de vegetação natural permanentemente preservadas. Da mesma forma, não se pode imaginar que a dispensa à prévia comprovação, por parte do declarante, no que toca às APP e ARL declaradas para fins de isenção do ITR, consoante estabelece o § 7º do artigo 10 da L. 9.393/96, o estaria desincumbindo da obrigação legal imposta pelo § 1º do artigo 17O da Lei 6.938/81. Longe disso. Uma coisa é a desnecessidade da prévia apresentação da comprovação das áreas quando da entrega da DITR; outra, a obrigatoriedade de que tais informações sejam prestadas tempestivamente ao IBAMA, por meio do competente ADA e ao Fisco, quando intimado por autoridade competente no exercício de seu dever funcional. E veja, o parágrafo 7º encimado foi originalmente introduzido ao artigo 10 da Lei 9.393/96 por meio da Medida Provisória 1.95650/2000, de 26.05.2000, ao passo que Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 8 13 aquele que impõe a obrigatoriedade do ADA, por meio da posterior Lei 10.165/2000 de 27.12.2000. Com isso, considerando o período em que ambos vigeram não há, a meu ver, como entender que aquele primeiro desobrigou a apresentação do ADA. Não há, no meu entender, qualquer antinomia entre os dispositivos, na medida em que tratam de diferentes circunstâncias. Voltando ao prazo para apresentação do ADA, a IN SRF 256/2002, em sua redação original, o estabelecia como sendo "de até seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da DITR". Com a entrada em vigor da obrigatoriedade de sua apresentação anual, o órgão ambiental o estabeleceu como sendo de 1º de janeiro a 30 de setembro. .5 Daí a alteração naquela IN SRF 256/2002, que passou a estabelecer, a partir da IN RFB 861, de 17 de julho de 2008, ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), observada a legislação pertinente." Em resumo, podese dizer, no que toca à dedução das áreas elencadas nos inciso I ao VI do artigo 10 do Decreto nº 4.382/2002, que além dos requisitos de ordem formal previstos na legislação, há de se comprovar, quando intimado, sua efetiva existência, a teor do inciso II do parágrafo 3º retro citado, por meio de laudo técnico que deve, de forma clara, especificar, detalhar, dimensionar e localizar cada uma das áreas eventualmente existente à época do fato gerador. A partir do exercício 2007, a apresentação do ADA ao IBAMA passou a ser anual.6 Voltando ao caso sob análise, notase que não consta dos autos a apresentação do ADA tempestivo com as informações acerca das áreas as quais o recorrente pretende deduzir, seja ela a ARL ou APP, o que, por si só, impede, na forma da lei, a dedução dessas áreas na apuração do ITR. A Ação Fiscal iniciouse em 19.09.2007, consoante denotase de fls. 6. Há, outrossim, um extrato de ADA, sem data aparente de sua entrega, no qual é declarada a totalidade do imóvel como sendo de interesse ecológico (fls.50). Perceba que a data de entrega lá registrada afigurase como um padrão assumido pelo sistema e não a que exprima a real data de sua entrega. Vejase: Consta ainda às fls 156, ADA transmitido a destempo em 30.09.2009. com as seguintes informações: 5 http://www.ibama.gov.br/imovelrural/atodeclaratorioambientalada/oqueeoada 6 http://www.ibama.gov.br/imovelrural/atodeclaratorioambientalada/oqueeoada Fl. 177DF CARF MF 14 Somese a isso, a constatação de que nas matrículas apresentadas as averbações constantes não são relativas a ARL. A destinação da área averbada é para exploração de floresta com plano de manejo. Vide fls 24/26 (matrícula 6.590), 27/28 (matrícula 6.589) e 29/31 (matrícula 6.707). Confirase: Mat. 6.590: Mat. 6.707: Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 9 15 Da Área de Interesse Ecológico. De outro lado, não lhe socorre a alegação de que pelo fato de a área do imóvel constar do ecossistema da Mata Atlântica, inserida na Área de Proteção Ambiental APA de Guaraqueçaba, criada pelo Decreto Federal n° 90.883 de 31 de janeiro de 1.985 e declarada como área de proteção ambiental no âmbito do Estado do Paraná, conforme Decreto Fl. 179DF CARF MF 16 Estadual PR n° 1.228 de 30 de março de 1992, ela estaria definitivamente excluída da condição de áreas tributáveis. Vejase: referida área, tida pelo recorrente como "de interesse ecológico", não constou declarada nos DIAT/DITR dos exercícios envolvidos, fazendo com que não fosse objeto da atuação fiscal. Ademais, como já dito alhures, ainda que haja ato do poder público que declare determinada área como de interesse ecológico, caso não haja a imposição de efetivas restrições de uso que ampliem aquelas previstas para as APP e ARL, ou seja, restrições além do manejo sustentável, tenho que sua dedução, da área tributável pelo ITR, não é legalmente possível. É o que se denota da parte final da alínea "b", II, § 1º do artigo 10 da Lei 9.393/96. "....mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior;" Nesse sentido, à luz do disposto no artigo 6º daquele Decreto 90.883/85, infra reproduzido, não me afigura que referido ato tenha, conforme sugerido no recurso do contribuinte, "proibida toda e qualquer atividade nessas áreas", ampliando, desta forma e indiscutivelmente, as restrições de uso que se tem nas ARL e APP. Ao contrário, tratou o ato, a meu ver, de estabelecer condutas negativas mínimas para a preservação ambiental. Confirase: Art. 6º. Na APA de Guaraqueçaba ficam proibidas ou restringidas: I a implantação de atividades industriais potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; II a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais, principalmente das Zonas de Vida Silvestre, ande a biota será protegida com mais rigor; III o exercício de atividades capazes de provocar acelera da erosão das terras ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; IV o exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies raras da biota regional, principalmente o papagaioderabovermelho, macuco, jaó, jacutinga, onça pintada, jacarédepapoamarelo; V o uso de biocidas, quando indiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais. Perceba: o próprio recorrente declarou em suas DITR, 5,9ha ocupados com benfeitorias e 284ha utilizados com Produtos Vegetais e Área de Descanso. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 10 17 Glosa da área ocupada com produtos vegetais e área de descanso. Quanto à glosa a este título, a fiscalização assim fundamentou: Tomando por base o mapa de uso do solo apresentado e tendo em vista o disposto no § 2°, art. 147 da Lei n° 5.172/66, também foi procedida a glosa integral da área ocupada por produtos vegetais originalmente declarada e respectivo valor das culturas, pastagens cultivadas e melhoradas e florestas plantadas. A fundamentação para o lançamento não foi especificamente refutada pelo recorrente, que se limitou a sustentar deveria a autoridade lançadora considerar toda a área do imóvel, excetuada a de reserva legal, como de preservação permanente. Como já apontado no tópico anterior, tenho que tal possibilidade, na seara do contenciosos administrativo, não encontra guarida na legislação. Em função das glosas das áreas encimadas, os valores correspondentes às culturas/pastagens/florestas também as foram. Alteração no VTN. No que se refere ao VTN atribuído pela Fiscalização, o recorrente alega que o considerado no lançamento decorreu de uma valor de terras que é varias vezes maior do que o negociado quando da aquisição do imóvel. Todavia, no curso da ação fiscal, o autuado foi intimado a apresentar o "laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados.". E mais, foi feito constar na intimação que a falta de apresentação do laudo de avaliação ensejaria o arbitramento do VTN, com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT, da RFB. Não obstante, o contribuinte não atendeu a intimação fiscal com vistas a infirmar o valor eleito pela Fiscalização. Prestouse, no entanto, a apresentar um Laudo Técnico fls. 34 que, ao final, assim se pronunciou quanto à avaliação do imóvel. Fl. 181DF CARF MF 18 Ora, o fato de a terra supostamente não possuir valor tributável não é justificativa para, a meu entender, não se chegar a um valor de mercado para o imóvel. Como informado pela Fiscalização, foram utilizados os valores médios por hectare na sistemática a seguir resumida: O tipo de terra segue a conceituação adiante:7 MECANIZADA São áreas destocadas, sem restrições para o preparo do solo e plantio, cuja declividade (topografia) permite operações com máquinas e implementos agrícolas motorizados, podendo estar sendo cultivada ou em pousio, independente da cultura existente, incluindo várzea sistematizada. NÃO MECANIZÁVEL São áreas cujo relevo e/ou profundidade do solo são desfavoráveis à execução de operações ou práticas agrícolas com máquinas e implementos motorizados, permitindo, porém, o plantio manual ou a tração animal. São consideradas também áreas não mecanizáveis, as 7 site: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Metodologia_atual.pdf Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10980.013814/200837 Acórdão n.º 2402006.228 S2C4T2 Fl. 11 19 reservas legais, tendo em vista que as mesmas só poderão sofrer algum tipo de desmatamento e/ou corte, mediante um plano de manejo sustentável, com projeto devidamente aprovado pelo IAP e/ou IBAMA. Note, o valor médio, por hectare, utilizado pelo autuado correspondeu a, apenas e aproximadamente, 36,5 e 34% daquele verificado no SIPT para os imóveis no município de Guaraqueçaba/PR, não deixando a menor dúvida quanto à sua potencial subavaliação. Por sua vez, o SIPT, aprovado pela Portaria 447/2002, é alimentado com os valores de terras e demais dados recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, e com os valores de terra nua da base de declarações do ITR. Com isso, entendo que na falta de um valor de mercado apresentado por meio de um Laudo de Avaliação, na forma de como constou na intimação, o valor extraído do SIPT, embora, reconheçase, estimado, é, além de uma alternativa legal (art. 14 da L. 9.393/96), uma razoável opção no caso em tela. Por fim, no que se refere à alegação de que o lançamento realizado seria ilegal, eis que teria supostamente se afastado do conteúdo da obrigação tributária definida em lei, para pretender fundamento apenas na declaração equivocada prestada pelo recorrente, com a devida venia, dela não compartilho. A ação fiscal foi desenvolvida e concluída a partir das informações prestadas/declaradas pelo contribuinte em sua DITR. Perceba que o lançamento do ITR regese pela sistemática legal, por meio da qual sujeito passivo tem o dever de apurar e antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Assim procedendo o contribuinte, a autoridade fazendária, observado o lustro legal, expressamente homologará ou não, sua atividade. O não acatamento das informações que constaram em seu DIAT/DITR será, caso regularmente questionado em recurso, objeto do contencioso administrativo. Esse é, a meu ver e como regra, o limite da lide e sobre o quê se pronunciará as instâncias julgadoras. Contudo, caso efetivamente demonstrado o patente erro de fato no preenchimento da respectiva DITR, em função do equívoco na informação, seja por sua omissão, seja por sua incorreção, entendo admissível, em sede de contencioso administrativo e à luz do princípio da verdade material, a retificação das informações originalmente prestadas naquela declaração, bem como a alteração do lançamento naquilo que dele decorreu. No caso em exame, pelo todo fundamentado, entendo pelo não acatamento do pleito do contribuinte quanto à retificação das informações em sua DITR. Frente ao exposto, voto por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR LHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 183DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.724221/2011-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 31/08/2007, 30/09/2007, 31/10/2007, 30/11/2007, 30/04/2008, 30/06/2008, 30/11/2008, 30/04/2009
PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO TEMPORAL. PERÍCIA
A apresentação de provas, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo, deve ser feita juntamente com o recurso, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas.
PROVA. PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
A autoridade julgadora pode indeferir a perícia que considerar prescindível, e as diligências desnecessárias.
GANHO DE CAPITAL. VALOR DA ALIENAÇÃO. PARCELA DESTINADA A PAGAMENTO DE PASSIVO
A parcela do valor do negócio destinada a pagamento de passivo da pessoa jurídica, que não foi recebida pelos sócios alienantes da participação societária, não compõe o valor da alienação, se comprovada a efetiva destinação da parcela para liquidação de passivo, e não for demonstrado pela auditoria fiscal que o contrato não teve propósito negocial.
INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO.
O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores.
Numero da decisão: 2202-004.743
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e, no mérito. em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO TEMPORAL. PERÍCIA A apresentação de provas, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo, deve ser feita juntamente com o recurso, precluindo o direito de fazêlo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas. PROVA. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora pode indeferir a perícia que considerar prescindível, e as diligências desnecessárias. GANHO DE CAPITAL. VALOR DA ALIENAÇÃO. PARCELA DESTINADA A PAGAMENTO DE PASSIVO A parcela do valor do negócio destinada a pagamento de passivo da pessoa jurídica, que não foi recebida pelos sócios alienantes da participação societária, não compõe o valor da alienação, se comprovada a efetiva destinação da parcela para liquidação de passivo, e não for demonstrado pela auditoria fiscal que o contrato não teve propósito negocial. INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 42 21 /2 01 1- 34 Fl. 575DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e, no mérito. em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0955.570, proferido pela 6a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança do crédito tributário. Do lançamento Fiscal Foi lançado o Imposto de Renda de Pessoa Física, decorrente de omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa, relativo aos anos calendário 2007, 2008 e 2009, no montante de R$ 273.035,11 (duzentos e setenta e três mil trinta e cinco reais e onze centavos), incluídos multa de ofício e juros de mora. A auditoria fiscal relata que a Brumafer Mineração Ltda (BRUMAFER) alienou 100% das quotas para a empresa MSA Mineração Serra Azul (MSA), em 31/08/2007. Os titulares as quotas eram as pessoas físicas, que detinham os seguintes percentuais: ESPÓLIO DE JOSÉ EVANDRO DE CASTRO TOLEDO (22%); EVANDRO TOLEDO (15,5%), PETRÔNIO TOLEDO (15,5%); ANTONIO CARLOS CASTRO TOLEDO (21%), JOSÉ RODOLFO CASTRO TOLEDO (21%); JOSÉ MARIA CASTRO TOLEDO (5%). Transcreve trechos do Contrato Promissório de Cessão e Transferência de Quotas Sociais, que contém a cessão de 36.000 quotas (100%), no valor de US$ 33.000.000,00, ajustado em moeda nacional (convertido pela taxa de compra PTAX 800, opção 5, divulgada pelo SISBACEN, vigente à data anterior ao pagamento), a ser pagos da seguinte forma: Parcelas Valor em US$ Data pagto Valor em R$ Sinal do negócio (cláusula "a") 1.598.295,15 01/08/2007 (depositada em conta de titularidade da BRUMAFER) 3.000.000 2ª (cláusula "b") 6.000.000,00 10/04/2008 (depositada em conta indicada pelos promitentes cedentes) 3ª (cláusula "c") 6.000.000,00 10/10/2008 (depositada em conta indicada pelos Fl. 576DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 575 3 promitentes cedentes) 4ª (cláusula "d") 4.401.704,85 10/04/2009 (depositada em conta indicada pelos promitentes cedentes) 5ª (cláusula "e") 12.000.000,00 data da renovação das licenças para o funcionamento (depositada em conta indicada pelos promitentes cedentes) 6ª (cláusula "f") 3.000.000,00 utilizada para liquidação de passivos (apurados por due diligence) Entre os trechos transcritos desse Contrato, consta que: 1) a due diligence para apuração de ativo e passivo total da cedente será realizada na data da assinatura contratual até o vencimento da 2ª parcela; 2) todas as obrigações de qualquer natureza que recaírem sobre a BRUMAFER até a data do registro de alteração contratual para a realização do objeto do contrato, seriam de responsabilidade dos promitentes cedentes; 3) se o valor do passivo apurado na due diligence fosse superior aos US$ 3.000.000,00, a promitente cessionária poderia descontar o valor excedente da parcela equivalente aos US$ 12.000.000,00, e se ultrapasse esse valor poderia descontar das demais parcelas vincendas, na ordem inversa das datas de pagamento. A auditoria fiscal informa que em 26/06/2008 foi assinado o 1o Termo Aditivo ao Contrato Promissório de Cessão e Transferência de Quotas Sociais, que estabelecia: 1) o valor de US$ 1.325.190,70 que foi antecipado para pagamento dos passivos da BRUMAFER seria descontado da 3ª parcela (US$ 6.000.000,00) e da 5ª parcela (US$ 12.000.000,00); 2) o valor integral do passivo a ser descontado do valor total do negócio seria o consolidado no prazo de 60 dias após o registro de cessão das cotas na JUCEMG (ocorrido em 13/11/2008); 3) o valor de US$ 3.000.000,00 (cláusula "f") e os demais valores liquidados ou a serem liquidados relativos aos passivos da BRUMAFER seriam considerados como custos para efeito da determinação do valor total atribuído ao contrato; O autuante comunica que realizou diligência na empresa MSA, cujos documentos por ela apresentados, demonstram que já tinham sido realizados os seguintes pagamentos: DATA R$ US$ FINALIDADE 27/08/2007 250.000,00 133.191,26 Pagto passivo Brumafer 03/09/2007 1.250.000,00 665.956,31 Pagto passivo Brumafer 19/09/2007 500.000,00 266.382,53 Pagto passivo Brumafer 24/09/2007 1.000.000,00 532.765,05 Pagto passivo Brumafer TOTAL Parcela Sinal 3.000.000,00 1.598.295,15 21/11 /2007 41.582,00 23.573,90 Pagto passivo Brumafer 11/04/2008 9.790.138,08 5.737.411,58 Pagto aos sócios e passivo Brumafer 11/04/2008 390.000,00 239.014,52 Pagto passivo Brumafer TOTAL 2ª Parcela (10/04/2008) 10.180.138,08 6.000.000,00 03/10/2007 1.837.820,96 1.006.143,09 Pagto passivo Brumafer 05/10/2007 136.500,00 75.000,00 Pagto passivo Brumafer 15/10/2007 134.340,00 75.000,00 Pagto passivo Brumafer 30/04/2008 283.057,63 169.047,62 Pagto passivo Brumafer 21/11/2008 3.293.218,20 1.374.809,30 Pagto aos sócios 21/11/2008 3.300.000,00 Multa Contratual Aplicada (em juízo) TOTAL 3ª Parcela (10/10/2008) 5.684.218,20 6.000.000,00 13/04/2009 9.577.229,41 4.401.704,85 Pagto aos sócios TOTAL 4ª Parcela (10/04/2009) 9.577.229,41 4.401.704,85 Fl. 577DF CARF MF 4 30/06/2008 4.820.700,00 3.000.000,00 Pagto passivo Brumafer TOTAL 5ª Parcela (06/2008) 4.820.700,00 3.000.000,00 Noticia que a recorrente era titular de ações representativas de 4,5% do capital social da BRUMAFER, que era de R$ 36.000,00, conforme Declaração de Informações Pessoa Jurídica (DIPJ) do ano calendário de 2007. E como já havia sido pago aos vendedores o valor de R$ 33.287.929,62, coube à recorrente o valor de R$ 1.708.074,02, recebido parte por meio de liquidação do passivo da BRUMAFER, conforme tabela abaixo (fls. 24): VRS. RECEBIDOS PROPORCIONALMENTE À PARTICIPAÇÃO DE CADA SÓCIOQUOTISTA MÊS DO RECEBIMENTO VR. DO DESEMBOLSO R$ MARIA OLGA DOS SANTOS 4,5% R$ 31/08/2007 250.000,00 11.550,00 30/09/2007 2.750.000.00 127.050,00 31/10/2007 2.092.004.30 96.650,60 30 1 1/2007 41.582,00 1.921,09 30/04/2008 6.966.138,23 321.835,59 30/04/2008 673.057.63 31.095,26 30/04/2008 1.177.922.45 0,00 30/04/2008 227.712,55 10.520,32 30/06/2008 1.418.364,85 290.120,15 30/06/2008 4.820.700.00 222.716.34 30 11/2008 3.293.218,20 152.146,68 30/04/2009 9.577.229.41 442.468,00 TOTAL 33.287.929,62 1.708.074,02 O Auditor Fiscal explica a composição da tabela, nos seguintes termos: 2.6.1 O valor de R$ 6.966.138,23 referese ao cheque de R$ 8.384.503,08 recebido pelos alienantes menos o valor de R$ 1.418.364,85 desembolsado para pagamento dos 22% de participação societária do espólio de José Evandro de Castro Toledo, dividido entre a meeira Maria Olga dos Santos e as herdeiras Maria Inez Toledo Detoni e Maria Saturnina de Castro Toledo. Sobre este valor já foi recolhido o Imposto de Renda Sobre Ganho de Capital no valor de R$ 211.566,73 em nome do espólio. 2.6.2 O valor de R$1.177.922,45 referese ao valor levantado por Raquel Leite Rangel, exesposa do sócio José Maria de Castro Toledo, referente aos 2,50% de participação societária da mesma, havidos mediante partilha de bens em acordo judicial no processo de divórcio do casal, processo n° 0024.00.126.804 4. 2.6.3 O valor de R$227.712,55 referese à diferença entre o valor depositado judicialmente pela MSA Mineração Serra Azul Ltda, R$1.405.635,00 e o valor levantado por Raquel Leite Rangel. O valor de R$1.405.635,00 é equivalente a 2,50% (participação da exesposa) de US$33.000.000,00 (preço de venda das participações societárias). Este valor foi repassado para os sócios remanescentes. Informa que a recorrente não considerou na apuração do ganho de capital os valores repassados pela adquirente para pagamento do passivo da BRUMAFER, e por isso calculou a diferença, conforme abaixo: QUOTAS SOCIAIS VENDIDAS VALOR DE VENDA CUSTO GANHO DE CAPITAL Fl. 578DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 576 5 BRUMAFER MINERAÇÃO 1.708.074,02 1.620,00 1.706.454,02 Acrescenta que o percentual entre o ganho de capital total e o valor total da alienação foi de 99,90%, o qual deve ser aplicado aos valores de cada parcela recebida nos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, cujo efetivo recebimento foi comprovado pela documentação bancária juntada pelo recorrente e pela MSA. Sobre esses valores apurou o imposto devido à alíquota de 15%, e aplicou a multa de ofício em 75%. Cientificado da autuação (fls. 347), o sujeito passivo apresentou impugnação (fls. 349/360), que foi julgada improcedente pela DRJ/JFA, tendo a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Data do fato gerador: 31/08/2007, 30/09/2007, 31/10/2007, 30/11/2007, 30/04/2008, 30/06/2008, 30/11/2008, 30/04/2009 OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. ALIENAÇÃO DE QUOTAS SOCIETÁRIAS. ALEGAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. A alegação de existência de cláusula contratual prevendo que uma parte dos valores recebidos decorrentes da alienação da participação societária seria utilizado para pagamento do passivo da empresa alienada não cabe para refutar a infração de omissão de ganhos de capital, quando esta houver sido claramente demonstrada nos autos pela fiscalização, sem que tenham sido trazidas quaisquer provas em contrário pelo impugnante. Salvo disposição de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes, nos termos do art. 123 do CTN. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/08/2007, 30/09/2007, 31/10/2007, 30/11/2007, 30/04/2008, 30/06/2008, 30/11/2008, 30/04/2009 PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, não podendo o impugnante apresentála em outro momento a menos que demonstre motivo de força maior, refira se a fato ou direito superveniente, ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Indeferese a solicitação de perícia quando a prova do fato não depende de conhecimento especial de técnico e sua demonstração pode ser efetuada pela juntada de documentos. INTIMAÇÃO AO ADVOGADO. Na fase do contencioso administrativo, as intimações são feitas no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 579DF CARF MF 6 Cientificada da decisão da DRJ/JFA em 05/12/2014 (fls. 556/557), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 05/01/2015, com as mesmas alegações da impugnação, que em síntese são as seguintes: · A data efetiva do negócio ocorreu em 28/06/2008, porque não houve pagamento integral da 1ª parcela constante no contrato original, por parte do adquirente; · O adquirente MSA Mineração Serra Azul Ltda assumiria todo o passivo (pagamento de credores) da Brumafer Mineração Ltda, cujo valor apurado seria descontado do valor do negócio; · Foi acordado que os sócios da Brumafer Mineração Ltda, receberiam o resultado da diferença entre o valor global do negócio e o valor total do passivo, apurado por meio de uma due diligence; · Do valor global do negócio foi destinado o equivalente a US$ 3.000.000,00 para liquidação do passivo da Brumafer Mineração Ltda, e se o passivo ultrapassasse esse valor, a adquirente estaria autorizada a descontar o excesso, do valor global do negócio; · Os valores recebidos para liquidação do passivo, antes da assinatura do 1º termo de aditamento ao contrato de alienação das quotas, seriam descontados das parcelas futuras; · O valor antecipado pela adquirente para pagamento desse passivo não pode entrar na base de cálculo do ganho de capital, porque está expresso que ele será descontado do valor global do negócio; · O Auditor Fiscal considerou como fato gerador do ganho de capital simplesmente a alienação do bem; e não apontou a realidade factual da análise da materialidade do evento econômico, do qual o recorrente foi partícipe; · Não houve acréscimo ao patrimônio do recorrente, porque o montante foi utilizado para quitação de débitos da Brumafer Mineração Ltda; · Ao efetuar o cálculo do imposto sobre ganho de capital levou em consideração o rendimento bruto, nos termos da Lei nº 7.713/88. · Os valores adiantados pela adquirente para pagamento do passivo da Brumafer Mineração Ltda. não podem ser considerados rendimento bruto; · A exigência de imposto de renda sobre os valores utilizados para liquidação do passivo da Brumafer é ilegal, porque se está tributando o próprio negócio de compra e venda, que não é competência da União; · Isso levaria ao entendimento de ser possível a tributação quando da cessão de quotas dos sócios proprietários para seus credores, a fim de liquidação de dívidas préexistentes, sem que eles recebessem valor algum; Fl. 580DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 577 7 · Nas alienações a prazo, para a ocorrência do fato gerador, deve estar efetivamente comprovado o recebimento dos valores pelo contribuinte, e não apenas baseado em valores estabelecido em instrumento particular; · Comprovado que não houve omissão de ganho de capital a multa deve ser anulada juntamente com o Auto de Infração; · O Auto não foi instruído da fundamentação correspondente para validálo; · O art. 123 do CTN não se aplica aos autos, que não dizem respeito à determinação do sujeito passivo a obrigação tributária; · A perícia contábil é relevante para detalhar que os valores foram efetivamente utilizados para pagamento do passivo. Dos pedidos: O recorrente requer: · Conhecimento do recurso, a improcedência do lançamento, e a extinção do crédito; · Produção de provas e juntada posterior de documentos, assim como, realização de prova pericial contábil; · Intimação no endereço de seus advogados e procuradores. É o relatório. Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço Produção de provas. Perícia. Em relação à solicitação de produção de provas, importante lembrar que o Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo Fiscal, no art. 16 e parágrafos, e art. 18, aborda a questão nos seguintes termos: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] Fl. 581DF CARF MF 8 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748/93). Os dispositivos acima transcritos demonstram que a juntada de documentos após o recurso somente é permitida nas situações expressamente previstas, devendo ser indeferidos eventuais pedidos em desacordo com o estatuído. A prova documental deve ser apresentada no momento do recurso e não em outro. Por fim, registrese que é justamente nesta fase do processo administrativo que a interessada deve exercer o seu direito de ampla defesa, ocasião em que deve comprovar suas alegações. A realização de diligência, ou perícia, pressupõe que a prova não pode, ou não cabe, ser produzida por uma das partes, ou que o fato a ser provado necessite de Fl. 582DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 578 9 conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador, o que não é o caso dos presentes autos. O Relatório Fiscal e seus anexos detalham de forma clara os critérios utilizados pelo Auditor Fiscal, a forma de apuração da base de cálculo, informando os valores e diferenças apuradas. Portanto, a empresa teve todas as condições para contestar o lançamento, sem a realização de diligências ou perícia. Por isso, não vejo necessidade desses procedimentos, uma vez que o Auto de Infração apresenta todos os elementos necessários para formar a convicção do julgador. Ademais, entendese que não estão presentes os requisitos necessários ao pedido, ao teor do inciso IV e § 1º do art. 16 do Processo Administrativo Fiscal PAF, assim, indeferese o pedido por entendêlo prescindível à solução do litígio. Do mérito A controvérsia reside no fato de parte do valor total do negócio ter sido utilizada para pagamento de passivos da BRUMAFER. Alega o recorrente que a auditoria não poderia acrescentar ao ganho de capital o valor utilizado para pagar passivos da BRUMAFER. Para a solução de controvérsia, importante trazer ao debate o art. 4o da Resolução CFC nº 750, de 29/12/1993, publicado no DOU de 31/12/1993, verbis: SEÇÃO I O PRINCÍPIO DA ENTIDADE Art. 4°. O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único — O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico contábil." A análise desse princípio, leva à conclusão que o passivo de uma sociedade é diferente do passivo pessoal de seus sócios. As dívidas da sociedade são diferentes das dos seus sócios. Isso está estipulado nos arts. 1024 e 1052 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil): Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. Fl. 583DF CARF MF 10 [...] Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Tal autonomia patrimonial também está disposta no art. 795 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Novo Código de Processo Civil NCPC), cuja previsão já estava contida do antigo CPC (Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973): Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei. § 1oO sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade. Assim, a pessoa jurídica é um ente distinto das pessoas físicas que a constituem, tem nome próprio, domicílio próprio, nacionalidade própria, e patrimônio próprio. Diante das transcrições anteriores, voltemos ao negócio efetuado entre os sócios da BRUMAFER e a MSA. Com base nas cláusulas do Contrato Promissório de Transferência de Quotas Sociais da empresa BRUMAFER, verificase que o valor do negócio não foi definido em sua assinatura, pois dependia de algumas ocorrências para se chegar ao valor final da alienação, pois as parcelas dependiam do valor do passivo apurado no due diligence, e ao longo do período até que se chegasse ao pagamento da última parcela, e da renovação das licenças ambientais. Com isso temse que o valor da alienação, apesar de ser estipulado em US$ 33.000.000,00, poderia ser reduzido a depender do valor do passivo e da liberação de licença ambiental, não sendo um valor definido. Então, para se determinar o ganho de capital dessa alienação, devese primeiramente, saber qual o valor real da alienação, e segundo qual o valor do custo de aquisição das quotas que foram alienadas. Entendo não haver controvérsia quanto ao segundo elemento. O debate gira em torno do valor da alienação: devese incluir ou não a parcela destacada do valor estipulado em contrato para pagamento do passivo da BRUMAFER? Para isso vamos ver o que diz a Lei nº 7.713/88: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (grifei) Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer Fl. 584DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 579 11 natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. Pelos trechos legais acima transcritos, percebese que o imposto recairá sobre o que for recebido, e na medida em que for recebido. Assim, no caso hipotético de uma alienação de participação societária ao valor contratual de R$ 1.000,00, com pagamento diferido, da seguinte forma: 1ª parcela: 100,00 deduzidas as dívidas da empresa; 2ª parcela: 200,00 reais deduzidas de possíveis dívidas encontradas na empresa; 3ª parcela: R$ 700,00 quando liberada a licença ambiental, deduzidas dívidas remanescentes da sociedade. Vamos dizer, que à época do pagamento da 1ª parcela, foi apurado de passivo na empresa o valor de R$ 40,00, em vista disso a alienante paga ao sócio R$ 60,00; ao tempo da 2ª parcela, foram encontradas mais dívidas da empresa no valor de R$ 100,00, em função disso, são pagos ao alienante R$ 100,00; e depois de 5 anos finalmente o órgão público libera a licença ambiental da sociedade, ocasião em que a adquirente paga ao sócio alienante os R$ 700,00 relativo à última parcela, mas deduz desse valor, dívidas remanescentes da sociedade no valor de R$ 100,00. Pergunto: qual será o valor considerado para apuração do ganho de capital? Entendo que, apenas o valor efetivamente recebido pelo sócio: 60 + 100 + 600 = 760,00, porque não se tributa o que não foi recebido, e aqui não se inclui o passivo porque não é obrigação do sócio, mas da sociedade, enquanto detentora de autonomia patrimonial. O exemplo é similar ao ocorrido no presente caso, o valor da alienação das participações societárias correspondeu aos valores efetivamente recebidos pelos sócios, e o valor do passivo não foi recebido por eles. Ao que tudo se lê do contrato, a MSA fez uma apuração de haveres, com encontro de contas entre ativo e passivo, para determinar qual seria o valor do negócio, e partindo disso, estipulou um preço que levaria em conta o valor de dívidas da empresa. Isso é o que se conclui dos seguintes trechos do Contrato Promissório transcrito no TVF: Parágrafo Primeiro A due diligence para apuração do ativo e passivo total da Brumafer Mineração Ltda, deverá ser realizada da data de assinatura do presente contrato até o vencimento da parcela prevista na letra "b" da cláusula segunda, e verificará, além dos passivos contábeis, a situação dos ativos de minério de ferro, relacionados diretamente com as operações de lavra, beneficiamento, comercialização e transporte de minério a eles relacionados, incluindo a avaliação de recursos e reservas minerais, bem como os direitos, deveres e obrigações decorrentes de Termos de Ajustamento e Conduta TAC"s.. Parágrafo Segundo Todas as obrigações, de qualquer espécie, de qualquer natureza, seja a nível tributário, fiscal, trabalhista, previdenciário, reparação civil, que recaírem sobre a Brumafer Mineração Ltda, até a data do registro da alteração contratual necessária à realização do objeto do presente instrumento de Fl. 585DF CARF MF 12 cessão e transferência de quotas sociais, serão de responsabilidade dos PROMITENTES CEDENTES, passando a ser, de responsabilidade da PROMITENTE CESSIONÁRIA, a partir daquela mesma data, ou seja, do registro da alteração contratual. Parágrafo Terceiro Finda a due diligence, se o valor do passivo apurado, definitivo e consolidado, for superior em dólares, aos US$3.000.000,00 (três milhões de dólares norte americanos), referidos na letra "f da cláusula segunda, a PROMITENTE CESSIONÁRIA ficará autorizada a descontar o valor a maior eventualmente encontrado e efetivamente pago, da parcela em reais, equivalente a US$ 12.000.000,00 (doze milhões de dólares norteamericanos), referida na letra "e" também da cláusula segunda, observandose, invariavelmente, o estabelecido no Parágrafo Segundo da Cláusula Quinta. Parágrafo Quarto Caso o valor total do passivo apurado e efetivamente pago for superior ao valor da parcela referida na letra "e" da cláusula segunda, poderá a PROMITENTE CESSIONÁRIA, descontar das parcelas vincendas, sempre na ordem inversa das datas de pagamento, o valor que exceder." Vejo que a due diligence teve por objetivo estipular qual seria o valor real das participações societárias, em função da situação patrimonial da sociedade, o que por consequência excluía desse valor o passivo, que ia se acumulando, em função da situação da empresa, que estava com as atividades paradas por decisão judicial. Isto porque, consta no Contrato Promissório, que a cada verificação do passivo que ultrapassasse os US$ 3.000.000,00, o excesso seria descontado do valor das parcelas subsequentes. Se houve destaque do preço de aquisição para pagamento do passivo, o preço de aquisição real foi o preço de venda menos esse passivo. Da mesma forma, a empresa adquirente poderia ter estipulado um valor líquido (excluído o passivo) para as participações societárias, e reservado o valor que correspondesse ao passivo, para liquidar quando do registro da alteração contratual de realização do objeto do Contrato Compromissário. Nesse caso, o passivo teria efeito sobre o valor líquido que seria recebido pelos alienantes? Entendo que não, caso não houvesse cláusula contratual estipulando dedução de valor em função de diferença de passivos apurados; mas se tal cláusula estivesse presente, os valores das parcelas a serem pagas seriam reduzidas. Ou seja, se as parcelas estivessem estipuladas contratualmente, no momento do pagamento a adquirente iria descontar o passivo apurado, então esse líquido corresponderia ao efetivo valor de alienação. Em realidade, houve uma retenção de parcela do valor da alienação, para pagamento do passivo. A questão é que, o sócio não recebeu o valor destinado ao passivo, que foi diretamente depositado na conta de outros dois sócios para pagamento de dívidas da BRUMAFER. Se o valor destacado era para o passivo, então não era para os sócios, visto que o sócio não é responsável pelas dívidas da empresa, no caso de o capital social estar todo integralizado, e não houver a desconsideração da personalidade jurídica, ou outro fato determinado em lei, que responsabilize os sócios por aquelas dívidas. Diferente seria se, o sócio fosse responsabilizado pelas dívidas da sociedade, em função de situações comprovadamente provocadas por ele, então, o valor destinado ao Fl. 586DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 580 13 passivo comporia o valor da alienação, visto que foi destinado ao pagamento do passivo que é de responsabilidade do sócio, assim, uma parte seria utilizada para quitar dívidas dele. Nesse momento, oportuno citar a solução de Consulta Cosit nº 3/2016, que sana dúvidas em relação a ágio na alienação de ações, mas que aborda matéria pertinente ao presente processo: [...] Com efeito, a aquisição acionária pode ser feita através de outras formas de integralização, como o oferecimento de bens ou ações, a assunção de passivos e emissão e entrega de instrumentos de capital ou o conjunto combinado de mais de um dos tipos de contraprestação3 . Entretanto, deve haver efetiva contribuição do investidor em qualquer espécie de bem suscetível de avaliação em dinheiro, já que só pode haver o registro do valor pago na escrituração contábil se houver segurança em sua mensuração. Nesse sentido é a exegese dos arts. 1.052 e 1.055 do Código Civil: (destacouse) Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (...) Art. 1.055. O capital social dividese em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. [...] Importante destacar que os valores depositados na conta caução, apesar de essa ter sido aberta em nome dos Vendedores, ainda não podem ser considerados como custo de aquisição, pois esses valores se destinam a cobrir as garantias impostas pelo Comprador, e só estarão à disposição dos Vendedores na forma e nos prazos estipulados em contrato. 41. Em síntese, o preço de aquisição da participação societária não restou determinado no contrato apresentado pela Consulente, pois, em razão das diversas condições estipuladas no texto, é possível que o montante total a ser pago pelo Comprador seja ajustado para mais ou para menos, a depender de eventos futuros e incertos. Contudo, os valores já transferidos aos Vendedores correspondem a pagamento do preço acordado entre as partes, caracterizandose, desta forma, como custo de aquisição da participação societária para fins de apuração do ágio verificado no negócio celebrado pela Consulente. E, contrario sensu, os valores devolvidos pelos Vendedores representam redução desse custo de aquisição. Por óbvio, essas alterações influenciarão a apuração do ágio na transação, o que será melhor visto a seguir. [...] As obrigações acessórias estipuladas no contrato devem ser analisadas em face dos requisitos da existência jurídica e da ausência de autonomia frente a obrigação principal. Desta Fl. 587DF CARF MF 14 forma, essas obrigações, que no caso em tela determinam a devolução de valores para o Comprador, fazem parte do contrato de compra e venda, e não podem ser analisadas de forma isolada do objeto principal do negócio celebrado entre as partes. [...] 47. Considerando que gravar a coisa é impor a ela limitações ou gravames, também não se aplica ao caso em tela o art. 502 do Código Civil, acima apontado pela Consulente, já que a existência de eventuais débitos anteriores à data de sua alienação não “grava” a participação societária objeto do negócio celebrado entre as partes. Ademais, esses débitos são da sociedade, não do sócio vendedor. Cabe ainda ressalvar que nas sociedades limitadas a responsabilidade do sócio se restringe ao valor de suas quotas, desde que já integralizadas. Quanto à responsabilidade acerca de débitos passados após a incorporação, assim determina o art. 1.116 do Código Civil: (destacouse) Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprovála, na forma estabelecida para os respectivos tipos. [...] 51. De fato, o regime de competência determina que o valor das transações e de outros eventos seja reconhecido nos períodos a que se refere, independentemente do recebimento ou pagamento. Entretanto, para seu reconhecimento fiscal é necessário também que esse valor represente com fidedignidade aquilo que consubstancia, no caso em tela o efetivo preço da aquisição da participação societária, uma vez que, conforme sobejamente demonstrado acima, o preço consignado em contrato não é determinado, já que o valor final está condicionado a eventos futuros e incertos. Somente a efetiva e definitiva entrega de numerário aos Vendedores, nas condições estabelecidas no contrato, é que permite reconhecer que determinado valor integra o custo de aquisição da participação societária. [...]53. Em síntese, o custo de aquisição da participação societária é o valor total efetivamente pago pelo Comprador ao Vendedor. Em regra, é aquele estipulado no contrato, mas, deve se sempre observar o que foi acordado entre as partes, a fim de verificar se o preço consignado em contrato equivale àquele que será efetivamente pago aos Vendedores ao final da transação. Pois bem, a solução de consulta entende que o preço estipulado no contrato, pode não ser o definitivo, e isso vale tanto do lado do comprador quanto do lado do vendedor, o qual será determinado ao final da transação. Além disso, é bem clara ao afirmar que no preço da participação societária não deve ser considerado o passivo da sociedade, por ser dívida da empresa e não do sócio. Verificase ainda, no TVF que o fundamento do Auditor Fiscal para efetuar o lançamento se limitou ao fato de que as parcelas destacadas para pagamento do passivo deveriam compor o valor da base para apuração do ganho de capital. Entendendo que esse Fl. 588DF CARF MF Processo nº 15504.724221/201134 Acórdão n.º 2202004.743 S2C2T2 Fl. 581 15 valor não deveria entrar na base de cálculo, pelas razões expostas ao longo deste voto, acrescento que, a auditoria em nenhum momento demonstrou que o valor ao qual se insurge teve outros fins que não o pagamento de dívidas, ou que tais recursos tiveram como beneficiários finais os próprios sócios da empresa, e que as tratativas contratuais foram apenas artifício para evitar o pagamento de imposto, situações essas, que poderiam descaracterizar o negócio e atrair a incidência do imposto. Ao contrário, o que vejo nos autos são documentos apresentados pela recorrente durante a ação fiscal e com a peça impugnatória, demonstrando o pagamento pela MSA de dívidas da Brumafer, conforme fls. 145/226 e fls. 367/502. Portanto, entendo que não há motivo para manter o lançamento, referente às diferenças apontadas. Diante do exposto, devem ser excluídas da base de cálculo do ganho de capital do recorrente, os valores do passivo da sociedade que foram acrescentados pela Auditoria Fiscal no preço de alienação. Intimação ao advogado Por fim, a recorrente requereu que todas as intimações atinentes ao presente recurso fossem realizadas em nome de seu advogado no endereço lá constante. O artigo 23 do Decreto n° 70.235/72 disciplina integralmente a matéria. Seus incisos I, II e III configuram as modalidades de intimação, atribuindo ao Fisco a discricionariedade de escolher qualquer uma delas. Nesse sentido, o § 3º estipula que os meios de intimação previstos nos incisos do caput do artigo 23 não estão sujeitos a ordem de preferência. O inciso II considera que a intimação via postal deve acontecer no domicílio tributário apenas do sujeito passivo. Já o § 4º dispõe que, para fins de intimação, o domicílio tributário do contribuinte pode ser apenas em dois locais: no endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; ou no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. De tais regras, concluise pela inexistência de intimação postal na figura do procurador do sujeito passivo. Assim, a intimação via postal, no endereço dos procuradores, não acarretaria qualquer efeito jurídico de intimação, pois estaria em desconformidade com o artigo 23, inciso II e §§ 3° e 4°, do Decreto n° 70.235/72. Sendo assim, é de indeferir o pleito da recorrente. Conclusão Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares, e, no mérito, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Fl. 589DF CARF MF 16 Fl. 590DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10945.721211/2012-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 15/06/2012, 20/06/2012, 21/06/2012, 22/06/2012, 25/06/2012, 26/06/2012, 27/06/2012, 02/07/2012, 04/07/2012, 05/07/2012, 06/07/2012, 11/07/2012, 12/07/2012
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA OU CONSUMIDA. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. PROCEDÊNCIA
Considera-se dano ao Erário, punível com a pena de perdimento, a infração relativa a mercadorias estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. A pena de perdimento converte-se em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-005.692
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Fenelon Moscoso de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida (Relator), Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 15/06/2012, 20/06/2012, 21/06/2012, 22/06/2012, 25/06/2012, 26/06/2012, 27/06/2012, 02/07/2012, 04/07/2012, 05/07/2012, 06/07/2012, 11/07/2012, 12/07/2012 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA OU CONSUMIDA. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. PROCEDÊNCIA Considera-se dano ao Erário, punível com a pena de perdimento, a infração relativa a mercadorias estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. A pena de perdimento converte-se em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida (Relator), Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
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DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA OU CONSUMIDA. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. PROCEDÊNCIA Considerase dano ao Erário, punível com a pena de perdimento, a infração relativa a mercadorias estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. A pena de perdimento convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 12 11 /2 01 2- 15 Fl. 871DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 872 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida (Relator), Walker Araújo, Vinicius Guimarães (Suplente), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração AI (fls.1 3/34), lavrado em 09/08/2012, e cientificado aos sujeitos passivos solidários, em 13/08/2012 (TERMOs às fls. 430/431), para exigência de crédito tributário relativo à multa substitutiva de perdimento (R$434.197,49), das mercadorias não localizadas, conforme RELATÓRIO FISCAL (fls. 7/60), elaborado pelas autoridades fiscais. O procedimento de auditoria foi assim descrito e resumido no relatório da decisão recorrida (fls. 788/792): "De acordo com a descrição dos fatos e o Relatório Fiscal de Procedimento Especial de controle aduaneiro, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Foz do Iguaçu submeteu a interessada ao rito previsto na Instrução Normativa SRF n° 1.169/2011, com o fim de verificar a aparente incompatibilidade econômicofinanceira da empresa importadora PANASIA e a opção questionável de logística para operação. O procedimento foi motivado pelo fato de haver indícios de estar a empresa acima identificada sendo usada para a realização de operações de terceiros. As Declarações de Importação DIs nº 12/11284206, 12/11384499, 12/11618473, 12/11454020, 12/11720472, 12/12399414, 12/11501630, 12/12248238, 12/12674709, 12/12360240, 12/12360259, 12/12723181 e 12/10991197 foram submetidas a procedimento especial de controle aduaneiro por suspeita de ocultação do real adquirente nas operações de importação, infração punível com pena de perdimento das mercadorias. A ação fiscal decorreu de operação realizada pela Receita Federal denominada “Operação Moinho de Vento” que teve por alvo, além do contribuinte supracitado, outras 3 (três) empresas que se utilizavam do mesmo modus operandi (simulação de operações de comércio exterior por intermédio da PANASIA). Esta ação fiscal foi concluída em 09/08/2012, e restou comprovado que a PAN ASIA registrou as DIs cedendo seu nome para a empresa WEIZEN, com o fim de ocultála da posição de verdadeiro sujeito passivo da operação. Comprovouse que a WEIZEN era o verdadeiro adquirente das mercadorias importadas em nome da empresa PAN ASIA, configurando ocultação do verdadeiro sujeito passivo das operações com o fim de reduzir as despesas a título de ICMS, bem como burlar os procedimentos fiscais de habilitação e parametrização em sua atuação no comércio exterior. Assim, estas empresas teriam agido em conluio no cometimento da infração de ocultação do verdadeiro adquirente em operações de comércio exterior. 1 Todos os números de folhas indicados neste documento referemse à numeração eletrônica do eprocesso. Fl. 872DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 873 3 O ilícito de ocultação do sujeito passivo ocorreu mediante simulação ajustada entre PAN ASIA e a WEIZEN, e esta irregularidade por si só configura dano ao erário punível com a pena de perdimento das mercadorias. Este auto de infração trata de aplicar a multa de valor equivalente de que trata o parágrafo 3º do artigo 23 do DecretoLei nº 1.455/76, às mercadorias objeto das Declarações de Importação analisadas nesta ação fiscal que não foram localizadas no estabelecimento do contribuinte em função de terem sido revendidas. O valor aduaneiro das mercadorias tomou por base o exposto nas Declarações de Importação que foram objeto da presente ação fiscal. Depois de analisadas as informações e documentos apresentados pelas interessadas, bem como aqueles constantes na internet e nos sistemas da Receita Federal, as razões que levaram a Fiscalização a essas conclusões foram as seguintes: Em análise das notas fiscais em conjunto com as informações obtidas no Siscomex referente às informações constantes nas Declarações de Importação, verificouse que todas as operações foram declaradas por conta própria da PAN ASIA, ou seja, esta empresa figurou como importadora e adquirente das mercadorias. Todas as negociações foram realizadas entre WEIZEN e os fornecedores estrangeiros sediados na Argentina e Paraguai, configurando, portanto, contrato de compra e venda internacional. Documentalmente, as operações aparentavam ser regulares. A empresa PAN ASIA registrava uma declaração de importação por conta própria, emitia uma nota fiscal de entrada destas mercadorias em seu estabelecimento em Itajaí/SC e em seguida revendia estas mercadorias à empresa WEIZEN, em Foz do Iguaçu, mediante a correspondente emissão de Nota Fiscal de Venda. Materialmente, as operações com farinha de trigo estavam estruturadas de forma que a empresa WEIZEN fechava negociação comercial de importação com os moinhos de farinha de trigo da Argentina e do Paraguai e solicitava a estes moinhos estrangeiros a emissão de fatura comercial em nome da empresa PAN ASIA. Em seguida a empresa WEIZEN contratava o transporte internacional de carga e solicitava o carregamento da mercadoria no moinho ou depósito no exterior. Posteriormente a empresa WEIZEN contratava despachante aduaneiro para fazer o registro das Declarações de Importação em nome da PAN ASIA e após o desembaraço aduaneiro da carga no Porto Seco de Foz do Iguaçu/PR, a PAN ASIA emitia a nota fiscal de entrada das mercadorias em seu estabelecimento (Itajaí/SC). Ato contínuo emitia a nota fiscal de venda dessa carga à empresa WEIZEN. Após o desembaraço os transportadores internacionais efetuavam a descarga das mercadorias em local determinado pela empresa WEIZEN, sempre em Foz do Iguaçu/PR. Desta forma, a empresa PAN ASIA figurava na operação somente cedendo seu nome para que as empresas reais adquirentes permanecessem ocultas na importação. A ida das cargas à Santa Catarina não passou de mera simulação documental, sem qualquer vinculação com a realidade. A operação de compra e venda no mercado interno da PAN ASIA para a empresa WEIZEN calçada por nota fiscal de venda, não passava de mera simulação, dado que a relação entre a PAN ASIA e as reais adquirentes não Fl. 873DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 874 4 era, em momento algum, uma operação de compra e venda de farinha de trigo. Nesta mesma linha, a Declaração de Importação ao informar a PAN ASIA como adquirente apresentava informação falsa, bem como o MIC e o CRT. E, ainda, a fatura comercial que instruiu a declaração de importação por estar emitida para PAN ASIA como adquirente não representava a realidade dos fatos, logo é ideologicamente falsa. Um dos motivadores à ocultação foi a burla aos controles administrativos, como a não submissão aos procedimentos de habilitação no Siscomex e a interferência na avaliação de risco nas operações. Outro motivador à ocultação é a busca de benefícios fiscais estaduais. Como resultado dessas operações simuladas, a empresa WEIZEN conseguia uma redução no custo da importação de farinha de trigo devido à redução da alíquota efetiva do ICMS, utilizandose, de forma indevida, de benefício concedido pelo estado de Santa Catarina. Ao visitar o sítio da empresa PAN ASIA na internet, observase que lá ela vende seu serviço de cessão de nome de forma quase explícita, expondo inclusive as vantagens de importar com a PAN ASIA: “reduzem de forma matemáticafinanceira o imposto mais importante e significativo, ou seja, o ICMS”. A análise dos documentos apreendidos e das informações prestadas indicou a existência de elementos característicos de simulação, não cabendo a idéia de planejamento tributário. O volume de operação da PAN ASIA é totalmente incompatível com sua habilitação concedida pela Receita Federal para que a empresa atuasse no comércio exterior. Considerando somente sua atuação com farinha de trigo nos primeiros 6 (seis) meses de 2012, a empresa extrapolou em mais de 31 (trinta e uma) vezes sua estimativa de operação. Em uma primeira constatação, merece destaque o fato de que, apesar de todas as 394 DIs analisadas terem sido registradas por PAN ASIA, sendo ela importadora e adquirente por conta própria, estas não tinham uma forma padrão de atuação. As DIs eram registradas por diferentes despachantes e usavam como transportador internacional, diferentes empresas sem qualquer explicação lógica, a princípio. Contudo ao cruzar os dados das Declarações de Importação com as respectivas notas fiscais de saída o que aparentava ilógica e não razoável, tornouse lógico, claro e evidente. Observase a interposta PAN ASIA registrou 133 DIs que tiveram como destino final da farinha de trigo esta empresa. Em 96% destas importações foi utilizada a empresa de transporte internacional TRANSUNI. Nesta mesma linha, em 100% das importações com destino final da carga a WEIZEN foi o despachante Leonço de Almeida Falcão, CPF 931.282.58953, que registrou as Declarações de Importação em nome de PAN ASIA. Outra informação relevante é que em 60 destas operações, mais de 45% do total, a carga foi exportada por moinhos estrangeiros cujo destino final foi exclusivamente a WEIZEN. Sendo que, 26 destas operações figurou como exportador somente um moinho estrangeiro. Fl. 874DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 875 5 A empresa WEIZEN era responsável por contratar o moinho, o despachante e o transportador internacional de sua preferência e somente tomar emprestado o nome da PAN ASIA para o registro formal da operação. A PAN ASIA não possuía qualquer ingerência sobre as escolhas dos intervenientes no comércio exterior, apesar de ser ela, documentalmente, o importador e adquirente por conta própria das mercadorias. Em sede de diligência na empresa WEIZEN, constatouse que a Sra. Célia de Fátima Leite Silva, CPF: 414.798.82968, mãe do sócioadministrador da empresa (Sr. Filipe Augusto Silva, CPF: 043.902.13911), era a pessoa responsável pelas operações de comércio exterior. No computador utilizado pela Sra. Célia foram encontradas diversas conversas com prepostos na Argentina (pessoas que negociavam a farinha em nome dos moinhos de farinha). Essas negociações comprovam a participação efetiva da WEIZEN na negociação de compra de farinha de trigo com moinhos estrangeiros, na solicitação de emissão de fatura próforma em nome da PAN ASIA, na escolha do despachante aduaneiro e no controle de licenças de importação. É a WEIZEN (e não a PANASIA) quem faz a solicitação de emissão de LI. Para isso, solicita ao fornecedor argentino o envio de faturas próformas. Em diligência no estabelecimento da WEIZEN foi encontrado documento que comprova que a WEIZEN mantinha planilha que utilizava para controlar a emissão de e validade das licenças de importação referentes a cada fatura próforma. Observase que para fins de controle a WEIZEN relacionava o nome importador que deveria ser utilizado para registrar a importação. Foram encontrados, ainda, no estabelecimento da WEIZEN, diversas faturas comerciais e cópias de contratos de câmbio e de swifts bancários. A existência de documentos como estes no estabelecimento da WEIZEN comprova, de forma inequívoca, que ela é de fato a verdadeira adquirente e importadora de tais mercadorias. Todas (100%) as importações realizadas pela PANASIA que tiveram a WEIZEN como destinatário foram realizadas pela transportadora TRANSUNI TRASPORTES RODOVIARIOS LTDA, CNPJ 08.819.782/000105. Conversas obtidas no computador da WEIZEN indicam que era ela quem escolhia, negociava e dava ordem para transbordo das cargas de farinha. Todas as importações realizadas pela PANASIA que tiveram a WEIZEN como destinatário foram realizadas pelo despachante aduaneiro Sr. Leonço de Almeida Falcão, CPF nº 931.282.58953. Conversas obtidas no computador da WEIZEN indica que, nas importações de farinha que a tinha como destinatário, era ela quem escolhia e negociava com o despachante aduaneiro. Em um dos documentos comerciais arquivados na empresa PAN ASIA, o Sr. Nilo Simas Jr. orienta empresa comercial importadora de Foz do Iguaçu/PR acerca dos procedimentos que devem ser adotados nas próximas importações de farinha de trigo, agora em nome de PAN ASIA. Em detalhes o Sr. Nilo Fl. 875DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 876 6 descreve o fluxo negocial, passo a passo, das operações de importação de farinha de trigo via Foz de Iguaçu/PR. Este documento é de fato um roteiro para ocultação mediante interposição fraudulenta. A Fiscalização apresenta, de maneira geral, o fluxo financeiro documental das operações em contraponto ao material, bem como os cuidados adotados pela PAN ASIA pra afastar a questão do adiantamento de recurso. A PAN ASIA tenta operar sem receber o valor do câmbio antes do registro da DI. Para resolver este problema, bastou a PAN ASIA gerar um capital de giro inicial para bancar as operações por alguns dias aos reais adquirentes. Contudo, como a PAN ASIA somente adianta seu próprio capital para o fechamento do câmbio, ela tem pressa que este dinheiro retorne a sua conta. De fato, a PAN ASIA não tem qualquer preocupação com a importação em si, não demonstra qualquer atenção à carga de farinha de trigo, ela somente quer seu capital “emprestado” de volta, revestido na forma de operação de compra e venda no mercado interno O propósito da “engenharia” montada por PAN ASIA e reais adquirentes foi a de dar forma aparentemente legal às operações, para evitar que as importações estivessem condicionadas a antecipações de recursos, ainda que a título de compra e venda no mercado interno, pois isso poderia ensejar a presunção de operações por conta e ordem de terceiros. A PAN ASIA cobrava comissão somente para ceder seu nome e não uma comissão a título de uma operação por conta e ordem. Por mais que se alegue que de fato era uma importação por conta e ordem, a tipificação da irregularidade é idêntica, dado que, igualmente, está oculto o sujeito passivo, verdadeiro adquirente das mercadorias. E ainda, nestes casos não existe a possibilidade de emissão de nota fiscal de compra e venda, dado que não é a farinha de trigo que está sendo comercializada, é sim um serviço, logo o documento idôneo seria uma nota fiscal de prestação deste serviço e não uma venda simulada. As cargas de farinhas importadas e desembaraçadas no Porto Seco de Foz do Iguaçu/PR eram remetidas diretamente à empresa WEIZEN nesta mesma cidade, sem jamais transitar pelas dependências da importadora PAN ASIA, fato que pode ser facilmente comprovado pelo cotejamento entre as datas e horas dos documentos fiscais. As condutas adotadas pela PAN ASIA afastam a operação por encomenda, uma vez que a PAN ASIA carece de qualquer relação com os moinhos estrangeiros exportadores, e ainda, a operação no mercado interno é simulada, não sendo de fato uma compra e venda ou revenda. Em diligência no estabelecimento da WEIZEN foi encontrado um documento denominado “INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA”. Tratase de um contrato firmado entre a WEIZEN (contratante) e a PANASIA (contratada) que teria por objeto “a compra pela CONTRATANTE de farinha de Trigo adquirida pela CONTRATADA no mercado externo” no montante de 1.140 toneladas por mês ou aproximadamente 40 caminhões mensais. Apesar de denominado “contrato de compromisso de compra e venda”, na realidade tratase de um contrato de prestação de serviço. Fl. 876DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 877 7 Foi comprovado que a WEIZEN tem por prática comercial contratação de empresa importadora, mediante comissão, para registrar Declarações de Importação em seu nome." Cientificado o AI aos sujeitos passivos solidários, em 13/08/2012 (TERMOs às fls. 430/431), WEIZEN DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS EIRELI e PAN ASIA TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA apresentaram Impugnações, em 10/09/2012 (fls. 436/459 e 470/521), alegando, em sínteses, emprestadas da decisão recorrida (fls. 792/ 795): "O sujeito passivo WEIZEN apresentou a impugnação de folhas 299 a 312, alegando que: o Fisco não comprova a ocorrência de fraude ou simulação nas operações em comento, limitandose a imputar como fraudulentas importações que não se encaixam perfeitamente nas modalidades comerciais de importação reconhecidas. é uma trading e o próprio ordenamento jurídico brasileiro reconhece a possibilidade de uma empresa contratar uma trading para realizar operações de comércio exterior. após efetuar as negociações com o exportador, a WEIZEN repassa as operações para a PAN ASIA a qual as financia, com recursos próprios, desembaraça as mercadorias e as revende às suas clientes. Neste processo a PAN ASIA aufere lucro, até mesmo como remuneração pelo trabalho despendido e pelo capital próprio imobilizado com financiamento da operação em nome próprio. as importações foram registradas como importação direta haja vista ser a importadora a real adquirente das mercadorias, arcando, inclusive, com o pagamento do câmbio perante o exportador com recursos próprios. Não há qualquer adiantamento por parte dos clientes. a compra da farinha de trigo é feita com recursos da PAN ASIA, a qual recupera seu capital somente após o desembaraço e a venda da farinha a seus clientes. em que pese a Fiscalização não tecer um comentário sequer questionando a origem dos recursos, comprovase a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior objetos dos autos com coincidência de datas e valores. Os recursos utilizados para as despesas aduaneiras também possuem origem em empréstimos bancários. as notas fiscais são consideradas documentos idôneos para comprovar a origem de receita, consoante posicionamento oficial do próprio Fisco, conforme exemplo de acórdão citado. Elas gozam de presunção de veracidade, só podendo ser afastadas por meio de robusta prova em sentido contrário. A Fiscalização não produziu qualquer prova apta a descaracterizar as operações de compra e venda mercantis realizadas, razão pela qual as notas fiscais são provas cabais da origem dos recursos. Fl. 877DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 878 8 a PAN ASIA financia a operação e assume os riscos inerentes a este procedimento, como, por exemplo, inadimplência, deterioração etc, sendo, portanto, a real adquirente das mercadorias. é inadequado o enquadramento da operação como sendo por conta e ordem da WEIZEN. Primeiro, porque da mesma forma o desfecho seria o perdimento da carga. Segundo, porque, além de os recursos utilizados na importação serem exclusivamente da impugnante, todos os documentos que acobertam a operação se encontram em nome da PAN ASIA. se a operação real fosse declarada como por conta própria da WEIZEN, ainda poderia ser caracterizada como interposição fraudulenta pela Fiscalização, porque os recursos que financiam a operação são da PAN ASIA. Se a operação dáse com recursos da PAN ASIA, e não pode ser classificada como conta e ordem da WEIZEN (porque os recursos que a financiam não são seus), nem como encomenda da WEIZEN (o próprio Fiscal descarta essa possibilidade), então tornase forçoso concluir que a operação deve ser classificada na regra geral, que é a conta própria. Uma operação não pode ser considerada fraudulenta apenas porque não se enquadra exatamente em qualquer das três modalidades regulamentadas pela RFB. há ausência de demonstração do dolo específico de fraudar. A interposição fraudulenta e a falsificação de documentos exigem a comprovação da fraude e simulação, cujo dolo não pode ser presumido, mas provados por elementos seguros de prova. a mercadoria importada situase fora do campo de incidência do IPI, de forma que a suposta fraude não possui qualquer potencialidade lesiva ao Erário. Cita Solução de Consulta nº 33/SRRF/7ª RF/Disit, na qual a Receita Federal firmou entendimento de que a cessão de nome é uma conduta dolosa de natureza fraudulenta, que possui como objetivo a mitigação do valor dos tributos como IPI e outros. Requer que julgue improcedente o presente Auto de Infração pelos motivos expostos. O sujeito passivo coautuado PANASIA apresentou a impugnação de folhas 518 a 555, alegando, em síntese que: o Fisco não comprova a ocorrência de fraude ou simulação nas operações em comento, limitandose a imputar como fraudulentas importações que não se encaixam perfeitamente nas modalidades comerciais de importação reconhecidas. é uma trading e o próprio ordenamento jurídico brasileiro reconhece a possibilidade de uma empresa contratar uma trading para realizar operações de comércio exterior. após efetuar as negociações com o exportador, a WEIZEN repassa as operações para a PAN ASIA a qual as financia, com recursos próprios, desembaraça as mercadorias e as revende às suas clientes. Neste processo a PAN ASIA aufere lucro, até mesmo como remuneração pelo trabalho Fl. 878DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 879 9 despendido e pelo capital próprio imobilizado com financiamento da operação em nome próprio. as importações foram registradas como importação direta haja vista ser a importadora a real adquirente das mercadorias, arcando, inclusive, com o pagamento do câmbio perante o exportador com recursos próprios. Não há qualquer adiantamento por parte dos clientes. A impugnante descreve a origem dos recursos utilizados para pagar o câmbio referente a cada DI constante no auto de infração. a compra da farinha de trigo é feita com recursos da PAN ASIA, a qual recupera seu capital somente após o desembaraço e a venda da farinha a seus clientes. em que pese a Fiscalização não tecer um comentário sequer questionando a origem dos recursos, comprovase a origem, a disponibilidade e a transferência dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior objetos dos autos com coincidência de datas e valores. Os recursos utilizados para as despesas aduaneiras também possuem origem em empréstimos bancários. as notas fiscais são consideradas documentos idôneos para comprovar a origem de receita, consoante posicionamento oficial do próprio Fisco, conforme exemplo de robusta prova em sentido contrário. A Fiscalização não produziu qualquer prova apta a descaracterizar as operações de compra e venda mercantis realizadas, razão pela qual as notas fiscais são provas cabais da origem dos recursos. a PAN ASIA financia a operação e assume os riscos inerentes a este procedimento, como, por exemplo, inadimplência, deterioração etc, sendo, portanto, a real adquirente das mercadorias. é inadequado o enquadramento da operação como sendo por conta e ordem da WEIZEN. Primeiro, porque da mesma forma o desfecho seria o perdimento da carga. Segundo, porque, além de os recursos utilizados na importação serem exclusivamente da impugnante, todos os documentos que acobertam a operação se encontram em nome da PAN ASIA. se a operação real fosse declarada como por conta própria da WEIZEN, ainda poderia ser caracterizada como interposição fraudulenta pela Fiscalização, porque os recursos que financiam a operação são da PAN ASIA. Se a operação dáse com recursos da PAN ASIA, e não pode ser classificada como conta e ordem da WEIZEN (porque os recursos que a financiam não são seus), nem como encomenda da WEIZEN (o próprio Fiscal descarta essa possibilidade), então tornase forçoso concluir que a operação deve ser classificada na regra geral, que é a conta própria. Uma operação não pode ser considerada fraudulenta apenas porque não se enquadra exatamente em qualquer das três modalidades regulamentadas pela RFB. há ausência de demonstração do dolo específico de fraudar. A interposição fraudulenta e a falsificação de documentos exigem a comprovação da fraude e simulação, cujo dolo não pode ser presumido, mas provados por elementos seguros de prova. Fl. 879DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 880 10 a mercadoria importada situase fora do campo de incidência do IPI, de forma que a suposta fraude não possui qualquer potencialidade lesiva ao Erário. Cita Solução de Consulta nº 33/SRRF/7ª RF/Disit, na qual a Receita Federal firmou entendimento de que a cessão de nome é uma conduta dolosa de natureza fraudulenta, que possui como objetivo a mitigação do valor dos tributos como IPI e outros. a pena aplicável seria multa diversa, a do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, nos termos da Orientação COANA/COFIA. Requer que julgue improcedente o presente Auto de Infração pelos motivos expostos. É o relatório." A decisão de primeira instância, proferida em 30/04/2014 (fls. 787/803) foi pela improcedência das impugnações, em decisão cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 15/06/2012, 20/06/2012, 21/06/2012, 22/06/2012, 25/06/2012, 26/06/2012, 27/06/2012, 02/07/2012, 04/07/2012, 05/07/2012, 06/07/2012, 11/07/2012, 12/07/2012 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA CONSUMIDA OU NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, infração punível com a pena de perdimento. Caso a mercadoria tenha sido entregue a consumo, não seja localizada ou tenha sido revendida, esta infração é punida com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE E NÃO CONFISCO. Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas legais que foram legitimamente inseridas no ordenamento jurídico, cabe à autoridade administrativa tão somente verificar se os fatos subsumemse na norma de regência e aplicar a penalidade em face da existência de expressa determinação legal, dado que o lançamento não é atividade discricionária, mas, bem ao contrário, vinculada e obrigatória. Fl. 880DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 881 11 MULTA DO ARTIGO 33 DA LEI Nº 11.488/2007. PENA DE PERDIMENTO. CONCOMITÂNCIA. A multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 pode ser aplicada concomitantemente com a pena de perdimento das mercadorias importadas irregularmente, como regulamentado pelo artigo 689 do Decreto nº 6.759/2009, Regulamento Aduaneiro. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Após ciência do acórdão de primeira instância (AR à fl. 810/811), em 22/05/2014 e 26/05/2014, apenas, WEIZEN DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS EIRELI, apresentou o recurso voluntário de fls. 814/841, em 18/06/2014, reprisando, com pouca ou nenhuma variação, os argumentos trazidos na peça impugnatória, inclusive, dividido nos mesmos tópicos (i) a inequívoca demonstração de que a Pan Ásia é a real adquirente das mercadorias impropriedade da tese de ocultação do sujeito passivo; (ii) o inadequado enquadramento das operações como sendo por conta própria da Weizen, conforme sugerido pela d. DRJ; (iii) o inadequado enquadramento da operação como sendo por conta e ordem da Weizen; (iv) o inadequado enquadramento da operação como sendo por encomenda da Weizen; (v) regularidade da operação como sendo por conta da Pan Ásia; (vi) a ausência de demonstração do dolo específico de fraudar impossibilidade de caracterização da infração de interposição fraudulenta; (vii) a ausência de comprovação de dano ao Erário. É o relatório Voto Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida Relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO DOLO ESPECÍFICO DE FRAUDAR Alega a recorrente, a impossibilidade de caracterização da infração de interposição fraudulenta, concentrando seus argumentos em demonstrar que as importações foram feitas com recursos próprios da importadora, e a ausência de demonstração do dolo específico de fraudar, exigido pelo inciso V, do artigo 23, do Decretolei nº 1.455/1976, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. Questão hermenêutica decisiva, interpretar e aplicar a norma contida no inciso V, do artigo 23, do Decretolei nº 1.455/1976, no que diz respeito a considerarse dano ao Erário, a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. Fl. 881DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 882 12 Confesso não ser fácil a missão de interpretar de forma adequada os elementos subjetivos fraude ou simulação, no contexto adotado para caracterização da ocultação e do dano ao Erário, resultante na pena de perdimento. Mais difícil ainda, quando não impossível, comproválas diretamente, pelo que se admite que sejam provadas por todos os meios admitidos em Direito, inclusive provas indiretas, usandose de indícios e presunções. Nesta Turma de julgamento, prevalece o entendimento de que não há interposição fraudulenta quando a interposição é lícita, v.g., nas modalidades de importação permitidas – conta e ordem e encomenda, ou quando o ocultado não tem como saber que está a adquirir produtos que serão objeto de uma importação, ou adquire no mercado interno produto distinto daquele importado, ainda que tenha feito pagamentos adiantados, ao menos parciais. No entanto, se ambas as partes têm a plena consciência de que a mercadoria importada, de fato, não se destina àquele que consta como importador na declaração de importação, e contribuem, como no caso, com pessoa física, v.g., despachante aduaneiro, que atua em comum, representando ambas, ainda que sem poderes, para prestar ao fisco informações que sabem não refletir a realidade da operação, temse interposição fraudulenta. No mesmo sentido, sobre a necessidade de utilização das modalidades de importação permitidas – conta e ordem e encomenda, afirmase no voto condutor da decisão recorrida que: "O procedimento adotado pela importadora, ao não informar a destinatária das mercadorias que estava importando, descumpre determinações expressas nas Instruções Normativas SRF nº 225/2002 e nº 634/2006 que tratam, respectivamente, de importações “por conta e ordem de terceiro” e “para revenda a encomendante predeterminado”." (fl. 801) Depreendese do artigo 11, da Lei n° 11.291/2006, regulamentado pela IN SRF nº 634/2006, os seguintes requisitos para caracterização da operação como importação por encomenda: aquisição de mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado; e financiamento da operação por conta do importador e não do encomendante. Assim sendo, o principal requisito específico da importação por encomenda é a revenda de mercadoria estrangeira para encomendante predeterminado. Dessa forma, a partir de 2006, com a edição da Lei nº 11.291/2006, a importação por conta e ordem de terceiro, que originalmente albergava tanto o caso de o adquirente fornecer os recursos empregados na operação, quanto o caso de tais recursos serem oriundos do importador, foi dividida em duas modalidades distintas: a importação por conta e ordem propriamente dita, em que os recursos provêm de terceiro; a importação por encomenda, na qual o importador entra no negócio com recursos próprios. Destacase o argumento reiterado pela recorrente, no sentido de que as importações foram feitas com recursos próprios da importadora. Em que pese a obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, ordinário que deva pactuar a compra internacional e dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Assim, tanto na importação por encomenda, como na importação direta, o importador entra no negócio com recursos próprios, não sendo a comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados um critério adequado para a distinção. Fl. 882DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 883 13 Assim, por força de Lei, a modalidade de importação adotada deveria ser a importação por encomenda onde a empresa WEIZEN seria identificada como o encomendante predeterminado aos órgãos que exercem o controle aduaneiro. Em não agindo assim, subsumise à hipótese normativa da interposição fraudulenta de terceiros, por ocultação do sujeito passivo, conduta tipificada no inciso V, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76. Notar que não se trata simplesmente de classificação incorreta da operação. Haveria todo um modus operandi que, no entender da acusação fiscal e da decisão recorrida, levaria ao agir fraudulento dos envolvidos, no intuito de evadirse de eventuais tributos, ainda que de competência de outros entes federados, e de burlar os controles aduaneiros e de revisão aduaneira. Prossegue a acórdão recorrido promovendo a subsunção dos fatos e provas às normas, quanto à ocorrência de simulação na importação por ocultação do real adquirente da mercadoria e por apresentação de documentação com falsidade ideológica, a partir de informações extraídas de mensagens eletrônicas, notas fiscais de entrada e de saída de mercadorias, juntamente com os documentos coletados em diligência, extraindose do voto condutor da decisão recorrida as seguintes evidências: "...as notas fiscais de saída que ampararam as vendas às adquirentes das mercadorias possuem data de emissão coincidente ou de poucos dias depois da emissão das notas fiscais de entrada, que ampararam as mercadorias quando de sua importação (fls. 52). Aliás, pelos dados analisados e pela verificação do fluxo físico das mercadorias, chegase à conclusão que as mesmas não transitaram em nenhum momento pelo estado de Santa Catarina por impossibilidade espaço temporal. (...) ...comprovam o prévio conhecimento da destinação das mercadorias importadas as mensagens eletrônicas trocadas entre a Sra. Célia, responsável pelas operações da WEIZEN, e prepostos na Argentina (pessoas que negociavam a farinha em nome dos moinhos de farinha), nas quais se estabelecem a vinculação entre eles. (...) ...foram encontrados, ainda, no estabelecimento da WEIZEN, diversas faturas comerciais e cópias de contratos de câmbio e de swifts bancários. A existência de documentos como estes no estabelecimento da WEIZEN comprova, de forma inequívoca, que ela é de fato a verdadeira adquirente e importadora de tais mercadorias. (...) É a WEIZEN (e não a PANASIA) quem faz a solicitação de emissão de LI. Em diligência no estabelecimento da WEIZEN foi encontrado documento que comprova que a WEIZEN mantinha planilha que utilizava para controlar a emissão de e validade das licenças de importação referentes a cada fatura proforma." Fl. 883DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 884 14 Somamse às supracitadas evidências o fato de a PAN ASIA sequer eleger seu despachante aduaneiro, envolvese com a negociação das mercadorias ou com os serviços de transporte: "...Ocorre que ao se cruzar os dados das DIs com as respectivas notas fiscais de saída, observase que há um padrão. Há poucos fornecedores, é sempre utilizada a mesma empresa transportadora, assim como é utilizado um único despachante aduaneiro. (...) ...O real adquirente WEIZEN está vinculado claramente ao despachante Leonço de Almeida Falcão pois todas as importações realizadas pela PANASIA que tiveram a WEIZEN como destinatário foram realizadas por este despachante. E pelas mensagens eletrônicas, nas importações de farinha era ela quem escolhia e negociava com o despachante aduaneiro. (...) ...a PAN ASIA em nenhum momento se envolve em negociação de farinha de trigo, e cede seu nome intencionalmente para outras empresas utilizarem em operações de comércio exterior... (...) ...diversas mensagens trocadas entre a Sra. Célia e representantes da empresa WEIZEN, e representante da transportadora internacional TRANSUNI, nas quais se evidencia que a WEIZEN contratou e ordenou à empresa TRANSUNI para que efetuasse o transporte internacional de cargas. Portanto, tanto o relatório fiscal da Receita Federal, quanto o voto condutor da decisão recorrida, foram precisos ao demonstrar o modus operandi de simulação/ocultação de sujeito passivo entre a importadora PAN ASIA e a empresa WEIZEN, levando a concluir que a PAN ASIA não participa das operações no comércio exterior e que a negociação e contratação dos intervenientes é feita pela WEIZEN, sendo o papel da PAN ASIA totalmente passivo, apenas, cedendo seu nome, restando comprovado que o verdadeiro responsável, adquirente e importador das operações analisadas é a ocultada WEIZEN, e não a ocultante PAN ASIA. Somase o fato, especialmente relevante para esta Turma recursal: de que ambas as partes tinham a plena consciência de que a mercadoria importada, de fato, não se destinaria àquele que consta como importador na declaração de importação, e contribuem, como no caso, com pessoa física (despachante aduaneiro) que atua em comum, representando ambas (ainda que sem poderes), para prestar ao fisco informações que sabiam não refletir a realidade da operação, restando caracterizados os elementos subjetivos da conduta dolosa de ocultar, mediante fraude ou simulação. Assim, pelas mesma razões e fundamentos consignados na decisão recorrida, entendo que, por força de Lei, a modalidade de Importação adotada deveria ser a importação por “encomenda” onde a empresa ora recorrente seria identificada como o encomendante predeterminado aos órgãos que exercem o controle aduaneiro. Em não agindo assim, incorreu, o importador em solidariedade (inc. V, do art. 95, do DL nº 37/66) com o encomendante ocultado, na prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros, por ocultação do sujeito passivo, conduta tipificada no inciso V, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76. Fl. 884DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 885 15 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO Reitera a recorrente não haver prova de dano ao Erário, não havendo redução de tributos, ficaria demonstrada a ausência de dano ao erário e do próprio dolo de fraudar. Entendese inócua a discussão sobre a existência ou a comprovação de efetivo dano ao Erário, visto que decorre do texto da própria lei: DecretoLei nº 1.455/1976 : "Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: ...", elencando incisos, cujas infrações ali relacionadas considerase dano ao Erário, punível com perdimento. Discutese a subsunção dos fatos às normas contidas nos referidos incisos, v.g., no inciso V, onde o núcleo do tipo infracional reside na conduta dolosa de ocultar, mediante fraude ou simulação, tornandose necessário que esses elementos sejam provados ou presumidos, a depender da modalidade da interposição fraudulenta identificada. Para os fatos geradores ora abarcados, aplicase o artigo 23, § 3º, do Decreto Lei nº 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59, da Lei nº 10.637/02: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1oconvertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) O precedente, cuja ementa abaixo transcrevo, da 1ª TO/3ª Câmara/3ª Seção, no Acórdão nº 3301002.637, de 18/03/2015, esclarece: INTERPOSIÇÃO. PROVA DE DANO AO ERÁRIO. DESNECESSIDADE. Pelo disposto no artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/1976 as infrações lá descritas são punidas com a pena de perdimento porque as condutas lá expressas são legalmente consideradas como dano ao erário configurandose a presunção jure et de jure. Fl. 885DF CARF MF Processo nº 10945.721211/201215 Acórdão n.º 3302005.692 S3C3T2 Fl. 886 16 Aqui a prova necessária é da ocultação dolosa mediante fraude ou simulação. Comprovada, no caso, não tratandose de interposição fraudulenta presumida, identificados: ocultante (PAN ASIA: 12457.721271/201346 multa por cessão de nome) e ocultado (WEIZEN, em solidariedade com PAN ASIA: 10945.721211/201215 multa de 100% do valor aduaneiro), caracterizada está a interposição fraudulenta, considerada dano ao Erário, punível com pena de perdimento. Pelas razões expostas, entendo, deva ser mantida a decisão administrativa de primeira instância, quanto a infração da interposição fraudulenta comprovada, visto demonstrada e provada a conduta dolosa de ocultar, mediante fraude ou simulação, à considerarse dano ao Erário, sujeita a pena de perdimento ou multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria (inciso V, §§ 1º e 3º, do artigo 23, do DL nº 1.455/76), respondendo o importador ocultante em solidariedade com o encomendante ocultado (inciso V, do artigo 95, do DL nº 37/66). Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 886DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.723123/2010-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/12/2010
Ementa:
NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF
O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento.
RELAÇÃO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88)
Numero da decisão: 2202-004.438
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - RELATOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson. Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/12/2010 Ementa: NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. RELAÇÃO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO - RELATOR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson. Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
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RELAÇÃO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 31 23 /2 01 0- 63 Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 239 2 (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO RELATOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson. Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor da Contribuinte para constituir crédito referente a multa por descumprimento de obrigação acessória (CFL 38). Tendo a DRJ negado provimento à defesa, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário ora sob julgamento. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Foi lavrado o auto de infração DEBCAD nº 37.315.7568 (fls. 2/10 e docs. anexos fls. 11/13) em função da não apresentação dos documentos exigidos ao longo da fiscalização, nos termos dos arts. 33, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212/1991 e arts. 232 e 233 do RPS, especificamente "Proposta de Compra e Venda e Recibo de Sinal", documento dito como indispensável vez que conteria informações acerca da identificação do imóvel, do valor da unidade, das condições de pagamento e, entre outras informações, a identificação do corredor autônomo responsável pela venda CFL 38. Intimada em 20/12/2010 (fl. 3), a Contribuinte apresentou Impugnação em 19/01/2011 (fls. 35/95 e docs. anexos fls. 96/122). A DRJ, analisando a defesa da Contribuinte, proferiu o acórdão nº 0352.141, de 14/05/2013 (fls. 127/132), mantendo o crédito e que restou assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 20/12/2010 MULTA POR INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS OU APRESENTAÇÃO DEFICIENTE. (CFL 38) Constitui infração deixar a empresa de exibir documentos ou livros relacionados com fatos geradores de contribuições previdenciárias, quando devidamente solicitados pela fiscalização, ou apresentar livro ou documento que não atenda às formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita informação verdadeira. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São listadas no Relatório de Vínculo todas as pessoas físicas e jurídicas de interesse da administração, em razão de seu vínculo Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 240 3 com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente, não implicando automaticamente em responsabilidade solidária. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a parte do lançamento que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Matéria não discutida na peça impugnatória é atingida pela preclusão, não mais podendo ser debatida na fase recursal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada em 05/06/2013 (fl. 134), e ainda insatisfeita, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 05/07/2013 (fls. 138/218 e docs. anexos fls. 219/236), argumentando, em síntese: Das Preliminares · Que houve nulidade do ato de fiscalização por vício formal e por falta de publicidade na emissão e prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal MPF, vez que não foram emitidos nem a Contribuinte foi intimada de MPFC, apesar de o MPF ter prazo máximo de 120 dias e a fiscalização ter durado mais de um ano; · Que a autuação é nula por utilizarse de prova indiciária, inclusive essa nulidade já foi observada nos autos do processo nº 10166.723119/2010 03, quando a DRJ julgou procedente a Impugnação e exonerou o crédito tributário de processo conexo a este, lançado no âmbito da mesma fiscalização, decorrente dos mesmos fatos e provas, por falta de provas; · Que houve violação ao princípio da Verdade Material, porquanto a autoridade lançadora deixou de considerar os argumentos e as provas juntadas durante a fiscalização; · Que o lançamento foi realizado exclusivamente com base em depoimentos, não havendo provas nos autos de (i) que houve efetiva análise por amostragem; (ii) que os corretores trabalhavam no stand da construtora e que eram identificados por crachás; nem (iii) que a recorrente fez pagamentos em favor dos corretores; · Que há nulidade por erro na indicação dos "dispositivos legais que são gravados de forma aclaradamente genérica no anexo do auto de infração" (fl. 2.308); · Que o auto de infração padece de falta de liquidez e de certeza, especificamente porquanto foram incluídos no auto de infração a "Venda Direta Via" bem como tributou vendas realizadas por meio de imobiliárias, as quais, por sua vez, se utilizaram de seus corretores, não Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 241 4 sendo possível falar em retenção de contribuições previdenciárias pelo serviço prestado por outras empresas; · Que houve presunção como prova e que foi utilizada prova indiciária, sendo que não há provas do efetivo pagamento das comissões, ainda que pelos compradores, frisando a Contribuinte que é possível que a empresa tenha vendido diretamente seus imóveis sem a participação de corretores, o que não foi considerado pela autoridade lançadora; · Que a legislação citada (especificamente o art. 33, §4º, da Lei nº 8.212/1991) não estabelece critérios para o arbitramento da contribuição previdenciária no caso em tela, tendo a autoridade lançadora extrapolado sua competência; · Que a autoridade lançadora não caracterizou os corretores como segurados empregados e nem desconsiderou a personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços; · Que a autoridade lançadora não se desincumbiu do ônus de provar a ocorrência do fato gerador; · Que a Contribuinte não tem legitimidade para figurar no polo passivo na autuação vez que se for devida contribuição previdenciária ela contratava empresas imobiliárias para realizar as operações de venda, sendo que os corretores estavam vinculados a elas; e · Que, também, foram os compradores quem realizaram os pagamentos, sendo eles os responsáveis tributários. Mérito: · Que houve erro na aplicação da alíquota, especificamente porque a autoridade lançadora não levou em consideração as alterações realizadas pela Lei nº 10.666/2003, isto é, que não deveria ter sido aplicada a alíquota de 20% mas sim a de 11%. Ainda segundo a Contribuinte, trata se de erro insanável, pois não é possível alterar a fundamentação legal do auto de infração já constituído nem a alíquota aplicável; · Que só há incidência de Contribuição Previdenciária sobre os valores pagos (1) com natureza salarial (retributividade) e (2) com habitualidade, o que não se observa no caso concreto; · Que os corretores de imóveis não prestam serviços à Recorrente, não havendo que se falar em ocorrência de fato gerador de prestação de serviço por segurado autônomo; · Que não há indício de habitualidade nos pagamentos feitos pelos compradores; · Que no contrato de corretagem não é o serviço do corretor que se pretende, mas sim o resultado da mediação; Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 242 5 · "Os corretores de imóveis não prestam serviços às empresas construtoras e empreendedoras na área de construção civil, estas, consequentemente, não estão obrigadas ao pagamento da contribuição social instituída pela Lei, em face do negócio jurídico celebrado com os corretores. Isso porque o corretor é um comerciante com o objetivo social de intermediar contrato de compra e venda. Ele vende a intermediação e, por essa venda, recebe comissão proporcional ao preço do produto. Não há, por parte do corretor de imóveis, um serviço prestado à construtora ou empresa empreendedora, há, sim, um ato de comércio regulamentado por lei, no caso, o Código Civil e a Lei nº 6.530/78." (fl. 2.348); · Cita vasta doutrina, inclusive: RUBENS REQUIÃO, FRANS MARTINS, MARIA HELENA DINIZ, ARNOLD WALD, VALÉRIA BONONI GONÇALVES, JONAS FIGUEIREDO ALVES e PONTES DE MIRANDA para concluir que o corretor não presta serviço, sendo verdadeiro comerciante e estando obrigado pelo resultado e não pelo meio; · "Estabelece, portanto, o NCC [art. 722], de modo bem nítido, ser o contrato de corretagem especial, cuja característica é de que a pessoa que o celebra com outra não possui nenhum vínculo de prestação de serviços. (...) SE O CORRETOR DE SEGUROS NÃO PODE PRESTAR SEUS SERVIÇOS ÀS EMPREENDEDORAS E CONSTRUTORAS, QUE, POR ISSO, NÃO LHES DEVEM REMUNERAÇÃO OU RETRIBUIÇÃO, NÃO É POSSÍVEL EXIGIR DESSAS SOCIEDADES UMA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL QUE TEM POR FATO GERADOR A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E POR BASE DE CÁLCULO O VALOR DE REMUNERAÇÕES E RETRIBUIÇÕES PAGAS AOS QUE OS PRESTAM." (fl. 2.354) (grifo no original); · Que o comprador pode, em conversa com o corretor, ser aconselhado a comprar outro imóvel que não o da Contribuinte; ainda assim, se o comprador vier a adquirir o imóvel da Recorrente, será devida a comissão. Logo, quando muito, o corretor prestou serviço à Contribuinte e ao comprador, devendo a base de cálculo ser proporcional. Contudo, como a Lei não prevê essa hipótese, que não cabe o lançamento; · Que é ilegal a imputação de responsabilidade solidária à recorrente, vez que a autoridade lançadora jamais verificou que as contribuições previdenciárias foram lançadas e recolhidas pelas terceiras empresas (imobiliárias). Em suma, que só poderia ter sido autuada se houvesse prova de que as terceiras empresas não recolheram os tributos devidos; · Que é incabível a listagem, no relatório fiscal, dos diretores da Contribuinte como coresponsáveis vez que não lhes foi imputada qualquer atuação dolosa, não se configurando em qualquer das hipóteses legais de responsabilidade solidária; e Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 243 6 · Que devem ser julgados em conjunto o presente processo e os de nº 10166.723118/201051; nº 10166.723119/201003; nº 10166.723123/201063; nº 10166.723122/201019; nº 10166.723124/201016 e nº 10166.723121/201074. Os presentes autos foram apensados aos processos nº 10166.723119/201003, 10166.723118/201051; nº 10166.723119/201003; nº 10166.723123/201063; nº 10166.723122/201019; nº 10166.723124/201016 e nº 10166.723121/201074 (fl. 123). É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Delimitação da lide Como bem esclarecido no relatório, os presentes autos acolhem o AIOA DEBCAD nº 37.315.7568, constituindo a multa isolada pela não apresentação de documentos solicitados ao longo da fiscalização. Como bem anotou a Contribuinte, tratase de lançamento reflexo àquele contido no processo administrativo fiscal nº 10166.723117/201014, no qual se discute o crédito principal, i.e., existência ou não de omissão de declaração de contribuições previdenciárias. Nessa senda, a maior parte dos temas discorridos no Recurso Voluntário não têm relevância nos presentes autos. A verdade é que não cabe discutir aqui a natureza do contrato de corretagem, nem quem deveria ser o sujeito passivo da autuação; são matérias cuja análise deve ser feita em sede do processo principal. Tendo em vista que o lançamento recai sobre a não apresentação de documentos, essa é a matéria que poderia derrubar o auto de infração. Inclusive, esse foi o entendimento da DRJ, contra o qual o Contribuinte não recorreu: "Ou seja, o contribuinte não impugnou o lançamento no que se refere ao crédito lançado, uma vez que em nenhum momento informa o motivo de não ter apresentado as “Propostas de Compra e Venda e Recibo de Sinal” de diversos adquirentes de imóveis, precluindo, assim, o direito de fazêlo em outro momento processual, nos termos do Decreto 70.235/1972, artigos 16, III, e 17." (fl. 131) Nesse caminho, impende analisar as questões atinentes especificamente aos presentes autos, especificamente (1) a nulidade da fiscalização por falta de emissão e intimação do MPFC; e (2) a inclusão dos diretores da Contribuinte como coresponsáveis. 1. Vício Formal MPFContinuação: Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 244 7 Argumenta a Contribuinte, preliminarmente, que o auto de infração é nulo por vício formal ao longo da fiscalização. Segundo desenvolve seu raciocínio, deveriam ter sido emitidos Mandados de Procedimento de Fiscalização de Continuação MPFC, os quais não foram emitidos e não foram cientificados a ela. Por essa razão, ante a falta de prororgação da autorização de fiscalizar, e tendo em vista que a fiscalização durou mais de um ano logo, mais do que o prazo do MPF , entende que o lançamento não poderia ter sido formalizado. Sem razão a Contribuinte. A verdade é que o MPF é documento interno com a finalidade de controlar e gerenciar a atividade da Receita Federal. A competência para constituir o crédito tributário vem do art. 142 do CTN, e não dos MPF's, que são meramente instrumentos de organização interna da Receita Federal. Nesse sentido a jurisprudência deste Conselho: NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. (acórdão CARF nº 2202003.687, de 08/02/2017) VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e,detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. (acórdão CARF nº 2301003.514, de 15/05/2013 FALHA NA PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO MPF. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. Não dá causa à nulidade do lançamento falha cometida na prorrogação do prazo do MPF. (acórdão CARF nº 3301003.163, de 25/01/2017) Por essa razão, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte nesse ponto. 2. Da indicação dos CoResponsáveis: Insurgese a Contribuinte contra a inclusão do Relatório de Vínculos no DEBCAD, argumentando que não restou comprovada ou mesmo imputada qualquer atuação dolosa por parte dos seus diretores que justificasse a inclusão deles como responsáveis solidários, como exige a legislação. Novamente, não assiste razão á insurgência da Contribuinte. A elaboração do Relatório de Vínculos no lançamento das contribuições previdenciárias não significa que o lançamento é formalizado contra as pessoas ali relacionadas. Nesse sentido o CARF já consolidou o seu entendimento: Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10166.723123/201063 Acórdão n.º 2202004.438 S2C2T2 Fl. 245 8 Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Não é possível, portanto, dar provimento ao pleito da Contribuinte nesse ponto. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 245DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.001434/2010-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Inexiste nulidade do procedimento fiscal quando todas as determinações legais de apuração, constituição do crédito tributário e de formalização do processo administrativo fiscal foram atendidas. A aplicação ou não de penalidades não é fator determinante para definição do instrumento de formalização do crédito tributário. A utilização de Auto de Infração ou Notificação de Lançamento é definida em função do agente que pratica o ato.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. OBJETO DA FISCALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A expedição de Mandado de Procedimento Fiscal - MPF não objetiva limitar o alcance da ação fiscal, mas apenas instaurá-la, constituindo mero instrumento de planejamento e controle administrativo.
GANHOS DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS. ISENÇÃO.
Os bens havidos antes do casamento, ainda que pelos próprios conjuges, não se comunicam, portanto, o fato de um dos conjuges ter alienando outro imóvel em período inferior a 5 anos não altera o direito a isenção previsto no Art. 23 da Lei nº 9.250/95 sobre a parcela do imóvel adquirido antes do casamento e de propriedade exclusiva do outro.
ALTERAÇÃO DAS RAZÕES DETERMINANTES. IMPOSSIBILIDADE.
É vedado ao julgar alterar as razões determinantes do lançamento de modo a incluir elemento impeditivo ao exercício do direito do contribuinte a isenção, não previsto no lançamento e sobre o qual existem divergências.
Numero da decisão: 2402-006.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira De Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste nulidade do procedimento fiscal quando todas as determinações legais de apuração, constituição do crédito tributário e de formalização do processo administrativo fiscal foram atendidas. A aplicação ou não de penalidades não é fator determinante para definição do instrumento de formalização do crédito tributário. A utilização de Auto de Infração ou Notificação de Lançamento é definida em função do agente que pratica o ato. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. OBJETO DA FISCALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A expedição de Mandado de Procedimento Fiscal MPF não objetiva limitar o alcance da ação fiscal, mas apenas instaurála, constituindo mero instrumento de planejamento e controle administrativo. GANHOS DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS. ISENÇÃO. Os bens havidos antes do casamento, ainda que pelos próprios conjuges, não se comunicam, portanto, o fato de um dos conjuges ter alienando outro imóvel em período inferior a 5 anos não altera o direito a isenção previsto no Art. 23 da Lei nº 9.250/95 sobre a parcela do imóvel adquirido antes do casamento e de propriedade exclusiva do outro. ALTERAÇÃO DAS RAZÕES DETERMINANTES. IMPOSSIBILIDADE. É vedado ao julgar alterar as razões determinantes do lançamento de modo a incluir elemento impeditivo ao exercício do direito do contribuinte a isenção, não previsto no lançamento e sobre o qual existem divergências. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 14 34 /2 01 0- 89 Fl. 314DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mario Pereira De Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 315 3 Relatório Temse Recurso Voluntário de fls. 294/311, tomado contra Acórdão de fls. 277/289, advindo da 9ª Turma de Julgamento da DRJ/BHE que, por unanimidade de votos, votou improcedente a Impugnação apresentada, mantendo o crédito tributário exigido. Está assim lançado o relatório da decisão recorrida: Contra a contribuinte acima identificada foi lavrado Auto de Infração em 04/07/2013, fls. 02/26, com lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física relativo aos anos calendário 2005, 2006, 2007, no valor de R$26.721,46, juros de mora de R$10.338,35 e multa proporcional de R$20.041,08, totalizando o crédito tributário apurado de R$57.100,89. As infrações relativas aos exercícios acima citados, que modificam a base de cálculo do imposto, foram assim distribuídas: Ano Base Omissão de Rendimentos Despesas Médicas Despesas com Instrução Total Infrações 2005 16.685,00 ................... 2.198,00 18.883,00 2006 22.108,53 1.080,00 186,00 23.374,53 2007 13.947,18 687,00 ..................... 14.634,18 As infrações por deduções indevidas de impostos a título de contribuição previdenciária patronal paga pelo empregador doméstico (imposto), ocorreram nos anos calendários 2006 (R$131,64) e 2007 (R$5,40). A infração por ganhos de capital na Alienação de Bens e Direitos, ocorreu em janeiro do ano calendário 2006 (R$74.532,16). Os impostos lançados referentes às infrações relativas aos anos base acima citados foram assim distribuídos: Ano Base Base de Cálculo Declarada Total Infrações Alíquota % Parcela a Deduzir Imposto Devido Imposto Pago Imposto Apurado 2005 82.022,26 18.883,00 27,5 5.584,20 22.164,74 16.971,92 5.192,82 2006 2006 2006 80.237,41 23.374,53 27,5 5.993,71 IRRF 22.499,57 Sobre 16.071,57 Omissão 6.428,00 (240,62) 6.187,38 2006 #131,64 Fl. 316DF CARF MF 4 2006 74.532,16 15 *11.179,82 2007 49.818,47 14.634,18 27,5 6.302,32 11.422,15 7.397,75 4.024,40 2007 #5,40 Total 26.721,46 Observações: *.Imposto Ganhos de Capital (15%). # Imposto com vencimento anual (Empregador Doméstico). O Termo de Verificação Fiscal TVF, de fls. 191/202, datado de 03/05/2010, documento que compõe o Auto de Infração, traz, resumidamente, as informações que se seguem. Em cumprimento do MPF nº 09.2.02.00.201000162, de 15/05/2013, deu se início à presente fiscalização, com o objetivo de verificar o cumprimento das obrigações relativas ao Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), compreendidas no período de 01/01/2005 a 31/12/2007, na forma do Regulamento do Imposto de Renda. A ação fiscal foi deflagrada de oficio e com o fim específico de verificação de indícios de sonegação fiscal, visto a contribuinte ter omitido rendimentos do trabalho sem vinculo empregatício em suas Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) dos Exercícios de 2005 a 2007, reduzindo assim a Base de Cálculo do Imposto Devido. A contribuinte é médica e durante o período objeto da Ação Fiscal recebeu rendimentos das pessoas jurídicas: Fundo Estadual de Saúde (CNPJ 80.673.411/000187), Prefeitura Municipal de Joinville (CNPJ 83.169.623/000110), Secretaria de Estado da Fazenda (CNPJ 82.951.229/000176), Instituto Nacional do Seguro Social (CNPJ 9.979.036/000140), Secretaria Municipal da Saúde de JoinvilleSC (CNPJ 79.361.028/000104) e do Fundo Municipal de Saúde de JoinvilleSC (CNPJ 08.184.821/00037). Por ocasião da fiscalização de contribuições previdenciárias junto à Secretaria da Saúde do Município de Joinville/SC, foram detectadas verbas pagas a colaboradores deste órgão, no período de 2005 a 2007, que não haviam sido relacionadas nas Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF's encaminhadas anualmente à Secretaria da Receita Federal. Intimada a Secretaria da Saúde a se manifestar sobre o assunto, ela confirmou que os valores pagos foram de fato omitidos. A contribuinte, então, foi intimada a se manifestar sobre a omissão acima descrita, assim como apresentar comprovantes de despesas com instrução, de despesas médicas, bem como comprovação dos pagamentos das contribuições previdenciárias relativas a empregada doméstica. Além disso, foi intimada a contribuinte a apresentar a escritura pública, ficha de matricula no cartório de registro de imóveis e contrato particular de compra e venda (se houver), referente à compra e/ou venda de cada um dos seguintes imóveis: Apartamento n°1002 e Box 44 do Edifício Castellamare, situado a Rua Ministro Calógeras, 956, JoinvilleSC; Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 316 5 Casa em Alvenaria com área total de 146,71m 2, matrícula 83.349; Qualquer outro imóvel adquirido ou alienado no período de 01.01.05 a 31.12.07, ainda que efetuadas em nome do contriuinte, cônjuge ou dependentes. A documentação solicitada deverá conter, ainda, o seguinte: Informação por escrito, do valor e data de cada parcela paga/recebida para total quitação da transação (aquisição/alienação); Informação por escrito, anexando comprovação hábil e idônea da forma utilizada para pagamento (dinheiro, cheque, cartão de crédito, etc...).; A comprovação exigida pode ser cópia de cheque, extratos bancários que comprovem resgates e/ou saques de numerário para pagamentos em espécie, faturas do cartão de crédito, ou documentação similar que comprove de forma inequívoca o valor e data do efetivo desembolso. No dia 19/02/2010, a contribuinte apresentou resposta, às fls. 31/131, concordando com a infração por omissão de rendimentos e juntou documentos para comprovação de despesas médicas, instrução e pagamento de contribuição para empregada doméstica. Após, a análise de toda a documentação foram constadas infrações, conforme já demonstrado neste Relatório Especificamente à infração por omissão de Ganhos de Capital, impugnada, informa a autoridade fiscal que durante a Ação Fiscal foi verificado que anexa à Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física do Exercício 2007, ano calendário 2006, a contribuinte informou ter efetuado a alienação de um apartamento, com ganho de capital sem, no entanto, ter apurado ou recolhido o imposto de renda correspondente (fls. 16 e 17). Pelo que consta da mesma declaração de rendimentos, tal ganho havia sido enquadrado por ela como isento pelo motivo: “Lucro do único imóvel ou lucro na venda de imóvel residencial para aquisição de outro imóvel residencial” (fl. 13). Como a discriminação desta alienação e a discriminação da compra de um outro imóvel residencial, que constam da Declaração de Bens e Direitos da mesma DIRPF/2007 (fls. 14), não esclareciam as datas em que tais operações haviam sido realizadas, de forma a se saber se a isenção pleiteada pela contribuinte encontrava amparo na Lei n° 9.250/95 ou na Lei n° 11.196/05, foi intimada através do próprio Termo de Inicio da Ação Fiscal (item 9 às fls. 28 e 29) a apresentar as fichas de matricula dos imóveis transacionados, bem como de qualquer outro adquirido ou alienado no período de 01/01/2005 a 31/12/2007, ainda que em nome do cônjuge ou de dependentes. Fl. 318DF CARF MF 6 Em resposta, a contribuinte declarou “não haver alienado outros imóveis durante o período de 01/01/2005 a 31/12/2007” (fls. 32, item 9.3). As fichas de matricula apresentadas por ela na ocasião foram, portanto, apenas as do apartamento situado no edifício Castellamare e da casa em alvenaria, com área total de 146,71m 2 itens 1 e 2 da Declaração de Bens, às fls. 14, que se encontram anexas às fls. 115/131. No entanto, através do sistema DOI (Declaração de Operações Imobiliárias), foi apurado a existência de um imóvel alienado pelo seu cônjuge Paulo Régis Bertoldo, CPF n°801.310.18000, em 12.09.2006 (fls. 178). Por isso, ela foi reintimada, através do Termo de Intimação Fiscal n° 021/10, a apresentar a ficha de matricula do imóvel (item 8 às fls. 133). A resposta apresentada em 12/04/2010 não trouxe quaisquer explicações, apenas a copia da ficha de matrícula solicitada e cuja cópia encontrase às fls. 172 e 174. Com base na documentação apresentada, foi verificado que a operação realizada com ganho de capital, correspondente à venda do apartamento de n° 1002 e de uma vaga de garagem no Edifício Castellamare, situado à Rua Ministro Calógeras nº 956, não está isenta do Imposto de Renda sobre o Ganho de Capital, pois não reúne as condições necessárias para enquadramento em nenhuma das hipóteses previstas nas Leis nº 9.250/95 nº 11.196/05. Assim, como a alienação realizada não satisfaz as condições legais para se caracterizar como uma operação isenta do Imposto e Renda sobre o Ganho de Capital, este tributo está sendo lançado, conforme cálculo demonstrado à fl. 197. Em 31/05/2010, a interessada, apresentou a impugnação de fls. 219/228, conforme, em síntese, seguese: Da ação fiscal surgiu o presente auto de infração com a apuração de diversas irregularidades. Dentre elas somente impugna a que tange ao item "002 — GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS / OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS", vez que os demais débitos apurados estão sendo objeto de pagamento/parcelamento. Sustenta o fisco que ela efetuou a alienação de um apartamento no Ano calendário de 2006, com ganho de capital, sem recolher o imposto de renda correspondente, não se enquadrando nas hipóteses de isenção contidas no art. 23 da Lei 9.250/95 e/ou art. 39 da Lei 11.196/05. Informa a autoridade fiscal que ela, no tocante a hipótese prevista no artigo acima citado não pode se beneficiar dessa isenção, pois seu cônjuge alienou outro imóvel em janeiro de 2006, bem como o regime de casamento entre o casal é o da comunhão parcial de bens. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 317 7 Todavia, o Auto de Infração é meio próprio tãosomente para aplicação de penalidades, não para a constituição de crédito tributário, o conforme dispõem os artigos 10 e 11 do Decreto 70.235/1972. Como a constituição do crédito tributário se dá por ato administrativo plenamente vinculado (artigos 3º e 142 do CTN) à competência, finalidade e forma, deve ser anulado o ato que descumpra a forma exigida em lei. Dessa maneira, por desrespeito à forma exigida em lei, requer se, preliminarmente, a anulação do Auto de Infração impugnado. Caso seja mantido, vindicase seja ele mitigado para constar apenas as penalidades. Consoante destacado no “TERMO DE VERIFICAÇÃO E ENCERRAMENTO DA AÇÃO FISCAL "A ação foi deflagrada de oficio e com o fim especifico de verificação de indícios de sonegação fiscal, visto a contribuinte ter omitido rendimentos do trabalho sem vinculo empregaticio em suas Declarações de Imposto de Renda da pessoa Física (DIRPJ) dos Exercícios de 2005 a 2007, reduzindo assim a Base de Cálculo do Imposto Devido apurado nas mesmas.". Logo, o Mandado de Procedimento Fiscal era especifico para apurar a omissão de rendimento do trabalho e não descaracterização de isenção para fins de apuração de ganho de capital. Destarte, uma vez que o MPF é ato vinculado, o Agente Fiscal exacerbou seus poderes tornando nulo o item "002 — GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS / OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS" do Auto de Infração. No mérito, informa que efetuou a alienação do seu único imóvel em janeiro de 2006, não alienando outro imóvel seu no período de 5 (cinco) anos. O 1/3 (um terço) do imóvel que seu cônjuge preteritamente alienou, em setembro de 2006 (ficha de matricula anexada e já constante no processo), foi adquirido em maio de 2000 e o casamento do casal, sob o regime da comunhão parcial de bens, ocorreu posteriormente, em fevereiro de 2003 (vide ficha de matricula, r2 e Av.3). É cediço que os imóveis adquiridos antes do casamento havido sob o regime da comunhão parcial não se comunicam, conforme prescrição do Código Civil (artigos 1658, 1659 e 1.661. Destarte, o 1/3 de bem imóvel que seu cônjuge adquiriu em 2000 e alienou em setembro de 2006 não faz parte dos bens adquiridos durante a relação matrimonial. Uma vez que aquele 1/3 de imóvel não é bem comum do casal, não há que se falar Fl. 320DF CARF MF 8 que a impugnante vendeu dois bens seus no interregno de 5 anos, porque tal bem não é nem nunca foi seu. Além disso, somente os bens adquiridos onerosamente durante a relação matrimonial formam os bens comuns ao casal, que se comunicam entre os nubentes. O próprio apartamento alienado em 23 de janeiro de 2006 foi adquirido pela lmpugnante pela metade (50%) em 17 de janeiro de 2001 (conforme matricula n. 14.957 em anexo), ou seja, também antes da constância do casamento. Portanto, mesmo os 50% do imóvel da lmpugnante, cuja alienação entendeu o fisco ser fato gerador da obrigação tributária, não era bem comum do casal. Desta feita, se pode concluir facilmente que nenhum imóvel foi adquirido na constância do casamento e era comum do casal. Sobre o Principio da Verdade Real, devese lembrar que é dever da Administração Pública apreciar todos os dados que envolvem o problema e apurar o fato gerador da obrigação tributária da forma como ele realmente ocorreu. Uma vez que a renda seria decorrente do ganho de capital originado pela venda de apenas 50% do seu imóvel (quota parte que adquiriu antes do casamento) tão somente sobre esta base de cálculo poderia ser tributada. Por conseguinte, caso se entenda devido o tributo, que seja reduzida a "notificação" pela metade, vez que não é proprietária dos 50% do bem pertencente ao seu cônjuge, que adquiriu antes da constância do casamento. Em seu Recurso, reprisa a recorrente, no mais, todo os argumentos lançados em sua Peça de Defesa, diferenciandose apenas em dois pontos, quais sejam: i) Que o argumento utilizado para negar provimento à Impugnação foi diferente daquele utilizado no Auto de Infração, alterando o fundamento do AI, inovando a exação fiscal, o que seria, a seu ver, “descabível de qualquer amparo jurídico” (fls. 304). Isso porque, teria a decisão se firmado no sentido de que a requerente não seria beneficiária da isenção perseguida, eis que possuidora de mais de um imóvel (o apartamento e o box de garagem), bem como que a compra de um novo imóvel não se deu no prazo de 180 dias da alienação do primeiro imóvel, sendo a Autoridade Julgadora parte ilegítima para introduzir alterações no lançamento fiscal; e ii) Que o direito a vaga de garagem, no caso, seria um bem acessório vinculado à unidade habitacional, não podendo se falar que a apelante tenha alienado dois imóveis, mas, na verdade, teria sido apenas um, vendido, fazendo, assim, jus ao benefício previsto no artigo 23 da Lei 9.250/95. É o relatório. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 318 9 Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. Admissibilidade. O Recurso é tempestivo e, em conformidade com o disposto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e alterações, atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual voto por dele conhecer. No que concerne ao Recurso Voluntário em julgamento, tratase de insurgência contra os termos decisórios contidos no Acórdão de nº 0262.921 9ª Turma da DRJ/BHE, onde, por unanimidade de votos, a turma decidiu julgar improcedente a impugnação e manter o imposto que veio a julgamento, na forma do relatório e voto integrantes do referido julgado. Em que pese o auto registrar lançamentos em razão de rendimento do trabalho omitidos, glosas de despesas médicas, educacionais e outros, a Recorrente, ainda em sua peça primária, focou sua manifestação de inconformidade apenas nas questões relacionadas ao lançamento realizado sobre ganho de capital obtido coma venda de imóveis e aspectos legais do lançamento, em sua visão, capazes de provocar sua nulidade. Não abordou as demais infrações, por consequência, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, não integraram o presente processo em sua fase revisional. O recurso seguiu a mesma linha argumentativa contida na impugnação com acréscimos decorrentes de discordância frente aos fundamentos da decisão vergastada. Apesar de não indicadas como tal, os pontos que tratam de nulidade do lançamento e do auto de infração em razão de erro de forma ou matéria e sem adentrar no mérito, seriam prejudiciais as demais discussões e serão assim analisadas. 2. Nulidades instrumentais alegadas no Recurso 2.1. Nulidades do lançamento em razão da suposta inadequação do meio de formalização. A Recorrente manteve em seu recurso tese onde suscita nulidade da exigência tributária em razão de falhas em sua formalização, dentre seus argumentos afirma que o lançamento deveria se processar por meio de notificação de lançamento e não auto de infração. Quanto a esse ponto, o argumento não tem como prosperar. Acompanhamos o mesmo entendimento do relator da decisão de piso. A adoção de um ou outro documento está relacionada com a autoridade que realiza o lançamento e ao processo fiscalizatório que o gerar, Autos de Infração serão emitidos por Agentes fiscais no exercício individual de suas atribuições legais. Já as Notificação de Lançamento estão relacionadas a processos fiscalizatórios de caráter coletivo realizados por equipes integrantes de um órgão ou por meio Fl. 322DF CARF MF 10 de sistemas automatizados, neste caso, cabendo ao chefe do órgão expedidor ou servidor autorizado a representar o órgão nestes atos. No caso de processos eletrônicos, ainda assim o emissor será o órgão mas a assinatura é dispensada. Com efeito, esse é o entendimento que se aduz dos Art. 10 e 11 do Decreto 70.235/71, já referenciados na decisão de piso: “ Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico.” (g. n.) Isso posto, se confirma como adequada a decisão de piso, não merecendo prosperar a inconformidade da Recorrente neste ponto, não se configurando hipótese de nulificação prevista no Art. 59 do Decreto nº 70.235/71.. 2.2. Da alegada nulidade do lançamento realizado sobre fato que não integrava o Mandado de Procedimento Fiscal MPF. Alega a Recorrente, no que concerne aos ganhos de capital apurados sobre a alienação de bem imóvel e direitos adquiridos em reais, seria nulo tendo em conta que o MPF apresentado não fazia qualquer referência a estes fatos geradores, sendo a fiscalização orientada a investigar omissão de rendimentos do trabalho e consistência das informações declaradas com a finalidade de obtenção de dedução de despesas. Este tema não é inovador no âmbito do CARF, ao contrário, os precedentes indicam pacificação no sentido de que lançamentos realizados a partir de fiscalizações dirigidas Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 319 11 por MPF cujo prazo encontrase esgotado ou não esta contido nos termos diretivos do referido documento, não são elementos geradores de nulidade. Os documentos de direcionamento da ação fiscalizatória tem por objetivo permitir aos fiscalizado confirmar a regularidade da ação fiscal e ao órgão planejar e dirigir a atuação fiscalizatória, mas não pode ser encarado como um limitador das competências do Agente fiscal. Ainda que dentre os direcionamentos de auditagem tributária contidos no MPF não conste um determinado fato gerador, sendo o agente fiscal competente para realizá lo, uma vez tomando conhecimento de sua existência não poderá deixar de efetuar o lançamento, eis que a atividade em questão é vinculada e sujeita o agente a responsabilidade funcional. Vencido o prazo ou solicitado documento não relacionado ao direcionamento contido no MPF poderia a Recorrente exigir a apresentação de MPF compatível com a exigência realizada, entretanto, se não o fez e voluntariamente forneceu dados, documentos e informações que culminariam em lançamento sobre fato diverso do constante no Mandado, mas integrante das competências fiscalizatórias do agente, não há que se falar em nulidade. Assim, também neste ponto, a tese recursal carece de fundamentos aptos a validar sua pretensão de nulificação do lançamento. 3. Mérito. 3.1. Direito a isenção previsto no Art. 23 da Lei 9.250/95. O mérito da lide está centrado na desqualificação da isenção decorrente da alienação do único imóvel da Recorrente, sob o argumento de que a mesma não atendeu as disposições legalmente previstas para fazer jus a tal beneficio. Os termos circunstanciados no Auto de infração registram que o apartamento do Edifício Castellamare e a vaga de garagem a este vinculada possuíam registros imobiliários diversos, portanto sendo dois imóveis e que o mesmo foi vendido, no mês de janeiro de 2006, como bem comum da sociedade conjugal mantida sob o regime de comunhão parcial de bens com Paulo Rêgo Bertoldo e que este já possuía outro imóvel em seu nome [Fls. 162/163], o que impediria a fruição do beneficio de isenção pleiteado. Outro fundamento adotado pelo fisco para desqualifica a operação como isenta consistiu no fato da Recorrente ter alienado seu apartamento no dia 23 de janeiro de 2006 e adquirido outro apenas em 27 de outubro de 2006, portanto em prazo superior a 180 dias. Conforme é possível verificar na cópia do RGI [fls 117/119] o referido imóvel foi adquirido pela Recorrente em 18 de dezembro de 2001 em conjunto com Paulo Regis Bertoldo e na época da aquisição estes não eram casados. Fl. 324DF CARF MF 12 O imóvel, apartamento + box, foi adquirido pelo valor de R$ 90 mil reais, dos quais R$ 45 mil foram pagos em dinheiro e os R$ 45 mil restantes por meio de financiamento realizado junto ao Banco Santander. Em 23/01/06, já na constância do casamento realizado em comunhão parcial de bens, o mesmo imóvel, apartamento + box, foi vendido pela Recorrente e seu cônjuge, na operação tomada como base de calculo para o lançamento em lide, pelo valor total de R$ 190 mil. Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 320 13 Postas tais premissas fáticas, passamos a analisar os pontos erigidos pela autoridade fiscal como impeditivos para aplicação do beneficio de isenção previsto no Art. 23 da Lei nº 9.250/95. De inicio, cabe registrar que , nos termos do Art. 111 do Código Tributário Nacional, as normas relacionadas a benefícios fiscais devem ser interpretadas de modo literal. "Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: [...] II outorga de isenção;" Tal disposição vincula contribuintes e o fisco, eis que nenhum está autorizado a aplicar interpretação diversa da prevista no texto literal da lei, seja para usufruir do beneficio ou para excluir o direito a tal. Neste sentido, temos de ter em conta que a isenção prevista no Art. 23 da Lei 9.250/95 e diversa da prevista no Art. 39 da Lei 11.196/05. Enquanto o Art. 23 da Lei 9.250/95 trata de isentar operações de ganho de capital obtidas por meio da alienação de único imóvel com valor de até R$ 440 mil, desde que não tenha sido realizada nenhuma outra operação similar nos últimos 5 anos, a isenção disposta no Art. 39 da Lei 11.196/05 não estabelece valor máximo de imóvel, exigindo apenas que o contribuinte seja pessoa física, a operação de alienação seja de imóveis residenciais e que os recursos sejam aplicados na compra de outro imóvel de mesma destinação, em até 180 dias. Pois bem, considerando que a operação imobiliária em lide referiase a imóvel residencial com valor inferior a R$ 440 mil, não há que se falar na aplicação de prazo de 180 dias como impeditivo para fruição do beneficio de que trata o Art. 23 da Lei 9.250/95 Por consequência, diante dos termos fundamentais do Auto de Infração, a Recorrente estaria impedida de acessar o beneficio fiscal de que trata a Lei 9.430/95 em razão de seu marido ter alienado em 09/06, imóvel adquirido em 05/00 a fração de 1/3 e ainda em razão da operação realizada comportar apartamento e box, tendo em conta que ambos são possuidores de matriculas distintas, situação aventada apenas pela decisão Recorrida. Conforme já colacionado, o imóvel alienado foi adquirido em 2001 quando ambos eram solteiros, a fração de 50% para cada adquirente. A Recorrente e seu cônjuge vieram a contrair matrimônio apenas em 02/2003 sob o regime de comunhão parcial de bens. Já o imóvel do qual o cônjuge da Recorrente foi adquirido em 05/2000, a fração de 1/3, portanto antes da constância do casamento. O Recorrente apresenta tabela que demonstra os eventos e seus aspectos temporais de maneira clara, vejamos: Fl. 326DF CARF MF 14 Em conformidade com o disposto no Código Civil vigente, nos artigos que definem as regras de regência da sociedade conjugal constituída sob o regime de comunhão parcial de bens, integram o patrimônio comum do casal apenas os bens que sobrevierem na constância do casamento (Art. 1.658 CC). O Código Civil não poderia ser mais claro quanto a isto, eis que repete com outros termos a regra já proferida em seu Art. 1658, ao dispor que excluemse da comunhão os bens que cada cônjuge possuir ao casar (Art. 1.659, inc. I). E ainda vai mais longe, nas prescrições de ordenação patrimonial de bens frente ao regime de comunhão, trata como incomunicáveis até mesmo os bens havidos na constância do casamento se a aquisição tiver por titulo uma causa anterior ao casamento [Art. 1.661], neste sentido, mesmo um bem adquirido antes do casamento que venha a ser alienado para aquisição, dentro da constância do matrimônio, de outro bem, este ultimo ainda continuaria incomunicável. Ora, no presente caso, temos então a alienação de bens incomunicáveis, bens que estão fora da relação patrimonial que se estabeleceu através da sociedade conjugal, bens de propriedade individual de cada um dos cônjuges na fração que lhes cabe. Assim sendo, o fato do cônjuge da Recorrente ter realizado alienação de uma fração de 1/3 do imóvel que possuía a título exclusivo sobre o qual a Recorrente não tinha qualquer relação e, em seguida, ter realizado nova alienação de bem igualmente incomunicável, o torna inabilitado para fruição do benefício, mas não contamina o direito da Recorrente para tal. Portanto, por toda conformação patrimonial da Recorrente comprovada por documentação hábil e idônea, não há como negarlhe o direito a fruição da isenção de que trata o art. 23 da Lei 9.250/95, sob o argumento de que teria realizado uma alienação de imóvel em período inferior a 5 anos e que seria possuidora de mais de um imóvel, eis que na condição de meeira, também seria proprietária de 1/3 do imóvel alienado por seu cônjuge. Afastada tal vedação, passaremos a analisar a segunda hipótese impeditiva de conformação das condições de fruição da isenção pela qual a Recorrente litiga, esta aventada apenas pela DRJ, não compondo fundamentação do lançamento. Para a DRJ o fato do imóvel possuir matriculas diversas para box e apartamento os tornaria imóveis distintos, portanto, estaríamos diante de um impedimento de fruição do beneficio de isenção em foco, eis que a Recorrente não teria um único imóvel, mas dois. Ocorre que tratase de novo fundamento, uma inovação nas razões de lançamento introduzida pelo Relator da decisão vergastada, eis que o relatório fiscal (fls. 194/195/196), em momento algum entendeu ser este fato um impeditivo para acesso ao beneficio em pleito. Chamamos atenção deste colegiado para o fato de não estarmos diante de uma mera argumentação adicional com intuito de clarificar, sob novos prismas, fundamentos já constantes no Auto de Infração, eis que sobre o tema, como bem ressaltou o recorrente, pairam divergências, existindo diversas decisões judiciais prolatadas no sentido de considerar, mesmo com matriculas diversas, garagem e aparatamos como imóvel único. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10920.001434/201089 Acórdão n.º 2402006.205 S2C4T2 Fl. 321 15 Em muitos julgados, a garagem, mesmo com matricula própria é elemento acessória de apartamentos, estando sua propriedade sujeita a limitações como a possibilidade de transferência apenas a condôminos. Por mais que qualquer dos conselheiros integrantes deste colegiado considere acertada a tese em si, eis que também há precedentes nos tribunais superiores alinhados a posição do Relator da decisão recorrida, aceitar tal inovação implicaria em arrebatar a prerrogativa funcional da Autoridade fiscal lançadora. Explicamos, por não ser matéria de trato jurídico pacifico, o fato de tal questão não constar dos fundamentos do referido lançamento, pode significar um mero lapso ou filiação do agente fiscal a corrente jurídica que entende ser a garagem, mesmo com matricula autônoma, mero acessório do apartamento, formando imóvel único e, por tal entendimento, não aportou a referida argumentação como impeditiva para fruição do beneficio em lide. Outrossim, em qualquer dos casos, seria impossível aceitar a inclusão de um novo elemento impeditivo do direito do Recorrente, eis que haveria alteração dos critérios de lançamento realizado por autoridade que não possui competência legal para tal, maculando a legalidade e segurança jurídica do feito, afrontando ainda o direito a ampla defesa e contraditório da Recorrente. Por todo o exposto, assiste razão a Recorrente sendo este o sentido no qual encaminharemos nosso voto. 4. Base de cálculo Em atenção ao principio da eventualidade, dada a possibilidade de restar vencido nas questões anteriores, abordaremos pedido subsidiário da Recorrente quanto a base de calculo adotada. Ainda que este colegiado entenda pela impossibilidade de fruição do benefício da isenção, não há como negar que a Recorrente é possuidora de apenas 50% do imóvel objeto de alienação, eis que adquirido antes do casamento e com tal proporção, por consequência, não há como imputar a mesma o ônus de arcar com tributação incidente sobre a totalidade do ganho de capital apurado. Assim, neste ponto também assiste razão a recorrente. Conclusão Por todo o exposto voto por conhecer do recurso, não acolhendo as preliminares, e no mérito darlhe provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 328DF CARF MF
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Numero do processo: 16024.000624/2008-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004
PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA - DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA
Deve ser afastada a autuação na medida dos valores depositados em relação aos quais a defesa conseguiu comprovar a sua origem. Quanto aos demais, o auto de infração há de ser mantido.
Numero da decisão: 1401-002.358
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1429; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 18.551 1 18.550 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16024.000624/200854 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.358 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria IRPJ Recorrente JJ PRODUÇÕES E COBRANÇAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Deve ser afastada a autuação na medida dos valores depositados em relação aos quais a defesa conseguiu comprovar a sua origem. Quanto aos demais, o auto de infração há de ser mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 02 4. 00 06 24 /2 00 8- 54 Fl. 18551DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário. Em relação às peças iniciais de acusação e defesa, sirvome do relatório elaborado pela autoridade julgadora recorrida: Contra a empresa acima identificada foram lavrados autos de infração exigindolhe o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$ 2.038.554,14 (fl. 541), a Contribuição para o PIS de R$ 138.527,71 (fl. 552), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de R$ 137.376,35 (fl. 562) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de R$ 763.913,71 (fl. 571), acrescidos de juros de mora e multa de ofício de 75%, perfazendo o crédito tributário, de R$ 7.965.858,81 (fl. 06), relativamente aos anos calendário de 2003 e 2004; O procedimento fiscal iniciouse em 13/01/2006 com a ciência do Termo de Início de Fiscalização (fl. 16), por meio do qual a contribuinte foi intimada a apresentar, no prazo de 20 (vinte) dias, relativamente aos anos calendários de 2002, 2003 e 2004, o Contrato Social e suas alterações, os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos de contas bancárias, formulário do lucro presumido levantamento do fluxo financeiro e questionário devidamente preenchido sobre informações gerais. Em 02/02/2006 a contribuinte informou estar regularmente inscrita no SIMPLES e que utiliza o livro Caixa e que em virtude de vírus em seus sistemas motivou teve que refazer parte de seus registros e, por isso, solicitou prorrogação de prazo por maisl5 dias, tendo sido concedido 10 (dez) dias (fl. 18). Em 10/03/2006 foi a contribuinte novamente intimada (fl. 27) para apresentar, no prazo de 20 dias, o livro Caixa com o registro das operações realizadas durante o anocalendário de 2002 e os documentos pertinentes às receitas auferidas durante o mesmo período. Em 05/05/2006 e em 30/06/2006 foi a empresa novamente intimada a apresentar os mesmos documentos em relação aos anoscalendário de 2003 e 2004 (fl. 28 e 29). Em 29/08/2006 a fiscalização requisitou (fls. 31/33) ao Banco Itaú S/A, com base no art. 6o da Lei Complementar n° 105, de 2001 e no Decreto n° 3.724, de 2001, informações sobre movimentação financeira da empresa fiscalizada (extratos de aplicações financeiras, conta corrente e operações com cartão de crédito), o que foi atendido com a apresentação dos extratos bancários de conta corrente e de aplicações financeiras, relativamente ao período de 01/01/2002 a 31/12/2004 (fls. 34/289). Em 17/10/2006 e em 10/11/2006 foi a empresa intimada (fl. 291) a apresentar, em relação os meses de maio, agosto e novembro de 2003, abril, junho e dezembro de 2004, uma relação dos valores recebidos por conta de terceiros e uma relação dos valores correspondentes às comissões auferidas com serviços de cobrança. Em 01/12/2006 foi a empresa intimada a esclarecer a razão de ter apresentado declaração como inativa em relação aos anoscalendário de 2003 e 2004, e informar o fundamento legal de sua opção pelo Simples no anocalendário de 2002. Em 16/03/2007 a empresa foi intimada (fl. 294) a apresentar, relativamente aos anos calendário de 2002, 2003 e 2004, comprovantes hábeis e idôneos, expedidos pelos beneficiários, da entrega aos mesmos, na condição de titulares dos referidos créditos, dos valores decorrentes das cobranças realizadas, bem assim um relatório indicando, de forma individualizada, os valores das comissões recebidas pela cobrança realizada, em relação aos valores recebidos por conta de terceiros e transferidos aos mesmos. Em 04/05/2007 foi a empresa intimada (fl. 296) a apresentar, relativamente aos anos calendário de'20002, 2003 e 2004, um demonstrativo, acompanhado da devida documentação comprobatória, coincidentes em datas e valores, com a identificação individualizada da origem dos depósitos e créditos efetuados em sua conta corrente bancária, especificando o nome e o CPF ou CNPJ do depositante ou responsável pelo crédito; bem assim um demonstrativo, acompanhado da devida documentação comprobatória, coincidentes em datas e valores, com a identificação individualizada dos titulares dos créditos e títulos, cuja cobrança realizou, especificando o nome e o CPF ou CNPJ de cada cliente, titular do crédito. Foi ressaltado que a não apresentação dos documentos solicitados implicaria o arbitramento do lucro tendo em vista a falta de opção pelo lucro presumido e a falta de' apresentação da escrituração completa, que embora farta a documentação apresentada, não foi suficiente para comprovar de forma cabal e individualizada a origem dos créditos recebidos e o destino dos repasses efetuados, bem como os valores efetivamente recebidos como receita própria da fiscalizada. Fl. 18552DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.552 3 Em 11/05/2007 a empresa solicitou prorrogação de prazo por mais 60 (sessenta) dias (fls. 297/298) e alegou que as transferências e créditos efetuados nas contas correntes da empresa são decorrentes de cobranças que intermediou e que teria condições de prestar todas as informações solicitadas, inclusive identificar todas as transferências efetuadas, ressaltando, porém, que as datas de transferências não correspondem com as datas de pagamentos pois, muitas vezes, os clientes não possuíam conta corrente, ou não queriam que o crédito fosse feito em suas contas correntes e sim que fosse utilizado para pagamentos de encargos ou repassado para outra empresa, bem como não teria condições de identificar o CPF ou CNPJ de parte das transferências entre contas de um mesmo estabelecimento bancário. Esclareceu que em virtude de sua exclusão do SIMPLES não foi possível efetuar a declaração de imposto de renda nessa modalidade em relação ao anocalendário de 2003 e como havia procedido os recolhimentos dos tributos nessa modalidade e para não ficar omissa de entrega de declaração decidiu por entregar a declaração como inativa, sem com isso lesar o Fisco, pois todos os impostos foram recolhidos. Em 03/07/2007 a empresa foi intimada (fl. 300) a apresentar os livros Diário e Razão (lucro real), o livros de Entradas, de Saídas, de Apuração do Lucro Real, de apuração do ISS, entre outros. Foi esclarecido que em razão da exclusão do SIMPLES a partir de 01/01/2002 a empresa ficou sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas, inclusive quanto à forma de apuração de seus resultados, tomando como base as regras previstas para o lucro real. Ressaltou ainda que a não apresentação dos aludidos livros e documentos implicaria o arbitramento do lucro conforme dispõe o art. 530 do RIR/99. Em 26/07/2007 a empresa reiterou as alegações anteriormente apresentadas (fls. 301/302) e solicitou prorrogação de prazo por mais 60 (sessenta) dias, tendo concedido prorrogação de prazo por 01 (semana). Em 21/09/2007 foi novamente a empresa intimada (fl. 306) a apresentar os mesmos livros e documentos já solicitados. Em 04/10/2007 a empresa solicitou prorrogação de prazo por mais 10 (dez) dias (fl. 307). Em 23/10/2007 a empresa apresentou os livros Diário e Razão e o livro de Registro de Notas Fiscais relativos ao ano calendário de 2002 e solicitou o prazo de 10 (dez) dias para apresentar os livros relativos aos anos calendário de 2003 e 2004. Em 22/11/2007 a fiscalização intimou novamente a empresa (fl. 310) a apresentar os livros Diário e Razão (lucro real), o livros de Entradas, de Saídas, de Apuração do Lucro Real, de apuração do ISS, entre outros, e comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados/creditados na conta corrente n° 19323 mantida no Banco Itaú S/A, relacionados na planilha anexa à intimação (fls. 311/397). Na oportunidade foi esclarecido que caso houvesse prestação de serviços de cobrança que fosse apresentado um demonstrativo acompanhado da efetiva documentação comprobatória, coincidentes em datas e valores, com a identificação individualizada dos titulares dos créditos e títulos, cuja cobrança realizou, especificando o número do CPF ou CNPJ de cada cliente, titular do crédito e o valor da comissão correspondente. Em 07/12/2007 a empresa voltou a alegar que teria condições de prestar todas as informações solicitadas, pois todas as transferências e créditos efetuados nas contas correntes da empresa são decorrentes de cobranças que intermediou. No final, alegou dificuldades na apuração do resultado pelo lucro real e solicitou, por duas vezes, prorrogação de prazo para atendimento da intimação, o que foi concedido até 27/02/2008(fl. 406). Em 07/03/2008 e em 28/04/2008 foi reiterada a intimação feita em 22/11/2007 (fl. 407 e 408). Em 12/05/2008 a empresa informou (fl. 411) que estaria apresentando demonstrativos da movimentação bancária e justificativas, bem como as notas fiscais faturas de serviços de recebimento em carteira de janeiro a dezembro de 2003 e 02 (dois) livros de registros de notas fiscais de serviços. Em 29/05/2008 a empresa apresentou o livro Diário e o Razão relativo ao ano calendário de 2003 e em 18/06/2008 os mesmos livros relativamente ao ano calendário de 2004. Em 23/07/2008 a empresa foi intimada (fl. 412) a apresentar, relativamente aos anos calendário de 2003 e 2004, o Livro Registro de Apuração do Lucro Real (LALUR), as demonstrações financeiras trimestrais (balanço patrimonial, demonstração do resultado do período, demonstração de lucros e prejuízos acumulados) e, por fim, uma relação de bens e direitos de propriedade da empresa, o que foi atendido com a juntada dos documentos de fls. 414/468. Em 28/08/2008 a fiscalização lavrou o Termo de Verificação Fiscal de fls. 472/477 no qual relatou, em síntese, que analisando as notas fiscais de serviços apresentadas, verificou não haver qualquer nota fiscal que trate de ganho com intermediação de cobrança e que elas referemse à prestação de serviços relacionados com "Produções" como trilha sonora, informática, produção técnica, produção de som para filmes, iluminação, etc.. e que referidas Fl. 18553DF CARF MF 4 notas foram devidamente escrituradas nos livros Diário e Razão (item 15 fl. 475). Informou (item 16) que cotejando os extratos bancários com as francesinhas (extratos de movimentação de títulos) e ainda com o "Resumo Mensal de Movimentação de Títulos" fornecido pelo Banco Itaú, verificouse que os valores levados a crédito na conta corrente a título de "Mov Tit Cobrança" referemse a serviços de cobrança efetuados pela fiscalizada. Com relação aos demais valores creditados/depositados na conta corrente não foi possível estabelecer um vínculo com os documentos apresentados, os quais constituem de notas fiscais de fatura de serviços emitidas por terceiros contra tomadores de serviços que não inclui a empresa fiscalizada, e os demonstrativos que relacionam essas notas (item 17). Destacou (item 18) que não foi possível estabelecer vínculo entre os débitos constantes nos extratos bancários com os valores relacionados a título de pagamentos referentes aos serviços de cobrança alegados pela fiscalizada e que teriam sido repassados a possíveis clientes. Informou ainda no mesmo Termo (item 21) que de posse dos extratos da conta corrente n° 193213 de titularidade da empresa, mantida no Banco Itaú S/A nos anos calendário de 2003 e 2004, elaborou uma planilha denominada "Depósitos/Créditos em C/C cuja origem não foi comprovada" na qual foram relacionados os depósitos/créditos excluindose os créditos relativos a "Mov. Tit. Cobrança", os cheques devolvidos e os resgates de aplicações financeiras e que do resultado foram excluídas as receitas escrituradas, obtendo, dessa forma, a receita omitida conforme "Demonstrativo de Apuração da Receita Omitida"(fls. 525/526). Informou, ainda, itens 22 a 25, que em razão da exclusão da contribuinte do Simples a partir de 01/01/2002 foi efetuado os lançamentos tendo por base a receita omitida e no Resultado operacional não declarado obtido do "Demonstrativo de Apuração do Valor Tributável e do I.R. Devido Lucro Real", elaborada com base na escrituração da contribuinte, tendo sido levado em consideração os valores de IRPJ pago na modalidade do Simples, não obstante tenha apresentado declaração de inatividade para os anos de 2003 e 2004. Informou (item 11) já ter sido lavrado auto de infração contra a empresa relativamente ao ano calendário de 2002, cuja ciência se deu em 22/11/2007, formalizado no processo n° 19675.000576/200747. Cientificada dos autos de infração em 28/08/2008, a contribuinte ingressou em 29/09/2008 (segundafeira) com a impugnação de fls. 579/610, requerendo, inicialmente, que as intimações sejam endereçadas par o endereço da Advogada subscritora, e aduzindo como razões de defesa o seguinte: Da origem do crédito em conta corrente. Alegou que desde o início vem apresentando os documentos e prova de que os valores creditados em conta corrente não tem natureza tributária, uma vez que são provenientes de cobrança que encaminha em nome de clientes, conforme documentação ora anexada. Do enquadramento no Simples e a regularidade das declarações à Receita Federal. Alegou que, independentemente, da discussão jurídica em torno da legalidade do Ato Declaratório de Exclusão do Simples, a empresa desenvolveu a correta e adequada forma de apresentação dos impostos e obrigações fiscais, tendo adotado a forma de lucro presumido, efetuando os registros dos livros fiscais e apresentandoos aos Agente Fiscal conforme Termo de Verificação itens 9 a 14. Da Irretroatividade dos efeitos do Ato Declaratório de Exclusão do Simples e da Forma de Apuração do Imposto. Alegou que o Ato Declaratório Executivo DRF/SOR n° 465.018 que excluiu a empresa do Simples é de 07/08/2003 e os efeitos foram retroativos a 01/01/2002, o que fere os princípios da segurança jurídica, da irretroatividade e da legalidade e da hierarquia das normas e da razoabilidade dos atos administrativos, além da exclusão ser indevida uma vez que a vedação de atividade que levou à exclusão não consta do rol da legislação do Simples. Do erro material na compilação e lançamento. Alegou que a fiscalização incorreu em erro ao computar o valor do crédito de R$ 12.785,86 (lançamento 286 às fls. 5/22 do Termo de encerramento) quando o correto seria R$ 1.275,86, consoante extrato bancário, e tratase de crédito de "Itakarai Produções Ltda" para pagamento Fl. 18554DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.553 5 de encargos, incluindo impostos, conforme discriminação (fl. 593), portanto indevido o lançamento. Do erro de fato (gerador) ocorrido no lançamento. Alegou que não pode ser compelido a admitir renda onde não existiu e toda a documentação já apresentada e anexa à defesa suportam que os serviços de cobrança não são comissionados ou cobrados e que os valores creditados foram repassados aos titulares dos créditos, não havendo, portanto, renda a ser tributada, bem assim irregularidade nas declarações fiscais e de imposto de renda. Acrescentou que com a documentação anexa à impugnação será fácil perceber que os valores creditados na conta bancária da impugnante são de origem comprovada e de atividade idônea, sendo cada um dos créditos identificáveis a partir das notas fiscais e boletos bancários entregues ao Auditor Fiscal e que os demonstrativos anexos foram numerados item a item e, a título de amostra, relacionou alguns depósitos e os respectivos , credores. Reiterou a alegação de que não auferiu qualquer renda com os serviços de cobrança que realizou, devendo ser cancelado os lançamentos pois não há que se falar em omissão de receita. Em síntese, este é o relatório. DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU A decisão recorrida manteve a autuação, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003,2004 DEPÓSITO BANCÁRIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Por presunção legal contida na Lei 9.430, de 27/12/1996, art. 42, os depósitos efetuados em conta bancária, cuja origem dos recursos depositados não tenha sido comprovada pelo contribuinte mediante apresentação de documentação hábil e idônea, caracterizam omissão de receita. LANÇAMENTOS REFLEXOS. O decidido quanto ao lançamento do IRPJ deve nortear a decisão dos lançamentos decorrentes, dada a relação que os vincula. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 EXCLUSÃO DO SIMPLES. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. Não tendo a contribuinte apresentado no prazo legal a manifestação de inconformidade contra a exclusão do Simples esta tornouse definitiva administrativamente. Fl. 18555DF CARF MF 6 DO RECURSO VOLUNTÁRIO Não conformada com a decisão de primeiro grau, o contribuinte apresentou recurso voluntário em que repisa as alegações suscitadas na impugnação, mas aprofunda sua tentativa de comprovar a origem dos depósitos e, assim, contraporse à presunção legal de omissão de receita, ao trazer planilha em que busca fazer a vinculação entre os documentos apresentados e os depósitos não comprovados. Ademais, junta vários volumes de documentos com o fito de reforçar sua comprovação inicial. DA DILIGÊNCIA O julgamento do presente feito já havia sido iniciado neste Colegiado, o qual decidiu baixa em diligência (fls. 18.21818.228), cujos termos do voto condutor abaixo se reproduz: Na fase impugnatória, bem assim na fase recursal trouxe planilha tentando demonstrar que cada um dos depósitos possuíam origem em cobrança feita para terceiros e que o recurso não era seu. O formato da planilha, já na fase recursal contém um campo a mais do que foi trazido na fase impugnatória, vinculando as partes que comporiam cada depósito com notas fiscais/duplicatas de terceiros, dessa feita indicando o documento de referência indicativa da localização de cada uma das notas/duplicatas. [reproduziu parte da planilha para fins de ilustração do seu formato] A DRJ considerou as provas até então trazidas na impugnação como insuficientes, pois a seu ver não se constituíam de provas, pois carente ainda de articulação: “Na peça impugnatória a contribuinte alegou, em síntese, que os valores creditados em conta corrente não tem natureza tributária, uma vez que são provenientes de cobrança não comissionadas e que os valores creditados foram repassados aos titulares dos créditos, não havendo, portanto, renda a ser tributada ou fato gerador de tributo, bem assim irregularidade nas declarações de imposto de renda, tudo conforme documentação ora anexada. Os documentos juntados pela defesa se constituem de uma planilha denominada de "Créditos em conta corrente a justificar a RFB" e uma outra denominada "Planilha demonstrativa de transferências bancárias" e centenas ou milhares de notas fiscais de fatura de serviços emitidas por terceiras empresas contra tomadores de serviços que não inclui a interessada. Afirmou a contribuinte (fi. 596) que, "com a documentação anexa será fácil percepção que os valores creditados na conta bancária do Impugnante são de origem comprovada e de atividade idônea, sendo cada um dos créditos identificáveis a partir das notas fiscais e boletos bancários e foram entregues ao Auditores Fiscais". Mais adiante (fl. 598) a contribuinte acrescentou: "Toda a documentação já apresentada e que se anexa à presente defesa suportam que os serviços de cobrança não são comissionados ou cobrados, e que os valores creditados foram repassados aos titulares dos créditos Confirase as operações com a documentação e transferência dos créditos às Pessoas Físicas/Jurídicas competentes." Analisando os documentos apresentados verificase que a contribuinte relacionou nas planilhas (fl. 617 e seguintes) diversas notas fiscais, sem especificar onde se encontram no processo referidas notas fiscais, cuja soma corresponde a um determinado valor de depósitos. No entender da impugnante estaria assim justificada a origem de determinados depósitos/créditos bancários. Com a juntada da "planilha demonstrativa de transferências bancárias" (fl. 714 e seguintes), entendeu a contribuinte que estaria comprovada a transferência dos recursos recebidos em sua conta para os verdadeiros titulares. Entretanto, apesar de todo o trabalho que alegou ter, entendo que a contribuinte não conseguiu Fl. 18556DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.554 7 comprovar a origem dos depósitos e a transferência do numerário ao verdadeiro titular dos créditos e títulos, cujo cobrança tenha sido realizada, pois referidas planilhas nada prova. Ademais, não se verifica uma vinculação entre os débitos constantes nos extratos com os valores relacionados na planilha como sendo de "transferências bancárias". Ora, diante dessas inúmeras notas fiscais apresentadas na impugnação, caberia a contribuinte, não a este julgador, relacionar, individualmente, os depósitos/créditos que não lhe pertenciam e demonstrar a sua origem, bem assim a transferência ao verdadeiro titular, mediante documentação hábil e idônea. E isto não foi feito. Nesse passo, é oportuno destacar as palavras de Fabiana Del Padre Tomé (A prova no direito tributário, Editora Noesis, 2005): “Provar algo não significa simplesmente juntar um documento aos autos. É preciso estabelecer relação de implicação entre esse documento e o fato que se pretende provar, fazendoo com o animus de convencimento.” Ou seja, a prova não se confunde com os elementos probatórios, ela é constituída a partir deles. Uma nota fiscal, um contrato, uma página da escrituração contábil não são prova, mas sim elementos de prova. A prova corresponde à articulação lingüística que relacione os documentos apresentados com o objeto da refrega jurídica no sentido de confirmar o que se alega. Alegar genericamente e juntar papéis não é prova. Repito: provar não é juntar documentos; é articulálos; e isso não foi realizado pela recorrente. É oportuno recordar um brocardo jurídico que se aplica à situação que está sendo apreciada: "Allegatio et non probattio, quasi non allegatio" que significa que "quem alega e não prova, se mostrará como se estivesse calado ou que nada alegasse". Ou seja , não basta questionar graciosamente os argumentos do fisco, deve o interessado rebater de forma coerente e com meios de prova idôneos. Acrescentese que a impugnação, a qual instaura a fase litigiosa do procedimento, deve, nos termos do art. 15 do Decreto n 0 70.235, de 6 de março de 1972, ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, o que não ocorreu no caso em tela. Apesar das oportunidades, tanto na fase de fiscalização quanto na fase de impugnação, a interessada não trouxe aos autos prova de sua alegação, qual seja, de que os valores depositados em sua conta corrente não lhe pertenciam, o que respalda o procedimento fiscal, pois configurado está a materialização da hipótese legal. O único reparo que carece o lançamento é quanto ao valor de R$ 12.785,86 computado como depósito/crédito no dia 08/04/2003 (fl. 482) quando o correto é R$ 1.275,86 (fl. 71), devendo, portanto, ser excluída da tributação no mês de abril de 2003 a importância de R$11.510,00. Concordo plenamente com a DRJ que no momento em que proferiu sua decisão era esse mesmo o estado das coisas em relação à “prova”. É também meu entendimento e desta Turma que não é bastante trazer aos autos informações de forma desarticulada e incompletas, como fez a então impugnante. A prova deve estar perfeitamente articulada com o auto de infração, descortinandose a partir dela de forma sucinta e objetiva todas as conexões existentes com o infração que se deseja infirmar. Esse ônus não é do julgador, mas sim da recorrente. Porém, posto isso, tenho que admitir que em sede recursal, a Recorrente reforça sua defesa no sentido de destacar em uma amostra significativa de casos, a conexão entre as notas fiscais de terceiros/duplicatas e cada um dos componentes que formam os depósitos considerados cujas origens foram consideradas não comprovadas. Para isso, incorporou a sua planilha inicial um campo localizador de documentos de forma a facilitar a associação entre os elementos. Dessa feita, tenho que admitir que o contribuinte trouxe nesse momento indícios de provas que Fl. 18557DF CARF MF 8 corroboram com sua tese, mas anda carente de melhor investigação por parte da fiscalização, dado o grande volume de provas envolvidos e a existência apenas de cópias de documentos cuja aferição com o original não é possível se fazer, nem que se já por amostragem. Como se vê, embora não tenha prestado talvez os esclarecimentos, provas e detalhamentos necessários quando da autuação, nem na fase impugnatória, trouxe à colação na fase recursal indícios de provas a seu favor que a meu ver precisariam ser melhor investigados. Também admito também que dado o volume de provas a ser obtido de terceiros, se justifica a apresentação incompleta da prova na fase impugnatória. Com os novos elementos trazidos aos autos a situação é de indeterminação e não de certeza de algo, e em respeito ao princípio da verdade material orientador do Processo Administrativo Fiscal, tornase indispensável a conversão do julgamento em diligência, para que seja adotada as seguintes providências pela Fiscalização: Por amostragem, validar a documentação trazida em fase de impugnação e recursal contra documentos originais; Levando em consideração as provas trazidas na fase impugnatória e recursal excluir da autuação tudo aquilo quanto se demonstrar que se trata de recursos de terceiros, não sujeito portanto ao fato gerador da tributação. Se for o caso, por amostragem, circularizar alguns clientes para efeito de verificação da consistência da tese e das provas apresentadas pelo contribuinte; Tecer considerações adicionais que reputar necessárias para o perfeito deslinde do caso; Se for o caso, avaliar considerando as novas provas avaliadas em diligência, a base de calculo do IRPJ e reflexos e verificar se continua válida a hipótese de exclusão do Simples. Ao final, a autoridade fiscal deverá elaborar relatório conclusivo das verificações, entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. A autoridade fiscal procedeu a diligência, que culminou com o relatório de fls. 18.35718.362, do qual extraio as seguintes partes principais: 2 – DA DILIGÊNCIA FISCAL 2.1 – Da validação da documentação trazida em fase de impugnação e recursal Considerando a documentação fiscal identificada no campo “folhas” das planilhas “CRÉDITOS EM C/C = ANO 2003 = A JUSTIFICAR PARA RFB” e“CRÉDITOS EM C/C = ANO 2004 = A JUSTIFICAR PARA RFB” e constante dos autos, foram selecionadas 200 (duzentas) notas fiscais/duplicatas com maiores valores totais para validação frente aos documentos originais, sendo que 6 (seis) documentos decorrem de duplicidade de informação oriunda destas planilhas, reduzindo o escopo da análise para 194 (cento e noventa e quatro) notas fiscais. Posto isto, a empresa foi requerida para apresentar os documentos originais anexados ao processo administrativo nº 16024.000624/200854 em fase de impugnação e recursal, segundo relação do ANEXO I do Termo de Início de Diligência Fiscal. Fl. 18558DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.555 9 O resultado do confronto (originais versus cópias) desses documentos mostrouse razoável, tendo sido possível confirmar a autenticidade de 146 (cento e quarenta e seis) notas fiscais, ou seja, 75%. Vejase que os documentos que não foram validados decorrem da apresentação equivocada de telas e extratos (espelho) do sistema informatizado da empresa, os quais não possuem o condão de suprir a ausência das faturas originais, além de 1 (um) documento não apresentado. O detalhamento da validação da documentação trazida em fase de impugnação e recursal consta do ANEXO I, parte integrante deste Relatório fiscal. 2.2 – Dos recursos supostamente de terceiros indicados nas planilhas da recorrente Preliminarmente, cumpre clarificar que, em sede de impugnação, o contribuinte argumentou, em síntese, que o lançamento realizado com base na presunção de omissão de receita pela constatação de depósitos bancários de origem não comprovada deve ser revisto, uma vez que os créditos bancários identificados pela fiscalização foram provenientes de cobranças não comissionadas, bem como que os valores creditados teriam sido repassados aos titulares dos créditos. Com o fim de provar suas alegações, a empresa anexou aos autos do presente processo planilhas denominadas de “CRÉDITOS EM C/C = ANO 2003 = A JUSTIFICAR PARA RFB” e“CRÉDITOS EM C/C = ANO 2004 = A JUSTIFICAR PARA RFB”, e outras designadas de “PLANILHA DEMONSTRATIVA DE TRANSFERÊNCIA BANCÁRIAS = 2003” e “PLANILHA DEMONSTRATIVA DE TRANSFERÊNCIA BANCÁRIAS = 2004”, além de inúmeras notas fiscais/duplicatas emitidas por terceiras empresas. Após isto, já em fase recursal, tendo em vista que a DRJ considerou improcedente a manifestação do contribuinte, a empresa busca reforçar sua defesa relacionando as notas fiscais/duplicatas de terceiros com os depósitos bancários cujas origens foram consideradas não comprovadas. Nesse sentido, foi incorporada as suas planilhas iniciais (créditos em conta corrente a justificar para RFB) um campo localizador denominado “folhas” que visa identificar os documentos passíveis de associação com os depósitos bancários apontados na autuação. Esse campo faz referência a numeração original (antes da digitalização) da página atribuída ao documento no presente processo administrativo, nos casos das notas fiscais anexadas na fase impugnatória, bem como ao número destacado no canto inferior direito das notas fiscais/duplicatas apresentadas em sede de recurso voluntário. Com efeito, verificase que, do rol de documentos relacionados nas planilhas da empresa, nem todos foram apresentados no presente processo administrativo, pois, em muitos casos, o respectivo campo “folhas” está em branco (sem preenchimento). Além disso, há de se consignar que foram verificados casos de notas fiscais/duplicatas informadas em duplicidade, divergências entre os valores apontados nas planilhas e o descrito das notas fiscais de serviços, bem como de montantes que sequer constam da autuação. Não obstante estes fatos, do cotejamento das planilhas “CRÉDITOS EM C/C = ANO 2003 = A JUSTIFICAR PARA RFB” e“CRÉDITOS EM C/C = ANO 2004 = A JUSTIFICAR PARA RFB” com os demonstrativos elaborados pela fiscalização obtidos dos extratos bancários, “DEPÓSITOS/CRÉDITOS EM C/C CUJA Fl. 18559DF CARF MF 10 ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA”, em folhas 9581.050 (numeração do processo digital), restou observado que a empresa relacionou vários depósitos bancários destacados na autuação – receita omitida – com a composição (somatório) de um grupo de notas fiscais/faturas informadas em suas planilhas, entretanto pendentes de comprovação em sua integralidade. Exemplificando, temse o crédito bancário sob o histórico de “DEPÓSITO CHEQUE”, no valor de R$ 27.717,16, realizado em 03/01/2003, considerado sem comprovação pela fiscalização, o qual foi identificado na planilha da empresa – REG. Nº 2 – como sendo decorrente de 23 notas fiscais de terceiros, isto é, 1 (um) cheque foi recebido para quitar duplicatas de diferentes empresas. Aliás, nesse grupo de notas fiscais, cabe destacar a nota fiscal nº 365, emitida pela própria empresa JJ PRODUÇÕES E COBRANÇAS LTDA – ME, a qual não pode ser considerada de “terceiros”, bem como o valor atribuído a empresa SANVILLE CONTABILIDADE S/C LTDA, que sequer possui referência de numeração de nota fiscal, sendo apenas indicada a sigla “HON”. Há, ainda, de se ressaltar que somente uma parcela (onze) dessas notas fiscais tiveram a identificação (campo “folhas”) do respectivo documento de origem referenciado na planilha. Outrossim, temse o crédito bancário sob o histórico de “DEPÓSITO CHEQUE”, no valor de R$ 2.000,00, realizado em 21/01/2004, considerado sem comprovação pela fiscalização, o qual foi identificado na planilha da empresa – REG. Nº 95 – como sendo decorrente de 5 notas fiscais/faturas de terceiros, isto é, 1 (um) cheque foi emitido e recebido para quitar duplicatas de diferentes empresas, sendo que, como de costume, o valor atribuído a empresa SANVILLE CONTABILIDADE S/C LTDA sequer possui informação de numeração de nota fiscal. Ademais, cumpre relatar que apenas uma parcela (três) das notas fiscais tiveram a identificação (campo “folhas”) do respectivo documento de origem referenciado na planilha. Assim, nos casos como os acima identificados, ante a impossibilidade de comprovar o todo pela parte, não há como considerar que tenham sido estabelecidas quaisquer conexões entre as notas fiscais/duplicatas de terceiros com os depósitos bancários considerados sem comprovação da origem. Ante o exposto, foram elaborados os ANEXOS II e III, respectivamente dos anos 2003 e 2004, que apresentam a análise das provas trazidas em fase de impugnação e recursal, considerando a comparação dos valores envolvidos e a identificação dos documentos fiscais nos autos do processo. Em relação às planilhas demonstrativas de transferências bancárias apresentadas na fase impugnatória, que representam os “espelhos” de recibos que seriam de competência da empresa SANVILLE CONTABILIDADE S/C LTDA, conforme aduzido no recurso voluntário, o contribuinte complementou este elemento de prova com 7 (sete) folhas de recibos com emblema da suprarreferida empresa, a título meramente ilustrativo, em folhas 15.26515.277 (numeração do processo digital). Vale, ainda, dizer que não restou demonstrado nos autos documentação hábil de suporte para justificar essa transação, porque não há obrigação prescrita contratualmente. Ao contrário do que possa parecer pela denominação aplicada às planilhas, “PLANILHA DEMONSTRATIVA DE TRANSFERÊNCIA BANCÁRIAS = 2003” e “PLANILHA DEMONSTRATIVA DE TRANSFERÊNCIA BANCÁRIAS = 2004”, em folhas 1.4322.930 (numeração do processo digital), estes elementos de prova não buscam identificar os repasses efetuados ao titular dos créditos, mas os recursos financeiros sem origem comprovada apontados na autuação, os quais a recorrente aduz pertencerem á SANVILLE CONTABILIDADE S/C LTDA com Fl. 18560DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.556 11 base na suposta relação entre o depósito bancário e os recibos que seriam desta empresa, todavia desarticulados de quaisquer documentos que comprovem as alegações da JJ PRODUÇÕES E COBRANÇAS LTDA – ME, exceto pelos sete recibos que instruem o recurso voluntário, os quais carecem de legitimidade, porque não fazem constar a assinatura do credor ou seu representante legal. Para melhor compreensão, veja que a fiscalização considerou sem comprovação o crédito bancário sob o histórico de “TEC DEPOSITO DINHEIRO”, no valor de R$ 1.313,60, realizado em 02/01/2003, segundo observado nos extratos bancários às folhas 70579 (numeração do processo digital) e demonstrativo de “DEPÓSITOS/CRÉDITOS EM C/C CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA” que complementam o Relatório Fiscal, parte integrante do Auto de Infração, em folhas 9581.050 (numeração do processo digital), sendo o valor creditado identificado na planilha do contribuinte – REG. Nº 1 – como decorrente do recibo atribuído ao credor SANVILLE CONTABILIDADE S/C LTDA, em folhas 1.432 2.930 (numeração do processo digital), cuja cópia foi juntada à folha 15.275 (numeração do processo digital). 2.3 – Da circularização de clientes Considerando as notas fiscais/faturas de terceiras empresas, foi procedida coleta de informações em cinco clientes identificados nestes documentos, conforme relação abaixo, contempladas às folhas 18.25418.356 (numeração do processo digital), sendo requerido o ateste da emissão das faturas relacionadas nos anexos da intimação, a apresentação do contrato de prestação de serviços ou similar celebrado com a empresa JJ PRODUÇÕES E COBRANÇAS LTDA – ME e vigente à época da emissão das notas fiscais (anos 2003 e 2004), informação sobre a forma como os valores recebidos pela recorrente foram repassados aos clientes, além de encaminhamento dos respectivos comprovantes do repasse efetuado. [Seguiuse quadro com os clientes] Com efeito, é de se observar que restou profícua somente a notificação do cliente PONTO PARÁGRAFO – PESQUISAS & SERVIÇOS DE MARKETING LTDA – EPP, tendo a empresa diligenciada reconhecido os documentos fiscais de sua emissão e asseverado que os valores devidos das notas fiscais foram repassados mediante transferências e depósitos bancários, contudo sem enviar os documentos de comprovação destas transações bancárias. Adicionalmente, foram apresentadas cópias do Livro Registro de ISS da Prefeitura de Campina do Monte Alegre para demonstrar que os valores decorrentes das notas fiscais foram oferecidos a tributação do ente municipal. [Seguiuse trecho sobre exclusão do simples] 3 – CONCLUSÃO Dessa forma, tendo em vista as novas provas avaliadas em diligência, com base nos demonstrativos dos ANEXO II e III – ANÁLISE DAS PROVAS APRESENTADAS EM FASE DE IMPUGNAÇÃO E RECURSAL, restou apontado o montante de R$ 455.801,71, nos anoscalendário de 2003 e 2004, passíveis de exclusão da autuação, uma vez que decorrem de recursos de terceiros, nos termos da Resolução nº 1401000.326 – 4ª Turma / 1ª Turma Ordinária, segundo demonstrado nas tabelas dos ANEXOS IV E V – “DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA – DILIGÊNCIA”. Já a recomposição da base de cálculo do IRPJ e reflexos consta do ANEXO VI – “BASE DE CÁLCULO IRPJ E REFLEXOS DILIGÊNCIA”. Fl. 18561DF CARF MF 12 Nas fls. 18.36318.499, seguem as planilhas a que a autoridade diligenciante faz referência em seu relatório. Cientificado do resultado da diligência, o contribuinte manifestouse acerca da diligência nos seguintes termos: 1) Em relação ao valor de R$ 27.717,16 de 03/01/2003 (numa das passagens o recorrente, de forma equivocada, faz referência ao ano de 2002), aduz que a autoridade fiscal teria se equivocado ao afirmar que esse depósito se referiria a um único cheque, pois nessa data foram feitos vários depósitos, os quais não foram discriminados no extrato adotado pela autoridade fiscal. Para comprovar o que afirma, junta informação bancária discriminada em anexo (Doc 1), bem como as notas fiscais nos doc 02 A a L; também a autoridade diligenciante não teria verificado os documentos juntados aos autos, nem solicitou ao contribuinte que juntasse outras no curso da diligência. Buscou ainda, quanto a esse depósito, explicar uma das notas fiscais. 2) Os valores depositados em 03/01/2002 não poderiam ter servido de amostragem, por não pertencem ao objeto da autuação; 3) Em relação ao "REG nº 95", tece argumentos similares ao item "1" acima; 4) Considerando a boafé da recorrente e a dificuldade de reunir os documentos, devemse considerar os espelhos das notas fiscais apresentados, o que comprova a consistência da escrituração do recorrente; 5) A diligência não se completou, uma vez que não foi procedida a circularização dos clientes; 6) Reiterou argumento já trazido nas peças impugnatória e recursal de que os valores apontados, pertencem a terceiros e que só transitaram por sua conta bancária; 7) Foram apresentados mais de 15.000 documentos, enquanto a amostragem promovida pela autoridade fiscal verificou apenas 200; 8) Os depósitos bancários foram todos registrados no livro diário, o que afasta a presunção de omissão de receita; 9) Aponta mais documentos juntados na sua manifestação, como planilhas e espelho de notas fiscais. Nas fls. 18.51918.547, anexou documentos. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Dos efeitos do Ato Declaratório de Exclusão do Simples Fl. 18562DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.557 13 Aqui, devese consignar que a exclusão do Simples deve ser considerada definitiva em razão da preclusão do direito de contestação, como consignado na decisão recorrida. No tocante aos efeitos do ato, estes estão disciplinados no art. 196 do Decreto 3.000/99, que corresponde a compilação dos dispositivos legais lá registrados. Abaixo, transcrevo o referido dispositivo: Art. 196. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 194 e 195 surtirá efeito (Lei nº 9.317, de 1996, art. 15): I a partir do anocalendário subseqüente, na hipótese de que trata o inciso I do art. 194; II a partir do mês subseqüente àquele em que se proceder à exclusão, ainda que de ofício, em virtude da constatação excludente prevista nos incisos II a XVIII do art. 192 (Lei nº 9.732, de 1998, art. 3º); III a partir do início de atividade da pessoa jurídica, sujeitandoa ao pagamento da totalidade ou diferença dos respectivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, acrescidos, apenas, de juros de mora quando efetuado antes do início de procedimento de ofício, na hipótese do inciso II, "b", do art. 194; IV a partir do anocalendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 192; V a partir do mês de ocorrência de qualquer dos fatos mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior. Parágrafo único. A exclusão de ofício darseá mediante ato declaratório da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo (Lei nº 9.317, de 1996, art. 15, § 3º e Lei nº 9.732, de 1998, art. 3º). Da leitura dos dispositivos, verificamos que a exclusão de ofício do Simples depende da expedição de ato declaratório, mas, em nenhuma hipótese, os efeitos da exclusão são propagados em função da data do referido ato. Não procede, pois, esta alegação. Da comprovação dos depósitos Outrora, não bastavam depósitos bancários para a imputação de omissão de receita. De 1997 em diante, o entendimento é outro. Isso porque a edição da Lei 9.430/96 trouxe, em seu artigo 42, a presunção legal de omissão de rendimentos a partir de créditos em Fl. 18563DF CARF MF 14 contascorrentes bancárias de origem não comprovada. Na dicção cristalina do texto positivo, assim se estabelece: “Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações”. Foi esse dispositivo que orientou a autuação e todos os demais atos administrativos, inclusive a diligência. Uma vez identificados os depósitos, para infirmar a presunção é necessário que o contribuinte comprove, um a um e especificamente, a origem do depósito e que sem montante foi devidamente submetido à tributação ou que não estava sujeita a ela. Para tal, nos próprios termos do dispositivo legal, exigese "documentação hábil e idônea". Evidentemente, notas fiscais e duplicatas não são documentos sacramentais para a comprovação de fatos comerciais, nada obstante, não são pode ser substituídos por papeis da lavra da própria defesa em seu favor, nem mesmo da sua escrituração. Esta, desamparada de documentos formados com a participação de terceiros, não está apta a fazer prova a favor do contribuinte, como pretende a defesa com relação a parte considerável dos depósitos. Também merece destacar que, apesar de o julgamento administrativo ter se convertido em diligência, em momento algum a autoridade julgadora inverteu o ônus da prova para o Fisco, e nem poderia fazêlo, em face da disposição legal de presunção já reproduzida. Diante do volume de papeis apresentados e da insegurança de corresponderem a documentos fidedignos, a autoridade julgadora determinou à autoridade fiscal que fizesse, por amostragem, a análise da consistência da prova. O resultado da análise da autoridade diligenciante, calcada numa amostragem de 200 documentos, concluiu que alguns eram repetidos e outros correspondiam a espelhos elaborados pela própria defesa. Com relação àqueles que correspondiam a efetivos documentos (notas fiscais e duplicatas), realizou circularização que foi em grande medida infrutífera, mas tal fato não prejudicou o contribuinte, uma vez que tais documentos passaram a ser considerados fidedignos. Passada essa fase, a autoridade fiscal passou a cotejar os documentos apresentados com as indicações feitas pela defesa com os depósitos de origem não comprovada, tarefa que não fez por amostragem, mas sim, depósito a depósito, como podemos constar pelas planilhas juntadas pela autoridade. O contribuinte, por outro lado, na maior par da vezes, calca sua defesa em argumentos genéricos. Só em relação a alguns poucos depósitos, buscou contestar especificamente a minuciosa análise empreendida pela autoridade diligenciante e, quando o fez, cometeu omissões e erros graves. Em relação ao depósito de R$ 27.717,16 de 03/01/2003, além de aduzir equivocadamente que se referiria a 03/01/2002 e, portanto, não estaria contemplado no período do auto de infração, afirmou que não corresponderia a um depósito, mas a vários, conforme documento que obteve junto a instituição bancária. No entanto, tal documento, chamado "DOC Fl. 18564DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.558 15 1", não foi carreado aos autos. Os documentos apresentados pela defesa com a manifestação contra o resultado da diligência, além começarem com a numeração "2" e prosseguirem em ordem crescente, não correspondem, nenhum deles, a informação bancária aduzida. Dessa feita, o contribuinte não foi capaz de comprovar a origem dos depósitos, além daqueles consignados no termo de diligência fiscal, que acolho sem ressalvas. Deve, pois, a autuação ser reduzida conforme a planilha elaborada pela autoridade fiscal, abaixo reproduzida: AUTO DE INFRAÇÃO DILIGÊNCIA VALOR TRIBUTÁVEL DEPÓSITOS COMPROVADOS VALOR TRIBUTÁVEL IRPJ (A) (B) (C)=(A)(B) 1º Trimestre 2003 834.019,36 94.525,00 739.494,36 2º Trimestre 2003 867.897,57 39.035,86 828.861,71 3º Trimestre 2003 1.552.308,21 134.511,92 1.417.796,29 4º Trimestre 2003 1.020.279,21 61.662,43 958.616,78 1º Trimestre 2004 918.087,04 76.212,50 841.874,54 2º Trimestre 2004 1.030.262,18 20.924,00 1.009.338,18 3º Trimestre 2004 1.146.250,55 26.930,00 1.119.320,55 4º Trimestre 2004 979.117,39 2.000,00 977.117,39 AUTO DE INFRAÇÃO DILIGÊNCIA VALOR TRIBUTÁVEL DEPÓSITOS COMPROVADOS VALOR TRIBUTÁVEL CSLL (A) (B) (C)=(A)(B) 1º Trimestre 2003 834.019,36 94.525,00 739.494,36 2º Trimestre 2003 867.897,57 39.035,86 828.861,71 3º Trimestre 2003 1.552.308,21 134.511,92 1.417.796,29 4º Trimestre 2003 1.038.139,50 61.662,43 976.477,07 1º Trimestre 2004 955.786,12 76.212,50 879.573,62 2º Trimestre 2004 1.054.178,79 20.924,00 1.033.254,79 3º Trimestre 2004 1.190.681,58 26.930,00 1.163.751,58 4º Trimestre 2004 994.919,28 2.000,00 992.919,28 AUTO DE INFRAÇÃO DILIGÊNCIA VALOR TRIBUTÁVEL DEPÓSITOS COMPROVADOS VALOR TRIBUTÁVEL PIS (A) (B) (C)=(A)(B) jan/03 436.549,96 74.025,00 362.524,96 fev/03 141.517,40 3.500,00 138.017,40 mar/03 212.386,77 17.000,00 195.386,77 Fl. 18565DF CARF MF 16 abr/03 330.898,84 17.285,86 313.612,98 mai/03 245.462,93 21.750,00 223.712,93 jun/03 264.370,34 0,00 264.370,34 jul/03 409.593,11 47.065,00 362.528,11 ago/03 640.162,49 62.049,00 578.113,49 set/03 480.978,20 25.397,92 455.580,28 out/03 366.043,10 16.132,43 349.910,67 nov/03 246.769,07 5.500,00 241.269,07 dez/03 425.327,33 40.030,00 385.297,33 jan/04 379.154,11 59.584,50 319.569,61 fev/04 253.797,63 4.628,00 249.169,63 mar/04 322.834,38 12.000,00 310.834,38 abr/04 298.884,24 5.294,00 293.590,24 mai/04 380.875,82 6.130,00 374.745,82 jun/04 374.418,73 9.500,00 364.918,73 jul/04 404.180,55 2.000,00 402.180,55 ago/04 420.852,54 8.350,00 412.502,54 set/04 365.648,49 16.580,00 349.068,49 out/04 421.340,45 0,00 421.340,45 nov/04 478.183,41 1.300,00 476.883,41 dez/04 95.395,42 700,00 94.695,42 AUTO DE INFRAÇÃO DILIGÊNCIA VALOR TRIBUTÁVEL DEPÓSITOS COMPROVADOS VALOR TRIBUTÁVEL COFINS (A) (B) (C)=(A)(B) jan/03 436.549,96 74.025,00 362.524,96 fev/03 141.517,40 3.500,00 138.017,40 mar/03 212.386,77 17.000,00 195.386,77 abr/03 330.898,84 17.285,86 313.612,98 mai/03 245.462,93 21.750,00 223.712,93 jun/03 264.370,34 0,00 264.370,34 jul/03 409.593,11 47.065,00 362.528,11 ago/03 640.162,49 62.049,00 578.113,49 set/03 480.978,20 25.397,92 455.580,28 out/03 366.043,10 16.132,43 349.910,67 nov/03 246.769,07 5.500,00 241.269,07 dez/03 425.327,33 40.030,00 385.297,33 jan/04 379.154,11 59.584,50 319.569,61 fev/04 253.797,63 4.628,00 249.169,63 Fl. 18566DF CARF MF Processo nº 16024.000624/200854 Acórdão n.º 1401002.358 S1C4T1 Fl. 18.559 17 mar/04 322.834,38 12.000,00 310.834,38 abr/04 298.884,24 5.294,00 293.590,24 mai/04 380.875,82 6.130,00 374.745,82 jun/04 374.418,73 9.500,00 364.918,73 jul/04 404.180,55 2.000,00 402.180,55 ago/04 420.852,54 8.350,00 412.502,54 set/04 365.648,49 16.580,00 349.068,49 out/04 421.340,45 0,00 421.340,45 nov/04 478.183,41 1.300,00 476.883,41 dez/04 95.395,42 700,00 94.695,42 CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar omissão presumida de receita dos depósitos de origem comprovada, conforme discriminação acima apontada. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 18567DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.900321/2010-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ).
SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
Numero da decisão: 1401-002.526
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13227.900318/2010-60, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ). SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13227.900318/2010-60, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
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GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ). SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13227.900318/201060, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 03 21 /2 01 0- 83 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13227.900321/201083 Acórdão n.º 1401002.526 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão n. 0121.936 3ª Turma da DRJ/BEL, que, por unanimidade de votos, não homologou a compensação correlata ao crédito de CSLL não reconhecido. A Recorrente transmitiu declaração de compensação em 05/12/2008, na qual indicou crédito resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 2484, do período de apuração de 09/2006. A unidade de origem, por intermédio de despacho decisório, não homologou a compensação declarada, sob o argumento de que após analisadas as informações prestadas pela Recorrente foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou que: a) A empresa efetuou pagamento de CSLL Código de Receita: 2484, relativo ao período de apuração de 09/2006; b) Por ocasião do levantamento do balancete de suspensão e/ou redução nesse mês, após os ajustes apresentou lucro fiscal inferior ao já apurado em períodos anteriores, ou seja, não teria nada a recolher mesmo assim recolheu.; c) Oportunamente, aproveitou o crédito do pagamento indevido para compensar, via PER/DCOMP e de forma legal, débitos próprios. Diante dos fatos apresentados, requereu a anulação do Despacho Decisório, por questão de justiça e direito. Apreciados tais argumentos, o despacho decisório restou mantido, sob o entendimento de que as declarações de compensação apresentadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil somente podem ser homologadas quando reste comprovada pelo sujeito passivo a existência do respectivo direito creditório. Em sede de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Inconformada, a Recorrente interpôs Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado defendendo estar suficiente comprovado seu direito creditório. Era o essencial a ser relatado. Passo a decidir Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13227.900321/201083 Acórdão n.º 1401002.526 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.523, de 17/05/2018, proferida no julgamento do Processo nº 13227.900318/201060, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. O processo paradigma analisou a possibilidade de utilização de crédito relativo a pagamento indevido de IRPJ estimativa mensal, referente ao período de apuração de fevereiro/2006, para compensação com débitos do contribuinte. O presente processo tratase de pedido de compensação de crédito relativo a pagamento indevido de CSLL estimativa mensal, do período de apuração de 09/2006, com débitos do contribuinte. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.523): O Recurso apresenta os requisitos essenciais para sua admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, a decisão de piso manifestase no sentido de que pode a Fiscalização, após o encerramento do ano calendário, exigir estimativas eventualmente não recolhidas durante o ano calendário, por expressa previsão legal e que a falta de recolhimento de estimativas. Segundo o Acórdão recorrido, descabe a alegação da contribuinte no sentido de que a glosa de estimativas da apuração de saldo negativo representa dupla exigência à Recorrente decorrente do mesmo fato, pois o pagamento de estimativas deveria ter sido feito dentro do prazo legal, o que não teria ocorrido no presente caso, assim como não houve o adimplemento dos débitos confessados, a glosa do saldo negativo é consequência deste fato. Por isso, no entendimento da decisão de piso, não haveria como se manter o saldo negativo de parcelas constituintes que não estariam satisfeitas, porque a cobrança dos valores não pagos decorre de determinação legal, de forma que não haveria que se falar em dupla cobrança, já que uma vez adimplido o débito, este procedimento reflete na apuração do saldo negativo. Ocorre que, conforme apontado pela recorrente em sede de voluntário, embora a compensação tenha se dado de forma equivocada, uma vez que ao entregar a DCTF, a recorrente ao invés de simplesmente comparar o valor devido com o valor recolhido a título de estimativa e assim declarar somente o valor Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13227.900321/201083 Acórdão n.º 1401002.526 S1C4T1 Fl. 5 4 devido, caso apurasse valor a maior do que o recolhido por estimativa, declarou o valor apurado como devido e apresentou PERD/DCOMP para compensálo. Considerando que as informações acima transcritas restam localizadas na DIPJ e LALUR, que apontam a base de cálculo da contribuição e os DARFs (fls.) devidamente pagos que originaram o crédito em discussão. Tratase, portanto, de erro de fato no preenchimento do PER aqui analisado, que não pode, sob hipótese alguma, refletir na glosa de estimativas já liquidadas, computadas na apuração do saldo negativo do IRPJ do período. Desta forma, tendo a Recorrente comprovado de maneira incontroversa que as estimativas mensais de outubro de 2006 foram liquidadas através da quitação antecipada autorizada pela Lei nº 13.043/2014 (Doc. 7 do RV), não pode ser mantida a redução do saldo negativo de 2004. Ademais, consolidando este entendimento, temos: SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa das estimativas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Fl. 67DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.017999/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO.
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de diplomas legais vigentes.
Numero da decisão: 1402-003.236
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por tratar exclusivamente de matéria de cunho constitucional.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de diplomas legais vigentes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por tratar exclusivamente de matéria de cunho constitucional. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1249; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 195 1 194 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19647.017999/200814 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402003.236 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de junho de 2018 Matéria OMISSÃO DE RECEITAS CARTÕES DE CRÉDITO Recorrente JR VASCONCELOS E SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de diplomas legais vigentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por tratar exclusivamente de matéria de cunho constitucional. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 79 99 /2 00 8- 14 Fl. 195DF CARF MF 2 Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 19647.017999/200814 Acórdão n.º 1402003.236 S1C4T2 Fl. 196 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 4a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife PE, que julgou IMPROCEDENTE, na sua integralidade, a impugnação do contribuinte acima mencionado. Da autuação: O presente processo versa sobre autos de infração dos tributos e contribuições sob o regime de recolhimento do SIMPLESFEDERAL, referente a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2005. As autuações fiscais envolvem o montante de R$ 122.803,26, entre principal, multa e juros corrigidos até outubro/2008. Em essência, decorreram de valores recebidos via cartão de crédito, conforme informações obtidas junto às administradoras via DECRED Declaração de Operações com Cartões de Crédito, o que ensejou o lançamento fiscal, mantida a recorrente na condição de optante do SimplesFederal. Abaixo, por bem retratar, transcrevo da decisão a quo, os detalhes que fundamentarem a autuação fiscal: Tratase de autos de infração lavrados contra o contribuinte acima qualificado, através dos quais se constituiu crédito tributário, relativo ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, ao Programa de Integração Social – PIS, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS e à contribuição para a Seguridade Social (INSS), no valor total de R$ 122.803,26, já incluídos multa de ofício e juros de mora. 2. No campo “Descrição dos Fatos” do lançamento referente ao IRPJ – SIMPLES (fls. 23/25), constam as seguintes infrações, ao final tipificadas: “001 OMISSÃO DE RECEITAS. RECEITAS NÃO ESCRITURADOS” e “002 – INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO”. Segundo a autoridade autuante consignou no Termo de Encerramento de fls. 58/59, o contribuinte foi intimado a justificar vendas realizadas com cartões de crédito (VISANET e REDECARD). Depois de solicitar a prorrogação, por vinte dias, do prazo que lhe foi inicialmente concedido, o contribuinte não apresentou qualquer informação. Assim, não logrou justificar as diferenças que lhe foram apontadas, obtidas quando comparados com valores declarados na Declaração Simplificada PJ Simples – PJSI e os informados pelas administradoras de cartões de crédito. Da Impugnação: Por bem descrever os termos da peça impugnatória, transcrevo o relatório pertinente na decisão a quo: Fl. 197DF CARF MF 4 3. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, impugnação de fls. 122/127, por meio da qual requer a nulidade do auto de infração, ao fundamento de que teve o seu sigilo bancário quebrado sem procedimento judicial, o que feriria princípios constitucionais, como o da privacidade. Para tanto, baseouse em escólios doutrinários e decisões judiciais. Da decisão da DRJ: Ao analisar a impugnação, a DRJ, primeira instância administrativa, entendeu negar provimento integral à impugnação do contribuinte, por unanimidade. A ementa da decisão é a seguinte: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 OMISSÃO DE RECEITAS. VENDAS ATRAVÉS DE CARTÕES DE CRÉDITO. Constituem receitas omitidas os valores recebidos pela interessada, decorrentes de operações com cartões de crédito, não declarados em Declaração Simplificada PJ Simples PJSI. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de diplomas legais vigentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise o seguinte voto que deu guarida a sua decisão final: 4. Vêse que a impugnante limitouse a acoimar de nulo o lançamento, ao fundamento de que a quebra do sigilo das operações por ela realizadas com instituições financeiras somente poderia se dar através de autorização judicial. 5. Com tal argumento, a impugnante, na verdade, está a defender a incompatibilidade vertical entre a Lei Complementar n.º 105, de 10/01/2001, que permitiu o acesso, pelas Fazendas Públicas, aos dados relativos às operações realizadas pelos usuários dos serviços fornecidos por aquelas instituições, e a Constituição Federal, tarefa que, como cediço, escapa à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para fazêlo, pois atribuída, como regra geral, ao Poder Judiciário. 6. Ante o exposto, voto por considerar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 19647.017999/200814 Acórdão n.º 1402003.236 S1C4T2 Fl. 197 5 Do Recurso Voluntário: Tomando ciência da decisão a quo em 02/07/2010, a recorrente apresentou recurso voluntário em 05/08/2010. Na sua peça recursal, praticamente repisa os mesmos elementos e argumentos da sua peça impugnatória, quais sejam, em apertada síntese, requerendo a nulidade dos autos de infração, sob o fundamento de que a quebra do sigilo bancária sem procedimento judicial seria inconstitucional. Trouxe alguns excertos decisórios e doutrinários a respeito. No seu pedido, conclui: 3 REQUERIMENTOS Diante do exposto, REQUER o Recorrente que este Colendo Conselho julgue pela NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO EM EPÍGRAFE neste processo administrativo, EM RESPEITO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. É o relatório. Fl. 199DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Marco Rogério Borges Relator O recurso voluntário, apresentado foi tempestivo, e como se ateve a alegações de inconstitucionalidade, não o conheço. Da síntese dos fatos: O presente processo versa sobre autos de infração de impostos e contribuições sob a sistemática de recolhimento do SimplesFederal, e decorrem de valores apurados via informações das administradoras de cartão de crédito, inicialmente apresentados via DECRED, e posteriormente confirmados junto as mesmas. Durante o procedimento fiscal foi intimado a justificar os valores, o que não o fez. Por conseguinte foi autuado em R$ 122.803,26 (impostos+multa+juros), sendo aplicada a multa simples. Na peça impugnatória se limita a requerer a nulidade dos autos de infração, com fundamento na inconstitucionalidade ter seu sigilo bancário "quebrado" sem procedimento judicial. A instância a quo decidiu que tal matéria alegada foge à competência da esfera administrativa, considerando improcedente a impugnação. Na peça recursal repisa exatamente os mesmos argumentos da sua peça impugnatória, sem nada de novo trazendo. Da questão suscitada na peça recursal a alegação de nulidade de inconstitucionalidade Na sua peça recursal, alega a recorrente que houve ofensa a princípios constitucionais o fato de ter ocorrido a "quebra" do seu sigilo bancário. Tais alegações vão de encontro a validade da LC 105/2001 e o Decreto 3.724/2001, que a regulamenta, e os procedimentos que estas normas autorizam e disciplinam seriam inconstitucionais. Nesta linha de defesa, exclusivamente adotada na sua peça recursal, compreendo que se afasta das possibilidades de manifestação deste colegiado. Em verdade, há vedação expressa no art. 26A do Decreto 70.235/1972 que se adentre ao mérito de validade constitucional de normas legais no âmbito da do processo administrativo fiscal: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 200DF CARF MF Processo nº 19647.017999/200814 Acórdão n.º 1402003.236 S1C4T2 Fl. 198 7 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade Para tanto foi editada a Súmula CARF nº 2, a qual tão somente vem a espelhar o monopólio do Poder Jurisdicional sobre a temática: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Destarte, NÃO CONHEÇO do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 201DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.933223/2009-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/11/2005
COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ.
A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação antes da não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação - que indevidamente desconsiderou a DCTF retificadora já apresentada -, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo.
Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72).
REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
É vedado aos órgãos julgadores reformar a decisão a quo em franco prejuízo ao Recorrente, sob pena de ferir de morte o princípio da proibição do reformatio in pejus.
Numero da decisão: 3402-005.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para determinar a remessa dos autos para a DRJ, para que nova decisão seja proferida levando em consideração os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls. 175 a 210) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 251 a 283), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Maria Aparecida Martins de Paula que davam provimento parcial ao Recurso para declarar a nulidade do despacho decisório para nova análise pela DRF levando em consideração a DCTF retificadora do contribuinte.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/11/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação antes da não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação que indevidamente desconsiderou a DCTF retificadora já apresentada , cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE. É vedado aos órgãos julgadores reformar a decisão a quo em franco prejuízo ao Recorrente, sob pena de ferir de morte o princípio da proibição do reformatio in pejus. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 93 32 23 /2 00 9- 43 Fl. 358DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para determinar a remessa dos autos para a DRJ, para que nova decisão seja proferida levando em consideração os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls. 175 a 210) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 251 a 283), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Maria Aparecida Martins de Paula que davam provimento parcial ao Recurso para declarar a nulidade do despacho decisório para nova análise pela DRF levando em consideração a DCTF retificadora do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodolfo Tsuboi (Suplente Convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3402000.663 depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, antes de serem a mim redistribuído pelo fato de o Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados da 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo: Tratase de Recurso Voluntário (fls. 70/80 numeração do e processo) contra o v. Acórdão DRJ/BHE nº 0233.020 de 27/06/11 constante de fls. 59/62 (numeração do eprocesso) exarado pela 1ª Turma da DRJ do Belo Horizonte MG que, por unanimidade de votos, houve por bem “julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade” de fls. 01/15 (para reconhecer parcialmente o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 112.332,65 homologando a compensação até esse limite caso disponível), mantendo parcialmente o Despacho Decisório Eletrônico da DRF de Belo Horizonte MG (fls. 21), que indeferiu e deixou de homologar a PER/DCOMP (fls. 17/19), através da qual a ora Recorrente pretendia ver restituído o direito creditório relativo à COFINS no valor atualizado de R$ 584.629,31 (valor original de R$ 405.317,05) na data de transmissão de (14/08/2009), representado por Darf recolhido em 15/12/05 e decorrente de retificação de DCTF em razão do computo de créditos relativos a partes e peças de reposição e serviços de manutenção, que pretendia compensar com o débito discriminado no referido PER/DCOMP. Por seu turno a r. decisão de fls. 59/62 da 1ª Turma da DRJ do Belo Horizonte MG, houve por bem “julgar procedente em parte Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10680.933223/200943 Acórdão n.º 3402005.437 S3C4T2 Fl. 324 3 a manifestação de inconformidade” de fls. 01/15 (para reconhecer parcialmente o direito creditório pleiteado, no valor de R$ 112.332,65 homologando a compensação até esse limite caso disponível), mantendo parcialmente o Despacho Decisório Eletrônico da DRF de Belo Horizonte MG (fls. 21), aos fundamentos sintetizados em sua ementa exarada nos seguintes termos: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/11/2005 DCOMP. EQUÍVOCO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. Constatado o erro de fato no preenchimento da DCTF, deve ser reconhecido o direito creditório até o limite do valor relativo ao recolhimento a maior cuja origem tenha sido devidamente demonstrada. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte." Nas razões de Recurso Voluntário (fls. 68/81) oportunamente apresentadas, a ora Recorrente sustenta que a reforma parcial da r. decisão recorrida e a legitimidade do crédito restituendo, tendo em vista: a) que a diferença de Cofins retido na fonte de R$ 292.984,41, mantida, originouse de novo cálculo do Cofins não cumulativo de setembro e outubro de 2005, onde, ao aplicar os créditos respaldados na autorização da Solução de Consulta SRRF/6 RF/DISIT nº 195, de 10 de novembro de 2008, naquela competência, o mesmo teria gerado “uma sobra no aproveitamento dos créditos Retidos na Fonte pelas Demais Entidades da Administração Pública Federal (Lei nº 10.833/2003, art. 34) e por Fabricantes de Veículos e Máquinas (Lei nº 10.485/2002, art. 3º, § 3º)”; b) que ao contrário da DCTF, a DACON não foi retificada, de forma que não reflete a alteração ocorrida na base de cálculo da Contribuição, por ocasião da Consulta SRRF/6 RF/DISIT nº 195, de 10 de novembro de 2008, momento em que se requereu a retificação da mesma, visto tratarse de erro de fato formal); c) Uma vez que a apuração de COFINS de novembro de 2005 fora retificada visando apropriar os créditos oriundos das aquisições de partes e peças de reposição e de serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, bem como ajustar os créditos de Cofins retido na fonte e, por conseqüência, também foi recalculado o valor do tributo devido, o qual ficou a maior, gerando um saldo credor passível de apropriação, razões pelas quais requer o reconhecimento integral do crédito pleiteado." Em julgamento datado de 24 de abril de 2014 (Resolução n. 3402000.663), a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara dessa 3ª Seção, com voto vencedor do Conselheiro João Fl. 360DF CARF MF 4 Carlos Cassuli Junior, determinou a conversão do julgamento em diligência para a DRF de origem, nos seguintes termos: Apesar de ter cumprido apenas parcialmente a comprovação de suas alegações em um primeiro momento, tenho que a Recorrente trouxe aos autos informações suficientes para respaldar a possibilidade de que o valor por ela apurado realmente pode significar um valor devido, menor do que o efetivamente pago. (...) Tenho, nesse particular, que o crédito tributário, de titularidade do Poder Público, nasce da ocorrência do fato gerador, ainda que não haja nenhum registro contábil ou declaração obrigatória, enquanto que o direito ao crédito fiscal de titularidade do particular nasce da “regramatriz de direito ao crédito”, que traz em seu suposto um pagamento indevido, tenha ele sido refletido em uma linguagem padrão ou não. São os fatos que geram os créditos, sendo as declarações obrigatórias apenas as formas de se os registrar. Desta forma, assim como os registros de créditos indevidos não fazem nascer créditos, tenho que a falta de registro de créditos não se lhes pode tolher, pelo que persiste a necessidade de se apurar a real base de cálculo dos tributos em questão, para se aferir a existência ou não do indébito tributário em discussão nos autos. Sendo assim, invocando o princípio da verdade material, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para determinar o retorno dos autos à unidade de origem, para que a autoridade preparadora adote as seguintes providências: a) intimar o contribuinte a apresentar, em prazo não inferior à 30 dias, os documentos contábeis e societários pertinentes ao período de apuração em questão, que sejam necessários para conferência do fato gerador ocorrido; b) de posse de referidos documentos, proceder a apuração do tributo devido no período, cotejandoo com o pagamento realizado, para ao final manifestarse sobre a existência, suficiência e legitimidade do crédito pleiteado pelo contribuinte; c) após, emitir relatório conclusivo sobre o resultado da diligência, dando vistas ao sujeito passivo, para que, querendo, se manifeste no prazo de no mínimo 30 (trinta) dias, retornando os autos para reinclusão em pauta de julgamento neste Conselho É como voto. A resposta da repartição fiscal de origem foi apresentada em fls 175 a 210, na qual a DRF primeiramente apresenta considerações sobre a apuração das receitas da Recorrente no sistema cumulativo e no não cumulativo e sua proporção sobre o total das receitas auferidas. Passa então a uma análise dos créditos das contribuições não cumulativas (bens e serviços utilizados como insumos nacionais e importados), "glosando" (para usar sua nomenclatura) os créditos de insumos que considera não essenciais aos processo produtivo da Recorrente. Também se manifesta sobre a não aceitação de créditos de fretes sobre vendas, por entender que se trata de transporte de produtos acabados entre estabelecidos da Recorrente. Finalmente apresentar o recálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS para os meses de setembro e Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10680.933223/200943 Acórdão n.º 3402005.437 S3C4T2 Fl. 325 5 outubro de 2005, levando em consideração as alegações da Recorrente sobre "a sobra de créditos retidos na fonte pelas entidades da administração pública federal." Conclui então "as tabelas 3 (créditos de set/2005) e 4 e 5 (para out/2005) resumem as glosas de créditos efetuadas nestes meses. Da análise final da tabela 1, concluímos que o contribuinte não recolheu ou recolheu a menor valores devidos para o PIs e a Cofins não cumulativas nos meses em questão, não lhe sendo nenhuma importância devida para o mês de nov/2005." Em resposta ao conteúdo das informações prestadas pela DRF, a Recorrente trouxe aos autos a petição de fls 251 a 283, alegando: i) preliminarmente a nulidade da diligência realizada, por ausência de conexão entre o objeto do processos e os elementos analisados; ii) no mérito, trata do conceito de insumo para fins de apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS na sistemática da não cumulatividade, para em seguida apresentar o seu processo de produção de tubos de aço sem costura e soluções tubulares premium. Mais adiante contesta item a item as glosas efetuadas pela resposta à diligência da DRF, concluindo pela necessidade de provimento de suas razões. É o relatório. Voto Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntários já foram anteriormente analisados e acatados por este Conselho, de modo que passo à apreciação do caso. Como se depreende do relato acima, o presente processo, oriundo de PER/DCOMP, tem como arcabouço jurídico a questão de quais aquisições de bens e serviços são capazes de ser considerados como insumos para fins de creditamento da Contribuição ao PIS e da COFINS. Todavia, tal questão de fundo não pode ser objeto de análise neste momento processual. Isto porque o despacho decisório (fls 22) resumiu a não homologação do crédito ao fato de que "limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informada no PER/DCOMP: 405.317,05. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Daí que a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte limitouse a comprovar a existência do crédito compensado através de retificação da DCTF do período, salientando in abstrato a origem do crédito pleiteado. Por conseguinte, o julgamento da DRJ deu provimento parcial à manifestação de inconformidade por entender válidos os créditos no limite da DCTF retificadora (R$ 112.332,65). Afinal, o despacho decisório foi transmitido em 07/10/2009, enquanto que a DCTF retificadora e o PER/DCOMP datam de 14/08/2009, ou seja, estes são anteriores ao despacho, que desconsiderou as informações retificadas. Fl. 362DF CARF MF 6 Assim, a lide foi demarcada unicamente com relação a este ponto, e não com relação a qualquer outra qualidade do crédito pleiteado. Pois bem. Com relação aos efeitos da DCTF retificadora, o artigo 18 da Medida Provisória n o 2.18949, de 23 de agosto de 2001,1 dispôs que a DCTF retificadora tem os mesmos efeitos da original. Disciplinando tal regra, a Instrução Normativa n. 903, de 30 de dezembro de 2008, vigente à época dos fatos e cujo regramento foi sistematicamente reproduzido nos atos normativos que lhe sucederam , em seu artigo 11, colocava que: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No presente caso, o procedimento eletrônico de não homologação referiuse à PERD/COMP e à não localização de créditos suficientes. Ocorre que, como determinam as normas acima transcritas, somente não seriam admitidas para alterar o crédito declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Ou seja, antes de proferido o despacho decisório, como aqui ocorreu, a DCTF retificadora tem seus plenos efeitos de substituir a original. Assim, a DCTF retificadora apresentada in casu tem o condão de alterar a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, o que naturalmente leva à necessidade de o crédito pleiteado pela ora Recorrente ser analisado pela autoridade fiscal de origem com base nessa nova informação, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que poderia ser denegada a compensação. É nesse sentido que tem decidido a pacífica jurisprudência do CARF, como se depreende das ementas dos Acórdãos colacionadas abaixo: 1 Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10680.933223/200943 Acórdão n.º 3402005.437 S3C4T2 Fl. 326 7 Ementa: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. (Acórdão 3201 001.237) Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito.” Ementa: CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte (Acórdão 330201.727) Ementa: COMPENSAÇÃO. FORMALISMO MODERADO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. A prévia retificação da DCTF não é condição sine qua non para a análise de declarações de compensação de indébitos tributários por pagamentos aplicados em débitos confessados, em face da alegação de erro na declaração. Recurso Voluntário Provido. Aguardando Nova Decisão (Acórdão 380302.683) Ocorre que em razão dos procedimentos adotados especificamente no bojo deste processo administrativo, a providência que deve ser tomada é outra. Explico. Repisando o histórico processual, vemos que o Relator que me precedeu entendeu por bem baixar o processo em diligência, o que culminou na análise pela autoridade fiscal de origem sobre a certeza e liquidez dos créditos em discussão (fls 175 a 210). Ou seja, foi já suprida tal necessidade de averiguação pela DRF in casu. Igualmente foi satisfeito o direito da Contribuinte de apresentar nova Manifestação de inconformidade (fls 251 a 283), com relação às considerações trazidas pela autoridade fiscal. Assim, não houve prejuízo ao contraditório e à ampla defesa até então, de modo que mandar que estes atos fossem refeitos significaria desproposita afronta à eficiência e à celeridade processual. Fl. 364DF CARF MF 8 Entretanto, esses novos contornos da lide não foram apreciados pela DRJ, já que foram diretamente enviados a este Conselho após o cumprimento da citada diligência. Essa situação não pode ser convalidada no processo administrativo fiscal, sob pena supressão de instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição administrativa. Afinal, a ausência de análise do caso pela DRJ nesse contexto ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria (insumos para fins de creditamento da Contribuição ao PIS e da COFINS) por este Conselho, estaríamos atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins2 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. É por essa razão que, uma vez superada a questão da DCTF retificadora, os créditos pleiteados já tendo sido avaliados pela autoridade fiscal certificadora e objeto de nova manifestação de inconformidade pela Contribuinte, os autos devem agora ensejar apreciação pela DRJ, porque a lide foi reformulada no decorrer do processo administrativo, dado ao princípio do formalismo moderado que impera nesta seara. Saliento que não se trata de nulidade do Acórdão a quo, que julgou a lide conforme apresentada naquele momento processual. Dessarte, não é o caso de aplicação do artigo 59 do Decreto 70.235/72, mas sim de dar cumprimento ao artigo 60 do mesmo diploma normativo,3 quando determina que irregularidades verificadas no processo devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo. Ademais, o objeto da nova apreciação deve se referir unicamente aos valores que não haviam sido reconhecidos pelo acórdão da DRJ 0233.020, vale dizer, o montante de R$ 112.332,65, do contrário estarseia proferindo decisão contrária ao princípio da proibição do reformatio in pejus. Dispositivo Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar a remessa dos autos para a DRJ, para que nova decisão seja proferida, levando em consideração agora os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls 175 a 210) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls 251 a 283), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. 2 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. 3 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10680.933223/200943 Acórdão n.º 3402005.437 S3C4T2 Fl. 327 9 Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 366DF CARF MF
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Numero do processo: 13811.725509/2012-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 30/09/2011
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO.
De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - DACON.
O cumprimento das obrigações acessórias fora dos prazos previstos na legislação tributária sujeita o infrator à aplicação das penalidades legais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.976
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 30/09/2011 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DACON. O cumprimento das obrigações acessórias fora dos prazos previstos na legislação tributária sujeita o infrator à aplicação das penalidades legais. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 72 55 09 /2 01 2- 16 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13811.725509/201216 Acórdão n.º 3201003.976 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado para se exigir multa por atraso na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento, por meio do acórdão nº 09 045.449, julgou improcedente a Impugnação, sob o entendimento de que, estando a pessoa jurídica obrigada à apresentação do Dacon, o atraso ou a falta no cumprimento dessa obrigação implica, por dever legal, a aplicação da multa correspondente. Irresignado, o contribuinte interpôs, no prazo legal, Recurso Voluntário a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.951, de 21/06/2018, proferido no julgamento do processo 13811.725490/201208, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.951): Preliminarmente, em relação às alegações de inconstitucionalidade tecidas pela recorrente (irrazoabilidade e desproporcionalidade) em sua peça recursal, as afasto em razão da incompetência deste Colegiado para decidir sobre a constitucionalidade da legislação tributária. A matéria é objeto da Súmula CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009 a seguir ementada: “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Assim, sendo referida súmula de aplicação obrigatória por este colegiado, maiores digressões sobre a matéria são desnecessárias. No que tange ao mérito da questão, tratase no caso, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON de uma declaração instituída com fundamento no art. 7º da Lei nº 10426/2002, com a redação dada pela Lei nº 11051/2004. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 13811.725509/201216 Acórdão n.º 3201003.976 S3C2T1 Fl. 4 3 O dispositivo legal em comento apresenta a seguinte redação: "Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de nãoapresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (...) III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo;" Constatase, então, que a obrigação acessória em apreço possui previsão legal. Estabelece a Instrução Normativa SRF n° 590, de 22 de dezembro de 2005, vigente à época dos fatos, nos arts. 2º e 8º: "Art. 2º A partir do anocalendário de 2006, as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, submetidas à apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), nos regimes cumulativo e nãocumulativo, inclusive aquelas que apuram a Contribuição para o PIS/Pasep com base na folha de salários, deverão apresentar o Dacon Mensal, de forma centralizada pelo estabelecimento matriz, caso esta seja a periodicidade de entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 708, de 09 de janeiro de 2007) § 1º As pessoas jurídicas não enquadradas no caput deste artigo poderão optar pela entrega do Dacon Mensal. § 2º A opção de que trata o § 1º será exercida mediante apresentação do primeiro Dacon, sendo essa opção definitiva e irretratável para todo o ano calendário que contiver o período correspondente ao demonstrativo apresentado. § 3º No caso de ser exercida a opção de que trata o § 1º com a apresentação de Dacon relativo a mês posterior ao primeiro mês de 2006, a pessoa jurídica ficará obrigada à apresentação dos demonstrativos relativos aos meses anteriores. § 4º Na hipótese de que trata o § 3º, será devida a multa pelo atraso na entrega de Dacon referente a mês anterior ao da opção, no caso de apresentação após o prazo fixado." "Art. 8º O Dacon deverá ser apresentado: I pelas pessoas jurídicas de que trata o art. 2º, até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de referência; II pelas demais pessoas jurídicas: Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13811.725509/201216 Acórdão n.º 3201003.976 S3C2T1 Fl. 5 4 a) até o quinto dia útil do mês de outubro de cada anocalendário, no caso de Dacon relativo ao primeiro semestre; e b) até o quinto dia útil do mês de abril de cada anocalendário, no caso de Dacon relativo ao segundo semestre do anocalendário anterior. § 1º Excepcionalmente, em relação ao anocalendário de 2006, a obrigatoriedade de entrega do Dacon, nos prazos estabelecidos nos incisos I e II deste artigo, vigorará a partir do período em que os respectivos programas geradores forem disponibilizados, na forma do art. 7º. § 2º No caso de extinção, incorporação, fusão, cisão parcial ou cisão total, o Dacon deverá ser apresentado pela pessoa jurídica extinta, incorporada, incorporadora, fusionada ou cindida o último dia útil do mês subseqüente ao do evento, observada a excepcionalidade do § 1º deste artigo. § 3º A obrigatoriedade de entrega do Dacon, na forma prevista no § 2º, não se aplica à incorporadora nos casos em que as pessoas jurídicas, incorporadora e incorporada, estejam sob o mesmo controle societário desde o anocalendário anterior ao do evento." No caso dos autos não existe controvérsia acerca dos fatos, no sentido de que o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – Dacon foi entregue fora do prazo, o que torna cabível a aplicação da multa legalmente prevista, incidente sobre o montante da Cofins informado no Dacon, ainda que tenha sido integralmente pago. Acerta a decisão recorrida ao consignar: "Assim, para o lançamento da multa basta o não cumprimento da obrigação acessória dentro prazo, independentemente de aspectos como falta de profissional especializado, desconhecimento ou não entendimento da legislação, problemas particulares (inclusive com equipamentos de informática e provedor de internet) ou de condição financeira, dano ao erário, culpa ou dolo do sujeito passivo. Notese que quando o contribuinte deixa para cumprir sua obrigação ao final do prazo estipulado, assume o risco de incorrer em problemas particulares que culminam com o não cumprimento de sua obrigação tempestivamente. Portanto, como no presente caso é incontroverso o atraso no cumprimento da obrigação acessória e não há dúvida quanto à interpretação da legislação tributária, correta a exigência da multa legalmente estabelecida." O entendimento do Conselho Administrativo e Recursos Fiscais CARF é no sentido de ser devida a multa pelo atraso na entrega do DACON. Em tal direção, temse os seguintes julgados: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2010 DACON. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. CABIMENTO. Irreparável lançamento que exige multa pelo atraso na entrega do Dacon quando se comprova que o contribuinte estava a ela obrigada e que ele foi entregue intempestivamente, em especial se, em sede de Recurso, não há apresentação e qualquer prova em sentido contrário." (Processo nº 16327.002626/200369; Acórdão nº 3802003.388; Relator Conselheiro Bruno Maurício Macedo Curi; Sessão de 24/07/2014) "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2010 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13811.725509/201216 Acórdão n.º 3201003.976 S3C2T1 Fl. 6 5 ANÁLISE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2 Ao CARF incumbe a análise em conformidade com a legislação vigente, sendolhe defeso afastar a aplicação da norma ao caso concreto em face de alegada inconstitucionalidade de lei ou decreto (Súmula Carf nº 2). ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DACON O cumprimento da obrigação acessória fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator à aplicação das penalidades legais. Recurso Voluntário Negado." (Processo nº 10242.000337/201016; Acórdão nº 3302002.666; Relatora Conselheira Maria da Conceição Arnaldo Jacó; Sessão de 24/07/2014) "ASSUNTO: MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. Exercício: 2008 Estando o contribuinte obrigado a apresentar o Dacon, a sua entrega fora do prazo enseja a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória." (Processo nº 13227.000945/200884; Acórdão nº 3202001.224; Relator Conselheiro Luiz Eduardo Garrossino Barbieri; Sessão de 29/05/2013) Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 81DF CARF MF
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