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Numero do processo: 10865.905438/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/03/2006
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.363
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DCOMP. Recorrente ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 54 38 /2 01 2- 10 Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 2 Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins. A DRF LIMEIRA emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que comercializa alguns produtos sujeitos à tributação monofásica (alíquota zero sobre as suas vendas), que foram indevidamente tributados, o que deu origem aos créditos informados no PER/Dcomp. Procurando demonstrar a existência do direito creditório junta ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 02055.292. A DRJ fundamentou que a simples retificação da DCTF não é suficiente para comprovar o pagamento indevido ou a maior que o devido, e que a contribuinte não trouxe aos autos elementos comprobatórios do direito creditório utilizado na compensação declarada. Em seu recurso voluntário a Recorrente traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório decorre da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de receitas oriundas da venda de produtos sujeitos à alíquota 0%, conforme anexo I da Lei nº 10.485/2002 (SILENCIOSO componente do sistema de escapamento NCM 87.08.92.00), que já teriam sofrido tributação obedecendo ao critério monofásico; b) afirma que procurou comprovar o direito creditório com a manifestação de inconformidade acompanhada da DCTF retificadora, mas que, agora, junta aos autos demonstrativo mais detalhado e minucioso (listagem de notas fiscais com indicação dos produtos vendidos com respectivas alíquotas aplicáveis, cópia do Registro de Saídas e da GIA correspondentes), servindo para o reconhecimento de seu direito de crédito ou, pelo menos, para justificar a realização de diligência (cita a Resolução nº 3803000.330 como precedente); c) caso o Colegiado decida pela realização de diligência, informa que todas as notas fiscais relacionadas nos demonstrativos estão sob sua guarda, à disposição do Fisco; Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 3 d) sustenta que a decisão recorrida negou seu direito atendose a aspecto meramente formal, sem observar o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.316, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.316): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 70 a 78 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Fortaleza/3ª Turma, nº 0826.232, de 20 de agosto de 2013. No presente caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DCTF para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar o motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Agora, já no recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 4 [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). O processo administrativo fiscal pode ser considerado como um método de composição dos litígios, empregado pelo Estado ao cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto para a resolução da lide. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. Humberto Theodoro Júnior em "Curso de Direito Processual Civil, vol. I" (ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) assim diz: “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.”. Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo”. Neste sentido, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os antes transcritos artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal (PAF), é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Por sua vez, o art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. Contudo, uma fria análise da norma pode vir a chocarse com os princípios da verdade material e da ampla defesa. Vejamos que a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entretanto, conforme a melhor doutrina, deve ser aplicada ao caso a lei específica existente, Decreto nº 70.235/1972, que determina o rito do processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 5 Neste ponto, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, cabe mencionar que de fato existe na jurisprudência uma tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. Como se vê, as alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque, conforme já dito, o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. O § 4º do art. 16 do PAF estabelece que só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Especificamente no caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 6 O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. No caso, o acórdão da DRJ foi bastante claro ao fundamentar suas conclusões pela insuficiência da comprovação do direito creditório alegado quando afirmou: "a simples retificação da DCTF sem que o contribuinte tenha juntado aos autos documentos hábeis e idôneos que comprovem as alterações efetuadas não pode servir como justificativa de eventual erro no preenchimento da DCTF" (grifei). Ao final, a decisão recorrida novamente destaca: "a manifestação de inconformidade procura justificar o erro na declaração DCTF Original mediante retificação da DCTF, após a ciência do Despacho Decisório, sem apresentação de elementos comprobatórios do direito creditório pleiteado no citado PER/DCOMP. (grifei) A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (demonstrativos do faturamento mensal, do cálculo dos créditos de PIS e Cofins e das compensações, bem como cópia do registro de saídas e da apuração do ICMS), verificase que o contribuinte anexou uma relação de Notas Fiscais de 7 (sete) páginas de extensão, fls. 79 a 85, afirmando que tal providência o dispensaria da anexação de todas estas notas emitidas no período, em face de seu "grande volume". Quanto à esta alegação, deve ser contraposto que o presente processo já foi instaurado na forma digital, o que em muito facilitaria a juntada da totalidade das referidas notas fiscais. Embora ressalte que todas estas Notas estariam sob sua guarda e poderiam ser imediatamente disponibilizadas na hipótese de realização de diligência, o interessado sequer procurou juntar algumas Notas como amostragem, o que ao menos denotaria um mínimo esforço no sentido de comprovar o efetivo teor das mesmas. Ainda, também não se preocupou em demonstrar a origem das mercadorias que teria revendido, mediante a apresentação das Notas Ficais de aquisição das mesmas, no sentido de comprovar que de fato o fabricante/fornecedor operava sob o regime da tributação monofásica. No caso, optou por reiterar suas alegações quanto à supremacia da verdade material sobre a verdade formal, quando deveria procurar demonstrar de maneira efetiva suas alegações juntando cópias de pelo menos parte de todas estas notas, para que o julgamento ocorresse com base em elementos concretos, capazes de comprovar a veracidade do alegado direito creditório. O recorrente invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 7 Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem quaisquer provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Pelo exposto, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. Como se vê, a documentação juntada ao recurso voluntário não se revela suficiente para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandaria a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo, exceto em casos excepcionais. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito). Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno e nem mesmo agora em sede de recurso voluntário foi integralmente apresentada, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, inclusive a citada Resolução nº 3803000.330, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.905438/201210 Acórdão n.º 3201002.363 S3C2T1 Fl. 0 8 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 76DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13831.000387/2003-14
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/05/1998 a 31/10/2000
ALARGAMENTO. BASE DE CÁLCULO. LEI Nº 9.718.
É inconstitucional o alargamento da base de cálculo da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98.
Recurso Especial da Procuradoria negado.
Numero da decisão: 9303-004.401
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
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FATURAMENTO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CANINHA ONCINHA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/05/1998 a 31/10/2000 ALARGAMENTO. BASE DE CÁLCULO. LEI Nº 9.718. É inconstitucional o alargamento da base de cálculo da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Recurso Especial da Procuradoria negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 1. 00 03 87 /2 00 3- 14 Fl. 1398DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 217.747, de 27/02/2007, proferido pela 2ª Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, que fora assim ementado: NORMAS TRIBUTÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. A multa de oficio tem natureza punitiva, motivo pelo qual não se lhe aplica o art. 150, VI, da Constituição, que contempla o princípio do não confisco em relação a tributos. DECADÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação aplicase o art. 150, § 4º do CTN, contandose o prazo de 5 anos a partir da ocorrência do fato gerador. COFINS. BASE DE CALCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. A base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins é o faturamento, assim compreendida a receita bruta da venda de mercadorias e da prestação de serviços. O Plenário do STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 346.0846, concluiu ser inconstitucional o § 1 2 do art. 3 2 da Lei no 9.718/98, que ampliava indevidamente o conceito de faturamento. As receitas financeiras — tais como juros de aplicações, variação cambial ativa e aluguéis — não integram a base de cálculo das contribuições no caso de empresa comercial. RESTITUIÇÃO DE TRIBUTO PAGO INDEVIDAMENTE. A restituição de tributos, por tratarse de mera devolução de valores que sempre pertenceram ao contribuinte, em caráter de recomposição, não configura receita, não podendo ser adicionada ao faturamento, de modo que sobre tais valores não incide a Cotins. SELO DE CONTROLE DE BEBIDAS. Incabível a exclusão, da base de cálculo da Cotins, dos valores pagos pelo contribuinte pelos Selos de Controle, por se tratar de dispêndio necessário ás atividades que constituem as fontes do resultado da empresa. Recurso provido em parte. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente suscitou divergência em relação ao prazo de decadência para o lançamento de oficio e à extensão administrativa da decisão do STF que declarou inconstitucional o art. 3º, § 1", da Lei n° 9.718, de 1998. Visando comprovar as divergências, Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 13831.000387/200314 Acórdão n.º 9303004.401 CSRFT3 Fl. 1.399 3 apresentou, como paradigma, o Acórdão nº 20311.788, cuja cópia integral anexouse ao recurso. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 1343/1344. As contrarrazões, às fls. 1377/1386. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no exame de admissibilidade, que o recurso especial deve ser conhecido. Conforme lá demonstrado, o acórdão recorrido, ao examinar o segundo tema proposto no recurso especial – o primeiro acertadamente não foi admitido –, aplicou interpretação do Supremo Tribunal Federal – STF que restringiu o conceito de faturamento à receita de vendas de mercadorias e da prestação de serviços, excluindo, por consequência, as receitas financeiras da base de cálculo da contribuição. O acórdão paradigma, todavia, chegou a uma conclusão divergente: não se poderia aplicar esta decisão do Supremo enquanto não sobreviesse resolução do Senado suspendendo a eficácia do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718, de 1998. Malgrado admitido, é de se negar provimento ao recurso. Como já é do conhecimento deste Colegiado, o alargamento da base de cálculo do PIS/Cofins estimado na sistemática cumulativa foi considerado inconstitucional pelo STF, quando da apreciação do Recurso Extraordinário RE nº 585235/MG (DJe 27112008), julgado sob a sistemática de repercussão geral, sendo, portanto, de aplicação obrigatória por este Colegiado, nos termos do art. 62, § 2º, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Confirase a ementa do julgado: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS, prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria,aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas Fl. 1400DF CARF MF 4 próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1401DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720170/2012-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2007, 2008, 2009
DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESAS DE MESMO GRUPO ECONÔMICO. INDEDUTIBILIDADE.Incabível a dedução de amortização de ágio decorrente de operação societária realizada entre empresas de mesmo grupo econômico, pela inexistência da contrapartida do terceiro que gere o efetivo dispêndio.
INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço a terceiros. Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a sucessão de operações societárias sem qualquer finalidade negocial que resulte em incorporação de pessoa jurídica de mesmo grupo, com utilização de empresa veículo, unicamente para criar de modo artificial as condições para aproveitamento da amortização do ágio como dedução na apuração do lucro real e da contribuição social.
DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Não há como aceitar a dedução do ágio com utilização de empresa veículo, quando o procedimento do sujeito passivo não se reveste de propósito negocial mas revela objetivo exclusivamente tributário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ACÓRDÃO DRJ. COMPOSIÇÃO DA TURMA INCOMPLETA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
A Portaria 341/11 que estabelece que somente quando presente a maioria dos membros da Turma, poderá haver deliberação, bem como, que o Delegado da DRJ pode designar julgador ad hoc para participar de sessão específica em Turma de julgamento, visando garantir o quorum mínimo de 03 julgadores que uma vez alcançado, possibilita o julgamento.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INOCORRÊNCIA DE ENCERRAMENTO DA EMPRESA CINDIDA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 132 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE.
Não tendo ocorrido o encerramento das atividades da empresa cindida é inaplicável a regra de responsabilização tributária por sucessão prevista no art. 132 do CTN.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO.
A multa deve ser reduzida ao percentual de 75% por não haver nos autos comprovação cabal das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964.
Numero da decisão: 1201-001.469
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, em afastar a Responsabilidade da empresa Hipermarcas, nos termos do voto do Relator. A Conselheira Ester Marques e o Conselheiro Ronaldo Apelbaum acompanharam o relator pelas conclusões. Acordam também, por maioria de votos, em segunda votação, por dar parcial provimento ao recurso, para afastar a qualificação da multa, reduzindo-a para 75%, vencidos os conselheiros Luis Fabiano, José Roberto e Ronaldo Apelbaum, que lhe davam provimento e José Carlos e Ester Marques, que lhe negavam provimento. Designada a Conselheira Eva Maria Los para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Ronaldo entendeu que não era cabível a aplicação de multa e apresentará declaração de voto.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
(assinado digitalmente)
EVA MARIA LOS - Redatora designada
EDITADO EM: 09/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2007, 2008, 2009 DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESAS DE MESMO GRUPO ECONÔMICO. INDEDUTIBILIDADE.Incabível a dedução de amortização de ágio decorrente de operação societária realizada entre empresas de mesmo grupo econômico, pela inexistência da contrapartida do terceiro que gere o efetivo dispêndio. INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço a terceiros. Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a sucessão de operações societárias sem qualquer finalidade negocial que resulte em incorporação de pessoa jurídica de mesmo grupo, com utilização de empresa veículo, unicamente para criar de modo artificial as condições para aproveitamento da amortização do ágio como dedução na apuração do lucro real e da contribuição social. DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Não há como aceitar a dedução do ágio com utilização de empresa veículo, quando o procedimento do sujeito passivo não se reveste de propósito negocial mas revela objetivo exclusivamente tributário. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 ACÓRDÃO DRJ. COMPOSIÇÃO DA TURMA INCOMPLETA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A Portaria 341/11 que estabelece que somente quando presente a maioria dos membros da Turma, poderá haver deliberação, bem como, que o Delegado da DRJ pode designar julgador ad hoc para participar de sessão específica em Turma de julgamento, visando garantir o quorum mínimo de 03 julgadores que uma vez alcançado, possibilita o julgamento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INOCORRÊNCIA DE ENCERRAMENTO DA EMPRESA CINDIDA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 132 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. Não tendo ocorrido o encerramento das atividades da empresa cindida é inaplicável a regra de responsabilização tributária por sucessão prevista no art. 132 do CTN. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO. A multa deve ser reduzida ao percentual de 75% por não haver nos autos comprovação cabal das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, em afastar a Responsabilidade da empresa Hipermarcas, nos termos do voto do Relator. A Conselheira Ester Marques e o Conselheiro Ronaldo Apelbaum acompanharam o relator pelas conclusões. Acordam também, por maioria de votos, em segunda votação, por dar parcial provimento ao recurso, para afastar a qualificação da multa, reduzindo-a para 75%, vencidos os conselheiros Luis Fabiano, José Roberto e Ronaldo Apelbaum, que lhe davam provimento e José Carlos e Ester Marques, que lhe negavam provimento. Designada a Conselheira Eva Maria Los para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Ronaldo entendeu que não era cabível a aplicação de multa e apresentará declaração de voto. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS - Redatora designada EDITADO EM: 09/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 73; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2315; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720170/201231 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.469 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de agosto de 2016 Matéria IRPJ Recorrente JOHNSON & JOHNSON DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE PRODUTOS PARA SAUDE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2007, 2008, 2009 DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESAS DE MESMO GRUPO ECONÔMICO. INDEDUTIBILIDADE.Incabível a dedução de amortização de ágio decorrente de operação societária realizada entre empresas de mesmo grupo econômico, pela inexistência da contrapartida do terceiro que gere o efetivo dispêndio. INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço a terceiros. Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a sucessão de operações societárias sem qualquer finalidade negocial que resulte em incorporação de pessoa jurídica de mesmo grupo, com utilização de empresa veículo, unicamente para criar de modo artificial as condições para aproveitamento da amortização do ágio como dedução na apuração do lucro real e da contribuição social. DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.Não há como aceitar a dedução do ágio com utilização de empresa veículo, quando o procedimento do sujeito passivo não se reveste de propósito negocial mas revela objetivo exclusivamente tributário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ACÓRDÃO DRJ. COMPOSIÇÃO DA TURMA INCOMPLETA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 70 /2 01 2- 31 Fl. 8192DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 3 2 A Portaria 341/11 que estabelece que somente quando presente a maioria dos membros da Turma, poderá haver deliberação, bem como, que o Delegado da DRJ pode designar julgador ad hoc para participar de sessão específica em Turma de julgamento, visando garantir o quorum mínimo de 03 julgadores que uma vez alcançado, possibilita o julgamento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INOCORRÊNCIA DE ENCERRAMENTO DA EMPRESA CINDIDA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 132 DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. Não tendo ocorrido o encerramento das atividades da empresa cindida é inaplicável a regra de responsabilização tributária por sucessão prevista no art. 132 do CTN. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. REDUÇÃO. A multa deve ser reduzida ao percentual de 75% por não haver nos autos comprovação cabal das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, em afastar a Responsabilidade da empresa Hipermarcas, nos termos do voto do Relator. A Conselheira Ester Marques e o Conselheiro Ronaldo Apelbaum acompanharam o relator pelas conclusões. Acordam também, por maioria de votos, em segunda votação, por dar parcial provimento ao recurso, para afastar a qualificação da multa, reduzindoa para 75%, vencidos os conselheiros Luis Fabiano, José Roberto e Ronaldo Apelbaum, que lhe davam provimento e José Carlos e Ester Marques, que lhe negavam provimento. Designada a Conselheira Eva Maria Los para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Ronaldo entendeu que não era cabível a aplicação de multa e apresentará declaração de voto. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS Redatora designada EDITADO EM: 09/10/2016 Fl. 8193DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 4 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum Relatório Por muito bem relatar o presente caso, tomo por base o relatório apresentado pela 3° Turma da DRJ/SP2. 1. Em decorrência de ação fiscal levada a efeito junto ao contribuinte acima identificado e, em razão de irregularidades apuradas, foram lavrados 2 (dois) Autos de Infração, com ciência dada em 11/12/2012. Os créditos tributários constituídos foram: IRPJ R$ 478.254.685,43 e CSLL R$ 172.173.393,94. 2. Totalizaram, portanto, tais lançamentos, a importância de R$650.428.079,37, aí incluídos os valores dos tributos, das multas de ofício e dos juros de mora (estes calculados até 30/11/2012). Os enquadramentos legais utilizados para fundamentar as autuações encontramse nos respectivos autos de infração. 3. A infração apurada pela fiscalização se refere amortização de ágio apurado em participação intragrupo e ao não cumprimento de condição essencial para a sua dedutibilidade fiscal, nos termos da legislação tributária de regência. 4. Cabe destacar que apesar do MPFF alcançar os anoscalendário de 2007 a 2010, os créditos tributários lançados por meio dos mencionados autos de infração abrange os anoscalendário de 2007, 2008 e 2009 (de 01/01/2009 a 01/12/2009). Estes créditos tributários possuem como sujeitos passivos a JJ Produtos (na qualidade de contribuinte) e a Hypermarcas (na qualidade de responsável tributário solidário). Já os créditos tributários referentes aos anos calendário de 2009 (de 02/12/2009 a 31/12/2009) e 2010, possuem como sujeito passivo apenas a JJ Produtos (na qualidade de contribuinte) e são controlados por meio do processo administrativo fiscal n° 16561.720172/201220. 4.1. Foi formalizada a correspondente “Representação Fiscal para Fins Penais”, processo n° 16561.720171/201285. 5. A fiscalização apresenta, por meio do “Termo de Verificação Fiscal” (TVF), resumidamente, o seguinte. DAS DENOMINAÇÕES UTILIZADAS NESTE TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL 5.1. Como todas as sociedades residentes no Brasil, tratadas no presente processo, pertencem ao grupo empresarial Johnson & Johnson, as anotações relativas a cada Fl. 8194DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 5 4 uma dessas empresas serão iniciadas pela sigla “JJ”. Essa mesma sigla só não será empregada em relação às sociedades residentes no exterior, a despeito de todas elas pertencerem também ao grupo Johnson & Johnson. 5.2. Abaixo estão identificadas estas sociedades, bem como as convenções adotadas: BREVE SÍNTESE DAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DE INTERESSE DA INFRAÇÃO FISCAL APONTADA 5.3. A natureza intragrupo do ágio, cuja amortização foi glosada, foi totalmente comprovada. Todas as operações que lhe deram origem foram realizadas entre sociedades pertencentes ao grupo Johnson & Johnson, sob controle comum, direto ou indireto, de uma mesma sociedade (Johnson Corporate). 5.4. São apresentados dois "blocos" de operações realizadas entre 2005 e 2007: (i) exclusivamente entre sociedades estrangeiras e (ii) com a participação também de sociedades nacionais, dentre as quais o contribuinte. “A finalidade de tais operações foi majorar ilicitamente os custos de aquisição dos investimentos em duas sociedades nacionais do grupo — a JJ Comércio e a JJ Produtos — para possibilitar a posterior amortização dos respectivos ágios com efeitos redutores da tributação nacional sobre o lucro”. 5.5. O primeiro bloco de operações, do qual resultou uma artificial majoração dos custos de aquisição registrados, foi realizado no exterior para evadir da tributação nacional Fl. 8195DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 6 5 o ganho de capital decorrente dessa alteração da base de avaliação de investimentos, já mediante o segundo bloco, o grupo Johnson & Johnson "transferiu" para o Brasil tais custos da aquisição majorados a fim de aproveitar ilicitamente a amortização fiscal dos ágios decorrentes. 5.6. Quanto ao primeiro bloco de operações, até 2005 a Johnson Corporate possuía 57% de participação no capital da JJ Produtos e praticamente 100% de participação no capital da JJ Comércio, a qual possuía os 43% restantes do capital da JJ Produtos, conforme representação abaixo: 5.7. No final de 2005 a Johnson Corporate integralizou capital na Ethicone na Bella 7 com as participações, respectivamente, da JJ Produtos e da JJ Comércio. As referidas sociedades passaram a compor o seguinte organograma: 5.8. As participações na JJ Produtos e na JJ Comércio permaneceram na Ethicon e na Bella 7 pelo valor histórico de US$24.549.865,00. Fl. 8196DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 7 6 5.9. Após menos de um mês destas operações, em um período de apenas três meses (13/12/2005 a 16/03/2006), as participações que a Johnson Corporate detinha na Bella 7 e na Ethicon passaram a pertencer à Latam Investment e a serem registradas por um valor total de US$1.575.477.384,00, montante este lastreado nas supostas rentabilidades futuras das sociedades nacionais, JJ Comércio e JJ Produtos. 5.10. Após mais outros três meses, a Bella 7 e a Ethicon foram dissolvidas e liquidadas no final de 2006 e, por conseguinte, as sociedades nacionais (JJ Comércio e JJ Produtos) passaram ao controle direto da Latam Investment. 5.11. Com o emprego destas duas empresasveículo, Bella 7 e Ethicon, (empresas de passagem), o conglomerado Johnson & Johnson aumentou os registros dos custos de aquisição das participações nas sociedades nacionais (JJ Comércio e JJ Produtos), mas até então ainda sem reflexos diretos no Brasil. Este foi o primeiro bloco de operações realizado exclusivamente entre sociedades do grupo. 5.12. O segundo bloco de operações foi realizado com o fito de transferir os custos de aquisição artificialmente majorados para sociedades nacionais e aqui amortizar fiscalmente seus respectivos ágios. 5.13. Em setembro de 2006, após três meses do encerramento do primeiro bloco de operações, a Latam Investment utilizou as duas participações (JJ Comércio e JJ Produtos) para integralizar capital na JJ Administração no ato da sua constituição. Como resultado, passou a deter quase 100% do capital da nova sociedade (a JJ Industrial era a outra sócia na criação da JJ Administração, mas possuía apenas uma fração simbólica do capital), que passou a controlar diretamente as sociedades JJ Comércio e JJ Produtos. 5.14. Abaixo, segue a representação esquemática dessas operações: Fl. 8197DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 8 7 5.15. Ao final dessa etapa, a JJ Administração passou a deter as participações na JJ Produtos e na JJ Comércio, supostamente registradas a valores de mercado, cujos custos de aquisição foram desdobrados em valores patrimoniais e ágios. 5.16. Finalmente, o segundo bloco e o conjunto global de operações, que se iniciaram no exterior com o objetivo de burlar a legislação nacional, foi encerrado com a incorporação da JJ Administração e da JJ Comércio pela JJ Produtos, a qual passou a amortizar os respectivos ágios. 5.17. Todas as sociedades acima mencionadas pertenciam ao grupo Johnson & Johnson, como as demais cinco sociedades estrangeiras discriminadas no Demonstrativo 1 (Latam Investment, Latam Properties, Johnson IFSC, Janssen Pharma e Johnson Corporate), sendo controladas direta ou indiretamente pela matriz norteamericana no período sob exame. 5.18. Tal afirmação se extrai não só dos vários documentos e organogramas apresentados à fiscalização, mas também do categórico esclarecimento prestado pelo contribuinte em sua resposta datada de 22/06/2012 (Doc. 97). 5.19. O demonstrativo a seguir evidencia de maneira resumida e gráfica as relações societárias entre a Latam Investment, a Latam Properties, a Johnson IFSC, a Janssen Pharma e a Johnson Corporate: Fl. 8198DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 9 8 5.20. Com relação às participações na JJ Produtos (aproximadamente 57%) e na JJ Comércio (aproximadamente 99,9999%), antes registradas no final de 2005 na Johnson Corporate por um valor total equivalente a US$24.549.865 (US$1.839.830,00 + US$22.710.035,00), passaram a ser registradas na Latam Investment já no ano seguinte por um valor espetacularmente maior, qual seja, US$1.575.477.384,00. A resposta apresentada pelo contribuinte em 16/04/2012 (Doc. 87), em atenção ao Item 01 do Termo de Intimação datado de 27/03/2012 (Doc. 82), informa o valor desse registro na Latam Investment, nos seguintes termos: “Como já informado na resposta enviada em 25/11/2011 (pág.10 do Director’s Report and Financial Staternents), a Latam International Investment Company detinha participação nas seguintes sociedades empresárias, nos percentuais descritos na tabela abaixo: Participação no Sociedade Investida _______________________ Capital Social Johnson &Johnson Produtos Profissionais Ltda 56,99000000% Johnson & Johnson Comércio e Distribuição Ltda 99,99999999% A Fiscalizada apresenta, no Anexo 1, carta da empresa de Auditoria independente responsável pela auditoria de suas demonstrações financeiras, que atesta o valor total ali registrado, no importe de US$1.575.477.384, e confirma que este valor permanecia nos registros em 31 de agosto de 2006. De maneira a comprovar o valor individualizado de cada sociedade detida pela Latam International Investment Company, a Fiscalizada junta, nos Anexos 2 e 3, o Laudo de Avaliação Econômica que amparou a formação do preço que a controladora no exterior pagou pelas sociedades Johnson & Johnson Produtos Profissionais Ltda. e Johnson & Johnson Comércio e Distribuição Ltda. Na pagina 35 do Laudo de Avaliação juntado como Anexo 2 e possível verificar a avaliação da Johnson & Johnson Produtos Profissionais Ltda. pelo valor de US$576.758.000. Já na página 44 do Laudo de Avaliação juntado como Anexo 3, é possível verificar a avaliação da Johnson & Johnson Comércio e Distribuição Ltda. pelo valor de US$ 1.246.783.000. Desta forma, a Fiscalizada comprova que as participações detidas pela Latam International Investment Company tinha os seguintes valores individualizados.(g.m.) 5.21. O contribuinte foi intimado, por meio do Termo de Intimação datado de 22/05/2012 (Doc. 91), a prestar esclarecimentos relativos às operações a partir das quais os custos dos investimentos passaram a ser registrados por valores superiores aos respectivos valores patrimoniais. Em resposta ao Item 01 do aludido Termo de Intimação, o contribuinte informou (Doc.93): Fl. 8199DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 10 9 A Fiscalizada esclarece que a primeira aquisição da propriedade das sociedades Bella 7, LLC e Ethicon Endo Surgery, LLC por montantes acima dos seus valores patrimoniais ocorreu quando da alienação destas sociedades, pela Johnson & Johnson Corporate (sociedade norte americana), à Janssen Pharmaceutical Ltd. (sociedade irlandesa) e à Johnson & Johnson International Financial Services Company (sociedade irlandesa), em 13 de dezembro de 2005, conforme será demonstrado mais adiante.(g.m.) 5.22. Já por meio do Item 05, "a", do mencionado Termo de Intimação, datado de 22/05/2012, o contribuinte foi intimado a esclarecer definitivamente a partir de quando e em que sociedade(s) os custos dos investimentos correspondentes às participações na JJ Produtos e na JJ Comércio passaram a ser registrados por valores superiores aos seus respectivos valores patrimoniais, até atingirem o montante total de US$1.575.477.384,00. Em resposta, o contribuinte assim sustentou (Doc. 93): A Fiscalizada esclarece que os custos dos investimentos nas sociedades Johnson & Johnson Comércio e Distribuição Ltda. e Johnson & Johnson Produtos Profissionais Ltda. passaram a ser registrados por valores acima de seus valores patrimoniais em 13 de dezembro de 2005, quando da aquisição das sociedades Bella 7, LLC e Ethicon EndoSurgery, LLC pela Janssen Pharmaceutical Ltd. (sociedade irlandesa) e pela Johnson & Johnson International Financial Services Company (sociedade irlandesa). 5.23. Foi ainda pedido ao contribuinte identificar inequivocamente e a detalhar todas as operações societárias por meio das quais teriam sido originariamente pagos montantes superiores aos respectivos valores patrimoniais pelas participações na JJ Produtos e na JJ Comércio (até que fosse atingido o valor de US$1.575.477.384,00). Tais operações foram especificamente identificadas pelo interessado em sua resposta ao Item 05, "b", do mencionado Termo de Intimação datado de 22/05/2012 (Doc. 93), in verbis: A Fiscalizada esclarece que a primeira aquisição das sociedades Bella 7, LLC (detentora da Johnson & Johnson Comércio e Distribuição Ltda.) e Ethicon EndoSurgery, LLC (detentora da Johnson & Johnson Produtos Profissionais Ltda.) por valores acima aos valores patrimoniais ocorreu conforme abaixo descrito. Em 13 de dezembro de 2005: i) a Johnson & Johnson Corporate vendeu, recebendo pagamento em dinheiro, 80,90% da Sociedade Bella 7, LLC por US$1.000.000.000 (um bilhão de dólares), à Sociedade Irlandesa Janssen Pharmaceutical Ltd.; ii) a Johnson & Johnson Corporate contribuiu, mediante a transferência de participação societária, 19,10% da Sociedade Bella 7, LLC, pelo valor de US$236.093.943,14 (duzentos e trinta e seis milhões, noventa e três mil, novecentos e quarenta e Fl. 8200DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 11 10 três dólares, e quatorze centavos), na Sociedade Irlandesa Janssen Pharmaceutical Ltd.; iii) a Johnson & Johnson Corporate contribuiu, mediante a transferência de participação societária, 37,24% da Sociedade Ethicon EndoSurgery, LLC, pelo valor de US$116.973.012,43 (cento e dezesseis milhões, novecentos e setenta e três mil, doze dólares, e quarenta e três centavos), na Sociedade Irlandesa Janssen Pharmaceutical Ltd., iv) a Johnson & Johnson Corporate vendeu, recebendo pagamento em dinheiro, 62,74% da Sociedade Ethicon Endo Surgery, LLC por US$197.070.000 (cento e noventa e sete milhões e setenta mil dólares), à Sociedade Irlandesa Johnson & Johnson International Financial Services Company; v) a Janssen Pharmaceutical Ltd. contribuiu, mediante a transferência de participação societária, 100% da Sociedade Bella 7, LLC, na Sociedade Irlandesa Johnson & Johnson International Financial Services Company; vi) a Janssen Pharmaceutical Ltd. contribuiu, mediante a transferência de participação societária, 37,24% da Sociedade Ethicon EndoSurgery, LLC, na Sociedade Irlandesa Johnson & Johnson International Financial Services Company; vii) a Sociedade Irlandesa Johnson & Johnson International Financial Services Company vendeu, mediante pagamento em dinheiro, 100% da Sociedade Bella 7, LLC e da Sociedade Ethicon EndoSurgery, LLC, para a Sociedade Latam Properties Holdings, pelo montante de US$1.550.270.000 (um bilhão, quinhentos e cinquenta milhões, duzentos e setenta mil dólares); Em 16 de março de 2006: viii) a Sociedade Latam Properties Holdings vendeu, mediante pagamento em dinheiro, 100% da Sociedade Bella 7, LLC e da Sociedade Ethicon EndoSurgery, LLC, para a Sociedade Latam International Investment Company, pelo montante de US$1.575,477.384 (um bilhão, quinhentos e setenta e cinco milhões, quatrocentos e setenta e sete mil, trezentos e oitenta e quatro dólares); 5.24. Abaixo estão demonstrados os organogramas sintetizados do grupo após cada uma das datas destacadas (13/12/2005 e 16/03/2006): Fl. 8201DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 12 11 5.25. Ainda em relação à aquisições da Bella 7 e da Ethicon pela Latam Investment o contribuinte assinalou importante aspecto quanto ao valor da operação e a sua contabilização: A Fiscalizada informa que as sociedades Bella 7, LLC e Ethicon EndoSurgery, LLC foram adquiridas pelo seu valor de mercado, que correspondia ao custo de investimento registrado pelo alienante. Todavia, muito embora estes valores fossem superiores ao Patrimônio Líquido das sociedades brasileiras, não houve registro de ágio quando da contabilização pela Latam Investment, das sociedades adquiridas. Ou seja, o valor pago por ambas foi registrado como custo de investimento, sem o desdobramento em Patrimônio Líquido e Ágio. A Fiscalizada esclarece que todas as anteriores detentoras da Bella 7, LLC e Ethicon EndoSurgery, LLC as registraram como custo de investimento, sem desdobramento em Patrimônio Liquido e Ágio. 5.26. Com base no apurado concluise que após as operações realizadas em 13/12/2005 e 16/03/2006 — e que foram empreendidas exclusivamente entre empresas do próprio grupo Johnson & Johnson —, o valor total do custo dos investimentos na Bella 7 e na Ethicon, antes registrado na Johnson Corporate por US$24.549.865,00 passou a ser registrado na Latam Investment por US$1.575.477.384,00. Ressaltese que esse valor era registrado Fl. 8202DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 13 12 apenas como custo, não tendo até então sido desdobrado em valor patrimonial dos investimentos e em ágio correspondente. 5.27. O contribuinte confirmou que os valores envolvidos nas operações realizadas foram fundamentados com base na expectativa de rentabilidade de exercícios futuros das empresas JJ Produtos e da JJ Comércio e os laudos foram elaborados pela Ernst & Young Assessoria Empresarial Ltda, datados de 01/01/2006 e tinha como database 30/09/2005. 5.28. Pouco após as aquisições da Bella 7 e da Ethicon pela Latam Investment, tais sociedades recémadquiridas foram dissolvidas e liquidadas (em 29/06/2006 e 30/06/2006, respectivamente). Por conseqüência, as participações na JJ Comércio e na JJ Produtos passaram a ser detidas diretamente pela Latam Investment pelo valor equivalente a US$1.575.477.384,00. 5.29. Assim, após as dissoluções da Bella 7 e da Ethicon, o grupo passou a ter a seguinte conformação simplificada: 5.30. Em setembro de 2006, a Latam Investment e JJ Industrial constituíram no Brasil a JJ Administração. O capital social da sociedade então constituída foi integralizado basicamente mediante a conferência a valor de mercado das quotas que a Latam Investment detinha da JJ Produtos e da JJ Comércio, cujos custos de aquisição foram desdobrados em valores patrimoniais e ágios. 5.31. É importante ainda destacar que quando da integralização de capital da JJ Administração com as participações então detidas pela Latam Investment na JJ Produtos e na JJ Comércio, desdobrouse na sociedade recém constituída o valor total de Fl. 8203DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 14 13 R$3.369.631.028,00 (correspondente ao montante de US$1.575.477.384,00 registrado na Latam Investment como custo de aquisição) em valores patrimoniais dos investimentos e em ágios correspondentes. 5.32. O contribuinte indagado acerca da motivação extratributária para a constituição da JJ Administração assim justificou sua existência em resposta datada de 04/04/2011 (Doc. 32), in verbis: (..........), a empresa JJBr Latam foi constituída para proceder análises (estudos) de ações necessárias para a otimização das atividades do Grupo Johnson & Johnson ("Grupo") no Brasil, o que passou a ser ainda mais estratégico para o Grupo após a inserção do Brasil na estrutura do IFSC. O objetivo desta sociedade era analisar o modelo organizacional das entidades legais brasileiras, identificando e potencializando oportunidades de redução de custos e de aumento de produtividade entre os negócios locais (Consumer, Phamnaceutical e Medicai Devices & Diagnostics), e efetivamente implementar um novo modelo organizacional e operacional para o Grupo, de maneira a obter o máximo desempenho em todas as atividades desenvolvidas. (.....................) A função desta sociedade no desenvolvimento das analises e implementação do novo modelo organizacional se justifica pelo fato de que tal objetivo seria melhor alcançado se (sic) houvessem pessoas exclusivamente dedicadas a este mister em uma estrutura de governança unificada. Neste contexto, pessoas que ocupavam cargos nas sociedades operacionais foram transferidas para a JJBr Latam, sendo que os administradores das sociedades operacionais passaram a constituir o Conselho de Administração desta nova sociedade.(..........) Além disso, a constituição de uma holding para tal fim teve função estratégica, pois as atividades foram desenvolvidas em ambiente de sigilo, com a contratação de consultorias e profissionais especializados. Não fosse assim, o sigilo poderia não ter sido atingido, pois os profissionais das empresas operativas teriam maior possibilidade de acesso aos resultados dos estudos, os quais, por sua natureza extremamente sensível e estratégica, não poderiam vazar, não só entre os negócios, como também aos concorrentes.(..........). 5.33. Após pouco mais de um ano desde a constituição da JJ Administração o grupo sofreu nova reestruturação societária no Brasil, que culminou com as sucessivas incorporações (no mesmo dia) da própria JJ Administração e da JJ Comércio pela JJ Produtos. A fiscalização reproduz no TVF as alterações do Contrato Social da JJ Produtos. 5.34. Ainda em relação à constituição da JJ Administração e sua subseqüente incorporação pela JJ Produtos, o contribuinte assim de manifestou: Fl. 8204DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 15 14 Antes de mencionar sobre os motivos ou fins do evento de incorporação, a Fiscalizada entende necessário, para melhor entendimento dos fatos, reportarse ao ano de 2005, ocasião em que as empresas do grupo domiciliadas no Brasil (Johnson & Johnson Comercio e Distribuição Ltda. CNPJ 61.192.571/000160, Johnson & Johnson Produtos Profissionais Ltda. CNPJ 54.516.661/000101, JanssenCilag Farmacêutica Ltda CNPJ 51.780.468/000187 e Johnson & Johnson Industrial Ltda. CNPJ 59.748,988/000114) passaram a ser detidas por empresa domiciliada na Irlanda. A transferência dos investimentos brasileiros para a entidade Irlandesa permitiu uma reestruturação operacional, a qual, dentre outros propósitos, objetivou a inclusão das operações brasileiras no Centro de Serviços Financeiros Internacionais ("International Financial Services Center IFSC"), Neste contexto da reestruturação internacional, o Grupo Johnson & Johnson constituiu no Brasil a empresa JJBR LATAM ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA com o propósito de conduzir localmente uma reestruturação empresarial com o objetivo de incrementar a eficiência das empresas do Grupo. Destacase que, conforme o Anexo 8, especialmente da leitura do artigo 4a do "Instrumento Particular de Constituição de Sociedade Empresarial Limitada" dessa empresa, podese verificar que ela tinha como objeto social, além de participar como acionista ou sócia de quaisquer sociedades dos ramos de negócios de interesse do Grupo no Brasil e/ou no exterior: (.....................) Ainda, a empresa JJBR LATAM ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTD. teve como objeto social a prestação de serviços de consultoria gerencial aos sócios estrangeiros e o reporte dos resultados dos estudos, análises e ações necessários para o bom desenvolvimento e otimização das atividades dos investimentos no Brasil, visando subsidiar futuras decisões e deliberações quanto à reorganização dos negócios no Brasil. Sobre a prestação de serviços de consultoria gerencial, a Fiscalizada apresenta no Anexo 10 a cópia do contrato de exportação de serviços, no qual constam o objeto e outras disposições quanto à atividade empresarial exercida. (......................) 5.35. E decorrência das incorporações da JJ Comércio e da JJ Administração pela JJ Produtos, o ágio originado do desdobramento do custo total de aquisição registrado na Latam Investment quando da integralização de capital na JJ Administração com as participações na JJ Produtos e na JJ Comercio passou a ser fiscalmente amortizado pela JJ Produtos, sob o suposto manto do artigo 386 do Decreto n° 3000/ 99 (Regulamento do Imposto de Renda — RIR/99). Fl. 8205DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 16 15 DA INDEDUTIBILIDADE DOS ENCARGOS DE AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO INTRAGRUPO 5.36. Quando da constituição da JJ Administração, seu capital social foi praticamente todo integralizado pela Latam Investment por meio das participações por esta detidas, avaliadas a mercado, na JJ Produtos e na JJ Comércio. O valor total integralizado pela Latam Investment alcançou R$3.369.631.028,00, que coincidiu com o custo de aquisição de tais investimentos então registrados nesta sociedade estrangeira (que correspondia a US$1.575.477.384,00). Os valores individualizados das participações foram o seguinte: 5.37. Neste ponto a fiscalização faz uma descrição detalhada das contabilizações dos ágios e de suas amortizações e informa as linhas das DIPJ’s em que foram registradas. Abaixo estão demonstrados os montantes dos encargos de amortização dos ágios relativos à JJ Comércio e à JJ Produtos que reduziram as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL: 5.38. No anocalendário de 2009, a JJ Produtos teve o seu patrimônio parcialmente absorvido pela sociedade Versoix Participações Ltda, CNPJ: 11.218.372/000105, em virtude de cisão parcial realizada em 01/12/2009 (Doc. 40). Em razão de tal operação, a JJ Produtos apresentou duas DIPJ relativas ao anocalendário de 2009: a primeira delas — de situação especial, tendo como evento exatamente a aludida cisão parcial — abarcando o período compreendido entre 01/01/2009 e 01/12/2009; já a segunda, contemplando o período entre 02/12/2009 e 31/12/2009. 5.39. Sob a perspectiva da legislação tributária federal (artigo 20, incisos I e II, do DecretoLei nº 1.958/77) o ágio pode emergir da aquisição de um investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial, constituindo um desdobramento do custo de aquisição da operação. 5.40. “O que importa para a investigação a ser aqui realizada é que o suposto ágio decorreu apenas e tão somente de operações envolvendo sociedades de que estavam sujeitas a um mesmo controlador. É necessário ainda sobrelevar que tais sociedades Fl. 8206DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 17 16 (que estão identificadas dentre aquelas do Demonstrativo 1) possuíam capital detido exclusivamente por pessoas jurídicas do grupo econômico. Assim, sequer se pode cogitar a existência de sócios minoritários das pessoas jurídicas participantes das operações societárias de interesse que sejam "externos" ao grupo empresarial Johnson & Johnson, como já exposto na conclusão do parágrafo 53”. 5.41. “As avaliações econômicofinanceiras da JJ Produtos e da JJ Comércio — constantes nos relatórios já referidos — foram assentadas em informações subjetivas confiadas pelas próprias sociedades avaliadas à empresa responsável pelas mensurações. Não houve qualquer validação pelo mercado de tais avaliações, como é de se esperar em uma transação envolvendo partes independentes. Ambos os relatórios apresentados confirmam a não ratificação pelo mercado dos valores justos então apurados, conforme observação da própria empresa avaliadora constante no item "Considerações Gerais" dos indigitados documentos (.............). 5.42. “Logo, em uma transação intragrupo que tenha por objeto uma participação societária, existindo ou não transferência de recursos, não há justificativa para a mudança de base de avaliação do investimento. O suposto preço da operação, que não foi fruto de uma legítima validação pelo mercado, não pode ser assumido como uma confiável avaliação econômica do investimento supostamente adquirido, visto que unilateralmente determinado”. 5.43. “A manutenção do registro desse custo de aquisição decorrente da transação entre partes independentes se impõe porque, em regra, o critério adotado como base de valor na mensuração contábil de ativos e passivos, em condições normais de continuidade de uma empresa, é o custo histórico. O Conselho Federal de Contabilidade o consagra como princípio contábil, como se extrai da redação original dos artigos 1o e 7o da Resolução CFC n° 750/93 (publicada no Diário Oficial da União de 31/12/1993), então vigente até 02/06/2010, data da publicação no Diário Oficial da União da Resolução CFC n° 1.282/10, que a atualizou e consolidou seus dispositivos (à época do surgimento do ágio intragrupo aqui discutido, vigia a redação original da Resolução CFC n° 750/93)”. 5.44. É tão sedimentado o entendimento contábil de que o ágio intragrupo fundamentado em rentabilidade futura não se qualifica como ativo que, mesmo hoje, após a profunda modificação por que passou a contabilidade brasileira, o Conselho Federal de Contabilidade, no item 50 da Resolução CFC n° 1.157/09 dispôs que esse ágio só pode ser reconhecido se adquiridos de terceiros. 5.45. “(...........)como se infere das respostas fornecidas pelo fiscalizado e transcritas nos parágrafos 78 e 79 o grupo econômico claramente visou a afastar a aplicação do artigo 26 da Lei n° 10 833/2003 que estabelece a incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido por residente no exterior que aliene bens localizados no Brasil nas situações em que o adquirente esteja domiciliado no Brasil ou mesmo no exterior. Por meio dessa manobra o grupo intentou eliminar o elemento de conexão com o Brasil que permitisse que a legislação tributária brasileira alcançasse o ganho de capital apurado no exterior Se as transações realizadas no exterior tivessem como objeto as participações na JJ Produtos e na JJ Comércio poderseia aventar a hipótese de se exigir com fulcro no ventilado dispositivo da Lei n° 10 833/2003 a tributação sobre um suposto ganho de capital, a despeito de comprador e vendedor serem ambos residentes no exterior. Notese que tal interposição da Bella 7 e da Ethicon foi efêmera, mantendose somente durante o curto período compreendido entre o final Fl. 8207DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 18 17 de novembro de 2005 (ver parágrafos 56 a61) e junho de 2006 (ver parágrafo 81). Após a alteração da base de avaliação dos investimentos, tais sociedades foram simplesmente dissolvidas e liquidadas”. 5.46. “A JJ Administração foi constituída com a função de carrear o ágio intragrupo à JJ Produtos. Atentese, no entanto, que mais do que carrear o pretenso ágio à JJ Produtos, a JJ Administração serviu de instrumento para "internalizar" no Brasil o ágio intragrupo então registrado na Latam Investment. Sem a previa integralização de capital da JJ administração com as participações na JJ Comércio e na JJ Produtos, aliada ao desdobramento e correspondentes custos de aquisição — que já estavam "inflados" pelo ágio intragrupo —, tal qual prevê o artigo 20 do Decretolei nº 1.598/77, o grupo empresarial não conseguiria seu verdadeiro intento, que era a redução da carga tributária da JJ Produtos por meio da amortização do suposto ágio”. 5.47. “As características anteriormente expostas — verificadas no caso do grupo Johnson & Johnson — apenas corroboram a conclusão de que transações intragrupo desse jaez são artificialmente arquitetadas e conseqüentemente desprovidas de propósito negocial, sendo motivadas exclusivamente pela (ilícita) dedutibilidade tributária da amortização do ágio intragrupo”. 5.48.“Por todas as razões expostas, impõese realizar o presente lançamento de oficio do IRPJ e da CSLL, procedendose à necessária recomposição de suas bases de cálculo com os encargos de amortização dos ágios intragrupo ilicitamente deduzidos pelo fiscalizado (conforme montantes discriminados no Demonstrativo 16)”. DO NÃO ATENDIMENTO ÀS CONDIÇÕES LEGALMENTE IMPOSTAS QUE AUTORIZAM A DEDUTIBILIDADE DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO 5.49. Além destas razões expostas a indedutibilidade fiscal da amortização do ágio também se justifica pelo não atendimento aos requisitos exigidos pela legislação que rege a matéria. 5.50. A Lei nº 9.532/97 apenas estabeleceu regras para o aproveitamento fiscal do ágio pago naquelas situações em que ele não pode ser recuperado na determinação do ganho de capital apurado na alienação ou liquidação do investimento que lhe deu causa. 5.51. No que tange ao imposto de renda, a regulamentação infralegal das disposições dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97 se deu por intermédio do artigo 386 do Decreto nº 3.000/99. Este artigo estabelece que a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio poderá amortizar o valor cujo fundamento seja o de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. Esta amortização poderá ser feita nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. 5.52. Para a garantia da dedutibilidade da amortização do ágio estabelecida pelos artigos 7o e 8o da Lei n° 9.532/97 é imprescindível que a pessoa jurídica que de fato Fl. 8208DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 19 18 suportou o pagamento do ágio na aquisição de uma participação societária incorpore tal sociedade adquirida, ou seja, por ela incorporada. E isso se justifica pelo fato de a citada lei ter regulado a dedutibilidade do ágio exatamente nas situações em que o investidor se confunde com o próprio investimento. Como já dito anteriormente, caso isso não aconteça, é possível a recuperação do capital investido no pagamento do ágio quando da alienação da participação. 5.53. No caso em discussão a empresa JJ Administração operou como “empresaveículo”. A própria informação prestada pelo fiscalizado apenas confirma que o ágio efetivamente não surgiu na constituição da JJ Administração, e portanto, não decorreu dessa operação. Tivesse o ágio despontado neste momento, a Latam Investment teria apurado um simultâneo ganho de capital tributável no Brasil. O ganho de capital nada mais é que a "outra face" do ágio e espelha a perspectiva da "outra ponta" da transação: se alguém paga ágio, o outro apura ganho. 5.54. Pelo apresentado, ficou demonstrado que a dedutibilidade tributária da amortização do ágio pelo fiscalizado não encontra guarida na legislação que rege a matéria. DA MULTA QUALIFICADA 5.55. Diante das informações reunidas no curso do procedimento fiscal resta inafastável concluir pela subsunção dos fatos caracterizadores da infração ora apontada ao artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/96 que veicula a qualificação da multa de ofício aplicável sobre créditos tributários objeto de lançamento de ofício. 5.56. “O sujeito passivo deliberadamente se utilizou da dedução de encargos de amortização do ágio gerado intragrupo para reduzir ilicitamente suas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. É certo, ainda, que foram compactuadas operações entre pessoas jurídicas do mesmo grupo, tendo por objetivo único reduzir as bases tributáveis do IRPJ e da CSLL da JJ Produtos”. 5.57. “Para tanto, o grupo verdadeiramente modificou a base de avaliação de seus investimentos na JJ Produtos e na JJ Comércio (de US$24.549.865,00 para US$1.575.477.384,00) por meio de operações manipuladas exclusivamente entre sociedades do próprio grupo Johnson & Johnson”. 5.58. “O objetivo estritamente tributário dessas operações fica ainda mais evidente ao se levar em conta que a interposição da Bella 7 e da Ethicon durou aproximadamente seis meses, tempo necessário apenas para afastar a tributação no Brasil do ganho de capital auferido em função das transações que materialmente envolveram as participações em sociedades brasileiras”. 5.59. Depois das manobras “como real objetivo "internalizar" o ágio artificialmente gerado em decorrência de operações societárias tramadas exclusivamente entre empresas do grupo Johnson & Johnson, o sujeito passivo após promover operações societárias (incorporações) também intragrupo no Brasil visando unicamente a ultimar o preenchimento das condições previstas nos artigos 7º e 8º da Lei n° 9.532/97 — passou a amortizar tal ágio e conseqüentemente a reduzir os seus resultados fiscais”. Fl. 8209DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 20 19 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA HYPERMARCAS 5.60. Em 01 de dezembro de 2009, foi realizada a cisão parcial do patrimônio da fiscalizada para imediata incorporação ao patrimônio da “Versoix Participações Ltda”. Em 01 de fevereiro de 2011, a Versoix foi extinta por incorporação pela “Hypermarcas S.A”. No Termo de Verificação estão reproduzidas as decisões tomadas nas Assembléias e as alterações realizadas nos contratos sociais. 5.61. Para discorrer sobre a responsabilidade tributária da Versoix pelos créditos ora constituídos é oportuno destacar o que prevê o artigo 132 do CTN, in verbis: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. 5.62. Cumpre ressaltar que a cisão não consta expressamente dentre as operações discriminadas no artigo 132 do CTN. Porém, esta omissão é justificável, haja vista que à época da edição do Código Tributário Nacional a cisão ainda não era estritamente prevista na legislação comercial, o que só viria a ocorrer com a publicação da Lei nº 6.404/76. Contudo, é inegável que a cisão também caracteriza uma modalidade de "mutação empresarial", razão pela qual deve receber o mesmo tratamento jurídico dado às demais espécies de sucessão. 5.63. No âmbito federal, é certo ainda que o artigo 5º, inciso III, do Decreto lei nº 1.598/77, prevê que responde pelos tributos a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida. Vale ressaltar que os fatos conduzem a imputar responsabilidade tributária à Versoix com base no artigo e inciso mencionado, como também em seu § 1º, alínea b. 5.64. Especificamente em relação ao IRPJ, o artigo 207 do RIR/99 expressamente atribui responsabilidade tributária solidária entre a sociedade cindida e aquela que absorver parcela de seu patrimônio. 5.65. Ao estabelecer o limite dessa responsabilidade, assim dispõe o artigo 129 do Código Tributário Nacional: SEÇÃO II Responsabilidade dos Sucessores Art. 129. 0 disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição a data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas ate a referida data. Fl. 8210DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 21 20 5.66. Também em relação ao imposto de renda, o artigo 209 do RIR/99, como não poderia deixar de ser, dispõe sobre a limitação da responsabilidade quanto aos créditos relativos às obrigações tributárias posteriores ao ato sucessório. 5.67. Cabe ressaltar que a responsabilidade se estende também às multas fiscais, porquanto ambas as sociedades (cindida e cindenda) estavam sob controle comum antes do evento. Também não pode ser negado e, tampouco se pode refutar que, na acepção técnica, os créditos tributários abarcam não apenas os tributos, mas também eventuais multas cominadas ao sujeito passivo infrator. Destarte, a despeito do artigo 132 do CTN se referir apenas a tributos, sem alusão a penalidades aplicáveis, à luz de nosso ordenamento jurídico, a interpretação sistemática do dispositivo conduz inegavelmente à conclusão de que a responsabilidade dos sucessores também alcança as sanções imponíveis aos sucedidos. 5.68. Desse modo, restou comprovado que a Versoix se tornou responsável solidária pelos créditos tributários (os quais alcançam não só os tributos, mas também as correspondentes multas) da JJ Produtos, no que tange a obrigações tributárias anteriores à cisão. 5.69. Em 01 de fevereiro de 2011, a Versoix foi extinta por incorporação pela Hypermarcas S/A. Por força dos já mencionados dispositivos legais (artigo 132 do CTN e artigo 5º do Decretolei nº 1.598/77) a Hypermarcas, por força da incorporação, passa a responder solidariamente por todos os tributos federais em que a Versoix figurava como sujeito passivo tributário, não só na condição de contribuinte, mas também na de responsável tributário. 5.70. Em decorrência do exposto, concluise que a Hypermarcas responde solidariamente pelos créditos tributários constituídos contra a J J Produtos, na qualidade de sucessora por incorporação da Versoix, cuja responsabilidade tributária decorreu de cisão parcial da JJ Produtos, seguida de incorporação do patrimônio cindido. RETIFICAÇÃO DO LALUR 5.71. “Haja vista as infrações tributárias apontadas neste Termo de Verificação Fiscal fica a JJ Produtos intimada a efetuar as devidas retificações em seus Livros de Apuração do Lucro Real (Lalur) relativos aos anoscalendário de 2007 a 2010”. IMPUGNAÇÃO 6. A Empresa tempestivamente apresentou impugnação protocolada em 09/01/2013 contestando a lavratura dos Autos de Infração, nos seguintes termos, resumidamente. OS FATOS Fl. 8211DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 22 21 Breve histórico sobre o grupo Johnson & Johnson e início do Projeto “Business Integration” 6.1. Abaixo reproduzo parte do apresentado pela Impugnante com respeito ao projeto “Business Integration”: A partir do anocalendário de 2005, visando otimizar sua estrutura operacional, administrativa e gerencial, o grupo Johnson & Johnson passou a discutir possíveis alternativas para a reorganização de suas atividades, incluindo, dentre outros pontos, a centralização de centros de custo e de tesourarias sob a empresa irlandesa Johnson & Johnson International Financial Services Company ("IFSC"); e a criação de centros de prestação de serviços compartilhados ("CSCs") na América Latina. Como será comentado adiante, a IFSC era uma sociedade holding que desempenhava serviços administrativos de natureza financeira para todo o grupo Johnson & Johnson, centralizando pagamentos (administração de caixa) e concentrando as atividades de tesouraria em geral, facilitando os fluxos financeiros entre as diversas empresas do grupo. A IFSC, antes da implementação do Projeto "Business Integration", já administrava recursos financeiros de subsidiárias do grupo Johnson & Johnson localizadas na Europa, como ocorria, por exemplo, na Itália, na Polônia, na Hungria, na Eslováquia e na República Tcheca. Já a criação dos CSCs visava concentrar, sob uma entidade centralizadora, atividades administrativas do grupo Johnson & Johnson que, até então, vinham sendo desenvolvidas pelas subsidiárias latinoamericanas de forma descentralizada, gerando custos desnecessários e criando ineficiências administrativas para o grupo. Assim, o presente caso deve ser analisado no contexto acima, qual seja, o de um processo de reorganização internacional das atividades do grupo Johnson & Johnson. De fato, o chamado Projeto "Business Integration" não envolveu apenas sociedades brasileiras, como equivocadamente assumiu a D. Fiscalização, tendo sido também implementado na Argentina, no Uruguai, no Chile, no Paraguai, na Venezuela, na Colômbia, no Equador, no Peru, no Caribe e no México, conforme o cronograma abaixo(.............). (.................) A partir dessas informações, podese desde já concluir que a premissa adotada pela D. Fiscalização no presente caso é descabida, na medida em que, se a intenção do grupo Johnson & Johnson fosse apenas a de suprimir tributos no Brasil, como pretende fazer crer a D. Fiscalização, seria ilógico supor que o grupo Johnson & Johnson estruturaria um projeto de nível Fl. 8212DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 23 22 mundial, envolvendo tantas jurisdições e empresas distintas, ao longo de mais de dois anos. Outra questão que deve ser destacada e que deve orientar a análise dos fatos que passarão a ser descritos a seguir é que, sendo a JJ US uma companhia aberta com ações negociadas em Bolsa de Valores e sujeita a avaliações, tanto por parte de agências classificadoras de riscos, quando pela própria comissão de valores mobiliários norteamericana (Securíties and Exchange Commission " SEC"), as operações efetuadas entre empresas do grupo Johnson & Johnson deveriam ser realizadas em condições de mercado, como se efetuadas entre partes independentes. (.................) Com a transferência da participação detida pela JJ US nas sociedades brasileiras para a holding Latam Investment foi concluída a primeira etapa do Projeto “Business Integration”. Passouse à etapa seguinte da reestruturação. À época (setembro de 2006) o grupo não sabia ainda ao certo se a forma mais eficiente do ponto de vista organizacional era o da segregação de suas principais linhas de produção (farmacêutica, produtos médicohospitalares e consumo), ou integrar as diversas etapas dos processos produtivos de cada dessas sociedades. Para o exame dessas questões, com cautela absoluta com o sigilo das informações, o grupo JJ criou a JJ Adminstração, para a qual foram transferidos os principais Diretores de cada uma das sociedades: JJ Comércio; JJ Produtos; JJ Industrial e Janssen BR. A JJ Administração possuía real substância, empregados, receitas, despesas e operações próprias e teve duração superior a um ano, de modo que as alegações da fiscalização de que essa sociedade seria um mero veículo para internalizar ágios não encontram respaldo fático. Para comprovar tais fatos são apresentados documentos. O início da etapa brasileira do Projeto ocorreu com a contribuição das quotas detidas pela Latam Investment na JJ Comércio e na JJ Produtos em aumento do capital da JJ Administração pelos exatos valores que a Latam Investment tinha praticado na sua aquisição, ou seja, a valor justo de mercado (arm’s length). A JJ Administração adquiriu quotas da JJ Comércio e da JJ Produtos a valores justos de mercado, pagando essa aquisição por meio da entrega de quotas de capital social de sua emissão. A própria legislação fiscal reconhece que a contribuição de participação societária em aumento de capital social de uma sociedade constitui, para essa sociedade que recebe o investimento, uma verdadeira forma de aquisição. Fl. 8213DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 24 23 A JJ Administração ficou obrigada pela legislação em vigor a registrar o investimento (controladas) pela método da equivalência patrimonial, desdobrando o seu custo em: valor do patrimônio líquido e ágio. São também descabidas as alegações da fiscalização de que, pelo fato de a operação em questão ter se dado entre empresas ligadas ao grupo Johnson, os laudos de avaliação preparados pela empresa independente Ernst & Young não poderiam ser aceitos, já que não teriam sido "testados pelo mercado". As discussões, por mais de um ano, das possíveis alternativas para otimizar os processos produtivos e da estrutura administrativa das principais sociedades do grupo JJ no Brasil produziram longos e detalhados estudos que a Impugnante pede vênia para colacionar ao presente processo. A esse respeito, cabe notar que a Impugnante chegou a detalhar todas essas deliberações da JJ Administração para a fiscalização ao longo do procedimento de fiscalização, mas que, para a surpresa da Impugnante, não levou em consideração essas informações na análise do presente caso. Em 31/10/2007, após mais de um ano avaliando as possíveis alternativas para maximização de eficiências administrativas no Brasil, o grupo Johnson & Johnson deliberou uma série de providências quanto à integração total ou parcial dos diversos processos internos dessas sociedade (..............). Com isso, foi realizada uma série de mudanças no grupo JJ, dentre as quais se destacam as seguintes: (i) JJ produtos passou a chamar JJ do Brasil Ind. e Com. de Produtos para a Saúde Ltda., ora Requerente; (ii) cisão parcial da Janssen BR. A parcela farmacêutica foi mantida, ao passo que a linha de comércio e distribuição foi incorporada pa JJ Prudutos (Requerente); (iii) incorporação da JJ Comércio pela JJ Produtos (Requerente) para concentrar todas as atividades de comércio e distribuição do grupo JJ e (iv) com a segregação das linhas de produção do grupo e a conclusão da integração de seus processos administrativos internos, a JJ Administração, cuja denominação passara a ser JJBR Latam Administração de Investimentos e Participações Ltda. (JJBR Latam) foi incorporada pela JJ Produtos (Requerente). Notese que o Projeto "Business Integration" trouxe mudanças tão marcantes para as operações do grupo Johnson & Johnson no Brasil, que chegou a ser destaque de duas matérias jornalísticas publicadas no jornal "Valor Econômico", de 4/4/2007 (docs. nº 51 e 52), das quais a Requerente pede vénia para destacar os seguintes trechos: (.............). (...................) Como se pode notar, não houve atos artificiais ou que visassem burlar a legislação fiscal brasileira nas operações acima, como equivocadamente supôs a D. Fiscalização em seu Termo de Fl. 8214DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 25 24 Verificação. Cada uma das operações acima está suportada em documentação hábil e idônea, devidamente registrada nos órgãos oficiais conforme a regulamentação em vigor. A esse respeito, é importante enfatizar especialmente que essas operações foram motivadas por razões empresariais não tributárias, que são precedentes e independentes de qualquer efeito fiscal. (..................) ,O DIREITO 6.2. A Impugnante faz um resumo das operações realizadas e as razões, que inclusive já foram apresentadas acima, para contestar, no entender dela, a equivocada premissa adotada pela fiscalização de que o grupo JJ teria implementado uma “manobra”, sem qualquer propósito negocial e com o exclusivo fim de “iternalizar” um ágio “artificialmente” pago no exterior, e, assim, obter um benefício fiscal indevido no País. 6.3. Com base nos pontos apresentados, resta claro que não houve atos ilegítimos ou artificiais por parte da Impugnante nas operações em exame, mas apenas a implementação de operações motivadas por razões empresariais e não tributárias. 6.4. No entanto a fiscalização alega duas razões principais para proceder à glosa das despesas de ágio amortizadas, quais sejam: (i) o ágio registrado pela JJ Administração teria resultado da mera “internalização” de outro ágio que teria supostamente sido ocorrido pela sociedade Latam Investment no exterior, de forma que, não tendo havido a “confusão patrimonial” entre a Latam Investment e a Impugnante, o requisito legal de absorção de patrimônio exigido pela legislação nacional para a amortização de ágio não teria sido cumprido; e (ii) o ágio em questão supostamente não poderia ser amortizado em razão de ser caracterizar como um “ágio intragrupo”, o que no entender da fiscalização levaria à falta de confiabilidade. A não “Internalização” do ágio registrado pela JJ Administração 6.5. O primeiro ponto a ser aqui demonstrado é que o ágio registrado pela JJ Administração não foi “internalizado”, mas sim, decorreu da aplicação obrigatória do método da equivalência patrimonial por essa sociedade quando do recebimento da JJ Comércio e da JJ Produtos em aumento de seu capital social. 6.6. Somente se pode falar em “ágio” para fins do artigo 385 do RIR/99 quando se esteja diante da situação em que uma determinada sociedade, obrigada a avaliar investimento em controlada ou coligada pelo método de equivalência patrimonial, desdobra seu custo de aquisição nessa participação societária em valores de patrimônio líquido e ágio ou deságio. 6.7. Assim, o fato de a Latam Investment ter efetuado o pagamento do valor justo de mercado das sociedades brasileiras, posteriormente contribuídas na JJ Administração, não fez com que ela tivesse de registrar um "ágio" para fins do artigo 385 do RIR/99, mas Fl. 8215DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 26 25 apenas um "custo de aquisição", já que esse dispositivo legal não poderia obrigar essa sociedade no exterior. De fato, o conceito de ágio (ou deságio) conforme a legislação brasileira decorre da aplicação obrigatória do método de avaliação dos investimentos pela equivalência patrimonial às empresas Brasileiras. Contribuição è forma de aquisição 6.8. E nem se diga que o fato de a JJ Administração ter recebido esses investimentos em aumento de capital não poderiam ser equiparados a uma “aquisição” desses investimentos, para fins do artigo 385 do RIR/99. 6.9. Como visto, o artigo 7o da Lei 9.532/97, que serve de base legal do artigo 385 do RIR/99, estabelece que: "a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo 20 do DL 1.598/77, poderá amortizar o ágio nas condições estabelecidas nos parágrafos seguintes". 6.10. Do ponto de vista da JJ Administração, o recebimento das quotas da JJ Comércio e da JJ Produtos como contribuição em aumento de seu capital social funcionou como verdadeira "aquisição", para quaisquer fins de direito, inclusive do artigo 7° da Lei 9.532/97. 6.11. A aquisição de um bem ou direito pode se dar de várias formas, entre elas, compra e venda, permuta, recebimento de doação, de contribuição em aumento de capital, de dação em pagamento etc. 6.12. A esse respeito, é importante esclarecer que a conferência de bens em integralização de capital é ato de alienação/aquisição, conforme o artigo 3º § 3o da Lei n° 7.713/88, que determina a tributação dessa renda pelo Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. 6.13. Desse modo, constatase que o termo alienação corresponde a todo e qualquer ato que implique a transferência da propriedade de um determinado bem para outra pessoa. Nesse mesmo sentido já se pronunciou a própria RECEITA FEDERAL DO BRASIL (SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 288/2006). 6.14. Fica aclaro que a JJ Administração efetivamente adquiriu a JJ Comércio e a JJ Produtos para os fins do artigo 7o da Lei 9.532/97. O referido dispositivo não definiu forma específica pela qual uma participação poderia ser adquirida com ágio. Ou seja, o legislador não quis disciplinar apenas as aquisições feitas através de contratos de compra e venda ou de permuta de ativos, como equivocadamente supõe fiscalização. Ao contrário, todas as formas legais de aquisição são válidas para fins dessa previsão legal. Artigo 7º da Lei nº 9.532/97 – Aquisição foi feita com ágio Fl. 8216DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 27 26 6.15. Em decorrência do acima exposto, resulta que adquirir participação societária com ágio é uma questão factual e não uma questão interpretativa. Ao mencionar o artigo 20 do DL 1.598/77 no corpo do próprio artigo 7o da Lei 9.532/97, o legislador deixou claro que o ágio mencionado naquele dispositivo referese à diferença positiva entre o custo incorrido na aquisição de uma determinada participação societária e o seu correspondente patrimônio líquido. A avaliação das quotas contribuídas 6.16. O artigo 7º da Lei das S.A. dispõe que o capital social pode ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Porém, a legislação estabelece uma rígida disciplina para a contribuição de capital com bens que necessita de avaliação efetuada por três peritos ou empresa especializada. No caso específico, o valor das quotas objeto de integralização de capital da JJ Administração foi atestado com base nos estudos de avaliação econômicofinanceira da JJ Comércio e da JJ Produtos, preparados pela Ernst & Young, sendo cumprida a exigência legal. 6.17. Não encontra nenhum respaldo legal a afirmação da fiscalização de que a JJ Administração deveria ter avaliado os bens contribuídos pela Latam Investment (JJ Comércio e a JJ Produtos) considerando os correspondentes custos históricos das participações, ainda quando elas eram detidas diretamente pela JJ US. 6.18. Não existe nenhuma previsão na legislação societária ou fiscal que faça com que a avaliação de um bem contribuído em aumento de capital de determinada sociedade deva levar em consideração seu último custo quando negociado com terceiros. 6.19. O grupo JJ considerou para fins da contribuição da JJ Comércio e da JJ Produtos em aumento de capital da JJ Administração valores devidamente validados pelos laudos elaborados por empresa independente e especializada e, além disso, os valores atribuídos para a operação foram exatamente os mesmos que haviam sido pagos pela Latam Investment, seis meses antes. 6.20. Essa prática demonstra que o grupo JJ não pretendia obter nenhum ganho indevido com a operação em referência, mas apenas preservar os valores praticados nas aquisições feitas a valores justos de mercado. A obrigatoriedade de desdobramento do valor do investimento em patrimônio líquido e ágio 6.21. Nos casos de avaliação do investimento sujeito ao método de equivalência patrimonial, o artigo 385 do RIR/99 obriga a pessoa jurídica a desdobrar o custo de aquisição em valores do patrimônio líquido e o ágio ou deságio. 6.22. Foi o que fez a JJ Administração, quando adquiriu as quotas da JJ Comércio e JJ Produtos, na contribuição em aumento de capital feita pela Latam Investment. Desdobrou, em sua contabilidade, o custo de aquisição do investimento que passou a deter nessas sociedades em: (i) valor do patrimônio líquido e o (ii) ágio. Fl. 8217DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 28 27 A permissão legal para a amortização fiscal do ágio 6.23. O artigo 386, inciso III do RIR/99 (base legal, artigo 7º da Lei nº 9.532/97) prevê que: se uma pessoa jurídica que detenha participação societária registrada com ágio, com base na expectativa de rentabilidade futura da sociedade investida, vier a unificar seu patrimônio com o da sociedade investida por meio de incorporação, esse ágio passará a ser tratado como um ativo amortizável para fins fiscais na sociedade sobrevivente à incorporação, em um prazo mínimo de cinco anos. 6.24. Todos os itens enumerados pela fiscalização como obrigatórios a serem atendidos para a garantia da dedutibilidade fiscal da amortização do ágio, principalmente a que prevê que deve haver o encontro da participação societária adquirida e do ágio pago por tal participação em um mesmo patrimônio (confusão patrimonial) foram atendidos pela Impugnante. 6.25. Desse modo, não se chega à outra conclusão senão a de que os valores apurados a título de ágio pela Requerente são válidos e legítimos, de modo que seu aproveitamento, inclusive para fins fiscais, não poderia ser glosado pela fiscalização, como acabou ocorrendo no lançamento ora impugnado. A não vedação à amortização do ágio ora examinado 6.26. Outro fundamento utilizado pela fiscalização para desqualificar a validade e a legitimidade do valor do ágio ora discutido é o fato de ter sido, formalmente, originado de operações entre partes relacionadas. A Impugnante irá demonstrar de forma clara e inequívoca que apesar das operações possam ter ocorrido entre partes relacionadas, os efeitos desses mesmos fatos foram, em essência, os mesmos que teriam decorrido de uma negociação conduzida entre partes independentes. A não vedação à apuração de ágio em operações entre partes relacionadas 6.27. O mero fato de haver ágio decorrente de negociações realizadas entre partes relacionadas não pode implicar a indedutibilidade desses valores, se todos os requisitos previstos na legislação, notadamente, os artigos 385 e 386 do RIR/99 estão presentes, em entendimento que é corroborado pela doutrina e jurisprudência nesse sentido. 6.28. Embora a fiscalização não tenha mencionado de forma expressa em seu Termo de Verificação, a suposta invalidade do ágio apurado em operações entre partes relacionadas decorre de interpretação de normativos de natureza contábil, por exemplo, OfícioCircular/ CVM/SNC/SEP nº 01/2007 e Resolução CFC nº 1.157/2009. Fl. 8218DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 29 28 Os laudos de avaliação a validação dos preços praticados pelo grupo Johnson & Johnson 6.29. A Obrigatoriedade de as empresas negociarem a valores justos de mercado decorria não apenas de políticas internas do Grupo JJ, mas também da própria imposição da legislação norteamericana e da condição da JJ US de empresa listada em bolsa de Valores naquele país. 6.30. Importante ressaltar que a fiscalização não questionou o valor apurado pela Ernst & Young, que procedeu à avaliação do valor de mercado das subsidiárias do Grupo JJ no Brasil. Se a fiscalização não concorda com os laudos produzidos por empresa independente e especializada, ela deveria ter, no mínimo, apresentado outros estudos ou laudos de avaliação. A legislação brasileira sobre DDL e Preços de Transferência e a obrigatoriedade de negociar a valores de mercado 6.31. Como é de conhecimento geral, a legislação brasileira visa especialmente impedir que os preços praticados nas transações envolvendo pessoas jurídicas relacionadas não correspondam a valores de mercado. Exemplos dessa vedação são a aplicação das regras de Preços de Transferência e a aplicação das regras de Distribuição Disfarçada de Lucros ("DDL"). Nessas regras, a legislação tributária obriga que as operações sejam feitas a valor de mercado, justamente por envolver partes do mesmo grupo econômico. 6.32. Portanto, a fiscalização não poderia questionar o fato de a JJ Administração ter recebido bens avaliados a valor de mercado, quando de seu aumento de capital, somente porque dessa avaliação resultou a contabilização de parcelas de ágio. A negociação a valores justos de mercado entre partes relacionadas ressaltese, é uma atitude não apenas recomendada, por questão de transparência e neutralidade na condução dos negócios, mas também por imposição legal, sendo as regras de Preços de Transferência e de DDL dois exemplos que ilustram tal situação. A JJ Administração não era uma “empresaveículo” 6.33. A princípio, cabe esclarecer que a expressão “empresa veículo” quer dizer, que uma determinada sociedade é dita “de passagem”, ou seja, ela não tem nenhuma outra função além de servir de efêmero canal de transmissão de direitos no contexto considerado. 6.34. Não é o caso da JJ Administração, que havia sido constituída como sociedade holding, de forma que bastaria que o seu objeto social, fosse a participação, como sócia ou acionista, em outras sociedades. Porém, ela desde do início de suas atividades já contava com empregados, faturamento, receitas e despesas próprias, conforme evidenciam os documentos apresentados pela Impugnante. E, além disso, a JJ Administração também foi diretamente envolvida no processo de aquisição da divisão “Consumer Healthcare Business”, então detida pelo grupo Pfzer. Fl. 8219DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 30 29 6.35. E, ainda que assim não fosse, o que se admite apenas para argumentar, em recentes julgamentos o CARF consignou expressamente que a utilização de sociedades veículo não tem o condão de, por si só, invalidar as transações das quais decorra o aproveitamento fiscal do ágio. 6.36. Portanto, está demonstrado o absoluto descabimento da acusação feita pela fiscalização, no sentido de que a JJ Administração seria considera como mera empresa veículo e, com isso, as despesas de ágio amortizadas seriam ilegítimas. Outras questões apontadas pela fiscalização 6.37. Além dos pontos acima tratados a fiscalização aduz ainda outros pontos de questionamento que têm por objetivo desqualificar as operações realizadas. A seguir a Impugnante passará a comentar a improcedência desses itens. 6.38. Um dos pontos subsidiariamente mencionados pela fiscalização refere se à questão envolvendo o pagamento de ganhos de capital no Brasil, quando da alienação de sociedades brasileiras no exterior. 6.39. No entanto, a legislação fiscal não condiciona a dedutibilidade das despesas de amortização de ágio a um pagamento prévio de Imposto sobre a Renda sobre eventual ganho de capital. 6.40. Em todo caso, uma vez que o tema não é objeto de questionamento específico da fiscalização, não cabe a ela invocar tal fato para tentar descaracterizar situação jurídica distinta, que é a amortização de ágio. Tratase de decorrência direta da chamada boafé objetiva, ou seja, validar o entendimento da fiscalização seria agir de maneira contraditória ao ordenamento jurídico. 6.41. A fiscalização tenta desqualificar a amortização do ágio com base em normas contábeis, especificamente a Resolução 1.157/09, que aprova o Comunicado Técnico CGT 02. A fiscalização destaca o item 50, segundo o qual só pode ser reconhecido o ativo intangível do ágio por expectativa de rentabilidade futura se o investimento for adquirido de terceiros. Porém, esta disposição somente pode ser levada em consideração para fins contábeis, e não fiscais. 6.42. Além disso, o ágio tratado nesta Resolução se refere ao “ágio gerado internamente” que no âmbito da “CVM” e no meio contábil, popularizouse com a publicação do OfícioCircular/ CVM/SNC/SEP nº 01/2007, e diz respeito exclusivamente a operações específicas de “reavaliação espontânea” de sociedades controladas e coligadas. 6.43. Concluise que houve um "custo de aquisição" incorrido na aquisição da JJ Comércio e da JJ Produtos, de modo que as disposições contábeis relativas a "ágio gerado internamente" não são aplicáveis ao caso em questão. 6.44. Além disso, a Resolução 1.157/09 somente entrou em vigor em 13/02/2009. A fiscalização também mencionou o artigo 7º da Resolução CFC nº 750/93 e, alega que este artigo menciona que somente seria admitido o custo histórico como base de valor para a mensuração de ativos e passivos. Porém esta Resolução não impossibilita o Fl. 8220DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 31 30 reconhecimento de ágio em aquisições verdadeiras e legítimas, ainda que realizadas entre partes relacionadas. 6.45. Aliás, aqui cabe fazer outra ponderação, no sentido de que as regras contábeis não podem ser invocadas pela fiscalização para gerar direitos ou deveres. A função da Contabilidade não é essa, sendo que, a determinação de quaisquer efeitos fiscais, deverá levar em conta a legislação fiscal aplicável, e não orientações diretivas de natureza não normativa. 6.46. A fiscalização também aponta uma suposta inconsistência com respeito à data de aquisição da Bella 7 e da Ethicon pela Latam Investment. Conforme consta do Contrato de Compra e Venda entre a Latam Properties e a Latam Investment a data de 28/04/2006, a que se refere a fiscalização, era a datalimite para a conclusão da transação. 6.47. Ao final do Termo de Verificação, a fiscalização tenta mais uma vez descaracterizar os efeitos fiscais da apuração, registro e amortização de ágio pela Impugnante lançando mão de dois exemplos, denominados pela fiscalização de "Enfoque 1" e "Enfoque 2". Confirase: (...) podese encarar a operação da qual resultou o pagamento do ágio pela Latam Investment (investidora/adquirente) sob duas perspectivas: (i) considerar que a operação de aquisição teve formalmente como objeto as participações na Bella 7 e na Ethicon (e, portanto, admitir que o ágio teve como fundamento a previsão de rentabilidade futura de tais sociedades estrangeiras) hipótese adiante referida como 'Enfoque 1'; ou (ii) assumir que as participações na JJ Produtos e na JJ Comércio (ainda que por intermédio de suas controladoras diretas Bella 7 e Ethicon) constituíram o real objeto da operação de aquisição, tendo o ágio se fundado na expectativa de rentabilidade das sociedades brasileiras hipótese a seguir identificada como 'Enfoque 2”. 6.48. Entretanto, com o devido respeito à fiscalização, tanto as premissas do "Enfoque 1" quanto do "Enfoque 2" são igualmente equivocadas, pois, como visto, o pagamento feito pela Latam Investment não foi o que gerou o ágio finamente amortizado pela Requerente e que é objeto destes autos. O ágio em referência somente surgiu como decorrência da aplicação do método da equivalência patrimonial pela JJ Administração quando da avaliação de suas controladas JJ Comércio e JJ Produtos. 6.49. A Impugnante faz um resumo dos julgados no CARF, de cada um dos casos semelhantes ao caso em discussão (Tele Norte, Santander, Gerdau) que tiveram decisões favoráveis aos contribuintes e, no caso da Mahle a decisão do Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários. 6.50. Na tentativa de aduzir elementos que possam corroborar suas alegações, a fiscalização menciona alguns casos julgados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, especialmente os Acórdãos n°s 130100.058, de 13.5.2009; 140201.080, de 14.6.2012; 120200.753, de 12.4.2012; 110300.501, de 30.6.2011; e 10196.724, de 28.5.2008. 6.51. Ocorre que, se examinados os fatos e as razões de Direito consubstanciadas em cada um desses Acórdãos, notase que o presente caso a eles em nada se assemelha, de modo que as conclusões daqueles casos não podem ser utilizadas pela Fl. 8221DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 32 31 fiscalização para descaracterizar as operações em exame. A Impugnante faz um resumo de cada Acórdão mencionado. 6.52. Embora o Auto de Infração ora impugnado se baseie no entendimento de que a operação realizada deveria ser caracterizada como prática "artificial", tendo em vista a suposta ausência de propósito negocial, não poderia a presente autuação fiscal desconstituir uma operação realizada em absoluta conformidade com a legislação em vigor, unicamente por conta das suas motivações econômicas. 6.53. Cabe lembrar que referida interpretação passou a ser adotada pelas autoridades fiscais a partir da edição da Lei Complementar n° 104/2001 que alterou o artigo 116, parágrafo único, do CTN. No entanto, da parte final do referido dispositivo notase que ele não é autoaplicável, mas depende de regulamentação por lei ordinária, a qual não ocorreu até o presente momento. 6.54. Assim, ainda que o caso em exame não estivesse revestido de propósito negocial, o que se admite apenas para argumentar, resta claro que a fiscalização não poderia pretender desconsiderar os negócios jurídicos aqui examinados apenas com base nessa infundada justificativa. MULTA QUALIFICADA 6.55. O Impugnante apresenta, quanto à multa qualificada, as seguintes alegações: Inocorrência de fraude, simulação ou dolo: (i) a fiscalização deve trazer provas inequívocas da ocorrência dos vícios previsto nos artigos 71 a 73 da lei nº 4.502/64, para aplicar a qualificação; (ii) a fiscalização sequer utiliza em seu Termo de Verificação os termos “simulação”, “fraude”, ou “dolo”; (iii) os elementos de prova apresentados, não permitem que se cogite de uma suspeita minimamente racional de fraude ou de qualquer conduta dolosa. Não se pode falar em “evidente intuito de fraude”; (iv) além de registrar todos os seus atos nos estritos termos da legislação em vigor, a Impugnante portouse ainda de forma exemplar durante a fase de fiscalização e disponibilizou todas as informações e documentos solicitados. Os elementos da penalidade tributária: a “teoria da imputação subjetiva” e o artigo 112 do CTN: (i) Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, ao dispor sobre a aplicação de sanções tributárias, o CTN encampa a chamada "teoria da imputação subjetiva", segundo a qual a aplicação de penalidade deve levar em consideração a conduta do contribuinte Fl. 8222DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 33 32 diante de um risco novo e injusto, e não apenas sob a perspectiva da mera ação materialmente realizada: (ii) Em outras palavras, para que reste configurada a hipótese de aplicação de uma penalidade, a fiscalização deve demonstrar a ocorrência de aspectos objetivos e subjetivos na conduta do contribuinte, sendo que somente após essa avaliação, podese decidir pela aplicação ou não da penalidade; (iii) Portanto, sob o ponto de vista da "teoria da imputação subjetiva" resta claro que a Requerente não incorreu em nenhum dos aspectos de ordem objetiva e subjetiva que permitissem a aplicação da penalidade qualificada; Erro de proibição e dúvida relevante: (i) Outro ponto que merece destaque no presente caso é o fato de que as operações autuadas pela fiscalização como inoponíveis à Administração Tributária eram, até a época dos fatos ora discutidos (2005), largamente reconhecidas como válidas pela jurisprudência administrativa: (ii) Assim, não se pode argüir simulação, fraude ou dolo; quando muito se poderia falar em "erro de proibição", pois, se é que havia qualquer ilicitude nas operações examinadas, o que se admite para argumentar, não havia ao menos conhecimento por parte da Requerente acerca dessa suposta ilicitude do negócio. É nesse sentido que tem decidido a jurisprudência administrativa: O princípio da proporcionalidade e o artigo 142 do CTN: (i) Por fim, importa notar que a aplicação de sanções deve sempre seguir o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, conforme o artigo 2º parágrafo único, inciso VI, da Lei 9.784/99, que rege supletivamente o processo administrativo fiscal; 6.56. Por todas as razões acima expostas, resta demonstrado o total descabimento da aplicação da multa qualificada de 150% à Requerente no presente caso, razão pela qual se pleiteia seu imediato cancelamento. JUROS 6.57. A taxa SELIC não pode ser aplicada aos créditos tributários e, se admitida a sua aplicação, só poderá incidir sobre o crédito tributário principal, não podendo recair sobre o valor da multa de ofício, que é penalidade e não tem natureza tributária. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. HYPERMARCAS Fl. 8223DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 34 33 7. A Empresa tempestivamente apresentou impugnação protocolada em 10/01/2013 ao “Termo de Sujeição Passiva Solidária” lavrado pela fiscalização, nos seguintes termos, resumidamente. 7.1. Como destacado no Termo de Verificação, em 17/12/2009 foi operada a cisão parcial da Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda. ("JJ Produtos"). A parcela cindida da "JJ Produtos" foi incorporada pela Versoix Participações Ltda. ("VERSOIX"). A parte cindida correspondia ao percentual de 0,05% do Patrimônio Líquido da "JJ Produtos", que, portanto, permaneceu exercendo (como ainda exerce) suas atividades. 7.2. A parte cindida correspondia apenas a uma parcela (e reduzíssima) da atividade da "JJ Produtos", qual seja, aos direitos e obrigações relacionados ao negócio “JONTEX”. Por outro lado, a "JJ Produtos" continuou com um capital de R$3.171.265.941,00 (três bilhões, cento e setenta e um milhões, duzentos e sessenta e cinco mil, novecentos e quarenta e um reais), tendo reduzido o seu Capital Social em apenas R$1.624.467,42 (um milhão, seiscentos e vinte e quatro mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e quarenta e dois centavos). Posteriormente, apenas em 17/02/2011, a "VERSOIX" foi adquirida pela Hypermarcas S. A., ora Impugnante. 7.3. Para justificar a responsabilização da Impugnante, a fiscalização aponta a existência de "dois eventos societários sucessivos (um relativo à cisão parcial da JJ Produtos seguida de incorporação do patrimônio cindido da Versoix, outro atinente à incorporação da Versoix pela Hypermarcas)”. 7.4 Com base nos artigos 123, 129 e 132 do Código Tributário Nacional, art. 5o do Decretolei n° 1.598/77 e art. 27 do RIR/99 entende a fiscalização que estaria autorizada a responsabilização solidária da Impugnante, no que refere a obrigações tributárias, inclusive multas e outros encargos moratórios, relativas a fatos ocorridos até a data da alteração societária. DO DIREITO Da Inconsistência Lógica da Coresponsabilização: Impossibilidade de Aplicação do Art. 132 do CTN 7.5. Contudo, a atribuição da responsabilidade pretendida pela fiscalização não poderá jamais prevalecer, pois: a) não houve encerramento das atividades da Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda., o que torna absolutamente inaplicável a responsabilidade preconizada pelo art. 132 do Código Tributário Nacional. Diferentemente do que ocorre na responsabilidade por solidariedade, na hipótese tratada no artigo 132 do CTN, a obrigação se transfere para outro sujeito em virtude do "desaparecimento" do devedor original. b) por força do artigo 233, parágrafo único, da Lei n° 6.404/76, e do "Protocolo e Justificação de Cisão Parcial e Não Proporcional Seguida de Incorporação", a Impugnante não tem qualquer responsabilidade no que concerne "às obrigações inerentes à parcela do patrimônio da J&J COMÉRCIO vertida para a VERSOIX"; Fl. 8224DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 35 34 c) inexiste norma tributária válida que atribua a responsabilidade tributária na cisão parcial, o que evidencia a injuridicidade da eleição a Impugnante como responsável tributária solidária. d) Ademais, e ainda que assim não fosse, certo é que a multa aplicada somente pode ser carreada ao sujeito passivo originário, ainda mais quando se considera tratar se de multa qualificada, que exige a constatação de um ato ilícito tipificado como doloso, o qual, como é cediço, não pode ser atribuído "por sucessão" a outrem. 7.6. A apresentação de inadequada motivação para o lançamento implica o cerceamento de defesa do sujeito passivo, pois impede que, à luz de uma acusação fiscal contraditória, possa ter conhecimento do que realmente está lhe sendo atribuído. 7.7. Em realidade, considerando a aquisição e incorporação da "VERSOIX" pela Impugnante, quando muito, poderseia, falar na responsabilidade subsidiária, por força do art. 133, II, do Código Tributário Nacional, mas jamais na sucessão com responsabilidade solidária preconizada pelo art. 132. 7.8. Com efeito, tratandose de pessoas jurídicas, a sucessão poderá se dar em decorrência das operações de fusão, transformação ou incorporação (artigo 132 do CTN) o qual não se aplica ao caso, como visto ou da aquisição do fundo de comércio ou estabelecimento comercial (art. 133 do CTN), sendo, nesta última hipótese, integral ou subsidiária a responsabilidade do adquirente, se a sociedade adquirida continuar ou não existindo. No caso, a Impugnante, após diversas operações societárias, acabou adquirindo parte do negócio da "JJ Produtos" que, como é cediço, permanece em atividade. 7.9. Na hipótese de cisão parcial, caso dos autos, o art. 229, § 1º, 1º parte, da Lei n° 6.404/76 prevê a existência de sucessão apenas quanto aos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão. 7.10. Como regra geral, o art. 233 do mesmo diploma legal prevê que a sociedade cindida que subsistir e as que receberem parte de seu patrimônio serão solidariamente responsáveis pela satisfação das obrigações da sociedade cindida anteriores à cisão (2a parte deste dispositivo). Contudo, nesta última hipótese o ato da cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si. No caso concreto, foi expressamente afastada no ato da cisão a responsabilidade solidária da "VERSOIX", sucedida pela Impugnante. 7.11. Os precedentes invocados pela fiscalização adotam como premissa os ensinamentos de SACHA CALMON NAVARRA COELHO que admite, "para evitar a elisão de tributos pela via do planejamento fiscal", a responsabilização no caso de cisão total ou parcial. Porém, o pressuposto desse entendimento é justamente que a cisão tenha como objetivo a elisão de tributos, o que, em absoluto, não se verifica no caso e, não é sequer cogitado pela fiscalização. 7.12. Resta evidente, portanto, que a pretensão de responsabilização da Impugnante, além de dissonante do próprio entendimento doutrinário e jurisprudencial invocado pela fiscalização, acaba mitigando os princípios da razoabilidade e Fl. 8225DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 36 35 proporcionalidade, principalmente quando considerado o minúsculo percentual da cisão relativamente ao patrimônio líquido remanescente da "JJ Produtos". 7.13. Mesmo que fosse aplicável a solidariedade a Impugnante não poderia responder também pela multa por infração tributária supostamente cometida pela empresa sucedida. Nos termos do caput do artigo 132 do CTN, o sucessor responde apenas pelos tributos devidos, jamais por multas de qualquer espécie. 7.14. Notese, aliás, que o termo "tributo" inserto no art. 132 do CTN não pode ser interpretado de forma extensiva para significar "penalidade", porque, de um lado, o art. 108, §1° do CTN, veda a utilização de analogia para gerar a incidência tributária, e porque, de outro lado, a interpretação de norma que veicule a imposição de penalidades deve ser interpretada, sempre, de forma restritiva. 7.15. Para justificar a responsabilização da Impugnante no que diz respeito à multa aplicada, a fiscalização sustenta que as pessoas jurídicas envolvidas estariam sujeitas "a controle comum ou pertencentes ao mesmo grupo econômico”. Porém, a empresa cindida ("VERSOÍX") foi integralmente adquirida e incorporada pela Impugnante, que, como é de público e notório conhecimento, não tem qualquer relação com a empresa autuada, Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda., e são pertencentes a grupos econômicos absolutamente distintos. 7.16. Por fim, e ainda que se pudesse admitir a responsabilização da Impugnante também pelas multas lançadas, certo é que, no caso presente, entendeu a fiscalização pela aplicação da "multa qualificada" de 150%, prevista no art. 44, I, §1°, da Lei n° 9.430/96 (com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007). 7.17. Contudo, certo é que este tipo de penalidade se caracteriza pela pessoalidade de sua imposição, ficando restrita ao âmbito da pessoa que praticou o ato ilícito, sendo absolutamente inadmissível estender seus efeitos para pessoa jurídica estranha aos fatos, mormente quando se considera o princípio da personalização da pena. 7.18. “Caso não sejam acolhidos os argumentos que evidenciam a impossibilidade de responsabilização da Impugnante, o que se admite apenas ad argumentandum, serve a presente para, no mérito, ratificar todas as alegações constantes da Impugnação apresentada por Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda”. Decisão da 3° Turma DRJ/SP1 Em decisão de 20/05/13, a 3° Turma DRJ/SP1, por unanimidade de votos, julgou Improcedentes as Impugnações apresentadas, mantendo o crédito tributário em sua integralidade, bem como, a responsabilidade solidária imputada à empresa HYPERMARCAS. Em apertada síntese, entendeu a DRJ que o aproveitamento do ágio se mostrou indevido, vez que: i) fora engendrada verdadeira engenharia societária cujo objetivo foi a criação de ágio intragrupo (ágio interno) Fl. 8226DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 37 36 ii) as duas empresas criadas no exterior Bella 7 e Ethicon, tiveram vida efêmera e finalidade única de servir de passagem para criação do ágio; iii) A empresa JJ Administração fioi criado apenas para transportar (empresa veículo) e internalizar no Brasil o ágio criado no exterior; iii) ausência de motivo autônomo (business purposes) de várias das etapas da reestruturação que não fosse a criação do ágio interno; iv) a Recorrente agiu de forma dolosa ao executar engenharia societária complexa com o intuito único de criar, artificialmente, ágio intragrupo, o que justificar a aplicação da multa qualificada de 150%; Além disso segundo a DRJ, justificada a responsabilização solidária da empresa HYPERMARCAS em relação à integralidade do crédito tributário, em decorrência da cisão ocorrida, pois: i) aplicável ao caso o disposto no art. 132 do CTN, ainda que o ter "cisão" não conste expressamente neste dispositivo como uma das hipóteses de responsabilização solidária; ii) a acepção de crédito tributário no CTN não se limita ao valor principal, mas abrange também os juros e penalidades; iii) a lei não prevê proporcionalização entre a responsabilidade pelo crédito tributário e o valor do patrimônio cindido. Recurso Voluntário Foram apresentados Recursos Voluntários tanto pela contribuinte, quanto pela empresa HYPERMARCAS, devedora solidária. Ambos os recursos ratificam e reforçam as alegações trazidas em sede de Impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 8227DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 38 37 Admissibilidade Os Recursos Voluntários apresentados pelo contribuinte e pelo devedor solidário são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, merecem ser conhecidos. Preliminar Insuficiência de julgadores na Turma Julgadora da DRJ Alega a Recorrente, em matéria preliminar, a insuficiência de membros julgadores ou justificação de ausência na Turma julgadora da DRJ. Fundamenta sua alegação, na Portaria do Ministério da Fazenda no 341/11 que em seu art. 20 dispõe que "as DRJ são constituída por Turmas Ordinárias e Especiais de julgamento, cada uma delas integrada por 5 (cinco) julgadores, podendo funcionar com até 7 (sete) julgadores, titulares ou 'pro tempore"'. Indo além, argumenta que o § 4° do artigo 15 prevê que nenhum membro da Turma da DRJ pode se abster de julgar um recurso, o que indicaria que todos os casos dos contribuintes deveriam, necessariamente, ser iulgados por, no mínimo, 5 membros da DRJ. Discordo do posicionamento da Recorrente e encontro fundamentação na própria Portaria 341/11, especificamente, em seu art. 13 que estabelece que somente quando presente a maioria dos membros da Turma, poderá haver deliberação. Além disso, o § 6º desta mesma Portaria, prevê que o Delegado da DRJ pode designar julgador ad hoc para participar de sessão específica em Turma de julgamento, visando garantir o quorum mínimo de 03 julgadores para a realização da sessão. Na decisão da DRJ destes autos, foram 03 os julgadores que participaram, assim, não me parece haver qualquer vício. A alegação de ausência de indicação dos julgadores ausentes não configura vício de forma da decisão da DRJ, até mesmo porque, bastaria comparar a lista de nomes dos participantes do julgamento com a composição completa da turma, para se chegar à identificação dos ausentes. Da mesma forma, a ausência de inclusão expressa da justificativa da ausência dos julgadores no corpo do acórdão, me parece simples questão de ordem interna, que em nada vicia o acórdão ou prejudica o contribuinte. Assim, afasto a preliminar argüida pela Recorrente. 16. Assim, diante da violação ao disposto na Portaria 341/11, a r. decisão recorrida padece de vício de forma, que implica na necessidade de seu imediato cancelamento por esse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Fl. 8228DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 39 38 Mérito Resumo dos fatos Para facilitar o início da análise de mérito do presente caso, é válido trazer uma síntese dos eventos: (i) Johnson Corporate (exterior) constitui as empresas Ethicon e Bella 7 (exterior) com as participações nas empresas JJ Produtos e JJ Comércio (Brasil), ambas com valor patrimonial de US$24,5 bilhões; (ii) A Johnson Corporate (exterior) vende a sociedade Bella 7 (exterior) para a Janssem Pharmaceutical (Irlanda) e a sociedade Ethicon (exterior) para a Johnson IFSC (Irlanda) em operações que somam US$1,2 bilhão; (iii) A Janssem Pharmaceutical (Irlanda) contribui, mediante a transferência de participação da sociedade, 100% da Bella 7 exterior) , na sociedade Johnson IFSC (Irlanda). (iv) A Johnson IFSC (Irlanda) vende as participações na Ethicon e na Bella 7 (exterior) para a Latam Properties (exterior) por US$1,5 bilhão; (v) A Latam Properties (exterior) vende as participações na Ethicon e Bella 7 para Latam Investment (exterior) por US$1,6 bilhão, momento em que a Ethicon e a Bella 7 são dissolvidas e, a Latam Investment (exterior) passou a controlar as empresas JJ Produtos e JJ Comércio (Brasil). (vi) A Latam Investment (exterior), em setembro de 2006, constitui a JJ Administração (Brasil) com integralização do capital mediante conferência a valor de mercado das cotas que detinha da JJ Produtos e JJ Comércio (Brasil), momento em que foi contabilizado o ágio em discussão. (viii) A JJ Administração e JJ Comércio foram incorporadas pela empresa controlada JJ Produtos, que passou a amortizar e deduzir o ágio. Pois bem, a análise de mérito deste complexo caso demandará a análise das seguintes questões: a) regras fiscais (leis) aplicáveis à dedução da amortização do ágio; b) ocorrência de internalização do ágio c) forma de aquisição dos investimentos d) aplicação ( e limites de aplicação) das normas contábeis ao caso em tela; e) possibilidade de amortização e dedução do ágio interno; Fl. 8229DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 40 39 f) dedutibilidade do ágio baseado em rentabilidade futura; g) necessidade de tributação de ganho de capital numa das partes; h) utilização de empresaveículo; i) existência e utilização de sociedades efêmeras; j) existência de propósito negocial business purpose; Das regras fiscais aplicáveis à dedução da despesa de amortização do ágio O ponto de partida para discussão da possibilidade de dedução da amortização do ágio ora em questão deve ser a análise das disposições legais aplicáveis ao caso. Avaliar o que diz a lei é condição primeira e indispensável no julgamento de qualquer questão que envolva o Direito Tributário Brasileiro, face a obrigatória observância do Princípio da Legalidade. No caso em tela, devemos avaliar os termos dos artigos 7° e 8° da Lei 9.532/97 que estão refletidos na redação dos artigos 385 e 386 do RIR/99, que assim dispõe: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1° O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento § 2° O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3° O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em Fl. 8230DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 41 40 demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior: ( ... ) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2° do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; ( ... ) § 7° Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2° deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado. Esta introdução baseada no texto legal é de suma importância, vez que, conforme veremos mais adiante, tanto na autuação quanto no acórdão ora recorrido, há intensa utilização de doutrina e normas contábeis. Contudo, não obstante o imenso respeito que nutro pela Ciência Contábil e pelos ilustres mestres da contabilidade, tenho que para a acertada conclusão sobre a possibilidade de dedução fiscal da despesa de amortização do ágio, devemos levar em consideração o que prevê a legislação tributária. Isso porque, a legislação tributária vigente à época dos fato não era silente quanto ao conceito de ágio e os requisitos para sua dedução, vez que trazia regras claras e até simples a respeito. Não é complicado. Não defendo aqui uma tese. É a simples aplicação do Princípio da Legalidade que rege do Direito Tributário Brasileiro. Feitas essas considerações iniciais, passo a avaliar cada um dos pontos relevantes relacionados ao caso ora em análise e, faço isso, sempre baseado na lei. Da internalização do ágio Um dos pontos discutidos nos autos é a acusação de que a ora Recorrente teria se aproveitado de ágio criado no exterior e que fora "internalizado" no Brasil através de Fl. 8231DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 42 41 uma série de operações perpetradas pela Recorrente que envolveu, inclusive, a utilização de empresaveículo. Neste ponto, cabe relembrar os conceitos trazidos pela legislação tributária em relação à conceituação do ágio. Conforme disposto no art. 385 do RIR/99, o ágio apurado em decorrência de aquisição de participação societária nada mais é que a diferença positiva entre o custo de aquisição da participação para o investidor e o valor contábil desta participação. Segundo nos ensina o Prof. Bulhões Pedreira (in Finanças e demonstrações financeiras da companhia, Ed. Forense, 1989, p. 704), o ágio é constituído pela diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido da empresa investida e, configurase como: "(...) parte do custo de aquisição do investimento que corresponde ao direito de participar em valores que não se acham registrados na escrituração de controlada ou coligada. Sempre que seu fundamento é identificado e quantificado, somente deve continuar registrado como elemento do ativo da investidora enquanto o valor que o justificou existir na controlada ou coligada. À medida que a controlada ou coligada realiza este valor e o computa no resultado, a investidora recupera (através da participação no resultado) o capital por ela aplicado no custo de aquisição do investimento; e se a controlada ou coligada realiza valor menor do que o pago pela investidora, esta deve reconhecer na sua escrituração a perda do capital aplicado." O DecretoLei n. 1.598/77, determinou o desdobramento do custo de aquisição dos investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial (MEP), em contas distintas do balanço patrimonial da investidora. Além disso, o art. 20 do mencionado DecretoLei obriga que a pessoa jurídica que adquirir participação societária avaliada pelo MEP deverá desdobrar o custo de aquisição do investimento em: i) valor do patrimônio líquido da época da aquisição e ii) ágio ou deságio pago na aquisição. Da leitura dos dispositivos acima mencionados, podemos concluir que existirá ágio apenas quando a pessoa jurídica, obrigada a avaliar investimento em controlada ou coligada pelo MEP, desdobra seu custo de aquisição da participação societária em valores de patrimônio líquido e ágio ou deságio. Em outras palavras, a existência do ágio depende da aplicação compulsória de avaliação do investimento pelo MEP e esta obrigação alcança somente as empresas no Brasil. No caso concreto, a empresa Latam Investment, sediada no exterior, de fato, pagou o market value das empresas no Brasil que, em passo seguinte, foram contribuídas na JJ Administração. Contudo, isso não fez com que essa sociedade registrasse um "ágio" nos moldes do art. 385 do RIR/99, já que tal norma não alcançava essa sociedade, que era sediada no exterior. Fl. 8232DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 43 42 O que a Latam Investment registrou, em observância às normas contábeis locais, foi simples "custo de aquisição". No momento em que JJ Administração passou a deter o controle das empresas brasileiras JJ Comércio e JJ Produtos, a JJ Administração passou a deter investimento relevante nessas sociedades e, nos termos do artigo 248 da Lei das S.A passou a adotar o MEP no registro contábil desses investimentos. Somente neste momento nasceu o ágio, pois, passara a ser adotado o MEP e, conseqüentemente, o artigo 385 do RIR/99 que determina o desdobramento do custo de aquisição dos investimentos na JJ Comércio e JJ Produtos em: (i) valores de patrimônio líquido dessas sociedades; e (ii) ágio. Assim, não há que se falar em internalização de ágio nascido no exterior, pois, de fato, o ágio passou a existir no Brasil. Da forma de aquisição dos investimentos Alega a autoridade fiscal no lançamento que em razão da JJ Administração não ter pago o investimento nas empresas JJ Comércio e JJ Produtos, mas tão somente os recebido em aumento de capital, não restaria configurada a necessária aquisição a que faz menção o art. 385 do RIR/99. Aqui é importante, antes de mais nada, buscar o significado de "aquisição", o que faço através das lições do Prof. Andrade Filho (in Imposto de Renda das Empresas, 5. ed. São Paulo, Ed. Atlas, 2008, pp 412413): "O termo aquisição possui grande espectro significativo e abrange todas as formas pelas quais um bem ou direito passa a integrar o patrimônio de alguém. A aquisição de participação societária (ações ou quotas) a que se refere preceptivo legal sob análise abrange as operações de compra, de permuta, de recebimento de dação em pagamento, doação, de subscrição e integralização de capital etc. (...) O Dicionário Aulete (www.aulete.com.br) assim define o verbo adquirir: 1. Passar a ter algo por compra, troca, doação etc. 2. Conseguir, obter. 3. Ganhar muito dinheiro, acumular bens. De Plácido e Silva (Vocabulário Jurídico) assim define adquirente: "Assim se diz da pessoa que, por um título translativo da propriedade, adquire alguma coisa. É, desse modo, a pessoa que se tornou senhor de uma propriedade, seja móvel ou imóvel, seja por venda, troca, doação, arrematação. adjudicação, remição, usucapião, ou por qualquer outro meio aquisitivo permitido em Direito". Fl. 8233DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 44 43 Daí podemos concluir que adquirir é obter o direito de propriedade de algo, independentemente da forma como isso se dá. Contudo, indo além, no caso de integralização de capital por meio da contribuição dos investimentos, como se deu no caso da JJ Administração, não poderia a fiscalização arguir que não houve pagamento. Isso porque, o termo "pagamento" não se restringe a dar determinada quantia em dinheiro, uma vez que, derivado da "solutio" do Direito Romano, que vem a ser todo fato jurídico que tenha o efeito de extinguir uma obrigação. Neste caso, se deu através da emissão de quotas da JJ Administração para a Latam Investment. Vemos aqui que o ordenamento jurídico prevê várias formas possíveis de aquisição, todas válidas para fins tributários. Esta também é a lição do Prof. Ricardo Mariz de Oliveira (in Fundamentos do Imposto de Renda, São Paulo: Quartier Latin, 2008, p. 765): "Outra observação importante é que a lei não limita o ato ou negócio jurídico pelo qual a aquisição tenha ocorrido, podendo ele ter sido uma compra e venda, uma permuta, uma dação em pagamento, uma conferência de bem para integralização de capital, ou qualquer outro. Conseqüentemente, também é irrelevante a contraprestação da aquisição, até porque, em qualquer caso, há um custo, e neste pode estar o ágio ou deságio." Aliás, a Receita Federal já se manifestou neste sentido: "INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL A integralização de capital de pessoa jurídica mediante a incorporação de bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica investidora configura modalidade de alienação desses bens." (Solução de Consulta no 288/06 Superintendência Regional da Receita Federal 5a Região Fiscal) A jurisprudência deste Conselho traz também diversos exemplos que seguem o mesmo racional: ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. A operação societária de subscrição de ações equiparase a uma aquisição. A subscrição de ações é uma forma de aquisição e o tratamento do ágio apurado nessa circunstância é o previsto na legislação em vigor (artigos 7º.e 8º. da Lei 9.532/1997). (Acórdão 9101001.657 1°Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais) "GANHO DE CAPITAL INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL Fl. 8234DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 45 44 Está sujeito ao imposto de renda o ganho de capital auferido na alienação de bens a qualquer título, inclusive aqueles utilizados para integralização de capital social em empresa, posto que esta operação se caracteriza como uma alienacão. Assim, se a avaliação dos bens integralizados é superior à constante na declaração de bens da pessoa física, verificase a ocorrência de ganho de capital." (Acórdão no 10423.289 4° Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes) ÁGIO INCORPORAÇÃO DE AÇÕES EMPRESAS DO MESMO GRUPO O registro foi expressamente admitido pelo art. 36 da Lei nº 10.637/2002, não podendo a administração tributária recusar lhe os efeitos previstos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.542/97. A incorporação, da pessoa jurídica para a qual foi transferido o investimento, pela pessoa jurídica investida, implica realização prevista no § 1º do art. 36 (baixa a qualquer título), fazendo cessar o diferimento do valor controlado no LALUR. A hipótese não se encontra abrangida pela exceção prevista no § 2º do artigo, por não ocorrer transferência da participação ao patrimônio de outra pessoa jurídica, mas sua extinção por confusão patrimonial entre investidora e investida. (Acórdão n. 1301001.297 1° Turma da 3° Câmara da 1° Seção) Considerando o racional acima explorado, temos que no caso em tela, a empresa JJ Administração adquiriu a JJ Comércio e a JJ Produtos, conforme disposto no artigo 7° da Lei 9.532/97 sendo vazios os argumento trazidos pela fiscalização de que a JJ Administração não teria efetuado pagamento de ágio na aquisição das empresas no Brasil, pois, ao adquirir as quotas dessas sociedades através de operação de aumento de capital social, ocorreu real e efetiva aquisição de investimento pela JJ Administração. Da aplicação do conceito contábil de ágio No presente caso, a autoridade autuante invoca normas e doutrina contábil para questionar a validade do ágio formado em operações entre partes relacionadas. Neste ponto, cabe aqui destacar pensamento do Prof. Edmar Oliveira Andrade Filho (in Análise de casos sobre aproveitamento de ágio MP Editora, 2016 pp 164): " No afã de justificar as autuações, as autoridades fiscais lançaram mão das normas contábeis que rechaçam a formação de ágio em operações entre partes relacionadas ou sobre mesmo controle. As autoridades fiscais têm atribuído certo protagonismo às normas contábeis e isso sempre me pareceu Fl. 8235DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 46 45 injustificável em razão da vigência do princípio da especialidade teleológica. É inegável que as normas contábeis e fiscais tomam os mesmo fatos e lhes atribuem conseqüências distintas; todavia, elas nem sempre andam na mesma direção , ou seja, elas são editadas para atender finalidades distintas, e, por isso, entre elas não há hierarquia de caráter formal ou axiológico. Enfim o interprete não pode sem mais desprezar uma norma em detrimento de outra para atender aos seus interesses ou justificar decisões de caráter ideológico." Fundamentase a autuante no disposto na Resolução CFC no 1.157/09 e no OfícioCircular/CVM/SNC/SEP n. 01/2007, para defender que o regramento contábil vedaria o registro contábil do ágio pela Recorrente. Segundo a fiscalização, o item 50 da Resolução 1.157/09, prevê que só pode ser reconhecido o ativo intangível do ágio por expectativa de rentabilidade futura se o investimento for adquirido de terceiros. Não vou ousar aqui desafiar as normas e a doutrina contábil utilizada pela autuante. Contudo, uma fato me parece inquestionável: a disposição, decorrente de norma contábil, deve ser considerada apenas para fins contábeis, e não fiscais. O tratamento tributário deve decorrer da legislação tributário que, por sua vez, não trazia, à época dos fatos, qualquer necessidade de que o investimento fosse adquirido de terceiros para que a dedução do ágio fosse possível. Não é somente em relação ao ágio que temos diferenças entre a contabilidade e o fiscal. O exemplo mais óbvio deste "gap" é o tratamento das provisões para contingências que, sem dúvida, diminuem o lucro (resultado) contábil, mas que não trazem qualquer efeito para fins de apuração do Lucro Real. O impairment, que ocorre quando a empresa registra uma perda decorrente da desvalorização de seus ativos é um outro exemplo. Isso porque, por maiores que sejam as evidências que os bens do ativo da pessoa jurídica venham a sofrer uma redução no seu valor, tal perda somente produziria efeitos fiscais por ocasião da efetiva alienação do bem. 110100.710, 110100.708 e 1402001.310 Este Conselho já possui diversos julgados no sentido de que as regras contábeis, sejam da CVM, ou emanadas pelo CFC, não determinam o efeito tributário da operação, em especial, a dedução de despesas de ágio: IRPJ — APURAÇÃO DO LUCRO REAL — AJUSTES AO LUCRO LÍQUIDO CONTÁBIL Fl. 8236DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 47 46 O lucro contábil não se confunde com o lucro real, base de cálculo do IRPJ, portanto, a necessidade de atendimento às normas impostas pela Comissão de Valores Mobiliários — CVM, para atendimento das normas contábeis não tem o condão de modificar os ajustes necessários para apurar o lucro real. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO — DEDUTIBILIDADE A pessoa jurídica que, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, absorver patrimônio de outra que dela detenha participação societária adquirida com ágio, poderá amortizar o valor do ágio, cujo fundamento seja o de expectativa de rentabilidade futura, nos balanços correspondentes h. apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada Ines do período de apuração.(arts. 7° e 8° da Lei 9.532/97). (Acórdão 110100.354 1. Turma da 1. Câmara da 1. Seção) AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. PREMISSAS. As premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, são: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; ii) a realização das operações originais entre partes não ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Cumprida essas premissas, cancelase a glosa. INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO ARTIGOS 7º E 8º DA LEI Nº 9.532/97. PLANEJAMENTO FISCAL REGULAR. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. É regular o planejamento, sob amparo dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, mediante a utilização de empresa veículo, desde que não tenha resulte em aparecimento de novo ágio, tampouco em economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilização da empresa veículo. (Acórdão 1402.001.310 2. Turma 4. Câmara 1. Seção) O racional básico dos julgados acima vai no sentido de que para avaliar a dedução fiscal do ágio, devem ser observadas as previsões da legislação tributária, em especial os art. 385 e 386 do RIR/99. ALiás, conforme bem observado pela Recorrente em seu Recurso, o próprio Professor MARCO AURÉLIO GRECO, citado em diversos momentos pela r. decisão recorrida, observa que "a contabilidade retrata a realidade, mas não cria realidades jurídicas novas". Desta sorte, a autuação fiscal decorrente de glosa de uma despesa para fins de apuração de IRPJ/CSLL, não pode se sustentar se baseada, tão somente, conceitos, normas e Fl. 8237DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 48 47 doutrina de natureza contábil, pois, o que determina os direitos e obrigações do contribuinte é a legislação tributária. Tratase aqui do Princípio da Legalidade do Direito Tributário Brasileiro que não deixa espaço para que regras contábeis se sobreponham ao ordenamento jurídicotributário vigente. Da amortização e dedução do ágio interno Como já mencionado anteriormente, a autoridade fiscal, bem como, os julgadores de primeira instância, se valeram de normas (inclusive CVM e CFC) e doutrina contábil, para concluir que é vedada dedução da despesa de amortização de ágio originado em operações entre partes ligadas. Invoco aqui, novamente, o Princípio da Legalidade para concluir que o entendimento da fiscalização e da DRJ é de todo infundado. Da leitura dos art. 385 e 386 do RIR/99 podemos concluir que o ágio decorrente de operações realizadas entre partes ligadas, por si só, não implica na respectiva impossibilidade de dedução. Isso porque, não há qualquer vedação legal à dedução do chamado ágio interno, da mesma forma que não existe qualquer determinação de que o ágio seja originado em operação entre partes independentes para que seja válida a respectiva dedução fiscal, sendo totalmente descabida a autuação baseada, tão somente, em normas e princípios contábeis. Ora, a Lei nº 11.638/2007 que introduziu no Brasil o IFRS, prevê a segregação dos sistemas contábil e fiscal e, isso já é reconhecido pela própria PGFN, conforme se verifica da leitura do Parecer PGFN/CAT/nº 202/13: " 12. O professor Ricardo Mariz nos traz esclarecedora explanação sobre o advento da Lei nº 11.638, de 2007, ao afirmar que as alterações introduzidas pelas regras de convergência da lei societária nacional às normas internacionais de contabilidade já eram esperadas, “mas o momento em que a lei foi promulgada causou surpresa, eis que não restou tempo suficiente para que os órgãos públicos e as entidades privadas se preparassem para aplicar as novas regras.” Ainda explicando o impacto que a Lei nº 11.638, de 2007, traria à tributação brasileira, o mesmo autor explica: “(...) O que se verificou, a partir da Lei nº 11.638, foi uma profunda mudança em conceitos básicos da própria contabilidade mercantil brasileira, rompendo com práticas que até então eram adotadas para a demonstração do patrimônio líquido das entidades e dos seus lucros. Tal rompimento atingiu até os Princípios Fundamentais de Contabilidade aprovados pela Resolução nº 750, de 1993, do Conselho Federal de Contabilidade, que outrora eram chamados “princípios contábeis geralmente aceitos” e assim estão referidos no art. 177 da própria Lei nº 6.404. Fl. 8238DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 49 48 Com efeito, desde época imemorial o lucro sujeito à incidência tributária é o apurado na contabilidade comercial, a partir do qual são feitos ajustes de natureza exclusivamente fiscal, determinados pela legislação do IRPJ (e mais recente pela da CSL) com vista à quantificação das respectivas bases de cálculo. Tais ajustes, como se sabe, são os de receitas não tributáveis ou com tributação diferida, e os de custos ou despesas não dedutíveis ou com dedução diferida, assim como os dedutíveis até certo limite de valor ou sob determinadas condições, e também aqueles que recebem algum tratamento especial, inclusive a título de incentivo fiscal, procedendose, por fim, à compensação de prejuízos fiscais de períodosbase anteriores. Ocorre que as modificações na contabilidade, estribadas na lei nº 11.638, não mais permitem a partida, pura e simplesmente, do lucro líquido contábil, com vistas ao cálculo do lucro tributável. Isto ficou assim em virtude de que tanto as normas contábeis, inclusive e especialmente as normas jurídicas sobre contabilidade refletidas na Lei nº 6.404, quanto as normas tributárias estavam construídas sobre alicerces comuns, os quais faziam com que elas caminhassem lado a lado, sem muitos conflitos, e distanciandose apenas quando as leis tributárias determinassem algum tratamento fiscal a este ou aquele componente do lucro, diferente do que figurava na contabilidade. (...)”. 13. Tornouse necessária a adoção de uma alternativa legal que preservasse a incidência tributária dos efeitos imprevistos e, até então, imprevisíveis, trazidos pela Lei nº 11.638, de 2007. Foi nesse cenário que veio a lume o Regime Tributário de Transição, instituído pela Lei nº 11.941, de 2009, mediante o qual se buscava neutralidade fiscal, conforme já devidamente explicitado na Nota Técnica da RFB. 14. Com efeito, a intenção do RTT foi manter os critérios contábeis previstos na Lei nº 6.404, de 1976, antes do advento da Lei nº 11.638, de 2007, de forma a que as novas regras contábeis não influenciassem a apuração dos tributos respectivos (IRPJ, CSLL, PIS/COFINS). No que concerne ao IRPJ e CSLL, tributos mais afetados diretamente pelas referidas regras, por terem como base de cálculo o lucro real, o RTT determina que o lucro a ser considerado como base para a quantificação do lucro real deve desconsiderar, para sua composição, as regras contábeis trazidas pela Lei nº 11.638, de 2007. 15. O RTT procurou, enfim, manter os procedimentos tributários utilizados antes do advento da Lei nº 11.638, de 2007. A partir dele, houve uma separação de mundos que até então tinham suporte comum. O RTT é o divisor de águas. A contabilidade societária tomou um rumo e a fiscal outro, sendo que tal Regime atingiu todas as disciplinas referentes à tributação. (...) Fl. 8239DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 50 49 17. Efetivamente, os artigos 15 e 16 da Lei nº 11.941, de 2009, expressamente determinam a observância, para fins tributários, dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007, até que entre em vigor lei que discipline os efeitos tributários desses novos métodos e critérios contábeis, ou seja, a legislação tributária vigente nessa época permanece aplicada não sendo considerados os efeitos dos novos critérios contábeis. Dizer diferente significa dar efeito tributário às alterações trazidas pela Lei nº 11.638, de 2007, o que não se pode admitir em face dos claros mandamentos da Lei nº 11.941, de 2009. ... 31. Assim, tendose em mente que as regras contábeis instituídas pela Lei nº 11.638, de 2007, não podem gerar efeitos tributários, nem servir ao cálculo de tributos, parece claro que os lucros ou dividendos não sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte são os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados segundo as normas tributárias vigentes a partir do advento do Regime Tributário de Transição (RTT), o “lucro fiscal”, e, portanto, regras societárias originais da Lei nº 6.404, de 1976, anteriores à Lei nº 11.638, de 2007. A própria Administração Tributária reconhece deve haver total separação dos sistemas contábil e fiscal, sob pena de os novos conceitos trazidos pelas novas regras, como a avaliação do patrimônio a valor justo, valor de mercado, etc., interferirem indiretamente na base de cálculo dos tributos com conseqüente redução na arrecadação tributária. Na realidade do caso concreto, a autoridade fiscal e a autoridade julgadora, para considerarem ter havido infração e fraude, partiram de premissas equivocadas à luz da “teoria contábil, só que esta teoria está lastreada em regras contábeis editadas em períodos posteriores aos fatos ocorridos. Aceitarse tal interpretação implicaria, de uma só vez, em macular dois princípios da ordem jurídica pátria, a legalidade e a irretroatividade. Ora, se nem a lei pode retroagir, muito menos a interpretação. Somente à partir da Lei 11.638/2007, é que passou a ser exigido o resultado consolidado do grupo e foi vedada, a partir de então, apenas para fins societários, a utilização do chamado ágio gerado internamente. Tudo regulado pelos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC. Tal conclusão é de fácil verificação, haja vista que a Lei nº 11.941/1999 criou o RTT exatamente para regrar essas separações de sistemas e, da simples leitura do texto legal constatase que o conceito de balanço consolidado não foi aceito pela lei fiscal, bem assim, as regras de dedutibilidade do ágio continuaram plenamente em vigor, eis que, além de não existir na lei fiscal vedação ao ágio gerado internamente dentro do grupo, a lei também não exigiu que houvesse propósito negocial ou pagamento. Fl. 8240DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 51 50 Portanto, se não por outros motivos, ainda que se admitisse a possibilidade de se transportar para a área fiscal a nova interpretação das regras contábeis, digase de passagem, não da lei societária, mas de pronunciamentos do CPC, aplicáveis a partir de 2010, ainda assim, pelo princípio da irretroatividade tal interpretação não poderia retroagir para alcançar fatos anteriores à sua existência. Ora, cabe ressaltar aqui que todo o tratamento fiscal vigente à época dos fatos, entendase aqui, os artigos 385 e 386 do RIR/99, faz todo sentido, pois, o ágio decorre da aquisição de um investimento por seu valor de mercado, superior ao valor contábil do investimento e, tal condição, é exigida pelo legislador em outras hipóteses de operações entre partes relacionadas vide as regras de Transfer Pricing e de Distribuição Disfarçada de Lucros. DDL. Sempre que se avalia uma operação entre partes relacionadas, a primeira providência que se toma é verificarse se a operação se deu em condições "Arm's Lenght". Por que, numa aquisição de investimento, o Fisco entende de forma oposta e conclui que, se a operação se deu a valor de mercado, então, se trata de verdadeiro planejamento tributário ou, simplesmente, o ágio é indedutivel? Se uma determinada empresa possui bem totalmente depreciado em sua contabilidade e o vende por 1 centavo para empresa ligada, podemos considerar que se trata de operação Arm's Lenght? Acredito que não. Qualquer ativo tem seu valor de mercado descolado do valor contábil. Um caminhão, por exemplo, não vale zero após 04 anos de uso. Assim, em condições de mercado, este caminhão vale algum valor e, entre partes relacionadas, eventual compra e venda deste caminhão não pode se dar por valor zero. Então, quando se trata de investimento, por que a adoção de condições de mercado coloca a operação em condição suspeita, ou pior, em condição tributária menos favorecida (despesa indedutível)? Não parece razoável. Vejamos alguns julgados do CARF neste sentido: INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ARTIGOS 7º E 8º DA LEI Nº 9.532/97. PLANEJAMENTO FISCAL INOPONÍVEL AO FISCO. INOCORRÊNCIA. A efetivação da reorganização societária, mediante a utilização de empresa veículo, não resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilização da empresa veículo e, por conseguinte, não pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponível ao fisco. O “abuso de direito” pressupõe que o exercício do direito tenha se dado em prejuízo do direito de terceiros, não podendo ser invocada se a utilização da empresa veículo, exposta e aprovada pelo órgão regulador, teve por objetivo proteger direitos (os acionistas minoritários), e não violálos. Não se materializando excesso frente ao direito tributário, pois o resultado tributário alcançado seria o mesmo se não houvesse sido utilizada a empresa veículo, nem frente ao Fl. 8241DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 52 51 direito societário, pois a utilização da empresa veículo deuse exatamente, para a proteção dos acionistas minoritários, descabe considerar os atos praticados e glosar as amortizações do ágio. (Acórdão n. 1301001.224 1. Turma 3. Câmara 1. Seção) INCORPORAÇÃO DE AÇÕES EMPRESAS DO MESMO GRUPO O registro foi expressamente admitido pelo art. 36 da Lei nº 10.637/2002, não podendo a administração tributária recusar lhe os efeitos previstos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.542/97. EFEITOS DO ART. 36 DA LEI Nº 10.637/2002 O art. 36 da Lei nº 10.637/2002 autorizou o diferimento da tributação do ganho de capital, representado pela reavaliação de participação societária para fins de incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica, para o período base em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título. A incorporação, da pessoa jurídica para a qual foi transferido o investimento, pela pessoa jurídica investida, implica realização prevista no § 1º do art. 36 (baixa a qualquer título), fazendo cessar o diferimento do valor controlado no LALUR. A hipótese não se encontra abrangida pela exceção prevista no § 2º do artigo, por não ocorrer transferência da participação ao patrimônio de outra pessoa jurídica, mas sua extinção por confusão patrimonial entre investidora e investida. (Acórdão 1301001.299 1. Turma 3. Câmara 1.Seção) Em razão do exposto, entendo que o fato do ágio ora em debate ter sido originado em operação perpetrada entre empresas do mesmo grupo econômico, por si só, não prejudica a dedução da despesa de amortização de ágio pela Recorrente. Do conceito de propósito negocial e do planejamento tributário válido No tangente à amortização do ágio, face à expressa previsão legal, devese partir do pressuposto de que a regra é a dedutibilidade do ágio e a exceção, logicamente, sua indedutibilidade. O fundamento jurídico por trás da amortização/dedução do ágio permeia o fato de que a mera expectativa de ganho futuro e apenas em potencial não norteia a definição Fl. 8242DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 53 52 de aquisição de disponibilidade jurídica e econômica elencada no art. 43 do CTN, para fins de incidência do imposto de renda. Se incidir tributação sobre a mera expectativa de rentabilidade futura e o lucro, de fato, se concretizar, tributarseia duas vezes o mesmo fato gerador. Se tributarse a mera expectativa e apurarse prejuízo, a conseqüência será a tributação de um acréscimo patrimonial que não se concretizou. Neste sentido é que deve ser aplicado, no caso em tela, o princípio da capacidade contributiva para determinar que este é norteado em seu caráter objetivo, mas não em seu caráter subjetivo. Ou seja, temse a manifestação de riqueza, mas ainda não se configurou um contribuinte apto a absorver o impacto tributário. A partir do momento em que o contribuinte começar a gerar lucro ou começar a gerar prejuízo é que a manifestação deixará de ser objetiva para começar a atingir o campo da subjetividade. Neste ponto, no entanto, a tributação será decorrente de valores que de fato integrarão o resultado como despesa ou receita, passíveis, então, de comporem a base de cálculo do IRPJ. De fato o patrimônio líquido, representado por meio das ações adquiridas, é incorporado e representa disponibilidade econômica e jurídica. No entanto, o valor do investimento, o ágio, é mera expectativa e por isso deve ser amortizado, não sofrendo a incidência do IRPJ. Veja, na hipótese da regra matriz de incidência,o critério material não é norteado, pois, a mera expectativa não representa auferimento de renda de fato. É certo que essa idéia inicial tangencia uma perspectiva reducionista, dando significado ao fato gerador a partir de um prisma prioritariamente econômico. Em contraposição, seguindo os ensinamentos de Luis Eduardo Schoueri, devese considerar que: “(...) uma relação jurídicotributária não se regula exclusivamente por meio de leis tributárias; a estas se juntam, por vezes com caráter até mesmo preponderante, normas societárias/contábeis, civis ou administrativas, resultando sua disciplina desta gama de textos legais.” Desta forma, passase, neste momento, a se analisar o caso concreto levando em conta a abrangência do Direito Tributário e da conceituação do fato gerador, acima de tudo, como um fato jurídico. A construção do fato jurídico, neste caso, deve se desenhar, na origem, pela validade das reorganizações societárias que a empresa incorporada (JJ Administração) realizou para que fosse possível que o recorrente usufruísse do benefício fiscal e, após, na validade do instrumento que contabiliza e veicula o ágio. É a partir das discussões da construção do fato gerador tributário como um fato jurídico que surgem todos os empecilhos apontados pela Fiscalização e repisados pelo v. acórdão recorrido, para a suposta impossibilidade de amortização do ágio. Fl. 8243DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 54 53 No caso em questão, o papel da JJ Administração foi a de concentrar os principais cérebros do grupo, das diversas unidades de negócios, num único lugar, numa púnica entidade, com foco exclusivo de pensar e executar as mudanças ordenadas pela matriz e fazer isso de forma sigilosa em relação às unidades operacionais. Não há nada de errado nisso. Cumprese definir, de início, que os conceitos de propósito negocial e substância econômica carecem de fundamento legal, tornandose subjetivos e abrangentes. Veja, não são elementos aceitos e incorporados pelo ordenamento jurídico brasileiro, inexistindo qualquer dispositivo legal que lhes dêem substrato. O alcance destes conceitos atinge a existência de razões econômicas que vão além da obtenção de vantagem fiscal, única e exclusivamente. Partindo deste conceito, a presença de um propósito negocial deve ser precedente e, além, originária na operação, de modo a concretizar a amortização do ágio e o concomitante gozo do benefício fiscal como uma consequência natural e lógica, se considerarmos o fato gerador do IRPJ. Ocorre, porém, que a indefinição dos conceitos no ordenamento jurídico impede a formação de entendimento uníssono a respeito de seus termos e limites, tornando qualquer discussão acerca das operações de ágio como ao menos parcialmente subjetivas. O ágio não é um tema tão controverso e alvo de discussões calorosas no âmbito deste Conselho à toa. Cada julgador atribui uma amplitude e alcance diverso à definição atribuída ao propósito negocial/substância econômica. O que se busca, na realidade, com referidos conceitos, sejamos claros e diretos, é a identificação de abuso, fraude ou simulação, perfazendo caráter arbitrário e artificial que vise apenas o aproveitamento do benefício fiscal. A percepção do propósito negocial/substância econômica como definidor deste cenário pode ser favorável, mas diante da referida subjetividade, freqüentemente inaugura uma nova posição acerca de seu alcance, diante de casos concretos distintos, dotados cada qual de especificidade e peculiaridade. Se presta, então, o presente voto, a partir deste ponto, a analisar detalhadamente todos as informações e alegações levantadas pela fiscalização para definir se, necessário ou não um motivador para a operação que vá além do beneficio fiscal, bem como, ausente ou presente o tal propósito negocial e, da mesma forma, se presentes indícios de fraude ou simulação na operação. Primeiramente, é importante ressaltar que temos presenciado com preocupante freqüência, a utilização pelo Fisco da teoria do propósito negocial por meio do qual defende que a simples ausência sob a ótica do fisco de outros motivadores para a operação que não o alcance do benefício fiscal, já é elemento suficiente que invalida os atos do contribuinte ou, ao menos, inviabiliza o benefício fiscal almejado. Entendo que tal racional adotado pela autoridade fiscal guarda certa contradição com diversas regras e estruturas criadas há muito tempo pelo legislador pátrio, por meio das quais são oferecidos benefícios fiscais às empresas que, ao cumprirem determinados requisitos, acabam levando desenvolvimento econômico à determinadas regiões do Brasil. Fl. 8244DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 55 54 Menciono aqui, de forma exemplificativa, o regime fiscal da Zona Franca de Manaus, que oferece incentivos fiscais para as empresas que lá se estabelecerem e produzirem, gerando empregos, desenvolvimento econômico/social e, mesmo, arrecadação de tributos para a região. Ora, em relação à Zona Franca de Manaus, a principal função desempenhada pelas autoridades fiscais tem sido monitorar se os contribuintes, de fato, cumprem todos os requisitos previstos em lei para o gozo dos incentivos fiscais, sem haver qualquer questionamento acerca das motivações do contribuinte. O que o Fisco busca é auditar se, realmente, as empresas estão lá estabelecidas ou se os produtos são lá produzidos, por exemplo. Contudo, não há qualquer exigência de que as empresas lá estabelecidas tenham propósitos negociais além do gozo do incentivo fiscal em si, para lá se estabelecerem. Em outras palavras: nenhuma empresa busca a Zona Franca de Manaus em razão da maior proximidade com o mercado consumidor, melhor infraestrutura ou maior oferta de mão de obra qualificada. O objetivo é o gozo do incentivo fiscal e isso é garantido às empresas que cumpram todos os requisito da legislação, independentemente da existência de outras razões. Desta forma, o conceito a ser adotado para definir o propósito negocial deve ser no sentido de considerar a busca pela redução das incidências tributárias, por si, como um propósito negocial que viabiliza a dedução do ágio. Já temos importantes precedentes do CARF nesta direção: GANHO DE CAPITAL. VENDA DE QUOTAS. PLANEJAMENTO FISCAL ILÍCITO. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. INOCORRÊNCIA NAS REDUÇÕES DE CAPITAL MEDIANTE ENTREGA DE BENS OU DIREITOS, PELO VALOR CONTÁBIL A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 9.249/1995. Constitui propósito negocial legítimo o encadeamento de operações societárias visando a redução das incidências tributárias, desde que efetivamente realizadas antes da ocorrência do fato gerador, bem como não visem gerar economia de tributos mediante criação de despesas ou custos artificiais ou fictícios. A partir da vigência do art. 22 da Lei 9.249/1995 a redução de capital mediante entrega de bens ou direitos, pelo valor contábil,não mais constituiu hipótese de distribuição disfarçada de lucros, por expressa determinação legal. (Acórdão nº 1402001.472 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 09 de outubro de 2013) PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. NEGÓCIOS JURÍDICOS. ATOS JURÍDICOS. LICITUDE. Fl. 8245DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 56 55 O fato dos atos praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. O fato dos negócios praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CAUSA DO NEGÓCIO. LICITUDE. Motivo do negócio é a razão subjetiva pela qual o contribuinte faz o negócio jurídico. Causa do negócio ou sua função econômica é o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes. O motivo ilícito implica em nulidade, quando declarada por um Juiz. Se a motivação do negócio é economia tributária, não se pode falar em motivo ilícito. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CONTEÚDO ECONÔMICO. PROPÓSITO NEGOCIAL. LICITUDE. Não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Não tem amparo no sistema jurídico a tese de que negócios motivados por economia fiscal não teriam "conteúdo econômico" ou "propósito negocial" e poderiam ser desconsiderados pela fiscalização. O lançamento deve ser feito nos termos da lei. (...) Outra tese do Fisco que merece análise é a de que os atos praticados poderiam ser desconsiderados, porque não teriam conteúdo econômico (ou propósito negocial), já que teriam sido praticados com o único objetivo de economia tributária. Porém, tal afirmativa está em descompasso com o ordenamento jurídico. Como se vê, em última análise, a afirmação do Fisco consiste em sustentar que o planejamento tributário é proibido e que a economia tributária só é admissivel se for acidental. Apenas por isso, já se percebe a improcedência do argumento. Mas, a análise da tese do Fisco confirma o equivoco desta interpretação da fiscalização, pois nem esta motivação vicia o negócio e nem existe lei atribuindo tal efeito. As razões de ordem subjetiva que levam a pessoa a concluir algum negócio jurídico denominamse motivos. Já o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes chamase causa ou função econômica do negócio. Assim, independente da causa do negócio jurídico, se ele é praticado visando redução da carga tributária, podese dizer que o motivo do negócio foi economia fiscal. Conforme o Código Civil, apenas o motivo ilícito (se for determinante do negócio e comum As partes) implica em nulidade (inciso III, art. 166 do CC). Mesmo assim, tal nulidade precisa ser declarada por um Juiz. Fl. 8246DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 57 56 No entanto, salvo disposição de lei em contrário, não há como supor que a intenção de economizar tributos é ilícita. Assim, o inciso III, art. 166 do Código Civil não poderia ser aplicada sequer por juizes aos negócios jurídicos pelos quais a pessoa executa seu planejamento tributário. E, muito menos, poderia ser aplicada pela fiscalização, para efetuar lançamento de oficio. De outra banda, não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Somente se existisse uma lei com este conteúdo é que a fiscalização poderia desconsiderar os efeitos jurídicos dos negócios. " (Acórdão n. 1101000.835 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária – Sessão de 04 de dezembro de 2012) Neste sentido, existem também bons e recentes exemplos desta brilhante turma, merecendo destaque trecho do voto do Ilustre Conselheiro Marcelo Cuba Netto no acórdão n. 1201001.267 de 19 de janeiro de 2016: "(...)Repare que a abusividade do planejamento tributário pode ter como característica (desde que não seja a única) justamente a ausência de propósito negocial. Entretanto, quando exista uma norma jurídica incentivando, sob o ponto de vista fiscal, a realização de um negócio jurídico, seria absurdo imaginarse que além do propósito de economia fiscal deveria haver também algum outro propósito. Esse é exatamente o caso dos presentes autos." Aliás, o racional adotado nos julgados acima está integralmente alinhado com as disposições da própria Lei n. 6.404/76 define em seu art. 2º, § 3º: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiarse de incentivos fiscais. Veja, a lei claramente define a possibilidade da constituição de uma holding com o intuito único de gozo de incentivos fiscais, que nada mais são que benefícios fiscais, assim como é o ágio. Assim, me parece claro que a simples alegação de ausência de propósito negocial não é suficiente para a glosa da dedução da amortização do ágio, até mesmo porque, desde que utilizados instrumento legais e inexistentes a fraude, simulação ou abuso de direito, a economia tributária pode ser considerada um propósito negocial. Fl. 8247DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 58 57 Neste sentido, entendo que a detalhada explanação da Recorrente acerca da complexa reorganização administração e de negócios do grupo JJ no mundo, que envolveu não somente as empresas no Brasil, mas também diversas outras filiais no mundo, de diferentes áreas de negócios, demonstra que existiu sim um propósito negocial concreto que justificou cada etapa da movimentação societária, restando claro que, a redução dos tributos, ainda que perseguida pela Recorrente, foi efetuada dentro dos limites da lei e da razoabilidade, que é o que se espera do bom administrador de negócios, pois, sendo a tributação uma linha de custo relevante na vida empresarial, sua redução de forma legal é um componente importante não someente para o desenvolvimento mas também para a própria manutenção (perpetuidade) do negócio. Da utilização de empresaveículo Primeiramente, é necessário termos em mente que qualquer empresa, com empregado ou não, com sede própria ou não, pode ser utilizada como empresa veículo. Nesta toada, é também importante refletir que nem toda utilização de empresa veículo torna uma operação ilegal. Em outras palavras, por si só, a utilização de empresa veículo, se desacompanhada de qualquer ato fraudulento ou simulado, não vicia a operação. Na realidade, a utilização da chamada empresa veículo pelo contribuinte tem sido invariavelmente invocada pelo Fisco como condição para invalidar o negócio jurídico ou conjunto de negócios jurídicos que culminaram na dedução do ágio pago. No caso em tela, a "empresa veículo" é a sociedade JJ Administração, que segundo o Fisco foi utilizada pela Recorrente com o objetivo único transportar o ágio para io Brasil e assim possibilitar sua dedução. Aqui é importante destacar que o fato do contribuinte se utilizar de uma empresa veículo para a perfectibilização da operação não é suficiente, por si só, para invalidar o negócio jurídico, especialmente, como se verá mais adiante, se restar demonstrada a existência de estruturas ou caminhos alternativos disponíveis ao contribuinte que levassem ao mesmo resultado tributável. Este racional já encontra amparo no CARF, conforme os julgados aqui destacados: "AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago. A circunstância de a reorganização societária de que tratam os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, ter sido realizada por meio de empresa veículo não prejudica o direito do contribuinte, ante o fato incontroverso de que dessa reorganização não surgiu novo ágio ou economia de tributos distinta daquela prevista em lei. (Acórdão 1102000.982 1° Câmara / 2° Turma Ordinária Sessão de 04/12/2013 Voto Vencedor Conselheiro José Evande Carvalho Araujo) Fl. 8248DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 59 58 Aliás, temos diversos precedentes desta 1° Turma da 2° Câmara, dentre os quais destaco recente julgado ( Acórdão n. 1201001.364): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 Ementa: AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. APROVEITAMENTO POR OUTRA EMPRESA DO GRUPO. PROPÓSITO NEGOCIAL. POSSIBILIDADE. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago, devidamente fundamentado em rentabilidade futura, e decorrente de transação entre partes independentes. Caso exista um propósito negocial válido e se demonstre ser possível a dedução do ágio por incorporação direta, não há óbices para que o grupo econômico “transfira” o ágio efetivamente pago para outra de suas empresas, aproveitandose do benefício fiscal em outra parte da estrutura societária, mesmo se para isso se utilizar de empresa veículo. “DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Inexiste vedação legal para que uma pessoa jurídica, detentora de ágio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial em razão da rentabilidade futura da investida, confira o aproveitamento deste ágio a outra pessoa jurídica por intermédio da absorção de seu patrimônio (art. 7º da Lei nº 9.430/96) ou viceversa (art. 8º). Se o ágio na aquisição do investimento efetivamente ocorreu, não sendo fruto de operações entre empresas do mesmo grupo econômico (ágio interno), incabível a glosa da despesa com sua amortização fundada no emprego da assim chamada “empresa veículo”. Destaco aqui também, trecho do voto do brilhante Conselheiro Marcelo Cuba Netto no já mencionado acórdão n. 1201001.267: "(...) Fl. 8249DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 60 59 Em relação ao emprego da chamada "empresa veículo" cumpre destacar que tal expressão tem sido utilizada pela fiscalização de uma maneira pejorativa, no sentido de um "mal em si mesmo". No entanto, como é cediço, não é possível sustentarse uma autuação fiscal lastreada na simples acusação de emprego de "empresa veículo", até porque o simples emprego de "empresa veículo" não é tipificado como infração à legislação tributária. Caberia então à fiscalização apontar a relação entre o emprego da "empresa veículo" e a prática de alguma infração à legislação tributária. E, no caso dos autos, como o autor da ação fiscal não se desincumbiu de seu ônus, isso já seria razão suficiente para afastarse, de pronto, a autuação." Destaco também julgado desta própria turma, em caso que também foi de relatoria do ora Conselheiro Relator no acórdão 1201.001438: UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. A utilização da chamada "empresa veículo" não guarda qualquer ilegalidade ou abuso em si, sendo necessária a identificação de outros elementos como a fraude ou simulação para que a glosa da dedução do ágio se justifique. Assim, no presente caso, em que o conjunto de operações se concretizou num contexto de reoganização administrativa do Grupo JJ em escala mundial, estando ausentes outros elementos que pudessem indicar a ocorrência de fraude ou simulação, entendo que, a eventual utilização da empresa JJ Administração como empresaveículo, não vicia ou prejudica o direito de dedução do ágio pela Recorrente. Responsabilidade solidária Hipermarcas A autoridade fiscal baseou a sujeição passiva solidária da empresa Hypermarcas em dois eventos societários distintos: i) o primeiro se refere à cisão parcial da JJ Produtos seguida de incorporação da parcela cindida pela empresa Versoix e ii) incorporação da Versoix pela Hypermarcas. O fundamento legal utilizado pela autuante é o art. 132 do CTN que assim dispõe: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Fl. 8250DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 61 60 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual Ora, a simples leitura do art. 132 do CTN aliada à análise dos fatos concretos do presente caso me levam à conclusão de que o posicionamento do fiscal é equivocado. Isso porque, temos que não ocorreu o encerramento das atividades da empresa JJ Produtos, o que torna inaplicável a regra do art. 132 do CTN. O art. 132 e seu parágrafo único trazem como pressuposto para responsabilização, a extinção da pessoa jurídica incorporada ou fusionada. Assim, totalmente incoerente e, me parece, ilegal, a aplicação do disposto no art. 132 do CTN na hipótese de cisão parcial, em que a pessoa jurídica permanece existente, como é o caso em questão, e operando. Aliás, vou além. Ainda que a empresa cindida, no caso, a JJ Produtos, houvesse sido extinta, ainda assim, não seria aplicável o disposto no art. 132, pois, podemos perceber, tal dispositivo não trata da hipótese de cisão, mas, apenas, das hipóteses de transformação, incorporação e fusão. Assim, seja pela total ausência de previsão legal de responsabilização baseado no art. 132 do CTN para os casos de cisão, ou pela não extinção da pessoa jurídica cindida (JJ Produtos) não há que se falar em responsabilização da empresa Hypermarcas que, digase de passagem, sequer participou dos atos societários e operações que deram origem à autuação. Assim, afasto a responsabilidade da empresa Hypermarcas que fora fundamentada pela autoridade autuante no art,132 do CTN. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO dos Recursos Voluntários para DARLHES PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator Fl. 8251DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 62 61 Voto Vencedor Redatora designada Eva Maria Los. Este voto vencedor se refere a: i) não dedutibilidade do ágio; (ii) redução da multa qualificada de 150% para 75%, nos quais o relator foi voto vencido. Amortização de Àgio. Não dedutibilidade. A descrição pelo Autuante das operações realizadas internamente ao grupo empresarial, em síntese, evidenciam que estas se deram entre empresas que eram todas controladas, praticamente 100%, pela Johnson Corporate. Citese o Autuante no termo de Verificação Fiscal: 75. Deve ser sublinhado que do custo total de USS 1.575.477.384,00, nenhuma parcela foi originalmente adquirida de um terceiro estranho ao grupo Johnson & Johnson. A despeito dessa conclusão poder ser coligida das informações já até aqui apresentadas, o próprio fiscalizado claramente assim reconhece tal traço marcante das transações em comento, conforme retratado em sua resposta ao Item 05, "f, do Termo de Intimação datado de 22/05/2012 (Doc. 93): "A Fiscalizada esclarece que não houve parcela paga a sociedade de fora do grupo Johnson &Johnson." 76. Diante das informações anteriores, deduzse que após as operações realizadas em 13/12/2005 e 16/03/2006 e que foram empreendidas exclusivamente entre empresas do próprio grupo Johnson & Johnson o valor total do custo dos investimentos na Bella 7 e na Ethicon, antes registrado na Johnson Corporate por US$ 24.549.865,00. passou a ser registrado na I.atam Investment por US$ 1.575.477.384,00 Tais operações societárias resultaram em que a JJ Produtos, passou a deduzir ágio relativo a ela mesma, e que foi gerado nas transações intragrupo. Em 2005, as empresas JJProdutos e a JJ Comércio eram 99,9999% de propriedade da Johnson Corporate (vide 5.6 do relatório) a estrutura inicial do processo em discussão era, simplificadamente: Johnson Corporate no exterior, que controla (99,9999%) a JJ Produtos e a JJ Comércio, no Brasil. Em seguida, ao final de 2005, mantevese a mesma situação de 99,9999% de propriedade, porém por intermédio das empresas Ethicon e Bella 7 a Johnson Corporate, proprietária 100% da Ethicon e Bella 7, que em conjunto, eram proprietárias 99,9999% da JJ Produtos e JJ Comércio as quotas da JJ Produtos e JJ Comércio foram usadas para integralizar o capital da Ethicon e da Bella 7, pelo valor patrimonial contábil que era de US$24.549.865. No período de 13/12/2005 a 16/03/2006, a Johnson Corporate contribuiu as participações que detinha na Ethicon e Bella 7 para outra empresa no exterior controlada, a Fl. 8252DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 63 62 Latam Investement o valor das participações da Bella 7 e da Ethicon nas empresas controladas no Brasil, JJ Produtos e JJ Comércio, foi registrado como US$1.575.477.384 (56,99% da JJ Produtos US$576.758.000; 99,99999% da JJ Comercio US$1.246.783.000), com base em laudos de avaliação econômica de suas rentabilidades futuras esperadas. Essas operações consistiram em: a) Johnson Corporate vendeu 80,9% da Bella 7 para a Jahnssen Pharmaceutical; b) Johnson Corporate contribuiu 19,10% da participação societária na Bella 7 para a Jahnssen Pharmaceutical, completando os 100%; c) Johnson Corporate vendeu 62,74% da Ethicon para a Johnson IFSC; d) Johnson Corporate contribuiu 37,24% da participação societária na Ethicon para a Jahnssen Pharmaceutical, totalizando 99,98%; a) US$1.000.000.000 (em dinheiro) b) US$236.093.943,14 em resumo, Bella 7 US$1.236.093.943,14 c) US$197.070.000 (em dinheiro) d) US$116.973.012,43 em resumo, Ethicon US$314.043.012,43 Bella 7 mais Ethicon totalizaram US$1.550.136.955,57 Seguidas das seguintes operações: 1) Jahnssen Pharmaceutical contribuiu 100% da Bella 7 na Johnson IFSC 2) Jahnssen Pharmaceutical contribuiu 37,24% da Ethicon na Johnson IFSC Em seguida: a Johnson IFSC vendeu 100% da Bella 7 e 100% da Ethicon para Latam Properties US$1.550.270.000 (em dinheiro) Em 16/03/2006: Latam Properties vendeu 100% da Bella 7 e 100% da Ethicon para Latam Investment US$1.575.477.384 (em dinheiro) Ato contínuo, no final de 2006, foram extintas as empresas intermediárias Ethicon (em 30/06/2006) e Bella7 (em 29/06/2006), passando a JJ Produtos e a JJ Comércio 7 ao controle direto da Latam Investment. Essas operações societárias ocorreram no exterior. Em seguida, já no Brasil, a Latam Investment (com uma participação mínima da JJ Industrial, empresa do grupo no Brasil) constituiu a JJ Administração, com as quotas que detinha na JJ Produtos e na JJ Comércio. A partir desse momento em que as operações societárias se dão no Brasil, os investimentos na JJ Produtos e JJ Comércio foram registrados desdobrandose o valor de cada uma em patrimonial e ágio. Fl. 8253DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 64 63 Finalmente, a JJ Produtos incorporou a JJ Comércio e a JJ Administração e passou a amortizar os respectivos ágios: a) dela mesma (registrado na JJ Administração incorporada); b) e da incorporada JJ Comércio. Resultou a estrutura final em que a Johnson Corporate controla a Latam Investement (100%), ambas no exterior, que controla a JJ Produtos no Brasil (99,9999%). Todas as empresas envolvidas pertencem ao mesmo grupo empresarial e se encontram sob o mesmo controle. DA INDEDUTIBILIDADE DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. No item 5.37 do Relatório constam os valores da amortização, a partir do ano calendário 2007, pela recorrente JJ Produtos, do ágio assim gerado. Citese o Autuante: 5.40. “O que importa para a investigação a ser aqui realizada é que o suposto ágio decorreu apenas e tão somente de operações envolvendo sociedades de que estavam sujeitas a um mesmo controlador. É necessário ainda sobrelevar que tais sociedades (que estão identificadas dentre aquelas do Demonstrativo 1) possuíam capital detido exclusivamente por pessoas jurídicas do grupo econômico. Assim, sequer se pode cogitar a existência de sócios minoritários das pessoas jurídicas participantes das operações societárias de interesse que sejam "externos" ao grupo empresarial Johnson & Johnson, como já exposto na conclusão do parágrafo 53”. (...) 5.44. É tão sedimentado o entendimento contábil de que o ágio intragrupo fundamentado em rentabilidade futura não se qualifica como ativo que, mesmo hoje, após a profunda modificação por que passou a contabilidade brasileira, o Conselho Federal de Contabilidade, no item 50 da Resolução CFC n° 1.157/09 dispôs que esse ágio só pode ser reconhecido se adquiridos de terceiros. 5.45. “(...) como se infere das respostas fornecidas pelo fiscalizado e transcritas nos parágrafos 78 e 79 o grupo econômico claramente visou a afastar a aplicação do artigo 26 da Lei n° 10 833/2003 que estabelece a incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido por residente no exterior que aliene bens localizados no Brasil nas situações em que o adquirente esteja domiciliado no Brasil ou mesmo no exterior. Por meio dessa manobra o grupo intentou eliminar o elemento de conexão com o Brasil que permitisse que a legislação tributária brasileira alcançasse o ganho de capital apurado no exterior Se as transações realizadas no exterior tivessem como objeto as participações na JJ Produtos e na JJ Fl. 8254DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 65 64 Comércio poderseia aventar a hipótese de se exigir com fulcro no ventilado dispositivo da Lei n° 10 833/2003 a tributação sobre um suposto ganho de capital, a despeito de comprador e vendedor serem ambos residentes no exterior. Notese que tal interposição da Bella 7 e da Ethicon foi efêmera, mantendose somente durante o curto período compreendido entre o final de novembro de 2005 (ver parágrafos 56 a 61) e junho de 2006 (ver parágrafo 81). Após a alteração da base de avaliação dos investimentos, tais sociedades foram simplesmente dissolvidas e liquidadas”. 5.46. “A JJ Administração foi constituída com a função de carrear o ágio intragrupo à JJ Produtos. Atentese, no entanto, que mais do que carrear o pretenso ágio à JJ Produtos, a JJ Administração serviu de instrumento para "internalizar" no Brasil o ágio intragrupo então registrado na Latam Investment. Sem a previa integralização de capital da JJ administração com as participações na JJ Comércio e na JJ Produtos, aliada ao desdobramento e correspondentes custos de aquisição — que já estavam "inflados" pelo ágio intragrupo —, tal qual prevê o artigo 20 do Decretolei nº 1.598/77, o grupo empresarial não conseguiria seu verdadeiro intento, que era a redução da carga tributária da JJ Produtos por meio da amortização do suposto ágio”. (...) 5.53. No caso em discussão a empresa JJ Administração operou como “empresaveículo”. A própria informação prestada pelo fiscalizado apenas confirma que o ágio efetivamente não surgiu na constituição da JJ Administração, e portanto, não decorreu dessa operação. Tivesse o ágio despontado neste momento, a Latam Investment teria apurado um simultâneo ganho de capital tributável no Brasil. O ganho de capital nada mais é que a "outra face" do ágio e espelha a perspectiva da "outra ponta" da transação: se alguém paga ágio, o outro apura ganho." AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL NAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DESCRITAS. Em que pesem as justificativas que a Recorrente apresentou relativamente à criação da empresa JJ Administração (ou JJBr Latam), "proceder estudos de ações para otimização do Grupo Johnson no Brasil" , verificase que sua duração foi de pouco mais de um ano, sendo em seguida incorporada pela Recorrente, o que evidencia que tem razão o Autuante quando conclui que a JJ Administração foi constituída com a função de carrear o ágio intragrupo à JJ Produtos, servindo de instrumento para "internalizar" no Brasil o ágio então registrado na Latam Investment, o que foi concretamente o efeito prático da existência (de curta duração) dessa empresa. Também as empresas Bella7 e Ethicon foram interpostas no período entre o final de novembro de 2005 (parágrafos 56 a 61) e junho de 2006 (parágrafo 81) e depois da alteração da base de avaliação dos investimentos, foram dissolvidas e liquidadas. 5.45. “(...) como se infere das respostas fornecidas pelo fiscalizado e transcritas nos parágrafos 78 e 79 o grupo Fl. 8255DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 66 65 econômico claramente visou a afastar a aplicação do artigo 26 da Lei n° 10 833/2003 que estabelece a incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido por residente no exterior que aliene bens localizados no Brasil nas situações em que o adquirente esteja domiciliado no Brasil ou mesmo no exterior. (...) Verificase que as quotas das empresas JJ Produtos (que é a Recorrente) e da JJ Comercial, que terminou incorporada pela Recorrente, seguiram o seguinte trajeto: Inicialmente detidas pela Johnson Corporate, controladora do grupo; em seguida por meio das intermediárias Bella 7 e Ethicon; em seguida, pela Jahnsson Pharmaceutical e Johnson IFSC; em seguida ambas pela Johnson IFSC; depois pela Latam Properties; depois pela Latam Investmentes, todas no exterior. Em seguida, no Brasil pela JJ Administração (controlada pela Latam Investment no exterior) constituída para este fim. Verificase que essa cadeia de operações resultou na contabilização de ágio, no exterior, que foi trazido para o Brasil, na última operação. EMPRESA VEÍCULO. JJ ADMINISTRAÇÃO. Como destacou o Autuante, sem a previa integralização de capital da JJ Administração com as participações na JJ Comércio e na JJ Produtos, aliada ao desdobramento do valor do investimento nestas, em patrimonial e ágio, o grupo empresarial não conseguiria a redução da carga tributária da JJ Produtos por meio da amortização do ágio criado nas operações ocorridas no exterior, entre as empresas sob o mesmo controle: 5.53. No caso em discussão a empresa JJ Administração operou como “empresaveículo”. A própria informação prestada pelo fiscalizado apenas confirma que o ágio efetivamente não surgiu na constituição da JJ Administração, e portanto, não decorreu dessa operação. Tivesse o ágio despontado neste momento, a Latam Investment teria apurado um simultâneo ganho de capital tributável no Brasil. O ganho de capital nada mais é que a "outra face" do ágio e espelha a perspectiva da "outra ponta" da transação: se alguém paga ágio, o outro apura ganho. Concluise que não houve razão empresarial/negocial a justificar a criação da empresa JJ Administração, senão o objetivo de transferir à mesma o ágio intragrupo produzido por operações entre as empresas, todas sob o mesmo controle, no exterior. A utilização da empresa veículo é fato que isoladamente não seria motivo suficiente para descaracterizar os efeitos da operação quanto à geração de ágio amortizável e dedutível. Entretanto, na presente situação entendo que o procedimento do sujeito passivo nos moldes realizados teve como escopo o contorno da legislação que trata da matéria no que se refere fundamentalmente às circunstâncias que, em ocorrendo, permitam a amortização do ágio. Citese jurisprudência do CARF: Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Fl. 8256DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 67 66 Nº Acórdão 1201001.364 Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 Ementa: AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. APROVEITAMENTO POR OUTRA EMPRESA DO GRUPO. PROPÓSITO NEGOCIAL. POSSIBILIDADE. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago, devidamente fundamentado em rentabilidade futura, e decorrente de transação entre partes independentes. Caso exista um propósito negocial válido e se demonstre ser possível a dedução do ágio por incorporação direta, não há óbices para que o grupo econômico “transfira” o ágio efetivamente pago para outra de suas empresas, aproveitandose do benefício fiscal em outra parte da estrutura societária, mesmo se para isso se utilizar de empresa veículo. Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO RECURSO DE OFÍCIO Data da Sessão 03/02/2015 Nº Acórdão 1402001.893 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: i)negar provimento ao recurso de ofício. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. Não há como aceitar a dedução do ágio com utilização de empresa veículo, quando o procedimento do sujeito passivo não se reveste de propósito negocial mas revela objetivo exclusivamente tributário. MULTA QUALIFICADA DE 150%. REDUÇÃO. Não havendo o autuante demonstrado a ocorrência de fraude, que imputa à conduta do contribuinte para fins de qualificação da multa de oficio, deve esta ser reduzida para 75%. O caso típico da aplicação do benefício fiscal foi o das Privatizações de companhias estatais de eletricidade e de telefonia, em que consórcios de empresas adquiriram, com ágio, tais empresas, ou frações dessas empresas que, para fins da venda, foram destacados das empresas estatais originais; posteriormente à aquisição, as compradores incorporaram as respectivas frações que lhes correspondiam da empresaveículo de eletricidade ou telefonia que havia sido criada para este fim tratavase de operação entre partes independentes, e sob as leis do mercado; a criação da empresaveículo era uma condição para viabilizar a operação; o vendedor foi o próprio Governo Federal. Porém, no presente caso, concluiuse não haver o propósito negocial a justificar a criação da empresa. Fl. 8257DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 68 67 TRANSAÇÕES A VALOR DE MERCADO, MESMO INTRAGRUPO. A recorrente alegou que a empresa JJ US, isto é, a Johnson Corporate (segundo o esquema no início do relatório), que é a empresa controladora do grupo: 32. Outra questão que deve ser destacada e que deve orientar a análise dos fatos que passarão a ser descritos a seguir é que, sendo a JJ US (isto é, a Johnson Corporate), uma companhia aberta com ações negociadas em Bolsa de Valores e sujeita a avaliações, tanto por parte de agências classificadoras de riscos, quanto pela própria comissão de valores nobiliários norte americana (Securíties and Exchange Commission SEC) as operações efetuadas entre empresas do grupo JohnsonJohnson, por questões de transparência de mercado e de governança corporativa, devem ser sempre e necessariamente realizadas em condições de mercado, conforme constam em diversos documentos registrados pela JJ US perante a SEC, nos Estados Unidos. 37. A esse respeito, é importante frisar que ambas as operações foram feitas em condições de mercado {arm's length), tendo em vista a legislação americana aplicável e o fato de a 33 US ser uma companhia aberta, cujas ações já eram negociadas em Bolsa de Valores nos Estados Unidos (NYSE). Não havia, dessa forma, outra opção para a efetivação dessas aquisições peio grupo 3ohnson & 3ohnson, senão em valores justos de mercado. Segundo o argumento, qualquer operação societária no país da controladora, obrigatoriamente, deve ser efetuada segundo as leis do mercado ou pelo assim chamado proncípio "arms's leght", implicando que, se houve operações relativas a compra e venda no exterior, relativas às empresas situadas no Brasil que foram a JJ Produtos e JJ Comercio, tais operações refletiram o valor de mercado destas, nas datas das operações, o que justifica que o valor contabilizado nas transações resultou maior do que o valor contábil original das mesmas, além de que os Laudos de Avaliação apresentados suportariam a veracidade daqueles valores. Destaquese que o termo aquisição pode ter uma extensa gama de significados. Existem várias formas através das quais um bem ou direito muda de propriedade, com utilização de diferentes mecanismos voltados ao cumprimento das condições necessárias ao aperfeiçoamento do negócio jurídico. Entretanto, nessas situações sempre ocorre a presença do terceiro como contraparte, circunstância essa inexistente no caso sob exame. As empresas participantes das operações pertenciam ao mesmo grupo econômico e eram controladas pela mesma Johnson Corporate (ou JJ US). Eis que o contribuinte tem o direito de estruturar os seu negócio de maneira que melhor lhe convém. Porém, neste caso, tal ágio resultante das operações entre as empresas todas pertencentes ao mesmo grupo econômico, realizadas no exterior, foi trazido para o Brasil, onde a legislação admite a dedutibilidade da sua amortização desde que preenchidas determinadas condições. Fl. 8258DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 69 68 Obviamente, o contribuinte, busca a redução de custos e despesas, inclusive à redução dos tributos, porém, no presente caso, mesmo que tal ágio corresponda à realidade, as circunstâncias em que foi criado não permitem à Recorrente o gozo desse benefício fiscal. O Autuante questionou os Laudos de Avaliação: 5.41. “As avaliações econômicofinanceiras da JJ Produtos e da JJ Comércio — constantes nos relatórios já referidos — foram assentadas em informações subjetivas confiadas pelas próprias sociedades avaliadas à empresa responsável pelas mensurações. Não houve qualquer validação pelo mercado de tais avaliações, como é de se esperar em uma transação envolvendo partes independentes. Ambos os relatórios apresentados confirmam a não ratificação pelo mercado dos valores justos então apurados, conforme observação da própria empresa avaliadora constante no item "Considerações Gerais" dos indigitados documentos (...). Porém, mesmo que reflitam a realidade de mercado, as operações não se inseriram nas condições em que a legislação brasileira prevê a dedutibilidade do ágio: que haja propósito negocial; que a outra parte seja independente, que recolha IRPJ sobre o ganho de capital, a justificar o benefício fiscal para a Recorrente. A Recorrente destacou também que várias operações no exterior se efetivaram mediante pagamento em dinheiro de uma empresa à outra; no entanto, qual a relevância de tal pagamento realizado entre empresas controladas e controladoras 100%? Os valores transitaram dentro do Grupo empresarial, entre as empresas do grupo situadas no exterior, não houve ganho nem perda, permanecendo o patrimônio total o mesmo. Citese a jurisprudência do CARF: Tipo do Recurso RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE Data da Sessão 13/07/2016 Nº Acórdão 9101002.391 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. Deve ser mantida a glosa da despesa de amortização de ágio que foi gerado internamente ao grupo econômico, sem qualquer dispêndio, e transferido à pessoa jurídica que foi incorporada. Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 08/06/2016 Nº Acórdão 1402002.209 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a argüição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário Fl. 8259DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 70 69 Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário:2010 (...) DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESAS DE MESMO GRUPO ECONÔMICO. INDEDUTIBILIDADE. Incabível a formalização do ágio como decorrência de operação societária realizada entre empresas de mesmo grupo econômico, pela inexistência da contrapartida do terceiro que gere o efetivo dispêndio. Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 18/01/2016 Nº Acórdão 1201001.245 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso de ofício. E, por maioria de votos, acordam em NEGAR provimento ao recurso voluntário. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos econômicos efetivamente existentes. A geração de ágio em operações societárias levadas a efeito apenas dentro do mesmo grupo econômico, sem alteração do controle das sociedades envolvidas, e sem comprovação de efetivo ônus para a adquirente da participação societária, constitui prova da artificialidade e da falta de fundamento econômico do ágio, tornando inválida a sua posterior amortização. (...) Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 04/05/2016 Nº Acórdão 1301002.019 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 (...) INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço a terceiros. Não produz o efeito tributário almejado pelo sujeito passivo a sucessão de operações societárias sem qualquer finalidade negocial que resulte em incorporação de pessoa jurídica de mesmo grupo, com utilização de empresa veículo, unicamente para criar de modo artificial as condições para aproveitamento da amortização do ágio como dedução na apuração do lucro real e da contribuição social. Fl. 8260DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 71 70 Tipo do Recurso RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE Data da Sessão 06/04/2016 Nº Acórdão 9101002.301 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 (...) CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontramse atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. Tipo do Recurso RECURSO DE OFÍCIO Data da Sessão 06/11/2012 Nº Acórdão 1402001.229 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO PREMISSAS. As premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, são: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; ii) a realização das operações originais entre partes não ligadas; iii) seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto não há espaço para a dedutibilidade do chamado “ágio de si mesmo”, cuja amortização é vedada para fins fiscais, sendo que no caso em questão essa prática ocorreu. A despesa de amortização do ágio gerado internamente deve ser avaliada como desnecessária, portanto indedutível, à luz do art. 299 do RIR/99. INCORPORAÇÃO DE EMPRESAS DO MESMO GRUPO. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. RENTABILIDADE FUTURA. NECESSIDADE DE PROPÓSITO NEGOCIAL. Não é aceita, para fins fiscais, a amortização de ágio obtido por meio de operações ocorridas dentro de um mesmo grupo e decorrente de incorporação de pessoa jurídica em cujo patrimônio constava registro de ágio com fundamento em expectativa de Fl. 8261DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 72 71 rentabilidade futura, sem qualquer finalidade negocial ou societária, faltando, inclusive, à luz da Teoria da Contabilidade, a necessária independência entre as partes envolvidas. Multa Qualificada. A Recorrente, quanto à multa qualificada, invocou Inocorrência de fraude, simulação ou dolo e que os elementos da penalidade tributária: a “teoria da imputação subjetiva” e o artigo 112 do CTN: (i) Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, ao dispor sobre a aplicação de sanções tributárias, o CTN encampa a chamada "teoria da imputação subjetiva", segundo a qual a aplicação de penalidade deve levar em consideração a conduta do contribuinte diante de um risco novo e injusto, e não apenas sob a perspectiva da mera ação materialmente realizada: (ii) Em outras palavras, para que reste configurada a hipótese de aplicação de uma penalidade, a fiscalização deve demonstrar a ocorrência de aspectos objetivos e subjetivos na conduta do contribuinte, sendo que somente após essa avaliação, podese decidir pela aplicação ou não da penalidade; (iii) Portanto, sob o ponto de vista da "teoria da imputação subjetiva" resta claro que a Requerente não incorreu em nenhum dos aspectos de ordem objetiva e subjetiva que permitissem a aplicação da penalidade qualificada; Também alegou Erro de proibição e dúvida relevante: (i) que as operações autuadas pela fiscalização como não oponíveis à Administração Tributária eram, até a época dos fatos ora discutidos (2005), largamente reconhecidas como válidas pela jurisprudência administrativa: (ii) Assim, não se pode argüir simulação, fraude ou dolo; quando muito se poderia falar em "erro de proibição", pois, se é que havia qualquer ilicitude nas operações examinadas, o que se admite para argumentar, não havia ao menos conhecimento por parte da Requerente acerca dessa suposta ilicitude do negócio. É nesse sentido que tem decidido a jurisprudência administrativa: E invocou o princípio da proporcionalidade e o artigo 142 do CTN: (i) que a aplicação de sanções deve sempre seguir o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, conforme o artigo 2º parágrafo único, inciso VI, da Lei 9.784/99, que rege supletivamente o processo administrativo fiscal; (ii) e entendeu restar demonstrado o total descabimento da aplicação da multa qualificada de 150% à Requerente no presente caso, razão pela qual se pleiteia seu imediato cancelamento. Eis que a Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, I, § 1º determina que o percentual de 75% da multa de ofício será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, isto é, se comprovados: Fl. 8262DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 73 72 Art 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Tratam os autos de glosa de despesa de dedução de ágio, referente a aquisições de duas empresas posteriormente incorporadas, aquisições estas na forma de recebimento das mesmas como aumento de capital, isto é, não houveram pagamentos pelas aquisições, citese o relatório: E decorrência das incorporações da JJ Comércio e da JJ Administração pela JJ Produtos, o ágio originado do desdobramento do custo total de aquisição registrado na Latam Investment quando da integralização de capital na JJ Administração com as participações na JJ Produtos e na JJ Comercio passou a ser fiscalmente amortizado pela JJ Produtos, sob o suposto manto do artigo 386 do Decreto n° 3000/ 99 (Regulamento do Imposto de Renda — RIR/99).(Grifouse.) A Recorrente argumentou que: A própria legislação fiscal reconhece que a contribuição de participação societária em aumento de capital social de uma sociedade constitui, para essa sociedade que recebe o investimento, uma verdadeira forma de aquisição. A JJ Administração ficou obrigada pela legislação em vigor a registrar o investimento (controladas) pela método da equivalência patrimonial, desdobrando o seu custo em: valor do patrimônio líquido e ágio. (...) Como se pode notar, não houve atos artificiais ou que visassem burlar a legislação fiscal brasileira nas operações acima, como equivocadamente supôs a D. Fiscalização em seu Termo de Verificação. Cada uma das operações acima está suportada em documentação hábil e idônea, devidamente registrada nos órgãos oficiais conforme a regulamentação em vigor. A esse respeito, é importante enfatizar especialmente que essas operações foram motivadas por razões empresariais não tributárias, que são precedentes e independentes de qualquer efeito fiscal. Fl. 8263DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 16561.720170/201231 Acórdão n.º 1201001.469 S1C2T1 Fl. 74 73 No julgamento de que resulta o presente Acórdão, resultou vencedora a tese de que não foram preenchidas as condições do art. 386 do RIR de 1999, porquanto tivessem sido legais e como argumenta a Recorrente, no interesse dos negócios do grupo empresarial, as operações societárias realizadas não configuram a situação que autoriza à incorporadora deduzir o ágio relativo às empresas incorporadas. A Recorrente apontou que as operações autuadas pela fiscalização como não oponíveis à Administração Tributária eram, até a época dos fatos (2005), largamente reconhecidas como válidas pela jurisprudência administrativa; por isso, não se pode argüir simulação, fraude ou dolo; quando muito se poderia falar em "erro de proibição", pois, se é que havia qualquer ilicitude nas operações examinadas, o que apenas admite para argumentar, não havia ao menos conhecimento por parte da Requerente acerca dessa suposta ilicitude do negócio. Efetivamente, não há elementos a apontar dolo, fraude, ou simulação; ou que operações tenham sido ocultadas, dado que foram regularmente declaradas, com registros oficiais, junto a órgãos reguladores. Neste contexto, tratase de discussão sobre tema controverso, questão técnica, não havendo justificativa para a qualificação da multa; neste caso, correta é a aplicação da multa de ofício. À vista de não restar evidente a infração à Lei nº 4.502, de 1964, deve a multa qualificada ser convertida na multa de ofício do art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, isto é deve ser reduzida a 75%. (documento assinado digitalmente) Redatora designada Eva Maria Los Fl. 8264DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 09/ 10/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 12/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assi nado digitalmente em 19/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 10980.721823/2013-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN.
Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PROGRAMA NÃO EXTENSIVO A TODOS OS EMPREGADOS. DISCRIMINAÇÃO INJUSTIFICADA. EVIDÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO DE SALÁRIO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADO PARA RESTRINGIR O PAGAMENTO A ALGUNS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE.
Quando não extensivas a todos os empregados da empresa, as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados não podem adotar no instrumento de negociação critério que intencionalmente venha a restringir o pagamento somente a alguns empregados.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP.
Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI 13.097/2015. INCIDÊNCIA.
A multa aplicada no Auto de Infração de Obrigação Acessória, CFL 78, período objeto anterior à publicação da Lei 13.097/2015, com fundamento na aplicação da multa prevista no art. 32-A, Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, se amolda à anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097/2015, publicada no D.O.U. de 20.01.2015.
Numero da decisão: 2301-004.729
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos negar provimento ao recurso de ofício; e, em relação ao recurso voluntário, (b) por unanimidade de votos, reconhecer a decadência dos períodos de apuração de 02/2008 e 03/2008, (c) por unanimidade de votos, não conhecer de ofício a questão de não ter sido arquivado o instrumento de acordo do PPR, acusação que não constou no auto de infração, (d) pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário por considerar não cumprido o requisito legal de extensão do PPR a todos os empregados; vencidos nesta questão a relatora e os conselheiros Fabio Piovesan Bozza Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior, que davam provimento ao recurso voluntário; a conselheira Andrea Brose Adolfo considerava também não cumprido o requisito legal da existência de regras claras e objetivas; designado para redigir o voto vencedor nesta questão o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; (e) quanto à multa previdenciária (Debcad 37.360.516-1), submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; pela tese "b" Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior e pela tese "c" Julio Cesar Vieira Gomes e Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; com isso, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; designada para redigir o voto vencedor nesta questão a conselheira Andrea Brose Adolfo; (f) quanto à multa por descumprimento de obrigação acessória (GFIP), Debcad 37.396.782-9 por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Votou pelas conclusões o conselheiro Fabio Piovesan Bozza; vencidos os conselheiros Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior. Fez sustentação oral a Dra. Cristiane Matsumoto, OAB/SP 222.832.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Júlio Cesar Vieira Gomes Redator designado
(Assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Texeira Junior, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes e Marcela Brasil de Araujo Nogueira.
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PROGRAMA NÃO EXTENSIVO A TODOS OS EMPREGADOS. DISCRIMINAÇÃO INJUSTIFICADA. EVIDÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO DE SALÁRIO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADO PARA RESTRINGIR O PAGAMENTO A ALGUNS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. Quando não extensivas a todos os empregados da empresa, as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados não podem adotar no instrumento de negociação critério que intencionalmente venha a restringir o pagamento somente a alguns empregados. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI 13.097/2015. INCIDÊNCIA. A multa aplicada no Auto de Infração de Obrigação Acessória, CFL 78, período objeto anterior à publicação da Lei 13.097/2015, com fundamento na aplicação da multa prevista no art. 32-A, Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, se amolda à anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097/2015, publicada no D.O.U. de 20.01.2015.
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BANCO MULTIPLO DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE JULGAMENTO EM CURITIBA (PR) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2007 a 31/12/2008 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PROGRAMA NÃO EXTENSIVO A TODOS OS EMPREGADOS. DISCRIMINAÇÃO INJUSTIFICADA. EVIDÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO DE SALÁRIO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADO PARA RESTRINGIR O PAGAMENTO A ALGUNS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. Quando não extensivas a todos os empregados da empresa, as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados não podem adotar no instrumento de negociação critério que intencionalmente venha a restringir o pagamento somente a alguns empregados. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 18 23 /2 01 3- 62 Fl. 1636DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI 13.097/2015. INCIDÊNCIA. A multa aplicada no Auto de Infração de Obrigação Acessória, CFL 78, período objeto anterior à publicação da Lei 13.097/2015, com fundamento na aplicação da multa prevista no art. 32A, Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, se amolda à anistia prevista no art. 49 da Lei 13.097/2015, publicada no D.O.U. de 20.01.2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos negar provimento ao recurso de ofício; e, em relação ao recurso voluntário, (b) por unanimidade de votos, reconhecer a decadência dos períodos de apuração de 02/2008 e 03/2008, (c) por unanimidade de votos, não conhecer de ofício a questão de não ter sido arquivado o instrumento de acordo do PPR, acusação que não constou no auto de infração, (d) pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário por considerar não cumprido o requisito legal de extensão do PPR a todos os empregados; vencidos nesta questão a relatora e os conselheiros Fabio Piovesan Bozza Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior, que davam provimento ao recurso voluntário; a conselheira Andrea Brose Adolfo considerava também não cumprido o requisito legal da existência de regras claras e objetivas; designado para redigir o voto vencedor nesta questão o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; (e) quanto à multa previdenciária (Debcad 37.360.5161), submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; pela tese "b" Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior e pela tese "c" Julio Cesar Vieira Gomes e Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; com isso, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; designada para redigir o voto vencedor nesta questão a conselheira Andrea Brose Adolfo; (f) quanto à multa por descumprimento de obrigação acessória (GFIP), Debcad 37.396.7829 por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Votou pelas conclusões o conselheiro Fabio Piovesan Bozza; vencidos os conselheiros Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior. Fez sustentação oral a Dra. Cristiane Matsumoto, OAB/SP 222.832. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora. (Assinado digitalmente) Júlio Cesar Vieira Gomes– Redator designado Fl. 1637DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.636 3 (Assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Texeira Junior, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes e Marcela Brasil de Araujo Nogueira. Relatório No presente processos foram formalizados três Autos de Infração, DEBCAD n.º 37.360.5161, DEBCAD n.º 37.396.7799 e DEBCAD n.º 37.396.7829, respectivamente, relativos à Contribuições Previdenciárias Patronais, Contribuições destinadas a outras Entidades ou Fundos (Terceiros) e Multa por descumprimento de Obrigação Acessória, abaixo relacionados: * AI DEBCAD n.º 37.360.5161, consolidado 08.04.2013, referente à exigência de R$ 128.072.829,88 em Contribuições Previdenciárias da Empresa, incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados da impugnante, a título de participação no resultado, considerados pela auditoria como verbas salariais pagas de forma irregular, cujas bases de cálculo e contribuições previdenciárias incidentes não foram declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e nem recolhidas à Previdência, nas competências de 02/2007 a 13/2008; * AI DEBCAD n.º 37.396.7799, consolidado em 08.04.2013, referente à exigência de R$ 14.059.517,65 em Contribuições Destinadas a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros), incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados da impugnante, a título de participação no resultado, considerados pela auditoria como verbas salariais pagas de forma irregular, cujas bases de cálculo e contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP e nem recolhidas à Previdência, nas competências de 02/2007 a 13/2008; * AI DEBCAD n.º 37.396.7829, consolidado 08.04.2013, referente à aplicação de multa no valor de R$ 429.345,00, por descumprimento de obrigação acessória, em virtude de a empresa ter apresentado GFIP’s com omissão de dados correspondentes a fatosgeradores de contribuições previdenciárias, incidentes nas competências de 02/2007 a 13/2008; DO RELATÓRIO FISCAL O Relatório Fiscal de folhas 922/945, comum a todos os Autos de Infrações acima discriminados, traz em síntese as seguintes informações: Programa de participação no resultado do HSBC Fl. 1638DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 A empresa, representada pela FENABAN (FEDERAÇÃO NACIONAL DOS BANCOS), firmou Convenção Coletiva de Trabalho para estabelecer "PLR Participação nos Lucros ou Resultados" (fls. 59/86), doravante referida apenas como "PLR", nos exercícios de 2006, 2007 e 2008, conforme artigo 2º, inciso II da Lei 10.101/00. Os valores foram pagos em 02/2007, 02/2008 e 02/2009, não se constituindo base de incidência de contribuição previdenciária, conforme disposto no art. 28, § 9°, j da Lei 8.212/91; Além do PLR firmado na Convenção Coletiva de Trabalho, a empresa instituiu "PPR Programa de Participação nos Resultados" (fls. 87/131), celebrado entre a empresa e Comissão Interna de Empregados do Banco, o qual se constitui em programa complementar e possui previsão de distribuição de valores nas mesmas datas do PLR. Os valores pagos a título de PLR são deduzidos do pagamento dos valores pagos a título de PPR; Os PPRs analisados foram celebrados em 2006, 2007 e 2008, com pagamentos em 02/2007, 02/2008 e 02/2009. .... Os acordos celebrados em 2006 e 2007 são idênticos na forma e conteúdo. O acordo de 2008 difere dos demais apenas na "Cláusula Quarta: Avaliação"; PPR não extensível a todos os empregados Os PPRs celebrados não são extensíveis a todos os empregados, excluindo os empregados da empresa que sejam participantes de programas específicos de remuneração variável. Essa circunstância evidencia a natureza remuneratória do PPR para os empregados que o receberam; A empresa mantém sistema de avaliação de seus empregados, sistema CDP (fls. 132/136), classificandoos de acordo com seu desempenho individual em categorias de 1 a 5. O CDP se constitui em um sistema de avaliação anual que leva em consideração o atingimento de metas individuais pelos empregados; O sistema (CDP) adota avaliação por curva forçada, o que faz com que um percentual dos avaliados obrigatoriamente integre as categorias de avaliação 4 ou 5, consideradas de desempenho insuficiente, sendo tais trabalhadores afastados da possibilidade de percepção de participação no resultado, em virtude dessa classificação; Falta de regras claras no programa Nos programas de 2006 e 2007 os empregados são classificados em dois grupos: Modelo "A" para as faixas salariais mais elevadas e Modelo "B" para as demais. (...) verificase que as avaliações de desempenho da companhia e das unidades são definidas e executadas pela alta administração da empresa, não se observando os mecanismos de aferição exigidos pelo art. 2º, § lº da Lei 10.101/00; O Modelo "A" dos programas 2006 e 2007 possui uma tabela onde a importância de cada variável avaliada (companhia, unidade e individual) possui peso diferente conforme o nível salarial do empregado. Os critérios de avaliação da companhia e da unidade são estabelecidos e executados pela administração e a avaliação individual é obtida no CDP (sistema de avaliação da impugnante); Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.637 5 O Modelo "B" o empregado é avaliado exclusivamente com base na sua avaliação no CDP, recebendo um múltiplo de seu salário conforme a sua avaliação individual. A avaliação do empregado no Modelo "B" é completamente desvinculada dos resultados da empresa, dependendo exclusivamente da sua avaliação no sistema CDP, igualandose em sua natureza ao pagamento de prêmio por produtividade, (tabela às fls. 90); Em virtude do estabelecimento de limitemáximo no pagamento do PLR, os valores pagos no PLR não são proporcionais à remuneração dos empregados e como pelo PPR se faz pagamento proporcional à remuneração, a maioria dos empregados (aqueles que têm remuneração mais baixa) recebe valores pequenos ou nada recebem no PPR. Por outro lado os empregados de níveis salariais mais altos recebem valores expressivos (porque a parcela deduzida do PLR é proporcionalmente menor; Conforme verificado durante a fiscalização, a faixa com mais empregados é aquela que nada recebe. A distribuição dos valores pagos é extremamente heterogenia (...) a política adotada pela empresa no PPR visa contemplar a dedicação dos administradores na busca de resultados e é coerente do ponto de vista empresarial, mas não traduz os objetivos da Lei 10.101/00 (...) caracterizandose como um programa de premiação que não pode ser isento de contribuições previdenciárias, face à sua natureza remuneratória; O art. 2º da Lei 10.101/00 determina que as regras do programa devam ser claras e objetivas, inclusive no tocante aos mecanismos de aferição. Em contraposição, o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos; Não pactuação prévia O art. 2º, §lº, inciso II da Lei 10.101/00 determina que os programas de metas, resultados e prazos devem ser pactuados previamente, o que não ocorreu em nenhum dos PPRs analisados; Tendo em vista as considerações acima, o pagamento do PPR da empresa no período analisado caracterizase como fato gerador de contribuições previdenciárias, pois não se enquadra nas disposições da Lei 10.101/00 e não figura entre as parcelas não integrantes da base de incidência de contribuição previdenciária, previstas no art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91; Para determinação das bases de cálculo foram considerados os valores pagos a título de PPR, deduzidos os valores referentes ao PLR firmados nas Convenções Coletivas de Trabalho em 2006, 2007 (...); Programa de diferenças salariais da Losango Conforme esclarecido pela empresa (fls.31/32) houve pagamentos de remuneração variável a empregados da Losango Promoções de Vendas Ltda (empresa pertencente ao grupo do HSBC Bank Brasil S.A) transferidos para o banco, que assumiu a responsabilidade por tais pagamento, conforme Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 esclarecido pela fiscalizada, que não estão vinculados a documento formal de PPR; O período de lançamento do débito compreende as competências 02/2007 a 08/2008, representando em valores originários, R$ 121.561,98 em valores originários devidos à Previdência Social e R$ 13.950,61 devidos a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros); O fato gerador das contribuições apuradas é o pagamento das rubricas "1578 Partic Lucros" e "1579 Diferença PPR" a segurados empregados incluído em Folha de Pagamento, mas não considerado pela empresa como parcela integrante do salário de contribuição à Previdência Social; Contagem do prazo decadencial Os lançamentos constantes do presente processo referemse a fatos geradores ocorridos no período de 01/2007 a 12/2008; As Contribuições Previdenciárias configuramse tributos sujeitos a lançamento por homologação onde, nos termos do caput do art. 150 do CTN, a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. O prazo decadencial ocorre em cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, se a autoridade administrativa não homologar o lançamento antes de ocorrido o quinquênio (art. 150, § 4º, do CTN); Quando não ocorre o pagamento antecipado não há que se falar em fato homologável, passando o lançamento a ser direto ou de ofício, tal qual previsto no art. 149 do CTN, o que desloca a norma de contagem do prazo decadencial para a regra geral prevista no art. 173, inciso I, do mesmo diploma, contandose o quinquênio a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a autoridade poderia fazêlo; Conforme previsto no art. 149 do CTN, quando não há declaração ou quando a mesma é prestada de forma omissiva, o lançamento é efetuado de ofício e (...) comprovada omissão ou inexatidão da declaração incide a regra do artigo 173, I, do CTN, contandose o prazo decadencial quinquenal do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Este é o caso dos autos, pois a empresa não declarou quaisquer dos fatos geradores de contribuição previdenciária que ensejaram a presente atuação, deixando também de efetuar o pagamento da contribuição devida em sua totalidade em relação aos créditos tributários exigidos nos Autos de Infração, não havendo que se falar em pagamento parcial ou recolhimento a menor da contribuição sobre a folha de salários, entendimento este também adotado pelo STJ; Multa aplicada Em função das alterações legislativas, quanto às penalidades aplicáveis aos fatos acima descritos, ocorridas com a edição da MP 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009), e para atender ao disposto na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN, após comparação entre a multa vigente à época da ocorrência do fato gerador com a penalidade prevista no momento do lançamento, a auditoria aplicou a penalidade menos gravosa à contribuinte, Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.638 7 ou seja, multa de ofício de 75% (Art. 35A da Lei 8212/91) no caso das faltas contatadas nas competências 04/2007 a 08/2007, 04/2008 a 06/2008 e 09/2008 a 10/2008 e a multa de mora de 24% em conjunto como a multa por descumprimento de obrigação acessória do CFL 68 para as faltas constatadas nas demais competências. IMPUGNAÇÃO Inconformada, o contribuinte apresentou impugnação aos Autos de Infrações (fls. 982/1003), alegando em síntese que: Decadência do direito de constituir créditos anteriores a abril de 2008 (...) se aplica ao presente caso a Súmula Vinculante n° 8 do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão da qual foi editada a Lei Complementar n° 128/2008, que em seu artigo 13 revogou expressamente os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que respectivamente tratavam dos prazos de decadência e prescrição das contribuições previdenciárias. Com isso, ficou legalmente ratificada a aplicação do prazo decadencial de cinco (5) anos, a teor dos artigos 150, parágrafo 4o e 173, I, ambos do Código Tributário Nacional ("CTN"); (...) a Requerente esclarece que, especificamente, em relação aos lançamentos fiscais das competências de FEVEREIRO e MARCO de 2007 (...) independentemente da aplicação do artigo 173, inciso I ou do 150. S 4°. ambos do CTN, esses débitos foram atingidos pela decadência e, portanto devem ser excluídos (...), já que foram constituídos em 15.4.2013; Não obstante esse entendimento, a auditoria concluiu que pelo fato de o procedimento fiscalizatório que originou as autuações ter se iniciado em 2012, estaria afastada a alegação de decadência no presente caso. No entanto, esse entendimento da D. Fiscalização não encontra respaldo nem na legislação nem na jurisprudência administrativa e judicial, razão pela qual deve ser decretada a decadência do direito de cobrança dos créditos tributários pertinentes aos fatos geradores anteriores a ABRIL DE 2008, em respeito ao artigo 150, § 4°, do CTN; (...) em relação aos fatos geradores ocorridos entre 1.1.2008 e 14.4.2008. também ocorreu a decadência do direito da D. Fiscalização em cobrar a contribuição previdenciária e às terceiras entidades relativas a esse período, conforme a regra do artigo 150, parágrafo 4o, do CTN e jurisprudência do CARF e do STJ, pois no caso concreto houve pagamento antecipado de contribuições previdenciárias e a terceiros nas competências objeto de lançamento; Regularidade da PLR paga A participação nos lucros no Brasil deve ser considerada como pagamento desvinculado da remuneração dos trabalhadores, conforme determina o artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal de 1988''. Esse dispositivo constitucional, quando especificou que a PLR deveria ser desvinculada da Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 remuneração, afastou qualquer possibilidade de integração ao salário de parcela paga a tal título; Inexigibilidade de pagamento de PLR a todos os trabalhadores A Lei n° 10.101/2000 não estipula que os Programas de PLR devem ser estendidos para todos os seus empregados, nem mesmo uma interpretação finalística da norma imunizante e de sua regulamentação nos permite chegar a tal requisito de forma genérica; Ao contrário do que afirma a D. Fiscalização, no caso específico, a Requerente esclarece que deixou de efetuar pagamentos de PLR, nos anos de 2007 e 2008, para os empregados (i) que participam do Programa Trimestral Individual ("PTI") (doe. n° 7), cujos valores distribuídos foram considerados salário, para fins de incidência da contribuição previdenciária; e para os empregados (ii) com avaliação 4 e 5, conforme disposto no sistema anual de "Gerenciamento do Desempenho CDP"; No caso concreto não houve discriminação arbitrária e atentatória às finalidades assinaladas nos Programa de PLR dos anos de 2006 e 2007, restando evidente que esses Programas cumprem fielmente com o disposto na Lei n° 10.101/2000; Suposta ausência de regras claras e objetivas para pagamento de PLR (...) é importante salientar que pelo fato de a Lei n° 10.101/2000 não enumerar quaisquer índices/metas obrigatórios para o pagamento da PLR, é certo que qualquer resultado que interesse à empresa pode ser utilizado como critério para a distribuição da PLR, desde que seja claro o objetivo. No caso da Requerente, ao contrário do que afirma a D. Fiscalização, as regras para apuração do PPR existem e são plenamente conhecidas pelos seus empregados; (...) os critérios de avaliação da companhia e da unidade no Modelo "A" foram estabelecidos pela administração da Requerente, com base nos resultados de cada ano civil, cujas notas/percentual (da cláusula 4.2.1.2.1 dos PPR dos anos de 2006 e 2007) tiveram como base a escala de avaliação indicada no CDP (...). Já o critério de avaliação individual do empregado no Modelo "A" é obtido pelo processo CDP (RGA Anual), que contém as seguintes fases: (1) fixação dos objetivos; (2) revisão dos objetivos e avaliação parcial; e (3) avaliação final de desempenho, sendo que os responsáveis pelo cumprimento dessa fase são o avaliado, avaliador e superior imediato do avaliador; (...) o CARF tem decidido no sentido de que as avaliações individuais de desempenho informam claramente as metas estabelecidas a serem atingidas por cada empregado. Logo, não há nesta hipótese justificativa que sustente a desqualificação do pagamento de PLR da empresa; (...) em relação ao Modelo "B" dos PPR dos anos de 2006 e 2007, a Requerente esclarece que, de acordo com os PPR dos anos de 2006 e 2007, o valor da PLR distribuída teve como base o critério de avaliação individual obtido pelo processo CDP; Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.639 9 (...) também para o Modelo "B" dos PPR dos anos de 2006 e 2007, os empregados tiveram condições totais de acompanhar e mensurar os resultados atingidos. Para comprovar o acerto de sua tese, a Requerente junta aos autos o cálculo da PLR e respectivas avaliações individuais de alguns de seus empregados, conforme Modelo "B" dos PPR dos anos de 2006 c 2007; Dessa forma, resta evidente que, no caso específico, o pagamento da PLR sempre esteve ancorado nos acordos (PPR 2006 e 2007) firmados por comissões compostas por representantes dos empregados, do empregador e dos sindicatos, que previam metas a serem cumpridas, condicionando a distribuição da PLR ao atingimento desses resultados; Quanto à alegação da Fiscalização de que (...) a distribuição dos valores de PLR é extremamente heterogênea, sendo que os empregados nos níveis salariais mais altos recebem valores expressivos de PLR e os demais recebem valores pequenos ou nada recebem no PPR, vale considerar que (...) os PPR dos anos de 2006 e 2007 levaram em consideração o desempenho individual, da unidade e da companhia, então parece lógico que os valores distribuídos a título de PLR não sejam idênticos para os empregados. O pagamento de PLR pode ser diferenciado justamente porque considera o atingimento de metas, que nem sempre vão ser alcançadas de forma total por todos os empregados (...); Da ausência de metas previamente fixadas A respeito da afirmação da auditoria de que a PLR dos anos de 2006 e 2007 não teve suas metas, resultados e prazos previamente pactuados (...) notese que a Lei n° 10.101/2000 apenas regulamentou um direito constitucionalmente assegurado e fixou alguns procedimentos e finalidades, como, por exemplo, que o pagamento seja ajustado mediante (í) acordo coletivo, (ii) convenção coletiva, ou (iii) através de comissão escolhida pelas partes. Assim, ao estabelecer diferentes alternativas para formalizar um acordo ou plano para participação dos empregados nos lucros ou resultados, a Lei n° 10.101/2000 apenas tratou da forma da PLR, uma vez que a natureza jurídica de verba não salarial já estava consagrada pela Constituição Federal; Portanto, a Lei n° 10.101/2000 não impõe arbitrariamente uma determinada forma para que a PLR seja negociada. Ao contrário, a legislação incentiva o consenso e a negociação entre empregados e empregadores, os quais não podem ser desconsiderados pelas autoridades previdenciárias (...). No caso sob exame (...) a Requerente efetivamente estabeleceu Programas de PLR ("PPR") (...) com a prévia pactuação de metas com seus empregados e Sindicato, cumprindo os requisitos formais exigidos pela legislação em vigor. Embora os PPR dos anos de 2006 e 2007 tenham sido assinados posteriormente ao período de aferição dos resultados/início do ano civil, os empregados da Requerente tinham conhecimento das metas pactuadas (...). Acrescentese a isso o fato de que, no caso específico os PPR dos anos de 2006 e 2007 possuíam os mesmos critérios utilizados para pagamento da PLR dos anos anteriores, sendo que os empregados já tinham ciência das Fl. 1644DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 metas a serem atingidas desde o início do exercício (...). Ademais, importante acrescentar que o CARF tem aceito a formalização da negociação dos Programas de PLR mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes a esses Programas, como ocorreu nos PPR da Requerente dos anos de 2006 e 2007; (...) a Requerente reitera que foram cumpridas as exigências da Lei n° 10.101/2000, razão pela qual meras irregularidades formais não são suficientes para desconsiderar seus PPR. Ademais, no direito previdenciário, assim como no direito do trabalho, deve prevalecer o princípio da realidade, onde meros formalismos não se sobrepõem à verdade dos fatos; Ressaltese que, em cumprimento ao que determina a Lei n° 10.101/2000, a Requerente (i) negociou com a Comissão de Empregados e representante do Sindicato da categoria; e (ii) estabeleceu critérios com seus empregados. Assim, os procedimentos adotados pela Requerente não deixam dúvidas de que foi incentivada a negociação entre empregador e empregados, valorizando os princípios previstos nos artigos 7º e 8º da Carta Magna e as normas da Organização Internacional do Trabalho ("OIT"); Da multa aplicada no AI Debcad 37.360.5161 O cálculo da multa aplicada não está em consonância com o disposto na legislação específica. Isto porque, deve ser aplicada a multa pelo não recolhimento da contribuição previdenciária (multa de ofício), vigente à época da ocorrência dos fatosgeradores. Ou seja, para os fatos geradores ocorridos anteriormente à edição da Medida Provisória n° 449, de 3.12.2008 (convertida na Lei n° 11.941, de 27.5.2009), deve ser aplicada a multa de mora prevista no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 (redação original), ou seja, de 24%, e não de 75%, já que a multa atual (75%) é mais onerosa ao contribuinte e, portanto, não pode retroagir aos fatos geradores anteriores a sua edição. Assim, (...) a Requerente requer que para os lançamentos nas competências 4/2007 a 8/2007, 4/2008 a 6/2008 e 9/2008 a 10/2008 do AI n° 37.360.5161, seja aplicada a muita de 24%, nos termos do artigo 35 da Lei n° 8.212/91, em sua redação original; Da multa aplicada no AI Debcad 37.396.7829 Quanto à multa aplicada referente ao Código de Fundamentação Legal (CFL 68), prevista no artigo 32, inciso IV, parágrafo 5º, da Lei n° 8.212/91, combinado com o artigo 284, inciso II do Decreto n° 3.048/99, referente à apresentação da GFIP com dados não correspondentes a fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias incidentes, vale observar a Lei n°. 11.941/2009, revogou o artigo 32 da Lei n°. 8.212/1991 para acrescentar o artigo 32A, mediante o qual foi instituída uma nova penalidade por omissões nas declarações em GFIP. A penalidade introduzida pela Lei n°. 11.941/09 é mais benéfica do que aquela imposta pela D. Fiscalização no presente AI (artigo 32, IV, § 5º da Lei n°. 8.212/91), uma vez que o contribuinte ficará sujeito à multa administrativa de RS 20,00 para cada grupo do 10 (dez) informações incorretas ou omitidas na GFIP; Com base no que dispõe o artigo 106, inciso II, alínea "c", do CTN, a Requerente entende, caso seja mantido o auto de infração, que a nova multa trazida pela Lei n°. 11.941/2009 deverá ser aplicada de imediato aos fatos Fl. 1645DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.640 11 geradores em discussão, de forma retroativa, por ser mais benéfica ao contribuinte que aquela prevista na legislação anterior; Indicação indevida de pessoas no Relatório de Vínculos Devem ser excluídas de plano as pessoas indicadas no Relatório de Vínculos anexo ao Processo Administrativo, já que a imputação de responsabilidade em relação à quitação de débitos não é imediata e depende de comprovação de determinados requisitos previstos no artigo 135, inciso III, do CTN. Esse dispositivo legal estabelece que os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado respondem pelas dívidas tributárias, tão somente caso resultem de "atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos". Nesse sentido, lembramos que o mero inadimplemento de tributo é insuficiente para a caracterização de fraude à lei, condição necessária para a responsabilização dos diretores ou quaisquer representantes do Requerente, conforme já decidido pelo E. Superior Tribunal de Justiça; A pretendida aplicação de responsabilidade a terceiros que não a Requerente, pela D. fiscalização, sem qualquer prova de infração à lei ou ao estatuto social, agride a legislação tributária, motivo pelo qual devem ser excluídas as pessoas indicadas no Relatório de Vínculos anexo ao Processo Administrativo; Produção de novas provas Por fim, caso entendam Vossa Senhorias que são necessários novos elementos para que se demonstre o direito ora pleiteado, inclusive em respeito ao princípio da verdade real, a Requerente requer lhe seja assegurada a produção de provas por todos os meios em direito admitidos, em especial pela posterior juntada de novos documentos, de forma a comprovar que não pode ser compelida a recolher o débito que lhe está sendo imputado; (...) a empresa requer que seja julgada totalmente procedente a impugnação apresentada, de forma a cancelar os autos de infrações objeto do lançamento. A Turma de Primeira Instância, julgou procedente em parte a impugnação, conforme dispositivo abaixo transcrito: Acordam os membros da 5ª Turma de Julgamento, por maioria de votos, julgar procedente em parte a impugnação, cancelando do Auto de Infração n° 37.360.5161 o valor de contribuição de R$ 30.166.562,04 (trinta milhões, cento e sessenta e seis mil e quinhentos e sessenta e dois reais e quatro centavos), bem como os respectivos juros e multas de mora ou de ofício, conforme o caso, cancelando do Auto de Infração n° 37.396.7799 o valor de contribuição de R$ 3.465.866,06 (três milhões, quatrocentos e sessenta e cinco mil e oitocentos e sessenta e seis reais e seis centavos), bem como os respectivos juros e multas de mora ou de ofício, conforme o caso, e cancelando do Auto de Infração n° 37.396.7829 o valor de multa por descumprimento de obrigação acessória de R$ 171.738,00 (cento e setenta e um mil e setecentos e trinta e oito reais); em razão da declaração de Fl. 1646DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 decadência em relação às competências 02 a 08/2007, nos termos do Voto do Relator (e dos Demonstrativos Analíticos dos Débitos Retificados, a serem emitidos quando do cadastramento do Acórdão no sistema informatizado, em relação aos Autos de Infração n° 37.360.5161 e n° 37.396.7799). O contribuinte foi cientificado do Acórdão n° 0642.659 5ª Turma da DRJ/CTA em 19/08/2013 (fl. 1.355). Sobreveio Recurso Voluntário em 09/09/2013 (fl. 1.357/1.379), no qual, em suma, o contribuinte ratificou as razões da impugnação, alegando: Decadência do direito de cobrar os débitos relativos aos fatos geradores anteriores a abril de 2008; Regularidade dos programas de PRL do Recorrente Aplicação da multa de mora prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212/91 (em sua redação original) Auto de Infração nº 37.360.5161 Aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória (incorreções na GFIP) prevista no art. 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei nº 11.941/09 – Auto de Infração nº 37.396.7829 É o relatório. Passo a decidir. Voto Vencido Conselheira Alice Grecchi Relatora Os recursos ora analisados, possuem os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merecem ser conhecidos. Tratamse os presentes de Recurso de Ofício e Recurso Voluntário, acerca das seguintes infrações apuradas: Contribuições Previdenciárias Patronais Contribuições destinadas a outras Entidades ou Fundos (Terceiros) Multa por descumprimento de Obrigação Acessória Do Recurso de Ofício Inicialmente, no que tange ao Recurso de Ofício, dá análise dos autos, verificase que efetivamente o período de 2007 à que se refere as autuações está decaído, tanto pela aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, como fora reconhecido pela decisão de primeira instância, ou com fundamento no art. 150, § 4º, do CTN, de forma que, nego provimento ao Recurso de Ofício. Assim, passo a análise do recurso voluntário. Fl. 1647DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.641 13 Do Recurso Voluntário Da Decadência com fundamento no art. 150, §4º, do CTN Em preliminar de mérito, alega o contribuinte que no caso, “não se aplica a regra do artigo 173, inciso I, do CTN, mas sim a regra do artigo 150, parágrafo 4º, do CTN, visto que o artigo 173 se refere unicamente aos tributos que não estão sujeitos à sistemática do lançamento por homologação ou, em se tratando de tributos que estejam sujeitos a tal sistemática, como é o caso das contribuições previdenciárias, quando houver dolo, fraude ou não houver qualquer pagamento antecipado do imposto, o que evidentemente não ocorreu neste caso.” Sustenta ainda que “houve o pagamento antecipado das contribuições previdenciárias e das contribuições destinadas a terceiras entidades nas competências objeto dos Autos de Infração ora questionados, as quais foram devidamente declaradas em GFIP e recolhidas, por meio das Guia da Previdência Social”. Inicialmente, registramos que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Recursos Extraordinários nº 556664, 559882, 559943 e 560626, negou provimento aos mesmos por unanimidade, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, ambos da Lei 8.212/1991. Na oportunidade, os ministros ainda editaram a Súmula Vinculante 08 a respeito do tema, a qual transcrevo abaixo: Súmula Vinculante 8 STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. É necessário observar os efeitos da súmula vinculante, conforme se depreende do art. 103A, caput, da Constituição Federal que foi inserido pela Emenda Constitucional 45/2004, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (grifei) Da leitura do dispositivo constitucional, podese concluir que, a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por consequência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. O Código Tributário Nacional trata da decadência no artigo 173, abaixo transcrito: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 1648DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (grifei) II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo Único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Por outro lado, ao tratar do lançamento por homologação, o Código Tributário definiu no art. 150, § 4º o seguinte: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Tem sido entendimento constante em julgados do Superior Tribunal de Justiça que, nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. Se, no entanto, o sujeito passivo não efetuar pagamento algum, nada há a ser homologado e, por consequência, aplicase o disposto no art. 173 do CTN, em que o prazo de cinco anos passa a ser contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Verificase que o lançamento fiscal em tela se refere às competências de 02/2007 a 13/2008 e foi efetuado em 08/04/2013, cuja ciência do sujeito passivo ocorreu em 15/04/2013 (fls. 949/950). Com efeito, por tratarse o lançamento de contribuições previdenciárias, aplicase ao caso a Súmula nº 99 deste Egrégio Conselho: Súmula 99 do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração Fl. 1649DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.642 15 Logo, considerando que relativamente aos fatosgeradores a que se referem a presente autuação houve antecipação de pagamento parcial, conforme cópias das Guias da Previdência Social (GPS) de fls. 1.042/1.045, verificase que os valores apurados até a competência 03/2008, foram atingidas pela decadência, nos termos do art. 150, §4º, do CTN. Com isso, devem ser excluídos do lançamento não só os valores apurados nas competências de 2007, reconhecidas pela decisão a quo, mas também as competências de 02/2008 até 03/2008, já que o lançamento fiscal se refere ao período de 02/2007 a 13/2008, e o contribuinte teve ciência do lançamento em 15/04/2013 (fls. 949/950). Do Programa de Participação nos Resultados PPR Relativamente ao mérito, no que tange as contribuições previdenciárias patronais e de terceiros sobre as remunerações pagas pelo recorrente através de Programa de Participação nos Resultados PPR, cumpre referir que, as competências de 01/02/2010 a 30/11/2011 também foram objeto de autuação pelo Fisco através dos AIOP/DEBCAD nº 51.040.3263 e AIOP/DEBDAD nº 51.040.3271, Processo nº 10980.727433/201304, de Relatoria do Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, o qual trata da mesma matéria objeto do presente lançamento, e foi julgado na sessão de 12/04/2016, acórdão nº 2201003.020, de forma que acompanho o entendimento do nobre relator e o ratifico por seus próprios fundamentos, e peço licença para transcrevêlo, de forma que os utilizo para julgar: “[...] a empresa implementou dois programas de participação em resultados: um firmado em Convenção Coletiva do Trabalho (PLR – participação nos lucros ou resultados) e outro, intitulado PPR, celebrado entre a empresa e Comissão Interna de empregados do Banco. Apenas este último foi objeto do lançamento fiscal e é aqui discutido. Observo que a questão está centrada na conformidade ou não do Programa de Participação nos Resultados PPR com a Lei 10.101/2000. Para o fisco, o programa é desconforme, para o recorrente, é conforme. Analisemos. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR A CF, nos termos do art. 7º, inciso XI, assegura aos empregados o direito à participação nos lucros ou resultados da empresa desvinculada da remuneração, quando concedida de acordo com lei específica, é, portanto, uma normas constitucionais de eficácia limitada. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se denota do dispositivo constitucional transcrito, tratase de norma de eficácia limitada, cuja produção plena de efeitos foi Fl. 1650DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 condicionada à regulamentação pelo legislador infraconstitucional. Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Federal: Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da CF. Necessidade de lei para o exercício desse direito. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da CF começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. (RE 398.284, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 2392008, Primeira Turma, DJE de 19122008.) No mesmo sentido: RE 505.597AgRAgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 1º122009, Segunda Turma, DJE de 18122009; RE 393.764–AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25112008, Segunda Turma, DJE de 19122008. Em atendimento ao comando constitucional, sobreveio a Lei nº 10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e que, no artigo 1º dispõe ser a Participação nos Lucros e Resultados instrumento de integração entre o capital e trabalho, ou seja, é importante estratégia para atingir motivação e produtividade por parte dos empregados, lucro para as empresas e melhores condições sociais. Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. A Participação nos Lucros ou Resultados, na forma concebida pela Lei 10.101/2000, tem caráter notoriamente condicional. Sua percepção está vinculada ao alcance de metas pelos empregados, estabelecidas por meio de negociação entre esses e o empregador. Como ensina Fabio Campinho, na obra Participação nos Lucros ou Resultados Subordinação e Gestão da Subjetividade, o pagamento de valor desatrelado do alcance ou cumprimento de metas nada contribui para a integração capital e trabalho, configurando juridicamente salário sendo perfeitamente admissível que nestes casos o judiciário trabalhista considere o valor pago como parte integrante do complexo salarial. A incerteza é intrínseca à PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou de metas a serem atingidas não pode haver participação. Pelo menos não segundo os ditames fixados pela Lei 10.101/2000. Este fator imponderável que faz com que o lucro a ser atingido ao final do exercício contábil não seja previsível a não ser por estimativas, que faz com que as metas possam ou não ser alcançadas, é o que torna o programa condizente com os dispositivos legais. Portanto, parcela fixa, sem qualquer condicionante, não é PLR. É juridicamente salário. Fl. 1651DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.643 17 (...) Ao conceder a participação sob a forma de um “abono” desvinculado de qualquer meta não produz qualquer motivação adicional. Tratase apenas de uma mudança de rubrica. A parcela que anteriormente era considerada salarial para a não ser mais. Fato que em nada contribui para a “integração do trabalhador na vida da empresa” (Lei nº 10.101/2000, art. 1º). Em verdade, é perfeitamente admissível que nestes casos o judiciário trabalhista considere o valor pago como parte integrante do complexo salarial. Afinal, a incerteza é intrínseca a PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou de metas a serem atingidas não pode haver participação. Pelo menos não segundo os ditames fixados pela Lei 10.101/2000. Este fator imponderável que faz com que o lucro a ser atingido ao final do exercício contábil não seja previsível a não ser por estimativas (que não deixam de ser aproximações), que faz com que as metas possam ou não ser alcançadas, é o que torna o programa condizente com os dispositivos legais. Portanto, parcela fixa, sem qualquer condicionante, não é PLR. É juridicamente salário. (Editora LTR, São Paulo, 2009, p. 90.) A Lei nº. 10.101, de 19/12/2000 ao estabelecer critérios, estabelece uma definição para “participação nos lucros ou resultados”, logo, se de acordo com a Lei 10.101/2000 é PLR imune à tributação, senão, apesar do “nome”, não é PLR e será integralmente tributado. Para que o segurado empregado tenha direito à PLR não há necessidade de lucro por parte da empresa, podendo ser paga em função de um resultado. O resultado, conforme previsto na Lei nº. 10.101/00, é um resultado que se baseia em regras claras e objetivas de metas a serem alcançadas e que tem o intuito de incentivar a produtividade. Para a participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa, a Lei nº. 10.101/00 estabelece as seguintes condições: a) A PLR deve ser objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos abaixo, escolhidos pelas partes de comum acordo: * Comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; * Convenção ou acordo coletivo. b) Dos instrumentos decorrentes da negociação, deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao Fl. 1652DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: * Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; * Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. c) É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Art.1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Art.2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art.3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos Fl. 1653DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.644 19 lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. A ausência de um desses requisitos é suficiente para desqualificação da verba paga como PLR. Somente os valores pagos com estrita obediência aos comandos previstos na Lei nº 10.101/00 estão fora da esfera de tributação da contribuição previdenciária. Nesse sentido, apresento jurisprudência do CARF e também do STJ: CARF ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1997 a 31/12/2003 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS PARCELA INTEGRANTE DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS DA LEI 10.101/2000. Uma vez estando no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver incidência é mister previsão legal nesse sentido, sob pena de afronta aos princípios da legalidade e da isonomia. O pagamento de participação nos lucros e resultados em desacordo com os dispositivos legais da lei 10.101/00, quais sejam, existência de acordo prévio ao exercício, bem como a existência de regras previamente ajustadas, enseja a incidência de contribuições previdenciárias, posto a não aplicação da regra do art. 28, §9º, “j” da Lei 8.212/91. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QÜINQÜENAL. (...)NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.(...). RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. (Acórdão 240100545) STJ PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. 1. Embasado o acórdão recorrido também em fundamentação infraconstitucional autônoma e Fl. 1654DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 20 preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido o recurso especial. 2. O gozo da isenção fiscal sobre os valores creditados a título de participação nos lucros ou resultados pressupõe a observância da legislação específica regulamentadora, como dispõe a Lei 8.212/91. 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias em comento pagas pela empresa a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. 4. Ambas as Turmas do STF têm decidido que é legítima a incidência da contribuição previdenciária mesmo no período anterior à regulamentação do art. 7º, XI, da Constituição Federal, atribuindolhe eficácia dita limitada, fato que não pode ser desconsiderado por esta Corte. 5. Recurso especial não provido (REsp 856160/PR, Relatora Ministra ELIANA CALMON, DJe 23/06/2009). Conforme disposição expressa no art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91, notase que a exclusão da parcela de participação nos lucros na composição do saláriode contribuição está condicionada à estrita observância da lei reguladora do dispositivo constitucional. Essa regulamentação somente ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, reeditada sucessivas vezes e convertida na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que veio regular o assunto em tela. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Conforme previsto na alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei n º 8.212, a única hipótese para que a participação nos lucros e resultados não sofra incidência de contribuição previdenciária é que seja paga de acordo com a lei específica, isto é, se enquadre no estabelecido na lei 10.101/2000. Assim, onde o legislador dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação. Constatado o desrespeito à exigência legal, resulta descaracterizados os pagamentos como sendo PLR e passam à condição de pagamentos com natureza remuneratória. No caso presente, a autuação foi motivada por o PPR não ser extensivo a todos, não possuir regras claras e objetivas, não apresenta pactuação prévia e não ser homologado e Fl. 1655DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.645 21 arquivado nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme Termo de Verificação Fiscal, folhas 627 a 640 28) Conforme analisado, verificamos que os “Programas de Participação nos Resultados“ da empresa, firmados em 2009 e 2010: ∙ Não são extensíveis a todos os empregados, excluindo aqueles que já recebem remuneração variável em programas específicos; ∙ Exclui os empregados que recebem avaliação individual considerada inconsistente ou fraca pela empresa, aferida pelo sistema CDP; ∙ Classifica os empregados em três categorias: * “A” – engloba os empregados em níveis superiores, os quais são avaliados pelo desempenho global da empresa que se utiliza do PPR para alinhar a remuneração ao mercado; * “B” – engloba os empregados de níveis intermediários, os quais são avaliados pelo desempenho de suas áreas e pelo desempenho individual registrado no sistema CDP. A empresa se reserva o direito de majorar os valores do PPR em 8unção do mercado. * “C” – engloba os empregados lotados em estruturas comerciais e de atendimento ao cliente, os quais recebem remuneração variável por meio do PPR, conforme “Normativo de Remuneração Variável”, com regras diferenciadas de acordo com a área à qual o empregado está vinculado. Seu desempenho individual registrado no sistema CDP afeta diretamente a sua participação no PPR; * Não possui regras claras e objetivas, permitindo avaliações discricionárias pela administração da empresa e conferindo poderes ao CEO da empresa para ajustar os valores do PPR em função das condições de mercado. * Não apresenta pactuação prévia, conforme determinado na legislação. * Não foram homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme determinado pelo art. 2º. da Lei 10.101/00. PLR EXTENSIVO A TODOS A recorrente alega a ausência de exigência legal de pagamento de PPR para todos empregados. Concordo com o recorrente. Fl. 1656DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 22 Não encontrei na lei a exigência de extensão de PLR para todos empregados. Abaixo apresento trecho da ementa do acórdão 920200.503 da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF. Acórdão n° 920200.503 — 2ª Turma CSRF/CARF PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA. ... O legislador não fez previsão de exigência no sentido de que as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados fossem extensivas a todos os empregados da empresa para que houvesse a não incidência de contribuição previdenciária. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS Outro ponto alegado pelo fisco foi a ausência de regras claras e objetivas. A recorrente alega que os empregados tiveram totais condições de acompanhar e mensurar os resultados atingidos, apresenta as regras de avaliação do resultado e da performance dos trabalhadores e referencia documentos de avaliação individual apresentados na impugnação. Entendo que o PPR continha regras claras e objetivas. O Termo de Verificação Fiscal discorre dos itens 12 ao 25 sobre as regras constantes nos acordos, destacando no item 25 que "o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos." 12) A empresa mantém sistema de avaliação de seus empregados, sistema CDP (fls. 064/096), classificandoos de acordo com seu desempenho individual em categorias de 1 a 5. O CDP se constitui em um sistema de avaliação anual que leva em consideração o atingimento de metas individuais pelos empregados, conforme definido em seu regulamento: ... 13) O sistema adota avaliação por curva forçada, o que faz com que um percentual dos avaliados obrigatoriamente integre as categorias de avaliação 4 ou 5, consideradas de desempenho insuficiente: ... 25) O art. 2º da Lei 10.101/00 determina que as regras do programa devam ser claras e objetivas, inclusive no tocante aos mecanismos de aferição. Fl. 1657DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.646 23 Em contraposição, o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos. Considerese ainda que não é permitido ao empregador partilhar com o empregado os riscos de sua atividade empresarial, face o que dispõe o artigo 2º da CLT Consolidação das Leis Trabalhistas. Fl. 1658DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 24 Entendo que, os termos do acordo não ferem a Lei, além do que resultaram de negociação entre as partes. PACTUAÇÃO PRÉVIA Outra motivação apresentada pelo fisco foi a falta de pactuação prévia. O recorrente alega que os instrumentos de PPR foram assinados no início do período de aferição dos resultados. Fl. 1659DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.647 25 Concordo com o recorrente. Entendo que não houve ofensa à lei. Um acordo foi firmado antes do início do prazo e outro no primeiro trimestre do ano em questão. O Termo de Verificação Fiscal assim apresenta a questão: 26) O art. 2º, § 1º, inciso II da Lei 10.101/00 determina que os programas de metas, resultados e prazos devem ser pactuados previamente, o que não ocorreu em nenhum dos PPRs analisados, conforme abaixo Programa Registro do Acordo Período de Avaliação 2009 29/07/2009 01/01/2009 a 31/12/2009 2010 20/04/2010 01/01/2010 a 31/12/2010 Lei 10.101/00 [...] Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: [...] § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. (grifo nosso) Observo que os mencionados registros referemse a registro em Cartórios de Títulos e Documentos e que os acordos propriamente ditos, contém data de 11/12/2008, para o acordo de 2009 e 16/03/2010, para o acordo de 2010. HOMOLOGAÇÃO E ARQUIVAMENTO DOS ACORDOS NOS SINDICATOS O fisco alega desconformidade com a lei 10.101/2000 por não terem sido os acordos homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores. Fl. 1660DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 26 O recorrente afirma que os acordos foram "devidamente negociados com o sindicato dos trabalhadores", que "foram devidamente arquivados nas entidades sindicais, conforme demonstram os anexos emails trocados entre o RH do Recorrente e o representante sindical dos trabalhadores (doc nº 16 da Impugnação)". Abaixo apresento trecho do Termo de Verificação Fiscal: 27) A Lei 10.101 dispõe que a participação nos lucros ou resultados deverá ser objeto de negociação entre a empresa, empregados e sindicato, devendo o instrumento do acordo ser arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Intimada a apresentar comprovação da homologação e arquivamento dos instrumentos do PPR nas entidades sindicais dos trabalhadores, a empresa alegou que a aposição da assinatura de um de seus empregados, representante sindical, seria o suficiente para comprovar o cumprimento da obrigação legal. Esse não é o entendimento das entidades sindicais, conforme comprova a nota abaixo, denunciando que os PPR 2009, 2010 e 2011 foram impostos pelo Banco, sem a participação do Sindicato. LEI Nº 10.101, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. [...] Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da Fl. 1661DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.648 27 distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. [...] 28) Conforme analisado, verificamos que os “Programas de Participação nos Resultados“ da empresa, firmados em 2009 e 2010: ∙ Não são extensíveis a todos os empregados, excluindo aqueles que já recebem remuneração variável em programas específicos; ∙ Exclui os empregados que recebem avaliação individual considerada inconsistente ou fraca pela empresa, aferida pelo sistema CDP; ∙ Classifica os empregados em três categorias: * “A” – engloba os empregados em níveis superiores, os quais são avaliados pelo desempenho global da empresa que se utiliza do PPR para alinhar a remuneração ao mercado; * “B” – engloba os empregados de níveis intermediários, os quais são avaliados pelo desempenho de suas áreas e pelo desempenho individual registrado no sistema CDP. A empresa se reserva o direito de majorar os valores do PPR em função do mercado. * “C” – engloba os empregados lotados em estruturas comerciais e de atendimento ao cliente, os quais recebem remuneração variável por meio do PPR, conforme “Normativo de Remuneração Variável”, com regras diferenciadas de acordo com a área à qual o empregado está vinculado. Seu desempenho individual registrado no sistema CDP afeta diretamente a sua participação no PPR; ∙ Não possui regras claras e objetivas, permitindo avaliações discricionárias pela administração da empresa e conferindo poderes ao CEO da empresa para ajustar os valores do PPR em função das condições de mercado. ∙ Não apresenta pactuação prévia, conforme determinado na legislação. ∙ Não foram homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme determinado pelo art. 2º. da Lei 10.101/00. Fl. 1662DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 28 Entendo que aqui não cabe razão ao recorrente. Os acordos para pagamento do PPR foram firmados por meio de Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados, um referente ao ano 2009 e outro ao ano 2010, folhas 47 a 54 e 55 a 62, respectivamente. Ambos acordos, registram que o acordo é celebrado entre o recorrente e "Comissão de Representação Interna dos Empregados do Banco", sem citar representação sindical. Ao final dos acordos, estão consignados os signatários distribuídos em Comissão de Funcionários, Representantes Sindicais e Representantes da Empresa. O acordo 2009, registra 4 representantes sindicais, sendo que apenas 1 assinou o documento. O acordo 2010 registra 5 representantes sindicais, sendo que nenhum assinou o acordo. Observo que à folha 63, consta "Lista de Presença da Reunião com a Comissão de representação Interna dos Empregados do Banco PPR", datada de 16/03/2010, mesma data do acordo, contendo os mesmos nomes dos 5 representantes sindicais, porém, contendo 2 assinaturas. Entendo que representantes do sindicato participaram da reunião e não assinaram o acordo. Outro ponto é a questão do arquivamento dos acordos nos sindicatos. O recorrente busca comprovar o arquivamento por meio de cópia de emails apresentados por ocasião da impugnação (doc nº 16). Analisei os emails, folhas 1051 a 1060 e cheguei a conclusão diversa do recorrente. Os emails são trocados entre o RH Relações sindicais da empresa com o sr Miguel Pereira que registra abaixo de seu nome "Contraf CUT". Fl. 1663DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.649 29 Contraf é a abreviação de Confederação Nacional dos trabalhadores do Ramo Financeiro. O PPR 2009 é enviado pelo gerente de RH junto com a observação "Favor manter apenas sob seus cuidados, tendo em vista que este material é de circulação interna do HSBC." (folha 1054) O PPR 2010 é solicitado pelo sindicalista em 03/2011, junto como informações estatísticas (número de funcionários, distribuição geográfica do setor de compensação, número de funcionários nas capitais, por sexo). A resposta contendo o PPR foi enviada alguns dias depois. (folhas 1051 e 1052). Entendo que os acordos não foram arquivados nos sindicatos. Constato desconformidade com a Lei 10.101/2000. CONCLUSÃO Voto por negar provimento ao recurso. assinado digitalmente Carlos Alberto Mees Stringari” Conforme se verifica do voto supratranscrito, que esta relatora acolhe na íntegra, o qual trata da mesma questão dos autos, constatase que o Banco cumpriu os requisitos relativos ao Programa de Participação nos Resultados – PPR no que se refere a ausência de exigência legal de pagamento de PPR para todos empregados, bem como o referido Programa convencionado pelo Banco continha regras claras e objetivas, e houve pactuação prévia, de forma que não houve ofensa à lei. No que tange a falta de homologação e arquivamento dos acordos nos sindicatos, verificase que este fora o único fundamento pelo qual entendera o nobre Relator que não fora cumprido, uma vez que naquele processo, relativo ao período de apuração de 2010 e 2011, não ficou comprovado a referida homologação nas entidades sindicais dos trabalhadores. Naqueles anos (2010 e 2011), constava tãosomente Acordos para pagamento do PPR firmados por meio de Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados, um referente ao ano 2009 e outro ao ano 2010, folhas 47 a 54 e 55 a 62, respectivamente. Ambos acordos, registram que foram celebrados entre o Banco e "Comissão de Representação Interna dos Empregados do Banco", sem citar representação sindical. Ocorre que, no presente caso, relativo ao período de apuração de 2008, quanto ao Programa de Participação nos Resultados PPR, embora conste tãosomente “INSTRUMENTO PARTICULAR DE ACORDO DA PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS (fls. 102/130)”, verificase que este requisito sequer foi objeto de análise pelo Fisco, tampouco consta do relatório fiscal, não havendo lançamento em relação a este requisito. Portanto, considerando que o único fundamento pelo qual a 1ª Turma da 2ª Câmara, Acórdão nº 2201003.020, manteve aqueles lançamentos consiste no descumprimento da homologação e arquivamento nas entidades sindicais, requisitos estes, não constantes do presente relatório fiscal, não obstante tratarem da mesma matéria, uma vez que os acordos firmados em todos os anos foram convencionadas através de instrumento particular, com as Fl. 1664DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 30 mesmas condições (relativos tãosomente a fatos geradores distintos), e, inclusive, considerando que esta relatora não pode inovar nos fundamentos e atribuir requisitos que sequer o Fisco exigiu na peça fiscal, por tais razões, entendo que deve ser dado provimento ao recurso. DA MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA (GFIP) DEBCAD n.º 37.396.7829 Inicialmente, cumpre referir que a análise desta infração restaria prejudicada, uma vez que a infração material (principal) fora excluída, e devido a este fato, entende esta relatora que não subsistindo o principal, a multa por descumprimento de obrigação acessória também não pode subsistir. Todavia, a fim de evitar prejuízos ao recorrente, passase a análise da mesma, em face da redação da Lei nº 13.097/22015. No que tange a autuação por descumprimento de obrigação acessória, DEBCAD n.º 37.396.7829, em virtude de a empresa ter apresentado GFIP’s com omissão de dados correspondentes a fatosgeradores de contribuições previdenciárias, postula a recorrente a aplicação do art. 32A, inciso I, da Lei 8.212/91, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009, a qual alterou a penalidade prevista no art. 32, inciso IV, §§ 3º, e 5º, o qual fora fundamentada a presente autuação (fl. 949). Ocorre que, recente foi editado regramento anistiando as infrações elencadas no art. 32A caput, inciso I e II, incluídos pela Lei 11.941/2009. Vejamos a alteração da redação do art. 32 da Lei nº 8.212/91: Art. 32. A empresa é também obrigada a: [...] IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; [...] § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: […] Verificase que a diferença básica está na citação “dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias”. Resta Fl. 1665DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.650 31 evidente que se nem todos os dados referentes aos fatos geradores foram declarados é porque houve omissão em relação a alguns deles. Evidenciase, assim, que a infração anterior é idêntica a nova infração, mas apenas com uma outra roupagem e descrição. Desta forma, entendo que a multa do presente auto de infração está abarcada pela anistia concedida pela Lei 13.097/2015, ainda, que tal lei só cite o artigo 32A, uma vez que não haveria razão jurídica para se aplicar a anistia a uma infração e não a outra apenas porque o dispositivo legal é outro. Em verdade o dispositivo legal a prevalecer não seria o antigo, mas sim o artigo 32 A, da Lei 8.212/91 na redação da Lei 11.941/2009, uma vez que o artigo 106, II, “c”, da Lei 5.172/66 determina a aplicação da legislação que comine penalidade menos severa. Superada a questão da aplicabilidade da Lei nº 13.097/2015 para infrações capituladas pelo art. 32 e não pelo 32A, da Lei 8.212/91, resta analisar o caso concreto. A nova legislação introduzida no ordenamento jurídico, em seu artigo 49, abaixo reproduzido, dá expressa anistia as multas previstas no artigo 32A, da Lei 8.212/91. Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. Sobre o assunto, há decisões nesse sentido. Abaixo, ementa colacionada referente ao Acórdão 2803004.218 3ª Turma Especial, de 12.03.2013, Redator Designado Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 MULTA POR ENTREGA DE GFIP COM INFORMAÇÕES INCORRETAS OU COM OMISSÃO. LEI 13.097/2015. APLICAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso contrato, cominando a anistia ali prevista como remissão, extinguindo o crédito tributário da obrigação acessória, nos termos do art. 156, IV, do CTN. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Do acórdão supracitado, destaco excertos das razões de decidir contidas no voto vencedor. Desta feita, observase que a “anistia” trazida pela Lei 13.097/2015 atinge as infrações de não entrega de GFIP no Fl. 1666DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 32 prazo correto, desde que entregue no mês subsequente e a entrega de GFIP com incorreções ou omissões, não necessitando, neste segundo caso, qualquer entrega posterior, pois não há na lei em questão a exigência para a entrega com correções. Assim, entendo que a anistia trazida pelo artigo 49 da Lei 13.097/2015 deve ser aplicada ao caso concreto como remissão, extinguindo o crédito tributário referente à obrigação acessória em comento. Destaco, outrossim, que a norma tributária não há de trazer palavras inúteis, deste feito entendo que à remissão da multa por entrega de GFIP apresentada com incorreções ou omissões não há qualquer condição, devendo ser de imediato aplicado os termos propostos, com a corolária extinção do crédito tributário lançado. Portanto, a multa por descumprimento de obrigação acessória (omissões na GFIP), aplicada no Auto de Infração DEBCAD n.º 37.396.7829, que teve fundamento o art. 32, inciso IV, §§3º e 5º, cuja redação quanto as penalidades aplicadas fora alterada pelo art. 32 A, "caput", inciso I e II, da Lei n. 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009, a qual se amolda à anistia prevista no art. 49 da Lei n º 13.097/2015. Logo, deve ser cancelado o Auto de Infração DEBCAD n.º 37.396.7829, nos termos do art. 49 da Lei nº 13.097/15. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário excluindo o crédito tributário lançado. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi – Relatora Fl. 1667DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.651 33 Voto Vencedor Conselheiro Júlio César Vieira Gomes Redator designado Participação nos lucros e resultados A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Com todas as conquistas: saláriomínimo, limitação da jornada de trabalho, proteção contra a demissão sem justa causa, férias, descanso semanal remunerado, apenas para mencionar algumas, ainda assim capital e trabalho se opunham, um ao outro, como realidades inconciliáveis. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. No artigo 7º, Inciso XI, junto com outros direitos sociais do trabalhador está a participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração; portanto, tratase imunidade tributária: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entretanto, apenas com a Medida Provisória nº 794, de 22/12/94, convertida na Lei nº 10.101, de 19/12/2000, a matéria foi regulamentada: Art.1oEsta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. a) Finalidades: integração entre capital e trabalho; e ganho de produtividade. Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, Fl. 1668DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 34 período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. b) Negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores. No instrumento de negociação devem constar, com clareza e objetividade, as condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direitos substantivos). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa. Vêse que no instrumento de negociação deve constar o que dispõe o artigo 2°, §1° e, no caso dos critérios para se fazer jus ao benefício, o legislador cuidou apenas de exemplificá los. Como se constata pelas disposições acima, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. Nesse sentido, o artigo 2º, §1º, I da lei possibilita inclusive que a condição para a participação nos lucros ou resultados seja apenas o aumento da lucratividade da empresa. Comprovandose no Demonstrativo de Resultados do Exercício Financeiro que foi alcançada esta meta, que existe acordo coletivo ou comissão de trabalhadores e que a distribuição não é inferior a um semestre civil a participação nos lucros é regular. Não há nenhuma restrição na lei para que assim proceda a empresa. E nem poderia a autoridade fiscal criálas no caso concreto, sob pena de violação do Princípio da Legalidade, artigo 37, “caput” da Constituição Federal. Quanto aos mecanismos de aferição das informações para fins de comprovação do cumprimento dos critérios para a participação, não há qualquer previsão na lei no sentido de se exigir metas individualizadas para os trabalhadores. E nem poderia. Caso adote o aumento da lucratividade da empresa ou o alcance de outras metas organizacionais, critérios esses exemplificados na lei, não vejo como se exigir a aferição da contribuição de cada trabalhador para o cumprimento dessas metas. Como se poderia aferir a parcela do lucro de uma empresa de grande porte atribuída individualmente a um trabalhador da linha de produção? E mais. A exigência por parte da fiscalização de metas individualizadas vai de encontro ao que se procurou evitar na regulamentação da participação nos resultados e lucros – PLR, que é afastálo do conceito de salário. Em razão de tudo aqui exposto, vêse que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista Fl. 1669DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.652 35 seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Material para considerar os valores pagos integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, preocupouse o legislador com essa possibilidade de se desvirtuar a finalidade da lei e se utilizar a participação nos lucros e resultados da empresa para a sonegação de contribuições sociais: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Quanto à jurisprudência de nossos tribunais superiores, no RE 351.506 o STF manifestouse pela eficácia limitada do disposto no artigo 7º, XI da Constituição Federal): Dessa maneira, embora o inciso XI do artigo 7º da Constituição assegurasse o direito dos empregados à participação nos lucros da empresa e previsse que essa parcela participação nos lucros é algo desvinculado da remuneração, o exercício desse direito não prescindia de lei disciplinadora que definisse o modo e os limites de sua participação, bem assim a natureza jurídica dessa benesse, quer para fins tributários, quer para fins de incidência de contribuição previdenciária. E o STJ, pela obrigatoriedade de observância das disposições contidas na Lei nº 10.101, de 19/12/2000. Feitas essas colocações, analisemos o caso concreto. A divergência aqui é somente quanto ao modelo adotado pela recorrente para restringir o acesso ao programa somente a alguns empregados. A possibilidade de que o programa não seja extensivo a todos os empregados deve ser analisada com reservas, pois deve ser examinada em conjunto com os critérios adotados pela empresa. No caso, constatase que ficaram excluídos segurados empregados que percebem outra parcela de remuneração variável e mesmo quanto a muitos outros que estão no programa, foram criadas exigências mais rigorosas para aqueles que possuem menor remuneração enquanto para os níveis mais elevados da empresa constatamse requisitos e critérios mais acessíveis, o que denota dois problemas: a possibilidade do efeito de substituição de salários para os níveis mais elevados da empresa e a duvidosa possibilidade de existência da contrapartida por parte da maioria dos empregados no sentido de se aumentar a produtividade e os resultados da empresa. Na prática, pareceme que o pagamento de PLR fica restrito aos níveis mais elevados da empresa, justamente aqueles que teriam as maiores bases de cálculo da contribuição previdenciária. Assim, entendo que o programa se mostra descaracterizado como Fl. 1670DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 36 tal e contrário aos preceitos gerais da lei: integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade. Pelo exposto voto pela incidência da contribuição previdência sobre o PLR. No mais acompanho a relatora nas outras questões. É como voto. (Assinado digitalmente) Júlio César Vieira Gomes Redator designado Conselheira Andrea Brose Adolfo Redatora designada Multa previdenciária Mantida a incidência de contribuição previdenciária sobre o PLR, cabe analisar o critério de apuração da multa previdenciária aplicada ao lançamento fiscal. De acordo com o relatório fiscal, o presente processo trata de lançamento de contribuições previdenciárias referente ao período de 02/2007 a 12/2008 e multa por descumprimento de obrigação acessória (apresentar GFIP sem todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias), portanto, não é aplicável a sistemática da multa para falta de pagamento espontâneo. Ainda, com base no mesmo documento, extraise que, no momento da aplicação da multa, já foi observado o princípio da retroatividade benigna, conforme os seguintes excertos: 54. Para as infrações com fato gerador anterior a 04/12/2008, data da entrada em vigor da MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, a multa aplicada deve observar o princípio da retroatividade benigna (CTN, art. 106, inciso II, c), comparandose a multa imposta pela legislação vigente à época do fato gerador e a multa imposta pela legislação superveniente. (...) O instituto das multas em matéria previdenciária foi profundamente alterado pela Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Assim, após a edição da MP, a multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação entre o valor resultante do cálculo vigente à época dos fatos geradores e o valor resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será Fl. 1671DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10980.721823/201362 Acórdão n.º 2301004.729 S2C3T1 Fl. 1.653 37 realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Notase que o auditorfiscal, no momento da autuação já elaborou Demonstrativo da Retroatividade Benigna (fls. 921) no qual é apresentado o valor utilizado na determinação da multa aplicável em cada competência. Destacandose que a multa prevista na legislação atual (multa de ofício de 75%), foi a mais benéfica ao contribuinte nas competências 04/2007 a 08/2007, 04/2008 a 06/2008, 09/2008 e 10/2008; a contrário senso, nas demais competências foi aplicada a legislação da ocorrência do fato gerador. Portanto, entendo que a multa mais benéfica já foi calculada no momento da autuação, de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB nº 971/2009, acima transcrito, e nos termos do art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Assim, não há que se falar em aplicação do princípio da retroatividade benigna, consoante o disposto no artigo 106, II, c, do CTN, uma vez que tal procedimento já foi realizado pela fiscalização no momento da lavratura do auto de infração. É como voto. (Assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Redatora designada Fl. 1672DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 05/08/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 23/08/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 11020.720344/2016-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
DEDUÇÃO DE DESPESA DE INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO PARA TRATAMENTO GERIÁTRICO. MANUTENÇÃO DA GLOSA.
As despesas decorrentes de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica . Inteligência do inciso I e da alínea a do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250 de 26 de dezembro de 1995, combinado com o § 4º do art. 80 do Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1995.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.428
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negar-lhe provimento.
(Assinado Digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado Digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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MANUTENÇÃO DA GLOSA. As despesas decorrentes de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica . Inteligência do inciso I e da alínea “a” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250 de 26 de dezembro de 1995, combinado com o § 4º do art. 80 do Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1995. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 03 44 /2 01 6- 92 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negarlhe provimento. (Assinado Digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 11020.720344/201692 Acórdão n.º 2402005.428 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre – DRJ/POA, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), alterando o valor da restituição de R$ 7.443,17 (sete mil, quatrocentos e quarenta e três reais e dezessete centavos) para R$ 144,59 (cento e quarenta e quatro reais e cinquenta e nove centavos). O lançamento deuse em razão de glosa de valores deduzidos a título de despesas médicas, por falta de comprovação ou por falta de previsão legal para sua dedução, no valor de R$ 33.593,00 (trinta e três mil, quinhentos e noventa e três reais). A contribuinte contestou o lançamento por meio da impugnação de fls. 2/14, cujas alegações, as quais se reproduz a seguir, encontramse resumidas no Acórdão nº 10 56.399 da 8ª Turma da DRJ/POA: 1) Os valores contestados seriam referentes a despesas de internação em clínica de cuidados especiais, da mãe da declarante (sua dependente fiscal), que é deficiente física e portadora de moléstia grave. 2) As despesas médicas declaradas teriam sido efetivamente efetuadas e comprovadas. 3) A falta de cadastro das prestadoras de serviço no CNES não deveria ser motivo para a glosa, pois deveria o próprio Estado exigir esse requisito da instituição. 4) O direito à saúde estaria inserido no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e como tal não poderia ser obstaculizado pela contribuinte e tampouco pelo fisco. 5) Se as beneficiárias não estavam inscritas no CNES porque exigir que a declarante apresentasse os comprovantes das despesas realizadas? Por que não glosar desde logo essas despesas? 6) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitaria a dedução de despesa médicas mesmo nos casos em que efetuada com profissional que não estivesse inscrito no respectivo Conselho Profissional (cita excerto de decisão do STJ). 7) Solicita o recebimento de sua impugnação e retificação do lançamento para permitir a dedução das despesas médicas com sua mãe em clínicas geriátricas. A DRJ/POA decidiu por julgar improcedente a impugnação, mantendo a glosa das despesas nos valores lançados pela fiscalização, em razão de os prestadores de serviços, voltados para tratamento geriátrico, não se enquadrarem como “hospitais”, requisito legal para que as despesas médicas pudessem ser dedutíveis na declaração de rendimentos. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 4 Por ocasião do Recurso Voluntário a Recorrente reiterou os argumentos trazidos na impugnação, acrescentando que: a) a decisão de primeira instância deveria ser modificada, pois a glosa se deu primeiramente em razão de as empresas beneficiárias dos pagamentos não possuírem inscrição no Cadastro Nacional de Empresas de Saúde – CNES, sendo que, por ocasião da análise da impugnação, o argumento teria sido modificado, restando consignado na referida decisão que as despesas de internação em estabelecimento geriátrico somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital; b) o cadastro no CNES, como condição para o abatimento dos despesas de saúde na Declaração de Ajuste Anual, deveria ser previamente exigido por Estado/União para que empresas desse ramo pudessem funcionar; c) as duas clínicas geriátricas cujas despesas foram glosadas possuem em seu quadro de pessoal profissionais das mais variadas áreas de saúde, com diploma e registro nos respectivos órgãos de classe; d) estando os profissionais que atuam na clínica regularmente inscritos nos respectivos conselhos profissionais, seria desnecessário exigir cadastro no CNES; e) o correto e adequado enquadramento das entidades beneficiárias à legislação vigente não pode constituir obstáculo para a dedução das despesas, visto que a internação foi efetuada por recomendação médica e as despesas foram devidamente comprovadas; e f) há previsão expressa no Regulamento do Imposto de Renda para a dedução. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 11020.720344/201692 Acórdão n.º 2402005.428 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. O caput e os §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1995, nos termos dos §§ 3º a 5º do DecretoLei nº 5.844, de 1943, estabelecem a necessidade de comprovação das despesas deduzidas da base de cálculo do IRPF e a possibilidade de glosa de deduções indevidas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). A definição da base de cálculo do IRPF, bem assim a possibilidade de dedução de despesas relativa à prestação de serviços médicos e de estabelecimentos de saúde têm como base o inciso I e a alínea “a” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no ano calendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços Fl. 76DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 6 radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] (Grifei) O § 4º do art. 80 do Decreto nº 3.000, de 1999, define de forma absolutamente precisa o alcance da isenção tributária relativamente a despesas havidas com internação geriátrica, ao estipular que os custos com esse tipo de tratamento somente poderão ser deduzidos na Declaração de Ajuste Anual – DAA caso o estabelecimento onde ocorreu o tratamento seja qualificado como hospital: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). [...] § 4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. [...] (Grifei) Ainda de acordo com os normativos cotejados, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. No caso sob exame, a fiscalização verificou que as despesas da Recorrente com as instituições denominadas CASA GERIÁTRICA CUIDARE LTDA. e RESIDENCIAL GERIÁTRICO BELA VISTA, no valor de R$ 33.593,00 (trinta e três mil, quinhentos e noventa e três reais), não atendia aos requisitos estabelecidos em lei para serem poderem ser deduzidas da base de cálculo IRPF, haja vista referidos estabelecimentos, à luz das exigências prescritas nas normas correlatas, não se enquadrarem como hospital. Vejase que, nos termos do inciso I e da alínea “a” do do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995, combinado com o § 4º do art. 80 do Decreto nº 3.000/1999, para fazer jus à isenção e poder deduzir as despesas com internação em estabelecimento geriátrico da base de cálculo do IRPF é necessário, além da comprovação dessas despesas com documentos hábeis e idôneos, que o estabelecimento seja qualificado como “hospital”, o que pressupõe o cadastro no CNES, conforme ressalvado na decisão da DRJ/POA (1056.399 8ª Turma da DRJ/POA): O cadastro é obrigatório e abrange a totalidade dos Hospitais existentes no país. O código CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde) é atribuído ao estabelecimento hospitalar após a verificação in loco, encaminhamento dos dados de cadastro em meio magnético pelo gestor e atestado de certificação do Fl. 77DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 11020.720344/201692 Acórdão n.º 2402005.428 S2C4T2 Fl. 5 7 cadastro por entidade designada pelo Ministério da Saúde. Portanto, para poder deduzir despesas de internação em estabelecimento geriátrico é necessário, além da comprovação das despesas com documentos hábeis e idôneos (daí porque a fiscalização exigiu essa comprovação), que o estabelecimento seja qualificado como “hospital”, ou seja, possuir o código CNES, enquadrarse nas normas editadas pelo Ministério da Saúde e tiver licença de funcionamento das autoridades competentes. Ressaltese que diferentemente do que aduz a Recorrente, não houve qualquer alteração nos critérios adotados por ocasião do lançamento e da decisão de primeira instância, pois em ambos casos, restou patente que as despesas com internação em estabelecimento geriátrico somente poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, o que pressupõem o registro no CNES. Quanto ao argumento da Contribuinte de que a falta de cadastro das prestadoras de serviço no CNES não deveria ser motivo para a glosa, ressalvamos que, nos termos do inciso II do art. 111 do Código Tributário Nacional – CTN, a legislação tributária concernente à outorga de isenção deve ser interpretada de forma literal, ou seja, não há espaço para o julgador administrativo afastar a exigência de inscrição no CNES para as entidades beneficiárias dos pagamentos glosados pela fiscalização, eis ser esse é critério determinante para que essas entidades sejam reconhecidas como estabelecimentos hospitalares e os pagamentos pelos serviços por elas prestados estejam isentos do IRPF, nos estritos termos definidos em lei. No que se refere à alegação de que Estado/União deveriam exigir cadastro prévio no CNES para que as empresas voltadas ao atendimento e tratamento de pessoas idosas pudessem operar no mercado, salientamos não haver óbice ao funcionamento dessas entidades, uma vez atendidos os requisitos estabelecidos nas normas pertinentes, tampouco para que essas empresas desenvolvam atividades voltadas à saúde e ao bem estar do idoso. A despeito disso, independentemente de contarem com profissionais atuando regularmente na área de saúde ou de se dedicarem tratamentos que tenham sido recomendados por profissionais da área médica, a menos que esses estabelecimentos estejam enquadrados como hospitais, com o respectivo registro no órgão compentente, as despesas decorrentes dos serviços por eles prestados não serão alcançadas pela isenção prevista na a alínea “a” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995. No que se refere ao excerto da jurisprudência do STJ suscitado pelo sujeito passivo, ainda que houvesse qualquer semelhança com o caso que ora se analisa, referida decisão se restringe às partes envolvidas no litígio, não tendo o condão de afastar aplicação da legislação tributária cotejada na esfera administrativa. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 8 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto. (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10480.908675/2012-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.295
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DCOMP. Recorrente MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 75 /2 01 2- 49 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF/Recife emitiu o Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou que os créditos em questão seriam "relativos a pagamentos a maior ou indevidos de PIS ou COFINS", originados "da retificação dos DACON da empresa, após a realização de auditoria interna", onde teria sido constatado que diversos créditos, oriundos das contribuições PIS e COFINS não cumulativas, não teriam sido contabilizados. Afirmou que realizou a retificação de suas DACON para, posteriormente, apresentar as respectivas PER/DComp. Assim, sustenta que os créditos oriundos dos alegados indébitos estariam plenamente demonstrados nos DACON retificadores entregues eletronicamente à SRF, o que dispensaria a juntada desta demonstração ao processo, conforme determinaria o Art. 37 da Lei 9.784/99. Ao final, alegou que o erro de não ter retificado tempestivamente suas DCTF´s não implica na inexistência de seus créditos. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 03059.569, cuja ementa segue transcrita, na parte essencial: APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 68DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário a contribuinte traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório estaria demonstrada no DACON, e que os valores que originaram os pagamentos a maior e retenções já estariam na base de dados da SRF. Neste ponto, aduz que não lhe foi dada oportunidade de conversão do julgamento em diligência, nem teria sido intimada a juntar novas provas, o que teria prejudicado seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Por tudo isto, alega, preliminarmente, que teria havido cerceamento de seu direito de defesa, solicitando a anulação da decisão da DRJ; b) reclama que bastaria uma simples comparação dos DACON com os valores recolhidos pela empresa para verificar a procedência do direito pleiteado, alegando que o parágrafo único do Art. 26 do Decreto 7.574/2011 determina que a prova da inveracidade dos fatos registrados caberia à autoridade fiscal. Desta forma, estaria se impondo um ônus injustificado ao contribuinte; c) reclama, ainda, que não teria havido uma recusa fundamentada acerca do pedido de produção de prova posterior, conforme determinaria o Art. 39, par. único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo. Portanto, a decisão recorrida deveria ser anulada, conforme determinaria o Art. 53 do mesmo diploma legal. Neste sentido, sustenta que as diretrizes da verdade material devem ser observadas pelos agentes da administração e transcreve ementas de julgados que ilustram seus argumentos; d) solicita, ao final, a anulação da decisão recorrida por violações aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, informalidade e verdade material. Pede, ainda, que após a anulação da decisão da DRJ seja reconhecido seu direito creditório com a conseqüente homologação das compensações declaradas, ou seja o julgamento convertido em diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.265, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10480.908649/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.265): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 43 a 52 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Brasília/4ª Turma, nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 5 4 O recorrente invoca, preliminarmente, o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. No caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação do DACON para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Novamente, agora já em sede de recurso voluntário, o interessado não aportou aos autos qualquer documentação probatória, limitandose a bradar contra alegadas violações à princípios constitucionais e também a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF, que portanto não haveria necessidade da juntada de quaisquer outros documentos e ainda, que caso tais informações se revelassem insuficientes, deveria ter sido solicitada a realização de diligência. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 6 5 Conforme bem apontou a decisão da DRJ, a declaração do contribuinte em DCTF constituise em confissão de dívida, o que confere liquidez e certeza à obrigação tributária. No atual momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação seria imprescindível uma cabal demonstração na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, da alegada diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, uma vez que a juntada das provas aos autos dever ser praticada no tempo certo, sob pena de preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. Conforme o § 4º do art. 16 do PAF, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 7 6 Contudo, no caso desses autos, o recorrente sequer se preocupou em trazer oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC). Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação oportuna de documentos contábeis e/ou fiscais capazes de efetivamente demonstrar que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não teria atingido o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e no DACON retificador, de caráter meramente informativo. Como o contribuinte sequer procurou juntar aos autos qualquer tipo de documentação na intenção de demonstrar que efetivamente seria titular do alegado direito creditório, eventuais créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública ficam sem a devida comprovação de sua certeza e liquidez, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Restam, portanto, descabidas as demais alegações quanto às supostas violações à ampla defesa, bem como aos demais princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e informalidade. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908675/201249 Acórdão n.º 3201002.295 S3C2T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 12448.726263/2013-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura de ação judicial sobre o mesmo objeto do processo administrativo fiscal importa renúncia à instância administrativa. Súmula Carf n. 01.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em razão da renúncia ao contencioso administrativo.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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CONCOMITÂNCIA. A propositura de ação judicial sobre o mesmo objeto do processo administrativo fiscal importa renúncia à instância administrativa. Súmula Carf n. 01. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em razão da renúncia ao contencioso administrativo. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 62 63 /2 01 3- 03 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 26/09/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZA RINI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 2 Relatório Recurso voluntário interposto em 30/06/2015 que visa reverter o acórdão 16 61.303 21a. Turma da DRJ SPO, que considerou improcedente a impugnação da contribuinte para o crédito tributário lançado no processo. A ciência à decisão recorrida deuse em 05/06/2015. O lançamento decorreu do fato da contribuinte ter declarado os rendimentos recebidos do Comando do Exército e da Advocacia Geral da União como isentos por moléstia grave, no valor total de R$ 350.731,80. A recorrente alega que os valores recebidos são decorrentes da própria aposentadoria e de pensão do exército, e que o diagnóstico de neoplasia maligna data de 12/01/2005. Teria uma medida cautelar em antecipação de tutela de 18/11/2008 aonde ficara suspensa a exigibilidade do imposto de renda incidente sobre os proventos da autora a partir daquela data. Apesar de ter obtido êxito na ação, a mesma encontra sob análise no Tribunal Regional Federal, tendo em vista recurso interposto pela União. O laudo técnico apresentado contém informação de que "a doente pode ser considerada clinicamente curada após cinco anos sem evidência de câncer, ou seja, após Fevereiro de 2010". Contudo, o próprio perito informa que o conceito de cura clínica é operacional e relacionase ao risco diminuído de recidiva associado a não evidência de doença macroscópica. Anexou ao processo documentos referentes à ação judicial, na qual está especificado que a recorrente pleiteia a isenção do imposto de renda em relação à sua aposentadoria desde o diagnóstico da neoplasia maligna, em 12/01/2005, a sua pensão militar por morte recebida desde 07/2006. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 26/09/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZA RINI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 12448.726263/201303 Acórdão n.º 2401004.491 S2C4T1 Fl. 3 3 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. Conforme os documentos acostados aos autos, a recorrente está litigando judicialmente sobre o crédito tributário deste processo. Enfatizo que o recurso voluntário tratou apenas dos proventos de aposentadoria e de pensão por morte que a contribuinte recebe. Desta forma, tendo em vista a concomitância dos processos, entendo que renunciou à instância administrativa. Nesse sentido a Súmula n.1 deste Conselho, a seguir transcrita. Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Desta forma, voto por não conhecer do recurso voluntário interposto, pela perda do objeto, em razão da renúncia ao contencioso administrativo. (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 26/09/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZA RINI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS
score : 1.0
Numero do processo: 11618.001953/2011-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. JUSTIÇA FEDERAL. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62, § 2º.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.589
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rosemary Figueiroa Augusto e Cecília Dutra Pillar, que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto informou que apresentará declaração de voto.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: Marcio Henrique Sales Parada
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JUSTIÇA FEDERAL. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62, § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC/1973. Art. 62, § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rosemary Figueiroa Augusto e Cecília Dutra Pillar, que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto informou que apresentará declaração de voto. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 00 19 53 /2 01 1- 14 Fl. 86DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 87 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado por ocasião da Resolução 2802000.131, da 2ª Turma Especial da 2ª Seção desta CARF, que anteriormente decidiu pelo sobrestamento do julgamento (fl. 82): Tratase de Auto de Infração (fl. 15 e ss.) proveniente de revisão de Declaração de Ajuste Anual relativo ao exercício do ano de 2010, ano calendário de 2009, que apurou omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica em razão de ação judicial relativa a sua aposentadoria. O Contribuinte apresentou, tempestivamente, Impugnação (fl. 01 e ss), sob os fundamentos de que ingressou na Justiça Federal com uma ação ordinária (Processo no.94.101538) contra o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, visando á concessão de aposentadoria especial aos 25 anos de atividade em condições ininterruptas de insalubridade; a ação foi julgada procedente, pela concessão do beneficio de aposentadoria especial, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária; conforme a sentença e cálculos da Justiça Federal, o valor do principal era devido de janeiro de 1993 a setembro de 1995, abaixo dos valores exigidos pela Legislação do Imposto de Renda para incidência do imposto; quanto aos juros moratórios, eles têm natureza indenizatória e.como tal,não sofrem incidência de tributação. Cita jurisprudência e prossegue alegando que os supostos erros apontados pelo Fisco não foram devidamente demonstrados provocando cerceamento de defesa. O contribuinte anexou aos autos, o demonstrativo de cálculo do processo o nº 94.101538 contra o Instituto Nacional do Seguro Social e cópia da sentença da ação ordinária. Ato contínuo, os autos foram remetidos para julgamento à 1ª Turma da DRJ/REC, em sessão realizada no dia 22/05/2012, que, por unanimidade, julgou procedente o lançamento, sob o fundamento de que o processo transcorreu rigorosamente de acordo com a legislação de regência, não havendo que se falar em cerceamento de defesa, se o contribuinte exerce inclusive regularmente seu direito a impugnar o lançamento; os valores em questão foram recebidos anteriormente à disciplina da Lei 12.350/10, incidindo o imposto no mês do recebimento do crédito, segundo a legislação vigente na data do fato gerador; os valores recebidos não tem natureza indenizatória, mas são Fl. 87DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 88 3 rendimentos recebidos a destempo, incidindo assim na respectiva tributação. Intimado da supramencionada decisão, conforme fl.75 (numeração CARF, de vez que ausente a numeração original), o Contribuinte apresentou, tempestivamente, Recurso Voluntário (fls. 76 e ss.), repisando os argumentos esgrimidos na impugnação. Pois bem, tratase de exigência tributária relativa ao IRPF incidente sobre rendimentos decorrentes de ação judicial movida pelo contribuinte em face do INSS tendo por objeto benefício de aposentadoria. A tributação foi aplicada sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, no mês do recebimento. Impugnada a exigência, a DRJ em Recife/PE defendeu a tributação na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713, de 1988, aplicando o princípio tempus regit actum. Cientificado dessa decisão em 29/05/2012, conforme Aviso de Recebimento na folha 75, o contribuinte apresenta recurso voluntário em 28/06/2012, conforme protocolo na folha 76, alegando a impossibilidade da tributação sobre rendimentos acumulados e a impossibilidade do tributo incidir sobre os juros, que seriam indenizatórios. O julgamento do recurso foi sobrestado, conforme Resolução deste Conselho, acima citada, considerando, em resumo, que o Recurso Extraordinário 614406/RS, que versava acerca da matéria, tivera sua repercussão geral reconhecida em 20.10.2010 e, na época, ainda encontravase pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, tendo sido aplicado ao caso o enquadramento do art. 26A, §1º, da Portaria 256/09 e a Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Superados os motivos do sobrestamento, o processo retorna à pauta de julgamentos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (arquivo .pdf). O contribuinte mencionou cerceamento do direito de defesa, na sua impugnação, sob o argumento de falta de demonstração dos supostos erros apontados pelo Fisco. Fala também que os juros incidentes sobre o montante recebido teriam natureza indenizatória e por isso não seriam alcançados pelo imposto de renda, conforme decisões do STJ. Em relação a cerceamento de defesa, como causa de nulidade do lançamento, primeiro observo que o contribuinte impugnou e recorreu, nos prazos devidos, com lógica e fundamento, demonstrando que conhece a matéria fática e legal e podendo, de forma plena, exercer seu direito. Além disso, em virtude da solução de mérito a ser apresentada, superase a Fl. 88DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 89 4 questão da nulidade por alegado cerceamento de defesa aplicando o § 3º do artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Em relação à não incidência do tributo sobre juros de mora, registro discordância em relação aos argumentos do contribuinte, de que teriam caráter indenizatório, porque o próprio STJ, posteriormente demandado, esclareceu que somente são isentos os juros de mora pagos no contexto de rescisão do contrato de trabalho ou aqueles incidentes sobre verbas igualmente isentas, o que não é o caso aqui em discussão. Vejamos: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. OCORRÊNCIA. EFEITO MODIFICATIVO. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. JUROS MORATÓRIOS. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. 1. Cuidase de matéria que trata de verbas de natureza trabalhista, e não previdenciária. 2. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.089.720/RS (j. 10.10.2012, Rel. Min. Mauro Campbell Marques), ratificou o entendimento de que se aplica o IRPF sobre juros moratórios, mesmo se fixados em reclamatória trabalhista, levandose em conta duas exceções: a) isenção quando pagos no contexto de despedida ou rescisão de contrato de trabalho (REsp 1.227.133/RS repetitivo); e b) isenção ou não incidência se atinentes a verba principal igualmente isenta ou fora do âmbito do imposto (accessorium sequitur suum principale). ... 4. A apuração do tributo devido sobre os juros de mora deve observar individualmente as parcelas mensais atrasadas, de modo que será devido o Imposto de Renda apenas quando essa tributação ocorrer sobre a mencionada prestação. Relativamente às parcelas mensais não tributadas, igualmente não poderá incidir a exação sobre os respectivos juros de mora.(sublinhei) 5. Embargos de Declaração acolhidos, com efeito modificativo. (Edcl no Agrg no Aresp 229308/RS Resp 2012/01853136) Assim, verbas de natureza salarial, recebidas no curso de Ação Judicial, são tributáveis, salvo quando a lei diga, especificamente, que são isentas ou não tributáveis. Os juros pagos sobre essas verbas são igualmente tributáveis, pelo emprego do princípio de que ‘o acessório segue o principal’. Há duas exceções: os rendimentos decorrentes de rescisão do contrato de trabalho e aqueles juros que incidam sobre verbas igualmente isentas ou não tributáveis. Entretanto, novamente, em virtude da solução de mérito a ser apresentada, essa discussão tornase irrelevante, no caso. DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. CONCESSÃO/IMPLANTAÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 90 5 O lançamento versa sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo Contribuinte, decorrentes de ação judicial de implantação/concessão de benefício previdenciário aposentadoria, em face do INSS, conforme dispositivo da sentença, na fl. 46/7. Tais rendimentos, que se referem a períodos pretéritos (01/1993 a 09/2005, conforme cálculos nas fls. 07 a 14), foram tributados integralmente no mês em que foram recebidos, em 2009 (Comprovante de rendimentos CEF na fl. 25 e Notificação de Lançamento na fl. 18/19). Vejamos da Notificação: Da análise e das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial federal, no valor de R$ 454.052,24, auferidos pelo titular e/ou' dependentes. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na. Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$o,oo. Enquadramento Legal: Arts. l.a a 3 . 2 e §§, da Lei n.a 7.713/88; arts. l .Q a 3.2 da Lei n.s 8.134/90; arts. l . e e 15 da Lei n.s 10.451/2002; art. '27 da Lei 10.833/2003; art. 43 e 718 do Decreto n.a 3.000/99 RIR/99. COMPLEMENTAÇÃO DA DESCRIÇÃO DOS FATOS FOI CONSIDERADO RENDIMENTO TRIBUTÁVEL O VALOR DE R$ 454.052,24 (554.052,24 R$ 100.000,00 DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS). O contribuinte incluíra os referidos rendimentos em sua DIRPF 2010 na situação de "isentos e não tributáveis" (fl. 52). Observase que a tributação deuse, então, na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, que determinava que, nesses casos, o imposto incide sobre o total dos rendimentos, no mês do recebimento do valor, diminuído das despesas com a ação judicial necessárias ao recebimento. Ocorre, entretanto, que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento do crédito, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC/1973), em decisão assim ementada: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de Fl. 90DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 91 6 caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Em 23/10/2014, a Suprema Corte assim decidiu, em relação à matéria: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em negar provimento ao recurso extraordinário, por maioria, vencida a relatora, Ministra Ellen Gracie, em sessão presidida pelo Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Voto. Ministra Ellen Gracie Relatora: O Acórdão recorrido considerou inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/88, que determinou a incidência do imposto por ocasião do recebimento dos valores, sobre a sua totalidade. Entendeu violados os princípios da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, nos termos do que restou sintetizado na ementa do acórdão relativo à argüição de inconstitucionalidade julgada pela Corte Especial daquele Tribunal Regional Federal da 4ª Região: (...) Voto Ministro Marco Aurélio Redator do Acórdão: Fl. 91DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 92 7 Não passa pela minha cabeça que o sistema possa apenar o contribuinte duas vezes. Explico melhor: o contribuinte não recebe as parcelas na época devida. É compelido a ingressar em Juízo para ver declarado o direito a essas parcelas e, recebendo as posteriormente, há a junção para efeito de incidência do Imposto de Renda, surgindo, de início, a problemática da alíquota, norteada pelo valor recebido. (...) Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva... (...) Ou seja, o fato de o direito haver sido resistido e de se ter que acionar garantia inerente à cidadania, que é a do ingresso em Juízo, implicaria a majoração da alíquota. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já havia se manifestado sobre a matéria, como lembraramse os Ministros do STF, inclusive atribuindo aos recursos a sistemática dos “repetitivos”, sobre a interpretação a ser dada ao dispositivo da Lei nº 7.713/1988, em comento. Vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. (grifei) 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.(grifei) (REsp 1.118.429 / SP RECURSO ESPECIAL 2009/00557226. Ministro HERMAN BENJAMIN (1132). DJe 14/05/2010) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. (...). ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DE PARCELAS PAGAS ACUMULADAMENTE EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. TEMAS JÁ Fl. 92DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 93 8 JULGADOS PELA SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELO ART. 543C DO CPC. 1.... 2. Em relação ao ponto do recurso especial em que a Procuradoria da Fazenda Nacional alega contrariedade ao art. 12 da Lei n. 7.713/88 e impugna o capítulo do acórdão do Tribunal de origem sob a rubrica "Da incidência mês a mês do imposto de renda", consta da decisão ora agravada que o mencionado recurso não procede porque a decisão proferida pelo Tribunal de origem está em consonância com a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), cuja ementa assim enuncia: "O imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." 3. Ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do imposto de renda, porém nada diz a respeito das alíquotas aplicáveis a tais rendimentos. Assim, no julgamento do recurso especial, não ocorreu violação do art. 97 da Constituição da República, tampouco contrariedade à Súmula Vinculante n. 10/STF. Como já proclamou a Quinta Turma, ao julgar os EDcl no REsp 622.724/SC (Rel. Min. Felix Fischer, REVJMG, vol. 174, p. 385), "não há que se falar em violação ao princípio constitucional da reserva de plenário (art. 97 da Lex Fundamentalis) se, nem ao menos implicitamente, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer lei".(sublinhei) 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no REsp 1332443 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES 2012/0138520 DJe 08/02/2013) Outrossim, diz Alexandre de Moraes que “assim como podemos afirmar que o STF é o guardião da Constituição, também podemos fazêlo no sentido de ser o STJ o guardião do ordenamento jurídico federal” . Continuando, o autor diz que em relação ao recurso especial, ensinanos o Ministro do STJ Sálvio de Figueiredo Teixeira, tratarse: “de modalidade de recurso extraordinário latu sensu, destinado, por previsão constitucional, a preservar a unidade e autoridade do direito federal, sob inspiração de que nele o interesse público, refletido na correta interpretação da lei, deve prevalecer sobre os interesses das partes...”(MORAES. Alexandre, Direito Constitucional, 15ª ed., São Paulo : Atlas, 2004, p. 496 e 498)(sublinhei) Fl. 93DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 94 9 Para Regina Helena Costa, “a aplicação reiterada das normas jurídicas por órgãos do Poder Judiciário constrói pensamento hábil a orientar a conduta dos jurisdicionados, bem como influenciar a atuação dos legisladores e administradores na busca de aperfeiçoamentos e modificações que o ordenamento jurídico requer.”(sublinhei) Assim, conclui a Ministra do STJ e livredocente em Direito Tributário, que: “Nos dias atuais, inegável o papel da jurisprudência como fonte do direito. Conquanto não ostente a mesma importância que apresenta nos países que adotam o sistema da common law, a jurisprudência tem ganho cada vez mais visibilidade, especialmente no campo tributário, à vista do elevado grau de litigiosidade existente nessa seara.” (COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 47)(destaquei) O que os Tribunais Superiores ratificam, na minha modesta leitura, seguindo aliás a melhor doutrina, é que existem, dentre outros, dois aspectos distintos do fato gerador: Aspecto quantitativo do Fato Gerador: neste aspecto, destacam se a base de cálculo e a alíquota. Na operação de lançamento tributário, após a verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação do sujeito passivo e da determinação da matéria tributável, há que se calcular o montante do tributo devido aplicandose a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, pois, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Aspecto temporal do Fato Gerador: é de fundamental importância esse aspecto para definição da lei aplicável, segundo o princípio tempus regit actum. Esse aspecto diz respeito ao momento da consumação ou da ocorrência do fato gerador, ....(HARADA. Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, 23ª ed, Atlas : São Paulo, 2014, p. 544/545) Observo assim a aplicação do artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF: Artigo 62, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando que a jurisprudência do STJ já havia se posicionado pela forma como deveria ser interpretado o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 e, mais recentemente, o STF entendeu pela inconstitucionalidade do dispositivo, verifico então que existe erro de cunho material na apuração do montante devido, por aplicação incorreta da fórmula para apuração do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) e observo a determinação contida no Art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, como fundamento para decidir. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 95 10 Vinhamse verificando, na jurisprudência deste CARF, decisões no seguinte sentido, no tocante a esta matéria: Acórdão 2201002.387 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2014 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente a tabela progressiva vigente à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte, nos termos do voto do relator. Transcrevo e destaco daquele Voto: Releva tratarse de rendimento recebido acumuladamente para incidir na regra do art. 62A, do Regimento Interno deste Conselho, pouco importando a espécie ou a natureza do rendimento recebido, se trabalhista, previdenciário ou outro, importa ser rendimento acumulado tributado. Pois bem, a autuação levou em consideração o rendimento total recebido, de forma acumulada, sem separar o período de cada competência. Por essa razão é necessário provimento parcial ao recurso para o recalculo da autuação. Pois bem, como se observa aqui, neste Voto, concordo em parte com o entendimento lá proferido pela Colenda Turma Ordinária, contudo, peço vênia para divergir em relação à parte que entende ser cabível devolver à Receita Federal os autos, para que se faça novo cálculo do tributo devido, aplicando as tabelas progressivas vigentes à época de cada competência (mês) dos rendimentos recebidos. Isso porque o artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Socorrendome mais uma vez na doutrina de Regina Helena Costa: Os aspectos pessoal e quantitativo compõem o chamado "consequente" da hipótese de incidência tributária, isto é, descrita a materialidade e indicadas as coordenadas espacial e temporal do fato no antecedente da norma, exsurge uma relação jurídica mediante a qual um sujeito possui o direito de exigir o tributo e outro sujeito o dever de pagálo (aspecto subjetivo), apontandose o valor da prestação correspondente (aspecto quantitativo).(Op. Cit. p. 205) Ora, se houve equívoco reconhecido na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) o lançamento encontrase viciado e, para sanar o problema, necessário ser feito um novo lançamento. Não é possível, data maxima venia, Fl. 95DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 96 11 "corrigir" ou "emendar" um lançamento onde se reconhece que houve erro na apuração do tributo, por aplicação equivocada de alíquotas indevidas sobre bases de cálculo acumuladas. Não entendo que se trate de mero erro de forma, de inobservância de aspectos formais, mas que esteve ferida a própria substância do lançamento, na aferição do montante devido. Porque, observando o processo tributário, forma é aquilo que existe para garantir às partes o exercício de seus direitos, como por exemplo a ampla defesa e o livre acesso ao judiciário. Cito: "... porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) E, em ordem prática, suponhase que efetuada nova apuração e encaminhada a cobrança o sujeito passivo dela discorde. Como se darão a impugnação e recurso, nos termos das normas reguladoras do processo administrativo fiscal? Recomeça a fase litigiosa do procedimento? De forma análoga, se o Fisco identifica incorretamente o sujeito passivo, cobrando de Tício quando o contribuinte ou responsável é Mélvio, não se pode simplesmente alterar a ficha de identificação do Auto de Infração e exigir o tributo, agora corretamente, encaminhando a notificação de cobrança, após o julgamento de recurso daquele, a esse. É necessário um novo lançamento, porque se feriram aspectos substanciais da hipótese de incidência tributária. Nesses casos, o novo lançamento só seria possível enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública e observadas todas as normas pertinentes, na legislação tributária. Pelo exposto, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar, por vício material, a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial em face do INSS, consubstanciada na Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Declaração de Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto. Peço licença ao ilustre Conselheiro Relator para discordar de seu voto quanto à necessidade de se cancelar o lançamento por vício material, em face da metodologia de cálculo Fl. 96DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 97 12 nele utilizada ter sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão definitiva, no regime de repercussão geral. Ao examinar mais detidamente a questão, entendo que, o fato de o STF, no julgamento do RE 614.406/RS, ter reconhecido a inconstitucionalidade do art. 12, da Lei nº 7.713/1988, quanto à sistemática de cálculo para a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, não ocasiona o cancelamento da autuação que foi constituída com base nesse dispositivo, durante a sua vigência, mas sim a necessidade de retificar os cálculos efetuados. Nesse sentido, transcrevo, a seguir, trecho do voto vencedor, do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, proferido em 27 de janeiro de 2016, no Acórdão da CSRF, nº 9202003.695, o qual adoto para a situação em análise nestes autos: (...) Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão [do STF no RE 614.406/RS], de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 11618.001953/201114 Acórdão n.º 2202003.589 S2C2T2 Fl. 98 13 Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a manutenção do auto de infração, apenas determinando a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressiva vigentes à época da aquisição dos rendimentos, (...). (...) (Grifei) Citase ainda que nos Acórdãos nº 2401004.146, de 17/02/2016; nº 2401004.432, de 13/07/2016; e nº 9202004.185, de 21/06/2016, ao se analisar questão relacionada a imposto de renda sobre rendimentos acumulados, calculados nos termos do art. 12, da Lei n 7.713/1988, também se decidiu pela manutenção em parte do lançamento com as necessárias retificações de cálculo. Em face do exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Fl. 98DF CARF MF
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Numero do processo: 10935.724787/2013-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO.
É vedada a dedução de juros sobre o capital próprio de determinado ano-calendário em períodos posteriores, estranhos ao da sua competência.
REGIME DE COMPETÊNCIA.
Ainda que os juros sobre o capital próprio pudessem ser pagos/creditados ao titular, sócios ou acionistas da pessoa jurídica em um determinado período base, relativamente ao patrimônio líquido de períodos base anteriores, a respectiva despesa com esses juros deverá ser atribuída aos períodos anteriores, em observância ao regime de competência.
JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. LIMITES QUANTITATIVOS. INOBSERVÂNCIA. GLOSA.
O pagamento de JCP fica condicionado à existência de lucros, computados antes da redução dos juros, ou de lucros acumulados e reserva de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes o juros a serem pagos ou creditados. Não há previsão legal para que a conta Reserva para Aumento de Capital seja utilizada para verificar se os limites quantitativos foram observados.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE SOBRE OS JCP PAGOS. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. IMPOSSIBILIDADE.
A autuada não tem legitimidade para pedir a compensação dos créditos tributários lançados, em razão do excesso de despesas incorridas com juros sobre o capital próprio, com o imposto de renda retido na fonte incidente sobre estes valores. O sócio/acionista que recebeu o JCP é o sujeito passivo do IRRF, sendo o titular do direito de pedir a repetição no caso de ocorrer indébito.
EXCESSO DE COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZO ACUMULADO DOS ANOS ANTERIORES. GLOSA. CABIMENTO.
É procedente o lançamento quando constata-se que houve excesso de compensação com prejuízo fiscal acumulado dos anos anteriores.
JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
É procedente a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício quando o crédito tributário apurado não é pago no seu vencimento.
LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL.
Aplica-se ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1401-001.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que dava provimento parcial ao recurso para o JCP retroativo não decaído e respeitando os limites quantitativos e as Conselheiras Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Aurora Tomazini de Carvalho que davam provimento em relação apenas aos juros sobre a multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Argangelo Zani, Júlio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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É vedada a dedução de juros sobre o capital próprio de determinado ano calendário em períodos posteriores, estranhos ao da sua competência. REGIME DE COMPETÊNCIA. Ainda que os juros sobre o capital próprio pudessem ser pagos/creditados ao titular, sócios ou acionistas da pessoa jurídica em um determinado período base, relativamente ao patrimônio líquido de períodos base anteriores, a respectiva despesa com esses juros deverá ser atribuída aos períodos anteriores, em observância ao regime de competência. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. LIMITES QUANTITATIVOS. INOBSERVÂNCIA. GLOSA. O pagamento de JCP fica condicionado à existência de lucros, computados antes da redução dos juros, ou de lucros acumulados e reserva de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes o juros a serem pagos ou creditados. Não há previsão legal para que a conta Reserva para Aumento de Capital seja utilizada para verificar se os limites quantitativos foram observados. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE SOBRE OS JCP PAGOS. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. IMPOSSIBILIDADE. A autuada não tem legitimidade para pedir a compensação dos créditos tributários lançados, em razão do excesso de despesas incorridas com juros sobre o capital próprio, com o imposto de renda retido na fonte incidente sobre estes valores. O sócio/acionista que recebeu o JCP é o sujeito passivo do IRRF, sendo o titular do direito de pedir a repetição no caso de ocorrer indébito. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 72 47 87 /2 01 3- 34 Fl. 1721DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 532 2 EXCESSO DE COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZO ACUMULADO DOS ANOS ANTERIORES. GLOSA. CABIMENTO. É procedente o lançamento quando constatase que houve excesso de compensação com prejuízo fiscal acumulado dos anos anteriores. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É procedente a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício quando o crédito tributário apurado não é pago no seu vencimento. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano que dava provimento parcial ao recurso para o JCP retroativo não decaído e respeitando os limites quantitativos e as Conselheiras Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Aurora Tomazini de Carvalho que davam provimento em relação apenas aos juros sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Argangelo Zani, Júlio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto Fl. 1722DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 533 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra o Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro IRJ. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: Trata o processo do auto de infração, fls. 951/989, com ciência em 03/12/2013 (AR fls. 991), referente aos anoscalendário de 2008 a 2011, através do qual é exigido o imposto de renda da pessoa jurídica, IRPJ, no valor de R$ 7.674.607,91, e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no valor de R$ 2.762.858,85, acrescidos da multa de ofício de 75% e juros de mora. O lançamento decorre das seguintes constatações: 1) Para os anoscalendário de 2008 a 2010, de falta de adição às bases de cálculo do IRPJ e CSLL do excesso de despesas incorridas com juros sobre o capital próprio, no valor total de R$ 30.698.431,63. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, a autuada foi intimada a demonstrar os valores apropriados nos anoscalendário de 2008 a 2010 como despesas com Juros sobre o Capital Próprio. Em resposta, apresentou a seguinte tabela: PERIODO DE CÂLCULO CONTABILIDA DE CONTRIBUIN TE FISCO 1 GLOSA 1 FISCO 2 GLOSA 2 té 31/12/2007 91.356,70 67.945,95 37.945,95 1/01 a31/12/2008 33.333,74 47.266.39 13 269,79 1/01 a31/12/2009 .714.490,32 .569.976,01 30.729,79 1/01 a 30/06/2010 373.509.40 174.399.42 34.57 otal até 30/06/2010 .699.089,36 702.690.16 379.587.76 19.501,60 32.730,10 .446 857,66 1/07 a 30/05/2010 48.832,35 50.561,28 71.6S7.82 77.145,03 71.667,32 OTAL DOS JUROS .647.922,21 .1:53.271.44 .151.275.56 96.646,63 32.730,10 .218.545,48 Fl. 1723DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 534 4 Destes valores, foram glosadas as seguintes parcelas, que totalizam R$ 30.698.431,63: a) R$ 2.059.712,85 referente à diferença entre o valor dos JCP de "períodos pretéritos" nos anos de 2008 a 2010, que totalizaram R$ 29.096.569,40 e o valor demonstrado pelo contribuinte durante a ação fiscal, que totalizou R$ 27.036.856,52, apropriado no 3° trimestre/2010; b) R$ 4.888.031,26 referente a JCP calculado acima dos limites de lucro do período ou dos lucros acumulados mais reservas de lucros, referentes aos períodos compreendidos entre o 1° trimestre de 1997 e o 3° trimestre de 2004. Este valor estaria ainda sujeito a glosa por ter sido apropriado em despesa fora do regime de competência e por se referir a períodos já decaídos no momento de sua apropriação. c) R$ 1.021.215,68 referente a JCP calculado acima dos limites de lucro do período ou lucros acumulados mais reservas de lucros, referentes aos períodos compreendidos entre o 4° trimestre de 2004 e o 4° trimestre de 2005. Este valor estaria ainda sujeito a glosa por ter sido apropriado em despesa fora do regime de competência. d) R$ 1.601.862,23 referente a JCP calculado acima dos limites de lucro do período ou lucros acumulados mais reservas de lucros, referente ao 4° trimestre de 2010. e) R$ 17.268.811,08 referente aos JCP apurados dentro dos limites estabelecidos no art. 9°, § 1° da Lei 9.249/95, porém referentes ao ano de 1996 e aos períodos compreendidos do 1° trimestre de 1997 ao 3° trimestre de 2004, períodos já atingidos pela decadência quando apropriados pelo contribuinte nos anos de 2008, 2009 e 2010. Além disso, este valor estaria sujeito a glosa também por ter sido apurado fora do regime de competência. Este é o valor da glosa para fins de apuração do Lucro Real. e.1) No caso da Base de Cálculo da CSLL, o valor desta glosa é de R$ 15.478.353,18, correspondente ao valor apurado entre o 1° trimestre de 1997 e o 3° trimestre de 2004, pois o valor de R$ 1.790.457,90 referente aos JCP do ano de 1996, devem ser glosados independente de qualquer outro motivo, pelo fato de que tal dedução era expressamente vedada, no ano de 1996, na determinação da Base de Cálculo da CSLL, conforme art. 9o, § 10 Lei 9.249/95; f) R$ 3.858.798,50 referente aos JCP apurados pelo contribuinte, dentro dos limites estabelecidos no art. 9°, § 1° da Lei 9.249/95, referentes aos períodos compreendidos entre o 4° trimestre de 2004 e o 4° trimestre de 2005, apropriados fora do período de competência. Enquadramento Legal: art. 3° da Lei n° 9.249/95 e Arts. 247, 249, inciso I, e 347, do RIR/99. 2) Para o 1° trimestre/2011, excesso de compensação com prejuízo operacional acumulado dos anos anteriores, no valor de R$ 1.601.862,23. Enquadramento Legal: art. 3° da Lei n° 9.249/95 e Arts. 247 e 250, inciso III, 251, 509 e 510 do RIR/99. Inconformada, a autuada apresentou impugnação em 26/12/2013, fls. 992/1031, com as seguintes alegações: o lançamento é nulo por erro de quantificação da matéria tributável, pois não observou o disposto no artigo 9° da Lei n° 9.249/96, ocasionando enorme distorção nos cálculos, redundando em cerceamento do direito de defesa. quanto ao mérito, alega que a correta interpretação do artigo 9° da Lei n° 9.249/96 é de permitir a dedutibilidade dos juros remuneratórios do capital próprio. entende que o "período de competência" para o registro e dedutibilidade dos JCP é aquele em que há a "deliberação" pela "Reunião de Sócios", no sentido de se efetivar o crédito ou pagamento dos JCP, e não aquele da "formação" dos lucros ou "cálculo" dos juros, não havendo que se falar em decadência (ou renúncia tácita) do direito ao crédito dos JCP, e nem mal ferimento ao "regime de competência". Fl. 1724DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 535 5 a "segregação" feita pelo Fiscal (entre JCP de períodos decaídos e de períodos fora do regime de competência), seria o mesmo que admitir o efetivo pagamento/créditos dos JCP mediante "retificação" das DIPJ 's dos últimos 05 anos, ferindo o "regime de competência", pois permite que uma Ata de Reunião de Sócios pósdatada, desse azo à retificar DIPJ's dos últimos 05 anos. a Lei em momento algum reflete a interpretação do Fisco, pois impôs limite "quantitativo" a ser observado no período em que houver a deliberação pelo pagamento/crédito dos JCP; e um "limite temporal", como sendo aquele da deliberação societária pelo pagamento/crédito dos JSCP. ressalta que observou corretamente os limites quantitativos, enquanto que o Fisco se equivocou, argumento já suscitado na preliminar de nulidade. também não há limitação na legislação societária, do que se observa do artigo 132 da Lei n° 6.404/76, pois é apenas e tão somente previsão para que a assembléia delibere acerca da destinação dos lucros e a distribuição dos dividendos. traz jurisprudência administrativa e do STJ, demonstrando amparo ao procedimento adotado como correto. com relação a alegada decadência dos períodos superiores a 5 anos, ocorre clara incoerência do auditor fiscal, na medida em que afirma haver erro de competência, e ao mesmo tempo, entende que estaria decaído o direito posterior a 5 anos; ora, se para os períodos acima de 5 anos haveria decadência, concluise que para os períodos dentro dos 5 anos haveria possibilidade de se pagar ou creditar JCP. não há que se falar em decadência, pois o regime de competência se dá pela deliberação do pagamento ou crédito de JCP, e não em relação ao período de geração dos lucros incorporados ao PL, restando legais e perfeitamente dentro do prazo todas as deliberações em Reunião de Quotistas. não há previsão de prazo na Lei n° 9.249/95 para a dedutibilidade da despesa contabilizada como pagamento de JCP, e sequer vinculação ao período em que foram gerados. houve desconsideração da natureza de alguns institutos contábeis, sendo que juros não se confundem com nenhuma espécie de tributo. a deliberação pelo pagamento ou crédito de JCP não importa em "repetição de indébito", mas unicamente a deliberação de pagar ou creditar aos sócios a remuneração pelo capital próprio investido na empresa. também não se confunde com cobrança de valor devido pela Fazenda Nacional, nos termos do Decreto n° 20.910/32. a despesa contabilizada a título de pagamento ou crédito de JCP não possui nenhuma previsão legal de prazo para sua utilização, sendo possível o seu pagamento de períodos pretéritos, pois o que se considera para sua dedutibilidade é a data da deliberação para o seu pagamento e não o período cujo patrimônio líquido deu azo ao cálculo. pelos motivos acima expostos, a glosa deve ser cancelada. quanto ao erro na quantificação da matéria, argumento de preliminar de nulidade, afirma que não assiste razão a acusação fiscal de que teria se apropriado de valores de JCP acima dos limites legais. a lei permite calcular o valor dos JCP mediante utilização dos lucros acumulados e reserva de lucros, e não apenas com relação aos lucros do exercício. conforme demonstrativos elaborados pelo auditor fiscal, constatase que foi utilizado apenas o limite com base no lucro do exercício, ou seja, o menor, causando enorme distorção nos cálculos que serviram à "quantificação da matéria tributável". Fl. 1725DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 536 6 não mantinha conta contábil de "reserva de lucros" ou de "lucros acumulados", já que todos os lucros gerados em cada ano eram transportados para a conta "Reserva para Aumento de Capital", fato que era de conhecimento do Auditor Fiscal. não apurou prejuízo, mas sempre aumentando a conta "Reserva para Aumento de Capital", justamente porque nesta conta se adicionavam os lucros gerados em cada um dos períodos. logo, não houve ofensa aos limites quantitativos legalmente estabelecidos. a inclusão da "Reserva para Aumento de Capital" no cálculo dos JCP é manso e pacífico na doutrina. pelos motivos acima expostos, não houve ofensa aos limites no 4° trimestre/2010, devendo ser reconhecida a despesa com JCP de R$ 1.601.862,23. apurou prejuízo, mas os lucros acumulados estavam registrados na conta "Reserva para Aumento de Capital" no trimestre anterior, devendo ser considerado para aferir o quantum do JCP dedutível. o limite a ser observado no 4° trimestre/2010 seria de R$ 29.073.486,98, proveniente da metade do saldo da "Reserva para Aumento de Capital" registrada pela autuada. a glosa deste valor deve ser cancelada. em conseqüência da ilegalidade da glosa do valor de R$ 1.601.862,23, também não tem cabimento a glosa à compensação de prejuízos e respectiva base negativa da CSLL, referente ao 1° trimestre de 2011, devendo este lançamento ser cancelado. não tem cabimento a alegação do auditor fiscal de que não havia previsão legal para dedutibilidade dos JCP na determinação da base de cálculo da CSLL no anocalendário de 1996, com a conseqüente glosa da despesa. os referidos juros foram deduzidos em 2008, sendo neste momento que se deveria aferir se eram dedutíveis ou não tais despesas financeiras, com a aplicação da legislação vigente quando da deliberação. também não tem cabimento a glosa, no 3° trimestre/2010, do valor de R$ 2.059.712,85, sob o argumento de falta de comprovação, sem intimação da autuada para prestar os devidos esclarecimentos. a diferença, segundo apontado por auditoria, são decorrentes de arredondamentos dos índices e também da aplicação plena do critério do "pro rata die", previsto no artigo 9° da Lei n° 9.249/95, apresentando tabela demonstrando a origem do valor glosado. a origem real e verdadeira dos R$ 2.059.712,85, é de JCP de períodos pretéritos, como foi expressamente informado na deliberação havida em Reunião de Sócios relativamente ao pagamento ou crédito dos JCP no 3° Trimestre de 2010, sendo esse o período de competência em que devem ser reconhecidos como gerados e registráveis tais JCP também não tem cabimento a autuação em função de ter se apropriado de despesas de "juros calculados sobre os JCP" que jaziam sem pagamento nas contas correntes dos sócios. considerando que o auditor fiscal utilizou critérios diferenciados, conforme favorável ou não à autuada, requer a realização de diligência para que seja refeito o cálculo dos "juros sobre JCP", para que seja recomposto o direito da autuada a este despesamento para, somente então, se remanescer débito proveniente da irregularidade narrada no TVF, então se mantida eventual exigência. requer que seja abatido de eventual saldo remanescente o valor recolhido a título de IRRF, no percentual de 22,5%, calculado com alíquota superior à devida para alguns períodos, sobre todo o valor glosado, mantendo a exigência de valores que efetivamente estejam em aberto. a "glosa 1" não limitouse ao valor de R$ 496.646,63 decorrente de falta de baixa de pagamento de R$ 3.400.000,00 pagos em janeiro de 2010. Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 537 7 o fiscal procedeu a glosa sucessiva, motivo pelo qual a "glosa 1" não prevalecer. a referida "glosa 2", efetivada pelo Fiscal, decorre do procedimento unilateral do Fiscal em proceder ao cálculo dos Juros sobre os Empréstimos a Pessoas Ligadas, ao longo do ano calendário. Ou seja, considerando que havia uma conta corrente dos sócios, ao longo do ano, em que a empresa era credora dos sócios, o Fiscal, unilateralmente, calculou juros pelo mesmo critério que o contribuinte o fez para os juros sobre os JCP, e efetivou a "compensação" entre os juros devidos aos sócios (decorrentes de JCP a pagar), no Passivo, e os juros decorrentes de "empréstimos pessoa ligada", do Ativo. assim, o Fiscal esponte sua, "cobrou" um crédito que a pessoa jurídica teoricamente teria junto aos sócios, e abateu esse "crédito" dos "Juros sobre os JCP" devidos aos sócios, sem apontar nenhum fundamento legal para esse procedimento, agindo por pura presunção, e indeferindo a dedutibilidade do que rotulou de "glosa 2", no valor de R$3.218.545,48, sem qualquer fundamento legal, devendo ser cancelado. ainda requer o aproveitamento do IRRF recolhido sobre o total dos juros sobre o JCP, no percentual de 22,5%. na hipótese de manter a glosa dos JCP, seja por ser "fora do período de competência" ou pretensamente "decaídos", os efeitos devem ser considerados nos períodos seguintes, já que a glosa de despesa significa aumento de lucro do período, refletindo nos lucros acumulados ou reserva de lucros, fato este que atingirá os limites dos 50% dos lucros acumulados ou reservas de lucro, o que afeta todo o lançamento. assim, requer que sejam recompostos os saldos de lucros acumulados ou reservas de lucros, para fins de recompor o patrimônio líquido bem como os limites para computo dos JCP. devem ser abatidos os valores de IRRF que foram efetivamente recolhidos, exclusivamente na fonte, nos valores de15%, sobre esses pagamentos ou créditos. a prevalecer a glosa fiscal efetivada, é certo que a autuada efetivou recolhimento de IRRF em montante superior ao efetivamente devido. contesta a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. requer produção de prova pericial no caso de restarem dúvidas ao julgador. É o relatório. A DRJ MANTEVE os lançamentos, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE COMPETÊNCIA. INOBSERVÂNCIA. GLOSA. A observância do regime de competência é condição para a dedutibilidade dos juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido. Assim sendo, é vedada a dedução como despesa, na Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 538 8 apuração da base de cálculo do IRPJ, desses juros calculados sobre o patrimônio líquido da empresa relativos a períodos anteriores. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. LIMITES QUANTITATIVOS. INOBSERVÂNCIA. GLOSA. O pagamento de JCP fica condicionado à existência de lucros, computados antes da redução dos juros, ou de lucros acumulados e reserva de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes o juros a serem pagos ou creditados. Não há previsão legal para que a conta Reserva para Aumento de Capital seja utilizada para verificar se os limites quantitativos foram observados. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE SOBRE OS JCP PAGOS. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. IMPOSSIBILIDADE. A autuada não tem legitimidade para pedir a compensação dos créditos tributários lançados, em razão do excesso de despesas incorridas com juros sobre o capital próprio, com o imposto de renda retido na fonte incidente sobre estes valores. O sócio/acionista que recebeu o JCP é o sujeito passivo do IRRF, sendo o titular do direito de pedir a repetição no caso de ocorrer indébito. EXCESSO DE COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZO ACUMULADO DOS ANOS ANTERIORES. GLOSA. CABIMENTO. É procedente o lançamento quando constatase que houve excesso de compensação com prejuízo fiscal acumulado dos anos anteriores. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É procedente a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício quando o crédito tributário apurado não é pago no seu vencimento. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Irresignada com a decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário a este CARF (fls. 1648 a 1711), repisando os mesmos argumentos aduzidos anteriormente na respectiva impugnação. É o relatório. Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 539 9 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso voluntário preenche os requisitos legais para admissibilidade. A irregularidade em lide da primeira infração referese à dedução reputada indevida de pagamento de juros sobre o capital próprio relativo a períodos anteriores ao ano calendário da autuação por desrespeito ao regime de competência. (Justificativa 1) A infração 1 também está relacionada à superação do limite estabelecido em lei (Justificativa 2); bem assim de outros argumentos subsidiários utilizados pelo fiscal como a decadência (justificativa 3) e a falta de comprovação parcial dos juros sobre capital (justificativa 4). A infração 2 é reflexo da infração 1, que redundou na redução de seus prejuízos fiscais e bases negativas da CSL no 1° trimestre de 2011 por excesso de compensação. As infrações podem ser assim resumidas nas duas tabelas abaixo para o IRPJ e CSLL, respectivamente: Preliminar de nulidade Requer a nulidade do lançamento, alegando erro na quantificação da base tributável, pois o auditor fiscal não teria observado o disposto no artigo 9° da Lei n° 9.249/96, ocasionando enorme distorção nos cálculos, redundando em cerceamento do direito de defesa, mas na essência a sua insurgência é contra o mérito. Fl. 1729DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 540 10 Outrossim não há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal e levados ao conhecimento da autuada, levando a mesma a defenderse plenamente através da peça impugnatória e recurso acostados aos autos, como efetivamente o fez. Outrossim, foram observados dois requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Os requisitos apontados estão previstos em lei, são os incisos III e IV do art. 10 do Decreto 70.235/72. Na verdade as razões preliminares suscitadas são na verdade parte do mérito da autuação e, por conseguinte serão enfrentadas como se mérito fossem. Por todo o exposto, rejeito a preliminar de nulidade. 1) INFRAÇÃO 1 Primeira Justificativa para manter o lançamento desrespeito ao regime de competência de juros pagos que dizem respeito a períodos anteriores R$ 29.096.569,40 O fisco e a DRJ alegam que as despesas incorridas em anos anteriores não podem ser apropriadas em anos posteriores, pois feriria o princípio da competência. Dispõe a legislação ora em debate: RIR/99 “Art. 347. A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da TJLP (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º). § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 1º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 78). § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto na forma prevista no art. 668 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 2º). § 3º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 7º). Tive a oportunidade de enfrentar essa matéria pontualmente em três ocasiões, em duas delas raciocinei dessa mesma forma, de plano adotei o pressuposto de que a natureza dos juros sobre capital próprio seria de “despesas” e, por consequência, adotei o regime de competência a esse fato ligado. Fl. 1730DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 541 11 Reforcei esse caminho pelas disposições trilhadas por um ato infralegal da SRFB (Instrução Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996), que regulamenta a dedutibilidade dos juros sobre capital próprio: Juros Sobre o Capital Próprio Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. (Grifei) E daí conclui peremptoriamente que: [...] os preceitos contábeis e legais e infralegais específicos acerca dos juros sobre o capital estão de conformidade legislação na medida que a dedutibilidade de tais valores ficou condicionada ao pagamento ou creditamento em favor dos sócios ou acionistas. Assim, podese afirmar com convicção que o pagamento ou o creditamento em favor dos sócios ou acionistas, disposto no art. 9ª da Lei n° 9.249, de 1995, é que efetivamente materializa o fato gerador correspondente a essa despesa. Portanto, despesa alguma teria se materializado no anocalendário de 2003, não se podendo, in casu, inclusive nem falar que se estarseia diante de uma postergação de despesas. [...] Ademais, a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio é uma opção da pessoa jurídica, que pode ou não ser exercida. E conforme pacífica jurisprudência deste Conselho não existe erro diante de uma opção legal. Por outro lado, está claro nos autos que no anocalendário de 2007 teria se materializado o pagamento ou creditamento em favor dos acionistas dos juros sobre o capital próprio, não se podendo reconhecer como dedutíveis valores que não foram pagos ou creditados em 2003, mas apenas a despesa paga ou incorrida no próprio anocalendário de 2007 e nos limites estabelecidos para esse período. Ora, para que a despesa fosse incorrida, bastaria que a Recorrente contabilizasse débito de despesa a crédito dos sócios ou acionistas no passivo da empresa até que o pagamento se efetive, Em uma terceira oportunidade de debater o tema, impressionado por julgado do STJ, mudei minha posição em uma votação onde era o relator (apresentei declaração de voto), não mais assumindo aquela premissa, qual seja, o pressuposto de que a natureza dos juros sobre capital próprio seria de “despesas”. Na referida declaração de voto, sem adentrar na "verdadeira" natureza dos juros sobre capital próprio, mas assumindo indiretamente a premissa de que eles se equivaliam aos dividendos, sendo espécie do gênero remuneração de capital, adotei "que a melhor metodologia a ser aplicada para o caso dos juros sobre capital próprio seria o regime de caixa, pois não são verdadeiros encargos financeiros apropriáveis no período a que competirem, mas resultados a serem distribuídos e exercendo fiscalmente a função de uma exclusão extracontábil do lucro real." Partindo dessa premissa cheguei à seguinte conclusão, que hoje vejo equivocada: (...) não havia qualquer óbice de se efetuar o pagamento dos juros de forma cumulativa, envolvendo mais de um exercício, mormente em casos que a empresa ficou temporariamente impedida de pagálo. Essa restrição, sem dúvidas, deveria estar expressa em lei. Na falta dessa, fica claro que o legislador elegeu o momento Fl. 1731DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 542 12 da disponibilização do pagamento como o marco para se aferir os dois vetores temporais de dedutibilidade: O vetor que aponta para o passado (Lucros acumulados e reservas) e o vetor que aponta para o presente (lucros do período). Observei que a jurisprudência do CARF trilhava caminho diverso e não negligenciei fazer novos estudos para assentar de vez o meu entendimento. Reestudando a matéria, novamente, e em debates com um novo colegiado, dúvidas novamente sobrevieram e a partir do voto do Conselheiro Fernando na sessão de 03 de fevereiro de 2016, através do Acórdão nº 1401001.534, enfrentouse novamente o mesmo tema, O Conselheiro Fernando adotou integralmente os fundamentos do Acórdão nº 1201000.857 – 2ª Câmara/1º Turma Ordinária do CARF, proferido em sessão de julgamento realizada em 10 de setembro de 2013, referente ao processo nº 16327.720497/201102. O citado acórdão teve como relator o ilustre Conselheiro Marcelo Cuba Netto que também Transcreveu trechos relevantes do voto da Conselheira Edeli Pererira Bessa, proferido nos autos do processo nº 16327.002051/200716. Referidos julgados fizeramme ver, inclusive com citações doutrinárias relevantes que a premissa adotada por mim estava equivocada e assim também a minha conclusão. De fato, vejo que os juros sobre capital próprio possui natureza de despesa e como tal devese respeitar o regime de competência. Há de se ter presente, todavia, que uma coisa é a possibilidade jurídica do pagamento dos juros, que se materializa através de uma opção da pessoa jurídica e outra, completamente diferente, é o tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. A dedução dos juros sobre capital está sujeita ao regime de competência e a observância de limites quantitativos objetivos. Isso porque os juros sobre o capital próprio constituem despesas financeiras, que tem por fundamento a remuneração pelo investimento realizado pelos sócios, tais despesas devem pertencer ao mesmo período do investimento, sob pena de desrespeito ao regime de competência. De outra banda, cabe salientar que os juros sobre o capital próprio tem natureza diversa da distribuição de lucros ou dividendos. Isso porque nessa última os valores pagos integram contas patrimoniais sem afetar resultado do exercício, enquanto a decisão de pagar de juros sobre o capital próprio afeta, sim, a redução do resultado exercício, e por isso deverá ser pertinente ao exercício social competente. E se de fato a lei faculta à pessoa jurídica pagar/creditar JCP, uma vez exercida essa faculdade, não caberá a ela determinar a seu talante em que período deverá ser apropriada referida despesa, pois conforme pacífica jurisprudência deste CARF não existe erro diante de uma opção legal. Ressaltese, ainda, que é o efetivo pagamento que poderá ocorrer em exercícios futuros, mas não a deliberação sobre a distribuição de juros sobre o capital próprio (JSCP) e a efetiva escrituração dos juros na contabilidade, que deverá ocorrer no próprio exercício, o que não foi o caso nos autos. Dessa forma, sobre a possibilidade legal do exercício da faculdade de pagar/creditar JCP calculados sobre o patrimônio líquido de anos anteriores e deduzilos como despesas do período do pagamento, peço licença para transcrever e adotar também como razões Fl. 1732DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 543 13 complementares de decidir, trechos do excelente voto do então Conselheiro Marcelo Cuba Netto, proferido em sessão de julgamento realizada em 10 de setembro de 2013, referente ao processo nº 16327.720497/201102: 2) Da Distribuição de Juros sobre o Capital Próprio Acerca dos juros sobre o capital próprio o art. 9º da Lei nº 9.249/95 assim estabelece (...) Pois bem, é pacífico o entendimento, tanto administrativo quanto judicial, de que o pagamento/crédito de juros sobre o capital próprio é uma faculdade da pessoa jurídica, e, como tal, poderá ou não vir a exercêla, conforme melhor lhe convier. Essa faculdade encontrase regulada pela norma acima transcrita, bem como pelas demais normas comerciais, societárias e fiscais que com ela interajam. Parece claro que a faculdade de pagar/creditar juros sobre o capital próprio poderá ser exercida ao longo dos anos em que o capital do titular, sócios ou acionistas permanecer no patrimônio líquido da pessoa jurídica, e que o valor dos JCP será calculado mediante a aplicação da taxa de juros (limitada à TJLP) sobre o patrimônio líquido do ano em que exercida a faculdade, observados os limites estabelecidos na norma acima transcrita. Mas no caso dos presentes autos a contribuinte, além de haver pago/creditado, em 2007, JCP calculado sobre o patrimônio líquido do ano de 2007, também pagou/creditou JCP calculados sobre o patrimônio líquido de anos anteriores, quais sejam, os anos de 2002 a 2006. É a dedutibilidade desses últimos que está aqui em discussão. Nesse sentido, especificamente no caso sob exame, é preciso responder às seguintes questões de direito: a) a faculdade de pagar/creditar JCP poderá ser legalmente exercida em um determinado ano, mas incidir sobre o patrimônio liquido de anos anteriores? b) em caso positivo, em qual ano deverá ser legalmente apropriada a respectiva despesa com pagamento/creditamento de JCP? Passemos, então, a responder essas questões. 2.1) Do Exercício da Faculdade de Pagamento/Crédito de JCP Sobre a possibilidade legal do exercício da faculdade de pagar/creditar JCP calculados sobre o patrimônio líquido de anos anteriores, peço licença para transcrever, a seguir, trechos do excelente voto da Conselheira Edeli Pereira Bessa, proferido em 12/06/2013 nos autos do processo nº 16327.002051/200716, e acompanhado pela unanimidade dos demais membros da 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF: Como se vê, a lei não disciplina precisamente este aspecto, motivo pelo qual há diferentes entendimentos firmados pelos colegiados deste Conselho acerca deste tema. Fl. 1733DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 544 14 A recorrente invoca os seguintes julgados administrativos: (…) JUROS S/CAPITAL PRÓPRIO — DEDUTIBILIDADE LIMITE TEMPORAL — O período de competência, para efeito de dedutibilidade dos juros sobre capital próprio da base de cálculo do imposto de renda, é aquele em que há deliberação de órgão ou pessoa competente sobre o pagamento ou crédito dos mesmos, podendo, inclusive, remunerar o capital tomando por base o valor existente em períodos pretéritos, desde que respeitado os critérios e limites previsto em lei na data da deliberação do pagamento ou crédito, ou seja, nada obsta a distribuição acumulada de JCP — desde que provada, ano a ano, ter esse sido passível de distribuição, levando em consideração os parâmetros existentes no anocalendário em que se deliberou sua distribuição. (Acórdão nº 10196751, sessão de 29 de maio de 2008, Relator Conselheiro Valmir Sandri) (…) De outro lado, há jurisprudência administrativa favorável ao entendimento que justificou o lançamento, exteriorizada nos seguintes acórdãos: JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO Os juros sobre o capital próprio devem ser apropriados com observância do regime de competência, com obediência os limites impostos pelo § 1° do art. 9° da Lei n° 9.249/95, considerados para este fim, os saldos de lucros acumulados ou do exercício, na data do crédito ou pagamento. (Acórdão nº 19500.023, sessão de 20 de outubro de 2008, Relator Conselheiro Walter Adolfo Maresch). (…) Enfatizando o aspecto defendido pela Fiscalização, diz Hiromi Higuchi et alli em Imposto de Renda das Empresas: Interpretação e Prática (36ª ed., São Paulo, IR Publicações, 2011, p. 130), que “(...) a contabilização no períodobase correspondente é condição para a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio por tratarse de opção do contribuinte. Sem o exercício da opção de contabilizar os juros não há despesa incorrida. É diferente de juros calculados sobre o empréstimo de terceiro porque neste, há despesa incorrida, ainda que os juros sejam contabilizados só no pagamento” (grifos acrescidos). À semelhança do que disse a Fiscalização, o referido autor assevera que a apropriação tardia prova a distribuição de lucros acumulados e não de juros sobre o capital próprio (Op. cit., p.131). No mesmo sentido é a manifestação de Edmar Oliveira Andrade Filho em Imposto de Renda das Empresas (3ª ed., São Paulo, Atlas, 2006, p. 240242): Fl. 1734DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 545 15 (…) Sendo, portanto, uma faculdade criada pela lei, ao deixar de exercêla ao final do período de apuração, é razoável afirmar que a sociedade, por não segregar o resultado comum de sua atividade daquele que seria atribuível à utilização do capital dos sócios, designou integralmente o lucro apurado como remuneração deste capital, estipulando dividendos a pagar ou mantendo este valor em conta de reservas de lucros ou lucros acumulados para posterior distribuição. Em conseqüência, a destinação destes lucros aos sócios, no futuro, somente poderá se dar mediante distribuição de dividendos, e não mais a título de juros sobre o capital próprio. Concluise, daí, que os juros sobre capital próprio do período de referência devem ser estipulados no momento da proposta de destinação do lucro, assim disciplinada pela Lei nº 6.404/76 na redação vigente no período de apuração autuado: Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembléia geral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício. É certo que a dedução fiscal de juros sobre o capital próprio somente é admitida no momento em que formalizada a obrigação de pagálos em favor dos sócios. Contudo, a constituição de obrigação a este título somente é possível enquanto a sociedade tem o direito de destacar do resultado do exercício a parcela que corresponderia à remuneração do capital próprio, em razão dos juros incorridos no período de tempo em que apurado aquele resultado. Uma vez tributados os lucros, e destinados, integralmente, ao patrimônio líquido da entidade, a opção não pode mais ser exercida. Esclareçase, ainda, que o fato de a remuneração do capital próprio por meio de juros atribuídos aos sócios ter seus limites estabelecidos, também, em função do montante de lucros acumulados no momento da deliberação, não significa que o cálculo dos juros podem considerar períodos de apuração anteriores, cujos resultados integram aquele saldo acumulado, mas apenas que os juros incorridos no período de referência podem ser pagos ainda que superem o resultado do exercício correspondente, desde que haja saldo em conta de lucros acumulados que suportem este pagamento. Inadmissível, assim, a redução dos lucros apurados no anocalendário 2005 em razão de juros decorrentes da utilização de capital próprio em período de apuração distinto daquele ao qual se refere os lucros que se pretendeu destinar à remuneração de capital. Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 546 16 (…) Portanto, segundo o acórdão acima referido, cujas conclusões aqui adoto, a lei não permite que os JCP incidam sobre o patrimônio líquido de períodos anteriores, em especial, porque nos anos anteriores, à falta do exercício tempestivo da faculdade de pagar/creditar JCP, a pessoa jurídica destinou integralmente o lucro ao pagamento de dividendos, ou à reserva de lucros para posterior distribuição. Nesse sentido, é de se admitir que no caso dos autos a contribuinte pagou/creditou em 2007 JCP até o limite legal permitido para o período, sendo indedutível a despesa com JCP relativos a períodos anteriores. 2.2) Da Apropriação da Despesa com Pagamento/Crédito de JCP Mas ainda que admitíssemos, meramente para fins de argumentação, que o exercício da faculdade de pagar/creditar JCP pudesse incidir sobre o patrimônio líquido de períodos anteriores, teríamos ainda que responder à questão levantada na letra “b”, contida ao final do item 2 deste voto, qual seja: em que ano deverá ser legalmente apropriada a respectiva despesa com pagamento/creditamento de JCP? Pois se é certo que a lei faculta à pessoa jurídica pagar/creditar JCP, uma vez exercida essa faculdade, não caberá a ela determinar, a seu bel prazer, o período em que deverá ser apropriada respectiva despesa com JCP. Sobre o período em que deverão ser apropriadas as mutações patrimoniais (despesas, custos, perdas, receitas, ganhos, etc.), a lei societária assim estabelece: Lei nº 6.404/76: (...) Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. (Grifamos) (...) Não é demais recordar que o registro das mutações patrimoniais pelo regime de competência constitui regra geral que, por conseguinte, deverá ser observada na interpretação e aplicação das demais normas contábeis e fiscais relativas às pessoas jurídicas em geral e, em especial, por aquelas constituídas sob a forma de sociedade anônima, como é o caso da contribuinte. Daí porque é desnecessário que cada uma dessas normas contábeis e fiscais contenha expressamente a observação de que o registro das respectivas receitas, despesas etc. Fl. 1736DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 547 17 deva observar o regime da competência. Em verdade, ocorre justamente o contrário. Quando a receita, despesa, etc. deva ser registrada segundo o regime de caixa é que deverá haver expressa referência na norma, já que esse regime é empregado apenas excepcionalmente. Isso posto, e uma vez que o art. 9º da Lei nº 9.249/95 é silente sobre qual o regime de apropriação da despesa com JCP deverá ser adotado, é de se concluir, necessariamente, que deverá ser empregado o regime de competência, pois, se a lei desejasse excepcionálo haveria que estabelecer, expressamente, a apropriação pelo regime de caixa. Mas afirmar que a despesa com JCP deverá ser apropriada segundo o regime de competência resolve apenas parte da questão que no propusemos a responder. Resta ainda investigar a qual período compete a apropriação de juros sobre o capital próprio. Em outras palavras, e especificamente no caso dos autos, resta investigar se a despesa competirá a 2007, data em que a contribuinte exerceu a faculdade de distribuir JCP incidente sobre o patrimônio liquido de 2002 a 2006, ou se a despesa competirá aos anos de 2002 a 2006. Para tanto, necessário se faz determinar a natureza jurídica dos juros sobre o capital próprio. Sobre o assunto vale transcrever as lições de Luís Eduardo Schoueri, em seu artigo intitulado Juros sobre Capital Próprio: Natureza Jurídica e Forma de Apuração diante da "Nova Contabilidade" (in Controvérsias JurídicoContábeis (Aproximações e Distanciamentos), 3º volume, Editora Dialética, São Paulo: 2012, p. 169/193): (...) Afastandose qualquer aproximação com categorias de Direito Privado, há que se reconhecer que, na perspectiva do Direito Tributário, corresponde a figura do artigo 9º da Lei n° 9.249/1995 a uma remuneração do capital. O conceito tributário de juros sobre o capital próprio parte, assim, da noção econômica de custo de oportunidade, entendida enquanto renúncia, pelo agente econômico, dos benefícios derivados de determinado investimento em função do potencial de lucro superior vislumbrado em aplicação distinta. Em tal contexto, o lucro do negócio, sob uma perspectiva econômica, somente poderia ser apurado se desconsiderado o lucro sobre o capital. (...) Tais considerações, intimamente relacionadas com o conceito econômico de custo de oportunidade, tornam razoável, do ponto de vista econômico e tributário, a consideração dos pagamentos dos juros sobre o capital próprio enquanto remuneração do capital, que é Fl. 1737DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 548 18 dedutível. E dizer, do ponto de vista tributário, a situação apresentase tal qual como se o sócio tivesse "emprestado'' dinheiro à sociedade e recebesse juros desta, recebendo tal circunstância, em razão do princípio da igualdade, igual tratamento ao que é dado às empresas que se valem de financiamento de terceiros. (Grifamos) Ora, pelo acima exposto, é de se concluir que as despesas com JCP têm a natureza jurídica de despesa com juros pagos/creditados ao titular sócios ou acionistas pelo uso do capital por estes investido na empresa. Em outras palavras, tratase de despesa pelo uso do dinheiro investido na pessoa jurídica. E, segundo o regime da competência, as despesas pelo uso do dinheiro devem ser apropriadas ao longo dos períodos em que for utilizado esse dinheiro. Respondendo, então, à questão objeto deste item do voto, ainda que a contribuinte estivesse autorizada por lei a exercer, em 2007, a faculdade de pagar/creditar JCP incidente sobre o patrimônio líquido de 2002 a 2006, a respectiva despesa com JCP deveria ter sido apropriada nos anos de 2002 a 2006, e não em 2007, como fez a recorrente, já que se trata de uma despesa pelo uso, ao longo daqueles anos, do capital empregado na pessoa jurídica por seus acionistas. Por fim, quanto à decisão do STJ proferida nos autos do REsp 1.086.752/PR, em que acolhe o argumento trazido pela recorrente, e cuja ementa abaixo se transcreve, é importante ressalvar que se trata da única decisão do STJ sobre o assunto, e que, a meu sentir, não é negligenciável a possibilidade de a Corte vir a rever seu entendimento em outra oportunidade, pois aquele julgado considera que o art. 9º da Lei nº 9.249/95 deve ser aplicado segundo o regime de caixa, quando, de acordo com o art. 177 da Lei nº 6.404/76, correto seria o emprego do regime de competência. MANDADO DE SEGURANÇA. DEDUÇÃO. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO DISTRIBUÍDOS AOS SÓCIOS/ACIONISTAS. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. EXERCÍCIOS ANTERIORES. POSSIBILIDADE. I Discutese, nos presentes autos, o direito ao reconhecimento da dedução dos juros sobre capital próprio transferidos a seus acionistas, quando da apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no ano calendário de 2002, relativo aos anoscalendários de 1997 a 2000, sem que seja observado o regime de competência. II A legislação não impõe que a dedução dos juros sobre capital próprio deva ser feita no mesmo exercício financeiro em que realizado o lucro da empresa. Ao contrário, permite que ela ocorra em anocalendário futuro, quando efetivamente ocorrer a realização do pagamento. Fl. 1738DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 549 19 III Tal conduta se dá em consonância com o regime de caixa, em que haverá permissão da efetivação dos dividendos quando esses foram de fato despendidos, não importando a época em que ocorrer, mesmo que seja em exercício distinto ao da apuração. IV " O entendimento preconizado pelo Fisco obrigaria as empresas a promover o creditamento dos juros a seus acionistas no mesmo exercício em que apurado o lucro, impondo ao contribuinte, de forma oblíquoa, a época em que se deveria dar o exercício da prerrogativa concedida pela Lei 6.404/1976". V Recurso especial improvido. (...) Portanto, em conformidade com os fundamentos transcritos do Acórdão nº 1201000.857 – 2ª Câmara / 1º Turma Ordinária do CARF, Sessão de 10 de setembro de 2013, onde são abordados os argumentos trazidos na impugnação em apreço, a lei não permite que os JCP incidam sobre o patrimônio líquido de períodos anteriores, em especial, porque nos anos anteriores, à falta do exercício tempestivo da faculdade de pagar/creditar JCP, a pessoa jurídica destinou integralmente o lucro ao pagamento de dividendos, ou à reserva de lucros para posterior distribuição. Destaquese ainda o Acórdão 1201000.886– 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária do CARF, Sessão de 12 de outubro de 2013, referente ao processo 16682.721029/201289, da lavra do Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, com a ementa abaixo reproduzida, que negou provimento à recurso apresentado por esta mesma empresa sobre igual matéria, quando do exame da dedução de despesas de juros sobre o capital próprio, consignadas no ano calendário 2009, referentes à períodos de apuração anteriores (2000 a 2003). Cumpre observar que existe inclusive repetição de períodos de apuração com os autos aqui em análise (200 e 2001). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao Fl. 1739DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 550 20 regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. Existem regras expressas e limites temporais que regem a matéria, razão pela qual o não exercício da faculdade conferida pela lei implica renúncia e preclusão de direito, até porque parece razoável que os direitos, notadamente aqueles de que resultam efeitos tributários, não podem ser exercidos a qualquer tempo, mediante simples e pura liberalidade do interessado. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento principal, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. No referido acórdão (1201000.886– 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária do CARF), anexado ao presente processo por se reportar à mesma empresa e sobre igual matéria, que ratifica os argumentos até aqui apresentados, com os quais comungo, e também contraargumenta tópicos trazidos pela defesa no presente processo, encontrase em destaque o entendimento da RFB sobre o assunto, expressado através de Soluções de Consulta, cujas ementas estão transcritas a seguir: SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 63, de 24 de Abril de 2001 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. Sob pena de infringir o regime de competência previsto na legislação própria, é vedado à pessoa jurídica computar em um exercício o montante dos juros sobre capital próprio de períodos anteriores. SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 32, de 27 de Janeiro de 2010 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE COMPETÊNCIA. A observância do regime de competência é condição para a dedutibilidade dos juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido. Dessa forma, concluo que é vedada a dedução de juros sobre o capital próprio de determinado anocalendário em períodos posteriores, estranhos ao da sua competência. Ainda que os juros sobre o capital próprio pudessem ser pagos/creditados ao titular, sócios ou acionistas da pessoa jurídica em um determinado período base, relativamente ao patrimônio líquido de períodos base anteriores, a respectiva despesa com esses juros deverá ser atribuída aos períodos anteriores, em observância ao regime de competência. Pelo exposto, considero procedente este lançamento, mantendo a adição ao lucro líquido do montante de R$ 29.096.569,40. utilizandome como argumento principal Fl. 1740DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 551 21 (Justificativa 1) a falta de amparo legal para dedução das base tributáveis do IRPJ e CSLL com despesas de Juros sobre o Capital Próprio dos anos anteriores. Infração 1 Justificativa 2 Desrespeito ao limite quantitativo (R$ 1.601.862,23 no 4° trimestre de 2010) Quanto a essa segunda justificativa para manter parte do lançamento, limite quantitativo (justificativa 2), cabe salientar que a legislação determina que o pagamento de JCP fica condicionado à existência de lucros, computados antes da redução dos juros, ou de lucros acumulados e reserva de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes o juros a serem pagos ou creditados. Pois bem, o fiscal constatou que, em alguns períodos, o valor distribuído a título de JCP era superior ao lucro apurado e, ao mesmo tempo, que os Balanços Patrimoniais transcritos no Livro Diário, apresentados pela autuada, referentes aos anoscalendário de 1996 a 2008, nunca apresentaram qualquer valor de lucros acumulados ou reserva de lucros, o que serviu de mais um fundamento para a manutenção da autuação para determinado valor expresso na tabela alhures. Defendese a Recorrente aduzindo que o limite deveria ter sido determinado considerando a conta Reserva para Aumento de Capital, já que esta conta era utilizada para agregar os lucros acumulados em cada exercício. A título de prova, traz cópia do Razão Analítico com os lançamentos contábeis a crédito na conta "Reserva para aumento de Capital", tendo como contra partida a conta Resultado do Exercício, fls. 1534/1568, desde o ano calendário de 1995 a 2010. A respeito dessa justificativa considero que o autuante manifestouse corretamente em não acatálo, nos seguintes termos: O contribuinte até poderá alegar que as "Reservas para Aumento de Capital" se originaram dos lucros apurados em cada período, mas isto é totalmente secundário. Os JCP são uma forma de remuneração do sócio ou acionista da empresa e é por este motivo que a legislação condiciona o seu pagamento ou crédito à existência de lucros do próprio período ou da existência de saldos de Lucros Acumulados (na redação original da Lei 9.249/95) ou de Reservas de Lucros (com a alteração introduzida pela Lei 9.430/96). Reserva para Aumento de Capital não é a mesma coisa que Lucros Acumulados ou Reservas de Lucros, não importando a sua origem. (...) De fato, com razão o autuante, pois se a lei estabeleceu limites condicionados às contas de lucros acumulados ou reservas de lucros tem sua razão de ser, justamente pela função que tais contas desempenham dentro do balanço, não importando a origem da conta. A esse mesmo respeito a decisão de piso foi muito esclarecedora: (...) Lembro ainda que o pagamento de JCP representa despesa que reduzirá o lucro líquido. E, no caso de apuração de prejuízo, este aumentará. Daí a importância da função da conta contábil. Em se tratando de Reserva para Aumento de Capital, sua destinação já está vinculada a ser aplicado na própria empresa, por decisão dos sócios que assim determinaram em assembléia, e não para servir de lastro na remuneração do capital dos sócios/acionistas. Ainda tomando por emprestado a Lei das SA, que se aplica subsidiariamente às empresas limitadas, por força do artigo 189, § único, se o resultado do exercício for negativo (prejuízo), este será Fl. 1741DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 552 22 obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Ressalto ainda que esta autoridade julgadora é vinculada aos ditames da Lei. Não existe na legislação tributária a permissão para verificar os limites quantitativos para distribuição/crédito dos JCP pagos tendo por parâmetro a conta Reserva para Aumento de Capital. Por todo acima exposto, não merece ser acolhida as alegações de defesa, sendo procedente o lançamento para glosar os valores pagos a título de JCP que não observaram o limite imposto pela legislação. Ressalto que este foi o único motivo para a glosa do valor de R$ 1.601.862,23 no 4° trimestre de 2010, motivo pelo qual voto por sua procedência. Conforme também esclarecido na decisão de piso, até este ponto do voto, o lançamento decorrente da primeira infração Adições não computadas na apuração do lucro real excesso de JCP está mantido em sua totalidade, uma vez que a análise dos dois motivos abrangem a totalidade da base tributável, no valor de R$ 30.698.431,63. Porém, em função de poder ser vencido em algum dos dois pontos acima, continuarei o voto analisando as demais questões trazidas na defesa. Infração 1 Decadência Justificativa 3 argumento subsidiário Cabe salientar que o autuante deixou consignado no TVF que a decadência do direito seria um fundamento secundário, apenas na hipótese de se admitir a possibilidade de apropriar despesa correspondente a períodos anteriores:. 38. Agora, antes de analisar a questão principal a possibilidade ou não de se contabilizar JCP fora do período de competência vamos provisoriamente admitir tal contabilização, para analisar a sexta questão proposta no item 13: sendo possível aceitar a contabilização de JCP fora do período de competência, esta contabilização pode abranger inclusive períodos já atingidos pela decadência? Em se tratando de um argumento subsidiário, cai por terra a sua alegação de que o auditor teria fundamentado o lançamento em motivos que, pela lógica, seriam excludentes, pois, segundo ela, a glosa por desrespeitar a competência não admitiria a glosa por decadência do direito, o que pressupõe poder distribuir JCP de período anteriores Além, disso a recorrente mistura conceitos, pois, como já se disse alhures, uma coisa é a possibilidade jurídica do pagamento dos juros, que se materializa através de uma opção da pessoa jurídica e outra, completamente diferente, é o tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. Esta última, a dedução dos juros sobre capital está sujeita ao regime de competência e também ao limite temporal da decadência. Ainda a esse respeito autuada contesta que não ocorreu decadência do direito de apropriar como despesa os JCP relativos a períodos anteriores a mais de 5 (cinco) anos (justificativa 3), já que a lei não estipula prazo. Ora, a decadência é uma regra geral do direito e sendo desnecessário que todo direito venha vinculado a uma regra específica de decadência. E no âmbito tributário, o CTN, através do art. 173, I e art. 150, §4° (lançamento por homologação), ambos do CTN, regulam a matéria. Fl. 1742DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 553 23 Alega ainda que o direito foi exercido na data da deliberação da distribuição. Como se sabe, em primeiro lugar, a opção para deliberação do pagamento de JCP deve ser exercida na primeira assembléia que analisar as contas do exercício. E por fim, de acordo com o regramento do CTN, a homologação da apuração de um determinado exercício, ocorre pelo decurso de prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 150, §4° do CTN. E como bem colocou a decisão de piso: Se por um lado a Administração não pode mais verificar se todas as receitas foram devidamente declaradas, para fins de constituição de crédito tributário, por outro lado a autuada não poderá se apropriar de uma despesa relativa a este período já homologado, de forma a obter redução dos tributos devidos em exercícios posteriores. Infração 1) glosa do valor de R$ 2.059.712,85 (justificativa 4) falta de comprovação A autuada se defende afirmando que este valor tem origem nos JCP de períodos pretéritos, e que a diferença decorre de arredondamentos dos índices e também da aplicação plena do critério do "pro rata die", previsto no artigo 9° da Lei n° 9.249/95. Para comprovação, anexou planilha de cálculo elaborada por Auditoria, de fls. 1570/1581. Considero despicienda essa análise proabatória, pois como já tratado exaustivamente no primeiro ponto deste voto , os JCP pagos, relativos a períodos pretéritos, não são dedutíveis para fins de apuração do IRPJ e da CSLL. INFRAÇÃO 1 CSLL A esse respeito, reitero em todos os seus termos as razões da decisão de piso que enfrentaram essa matéria de forma correta, motivo pelo qual adotoas também como razões deste voto: Especificamente com relação ao crédito tributário da CSLL, a autuada alega que não tem cabimento o fundamento de que não havia previsão legal para dedutibilidade dos JCP na determinação da base de cálculo da CSLL no ano calendário de 1996, com a conseqüente glosa da despesa de R$ 1.790.457,90. Afirma que os referidos juros foram deduzidos em 2008, sendo neste momento que se deveria aferir se eram dedutíveis ou não tais despesas financeiras, com a aplicação da legislação vigente quando da deliberação. Mais uma vez a autuada parte de premissa equivocada, o que contamina sua conclusão. Repito que a opção para pagamento dos JCP deve ser exercida na assembléia destinada a aprovar as contas do período em questão. Assim, mesmo na hipótese de que esta opção tivesse sido exercida, não era possível a dedutibilidade dos JCP na determinação da base de cálculo da CSLL por força do artigo 9° § 10° da Lei n° 9.249/95, antes da alteração introduzida pela Lei n° 9.430/96. Concluo, portanto, que o lançamento decorrente da infração excesso de despesas incorridas com juros sobre JCP a pagar é procedente, não cabendo qualquer reparo no procedimento fiscal. Fl. 1743DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 554 24 INFRAÇÃO 1 PLEITO DA RECORRENTE DA COMPENSAÇÃO COM O IRRF RECOLHIDO INCIDENTE SOBRE A TOTALIDADE DO JCP DISTRIBUÍDO. A autuada pleiteia que, se a glosa fiscal for mantida, que se proceda a compensação de recolhimento de IRRF em montante superior ao efetivamente devido com o crédito tributário apurado. Novamente a recorrente mistura conceitos, pois, como já se disse alhures, uma coisa é a possibilidade jurídica do pagamento dos juros, que se materializa através de uma opção da pessoa jurídica e outra, completamente diferente, é o tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. O que foi glosado foi apenas o tratamento fiscal dispensado aos juros, ou seja o efeito fiscal do pagamento dos juros que independente de qualquer limite ou obstáculo para usa dedução fiscal está sujeito sujeito à incidência do imposto de renda retido na fonte, disciplinado pelo artigo 347 do RIR/99.. Não se glosou o pagamento dos juros. O outro óbice tratase da legitimidade desse pleito, fato muito bem colocado pela DRJ: Para deslinde desta questão, é importante diferenciar o pagamento dos juros sobre o capital do tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. Os sócios têm competência para determinar o valor a ser pago a título de JCP. Estes valores serão considerados despesas, e afetarão o lucro líquido apurado. No entanto, no âmbito fiscal, esta dedutibilidade tem limites que devem ser observados. Assim, uma vez ocorrendo pagamento superior aos limites estabelecidos, o valor excedido deve ser adicionado ao lucro líquido para determinação lucro real, assim como para determinação da base de cálculo da CSLL. Por outro lado, o pagamento do JCP aos sócios/acionistas, mesmo que acima do valor permitido para dedutibilidade para fins de determinação do IRPJ e da CSLL, está sujeito à incidência do imposto de renda retido na fonte, disciplinado pelo artigo 347 do RIR/99. Neste caso, o importante é esclarecer que o sujeito passivo do IRRF é o sócio/acionista que auferiu rendimentos decorrentes dos JCP. E, a teor do artigo 165 do CTN, somente o sujeito passivo tem legitimidade de pleitear a restituição do imposto de renda retido na fonte. No caso, a autuada recolheu o IRRF como responsável, e não como sujeito passivo deste tributo, motivo pelo qual não tem cabimento compensar estes valores com os créditos tributários apurados neste auto de infração. PLEITO DA RECORRENTE DE RECOMPOSIÇÃO DOS SALDOS DE LUCROS ACUMULADOS OU RESERVA DE LUCROS A esse respeito, reitero em todos os seus termos as razões da decisão de piso que enfrentaram essa matéria de forma correta, motivo pelo qual adotoas também como razões deste voto: A autuada requer, na hipótese de manutenção da glosa dos JCP, com conseqüente aumento do lucro por meio da adição, que sejam recompostos os saldos Fl. 1744DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 555 25 de lucros acumulados ou reservas de lucro, para fins de recomposição do patrimônio líquido bem como os limites para computo do JCP. Ocorre que esta autoridade julgadora não tem obrigação de recompor toda a contabilidade da autuada, até mesmo porque os valores deste lançamento não são definitivos, haja vista a apresentação da impugnação. Ademais, recompor os saldos de lucros acumulados ou reservas de lucro, para fins de que os limites para dedutibilidade dos JCP distribuídos/pagos sejam majorados, é o mesmo que beneficiar a autuada em função de sua torpeza. Cabia à autuada a correta apuração dos lucros, para fins de determinação correta dos limites que deveriam ser observados quando da distribuição/crédito do JCP. INFRAÇÃO 2 EXCESSO DE COMPENSAÇÃO COM PREJUÍZO OPERACIONAL ACUMULADO DOS ANOS ANTERIORES, NO VALOR DE R$ 1.601.862,23, PARA O 1° TRIMESTRE/2011. Em sua defesa, a autuada apenas afirma que não teria cabimento a glosa no 4° trimestre/2010, o que afastaria o lançamento dos tributos no 1° trimestre de 2011 por excesso de compensação. Ora, a presente infração tratase de infração reflexa à infração nº1. Conforme decidido neste voto, a glosa no valor de R$ 1.601.862,23, no 4° trimestre de 2010, foi mantida, motivo pelo qual seus reflexos nos trimestres posteriores se mantêm, sendo procedentes os lançamentos decorrentes de excesso de compensação com prejuízo operacional, e base de cálculo negativa de CSLL, acumulados dos anos anteriores, para o 1° trimestre/2011. Portanto, nego provimento a este item Juros sobre multa de ofício Não procede a alegação da recorrente no sentido de ser indevida a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício . Como é sabido, a multa de ofício, ex vi art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago (diferença entre o tributo devido e o recolhido). A partir da leitura do Código Tributário Nacional, concluise que a multa, apesar de não ter a natureza de tributo, faz parte do crédito tributário. É a inteligência dos artigos 3º e 113 do CTN, conjugado com art. 139 que assim dispõe “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta” Ou seja, enquanto o art. 3° exclui as multas da definição de tributo, os dispositivos seguintes (art. 113, §1°, e art. 139) trazemnas para compor o crédito tributário. Por conseguinte, a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Por sua vez, o art. 161 do Código Tributário Nacional dispõe que os juros de mora passam a integrar o crédito tributário não pago, de forma a que a incidência da multa alcança tanto o crédito tributário principal quanto os juros de mora sobre ele incidentes. Em resumo, é cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. Fl. 1745DF CARF MF Processo nº 10935.724787/201334 Acórdão n.º 1401001.742 S1C4T1 Fl. 556 26 Assim, não procede o argumento no sentido de afirmar que apenas a partir da existência do parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Ora, tal previsão diz respeito à aplicação de multa isolada sem crédito tributário. Assim, a teleologia de tal dispositivo legal vem a reboque de se ratificar a incidência dos juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa de ofício. Assim, mantenho os juros sobre a multa de ofício. Por todo o exposto, REJEITO a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGO provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 1746DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726286/2009-73
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 9202-004.102
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 62 86 /2 00 9- 73 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10530.724190/200966. Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei 8.730/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada totalmente improcedente. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 323 3 Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Sobrestamento do feito dado que o STF reconheceu repercussão geral no que se refere aos rendimentos recebidos acumuladamente; b) Os rendimentos previstos na Lei Estadual 8.730/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que seja reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que seja rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, alegando, em síntese: a) Em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções. Logo, os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda. b) Não há Lei que isento do imposto de renda referidos rendimentos; Fl. 259DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 c) A Resolução STF nº 245/2002 é restrita ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União, e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda também para os membros do MPF. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.091, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10530.724190/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.091): A solução do litígio será delineada através de itens que enfrentam de forma integral, os argumentos apresentados pela recorrente, respeitandose, ainda, a ordem dos quesitos apresentada, limitandose aqui, todavia, às matérias para as quais se deu seguimento ao pleito do contribuinte : a) Quanto à não incidência do IRPF pela natureza supostamente indenizatória das verbas recebidas, à aplicação da Lei Estadual no. 8.730, de 2003, e da Resolução STF no. 245, de 2002. Reitero aqui, inicialmente, considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a.1) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Estadual 8.730, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 4° e 5° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003: Fl. 260DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 324 5 Art. 4º As diferenças decorrentes do erro na conversão da remuneração de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias n os. 613 e 614, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal, serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de julho de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 4º desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa física. Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual, o que restringe a aplicação da referida Lei Estadual na seara de interesse. Todavia, notese que não se trata, aqui, quando da consequente conclusão de não aplicação da referida Lei, para fins de definição da natureza tributária das verbas sob análise e da incidência ou não do IRPF, de invasão de competência do STF pela União para declarar a inconstitucionalidade a referida Lei Estadual (o que caracterizaria a violação alegada à Súmula CARF no. 02 e ao art. 62 do Regimento Interno deste CARF então em vigor quando da propositura do recurso), mas, sim, de interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida Lei, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Não se está a afastar, aqui, a constitucionalidade do dispositivo de forma a afastar sua aplicação, mas tão somente verificase sua impossibilidade de produção de efeitos na seara tributária, em se tratando de IRPF. Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo aplicável ao tributo em questão, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. A propósito, chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos Fl. 261DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 4° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Desta forma, é incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ, que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração. a.2) Da Resolução n.° 245 do STF A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Poder Judiciário dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Fl. 262DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 325 7 Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Veja se: “(...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, mesmo caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação de se cingirem os efeitos da referida Resolução e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, o recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais constantes do auto de infração, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei do Estado da Bahia no. 8.730, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. a.3) Quanto aos efeitos do decidido no âmbito do RE 614.406/RS ao feito Reitero, também aqui, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória perceptível quando do servidor na ativa. Todavia, reconhecese aqui que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro Fl. 264DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 326 9 de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria eventualmente mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pela contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando a contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, note se, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Feita tal digressão, verifico porém, que, no caso em questão, a autoridade fiscal já optou por tributar os valores com base nas alíquotas vigentes nos períodos que apurados o rendimento percebido a menor regime de competência (os rendimentos percebidos a menor referemse aos períodos de abril de 1994 a agosto de 2001) Acerca das tabelas progressivas/alíquotas aplicáveis aos meses de referência, de se consultar o resumo que se segue, que respalda a tabela utilizada pela autoridade autuante: Todavia, ainda que se tenha utilizado as alíquotas corretas, não há como se garantir que estivesse o autuado na faixa superior de recebimentos mensais para cada um dos meses de competência, uma vez que, notese, não se retroagiu, no lançamento, o momento de incidência aos meses dos anoscalendário de 1994 a 2001, constantes do demonstrativo detalhado fornecido pelo contribuinte em resposta à intimação da autoridade fiscal. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 327 11 Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de, nesta matéria, dar parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, tudo de acordo com o regime de competência. b) Quanto à incidência do IRPF sobre os juros de mora Para fins de solução do litígio quanto à esta matéria, de se perquirir a extensão dos efeitos da aplicação, ao presente feito, do decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do REsp 1.227.133/RS, quanto à incidência de juros de mora sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Tratase, notese, também de decisum de aplicação obrigatória neste Conselho, consoante art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF em vigor quando da prolação da decisão recorrida, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, conforme o art. 62, §1o. do atual Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. A propósito, creio, em linha com o argumentado pela Fazenda Nacional em sede de contrarrazões, que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 estabelece: REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da Fl. 267DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez entender que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: 1) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e 2) se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima deve não incidir o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o Fl. 268DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726286/200973 Acórdão n.º 9202004.102 CSRFT2 Fl. 328 13 julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Aplicandose o acima disposto ao caso em questão: 1) Conforme já anteriormente delineado, entendo que não se está a tratar, aqui, de verba indenizatória, tendose concluído, no âmbito do presente voto, pela natureza remuneratória da verba principal de diferenças quando da conversão de Cruzeiro Real para URV sob análise, caracterizada, assim, a incidência do IRPF sobre tais verbas; 2) Verifico, também, que não se está a tratar de verbas recebidas no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho; Concluo, assim, pela incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora em questão quando da aplicação do decisum vinculante constante do REsp 1.227.133/RS, a partir de sua interpretação detalhadamente estabelecida no âmbito do REsp 1.089.720/RS e, desta forma, nego provimento ao Recurso Especial da contribuinte também quanto a esta matéria. Destarte, diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso do Contribuinte, para determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação à verba recebida (inclusive juros) tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 269DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 Fl. 270DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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