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Numero do processo: 10675.004556/2004-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2000
ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). EXERCÍCIOS ATÉ 2000. SÚMULA CARF 41.
A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.
ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que inexiste averbação.
Numero da decisão: 9202-004.601
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para restabelecer a glosa da ARL - Área de Reserva Legal de 51,1 ha. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). EXERCÍCIOS ATÉ 2000. SÚMULA CARF 41. A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que inexiste averbação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial para restabelecer a glosa da ARL Área de Reserva Legal de 51,1 ha. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercicio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 45 56 /2 00 4- 28 Fl. 274DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 275 2 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 30335.130, prolatado pela 3a. Câmara do então 3o Conselho de Contribuintes, na sessão plenária de 28 de fevereiro de 2008 (efls. 194 a 206). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício:2000 ITR/2000. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP). ÁREA DE RESERVA LEGAL. A área de 116,10 hectares identificada no mapa do imóvel rural, ao longo dos rios, e cuja existência foi admitida pela fiscalização, está abrangida na descrição do art.2° da Lei 4.771/65 e é de preservação permanente pelo só efeito daquela lei. A teor do artigo 10o., §7o. da Lei n.° 9.393/96, modificado pela Medida Provisória 2.16667/2001, basta a simples declaração do contribuinte quanto a existência de área de preservação permanente e de Reserva Legal, para fins de isenção do ITR, respondendo o mesmo pelo pagamento do imposto e consectários legais em caso de falsidade. Nos termos da Lei n° 9.393/96, não são tributáveis as áreas de preservação permanente e de Reserva Legal. ÁREA DE PASTAGEM ACEITA. A "área de pastagem nativa aceita" indicada na legenda do primeiro mapa da propriedade apresentado pelo interessado e admitida pela fiscalização. BASE DE CÁLCULO. ALÍQUOTA. ITR DEVIDO. Por força das razões explicitadas devem ser considerados os seguintes dados para cálculo do ITR/2000: área Total de 671,3 hectares, APP de 55,10 hectares, ARL de 135,00 hectares, área de Benfeitorias de 5,0 hectares, área de pastagem aceita de 31,0 hectares e VTN unitário de R$ 1.068,3/hectare. Com estes dados, a base de cálculo que é o VTN tributável, é de aproximadamente R$ 523.320,00. O Grau de Utilização é de aproximadamente 68%, e a alíquota aplicável é de 0,85% (ver na tabela anexa à Lei 9.393/96). Devem incidir os acréscimos Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 276 3 legais, devendo também ser descontado o valor eventualmente já recolhido pelo contribuinte a mesmo titulo. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE Decisão: por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário quanto à área de Reserva Legal, vencidos os Conselheiros Luis Carlos Maia Cerqueira (Suplente), Luis Marcelo Guerra de Castro e Celso Lopes Pereira Neto, que negaram provimento. Por maioria de votos, dar provimento quanto à área de preservação permanente, vencidos os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro e Celso Lopes Pereira Neto, que negaram provimento. Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto à área de pastagem, acolhendo 124 ha. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto ao VTN, sendo que os demais Conselheiros votaram com o Relator pela conclusão. O Conselheiro Celso Lopes Pereira Neto fará declaração de voto. Posteriormente, o recorrido foi objeto de embargos da Procuradoria da Fazenda Nacional (efls. 214 a 217), acolhidos consoante Acórdão 30335.725, de efls. 220 a 229. sem que se tenha, ali, porém, promovido qualquer alteração relevante no que tange às matérias que permanecem sob litígio. Enviados os autos à Fazenda Nacional, para fins de ciência, em 02/03/2009 (efl. 233), esta apresentou, em 16/03/09 (efl. 235), Recurso Especial (efls. 235 a 253), nos termos do art. 7o., inciso I, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a quem competia, por suas Turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão nãounânime de Câmara, quando contrária à lei ou à evidência da prova, uma vez que a decisão do aresto recorrido foi prolatada em 28 de fevereiro de 2008, antes da vigência do RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, conforme o previsto no art. 4o. deste último Regimento Interno. Contém o pleito da recorrente argumentações quanto a duas diferentes matérias, a saber: a) Necessidade de averbação para o reconhecimento da área de utilização Limitada/Reserva Legal como passível de exclusão da base de cálculo do ITR; b) Necessidade de Ato Declaratório Ambiental para o reconhecimento da área de preservação permanente como também passível de exclusão. a) Quanto á necessidade de averbação da área de Reserva Legal/utilização limitada: a.1) Ressalta, inicialmente, que se deve observar a necessidade de interpretação literal do art. 10 da Lei no. 9.393, de 19 de dezembro de 1996, consoante o art. 111 do CTN. a.2) Ressalta ainda que, no caso dos autos, as áreas declaradas de Reserva Legal não foram averbadas no Registro de Imóveis em data anterior à ocorrência do fato gerador, estando esta obrigação prevista originariamente em lei, mais especificamente, inicialmente no §2o. do art. 16 da Lei no. 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), com alterações introduzidas pela Lei no. 7.803, de 18 de julho de 1989 e mantida no § 8o. do mesmo artigo quando de sua alteração de redação pela MP no. 2.16667, de 2001. Em Fl. 276DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 277 4 contrapartida à definição pela lei da área de Reserva Legal, aos limites para sua exploração e à necessidade de sua averbação, os proprietários teriam como benefício a exclusão de tais áreas da base de cálculo do ITR; a.3) Assim, a mera declaração de existência fática da área de Reserva Legal não tem, de fato, o condão de atender aos requisitos da legislação pátria vigente para excluiIa quando da apuração do ITR. Para que se possa valer do benefício, a área deve estar devidamente averbada à margem da matricula do imóvel à época do fato gerador do tributo. Portanto, ainda que se prove a existência material das áreas de Reserva Legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 16) assim como suas disposições complementares (parágrafo 8o.), incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal; a.4) Entende que a inexistência do compromisso público de preservar as áreas, assim como o compromisso extemporâneo não podem ter o condão de dispensar o tributo anterior à respectiva anotação. Caso assim o fosse, estaria prejudicada a medida de incentivo à conservação do meio ambiente, pois o proprietário da terra usaria o beneficio da exclusão de tais áreas na apuração do ITR e o Poder Público não teria qualquer garantia quanto à responsabilidade pela preservação, decorrendo a necessidade da averbação ser feita no limite temporal ali defendido do comando legal que o lançamento se reporta à data do fato gerador; a.5) Por fim, ressalta, a respeito do art. 10, §7o., da Lei no. 9.393, de 1996, que entende como legítima a intimação do contribuinte para apresentar os comprovantes pertinentes à exclusão da base de cálculo do ITR, no caso, o comprovante da averbação da Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel em data anterior à ocorrência do fato gerador do tributo. Entende, assim, que pela ausência de averbação tempestiva da área de Reserva Legal, a decisão recorrida merece ser reformada. b) Quanto à necessidade de apresentação do ADA: b.1) Ressalta, novamente, que se deve observar a necessidade de interpretação literal do art. 10 da Lei no. 9.393, de 19 de dezembro de 1996, consoante o art. 111 do CTN. b.2) Discorre, então, acerca da obrigação estabelecida pelas INs SRF nos. 043/97 e 067/97, para fins de não incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e Reserva Legal, no sentido de necessidade da protocolização de requerimento do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA no prazo de seis meses contado da data de entrega da DITR. Entende que tais áreas devem ser informadas nesta "declaração", o que decorreria do próprio §7o. da Lei no. 9.393, de 1996, que não dispensou o contribuinte de apresentar do ADA de forma tempestiva quando exigido pela autoridade fiscal, mas tão somente a comprovação prévia dos dados constantes daquela declaração; b.3) Ressalta que a mesma obrigatoriedade para a não incidência tributária, foi posteriormente instituída, agora através de dispositivo legal (art. 17O da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, com redação dada pelo art. 1o. da Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000) e pelas INs SRF no. 60/2001 e 73/2000). A propósito, ressalta que a Lei no. 10.165, de 2000 não acrescenta nada de substancial à lide, uma vez que reitera um requisito que já era previsto na legislação em momento bem anterior ao da sua edição. Quando estabelece a necessidade de reconhecimento pelo Poder Público, a Administração Tributária, por meio de ato normativo, Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 278 5 fixa condição para a nãoincidência tributária sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada, elencadas e definidas no Código Florestal e na legislação do ITR. Cita a Solução de Consulta Cosit no. 12, de 21/05/2003, para concluir que a Lei no 6.938, de 1981, art. 17O, § 1°., com a redação dada pelo art. 1o da Lei no 10.165, de 2000, somente enfatiza e repete os termos da Instrução Normativa no. 43/97, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR; b.4) Ressalta que a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2º. e 3º., da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN). Ou seja: a ausência do ADA não enseja multa regulamentar, o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória, mas sim incidência do imposto; b.5) Registra que obrigatoriedade da apresentação do ADA não representa qualquer violação de direito ou do princípio da legalidade. Antes, pelo contrário, a exigência alinhase com a norma que consagrou o benefício tributário (art. 10, § 1º, II, da Lei nº 9.393, de 1996), apontando os meios para a comprovação da existência das áreas de preservação permanente e de utilização limitada. Se trata, em seu entendimento, de norma favorável ao contribuinte do ITR; b.6) Entende que o que não se pode conceber é que o contribuinte queira se valer da exclusão das áreas tributáveis da incidência do 1TR sem cumprir as exigências previstas na legislação. Não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de preservação permanente ou de utilização limitada, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação pertinente; b.7) Cita, por fim, a existência de Acórdão que sustentaria sua tese (Acórdão 30236.278), considerando inegável a dissonância entre a legislação federal e a jurisprudência, que, de um lado, exigem o ADA mesmo antes de 2000, e a r. decisão recorrida que, de outro, afasta todo tipo de requisito para a isenção à época dos fatos retratados. Requer, assim, que seja conhecido e provido o Recurso Especial apresentado, a fim de reformar o vergastado, restaurandose a decisão de primeira instância administrativa quanto às matérias recorridas. O recurso foi regularmente admitido, consoante despachos de efls. 256/257. Cientificado o contribuinte em 28/06/11 (efl. 266), este quedou inerte quanto à apresentação de contrarrazões ou Recurso Especial de sua iniciativa. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Fl. 278DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 279 6 O recurso é tempestivo e indica a contrariedade à lei/evidência da prova alegada e, assim, o conheço. Passo, assim, à análise de mérito. Para que todos possam firmar suas convicções quanto ao mérito recursal, destaco os seguintes elementos de interesse acostados aos autos: a) Início da ação fiscal: 19/03/2004 efl. 08; b) Demonstrativo contemplando a glosa efetuada pela autoridade fiscal na DITR efl. 14; c) ADA não há O contribuinte alegou estar suprido o ADA pelo doc. de e fl. 53; d) Matrículas onde, notese, não houve averbação de áreas de Reserva Legal efls. 75 a 77. A análise será segregada nas duas matérias sob litígio, a saber, conforme se depreende do detalhamento da glosa efetuada em demonstrativo de efl. 14 e, ainda, das alegações constantes do pleito recursal: a) exclusão de áreas de preservação permanente (APP) e b) exclusão de áreas de Reserva Legal/utilização limitada. a) Quanto à exclusão de áreas de preservação permanente (APP): Acerca do tema, em se tratando do exercício de 2000, aplicável aqui a Súmula CARF no. 41, que estabelece: Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. Verifico, a propósito se cingir a acusação, formalizada pela autoridade autuante quanto à área de preservação permanente, à não apresentação do ADA. Para excluir as áreas de Interesse Ambiental de Preservação Permanente e as de Utilização Limitada da basedecálculo do ITR e anular a sua influência na determinação do Grau de Utilização duas condições têm de ser atendidas. Uma é a sua averbação a margem da escritura no Cartório de Registro de Imóveis outra é a sua informação no ADA Ato Declaratório Ambiental; destaquese que ambas devem ser atendidas à época a que se refere a Declaração do ITR. O Contribuinte não atendeu a todas as exigências legais (artigo 10, §4°, da IN SRF n° 43/1997, com nova redação dada pelo artigo 1° da IN SRF no 67/1997; e artigo 16, §2°, da Lei 4.771/65, com a redação da Lei n° 7.803/89). Ressalte que, em nenhum momento, questionamos a existência e o estado das Reservas Preservacionistas, relatórios técnicos que atestam a sua existência não atingem o âmago da questão. Fl. 279DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 280 7 Mesmo aquelas possíveis áreas consideradas inaproveitáveis, para integrarem as Reservas da propriedade, para fins de cálculo do ITR, devem, obrigatoriamente, atender as exigências legais. (grifei) Assim, ainda que conheça do recurso quanto a esta matéria, aplicando o princípio tempus regit actum para fins de conhecimento de pleito recursal, ressaltandose, como inaplicável à época de interposição do recurso o teor do art. 67, §3o. do anexo II ao atual RICARF, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015, voto por lhe negar provimento quanto à matéria, mantendose, assim, a área de preservação permanente concedida pelo recorrido. b) Quanto à área de utilização limitada/Reserva Legal: Alinhome aqui aos que entendem ser necessária a averbação da Reserva Legal junto ao Registro de Imóveis até a data do fato gerador, posicionamento, muito bem esclarecido por voto condutor de lavra da Dra. Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, no âmbito do Acórdão 220201.269, prolatado pela 2a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF em 26 de julho de 2011, o qual adoto como razões de decidir, fundamentando meu entendimento acerca do tema, ressalvando que as menções ao art. 16 §8o. do Código Florestal, quanto à obrigatoriedade de averbação, são plenamente aplicáveis aqui, uma vez que o §2o. do mesmo artigo, em sua redação anterior, dada pela Lei no. 7.803, de 1989, estabelecida idêntica obrigatoriedade, verbis: (...) Para fins de apuração do ITR, excluemse, dentre outras, as áreas de Reserva Legal, conforme disposto no art. 10, § 1o , inciso II, alínea “a”, da Lei no 9.393, de 1996, verbis: Art. 10. [...] § 1o Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de Reserva Legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; [...] A lei tributária reportase ao Código Florestal (Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965), no qual se deve buscar a definição de Reserva Legal (art. 1o , §2o , inciso III): Art. 1o [...] §2o Para os efeitos deste Código, entendese por: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] Fl. 280DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 281 8 III Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas; (Incluído pela Medida Provisória no 2.16667, de 2001) [...] O Código Florestal define, ainda, percentuais mínimos da propriedade rural que devem ser destinados à Reserva Legal, para cada região do país (art. 16, incisos I a IV), assim como determina que a referida área seja averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis (art. 16, §8o ). Como se percebe, diferentemente da área de preservação permanente, em que a demarcação de tais áreas encontrase na lei ou em declaração do Poder Público, no caso da Reserva Legal, a lei fixa apenas percentuais mínimos a serem observados, cabendo ao proprietário/possuidor escolher qual área de sua propriedade será reservada para proteção ambiental. (...) Convém lembrar, ainda, que “os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código” (art. 1.227 do Código Civil). Assim, somente a partir da averbação da Reserva Legal no Cartório de Registro de Imóveis é que o uso da área corresponde fica restrito às normas ambientais, alterando o direito de propriedade e influindo diretamente no seu valor. Não se trata, portanto, de mera formalidade, mas verdadeiro ato constitutivo. O entendimento acima exposto já foi defendido com muita propriedade no julgamento do Mandado de Segurança no 226889/PB no Supremo Tribunal Federal – STF (publicado no Diário de Justiça de 28/04/2000), pelo Ministro Sepúlveda Pertence, que a seguir transcrevese: A questão, portanto, é saber, a despeito de não averbada se a área correspondente à Reserva Legal deveria ter sido excluída da área aproveitável total do imóvel para fins de apuração da sua produtividade nos termos do art. 6°, caput, parágrafo, da Lei 8.629/93, tendo em vista o disposto no art.. 10, IV dessa Lei de Reforma Agrária. Diz o art 10: Art. 10. Para efeito do que dispõe esta lei, consideramse não aproveitáveis: Fl. 281DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 282 9 (...) IV as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente. Entendo que esse dispositivo não se refere a uma fração ideal do imóvel, mas as áreas identificadas ou identificáveis. Desde que sejam conhecidas as áreas de efetiva preservação permanente e as protegidas pela legislação ambiental devem ser tidas como aproveitadas. Assim, por exemplo, as matas ciliares, as nascentes, as margens de cursos de água, as áreas de encosta, os manguezais. A Reserva Legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida como uma parte determinada do imóvel. Sem que esteja identificada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel, o que dos novos proprietários só estaria obrigado por a preservar vinte cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Estou assim em que, sem a averbação determinada pelo § 2° do art 16 da Lei n° 4.771/65 não existe a Reserva Legal. (os destaques não constam do original) Concluise, assim, que a lei tributária ao se reportar ao Código Florestal, está condicionando, implicitamente, a não tributação das áreas de Reserva Legal a averbação à margem da matrícula do imóvel, pois tratase de ato constitutivo sem o qual não existe a área protegida. Quanto ao prazo para o cumprimento dessa exigência específica, cabe lembrar que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador da obrigação, conforme disposto no art. 144 do CTN, e que fato gerador do ITR o dia 1o de janeiro de cada ano (o art. 1o , caput, da Lei no 9.393, de 1996). Dessa forma, concluise que a averbação da área de Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel deve ser efetivada até a data do fato gerador da obrigação tributária, para fins de isenção do ITR correspondente. (...)" No caso em questão, conforme se depreende dos documentos de efls. 75 a 77, em 01/01/2001, não se encontrava averbado qualquer montante a título de Reserva Legal, Fl. 282DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 283 10 na respectiva matrícula. Assim, de se admitir a glosa dos 51,1 ha. de área de Reserva Legal, inicialmente excluídos na DITR, consoante demonstrativo de efl. 14. Quanto à necessidade de apresentação do ADA, a título ilustrativo, além da aplicação da Súmula no. 41 também abranger a área de Reserva Legal, ressalto que entendo que, seja para exercícios anteriores ao ITR/2000 (inclusive) ou para exercícios posteriores ao ITR/2000, a averbação da Reserva Legal, pública e de natureza constitutiva, na forma acima defendida, supre a obrigatoriedade de apresentação do ADA, interpretandose uma vez mais o dispositivo instituidor da obrigatoriedade sob a ótica teleológica de preservação das áreas de RL e fiscalização desta preservação, em linha com o já aqui esposado quando da análise das áreas de preservação permanente. De se ressaltar, porém, a propósito, que entendo se distinguem ambas as áreas (APP e Reserva Legal) quanto à natureza da averbação, uma vez que, notese, no caso das áreas de preservação permanente, se está diante de áreas que: a) destinamse proteção aos cursos d'água, lagoas, nascentes, topos de morros, restingas e encostas, hipótese em que, entendo, carecem de análise do IBAMA acerca de seu interesse ambiental ou b) são declaradas por ato do Poder Público, destinandose a atenuar a erosão, fixar dunas, formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias, auxílio à defesa nacional, proteção de sítios de excepcional beleza, de valor científico ou histórico, asilos de fauna e flora, de proteção à vida e manutenção das populações silvícolas e para assegurar o bemestar público. Em ambas as hipóteses, para as áreas de preservação permanente, de se rejeitar a natureza constitutiva de qualquer averbação realizada. Aqui, especificamente no caso das APPs, somente possuem esta natureza constitutiva, em meu entendimento, respectivamente: a) o ADA (ou ainda, a protocolização de seu requerimento); b) o referido ato do Poder Público. Despicienda, porém, qualquer análise a respeito da apresentação ou protocolização do ADA no presente caso, uma vez não tendo sido cumprido o necessário requisito de averbação da Reserva Legal. Assim, quanto a esta matéria, voto no sentido de dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, a fim de que, na forma também decidida pela autoridade julgadora de 1a. instância, mantenhase a glosa dos 51,1 ha. declarados em DITR como de utilização limitada, na forma perpretada pela autoridade lançadora. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, a fim de que, na forma também decidida pela autoridade julgadora de 1a. instância, mantenhase a glosa dos 51,1 ha. de área de utilização limitada declarados em DITR, na forma perpretada pela autoridade lançadora. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 283DF CARF MF Processo nº 10675.004556/200428 Acórdão n.º 9202004.601 CSRFT2 Fl. 284 11 Fl. 284DF CARF MF
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Numero do processo: 10930.903565/2012-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 29/08/2005
COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.537
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 35 65 /2 01 2- 45 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903565/201245 Acórdão n.º 3402003.537 S3C4T2 Fl. 3 2 Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de COFINS IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06045.908, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903565/201245 Acórdão n.º 3402003.537 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903565/201245 Acórdão n.º 3402003.537 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903565/201245 Acórdão n.º 3402003.537 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903565/201245 Acórdão n.º 3402003.537 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
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Numero do processo: 10530.723549/2009-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. - MAGISTRADOS DA BAHIA. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO.
No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9202-004.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento para restabelecer a tributação sobre os juros, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Apresentarão declaração de voto os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MAGISTRADOS DA BAHIA. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 35 49 /2 00 9- 88 Fl. 188DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento para restabelecer a tributação sobre os juros, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Apresentarão declaração de voto os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 124.852,32, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. Essas diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, e conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA julgado o lançamento procedente. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares suscitadas e, no mérito, pelo voto de qualidade, deu parcial provimento ao recurso para excluir da base de cálculo lançada a parcela referente aos juros moratórios e, sobre a parte mantida, excluir a multa de ofício de 75%. Portanto, em sessão plenária de 12/03/2012, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2801002.263, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercícios: 2005, 2006, 2007 NULIDADE. LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL. A repartição da receita tributária pertencente à União com outros entes federados não afeta a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Portanto, não implica transferência da condição de sujeito ativo. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 4 ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA CARF Nº 12. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. As verbas recebidas por membros do Ministério Público do Estado da Bahia não têm natureza indenizatória do abono variável previsto pelas Leis nºs 10.474 e 10.477, de 2002, sendo incabível excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte.” O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 14/06/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional opôs, tempestivamente, em 19/06/2012, Embargos de Declaração alegando que o acórdão embargado incidiu em omissão e obscuridade ao afastar a incidência do IR sobre os juros de mora com amparo em precedente do STJ que não se aplica à espécie, tendo em vista que, no presente caso, a verba recebida pelo autuado não decorre de despedida ou rescisão de contrato de trabalho, sendo que, no julgamento do Recurso Repetitivo/STJ nº 1.227.133, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu que não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Tais embargos foram rejeitados por meio do despacho de fls. 154/155. Novamente intimada, em 20/08/2013, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010, a Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 26/08/2013, o Recurso Especial. Em seu recurso visa restabelecer a exigência do IRPF sobre os juros moratórios incidentes sobre a diferença de remuneração recebida pelo contribuinte em decorrência da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor – URV em 1994. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 4 5 Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 03/02/2014, às fls. 497/499. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz, preliminarmente, as seguintes alegações: · que, no presente caso, a verba recebida pelo autuado não decorre de despedida ou rescisão de contrato de trabalho e, por isso, não se aplica à hipótese destes autos o Recurso Repetitivo/STJ nº 1.227.133, no qual a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu que não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. · que o próprio STJ esclareceu recentemente que o precedente em questão somente se aplica à hipótese em que a verba principal (trabalhista), sobre a qual incidiram os juros moratórios, tiver natureza indenizatória, ou seja, só não incidirá imposto de renda sobre os juros moratórios quando a verba principal (trabalhista) tiver natureza indenizatória. Após essas preliminares, a Recorrente apresenta os fundamentos para a reforma do acórdão recorrido, onde, em síntese, alega: · que, de acordo com a doutrina civilista, os juros de mora representam uma presunção de indenização mínima, baseada em uma estimativa daquilo que o capital renderia caso estivesse em poder do credor, e que, com esteio nesse pensamento, inferese que os juros moratórios têm o caráter de lucros cessantes (indenização compensação), representando algo que o credor deixou de ganhar; é o que se presume que seria o rendimento mínimo do credor se dispusesse do capital. · que o lucro cessante é também a diminuição potencial do patrimônio, isto é, a expectativa de redução de algo que ainda não se incorporou ao patrimônio, e, portanto, se é potencial, por óbvio, é porque de minoração do patrimônio não se trata. · que a configuração dos juros de mora, por ser a de lucros cessantes, não traduz reparação de patrimônio lesado ou diminuído, mas compensação por algo que se deixou de ganhar, compensação de verba ainda não incorporada ao patrimônio. · que, a par da qualificação dos juros de mora como lucros cessantes, o que mais importa para o deslinde da equação é perscrutar o impacto de tal conceituação sobre a hipótese de incidência do imposto de renda. · que, considerando a natureza de lucros cessantes, os juros de mora simbolizam acréscimo patrimonial sobre o qual incide imposto de renda. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 6 · que, se os lucros cessantes representam o retorno de um ganho esperável, porém não percebido, acarretando a compensação de verba que não estava ainda inserida no patrimônio do particular, é inegável a sua natureza de riqueza nova, de acréscimo patrimonial. · que, se os juros de mora acarretam acréscimo patrimonial, somente poderia haver a exclusão da incidência do imposto de renda pelo seu recebimento se fosse criada uma hipótese legal de isenção, mas que, todavia, as leis que criaram isenções para o Imposto de Renda no caso de recebimento de algumas indenizações, seja no art. 39 do RIR/99 (Decreto n.º 3.000/99) ou no art. 6º da Lei 7.713/88, não concederam esse benefício fiscal para o caso de recebimento de juros de mora e as hipóteses nelas previstas não podem ser interpretadas extensivamente com a finalidade de abranger outra verba, em face do óbice previsto no art. 111, II do CTN. · que nem mesmo o art. 6º, inciso V da Lei 7.713/88 permite concluir que há isenção de imposto de renda in casu, porque o referido dispositivo isenta do IR apenas as indenizações pagas em razão da rescisão do contrato de trabalho, e os juros de mora aqui discutidos não têm como fato jurídico a rescisão do contrato de trabalho; o que gera o pagamento dos juros moratórios no presente caso (o fato jurídico) é unicamente o pagamento tardio de verbas trabalhistas. · que a previsão constante do parágrafo único do art. 16 da Lei 4.506/64 declarou, expressamente, que os juros de mora recebidos pelo atraso no pagamento de verbas trabalhistas devem ser classificados como rendimentos de trabalho assalariado, atraindo, assim, a incidência do tributo em comento (Art. 43, I do CTN). · que o inciso VI do art. 55 do Decreto nº 3.000/99 estabelece que deve incidir Imposto de Renda sobre os juros e indenizações por lucros cessantes, in verbis: “Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) VI as importâncias recebidas a título de juros e indenizações por lucros cessantes; ” · que o inciso XIV do mesmo decreto mencionado acima (RIR/99) estabelece que os juros de mora nesses casos sofrem a incidência do Imposto de Renda, salvo se corresponderem a rendimentos isentos ou não tributáveis, verbis: “Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) Fl. 193DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 5 7 XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; “ O contribuinte foi notificado do Acórdão nº 2801002.263, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 11/09/2014, porém o AR foi devolvido. Assim, a DRF Camaçari/BA cientificou o contribuinte através do Edital de Intimação SACAT DRF/CCI nº 52, de 17 de setembro de 2014. O contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, a fls. 274/275. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO DELIMITAÇÃO DA LIDE Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão sobre a tributação dos juros de mora recebidos pelo contribuinte quando do pagamento das diferenças de URV. IR SOBRE JUROS DE MORA Em relação à incidência do imposto de renda sobre juros de mora, as recentes decisões do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, restringiram o entendimento de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo apenas em relação as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543C D O CPC. 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidou se o entendimento no sentido de que "não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla." Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que "os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do impo sto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei". 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, Fl. 195DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 6 9 deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECUR SO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, resta claro que apenas são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Contudo, é sabido conforme decidido no acórdão recorrido e em diversos outros julgados deste conselho, que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, no caso "magistrados da Bahia" quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subsequentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, da Bahia (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 10 § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Considerando que a verba principal constitui acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, e seguindo a linha da referida decisão do STJ, por não se tratar de recebimento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, correto o lançamento que fez incidir imposto de renda sobre os juros. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO para restabelecer a tributação sobre os juros. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 7 11 Declaração de Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra Com relação à tributação da parcela de juros, adoto o entendimento exposto pelo STJ no sentido de que em sendo a verba principal isenta, os juros a ela acessórios também o serão. É nesse sentido que interpreto o RESP 1.227.133/RS, do STJ. Em meu entendimento, considerando que o pagamento da diferença de URV tem o objetivo de reparação ou supressão de perda de direito, e esta característica lhe confere a natureza de verba indenizatória para os membros da magistratura e Ministério Público da União, conforme já se pronunciou o STF por meio da Resolução 245/2002 e a própria PGFN, através dos Pareceres 529/2003 e 923/2003, outra não pode ser sua natureza quando paga aos membros de Ministério Público Estadual. Logo, a parcela de juros incidente sobre tais verbas também não seria tributável pelo IRPF No presente caso, contudo, a par de meu entendimento de que as diferenças de URV pagas aos membros do Ministério Público da Bahia são verbas indenizatórias e, portanto, não sujeitas ao IRPF, o fato é que houve a preclusão quanto à essa matéria em relação à decisão recorrido, que entendeu ser ela tributável. Melhor explicando, aqui não mais se discute a natureza da verba, mas apenas a incidência do imposto sobre os juros incidentes sobre uma verba que fora considerada tributável pela Turma de Julgamento a quo em decisão já transitada em julgado em relação à essa matéria. É nesse contexto, e em consonância com meu entendimento de que os juros são tributáveis quando o principal também o é, que voto pelo incidência do imposto no presente caso, dando provimento ao Recurso da União. (Assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 198DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI 12 Declaração de Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Tratase de recurso em que se discute a incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de juros. Sobre tal questão concordo com o entendimento do Recorrente de que, invariavelmente, os juros de mora possuem natureza indenizatória, pois sua função é a de recompor dano ao patrimônio do beneficiário que deixou de receber no tempo certo valor que lhe seria devido. Tratase de entendimento compartilhado pelos mais renomados juristas, valendo citar parte do artigo publicado pelo Professor Hugo de Brito Machado, na Revista Dialética de Direito Tributário nº 215 (p. 115/116): Não há dúvida quanto à natureza indenizatória dos juros de mora. A expressão juros moratórios, que é própria do Direito Civil, designa a indenização pelo atraso no pagamento da divida. O Código Civil de 1916 estabelecia que as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, consistem nos juros de mora e custas, sem prejuízo das pena convencional. E o Código Civil vigente estabelece: "Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogados, sem prejuízo da penas convencional. Parágrafo único: Provado que os juros de mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz concede ao credor indenização complementar." Com se vê, o legislador previu que o não recebimento nas datas correspondentes dos valores me dinheiro aos quais se tem direito implica prejuízo. (...) Não se trata de lucro cessante, nem de dano simplesmente moral, que evidentemente também podem ocorrer. Tratase de perda patrimonial efetiva, decorrente do não recebimento, nas datas correspondentes, dos valores aos quais tinha direito. Perda que o legislador presumiu e tratou como presunção absoluta que não admite prova em contrário, e cuja indenização com juros de mora independe de pedido do interessado. Ora, os valores recebidos a título de juros moratórios não estariam sujeitos ao imposto, afinal o conceito de renda e proventos pressupostos pela Constituição Federal, exigem a ocorrência de um acréscimo patrimonial experimentado ao longo de um determinado período de tempo, o que conforme anteriormente exposto não ocorre no presente caso concreto. Porém, em que pese concordar com os argumentos acima, entendo que a norma regimental prevista no art. 62 do RICARF me impede de deixar de aplicar o que determina o art. 6 da Lei 4.506/1964: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Processo nº 10530.723549/200988 Acórdão n.º 9202004.246 CSRFT2 Fl. 8 13 “Art. 16. serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo.” (Grifamos) Tal dispositivo está reproduzido no art. 43, § 3º do Decreto 3.000/99 (RIR): “Art. 43. São tributáveis os rendimentos provenientes do trabalho assalariado, as remunerações por trabalho prestado no exercício de empregos, cargos e funções, e quaisquer proventos ou vantagens percebidos, tais como (Lei nº 4.506, de 1964, art. 16, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 74, e Lei nº 9.317, de 1996, art. 25, e Medida Provisória nº 1.76955, de 11 de março de 1999, arts. 1º e 2º): (...) § 3º Serão também considerados rendimentos tributáveis a atualização monetária, os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo (Lei nº 4.506, de 1964, art. 16, parágrafo único).” Destaco que o Supremo Tribunal Federal ainda não firmou sua posição em relação ao assunto, haja vista estar pendente de julgamento o Recurso Extraordinário nº 855.091, recebido sob o rito da Repercussão Geral sob o Tema 808 Incidência de imposto de renda sobre juros de mora recebidos por pessoa física, processo por meio do qual questiona se a constitucionalidade dos dispositivos acima descrito Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado Digitalmente) Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 200DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 05/08/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, A ssinado digitalmente em 09/08/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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Numero do processo: 11634.720101/2011-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
EXTRATOS BANCÁRIOS. ACESSO À MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA LEGALIDADE.
A Constituição Federal de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º).
O § 3º, do artigo 11, da Lei 9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174, de 9 de janeiro de 2001, facultou à Receita Federal a utilização de informações sobre movimentação financeira, resguardado o devido sigilo, para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente. Jurisprudência do STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp 1134665 SP)..
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO.
A simples alegação de que não há relação natural entre a existência de depósitos de origem não comprovada e a omissão de receitas não é suficiente para afastar a presunção relativa criada pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996.
PEDIDO DE PROVA PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE.
O julgador administrativo pode indeferir pedido de prova pericial por considerá-lo prescindível para o deslinde da lide. Tampouco deve permitir o seu uso inapropriado, seja com intuito meramente protelatória ou utilizado como mecanismo de inversão do ônus da prova, do contribuinte para a autoridade fiscal, ainda mais quando se trata de lançamento tributário com base em presunção legal, onde o ônus de produzir provas precisas e individualizadas é claramente do contribuinte.
Numero da decisão: 1301-002.117
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Hélio Eduardo de Paiva Araújo
Nome do relator: Relator José Eduardo Dornelas Souza
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ACESSO À MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA LEGALIDADE. A Constituição Federal de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º). O § 3º, do artigo 11, da Lei 9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174, de 9 de janeiro de 2001, facultou à Receita Federal a utilização de informações sobre movimentação financeira, resguardado o devido sigilo, para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente. Jurisprudência do STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp 1134665 SP).. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO. A simples alegação de que não há relação natural entre a existência de depósitos de origem não comprovada e a omissão de receitas não é suficiente para afastar a presunção relativa criada pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996. PEDIDO DE PROVA PERICIAL. PRESCINDIBILIDADE. O julgador administrativo pode indeferir pedido de prova pericial por considerálo prescindível para o deslinde da lide. Tampouco deve permitir o seu uso inapropriado, seja com intuito meramente protelatória ou utilizado como mecanismo de inversão do ônus da prova, do contribuinte para a autoridade fiscal, ainda mais quando se trata de lançamento tributário com AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 01 01 /2 01 1- 21 Fl. 760DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA 2 base em presunção legal, onde o ônus de produzir provas precisas e individualizadas é claramente do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão 0634.258 2ª Turma da DRJ/CTA, na sessão de 27 de outubro de 2011, que, naquela oportunidade, apreciou a impugnação apresentada pelo contribuinte, entendendo, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte o lançamento para manter os valores de R$21.185,02 de Imposto de Renda, R$21.185,02 de Contribuição Social, R$15.529,96 de PIS, R$62.165,43 de COFINS, R$13.745,17 de Imposto sobre Produtos Industrializados e, R$180.124,07 de contribuição ao INSS, todos calculados pela sistemática do Simples, aos quais deverão ser acrescidos os valores de multa à razão de 75% e juros moratórios. Verificase dos autos que trata de auto de infração, lavrado contra o contribuinte acima identificado, fundamentada em extratos bancários, cominandose com duas infrações: 1) receitas não escrituradas e, 2) insuficiência de recolhimento em face da mudança da faixa de tributação. O enquadramento legal das exigências ficou assim estabelecido: a) para o IRPJ, art. 24 da Lei nº 9.249, de 1995, art. 2º incisos I e II, § 2º, 3º,§ 1º, alínea “a”, 5º, 7º, § 1º, 18 da Lei nº 9.317, de 1996, art. 3º da Lei nº 9.732, de 1998, art. 186, 188 e 199 do RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000 de 1999. Depósitos bancários não escriturados art. 42 da Lei nº 9.430 de 1996, regulamentado pelo art. 287 do RIR/99; b) para o PIS, o art. 3º, “b” da Lei Complementar nº 07, de 07 de julho de 1970, combinado com o art. 1º, parágrafo único da Lei Complementar nº 17, de 12 de dezembro de 1973, art. 2º, inciso I, art. 3º e 9º da Medida Provisória nº 1.249, de 1995 e suas reedições, o § 2º do art. 2º, alínea “b” do § 1º do art. 3º, art. 5º, § 1º do Fl. 761DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11634.720101/201121 Acórdão n.º 1301002.117 S1C3T1 Fl. 761 3 art. 7º e art. 18 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e art. 3º da Lei nº 9.732, de 1998; c) para a Contribuição Social, o art. 1º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988; o § 2º do art. 2º, alínea “c” do § 1º do art. 3º, art. 5º, § 1º do art. 7º e art. 18 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e art. 3º da Lei nº 9.732, de 1998; d) para a Cofins, o art. 1º e 2º da Lei Complementar nº 70, de 1991; art. 5º, da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e art. 3º da Lei nº 9.732, de 1998; e) para o IPI, artigo 2º, parágrafo 2º, artigo 3º, parágrafo 1º, alínea “e”, artigo 5º, parágrafo 2º, artigo 7º, parágrafo 1º e artigo 18 da Lei nº 9.317, de 1996, artigo 3º da Lei nº 9.732, de 1998 e artigos 2º, 3º, 34, 35, 122 e 127 do RIPI, de 2002 e; f) para a Contribuição ao INSS, o § 2º do art. 2º, alínea “f” do § 1º do art. 3º, art. 5º, § 1º do art. 7º da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, e art. 3º da Lei nº 9.732, de 1998. 3. A multa de ofício é de 75%, com base no previsto no art. 44, inciso I, ambos da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, combinado com o art. 19 da Lei nº 9.317, de 1996. Devidamente intimada, e após apresentar seus argumentos de impugnação, os mesmos foram submetidos à analise da 2ª Turma da DRJ/CTA, na sessão de 27 de outubro de 2011, entendendo aquele Colegiado, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte o lançamento impugnado, cuja ementa do acórdão restou assim descrita: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2006 Ementa: CRÉDITOS BANCÁRIOS. Por presunção de natureza legal, os depósitos/créditos junto a instituições bancárias não comprovados com documentação hábil e idônea coincidente em datas e valores com esses créditos autorizam o lançamento de ofício como omissão de receitas. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2006 Ementa: ACESSO A INFORMAÇÕES BANCÁRIAS.AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. DESNECESSIDADE. OBEDIÊNCIA A LEGALIDADE. Se durante a ação fiscal existia todo um arcabouço jurídico de lei complementar a decreto permitindo que a Administração Tributária Federal tivesse acesso às informações bancárias não fornecidas pelo contribuinte devidamente intimado, não há que se falar em nulidade do lançamento em decorrência da ausência de autorização judicial, se o procedimento fiscal já havia sido instalado e permaneceu nos trilhos da legalidade. DIREITO TRIBUTÁRIO. JULGADOR ADMINISTRATIVO. INCOMPETÊNCIA PARA AFASTAR NORMAS. LEGALIDADE. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA 4 O julgador administrativo não possui competência para afastar normas válidas. Seus atos são fundamentados na legislação tributária. Provocado pela impugnação examina, sob a ótica da legalidade, as provas existentes nos autos e decide se o lançamento do imposto, da multa e dos juros está em consonância com o sistema tributário nacional. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. REGRA GERAL E ESPECIAL. VINCULAÇÃO. Só em casos especiais, devidamente expressos na Constituição Federal ou na legislação infraconstitucional, os julgados administrativos e judiciais têm efeitos erga omnes e em razão disso vinculam o julgador administrativo no seu ofício de julgar. A regra geral é que as decisões administrativas e judiciais tenham eficácia interpartes, não sendo lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de permissão legal para isso, mas também em respeito às particularidades de cada litígio. PAF. DILIGÊNCIA. FINALIDADE. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL. O julgador administrativo pode indeferir pedido de diligência por considerálo prescindível para o deslinde da lide. Tampouco deve permitir o uso inapropriado de diligência, seja com intuito meramente protelatória ou utilizada como mecanismo de inversão do ônus da prova, do contribuinte para a autoridade fiscal, ainda mais quando se trata de lançamento tributário com base em presunção legal, onde o ônus de produzir provas precisas e individualizadas é claramente do contribuinte. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Ciente do acórdão recorrido em 22/11/2011, via correios através de AR (fls. 732), e com ele inconformado, a recorrente apresentou em 20/12/2011 (fls 734), tempestivamente, recurso voluntário, através de representante regularmente constituído (fls. 693). Após historiar a decisão de primeira instância, sob sua ótica, a interessada apresenta argumentos, pugnando por seu provimento, cujos tópicos serão analisados a seguir: Encaminhado os autos para este Colegiado, numa análise inicial, entendeu por sobrestar o presente processo, até a definição do leading case no Supremo Tribunal Federal. (fls. 745754). Em seguida, em decorrência da alteração regimental, o presente processo foi incluído em pauta para julgamento, e após dispensa de relator anterior designado, foi submetido a novo sorteio, e distribuído pra minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Aprecio o recurso na ordem dos argumentos apresentados na peça recursal. Fl. 763DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11634.720101/201121 Acórdão n.º 1301002.117 S1C3T1 Fl. 762 5 DA ILEGALIDADE DO ACESSO A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Alega a recorrente que o STF, através do RE 389.808PR, decidiu que o acesso à movimentação financeira do contribuinte só é permitido após autorização judicial, a qual não foi requerida no caso dos autos, devendo, por este argumento, ser reconhecida a nulidade do lançamento de ofício, sustentando ainda que a decisão recorrida contrariou as disposições do art. 59 e 61 do Decretolei 70.235/72, e também as disposições do art. 2º da Lei Federal nº 9.784/99. Equivocase a recorrente. O precedente invocado, de 15.12.2010, no sentido de permitir o acesso à movimentação financeira do contribuinte após autorização judicial, não se encontra em consonância com o atual entendimento da Egrégia Corte. Isso porque o próprio o Supremo Tribunal Federal julgou recentemente essa matéria em sede de Repercussão Geral. O julgamento se deu no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, na sessão plenária do dia 24.02.2016, publicada em no DJe nº 37/2016 (em 29.02.2016), e decidiu por maioria de votos a seguinte: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016. ” Ademais, constatase que o STJ também se pronunciou sobre o assunto e fê lo em sede de recurso repetitivo, no REsp nº 1134665/SP, que restou assim ementado: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, § 1º, DO CTN. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. 1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN. (...) 4. O § 3º, do artigo 11, da Lei 9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174, de 9 de janeiro de 2001, determinou que a Secretaria da Receita Federal era obrigada a resguardar o sigilo das informações financeiras relativas à CPMF, facultando sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para Fl. 764DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA 6 lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente. 5. A Lei Complementar 105, de 10 de janeiro de 2001, revogou o artigo 38, da Lei 4.595/64, e passou a regular o sigilo das operações de instituições financeiras, preceituando que não constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações, à Secretaria da Receita Federal, sobre as operações financeiras efetuadas pelos usuários dos serviços (artigo 1º, § 3º, inciso VI, c/c o artigo 5º, caput, da aludida lei complementar, e 1º, do Decreto 4.489/2002). (...) 7. O artigo 6º, da lei complementar em tela, determina que: "Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária." 8. O lançamento tributário, em regra, reportase à data da ocorrência do fato ensejador da tributação, regendose pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (artigo 144, caput, do CTN). 9. O artigo 144, § 1º, do Codex Tributário, dispõe que se aplica imediatamente ao lançamento tributário a legislação que, após a ocorrência do fato imponível, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. 10. Conseqüentemente, as leis tributárias procedimentais ou formais, conducentes à constituição do crédito tributário não alcançado pela decadência, são aplicáveis a fatos pretéritos, razão pela qual a Lei 8.021/90 e a Lei Complementar 105/2001, por envergarem essa natureza, legitimam a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam anteriores (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 806.753/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 22.08.2007, DJe 01.09.2008; EREsp 726.778/PR, Rel. Ministro Castro Meira, julgado em 14.02.2007, DJ 05.03.2007; e EREsp 608.053/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 09.08.2006, DJ 04.09.2006). (...) 15. In casu, a autoridade fiscal pretende utilizarse de dados da CPMF para apuração do imposto de renda relativo ao ano de 1998, tendo sido instaurado procedimento administrativo, razão pela qual merece reforma o acórdão regional. (...) 20. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008 REsp 1134665/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Fl. 765DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11634.720101/201121 Acórdão n.º 1301002.117 S1C3T1 Fl. 763 7 Assim, nos termos do art. 62, §2º, do RICARF, é obrigatória a reprodução das decisões proferidas pelo STJ em sede de recurso repetitivo, como é o caso. Nessa esteira, já tendo o STJ se pronunciado sobre a questão – determinando que a LC nº 105/2001 pode sim ter efeitos retroativos – não há como reconhecer qualquer irregularidade na forma do lançamento, a ensejar nulidade, registrando que o STF possui, atualmente, idêntico entendimento. Com relação ao argumento que a decisão recorrida contrariou as disposições do art. 59 e 61 do Decretolei 70.235/72, e também as disposições do art. 2º da Lei Federal nº 9.784/99, entendo também que não merece acolhida. A presunção de omissão de receitas proveniente de depósitos bancários de origem não comprovada, e sua forma de tributação, está assim prevista no art. 42, da Lei nº 9.430/96: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. Fl. 766DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA 8 § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Assim, é fato que o legislador conferiu ao Fisco uma presunção válida e legal, incumbindo ao contribuinte, provar, através de documentação hábil e idônea, que a referida presunção não possa subsistir. No caso concreto destes autos, o interessado não logrou comprovar, com documentação adequada, a ausência de omissão de receita, sendo suas alegações genéricas e desguarnecidas de provas. Assim, não restam dúvidas quanto à correção do procedimento adotado pela fiscalização, considerando os depósitos efetuados na conta corrente da interessada como receita omitida, em decorrência de presunção legal, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Por esta, razão não merece nenhum reparo a autuação neste aspecto, combinado com o fato de que o interessado não apresentou qualquer tipo de prova que pudesse afastar a referida presunção de omissão de receitas. DA ILEGALIDADE DO INDEFERIMENTO DA PROVA PERICIAL Alega a recorrente, ao tratar do indeferimento da prova pericial, que a decisão recorrida indeferiu o pedido formulado pela recorrente, sem nenhuma fundamentação, já que o §4º do artigo 16 do decretolei 70.235/72 não serve para fundamentar o indeferimento da prova pericial, e sim o da prova documental. Sustenta ainda que com a produção da prova pericial pretendese demonstrar que foram incluídos na base de cálculo do lançamento de ofício, valores que não são considerados como receita bruta, inclusive, valores creditados em c/c a título de descontos de duplicatas. Não são merecedoras de acolhimento suas alegações. Em primeiro lugar, equivocase a recorrente ao sustentar que a autoridade de primeira instância fundamentou a negativa da prova pericial, no §4ª do artigo 16 do Decreto Lei 70.235/72. Numa simples leitura da decisão recorrida, percebese que a autoridade julgadora de primeira instância afastou a realização da antedita prova porque entendeu que caberia a recorrente produzir as provas de suas alegações, devendo juntálas juntamente com a impugnação, quedandose inerte, a teor do que estabelece o §4ª do artigo 16 do DecretoLei 70.235/72, ressaltando que a presunção legal determina que o ônus da prova cabe ao interessado: Concordo com estes motivos. Além do mais, é de se alertar que as perícias/diligências destinamse à formação da convicção do julgador, devendo limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de provas também já incluídos nos autos. Jamais poderão as perícias/diligências estenderemse à produção de novas provas ou à reabertura, por via indireta, da ação fiscal, ou busca de provas que são de competência exclusiva do recorrente. Fl. 767DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11634.720101/201121 Acórdão n.º 1301002.117 S1C3T1 Fl. 764 9 Assim, rejeito suas alegações neste ponto. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 768DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 08/2016 por JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 15374.971829/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 10/03/2003
PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO ATRAVÉS DE PROTESTO JUDICIAL.
A propositura de ação cautelar de protesto tem o condão de suspender a prescrição do direito do contribuinte de pleitear a compensação de crédito que possui, face ao princípio da isonomia processual.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.370
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinando-se o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinando-se o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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Restituição. Prescrição. Recorrente FÁBRICA CARIOCA DE CATALISADORES S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 10/03/2003 PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO ATRAVÉS DE PROTESTO JUDICIAL. A propositura de ação cautelar de protesto tem o condão de suspender a prescrição do direito do contribuinte de pleitear a compensação de crédito que possui, face ao princípio da isonomia processual. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinandose o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitida para compensação de débitos tributários federais com créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 97 18 29 /2 00 9- 64 Fl. 662DF CARF MF Processo nº 15374.971829/200964 Acórdão n.º 3402003.370 S3C4T2 Fl. 3 2 A compensação não foi homologada pela unidade de origem sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP, apesar de localizado, havia sido integralmente utilizado na compensação de débitos declarados pelo contribuinte, que esgotaram o crédito disponível. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega que recolheu indevidamente o IPI no período de outubro de 2002 a maio de 2003 (aplicou a alíquota de 10%), sobre saídas de produtos cuja alíquota fora reduzida a zero. Em face disso, considera fazer jus à restituição dos valores pagos, e que tais valores podem ser objeto de compensação, com base no art.74 da Lei nº 9.430/96. A manifestação foi julgada improcedente (Acórdão 14054.306), a despeito do reconhecimento da existência do crédito, em razão da verificação de ofício da prescrição do direito do contribuinte de pleitear a restituição. O contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual repisa a sua impugnação, acrescentando que o prazo prescricional do direito de pleitear a restituição foi interrompido por iniciativa da Recorrente, que ajuizou ação cautelar de protesto, com o fito de interromper o prazo de prescrição nos termos do art.174, parágrafo único, II do Código Tributário, em 05/09/2007, vindo a ser definitivamente efetivada em 21/01/2015. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.367, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 15374.971828/200910, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.367): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido pelo Colegiado. A questão inicial do processo dizia respeito à existência ou não do crédito de IPI decorrente do pagamento indevido, questão esta prima facie superada pelo próprio reconhecimento da decisão a quo da sua existência, com base nos documentos de fls. 111303, analiticamente examinados no "Relatório extrajudicial sobre utilização crédito IPI" de fls. 526661, verbis: Em princípio, observo que a manifestante, aparentemente, trouxe aos autos provas do indevido recolhimento, bem como, a autorização para pedir a restituição do adquirente. Fl. 663DF CARF MF Processo nº 15374.971829/200964 Acórdão n.º 3402003.370 S3C4T2 Fl. 4 3 O seu exaurimento cognitivo restou prejudicado pela verificação ex officio da prescrição do direito do Recorrente de pleitear a restituição dos créditos, com fundamento no art.168, I c/c art.165, I, ambos do Código Tributário Nacional, concluindo nos seguintes termos: Pois bem, consta dos autos que este processo é o de crédito e que a PERDCOMP foi transmitida em 01/04/2008, sendo que o pagamento indevido foi efetuado em 10/03/2003, ou seja, já em 11/03/2008 o contribuinte tinha perdido o direito de pleitear a repetição do indébito, considerando o disposto no CTN: Pois bem, em seu Recurso Voluntário, o Recorrente apresentou certidão judicial da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro (fls.502503) certificando a propositura, por ela, de uma Ação de Protesto Judicial contra a Fazenda Nacional com o objetivo de interromper o prazo para restituição do IPI recolhido a partir de Outubro de 2002 até o último decêndio de Maio de 2003. Certificou também que a propositura da ação se deu em 05/09/2007, tendo o protesto interruptivo da prescrição sendo efetivado em 21/01/2015. Em primeiro lugar, há que se enfrentar a questão da preclusão acerca da apresentação de provas sobre o ajuizamento da ação cautelar de protesto pela Recorrente, haja vista tais provas terem sido juntadas apenas com seu Recurso Voluntário. Entendemos ser perfeitamente cabível tal juntada e manifestação específica acerca da questão da prescrição, por se tratar de questão fática e jurídica trazia posteriormente aos autos, ao ser conhecida de ofício na decisão recorrida e que portanto somente pôde ser atacada em seus fundamentos no âmbito do Recurso Voluntário. É a dicção expressa do art.16, §4, "c" do Decreto 70.235/72, verbis: Art.16. (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Desse modo, é legítima a juntada de documentos após a decisão de 1ª instância com vistas a contrapor matéria conhecida de ofício pelo Colegiado a quo. Superado este ponto, podese enfrentar seguramente o mérito das alegações. De fato, a decisão recorrida está correta ao estabelecer que o dies a quo do prazo prescricional relativo ao direito do contribuinte de pleitear a restituição tem início com o pagamento feito nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, é essa a dicção clara do CTN: “Art. 168 O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: Fl. 664DF CARF MF Processo nº 15374.971829/200964 Acórdão n.º 3402003.370 S3C4T2 Fl. 5 4 I nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário ; “Art. 165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade de pagamento, ressalvado o disposto no § 4° do art. 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo do tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; Desse modo, o art.150, §1º do mesmo Código é claro quanto a eficácia extintiva do pagamento antecipado, sendo a homologação posterior apenas condição resolutória, isto é, exercer seus efeitos desde o momento da sua realização, ficando sujeito a evento futuro e incerto que pode lhe tirar a eficácia: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos desta lei extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.” Para afastar quaisquer dúvidas a respeito da identificação da data de início de contagem do prazo, a Lei Complementar nº 118/2005 trouxe em seu artigo 3º regra interpretativa a esse respeito, aplicandose retroativamente por força do art.106, I do CTN: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Até o presente ponto o raciocínio da decisão recorrida é irretocável. Todavia, olvidou o julgado da existência de causa de interrupção da prescrição do direito à repetição tributária, por não ter sido tal matéria informada desde o início na manifestação de inconformidade. De fato, as causas de interrupção da prescrição são as seguintes: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II pelo protesto judicial; III por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 15374.971829/200964 Acórdão n.º 3402003.370 S3C4T2 Fl. 6 5 Portanto, o ajuizamento da ação cautelar de protesto, se feito dentro do prazo prescricional, tem o condão de interrompêlo. Nesse sentido, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, consolidado nos votos da lavra do Min. Demócrito Reinaldo, a exemplo do REsp 52.281/DF, julgado em 03/03/1997, no qual consignou o seguinte: Com efeito, o CTN, em seu artigo 174, parágrafo único, inciso II, expressamente elege o protesto judicial como causa interruptiva do prazo prescricional para propor a ação de cobrança do crédito tributário. Face ao princípio da "isonomia processual", idêntico tratamento deve ser dispensado ao contribuinte, nas ações em que postula repetição do indébito. Tal entendimento encontra eco também no REsp nº 82.553/DF, REsp nº 40.365/DF e no REsp 108.866/DF, com a ressalva que neste último se enfrenta especificamente a data em que se inicia a recontagem do prazo prescricional: PROCESSO CIVIL. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. PROTESTO JUDICIAL. SE A AÇÃO E PRECEDIDA DE PROTESTO JUDICIAL, A PRESCRIÇÃO SE INTERROMPE NA DATA DA CITAÇÃO DESTE (CC, ART. 172). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. (REsp 108.866/DF, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/02/1997, DJ 07/04/1997, p. 11098) Nesses termos, a citação da Fazenda Nacional marca o reinício do prazo prescricional, retroagindo a interrupção à data da propositura da ação cautelar de protesto, por força da regra da actio nata, consagrada de longa data pelo Superior Tribunal de Justiça e consentânea com a sistemática do exercício do direito de ação. Por fim, recentemente, cumpre apontar também a decisão do REsp 335942/RS, julgado em 01/10/2009, cuja ementa traz o seguinte: PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. CRÉDITOPRÊMIO DE IPI. PRESCRIÇÃO. PROTESTO JUDICIAL. INTERRUPÇÃO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 1º, 8º E 9º DO DECRETO 20.910/1932. 1. O STJ possui entendimento no sentido de que o prazo prescricional referente ao aproveitamento do créditoprêmio de IPI é de cinco anos contados da aquisição do direito, nos termos do Decreto 20.910/1932. 2. Hipótese que se diferencia da restituição de tributo indevidamente recolhido (art. 168, I, do CTN), pois se trata de pedido relativo a benefício fiscal não reconhecido pelo Fisco a ser creditado pelo interessado. 3. O regime jurídico da prescrição deve ser analisado à luz do Decreto 20.910/1932, que prevê a possibilidade de interrupção por uma única vez, recomeçando o lapso temporal a correr pela metade. 4. Ajuizouse medida cautelar de protesto judicial interruptivo da prescrição (art. 867 do CPC; c/c o art. 202, II, do Código Civil), tendo sido citada a recorrente em 6.12.1984. A ação declaratória que originou o presente recurso foi ajuizada em 9.11.1987, isto é, Fl. 666DF CARF MF Processo nº 15374.971829/200964 Acórdão n.º 3402003.370 S3C4T2 Fl. 7 6 após o transcurso de mais de dois anos e meio do ato interruptivo. Prescrição reconhecida. 5. Recurso Especial provido. (REsp 335.942/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 09/10/2009) A posição atual do STJ é pela aplicação dos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/32, que se encontra válido e vigente no ordenamento pátrio e assim prescreve: Art. 8º A prescrição somente poderá ser interrompida uma vez. Art. 9º A prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo. Considerando que a propositura da ação se deu em 05/09/2007 e portanto dentro do prazo prescricional e tendo o protesto interruptivo da prescrição sendo efetivado em 21/01/2015, possui ainda o Contribuinte dois anos e meio para pleitear sua restituição, contados desta data, isto é, até 21/07/2017. Portanto, não há que se considerar a prescrição apontada pela decisão a quo. Superado a preliminar referente à prescrição, verificase que a decisão recorrida pautouse exclusivamente por ela, deixando de analisar o mérito relativo ao crédito pleiteado, razão pela qual esse Colegiado não pode avaliála. Ante o exposto, voto por dar provimento à preliminar de inocorrência de prescrição do direito ao pedido de ressarcimento/compensação, remetendo os autos à DRJ responsável pela decisão a quo para, superada a questão prescricional, se manifeste sobre o mérito do crédito pleiteado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reformar o acórdão recorrido na parte em que decidiu pela prescrição do crédito, determinandose o retorno do processo à unidade julgadora de origem para análise das demais questões de mérito ventiladas na manifestação de inconformidade (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 667DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727504/2009-97
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.090
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência. Recurso especial provido em parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
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IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 75 04 /2 00 9- 97 Fl. 287DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 288DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 289DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 290DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.727504/200997 Acórdão n.º 9202004.090 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 293DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11020.000273/2005-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/1993 a 31/12/1993
COFINS. CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA.
Salvo exceções expressa em lei no sistema jurídico brasileiro, impõe-se a observância dos atos praticados sob a égide da lei revogada ou alterada, bem
como dos seus efeitos, vedando-se a retroação da lei nova. Tal afirmação leva à inexorável conclusão de que a homologação tácita das compensações por decurso de prazo, somente alcança as declarações apresentadas a partir da vigência do § 5º do art. 74 da Lei 9.430/1996, introduzido pela MP 135, de 30/10/2003.
JUROS DE MORA. SELIC. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 4 DO CARF.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
MULTA DE MORA. VALORES DECLARADOS E NÃO PAGOS.
Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.251
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parte do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Tatiana Josefovicz Belisário, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo, Jorge Rubem Folena de Oliveira e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/03/1993 a 31/12/1993 COFINS. CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Salvo exceções expressa em lei no sistema jurídico brasileiro, impõe-se a observância dos atos praticados sob a égide da lei revogada ou alterada, bem como dos seus efeitos, vedando-se a retroação da lei nova. Tal afirmação leva à inexorável conclusão de que a homologação tácita das compensações por decurso de prazo, somente alcança as declarações apresentadas a partir da vigência do § 5º do art. 74 da Lei 9.430/1996, introduzido pela MP 135, de 30/10/2003. JUROS DE MORA. SELIC. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 4 DO CARF. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. MULTA DE MORA. VALORES DECLARADOS E NÃO PAGOS. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso Recurso Voluntário Negado
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CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Salvo exceções expressa em lei no sistema jurídico brasileiro, impõese a observância dos atos praticados sob a égide da lei revogada ou alterada, bem como dos seus efeitos, vedandose a retroação da lei nova. Tal afirmação leva à inexorável conclusão de que a homologação tácita das compensações por decurso de prazo, somente alcança as declarações apresentadas a partir da vigência do § 5º do art. 74 da Lei 9.430/1996, introduzido pela MP 135, de 30/10/2003. JUROS DE MORA. SELIC. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 4 DO CARF. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE MORA. VALORES DECLARADOS E NÃO PAGOS. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 02 73 /2 00 5- 55 Fl. 444DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parte do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Tatiana Josefovicz Belisário, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo, Jorge Rubem Folena de Oliveira e Winderley Morais Pereira. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. "O presente processo foi protocolizado por iniciativa da Delegacia da Receita Federal em Caxias do Sul com o intuito de efetuar a cobrança de créditos tributários relativos à Cofins, declarados em DCTF pela empresa, os quais teriam sido extintos por compensação com base em processo judicial. Ação Cautelar interposta pela empresa (93.00.041487) deferiu o pedido de liminar para assegurar o direito do contribuinte de compensar os valores indevidamente pagos a título de FINSOCIAL com valores devidos de Cofins. Julgamento de mérito em 1ª instância confirmou a liminar deferida, entretanto o TRF da 2ª extinguiu o processo sem julgamento do mérito. Já ação ordinária no 93.00.591126, apesar de ter considerado procedente o pedido em primeira instância, julgou improcedente o pleito, em 2ª instância, dos contribuintes Randon S/A Implementos e Sistemas Automotivos e Randon Implementos S/A, uma vez que esses contribuintes não lograram comprovar a natureza de seus objetos sociais. A DRF de origem, tendo em vista os termos da decisão judicial, não homologou as Compensações efetuadas. Sendo assim, foi encaminhada Carta Cobrança (fls. 161/162), em nome da incorporadora Randon S/A Implementos e Participações, dos valores confessados como devidos em DCTF. Inconformada, a empresa apresentou manifestação de inconformidade (fls. 164/183) defendendo o direito à suspensão da exigibilidade dos débitos cobrados, os quais teriam sido Fl. 445DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 3 3 compensados com base em medida liminar deferida na Ação Cautelar nº 93.00.041487 (17 Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro), bem como para que fosse aplicado o rito estabelecido pelo Decreto n°70.235/1972. Traz para discussão os objetos sociais das empresas litigantes nas ações judiciais impetradas, defendendo sua natureza mista. Junta os documentos de fls. 203/224. Entende ser de observância obrigatória as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede de argüição de inconstitucionalidade. Cita o disposto na IN SRF n° 32/1997, afirmando ser incontestável a legitimidade da compensação efetuada. Afirma que teria ingressado com pedido administrativo de compensação perante SRF, tendo em vista liminar concedida nos autos da Ação Cautelar já citada. Alega homologação tácita das compensações, nos termos do disposto no § 5º do art. 74 da Lei n° 9.430/1996, introduzido pela Lei n° 10.637/2002, uma vez que as DCTFs teriam sido entregues no ano 1993. Não teria ocorrido sequer o lançamento dos débitos em aberto. Argumenta ainda que o Fisco deveria ter observado o prazo estabelecido pelo art. 150, § 4 do CTN, para homologar a compensação, sob pena de decadência. Por fim, discorda da cobrança da multa de mora e dos juros de mora por entender que os débitos foram extintos pela compensação implementada. Menciona a cobrança de taxa de 20% a título de honorários advocatícios, a qual entende indevida. O Setor de Arrecadação da Delegacia de origem, citando as alterações introduzidas na sistemática da compensação pela Lei n" 10.833/2003, encaminhou o processo para que esta DRJ apreciasse a manifestação de inconformidade apresentada (fls.234). Tendo cm vista o entendimento predominante na RFB ser no sentido de que compensações declaradas apenas em DCTF, que não tiveram pedido administrativo de compensação protocolado não seguem o rito do Decreto n°70.235/1972, sendo aplicável nesse caso a Lei n° 9.784/1999 (Lei geral do Processo Administrativo Federal), o processo foi devolvido à Delegacia de origem. Cientificada do Despacho de fls. 237/239, a interessada apresentou recurso administrativo (fls.252/276). Recorreu ainda ao Poder Judiciário requerendo a suspensão da exigibilidade dos débitos declarados em DCTF, bem como para que fosse concedido o rito do Decreto nº 70.235/1972 para a manifestação de inconformidade apresentada. Concedida a liminar Judicial no Mandado de Segurança nº 2009.71.07.0012199 (fls.293/296), os autos retornaram a esta DRJ para julgamento. A decisão recorrida, consubstanciada." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento negou provimento a manifestação de inconformidade. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 446DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 Período de apuração: 01/03/1993 a 31/12/1993 CONCOMITÂNCIA DE AÇÃO JUDICIAL A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação/despacho decisório, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. DCTF ANTERIOR A 1997 INEXISTÊNCIA DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO TÁCITA INCABÍVEL Não há que se falar em homologação tácita de compensação com base em informação prestada em DCTF anterior a 1997, uma vez que inexistia campo especifico nessa declaração para informar compensação eventualmente implementada. DCTF CONFISSÃO DE DÍVIDA PRESCINDÍVEL O LANÇAMENTO DE OFÍCIO A DCTF tem caráter de confissão de divida, sendo instrumento hábil e suficiente à cobrança dos débitos declarados, dispensando a lavratura de auto de infração. MEDIDA JUDICIAL IMPEDINDO A COBRANÇA DOS DÉBITOS DECLARADOS PRESCRIÇÃO INEXISTENTE Enquanto vigente medida judicial impedindo a cobrança de débitos declarados, não há que se falar em prescrição, uma vez que esta o Fisco impedido de cobrar os valores confessados. MULTA DE MORA JUROS DE MORA ACRÉSCIMOS LEGAIS São devidos juros de mora e multa de mora sobre valores recolhidos em atraso, por expressa determinação legal. Solicitação Indeferida” O sujeito Passivo cientificado da decisão da DRJ, interpôs recurso voluntários (fls. 352 a 375) alegando a inexistência de concomitância de ação judicial com o presente processo administrativo, decadência do direito do Fisco de exigir os créditos tributários, homologação tácita da compensação efetuada nos termos da Lei nº 9.430/96, homologação da compensação nos termos do Código Tributário Nacional e inaplicabilidade da multa e juros de mora. A Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara desta Terceira Seção resolveu converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem nos seguintes termos. A minha divergência em relação ao voto proferido pelo ilustre conselheiro restringese a constatação de que não foram anexadas ao presente processo as decisões judiciais relacionadas ao Mandado de Segurança nº 2009.71.07.0012199, que tem por objeto a possibilidade de julgamento do presente recurso voluntário. Desta forma, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade de origem anexe ao presente processo as decisões proferidas pelo Poder Judiciário relacionadas ao Mandado de Segurança nº 2009.71.07.0012199, Fl. 447DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 4 5 bem como esclareça se o processo já possui decisão transitada em julgado. Transitada em julgado a Ação Judicial nº 2009.71.07.0012199, a Unidade da Receita Federal anexou ao presente processo a decisão final que determinou a apreciação do processo administrativo (fls. 428 a 441). O Relator Original do processo não mais pertence a este Conselho e em atendimento ao regimento interno, foi realizado novo sorteio, cabendo a mim o prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Nos termos detalhados no relatório, a Recorrente questiona o entendimento adotado pela primeira instância, em considerar a concomitância para a discussão sobre a compensação de pagamentos indevidos de Finsocial, nos termos previstos nas ações submetidas ao Poder Judiciário, Ação Cautelar nº 93.00,041487 e Ação Ordinária n.° 93.00.591126. A teor do relatado, a identidade da matéria discutida nos autos e Ações Judiciais está claramente delineada. A conversão do julgamento em diligência foi no sentido de aguardar a decisão final da esfera judicial para prosseguimento do julgamento, que foi confirmada em decisão final, portanto, cabe a este colegiado apreciar o recurso voluntário interposto pela Recorrente, entretanto, a matéria referente a inconstitucionalidade da exigência do Finsocial e a possibilidade de compensação com outros tributos exigidos pela Receita Federal é matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e a posição adotada deverá ser implementada pela Receita Federal de acordo com as sentenças prolatadas. O código Tributário Nacional exclui da apreciação dos tribunais administrativos, a matéria objeto de ação judicial, em obediência ao principio da unidade de jurisdição, prevalente no País, em que decisões judiciais são soberanas e afastam a possibilidade de apreciação da mesma matéria pela via administrativa. Portanto, no caso em tela, tratandose da mesma matéria. A propositura de ação judicial afasta a apreciação pelos ritos do Processo Administrativo Fiscal. Tal entendimento foi objeto da Súmula nº 1 do CARF, publicada no DOU de 22/12/2009. “Súmula CARF nº 1 Fl. 448DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Quanto as demais matérias suscitadas no recurso voluntário, por trataremse de matérias distintas das ações judiciais e atenderem os pressupostos de admissibilidade deverão ser objeto de manifestação por parte deste colegiado. Quanto a decadência para cobrança dos débitos declarados em DCTF é necessário ressaltas que os débitos declarados em DCTF são confissão de dívida e portanto, passíveis de inscrição em dívida ativa. A Recorrente pede a aplicação da decadência à cobrança dos débitos declarados em DCTF, entendo não assistir razão ao recurso. Não se trata de constituir crédito tributário, mas, de exigir débitos já constituídos e que não foram objeto de cobrança em momento anterior, em razão das decisões judiciais que suspenderam os procedimentos atinentes à cobrança. A confissão do débito por meio de Declaração, foi tratado no art. 5º do DecretoLei nº 2.124/84. “Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretária da Receita Federal. § 1º. O documento que formaliza o cumprimento da obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do referido crédito.” A art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 77/98 definiu quais as declarações do ITR e da DCTF, seriam possíveis de execução por parte da Procuradoria da Fazenda Nacional. “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidas na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como dívida Ativa da União.” Posteriormente, sobreveio a IN SRF nº 14/2000, que alterou as declarações possíveis de inscrição em Dívida Ativa da União, alterando as declarações que constituem em dívida. “Art. 1º. O art. 1º, da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: Fl. 449DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 5 7 “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União.” Assim, descabe a aplicação da decadência para a cobrança dos débitos declarados em DCTF. Quanto a alegação de homologação tácita das compensações realizadas, a matéria foi objeto de manifestação por parte da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão 9303003.300, de Relatoria do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, onde ficou assentado que a homologação tácita de pedidos de compensação somente aplicase a partir da edição da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/1999 COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. O disposto no § 5o do artigo 74 da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 17 da Medida Provisória n° 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, segundo o qual considerase homologada tacitamente a compensação objeto de pedido de compensação convertido em declaração de compensação que não seja objeto de despacho decisório proferido no prazo de cinco anos, contado da data do protocolo do pedido, independentemente da procedência e do montante do crédito, aplicase somente a partir de 30/10/2003. Recurso especial provido. Por concordar integralmente com a decisão prolatada na decisão da Terceira Turma, peço vênia para incluir o voto condutor daquele Acórdão e fazer dele também minhas razões de decidir. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. É nítida a divergência entre a decisão recorrida e o paradigma apresentado pela Fazenda, no tocante ao entendimento quanto à homologação tácita das compensações. Portanto, conheço do recurso. Foram apresentadas contrarrazões pela contribuinte, contudo, intempestivamente. A ciência do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial do Procurador ocorreu em 19/11/2012 (fl. 209), segundafeira, e a apresentação das contrarrazões ocorreu em 05/12/2012 (fl. 210), quartafeira, ultrapassando o prazo de 15 dias do art.69 do RICARF, conforme consta do Despacho de Fl. 450DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 8 Encaminhamento de fl. 417. Por isso, não conheço das contrarrazões da contribuinte. A teor do relatado, a matéria devolvida ao Colegiado cingese em decidir se a compensação realizada pelo sujeito passivo, à data da decisão da autoridade preparadora, encontravase homologada tacitamente. O colegiado recorrido entendeu que na data em que fora prolatado o despacho decisório já se havia exaurido o prazo da homologação previsto no § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 17 da Medida Provisória nº 135, de 30/10/2003, convertida na Lei 10.833/2003. O Regime jurídico das compensações relativas a tributos administrados pela Receita Federal é regido pelo art. 74 da Lei 9.430/1996 e suas alterações. Dentre essas, ganha destaque a introduzida pelo art. 49 da Lei 10.637, de 30/12/2002, resultado da conversão em Lei da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002. A grande alteração trazida por essa MP foi a que previu que a declaração de compensação extinguiria, antecipadamente, o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação 1 . Outra mudança que merece ser citada foi a do § 4º desse mesmo artigo2 que transformou os pedidos de compensação, pendentes de apreciação pela autoridade administrativa, em declarações de compensação, desde o seu protocolo. Posteriormente, o art. 17 da Medida Provisória 135, de 30/10/2003, convertida na Lei 10.833, de 29/12/2003, introduziu novas alterações no art. 74 da Lei 9.430/1996, dentre as quais destacase o § 5º 3, que fixa prazo de cinco anos, contados da data da entrega da declaração, para a homologação da compensação declarada. Diante desse quadro de alterações na legislação, a pergunta a ser feita é: essas mudanças na legislação de regência alcançam os pedidos de compensação protocolados sob o auspícios da legislação anterior? No caso da transformação de pedidos de compensação em declaração de compensação, dúvida não há, pois a Lei expressamente faz essa transformação. Todavia, no tocante à criação do prazo de homologação, essa alteração alcança apenas as compensações efetuadas a partir da vigência do dispositivo legal que introduziu tal prazo no ordenamento jurídico, ou seja, a partir de 30 de outubro de 2003, data em que foi editada a Medida Provisória 135, convertida na Lei 10.833/2003. As normas de Direito Processual e o Direito Intertemporal Os processos instaurados na vigência da lei nova não oferecem maiores dificuldades, pois serão por ela disciplinados. Tampouco há dificuldade de entender os efeitos da lei nova 1 § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) 2 § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) 3 § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 451DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 6 9 sobre processos findos, que estão acobertados pelo manto da coisa julgada. Todavia, o mesmo não se pode dizer da situação em que, no curso do processo, haja alteração da lei processual, pois não há na legislação processual qualquer regulamentação de como e em que fase processual irá ocorrer a incidência da nova lei. Três teorias tentaram solucionar o problema. Teoria da unidade processual. Os adeptos dessa teoria consideram o processo como um todo, uma unidade, desdobrado em atos diversos. Essa característica unitária faria com que o processo fosse regido por uma única lei, a nova ou a velha. Mas como, em 4 regra, a lei não retroage, a lei antiga deve se impor, de modo a evitar a retroação da nova, que acarretaria prejuízo dos atos já praticados até a sua vigência. Teoria das fases processuais. Essa corrente, ao contrário da anterior, defende que o processo seria constituído de fases autônomas (postulatória, instrutória e de julgamento), cada uma disciplinada pela lei vigente ao seu tempo. Teoria do isolamento dos atos processuais. Segundo os defensores dessa corrente, a lei nova não alcançaria os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, aplicandose apenas aos atos que vierem a ser praticados após sua vigência, sem limitações quanto às fases processuais. Em síntese, por essa teoria, a lei nova, em relação ao processo pendente, confere eficácia aos atos processuais já realizados e passa a disciplinar os demais a partir de sua vigência, respeitando o ato jurídico perfeito (acabado) e o direito adquirido de praticar um ato processual iniciado e ainda pendente. Na linha desse raciocínio, temse que se um processo foi iniciado sob a égide de uma lei processual e, em seu curso, nova lei foi publicada, o ato praticado sob os auspícios da lei antiga terá validade, sob pena de se vulnerar os princípios do direito adquirido e do ato jurídico perfeito, cláusulas pétreas presentes na Carta Política da República. Não se pode olvidar, ainda, alguns princípios norteadores do sistema processual brasileiro, tais como o Princípio da Imediatividade, o Princípio da Irretroatividade da Norma Processual, e o Princípio do Tempus Regit Actum. Pelo primeiro, entendese que, uma vez vigente, a norma passa a valer para todos os processos pendentes e futuros a partir de então, como previsto no 5 art. 1.211 do CPC; já pelo segundo, o da irretroatividade da lei processual, temse a impossibilidade da norma processual nova alcançar ato processual praticado sob o abrigo da lei antiga, por força do primado constitucional da defesa do direito adquirido e da proteção aos efeitos do ato jurídico perfeito, e, finalmente, pelo terceiro, que nada mais é do que a síntese dos dois primeiros, impõese a observância dos atos praticados sob a égide da lei revogada, bem como dos seus efeitos, vedandose a retroação da lei nova. 4 Regra geral, a lei produz efeitos para frentes, à exceção da lei penal mais benéfica e da que for meramente interpretativa. 5 Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes Fl. 452DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 10 Sob esse prisma, a lei em vigor na data da protocolização do pedido de compensação, ou da entrega da declaração de compensação, rege todo o processo. Hoje, encontrase apascentado, na doutrina e na jurisprudência, o entendimento de que o sistema processual brasileiro abraçou a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, segundo a qual, os atos processuais são realizados durante o curso normal do processo e, uma vez inserida nova norma processual ao ordenamento jurídico, em relação a processo pendente, essa novel legislação regerá apenas os atos que ainda deverão ser praticados. Esse isolamento dos atos processuais garante que a lei nova não alcançará os efeitos produzidos por atos já realizados até aquela fase do processo, por ato préexistente à nova lei. É por demais óbvio que para os processos iniciados após a vigência da norma nova, não há que se falar em isolamento, e todos os atos do processo, desde o início, serão regidos por essa nova legislação. Sobre o tema, Galeno Lacerda 6, ensina que a lei nova "não pode atingir situações processuais já constituídas ou extintas sob o império da lei antiga, isto é, não pode ferir os respectivos direitos processuais adquiridos. O princípio constitucional de amparo a esses direitos possui, aqui, também, plena e integral vigência". Cândido Dinamarco Rangel, um dos maiores expoente da Teoria Geral do Processo, ensina que a lei nova processual não tem aplicação imediata nas situações seguintes: quando atingir o próprio direito de ação, de modo a impor ao sujeito novas competências ou priválo dos meios antes postos a sua disposição para a obtenção da tutela jurisdicional; quando retirar a proteção jurisdicional antes outorgada à determinada pretensão, excluindo ou comprometendo radicalmente a possibilidade do exame desta, de modo a tornar impossível ou particularmente difícil a tutela anteriormente prometida; quando seu objetivo é criar novas impossibilidades jurídicas; quando haja redução da possibilidade de ampla defesa, quando crie novas competências ou tornem irrelevantes as já existentes. De outro lado, o Código Tributário Nacional, em seu art. 106, traz, numerus clausus, as situações em que a lei tem efeitos pretéritos, quais sejam: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 6 O novo direito processual civil e os feitos pendentes, Rio de Janeiro, Forense, 1974, p. 13. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 7 11 A situação tratada nos autos não se enquadra em nenhuma das hipóteses enumeradas no artigo transcrito linhas acima, o que leva à conclusão inexorável que a alteração legislativa que introduziu o prazo de homologação tácita da compensação tributária não retroage para alcançar os pedidos efetuados anteriormente à vigência dos dispositivos veiculadores desse prazo. Por último, registro o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre a lei aplicável à compensação. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. 1. Inexiste contradição em acórdão que lança premissas harmônicas com as conclusões adotadas. 2. A jurisprudência atual da 1ª Seção é no sentido de que a compensação tributária há de regerse pela lei vigente no momento em que o contribuinte a aciona. 3. No caso, a compensação estava vinculada aos ditames da Lei nº 9430 de 1996, que exigia requerimento prévio ao órgão arrecadador. 4. Embargos rejeitados. (EDcl no AgRg no REsp 701865/MG EMBARGOS DE : DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2004/01596046, Rel Ministro JOSÉ DELGADO DJ 22/05/2006 p. 152). Diante do exposto, a conclusão inexorável é a de que a homologação tácita, por decurso de prazo, introduzida no ordenamento jurídico das compensações alcança os pedidos convertidos em Dcomp, mas apenas no sentido de que o prazo introduzido pela MP 135, de 30 de outubro de 2003, contase a partir dessa data, não havendo possibilidade de ser aplicado retroativamente. Aplicandose tal entendimento ao caso concreto, não há homologação tácita para nenhum dos pedidos ora em apreço, uma vez que todos foram todos examinados antes de 29 de outubro de 2008. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional para afastar a homologação tácita das compensações sob exame, e determinar o retorno dos autos ao Colegiado recorrido para que examine as demais questões acerca dessas compensações. É como voto. Sala de Sessões, em 25 de março de 2015.(Acórdão nº 9303003.300, Sessão de 25/03/2015, Relator Henrique Pinheiro Torres) Quanto a multa de mora, a exigência está prevista no art. 61, da Lei 9.430/96, sendo aplicada quando o contribuinte não paga os débitos tributários no prazo previsto na legislação específica. Fl. 454DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 12 “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)” O contribuinte também se insurge contra a cobrança de juros de mora e utilização da taxa SELIC. Também nesta matéria não assiste razão a recorrente, os juros moratórios incidem sobre o crédito tributário não integralmente pago, no intuito de corrigir os valores devidos, sem se configurar em penalidade. A previsão para a cobrança dos juros de mora consta do art. 161 do Código Tributário Nacional. “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” Depreendese da leitura do § 1º que a cobrança de um por cento fica afastada no caso de lei dispuser de modo diverso. No caso em análise, a legislação trouxe novos valores de cobrança, em substituição àquele original, que vem a ser o art. 2º do DecretoLei 1.736/79, alterado pelo artigo 16 do DecretoLei 2.323/87 com redação dada pelo artigo 6º do Decreto Lei 2.33187 e art. 54 parágrafo 2º da Lei 8.383/91. Quanto ao cabimento da cobrança de juros de mora, utilizando a taxa SELIC. O CARF editou a súmula nº 4, publicada no DOU de 22/12/2009. “Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Por fim, consta do recurso, diversas alegações de ofensa a princípios constitucionais. Quanto a esta matéria, este colegiado esta impedido de se manifestar, diante da emissão da súmula nº 2 do CARF, publicada no DOU de 22/12/2009, que veda o pronunciamento sobre constitucionalidade de lei tributária. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11020.000273/200555 Acórdão n.º 3201002.251 S3C2T1 Fl. 8 13 “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário quanto a matéria submetida ao poder judiciário e negar provimento ao restante do recurso. Winderley Morais Pereira Fl. 456DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 05/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10120.007708/2005-00
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta caracterizada a divergência interpretativa entre os colegiados dos Acórdãos recorrido e paradigma.
Numero da decisão: 9202-004.493
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta caracterizada a divergência interpretativa entre os colegiados dos Acórdãos recorrido e paradigma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 77 08 /2 00 5- 00 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 267 2 Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 30239.793, prolatado pela 2a. Câmara do então 3o Conselho de Contribuintes, na sessão plenária de 11 de setembro de 2008 (efls. 136 a 145). Ali, pelo voto de qualidade, negouse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL — ITR EXERCÍCIO: 2001 ITR. AUTO DE INFRAÇÃO POR GLOSA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E UTILIZAÇÃO LIMITADA. A ausência de comprovação hábil é motivo ensejador da não aceitação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada como excluídas da área tributável do imóvel rural. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Decisão: por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar argüida pela recorrente e no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os Conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes, relator, Marcelo Ribeiro Nogueira, Beatriz Veríssimo de Sena e Rosa Maria de Jesus da Silva Costa de Castro. Designado para redigir o acórdão o Conselheiro Corintho Oliveira Machado. Enviados os autos à contribuinte, para fins de ciência, ocorrida em 17/12/2008 (efl. 150), esta apresentou, em 29/12/08 (efl. 151), Recurso Especial (efls. 151 a 165 e anexos), com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Embora contivesse o pleito da recorrente alegações de divergência interpretativa quanto à três diferentes matérias, restou admitido tão somente quanto à “discussão sobre necessidade de comprovação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, declaradas na DITR”, conforme exame de admissibilidade de efls. 203 a 207, complementado pelo exame de efls. 250 a 256. Quanto à matéria admitida, alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 3a. Turma desta Câmara Superior, através do Acórdão CSRF/0304.770, prolatado em 21 de janeiro de 2006, e, ainda, em relação ao decidido pela mesma Turma através do Acórdão CSRF/0304.952, prolatado em 21 de outubro de 2008, de ementas e decisões a seguir transcritas. Desde já afirmo entender que os demais paradigmas apresentados no corpo do recurso não devem ser considerados para fins de caracterização de divergência, sendo esta a correta interpretação, em meu entendimento, do disposto no §2o. do art. 15 do Regimento Fl. 268DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 268 3 Interno desta Câmara Superior de Recursos Fiscais vigente à época de protocolização do recurso (Anexo à Portaria MF no. 147, de 25 de junho de 2007). Acórdão CSRF/0304.770 ITR/1997. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. Firmou se na CSRF jurisprudência no sentido de que a obrigatoriedade de averbação, nos termos do parágrafo 8° do art. 16 da Lei 4.771/65 (Código Florestal), tem a finalidade de resguardar a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão de qualquer título, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade futura de terceiros eventuais adquirentes do imóvel. A exigência da averbação como précondição para o gozo de isenção do ITR não encontra amparo na Lei ambiental. O § 7° do art. 10 da Lei n° 9.939/96 determina literalmente a não obrigatoriedade de prévia comprovação da declaração por parte do declarante, ficando, todavia, responsável pelo pagamento do imposto correspondente, acrescido de juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado posteriormente que sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. A recusa de sua aceitação, por intempestividade, em face do prazo previsto da IN SRF n° 67/97, não tem amparo legal. Recurso especial negado. Decisão: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado Acórdão CSRF/0304.952 ITR ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL O ADA não é o único meio de prova da existência da referida área. O reconhecimento de isenção do ITR independe de averbação da área de reserva legal no Registro de Imóveis se ficar comprovada a existência dessa área por meio de laudo técnico e outras provas documentais, inclusive a averbação à margem da matrícula do imóvel procedida após a ocorrência do fato gerador. Decisão: por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando que deu provimento ao recurso. Após defender a similitude fática entre os Acórdãos recorrido e paradigma e a existência de prequestionamento, em linhas gerais, argumenta a recorrente em sua demanda que: a) O Acórdão recorrido decidiu de forma divergente dos demais acórdãos apontados, ao entender que não existem provas da existência das áreas isentas e que a lei exige a averbação tempestiva no CRI, assim como o requerimento no prazo de 06 meses do ADA para o reconhecimento da isenção, ao passo que os acórdãos paradigmas dizem exatamente o contrário; Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 269 4 b) O terceiro paradigma apresentado, em sua ementa, guarda toda a verdade defendida exaustivamente nos recursos opostos pela Recorrente, de que o lançamento fiscal deve escorarse na verdade material do fato gerador, sendo que, uma vez demonstrada a existência das áreas de Reserva Legal e Preservação Permanente no imóvel, através de Laudo Técnico devidamente feito por profissional habilitado e levada a efeito a averbação de tais áreas no Registro de Imóveis competente, não se pode querer afirmar, em formalismo excessivo, que tais áreas não existiam na data de ocorrência do fato gerador, pois não se restaura a vegetação natural que levou séculos para se formar em poucos anos; c) Entende que o relator designado no recorrido teria desprezado as provas apresentadas nos autos que consistiam: a) Na averbação da Reserva Legal, junto ao CRI competente; b) Na apresentação do ADA referente às áreas de preservação permanente do imóvel; c) No laudo técnico juntado aos autos, comprovando a existência de tais áreas; d) Ainda, importase a recorrente em considerar que a alegação de que a CSRF teria mudado seu entendimento sobre o assunto não foi demonstrada pelo Relator e não condiz com a realidade, pois, o que decidiu a Corte é que apenas a Declaração não é suficiente, o que é óbvio, mas não é o caso dos autos, onde, instado a provar a averbação e o ADA, o Recorrente se desincumbiu corretamente do desiderato. Requer, assim, quanto á matéria admitida que seja reconhecida "(...)a isenção das terras de Reserva Legal constantes dos Termos de Responsabilidade junto ao lbama, Certidões de Averbação no CRI, Memoriais Descritivos e Laudo Técnico apresentado, bem como ADA apresentado, referentes ao exercício de 2001". Encaminhados os autos à PGFN para fins de ciência em 28/04/2011 (efl. 208), apresentou, em 29/04/11 (efl. 209), contrarrazões de efls. 210 a 228, onde ressalta que a fiscalização glosou a área declarada como sendo de utilização limitada, com base na legislação de regência da matéria, exigindo o cumprimento de duas obrigações para fins de acatar a exclusão desta área ambiental da incidência do ITR, como, aliás, descrito no Auto de Infração, às efls. 41/42. A primeira consiste na averbação tempestiva da área de utilização limitada/reserva legal à margem da Matricula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis competente e a outra seria a informação das áreas de preservação permanente/utilização limitada no requerimento do ADA — Ato Declaratório Ambiental, protocolado tempestivamente junto ao IBAMA/órgão conveniado. Rechaça que as áreas constantes do laudo técnico de efls. 80/81 possam ser excluídas da base de cálculo do ITR, uma vez que embora o recorrente tenha comprovado, por meio dos documentos anexados às efls. 63 a 76, a averbação tempestiva, à margem da matricula do imóvel, de uma área de utilização limitada/reserva legal de 435,52 ha., menor do que a pretendida, fato é que foi constatado que tais áreas, incluindo as de preservação permanente, não foram informadas corretamente no requerimento/ADA de efl. 36 (constando apenas 92,0 ha de área de preservação permanente e 496,0 ha de reserva legal), além de este ter sido protocolado intempestivamente junto ao IBAMA, estando datado de 29/03/2004, conforme relato do autuante às efls. 41/42; a) Quanto à apresentação tempestiva do ADA: Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 270 5 a.1) Discorre, então acerca da obrigação estabelecida pelas INs SRF nos. 043/97, 067/97, 73/2000, 60/2001 e 256/2002, para fins de não incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e reserva legal, no sentido da necessidade da protocolização de requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA ser realizada no prazo de seis meses da entrega da DITR, sujeito o contribuinte à lançamento suplementar no caso de não requerimento ou rejeição pelo IBAMA; a.2) Ressalta que a mesma obrigatoriedade para a não incidência tributária, foi posteriormente instituída, agora através de dispositivo legal (art. 17O da Lei 6.983/81, com redação dada pelo art. 1o. da Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000); a.3) Entende não haver como se dissociar esta obrigação de seu aspecto temporal, por necessidade de observância com máximo rigor do art. 111 do CTN, defendendo a limitação temporal à entrega do ADA, uma vez que não seria coerente nem prudente que o requerimento do ADA junto ao IBAMA pudesse ser feito a qualquer tempo, de acordo com a conveniência do contribuinte, sem que houvesse qualquer conseqüência para o atraso no adimplemento da obrigação. Ressalta que, conforme regulamentação infralegal, o prazo para a protocolização do ADA referente ao exercício de 2001 do ITR se expirou em 31/03/2002, enquanto que o ADA de efl. 36 foi entregue em 29/03/2004; a.4) Salienta que nessa instância administrativa prevalece o entendimento de que a dispensa de prévia comprovação das áreas de interesse ambiental (preservação permanente/utilização limitada), tanto no que diz respeito à protocolização do requerimento do ADA, quanto à averbação da área de utilização limitada/reserva legal, conforme redação do parágrafo 7°, do art. 10, da Lei no 9.393, de 19 de novembro de 1996, introduzido originariamente pelo art. 3° da MP n° 1.95650, de 26 de maio de 2000, e mantido na MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ocorre quando da entrega da declaração do ITR, o que não dispensa o contribuinte de, uma vez sob procedimento administrativo de fiscalização, comprovar as informações contidas em sua declaração por meio dos documentos hábeis previstos na legislação de regência da matéria. Entende assim, que o declarante do imóvel deveria ter providenciado o requerimento do ADA dentro do prazo legal. b) Quanto á averbação da área de reserva legal/utilização limitada: b.1) Ressalta estar esta obrigação prevista originariamente em lei, mais especificamente, inicialmente no §2o. do art. 16 da Lei no. 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), com alterações introduzidas pela Lei no. 7.803, de 18 de julho de 1989 e mantida no § 8o. do mesmo artigo quando de sua alteração de redação pela MP no. 2.16667, de 2001; b.2) Ressalta que a delimitação do prazo para o cumprimento da obrigação ora tratada atua em consonância com a intenção perseguida pelo legislador, que é a de garantir, por meio da averbação da área de reserva legal à margem da matricula do imóvel, que a referida área será devidamente conservada, dando maiores garantias à preservação de uma área necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, conservação e reabilitação dos sistemas ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e à proteção de fauna e flora nativas. Assim, em se admitindo a hipótese de o contribuinte poder apresentar a DITR, por seguidos exercícios, suprimindo áreas da tributação, com a alternativa de Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 271 6 providenciar o cumprimento da exigência de averbação em cartório a qualquer tempo, nenhum efeito resultaria da medida de incentivo à conservação do meio ambiente, pois o proprietário da terra usaria o beneficio da isenção fiscal e o Poder Público não teria qualquer garantia, o que não ocorre quando da existência da averbação tempestiva da área no registro de imóveis; b.3) Entende, assim, que as áreas de utilização limitada/Reserva Legal deveriam, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, ter sua averbação realizada até a data de ocorrência do fato gerador do ITR do correspondente exercício (no caso 01/01/2001), consoante estabelecido, inclusive, pelo §1o. do art. 12 do Decreto no. 4.382 de 19 de setembro de 2002 e Manual de Perguntas e Respostas da DITR/2001. No caso em questão, verificase que foi gravada como de utilização limitada/reserva legal à margem da matricula do imóvel uma área de 435,52 ha (quatro glebas de terra de, respectivamente, 220,80 ha., 78,08 ha, 39,83 ha. e 96,80 ha.), em 07 de junho de 1.993, conforme documentos anexados às efls. 63 a 76. Assim, em relação a esta área, a providência foi tempestiva. Porém, foi também gravada como utilização limitada/reserva legal, à margem da matricula do imóvel, uma quinta área de 60,57 ha. em 19 de março de 2003, conforme os mesmos documentos de efls. 63 a 76. Portanto, a referida providência foi intempestiva para o exercício em questão; c) Conclui, assim, no sentido de que apesar de o requerente insistir que foi devidamente comprovada a existência de tais áreas no imóvel, no caso, a área de utilização limitada/reserva legal averbada tempestivamente de 435,52 ha e a área de utilização limitada/reserva legal averbada intempestivamente de 60,57 ha, e ainda, uma área de preservação permanente de 1.241,4 ha, conforme "Laudo Técnico" de efls. 80/81, além de outros documentos de prova referidos na sua impugnação, cabe ressaltar que essa comprovação é irrelevante para que a lide seja decidida a seu favor, pois o que se busca nos autos é a comprovação do reconhecimento das referidas áreas corno de interesse ambiental, por intermédio de Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA/órgão conveniado, ou, pelo menos, da comprovação do cumprimento, tempestivo, da solicitação deste requerimento, nos termos da legislação de regência das matérias em tela, além da averbação tempestiva da área de utilização limitada/reserva legal à margem da matricula do imóvel, nos termos da legislação de regência das matérias em tela. Ressalta, uma vez mais, que se deve observar a necessidade de interpretação literal da lei, consoante o art. 111 do CTN, bem como o fato de que a ausência ou a intempestividade do ADA/requerimento e/ou da referida averbação não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória mas sim incidência do imposto. Requer, assim, que seja negado provimento ao Recurso Especial da contribuinte, mantendose o Acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 272 7 Despicienda a ciência da Fazenda Nacional quanto à complementação do exame de admissibilidade, visto não ter restado admitida qualquer matéria adicional em relação ao exame original de efls. 203 a 207. Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, prequestionamento, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende a estes requisitos de admissibilidade. Todavia, rejeito a possibilidade de caracterização de divergência interpretativa, com base na fundamentação que se segue. Verifico que os dois primeiros paradigmas apresentados (os quais, conforme já acima mencionado, a partir de minha interpretação do RICARF vigente à época da interposição recursal, são os únicos a serem considerados, com a devida vênia ao exame de admissibilidade de efls. 203 a 207, que se utilizou do primeiro e quarto paradigmas reproduzidos no corpo do recurso), referemse a fatos geradores de ITR ocorridos anteriormente a 2001 (notese que a lavratura do auto do primeiro paradigma deuse antes de 31/12/2001, assim, não podendo abranger exercício de ITR posterior a 2000, uma vez que o prazo para protocolização do ADA para fins de exclusão da base de cálculo do ITR/2001 era 31/03/2002. Já o segundo paradigma referese a ITR/1997). Assim, tais casos paradigmáticos foram julgados com base em arcabouço normativo totalmente diverso do aplicado pelo Acórdão recorrido, sendo de especial relevância notar que, no âmbito do recorrido, já se julgava fato gerador ocorrido em exercício para o qual já se aplicava o disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em seu caput e parágrafo 1º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...)o. § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, , de 2000)(g.n.) Uma vez que tal dispositivo inexistia à época dos fatos geradores, no caso de ambos os paradigmas, quando da transposição do Acórdão recorrido para qualquer dos colegiados paradigmáticos, não há como se afirmar que estes últimos decidiriam de forma divergente do vergastado, agora diante do dispositivo supra, inexistente para os fatos geradores em análise nos paradigmas (Ou seja, as decisões dos paradigmas se dão em distinto arcabouço normativo, o que alguns membros deste Colegiado costumam denominar de caso de "paradigmas anacrônicos"). Daí, em meu entendimento, não ter restado caracterizada a alegada divergência interpretativa e, diante do exposto, não conheço do Recurso Especial do Contribuinte. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10120.007708/200500 Acórdão n.º 9202004.493 CSRFT2 Fl. 273 8 É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 274DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901402/2014-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa.
BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO.
O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.336
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Inclusão do ICMS na base de cálculo. Recorrente AÇOVIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E PRÉMOLDADOS DE CONCRETO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de pedido eletrônico de restituição da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, cumulado com declaração de compensação, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 14 02 /2 01 4- 41 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901402/201441 Acórdão n.º 3402003.336 S3C4T2 Fl. 3 2 denegado em tempo hábil por meio de despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o DARF representativo do pagamento indevido estava inteiramente alocado para a quitação de débitos anteriormente declarados pelo contribuinte. Em tempo hábil, foi apresentada manifestação de inconformidade na qual a defesa alegou, em síntese, que houve nulidade por cerceamento do direito de defesa e que o crédito do contribuinte decorre de pagamento indevido, em razão de ter sido incluído o ICMS na base de cálculo da contribuição. Afirmou que o ICMS é mero ingresso que não pode ser incluído no conceito de faturamento. Invocou o precedente consubstanciado no RE 240.785 do STF e informou que os artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430/96 garantem seu direito de compensar o indébito apurado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento rejeitou a preliminar de nulidade e, no mérito, decidiu o seguinte: a) o valor do DARF está inteiramente alocado para pagamento de débitos informados pelo próprio contribuinte; b) a lei apenas permite a exclusão da base de cálculo da contribuição do ICMS recolhido na condição de substituto tributário e da receita proveniente da alienação onerosa de créditos do ICMS; e c) o valor dos débitos declarados para compensação é de magnitude superior ao valor do único DARF vinculado a essas compensações. Regularmente notificado do Acórdão de primeira instância, o contribuinte apresentou em tempo hábil recurso voluntário a este Colegiado, alegando, em síntese, o seguinte: a) nulidade por cerceamento de defesa porque o despacho decisório não diz as razões pelas quais o contribuinte não tem o crédito que alega possuir. Essa omissão impediu o contribuinte de exercer a plena demonstração de seu crédito, pois não há como argumentar contra uma decisão que se mostra lacônica; b) a base de cálculo da contribuição sempre foi o faturamento e com o advento da Lei nº 10.833/2003 houve uma ampliação, passando a base de cálculo a abranger a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte. Entretanto, o valor do ICMS não pode ser considerado como receita do contribuinte, sob pena de violação do art. 110 do CTN, pois a lei não pode considerar receita o que não é receita. O ICMS representa para o contribuinte mero ingresso, pois o valor é posteriormente destinado ao fisco estadual. Tal interpretação foi cristalizada em caráter definitivo no RE 240.7852, que deve ser aplicado ao caso concreto. Reafirmou a existência do indébito e seu direito de compensálo com base nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.317): Fl. 52DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901402/201441 Acórdão n.º 3402003.336 S3C4T2 Fl. 4 3 "O recurso preenche os requisitos formais para sua admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Relativamente à preliminar de nulidade, não assiste razão à defesa. Isso porque, ao contrário do alegado, o despacho decisório declinou com todas as letras o motivo pelo qual a Administração Tributária denegou o pleito do contribuinte e não homologou as compensações declaradas. O Despacho Decisório apresenta a seguinte motivação: "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DECOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP. (...)" No mesmo despacho encontramse perfeitamente identificados o número do PER/DECOMP, o número do DARF e o valor relativo ao suposto pagamento indevido. O texto acima transcrito revela que a compensação não foi homologada porque o valor do DARF está inteiramente alocado para o pagamento de débitos declarados pelo próprio contribuinte. Em outras palavras: o contribuinte não possui o crédito alegado no PER/DECOMP porque o valor já foi utilizado para extinguir débitos por ele próprio declarados. Portanto, o despacho decisório não foi lacônico, uma vez que declinou expressamente o motivo da não homologação da compensação: o contribuinte não tem o crédito alegado. Essa fundamentação está explícita de forma clara, precisa e congruente com a decisão de não homologar a compensação, o que atende às exigências do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Sendo assim, é improcedente a alegação de nulidade, pois o contribuinte não teve seu direito ao contraditório e à ampla defesa cerceados, mesmo porque a apresentação de impugnação e de recurso voluntário, deduzindo argumentos no sentido de demonstrar a existência jurídica do indébito desautorizam a invocação dessa preliminar. No mérito, deflui dos autos que o contribuinte apurou e recolheu a contribuição incluindo o ICMS na sua base de cálculo e agora comparece perante a Administração Tributária alegando que o recolhimento foi efetuado em montante superior ao devido porque a inclusão do ICMS no faturamento ou na receita é inconstitucional. O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978, que a regulamentou. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901402/201441 Acórdão n.º 3402003.336 S3C4T2 Fl. 5 4 O art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, na redação vigente na época do fato gerador relativo ao pagamento tido como indevido, estabelecia o seguinte: "Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. (...)" (Fonte da transcrição: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decretolei/ del1598.htm) Já o item 4 da IN SRF nº 51/78, estabelece o seguinte: 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. (...) 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente (sic) com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra (sic) a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. 4.3.1 Incluemse também neste item: a) taxas que guardam proporcionalidade com o preço de venda; b) a parcela de contribuição para o Programa de integração Social calculada sobre o faturamento; c) a quota de contribuição, ou retenção cambial, devida na exportação. (Fonte da transcrição: http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/ sijut/Pesquisa.htm) Portanto, o recolhimento efetuado pelo contribuinte está em conformidade com a legislação vigente e com entendimento sedimentado há anos na seara tributária, uma vez que o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional. O contribuinte alega, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição porque o imposto estadual não se enquadra no conceito de faturamento ou mesmo no de receita estabelecido pela constituição. Ao contrário do alegado pelo contribuinte, tal argumento não pode ser acatado pelos órgãos administrativos de julgamento, pois o art. 26A do Fl. 54DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901402/201441 Acórdão n.º 3402003.336 S3C4T2 Fl. 6 5 Decreto nº 70.235/72 proíbe este colegiado de negar vigência a texto legal com hierarquia superior a Decreto, em razão de arguição de inconstitucionalidade, in verbis: "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(...)" O contribuinte invoca a seu favor o acórdão do STF proferido no RE 240.7852. Entretanto, esse recurso extraordinário ainda não foi definitivamente julgado, não se enquadrando no disposto no § 6º, I, acima transcrito, e nem nas disposições do Decreto nº 2.346/97, para que o entendimento possa ser estendido administrativamente a outros casos concretos. Não se olvide que essa questão é objeto do Tema 69 dos recursos submetidos à sistemática da repercussão geral no STF e será decidida no RE nº 574.706. Acrescentese que a Súmula CARF nº 2 estabelece que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Considerando que os recolhimentos efetuados pelo contribuinte, com a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS, estão conformes à legislação vigente, voto no sentido de negar provimento ao recurso." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 55DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 10480.908667/2012-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.288
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1910; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.908667/201201 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.288 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de agosto de 2016 Matéria Compensação. DCOMP. Recorrente MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 67 /2 01 2- 01 Fl. 68DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF/Recife emitiu o Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou que os créditos em questão seriam "relativos a pagamentos a maior ou indevidos de PIS ou COFINS", originados "da retificação dos DACON da empresa, após a realização de auditoria interna", onde teria sido constatado que diversos créditos, oriundos das contribuições PIS e COFINS não cumulativas, não teriam sido contabilizados. Afirmou que realizou a retificação de suas DACON para, posteriormente, apresentar as respectivas PER/DComp. Assim, sustenta que os créditos oriundos dos alegados indébitos estariam plenamente demonstrados nos DACON retificadores entregues eletronicamente à SRF, o que dispensaria a juntada desta demonstração ao processo, conforme determinaria o Art. 37 da Lei 9.784/99. Ao final, alegou que o erro de não ter retificado tempestivamente suas DCTF´s não implica na inexistência de seus créditos. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 03059.561, cuja ementa segue transcrita, na parte essencial: APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário a contribuinte traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório estaria demonstrada no DACON, e que os valores que originaram os pagamentos a maior e retenções já estariam na base de dados da SRF. Neste ponto, aduz que não lhe foi dada oportunidade de conversão do julgamento em diligência, nem teria sido intimada a juntar novas provas, o que teria prejudicado seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Por tudo isto, alega, preliminarmente, que teria havido cerceamento de seu direito de defesa, solicitando a anulação da decisão da DRJ; b) reclama que bastaria uma simples comparação dos DACON com os valores recolhidos pela empresa para verificar a procedência do direito pleiteado, alegando que o parágrafo único do Art. 26 do Decreto 7.574/2011 determina que a prova da inveracidade dos fatos registrados caberia à autoridade fiscal. Desta forma, estaria se impondo um ônus injustificado ao contribuinte; c) reclama, ainda, que não teria havido uma recusa fundamentada acerca do pedido de produção de prova posterior, conforme determinaria o Art. 39, par. único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo. Portanto, a decisão recorrida deveria ser anulada, conforme determinaria o Art. 53 do mesmo diploma legal. Neste sentido, sustenta que as diretrizes da verdade material devem ser observadas pelos agentes da administração e transcreve ementas de julgados que ilustram seus argumentos; d) solicita, ao final, a anulação da decisão recorrida por violações aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, informalidade e verdade material. Pede, ainda, que após a anulação da decisão da DRJ seja reconhecido seu direito creditório com a conseqüente homologação das compensações declaradas, ou seja o julgamento convertido em diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.265, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10480.908649/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.265): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 43 a 52 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Brasília/4ª Turma, nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 5 4 O recorrente invoca, preliminarmente, o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. No caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação do DACON para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Novamente, agora já em sede de recurso voluntário, o interessado não aportou aos autos qualquer documentação probatória, limitandose a bradar contra alegadas violações à princípios constitucionais e também a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF, que portanto não haveria necessidade da juntada de quaisquer outros documentos e ainda, que caso tais informações se revelassem insuficientes, deveria ter sido solicitada a realização de diligência. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 6 5 Conforme bem apontou a decisão da DRJ, a declaração do contribuinte em DCTF constituise em confissão de dívida, o que confere liquidez e certeza à obrigação tributária. No atual momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação seria imprescindível uma cabal demonstração na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, da alegada diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, uma vez que a juntada das provas aos autos dever ser praticada no tempo certo, sob pena de preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. Conforme o § 4º do art. 16 do PAF, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 7 6 Contudo, no caso desses autos, o recorrente sequer se preocupou em trazer oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC). Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação oportuna de documentos contábeis e/ou fiscais capazes de efetivamente demonstrar que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não teria atingido o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e no DACON retificador, de caráter meramente informativo. Como o contribuinte sequer procurou juntar aos autos qualquer tipo de documentação na intenção de demonstrar que efetivamente seria titular do alegado direito creditório, eventuais créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública ficam sem a devida comprovação de sua certeza e liquidez, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Restam, portanto, descabidas as demais alegações quanto às supostas violações à ampla defesa, bem como aos demais princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e informalidade. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908667/201201 Acórdão n.º 3201002.288 S3C2T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 74DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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