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Numero do processo: 10580.727637/2009-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12).
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
IR - COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL
A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL. NATUREZA INDENIZATÓRIA -MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA.
Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária.
MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL.
Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.
JUROS DE MORA
Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 2202-002.738
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares e, no mérito dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de oficio, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior (Relator), Rafael Pandolfo e Fabio Brun Goldschmidt, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez
(assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente Redator Designado
(assinado digitalmente)
Pedro Anan Junior - Relator
Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite, Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins, Fabio Brun Goldschmidt, Pedro Anan Junior e Antonio Lopo Martinez.
Nome do relator: Pedro Anan Junior
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ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL. NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 76 37 /2 00 9- 63 Fl. 272DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares e, no mérito dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de oficio, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior (Relator), Rafael Pandolfo e Fabio Brun Goldschmidt, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez (assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente – Redator Designado (assinado digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite, Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins, Fabio Brun Goldschmidt, Pedro Anan Junior e Antonio Lopo Martinez. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.727637/200963 Acórdão n.º 2202002.738 S2C2T2 Fl. 101 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 64.151,47, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, nem as que tinham como origem o abono de férias, em atendimento ao despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. Foi atendido, também, o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, que dispõe sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) não classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membro do magistrados estaduais; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 5º da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela Fl. 274DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; d) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem a natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; e) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boafé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV; h) o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Salvador – DRJ/SDR, ao examinar o pleito decidiu por unanimidade em negar provimento a impugnação, através do acórdão DRJ/SDR n° 1527.170, de 18 de maio de 2011 (fls. 93/99), cuja ementa segue abaixo transcrito: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos Magistrados do Estado da Bahia, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Fl. 275DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.727637/200963 Acórdão n.º 2202002.738 S2C2T2 Fl. 102 5 Impugnação Improcedente Devidamente intimado, a recorrente apresenta tempestivamente recurso voluntário, onde reitera os argumentos da impugnação Em sessão de julgamento ocorrida em 12 de março de 2012, tendo em vista a natureza dos rendimento ser percebidos de maneira acumulada, foi sobrestado o julgamento do mesmo através da resolução, 220200.189. Tendo em vista a Portaria 545 do Ministério da Fazenda que revogou os dispositivos que permitiam ao sobrestamento, os autos retornaram para julgamento. É o relatório Fl. 276DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Vencido Conselheiro Pedro Anan Junior Natureza Indenizatória Do Valor Recebido Antes de adentramos ao mérito da questão, gostaria de fazer um breve histórico de como originou a questão objeto de julgamento. Inicialmente devemos analisar as disposições do artigo 6º da Lei nº. 9.655/98, que tratou concedeu o abono variável a partir de 1 de janeiro de 1998 aos membros do Poder Judiciário: “Art. 6º: Aos membros do Poder Judiciário é concedido um abono variável, com efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 1998 e até a data da promulgação da Emenda Constitucional que altera o inciso V do art. 93 da Constituição, correspondente à diferença entre a remuneração mensal atual de cada magistrado e o valor do subsídio que for fixado quando em vigor a referida Emenda Constitucional.” Referido dispositivo legal faz menção ao artigo 93, inciso V da Constituição Federal, condicionando a produção de efeitos do abono até a data de vigência de futura Emenda Constitucional alterando o comando constitucional mencionado. A Emenda Constitucional nº. 19, de 04 de Junho de 1998, alterou o dispositivo constitucional mencionado: “Art. 93: (...) V os vencimentos dos magistrados serão fixados com diferença não superior a dez por cento de uma para outra das categorias da carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (redação anterior à EC 19/98) Fl. 277DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.727637/200963 Acórdão n.º 2202002.738 S2C2T2 Fl. 103 7 V o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º.” (redação dada pela EC 19/98) A forma de cálculo e de pagamento foi disciplinado pelo artigo 2º, da Lei nº. 10.474/2002: “Art. 2º: O valor do abono variável concedido pelo art. 6º da Lei nº. 9.655, de 2 de junho de 1998, com efeitos financeiros a partir da data nele mencionada, passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida por Magistrado, vigente à data daquela Lei, e a decorrente desta Lei. § 1º: Serão abatidos do valor da diferença referida neste artigo todos e quaisquer reajustes remuneratórios percebidos ou incorporados pelos Magistrados da União, a qualquer título, por decisão administrativa ou judicial, após a publicação da Lei nº. 9.655, de 2 de junho de 1998. § 2º: Os efeitos financeiros decorrentes deste artigo serão satisfeitos em 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e sucessivas, a partir do mês de janeiro de 2003. § 3º: O valor do abono variável da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998, é inteiramente satisfeito na forma fixada neste artigo.” O Supremo Tribunal Federal STF ao editar o artigo 1º da resolução n° 245, de 12 de dezembro de 2002 definiu a natureza jurídica indenizatória do abono previsto no artigo 2º da Lei nº. 10.474/2002, nos seguintes termos: “Art. 1º: É de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2º da Lei nº. 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal.” Assim a partir da edição da Resolução n° 245/02 do STF o abono variável de que trata o artigo 2° da Lei n° 10.474/02 tem natureza indenizatória, portanto não é passível de ser tributado pelo imposto de renda. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 O “abono variável” devido aos Magistrados do Estado do Bahia, objeto de discussão no presente caso tem como fundamento legal nos artigos 4º e 5º, da Lei 8.730 de 09 de setembro de 2003: Art. 4º As diferenças decorrentes do erro na conversão da remuneração de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias nos. 613 e 614, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal, serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de julho de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 4º desta Lei. Nos termos da referida norma legal, entendo que foi pago aos membros do Poder Judiciário do Estado da Bahia abono variável nos mesmos moldes do que dispõe o artigo 2°, da Lei n° 10.747/02. Nesse sentido entendo que o “abono variável” concedido aos Magistrados Estaduais pela Lei n° 8.073 de 2003, tem natureza idêntica àqueles concedidos à Magistratura Federal e ao MPF, portanto tem natureza indenizatória nos termos do que dispõe a Resolução do STF n° 245/02, não sendo portanto fato gerador do imposto de renda nos termos do que dispõe o artigo 43 do CTN. Além do mais não vejo inconstitucionalidade na Lei Estadual ao atribuir natureza indenizatória a tal valor, caberia a União no caso ingressar com ação judicial pertinente para questionar a constitucionalidade de tal Lei, fato esse que não ocorre no presente caso. Neste sentido, conheço do recurso e no mérito dou provimento. (Assinado Digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Fl. 279DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.727637/200963 Acórdão n.º 2202002.738 S2C2T2 Fl. 104 9 Voto Vencedor Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Redator designado Inobstante o respeitável entendimento desenvolvido pelo Ilustre Conselheiro Relator, no caso em análise e com sua vênia, a minha convicção não permite acompanhálo. Exponho a seguir as razões. O lançamento teve por base valores recebidos a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Vale ressaltar que não é a denominação que se dá aos rendimentos pagos que vai determinar sua natureza tributável (ou não), mas os efeitos que esses recebimentos têm sobre o patrimônio do Autuado. De acordo com o Parágrafo 3º, do artigo 43 da Lei no. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), com redação dada pelo art. 1º. da Lei Complementar No. 104, de 10 de janeiro de 2001, a incidência do imposto de renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Conforme o mandamento previstos no parágrafo 6º. do art. 150 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), com redação da Emenda Constitucional No. 3, de 17 de março de 1993, notase que a determinação expressa de que a isenção somente poderá ser concedida mediante lei específica. No caso somente a legislação do imposto sobre a renda define, de forma expressa, os rendimentos percebidos por pessoas físicas que são isentos do imposto. Acrescentese, por pertinente, que o CTN dispõe no art. 111 que se interpreta literalmente a legislação tributária pertinente à outorga de isenção. As isenções do Imposto de Renda da Pessoa Física são as expressamente especificadas no art. 39 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), no qual não consta relacionado como isento as diferenças salariais reconhecidas posteriormente, ainda que recebam a denominação de "indenização" ou "valores indenizatórios. No que toca a ilegitimidade ativa da União para cobrar o valor do imposto de renda incidente na fonte que não foi objeto de retenção. Urge registrar que a repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Em suma, o fato de o produto da arrecadação ficar para o Estado não altera a competência tributária definida na Constituição, que é da União, conforme de definido no art. 153, III. No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, pela quebra do princípio da capacidade contributiva e apropriação de vantagem, , acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). No relativo a Lei n° 10.477, de 2002, cabe observar, que a mesma restringe se ao abono variável aplicável aos membros do Poder Judiciário Federal. Esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 529, de 2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda. Em momento algum, houve pronunciamento do STF ou do Ministro da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com fulcro na referida Lei Estadual que criou a isenção. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável da Lei n° 10.474, de 2002, seria alargar as fronteiras da não incidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. Tal entendimento é expressamente corroborado pelo Parecer PGFN/CAT n° 2.158, de 2005, e pela Solução de Consulta n° 47, da Superintendência da 7" Região Fiscal da Receita Federal do Brasil, estendendose os efeitos da Resolução STF n° 245, de 2002, tão somente ao Ministério Público Federal e à Magistratura Federal. Não se pode olvidar também que é defeso ao aplicador do Direito valerse da analogia para excluir rendimentos do campo de incidência tributária. Quanto à alegação de que, como a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é da fonte pagadora, é dela que deve ser exigido o imposto. Ocorre que, sem prejuízo da responsabilidade de reter e recolher o imposto, permanece o dever do beneficiário dos rendimentos de declarálos para fins de apuração do imposto devido, quando do ajuste anual. O Contribuinte é o beneficiário dos rendimentos, que não pode se furtar à tributação porque a fonte pagadora não procedeu à retenção do Imposto. É dizer, sendo a retenção do imposto pela fonte pagadora mera antecipação do imposto devido na declaração de ajuste anual, não há falar em responsabilidade pelo imposto concentrada exclusivamente na fonte pagadora. Este Conselho já pacificou esse entendimento, conforme verificase da Súmula a seguir: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). No que referente ao uso de alíquotas incorretas pela autoridade fiscal, da revisão do lançamento, notase que não há qualquer reparo a ser realizado no mesmo. Para conferência das alíquotas mensais aplicadas recomendase a consulta do link a seguir: http://www.receita.fazenda.gov.br/pagamentos/pgtoatraso/tbcalcir.htm, e não aquele apontado no recurso. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.727637/200963 Acórdão n.º 2202002.738 S2C2T2 Fl. 105 11 No que toca a natureza de rendimentos recebidos acumuladamente, e a solicitação de considerar o rendimento em conjunto com os outros rendimentos do recorrente, tendo em vista aspectos das decisões do STJ (julgamentos repetitivos), o lançamento está impecável, já que cumpriu o entendimento judicial de que devem ser consideradas as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos tributados. Os demonstrativos de fls. 8 e 19/21 são claros neste sentido que se referem a diferenças salariais de abril/94 a agosto/2001, pagas nos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006. Enfim, não há qualquer prejuízo para o recorrente, já que os mesmos foram calculados pelo regime de competência que no geral é mais favorável aos contribuintes. O fisco adotou a forma mais benéfica no cálculo do imposto, recordandose que as decisões do CARF não podem agravar os lançamentos. No relativo a necessidade de exclusão das parcelas isentas e de tributação exclusiva, não há provas da falha apontada pelo recorrente. A alegação de que outros itens poderiam estar presentes no mesmo item de observação rendimentos isentos – deveria ser provada, confirmando uma eventual deficiência do lançamento. Cabe adicionalmente registrar, que as parcelas relativas à conversão da URV, de rendimentos tributáveis, os juros compensatórios ou moratórios pagos em decorrência do atraso no seu pagamento, também são tributáveis, conforme disposto no art. 55, inciso XIV, do Decreto No. 3000, de 26 de março de 1999, RIR/99. Art.55.São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Quanto à incidência da multa de ofício, esta tem previsão expressa em dispositivo de lei. Ainda que a fonte pagadora tenha deixado de proceder à retenção, o Contribuinte ter oferecido os rendimentos à tributação e não o tendo feito, fica sujeito à multa prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, verbis: Lei nº 9.430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento), sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 282DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 Entretanto não pode se deixar de reconhecer que o recorrente teria sido induzido a erro pelas informações prestadas pela fonte pagadora. Incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração, não comportando multa de ofício. A inclusão de rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, na parte relativa a rendimentos não tributáveis, seguindo a rubrica constante do comprovante de rendimento fornecido pela fonte pagadora, demonstra que o contribuinte fora induzido a erro. Nesses casos excluise a penalidade, pois houve erro escusável por parte do declarante. Nesse sentido este conselho já tem se pronunciado, tal como se depreende do Acórdão 10421.668 : MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. No que toca ao juros de mora é de se manter o lançamento, tendo em vista que o mesmo não tem a intenção de penalizar, mas de compensar o sujeito passivo pelo atraso no pagamento. Em face do exposto e da pertinência da cobrança do imposto, é de se manter o juros de mora. Urge registrar que o STJ não declarou a inconstitucionalidade do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, restando pacificado no CARF que, com o advento da referida norma, teria aplicação a taxa Selic como índice de correção monetária e juros de mora, afastandose a aplicação do CTN, o que justifica a incidência de atualização do débito fiscal não recolhido, a partir do seu vencimento. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). No tocante a aplicação do tratamento prescrito na Instrução Normativa RFB No. 1.127/2011 relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente (RRA). Urge registrar que a norma citada disciplina a apuração e tributação dos rendimentos recebidos a partir de 28 de julho de 2010, não se aplicando portanto ao caso concreto. Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Redator Designado Fl. 283DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/09/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/10/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 14489.000091/2007-37
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005
PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal.
MULTA. RECÁLCULO. GFIP. OMISSÃO. FATOS GERADORES
Constitui infração apresentar, a empresa, a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.
Com o advento da Lei 11.941.09, para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte, conforme o art. 106, II, c, do CTN: (a) a norma anterior, com a multa prevista no art. 32, § 6º da Lei nº 8.212/91 ou (b) a norma atual, nos termos do art. 32-A, Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, nos moldes transcritos acima.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2403-002.662
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a decadência das competências de 05/1996 a 10/2001, assim como determinar o recálculo da multa em relação ao valor remanescente, de acordo com o determinado no art. 32-A, da Lei 8.212/91, com a redação dada pela Lei 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Júlio de Souza, Daniele Souto Rodrigues, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. MULTA. RECÁLCULO. GFIP. OMISSÃO. FATOS GERADORES Constitui infração apresentar, a empresa, a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Com o advento da Lei 11.941.09, para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte, conforme o art. 106, II, “c”, do CTN: (a) a norma anterior, com a multa prevista no art. 32, § 6º da Lei nº 8.212/91 ou (b) a norma atual, nos termos do art. 32A, Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, nos moldes transcritos acima. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 9. 00 00 91 /2 00 7- 37 Fl. 446DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a decadência das competências de 05/1996 a 10/2001, assim como determinar o recálculo da multa em relação ao valor remanescente, de acordo com o determinado no art. 32A, da Lei 8.212/91, com a redação dada pela Lei 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Júlio de Souza, Daniele Souto Rodrigues, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 14489.000091/200737 Acórdão n.º 2403002.662 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário, interposto em face do Acórdão que julgou procedente em parte a impugnação ofertada, mantendo parcialmente o lançamento consubstanciado no DEBCAD 37.050.4704, em razão de descumprimento de obrigação acessória preceituada no art. 32, IV e § 5º, da Lei nº 8.212/91, por ter a empresa apresentado GFIP’s com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. O Relatório Fiscal, fl. 08, consigna que foram omitidas as remunerações pagas aos segurados por meio dos cartões de premiação “Flexcard” da Incentive Houve S/A, durante o período de 02/2001 a 11/2003, assim como o “Exclusive Card”, da Expertise Comunicação Total S/C Ltda, no período de 01/2001 a 12/2002. Relata que a apuração da omissão foi feita com base nas notas fiscais emitidas pelas administradoras dos cartões e nas Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte, apresentadas pelo sujeito passivo. Uma vez que o contribuinte não apresentou relação dos beneficiários da premiação, mas tão somente alguns pedidos de crédito de prêmio, não foi possível discriminar os segurados. Também foram constatadas omissões de valores pagos a cooperativas de trabalho, conforme elencadas no Relatório Fiscal. Ademais, também foram omitidas parcelas remuneratórias nas folhas das competências 01/1999 a 12/2005 e remunerações creditadas a contribuintes individuais, apuradas na contabilidade, no período de 05/1996 a 05/2000 e nas Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte anoscalendário 2000 a 2005. A multa foi imputada no montante de R$ 1.451.732,66 (um milhão quatrocentos e cinquenta e um mil setecentos e trinta e dois reais e sessenta e seis centavos), tendo a sua notificação ocorrido em 21/11/2006. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa ofertou sua impugnação por meio de instrumento de fls. 176/197. DO ACÓRDÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da então Impugnante, a 14ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I, DRJ/RJI, prolatou o Acórdão nº 1250.736, fls. 318/330, o qual julgou procedente em parte a impugnação ofertada, para reconhecer a decadência nos termos do art. 173, I, do CTN, assim como para aplicar a retroatividade benigna em razão das alterações introduzidas pela MP nº 449/08, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Fl. 448DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 Obrigação Acessória. Prazo Decadencial. Súmula Vinculante nº 08 do STF. Diante de obrigação acessória, o direito da Fazenda constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN. Retroatividade Benigna. Em decorrência da aplicação da retroatividade benigna da multa trazida pela MP 449/08 (convertida na Lei 11.941/09), nos autos de infração por obrigação acessória, o valor da multa a ser calculado no momento da quitação deverá respeitar o limite máximo imposto pela nova legislação. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte DO RECURSO VOLUNTÁRIO Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, fls. 345/366, utilizandose, para tanto, dos seguintes argumentos: 1. Decadência do direito da Fazenda de constituir crédito tributário relativo a fatos geradores ocorridos no período de dezembro de 2000 a outubro de 2001; 2. Necessidade de aplicação da multa formal mais benéfica ante a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, do CTN É o relatório. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 14489.000091/200737 Acórdão n.º 2403002.662 S2C4T3 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA ADMISSIBILIDADE Conforme documentos de fl. 443, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DA ADMISSIBILIDADE Conforme documentos de fl. 443, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DA DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária de 12 de Junho de 2008, aprovou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Referida Súmula declara inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que impõem o prazo decadencial e prescricional de 10 (dez) anos para as contribuições previdenciárias, o que significa que tais contribuições passam a ter seus respectivos prazos contados em consonância com os artigos 150, § 4º, 173 e 174, do Código Tributário Nacional: CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Fl. 450DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 De acordo com o art. 103A, da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 vincula toda a Administração Pública, inclusive este Colegiado. In casu, como se trata de contribuições sociais previdenciárias que são tributos sujeitos a lançamento por homologação, contase o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, caso se verifique a antecipação de pagamento (mesmo que parcial) ou, nos termos do art. 173, I, do CTN, quando o pagamento não foi antecipado pelo contribuinte. Nessa esteira, à autoridade fiscal incumbe, quando do lançamento de créditos tributários, cujas competências ultrapassam o prazo decadencial aplicado aos tributos lançados por homologação, comprovar a inexistência de antecipação de pagamento apto a atrair o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Isso porque é imprescindível que o auditor apresente prova apta a comprovar a ocorrência do fato gerador, eis que cediço o entendimento a qual, em se tratando de processo administrativo federal, incumbe o ônus da prova àquele que se aproveita. Neste toar, mister são as palavras de Marcos Vinicius Neder (A prova no processo tributário. São Paulo: Dialética, 2010): “Por força do que dispõe o artigo 9º do Decreto n. 30.235/72, o Fisco tem o dever de provar o fato constitutivo do seu direito de exigir o crédito tributário. Em nosso ordenamento, não há normas jurídicas que imponham a presunção de legitimidade ao lançamento tributário, no que se refere ao seu conteúdo. A falta de comprovação de fato impositivo acarreta a invalidade do lançamento tributário.” Portanto, o seu silêncio quanto ao não pagamento das demais rubricas, que não as exigidas nestes autos, gera a conclusão de ter havido antecipação, aplicandose a mesma lógica à autuação de obrigação acessória constante no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91, eis que exigível à cada competência, motivos pelos quais ensejam a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Portanto, ao contrário da decisão proferida pela DRJ, considerando que o período de apuração compreende as competências de 05/1996 a 12/2005 e a notificação ocorreu apenas em 21/11/2006, temse que o prazo decadencial alcançou os créditos exigidos nas competências de 05/1996 a 10/2001. MÉRITO DAS PARCELAS REMUNERATÓRIAS OMITIDAS No relatório fiscal, a autoridade autuante afirma que o contribuinte omitiu parcelas remuneratórias nas folhas das competências de janeiro de 1999 a dezembro de 2005, além de remunerações creditadas a contribuintes individuais, apuradas na contabilidade, no período de 05/1996 a 06/2000 e nas DIRFs de 2000 a 2005. Quanto a este ponto não houve exposição de razões contrárias por parte do contribuinte, nem mesmo contraprova de tais pagamentos efetuados, razão pela qual demonstrase que este esquivouse de seu ônus probatório, nos termos do art. 333 do CPC, não cabendo outra opção que não a manutenção da exação quanto a esta parte. RETROATIVIDADE BENIGNA. RECÁLCULO DA MULTA. Fl. 451DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 14489.000091/200737 Acórdão n.º 2403002.662 S2C4T3 Fl. 5 7 No que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da MP nº 449/08, convertida na Lei n° 11.941/09. Ela inseriu o art. 32A na Lei n° 8.212/91 e alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas ao inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212/91, in verbis: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Logo, quando houver descumprimento da Obrigação Acessória prevista no art. 32, IV da Lei nº 8.212/91, aplicase a multa prevista acima. Ocorre que ela deverá ser aplicada da seguinte forma: 1. Somase o total das informações incorretas ou omitidas; Fl. 452DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 8 2. Dividese o total em grupos de 10. Para cada grupo de 10 informações incorretas ou omitidas será aplicada a multa de R$ 20,00 (art. 32A, I); 3. Além dessa multa, aplicase a multa de 2% ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (art. 32A, II); 4. A multa mínima a ser aplicada será de R$ 500,00, para o caso da multa prevista no inciso I e R$ 500,00 para a multa prevista no inciso II, ambos do art. 32A da Lei nº 8.212/91 (art. 32A, § 3º, II). Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte, conforme o art. 106, II, “c”, do CTN: (a) a norma anterior, com a multa prevista no art. 32, da Lei nº 8.212/91 do Decreto nº 3.048/99 ou (b) a norma atual, nos termos do art. 32A, Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009, nos moldes transcritos acima. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, a situação mais benéfica ao contribuinte. CONCLUSÃO Do exposto, voto pelo provimento parcial do recurso para reconhecer a decadência das competências 05/1996 a 10/2001, assim como determinar o recálculo da multa em relação ao valor remanescente, de acordo com o determinado no art. 32A, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/09 /2014 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
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Numero do processo: 12897.000835/2009-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 29/09/2006, 30/09/2006, 16/10/2006, 31/10/2006, 16/11/2006, 20/12/2006
IPI. MULTA REGULAMENTAR. ART. 83, II, DA LEI N. 4.502/64 e ART. 490, II, DO RIPI/2002. EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS QUE NÃO CORRESPONDEM À SAÍDA EFETIVA DA MERCADORIA. OPERAÇÕES DE INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA E CONSIGNAÇÃO COMERCIAL. DISTRATO. MASSA FALIDA. INEXISTÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO NOS AUTOS. IRRELEVÂNCIA. SAÍDA SIMBÓLICA COMPROVADA. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3102-002.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Ricardo Paulo Rosa votou pelas conclusões.
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO, JOSÉ LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MIRIAN DE FÁTIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, DEMES BRITO e RICARDO PAULO ROSA.
Nome do relator: MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ
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MULTA REGULAMENTAR. ART. 83, II, DA LEI N. 4.502/64 e ART. 490, II, DO RIPI/2002. EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS QUE NÃO CORRESPONDEM À SAÍDA EFETIVA DA MERCADORIA. OPERAÇÕES DE INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA E CONSIGNAÇÃO COMERCIAL. DISTRATO. MASSA FALIDA. INEXISTÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO NOS AUTOS. IRRELEVÂNCIA. SAÍDA SIMBÓLICA COMPROVADA. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. O Conselheiro Ricardo Paulo Rosa votou pelas conclusões. RICARDO PAULO ROSA Presidente. MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 08 35 /2 00 9- 48 Fl. 210DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JOSÉ FERNANDES DO NASCIMENTO, JOSÉ LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MIRIAN DE FÁTIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, DEMES BRITO e RICARDO PAULO ROSA. Relatório 1. Tratasede Auto de Infração originário de procedimento fiscal sob n. 0719000/00772/2009, lavrado em 25/11/2009, no valor de R$ 12.963.260,74, lançado sob os seguintes termos: "A empresa emitiu notas fiscais que não correspondem a uma saída efetiva dos produtos nelas descritos, conforme relação anexa e que fará parte integrante do presente auto de infração.Acompanham apresente autuação todas as notas fiscais emitidas em desacordo como Regulamento do IPI, como elemento material de prova da infração detectada." 2. O teor da impugnação da recorrente foi o seguinte: “ A Impugnante, desde o ano de 2000, vinha prestando serviços, inicialmente a Brasfrigo S.A., CNPJ 19.166.180/00104, sucedida por Centerpharma S.A. e, finalmente, por Center Trading S.A., CNPJ 64.370.257/000460, por contrato, pelo qual recebendo a matériaprima destas empresas, efetuaria a manufatura dos tecidos que seriam enviados aos clientes por conta e ordem destas mesmas empresas, das quais se cobrava o serviço. Entre as Partes também se firmara um contrato de vendas em consignação de artigos daquela empresa, consignados à Impugnante para venda em seus estabelecimentos de outlet. No final do ano de 2006, com exaustão dos recursos da ora falida, a empresa contratante não mais se interessou pelos serviços e rompeu os contratos com a prestadora. Esta, porém, mantinha em suas dependências, estoque de mercadorias de propriedade da Contratante que, por, sua vez tinha compromissos de entrega dos produtos confeccionados e acabados aos clientes. Assim, ajustouse um distrato, pelo qual a Contratada devolveria, simbolicamente, os bens da Contratante que tinha em seus depósitos para processamento e os consignados, concluindo a operação, iniciada para o beneficiamento que não se realizara, bem como o contrato de consignação, para, a seguir, recebêlos em doação, assumindo as obrigações com a clientela. Neste sentido foram extraídas Notas Fiscais de devolução simbólica, cód, 6903 – e retorno de mercadoria cód. 6913, (no caso dos consignados), para que a Contratante emitisse a Nota Fiscal de doação cód. 6910, tributada, com remessa simbólica da mercadoria, pois esta j á se encontrava nos depósitos da Contratada. O Sr. Auditor Fiscal, no entanto, entendeu que, de conformidade com o art. 337,seria vedada a emissão de Nota Fiscal que não correspondesse a saída efetiva de mercadoria, aplicando a multa prevista no art. 490 II, todas do Dec. 4544 de 2002originárias Lei 4502/64 e suas alterações. Fixouse o Sr. Auditor somente num artigo determinado no referido Decreto, sem atentar para a sua interpretação, e, sobretudo, para o que mais dispõe a lei para casos específicos, como os desta autuação. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 12897.000835/200948 Acórdão n.º 3102002.275 S3C1T2 Fl. 3 3 "Saída efetiva" não significa, apenas, a transferência física da mercadoria.Compreende, também, a devolução ficta de mercadoria recebida para ser beneficiada e que será vendida ou doada sem passar pelo estabelecimento transmitente ou quando a mercadoria não pode ou não necessita ser transportada. São casos previstos, por exemplo, no art. 333 inc. VII nas vendas à ordem para entrega futura e inc. XV na entrada real ou simbólica de produtos, nos momentos definidos no art. 361, inc. XVI, na transferência simbólica de álcool. O art. 359 do mesmo Decreto explicita o termo "saída efetiva" como real ou simbólica: "A Nota Fiscal, modelo 1 ou modelo IA será emitida sempre que no estabelecimento entrarem real ou simbolicamente, produtos:..” No caso específico da autuação, todas as notas referidas na autuação foram emitidas por devolução simbólica da mercadoria, como constatado na relação constante do auto de infração, para que o destinatário, a seguir, pudesse alienálas ao próprio remetente. A Autuada observou, estritamente, o disposto no art. 418 do RIPI (Dec. 4544/02) Art. 418. Quando o produto industrializado, antes de sair do estabelecimento industrializador, for por este adquirido, será emitida nota fiscal: I pelo industrializador, em nome do encomendante, com a qualificação do remetente dos produtos recebidos e a indicação da nota fiscal com que estes foram recebidos; a declaração "Remessa Simbólica de Produtos Industrializados por Encomenda"; o valor total cobrado pela operação, com destaque do valor dos produtos industrializados ou importados pelo estabelecimento, diretamente empregados na operação, se ocorrer essa circunstância; e o destaque do imposto, se este for devido; e II pelo encomendante, em nome do adquirente, com destaque do imposto, se este for devido, e a declaração "Sem Valor para Acompanhar o Produto". Em todas estas Notas Fiscais, como comprovou o Auditor, consta a saída simbólica,pois, a seguir, por doação os produtos foram transferidos a Autuada pela CenterTrading por Notas Fiscais adequadas, cujas cópias foram entregues ao Sr.Auditor. Os impostos foram regularmente nelas declarados nos termos da legislação vigente,não havendo nenhuma lesão ao Fisco. No caso de mercadoria que a Autuada tinha em seus depósitos como consignada, procedeuse igualmente, com o retorno simbólico do que não fora vendido; para ser faturada à Autuada como doação. Observouse o art. 426 do mesmo RIPI (Dec.4544/2002, em remessa simbólica, para que o Consignado anulando operação anterior, referente aqueles produtos, pudesse efetuar a operação de doação: Art. 426. Na devolução de produto remetido em consignação mercantil: Io consignatário emitirá nota fiscal indicando: Fl. 212DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA 4 a) a natureza da operação: "Devolução de Produto Recebido em Consignação"; b) o valor do produto efetivamente devolvido, sobre o qual foi pago o imposto; c) o valor do imposto, destacado por ocasião da remessa em consignação; e d) a expressão: "Devolução (Parcial ou Total, conforme o caso) de Produto em Consignação NF n , de..../..../...."; e II o consignante escriturará a nota fiscal, no livro "Registro de Entradas",creditandose do valor do imposto de acordo com o arts. 169 e 170. Em toda a operação foram observadas as normas dos Regulamentos do ICMS de M.G. e do Rio de Janeiro, no retorno real ou simbólico de mercadoria, que tinha saído do estabelecimento transmitente, sem pagamento de imposto para beneficiamento a ele retornou com ou sem o beneficiamento, para posterior transmissão de propriedade. As Notas Fiscais não foram emitidas irregularmente, pois corresponderam a saída efetiva da mercadoria, na forma simbólica, ou ficta, termo esse usado no art. 51 inc.II, da antiga legislação sobre imposto de consumo, (Lei 4502/64) para os casos em que não haja uma saída física da mercadoria. O enquadramento legal apontado pelo Sr. Auditor do art. 83, inc. II da Lei 4.502/64,não se aplica, senão como fonte dos art. 323, inc. I e art. 337 do Dec. 4544/02 que disciplina e mesma matéria.Em vista do exposto e porque as N. Fiscais emitidas representam uma saída efetiva das mercadorias, em retorno por "remessa simbólica de produtos industrializados sob encomenda " para assim poder baixa na sua escrituração, do industrializador, e fecharem a anterior remessa na do encomendante, para que este pudesse dispor da sua mercadoria,emitindo nota fiscal de doação com pagamento dos tributos devidos, não houve infração da legislação. Todo o procedimento está amparado na lei como demonstrado, pelo que deve ser desconsiderada a autuação e julgada insubsistente.” 3. Em uma apreciação preliminar, o Exmo. Sr. Presidente da 3ª Turma de Julgamento da DRJJUIZ DE FORA/MG, assim se posicionou quanto à defesa apresentada: “A linha de defesa parece consistente, todavia há de se trazer ao processo, para fechamento da trilha argumentativa, as notas fiscais de doação que teriam sido emitidas pela empresa Center TradingInd. e Com. S/A (CNPJ64.370.257/000460) para efetivação da transferência de propriedade das mercadorias em questão. Em assim sendo, e com base no disposto no art.18 do Decreto n° 70.235/72,decido baixar o presente processo em diligência para que Autuada seja intimada a apresentar TODAS as notas fiscais emitidas pela já citada empresa Center Trading com o intuito de fechar a alegada operação de doação das mercadorias consignadas nas notas fiscais objeto da exigênciafiscal. Atendida a intimação, que a Fiscalização forme juízo de valor acerca dos documentos apresentados sob a forma de relatório circunstanciado de instrução de julgamento.” 4. Instada a cumprir a determinação da DRJJUIZ DE FORA/MG, a recorrente declarou já têlas entregue ao auditor fiscal e que as mesmas não foram devolvidas, bem como esclareceu que a impugnante Companhia Têxtil Ferreira Guimarães Ltda. teve sua Fl. 213DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 12897.000835/200948 Acórdão n.º 3102002.275 S3C1T2 Fl. 4 5 falência decretada pela 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, em 14/07/2009. Diante de tais informações, a DRF/RJI, produziu o seguinte documento para instrução do processo: “Cumprindo determinação emanada pelo MPFD n° 2010006937,intimei o contribuinte acima identificado a apresentar as notas fiscais de doação,emitidas pela empresa CENTER TRADING IND. E COM. S/A, CNPJ n°64.370.257/000460, conforme solicitado pela DRJJUIZ DE FORA/MG. Foi dado o prazo de 10 (dez) dias para o atendimento. “Em resposta datada de 31 de agosto de 2010, recebida em 01 de setembro de 2010, o contribuinte, através do advogado Francisco de Assis Martins Ribeiro, respondeu que as "Notas Fiscais já foram entregues a esta em cumprimento de Intimação Fiscal, no processo n° 0719000/00772/2009, em 04/05/2009, recebidas pelo Sr. de Morais mat 00021591, conforme cópia anexa de documentos, sido devolvidas." Grifo nosso. O contribuinte afirma, em sua resposta, ter entregado as notas fiscais ao auditor Antônio Dias de Moraes, conforme consta, segundo palavras do próprio advogado, em "cópia anexa dedocumentos", grifo nosso. A citada prova entrega ao auditor responsável pela fiscalização não passa de mera cópia da intimação lavrada, datada de 04/05/09. A data em que o contribuinte alega ter entregue as notas fiscais àquele auditor é a mesma data em que o termo foi lavrado,convém frisar. É de salientar que o próprio contribuinte grifou em cor o item 1, e não o item 2, onde há (no item 2) a solicitação da entrega das tais notas de doação. As notas solicitadas no item 1 foram entregues e constam do presente processo. As notas indicadas no item 2 daquela intimação, e novamente solicitadas através desta diligência, não foram apresentadas, nem naquela oportunidade e nem nesta, não conseguindo, o contribuinte, produzir, por qualquer meio, provas de que as mesmas tenham sido entregues ao auditor em qualquer momento do curso daquela ação fiscal, como afirma. Tendo em vista a resposta apresentada pelo contribuinte, que demonstra, s.m.j., não possuir as referidas notas de doação, proponho o encaminhamento deste processo à DRJJUIZ DE FORA/MG para prosseguimento.” 5. Após a diligência, a 3ª Turma da DRJ/JFA, por meio do Acórdão 09 32.242, julgou improcedente a impugnação, mantendo o auto de infração. Retirase da decisão: “Diante do pedido de "recuperação judicial" apresentado pela Interessada nos autos do processo judicial 2007.001.2003510, a cliente Center Trading ltda (sucessora de Brasfrigo SA e Centerpharma SA) acordou com a Interessada um distrato relativo às operações mercantis mantidas entre ambas. Tais operações se referiam sempre a consignações para venda em outlete industrializações por encomenda, tendo, nesse último caso, a Cia Têxtil Ferreira Guimarães como entidade industrializadora. Nos termos do distrato celebrado, tanto as mercadorias mantidas em consignação quanto as matériasprimas enviadas pela encomendante seriam objeto de doação com a seguinte seqüência operacional: 1.emissão de nota fiscal de saída simbólica em nome da Center Trading; 2.emissão, por parte da Center Trading, de nota fiscal de doação como mecanismo de fechamento de operação. Ou seja,, a trilha de emissão de documentos visou ao desfazimento do negócio jurídico inicial (consignação ou remessa para industrialização) e, ao mesmo tempo, à caracterização da migração patrimonial em direção à Ferreira Guimarães. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA 6 Considerando que a discordância quanto à legitimidade da emissão das notas de retorno simbólico por parte da Impugnante foi justamente o ponto de questionamento por parte do Autuante, é de se bifurcar a análise de tais documentos com base na natureza dasoperações realizadas. l.Das notas fiscais emitidas em relação a operações de industrialização por encomenda. Com relação a estas, que se observe o disposto no art.418 do RIPI/2002,que assim diz: (...) Já no que tange ao inciso II emissão de nota de fechamento de operação por parte do encomendante nenhuma nota sequer, sejam originais ou cópias, foi trazida aoprocesso.Assevera a contribuinte que entregou ao Autuante cópias de todas as notas fiscais emitidas pela Center Trading para consignar a doação das matérias primas (fís. 123), ao que rechaça a DRF/RJI asseverando que "a citada prova da entrega ao auditor responsável pela Fiscalização não passa de mera cópia da intimação lavrada em 04/05/2009 "(informação fiscal de fl.126). A esse respeito, tomo como consistentes os argumentos da DRFI que,além da assertiva supra, pontuou que "a data em que o contribuinte alega ter entregue as notas iscais àquele auditor é a mesma data em que o termo de intimação foi lavrado (...).É de salientar que o próprio contribuinte grifou ao trazer cópia da intimação lavrada aos autos o item 1, e não o item 2, onde há a solicitação da entrega das tais notas de doação. " A meu sentir, as notas fiscais de doação, que fecham a chamada circulação simbólica não foram apresentadas ao Fisco. A uma, tendo em vista as observações da delegacia autuante; a duas, tomandose em conta que se cópias eram, outras poderiam ter sido apresentadas a partir de solicitação feita junto à empresa encomendante, responsável por sua emissão. 2.Das notas fiscais emitidas em relação a operações de consignação comercial Aqui o comando a ser observado é aquele contido no art.426 do RIPI/2002: (...) Notese que na legislação federal RIPI/2002 vigente à época da emissão das notas fiscais postas em julgamento, nada consta a respeito de devolução simbólica em se tratando de operações em consignação. E nem poderia haver: a obrigação de emissão da nota por remessa simbólica, para o caso em questão, só foi introduzida na legislação do IPI (RIPI) apartir do Ajuste SINIEF 09/08, que alterou a redação do Ajuste SINIEF 02/93. (...) A pergunta, neste ponto, seria: uma obrigação, nascida dois anos após a emissão das notas fiscais autuadas (emissão da nota de remessa simbólica), poderia gerar a punição imposta? Em outras palavras, emitir erroneamente uma nota fiscal a que não estava obrigado afasta a possibilidade de aplicação do art.490, inciso II, do RIPI/2002? Penso que não. Em que pese a inexistência de obrigação de emissão da nota de remessa simbólica, esta não era vedada, e por assim ser, quando efetuada, só deveria ocorrer como elemento partícipe da trilha operacional que exige a presença da nota fiscal de simples faturamento para conclusão da alteração de propriedade em casos de consignação em pagamento. Quer dizer, a ausência da nota de faturamento Fl. 215DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 12897.000835/200948 Acórdão n.º 3102002.275 S3C1T2 Fl. 5 7 implica necessariamente na irregularidade da emissão da pretensa nota de circulação ficta. Notas fiscais analisadas, concluise que a Interessada não conseguiu comprovar a formatação legal exigida para operações de retorno simbólico. Ora as notas de retomo não se mostram claras em seu histórico, ora estão omissas quanto à obrigatoriedade da explicitação da natureza da operação ("retorno simbólico") e mais importante não há qualquer traço nos autos da emissão(obrigatória) das chamadas notas de fechamento. A respeito destas, digase que sua emissão representa,em realidade, a exteriorização da transmissão de propriedade da mercadoria que, por ter sido adquirida pelo próprio consignatário ou industrializador, permanece fisicamente de posse do adquirente enquanto a migração de propriedade se dá pela emissão das notas de saída simbólica, por parte de quem adquire,e de simples faturamento, por parte de quem aliena. Posto em termos da legislação mercantil, o deslocamento simbólico e o simples faturamento representam a tradução em termos de documentação fiscal do desfazimento de um negócio jurídico até então vigente (consignação ou industrialização por encomenda) e a contratação, ato contínuo, de outro (alienação ou doação, por exemplo). Tal "tradução", quando completa e só quando completa , constitui elemento autorizador da circulação ficta via nota fiscal.Isso quer dizer: ausente a comprovação de alteração de propriedade por meio da nota de simples faturamento emitida pelo alienante, cai por terra a legitimidade de emissão da nota fiscal de circulação simbólica, ficando o emissor desta última sujeito à penalidade prevista no art.490, inciso II, do RIPI/2002 que pune a conduta de emissão de nota fiscal, fora dos casos permitidos na legislação, que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente. Quis o legislador fosse punida a conduta de utilização de um documento cuja construção, ao se dar ao arrepio da legislação aplicável, camufla a natureza dos eventos ocorridos. O interesse público exige sintonia entre fatos e documentos, o que não ocorreu no caso presente.” 6. A Massa Falida da Companhia Têxtil Ferreira Guimarães Ltda., diante do julgamento pela procedência do auto de infração, interpôs Recurso Voluntário em que descreve as operações já referidas e aduz: “Após a entrada do recurso, em 04 de maio de 2009, o Sr. Auditor pediu as N. Fiscais e contratos (doc. 2), que, embora já disponibilizados em março daquele ano, foram a ele entregues conforme doc. n° 3 anexo. Às fls. 112 do processo em julgamento assim se alegou: "Há de se trazer ao processo para fechamento da trilha argumentativa as N. Fiscais de doação. Exposto pela Recorrente já as ter entregue, sem aportalas novamente, foi o processo remetido, em 15/09/2010, a Delegacia de Juiz de ForaMG para julgamento.Neste julgamento, foi ampliado o leque da autuação. Enquanto na autuação o Sr. Auditor apontava apenas que as notas não representavam real saída da mercadoria, tanto que o fundamento e a penalidade eram expressas neste sentido, no Julgamento o fundamento se transmudou para "obrigatória a emissão de N. Fiscal de simples faturamento, por parte de quem detêm a propriedade das mercadorias, para caracterizar a migração da propriedade". O acórdão é claro neste sentido. Certamente, a Turma foi induzida pelo informe de fls. 132, citado supra. Acontece que, estas N. Fiscais de faturamento foram apresentadas ao Sr. Auditor, conforme prova o doc. de n° 2. Tanto que, junto com a autuação da Fl. 216DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA 8 infração, após o Termo de Encerramento, ele as relaciona em duas folhas logo após a relação das N. Fiscais de saída simbólica emitidas pelo Recorrente. Center Trading indústria e Comércio S.A. e Brasfrigo S.A. emitiram as N. Fiscais de doação que fecham a remessa simbólica da Recorrente. O oc. de n° 4, que é cópia da autuação anexa demonstra que o Sr. Auditor teve em mãos toda a documentação, tanto que ele própria relaciona. Se não constam do processo não foi por falta da Recorrente. Os documentos que fecham a trilha argumentativa foram entregues ao Sr. Auditor. Não tem, portanto, fundamento, a alegação de que não teria havido comprovação da operação com N. Fiscais de faturamento.Nada se tentou omitir ou camuflar. A operação foi toda de clareza meridiana. Devolvida simbolicamente a mercadoria, houve o faturamento conseqüente da doação com o pagamento devido dos impostos. Toda a documentação,todos os contratos, livros fiscais de apuração foram disponibilizados, onde está patente a lisura da negociação. A trilha argumentativa fechase com estas N. Fiscais de faturamento da mercadoria que fora devolvida simbolicamente.” É o relatório. Voto Conselheira Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, Relatora 7. O enquadramento legal da infração, descrita pela fiscalização como emissão de Notas Fiscais que não correspondem a uma saída efetiva dos produtos, tem por base o art. 83, II, da Lei n. 4.502/64, com o seguinte teor: Art. 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: I II – os que emitirem, fora dos casos permitidos nesta Lei, nota fiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do imposto e ainda que a nota se refira a produto isento. 8. Com base no Regulamento do IPI de que trata o Decreto 4.544/02, fundamentou a conduta nos artigos 323, I e 337, e a penalidade no artigo 490, II: Art. 323. Os estabelecimentos emitirão a Nota Fiscal, modelos 1 ou 1A: I – sempre que promoverem a saída de produtos; Art. 337. Fora dos casos previstos neste Regulamento e na Legislação Estadual, é vedada a emissão de nota fiscal que não corresponda a uma efetiva saída de mercadoria. Art. 490. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da Fl. 217DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 12897.000835/200948 Acórdão n.º 3102002.275 S3C1T2 Fl. 6 9 mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal, respectivamente: I II – os que emitirem, fora dos casos permitidos neste Regulamento, nota fiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do imposto e ainda que a nota se refira a produto isento. 9. O cerne da questão está em se verificar se houve, ou não, saída efetiva da mercadoria, nos termos da legislação de regência. As operações descritas pelo recorrente e que correspondem às notas fiscais acostadas aos autos, referemse a mercadorias enviadas para industrialização por encomenda ou consignação que, após distrato, foram doadas à recorrente sem que deixassem fisicamente suas dependências, como retiramos da impugnação: No caso específico da autuação, todas as notas referidas na autuação foram emitidas por devolução simbólica da mercadoria, como constatado na relação constante do auto de infração, para que o destinatário, a seguir, pudesse alienálas ao próprio remetente. 10. A descrição contida no julgamento de primeiro grau labora no mesmo sentido: Diante do pedido de "recuperação judicial" apresentado pela Interessada nos autos do processo judicial 2007.001.2003510, a cliente Center Trading ltda (sucessora de Brasfrigo SA e Centerpharma SA) acordou com a Interessada um distrato relativo às operações mercantis mantidas entre ambas. Tais operações se referiam sempre a consignações para venda em outlete industrializações por encomenda, tendo, nesse último caso, a Cia Têxtil Ferreira Guimarães como entidade industrializadora. Nos termos do distrato celebrado, tanto as mercadorias mantidas em consignação quanto as matériasprimas enviadas pela encomendante seriam objeto de doação com a seguinte seqüência operacional: 1.emissão de nota fiscal de saída simbólica em nome da Center Trading; 2.emissão, por parte da Center Trading, de nota fiscal de doação como mecanismo de fechamento de operação. Ou seja,, a trilha de emissão de documentos visou ao desfazimento do negócio jurídico inicial (consignação ou remessa para industrialização) e, ao mesmo tempo, à caracterização da migração patrimonial em direção à Ferreira Guimarães. 11. Aparenta elementar que a saída efetiva referida na legislação do IPI não significa somente a saída física da mercadoria. A saída jurídica, ou simbólica, é expressamente prevista, dentre outros, no art. 359 do Decreto n. 4.544/02 (RIPI2002). 12. No caso das operações de remessa para industrialização em que o encomendante, por qualquer razão, aliena tais mercadorias ao industrializador, como o preciso caso desses autos, a saída simbólica é a regra. A transmissão das mercadorias se dá apenas juridicamente. Em outras palavras, a saída efetiva reclamada pela legislação é ficta. Dispõe o art. 418 do RIPI/2002: Fl. 218DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA 10 Art. 418. Quando o produto industrializado, antes de sair do estabelecimento industrializador, for por este adquirido, será emitida nota fiscal: I pelo industrializador, em nome do encomendante, com a qualificação do remetente dos produtos recebidos e a indicação da nota fiscal com que estes foram recebidos; a declaração "Remessa Simbólica de Produtos Industrializados por Encomenda"; o valor total cobrado pela operação, com destaque do valor dos produtos industrializados ou importados pelo estabelecimento, diretamente empregados na operação, se ocorrer essa circunstância; e o destaque do imposto, se este for devido; e II pelo encomendante, em nome do adquirente, com destaque do imposto, se este for devido, e a declaração "Sem Valor para Acompanhar o Produto". 13. No caso da remessa em consignação, idêntica deve ser a interpretação quanto ao ocorrido nestes autos, no que respeita à existência de saída efetiva de mercadorias. A regra do RIPI/2002 para tais operações, à época, encontravase no seu art. 426: Art. 426. Na devolução de produto remetido em consignação mercantil: I o consignatário emitirá nota fiscal indicando: a) a natureza da operação: "Devolução de Produto Recebido em Consignação"; b) o valor do produto efetivamente devolvido, sobre o qual foi pago o imposto; c) o valor do imposto, destacado por ocasião da remessa em consignação; e d) a expressão: "Devolução (Parcial ou Total, conforme o caso) de Produto em Consignação NF n , de..../..../...."; e II o consignante escriturará a nota fiscal, no livro "Registro de Entradas", creditandose do valor do imposto de acordo com o arts. 169 e 170. 14.Observese que, ao tempo das operações de retorno simbólico de produtos enviados em consignação, nem mesmo existia a obrigatoriedade de emissão de notas fiscais para tal propósito, como informa o julgamento de primeiro grau: “Notese que na legislação federal RIPI/2002 vigente à época da emissão das notas fiscais postas em julgamento, nada consta a respeito de devolução simbólica em se tratando de operações em consignação. E nem poderia haver: a obrigação de emissão da nota por remessa simbólica, para o caso em questão, só foi introduzida na legislação do IPI (RIPI) a partir do Ajuste SINIEF 09/08, que alterou a redação do Ajuste SINIEF 02/93.” 15.Uma vez que o fundamento legal da penalidade aplicada no caso dos presentes autos é a emissão de notas fiscais que não correspondem a uma saída efetiva de mercadoria e que as notas fiscais acostadas dão conta de saídas simbólicas, previstas na legislação, não há como manter o auto de infração. Houve sim, a saída efetiva da mercadoria Fl. 219DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 12897.000835/200948 Acórdão n.º 3102002.275 S3C1T2 Fl. 7 11 nos termos do Regulamento do IPI de 2002, muito embora na forma de retorno simbólica e não transferência física. 16. A controvérsia gerada acerca da existência das notas fiscais que consubstanciam o fechamento da operação, com o faturamento da doação. Notas Fiscais emitidas por CENTER TRADING INDÚSTRIA E COMÉRCIO S.A. e BRASFRIGO S.A. em nome de CIA. TÊXTIL FERREIRA GUIMARÃES, e que o recorrente afirma ter entregado à fiscalização, conforme documentos (1 e 2 – fls. 147 e 148) que anexou ao recurso, descritas nas relações de fls.158 a 160, não pode ser utilizada para descaracterizar a operação em desfavor do recorrente. 17. O julgamento de primeiro grau induz ao entendimento de que tais operações poderiam ter sido reputadas válidas e legais, caso tais notas fiscais tivessem sido apresadas, visto aportar às fls. 113, que: “A linha de defesa parece consistente, todavia há de se trazer ao processo, para fechamento da trilha argumentativa, as notas fiscais de doação que teriam sido emitidas pela empresa Center Trading Ind. e Com. S/A (CNPJ64.370.257/000460) para efetivação da transferência de propriedade das mercadorias em questão.(...)” 18. Ocorre que o recorrente afirma têlas entregue à fiscalização e apresenta uma relação dessas notas, firmada pela autoridade fiscalizadora, que entende como recibo. A inexistência de tais documentos, no caso destes autos, não pode ser utilizada como prova de que não houve saída efetiva nos termos da legislação do IPI. 19. O que demonstram os autos é a existência de saídas simbólicas de mercadoria, acobertadas por notas fiscais, e que correspondem a saídas efetivas nos termos do RIPI/2002. Logo, não há base para a imposição de penalidade por emissão de notas fiscais que não correspondem a uma saída efetiva de produto, situação descrita conforme os fatos e enquadramento legal utilizados pela autoridade fiscal. 20. Em vista do exposto, voto pelo provimento do recurso voluntário para cancelar integralmente o auto de infração. Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz Fl. 220DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 16/10/2014 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por RIC ARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 19647.020839/2008-52
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004, 2005, 2006
MULTA DE OFÍCIO. SUPOSTO CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 1803-002.221
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Cármen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Rodrigues Mendes - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Arthur José André Neto.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004, 2005, 2006 TAXA SELIC. INCIDÊNCIA PARA ATUALIZAÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. LEGITIMIDADE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE. NECESSIDADE DE ADOÇÃO DE CRITÉRIO ISONÔMICO. No julgamento da ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se trata de imposição tributária (STF Repercussão Geral). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004, 2005, 2006 MULTA DE OFÍCIO. SUPOSTO CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 02 08 39 /2 00 8- 52 Fl. 306DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 291 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Cármen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Arthur José André Neto. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 292 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 268 a 270): Contra a sociedade empresária acima identificada foram lavrados os Autos de Infração, às fls. 01 a 64, relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, à Contribuição para o PIS, à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, para exigência de crédito tributário referente aos anos calendário de 2003 a 2005, adiante especificado: TRIBUTO Fls Imposto/ Contrib. Juros de Mora Multa Proporcional TOTAL Imposto de Renda Pessoa Jurídica 02 67.270,17 36.946,83 50.452,58 154.669,58 Contribuição para o PIS/Pasep 14 30.364,97 16.677,34 22.773,66 69.815,97 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 22 140.146,25 76.972,64 105.109,63 322.228,52 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 30 50.452,61 27.710,10 37.839,39 116.002,10 TOTAL 662.716,17 Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal dos respectivos Autos de Infração e no Termo de Verificação Fiscal (fls. 47 a 52), que passam a integrar a presente decisão como se aqui transcritos fossem, a autoridade autuante descreve detalhadamente todas as informações concernentes ao procedimento fiscal e relata as infrações apuradas nesta auditoria que passamos a resumir abaixo: A presente ação fiscal foi iniciada com a ciência ao Termo de Início de Fiscalização, enviado através de AR nº RC 06838040BR em 19/08/2008 e recepcionado em 08/09/2008, tendo sido intimado a apresentar a documentação necessária à comprovação da regularidade fiscal em relação aos tributos e período acima especificados. Em 07/10/2008, a empresa apresentou os Livros Registro de Entrada e de Saída de Mercadorias, contrato social, talonários de notas fiscais de vendas de mercadorias e procuração. Em 10/10/2008, foi enviado o Termo de Constatação e Intimação Fiscal nº 01, recepcionado em 15/10/2008, que constatava a falta de entrega dos livros contábeis Razão e Diário, e apresentava Mapa de Receitas apuradas nos anos calendário de 2003, 2004 e 2005 de acordo com as receitas escrituradas no Livro de Apuração do ICMS. Em 30/10/2008, foi lavrado Termo de Intimação Fiscal nº 01, intimando a fiscalizada a apresentar os livros contábeis Diário, Razão com balancete trimestral e Fl. 308DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 293 4 Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), considerados indispensáveis para o prosseguimento da ação fiscal e verificação do Lucro Real. Em 11/11/2008, em resposta às solicitações, a empresa fiscalizada “confirma as receitas levantadas pelo Livro de Registro do ICMS, informado no Termo de Constatação e Intimação nº 01, e informa que a empresa não tem os livros Diário, Razão ou Caixa, pois a contabilidade não está atualizada”. Em 11/11/2008, a autoridade fiscal propôs ao supervisor o arbitramento do lucro, o qual foi autorizado. Analisando o sistema IRPJ da SRF, verificouse que no período de 2003 a 2008, a empresa apresentou DIPJ na opção de Lucro Presumido somente referente ao ano calendário de 2006, encontrandose omissa quanto à entrega de DIPJ relativas aos outros anos calendário. Verificouse, também, que a empresa não efetuou opção pelo REFIS, nem pelo PAES. Foram analisados e conferidos os valores de receitas escriturados no Livro de Apuração do ICMS, referentes ao período de janeiro de 2003 a dezembro de 2005, não tendo sido possível comparálas em razão da falta de apresentação dos livros contábeis e das DIPJ relativas aos anos calendário auditados. Da análise dos Livros de Apuração de ICMS, ficou constatado a existência de receitas de vendas de mercadorias escrituradas nos meses de janeiro de 2003 a dezembro de 2005, consideradas como base de cálculo do IRPJ e Contribuições, que não foram declaradas pela empresa, conforme consta do Quadro Demonstrativo às fls. 49. Diante do exposto, foram lavrados os Autos de Infração, com base no Lucro Arbitrado, sobre as diferenças apuradas no período de janeiro de 2003 e dezembro de 2005, para instruir a cobrança do crédito tributário correspondente. Após ter ciência dos Autos de Infração, a Contribuinte interpôs as seguintes impugnações aos autos de infração: COFINS (fls. 211/217); CSLL (fls. 224/230); IRPJ (fls. 237/243) e Contribuição para o PIS (fls. 250/256); todas com o mesmo conteúdo, conforme os fatos e fundamentos que se passa a expor: DO VALOR DO PRINCIPAL Quanto ao valor do principal, constatouse que o agente fiscalizador não verificou a eventual existência de pagamento dos valores imputados ao Impugnante, o que deve ser feito para fins de minorar o valor do principal. DO VALOR DA MULTA – NÍTIDO CARÁTER CONFISCATÓRIO No caso em análise, conforme se constata do Auto de Infração atacado, vêse que a multa cobrada pelo agente fiscalizador foi de 75% do valor do principal do débito atualizado, o que resulta em multa exorbitante, com nítido caráter confiscatório, pois atinge essencialmente o patrimônio do Impugnante, fugindo à sua finalidade. Diante do nítido caráter confiscatório da multa imposta, deve ela ser reduzida para 20%, o que requer a Impugnante. DA APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS JUROS DE MORA Fl. 309DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 294 5 Os juros de mora foram calculados de forma cumulativa, ou seja, composta, o que é expressamente vedado pela legislação pátria e coibido pela jurisprudência e doutrina. Notase, portanto, que o agente autuante aplicou os juros mês a mês de forma composta, ou seja, efetuou a capitalização dos juros, realizando os cálculos do débito aplicando os juros sobre o valor encontrado no mês anterior que já continha juros. Assim, devem ser calculados os juros de forma simples. DOS PEDIDOS Requer que se julgue insubsistente o Auto de Infração, determinandose ao agente autuante que expurgue do valor principal eventuais valores pagos por esta empresa, que afaste a multa imposta com caráter confiscatório e que expurgue a aplicação de juros cumulados para o caso em comento. 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 267): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 MATÉRIA NÃO CONTESTADA. ARBITRAMENTO DO LUCRO. BASE DE CÁLCULO. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela impugnante. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA (TAXA SELIC) INCONSTITUCIONALIDADE. Não está compreendida no espectro de competência das Autoridades Administrativas de Julgamento a apreciação de alegação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 3. Cientificada da referida decisão em 17/08/2010 (fls. 276), a tempo, em 14/09/2010, apresenta a interessada Recurso de fls. 278 a 283, instruído com os documentos de fls. 284 a 288verso, nele reafirmando a inconstitucionalidade da taxa Selic exigida e a confiscatoriedade da multa de ofício aplicada. Em mesa para julgamento. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 295 6 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Inconstitucionalidade da Taxa de juros Selic 4. Dispõe o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010 (grifouse): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 5. Relativamente à questão da incidência da taxa Selic para atualização de débitos tributários, é o seguinte o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), na sistemática de Repercussão Geral (art. 543B do CPC): 1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Taxa Selic. Incidência para atualização de débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da legalidade e da anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se trata de imposição tributária. [...]. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 582461, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/05/2011, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe158 DIVULG 17082011 PUBLIC 18082011 EMENT VOL0256802 PP00177) Confiscatoriedade da multa de ofício 6. Tratandose de alegação de inconstitucionalidade de lei, incide na espécie a Súmula CARF nº 2, de seguinte teor: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Fl. 311DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 19647.020839/200852 Acórdão n.º 1803002.221 S1TE03 Fl. 296 7 Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 312DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 13971.902783/2009-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3201-000.494
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
EDITADO EM: 07/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, e Mônica Elisa de Lima. Ausente justificadamente a Conselheira Ana Clarissa Masuko Araújo. O Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto declarou-se impedido.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator. EDITADO EM: 07/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, e Mônica Elisa de Lima. Ausente justificadamente a Conselheira Ana Clarissa Masuko Araújo. O Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto declarou-se impedido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 07/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira, e Mônica Elisa de Lima. Ausente justificadamente a Conselheira Ana Clarissa Masuko Araújo. O Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto declarouse impedido. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 71 .9 02 78 3/ 20 09 -7 9 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 13971.902783/200979 Resolução nº 3201000.494 S3C2T1 Fl. 166 2 Por bem descrever os fatos ocorridos até o julgamento da instância a quo, transcrevese abaixo o relatório do acórdão recorrido, seguido da sua ementa e das razões recursais: Trata o presente processo de Declaração de Compensação – DCOMP apresentada pela contribuinte acima qualificada. Em análise da compensação intentada, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC entendeu de não homologála, em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para o pagamento de débitos da própria contribuinte. Irresignada com a não homologação de sua compensação, encaminhou a contribuinte manifestação de inconformidade, na qual alega que a razão para a não homologação é a de que alocou incorretamente, em DCTF apresentada, recolhimentos anteriormente efetuados. Com a decisão da DRF/Blumenau/SC, tratou de retificar a DCTF para fins de corrigir o erro. Pede, assim, a homologação da compensação. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis (SC) julgou improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 07 25.729, de 26/07/2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Novamente inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs recurso voluntário tempestivamente, reiterando, em suma, os argumentos suscitados em sua defesa original. O processo foi distribuído e sorteado a este Conselheiro, seguindo o rito regimental. É o relatório. Voto Fl. 167DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 13971.902783/200979 Resolução nº 3201000.494 S3C2T1 Fl. 167 3 Conselheiro Daniel Mariz Gudiño O recurso voluntário atende os pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores, razão pela qual deve ser conhecido. Conforme se depreende do relatório, o núcleo do presente contencioso cingese aos efeitos do procedimento adotado pela Recorrente no sentido de retificar a sua DCTF para legitimar o crédito informado em DCOMP pretérita. A instância a quo, sem entrar no mérito da existência do crédito, entendeu que a compensação é indevida, pois o crédito utilizado pela Recorrente somente passou a existir formalmente após a retificação da DCTF. Por outro lado, a Recorrente alega que o direito creditório sempre existiu, tendo havido apenas um erro formal na DCTF e no DACON originais, o que pode ser verificado pela fiscalização em seus registros contábeis. É certo que o contencioso administrativo fiscal deve ser guiado pelo princípio da verdade material, segundo o qual os formalismos exacerbados devem ser afastados para que prevaleça a realidade dos fatos. Os fatos relacionados ao caso concreto sucederamse da seguinte forma: o DARF que originou o crédito em discussão foi pago em 14/01/2005, a DCOMP foi transmitida em 16/06/2005, o despacho decisório foi proferido em 09/04/2009, a retificação da DCTF ocorreu em 21/04/2009, e a do DACON, em 05/05/2009. A partir da análise dos fatos, percebese que, ao tempo em que a DCOMP foi transmitida, a informação de que a Receita Federal dispunha era o pagamento do DARF para a quitação do débito de Cofins nãocumulativa referente à competência 12/2004, não havendo, até a emissão do despacho decisório, qualquer informação de que o referido débito não era devido. Por essa razão, o despacho decisório não mereceria reparos. A questão que se coloca aqui é outra. Tendo verificado o suposto erro na informação prestada em sua DCTF, quando da ciência do despacho decisório, a Recorrente procedeu à retificação imediata e apresentou manifestação de inconformidade reconhecendo o equívoco cometido. Contudo, não prestou informações sobre a origem do erro ou provas. Posteriormente, já em sede recursal, a Recorrente alegou que o motivo da retificação da DCTF do 4º trimestre de 2004 foi mudança do regime de apuração da Cofins para receitas de hotelaria, nos termos da Portaria Interministerial nº 33, de 2005. Segundo a nova sistemática, a Recorrente teria apurado um saldo credor no mês de outubro de 2004, razão pela qual o valor que já havia recolhido tornouse indevido. Para comprovar que a sua apuração era realizada parte com base no regime não cumulativo e parte com base no regime cumulativo, a Recorrente apresentou os livros contábeis (razão, diário e registro de serviços – efls. 74, 80 e 110, respectivamente), o demonstrativo de cálculo da Cofins no período (efl. 46) e o comprovante de recolhimento com o código de receita 5856 – Cofins não cumulativa (efls. 47). A jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF tem sido flexível acerca do assunto, admitindo a retificação extemporânea da DCTF, desde que Fl. 168DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 13971.902783/200979 Resolução nº 3201000.494 S3C2T1 Fl. 168 4 o interessado prove o equívoco cometido, ou seja, a existência do crédito à época em que a DCOMP foi transmitida. Confirase: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. ÔNUS DO SUJEITO PASSIVO. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação. (Acórdão nº 3802002.345, Rel. Cons. Solon Sehn, Sessão de 29/01/2014) ......................................................................................................... DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde o que não ocorreu. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. (Acórdão nº 3801002.926, Rel. Cons. Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Sessão de 25/02/2014) ......................................................................................................... DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. (Acórdão nº 3302002.124, Rel. Cons. Alexandre Gomes, Sessão de 22/05/2013) Considerando que, no caso concreto, a Recorrente teve que refazer a apuração da Cofins desde maio de 2004, por força da Portaria Interministerial nº 33, de 2005, e demonstrado que ela efetuou pagamento de Cofins nãocumulativa referente à competência de outubro de 2004, quando, segundo a nova sistemática de apuração, nada deveria recolher, verificase que o direito creditório da Recorrente é líquido e certo. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 13971.902783/200979 Resolução nº 3201000.494 S3C2T1 Fl. 169 5 Embora a Recorrente somente tenha feito prova dos fatos narrados acima em sede recursal, em homenagem ao princípio da verdade material, as provas devem ser admitidas no julgamento deste CARF. Nesse particular, transcrevese a ementa de um interessante julgado, a saber: ERRO FORMAL PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL PREVALÊNCIA. Embora a DCTF seja o documento válido para constituir o crédito tributário, se o contribuinte demonstra que as informações nela constantes estão erradas, pois foram por ele prestadas equivocadamente, deve ser observado o princípio da verdade material, afastando quaisquer atos da autoridade fiscal que tenham se baseado em informações equivocadas. DCTF COM INFORMAÇÕES ERRADAS TRIBUTO PAGO INDEVIDAMENTE CRÉDITO EXISTENTE HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. O PIS apurado e recolhido sob a sistemática cumulativa, quando o contribuinte submetiase a não cumulatividade, em competência cujo saldo de PIS a pagar, segundo esta sistemática, foi zero, consubstanciase em recolhimento indevido. Crédito apto a ser utilizado em compensação, cuja homologação deve ser reconhecida. (Acórdão nº 3302001.212, Rel. Cons. Fabíola Cassiano Keramidas, Sessão de 01/09/2011) Superado, então, o entendimento de que a Recorrente não poderia juntar provas em fase recursal nem retificar a sua DCTF em momento posterior ao despacho decisório, proponho a conversão do presente julgamento em diligência para que a Delegacia da Receita Federal de Fiscalização de Blumenau/SC para que confirme, ou não, se as alegações da Recorrente estão lastreadas em sua escrita contábil e fiscal, considerando todo o suporte documental constante dos autos. Concluída a diligência, a Recorrente deverá ser intimada para, querendo, manifestarse acerca do termo de conclusão de diligência no prazo de 30 (trinta) dias. Em seguida, a Procuradoria da Fazenda Nacional deverá ser intimada para os mesmos fins no mesmo prazo. Após o decurso desses prazos, o processo deverá retornar para o CARF para que o julgamento seja retomado por este Conselheiro ou quem lhe fizer as vezes. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator Fl. 170DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO
score : 1.0
Numero do processo: 10111.000506/2007-08
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 21/05/2007
Ementa:
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DO OBJETO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3801-004.297
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso em razão da concomitância. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr.Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 21/05/2007 Ementa: AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DO OBJETO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso em razão da concomitância. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr.Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 21/05/2007 Ementa: AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DO OBJETO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso em razão da concomitância. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr.Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 00 05 06 /2 00 7- 08 Fl. 716DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 717 2 Relatório Tratamse de autos de infração referentes à multa específica pelo erro na classificação fiscal do equipamento descrito a seguir e às diferenças de tributos incidentes na importação (IPI, COFINS e PIS) decorrentes desse erro. Conforme consta no campo descrição dos fatos e enquadramento legal dos autos de infração o motivo do lançamento é o seguinte: O contribuinte, quando do registro da Declaração de Importação, classificou a mercadoria em tela na NCM 8525.20.13. Entretanto, considerando o Ato Declaratório Interpretativo n.º 22, de 20/08/2004, e levandose em conta também o Acórdão da 1ª Turma da DRJ n.º 6607, de 23/04/2004, a correta classificação na NCM para a mercadoria em tela é 8526.91.00. Portanto, considerando o erro na classificação fiscal, cobrase multa de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria, de acordo com o artigo 84 da MP 245835/2001. A essa multa não se aplica a redução prevista no artigo 6° da Lei 8.218, de 29 de agosto de 1991, conforme previsto no artigo 81, inciso IV, da Lei n° 10.833/2003. Em sua impugnação a Recorrente aponta que o auto é nulo porque não contém a devida descrição dos fatos e a fundamentação legal da exigência, contrariando assim o disposto nos incisos III e IV, respectivamente, do art. 10 do Decreto n.º 70.235/1972. No tocante ao mérito, a impugnante aduz que o equipamento importado é utilizado exclusivamente integrado a um sistema denominado OmniSAT, tendo como função propiciar o envio e recebimento de mensagens de texto entre a administração de uma empresa ou entidade e seus veículos e considerando as regras do sistema harmonizado a classificação adotada está correta, ou seja, a impugnante informa que seguiu as orientações constantes na Seção XVI da NCM, em especial as Notas 3, 4 e 5, que dispõem sobre a classificação fiscal de combinação de máquinas e define o que deve ser considerado como tal. Conclui que, diante dessas regras e tendo em vista as características técnicas e a destinação funcional da máquina importada, está correta a classificação fiscal utilizada: 8525.20.13. Para reforçar seu entendimento, a impugnante apresenta a definição dada pela Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL aos serviços vinculados ao MCT, bem como as exigências feitas por esse órgão no tocante à homologação e ao funcionamento desse equipamento, inclusive o recolhimento da Taxa de Fiscalização de Instalação – TFI e da Taxa de Fiscalização de Funcionamento – TFF. Sustenta que essas circunstâncias são suficientes para afastar qualquer dúvida acerca da inaplicabilidade de norma legal direcionada à atividade de radionavegação, que não é mencionada em seu Estatuto Social, nem nos atos que autorizaram a prestação dos referidos serviços. Para comprovar suas afirmações a impugnante juntou laudo técnico emitido pela Universidade de Brasília (UnB), que traz informações que confirmam o enquadramento tarifário adotado pelo importador. Fl. 717DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 718 3 Apresentada a impugnação a DRJ converteu o julgamento em diligência para os fins de ser averiguada uma possível concomitância e para complementar as informações existentes, com base nas seguintes determinações: a) providenciar cópia da petição inicial e das decisões já proferidas, relativas aos processos judiciais supra indicados – MS nº 2004.34.00.0066088 e AO nº 005392661.2010.4.01.3400 (caso a Unidade não disponha desses documentos, verificar a possibilidade de obtêlos junto à PFN); b) trazer ao processo outros documentos ou esclarecimentos que a autoridade preparadora entenda necessários ou relevantes à instrução destes autos e ao consequente julgamento da presente lide; e c) cientificar o sujeito passivo da presente Resolução e de seu resultado, bem como do prazo de 30 (trinta) dias para se manifestar. A autoridade preparadora adotou as providências solicitadas e elaborou Informação Fiscal com cerca de 70 páginas na qual reitera os argumentos já apresentados pela fiscalização e traz ainda alguns esclarecimentos adicionais, especialmente sobre a definição da função principal desempenhada pelo MCT e sobre as regras de classificação fiscal aplicáveis ao caso. A impugnante tomou ciência da diligência e de seu resultado e apresentou sua manifestação sobre esses procedimentos apontando que as ações relacionadas não se referem à classificação, mas apenas o direito ao desembaraço do equipamento importado sem óbices das autoridades aduaneira; que os novos elementos trazidos pela fiscalização não devem ser levados em consideração, por sua juntada tardia, contrariando assim ao disposto no art. 16, § 4o, do Decreto no 70.235/1972 e art. 57, § 4o, do Decreto no 7.574/2011. Embora tais dispositivos sejam dirigidos à impugnação, seu conteúdo se aplica com maior razão à fiscalização, tendo em vista o disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN); que a matéria ora discutida foi objeto de análise por parte do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), antigo Conselho de Contribuintes, e pela Câmera Superior de Recursos Fiscais (CSRF). Ambos decidiram em favor da impugnante. Posteriormente, em face de quatro novas autuações, o CARF deu provimento, novamente à unanimidade e no mérito, aos recursos voluntários no 143.883;; 143.902;; 143.903 e 143.905 (processos no 10111.000538/200452;; 10111.000427/200446;; 10111.000462/200465 e 10111.000547/ 200447, respectivamente). Portanto, uma vez que o tema já foi apreciado pela instância máxima do contencioso administrativo, esperase a aplicação de referidos precedentes à hipótese dos presentes autos, de forma a respeitar a segurança jurídica; e, que a Solução de Consulta SRRF/9ª RF nº 361, de 2006, trata de equipamento distinto do MCT, motivo pelo qual não se presta para justificar a manutenção da autuação. A DRJ manteve o auto com base na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 16/09/2005 INÉPCIA DO LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É válido o lançamento cuja descrição das ocorrências e enquadramento legal permitam a perfeita compreensão dos fatos Fl. 718DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 719 4 pelo autuado, mormente quando a realização de diligência oportuniza dirimir eventuais dúvidas. DILIGÊNCIA. JUNTADA DE DOCUMENTOS ANTERIORES AO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. Quando da realização de diligência, é admissível que a fiscalização junte novos documentos para esclarecer os fatos em causa, ainda que tenham sido produzidos antes do lançamento. DOCUMENTO GRAFADO EM IDIOMA ESTRANGEIRO. AUSÊNCIA DE TRADUÇÃO JURAMENTADA. ADMISSIBILIDADE. A ausência de tradução juramentada de documento grafado em idioma estrangeiro não impede sua utilização nos autos, desde que fique demonstrada a ausência de prejuízo para as partes envolvidas. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 16/09/2005 TERMINAL MÓVEL DE COMUNICAÇÃO DO SISTEMA OMNISAT. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O Terminal Móvel de Comunicação do Sistema OmniSAT se enquadra no código 8526.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul, pois se trata de uma combinação de máquinas cuja função principal é desempenhada pelo receptor GPS nele inserido, que fornece as informações necessárias para a supervisão do deslocamento do veículo em que ele é instalado. ERRO NA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE PRODUTO IMPORTADO. MULTA ESPECÍFICA. DIFERENÇAS DE TRIBUTOS. O erro na classificação fiscal de mercadoria importada configura infração punível com multa específica, sem prejuízo da cobrança de ofício das MP nº 2.2002 de 24/08/2001 diferenças de tributos eventualmente apuradas, com os acréscimos legais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Apresentou a Recorrente a presente manifestação de inconformidade com base nos mesmos argumentos anteriormente apontados. Após a indicação do presente processo para a pauta a recorrente informou a existência de concomitância com a Ação Ordinária n.º 004787847.2014.4.01.3400 em curso perante a Justiça Federal de Brasília para discutir o mérito dessa e das demais autuações, havendo inclusive obtido liminar favorável determinando a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários. É o que importa relatar. Fl. 719DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 720 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Conforme informação trazida pela própria Recorrente em sede de Recurso Voluntário, há a existência de concomitância no presente caso, diante do ajuizamento da Ação Judicial n.º 004787847.2014.4.01.3400 em curso perante a Justiça Federal de Brasília. Naquele processo foi deferida tutela antecipada que tem o seguinte teor, conforme consta do site1 do tribunal: Tratase de pedido de antecipação de tutela em ação sob o rito ordinário, ajuizada por AUTOTRAC COMÉRCIO E TELECOMUNICAÇÕES S.A., em face da UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), objetivando que a ré se abstenha de qualquer prática tendente a interromper ou suspender o despacho, o desembaraço aduaneiros ou a liberação do equipamento denominado Terminal Móvel de Comunicação MCT, importado pela Autora, ao fundamento de que a classificação fiscal correta seria a de aparelho de radionavegação, objeto da posição 8526.91.00, da Nomenclatura Comum do Mercosul – MCT, bem como seja determinado que a Ré se abstenha de adotar quaisquer atos de cobrança. Como pedido sucessivo, requer seja obstado a prática de quaisquer atos de cobrança, ao menos relativamente às penalidades, notadamente a multa do IPI supostamente recolhidos a menor. Relata que o NCT é um equipamento que permite a comunicação entre os ocupantes do veículo e a central de gestão da frota, normalmente a sede da empresa proprietária dos veículos. Narra que sempre classificou, em suas importações, o equipamento na posição relativa à comunicação, mas vem sendo autuada pela exigência da adoção da classificação fiscal do equipamento na posição de radionavegação, com a respectiva cobrança da diferença dos produtos devidos daí decorrentes, bem como das penalidades aplicadas. Juntamente com a inicial vieram os documentos de fls. 57/2.090. É o relatório. Decido. 1 file:///C:/Documents%20and%20Settings/hp/Meus%20documentos/Downloads/55896167f38310b927333f5c2a6e 6b52.pdf Fl. 720DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 721 6 O deferimento da tutela antecipada requer prova inequívoca, a ponto de convencer o juiz da verossimilhança das alegações, risco de dano irreparável, ou de difícil reparação, caso não concedida no início do processo, nos termos do art. 273 do CPC. De início, constato que o pedido relativo à abstenção de qualquer prática tendente a interromper ou suspender o despacho, o desembaraço aduaneiros ou a liberação do equipamento denominado Terminal Móvel de Comunicação – MCT, já foi apreciado no Processo nº 5392661.2010.4.01.3400, que tramitou perante a 17ª Vara Federal desta Seção Judiciária (fls.701/762), conforme reconhecido pela própria Autora, à fl. 51. Assim, houve confirmação em sentença da tutela antecipada deferida em sede de agravo de instrumento, sendo que os autos foram remetidos ao TRF 1ª Região, para análise do recurso da União (Fazenda Nacional), conforme movimentação processual. Em relação ao pedido de abstenção relativa aos atos de cobrança, tais como negativa de expedição de regularidade fiscal, inclusão da empresa no CADIN e ajuizamento de Execuções Fiscais dos débitos passados e futuros, verifico ser imprescindível a análise do acervo probatório colacionado pela Autora acerca da classificação fiscal do MCT, se trata de equipamento de comunicação ou de radionavegação. Nesse aspecto, a Autora demonstra que o referido equipamento já foi classificado como de comunicação pelo Conselho de Contribuintes, em acórdãos confirmados pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, reconhecendo que a classificação adotada pelo Fisco é incorreta (fls. 93/254). No mesmo sentido vão os Laudos Periciais da Universidade de Brasília e do Instituto Nacional de Tecnologia – INT (fls. 256/284 e 286/313), bem como as Soluções de Consulta da Receita Federal juntadas às fls. 315 e 317 e mesmo o Manual do Usuário juntado à fl.87. Vislumbro, portanto, a verossimilhança das alegações da parte Autora. Comprovado também o presente o perigo da demora, tendo em vista os prejuízos e constrangimentos decorrentes dos débitos decorrentes da classificação fiscal. Ante o exposto, DEFIRO EM PARTE O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA para suspender a exigibilidade do crédito tributário decorrentes da não adoção pela Autora da classificação fiscal do MCT na posição de aparelho de radionavegação, objeto da posição 8526.91.00 da NCM e determinar à Ré que se abstenha de adotar quaisquer atos de cobrança, tais como negativa de expedição de regularidade fiscal, inclusão da empresa no CADIN e ajuizamento de Execuções Fiscais dos respectivos débitos. Fl. 721DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 722 7 Para tanto, deverá haver substituição da referida posição pela 8525.20.13, referente à Resolução Camex nº 42/01; e 8517.62.71, referente às Resoluções Camex nº 43/06 e 94/11. Prejudicada análise, nesse momento processual, do pedido de abster a suspensão do despacho, do desembaraço aduaneiro ou a liberação do equipamento, pois já foram concedidas no Processo nº 5392661.2010.4.01.3400, que tramitou perante a 17ª Vara Federal desta Seção Judiciária. Intimese, nos termos do requerido no item a.4, à fl. 53 Após, citese. Brasília (DF), 31 de julho de 2014. CRISTIANE PEDERZOLLI RENTZSCH Juíza Federal em auxílio à 16ª Vara da SJDF Evidente que tal demanda tem o mesmo objeto do presente processo. Nos termos do art. 5°, XXXV, da Constituição Federal, é assegurado a todos o acesso ao Poder Judiciário para defesa de seus direitos, sendo que as decisões judiciais transitadas em julgado se revestem do caráter de definitividade e de imutabilidade, sendo, portanto, a ultima ratio na solução de conflitos. Submetida determinada matéria à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão se reveste do caráter definitivo e imutável prevalecendo na ordem jurídica, qualquer outra discussão paralela mostrase inoportuna e ineficiente, diante do fato de que prevalecerá a decisão judicial. O tema não merece maiores digressões e já se encontra sumulado (Súmula CARF n° 1), que tem o seguinte teor: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, NÃO CONHEÇO do recurso voluntário, uma vez que a matéria já foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, não cabendo a este órgão administrativo colegiado a sua apreciação, pois configurada a renúncia à via administrativa. É como voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 722DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10111.000506/200708 Acórdão n.º 3801004.297 S3TE01 Fl. 723 8 Fl. 723DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 02/10/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 03/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10325.000765/2009-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF.
O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 - SC (2007/0176994-0), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos).
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL.
Quando não configurada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação e havendo antecipação do pagamento do imposto, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a contagem do prazo se inicia na data de ocorrência do fato gerador (CTN, Art. 150, § 4º), esclarecendo-se que o fato gerador do imposto sobre a renda se completa e se considera ocorrido em 31 de dezembro de cada ano calendário.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA.
Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA.
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. No entanto, restando identificada a origem dos recursos, não há que se falar em omissão de rendimentos a que alude o caput do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA.
De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2102-003.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo da infração os depósitos das contas bancárias números 263-1 e 75401-3, mantidas no Banco Bradesco.
Assinado digitalmente
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS - Presidente.
Assinado digitalmente
CARLOS ANDRÉ RODRIGUES PEREIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jose Raimundo Tosta Santos (Presidente), Alice Grecchi, Nubia Matos Moura, Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 - SC (2007/0176994-0), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. Quando não configurada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação e havendo antecipação do pagamento do imposto, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a contagem do prazo se inicia na data de ocorrência do fato gerador (CTN, Art. 150, § 4º), esclarecendo-se que o fato gerador do imposto sobre a renda se completa e se considera ocorrido em 31 de dezembro de cada ano calendário. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA. Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. No entanto, restando identificada a origem dos recursos, não há que se falar em omissão de rendimentos a que alude o caput do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2630; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2‐C1T2 Fl. 1.193 1 1.192 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10325.000765/200987 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.055 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de agosto de 2014 Matéria IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Recorrente ARMELINDO FERRARI JUNIOR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICASE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 00 07 65 /2 00 9- 87 Fl. 1193DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.194 2 decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. Quando não configurada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação e havendo antecipação do pagamento do imposto, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a contagem do prazo se inicia na data de ocorrência do fato gerador (CTN, Art. 150, § 4º), esclarecendose que o fato gerador do imposto sobre a renda se completa e se considera ocorrido em 31 de dezembro de cada ano calendário. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA. Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. No entanto, restando identificada a origem dos recursos, não há que se falar em omissão de rendimentos a que alude o caput do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1194DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.195 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo da infração os depósitos das contas bancárias números 2631 e 754013, mantidas no Banco Bradesco. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente. Assinado digitalmente CARLOS ANDRÉ RODRIGUES PEREIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jose Raimundo Tosta Santos (Presidente), Alice Grecchi, Nubia Matos Moura, Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 1.155/1.191, interposto contra decisão da DRJ em Fortaleza/CE, de fls. 1.123/1.148, que julgou procedente o lançamento de IRPF de fls. 03/14 dos autos, lavrado em 19/05/2009, relativo aos anoscalendário 2004, 2005 e 2006, com ciência do RECORRENTE em 29/05/2009 (fl. 15). O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 3.082.404,82, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75%. De acordo com a descrição dos fatos às fls. 05 a 08, o lançamento teve origem naS seguinte infrações: “001 – DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Intimado a comprovar a origem dos valores depositados em suas contascorrentes bancárias, o contribuinte em comento se limitou a informar que ‘todos os valores depositados em sua conta corrente tiveram como origem a atividade rural oriunda Fl. 1195DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.196 4 de venda de gado bovino tanto para Frigoríficos quanto para outros Produtores Rurais’. A Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, dispõe, em seu artigo 42, o seguinte: ‘Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.’ Logo, tendo sido o contribuinte regularmente intimado a comprovar a origem dos depósitos efetuados em suas contas correntes e o mesmo não ter apresentado a idónea e hábil documentação comprobatória, enquadrase no que estabelece o referido artigo legal, que impõe a caracterização de tais valores creditados em contas de depósito como omissão de rendimento. Frisese que o contribuinte em apreço não apresentou um documento sequer destinado à comprovação a que foi intimado. Sendo assim, os mencionados depósitos serão tributados como rendimentos omitidos, a partir da tabela progressiva do IRPF. Fato Gerador 31/01/2004 29/02/2004 31/03/2004 30/04/2004 31/05/2004 30/06/2004 31/07/2004 31/08/2004 30/09/2004 31/10/2004 30/11/2004 31/12/2004 31/01/2005 28/02/2005 31/03/2005 30/04/2005 31/05/2005 30/06/2005 31/07/2005 31/08/2005 30/09/2005 31/10/2005 30/11/2005 31/12/2005 31/01/2006 Valor Tributável ou Imposto R$ 176.988,83 R$ 160.169,90 R$ 189.911,89 R$ 147.802,52 R$ 52.663,07 R$ 120.947,00 R$ 232.529,16 R$ 185.913,66 R$ 136.299,29 R$ 188.566,90 R$ 209.713,01 R$ 132.813,22 R$ 149.988,80 R$ 141.846,94 R$ 76.578,93 R$ 248.128,49 R$ 139.801,83 R$ 225.308,81 R$ 166.163,65 R$ 154.171,90 R$ 183.708,62 R$ 180.278,37 R$ 116.556,23 R$ 277.230,19 R$ 277.940,60 Multa(%) 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 Fl. 1196DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.197 5 28/02/2006 31/03/2006 30/04/2006 31/05/2006 30/06/2006 31/07/2006 31/08/2006 30/09/2006 31/10/2006 30/11/2006 31/12/2006 R$ 90.749,81 R$ 240.828,86 R$ 118.980,71 R$ 89.421,95 R$ 122.545,65 R$ 106.344,92 R$ 52.617,24 R$ 39.783,65 R$ 53.256,62 R$ 32.596,68 R$ 16.710,24 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00 Enquadramento legal: Art. 849 do RIR/99 (Lei n° 9.430, de 1996, art. 42);; Art. 1º da Medida Provisória nº 22/2002 convertida na Lei nº 10.451/2002; Art. 1º da Lei nº 11.119/05; Art. 1º da Lei nº 11.311/06.” De acordo com a Solicitação de Emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF) de fls. 42/45, o RECORRENTE foi selecionado para fiscalização na operação Movimentação Financeira Incompatível com Rendimentos Declarados nos anoscalendário 2004 a 2006. Contudo, o mesmo apresentou somente parte dos extratos de movimentação financeira solicitados pela fiscalização. Assim, “o MM. Newton Pereira Ramos Neto, Juiz Federal Substituto no Maranhão, respondendo pela Subseção de Imperatriz, em decisão proferida no processo n° 2006.18091, em 12/12/2006, com fundamento no [parágrafo] 4º do art. 1° da Lei Complementar n° 105/2001, por haver graves indícios da prática de crimes contra a ordem tributária e a previdência social, decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do contribuinte fiscalizado”, razão pela qual foi lavrada a RMF. De posse dos extratos, a autoridade fiscal intimou o RECORRENTE para comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contascorrente, conforme relação de fls. 81/88. Em resposta, o RECORRENTE simplesmente informou que “todos os valores depositados em sua conta corrente tiveram como origem a atividade rural oriunda de venda de gado bovino tanto para Frigoríficos quanto para outros Produtores Rurais” (fl. 92). Assim, considerou como rendimentos omitidos os valores não justificados creditados em suas contascorrente e autuou o RECORRENTE, de acordo com o art. 849 do RIR/99. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 1197DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.198 6 Em 29/06/2009, o RECORRENTE apresentou, tempestivamente, sua impugnação de fls. 933/956, por meio da qual expôs, em síntese, a seguinte matéria de defesa: I. o lançamento tributário em discussão é pautado, unicamente, na simples presunção de omissão de rendimentos, sob a alegação de que o contribuinte não apresentou documentação que fizesse prova da origem dos recursos depositados em suas contas bancárias; II. afirma que houve verdadeiro equivoco por parte do Auditor Fiscal, como se vislumbra a existência de erros graves na determinação da suposta matéria tributável, em afronta ao art. 142 do CTN, na medida em que deveria ser observada a verdade material; III. aponta erro na identificação do fato gerador ao final de cada ano calendário, uma vez que, nos termos do §4° do art. 42 da Lei n° 9.430/96, o imposto incide no mês pela tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito na conta bancária, contudo o fisco lançou a tributação em 31 de dezembro, sob o entendimento de que, apesar da indicação dos valores mensais dos depósitos supostamente nãocomprovados, teria ocorrido um único fato gerador; IV. estariam decadentes os créditos tributários relativos aos meses de janeiro a abril do anocalendário de 2004, cujos fatos geradores ocorreram antes da ciência do RECORRENTE (que aconteceu em 29/05/2009), nos termo do art. 150, § 4º, do CTN, pois o IRPF é devido mensalmente; V. no mérito, alega que apresentou a resposta informando que lodos os valores depositados em sua conta corrente tiveram como origem a atividade rural oriunda de venda de gado bovino tanto para Frigoríficos quanto para outros Produtores Rurais, o que é confirmado pelas declarações de rendimentos de fls. 23/39, conforme Receitas identificadas às fls. 27, 33 e 39 dos autos; VI. se houvesse alguma dúvida sobre a origem da receita da atividade rural, o caminho seria o fisco intimar o contribuinte para apresentação da documentação correspondente. Entretanto nenhuma dúvida foi levantada pela fiscalização com relação Receita da Atividade Rural, haja vista que em nenhum momento houve qualquer arguição ou contestação quanto aos valores declarados pelo contribuinte, isto é, foram aceitos na sua totalidade; VII. não entende porque o ilustre AuditorFiscal deixou de considerar os valores da receita da atividade rural como origem daqueles depositados nas contascorrente, até porque, nos anoscalendário de 2005 e 2006, a receita declarada pelo contribuinte (R$ 2.324.625,57 e R$ 1.506.945,72, respectivamente) superou o montante taxado pela fiscalização como depósitos de origem não comprovada (R$ 2.059.762,76 e R$ 1.241.776,93, respectivamente); Fl. 1198DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.199 7 VIII. acredita que restou devidamente demonstrada a origem dos recursos que resultaram nos depósitos bancários apontados pela fiscalização. A uma, que diante da resposta à única intimação lavrada pela fiscalização, de fl. 80, o fisco em momento algum exigiu a documentação a ela pertinente (notas fiscais), e tampouco negou sua existência nos autos. A duas, que no cálculo do imposto apurado, o Auditor Fiscal efetuou o abatimento do imposto correspondente aos rendimentos declarados pelo contribuinte, inclusive do correspondente à atividade rural; IX. apresentou, anexo à sua impugnação, a documentação correspondente à receita da atividade rural dos períodos fiscalizados (original das notas fiscais de venda e/ou nota fiscal de entrada emitida pelo destinatário dos produtos – fls. 957/1.121); X. ademais, a fiscalização considerou, na apuração do imposto supostamente devido, todos os rendimentos declarados pelo contribuinte, inclusive aqueles decorrentes da atividade rural, conforme se verifica pelos demonstrativos de fls. 09/11; XI. entende que as informações da atividade rural constante das declarações de rendimentos são suficientes à comprovação dos depósitos bancários; XII. seria ilógico e irreal exigir do contribuinte pessoa física, manter complexos controles de suas operações financeiras, até mesmo em razão das peculiaridades que a atividade rural possui, porquanto os produtos (gado) são vendidos em lotes grandes e posteriormente entregues de forma fracionada e raramente no mesmo momento em que são comercializados. E também porque praticamente todas as vendas são feitas a prazo, o que toma impossível a vinculação dos valores recebidos com as notas fiscais; XIII. agiu displicentemente a fiscalização ao intimar o contribuinte por uma única vez para comprovar a origem dos recursos, não exigindo a documentação concernente à receita da atividade rural, e até mesmo ignorandoa no contexto dos autos, contudo optando pela lavratura do auto de infração como se os depósitos bancários fossem de origem desconhecida; XIV. afirma que o lançamento requer prova segura da ocorrência do fato gerador do tributo, bem como a observância de práticas inerentes e indispensáveis ao procedimento que envolve a autuação fiscal; XV. não se pode olvidar que a receita do contribuinte é substancialmente oriunda da atividade rural (mais de 97%). Então, obviamente que os valores recebidos transitaram por suas contas bancárias. O inusitado seria pensar que o contribuinte não fez transitar pelos bancos tão volumosos recursos, só o fazendo com relação a recursos de origem supostamente desconhecida; Fl. 1199DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.200 8 XVI. depósitos bancários, por si só, não autorizam o lançamento efetuado, já que não constituem fato gerador do imposto de renda, haja vista não caracterizar disponibilidade de renda e proventos, não podendo, por consequência, caracterizar sinais exteriores de riqueza; XVII.cabe à autoridade administrativa a prova da efetiva renda do recorrente com estes depósitos e qual o rendimento que o mesmo proporcionou. No entanto, a fiscalização não produziu prova alguma de que os créditos tiveram origem em rendimento tributável não declarado; XVIII. a autoridade fiscal não tem o ônus legal de provar, mas o dever constitucional de investigar e provar o suporte fático tributário, em atendimento às exigências dos princípios da legalidade, da motivação e da própria definição legal de lançamento (art. 142 do CTN). No entanto, ao intimar o contribuinte uma única vez para comprovar a origem dos depósitos, a fiscalização não buscou a verdade material; XIX. a movimentação financeira constante de extratos bancários nem sempre configura a infração omissão de rendimento. Tratase de elemento indiciário que necessita de outros para se promover uma ligação causal entre uma forma de evasão (omissão de vendas, subfaturamento, omissão de rendimentos, etc.) e os respectivos depósitos, objetivandose uma convicção segura acerca do contribuinte fiscalizado; XX. portanto, a presunção de renda estabelecida por uma lei ordinária não pode afetar o conceito de renda delimitado por outra norma que tem força de lei complementar, no caso o CTN, o que afrontaria, inclusive, a expressa determinação de seu art. 110. Neste sentido, requereu fosse julgada procedente a sua Impugnação, com o cancelamento do auto de infração em questão e a extinção do crédito tributário correspondente. DA DECISÃO DA DRJ A DRJ, às fls. 1.123/1.148 dos autos, julgou improcedente a impugnação, conforme acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 10 de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção Fl. 1200DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.201 9 legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, por meio de documentos hábeis os quais devem coincidir em datas e valores com os valores creditados. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALORES DECLARADOS PELO CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE VINCULO COM OS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para que os valores declarados como atividade rural pelo contribuinte sejam considerados como origem dos recursos correspondentes aos depósitos bancários, é necessário que haja efetiva comprovação da correlação entre os depósitos e os valores declarados. FATO GERADOR ANUAL. APURAÇÃO MENSAL. SIMPLES METODOLOGIA. RENDIMENTOS PRESUMIVELMENTE AUFERIDOS POR DEPÓSITOS SEM ORIGEM COMPROVADA. 0 art. 83, inciso I, do RIR11999 fixou uma regra geral, no sentido de que todos os rendimentos percebidos durante o ano compõem a base de cálculo do imposto devido no ano calendário, exceto os rendimentos isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos tributação definitiva. Como os rendimentos presumivelmente auferidos por depósitos bancários sem origem comprovada não se situam entre as exceções acima apontadas, estão sujeitos à apuração anual do IRPF. Os §§ 1º e 4° do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, visam apenas detalhar a metodologia utilizada, de modo a facilitar o direito de defesa do sujeito passivo, sem mexer na periodicidade do IRPF. FATO GERADOR.OMISSA0 DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Os rendimentos presumidamente omitidos com base no artigo 42, da Lei 9.430/96, estão sujeitos ao ajuste anual e, por isso, o fato gerador é anual e ocorre no dia 31 de dezembro do correspondente ano. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. DECADÊNCIA Dada sua natureza complexiva, o fato gerador do imposto de renda da pessoa física, que abarca, em regra, a universalidade das rendas auferidas ao longo do anocalendário, incluídos os rendimentos omitidos, caracterizados por depósitos bancários de Fl. 1201DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.202 10 origem não comprovada, ocorre em 31 de dezembro de cada ano. Descabida a argüição de decadência mensal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 • NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Uma vez que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há que se cogitar nulidade processual, nem nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e as judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. Impugnação Improcedente Credito Tributário Mantido” DO RECURSO VOLUNTÁRIO O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 07/12/2011, conforme faz prova o “Aviso de Recebimento” de fl. 1.154, protocolizou o seu recurso voluntário de fls. 1.155/1.191 em 04/01/2012 (fl. 1.155). Em suas razões de recurso, a RECORRENTE reiterou as afirmações de sua impugnação, que já estão detalhadas na presente decisão. Por todo o exposto, requereu fosse cancelado o lançamento. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Fl. 1202DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.203 11 Conselheiro Carlos André Rodrigues Pereira Lima O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Preliminares Arguição de inconstitucionalidade Quanto às alegações de inconstitucionalidade levantadas pelo RECORRENTE, devese esclarecer que, de acordo com o disposto na Súmula nº 02 deste órgão julgador administrativo, esta é matéria estranha à sua competência, a conferir: “SÚMULA CARF Nº 02 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Decadência O RECORRENTE alega em seu recurso que os créditos tributários que tiveram origem em fatos geradores ocorridos nos meses de janeiro e maio de 2004 foram atingidos pela decadência, nos termos do art. 150, §4º, do CTN, haja vista a ciência do lançamento ter ocorrido somente em 29/05/2009. Contudo, não merece prosperar a alegação do RECORRENTE. No que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/0176994 0), em 12 de agosto de 2009, com acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), da relatoria do Ministro Luiz Fux, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do Fl. 1203DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.204 12 débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” O RECORRENTE, no caso, apresentou sua declaração de rendimentos referente ao anocalendário 2004 e havia pago imposto no respectivo anocalendário. Sendo Fl. 1204DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.205 13 assim, aplicase ao caso a regra do art. 150, § 4º, do CTN, devendo a contagem do prazo decadencial se iniciar na data de ocorrência do fato gerador. O CARF possui o entendimento firme de que o fato gerador do imposto sobre a renda se completa e se considera ocorrido em 31 de dezembro de cada ano calendário, conforme excerto abaixo: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 NULIDADE DO LANÇAMENTO. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, dentro de uma lógica razoável e nos prazos devidos, o seu direito de defesa. PRESCRIÇÃO. ART. 174 DO CTN. TERMO INICIAL. DATA DA CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO. A ação para cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data de sua constituição definitiva. Tornase definitivo o lançamento quando o contribuinte, notificado, deixa de impugnar, intimado da decisão, deixa de recorrer, ou é intimado da decisão final não mais sujeita a recurso. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. Existindo a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte, o termo inicial da contagem do prazo decadencial será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, Art. 173, I). Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, I, do CTN Quando não configurada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação e havendo antecipação do pagamento do imposto, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a contagem do prazo se inicia na data de ocorrência do fato gerador (CTN, Art. 150, § 4º), esclarecendo se que o fato gerador do imposto sobre a renda se completa e se considera ocorrido em 31 de dezembro de cada ano calendário. DIRPF. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. RIR/1999. Conforme comanda o Regulamento do Imposto de Renda/1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999), todas as deduções estão sujeitas a comprovação, a juízo da autoridade administrativa. Regularmente intimado, compete ao contribuinte trazer a documentação hábil e idônea, específica para cada caso, na forma da legislação aplicável, a fim de comprovar que faz jus às deduções pleiteadas. (arts. 73, 77, 78 e 80) Fl. 1205DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.206 14 MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. AUMENTO EM CASO DE NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO Presentes os pressupostos de exigência, cobrase multa de ofício pelo percentual legalmente determinado. (Art. 44, da Lei 9.430/1996). Os percentuais de multa serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. MULTA AGRAVADA DE 150%. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO POR PRESUNÇÃO É a espécie de multa que tem por conteúdo a agravação da penalidade. É aplicada quando a Administração demonstra, por elementos seguros de prova, no Auto de Infração, a existência da intenção do sujeito infrator de atuar com dolo, fraudar ou simular situação perante o Fisco. A autuação com base em presunção de dolo não autoriza o Fisco ao agravamento da multa proporcional, ao percentual de 150%. O ônus, neste caso, quanto à situação fática que consubstancie o agravamento da multa, é da Administração Fiscal. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4) Recurso Voluntário Provido em Parte. (processo nº 10980.725701/201183,1ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF, julgado em 18/02/2014) No presente caso, deve ser considerados como data do fato gerador os dias 31/12/2004, 31/12/2005 e 31/12/2006, uma vez que o lançamento mais remoto referese ao anocalendário 2004. Tendo em vista que o RECORRENTE tomou ciência do presente auto de infração em 29/05/2009 (fl. 15), resta nítido que não ocorreu a decadência de nenhum dos anos calendários (2004, 2005 e 2006). Assim, entendo que o crédito tributário relativo ao anocalendário 2004 não foi atingido pela decadência. Da quebra do sigilo bancário No presente caso, não há que se falar em qualquer tipo de quebra de sigilo bancário por parte da autoridade fiscal, tendo em vista que os extratos bancários de fls. 93/927 foram fornecidos pelos bancos por solicitação da Receita Federal após a quebra do sigilo bancário do RECORRENTE decretada por ordem judicial (fls. 42/45). Por óbvio, de posse dos extratos bancários apresentados pelo RECORRENTE, a Secretaria da Receita Federal tinha o poder/dever de efetuar o lançamento Fl. 1206DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.207 15 caso fosse constatada qualquer irregularidade, desde que respeitado o prazo decadencial de 05 (cinco) anos. Assim, restam infundadas tais alegações, tendo em vista que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Portanto, ao verificar que o presente caso se enquadrava na hipótese de omissão de receita do art. 42 da Lei nº 9.430/96, a autoridade fiscal tinha o dever de efetuar o lançamento, como de fato o fez. Desta forma, não há qualquer irregularidade cometida pela autoridade lançadora. Da cotitularidade das contas correntes O julgador administrativo deve analisar, de ofício, quaisquer outras questões que impliquem em modificação ou nulidade do lançamento. Nesse sentido, convém destacar que o presente lançamento não pode prosperar em relação a duas contas correntes do Banco Bradesco (c/c nº 263/1 da agência 2595/0 e c/c nº 75401/3 da agência 3291/3), tendo em vista que tais contas bancárias são mantidas pelo RECORRENTE em cotitularidade com outra pessoa. Da análise do documento de fls. 395/396 fornecido pelo Banco Bradesco, percebese que a conta corrente nº 263/1, agência 2595/0, pertencente ao RECORRENTE, é do tipo solidária com a Sra. Francine Adilia Rodante Ferrari (CPF 642.864.95353). Notese, inclusive, que vários cheques de tal conta corrente foram assinado pela Sra. Francine, conforme fls. 593/602. Da mesma forma, o documento de fls. 400/401 informa que a c/c nº 75401/3, da agência 3291/3 do Banco Bradesco, em nome do RECORRENTE, é de natureza solidária com o Sr. Edvando Cassio Arouca. Desta forma, a autoridade lançadora deveria ter intimado todos os cotitulares das contas bancárias analisadas, o que importa em nulidade do lançamento. Tal tema encontrase pacificado neste Conselho, razão pela qual invoco o teor da Súmula CARF nº29: Fl. 1207DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.208 16 “Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” Portanto, deve ser declarada a nulidade do lançamento no que diz respeito às contas mantidas em cotitularidade, quais sejam: (i) Banco Bradesco, agência 2595/0, c/c nº 263/1; e (ii) Banco Bradesco, agência 3291/3, c/c nº 75401/3. Deste modo, conforme planilhas de fls. 81/88, deve ser afastado da tributação o montante de R$ 2.731.723,99 (total de depósitos nas contas nº 263/1 e nº 75401/3 do Bradesco), devendo ser observada a seguinte divisão correspondente a cada anocalendário fiscalizado: Cancelamento da tributação sobre os seguintes valores: 2004 R$ 739.450,68 2005 R$ 1.270.950,42 2006 R$ 721.322,89 Contudo, mantemse a análise do lançamento apenas em relação à tributação sobre depósitos efetuados nas demais contas bancárias, por não haver indicação de que as mesmas são mantidas pelo RECORRENTE em cotitularidade com outra pessoa Neste sentido, após a constatação de nulidade parcial acima, a parte do lançamento que deve ser mantida para análise de mérito é a seguinte: Manutenção do lançamento em relação aos seguintes valores: 2004 R$ 1.194.867,77 2005 R$ 788.812,34 2006 R$ 520.454,04 Mérito Presunção de omissão de receitas (art. 42 da Lei nº 9.430/96), Anoscalendário 2004, 2005 e 2006 Em princípio, devese esclarecer que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente Fl. 1208DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.209 17 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” A presunção de omissão de receita estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza o lançamento quando a autoridade fiscal verificar a ocorrência do fato previsto, não sendo necessária a comprovação do consumo dos valores. A referida matéria já foi, inclusive, sumulada por este CARF, razão pela qual é dever invocar a Súmula nº 26 transcrita a seguir: “SÚMULA CARF Nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei Nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Portanto, ao contrário do que defende o RECORRENTE, é legal a presunção de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, a qual pode ser elidida por prova em contrário, o que, no entendimento desse julgador, ocorreu parcialmente no presente caso, conforme abaixo exposto. A autoridade fiscal resolveu realizar o lançamento, mesmo após declaração do RECORRENTE de que “todos os valores depositados em sua conta corrente tiveram como origem a atividade rural oriunda de venda de gado bovino” (fl. 92). Anoscalendário 2004, 2005 e 2006 O RECORRENTE declarou em sua DIRPF (fls. 35/39) como receita da atividade rural o valor total de R$ 694.000,00 (fl. 39), que corresponde ao valor das notas fiscais de venda de bovinos acostada às fls. 957/978 (referentes ao anocalendário 2004). Importante ressaltar que o valor do lançamento mantido deve sofrer a forma normal de tributação, não podendo ser apurado como se fosse decorrente de atividade rural. É que a atividade rural possui uma forma de tributação exclusiva, mais benéfica ao contribuinte, pois o mesmo pode deduzir das receitas os custos/investimentos aplicados na atividade rural. Por isso, deve haver sempre a comprovação da natureza de tal rendimento, por esta gozar de uma tributação mais benéfica. Devese esclarecer que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” Fl. 1209DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.210 18 É legal, portanto, a presunção de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, a qual pode ser elidida por prova em contrário, o que não aconteceu no presente caso. A única forma de evitar tributação é a comprovação, pelo contribuinte, da origem dos recursos depositados nas contas correntes mediante documentação hábil e idônea. Não basta alegar que os recursos em conta são oriundos da atividade rural, ainda que se acostes exemplares de notas fiscais, dado que no conjunto das contas bancárias o valor movimentado é superior à receita declarada para a mesma atividade. O art. 15 do Decreto nº 70.235/72 determina que a defesa do contribuinte deve estar acompanhada de toda a documentação em que se fundamentar: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. O art. 16, § 4º, do mesmo Decreto, prevê que a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: “a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Sobre o mesmo tema, importante transcrever acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 1998 PERÍCIA OU DILIGÊNCIA NÃO COMPROVAÇÃO DA IMPRESCINDIBILIDADE REJEIÇÃO A prova pericial surge como meio para suprir a carência de conhecimentos técnicos do julgador para solução do litígio. Afinal, não é admissível que o julgador seja detentor de conhecimentos universais para examinar cientificamente todos os fenômenos possíveis de figurar na seara tributária. Por seu turno, a diligência objetiva trazer luzes sobre algum ponto obscuro apreendido nos autos. Não comprovada a necessidade da diligência ou perícia para subsidiar a solução da controvérsia, devese rejeitar a pretensão do recorrente. IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS REGIME DA LEI Nº 9.430/96 POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar Fl. 1210DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.211 19 o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS ATIVIDADE RURAL E ATIVIDADE ECONÔMICA DESENVOLVIDA POR FIRMA INDIVIDUAL AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DO ALEGADO REJEIÇÃO DA COMPROVAÇÃO Não basta simplesmente alegar que os depósitos bancários de origem não comprovada são provenientes da atividade rural ou de atividade econômica desenvolvida por firma individual. Ausente a prova do alegado, cujo ônus era do recorrente, hígida a presunção de omissão de rendimento estribada no art. 42 da Lei nº 9.430/96. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS TRAZIDA NA FASE DA AUTUAÇÃO AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO DO DEPOSITANTE PELA FISCALIZAÇÃO DESNECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DA CAUSA DOS DEPÓSITOS E DA EVENTUAL TRIBUTAÇÃO DESSES VALORES NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/96 Comprovada a origem dos depósitos bancários, caberá a fiscalização aprofundar a investigação para submetê los, se for o caso, às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos, na forma do art. 42, § 2º, da Lei nº 9.430/96. Não se pode, simplesmente, ancorarse na presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96, obrigando o contribuinte a comprovar a causa da operação, e se esta foi tributada. Conhecendo a origem dos depósitos, inviável a manutenção da presunção de rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430/96. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA CRÉDITOS BANCÁRIOS EXCLUÍDOS PELA FISCALIZAÇÃO MATÉRIA ESTRANHA AO AUTO DE INFRAÇÃO AUSÊNCIA DE LITÍGIO Excluídos determinados créditos bancários pela autoridade autuante, não remanesce qualquer controvérsia a ser solucionada no rito do contencioso administrativo fiscal. Recurso voluntário provido em parte. (recurso voluntário nº 159994; 1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; julgamento em 04/02/2009)” Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10325.000765/200987 Acórdão n.º 2102003.055 S2‐C1T2 Fl. 1.212 20 Esclareçase, também, que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Assim, considero insubsistentes as alegações do RECORRENTE, devendo ser mantido o lançamento decorrente da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, excluídas da base de cálculo da infração os depósitos realizados no anocalendário 2004, nas contas (i) Banco Bradesco, agência 2595/0, c/c nº 263/1 e (ii) Banco Bradesco, agência 3291/3, c/c nº 75401/3. Portanto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para excluir da base de cálculo da infração os depósitos das contas bancárias números 2631 e 754013, mantidas no Banco Bradesco. Assinado digitalmente Carlos André Rodrigues Pereira Lima Relator Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 08/10/2014 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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Numero do processo: 16004.720167/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2007, 2008
PROVA EMPRESTADA. DOCUMENTOS EXTERNOS.
Se os documentos que serviram de base para o lançamento tributário, originários de fonte externa, tiveram a sua validade corroborada por investigações complementares promovidas pela autoridade fiscal autuante, há que se manter as imputações infracionais deles decorrentes.
PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. APURAÇÃO DE RENDA TRIBUTÁVEL. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA.
Os depósitos bancários de origem não comprovada permitem a caracterização de receitas omitidas que integram a apuração do lucro na sistemática a que se sujeita a contribuinte. Quando omissos os esclarecimentos exigidos do sujeito passivo acerca de sua escrituração, a legislação autoriza o arbitramento da base tributável mediante a aplicação de coeficientes sobre a receita apurada, ainda que por meio de presunção.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE.
Mantém-se a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o evidente intuito de fraude.
MULTA DE OFÍCIO. JUROS MORATÓRIOS.
Nos termos da legislação de regência, procede a incidência de juros de mora com base na taxa SELIC sobre a multa de ofício não paga no vencimento.
Em consonância com o art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. No crédito tributário estão compreendidos o valor do tributo e o valor da multa.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. FUNDAMENTOS LEGAIS. CONSTATAÇÃO FÁTICA. PROCEDÊNCIA.
Se a autoridade executora do procedimento de fiscalização logra êxito na demonstração da relação direta de determinada pessoa com as situações que constituem fatos geradores das obrigações tributárias (interesse comum), resta configurada a responsabilização pelo crédito tributário constituído, sendo autorizada, assim, a inclusão de referida pessoa no pólo passivo das obrigações constituídas por meio de Termo de Sujeição Passiva Solidária.
LANÇAMENTOS DECORRENTES.
Aplica-se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito entre ambos.
Numero da decisão: 1301-001.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier que excluía a sujeição passiva solidária, e Wilson Fernandes Guimarães que aplicava juros de 1% sobre a multa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (Presidente). Presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinhos Machado (Suplente Convocado). Presidiu a sessão o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães.
(assinado digitalmente)
Wilson Fernandes Guimarães - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Carlos Augusto de Andrade Janier e Luiz Tadeu Matosinhos Machado (Suplente Convocado).
Nome do relator: Paulo Jakson da Silva Lucas
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Solidário: OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2007, 2008 PROVA EMPRESTADA. DOCUMENTOS EXTERNOS. Se os documentos que serviram de base para o lançamento tributário, originários de fonte externa, tiveram a sua validade corroborada por investigações complementares promovidas pela autoridade fiscal autuante, há que se manter as imputações infracionais deles decorrentes. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. APURAÇÃO DE RENDA TRIBUTÁVEL. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA. Os depósitos bancários de origem não comprovada permitem a caracterização de receitas omitidas que integram a apuração do lucro na sistemática a que se sujeita a contribuinte. Quando omissos os esclarecimentos exigidos do sujeito passivo acerca de sua escrituração, a legislação autoriza o arbitramento da base tributável mediante a aplicação de coeficientes sobre a receita apurada, ainda que por meio de presunção. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o evidente intuito de fraude. MULTA DE OFÍCIO. JUROS MORATÓRIOS. Nos termos da legislação de regência, procede a incidência de juros de mora com base na taxa SELIC sobre a multa de ofício não paga no vencimento. Em consonância com o art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. No crédito tributário estão compreendidos o valor do tributo e o valor da multa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 01 67 /2 01 1- 51 Fl. 1614DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 2 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. FUNDAMENTOS LEGAIS. CONSTATAÇÃO FÁTICA. PROCEDÊNCIA. Se a autoridade executora do procedimento de fiscalização logra êxito na demonstração da relação direta de determinada pessoa com as situações que constituem fatos geradores das obrigações tributárias (interesse comum), resta configurada a responsabilização pelo crédito tributário constituído, sendo autorizada, assim, a inclusão de referida pessoa no pólo passivo das obrigações constituídas por meio de Termo de Sujeição Passiva Solidária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Aplicase à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito entre ambos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier que excluía a sujeição passiva solidária, e Wilson Fernandes Guimarães que aplicava juros de 1% sobre a multa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes (Presidente). Presente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinhos Machado (Suplente Convocado). Presidiu a sessão o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães. (assinado digitalmente) Wilson Fernandes Guimarães Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Carlos Augusto de Andrade Janier e Luiz Tadeu Matosinhos Machado (Suplente Convocado). Fl. 1615DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 12 3 Relatório Contra a empresa epigrafada foram lavrados os autos de infração de fls. 769/810, que se prestaram a exigir o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e respectivos consectários legais, como também a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep – PIS, relativos a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2007 (3º e 4º trimestre) e 2008, em razão da constatação de o sujeito passivo, devidamente intimado, não ter comprovado a origem dos depósitos realizados em sua conta bancária. Segundo relatado pelas autoridades fiscais que conduziram o procedimento de auditoria, a fiscalização originouse em atenção à requisição do Ministério Público Federal em São José do Rio Preto, por meio do Ofício MPF nº 3.006/2009 (fl. 719), no contexto de operação realizada pela fiscalização fazendária estadual e as Polícias Civil e Militar, denominada de “Operação Ouro Branco”, que visou apurar fraudes tributárias relacionadas ao mercado de borracha (utilização indevida de créditos de ICMS pelas “indústrias pneumáticas”, a saber: Goodyear do Brasil Produtos de Borracha Ltda e Pirelli Pneus Ltda). Assim como o sujeito passivo das autuações que redundaram no processo ora relatado, também a empresa SP LATEX COMERCIO DE ARTEFATOS DE BORRACHAS LTDA (CNPJ nº 04.303.887/000148) foi objeto de investigação pela Receita Federal, no contexto da mesma operação. No referido TDF, encontramse arroladas “as pessoas da organização” que atuaram nessas empresas, com a descrição individualizada de sua atuação, o esquema da fraude fiscal (que envolvia a participação de “chefes”, “laranjas”, “colaboradores” e “clientes”) e a operação realizada, que envolveu a execução de 30 Mandados de Busca “em diversos estabelecimentos, residências e imóveis rurais”. No desenvolvimento dos trabalhos de auditoria fiscal, a fiscalização federal requisitou “provas emprestadas” já produzidas pela fiscalização estadual e também pelo Ministério Público Estadual, conforme autorização do Juízo de Direito da 5ª Vara Criminal do Fórum de São José do Rio Preto, onde tramitou o processo criminal. O início do procedimento de fiscalização federal deuse por meio do Termo de Início de Procedimento Fiscal, datado de 29/10/2010 (fls. 45/48), por meio do qual requisitouse a apresentação dos livros fiscais e comerciais, além de outros documentos e informações, inclusive dos extratos das contas bancárias da empresa. Acerca do seu conteúdo foi pessoalmente cientificado o gerente de produção da fiscalizada, em 03/11/2011. Relatam as autoridades fiscais que foi procedida representação para fins de inclusão de ofício no quadro societário da fiscalizada do Sr. OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN, em face das constatações ocorridas no procedimento fiscal, quando “ficou comprovado” que ele atuava como “administrador e proprietário de fato da Fl. 1616DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 4 empresa SOLBOR, desde 18/11/2006”, o que foi feito nos termos do art. 26 da Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.005/2010 (fls. 251/264). A convicção no sentido que o Sr. OSCAR efetivamente atuou como proprietário e administrador da empresa desenvolveuse em face de “documentos/papéis” apreendidos pela fiscalização estadual, os quais encontramse descritos no TDF (fls. 742/749). Além desses, a fiscalização relatou os seguintes fatos que “também corroboraram a evidenciar que o Sr. Oscar já era o administrador e proprietário de fato da SOLBOR”: A O fato de em 24 de setembro de 2009, no desfecho das investigações da "Operação Ouro Branco", o Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen, acompanhado de seus advogados, compareceu ao Gabinete do GAECOGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Núcleo de São José do Rio Preto SP, na presença dos Promotores de Justiça, para prestar Declaração a Termo. Na referida Declaração, depois de legalmente advertido do direito de permanecer calado sobre o que lhe fosse perguntado, o declarante esclareceu que, até a data da morte de seu pai, Roberto Lucato Hansen, ocorrida em 17 de novembro de 2006, ele não exerceu qualquer ato de administração nos negócios e nas empresas de seu genitor. Após tal fato, por ser herdeiro, tomou a frente administrativa dos negócios e empresas da família, dentre as quais a Solbor e a Agrolatex Agroindustrial (atual SP Látex), conforme fls. 619 a 640; B. O fato de em 07/10/2009, logo em seguida à deflagração da OPERAÇÃO OURO BRANCO (04/09/2009), ter sido formalizada a ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL da empresa SOLBOR BENEFICIAMENTO DE LÁTEX LTDA (registrada na JUCESP em 08/10/2009), em que os sócios Francisco Borges de Sousa Júnior (com 3.000 quotas no valor de R$3.000,00) e Agrícola Carandá Ltda (com 147.000 quotas no valor de R$147.000,00), com o capital já totalmente integralizado, TEREM DOADO (a título GRATUÍTO) a totalidade do capital de R$150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) a OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN. Caracterizado ficou, que, os sócios laranjas transferiram a totalidade do capital ao real dono e administrador de fato, nada recebendo em contrapartida (doando as quotas), pois, se efetivamente não eram sócios de nada, também nada tinham a receber (fls. 97 a 104). Em resposta ao referido Termo de Início de Procedimento Fiscal, a fiscalizada, por meio do referido Sr. Oscar, veio informar a impossibilidade de apresentar alguns dos livros fiscais solicitados, alegando estarem eles de posse da fiscalização estadual (conforme protocolo de entrega apresentado). Apresentou, tãosomente, o contrato social e suas alterações, e requereu mais 90 dias de prazo para a apresentação dos demais livros e documentos solicitados. Foilhe concedido um prazo adicional de 20 dias para tanto. Transcorrido o prazo concedido pelas autoridades fiscais, a fiscalizada manifestouse afirmando que os demais documentos solicitados também estariam “sob a guarda da Receita Estadual, e já foram solicitados conforme protocolo em anexo”. Aduziu, ademais, que: No entanto, a Fiscalizada está aguardando a devolução dos mesmos e, tão logo estes sejam recebidos, a Fiscalizada se compromete a fornecêlos a essa D.Fiscalização, com a devida identificação. Isso se faz necessário para que a Fiscalizada possa segregar e fundamentar os lançamentos bancários, em especial aqueles que derivam de mútuos e/ou outras operações de mero trânsito financeiro, bem como identificar os respectivos comprovantes. ..." Fl. 1617DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 13 5 Como não houve a apresentação dos extratos bancários, e considerando a existência de interpostas pessoas no quadro societário da fiscalizada, no período objeto da fiscalização, “foi emitida a RMFRequisição de Informação Sobre Movimentação Financeira ao Banco Bradesco S/A, sob n° 08107002010001010, tendo a referida Instituição Financeira, nos fornecido os dados então solicitados fls. 265 a 618”. E, com base nas informações prestadas pela referida instituição financeira, e “considerando que até aquela data nenhum livro fiscal/contábil ou documento fora apresentado por parte do contribuinte”, foi elaborado o Termo de Intimação e Reintimação Fiscal (fls. 115/123), datado de 25/01/2011, por meio do qual a fiscalizada foi intimada a “comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos ingressados nas contas bancárias de titularidade de V.Sa., cujos créditos encontramse descritos na planilha” integrante do termo. Na mesma oportunidade, a fiscalizada foi reintimada a apresentar os livros comerciais (“Livros Diário e Razão ou Livros Caixa”). Referida intimação foi encaminhada pelos Correios, por meio de correspondência com Aviso de Recebimento (AR), que foi recebida no domicílio tributário da fiscalizada em 01/02/2011. Em resposta a essa intimação, inicialmente o Sr. OSCAR apresentou o Livro Caixa, relativo ao anocalendário de 2008 e informou que não escriturou o livro no ano calendário de 2007. Passados mais alguns dias, protocolou pedido de prorrogação de prazo para o atendimento da comprovação da origem dos créditos bancários, alegando, novamente, que “boa parte” dos documentos ainda estariam de posse da fiscalização estadual. Transcorrido o prazo adicional concedido pela fiscalização (15 dias), a fiscalizada manifestouse informando que “apesar de estar envidando seus melhores esforços, ainda não foi capaz de proceder ao levantamento da documentação solicitada”. A fiscalização analisou as informações contidas no LivroCaixa e concluiu que “os lançamentos efetuados não descreveram os dados necessários à identificação da operação que resultou o respectivo crédito/depósito, simplesmente utilizandose de históricos sem conteúdo esclarecedor, portanto, insuficiente à realização desta Auditoria Fiscal (conforme cópia do LIVRO CAIXA em anexo fls. 126 a 231).” Dessa forma, procedeuse a uma nova intimação para que a fiscalizada comprovasse a origem “dos recursos ingressados em sua conta bancária do Bradesco S/A”, assim como esclarecer a movimentação de valores de suas contas bancárias com origem/destino nas contas bancárias da empresa SP LÁTEX (já referenciada), conforme créditos relacionados nesse novo termo de intimação (fls. 235/247), datado de 21/03/2011, devendo a intimada apresentar “os respectivos comprovantes documentais, hábeis à justificação”. A ciência dessa nova intimação também ocorreu por via postal, cuja correspondência foi recebida em 25/03/2011. E a fiscalizada voltou a se manifestar nos mesmos termos da sua última manifestação. Em face disso, as autoridades fiscais relataram suas conclusões nos seguintes termos (fl. 763): Passados mais de quarenta dias de sua ciência, o contribuinte não apresentou quaisquer documentos comprovantes das operações relacionadas no último Termo lavrado por esta Fiscalização, mencionado anteriormente, tendo, até a presente data, somente apresentado o LIVRO CAIXA do anocalendário de 2008, e mesmo assim, imprestável e insuficiente a qualquer análise, principalmente quanto à auditoria fiscal proposta, já que não traz o devido histórico de cada Fl. 1618DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 6 lançamento efetuado, de forma a identificar a origem dos recursos creditados/depositados ou a aplicação dos recursos debitados na contacorrente do contribuinte (no Banco Bradesco S/A). Em rápida verificação nos lançamentos do referido Livro Caixa, podese observar que não seguiu as normas contábeis regularmente aceitas, tendo partido de um saldo inicial "ZERO" e ainda efetuando lançamento referente ao ano anterior (2007), como se pode verificar na folha n° 2, logo no primeiro lançamento, com data de 02/01/2008: "integralização de Capital efetuada em 09/06/2007, no valor de R$150.000,00". Se o contribuinte quis demonstrar que durante todo o ano de 2007 só houve aquela entrada de recursos, já que nos declarou (respondendo à Intimação Fiscal) que não houve escrituração do Livro Caixa do anocalendário de 2007, distorcido ficou, já que verificamos ter havido grande movimentação financeira durante o ano de 2007. Se o objetivo do mencionado lançamento (retardado) foi de simplesmente "reforçar" seu CAIXA, também não conseguiu justificálo, pelo fato de ter infringido o princípio temporal, quanto à periodicidade. Concluído o procedimento investigatório, procedeuse a lavratura dos autos de infração já citados, que consideram a apuração do lucro pelo regime de arbitramento, com fulcro no disposto no art. 530, inc. II, do RIR/99, e aplicação da multa qualificada, justificada nos seguintes termos pelas autoridades fiscais: Do até aqui exposto, verificouse as formas dolosas e fraudulentas praticadas pelo contribuinte visando a sonegação dos Tributos incidentes, assim: • Quadro societário com sócios laranjas e omissão do real dono e administrador, conforme "item 1 e respectivos subitens" e "subitem 3.2", retro; • DIPJ Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica entregues com todos os campos de valores "zerados"; • Nenhum documento fiscalcontábil ou comprovante hábil apresentado, assim como nada comprovando quanto à origem dos recursos financeiros depositados/creditados nas contas bancárias. Em relação à utilização de laranjas, as autoridades fiscais manifestaramse nos seguintes termos: O contribuinte desenvolveu suas atividades com quadro societário em nome de "laranjas", ocultando durante todo o período sob fiscalização o seu real administrador e dono de fato, Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen, que somente apareceu como sendo o sócio unipessoal no Instrumento Particular de Alteração de Contrato Social com data de 07/10/2009 (registrado na JUCESP em 08/10/2009), quando recebeu, em DOAÇÃO, todas as quotas dos exsócios (100%), no valor de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), ou seja, o real dono da empresa somente passou a fazer parte do quadro societário da mesma, após a deflagração da "Operação Ouro Branco", ficando durante todo o período anterior, que inclui o período total sob fiscalização (2007 e 2008) exercendo suas atividades com o quadro societário composto de interpostas pessoas ("laranjas"), ou seja, operou com fraude e dolo, já que além de ter omitido o verdadeiro dono, também omitiu a respectiva receita decorrente dos depósitos/créditos realizados em sua contacorrente do Banco Bradesco S/A. A tabela 1 do referenciado TDF (fls. 765/766) consolida os valores mensais da omissão de receitas apuradas, relativas aos depósitos bancários sem origem comprovada, cujo montante do período fiscalizado atingiu a cifra de R$ 26.132.905,62. No pólo passivo das autuações foi incluído como solidário o referido Sr. OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN (CPF nº 214.423.97896), “por interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária, nos termos do art. 124, inciso I, da Lei ns 5.172/66 (Código Tributário Nacional)”, conforme Termo de Sujeição Passiva Fl. 1619DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 14 7 Solidária (TSPS) de fls. 813/814. A inclusão do Sr. OSCAR foi justificada nas conclusões do TDF, nos seguintes termos: Como já discorrido no "Item 1" deste Termo, sobre a "Operação Ouro Branco", em que no período sob fiscalização, claro ficou que o Sr. Oscar tanto foi o dono e administrador da Solbor quanto da SP Látex. Também ficou demonstrado no "subitem 3.4", que as transações financeiras entre as duas empresas foram intensas, de forma que os saldos credores das contas bancárias da SP Látex foram quase que totalmente transferidos/canalizados para a conta corrente da Solbor, no Banco Bradesco S/A (já que eram do mesmo dono). Nem necessitamos de outras requisições mais aprofundadas às Instituições Financeiras quanto aos lançamentos debitados nas contas bancárias das referidas empresas para se constatar que o Sr. Oscar (pessoa física) se beneficiou direta e/ou indiretamente dos recursos financeiros oriundos da atividade econômica exercida por ambas, podendo ser simplesmente detectado pelos históricos de alguns dos respectivos lançamentos, relacionados a seguir ... Também segue em anexo, o comprovante de depósito de 16/03/2007, no valor de R$1.385,00 creditado no Banco Real Agência 08150, Conta 87292671, a favor de OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN, cujo cheque depositado foi emitido por AGROLATEX AGROINDUSTRIAL LTDA (atual SP Látex), do Banco do Brasil Agência 33715, conta 78956. O referido depósito foi apreendido na posse do sócio laranja da Solbor, Sr. Francisco Borges de Sousa Junior, através do AALD n° 18298094, de 04/09/2009 fis. 659 a 666. A ciência dos autos de infração, assim como do TSPS, foi procedida por meio de correspondências enviadas pelos Correios, recebidas em 22/06/2011, conforme fazem prova os Avisos de Recebimento de fls. 815/817. O sujeito passivo interpôs impugnação aos lançamentos em 22/07/2011, conforme peça de fls. 820/843, firmada por procuradora regularmente estabelecida (fls. 844/846), alegando, em síntese, que: a) a impugnação é tempestiva; b) “é pessoa jurídica de direito privado constituída na forma de sociedade limitada, que se dedica à industrialização do produto Granulado Escuro Brasileiro GEB vendido como matériaprima para indústrias pneumáticas e fabricado pela Impugnante a partir do cernambi (resultado de tratamento do látex extraído da seringueira), adquirido de produtores rurais”; c) “em sede preliminar, necessário se faz demonstrar que o presente Auto de Infração deve ser cancelado em razão da sua precariedade”. Isso porque “as provas utilizadas como base do presente Auto de Infração não comprovam a ocorrência de qualquer ilícito em relação aos tributos administrados na esfera federal”. É que referidas provas foram obtidas no âmbito da chamada operação “Ouro Branco”, a qual “tinha como objetivo específico apurar supostos crimes de sonegação fiscal ocorridos na esfera estadual”, nela não havendo qualquer menção de que “as empresas investigadas teriam cometido supostos crimes relativos a tributos federais”; d) portanto, “a prova que deu origem ao presente Auto de Infração não tem aptidão de demonstrar qualquer envolvimento de sócios ou terceiros com o não pagamento de tributos federais devidos pela Impugnante. E, nesse sentido, também não é suficiente para justificar a desconsideração da personalidade jurídica da Fl. 1620DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 8 Impugnante ou a responsabilização do Sr. Hansen com base no artigo 124, inc. I do Código Tributário Nacional”. Ademais, no lançamento de ofício o ônus da prova (“seguras e convincentes”) recai sobre a fiscalização, conforme determina o art. 142 do CTN. Nesse sentido já se manifestou a jurisprudência administrativa, conforme ementas de acórdãos transcritas; e) “admitir que a operação OURO BRANCO seja suficiente como prova emprestada para provar (ou mesmo indicar) a ocorrência de ilícitos na esfera federal é afrontar o direito à ampla defesa e ao contraditório, previstos constitucionalmente”. Com efeito, “nos termos do entendimento pacífico do A. Supremo Tribunal Federal, não há que se falar em crime contra a ordem tributária antes de confirmada, na esfera administrativa, após o pleno exercício do devido processo legal, a existência, liquidez e exigibilidade da dívida, que deve ser objeto de lançamento regular pela autoridade administrativa, franqueandose, ato contínuo, ampla oportunidade para o sujeito passivo discutilo”. E no caso concreto tanto a impugnante como o Sr. OSCAR estão contestando a acusação do Fisco estadual, “sendo que o processo administrativo ainda está em trâmite, conforme fazem prova os inclusos documentos”; f) quanto à acusação da “suposta” omissão de receitas, encontravase impossibilitada de comprovar a origem dos depósitos bancários porque a documentação necessária para tanto se encontrava em poder da fiscalização estadual. Entretanto, “disponibilizou livrocaixa, devidamente escriturado, para auxiliar à D. Fiscalização em seu trabalho, enquanto tais dificuldades ainda não fossem superadas”; g) houve violação ao princípio da ampla defesa (e do contraditório) porque não deixou de comprovar a origem dos depósitos bancários e sim se encontrava impossibilitada de comproválos. Assim sendo, “não pode ser enquadrada na mesma categoria” dos contribuintes que se recusam de fazer tal comprovação, sob pena de “violação do princípio constitucional da igualdade em matéria tributária”; h) reconhece que “até o presente momento, a Impugnante não foi capaz de prestar todas as informações requisitadas, mas jamais se recusou a prestálas”; i) “não podem os depósitos bancários da Impugnante serem considerados omissão de receitas sem que isso tenha sido devidamente comprovado, o que, em nenhum momento, foi feito”; j) “o fato de a legislação admitir a tributação de depósitos não comprovados como omissão de receitas, não autoriza a Fiscalização a tributar, indiscriminadamente, toda e qualquer movimentação bancária. A tributação, quando cabível, deve ocorrer apenas após análise criteriosa da movimentação, pessoas envolvidas (origem e destino dos recursos) e documentação existente. A aplicação da lei não é uma atividade matemática, mas exige ponderação de fatos envolvidos, provas, elementos materiais e, especialmente, contexto. E o contexto da omissão de receitas não despreza, em nenhuma hipótese, o princípio da verdade material e da verificação de renda”, para não tornar o instituto legal em uma “arma a serviço do arbítrio e da injustiça”; k) “além de todas as ilegalidades e abusos expostos acima, o Auto de Infração em análise padece de vício insanável de dupla tributação de valores (bis in idem)”. Isso porque os lançamentos incluíram em sua base de cálculo valores de movimentação bancária da empresa SP LATEX, que foram objeto de lançamento efetuado contra ela (Processo Administrativo 16004720.166/201115). “Efetivamente, durante os anos de 2007 e 2008, a SP Látex transferiu parte de seus recursos para a Impugnante a título meramente gerencial e para suprimento de caixa e concentração dos fluxos em um só caixa. Essa transferência não gerou renda para a Fl. 1621DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 15 9 Impugnante, uma vez que não lhe trouxe qualquer acréscimo patrimonial. Ao contrário, esses recursos eram renda da SP Látex possivelmente derivados de suas atividades regulares, e por ela foram (ou deveriam ter sido) regulamente oferecidos à tributação”. Os depósitos recebidos da SP LATEX, “cuja origem, aliás, foi perfeitamente identificada pela Fiscalização, foram originados da própria SP Látex”; l) a configuração, no caso concreto, da ocorrência do bis in idem impõe o cancelamento integral do auto de infração, “que incorreu em vício de iliquidez e incerteza”; m) a multa aplicada nos lançamentos é ilegítima porquanto tem caráter confiscatório. Ademais, a majoração do percentual básico não se aplica ao caso em tela porque “a Impugnante sempre prestou todas as informações ao Fisco na medida do possível, buscando apresentar toda a documentação requisitada durante a ação fiscalizatória que, inclusive, foi o que permitiu a materialização do lançamento em questão , sendo nítida a sua boafé”; n) ainda quanto à multa exasperada, as hipótese prescritas no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96 não definem “de forma precisa a acepção que a D. Fiscalização teve com relação à conduta da Impugnante”. E essa situação deixa a impugnante “sem referência com respeito ao entendimento da D. Fiscalização sobre a sua própria conduta, i.e., que ação ensejou a capitulação da multa aplicada no Auto de Infração”. Isso é razão suficiente para o cancelamento da multa lançada, porque impossibilita o exercício da defesa “de forma ampla e adequada”. Não sabe ela, enfim, se descumpriu uma obrigação acessória ou qualquer das hipóteses prescritas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64; o) de resto, a respeito da multa aplicada nos autos, o antigo Conselho de Contribuintes já decidiu que a não se aplica a majoração da multa nos casos de “indícios ou mera presunção de omissão de receitas”, conforme se denota da ementa da decisão colacionada; p) a exigência de juros de mora sobre a multa lançada, “prática reiteradamente realizada pelas autoridades fiscais na lavratura de autos de infração”, é ilegal porque contraria o disposto no art. 61 da Lei nº 9.430/96, como já decidiu o antigo Conselho de Contribuintes e também a Câmara Superior de Recursos Fiscais (citações). “Assim, na remota hipótese de ser mantido o lançamento aqui combatido, não há que se admitir a incidência de juros sobre a parcela da multa de ofício”; Concluiu requerendo o cancelamento dos lançamentos. “Sucessivamente”, requereu o cancelamento da multa ou, no mínimo, “a sua relevação”, assim como o cancelamento “da parcela dos juros incidente sobre a multa”. O Sr. OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN também interpôs peça reclamatória (fls. 852/868 e anexos), “irresignado com os termos do Auto de Infração que o incluiu como responsável solidário”, que foi igualmente protocolada em 22/07/2011, e veio firmada por procuradoras regularmente estabelecidas (fls. 871/874). Na referida peça foram esposados os mesmos argumentos apresentados recém resumidos, acrescidos de específicos protestos acerca da sujeição passiva solidária, que seguem sintetizados: a) “jamais poderia ter sido responsabilizado solidariamente pelo débito da autuação ora combatida, tendo em vista que a empresa SOLBOR continua ativa e operando regularmente. Dessa forma, não há qualquer motivo para responsabilização solidária do Impugnante pelos tributos federais de uma empresa que está ativa perante a Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Fazenda Fl. 1622DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 10 Estadual cumprindo com todas as suas obrigações tributárias”. Os documentos anexados ao recurso, que incluem cópias de notas fiscais emitidas nesse ano de 2011 (assim como folha de salários pagos), comprovam sua situação ativa; b) ademais, em razão de ter sido enquadrada em regime especial de fiscalização pelo Fisco Estadual, até julho de 2010, suas operações eram rigorosamente fiscalizadas, fato esse que comprova sua regularidade; c) se a regularidade da empresa não bastar para excluir sua responsabilidade solidária, há que se considerar que, de qualquer forma, é ilegítima a sua figuração no pólo passivo da exigência fiscal, “pois, ao contrário do que estabelece o artigo 124, I, do CTN não existe qualquer interesse comum do Impugnante na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”; d) a definição da “verdadeira extensão e alcance semântico da expressão interesse comum”, é árida tarefa de interpretação para o “aplicador do Direito”, em razão da sua “vagueza e imprecisão”, como já oportunamente assinalado por Paulo de Barros Carvalho (citação). Por isso mesmo, na análise em questão impõese uma “extrema cautela” do intérprete/aplicador, “vigiando para que não haja transgressões à regra que estabelece a responsabilidade solidária em matéria tributária”, como alertado por “Marcus Vinícius Neder, Ilmo. Presidente da Sétima Câmara do E. Primeiro Conselho de Contribuintes” (citação). A lição que se extrai é que “a eleição de terceiro à condição de responsável solidário da obrigação tributária deverá atentar que, além de estar relacionado ao fato gerador, a pessoa física ou jurídica deverá possuir interesse jurídico comum em relação ao contribuinte ou responsável tributário. Esse interesse jurídico deverá decorrer da própria relação jurídica subjacente ao fato gerador da obrigação tributária, estando ambos terceiro e contribuinte do mesmo lado dessa relação jurídica que é pano de fundo da exação fiscal”. E “o entendimento do E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é no sentido de que a responsabilização de terceiro pelo pagamento do tributo exige que este também participe da conduta que gera a obrigação tributária” (citação); e) o caso em tela reflete situação semelhante àquelas cuja a responsabilidade solidária pelo interesse comum foi afastada pelo CARF, “por meio dos julgados acima mencionados, nos quais se ampliou indevidamente a abrangência do dispositivo em tela para elencar como solidários terceiros que jamais participaram das condutas que geraram os fatos geradores autuados”; f) além das decisões/situações comentadas o atual CARF também já se posicionou no sentido de que “para que possa ser levado à condição de responsável solidário, o terceiro deve estar numa posição tal que possa ser considerado contribuinte, nos termos do artigo 121 do CTN” (citação). E, no caso concreto, “em nenhum momento ficou comprovado pela Fiscalização que o Impugnante participou das operações que constituíram o fato gerador dos tributos exigidos da SOLBOR”, assim como também não “ficou demonstrado que o Impugnante agiu com o objetivo de obter vantagens indevidas com o suposto não recolhimento dos tributos federais”; g) “as pretensas provas anexadas a esses autos pela Fiscalização não tiveram como condão demonstrar que o Impugnante teria obtido qualquer vantagem ilícita com o suposto recolhimento a menor de tributos federais”. Ademais, a simples falta de recolhimento de tributos não autoriza a responsabilização dos sócios e o redirecionamento da execução fiscal. Por fim, o fato de não figurar no contrato social da empresa “não é ilícito suficiente a comprovar que o Impugnante agiu com excesso de poderes e infração à lei que deu origem aos créditos tributários federais objeto do lançamento”. Fl. 1623DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 16 11 O impugnante concluiu requerendo, “preliminarmente, o reconhecimento da precariedade do Auto de Infração”, que deve ser julgado improcedente. “No mérito”, pleiteou sua exclusão do pólo passivo. A autoridade julgadora de primeira instancia (DRJ/RIBEIRÃO PRETO/SP), decidiu a matéria, por meio do Acórdão 1435.791, de 10/11/2011, julgando improcedente a impugnação, tendo sido lavrada a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. ILÍCITO TRIBUTÁRIO ESTADUAL. PROCESSO CRIMINAL. PROVA EMPRESTADA. INOCORRÊNCIA. Evidenciado nos autos que os créditos tributários contestados foram apurados a partir de provas obtidas diretamente no procedimento de auditoria do Fisco Federal, e não de prova emprestada produzida pelo Fisco Estadual, não há que se falar de dependência da lide administrativa estadual, assim como da solução do processo criminal, para fins do julgamento dessa instância. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CSLL. PIS. COFINS. Lavrado o auto principal (IRPJ), devem também ser lavrados os autos reflexos, nos termos do art. 24, § 2º, da Lei nº 9.249/95, que devem seguir a mesma orientação decisória daquele do qual decorrem, observadas as especificidades de cada um. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA/IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.º 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receitas com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008 “BIS IN IDEM”. INOCORRÊNCIA. Não se comprova nos autos a alegada bis in idem, uma vez que cada exigência fiscal contestada recaiu sobre os respectivos créditos bancários das empresas fiscalizadas, os quais demandam comprovação documental de que não se tratam de receitas tributáveis. Fl. 1624DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 12 MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o evidente intuito de fraude. LANÇAMENTO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. Os juros de mora que integraram os créditos tributários incidiram tãosomente sobre os respectivos valores dos tributos lançados. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOGERENTE DE FATO. INTERESSE COMUM. Comprovado nos autos que o sujeito passivo solidário efetivamente atuou como sóciogerente da empresa, consubstanciada encontrase a relação de interesse comum entre esse e a sociedade que gerenciava, uma vez que o auferimento de resultados dela diretamente o beneficiava. Convém salientar que os autos do presente processo veio a julgamento por esta Turma Ordinária em Sessão do dia 07 de agosto de 2013, da qual por maioria de votos os membros da Turma resolveram sobrestar o julgamento nos termos do disposto no art. 62A, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF (Sigilo Bancário, matéria encontrase pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal em âmbito de Repercussão Geral). No entanto, em decorrência da revogação dos parágrafos 1o. e 2o. do citado art. 62A pela Portaria (GMF) 545, de 18/11/2013, pondo fim ao sobrestamento do feito, retorna o processo a julgamento por esta Corte Administrativa. É o relatório. Fl. 1625DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 17 13 Voto Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas Os recursos voluntários apresentados pela empresa fiscalizada (Solbor Beneficiamento de Látex Ltda e pelo responsável solidário (Sr. Oscar Victor Rollemberg Hanse) são tempestivos e assentes em lei. Deles conheço. Trata a lide de exigência de IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e COFINS), formalizados em razão da constatação de o sujeito passivo, devidamente intimado, não ter apresentado seus livros contábeis e fiscais nem comprovado a origem dos depósitos realizados em sua conta bancária. Os recursos serão apreciados em conjunto, por matéria, pois respaldamse nas mesmas contestações e argumentações, com algumas variações com relação à responsabilização solidária. 1) ALEGADA PRECARIEDADE DOS LANÇAMENTOS. PROVA EMPRESTADA 2) OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS 3) Exigência fiscal contra a SP LATEX. Alegado “bis in idem”. Alega a ora recorrente, inicialmente, que “as provas emprestadas do fisco estadual, assim como do processo criminal, não comprovam a ocorrência de qualquer ilícito em relação aos tributos administrados pela esfera federal”. Convém, aqui, reproduzir o seguinte fragmento do voto recorrido: Não procede o protesto aduzido pela impugnante, que em verdade ataca o mérito dos lançamentos e, portanto, não trata de questão preliminar. Com efeito, desde já é preciso ressaltar que as autuações combatidas na verdade não se valeram de quaisquer provas emprestadas. Os lançamentos impugnados cingiramse à exigência dos tributos federais (e respectivos acréscimos legais) devidos em relação à receitas omitidas à tributação pela contribuinte, correspondentes a créditos realizados em sua conta bancária cujas origens não foram por ela comprovadas, após ter sido intimada e reintimada para tanto (fls. 115/123 e 235/247). Destarte, as provas que fundamentaram os lançamentos foram obtidas diretamente da instituição financeira que administrava sua conta bancária (Banco Fl. 1626DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 14 Bradesco), disponibilizadas à fiscalização federal em atendimento à competente Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), de fls. 274/275. Tais provas encontramse devidamente acostadas ao processo (fls. 288/618). Vêse, portanto, que, ao contrário do alegado pela impugnante, a fiscalização cumpriu com o seu ônus de trazer aos autos as provas do ilícito tributário. Com relação à alegada prova emprestada, constatase do “Termo de Descrição dos Fatos” que integra o auto de infração, que a DRF/SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP após ter recebido Ofício e Peça Informativa do Ministério Publico Federal/Procuradoria da Republica de São José do Rio Preto requisitando início de Procedimentos Fiscais junto à contribuinte em epígrafe, solicitou autorização judicial para ter acesso aos dados apurados e produzidos pelo Fisco e Ministério Público do Estado de São Paulo. Em atendimento e com base no Convenio de Cooperação Técnica entre a União e o Estado de São Paulo, a Receita Estadual encaminhou cópia de inúmeros documentos, notas fiscais, livros fiscais e comerciais etc. A partir dos fatos retro descritos, foi instaurado procedimento fiscal na contribuinte, (TERMO DE INÍCIO DE PROCEDIMENTO FISCAL com data de 29/10/2010) intimandoa a apresentar os livros contábeis/fiscais, extratos bancários e demais documentos arrolados às fls. 45 a 49. Em resposta, por meio do Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen, veio informar a impossibilidade de apresentação do quanto exigido, alegando estarem eles de posse da fiscalização estadual (conforme protocolo de entrega apresentado) e requisitou prorrogação de prazo. Foilhe concedido um prazo adicional de 20 dias para tanto. Transcorridos todos os prazos concedidos pelas autoridades fiscais, a fiscalizada entregou só o Livro Caixa, relativo ao anocalendário de 2008 e informou que não escriturou o livro no ano calendário de 2007. Manifestase afirmando que os demais documentos solicitados também estariam “sob a guarda da Receita Estadual. Em conformidade com o voto recorrido e, analisando a documentação recebida do Fisco Estadual, bem assim o “Protocolo de Entrega” pelo contribuinte ao Fisco Estadual, vêse que a documentação entregue em 15/12/2009 limitouse aos livros fiscais e notas fiscais de entrada, além de arquivo magnético “contendo todas as operações de entradas e saídas”. Não consta, portanto, comprovação da entrega ao Fisco Estadual dos documentos contábeis e sua escrituração, assim como das notas fiscais de saídas, os quais justamente se prestariam à comprovação demandada pela intimação fiscal não atendida. Como não houve a apresentação dos extratos bancários, e considerando a existência de interpostas pessoas no quadro societário da fiscalizada, no período objeto da fiscalização, “foi emitida a RMFRequisição de Informação Sobre Movimentação Financeira ao Banco Bradesco S/A, sob n° 08107002010001010, tendo a referida Instituição Financeira, nos fornecido os dados então solicitados fls. 265 a 618”. E, com base nas informações prestadas pela referida instituição financeira, e “considerando que até aquela data nenhum livro fiscal/contábil ou documento fora apresentado por parte do contribuinte”, foi elaborado o Termo de Intimação e Reintimação Fiscal (fls. 115/123), datado de 25/01/2011, por meio do qual a fiscalizada foi intimada a “comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos ingressados nas contas bancárias de titularidade de V.Sa., cujos créditos encontramse descritos na planilha” integrante do termo. Na mesma oportunidade, a fiscalizada foi reintimada a apresentar os livros comerciais (“Livros Diário e Razão ou Livros Caixa”). Fl. 1627DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 18 15 Referida intimação foi encaminhada pelos Correios, por meio de correspondência com Aviso de Recebimento (AR), que foi recebida no domicílio tributário da fiscalizada em 01/02/2011. A fiscalização analisou as informações contidas no LivroCaixa e concluiu que “os lançamentos efetuados não descreveram os dados necessários à identificação da operação que resultou o respectivo crédito/depósito, simplesmente utilizandose de históricos sem conteúdo esclarecedor, portanto, insuficiente à realização desta Auditoria Fiscal (conforme cópia do LIVRO CAIXA em anexo fls. 126 a 231). Dessa forma, procedeuse a uma nova intimação para que a fiscalizada comprovasse a origem “dos recursos ingressados em sua conta bancária do Bradesco S/A”, assim como esclarecer a movimentação de valores de suas contas bancárias com origem/destino nas contas bancárias da empresa SP LÁTEX (já referenciada), conforme créditos relacionados nesse novo termo de intimação (fls. 235/247), datado de 21/03/2011, devendo a intimada apresentar “os respectivos comprovantes documentais, hábeis à justificação”. A ciência dessa nova intimação também ocorreu por via postal, cuja correspondência foi recebida em 25/03/2011. E a fiscalizada voltou a se manifestar nos mesmos termos da sua última manifestação. Da leitura dos autos, resta claro que a autoridade fiscal procedeu aos exames necessários para confirmar os dados e conclusões apresentadas no trabalho realizado em âmbito estadual, sendo impertinente a alegação de que a fiscalização deveria ter analisado se os supostos atos delituosos apontados na Operação Ouro Branco também tiveram reflexo na esfera federal. Enfim, a recorrente é acusada de omissão de receita, caracterizada pela falta de comprovação da origem dos depósitos/créditos efetuados em suas contas bancária, tendo por base legal o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, que assim dispõe: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tal dispositivo legal estabeleceu uma presunção de omissão de receitas, autorizando a exigência de imposto de renda e de contribuições correspondentes, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Já a Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), define, em seus artigos 43, 44 e 45, o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. De acordo com o artigo 44, a tributação do imposto de renda não se dá só sobre rendimentos reais, mas, também, sobre rendimentos arbitrados ou presumidos por sinais indicativos de sua existência e montantes. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos utilizados para efetuar os depósitos bancários. Tratase, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Fl. 1628DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 16 É função do Fisco, entre outras, comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento e intimar o titular da conta bancária a apresentar os documentos, informações e esclarecimentos, com vistas à verificação da ocorrência de omissão de receitas de que trata o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Contudo, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações é obrigação do contribuinte. Não comprovada a origem dos recursos, tem a autoridade fiscal o poder e o dever de considerar os valores depositados em conta bancária como receita, efetuando o lançamento do imposto e contribuições correspondentes. Nem poderia ser de outro modo, ante a vinculação legal decorrente do princípio da legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente seguir a legislação. O art. 42 da Lei nº 9.430/96, assim, não estabelece fato gerador do IRPJ ou da CSLL, mas apenas estabelece critério para aferição de receitas, as quais integram a apuraçãodo lucro na sistemática a que se sujeita a contribuinte. A Recorrente foi intimada e reintimada a comprovar, com documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados/creditados nas suas contas corrente. A esse respeito, assim ponderou o relator da decisão recorrida: De qualquer sorte, observo que, no decorrer do procedimento de fiscalização federal, quando a fiscalizada foi novamente intimada a comprovar a origem dos recursos que transitaram em sua conta bancária, essa deixou de justificar a falta de atendimento da reintimação sob a alegação de que os documentos estariam de posse da fiscalização estadual. Vejase, com efeito, a resposta dada pela fiscalizada em atenção à referida reintimação, datada de 04/04/2011 (fl. 250): “No entanto, a Fiscalizada informa que, apesar de estar envidando seus melhores esforços, ainda não foi capaz de proceder ao levantamento da documentação solicitada, relacionada, especialmente, aos empréstimos e operações de industrialização sob encomenda realizados à época, permanecendo à inteira disposição de V.Sas. para os esclarecimentos de quaisquer dúvidas adicionais que se façam necessárias.” E mesmo em sede de impugnação, protocolada em 22/07/2011, a impugnante não foi capaz de apresentar a documentação hábil e idônea que pudesse elidir a acusação fiscal que pesa contra si. Portanto, desde a primeira intimação, de 25/01/2011, dispôs a impugnante de prazo mais que suficiente (cerca de 6 meses) para organizar e apresentar os documentos que poderiam comprovar, ainda que em parte, a eventual improcedência da exigência fiscal impugnada. Em seguida alega a recorrente que “é forçoso reconhecer que sua movimentação bancária foi tributada em duplicidade: na pessoa da própria recorrente e, ainda, na pessoa da SP Latex, por intermédio do Processo Administrativo 16004.720166/201115”. Aduz, mais, neste ponto, que a decisão recorrida limitase a afirmar que não haveria a ocorrência do bis in idem: “e não há que se falar em bis in idem (dupla tributação) na espécie, uma vez que cada exigência fiscal contestada (contra o sujeito passivo e contra a empresa SP Latex) recaiu sobre seus respectivos créditos bancários, os quais demandam comprovação documental de que não se tratam de receitas tributáveis.” De fato, constatase que no presente processo os depósitos/créditos dos quais a recorrente intimada alegou “impossibilitada” de comprovar suas origens, no caso, foram Fl. 1629DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 19 17 selecionados pela autoridade fiscal com base nos extratos fornecidos pelo Banco Bradesco (Conta 1800035, Ag. 00230), ao passo que no processo administrativo referente a SP Látex (16004.720166/201115) os extratos bancários analisados dizem respeito às instituições financeiras: Banco do Brasil, Santander e Daycoval. De qualquer forma, em relação aos créditos (movimentação bancária) que se alega duplamente tributados, no caso concreto, as meras alegações desprovidas de suporte documental não possuem o condão de comprovar a origem dos valores depositados ou creditados em suas contas bancárias, mesmo porque, como relatado, tais valores foram objeto de específica intimação fiscal que requisitou esclarecimentos da fiscalizada (fls. 235/247), a qual não foi atendida. Afirma a ora recorrente “que tais valores seriam relativos a transferências de recursos “a título meramente gerencial e para suprimento de caixa e concentração dos fluxos em um só caixa”, que não teriam implicado em qualquer acréscimo patrimonial”. Nesse contexto, impende concluir que competia ao contribuinte provar a veracidade do que afirmou, nos termos da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (texto legal que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal), art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido dispõe o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: [...] II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Por fim, cabe ressaltar que o tema já foi pacificado no âmbito do processo administrativo fiscal com a edição da Súmula 26 do CARF, a seguir transcrita: “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Portanto, até aqui, não identifico violação a dispositivo de lei capaz de contaminar os feitos fiscais, motivo pelo qual rejeito os argumentos expendidos pelos Recorrentes. 4) Multa qualificada. Fraude. Confisco Neste ponto, reprisa a recorrente ser ilegítima e confiscatória a multa qualificada aplicada, “uma vez que os documentos comprobatórios do seu direito estavam sob custódia da fiscalização estadual, o que a impossibilitou de cumprir as diligencias solicitadas pelo Fisco Federal”, alega, também a ausência de fraude ou sonegação. Importa reproduzir o seguinte trecho extraído do voto recorrido. Fl. 1630DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 18 Os motivos que levaram as autoridades fiscais a decidir pela aplicação da multa qualificada encontramse devidamente declinados no citado TDF, cujo conteúdo foi expressamente referenciado na peça reclamatória. Cabe, então, novamente reproduzir a parte pertinente, já transcrita no relatório que antecedeu o presente voto: Do até aqui exposto, verificouse as formas dolosas e fraudulentas praticadas pelo contribuinte visando a sonegação dos Tributos incidentes, assim: • Quadro societário com sócios laranjas e omissão do real dono e administrador, conforme "item 1 e respectivos subitens" e "subitem 3.2", retro; • DIPJ Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica entregues com todos os campos de valores "zerados"; • Nenhum documento fiscalcontábil ou comprovante hábil apresentado, assim como nada comprovando quanto à origem dos recursos financeiros depositados/creditados nas contas bancárias. Portanto, a situação concreta não se trata de um mero descumprimento de obrigação acessória, como cogitado pela impugnante. Ao contrário, o que se tem nos autos são robustas provas da efetiva conduta dolosa da empresa, que buscou escamotear a ocorrência do fato gerador dos tributos ou retardar seu conhecimento pela autoridade fazendária, incidindo na hipótese prescrita nos artigos 71 e 72 da referida Lei nº 4.502/62, De início, destaco o entendimento consolidado neste Tribunal acerca da incompetência dos Conselheiros para reconhecer a inconstitucionalidade da lei tributária, consoante dispõe a súmula CARF n. 2, observese: Súmula CARF n. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Assim, este órgão julgador é incompetente para analisar se a multa de oficio qualificada (150%) incidente sobre o valor do tributo é confiscatória, desproporcional ou irrazoável, pois para tanto é necessária a análise dos princípios constitucionais do não confisco, da razoabilidade e da proporcionalidade. Noutro sentir, a aplicação da multa de qualificada teve como base legal o art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/1996, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Insta destacar que o disposto no art. 71 da Lei n. 4.502/1964 é a causa ensejadora para qualificação da multa de ofício, in verbis: Fl. 1631DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 20 19 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. No mais, a contribuinte declarou receitas de R$ 772.040,00, apesar de sua movimentação bancária evidenciar depósitos no total de R$ 14.947.045,70 ao longo do ano calendário 2008 e, para o ano de 2007 nada declarou e evidencia movimentação bancaria com depósitos/créditos no total de R$ 11.580.352,82. Resta claro, sobremaneira a intenção de não recolher os tributos devidos em tais Atividades. Por tais razões, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade. 5) Da alegada ilegalidade da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício O art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, ressalvando apenas a pendência de consulta formulada dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Seu § 1° determina que, se, a lei não dispuser de forma diversa, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Para uma melhor compreensão da matéria, vejamos o que diz os dispositivos legais acerca das multas e dos juros de mora, incidentes sobre os créditos tributários não pagos nos respectivos vencimentos. Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 CAPÍTULO VII – Das Multas e dos Juros de Mora Art. 59 – Os tributos e contribuições administrados pelo Departamento da Receita Federal, que não forem pagos até a data do vencimento, ficarão sujeitos à multa de mora de um por cento ao mês calendário ou fração, calculados sobre o valor do tributo ou contribuição corrigido monetariamente. § 1° A multa de mora será reduzida a dez por cento, quando o débito for pago até o último dia útil do mês subseqüente ao do vencimento. § 2° A multa incidirá a partir do primeiro dia após o vencimento do débito; os juros, a partir do primeiro dia do mês subseqüente. .......................... Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995 Fl. 1632DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 20 Art. 84 – Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Recita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; ............................. Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ......................................... Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002 Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de UFIR, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1° de janeiro de 1997. § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Fl. 1633DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 21 21 Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1° de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Da leitura dos dispositivos legais transcritos, se depreende claramente que os legisladores definiram inicialmente como base de incidência de juros de mora, tributos e contribuições e, posteriormente, débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União. Logo, em consonância com o art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Portanto, no crédito tributário estão compreendidos o valor do tributo e o valor da multa. Ou seja, o valor originário do débito, sobre o qual incidem os juros de mora, não exclui a multa de ofício. No caso de multa por lançamento de ofício, seu vencimento é no prazo de 30 dias contados da ciência do auto de infração. Assim, o valor da multa lançada, se não pago no prazo, sujeitase aos juros de mora com base na taxa SELIC. Portanto, nos termos da legislação transcrita, procede a incidência de juros de mora com base na taxa SELIC sobre a multa de ofício não paga no vencimento. 6) Responsabilidade Solidária. Ausência de interesse comum Por derradeiro, passamos a análise do recurso voluntário do sujeito passivo solidário (Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen), em especial, com relação a sua inclusão no pólo passivo da autuação na qualidade de pessoa física que atua como sócioadministrador (de fato ou de direito) da pessoa jurídica autuada. A Turma da DRJ/RIBEIRÃO PRETO/SP adotando entendimento normatizador da Portaria RFB nº 2.284/2010 (que dispôs sobre “os procedimentos a serem adotados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil quando da constatação de pluralidade de sujeitos passivos de uma mesma obrigação tributária”), a qual se encontra vinculada, a teor do que dispõe o art. 7º, inc. V, da Portaria MF nº 341/2011, decidiu por manter a responsabilização em face das constatações havidas no procedimento de fiscalização, que se prestem a comprovar a existência do interesse comum entre os sujeitos passivos solidários, independentemente da situação de funcionamento regular da empresa, porquanto tal enquadramento não se aplica apenas a casos de dissolução irregular de sociedades. Por pertinente cumpre transcrever os pontos relatados pela Turma Julgadora a quo. Dito isto, analisando o caso concreto, tenho que, ao contrário do que alega a impugnante, nos autos sobejam provas de que o Sr. OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN efetivamente exerceu a gerência de fato da empresa autuada, no período objeto dos lançamentos. Esse ponto, aliás, está muito bem Fl. 1634DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 22 detalhado no Termo de Descrição dos Fatos (TDF) constatados no procedimento de fiscalização, já oportunamente referenciado. Dele reproduzo os excertos pertinentes (fls. 742/750): 3.2 Da análise aos documentos e papéis arrecadados/apreendidos durante a deflagração da "Operação Ouro Branco" e das informações obtidas nos bancos de dados da Receita Federal, comprovado ficou que o Sr. OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN foi o administrador e proprietário de fato da empresa SOLBOR, desde 18/11/2006, sucedendo a administração anterior, de seu falecido pai, Sr. Roberto Lucato Hansen. Para implementar e fazer surtir os devidos efeitos, nos termos do artigo 26 da Instrução Normativa RFB n° 1.005, de 08 de fevereiro de 2010, esta Fiscalização formalizou Representação Fiscal ao Delegado desta Unidade da Receita Federal do Brasil (Processo Administrativo Fiscal n° 16004.001278/201084), para alterar "de Ofício" os dados cadastrais no CNPJ da SOLBOR, incluindo em seu Quadro Societário o Sr.Oscar, como sócio administrador. O Sr. Delegado desta Delegacia da Receita Federal de S.J.Río Preto, assim alterou de ofício o quadro societário da SOLBOR, incluindo, desde 18/11/2006, o Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen como sócioadministrador fls. 251 a 264. [...] E, como visto, no relatório que antecede este voto, temse uma robusta produção de provas no sentido de que o Sr. Oscar Victor atuou na condição de sóciogerente da empresa autuada no período fiscalizado, consubstanciando a relação de interesse comum entre esse e a sociedade que gerenciava, uma vez que o auferimento de resultados dela diretamente o beneficiava. Isso, aliás, repito, foi expressamente asseverado pelo próprio Sr. Oscar no Termo de Declarações por ele prestado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (fls. 619/640): (...) Mesmo as empresas estando "mal das pernas", ou seja, com dívidas, em razão da boa gestão exercida pelo declarante, ainda que pagando juros bancários, foi possível elevar o faturamento e tornar a empresa a maior fornecedora da Goodyear e, em razão de tal sucesso, o padrão econômico e financeiro do declarante aumentou de forma a ele não imaginaria anteriormente, na época em que recebia mesada de seu pai, quando vivo. Embora a peça de defesa faça referência que enquanto ativa a pessoa jurídica, jamais poderia ser incluído como responsável solidário pelos débitos federais, até mesmo em razão da ausência de interesse comum. Com o devido respeito, entendo equivocada tais premissas no caso concreto. Além do mais, na linha do sustentado no voto condutor da decisão de primeiro grau, os fatos ali apontados encontramse devidamente corroborados pelos documentos carreados ao processo pela autoridade fiscal. O artigo 124 está localizado no Capítulo IV ¨Sujeito Passivo¨ enquanto o art. 135 está localizado no capítulo V “responsabilidade tributária”. O art. 124 aponta pessoas que estão no pólo passivo em razão de uma conexão com o fato tributável (como propõe o capítulo IV), ao passo que o art. 135 indica pessoas que respondem por dívida tributária de outrem por conexão ao devedor (como propõe o capítulo V). Deste modo, não fosse pelo próprio texto, até por segurança jurídica, é preciso entender que o art. 124 ao mencionar “interesse comum” diz interesse idêntico e isso significa que para serem solidários as pessoas precisam corealizar o fato gerador. É dizer, esse interesse comum referido no inciso I deve, necessariamente, estar associado a uma relação pessoal e direta com o fato gerador. Fl. 1635DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16004.720167/201151 Acórdão n.º 1301001.549 S1C3T1 Fl. 22 23 No meu entender, os referidos fatos comprovam a participação nos negócios comerciais da fiscalizada pelo recorrente e caracteriza sua responsabilidade solidária nos termos do art. 124, I, do CTN. Diante de tal cenário, não há como afastar a responsabilidade tributária imputada pela Fiscalização ao Sr. Oscar Victor Rollemberg Hansen. LANÇAMENTOS REFLEXOS Quanto aos lançamentos decorrentes (CSLL, PIS e COFINS), por possuírem os mesmos fundamentos fáticos da presente exigência, a decisão aqui prolatada faz coisa julgada em relação aos decorrentes, em vista da íntima relação de causa e efeito que os une. Assim, considerando tudo que do processo consta, conduzo meu voto no sentido de rejeitar as preliminares suscitadas e, NEGAR PROVIMENTO aos recursos. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator Fl. 1636DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 02/ 09/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 22/10/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
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Numero do processo: 10510.002229/2009-29
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2801-000.317
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalins Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalins – Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 3a Turma da DRJ/SDR (Fls. 199), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: O interessado impugna auto de infração do imposto de renda onde foram tributados rendimentos omitidos do trabalho sem vínculo empregatício pagos em 2004 pela empresa Tyresoles de Sergipe Ind. Com. Ltda., que somaram R$ 447.510,31, e rendimentos recebidos em 2005, caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada, no total de 142.708,00. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .0 02 22 9/ 20 09 -2 9 Fl. 229DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10510.002229/200929 Resolução nº 2801000.317 S2TE01 Fl. 230 2 De acordo como o relatório fiscal, o contribuinte havia declarado os rendimentos pagos pela Tyresoles como dívidas e ônus reais, evidenciando o intuito de eximirse da obrigação tributária. Por esta razão, foi aplicada a multa qualificada de 150% sobre o imposto daí resultante. Os argumentos do impugnante são, em síntese, os seguintes: 1. Depósitos bancários não são fato gerador do imposto de renda, pois podem ser resultado de diversas operações e transferências de recursos não tributáveis; nem podem ser usados para a presunção de .rendimentos omitidos sem que o Fisco comprove variação patrimonial a descoberto. Cita súmula 182 do TFR. 2. Os depósitos são transferências de pessoa jurídica da qual é sócio. 3. Os valores pagos pela Tyresole foram recebidos a título de empréstimo, que está devolvendo mês a mês sob a forma de serviço. 4. Não houve dolo ou máfé, porque não houve pagamento de imposto a menor que o devido. 5. A multa qualificada (150%) não pode ser aplicada sobre infração meramente regulamentar. 6. Houve cerceamento do direito de defesa na aplicação da multa, porque não lhe foi dado o direito de contestála. Passo adiante, a 3ª Turma da DRJ/SDR entendeu por bem julgar a impugnação improcedente, em decisão que restou assim ementada: DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Presumemse rendimentos omitidos os depósitos de origem não comprovada. Cientificado em 19/10/2009 (Fls. 204), o contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 17/11/2009 (fls. 203 a 224), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. Em 29 de Junho de 2012, (Fls. 227) aprouve aos membros do Colegiado desta egrégia 1ª Turma Especial da Segunda Sessão de Julgamento, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso, com base no disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010, tendo em vista o reconhecimento da repercussão geral do tema, pelo Supremo Tribunal Federal, e a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria. Encerrado o sobrestamento, o processo voltou à pauta de julgamento, sendo distribuído a este conselheiro. É o Relatório. Voto. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN Processo nº 10510.002229/200929 Resolução nº 2801000.317 S2TE01 Fl. 231 3 Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Compulsando os autos, verifico que parte do lançamento versa sobre depósitos bancários de origem não comprovada. Em análise aos documentos acostados ao processo verifico que as contas que embasaram a autuação são conjuntas. Também verifico que a fiscalização imputou apenas 50% dos valores depositados ao recorrente, tendo em vista tratarse de contas conjuntas. Ocorre que, ainda assim, imprescindível se faz a intimação do cotitular para que igualmente comprove a origem de seus depósitos. O CARF já manifestou entendimento, o qual encontrase pacificado por meio de súmula, de que em se tratando de conta conjunta deve ser também intimado o cotitular para a comprovação da origem dos depósitos realizados. Neste sentido a Súmula CARF nº 29 assim dispõe: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Contudo, não consta nos autos intimação, ou indícios de sua existência, da co titular das contas bancárias para justificar, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos depósitos. Ante o acima exposto, proponho o retorno dos autos à DRFB de origem para que a autoridade preparadora informe se houve a intimação da cotitular das contas bancárias, para comprovar, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos depósitos, e faça juntada de documentos hábeis a comprovar tal intimação. Ao final, com vistas a garantir o contraditório e o amplo direito de defesa, cientificar o contribuinte acerca desta diligência e dos resultados dela decorrentes, assegurandolhe prazo para sua manifestação. Tomadas as providências acima, os autos devem retornar a este Colegiado para apreciação. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 231DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 14/ 10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por TANIA MARA PASCHOAL IN
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Numero do processo: 10530.720324/2008-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE.
O recebimento de rendimentos decorrentes de ação judicial trabalhista, não é sujeito à tributação exclusiva na fonte, mas pelo regime de antecipação do imposto devido, sujeito ao ajuste anual.
Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extingue-se, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual e a responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos.
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho.
IRPF. VALORES NÃO RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SUJEITO AO AJUSTE ANUAL.
Verificada a falta de retenção do imposto sobre a renda, pela fonte pagadora dos rendimentos, após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual da pessoa física beneficiária, exige-se desta o imposto, os juros de mora e a multa, se for o caso.
IMPOSTO SOBRE A RENDA. UNIÃO. COMPETÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA.
A destinação do produto da arrecadação de tributos não altera a competência tributária nem a legitimidade ativa.
A União é parte legítima para instituir e cobrar o imposto sobre a renda de pessoa física, mesmo nas hipóteses em que o produto da sua arrecadação seja destinado aos Estados.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS.
No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito.
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego.
Na hipótese, trata-se de juros tributáveis.
CORREÇÃO MONETÁRIA RECEBIDA.
A correção monetária eventualmente incidente sobre as verbas recebidas acumuladamente pelo contribuinte devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda, eis que não excepcionadas pelo artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988.
IRPF. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL.
O erro escusável do recorrente justifica a exclusão da multa de ofício. Aplicação da Súmula CARF n° 73.
JUROS DE MORA. COBRANÇA. CABIMENTO.
O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta.
Os juros moratórios incidentes sobre os créditos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, não integralmente adimplidos na data do seu vencimento, são calculados, no período, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS.
No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito.
Numero da decisão: 2101-002.436
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento a multa de ofício lançada. Vencidos os Conselheiros Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Eivanice Canário da Silva, que votaram por dar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Célia Maria de Souza Murphy.
(assinatura digital)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
(assinatura digital)
HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR - Redator ad hoc.
EDITADO EM: 24/10/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo Oliveira Santos (Presidente), Francisco Marconi de Oliveira, Eivanice Canário da Silva, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa (Relator), Alexandre Naoki Nishioka e Celia Maria de Souza Murphy.
Nome do relator: Heitor de Souza Lima Junior
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE. O recebimento de rendimentos decorrentes de ação judicial trabalhista, não é sujeito à tributação exclusiva na fonte, mas pelo regime de antecipação do imposto devido, sujeito ao ajuste anual. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extingue-se, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual e a responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos. DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. IRPF. VALORES NÃO RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SUJEITO AO AJUSTE ANUAL. Verificada a falta de retenção do imposto sobre a renda, pela fonte pagadora dos rendimentos, após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual da pessoa física beneficiária, exige-se desta o imposto, os juros de mora e a multa, se for o caso. IMPOSTO SOBRE A RENDA. UNIÃO. COMPETÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. A destinação do produto da arrecadação de tributos não altera a competência tributária nem a legitimidade ativa. A União é parte legítima para instituir e cobrar o imposto sobre a renda de pessoa física, mesmo nas hipóteses em que o produto da sua arrecadação seja destinado aos Estados. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na hipótese, trata-se de juros tributáveis. CORREÇÃO MONETÁRIA RECEBIDA. A correção monetária eventualmente incidente sobre as verbas recebidas acumuladamente pelo contribuinte devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda, eis que não excepcionadas pelo artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988. IRPF. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. O erro escusável do recorrente justifica a exclusão da multa de ofício. Aplicação da Súmula CARF n° 73. JUROS DE MORA. COBRANÇA. CABIMENTO. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Os juros moratórios incidentes sobre os créditos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, não integralmente adimplidos na data do seu vencimento, são calculados, no período, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito.
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FORMA DE TRIBUTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DA FONTE. O recebimento de rendimentos decorrentes de ação judicial trabalhista, não é sujeito à tributação exclusiva na fonte, mas pelo regime de antecipação do imposto devido, sujeito ao ajuste anual. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual e a responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos. DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. IRPF. VALORES NÃO RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SUJEITO AO AJUSTE ANUAL. Verificada a falta de retenção do imposto sobre a renda, pela fonte pagadora dos rendimentos, após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual da pessoa física beneficiária, exigese desta o imposto, os juros de mora e a multa, se for o caso. IMPOSTO SOBRE A RENDA. UNIÃO. COMPETÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 03 24 /2 00 8- 99 Fl. 277DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 A destinação do produto da arrecadação de tributos não altera a competência tributária nem a legitimidade ativa. A União é parte legítima para instituir e cobrar o imposto sobre a renda de pessoa física, mesmo nas hipóteses em que o produto da sua arrecadação seja destinado aos Estados. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na hipótese, tratase de juros tributáveis. CORREÇÃO MONETÁRIA RECEBIDA. A correção monetária eventualmente incidente sobre as verbas recebidas acumuladamente pelo contribuinte devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda, eis que não excepcionadas pelo artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988. IRPF. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. O erro escusável do recorrente justifica a exclusão da multa de ofício. Aplicação da Súmula CARF n° 73. JUROS DE MORA. COBRANÇA. CABIMENTO. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Os juros moratórios incidentes sobre os créditos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, não integralmente adimplidos na data do seu vencimento, são calculados, no período, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO. TABELAS DE ALÍQUOTAS. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide no mês do recebimento ou crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento a multa de ofício lançada. Vencidos os Conselheiros Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Eivanice Canário da Silva, que votaram por dar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Célia Maria de Souza Murphy. (assinatura digital) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinatura digital) Fl. 278DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 277 3 HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR Redator ad hoc. EDITADO EM: 24/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo Oliveira Santos (Presidente), Francisco Marconi de Oliveira, Eivanice Canário da Silva, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa (Relator), Alexandre Naoki Nishioka e Celia Maria de Souza Murphy. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls.169/260) interposto em 08 de junho de 2011 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) (fls.155/160), do qual o Recorrente teve ciência em 13 de maio de 2011, que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento de fls. 23/33, lavrado em 31 de outubro de 2008, em decorrência de classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, como sendo rendimentos isentos e não tributáveis, nos anos calendários de 2004 a 2006, no valor de R$ 54.341,73 mais cominações legais. O acórdão teve a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do artigo 2° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário (fls.169/260), por meio do qual reitera as razões apresentadas na impugnação à quo, alegando, em apertada síntese: • a ilegitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado; • a natureza indenizatória dos valores (diferenças de URV) pagos em atraso; • a quebra do princípio da capacidade contributiva e apropriação de vantagem; Fl. 279DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 • a aplicação de alíquotas incorretas pela autoridade fiscal; • a desconsideração pela autoridade fiscal das deduções cabíveis no cálculo do imposto; • a não exclusão de parcelas isentas e de tributação exclusiva no cálculo do imposto; • a responsabilidade tributária da fonte pagadora e a boafé do contribuinte; • a exclusão dos juros de mora e da correção monetária no cálculo da diferença da URV. Por fim, requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. O processo encontravase sobrestado consoante Resolução n° 2101000.133, de 18 de julho de 2013. Em 20 de março de 2014, o processo foi objeto de julgamento pela 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF, oportunidade em que o Colegiado decidiu, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Entretanto, a Conselheira designada para redigir o voto vencedor teve sua aposentadoria concedida antes que pudesse formalizar o referido Acórdão. Noto, ainda, que também o Conselheiro Relator não mais possui assento no Colegiado da 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento nesta data de formalização. Assim, foi necessária a designação de Redator ad hoc, conforme o art. 17, inciso III, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 2009. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator AdHoc designado. Peço vênia para divergir do entendimento do Conselheiro Relator, conforme será demonstrado a seguir. A propósito, entendemos ser, inicialmente, necessário tecer alguns comentários sobre a natureza tributável do rendimento auferido pelo contribuinte e a legitimidade ativa da União, que são pressupostos para a decisão. Necessário ainda manifestarmonos sobre outros argumentos trazidos pela defesa e que trazem implicações no cômputo da base de cálculo e na cobrança do imposto. 1. Da legitimidade da União para cobrar o imposto sobre a renda No recurso, o contribuinte alegou ilegitimidade da União para cobrar o valor do imposto sobre a renda na fonte que não foi retido pelo Estado Membro. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 278 5 Neste tema, salientamos que o imposto sobre a renda é tributo de competência da União, que não pode delegála a qualquer outro ente, nem mesmo à unidade federada que o retém do seu servidor, na forma de imposto na fonte, e que é, ela mesma, destinatária do produto dessa arrecadação. E sobre isso, o Código Tributário Nacional, no parágrafo único de seu artigo 6°, reafirma que os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Desse modo, compete somente à União legislar sobre o imposto sobre a renda, nos limites estabelecidos pela Constituição. O fato de o produto de parte da sua arrecadação destinarse ao Estado da Bahia não confere a este competência para produzir leis deliberando sobre o tributo, a teor do artigo 7° do Código Tributário Nacional. É também a União o sujeito ativo da obrigação tributária, titular de legitimidade ativa para cobrar o imposto porventura não pago, independentemente de qual seja o destino do produto da arrecadação. Cumpre à fonte pagadora dos rendimentos, no caso, o Ministério Público do Estado da Bahia, somente a incumbência de fazer a retenção do imposto de renda na fonte de seus servidores e demais empregados, o que não o torna sujeito ativo na relação jurídica tributária. Sobre esse assunto, é de se registrar que a 1a Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento, da qual esta relatora é Conselheira Titular, já se manifestou a respeito deste assunto, a teor do voto do Ilustre Conselheiro Alexandre Naoki Nisioka no Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014, cujo trecho no qual discorre sobre a questão a seguir transcrevemos: Com relação ao argumento de que não haveria legitimidade da União para cobrança do referido imposto, tendo em vista a redação do art. 157, I, da Constituição Federal, verificase que este dispositivo trata da repartição da receita tributária. Não obstante a destinação da arrecadação obtida por meio de tributos ser matéria afeta ao Direito Financeiro, esta não tem o condão de alterar o disposto na legislação tributária, a qual conferiu à União a competência tributária e a legitimidade ativa para instituir e cobrar o imposto em questão, principalmente no presente caso, em que a retenção do imposto de renda não foi realizada pela fonte pagadora. Na oportunidade, a Turma Julgadora foi unânime em acolher o voto do Conselheiro relator, com o voto desta Conselheira. Sendo assim, entendemos que o argumento da recorrente carece de procedência. 2. Da natureza das verbas recebidas Cumpre aqui salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de Fl. 281DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 6 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 2° e 3° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003: Art. 2° As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de n° 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1° de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3° São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2° desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte interessada, que foi atribuída natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de n° 140.975921531. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente é impertinente inferir que se trata de rendimentos isentos do imposto sobre a renda de pessoa física. Em primeiro lugar, conforme anteriormente ressaltado, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual. Além disso, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. Chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Ministério Público do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 2° da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. É incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. São, portanto, tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003. 3. Da Resolução n.° 245 do STF Fl. 282DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 279 7 O recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, no seu entender, ao ser estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.777, de 2002, aplicase também aos membros do Ministério Público dos Estados. A questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisado pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela 1a Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no já mencionado Acórdão n° 2101002.388, de 18.2.2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento desta Conselheira, adotamos o quanto manifestado naquele voto. Vejamos: Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I. apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Fl. 283DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 8 As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, tem se que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. 4. Da sujeição passiva O recorrente entende que o sujeito passivo da obrigação tributária é a fonte pagadora, o Ministério Público do Estado da Bahia. Este argumento foi assim enfrentado pela relatora da decisão recorrida: Quanto à responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF, o Parecer Normativo SRF n° 1, de 24 de setembro de 2002, dispõe que tal responsabilidade extinguese na data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora, conforme abaixo transcrito: (g.n.) [...]. Com este posicionamento concordamos. O imposto sobre a renda retido na fonte sobre o trabalho assalariado é antecipação do imposto sobre a renda de pessoa física, cujo sujeito passivo, durante o ano calendário e até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda de pessoa física, é a pessoa jurídica a responsável por reter e recolher o tributo e por recolhêlo mesmo que não o tenha retido (DecretoLei n.° 5.844, de 1943, artigo 103). No entanto, a apuração definitiva do imposto sobre a renda é efetuada pela pessoa física, na sua declaração de ajuste anual (Lei n° 9.250, de 1995, artigo 12, inciso V) e, caso a fonte pagadora não tenha feito as devidas retenções dos montantes correspondentes, é da pessoa física o dever de recolher o imposto apurado na sua declaração correspondente ao ano calendário. De forma coerente, o Parecer Normativo SRF n.° 1, de 24 de setembro de 2002, dispôs que, verificada a falta de retenção da antecipação do imposto de renda pela fonte pagadora após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, passase a exigir da pessoa física o imposto que deveria ter sido retido e não foi, acompanhado de juros e multa, se for o caso. Verificandose que os rendimentos auferidos pelo contribuinte constaram da declaração de ajuste anual, sem que tivesse havido a retenção de imposto na fonte, é de se Fl. 284DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 280 9 concluir pela responsabilidade da pessoa física beneficiária dos rendimentos quanto ao recolhimento do imposto sobre a renda não retido pela fonte pagadora. 5. Das tabelas e alíquotas O lançamento perpetrado no presente processo reportase a imposto sobre a renda de pessoas físicas incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente. De acordo com o Auto de Infração, a tributação incidiu sobre o total dos rendimentos auferidos, na medida em que foram percebidos (caixa). Primeiramente, cabe lembrar que, no caso sob análise, o lançamento aperfeiçoouse em 7 de novembro de 2008 (AR às fls. 34). Não ocorreu, portanto, enquanto vigente o entendimento exarado no Parecer PGFN/CRJ n° 287/2009, aprovado por despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que, vinculando todos os órgãos da administração tributária, orientava que o imposto de renda incidente sobre rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deveria ser calculado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referiam tais rendimentos (competência). Também não se aplica, na hipótese, o artigo 12A da Lei n° 7.713, de 1988, o qual estipula que os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, devem ser tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, eis que esse dispositivo somente foi introduzido posteriormente ao lançamento sob análise, pela Lei n° 12.350, de 2010. Cumpre ressaltar que o lançamento fundamentouse, entre outros dispositivos, nos artigos 1° a 3° e parágrafos, da Lei n° 7.713, de 1988. A propósito, vejamos o que dispõem os artigos 2° e 3° da Lei n° 7.713, de 1988: Art. 2° O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3° [...] § 1° Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. [...] § 4° A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, Fl. 285DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 10 para a incidência do imposto, o beneficio do contribuinte por qualquer forma ou título. Cabe ainda lembrar que o artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988, prescreve especificamente que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária, podendo deles deduzirse o valor das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Como fundamento de decidir, foi trazida à baila a decisão proferida no regime do artigo 543C do Código de Processo Civil, pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1118429/SP, de 24.3.2010 (Dje 14.5.2010), sobre a qual entendemos que devem ser feitas algumas considerações. Primeiramente, vejamos o que consta da ementa do referido julgado: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8°da Resolução STJ8/2008. É de se destacar que a análise feita pela Corte Superior tratou do imposto retido na fonte, pelo INSS, sobre os rendimentos acumulados recebidos a título de benefício previdenciário, e aproveita aos segurados, tal como se depreende do voto do Ministro Relator. Vejamos: Cingese a controvérsia ao modo de cálculo do imposto de renda retido na fonte pelo INSS, incidente sobre os valores recebidos com atraso e acumuladamente a título de benefício previdenciário. Pelo fato de o valor ter sido pago de uma só vez, devido à mora do INSS, houve cobrança do IR à alíquota máxima prevista na tabela progressiva do tributo. Ocorre que, se o benefício previdenciário tivesse sido pago no mês devido, os valores não sofreriam incidência da alíquota máxima do imposto, mas sim da alíquota mínima ou estariam situados na faixa de isenção do IR. Dessa forma, conforme pacífica jurisprudência desta Corte, quando o pagamento dos benefícios previdenciários é feito de forma acumulada e com atraso, a incidência do Imposto de Renda deve ter como parâmetro o valor mensal do benefício, e não o montante integral creditado extemporaneamente, além de observar as tabelas e as alíquotas vigentes à época em que deveriam ter sido pagos. (g.n.) Fl. 286DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 281 11 Com efeito, ficou decidido que, nas hipóteses em que o pagamento dos benefícios previdenciários é feito de forma acumulada e com atraso, o Imposto de Renda incide sobre o valor mensal do benefício, e não sobre o montante integral creditado extemporaneamente, além de observar as tabelas e as alíquotas vigentes à época em que deveriam ter sido pagos Todavia, é de se concluir, do texto transcrito, que a decisão é restrita aos casos de imposto sobre a renda incidente sobre valores de benefício previdenciário recebidos acumuladamente pelo segurado. Mas esse não é o caso dos autos. O caso que aqui se analisa não versa sobre rendimentos previdenciários recebidos acumuladamente, mas sobre diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, decorrentes de erro na conversão de vencimentos de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor (URV). Sendo assim, por externar posicionamento específico ao tratamento a ser conferido de forma delimitada aos rendimentos indicados (valores de benefício previdenciário recebidos acumuladamente), entendemos que a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça não pode ser estendida a todo e qualquer rendimento recebido acumuladamente. Ao contrário, deve se restringir aos rendimentos que especifica. Por essas razões, e com fulcro na legislação invocada, entendemos que o imposto sobre a renda, no caso, deve ser calculado sobre o total dos rendimentos recebidos acumuladamente, no momento do recebimento, tal como fez a Fiscalização, e não há, a nosso ver, fundamento para que se proceda de modo diverso. Concluise, assim, que a pretensão da parte interessada, de que o imposto sobre a renda seja calculado sobre os rendimentos auferidos de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes na época em que surgiu o direito ao recebimento dos rendimentos (competência) carece de amparo legal. 6. Dos juros e da atualização monetária recebidos O recorrente argumenta que os juros moratórios recebidos não podem sofrer a incidência do imposto sobre a renda, por terem caráter indenizatório. Da mesma forma, acredita que a correção monetária não agrega valor ao seu patrimônio, vez que apenas recompõe o poder aquisitivo anterior do capital, sanando a perda monetária diante da inflação. Sobre o tema da tributação dos juros, vale ressaltar que nosso entendimento é no sentido de que eles seguem a natureza tributável da verba principal, por sua característica acessória, escorado no artigo 55, inciso XIV, do Decreto n° 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), que estipula serem tributáveis "os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis". Com efeito, a Lei n° 4.506, de 1964, em seu artigo 16, é expressa quanto à exigência do imposto de renda sobre os juros de mora e quaisquer outras indenizações pagas pelo atraso no pagamento de rendimentos do trabalho. Vejamos o texto, ipsis litteris: Fl. 287DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 12 Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5° do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: I Salários, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vantagens, subsídios, honorários, diárias de comparecimento; [...] Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. Sendo assim, tendo em vista o disposto no artigo 3°, § 4° da Lei n° 7.713, de 1988, os juros que incidem sobre as verbas de natureza salarial recebidas acumuladamente não podem escapar à tributação pelo IRPF. Com fundamento na legislação acima citada, o Superior Tribunal de Justiça também tem se manifestado pela incidência do imposto de renda sobre os juros de mora recebidos quando do recebimento em atraso de verbas de natureza tributável, a exemplo do posicionamento externado quando do julgamento do REsp no 1.089.720/RS, em 10.10.2012 (publicado em 16.12.2012), cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques. Vejamos a ementa da decisão: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133 RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo Fl. 288DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 282 13 legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). [...] 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os _juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". [...] 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido. (g.n.) Vale ainda ressaltar que o artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988, estipula que, no caso dos rendimentos recebidos de forma acumulada, o imposto sobre a renda incide, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos somente do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Sendo assim, tanto os juros recebidos como a correção monetária eventualmente incidente sobre as verbas recebidas pelo contribuinte devem ser tributados pelo imposto sobre a renda, eis que não foram excepcionados pelo artigo 12 da Lei n° 7.713, de 1988. Com base no exposto, tendo em vista que, no presente caso, as verbas pagas à contribuinte têm natureza tributável, os juros recebidos e eventual correção monetária sobre elas incidente são igualmente tributáveis. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 14 7. Da multa de ofício O recorrente também pugna pelo reconhecimento da existência de erro escusável, haja vista ter espelhado, em sua declaração de ajuste anual, as informações prestadas pela fonte pagadora, sem dolo ou máfé. Com efeito, entendemos que, ao reproduzir, em sua declaração de ajuste anual, as informações fornecidas pela fonte pagadora, o contribuinte foi induzido a erro, e não agiu com máfé. Além do mais, entendeu que as informações prestadas e o procedimento adotado pelo Ministério Público do Estado da Bahia refletiam os comandos da Lei Complementar do Estado da Bahia n° 20, de 2003. Nessas hipóteses, este Conselho já pacificou o entendimento que o erro escusável do contribuinte autoriza a exclusão da multa de ofício, nos termos da Súmula CARF 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. De acordo com a Súmula CARF n° 73, devese excluir a multa de ofício, por ter sido constatado erro escusável. 8. Dos juros de mora A cobrança de juros de mora está prevista no caput do artigo 161 do Código Tributário Nacional, sempre que o crédito tributário não for integralmente pago no vencimento, seja qual for o motivo determinante da falta. Sendo assim, os juros de mora são devidos, no pagamento em atraso do crédito tributário devido, independentemente da boafé manifestada pelo sujeito passivo. A partir de 1.° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre os créditos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, não integralmente adimplidos na data do seu vencimento, são calculados, no período, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Neste ponto, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou sobre a aplicabilidade da taxa Selic no cômputo dos juros cobrados nos casos de recolhimento de tributo em atraso, por meio da Súmula CARF n.° 4, que assim prevê: Súmula CARF n.° 4: A partir de 1.° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Desse modo, sobre o crédito tributário não pago na data do seu vencimento, são devidos os juros de mora, calculados segundo a taxa Selic. Conclusão Ante todo o exposto, voto por dar provimento em parte ao recurso, para excluir a multa de ofício, em razão de erro escusável Fl. 290DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10530.720324/200899 Acórdão n.º 2101002.436 S2C1T1 Fl. 283 15 Heitor de Souza Lima Junior Redator AdHoc Designado Fl. 291DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
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