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Numero do processo: 10283.907881/2009-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
Numero da decisão: 1301-003.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.903399/2009-53, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.903399/200953, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 78 81 /2 00 9- 62 Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 3 2 Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de Declaração de Compensação DCOMP, no qual se pleiteia compensação de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de IRPJ Estimativa mensal (código 2362). O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. A empresa apresentou manifestação de inconformidade onde afirma que as compensações foram realizadas em completa harmonia com a legislação vigente. Isto porque calculou e recolheu um determinado valor de IRPJ, com código de arrecadação de estimativa mensal e, posteriormente ao recolhimento, verificou que o valor de IRPJ efetivamente devido montava um valor inferior àquele originalmente pago através de DARF. Acrescenta que o valor recalculado está de acordo com os valores declarados em DCTF e que, uma vez confessada uma dívida efetiva em valor inferior àquele recolhido, teria nascido um crédito tributário. O sujeito passivo alega que por equívoco procedeu ao recolhimento num valor superior àquele efetivamente devido. Argumenta também que não se trata de pagamento por estimativa mensal, uma vez que foi realizado com base em balanço de suspensão ou redução. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que os valores apurados a partir da receita bruta em função de balancete redução correspondem a estimativa mensal e que não havia previsão legal para utilização em DCOMP, de crédito referente a estimativa mensal de IRPJ. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário, no qual reafirma a existência de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade, declara que a decisão da DRJ vai de encontro a jurisprudência do CARF e, ao final, requer o reconhecimento da homologação das compensações em litígio. É o relatório. Voto Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.563, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10283.903399/2009 53, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.563): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme se depreende do relatório, o cerne da discussão no presente processo é a possibilidade ou não de se compensar pagamento indevido ou a maior recolhido a título de estimativa mensal para aquelas pessoas jurídicas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real. O pedido de compensação foi indeferido liminarmente, através de Despacho Decisório Eletrônico, a partir do momento em que o sistema constatou tratarse de recolhimento efetivado sob o código de arrecadação 2362 (IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL). A Unidade de Origem não se adentrou no mérito do direito creditório, e por conseguinte, não deu oportunidade para o contribuinte produzir provas. O Despacho Eletrônico, bem como o acórdão da DRJ, fundamentaram o indeferimento do pedido de compensação no artigo 74 da Lei nº 9.430/96, em concomitância com o art. 10 da IN SRF nº 600/2005. O §14º do art.74 da citada lei atribuiu competência a Secretaria da Receita Federal para disciplinar a compensação e, o órgão emitiu instrução normativa que disciplinou a matéria. O art. 10 da IN SRF nº 600/2005, vigente à época, determinava: Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior de imposto de renda ou de CSLL sobre rendimentos que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Contudo o art.74, §3º, da Lei nº 9.430/96 que tratou das vedações à compensação através de DCOMP, dispôs em seu Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 5 4 inciso IX dos débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do IRPJ ou da CSLL, mas nada dispondo acerca de créditos oriundos de pagamento indevido de estimativa mensal, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ......... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pela sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ........ IX os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º desta Lei. (grifei) É de se observar que a Instrução Normativa fez uma interpretação restritiva de Lei nº 9.430/96, a qual não encontrou guarida na jurisprudência do CARF, que acerca da matéria proferiu a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Transcrevese ainda a redação anterior da súmula: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Para melhor esclarecer a aplicação da súmula, trago à baila trecho do acórdão da CSRF nº 910100.406, de 02/10/2009, utilizado como precedente para elaboração da jurisprudência: Ementa: RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 6 5 social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição corno pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, (...) De acordo com o acórdão recorrido, não seria possível caracterizar como indevido o recolhimento da antecipação mensal por estimativa de CSLL efetuado a maior, apenas confrontando referido pagamento com as regras para apuração do valor devido a titulo de antecipação mensal. (...) É o relatório. (...) Nos termos da lei, a pessoa jurídica que opta pelo lucro real anual está obrigada a antecipar, mensalmente, o IRPJ calculado por estimativa. Referida obrigação de antecipar a cada mês uma parcela do IRPJ que será devido ao fim do ano calendário é apurada sobre a base de cálculo estimada, calculada conforme percentuais definidos em lei aplicados sobre a receita bruta do Contribuinte até o mês em que a antecipação é realizada. Ainda nos termos da lei, a obrigação de antecipar o imposto pode ser reduzida ou suspensa, conforme o Contribuinte comprove, mediante levantamento de balanços ou balancetes, que o IRPJ, se calculado sobre o lucro real verificado até o momento da apuração da antecipação, é menor do que o valor devido de acordo com o cálculo sobre a base estimada. Em apertada síntese, esse é o regime legal da obrigação de antecipar, mensalmente, o IRPJ, em caso de opção pela apuração do lucro real em base anual. Diferentemente do acórdão recorrido, entendo que o Contribuinte está obrigado ao recolhimento das antecipações mensais nos termos estabelecidos na legislação, seja sobre as bases estimadas, seja sobre a base de cálculo apurada em balanço ou balancete de suspensão ou redução. A meu ver, havendo recolhimento superior àquele imposto por lei, ainda que sob a alcunha de "estimativa", resta caracterizado o recolhimento a maior passível de restituição ou compensação. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 7 6 Como bem observou o acórdão paradigma, a legislação não estabelece que recolhimentos a maior que os estabelecidos pelas regras da apuração da antecipação mensal por estimativa também devem ser considerados como antecipação do imposto. Em outros termos, o recolhimento que exceda o valor apurado de acordo com as regras para o cálculo das antecipações mensais por estimativa não tem natureza de antecipação do imposto, mas de pagamento indevido, restituível nos termos do art. 165 do CTN.(grifei) Nesse diapasão, em observância à Súmula CARF nº 84, reconhecese que é possível a caracterização de indébito a partir de recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte da existência de pagamento indevido, ou seja, que o valor recolhido a título de estimativa mensal, ainda que através de balanço ou balancete suspensão/redução, foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Logo, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindo se assim, o processo de praxe." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10283.907881/200962 Acórdão n.º 1301003.595 S1C3T1 Fl. 8 7 de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.720067/2013-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
Aplicação Súmula 108, CARF.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia- SELIC sobre o valor correspondente à multa de ofício.
Numero da decisão: 1402-003.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário - Aplicação da Súmula CARF º 108.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente)
Nome do relator: LUCAS BEVILACQUA CABIANCA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 Aplicação Súmula 108, CARF. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia- SELIC sobre o valor correspondente à multa de ofício.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário - Aplicação da Súmula CARF º 108. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente. (assinado digitalmente) Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente)
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Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC sobre o valor correspondente à multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário Aplicação da Súmula CARF º 108. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente) Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 00 67 /2 01 3- 13 Fl. 4610DF CARF MF 2 Tratase de Recurso de Ofício e Voluntário já apreciados pela 1ª TO da 2ª CAM deste CARF que exonerou a contribuinte pela dedução de despesa com amortização de ágio e multa qualificada imposta. (Anocalendário 2007 e 2008) em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Inexiste vedação legal para que uma pessoa jurídica, detentora de ágio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial em razão da rentabilidade futura da investida, confira o aproveitamento deste ágio a outra pessoa jurídica por intermédio da absorção de seu patrimônio (art. 7º da Lei nº 9.430/96) ou viceversa (art. 8º). Se o ágio na aquisição do investimento efetivamente ocorreu, não sendo fruto de operações entre empresas do mesmo grupo econômico (ágio interno), incabível a glosa da despesa com sua amortização fundada no emprego da assim chamada "empresa veículo". SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. Caracterizam subvenções para investimento e, portanto, não se sujeitam à incidência do IRPJ e da CSLL, os incentivos do PROADI instituídos pelo art. 5º da Lei nº 7.075/1997 do Estado do Rio Grande do Norte. A Turma Ordinária negou provimento ao recurso de ofício ao se manifestar a respeito do mérito da subvenção para investimentos e multa qualificada, sem que tenham sido apresentados embargos de declaração ou recurso especial a esse respeito. Irresignada com a decisão, no que respeita à amortização do ágio, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial que foi julgado procedente pela CSRF consagrandose o seguinte entendimento: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICOTRIBUTÁRIO. O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e trata se de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformamse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendose aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos Fl. 4611DF CARF MF Processo nº 10380.720067/201313 Acórdão n.º 1402003.471 S1C4T2 Fl. 11.112 3 de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontramse atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, tomase o momento em que o contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável. Ante o restabelecimento da autuação no que respeita a indevida amortização do ágio, a fim de não haver supressão de instância, considerando que não apreciado Recurso Voluntário na parte que respeitava à aplicação dos juros de mora pela taxa SELIC sobre a multa de ofício. Em breves linhas esse é o relatório. Voto Fl. 4612DF CARF MF 4 Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira relator Do relatado se constata que a única matéria controvérsia ainda pendente de julgamento é quanto a aplicação do juros de mora pela taxa SELIC na multa de ofício. Em sede de memoriais preocupouse a recorrente em trazer a jurisprudência que embasaria os argumentos, cabe simplesmente registrar que o acórdão apresentado contem entendimento superado e a jurisprudência atual desta Corte é unânime em reconhecer a incidência dos juros de mora sobre a multa, como se pode ver abaixo em julgados recentíssimos de todas as turmas da CSRF: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9101002.180, CSRF, 1ª Turma) JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Acórdão 9202003.821, CSRF 2ª Turma) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (Acórdão 9303003.385, CSRF, 3ª Turma). Não bastasse isso temse que este egrégio CARF já possui entendimento sumulado no sentido de que "incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC sobre o valor correspondente à multa de ofício." O entendimento acima foi alcançado a partir de série de precedentes deste Eg. CARF: CSRF/0400.651, de 18/09/2007; 10322.290, de 23/02/2006; 10323.290, de 05/12/2007; 10515.211, de 07/07/2005; 10616.949, de 25/06/2008; 30335.361, de 21/05/2018; 140100.323, de 01/09/2010; 910100.539, de 11/03/2010; 910101.191, de 17/10/2011; 920201.806, de 24/10/2011; 920201.991, de 16/02/2012; 1402002.816, de 24/01/2018; 2202003.644, de 09/02/2017; 2301005.109, de 09/08/2017; 3302001.840, de 23/08/2012; 3401004.403, de 28/02/2018; 3402004.899, de 01/02/2018; 9101001.350, de 15/05/2012; 9101001.474, de 14/08/2012; 9101001.863, de 30/01/2014; 9101002.209, de 03/02/2016; 9101003.009, de 08/08/2017; 9101003.053, de 10/08/2017; 9101003.137 de 04/10/2017; 9101003.199 de 07/11/2017; 9101003.371, de 19/01/2018; 9101003.374, de 19/01/2018; 9101003.376, de 05/02/2018; 9202003.150, de 27/03/2014; 9202004.250, de 23/06/2016; 9202004.345, de 24/08/2016; 9202005.470, de 24/05/2017; 9202005.577, de 28/06/2017; 9202006.473, de 30/01/2018; 9303002.400, de 15/08/2013; 9303003.385, de 25/01/2016; 9303005.293, de 22/06/2017; 9303005.435, de 25/07/2017; 9303005.436, de 25/07/2017; 9303005.843, de 17/10/2017. Fl. 4613DF CARF MF Processo nº 10380.720067/201313 Acórdão n.º 1402003.471 S1C4T2 Fl. 11.113 5 Nesta perspectiva, ante a disposição regimental deste Eg.CARF que confere caráter vinculante aos seus precedentes sumulados declinome ao entendimento consagrado ao que voto pela aplicação da Súmula CARF nº 108. É como voto. (assinado digitalmente) Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Fl. 4614DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.907871/2009-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
Numero da decisão: 1301-003.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10283.903399/2009-53, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10283.903399/200953, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 78 71 /2 00 9- 27 Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 3 2 Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de Declaração de Compensação DCOMP, no qual se pleiteia compensação de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de IRPJ Estimativa mensal (código 2362). O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. A empresa apresentou manifestação de inconformidade onde afirma que as compensações foram realizadas em completa harmonia com a legislação vigente. Isto porque calculou e recolheu um determinado valor de IRPJ, com código de arrecadação de estimativa mensal e, posteriormente ao recolhimento, verificou que o valor de IRPJ efetivamente devido montava um valor inferior àquele originalmente pago através de DARF. Acrescenta que o valor recalculado está de acordo com os valores declarados em DCTF e que, uma vez confessada uma dívida efetiva em valor inferior àquele recolhido, teria nascido um crédito tributário. O sujeito passivo alega que por equívoco procedeu ao recolhimento num valor superior àquele efetivamente devido. Argumenta também que não se trata de pagamento por estimativa mensal, uma vez que foi realizado com base em balanço de suspensão ou redução. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que os valores apurados a partir da receita bruta em função de balancete redução correspondem a estimativa mensal e que não havia previsão legal para utilização em DCOMP, de crédito referente a estimativa mensal de IRPJ. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário, no qual reafirma a existência de pagamento indevido ou a maior de IRPJ, reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade, declara que a decisão da DRJ vai de encontro a jurisprudência do CARF e, ao final, requer o reconhecimento da homologação das compensações em litígio. É o relatório. Voto Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 4 3 Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.563, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10283.903399/2009 53, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.563): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme se depreende do relatório, o cerne da discussão no presente processo é a possibilidade ou não de se compensar pagamento indevido ou a maior recolhido a título de estimativa mensal para aquelas pessoas jurídicas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real. O pedido de compensação foi indeferido liminarmente, através de Despacho Decisório Eletrônico, a partir do momento em que o sistema constatou tratarse de recolhimento efetivado sob o código de arrecadação 2362 (IRPJ PJ OBRIGADAS AO LUCRO REAL ENTIDADES NÃO FINANCEIRAS ESTIMATIVA MENSAL). A Unidade de Origem não se adentrou no mérito do direito creditório, e por conseguinte, não deu oportunidade para o contribuinte produzir provas. O Despacho Eletrônico, bem como o acórdão da DRJ, fundamentaram o indeferimento do pedido de compensação no artigo 74 da Lei nº 9.430/96, em concomitância com o art. 10 da IN SRF nº 600/2005. O §14º do art.74 da citada lei atribuiu competência a Secretaria da Receita Federal para disciplinar a compensação e, o órgão emitiu instrução normativa que disciplinou a matéria. O art. 10 da IN SRF nº 600/2005, vigente à época, determinava: Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior de imposto de renda ou de CSLL sobre rendimentos que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Contudo o art.74, §3º, da Lei nº 9.430/96 que tratou das vedações à compensação através de DCOMP, dispôs em seu Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 5 4 inciso IX dos débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do IRPJ ou da CSLL, mas nada dispondo acerca de créditos oriundos de pagamento indevido de estimativa mensal, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ......... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pela sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ........ IX os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º desta Lei. (grifei) É de se observar que a Instrução Normativa fez uma interpretação restritiva de Lei nº 9.430/96, a qual não encontrou guarida na jurisprudência do CARF, que acerca da matéria proferiu a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. (Súmula revisada conforme Ata da Sessão Extraordinária de 03/09/2018, DOU de 11/09/2018). Transcrevese ainda a redação anterior da súmula: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Para melhor esclarecer a aplicação da súmula, trago à baila trecho do acórdão da CSRF nº 910100.406, de 02/10/2009, utilizado como precedente para elaboração da jurisprudência: Ementa: RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 6 5 social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição corno pagamento indevido de tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, (...) De acordo com o acórdão recorrido, não seria possível caracterizar como indevido o recolhimento da antecipação mensal por estimativa de CSLL efetuado a maior, apenas confrontando referido pagamento com as regras para apuração do valor devido a titulo de antecipação mensal. (...) É o relatório. (...) Nos termos da lei, a pessoa jurídica que opta pelo lucro real anual está obrigada a antecipar, mensalmente, o IRPJ calculado por estimativa. Referida obrigação de antecipar a cada mês uma parcela do IRPJ que será devido ao fim do ano calendário é apurada sobre a base de cálculo estimada, calculada conforme percentuais definidos em lei aplicados sobre a receita bruta do Contribuinte até o mês em que a antecipação é realizada. Ainda nos termos da lei, a obrigação de antecipar o imposto pode ser reduzida ou suspensa, conforme o Contribuinte comprove, mediante levantamento de balanços ou balancetes, que o IRPJ, se calculado sobre o lucro real verificado até o momento da apuração da antecipação, é menor do que o valor devido de acordo com o cálculo sobre a base estimada. Em apertada síntese, esse é o regime legal da obrigação de antecipar, mensalmente, o IRPJ, em caso de opção pela apuração do lucro real em base anual. Diferentemente do acórdão recorrido, entendo que o Contribuinte está obrigado ao recolhimento das antecipações mensais nos termos estabelecidos na legislação, seja sobre as bases estimadas, seja sobre a base de cálculo apurada em balanço ou balancete de suspensão ou redução. A meu ver, havendo recolhimento superior àquele imposto por lei, ainda que sob a alcunha de "estimativa", resta caracterizado o recolhimento a maior passível de restituição ou compensação. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 7 6 Como bem observou o acórdão paradigma, a legislação não estabelece que recolhimentos a maior que os estabelecidos pelas regras da apuração da antecipação mensal por estimativa também devem ser considerados como antecipação do imposto. Em outros termos, o recolhimento que exceda o valor apurado de acordo com as regras para o cálculo das antecipações mensais por estimativa não tem natureza de antecipação do imposto, mas de pagamento indevido, restituível nos termos do art. 165 do CTN.(grifei) Nesse diapasão, em observância à Súmula CARF nº 84, reconhecese que é possível a caracterização de indébito a partir de recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte da existência de pagamento indevido, ou seja, que o valor recolhido a título de estimativa mensal, ainda que através de balanço ou balancete suspensão/redução, foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Logo, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindo se assim, o processo de praxe." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10283.907871/200927 Acórdão n.º 1301003.586 S1C3T1 Fl. 8 7 de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que sejam analisadas as demais questões de mérito do pedido de compensação e emita novo despacho decisório, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 116DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720094/2016-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2011 a 31/08/2014
PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUA O FATO GERADOR. COMPROVAÇÃO
Há necessidade de comprovação do interesse jurídico comum na situação que constitua o fato gerador para que se aplique as disposições constantes do artigo 124, I, do CTN. Tal comprovação se consubstancia na demonstração, pelo Fisco, de que o solidário praticou atos que se subsumiram ao critério material da regra matriz de incidência do tributo que se analisa.
DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. PRÓ-LABORE.
As importâncias pagas aos sócios registradas como distribuição de lucros mas que configurem retribuição do trabalho prestado devem ser consideradas pagamentos a título de pró-labore, incidindo sobre elas a contribuição previdenciária social.
MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE.
A aplicação da multa de ofício decorre do cumprimento da norma legal.
Apurada a infração, é devido o lançamento da multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2201-004.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Dr. José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento. Quanto à imputação de responsabilidade solidária, restaram vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), José Alfredo Duarte Filho e Douglas Kakazu Kushiyama, que afastavam à responsabilidade do recorrente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUA O FATO GERADOR. COMPROVAÇÃO Há necessidade de comprovação do interesse jurídico comum na situação que constitua o fato gerador para que se aplique as disposições constantes do artigo 124, I, do CTN. Tal comprovação se consubstancia na demonstração, pelo Fisco, de que o solidário praticou atos que se subsumiram ao critério material da regra matriz de incidência do tributo que se analisa. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. PRÓLABORE. As importâncias pagas aos sócios registradas como distribuição de lucros mas que configurem retribuição do trabalho prestado devem ser consideradas pagamentos a título de prólabore, incidindo sobre elas a contribuição previdenciária social. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. A aplicação da multa de ofício decorre do cumprimento da norma legal. Apurada a infração, é devido o lançamento da multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Dr. José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento. Quanto à imputação de responsabilidade solidária, restaram vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), José Alfredo Duarte Filho e Douglas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 94 /2 01 6- 46 Fl. 670DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 3 2 Kakazu Kushiyama, que afastavam à responsabilidade do recorrente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 15586.720081/201677, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à impugnação formalizada pelo sujeito passivo solidário mantendo integralmente os termos do lançamento fiscal em que se exige crédito tributário, referente à contribuição da empresa prevista no artigo 22, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, incidente sobre a remuneração paga sob a forma de lucros distribuídos no período de 03/2011 a 08/2014, além de multa de ofício de 75%, nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/1991. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário da empresa Clinic Center S/S LTDA, CNPJ 10.826.184/000105, administrada por Valdecir Arrivabeni, CPF 493.191.83791, até a sua extinção, em 02/02/2015. Em 30/06/2015, data posterior à baixa da empresa, formalizouse procedimento fiscal através do qual se constatou que os pagamentos efetuados sob a forma de distribuição de lucros ao sócioadministrador e aos demais sócios configuravam, na realidade, remunerações vinculadas à prestação de serviços, mais especificamente, aos plantões trabalhados pelos sócios, todos médicos. Ainda segundo o relatório, no caso de lançamentos futuros efetuados após a extinção da personalidade jurídica da empresa, a responsabilidade deve ser atribuída aos administradores dos períodos dos respectivos fatos geradores (arts. 4º, 5º e 9º da Lei Complementar nº 123/2006), bem como àqueles com interesse comum nas situações que constituíram o fato gerador da obrigação principal (art. 124, inc. I da Lei nº 5.172/1966). Fl. 671DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 4 3 A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo solidário, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual mantevese a responsabilidade do sujeito passivo solidário com base no interesse comum na situação que constituiu o fato gerador, conforme previsto no caput, § 4º e §5º da Lei Complementar nº 123/2006 e no inc. I do art. 124 do Código Tributário Nacional (lei nº 5.172/1966). Considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para este Conselheiro. É o que havia para ser relatado.” É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 15586.720081/201677, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos vencido e vencedor proferidos, respectivamente, pelos Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Henrique de Oliveira, dignos Relator e Redator designado da decisão paradigma suso citada, reprisese, Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018. Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Voto Vencido "Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário preenche os requisitos para sua admissibilidade e portanto o conheço. Conforme consta do relatório fiscal houve a constituição do crédito tributário após encerramento da empresa Clinic Center S/S LTDA, CNPJ 10.826.184/000105, e que foi administrada por Valdecir Arrivabeni, CPF 493.191.83791, até a sua extinção, em 02/02/2015. Houve a lavratura de termo de sujeição passiva solidária em face do recorrente com base nos termos do artigo 9ºcaput, § 4º e §5º da Lei Complementar nº123/2006 e no inc. I do art. 124 do Código Tributário Nacional (lei nº 5.172/1966): Lei Complementar nº 123/2006 Art. 9º O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em Fl. 672DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 5 4 qualquer órgão dos 3 (três) âmbitos de governo ocorrerá independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção. (...) § 4º A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos, contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades praticadas pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus titulares, sócios ou administradores. § 5º A solicitação de baixa do empresário ou da pessoa jurídica importa responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Código Tributário Nacional Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Ocorre que, a solidariedade definida pelo art. 9º §§ 4º e 5º da referida Lei 123/2006 são aplicadas tão somente às empresas que estão sob o regime do Simples Nacional e, na espécie, não houve a comprovação por parte da fiscalização de que a empresa que foi baixada estivesse no referido regime especial de tributação. Inclusive a aferição da responsabilidade pelos termos do art. 124, I do CTN não restou comprovada pela fiscalização, sendo apenas indicado como fundamento da solidariedade o fato que o registro do distrato acarreta a extinção da personalidade jurídica da sociedade e a responsabilidade tributária caberá aos sócios. Impende ressaltar, que nos casos de sujeição passiva solidária, cabe ao Fisco promover a prova e relatar os fatos de interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal que vincule o sujeito passivo solidário, não sendo possível o interesse meramente econômico e financeiro no resultado ou no proveito da situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitua o fato gerador. Pelo exposto, conheço e dou provimento ao recurso para afastar a responsabilidade solidária do recorrente no lançamento. Caso vencido na preliminar acima, no mérito, entendo que o recurso não merece prosperar. Com efeito pelo Relatório Fiscal, ficou comprovado pela autoridade lançadora que os pagamentos intitulados como distribuição de lucros eram, na realidade, remuneração decorrente de serviços prestados, quando demonstrou que vários médicos recebiam, mensalmente, valores Fl. 673DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 6 5 a título de distribuição de lucros quando nem sequer figuravam no contrato social como sócios e não possuíam qualquer vínculo empregatício com a autuada, além de que as escalas de plantões indicadas, provam a sua relação direta entre as escalas e a distribuição de lucros com base em valor/hora para remuneração desses plantões, recebendo os médicos adiantamentos de lucros exclusivamente em decorrência de sua atividade laboral nos plantões, longe portanto, de ser distribuição a título de lucros. Quanto à multa de ofício resta mantida, pois as razões recursais se debruçam apenas em relação ao princípio do não confisco, aplicandose nesse caso os termos da Súmula CARF nº 02: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Pelo exposto, nego provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator" Voto Vencedor "Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Redator designado. Em que pesem os argumentos e a logicidade jurídica do eminente Relator, ouso, com a devida vênia, dele discordar somente quanto à responsabilidade solidária imputada. Explico. Segundo a Autoridade Fiscal, o Recorrente é responsável solidário posto que tem interesse comum no fato gerador, como se pode inferir do seguinte excerto do Relatório Fiscal: (...)" Em que pese haver a menção a Lei Complementar nº 123/06, fica patente ao longo do relatório da imputação pelo Fisco, da responsabilidade solidária que tal argumento é complementar à verificação do interesse comum no fato gerador, fato este comprovado ao longo do relato feito pela Autoridade Lançadora. Recordemos outros pontos do mencionado relatório: Fl. 674DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 7 6 Linhas adiante nova explicitação: Ora, patente a motivação fiscal ao imputar, segundo as normas explicitadas pelo CTN, a responsabilidade solidária pelo crédito tributário constituído: Há nítido interesse comum no fato gerador da obrigação tributária por parte do coobrigado. Explico. Como dito pelo ínclito Relator, o auto de infração em discussão foi lavrado em razão da incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de 'distribuição de lucros', que, na visão do Fisco, são verdadeira remuneração pelo trabalho prestado, uma vez que decorrem de serviços médicos realizados em plantões, pelo Recorrente. A relação laboral apresenta nítido caráter bilateral, ou seja, a prestação de serviços pessoal é prestada por alguém em benefício de outrem. Ao recordarmos que a Constituição Federal, por meio do artigo 195, outorga competência para que o legislador institua um tributo incidente sobre a remuneração paga à pessoa física, pelo trabalho prestado, qualquer que seja o vínculo existente entre o tomador e trabalhador, e que tal tributo, contribuição social nos dizeres da Carta da República, deve ser suportado pelo empregador e também pelo trabalhador, tornase inequívoco o interesse comum, entre o tomador e a pessoa prestadora de serviços no fato gerador trabalho remunerado. Por amor à clareza, reitero: há interesse comum quanto às contribuições sociais previdenciárias, entre trabalhador e tomador de Fl. 675DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 8 7 serviços, por expressa disposição constitucional, quanto ao fato gerador trabalho remunerado. Não é outra a posição da doutrina. Paulo de Barros Carvalho, no clássico Curso de Direito Tributário (Ed. Saraiva, 14ª ed., pag. 311), discorrendo sobre o tema, esclarece que o interesse comum no fato gerador: "Vale, sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributário, como por exemplo, na incidência de IPTU em que duas ou mais pessoas sejam proprietárias do mesmo imóvel" Logo, forçoso reconhecer a procedência da responsabilidade solidária imputada. Tal constatação, nos leva, por via de consequência, afastar peremptoriamente as demais alegações recursais sobre o tema. Quanto a esse aspecto, invoco o contido no art. 489 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015), no seguinte dispositivo: "Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (grifouse)" Neste caso, tendo sido adotado como premissa que a imputação da responsabilidade solidária se deu com base no artigo 124, I, do CTN, e tendo ocorrido a demonstração, pela Autoridade Lançadora, do interesse comum no fato gerador, os demais argumentos apresentados pela recorrente não seriam "capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador". Ademais, o julgador não é obrigado a fundamentar o voto em todos os pontos pretendidos pela Recorrente, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, conforme precedentes do STF (Embargos Declaração no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 733.596MA). “[...] EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DURANTE PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. Fl. 676DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 9 8 PRETERIÇÃO CARACTERIZADA. EXPECTATIVA DE DIREITO CONVOLADA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. A omissão, contradição ou obscuridade, quando inocorrentes, tornam inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535 do CPC. 2. O magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. (g.n.) 3. A revisão do julgado, com manifesto caráter infringente, revela se inadmissível, em sede de embargos. (Precedentes: AI n.799.509 AgRED, Relator o Ministro Marco Aurélio, 1ª Turma, DJe de 8/9/2011; e RE n. 591.260AgRED, Relator o Ministro Celso de Mello, 2ª Turma, DJe de 9/9/2011). (...) 5. Embargos de declaração DESPROVIDOS. [...]” (Informativo 743/2014. EMB. DECL. NO AG. REG. NO RE N. 733.596MA. RELATOR: MIN. LUIZ FUX). Nesse mesmo caminho, a doutrina distingue entre enfretamento suficiente e enfretamento completo na análise das questões delineadas em peça de defesa. O julgador será, em regra, obrigado a enfrentar os pedidos, as causas de pedir e os fundamentos de defesa, mas não há obrigatoriedade de enfrentar todas as alegações feitas pelas partes a respeito de sua pretensão. Assim, em que pese o julgador deva enfrentar e decidir a questão colocada à sua apreciação, basta para tanto que contenha a decisão fundamentos suficientes para justificar a conclusão estabelecida na decisão proferida (Araken de Assis, Manual dos recursos, nota 66.2.1.3, p. 591. 2 ed. São Paulo, RT, 2008)." CONCLUSÃO Diante do exposto e com base nos fundamentos apresentados, voto por negar provimento ao recurso quanto à exclusão da responsabilidade solidária imputada. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira, Redator designado" Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 677DF CARF MF Processo nº 15586.720094/201646 Acórdão n.º 2201004.497 S2C2T1 Fl. 10 9 Fl. 678DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.007593/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2008
PENALIDADE. LEGISLAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES EXIGIDAS PELA RFB. PRAZO DE REGISTRO DADOS EMBARQUE. DESCUMPRIMENTO.
A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea 'e', do Decreto-Lei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias, destinadas à exportação no SISCOMEX, é cabível quando o atraso for superior a 07 (sete) dias, nos termos da IN SRF nº 1.096/2010.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.940
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES EXIGIDAS PELA RFB. PRAZO DE REGISTRO DADOS EMBARQUE. DESCUMPRIMENTO. A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea 'e', do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias, destinadas à exportação no SISCOMEX, é cabível quando o atraso for superior a 07 (sete) dias, nos termos da IN SRF nº 1.096/2010. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negarlhe provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 75 93 /2 01 0- 12 Fl. 453DF CARF MF 2 Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado contra a empresa SOCIÉTÉ AIR FRANCE (fls. 3/10), para constituição de crédito tributário referente à multa regulamentar no valor de R$ 30.000,00, decorrente da prestação intempestiva de informações relativas a 6 embarques aéreos realizados no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Segundo a Fiscalização, a Recorrente registrou intempestivamente os dados de embarque de mercadorias, relativos aos Despachos de Exportação (DDE) relacionados na planilha juntada às fls. 11 e 12 (informações extraídas do SISCOMEX EXPORTAÇÃO), descumprindo dessa forma a obrigação acessória prevista no art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 510, de 2005, sujeitandose por essa infração à multa prevista na alínea 'e' do inciso IV do art. 107 do Decretolei n° n° 37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833, de 2003. Em seu Relatório, afirma o Fisco que a obrigação do transportador encontra se estabelecida no art. 37 do Decretolei, com observância do prazo estipulado no art. 39, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 28, de 1994. Que o referido prazo deveria ser observado pelo transportador, por veículo, cada um identificado pelo respectivo vôo, em que se transportaram as cargas amparadas pelas Declarações de Exportação (DDE). Cientificado do Auto de Infração, a Recorrente apresentou Impugnação e requereu o cancelamento do lançamento, alegando (i) erro na tipificação do auto de infração, (ii) ausência de prova da intempestividade, (iii) prova imperfeita em razão de indisponibilidades do Siscomex, (iv) inexistência de embaraço à fiscalização, (v) violação da finalidade do ato administrativo e (vi) violação à proporcionalidade e à razoabilidade. Na decisão de piso (prolatada pela DRJ em Florianópolis/SC), destacou o julgador administrativo que a IN RFB nº 1.096/2010, alargara para sete dias o prazo para a prestação das informações de embarque, em razão do que afastaramse as parcelas da multa exigidas com base no prazo de dois dias, tendo em vista o contido no art. 106, II, do Código Tributário Nacional (retroatividade benigna), sendo mantido o crédito tributário de R$ 10.000,00. Quanto às demais alegações do contribuinte, a Delegacia de Julgamento afastouas, ora por falta de comprovação, ora em razão da necessária observância do princípio da legalidade por parte da Administração Pública, cuja atividade é vinculada e obrigatória. Cientificado da decisão em 16/08/2012 e, não concordando, interpôs em 13/09/2012, o Recurso Voluntário em que reitera seu pedido de cancelamento total do Auto de Infração, repisando os argumentos de defesa apresentados na Impugnação, resumido nas seguintes razões: 1) o Auto de Infração foi lavrado com base em incorreta tipificação dos fatos, bem como em incorreta adequação dos fatos à norma; 2) ausência de provas, o Auto de Infração lavrado não foi instruído com qualquer documento que comprove a infração imputada à mesma, caracterizando a não ocorrência do fato gerador da multa, bem como o cerceamento do direito de defesa; 3) após alterações do §2º do art. 102 do Decretolei nº 37/1966 pela Lei nº 12.350/2010, o instituo da denuncia espontânea passou a excluir não somente as penalidades de natureza tributária, mas também as penalidades administrativas; 4) prova imperfeita, o SISCOMEX inegavelmente apresenta falhas técnicas (reproduz no corpo recurso) que, por diversas vezes, geram sua indisponibilidade por horas ou Fl. 454DF CARF MF Processo nº 10715.007593/201012 Acórdão n.º 3402005.940 S3C4T2 Fl. 454 3 mesmo dias e impedem a inserção de dados de embarque de mercadorias, não podendo a Recorrente arcar com pesadas multas em virtude de um atraso que ela não deu causa; 5) inexistência de embaraço a fiscalização e violação à finalidade do ato admnistrativo; 6) violação do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade; e 7) a fiscalização agiu em desacordo com os dispostos nos artigos 63 e 65, da Lei nº 5.025/1966. Junto ao Recurso Voluntário, trouxe aos autos cópias de acórdãos do CARF sobre a matéria e de um Ofício do SERPRO, datado de 11/11/2011, informando sobre as indisponibilidades ocorridas no sistema SISCOMEX durante o ano 2004. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para análise do recurso que proferiu o Acórdão nº 3803006.281 (3ª Turma Especial), sessão de 22/07/2014 (fls. 219/225), que no voto condutor, o Relator aduz que "Considerando que as informações foram prestadas intempestivamente pelo Recorrente mas antes de qualquer atividade da fiscalização e alguns dias depois das datas dos vôos em que as mercadorias exportadas foram transportadas, temse que nenhuma das exceções acima referenciadas se aplica ao presente caso". Ao final, o Colegiado decide que no caso sob análise, no momento da prestação de informações pelo transportador, as Declarações de Exportação já haviam sido apresentadas, restringindose a obrigação acessória aos registros dos embarques no SISCOMEX, medida essa de controle meramente administrativo, o que em nada afeta o cumprimento das obrigações tributárias principais. E conclui da seguinte forma (fl. 219): "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, para cancelar o auto de infração. Vencido o conselheiro Corintho Oliveira Machado que negava provimento". (Grifei) Cientificada do Acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Ao julgar o caso, a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF (Acórdão nº 9303003.781, de 26/04/2016, fls. 365/373), deu provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, afastando a possibilidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea às penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela RFB para a prestação de informações à administração aduaneira. Na mesma decisão, determinou que os autos fossem remetidos novamente às Turmas Ordinárias (TO) para apreciação e deliberação dos demais argumentos apresentados pelo Contribuinte em seu recurso. O contribuinte opôs Embargos de Declaração cuja a admissibilidade foi negada por despacho do Presidente do CARF. Fl. 455DF CARF MF 4 Por fim, cabe informar que a empresa recorreu ao Poder Judiciário e a Fazenda Nacional (PGFN) recorreu da liminar concedida, culminando que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região TRF01, proferiu decisão no Agravo de Instrumento nº 1005165 84.2016.4.01.0000 (Processo Referência: 100696887.2016.4.01.3400), em que restou cassada a liminar concedida do MS 100696887.2016.4.01.3400, impetrada pela SOCIETE AIR FRANCE (fls. 402/451). Os autos foram distribuídos à esta Turma Ordinária, para relatoria do feito. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Como se verifica no relatório, apenas o argumento relativo à aplicação da denúncia espontânea em relação a penalidades decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias foi enfrentado no Acórdão proferido pela 3ª Turma da CSRF, justamente por ter sido o fio condutor do Acórdão proferido na Turma Especial, que deixou de deliberar sobre os demais pontos abordados, a despeito do Relator têlos citados em seu acórdão. Desse modo, cabe a este Colegiado discutir, apenas os demais argumentos aduzidos no Recurso Voluntário da Recorrente. Como relatado, a Recorrente alega em sua Impugnação e repisa no Recurso Voluntário que (i) o Auto de Infração foi lavrado com base em incorreta tipificação, bem como em incorreta adequação dos fatos à norma; (ii) falta de prova, o Auto de Infração lavrado não foi instruído com qualquer documento que comprove a infração imputada à mesma, caracterizando o cerceamento do direito de defesa; (iii) com as alterações do §2º do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966 pela Lei nº 12.350/2010, o instituo da denuncia espontânea passou a excluir não somente as penalidades de natureza tributária, mas também as penalidades administrativas; (iv) o SISCOMEX inegavelmente apresenta falhas técnicas que impedem a inserção de dados de embarque de mercadorias; (v) inexistência de embaraço a fiscalização; (vi) violação do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade e (vii) aplicação do disposto nos art. 63 e 65 da Lei nº 5.025/66. Ressaltase que o argumento da ocorrência de direito superveniente, autorizando a aplicação do instituto da denúncia espontânea às multas administrativas (item (iii) do tópico acima), matéria esta que já foi enfrentada e decidido pelo seu afastamento pelo Acórdão proferido pela 3ª Turma da CSRF. 1. Da alegada Nulidade do lançamento Quanto ao argumento sustentado pela Recorrente que é nulo o lançamento, ao fundamento que ocorreu erro na tipificação do Auto de Infração e também que não haveria provas do cometimento da infração, entendo que nos dois argumentos não assiste razão à Recorrente, explico. Vejase o que alega a Recorrente em seu recurso: Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10715.007593/201012 Acórdão n.º 3402005.940 S3C4T2 Fl. 455 5 Pois bem. Verificase no Auto de Infração, no quadro "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal" (fl. 5/6 dos autos), que a Fiscalização enquadrou a infração na alínea 'e' do inciso IV do art. 107 do Decretolei nº 37, de 1966, na redação conferida pela Lei n.º 10.833, de 2003, que tipifica a conduta de deixar de prestar as informações requeridas, na alínea “c” do mesmo dispositivo, combinado com dispositivos da IN/SRF nº 28/1994 e IN/SRF nº 510/2005. Vejase: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV – de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de não apresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal; (...) e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta a porta, ou ao agente de carga. (Grifei) Como pode ser visto, o alegado enquadramento incorreto não se verifica. De outra forma, a multa em apreço é decorrente, tãosomente, da impontualidade da interessada quanto ao cumprimento da obrigação acessória de que trata a alínea 'e1 do inciso IV do art. 107 do Decretolei n° 37, de 1966, infração essa que, se não informada, seria passível de conhecimento pela autoridade aduaneira. Portanto, perfeitamente tipificada e enquadramento da a infração à norma. Continua a Recorrente, aduzindo que, "(...) No entanto, tal planilha não possui valor probatório algum para fins de apuração da infração imputada á Recorrente (...)". Por outro lado, vejase o consignado no texto do Auto de Infração (fl. 5): "001 NÃO PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEICULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÕES QUE EXECUTAR Fl. 457DF CARF MF 6 No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, conforme dispõe o art. 147, do DecretoLei 37/66, regulamentado pelo art. 203, inciso VI, da Portaria MF n. 2 125, de 4 de março de 2009, com vistas à verificação do cumprimento da obrigação acessória disposta no art 37, da IN/SRF nº 28/1994, alterado pelo art.1º, da IN/SRF nº 510/2005, foram apurados registros de dados de embarque intempestivos, referentes aos transportes internacionais realizados em Maio de 2008 no Aeroporto Internacional do Rio de JaneiroALF/GIG". (Grifei) Quanto a alegação de que não haveria provas do cometimento da infração, resta constatado nos autos que os dados que embasaram o lançamento, estão relacionados no demonstrativo de fls. 11 e 12, separado por numero de DDE, data do Embarque, Data da Informação e nº do Vôo, sendo que tais informações foram extraídas do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX, módulo EXPORTAÇÃO), um Sistema de controle informatizado que reflete, num único ambiente, onde permanecem gravadas todas as informações relativas ao comércio exterior (incluindo o registro de embarque de mercadorias destinadas ao exterior) e no qual é exercido o controle governamental do Brasil, a partir inclusive, de informações registradas pelos próprios importadores, exportadores, depositários e transportadores, por seus empregados ou representantes legais. Alega também a Recorrente que o SISCOMEX inegavelmente apresenta falhas técnicas que, por diversas vezes, geram sua indisponibilidade por horas ou mesmo dias e impedem a inserção de dados de embarque de mercadorias, não podendo a Recorrente arcar com pesadas multas em virtude de um atraso que ela não deu causa. Ora, se houve alguma das informações relacionadas na planilha de forma incorreta, é ônus da Recorrente demonstrar, trazendo aos autos as provas documentais que comprovem o erro supostamente cometido pela Fiscalização. Afinal, conforme conhecido brocardo jurídico, alegar e não provar é o mesmo que não alegar, devendo o julgador observar as regras de distribuição do ônus probatório. Contudo, a Recorrente nada trouxe que infirmasse qualquer das informações encartadas no demonstrativo elaborado às fls. 11 e 12. Quanto ao alegado que o Auto de Infração lavrado não foi instruído com qualquer documento que comprove a infração imputada à mesma, caracterizando o cerceamento do direito de defesa, verificase que o Auto de Infração foi lavrado por autoridade competente e teve origem em auditoria realizada pela Fiscalização da RFB, detalhada no Auto de Infração, onde consta a motivação para o lançamento e as provas que conduziram a autoridade fazendária a sua lavratura. A Recorrente foi cientificada da exigência fiscal e apresentou Impugnação que foi apreciada em julgamento realizado na primeira instância. Irresignada com o resultado do julgamento da autoridade a quo, a Recorrente protocolou recurso voluntário, rebatendo as posições adotadas no acórdão recorrido, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, portanto, as motivações para o lançamento, bem como, as do julgamento na primeira instância foram claramente identificadas. Com todo este histórico de discussão administrativa, não se pode falar em cerceamento de direito de defesa ou quaisquer outros vícios no lançamento ou no julgamento da primeira instância, uma vez que todo o procedimento previsto no Decreto nº 70.235/72, foi observado, tanto no lançamento tributário, como no curso do devido processo administrativo fiscal. Assim, a nulidade alegada pela Recorrente quanto ao possível erro de enquadramento legal da penalidade não deve prosperar, haja vista que o tipo infracional está perfeitamente descrito na norma e se coaduna com o fato ocorrido, qual seja, o atraso na Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10715.007593/201012 Acórdão n.º 3402005.940 S3C4T2 Fl. 456 7 prestação dos dados pertinentes ao embarque da mercadoria. No mesmo sentido verificase que as informações das datas foram extraídas do Sistema de controle de exportação, o SISCOMEX. 2. Do valor da multa e da retroatividade benigna No julgamento de piso, o julgador administrativo destacou que a IN RFB n.º 1.096/2010 alargara para 07 (sete) dias o prazo para a prestação das informações de embarque, em razão do que afastaramse as parcelas da multa exigidas com base no prazo de 02 (dois) dias, tendo em vista o contido no art. 106, II, do Código Tributário Nacional (retroatividade benigna), sendo mantido o crédito tributário de R$ 10.000,00. Da análise da tabela acostada aos autos de fls. 11 e 12, temse que o lançamento só poderia vigorar em relação às Declarações de Despacho de Exportação DDE, cujos embarques foram efetuados e informados nos seguintes dias: 01/05/2008 (vôo AF447); 22/05/2008 (vôo AF443), visto que ultrapassado o prazo de 07 dias estabelecido para o registro no SISCOMEX, conforme o estabelecido no artigo 37 da IN SRF nº 28/94 (redação dada pela IN RFB no 1.096, de 13/12/2010), sendo exoneradas as penalidades em que a prestação de informações ocorreu em prazo inferior. Assim, sem reparos a decisão a quo, uma vez que encontrase correto o critério utilizado para aplicação da penalidade, ao considerar que o valor de R$ 5.000,00 deve ser exigido em relação a cada veículo transportador, ou seja, por embarque/vôo, o que resultou em 02 vôos, no caso em apreço, resultando no valor de R$ 10.000,00. 3. Da alegada prova imperfeita falhas técnicas do SISCOMEX Aduz em seu recurso que o SISCOMEX inegavelmente apresenta falhas técnicas que, por diversas vezes, geram sua indisponibilidade por horas ou mesmo dias e impedem a inserção de dados de embarque de mercadorias. No que diz respeito ao argumento que atribui à ocorrência de problemas no SISCOMEX como sendo motivador do registro dos dados de embarque fora do prazo fixado, tenhoo como daqueles que não transcende de si mesmo, é genérico e desprovido de elementos de prova, e dessa ocorrência não se teve notícia concreta nos autos. Como já asseverado, não basta sustentar que falhas ocorreram no aludido sistema e exemplificálas descrevendo algumas que se teriam verificado inclusive em períodos anteriores ao que ocorreram os embarques das mercadorias objeto dos autos. Assim, a pretensão calçada nesse argumento não tem como prosperar no sentido de afastar a aplicação da multa ora litigada. No que se refere às alegações quanto às informações da Fiscalização de que as datas informadas como sendo do registro dos dados de embarque seriam, na verdade, as datas das averbações ou que as mesmas não refletem as tentativas de registros por parte da transportadora, também são desprovidas de comprovação nos autos. Sobre os argumentos de problemas existentes no registro das informações, as mesmas não foram comprovadas de forma que pudessem afastar a exigência do cumprimento do prazo em questão. Ainda que as decisões administrativa e judicial trazidas aos autos para sustentar sua tese não vincule o julgador, é de se destacar que as ementas aludem à necessária comprovação das falhas no SISCOMEX. Quanto a informação trazido pelo Ofício Resposta expedido pelo SERPRO, oriundo de pedidos judiciais efetuado pela Recorrente, que revela os casos de inconsistência e do desempenho da unidade de monitoração do sistema SISCOMEX, o referido Órgão de Fl. 459DF CARF MF 8 processamento de dados apresentou a relação de panes registradas ao longo do ano de 2004, ou seja, período distinto do discutido nesses autos que é referente ao ano de 2008 (fls. 210/216). Com relação às alegações no tocante à aplicação da IN RFB n.º 835/2008, que trata de normas de contingência, é de se destacar que referida norma traz em seu bojo as situações em que se aplicaria e, principalmente, os ritos para que se contingenciassem problemas de origem técnica determinando procedimentos a serem cumpridos pelos interessados. E como se vê da análise dos autos, nada consta que tais procedimentos tenham sido adotados no período da autuação em relação à autuada. Por fim, no que respeita ao encargo de se provar o que se alega, de se ver o disposto no inciso III do art. 16 do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, que diz: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir: (redação dada pelo art. 1º da Lei n° 8.748, de 1993) Grifei 4. Da alegada inexistência de embaraço à fiscalização A Recorrente alega a inexistência de embaraço à fiscalização, desoneração às exportações e violação á finalidade do Ato administrativo. Cabe ressaltar que na vigência da IN SRF nº 28, de 1994, a inobservância da obrigação estabelecida no seu art. 37, era entendida pela RFB como caracterizadora de embaraço à atividade de fiscalização aduaneira, conforme disposto em seu art. 44. No entanto, a partir da edição da MP nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003, foi estabelecida para o transportador a obrigação de “prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas”, como se verifica da redação emprestada ao art. 37 do Decretolei nº 37, de 1966 pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003: “Art. 77. Os arts. 1º, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado". Posto isto, com a entrada em vigor dessa nova norma legal, o descumprimento da obrigação de prestar à RFB, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, passou a ser cominada com a multa de R$ 5.000,00, prevista no inciso IV, “e”, do art. 107 do Decretolei nº 37/1966, e não mais aquela prevista por embaraço, que veio a ser tipificada no inciso IV, “c”. Portanto, ainda que a IN SRF nº 28/94, como alega, possa definir o atraso como embaraço, o Decreto Lei n.º 37/66, com a redação da Lei n.º 10.833/2003, previu multa específica para a intempestividade na prestação das referidas informações. Assim, para a caracterização de ilícito sujeito à aplicação da referida multa, há que ser apurado o descumprimento da obrigação, o que implica, no caso, a inobservância de Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10715.007593/201012 Acórdão n.º 3402005.940 S3C4T2 Fl. 457 9 prazo fixado pela Administração Tributária para a apresentação dos dados relativos ao embarque. Por fim, tendo em vista o princípio da legalidade a que está sujeito o Ato administrativo, é de se afastar, também, as alegações quanto à inexistência de embaraço à fiscalização e os demais argumentos quanto à desoneração às exportações, violação à finalidade do ato administrativo e que não houve prejuízo ao interesse público, pois nenhum tributo teria deixado de ser recolhido. 5. Violação à proporcionalidade e à razoabilidade caráter confiscatório da multa O argumento de que a multa viola princípios constitucionais não pode ser apreciado pelo julgador administrativo, pois falece competência aos agentes administrativos para afastar a aplicação de dispositivos legais plenamente vigentes. Para que incida a penalidade em questão, basta que se configure a situação fática eleita pelo legislador para a sua aplicação, sendo absolutamente desnecessária qualquer consideração Além disso, quanto ao argumento de desproporcionalidade e da razoabilidade, a única possibilidade de não aplicação da multa seria pela declaração de inconstitucionalidade da mesma, o que é vedado expressamente pelo artigo 26A do Decreto nº 70.235/72 e pela Súmula CARF nº 02, de observância obrigatória por parte deste Colegiado. Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Nesse diapasão, quanto à aplicação dos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do não confisco, cabe destacar que uma vez materializada a hipótese de incidência prevista na norma penal, é defeso à Fiscalização aduaneira, à luz dos mencionados princípios, mitigar a aplicação da penalidade imposta pela legislação, eis que a atividade administrativa do lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a fiscalização aplicar a sanção em sua inteireza conforme determina a norma legal, em atendimento ao preceito contido no parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional, in verbis: Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 6. Da aplicação do disposto nos art. 63 e 65 da lei nº 5.025/66. Por fim, em seu recurso a Recorrente sustenta que: Muito embora seja um argumento inovador no recurso, analisase a aplicabilidade dos referidos artigos da Lei nº 5.025/66: Fl. 461DF CARF MF 10 Art. 63. Ficam os órgãos responsáveis pela fiscalização de embarque obrigados a prestar os mais amplos esclarecimentos sobre os direitos e deveres dos exportadores, bem como dar a necessária assistência à realização normal das operações de exportação, tendo em vista os objetivos da presente lei. Art. 65. Quando ocorrerem, na exportação, erros ou omissões caracteristicamente sem a intenção de fraude e que possam ser de imediato corrigidos, a autoridade responsável pela fiscalização alertará o exportador e o orientará sobre a maneira correta de proceder. Repisese que encontrase correta a tipificação com base no art.107, IV, "e", do DecretoLei37/66, afinal deixaram de ser registrados os embarques no prazo normativo, por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta porta, ou ao agente de carga; Portanto, não assiste razão as alegações de violação à proporcionalidade, razoabilidade ou isonomia, porquanto se tratar de obrigação de fazer, ensejando o seu descumprimento o apenamento previsto no ordenamento legal (multa de R$ 5.000,00 por fato gerador), não havendo de se falar em ausência de prejuízo ou boafé. É dever da empresa tomar conhecimento das leis e normas vigentes, e à Fiscalização cabe autuar o infrator no caso de cometimento de irregularidade encontrada, tal como ocorrido à espécie, ao passo que os invocados artigos 63 e 65 da Lei nº 5.025/66, em nenhum momento não eximem o transgressor da multa aplicada (obrigação de fazer). Em outras palavras, havendo previsão na legislação aduaneira para o registro do embarque, a omissão ou registro a destempo, por si só, têm o condão de lastrear a sanção imputada. Ademais, como citado acima, a atividade administrativa do lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a Fiscalização aplicar a sanção em sua inteireza conforme determina a norma legal, em atendimento ao preceito contido no parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional. 6. Dispositivo Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário interposto e negarlhe provimento, mantendose hígida a decisão de piso. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10715.007593/201012 Acórdão n.º 3402005.940 S3C4T2 Fl. 458 11 Fl. 463DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.722315/2016-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães.
Relatório
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente de autos de infração lavrados para a cobrança de IRPJ, CSLL e IRRF relativos ao anocalendário de 2011 conforme descritos na tabela abaixo: Imposto Valor (em reais) IRPJ 353.935.169,60 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 82 .7 22 31 5/ 20 16 -9 5 Fl. 1124DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 3 2 CSLL 123.611.583,39 IRRF 198.083.740,55 TOTAL 675.630.493,54 2. Os lançamentos em questão decorreram da prática das infrações abaixo, segundo o Termo de Verificação Fiscal (fls. 474/518): 2.1. Não inclusão do montante de R$ 349.691.430,89 ao lucro apurado no período, para a determinação do lucro real, referente à reversão de “Receitas de Serviços a Faturar” realizada na conta contábil 3.1.1.01.9998, deixando de neutralizar os efeitos fiscais decorrentes da correspondente exclusão efetuada no Lalur, no anocalendário 2010; 2.2. Dedutibilidade irregular de despesas não comprovadas, com a presença de fraude: a contribuinte não apresentou documentação hábil e idônea para embasar despesas registradas na contabilidade, valendose ainda de notas fiscais inidôneas para registrar despesas inexistentes, correspondentes a serviços não prestados e bens não entregues, além de aproveitarse de esquemas fraudulentos envolvendo empresas de fachada para reduzir indevidamente seu resultado, o que implicou a glosa dos dispêndios correspondentes (IRPJ e CSLL lançados com multa de ofício de 150%); 2.3. Dedutibilidade irregular de despesas relativas à locação de equipamentos: a contribuinte não apresentou documentação de suporte de tais dispêndios, ocasionando a glosa das importâncias correspondentes (IRPJ e CSLL lançados com multa de ofício de 75%); 2.4. Retificação da DIPJ do anocalendário 2011 com apuração de IRPJ no valor de R$ 2.652.741,36. Entretanto, a contribuinte não declarou o referido tributo em DCTF nem recolheu o montante, pelo que foi efetuado o lançamento de ofício do imposto de renda; 2.5. Ausência do recolhimento das estimativas de IRPJ e CSLL referentes aos meses de janeiro a junho, setembro, novembro e dezembro, todos de 2011, acarretando a aplicação da multa isolada de 50%; 2.6. Existência de pagamento sem causa ou de operação não comprovada ou contabilizada a beneficiários não identificados, razão pela qual a fiscalização aplicou a alíquota de IRRF de 35% (lançado com multa de ofício de 150 %). 3. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adoto como parte deste trecho do Termo de Verificação Fiscal (fls. 474/518): 1. Da Empresa Fiscalizada (...) A Delta Construções S/A em recuperação judicial (doravante denominada Delta) atuava nos últimos anos, de forma quase exclusiva, na execução de contratos com o Poder Público. A contribuinte em comento foi uma das principais empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e por algumas vezes foi avaliada Fl. 1125DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 4 3 pela imprensa especializada como uma das melhores empresas do ramo da construção civil. Entretanto, em 2012, emergiram vários fatos que apontavam o envolvimento da Delta em esquemas fraudulentos, os quais visavam a sonegação fiscal, a lavagem de dinheiro, a corrupção de funcionários públicos, o desvio de verbas de entes federados e a evasão de divisas. Por conta da repercussão de várias operações da Polícia Federal, tais como as operações “Vegas” e “Monte Cario”, o Congresso Nacional instaurou uma CPMI, cujo relatório final concluiu pela recomendação e aprofundamento das investigações de mais de uma centena de pessoas jurídicas e pelo pedido de responsabilização e indiciamento de 46 pessoas físicas. (...) 2. Da Origem da Ação Fiscal As operações realizadas pela Polícia Federal (“Vegas”, “Monte Carlo”, “Saqueador”), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instalada no Congresso Nacional e as inúmeras denúncias divulgadas pela imprensa envolvendo a Delta Construções S/A – superfaturamento de obras, transações com empresas de fachada, interposição fraudulenta de pessoas etc – demandaram também a abertura de vários procedimentos na Receita Federal. Nesse sentido, o relatório da CPMI inclusive recomendou o aprofundamento das investigações. O presente procedimento, determinado pelo Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal (TDPF) de n.º 07185.00.2015.002572, visa justamente dar prosseguimento às auditorias já efetuadas por várias unidades da RFB, concatenando as várias verificações, a fim de apurar possíveis irregularidades fiscais cometidas pela Delta no ano calendário de 2011. 3. Dos Procedimentos de Auditoria O procedimento de Auditoria foi iniciado, em 05/04/2016, com ciência à Fiscalizada do Termo de Início de Ação Fiscal (TIAF) e do TDPF. Neste momento, a contribuinte também foi intimada a apresentar, entre outros documentos, os seus atos constitutivos, arquivos contábeis do anocalendário 2011 e arquivos de notas fiscais.(...) Em síntese, a presente Auditoria solicitou a entrega de: arquivos digitais referentes à contabilidade e a notas fiscais; documentação referente a despesas e a custos na aquisição de mercadorias e de serviços, cujos fornecedores e prestadores de serviços foram considerados: inexistentes, empresas de fachada, inaptos ou constaram nos relatórios da CPMI, da Polícia Federal ou de outras operações da RFB; Lalur e fluxo das adições e exclusões efetuadas pela empresa Após a análise de todos os documentos apresentados no curso da ação fiscal, além de outros registros fiscais e contábeis ao alcance da fiscalização, como os dados da Escrituração Contábil Digital (ECD), parte integrante do Sistema Público de Escrituração Digital SPED, foram identificadas as infrações à legislação tributária especificadas neste Termo de Verificação. 4. Infrações Fl. 1126DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 5 4 4.1. Falta de adição de Receitas Estornadas. A contribuinte registrou em sua contabilidade do anocalendário 2010 Receitas de Serviços a Faturar, conta 3.1.1.01.9998, no montante de R$ 349.691.430,89. Conforme o Razão da referida conta (ver planilha 10788628000157_Razão 2010 Receitas de Serviços a Faturar), este valor foi lançado como contrapartida de um ativo (Conta 1.1.2.02.9998 Medições a Faturar) e posteriormente levado ao Resultado do Exercício. Na apuração do Lucro Real e Base de Cálculo da CSLL do ano calendário de 2010 a Delta excluiu tal valor, conforme mostra o Lalur apresentado no âmbito do processo nº16682.722534/201593 (ver arquivo Livro_de_Apuração_Lucro_Real_2010.pdf). Em janeiro de 2011, a empresa efetuou estorno em sua contabilidade, no mesmo valor lançado anteriormente, R$ 349.691.430,89, das Receitas de Serviços a Faturar registradas em contrapartida do ativo, Medições a Faturar (Ver planilha 10788628000157_Razão 2011 Reversão Dez 2010). Entretanto, compulsandose o Lalur do ano base 2011 (ver Resposta ao TIF 3, de 09/09/2016), constatase que a Delta não fez a correspondente adição. Assim, por meio do Termo de Intimação Fiscal VI, o sujeito passivo foi intimado a esclarecer a situação em comento. Sobre o assunto, a Delta respondeu o que se segue: (...) “O saldo de Receitas de Medições a Faturar no final de 2011 ficou superior ao encerramento do exercício de 2010 impactando a linha de exclusão em detrimento do item de adição. Esta rubrica esta detalhada no arquivo Exclusão 2011não faturadoDoc.1, que foi entregue em resposta ao Termo de Intimação V”. Compulsando o arquivo mencionado, encontramos apenas uma planilha com as seguintes colunas: CC (Centro de Custo); Negócio; Faturamento executado e não medido; Resultado em %; e Resultado Previsto/Lucro sobre o faturamento original. Os totais apurados são reproduzidos a seguir: Esta planilha, “Exclusão 2011não faturadoDocl”, em conjunto com a planilha “Exclusão 2011FaturadoDocl” referemse ao valor diferido a título de Lucro com Órgão público em 2011. De fato, o lucro sobre o faturamento calculado nos referidos arquivos (R$ 79.399.903,11 + R$ 60.230.227,36) somam o valor excluído no Lalur, R$ 139.630.130,047. O saldo remanescente na planilha “Exclusão 2011não faturadoDocl” é de R$ 353.630.706,31. Há portanto uma pequena divergência para o valor excluído em 2010, R$ 349.691.430,89. Contudo, o problema central da explicação dada pela contribuinte não é esta diferença, mas a falta de lógica ou uma hipótese legal que a ampare. Fl. 1127DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 6 5 No caso em questão, inferese que a contribuinte equivocouse no lançamento contábil feito no fim de 2010 das Receitas de Serviços a faturar. Este erro foi posteriormente corrigido em sua contabilidade por intermédio dos estornos efetuados em janeiro de 2011. Para que o referido equívoco não repercutisse no Lucro Real de 2010, a Delta fez a exclusão do montante em seu Lalur. Assim, por raciocínio lógico, se no primeiro momento, quando os ganhos foram indevidamente reconhecidos na contabilidade, a contribuinte excluiu as Receitas de Serviços a Faturar do seu Lucro Real de 2010, no segundo momento, em que há o estorno dos rendimentos nos registros contábeis em janeiro de 2011, a empresa deveria adicionar o referido valor a fim de neutralizar os efeitos fiscais decorrentes do primeiro procedimento. Ressaltese que mesmo se fosse o caso de receitas não tributáveis, a contribuinte teria que efetuar a adição dos valores excluídos, quando efetuasse o estorno dos lançamentos contábeis. Concluise, portanto, que a falta da adição do montante de R$ 349.691.430,89 ao Lucro Real, referente à reversão das Receitas de Serviços a Faturar, realizada na conta 3.1.1.01.9998, reduziu indevidamente tanto a base de cálculo do IRPJ, como a base de cálculo da CSLL, razão pela qual cabem os lançamentos de ofício correspondentes ao valor analisado. 4.2. IRPJ Glosa de despesas (...) 4.2.1. Despesas inexistentes de aluguel de equipamentos. Empresas do Grupo de Adir Assad – Santana do Parnaíba. A presente Fiscalização constatou que a Delta registrou em sua contabilidade relativa ao anocalendário 2011 despesas com aluguéis de equipamentos feitos por empresas localizadas em Santana do Parnaíba, cujos cadastros foram baixados por inexistência de fato. Tendo em vista o fato relatado, a contribuinte foi várias vezes intimada a apresentar cópias de notas fiscais, cópias de comprovantes de pagamentos e demais elementos comprobatórios do efetivo aluguel dos equipamentos (Termo de Início e TIF n.º 2, TIF n.º 3 e TIF n.º 4). Entretanto a empresa não entregou qualquer documento no curso deste procedimento. Cabe observar que, por intermédio do Termo de Intimação n.º 03, de 25/07/2016, o Fisco ressaltou a contribuinte a falta da documentação probante, informando que seria obtida a contabilidade do ano de 2011 por meio do SPED e que seria Fl. 1128DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 7 6 aproveitada a documentação apresentada pela Delta no âmbito dos processos administrativos n.º 16682.720856/201417 e n.º 16682.722534/201593. Desta forma, apesar de a empresa não encontrar a documentação requerida, esta auditoria obteve pelo menos cópias dos contratos elaborados com as empresas citadas nos processos referente aos autos de infração de IRPJ, CSLL e IRRF dos anoscalendário 2009 e 2010. (...) Em resumo, a Delta sequer tentou demonstrar a validade destes dispêndios, acostando aos autos as correspondentes notas fiscais, as planilhas e boletins de medição, os comprovantes de pagamentos ou qualquer documento exigido no anexo 1 dos contratos acostados aos autos. É necessário frisar que somente as notas fiscais não seriam suficientes para comprovar os gastos, pois os documentos emitidos por pessoas jurídicas cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido declarada inapta, nos termos do art. 82 da Lei n.º 9.430, de 1996, não produzem efeitos tributários, principalmente quando a baixa ocorre por inexistência de fato e com efeitos desde a data de constituição. As auditorias anteriores mostram que a maioria das notas fiscais emitidas em 2009 e 2010 citam boletins e planilhas de medição, sem os quais não foi possível identificar os objetos locados, pois nas notas não havia discriminação dos equipamentos, da quantidade de horas de locação ou mesmo do local aonde foram utilizados. Em relação aos contratos obtidos nos trabalhos fiscais relativos aos anoscalendário de 2009 e 2010, além de estarem gravados pela participação de uma pessoa jurídica inexistente, via de regra, tais documentos representam acordos entre duas ou mais partes, regulamentam os respectivos interesses e, isoladamente, não são capazes de comprovar a posterior prestação dos serviços pactuados. Pelo que foi relatado até aqui, a ausência de documentação para embasar as despesas contabilizadas em 2011 a título de prestação de serviços e aluguel de equipamentos já justificaria a glosa de tais importâncias. Com efeito, a contribuinte não logrou êxito em comprovar a regularidade de seus registros contábeis/fiscais por meio de documentação idônea, a qual deve ser obrigatoriamente mantida sob sua guarda pelo prazo definido na legislação e apresentada ao Fisco sempre que solicitada, nos termos dos artigos 217, 247, 248, 249, inciso I, 251, 264, 276, 277, 278, 289, 290,299 e 300 do Decreto n.º 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99). Além disso, a própria construtora, já próximo ao fim da fase inquisitória, ao responder o Termo de Intimação Fiscal V ressaltou que a nova administração, por critério conservador, fez a “reversão de despesas” relativas a fornecedores arrolados nas autuações fiscais precedentes. Importante ressaltar que a empresa não relacionou as despesas revertidas, nem quantificou individualmente as despesas de cada Fl. 1129DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 8 7 fornecedor, restringindose a apresentar relatórios das contas contábeis 3.4.1.02.0005, 3.4.1.02.0007 e 3.5.1.02.0005, onde se encontram registrados os dispêndios de centenas de fornecedores. Ou seja, a resposta da contribuinte não é taxativa, deixando espaço para interpretações flexíveis. Com efeito, a contribuinte não informa o real motivo da “reversão de despesas”. Nesse sentido, sobre as despesas abordadas neste item, cabe frisar que o Fisco detectou vários fatos, os quais: demonstram a inexistência dos “fornecedores” e das correspondentes despesas; e evidenciam o vínculo entre a Delta e as pessoas físicas e jurídicas responsáveis pelas empresas de fachada. Em outras palavras, o caso em questão não se restringe a uma simples glosa de despesas por falta de sua comprovação, mas da glosa de dispêndios sabidamente inexistentes que a Delta deliberadamente teria contabilizado para reduzir o seu resultado operacional. E, justamente por isso, o Fisco não pode se furtar de revelar detalhadamente os fatos ocorridos, principalmente quando a Contribuinte não apresentou elementos que permitam a Fazenda constituir robustamente os créditos tributários a que tem direito. Inicialmente, para se demonstrar o esquema organizado, é necessário ressaltar que as empresas relacionadas neste item estão todas ligadas entre si e a um grupo de pessoas físicas ligadas a Adir Assad, CPF: 758.948.15800, como mostram as representações fiscais elaboradas para baixa dos respectivos cadastros (ver cópia dos processos administrativos de baixa do cadastro por inexistência de fato – Santana do Parnaíba em anexo). Um breve exame dos quadros sociais das empresas já evidencia a conexão das empresas e das pessoas físicas. (...) A ligação entre tais pessoas físicas e o empresário Adir Assad estende se a outras empresas que também receberam recursos financeiros da Delta ao longo dos últimos anos, tais como: Engenharia, Terraplenagem e Locação de Equipamentos SDS Ltda, CNPJ n.º 10.444.576/000100; Legend Engenheiros Associados Ltda, CNPJ n.º 07.794.669/000141; Rock Star Marketing, Promoções e Eventos Ltda, CNPJ: 10.354.248/000104; Solu Terraplenagem Ltda, CNPJ: 10.678.284/000123; S.M. Terraplenagem Ltda, CNPJ n.º 07.829.451/000185; Dream Rock Entretenimento Ltda, CNPJ n.º 10.228.190/000152; etc. No caso das empresas localizadas em Santana do Parnaíba, cabe observar também que três destas empresas: S.P. Terraplenagem Ltda, Power to Ten Engenharia Ltda e Soterra Terraplenagem e Locação de Equipamentos Ltda, conforme cadastro, possuíam sede no mesmo endereço, Rua Estados Unidos, 351. A Soterra também teve sede na Rua dos Romeiros n.º 6.388, sobreloja, Centro, Santana de Parnaíba SP, endereço que foi também sede da empresa Engenharia, Terraplenagem e Locação de Equipamentos SDS Ltda. Fl. 1130DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 9 8 Há coincidências também nos contadores das empresas, em datas de constituição e nomes das sociedades, no capital de abertura e nos contratos elaborados com a Delta, cujos conteúdos são praticamente os mesmos em todos acordos (ver Documentação Consolidada Santana do Parnaíba). Cabe salientar que a Polícia Federal fez representação criminal à Justiça (Processo n.º 080231542.2013.4.02.5101), por conta do Inquérito Policial n.º 005781733.2012.4.02.5101. A decisão do juízo da 7ª Vara Federal Criminal autorizou o compartilhamento de todos os dados colhidos na investigação com a RFB. Tais documentos foram entregues ao Auditor Fiscal Gilson Recher Júnior, responsável pelo lançamento efetuado no âmbito do PAF n.º 16682.720856/201417. Por oportuno, tal documentação foi copiada e anexada a estes autos, bem como o Termo de Verificação Fiscal elaborado, no qual o citado Auditor, nos itens 3.4.50 a 3.4.51, brilhantemente discorreu sobre os elementos probatórios trazidos pela autoridade policial. A vasta documentação coletada pela Polícia Federal indica não só a existência do grupo, mas também que a administração cabia a Adir Assad. Há dois documentos que deixam clara a existência do agrupamento. Um mostra o controle das empresas sob fiscalização e o outro o planejamento de mudanças nas correspondentes composições dos quadros societários (ver pag. 350, 359 e 360 do arquivo “Cópia documentação coletada pela Polícia Federal”). Não há dúvidas, portanto, sobre os fortes vínculos e a proximidade existente entre as prestadoras de serviços ora comentadas. Analisase a seguir a ligação deste grupo de pessoas jurídicas com a Delta. No que tange aos valores envolvidos, verificase que entre 2007 e 2012, a Delta transferiu recursos para as empresas do grupo em comento nos seguintes montantes (Ver Relatório do Ministério da Justiça – Divisão de Repressão a Crimes Financeiros – pag. 41 do arquivo “Relatório Final CPMI”): O período, seis anos, e o volume das transferências financeiras, mais de 265 milhões de reais, mostram que a relação entre a Delta e as supostas prestadoras de serviços não era esporádica. Pelo contrário, tratase de um vínculo longo e contumaz, que no caso das empresas Fl. 1131DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 10 9 localizadas em Santana do Parnaíba, teria como objetivo principal a locação de máquinas, veículos e equipamentos. (...) Diante do volume dos recursos financeiros transferidos, da frequência das operações, do longo período de locação de equipamentos e dos demais fatos expostos, resta evidenciada a existência de uma robusta ligação entre a Delta e o grupo de pessoas físicas e jurídicas em comento neste item e, por decorrência, é inaceitável a hipótese de envolvimento involuntário da fiscalizada com a sistemática de atuação das empresas pertencentes ao grupo do empresário Adir Assad e seus “sócios”. Finalmente, o aprofundamento das investigações deixa claro a incapacidade das supostas empresas localizadas em Santana do Parnaíba para prestaram qualquer tipo de serviço. (...) Vários dos fatos relatados, bem como outros que demonstram a inexistência das empresas e a impossibilidade dos aluguéis mencionados, encontramse nos processos administrativos já citados, abertos pela Delegacia de Barueri, responsável pelas ações fiscais de baixa dos cadastros das empresas localizadas em Santana do Parnaíba, que elaborou informações fiscais detalhadas, descrevendo todos os procedimentos realizados, mostrando fotos dos imóveis que seriam sedes de tais empresas e acostando aos respectivos processos testemunhos e termos de intimação aos seus sócios (ver arquivo “Processos de baixa do Cadastro Santana do Parnaíba”). A partir da situação relatada, constatase que as empresas que teriam alugado equipamentos para a Delta, não possuíam: vínculos empregatícios ou vínculos com prestadores de serviços pessoa física, veículos automotores com registro no Renavam e nem local de funcionamento. Ressaltese, ainda, que entre a documentação apreendida pela Polícia Federal não havia planilhas ou boletins de medição ou qualquer outros papeis de trabalho que indicassem a existência de atividade nas supostas locadoras. Oportuno lembrar que os próprios contratos assinados pela Delta exigiam a comprovação da propriedade dos equipamentos e dos balanços do último exercício. A análise dos referidos acordos mostra de imediato que os documentos são praticamente idênticos, mesmo conteúdo, clausulas e até formatação. Em todos os contratos, a locadora deveria comprovar, entre outros itens, a propriedade dos equipamentos e a contabilidade da empresa. Deste modo, não há como a fiscalizada alegar que não é responsável pelas infrações cometidas pela sua fornecedora, pois os contratos mostram que a Delta deveria verificar a regularidade das empresas com que negociava. Com efeito, considerando o tamanho de uma construtora como a Delta (no período investigado), mencionada pela imprensa especializada como uma das melhores empresas de construção civil do país, é de se esperar um grau de organização corporativa que evite o envolvimento da empresa em esquemas orquestrados por terceiros para fraudar o Fisco, lavar dinheiro etc. No entanto, vários dos fatos relatados mostram justamente o contrário, que a Delta ao longo dos anos foi Fl. 1132DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 11 10 conivente com a atuação do grupo de Adir Assad e seus sócios. E cabe ainda considerar a conduta praticada pela contribuinte neste procedimento fiscal, pois, mesmo diante de inúmeras intimações, a empresa não trouxe aos autos as provas que deveria possuir. Frisese que, em procedimentos fiscais anteriores, processo n.º 16682.720856/201417 e n.º 16682.722534/20159, verificouse que algumas dessas empresas operaram com a Delta também nos anos de 2008, 2009 e 2010. Por conta da necessidade do exame dessas operações, o sujeito passivo foi intimado a apresentar documentos relativos a tais operações. E também nestes períodos a contribuinte deixou de atender a contento as demandas da Fazenda. Assim, diante de tudo que foi relatado, não se pode considerar que a empresa operou com erro e envolveuse involuntariamente com as empresas de fachada localizadas em Santana do Parnaíba, restando caracterizada tanto o conhecimento da natureza das operações, como a intenção dolosa da contribuinte em fabricar despesas. (...) Considerando todos os fatos e os documentos citados nesta auditoria – extratos dos sistemas da RFB, processos fiscais de baixa do cadastro, contabilidade da empresa etc é possível concluir que: A) As despesas registradas pela contribuinte estão sem qualquer lastro de documentos contábeis ou fiscais que as ratifiquem, razão pela qual já seria possível a glosa das despesas por falta de documentação probatória; B) As supostas prestadoras de serviços pertenciam a um grupo de pessoas ligadas entre si e a Adir Assad e possuíam fortes ligações com a Delta; C) As referidas empresas de fato nunca existiram; D) A Delta transferiu grande soma de recursos para empresas “fantasmas” e deduziu despesas, de forma contumaz, por força de contraprestações de aluguel de equipamentos que não ocorreram; E) A Delta participou de esquema engendrado para ao mesmo tempo fabricar despesas e repassar recursos a terceiros sem a devida tributação. Estas conclusões são inclusive partilhadas por outros órgãos e instituições que investigaram as operações da Delta. No relatório elaborado pela CPMI consta: “Conforme apontado anteriormente, são diversas as evidências que apontam para que as empresas vinculadas a ADIR ASSAD sejam na verdade empresas “fantasmas” e utilizadas para práticas ilícitas. Por essa razão é necessário a adoção de medidas que possibilitem o aprofundamento das investigações sobre as mesmas”. Os parlamentares ainda concluíram no seu relatório: “Resta comprovado também que a DELTA se utiliza das empresas vinculadas ao empresário ADIR ASSAD para movimentação de recursos” (Ver Relatório Final CPMI). Fl. 1133DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 12 11 (...) Em resumo, a Delta não apresentou documentos hábeis para lastrear as despesas de locação de equipamentos das empresas JSM, POWER, SOTERRA, WS, S.P., S.B. e B.W. registradas em sua contabilidade, razão pelo qual cabe a glosa dos referidos dispêndios, nos termos dos artigos 249, inciso I, 251, 264, 276, 289 e 290 do Decreto n.º 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99). É importante frisar que esta Auditoria considera que a DIPJ Retificadora apresentada, na qual a contribuinte adicionou parcela não dedutível de custos operacionais, não pode ser oposta a este lançamento, pois as informações constantes na declaração não correspondem às infrações elencadas neste Auto de Infração (Ver item “5 Retificação de DIPJ”). Assim, tendo em vista o esquema existente entre a Delta e as empresas fantasmas, com o escopo de produzir dispêndios e de transferir recursos financeiros sob o manto de operações inexistentes, resta configurado a fraude e o conluio tipificados nos artigos 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964. Cabe frisar ainda que os fatos relatados denotam a existência de pagamentos sem causa efetuados pela Delta, os quais sujeitam a contribuinte a incidência de IRRF, à alíquota de 35%, nos termos do artigo 61, caput e §1° da Lei n.º 8.981, de 1995. E comprovada à ação dolosa tendente a ocultar do fisco a ocorrência do fato gerador do imposto, restou mais uma vez caracterizada o intuito de fraude, exigido para a aplicação da multa qualificada disposta no art. 44, §1°, da Lei n.º 9.430, de 1996. Tendo em conta que a contribuinte, mesmo intimada, não apresentou os respectivos comprovantes de pagamentos, a presente fiscalização buscou os pagamentos contabilizados no anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas decorrentes com as empresas de fachada localizadas em Santana do Parnaíba. A tabela a seguir consolida os repasses de recursos financeiros registrados na contabilidade da Delta, a crédito de contas bancárias (código de conta 1.1.1.02.0246, 1.1.1.02.0340, 1.1.1.02.0373 e 1.1.1.02.0427) em função de débitos na conta de fornecedores (código de conta 2.1.1.01.0000). Os totais de recursos transferidos divergem das despesas registradas em 2011, pois tanto há o “pagamento” de dispêndios relativos a 2010, também considerados inexistentes, como há despesas fictícias, cujos correspondentes repasses somente ocorreram no período posterior (2012). Por sua vez, foram elaboradas planilhas relacionando os lançamentos Fl. 1134DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 13 12 individualmente, com as informações relativas a histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver arquivo Pagamentos sem causa Santana Parnaíba 2011). Diante do exposto, o total dos pagamentos líquidos ocorridos no exercício 2011 foi de R$ 67.335.360,00. A planilha “Pagamentos sem causa Consolidados” resume os valores tributáveis, reajusta a base de cálculo para que o imposto recaia sobre o valor bruto das operações, conforme prevê o art. 61, §3°, da Lei n° 8.981, de 1995, e totaliza diariamente pela ocorrência do pagamento, que é quando considerase ocorrido o fato gerador, art. 61, §2° da Lei n° 8.981, de 1995. Cumpre ressaltar que a conduta dolosa do sujeito passivo conduz o prazo decadencial dos fatos geradores ora em análise para o disposto no art. 173, I, do Código Tributário Nacional – CTN, conforme estabelecido no art. 150, §4°, I, do referido diploma legal. 4.2.2. Outras empresas do grupo Adir Assad (SDS e Solu) A presente fiscalização também constatou o registro na contabilidade da Delta de despesas vinculadas a outras empresas inaptas pertencentes ao mesmo grupo que comandava as fornecedoras de equipamentos localizadas em Santana do Parnaíba (ver arquivos “SDS despesas registradas 2011” e “Solu despesas registradas 2011”). (...) Assim, considerando: i) que a Delta não logrou êxito em apresentar conjunto probatório capaz de demonstrar a efetiva locação dos equipamentos; e ii) que as citadas empresas nunca existiram, cabe glosar as referidas importâncias, haja vista que se trata de empresas fantasmas e, por decorrência, de despesas fictícias. (...) E, além disso, a Delta, ao deixar de apresentar a documentação probante relativa às despesas em comento, subtraindose do cumprimento de suas obrigações, ratifica o entendimento fiscal de que a empresa teve o intuito de criar dispêndios, que na realidade não possuíam contrapartidas, num esquema complexo e fraudulento, envolvendo empresas de fachada, com a clara intenção de desviar recursos e sonegar tributos. Deste modo, cabe qualificar a multa nos termos do art. 44, inciso I e §1º, da Lei n° 9.430, de 1996, tendo em vista que a conduta encontrase inserida nos artigos 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30/11/64. Ou seja, restou comprovada a ação dolosa tendente a ocultar do fisco a ocorrência do fato gerador do imposto, caracterizando o intuito d fraude e de conluio, exigido para a aplicação da multa qualificada. Quanto as alegadas reversões de despesas, cabe ressaltar que a Solu não figurou no rol das empresas que por critério conservador teve revertidas as despesas pela Delta. No que tange à SDS aplicase o entendimento disposto no item “5 Retificação de DIPJ”. Por fim, além de ensejar a glosa dos dispêndios, a existência de pagamentos sem causa sujeita o contribuinte à incidência de IRRF, à alíquota de 35%, nos termos do artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Fl. 1135DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 14 13 Cabe esclarecer que a contribuinte não apresentou os comprovantes de pagamentos solicitados pelo Fisco. Desta feita, a presente fiscalização buscou os pagamentos contabilizados no anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas decorrentes com as referidas empresas de fachada. A tabela a seguir consolida os repasses de recursos financeiros registrados na contabilidade da Delta, a crédito de contas bancárias (código de conta 1.1.1.02.0340 e 1.1.1.02.0427) em função de débitos na conta de fornecedores, (código de conta 2.1.1.01.0000). As planilhas elaboradas por esta auditoria relacionam os lançamentos contábeis individualmente e informa o respectivo histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver “Pagamentos diários SDS 2011” e “Pagamentos diários Solu 2011”). O total dos pagamentos líquidos feitos pela SDS e a Solu no ano 2011 foi de R$ 1.053.410,00. As planilhas mencionadas resumem os lançamentos, reajustam a base de cálculo para que o imposto recaia sobre o valor bruto das operações, conforme prevê o art. 61, §3°, da Lei n° 8.981, de 1995, e totaliza diariamente pela ocorrência do pagamento. (...) 4.2.3. Mamuti A Delta contabilizou despesas, no total de R$ 2.100.170,88, vinculadas a Mamuti – Transporte e Locação de Veículo Ltda ME, CNPJ n.° 09.372.560/000141, doravante Mamuti. A citada empresa foi baixada por inexistência de fato, conforme processo administrativo n.°12448.731304/201456 (ver cópia das principais peças em anexo). A contribuinte foi intimada, desde o Termo de Início, a apresentar cópias de notas fiscais, cópias de comprovantes de pagamentos, planilhas de medição e demais elementos comprobatórios da efetiva prestação dos referidos serviços e/ou locação de equipamentos. A Delta mais uma vez se absteve de apresentar qualquer esclarecimento ou documentação. Em que pese o comportamento da empresa já indicar irregularidades nas despesas contabilizadas, para demonstrar a verdadeira natureza dos fatos que se encontram em análise neste procedimento, fazse oportuno trazer à baila o resultado da diligência realizada no âmbito do PAF n.º 16682.720856/201417, com base no Convênio de Cooperação Técnica, de 30/09/1998. Nesta ação, a Fiscalização constatou que a Prefeitura do Rio de Janeiro nunca autorizou a Mamuti a emitir notas fiscais (Ofício SMF n.º 428/2014). Fl. 1136DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 15 14 Além de a Prefeitura do Rio de Janeiro não ter dado qualquer autorização para a impressão de notas fiscais, outros fatos vinculados à Mamuti apontam que não ocorreram quaisquer operações entre a suposta locadora de equipamentos e a Delta, além da movimentação de recursos financeiros. (...) Ressaltese ainda que a empresa não foi localizada em seu domicílio tributário, conforme a cópia do processo de baixa de cadastro por inexistência de fato. Diante ao exposto, fica claro que a Mamuti não alugou os referidos equipamentos. E, considerando a não apresentação pela Delta de comprovantes da efetiva locação dos equipamentos, cabe glosar as referidas despesas. Além disso, o depoimento do sócio da Mamuti, Alexandre França Xavier, afirmando que a pessoa jurídica foi criada para lavagem de dinheiro dos recursos enviados pela Delta, deixa claro tanto a consciência da fiscalizada da conduta fraudulenta, como sua vontade de desviar recursos e reduzir sua base tributável. Óbvio que outros fatores ratificam a afirmação feita pelo sócio da suposta locadora. Como já explicado, a Delta não pode negociar durante vários meses, de forma frequente e vultuosa, com uma empresa que não possuía: autorização para emitir notas fiscais; equipamentos; vínculos empregatícios e posteriormente alegar que trabalhou erroneamente e foi enganada por terceiros. Desta feita, como nos outros casos analisados neste termo, resta comprovada a intenção do sujeito passivo de aumentar seus gastos, aproveitandose de esquema fraudulento, envolvendo empresas fantasmas, a fim de desviar recursos financeiros e sonegar impostos. Esse intuito de fraude é a conduta que está inserida nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964, e portanto, é aquela a qual a Lei n.º 9.430, de 1996, em seu artigo 44, inciso I e §1° prevê a qualificação da multa. A Mamuti consta na alegada reversão de despesa efetuada pela Delta, mas como já comentado esta Auditoria não considera que a parcela de despesas não dedutíveis informadas na DIPJ são as mesmas glosadas neste Lançamento (ver item “5 Retificação de DIPJ”). Além da glosa das despesas, os pagamentos sem causa apurados sujeitam a contribuinte à incidência de IRRF, à alíquota de 35%, conforme disposto no artigo 61 da Lei n.º 8.981, de 1995. O Fisco verificou os pagamentos contabilizados no anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas com a Mamuti, tendo em conta que, mesmo após ser intimada, a contribuinte não apresentou os comprovantes de pagamentos solicitados. Planilha elaborada nesta fiscalização relaciona os lançamentos realizados individualmente na conta Fornecedores e informa o respectivo histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver arquivo Mamuti débito em fornecedores 2011). Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 16 15 O total dos pagamentos líquidos feitos pela Mamuti em 2011 foi de R$ 2.483.444,58. A planilha “Mamuti pagamentos diários contabilizados 2011” mostra os lançamentos contábeis realizados pela Delta, faz a totalização diária dos pagamentos e reajusta a base de cálculo, conforme prevê a legislação tributária. (...) 4.2.4. Adecio & Rafael (A & R) e Pantoja. As empresas Adécio & Rafael – Construções & Incorp. Ltda (doravante denominada Adécio & Rafael) e Alberto & Pantoja Construções e Transp. Ltda (doravante denominada Pantoja) também figuraram na contabilidade da Delta no período de 2011. Esclareçase que a empresa Adécio & Rafael também teve a denominação de G&C Construções e Incorporações Ltda. A fiscalizada foi instada a comprovar a efetiva locação de equipamentos, tendo em conta a baixa dos cadastros de tais empresas por inexistência de fato. Entretanto, até o fim da fase inquisitória deste procedimento, a empresa não havia apresentado qualquer documento relativo a estes fornecedores. (...) Desse modo, correta a glosa das despesas para as quais, mesmo depois de intimada a empresa não logrou apresentar a correspondente documentação que lhe desse suporte fático. Quanto às alegadas reversões de despesas cabe ressaltar que à Pantoja e à Adécio aplicase o entendimento disposto no item “5 Retificação de DIPJ”. Em que pese ser indiscutível a necessária supressão dos referidos dispêndios na contabilidade do contribuinte para o cálculo do Resultado do período e o Lucro Real, o caso em questão requer um maior aprofundamento, tendo em conta a existência de dolo. Isso porque, pesquisas efetuadas nos sistemas da RFB demonstram que a Adécio & Rafael e a Pantoja: nunca entregaram DIRF, GFIP, RAIS; nunca recolheram GPS ou FGTS; e não possuem veículos registrados em seu nome. Tais empresas também não foram localizadas em seus domicílios tributários pelas diligências efetuadas pela Receita Federal nos respectivos endereços cadastrados (ver processos para baixa cadastral). Frisese que a Pantoja se localizaria em loja vizinha a Brava (outra empresa envolvida neste esquema), conforme endereços declarados, mas em seu lugar havia uma oficina mecânica, cujo proprietário informou que o seu estabelecimento já funcionava no local há três anos, conforme cópia de locação do imóvel. Ora, os resultados das referidas pesquisas indicam que a Adécio & Rafael e a Pantoja são empresas fantasmas. O fato de a Delta não apresentar qualquer documento a referendar o aluguel de equipamentos ou fornecimento de produtos abre espaço para se cogitar Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 17 16 na existência de um esquema similar ao existente em Santana do Parnaíba com as empresas do grupo de Adir Assad. (...) Em suma, constatase que as três empresas em comento estão ligadas por modus operandi, endereços, sócios, procuradores e contadores em comum. O Processo n.º 000927209.2012.4.01.3500 do TRF da 1ª Região versa sobre quadrilha que atuava no Estado de Goiás, cometendo vários crimes, como corrupção ativa, peculato, violação de sigilo funcional etc. (...) Pela leitura parcial da sentença proferida, constatamse fatos que mostram o envolvimento das empresas fantasmas em análise e da própria Delta com a quadrilha liderada por Carlinhos Cachoeira. (...) Diante de todo exposto, resta comprovada a intenção do sujeito passivo de criar dispêndios que não possuíam contrapartidas, num esquema engenhoso e fraudulento, envolvendo empresas de fachada, com a clara intenção de desviar recursos financeiros e sonegar tributos. Esse intuito de fraude é a conduta inserida nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964, e demanda nos termos do art. 44, inciso I e §1°, da Lei n.º 9.430, de 1996, a qualificação da multa. Cumpre destacar ainda que os fatos em análise denotam a existência de pagamentos sem causa efetuados pela Delta, os quais sujeitam a referida construtora a incidência de IRRF, à alíquota de 35%, nos termos do artigo 61, caput e §1°, da Lei n.º 8.981, de 1995. Tendo em conta que a contribuinte, mesmo instada, não acostou aos autos os respectivos comprovantes de pagamentos, a presente auditoria buscou os pagamentos contabilizados no anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas decorrentes com a Adécio & Rafael (A&R) e a Pantoja. A tabela a seguir consolida os repasses de recursos financeiros registrados na contabilidade da Delta, a crédito de contas bancárias (código de conta 1.1.1.02.0340; 1.1.1.02.0246; e 1.1.1.02.0427) em função de débitos na conta de fornecedores (código de conta 2.1.1.01.0000). As planilhas elaboradas nesta auditoria relacionam os lançamentos individualmente, com as informações relativas a histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver Arquivo não paginável “Documentação Adécio e Pantoja”). Diante do exposto, o total dos pagamentos líquidos ocorridos no exercício 2011 foi de R$ 32.418.028,00. As planilhas com pagamentos diários resumem os lançamentos, reajusta a base de cálculo para que o imposto recaia sobre o valor bruto das operações, conforme prevê o art. 61, §3°, da Lei n° 8.981, de 1995, e totaliza diariamente pela ocorrência do pagamento, que é quando considerase ocorrido o fato gerador, art. 61, §2° da Lei n° 8.981, de 1995. (...) Fl. 1139DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 18 17 4.2.5. MB Serviços de Terraplenagem Ltda Outra empresa registrada na contabilidade da Delta, cujo cadastro também foi baixado por inexistência de fato, com efeitos a partir de 22/06/2010, foi a MB Serviços de Terraplenagem Ltda (doravante denominada MB). (...) o Fisco solicitou à contribuinte, durante a auditoria realizada, cópias de notas fiscais, cópias de comprovantes de pagamentos e demais elementos comprobatórios da efetiva locação de equipamentos. Em 23/05/2016, a contribuinte apresentou o contrato com a MB e apenas três notas fiscais, que juntas somam R$ 91.260,00. Ou seja, em síntese, a Delta não atendeu as demandas da fiscalização, motivo pelo qual já se justificaria a glosa das despesas por falta de lastro comprobatório. Entretanto, os fatos apurados denotam que cabe empregar a MB o entendimento imposto aos outros fornecedores de equipamentos, tendo em vista a existência de circunstâncias semelhantes. A MB não foi encontrada em seu domicílio tributário ou outro endereço e nem foram localizados os integrantes de seu quadro social, Bruno Estefânio de Freitas (CPF 056.715.69745) e Marcelo Astuto Pereira (CPF 601.453.316 87). (...) Uma simples análise do objeto do contrato reforça a hipótese de que as operações contabilizadas na Delta eram fictícias e o contrato forjado. Ora, se tais equipamentos trabalhassem 24 por dia por um ano, a despesa seria de R$ 1.576.800,00 (2 x R$ 90,00 x 24 x 365). Se este valor, por simples raciocínio já não é factível, o que dizer do montante registrado a título de despesas com aluguel de equipamentos, R$ 18.412.632,48. Na DIPJ da MB referente ao anocalendário 2011 consta valores muito inferiores aos registrados pela Delta. A declaração também tem o mesmo correio eletrônico e responsável pelo preenchimento da DIPJ da DFL. Diante dos fatos relatados, cabe reconhecer: i) que a Delta não apresentou conjunto probatório capaz de justificar as despesas em comento; e ii) que a MB tem as características de uma empresa de fachada, motivo pelo qual cabe glosar as referidas importâncias, haja vista que se trata de despesas fictícias. E sob o mesmo raciocínio empregado referente aos dispêndios contabilizados em nome da Adécio, da Pantoja, da Mamuti e as empresas do grupo de Adir Assad, não há como aceitar a hipótese de que a Delta efetuou várias operações com erro e envolveuse involuntariamente com a MB Serviços de Terraplenagem Ltda, pelo que fica caracterizada tanto o conhecimento da natureza das operações, como a intenção dolosa da contribuinte em fabricar despesas. Fl. 1140DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 19 18 De fato, a Delta ao deixar de apresentar a documentação relativa as despesas em comento, só reforça a convicção fiscal de que a construtora criou de forma proposital dispêndios, que na realidade não possuíam contrapartidas, aproveitandose de esquema envolvendo empresa de fachada, a fim de desviar recursos e sonegar tributos. Assim, cabe qualificar a multa nos termos do art. 44, inciso I e §1°, da Lei n° 9.430, de 1996, tendo em vista que a conduta encontrase inserida nos artigos 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. A existência de pagamentos sem causa também sujeita a contribuinte ao Imposto de Renda Retido na Fonte, à alíquota de 35%, nos termos do artigo 61, da Lei n.º 8.981, de 1995. Apesar de a contribuinte não ter apresentado ao Fisco os comprovantes de pagamentos, a presente auditoria localizou as correspondentes transferências financeiras registradas na contabilidade do anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas com MB. Planilha elaborada por esta auditoria relaciona os lançamentos individualmente e informa o respectivo histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver planilhas da MB). O total dos pagamentos líquidos feitos para a MB no ano 2011 foi de R$ 16.491.957,02. A planilha de pagamentos por dia resume os lançamentos, reajusta a base de cálculo para que o imposto recaia sobre o valor bruto das operações, conforme prevê o art. 61, §3°, da Lei n° 8.981, de 1995, e totaliza diariamente pela ocorrência do pagamento. (...) 4.2.6. CRG Locação de Máquinas e Equipamentos e Terraplenagem Ltda – ME A Delta contabilizou despesas, no total de R$ 336.750,00, decorrentes de aluguel de equipamentos efetuados com a CRG Locação de Máquinas e Equipamentos e Terraplenagem Ltda – ME (doravante denominada CRG), CNPJ n.º 10.682.608/0001 05. A citada locadora foi voluntariamente extinta em 21/09/2011. A contribuinte foi instada a apresentar cópias de notas fiscais, contratos, cópias de comprovantes de pagamentos e demais elementos comprobatórios da efetiva locação de equipamentos. (...) Porém, como nos outros casos abordados, a Delta deixou de apresentar a documentação que fundamenta os dispêndios escriturados em sua contabilidade, demandando do Fisco a glosa dos referidos valores. A interessada inclusive afirma que por critério conservador reverteu às despesas com a CRG. Cumpre salientar que as despesas com a CRG também demandaram atenção nas ações fiscais relativas aos anos de 2009 e de 2010 que resultaram nos lançamentos acostados aos processos administrativos n.º 16682.720856/201417 e n.º 16682.722534/201593. Conforme o correspondente Termo de Constatação do Auto relativo ao ano calendário 2009, durante a auditoria foi apresentado contrato feito entre a Delta e a CRG. O referido documento, entretanto, possui Fl. 1141DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 20 19 alguns pontos incongruentes. A data do pacto, 02/01/2008, é anterior ao início das atividades da CRG, 01/03/2009, segundo o registro na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro – Jucerja. E os valores acordados pelos equipamentos eram incompatíveis com os valores faturados nos anos base de em 2009 e 2010. Em outras palavras, os montantes faturados eram maiores que o máximo que a empresa poderia obter com a locação de todos equipamentos relacionados no contrato, considerando a utilização dos equipamentos 24 horas por dia. Constatase, assim, que a contribuinte contabilizou despesas e ao ser instada a comproválas por meio da necessária comprovação documental, não o fez. Desta maneira, cabe a glosa de tais importâncias, tendo em vista que a contribuinte não logrou êxito em comprovar a regularidade de seus registros contábeis/fiscais por meio de documentação idônea, a qual deve ser obrigatoriamente mantida sob sua guarda pelo prazo definido na legislação e apresentada ao Fisco sempre que solicitada, nos termos dos artigos 247, 248, 249, inciso I, 251, 264, 276, 277, 278, 289, 290 e 300 do Decreto n.º 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99). Cabe observar que a presente Fiscalização não aceitou a alegada reversão de despesas, conforme esposado no item “5 Retificação de DIPJ”. 4.2.7. Fatos relevantes relativos à glosa de despesas (...) Não obstante, é oportuno ressaltar a existência de vários outros fatos que reforçam as conclusões desta fiscalização e que ajudam a reconstruir e a evidenciar a verdade. Inicialmente, compulsandose a ação fiscal referente ao ano de 2009 (PAF n.º 16682.720856/201417), verificase que despesas relativas a outras empresas foram glosadas pelas mesmas razões elencadas neste termo. No tocante a gastos com empresas fantasmas podem ser citadas como exemplo a SM Terraplenagem Ltda, CNPJ n.º 07.829.451/0001 85, e a Legend Engenheiros Associados Ltda, CNPJ 07.794.669/0001 41. (...) Em 12/06/2012, a ControladoriaGeral da União declarou a Delta empresa inidônea (ver Diário Oficial e página virtual do portal da Transparência). Em 29/01/2013, a Delta teve homologado a sua solicitação para um plano de recuperação judicial, conforme decisão 0214515 34.2012.8.19.0001 da 5a Vara empresarial do Rio de Janeiro. (...) Em outro texto publicado no Estadão: “Na operação saqueador, 100 policiais federais cumpriram 20 mandatos de busca e apreensão no Rio, São Paulo e Goiás. Amparada na quebra do sigilo bancário de cerca de 100 pessoas físicas e jurídicas, autorizada em 2012 pela CPI Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 21 20 do Cachoeira, a Polícia Federal constatou que Assad aparece como laranja de quase uma dezena de empresas de fachada, por meio das quais fazia emissão de notas frias de serviços e locação de máquinas e equipamentos para a empreiteira”. (...) O Jornal O Globo publicou matéria, em 25/04/2012, ressaltando entre outros fatos o crescimento da Delta e a prisão do exdiretor da Delta CentroOeste Claudio Abreu, cuja assinatura consta em várias notas fiscais apresentadas pela construtora nos anos de 2009 e 2010. Em relação a funcionários da Delta, frisese que o Ministério Público propôs ação civil pública por ato de improbidade administrativa e entre os desfavorecidos estavam a Delta e vários diretores, cujas assinaturas são observadas nas notas fiscais emitidas por empresas fantasmas, Edyano Bittencout Coutinho, Cláudio Dias de Abreu, Geraldo Emídio Alves, Dionísio Janoni Tolomei, Paulo Meriade Duarte (Notas constantes nos procedimentos relativos aos anos de 2009 e 2010). A quantidade de informações sobre a Construtora Delta é enorme, bem como são as suas fontes. São processos administrativos da RFB, diligências e inquéritos da Policia Federal, relatórios elaborados pelo congresso Nacional, sentenças judiciais, reportagens etc. Mas em que pese o excesso de informações, não há como negar a importâncias destes dados. São fatos que, de uma forma ou de outra: tornaram a Delta inidônea; contribuíram para a perda de crédito da empresa junto a instituições financeiras; determinaram que órgão públicos cessassem os pagamentos à construtora; levaram a Delta a recorrer a um plano de recuperação judicial; levaram a prisão o seu principal sócio etc. (...) E, com efeito, tais fatos convergem para as mesmas conclusões das provas coletadas e utilizadas por esta Fiscalização: a Delta valiase de notas fiscais inidôneas para registrar despesas inexistentes e reduzir seus resultados, aproveitando esquemas fraudulentos, estruturados com ajuda de terceiros, a fim de sonegar tributos. 4.3. CSLL – Glosa de despesas inexistentes e despesas não comprovadas. A contribuinte utilizou as despesas glosadas para reduzir o resultado do exercício de 2011, conforme já exposto, sem também realizar qualquer ajuste na apuração da base de cálculo da CSLL. Desta forma, as despesas glosadas, no montante de R$ 119.801.253,36, não são dedutíveis para fins de apuração da CSLL do anocalendário de 2011, nos termos: do art. 2o da Lei n.º 7.689, de 1988, alterado pelo art. 2o da lei n.º 8.034, 1990; do art. 57 da Lei n.º 8.981, de 1995, com redação dada pela Lei n.º 9.065, de 1995; e art. 28 da Lei n.º 9.430, de 1996, razão pela qual cabe adicionar de ofício o referido valor à base de cálculo da contribuição e lançar o crédito tributário correspondente. Fl. 1143DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 22 21 5. Retificação de DIPJ. Em 23/03/2015, a Delta transmitiu DIPJ retificadora referente ao ano calendário de 2011, alterando basicamente as adições e as exclusões efetuadas na determinação do Lucro Real e, por consequência, o valor do Imposto de Renda a pagar, cujo saldo era negativo, (R$ 6.288.619,00) e passou a ser positivo, R$ 2.652.741,36. O quadro a seguir mostra que as principais retificações foram efetuadas nas seguintes linhas da DIPJ Ex 2012 / Anocalendário 2011: (...) Como já registrado, a contribuinte alterou em sua DIPJ as adições e exclusões constantes nas fichas destinadas aos cálculos do IRPJ e da CSLL. E estas retificações foram as únicas ações efetivadas pela Delta, que: não constituiu o imposto apurado em DCTF; não recolheu e quitou o tributo devido; não retificou a Declaração de Compensação relativa ao saldo negativo de CSLL apurado originalmente; e não fez qualquer retificação em sua contabilidade para repercutir as referidas modificações, o que significa que a empresa continua pautando os seus balancetes e demonstrativos contábeis em documentação inidônea e eivada de fraudes. No que tange aos acréscimos feitos na base tributável dos tributos, a maior parte do montante adicionado referese a parcelas não dedutíveis de serviços prestados por pessoas jurídicas, R$ 129.034.113,42. De imediato, notase uma contradição entre a retificação efetuada e as explicações dadas pela Delta ao longo desta fiscalização. A contribuinte informou em sua DIPJ a existência de valores não dedutíveis de custos dos bens e serviços vendidos, ou seja, despesas de serviços prestados por pessoa jurídica que por não possuírem relação intrínseca com as atividades da empresa ou por não se encontrarem de acordo com a legislação tributária, apesar de regularmente influírem no lucro líquido, não podem ser considerados na determinação do Lucro Real. Entretanto, não é cabível classificar como não dedutível as despesas comprovadamente inexistentes relativas às empresas de fachada arroladas nas autuações fiscais dos anos base de 2009 e 2010. Sem dúvida, os dispêndios fabricados com o auxílio de empresas de fachada devem ser retirados da contabilidade e, por consequência, do resultado e não existe razão para integrarem as adições que compõem o Lucro Real. Com efeito, se a despesa não existe, não é possível sequer cogitar sobre sua dedutibilidade. Como apreciar a necessidade, a usualidade e a normalidade de serviços fictícios. Fl. 1144DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 23 22 Outra incongruência entre a realidade contábil e a declaração do Imposto de Renda reside nas fichas utilizadas. Os montantes retificados pela empresa constam na ficha 04D, destinada a aos Custos dos Bens e Serviços vendidos. Entretanto, como é possível verificar na planilha “Consolidação das despesas registradas em 2011”, cerca de dois terços dos valores glosados, R$77.208.910,00, foram contabilizados na conta 3.5.1.02.0005, referente à Despesas Gerais e Administrativas e, desta forma, estão informados na ficha 05A – Despesas Operacionais. Cabe também observar que, a princípio, a simples locação de veículos e equipamentos, sem operador, não se caracteriza como serviço. De acordo com a própria contabilidade da empresa, os gastos em discussão foram classificados como Aluguel de Equipamentos. Desta feita, minimamente, é confusa a utilização da linha destinada a serviços prestados por pessoas jurídicas para informar gastos com aluguel de equipamentos. Oportuno ressaltar que, mesmo depois de duas autuações relativas aos anos de 2009 e 2010 e de várias intimações fiscais relativas ao presente procedimento, esclarecendo os itens fiscalizados, a contribuinte sequer foi capaz de apresentar a composição das adições efetuadas na DIPJ retificadora, restringindose a dar uma lista de fornecedores. E, ainda assim, esta relação de fornecedores, apresentada somente na resposta ao último Termo de Intimação, possui erros e contradições e não correspondem plenamente as irregularidades elencadas pelo Fisco neste procedimento. (...) Na resposta ao TIF n.º 5, a empresa asseverou que as despesas seriam de fornecedores arrolados em 2009 e 2010. Entretanto, na listagem de fornecedores fornecida em sua última resposta, a Delta deixou de foram empresas como Pierre Transporte Rodoviário de Cargas Ltda – ME e Vilar Real Construção e Terraplagem Ltda, cujas despesas foram glosadas em 2009. Cabe ressaltar que a fornecedora MB Serviços de Terraplenagem Ltda, cuja despesas estão sendo glosadas neste procedimento, não constou nos lançamentos anteriores realizados pelo Fisco. Outra contradição é a contribuinte comunicar nesta fase inquisitória que reverteu despesas em face da adoção de critério conservador, mas não ter constituído, recolhido ou quitado qualquer tributo em face da nova orientação e, ainda, nos processos referentes aos lançamentos de 2009 e 2010 estar contestando de forma veemente a glosa das despesas dos mesmos fornecedores. Com certeza, o sujeito passivo que cometeu infrações pode reparar suas irregularidades e afastar a possibilidade de um lançamento de oficio. Mas é preciso que a contribuinte tome material a sua nova conduta de forma que o Fisco não necessite mais de uma aprofundada auditoria para constituir com solidez o crédito tributário que faz jus. E, no presente caso, notase justamente que a construtora não ofereceu à Fazenda uma apuração retificadora robusta e esclarecedora de todos os fatos ocorridos. Fl. 1145DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 24 23 Ora, tendo em conta a necessidade de constituição do crédito tributário, haja vista que a contribuinte não o fez até agora, véspera do prazo decadencial do tributo, se a Fiscalização restringisse sua fundamentação às informações contidas na DIPJ retificadora e as vagas respostas dadas pela contribuinte, seria impossível chegar à verdade material por intermédio deste processo e o lançamento efetuado padeceria da robustez que o caso merece. Diante do exposto, tendo em vista que as irregularidades detectadas nesta Auditoria: i) não se enquadram como custos indedutíveis; ii) em sua grande maioria estão contabilizadas em despesas gerais e não em custos dos bens vendidos; iii) são relativas à aluguel de equipamentos e não a serviços prestados por pessoas jurídicas; iv) que a empresa não só deixou de apresentar memória de cálculo das supostas despesas revertidas, bem como acostou uma listagem de fornecedores incompatível com os registros contábeis de 2011; v) que a retificação da DIPJ não foi acompanhada de qualquer outra ação que coadunasse com a nova conduta conservadora da Delta; considerase que as retificações efetuadas pela contribuinte em sua DIPJ anocalendário 2011 não correspondem as despesas glosadas por este Auto de Infração. 6. Denúncia Espontânea E cumpre lembrar que sobre o valor apurado na retificação da DIPJ, R$ 2.652.741,36, não é aplicável o instituto da Denúncia Espontânea. Como sabido, a denúncia espontânea é um instituto previsto no art. 138 do CTN, do qual o devedor se aproveita para confessar para a Fazenda a prática de infrações tributárias e pagar os tributos em atraso somente com juros de mora. Desde que antes da instauração de qualquer procedimento fiscal, o sujeito passivo fica dispensado de pagar a multa de ofício. Sobre a retificação realizada pela empresa, salta à vista o fato de que a denúncia espontânea para poder surtir os seus efeitos exige tanto uma efetiva confissão, como o respectivo pagamento do tributo. Com efeito, para a denúncia espontânea ser eficaz e afastar a incidência da multa, é necessário o preenchimento de três requisitos cumulativos: i) Confissão da infração cometida; ii) Pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; iii) Espontaneidade (confissão e pagamento devem ocorrer antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com aquela determinada infração). No caso em questão, verificase que a DIPJ retificadora, por si só, não esclarece a infração tributária praticada, nem constitui o crédito tributário devido, tendo em vista sua natureza apenas informativa, desde a Instrução Normativa SRF n.º 127, de 1998. Fl. 1146DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 25 24 Ora, se o Fisco é obrigado a abrir um procedimento para conhecer as infrações cometidas pela contribuinte e para lançar os tributos que faz jus antes que as obrigações tributárias sejam extintas pela decadência, não há que se falar em denúncia espontânea. (...) Cabe reiterar que a contribuinte não recolheu ou confessou o débito apurado na DIPJ retificadora. Com efeito, a empresa não apresentou DCTF ou DCOMP constituindo a obrigação tributária. E também não foi apresentado sequer pedido de parcelamento. Desta forma, tendo em vista a necessidade do procedimento fiscal para a determinação da matéria tributável e constituição dos tributos devidos, considerase que a DIPJ Retificadora, ainda que apresentada antes do início desta auditoria, não tem o condão de afastar a multa de ofício. Assim, além das infrações já relatadas, cabe a constituição do IRPJ informado na DIPJ e não declarado em DCTF ou recolhido espontaneamente, no montante de R$ 2.652.741,36. 7. Crédito tributário constituído na presente ação Fiscal. A fiscalizada adotou, como forma de determinação do IRPJ e da CSLL, a apuração anual pelo Lucro Real. No presente auto de infração estão lançadas as importâncias referentes à falta de adição das Receitas Estornadas, as glosas de despesas de gastos não comprovados (CRG) e as glosas de despesas consideradas inexistentes, caso em que, além da constituição do IRPJ e da CSLL, há o lançamento de Imposto de Renda na Fonte, decorrentes dos pagamentos sem causa. Cumpre ressaltar que a presente auditoria considera que tais gastos não foram adicionados ao Lucro Real e à Base de Cálculo da CSLL, conforme dispôs o item 5 deste Termo de Verificação. Impõem ainda aplicação de multas isoladas pela falta de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e CSLL. Com observância ao regime de competência, foram promovidos os ajustes nas bases de cálculo de apuração das respectivas antecipações e sobre as diferenças encontradas incidiu a multa isolada prevista nos dispositivos legais vigentes (art. 44, II, alínea b, da Lei n.º 9.430, de 1996). A planilha Consolidação de despesas resume e totaliza mensalmente as despesas glosadas. Em relação às operações nas quais se verificou não haver causa para os pagamentos, o sujeito passivo foi instado a comprovar o efetivo pagamento. Diante da falta de atendimento à intimação pelo sujeito passivo, buscouse comprovar a entrega de recursos pela escrituração contábil. A Planilha de Consolidação de Pagamentos discrimina os lançamentos contábeis a débito na conta Fornecedores (código de conta 2.1.1.01.0000) e a créditos nas contas que integram contas sintéticas Fl. 1147DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 26 25 de bancos (código 1.1.1.02.0340 HSBC / ag. 0240 c/c 6437676; código 1.1.1.02.0246 Bradesco / ag.33693 c/c 1002902 R.Branco; etc). Tais valores encontram respaldo nos valores apontados pelo Sistema Integrado de administração Financeira Siafi, pela Declaração de Informações sobre movimentação Financeira Dimof e pelos valores apontados nos relatórios elaborados pela Polícia Federal e pela CPMI. Os totais dos recursos transferidos podem divergir das despesas registradas em 2011, pois tanto existem “pagamentos” de dispêndios relativos a períodos anteriores, como há despesas com empresas fantasmas, cujos correspondentes repasses somente ocorreram no período posterior (2012). De qualquer forma, os repasses efetuados para empresas de fachada ao longo do anocalendário de 2011 foram incluídos na base de cálculo, pois restou caracterizado o pagamento sem causa. Em síntese, os fatos geradores ocorridos ao longo do anobase de 2011 e as correspondentes bases de cálculo constam no demonstrativo a seguir: (...) O presente processo cingese as infrações encontradas no ano calendário de 2011, sendo oportuno ressaltar que a Receita Federal já auditou os períodos dos anosbase de 2009 e 2010, procedimentos que resultaram nos lançamentos acostados nos Processos n.º 16682.720856/201417 e 16682.722534/201593. Para constar e surtir os efeitos legais, lavrase o presente termo em duas vias de igual forma e teor, assinadas pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e pela Fiscalizada ou seu representante legal, que neste ato recebe uma das vias.” 4. A Contribuinte Delta Construções S/A em Recuperação Judicial, depois de cientificada (Termo de Ciência de Lançamentos e Encerramento Total do Procedimento Fiscal em 16/12/2016, fls. 562/563, e AR em 20/12/2016, fl. 567), apresentou tempestivamente Impugnações (idênticas) ao lançamento (fls. 599/654 e 802/857), onde trouxe, em linhas gerais, os seguintes argumentos de fato e de direito: 4.1. A intimação do lançamento é nula, pois o auditor “efetivou” a referida intimação na figura de pessoa sabidamente incompetente. Alega, ainda, a nulidade do Fl. 1148DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 27 26 lançamento de IRRF por inexistir fiscalização específica prévia com intimação da contribuinte. Caso não se entenda pela nulidade do lançamento de IRRF, argui que os créditos lançados referentes a períodos anteriores a 16/12/2011 foram alcançados pela decadência. 4.2. Sobre o mérito, alega que a exigência de IRRF não se sustenta em razão da ausência de comprovação por parte do Fisco de que ocorreram pagamentos relativos às despesas tidas pela própria fiscalização como inexistentes. 4.2. Defende a improcedência das glosas realizadas pela fiscalização referentes às despesas relativas as empresas que prestavam serviços à contribuinte, além de citar casos específicos de empresas como a Mamuti e MB. No mais, alega ser equivocada a não consideração pela fiscalização da retificação da DIPJ do anocalendário de 2011 apresentada pela contribuinte. 4.3. Afirma que as multa de ofício qualificada e a multa isolada são inaplicáveis neste caso. 5. Por fim requer: (i) o cancelamento dos autos de infração; (ii) no caso do órgão julgador entender necessário requer a conversão do julgamento em diligência; (iii) o afastamento da aplicação da multa qualificada e das multas isoladas; (iv) a produção de prova documental nos termos do artigo 16, inciso III, do Decreto nº 70.235/72. 6. Em sessão de 27 de julho de 2017, a 1ª Turma da DRJ/BEL, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a contestação apresentada, nos termos do voto relator, Acórdão nº 0134.493 (fls.961/1038), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. INTIMAÇÃO. NULIDADE. Quando o contribuinte revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas de forma meticulosa, mediante substanciosa impugnação, abrangendo não só questões preliminares como também razões de mérito, incabível se torna a proposição de nulidade por alegada intimação irregular do Auto de Infração, ainda mais se não configurada nenhuma das hipóteses legais previstas para tanto. TERMO DE DISTRIBUIÇÃO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Há de se rejeitar a preliminar de nulidade quando no processo está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal e à lavratura do Auto de Infração de IRRF. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Fl. 1149DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 28 27 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 DECADÊNCIA. PRAZO DECADENCIAL. DOLO. FRAUDE. SIMULAÇÃO. O termo inicial para a contagem do prazo decadencial do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário pelo lançamento, nos casos de dolo, fraude ou simulação, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, pela inteligência do art. 150, § 4º, c/c o art. 173, I, do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2011 GLOSA DE DESPESAS. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. As despesas com aquisição de mercadorias e locação de equipamentos, cuja apropriação não estiver apoiada em documentos comprobatórios, são consideradas indedutíveis, autorizando o Fisco a adicionar tais dispêndios ao lucro real e à base de cálculo da CSLL. GLOSA DE DESPESAS. DESPESAS INEXISTENTES. DOCUMENTOS FISCAIS INIDÔNEOS. É legitima a glosa de despesas de despesas inexistentes, correspondentes a serviços não prestados e bens não entregues, suportadas por documentos fiscais inidôneos, ficando o Fisco autorizado a adicionar tais dispêndios ao lucro real e à base de cálculo da CSLL. RETIFICAÇÃO DA DIPJ. LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Verificado que as retificações efetuadas na DIPJ estão em desacordo com a escrituração da contribuinte, não possuem conteúdo definido e nem comprovação hábil, improcede o lançamento de ofício do IRPJ informado nessa declaração. O lançamento requer prova segura da ocorrência do fato gerador do tributo e não comporta dúvidas. Tratandose de atividade plenamente vinculada, cumpre ao Fisco obter os elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição do crédito tributário. LUCRO REAL. ADIÇÕES E EXCLUSÕES. RECEITAS. ESTORNO. Devem ser adicionadas ao lucro líquido do período, para a determinação do lucro real, as receitas excluídas no Lalur do período anterior e estornadas na contabilidade do período atual, visando neutralizar os efeitos fiscais decorrentes da exclusão efetuada. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Evidenciada, pelas provas carreadas aos autos, a intenção dolosa tendente a ocultar do Fisco a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do imposto devido, Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 29 28 cabível a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. A partir do advento da Medida Provisória nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007, a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os arts. 113, 139 e 161 do CTN, e o 61, § 3o, da Lei nº 9.430, de 1996. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2011 CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE DOS MESMOS PRESSUPOSTOS FÁTICOS. Em se tratando de lançamento decorrente dos mesmos pressupostos fáticos dos que serviram de base para o lançamento de IRPJ, devem ser estendidas as conclusões advindas da apreciação daquele lançamento ao relativo à CSLL em razão da relação de causa e efeito. IRRF. PAGAMENTOS SEM CAUSA. TRIBUTAÇÃO NA FONTE. Sujeitamse à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, os pagamentos efetuados ou os recursos entregues a terceiros, contabilizados ou não, quando não for comprovada a sua causa, desde que demonstrados os efetivos pagamentos pela autoridade fiscal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte”. 7. A DRJ/ BEL julgou a impugnação da contribuinte procedente apenas em parte sob os seguintes fundamentos: 7.1. Afasta a alegação preliminar de nulidade de intimação em razão de ser possível afirmar que a pessoa intimada é sim funcionário da empresa. Fl. 1151DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 30 29 7.2. O Fisco não foi capaz de comprovar a existência dos pagamentos sem causa, razão pela qual dever ser cancelado o lançamento relativo ao IRRF, exonerandose o respectivo crédito tributário. 7.3. As alegações relativas à suposta seletividade da fiscalização ao glosar apenas as despesas prestadas por empresas relacionadas no relatório da CPMI do “Cachoeira” não são pertinentes ao presente processo fiscal, pois não integram a matéria em litígio. 7.4. A inidoneidade dos documentos relativos às empresas baixadas é evidente, o que os torna imprestáveis à justificativa da dedução como despesas dos bens/serviços discriminados nesses documentos, pois a baixa por inexistência de fato enseja que os efeitos de inaptidão se iniciem a partir das datas de suas aberturas. 7.5. Em relação à empresa Mamuti, considera que a diligência não foi promovida a destempo, visto que a pessoa jurídica é obrigada a conservar sua documentação e atualizar o cadastro no CNPJ. Ademais, o pedido de nulidade do depoimento do Sr. Alexandre não pode ser acatado, pois a referida prova foi prestada em estrita consonância com o artigo 927 do RIR/99. 7.6. Acolhe a alegação do contribuinte no sentido de que o fisco deveria ter desconsiderado por completo a retificação da DIPJ do anocalendário de 2011, pois a própria autoridade fiscalizadora reconhece que as retificações efetuadas na referida DIPJ não correspondem às despesas glosadas nos anoscalendários de 2009 e 2010. Com efeito, considera que a douta autoridade não poderia proceder ao lançamento do IRPJ a pagar informado na DIPJ do anocalendário de 2011 para a constituição do crédito tributário deve haver certeza da ocorrência de hipótese de incidência e da matéria tributável. 8. Cientificada da decisão (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem em 07/08/2017, fl. 1070), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls.1073/1106) em 06/09/2017, para reiterar em parte as razões já expostas em sua Impugnação (item 4) e complementar sua defesa com os seguintes pontos: 8.1. Os valores referentes a despesas com locação de máquinas e prestação de serviços de terraplanagem foram indevidamente glosados, visto que os contratos de prestação de serviços e notas fiscais foram apresentados à autoridade fiscalizadora. 8.2. As notas fiscais emitidas pelas empresas baixadas pela RFB não são inidôneas, pois a inidoneidade de um documento passa a surtir efeito a partir da publicação do ato declaratório executivo (ADE) de baixa da empresa e a RFB lavrou os atos de baixa das empresas contratadas pela Recorrente após o período fiscalizado. 8.3. O depoimento prestado pelo Sr. Alexandre França Xavier que imputa a prática de atos ilícitos à Recorrente deve ser declarado como prova nula, pois a inclusão deste depoimento nos autos não respeita os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 8.4. Tendo em vista a autuação fiscal nos anos calendário de 2009 e 2010, a Recorrente reverteu em sua DIPJ referente ao ano calendário de 2011 as despesas ligadas às empresas arroladas no relatório da CPMI, anulando os efeitos da dedução originalmente aproveitada. A autoridade fiscal desconsiderou a retificação espontânea de forma equivocada, Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 31 30 pois antes de o contribuinte ser submetido à ação fiscal devem ser preservados os efeitos de retificação em sua declaração. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 9. O recurso voluntário interposto pela Contribuinte é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade. 10. Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, devese ressaltar o teor do art. 1º da Portaria MF nº 63/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. (grifos nossos) 11. No caso em tela, o montante total dos valores exonerados de IRRF e parte do IRPJ (fls.1037/1038) superou o limite de 2,5 milhões estabelecido pela norma em referência. Portanto, ambos os recursos, de ofício e voluntário, são cabíveis, deles tomo conhecimento e passo a apreciar. Da Necessária Realização de Diligência 1. Da Glosa de IRRF à alíquota de 35% 12. No tocante ao IRRF lançado em razão de pagamentos sem causa, aduz a Recorrente que não há como a exigência fiscal subsistir, uma vez que a autoridade tributária não teria comprovado a realização de tais pagamentos, atendose apenas aos seus registros contábeis. 13. A DRJ acatou o argumento da Recorrente, com fundamento na Solução de Consulta Interna Cosit nº 11, de 08 de maio de 2013, verbis: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ O registro contábil de despesa amparado em nota fiscal inidônea não autoriza, por si só, além da exigência do IRPJ (em face da glosa da despesa inexistente ou não comprovada), a cobrança pelo Fisco do IRRF por pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado. A glosa de custo ou despesa, baseada em nota fiscal inidônea é compatível com o lançamento reflexo do Imposto sobre a Renda Retido Fl. 1153DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 32 31 na Fonte (IRRF) motivado pelo pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que haja a comprovação por parte da autoridade fiscal do efetivo pagamento.Dispositivos Legais: Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza RIR/1999), arts. 217, 299 e 674." 14. De fato, considero relevante que haja a comprovação da saída de recursos, mas não podemos olvidar que, em casos envolvendo práticas dolosas, fraudentas ou simulatórias, demonstrar o efetivo pagamento é tarefa extremamente complexa, pois as partes buscam intencionalmente encobrir a verdadeira finalidade de seu comportamento negocial. No mais, tais saídas por vezes ocorrem em dinheiro e podem ser direcionadas para terceiros de difícil identificação. 15. Em tais situações, a utilização de provas indiretas como meio probatório hábil e idôneo não é uma prática condenável, mas sim aceita pelo ordenamento jurídico. Em outros termos, a comprovação material pode ser feita por um conjunto de indícios ou provas indiretas que, em conjunto, tem o condão de estabelecer a inequivocidade de uma situação de fato e, por consequencia lógica, a encadear as conclusões apresentadas no relatório de ação fiscal. 16. In casu, a autoridade fiscalizadora consignou no TVF (fls. 495 e 516) que: Fls. 495: “Cabe esclarecer que a contribuinte não apresentou os comprovantes de pagamentos solicitados pelo Fisco. Desta feita, a presente fiscalização buscou os pagamentos contabilizados no anocalendário de 2011 em contrapartida das despesas decorrentes com as referidas empresas de fachada. A tabela a seguir consolida os repasses de recursos financeiros registrados na contabilidade da Delta, a crédito de contas bancárias (código de conta 1.1.1.02.0340 e 1.1.1.02.0427): As planilhas elaboradas por esta auditoria relacionam os lançamentos contábeis individualmente e informa o respectivo histórico, código e descrição da conta, centro de custo e número de lançamento (ver “Pagamentos diários SDS 2011” e “Pagamentos diários Solu 2011”). O total dos pagamentos líquidos feitos pela SDS e a Solu no ano 2011 foi de R$ 1.053.410,00. As planilhas mencionadas resumem os lançamentos, reajustam a base de cálculo para que o imposto recaia sobre o valor bruto das operações, conforme prevê o art. 61, §3º, da Lei nº 8.981, de 1995, e totaliza diariamente pela ocorrência do pagamento." Fls. 516/517: Fl. 1154DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 33 32 "Em relação às operações nas quais se verificou não haver causa para os pagamentos, o sujeito passivo foi instado a comprovar o efetivo pagamento. Diante da falta de atendimento à intimação pelo sujeito passivo, buscouse comprovar a entrega de recursos pela escrituração contábil. A Planilha de Consolidação de Pagamentos discrimina os lançamentos contábeis a débito na conta Fornecedores (código de conta 2.1.1.01.0000) e a créditos nas contas que integram contas sintéticas de bancos (código 1.1.1.02.0340 HSBC / ag. 0240 c/c 6437676; código 1.1.1.02.0246 – Bradesco / ag.33693 c/c 1002902 R.Branco; etc). Tais valores encontram respaldo nos valores apontados pelo Sistema Integrado de administração Financeira – Siafi, pela Declaração de Informações sobre movimentação Financeira – Dimof e pelos valores apontados nos relatórios elaborados pela Polícia Federal e pela CPMI. Os totais dos recursos transferidos podem divergir das despesas registradas em 2011, pois tanto existem “pagamentos” de dispêndios relativos a períodos anteriores, como há despesas com empresas fantasmas, cujos correspondentes repasses somente ocorreram no período posterior (2012). De qualquer forma, os repasses efetuados para empresas de fachada ao longo do anocalendário de 2011 foram incluídos na base de cálculo, pois restou caracterizado o pagamento sem causa." 17. Pelo exposto, é possível observar que a autoridade fiscal empenhou esforços para juntar provas hábeis a demonstrar a existência de pagamentos sem causa ou a beneficiários não indentificados. 18. Contudo, à luz da referida solução de consulta e do princípio da verdade material, considero relevante baixar os autos em diligência para que o contribuinte seja intimado a se manifestar e comprovar, com base nos lançamentos contábeis (arquivo não paginável fls. 438), para quem foram pagas as quantias e qual o objetivo das movimentações (causa do pagamento). Deve relacionar, de forma clara e organizada, os lançamentos contábeis com as datas, os valores e os beneficiários, bem como instruir com a respectiva documentação probatória da operação. Adicionalmente, deve apresentar os extratos bancários das citadas contas do HSBC e Bradesco, a fim de dar a devida rastreabilidade a circulação dos recursos. 2. Do lançamento do IRPJ a pagar informado na DIPJ do anocalendário de 2011 19. Sobre este tópico, sustenta a Recorrente que, apesar de segura do seu direito de deduzir despesas operacionais, houve por bem, antes de instaurada a presente fiscalização, retificar sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) do ano calendário 2011, revertendo as despesas dos anoscalendário 2009 e 2010 atinentes às empresas arroladas no relatório da CPMI, ciente de que a RFB vinha procedendo à glosa dessas despesas desde o anocalendário 2009. 20. Assim, anulou em sua apuração fiscal os efeitos da dedução originalmente aproveitada, o que implicou recalcular o valor do IRPJ a pagar, cujo saldo era negativo (R$ 6.288.619,00) e passou a ser positivo R$ 2.652.741,36. Fl. 1155DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 34 33 21. Diz que a fiscalização acatou essa retificação da DIPJ apenas parcialmente, pois desconsiderou a reversão das despesas, procedendo à exigência do IRPJ e da CSLL sobre os valores registrados na contabilidade, mas deu como legítimo o “IRPJ a Pagar” apurado na DIPJ retificadora como consequência da reversão das despesas, o qual está sendo exigido na presente autuação. 22. Entende que não cabia ao Fisco autorizar ou não a retificação feita, visto que antes de iniciada a ação fiscal os efeitos desta devem ser preservados. 23. Ao final, a Recorrente informa que o imposto apurado na nova declaração não foi quitado a tempo, mas que tal fato não invalida toda a reapuração efetuada (IRPJ a pagar). Afirma ser incongruente efetivar a glosa de despesas que sequer foram informadas em DIPJ. Portanto, espera que o lançamento decorrente dessa glosa seja cancelado, ou, em se negando efeitos à retificação, afastese a exigência fiscal do imposto apurado na DIPJ retificadora. 24. Por sua vez, a DRJ entendeu que a autoridade fiscalizadora não deveria ter considerado a DIPJ retificadora para legitimar o IRPJ a pagar, vez que desconsiderou a reversão de despesas constante do documento fiscal e procedeu à exigência do IRPJ e da CSLL sobre os valores registrados na contabilidade. Assim, com fundamento no artigo 112, do CTN (in dubio pro contribuinte), afastou a exigência do IRPJ a pagar. 25. Sobre este aspecto, vale transcrever as conclusões do voto condutor na DRJ, verbis: "A teor desse comando legal, as incertezas em relação aos elementos em que se baseou o lançamento de ofício do IRPJ apurado na DIPJ retificadora do anocalendário 2011 devem beneficiar a contribuinte e não o Fisco. E como se viu nos parágrafos 69 a 77, retro, são muitas as dúvidas, contradições, incongruências e erros, tanto da parte da autuada quanto da autoridade fiscal, relativamente às retificações procedidas nessa DIPJ pelo sujeito passivo. Levando em conta as constatações apontadas nos parágrafos anteriores, em particular o fato de o próprio autor do feito reconhecer que as retificações efetuadas na referida DIPJ não correspondem às despesas glosadas nos anoscalendário 2009 e 2010, possuindo um conteúdo indefinido, concluise que não havia motivos para o Fisco proceder ao lançamento do IRPJ a pagar informado nessa DIPJ, dado que para a constituição do crédito tributário deve haver, conforme enunciado, certeza da ocorrência da hipótese de incidência e da matéria tributável (CTN, arts. 112 e 142). Dessa forma, insta exonerar o crédito tributário correspondente, no montante de R$ 2.652.741,36." 26. Considero inquestionável a necessária observância do artigo 142, do CTN, para devida constituição do crédito tributário e procede à alegação da Recorrente de que os efeitos da DIPJ Retificadora devem ser preservados (artigo 18, da MP nº 2.18949/2001), uma vez que a operação foi efetivada antes de iniciada a ação fiscal, independentemente de autorização da autoridade administrativa (IN SRF nº 166/1999). Fl. 1156DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 35 34 27. No mais, a própria jurisprudência deste E. CARF é no sentido de que a DIPJ tem caráter meramente informativo, não estando indicadas entre as declarações tratadas pela SRFB como confissão de dívida tributária, para efeito de inscrição do saldo a pagar em Dívida Ativa. 28. Contudo, temos aqui um impasse diante da complexidade fática do caso. Tenho para mim que, a DIPJ não pode ser utilizada de forma conveniente por qualquer das partes. Nesse sentido, discordo da posição da DRJ, vez que a DIPJ, em vista dos fatos apresentados pela douta autoridade fiscalizadora, não pode simplesmente ser desconsiderada e a glosa afastada sem a devida averiguação para fins de considerála imprestável ou não. 29. De outra parte, a DIPJ também não pode ser utilizada parcialmente para beneficiar o fisco, conforme pretendeu a douta autoridade fiscalizadora. Estamos diante de uma relação entre administrador e administrado que demanda, em primeiro lugar, o respeito a legalidade. 30. Aqui, o meio termo gera insegurança jurídica e acaba por afrontar princípios basilares da Administração Pública e do de processo administrativo tributário, ou a DIPJ é integralmente válida (reflete a contabilidade) ou deve ser considera in totum imprestável. E, nesta última hipótese, seria acertada a exoneração. 31. Não é demais lembrar que as atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão devem ser realizadas de ofício pela autoridade fiscal, nos termos do artigo 29, da Lei nº 9.784/991. 32. Diante do exposto, por considerar a verdade material, a segurança jurídica e a satisfatividade das decisões os valores máximos a serem perseguidos pelo julgador, não vejo outra alternativa senão propor a conversão do julgamento em diligência para que o contribuinte seja intimado a demonstrar, por meio de documentos hábeis e idôneos, que os lançamentos constante das DIPJ Retificadora merecerem ser devidamente considerados. Dos Termos da Diligência 33. Em vista das duas incidências supra, proponho a remessa dos autos à unidade preparadora com o objetivo de: (i) Referente a glosa de IRRF à alíquota de 35%, intimar a Recorrente a se manifestar e comprovar, com base nos lançamentos contábeis (arquivo não paginável fls. 438), para quem foram pagas as quantias e qual o objetivo das movimentações (causa do pagamento). Deve relacionar, de forma clara e organizada, os lançamentos contábeis com as datas, os valores e os beneficiários, bem como instruir com a respectiva documentação probatória da operação. Adicionalmente, deve apresentar os extratos bancários das citadas contas do HSBC e Bradesco (ainda que envolva outros anoscalendário), a fim de dar a devida rastreabilidade a circulação dos recursos. 1 Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizamse de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1º O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizarse do modo menos oneroso para estes. Fl. 1157DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 36 35 (ii) Caso a Recorrente se mantenha silente sobre o tópico anterior, a douta autoridade fiscal deve oficiar aos bancos, a fim de obter os extratos das citadas contas para complementar a instrução probatória em cotejo com as providências constantes do item 16. (iii) No mais, a unidade preparadora deverá verificar internamente a existência de procedimento fiscal para exigência do IRPJ e Reflexos das empresas supostamente beneficiárias dos pagamentos e instruir o presente feito com cópia de eventuais autuações fiscais de omissão de receitas. Em última análise, precisa ficar claro para esta relatoria se: (i) os valores pagos às beneficiárias foram por elas contabilizados; (ii) os respectivos valores já foram submetidos à tributação ou se tais quantias estão sendo cobradas a título de omissão de receitas; e (iii) em última análise, é possível evidenciar que estamos diante de empresas de fachada. Se necessário, as beneficiárias deverão ser devidamente intimadas para tal fim. (iv) Sobre o aspecto supra, a unidade preparadora, quando da elaboração de relatório conclusivo, deve se atentar aos indícios relativos à coincidência de valores e datas, a fim de demonstrar a existência ou não de rastreabilidade dos valores enviados pela ora Recorrente às supostas beneficiárias (se de fato identificadas, por restar afastada a hipótese de empresas de fachada (sem lastro)). (v) Por fim, é relevante verificar se não houve efetiva prestação de serviços pelas citadas beneficiárias que justifique, ainda que em parte, os valores por elas recebidos. Nesta última hipótese, os valores devem ser apresentados de forma segregada. (vi) Com relação DIPJ Retificadora do AnoCalendário de 2011, intimar a Recorrente para que justifique a manutenção do lançamento relativo ao imposto apurado na declaração retificadora a partir do cumprimento das seguintes condições: a) que a retificação da DIPJ do anocalendário de 2011 tenha respeitado as instruções de preenchimento correspondentes, bem assim as normas aplicáveis ao reconhecimento de despesas; e b) haja comprovação de que os valores dessas adições e exclusões estejam compatíveis (coincidentes em datas e valores) com aqueles constantes dos livros e documentos da sua escrituração. (vii) Após, a douta delegacia de origem deve verificar se os documentos apresentados são aptos a comprovar eventuais despesas e demais lançamentos ("IRPJ a Pagar"), com o objetivo de verificar a imprestabilidade ou não dos lançamentos constantes da DIPJ AnoCalendário 2011. 34. Em caso de dúvidas quanto à exatidão das informações prestadas, a autoridade fiscal deve intimar a contribuinte e beneficiários a prestarem esclarecimentos complementares. 35. Após a conclusão da diligência, a autoridade fiscal responsável deverá elaborar Relatório Conclusivo, com posterior ciência à Recorrente, para que, se assim desejar, se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e na seqüência retornem os autos ao E. CARF para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 1158DF CARF MF Processo nº 16682.722315/201695 Resolução nº 1201000.618 S1C2T1 Fl. 37 36 Fl. 1159DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.003125/2007-40
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
Ementa:
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. STJ. REPETITIVO. CPC/1973, ART.543-C. RICARF. ART. 67, §12, II. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
Não é conhecido recurso especial na hipótese do paradigma contrariar decisão do STJ em recurso especial repetitivo (art. 543-C, CPC/1973).
Em acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do antigo CPC, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que: "a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente" (Resp 1149022).
Como o acórdão recorrido alinha-se a tal entendimento, não é conhecido recurso por suposta divergência na interpretação da lei tributária, nos termos do artigo 67, §12, II, do RICARF (Portaria MF 343/2015).
RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. FALTA DE SIMILITUDE FÁTICA.
Também é causa para não conhecimento do recurso especial a constatação de falta de similitude entre acórdão recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9101-003.890
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Luis Flávio Neto.
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 Ementa: DENÚNCIA ESPONTÂNEA. STJ. REPETITIVO. CPC/1973, ART.543C. RICARF. ART. 67, §12, II. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. Não é conhecido recurso especial na hipótese do paradigma contrariar decisão do STJ em recurso especial repetitivo (art. 543C, CPC/1973). Em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do antigo CPC, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que: "a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente" (Resp 1149022). Como o acórdão recorrido alinhase a tal entendimento, não é conhecido recurso por suposta divergência na interpretação da lei tributária, nos termos do artigo 67, §12, II, do RICARF (Portaria MF 343/2015). RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. FALTA DE SIMILITUDE FÁTICA. Também é causa para não conhecimento do recurso especial a constatação de falta de similitude entre acórdão recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 31 25 /2 00 7- 40 Fl. 103DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Demetrius Nichele Macei, Rafael Vidal de Araújo, Luis Fabiano Alves Penteado, Viviane Vidal Wagner, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado para substituir o conselheiro Luis Flávio Neto), Caio César Nader Quintella (suplente convocado) e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Luis Flávio Neto. Relatório Tratase de processo julgado pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção deste Conselho, quando foi negado provimento ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado (acórdão nº 130200585): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 REMISSÃO. Não é aplicável a remissão instituída pela MP nº 449, de 2008, quando não transcorrido o prazo de cinco (5) anos previsto no art. 14. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. (STJ, Súmula nº 360). O contribuinte foi intimado em 09/11/2011 (fls. 10), interpondo recurso especial em 22/11/2011 (fls. 13). Em síntese, neste recurso alega divergência na interpretação da lei tributária a respeito da denúncia espontânea, na forma do artigo 138, do Código Tributário Nacional, indicandose os seguintes acórdãos paradigmas: 30237.525 (processo administrativo n. 18336.000552/200261) e CSRF 0105.079 (processo administrativo n. 11080.015701/9949). O então Presidente da 3ª Câmara da Primeira Seção admitiu o recurso especial (fls. 38): Para tanto, cita os Acórdãos Paradigmas nºs 30237525 e CSRF/0105079, nos seguintes termos de suas ementas(...) Fl. 104DF CARF MF Processo nº 11080.003125/200740 Acórdão n.º 9101003.890 CSRFT1 Fl. 104 3 Na espécie, o recurso é tempestivo e a recorrente reproduziu no corpo de seu recurso a integralidade das ementas dos acórdãos paradigmas indicados. Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a recorrente logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, pois em situações fáticas semelhantes, chegou se a conclusões distintas. O voto do relator do acórdão recorrido conclui pela aplicação da multa de mora em face de pagamentos extemporâneos de tributos, sendo incabível a aplicação do instituto da denúncia espontânea. Em sentido inverso é o entendimento dos acórdãos paradigmas, qual seja, de que o contribuinte que denuncia espontaneamente ao fisco o seu débito fiscal em atraso, recolhendo o montante devido com juros de mora, está exonerado da multa moratória pelo instituto da denúncia espontânea. (...) Atendidos os pressupostos de tempestividade e legitimidade, previstos no art. 67 do Regimento Interno do CARF, e tendo sido comprovada a divergência jurisprudencial em relação ao ponto questionado do acórdão recorrido, nos termos acima examinados, DOU SEGUIMENTO ao presente recurso especial. A Procuradoria apresentou contrarrazões ao recurso especial (fls. 8.335) requerendo a manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora O recurso especial do contribuinte apresenta paradigmas para tratar da denúncia espontânea, nos termos do artigo 138, do Código Tributário Nacional. Lembro o quadro fático dos autos, para enfrentar o conhecimento do recurso: A linha de defesa da recorrente é toda calcada no instituto da denúncia espontânea. Invoca em seu favor que não se trata de mera revisão interna de DCTF, uma vez que o pagamento a destempo foi realizado em conseqüência de DCTF retificadora. Não é o que se apura dos autos. O auto de infração (fls. 9) pontua que a DCTF original foi entregue em 14/5/2003, enquanto que o pagamento ocorreu Fl. 105DF CARF MF 4 na data de 29/08/2003. De todo o processado não consta qualquer informação acerca da entrega de DCTF retificadora. Em sendo assim, o caso em exame encaixase perfeitmente na inteligência da Súmula nº 360 do STJ, acima citada. A informação se confirma quando analisado o auto de infração no presente processo (fls. 9): O presente Auto de Infração originouse da realização de Auditoria Interna na(s) DCTF discriminada(s) no quadro 3 (três), conforme INSRF nº 045 e 077/98. O quadro 3, do citado Auto de Infração, identifica a DCTF original entregue em 14/05/2003. Diante disso, apurase multa no importe de R$ 699.15. Sobreleva destacar, nesse contexto, decisão do E. Superior Tribunal de Justiça submetida ao regime de recursos repetitivos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). Fl. 106DF CARF MF Processo nº 11080.003125/200740 Acórdão n.º 9101003.890 CSRFT1 Fl. 105 5 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº 1149022, DJ 24/06/2010). O acórdão recorrido alinhase a tal entendimento, tanto assim que menciona expressamente a Súmula STJ nº 360, também referida no julgamento cuja ementa se reproduz acima. É o teor da Súmula STJ 360: Súmula 360 O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. (Súmula 360, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/08/2008, DJe 08/09/2008) A existência de recurso submetido ao regime de recursos repetitivos impede o conhecimento do recurso especial, nos termos do artigo 67, § 12, II, do RICARF (Portaria MF nº 343/2015): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) Fl. 107DF CARF MF 6 § 12. Não servirá como paradigma acórdão proferido pelas turmas extraordinárias de julgamento de que trata o art. 23A, ou que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar: (...) II decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil; Diante disso, não conheço do recurso especial do contribuinte, por força do repetitivo do STJ. Acrescento que o primeiro acórdão (30237525) identificado como paradigma tem a seguinte ementa: Configurada a espontaneidade da denúncia da infração pelo sujeito passivo, acompanhada do pagamento do tributo devido acrescido dos juros de mora, é afastada a aplicação de multas, de oficio ou moratória, de conformidade com o art 138 do CTN Extraise deste primeiro paradigma, no entanto, traço fático distinto relevante do caso dos autos, que é a existência de retificação de declarações: Verificase que foi protocolizada uma declaração de importação, dando início ao despacho aduaneiro (art. 7°, inciso III, Decreto 70.235/72). Por fim, a mercadoria foi desembaraçada, dando por fim o procedimento fiscal. Compulsando os documentos da operação, a recorrente constatou a falta e, nos termos da lei, requereu a retificação da declaração de importação originária. Dessa maneira, a exemplo dos julgados anteriores entendo que a recorrente agiu nos termos do art. 138 do CTN. Com efeito, a Turma a quo negou provimento ao recurso voluntário no acórdão recorrido justamente porque não consta dos autos confirmação de retificação de declarações pelo contribuinte, conforme trecho acima colacionado. Tal razão adicional implica o não conhecimento do recurso especial quanto ao primeiro paradigma. O segundo acórdão paradigma (CSRF/0105079) trata da denúncia espontânea quanto à multa sobre estimativas mensais: A Fazenda Nacional, inconformada com a decisão consubstanciada no Acórdão n° 10706.112 (sessão de 08.11.2000 fls. 102/118), que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário, afastando a exigência da multa isolada do art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, ingressou (fls. 120/141) com Recurso Especial (RP), arrimada no art. 32, inc. I, do Regimento Interno dos Conselhos de contribuintes, aprovado pela Portaria MF n° 55, de 16.03.1998. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 11080.003125/200740 Acórdão n.º 9101003.890 CSRFT1 Fl. 106 7 Em que pese tal menção genérica, o segundo acórdão paradigma não especifica se haveria ou não declaração retificadora, traço fundamental para eventual reforma do acórdão recorrido. Concluo, assim, por não conhecer do recurso especial do contribuinte quanto à alegação de divergência na interpretação da lei tributária a respeito da denúncia espontânea. Por fim, o contribuinte reitera em seu recurso especial pedido para aplicação da Lei nº 11.941/2009, sem apresentar acórdão paradigma a esse respeito. Assim, a matéria não é conhecida. Conclusão: Por tais razões, não conheço do recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.001173/2003-92
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1001-000.964
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Voluntário e devolver o processo para sorteio para Turma Ordinária da 1ª Seção, pois o valor recorrido está acima de 60 salários mínimos (Art. 23-B do Ricarf). Vencidos os conselheiros José Roberto Adelino da Silva (relator) e Eduardo Morgado Rodrigues que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1568; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 858 1 857 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13804.001173/200392 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.964 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 6 de novembro de 2018 Matéria IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Recorrente RHODIA POLIAMIDA E ESPECIALIDADES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ANOCALENDÁRIO 2000, 2001 SALDO NEGATIVO IRPJ A competência para julgamento de recurso, em processo administrativo, que envolva valores superiores a 60 salários mínimos é da competência das turmas ordinárias da primeira Seção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Voluntário e devolver o processo para sorteio para Turma Ordinária da 1ª Seção, pois o valor recorrido está acima de 60 salários mínimos (Art. 23B do Ricarf). Vencidos os conselheiros José Roberto Adelino da Silva (relator) e Eduardo Morgado Rodrigues que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 11 73 /2 00 3- 92 Fl. 859DF CARF MF 2 Trata o presente processo de recurso voluntário contra o acórdão 1626.216 da 6ª Turma da DRJ/SP1, que homologou parcialmente a Declaração de Compensação apresentada, com o intuito de compensar seus débitos tributários com saldos negativos de IRPJ (apurados nos anoscalendário de 2000 e 2001) e de CSLL (anocalendário de 2001). Relatório Em 06/03/2008, a contribuinte tomou ciência dessa decisão (fl. 302) e, em 07/04/2008, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 320/347), em que consta, resumidamente, o que se segue: • protestase por todas as provas admitidas em direito, em especial pela juntada de documentos, se necessário. • parcela do IRRF tida como não comprovada pela DERAT está devidamente confirmada por notas fiscais de serviços que, conquanto constem como de titularidade da Rhodia Poliamida Ltda. (CNPJ 74.532.136/000260), na verdade, pertencem A manifestante. • essas notas fiscais de serviços eram de propriedade da Rhodia Poliamida Ltda, porém foram transferidas para a interessada. • quem prestou efetivamente os serviços foi a defendente. • para que não pairem dúvidas quanto A titularidade dessas notas fiscais, a manifestante fez consignar mediante carimbo o CNPJ correto. • não se pode imputar A manifestante o erro cometido pelas fontes pagadoras, que informaram em seis informes de rendimentos e nas DIRF o CNPJ 74.532.136/000260, da Rhodia Poliamida Ltda., quando deviam ter indicado o CNPJ 15.179.682/000119. • no tocante DIRF do Banco Santander Brasil S/A, foi informado como beneficiário do IRRF, também equivocadamente, o CNPJ 74.532.136/000260. • isso não pode resultar na glosa de parte do direito credit6rio da manifestante, eis que tal procedimento implicaria ofensa ao direito de propriedade previsto no artigo 5°, XXII, da Constituição Federal, e violação ao principio do não confisco, contido no artigo 150, IV, desse mesmo diploma legal. • no processo administrativo, há de imperar o principio da verdade material. • invocase ainda o principio da veracidade dos registros contábeis, com fulcro no artigo 90, §§ 1° e 2°, do Decretolei 1.598/1977. • Requer seja provida em parte a manifestação de inconformidade, a fim de seja reconhecido o seu direito creditório consubstanciado nos saldos negativos de IRPJ dos anoscalendário de 2000 e 2001 e, por via consequência, sejam consideradas corretas as compensações efetuadas. Em 14/03/2008 (fl. 313), foi procedida a juntada por anexação do processo 10880.720183/200834 a este. Este processo foi encaminhado a DEFIS/SPO/DIPAC, para diligência (fl. 544) e o resultado da análise efetuada junto A contribuinte encontrase consignado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 636/639). O processo foi distribuído a esta turma de julgamento, porém, em 03/03/2010, retornou DEFIS/SPO/DIPAC (fl.640), para que fosse facultada A empresa a Fl. 860DF CARF MF Processo nº 13804.001173/200392 Acórdão n.º 1001000.964 S1C0T1 Fl. 859 3 apresentação de manifestação, no prazo máximo de dez dias, a respeito da diligência efetuada. Após concedido esse prazo (fls. 642/646), a interessada, ao se pronunciar sobre a diligência (fl. 647), não fez qualquer objeção quanto ao resultado desse procedimento fiscal. Em 20/04/2010, foi apresentada a petição de fl. 655, juntamente com os documentos de fls. 656/668, na qual a requerente expõe que seu débito tributário relativo a out/2002, no valor de R$ 105.936,69 foi parcialmente pago nos autos do Processo 16143.0000761200814. Assim, requer seja alocado o referido pagamento, para que remanesça em aberto apenas o valor devido de R$ 87.018,40, mantida a exigibilidade suspensa. De acordo com extrato do sistema SINCOR/PROFISC (fls. 669/670), essa solicitação foi prontamente atendida pela unidade administrativa jurisdicionante. Cientificada em 15/09/2010 (fl 709), a recorrente apresentou o recurso voluntário em 15/10/2010 (fl 710). Voto Vencido Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. Em seu pedido, a recorrente requereu: Ex positis, a Recorrente requer seja dado integral provimento ao presente recurso, a fim de que seja reformado o acórdão recorrido, para: (i) reconhecer integralmente o direito creditório sobre o saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2000 na quantia total de R$ 37.640,52; (ii) reconhecer integralmente o direito creditório sobre o saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2001 em relação aos códigos 1708; (iii) reconhecer em relação aos códigos 5273 e 3426 do ano calendário de 2001 (informe de fls. 542) a parcela adicional de R$ 160.359,90 já reconhecida pela diligência, conforme Termo de Verificação Fiscal, mantendose os valores de R$ 16.251,50 e R$ 39.759,23 reconhecido pela Receita Federal no despacho decisório de fls. 293/301; Outrossim, requer nova diligência para o código 1708 do ano calendário de 2001, haja vista nova documentação acostada aos autos, na hipótese de eventual conclusão de que não houve a correta tributação. Além disso, por amor ao debate, caso o Ilustre Conselho entenda que a DRJ possa cancelar os valores reconhecidos pela Receita Federal em despacho decisório em relação ao informe de fls 541, requer, desde já, nova diligência para o informe de fls. 541. Fl. 861DF CARF MF 4 Por fim, requer que todas as intimações a serem realizadas no presente feito sejam endereçadas ao escritório administrativo da Recorrente na Avenida Maria Coelho Aguiar n° 215, Bloco "B", 1° andar, Jardim São Luis, Município de São Paulo, Estado de São Paulo. A competência das turmas extraordinárias, de acordo com o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), é: Art. 23B As turmas extraordinárias são competentes para apreciar recursos voluntários relativos a exigência de crédito tributário ou de reconhecimento de direito creditório, até o valor em litígio de 60 (sessenta) salários mínimos, assim considerado o valor constante do sistema de controle do crédito tributário, bem como os processos que tratem:(Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) ... Observase que o litígio envolve valores superiores a este limite (R$57.240,00), portanto, ultrapassando a competência desta turma. Assim, VOTO por converter o recurso em diligência para que a unidade de origem confirme (ou não) que os valores estão acima da competência desta turma e o direcione para outra turma da Primeira Seção. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Voto Vencedor Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Redator do voto vencedor. Constato que este processo não pode ser julgado por uma Turma Extraordinária do CARF. Isto porque o valor recorrido está acima de 60 salários mínimos. Art. 23B As turmas extraordinárias são competentes para apreciar recursos voluntários relativos a exigência de crédito tributário ou de reconhecimento de direito creditório, até o valor em litígio de 60 (sessenta) salários mínimos, assim considerado o valor constante do sistema de controle do crédito tributário, bem como os processos que tratem: (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Somente o IRPJ pleiteado para o CARF, para 2001, soma R$ 100.132,35. No pedido de compensação (efl. 5) o pedido para o período é de R$ 688.795,10. O Despacho decisório reconheceu R$ 484.313,58 (efl. 309). E a DRJ reconheceu mais R$ 104.349,17 (efl. 701). Observar que no Recurso Voluntário o contribuinte solicita o provimento integral deste crédito (o restante R$ 100.132,35). Desta forma, voto por devolver o processo para sorteio para Turma Ordinária da 1ª Seção do CARF, pois o valor recorrido está acima de 60 salários mínimos. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 13804.001173/200392 Acórdão n.º 1001000.964 S1C0T1 Fl. 860 5 (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 863DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.906239/2015-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 23/11/2012
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO.
Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.904943/2015-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 62 39 /2 01 5- 21 Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo pedido de restituição formalizado por meio de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. Em análise ao referido documento, a autoridade tributária proferiu Despacho Decisório Eletrônico, formalizado no sentido do indeferimento da restituição pretendida pela interessada, explicando que o pagamento indicado já estava integralmente alocado, não restando, assim, crédito disponível para restituição e eventuais compensações vinculadas à esse crédito. Inconformado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva esclarecendo que durante procedimento de auditoria interna, realizada nas apurações dos tributos da companhia, foram identificados pagamentos a maior em determinados períodos e a menor em outros. Para regularizar a situação fiscal perante a Receita Federal do Brasil, providenciou a quitação dos débitos pagos a menor e solicitou a restituição dos pagamentos a maior, retificando as DCTF para informar os novos valores. Entende que a Per/Dcomp está em conformidade com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 e com a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, restando demonstrada a insubsistência e improcedência do despacho decisório. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06057.056. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em síntese, trazendo argumento novo, de que o pagamento indevido seria da conta de Sociedades em Conta de Participação da qual é sócia ostensiva. É o relatório. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.223, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301005.223): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. A acórdão recorrido desce a detalhes do ocorrido: Segundo a versão apresentada pela defesa, o crédito apontado (R$ 275,20) decorreu da revisão da base de cálculo da COFINS de 31/03/2010, conforme informado na DCTF retificadora apresentada em 06/11/2014. Constatouse que o despacho decisório foi emitido levando em conta as informações contidas na DCTF retificadora, transmitida em 06/11/2014, a qual, como se vê, tratase da DCTF retificadora que a contribuinte alega conter as informações corretas correspondente ao débito do período. Nessa DCTF, o débito de COFINS confessado do período de apuração de 31/03/2010 é de R$ 1.134.352,27 – que foi quitado por meio de vários pagamentos (DARF) que totalizam R$ 871.733,98 e compensações no valor de R$ 696,80 – restando, saldo a pagar de R$ 261.921,49 – conforme a tela extraída do sistema de controle de declarações: 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 5 4 Essas mesmas informações constam da DCTF que está ativa no sistema de controle de declarações, transmitida em 08/01/2015. No sistema de controle de arrecadação, verificouse que os pagamentos apontados na DCTF retificadora – no valor total de R$ 871.733,98 – foram validados e vinculados ao débito de Cofins do período (código 2172). No entanto, tendo em vista que os pagamentos validados foram insuficientes para a extinção do débito e verificada a existência de outros pagamentos para o mesmo período de apuração, dentre os quais o pagamento pleiteado no PER em tela, o sistema informatizado alocou esses pagamentos para amortizar parte do saldo devedor confessado na DCTF, como se vislumbra nas telas copiadas a seguir: Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 6 5 Desse modo, o pagamento por meio do DARF discriminado no PER – de R$ 275,20 – foi integralmente utilizado para quitar o débito de COFINS de 31/03/2010, em face das informações prestadas pela própria contribuinte na DCTF retificadora apresentada à Receita Federal, não restando crédito para a restituição pretendida: [...] Destaca ainda a decisão de piso que "desde a constituição da DCTF pela Instrução Normativa SRF nº 126, de 30/10/1998, e suas alterações posteriores, e de acordo com o disposto no DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984", tal declaração constituise em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. A recorrente, alega que o pagamento indevido de R$275,20, seria provenientes e originário "de SCP’s (Sociedades em Conta de Participação), das quais" [...] "é sócia ostensiva". E acrescenta: O débito montante de R$ 1134352,27, declarado em DCTF, alberga valores devidos de Cofins de várias SCP’s que tem a Recorrente como sócia ostensiva e outras empresas como sócias participantes. A título de lembrete sabese que os sócios ostensivos de SCP’s são aquelas pessoas jurídicas que se obrigam perante terceiros, enquanto que os sócios participantes (antigos sócios ocultos), não têm essa obrigação. Em vista dessa situação, a Recorrente é responsável pelas obrigações acessórias tributárias, dentre elas, a apresentação de DCTF com os competentes recolhimentos tributários. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 7 6 No caso em questão, o valor recolhido, R$ 275,2 é proveniente da atividade da SCP, "Laguna Beach" contrato anexo, Doc. 1, que recolheu este valor. Contudo, como já informado, tinha como valor devido a quantia de R$ 0 Ao manter a decisão que indeferiu o crédito pleiteado, a Receita Federal acaba violando a individualidade de outra pessoa jurídica, uma vez que o crédito solicitado diz respeito a uma sociedade em conta de participação específica que tem a Recorrente como sócia ostensiva. O quadro abaixo, demonstra muito bem a composição deste crédito. Tanto que o código do imposto é o 217208, cujo dígito identifica ser o crédito decorrente de sociedade em conta de participação. Portanto, no caso da decisão ser mantida, permanecerseá uma verdadeira invasão no patrimônio da SCP Laguna Beach, visto o desrespeito à sua individualidade e atividade empresarial, pois está sendo punida por conta de débitos tributários que não são dela. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA. Na apuração dos resultados da sociedade em conta de participação serão observadas as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Tendo em vista que a sociedade em conta de participação não se confunde com o sócio ostensivo, os resultados daquela não podem ser tributados diretamente neste mas apenas distribuídos na proporção da participação.” (CARF, Recurso Voluntário Recurso de Ofício, PTA 15504.724276/201314, Acórdão 1402 002.208. Relator Dr. Leonardo de Andrade Couto , DJ 27.06.2016) (destacouse) Diante do exposto, não há que se falar na aplicação da IN SRF 126/98, pois o saldo a pagar da Recorrente não pode prejudicar uma SCP em que ela é a sócia ostensiva e que, por isso, é obrigada ao cumprimento das obrigações acessórias, dentre elas, a entrega de DCTF. Ocorre, no entanto, que tal argumento de defesa não foi trazido em sede de manifestação de inconformidade, precluindo o direto de fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Também não localizei a prova da liquidez e certeza do crédito em foco, que não a DCTF retificada e o DARF dado como pago indevidamente. Tal Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10680.906239/201521 Acórdão n.º 3301005.231 S3C3T1 Fl. 8 7 comprovação é exigência do art. 170 do Código Tributário Nacional e ônus do peticionário, nos termos do art. 373 do Código do Processo Civil. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001199/2007-78
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO.
CABIMENTO.
É cabível a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, em concomitância com a aplicação da multa de ofício pela falta de pagamento/declaração das diferenças do imposto e contribuição apurados em procedimento fiscal, em decorrência de expressa disposição legal e em face de que as incidências ocorrem em situações fáticas distintas.
Numero da decisão: 1202-000.886
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Orlando José Gonçalves Bueno, Nereida de Miranda Finamore Horta e Geraldo Valentim Neto.
Nome do relator: Carlos Alberto Donassolo
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FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, em concomitância com a aplicação da multa de ofício pela falta de pagamento/declaração das diferenças do imposto e contribuição apurados em procedimento fiscal, em decorrência de expressa disposição legal e em face de que as incidências ocorrem em situações fáticas distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Orlando José Gonçalves Bueno, Nereida de Miranda Finamore Horta e Geraldo Valentim Neto. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 11 99 /2 00 7- 78 Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.354 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno. Relatório Trata o processo do exame dos Autos de Infração do IRPJ e da CSLL, relativo aos anos de 2002 a 2006, com aplicação da multa de ofício, no percentual de 75%, e dos juros de mora com base na taxa Selic, bem como aplicação da multa isolada, no percentual de 50%, pelo não recolhimento ou recolhimento a menor das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, fls. 1155 e seguintes. Em síntese, de acordo com o relatado na Descrição dos Fatos dos Autos de Infração, foram apuradas as seguintes irregularidades: i) diferenças do IRPJ e da CSLL entre o valor escriturado e o declarado/pago; e ii) multa isolada pelo não recolhimento ou recolhimento a menor das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL. Irresignada com a autuação, a empresa apresentou impugnação, resumida no Acórdão nº 1427.255 da DRJ/Ribeirão Preto, de fls. 1261 a 1277, que por bem descrever as alegações apresentadas, transcrevo e passo a adotar: “a) Da Indevida Inclusão das Receitas de Exportação na Base de Cálculo da CSLL. As receitas decorrentes de exportação são abarcadas pela imunidade instituída pela Emenda Constitucional n° 33/2001, que deu nova redação ao art. 149, §2°, inciso I, da Constituição Federal, no que tange à CSLL. Lucro e receita não são conceitos contrapostos, pois todo lucro é uma receita, na medida que consiste no resultado positivo da soma algébrica das receitas menos despesas. Entendendose o lucro como uma porção positiva da receita auferida pelo contribuinte, não há como se negar a incidência da norma imunizante em relação à CSLL. 0 erro da fiscalização eiva de incerteza e iliquidez a exigência constante do lançamento. b) CSL — por estimativa — Da Aplicação de Multa Isolada sobre a Diferença entre Valor Escriturado e Valor Declarado. Que houve aplicação de multa de oficio de 75% sobre o total da CSL devida e, também, sobre os valores das antecipações de CSL apurados de 2002 a 2006 houve a incidência de multa isolada de 50% dobre o valor devido. Há duplicidade de multas punitivas sobre os mesmos fatos geradores, o que demonstra sua ilegalidade, com afronta aos princípios da proporcionalidade e da proibição do confisco, conforme já restou julgado pelo Conselho de Contribuintes e Supremo Tribunal Federal. Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.355 3 c) IRPJ e CSL — Da Desconsideração das Antecipações Realizadas pela Empresa A empresa antecipou em janeiro/04 o valor de R$ 82.981,21, valor este não considerado em junho/04 como `CSL devida em meses anteriores', não acrescido ao valor de R$ 287.216,06, gerando, portanto um saldo de falta de recolhimento de CSL (R$ 121.240,37) superior ao valor que efetivamente deveria ser apurado. A empresa antecipou em maio/04 os valores de R$ 260.546,21 e R$ 289.115,18, valores este não considerados em junho/04 como "IRPJ devida em meses anteriores", não acrescido ao valor de R$ 558.895,85, gerando, portanto um saldo de falta de recolhimento de CSL (R$ 634.497,68)) substancialmente superior ao valor que efetivamente deveria ser apurado. Oportuno consignar, ainda, no que tange à glosa dos valores declarados como deduções, referentes a recuperação de crédito de CSL, sob a rubrica, indicado na fiscalização sob a rubrica MP 1807, oportuno informar que referida questão acerca da origem do crédito é objeto do Processo Administrativo 13866.000203/200157, que se encontra pendente de análise. Não foi utilizado o IRPJ fonte acumulado para abatimento do IRPJ a pagar mensal. Ante a apuração de IRPJ a pagar no mês de junho/2004, caberia à fiscalização proceder ao abatimento deste valor a fim de reduzir o IRPJ já na apuração mensal. d) Da Impossibilidade de Aplicação da Taxa Selic Contesta a utilização da SELIC como forma de cálculo dos juros, por entender que apresentam caráter remuneratório, sendo que a legislação apenas permitiria juros de caráter moratório. Entende que a SELIC afronta os princípios da legalidade, determina a incidência mensal de juros sobre juros vedada constitucionalmente, bem como que deve ser limitada a 1% de juros. Requer a declaração de nulidade do lançamento, bem como seja julgado improcedente o lançamento de débito.” Na sequência, foi emitido o Acórdão nº 1427.255 da DRJ/Ribeirão Preto, de fls. 1261 a 1277, mantendo parcialmente os lançamentos fiscais, com o seguinte ementário: ESTIMATIVAS. DEDUÇÃO DE ANTECIPAÇÕES. BALANCETE SUSPENSÃO. As antecipações de IRPJ ou CSLL e retenções na fonte de meses anteriores deverão ser deduzidas para fins de cálculo da estimativa devida com base em balancete de suspensão ou redução. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVA. MULTA DE OFÍCIO. AJUSTE ANUAL. FALTA DE RECOLHIMENTO. CABIMENTO. Verificada a falta de pagamento do IRPJ ou CSLL por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de oficio abrangerá a multa de oficio sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos, e o IRPJ ou CSLL devidos com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.356 4 acrescido de multa de oficio e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 IMUNIDADE. RECEITA EXPORTAÇÃO. As receitas decorrentes de exportação integram a receita bruta para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, tendo em vista tratarse de contribuição incidente sobre o lucro. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar argüição de inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. A partir de 1° de abril de 1995, os juros morat6rios incidentes sobre / débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não se tratando de auto de infração lavrado por pessoa incompetente, não tendo havido preterição do direito de defesa da contribuinte e não tendo sido feridos os artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235/72, não cabe o acatamento da preliminar de nulidade. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Na sequência, a autuada solicitou a desistência de recorrer de parte dos valores exigidos na autuação, face a adesão ao parcelamento especial previsto na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, conforme requerimento, de fls. 1283/1284. Permaneceu em discussão o cabimento da aplicação da multa isolada, concomitantemente com a aplicação da multa de ofício, em que foi apresentado recurso voluntário, apenas sobre essa matéria, mediante arrazoado, de fls. 1307 e seguintes. Alega, em síntese a ocorrência de duplicidade de multas punitivas sobre os mesmos fatos geradores, o que caracterizaria bis in idem, não aceito no sistema jurídico Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.357 5 tributário brasileiro. Encerrado o período anual de apuração do imposto de renda e da contribuição social, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter eficácia, uma vez que prevalece a exigência do tributo e contribuição efetivamente devidos. Demonstra a ilegalidade da imposição aplicada, com afronta aos princípios da proporcionalidade e da proibição do confisco, conforme já restou julgado pelo antigo Conselho de Contribuintes e pelo Supremo Tribunal Federal. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e nos termos da lei. Portanto, dele tomo conhecimento. Inicialmente, conforme relatado no relatório deste acórdão, cumpre registrar que parte dos valores exigidos na autuação encontramse parcelados, restando em discussão apenas a matéria relativa ao cabimento da multa isolada, no percentual de 50%, concomitantemente com a multa de ofício, no percentual de 75%, conforme expressamente consignado pelo contribuinte, fls. 1283/1284. O acórdão recorrido entendeu pelo cabimento da duplicidade de multas, sob o fundamento de que, nos termos das disposições legais atinentes à matéria, deriva a compreensão de que a falta de recolhimento das estimativas caracterizase infração distinta da falta de recolhimento do tributo apurado ao final do período. Em seu recurso, a recorrente argumenta, em síntese, que a aplicação da duplicidade de multas sobre os mesmos fatos geradores, caracterizaria bis in idem, não aceito pelo sistema jurídico tributário brasileiro. Em que pese os argumentos apresentados pela defesa, creio não lhe assistir razão. A respeito do pagamento das estimativas mensais do IRPJ ao longo do ano calendário, cabe dizer que o mesmo deve ser feito obrigatoriamente pelo contribuinte que optou pela forma de tributação com base no lucro real, determinado sobre base de cálculo estimada, se não houver a demonstração de que não era devido, por meio de balancetes de suspensão ou de redução (art. 35 da Lei nº 8.981, de 1995), nos termos do art. 2º da Lei n° 9.430, de 1996, abaixo transcrito para melhor clareza: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei n" 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.358 6 O pagamento mensal estimado, uma opção colocada à disposição do contribuinte que apura o IRPJ pela modalidade do lucro real, toma por base de cálculo a aplicação de percentuais, variáveis em função da atividade, sobre a receita bruta auferida mensalmente (base de cálculo estimada). Ao final do ano, o contribuinte efetua a apuração definitiva do IRPJ, tomando por base seu resultado contábil, ajustado por adições, exclusões e compensações previstas na legislação tributária (lucro real). Na apuração definitiva da base de cálculo do imposto pela modalidade do lucro real são consideradas receitas e despesas que afetam o patrimônio da pessoa jurídica não contempladas quando da apuração da base de cálculo estimada. Nesses termos, uma vez que a obrigação de pagamento das estimativas mensais não foi cumprida a contento, de acordo com o que determina o dispositivo legal acima transcrito, a mesma Lei nº 9.430, de 1996, nos seus artigos 43 e 44 e alterações, estabelece a imposição de uma penalidade isolada, no percentual de 50%, para coibir a prática do não pagamento dessa estimativa, conforme redação dos dispositivos que se transcreve: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente à multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Multas de Lançamento de Oficio Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei na 11.488, de 15 de junho de 2007) (Grifei). O teor do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.488, de 2007, fixa duas multas distintas, de 75% e de 50%, para duas hipóteses também distintas. A multa de 75% (inciso I do art. 44) é aplicada aos casos de falta de pagamento do tributo, quando da mensuração definitiva da obrigação principal, quando feita no período de apuração anual. Por tal motivo, a base de cálculo da referida multa é a “totalidade ou diferença de imposto ou contribuição”. Já a multa de 50% (inciso II do art. 44) é aplicada aos casos nos quais exista obrigatoriedade do pagamento mensal do tributo, antes da sua apuração definitiva. As multas tem hipóteses de incidência de distintas e, por isso, são tratadas diferentemente pela legislação tributária, podendo dessa maneira, serem aplicadas concomitantemente. Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.359 7 Dessa forma, estando o contribuinte sujeito à apuração com base no lucro real e tendo optado pelo pagamento do IRPJ, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada e deixando de recolher o imposto de renda, sem demonstrar que não era devido, por meio de balancetes de suspensão ou de redução, ocorre a subsunção do fato à norma legal estabelecida nos arts. 43 e 44 acima transcritos, que deve ser aplicada e cumprida integralmente pelas autoridades administrativas. Não cabe à autoridade fiscal usar do poder discricionário para aplicação da norma regulamente inserida no ordenamento jurídico. Ocorrido o fato e estando ele perfeitamente enquadrado no dispositivo legal, a autoridade deve obrigatoriamente aplicar a lei ao caso concreto. Sobre esse último aspecto, cabe dizer que a atividade do lançamento tributário é vinculada ao texto da lei, e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional pelo seu descumprimento, nos termos no art. 142 do Código Tributário Nacional. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. O julgamento administrativo está estruturado como uma atividade de controle interno dos atos praticados pela administração tributária, sob o prisma da legalidade e da legitimidade. Os dispositivos da lei que exigem a cobrança da multa isolada (penalidade) não podem ser ignorados nem negados pelo Tribunal Administrativo, a quem não cabe substituir o legislador. Ademais, registrese que é mais do que razoável se admitir a existência de uma penalidade para desencorajar os contribuintes no descumprimento da obrigação de pagar corretamente, e em dia, os seus tributos, sob pena de se estabelecer uma desigualdade com aqueles contribuintes que cumprem suas obrigações tributárias nos prazos legais, cujos recursos financeiros depende o Estado para poder desempenhar as suas funções e que os aguarda, no momento certo, para poder cumprir seus compromissos orçamentários. Por oportuno, salientese que o art. 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995, dispôs que aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, nos termos da seguinte transcrição: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 16004.001199/200778 Acórdão n.º 1202000.886 S1C2T2 Fl. 1.360 8 Em face do exposto, é de se manter a exigência da multa isolada, no percentual de 50%, pelo não recolhimento, ou recolhimento a menor, das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, devendo ser negado provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 11/10/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por NELSON LOSSO FILHO
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