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Numero do processo: 10380.003026/2003-97
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO - RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO — PRESSUPOSTOS - As obscuridades, dúvidas, omissões ou contradições contidas no acórdão podem ser saneadas por meio de Embargos de Declaração, previstos no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Embargos Acolhidos em Parte
Numero da decisão: 1202-000.339
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher
parcialmente os embargos opostos para suprir a omissão apontada sem, contudo, alterar a decisão consubstanciaria no Acórdão n° 108-09477, da sessão de 08/11/2007, nos termos do relatório e voto
que integram o presente julgado.
Nome do relator: NELSON LOSSO FILHO
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(responsabilizados tributariamente Alexandre Gontijo Guerra, Celmo Emany Araujo e Alberto Alves de Sousa) 2" TURMA ORDINÁRIA DA 2" CÂMARA DA l n SEÇÃO DO CARF (ANTIGA OITAVA CÂMARA DO PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO - RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO — PRESSUPOSTOS - As obscuridades, dúvidas, omissões ou contradições contidas no acórdão podem ser saneadas por meio de Embargos de Declaração, previstos no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Embargos Acolhidos em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher parcialmente os embargos opostos para suprir a omissão apontada sem, contudo, alterar a decisão consubstanciaria no Acórdão n° 108-09477, da sessão de 08/11/2007, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. elson Loss ilhd—NPresidente e Relator EDITADO EM: 11 NOV 2oin Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson •Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Valéria Cabral Géo Verçoza, Darei Mendes de Carvalho Filho, Nereida de Miranda Finamore Horta e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório Após o despacho da Presidente desta Colenda Câmara, retornam os autos para exame do pedido formulado pelo embargante, com base no art. 57 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria 1VIF IV 147/2007, denominado de "Embargos de Declaração", por entender o peticionário existir omissão e contradição no Acórdão n° 108-09.477, prolatado na sessão de 08 de novembro de 2007, apresentando em seu arrazoado de fls. 628/643 o seguinte: "Alexandre Gontijo Guerra, Celmo Ernany Araujo e Alberto Alves de Sousa, litisconsortes passivos na relação jurídico- tributária com a Fazenda Nacional nos autos, vem interpor embargos de declaração Já na porta de entrada, quando o i. onselheiro-Relator sessão de julgamento, ao fazer um apertado resumo da quizila fiscal, asseverou que embora os recorrentes tenham levado a efeito vários expedientes a serem juntados aos autos do processo — aduzindo razões e documentos ao recurso voluntário — tão- somente iria apreciar- o primeiro, uma vez que os demais excediam ao normal. Todos os expedientes juntados em momento algum estavam em desacordo com o RICC e a Lei n" 9.784/99, porquanto foram protocolados antes da publicação da pauta de julgamento, logo, os autos ainda estavam em poder do Conselheiro-Relator. O RICC então vigente não fazia qualquer limitação à quantidade de razões aditivas ao recurso poderiam ser oferecidas antes do recurso voluntário constar de julgamento, logo, nada de anormal ou contrário à lei aconteceu, como entendeu o i. Conselheiro- Relator. Em todas as oportunidades que se apresentaram aos embargantes, de forma exaustiva foi sustentado que o Sr, Masil Torres Pessoa sempre esteve à gerência da empresa — no período de janeiro/1988 a dezembro/2002 — e que o mesmo, sem qualquer exceção, assinou todos os documentos (Públicos e particulares) que comprovam sua ampla, geral e irrestrita gestão àfiente dos negócios. Em apertado resumo dos excertos do Relatório transcritos, a matéria posta sob os presentes declaratórios restringe-se, na primeira parte, à constituição de provas trazidas pelos apelantes — omitidas no v, aresto embargado ou com conclusões contraditórias elll si mesmo consideradas — que nitidamente prejudicaram os interesses dos litisconsortes. Acontece que o julgador não pode omitir a existência — no minimo no Relatório do aresto — quais as provas (documentais, diretas, testemunhais, indiretas, etc.) trazidas pelas duas partes, por respeito ao equilíbrio processual. O destinatário da prova não são as partes ou o julgador, mas sim processo.. Aliais, as provas (Materiais e testemunhais) trazidas pela Fazenda 2 Processo n" I 0380 003026/2003-97 S1-C2T2 Aer.:ado o 1202-00339 El 2 Impositiva não só constam do Relatório e Voto, como foram utilizados como elementos de convicção do i, Conselheiro- Relator. Consoante o Relatório do v. aresta embargado, destaca-se: 'Após a interposição do recurso, foram juntados aos autos aditamentos, que trazem mais .fundamentos a respeito da negativa da responsabilidade imputada às pessoas físicas e anexados documentos,' Estes anexados documentos foram provas materiais, objetivas, documentais, que comprovam de forma irrespondível que o Sr. Masil Torres Pessoa sempre esteve à frente dos negócios da sociedade — como sócio majoritário com 95% do capital social -, mas infelizmente não foram sequer mencionadas no v. aresto embargado_ É consabido que matéria de prova não está sujeita à revisão por instância superior, como também se sabe que não pode ser omitida sua existência, no mínimo, no relato da decisão embargaria. À evidência, o v. aresto embargado ao omitir tais provas cerceou o direito de defesa dos enzbargantes, uma vez que não deu conhecimento ao Colegiado que nos autos as mesmas existiam — e contra provas não há argumentos, desde que não sejam inquinadas de ilegítimas, o que não ocorreu no caso — que demonstram de forma irrespondível que o Sr Masil Torres Pessoa durante todo período sob exigência fiscal nunca se ausentou de Fortaleza; como fez questão de afirmar; ao contrário, a autoridade lançadora, a autoridade julgadora e o i. Conselho-Relator Quanto aos instrumentos públicos de procuração, o v, aresta embargado também omitiu — embora mencionando como prova da gerência de todos os embargantes nos negócios da pessoa jurídica durante o período sob ação fiscal, que tão-somente o Sr, Alberto Alves de Sousa detinha procuração em 1998 e, aquelas outorgadas em 1.3/12/01 foram às três pessoas: Quer-se dizer; as procurações, se fosse o caso, poderiam produzir feitos a partir da data da outorga e se isto fosse dado conhecimento ao Colegiada seguramente a conclusão seria de que os Srs, Alexandre Gontijo Guerra e Cehno Ernazzy Araújo, não poderiam, jamais, responder pelos fatos geradores ocorridos antes de tal data. Neste mesmo rumo aconteceu quanto às fichas de autógrafos dos Bancos — 'os Cartões de Assinatura Procurador de fls. 146, 147, 166 e 167' — as quais o v. aresto embargado diz que as mesmas fazem prova de que os três embargante.s, de/ato, administravam os negócios financeiros da pessoa jurídica. O voto condutor do v aresto embargado também omitiu .fato importante: Que o Sr. Alberto Alves de Sousa e Cehno Ernazzy Ara4jo assinaram z as mesmas em dezembro/2001 e, quanto ao Sr. Alexandre Gontijo Guerra sequer existe tal documento bancário, 3 logo, os dois primeiros até poderiam movimentar .- as conta bancárias a partir daquela data e o último, jamais Quanto à outorga das procurações, públicas são atos que exigem .forma prescrita em lei — é um documento jure et de jure — o Masil Torres Pessoa esteve perante o tabelião do Cartório de Registro de Títulos e Documentos da Comarca de Fortaleza/CE em dezembro de 2001; como também suas assinaturas que constam das fichas de autógrafos bancárias são de 2001 e 2002, logo sempre esteve administrando os negócios da pessoa jurídica Por fim, na medida em que o voto condutor do v, atesto embargado louvou-se exclusivamente no Termo de Apuração de Responsabilidade Solidária — quando assevera que o património do embargante Alexandre Gontijo Guerra 'é incompatível com seu patrimônio declarado, nada desprezível, constando de sua declaração de bens, imóvel considerado de ótimo padrão na cidade de Fortaleza', incorreu em contradição no confronto da prova com a conclusão. Então, fazendo as contas, do total das fontes (R$378.433,49) subtraindo-se o total dos usos (R$373, 681,91), restou ainda um saldo positivo (disponível) de R$4.751,58.. Acresce-se que, os dois veículos trazidos como património do embargante Alexandre Gontijo Guerra — conforme relatório do Renavam à fl. 136- constam em nome de sua esposa (que declara em separado) e são do ano de fabricação de 1998 e 2000, logo, não se prestam para conduzir ao juízo que foram adquiridos no ano-calendário de 2001, o qual está sob exame nos presentes autos. O apartamento que a denúncia fiscal afirma ser de ótimo padrão foi adquirido com . financiamento do SFR — como constata da DIPF -- e por isto não é de propriedade do Sr Alexandre Gontijo Guerra. Nesta ordem, inexiste a malsinada incompatibilidade entre OS rendimentos e os gastos no ano-calendário de 2001 e, ao adota,. esta conclusão, o v. ares-to embargado se contradisse no confronto da asseveração fiscal que . foi tomada como verdade absoluta, com os números insertos nos documentos trazidos pela própria fiscalização (DIPF 2002/2002)." No julgamento do mérito, deliberou a extinta Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: "Iniciado o julgamento em 14/06/2007, participaram da votação da preliminar de conhecimento dos recursos interpostos por pessoas físicas quanto à responsabilidade tributária os Conselheiros Nelson Lósso Filho (Relatar), Karem Jureidini Dias, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Margil Mourão Gil Nunes, Orlando José Gonçalves Bueno, José Carlos Teixeira da Fonseca, José Henrique Longo e Mário Sérgio Fernandes Barroso, deliberando, pela maioria dos votos, CONHECER dos recursos interpostos. Vencidos os Conselheiros Nelson Lasso Filho (Relator), Ivete Malaquias Pessoa Monteiro e Mário Sérgio Fernandes Barroso. Designado o Conselheiro Margil Mourão Gil Nunes para redigir o voto vencedor, Prosseguiu o julgamento do mérito em 08/11/2007, com a participação dos Conselheiros Nelson Lósso Filho, Margil Mourão Gil Nunes, Amaud da Silva (Suplente Convocado), Orlando José Gonçalves Buena, Mariam Seif, Cândido Rodrigues Neuber, Karem 4 Processo n" 10380 003026/2003-97 S1-C2T2 Acórdão n " 1202-00.339 El 3 •ureidini Dias e Mário Sérgio Fernandes Barroso, que proferiram a seguinte decisão: por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso voluntário. Quanto à imputação da responsabilidade tributária, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Karem Jureidini Dias e Orlando José Gonçalves Buena Fará declaração de voto o Conselheiro Orlando José Gonçalves Bueno, Ausente, justificadamente, o Conselheiro José Carlos Teixeira da Fonseca.", como consta registrado naquela ata de julgamento, traduzida na folha de rosto do acórdão embargado, 580/581. É o Relatório, 6 Voto Conselheiro Relator, Nelson Lósso Filho Vieram-me os autos em atendimento ao despacho da Presidente da 2 Câmara da 1" Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para que seja examinado o pedido manifestado pelo embargante às fls. 628/643, que vislumbrou ter ocorrido omissão e contradição no voto, conforme consta do Relatório.. Acolho em parte os embargos opostos em virtude de restar configurada a omissão apontada.. Não considero como contradição o que os embargantes indicaram existir no acórdão, a comparação entre a capacidade financeira dos sócios de direito e de fato. Pretenderam eles contrapor os fundamentos expostos na decisão prolatada pela extinta Oitava Câmara, objetivando rediscutir questão de mérito. Os embargos de declaração não são o remédio adequado para tal situação. Caso não concordasse com o mérito do julgamento e constatasse divergência com decisão proferida por outra Câmara, tinha a Embargante à sua disposição a possibilidade de submissão da controvérsia ao exame da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em conformidade com o Processo Administrativo Fiscal. Deve a =bargante orbitar dentro dos limites determinados para a interposição de Embargos de Declaração, sua admissibilidade jamais poderá implicar em revisão do decidido no julgamento de recurso por este Colegiada. Trago à colação, por pertinente, julgado da 1" Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 15.774-0-SP-Edcl, em que foi relator o Min, Humberto Gomes de Barros: "Não pode ser conhecido recurso que, sob o rótulo de embargos declaratórios, pretende substituir a decisão recorrida por outra.. Os embargos declaratórios são apelos de integração - não de substituição." (DJU de 22/12/93, pag 24.895) Não cabe ao julgador em seu voto esgotar a análise de todos os parágrafos apresentados no recurso, principalmente aqueles de caráter condicional, se já formada a sua livre convicção, O Professor Cândido Rangel Dinamarco, ao discorrer sobre o Principio da Persuasão Racional do Juiz, confirma a livre formação da convicção do julgador: "Tal principio regula a apreciação e a avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção." (i11 "Teoria Geral do Processo", Ed. Malheiros, 14' Edição, 1998, p. 67) Da mesma forma entendem nossos Tribunais Superiores, como pode ser observado pelas ementas dos julgados a seguir: i") Processo n" 10380 003026/2003-97 Acórdão o" 1202-00,339 Si-C2T2 FI 4 "PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAçÃo. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. REEXAME DE PROVA. SÚMULA N" 7/ST1 (0111I.S.51.5") 3. O não acatamento das argumentações deduzidas no recurso, não implica em cerceamento de defesa, posto que, ao julgador, cumpre apreciam- o tema de acordo com o que reputar atinente à lide. 4 Não está obrigado o magistrado a julgar a questão posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas partes, mas sim, com o seu livre convencinzento (ar t. 131, do CPC), utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entendem- aplicável ao caso concreto (Omissis) (STJ— Primeira Turma — Rel. Min. José Delgado — Embargos de Declaração em Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n" 304. 7.54/MG DI 1.2. 02 ,2001)" "PROCESSUAL CIVIL. ACÓRDÃO OMISSO SOBRE QUESTÕES INVOCADAS NO RECURSO DE APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARA çila VICIO INEXISTENTE COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA, TETO SALARIAL AFASTADO POR DECISÃO IRRECORRIDA, PRECLUSÃO 1. o Juiz deve se pronunciar sobre todos os temas controvertidos da causa; não está obrigado, entretanto, a responder ponto a ponto, todas as alegações das partes, que se irrelevantes podem ser repelidas implicitamente. Ofensa ao CPC, art. 53.5, II, que não se caracteriza. (Omis,sis) (STJ — Quinta Turma —Rei. Min, Edson Vidigal Recurso Especial mi" 260.803/SP — Dili .12 .2000)" Cristalino que no direito processual brasileiro vigora o sistema do livre convencimento do julgador, não ficando ele adstrito a nenhum formalismo para decidir. Vejo que o posicionamento adotado na decisão do acórdão embargado foi resumido pela seguinte ementa: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário 1998, 1999, .2000, 2001, 200.2 Ementa,- NULIDADE DO LANÇAMENTO - INOCORRÊNCIA — MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL — O MPF constitui- se em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades no âmbito do processo administrativo .fiscal. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — NULIDADE DO LANÇAMENTO — CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - Rejeita-se preliminar de nulidade quando não configurado vicio ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. SUJEITO PASSIVO - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA — SOLIDARIEDADE — São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado Respondem pelo crédito tributário os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertadas por terceiras pessoas que apenas emprestavam o nome para que eles. realizassem operações em nome da pessoa . jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas. contas-correntes bancárias. IRPJ— OMISSÃO DE RECEITAS — CONFRONTO ENTRE DADOS DAS GIMS E A CONTABILIDADE - Caracteriza a ocorrência de omissão 110 registro de receitas a constatação de diferenças entre o total das receitas informadas nas Guias de Informações Mensais (GIMIGIAN) à Secretaria de Fazenda Estadual emn confronto com aquele escriturado e lançado nas DIPJ apresentadas ao Fisco Federal, mormente quando elas não são contestadas pela autuada, IRPJ - LUCRO ARBITRADO - FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS - A falta de apresentação pela fiscalizada de livros e documentos contábeis e .fiscais impossibilita a apuração do lucro real, restando como única fbi ma de tributação o arbitramento do lucro tributável. IRPJ - APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA — A conduta da contribuinte de não informar a totalidade de suas receitas nas declarações de rendimentos entregues ao Fisco durante anos consecutivos, indicando valores ínfimos nas suas DIPJs, e de ser administrada de . fito por terceiros não vinculados a ela oficialmente, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa qualificada pela ocorrência de .fi .atide prevista no art 72 da Lei n°4 502/1964 CSL LANÇAMENTO DECORRENTE - O decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no lançamento dele decorrente, no mesmo grau de .jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Preliminar de nulidade rejeitada. Recurso Voluntário Negado." No corpo do voto os fundamentos apresentados estão assim descritos: "A exigência fiscal foi dirigida à contribuinte Cometa Distribuidora de Alimentos Ltda., que teve seu lucro arbitrado, gerando lançamentos tributários A responsabilidade solidária Processo if 10380.003026/2003-97 S1-C2-1-2 Acóicião n.° 1202-00.339 Fl 5 .foi atribuída aos Srs. Alexandre Gontijo Guerra, Cehno Ernany Araújo e Alberto Alves de Sousa, h-resignados com essa imputação, alegam não ter relação alguma com a autuada, não sendo responsável pelos tributos por ela devidos. O trabalho fiscal inc convenceu do contrário. Os elementos levantados e juntados aos autos convergem para um mesmo ponto comum: a empresa autuada operava por ordem das pessoas indicadas como responsáveis. Estes elementos são as Declarações e o Termo de diligência fiscal delis. 110 a 130, os Cartões de Assinaturas Procurador de fls. 146, 147, 166 e 167 e as Procurações delis. 152 e verso, 153 e verso, 154 e verso e 163, 164 e 171 e verso, que demonstram a simulação perpetrada pelas pessoas fisicas indicadas como responsáveis com o objetivo de omitir receitas tributáveis, pela constituição de pessoa jurídica na qual os sócios de direito são interpostas pessoas.. A .fiscalização levantou provas convincentes da vinculação das pessoas físicas indicadas. São elas: 1- declarações dos sócios constantes no contrato social de que os srs. Alexandre Gontijo Guerra, Cehno Emany Araújo e Alberto Alves de Sousa eram de . fato os administradores e dirigentes da empresa; 2- procurações públicas outorgadas pelo Sr. Masil Torres Pessoa, sócio de direito da pessoa jurídica, às três pessoas físicas para gerir a empresa, inclusive sua movimentação bancária, conforme procurações e cartões de assinatura bancária juntadas aos autos, no ano de 1998 e no ano de 2001; 3- a falta de motivação para que os sócios de direito da empresa outorgassem poderes para as pessoas responsabilizadas gerissem os negócios da autuada; 4- outros indícios, pela comparação da capacidade .financeira entre os sócios de fato e de direito da empresa. Por pertinente, transcrevo informações do Termo de Apuração da Responsabilidade Solidária de fls. 4.2/57, que bem fundamentam a caracterização da administração da autuada pelos responsabilizados: "Diante de tudo o que foi apurado, para nós resta claro que as pessoas que figuram como sócios no contrato social da empresa fiscalizada são seus sócios apenas de direito, mas não o são de fato. Estes senhores ao que tudo indica apenas emprestaram ou alugaram seus nomes para .figurarem como .sócias no contrato social da empresa .fiscalizada, visando com isto encobrirem aqueles que são de fato seus verdadeiros sócios e que usufruem de seu resultado econômico e .financeiro, (..). Os "sócios de fato" atuam em geral mediante procurações públicas outorgadas 9 pelos "sócios formais", através das quais lhe são conferidos os mais amplos, gerais e ilimitados poderes para gerir e administrar a empresa. (,.. ) In casa, todas as evidências conduzem à conclusão de que a empresa . fiscalizada, na verdade, era dirigida pelos senhores Alexandre Gontijo Guerra, Calmo Ernany Araújo e Alberto Alves de Sousa, Com afeito, estes senhoras detêm os mais amplos, gerais e ilimitados poderes para gerir e administrar a ..fiscalizada, por força das procurações públicas outorgadas pelo Sr, Masil Tones Pessoa, através das quais o mesmo, na qualidade de sócio oficial da empresa, outorga poderes inclusive para movimentação de contas bancárias (docs. fls. 152/154, 163 e 171). Curioso é que estes senhores, em seus depoimentos, embora admitam atuarem na gerência ou na parte financeira da empresa, tentam fazei- crer atuarem na condição de meros empregados ou prestadores de serviços, não justificando entretanto por que detinham aquelas procurações com tão amplos poderes e nem porque, se era o Sr Masil o sócio gerente da empresa, não estava ele mesmo à frente dos negócios. Os procuradores Alberto e Celmo possuem inclusive cartões de autógrafo (doc. fis. 146/148 e 166) nos Bancos Bradesco e Sudameris onde a .fiscalizada mantém conta corrente_ O Sr. Alexandre, vale frisar, disse em seu depoimento que antes de entrar para a Cometa já atuava no ramo de comércio atacadista de açúcar, na Rua Governador Sampaio, como proprietário de uma firma de nome Organização Esperança, mas que de uns tempos para cá não mais quis ser proprietário de empresa, devido aos inúmeros encargos que teria de assumir, preferindo atuar como simples empregado. Admite entretanto que gerencia a empresa e reconhece a importância de seu trabalho quando afirma que a empresa só . funciona graças aos serviços de corretagem realizados por ele. A afirmativa de que é mero empregado com salário de mil reais, é incompatível com seu patrimônio declarado, nada desprezível, constando de sua declaração de bens, imóvel considerado de ótimo padrão cidade de Fortaleza. Consultando o sistema RENA VAM verificamos constar em nome da esposa do Sr Alexandre dois veículos importados, um automóvel da marca SUZUKI VI TARA e uma cainionete TROLLER/SPORT O Sr Masil, que figura como sócio majoritário da empresa em seu contrato social tem o perfil clássico dos escolhidos para .figurar como "sócio formal". Com efeito, referido senhor é homem simples do interior, de poucas posses, cujo patrimônio se resume a um fitsca velho. Apesar de não negar que seja proprietário da fiscalizada, o Sr. Masil reconhece que desde dezembro de 1998 se encontra totalmente alheio aos negócios da empresa, e indica textualmente o nome do Sr Alexandre Gontijo como sendo a pessoa que toma conta do empreendimento, juntamente com o Sr. Alberto Alves de Souza, que lhe paga uma importância mensal (RS 1.000,00) para seu sustento, uma vez que se encontra desempregado, Com afeito, é o próprio SrMasil, no depoimento prestado aos agentes da SRF, que afirma desconhecer os negócios realizados pela fiscalizada, não 10 Processo tf 10380.00:3026/2003-97 Acórdão n " 1202-00339 S1-C2T2 Fi 6 sabendo sequer informar o volume de seu ,faturamento nos últimos três anos, nem como é .feita a prestação de contas de seu movimento financeiro, o que, convenhamos, desqualifica o seu papel de sócio-gerente e proprietário da empresa, detentor de 95% de seu capital, tal como oficialmente indicado no Contrato Social (doc. 66/72), com a agravante que essa pessoa, há mais de 4 anos, reside no interior de Minas Gerais, como um pobre desempregado, não obstante a empresa da qual se diz dono, tenha faturado apenas no ano de 200.2 o montante de R$ .57 892,035,34 (vide doc..fis. 40). Não é de são consciência que se conceba que o sr. Masil, dito como sócio majoritário da Cometa tenha abandonado sua administração no auge de seu .faturamento, para .ficar desempregado, vivendo às expensas de uma mesada de R$ 1.000,00 a título de aluguel desse dito negócio, com certeza muito lucrativo, . _O Sr. Masil, na sua inocência, até porque não deve ter sido "bem preparado" para prestar as declarações da conveniência dos interessados, uma vez que os agentes do Fisco . foram diretamente ao local de sua residência, no seu depoimento, .foi bastante claro ao reconhecer que, por ter cedido seu nome para ,figurar como sócio majoritário da Cometa recebe como recompensa a quantia de R$ 1.000,00 mensalmente, e mais identificando claramente a pessoa que, dispondo daquele empreendimento comercial, lhe .faz tal pagamento, no caso o Sr. Alexandre Gontijo Guerra. As evidências são claras de que, o Sr. Masil, foi usado por pessoas de sua amizade, e conterrâneos atuantes no ramo de comércio, para essa aventura aqui no Ceará, tendo, após cumprir com sua obrigação, ou seja, após abrir as empresas Cometa Distribuidora de Alimentos Ltda. e a M, T. Pessoa (objeto de outro procedimento fiscal), retornado para seu local de origem, deixando os negócios rolarem sob a tutela do seu nome, mas produzindo resultados .financeiros em beneficio dos terceiros mentores do empreendimento. Por isso é que, conivente com a situação, até porque recebe para isso uma compensação ,financeira, o Sr Masil não nega que seja sócio da Cometa. No entanto, se trai ao confessar que desde dezembro de 1998 se encontra totalmente alheio aos negócios dessa empresa, citando textualmente o nome do Sr. Alexandre Gontijo como sendo a pessoa que toma conta do empreendimento, .juntamente com os Srs. Alberto Alves Souza e Celmo Ernany Araújo. O mesmo perfil tem o Sr. Lorival de Jesus que também emprestou seu nome para figurar como sócio no contrato social da empresa .fiscalizada. De fato o Sr. Lourival, como pudemos constatar, é pessoa pobre, de pouca instrução, que reside 1111111C1 casa simples construída em regime de mutirão pela associação de bairro da qual .faz parte e que ainda sequer fbi totalmente concluída. Sua condição ,financeira é totalmente incompatível, com a de alguém que participa de um empreendimento comercial, cujo .faturamento só no ano de .2002, atingiu a importância, como já dito, de R$ 57.892.035,34 Além do que nada sabe a respeito do dito empreendimento. 1! É interessante ainda destacarmos o fato de que, logo após iniciada essa ação . fiscal, foi rapidamente providenciada procuração particular ao Sr. Rui Nas Amorim Marques Gontijo, para representar a empresa perante a Receita Federal Essa providência era totalmente desnecessária haja vista que os Srs. Alexandre, Cehno e Alberto tinham poderes bastante para essa representação, pois como já dito, possuíam procurações públicas da empresa para representá-la em todos os fóruns e repartições inclusive perante a Receita Federal. O surpreendente é que foi escolhida uma pessoa totalmente alheia aos assuntos administrativos da empresa, pois não sabia se a mesma possuía contabilidade, onde .ficavam os livros/documentos fiscais ou mesmo o nome do seu contador, com a agravante de que o suposto outorgante — Sr Masil, no seu depoimento, nega que tenha passado tal procuração Transpareceu nesse procedimento o objetivo de afastar de nosso contato os verdadeiros. responsáveis pelas atividades da fiscalizada. Por todo o exposto, a conclusão a que somos conduzidos é que, realmente o Sr. Masil Torres Pessoa e o Sr Lourival de Jesus foram usados, emprestando/alugando seus nomes para que .figurassem no Contrato Social da empresa fiscalizada, na qualidade de sócios cotistas, com a .finalidade escusa de encobrir a verdadeira identidade daqueles que realmente conduziam a empresa, praticando todos os atos de sua administração e dispondo, conseqüentemente, do resultado financeiro de suas atividades comerciais e que, de igual modo, deveriam também arear com as obrigações inerentes ao negócio. Logo, é de se considerar como sócios co-responsáveis pelas obrigações contraídas cai nome da pessoa .jurídica citada, o Sr Alexandre Gontijo Guerra, CPF 485.681..716-72, Calmo Ernany Araújo, CPF 480.067856-00 e Alberto Alves de Sousa, CPF 757 648.498-53 nos termos como disposto nos arh 124, 1 e 135, 11 e III do Código Tributário Nacional," Quanto à definição legal para responsabilização tributária indicada pelos autuantes no Termo de Apuração de Responsabilidade Tributária de fls. 42/57, artigos 124 e 135 do CIN, que a recorrente questiona, vejo que independente do enquadramento legal está perfeitamente caracterizada nos autos a participação das pessoas .físicas como responsáveis solidários nos Mos geradores dos tributos lançados. (anis sis) Assim, após a análise de todos os elementos juntados aos autos e do relato do Termo de Apuração da Responsabilidade Solidária, ,fica claro que a empresa Cometa Distribuidora de Alimentos Lida operou durante os anos fiscalizados por ordem de terceiros não vinculados ao seu contrato social, deixando de recolher os tributos devidos, sendo administrada de fato pelos senhores Alexandre Gontijo Guerra, Cehno Ernany Araújo e Alberto Alves de Sousa, devendo estas pessoas .físicas ser responsabilizadas pelos tributos exigidos. Após analisar as argumentações apresentadas e confrontá-las com o acórdão embargado, concluo que restou provada omissão no voto proferido que deixou de se manifestar a respeito das provas que pretendiam indicar que o sócio de direito da autuada, Sr. Masil Torres 12 13 Processo n 0380 00.3026/2003-97 S1 -C2T2 Acórdão n " 1202-00339 El 7 Pessoa, exerceu suas funções de gerente da empresa no período de janeiro/1998 a dezembro de 2002, não tendo se ausentado da sede da pessoa jurídica em Fortaleza, Ceará, e que durante todo período fiscalizado só o Sr, Alberto Alves de Sousa detinha procuração do Sr. Masil, sendo que a procuração em conjunto para as três pessoas fisicas responsabilizadas só aconteceu em 13/12/2001. As procurações passadas pelo Sr, Masil Tones Pessoa dando amplos poderes às pessoas físicas, bem corno os cartões de assinatura bancárias, aconteceram nas seguintes datas: 1- Sr. Alberto Alves de Sousa: - Procuração em 18/12/1998, fls, 154 e 163/164, além de outra em 13/12/2001, fls. 152, - Cartão de assinatura do Banco Bradesco, em 21/06/2001, fls 166/167. - Cartão de assinatura do Bamerindus, em 24/12/2001, fls. 146. 2- Sr. Celmo Ernany Araújo: - Procuração em 13/12/2001, fls. 153. - Cartão de assinatura do Banco Sudameris, em 24/12/2001, fls. 147. 3- Sr. Alexandre Gontijo Guerra: - Procuração em 13/12/2001, fls. 171. Os documentos trazidos aos autos como aditamento, após a entrega do recurso, para comprovar o exercício regular da gerência pelo sócio de direito Sr, Masil Soares Pessoa, foram juntados às fls. 526 a 533, sendo repetidos às fls. 568/575, são os a seguir indicados: Fls. 526 em 22/06/1998 — Intimação da Secretaria de Fazenda; Fls. 527 em 14/08/1998 — Solicitação de mudança de endereço; Fls, 530 em 22/09/1998 — Autorização de AIDF Única; Fls. 528 em 06/12/2000 — Autorização de AIDF Única; Fls. 529 em 13/07/2000 — Termo de depósito; Fls. 531 em 12/02/2001 — Autorização para Celmo Emany Araújo receber cheques devolvidos. Fls. 5.32 em 06/08/2001 — Junta Comercial Els,. 53.3 em .31/08/2001 — Pedido de Autorização de Impressão de Documentos Fiscais. No voto do acórdão embargado a manutenção da responsabilização tributária às pessoas fisicas Alberto Alves de Sousa, Alexandre Gontijo Guerra e Celmo Ernany Araújo, levou em conta um conjunto de fatos que convergiram para uma mesma conclusão. Esses elementos são as declarações tornadas a Termo, a diligência realizada, os Cartões de assinatura em bancos, a falta de motivação para esses procedimentos e a função de gerente e administrador exercida pelas três pessoas responsabilizadas tributariamente, com os sócios de direito figurando apenas como meras pessoas simbólicas,. Portanto, as procurações dando pleno poderes em 1998 ao Sr. Alberto Alves de Sousa e em 2001 a todos os três responsabilizados e os cartões de assinatura bancária em 2001 para Sr Alberto Alves de Sousa e Sr. Celmo Ernany Araújo, são provas que devem ser encaradas como coadjuvantes para convalidar as declarações do sócio de direito, informando que as pessoas fisicas responsabilizadas eram de fato quem geriam a pessoa jurídica autuada. Os documentos juntados aos autos pelos recorrentes às fls. 526/533, para comprovar que a gerência era exercida pelo sócio de direito, Sr. Masil TOMS Pessoa, nos anos de 1998 a 2002 e não pelas pessoas físicas responsabilizadas, nada provam por si só, pois não representam o universo da administração de uma empresa que faturou milhões de reais nos períodos autuados. São eles em número de três documentos em 1998, nenhum em 1999, dois em 2000 e três em 2001. Só no ano de 2002 o faturamento da pessoa jurídica chegou ao montante de R$57.892..035,34, o que, com certeza, geraria uma quantidade considerável de provas do exercício da gerência pelo Sr. Masil, tais como: movimentações bancárias, cheques emitidos, registro de empregados, pedidos de clientes e fornecedores, petições, declarações etc., que deveriam ter sido assinados, caso fosse ele o gerente e administrador, pelo Sr. Masil Torres Pessoa, o que não restou demonstrado nos autos. Assim, por falta de comprovação em sentido diverso, não consegue o recurso ilidir a constatação da fiscalização de que os três responsabilizados tributariamente exerciam a gerência e a administração da empresa autuada, como interpostas pessoas. Pelos fundamentos expostos, voto no sentido de acolher em parte dos embargos opostos para suprir a omissão apontada, sem, contudo, alterar a decisão consubstanciada no acórdão IV 108-09,477, da sessão de 08/11/2007. 14 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA - PRIMEIRA SEÇÃO PROCESSO : 10380.003026/2003-97 TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto a este Conselho, da decisão consubstanciada nos despachos supra, nos termos do art. 81, § 3 0 , do anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n" 256, de 22 de junho de 2009. Brasília, 12 de novembro de 2010. Maria Concèição de Sousa Rodrigues Secretária da Câmara Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: []apenas com ciência; [ ] com Recurso Especial; [ ] com Embargos de Declaração..
score : 1.0
Numero do processo: 10830.720148/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 21/12/2006
PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA.
Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA.
Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso.
Numero da decisão: 3402-005.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 21/12/2006 PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA. Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 21/12/2006 PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA. Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 01 48 /2 00 9- 91 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10830.720148/200991 Acórdão n.º 3402005.827 S3C4T2 Fl. 3 2 Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório A interessada transmitiu PER visando ressarcimento de crédito de contribuição não cumulativa na exportação, em razão de pagamento indevido ou a maior. Posteriormente apresentou DCOMP para compensar o crédito pleiteado com débitos próprios. A unidade de origem reconheceu parcialmente o crédito e homologou as compensações até o limite reconhecido. Diante da homologação parcial da compensação perpetrada, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, oportunidade em que alegou o que segue: (i) nulidade do procedimento administrativo; (ii) direito à compensação do crédito extemporâneo; e (iii) direito à apropriação do crédito sobre valores de aquisição de combustíveis (querosene) no período compreendido entre 10/2008 a 12/2008. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, conforme acórdão nº 09056.344. Diante deste quadro o contribuinte interpôs o recurso voluntário, oportunidade em que repisou as alegações desenvolvidas em sua manifestação de inconformidade, além de vindicar a nulidade da decisão proferida pela instância a quo. É o relatório. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10830.720148/200991 Acórdão n.º 3402005.827 S3C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.825, de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 10830.720143/200969, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.825): "I. Dos pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário 6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche parcialmente os demais pressupostos de admissibilidade, haja vista a sua falta de interesse de agir. 7. Isso porque o contribuinte se insurge contra a glosa aqui realizada fundamentandose nos seguintes termos: (i) direito a crédito na compra de combustível para aviação anteriores a lei n. 11.787/2008 e (ii) direito de usar créditos, ainda que extemporâneos. 8. Acontece que, no presente caso em particular, as glosas perpetradas não tocam tais questões. Aliás, no que tange à discussão dos créditos extemporâneos, assim se manifestou a decisão atacada: (...). Destaquese que, no tocante ao mérito, a contribuinte discute tão somente a glosa de crédito extemporâneo, específica para o período de apuração 03/2007, e a apropriação de crédito sobre valores de aquisição de combustíveis no período de 10/2008 à 12/2008. Assim, as glosas realizadas para períodos de apuração diferentes dos acima mencionados não foram contestadas, no tocante ao mérito. Como o período de apuração do crédito informado no PER aqui analisado se reporta ao 2º tri/2005 não houve, quanto ao mérito, instauração de litígio. (...). 9. O mesmo vale para a questão quanto à discussão de uma pretensa glosa de crédito na compra de combustível para aviação anteriores a lei n. 11.787/2008, o que demonstra a Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10830.720148/200991 Acórdão n.º 3402005.827 S3C4T2 Fl. 5 4 ausência de interesse recursal do contribuinte nos específicos tópicos aqui destacados. 10. Neste diapasão, deixo de conhecer parte do recurso voluntário interposto, mais precisamente o item III das suas razões recursais. II. Da pretensa nulidade parcial da decisão recorrida 11. Conforme se observa do recurso voluntário, um dos fundamentos trazidos pelo contribuinte em sua peça recursal é a nulidade parcial da decisão proferida pela instância a quo. 12. Antes, todavia, de tratar da sobredita preliminar processual, mister se faz, neste instante, detalhar ainda mais as circunstâncias fáticas que gravitam em torno do presente caso. 13. Nesse sentido, ao se observar os documentos de fls. 03/14, é possível observar que, no presente caso decidendo, o contribuinte alegou possuir um saldo credor de PIS e COFINS, nos termos do art. 16, parágrafo único da lei 11.116/051, o que o motivou a pedir o ressarcimento de tal crédito, ulteriormente convertido em compensação com débitos de agosto e setembro de 2006. 14. Ao glosar tais créditos, a fiscalização deixa clara a fundamentação para tanto, qual seja, a divergência entre as informações fiscais prestadas pelo contribuinte, conforme se observa do seguinte trecho da manifestação de fl. 22: Frisese que os valores divergentes estão de acordo com aqueles informados pelo contribuinte nos DACON's de 01/2005 a 12/2008. Esclarecemos que é facultado ao contribuinte, nos termos da lei, creditarse de valor de contribuições incidentes sobre bens e serviços adquiridos. Ressaltamos que, no período de 01/2006 a 12/2006, não houve informação de créditos de insumos nos DACON's. 15. Ressaltese, todavia, que além do presente pedido de ressarcimento convertido em compensação, a contribuinte apresentou outros inúmeros pedidos no mesmo diapasão, tanto que o presente caso em julgamento é paradigma de outros a ele vinculados e que tramitam neste Tribunal. Essa é a razão, portanto, de a fiscalização trazer as fls. 23/26 uma tabela com a discriminação não só da glosa para o período aqui debatido, mas também para outros períodos que, provavelmente, são 1 " Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: (...). Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestre calendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei." Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10830.720148/200991 Acórdão n.º 3402005.827 S3C4T2 Fl. 6 5 discutidos nos demais pedidos de ressarcimento/compensação apresentados pelo contribuinte. 16. A metodologia alhures indicada não prejudica em precisar quais foram os créditos glosados no presente processo administrativo (2o trimestre de 2005), bem como o motivo de tal glosa, o que afasta uma pretensa nulidade do trabalho fiscal, bem como da decisão atacada. Dispositivo 17. Diante do exposto, deixo de conhecer parte do recurso voluntário interposto e, na parte conhecida, voto por negarlhe provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 146DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.722615/2013-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO.
Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN.
No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário.
COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA.
Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá-se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96.
Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-005.986
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá-se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que davam provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 26 15 /2 01 3- 97 Fl. 66DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão nº 08033.739 da Delegacia de Julgamento em Fortaleza que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre declaração de compensação, que objetiva compensar pagamento a maior de PIS/Pasep. O despacho decisório reconheceu a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, mas homologou apenas parcialmente a compensação declarada por entender que o direito creditório reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) descabimento da aplicação da multa moratória em face da denúncia espontânea; e b) ausência de extemporaneidade no pagamento vez que o crédito e o débito objeto de compensação possuem mesmo vencimento e período de apuração. A Delegacia de Julgamento não acolheu os argumentos da manifestante, sob os seguintes fundamentos: O contribuinte teria até o dia do vencimento do tributo para pagar o tributo ou apresentar a devida declaração de compensação sem nenhuma penalidade. Na espécie, o administrado, optando pela compensação, ingressou com o PER/DCOMP após o vencimento do tributo, pelo que incorreu em multa moratória e juros Selic. O pagamento e a compensação são espécies de extinção do crédito tributário. O art. 138 do CTN dispõe que a denúncia espontânea deve ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido. No caso, o contribuinte informou o débito fiscal, mas não o pagou, tendo apenas compensadoo, o que não contempla o benefício da denúncia espontânea. A compensação só ocorre mediante a entrega da correspondente declaração pelo sujeito passivo, sendo que, antes disso, a parcela do pagamento ainda não alocada a débito físcal permanece indisponível ao Fisco. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 3 Cientificada, a interessada interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, repisando as alegações da manifestação de inconformidade acerca do cabimento da denúncia espontânea e da não incidência da multa de mora. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.981, de 29 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 11080.720383/201332, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.981) 1: "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Nos termos do art. 156 do CTN, o pagamento (inciso I) e a compensação (inciso II) são modalidades de extinção do crédito tributário, sendo que, no caso da compensação, nos termos do art. 74, §2º da Lei nº 9.430/96, a extinção se dá sob condição resolutória da ulterior homologação da compensação declarada. Na hipótese de não ocorrer a homologação (tácita ou expressa) da compensação declarada, não há que se falar mais em extinção do crédito tributário, sendo cabível a cobrança dos débitos confessados. Na hipótese de lançamento por homologação, tratada separadamente no inciso VII do art. 156 do CTN, o pagamento antecipado somente extinguirá o crédito tributário se for acompanhado da homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte. O Professor Paulo de Barros Carvalho2 bem diferencia o "pagamento" a que se refere o inciso I do art. 156 do CTN do "pagamento antecipado" de que trata o inciso VII, nos seguintes termos: Não obstante o pagamento antecipado seja uma forma de pagamento, a legislação aplicável requer que ele se conjugue ao ato homologatório a ser realizado (comissiva ou omissivamente) pela Administração Pública. Apenas 1 No processo paradigma houve apresentação de Declaração de Voto por parte da Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Como o entendimento esposada nesta declaração foi vencido, deixase de transcrevêlo nos presentes autos, que trazem apenas o entendimento que prevaleceu na decisão colegiada. Íntegra da declaração de voto pode ser consultada no processo paradimga nº 11080.720383/201332. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 490. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 4 dessa maneira darseá por dissolvido o vínculo, diferentemente do que ocorre nos casos de pagamento de débito tributário constituído por lançamento, em que a conduta prestacional do devedor tem o condão de por fim, desde logo, à obrigação tributária. No denominado "lançamento por homologação", quando ainda não ocorrida a homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte, constatando o Fisco a inexatidão da atividade prévia por ele exercida, deverá apurar o montante suplementar do tributo devido e constituir o crédito tributário por lançamento de ofício supletivo, nos termos do art. 149 do CTN. Nessa hipótese, obviamente, a parcela do crédito tributário objeto do pagamento antecipado é considerada extinta por pagamento (parcial), vez que excluída do lançamento de ofício supletivo. Dessa maneira, nos incisos I, II e VII do art. 156 do CTN, são descritas três formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, conferir eventualmente o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" está a dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. Nessa mesma linha, no voto vencedor do Redator Designado Fernando Brasil de Oliveira Pinto, no Acórdão nº 1402002.309 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 15 de setembro de 2016, restou esclarecido que às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN, uma vez que a extinção do crédito tributário por pagamento (art. 156, I, do CTN) não se confunde com a extinção por meio de compensação (art. 156, II do CTN): (...) Portanto, embora pagamento e compensação extingam o crédito tributário, cada um o faz com suas características e consequências peculiares: enquanto no pagamento não mais se discute a extinção do crédito tributário, na compensação extinguese o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430/96), ou seja, a declaração de compensação pode ter seus efeitos revertidos pela autoridade administrativa. O art. 138 do CTN, ao dispor que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, a meu ver, limitou a possibilidade de sua aplicação a uma das modalidades de extinção do crédito tributário, qual seja, o pagamento. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 5 Quisesse o legislador que outras hipóteses de extinção fossem aplicáveis para fins de denúncia espontânea, assim o teria feito expressamente. Conforme abordado pelo i. Conselheiro Relator, a posição do STJ sobre o tema não é unânime. Tanto assim que, posteriormente ao entendimento firmado no julgamento nos EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP, sessão de 20/08/2015, citado no r. voto do i. Conselheiro Relator, a mesma Segunda Turma julgadora do STJ julgadora decidiu de modo divergente na apreciação do AgRg no REsp 1461757 / RS em sessão realizada no mês seguinte, dia 03/09/2015. Vejase sua ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/01481347 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 03/09/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 17/09/2015 Ementa: (...) 3. "A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". (AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012) 4. Agravo regimental não provido. (...) No mesmo sentido, pronunciouse a Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9303006.011– 3ª Turma, de 29 de novembro de 2017, sob voto condutor do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, nestes termos: (...) Fl. 70DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 6 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (...) VOTO (...) A matéria a ser decidida neste julgamento, como já dito, é somente se compensação (via Declaração de Compensação) equivale ou não a pagamento, para fins de cabimento ou não da cobrança da multa moratória nos casos de transmissão da DCOMP a destempo, mas antes do início do procedimento fiscal. Para o pagamento, o tema não é mais passível de discussão no CARF (a teor do § 2º do art. 62 do seu Regimento Interno), haja vista que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu a questão posta, no RE nº 1.149.022/SP (isto se o pagamento for realizado antes ou concomitantemente à confissão da dívida, conforme Súmula nº 360, também do STJ), em Acórdão submetido à sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do artigo 543C da Lei nº 5.869, de 11/01/73, antigo Código de Processo Civil. Já para a compensação, não existe decisão judicial ou súmula que vincule este Colegiado. Como bem colocou a PGFN, pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, conforme estabelece o Código Tributário Nacional (art. 156, I e II, já transcritos), recepcionado como lei complementar, a única capaz de estabelecer normas gerais sobre crédito tributário, como reza a nossa Constituição Federal (grifei): (...) Alega o contribuinte, em suas Contrarrazões, que o pagamento, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação – como a própria denominação desta forma de constituição diz – também está sujeito à condição de sua ulterior homologação. Mas o CTN diz algo mais a respeito (grifei): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio Fl. 71DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 7 exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Assim, na compensação, é o valor confessado em DCOMP está sob condição resolutória de ulterior homologação, enquanto no pagamento, na realidade, é o que não foi quitado. Isto está claro na lei. O § 1º do art. 150 do CTN fala “sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento”, enquanto o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 fala em “sua ulterior homologação” Em termos simples: “pagou está pago”; se compensou, há cinco anos para a Administração decidir em que dimensão o crédito está extinto, até o limite compensado. Não se pode equiparar, então, homologação do lançamento com homologação da Declaração de Compensação. (...) São formas de extinção distintas, com conseqüências distintas. Não há dúvida. Assim, não se pode aplicar a mesma jurisprudência de uma para a outra – ainda que o STJ já tenha feito isto, mas em decisão não vinculante (Resp nº 1.136.372/RS, citado pelo contribuinte). (...) Ex positis, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (...) Melhor sorte não assiste à recorrente quanto ao argumento de que não teria ocorrido a "extemporaneidade no pagamento" do tributo devido, vez que os débitos e créditos Fl. 72DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 8 objeto de compensação referemse a tributos atinentes ao mesmo período de apuração e mesma data de vencimento. Ocorre que, na hipótese de compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória, dáse somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (...) Dessa forma, não tendo sido os débitos pagos no prazo da legislação específica, nem tampouco sido considerados extintos antes do vencimento do tributo pela transmissão da declaração de compensação tempestiva, estão sujeitos à multa de mora, nos termos do art. 61 e 74, §§1º, 2º e 14 da Lei nº 9.430/96 e do art. 28 da Instrução Normativa SRF nº 460/2004: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51 e 52 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, Fl. 73DF CARF MF Processo nº 11080.722615/201397 Acórdão n.º 3402005.986 S3C4T2 Fl. 0 9 na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 74DF CARF MF
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Numero do processo: 13963.000248/2005-57
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2002
CISÃO/DESMEMBRAMENTO DE PESSOA JURÍDICA. VEDAÇÃO AO SIMPLES.
É vedada a opção pelo SIMPLES à empresa resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de outra pessoa jurídica.
EFEITOS DA EXCLUSÃO. DECISÃO ADMINISTRATIVA IRRECORRÍVEL. IMPOSSIBILIDADE.
Os efeitos da exclusão do sistema SIMPLES, quando constatada a vedação legal decorrente de cisão ou desmembramento, tendo a opção ocorrido até 27/07/2001, dá-se a partir de 1 2 de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002.
Não há guarida na legislação para a adoção de efeitos a partir da data da ciência do trânsito em julgado da decisão administrativa.
Numero da decisão: 1001-000.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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VEDAÇÃO AO SIMPLES. É vedada a opção pelo SIMPLES à empresa resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de outra pessoa jurídica. EFEITOS DA EXCLUSÃO. DECISÃO ADMINISTRATIVA IRRECORRÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. Os efeitos da exclusão do sistema SIMPLES, quando constatada a vedação legal decorrente de cisão ou desmembramento, tendo a opção ocorrido até 27/07/2001, dáse a partir de 1 2 de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. Não há guarida na legislação para a adoção de efeitos a partir da data da ciência do trânsito em julgado da decisão administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 3. 00 02 48 /2 00 5- 57 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 3 2 EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fl. 141 a 147) interposto contra o Acórdão nº 0715.470, proferido pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC (fls. 130 a 138), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 CISÃO/DESMEMBRAMENTO DE PESSOA JURÍDICA. VEDAÇÃO AO SIMPLES. É vedada a opção pelo SIMPLES à empresa resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de outra pessoa jurídica. EFEITOS DA EXCLUSÃO. DECISÃO ADMINISTRATIVA IRRECORRÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. Os efeitos da exclusão do sistema SIMPLES, quando constatada a vedação legal decorrente de cisão ou desmembramento, tendo a opção ocorrido até 27/07/2001, dáse a partir de 1 2 de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. Não há guarida na legislação para a adoção de efeitos a partir da data da ciência do trânsito em julgado da decisão administrativa. Solicitação Indeferida" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: "Tratase de manifestação de inconformidade contra exclusão do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — Simples, por ser a empresa resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento, conforme Ato Declaratório Executivo Fl. 154DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 4 3 DRF/FNS n° 49, de 30 de março de 2006, embasado no art. 9°, inciso XVII, da Lei n° da Lei n° 9.316. (fls. 104). Consta que a exclusão decorreu de representação administrativa recebida do Instituto Nacional do Seguro Social, comunicando a ocorrência de sucessão de fato entre as empresas Silca Indústria de Artefatos de Cimento Ltda (CNPJ 82.849.050/000102) e Gabrielle Cadorin EPP, consoante fls. 01 a 99. Inconformado o sujeito passivo se manifestou às fls. 110 a 116, discordando do entendimento que levou à exclusão. Cita que inexiste a sucessão, tal como afirmado pelo INSS, uma vez que não ocorreu a transferência da titularidade e solução de continuidade dos serviços, conforme doutrina que cita e art. 448 da Consolidação da Leis do Trabalho. Fala que a empresa Silca não deixou de exercer suas atividades no período em que se pretende afirmar ter havido a sucessão, cada qual com seus clientes, o que demonstra não ter havido transferência do fundo de comércio. Diz que o fundo de comércio tem sentido abrangente, representando todo o ativo e passivo, desde bens a clientes, fornecedores, funcionários, marcas, registros comerciais e industriais, não tendo ocorrido tal situação, uma vez que atuavam concomitantemente. Aduz que, com a inatividade da empresa Silca locou alguns equipamentos para melhor exercer suas atividades, o que não significa transferência de fundo de comércio. Argumenta que não houve interrupção dos serviços prestados pela Silca, sendo distintos para as empresas. Relata que foi desrespeitado o princípio da legalidade, já que o ato que fundamenta a exclusão não se refere a sucessão, conforme representação do INSS, mas cisão, e que são institutos distintos, não tendo havido o desmembramento, não se configurando o caso previsto no inciso XVII, art. 9° da Lei n° 9.317/96. Narra que, na eventualidade do reconhecimento da sucessão, que os efeitos da exclusão se dêem a partir do trânsito em julgado da decisão. Requer, por fim, a anulação do ato declaratório, a inexistência da sucessão ou, alternativamente, a exclusão somente a partir do trânsito em julgado do recurso." Inconformada com a decisão de primeiro grau que indeferiu a sua Manifestação de Inconformidade, a ora Recorrente apresentou o recurso sob análise com base na mesmas alegações já aventadas em primeira instância. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues Fl. 155DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 5 4 O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Em atenção ao disposto no §3º do art. 57 do RICARF, e por concordar com seu teor, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ ora combatida. Para tanto, reproduzo os tópicos atinentes às matérias ora tratadas: " (...) DA MOTIVAÇÃO DO ATO DE EXCLUSÃO Pretende, com o inconformismo, a revisão do ato de exclusão do Sistema SIMPLES, ao argumento que não houve a sucessão, que não se trata de cisão e, alternativamente, que os efeitos somente se operem após o trânsito em julgado da decisão administrativa. Vêse que a exclusão está fundamentada no fato de a empresa ser resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento, vedada sua opção no SIMPLES, conforme Lei n° 9.317/96, que assim dispõe: Art. 90 Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (..) XVII que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica, salvo em relação aos eventos ocorridos antes da vigência desta Lei; (...) A leitura do Relatório Fiscal (anexo da Representação do INSS), mostra em minúcias o histórico das empresas Silca e Gabrielle Cadorin, como se vê: "2. CONFIGURAÇÃO DAS EMPRESAS. (...) 2.2. De acordo com os atos constitutivos e alterações (cópias anexas) levadas a registro na Junta Comercial do Estado, observase a seguinte evolução contratual da Silca Indústria de Artefatos de Cimento Ltda: 2.2.1. Constituída em 19/01/1973 na Rua Esperança, 425, Centro em Morro da Fumaça/SC, com objetivo de "indústria de artefatos de cimento em geral", tendo por sóciogerente Orlani Norberto Cadorin. 2.2.2. Em 10/03/1982, através da 4° alteração contratual, é criada a filial na Rod. SC 446, Km 20, Linha Rio Maior em Urussanga/SC. 2.2.3. Em 01/07/1985, conforme a 5" alteração, ingressa a sócia Solange Maccari Cadorin, compondo com seu marido Orlani Norberto Cadorin a totalidade do quadro societário. 2.3. De outro lado, de acordo com os atos constitutivos e alterações (cópias anexas) levadas ao registro na Junta Comercial do Estado, observase a seguinte evolução contratual da Gabrielle Cadorin EPP: Fl. 156DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 6 5 2.3.1. Constituída em 01/05/1997, Rod. SC 446, Km 20, Linha Rio Maior em Urussanga/SC, com o objetivo de "Fabricação de Artefatos de Cimento, galpões prémoldados e Comércio Varejista de Materiais para Construção", tendo por titular Gabrielle Cadorin, filha de Orlani Cadorin e Solange Maccari Cadorin (sócios da Silca). (...) 3. FUNCIONAMENTO DAS EMPRESAS — ANÁLISE CONTÁBIL 3.1. Desde o ano de 1992 a SILCA desenvolve suas atividades apenas no estabelecimento filial em Urussanga/SC, sendo que a matriz localizada em Morro da Fumaça paralisou suas atividades, de fato, naquele ano. Conforme explicitado anteriormente, o endereço da Gabrielle Cadorin EPP coincide com o endereço da filial da SILCA, ou seja, Rod. SC 446, Km 20, Linha Maior, Urussanga/SC. Esta fiscalização comprovou este fato através de visita "in loco", todas as atividades de ambas as empresas são realizadas apenas neste endereço. O imóvel ali localizado é composto de um terreno localizado em área rural com 20.000 m2, com uma edificação onde fica o escritório administrativo e dois galpões sem paredes laterais onde são fabricadas as estruturas de cimento e metálicas para galpões. Este imóvel é de propriedade de Silca, conforme registrado no Livro n° 2, matrícula 16.928 no Cartório de Registro de Imóveis de Urussanga, em anexo. 3.2. Com a criação da Gabrielle Cadorin EPP em 1997, as atividades da SILCA foram paulatinamente sendo transferidas para esta empresa, com visível deslocamento da mãodeobra e faturamento entre as empresas (...) 3.4. Conforme revela a escrituração contábil e as declarações do Imposto de Renda exibidas à fiscalização, a SILCA registrou faturamento até a competência agosto de 2001, sendo que a partir daí registra somente despesas/custos em sua contabilidade. (...) 3.5. Existe uma confusão patrimonial entre as empresas, a Gabrielle Cadorin EPP utiliza gratuitamente as instalações, máquinas e equipamentos de propriedade da SILCA. A compra de insumos utilizados para a fabricação dos produtos foi feita apenas pela empresa Gabrielle Cadorin desde o ano de 2002. 4.1. Na realidade, atualmente existe apenas uma empresa que atua na atividade de fabricação de artefatos de cimento, denominada Gabrielle Cadorin EPP. Esta sucedeu de fato, as atividades da SILCA Indústria de Artefatos de Cimento Ltda desde a competência setembro de 2001. Isto está bastante claro, haja vista os documentos apresentados e descritos anteriormente. 4.2. A empresa Gabrielle Cadorin EPP é administrada, através de procuração, por Oderi Cadorin e Arilton de Araújo, ambos seus empregados e que foram transferidos da Silca. A empresa sempre se apresentou aos seus clientes com a marca SILCA, inclusive é o que consta nos seus catálogos de propaganda, cuja cópia segue em anexo. No período de 1998 a 2000, a empresa Gabrielle Cadorin EPP assinalava a marca SILCA no corpo das notas fiscais emitidas, conforme cópias anexadas. (...) 4.5. SILCA e Gabrielle Cadorin EPP realizam suas atividades no mesmo endereço e ambas atuam no mesmo ramo de atividade. Não há nenhuma indicação Fl. 157DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 7 6 nas instalações, máquinas, equipamentos e empregados que distingam as empresas. De fato, as empresas funcionam com se fossem um único estabelecimento, com administração, processo fabril e patrimônio únicos. (...) 5. CONCLUSÃO DO FISCO PREVIDENCIÁRIO 5.1. Diante de todo o exposto, é forçoso concluir que a empresa Gabrielle Cadorin EPP sucedeu, de fato, a empresa SILCA Indústria de Artefatos de Cimento Ltda. (...) Os fatos relatados na peça de representação e seus anexos mostram, com clareza hialina, que de fato ocorreu a sucessão empresarial. Como haveria de se justificar, sob a ótica do mercado empresarial concorrência, que determinado empreendimento se estabelecesse no mesmo endereço, utilizandose do mesmo estabelecimento, do mesmo parque fabril, do mesmo objeto social? A isto só se pode chamar de cisão ou desmembramento, que ao final restou totalmente absorvido pela recorrente, tanto que houve um esvaziamento de empregados, redução gradual de faturamento e ao final inexistente na sucedida e, em contrapartida, a ascensão na sucessora, conforme se verifica na planilha do item 3.2 do Relatório Fiscal integrante da representação (fls. 05). A evolução cronológica dos fatos apontados na representação mostra o sintomático momento da criação da empresa Gabrielle Cadorin, criada pela filha dos sócios de SILCA no ano de 1997. Neste ano a matriz da empresa SILCA já estava paralisada, em funcionamento somente a filial na Rodovia SC 446, Km 20, Linha Maior, Urussanga/SC. Esta empresa já possuía débitos para com a Previdência Social, o que a impedia de aderir à novel legislação do tratamento tributário diferenciado. As dívidas previdenciárias continuaram num crescendo, que apenas para lembrar vêse que em 22/05/1997 existia a Confissão de Dívida Fiscal n° 55.647.7634 (débito originário n° 32.364.8797), tal como consta da representação às fls. 98, bem como do extrato do Sistema de Cobrança que ora se junta (fls. 121 a 123). Os débitos totais correspondiam, na data da representação, ao valor de R$ 959.876,64. (fls. 98). Em 01/05/1997 é criada a empresa Gabrielle Cadorin EPP, naquele mesmo endereço, tendo aderido ao Sistema Simples em 20/05/1997. Assim, temse um estabelecimento com dívidas, e no mesmo local, um estabelecimento com o mesmo objeto social, mesmas atividades, mesmo parque fabril, sem dívidas e inserido na novel legislação com tratamento tributário diferenciado, constituído em nome da filha dos sócios da primeira. A partir daí tem início a transferência do fundo de comércio, representado em seus direitos e obrigações, como bem disse o recorrente, ou seja, o seu cabedal passa a ter outro rumo — a sucessora. A SILCA paulatinamente diminui suas atividades, enquanto GABRIELLE CADORIN as absorve, tendo por marco o mês de setembro de 2001, quando deixa Fl. 158DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 8 7 de ter faturamento, o que se pode chamar de cisão por absorção total, em que há o que se pode dizer de incorporação. Nesse sentido vejamos o que dispõe a Lei n° 6.404/76: Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (...) Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindose a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindose o seu capital, se parcial a versão. Vejamos o que ensina a doutrina: Depreendese dessa definição que a cisão é igualmente um processo de sucessão, mas um tanto quanto mais complexo. Tal operação não implica, necessariamente, a extinção da sucedida, eis que poderá transmitir apenas parcialmente seu patrimônio. Assim, constatase que a cisão poderá constituir um processo de sucessão a título universal ou parcial, dependendo de a sociedade cindida verter ou não a totalidade de seu patrimônio líquido. A cisão igualmente difere do processo de fusão ou incorporação pelo fato de que poderá haver um único sucessor, ou vários sucessores, na medida em que a sociedade cindida transfira patrimônio para tão somente uma sociedade (nessa hipótese, a transferência do patrimônio deveria se necessariamente parcial, sob pena de se caracterizar uma incorporação ou fusão), ou para várias sociedades. Nesse caso, a transferência de patrimônio poderá ser parcial (hipótese em que a sociedade cindida sobreviverá ao processo de reorganização societária) ou total, extinguindose em conseqüência. (MUNIZ, Ian; BRANCO, Adriano Castello. Fusões e aquisições: aspectos fiscais e societários. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 62). Ao regular a hipótese de exclusão do SIMPLES, quis o legislador se referir ao evento cisão, em seu contexto amplo, contemplando "qualquer forma de desmembramento da pessoa jurídica". Deve o intérprete, portanto, averiguar a finalidade da norma, para que a cláusula geral "qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica" possa ser aplicada de maneira adequada. Pretendeu o legislador, por meio desta regra, impedir que o contribuinte burlasse a lei, para possibilitar sua permanência ou ingresso. No caso dos autos, o que se verifica, pelo histórico, é uma empresa endividada, que estaria impedida de aderir ao SIMPLES, e compartilhamento do mesmo ramo comercial e mesmo endereço com empresa nova criada, esta isenta de dívidas e optante ao sistema diferenciado tributário, o que demonstra de fato a origem desta — cisão/desmembramento. Os fatos afastam quaisquer dúvidas de que a recorrente é resultante de cisão ou de qualquer outra forma de desmembramento, cujo resultado final foi a transferência do plexo denominado fundo de comércio, em sua extensão ampla de direitos e obrigações, tendo de fato ocorrido a sucessão empresarial, não em seu aspecto formal, mas de fato, consoante demonstrado. Caracterizada sucessão, a legislação prevê a responsabilidade tributária do sucessor, como se vê: Fl. 159DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 9 8 Código Tributário Nacional (CTN): Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: 1 integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (..). No que pertine à alegação de não se tratar de sucessão, por não preencher os requisitos do art. 448 da CLT, melhor sorte não lhe assiste. O que a legislação trabalhista deixa claro é que a sucessora assume as obrigações trabalhistas, em havendo a mudança da propriedade ou estrutura jurídica da empresa, tal como o ora verificado, em que os empregados, dantes da sucedida, passam à sucessora. DOS EFEITOS DO ATO DE EXCLUSÃO Requer o interessado que os efeitos da exclusão se dêem somente a partir da data do trânsito definitivo administrativo. Tenho que a legislação não permite tal conclusão ou guarida. Vejamos. Lei n° 9.317/96: Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: (...) II a partir do mês subseqüente ao que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIX do art. 9°; . (Redação dada pela Medida Provisória n°215835, de 2001). (...) A Instrução Normativa SRF n° 608, de 9 de janeiro de 2006, estabeleceu para a situação em comento os critérios de seu art. 24, citado no Ato Declaratório, nestes termos: Art. 20. Não poderá optar pelo Simples, a pessoa jurídica: (...) Fl. 160DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 10 9 XVI que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento da pessoa jurídica, salvo em relação aos eventos ocorridos antes da vigência da Lei n2 9.317, de 1996; (...) Art. 24. A exclusão do Simples nas condições de que tratam os arts. 22 e 23 surtirá efeito: (...) § 12 Para as pessoas jurídicas enquadradas nas hipóteses dos incisos III a XIII e XVI a XVII do art. 20, que tenham optado pelo Simples até 27 de julho de 2001, o efeito da exclusão darseá a partir: I do mês seguinte àquele em que se proceder a exclusão, quando efetuada em 2001; II de 12 de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. Assim, o pedido do contribuinte para que a exclusão tenha efeitos somente a partir da data do trânsito em julgado da decisão administrativa não pode ser acolhido por absoluta falta de amparo legal. (...)" Assim, com base nos argumentos supra colacionados, provenientes da DRJ de origem, entendo que os argumentos esposados pela Recorrente não devem ser acolhidos. Portanto, a decisão de primeira instância não merece qualquer reparo. Desta forma, VOTO por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo in totum a decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 161DF CARF MF Processo nº 13963.000248/200557 Acórdão n.º 1001000.872 S1C0T1 Fl. 11 10 Fl. 162DF CARF MF
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Numero do processo: 13984.901737/2009-11
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. MATÉRIAS NÃO CONSTANTES NA IMPUGNAÇÃO/MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE.
Matéria que não tenha sido indicada ao debate via impugnação ou manifestação de inconformidade, excetuada a de ordem pública, representa inovação recursal e considera-se preclusa, não se admitindo apreciação em grau de recurso, nos termos do art. 17 do Decreto n.º 70.235/72. Verifica-se a preclusão consumativa, com efeitos que incluem a preservação das instâncias do processo administrativo fiscal, evitando-se a supressão de alguma destas.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA.
Cabe ao recorrente produzir o conjunto probatório de suas alegações nos autos, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior.
Numero da decisão: 1002-000.439
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NÃO CONHECER das preliminares de decadência e cerceamento de defesa, por preclusão, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Angelo Abrantes Nunes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva, Leonam Rocha de Medeiros, Breno do Carmo Moreira Vieira e Angelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: ANGELO ABRANTES NUNES
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PRECLUSÃO. MATÉRIAS NÃO CONSTANTES NA IMPUGNAÇÃO/MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. Matéria que não tenha sido indicada ao debate via impugnação ou manifestação de inconformidade, excetuada a de ordem pública, representa inovação recursal e considerase preclusa, não se admitindo apreciação em grau de recurso, nos termos do art. 17 do Decreto n.º 70.235/72. Verificase a preclusão consumativa, com efeitos que incluem a preservação das instâncias do processo administrativo fiscal, evitandose a supressão de alguma destas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao recorrente produzir o conjunto probatório de suas alegações nos autos, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NÃO CONHECER das preliminares de decadência e cerceamento de defesa, por preclusão, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 90 17 37 /2 00 9- 11 Fl. 222DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 223 2 (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Angelo Abrantes Nunes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva, Leonam Rocha de Medeiros, Breno do Carmo Moreira Vieira e Angelo Abrantes Nunes. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão proferida pela 1.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba PR (DRJ/CTA) mediante o Acórdão n.º 0645.146, de 14/02/2014 (efls. 192 a 197). O relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância sintetiza bem o ocorrido, pelo que peço licença para transcrevêlo a seguir, complementandoo ao final. [...] Trata o presente processo das declarações de compensação apresentadas com utilização de direito creditório oriundo do saldo negativo de R$ 69.884,19 de IRPJ do anocalendário de 2003: . PER/DCOMP nº 22177.19721.300404.1.3.029170 (fls. 144151), relativo à compensação dos débitos de estimativa de IRPJ dos meses de janeiro (R$ 5.359,09), fevereiro (R$ 5.519,86) e março/2004 (R$ 7.360,03), com utilização da parcela de R$ 17.415,24 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 13208.64713.250504.1.3.020044 (fls. 140143), relativo à compensação do débito de R$ 8.611,64 de estimativa de IRPJ do mês de abril/2004, com utilização da parcela de R$ 8.131,09 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 25683.63879.300604.1.7.029174 (fls. 136139), retificador do PER/DCOMP nº 38651.82131.300604.1.3.020626, relativo à compensação do débito de R$ 4.576,15 de estimativa de IRPJ do mês de maio/2004, com utilização da parcela de R$ 4.320,79 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 36040.90158.270704.1.3.021491 (fls. 120123), relativo à compensação do débito de R$ 6.884,86 de estimativa de IRPJ do mês de junho/2004, com utilização da parcela de R$ 6.428,44 do direito creditório; Fl. 223DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 224 3 . PER/DCOMP nº 15530.75248.260804.1.3.022655 (fls. 132135), relativo à compensação do débito de R$ 7.073,80 de estimativa de IRPJ do mês de julho/2004, com utilização da parcela de R$ 6.526,25 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 21746.96743.220904.1.3.020423 (fls. 116119), relativo à compensação do débito de R$ 6.762,19 de estimativa de IRPJ do mês de agosto/2004, com utilização da parcela de R$ 6.165,38 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 42223.60363.201004.1.3.020443 (fls. 128131), relativo à compensação do débito de R$ 7.584,44 de estimativa de IRPJ do mês de setembro/2004, com utilização da parcela de R$ 6.837,14 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 14582.76531.261104.1.3.025120 (fls. 112115), relativo à compensação do débito de R$ 7.279,75 de estimativa de IRPJ do mês de outubro/2004, com utilização da parcela de R$ 6.491,66 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 17140.36782.050105.1.3.023722 (fls. 124127), relativo à compensação do débito de R$ 7.339,10 de estimativa de IRPJ do mês de novembro/2004, com utilização da parcela de R$ 6.472,44 do direito creditório; . PER/DCOMP nº 03820.18951.290105.1.3.025820 (fls. 108111), relativo à compensação do débito de R$ 1.036,47 de estimativa de IRPJ do mês de dezembro/2004, com utilização da parcela de R$ 902,30 do direito creditório. 2. A DRF/Lages, por meio do Despacho Decisório proferido em 11/08/2009, rastreamento 844665575 (fls. 1015), reconheceu apenas o direito creditório de R$ 25.721,70 porquanto considerou não confirmada a parcela de composição do crédito relativa às estimativas compensadas com saldo negativo de período anterior (DCOMP’s não homologadas): 3. Em consequência, o crédito reconhecido foi suficiente para homologar integralmente a compensação declarada no PER/DCOMP nº 22177.19721.300404.1.3.029170 e parcialmente a do PER/DCOMP nº 13208.64713.250504.1.3.020044, restando não homologadas as demais compensações. 4. Regularmente cientificada por via postal em 19/08/2009 (fl. 152), a reclamante apresentou, em 17/09/2009, a tempestiva manifestação de inconformidade de fls. 0209, instruída com os documentos de fls. 10151, cujo teor é sintetizado a seguir: a) argui que optou pela tributação com base no lucro real e o lucro reajustado nos exercícios de 2003 a 2008 nunca ultrapassou 3% da receita bruta operacional; b) exemplifica o cálculo dos valores devidos por estimativas com base na receita bruta e acréscimos e em balanço ou balancete de suspensão ou redução; Fl. 224DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 225 4 c) afirma que as estimativas de IRPJ do anocalendário de 2003 foram devidamente contabilizadas, conforme cópia dos livros Diário nºs 17 e 18; que tais estimativas foram apuradas com base na receita bruta e acréscimos, tendo as relativas aos meses de janeiro a agosto e parte de setembro/2003 sido compensadas com saldo negativo de exercício anterior, enquanto parte da estimativa de setembro e o valor integral dos meses de outubro a dezembro/2003 foram pagas com Darf; d) que não possui capacidade contributiva para pagar os débitos no montante de R$ 50.172,33, acrescidos de multa e juros de mora, cuja compensação não foi homologada; que houve talvez a inexistência de um procedimento legal eficiente o bastante para dirimir quaisquer dúvidas do entre tributário para que o processo de apuração do saldo negativo de IRPJ transcorresse de forma transparente e rápido; e) aduz que diante da cópia dos livros da escrituração contábil e da DIPJ, não há como se negar a homologação de um direito creditório reconhecidamente legítimo da impugnante, sob pena de a União estar fazendo uma injustiça fiscal irreparável; que a Administração, além de guardar relação com os aparatos da lei, deve também se nortear pela responsabilidade que tem perante os contribuintes; f) agindo como no caso presente, sob o argumento de não existir créditos, torna no mínimo temerária a atuação fiscal, que deve sempre buscar o equilíbrio social, sob pena de transfigurarse em ente que tem apenas o fim de buscar vantagens econômicas, sem levar em conta os demais dados que norteiam a relação tributária; g) que o presente processo contou com praticamente quase cinco anos de trâmite, fato que acaba por criar um sério problema para a impugnante; por ineficiência e inoperância do Sistema Tributário, em especial da Receita Federal do Brasil, ficará sujeita a todos os encargos deste período, por uma inércia que não é sua; h) ao final requer a reforma do despacho decisório, para reconhecer o direito aos créditos citados, nos termos das razões apresentadas. [...] Inconformado com a decisão da DRJ/CTA, que considerou improcedente a manifestação de inconformidade, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 19/03/2014, no qual, além de indicar no pedido, de forma geral, a reiteração das razões expostas na manifestação de inconformidade, alega, em síntese, a) ter havido decadência tributária, b) cerceamento de defesa, c) estar provada a liquidez e certeza do crédito alegado na PER/DCOMP, e d) ônus probatório da Fazenda Pública quanto à existência de quitação das parcelas utilizadas por ele para compensar seus débitos. Traz no corpo do recurso trechos de doutrina e jurisprudência. É o relatório. Voto Fl. 225DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 226 5 Conselheiro Angelo Abrantes Nunes, Relator. O presente recurso voluntário é tempestivo e obedece aos demais requisitos de admissibilidade, exceto quanto ao atendimento ao art. 17 do Decreto n.º 70.235/72, como será visto. Passamos à análise dos fundamentos indicados para a reforma da decisão recorrida. 1. Admissibilidade O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal, inclusive estando adequada a representação processual, e apresentase tempestivo. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. No entanto, o recurso não atende a todos os pressupostos de admissibilidade intrínsecos. O recurso é cabível, há interesse recursal observandose efetiva sucumbência do contribuinte, o recorrente detém legitimidade, inexiste fato impeditivo ou modificativo do poder de recorrer, mas, em contrafluxo, existe fato extintivo relativo à preclusão consumativa que se operou quanto a matérias não apresentadas na primeira oportunidade, isto é, na manifestação de inconformidade e que foram trazidas pela primeira vez para discussão por ocasião do recurso voluntário, quais sejam, as alegações de decadência e de cerceamento de defesa. Tais matérias constituem inovação aposta no recurso voluntário. A possibilidade de conhecimento e apreciação de novas alegações e novos documentos deve ser avaliada à luz das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, instituído pelo Decreto n.º 70.235, de 1972, o qual dispõe: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4.º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); Fl. 226DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 227 6 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). Desta forma, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto n.º 70.235/72, acima transcritos, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou a impugnação, contendo as matérias que delimitam expressamente os limites da lide, sendo elas submetidas à primeira instância (DRJ) para apreciação e decisão, tornando possível a veiculação de recurso voluntário para o CARF (segunda instância) em caso de inconformismo, não se admitindo conhecer de inovação recursal. Antes de analisar as matérias devolvidas para reexame na segunda instância de julgamento, tem cabimento verificar se foi observado o princípio recursal da dialeticidade, que determina que o recurso deve conter os fundamentos de fato e de direito que deram causa ao inconformismo com a decisão de primeira instância de julgamento. A legislação processual determina que a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento devendo ser formalizada por escrito e com o detalhamento dos motivos de fato e de direito em que se basear, devendo os pontos de discordância e as razões estarem expostas de forma minuciosa, sob pena de serem considerados não refutadas. De modo geral, a peça de defesa deve estar instruída com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. O recurso voluntário é o meio idôneo a ensejar o reexame das questões decididas em primeira instância de julgamento com a finalidade de obter um pronunciamento mais favorável relativamente à sucumbência. Com exceção da avaliação de uma ⃰objeção, por ser matéria de ordem pública que pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício, a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento, em regra o efeito devolutivo, inerente ao mecanismo recursal, promove o restabelecimento do poder de apreciar a mesma questão em segunda instância de julgamento. As razões recursais que se fundarem em inovação à lide não se contrapõem aos termos previstos no ato de deliberação que se pretende reformar, ficando evidente a violação princípio da dialeticidade 1, e caracterizada a supressão de instância. Na peça impugnatória, constam somente argumentos ligados à construção do Saldo Negativo apurado pelo contribuinte ao final do ano calendário 2002, aos registros contábeis correspondentes, e à capacidade contributiva do sujeito passivo. Diferentemente, na fase recursal foram apresentadas contestações pertinentes a decadência e a cerceamento do direito de defesa. Por esta razão, exceto as *objeções, não se toma conhecimento das demais questões alegadas pela primeira vez em sede de recurso voluntário, porque foram alcançadas pela preclusão. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial", de forma que não se aprecia a matéria não 1 Fundamentação legal: art. 14, art. 15, art. 16, art. 17, art. 27, art. 37 e art. 42 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 228 7 impugnada ou não recorrida. Se não foi impugnada ocorreu a preclusão consumativa, tornando inviável aventála em sede de recurso voluntário como uma inovação. O CARF não pode apreciar matéria não deliberada pela DRJ, caso contrário, estaríamos diante de evidente supressão de instância. O efeito translativo que permite ao juízo ad quem apreciar matérias de ordem pública deve ser dimensionado com prudência, a fim de que se evite a lesão prática à razoável duração do processo — e, simultaneamente, ao devido processo legal —, restringindose sua amplitude efetivamente aos recursos nos quais se possa constatar inegavelmente contextualizadas as matérias de ordem pública, não se prestando para, sem que haja qualquer evidência de existência destas, justificar e qualificar como obrigatória a apreciação de arrazoados e alegações sem conteúdo cujo caráter seja incontestável/inequívoco, aos quais a defesa pretenda atribuir interesse público — adstrito ao regular andamento processual, que ultrapasse o interesse das partes. Noutro ângulo, refutemse as críticas que se baseiam no entendimento de que o duplo grau de jurisdição é garantia inserida na Carta Constitucional, e seria desrespeitado caso não admitidas em recurso voluntário as alegações às quais sejam associadas matérias de ordem pública. Primeiro, é preciso dizer que tal condição não existe expressamente no texto constitucional, e a análise conjunta dos dispositivos constitucionais aponta para um previsão de duplo grau de jurisdição, e não para uma garantia taxativa. Segundo, tratase de comando dirigido ao Poder Judiciário, com impacto na organização judiciária e na elaboração de sua estrutura através de seus regimentos, não dirigido originalmente aos órgãos julgadores administrativos — embora não haja impeditivo para este fim. O duplo grau é de jurisdição. Terceiro, Havendo no processo administrativo tributário impugnação e recurso voluntário à disposição do contribuinte, fica configurada a oportunidade para que seja a defesa exercida em duas esferas decisórias. Nesse sentido, o Egrégio CARF tem decidido por não conhecer de matéria que não tenha sido objeto de litígio no julgamento de primeira instância, a teor do Acórdão n.º 9303004.566 (3.ª Turma/CSRF), bem como de precedentes desta Colenda 2.ª Turma Extraordinária da Primeira Seção de Julgamentos: Acórdãos ns.º 1002000.101, 1002000.102, 1002000.103 e 1002000.084. Já suficiente e definida a razão de decidir na qual me amparo, acima, para não conhecer do recurso voluntário no tocante às arguições de decadência e cerceamento de defesa, com caráter meramente ilustrativo seguem considerações a respeito, ainda que pareça contraditório comentar tais considerações neste voto, uma vez que nos parágrafos anteriores já se demonstrou que as matérias não devem ser conhecidas, por preclusão. Explico: tratase de enfrentar com respeito e deferência o esforço argumentativo da defesa, repetindose, entretanto, que o fundamento deste voto, no tocante às argumentações de decadência e cerceamento de defesa, relacionase rigorosamente apenas com o que foi analisado até aqui, e atrelase à conclusão pelo não conhecimento desses temas. Ainda que conhecido fosse o recurso voluntário sob o aspecto de ter havido decadência tributária e cerceamento de defesa, não haveria razão a ser observada para sustentar a pretensão do recorrente. Vejamse os motivos a seguir. Não há decadência a ser apreciada no presente PAF. Vale destacar alguns trechos do recurso voluntário, abaixo: Fl. 228DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 229 8 [...] A exigência do suposto crédito tributário de CSLL, está relacionado com a compensação realizada no período de outubro, novembro e dezembro, oriundo de saldo negativo apurado no anocalendário de 2003, cuja cientificação só ocorreu em maio de 2009. (sic). No transcorrer da instrução processual, se demonstrou que o crédito tributário só foi constituído na data da cientificação do despacho administrativo que negou o direito a compensação, que ocorreu somente em agosto de 2009. (sic). [...] Ora, se a autoridade fiscal, no exercício de seu mister, não homologa a atividade apuratória da compensação no prazo estabelecido (decurso de tempo) ato de lançamento forçoso é concluir que a partir daí oportuniza o advento do prazo decadencial, levando à extinção do crédito tributário, após o decurso do prazo estabelecido no artigo 150, §4° do CTN. [...] O texto do recurso voluntário trata a verificação acerca da existência ou não do seu direito creditório, pela RFB, como sendo revisão de lançamento, o qual se sujeita à homologação tácita disposta no § 4.º do art. 150 do CTN. O recorrente confunde o prazo para homologação da compensação, previsto no art. 74, § 5.º, da Lei n.º 9.430/96, com o prazo para homologação do lançamento de que trata o § 4.º do art. 150 do CTN. O prazo para homologação da compensação se inicia na data da entrega da declaração de compensação, original ou última retificadora. Transcorridos 5 anos dessa entrega, a compensação se dá de pleno direito, homologada tacitamente. Ou seja, o crédito tributário relativo ao tributo que era devido e que se pretendia quitar com crédito do contribuinte considerase, a partir daí, inexigível, extinto por compensação. Em nenhum momento o art. 74 da Lei n.º 9.430/96 veda a investigação da composição do direito creditório que o contribuinte pretenda usar para compensar seus débitos, ou lhe atribui submissão a qualquer prazo derrogatório. Muito ao contrário, dada a relevância da constatação da efetividade e da exatidão do crédito com o qual se pretende compensar débitos tributários, a lei privilegia as verificações necessárias para sua comprovação: Lei n.º 5.172/66 (CTN): (...) Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) (grifei). Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 230 9 Logo, se somente é possível compensar débitos tributários com créditos líquidos e certos, a averiguação dessa certeza e liquidez sofre limitação temporal apenas pela observação do art. 74, § 5.º, da Lei n.º 9.430/96, uma vez que decorridos os cinco anos a partir da data de entrega da declaração de compensação (PER/DCOMP original ou último retificador) não mais é possível ao Fisco verificar o crédito alegado, pois a compensação já teria sido homologada. O prazo decadencial a que se refere o § 4.º do art. 150 do CTN é dispositivo alienígena relativamente ao caso concreto tratado nestes autos. Quanto ao cerceamento de defesa, a interessada argui também que fora impossibilitada de apresentar as provas de pagamento das estimativas porque teriam transcorrido seis anos entre o pedido de compensação e a decisão da DRJ/CTA. Acrescenta que teria solicitado à DRF em Lages/SC tais provas dos pagamentos efetuados, sem contundo, trazer qualquer comprovação de que ocorreram formalmente estes pedidos. Alega cerceamento de seu direito de defesa. Da análise dos autos verificase que na data de 19/08/2009 o recorrente havia sido cientificado do Despacho Decisório n.º de rastreamento 844665575. Tal situação disponibilizou ao interessado a oportunidade de apresentar documentos e provas relacionados à sua pretensão consubstanciada na Declaração de Compensação 22177.19721.400404.1.3.029170, cuja análise dependia da julgamento do PER/DCOMP n.º 17561.90932.160704.1.3.020504, transmitido em 16/07/04, e retificado pelo PER/DCOMP n.º 40282.24552.270906.1.7.028407 (efls. 176 a 187), transmitido em 27/09/06. Logo, houve uma retificação providenciada pelo recorrente em 2006, que repercutia nos exames do PER/DCOMP 22177.19721.400404.1.3.029170, matéria de interesse para a emissão do Despacho Decisório em 11/08/2009. Ou seja, três ano após o envio eletrônico do PER/DCOMP retificador, de análise indispensável, foi examinado o direito creditório pleiteado, não cabendo falarse nos seis anos de hiato alardeados no recurso voluntário. De outra parte, verificase que a decisão denegatória da compensação pretendida, às efls. 10 a 15, foi devidamente fundamentada, constando claramente os fundamentos de fato e de direito, bem como o enquadramento legal. A matéria, assim como o motivo para o não reconhecimento do direito creditório, estão identificados, não existindo portanto qualquer violação ao princípio do contraditório. A defesa interposta em 17/09/2009 (efls. 2 a 9) demonstra pleno conhecimento das razões da decisão denegatória. Concluise portanto, que os fatos que motivaram a autuação fiscal estão descritos na peça vestibular, e permitiram à impugnante uma farta e robusta defesa quanto às irregularidades a ela imputadas. A exposição das razões para negar as compensações pretendidas foi feita de modo a demonstrar com clareza os motivos em que se fundaram, e o enquadramento legal está apontado. A completude da peça impugnatória (manifestação de inconformidade), a qual busca elidir inequívoca e criteriosamente todos os pontos do Despacho Decisório, afasta de vez a possibilidade de ter havido prejuízo ao direito de defesa. A última PER/DCOMP retificadora foi transmitida em 2006, e o Despacho Decisório que não acolheu a compensação foi lavrado em 2009 (mesmo ano em que houve a manifestação de inconformidade), logo, o hiato de 6 anos bradado no recurso voluntário como elemento que caracterizaria responsabilização do próprio Fisco pela dificuldade do contribuinte em buscar as provas de que necessita, não existiu. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 231 10 Dado que somente a partir da ciência do Despacho Decisório é que se pode instaurar ou não o litígio entre fisco e contribuinte, inexiste cerceamento do direito de defesa quando, na fase de manifestação de inconformidade, foi concedida oportunidade ao contribuinte de apresentar documentos e esclarecimentos. Logo, conheço apenas parcialmente do recurso voluntário. 2. Mérito. 2.1. Prova da liquidez e certeza do crédito pleiteado. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01/10/2002 a compensação passou a ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Os pedidos de compensação de que trata este processo encontramse em efls. 108 a 143, e 144 a 151. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior2. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais3. A legislação prevê que no regime de tributação com base no lucro real a pessoa jurídica pode deduzir do valor apurado no encerramento do período, o IR ou a CSLL pagos como estimativas sobre as receitas brutas mensais. Para tanto, as pessoas jurídicas são obrigadas a prestar aos órgãos da RFB, no prazo legal, informações sobre os pagamentos ou quitações de outra espécie que efetuaram no anocalendário anterior. O pedido de compensação pressupõe que o contribuinte disponha do material que faça prova de seu direito creditório. Não se trata de imposição acusatória do Fisco contra a qual o pleiteante à compensação possa se defender alegando ausência de provas, pois estas são de produção obrigatória deste, contribuinte pleiteante, indispensáveis para a determinação da certeza e liquidez do crédito alegado. E o que se vê no presente processo é que tais provas não foram apresentadas, aliás, as de interesse, provavelmente, se o foram, isso ocorreu no curso do processo n.º 13984.000610/200380, em relação ao qual o Acórdão CARF n.º 1803000.706 negou provimento ao recurso voluntário, por falta de provas suficientes. E teria sido a parcela não homologada nesse processo que repercutiu no reconhecimento, aqui, somente da parcela de R$ 25.721,70 como direito creditório referente a saldo negativo de IRPJ no ano calendário 2003. Vejase a ementa do Acórdão n.º 1803000.706, de 11/11/2010: 2 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 3 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º e art. 9º, § 3.º, do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 13984.901737/200911 Acórdão n.º 1002000.439 S1C0T2 Fl. 232 11 “DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO: As alegações de fato devem estar lastreadas em provas hábeis a firmar a convicção do julgador sob pena de ser consideradas apenas protelatórias e inconsistentes.” Vale reiterar que cabe ao recorrente produzir o conjunto probatório de suas alegações4. Por fim, deve restar consignado que a jurisprudência colacionada no recurso voluntário referese a contexto fático diverso do que se discute nestes autos, e que não se identifica com as decisões de observância obrigatória pelo CARF de que trata o § 2.º do art. 62, do Anexo II, da Potaria MF N.º 343/2015 (RICARF). Mencionese ainda o impedimento legal de apreciação pelas instâncias julgadoras administrativas da possibilidade ou não da capacidade contributiva/econômica do contribuinte para quitar os débitos que efetivamente confessou, dada a vinculação à lei a que se submete a atividade julgadora em sede administrativa. Por tudo analisado, voto por pelo conhecimento parcial do recurso, não conhecimento das prejudiciais de decadência e cerceamento de defesa, por preclusão, e, no mérito, pelo não provimento do recurso voluntário, posicionandome pela manutenção integral da decisão da DRJ/CTA. É como voto. (assinado digitalmente) Angelo Abrantes Nunes Relator. 4 Fundamentação legal: § 1.º do art. 147 do Código Tributário Nacional e art. 16 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 232DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.900116/2008-85
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.126
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o Recurso Voluntário em diligência, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida.
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o Recurso Voluntário em diligência, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Relator (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 30 .9 00 11 6/ 20 08 -8 5 Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 112 2 Despacho Decisório O presente despacho decisório houve por bem, não homologar a compensação declarada através de DCOMP, em razão de, analisadas as informações prestadas, partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Manifestação de Inconformidade Em sede de sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega que a não homologação da compensação pleiteada se funda em erro no preenchimento das DCTFs originárias, as quais foram corrigidas após intimação pelo Fisco Federal e que desta correção, acredita ter direito aos créditos objeto da compensação. DRJ/CPS A manifestação de inconformidade foi julgada e recebeu a seguinte ementa: Acórdão 1429.210 1ª Turma da DRJ/RPO Data do fato gerador: 15/08/2003 DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICO FISCAIS DIPJ. RETIFICAÇÃO APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. ANALOGIA. A retificação da DIPJ, para fins de comprovar a existência de crédito do contribuinte não pode ser aceita, pois efetuada após a ciência do Despacho Decisório, procedimento de ofício da autoridade administrativa, conforme o disposto no art. 832, do RIR/99, utilizado neste caso por analogia, conforme o disposto no art. 108, do CTN, por inexistência de disposição expressa. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO TRlBUTÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO Não comprovada a liquidez e certeza do crédito tributário objeto de compensação declarada pelo sujeito passivo, é de se não homologar a compensação por ele declarada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O relatório, por bem retratar a realidade fática dos autos, merece ser transcrito: Trata o presente de Despacho Decisório, fl. 06 que não homologou a compensação declarada pelo interessado, uma vez que o crédito apresentado para a compensação foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PERlDCOMP. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 113 3 Cientificado em 30/0412008, fl. 37, o interessado protocolou o documento de fls. 12, em 29/05/2008, alegando que no período de apuração jul/2003 apurou a Cofins devida no valor de R$ 2.713,77, recolhido em 15/08/2003 e que, posteriormente a essa data, a empresa cancelou a Nota Fiscal nº 130, de 30/07/2003, no valor de R$ 90.459,00, gerando um crédito do PIS no valor do recolhimento. Que o valor foi erroneamente informado em DCTF e que só em 27/05/2008 efetuou a sua retificação. Vem solicitar o cancelamento do Despacho Decisório uma vez que não há diferença a ser recolhida. É o relatório. Recurso Voluntário A recorrente se insurge em face do acordão proferido pela DRJ/RPO que, manteve o despacho decisório que não homologou o pedido de compensação por entender que o crédito declarado na DCOMP já tinha sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Sustenta, em síntese, que pagou a maior o valor da Contribuição para o COFINS referente ao período de apuração do mês 07/2003 por ter cancelado nota fiscal de prestação de serviços em razão de problemas com o recebimento desta pela Prefeitura, o que posteriormente corrigiu emitindo nova nota fiscal. Alega que por esse motivo teria direito ao crédito decorrente de COFINS pago em decorrência dessa nota fiscal cancelada, o que pretende compensar com tributos do mesmo ente. Requer o conhecimento e provimento do presente recurso para que seja reformada a decisão prolatada pela DRJ com o consequente reconhecimento do seu direito creditório e extinção do débito objeto da compensação. Juntou aos autos, a nota fiscal cancelada, a nova nota fiscal emitida, o livro diário, a DCTF e DIPJ retificadoras e demais documentos. É o relatório. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila Relator Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão que denegou o direito à compensação por ausência de prova do erro material cometido. Admissibilidade do Recurso O recurso é tempestivo e tomo conhecimento para baixar em diligência, haja vista a apresentação de argumento inovador, conforme item específico abaixo. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 114 4 Argumentos de Defesa no Recurso Voluntário Em breve síntese, foram apresentados, em sede de recurso, os seguintes argumentos. DOS FATOS Tratase de pedido de compensação no qual a recorrente alega que, recolheu valor a maior da Contribuição para o COFINS referente ao período de apuração do mês 09/2003. Sustenta que cancelou a nota fiscal que dava origem ao valor tributado, o que lhe tinha gerado um crédito. Por meio de PER/DCOMP a contribuinte pediu a compensação do valor pago a maior com débito referente ao COFINS. A autoridade fiscal por meio de despacho decisório entendeu por negar o pedido de compensação por entender que esse valor já havia sido utilizado para quitação de outros débitos da contribuinte. Irresignada, a contribuinte juntou DCTF e DIPJ, ambas retificadas posteriormente ao Despacho Decisório e apresentou manifestação de inconformidade que foi julgada improcedente por não restar comprovado a liquidez e certeza do crédito por insuficiência de provas documentais. Ato contínuo, a recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário e vieram me os autos conclusos para julgamento. MÉRITO O relevante tema tratado neste item, diz respeito à forma regulamentar para comprovar a ocorrência de erro material e o consequente pagamento indevido ou a maior de tributo. Especificamente, o tema adentra aos casos relacionados com os Despachos Decisórios Eletrônicos. Esta modalidade de compensação caracterizase pelo cruzamento automatizado de dados eletronicamente inseridos no ambiente virtual da Receita Federal. Em especial, ocorre o cruzamento dos dados lançados na PER/DCOMP e na DCTF. Com a lida rotineira nos processos administrativos com tal temática, percebese que se gerou, em torno do assunto, a seguinte celeuma. Muitos contribuintes, ao constatarem seus pagamentos indevidos, procedem à compensação na forma regrada pela Receita, mas acaba por não finalizar seus procedimentos de compensação com as necessárias retificações nas informações enviadas anteriormente. Neste ponto, os despachos decisórios, por basearemse nas informações prestadas pelo próprio contribuinte, acabam por declarar como não homologadas as compensações, haja vista os valores indicados como pagos a maior terem sido alocados em débitos, também informados pelo contribuinte, e não retificados a tempo de permitir a compensação. Nestes casos, se segue à manifestação de inconformidade, na qual o contribuinte relata seu procedimento, e, na maioria das vezes, a fim de comprovar a existência do crédito, Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 115 5 indica as declarações fiscais retificadas, derivadas das obrigações acessórias, como o meio apto para a comprovação do pagamento indevido. Ocorre que é pacífico o entendimento esposado pelas Delegacias de Julgamento, no sentido de: exigir, como meio de prova, mais que as declarações acessórias retificadas, mas os elementos contábeis que lhe deram suporte. Ainda, que tais documentos sejam acostados aos autos ainda em sede de Manifestação de Inconformidade, dando azo ao prazo previsto nos artigos 14 e 16 do Decreto n.º 70.235/72. Diante deste breve cenário, o CARF, vem permitindo, a fim de prestigiar o princípio da verdade material, a juntada de documentos após a fase da manifestação de inconformidade, ou seja, em sede de recurso voluntário. Decorre, então, três posicionamentos: Aqueles que não aceitam a juntada de documentos fora do prazo da manifestação de inconformidade; Aqueles que aceitam a juntada de documentos, desde que haja uma demonstração inicial sobre a formação de prova, como alguma documento contábil que extrapole as declarações retificadas; e, Aqueles, que, como eu, permite a juntada a destempo de documentação, e, mais ainda, sugere proposta de diligência, a fim de viabilizar o concreto entendimento sobre a existência, ou não, de crédito hábil para a compensação declarada anteriormente. Isto porque diante de compensações submetidas ao controle eletrônico e decididas via Despacho Decisório Eletrônico, cujo teor das decisões das Delegacias de Julgamento cravam como momento oportuno para a apresentação das provas, o protocolo da manifestação de inconformidade, impossibilitando, assim, a juntada em sede de recurso voluntário, visualiza que, justamente por força desta decisão de primeira instância administrativa, se vê impedido de juntar demais documentação, diante de decisão que determinou preclusa essa oportunização. Pagamento a maior A partir então, da constatação deste apuração equivocada, sustenta haver, em seu favor, crédito que, desta feita, procedeu aos procedimentos de compensação, mediante envio da competente declaração. Da Controvérsia Acerca do Tema O tema abordado que se traduz no cerne da questão tratada nos autos, diz respeito ao pagamento indevido e sua efetiva forma de comprovação. A contribuinte alega ter calculado erroneamente seu COFINS. A fim de corrigir o rumo do referido processo, e enfrentar o que regimentalmente encontrase obrigado, verifico a necessidade de evidenciação da materialidade da ocorrência do pagamento como tido a maior. Os meios necessários e a forma adequada de comprovação de pagamento devido perfazse matéria recorrente nesta Turma. A fim de facilitar a exposição dos fundamentos deste voto, iniciase com o importante o respaldo no acórdão 3401.003.952, que trata de tema igual, ou seja, o dever de verificar a ocorrência do pagamento indevido. Vejase a ementa: Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 116 6 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário: 2007 COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL. Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Importa, antes de adentrar a questão sobre o tratamento das provas em casos semelhantes, transcrever trechos do acórdão fundamentais ao desdobramento do tema. Após o indeferimento eletrônico da compensação é que a empresa esclarece que a DCTF foi preenchida erroneamente, tentando retificá la (sem sucesso em função de trava temporal no sistema informatizado), e explica que o indébito decorre de serem os pagamentos referentes a COFINSserviços incabíveis pelo fato de se estar tratando, no caso, exclusivamente de licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos. No presente processo, como em todos nos quais o despacho decisório é eletrônico, a fundamentação não tem como antecedente uma operação individualizada de análise por parte do Fisco, mas sim um tratamento massivo de informações. Esse tratamento massivo é efetivo quando as informações prestadas nas declarações do contribuinte são consistentes. Se há uma declaração do contribuinte (v.g. DCTF) indicando determinado valor, e ele efetivamente recolheu tal valor, o sistema certamente indicará que o pagamento foi localizado, tendo sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte. Houvesse o contribuinte retificado a DCTF anteriormente ao despacho decisório eletrônico, reduzindo o valor a recolher a título da contribuição, provavelmente não estaríamos diante de um contencioso gerado em tratamento massivo. A detecção da irregularidade na forma massiva, em processos como o presente, começa, assim, com a falha do contribuinte, ao não retificar a DCTF, corrigindo o valor a recolher, tornandoo diferente do (inferior ao) efetivamente pago. Esse erro (ausência de retificação da DCTF) provavelmente seria percebido se a análise inicial empreendida no despacho decisório fosse individualizada/manual (humana). O julgador de primeira instância também tem um papel especial diante de despachos decisórios eletrônicos, porque efetuará a primeira análise humana do processo, devendo assegurar a prevalência da verdade material. Não pode o julgador (humano) atuar como a máquina, simplesmente cotejando o valor declarado em DCTF com o pago, pois tem o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Nesse contexto, relevante passa a ser a questão probatória no julgamento da manifestação de inconformidade, pois incumbe ao Fl. 117DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 117 7 postulante da compensação a prova da existência e da liquidez do crédito. Configurase, assim, uma das três situações a seguir: (a) efetuada a prova, cabível a compensação (mesmo diante da ausência de DCTF retificadora, como tem reiteradamente decidido este CARF); (b) não havendo na manifestação de inconformidade a apresentação de documentos que atestem um mínimo de liquidez e certeza no direito creditório, incabível acatarse o pleito; e, por fim, (c) havendo elementos que apontem para a procedência do alegado, mas que suscitem dúvida do julgador quanto a algum aspecto relativo à existência ou à liquidez do crédito, cabível seria a baixa em diligência para sanála (destacandose que não se presta a diligência a suprir deficiência probatória a cargo do postulante). Em sede de recurso voluntário, igualmente estreito é o leque de opções. E agregase um limitador adicional: a impossibilidade de inovação probatória, fora das hipóteses de que trata o art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. No presente processo, o julgador de primeira instância não motiva o indeferimento somente na ausência de retificação da DCTF, mas também na ausência de prova do alegado, por não apresentação de contrato. Diante da ausência de amparo documental para a compensação pleiteada, chegase à situação descrita acima como “b”. Contudo, no julgamento inicial efetuado por este CARF, que resultou na baixa em diligência, concluiuse pela ocorrência da situação “c”, diante dos documentos apresentados em sede de recurso voluntário. Entendeu assim, este colegiado, naquele julgamento, que o comando do art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972 seria inaplicável ao caso, e que diante da verossimilhança em relação a alegações e documentos apresentados, a unidade local deveria se manifestar. Após ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta tempestivamente Recurso Voluntário, afirmando que: (a) celebrou contrato exclusivamente referente a licenciamento para uso de marcas, não envolvendo a importação de quaisquer serviços conexos, e que em 52 despachos decisórios distintos, a autoridade administrativa não homologou as compensações, por simples cotejo com DCTF, e que a DRJ manteve a decisão sob os fundamentos de ausência de apresentação de contrato e de retificação extemporânea de DCTF; (b) há necessidade de reunião dos 52 processos conexos para julgamento conjunto; (c) deve o CARF receber de ofício a DCTF retificadora, em nome da verdade material; e (d) o crédito foi documentalmente comprovado, figurando no contrato celebrado, anexado aos autos, que o objeto é exclusivamente o licenciamento de uso de marcas, sem quaisquer serviços conexos, aplicandose ao caso o entendimento externado na Solução de Divergência no 11, da COSIT, como tem entendido o CARF em casos materialmente e faticamente idênticos (Acórdão no 3801001.813). Este, contudo, como expresso em votos anteriores, foi entendimento do qual comunguei, mas, hoje, em decorrência da dinâmica de julgamento do tema na presente 1ª TEX, revejo e passo a adotar posição diversa. Isto porque, o tema de instrução probatória, em especial, a Dcomp, o momento da apresentação da documentação para comprovação dos Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 118 8 eventos ocorridos, é assunto controverso, com critérios não definidos, atentando, assim, à necessária segurança jurídica que deve tornear a relação fisco contribuinte. Ocorre que, em havendo desconexão entre os critérios interpretativos, e, em momento processual administrativo recursal, é possível, como se tem entendido aqui, abrir a possibilidade de o contribuinte, corretamente e de acordo com os critérios aceitos pela autoridade fazendária, comprovar a existência do pagamento indevido, e, por consequência, da existência do crédito. Possibilidade de complementação de Prova Precedente da CSRF Em sendo assim, deve o Estado aceitar esta complementação da prova, a fim de satisfazer aos seus próprios critérios. Vejase, não há oportunização para apresentação de prova; mas sim, oportunização para complementação de prova, haja vista, pela percepção do contribuinte, ter havido entendido que, com a disponibilização dos documentos conforme o fez, estaria sanada a exigência. Acórdão nº 9303005.396 Ressaltese, ademais, que a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, através do Acórdão 9303005.065, de 16 de maio de 2017 (fls. 654/664), deu provimento ao Recurso Especial do contribuinte, "com o retorno dos autos ao colegiado de origem para análise de novos documentos juntados pelo sujeito passivo" (fls. 655), e para determinar "o envio dos autos à câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de Recurso voluntário" (fls. 659), pelos argumentos sintetizados na seguinte ementa (fls. 654), verbis. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Data do fato gerador: 24.04.2008 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 119 9 após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão. Recurso especial do contribuinte provido Dos meios aptos à comprovação Os meios aptos à comprovação do crédito pleiteado, vem sendo delineado pela jurisprudência administrativa. A seu exemplo, sugerese a contabilidade e seus controles típicos como os meios aptos à comprovação do pagamento a maior e a origem legítima do crédito. Segue a orientação: Acórdão 3301001.985 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária DCTF RETIFICAÇÃO LIVRO APURAÇÃO DE ICMS E DIPJ PROVA A comprovação de erro no preenchimento de DCTF se faz pela apresentação da contabilidade escriturada à época dos fatos, acompanhada por documentos que a embasam, ainda que na forma resumida para os contribuintes que optam pela apuração do lucro na forma presumida, não sendo admitida a mera apresentação de DIPJ, cuja natureza é meramente informativa, entretanto, uma vez apresentado o Livro Apuração de ICMS verificase a possibilidade de comprovação Do momento da para a apresentação dos documentos Uma vez definidos os meios de comprovação do Erro material, urge delimitar os aspectos temporais para a aceitação de documentos. Para o bem da relação fisco contribuinte, o rigor formal da primeira leitura do critério temporal, no qual o momento adequado, esgotariase com o transcurso do prazo da apresentação da manifestação de inconformidade, estaria sendo abrandado, conforme entendimento abaixo exposto, no qual documentos acostados após a apresentação de recurso voluntário seriam ainda aceitos, confirase a decisão abaixo transcrita: Acórdão 3402003.196 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária PARECER TÉCNICO. JUNTADA APÓS APRESENTAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE A juntada de parecer pelo contribuinte após a interposição de Recurso Voluntário é admissível. O disposto nos artigos 16, §4º e 17, ambos do Decreto nº 70.235/1972 não pode ser interpretado de forma literal, mas, ao contrário, deve ser lido de forma sistêmica e de modo a contextualizar tais disposições no universo do processo administrativo tributário, onde vige a busca pela verdade material, a qual é aqui entendida como flexibilização procedimental probatória. Ademais, referida juntada está em perfeita sintonia com o princípio da cooperação, capitulado no art. 6o do novo CPC, o qual se aplica subsidiariamente no processo administrativo tributário. Precedente Análogo ao Caso Em outras ocasiões, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais vem admitindo a juntada de documentos em sede recursal, nos exatos termos da resolução retro Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 120 10 transcrita, conforma se transcreve abaixo, trechos do voto do Relator Robson Bayerl, Turma 3401: A decisão sob vergasta observa que a retificação dos DACONs revelou uma revisão integral do cálculo das contribuições não cumulativas, com alteração de praticamente todos os itens do demonstrativo, sem que nenhuma prova fosse juntada, seja nesses autos, seja no PA 10855.722095/201261, o que implicaria o não reconhecimento do crédito e consequente não homologação da compensação aviada. Sobre essa manifestação do colegiado a quo, ressalto que, diversamente do que foi aduzido, não é possível afirmar que não foi apresentada nenhuma prova contábil, haja vista que esta circunstância não está registrada em lugar algum, sendo apenas uma suposição, haja vista que o contribuinte, no PA 10855.722095/201261, apresentou um Compact Disc com a composição das rubricas dos DACONs, não havendo qualquer intimação para apresentar, especificadamente, qualquer documento fiscal. Demais disso, o fato de se promover uma revisão geral do DACON não encontra óbice para sua realização, desde que feito com observância dos atos normativos baixados pela RFB, como parece ser o caso. Ou seja, entendo que não é possível exigir que o sujeito passivo deva intuir qual documentação as autoridades fiscais reputam necessária à demonstração do direito creditório vindicado, de modo que é esperado que o contribuinte seja intimado a apresentar os documentos específicos, a critério dos agentes públicos, que demonstrem a situação fiscal alegada. Requerer que o contribuinte apresente “provas materiais” que respaldem o crédito e, em seguida, a despeito da apresentação de alguma documentação, sem qualquer reiteração ou detalhamento, indeferir o pleito justamente por falta de prova parece, para dizer o mínimo, contraditório ou, pelo menos, contrário à lógica jurídica. O caso desses autos apresentame sui generis, não recordando de caso análogo nesse colegiado, onde a fiscalização tenha realizado um procedimento fiscal para aferir o crédito postulado e não tenha lavrado qualquer relatório ou termo de verificação narrando o trabalho desenvolvido e suas conclusões, salvo se esse elemento, por equívoco, não tenha sido apensado aos autos, o que me parece mais provável, custandome crer que inexista qualquer manifestação fiscal. Nesse diapasão, cumpre registrar que o recorrente, em recurso voluntário, coligiu diversos documentos, cerca de 1.700 páginas, para demonstrar o pretenso direito creditório, o que, a meu sentir, consubstancia um início de prova razoável a justificar a conversão do julgamento em diligência. Poderseia, em princípio, indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, contudo, dada a singularidade das circunstâncias que envolve o processo, onde não houve um detalhamento dos documentos que o contribuinte deveria apresentar, sequer relacionando quais os livros Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 121 11 e/ou documentos deixaram de ser apresentados, não vislumbro essa vicissitude no recurso manobrado Dos Documentos efetivamente acostados O contribuinte juntou aos Autos, em sede de Recurso Voluntário, seu Livro Diário Geral, além da DCTF e DIPJ retificadoras, o DARF pago e a DCOMP, juntados em Manifestação de Inconformidade. Do Parcial Provimento com Retorno para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora e demais documentos A práxis processual administrativa considerada como apta à comprovação da existência do crédito tributário, vem sofrendo, conforme se demonstrou, diverso tratamento ao longo do tema, variando desde posições mais formalistas, na qual não há a possibilidade de apreciação de documentos após o protocolo da manifestação de inconformidade, da qual, repitase, este conselheiro já fora adepto. Em evolução, demonstrouse que, além de polêmico, o tema vem se alterando para a aceitação de documentos após o Recurso Voluntário, até o entendimento atual, cuja compreensão se encontra na Resolução 3001000.020, que converteu o julgamento do caso em diligência nos seguintes termos: O recorrente apresentou DCTF e Dacon retificadora, informando este fato quando da apresentação da manifestação de inconformidade. No seu entender, com a apresentação dessas declarações retificadora estaria sanada a irregularidade apontada no despacho decisório. Entretanto, o acórdão recorrido manteve o indeferimento do pedido de compensação sob o argumento de que o interessado não apresentou qualquer elemento contábil que demonstrasse ter havido pagamento a maior ou indevido e, deste modo, o recorrente não comprovou a liquidez e certeza do crédito informado na DComp em questão. Portanto, em síntese, o fundamento da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante satisfatória (escrituração contábilfiscal) que corroborasse as informações apresentadas, notadamente, na DCTF retificadora. O interessado, quando da apresentação do recurso voluntário, afirma, com suas próprias palavras, que houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual apresentou a retificadora da DCTF, juntamente com a Dacon, e, no seu entender, seria suficiente para a solução do litígio uma vez que o fundamento do despacho decisório seria apenas a inexistência de débito. Como o acórdão recorrido proferido pela 1ª Turma da DRJ/JFA indeferiu sua manifestação de inconformidade, agora pela falta de apresentação de documentação probante que demonstrasse o seu direito, o recorrente apresentou esses documentos, que entende serem suficientes para a devida comprovação do direito à compensação Fl. 122DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 122 12 solicitada. Requer a realização de diligência para o esclarecimento acerca do crédito compensado, caso entendase necessário. Assim, tem se encaminhado, nestes casos, oportunizar, ao recorrente, a apresentação dos documentos necessários à demonstração da origem do crédito, pois, conforme descrito na resolução de conversão em diligência: Pois bem. Entendo que há razoável dúvida quanto à certeza e liquidez dos alegados direitos ao crédito que o recorrente pretende compensar. É certo que é condição indispensável à compensação de tributos a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170A da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN). Necessário, neste sentido, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos, o que pode ser demonstrados com base na análise da documentação contábil fiscal do contribuinte. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para o recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, concluo que o presente julgamento deve ser convertido em diligência. Desta forma, por entender que a mencionada retificação (DCTF e Dacon) levada a efeito pelo recorrente, sinaliza com a possibilidade de acerto quanto ao correto valor do indébito de Cofins, e, com isto, o reconhecimento da extinção do débito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso II do artigo 156 do CTN.. Na esteira de fundamentar este posicionamento, e firmar ponto de vista sobre a jurisprudência sobre o tema, há que se mencionar precedente, exatamente nos mesmos moldes, nesta primeira turma Extraordinária, de lavra do brilhante Conselheiro Cássio Schappo, o qual demonstra claramente a possibilidade de enfrentamento do mérito quando enfrentado processo administrativo com tal substância probante: Valhome aqui de julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante confirmaram decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, sendo entendimento daquele colegiado, Oportuno destacar, também, parte do voto da Conselheira Relatora Vanessa Marini Cecconello (CSRF – T3), pelos seus comentários e associados ao Parecer Cosit nº 02/2015, nos orienta a dar o devido seguimento nesse julgado, “verbis”: O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior. Portanto, a apresentação da DCTF retificadora não é requisito indispensável à homologação da compensação, mas a certeza e liquidez do indébito tributário devem restar comprovadas por outros meios nos autos do processo administrativo. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 123 13 Nesse sentido, é o Parecer Cosit nº 02/2015, de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora– que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. Vêse que a administração tributária em questão normativa, preocupada com o assunto, já havia se posicionado sobre o tema que diz respeito à possibilidade de ocorrer DCTF retificadora para demonstrar a existência de crédito passível de compensação. Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo um deles a DIPJ da recorrente, que de acordo com as razões recursais foi um dos parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13830.900116/200885 Resolução nº 3001000.126 S3C0T1 Fl. 124 14 Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. CONCLUSÃO Neste sentido, voto converter o Recurso Voluntário em diligência, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com a DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 125DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.005787/2003-43
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1998 a 31/12/1998
COMPENSAÇÃO VIA DCTF
Se na data da compensação o contribuinte levou-a a cabo com créditos embasados em vigente decisão judicial, embora precária, deve a Administração aceitá-la, apenas certificando-se da liquidez e certeza dos créditos utilizados na compensação. Isso porque a decisão judicial, no caso, é anterior a vigência da LC 104/2001, que trouxe ao CTN o art. 170-A.
Recurso especial do contribuinte provido.
Numero da decisão: 9303-007.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/1998 a 31/12/1998 COMPENSAÇÃO VIA DCTF Se na data da compensação o contribuinte levou-a a cabo com créditos embasados em vigente decisão judicial, embora precária, deve a Administração aceitá-la, apenas certificando-se da liquidez e certeza dos créditos utilizados na compensação. Isso porque a decisão judicial, no caso, é anterior a vigência da LC 104/2001, que trouxe ao CTN o art. 170-A. Recurso especial do contribuinte provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1998 a 31/12/1998 COMPENSAÇÃO VIA DCTF Se na data da compensação o contribuinte levoua a cabo com créditos embasados em vigente decisão judicial, embora precária, deve a Administração aceitála, apenas certificandose da liquidez e certeza dos créditos utilizados na compensação. Isso porque a decisão judicial, no caso, é anterior a vigência da LC 104/2001, que trouxe ao CTN o art. 170A. Recurso especial do contribuinte provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 57 87 /2 00 3- 43 Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13804.005787/200343 Acórdão n.º 9303007.491 CSRFT3 Fl. 3 2 Tratase de recurso especial do contribuinte (fls. 307/318), admitido pelo despacho de fls. 343/345, o qual se insurge contra o Acórdão 3102002.109 (fls. 284/292), de 27/11/2013, assim ementado na parte que interessa a este julgado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1998 a 31/12/1998 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DIFERENÇAS APURADAS EM DCTF. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE INDEVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. OBRIGATORIEDADE. 1. Até a vigência do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, era passível de lançamento de ofício, nos termos do art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as diferenças de débitos tributários apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, inclusive DCTF, decorrentes de suspensão de exigibilidade indevida ou não comprovada, relativamente aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. 2. Nos autos, a contribuinte não comprovou estar acobertada por qualquer das medidas suspensivas de exigibilidade do crédito tributário, previstas no art. 151 do CTN, portanto, realizada com acerto a autuação. Em suma, articula o recorrente que se a ação judicial tiver sido impetrada antes da vigência da Lei Complementar nº 104/2001, que instituiu o art 170A do CTN, seria possível a compensação com base em decisão judicial, a qual detinha1 na data da compensação, pendente de trânsito em julgado. Alega que a ação judicial foi ajuizada em 1998 e que havia medida judicial em antecipação de tutela que autorizava as compensações de crédito do PIS recolhidos com arrimo nos Decretoslei 2.445 e 2.449, ambos de 1988, com débitos de quaisquer tributo, portanto incluídos os de COFINS. Acresce que já se operou o trânsito em julgado da ação declaratória que confirmou os efeitos da tutela antecipada e assegurou o direito à compensação. Frente a tais argumentos, pede a declaração de improcedência do auto de infração e a homologação das compensações. Em contrarrazões (fls. 347/360), pugna a Fazenda Nacional para que seja negado provimento ao recurso especial. É o relatório. 1 A decisão judicial data de 29/04/1998. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator Fl. 363DF CARF MF Processo nº 13804.005787/200343 Acórdão n.º 9303007.491 CSRFT3 Fl. 4 3 Conheço do recurso nos termos em que foi processado. Versam os autos lançamento eletrônico de COFINS (fls. 24/33) com a motivação de que os créditos vinculados não foram confirmados, vez declarados como "exigibilidade suspensa". A descrição dos fatos foi a seguinte: Ao longo do iter processual o lançamento foi sendo decotado em relação ao valor da exação da COFINS e multa, restando a cobrança apenas da obrigação tributária principal referente aos meses de agosto a dezembro de 1998. Os créditos objeto da compensação referemse a valores pagos de PIS com arrimo nos Decretoslei 2.445 e 2.449, reconhecidos por decisão judicial como ilegais e permitida a compensação de seus valores. Pois bem, o fundamento da autuação foi que o contribuinte prestara uma informação inexata. Contudo, efetivamente, o contribuinte detinha na data da declaração uma antecipação de tutela que lhe conferia a possibilidade de compensar com outros tributos os valores pagos de PIS/faturamento com espeque nos malfadados DL 2.445 e 2.449. E, de fato, à época ainda não havia o art. 170A do CTN, que veio ao mundo jurídico com a LC 104 somente em 2001. Assim, se na época havia uma decisão judicial que permitia a compensação, à Administração, à época, só restava obedecêla. Portanto, entendo, com base na legislação regente à época dos fatos, que foi legítima a compensação e não podemos concluir, como no lançamento, que o processo judicial não estava comprovado ("Proc. jud não comprova"). Assim, deve ser dado provimento parcial ao recurso do contribuinte, declarandose a improcedência do lançamento de COFINS (débito compensado). Contudo, a competência para a homologação é da autoridade local, que deve certificarse da liquidez e certeza dos créditos compensados para só então chancelála. CONCLUSÃO Em face do exposto, dou provimento ao recurso especial do contribuinte para declarar a improcedência da exação remanescente de COFINS. Contudo, deve a autoridade local certificarse da liquidez e certeza dos créditos compensados (PIS pagos com base nos Decretoslei 2.445 e 2.449) para, sendo o caso, homologar as compensações. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13804.005787/200343 Acórdão n.º 9303007.491 CSRFT3 Fl. 5 4 Fl. 365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.904416/2009-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 1999
SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA.
No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida.
Numero da decisão: 1302-003.135
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10640.904413/2009-20, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 1999 SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA. No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida.
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COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF E PJ 2000 APÓS DESPACHO DECISÓRIO Recorrente IRMÃOS ORNELLAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 1999 SIMPLES. MICRO EMPRESA. ALÍQUOTA DE 3%. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE PJ 2000 SIMPLES APÓS DESPACHO DECISÓRIO. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DE DCOMP DEVIDA. No ano calendário 1999, as micro empresas deveriam recolher o SIMPLES à alíquota de 3%. A devida comprovação do pagamento com base na alíquota de 4% caracteriza pagamento indevido ou a maior, o que assegura à contribuinte o direito à compensação (DCOMP) ou à restituição (PER), ainda que a retificação da Declaração Anual Simplificada (PJ 2000) tenha ocorrido após despacho decisório eletrônico. Homologação da DCOMP devida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10640.904413/200920, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 44 16 /2 00 9- 63 Fl. 36DF CARF MF Processo nº 10640.904416/200963 Acórdão n.º 1302003.135 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face de Acórdão da 2a. Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG) que, por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade, registrandose a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à DCOMP. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente, empresa varejista de produtos alimentícios e outros, alega que pagou SIMPLES à alíquota de 4% (que correspondia ao percentual acumulado, relativo a 1998), quando deveria pagar 3%, devidos em 1999, em conformidade com as disposições do art. 5º da Lei nº 9.317/96, vigente à época. Para evidenciar esse pagamento indevido ou a maior e para compensálo, enviou a DCOMP e na sequência retificou a Declaração Simplificada de Pessoa Jurídica (DSPJ) originalmente transmitida. Anexou Recibo de Entrega da PJ 2000 Simples normal, retificadora e Darfs. A DRJ manteve o despacho decisório eletrônico e declarou não homologada a DCOMP. Entendeu que a recorrente não demonstrou que haveria pagamento indevido ou a maior. Desconsiderou a declaração simplificada retificadora de 2004. Não examinou a alegação da recorrente de que a alíquota correta do SIMPLES para 1999 seria de 3% e não de 4%. Não analisou os DARFs por meio dos quais a recorrente pretende demonstrar tal pagamento a maior. Concluiu que o valor contido na declaração simplificada da PJ corresponde ao valor pago e devido, pois considerou somente a PJ 2000 Simples original. Assim, concluiu que não haveria crédito disponível. Intimou a recorrente a pagar o principal, multa e juros. Diante do acórdão de manifestação de inconformidade, a recorrente interpôs recurso voluntário tempestivamente, reforçando que, ao analisar e confrontar com a Declaração Simplificada PJ, ano calendário 1999, a fiscalização deveria ter considerado os débitos declarados na segunda declaração retificadora PJ Simplificada entregue em 11/04/2004 (cancelada no sistema da Secretaria da Receita Federal do Brasil) e não a primeira, entregue cerca de nove minutos antes, na mesma data. É o breve relatório. Fl. 37DF CARF MF Processo nº 10640.904416/200963 Acórdão n.º 1302003.135 S1C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.132, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10640.904413/2009 20, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.132): "Conheço do recurso voluntário, à vista da interposição tempestiva e do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. A recorrente atua no comércio varejista de gêneros alimentícios, perfumaria, papelaria, armarinho, louças e legumes (cláus. III, contrato social, fl. 3). Sustenta que dispunha do crédito pleiteado, pois ao detectar o erro, entregou PJ 2000 Simples retificadora em 11/04/2004, sob n° de controle 10.02.38.90.27. Embora a DCOMP tenha sido entregue antes da PJ retificadora, defende que a IN 210/2002 seria omissa quanto à retificação de declarações. Com esse entendimento, afirma que não poderia concordar com o não reconhecimento do crédito. Alega que a fiscalização deveria ter considerado a declaração retificadora, ainda que realizada posteriormente à avaliação de seu pedido (despacho decisório eletrônico). Ressalta que, a IN SRF nº 210/2002, vigente à época, não mencionava como condição para o deferimento que a retificação fosse em data anterior à entrega da DCOMP. Com base em tais fatos e fundamentos, a recorrente, em 10/12/2003, utilizouse da DCOMP n° 36194.68673.101203.1.3.047949 para compensar débito com os supostos créditos de pagamento a maior de SIMPLES (alíquota de 4%, em vez de 3%). Observase, portanto, que independentemente de ter havido a retificação da DSPJ somente após a transmissão da DCOMP, não se verificou se, de fato, houve ou não pagamento a maior ou indevido pela recorrente. Para essa análise, é necessário verificar se procede a alegação da recorrente de que a alíquota do SIMPLES para o ano calendário 1999 seria realmente de 3% e não de 4%. No link idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/.../capitulov Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10640.904416/200963 Acórdão n.º 1302003.135 S1C3T2 Fl. 5 4 simples2008.pdf, a Receita Federal do Brasil (RFB) orienta que, Para a determinação do percentual a ser utilizado pelas Micro Empresas (ME), é necessário identificar, primeiramente, a faixa de receita bruta acumulada em que se encontra a ME, com o auxílio da Tabela S1, abaixo transcrita. Nesse caso, a pessoa jurídica deverá verificar o total da receita bruta acumulada, dentro do ano calendário, até o próprio mês em que está fazendo a apuração. Já o valor devido mensalmente, a ser recolhido pela ME, será o resultante da aplicação sobre a receita bruta mensal auferida da alíquota correspondente. Tabela S1: Percentuais aplicáveis às ME (regra geral) Receita Bruta Acumulada (em R$) Alíquotas Até 60.000,00 3% De 60.000,01a 90.000,00 4% De 90.000,01 a 120.000,00 5% De 120.000,01 a 240.000,00 5,4% O Estatuto da Microempresa de 1999 Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, estabeleceu que (art. 2º), para os efeitos desta Lei, ressalvado o disposto no art. 3º, considerase: I microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais); (Vide Decreto nº 5.028, de 31.3.2004). Conforme Declaração Anual Simplificada (PJ 2000 SIMPLES), fl. 14, a razão social da recorrente é: Irmãos Ornellas Ltda. ME; natureza jurídica: sociedade por cotas de responsabilidade limitada empresa privada. Os valores declarados pela recorrente em 1999 são a seguir reproduzidos, demonstrando que realmente se enquadrava como Micro Empresa: Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10640.904416/200963 Acórdão n.º 1302003.135 S1C3T2 Fl. 6 5 Verificase, portanto, que procede a alegação da recorrente de que a alíquota do SIMPLES (cód. rec. 61060) que deveria pagar em 1999 era de 3% (art. 5º da Lei nº 9.317/96, vigente à época ) e não de 4%. Os dois DARFs anexados ao processo indicam pagamento à alíquota de 4%. Demonstrado, dessa forma, que houve pagamento a maior ou indevido, fazendo jus à compensação pleiteada. No caso, portanto, entendo que o fato de Declaração PJ 2000 Simples ter sido retificada após a utilização do valor pago a maior não pode retirar o direito creditório da recorrente, em cumprimento ao princípio da verdade material, pois comprovados a certeza, liquidez e disponibilidade do crédito utilizado na DCOMP em questão. Assim, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o crédito pleiteado e homologar a compensação pleiteada até o limite do direito creditório reconhecido." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 40DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.723415/2011-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2008
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
Em regra, todos os valores que são pagos a título de remuneração pelo trabalho sofrem incidência do tributo previdenciário. Os casos de exclusão da base de cálculo constituem exceções que devem ser comprovadas por quem delas se aproveita.
SAT/RAT . FIXAÇÃO ALÍQUOTAS. CNAE.
Objetivando contestar o lançamento fiscal efetuado a partir da alíquota aplicável ao seu Código Nacional de Atividade Econômica, é dever da empresa demonstrar a correção de seu auto-enquadramento para fins de definição da alíquota SAT/RAT.
Numero da decisão: 2201-004.759
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Em regra, todos os valores que são pagos a título de remuneração pelo trabalho sofrem incidência do tributo previdenciário. Os casos de exclusão da base de cálculo constituem exceções que devem ser comprovadas por quem delas se aproveita. SAT/RAT . FIXAÇÃO ALÍQUOTAS. CNAE. Objetivando contestar o lançamento fiscal efetuado a partir da alíquota aplicável ao seu Código Nacional de Atividade Econômica, é dever da empresa demonstrar a correção de seu autoenquadramento para fins de definição da alíquota SAT/RAT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 34 15 /2 01 1- 87 Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 366 2 Trata o presente de recurso voluntário formalizado em face do Acórdão nº 0438.121, de 17 de dezembro de 2014, exarado pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS, fl. 282 a 300, que assim relatou a lide administrativa: Tratase de processo de Impugnação em face da obrigação tributária relativa a Contribuições Sociais Previdenciárias apurada mediante Auditoria Fiscal que resultou no lançamento de crédito fiscal lavrado na data de 30/06/2011, referente ao período de apuração de 10166.723415/201187 [sic] dos seguintes documentos de créditos: Em resumo, segundo o Relatório Fiscal (fl. 0524), e demais relatórios integrantes e complementares, foram consignados os seguintes pontos acerca do lançamento de Obrigação Principal: DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR 1. Contribuições sociais devidas à Seguridade Social e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, além das contribuições devidas às entidades conveniadas (terceiros) FNDE (Salário Educação), INCRA, SENAC, SESC e SEBRAE, todas incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados da empresa, provenientes do pagamento de verbas referentes a premiação por programa de incentivo e do compartilhamento da remuneração dos gestores da empresa. DO PROCEDIMENTO FISCAL 7. Os registros da contabilidade e de folha de pagamento foram apresentados em formato de arquivos digitais, no layout definido pelo Manual Normativo de Arquivos Digitais MANAD, instituído pela Instrução Normativa MPS/SRP n°. 12/2006, com base na Lei n. 10.666, de 08/05/2003. 8. A auditoria fiscal apurou, no exame da documentação, fatos geradores de contribuição previdenciária provenientes de valores pagos, devidos ou creditados pela BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A. a seus segurados empregados, provenientes do pagamento de verbas referentes a premiação por programa de incentivo e do compartilhamento da remuneração dos gestores da empresa. DOS FATOS GERADORES A PREMIAÇÃO PROGRAMA DE INCENTIVO 11. A empresa BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A. efetuou, nos meses de maio, abril, novembro e dezembro de 2008, requisições de compra para a aquisição dos serviços das empresas VENDAPONTOCOM SOL. EM NEG. DIG. E LOGÍSTICA LTDA, CNPJ 08.291.665/000103 e INCENTIVE HOUSE SA, CNPJ 00.416.126/000141. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 367 3 12. Os valores repassados pela BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A a essas empresas foram identificados pela análise da contabilidade, ... . [...] 13. De acordo com as notas fiscais emitidas, identificouse que o serviço prestado pelas mesmas à BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A. se referia a uma "premiação de marketing" e a um "programa de estímulo ao aumento da produtividade", de forma a incentivar sua força de trabalho. 14. Intimada a apresentar à fiscalização a Relação de Beneficiários dos valores de premiação concedidos, conforme Notas Fiscais emitidas, contendo mês do recebimento, nome completo, CPF, NIT e valor recebido por beneficiário, assim como os Contratos de Prestação de Serviço firmados com as empresas fornecedoras, a BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A. declarou que "não identificou documentos que possam dar suporte à composição" do solicitado e que não houve a efetivação formal de contrato. 15. Tais valores, ao caracterizaremse como pagamento em pecúnia em contraprestação por um aumento de produtividade do empregado ou, ainda, em um incentivo, ou motivação para tanto, revestemse de natureza salarial, integrando para todos os efeitos o salário de contribuição dos segurados empregados beneficiários, tendo como respaldo o art. 28, inc. I, da Lei n.°. 8.212, de 24 de julho de 1991 ... . [...] B COMPARTILHAMENTO REMUNERAÇÃO DE GESTORES 18. Foi identificado, na competência 12/2008, a realização de despesa pela empresa BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A. referente ao pagamento compartilhado da remuneração de gestores, conforme lançamento contábil abaixo: ... . [...] 19. Intimada a apresentar a documentação de suporte a este lançamento contábil (Termo de Intimação Fiscal n. 03), a empresa não se manifestou, mesmo sendo a intimação reiterada (Termo de Intimação Fiscal n. 04). Dessa forma, configurase o fato registrado pela contabilidade da empresa como efetivo pagamento de remuneração a segurados empregados, aplicandose o disposto no art. 28, inciso I, combinado com o § 3º do art. 33 da Lei 8.212/91. Ademais, não houve comprovação, por parte da empresa, mediante documentação hábil e regular, do efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias porventura incidentes sobre essa remuneração. DA MULTA APLICADA 58. Com a edição, em 03/12/2008, da Medida Provisória nº 449 (convertida na Lei 11.941 em 27/05/2009) a aplicação da multa em lançamento de ofício sobre a totalidade ou diferença de contribuições previdenciárias apuradas passou a ser regida pelo artigo 44 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, tendo em vista a revogação do inciso II do art.35 e a inclusão, por aquela MP, do art. 35A, ambos da Lei na 8.212/91 ... . [...] Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 368 4 60. Os fatos geradores objeto do presente lançamento fiscal enquadramse na conduta prevista no inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96, haja vista o não recolhimento das contribuições devidas incidentes sobre os mesmos concomitantemente com sua não declaração em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social GFIP, para as competências 05/2008, 06/2008 e 11/2008, e a conduta de informar GFIP com incorreções, nas competências 01/2008, 02/2008, 03/2008 e 07/2008 a 10/2008. 61. A legislação anterior cominava, para essas condutas, a aplicação das multas previstas no já citado inciso II do art. 35 da Lei 8.212./91(não recolhimento) e no art. 32 § 5o da mesma lei (não declaração em GFIP), ... [...] 62. Portanto, no caso em tela, deve ser aplicada a multa mais benéfica ao contribuinte, em cada competência, após a comparação entre os valores decorrentes da aplicação das multas previstas na legislação anterior e posterior. A Tabela I em anexo traz um comparativo dos valores referentes às multas aplicadas em uma e outra situação. 63. Para os valores relativos à competência 11/2008, o valor da multa cobrado se reporta à legislação vigente à época dos fatos geradores, aplicandose a legislação anterior à MP 449/2008, sendo que, com relação às incorreções em GFIP, a multa da legislação atual foi aplicada nesta competência, tendo em vista que a entrega da declaração foi feita na data de 04/12/2008, já na vigência da referida MP. 64. Importante ressaltar que referida comparação exclui os valores devidos referentes às contribuições para outras entidade e fundos, pois a multa a ser aplicada para essas contribuições será sempre a disposta na legislação anterior ( 24%), tendo em vista a não obrigatoriedade de sua declaração em GFIP. 65. Conforme verificado na Tabela I, temos que, para o presente Auto de Infração, a multa a ser aplicada será a disposta na legislação atual (75%) para todas as competências, tendo em vista ser mais benéfica ao contribuinte, em respeito ao mandamento contido no art. 106, II, "c" do CTN. DA CONCLUSÃO 69. A presente auditoria formalizará, ainda, Representações Fiscal para Fins Penais em desfavor da empresa BRASIL TELECOM CALL CENTER SA, as quais serão encaminhadas à autoridade competente, tendo em vista a verificação da prática de atos que caracterizam, EM TESE, os crimes de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no artigo 337A, inciso III do Código Penal, com redação dada pela Lei 9.983, de 14/07/2000 e contra a ordem tributária, previsto na Lei 8.137/90, art. 2°., inciso II, com redação dada pela Lei 9.964, de 10.4.2000. Também foi efetuado o lançamento dos seguintes documentos de créditos de Obrigação Acessória: Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 369 5 AUTO DE INFRAÇÃO AI/DEBCAD N. 37.322.0340 35. Infração praticada pela empresa ao disposto na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso III e § 11, com a redação dada pela MP n° 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941, de 27/05/2009, combinado com o art. 225, inciso III, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999., tendo em vista que deixou de prestar à Receita Federal do Brasil RFB todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da mesma, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. 36. Intimada para tanto, a empresa deixou de apresentar à fiscalização os seguintes documentos: [...] 37. A multa a ser aplicada para tal conduta é a prevista no art. 92 da Lei nº 8.212/1991, combinado com o art. 283, inciso II, alínea "b", do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6/5/1999, republicado no DOU em 12/5/1999 ... . AUTO DE INFRAÇÃO AI/DEBCAD N. 37.322.0359 39. Autuação por infração ao disposto no art. 32, inciso IV da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, na redação dada pela MP n. 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941, de 27/05/2009, pois a empresa apresentou Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com incorreções ou omissões. 40. A empresa apresentou GFIP com informações incorretas nas competências indicadas no quadro a seguir. Verificouse a existência de recolhimento de contribuições previdenciárias, antes do início do procedimento fiscal, em montante superior ao valor devido declarado. 41. A empresa foi intimada especificamente a sanar tais irregularidades (TIF n. 01), tendo entregue as guias corrigidas no prazo fixado para tanto somente para as competências 08/2008 a 12/2008, referentes ao estabelecimento 04.014.081/000806, não se aplicando, portanto, a redução de 25% da multa para as demais competências/estabelecimentos. Quadro demonstrativo de valores recolhidos [...] 42. A tabela a seguir demonstra o tipo e a quantidade de informações omitidas pela empresa nas GFIP ; [...] 43. A obrigação acessória descrita no parágrafo primeiro deste relatório, Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 370 6 em destaque, está prevista no art. 32, inciso IV, com redação dada pela Lei 11.941, de 27/05/2009 ... . [...] 45. A tabela abaixo demonstra a quantidade de informações incorretas detectadas nas GFIP da empresa BRASIL TELECOM CALL CENTER S.A., em cada competência, assim como o valor da multa apurado. AUTO DE INFRAÇÃO AI/DEBCAD N. 37.322.0367 47. Autuação por infração ao disposto no art. 30, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 e art. 216, I, "a" do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, pois a empresa deixou de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados, incidentes sobre os fatos geradores citados nos itens 10 a 19 deste relatório. 48. Aplicouse a multa prevista no art. 92 da Lei n 0 8.212/1991, combinado com o art. 283, inciso I, alínea g, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 6/5/1999, republicado no DOU em 12/5/1999 ... . AUTO DE INFRAÇÃO AI/DEBCAD N. 37.322.0375 50. Autuação por infração ao disposto no art. 32, I, da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 e art. 225, I e § 9o do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, pois a empresa deixou de preparar folha de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB. 51. De fato, a empresa não incluiu em folha de pagamento, nas competências 05/2008, 06/2008, 11/2008 e 12/2008, inclusive, as verbas descritas no itens 10 a 19 deste relatório. 52. A obrigação acessória em destaque está prevista, como já citado, no art. 32, inciso I da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, c/c o art. 225, § 9o, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999 ... . [...] 53. A multa aplicada para tal conduta é a capitulada na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 92 e 102 e Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, art. 283, inc. I, alínea "a" e art. 373 ... . Houve aperfeiçoamento do presente lançamento mediante a cientificação do sujeito passivo, realizada por meio pessoal (procurador) em 30/06/2011 . IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo apresentou Impugnação (fl. 178188; 214222; 248 252), na data de 01/08/2011, com a juntada de documentos comprobatórios e alegação cujos pontos relevantes para apreciação do litígio são os seguintes: Impugnação 01 Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 371 7 DOS FATOS: Entretanto, a Impugnante não se insurgirá sobre o valor lançado a título de contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o programa de premiação (PP, PP1 e PP2), assim como o valor do RAT/SAT na alíquota de 1% calculados sobre o dito programa, os quais foram devidamente recolhidos (conforme planilha em anexo doc. n.°02). Desta forma, o inconformismo da Impugnante está dirigido à alíquota aplicável de RAT/SAT superior a 1% sobre todos os levantamentos (PP, PP1, PP2 e RG) e sobre a contribuição previdenciária lançada sobre a rubrica "remuneração de gestores RG", uma vez que tal valor não está inserido na hipótese de incidência da Lei n.° 8.212/91, por se tratar de valor pago pela Impugnante à Brasil Telecom S/A a título de compartilhamento de despesas, conforme se passará a demonstrar. Como conseqüência, a parcela da exigência fiscal impugnada não merece prosperar. PRELIMINARMENTE O PAGAMENTO DE AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA NÃO IMPLICA EM RECONHECIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Segundo consta do Relatório de Fiscalização, anexo ao Processo em referência, às suas fls. 715, a Impugnante foi autuada também por suposto descumprimento de obrigações acessórias (i) pelo não atendimento à Fiscalização, (ii) pelo suposta apresentação de GFIP com incorreções ou omissões, (iii) pelo deixar de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados e (iv) pelo descumprimento de obrigação acessória (preparo de folha de pagamento) Confira se: [...] Ora, de início, cabe assinalar que o mero pagamento das quatro autuações acima elencadas não importa sobremodo confissão quanto à matéria de fato, tampouco o reconhecimento de supostas ilicitudes da conduta analisada na Autuação ora impugnada. De forma que a d. Fiscalização jamais poderia concluir pela procedência integral da autuação, objeto desta impugnação, pautada tão somente na decisão da sociedade empresária pagar autos de infração distintos dos impugnados, em que pese serem frutos do mesmo Mandado de Procedimento Fiscal. Até mesmo porque o suposto descumprimento de obrigação acessória não acarreta a automática existência de obrigação principal a ser adimplida. Desta feita, o mero pagamento dos autos de infração lavrados por descumprimento de obrigação acessória não podem ter o condão de substituir o regular andamento e processamento do processo administrativo instaurado com o objetivo especifico de apurar a incidência ou não de contribuição previdenciária sobre a rubrica "RG" e da correta alíquota de SAT aplicável (1%) sobre todos os lançamentos (PP, PP1, PP2 e RG). DO MÉRITO DA NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O COMPARTILHAMENTO DE DESPESAS Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 372 8 Como é de conhecimento de toda e qualquer pessoa que conhece a rotina empresarial nos dias atuais, é cada vez mais comum que empresas compartilhem despesas (tais como aluguel, telefone, serviços administrativos e etc.) com outras empresas, sejam localizadas no mesmo espaço físico ou pertencentes ao mesmo grupo econômico, reduzindo, assim, custos que lhes seriam comuns. [...] Mais adiante, afirma que, por caracterizar mera recomposição patrimonial, não pode se falar em "incidência de tributos sobre a renda, a receita e a prestação de serviços, em relação aos respectivos valores"! Assim, nos atuais grupos econômicos, a figura do rateio de despesas ganha cada vez mais enfoque e importância, restando caracterizado os valores pagos como reembolsos pela despesa compartilhada, obedecendo a uma proporcionalidade, reprisase, auferida caso a caso. Pois bem. É exatamente este o caso em tela. A Brasil Telecom Cali Center S/A pagou, a título de compartilhamento de despesas, R$ 1.721.068,15 (um milhão e setecentos e vinte um mil e sessenta e oito reais e quinze centavos) à BRASIL TELECOM S/A, sociedade empresária distinta da Impugnante, porém pertencente ao mesmo grupo econômico. Ocorre que, da rubrica de despesa lançada na contabilidade ("compartilhamento de remuneração dos gestores"), é facilmente perceptível que se trata de um compartilhamento de despesas entre as duas sociedades empresárias, sem que tenha havido qualquer pagamento a seus segurados empregados, como quer fazer crer a d. Fiscalização. Desta forma, tratandose de mero compartilhamento de despesas administrativas, não há, no referido valor pago pela Impugnante à BRASIL TELECOM S/A, qualquer hipótese de incidência de contribuição previdenciária a cargo da Impugnante. [...] O que houve, repitase, foi o compartilhamento de despesas entre a Impugnante (Brasil Telecom Cali Center S/A) e a BRASIL TELECOM S/A. Em outras palavras, o valor utilizado como base de cálculo da contribuição não foi pago pela Impugnante a supostos segurados a ela vinculados. Foi pago, sim, à BRASIL TELECOM S/A com fins de reembolsála pelas despesas administrativas havidas com a Diretoria que também serviu à Impugnante. [...] Caso, por absurdo e somente por amor à argumentação, V.Sa. entenda ter ocorrido o pagamento a segurados empregados da Impugnante, alegação essa completamente distinta da realidade fática, ainda assim, a cobrança da contribuição previdenciária não deve prosperar, pois durante todo o período fiscalização, somente um único pagamento foi identificado sobre essa rubrica. Ora, não havendo a d. Fiscalização apontado falta de recolhimento sobre a folha de salários da Impugnante, o único raciocínio cabível seria desse pagamento ocorrido em 12/2008 ter se destinado a uma "gratificação" a seus segurados empregados. Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 373 9 Acontece que somente uma gratificação habitual concedida aos seus segurados empregados devem ser submetidas à tributação pelas contribuições sociais arrecadadas pelo INSS. É inegável, não só por uma questão semântica, mas também pela própria prática, que não se pode dissociar a habitualidade da repetitividade. É assim, sem sombras de quaisquer dúvidas, que entende o ordenamento jurídicotrabalhista consolidado pelos tribunais especializados há mais de 50 (cinqüenta) anos em nosso País. [...] Vêse, portanto, que evento habitual é aquele freqüente, repetido, costumeiro, permanente, sendo, necessário, frisese, que essa repetição ocorra muitas vezes. Contudo, o levantamento de débito efetuado pela Fiscalização, somente em 12/2008, deixa claro que inexiste a indispensável habitualidade requisitada pela própria legislação previdenciária como supra transcrito. Isto porque, a ora Impugnante foi submetida a um procedimento fiscal que alcançou exatos 12 meses, e, durante todo esse período, inexistiu qualquer habitualidade ou repetitividade necessários para configuração do salário de contribuição. Ocorre que, a Fiscalização classificou os valores contabilizados sob as contas n° 0212781990 e 0310198100 como habituais e integrantes do saláríode contribuição, ao arrepio da própria legislação previdenciária. [...] Pelas razões aqui expostas, resta claro que a Fiscalização distorceu o conceito de compartilhamento de despesas e de habitualidade, a fim de fazer com que o pagamento efetuado à BRASIL TELECOM S/A seja considerado como fato gerador das contribuições previdenciárias. DA INCORRETA APLICAÇÃO DE ALÍQUOTA DE SAT/RAT EM 3% O Auto de Infração ora impugnado, além da irregular imputação de contribuição previdenciária a cargo da empresa sobre o valor destinado a compartilhamento de despesa com a BRASIL TELECOM S/A, cobra a parcela de RAT (antigo SAT) sobre a alíquota de 3% sobre a base de cálculo do Auto de Infração, tanto dos valores de programa de premiação quanto do compartilhamento de despesas. [...] Com isso, desde logo se afasta, pelos mesmos motivos discorridos anteriormente no item .IV. 1. da presente Impugnação, a incidência do RAT/SAT sobre os valores pagos pela Impugnante à Brasil Telecom S/A a título de compartilhamento de despesas com a Diretoria, haja vista que tais valores não se referem a remuneração paga a segurados. Ocorre que o RAT/SAT é aplicado, ainda, sobre os valores referentes a programa de incentivo, na alíquota de 3%. [...] A Impugnante, como alhures relatado, fez o recolhimento das contribuições lançadas sobre os valores de programa de incentivo. Entretanto, no que tange ao Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 374 10 RAT/SAT, o fez tão somente no percentual que julga aplicável à sua atividade, qual seja, 1% (um por cento). [...] Ora, Colenda Delegacia Julgadora, está equivocado o enquadramento do grau de risco da atividade da Impugnante, pois a d. Fiscalização não efetuou o levantamento da atividade desenvolvida pelo maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, limitandose a fazer a relação entre o CNAE e a alíquota de 3%, em frontal afronta aos §§ do artigo 202, do citado Regulamento da Previdência Social: Pelo referido critério, a alíquota aplicável à Impugnante seria de 1% (grau de risco leve) e não de 3% (grau de risco grave), como considerada pela i. Fiscalização. No caso vertente, a i. Fiscalização, por equívoco, considerou apenas o CNAE da Impugnante, não considerando qual a atividade preponderante de seus segurados empregados. Se o tivesse feito como deveria teria percebido que a maioria, se não todos, exerce função cujo grau de risco é 1. Tal situação decorre do fato de que a Impugnante terceiriza as atividades de maior risco que seu objeto social impõe, contratando empresas terceirizadas para o desempenho de tais atividades. Destarte, nos termos da legislação pertinente, a alíquota do SAT a ser paga pela Impugnante referente aos valores de programa de incentivo é de 1% e não de 3%. PERÍCIA Para caracterizar o correto enquadramento será de importância primordial a realização de perícia, o que desde logo se requer. Impõese, portanto, a fim de comprovar a inexistência de risco grave para os empregados da Impugnante, a produção de prova pericial e a realização das diligências, com fulcro no artigo 16, inciso IV, do Decreto n.° 70.235/72, em que será cabalmente comprovado que os empregados vinculados à Impugnante se sujeitam a risco leve de acidente do trabalho. Para tanto, formula os seguintes quesitos: ... [...] PEDIDO Pelo exposto, a Impugnante requer: 1 Seja reconhecida a não incidência de contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o montante de R$ 1.721.068,15, por se tratar de compartilhamento de despesas administrativas entre a Impugnante e a Brasil Telecom S/A, não configurando base de cálculo das referidas contribuições e sobre o qual não se aplica qualquer dispositivo da Lei n.° 8.212 e do Decreto 3.048; 2 Seja reconhecida a não incidência de SAT/RAT sobre os valores de compartilhamento de despesas por inexistir base de cálculo, diante da inaplicabilidade do artigo 22, II, da Lei n.° 8.212, sobre a monta de compartilhamento de despesas; Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 375 11 3 Seja reconhecida a incorreta aplicação da alíquota de SAT/RAT em 3% sobre os valores autuados a título de programas de premiação, reconhecendose a aplicação da alíquota de 1% diante da inexistência de riscos nas atividades desempenhadas pelos funcionários da Impugnante, o que restará comprovado por meio de prova pericial; 4 Seja, por fim, extinto o crédito tributário lançado diante do pagamento parcial e da improcedência dos valores ora vergastados. Por fim, a Impugnante pleiteia por todos os meios de provas admitidas, especialmente a documental suplementar e a pericial, com os quesitos já formulados. Impugnação 02 DOS FATOS: Neste auto de infração, está a se exigir a contribuição previdenciária a cargo dos segurados empregados à alíquota de 8%. Entretanto, a Impugnante não se insurgirá sobre o valor lançado a título de contribuição previdenciária a cargo dos segurados empregados sobre o programa de premiação (PP, PP1 e PP2), conforme planilha em anexo doc. n.° 02. Como conseqüência, a parcela da exigência fiscal impugnada não merece prosperar. PRELIMINARMENTE 111.1.0 PAGAMENTO DE AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA NÃO IMPLICA EM RECONHECIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: II 1.2. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR AUSÊNCIA DE DISCRIMINATIVO DE DÉBITOS QUE INDIVIDUALIZEM AS COBRANÇAS DE CONTRIBUIÇÕES POR SEGURADO: Ocorre que, no Auto em epígrafe, a i. Fiscalização não realizou a indicação dos valores de forma individualizada por segurado, não tendo realizado o cálculo das contribuições supostamente devidas de forma analítica e individualizada. [...] Não tendo havido individualização da suposta contribuição devida em relação a cada suposto segurado beneficiado, não há como se definir qual segurado está sendo resguardado por meio do financiamento de seu futuro/possível benefício previdenciário. [...] Tanto é fundamental a demonstração analítica do crédito tributário autuado que a própria Fiscalização faz menção ao Discriminativo de Débito (DD), o qual, apesar de existir, não individualiza a cobrança. Houve, sim, a aplicação genérica da alíquota de 8% sobre o valor identificado na contabilidade da Impugnante sob a rubrica "compartilhamento remuneração dos gestores 12/08", sem qualquer respeito ao valor máximo de salário de contribuição. [...] Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 376 12 Com isso, falece qualquer argumentação no sentido de ter havido o cálculo correto do tributo e, consequentemente, a descrição analítica do cálculo, vez que não existiu a confecção do discriminativo de débito individualizado por segurado supostamente beneficiado. Visível, portanto, a ausência de determinação da exigência tributária por não ter havido a demonstração analítica do cálculo das supostas contribuições devidas de forma individualizada por segurado, acarretando evidente ofensa ao direito de defesa. Resta pacífico que o Auto de Infração impugnado está eivado de nulidade, a qual deve ser reconhecida de plano por esta egrégia Delegacia de Julgamento por ofensa ao artigo 10, inciso V, do Decreto 70.235/72. DO MÉRITO DA NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O COMPARTILHAMENTO DE DESPESAS Pelo exposto, a Impugnante requer 1 Seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração ora guerreado diante da ausência de determinação da exigência por ausência de discriminativo analítico de débitos, em flagrante ofensa ao artigo 10, V, do Decreto 70.235/72; 2 Seja, em sendo vencidas todas a insuperáveis barreiras acima elencadas, reconhecida a não incidência de contribuição previdenciária do segurado sobre o montante de R$ 1.721.068,15, diante do flagrante caráter de compartilhamento de despesas administrativas entre a Impugnante e a Brasil Telecom S/A, não configurando base de cálculo da referida contribuição e sobre o qual não se aplica qualquer dispositivo da Lei n.° 8.212 e do Decreto 3.048; 3 Seja, por fim, extinto o crédito tributário autuado diante do pagamento parcial e da improcedência dos valores ora vergastados. Por fim, a Impugnante pleiteia por todos os meios de provas admitidas, especialmente a documental suplementar. Impugnação 03 DOS FATOS: Neste auto de infração, está a se exigir a contribuição devida a terceiros, à alíquota de 5,8%. Entretanto, a Impugnante não se insurgirá sobre o valor lançado a titulo de contribuição devida por terceiros sobre o programa de premiação (PP, PP1 e PP2), conforme planilha em anexo doe. n.°02. Como conseqüência, a parcela da exigência fiscal impugnada não merece prosperar. PRELIMINARMENTE 111.1.0 PAGAMENTO DE AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA NÃO IMPLICA EM RECONHECIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 377 13 DO MÉRITO DA NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO DE TERCEIROS SOBRE O COMPARTILHAMENTO DE DESPESAS PEDIDO 03 Pelo exposto, a Impugnante requer: 1 Seja reconhecida a não incidência de contribuição de terceiros sobre o montante de R$ 1.721.068,15, diante do flagrante caráter de compartilhamento de despesas administrativas entre a Impugnante e a Brasil Telecom S/A, não configurando base de cálculo da referida contribuição; 2 Seja, por fim, extinto o crédito tributário autuado diante do pagamento parcial e da improcedência dos valores ora vergastados. Por fim, a Impugnante pleiteia por todos os meios de provas admitidas, especialmente a documental suplementar. No julgamento em 1ª Instância Administrativa, a 3ª Turma de Julgamento da RFB em Campo Grande/MS, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, lastreadas nas razões que estão sintetizadas na Ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considerase admitida, a matéria reconhecida pelo sujeito passivo que se equipara a matéria não impugnada por não ter sido expressamente contestada, conforme Art. 17 do Decreto n. 70.235/72, com preclusão administrativa de contestação do crédito tributário correspondente nos termos do Art. 21 do Decreto n. 70.235/72. OMISSÃO DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Diante da omissão do sujeito passivo na apresentação de documentos relacionados aos fatos geradores de tributos, é cabível à autoridade lançadora inscrever de ofício a importância que reputarem devida, cabendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. SAT/RAT Para fins de determinação do grau de risco e, por conseguinte, da alíquota a ser utilizada no cálculo da contribuição do SAT/GILRAT, deve se enquadrar a atividade preponderante exercida pela empresa, assim considerada a que ocupa o maior número de segurados empregados. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 378 14 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA NÃO CUMPRIDA Constatada a ocorrência de infração a dispositivo legal, será lavrado auto de infração com discriminação clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi praticada, contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada, observadas as normas fixadas pelos órgãos competentes. PERÍCIA A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Ciente das conclusões da DRJ em 19 de fevereiro de 2015, fl. 303, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 306 a 323, no qual reitera as razões já expressas em sede de impugnação, as quais serão tratadas de forma mais detalhada no decorrer do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender às demais condições de admissibilidade, conheço do recurso voluntário. Como restou bem claro no Relatório acima, considerando o pagamento dos créditos tributários relativos às autuações por descumprimento de obrigações acessórias, ainda estão sob litígio administrativo no presente processo os Debcad nº 37.322.0383 (contribuição da empresa, SAT/RAT), 37.322.0391 (contribuição dos segurados) e 37.322.0405 (contribuição devida a terceiros). PRELIMINAR O recorrente sustenta a nulidade do Auto de Infração Debcad nº 37.3220391 (contribuição do empregado), por ausência de discriminativo de débitos que individualize os valores devidos por segurado. Alega que não havendo a individualização da suposta contribuição devida a cada beneficiário, não há como se definir qual segurado está sendo resguardado por meio do financiamento de seu possível benefício previdenciário. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 379 15 Aponta, citando a IN SRP nº 03/2005, a existência de faixas de saláriosde contribuição sobre os quais devem incidir alíquotas diferenciadas (8, 9 e 10%) e que sua defesa fica inviabilizada com a ausência de demonstração analítica dos segurados beneficiários dos rendimentos. A análise de fl. 10/11 (Relatório Fiscal) e o seu cotejo com as informações do Discriminativo de Débitos de fl. 163/164 evidencia que o crédito tributário exigido a este título incidiu sobre os valores pagos a título de Premiação Programa de Incentivo e Compartilhamento de Remuneração de Gestores. No que se refere aos valores pagos a título de premiação/programa de incentivo, regularmente intimada pela Fiscalização a apresentar a relação dos beneficiários dos valores de premiação concedidos, esta declarou que "não identificou documentos que possam dar suporte à composição". Já em relação ao compartilhamento de remuneração de gestores, a Autoridade fiscal afirma que efetuou a intimação da fiscalizada para apresentar documentação que desse suporte aos lançamentos, mas esta não se manifestou. A partir de tal omissão em prestar os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, tendo em vista a convicção do Agente Fiscal de que o pagamento em pecúnia em contraprestação a um aumento/incentivo de produtividade revestese de natureza salarial, bem assim que os próprios registros contábeis identificam que a outra rubrica em questão se refere a remuneração de gestores, não restou outra alternativa que não a de efetuar o lançamento, por arbitramento, a partir dos valores sintéticos registrados na contabilidade da ora recorrente. Ora, ao pretender caracterizar com indispensável para a validade da autuação e exigir do Agente Fiscal a apresentação de informações que foram a ele sonegadas, o recorrente apresenta conduta contraditória em relação a outra precedente no tempo. Situação apontada pela doutrina como inadmissível (venire contra factum proprium proibição do comportamento contraditório), por estar diretamente relacionada ao princípio da vedação de se beneficiar da própria torpeza, cuja reprovação se impõe em homenagem às mais basilares noções de direito e justiça. Assim, correta a decisão de 1ª Instância que entendeu que caberia ao fiscalizado apresentar elementos que pudessem afastar as pretensões do Fisco, não havendo que se falar em cerceamento de defesa já que os motivos que levaram aos pagamentos considerados como base de cálculo do tributo lançado, se não estão, deveriam estar plenamente anotados nos registros contábeis da empresa. Assim, rejeito a preliminar de nulidade arguida. MÉRITO Da não incidência de contribuição previdenciária sobre o compartilhamento de despesas. Afirma a defesa que é cada vez mais comum empresas, localizadas em um mesmo espaço físico ou pertencentes a um mesmo grupo econômico, compartilharem despesas objetivando redução de custos. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 380 16 Sustenta que pagou, a este título, o valor de R$ 1.721.068,15, à Brasil Telecom S/A e que, em nenhum momento, efetuou o pagamento de valores que justificassem a incidência do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/911. Alega que, ainda que se entenda ter ocorrido pagamento a segurados da recorrente, ainda assim a cobrança do tributo previdenciário seria indevida, pois só foi identificado um único pagamento o que levaria, dado ao seu caráter de não eventual, à conclusão inequívoca de que o pagamento se destinou a uma gratificação a seus segurados, Em síntese, os mesmos argumentos são utilizados pelo contribuinte para afastar os valores decorrentes das mesmas despesas compartilhadas lançados a título de contribuição do segurados e de outras entidades ou fundos. Razão pela qual, a estes lançamentos aplicamse as conclusões a seguir. Analisando os termos do Relatório Fiscal, em particular os termos dos itens 18 e 19, notase que a fiscalização identificou os lançamentos contábeis que sintetizou no quadro abaixo, fl. 09: Ao se debruçar sobre os termos da Impugnação, a decisão recorrida, pontuou que o lançamento considerou aspecto quantitativo extraído de documentos e informações do próprio contribuinte, após a não apresentação de documentos comprobatórios relacionados. Assim, entendeu o Julgador de 1ª Instância que caberia ao contribuinte apresentar elementos e documentos que afastassem a pretensão fiscal, o que não foi feito. Como se vê acima, o histórico do lançamento contábil em tela não deixa dúvidas de que os valores são relativos a remuneração de gestores. Os detalhes de tal remuneração é que são desconhecidos até o momento, pois mesmo após as conclusões da DRJ, a defesa repete a afirmação de que sobre tais valores não deve incidir contribuições previdenciárias, mas não apresenta documentos e elementos que nos conduza ao mesmo entendimento. Ora, como se depreende do art. 28 da Lei 8.212/91, entendese por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, destinado a retribuir o trabalho 1 Lei 8212/91 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 381 17 Portanto, não há como atender ao pleito recursal, já que a regra é que todos os valores que são pagos a título de remuneração pelo trabalho sofram a incidência do tributo previdenciário, seja a cargo da empresa, do empregado ou a devida a terceiros, sendo os casos de exclusão das bases de cálculo exceções que devem ser comprovadas por quem delas se aproveita. Assim, caberia ao contribuinte aclarar em que termos se deu o suposto compartilhamento de despesas, mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco. Nada a prover neste tema. Da incorreta aplicação de alíquota SAT/RAT de 3% Afirma o recorrente que, no que tange ao SAT/RAT, efetuou o recolhimento do tributo no percentual que entende devido, 1%, já que considera equivocado o percentual lançado de 3%, pois a fiscalização não teria efetuado o levantamento da atividade desenvolvida pelo maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, limitandose a fazer a apuração a partir do CNAE da fiscalizada, sem notar que a mesma terceiriza suas atividades de maior risco imposta por seu objeto social. Pontuado a legislação que atribui à empresa a responsabilidade para realizar o enquadramento na atividade preponderante (§§ 5º e 6º do art. 202 do Decreto nº 3.048/99), conclui que a alíquota aplicável seria de 1%. Para caracterizar o correto enquadramento, requer a realização de perícia para, com lastro no art. 16, inciso IV, do Decreto 70.235/72, responder aos quesitos que enumera: 1) quais as atividades exercidas pelos seus segurados empregados e avulsos; 2) qual o numero de segurados empregados e avulsos que desenvolvem cada tipo de atividade; 3) com base no maior número de empregados, qual a atividade preponderante da recorrente; 4) a que percentual de risco (leve, moderado ou alto) pertence à atividade da recorrente. Sobre o tema, assim se manifestou a Decisão recorrida: O grau de risco para cada atividade foi estabelecido no anexo V do Regulamento da Previdência Social, Decreto 3.048/1999, ((Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007): No caso em exame, a auditoria fiscal enquadrou conforme a atividade desenvolvida pelo sujeito passivo e a tese defensiva não merece prosperar, visto que a terceirização não muda a natureza do risco da atividade desempenhada pela empresa. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10166.723415/201187 Acórdão n.º 2201004.759 S2C2T1 Fl. 382 18 Não me parece crível que uma empresa que carrega em sua razão social a atividade de CALL CENTER e, de forma consistente, estabeleça em seu Estatuto, fl. 332, objetos sociais relacionados a telemarketing, pudesse conduzir sua defesa no sentido de afastar suas principais tarefas da descrição contida no anexo V do Decreto 3.048/99 (atividades de teleatendimento). Não obstante, é inequívoco que o § 5º do art. 202 do mesmo Decreto 3.048/99 estabelece que "é de responsabilidade da empresa realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo à Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social revêlo a qualquer tempo.". Já o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 estabelece que a impugnação mencionará os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Estabelece, ainda, que a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior. Ocorre que a defesa se limita a argumentar que efetuou o próprio enquadramento, mas não apresenta os elementos de que certamente deveria dispor para demonstrar a que atividades se ocupa a maioria de seus segurados e trabalhadores avulsos. Juntamente com tais argumentos, pleiteia a realização de perícia para efetuar aquilo que já deveria ter feito quando da realização de seu autoenquadramento. Assim, não identifico motivos que justifiquem a alteração do lançamento ou das conclusões da decisão recorrida, razão pela qual indefiro o pedido de perícia e nego provimento ao recurso voluntário neste tema. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais que integram o presente, rejeito as preliminares arguidas e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 382DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.728910/2011-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 21/01/2008 a 31/12/2008
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CONHECIMENTO. INCOMPETÊNCIA MATERIAL. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL - AFAC NÃO CARACTERIZADO. CAUSA DO NEGÓCIO JURÍDICO. MÚTUO. INCIDÊNCIA.
Os adiantamentos para futuro aumento de capital social (AFAC), assim reconhecidos e registrados na escrituração contábil, e que da mesma forma permaneçam até a efetiva capitalização pela sociedade investida, não se configuram como mútuo, não estando, portanto, sujeitos à incidência do IOF. A ausência de formalização de compromisso de permanência das verbas na companhia investida não desnatura os aportes efetivamente incorporados ao capital social da beneficiária. Contudo, uma vez demonstrado pela autoridade fiscal que tais recursos não foram capitalizados e que a causa material do negócio jurídico tenha sido mútuo, reconhece-se a incidência do IOF.
Numero da decisão: 3401-005.391
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 21/01/2008 a 31/12/2008 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CONHECIMENTO. INCOMPETÊNCIA MATERIAL. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL - AFAC NÃO CARACTERIZADO. CAUSA DO NEGÓCIO JURÍDICO. MÚTUO. INCIDÊNCIA. Os adiantamentos para futuro aumento de capital social (AFAC), assim reconhecidos e registrados na escrituração contábil, e que da mesma forma permaneçam até a efetiva capitalização pela sociedade investida, não se configuram como mútuo, não estando, portanto, sujeitos à incidência do IOF. A ausência de formalização de compromisso de permanência das verbas na companhia investida não desnatura os aportes efetivamente incorporados ao capital social da beneficiária. Contudo, uma vez demonstrado pela autoridade fiscal que tais recursos não foram capitalizados e que a causa material do negócio jurídico tenha sido mútuo, reconhece-se a incidência do IOF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1788; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 653 1 652 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.728910/201182 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401005.391 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de outubro de 2018 Matéria IOF Recorrente JORLAN SA VEICULOS AUTOMOTORES IMPORTACAO E COMERCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 21/01/2008 a 31/12/2008 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CONHECIMENTO. INCOMPETÊNCIA MATERIAL. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL AFAC NÃO CARACTERIZADO. CAUSA DO NEGÓCIO JURÍDICO. MÚTUO. INCIDÊNCIA. Os adiantamentos para futuro aumento de capital social (AFAC), assim reconhecidos e registrados na escrituração contábil, e que da mesma forma permaneçam até a efetiva capitalização pela sociedade investida, não se configuram como mútuo, não estando, portanto, sujeitos à incidência do IOF. A ausência de formalização de compromisso de permanência das verbas na companhia investida não desnatura os aportes efetivamente incorporados ao capital social da beneficiária. Contudo, uma vez demonstrado pela autoridade fiscal que tais recursos não foram capitalizados e que a causa material do negócio jurídico tenha sido mútuo, reconhecese a incidência do IOF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 89 10 /2 01 1- 82 Fl. 653DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 654 2 (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório 1. Tratase de auto de infração, situado às fls. 373 a 379, lavrado em razão da falta de recolhimento de imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IO/Crédito), referente ao período de apuração compreendido entre 21/01/2008 e 31/12/2018, acrescido de multa de ofício de 75% e juros, totalizando, assim, o valor histórico de R$ 592.308,08. 2. Segundo se depreende do termo de verificação fiscal, situado às fls. 380 a 389, narra a autoridade fiscal que o procedimento que a contribuinte, em sua DIPJ, teria informado valores significativos de "créditos com pessoas ligadas" (físicas e jurídicas) sem a correspondente informação de débitos de IOF em suas DCTFs relativas ao mesmo período ou mesmo o seu respectivo recolhimento. Os históricos dos lançamentos dos créditos com pessoas ligadas, registrados nas contas "ADIANT. P/ FUTURO AUMENTO DE CAPITAL" e "CRED. COM COLIGADAS E CONTRLADAS" indicariam adiantamento de recursos financeiros a título de mútuo. 3. A contribuinte apresentou impugnação, situada às fls. 484 a 502, na qual argumentou, em síntese, que: (i) os valores considerados como empréstimos são, na verdade, adiantamentos para futuros aumentos de capital. Na peça analisa algumas das operações objetos de autuação; (ii) a multa de ofício tem caráter confiscatório. 4. Em 08/01/2014, a 00ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) proferiu o Acórdão DRJ nº 0948852, situado às fls. 606 a 611, de relatoria do AuditorFiscal Robson Marcos Schreider, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2008 IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. Para ser considerada como AFAC e não mútuo, a operação deve estar plenamente caracterizada. Impugnação Procedente em Parte Fl. 654DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 655 3 Crédito Tributário Mantido em Parte 5. A contribuinte foi intimada via postal em 07/02/2014, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 517 e, em 10/03/2014, interpôs recurso voluntário, situado às fls. 618 a 631, no qual reiterou as razões de sua impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 7. Quanto às alegações de inconstitucionalidade de leis, tratase de matéria que não pode ser apreciada no âmbito do processo administrativo fiscal, conforme dispõe o Decreto nº 70.235/1972, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009: Decreto nº 70.235/1972 Art. 26. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. 8. Tal entendimento, ademais, encontrase consolidado neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme súmula aprovada pela Portaria nº 52, de 21 de dezembro de 2010: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 9. Assim, não conheço do recurso voluntário interposto neste particular. 10. Passase a apreciar a questão de fundo e, neste sentido, o auto de infração foi lavrado em função da falta de recolhimento do IOF (inclusive o relativo à alíquota Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 656 4 adicional prevista nos §§ 15 e 15, do art. 7º do Regulamento do IOF) sobre mútuos que teriam sido efetuados com as empresas: (i) TARGET VEÍCULOS LTDA., (ii) ORCA VEÍCULOS LTDA., (iii) AUTOMARCAS COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA., (iv) SIERRA AGROPASTORIL LTDA., (v) JPAR DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA., e (vi) ITAKAIU AGROPASTORIL S/A. 11. Narra a fiscalização que, a despeito dos valores correspondentes estarem registrados como Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC), na escrita contábil, não se vislumbrou instrumento de comprometimento no sentido de que os repasses seriam destinados exclusivamente a futuros aumentos de capital, tampouco tendo sido observado prazo de integralização de 120 (cento e vinte) dias, a contar do encerramento do exercício social, o que conferiria a roupagem de mútuo a estas operações, com incidência do IOF. 12. Neste sentido, o Parecer Normativo CST nº 133/1975, externou entendimento no sentido de que o saldo credor de sócio ou acionista deve compor o passivo exigível no cálculo do capital da giro próprio da empresa, sendo de todo irrelevante que, em momento posterior, venha ele a ser capitalizado. Em momento seguinte, o Parecer Normativo CST nº 23/1981 fixou a orientação de que os adiantamentos para futuro aumento de capital, ainda que condicionados à utilização exclusiva em aumento de capital, deveriam ser mantidos fora do patrimônio líquido, uma vez que merecem tratamento de obrigações com terceiros, passíveis de serem exigidos pelos titulares enquanto não efetivamente concretizado o aumento. Cabe observar, para além do sentido da reconstrução do quadro de referências administrativo, de caráter regulamentaropinativo, que, no ano de 1983 o art. 21 do DecretoLei nº 2.065/1983 dispôs que, para efeito da determinação do lucro real, nos mútuos entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, a mutuante deveria reconhecer "pelo menos" o valor correspondente à variação monetária. A interpretação insculpida pela Administração, em conformidade com o Parecer Normativo CST nº 17/1984, foi no sentido da inaplicabilidade da previsão de trânsito em conta de resultado da norma de estatura legal no caso específico de AFAC, desde que: (i) o adiantamento se destinasse "específica e irrevogavelmente, ao aumento do capital", e (ii) a capitalização se processasse "(...) por ocasião da primeira AGE ou alteração contratual posterior ao adiantamento ou, no máximo, até 120 dias contados do encerramento do períodobase da sociedade tomadora dos recursos", prazo este posteriormente extirpado com a edição da Instrução Normativa SRF nº 127/1988, que manteve os demais requisitos. 13. O tratamento contábil dispensado aos adiantamentos de tal jaez é a classificação em conta de investimento (ANC) para aquele que efetua o AFAC e, para a investida, objeto de apreciação no presente caso, denotase, da leitura da Resolução CFC nº 1.159/2009, o registro: (i) no patrimônio líquido na investida, após a conta de capital social, na hipótese de não haver possibilidade de devolução; ou (ii) no passivo não circulante, se houver "(...) qualquer possibilidade de sua devolução". 14. Neste sentido, os posicionamentos do CFC e da RFB são distintos, opondo a contabilidade geral à fiscal, uma vez que o PN CST 23/81, entende que os AFACs, cumpridas as exigências, devem ser mantidos fora do patrimônio líquido, pois considerados obrigações para com terceiros, podendo ser exigidos pelos titulares enquanto o aumento de capital não se concretizar. A Resolução CFC nº 1.159/2009, por seu turno, orienta a sua inclusão no patrimônio líquido, tendo em vista o princípio da essência sobre a forma. Observa se, no entanto, que, mesmo que exista divergência, os instrumentos convergem para a Fl. 656DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 657 5 conclusão de que os adiantamentos de recursos, para que possam se qualificar como AFACs, devem atender à condição de permanência, que tem por corolário a cláusula de irreversibilidade de devolução, com opção irretratável. 15. Observese, em sede de excursus, que o sentido de expurgar o AFAC do patrimônio líquido, que se depreende do Parecer Normativo nº 23/1981, teria uma discussão de fundo tributário, uma vez que o entendimento diverso, representado pela Resolução CFC nº 1.159/2009, implicaria a dedutibilidade da correção monetária do adiantamento, discussão esta que veio a perder sua principal celeuma com a edição do Decreto nº 332/1991, cuja alínea 'f' do inciso I do art. 4º tornou obrigatória a correção de contas credoras e devedoras respeitantes a AFAC, situação esta que perdurou até o advento do Plano Real, contexto a partir do qual foi concebida a Lei nº 9.249/1995, que extinguiu a correção monetária do balanço. 16. Assim, feita esta observação, a autoridade fiscal externou entendimento consentâneo com o Parecer Normativo CST nº 17/1984 no sentido de que as destinações contratualmente estipuladas, em caráter irrevogável, de aumento de capital representariam exceção à obrigação da investidora prevista no preceptivo normativo do art. 21 do DecretoLei nº 1.065/1983. Tal seria, portanto, o principal marco miliário para a distinção jurídica entre o AFAC e o mútuo, uma vez que colocar recursos à disposição de terceiros sem condição de permanência e de irreversibilidade redundaria, sob tal perspectiva, em uma operação de crédito. Dizse principal porque a condição de capitalização, decorrente de tais recursos adiantados, logo na primeira AGE ou na primeira alteração contratual subsequente, sobreviveu à Instrução Normativa SRF nº 127/1988. 17. Em outras palavras, da perspectiva da interpretação infralegal, repita se, de caráter meramente regulamentar e opinativo (condição que tais instrumentos não perdem mesmo ao serem chamados de normas complementares de leis pelo inciso I do art. 100 ou de "legislação tributária" pelo art. 96, ambos do Código Tributário Nacional), o ingresso dos recursos deve se prestar ao aumento do capital logo na primeira oportunidade possível e, entre o momento de sua percepção pela investida e o da efetiva capitalização, não devem estar suscetíveis ao arrependimento e consequente reversibilidade ou devolução. Entende a posição mais formalista, aliás, que o adiantamento exigiria compromisso formal e prévio à liberação do crédito, pois a disponibilização de recursos à investida seguida de decisão superveniente de integralização não configuraria adiantamento, mas mútuo seguido de capitalização. 18. Cabe pontuar, em primeiro lugar, que o quadro normativo construído acima pertine a questões voltadas ao imposto sobre a renda. Em outras palavras, o Parecer Normativo CST nº 17/1984 foi editado para efeito da determinação do lucro real e, ainda que constitua um norte valioso ao aplicador por se voltar ao tratamento do mútuo, necessário se faz tomar, como ponto de partida para a decisão acerca da incidência ou não do imposto sobre operações financeiras, a legislação que lhe é peculiar. 19. Evidentemente, é rica a construção em torno desta especialíssima figura do direito privado prevista pelo art. 586 do Código Civil para fins de determinação do montante correspondente à renda, a começar pelos limites da dedutibilidade dos juros passivos em condições usuais de mercado, conforme disciplinado pelo Parecer Normativo CST nº 138/1975, havendo, para tanto, a exigência de contrato, juros que não excedam a taxa legal e que os recursos sejam empregados na própria atividade principal da mutuária. Nem por isso Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 658 6 seria possível se cogitar que o não preenchimento de tais requisitos caracterizadores da condição de despesa dedutível implicariam a incidência ou não incidência de outro tributo, pois diferentes os âmbitos de aplicação de cada sistema normativo. Assim, necessário se faz a análise da específica legislação definidora da imposição sobre operações de mútuo: Código Tributário Nacional Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado. (...) Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros. Decreto nº 6.306/2007 (RIOF) Art. 2º O IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras; b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física; II operações de câmbio; III operações de seguro realizadas por seguradoras; IV operações relativas a títulos ou valores mobiliários; V operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial. 20. Cabe, ainda, trazer à análise a legislação civil pertinente ao instituto do mútuo: Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Fl. 658DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 659 7 Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. (...) Art. 591. Destinandose o mútuo a fins econômicos, presumemse devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I. Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II. De trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III. Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. 21. De fato, o art. 591 da codificação civil não obriga ou condiciona tal figura à cobrança de juros, mas unicamente o presume no caso de se tratar de negócio jurídico celebrado com fins econômicos, limitando, ainda, a sua cobrança à taxa legal. Tampouco a ausência de prazo o desnatura, pois, em complemento à regra dos incisos do art. 592, o § 14 do art. 7º do Decreto nº 6.306/2007 prevê expressamente a operação de crédito contratada por prazo indeterminado. Por outro lado, em um esforço de análise estratigráfica da legislação, apontase que a previsão da possibilidade do aumento futuro de capital tem tímida previsão no inciso I do art. 84 da Lei nº 6.404/1976 (LSA), já tendo sido a figura do adiantamento identificada por parte da doutrina como aquela descrita pelo inciso II do art. 170 da lei societária, em que pese a discussão acima contextualizada. 22. A distinção mais notável entre os institutos residiria no compromisso das partes com a finalidade da transferência/entrega de coisa fungível: (i) no caso do mútuo, a futura restituição de coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, e (ii) no caso do AFAC, o futuro emprego dos recursos no aumento de capital. Em um caso, restituise, e, no outro, capitalizase. 23. Enquanto a natureza do mútuo se investiga a partir do art. 586 da codificação civil, o AFAC mantém estreito diálogo com o art. 1.081 da lei civil e com o art. 166 da LSA, que prevêem a possibilidade do aumento do capital. Partindo deste pressuposto, é possível se investigar a definição de sua natureza pela finalidade dada à coisa fungível entregue pelos investidores à investida, e um não se confunde com o outro para fins tributários. O primeiro é fato gerador do IO/Crédito; o segundo não se coaduna com a materialidade de tal exação, o que não é algo novo à jurisprudência administrativa, conforme se depreende do quanto decidido pelo Acórdão nº 20180.220, proferido em sessão de 25/04/2007 pela extinta 1º Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Período de apuração: 31/01/2000 a 31/12/2003 Ementa: (...) ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 660 8 Por falta de amparo legal, não procede o lançamento de IOF incidente sobre adiantamento para futuro aumento de capital. Recurso de oficio negado. 24. Em igual sentido, a distinção que fizemos logo acima entre o mútuo e o AFAC restou sedimentada, apenas com outras palavras, no acórdão proferido em 19/05/2005 no curso do Processo Administrativo nº 10768.001867/9283 pela extinta 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: "Da lapidar definição posta no art. 1.256 do Código Civil revogado, reproduzida no art. 586 do Código Civil de 2002, se extrai que o mútuo é o contrato pelo qual alguém transfere a propriedade da coisa fungível a outrem, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Sendolhe transferido o domínio da coisa emprestada, pode o mutuário darlhe o destino que lhe aprouver, inclusive consumi la, obrigandose, no entanto, a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, pois a obrigação de restituição é da essência e da estrutura do contrato de mútuo. Enquanto que, nos negócios jurídicos de adiantamento para aumento de capital, os recursos recebidos pela empresa de seus acionistas ou quotistas somente podem ser utilizados para este fim, não comportando restituição” (seleção e grifos nossos). 25. Traçadas tais premissas, há, ainda, de se assentir para o fato de que o próprio Poder Judiciário vem dispensando, inclusive, o contrato escrito de AFAC para o seu reconhecimento, uma vez que a sua contabilização como tal e sua posterior utilização no aumento de capital da empresa será mais do que suficiente para comproválo, não havendo, na legislação societária, prazo para ocorrer a assembleia convocada para o fim específico de aumento de capital: EMENTA: TRIBUTÁRIO. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL AFAC. INCABIMENTO DA INCIDÊNCIA DO IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS. I. Tratase de remessa oficial e apelação de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, para anular parcialmente os créditos tributários constituídos no processo administrativo fiscal nº 10510.003371/200641, considerando a não incidência do IOF sobre a parte de valores repassados como adiantamento para futuro aumento de capital – AFAC. II. O AFAC adiantamento para futuro aumento de capital corresponde a valores recebidos pela empresa de seus acionistas ou quotistas destinados a serem utilizados como futuro aporte de Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 661 9 capital. Na hipótese, a autora informou ter realizado em favor de suas empresas coligadas o adiantamento para futuro aumento de capital, demonstrando não ter a operação configuração de mútuo para fins de incidência do IOF, sobre parte do crédito constituído no processo administrativo nº 10510.003371/2006 41. III. Não se faz obrigatória à comprovação do adiantamento para futuro aumento de capital mediante a celebração de contrato escrito, podendo ser demonstrado por meio de registro nas escrituras fiscais da empresa. IV. No caso de não haver autorização no estatuto (art. 166, II c/c o art. 168 da Lei nº 6.404/76), o aumento do capital será realizado em assembleia geral extraordinária, a qual não possui prazo para acontecer. Também na legislação societária não se verifica prazo para que o aumento do capital ocorra. V. Honorários advocatícios mantidos em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), nos termos do art. 20, §§ 3º e4º, do CPC, diante do trabalho exercido pelo causídico da autora. VI. Remessa oficial e apelação improvidas. (Processo 000096612.2011.4.05.8500, 4ª Turma do TRF5, DES. FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO, 20/11/2012) 26. É de se iluminar, não obstante, o fato de que, caso os recursos recebidos tenham permanecido regularmente escriturados como adiantamento para aumento de capital, o que pode, e.g., ser confirmado pela checagem do Livro Razão, e tendo a capitalização efetivamente ocorrido, ainda que a destempo, em estreita consonância com o art. 179 da Lei nº 6.404/1976 ("Lei das Sociedades Anônimas" LSA), incumbe à autoridade fiscal demonstrar que a contabilização escapa à realidade substantiva dos fatos. Em conformidade com o Acórdão CARF nº 3402002.862, proferido em 26/01/2016, de relatoria do Conselheiro Antonio Carlos Atulim: "A presunção de veracidade e legitimidade dos registros contábeis opera em dois sentidos. Por um lado, cabe ao fisco o ônus de provar que os lançamentos efetuados não correspondem à realidade, caso pretenda decretar a imprestabilidade da escrituração para fins fiscais. E, de outro lado, cabe ao contribuinte, em caso de inexatidões ou erros eventualmente cometidos, produzir a prova do fato. Versando este processo sobre autos de infração, o ônus da prova das diferenças apuradas era do fisco. E o fisco se desincumbiu desse ônus, pois não contestou a veracidade e a legitimidade dos registros contábeis e declarações prestadas pelo contribuinte, baseando seu trabalho nos documentos produzidos pelo próprio fiscalizado" (seleção e grifos nossos). Fl. 661DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 662 10 27. Uma vez que tal tradição normativa, como acima demonstrado, desenvolveuse em torno do imposto sobre a renda, é possível se trazer à colação o art. 923 do RIR, que dispõe que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais". Não pode nem deve ser desconsiderada sem uma produção probatória prévia a escrita fiscal utilizada, inclusive, para lastrear a própria fiscalização, sob pena de se incorrer em um jogo de relativismo cético que colocaria em disputa os próprios valores utilizados como base da imposição. 28. Os dois sentidos da presunção de veracidade/legitimidade dos registros contábeis emergem de legislação de caráter nacional, conforme se depreende da leitura do art. 417 da Lei nº 13.105/2015, o novo Código de Processo Civil, segundo o qual "os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos". Assim, tendo a autoridade fiscal tomado como ponto de partida para a sua interpretação do direito a escrita contábil e fiscal da contribuinte, não apenas se presume verdadeiro o quanto declarado (art. 408) como também se prova o não questionado (art. 428), pois, como se extrai do art. 419, a escrituração é una, tanto para o favorável como para o desfavorável: Lei nº 13.105/2015 (Código de Processo Civil) Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade. 29. Assim, não tendo havido alteração da escrita ou tampouco seu questionamento, e uma vez que os recursos, ao final, tenham sido efetivamente utilizados para capitalizar a sociedade, necessário se resgatar percuciente argumentação deduzida no Acórdão CARF nº 330200.616, proferido em 30/09/2010, de relatoria do Conselheiro Gileno Gurjão Barreto que, acompanhado pela unanimidade da turma no que respeita ao mérito, asseverou em seu voto: "(...) as autoridades fiscais não comprovaram que à contabilização em contas a receber teria havido equivalência em remessa de numerário propriamente dito. É de senso geral que as empresas controladoras, responsáveis que são pelas atividades das suas controladas, têm que provêlas de recursos necessários as suas operações diárias, principalmente nos estágios iniciais de suas operações. Indispondo desses recursos, sua controladora liquida suas despesas, e contabiliza um ativo recebível equivalente para que, quando essa empresa venha a obter recursos financeiros suficientes, tributeos segundo seu regime do imposto de renda e liquide seu passivo com seu controlador (...). Quanto àqueles objeto de futura capitalização, importante uma observação. Verificamos nos autos que tais valores estavam contabilizados no ativo da recorrente desde 1º de janeiro de 2002, e apenas foram capitalizados em 30.06.2003. E de se questionar se seriam mesmo adiantamentos para aquela finalidade, ainda que contabilizados sob essa forma (...) entendo que, demonstrado pela contribuinte o cumprimento Fl. 662DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 663 11 da destinação pela capitalização exata dos valores, devidamente registrados em Junta Comercial, que seria incabível a pretendida e respectiva tributação pelo IOF" (seleção e grifos nossos). 30. Estabelecidas as premissas de direito, cabe, na apreciação do caso concreto, a análise da composição do grupo empresarial em apreço: 31. O procedimento fiscalizatório constatou a existência de saldos e movimentação nas contas abaixo relacionadas, pertencente aos grupos AFAC (rubrica 124151) e Crédito com Coligadas e Controladas (rubrica 124152) no anocalendário 2008. Os históricos dos lançamentos nessas contas indicam adiantamentos considerados pela autoridade fiscal como mútuos: Fl. 663DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 664 12 32. Em primeiro lugar, a análise da operação com a empresa (i) TARGET VEÍCULOS LTDA., tendo a decisão recorrida entendido, de maneira irreprochável, que o fato de na primeira assembléia dos quotistas da empresa após as transferências de valores ter havido o aumento de capital em valor inclusive superior aos aportes dos recursos, e considerando, ainda, a falta de regulamentação desse tipo de operação e a contabilização feita pelas empresas envolvidas, a tais operações devem ser entendidas como típicos negócios jurídicos de AFAC. Tais considerações escapam, no entanto, da competência deste conselho, uma vez que o valor exonerado pela decisão recorrida, a título de tributos e encargos de multa, não ultrapassou o limite de alçada aplicável à espécie, fixado em R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), nos termos da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. 33. Quanto à conta "132101004 CONSTRUÇÃO ANDAMENTO TRADECAR", pelo que consta dos autos, a recorrente era proprietária de um terreno localizado em Brasília, no qual iniciou a construção de edificação e, posteriormente, cedeu o terreno à empresa TARGET VEÍCULOS LTDA., cuja sede se encontrava neste recinto, e “vendeu”, por meio de emissão de uma nota fiscal, a parte até então construída: 34. Verificase que a recorrente disponibilizou, portanto, recursos para a TARGET VEÍCULOS LTDA., tendo sido o valor do empréstimo ressarcido em 2010, o que se consubstancia como mútuo de recursos financeiros. Observase que o saldo desta conta foi posteriormente transferido para a conta contábil código 1.2.4.1.51.013 ("AFAC TARGET"), e que a autoridade fiscal, para a determinação da base de cálculo do imposto, desconsiderou a transferência, uma vez que a contribuinte reconheceu a improcedência do lançamento e efetuou a sua reversão em 02/01/2009, juntando cópia do livro Razão aos esclarecimentos prestados. 35. Concluise, assim, restar plenamente caracterizada a operação de mútuo como causa do negócio jurídico, devendo produzir os efeitos tributários que lhe são típicos, sobretudo a se considerar que o aporte de recurso foi feito com destinação específica, ou seja, a construção de sede para a beneficiária. Tampouco socorre a recorrente o fato de, em um segundo momento, o imóvel ter sido capitalizado, pois a análise se volta especificamente para momento anterior a esta operação, que em nada altera a sua natureza jurídica subjacente. Fl. 664DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 665 13 36. Em segundo lugar, quanto às operações com a empresa (ii) ORCA VEÍCULOS LTDA., o valor dos créditos repassados pela recorrente foi da ordem de R$ 3.150.000,00 enquanto que o aumento de capital efetuado na primeira assembléia dos quotistas da empresa após essas transferências foi de R$ 5.005.000,00, sendo que a maior parte desse valor (R$ 4.460.984,43) foi adveniente das contas de Lucros Acumulados, Reservas de Capital e Reservas de Incentivo Fiscal. A argumentação da recorrente é genérica, e se reserva a afirmar que a operação de capitalização é confirmada pela 26ª alteração contratual da ORCA VEÍCULOS LTDA., sem, no entanto, esclarecer a discrepância de valores ou sequer contestar a acusação fiscal da origem contábil da maior parcela dos recursos ao fim efetivamente capitalizados, o que conduz à sedimentação do argumento da autoridade fiscal no sentido de que as transferências de valores ocorridas foram operações de mútuo, e não AFAC. 37. Em terceiro e quarto lugar, quanto às operações com a empresa (iii) AUTOMARCAS COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA., e com a empresa (iv) SIERRA AGROPASTORIL LTDA., a recorrente alega que as contas não possuíam saldo em 31/12/2008, portanto não poderia haver mútuos entre elas. Como aponta com hialina clareza o julgador de primeiro piso, "(...) o fato gerador do IOF não é a existência de saldo nas contas no fim do exercício fiscal e sim a ocorrência de operações de crédito". Assim, o fato do saldo das contas ser zero no dia 31/12 apenas pode levar à conclusão de que os empréstimos foram quitados. Tal constatação, ademais, é confirmada pela própria contribuinte ao informar que, quanto à AUTOMARCAS COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA., a empresa teve que “teve que devolver, em 2008, o AFAC realizado em 2005”, o que mostra ainda mais o acerto do lançamento do IOF. 38. Observese, em adição, que, em que pese a conta não possuir saldo em 31/12/2008, último dia do período fiscalizado, a autoridade fiscal apontou movimentação da conta durante o ano de 2008, tanto a débito (concessão de empréstimos) como a crédito (baixa dos empréstimos): a conta que a empresa controla contabilmente em seu ativo realizável a longo prazo é representativa de direitos que possui com a empresa AUTOMARCAS COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA.para a qual disponibilizou recursos financeiros, operação de crédito que deve ser entendida como mútuo, não sendo bastantes as alegações da recorrente, despidas de outras provas, para elidir a acusação. 39. Em quinto lugar, quanto às operações com a empresa (v) JPAR DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS LTDA., o histórico dos lançamentos na conta 124151003, a contribuinte inicialmente informou que o saldo final da conta no período fiscalizado foi capitalizado via cessão de crédito em assembleia de 20/04/2009, mas, intimada a apresentar a documentação comprobatória da operação de Afac, limitouse a informar que não existe saldo nesta conta na data da capitalização, o que, ademais, contraria as evidências trazidas pela autoridade fiscal e, portanto, assentese a contribuinte de repertório probante que empreste lastro às suas objeções ao lançamento de ofício. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 666 14 40. Em sexto lugar, quanto às operações com a empresa (vi) ITAKAIU AGROPASTORIL S/A., alega a recorrente que os valores a ela transferidos foram capitalizados na assembléia realizada em 30/04/2011, o que, segundo a decisão recorrida, seria suficiente para descaracterizar o AFAC, pois, para tanto, a capitalização teria que ser feita na primeira assembléia dos quotistas da empresa após as transferências de valores,provavelmente realizada em 30/04/2009 como nas demais empresa do grupo, ou máximo até 120 dias contados a partir do encerramento do períodobase em que a sociedade coligada, interligada ou controlada tenha recebido os recursos financeiros. Conforme acima referimos, é plenamente possível ao aplicador superar tal requisito de ordem formal, mas, no presente caso, a autoridade fiscal formou a sua convicção com fundamento de não ter a contribuinte entregue a ata da assembleia até a conclusão do procedimento fiscalizatório, limitandose a entregar o quadro acionário em 2011 e a ata da assembleia geral de 2008, coleção probatória que não se encontra em suficiência para afastar o lançamento. 41. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 666DF CARF MF Processo nº 10166.728910/201182 Acórdão n.º 3401005.391 S3C4T1 Fl. 667 15 Fl. 667DF CARF MF
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