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Numero do processo: 10935.002798/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF.
LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
O artigo 530 do RIR/99 prevê que o lançamento de tributos com base no lucro arbitrado deve ocorrer, dentre outros casos, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o lucro real, bem como na hipótese em que o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal.
LUCRO ARBITRADO. OMISSÃO DE RECEITAS.
Incluem-se na base de cálculo dos tributos a serem apurados no regime do lucro arbitrado o valor das receitas omitidas detectadas mediante análise de extratos bancários.
Numero da decisão: 1401-002.364
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: Relator
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OMISSÃO DE RECEITAS Recorrente JORGE TOME EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO QUE REPRODUZ LITERALMENTE A IMPUGNAÇÃO. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE. REGIMENTO INTERNO DO CARF. Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou traga qualquer motivo pelos quais deva ser modificada autoriza a adoção, como razões de decidir, dos fundamentos da decisão recorrida, por expressa previsão do regimento interno do CARF. LUCRO ARBITRADO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 27 98 /2 01 0- 17 Fl. 939DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de auto de infração para cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins no regime de lucro arbitrado relativo ao anocalendário de 2007, com aplicação de multa de ofício de 75% para a insuficiência de recolhimento sobre as receitas escrituradas e de 150% sobre as receitas omitidas. Segundo a fiscalização, a pessoa jurídica, no anocalendário 2006, auferiu receitas muito superiores ao limite prescrito pela legislação para permanecer na sistemática do SIMPLES no anocalendário subsequente, ocasião em que deveria proceder à autoexclusão do SIMPLES FEDERAL em relação ao primeiro semestre de 2007, mas nada foi feito. A exclusão do sistema foi então proposta de ofício, com efeitos a partir de janeiro de 2007, culminando com a expedição do Ato Declaratório Executivo n° 48/2010 (fl. 570) e Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010 (fl. 571). Pela mesma razão, o Contribuinte não estava habilitado a se inscrever no SIMPLES NACIONAL, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006, mas resolveu aderir ou nele permanecer, no 2° semestre de 2007, a despeito das vedações estabelecidas. Ficou, assim, sujeito à exclusão de ofício. Os procedimentos de exclusão foram disciplinados pela Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. A análise e a tributação relativa ao anocalendário 2006, pela forma do Simples, foi tratado no Processo n° 10935.002797/20107, cuja ciência pessoal foi dada em 31/05/2010. O relatório da decisão recorrida assim descreve os fatos e os argumentos da defesa em sua impugnação: O presente processo trata dos seguintes atos a serem analisados: a) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Ato Declaratório Executivo n" 48 (fl.570), de 11/05/2010, que determinou a exclusão da contribuinte ao Simples Federal, desde 01/01/2007; b) manifestação de inconformidade ao conteúdo do Termo de Exclusão do Simples Nacional n 01/2010 (0.571), de 11/05/2010, com efeitos a partir de 01/07/2007 c; c) a impugnação aos autos de infração lavrados Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 940 3 pela sistemática do Lucro Arbitrado, relativos aos fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2007, fls. 581599 e 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (fl.6()2) e, R$ 71.534,20 de CSLL (íl.611). Do Ato declaratório Executivo n 48, de 11/05/2010 Do Termo de Exclusão ao Simples Nacional n 1/2010 2. O ADE n° 48, de 11/05/2010 foi expedido cm face da Representação Fiscal de lis. 0103, onde restou comprovado que a contribuinte em análise, auferiu no ano calendário de 2006 receita no importe de R$ 5.775.787,65, com base na escrituração por cia mantida e na movimentação bancária, sendo que deste montante, ofereceu à tributação apenas R$ 69.168,25, tendo sido omitido o importe de R$ 5.490.756,30. A fundamentação para a emissão do ato foi afronta ao disposto no artigo 9o , inciso II. artigo 13, inciso II. alínea "a" e artigo 14, inciso I, todos da Lei n° 9.317, de 1996, com efeitos a partir de 01/01/2007. 3. Ainda em decorrência da extrapolação do limite de receitas, foi emitido o Termo de Exclusão do Simples Nacional n° 1/2010, fl. 571, tendo como base legal, o artigo 3 o da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2005, e os artigos 12, inciso I, e 18, §§ 6°, 7° e 8° Da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional n° 4, de 30/05/2007, além do artigo 5°, inciso XI da Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007. 4. O contribuinte apresentou apenas uma manifestação de inconformidade contra os dois atos (fls.642647), alegando, em síntese que foram ignorados os limites previstos no Estatuto da Microempresa c da Empresa de Pequeno Porte , o que leva à situação esdrúxula de empresas que se encontram dentro dos limites previstos no Estatuto, mas em desacordo com os limites estabelecidos para o Simples, de modo que passam a ser tributadas como se grandes fossem, submetidas a elevada carga tributária e, obrigadas à escrituração de livros e ao cumprimento dc obrigações acessórias, incompatível com a proteção constitucional que lhes foi declinada. Prossegue afirmando que as empresas já excluídas do Simples estão impossibilitadas c a ele retornarem, haja vista serem desprezados os limites estabelecidos no mencionado estatuto. Solicita que sejam desconsiderados os valores de enquadramento previstos na Lei n° 9.317, dc 1996, devendo ser adotado o conceito do artigo 2° da Lei n° 9.841, dc 1999, com o reajuste determinado pelo Decreto n" 5.028, de 2004 e, desta forma, admitida sua permanência no Simples. 5. Transcreve o inciso IX do artigo 170, bem como o artigo 179, ambos da Constituição Federal e, afirma que a definição dc pequeno porte foi totalmente modificada com a edição do artigo 1° da Lei 9.841, de 1999, posto que a Lei n° 9.317, de 1996, dava como parâmetro um conceito dc renda bruta menor. Afirma que o fisco usou a norma que lhe foi mais benéfica e que sua exclusão não pode prosperar tendo em vista que os limites estipulados no estatuo das microempresas c das empresas dc pequeno porte lhe permite esta possibilidade. Solicita que seja aplicado o parágrafo 1° do artigo 2° da Lei de Introdução ao Código Civil, que estabelece: a Lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Do lançamento pelo Lucro Arbitrado ano calendário 2007 6. Em decorrência dos Atos de exclusão, para o ano calendário de 2007, a autoridade fiscal efetuou o lançamento pelo Lucro Arbitrado, posto o contribuinte Fl. 941DF CARF MF 4 ler deixado de apresentar os livros e documentos de sua escrituração ou de manifestar sua opção por outra forma de tributação cm relação ao 2° semestre de 2007, conforme faculta a Lei Complementar n° 123, de 2006 (art. 32, § 2°). Regularmente intimado, preferiu silenciar. 7. Assim, os autos de infração de fls. , fls. 581599 c 602621, onde se exige o crédito tributário de R$ 136.276,53 de IRPJ (11.581), R$ 42.974,62 de PIS (11.591), R$ 197.933,95 de COFINS (11.602) c, R$ 71.534,20 de CSLL (fl.611), acrescidos de multa de ofício à razão de 150% sobre os depósitos bancários de origem não comprovada e,75% sobre a receita bruta escriturada mas não declarada ao fisco, acrescidos de juros, referentes aos fatos geradores ocorridos em 2007. 8. Também cm relação ao ano calendário de 2007, está sendo imputada omissão de receitas caracterizada pela falta de contabilização e de comprovação da origem dos valores creditados/depositados cm contas correntes bancárias, sendo que em decorrência da exclusão da contribuinte ao Simples, foi realizada a realocação dos valores considerados na apuração da base de cálculo daquela sistemática. O outro item da autuação sc refere à tributação da receita bruta escriturada e não declarada ao fisco. Constituem a base legal para a exigência do IRPJ o disposto no artigo 47, inciso I, II, III e VII da Lei n° 8.981, de 1995, artigos 3", § 1°, 16 e 24 da Lei n° 9.249, de 1995, artigos 1°, 27, inciso I e artigo 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 regulamentados pelos artigos 530, 532 e 537 do Decreto n° 3.000 de 26/03/1999RIR/99. 9. O suporte legal para a exigência dos demais tributos obedece ao seguinte: a. PIS artigos Io e 3° da Lei Complementar n° 7 de 07/09/1970, artigo 24, § 2° da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, inciso I do artigo 8° da Lei n° 9.714, de 25/11/1998 e, artigos 2o , inciso I. alínea "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto n" 4.524, de 17/12/2002; b. COFINS artigo 2°, inciso II e parágrafo único, 3 o , 10, 22, 51 e 91 do Decreto n° 4.524, de 17/12/2002 e; c. CSLL artigo 2 o e §§, da Lei n° 7.689, de 15/12/1988, artigo 24 da Lei n° 9.249, de 26/12/1995, artigo 29 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 e, artigo 37 da Lei n" 10.637, de 30/12/2002. 10. A peça de defesa de fls. 654675, apresentada em 13/08/2010, traz a seguinte argumentação: inicialmente faz um relato do lançamento c destaca que a multa exigida tem como fundamento um suposto dolo do contribuinte, em face de não haver contabilizado parcelas significativas da receita auferida. Alega que a autoridade fiscal colocou em dúvida a veracidade das cartasproposta de compra de cereais, firmadas pelas empresas interessadas na aquisição de feijão. Transcreve alguns parágrafos do Termo de Verificação Fiscal que se encontra às fls. 622634 e, afirma que a imputação de que o sujeito passivo teria saído à coleta de notas fiscais emitidas por produtores da região para vinculálas às cartasproposta de compra de cereais, não encontra guarida nos documentos que compõem o processo administrativo. Tal afirmativa do fisco estaria paulada nos documentos de fls. 452 c seguintes. Transcreve parte do requerimento protocolado cm 01/12/2009, onde tenta justificar parte dos depósitos havidos em suas contas correntes, bem como outro, protocolado em 25/01/2010 e afirma que, cm ambos os casos restaram claros os esclarecimentos prestados de que empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente das regiões Norte e Nordeste, contataram, a fim de adquirir e remeter feijão, diretamente do produtor, e que remetiam o numerário, como adiantamento para as aquisições, via conta corrente do ora sujeito passivo. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 941 5 Sustenta que os documentos acostados não deixam dúvidas sobre a atitude adotada; que, em nenhum momento agiu de má fé, porém, esta não foi a conclusão a que chegou a autoridade fiscal. Comenta o fato de o auditor fiscal ter efetuado uma séria de anotações nas cartas proposta para, ao final, desprezar toda a documentação apresentada e que todas as cartas proposta estavam acompanhadas das notas fiscais de produtor rural. 11. Argumenta no sentido de que embora o valor expresso nas notas fiscais não corresponda exatamente aos valores dos depósitos bancários, estes eram aproximados, bem como as datas cm que ocorreram também o eram. Justifica a diferença cios valores ao argumento de que ali estariam embutidas outras verbas como verbi gratia e/ou o frete e rechaça a alegação de que a documentação apresentada seja frágil. 12. Contra ataca taxando de frágil a argumentação esposada pela autoridade fiscal que procurou invalidar a veracidade de seus esclarecimentos ao argumento de que seu objeto social não prevê a intermediação de negócios e, afirma que tal fato ocorreu por ausência de orientação do profissional contábil. Reafirma que atua na intermediação de negócios entre os produtores rurais e as empresas adquirentes dos produtos. 13. Discorda do falo de a autoridade fiscal insistentemente colocar a empresa como optante pelo Simples Nacional, a qual. por excesso de receita bruta anual e exercício de atividade vedada leria que ser excluída do benefício, para fins de cálculo do imposto devido e, ataca a exigência da multa qualificada, quando, em seu entender, o correto seria aplicar a multa de 75%. Invoca o princípio da menor onerosidade cm favor do devedor, previsto no artigo 620 do Código de Processo Civil e afirma que este mesmo princípio está insculpido no artigo 112 do Código Tributário Nacional, e deve prevalecer. Alega que deve ser observado, ainda, o instituto do in dúbio pro reo do Direito Penal, para que se aplique a lei de maneira mais benéfica ao contribuinte c que descabe afirmar que inexistem dúvidas no procedimento ora atacado, posto que a interpretação subjetiva por parte da autoridade fiscal não é inconteste; que a ganância c o exagero daquele não ficou somente no campo imaginário do cometimento de infração intencional, fazendo com que a multa fosse exageradamente alta. E mais, como se não bastasse, a exigência foi lavrada na modalidade do Simples, quando, poderia ter ocorrido o enquadramento no Lucro Arbitrado. 14. Transcreve o último parágrafo do Termo de Encerramento Parcial que diz: "Nada disso, entretanto, ficou comprovado. Para a fiscalização, os cereais adquiridos dos produtores representam custo das mercadorias vendidas. As vendas, representadas pelos depósitos não justificados, representam sua receita bruta, a maior parte dela, aliás, não escriturada." 15. Ao amparo de uma interpretação literal do parágrafo acima transcrito, sustenta que a autoridade fiscal leria sugerido que a solução seria a contabilidade pelo Lucro Real, já que os cereais adquiridos, acrescidos das demais despesas atinentes, representariam o custo das mercadorias vendidas c que, ante a falia de contabilidade organizada, o correto seria arbitrar o lucro e, mais, caso houvesse regularizado sua atividade, por meio da emissão de notas de venda, poderia, ainda, ter optado peio lucro presumido, porem, optou pela sistemática do Simples. Assim, a autoridade fiscal poderia ter lavrado o auto de infração pelo Lucro Arbitrado, o que teria reduzido em muito o valor da exigência. 16. Ataca a multa, taxandoa de confisco, injusta c divorciada do princípio da razoabilidade. Transcreve manifestação doutrinária e afirma que a Constituição Fl. 943DF CARF MF 6 contempla o princípio da capacidade contributiva c da vedação ao confisco, atingindo tanto as penas fiscais quanto os tributos. 17. Invoca que o lançamento foi emitido ao arrepio da norma, já que inexistindo o fato gerador, a tipificação legal descrita no enquadramento legal fica prejudicada, pois inexistente. Assevera que a legislação citada na descrição dos fatos c o enquadramento legal, trata da penalidade aplicada especificamente quanto à omissão de receita por depósitos bancários não escriturados. Novamente argumenta no sentido de que não c justo que seja apenado com o recolhimento dos tributos pela sistemática do Simples, já que a obrigação dali decorrente c impagável. Alega não ler agido de má fé, o que torna indevida a multa de 150%; que admitiu sua condição de intermediária de negócios; que os autos de infração caracterizam um verdadeiro festival de irregularidades e devem ser anulados; que estão sem embasamento legal, apoiados em hipóteses e presunções. 18. Pede, novamente, a aplicação do disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional; faz alusão ao artigo 196 do mesmo comando legal, contesta a lavratura da exigência fora dc seu estabelecimento; volta à carga acerca da interpretação mais benigna quanto às penalidades; transcreve vasta doutrina sobre o assunto e finaliza solicitando que os autos sejam anulados. A DRJ em Curitiba julgou a impugnação improcedente, nos termos do acórdão assim ementado (fl. 881 e segs): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. Comprovado que o processo obedece a todos os requisitos previstos em lei e que não se apresentam nos autos nenhum dos motivos de nulidades apontados no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, descabem as alegações do interessado. DECISÕES ADMINISTRATIVAS OU JUDICIAIS. A eficácia de decisões administrativas ou judiciais alcança apenas aqueles que originalmente figuraram na contenda. Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2007 SITUAÇÃO EXCLUDENTE Comprovado que a pessoa jurídica se enquadra em uma das situações excludentes impostas pela norma que rege o Simples, é de se manter os efeitos do ato declaratório. ESTATUTO DA MICROEMPRESA. EFEITOS TRIBUTÁRIOS. O tratamento tributário simplificado e favorecido das microempresas e das empresas de pequeno porte é o estabelecido pela Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e alterações posteriores, não se aplicando, para esse efeito, as normas constantes da Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999. ART. 179 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TRATAMENTO FAVORECIDO. LEI nº 9.317/96. O art. 9º, inciso II, da Lei nº 9.317/96, é norma infraconstitucional que vem ofertar, justamente, eficácia jurídica ao que consignado no art. 179, in fine, da Constituição, que é norma constitucional de eficácia limitada. Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2007 Fl. 944DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 942 7 EXCLUSÃO AO SIMPLES NACIONAL. Embora a exclusão ao Simples Nacional não tenha sido explicitamente contestada, a ela aplicamse os mesmos argumentos dispensados em relação à exclusão do Simples Federal. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE CONTAS BANCÁRIAS. A falta de escrituração de contas bancárias torna a contabilidade imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, autorizando o arbitramento do lucro. PIS. COFINS. CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplicase ao lançamento reflexo alusivo ao PIS, à Cofins e à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ. Cientificada da decisão em 23/03/2011 (fls. 904), a contribuinte interpôs o recurso voluntário no dia 20 do mês seguinte (fls. 905), alegando, em síntese: (i) a acusação do Agente Fiscal de que as cartasproposta teriam sido forjadas não encontra guarida nos documentos que compõem a formação do processo administrativo, ficando somente no campo de sua imaginação. Transcreve, então, trecho do documento apresentado em 1/12/2009 no curso da fiscalização, (fls. 424 e segs) que explica que, por inexperiência do funcionário, inúmeros documentos foram inutilizados, e transcreve dados extraídos da conta corrente no Banco do Brasil referente a 3 notas fiscais. (ii) repete sua defesa de que "empresas de diversas localidades do País, mais acentuadamente da região Norte e Nordeste, contataram a empresa requerente, para adquirir e remeter FEIJÃO, diretamente do produtor, tendo como destinatárias aquelas empresas, remetendo o numerário, como adiantamento para tais aquisições, na conta corrente da empresa". (iii) reafirma que todas as cartasremessas foram devidamente acompanhadas das notas fiscais de Produtor Rural (fls. 424 e seguintes do caderno processual administrativo fiscal), observando que os valores das notas, apesar e a despeito de não corresponder exatamente aos valores dos depósitos bancários, tinham seus valores aproximados, bem como as datas dos depósitos bancários eram também aproximadas, quando não coincidentes. E explica que os valores não eram exatos tendo em vista que, via de regra, eram realizados com "demais verbas, tais como, verbi gratia, a própria comissão por saca de feijão e/ou frete já incluso em referido depósito". (iv) repete que juntou, à época, cópias de contas telefônicas a fim de provar que havia contato mais direto, através de telefonemas de confirmação, entre a empresa fiscalizada e as empresas interessadas em seu serviço de intermediação. (v) afirma novamente que não tinha a previsão de intermediação de negócios em seus atos constitutivos por ausência de orientação do profissional contábil (vi) clama aplicação do art. 112 do CTN por ter havido interpretação subjetiva do agente fiscal. (vii) afirma que " Resumindo, então, poderia perfeitamente o sr. Auditor Fiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de Fl. 945DF CARF MF 8 contabilidade, ao invés do SIMPLES, como o fez, o que teria diminuído em muito o valor do tributo e contribuições." (fl. 915). (viii) sustenta que a multa aplicada tem caráter confiscatório. O processo ficou sobrestado por envolver matéria relativa à RMF (Resolução n.º 110300.058) Recebi o processo em distribuição realizada em 26 de janeiro de 2018. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Como se percebe do relatório supra, a Recorrente não se insurgiu especificamente contra nenhum ponto da decisão da DRJ/CTA, repetindo basicamente os termos da impugnação e contestando apenas o procedimento de fiscalização. Por tal motivo, em alguns trechos deste voto farei referência literal aos fundamentos da decisão recorrida, conforme autoriza o artigo 57, § 3º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização intimou o contribuinte por diversas vezes a apresentar documentos e esclarecimentos, atendendo aos diversos pedidos de prorrogação de prazo. No termo de intimação entregue em 31/05/2010 foram detalhados os elementos necessários à correta apuração da base de cálculo pelo regime do lucro real ou a necessidade de manifestação de tributação pelo lucro presumido. O prazo para atendimento da intimação venceu sem qualquer manifestação. Nesse contexto, e considerando também os indícios de imprestabilidade da escrituração abaixo descritos (em especial o fato de que o valor omitido representava 92,5% da receita total), a autoridade autuante calculou os tributos devidos pelo regime do Lucro Arbitrado, com base no artigo 530, incisos II e III, do RIR/99, utilizando se do regime de caixa para o reconhecimento de receita, haja vista que a maior parte dos valores foram apurados a partir de extratos bancários. Sobre a escrituração, a autoridade autuante verificou que para o ano calendário de 2007 a contribuinte escriturou receitas no montante de R$ 496.838,20 (fl. 56), mas declarou à Receita Federal somente R$ 157.922,41 (fls. 561, 568 e 569). Além disso, o levantamento das informações bancárias levou à constatação de expressivas diferenças entre os créditos levantados a partir dos extratos e os valores escriturados. Os indícios de omissão assim apurados totalizaram R$ 6.160.685,91 em 2007 e levaram a autoridade fiscal ao entendimento preliminar de que inúmeras operações protagonizadas pela contribuinte circularam à margem da contabilidade. Assim, a receita bruta total apurada, compreendendo a receita escriturada mais a receita omitida, totalizou R$6.657.524,11 em 2007. Intimada a se manifestar, a empresa limitouse a explicar o que repetiu em sua impugnação e na peça recursal, em síntese, que além praticar o comércio atuava também Fl. 946DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 943 9 como intermediário (representação comercial) na aquisição de produtos agrícolas, sendo remunerado por comissão, e que os pagamentos aos produtores eram realizados através de sua conta corrente, utilizandose dos recursos depositados remotamente pelos interessados, a título de adiantamento. Aduziu também que teve dificuldade na obtenção das provas em razão da inutilização de diversos documentos comprobatórios dessa intermediação causada por um inexperiente funcionário da empresa. Sobre a atividade de intermediação, a fiscalização observou que em nenhum momento a contribuinte quantificou as eventuais comissões recebidas, não identificou em sua contabilidade, registros de receitas a esse título e também não lhe foram disponibilizadas as respectivas notas fiscais relativas à prestação de serviços de intermediação. A contribuinte pretendeu comprovar que exercia as atividades de intermediação com a apresentação, a título de amostragem, de 25 cartasproposta e seus anexos (fls. 452525), na intenção de vincular diversas operações reais de venda de feijão realizadas por produtores da região com o seu pretenso papel de intermediadora. Não obstante, nas notas fiscais dos produtores não foram encontrados quaisquer indícios dessa intermediação, sendo que os únicos documentos que fazem referência ao nome da contribuinte na qualidade de intermediadora seriam as cartasproposta que, além de não estarem vinculadas aos créditos bancários relacionados pela fiscalização, apresentavam indícios de terem sido forjadas. Dentre tais indícios a fiscalização destacou: a) Todas as cartasproposta, menos uma, parecem terem saído da mesma fôrma (mesmo padrão, mesma formatação, mesma fonte), embora tenham sido emitidas, teoricamente, em datas e cidades diferentes. As cidades observadas foram 18 e significativamente distantes da sede do Fiscalizado, tais como Manaus/AM, Belém/PA, Ananindeua/PA, Itabaiana/SE, Gama/DF, Campo Grande/MS, Várzea Grande/MT e São José do Rio Preto/SP, entre outras; b) Somente uma das 25 cartasproposta contém data de emissão. Tratase de um elemento vital em qualquer proposta minimamente séria, haja vista as implicações legais decorrentes, em especial no que diz respeito ao prazo de validade; c) Todas as assinaturas dos subscritores das propostas são providencialmente ilegíveis e sem identificação, certamente para evitar um possível reconhecimento de firma; d) O antigo e desusado "carimbo do CGC" foi cirurgicamente aplicado nas cartasproposta, o que remete à lembrança de uma linha de produção. Da mesma forma, os aceites do titular indicam terem sido coletados seqüencialmente, embora em datas díspares; e) Um dos aceites ("Ciente e de acordo") foi datado fora do período da fiscalização (fl. 476) e outro corresponde a um domingo (fl. 483); e f) Por fim, vale a pena observar, também, o esforço empreendido pelo Contribuinte para reproduzir uma mesma assinatura, em Fl. 947DF CARF MF 10 dois documentos diferentes, supostamente emitidos pela mesma empresa (fls. 430478; fls. 472473). Diante disso, concluiu a autoridade autuante que a contribuinte não conseguiu comprovar que exercia a atividade de intermediação de negócios, tampouco comprovou que os créditos bancários relacionados pela fiscalização correspondiam a adiantamentos repassados por compradores de cereais. Por conseguinte, concluiu que as diferenças apontadas correspondem, sim, a receitas operacionais que circularam à margem da contabilidade, sem tributação. A fiscalização observou, ademais, que se lograsse comprovar o exercício da atividade de intermediação de negócios — o que em sua análise não conseguiu fazer — teria incorrido em hipótese de exclusão do SIMPLES, e com efeitos retroativos, nos termos dos artigos 9o, XIII, 13, "a", e 15, II, da Lei n° 9.317/1996. Em suas peças de defesa a contribuinte não trouxe qualquer fato ou informação nova que pudesse infirmar as conclusões da autoridade fiscal autuante. No caso, para a comprovação das atividades de intermediação seria imprescindível a apresentação das respectivas notas fiscais. Todavia, conforme observou a decisão recorrida, "22. Da análise das explicações apresentadas, a autoridade fiscal intimou o sujeito passivo a apresentar todas as notas fiscais de entrada e de saída, posto que o mesmo afirmou exercer atividade de agente comissionado. A maioria das notas fiscais apresentadas se referem a movimentação de mercadorias; as notas de prestação de serviços foram poucas e com lacunas de numeração, limitando a análise (...)". Ainda conforme apontou a decisão recorrida: "75. Conforme bem observado pelo sujeito passivo, a autoridade fiscal efetuou diversas anotações ao lado dos documentos apresentados, num verdadeiro exercício de paciência, a fim de tentar estabelecer se existia alguma relação entre os valores questionados e aqueles ali expressos, sem nada conseguir. O empenho do auditor veio suprir o trabalho que deveria ter sido feito pelo contribuinte, a quem competia afastar a presunção de omissão de receitas, por meio da vinculação entre os valores questionados c os documentos apresentados. O fato de ele ter desprezado as cartas proposta se justifica por serem elas os únicos documentos que estabeleceriam algum vínculo do interessado com as operações de vencia do feijão por produtores rurais da região. Em nenhuma nota fiscal existe qualquer menção a seu nome na qualidade de intermediador, nem tão pouco, existe menção a algum valor pago a título de comissão. E mais, as cartas proposta apresentam uma série de indícios de que tenham sido forjadas como o fato de não possuírem data de emissão; manterem sempre o mesmo padrão, embora, em tese, tenham origem em cidades dispares; divergência nas assinaturas e outros. Tudo isso foi minuciosamente descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 622634." Assim, no caso, não vejo como as razões da Recorrente possam prosperar. Quanto à aplicação do art. 112 do CTN, devese ter em mente que os benefícios do "in dúbio pro reo" determinados no citado artigo só se aplicam a penalidades e não quanto ao principal de tributo. Além disso, sua aplicação está reservada ao caso de dúvidas quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias material do fato, ou à natureza dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade ou punibilidade, ou à natureza da penalidade aplicável ou à sua graduação, o que não é o caso do presente processo, em que houve minuciosa descrição do procedimento fiscal e a completa ausência de provas do quanto alegado pela contribuinte. Fl. 948DF CARF MF Processo nº 10935.002798/201017 Acórdão n.º 1401002.364 S1C4T1 Fl. 944 11 Sobre o argumento de que a fiscalização "poderia perfeitamente o sr. AuditorFiscal ter lavrado o Auto de Infração pelo método do lucro arbitrado, por falta de contabilidade", foi exatamente o que o fiscal fez, do que se depreende que a Recorrente não contesta a sistemática de tributação utilizada para a lavratura do auto de infração. Por fim, quanto ao caráter confiscatório da multa, observo que esta está prescrita em lei e, nos termos da Súmula CARF n. 2, "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Isso também observou a decisão recorrida: 60. No caso em análise, ocorreu uma serie de fatos, minuciosamente descritos às fls.622634 que por si só caracterizam a intenção dolosa do agente, fazendo com que a imputação da multa no percentual maior (150%) esteja dc acordo com os ditames legais. Indubitavelmente, a prática contumaz do contribuinte, em omitir mais de 97% das receitas auferidas no ano em análise. 61. No presente caso, o interessado ocultou fatos tributáveis e assim, descumpriu a obrigação de efetuar o pagamento do imposto devido. Tendo esse valor de imposto devido ficado indisponível para o Estado, fazse, pois, necessário o ressarcimento por esta indisponibilidade monetária. Dispositivo Ante o exposto, oriento meu voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 949DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901590/2008-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.948
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 15 90 /2 00 8- 07 Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.619, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13884.901590/200807 Acórdão n.º 3401004.948 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901089/2014-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.051
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 10 89 /2 01 4- 41 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: PRELIMINARMENTE 1. que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir, eis que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, análise esta que era condição sine qua non para alicerçar as razões de decidir do despacho decisório”; 2. que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a decisão do julgador de primeiro grau, o que é direito constitucionalmente assegurado. A falta destes elementos concretos, fundamentos embasados na legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r. despacho rescisório implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o amplo direito de defesa à recorrente, o r. despacho decisório avilta também, conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”; 3. que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defenderse amplamente da r. decisão do órgão fiscal originário, o presente processo administrativo não terá seu deslinde normal, razão pela contrariouse o consagrado devido processo legal”; 4. que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento em que foi exarado o r. despacho decisório o curso deste processo administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 4 3 através da integral anulação do processo administrativo desde o início, inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”; 5. que, “requerse que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os princípios que norteiam os processos administrativos”. NO MÉRITO Depois de fazer breve histórico da COFINS e do PIS, aponta para decisão prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições. Literalmente: “Recentemente a matéria foi definitivamente arraigada pelo C. Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG, onde o contribuinte se consagrou vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno ressaltar os ensinamentos do Min. Marco Aurélio que nos autos do aludido julgamento cravou: (...) Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído no conceito de "faturamento", mas mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas, razão pela qual por todas as razões aqui expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se faz de solar clareza a necessidade de reformar a r. decisão guerreada e homologar as compensações levadas a termo através das PERDCOMPs cotejadas. Reiterese, porque se cuida de decisão recente e nova no mundo tributário, posto que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e do PIS (Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG), de modo que a inclusão do ICMS na base de cálculo das Contribuições ao PIS e à Cofins é ilegítima e inconstitucional, pois fere o princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo 195, I, “b” da CF/88 e o art. 110 do CTN, porque receita e faturamento são conceitos de direito privado que não podem ser alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para definir competência tributária, pelo que resta evidente o crédito da Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para que sejam definitivamente homologadas as compensações levadas a termo pelo contribuinte recorrente”. DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO Prossegue argumentando ter direito à compensação em face da exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que se assim o fizesse a autoridade administrativa singular, certamente homologaria a compensação em Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 5 4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve mesmo ser reformado, o que se requer adiante”. DO PEDIDO E conclui requerendo “o regular processamento, ulterior apreciação, concessão de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que seja anulado o vertente processo administrativo, nos moldes da fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, e para que, no seu mérito, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que sejam homologadas as almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.018, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901078/2014 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.018): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Afasto, de plano, a preliminar de nulidade do acórdão a quo, tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar a esta decisão. De fato, o que se observa é a irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 6 5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. Preliminar rejeitada. Passo ao mérito. Sabidamente, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Acresçase que, concretamente, a contribuinte não acostou um documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa mostrar o direito que alega ter. Sua linha de argumento limitase em afirmar que a Suprema Corte (em decisão ainda sem efeito erga omnes) teria decidido pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o reflexo disso em seus demonstrativos contábeis. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 7 6 Ou seja, meras alegações sem que tenham vindo aos autos quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse. Sabidamente, a base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial, esta que aproveite individualmente a recorrente ou que seja prolatada com efeito erga omnes. Não há, no caso, nem um nem outro. Desse modo, especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, somente podem ser excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos os regimes. Admitir qualquer outra exclusão equivaleria a afastar a aplicação da lei, o que é vedado na esfera administrativa. Portanto, essa discussão é estéril em sede de julgamento administrativo. Finalmente, como bem observado pela decisão de 1º Piso, a recorrente transmitiu inúmeras declarações de compensação informando como crédito passível de compensação um único DARF e nos pedidos de compensação formalizados pela recorrente, os débitos que intenta compensar ultrapassam – e muito o valor desse suposto crédito. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901089/201441 Acórdão n.º 1402003.051 S1C4T2 Fl. 8 7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.' Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.002902/2005-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa.
NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL.
Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972).
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO.
Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN.
DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO.
Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
Numero da decisão: 1401-002.404
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendo-se os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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SALDO NEGATIVO. Recorrente VIA ENGENHARIA S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. O fato de não ter sido fornecido ao contribuinte documento ao qual o Despacho Decisório faz referência pode ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual lhe competia se manifestar, importando portanto em cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. SUPERAÇÃO. MÉRITO FAVORÁVEL. Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. Para que o tributo possa ser considerado como devido não basta a mera revisão, pela autoridade fiscal, da declaração de ajuste anual, devendo necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. DECLARAÇÃO MANUAL. ALTERAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA MODELO ELETRÔNICO. RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE FACE À PECULIARIDADE DO CASO. Embora a retificação da DCOMP para a inclusão de débitos novos (valores adicionais) esteja vedada, isso não impede a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 29 02 /2 00 5- 64 Fl. 956DF CARF MF 2 contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, superar a nulidade apontada para, no mérito, dar integral provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de tratamento manual de diversos PER/DCOMP relacionados na planilha às fls. 628/633, originais e retificadores, onde o contribuinte efetuou compensações de débitos no valor total de R$ 4.983.117,26 com crédito de saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário 2002. Ao apreciar os PER/DCOMP, a autoridade fiscal entendeu no Despacho Decisório de fls. 635/639 que (i) o crédito informado pelo contribuinte como decorrente de saldo negativo de IRPJ de 2002 deveria ser assim tratado, apesar de o contribuinte ter informado em sua resposta à intimação fiscal que o referido crédito se referia, na realidade, à somatória dos saldos negativos de IRPJ (R$ 3.348.631,63) e de CSLL (R$ 1.705.092,36) apurados na DIPJ/2003; e (ii) em procedimento de Auditoria da aplicação de parcela do IRPJ no Finam concluiuse que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ e, como conseqüência, foi apurado no ajuste imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 6 de março de 2008 (fl. 641), apresentou manifestação de inconformidade em 2 de abril (fls. 646655). Em 18 de junho de 2008 solicitou cópia do inteiro teor dos autos. Em 5 de novembro de 2008 apresentou "razões aditivas" de fls. 666679 alegando, em síntese: (i) nulidade do despacho decisório por vício na delegação de Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 957 3 competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa e (ii) fato superveniente que justifica a complementação da defesa, qual seja: em 14 de maio de 2008 teve ciência do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, no âmbito do qual foi realizada diligência acerca da DIPJ 2003 ano calendário 2002, a qual resultou, quanto ao IRPJ, apenas na redução do prejuízo fiscal em R$ 205.145,26, e, quanto à CSLL, em nenhuma restrição. Além disso, em tal diligência a autoridade fiscal diz, expressamente: "confirmase o saldo negativo apresentado na linha 42 da Ficha 17 da DIPJ/2003", em que se apresenta o valor de R$ 1.720.733,68. Em 29 de maio de 2009 a DRJ julgou a manifestação parcialmente procedente, em acórdão assim ementado (fl. 682695): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 RAZÕES DE DEFESA ADICIONAIS. PRECLUSÃO. O direito do contribuinte a apresentar razões de defesa preclui transcorrido o prazo de trinta dias contado da ciência da decisão que não homologou a compensação. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ E DE CSLL. UMA DECLARAÇÃO PARA CADA CRÉDITO. Se o contribuinte pretende compensar débitos com créditos representados por saldo negativo de IRPJ e de CSLL, deve apresentar um PER/DCOMP para cada tipo de crédito. Não é permitida a inclusão em um PER/DCOMP da somatória dos referidos créditos. IMPOSTO ESTIMADO. PARCELA DESTINADA AO FINAM. VEDAÇÃO À RESTITUIÇÃO. O montante destinado ao Finam não pode integrar o montante deduzido no ajuste a título de imposto estimado pago e, por conseguinte, compor a formação do saldo negativo, vez que sua restituição é vedada, conforme art. 7° da IN SRF n° 210/2002. AUSÊNCIA DE PERC. PERDA DE PRAZO. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. Transcorrido o prazo para a apresentação de Perc destinado a revisar o resultado da auditoria que concluiu pela existência de excesso de destinação ao Finam e, por conseguinte, pela ausência de recolhimento de imposto estimado, preclui o direito do contribuinte de contestar administrativamente o não reconhecimento do incentivo pleiteado. SALDO NEGATIVO APÓS EXCLUSÃO DA PARCELA DESTINADA AO FINOR. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. Verificada a existência de saldo negativo mesmo após a exclusão do imposto estimado destinado ao Finam, é devido reconhecer o direito creditório neste montante e homologar as compensações efetuadas até o limite deste direito, devidamente atualizado. Solicitação Deferida em Parte Fl. 958DF CARF MF 4 Em resumo, a DRJ (i) manteve o indeferimento da CSLL, por entender que o PER/DCOMP deve indicar no crédito um único tributo ou contribuição, não sendo aceita assim a indicação de um crédito de saldo negativo de IRPJ quando este na verdade se refere ao somatório de saldos negativos de IRPJ e CSLL; e (ii) deferiu parte do IRPJ pleiteado, no montante de R$ 3.024.556,91, por considerar os resultados da auditoria da DIPJ 2003, a qual concluiu que houve excesso de aplicação dos incentivos fiscais em detrimento do IRPJ no ano calendário de 2002 tendo apurado, no ajuste, imposto a recolher no valor de R$ 343.626,37. Intimada em 11 de agosto de 2009 (fl. 698), a contribuinte interpôs recurso voluntário em 25 de agosto de 2009 (fls. 699714), sustentando, em síntese: (i) reitera os argumentos acerca da nulidade do despacho decisório por vício na delegação de competência e/ou sonegação de informação essencial à sua boa defesa. (ii) observa que a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório sob o argumento de que a empresa teria se recusado a fazer as retificações das DCOMP, que ocupam 499 folhas deste processo. Todavia, sustenta que não houve recusa de retificação e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Assim, a despeito de reconhecer o engano, defende que, para uma mudança tão brusca e completa de procedimentos, no âmbito de matéria tão complexa, as instruções baixadas pela Receita Federal poderiam ter sido mais objetivas por exemplo, a IN SRF 414/2004 poderia ter explicitado que "com o advento do programa gerador, tomouse necessário entregar um PER/DCOMP para cada crédito distinto", mas não o fez. Argumenta que o Princípio da Razoabilidade, previsto no art. 2° da Lei 9.784, de 1999, que deve imperar nos atos da Administração Pública, não condiz com um procedimento tão severo que, existente fórmula alternativa licita, seja adotado uma fórmula de procedimento que implique punição tão vultosa, qual seja a perda de um direito no valor de R$ 1.705.092,36 (vejase a alínea 'b' do item 32), por conta de um engano formal. (iii) no item "Falta de Apuração dos Débitos Remanescentes às Compensações Homologadas" reitera argumentos que, se procedentes, conduziriam à nulidade do despacho decisório já defendida em item anterior. (iv) sobre os recolhimentos efetuados com o código do FINAM: sustenta que a parcela de RS 343.626,37, deve integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido porque, conforme sustentou em suas Razões Aditivas, até meados de 2001 o simples recolhimento de parte do IRPJ em DARF específico (com código do FINAM) já correspondia a uma "opção" pelo incentivo fiscal (art 40 da Lei 9.532/97), no entanto ao final de 2001, com exceção das aplicações nos chamados "projetos próprios" já aprovados em 2001 (art. 90 da Lei 8.167/1991), as possibilidades das demais aplicações de incentivos fiscais em Fundos Regionais de Investimento foram todas revogadas, conforme incisos XVI e XVIII do art. 32 da Medida Provisória 2.1565/2001 e inciso IV do art. 32 da MP 2.1575/2001. Assim, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Neste sentido, argumenta que se aplica ao caso o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 608), cujo teor é o seguinte: Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 958 5 "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Em 26 de maio de 2011, esta Turma baixou o julgamento em diligência para, em síntese, transmutar a situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36, inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL constante de outro processo (10166.005511/200330) e prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza Resolução 1401000.072 (fls. 751758). A Recorrente foi cientificada do Relatório Final de Diligência, acatando na essência a transmutação solicitada e o valor do crédito, mas discordando em vários pontos do processo de compensação dos débitos apontados, seja no aspecto de valoração das compensações seja em retificações não consideradas pela fiscalização, haja vista as diversas DCOMPs retificadoras desconsideradas. Então, em 5 de março de 2013, esta Turma novamente baixou o processo em diligência, nos termos da Resolução 1401000.205: Eis, em resumo, abaixo, os termos da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência: A PRIMEIRA DIVERGÊNCIA: (...) 30. Vêse, pois, que a autoridade fiscal, ao expedir os Demonstrativos Analíticos de Compensação (DAC) de fls. 729/794, corrigiu acuradamente todos os equívocos apontados acima, que já tinham sido expostos nos itens 25/28 das Razões Aditivas de fls. 654/670. 31. Todavia, a autoridade fiscal fez surgir novas pequenas discrepâncias. As 195 compensações processadas por meio dos DAC de fls. 729/794 passaram a constituir, dentro do processo, mais uma relação de débitos, cuja soma alcança o valor de R$ 4.992.132,30, valor esse que volta a divergir da soma dos débitos compensados nas DCOMP. 32. Há uma diferença de R$ 507,89. 33. Constatouse que essa diferença foi provocada por dois fatores, expostos a seguir. 34. Em primeiro lugar, houve engano da autoridade fiscal em proceder à "compensação 044 de 195", no DAC de fl. 743, do débito de R$ 534,89, referente ao código 5987, como se explica a seguir. 34.1. Verificase, pela DCOMP 31078.85291.180204.1.3.025149 (f. 115/117), que nela foi declarado um "débito global" no valor de R$ 2.487,24, referente a "retenção de contribuições sobre pagamentos de Fl. 960DF CARF MF 6 pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado CSLL, COFINS e PIS/PASEP", sob o código "59520". 34.2. Houve um engano de codificação, porque esse "débito", segundo observação explícita na própria DCOMP, engloba três tipos de contribuições distintas, as quais deveriam ter sido declaradas sob os códigos específicos de 5987 (CSLL), 5960 (COFINS) e 5979 (PIS), nos valores de R$ 534,89, R$ 1.604,67 e R$ 347,68. 34.3. A empresa tentou corrigir o engano, apresentando em 27.04.2004 a DCOMP retificadora 14609.23624.270404.1.7.021508 (f. 118/121) e, em 07.05.2004, a DCOMP retificadora 28073.36800.070504.1.7.024950 (f. 122/125), nas quais o "débito global" de R$ 2.487,24 foi devidamente apropriado aos códigos competentes, como se vê às fls. 120/121 e 124/125. 34.4. Todavia, a DIORT, ao examinar as três DCOMP, decidiu acolher a DCOMP original, fazendo o registro no PROFISC dos débitos consignados na fl. 117 (código 1708: R$ 802,34; código 3208: R$ 1.163,97; código 5952: R$ 2.487,24), como se vê pelos carimbos "PROFISC" apostos apenas na referida fl. 117. Foram, também, esses os débitos consignados, seja nos Relatórios do Profísc: o débito de R$ 802,34 à fl. 551, o débito de R$ 1.163,97 à fl. 560 e o débito de R$ 2.487,24 à fl. 562; seja nos Demonstrativos que integram a Carta de Cobrança: os três débitos à fl. 634. 34.5. Constatase, por essas razões, que a "compensação 044 de 195", feita no DAC de fl. 743, foi indevida. Cumpre ser cancelada, com o restabelecimento do crédito nela utilizado.: A SEGUNDA DIVERGÊNCIA: 35. Em segundo lugar, houve também engano da autoridade fiscal, quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 (fls. 248/251), atribuiu ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, em vez do valor correto de R$ 396,99, como na DCOMP à fl. 250. 35.1. Haverá também que se corrigir esse segundo engano, utilizando se crédito adicional de R$ 27,00, na "compensação 076 de 195", que se refere ao débito de código 3208, no valor de R$ 396,99, declarado na DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370. 36. Finalmente, constatouse uma última discrepância que, embora não resulte em modificação do montante dos débitos compensados, precisa ser corrigida, para se resguardar a empresa de possíveis aborrecimentos futuros com cobrança indevida. 36.1. Tratase da indicação equivocada de código do tributo na "compensação 067 de 195". 36.2. Em relação à DCOMP 13766.84441.100504.1.7.020732 (fls. 236/238), retificadora da DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 (fl. 230/232), cujos débitos foram tratados nos itens 067 e 068 do DAC de fl. 751, observase que a autoridade fiscal compensou o débito de R$ 9.630,92 como se fosse débito do código 6912, como consta na DCOMP original. Ocorre que, no presente caso, houve o acolhimento da DCOMP retificadora, de tal sorte que o débito de R$ 9.630,92 referese ao código 8109, como consta à fl. 238. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 959 7 36.3. Haverá que se corrigir, portanto, a "compensação 067" do DAC de fl. 751. Pois, o código do débito de R$ 9.630,92 é "8109", conforme consta no Registro do Profísc (à fl. 571), bem como no Demonstrativo da Carta de Cobrança (à fl. 634). Por fim, a TERCEIRA DIVERGÊNCIA relativa a data da valoração das compensações: 39.Nesse contexto, dãose por atendidas as questões levantadas nos itens 77/78 e 86, 'd', do Recurso Voluntário: os DAC de fls. 729/794 atendem à exigência do item V do art. 55 da IN 900/2008, que tem lastro no art. 74, § 7o, da Lei 9.430/96. 40.Ora, se o trabalho fiscal foi, assim, bem realizado, como se explicaria a existência da insuficiência de crédito, no valor de R$ 135.979,72? 41.Essa falta de crédito explicase, basicamente, pela forma como a autoridade fiscal tratou os débitos da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15). 41.1.Essa DCOMP foi transmitida com o objetivo de substituir a compensação que se fizera, em 13.08.2003, por meio de Declaração Manual formalizada no Processo 10166.009005/200310, conforme esclarecimentos prestados nos itens 03/05 e 08 do Recurso Voluntário (à fl. 689). 41.2.Encontramse, às fls. 143/148 do Processo 10166.005511/200330 ("disponível para consulta no eprocesso fl. 802", conforme item 5 do Relatório da Diligência), os elementos essenciais que constituem a compensação feita mediante formulário de preenchimento manual, protocolada em 13.08.2003. Por meio desses elementos é possível constatar que os débitos declarados na compensação manual são exatamente os mesmos que constam da DCOMP eletrônica de fls. 12/15, os quais foram tratados nas compensações de n° 190 a 195 dos DAC de fls. 792/792. 41.3.Por essas compensações (190 a 195 dos DAC), observase que a autoridade fiscal fez incidir sobre os débitos compensados na DCOMP de fls. 12/15 os encargos de multa e juros, considerando como data de liquidação dos débitos a data de "17.03.2005", data em que foi transmitida a DCOMP, e não a data de 13.08.2003, quando foi protocolada a compensação manual, conforme protocolo de abertura do Processo 10166.009005/200310, constante da fl. 143 do Processo 10166.005511/200330. 41.4.Com isso, houve incidência de multas e juros de mora, que não constam da DCOMP 16039.84029.170305.1.3.020804 (f. 12/15), provocando um consumo maior de crédito, conforme se vê pela comparação dos dois quadros apresentados a seguir: 41.5. A recorrente pleiteia que os encargos sejam calculados tendo como termo final da liquidação a data de 13.08.2003, situação que resultará em redução das multas e juros de mora, especialmente em relação às compensações 192 e 195. Fl. 962DF CARF MF 8 (...) Ainda no mesmo contexto dessa TERCEIRA DIVERGÊNCIA, questiona a forma de cálculo de três outras Dcomp: 42. Ademais, houve, ainda discrepâncias na forma de cálculo de encargos legais em relação a três DCOMP, como se explana a seguir. (...) 42.1. Em relação à DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834 (f. 24/27), retificadora Oda DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 (f. 16/19), cujos débitos foram tratados nas compensações 001, 004, 005 e 006, realizadas nos DAC de fls. 729/730, embora esses débitos tenham sido compensados em data posterior às datas dos respectivos vencimentos, deixaram de ser computados os juros e as multas. 42.1.1.Mas, a autoridade fiscal não deixou de computar esses encargos, tomando, como base para aferir a pontualidade da liquidação, a data da DCOMP original, ou seja, 31.10.2003. 42.1.2.Assim sendo, a autoridade fiscal consumiu parcela do crédito disponível maior do que a parcela consumida pela empresa, como se vê pela comparação dos dois quadros a seguir: Como foi colocado na primeira Resolução, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a ocorrência de acontecer certos equívocos. Diante desse contexto, converto o feito novamente em diligência: Para que a fiscalização corrija as duas primeiras divergências, considerando a existência das Dcomps retificadoras, bem assim justifique o motivo pelo qual a forma de valoração adotada por ela discrepa da forma pretendida pela Recorrente e pontuada na Terceira divergência. Havendo equívoco, fazer as devidas correções. Intimar, se for o caso, o contribuinte a apresentar novas informações, esclarecimentos e retificações que entender pertinentes à solução da lide; Prosseguir na validação do saldo negativo desse crédito apurando a sua liquidez e certeza, após retificado os equívocos; Após as verificações acima, certificar se ainda resta algum débito remanescente a ser coberto, refazendo todas as imputações utilizando o Sistema pertinente da Receita Federal do Brasil; A autoridade fiscal deverá elaborar relatório conclusivo das verificações efetuadas nos itens anteriores sobre os pontos 34.5, 35.1, 36.3 e 41.5 da manifestação de inconformidade da Recorrente contra o resultado de diligência. Ao final entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 960 9 O resultado da diligência consta da Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949, a qual observou, em síntese: quanto à primeira divergência, tratase da PER/DCOMP 31078.85291.180204.1.3.02 5149, que foi retificada pela PER/DCOMP 28073.36800.070504.1.7.024950, sendo que, em consulta ao sistema SIEF/PERDCOMP verificase que a retificação foi admitida pelo sistema. em relação à segunda divergência, nesta são apontados dois pontos: (i) de fato houve engano da autoridade fiscal quando, na "compensação 076 de 195", ao tratar os débitos da DCOMP 06741.70659.160304.1.3.023370 atribuindo ao débito de código 3208 o valor de R$ 369,99, uma vez do valor correto seria de R$ 396,99. Assim, a correção do valor para R$ 396,99 foi devidamente realizada conforme se verifica na “compensação 077 de 196”. (ii) adicionalmente, a contribuinte aponta divergência na “compensação 067 de 195”, alegando que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, a retificação pretendida não fora acatada pelo sistema SIEF/PER DCOMP, haja vista que com a alteração do código do débito, em verdade, o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (eprocesso 10166.002902/200564 – fl.629). Destarte, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. sobre a terceira divergência, apenas reproduz as palavras do contribuinte para a apreciação deste CARF, visto ser de sua alçada apreciar e decidir sobre tais argumentos. Adicionalmente, observa que o Contribuinte alegou discrepância de valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834. Contudo, a PER/DCOMP retificadora não fora admitida, em função de inclusão de novo débito. A PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105. Em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos fora a data da Dcomp original, 31/10/2003. Contudo, os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003, fato que faz com que haja a incidência de multa e juros. Por fim, a Informação Fiscal justifica a dúvida suscitada na Resolução quanto aos motivos pelos quais a forma de valoração adotada pela fiscalização discrepa da forma pretendida pela Recorrente, observando que, como os débitos foram valorados até a data de transmissão da PER/DCOMP, houve a incidência de multa e juros decorrentes do atraso no pagamento. Contudo, este fato não fora calculado pelo contribuinte, que ainda recorre quanto a este ponto. Anexa então novo Demonstrativo Analítico de Compensação – DAC com as alterações detalhadas na Informação Fiscal. A contribuinte foi intimada do resultado desta segunda diligência em 25 de junho de 2016 (fl. 951952), não tendo apresentado manifestação. Fl. 964DF CARF MF 10 É o relatório. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Conforme relatado, na fase atual o presente julgamento já foi por duas vezes convertido em diligência, tendo tanto o contribuinte quanto o Fisco acatado parte dos resultados apurados e refutado alguns deles. Assim, além dos argumentos constantes do recurso voluntário, estão em julgamento também o quanto determinado pelas diligências efetuadas. Passo a tratálos nesta ordem. Preliminarmente, sustenta a Recorrente a nulidade do despacho decisório sob dois argumentos. Em primeiro lugar, defende que há vícios na delegação de competência, eis que o Despacho Decisório foi proferido pelo Chefe da DIORT, quando a competência para proferir essa decisão seria do Delegado da Receita Federal, de acordo com o art. 47 da Instrução Normativa n° 600/2005, salvo na hipótese de delegação, pelo Superintendente da Receita Federal, segundo o §6° do mesmo art. 47. Nessa toada, aponta que a Portaria DRF/BSB n° 62, de 26/03/2003, foi expedida pela "Delegada da Receita Federal em Brasília/DF", e não pelo "Superintendente da Receita Federal", como determina o § 6o do art. 47 da IN SRF 600/2005. Ademais, observa que no Despacho Decisório a autoridade fiscal não menciona que estaria assinando o documento com base em delegação de competência, de maneira que o ato administrativo não traz a necessária "motivação". A Informação Fiscal de fls 846847 (resultado da diligência realizada em resposta à Resolução 1401000.072) refutou tal argumento de maneira clara, conforme passo a reproduzir: Fl. 965DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 961 11 Desse modo, adotando os fundamentos supra referidos, não há que se considerar nulo o despacho decisório por vício na delegação de competência. A Recorrente também ataca o despacho decisório sob o argumento de que teria havido cerceamento do direito de defesa pela sonegação de informações. Isso porque o resultado da soma dos débitos listados na Carta de Cobrança (R$ 4.431.820,53. fls. 626/632) é diferente do da soma dos débitos listados no "Anexo 01" citado na alínea IV do último parágrafo do Despacho Decisório (RS 4.983.117,26 fl. 624). Buscando investigar tal diferença, e considerando que não lhe foi remetida cópia do "Anexo 01" ou da "Tabela em anexo", mas somente cópia da "Carta de Cobrança", a Recorrente observa que providenciou cópia dos autos, após o que constatou que a Carta de Fl. 966DF CARF MF 12 Cobrança não reproduz todas as informações constantes da 'Tabela em anexo", as quais seriam indispensáveis à sua boa defesa. Dessa forma, aponta que, ao preparar sua manifestação de inconformidade, a Recorrente não tinha ciência de que algumas DCOMP retificadoras tinham sido recusadas e, por decorrência, não tinha ciência dos motivos da recusa, que lhe cabia contestar. Observo que o contexto narrado nos autos aponte que provavelmente a dúvida apontada pela Recorrente tenha surgido não à época da elaboração de sua defesa, mas com a investigação mais acurada procedida pela Recorrente muito tempo após apresentar a manifestação de inconformidade. De fato, se, ao elaborar a manifestação de inconformidade, a Recorrente realmente tivesse tido tamanha dúvida quanto aos valores não homologados, era de se esperar que ela tivesse requerido cópia dos autos dentro dos 30 dias que teve para o preparo de tal peça ou, pelo menos, logo em seguida ao seu protocolo. Todavia, conforme relatado, a Recorrente apenas veio a solicitar as cópias mais de 2 meses após a apresentação da manifestação de inconformidade, tendo apresentado as razões aditivas quase 5 meses após a obtenção das cópias. De qualquer forma, fato é que a discrepância de valores e o fato de não lhe ter sido fornecido documento referido no Despacho Decisório pode sim ter prejudicado a compreensão da decisão contra a qual competia à contribuinte se manifestar. O artigo 59, inciso II, do Decreto 70.235/1979 é claro em afirmar que são nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. Não obstante, o § 3º deste mesmo artigo 59 prevê que quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Diante disso, e considerando a apresentação das Razões Aditivas, supero tal nulidade para, no mérito, reconhecer que assiste razão à Recorrente. No mérito, a Recorrente primeiramente sustenta que não houve recusa de retificação das DCOMPs e explica que a empresa, supondo que os termos ("... e, se for o caso") do penúltimo parágrafo da Intimação 271/2007 estivessem abrindo a possibilidade de se apresentar ao Fisco alguma ponderação quanto à conveniência ou não de se refazer todo o trabalho, argumentou pela conveniência de não refazer as DCOMP, em um total de 499 folhas, ponderando pela hipótese de se fazerem, internamente, no âmbito da Receita Federal, os ajustes contábeis que pudessem comportar as compensações feitas. Este CARF, por meio das Resoluções já emitidas no presente processo, acatou a justificativa acima quanto ao erro no preenchimento da DIPJ quando determinou, primeiramente a transmutação da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 inicialmente na natureza de IRPJ para CSLL e, posteriormente, a investigação das divergências em tal imputação de créditos. Assim ponderou a Resolução 1401000.079: "A recorrente se por um lado cometera erros formais que poderiam comprometer a operacionalidade do sistema, por outro deixou inequívoco que sua intenção era mesma aproveitar também o saldo negativo da CSLL do anocalendário de 2002. Em nome do princípio da verdade material e da fungibilidade, devese permitir a retificação da Dcomp quando é patente o erro material no seu preenchimento, o que ficou configurado no caso concreto, sendo isso inconteste. Por outro lado, devese levar em consideração que os referidos pedidos foram feitos parte na sistemática de compensação manual e parte através da nova Fl. 967DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 962 13 Sistemática (PER/Dcomp) o que é razoável se levar em conta a razoabilidade de acontecer certos equívocos. Outrossim, retrata a Recorrente em seu Recurso a existência de um outro processo de compensação (manual 10166.005511/200330) que se refere também à apuração de saldo da CSLL e IRPJ de 2002, o que torna mais incoerente ainda não se reconhecer o pedido conjunto de IRPJ e CSLL nestes autos: 17. Enquanto aguardava a decisão sobre a Manifestação de Inconformidade interposta em 02.04.2008, a empresa veio a ser notificada, em 14.05.2008, do Despacho Decisório proferido no Processo 10166.005511/200330, que culmina no efetivo reconhecimento do direito creditório referente ao "saldo negativo da CSLL", como se depreende do item 16. combinado com os itens 8 a 15, todos do Despacho Decisório proferido às fls. 175/180 do referido Processo 10166.005511/200330, conforme se vê pela cópia que se junta ao presente Recurso Voluntário, como Documento n° 01. 18. Pelo teor do Despacho proferido no Processo 10166.005511/200330, a empresa tomou conhecimento de que, nele, foram realizados exames fiscais sobre matéria comum aos dois processos, sem que os resultados apurados tenham sido referidos no processo em referência (de n° 10166.002902/200564). Assim, pelo fato de que tais exames fiscais levaram ao reconhecimento da correção e da procedência do saldo negativo da CSLL, no âmbito do Processo 10166.005511/200330, a empresa requereu cópia deste processo para examinar o assunto." De fato, é questão de razoabilidade ponderar que, se por um lado o contribuinte operou em equívoco, este era justificado considerando o contexto da apresentação das declarações de compensação ora em análise conforme explicou a Recorrente na peça de fls. 600608: 1 Na DIPJ 2003/2002 apurouse saldo negativo,, passível de compensação, no valor global de R$ 5.053.723,99. Naquela ocasião, o pedido de compensação era manual, conforme mostram documentos anexos. Bastava a discriminação dos créditos, sem a necessidade de segregar os códigos e respectivos valores. Assim, o pedido de compensação referente ao. saldo negativo de R$ 5.053.723,99 foi recebido pela SRF em 13/08/03 através do processo 10166.009005/200310. 1.1 Neste processo houve encaminhamento de Declaração de compensação, na forma do § 10 do artigo 21 da IN SRF 210/2002. 1.2 Na Declaração de Compensação, entregue em 13/08/2003, a empresa listou os créditos de pagamentos de tributos, com os respectivos códigos especificados, no montante de R$ 5.053.723,99, créditos esses que resultaram em saldos negativos de IRPJ e de CSLL, apurados na DIPJ de 2003/2002. 1.3 Pela IN 210/2002, NÃO ERA NECESSÁRIO FAZER DECLARAÇÕES DISTINTAS PARA IRPJ e CSLL." Fl. 968DF CARF MF 14 Assim, conforme já apontaram as resoluções proferidas no âmbito do presente processo, é de se admitir a alteração da situação do crédito no valor de R$ 1.705.092,36 da natureza de IRPJ para CSLL. A questão das divergências em tal imputação de créditos será tratada em item próprio a seguir. Quanto aos recolhimentos efetuados com o código do FINAM, entendo que também assiste razão à Recorrente, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido. A recusa de tal valor ocorreu como resultado da Auditoria de Revisão de Declaração do IRPJ anocalendário de 2002, exercício de 2003 de fl. 611, de seguinte teor (grifos nossos): Trata a presente auditoria de Revisão de Declaração Imposto de Renda Pessoa Jurídica, anocalendário de 2002, exercício de 2003, objetivando apurar o valor do imposto de renda pessoa jurídica recolhido a menor em decorrência de excesso na destinação feita ao FOR, FINAM e/ou FUNRES, Conforme § 7° do art. 601, Decreto n° 3.000/1999 (RIR); e §§ IN 6° e 7° do art. 4°, Lei n° 9.53211997. O contribuinte em questão recolheu DARF com código específico para o FINAM, no anocalendário de 2002, conforme cópias em anexo (código 6692). A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), com base no(s) DARF recolhido(s) com código(s) específico(s) para o FINAM, e/ou com base na opção efetuada na DIPJ 2002 Ficha 29, apurou o Incentivo Fiscal a que o contribuinte teria direito, de acordo com as cópias das telas do sistema IRPJCONS. A RFB emitiu Extrato com as informações a respeito das aplicações efetuadas pela pessoa jurídica, não tendo havido manifestação por parte do interessado no prazo legal, que para o anocalendário de 2002 foi até 30.06.2006 (ADE/CORAT/67/2005). Como o processamento apurou pendência fiscal, o incentivo pleiteado não foi reconhecido, com base no art. 60 da Lei 9.069/95. Elaborouse Demonstrativo de Apuração Excesso de Aplicação em Incentivos Fiscais "(FINAMFENORFUNRES) em Detrimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — ano calendário 2002 (com base na DIPJ 2003 ND 1132428), que se encontra de acordo com o preconizado na NE Codac n° 07, de 05 de novembro de 2007, tendo sido apurado crédito tributário de imposto no valor de R$ 343.626,37 a ser .constituído pelo setor competente da RFB, conforme Solução de Consulta Interna n° 26, de 20 de setembro de 2004, da Coordenação Geral de Tributação. Conforme grifamos acima, por meio de tal procedimento a Receita Federal reconheceu que a Recorrente não fazia jus ao FINAM e apontou que o crédito tributário de R$343.626,37 deveria ser constituído. Tal circunstância impede a cobrança do crédito tributário em questão, por duas razões. Fl. 969DF CARF MF Processo nº 10166.002902/200564 Acórdão n.º 1401002.404 S1C4T1 Fl. 963 15 A uma porque, ao declarar que a empresa não fazia jus ao incentivo fiscal, a Receita Federal reconheceu que o valor recolhido sob o código 6692 (FINAM) o foi equivocadamente. De fato, conforme sustentou a Recorrente, os recursos recolhidos no ano de 2002 com códigos dos Fundos de Investimentos Regionais pelas empresas que não dispunham de "projetos próprios", como é o seu caso, não poderiam mais ser destinados ao FINAM e destinaramse, então, ao orçamento da união, o que justifica que os valores recolhidos, por engano, com o código do FINAM tenham sido computados no "saldo negativo do IRPJ" na DIPJ/2003. Aplicase, ao caso, o disposto no terceiro parágrafo do item 3 do Anexo à Norma de Execução 7/2007 (fl. 617), cujo teor é o seguinte: "Para as empresas não enquadradas no art. 9° da Lei 8.167/91, a MP 2.145, de 2 de maio de 2001, extinguiu o direito de aplicação do imposto de renda em incentivos regionais. Por essa razão, os DARF específicos recolhidos por essas empresas após 02/05/01 foram desconsiderados como opção por incentivos fiscais e, nesta auditoria, não serão computados como valores destinados aos Fundos." Além disso, não consta dos autos registro de qualquer lançamento do valor apurado como devido no procedimento de auditoria da DIPJ/2003. Ora, não basta a mera revisão da declaração de ajuste anual, deve necessariamente haver a constituição do crédito tributário como condição para a sua cobrança nos termos do artigo 142 do CTN. Assim, também dou provimento ao recurso nesse ponto, devendo a parcela de R$ 343.626,37 integrar o montante do direito creditório a ser reconhecido a título de IRPJ. Divergências apuradas nas diligências Quanto à primeira divergência e ao primeiro ponto da segunda divergência, a Informação Fiscal 0746/2016/DIORT/DRF/BSB de fls. 886949 acatou as observações efetuadas pelo contribuinte, determinando as devidas retificações no sistema. Nada a se alterar. Sobre o segundo ponto da segunda divergência, referente à “compensação 067 de 195”, a Informação Fiscal apontou que houve a retificação da PER/DCOMP 38211.75630.150304.1.3.023519 pela PER/DCOMP13766.84441.100504.1.7.020732, de modo que o débito de código 6912, no valor de R$ 9.630,92, teria sofrido retificação de código para o 8109. Contudo, observa que tal retificação não fora acatada pelo sistema porque, com a alteração do código do débito, em verdade o que se buscou fazer foi compensar um débito diferente do contido na Dcomp original, fato este não permitido pela legislação de regência. (e processo 10166.002902/200564 – fl.629). Assim, não admitida a retificação, permaneceu como vigente o débito contido na Dcomp original. “Compensação 068 de 196”, antiga “compensação 067 de 195”. Ocorre que, como sustentou a Recorrente (item 35 das Razões Aditivas), não houve a inclusão de débitos novos mas apenas retificação de códigos de débitos declarados anteriormente. Isso fica claro ao se verificar que a soma dos débitos declarados nas DCOMP retificadoras confere exatamente com a soma dos débitos declarados nas DCOMP originais que foram retificadas. Fl. 970DF CARF MF 16 É importante que se estabeleça a diferença: uma coisa é a inclusão de débitos novos (valores adicionais), outra muito diferente é a retificação de código de recolhimento declarado na DCOMP, mantendose os mesmos valores, no contexto dos autos em questão, em que houve primeiramente declaração manual, seguida de orientações para a transmissão eletrônica tendo em vista a alteração de procedimentos operada pela própria Receita Federal. Com isso querse dizer que a questão dos presentes autos é muito peculiar e comporta um tratamento específico, não aplicável a todo e qualquer caso de alteração de código de recolhimento. De fato, no caso, além de o erro de preenchimento estar claro, a forma como se pretendeu corrigilo equivocada, no entender da Receita Federal não estava clara e foi justificada pelas alterações procedimentais perpetradas pelo próprio órgão. Assim, neste ponto, também assiste razão à Recorrente. Com relação à terceira divergência, esta se refere ao valor no cálculo em função da retificação da PER/DCOMP 33178.71157.311003.1.3.020467 pela PER/DCOMP 41949.37154.070504.1.7.021834, a qual não fora admitida em função de suposta inclusão de novo débito. A Informação Fiscal observa que a PER/DCOMP retificadora que fora admitida foi a de nº 35196.90327.260404.1.7.020105 mas, em que pese a retificação, a data utilizada para compensação dos débitos foi a data da Dcomp original, 31/10/2003 e, como os débitos referentes às compensações de nº 001, 004, 005 e 006 de 196 possuem data de vencimento anterior a 31/10/2003 houve incidência de multa e juros. Pelos mesmos argumentos acima reconhecimento de erro claro quanto ao código de preenchimento e não de inclusão de novo débito devese admitir a retificação tal como procedida pela Recorrente. Diante do exposto, voto por superar a nulidade apontada para, no mérito dar integral provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a procedência das alegações da Recorrente também quanto às divergências apuradas na diligência. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 971DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.001959/2007-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1997, 1998, 1999
NORMAS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. REGULAMENTAÇÃO POR INSTRUÇÃO NORMATIVA. FORMULÁRIODEPAPEL
O artigo 76 da Instrução Normativa SRF n. 600/05 foi editado para regulamentar o §14 do artigo 74 da Lei nº 98.430/96, e, ao fazê-lo, trouxe como hipótese de configuração de "compensação não declarada" a falta de utilização do procedimento de transmissão via formulário eletrônico à Receita Federal (PERD/COMP). Tal exigência somente pode ser afastada diante da demonstração de impossibilidade de utilização do sistema eletrônico.
DECADÊNCIA. PRAZO. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONSTRUÇÃO JURISPRUDENCIAL. STF E STJ. EFICÁCIA NORMATIVA. DIES A QUO. DATA DA APRESENTAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ADMINISTRATIVAMENTE.
A jurisprudência do STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito seria de cinco anos a contados da data dos respectivos pagamento. Já quanto aos pagamentos anteriores, a contagem do prazo obedece ao regime previsto no sistema anterior (tese dos cinco mais cinco). Contudo, o STF ao julgar o RE n. 566.621/RS, em 04.08.2011 sob o rito do artigo 543B, §3º, do CPC, alterou parcialmente o entendimento do STJ, fixando como marco para a aplicação do novo regime sobre prazo prescricional a data do pedido de restituição do indébito, e não mais a data do pagamento.
Por sua vez, o STJ se curvou ao citado entendimento do Pretório Excelso, passando a julgar os processos sobre a mesma controvérsia aplicando a ratio do RE 566.621/RS, inclusive por meio do rito dos recursos repetitivos (REsp n. 1.269.570/MG).
Tais decisões devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no âmbito do CARF (artigo 62, §2º do Regimento Interno), para a contagem do prazo decadência da a restituição administrativa do indébito.
Numero da decisão: 3402-005.129
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1997, 1998, 1999 NORMAS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. REGULAMENTAÇÃO POR INSTRUÇÃO NORMATIVA. FORMULÁRIODEPAPEL O artigo 76 da Instrução Normativa SRF n. 600/05 foi editado para regulamentar o §14 do artigo 74 da Lei nº 98.430/96, e, ao fazê-lo, trouxe como hipótese de configuração de "compensação não declarada" a falta de utilização do procedimento de transmissão via formulário eletrônico à Receita Federal (PERD/COMP). Tal exigência somente pode ser afastada diante da demonstração de impossibilidade de utilização do sistema eletrônico. DECADÊNCIA. PRAZO. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONSTRUÇÃO JURISPRUDENCIAL. STF E STJ. EFICÁCIA NORMATIVA. DIES A QUO. DATA DA APRESENTAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ADMINISTRATIVAMENTE. A jurisprudência do STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito seria de cinco anos a contados da data dos respectivos pagamento. Já quanto aos pagamentos anteriores, a contagem do prazo obedece ao regime previsto no sistema anterior (tese dos cinco mais cinco). Contudo, o STF ao julgar o RE n. 566.621/RS, em 04.08.2011 sob o rito do artigo 543B, §3º, do CPC, alterou parcialmente o entendimento do STJ, fixando como marco para a aplicação do novo regime sobre prazo prescricional a data do pedido de restituição do indébito, e não mais a data do pagamento. Por sua vez, o STJ se curvou ao citado entendimento do Pretório Excelso, passando a julgar os processos sobre a mesma controvérsia aplicando a ratio do RE 566.621/RS, inclusive por meio do rito dos recursos repetitivos (REsp n. 1.269.570/MG). Tais decisões devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no âmbito do CARF (artigo 62, §2º do Regimento Interno), para a contagem do prazo decadência da a restituição administrativa do indébito.
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COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. REGULAMENTAÇÃO POR INSTRUÇÃO NORMATIVA. FORMULÁRIODEPAPEL O artigo 76 da Instrução Normativa SRF n. 600/05 foi editado para regulamentar o §14 do artigo 74 da Lei nº 98.430/96, e, ao fazêlo, trouxe como hipótese de configuração de "compensação não declarada" a falta de utilização do procedimento de transmissão via formulário eletrônico à Receita Federal (PERD/COMP). Tal exigência somente pode ser afastada diante da demonstração de impossibilidade de utilização do sistema eletrônico. DECADÊNCIA. PRAZO. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONSTRUÇÃO JURISPRUDENCIAL. STF E STJ. EFICÁCIA NORMATIVA. DIES A QUO. DATA DA APRESENTAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ADMINISTRATIVAMENTE. A jurisprudência do STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito seria de cinco anos a contados da data dos respectivos pagamento. Já quanto aos pagamentos anteriores, a contagem do prazo obedece ao regime previsto no sistema anterior (tese dos cinco mais cinco). Contudo, o STF ao julgar o RE n. 566.621/RS, em 04.08.2011 sob o rito do artigo 543B, §3º, do CPC, alterou parcialmente o entendimento do STJ, fixando como marco para a aplicação do novo regime sobre prazo prescricional a data do pedido de restituição do indébito, e não mais a data do pagamento. Por sua vez, o STJ se curvou ao citado entendimento do Pretório Excelso, passando a julgar os processos sobre a mesma controvérsia aplicando a ratio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 19 59 /2 00 7- 25 Fl. 137DF CARF MF 2 do RE 566.621/RS, inclusive por meio do rito dos recursos repetitivos (REsp n. 1.269.570/MG). Tais decisões devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no âmbito do CARF (artigo 62, §2º do Regimento Interno), para a contagem do prazo decadência da a restituição administrativa do indébito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento ("DRJ") de Juiz de Fora/MG (fls 71 a 74), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte. Como bem apontado pelo Acórdão recorrido, presente feito tem origem em declaração de compensação (fl. 02), relativa a crédito da Contribuição ao PIS/ PASEP, abrangendo o período 05/1997 a 03/1999. Constam também dos autos duas PER/DCOMPs relativas a direito creditório da mesma Contribuição, transmitidas em 05/07/2007 e 17/07/2007 (fls 10 17). A autoridade fiscal de origem, por meio do despacho de fls. 23/29, indeferiu o pleito e, consequentemente, não homologou as PER/DCOMPs, por entender que havia decaído o direito da Contribuinte repetir o indébito, bem como porque seguiu a orientação da Receita Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre a validade da cobrança da Contribuição ao PIS sob a égide das medidas provisórias nos anos 90 (MP n. 1.212 e suas reedições). Com relação à declaração de compensação em papel, consideroua como não declarada. Por sua vez, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 37/64), alegando, em síntese, que: i) utilizou a declaração de compensação em papel diante da impossibilidade de utilização do programa PERD/COMP; ii) houve intempestividade nas reedições das Medidas Provisórias que sucederam a de n. 1.212/1996, o que teria criado o chamado "vácuo legislativo", cuja consequência jurídica relevante é que a Contribuição ao PIS não teve exigibilidade legal eficaz no período anterior à vigência à Lei n. 9.715/98; iii) assim, Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11020.001959/200725 Acórdão n.º 3402005.129 S3C4T2 Fl. 138 3 os recolhimentos ao PASEP efetuados entre 1997 e 1999 seriam indevidos; iv) não se pode falar em extinção do direito de restituição, visto que o STJ decidiu que para tributos lançados por homologação aplicase a tese dos "cinco mais cinco" anos. O julgamento da manifestação de inconformidade resultou no Acórdão da DRJ de Juiz de Fora/MG (fls 71 a 74), cuja ementa segue colacionada abaixo: Assunto: Normas de Administração Tributário Anocalendário: 1997, 1998, 1999 CRÉDITOS INEXISTENTES: A ADIN 14170 declarou inconstitucional somente a parte final do art. 18 da Lei n.° 9.715/98. INEFICÁCIA DAS REEDIÇÕES MP 1.212/95: discussão incaláível em sede administrativa. DECADÊNCIA: o direito de pleitear restituição extinguese em 05 anos conforme artigo 168 CTN. Manifestaçao de Inconfonnidade Irnprocedente Irresignada, a Contribuinte recorre a este Conselho por meio de petição de fls 85 a 114, repisando os argumentos de sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Notificada do julgamento a quo em 28 de janeiro de 2011 (sextafeira), conforme AR de fls 79, a Contribuinte apresentou seu recurso voluntário em 28 de fevereiro de 2011. Assim, o recurso é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relato acima, as questões a serem aqui solucionadas são três: i) a possibilidade de utilização da declaração em papel pois o programa do PER/DCOMP não processa recolhimentos/retenções indevidas efetuados a mais de cinco anos, e, consequentemente, fica caracterizada “ausência de previsão de hipótese" de compensação, nos termos do §39 do art. 76 da Instrução Normativa SRF 600; ii) ocorrência ou não de decadência do direito do contribuinte à restituição do indébito; iii) o direito ao crédito pleiteado, com base em declaração de inconstitucionalidade das reedições das Medidas Provisórias que sucederam a de n. 1.212/1996. i) Compensação considerada não declarada Fl. 139DF CARF MF 4 No que tange ao primeiro ponto, dando efetividade à competência outorgada pelo artigo 170 do Código Tributário Nacional,1 o artigo 74, §§3º, 12 e 14 da Lei n. 9.430/96 estabelece as situações em que as compensações efetuadas pelos contribuintes serão consideradas como "não declaradas", bem como delega à Receita Federal a disciplina do assunto, nos seguintes termos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. III os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF; V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. (...) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I previstas no § 3o deste artigo; II em que o crédito: 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 11020.001959/200725 Acórdão n.º 3402005.129 S3C4T2 Fl. 139 5 a) seja de terceiros; b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do DecretoLei no 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei: 1 – tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade; 2 – tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal; 3 – tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; ou 4 – seja objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103A da Constituição Federal. (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação Nesse sentido, os §§ 2° a 4° do artigo 76 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005, ao tratar da formalização das declarações de compensação, estabeleceram que: Art. 76. Ficam aprovados os formulários Pedido de Restituição, Pedido de Cancelamento ou de Retificação de Declaração de Importação e Reconhecimento de Direito de Crédito, Pedido de Ressarcimento de IPI Missões Diplomáticas e Repartições Consulares, Declaração de Compensação e Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado constantes, respectivamente, dos Anexos I, II, III, IV e V. § 1º A SRF disponibilizará, no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br, os formulários a que se refere o caput. § 2º Os formulários a que se refere o caput somente poderão ser utilizados pelo sujeito passivo nas hipóteses em que a restituição, o ressarcimento ou a compensação de seu crédito para com a Fazenda Nacional não possa ser requerida ou Fl. 141DF CARF MF 6 declarada eletronicamente à SRF mediante utilização do Programa PER/DCOMP. § 3º A SRF caracterizará como impossibilidade de utilização do Programa PER/DCOMP, para fins do disposto no § 2º, no § 1º do art. 3º, no § 3º do art. 16, no § 1º do art. 22 e no § 1º do art. 26, a ausência de previsão da hipótese de restituição, de ressarcimento ou de compensação no aludido Programa, bem como a existência de falha no Programa que impeça a geração do Pedido Eletrônico de Restituição, do Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou da Declaração de Compensação. § 4º A falha a que se refere o § 3º deverá ser demonstrada pelo sujeito passivo à SRF no momento da entrega do formulário, sob pena do enquadramento do documento por ele apresentado no disposto no art. 31. 2 Assim, a atuação da unidade de origem, que indeferiu pedido de compensação realizado em meio físico, quando o correto seria por meio eletrônico, deuse com respaldo em ato administrativo fundado no poder regulamentar que lhe foi atribuído pela lei. Ademais, a Recorrente não comprovou os alegados impedimentos de transmissão da compensação eletrônica. Pelo contrário. O próprio fato de a Recorrente ter, em 2007, transmitido os dois PERD/COMPs aqui julgados, cujo direito creditório se refere ao mesmo período daquele constante da declaração em papel (1997 a 1999), contradiz a afirmação da defesa sobre a impossibilidade de utilização do programa eletrônico da Receita Federal para compensar créditos do período em questão. Dessarte, a Recorrente não se desincumbiu do ônus de comprovar fato constitutivo, impeditivo ou moditivativo do seu direito (art. 373 do CPC). Isso porque não há qualquer prova quanto aos problemas de processamento das declarações de compensação eletrônicas, as quais, portanto, não podem ser aceitas e impedem a utilização dos recursos inerentes ao processo administrativo fiscal, admitidos unicamente contra compensações não homologadas (artigo 74, §9º da Lei n. 9.430/96). 3 Nesse sentido caminha a jurisprudência deste Conselho, da qual destaco as seguintes ementas: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 07/12/1979 a 01/04/1981 Ementa: DILIGÊNCIAS. VERDADE MATERIAL. Indeferese o pedido de diligência formulado com o fim de suprir o ônus da prova do contribuinte, mormente quando a fiscalização envidou todos os esforços na busca da verdade material, tendo intimando o contribuinte por cinco vezes durante 2 Art. 31. A autoridade competente da SRF considerará não formulado o pedido de restituição ou de ressarcimento e não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 4º do art. 77, não tenha utilizado o Programa PER/DCOMP para formular pedido de restituição ou de ressarcimento ou para declarar compensação. 3 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11020.001959/200725 Acórdão n.º 3402005.129 S3C4T2 Fl. 140 7 o anocalendário de 2009 a apresentar os documentos que permitissem a quantificação de seu crédito. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus da prova da certeza e da liquidez do direito de crédito oposto à administração NORMAS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. FORMULÁRIO DE PAPEL. A partir do advento da IN 900/2008, inobservadas as disposições do seu art. 98, §§ 2º a 5º, considerase não declarada a compensação informada em formulário de papel. CRÉDITOPRÊMIO À EXPORTAÇÃO. RECONHECIMENTO POR MEIO DE DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. A decisão judicial transitada em julgado estabelece a certeza jurídica quanto ao direito ao créditoprêmio à exportação. Contudo, não tendo o contribuinte se desincumbido do ônus de provar a liquidez do direito reconhecido em juízo, indeferese o pleito. CRÉDITO PRÊMIO À EXPORTAÇÃO. PRESCRIÇÃO. A teor do art. 1º do Decreto nº 20.910/32, prescreve em cinco anos o direito ao aproveitamento do créditoprêmio à exportação. Precedentes do STJ. CRÉDITOPRÊMIO À EXPORTAÇÃO. EXTINÇÃO. O art. 1º do DecretoLei nº 491/69 perdeu eficácia a partir de 05 de outubro de 1990, por força do art. 41, § 1º, do ADCT da CF/88. Precedentes do STF. Recurso voluntário negado. (Processo n. 10880.720854/200603 Relator(a) ANTONIO CARLOS ATULIM, Acórdão 3403 003.136) Ementa(s) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2003, 2004 DCOMP. FORMULÁRIOPAPEL. VEDAÇÃO. INSTRUÇÃO NORMATIVA. LEGALIDADE. No silêncio da lei quanto ao modus operandi de o contribuinte implementar a declaração de compensação, o poder discricionário da administração autoriza a regulação da matéria por meio de atos administrativos. Fl. 143DF CARF MF 8 DCOMP. PAPEL. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. Considerase não declarada a compensação de débitos tributários informadas em Declaração de Compensação apresentada em formuláriopapel, sem a justificativa para sua apresentação em meio eletrônico. DCOMP. CRÉDITO FINANCEIRO. DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO COM QUAISQUER TRIBUTOS. Embora a decisão judicial transitada em julgado, que reconheceu do direito à repetição/compensação do crédito financeiro tenha limitado a compensação com débitos tributários da mesma espécie, inexiste impedimento legal para sua compensação com quaisquer débitos fiscais do contribuinte. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. (Processo 10940.003308/200300, Relator(a) HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Acórdão 9303002.453) Por essas razões, entendo que devem ser mantidas as decisões anteriores, para não conhecer a defesa administrativa no que tange à compensação considerada não declarada pela autoridade fiscal de origem. Passo então à análise dos demais argumentos de defesa, referentes às PER/DCOMPs originárias do presente processo administrativo. ii) Decadência do direito do contribuinte à restituição do indébito Sobre a decadência, é válido lembrar que a questão do prazo para a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação passou por algumas reviravoltas jurisprudenciais. Inicialmente a posição que prevalecia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) era a interpretação redacional do artigo 156, VII, do Código Tributário Nacional (CTN), segundo a qual somente com a homologação é que se daria a extinção do crédito tributário e, portanto, o início do computo do prazo para a repetição de indébito do artigo 168. Dessa forma, somandose o prazo de cinco anos para a homologação, com mais cinco anos para a repetição, o contribuinte detinha prazo de dez anos para pleitear a restituição de tributos. Tratavase da conhecida tese dos cinco mais cinco. Contudo, o advento da Lei Complementar 118, de 9 de fevereiro de 2005 (LC 118/2005), afirmando que, para efeito de interpretação do inciso I do artigo 168 do CTN, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de (artigo 150, § 1º), o STJ reviu a questão. Em seus novos julgamentos (e.g. Recurso Especial 982.985, Relator: Ministro Luiz Fux. Julgamento: 10 jun. 2008. Órgão Julgador: Primeira Turma. Publicação: DJe, 07 ago. 2008), decidiu que não obstante a LC 118/2005 se autointitular interpretativa, evidentemente inovou a ordem jurídica tributária, alterando por completo o entendimento solidificado pelo STJ sobre o prazo prescricional para repetição de indébito de tributos sujeitos ao lançamento por homologação (tese dos cinco mais cinco). Dessa forma, foi deliberado que, a partir de sua entrada, passaram a existir dois regimes jurídicos distintos: i) os recolhimentos indevidos feitos a partir da sua entrada em vigor (9 de junho de 2005) passaram a ter como prazo para sua restituição cinco anos contados a partir do instante em que é feito o pagamento antecipado; ii) já os pagamentos indevidos que Fl. 144DF CARF MF Processo nº 11020.001959/200725 Acórdão n.º 3402005.129 S3C4T2 Fl. 141 9 ocorreram anteriormente à vigência da Lei Complementar 118/05 permanecem sob a disciplina que imperava à época, vale dizer, que a contagem do prazo de cinco anos para a restituição só se inicia a partir da homologação, expressa ou tácita, feita pelo fisco. Este último entendimento apresentado pelo STJ, entretanto, foi parcialmente modificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao analisar a matéria (RE 566.621/RS, Pleno, Relatora Ministra Ellen Gracie. j. 04.08.2011, julgado sob o rito do artigo 543B, §3º, do CPC), 4 que entendeu como relevante não a data dos pagamento indevidos, mas sim a dada da formulação dos pedidos de restituição, para a contagem do prazo dos contribuintes. Por sua vez, o STJ se curvou ao citado entendimento do Pretório Excelso, passando a julgar os processos sobre a mesma controvérsia aplicando a ratio do RE 566.621, julgado por meio do rito dos recursos repetitivos. Nesse sentido, destaco a ementa do REsp n. 1.269.570/MG: Ementa CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543C, DO CPC). LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE INDÉBITO NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ART. 3º, DA LC 118/2005. POSICIONAMENTO DO STF. ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SUPERADO ENTENDIMENTO FIRMADO ANTERIORMENTE TAMBÉM EM SEDE DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 4 Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Fl. 145DF CARF MF 10 1. O acórdão proveniente da Corte Especial na AI nos Eresp nº 644.736/PE, Relator o Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 27.08.2007, e o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009, firmaram o entendimento no sentido de que o art. 3º da LC 118/2005 somente pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência. Sendo assim, a jurisprudência deste STJ passou a considerar que, relativamente aos pagamentos efetuados a partir de 09.06.05, o prazo para a repetição do indébito é de cinco anos a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior. 2. No entanto, o mesmo tema recebeu julgamento pelo STF no RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011, onde foi fixado marco para a aplicação do regime novo de prazo prescricional levandose em consideração a data do ajuizamento da ação (e não mais a data do pagamento) em confronto com a data da vigência da lei nova (9.6.2005). 3. Tendo a jurisprudência deste STJ sido construída em interpretação de princípios constitucionais, urge inclinarse esta Casa ao decidido pela Corte Suprema competente para dar a palavra final em temas de tal jaez, notadamente em havendo julgamento de mérito em repercussão geral (arts. 543A e 543 B, do CPC). Desse modo, para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplicase o art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1º, do CTN. 4. Superado o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009. 5. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1269570 / MG, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, Data do Julgamento 23/05/2012, Data da Publicação/Fonte, DJe 04/06/2012 RT vol. 924 p. 802.) Pois bem. No presente caso, o contribuinte indicou das compensações que o indébito era referente a pagamentos efetuados entre 05/1997 e 03/1999. Todavia, os pedidos de restituição da Municipalidade somente foram formalizados em 05/07/2007 e 17/07/2007. Uma vez que o artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, 5 prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas 5 § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11020.001959/200725 Acórdão n.º 3402005.129 S3C4T2 Fl. 142 11 pelo Superior Tribunal de Justiça na sistemática dos recursos repetitivos, concluise que está de fato decaído o direito da Recorrente. Afinal, o pedido de restituição foi formulado em 2007, vale dizer, em data posterior a 09/06/2005, que segundo a jurisprudência acima destacada, é data para a qual já se utiliza o prazo de cinco anos para a contagem do prazo decadencial/prescricional. Como não há nenhum pagamento posterior a 2002, todo o montante requerido por meio do presente processo administrativo está decaído. Estando fulminado pela decadência o direito à restituição do indébito in casu questão preliminar de julgamento , despicienda a análise do mérito do processo administrativo (artigo 28 do Decreto 70.235/72), que mesmo que fosse favorável à Recorrente, não lhe daria o crédito pretendido. Dispositivo Ex positis, voto no sentido negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 147DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.720826/2016-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO.
Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos.
INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO.
Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE.
Mantém-se a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude.
NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Aplica-se à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito.
Numero da decisão: 1402-002.786
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 08 26 /2 01 6- 79 Fl. 2128DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.129 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2129DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.130 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelas pessoas físicas sujeitos passivos responsáveis solidários e representantes da empresa SD Climatização, que foi extinta/baixada por liquidação voluntária na Receita Federal em 23/03/2012, registro do distrato social na JUCESP e encerramento das atividades em 01/12/2011, face v. acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil do que decidiu por manter integralmente as exigências perpetradas nos Autos de Infração (anocalendário 2011), relativas a omissão de receita, constatadas por meio de cruzamento das contas bancárias, cruzamento do SPED com a DACON e GIA (a DIPJ do anocalendário de 2011 não foi apresentada) e com diligência/circularização feita com terceiros que venderam mercadorias para a empresa extinta. As pessoas físicas foram responsabilizadas solidariamente, devido à fiscalização ter entendido que ocorreu dissolução irregular da sociedade (artigo 207 do Decreto 3000/99 e artigos 1102 à 1109 do C.C.) pela falta de quitação das obrigações tributárias, pela falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e pela falta dos livros e documentos contábeis e fiscais da empresa, bem como pela prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação, conforme relatado no termo de verificação fiscal anexo. Como os representantessujeitos passivos responsáveis da empresa SD Climatização não apresentaram a documentação fiscal e contábil solicitada pela Fiscalização e informaram que os documentos foram extraviados, a fiscalização se viu obrigada a arbitrar o lucro com base no valor das compras efetuadas pela SD Climatização nos termos do inciso III do artigo 530 e inciso V do artigo 535, ambos do RIR/99. O valor das compras foi encontrado por meio da diligência feita em terceiros que venderam as mercadorias a empresa SD Climatização, após terem sido constatadas registros de notas fiscais eletrônicas de compras de mercadorias no SPEDNFe, bem como elevada movimentação de valores nas contas bancárias da empresa extinta, inclusive posteriormente ao período em que alegou ter sido baixada na Receita Federal e JUCESP. Após a descrição no TVF de hipótese de sonegação fiscal por parte dos responsáveis solidários, também foi aplicada multa qualificada de 150%. De resto, como o relatório do v. acórdão a quo descreve muito bem os acontecimentos tratados nos autos, aproveito para adotálo como relatório. Consta no processo que o Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPF)/Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) 0819600.2014.00561.4 foi emitido em nome do sujeito passivo responsável LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, uma vez que o sujeito passivo contribuinte, a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, CNPJ 11.789.306/000195, foi extinta/baixada por liquidação voluntária na RECEITA FEDERAL DO BRASIL em 23/03/2012, bem como registrou distrato social na Junta Fl. 2130DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.131 4 Comercial do Estado de SP, sob número 096.393/129, datado em 01/12/2011, no qual consta a informação de que a sociedade encerrou suas atividades em 01/12/2011, cabendo ao sócio LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, CPF 135.253.46816, a responsabilidade pela guarda dos livros e documentos da sociedade. De acordo com os documentos societários registrados na JUCESP, a administração da SD CLIMATIZAÇÃO era exercida, em conjunto ou separadamente, nos períodos sob fiscalização, pelos sócios administradores LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO e SIDNEY TUNDA JÚNIOR. A contribuinte apresentou à RFB a DIPJ DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICOFISCAIS DA PESSOA JURÍDICA relativa ao anocalendário de 2010 pelo lucro presumido, não apresentou declaração relativa ao período 01/01/2011 a 31/12/2011 e entregou a DIPJ do anocalendário de 2012 (01/01/2012 a 23/03/2012) como inativa/extinta. Foi expedida intimação para a apresentação, dentre outros, dos seguintes documentos: A DIPJ 2012/2011 ou o respectivo Recibo de entrega; Escrituração contábil legalmente estabelecida para o ano calendário 2011 para a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, composta pelo livro DIÁRIO ou CAIXA, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; Livro Registro de Inventário da citada empresa contendo os registros dos estoques existentes no período entre 01/01/2011 e 01/12/2011, data do encerramento de atividades da empresa; Cópias das notas fiscais de entrada e de saídas de mercadorias em 2011 emitidas pelos estabelecimentos CNPJ 11.789.306/000195 e 11.789.306/000276 da empresa S D CLIMATIZAÇÃO COM. E SERV. LTDA. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL não apresentou a documentação solicitada, bem como não apresentou qualquer manifestação ou justificativa para a falta dentro do prazo estabelecido, motivo pelo qual a fiscalização efetuou consultas externas sobre as operações da SD CLIMATIZAÇÃO constantes dos sistemas do SPED NFE (SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL NOTA FISCAL ELETRÔNICA) e das GIA ICMS SP Guias de Informação e Apuração do ICMS apresentadas à FAZENDA ESTADUAL DE SP. Diante dos elementos obtidos nos sistemas do SPED NFE e das GIA ICMS SP, a fiscalização encaminhou nova intimação ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL, na qual reiterou as solicitações contidas na intimação anterior e solicitou a apresentação dos extratos de contas bancárias e de investimentos pela contribuinte no anocalendário de 2011. Solicitouse, também, a confirmação ou não da realização, do recebimento, do pagamento e da escrituração das compras efetuadas por meio das notas fiscais relacionadas no Anexo 1 do Termo de Intimação MPF 0819600.2014.00561.4/02, cujo valor totaliza R$ 46.017.276,62. Solicitou, ainda, esclarecimentos e comprovação a respeito da diferença de valores entre as receitas informadas pela contribuinte nas Dacon, Gia e aquelas apuradas por meio das Nfe constantes no Sped. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e seu procurador VALTER ROBERTO DICONO JÚNIOR, CPF 176.628.45826, compareceram nesta repartição em 26/05/2014 e apresentaram carta declarando não Fl. 2131DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.132 5 possuir os documentos da SD CLIMATIZAÇÃO solicitados por esta fiscalização, por motivo de extravio, bem como declarando a impossibilidade de restaurar a escrituração contábil e fiscal da empresa. O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL foi intimado e apresentou, em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 073781 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6,0084958 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Tendo constatado divergências entre os valores informados na Dimof pelas instituições financeiras e aqueles constantes dos extratos apresentados pela contribuinte, a fiscalização emitiu RMF para o Bradesco, Santander e Itaú Unibanco. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que a fiscalizada deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Foi constatado que os extratos bancários das contas mantidas pela SD CLIMATIZAÇÃO nos bancos BRADESCO, SANTANDER e ITAU UNIBANCO, anexados ao processo 13896720.826/201679, apresentavam movimentação financeira compatível com as compras efetuadas em 2011. Tendo em vista confirmar a efetiva realização das operações de compra, a fiscalização efetuou diligências nas empresas fornecedoras da SD CLIMATIZAÇÃO. Em atendimento às intimações encaminhadas pela fiscalização, as empresas LG ELECTRONICS DO BRASIL, CLIMAZON INDUSTRIAL, SPRINGER CARRIER, ELGIN INDUSTRIAL DA AMAZÔNIA e ELGIN S A apresentaram cartas e documentos que atestam a efetiva realização e a quitação das vendas para a empresa SD CLIMATIZAÇÃO, confirmando assim os dados obtidos por esta fiscalização no sistema SPED NFE. Conforme já relatado anteriormente, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL deixou de apresentar os livros e a documentação contábil e fiscal da SD CLIMATIZAÇÃO, tendo sido arbitrado o lucro com base no valor das compras efetuadas pela empresa (R$ 46.017.276,62) e com fundamento no art. 530, III, e art. 535, V do RIR/1999. Os sócios administradores da SD CLIMATIZAÇÃO à época de sua dissolução e liquidação, e à época dos fatos geradores das obrigações tributárias ora lançadas, as pessoas físicas LUIZ BARBOZA SANTOS CARDOZO, CPF 135.253.46816, e SIDNEY TUNDA JÚNIOR, CPF 268.537.18852, foram responsabilizados de forma pessoal e solidária pelos créditos tributários ora lançados, pelos seguintes motivos: a) dissolução irregular da pessoa jurídica em decorrência da falta de quitação das obrigações tributárias da sociedade, da falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e da falta de guarda dos livros e documentos contábeis e Fl. 2132DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.133 6 fiscais e b) prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação. Foram lavrados os seguintes autos de infração: [...] O enquadramento legal para o lançamento dos tributos encontrase descrito nos autos de infração. Notificados do lançamento, Luiz Barboza Santos Cardozo e Sidney Tunda Júnior apresentaram a impugnação de fls.1933 a 1960, na qual alegam: ● A empresa SD Climatização Comércio e Serviços Ltda., registrou seu distrato social junto à Jucesp em 01/02/2011, encerrou suas atividades em 01/12/2011 e entregou a DIPJ 2012 na qual informou a sua extinção. Apesar disso e sem qualquer motivação, o impugnante Luiz foi cientificado do Termo de Início de Fiscalização, tendo informado a extinção da pessoa jurídica e que não possuía os documentos solicitados pelo fisco. ● Nulidade do auto de infração. Ofensa aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. ● Ausente qualquer motivação para a instauração de qualquer procedimento fiscalizatório: tampouco foi apontada qualquer situação que demonstrasse indício/ fraude/ irregularidade para com a fiscalização, o que demonstra a ausência de qualquer motivação capaz de legitimar o MPF aqui discutido. ● Violação à intimidade e à vida privada. Quebra indevida de sigilo bancário. O procedimento fiscal instaurado contra a extinta empresa e o Impugnante afrontou as garantias constitucionais dispostas no art. 5º, incisos X e XII da CF/88, na medida em que determinou que ela apresentasse todos os seus extratos bancários, relativos ao período compreendido no anocalendário de 2011. E nem se alegue que as previsões constantes da Lei Complementar n° 105/2001, da Lei n° 5.172/66, ou seja, do Código Tributário Nacional, da Lei n° 9.311/96 e/ou do Decreto n° 3000/99, ou seja, do RIR/99, estariam a amparar o acesso não consentido pelo contribuinte às informações bancárias protegidas pelo sigilo consagrado na Constituição Federal, cujos extratos foram apresentados, única e exclusivamente, para não ensejar a interpretação de que se estaria a embaraçar a ação fiscal. A violação da garantia constitucional conta com o apoio de importante precedente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ademais, não se pode cogitar aqui que o próprio Impugnante é quem teria fornecido os extratos e, portanto, não teria ocorrido a quebra. De fato, o Impugnante Luiz forneceu seus extratos bancários, mas apenas e tão somente para não caracterizar embaraço a fiscalização, em outras palavras, é de se dizer que o Impugnante foi coagido a apresentar esses Fl. 2133DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.134 7 documentos, o que viola de forma clara e evidente o artigo 5º, inciso XII, da CF/88, com o que não se pode conformar. ● Violação à legalidade, ao contraditório e à ampla defesa com relação ao sócio impugnante Sidney. Nulidade do Termo de Sujeição Passiva O sócio Sidney nunca foi intimado de qualquer procedimento fiscal, de qualquer termo de intimação fiscal, tampouco teve conhecimento sobre qualquer decisão e/ou diligência efetuada pela fiscalização. O fisco impediu o acesso ao impugnante Sidney às informações constantes do procedimento fiscal, o qual, aliás, encerra a real motivação da ação fiscal, postura essa que obstaculizou o pleno exercício da defesa. Somente com o encerramento da ação fiscal é que o impugnante Sidney foi intimado da autuação, como sujeito passivo, inclusive, com o arrolamento de seus bens! E mais, somente após a lavratura do crédito tributário é que o impugnante Sidney tomou conhecimento de que supostamente agiu com dolo e/ou fraude para com o Fisco Federal e, nesse contexto, responderá com seus bens pessoais pelo crédito tributário supostamente devido. Em nenhum momento foi apontado e comprovado o dolo e/ou fraude cometida pelos sócios impugnantes, de modo que Sidney nunca teve a oportunidade de se manifestar no decorrer do procedimento fiscal e, agora, foram surpreendidos com a responsabilidade solidária e o arrolamento de bens e direitos pessoais. Antes que fosse lavrado o Auto de Infração a fiscalização DEVERIA TER INTIMADO O SÓCIO IMPUGNANTE SIDNEY a respeito das solicitações (requisição de documentos), de toda sorte, assim não o fez, de modo que, nesse momento, esse sócio Impugnante se encontra privado indevidamente de seu patrimônio, além de devassada sua privacidade. Há que se ressaltar que o contraditório e a ampla defesa estão assegurados ao contribuinte durante todo o processo administrativo fiscal, inclusive na DENOMINADA FASE OFICIOSA, CUJO CARÁTER É INQUISITORIAL, E NÃO APENAS EM DETERMINADA FASE PROCESSUAL. A ressalva de que o litígio só é instaurado a partir da impugnação constitui censurável ficção para afastar o contraditório e a ampla defesa durante a fiscalização, investigação ou, simplesmente, averiguação. NA VERDADE, O LITÍGIO NASCE JUNTO COM O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Sequer foram efetuados os Termos de Solidariedade Passiva. ● Não bastasse essa nulidade, fato é que os sócios Impugnantes não podem ser considerados solidários e responsáveis pelo malfadado crédito tributário que lhes vêm sendo impingido, isso porque, a uma, esse crédito não existe, a duas porque não praticaram nenhuma conduta descrita no artigo 135 do CTN capaz de lhe ensejarem essa solidariedade, tal como pretendido pela fiscalização. ● Ônus da prova. Inexistência de prova de fraude e/ou dolo. Fl. 2134DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.135 8 A fiscalização não trouxe qualquer prova de que a extinta empresa tenha praticado fraude e/ou dolo, de modo que tais condutas não podem ser consideradas somente por ilações desprovidas de qualquer conteúdo probatório, de cujo ônus a fiscalização não se desincumbiu. Da mesma forma, não o fez com relação aos sócios impugnantes, aos quais sequer a fiscalização trouxe qualquer ilação, limitandose a afirmar que a sujeição passiva dos mesmos decorria de disposição legal. ● Exclusão dos sócios. A fiscalização — ao entender pela prática de condutas ilícitas como fraude e dolo, sem, contudo, fazer qualquer prova nesse sentido — e sem que lavrasse o Termo de Sujeição Passiva e Arrolamento de Bens e Direitos contra os sócios Impugnantes, acabou por qualificálos como responsáveis solidários, promovendo o Arrolamento de seus bens e direitos pessoais, repitase, sem que fosse dada a eles qualquer chance de manifestação. Os sócios de uma empresa somente podem ser responsabilizados pelo pagamento da dívida acaso tenham agido com dolo (artigos 134 e 135 do Código Tributário Nacional). No mais, cumpre salientar que o simples inadimplemento não pode ser caracterizado, por si só, como ato doloso dos sócios, assim como não se pode impingir conduta criminosa de sonegação fiscal em face da simples ausência de recolhimento do tributo. ● Caráter confiscatório da multa. Os impugnantes não praticaram qualquer ato que justificasse uma multa no percentual de 75%, tampouco praticaram quaisquer condutas fraudulentas, simuladas e/ou dolosas capazes de justificar a aplicação de uma multa no percentual de 150%. A multa aplicada não guarda qualquer respeito ao princípio da proporcionalidade, além de seu manifesto caráter confiscatório. A exigência da multa no presente caso, correspondente ao percentual de 150%, é considerada arbitrária incorrendo em verdadeiro locupletamento ilícito do fisco, o que causa repulsa em nosso o ordenamento jurídico, nos termos do artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal. Restou demonstrada a desídia da fiscalização em comprovar a alegada simulação, fraude e/ou dolo no PAF aqui discutido, de modo que não pode prevalecer a aplicação da multa agravada, tampouco a sua elevação. ● Requerse a exclusão da sujeição passiva solidária atribuída aos sócios Impugnantes, seja pelo fato de não terem participado de qualquer ato no procedimento fiscal (especialmente o Impugnante Sidney), seja pelo fato de que não houve qualquer prova no sentido de que eles respondam solidariamente, determinandose, por via de consequência, o imediato cancelamento dos Arrolamentos de Bens e Direitos expedidos nesse sentido. ● Ainda que não seja um desses o entendimento da autoridade julgadora, não se pode olvidar que a fiscalização deveria ter aplicado o art. 674 do RIR/1999 e não o art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995, de modo que a presente autuação deve ser novamente analisada, Fl. 2135DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.136 9 juntamente com a multa impingida a qual é manifestamente abusiva e confiscatória e desprovida de qualquer razoabilidade e que, portanto, não deve prevalecer, devendo ser totalmente reavaliada a autuação ora combatida. Em seguida a DRJ de Ribeirão Preto proferiu v. acórdão (fls.2040/2052) mantendo integralmente o Auto de Infração e a responsabilidade solidária, registrando a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 EXTRATOS BANCÁRIOS. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Incabível alegação de quebra de sigilo bancário quando as informações foram requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei e a constituição do crédito tributário não se baseou em tais documentos. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovado o intuito de fraude. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelos acusados e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase à tributação reflexa idêntica solução dada ao lançamento principal, em face da estreita relação de causa e efeito. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE. Os sócios gerentes de pessoa jurídica extinta são responsáveis solidários pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei. Impugnação Improcedente Fl. 2136DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.137 10 Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão exarada no v. acórdão, a Recorrente interpõe Recurso Voluntário, repisando os mesmos argumentos da impugnação. Ato contínuo, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 2137DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.138 11 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo, possui todos os requisitos previstos na legislação e os responsáveis solidários indicados no pólo passivo estão devidamente representados, motivo pelo qual deve ser admitido. Sujeição do lançamento: O lançamento foi feito tendo como sujeitos passivos as pessoas físicas que eram sócias administradoras da empresa SD Climatização, eis que a fiscalização verificou que a empresa foi extinta por meio de liquidação voluntária na Receita Federal em 23/03/2012, com registro do distrato social na JUCESP em 01/12/2011, indicando o encerramento de suas atividades na mesma data de 01/12/2011. O agente autuante constatou possíveis irregularidades no período entre 01/01/2011 e 31/12/2011 e lavrou Auto de Infração em 30/03/2016, com ciência dos antigos administradores em 31/03/2016, após a extinção da empresa SD Climatização. Como a empresa SD CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, CNPJ 11.789.306/000195, foi extinta, a fiscalização lavrou Autos de Infração contra os administradores Sr. Luiz Barbosa Santos Cardoso e Sidney Tunda Junior, como responsáveis solidários nos termos do artigo 135 do CTN, por ter entendido que ocorreu dissolução irregular da sociedade, nos termos do artigo 207 do Decreto 3000/99 e dos artigos 1102 à 1109 do C.C., devido a falta de quitação das obrigações tributárias, pela falta de apresentação da declaração de rendimentos no encerramento da liquidação e pela falta dos livros e documentos contábeis e fiscais da empresa, bem como pela prática de atos com infração à legislação, caracterizados como sonegação, conforme descrito no termo de verificação fiscal anexo ao lançamento de ofício. Sendo assim, face à constatação de possível irregularidade tributária no período em que as pessoas físicas acima indicadas eram administradoras da empresa que foi extinta antes do inicio do trabalho da fiscalização, entendo que os Autos de Infração foram lavrados contra os sujeitos passivos certos. Ora, como foi constatado apenas em 2016 uma possível irregularidade tributária no período de 01/01/2011 até 31/12/2011 e a extinção da SD Climatização ocorreu em 23/03/2012, momento em que deixou de ter personalidade jurídica, entendo que agiu corretamente a fiscalização ao interpretar a dissolução da empresa como irregular e inserir no pólo passivo da exigência, como responsáveis solidários, os administradores da época dos fatos geradores. Fl. 2138DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.139 12 O entendimento acima exposto vai no mesmo sentido da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que entendeu que quando extinta a empresa e, posteriormente, for constatada irregularidade tributária relativa a fatos geradores que ocorreram quando a empresa estava em atividade, o lançamento de ofício deve ser feito em nome dos representantes legais, na qualidade de responsáveis solidários. Sendo assim, entendo que o agente autuante agiu corretamente ao incluir os administradores no pólo passivo do lançamento de ofício. Em relação às nulidades alegadas: Os Recorrentes alegam que o auto de infração é nulo por ter ofendido os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Inicialmente, cabe pontuar que, segundo o art. 59 do PAF, somente são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, assim como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente, o que aqui não se verificou nos autos. A nulidade por desrespeito ao direito de defesa, nos termos do art. 59, II, do PAF, somente ocorre nas quando proferidas decisões no curso do processo administrativo tributário que não permitiram a manifestação da parte prejudicada, ou quando são aplicáveis os princípios do contraditório e o da ampla defesa. No Processo Administrativo Tributário Federal, antes da apresentação da impugnação, não existe litígio e contraditório, sendo que após instaurado o processo abrese a oportunidade para que a parte interessada se defenda amplamente. Dessa forma, não procedente a alegação de nulidade no trabalho fiscal, bem como no lançamento de ofício, por não ter sido ofertada oportunidade para apresentação de defesa ao responsável solidário Sr. Sidney antes da lavratura do auto de infração, eis que a fiscalização é um procedimento inquisitório e a oportunidade para defesa na via administrativa é garantida apenas após a ciência de eventual auto de infração lavrado. No presente caso, não houve preterição ao direito de defesa, pois os responsáveis solidários foram cientificados da lavratura do Auto de Infração, tomaram conhecimento de todos os eventos que levaram à constituição do crédito tributário, da legislação que motivou o lançamento e lhes foi concedido o prazo legal para ter vista do processo, apresentar a impugnação e recurso, direito que foi exercido plenamente pelos responsáveis solidários, com apresentação da defesa e do recurso, ora em análise. Devese acrescentar que também não se verificou qualquer nulidade formal no lançamento ocasionada pela inobservância do que dispõe o art. 10 da mesma norma. Os autos de infração foram lavrados de acordo com todas as formalidades legais previstas no art. 142 do CTN, descrevendo os fatos dados como infringidos, a multa aplicada e correspondente fundamento legal. Fl. 2139DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.140 13 A fiscalização demonstrou no Termo de Verificação Fiscal os motivos de fato que ensejaram a lavratura dos Autos de Infração, informando a legislação que fundamentou o lançamento. Verificase que, na elaboração do presente lançamento, foi respeitada a determinação contida no art. 9º do PAF (já com a nova redação dada pela Lei nº 11.941/09) e não houve prejuízo aos responsáveis, tanto que eles ingressaram com a impugnação e interpuseram recurso, nos quais apresentaram as razões e fundamentos de sua discordância, litigando no processo administrativo contra a exigência do crédito tributário. Concluise, portanto, que os fatos que motivaram a autuação fiscal estão descritos na peça vestibular e no TVF, permitindo aos Recorrentes ampla defesa quanto às irregularidades a eles imputadas pela fiscalização. Após ter notado que a empresa SD Climatização não tinha apresentado a DIPJ do anocalendário de 2011 e ter verificado a extinção da empresa, em 2014 (conforme termo de inicio de fiscalização) decidiu solicitar aos responsáveis documentos e explicações. Como não conseguiu obter as respostas necessárias, começou a apurar o período e investigar as declarações da SD Climatização, constando por meio de diligências e extratos bancários possível irregularidade tributária. Assim, entendo que a autoridade fiscal atuou dentro dos limites impostos pela lei, instruindo o Auto de Infração com enorme quantidade de documentos que entende comprovam a infração imputada, motivando adequadamente a acusação, não se verificando qualquer vício que pudesse ensejar a nulidade do lançamento. Ademais, o lançamento está claro e preciso, tanto foi assim que a Recorrente conseguiu se defender de todos os pontos constantes no TVF e dos AIs, tentando refutar todos os pontos da acusação, restando comprovado nos autos que os princípios do devido processo legal e o da ampla defesa foram respeitados tanto no momento da fiscalização/autuação, como no curso deste processo, inexistindo o alegado cerceamento ao direito de defesa. Desta forma, não verifico caracterizado o alegado cerceamento do direito de defesa, motivo pelo qual, afasto a alegação de nulidade no lançamento, apontada pela Recorrente. Da quebra do sigilo bancário: Em relação à alegação dos Recorrentes de que se contrariou o princípio constitucional do sigilo bancário, devido à Fiscalização ter obtido dados bancários junto às instituições financeiras, sem autorização judicial, entendo que após a decisão do Pretório Excelso, abaixo colacionada, tal óbice e possível inconstitucionalidade deixaram de existir. Vejamos. Em relação à quebra de sigilo bancário sem autorização do judiciário e a argüição de inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 105 e da Lei nº 10.174, ambas de 2001, o Pretório Excelso decidiu da seguinte forma, conforme pode se verificar da ementa abaixo colacionada: Fl. 2140DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.141 14 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a Fl. 2141DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.142 15 que se nega provimento. (RE 601314, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe 198 DIVULG 15092016 PUBLIC 16092016) No mesmo sentido: EMENTA: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314 RG, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20 112009 EMENT VOL0238307 PP01422 ) Desta forma, não verifico motivos para continuar sobrestado o processo conforme determinado pela Resolução 1102000.129, eis que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente a matéria relativa a quebra de sigilo bancário, devendo assim serem julgados os recursos interpostos pelas partes. Da constatação de omissão de receita: Após os Recorrentes não terem entregado os documentos solicitados e informado que eles haviam sido extraviados, sem a possibilidade de restauração da escrituração fiscal e contábil, a fiscalização então requereu a apresentação dos extratos bancários das contas da empresa SD Climatização referentes ao anocalendário de 2011. Vejamos a parte do TVF (paginas 9 e 10) que descreve este ponto: O SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL, representado por seu procurador, foi cientificado em 26/05/2014 da intimação intitulada “TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/03”, cujos textos de interesse seguem transcritos na sequência, através da qual esta fiscalização solicitou a apresentação de cópias impressas e de arquivos digitais relativos aos extratos das contas bancárias e de investimentos mantidos pela SD CLIMATIZAÇÃO em 2011, reiterando as exigências contidas nos itens 2 e 3 do “TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/03”. [...] Fl. 2142DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.143 16 Em atendimento, o SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL apresentou em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 073781 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6.008495 8 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Analisando os extratos bancários apresentados pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL esta fiscalização observou que os extratos da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do banco Bradesco continham uma movimentação financeira expressivamente inferior à informada pela instituição financeira nas DIMOF – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – constituída por R$50.277.528,27 de débitos e R$49.629.115,96 de créditos, de modo que coube proceder à requisição das informações financeiras com base no §4º do art. 4º do Decreto 3.724/2001, para permitir o cotejamento entre as informações disponíveis na RFB e as apresentadas pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL. A tabela da sequência mostra o resumo dos valores informados à RFB pelas instituições financeiras nas DIMOF relativas ao ano calendário de 2011. [...] Além disso, conforme consta das declarações DIMOF apresentadas pelas instituições financeiras, os valores debitados e creditados nas contas bancárias da empresa em 2011 totalizaram R$57.350.843,95 e R$56.227.395,77, respectivamente, fato que evidencia a realização de gastos ou investimentos em valor superior às receitas declaradas aos fiscos, configurando a hipótese de indispensabilidade do exame das informações junto às instituições financeiras, conforme previsão contida no Inciso V do Artigo 3º do Decreto 3724/2001. Diante do exposto, esta fiscalização formalizou SRMF – SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA em 01/07/2014, tendo resultado na emissão da RMF – REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – 0812800 2014 000256, encaminhada ao ITAU UNIBANCO, a RMF 0812800 2014 000264, encaminhada ao BRADESCO, e a RMF 0812800 2014 000256, encaminhada ao banco SANTANDER. Os extratos e demais documentos encaminhados pelas referidas instituições foram anexados ao processo 13896720.826/201679, posto que se prestam a Fl. 2143DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.144 17 confirmar as operações financeiras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que o fiscalizado deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Os Recorrentes entregaram os extratos do período de 2011 solicitados pela fiscalização. Após a análise dos extratos entregues pelos Recorrentes, a agente autuante constatou que existia divergência entre os extratos dos Recorrentes e as informações relativas a movimentações financeiras constantes nas DIMOF entregues pelas instituições financeiras para a Receita Federal, entendendo ser necessário proceder com requisição direta junto às instituições financeiras nos termos do parágrafo 4º, do artigo quarto do Decreto 3.724/2001. Este ponto ficou bem claro no TVF, vejamos. Em atendimento, o SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL apresentou em 30/06/2014, sem carta de encaminhamento, os seguintes extratos bancários da empresa SD CLIMATIZAÇÃO: 1) Extrato do período 12/04/2011 a 31/12/2011 da Conta 07378 1 da Agência 5589 do Banco ITAÚ UNIBANCO; 2) Extrato do período 03/01/2011 a 31/01/2011 da Conta 6.0084958 da Agência 1347 do Banco Real; 3) Extrato do período 01/02/2011 a 31/12/2011 da Conta 130010254 da Agência 4347 do Banco Santander; 4) Extrato do período 03/01/2011 a 29/12/2011 da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do Banco Bradesco. Analisando os extratos bancários apresentados pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL esta fiscalização observou que os extratos da Conta 1295209 das Agências 01112 e 33944 do banco Bradesco continham uma movimentação financeira expressivamente inferior à informada pela instituição financeira nas DIMOF – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – constituída por R$50.277.528,27 de débitos e R$49.629.115,96 de créditos, de modo que coube proceder à requisição das informações financeiras com base no §4º do art. 4º do Decreto 3.724/2001, para permitir o cotejamento entre as informações disponíveis na RFB e as apresentadas pelo SUJEITO PASSIVO – RESPONSÁVEL. Fl. 2144DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.145 18 A tabela da sequência mostra o resumo dos valores informados à RFB pelas instituições financeiras nas DIMOF relativas ao ano calendário de 2011. [...] Além disso, conforme consta das declarações DIMOF apresentadas pelas instituições financeiras, os valores debitados e creditados nas contas bancárias da empresa em 2011 totalizaram R$57.350.843,95 e R$56.227.395,77, respectivamente, fato que evidencia a realização de gastos ou investimentos em valor superior às receitas declaradas aos fiscos, configurando a hipótese de indispensabilidade do exame das informações junto às instituições financeiras, conforme previsão contida no Inciso V do Artigo 3º do Decreto 3.724/2001. Diante do exposto, esta fiscalização formalizou SRMF – SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA em 01/07/2014, tendo resultado na emissão da RMF – REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – 0812800 2014 000256, encaminhada ao ITAU UNIBANCO, a RMF 0812800 2014 000264, encaminhada ao BRADESCO, e a RMF 0812800 2014 000256, encaminhada ao banco SANTANDER. Os extratos e demais documentos encaminhados pelas referidas instituições foram anexados ao processo 13896720.826/201679, posto que se prestam a confirmar as operações financeiras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO. O cotejamento entre os extratos apresentados pelo SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL e os apresentados pelo BRADESCO revelou que o fiscalizado deixou de apresentar a esta fiscalização os extratos da Conta 1295101 das Agências 01112 e 33944 desse banco, através da qual foi realizada a maior parte das transações financeiras da SD CLIMATIZAÇÃO em 2011. Após o cotejamento dos extratos bancários, houve a constatação de que os Recorrentes deixaram de apresentar à fiscalização as transações financeiras da conta do Banco Bradesco S.A. Frente a tal fato, decidiu aprofundar sua investigação junto ao SPEDNFe, que demonstrou que a SD Climatização não emitiu notas fiscais em 2011, no entanto, a mesma consulta demonstrou uma enorme quantidade de notas fiscais emitidas por terceiros, tendo como destinatária a empresa SD Climatização. Vejamos a parte do TVF que nos interessa. 4. COMPRAS DA SD CLIMATIZAÇÃO EM 2011 – DILIGÊNCIAS EM FORNECEDORES Fl. 2145DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.146 19 A consulta efetuada por esta fiscalização no sistema SPED – NFE mostrou que a empresa SD CLIMATIZAÇÃO não emitiu notas fiscais eletrônicas nesse sistema no período 01/01/2011 a 31/12/2011. No entanto, a mesma consulta mostrou expressiva quantidade de notas fiscais emitidas por terceiros tendo como destinatária a empresa SD CLIMATIZACÃO, totalizando R$46.017.276,62, conforme relação contida no ANEXO 01 do TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/02. Diante da referida constatação, os itens 4.a) a 4.e) do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 solicitaram ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL a apresentação de carta confirmando ou não, de forma expressa, a realização, o recebimento e o pagamento das compras sob comento, bem como solicitaram a comprovação do seu pagamento e da sua escrituração nos livros contábeis e fiscais. Analisando os itens das compras efetuadas pela SD CLIMATIZAÇÃO em 2011, listados por esta fiscalização no ANEXO 02 do TERMO DE INTIMAÇÃO – MPF 0819600.2014.00561.4/02, verificamos que foram adquiridas grandes quantidades de aparelhos, equipamentos e peças utilizadas para condicionamento de ar, tais como unidades condensadoras e evaporadoras, cortinas de ar, trocadores de calor etc., em consonância com o objeto social da empresa, que é a instalação e manutenção de sistemas de ar condicionado, ventilação e refrigeração. Nesse sentido, os itens 5.a) a 5.d) do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 solicitaram ao SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL a apresentação de esclarecimentos e documentos comprobatórios da escrituração contábil e fiscal do ingresso e da destinação dos itens adquiridos através as compras sob comento. Além disso, considerando que a SD CLIMATIZAÇÃO informou ter encerrado suas atividades em 01/12/2011 e procedeu à sua liquidação, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL também foi intimado a esclarecer e comprovar quais mercadorias encontravamse em seu estoque na data da liquidação e qual a destinação conferida às mesmas. O item 6 do TERMO DE INTIMAÇÃO 02 questionou o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL sobre a expressiva divergência entre as compras informadas pela SD CLIMATIZACAO nas GIA ICMS SP, no valor de R$1.492.440,91, e as compras apuradas através do sistema SPED – NFE, no valor de R$46.017.276,63. Conforme relatado anteriormente, diante de todos os questionamentos efetuados por esta fiscalização, o SUJEITO PASSIVO RESPONSÁVEL limitouse a apresentar carta declarando não possuir quaisquer dos documentos da SD CLIMATIZAÇÃO solicitados por esta fiscalização, por motivo de extravio, declarando a impossibilidade de restaurar a escrituração contábil e fiscal da empresa e declarando que não Fl. 2146DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.147 20 pode confirmar e nem mesmo negar qualquer informação relativa aos mesmos. Em resposta aos questionamentos da fiscalização acima colacionados, os Recorrentes se limitaram a informar que os documentos foram extraviados e por tal motivo não era possível entregálos. Assim, tendo em vista a constatação de realização de operações de compra por parte da SD Climatização, a fiscalização decidiu circularizar com as empresas vendedoras/fornecedoras, que responderam por meio de cartas e documentos a efetivação das operações e quitação/pagamento das mercadorias. Devido a tal fato, a fiscalização notou que os extratos bancários das contas mantidas pela SD CLIMATIZAÇÃO nos bancos BRADESCO, SANTANDER e ITAU UNIBANCO, anexados ao processo, apresentam movimentação financeira compatível com as compras efetuadas em 2011 pela SD Climatização, constatando assim omissão de receita. Vejam D. Julgadores, a fiscalização não presumiu simplesmente a omissão de receita conforme alegam os Recorrentes. No caso dos autos, foi feita uma investigação minuciosa, por meio de documentos e diligência com terceiros fornecedores da empresa SD Climatização, para se constatar a omissão de receita. Da mesma forma, entendo que a alegação dos Recorrentes de que a fiscalização inverteu o ônus da prov, não deve ser provida, eis que conforme pode se verificar na descrição dos fatos ocorridos no TVF, o agente autuante constatou diversas inconsistências entre as declarações da empresa SD Climatização e os documentos colhidos junto aos arquivos da Receita Federal, instituições financeiras e terceiros que se relacionavam com a empresa extinta e quando os Recorrentes responsáveis solidários foram notificados/intimados a apresentar explicações e documentos deixaram de responder se limitando a alegar que os documentos haviam sido extraviados. Conforme descrito no TVF, se pode constatar que a Fiscalização foi quem diligenciou e coletou diversos documentos que instruíram o Auto de Infração com vasto conteúdo probatório para imputar a infração de omissão de receita, sendo que os Recorrentes sequer apresentaram explicações e provas para desconstituir a receita omitida descoberta pelo agente autuante. Desta forma, entendo que a fiscalização demonstrou documentalmente a omissão de receita, que ocorreu por meio da constatação das compras feitas pela SD Climatização à margem da Fiscalização. Do arbitramento do lucro: Para este item, inicialmente é importante ressaltar que tanto por intermédio do Termo de Início de Fiscalização, quanto pelo Termo de Intimação Fiscal, os Recorrentes foram intimados a apresentar a escrituração dos registros contábeis e fiscais relativos ao Fl. 2147DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.148 21 período de janeiro a dezembro de 2011 e responderam para o agente autuante que tais documentos tinham sido extraviados e que seria impossível reconstituílos. Foi expedida intimação aos Recorrentes para a apresentação, dentre outros, dos seguintes documentos: A DIPJ 2012/2011 ou o respectivo Recibo de entrega; Escrituração contábil legalmente estabelecida para o ano calendário 2011 para a empresa S D CLIMATIZAÇÃO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA, composta pelo livro DIÁRIO ou CAIXA, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; Livro Registro de Inventário da citada empresa contendo os registros dos estoques existentes no período entre 01/01/2011 e 01/12/2011, data do encerramento de atividades da empresa; Cópias das notas fiscais de entrada e de saídas de mercadorias em 2011 emitidas pelos estabelecimentos CNPJ 11.789.306/000195 e 11.789.306/000276 da empresa S D CLIMATIZAÇÃO COM. E SERV. LTDA. Solicitouse, também, a confirmação ou não da realização, do recebimento, do pagamento e da escrituração das compras efetuadas por meio das notas fiscais relacionadas no Anexo 1 do Termo de Intimação MPF 0819600.2014.00561.4/02, cujo valor totaliza R$ 46.017.276,62. Solicitou, ainda, esclarecimentos e comprovação a respeito da diferença de valores entre as receitas informadas pela contribuinte extinta nas DACON, GIA e aquelas apuradas por meio das NFe constantes no SPED. Também foi intimada a apresentar os livros Lalur, Registros de Apuração, Demonstrativos de Apuração da CSLL, Registro de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, Registro de Inventário e nada apresentou. Assim, de acordo com a legislação tributária federal, como os sujeitos passivos responsáveis deixaram de apresentar os livros e a documentação contábil e fiscal da SD CLIMATIZAÇÃO, a fiscalização arbitrou o lucro com base no valor das compras efetuadas pela empresa extinta, no importe de R$ 46.017.276,62, com fundamento no art. 530, III, e art. 535, V, ambos do RIR/1999. Como a fiscalização não tinha como conhecer a receita bruta, aplicou o inciso V do artigo 535 do RIR/99, aplicando o percentual específico de quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas mensalmente. Como a SD climatização apresentou declarações DCTF relativas aos primeiro e segundo trimestres de 2011, nas quais declarou débitos de IRPJ sob lucro presumido e CSLL (DEMAIS) conforme valores mostrados na tabela constante na pagina 13 do TVF, a fiscalização os considerou e os deduziu os referidos valores de IRPJ e CSLL apurados nos Autos de Infração em epígrafe. Desta forma, entendo que agiu corretamente o Agente Fiscal de Rendas ao arbitrar o lucro utilizando o critério previsto nos artigos 530, inciso III e no artigo 535, inciso V, ambos do RIR/99. Da alegação de confiscatoriedade da multa aplicada: Fl. 2148DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.149 22 A multa foi corretamente capitulada e aplicada de acordo com a infração praticada prevista na legislação. Da forma, deixo de acolher a alegação de confiscatoriedade da multa aplicada ao Auto de Infração, por estar impedido de analisar constitucionalidade de lei no processo administrativo tributário federal, nos termos da Súmula 2 deste E. CARF/MF. Da multa qualificada. Da documentação acostada por esta fiscalização restou evidenciado que os sócios administradores da SD Climatização prestaram, de forma intencional, informações falsas aos fiscos estadual e federal, com o evidente intuito de ocultar fatos geradores de obrigações tributárias de 2011, caracterizando a prática de infração à lei, na forma de sonegação, nos termos do art. 71 da Lei 4.502/64, cujo texto segue transcrito na sequência. Lei 4.502/64 (...) Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. (...) Importante ressaltar que, conforme verificado pela Fiscalização, os Recorrente entregaram extratos bancários com informações divergentes das constantes nas DIMOFs entregues pelas intuições financeiras à Receita Federal. Devido a tal divergência, a fiscalização requisitou que a instituições financeiras entregassem as informações relativas a todas as movimentações e aplicações financeiras, onde foi constatado que no extrato do Banco Bradesco entregue pelos Recorrentes apresentavam movimentações divergentes e inferiores das constantes nos documentos entregues pela instituição financeira. Tal conduta, no meu entender, além de comprovar o intuito de sonegar informação ao Fisco, ensejaria agravamento da multa para 225%, entretanto esta majoração não foi aplicada pela fiscalização e não pertence ao lançamento de ofício. Ademais, na consulta efetuada no sistema das GIA – ICMS SP mostrou que a empresa SD Climatização omitiu para o fisco estadual expressivo volume de compras em 2011, conforme mostrado na tabela da pagina 17 do TVF. Fl. 2149DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.150 23 As compras informadas nas GIA – ICMS SP totalizam apenas R$1.492.440,91 em 2011, no entanto, as compras apuradas através do sistema SPEDNFE e das diligências efetuadas por esta fiscalização totalizam R$ 46.017.276,63, ou seja, verificase que a empresa omitiu do fisco estadual e federal compras que totalizam R$44.524.835,72, caracterizando a prática de sonegação, pela evidente ação dolosa tendente a impedir o conhecimento de fatos geradores por parte das autoridades fazendárias. O sistema da GIA – ICMS SP mostra que a empresa SD Climatização informou para o fisco estadual receitas que totalizam R$5.068.589,31 em 2011. A consulta efetuada no DACON 2011 mostra que a empresa SD Climatização informou à RFB receitas que totalizam R$4.968.989,31 em 2011, em valores muito próximos aos informados ao fisco estadual, conforme comparativo mostrado na tabela da pagina 18 do TVF. Observase que as receitas informadas ao fisco estadual totalizam apenas R$5.068.589,31 em 2011, enquanto que as compras apuradas por esta fiscalização totalizam R$46.017.276,63 no mesmo período, resultando em expressiva divergência que não foi esclarecida pelos Recorrentes. Considerando que a empresa SD Climatização omitiu do fisco estadual e federal compras que totalizam R$44.524.835,72, resta evidenciado que as receitas informadas aos fiscos estadual e federal carecem de credibilidade, não só pela desproporção com as expressivas compras efetuadas, mas também pelo fato de que não foram apresentados quaisquer documentos que comprovem a destinação dos itens adquiridos. Ou seja, no presente caso, a empresa SD Climatização, no anocalendário de 2011, informou ao fisco estadual receitas no total de R$ 5.068.589,31 e, para a Receita Federal não apresentou DIPJ e informou no Dacon receita no valor de R$ 4.968.989,31, enquanto que restou comprovado no trabalho da fiscalização que tinha efetuado compras de mercadorias no valor total de R$ 46.017.276,63, fato que comprova a omissão de receitas e revela a conduta de impedir o conhecimento por parte do Fisco dos fatos geradores das obrigações tributárias. Cabe ressaltar que a falta de apresentação dos livros DIÁRIO ou CAIXA, REGISTRO DE ENTRADAS, REGISTRO DE SAÍDAS e REGISTRO DE INVENTÁRIO, impede o fisco de conhecer a destinação das compras no curso de 2011, bem como impede conhecer o estoque de insumos e mercadorias na data da liquidação da sociedade. Por fim, resta evidenciado que a falta de apresentação da documentação contábil e fiscal da SD Climatização, sob a frágil alegação de extravio, destinase a ocultar as operações de compras e vendas efetivamente realizadas pela empresa. É oportuno observar que a documentação acostada à GIA – ICMS SP mostra que a SD Climatização informou ao fisco estadual ter entrado em inatividade em 30/08/2011, tendo efetuado sua baixa nesse órgão nessa data, no entanto, conforme já visto, a empresa efetuou compras em setembro, outubro e novembro de 2011, revelando a prática de prestar informações falsas às autoridades fazendárias. Diante do exposto, resta evidenciada a prática de sonegação, caracterizada por omissões dolosas, tendentes a impedir o conhecimento por parte das autoridades fazendárias de fatos geradores de obrigações tributárias. Fl. 2150DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.151 24 Da responsabilidade solidária dos sócios: Em relação a responsabilidade dos sócios administradores Luiz Barboza Santos Cardozo e Sidney Tunda Júnior, nos termos do artigo 135, inciso III do CTN, entendo que deve permanecer. No presente caso, a responsabilidade foi aplicada devido a fiscalização ter entendido que a dissolução/extinção da empresa foi irregular e devido pratica de atos caracterizados pelo Auditor Fiscal como sonegação fiscal, eis que se constatou que no período em que a SD Climatização estava em atividade deixou de pagar imposto conforme infração de omissão de receita descrita do Termo de Verificação Fiscal. A responsabilização solidária não foi pautada apenas com base no fato de constarem no contrato social como administradores da empresa extinta. No presente caso, foi constatado infração de omissão de receita e prática dolosa de sonegação fiscal, visando reduziu ou zerar o pagamento do imposto por parte da empresa extinta. Ademais, somase ao fato de ter sido constatada a dissolução irregular, a ausência de patrimônio para arcar com o débito fiscal e a falta de entrega de documentos necessários previstos em lei quando se da baixa da empresa junto aos Órgãos competentes e a Receita Federal. Sendo assim, quando constatado a ausência de patrimônio da sociedade extinta para arcar com o débito fiscal, bem como a pratica de atos enquadrados como sonegação fiscal e a falta da entrega dos documentos necessários previstos em lei para se dar baixa de uma empresa, a dissolução irregular da sociedade enquadrase nos termos do artigo 135, inciso III do CTN. No presente caso, restou comprovado o proveito financeiro por parte das pessoas físicas administradoras e a participação na conduta que tentou se esquivar de pagar o imposto. A responsabilização foi devidamente fundamentada e demonstrada nos autos, como por exemplo a pratica de atos com excesso de poderes, extrapolando os limites do contrato social/estatuto da empresa, fatos que também restaram comprovados nos autos e foram incluídos no tópico do TVF para fundamentar a responsabilidade solidária dos sócios administradores. Em suma, a fiscalização fundamentou e demonstrou a participação, o benefício e o intuito doloso dos administradores de se esquivar de pagar o imposto. Sendo assim, face a demonstração específica da conduta dos sócios administradores e a fundamentação para incluílos no pólo passivo da exação tributária, entendo que deve ser mantida a responsabilidade solidária do Sr. Alberto Pereira e Reinaldo Pereira. Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 13896.720826/201679 Acórdão n.º 1402002.786 S1C4T2 Fl. 2.152 25 Tributação Reflexa: Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento nos termos do meu voto. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 2152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900407/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
RESTITUIÇÃO - ESTIMATIVA
A decisão embargada se calcou na razão de que a estimativa recolhida deveria ser considerada na apreciação do saldo negativo apurado no encerramento do ano-calendário. Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação.
Numero da decisão: 1401-002.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos suscitados e, no mérito, dar-lhe provimento com efeitos infringentes para não reconhecer o indébito pleiteado. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira (em substituição da Conselheira Livia De Carli Germano), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos suscitados e, no mérito, darlhe provimento com efeitos infringentes para não reconhecer o indébito pleiteado. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira (em substituição da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 04 07 /2 00 9- 10 Fl. 111DF CARF MF 2 Conselheira Livia De Carli Germano), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Tratase de embargos da Fazenda Nacional (fls. 103106), tempestivos, interpostos ao amparo do art. 65, Anexo I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo teor do despacho de admissibilidade abaixo transcrevemos: O recurso foi impetrado contra o Acórdão nº 1803.002.064 – 3ª Turma Especial da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF. Nele, a D. Procuradoria aduz que a decisão se calcou na tese de que o indébito pleiteado adviria de estimativas pagas a maior, deixando de analisar a razão para o indeferimento, tanto pela autoridade local, quanto pela DRJ, que correspondeu a erro de preenchimento de DCTF. (...) De fato, na sua manifestação de inconformidade, o contribuinte aduz que errou ao preencher a DCTF e, assim, apresentou a referida declaração com novos números. A DRJ, por seu turno, negou provimento à manifestação de inconformidade em razão de considerar que a entrega de declaração retificadora foi feita após o despacho decisório. Assim, seria ônus do contribuinte comprovar a retificação realizada, mas este não apresentou tais provas. Já a decisão embargada baseouse nos dados da DCTF sem tecer uma só linha acerca do fato de que a declaração foi apresentada após o despacho decisório, fato que serviu de fundamento para a decisão recorrida. Assim, está caracterizada a omissão suscitada. É o relatório do essencial. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10380.900407/200910 Acórdão n.º 1401002.409 S1C4T1 Fl. 112 3 Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Provavelmente a omissão da autoridade julgadora de segundo grau indicada no relatório a levou ao erro de análise sobre o qual discorreremos a seguir. Antes, porém, vale reproduzir o teor do voto condutor do acórdão embargado: Diante do que consta dos autos, vejo que a 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE não aceitou, como componentes do saldo negativo, os valores de estimativa pagos a maior, o que é, incontestavelmente, um equívoco, tendo em vista que a Recorrente apresentou as DCTF’s que suportam o crédito utilizado. Além do mais, quando o pagamento efetuado é superior ao débito IRPJ declarado, o valor considerado como estimativa IRPJ efetivamente paga é o pagamento limitado ao montante declarado. Isto porque os sistemas da Receita Federal do Brasil – RFB são alimentados pelos débitos declarados em DCTF, bem como pelo fato do próprio contribuinte ter feito expressamente distinção entre o pagamento e o valor pago do débito. Ou seja, ficou devidamente comprovado o direito da Recorrente em relação ao valor de R$ 1.200,79, não podendo prevalecer à decisão administrativa que não reconheceu o direito creditório, tendo em vista que uma breve análise nas informações prestadas pelo sujeito passivo e presentes nos sistemas internos da Receita Federal (DCTF e sistemas de arrecadação) no momento da prolação do despacho decisório seria suficiente para validar a compensação realizada. Nos termos do art. 16 do Decreto n° 70.235/1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal (PAF), aplicável na discussão de processos envolvendo compensação tributária, cabe ao impugnante o ônus da prova de suas alegações contrapostas à decisão de não homologação baseada na DCTF e na base de dados de arrecadação. E foi isso que efetivamente aconteceu. Diante do exposto, voto para rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a possibilidade de formação de indébito de estimativas recolhidas a maior ou indevidamente, reformando, desta feita, a decisão proferida pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE. Como podemos ver, a decisão se calcou na razão de que a estimativa recolhida deveria ser considerada na apreciação do saldo negativo apurado no encerramento do Fl. 113DF CARF MF 4 anocalendário. Todavia, o recolhimento não se refere a estimativa, mas sim a imposto apurado pelo lucro presumido, cujo recolhimento é definitivo. Não se trata de mera antecipação. Desse modo, deve ser avaliado se o recolhimento do imposto foi indevido, mas para tal a recorrente apresentou apenas DCTF retificadora após o despacho que indeferiu seu pleito. Tal retificação não produz mais efeito, sem a comprovação de eventual equívoco cometido no preenchimento original. Dessa sorte, voto por conhecer os embargos suscitados para, no mérito, dar provimento com efeitos infringentes para negar provimento ao recurso voluntário com o fito de não reconhecer o indébito pleiteado. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.902693/2013-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE.
Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
Numero da decisão: 1401-002.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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PERDCOMP Recorrente JOSÉ MARIA DOS SANTOS TRANSPORTADORA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 26 93 /2 01 3- 21 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte pretende compensar débito de sua titularidade com crédito de IRPJ, recolhido via DARF em 14/01/2013, no valor de R$ 3.623,77. Analisando o pedido, a Autoridade Administrativa que jurisdiciona a Recorrente não homologou a compensação pretendida ante a constatação de que o pagamento indicado teria sido integralmente utilizado para a quitação de outros débitos de sua responsabilidade, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Irresignado com o indeferimento do PER/DCOMP, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à DRJ, tendo a Delegacia de Julgamento assim se pronunciado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado do Acórdão de Manifestação de Inconformidade, apresentou Recurso Voluntário onde, em apertada síntese, argui o seguinte: 1) Reitera a arguição de nulidade do despacho decisório haja vista a forma sintética como foi tratado o direito da Recorrente, o que o estaria impedindo de ter uma visão clara do porque o seu crédito fora declarado inexistente. Fundamenta suas alegações no disposto no art. 59, inc. II, do Decreto 70.235/72; 2) Entende que deveria, obrigatoriamente, ter sido intimado previamente à edição do despacho decisório para que tivesse oportunidade de comprovar a existência do crédito pleiteado, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Afinal, vieram os autos para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.457, de 13.04.2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.902677/201338, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.457): O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. A peça recursal limitase a reclamar a nulidade do despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada. Nenhuma arguição de mérito, principalmente em relação à existência do crédito declarado, foi trazida pelo recurso. E, como veremos adiante, as alegações de que o despacho decisório incorreria em nulidade são totalmente descabidas. O primeiro ponto, relativo à falta de motivação/fundamentação, que teria impedido a Contribuinte de "ter uma visão clara" do porque o seu crédito fora declarado inexistente foi assim tratado no acórdão recorrido: O despacho não deixa dúvida quanto à sua motivação: o fundamento de fato para a não homologação é a inexistência do crédito utilizado na compensação; o fundamento legal é, entre outros, o art. 74 da Lei n.º 9.430, de 1996. O caput do referido artigo diz que o sujeito passivo que apurar crédito passível de restituição ou de ressarcimento poderá utilizálo na compensação de débitos próprios. Isso significa que, se o sujeito passivo não apurar crédito passível de restituição ou ressarcimento, não poderá fazer compensação. Portanto, a inexistência do crédito utilizado no PER/DCOMP é fundamento de fato legítimo e suficiente para a não homologação. O despacho decisório explicita de maneira fundamentada, como se concluiu pela inexistência do crédito utilizado. Lá consta que o Darf apresentado como origem do crédito foi utilizado para pagamento de tributo declarado. Entre as informações nele apresentadas, estão o valor original do débito declarado, seu período de apuração e o código do tributo. Demonstrase, assim, que o despacho traz, de forma explícita, a motivação da não homologação. A exposição é clara e exaustiva, não havendo preterição do direito de defesa. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 5 4 A análise da motivação é questão de mérito. Sua eventual improcedência não é motivo de nulidade e não afeta o estabelecimento da relação jurídica processual. Perfeita a análise empreendida pela DRJ. Os motivos pelos quais o despacho decisório declarou a inexistência do crédito estão muito bem delineados. Vejam abaixo uma fotografia do próprio despacho decisório que evidencia o dito pelo acórdão: Aliás, a própria decisão recorrida traz uma informação, não contestada pela Contribuinte no Recurso Voluntário, de que o mesmo DARF tido como origem do crédito teria sido utilizado em outras 19 (dezenove) PER/DCOMP, além desta. Vejam: Ainda que o DARF utilizado constituísse pagamento indevido, não seria suficiente para fazer frente a tantas compensações com ele pretendidas. O mesmo DARF, no valor de R$ 11.411,75, foi utilizado em 20 PER/DCOMP para compensar débitos que somam R$93.176,36, conforme abaixo discriminado: Então, resta claramente demonstrado que a Contribuinte sabia exatamente o que estava fazendo, bem assim do porque o alegado crédito seria inexistente. Também muito bem explicado o porque de a Contribuinte limitarse a aventar a nulidade do despacho decisório, ao invés de tentar demonstrar a existência do crédito. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 6 5 O segundo ponto levantado pela Recorrente trata da pretensa obrigatoriedade de a Autoridade Administrativa intimála, previamente à edição do despacho decisório, para que comprovasse a existência do crédito pleiteado, diante da inconsistência apontada, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Curioso, neste ponto, é que quando da manifestação de inconformidade, a norma citada fora a Instrução Normativa SRF nº 1.300/2012, e não a IN SRF nº 900/2008. Ocorre que a IN SRF nº 900/2008 foi totalmente revogada pela IN SRF nº 1.300/2012, esta sim, passível de citação pelo Recurso Voluntário, eis que vigente à época da transmissão da PER/DCOMP. Fato é que a IN SRF nº 1.300/2012 reproduziu em seu art. 74 a redação contida no art. 65 da IN SRF nº 900/2008, utilizada pela Recorrente. Abaixo colaciono o referido dispositivo: IN SRF nº 1.300/2012 Art. 76. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Quer nos fazer crer a Recorrente que a expressão "poderá", grifada no texto, constituirseia em um poderdever da Administração de intimar o contribuinte quando, durante a análise de pedidos como este que estamos apreciando, houver sido verificada, em suas próprias palavras, "uma inconsistência nos créditos declarados pelo contribuinte". Aqui, claramente, estamos diante de uma tentativa de inversão do alcance do dispositivo colacionado. Tal norma nada mais é do que uma garantia posta ao Fisco de somente conceder a restituição/ressarcimento/compensação quando estiver seguro quanto a liquidez e certeza do crédito apresentado pelo Contribuinte. Em havendo dúvida por parte do Fisco em relação ao crédito apresentado, o referido dispositivo lhe permite condicionar o pagamento/compensação à sua efetiva comprovação, seja pela apresentação "de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos", seja pela determinação de "realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". No caso em apreço, não houve dúvida nenhuma da parte do Fisco ao não homologar a compensação, eis que patente a inexistência do crédito pleiteado, ante à sua total utilização para a quitação de outros débitos que não aqueles apontados na PER/DCOMP sob análise. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 13851.902693/201321 Acórdão n.º 1401002.471 S1C4T1 Fl. 7 6 Não se trata, portanto, de uma obrigação, mas tão somente de uma faculdade posta à disposição da Autoridade Administrativa para garantir a correção no deferimento dos pleitos dos Contribuintes. Portanto, também neste ponto, rechaço as alegações da Recorrente. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 69DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.904006/2011-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.655
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone (Presidente), Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado para os impedimentos).
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone (Presidente), Ailton Neves da Silva (Suplente convocado), e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado para os impedimentos). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 30 .9 04 00 6/ 20 11 -7 1 Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 837 2 Relatório Adoto, em sua integralidade, o relatório do Acórdão de Impugnação nº 06 44.949, proferido em 24 de janeiro de 2014, pela 1ª Turma da DRJ em Curitiba (PR), devido a sua completude, complementandoo, ao final, com as pertinentes atualizações processuais. Trata o presente processo das declarações de compensação a seguir relacionadas, transmitidas pela empresa incorporadora VIVO S/A (CNPJ nº 02.449.992/000164), com utilização do direito creditório de R$ 20.480.086,62 oriundo do saldo negativo de IRPJ declarado na DIPJ 2006 de evento especial incorporação, período de 01/01/2006 a 31/10/2006, apresentada pela empresa incorporada Telegoiás Celular S/A (CNPJ nº 02.341.506/000190): PER/DCOMP nº 36606.40764.110107.1.3.022090 (fls. 004010): compensação do débito de R$ 16.226.182,49 de Cofins (código de receita 2172) do mês de dezembro/2006, com utilização da parcela de R$ 15.752.045,91 do direito creditório; PER/DCOMP nº 11288.80015.200907.1.7.025334 (fls. 011014), retificador do PER/DCOMP nº 24849.62200.150207.1.3.027296: compensação do débito de R$ 4.921.417,58 de PIS (código de receita 8109) do mês de janeiro/2007, com utilização da parcela de R$ 4.728.040,71 do direito creditório. 2. A DRF/Londrina, por meio de despacho decisório eletrônico proferido em 02/08/2011 (rastreamento nº 948106022, à fl. 15), reconheceu o direito creditório pleiteado de R$ 20.480.086,62 de saldo negativo de IRPJ, mas homologou integralmente a compensação declarada no PER/DCOMP nº 36606.40764.110107.1.3.022090 e parcialmente a declarada no PER/DCOMP nº 11288.80015.200907.1.7.025334 em face da insuficiência de crédito ocasionada por divergência na sua atualização: 3. Regularmente cientificada por via postal em 16/08/2011, a VIVO S/A, por intermédio de seu representante legal (mandato às fls. 266275), apresentou, em 13/09/2011, a tempestiva manifestação de inconformidade de fls. 250262, instruída com os documentos de fls. 277368, cujo teor é sintetizado a seguir: Fl. 837DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 838 3 a) argumenta que o despacho decisório confirmou integralmente todas as parcelas formadoras do crédito, advindas de retenções de IR na fonte no montante de R$ 23.892.328,57; b) contudo, o despacho decisório não realizou a correta atualização do crédito apurado em outubro/2006, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250, de 1995, reduzindo indevidamente o valor do crédito ao qual tem direito; c) que o crédito objeto da declaração de compensação é oriundo do saldo negativo de IRPJ do período encerrado em 31/10/2006, quando da incorporação da antiga Telegoiás Celular S/A, no valor original de R$ 20.480.086,62; d) que, ao analisar o referido crédito, o Fisco deixou de aplicar a atualização pela taxa Selic nos meses de novembro e dezembro/2006, fazendo somente nos meses de janeiro e fevereiro/2007, o que acarretou na diferença constatada pelo despacho decisório; e) também alega que não deve subsistir a incidência dos juros sobre a multa de mora, por ausência de previsão legal, pois a multa não compõe o crédito tributário para fins de incidência de juros, conforme arts. 161 e 139 do CTN e art. 84 da Lei nº 8.981, de 1995, c/c art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995. 4. Contudo, em 09/09/2011 (fls. 207208) a interessada foi cientificada do novo despacho decisório proferido pela DRF/Londrina (fls. 205206), com base no Parecer Saort da DRF/Londrina nº 614/2011 (fls. 198204), que anulou o despacho decisório emitido em 02/08/2011 e reconheceu apenas o direito creditório de R$ 1.057.549,48 de saldo negativo de IRPJ do período de 01/01/2006 a 31/10/2006 da sucedida Telegoiás Celular S/A, porquanto considerou nas parcelas de composição do crédito apenas o IRRF de R$ 4.469.740,96 proporcional às receitas financeiras oferecidas à tributação (R$ 24.039.802,96): 5. Em consequência, foi homologada parcialmente a compensação declarada no PER/DCOMP nº 36606.40764.110107.1.3.022090 e não homologada a declarada no PER/DCOMP nº 11288.80015.200907.1.7.025334. 6. Tendo a Saort da DRF/Londrina juntado aos autos apenas a manifestação de inconformidade apresentada contra ao despacho decisório eletrônico cientificado em 16/08/2011, esta Turma da DRJ/Curitiba proferiu, em 10/05/2013, o Acórdão nº 0440.930 (fls. 371376), que julgou procedente as alegações formuladas na manifestação de inconformidade apresentada em 13/09/2011 que eram pertinentes aos fundamentos utilizados no despacho decisório revisor, em decisão assim ementada: SALDO NEGATIVO. INCORPORAÇÃO. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DOS JUROS. Fl. 838DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 839 4 Reconhecido parte do direito creditório pertinente a crédito de sucedida, para fins de compensação ou restituição, o termo inicial de incidência, no cálculo dos juros equivalentes à taxa Selic, no caso de saldo negativo, é o mês subsequente ao de encerramento do período de apuração. 7. Após a devolução dos autos à unidade de origem para que fosse dada ciência do Acórdão nº 0440.930 à contribuinte, a Saort da DRF/Londrina juntou aos autos a manifestação de inconformidade de fls. 423448 apresentada, tempestivamente, em 10/10/2011, contra o despacho decisório revisor cientificado em 09/09/2011 (fl. 207) e devolveu o processo para novo julgamento por esta DRJ. 8. Na manifestação de inconformidade complementar (fls. 423448), apresentada em 10/10/2011, a interessada, por intermédio de seus representantes legais (mandato às fls. 450458), acrescentou as seguintes alegações de defesa: a) relata que foi surpreendida pelo despacho decisório ora objurgado, que sob a justificativa da prerrogativa da administração pública de anular seus próprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes, cancelou o despacho decisório anteriormente exarado; que a justificativa para anulação foi a falta de esclarecimentos/documentos completamente elucidativos acerca do oferecimento à tributação da receita financeira correspondente ao IRRF (códigos de receita 3426 e 5273) deduzido do imposto a pagar no anocalendário de 2006, conforme determina o art. 770 do RIR de 1999 e art. 55 da IN RFB nº 1.022, de 2010; b) no tópico “Da inexistência da ilegalidade atribuída ao despacho nº de rastreamento 948106022, invocada como motivo para sua anulação” argui que a Receita Federal não pode anular o despacho decisório nº de rastreamento 948106022 ao novo fundamento aduzido, haja vista a (i) inexistência de qualquer indício de irregularidade a atingir o crédito da requerente, com base na divergência arguida entre as receitas informadas na DIRF 2006 e na DIPJ 2007, uma vez que os critérios legais a que se submete a fonte pagadora para preenchimento da DIRF (regime de caixa) divergem dos da beneficiária do pagamento para tributação das receitas financeiras (regime de competência); (ii) impossibilidade de alteração dos critérios jurídicos, com efeitos retroativos, em relação ao mesmo contribuinte, sob pena de ofensa aos arts. 100 e 146 do CTN e aos princípios da segurança jurídica e da irretroatividade; c) que o despacho decisório rastreamento nº 948106022 foi emitido eletronicamente em 02/08/2011, ainda dentro do prazo de 20 dias de prorrogação solicitado pela requerente em 25/07/2011 (fl. 160) para apresentação dos esclarecimentos/documentos solicitados pela Intimação nº 916/2011; que somente deixou de apresentar aludida resposta em razão da emissão do despacho decisório nº rastreamento nº 948106022, mas o segundo despacho decisório vinculou a mantença dos efeitos da primeira decisão à falta de apresentação de resposta àquela intimação; que a RFB deveria ter aguardado o envio das informações pela requerente para emitir eletronicamente o despacho decisório e, na hipótese de a requerente manterse inerte, já emitilo nos termos do despacho decisório ora atacado; que já havia apresentado manifestação de inconformidade contra o despacho decisório eletrônico, pautada em alegações que passam ao largo da discussão ora travada, o que, per se, já possui o condão de demonstrar a nulidade do despacho decisório ora atacado; Fl. 839DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 840 5 d) contesta a alegação de que a administração pública deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos; que os atos da Poder Público gozam da aparência e da presunção de legitimidade, fatores que, por si só, justificam a sua conservação no mundo jurídico, ainda que eivados de erro de direito, o que não seria o caso; que a RFB se socorre de subterfúgios para modificar o despacho originalmente exarado, pelo que o mesmo não pode ser simplesmente anulado; e) no tópico “Da impossibilidade de alteração dos critérios jurídicos, com efeitos retroativos. Ofensa aos artigos 100 e 146 do Código Tributário Nacional e ao princípio da segurança jurídica” argumenta que resta claramente configurada a alteração do critério jurídico, uma vez que a RFB: (i) emitiu instruções normativas que implicam o descasamento entre o momento do reconhecimento da receita e sua tributação pelo IRRF e em momento posterior passa a questionar tal dissonância; (ii) emitiu um despacho decisório reconhecendo como legítima a integralidade dos créditos oriundos de retenções na fonte e, posteriormente, inovando a interpretação do direito pertinente ao caso, anulou o referido despacho, desconsiderando a grande maioria dos créditos; f) da leitura do art. 146 do CTN depreendese que a preservação da estabilidade das relações jurídicas é fundamental ao desempenho das atividades da Administração Pública e, por razões de segurança jurídica, esta se encontra sujeita ao princípio da irretroatividade; que a alteração do critério jurídico abala a segurança jurídica que os atos normativos emitidos e as práticas adotadas pela Administração Tributária Federal deveriam preservar; que o art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, elenca, dentre os princípios que regem o procedimento administrativo Federal, a segurança jurídica; g) que o princípio da segurança jurídica visa a proteger o indivíduo de modificações inesperadas nos atos e posições de determinado ente jurídico que já se encontravam consolidados no tempo e por isso aceitos; quando agiu, o administrado o fez com a consciência do amparo concedido pela Administração, não podendo sofrer os efeitos da alteração de critério jurídico posterior a sua conduta, em ofensa flagrante à boafé e à confiança depositadas nos atos normativos e nos atos de aplicação da lei emanados da Administração; na eventualidade de se negar incidência do art. 146 do CTN, a exigência fiscal deve ser ajustada, afim de se excluírem dela as parcelas referentes à multa e juros, como preceitua o art. 100, I e III, do CTN; h) no tópico “Do oferecimento à tributação dos rendimentos de aplicações financeiras em períodos anteriores, conforme determina a legislação regente da matéria” alega que os rendimentos no montante de R$ 128.579.066,93 são originários de aplicações financeiras de médio e longo prazo, cujo oferecimento à tributação ocorreu paulatinamente ao longo dos anos em que perduraram tais aplicações, em obediência ao princípio contábil da competência; que as fontes pagadoras informaram as receitas e o IRRF de R$ 23.892.328,57 somente em 2006, quando do resgate das aplicações; que apenas a receita de R$ 24.039.802,93 foi registrada na DIPJ 2007 e no razão de 2006, enquanto os demais valores foram registrados nos livros razão e oferecidos à tributação em períodos anteriores; i) que as pessoa jurídicas tributadas com base no lucro devem registrar suas receitas financeiras com base no regime de competência, conforme determina o art. 17 do Decretolei nº 1.598, de 1977, e art. 373 do RIR de 1999; já o IRRF é devido no momento da alienação, que compreende a liquidação (vencimento) e o resgate, conforme dispõe o art. 65, § Fl. 840DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 841 6 3º, da Lei nº 8.181, de 1995, c/c art. 5º da Lei nº 9.779, de 1999, e art. 1º da Lei nº 11.033, de 2004, corroborada pela IN SRB nº 1.022, de 2010, e soluções de consulta da RFB; j) que se verifica em análise de planilhas com informações da conta nº 41911111 e cópias dos livros Razão de 2006, 2005 e 2004, que das receitas financeiras registradas em DCOMP/DIRF, no montante de R$ 128.579.066,93, resta comprovada documentalmente a contabilização e oferecimento à tributação de R$ 121.582.134,92, estando pendente de comprovação documental a parcela de R$ 6.996.932,01; k) que a apresentação da presente documentação demandou grande esforço da área fiscal da empresa, que desde a primeira intimação vem tentando localizar os documentos, bem como compilar as informações; contudo, como se trata de documentos e informações referentes a períodos arquivados em programas (software) antigos e não mais operantes na companhia, ainda não foi possível a localização integral dos registros de todas as receitas, razão pela qual pugna pelo juntada posterior de documentos, por motivo de força maior, nos termos do art. 16, § 4º, “a” do Decreto nº 70.235, de 1972; l) no tópico “Da na incidência dos juros de mora sobre a multa de mora” aduz que sobre a multa exigida em virtude da insuficiência ou intempestividade de recolhimento de tributo não subsiste a mínima possibilidade de incidência de juros moratórios; m) ao final requer: (i) seja declarada inválida a anulação do despacho decisório nº de rastreamento 948106022 ao novo fundamento aduzido; (ii) a procedência da presente manifestação de inconformidade, para que, no mérito, seja homologada a compensação efetuada in totum; (iii) ainda que se entenda procedente o despacho decisório, a exigência fiscal deve ser ajustada, a fim de se excluírem as parcelas referentes à multa e juros; (iv) alternativamente, que não deve subsistir a incidência dos juros sobre a multa de mora. Passo, agora, a complementar o relatório acima transcrito. A Manifestação de Inconformidade da Recorrente (efls. 423448) foi julgada procedente em parte para confirmar o direito creditório de R$ 1.057.549,48 de saldo negativo de IRPJ já reconhecido pela DRF/Londrina e entendeu que o termo inicial de incidência dos juros com base na taxa Selic para correção desse crédito deve ser o mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. Tal decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 NULIDADE. Além de não se enquadrar nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se tratar de caso de inobservância dos pressupostos legais, é incabível falar em nulidade do despacho decisório revisor quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal. DESPACHO DECISÓRIO ANTERIOR. REVISÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A Administração Pública deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, Fl. 841DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 842 7 dentro do prazo de cinco anos contado da data em que foram praticados; logo, tendo autoridade fiscal constatado erro no despacho decisório por ela proferido, haja vista ter reconhecido direito creditório não dotado de certeza e liquidez, é seu dever rever de ofício a decisão, pois o controle sobre seus próprios atos é atividade inerente às atribuições da Administração Pública e decorre dos princípios a que ela se submete, dentre os quais, os da legalidade, da indisponibilidade do bem público e da predominância do interesse público. DESPACHO DECISÓRIO RETIFICADOR. CIÊNCIA ANTES DA INSTAURAÇÃO DA FASE LITIGIOSA DO PROCEDIMENTO. Considerando que a interessada foi cientificada do despacho decisório anterior em 16/08/2011 e apresentou manifestação de inconformidade em 13/09/2011, inexiste qualquer embaraço ou impedimento à decisão revisora cientificada em 09/09/2011, com contestação em 10/10/2011, quando ainda não estava instaurada a fase litigiosa do procedimento. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE SOBRE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. IRRF UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA CORRESPONDENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. O imposto de renda na fonte retido por ocasião do resgate das aplicações financeiras somente pode ser utilizado na composição do saldo negativo de IRPJ se os rendimentos correspondentes tiverem sido devidamente oferecidos à tributação; a alegação de que parte dos rendimentos financeiros foi tributada em períodos de apuração anteriores, com base no regime de competência, deve ser acompanhada de documentos hábeis e idôneos aptos a comprovar o fato. SALDO NEGATIVO. INCORPORAÇÃO. TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DOS JUROS. Reconhecido parte do direito creditório pertinente a crédito de sucedida, para fins de compensação ou restituição, o termo inicial de incidência, no cálculo dos juros equivalentes à taxa Selic, no caso de saldo negativo, é o mês subsequente ao de encerramento do período de apuração. Inconformada com a retromencionada decisão, a fiscalizada interpôs Recurso Voluntário (efls. 708723) a esta Colenda Turma, reiterando seus argumentos. Registrese que, no tocante ao trâmite processual, não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. Cabe ainda registrar que, em data de 07 de maio de 2018, requereu a contribuinte (efls. 809 a 820) que fosse retirado da pauta de julgamento do dia 16 de maio, Fl. 842DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 843 8 alegando ausência de juntada da íntegra do Recurso Voluntário. Transcrevemos abaixo parte do pedido: A despeito disso, verificase da cópia integral do PTA que o inteiro teor do recurso voluntário não foi juntado aos autos, apesar de sua interposição tempestiva, tornandoo inapto para julgamento por esta c. Turma. Justamente pelo mesmo motivo ora narrado é que as Recorrentes solicitaram que o PTA em epígrafe fosse retirado das pautas de julgamentos dos dias 26.01.2018 (doc. n° 02) e 22.02.2018 (doc. nO 03), pleiteando, nas duas ocasiões, a baixa dos autos em diligência para a devida juntada da integra do recurso voluntário interposto. Tais petições, contudo, igualmente deixaram de ser juntadas aos autos pela RFB. Desse modo, requerse, uma vez mais, a retirada do PTA em epígrafe da pauta de julgamentos do dia 16.05.2018, na medida em quê o recurso voluntário peça fundamental para o julgamento do feito não foi juntado aos autos pela RFB, apesar de seu tempestivo protocolo, impossibilitando que os Ilmos. Conselheiros o analisem. Ao exposto, as Recorrentes reiteram o pedido de baixa em diligência do presente feito para que seja devidamente juntada aos autos a íntegra do recurso voluntário protocolado, a ser apreciado por este c. Carf. Porém, a íntegra do Recurso Voluntário encontrase nos autos, conforme verificase em e fls. 709 a 723. É o relatório. Fl. 843DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 844 9 Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator Preliminarmente, quanto à tempestividade, registrese que, no que pese o Recurso Voluntário da Recorrente ter sido trazido aos autos em anexo (efl. 708) ao pedido de alteração da situação fiscal dos processos da autuada no sistema da RFB, será conhecido para apreciação, posto que há, juntamente com o Recurso Voluntário, o AR (efl. 724) com data de postagem tempestiva (14 de março de 2014), considerando que a fiscalizada foi intimada da decisão de primeira instância em 12/02/2014 (efl. 617). Ademais, consta ainda nos autos Despacho de Encaminhamento, à efl. 772, corroborando com a tempestividade da apresentação do Recurso Voluntário o remetendo, assim, ao CARF. Conheço, portanto, o presente recurso por atender a todos os requisitos de admissibilidade a ele exigíveis. Ultrapassando, então, questões preliminares, passo ao mérito da controvérsia. Em síntese, o contribuinte ingressou com pedido de compensação de saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 2006, DIPJ 2007. A DRF de Londrina, responsável pela análise do PER/DCOMP, emitiu um primeiro despacho decisório de p. 15, em 02 de agosto de 2011, no qual confirmou todas as retenções na fonte que formaram o crédito e, consequentemente, reconheceu o direito creditório, homologando parcialmente a compensação pleiteada em razão de ter corrigido o referido crédito a partir de dezembro/2006, quando, em verdade, a DIPJ de origem do crédito foi transmitida em outubro/06. Aberto o prazo para a manifestação de inconformidade, antes que o contribuinte a apresentasse, a DRF Londrina, através do despacho de p. 205 cancelou o primeiro despacho decisório, reconhecendo créditos em favor do contribuinte em montante bem menor, uma vez que o contribuinte não comprovou que a receita financeira que ensejou as retenções de IRRF tinha sido oferecida à tributação. O contribuinte protocolou manifestação de inconformidade referente ao primeiro despacho e antes que o contribuinte pudesse apresentar manifestação em face do segundo despacho, que cancelou o primeiro, o processo foi encaminhado para julgamento pela DRJ, que exarou acórdão de p. 371 a 376, reconhecendo o termo inicial para a correção dos créditos da contribuinte e, desta forma, dando provimento à primeira manifestação de inconformidade. Posteriormente, tendo em vista que o contribuinte apresentou a segunda manifestação de inconformidade, referente ao segundo despacho decisório, o processo voltou para apreciação pela DRJ, a qual exarou um segundo acórdão de p. 57 a 615, no qual ratifica o termo inicial para a correção monetária dos créditos reconhecidos pela DRF em favor do contribuinte, mas mantém a redução do crédito de saldo negativo de IRPJ. O contribuinte, inconformado, além de questionar a nulidade da revisão de ofício realizada pela DRF, em ser recurso voluntário de p. 708 a 723, sob o argumento de mudança de critério jurídico por parte da fiscalização, no mérito, ressalta que as receitas financeiras que ensejaram a retenção de IR na Fonte, utilizado para a composição do saldo Fl. 844DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 845 10 negativo de IRPJ foram oferecidas à tributação em mais de um anocalendário, e que, em razão disso, foram declaradas com base no regime de competência. O IRRF foi retido todo de uma vez, em 2006, em razão da liquidação e resgate dos investimentos em aplicações financeiras terem ocorrido no referido ano, assim como as operações de Swap. Apresenta quadro, na p. 722, com um resumo das receitas reconhecidas durante os anos de 2004 a 2006, ressaltando que os valores referentes ao anocalendário 2006 foram integralmente confirmados. O primeiro ponto que se deve ter, como incontroverso, é a efetividade da retenção de R$ 23.892.326,57 de IRRF no anocalendário 2006, confirmada em DIRF pelas fontes pagadoras (p. 177 a 192), conforme se verifica no item 46 do v. acórdão recorrido, p. 612. O questionamento fica pelo oferecimento à tributação da receita financeira respectiva, no importe de R$ 128.579.066,93. O contribuinte anexou aos autos, às p. 166 a 176 a DIPJ 2006, referente ao ano calendário 2006, encerrado, por incorporação, em 31.10.2006, na qual está apontado “Outras Receitas Financeiras” oferecidas à tributação no importe de R$ 30.103.711,66, a qual, de fato, é bem menor do que os R$ 128.579.066,93 que o contribuinte precisa comprovar. Contudo, nas p. 588 a 590 foi anexada a Ficha 6A da DIPJ 2006, referente ao anocalendário 2005, na qual está apontado “Outras Receitas Financeiras” oferecidas à tributação no importe de R$ 148.858.717,68; e, nas p. 592 a 594 foi anexada a Ficha 6A da DIPJ 2005, referente ao ano calendário 2004, na qual está apontado “Outras Receitas Financeiras” oferecidas à tributação no importe de R$ 64.244.810,11. Ou seja, se considerarmos as aplicações financeiras num período que excede o anocalendário de 2006, o contribuinte demonstrou que, de fato, ofereceu à tributação receitas financeiras em montante compatível com o que se precisa comprovar no presente feito para fins de se admitir os créditos trazidos à compensação. Contudo, intimado a prestar esclarecimentos conforme Intimação 893/2010, de 01 de abril de 2010 (p. 36), apresentou cópia dos comprovantes de rendimentos pagos e do IRRF referentes ao ano 2006, bem como esclareceu a composição dos rendimentos declarados no importe de R$ 30.103.711,66, conforme documentos de p. 80 e seguintes. Reintimado através da Intimação 916/2011, de 06 de junho de 2011, para esclarecer como teria contabilizado e tributado os rendimentos de aplicação financeira de longo prazo, conforme informado na resposta à intimação anterior, que totalizavam R$ 98.475.355,27, o contribuinte solicitou dilação de prazo para prestar os esclarecimentos, mas acabou não fazendo essa comprovação, ensejando o parecer de p. 198 a 204 e o despacho decisório de p. 205, que reconheceu apenas parte do direito creditório pleiteado em PER/DCOMP pelo contribuinte (apuração p. 202). Por fim, a própria DRJ, no v. acórdão recorrido, p. 613, reconhece que o contribuinte apresentou planilha de p. 586, a qual resume os esclarecimentos para a composição da receita financeira total de R$ 128.579.066,93, chegando ao montante de R$ 121.582.134,92, à vista de extratos do Livro Razão, referente a conta 419111111 – Juros Aplicações Financeiras para os anos de 2004, 2005 e 2006 que, se não demonstra todo o valor, chega a um percentual considerável do montante total a ser comprovado, não sendo aceito pela DRJ exclusivamente pela não demonstração analítica da contabilização dos rendimentos Fl. 845DF CARF MF Processo nº 10930.904006/201171 Resolução nº 1402000.655 S1C4T2 Fl. 846 11 produzidos, nos períodos de apuração compreendidos entre a data da aplicação e do resgate das aplicações, referentes aos títulos alienados no anocalendário de 2006. Desta forma, em respeito ao princípio da Verdade Material, proponho converter o presente julgamento em diligência para que os autos baixem à unidade de origem e seja oportunizado ao contribuinte apresentar, devidamente documentadas: (i) as demonstrações analíticas da contabilização; (ii) o oferecimento à tributação das receitas financeiras decorrentes de aplicações financeiras vinculadas à conta 419111111 – Juros Aplicações Financeiras para os anos de 2004, 2005 e 2006, uma vez que há oferecimento de receitas financeiras à tributação nos referidos anoscalendários a sustentar, ainda que parcialmente, a receita financeira total de R$ 128.579.066,93 necessária para o reconhecimento dos créditos trazidos à compensação através deste processo administrativo; e (iii) ao final do procedimento, deverá a autoridade fiscalizadora elaborar relatório circunstanciado, cientificando o sujeito passivo do resultado da diligencia para que, querendo, se manifeste em 30 (trinta) dias, com fundamento no artigo 35, parágrafo único, do Decreto 7.574|2011. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 846DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10950.005224/2008-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruí-lo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Ocorrência de uma das hipóteses de exceção no caso concreto.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INOCORRÊNCIA.
O prazo para homologação de lançamento do art. 150, § 4º, do CTN, com a respectiva aplicação da contagem do prazo decadencial, somente se aplica aos lançados acompanhados do respectivo pagamento do tributo apurado. A simples informação do valor apurado não configura a realização de lançamento por homologação na forma estabelecida pela norma, que se submeta à aplicação da homologação de lançamento.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ARTIGO 42 DA LEI 9.430/1996
A presunção legal de omissão de receitas reverte ao contribuinte o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade.
INCONSTITUCIONALIDADE. PENALIDADES.
Sumula CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
A exasperação de multas tributárias deve ser devidamente motivada pela autoridade fiscal. Não subsiste a qualificação da multa pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas.
Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.
Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64.
Numero da decisão: 1401-002.645
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência relativamente aos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e junho de 2003 e reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%; por maioria de votos, negar provimento ao recurso em relação à decadência dos meses de maio, julho e agosto de 2003, vencidos os conselheiros Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: 09482231708 - CPF não encontrado.
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DECADÊNCIA. OMISSÃO DE RECEITAS. Recorrente RODOALDO TRANSPORTES LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Ocorrência de uma das hipóteses de exceção no caso concreto. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INOCORRÊNCIA. O prazo para homologação de lançamento do art. 150, § 4º, do CTN, com a respectiva aplicação da contagem do prazo decadencial, somente se aplica aos lançados acompanhados do respectivo pagamento do tributo apurado. A simples informação do valor apurado não configura a realização de lançamento por homologação na forma estabelecida pela norma, que se submeta à aplicação da homologação de lançamento. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. ARTIGO 42 DA LEI 9.430/1996 A presunção legal de omissão de receitas reverte ao contribuinte o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 52 24 /2 00 8- 98 Fl. 792DF CARF MF 2 titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade. INCONSTITUCIONALIDADE. PENALIDADES. Sumula CARF 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. A exasperação de multas tributárias deve ser devidamente motivada pela autoridade fiscal. Não subsiste a qualificação da multa pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas. Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência relativamente aos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e junho de 2003 e reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%; por maioria de votos, negar provimento ao recurso em relação à decadência dos meses de maio, julho e agosto de 2003, vencidos os conselheiros Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Fl. 793DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 793 3 Relatório Tratase de autos de infração para a cobrança de tributos na modalidade do Simples referentes aos anoscalendário de 2003 a 2005, em razão da suposta omissão de receitas da atividade, relativas a depósitos bancários não escriturados recebidos em contas bancárias de sua titularidade (com multa de ofício qualificada para 150%), bem como de insuficiência de recolhimento resultante da alteração nas alíquotas de recolhimento do Simples, em razão das omissões que aumentaram o valor das receitas (com multa de ofício de 75%). O auto de infração assim descreve os fatos e argumentos que deram ensejo à a autuação (fl. 380383): A ação fiscal teve origem com a DECISÃO/OFICIO n° 102/2005GBJF da JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARAMA VARA FEDERAL CRIMINAL DE MARINGA referente a envolvidos na Operação "Hidra , de fls. 04. RODOALDO TRANSPORTES LTDA ME CNPJ 05.240.802/000192 que intimada a comprovar a origem (vendas, prestação de serviços, empréstimos, etc...) dos recursos creditados em contas correntes bancárias (fls. 82/91), com documentos hábeis e idôneos coincidentes datas e valores, conforme os Demonstrativo dos Créditos a Comprovar anexos, da contacorrente 8.6789 Banco Bradesco Agência 24600, em nome da fiscalizada, conforme Intimação FiscalSAFIS/DRE/MGA n° 001/2008, de fls. 101/105. Que, a fiscalizada apresentou documentos (Conhecimento de Transportes Rodoviários de Cargas, Carta Frete, Recibo de Pagamento de Frete, etc... de fls. 107/160) emitidos em nome de Rodoaldo Transportes Ltda, MCT Transportes Ltda, Paulo Cesar Camargo para comprovar a origem dos depósitos bancários efetuados em suas contas correntes bancárias. Que, a fiscalizada declarou (fls.44/55) o valor de apenas um documento por mês, conforme a seguir: Que, entre os documentos apresentados, emitidas em nome da empresa Rodoaldo Transportes Ltda, foram utilizados para prestação de serviços de fretes, veículos caminhão e carretas registrados em nome das pessoas físicas de Aldo Giliolli, que em Fl. 794DF CARF MF 4 março de 2005, possui conforme relatório da Coordenação Geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal (fls. 161/164) 03 (tres) veículos caminhão trator de placas AEJ3664, GVP6747 e BXH6137 e 04 (quatro) carretas (reboque) de placas HRV1216, HRV1217, AKQ8113 e AKQ7795 e da cônjuge Isaura de Souza Gilioli possui em seu nome o veículo caminhão trator de Placa GUV1330 e 02 (duas) carretas (reboque) de Placas HRV3622 e HRV3623. Que, Aldo Gilioli e Izaura de Souza Gilioli são sócios da empresa Rodoaldo Transportes LtdaME CNPJ 05.240.802/000192 conforme cópia da Declaração Simplificada PJSIMPLES, nas fls. 56. Que, nos documentos apresentados, com relação aos veículos caminhão pertencentes ao Aldo Gilioli e a Izaura de Souza Gilioli, consta como motorista um terceiro e não dos proprietários, fls. 110,114,118,120, etc... Que, dentre dos documentos apresentados em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME que foram realizados com veículos caminhão e carreta de placas ILF 6614, ILF6653, CPJ 8185 e AML 8224. Que, de acordo com os esclarecimentos apresentado juntamente com os documentos já citados, os valores depositados em conta corrente bancária são apenas uma parcela dos rendimentos, uma vez que as cartas de créditos são trocados nos postos de abastecimento de combustível, efetuando pagamento de despesas e recebendo o troco em dinheiro ou cheques. Como se verifica ainda, nos documentos apresentados valores a titulo de adiantamento muitas vezes utilizados para pagamento de despesas. Considerando que, para justificar e comprovar a origem dos créditos em contas correntes bancárias em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME, apresentou documentos referentes a comprovantes de fretes realizados com veículos registrados em nome de Aldo Gilioli e Isaura de Souza Gilioli. Considerando que, existem dentro dos documentos apresentados para justificar e comprovar a origem dos créditos em contas correntes bancárias em nome da empresa Rodoaldo Transportes Ltda ME e Aldo Gilioli (Termo de Verificação da Ação Fiscal referente ao MEF 09.1.05.002007002729), emitidos em nome da transportadora realizados com veículos caminhão e carreta de placa ILF 6614, ILF6653, CPJ 8185 e AML 8224. Considerando que, apresentou outros comprovantes de fretes em nome de terceiros para justificar e comprovar os créditos em contas correntes em nome de Rodoaldo Transportes Ltda ME. Considerando que, os valores dos comprovantes de fretes, são próximos aos valores intimados a comprovar. Considerando que, os valores constantes dos documentos de fretes não tem correlação com os créditos efetuados em contas correntes bancária de Rodoaldo Transportes Ltda ME e não foram identificados a origem (documentos de fretes) e os Fl. 795DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 794 5 respectivos créditos em c/c bancária (depósitos, transferência, etc...). APURAMOS OMISSÃO DE RECEITA caracterizada por depósitos bancários (depósitos, transferências, descontos, etc...) sem comprovação com documentos hábeis e idôneos, da origem dos recursos creditados em contas correntes bancárias, demonstradas nas fls. 107, conforme a seguir: Valor Tributável apurado conforme Termo de Verificação da Ação Fiscal datado de 05/09/2008, de fls. 480, 481, 482 e 483 do anexo IIII, lavrado em nome do sócio Aldo Gilioli, CPF 837.583.05853, será lançado de ofício nesta fiscalização conforme já relatado e justificado no termo anexo, decorrente do Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização 09.1.05.00 2007002729, que nas verificações das obrigações tributárias referente ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anos calendário de 2003, 2004 e 2005, ficou caracterizada que a empresa utilizou a conta corrente bancária para movimentar os recursos da empresa fiscalizada, com o intuito de tentar impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fator gerador da obrigação principal, o que enseja na majoração da multa de oficio nos termos do artigo 957 inciso II Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/99. Fl. 796DF CARF MF 6 Os argumentos da impugnação foram assim descritos no relatório da decisão recorrida: Fl. 797DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 795 7 Fl. 798DF CARF MF 8 Em 13 de maio de 2010 a DRJ em Curitiba julgou a impugnação parcialmente procedente, excluindo dos valores cobrados financiamentos cujas origens foram comprovadas em sede de impugnação. O acórdão foi assim ementado: Assunto: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS/CRÉDITOS EM CONTAS BANCÁRIAS. RECEITAS DE TERCEIROS. BIN IN IDEM. PROVAS. Somente documentação hábil e idônea comprova a alegação de que os depósitos/créditos recebidos em contas bancárias da autuada se tratam de Fl. 799DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 796 9 receitas pertencentes a terceiros; conhecimentos de transporte rodoviário de cargas, cartasfrete, etc, em nome de terceiros não o comprovam, o que torna descabida a acusação de bis in idem. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM NÃO FOI COMPROVADA. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. ÔNUS DA PROVA DE QUE SE TRATAM DE RECEITAS DE TERCEIROS. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. DEDUÇÃO/COMPENSAÇÃO DE IMPOSTOS/CONTRIBUIÇÕES DECLARADOS/PAGO. Improcedente a reivindicação de que os valores que declarou/pagou devam ser deduzidos, porque já o foram, e sem base pedido de compensação, já que nenhum crédito foi constatado. DEPÓSITOS/CRÉDITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO ESCLARECIDA. FINANCIAMENTO BANCÁRIO. Devem ser excluídos da autuação por omissão de receitas com base na presunção legal relativa a depósitos/créditos bancários de origem não esclarecida, financiamentos bancários recebidos autuados, porém não alegados empréstimos pessoais, não comprovados, nem as transferências de conta poupança, não autuadas. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. Indeferese pedido de perícia, considerada prescindível para o deslinde da lide. REQUERIMENTO. DECLARAÇÕES DE TERCEIROS. Negase pedido de verificação de declarações de terceiros contribuintes, cujos comprovantes de prestação de serviços juntou ao processo porem sem conseguir comprovar a alegação de que autuação incidiu sobre receitas desses terceiros. MULTA DE OFICIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. DOLO. Considerandose a intenção dolosa de ocultar os fatos geradores da obrigação tributária, aplicase multa de ofício qualificada de 150% sobre os correspondentes impostos e contribuições sociais exigidos. Fl. 800DF CARF MF 10 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Não compete a autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. LANÇAMENTOS REFLEXOS: PIS, COFINS, CSLL E INSS SIMPLES. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos o decidido no principal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificada em 2 de julho de 2010 (fl. 702), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 23 de julho de 2010 (fl. 703), alegando, em síntese: (i) decadência quanto aos débitos anteriores a 15/09/2003, considerando que a autuação ocorreu em 15/09/2008. (ii) repete as alegações de que parte dos débitos são referentes a veículos de terceiros e que portanto deveriam ser deles cobrados. (iii) argumenta que movimentação financeira não é renda. (iv) defendese da aplicação das multas eis que não é devido o tributo e, subsidiariamente, que as multas de 150% e 75% são abusivas, devendo ser quando muito reduzidas para 10% (v) inaplicabilidade da Selic para débitos fiscais (vi) defende que o ônus da prova quanto aos valores da autuação incumbe única e exclusivamente à União, seja pelo fato de a regra o ser, seja pelo fato de tratarse de prova impossível à Recorrente, em especial porque o art. 333, parágrafo único, II, do CPC, dispõe sobre a impossibilidade de inversão do ônus da prova quando se tornar "excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito". (vii) sustenta a necessidade de prova pericial uma vez que a decisão recorrida considerou como sendo renda numerário movimentado a título empréstimos bancários e baixas de poupança, o que ofende a norma tributária. Recebi o processo em distribuição realizada em 15 de março de 2018. Voto Vencido Conselheira Relatora Livia De Carli Germano O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Fl. 801DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 797 11 A Recorrente traz em seu recurso algumas das teses de defesa apresentadas na impugnação, afirmando outras de forma inovadora no recurso. Assim, entendo que parte dos argumentos não podem ser sequer conhecidos. Isso porque, nos termos da legislação que regula o processo administrativo fiscal (em especial o Decreto 70.235/1972), os fundamentos de defesa – assim como o pedido de diligência e as provas documentais devem ser apresentados por ocasião da impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, em regra. Isso é assim exatamente porque é neste momento que se instaura o contraditório em um procedimento que, até então, era inquisitório. Portanto, é o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação/manifestação de inconformidade, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão nesta ocasião precluem. E digo em regra porque existem as hipóteses de exceção. Neste sentido, os incisos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 trazem hipóteses em que provas podem ser apresentadas em momento processual diverso da impugnação, quais sejam: (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; e/ou (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Neste caso, cabe ao contribuinte demonstrar, em petição fundamentada, a ocorrência de uma dessas condições, nos termos do § 5º do mesmo dispositivo. Outra exceção ocorre quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública1, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet2. No caso, a alegação de decadência, embora não tenha sido veiculada em sede de impugnação, é uma das que merecem ser analisadas na presente instância por se tratar de matéria de ordem pública. Conforme relatado, a empresa foi intimada em 15/09/2008 sobre a cobrança de tributos na modalidade SIMPLES referente a fatos geradores ocorridos entre 30/01/2003 a 31/12/2005. A fls. 220 e seguintes consta a DIPJ 2004/anocalendário 2003 transmitida pela empresa em 20/05/2004, a qual demonstra que, para o período em que se pretende ver 1 Costumase dizer que as matérias que o julgador deve conhecer de ofício são aquelas de ordem pública. É importante ressaltar, porém, que nem todas as matérias apreciáveis ex officio são necessariamente matérias de ordem pública, já que a lei processual, excepcionalmente, pode estabelecer que determinadas matérias de ordem privada sejam apreciadas de ofício. Neste sentido, Teresa Arruda Alvim Wambier explica: “Numa imagem matemática, dirseia que o conjunto de matérias examináveis de ofício é maior do que o das matérias de ordem pública. Portanto toda matéria de ordem pública é examinável de ofício, mas nem tudo o que pode ser examinado de ofício consiste em matéria de ordem pública” (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 4ª ed. São Paulo: RT, 1998, p. 137) 2De fato, se for para formar seu livre convencimento, o julgador pode conhecer de argumentos de fato ou de direito exofficio, desde que indique os motivos que levaram a tal decisão. Isso porque, em virtude do dever de decidir (proibição do non liquet), há o poderdever de aplicar ao caso a norma jurídica que o julgador entender mais pertinente, mesmo que não tenha sido suscitada pelas partes. Fl. 802DF CARF MF 12 declarada a decadência, de fato a empresa apresentou regularmente (no prazo legal) sua declaração, tendo inclusive recolhido tributos na modalidade SIMPLES nos meses de janeiro a abril e junho (nos meses de maio, julho e agosto não houve recolhimento de tributos e a receita declarada foi zero). Nos termos dos artigos 150, § 4º e 173 do Código Tributário Nacional, no caso de tributos sujeitos à sistemática dos denominados “lançamentos por homologação”, é de 5 anos o prazo (decadencial) para as autoridades fiscais promoverem a revisão do lançamento, sendo que a aplicação de um ou outro artigo depende da existência ou não de pagamento (ou declaração) e da presença ou não de dolo, fraude ou simulação, nos termos do REsp Repetitivo nº 973.733SC e do enunciado da Súmula 555 do STJ. Ambos os dispositivos do CTN são claros em dispor que, após esse prazo, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. É dizer, após os 5 anos não mais se pode discutir a formação da base de cálculo de tributos declarados pelo contribuinte. Vejase (grifos nossos): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Fl. 803DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 798 13 Assim, considerando que houve atividade do contribuinte (declaração) considero aplicável o artigo 150, § 4º, do CTN, devendo ser reconhecida a decadência relativa aos débitos do período anterior ao prazo de 5 anos contados do fato gerador. Assim, oriento meu voto para excluir da autuação, em razão da decadência, os lançamentos relativos aos meses de janeiro a agosto de 2003. Sobre as alegações de que parte dos débitos são referentes a veículos de terceiros e que portanto deveriam ser deles cobrados, conforme apurou a decisão recorrida, não há sequer prova dessa circunstância. Isso porque foram juntados supostos comprovantes de fretes de terceiros, aleatórios, não vinculados com os depósitos questionados, o que não comprova que os valores daqueles fretes que terceiros receberam foram depositados nas contas bancárias. Irreparáveis as observações feitas pela decisão recorrida, que adoto como razões de decidir neste voto nos termos do par. 3o do art. 57 do Anexo II do Regimento Interno deste CARF3: 41. Alem dos descritos, juntou documentos que comprovam receitas dos terceiros, que alega, eram depositadas em suas contas bancárias, mas que não lhe pertencem, mas a esses terceiros que já se descreveu. 42.0 Às fls. 252/256 juntou cartasfretes em que o proprietário do veículo é Lopes Pereira e Carvalho (HOO6563); as fls. 253, 256, 258, cartasfretes em que o proprietário do veículo é Paulo César Camargo (JYB3367, HOO 6563); as fls. 254/255, Luiz Carlos Valentim (JYB 3367), todas em 06/2003. 43. E as fls. 385/389 Recibos de Fretes em nome da MCT Transportes Ltda, de 03/2005; às fls. 391/397, também mas do mês 04/2005; às fls. 399 e 402/406, outras tantas de 05/2005; as fls.4l0/420, 422/424, outras tantas de 06/2005; fls. 426/429, 431/433, outras tantas de 07/2005; fl. 436, 441, 443 em 08/2005. 44. E às fls. 408/409 e 421, Recibos em nome de Paulo César Camargo, em 06/2005. 45. E as fls. 449/450, comprovante de motorista da Transportadora Maibi Confecções Ltda, em 09/2005; fls. 462/463, em 10/2005. 46. E às fls. 466, CTRC de Margarida Transportes de 09/2005, fl. 467, comprovante da Transportadora Jose Brito Junior, de 11/2005. 47. Verificouse, por amostragem, alguns desses documentos em confronto com depósitos bancários questionados: 3 Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Fl. 804DF CARF MF 14 48. Como se vê, não há sequer coincidência entre os valores e os depósitos bancários questionados. 49. O fato de haver juntado comprovantes de fretes de terceiros, aleatórios, não vinculados com os depósitos questionados, não comprova que os valores daqueles fretes que terceiros receberam foram depositados nas contas bancárias 50. E mesmo se os valores guardassem identidade em valor e datas com os depósitos recebidos, a simples cartafrete ou recibo da adiantamento ao caminhoneiro em veículo de terceiros, nada prova; eis que o documento fiscal comprobatório da receita auferida por uma transportadora é o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga; no caso, tais documentos apresentados são de empresas como Rebock Transporte e Comércio de Grãos Ltda, ALL América Latina Logística do Brasil Ltda, Transmatic Transporte e Comércio Ltda, Amaggi Exportação c Importação Ltda, Paramatt Transportes Rodoviarios Ltda, lnlogs Logística Ltda, e outras; nem um único CTRC emitido pela Rodoaldo Transportes Ltda foi apresentado, e tampouco dos mencionados terceiros, tanto Aldo Giglioli, como sua esposa e os demais terceiros mencionados, pessoas físicas e jurídicas, constam desses CTRC como proprietários de veículos subcontratados. 51. Ora, se o litigante atuava como agenciador desses veículos e somente recebia comissões, primeiramente, não poderia estar no Simples pois tal atividade é vedada na sistemática (a teor do art. 6°, Xlll da Lei n° Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996), e em segundo lugar, não apresenta documentos comprobatórios; se recebia as receitas de fretes em nome dos terceiros e as repassava, também nada prova. 52. Se por outro lado, apenas a título de argumentação, a Rodoaldo Transportes Ltda contratasse o serviço de transportes com seus clientes, emitisse o conhecimento de frete, subcontratasse um terceiro para efetuar a operação de transporte da carga, recebesse o valor total do frete, caracterizaria a venda de serviços de transporte sendo a receita fato gerador dos tributos calculados com base no faturamento; a operação posterior, em que a Rodoaldo Transportes Ltda repassasse aos terceiros, um valor inferior ao recebido, sem a emissão de qualquer novo documento fiscal, referente à execução parcial do serviço de transporte, caracterizaria sub contratação e a receita total pertenceria a Rodoaldo, mas nao é o caso. 53. A Litigante alega que repassava a terceiros fretes subcontratados por outras grandes empresas transportadoras que lhe eram oferecidos e recebia tais receitas em se nome, mas estas não lhe pertenciam. Fl. 805DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 799 15 54. Não ha motivo algum para se acatar o argumento do impugnante de que os fretes recebidos por terceiros, pela prestação de serviços como subcontratados de outras empresas transportadoras e de logística, valores esses que sequer coincidem com os depósitos questionados, equivaleriam a receitas declaradas por esse terceiros, cujos valores teriam sido depositados em suas contas e, segundo acusa, erroneamente considerados como receitas da autuada; com certeza aqueles valores são receitas dos terceiros, mas daí a considerar que se constituam nos depósitos autuados, não há qualquer comprovação, sendo desprovido de base o argumento. Sobre os argumentos de que movimentação financeira não é renda e de que o ônus da prova quanto aos valores da autuação incumbe à União, cumpre notar que o lançamento foi baseado na presunção legal contida no caput do artigo 42 da Lei 9.430/1996, que assim prevê: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) Quer este dispositivo dizer que o contribuinte têm o ônus de comprovar a origem direta dos recursos (isto é, o depositante), bem como a causa dos pagamentos (isto é, a natureza da operação que deu origem aos valores) referentes aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade, de forma que, em não o fazendo, o respectivo valor será considerado receita de sua atividade. Considerando que o Recorrente não teve sucesso em tal comprovação, opera se contra ele a presunção legal do artigo 42 da Lei 9.430/1996. Não prevalece o argumento da Recorrente de que se trata de prova impossível já que o que lhe foi solicitado não sã documentos relativos aos supostos terceiros, mas documentos relativos única e exclusivamente ao Recorrente e aos depósitos bancários efetuados em contas de sua titularidade. Conforme observou a decisão recorrida: 58. A fiscalização identificou que o titular da empresa, Aldo Giglioli recebeu recursos em contas bancárias de sua titularidade; intimado, alegou que se tratavam de recebimentos da empresa Rodoaldo e de terceiros cujos caminhões administrava, o que foi acatado pela fiscalização que intimou, desta vez a empresa, a comprovar o alegado com documentação hábil e idônea, em relação às citadas contas e ainda de conta bancária de titularidade da Rodoaldo. 59. A litigante acostou comprovantes de recebimentos por serviços prestados de transporte de cargas subcontratados (por outras transportadoras que também sub contrataram a litigante) de MC Transportes Ltda, Paulo César Camargo, Transportadora Maibi Confecções e outros, alegando que tais valores foram recebidos nas suas contas, mas que não eram receita sua. 60. Já se comentou nos itens anteriores deste voto que os documentos apresentados não comprovam as alegações, isto é, não comprovou que parte dos Fl. 806DF CARF MF 16 depósitos/créditos pertencia a contribuintes terceiros de quem se deveria exigir os impostos, não se verificou sequer coincidência entre valores e datas dessas receitas de terceiros com os depósitos questionados. 61. Indignase que lhe seja exigida prova de que aqueles declararam aquelas receitas, porque não tem acesso às declarações desses terceiros para verificar se submeteram esses valores à tributação, por isso, é ilegal atribuirlhe o dever de provar algo que lhe é impossível. 62. Ora, ninguém exigiu à autuada que provasse que MC Transportes Ltda, Paulo César Camargo, Transportadora Maibi Confecções e outros que citou tenham declarado suas respectivas receitas, que é assunto a ser tratado entre a RFB e cada um desses contribuintes. 63. O que se lhe exigiu e que provasse a alegação de que depósitos/creditos recebidos, questionados eram recursos pertencentes a terceiros. 64. Isso a litigante não provou. Em resumo, não se trata de exigir prova impossível à Recorrente, nem foi caso de inversão processual do ônus da prova efetuada com base no artigo 333, parágrafo único, II, do antigo CPC. Mais uma vez a decisão recorrida se revela irreparável, não tendo os argumentos trazidos no recurso sido capazes de elidir suas conclusões. Quanto à alegação de que as multas são confiscatórias, ressalto que elas estão previstas na legislação tributária e que não cabe ao julgador administrativo analisar argumentos relacionados à constitucionalidade de tais exações ou alterar os percentuais para valores diversos daqueles estabelecidos nas leis que tratam dos tributos. Sobre o tema, vale citar a Sumula CARF n. 2: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Não obstante sua legalidade, verifico que a autoridade fiscal não apresentou a motivação para a qualificação da multa para 150%. Aparentemente, a multa foi exasperada pelo simples fato de se tratar de omissão de receitas, fato este que não é admitido pela jurisprudência deste CARF, nos termos dos seguintes enunciados: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Neste sentido, não tendo havido a indicação dos fatos que revelariam o dolo necessário à qualificação da multa de ofício, entendo que a multa deve ser reduzida para o percentual de 75%. Sobre o argumento acerca da inaplicabilidade da Selic para débitos fiscais, além de ele não ter sido aventado na impugnação, observo que a jurisprudência deste CARF já se consolidou no sentido contrário, nos termos da Súmula CARF nº 4: "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Fl. 807DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 800 17 Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Quanto à necessidade de prova pericial, cabe referir que o processo administrativo tributário é informado pelo princípio do livre convencimento motivado, o qual permite ao julgador que analise o caso concreto à luz da legislação pertinente e firme seu convencimento a partir da prova constante dos autos, devendo relatar os fundamentos de sua decisão e os motivos que o levaram a determinada conclusão. Apenas em caso de eventual necessidade quer de aprofundamento da análise dos fatos apresentados ou de opinião técnica sobre determinado assunto é que o julgador pode solicitar, respectivamente, a realização de diligência a ser efetuada pela autoridade autuante ou outra de mesma competência ou de perícia técnica especializada caso esta última tenha sido requerida pelo contribuinte nos termos do artigo 16 do Decreto 70.235/1979. Cumpre observar também que o indeferimento de pedido de perícia sequer caracteriza cerceamento do direito de defesa, eis que, repitase, a sua realização é providência determinada em função do juízo formulado pela autoridade julgadora. No caso dos autos não vislumbro a necessidade de procrastinação do processo para atender aos quesitos formulados pela recorrente na sua impugnação, já que as provas carreadas aos autos são mais do que suficientes para resolver a lide, não havendo necessidade de maiores digressões para solucionar as questões principais postas a juízo. Se o Recorrente tem necessidade de produzir provas a seu favor, a perícia não é o instrumento adequado para tanto. Mantenho, portanto, a decisão recorrida também quanto ao indeferimento do pedido de perícia. Em resumo, ante o acima exposto, oriento meu voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, a fim de (i) excluir da autuação, em razão da decadência, os lançamentos relativos aos meses de janeiro a agosto de 2003; e (ii) reduzir as multas de ofício ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 808DF CARF MF 18 Voto Vencedor Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Peço a devida venia à ilustre Conselheira relatora para discordar de seu brilhante voto. No que toca à questão da decadência, a relatora entendeu que a norma do art. 150, § 4º, do CTN que estabelece a contagem do prazo decadencial iniciando a partir da existência não apenas do pagamento, mas também quando o contribuinte realiza ato de forma a demonstrar a apuração do tributo, dando azo ao início da contagem do prazo. Apesar de bastante razoável o pensar apresentado no voto vencido, penso em sentido diverso. A simples apresentação de declaração não condiz com a hipótese legal estabelecida pela norma. Vejamos o teor do dispositivo analisado. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Pela leitura da norma o lançamento decorre de dois fatores: o primeiro, em relação à apuração espontânea do valor do tributo devido por parte do contribuinte; o segundo, pelo recolhimento da quantia apurada. Fl. 809DF CARF MF Processo nº 10950.005224/200898 Acórdão n.º 1401002.645 S1C4T1 Fl. 801 19 Constituise, assim, o lançamento por homologação pela conjunção de atos que se encerram no recolhimento do tributo devido e, assim, a autoridade administrativa, tomando conhecimento do lançamento expressamente o homologa. Ora, da leitura do dispositivo não se pode excluir o pagamento do valor devido como item necessário à conclusão do lançamento. Se assim não fosse, acaso o lançamento se considerase realizado pela simples apuração e informação do valor devido o que a autoridade tributária iria homologar? A partir do momento que o caput da norma estabelece que o lançamento por homologação é aquele onde a lei atribui o dever de antecipação de pagamento pelo contribuinte sem o prévio conhecimento da autoridade fiscal, este ato consiste em analisar os cálculos de lançamento e conferir se o valor pago foi correto de acordo com os cálculos, assim o fazendo a autoridade homologa o lançamento ou, por decurso do prazo de cinco anos da ocorrência do fato gerador, este se considera homologado. Assim, não existindo o pagamento não há o que se homologar com o decurso do prazo de cinco anos, posto não haver recolhimento antecipado, mas apenas uma informação em declaração apresentada ao fisco. Por todo o exposto, em relação ao presente caso, entendo que a aplicação da norma que estabelece o prazo de decadência, só pode a mesma ser aplicada aos casos em que ocorre o pagamento antecipado do tributo e não a simples apresentação de informação ao fisco, posto que esta não dispensa o recolhimento do valor devido como caracterização da hipótese de lançamento por homologação. À vista do exposto, voto por dar parcial provimento, em relação à decadência, para considerar decaídos apenas os fatos geradores relativos aos meses de maio, julho e agosto de 2003, onde foi comprovado o recolhimento do tributo pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Redator Designado Fl. 810DF CARF MF
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