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Numero do processo: 19515.721902/2013-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
REGIME DE APURAÇÃO. NÃO-CUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL.
Estão excluídas da sistemática não-cumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil.
PROVAS.
De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo.
TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 3302-007.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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NÃOCUMULATIVIDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. Estão excluídas da sistemática nãocumulativa de apuração somente as receitas comprovadas e preponderantemente decorrentes de administração por empreitada ou subempreitada de obras de construção civil. PROVAS. De acordo com a legislação, a impugnação mencionará, dentre outros, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir o direito alegado ao sujeito passivo. TAXA SELIC. AUTO DE INFRAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 19 02 /2 01 3- 34 Fl. 2009DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 144 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente). Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: A contribuinte acima identificada teve contra si lavrados os autos de infração relativos à Cofins e à contribuição para o PIS/Pasep (AIs e demonstrativos às fls. 1.172 a 1.191) dos períodos de apuração janeiro a dezembro de 2009. Em relação à Cofins, foi constituído o crédito tributário no valor de R$ 2.534.769,30, sendo R$ 852.045,58 de contribuição, R$ 404.655,31 de juros de mora e R$ 1.278.068,41 de multa de ofício qualificada (150%). Quanto à contribuição para o PIS/Pasep, o crédito tributário lançado foi no valor de R$ 575.808,06, sendo R$ 193.390,14 de contribuição, R$ 92.332,67 de juros de mora e R$ 290.085,25 de multa de ofício qualificada (150%). Os fundamentos legais encontramse nos próprios autos de infração. O total do crédito tributário lançado e controlado neste processo é de R$ 3.110.577,36 (fl. 1.172). Os juros foram calculados até agosto de 2013. Consta no Termo de Constatação Fiscal (fl. 1.159): Analisando os dados informados no DACON Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais, os dados da escrituração contábil e demais elementos apresentados, constatouse insuficiência de recolhimento do PIS e da Cofins decorrentes (I) da falta de comprovação das receitas submetidas à incidência cumulativa das contribuições; (II) falta de comprovação do diferimento e do efetivo recebimento das receitas (III) da apuração indevida de créditos das contribuições e da (IV) compensação em duplicidade de crédito de importação (set/2008). Nesse mesmo termo (fls. 1.159 a 1.171) estão demonstradas detalhadamente todas as infrações, dele constando, ainda, os demonstrativos relativos à apuração efetuada. A ciência quanto aos autos de infração ocorreu em 30 de agosto de 2013, conforme Aviso de Recebimento (AR) de fls. 1.192 e 1.193. Em 25 de setembro de 2013, foram protocoladas as impugnações de fls. 1.218 a 1.244 (Cofins) e 1.245 a 1.271 (PIS/Pasep), ambas com o mesmo teor, tendo sido alegado, em apertada síntese, que: Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 145 3 a) de acordo com a Lei nº 10.833/03, art. 10, inciso XX, permanecem sujeitas à apuração cumulativa das contribuições PIS/Pasep e Cofins, até 31 de dezembro de 2015, “as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”; b) o autuante desconsiderou que parte das receitas auferidas não seria decorrente de serviços de construção civil, tendo entendido que não houve a apresentação de documentação hábil e idônea que comprovasse que tais receitas estavam submetidas ao regime cumulativo; c) com a análise das notas fiscais anexas, pode ser verificado que essas receitas enquadramse na exceção do art. 10, inciso XX, da Lei nº 10.833/03; d) no caso presente, foram glosados os valores compensados a título de despesas necessárias ao custo de produção; e) os autos devem baixar em diligência para análise das notas fiscais apresentadas com a impugnação, em face do princípio da verdade material; f) conforme notas fiscais apresentadas, as receitas são relativas à construção civil, enquadrandose no art. 7º da Lei nº 9.718/98, podendo ser diferido o pagamento das contribuições em tela; g) de acordo com notas fiscais de aquisição de bens e serviços e documentos relativos a aluguel contratado, todos representam insumos utilizados na prestação de serviços, podendo haver o respectivo creditamento para fins da apuração não cumulativa das contribuições; h) não é cabível a aplicação da taxa de juros Selic aos débitos lançados; i) não pode prevalecer a multa qualificada uma vez não haver prova da conduta dolosa ou fraudulenta; j) a multa aplicada tem caráter confiscatório. Ao final, é requerido o cancelamento integral dos autos de infração. Requerse, ainda, a baixa dos autos em diligência para análise e revisão da documentação acostada à impugnação.: A Segunda Turma da DRJ em Campo Grande (MS) julgou a impugnação procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 0435.539, de 20 de maio de 2014, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 2011DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 146 4 Considerase não impugnada a matéria não contestada expressamente. DILIGÊNCIA. IMPRESTABILIDADE. A diligência deve ser deferida nos casos em que se necessita a elucidação de questões de difícil deslinde ou se apontados erros ou interpretações divergentes das do autuante e que não possam ser clareadas pela simples análise das provas carreadas aos autos. CONSTRUÇÃO CIVIL. EMPREITADA. RECEITAS. APURAÇÃO CUMULATIVA E DIFERIMENTO DO PAGAMENTO. Havendo comprovação que as receitas auferidas enquadramse nas condições estabelecidas pela legislação, pode ser aplicada a apuração cumulativa da contribuição para o PIS/Pasep no caso de construção civil, assim como o diferimento do pagamento da contribuição pode ocorrer se os tomadores dos serviços ou adquirentes das mercadorias forem pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas e sociedades de economia mista. CRÉDITOS DE COFINS. APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. PRESCRIÇÕES LEGAIS. Os créditos relativos à Cofins não cumulativa só são reconhecidos no caso de as operações que lhe deram origem estarem balizadas nas estritas raias das prescrições legais. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. NÃO CABIMENTO. É incabível a aplicação de multa qualificada, com percentual de 150%, quando não restar comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo, observandose que a divergência entre as informações contidas nas declarações e as constantes dos livros fiscais e contábeis, por si só, não caracteriza dolo. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. É defeso na esfera administrativa o exame de constitucionalidade de lei, bem como o da violação pelo ato normativo a princípios constitucionais, entre eles o da vedação ao confisco. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. SIMILITUDE DOS MOTIVOS DE AUTUAÇÃO E RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO. Fl. 2012DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 147 5 Aplicamse à contribuição para o PIS/Pasep os mesmos argumentos expendidos para a Cofins, em face da similitude dos motivos de autuação e razões de impugnação. Impugnação Procedente em Parte Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A autoridade fiscal entendeu que todas as receitas auferidas pela recorrente estavam submetidas ao regime nãocumulativo das contribuições. Contudo, a apresentação das notas fiscais com a impugnação, bem como as que foram juntadas no recurso voluntário demonstram que totalidade de sua receita estava sujeita ao regime cumulativo. Inclusive que manteve todos os esforços para levantamento da documentação comprobatória do auferimento de receitas sujeitas ao regime cumulativo das contribuições, relacionadas à prestação de serviços de construção civil. Cita quatro notas fiscais para demonstrar que está sujeita ao regime cumulativo, no valor total de R$ 934.270,37; b) Com relação ao enquadramento no regime de apuração do diferimento, restou amplamente comprovado pelas notas fiscais anexadas à impugnação de fls 1.31/1.660 que as receitas auferidas são referentes aos serviços de construção civil, de forma que, a recorrente tem a faculdade de diferir o pagamento das contribuições até a data do recebimento do preço. Restou demonstrada as datas do efetivo pagamento dos valores pela recorrente, por meio da juntada de planilha demonstrativa, comprovando que o diferimento do pagamento se deu de forma correta e de acordo com o que preceitua a legislação aplicável à espécie; d) Foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, balizando, assim, a não tributação das receitas advindas de tais serviços no mês em que geradas, a qual será realizada apenas no mês em que realizado o pagamento, em atendimento à regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98; e) Quanto à glosa dos créditos das contribuições levado a efeito pela fiscalização, ressaltese que a glosa foi teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Cabe à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos, não sendo admissível, como ocorreu no presente caso, a glosa em bloco, isto é, do montante total dos créditos tomados pela recorrente. Assim, resta demonstrado que é totalmente indevida a glosa dos créditos dos custos e das despesas creditados, restando indevidos os valores da contribuição assim calculados, de forma que também nesta parte é totalmente improcedente o auto de infração; Termina petição recursal requerendo a improcedência do auto de infração, com o consequente cancelamento do crédito tributário. Alternativamente, que o julgamento seja convertido em diligência para que seja analisada individualmente cada uma das despesas que deram origem aos créditos tomados pela recorrente. É o breve relatório. Voto Fl. 2013DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 148 6 Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. a) Diligência. Créditos de insumos Reclama a recorrente que a glosa dos insumos teve como objeto a totalidade dos créditos tomados pela recorrente em sua unidade denominada "bento de Andrade". Que caberia à fiscalização provar que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. A recorrente requer a conversão do julgamento em diligência para que seja apurados os créditos da nãocumulatividade a que tem direito. Como já foi relatado, o objeto do processo é um auto de infração que teve como um dos fundamentos glosas de créditos apurados no regime da não cumulatividade das contribuições, que, segundo a autoridade fiscal, não se subsumem ao conceito de insumo, previsto no art. 3º, inciso II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. A pergunta que surge é sobre o ônus da prova: A quem cabe provar que os créditos glosados pela fiscalização se subsumem ao conceito de insumo, ao sujeito passivo ou à Fiscalização. Endento que a prova nos casos de apuração de créditos a serem descontados das contribuições apuradas no regime da nãocumulatividade é do sujeito passivo, pois ele é quem alega ter o direito e o Fisco apenas se insurge contra sua alegação. Fazendo um comparativo com o processo civil, é como se o detentor do direito fosse o autor e o resistente a esse direito fosse o réu. Aplicando o art. 373 do CPC, cabe ao autor a prova de fato constitutivo de seu direito. Definida a regra que direciona o onus probandi no âmbito do processo administrativo fiscal, resta estabelecer o conceito de prova, sua finalidade e seu objeto. O conceito de prova retirado dos ensinamentos de Moacir Amaral Santos: No sentido objetivo, como os meios destinados a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Mas a prova no sentido subjetivo é aquela que se forma no espírito do julgador, seu principal destinatário, quanto à verdade desse fatos. A prova, então, consiste na convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do julgador quanto à existência ou inexistência dos fatos. Compreendida como um todo, reunindo seus dois caracteres, objetivo e subjetivo, que se completam e não podem ser tomados separadamente, apreciada como fato e como indução lógica, ou como meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando e com a própria certeza dessa existência. Para Carnelutti: Fl. 2014DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 149 7 As provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. Dinamarco define o objeto da prova: ....conjunto das alegações controvertidas das partes em relação a fatos relevantes para todos os julgamentos a serem feitos no processo. Fazem parte dela as alegações relativas a esses fatos e não os fatos em si mesmos. Sabido que o vocábulo prova vem do adjetivo latino probus, que significa bom, correto, verdadeiro, seguese que provar é demonstrar que uma alegação é boa, correta e portanto condizente com a verdade. O fato existe ou inexiste, aconteceu ou não aconteceu, sendo portanto insuscetível dessas adjetivações ou qualificações. Não há fatos bons, corretos e verdadeiros nem maus, incorretos mendazes. As legações, sim, é que podes ser verazes ou mentirosas e daí a pertinência de proválas, ou seja, demonstrar que são boas e verazes. Já a finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. Dinamarco afirma: Todo o direito opera em torno de certezas, probabilidades e riscos, sendo que as próprias certezas não passam de probabilidades muito qualificadas e jamais são absolutas porque o espírito humano não é capaz de captar com fidelidade e segurança todos os aspectos das realidades que o circulam. Para entender melhor o instituto “probabilidade” mencionado professor Dinamarco, aduzo importante distinção feita por Calamandrei entre verossimilhança e probabilidade: É verossimil algo que se assemelha a uma realidade já conhecida, que tem a aparência de ser verdadeiro. A verossimilhança indica o grau de capacidade representativa de uma descrição acerca da realidade. A verossimilhança não tem nenhuma relação com a veracidade da asserção, não surge como resultante do esforço probatório, mas sim com referência à ordem normal das coisas. A probabilidade está relacionada à existência de elementos que justifiquem a crença na veracidade da asserção. A definição do provável vinculase ao seu grau de fundamentação, de credibilidade e aceitabilidade, com base nos elementos de prova disponíveis em um contexto dado., resulta da consideração dos Fl. 2015DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 150 8 elementos postos à disposição do julgador para a formação de um juízo sobre a veracidade da asserção. Desse modo, a certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. Quanto ao exame da prova, defende Dinamarco: (...) o exame da prova é atividade intelectual consistente em buscar, nos elementos probatórios resultantes da instrução processual, pontos que permitam tirar conclusões sobre os fatos de interesse para o julgamento. Já Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador: (...) o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. No mesmo sentido, o professor Moacir Amaral Santos afirma que a prova dos fatos fazse por meios adequados a fixálos em juízo. Por esses meios, ou instrumentos, os fatos deverão ser transportados para o processo, seja pela sua reconstrução histórica, ou sua representação. Assim sendo, a verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar probabilidade às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, conforme já relatado, a recorrente se restringiu a alegar que a fiscalização não provou que as despesas sofridas pela recorrente não poderiam gerar créditos. Acontece que a prova de legalidade dos créditos cabe ao sujeito passivo, devendo ser providenciada no momento processual adequado, no caso, na impugnação. Não foi o que ocorreu. Fl. 2016DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 151 9 A diligência não se presta para ajudar o recorrente a instruir o processo quando ele não o fez no momento previsto na legislação. Ainda mais quando ele teve todas as oportunidades para fazêlo, seja na fase instrutória, seja na interposição do recurso em primeiro grau. Diante dessa considerações, nego a diligência suscitada e mantenho as glosas efetuadas pela fiscalização. b) Apuração cumulativa das contribuições. Possibilidade. A questão de mérito está centrada na aplicação da exceção para o regime da nãocumulatividade prevista no inciso XX do art. 10 da Lei 10.833/03 ao caso concreto. Veja se o texto legal: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...) XX – as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2015; Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei;” Importa assim saber se as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de construção civil e, para tanto, é imprescindível definir o alcance de “obra de construção civil”. A legislação tributária dispõe de algumas definições, cabendo aqui colecionar algumas delas, com ênfase nos tributos federais: DECRETO nº 3.048/1999: Art. 257. (...) § 13. Entendese como obra de construção civil a construção, demolição, reforma ou ampliação de edificação ou outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo. ATO DECLARATÓRIO NORMATIVO COSIT nº 30/1999: “O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, inciso IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF Nº 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista as disposições do inciso V do art. 9º da Lei Nº 9.317, de 5 de Fl. 2017DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 152 10 dezembro de 1996 , com as alterações promovidas pelo art. 4º da Lei Nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que a vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: 1. a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; 2. sondagens, fundações e escavações; 3. construção de estradas e logradouros públicos; 4. construção de pontes, viadutos e monumentos; 5. terraplenagem e pavimentação; 6. pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e 7. quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. LEI COMPLEMENTAR nº 116/2003 Anexo Único Lista de Serviços – Item 7.02: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos; INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 971/2009: Art. 322. Considerase: I obra de construção civil, a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo, conforme discriminação no Anexo VII; ...... X serviço de construção civil, aquele prestado no ramo da construção civil, tais como os discriminados no Anexo VII; ...... XXVII contrato de construção civil ou contrato de empreitada (também conhecido como contrato de execução de obra, contrato de obra ou contrato de edificação), aquele celebrado entre o proprietário do imóvel, o incorporador, odono da obra ou o condômino e uma empresa, para a execução de obra ou serviço de construção civil, no todo ou em parte, podendo ser: Fl. 2018DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 153 11 a) total, quando celebrado exclusivamente com empresa construtora, definida no inciso XIX, que assume a responsabilidade direta pela execução de todos os serviços necessários à realização da obra, compreendidos em todos os projetos a ela inerentes, com ou sem fornecimento de material; b) parcial, quando celebrado com empresa construtora ou prestadora de serviços na área de construção civil, para execução de parte da obra, com ou sem fornecimento de material; Ainda, a CoordenaçãoGeral de Tributação, mesmo adotando a abordagem mais abrangente, correspondente ao entendimento consubstanciado no ADN 30/99, supracitado, assim ementou sobre a situação abaixo (SC Cosit 02/2010): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Expressão "obras de construção civil". Significado na legislação referente à Cofins nãocumulativa. As atividades de locação de andaimes, de formas e escoramentos utilizados em obras de construção civil não se enquadram na expressão “obras de construção civil” para efeitos de gozo do benefício tributário previsto no inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003. Portanto, as receitas auferidas com a exploração dessas atividades sujeitamse à incidência da alíquota de 7,6% da Cofins. Obras de construção civil, no que se refere à incidência da Cofins nãocumulativa, alcançam as atividades da mesma natureza daquelas exemplificadas no Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 14/10/1999. Dispositivos Legais: Inciso XX do art. 10 da Lei no 10.833, de 2003, com a redação atual dada pelo art. 17 da Lei nº 11.945, de 2009; e Ato Declaratório Normativo Cosit no 30, de 1999. Assim, mesmo atividades necessárias ou relacionadas à determinada obra ou empreendimento do qual faça parte construção civil, não necessariamente estão subsumidas à exclusão prevista no art. 10, XX, da Lei 10.833/03. Na Solução de Divergência Cosit nº 11/2014, é adotado também, para interpretação da construção civil prevista na Lei 10.833/03, o conceito do ADN 30/99, ou seja, aquele que inclui as atividades auxiliares e complementares de construção civil. A despeito disso, o próprio documento explica o seguinte em sua fundamentação: “43. Contudo, cumpre ressaltar que o citado dispositivo é expresso em estabelecer a aplicação do regime de apuração cumulativa das contribuições em estudo às receitas decorrentes da “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”. Assim, tal preceptivo alcança apenas as receitas decorrentes das prestações dos serviços que menciona, e, como não estabelece ressalva, alcança também as receitas decorrentes de eventual fornecimento de bens na Fl. 2019DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 154 12 prestação de tais serviços. Diferentemente, o mencionado dispositivo não alcança a venda de bens, ainda que haja alguma prestação de serviços acessória, bem como a prestação de serviços diversos dos arrolados por ele. 44. Para ilustrar as diferenciações de tratamento tributário apresentadas no parágrafo anterior, analisamse algumas situações possíveis envolvendo o ramo de arescondicionados: a) contratação de uma pessoa jurídica para preparação da estrutura e instalação de arcondicionado central em um edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de prestação de serviço auxiliar em obra de construção, sendo o fornecimento de bens etapa necessária para a prestação. Destarte, aplicável às receitas auferidas com a prestação de tal serviço o regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, conforme inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003; b) aquisição de arcondicionado a ser entregue instalado na parede do edifício. Nessa hipótese, o contrato é preponderantemente de compra e venda de bens, sendo o serviço de instalação apenas acessório. Assim, não são aplicáveis à espécie as disposições do mencionado dispositivo legal, sendo o regime de apuração das contribuições relativas à receita de venda estabelecido conforme as regras gerais. 45. Portanto, para a correta aplicação do inciso XX do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, nas hipóteses em que o contrato envolve fornecimento de bens, é necessário verificar a preponderância da relação econômica estabelecida. Caso se trate de prestação de serviço de “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, com acessório fornecimento de bens, mostrase aplicável o citado dispositivo. De outra banda, caso de trate de fornecimento de bens, com acessória prestação de serviço de construção civil, não se pode aplicar tal preceptivo. 46. Ademais, quase desnecessário asseverar que não se podem aplicar as disposições do dispositivo em lume às receitas decorrentes da prestação de serviços que não caracterizam “execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil”, como os serviços de manutenção de máquinas, etc”. Assim, para plena inclusão no regime cumulativo, o essencial deve ser a caracterização dos serviços como execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, daí sim abarcando atividades auxiliares e complementares. Cravada a premissa, passase ao exame das provas que possam demonstrar que as receitas obtidas pela recorrente foram oriundas de serviços prestados de construção civil. Para comprovar a natureza jurídica do serviço prestado, é fundamental a análise dos contratos avençados pela recorrente. Já para identificar o valor da receita, Fl. 2020DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 155 13 necessário se faz cotejar as notas fiscais emitidas pela recorrente com os registros fiscais na contabilidade. Após análise aprofundada nos autos do processo, constatase que a recorrente não apresentou nenhuma cópia dos contratos que alega terem sido de construção civil. Não há sequer uma planilha com a discriminação dos contratos, dos valores pagos a cada um, da sociedade contratante, etc... Sem as cópias dos contratos de prestação de serviço, fica inviável a análise da natureza jurídica de cada serviço prestado pela recorrente. Sendo necessário o julgamento com os elementos constantes nos autos. Ressalto que não faltou oportunidade e informação para recorrente da imprescindibilidade de constarem nos autos as cópias dos contratos de serviços, pois a primeira instância alertou para esse fato, conforme se pode constatar pela transcrição de trecho do voto condutor: Em primeiro lugar, as notas fiscais emitidas são elementos robustos de prova, mas não absolutos. Principalmente no caso de prestações de serviços de construção civil, para corroborar o quanto contido nas notas fiscais, há a necessidade de apresentação dos contratos firmados com os tomadores dos serviços. Tais contratos não foram apresentados nem durante o procedimento fiscalizatório, após intimação, nem constam destes autos. Se for considerada, ainda, a alegação de que uma grande parte dos serviços foi prestada a órgãos públicos, autarquias e sociedades de economia mista, o contrato é imprescindível como elemento de prova. Também, a alegação perde substância em face do estado das notas fiscais apresentadas (fls. 1.316 a 1.660). É que a esmagadora maioria delas está ilegível e, das legíveis, boa parte encontrase cancelada. Pelas assertivas feitas, e tendo por premissa que cabe ao sujeito passivo a prova de que suas receitas eram oriundas de contratos de prestação de serviço de construção civil, e que não há elementos probantes que lastreiam suas alegações, voto no sentido de manter a decisão recorrida para manter o regime nãocumulativo para as receitas auferidas pela recorrente no período compreendido entre 01/01/2009 e 31/12/2009 c) Diferimento do pagamento das contribuições com base no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.718/98, o pagamento das contribuições para o Pis e para Cofins poderá ser diferido, pelo contratado, até a data do recebimento do preço, quando ficar comprovado que o serviço prestado foi de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias. A DRJ negou provimento a esse capítulo sob o fundamento de que faltou provas de que a recorrente só teria efetuado o diferimento de receitas advindas de contratos Fl. 2021DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 156 14 com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. A recorrente alega, em recurso voluntário, que foi devidamente comprovada a emissão de notas fiscais de serviços relacionados à construção civil para órgãos públicos, bem como seu recebimento posterior, com base na regra do diferimento prevista no art. 7º da Lei nº 9.718/98. Mais uma vez o direito da recorrente não foi devidamente provado. Após análise dos autos, não foram identificados provas fundamentais que subsidiariam as alegações da recorrente, tais como: escrita contábil, comprovação do recebimento e os contratos celebrados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias. Constam no processo planilhas com a composição da base de cálculo das contribuições e planilhas com a menção de vários clientes. Contudo, como já dito, não há documentação contábil que comprove os dados constantes nas mencionadas planilhas. Diante da falta de elementos probantes, mantenho a decisão a quo sobre esse capítulo. d) Inaplicabilidade da Taxa Selic Reclama que a taxa Selic não serve como sanção por atraso no cumprimento de uma obrigação tributária. Essa matéria já foi pacificada com a aprovação do enunciado de Súmula CARF nº 04, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Impende observar que as súmulas do Carf são de observância obrigatória, sob pena de perda de mandato. Conclusão Por todas as razões de direito e de fato expostas, nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 2022DF CARF MF Processo nº 19515.721902/201334 Acórdão n.º 3302007.274 S3C3T2 Fl. 157 15 Fl. 2023DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.920326/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 13/08/2004
INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.125
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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IMPOSSIBILIDADE. O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, que indeferiu a restituição solicitada por meio de Pedido de Restituição Eletrônico - PER. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 03 26 /2 01 2- 64 Fl. 76DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Dito pedido foi indeferido, após análise eletrônica pelo sistema de processamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em despacho decisório assinado pelo titular da unidade, apontou-se, como causa do indeferimento do pedido de restituição, o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER como origem do crédito, o valor correspondente teria sido totalmente utilizado em outra declaração de compensação ou na extinção de outro débito. Devidamente cientificada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, em que relata que o pedido de restituição refere-se a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS e/ou Cofins em razão da inclusão do ISS na base de cálculo dessas contribuições. Ao defender a legalidade do crédito pleiteado, argumenta que, de acordo com as Leis instituidoras da contribuição para o PIS e da Cofins, bem como o art. 195 da Constituição Federal vigente, caberia à Receita Federal “reconhecer como base de cálculo para o PIS e a COFINS a receita ou o faturamento, não possuindo autorização para incluir em sua base o valor pago a título de ISS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento. O valor do ISS está embutido no preço dos serviços prestados. Portanto, tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento.” Aduz que a base de cálculo não pode extravasar, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela recebida com a operação mercantil ou similar. Invoca o art. 110 do Código Tributário Nacional, alegando que “há que se atentar, também, para o princípio da razoabilidade, pressupondo-se que o texto constitucional se mostre fiel, no emprego dos institutos, de expressões e vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, não merecendo outras interpretações. Argumenta que os contribuintes do PIS e da Cofins não faturam ISS, porque tal imposto não é receita da empresa, mas um desembolso que beneficia o Município, o qual detém a competência para cobrá-lo. Por seu turno, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que: (i) o ISS compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, inexistindo previsão legal para sua exclusão; e (ii) inexistiriam nos autos prova da origem do crédito apurado pela recorrente. Regularmente cientificada da decisão, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese que o ISS não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, conforme já decidido no RE 574.706 que trata do ICMS, aplicável ao caso sob análise. Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.101, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10980.920300/2012-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 77DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.101): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº 24161.20960.061108.1.2.04-0381 para compensar seu débito com crédito de COFINS. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito tem origem no recolhimento indevido da COFINS incidente sobre o ISS. Não juntou documentos na manifestação de inconformidade para comprovar seu direito. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender (i) que o ISS compõe a base de cálculo da COFINS e (ii) inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela Recorrente. Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões. Pois bem. A controvérsia está em determinar se é devida a inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da COFINS. A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, o qual, por maioria e nos termos do voto da Relatora, ao apreciar o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins”. A questão, portanto, encontra-se pacificada, de modo que não cabe mais discussão a esse respeito. Tal entendimento, baseado no fato de o ICMS não compor o faturamento, base de cálculo das contribuições, também pode ser aplicado ao ISS, eis que este também não a integra, o que garante a segurança jurídica em relação ao tema. A aplicação da decisão proferida do RE nº 574.706 ao presente caso, foi alvo de decisão proferida no RE 592.616, onde restou decidido por sobrestar o feito até julgamento daquele RE. Neste eito, entendo que razão assiste à Recorrente. Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar seu pretenso direito, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 78DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.125 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920326/2012-64 V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe nenhum documento em sua manifestação para comprovar seu direito, sendo, totalmente, inadmissível o fazer nessa faze processual, em razão da preclusão prevista no §4º daquele dispositivo. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 79DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii
score : 1.0
Numero do processo: 13051.720173/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 05 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.047
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do redator designado, vencidos os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho (relator), Corintho Oliveira Machado e Jorge Lima Abud, que lhe negavam provimento.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado)
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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(documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Gilson Macedo Rosemburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) Relatório Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento (PER) de créditos de Cofins Não-Cumulativa – Exportação, de que trata o art. 6º, § 2º da Lei nº 10.833, de 2004, pleiteado pela empresa em epígrafe por meio do PER (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso). Não há informação de compensações declaradas com referência no crédito. A DRF de origem indeferiu o pedido, emitindo Despacho Decisório no qual foi consignado que se trata de pedido em duplicidade. No referido despacho, aponta-se o número de outro PER/DCOMP referente ao mesmo crédito. Como fundamento para a decisão é indicada a seguinte base legal: parágrafo 7º do art. 21 e Parágrafo 2º do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, onde, preliminarmente, pugna pela nulidade do Despacho Decisório, que estaria eivado de vício formal insanável. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 51 .7 20 17 3/ 20 11 -5 5 Fl. 286DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Aponta que dito Despacho Decisório não veio acompanhado da devida fundamentação motivacional, mas apenas apontaria as supostas infrações cometidas pela Manifestante. Faltariam a exposição dos elementos de convicção, dos elementos fáticos e do motivo da inexistência de crédito. Concluiu que teria ocorrido cerceamento de defesa e colaciona doutrina, que entende corroborar seu raciocínio. Nesse trilhar, aponta ainda nulidade do procedimento por erro na capitulação legal. Faz um arrazoado sobre a validade do ato processual administrativo tributário, defendendo que o Despacho Decisório, para ser válido e eficaz, deve conter os requisitos fundamentais: agente capaz, forma prescrita ou não defesa em lei e objeto lícito. Aponta equívoco referente à tipificação do "enquadramento legal", ao indicar o parágrafo 7o do Art. 21 da Instrução Normativa RFB n° 900, de 2008, o qual trata sobre créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, que não guardaria relação com a suposta exigência descumprida. Aduz que, pelo erro cometido pela autoridade tributária (omissão da legislação que substanciaria a suposta irregularidade cometida no PER com a indicação de dispositivos imprecisos), haveria carência de elementos capazes e suficientes para precisar a real motivação da suposta duplicidade do pedido de ressarcimento em questão, dificultando o exercício de seu direito de defesa, importando em vício que acarreta a nulidade do Despacho Decisório. Argumenta que a capitulação legal é elemento essencial para a validade do Despacho Decisório, sob pena de cercear o direito de defesa do contribuinte. Traz julgados do Egrégio Conselho de Contribuintes que coadunam com suas alegações. No mérito, destaca, inicialmente, a correção do Pedido de Ressarcimento complementar de créditos. Argumenta que, apesar de serem referentes ao mesmo período, tratar-se-ia de pedidos diferentes. Acrescenta que no procedimento administrativo inexiste a figura da coisa julgada. Por fim, observa que enquanto não transcorrido o prazo prescricional para requerer créditos decorrentes da atividade da empresa, não estaria ela ofuscada pela decisão administrativa do pedido anterior. Relata que a apuração dos créditos no pedido original foi feita com a utilização do método "Base na Proporção da Receita Bruta Auferida", com base nos artigos 3º, § 7º e § 8º das Leis n.° 10.833/03 e 10.637/02, conforme se depreende do DACON. No entanto, narra que efetuou um trabalho de revisão fiscal com recálculo dos créditos de Cofins Não-Cumulativa – Mercado Interno no período, referente ao rateio proporcional da receita bruta auferida pela Manifestante, alterando os percentuais dos créditos passíveis de ressarcimento, mas que não foram alvos do outro pedido. Alega que havia inserido "receitas" das vendas, oriundas da comercialização de bens e mercadorias referente a atos cooperados, no primeiro pedido de ressarcimento de Cofins Não-Cumulativa. Então, ao recalcular a totalidade das receitas, desconsiderando as vendas referentes aos atos cooperados, conforme previsto em lei, chegou-se a um novo percentual de receitas para o mercado interno e exportação. Demonstra o recálculo por meio de um exemplo prático. Argumenta que, constatado o erro no percentual outrora empregado, verificou-se, por conseguinte, que a empresa havia requerido valor a menor, razão pela qual, dentro do prazo prescricional, fez pedido referente apenas à parcela que ficou de fora do outro pedido, por ser a Fl. 287DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 única forma de haver ressarcido os valores decorrentes de tais créditos apurados após o trabalho de revisão fiscal, já que entende que as operações com cooperados não configuram receitas. Traz acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assevera que a IN RFB 900/08, em seu art. 77, não permite que o contribuinte efetue a retificação do pedido de ressarcimento após a decisão administrativa. Então, como possui valores passíveis de ressarcimento que foram levantados no recálculo, apresentou novo pedido, já que não havia outra forma de pleitear a diferença. Por fim, destaca que referido pedido "complementar" não se trata de aumento de crédito, mas de realocação do rateio proporcional dos créditos passíveis de ressarcimento e que acarretaram no pedido "complementar". Da correção monetária ao pedido de ressarcimento Defende que a demora no reconhecimento do crédito implica que se proceda à devida correção pela Selic desde a data do protocolo do pedido a fim de reparar a mora e o poder aquisitivo do crédito. Pugna pela devida correção dos créditos pela taxa SELIC, desde a data dos seus protocolos, em conformidade com o art. 39, § 4.° da Lei n° 9.250/95 e com a Súmula n° 411 do STJ. Do Pedido Requer, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório face às irregularidades apontadas e, no caso de não acolhimento do pedido anterior, no mérito, a reforma do Despacho Decisório uma vez que o PER analisado trata-se de pedido complementar de crédito, o qual deve ser acrescido da devida correção monetária pela taxa Selic, desde a data do protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento/compensação. Por seu turno, a DRJ julgou a impugnação improcedente. Irresignado, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, repisando os argumentos apresentados anteriormente na manifestação de inconformidade. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302-001.041, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13051.720140/2011-13, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 288DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Ressalte-se que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302-001.041). Com as vênias de praxe, dissinto do entendimento do eminente Relator no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Entende o relator que o PER 40274.87969.270409.1.1.09-4700 objeto dos autos deve ser caracterizado como um pedido de retificação do pedido original nº 31498.58811.160508.1.5.09-2039, que trata do mesmo trimestre do tributo, sendo que a norma que regulamenta o pedido de ressarcimento só permite sua retificação antes de qualquer decisão administrativa, nos termos do art. 77 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, vigente na época dos fatos. Entende, ainda, que como já havia decisão administrativa sobre o pedido de ressarcimento original, quando do protocolo do pedido de retificação, que a retificação do PER original por força do impeditivo normativo não deve surtir efeitos. Entretanto, respeitosamente não concordo com as assertivas explicitadas pela i. relator, na medida em que inexiste no ordenamento jurídico pátrio qualquer restrição ao direito contribuinte de efetuar novo pedido de ressarcimento que tenha por objeto o mesmo trimestre de tributo já pedido anteriormente, desde que não haja similitude de créditos e que seja respeito o prazo prescricional para o exercício do direito de ressarcimento. Ora, entendo ser totalmente aceitável que ao contribuinte seja concedido o direito de rever seus lançamentos e, ultrapassado o prazo de retificar o pedido original previsto na IN 900/2008, realize novo de pedido de ressarcimento. No caso dos autos, a Recorrente afirmou tratar-se de pedidos de ressarcimento diferentes, decorrente de recálculo dos créditos de PIS/COFINS não cumulativo que modificou o percentual de rateio do mercado interno não-tributado e mercado de exportação. Ou seja, o primeiro pedido foi realizado em valor ao menor do que aquele efetivamente devido, fato este que motivou a apresentação de pedido complementar. Ao que parece estamos diante de dois pedidos distintos, o original e o complementar, que tem em comum o fato de se referirem ao mesmo trimestre do tributo. E, em se tratando de pedidos distintos, o limite para o exercício do direito ao pedido complementar é o prazo prescricional para o exercício do direito ao ressarcimento e, não do prazo de retificação previsto na IN 900/2008. Contudo, não obstante a Recorrente tenha carreado documentos para comprovar suas alegações, faz necessário que a fiscalização apure se há similitude dos créditos apresentados nos PER nº s 40274.87969.270409.1.1.09-4700 e 31498.58811.160508.1.5.09-2039, intimando, para tanto, à Recorrente para apresentar documentos que entender necessário à conclusão da diligência. O fundamento para o indeferimento foi por duplicidade de pedido, aparentemente, calcado na identidade do trimestre, do tributo e do tipo de crédito "Cofins Não- Cumulativa" - Mercado Interno. A base legal foram os artigos 21, §7º e 28, §2º da IN RFB nº 900/2008, a saber: Art. 21. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. [...]§ 7º Cada pedido de ressarcimento deverá: Fl. 289DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 I - referir-se a um único trimestre-calendário; e II - ser efetuado pelo saldo credor passível de ressarcimento remanescente no trimestre calendário, após efetuadas as deduções na escrituração fiscal. Art. 28. O pedido de ressarcimento a que se refere o art. 27 será efetuado pela pessoa jurídica vendedora mediante a utilização do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração em meio papel acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. [...]§ 2º Cada pedido de ressarcimento deverá: I - referir-se a um único trimestre-calendário; e II - ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestre-calendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação De início, entendo que o requisito de que cada pedido corresponda a um trimestre não implica a consequência contrária, ou seja, que cada trimestre corresponda a um único pedido. Esta possibilidade, inclusive está expressa no artigo 22 da referida instrução normativa, ao permitir a existência de pedido de ressarcimento residual relativo a créditos objeto de pedidos anteriores. Art. 22. O saldo credor passível de ressarcimento relativo a períodos encerrados até 31 de dezembro de 2006, remanescente de utilizações em pedido de ressarcimento ou Declaração de Compensação apresentados à RFB até 31 de março de 2007, bem como os relativos a trimestres encerrados após 31 de dezembro de 2006, remanescente de utilizações em pedidos de ressarcimento ou Declaração de Compensação formalizados mediante a apresentação de petição/ declaração em meio papel entregues à RFB a partir de 1º de abril de 2007, somente poderá ser ressarcido ou utilizado para compensação após apresentação de pedido de ressarcimento do valor residual. Assim, admito não haver incompatibilidade inerente entre a possibilidade de apresentar um pedido de ressarcimento relativo a um mesmo período e da mesma natureza já pedidos. Porém, é necessário entender que a instituição de sistemas eletrônicos e travas operacionais são plausíveis, de modo a possibilitar análises céleres e identificação de possíveis situações caracterizadoras de pedidos de ressarcimentos indevidos. Inclusive a regra de impossibilidade de retificação de PER após o despacho decisório é plausível, pois não faria sentido retroagir processualmente para inovar um pedido para o qual já houvesse decisão administrativa, com litígio eventual já delimitado. Todavia, ao interpretar que a instrução normativa, concluindo pela impossibilidade de PER complementar, estar-se-ia implementando um novo prazo prescricional, qual seja, a emissão de despacho decisório. Sabe-se que tal prescrição está contida no Decreto 20.910/32, cujo artigo 1º dispõe: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Contudo, ao admitir que cada trimestre seja realizado por apenas um pedido, sem possibilidade de complementação, acaba por resultar em estabelecimento de novo prazo prescricional para que o contribuinte exerça o direito ao ressarcimento de créditos. Assim, ainda que o contribuinte dispusesse de anos para pedir o ressarcimento, após a emissão do despacho decisório, qualquer valor ainda não pedido, seja por qualquer motivo, tornar-se-ia prescrito, já que impossível qualquer retificação ou apresentação de PER complementar. Como ficaria o direito do contribuinte se eventuais créditos somente fossem reconhecidos em ato normativo emitido pela própria RFB posterior a pedidos já decididos, mas antes de escoado o prazo do Decreto nº 20.910/32, tal qual o Parecer Normativo Cosit nº 5/2018, que estabeleceu novo conceito de insumos para efeito da não-cumulatividade das contribuições? Fl. 290DF CARF MF Fl. 6 da Resolução n.º 3302-001.047 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13051.720173/2011-55 Entendo que a IN não pretendeu a alteração deste prazo. Conforme já exposto, a retificação de PER é vedada após a emissão de despacho decisório e nesta vedação residem motivos de ordem processual e mesmo de eficiência da análise eletrônica de PER/DCOMPS. Todavia, o contribuinte não apresentou uma retificadora, mas um novo PER do mesmo período, tributo e tipo de crédito, que o sistema presumiu como duplicidade dos pedidos. Porém, tal presunção de indeferimento não se verifica, pois o pedido, em princípio, não está em duplicidade, em vista das alegações e documentos apresentados. A presunção de duplicidade ocorreu em função apenas do período, tributo e da natureza do crédito, mas não dos valores pleiteados, o revela um critério da Administração para o tratamento eletrônico, mas que pode não corresponder à verdade material dos pedidos, nem pode servir para a configuração de novo prazo prescricional. Assim, voto no sentido de afastar a presunção de duplicidade reconhecida eletronicamente, para que tal duplicidade seja aferida pela análise dos valores efetivamente pleiteados pela unidade de origem. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que órgão de origem avalie a duplicidade de pedidos de ressarcimento e compensação reconhecida eletronicamente, mediante análise dos valores efetivamente pleiteados na unidade de origem. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 291DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.920315/2012-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 15/06/2004
INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.114
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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IMPOSSIBILIDADE. O ICMS e o ISS não compõem a base de cálculo do PIS/COFINS, conforme pacificado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, aplicável analogamente ao presente caso. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, que indeferiu a restituição solicitada por meio de Pedido de Restituição Eletrônico - PER. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 03 15 /2 01 2- 84 Fl. 78DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.114 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920315/2012-84 Dito pedido foi indeferido, após análise eletrônica pelo sistema de processamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em despacho decisório assinado pelo titular da unidade, apontou-se, como causa do indeferimento do pedido de restituição, o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER como origem do crédito, o valor correspondente teria sido totalmente utilizado em outra declaração de compensação ou na extinção de outro débito. Devidamente cientificada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, em que relata que o pedido de restituição refere-se a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS e/ou Cofins em razão da inclusão do ISS na base de cálculo dessas contribuições. Ao defender a legalidade do crédito pleiteado, argumenta que, de acordo com as Leis instituidoras da contribuição para o PIS e da Cofins, bem como o art. 195 da Constituição Federal vigente, caberia à Receita Federal “reconhecer como base de cálculo para o PIS e a COFINS a receita ou o faturamento, não possuindo autorização para incluir em sua base o valor pago a título de ISS, visto que tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento. O valor do ISS está embutido no preço dos serviços prestados. Portanto, tal valor constitui ônus fiscal e não-faturamento.” Aduz que a base de cálculo não pode extravasar, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela recebida com a operação mercantil ou similar. Invoca o art. 110 do Código Tributário Nacional, alegando que “há que se atentar, também, para o princípio da razoabilidade, pressupondo-se que o texto constitucional se mostre fiel, no emprego dos institutos, de expressões e vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, não merecendo outras interpretações. Argumenta que os contribuintes do PIS e da Cofins não faturam ISS, porque tal imposto não é receita da empresa, mas um desembolso que beneficia o Município, o qual detém a competência para cobrá-lo. Por seu turno, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que: (i) o ISS compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, inexistindo previsão legal para sua exclusão; e (ii) inexistiriam nos autos prova da origem do crédito apurado pela recorrente. Regularmente cientificada da decisão, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese que o ISS não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins, conforme já decidido no RE 574.706 que trata do ICMS, aplicável ao caso sob análise. Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.101, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10980.920300/2012-16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 79DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.114 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920315/2012-84 Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.101): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº 24161.20960.061108.1.2.04-0381 para compensar seu débito com crédito de COFINS. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito tem origem no recolhimento indevido da COFINS incidente sobre o ISS. Não juntou documentos na manifestação de inconformidade para comprovar seu direito. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender (i) que o ISS compõe a base de cálculo da COFINS e (ii) inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela Recorrente. Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões. Pois bem. A controvérsia está em determinar se é devida a inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da COFINS. A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 574.706, o qual, por maioria e nos termos do voto da Relatora, ao apreciar o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins”. A questão, portanto, encontra-se pacificada, de modo que não cabe mais discussão a esse respeito. Tal entendimento, baseado no fato de o ICMS não compor o faturamento, base de cálculo das contribuições, também pode ser aplicado ao ISS, eis que este também não a integra, o que garante a segurança jurídica em relação ao tema. A aplicação da decisão proferida do RE nº 574.706 ao presente caso, foi alvo de decisão proferida no RE 592.616, onde restou decidido por sobrestar o feito até julgamento daquele RE. Neste eito, entendo que razão assiste à Recorrente. Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar seu pretenso direito, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 80DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.114 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920315/2012-84 V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe nenhum documento em sua manifestação para comprovar seu direito, sendo, totalmente, inadmissível o fazer nessa faze processual, em razão da preclusão prevista no §4º daquele dispositivo. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 81DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii
score : 1.0
Numero do processo: 10730.903858/2012-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 24/09/2010
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO.
A DCTF retificadora apresentada após o início de procedimento fiscal não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos.
Numero da decisão: 3302-007.200
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/09/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o início de procedimento fiscal não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos.
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SUPERMERCADOS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/09/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o início de procedimento fiscal não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo da DCOMP eletrônica, transmitida com objetivo de declarar a compensação do(s) débito(s) nela apontado(s), com crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior, relativo ao DARF indicado, referente ao PIS/Cofins. A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório eletrônico, no qual a Delegacia de origem, após constatar a improcedência do crédito original informado no PER/DCOMP, não reconheceu o valor do crédito pretendido e decidiu NÃO HOMOLOGAR a compensação declarada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 90 38 58 /2 01 2- 89 Fl. 88DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.200 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10730.903858/2012-89 Regularmente cientificada da não homologação, a contribuinte protocolou suas razões de defesa alegando que, quando da confecção do Per/Dcomp, por lapso, não foi retificada a DCTF. Procedeu a retificação, dentro do prazo legal, alterando o débito do período de apuração correspondente. Por seu turno, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp, exceto quando comprovado erro no preenchimento da referida declaração. Regularmente cientificada de decisão, a recorrente interpôs recurso voluntário, aduzindo, em síntese apertada que: (i) a retificação da DTCF após o despacho decisório não pode ser impedimento ao reconhecimento do crédito apurado; e (ii) os documentos carreados aos autos se prestam à comprovar a origem do crédito. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 006.936, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 13227.901478/2012-98, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-006.936): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Inicialmente, destaca-se que a DRJ manteve o despacho decisório por dois motivos, a saber: Assim sendo e, considerando que a DCTF retificadora foi entregue somente após a transmissão do PER/DCOMP e que não foram trazidos aos autos quaisquer elementos comprobatórios do crédito pleiteado, conclui-se que não há qualquer reparo a ser feito no Despacho Decisório sob análise e que não há direito creditório a ser reconhecido para a compensação pretendida. Ao meu ver, o primeiro motivo para DRJ seria totalmente superado, caso o contribuinte tivesse demonstrado à origem do crédito, o que não ocorreu no presente processo, senão vejamos. É incontroverso que a Recorrente cometeu irregularidade no preenchimento do DACON e da DCTF e, que a retificação do último documento fora realizada somente após a transmissão do PER/DCOMP objeto dos autos. Contudo, independentemente das declarações retificadoras terem sido apresentadas pela Recorrente após a transmissão do PER/DCOMP, o que não é causa impeditiva do reconhecimento do crédito, deveria o contribuinte ter comprovado documentalmente a origem dos créditos. Com efeito, a DCTF e o DACON contêm dados e informações declarados pelo próprio contribuinte que devem ser lastreados com a correspondente documentação fiscal que Fl. 89DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.200 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10730.903858/2012-89 comprove os lançamentos contábeis. A simples apresentação de cópias das referidas declarações são insuficientes para comprovar o origem do pretenso crédito almejado pela Recorrente, inviabilizando a confirmação dos valores registrados nas declarações. Não bastasse isso, a Recorrente deveria ter apresentado argumentos mais robustos para comprovar seu direito. Nada foi explicitada em sede de manifestação e recurso. Com todo respeito, os argumentos apresentados pela Recorrente não fazem prova de crédito algum, sequer demonstram qual a composição e/ou origem do crédito que ela alegar possuir. Mais uma vez, repita-se, que é necessário que sejam colacionados aos autos excertos da escrituração contábil e fiscal do contribuinte, lastreados em documentação idônea que dê suporte a tais lançamentos. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.720182/2008-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 04/02/2003 a 25/11/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão nos fundamentos da decisão.
Numero da decisão: 3302-007.282
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração para sanar a omissão, sem efeitos infringentes, nos termos do voto do relator.
(assinatura digital)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente.
(assinatura digital)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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OMISSÃO. Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão nos fundamentos da decisão. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração para sanar a omissão, sem efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. (assinatura digital) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente. (assinatura digital) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 01 82 /2 00 8- 90 Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10880.720182/200890 Acórdão n.º 3302007.282 S3C3T2 Fl. 3 2 Sinteticamente, a Recorrente apresentou Embargos de Declaração que foram admitidos por despacho de admissibilidade . Os Embargos foram admitidos exclusivamente em relação à apontada OBSCURIDADE no acórdão no que diz respeito à possibilidade jurídica da autuação basearse no artigo 67 da Lei 10.833/03 que, segundo a Embargante, entrou em vigor apenas após a entrada em vigor da ocorrência dos fatos que deram azo à autuação, verbis: “A meu ver, há obscuridade, pois a alegação em recurso voluntário disse respeito à apuração da base de cálculo da importação e não quanto à possibilidade de se tributar, genericamente, o extravio de mercadorias, nem alegou cerceamento de defesa, nesta matéria. Ademais, o voto condutor menciona que a possibilidade de tributar bens extraviados é muito mais antiga, mas não enfrenta a questão da apuração da base de cálculo e da adoção da alíquota previstas no artigo 67 da Lei nº 10.833/2003, que segundo a recorrente, é posterior aos fatos geradores. Admito os embargos neste ponto.” É o relatório. Voto Conselheiro Raphael Madeira Abad. Relator Os Embargos Declaratórios são tempestivos e foram devidamente admitidos pelo Recurso Voluntário sob análise e revestese de todos os demais requisitos necessários à sua apreciação por este colegiado, razão pela qual o conheço. Quando da interposição do Recurso Voluntário a Recorrente advogou a ilegalidade da autuação sob o argumento de que a legislação e premissas utilizadas pela DRJ são posteriores aos fatos geradores imputados entre fevereiro e novembro de 2003, especialmente o artigo 67 da Lei 10.833/2003, publicada em 30/12/2003. “Pela leitura da decisão ora recorrida, verificase que a maior parte da legislação invocada para imputar responsabilidades tributárias e sanções à Recorrente é posterior aos supostos fatos geradores ocorridos no período de fevereiro a novembro de 2003. Com efeito, referida decisão, objetivando impor obrigações e sanções à Recorrente, buscou fundamento, principalmente, no art. 67 da Lei nº 10.833/2003. Ora, I. Julgadores, é sabido que a regra geral é a de que a lei tributária deve reger o futuro, sem se estender a fatos ou circunstâncias havidas antes do início de sua entrada em vigor. Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10880.720182/200890 Acórdão n.º 3302007.282 S3C3T2 Fl. 4 3 (...) Oportuno ressaltar que, pelas razões acima expostas, não houve incidência do art. 67 da Lei n2 10.833/2003 ao caso concreto, sendo certo que não nasceu obrigação tributária alguma com base nos valores arbitrários e fictícios estabelecidos neste dispositivo legal.” Sinteticamente, a Recorrente adotou a premissa de que os fatos ocorreram entre fevereiro e novembro de 2003, razão pela qual em relação a eles não poderia ter sido aplicada a Lei 10.833, publicada em 29 de dezembro de 2003, portanto em momento posterior à entrada dos bens no país. O Acórdão objeto dos presentes Embargos Declaratórios menciona que a possibilidade de se tributar os bens extraviados é muito mais antiga que a Lei 10.833/2003 e que na ausência de qualquer demonstração de que houve efetivo prejuízo à defesa, pela menção à legislação equivocada, admitese que tal fato não possui o condão de invalidar a autuação. Admitidos os presentes Embargos Declaratórios, é de se reanalisar a questão jurídica submetida à apreciação. Segundo o Auto de Infração (efls. 331) as mercadorias chegaram ao Brasil entre 04 de fevereiro e 25 de novembro de 2003, antes, portanto, da entrada em vigor da Lei 10.833/03, não havendo controvérsia em relação a este fato. Todavia, por não haverem sido localizadas, as mercadorias foram consideradas EXTRAVIADAS, conforme Auto de Infração lavrado em 12 de março de 2008 (efls. 339), também não havendo controvérsia em relação a este fato. Este EXTRAVIO DE MERCADORIA, foi tratado no Auto de Infração, verbis: “Falta de mercadoria apurada em conferência final de manifesto” (efls. 02 e seguintes). Os fatos apresentados são incontroversos, restando investigar o direito os rege, especificamente a aplicação do artigo 67 da Lei 10.833/2003, abaixo transcrito com a redação vigente à época da lavratura do Auto de Infração, mas que efetivamente não era vigente à época da chegada das mercadorias extraviadas no Brasil: “Art. 67. Na impossibilidade de identificação da mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descrição genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, serão aplicadas, para fins de determinação dos impostos e dos direitos incidentes, as alíquotas de 50% (cinqüenta por cento) para o cálculo do Imposto de Importação e de 50% (cinqüenta por cento) para o cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados. § 1o Na hipótese prevista neste artigo, a base de cálculo do Imposto de Importação será arbitrada em valor equivalente à média dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete e seguro internacionais, Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10880.720182/200890 Acórdão n.º 3302007.282 S3C3T2 Fl. 5 4 acrescida de 2 (duas) vezes o correspondente desvio padrão estatístico.” Todavia, desde a edição do DecretoLei n. 37/66 havia a previsão da incidência do Imposto de Importação sobre a mercadoria extraviada, bem como a previsão de que a mercadoria ficaria sujeita aos tributos em vigor na data em que a autoridade aduaneira apurar a falta ou dela tiver conhecimento, verbis. “Decretolei nº 37/66: Art 1º O impôsto de importação incide sôbre mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no território nacional. Parágrafo único. Considerarseá entrada no território nacional, para efeito da ocorrência do fato gerador, a mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade aduaneira. Art.1º O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) (...) § 2º Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerarseá entrada no Território Nacional a mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade aduaneira. (Parágrafo único renumerado para § 2º pelo Decreto Lei nº 2.472, de 01/09/1988)” O artigo 23 do referido Decreto Lei 37/66 também prevê a mesma conseqüência para as mercadorias extraviadas, como se pode aferir pela leitura do seu texto original, bem como pela alteração, que não passou de uma mudança didática, para deixar claro que o momento do fato gerador do tributo é a apuração da falta. “Art. 23 Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, considerase ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44. Parágrafo único. No caso do parágrafo único do artigo 1°, a mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que autoridade aduaneira apurar a falta ou dela tiver conhecimento. Parágrafo único. A mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que a autoridade aduaneira efetuar o correspondente lançamento de ofício no caso de: (Redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 2010) I falta, na hipótese a que se refere o § 2o do art. 1o; e (Incluído pela Medida Provisória nº 497, de 2010) Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10880.720182/200890 Acórdão n.º 3302007.282 S3C3T2 Fl. 6 5 II introdução no País sem o registro de declaração de importação, a que se refere o inciso III do § 4o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 497, de 2010) Parágrafo único. A mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que a autoridade aduaneira efetuar o correspondente lançamento de ofício no caso de: (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) I – falta, na hipótese a que se refere o § 2o do art. 1o; e (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) II – introdução no País sem o registro de declaração de importação, a que se refere o inciso III do § 4o do art. 1o. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010)” Merece destaque o fato de que o artigo 73, II, “c” do Regulamento Aduaneiro/2002 também prevê que a data a ser considerada para o fato gerador do imposto de importação das mercadorias extraviadas é a data da apuração do extravio pela autoridade aduaneira, verbis: “Art. 73. Para efeito de cálculo do imposto, considerase ocorrido o fato gerador (Decretolei no 37, de 1966, art. 23 e parágrafo único): I na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo; II no dia do lançamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de: (...) c) mercadoria constante de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo extravio ou avaria for apurado pela autoridade aduaneira; e” (...) Tendo sido a falta da mercadoria apurada em 2008, aplicase a legislação vigente nesta data, e não na data da entrada delas no território nacional. Assim, em relação à incidência do artigo 67 da Lei n. 10.833/2003, entendo que ele é aplicável ao caso uma vez que o momento do fato gerador do Imposto de Importação no caso da mercadoria extraviada é o momento que se identifica o extravio e não que a mercadoria entra no território nacional. Por estes motivos, acolho parcialmente os Embargos Declaratórios para sanar a omissão sem, contudo, atribuirlhes efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10880.720182/200890 Acórdão n.º 3302007.282 S3C3T2 Fl. 7 6 Fl. 538DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.002414/2009-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2005
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. APROVEITAMENTO DE OFÍCIO.
A autoridade fiscal deve aproveitar de ofício os créditos da não-cumulatividade da Cofins sempre que verificar a existência de saldo desses créditos no período em que ficar evidenciada infração à legislação da aludida contribuição, exceto quando tais créditos estiverem vinculados a Pedido de Ressarcimento (PER) ou Compensação (DCOMP) pendente de verificação, hipótese em que a autoridade fiscal que constatar infração à legislação das aludidas contribuições não deve aproveitá-los de ofício. O aproveitamento de ofício deve ser efetivado independentemente de o crédito ter sido originado no próprio período em que ficar evidenciada infração à legislação, ou em período anterior.
Numero da decisão: 3302-007.259
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular o despacho decisório para que seja proferido um novo despacho pela Unidade de Origem, onde deverá ser refeita toda apuração dos créditos do PIS, levando em conta, também, os valores referentes aos serviços, independentemente de terem sido incluídos no DACON, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2005 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. APROVEITAMENTO DE OFÍCIO. A autoridade fiscal deve aproveitar de ofício os créditos da não-cumulatividade da Cofins sempre que verificar a existência de saldo desses créditos no período em que ficar evidenciada infração à legislação da aludida contribuição, exceto quando tais créditos estiverem vinculados a Pedido de Ressarcimento (PER) ou Compensação (DCOMP) pendente de verificação, hipótese em que a autoridade fiscal que constatar infração à legislação das aludidas contribuições não deve aproveitá-los de ofício. O aproveitamento de ofício deve ser efetivado independentemente de o crédito ter sido originado no próprio período em que ficar evidenciada infração à legislação, ou em período anterior.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular o despacho decisório para que seja proferido um novo despacho pela Unidade de Origem, onde deverá ser refeita toda apuração dos créditos do PIS, levando em conta, também, os valores referentes aos serviços, independentemente de terem sido incluídos no DACON, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente).
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APROVEITAMENTO DE OFÍCIO. A autoridade fiscal deve aproveitar de ofício os créditos da não cumulatividade da Cofins sempre que verificar a existência de saldo desses créditos no período em que ficar evidenciada infração à legislação da aludida contribuição, exceto quando tais créditos estiverem vinculados a Pedido de Ressarcimento (PER) ou Compensação (DCOMP) pendente de verificação, hipótese em que a autoridade fiscal que constatar infração à legislação das aludidas contribuições não deve aproveitálos de ofício. O aproveitamento de ofício deve ser efetivado independentemente de o crédito ter sido originado no próprio período em que ficar evidenciada infração à legislação, ou em período anterior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular o despacho decisório para que seja proferido um novo despacho pela Unidade de Origem, onde deverá ser refeita toda apuração dos créditos do PIS, levando em conta, também, os valores referentes aos serviços, independentemente de terem sido incluídos no DACON, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 24 14 /2 00 9- 64 Fl. 342DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 144 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente). Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Tratase de PER/DCOMPs, Pedidos de Ressarcimento e Declarações de Compensação, referentes aos créditos de PIS não cumulativaexportação, apurados nos períodos de 3° trimestre/2004 a 4° trimestre/2005, totalizando o valor de R$ 194.638,19. Irresignada, apresentou Manifestação de Inconformidade e Aditamento aquela Manifestação em virtude da manutenção parcial do crédito solicitado e homologação também parcial da compensação declarada, visto a insuficiência do crédito reconhecido. Em síntese a contribuinte aduz que: Os documentos fiscais apresentados, quais sejam as notas fiscais e as planilhas de apuração do crédito pleiteado, assim como os balancetes e demais documentos colacionados aos autos, são hábeis e idôneos para demonstrar a materialidade e a subsistência do crédito descontado pela Recorrente, não podendo aterse o julgador apenas ao DACON. Isso porque deve prevalecer, no âmbito do processo administrativo, o princípio da verdade material, o qual obriga a autoridade administrativa a analisar, de forma exaustiva, os fatos alegados pelos contribuintes, a fim de averiguar de maneira incontestável a liquidez e certeza dos créditos pleiteados. Alegação de que parte dos créditos apurados só poderia ser utilizada a partir do início da exportação em dezembro de 2004 não pode prosperar. A uma, por que o processo produtivo de ouro em barras precede várias etapas anteriores, onde os insumos são efetivamente utilizados para a composição do produto final, conforme atesta o fiscal autuante no item 5 às fls. 186. A duas, porque a primeira PER/DCOMP foi enviada em 31.01.2006 e referese ao período de utilização de 12/2005, exatamente doze (12) meses após a primeira venda (exportação). Assim, pedese: Seja reconhecido o crédito apontado nas planilhas de apuração apresentadas pela Recorrente, os quais possuem lastro em documentos e notas fiscais, em homenagem ao princípio da verdade material; Fl. 343DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 145 3 Seja reconhecido seu direito à apropriação dos créditos relativos aos insumos utilizados nas fases de lavra, britagem e moagem, consoante o entendimento adotado pelo CARF no Acórdão n° 3102002.167.. A Quarta Turma da DRJ Brasília julgou a impugnação improcedente, nos termos do Acórdão nº 03079.416, de 29 de março de 2018, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2004, 2005 PIS E COFINS NÃOCUMULATIVAS. DIREITO DE CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS APLICADOS OU CONSUMIDOS DIRETAMENTE NA PRODUÇÃO DO BEM FABRICADO/PRODUZIDO. Geram crédito de PIS e Cofins, descontáveis do valor devido da contribuição e compensáveis, as aquisições de qualquer bem que sofra alteração, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. No que se refere às despesas com serviços, o termo “insumo” também não pode ser interpretado como todo e qualquer serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas tãosomente aqueles que efetivamente se aplicaram ou consumiram diretamente na produção dos bens fabricados/produzidos pelo interessado, ou, ainda, que se aplicaram ou consumiram nos serviços prestados pela empresa. DECISÕES DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. EFEITOS. As Decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF são normas complementares das leis quando a lei atribui eficácia normativa e as decisões judiciais, no caso, só tem efeito inter partes e não erga omnes. Manifestação de Inconformidade Improcedente Inconformado com a decisão da DRJ, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual repisa os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o breve relatório. É o breve relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 146 4 O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. A DRJ considerou como insumos os bens que não estivessem incluídos no ativo imobilizado e que se enquadrassem em uma das quatro situações: ser matériaprima, produto intermediário, material de embalagem ou qualquer outro bem que sofra alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Partindo dessa premissa e baseado na Informação Fiscal fls. 280/282, que utilizou como razão de decidir, negou provimento à manifestação de inconformidade. Podemos resumir os motivos determinantes da decisão a quo da seguinte forma: a) Em relação aos ativos imobilizados classificados como insumos: É totalmente incorreto o contribuinte calcular créditos do PIS/COFINS, às alíquotas de 1,65% e 7,6%, sobre a aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado. O que é permitida pela legislação é a apropriação de encargos de depreciação incidentes sobre máquinas e equipamentos adquiridos novos e utilizados no processo produtivo da empresa. Ora, verificase por meio dos DACONs apresentados pela empresa que nos meses de janeiro a dezembro de 2005 foram registrados como créditos, encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, linha 09 do referido Demonstrativo, o que, sem entrar no mérito dos valores em si, é o que deve ser informado. Contudo, o contribuinte registrou, indevidamente, na linha 02 dos DACONs (bens utilizados como insumos), as aquisições feitas para o ativo imobilizado. (...) Como dito acima, a aquisição de bens para o ativo imobilizado não gera crédito, o que geram créditos são os encargos de depreciação incidentes sobre tais bens, em razão disto, jamais deveriam compor a base de cálculo de créditos como se fossem bens utilizados como insumos. Desta forma, TODOS os valores calculados sobre aquisições para ativo imobilizado e, computados como se fossem insumos, foram glosados corretamente pelo auditor fiscal b) Em relação aos serviços classificados como insumos: Simplesmente, não há um centavo sequer de créditos a descontar informados na linha 03, serviços utilizados como insumos, nos DACONs de janeiro de 2005 a dezembro de 2005, absolutamente zero de créditos declarados. Desta forma, não pode uma planilha elaborada pelo sujeito passivo, completamente em desacordo com as informações prestadas nos DACONs, prevalecer sobre estes demonstrativos. (...) Fl. 345DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 147 5 Por conseguinte, se o contribuinte tivesse, de fato, apurado créditos oriundos de serviços utilizados como insumos, deveria ter procedido a retificação dos DACONs, na forma e segundo os prazos fixados na legislação tributária. Se tal correção não foi feita, induvidosamente, devem prevalecer as informações prestadas nos correspondentes DACONs, ou seja, de que não houve quaisquer créditos de PIS/COFINS para os períodos em análise. c) Em relação aos bens glosados por não se enquadrarem como insumos: Em relação aos demais itens classificados na linha 02, bens utilizados como insumos, e que foram objeto de glosa por parte do auditor fiscal responsável pela primeira análise, entendemos que foram bem fundamentados com base na legislação em vigor, fls. 192/198, e refletem o seu entendimento acerca do que devem ou não ser classificados como insumos, entendimento ratificado na presente diligência. d) Em relação aos créditos utilizados antes do início da exportação, em dezembro de 2004. A empresa só começou, mesmo, a vender (exportar) em dezembro/2004 (vide DACONs supracitados e as DIPJs das folhas 6272). Logo, se houvesse algum insumo que pudesse compor a base de créditos, o mesmo deveria aparecer sob a forma crédito presumido de estoque de abertura, diluído nos doze primeiros meses de apuração, a partir do mês da primeira venda. Antes disso, não seria possível saber se os insumos estariam relacionados as exportações, ou às vendas tributadas no mercado interno. No Recurso voluntário, o sujeito passivo recorreu apenas dos itens "b", "c" e "d", os quais formaram os capítulos recursais que serão apreciados. Delimitada a lide, passase à análise. Primeiro ponto a ser enfrentado diz respeito aos serviços não admitidos pela fiscalização para fins de creditamento das contribuições apuradas no regime da não cumulatividade. Pela Informação Fiscal Saort/DRFAnápolis/GO nº 08/2017, efls. 280/282, a fiscalização entendeu que a recorrente não teria direito aos créditos referentes ao serviços utilizados na sua atividade produtiva, em virtude de não terem sido informado na linha 03 do DACON os valores que poderiam ser descontados. Conforme já relatado, a primeira instância baseou suas razões de decidir na informação fiscal acima mencionada. Portanto, para a DRJ, a falta de informação no DACON dos valores espelhados nas documentações acostadas aos autos, que poderiam apontar para um direito de crédito, é condição fundamental para se negar o crédito pleiteado. Não houve análise dos serviços apontados pela recorrente como insumos, sob o prisma da essencialidade ou da relevância pela Autoridade Fiscal, tampouco pela instância a quo. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 148 6 A pergunta que fica é se o Fisco tem o dever de analisar todos os créditos oriundos da nãocumulatividade das contribuições mesmo não havendo informação no DACON. Essa questão foi definida pela própria Receita Federal do Brasil na Solução de Consulta Interna COSIT nº 24, de 28 de agosto de 2007, nos seguintes termos: A autoridade fiscal deve aproveitar de ofício os créditos da não cumulatividade da Cofins sempre que verificar a existência de saldo desses créditos no período em que ficar evidenciada infração à legislação da aludida contribuição, exceto quando tais créditos estiverem vinculados a Pedido de Ressarcimento (PER) ou Compensação (DCOMP) pendente de verificação, hipótese em que a autoridade fiscal que constatar infração à legislação das aludidas contribuições não deve aproveitálos de ofício. O aproveitamento de ofício de que trata o parágrafo anterior deve ser efetivado independentemente de o crédito ter sido originado no próprio período em que ficar evidenciada infração à legislação, ou em período anterior. Portanto, quando a Autoridade Fiscal apurar crédito no próprio período de ocorrência do fato gerador ou em período anterior, não sendo ele objeto de pedido de ressarcimento ou de compensação, nem objeto de desconto até a data apresentação do DACON, deve ser efetuado o aproveitamento de ofício do crédito, em razão do disposto no art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002 e nº 10.833, de 2003, e no art. 15 da Lei nº 10.865, de 2004. Sendo assim, mesmo não apontado na linha 03 do DACON, a Autoridade Fiscal, em posse de documentos probantes, tem a obrigação de analisar os créditos e aproveitá los, se for o caso, de ofício. Acontece que a análise dos créditos referentes aos serviços utilizados pela recorrente e identificados por ela como insumos não foram objeto de análise da Unidade de Origem e nem da primeira instância, conforme já relatado. Sabemos que este Colegiado só pode enfrentar a matéria controversa, uma vez que a apreciação completa do caso nessa sentada provocaria a supressão de instância administrativa e, por aí, abalaria o amplo direito de defesa do contribuinte que tem a prerrogativa de exercêlo em todas as instâncias cabíveis, sem qualquer indevida supressão. Em respeito ao direito à ampla defesa todas as instâncias previstas devem ser preservadas. Em respeito ao direito à ampla defesa e a obrigatoriedade de que todas as instâncias previstas sejam preservadas, voto por anular o despacho decisório para que seja proferido um novo despacho pela Unidade de Origem, onde deverá ser refeita toda apuração dos créditos do PIS, levando em conta, também, os valores referentes aos serviços, independentemente de terem sido incluídos no DACON. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 347DF CARF MF Processo nº 13116.002414/200964 Acórdão n.º 3302007.259 S3C3T2 Fl. 149 7 Fl. 348DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.722487/2011-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 10/08/2006
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO POR QUEM NÃO IMPUGNOU O AUTO DE INFRAÇÃO.
Não se conhece o Recurso Voluntário apresentado por quem não impugnou o Auto de Infração eis que em relação a eles sequer restou inaugurada a fase litigiosa do processo administrativo, e eventual análise implicaria supressão de instância.
INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece, por intempestividade, o Recurso Voluntário apresentado fora do prazo legal.
IMPORTAÇÃO. OCULTAÇÃO DO INTERESSADO NA IMPORTAÇÃO. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. PRAZO DECADENCIAL.
As multas aduaneiras estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no art. 139 do Decreto-Lei nº 37/66. O prazo decadencial é de cinco anos contados da data da infração.
NÃO LOCALIZAÇÃO DE MERCADORIA. PENA DE PERDIMENTO.
A afirmação de que a mercadoria não foi localizada pressupõe o seu consumo.
ARBITRAMENTO DO PREÇO DA MERCADORIA. FRAUDE
A comprovação da fraude na declaração do preço efetivamente praticado na importação autoriza o arbitramento do preço da mercadoria.
MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAIS E A PENA DE PERDIMENTO.
A pena por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente somente pode ser aplicada no caso de não haver sido aplicada a pena de perdimento dos bens, na forma do artigo 631 do Decreto 4.543/2002, que excepciona a aplicação da referida multa no caso de já haver sido aplicada pena de perdimento.
INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE BENS OBJETO DE PENA DE PERDIMENTO QUE NÃO TENHA SIDO LOCALIZADA.
Não há óbice jurídico à incidência de tributos sobre bens que foram objeto de pena de perdimento e que não tenha sido localizada, tenha sido consumida ou revendida.
RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO. INCOMPETÊNCIA DO CARF.
O CARF não é competente para apreciar pedido de relevação de pena de perdimento.
Numero da decisão: 3302-006.905
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos recursos interpostos por ÉRICA DEBOSSAN REINERT, pelo Sr. CAIO MARCELO DEBOSSAN e YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Quanto ao recurso da D&A COMERCIO SERVICOS IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA, não conhecer da matéria referente a relevação da pena de perdimento, e na parte conhecida, em acolher a preliminar de decadência das declarações de Importação registradas anteriormente a 24/09/2006, negando as demais. No mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para afastar a multa por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente no país, nos termos do voto relator.
(assinatura digital)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
Raphael Madeira Abad - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 10/08/2006 INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO POR QUEM NÃO IMPUGNOU O AUTO DE INFRAÇÃO. Não se conhece o Recurso Voluntário apresentado por quem não impugnou o Auto de Infração eis que em relação a eles sequer restou inaugurada a fase litigiosa do processo administrativo, e eventual análise implicaria supressão de instância. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece, por intempestividade, o Recurso Voluntário apresentado fora do prazo legal. IMPORTAÇÃO. OCULTAÇÃO DO INTERESSADO NA IMPORTAÇÃO. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. PRAZO DECADENCIAL. As multas aduaneiras estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no art. 139 do Decreto-Lei nº 37/66. O prazo decadencial é de cinco anos contados da data da infração. NÃO LOCALIZAÇÃO DE MERCADORIA. PENA DE PERDIMENTO. A afirmação de que a mercadoria não foi localizada pressupõe o seu consumo. ARBITRAMENTO DO PREÇO DA MERCADORIA. FRAUDE A comprovação da fraude na declaração do preço efetivamente praticado na importação autoriza o arbitramento do preço da mercadoria. MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAIS E A PENA DE PERDIMENTO. A pena por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente somente pode ser aplicada no caso de não haver sido aplicada a pena de perdimento dos bens, na forma do artigo 631 do Decreto 4.543/2002, que excepciona a aplicação da referida multa no caso de já haver sido aplicada pena de perdimento. INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE BENS OBJETO DE PENA DE PERDIMENTO QUE NÃO TENHA SIDO LOCALIZADA. Não há óbice jurídico à incidência de tributos sobre bens que foram objeto de pena de perdimento e que não tenha sido localizada, tenha sido consumida ou revendida. RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para apreciar pedido de relevação de pena de perdimento.
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Não se conhece o Recurso Voluntário apresentado por quem não impugnou o Auto de Infração eis que em relação a eles sequer restou inaugurada a fase litigiosa do processo administrativo, e eventual análise implicaria supressão de instância. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece, por intempestividade, o Recurso Voluntário apresentado fora do prazo legal. IMPORTAÇÃO. OCULTAÇÃO DO INTERESSADO NA IMPORTAÇÃO. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. PRAZO DECADENCIAL. As multas aduaneiras estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no art. 139 do DecretoLei nº 37/66. O prazo decadencial é de cinco anos contados da data da infração. NÃO LOCALIZAÇÃO DE MERCADORIA. PENA DE PERDIMENTO. A afirmação de que a mercadoria não foi localizada pressupõe o seu consumo. ARBITRAMENTO DO PREÇO DA MERCADORIA. FRAUDE A comprovação da fraude na declaração do preço efetivamente praticado na importação autoriza o arbitramento do preço da mercadoria. MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAIS E A PENA DE PERDIMENTO. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 24 87 /2 01 1- 19 Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 3 2 A pena por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente somente pode ser aplicada no caso de não haver sido aplicada a pena de perdimento dos bens, na forma do artigo 631 do Decreto 4.543/2002, que excepciona a aplicação da referida multa no caso de já haver sido aplicada pena de perdimento. INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE BENS OBJETO DE PENA DE PERDIMENTO QUE NÃO TENHA SIDO LOCALIZADA. Não há óbice jurídico à incidência de tributos sobre bens que foram objeto de pena de perdimento e que não tenha sido localizada, tenha sido consumida ou revendida. RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. O CARF não é competente para apreciar pedido de relevação de pena de perdimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos recursos interpostos por ÉRICA DEBOSSAN REINERT, pelo Sr. CAIO MARCELO DEBOSSAN e YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Quanto ao recurso da D&A COMERCIO SERVICOS IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA, não conhecer da matéria referente a relevação da pena de perdimento, e na parte conhecida, em acolher a preliminar de decadência das declarações de Importação registradas anteriormente a 24/09/2006, negando as demais. No mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para afastar a multa por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente no país, nos termos do voto relator. (assinatura digital) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto. (assinatura digital) Raphael Madeira Abad Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green. Relatório Tratase de processo administrativo no bojo do qual discutese suposto dano ao erário por infração na importação, especialmente por uso de informação falsa nas Declarações de Importação. Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 4 3 Por bem redigir os fatos, transcrevese o minucioso relatório elaborado pela DRJ, de lavra do Ilmo Sr. Jorge Lima Abud e que embasou a decisão ora recorrida. "Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 18/11/2011, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa do controle administrativo, multa proporcional ao valor aduaneiro e multa regulamentar do IPI no valor de R$ 3.005.659,01 em virtude dos fatos a seguir descritos. A fiscalização apurou que a empresa em epígrafe não é a real adquirente das mercadorias importadas através das Declarações de Importação arroladas no Relatório Fiscal, em nome da empresa D&A COMERCIO E SERVICOS IMP E EXP LTDA. A empresa operava como interposta pessoa em comércio exterior para a empresa YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, praticando assim infração de ocultação do sujeito passivo, comprevisão de pena de perdimento às mercadorias transacionadas. Face ao que determina o art. 23, c/c o §3º, do DecretoLei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas pela impossibilidade de apreensão de tais mercadorias. Foi ainda autuado como responsável solidário: • YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA E como Responsáveis Solidários Pessoais (Sócios de Fato/Administradores da D&A): • CAIO MARCELO DEBOSSAN, CPF 936.292.65987; e • ÉRICA DEBOSSAN REINERT, CPF 919.869.82904. O contribuinte YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA se fez representar nos autos pelo mesmo procurador que os demais contribuintes, o advogado Nelson Antonio Reis Simas Junior, OAB/SC 22.332, conforme procuração juntada às folhas 634 do processo digital. O referido advogado tomou ciência pessoal do Auto de Infração, em nome de TODOS os autuados, inclusive em nome da empresa YELLOW MERCANTIL, conforme folhas 896. Contudo, a empresa YELLOW MERCANTIL não apresentou impugnação, consoante despacho de folhas 1102 do processo digital. Cientificado do auto de infração, pessoalmente, em 24/11/2011 (fls. 896 do processo digital), os contribuintes D&A COMERCIO E SERVICOS IMP E EXP LTDA, CAIO MARCELO DEBOSSAN, Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 5 4 ÉRICA DEBOSSAN REINERT protocolizaram impugnação conjunta, tempestivamente em 26/12/2011, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, de fls. 900 à 967, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. Alegouse que: PRELIMINARMENTE. ILICITUDE E IMPRESTABILIDADE DAS PROVAS EMPRESTADAS AUSÊNCIA DE PROVAS NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Os documentos e HDs apreendidos no Mandado de Busca e Apreensão jamais poderiam ter sido utilizados como provas para o presente procedimento fiscal, eis que: O compartilhamento dos documentos apreendidos (que jamais foram submetidos ao contraditório e ampla defesa), somente poderia ter sido realizado ao término do Inquérito Policial, o que até hoje não ocorreu; COMPARTILHAMENTO DE PROVAS INOBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA INOBSERVÂNCIA DE CONDIÇÃO PARA O COMPARTILHAMENTO NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL Para fins de aplicação da pena de perdimento e da e das supostas infrações apontadas no Auto de Infração, a Autoridade Fiscal se valeu EXCLUSIVAMENTE de provas (invasão domiciliar para apreensão de documentos e quebra de sigilo bancário e telemático) que não merecem respaldo jurídico, vez que ilícitas. Qualquer prova obtida com violação a essas ou outras garantias, constitucionalmente asseguradas, não podem ser admitidas. Junta textos da Jurisprudência Judicial a respeito do assunto: STF, Voto do Rel. Min. Ilmar Galvão na AP 3073DF, DJU 13/10/95. Tais provas, ainda que pudessem ser admitidas para o presente processo fiscal, somente poderiam ter sido utilizadas "após o sucesso das investigações policiais", ou seja, após o trânsito em julgado daquele processo, pois, sem isso, não se pode verificar o "sucesso" das investigações. APREENSÃO DE DOCUMENTOS EMPRESA DIVERSA DA INVESTIGADA AUSÊNCIA DE MANDADO JUDICIAL ESPECÍFICO ILICITUDE DAS PROVAS NULIDADE Não obstante as ilegalidades apontadas no item anterior, outro ponto ainda mais abjeto quanto às provas utilizadas no presente procedimento fiscal é que muitas delas foram colhidas na empresa Debossan Despachos Aduaneiros Ltda., empresa para Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 6 5 a qual as autoridades fiscais e policiais não detinham Mandado Judicial para realizar as apreensões. Todos os documentos referentes à etapa 'préimportação', tais como planilhas de custo de importação, licenciamentos de importação, certificados de conformidade de produtos, laudos, bem como aqueles referentes ao despacho aduaneiro além de CPU's (dentre os itens 1 a 12 do Auto de Apreensão) estavam na posse e propriedade da empresa Debossan Despachos Aduaneiros e não da D&A Comércio Exterior. Ao invés de certificarse de que no andar térreo funcionavam duas empresas distintas, o que fez a autoridade policial foi utilizarse daquela 'ambiguidade' constante da autorização judicial para fazer uma devassa não somente nos computadores da D&A Comércio Exterior, como também da empresa Debossan Despachos Aduaneiros. Aliás, digase de passagem, que o endereço constante no mandado de busca e apreensão não foi informado pela Juíza Federal, mas pela própria autoridade policial. Sendo assim, tudo leva a crer que a autoridade policial, certa de que não obteria um mandado de busca na empresa Debossan Despachos, utilizouse de meios escusos (a informação de endereço não específico), induzindo o magistrado em erro na decretação da medida cautelar. Dessa forma, conseguiria justificar a apreensão de bens e documentos não só na empresa D&A, mas também na Debossan Despachos Aduaneiros. Por esses motivos, imperioso reconhecerse a ilicitude das provas utilizadas no presente procedimento fiscal, devendo se declarar a nulidade de todo o procedimento por mais esse motivo. APREENSÃO DE DOCUMENTOS INVESTIGAÇÃO CRIMINAL INEXISTÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE OS CRIMES INVESTIGADOS E AS INFRAÇÕES APURADAS ILICITUDE DAS PROVAS NULIDADE Para se conseguir que aquela investigação alcançasse a empresa Impugnante, alegouse que a D&A estaria envolvida com o Grupo Roger Tur, efetuando remessas cambiais às margens oficiais com o fim de subfaturamento de mercadorias. Contudo, em que pese toda a devassa realizada contra a Impugnante, com a quebra do seu sigilo fiscal, bancário, invasão domiciliar através da busca e apreensão de documentos sem mandado de procedimento fiscal, quebra de sigilo de dados, dentre outros, nenhuma prova ou qualquer indício de prova foi encontrado que pudesse ligar a D&A Comércio Exterior com o Grupo Roger Tur originalmente investigado. A excepcional quebra do sigilo bancário da Impugnante foi autorizada com um único fim: comprovar de alguma forma a remessa de divisas ao exterior às margens oficiais. No entanto, a Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 7 6 autoridade fiscal utilizou tais extratos para tentar caracterizar infrações de natureza eminentemente administrativa, longe de caracterizar um ilícito penal. No caso em análise, houve verdadeira deturpação da ressalva constitucional para fins escusos. Utilizouse de meras suposições, sem respaldo em qualquer documentação probante, para a concessão das medidas judiciais próprias e exclusivas da investigação criminal. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL DE FISCALIZAÇÃO (MPFF) FISCALIZAÇÃO IRREGULAR NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL E DO AUTO DE INFRAÇÃO O procedimento fiscal em comento foi instaurado sem o prévio e necessário Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização MPFF, o que causa evidente e manifesta ilegalidade, por inobservância dos arts. 2o e 3o da Portaria RFB 3.014/2011. À época em que a Autoridade Fiscal deu início ao Procedimento de Fiscalização, dispunha apenas e tão somente de um Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência, que, de acordo com a própria legislação que trata da matéria, não se presta para a realização de procedimento fiscal. EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO PROCEDIMENTAL AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO SOBRE AS PRORROGAÇÕES DO MPFF NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Não existe fiscalização por prazo indeterminado. Quando a autoridade fiscal inicia seu trabalho é obrigado a emitir um termo de início. Nesse termo já deve constar prazo máximo para o término do trabalho. Emitido o MPFD no dia 07/out/2010 a autoridade fiscalizadora detinha o prazo máximo de sessenta dias para sua conclusão, ou seja, deveria necessariamente terminar seu procedimento até o dia 06/Jan/2011 ou, solicitar a prorrogação da fiscalização, desde que devidamente justificada, sob pena de arquivamento do processo. Diante disso, deve ser declarado nulo o AI por vício formal. DOIS SUJEITOS PASSIVOS NO MESMO AUTO DE INFRAÇÃO AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO O lançamento não está individualizado. O Auto de Infração aplicou pena de perdimento às mercadorias importadas sob o argumento de que a empresa YELLOW MERCANTIL seria a real adquirente das mercadorias, apesar de oculta. A conversão do perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias ocorreu porque os produtos já "teriam sido" consumidos. Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 8 7 Como se sabe, o perdimento caracterizase pela pessoalidade e intransmissibilidade da pena e, por isso mesmo, só pode ser aplicado em face do proprietário da mercadoria, até porque, logicamente, ninguém pode ser condenado a "perder", ou melhor, ter subtraído do seu patrimônio, bem ou direito que nunca o compôs. ILEGITIMIDADE DE CAIO MARCELO DEBOSSAN E ERICA DEBOSSAN REINERT PARA FIGURAREM SOLIDARIAMENTE NO PÓLO PASSIVO DO AUTO DE INFRAÇÃO Não há que se confundir as duas empresas, pois distintas não só de fato, como também de direito. Da mesma forma, não há o que se falar em sociedade oculta, vez que os sócios de cada pessoa jurídica são conhecidos e exercem suas devidas funções. Ora, o fato das duas empresas terem sócios com laços familiares entre si, não tem o condão de desconsiderar suas personalidades jurídicas. Da mesma forma, não se pode presumir que Caio Debossan e Erica Debossan seriam sócios da empresa D&A pelo simples fato de que seus cônjuges é quem figuram no seu quadro societário, quando todos os documentos jurídico legais da empresa demonstram o contrário. É um total disparate. Por sua vez, a alegação de que Josiane Debossan e Ivan Luiz Reinert seriam sócios "laranja" ou "presta nomes" também não passa de uma suposição descabida de qualquer fundamentação legal. No que tange especificamente o sócio da D&A, o Sr. Ivan Luiz Reinert, é certo que ele é apenas um sócio quotista e não detinha cunho gerencial na empresa. Aliás, possuía, sim, outro emprego em empresa diversa. É uma verdadeira aberração a presunção feita pela autoridade fiscal, de que Josiane Debossan seria uma 'sócia laranja', baseado numa simples conversa, desconsiderando todo o histórico gerencial da empresa realizado sempre pela Josiane Debossan. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA D&A PARA APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO E MULTA DE CONVERSÃO Ainda que se admitisse como correta a aplicação da pena de perdimento e a multa de conversão dela decorrente, mesmo nessa hipótese o Auto de Infração deve ser anulado, diante da manifesta ilegitimidade passiva da D&A. É que a pena de perdimento da mercadoria importada, quando constatada a ocultação do real importador, mediante fraude ou interposição fraudulenta, é sanção que visa punir o real encomendante / adquirente da mercadoria, e não o importador ostensivo, pois este deve ser punido apenas com multa de 10% pela cessão de nome. Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 9 8 Essa é, aliás, a exegese que se extrai da conjugação do art. 33 da Lei 11.488/07 com o art. 23, V do Decreto Lei 1.455/76. Cita Jurisprudência Administrativa, em relação aos seguintes acórdãos da DRFSP: ACÓRDÃO N° 1728100; ACÓRDÃO N° 1728104 e ACÓRDÃO N° 1724943. AUSÊNCIA DE PROVA DO CONSUMO DAS MERCADORIAS MERA PRESUNÇÃO CERCEAMENTO DE DEFESA IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. É de fácil percepção, portanto, que a conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro pressupõe a prova da impossibilidade de localização das mercadorias ou de que foram consumidas. Acontece que, no caso concreto, a Autoridade Fiscalizadora aplicou a multa em questão por mera presunção pessoal, pois, pelo que consta nos autos, não foram realizadas diligências nem constatações suficientes, conclusivas, que apontassem claramente que as mercadorias não foram encontradas, ou que já foram consumidas. INOCORRÊNCIA DE SUBFATURAMENTO. A autoridade fiscal faz toda uma digressão acerca de 'preços mínimos' de importação, alegando que a Impugnante mantinha tabelas de controle desses preços, que isso por si só já evidenciaria o intuito de fraude, para concluir que as faturas comerciais teriam sido forjadas apresentando em alguns casos o superfaturamento das mercadorias. Após idealizar que o motivo para o suposto sub/superfaturamento seria a existência de controle de 'preços mínimos', em um certo parágrafo a autoridade fiscal menciona que "tudo que se disser acerca preço mínimo nesta peça é questão meramente ilustrativa, acessória", como se quisesse dizer: "veja bem, fundamentamos a presente autuação com base nos preços mínimos, mas isso não existe". Um total descaso com o contribuinte. Pois bem. Quanto às alegações de superfaturamento cumpre destacar desde o início que a D&A não possuía qualquer ingerência sobre as negociações com o exportador estrangeiro nas operações que efetuava por conta e ordem da YELLOW. Muito menos, então, no que tange as operações de importação direta da YELLOW, na qual sequer participava da operação. Além disso, no que tange ao frete e os embarques das mercadorias, estes eram sempre gerenciados e controlados pela Yellow e não pela D&A. O contato com os armadores e agentes de carga pela D&A era exclusivamente para receber os documentos finais instrutivos do despacho. Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 10 9 Alguns contrapontos às falaciosas argumentações fiscais constantes no seu relatório são imperativos. Alega a autoridade fiscal que a simples manutenção de uma tabela de controle de preços mínimos "por si só, já sinaliza a inequívoca intenção da burla à sistemática do controle do comércio exterior, mormente quanto ao controle do deferimento de LIs (pg. 230 do Relatório Fiscal)". Tais argumentos não merecem o mínimo de consideração. Verificado que no país há, sim, a prática de preços mínimos pela administração pública, assim como seus demais atos, os preços mínimos deveriam obedecer ao princípio da publicidade, principalmente no que tange aos fundamentos para a estipulação de cada valor mínimo. Contudo, como se sabe, tal informação não é publicada. Não existe uma 'pauta de valores mínimos', por exemplo. Assim, resta ao importador fazer seu controle individual. Em havendo preços mínimos para o deferimento de Lis pelo DECEX, nada mais natural que o importador acompanhe tais preços através de uma tabela de controle contendo o histórico de suas Lis deferidas. Em suma, o que se quer dizer é que, em todos os casos em análise, jamais houve a prática de superfaturamento ou subfaturamento, não podendo a simples manutenção de histórico de preços de Lis deferidas pelo DECEX ter o condão de caracterizar tais práticas. Em verdade, pelo que consta nos autos as mercadorias eram negociadas o cada embarque, ao preço certo estipulado entre o comprador (YELLOW) e o fornecedor estrangeiro (ou seu representante no país), justamente ao preço de mercado, que, por sua vez, estavam dentro dos valores mínimos de importação adotados pela administração pública. Prova disso são os Licenciamentos de Importação deferidos para cada embarque das mercadorias constantes em cada DI objeto do presente auto de infração. O documento fiscal que reflete o valor negociado entre as partes no comércio exterior é a Fatura Comercial ou Commercial Invoice. Já a Proforma Invoice ou Fatura Proforma, demonstra simplesmente um pedido, uma intenção de compra, onde os valores e quantidades podem sofrer alterações de acordo com as negociações das partes, ou, até mesmo sequer ser concretizada. A autoridade fiscal embasa suas teses de superfaturamento em planilhas, emails e proformas que não refletem as negociações finais entre o comprador e o vendedor, mas se prestam tão somente como meros indicativos das negociações preliminares que as antecederam. Contudo, pela análise das Faturas Comerciais anexas aos autos (esta sim presentando os valores finais negociados entre as partes), percebese que aqueles documentos refletem perfeitamente os valores apresentados nas Declarações de Importação. Por sua vez, os contratos de câmbio vinculados às Fl. 1537DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 11 10 DIs, comprovam que aqueles valores constantes nas Declarações de Importação (DIs) e nas Faturas Comerciais, são justamente os preços efetivamente pagos pelas mercadorias. Vejase que o art. 1o, 1 do acordo deixa claro que o valor aduaneiro a ser adotado é o preço efetivamente pago pelas mercadorias. E certo que tal valor pode ser ajustado nos teremos do art. 8o do AVA, contudo, não se encontra presente no caso qualquer das hipóteses ensejadores de tais ajustes, essas elencadas nas alíneas 'a' a 'd' do art. 1.1. Aliás, se assim o fosse, caberia à Autoridade Fiscal demonstrar tal hipótese e comprovála, mas não o fez. Assim, onde a fiscalização enxergou ter ocorrido o superfaturamento das mercadorias nada mais houve senão o acordo comercial entre o Importador e Exportador, estipulando o preço da transação em valores próximos aos 'preços mínimos'. DA INDEVIDA REJEIÇÃO DO PRIMEIRO MÉTODO (VALOR DA TRANSAÇÃO) Certo é que o processo de valoração aduaneira deve ser pautado em alguns critério, dentre eles, o da preferência pelo valor declarado. Essa preferência pelo valor declarado é extraída do próprio Acordo de Valoração Aduaneira AVA, que, em sua introdução geral, expressa: "1. A base primeira para a valoração aduaneira, em conformidade com este Acordo, é o Valor de transação', tal como definido no Artigo 1o." Assim, o ponto de partida da mensuração da conduta tributável pelos impostos aduaneiros é o valor declarado. Essa quantidade de moeda, consignada nos documentos formalizadores das operações, que deve ser considerada verdadeira, salvo prova em contrário. A prova em contrário, por sua vez, haverá de ser produzida pela autoridade aduaneira, a qual dispõe de informações suficientes para determinar a acuidade ou não do valor aí consignado, contudo, jamais poderá partir de meras presunções ou indícios para descaracterizar o valor declarado. Junta textos da Jurisprudência Administrativa da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito do assunto. Assim, a rejeição do método do valor de transação há que estar devidamente fundamentada na comprovação inequívoca de fraude ou falsa declaração do preço. Mas, mesmo nas situações em que este valor pode ser afastado (art. 17 do AVA), ainda assim, é imprescindível a participação do contribuinte no processo de valoração aduaneira, o que, in casu. não aconteceu. Por todo o exposto, mostramse descabidas as alegações da autoridade fiscal no que tange práticas fraudulentas pelas autuadas, eis que não se evidencia nem se comprova a ocorrência de qualquer fraude, sonegação ou conluio, também não há que se cogitar a ocorrência de subfaturamento ou Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 12 11 superfaturamento, razão a mais para se julgar integralmente improcedente o presente auto de infração. INEXISTÊNCIA DE SONEGAÇÃO, FRAUDE E CONLUIO. A pena de perdimento das mercadorias é sanção aplicável aos casos de comprovada fraude na operação de importação ou de exportação. O próprio art. 23, V do DL 1.455/1976, no qual a Autoridade Fiscal embasa sua autuação, pressupõe a existência de fraude para que reste caracterizado o dano ao Erário. No caso em apreço, contudo, não houve ação nem omissão dolosa. O que houve foi um mero equívoco operacional, um erro de preenchimento da Dl, que jamais pode ser considerado doloso, até porque esta "conduta" dolosa não traria benefício algum à Impugnante. Além do mais, a conduta dolosa deve, NECESSARIAMENTE, ter por escopo impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador ou de situações pessoais que sejam capazes de afetar a obrigação ou o crédito tributário, o que evidentemente não ocorreu no caso em tela, porquanto TODOS OS TRIBUTOS INCIDENTES NA OPERAÇÃO FORAM REGULARMENTE RECOLHIDOS! Em outras palavras, se a conduta da D&A não impediu o conhecimento do fato gerador dos tributos, nem afetou a obrigação tributária e o crédito tributário, não há que se falar em sonegação, como quer fazer crer a Autoridade Fiscal. Aliás, agarrase tal autoridade no frágil argumento de que a conduta em tela visaria à quebra da cadeia do IPI, o que à toda evidência não prospera, consoante restará demonstrado em tópico apartado. Diante disso, não há que subsistir a forçosa alegação de que a D&A teria agido de forma fraudulenta, pois mesmo eventual erro no preenchimento da DI, além de não ser uma conduta deliberada (dolosa), não contribuiu em nada para que tributos deixassem de incidir ou deixassem de ser pagos, ou ainda que incidissem de forma reduzida. E, se não há fraude, também não há que se falar na aplicação da pena de perdimento das mercadorias, razão a mais para se julgar integralmente improcedente este lançamento tributário. INOCORRÊNCIA DA SUPOSTA 'FORJA' DE DOCUMENTOS. A autoridade fiscalizadora também não demonstra e muito menos comprova que havia faturas idênticas sendo uma 'original' e outra 'forjada'. Da Correta Declaração dos Pesos Líquidos. Jamais houve qualquer irregularidade dos pesos líquidos constantes nos documentos de importação. Tais informações sempre refletiram o real peso líquido dos brinquedos importados. Fl. 1539DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 13 12 A autoridade fiscal, mais uma vez, baseada em meros indícios (emails, rascunhos e proformas) que não podem ser utilizados como prova fidedigna para a imposição de da mais severa pena aduaneira . Sua tese de ocorrência de forja documental está baseada em planilhas, emails e proformas que não refletem as negociações finais entre o comprador e o vendedor, mas se prestam tão somente como meros indicativos das negociações preliminares que as antecederam. Contudo, pelos documentos constantes nos autos (invoice, packing list e BLs originais), verificase que os pesos líquidos declarados guardavam íntima relação com o que analisado pelo próprio INMETRO quando da Emissão dos Certificados de Conformidade de Brinquedos e também pelo DECEX quando da análise e Deferimento das LIs. Ora, como pode os documentos terem passado ao crivo do INMETRO (que aliás realizou ensaios e testes laboratoriais com os itens importados, não constatando qualquer divergência de pesos), e também pelo crivo do DECEX (que, analisando as informações constantes nas faturas comerciais, packing lists. Se fosse possível se aceitar o argumento de que houve a 'forja' de documentos, ainda assim somente poderseia condenar a impugnante pela efetiva 'forja' de tais documentos, mas nunca pela mera manutenção de carimbos em suas dependências. Da DI 06/10687985 (Ref. 1984) Correta Data do Embarque. A Autoridade fiscal aplica a multa de 30% do valor aduaneiro da mercadoria referente à DI n° 06/10687985, pois, baseado em meros indícios (emails e conversas de MSN), concluiu que a mercadoria teria sido embarcada antes do deferimento da LI. Contudo, mais uma vez equivocase a autoridade fiscal, pois o que houve in casu, foi a simples correção de um erro do armador. Fato é que aquela mercadoria embarcou no exterior exatamente no dia 05/Ago/2006, conforme consta no House BL. Não pode, portanto, ser o importador penalizado por um erro de terceiro (informação incorreta da data do embarque pelo armador no BL), principalmente quando a verificação de tal erro foi feita em tempo e modo para sua correção. INAPLICABILIDADE DA MULTA POR CONSUMO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS "INTRODUZIDAS FRAUDULENTAMENTE NO PAÍS" ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO VÍCIO MATERIAL ANULAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO. A Autoridade Fiscal, presumindo que a mercadoria objeto do auto de infração anexo havia sido "consumida", autuou a Impugnante duplamente com multa "de 100% do valor da mercadoria". Assim o fez com base nos arts. 631 e no Art. 618, Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 14 13 XXII c/c seu §1°, ambos do Antigo Regulamento Aduaneiro, vigente à época dos fatos (Dec. 4.543/02). Contudo, ainda que fosse o caso de aplicação da pena de perdimento da mercadoria (o que se admite apenas para efeitos de argumentação), jamais poderiam ter sido aplicadas ambas as multas conjuntamente. Transcreve o art. 631 do Decreto 4.543/02. Ocorre que a Autoridade Fiscal simplesmente ignorou o disposto no Parágrafo Único do artigo que a multa referida no caput não será exigida quando já tenha sido aplicada a pena de perdimento do bem. AUSÊNCIA DO ELEMENTO DANOSO RELEVAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO As importações sob análise, ainda que se entendesse irregulares, não foram realizadas dessa forma com o intuito de fraude. Pelo contrário, o contribuinte agiu de boafé, entendendo ser correta sua conduta, baseada na interpretação da legislação aduaneira em vigor. Vejase que o legislador tratou de relevar a pena de perdimento, nos casos em que o infrator, voluntariamente, comunique eventual erro ou equívoco ocorrido nos seus procedimentos, pois são casos nos quais não há o elemento danoso, nem intenção do agente em cometer a infração. Junta textos da Jurisprudência do jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça a respeito do assunto: (REsp n° 331548/PR, Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 04/05/06) e (REsp n° 512517/SC, Min. Eliana Calmon, DJ de 19/09/05) Por mais que se insistisse na decretação da pena de perdimento à D&A, acreditandose ter havido a ocultação do real adquirente da mercadoria importada, mesmo depois de toda a argumentação exposta, não há como se negar que houve o recolhimento de todos os tributos devidos na operação. Noutras palavras, a infração supostamente cometida neste caso, não resultou em falta ou insuficiência de recolhimento de tributo. Diante disso, considerandose que não houve falta de recolhimento de quaisquer tributos, a relevação da pena de perdimento, com fulcro no art. 737 do Regulamento Aduaneiro, é medida de Justiça que se impõe. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DA PENALIDADE MAIS FAVORÁVEL Caso se entenda que houve irregularidades na importação, imperioso se reconhecer que estas foram de ordem meramente formal o que ensejaria a aplicação da multa comumente Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 15 14 conhecida como "multa por erro", do art. 711 do R.A., ao invés da pena de perdimento. Conforme demonstrado, ao se confrontar o a redação do art. 711, III do RA (omitir a identificação do adquirente comprador) com a redação art. art. 23, V do Dec. Lei 1.455/76 (ocultar o comprador da operação), que ensejou a pena de perdimento no AI ora atacado, notase que as tipificações são idênticas para o caso sob análise, razão pela qual se faria necessária a aplicação da penalidade mais branda, nos termos do art. 112 do Código Tributário Nacional. Além do mais, a redação que introduziu a pena de perdimento no caso de "ocultação do real comprador", prevista no art. 23, V do DeL. 1.455/76, veio ao mundo jurídico através da Lei 10.637, de 30/12/2002. Já a redação do art. 711, inciso III, §1°, inciso I do R.A., por seu turno, que aplica multa de 1% do valor aduaneiro no caso da "omissão do real comprador", foi dada pela Lei 10.833 de 29/12/2003, que é mais recente, razão pela qual há de prevalecer, por força do disposto no art. 2°, § 1° da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Dos Pedidos DIANTE DO EXPOSTO, os Impugnantes requerem: O acatamento das preliminares alhures constatadas, para: Reconhecer a ilicitude e imprestabilidade das provas emprestadas do Inquérito Policial n° 2006.72.00.081320 (2005.72.00.0134793) e, consequentemente, decretar a integral nulidade do Auto de Infração (tópico 2.1); Reconhecer a existência de cerceamento de defesa e, consequentemente, anular o Auto de Infração ou oportunizar a juntada posterior de outros argumentos de fato e de direito, além de outros documentos que possam surgir para contrapor a autuação fiscai (tópico 2.2); Decretar a nulidade do Auto de Infração, por ausência de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização MPFF (tópico 2.3); Decretar a nulidade do Auto de Infração, pelo excesso de prazo para a conclusão procedimental e pela ausência de intimação sobre as prorrogações do MPFF (tópico 2.4); Decretar a nulidade do Auto de Infração, por conta da ausência de individuaiização do lançamento tributário, em virtude da existência de diversos sujeitos passivos no mesmo Auto de Infração (tópico 2.5); Reconhecer a ilegitimidade passiva e a responsabilidade solidária de Caio Marcelo Debossan e Érica Debossan Reinert, para anular/cancelar o Auto de Infração em relação a tais Impugnantes (tópico 2.6); Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 16 15 Reconhecer a ilegitimidade passiva da D&A para suportar a pena de perdimento e a multa de conversão eis que tal multa não pode ser aplicada ao importador ostensivo, mas tão somente ao real encomendante/ adquirente , para o efeito de anular/cancelar o Auto de Infração em relação a tal Impugnante, estendendose automaticamente tais efeitos a Caio e Érica (tópico 2.8); mercadorias a serem destinadas ao perdimento No mérito, os Impugnantes ainda requerem: Seja reconhecida a inocorrência de subfaturamento ou superfaturamento dos preços praticados na importação, com o conseqüente cancelamento das multas de 100% da diferença entre os preços declarados e os efetivamente praticados tópico Seja reconhecida a inexistência de qualquer fraude, sonegação, conluio e/ou superfaturamento que pudesse ensejar a aplicação de pena de perdimento por suposta interposição fraudulenta, reconhecendose inaplicabilidade da multa de ofício agravada de 150% sobre o valor dos tributos cobrados Seja reconhecida a ocorrência da decadência do direito de realizar a Revisão Aduaneira das DIs registradas há mais de 5 (cinco) anos e, consequentemente, decretada a nulidade/cancelamento parcial do Auto de Infração Seja anulado o Auto de Infração, por vício material, consistente no erro de enquadramento legal, por conta da inaplicabilidade da multa prevista no art. 83, I da Lei 4.502/64 c/c art. 631 do Decreto 4.543/02 ao caso concreto, sob pena de ocasionar, ainda, manifesto bis in idem Seja afastada a hipótese de aplicação da pena de perdimento ao caso concreto, por ausência do elemento danoso; ou, na remota hipótese de se entender realmente aplicável ao caso concreto a pena de perdimento, seja então, relevada tal penalidade, nos termos do art. 737 do R.A. Por fim, diante da completa ausência de dolo, fraude, sonegação ou dano, reconhecendo por outro lado a boafé, presente nas atividades das Impugnantes, sejam estas isentadas de qualquer tipo de penalidade, ou, alternativamente, seja aplicada apenas a multa de 1% do Valor Aduaneiro por erro, por se tratar de penalidade mais favorável É o relatório." Sobreveio então o julgamento pela DRJ, cuja ementa proferida segue abaixo transcrita. "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 10/08/2006 Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 17 16 Dano ao Erário por infração na importação se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. Declarações de Importação submetidas à despacho aduaneiro estavam instruídas com documentação que continha informação falsa para ajustar à razão Valor FOB (US$) / Peso Líquido (kg), de modo a atender o limite mínimo de valores tolerados pelo DECEX. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Irresignados, D&A COMÉRCIO, SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, CAIO MARCELO DEBOSSAN, ERICA DEBOSSAN REINERT e YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA apresentaram Recurso Voluntário a este Colegiado por meio do qual reiteram os argumentos que foram aduzidos perante a DRJ, e que agora submetem ao CARF. Na Sessão de 29 de março de 2017 o presente processo foi submetido a julgamento que culminou na sua conversão em diligência em razão dúvidas acerca da tempestividade dos Recursos (efls. 1426) Às efls. 1434 há manifestação do SACAT por meio da qual esclareceu que a YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. não apresentou impugnação. Esclareceu ainda que: I. O Recurso Voluntário apresentado D&A COMÉRCIO, SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO. é tempestivo. II. O Recurso Voluntário apresentado por ÉRICA DEBOSSAN REINERT foi apresentado de forma INTEMPESTIVA. III. O Recurso Voluntário apresentado por CAIO MARCELO DEBOSSAN foi apresentado de forma INTEMPESTIVA. IV. YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. apresentou recurso embora não tenha apresentado impugnação. Da informação prestada pela SACAT todas as pessoas acima mencionadas foram intimadas, contudo nenhuma delas dela se manifestou. É o Relatório. Voto Fl. 1544DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 18 17 Conselheiro Raphael Madeira Abad. Relator. 1. Admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado pela Sra ÉRICA DEBOSSAN REINERT e pelo Sr. CAIO MARCELO DEBOSSAN. Os Recursos Voluntários apresentado por ÉRICA DEBOSSAN REINERT e por CAIO MARCELO DEBOSSAN foram protocolizados de forma INTEMPESTIVA, eis que apesar de intimados 19.10.2013 e 18.10.2013, respectivamente, apresentaram Recurso Voluntário apenas no dia 25.11.2013, razão pela qual deles não é de se conhecer os recursos por eles apresentados. 2. Admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado por YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. O Recurso Voluntário apresentado por YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA não pode ser conhecido em razão do fato de que a Recorrente não protocolizou qualquer impugnação válida, sendo que em relação a ela sequer restou inaugurada a instância administrativa, razão pela qual voto no sentido de não conhecer do Recurso Voluntário por eles apresentados. 3. Admissibilidade do Recurso Voluntário apresentado por D&A COMÉRCIO, SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. O Recurso Voluntário é TEMPESTIVO, a matéria é de competência deste colegiado e revestese dos demais requisitos legais, razões pelas quais dele é de se conhecer. Passo então a analisar as matérias lançadas no Recurso Voluntário levando em consideração o próprio Sumário elaborado pelo Recorrente. 4. Preliminares. 4.1. Preliminar de decadência no Recurso apresentado por D&A COMÉRCIO, SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. (Item 2.12.) A Recorrente sustenta que o direito de lançar os tributos em análise teria sido fulminado pela decadência, o que faz com fulcro no artigo 139 do Decreto Lei n. 37/1966, bem como no artigo 753 do Regulamento Aduaneiro, que apontam o prazo decadencial como de cinco anos a contar da data da infração, ou seja do Registro da DI. Esta discussão acerca do prazo decadencial já foi submetida à Câmara Superior de Recursos fiscais que, em 19 de fevereiro de 2019 prolatou os acórdãos 9303 007.981 e 9303007.982 que reconheceram, por maioria de votos e sob relatoria do Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que as multas aduaneiras estão sujeitas ao prazo decadencial previsto no art. 139 do DL n. 37/66, qual seja o de cinco anos a contar da data da infração, no caso a declaração da DI verbis. "Pareceme que a questão controvertida quanto à decadência traz três vertentes principais para decisão: a) a multa aplicada, por dano ao erário, não é matéria tributária e seu prazo Fl. 1545DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 19 18 decadencial para aplicação da multa é o do art. 139 do Decreto lei nº 37/1966 com início da contagem do prazo a partir da ciência inequívoca da infração pelo órgão de controle aduaneiro; b) a multa aplicada é matéria tributária, há duas possibilidades i) utilização do art. 139 do Decretolei º 37/1966, com início da contagem a partir da data de registro da DI, adotada pelo recorrido, ou ii) do art. 174 do CTN, com contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao que poderia ser lançado, adotada pelos paradigmas no recurso especial. No caso, a Câmara Superior de Recursos Fiscais entendeu que a contagem do prazo seguiria a sistemática do artigos 138 e 139 do Decreto Lei n. 37/1966 (Imposto de Importação) com redação dada pelo Decreto Lei n. 2.472/1988, no sentido de que o direito de exigir o tributo se extingue em cinco anos a contar da data da infração. "Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração." (destaques nossos) No mesmo sentido é o artigo 669 do Decreto 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro revogado pelo Decreto 6.759/2009 mas vigente à época dos fatos) que prevê que o direito de impor penalidade extinguese em cinco anos a contar da data da infração, sem a condicional contida no CTN. Este prazo está em harmonia com o previsto no artigo 570 do mesmo Decreto, quando dispõe que o prazo para revisão aduaneira é de cinco anos contado da data do Registro da Declaração de Importação. "Art. 570. Revisão Aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (Decreto lei nº 37, de 1966 art. 54, com a redação dada pelo Decreto lei nº 2.472, de 1988, art. 2º, e Decreto lei nº 1.578, de 1977, art. 8º). § 1º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 668 e 669. § 2º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contado da data: Fl. 1546DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 20 19 I do registro da declaração de importação correspondente (Decretolei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 2º);" Por estes motivos, sendo a contagem do prazo decadencial do art. 669 do Decreto nº 4.543/2001 fundada no art. 139 de início citado, Decretolei nº 37/1966, a argumentação acima leva à mesma conclusão do acórdão recorrido. Tendo a Recorrente sido notificada no dia 24 de novembro de 2011, qualquer Declaração de Importação lavrada antes de 24 de novembro de 2006 encontrase fulminada pela decadência. 4.2. Preliminar de Ilicitude e Imprestabilidade das Provas Emprestadas por alegada ausência de provas, nulidade do Auto de Infração por ausência de contraditório (item 2.1 do Recurso Voluntário, incluindo subitens, todos detalhamentos do mesmo argumento) A Recorrente sustenta que as provas utilizadas no presente procedimento são ilegais, em razão de não haverem sido submetidas ao contraditório, serem de outra empresa para a qual não havia mandado judicial para realizar buscas e apreensões, bem como a busca e apreensão haver sido determinada por outro motivo. A Recorrente alega que o MPFD tinha validade de sessenta dias para sua conclusão, mas ela não foi cientificada das prorrogações, sendo que o procedimento foi concluído apenas mais de um ano após o seu início e que portanto não sabia que ainda estava sendo fiscalizada. Alega ainda, assim como fez em sua impugnação, que não teve a oportunidade de se manifestar sobre aquelas provas que considera emprestadas. Acerca de tais argumentos, é de se registrar que as provas foram obtidas com autorização do poder judiciário em inquérito policial, e compartilhadas com a Receita Federal do Brasil por expressa ordem judicial. Fl. 1547DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 21 20 Ademais, o Poder Judiciário pode autorizar o compartilhamento de provas para instruir processo fiscal para exigência de tributos e seus consectários legais. Passada mais de uma década dos fatos, houve tempo suficiente para o Poder Judiciário apreciar eventuais nulidades, ilegalidades ou inconstitucionalidades de tais procedimentos, não havendo nos autos qualquer informação de que foram retirados do mundo jurídico, razão pela qual presumese que são válidos. Ademais, a eventual existência de discussão judicial acerca da legalidade das provas teria o condão de, em conformidade com a Súmula CARF 01, impedir a análise da questão por este colegiado. Este Colegiado recentemente já teve a oportunidade de empregar a teoria dos frutos da árvore envenenada, cotejada com a teoria da descoberta inevitável, declarando a nulidade de provas produzidas de forma ilegal, contudo a declaração da ilegalidade veio do próprio Poder Judiciário, a quem compete realizar esta análise. Por todos estes motivos, a questão da ilegalidade das provas encontrase fora da competência deste Colegiado, razão pela qual dela ele é vedado a manifestarse. Contudo, ainda que o Poder Judiciário eventualmente viesse a declarar a ilegalidade das provas obtidas por meio dos mandados judiciais, as provas obtidas no curso da ação fiscal seriam suficientes para demonstrar que a operação de importação não foi direta como consignada na DI, mas sim uma operação de importação por conta e ordem de terceiros, com adulteração da documentação que instruiu a operação de importação e o desembaraço aduaneiro das mercadorias. Em relação à suposta falta de oportunidade de contraditório, vale destacar que este Colegiado prima pela busca da verdade material, desde que em inafastável harmonia com o ordenamento jurídico em vigor, e a Recorrente teve a oportunidade, quando da Impugnação ao Auto de Infração ou ainda no Recurso Voluntário de tecer quaisquer considerações que quisesse acerca dos FATOS que lhe foram atribuídos, o que, dependendo do caso poderia gerar uma diligência, contudo não o fez, limitandose a pugnar pela ilegalidade das provas, mas não combatendo os fatos jurídicos nelas evidenciados. Vale destacar que o contribuinte teve plena ciência dos documentos que foram utilizados no processo, bem como oportunidade de deles se manifestar. Por estes motivos, afasto a preliminar de nulidade arguida pela Recorrente. 4.3. Preliminar de Nulidade do Procedimento Fiscal e do Auto de Infração por Ausência de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização, por haverem sido apreendidos documentos na sala vizinha, por excesso de prazo na conclusão procedimental, por ausência de notificação sobre as prorrogações do MPFF nulidade do Auto de Infração (Itens 2.2 e 2.3 do Recurso Voluntário) A Recorrente insurgese contra o fato da fiscalização haver sido realizada alegadamente sem competente Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização (MPFF), mas tão somente de um Mandado de Procedimento Fiscal Diligência (MPFD). Fl. 1548DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 22 21 O MPFD apenas foi convertido em MPFF em 16 de junho de 2011, razão pela qual entende que todos os atos anteriores são nulos. Afirma que o procedimento fiscal levou em consideração não apenas documentos localizados na sala da Recorrente (sala 4), mas também na empresa vizinha, denominada "Debossan Despachos Aduaneiros Ltda" localizada na Sala 5, o que teria o condão de gerar a nulidade de todo o procedimento o que já foi analisado no tópico referente à nulidade do procedimento. Em relação aos Mandados de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) e de Diligência (MPFD), a competência para fiscalização decorre de lei e é um poderdever do agente sob pena de responsabilidade funcional e eventual prática do crime de prevaricação. Semelhante entendimento foi adotado quando da apreciação do processo 13971.722502/201111, que resultou na prolação do Acórdão 3402003.145. "Se o procedimento de diligência destinase justamente "às ações destinadas a coletar informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual", nada há de mais regular que, verificando a fiscalização a necessidade de apuração mais detalhada, instaure depois o procedimento de fiscalização, obviamente com o aproveitamento das provas já coletadas." Esta matéria foi apreciada quando do julgamento, por voto de qualidade, por esta mesma Turma, com outra composição, quando da prolação do Acórdão 3302002.870 nos autos do processo 13971.720747/201375, que trata da mesma matéria com as mesmas partes, de relatoria do Ilmo. Conselheiro Walber José da Silva, verbis: "Quanto as alegações relacionadas ao MPFF, preliminarmente, registre se que a competência para o agente fiscal efetuar o lançamento decorre da lei e não de ato do dirigente da repartição fiscal (art. 7º da Lei nº 2.354/54 e art. 143 do CTN), existindo farta jurisprudência no CARF no sentido de que irregularidade na emissão, alteração ou prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal não acarreta a nulidade do lançamento. É o caso dos Acórdãos nº 1802001.864, de 09/10/2013; 2403002.571, de 15/04/2014; 3102001.669, de 27/11/2012; e 3401002.564, de 23/04/2014. No caso vertente, o MPFF foi emitido antes da lavratura do auto de infração e em substituição em MPFD em curso. O fato da D&A ter tomado ciência do MPFF no mesmo dia da ciência do Auto de Infração não representa infração às normas de regência do MPF, posto que o Auto de Infração encontrase acobertado por MPFF. Não há, portanto, nenhuma irregularidade procedimental por parte da administração da RFB. Isto posto, rejeito as preliminares de nulidade do procedimento fiscal e do Auto de Infração suscitadas pelas Recorrentes e acima referidas." Fl. 1549DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 23 22 Quanto aos documentos apreendidos na sala vizinha, por meio das provas juntadas aos autos concluise que é uma única empresa de fato, situação esta até confessada pela Recorrente, sob o argumento de que havia propósito comercial e estratégia de marketing nesta união, fato este que será discorrido oportunamente. Em relação ao alegado excesso de prazo, a competência para a autoridade fiscal efetuar o lançamento decorre da lei. Nessa linha, a jurisprudência no CARF caminha no sentido de que eventual irregularidade na emissão, alteração ou prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal não acarretaria a nulidade do lançamento (vide Acórdãos nºs 1802001.864, de 09/10/2013; 2403002.571, de 15/04/2014; e 3401002.564, de 23/04/2014; e 13971.722502/201111, de 19.07.2016.) Também por estes motivos, rejeito a preliminar de nulidade arguida pela Recorrente. 4.4. Preliminar de nulidade do Auto de Infração em razão de haver dois sujeitos passivos no mesmo Auto de Infração Ausência de individualização do Lançamento. (item 2.4 do Recurso Voluntário) A Recorrente insurgese contra o fato de contra ela haver sido lavrado o mesmo auto de infração que foi lavrado em face da YELLOW MERCANTIL, alegadamente real adquirente das mercadorias, apesar de oculta. A Recorrente insurgese também contra o fato de haver sido aplicada pena de perdimento à Yellow e à D&A, sem qualquer distinção, naquilo que ela denominou por "pena de perdimento solidária". Ao contrário do que alega a Recorrente não há qualquer vedação legal a que um Auto de Infração seja lavrado em face de duas pessoas distintas, especialmente quando no próprio processo esteja sendo sustentado que se trata de um grupo econômico mantido com o objetivo de, mediante fraudes, praticar a sonegação fiscal. Este argumento já foi igualmente decidido no processo 13971.722502/2011 11, que resultou na prolação do Acórdão 3402003.145, no qual foi dada igual solução ao mesmo contribuinte, verbis. "Quanto à alegação de falta de individualização do lançamento não assiste razão às recorrentes, vez que os lançamentos objeto do presente processo foram legitimamente efetuados, nos termos do art. 142 do CTN, apontando como sujeito passivo a referida contribuinte e os responsáveis solidários pelos tributos e pelas infrações, em conformidade com o disposto no CTN e com o art. 95 do Decreto lei nº 37/66. Não se vislumbra a possibilidade de se lavrar um auto de infração para cada integrante do polo passivo, vez que significaria exigir o mesmo montante, de forma independente, várias vezes, da contribuinte e dos responsáveis. As exigências tributárias são únicas, mas, em virtude do que dispõe a lei, são efetuadas em face de vários sujeitos passivos, com a reunião das provas necessárias para a caracterização dos responsáveis para a satisfação do crédito tributário, sendo que o pagamento Fl. 1550DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 24 23 efetuado por um dos autuados aproveita aos demais e o pedido de parcelamento deferido a um dos autuados suspende a exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais." No caso concreto há duas empresas que agiam conjuntamente, havendo confusão entre os integrantes de cada uma dela que trabalhavam em imóveis vizinhos, sendo no caso concreto impossível individualizar a conduta em diversos autos de infração. 5. MÉRITO do Recurso Voluntário apresentado por D&A COMÉRCIO, SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. A Recorrente insurgese contra as seguintes multas que lhe foram aplicadas, conforme itens a seguir relacionados. A Recorrente afirma que realizava importação por conta e ordem de terceiros, mas que também realizava operações por conta própria, para encomendantes pré determinados e próprias para revenda. Que nas importações por conta e ordem e nas encomendas, a Recorrente não negociava as mercadorias, e iniciava seus trabalhos a partir da transação já realizada. Sustenta que não há provas do alegado sub ou superfaturamento, nem da informação errada do peso das mercadorias. A documentação carreada aos autos, especialmente as trocas de informações entre as empresas, que o preço e o peso das mercadorias eram absolutamente dissociados da realidade e informados de maneira fictícia e arbitrária com o único motivo de evitar que as mercadorias fossem enquadradas no "preço mínimo". 5.1. Análise da conduta da qual a Recorrente é acusada de praticar. Antes de dar seguimento à análise do presente Recurso Voluntário é necessário adentrar na interpretação da conduta praticada pela Recorrente, à luz da documentação carreada aos autos e do ordenamento jurídico pátrio. Compulsando os autos é possível notar que a Recorrente realizava as importações informando o preço das mercadorias como o menor preço possível que permitissem reduzir a tributação sem despertar suspeitas acerca dos valores, buscando o preço mínimo. Esta conduta pode ser ilustrada pelo email acostado às efls. 186 dos autos, por meio do qual Erica ,da D&A onde afirma: "Caio hoje está em contato com outra pessoa, (...) precisamos descobrir o preço mínimo, é uma informação sigilosa... então estamos sondando o pessoal do banco do brasil que vc. já conhece..." O email de efls. 195 redigido por Ana Maria Furlani, também da D&A também ilustra a questão do preço mínimo e da confusão entre as empresas ao afirmar que "... o Banco do Brasil não irá mais deferir LI com o Certificado do INMETRO em nome da YELLOW, tem que ser feita em Fl. 1551DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 25 24 nome da D&A ou estaremos registrando tudo em nome da YELLOW, e desta forma haverão (sic) informações nos custos finais, pois não será mais conta e ordem e sim direto do nome da Yellow." As conversas retratadas nas efls. 202 e seguintes também ilustram que os valores das mercadorias não eram os valores reais, mas valores combinados com o intuito de reduzir a base de cálculo do tributo, desde que não fosse tão baixo a ponto de despertar suspeitas. Sob o aspecto processual merece destaque o fato de que em nenhum momento das mais de oitenta páginas do Recurso a Recorrente teceu qualquer defesa acerca do mérito daquilo que está sendo acusado, limitandose a suscitar a ilegalidade das provas, mas não o seu teor. O Auto de Infração de efls. 636 e seguintes, especialmente efls. 656 em diante, ilustra perfeitamente a conduta realizada pela Recorrente, em cuja sede foram apreendidos carimbos de dezenas de empresas, inclusive estrangeiras, que não tem o seu mérito contestado neste processo, nem traz aos autos eventual decisão eventualmente obtida na esfera judicial que tenha declarado a ilegalidade das provas que afirma haverem sido produzidas por meios ilícitos. Estando este colegiado submetido à regra do livre convencimento motivado, admitese que o amplo acervo probatório trazido aos autos, cuja legalidade da forma de produção não foi em nenhum momento rechaçada pelo Poder Judiciário, indica a existência de uma operação orquestrada entre D&A Comércio e Serviços Importação e Exportação LTDA, YELLOW MERCANTIL COMERCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA e os sócios de fato CAIO MARCELO DEBOSSAN e ERICA DEBOSSAN REINERT, com o objetivo de utilizar meios fraudulentos (especialmente forjando informações sobre o peso e o valor da mercadoria) com o objetivo de reduzir a incidência tributária. 5.2. Ilegitimidade passiva da D&A para sofrer pena de perdimento e multa de conversão. (item 2.7) A Recorrente insurgese contra a aplicação cumulativa da multa do artigo 23 V do Decreto Lei 1.455/76 (perdimento por fraude / simulação por ocultação do sujeito passivo) com a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/07 (multa de 10% por cessão de nome) invocando, portanto, a conjugação do artigo 33 da Lei 11.488/07 com o art. 23 V do Decreto Lei 14.555/76. O artigo 23, V do Decreto Lei 1.455/76, inciso este incluído pela lei 10.637/2002, prevê que a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, gera a penalidade de perdimento das mercadorias, convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, caso esta não tenha sido localizada ou haja sido consumida. O artigo 33 da lei 11.488/07 consigna a aplicação de multa, no montante de 10% do valor da operação, à pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de negócios de comércio exterior em que se acoberte os reais intervenientes ou beneficiários, vedada a penalidade de inaptidão de CNPJ. Fl. 1552DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 26 25 Desde 2010, contudo, o CARF já firmou entendimento (casos piloto processos n.ºs 10314.010132/200744 e 10314.013716/200691) no sentido de que mesmo após o advento da lei 11.488/07 o importador ostensivo deve responder pela multa substitutiva do perdimento de mercadoria prevista no art. 23, V, §§ 1.º e 3 .º do decreto lei 1.455/76, eis que ambos convivem harmonicamente no ordenamento jurídico, sem que exista qualquer espécie de revogação expressa ou tácita de um ou outro e o importador que ceder seu nome para acobertamento de terceiros em operação de comércio exterior deverá responder tanto pela multa substitutiva prevista no art. 23, V, §§ 3.º, do decretolei 1.455/76 como pela multa do art. 33 da lei 11.488/07, até mesmo em atenção ao que dispõe o art. 95, I, V e VI, do decretolei 37/66. A Recorrente insurgese ainda contra a aplicação solidária (adquirente e importador) da multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/07, o que faz com arrimo no artigo 100 do DecretoLei 37/66, que prevê "Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido." A Recorrente equivocase a respeito da exegese do referido dispositivo legal que, ao determinar a cada uma delas a pena relativa à infração, autoriza que cada um deles seja punido pelo mesmo fato, sem que isto signifique uma dupla aplicação da pena, e não a necessidade, conforme ela sustenta. Esta questão já foi debatida neste CARF em relação à mesma Recorrente no processo 13971.722502/201111 (acórdão 3402003.145), no processo 13971.722490/201124, em acórdão de Recurso Especial n. 9303004.905, processo 13971.722503/201165, em Acórdão de Recurso Especial n. 9303007.706, merecendo destaque o voto da I. Conselheira Erika Costa Camargos Autran, adotado e reproduzido pelo I. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, respectivamente, que também adoto e reproduzo. "Quanto a inviabilidade de aplicação de multa prevista no art. 23, V do Decretolei n.º 1455/76 ao importador ostensivo, por divergência de legislação, em que a mais específica seria a penalidade descrita no art.33 da Lei n.º 11.488/07, entendo que o artigo 33 da Lei n.º 11.488/07, foi incluído no ordenamento jurídico visando a penalizar com multa de 10% sobre o valor da operação acobertada, não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a conduta de cessão do nome pelo importador ostensivo visando a ocultar os reais intervenientes da operação de importação. Vejamos: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 23 do Decretolei n.º 1.455/76, que teve a redação alterada pela lei n.º 10.637/02, prevê a aplicação da pena de perdimento das mercadorias ou sua conversão em multa Fl. 1553DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 27 26 equivalente ao valor aduaneiro, pela ocorrência de dano ao erário, relativo às mercadorias importadas na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou responsável pela operação, senão vejamos: “Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) VI (Vide Medida Provisória nº 320, 2006) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º A pena prevista no § 1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 4º O disposto no § 3º não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)” Analisando o dispostos acima verificase que há dois tipos de interposição fraudulenta: a interposição fraudulenta propriamente dita ou comprovada, ou seja, quando resta caracterizada a fraude (artigo 23, V, Decreto lei n.º 1.455/76, caput e artigo 13 da Instrução Normativa n.º 228/02); b a interposição fraudulenta presumida, que tem sua definição no §2º do art. 23 do Decretolei n.º 1.455/76. As referidas condutas ainda culminavam em inaptidão do CNPJ do importador, a teor do disposto no art. 81, §º 1, da Lei n.º 9430/96 e parágrafo único do artigo 11 da Instrução Normativa n.º 228/02, cumulativamente. “Art. 81. Poderá, ainda, ser declarada inapta, nos termos e condições definidos em ato do Ministro da Fazenda, a inscrição da pessoa jurídica que deixar de apresentar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais exercícios e não for localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal, bem como daquela que não exista de fato. Fl. 1554DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 28 27 “§ 1o Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)” “Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decreto lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: Parágrafo único. Nas hipóteses previstas nos incisos I e II do caput, será ainda instaurado procedimento para declaração de inaptidão da inscrição da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).” Tal imputação gerava transtornos para as empresas que tinham patrimônio e não eram somente criadas para realizar a operação fraudulenta. Assim, foi publicada a Lei n.º 11.488/07, que no parágrafo único do artigo 33, tentou corrigir tal distorção legislativa a fim de adequar a cominação de inaptidão de CNPJ àquela empresa criada somente para efetuar importações irregulares sem existir de fato, ou seja, dita “de fachada”. Porém, para a empresa que existisse de fato haveria a cominação de uma multa de 10% sobre o valor da operação, limitada a R$5.000,00. Para reforçar esse entendimento, pela leitura do parecer que encaminha o projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória n.° 351/07 (PLV 13/2007), do qual resultou a Lei n.º 11.488/07, seu relator, que também responde pela autoria do dispositivo, faz a seguinte observação à proposta de redação do art. 35, posteriormente renumerado para 33, quando da conversão definitiva: "Já no art. 35, juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei nº 9.430, de 1996, contida no art. 15 do PLV, sugerimos a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão de inscrição das pessoas jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros. "(grifo nosso) Essa interpretação fica clara pela análise do disposto no parágrafo único do artigo 33 da Lei n.º 11.488/07, o qual faz referência expressa à inaptidão de CNPJ da pessoa jurídica que não comprove a origem, disponibilidade e transferências dos recursos (artigo 81 “§1º da Lei n.º 9439/96), e essa é a definição de interposição fraudulenta presumida (art.23, V, “§2°, do Decreto lei n.º 1.455/76). É de se ressaltar, ainda, que não houve revogação do comando normativo inserto no artigo 23, V, do Decreto lei n.º 1.455/76. Fl. 1555DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 29 28 Conforme a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (Decreto lei n.º 4.657/42), a revogação legislativa assim dispõe sobre a revogação “Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.” Deste modo, uma lei só será revogada com o advento de outra com ela incompatível. Analisando os dois dispositivos, embora o artigo 23, V, do Decreto lei n.º 1.455/76, traga como penalidade a perda da mercadoria e isto afetaria diretamente o real adquirente, quem comete a infração, ou seja, o sujeito ativo da interposição fraudulenta comprovada é tanto o importador ostensivo, quanto o real importador e adquirente, em co autoria, em razão de previsão da “solidariedade” entre as condutas, com base nos artigos 124, I, do Código Tributário Nacional e 95 do Decreto lei n.º 37/66. E o artigo 33 da Lei n.º 11.488/07 nada previu sobre o assunto, mas somente a cominação de uma nova penalidade para a conduta de interposição fraudulenta presumida, sem, portanto, a comprovação da fraude e simulação propriamente dita, mas decorrente de presunção legal. A pena seria de 10%, mais branda, e se aplicaria somente ao importador ostensivo. Dessa forma, depreendese que não houve revogação tácita e inaplicáveis as disposições do artigo 2º, §1º da LICC, em razão da inexistência de incompatibilidade e inexistência de inteira regulação da matéria. Citase a ementa de acórdão da 2ª turma do TRF4 (AMS 2005.72.08.0051666/ SC, publicado em 1/8/2007, relator Otávio Roberto Pamplona), o qual vai ao encontro do presente artigo no sentido de que não houve revogação do artigo 23, V, do Decretolei 1.455/76: “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. OCULTAÇÃO DO VERDADEIRO IMPORTADOR. PENA DE PERDIMENTO DAS MERCADORIAS. LEGALIDADE. ARTIGO 33 DA LEI Nº 11.488, DE 15 DE JUNHO DE 2007. NÃO REVOGAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO ARTIGO 23 DO DECRETO LEI Nº 1.455, DE 1976. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. (...) 5. O artigo 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, não tem o condão de afastar a pena de perdimento, porquanto não implicou em revogação do artigo 23 do DL nº 1.455/76, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002. Fl. 1556DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 30 29 Isso porque, a pena de perdimento atinge, em verdade, o real adquirente da mercadoria, sujeito oculto da operação de importação. A pena de multa de 10% sobre a operação, prevista no referido dispositivo legal, revelase como pena pessoal da empresa que, cedendo seu nome, faz a importação, em nome próprio, para terceiros. O parágrafo único do aludido artigo, por sua vez, estatui que "à hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996". Essa complementação legal, constante do parágrafo único, abona o entendimento de que não houve a revogação da pena de perdimento para a hipótese retratada nos autos. Antes o confirma, porquanto exclui, expressamente, apenas a possibilidade da aplicação da sanção de inaptidão do CNPJ. Quanto às demais penas, permanecem incólumes, havendo a previsão, agora também, da pena pecuniária, nos termos do caput do aludido preceptivo legal.” (g.n.) De tudo que foi esclarecido acima, entendo que a pena instituída no art. 33 da Lei n.º 11.488, de 2007 surgiu, efetivamente, como alternativa à declaração de inaptidão, nas hipóteses anteriormente previstas nas instruções normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que disciplinavam a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). E prevê multa de 10% sobre o valor da operação, limitada a R$ 5.000,00, para o importador ostensivo que praticar interposição fraudulenta presumida, conforme disposição expressa da infração no § 2º do artigo 23 do Decreto lei n.º 1.455/76. E o art. 23, V, do Decretolei n.º 1.455/76 pune, com multa de 100% sobre o valor da operação, tanto o importador ostensivo, quanto o real adquirente, em conjunto ou isoladamente, quando praticarem a interposição fraudulenta propriamente dita ou comprovada. Desta feita, as normas têm situações fáticas de aplicação diferenciadas, sendo que o diferencial reside na comprovação da fraude, simulação e conluio para o artigo 23, V, Decreto lei n.º 1.455/76, bem como o sujeito passivo, que pode ser o importador ostensivo e o real adquirente; ao passo que o artigo 33 da Lei n.º 11.488 traz penalidade mais branda para a infração de interposição fraudulenta presumida, sem prova de fraude, e tem por sujeito passivo somente o importador ostensivo que possui existência fática não só jurídica." 5.3. Ausência de prova do consumo de mercadorias, presunção de consumo, cerceamento de defesa, impossibilidade de conversão da pena de perdimento em multa (item 2.8) A Recorrente insurgese contra a forma com que foi convertida a pena de perdimento em multa, alegando que não lhe foi conferida a oportunidade (por intimação) de apresentar as mercadorias. Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 31 30 Sustenta que tanto o artigo 23, §3º do DL 1.455/76 como o Artigo 689, §1º do Regulamento Aduaneiro pressupõem o consumo, a revenda ou a não localização da mercadoria para que seja aplicada a pena de perdimento. No caso concreto a Recorrente afirma (efls. 1303) que no dia 11.10.2011 a empresa Yellow Mercantil foi intimada para em dez dias apresentar a mercadoria em referência, mas no dia 26.10.11 afirmou que não as localizou. A Recorrente contesta o reduzido prazo de dez dias que lhe foi conferido para tanto. No caso concreto há afirmação de que a mercadoria "não foi localizada", sendo esta prova suficiente da não localização da mercadoria. Em relação a este ponto, tendo sido a Yellow Mercantil intimada apresentar as mercadorias, e tendo a mesma afirmado que "não as localizou", este fato encontrase perfeitamente subsumido à hipótese de "não localização" que autoriza a conversão da pena de perdimento em multa. No que diz respeito à intimação da D&A, admito que é providencia desnecessária uma vez que a mercadoria não era dela. 5.4. A inocorrência de Subfaturamento ou Superfaturamento (item 2.9 efls. 1306) A Recorrente alega que não possuía qualquer relação com as negociações ocorridas entre a Yellow e as exportadoras no exterior, bem como que era a Yellow quem gerenciava e controlava fretes e embarques. Afirma ainda que jamais houve qualquer superfaturamento ou subfaturamento, sustenta que deveria ter uma pauta de valores mínimos e que apenas intermediava as operações realizadas pela Yellow e os fornecedores estrangeiros. Que a "proforma invoice" ou "fatura proforma" era apenas um pedido ou uma intenção de compra. Que a Autoridade fiscal embasa suas teses de superfaturamento em planilhas, emails e "proforma invoices" que não refletem as negociações finais, por sua vez demonstradas nas "faturas comerciais" ou "comercial invoices". Que o valor aduaneiro é o preço efetivamente pago pelas mercadorias. O acervo probatório juntado aos autos demonstra que havia uma verdadeira confusão entre a Yellow e a D&A, que por sua vez tinha sócios informais, que representavam a empresa e discutiam o preço e o peso que atribuiriam às mercadorias que seriam adquiridas, como bem demonstram os documentos que embasaram a autuação, documentos estes que a Recorrente jamais impugnou o teor, apenas a forma de produção, e que serviram para a elaboração do livre convencimento motivado por meio do qual concluiuse trataremse de operações fraudadas. As mensagens trocadas entre as empresas, e que integram o presente processo revelam detalhes acerca da forma com que eram tratados os valores cheios e subfaturados, como eram atribuídos ficticiamente os pesos às mercadorias, tudo de forma irrefutável e cabalmente demonstrado no Auto de Infração e confirmado pela DRJ. Fl. 1558DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 32 31 5.5. Da rejeição do primeiro método valor da transação. A Recorrente alega que a desconsideração do primeiro método de valoração aduaneira não ocorreu em conformidade com a legislação aplicável, qual sejam os requisitos estabelecidos no Acordo Internacional aprovado pelo Dec. n. 1.355/94. No caso concreto, a partir da conclusão de que o valor aduaneiro das mercadorias foi estipulado de forma arbitrária e fictícia pela Recorrente, (merecendo destaque a planilha Excell “inf.ncm com preço mínimo” de 22/03/07, com a observação “acompanhar sempre se não houve mudança nos preços e nas descrições”), a fiscalização aplicou artigo 86 do Regulamento Aduaneiro, lote a lote, o que foi confirmado pela DRJ, verbis: “Art. 86. A base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria nas seguintes hipóteses: I fraude, sonegação ou conluio, quando não for possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 88, caput); e II descumprimento de obrigação referida no caput do art. 18, se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras, quando existir dúvida sobre o preço efetivamente praticado (Lei nº 10.833, de 2003, art. 70, inciso II, alínea “a”). Parágrafo único. O arbitramento de que trata o caput será realizado com base em um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 88, caput; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 70, inciso II, alínea “a”): I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; ou II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) mediante método substitutivo ao do valor de transação, observado ainda o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado.” Isto porque a dúvida razoável sobre a veracidade ou exatidão do valor declarado e a insuficiência das explicações apresentadas pelo importador podem ser fundamentos para afastamento do método do valor da transação declarado. 5.6. Inexistência de sonegação, fraude ou conluio. (item 2.10 do RV, item 5 e 5,2 deste voto) Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 33 32 A Recorrente alega que não houve qualquer espécie de sonegação, fraude, conluio ou qualquer outra espécie de atuação dolosa no sentido de evasão fiscal ou prejuízo ao erário, ao contrário do que sustenta a fiscalização. Contudo, como já tratado em tópicos anteriores, a documentação trazida aos autos aponta para a existência de um verdadeiro mecanismo criado com o objetivo de praticar fraudes nas importações, onde os preços e pesos das mercadorias eram combinados. No caso concreto o recolhimento ou não do tributo é irrelevante para a presente discussão. Por este motivo, não há como sustentar a inexistência de fraude e de sonegação. 5.7. Da data do embarque da DI 06/10687985 (1984) e da multa de 30% A Recorrente insurgese contra o fato da Autoridade Fiscal haver aplicado multa pelo fato da mercadoria referente à DI 06/10687985 supostamente haver sido embarcada em 01.08.2006 (mas alegadamente embarcada 05.08.2006), antes do deferimento da LI. No entanto, resta prejudicada a análise em razão da decadência já abordada no tópico anterior. 5.8. Da declaração do peso líquido da mercadoria. A Recorrente alega que as mercadorias não tiveram seus pesos líquidos forjados, e que todos os argumentos lançados pelos fiscais são baseados em planilhas, emails e proformas que não refletem as negociações finais entre o comprador e vendedor. Sustenta que a ausência de perícia e, consequentemente, laudo técnico, o impede de exercer o direito de defesa, mormente o de provar que o preço e o peso atribuídos às mercadorias era correto A falsa atribuição do peso das mercadorias importadas decorreu do fato de que há nos autos documentação na qual a Recorrente negocia o preço e o peso que atribuirá a cada mercadoria, fazendo das declarações de importação uma verdadeira obra de ficção, evidenciando que o objetivo é fraudar o fisco evitando a aplicação do preço mínimo. Nos autos há demonstração de que a mercadorias iguais eram atribuídos pesos diferentes, como se pode exemplificar pela DI n. 07/02536606, tendo sido descoberto um BL real, com 4.680kg e um BL falso, onde consta 2.178kg de mercadorias, tendo sido encontrado um arquivo eletrônico onde resta demonstrado o rateio individual dos pesos de forma a alcançar o peso declarado, uma verdadeira obra de ficção. Por meio do rateio do peso real das mercadorias foi possível à fiscalização chegar ao peso líquido real. Por derradeiro cumpre destacar que a Recorrente jamais trouxe aos autos qualquer documento que viesse a trazer qualquer demonstração acerca do peso correto das mercadorias. Fl. 1560DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 34 33 5.9. Inaplicabilidade da multa por consumo de mercadorias estrangeiras introduzidas fraudulentamente no país, enquadramento legal incorreto, vício material, anulação do Auto de Infração. (item 2.13 do RV) A Recorrente insurgese contra a aplicação da “multa por consumo de mercadorias introduzidas fraudulentamente no país” sob o argumento de que o consumo delas foi presumido e, ainda que superada esta hipótese, não poderia ter sido aplicada conjuntamente com a “pena de perdimento”. A solução da análise de tal tópico passa pela análise se as mercadorias foram ou não introduzidas fraudulentamente no país, bem como, na confirmação do seu consumo, ou não. Neste aspecto, nos tópicos anteriores já restou demonstrado que as mercadorias foram introduzidas no Brasil mediante fraude e que não foram encontradas, portanto foram consumidas, na forma da lei. A Recorrente afirma que, ainda que as mercadorias houvessem sido introduzidas fraudulentamente no Brasil, e que tivessem sido consumidas, a pena pelo consumo não poderia ter sido aplicada em conjunto com a pena de perdimento. Efetivamente a pena por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente somente poderia ser aplicada no caso de não haver sido aplicada a pena de perdimento dos bens, na forma do artigo 631 do Decreto 4.543/2002, que excepciona a aplicação da referida multa no caso de já haver sido aplicada pena de perdimento. Por estes motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário para que seja exonerada a multa pelo consumo de mercadorias introduzidas fraudulentamente no Brasil. 5.10. Da incidência de tributos sobre mercadorias objeto da pena de perdimento. (Item 2.14 do RV.) A Recorrente sustenta que não deve incidir o Imposto de Importação, PIS e COFINS devidos na importação sobre as mercadorias que sofreram pena de perdimento. Todavia, o ordenamento jurídico em vigor prevê a incidência do Imposto de Importação e das contribuições ao PIS e COFINS quando da aplicação da multa substitutiva do perdimento face à sua não localização, consumo ou revenda. O artigo 1o do DecretoLei 37/66 e a Lei 10.833/2003 determinam que incidirão os referidos tributos (Imposto de Importação e as referidas contribuições) quando as mercadorias não tenham sido localizadas, tenham sido consumidas ou revendidas. Art. 1º O impôsto de importação incide sôbre mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no território nacional. Parágrafo único. Considerarseá entrada no território nacional, para efeito de ocorrência do fato gerador, a mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade aduaneira. Fl. 1561DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 35 34 Isto porque a imposição de tributos não se confunde com a imposição de multas, eis que enquanto estas são sanções pela práticas de um ilícito, aqueles não passam de deveres jurídicos ex lege e, uma vez consumidas as mercadorias introduzidas fraudulentamente no pais, elas devem ser tributadas com a mesma intensidade do que as legalmente importadas, sob pena de manifesta infração à isonomia, bem como o indesejável prejuízo à indústria nacional, que passaria a competir com produtos importados de fraudulenta e ainda não tributados. A Lei no 10.833/2003 veio a dar nova redação ao art. 1o, § 4o, III do Decreto Lei no 37/1966, dispondo: “Art.1o O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional. (...) § 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: (...) III que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida.” (grifo nosso) Desta feita, concluo que não há qualquer óbice jurídico à incidência cumulativa da pena de perdimento com os tributos incidentes sobre o comércio exterior. 5.11. Da ausência do elemento danoso relevação da pena de perdimento. (Item 2.15) A Recorrente requer a aplicação do instituto da relevação da pena de perdimento na forma dos artigos 712 e 737 do Regulamento Aduaneiro, que tem lugar quando a conduta não resulta em falta ou insuficiência de recolhimento de tributos, que ela entende ser aplicável ao caso concreto. “Art. 712. Aplicase ao importador a multa correspondente a um por cento do valor aduaneiro da mercadoria, na hipótese de relevação da pena de perdimento de que trata o art. 737 (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 67, caput e parágrafo único). Art. 737. A pena de perdimento decorrente de infração de que não tenha resultado falta ou insuficiência de recolhimento de tributos federais poderá ser relevada com base no disposto no art. 736, mediante a aplicação da multa referida no art. 712 (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 67). § 1o A relevação não poderá ser deferida: I mais de uma vez para a mesma mercadoria; e II depois da destinação da respectiva mercadoria. § 2o A aplicação da multa a que se refere este artigo não prejudica: Fl. 1562DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 36 35 I a exigência dos tributos, de outras penalidades e dos acréscimos legais cabíveis para a regularização da mercadoria no País; ou II a exigência da multa a que se refere o art. 709, para a reexportação de mercadoria submetida ao regime de admissão temporária, quando sujeita a licença de importação vedada ou suspensa. § 3o A entrega da mercadoria ao importador, na hipótese deste artigo, está condicionada à comprovação do pagamento da multa e ao cumprimento das formalidades exigidas para o respectivo despacho de importação, sem prejuízo do atendimento das normas de controle administrativo. Art. 738. O Ministro de Estado da Fazenda poderá, em ato normativo, dispor sobre relevação da pena de perdimento de bens de viajantes, mediante o pagamento dos tributos, acrescidos da multa de cem por cento do valor destes (DecretoLei nº 2.120, de 1984, art. 6º, inciso I). Art. 739. A pena de perdimento a que se refere o inciso VII do art. 688, enquanto não efetuada a destinação do veículo, poderá ser relevada à vista de requerimento do interessado, desde que recolhido o montante correspondente a duas vezes o valor da multa inicialmente aplicada (Lei nº 10.833, de 2003, art. 75, § 7º). Parágrafo único. A relevação a que se refere o caput compete ao titular da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil responsável pela apuração da infração. Todavia, como se pode aferir pela simples leitura do citado artigo 739, parágrafo único, tal ato não é da competência deste Colegiado, razão mais que suficiente para este pedido sequer seja conhecido, por incompetência deste CARF. 5.12. Necessidade de aplicação de pena mais favorável. A Recorrente alega que eventuais irregularidades ocorridas no processo de importação das mercadorias, caso ocorridas, foram apenas de ordem formal, razão pela qual requer que, em último caso, lhe seja aplicado o artigo 711, III e § 1º do Regulamento Aduaneiro, qual seja a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro das mercadorias, por omissão ou prestação de informação inexata. Requer ainda a aplicação do artigo 112 do CTN, que preconiza que a lei deve ser interpretada na maneira mais favorável ao acusado no caso de dúvida. Efetivamente o referido artigo 112 do CTN decorre do princípio "in dubio pro reo", que norteia todo o direito punitivo e deve ser aplicado nos casos em que exista dúvida acerca da ocorrência ou não dos fatos. Ademais, o CTN tratandose de matéria aduaneira, o Código Tributário Nacional deve ser aplicado em conjunto com toda a legislação específica. Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 13971.722487/201119 Acórdão n.º 3302006.905 S3C3T2 Fl. 37 36 Contudo, como já mencionado, o seu emprego pressupõe a ausência de certeza acerca do que ocorreu no mundo fenomênico, e no caso concreto não há qualquer dúvida quanto à ocorrência dos referidos fatos utilizados como motivo para a aplicação das normas jurídicas, fatos estes exaustivamente comprovados pela fiscalização. Por todo o exposto, voto por não conhecer dos recursos interpostos por ÉRICA DEBOSSAN REINERT, pelo Sr. CAIO MARCELO DEBOSSAN e YELLOW MERCANTIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BRINQUEDOS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Quanto ao recurso da D&A COMERCIO SERVICOS IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA, voto por não conhecer da matéria referente a relevação da pena de perdimento, e na parte conhecida, em acolher a preliminar de decadência das declarações de Importação registradas anteriormente a 24/09/2006, negando as demais. No mérito, voto em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar a multa por consumo de mercadoria introduzida fraudulentamente no país. Fl. 1564DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.920250/2012-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 15/12/2004
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO.
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.058
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator e Presidente Substituto Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba, o qual indeferiu o pedido de restituição efetuado por meio eletrônico (PER). Após análise automática foi proferido despacho decisório indeferindo o pedido. Como justificativa para o indeferimento foi apontado o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER como origem do crédito, referido valor teria sido totalmente utilizado na extinção de outro débito de contribuições (PIS e/ou Cofins). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 02 50 /2 01 2- 77 Fl. 78DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.058 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920250/2012-77 Devidamente cientificada, a recorrente interpôs Manifestação de Inconformidade, na qual relata que apurou crédito tributário de PIS e de Cofins em razão da declaração de inconstituicionalidade do art. 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, proferida pela Supremo Tribunal Federal no RE 457553-1 em Sessão Plenária de 09/11/05 e aproveitou parte do referido crédito para compensar débitos, conforme lhe faculta o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Acredita que a razão de o PER haver sido indeferido estaria no fato de que referido crédito não consta nas bases de dados da Receita Federal do Brasil. Explica que extinguiu os déditos de PIS e Cofins conforme declarado em DCFT e, posteriormente, com a declaração de inconstituicionalidade do art. 3º § 1º da Lei nº 9.718, de 1998, surgiu o crédito oponível ao Fisco incidente sobre as receitas financeiras. Ocorre que no processamento do PER, o sistema da RFB não localizou o crédito porque na DCTF o débito foi declarado integralmente, inclusive com a parcela inconstituicional incidente sobre as receitas financeiras. Por seu turno, embora tenha reconhecido a inconstitucionalidade apontada pela recorrente, e declarada pelo Supremo Tribunal Federal, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela Recorrente. Em sua decisão, observou que, para fins de deferimento de pedido de restituição, o recolhimento indevido ou a maior, em virtude da declaração de inconstitucionalidade de dispositivo relativo ao alargamento da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, deve ser comprovado mediante documentação hábil e idônea. Novamente cientificada, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese: (i) que caso a Fiscalização entenda que a documentação apresentada pela recorrente não exaure a questão controvertida contida no Pedido de Restituição, com supedâneo na legislação de regência do processo administrativo fiscal, a Autoridade Administrativa pode determinar diligências com a finalidade de investigar e concluir o procedimento fiscal com o máximo de elementos para firmar a convicção que deve fundamentar o ato administrativo; (ii) não se alegue a impossibilidade de se admitir os documentos apresentados na atual etapa processual. Isto porque, somente por ocasião da prolação do acórdão recorrido, pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Curitiba, é que o direito creditório buscado pela recorrente foi indeferido com base na alegada ausência de comprovação dos recolhimentos da COFINS sobre as receitas financeiras; (III) que o crédito apurado diz respeito ao PIS/Cofins incidente sobre receitas financeiras; e (iv) qualquer conclusão diversa constituirá violação ao direito de defesa da contribuinte, resultando em vício insanável que gera a nulidade fixada no artigo 59, II do Decreto 70.235/1972: Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, Fl. 79DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.058 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920250/2012-77 de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.050, de 22 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 10980.920245/2012-64, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.050): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº 27989.81927.250108.1.2.04-4061 para compensar seu débito com crédito de COFINS. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que com a declaração de inconstituicionalidade do art. 3º § 1º da Lei nº 9.718, de 1998, surgiu o crédito oponível ao Fisco incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ R$ 6.135,06. Não juntou documentos na manifestação de inconformidade para comprovar seu direito. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender que não restou comprovado o direito almejado pelo contribuinte, por total ausência de documentos comprobatórios, cujas razões peço vênia para colacionar: Ocorre que para se aferir qual o valor exato da base de cálculo do PIS e da COFINS que deve ser afastado, é necessário que a contribuinte informe e comprove qual o montante total das receitas, para se apartar o faturamento das demais receitas. No caso presente, verificou-se que nenhum documento comprobatório que pudesse comprovar inequivocamente a ocorrência de pagamentos indevidos em razão do alargamento da base de cálculo foi apresentado pela requerente. A propósito, o § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, abaixo transcrito, dispõe que são aplicadas às manifestações de inconformidade as mesmas regras do Processo Administrativo Fiscal, previstas no Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 74. (...) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não-homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram-se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. E de acordo com o que estabelece o Decreto n.º 70.235, de 1972, a impugnação formalizada deve ser instruída com os documentos em que fundamente suas alegações: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 80DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.058 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920250/2012-77 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refira-se a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Grifou-se As disposições do Decreto n.º 70.235, de 1972 foram consolidadas pelo Decreto nº 7.574 de 29/09/2011, que mantém o entendimento da norma citada: Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) Art. 57. A impugnação mencionará (Decreto no 70.235, de 1972, art. 16, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o, e pela Lei no 11.196, de 2005, art. 113): (...) III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (...) Art. 119. É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no art. 110, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 9o, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). (...) § 2o A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam o caput e o § 1o obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 1972 (Título II deste Regulamento), e enquadram-se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 11, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). Além disso, é bom lembrar o que está disposto no art. 333 do Código de Processo Civil, ou seja, de que o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito é do próprio autor do pedido. Art. 333 – O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Desse modo, tendo em vista que a manifestante não apresentou os elementos probatórios hábeis a comprovar a origem do indébito tributário, não há como reconhecer o direito creditório vindicado. Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões. Fl. 81DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.058 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920250/2012-77 Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar seu pretenso direito, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refira-se a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe nenhum documento em sua manifestação para comprovar seu direito, sendo, totalmente, inadmissível o fazer nessa faze processual, em razão da preclusão prevista no §4º daquele dispositivo. Fl. 82DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.058 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.920250/2012-77 Por fim, não vejo que a decisão proferida por este relator, seja ela qual for, acarreta alguma hipótese de nulidade prevista no artigo 59, do Decreto nº 70.235/1972, principalmente aquelas elencadas no inciso II, considerando inexistir despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Neste cenário, não vejo como acolher as pretensões da Recorrente . Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000227/2008-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/01/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DECADÊNCIA.
Verificada a inexistência de pagamento para a Cofins, aplica-se a esse período de apuração a regra do art. 173, I, do CTN
Numero da decisão: 3302-007.285
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para sanar a omissão, com efeitos infringentes, e reconhecer a decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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OMISSÃO. DECADÊNCIA. Verificada a inexistência de pagamento para a Cofins, aplica-se a esse período de apuração a regra do art. 173, I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para sanar a omissão, com efeitos infringentes, e reconhecer a decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho. Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado auto de infração para exigir o pagamento de Cofins, relativa a fatos geradores ocorridos entre dezembro de 2002 e janeiro de 2004, tendo em vista que a Fiscalização constatou a falta de inclusão, na base de cálculo da exação, de receita de venda de mercadoria no mercado interno. Fl. 1815DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 Inconformada com a autuação a empresa interessada impugnou o lançamento, cujas razões estão sintetizadas no relatório do acórdão recorrido. A 5a Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro - RJ julgou parcialmente procedente o lançamento para excluir o crédito tributário dos períodos de apuração de 12/2002 e 01/2003, em face da decadência, nos termos do Acórdão n° 13-20.612, de 17/07/2008 - fls. 531/541. Da referida decisão, a turma julgadora, em nome da Fazenda Nacional, recorreu de ofício ao extinto Segundo Conselho de Contribuintes. Ciente desta decisão em 17/09/2008 (AR de fl. 546), a interessada ingressou, no dia 16/10/2008, com o recurso voluntário de fls. 547/556, no qual alega, em síntese, que a venda realizada para a CVRD destina-se exclusivamente ao mercado externo e para gozar da imunidade basta que o contribuinte comprove que figura na cadeia de exportação e que suas receitas são decorrentes das operações de exportação. Na sessão do dia 27 de outubro de 2010 foi julgado o Recurso Voluntário impetrado pela empresa COMPANHIA HISPANO BRASILEIRA DE PELOTIZAÇÃO - HISPANOBRÁS contra Acórdão n° 13-20.612, proferido pela DRJ no Rio de Janeiro - RJ, que exonerou a parte do crédito tributário extinta pela decadência. Da parte exonerada, a DRJ recorreu de ofício a este CARF. O Conselheiro Walber José da Silva, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, foi designado para relatar tanto o recurso voluntário quanto o recurso de ofício. Foram apresentados embargos de Conselheiro, nos seguintes termos: Embora tenha relatado e apresentado o voto quanto ao recurso de ofício, apenas o recurso voluntário foi objeto de deliberação e votação na sessão do dia 27/10/2010, conforme se pode constar no resultado do julgamento constante do Acórdão n° 3302- 00.644 (fl. 601), abaixo transcrito. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional Marco Aurélio Marques. Portanto, houve omissão da Turma de Julgamento que deixou de apreciar e votar o recurso de ofício, razão pela qual, com fulcro no art. 65, § 1°, do RICARF, venho apresentar estes embargos de declaração para que seja sanado a omissão existe no referido Acórdão n° 3302-.0644, devendo o recurso de ofício ser incluído em pauta para julgamento. Com base nos §§ 1o e 3o do art. 65 do Regimento Interno do CARF (Anexo II à Portaria MF no 256, de 22/06/2009) e nos termos da Informação n° 3302-016 (fls. 603), foram ACOLHIDOS os presentes embargos declaratórios, por serem procedentes as alegações suscitadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. 1. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO Fl. 1816DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 Em 03 de novembro de 2010, através de Despacho de Admissibilidade de Embargos proferido pela 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, foi admitido o recurso de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO para a manifestação quanto à omissão existente no Acórdão n° 3302-.0644. Portanto, entende-se que o recurso é admissível por atender a forma do artigo 65 do RICARF. 2. DO CABIMENTO O Acórdão n° 3302-000.644, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, data de 27 de outubro de 2010. O Conselheiro Walber José da Silva, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, ingressou com informações em Embargos em 03 de novembro de 2011, pois o recurso de ofício ainda está pendente de julgamento. Assim, fez-se necessária a abertura do processo de representação n°15582.720531/2018-23 para que seja feita a transferência dos créditos tributários que estão definitivamente constituídos, de forma a se efetivar o prosseguimento da cobrança. 3. DA OMISSÃO Houve omissão da Turma de Julgamento que deixou de apreciar e votar o recurso de ofício, razão pela qual, com fulcro no art. 65, § 1°, do RICARF, foram apresentados estes embargos de declaração para que seja sanada a omissão existente no referido Acórdão n° 3302-.0644. 4. DO DEFERIMENTO A interpretação sobre o art. 150 do CTN é a de que o lançamento por homologação ocorre quando o sujeito passivo antecipa o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Não havendo pagamento, não se cumpre o requisito básico disposto no mencionado artigo, verbis: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifou-se) Dessa forma, conforme se observa na transcrição acima, entende-se que a lei atribuiu requisito ao lançamento por homologação, qual seja, a antecipação do pagamento. Assim, não basta que a legislação determine o pagamento antecipado do tributo para que se caracterize o lançamento por homologação, mas sim, que haja efetivamente o pagamento. Não atendida a condição, não se pode configurar o lançamento por homologação e, neste caso, aplica-se a regra geral de contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, Fl. 1817DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 inciso I do CTN, ou seja, a contagem do prazo tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. A interpretação da RFB foi manifestada pela Cosit nas Soluções de Consulta Interna nº 16, de 5 de junho de 2003; 23, de 24 de agosto de 2004; e 26, de 1º de novembro de 2005. Em suma, havendo pagamento, ainda que parcial, aplica-se a regra do art. 150 do CTN; não havendo pagamento, aplica-se a regra do art. 173 do mesmo Código. Nesse mesmo sentido concluiu a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, ao analisar a decadência das contribuições previdenciárias. No referido parecer, a PGFN registra entendimentos dos então Conselhos de Contribuintes no sentido de que “se a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amolda-se à sistemática de lançamento denominada homologação, onde a contagem do prazo decadencial dá-se com a ocorrência do fato gerador, na forma disciplinada pelo § 4º do art. 150 do CTN (...)”. Ressalta-se que consta do item 36 desse parecer, a seguir transcrito, que os Conselhos estariam começando a mudar o entendimento: (...) 36. Os Conselhos de Contribuintes, no entanto, começam a mudar o entendimento. Aplicou-se recentemente o art. 173, I, do CTN, em caso de lançamento de ofício, no qual não houve pagamento. Refiro-me ao Recurso RP/ 203-123287. Entendeu o Conselho que deve se verificar se o contribuinte recolheu valores no período fiscalizado. Na existência do recolhimento, deve se aplicar o § 4º do art. 150 do CTN. Na inexistência de recolhimentos, deve ser aplicado o art. 173, I, do mesmo CTN. De igual modo, decidiu-se no Recurso RD/204-130232, bem como no RD/203-115797. (...) Ao final conclui o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008: (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplica-se a regra do § 4º do art. 150 do CTN; (...) Prescreve o art. 173 do Código Tributário Nacional – CTN, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a Fl. 1818DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (grifei). O artigo 173 do Código Tributário Nacional estabelece que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário via lançamento extingue-se após 5 (cinco) anos. Estabelecido o quantum do prazo, é curial verificar seu dia de início. Podemos destacar três hipóteses: (i) primeiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, forte no artigo 173, inciso I, do CTN; (ii) segundo, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, forte no artigo 173, inciso II, do CTN; (iii) terceiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em a Fazenda deveria ter homologado o lançamento, forte no artigo 150, §4º, do CTN; Assim temos que: Regra geral – prevista no artigo 173, inciso I do CTN que prevê que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Regra especial – é retirada do artigo 150, parágrafo quarto e utilizada para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação e nos casos em que tenha ocorrido efetivamente a antecipação do pagamento. Determina que o início da contagem do prazo decadencial é a data do fato gerador. Ocorrendo dolo, fraude ou simulação nos casos de lançamento por homologação, aplica-se a regra geral; Regra do lançamento anulado – estabelece que, quando existir lançamento anulado por vício formal, o início da contagem do prazo decadencial dar-se-á na data em que se tornar definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado (art. 173, II, CTN). Aclare-se que o crédito tributário torna-se definitivamente constituído quando não for mais suscetível de modificação na esfera administrativa. Iniciar-se-á a partir de então a contagem do prazo prescricional. No presente caso, o Período de Apuração compreende dezembro/2002 à janeiro/2004 (e-folhas 511-512). A ciência do contribuinte ocorreu em 27/02/2008 (e-folhas 510). Sobre o assunto assim se manifesta o Acórdão de Impugnação, às e-folhas 646: Fl. 1819DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 No presente caso, vê-se que a empresa autuada apresentou, em relação aos períodos objeto do lançamento, DIPJ, nas quais informou as receitas auferidas e a apuração dos valores devidos a título de COFINS inferiores ao apurado pela Fiscalização. Desta forma, é cabível a aplicação do disposto no artigo 150, § 4o do CTN, considerando que houve efetivamente declaração pelo contribuinte, de valores devidos a título de COFINS para os períodos fiscalizados, cabendo sua homologação, ou não, por parte da Fiscalização, no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador. Em consequência, tendo em vista que a ciência do lançamento se deu em 27/02/08, constata-se a ocorrência da decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo aos períodos de apuração dezembro de 2002 e janeiro de 2003. Não assiste razão à decisão de 1a instância, isso porque não foram apresentados recolhimentos no período. Assim deve ser aplica a regra do artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. Sendo assim, acolho os embargos, com efeitos infringentes, para suprir a OMISSÃO, em relação à a ocorrência da decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002, cujo lapso decadencial ocorreu em 31/12/2007. É como voto. Jorge Lima Abud - Relator. Fl. 1820DF CARF MF
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