Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,938)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,601)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,675)
- Primeira Turma Ordinária (15,289)
- Segunda Turma Ordinária d (15,189)
- Primeira Turma Ordinária (15,159)
- Primeira Turma Ordinária (15,050)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,687)
- Primeira Turma Ordinária (11,759)
- Segunda Turma Ordinária d (11,722)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,527)
- Terceira Câmara (63,247)
- Segunda Câmara (51,030)
- Primeira Câmara (16,295)
- 3ª SEÇÃO (15,675)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,635)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,411)
- Segunda Seção de Julgamen (108,296)
- Primeira Seção de Julgame (71,067)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,641)
- Câmara Superior de Recurs (37,042)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,836)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,823)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,293)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,187)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,839)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13839.723533/2013-85
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL.
A dedução da pensão alimentícia em declaração de ajuste é possível se os alimentos comprovadamente pagos encontram amparo em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.
Numero da decisão: 2002-000.838
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 IRPF. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. A dedução da pensão alimentícia em declaração de ajuste é possível se os alimentos comprovadamente pagos encontram amparo em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13839.723533/2013-85
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5989576
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2002-000.838
nome_arquivo_s : Decisao_13839723533201385.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
nome_arquivo_pdf_s : 13839723533201385_5989576.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
id : 7698001
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663080620032
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1209; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 54 1 53 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.723533/201385 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.838 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 26 de março de 2019 Matéria IRPF. PENSÃO JUDICIAL. Recorrente ALEXANDRE DE CASTILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 IRPF. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. A dedução da pensão alimentícia em declaração de ajuste é possível se os alimentos comprovadamente pagos encontram amparo em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 72 35 33 /2 01 3- 85 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13839.723533/201385 Acórdão n.º 2002000.838 S2C0T2 Fl. 55 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 4/7), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2012. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir declarado de R$35,74 para saldo de imposto a pagar de R$7.199,95. A notificação noticia a dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública, consignando que o contribuinte não teria apresentado escritura pública, decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, que respaldasse a dedução declarada (fl.5). Impugnação Cientificada ao contribuinte em 18/11/2013, a NL foi objeto de impugnação, m 16/12/2013, às fls. 2/11 dos autos, na qual o contribuinte defendeu que faria jus à dedução da pensão declarada, indicando a juntada de documentação comprobatória. A impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, julgoua improcedente, em decisão assim ementada (fls. 25/28): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. REQUISITOS. São dedutíveis na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 12/11/2014 (fl. 33), o contribuinte, em 5/12/2014 (fl. 35), apresentou recurso voluntário, às fls. 35/50, no qual alega, em apertado resumo, que: teria tido dificuldade em obter cópia do acordo homologado judicialmente, juntandoo agora em seu recurso. a divergência decorreria do erro de sua fonte pagadora em não ter efetuado o desconto em folha da pensão devida. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13839.723533/201385 Acórdão n.º 2002000.838 S2C0T2 Fl. 56 3 teria efetuado o pagamento da pensão em cumprimento do acordo homologado judicialmente, fazendo jus à dedução. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito A autoridade autuante efetuou a glosa da pensão alimentícia judicial declarada, uma vez que o contribuinte não apresentara a escritura pública, acordo ou decisão judicial determinando esse pagamento. Por seu turno, o colegiado de primeira instância manteve a glosa, uma vez que a documentação acostada não se revelou hábil a respaldar a pensão declarada, conforme trecho a seguir reproduzido: Compulsando os autos, especialmente as provas acostadas (fls. 0911), verificase que tão somente dizem respeito a uma guia de recolhimento e a uma Certidão, dando esta última conta da ocorrência do Divórcio Direto Consensual da Sra. Patrícia de Lima, não havendo qualquer menção a pagamento de pensão alimentícia estipulada ou aos termos obrigacionais estabelecidos em juízo, no que tange à pensão alimentícia supostamente determinada. Em seu recurso, o recorrente junta petição inicial do seu divórcio consensual (fls. 44/47). Consta ainda termo de audiência de homologação e certidão de trânsito em julgado (fl.48/50). Da petição inicial da referida ação, constatase que ficou acordado que o contribuinte pagaria "...30% (trinta por cento) de seus vencimentos líquidos, incidindo sobre décimo terceiro salário, férias, gratificações e verbas rescisórias, quando estiver trabalhando com vínculo empregatício, mediante desconto diretamente de sua folha de pagamento da empregadora BIC Brasil S/A, no caso do mesmo estar trabalhando sem vínculo empregatício ou desempregado pagará o montante equivalente a um salário mínimo vigente" (fl.46). Do exame desse acordo em conjunto com a declaração de ajuste anual (fls.14/19), constatase que a pensão declarada mostrase compatível com a determinação judicial e com os rendimentos tributáveis e isentos declarados (fls.15/16). Acrescentese que, na autuação, não foi apontada falha quanto à comprovação do efetivo pagamento da pensão. Dessa forma, concluo que o recorrente faz jus a deduzir o valor declarado, sendo de se cancelar a glosa. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13839.723533/201385 Acórdão n.º 2002000.838 S2C0T2 Fl. 57 4 Conclusão Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.963890/2009-38
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/07/2004
DO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. DISSIMILITUDE FÁTICA.
Não se conhece do Recurso Especial quando as situações fáticas consideradas nos acórdãos indicados como paradigmas são distintas da situação tratada no acórdão recorrido, não se prestando os arestos referenciados, por conseguinte, à demonstração de dissenso jurisprudencial.
Numero da decisão: 9303-007.948
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso com retorno dos autos ao colegiado de origem.
Em primeira votação, os conselheiros Érika Costa Camargos Autran, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello conheceram do recurso.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 30/07/2004 DO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. DISSIMILITUDE FÁTICA. Não se conhece do Recurso Especial quando as situações fáticas consideradas nos acórdãos indicados como paradigmas são distintas da situação tratada no acórdão recorrido, não se prestando os arestos referenciados, por conseguinte, à demonstração de dissenso jurisprudencial.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15374.963890/2009-38
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5970042
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-007.948
nome_arquivo_s : Decisao_15374963890200938.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 15374963890200938_5970042.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso com retorno dos autos ao colegiado de origem. Em primeira votação, os conselheiros Érika Costa Camargos Autran, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2019
id : 7646768
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663091105792
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1671; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15374.963890/200938 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303007.948 – 3ª Turma Sessão de 22 de janeiro de 2019 Matéria PAF. RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado UNIVERSAL MUSIC LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/07/2004 DO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. DISSIMILITUDE FÁTICA. Não se conhece do Recurso Especial quando as situações fáticas consideradas nos acórdãos indicados como paradigmas são distintas da situação tratada no acórdão recorrido, não se prestando os arestos referenciados, por conseguinte, à demonstração de dissenso jurisprudencial. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso com retorno dos autos ao colegiado de origem. Em primeira votação, os conselheiros Érika Costa Camargos Autran, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 96 38 90 /2 00 9- 38 Fl. 2327DF CARF MF Processo nº 15374.963890/200938 Acórdão n.º 9303007.948 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão n.º 3801003.599, 24 de julho de 2014, decisão que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem na Declaração de Compensação transmitida pelo contribuinte, lastreada em crédito oriundo de recolhimento indevido ou maior que o devido de PIS. O despacho decisório exarado não reconheceu o direito creditório informado no PER/DCOMP, sob o fundamento de que o pagamento relacionado havia sido localizado, mas fora integralmente utilizado para quitação de débitos anteriormente declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. Inconformado, o Contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese que: apurou valor devido menor que o recolhido, utilizando o crédito resultante para a presente compensação, retificando a DCTF e o DACON correspondentes; a decisão questionada foi proferida juntamente com 82 outras, tornando evidente que a impugnante não teve tempo hábil para exercer de forma ampla seu direito de defesa; as despesas que geraram os créditos objeto da compensação são decorrentes dos custos com gravação e dos pagamentos de direitos autorais, conforme já manifestado por meio da Solução de Consulta nº 33/05, da 2ª Região Fiscal; sobre a questão tratam ainda as Leis nºs 10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004. A DRJ no Rio de Janeiro/RJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Contribuinte. Irresignado com a decisão de primeiro grau contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário. O Colegiado a quo deu provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito creditório referente apenas aos gastos com serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes, afinação de instrumentos; efetuados junto a pessoas jurídicas domiciliadas no país, cujas aquisições tenham se submetido ao pagamento da contribuição, com base nos documentos acostados aos autos, resguardandose à RFB a apuração da idoneidade destes documentos. O Acórdão 3801003.599 possui a seguinte ementa: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 30/07/2004 NÃO CUMULATIVIDADE. INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. DIREITOS AUTORAIS. Fl. 2328DF CARF MF Processo nº 15374.963890/200938 Acórdão n.º 9303007.948 CSRFT3 Fl. 4 3 Os direitos autorais pagos pela indústria fonográfica só dão direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativas se tiverem se sujeitado ao pagamento da Cofins importação e da Contribuição para o PIS/Pasep importação. NÃO CUMULATIVIDADE. INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. CUSTOS DE GRAVAÇÃO. INSUMO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Custos de gravação da indústria fonográfica que não se caracterizem gastos com bens e serviços efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação de obras fonográficas destinadas à venda, na prestação de serviços fonográficos ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para a Cofins ou PIS/Pasep não cumulativas. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO NÃOCOMPROVADO DOCUMENTALMENTE. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito de crédito informado em declaração de compensação, o que não se limita a simplesmente, juntar documentos aos autos, no caso em que há inúmeros registros associados a inúmeros documentos. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA CONTÁBIL. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Devem ser indeferidos os pedidos de perícia e de diligência, quando formulados como meio de suprir o ônus probatório não cumprido pela parte. Recurso Voluntário Provido em Parte. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência suscitando dissenso em relação ao conceito de insumo adotado no acórdão recorrido. Para comprovar a divergência apontou os acórdãos de nºs. 20312.448 e 20400.795. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho do Presidente da Primeira Câmara da Terceira Seção do CARF, sob o argumento que no acórdão paradigma n.º 20312.448 foi julgado caso de empresa industrial, sendo analisados o direito de crédito de diversos tipos de aquisições de bens e serviços, cujas glosas foram mantidas pelo colegiado, que adotou o conceito de insumo próprio da legislação do IPI para analisar o direito de crédito da contribuição nãocumulativa. Por sua vez, na decisão recorrida adotouse um conceito mais amplo, que resultou em admitirse direito de crédito da contribuição em relação aos serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes e de afinação de instrumentos. O Contribuinte também interpôs Recurso Especial de Divergência, mas foi lhe negado seguimento, por ser intempestivo. Contrarrazões foram apresentadas pelo Contribuinte, manifestandose pelo não provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É o relatório em síntese. Fl. 2329DF CARF MF Processo nº 15374.963890/200938 Acórdão n.º 9303007.948 CSRFT3 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303007.943, de 22/01/2019, proferido no julgamento do processo 15374.951434/200945, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303007.943): "Admissibilidade O Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisar o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. A matérias enfrentadas pela Fazenda em sede de apelo especial é referente à aplicação do conceito de insumos. O Contribuinte dedicase à produção e comercialização de discos fonográficos e videofonográficos, fitas e fios gravados ou preparados para gravação, edição e comercialização de obras musicais, literárias ou líteromusicais, bem como a prestação de serviços de distribuição de produtos fonográficos e videofonográficos, conforme se depreende do seu objeto social. E no exercício de suas atividades, entende que incorre em dispêndios diretamente relacionados ao seu objeto social: 1 o pagamento de royalties relativos a cessão de direitos autorais; e 2 custos de gravação. No acórdão paradigma n.º 20312.448 apresentado pela Fazenda Nacional traz a seguinte ementa: Ementa(s) CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/07/2003 IPI. CRÉDITOS. Geram o direito ao crédito, bem como compõem a base cálculo do crédito presumido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem), e os artigos que se consumam durante o processo produtivo e que não faça parte do ativo permanente, mas que nesse consumo continue guardando uma relação intrinsica com o conceito stricto sensu de matériaprima ou produto intermediário: exercer na operação de industrialização um contato físico tanto entre uma matériaprima e outra, quanto da matériaprima com o produto final que se forma. Fl. 2330DF CARF MF Processo nº 15374.963890/200938 Acórdão n.º 9303007.948 CSRFT3 Fl. 6 5 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. GLOSA PARCIAL O aproveitamento dos créditos do PIS no regime da não cumulatividade há que obedecer às condições especificas ditadas pelo artigo 3° da Lei n° 10.637, de 2002, c/c o artigo 66 da IN SRF n° 247, de 2002, com as alterações da IN SRF n° 358, de 2003. Incabíveis, pois, créditos originados de gastos com seguros (incêndio, vendaval etc), material de segurança (óculos, jalecos, protetores auriculares), materiais de uso geral (buchas para máquinas, cadeado, disjuntor, calço para prensa, catraca, correias, cotovelo, cruzetas, reator para lâmpada), peças de reposição de máquinas, amortização de despesas operacionais, conservação e limpeza, manutenção predial. Recurso negado. Argumentos contidos no acórdão paradigma não guardam relação com o presente caso concreto, pois trata de uma industria de tecidos que tem peculiaridade totalmente diferente de uma industria da produção e comercialização de discos fonográficos e videofonográficos, fitas e fios gravados ou preparados para gravação, edição e comercialização de obras musicais, literárias ou líteromusicais, bem como a prestação de serviços de distribuição de produtos fonográficos e videofonográficos. Já no acórdão paradigma n.º 20400.795, verificase que a questão destinase a uma indústria de calçados. Vejase: "Decorrente de diligência na empresa, foi lavrado o Termo de Verificação Fiscal de fls. 724/733 propondo a glosa dos insumos adquiridos por pessoas físicas e cooperativas, uma vez que nesses casos não há incidência de PIS e COFINS. Também foi proposta a glosa de combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e de produtos usados no tratamento de água e efluentes sob fundamento que tais produtos, embora possam ser usados no processo produtivo, não são matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem." E verificase que no acórdão paradigma que questão destinase a outro caso, que não o presente. Vejase: "Os bens admitidos como insumos pelo acórdão recorrido não atendem a esses requisitos. Com efeito, os materiais auxiliares de limpeza, por exemplo, não sofrem alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Outrossim, as embalagens dos produtos de limpeza não guardam qualquer identidade com os insumos diretamente utilizados na fabricação do produto industrializado. Percebase: as embalagens em questão não acondicionam o produto final da recorrida (calçados), mas os materiais de limpeza, daí o descabimento de enquadrálos como insumos." (grifouse) Como informado acima a Contribuinte não produz calçados e nem tecido e sim é uma indústria de fonográfica e videofonográfica e os custos reconhecidos pelo v. acórdão recorrido como passíveis de creditamento não são de produtos de limpeza ou embalagens de produtos de limpeza, combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e de produtos usados no tratamento de água e efluentes como se observa pelos autos. Sendo assim, em face da completa dissociação entre o quanto discutido nos presentes autos, o entendimento consagrado pela Turma Recorrida e as alegações contidas no Especial Fazendário, evidenciase que este não poderia sequer ser admitido. Fl. 2331DF CARF MF Processo nº 15374.963890/200938 Acórdão n.º 9303007.948 CSRFT3 Fl. 7 6 Diante do exposto, entendo que não ficou comprovada a divergência, não há semelhança fática entre o acórdão recorrido e o paradigma. Não há como afirmar que se as situações fáticas fossem iguais, se o colegiado paradigmático daria o mesmo entendimento . Em vista de todo o exposto, voto por não conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado não conheceu do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 2332DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13931.000365/2002-45
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/1997 a 30/12/1997
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida.
Numero da decisão: 9303-008.219
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/1997 a 30/12/1997 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13931.000365/2002-45
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5986830
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9303-008.219
nome_arquivo_s : Decisao_13931000365200245.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
nome_arquivo_pdf_s : 13931000365200245_5986830.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
id : 7692975
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663096348672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1675; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13931.000365/200245 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303008.219 – 3ª Turma Sessão de 19 de março de 2019 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PROFORTE S/A TRANSPORTE DE VALORES ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1997 a 30/12/1997 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estarse diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificandose ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 93 1. 00 03 65 /2 00 2- 45 Fl. 399DF CARF MF Processo nº 13931.000365/200245 Acórdão n.º 9303008.219 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão nº 3802004296, de 19/03/2015, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995 AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO FISCAL. INSUBSISTÊNCIA. EQUÍVOCO. COMPROVAÇÃO. CANCELAMENTO. Diante da insubsistência do motivo do ato administrativo fiscal (“proc. jud. de outro CNPJ”), cumpre à DRJ o acolhimento da impugnação, com o consequente cancelamento do auto de infração. Descabe ingressar no exame da suposta convalidacã̧o da compensação das parcelas dos débitos tributários, uma vez que se trata de matéria estranha à fundamentação originária do auto de infração. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. A insurgência da Fazenda Nacional centrase no fato de que o CNPJ que consta do processo judicial seria o da matriz e não da filial, subsistindo assim a motivação do lançamento. O recurso especial foi admitido por meio de despacho aprovado pelo então presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF. Em contrarrazões, o contribuinte pede o não conhecimento do recurso especial e, caso conhecido, o seu improvimento. É o relatório. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. O recurso especial da Fazenda Nacional é tempestivo, porém não deve ser conhecido, por não ter comprovado a necessária divergência jurisprudencial. Nos termos do art. 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, é necessário que o contribuinte demonstre que outras turmas do Fl. 400DF CARF MF Processo nº 13931.000365/200245 Acórdão n.º 9303008.219 CSRFT3 Fl. 4 3 CARF, analisaram a mesma matéria e deram à legislação tributária interpretações diferentes em relação ao acórdão recorrido. Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) (...) § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. (...) Portanto, passemos a analisar as situações fáticas do acórdão recorrido em comparação com os dois primeiros acórdãos paradigmas apresentados pela Fazenda Nacional. Situação fática do acórdão recorrido Nele foi efetuado lançamento, por meio de auto de infração eletrônico, para exigência de PIS referente aos fatos geradores ocorridos no último trimestre de 1997. A motivação do lançamento foi "PROC JUD DE OUTRO CNPJ". Em sua impugnação, o contribuinte comprovou que possuía a ação judicial, a qual estava registrada com o CNPJ da matriz. Ao julgar a impugnação, a 1ª turma da DRJ/Ribeirão Preto, confirmou a existência da ação judicial, a qual beneciava tanto a matriz quanto a filial. Entrou no mérito da compensação e afastou a exigência da multa de ofício. Para demonstrar esta conclusão, transcrevo o seguinte excerto do voto da DRJ: (..) Fl. 401DF CARF MF Processo nº 13931.000365/200245 Acórdão n.º 9303008.219 CSRFT3 Fl. 5 4 Em face do exposto, julgo procedente, em parte, a impugnação para (i) excluir do lançamento a multa de ofício, (ii) reconhecer a semestralidade da base de cálculo do PIS, (iii) o direito de o interessado compensar os créditos financeiros, decorrentes dos pagamentos a maior do PIS, efetuados nos termos dos Decretoslei nº 2.445 e nº 2.449, ambos de 1988, em relação aos valores devidos nos termos das LC nº 7. de 1970, e nº 17, de 1973, cabendo à autoridade administrativa apurar os indébitos (créditos financeiros) e seu montante, de conformidade com a decisão judicial transitada em julgado, na medida cautelar inominada nº 95.00594188, ação principal nº 96.00021570, e convalidar a compensação dos débitos, objeto do crédito tributário em discussão, até o limite do montante apurado, exigindose possível saldo e/ ou débitos não extintos pela convalidação ora determinada. (...) O acórdão recorrido, como vimos, cancelou o lançamento com o entendimento que, ao comprovar a existência da ação judicial, estaria afastada a motivação do lançamento, sendo incabível entrar no mérito da compensação pois tratariase de matéria estranha ao lançamento. Situação fática do acórdão paradigma nº 20214657 Aqui não se trata de lançamento eletrônico em decorrência de revisão da DCTF do contribuinte. Tratase de lançamento normal de PIS por falta de recolhimentos da contribuição. A discussão nele travada diz respeito à possibilidade de centralização do recolhimento do PIS. A acusação fiscal era de que os pagamentos efetuados pela matriz não aproveitavam a filial. Portanto, esse paradigma não serve para comprovar a divergência, pois fundado em situações fáticas bem diferentes do acórdão recorrido. Situação fática do acórdão paradigma nº 20217205 O processo trata de lançamento eletrônico para exigência da Cofins em razão de "PROC JUD DE OUTRO CNPJ". Ou seja, a situação do lançamento é idêntica ao do acórdão recorrido. Porém, neste o contribuinte não conseguiu comprovar que possuía a ação judicial. Ao contrário, ficou comprovado que nele o provimento judicial não alcançava as filiais. A própria ementa comprova a não inclusão das filiais no pólo ativo da ação judicial: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 1998 Fl. 402DF CARF MF Processo nº 13931.000365/200245 Acórdão n.º 9303008.219 CSRFT3 Fl. 6 5 Ementa: DCTF. REVISÃO INTERNA. COMPENSAÇÃO. PROCESSO JUDICIAL DE OUTRO CNPJ. Rejeitada a inclusão de filial no pólo ativo da ação proposta pela matriz; não prospera a alegação de que a compensação foi efetuada sob amparo judicial, subsistindo exigíveis os débitos que teriam sido compensados, especialmente ante a ausência de pedido administrativo de compensação e de prova da existência, suficiência e disponibilidade do crédito utilizado. (...) Importante ressaltar que no acórdão recorrido reconheceuse a existência da ação judicial e que esta amparava tanto o estabelecimento matriz como suas filiais. Diferentemente, como visto, neste paradigma concluiuse que a filial não possuía provimento judicial a amparar as suas compensações. Conforme consta do relatório do acórdão paradigma, a petição inicial do contribuinte foi aditada para inclusão das filiais no pólo ativo da ação judicial. Sendo que o provimento judicial obtido teria sido no seguinte sentido: "(...) JULGANDO PARCIALMENTE PROCEDENTE A AÇÃO DECLARATÓRIA, para declarar o direito de compensar os valores indevidamente recolhidos, excluídos os montantes recolhidos por filiais situadas em outras cidades (...)" Portanto, diante do exposto, voto por não conhecer o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 403DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.720208/2012-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF Nº2
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados.
GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL RURAL. NATUREZA INDENIZATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 42. NÃO INCIDÊNCIA
Não incide o IRPF sobre o ganho de capital decorrente de indenização por desapropriação de bem imóvel. Inteligência da Súmula CARF nº 42 com efeito vinculante em relação à administração tributária federal.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular e/ou o co-titular das contas bancárias ou o real beneficiário dos depósitos, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. Uma vez não constar dos autos comprovação de que os depósitos efetuados nas contas bancárias do contribuinte correspondem a recursos de terceiros para a realização de operações de compra de bovinos ou pagamentos destinados a cobrir dispêndios decorrentes da prestação de serviços por parte do interessado, e não havendo, destarte, elementos que demonstrem não ser o contribuinte o real beneficiário desses depósitos bancários, deve ser mantida a omissão de rendimentos em análise.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. MOMENTO. AFIRMAÇÕES RELATIVAS A FATOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
Comprovada a origem dos depósitos bancários no curso do procedimento fiscal, ou seja, antes da constituição do crédito tributário, caberá à Fiscalização aprofundar a investigação para submetê-los, se for o caso, às normas previstas no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente é elidida com a comprovação, inequívoca, de que os valores depositados não são tributáveis.
RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA.
Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF 25.
Não configurada a existência de dolo, fraude ou simulação, ou uma das hipóteses previstas na legislação de regência, sendo que o fundamento da qualificação da multa é baseada apenas na presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a sua qualificação, impondo a manutenção apenas da multa de ofício.
Numero da decisão: 2201-005.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, no mérito, por unanimidade de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores relativos ao ganho de capital relativo à desapropriação do imóvel e afastar a qualificação da multa reduzindo-a ao percentual da multa de ofício de 75% aplicada, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra ( Presidente em Exercício)
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF Nº2 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL RURAL. NATUREZA INDENIZATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 42. NÃO INCIDÊNCIA Não incide o IRPF sobre o ganho de capital decorrente de indenização por desapropriação de bem imóvel. Inteligência da Súmula CARF nº 42 com efeito vinculante em relação à administração tributária federal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular e/ou o co-titular das contas bancárias ou o real beneficiário dos depósitos, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. Uma vez não constar dos autos comprovação de que os depósitos efetuados nas contas bancárias do contribuinte correspondem a recursos de terceiros para a realização de operações de compra de bovinos ou pagamentos destinados a cobrir dispêndios decorrentes da prestação de serviços por parte do interessado, e não havendo, destarte, elementos que demonstrem não ser o contribuinte o real beneficiário desses depósitos bancários, deve ser mantida a omissão de rendimentos em análise. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. MOMENTO. AFIRMAÇÕES RELATIVAS A FATOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Comprovada a origem dos depósitos bancários no curso do procedimento fiscal, ou seja, antes da constituição do crédito tributário, caberá à Fiscalização aprofundar a investigação para submetê-los, se for o caso, às normas previstas no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente é elidida com a comprovação, inequívoca, de que os valores depositados não são tributáveis. RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF 25. Não configurada a existência de dolo, fraude ou simulação, ou uma das hipóteses previstas na legislação de regência, sendo que o fundamento da qualificação da multa é baseada apenas na presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a sua qualificação, impondo a manutenção apenas da multa de ofício.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15868.720208/2012-68
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988172
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2201-005.005
nome_arquivo_s : Decisao_15868720208201268.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
nome_arquivo_pdf_s : 15868720208201268_5988172.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, no mérito, por unanimidade de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores relativos ao ganho de capital relativo à desapropriação do imóvel e afastar a qualificação da multa reduzindo-a ao percentual da multa de ofício de 75% aplicada, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra ( Presidente em Exercício) (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
id : 7697559
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663111028736
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 36; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2138; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2.836 1 2.835 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15868.720208/201268 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201005.005 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de fevereiro de 2019 Matéria Imposto de Renda Pessoa Física Recorrente RICARDO ULPIANO DOS SANTOS VIOL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. SÚMULA CARF Nº2 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL RURAL. NATUREZA INDENIZATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 42. NÃO INCIDÊNCIA Não incide o IRPF sobre o ganho de capital decorrente de indenização por desapropriação de bem imóvel. Inteligência da Súmula CARF nº 42 com efeito vinculante em relação à administração tributária federal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular e/ou o cotitular das contas bancárias ou o real beneficiário dos depósitos, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. Uma vez não constar dos autos comprovação de que os depósitos efetuados nas contas bancárias do contribuinte correspondem a recursos de terceiros para a realização de operações de compra de bovinos ou pagamentos destinados a cobrir dispêndios decorrentes da prestação de serviços por parte do interessado, e não havendo, destarte, elementos que demonstrem não ser o contribuinte o real beneficiário desses depósitos bancários, deve ser mantida a omissão de rendimentos em análise. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 02 08 /2 01 2- 68 Fl. 2836DF CARF MF 2 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. MOMENTO. AFIRMAÇÕES RELATIVAS A FATOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Comprovada a origem dos depósitos bancários no curso do procedimento fiscal, ou seja, antes da constituição do crédito tributário, caberá à Fiscalização aprofundar a investigação para submetêlos, se for o caso, às normas previstas no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente é elidida com a comprovação, inequívoca, de que os valores depositados não são tributáveis. RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF 25. Não configurada a existência de dolo, fraude ou simulação, ou uma das hipóteses previstas na legislação de regência, sendo que o fundamento da qualificação da multa é baseada apenas na presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a sua qualificação, impondo a manutenção apenas da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, no mérito, por unanimidade de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores relativos ao ganho de capital relativo à desapropriação do imóvel e afastar a qualificação da multa reduzindoa ao percentual da multa de ofício de 75% aplicada, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra ( Presidente em Exercício) (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Fl. 2837DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.837 3 Relatório 1 Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 2.459/2.554) por sua precisão: Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado, em 29/10/2.012, o Auto de Infração de fls. 1.453 a 1.467, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2.008, 2.009 e 2.010 (anoscalendário 2.007, 2.008 e 2.009, respectivamente), por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 10.205.577,23, dos quais R$ 3.632.884,79 correspondem a imposto, R$ 5.449.327,19, a multa proporcional, e R$ 1.123.365,25, a juros de mora, calculados até outubro de 2.012. 2. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 1.435 a 1.452) e Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 1.454 a 1.456), o procedimento teve origem na apuração das seguintes infrações: 2.1 OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados, nos anoscalendário 2.007, 2.008 e 2.009, em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Enquadramento legal: Fl. 2838DF CARF MF 4 Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2.007 e 31/12/2.007: Arts. 37, 38, 83 e 849 do RIR/99 e art. 58 da Lei n° 10.637/2.002 combinado com o art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172/1.966 e art. 42 da Lei n° 9.430/1.996; Art. 1o, inciso I e parágrafo único, da Medida Provisória n° 340/2.006. Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2.008 e 31/12/2.008: Arts. 37, 38, 83 e 849 do RIR/99 e art. 58 da Lei n° 10.637/2.002 combinado com o art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172/1.966 e art. 42 da Lei n° 9.430/1.996; Art. 1o, inciso II e parágrafo único da Lei n° 11.482, de 31 de maio de 2.007. Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2.009 e 31/12/2.009: Arts. 37, 38, 83 e 849 do RIR/99 e art. 58 da Lei n° 10.637/2.002 combinado com o art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172/1.966 e art. 42 da Lei n° 9.430/1.996; Art. 1o, inciso III e parágrafo único da Lei n° 11.482/2.007, com a redação dada pela Lei n° 11.945/2.009. 2.2OMISSÃO/ APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS Omissão de ganhos de capital auferidos na alienação de bens (desapropriação amigável de 25% da Estância Chaparral). Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2.008 e 31/12/2.008: Art. 21 da Lei nº 8.981/1.995; Arts. 117,118,120,121, § 2º, 122 a 125, 128,129,131,132, 133, parágrafo único, 134,136,138 a 141, todos do RIR/99; Arts. 23 e 24 da Lei nº 9.250/1.995; Arts. 38 a 40 da Lei nº 11.196/2.005. 3. Cientificado do Auto de Infração em 31/10/2.012 (fl. 1.468), o contribuinte, por intermédio de seus representantes legais (fls. 1.530 a 1.532), apresentou, em 30/11/2.012, a impugnação de fls. 1.483 a 1.529, acompanhada dos documentos de fls. 1.530 a 2.025, alegando, em síntese, que: I DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1.996 Fl. 2839DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.838 5 3.1 o artigo 42 da Lei 9.430/1.996 atribui ao contribuinte o ônus de provar que os valores depositados em suas contas bancárias não representam renda tributável ou que foram objeto de tributação, prevendo que se não houver comprovação da origem dos recursos, com documentação hábil e idônea, ocorre o fato gerador do imposto, isto é, a Administração Tributária, com base em presunção legal, alega que o contribuinte omitiu receitas ou rendimentos e ainda lhe transfere o ônus da prova, postura não razoável e contrária ao ordenamento jurídico pátrio, vez que este consagra o princípio de que quem alega deve provar; 3.2 muito antes da Constituição Federal de 1.988 e do artigo 42 da Lei n° 9.430/1.996, a Súmula n° 182, de 01/10/1.985, do extinto Tribunal Federal de Recursos, já havia pacificado o entendimento de que é ilegítimo o lançamento do imposto de renda com base apenas em extratos ou depósitos bancários (reproduz a citada Súmula); 3.3 o uso das presunções legais relativas no Direito Tributário, como a do art. 42 da Lei nº 9.430/1.996, é inconstitucional e ilegítimo para impor obrigação tributária ao contribuinte, por contrariar os princípios da legalidade, da razoabilidade e da segurança jurídica; II DA ALEGAÇÃO DE QUE DEPÓSITO BANCÁRIO NÃO É RENDA NEM PROVENTOS 3.4 face ao disposto no art. 43 do Código Tributário Nacional (transcreve o referido artigo), os depósitos bancários não constituem renda nem proventos (reproduz Jurisprudência), não sendo razoável exigir que a pessoa física, não obrigada por lei a manter registro de suas movimentações financeiras, prove, de forma individualizada, a origem e natureza dos depósitos realizados em períodos de 36 (trinta e seis) meses e, ainda, depois de decorridos 5 (cinco) anos; 3.5 deste modo, ao apurar a base de cálculo do imposto de renda exclusivamente com base em extratos bancários, a Administração Pública desobedeceu ao princípio da razoabilidade, que, por isso, resultou em constituição do crédito tributário, por meio do auto de infração, em valor total de R$ 10.205.577,23, desproporcional à capacidade contributiva do impugnante, desobedecendo também o princípio da proporcionalidade; 3.6 não havendo razoabilidade nos critérios jurídicos adotados pela autoridade lançadora no exercício do lançamento, nem proporcionalidade entre o crédito Fl. 2840DF CARF MF 6 tributário apurado e a capacidade contributiva do impugnante, o auto de infração é inconstitucional e ilegal, portanto o lançamento deve ser julgado improcedente; III DA IMPROCEDÊNCIA E DA DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DO IRPF APURADO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS III.1 DA IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO IMPOSTO COM BASE NOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS, COM UTILIZAÇÃO DA TABELA PROGRESSIVA ANUAL 3.7 em consonância com os §§ 1º e 4º, do art. 42 da Lei nº 9.430/1.996 (reproduz os citados parágrafos), fica claro que o rendimento será considerado recebido no mês do crédito na conta bancária do contribuinte e tributado no mesmo mês, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira, isto é, com base na tabela progressiva do mês do crédito na conta bancária, sendo que, no Demonstrativo de Depósitos e Créditos Remanescentes (fls. 1.264 a 1.434) e no auto de infração (fls. 1.454 e 1.455), a autoridade lançadora seguiu os ditames da lei, apurando a base de cálculo do imposto mensalmente, todavia, no auto de infração, ao realizar o cálculo do imposto, não se vinculou ao comando legal do § 4o do artigo 42 da Lei n° 9.430/1.996 e aplicou a tabela progressiva anual (fls. 1.459, 1.460 e 1.461), quando deveria ter aplicado as tabelas mensais (menciona e reproduz Doutrina e Jurisprudência); 3.8 destarte, o lançamento padece de irregularidade insanável, visto que está em desacordo com o citado artigo 42, § 4o, e artigo 142 do CTN, não podendo ser modificado de ofício, o que implicaria alteração nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento, o que é vedado pelo artigo 146 do CTN; III.2 DA DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DO IMPOSTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS DOS MESES DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2.007 3.9 nos termos do art. 150 do CTN, o lançamento do Imposto de Renda é por homologação, posto que é homologado expressa ou tacitamente pela autoridade administrativa, uma vez que a Lei nº 7.713/1.988 atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento do imposto sem prévio exame da autoridade administrativa e, consoante determina o § 4º do citado artigo, se a lei não fixar prazo para a homologação, expressa ou tácita, será ele de cinco anos, a contar do fato gerador, considerando se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário se expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública tenha se pronunciado; Fl. 2841DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.839 7 3.10 a falta de pagamento antecipado do tributo não modifica a natureza do lançamento por homologação, porque a lei não exclui o dever do sujeito passivo de verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributaria, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido e efetuar o pagamento no prazo, que poderá ser conferido e homologado pelo sujeito ativo reproduz Jurisprudência); 3.11 o lançamento por homologação não é atingido pela decadência, porque ele ocorre inexoravelmente pela ação ou silêncio da autoridade administrativa, porém, é passível de decadência o lançamento de ofício, nos casos em que se constate omissão ou inexatidão do sujeito passivo no cumprimento do dever de "antecipar" o pagamento do tributo, e o prazo decadencial iniciase a partir da ocorrência do fato gerador, conforme regra do § 4o do artigo 150 do CTN; 3.12 assim sendo, mesmo que o lançamento não fosse improcedente com base nas alegações anteriores, o crédito tributário correspondente aos meses de janeiro a setembro de 2.007 estaria extinto pela decadência (art. 156, V do CTN); IV DA ILEGALIDADE DA MULTA QUALIFICADA DE 150% 3.13 a autoridade lançadora aplicou a multa qualificada porque, em seu entendimento, o impugnante tentou impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, agindo com intuito de fraudar o Fisco e que a situação verificada nos três anos calendário examinados constituise em prática reiterada de omissão de rendimentos, devendo ser observado que todos os valores extraídos exclusivamente de extratos bancários tiveram sua origem devidamente comprovada pelo impugnante durante a fiscalização, não havendo que se falar, portanto, em ação ou omissão dolosa; 3.14 mesmo se tivesse ocorrido falta de comprovação da origem dos recursos, ainda assim não haveria o dolo, porquanto a omissão de rendimentos com base em depósito bancários é uma ficção jurídica decorrente de uma presunção legal, como se depreende do enquadramento legal feito pelo Fisco no auto de infração; 3.15 o artigo 6o da Lei Complementar n° 105/2.001, embora inconstitucional, prevê que as informações referentes a contas de depósitos em instituições financeiras, Fl. 2842DF CARF MF 8 atendidas as condições legais, podem ser examinadas pelos agentes fiscais tributários, portanto, seria impossível ao impugnante impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, dos depósitos bancários, tendo o próprio contribuinte apresentado os seus extratos bancários à autoridade lançadora, o que prova ter agido de boa fé; 3.16 quanto à suposta omissão de ganhos de capital decorrentes de alienação em função de desapropriação de imóvel (Estância Chaparral), por meio dos históricos dos extratos bancários fornecidos pelo impugnante, a Fiscalização verificou que a Prefeitura Municipal de Araçatuba realizou transferências de recursos para sua conta bancária por meio de TED Transferência Eletrônica Disponível tendo o impugnante, logo depois, informado que havia sofrido desapropriação de imóvel (fl. 376), conforme escritura pública de desapropriação de imóvel (fls. 380 a 384), não sendo possível ao contribuinte, deste modo, impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da desapropriação registrada em escritura pública e de eventual fato gerador nela aferível, nem, tampouco, dos pagamentos feitos pelo órgão expropriante por meio de crédito em suas contas bancárias; 3.17 além de ser indevida a tributação dos valores recebidos a título de indenização por desapropriação (reproduz a Súmula CARF nº 42), é injusta e ilegal a aplicação da multa qualificada de 150%, porque a conduta do impugnante não se caracteriza como sonegação e, tampouco, como prática reiterada de infração à legislação tributária; 3.18 o art. 24 da IN SRF nº 84/2.001 (reproduz o citado artigo) não pode ser aplicado face à Súmula CARF nº 42, mas, mesmo que ele pudesse ser aplicado, há que se frisar que o impugnante sofreu uma única desapropriação, não podendo jamais ser acusado de prática reiterada de infração à legislação tributária, porque isso lhe seria impossível, pois se a alienação ocorreu na data em que se completou o pagamento integral da indenização, houve somente uma obrigação tributária principal, e o eventual descumprimento de uma única obrigação, absolutamente, não se configura em prática reiterada; 3.19 a fiscalização não provou a existência de dolo e nem poderia fazêlo, porque a exigência fiscal está baseada exclusivamente em extratos bancários de contas correntes e de poupança, todas em nome do impugnante, e em desapropriação de imóvel retratada em escritura pública, estando pacificado na jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que se houver simples Fl. 2843DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.840 9 omissão de receita ou de rendimentos, sem que haja comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo, não se pode qualificar a multa de ofício e, do mesmo modo, a apuração de omissão de receita ou de rendimento com base em presunção legal, por si só, não autoriza a qualificação da multa, conforme Súmulas CARF n°s 14 e 25 (transcreve as citadas Súmulas); 3.20 face ao princípio da legalidade ou da reserva legal, a prática reiterada de omissão de rendimentos, por si só, também não autoriza a qualificação da multa de ofício, porque não esta incluída entre as hipóteses dos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/1.964; 3.21 há que se frisar, por fim, que, por meio da Súmula CARF n° 34, também está pacificado o entendimento de que, no caso de apuração de receita ou rendimentos decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada, somente é cabível a qualificação da multa quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas (reproduz a citada Súmula) e, ex contrario sensu, quando a movimentação de recursos estiver em contas bancárias do verdadeiro titular e se julgar procedente o lançamento do imposto, a qualificação da multa não pode subsistir; V DA COMPROVAÇÃO DE QUE O IMPUGNANTE EXERCE A ATIVIDADE DE INTERMEDIAÇÃO NA VENDA E COMPRA DE BOVINOS 3.22 intimado para esclarecer a origem dos depósitos bancários, o impugnante informou ao Fisco que, durante o período fiscalizado (2.007 a 2.009), exerceu a atividade de comprador de bovinos para vários frigoríficos (fls. 376 e 377), que lhe pagavam comissão e que foram emitidas as notas fiscais pela sua firma individual Ricardo Ulpiano dos Santos Viol, CNPJ 07.564.900/000160, estabelecida na rua Campos Sales, n° 106, em Araçatuba SP, devidamente declaradas à Receita Federal do Brasil, esclarecendo, ainda, que a compra de bovinos envolvia situações difíceis e complexas que, para viabilizála, na maioria das vezes, o comprador de bovinos (os frigoríficos) pagavam um sinal e/ou adiantamento ao vendedor dos bovinos para garantir a transação, mas esses pagamentos eram depositados em conta corrente ou de poupança do impugnante, observandose que essas compras eram realizadas num espaço de tempo de aproximadamente 30 (trinta) dias entre a negociação de compra e o abate, circunstâncias em que o impugnante tornavase envolvido pelo adiantamento que realizara e posteriormente era ressarcido, originando os Fl. 2844DF CARF MF 10 recursos creditados e/ou depositados em suas contas correntes e de poupança; 3.23 na análise dos extratos bancários, a autoridade lançadora não considerou o seu ofício (prestador de serviços de intermediação de compra e venda e bovinos), sendo compreensivo que não tenha reconhecido o nexo causal dos recursos transitados em suas contas, ou seja, que pertenciam a terceiros, seus clientes e, assim, anexo à impugnação, o contribuinte apresenta provas incontestáveis de que é prestador de serviços a empresas frigoríficas e agropecuaristas (notas de nºs 1 a 288, do período de 05/10/2.005 a 31/12/2.009); 3.24 por intermediar a compra e venda de bovinos, o impugnante sempre gozou da confiança dos frigoríficos e dos agropecuaristas, e, por isso, era normal que eles depositassem valores em suas contas bancárias, mesmo sem a existência de contratos escritos, sendo que os depósitos realizados por frigoríficos eram repassados aos clientes do impugnante ou utilizados para pagamento de seus compromissos e os agropecuaristas, por sua vez, efetuaram depósitos em suas contas, cujos recursos eram utilizados para quitar compromissos dos depositantes e o saldo lhes eram restituídos, como está comprovado, de forma individualizada, na planilha anexa a esta impugnação, denominada “demonstrativo de depósitos e créditos bancários de origem comprovada”; 3.25 está fartamente provado com notas emitidas pela firma individual Ricardo Ulpiano dos Santos, com descrição dos serviços no corpo das notas fiscais de intermediação de compra de bovinos, que o impugnante é representante habilitado para intermediação da compra de bovinos para abate em várias empresas e frigoríficos, notas fiscais essas escrituradas em seus livros fiscais, tendo sido cumpridas todas as obrigações fiscais e tributárias; 3.26 pelo hábito, e obviamente, por ter sua atividade no meio rural e não urbano, seus clientes lhe pediam para pagar desde uma diária de funcionário até a compra de gado magro de maior volume de numerários, e os cumpriam sempre em espécie, ou cheque nominativo a ele próprio, o que está provado com os inúmeros cheques discriminados nos extratos examinados pelo Fisco (fls. 47 a 312, 1001 a 1003), sendo que todos os comprovantes desses pagamentos eram enviados a ele, contribuinte, como meio de prova, bem como para atendimento das exigências fiscais, inclusive escrituração de livros fiscais obrigatórios (Livro Caixa); 3.27 deste modo, todos os comprovantes dos pagamentos relativos a seus clientes foram arquivados e/ou escriturados por eles, e, como esses pagamentos, Fl. 2845DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.841 11 representados por boletos, notas fiscais, duplicatas, recibos etc, foram efetuados em dinheiro, não é possível provar que o foram com recursos sacados de suas contas bancárias, motivo pelo qual solicitou aos seus clientes que assinassem as declarações, com firma reconhecida, atestando que transferiram ou depositaram recursos em suas contas, para honrar compromissos dos próprios e, eventualmente, o excedente era devolvido em espécie, ou em suas próprias contas; 3.28 através das notas fiscais de intermediação de compra e venda de bovinos, emitidas pela firma individual Ricardo Ulpiano dos Santos Viol às empresas frigoríficas compradoras de bovinos e aos agropecuaristas, vendedores de bovinos, comprovase que o impugnante exerce atividade de comprador de boi para abate, ou seja, é prestador de serviços, e que as legítimas declarações, todas com firma reconhecida, também comprovam que os recursos depositados ou creditados em suas contas bancárias, pertencem a terceiros e que apenas transitaram por suas contas. 3.29 esclarece, por fim, que tais serviços, de administrar recursos de seus clientes (pagar contas e honrar compromissos), eram prestados gratuitamente, porque o impugnante sempre teve como escopo preservar e tornar fiéis os clientes agropecuaristas (vendedor de bovinos) em sua carteira; VI DA DESCRIÇÃO DOS FATOS E DOCUMENTOS QUE PROVAM A ORIGEM E A NATUREZA DOS RECURSOS E DETERMINAM SUA EXCLUSÃO DA TRIBUTAÇÃO 3.30 a comprovação individualizada da origem dos 725 depósitos ou créditos listados na planilha anexa ao auto de infração, com totalização mensal e anual (fls. 1.264 a 1.434), consta de planilha anexa a esta impugnação, em que se reproduz os dados da planilha elaborada pela autoridade lançadora, com a indicação da origem e respectivas provas na coluna intitulada "origem dos recursos e descrição dos fatos e docs que provam sua natureza e determinam sua exclusão da tributação”, o que impõe a conclusão da Autoridade Julgadora, no sentido de que os valores dos depósitos e créditos em contas do impugnante não são representativos de rendas ou proventos, mas sim, de recursos de terceiros, a quem ele prestava serviços de intermediação na compra e venda de bovinos; Fl. 2846DF CARF MF 12 VII DA NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO 3.31 no auto de infração o Fisco considerou como omissão de ganhos capital os valores recebidos a título de indenização por desapropriaçãodo imóvel denominado Estância Chaparral e, diante da profusão de decisões administrativas e judiciais, no sentido de considerar isenta de tributação a indenização recebida em decorrência de desapropriação amigável ou judicial, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF aprovou a Súmula CARF nº 42, com o mesmo teor, e, deste modo, o lançamento carece de fundamento jurídico, devendo ser cancelado; VIII DAS ALEGAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO E SUAS INCONSISTÊNCIAS 3.32 nos itens 4 e 5 do Termo de Verificação de Infração Fiscal, a autoridade lançadora concluiu que as alegações do impugnante, durante a fiscalização, não se sustentam e não podem prosperar (fls. 1.441 a 1.444); 3.33 o impugnante não se limitou a esclarecer que exerce, desde 2.005, a atividade de comprador de bovinos para diversos frigoríficos, mediante recebimentos de comissão, que foram contabilizados na firma individual Ricardo Ulpiano dos Santos Viol, CNPJ 07.564.900/000160, apresentando os livros caixa dos anos de 2.007, 2.008 e 2.009 (fls 676 a 706), em que existem registros de dezenas de notas fiscais, todas emitidas pela citada firma individual, relativas a prestação de serviços de intermediação na compra de bovinos, bem como as declarações de IRPJ da mesma firma individual, que a fiscalização poderia ter consultado em seus sistemas e verificado que o impugnante declarou receitas de prestação de serviços tributadas pelo lucro presumido; 3.34 por várias vezes a autoridade lançadora verificou que o impugnante apresentou várias declarações particulares, assinadas por representantes de frigoríficos e por agropecuaristas, seus clientes, todas assinadas e com firma reconhecida, portanto válidas, tendo os frigoríficos declarado que depositaram recursos em contas do impugnante para que este os repassasse aos vendedores de bovinos e os agropecuaristas, por sua vez, declararam que depositaram recursos em contas do impugnante, para pagamento de suas contas e que os valores não utilizados lhes foram restituídos; 3.35 as várias declarações apresentadas não são genéricas como concluiu a autoridade lançadora; ao contrário, elas têm conteúdo dispositivo, porque discriminam as datas e os Fl. 2847DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.842 13 valores em que os recursos foram depositados nas contas bancárias do impugnante, mediante referência da "planilha anexa" e com anotação, no canto inferior esquerdo, dos números da planilha em que se pode identificar as datas e os valores depositados; 3.36 o teor das declarações é parecido, e não poderia ser diferente, porque todas se referem ao mesmo fato, isto é, à atividade do impugnante, de prestador de serviços de intermediação de compra e venda de bovinos entre frigoríficos e agropecuaristas, seus clientes, que depositaram recursos em suas contas bancárias, para lhes honrar os compromissos e o saldo lhes era devolvido em espécie ou depósito em conta; 3.37 entre as várias declarações, somente cinco contêm informações manuscritas, inseridas pelos próprios declarantes, e quatro dessas inserções referemse a local e data, sendo que a única que faz referência a valor é a de Paulo Cesar Fonseca de Andrade, à fl. 984 (na peça impugnatória, às fls. 1.521 e 1.522, o impugnante apresenta relação das declarações, com indicação das folhas do processo digital, nome do declarante e as referências quanto à parte dispositiva das declarações); 3.38 ao contrário do que destacou a autoridade lançadora, a declaração particular e com firma reconhecida é um documento e seu valor probante não depende de nenhum outro documento, muito menos de escrituração contábil, ainda mais no presente caso, em que o impugnante e as pessoas físicas que prestaram as declarações não estão obrigados, por lei, a esse tipo de escrituração, exigindo a lei a escrituração contábil para as pessoas jurídicas sujeitas a apuração do lucro real; 3.39 os dispositivos legais citados no auto de infração para infirmar as declarações prestadas por frigoríficos e diversos clientes do impugnante artigo 219 do Código Civil e artigo 368 do Código de Processo Civil, conferem validade às declarações constantes do documento particular assinado (reproduz os citados dispositivos legais, bem como Doutrina e Jurisprudência); 3.40 concluise que as declarações apresentadas pelo impugnante são dispositivas, pois se referem a dados essenciais: o declarante informa que realizou depósitos em contas bancárias do impugnante e especifica as datas e valores, noticiando, ainda, que os depósitos destinaram – se ao pagamento de seus compromissos e que o saldo lhe foi restituído; Fl. 2848DF CARF MF 14 3.41 a autoridade lançadora alega que consultou nos sistemas da Receita Federal do Brasil as declarações de ajuste anual dos clientes do impugnante e constatou que mais de uma dessas pessoas não exploram atividade agropecuária, não mencionando os nomes dessas pessoas por conta do sigilo fiscal, e, sem conhecer os nomes de "mais de uma pessoa", o impugnante fica cerceado no exercício do seu direito ao contraditório e a ampla defesa, assegurado pelo inciso LV do artigo 5o da Constituição Federal de 1.988; 3.42 o Fisco não considerou as declarações de "mais de uma pessoa" porque não teriam declarado explorar a atividade agropecuária, e, se autocontrariando, não considerou a declaração de uma pessoa que, além de explorar a atividade agropecuária, é proprietário de imóveis rurais com área superior a 17 mil hectares e vendeu para frigoríficos em determinado ano mais de 4000 cabeças de gado, devendo ser frisado que, o fato de alguém ser um grande agropecuarista, não o impede de contratar os serviços de terceiros para realizar operações de compra e venda de bovinos, ou para lhe prestar serviços de administração de recursos financeiros; 3.43 o impugnante apresentou cópia de vários comprovantes de depósitos em nome de terceiros, seus clientes (fls. 887 a 906, 908 e 1.151), e que informou nas duas últimas colunas que se referem a recursos utilizados pra saldar compromissos do depositante (nome do favorecido que aparece no comprovante de depósito), e parte devolvida em moeda corrente, e, embora figurando nesses comprovantes, como depositante, o próprio favorecido (quando não se identifica no comprovante de depósito o nome do depositante, o banco considera como depositante o próprio favorecido), quem, de fato, realizou os depósitos foi o impugnante, e representam restituição de recursos depositados em suas contas por seus clientes; 3.44 nos negócios entre agropecuaristas e o impugnante sempre prevaleceu a confiança recíproca; assim eles depositavam recursos em nome do impugnante e este pagava seus compromissos e lhes devolvia o restante em espécie ou mediante depósito em conta corrente; 3.45 ao final do item 5, a autoridade lançadora consignou ter intimado um dos clientes do impugnante, o Senhor Rezek Nametalla Rezek, e que este informou que os valores transferidos para as contas bancárias do impugnante por meio de TEDs "são frutos de pagamentos de empréstimos", isto é, o Senhor Rezek Nametalla Rezek teria devolvido valores anteriormente emprestados pelo impugnante (à fl. 1.527, o impugnante discrimina tais valores), reafirmando o recorrente que esses valores foram transferidos para sua Fl. 2849DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.843 15 conta pela citada pessoa, por conta de sua atividade agropecuária dos anos anteriores a 2.007 e que foram utilizados pelo impugnante para saldar compromissos do proprietário dos recursos e, tanto isso é verdade, que, em depoimento prestado em Juízo, Rezek Nametala Rezek, declarou categoricamente: "Nunca tomei dinheiro emprestado de Ricardo", conforme cópia anexa de folha do processo 1.125/10; 3.46 a autoridade lançadora não considerou as alegações e provas apresentadas pelo impugnante, e, do mesmo modo, não considerou as informações e provas que ela própria colheu perante terceiros, porque isso a impediria de realizar o lançamento e se o Fisco, no Termo de Verificação Fiscal, considerou que alguns depósitos bancários são frutos de devolução de empréstimo, não deveria têlos computado como omissão de rendimentos; 3.47 a presunção legal criada pelo art. 42 da Lei 9.430/1.996 é relativa, júris tantum, mas foi transformada pela autoridade lançadora em absoluta juris et de jure, visto que não aceitou nem mesmo informações de terceiros, prestadas mediante intimação, porque, se consideradas, não dariam azo para o lançamento, concluindose que as provas apresentadas pelo impugnante e as colhidas pela autoridade lançadora evidenciam que os recursos transferidos para as contas do impugnante não são rendas ou proventos, sendo imperioso o cancelamento da exigência fiscal; IX DO PEDIDO 3.48 face aos motivos de fato e de direito acima expostos, requer o impugnante seja a presente impugnação conhecida e provida, e que seja julgada improcedente a exigência fiscal arquivandose o processo digital. Protesta, ainda, pela juntada de documentos e outros meios de prova admitidos em direito. 2 Apresentada a Impugnação de fls. 1483 a 1529, a 17ª Turma da DRJ/SP1, sessão de 30/01/2013, por meio do Acórdão 1643.374 manteve em parte a exigência fiscal (fls. 2040 a 2078). Interposto recurso voluntário ao CARF (fls. 2089 a 2357), sobreveio a Resolução nº 2101000.196 da extinta 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária do CARF, que resolveu, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência (fls. 2374 a 2378) nos seguintes termos: "Tendo em vista que o recorrente alegou a prejudicial de cerceamento do direito de defesa porque a autoridade fiscal Fl. 2850DF CARF MF 16 teria feito diligências que resultaram em informações divergentes sobre a origem dos depósitos bancários lançados, cujos documentos ou informações não constam dos autos, e que influenciaram na autuação, fazse necessário que a autoridade fiscal junte aos autos os documentos relativos às diligências efetuadas e que embasaram o auto. Tais informações referemse aos depositantes dos recursos na conta do recorrente denominados pela autoridade fiscal como "mais de uma pessoa", conforme item 8 do relatório. Mais ainda, o recorrente informa que dos documentos apresentados notas fiscais e outros, podese inferir o ganho de R$ 7,00 como comissão por cabeça de gado vendido. A autoridade fiscal deverá: a)juntar aos autos os resultados das diligências que possibilitaram a inferência relatada no item 8 acima, b) analisar a alegação do contribuinte a respeito da possibilidade de se concluir um ganho de R$ 7,00 por cabeça de gado vendida, e c) apresentar termo com os resultados da diligência, com ciência ao contribuinte que, se desejar, poderá se manifestar em até 30 dias." 3 Depois de realizada a diligência (fls. 2396 a 2402) e apresentada a manifestação do recorrente (fls. 2405 a 2414), a 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária do CARF, em Sessão de 17/08/2016, por meio do Acórdão nº 2401004.477, decidiu, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para anular a decisão de primeira instância, com a seguinte ementa (fls. 2418 a 2429): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DECISÃO RECORRIDA NULA. Considerase nula por supressão de instância julgadora a decisão recorrida que se absteve de analisar justificativas e documentos importantes para a lide, que foram juntados pelo contribuinte na impugnação. Decisão Recorrida Nula. 4 Logo após essa decisão houve a oposição de embargos de declaração por parte da PGFN às fls. 2.431/2.436 alegando em síntese vícios no acórdão, no qual foram rejeitados pela decisão de fls. 2.439/2.443. 5 – Com o retorno dos autos à DRJ, houve um segundo julgamento em que se decidiu pela procedência em parte a impugnação do contribuinte de acordo com decisão abaixo ementada: Fl. 2851DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.844 17 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2007,2008,2009 DA ALEGAÇÃO DE IMPROCEDÊNCIA DA MULTA QUALIFICADA. DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA E DA OMISSÃO DOS GANHOS DE CAPITAL DECORRENTES DA DESAPROPRIAÇÃO DE BEM IMÓVEL. A aplicação da multa de ofício decorre de expressa previsão legal, tendo natureza de penalidade por descumprimento da obrigação tributária, e havendo enorme discrepância entre os vultosos créditos efetuados, nos anoscalendário 2.007, 2.008 e 2.009, nas contas bancárias do contribuinte e os rendimentos por ele informados nas respectivas declarações de ajuste anuais do Imposto de Renda Pessoa Física, e verificada a prática reiterada dessa omissão durante esses três anoscalendário consecutivos, fica plenamente fundamentada e justificada a aplicação da multa de ofício qualificada, no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), uma vez constatada a conduta dolosa do contribuinte, no sentido de tentar impedir o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador do imposto, ou de eximirse, total ou parcialmente, do pagamento de tributo. No que concerne à omissão de ganhos de capital decorrentes da indenização por desapropriação de bem imóvel, a multa qualificada de 150% não pode subsistir, visto não se configurarem as circunstâncias legais para sua caracterização PRELIMINAR. DA IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO IMPOSTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS, COM UTILIZAÇÃO DA TABELA PROGRESSIVA ANUAL. No caso de apuração de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, o fato gerador do Imposto de Renda Pessoa Física é complexivo com período anual e consubstanciase em 31 de dezembro do correspondente anocalendário, submetendose os rendimentos omitidos ao ajuste na declaração anual. Preliminar rejeitada PRELIMINAR. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO DO IMPOSTO RELATIVO AOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DOS MESES DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2.007. Configurado, no presente caso, o dolo, consistente na tentativa do contribuinte de evitar o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador do imposto ou de eximirse, total ou parcialmente, do pagamento de tributo, o prazo para que a Fazenda Nacional exerça o direito da constituição do crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 2852DF CARF MF 18 ter sido efetuado, observandose que, nos casos de apuração de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, o fato gerador do Imposto de Renda Pessoa Física é complexivo com período anual e consubstancia se em 31 de dezembro do correspondente anocalendário. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Pelos elementos constantes dos autos, fica sem fundamento a alegação de cerceamento do direito de defesa, na medida em que o processo em análise, até o presente momento, caracterizouse pelo cumprimento de todas as fases e prazos processuais dispostos no Processo Administrativo Fiscal e o interessado, ciente dos depósitos bancários que lastrearam a presente ação fiscal, teve, tanto na fase de autuação, regida pelo princípio inquisitório, quanto na interposição da impugnação, que inaugurou a fase do contraditório, amplo direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, tendo oportunidade de carrear aos autos elementos/comprovantes no sentido de tentar ilidir, parcial ou totalmente, a tributação em análise. Preliminar rejeitada DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular e/ou o cotitular das contas bancárias ou o real beneficiário dos depósitos, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. Uma vez não constar dos autos comprovação de que os depósitos efetuados nas contas bancárias do contribuinte correspondem a recursos de terceiros para a realização de operações de compra de bovinos ou pagamentos destinados a cobrir dispêndios decorrentes da prestação de serviços por parte do interessado, e não havendo, destarte, elementos que demonstrem não ser o contribuinte o real beneficiário desses depósitos bancários, deve ser mantida a omissão de rendimentos em análise. AUTUAÇÃO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. Não pode ser inquinado pela alegação de violação aos princípios da proporcionalidade e da capacidade contributiva o lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Física que atendeu aos preceitos legalmente estabelecidos e exigiu tributo resultante da constatação de omissão de rendimentos e de ganho de capital, bem como impôs, com base na constatação de dolo em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, multa qualificada de 150%, que apresentou como base de cálculo os correspondentes impostos apurados. No que tange, ainda, à invocação da figura do confisco, refoge à competência da Autoridade Administrativa a apreciação e a decisão de questões que versem sobre a constitucionalidade de atos legais, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Fl. 2853DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.845 19 Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL RURAL. Nos termos da legislação vigente, é tributável o ganho de capital decorrente de indenização por desapropriação de bem imóvel, não possuindo a Súmula CARF nº 42 efeito vinculante em relação à administração tributária federal. DO PEDIDO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS E OUTROS MEIOS DE PROVA ADMITIDOS EM DIREITO. Uma vez que, consoante Termo de Análise de Solicitação de Juntada, elaborado pela Delegacia de origem, foram aceitos pelo Fisco, não só os documentos correspondentes à impugnação, como também aqueles apresentados em anexo à peça impugnatória, e não tendo o contribuinte, até a data do presente julgamento, carreado aos autos nenhum novo elemento, fica prejudicado, por falta de objeto, o pedido de juntada de documentos e outros meios de prova admitidos em direito. 6 – Seguiuse Recurso Voluntário (fls. 2.566/2.833) interposto pelo contribuinte em face da decisão de piso, pedindo para que seja cancelada a autuação. Sendo o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 07 – Conheço do recurso por estar presentes as condições de admissibilidade. 08 O presente caso envolve em sua maior parte a apuração de omissão de rendimento por depósitos bancários derivado do art. 42 da Lei 9.430/96 e ganho de capital de imóvel desapropriado. 09 Em sua impugnação de fls. 1.483/1.529 contendo 48 folhas e complementado pela planilha denominada de "Demonstrativo de Depósitos e Créditos Bancários de Origem Comprovada de fls. 1.932/2.025 com cerca de 94 folhas, o contribuinte se defendeu do lançamento do crédito tributário, sendo que a decisão foi totalmente analisada Fl. 2854DF CARF MF 20 item a item pela decisão de piso de fls. 2.459/2.554 com cerca de 97 folhas contendo o item e a análise do julgador de piso em relação à planilha de fls. 1.932/2.025 juntada pelo contribuinte. 10 O contribuinte em seu apelo de fls. 2.566/2.833com cerca de 269 folhas traz muitos argumentos, contudo não concatenados com a precisão identificada pela decisão de piso que analisou mais de 600 (seiscentos) depósitos indicados pelo contribuinte, inclusive inova em inúmeros temas não levados em consideração à DRJ e portanto não analisados. 11 Início a análise recursal seguindo a ordem dos argumentos colocados pelo contribuinte, havendo duas preliminares aventadas. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 42 DA LEI 9.430/96 12 Não conheço do argumento e aplico os termos da Súmula 02 do CARF não havendo necessidade de maiores digressões quanto ao tema, restando afastada tal preliminar: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária DEPÓSITO BANCÁRIO NÃO É RENDA NEM PROVENTOS 13 – Nesse ponto adoto as mesmas razões do item anterior e não conheço do argumento, pois o pano de fundo e razões do contribuinte estão fundamentadas na inconstitucionalidade conforme destacado abaixo, restando afastada tal preliminar com a aplicação da súmula nº 02 do E. CARF. “Não havendo razoabilidade nos critérios jurídicos adotados pela autoridade lançadora no exercício do lançamento, nem proporcionalidade entre o crédito tributário apurado e a capacidade contributiva do recorrente, o auto de infração é inconstitucional e ilegal, portanto o lançamento deve ser julgado improcedente.” Grifei MÉRITO NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO Fl. 2855DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.846 21 14 – Quanto a esse ponto a decisão da DRJ tomou como razões de decidir o seguinte: 125. O impugnante propugna pela improcedência da tributação, como omissão de ganhos de capital, de valores recebidos a título de indenização por desapropriação do imóvel denominado Estância Chaparral, uma vez que, diante da profusão de decisões administrativas e judiciais, no sentido de considerar isenta de tributação a indenização recebida em decorrência de desapropriação amigável ou judicial, o Conselho Administrativo de Recursos FiscaisCARF aprovou a Súmula CARF nº 42, com o mesmo teor, devendo, deste modo, ser cancelado o lançamento, por falta de fundamento jurídico. 126. A Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CRF nº 42 mencionada pelo impugnante reza que: Súmula CARF nº 42 “Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação.” 127. Muito embora a citada Súmula externe o entendimento da isenção de tributação sobre valores recebidos a título de indenização por desapropriação, ela não está relacionada na Portaria nº 383/MF, de 12/07/2.010, entre aquelas Súmulas que possuem efeito vinculante em relação à administração tributária federal. 128. Assim, na ausência de efeito administrativo vinculante, as decisões administrativas e judiciais que consideram isentas as indenizações decorrentes de desapropriação aplicamse, tão somente, às partes envolvidas nos litígios específicos, não abrangendo terceiros, já que não fazem parte da legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do CTN e da Emenda Constitucional nº 45/2.004, abaixo transcritos: (Grifei) 15 No presente caso, merece reparo a r. decisão a quo e portanto dou provimento ao recurso para aplicar os termos da súmula nº 42 do CARF que tem natureza vinculante, para excluir do lançamento o crédito tributário derivado da apuração do ganho de capital, que segue: Súmula CARF nº 42 Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. Fl. 2856DF CARF MF 22 (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). 16 As razões de decidir por parte da DRJ para não afastar o lançamento nesse tópico é apenas quanto a falta de vinculação das Súmulas do CARF quanto a esse ponto, sendo que é incontroverso o fato de ter ocorrido a desapropriação do imóvel do contribuinte e recebido o valor do Município de Araçatuba em decorrência desse episódio. Portanto dou provimento ao recurso nessa parte. 17 Os argumentos recursais dispostos nos itens "6ALEGAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO E SUAS INCONSISTÊNCIAS; 7 COMPROVAÇÃO DE QUE O RECORRENTE EXERCE A ATIVIDADE DE INTERMEDIAÇÃO NA VENDA E COMPRA DE BOVINOS, 14 COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA DA ORIGEM DOS RECURSOS CREDITADOS NAS CONTAS BANCÁRIAS DO RECORRENTE" serão julgados em conjunto com o mérito, posto que foram objeto de discussão desde a impugnação do contribuinte. 18 Quanto ao mérito, entendo que o julgador não está obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos deduzidos pelo recorrente, basta apreciar com clareza, ainda que de forma sucinta, as questões essenciais ao julgamento, sendo que nem mesmo no Judiciário essa premissa é real, sendo que a Primeira Seção do STJ no EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585) assim decidiu aplicando o NCPC, verbis: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL. AUSÊNCIA. 1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do CPC, destinamse a suprir omissão, afastar obscuridade, eliminar contradição ou corrigir erro material existente no julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida. 3. No caso, entendeuse pela ocorrência de litispendência entre o presente mandamus e a ação ordinária n. 0027812 80.2013.4.01.3400, com base em jurisprudência desta Corte Superior acerca da possibilidade de litispendência entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião em que as Fl. 2857DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.847 23 ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas. 4. Percebese, pois, que o embargante maneja os presentes aclaratórios em virtude, tão somente, de seu inconformismo com a decisão ora atacada, não se divisando, na hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art. 1.022 do Código de Processo Civil, a inquinar tal decisum. 5. Embargos de declaração rejeitados. 19 Portanto, a teor do artigo 29 do Decreto do PAF o julgador deve apreciar livremente as provas e os argumentos das partes e tem a livre convicção de julgar desde que de forma fundamentada. Somente a inexistência de exame de algum argumento apresentado pelo contribuinte, na fase impugnatória, cuja aceitação ou não implicaria no rumo da decisão a ser dada ao caso concreto é que acarreta cerceamento do direito de defesa do impugnante ou o acréscimo de algum argumento que acarretasse mudança radical na decisão é que constituiria nulidade da decisão singular, contudo, não vejo isso ocorrer no caso concreto. 20 O contribuinte não nega em nenhum momento que houve os depósitos em sua conta corrente, apenas traz razões argumentativas que na análise desse relator em nada auxilia para afastar a presunção legal contida nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96 cujo ônus da prova é do contribuinte para elidila, sendo que o ponto nodal da discussão se atem a esse ponto, não havendo maiores necessidades de digressões para a solução do assunto. 21 Traz argumentos em determinados itens já devidamente analisados pela decisão de piso um a um quanto a todos os seus argumentos inclusive quanto as alegações de que muitos dos depósitos serem de terceiros, em vista de sua atividade profissional, contudo, sem nenhum tipo de comprovação concreta, de acordo com as razões do voto do acórdão recorrido que adoto como razões de decidir nesses itens. 22 – Ocorre que estamos diante das disposições do art. 42 da Lei 9.430/96 que são claras no sentido de prever que a identificação de depósitos bancários, de origem não comprovada pelo contribuinte, autoriza a Administração Tributária a constituir créditos tributários de Imposto de Renda, incidente sobre o valor total dos depósitos, configurada a presunção legal de omissão de rendimentos: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 2858DF CARF MF 24 23 Nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96, há de se ter em mente que o legislador, ao estabelecer a presunção de existência de receitas ou rendimentos omitidos a partir da apuração de depósitos de origem não identificada, oportuniza ao titular da conta em que encontrados os valores, a demonstração da sua procedência, mediante documentação hábil e idônea, o que evidencia tratarse de presunção legal relativa. 24 Serve a presunção, assim, unicamente como técnica para aliviar o ônus probatório do fisco quanto à existência de receitas ou rendimentos omitidos, tornando praticável e garantindo a efetividade da legislação tributária, portanto, não há nenhuma ilegalidade quanto a questão arguida pelo recorrente em relação à não configuração de rendimento tributável. Portanto nada a prover nesse ponto. 25 Como se vê, o lançamento não é decorrente da simples transcrição dos extratos bancários, mas de criterioso e diligente trabalho investigativo efetuado pela autoridade fiscal, que intimou e reintimou a contribuinte a apresentar os extratos de suas contas bancárias e a documentação comprobatória da origem dos recursos depositados. 26 Como se pode inferir, o dispositivo legal que embasou o lançamento (Lei n° 9.430/1996), ao mesmo tempo em que define que a responsabilidade do fisco é tãosomente a de evidenciar a existência de depósitos bancários com origem não comprovada, determina que cabe ao contribuinte, para afastar a presunção, justificar, de forma minudente e individualizada, e por meio de documentos hábeis, os ingressos em suas contas bancárias. 27 Ora, diante deste quadro legal, há que se reconhecer que a autoridade lançadora nada mais fez que subordinarse à lei: apenas aquilo que restou individualizadamente comprovado acabou acatado. 28 É assim que a alegação da contribuinte de que valores incluídos em suas contas bancárias representariam quantias depois repassadas a terceiros, em razão da intermediação de negócios com bovinos, não pode ser acatada pelo simples fato de que não está acompanhada de documentos que, de forma individualizada, identifique que depósito bancário está associado a que negócio em nome de terceiro. Tratase de meras alegações sem qualquer valor probante. Sem a prova específica, a presunção legal de omissão de rendimentos permanece incólume, sendo que a decisão da DRJ ao analisar uma a uma as justificou sendo que as razões levantadas pelo contribuinte em nada modificam os fundamentos adotados na decisão recorrida. 29 Ressaltase que em se tratando de omissão de rendimentos, decorrente de depósitos bancários não justificados, o ônus da prova é do contribuinte. É necessário, portanto, que a impugnante apresente provas irrefutáveis que permita identificar o efetivo ingresso dos recursos a fim de serem excluídos do montante apurado. Fl. 2859DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.848 25 30 Dos créditos apurados foram descontados os correspondentes aos que o contribuinte conseguiu comprovar na fase de fiscalização, sendo que a diferença, não comprovada pela contribuinte, após intimada e reintimada, com todo o empenho da autoridade fiscal, foi lançada, conforme determinação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996. 31 Portanto, de acordo com os termos do TVF de fls. 1.438/1440: Fl. 2860DF CARF MF 26 Fl. 2861DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.849 27 32 E finaliza às fls. 1.445: 33 Os fatos indicados no TVF acima, são importantes, pois no caso desse tipo de lançamento, a atitude do contribuinte durante a fase de fiscalização é crucial para o deslinde do julgamento. No caso o contribuinte juntou provas apenas na fase de defesa e portanto caberia ao mesmo o ônus da prova na forma do art. 42 da Lei 9.430/96 uma vez que por conta da leitura do caput revela que o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos quando o contribuinte, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos depositados em contas de depósitos ou de investimentos. 34 Assim, o deslinde da controvérsia passa, necessariamente, pelo entendimento do que seja comprovar “a origem dos recursos utilizados nessas operações”, condição necessária para desfazer a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovada. Fl. 2862DF CARF MF 28 35 A Fiscalização, em regra, interpreta o vocábulo “origem” de maneira abrangente, entendendo que a origem abarca a necessidade de se comprovar também a causa ou motivação da operação, sendo irrelevante o aspecto temporal da comprovação. 36 Assim, seja na fase anterior à autuação, seja na fase do contencioso administrativo, não bastaria comprovar a mera origem dos depósitos bancários, com informação de quem seria o depositante e a motivação abstrata do depósito, mas seria necessário, ainda, comprovar, documentalmente, tanto quem fez o depósito bancário, quanto a motivação da operação, para então ser afastada a presunção legal. 37 A jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF vem entendendo, no entanto, que na fase do procedimento fiscal, antes da constituição do crédito tributário, basta a comprovação da origem dos depósitos bancários, sem necessidade de comprovação da motivação da operação. 38 Nessa linha de raciocínio, caberia à Autoridade fiscal, após a comprovação da origem dos depósitos bancários, submeter os valores depositados às normas de tributação específicas, na forma prevista no § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 (Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos). Nesse sentido o seguinte precedente no Ac. 9202007.233 da CSRF j. 27/09/2018 Rela. I. Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. MOMENTO. Comprovada a origem dos depósitos bancários no curso do procedimento fiscal, ou seja, antes da constituição do crédito tributário, caberá à Fiscalização aprofundar a investigação para submetêlos, se for o caso, às normas previstas no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente é elidida com a comprovação, inequívoca, de que os valores depositados não são tributáveis. (Grifei) Fl. 2863DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.850 29 39 Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente seria elidida se ele comprovasse, também, que os valores não eram tributáveis. 40 Em outras palavras: transposta a fase da autuação, sem comprovação da origem dos depósitos bancários, os contribuintes deveriam sofrer o ônus da presunção legal, a qual somente poderia ser afastada se o contribuinte comprovasse, iniludivelmente, que os depósitos bancários têm origem em eventos fora do campo da tributação do imposto de renda. 41 Nesse sentido, o seguinte precedente: COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS TRAZIDA NA FASE DA IMPUGNAÇÃO OU RECURSO VOLUNTÁRIO – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA CAUSA OU NATUREZA DOS DEPÓSITOS E DA EVENTUAL TRIBUTAÇÃO DESSES VALORES INEXISTÊNCIA – HIGIDEZ DA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA PELOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS Caso o contribuinte faça a prova da origem dos depósitos após a fase da autuação, ou seja, na impugnação ou no recurso voluntário, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96 somente será afastada se o contribuinte comprovar que os depósitos não deveriam ser ordinariamente tributados, pois, na fase recursal, a autoridade autuante não poderá efetuar a reclassificação dos rendimentos, como determinado pelo art. 42, § 2º, da Lei nº 9.430/96. Transposta a fase da autuação, sem comprovação da origem dos depósitos bancários, o contribuinte deve sofrer o ônus da presunção legal, a qual somente poderá ser afastada se o contribuinte comprovar, iniludivelmente, que os depósitos bancários têm origem em eventos fora do campo da tributação do imposto de renda. Recurso voluntário negado. (Acórdão nº 10617.093, da extinta Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, de 8 de outubro de 2008). 42 A razão deste entendimento é óbvia: a possibilidade de comprovação exclusiva da origem na fase contenciosa tornaria inócua a presunção legal do art. 42 da Lei nº Fl. 2864DF CARF MF 30 9.430/1996. É que os contribuintes esperariam a autuação e, em sede de contencioso administrativo, afastariam a presunção de omissão de rendimentos tão somente com a comprovação da origem dos depósitos, sem a necessidade de se comprovar que os rendimentos estariam fora do campo da tributação. Tudo indica que foi esse o modus operandi do contribuinte no presente processo. 43 Assim, comprovada a origem dos depósitos bancários no curso do procedimento fiscal, ou seja, antes da constituição do crédito tributário, caberá à Fiscalização aprofundar a investigação para submetêlos, se for o caso, às normas específicas de tributação, na forma prevista no § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Por outro lado, se o contribuinte fizer a prova da origem após a autuação, na fase do contencioso administrativo, a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 somente é elidida com a comprovação, inequívoca, de que os valores depositados não são tributáveis. 44 Em outras palavras: é ônus do contribuinte, em sua impugnação/recurso, apontar de forma específica e precisa, cada um dos supostos créditos decorrentes de cheques devolvidos e dos supostos negócios alegados com terceiros e que não sejam tributáveis, relacionando aos respectivos depósitos indicados pela Autoridade Lançadora nos anexos dos Termos de Intimação Fiscal e decididos um a um pela decisão da DRJ, e demonstrar que não são tributáveis ou foram objeto de tributação em sua DIRPF sob pena de, em não o fazendo, inviabilizar a exclusão da base de cálculo tributável. 44 Veja que no item 14 do Recurso Voluntário, o mesmo confessa que inúmeros depósitos são provenientes de rendimentos que, por sua análise, são tributáveis, uma vez que imaginou que apenas a mera informação da sua origem seria o suficiente para ilidir a presunção do art. 42 da Lei 9.430/96, contudo, não demonstra, de acordo com as razões já expostas, que os mesmos foram tributados ou por sua natureza não são tributáveis, sendo que de tal ônus não se desincumbiu. 45 Repitase, coube no caso em apreço ao Fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a cargo do contribuinte, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de presunção legal relativa, bastando assim que a autoridade lançadora comprove o fato definido em lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada essa omissão. 46 Porém, a prova requerida não é impossível de ser produzida, nem deveria apresentar grande dificuldade na sua obtenção, afinal tratam se das contas bancárias do próprio interessado, que é a pessoa que detém o conhecimento das operações que realizou. Não se está exigindo que o contribuinte mantenha escrituração contábil equivalente às pessoas jurídicas, mas é indispensável que ele mantenha algum controle sobre os rendimentos recebidos, até para oferecêlos à tributação em sua declaração de ajuste anual. Fl. 2865DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.851 31 47 A lei tem como pressuposto lógico o fato de que o titular de uma corrente bancária tem, ou deve ter, conhecimento das movimentações dos recursos que por ela transitam, por ser de seu precípuo interesse econômico. Nesse contexto, intimado dado contribuinte a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, devidamente discriminados pela fiscalização, e não se desincumbindo desse ônus probatório que lhe foi legalmente transferido, fica caracterizada a omissão de rendimentos. 48 A análise da movimentação financeira deve ser individualizada por operação, oportunizandose ao contribuinte a identificação, caso a caso, da natureza e origem dos respectivos valores, por meio de documentação hábil e idônea, procedimento que foi escorreitamente realizado pela fiscalização no caso em tela. 49 Por fim, transcrevo, outrossim, as Súmulas CARF nº 26 e nº 30, que evidenciam o entendimento consolidado no âmbito deste Conselho no que se refere à desnecessidade de o Fisco comprovar o consumo da renda representada por depósitos bancários sem origem comprovada e afastam a possibilidade de os depósitos de um determinado mês comprovar a origem de depósitos de meses subsequentes, a ver: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Súmula CAF nº 30: Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes. 50 Pelo exposto nego provimento ao recurso nesses pontos. 51 Em relação aos temas destacados nas razões recursais nos itens 8. CRÉDITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA E ACRÉSCIMO PATRIMONIAL 9 CRÉDITOS TRANSFERIDOS O PRÓPRIO FAVORECIDO 10 CRÉDITOS TRIBUTADOS INDEVIDAMENTE POR MERO ERRO DE APURAÇÃO DOS CRÉDITOS CONSIDERADOS DE “ORIGEM NÃO COMPROVADA” PELA FISCALIZAÇÃO 11. SAQUES EM DINHEIRO – UTILIZADOS PARA DEPÓSITOS EM CONTAS DE CLIENTES E NAS PRÓPRIAS CONTAS DO RECORRENE (REDEPÓSITO) 12. LUCROS DISTRIBUÍDOS E RENDIMENTOS TRIBUTADOS DECLARADOS NÃO CONSIDERADOS COMO ORIGEM DE RECURSO 13. CRÉDITOS BANCÁRIOS APURADOS SEM CONSIDERAR OS CHEQUES DEVOLVIDOS (ITEM Fl. 2866DF CARF MF 32 10), OS SAQUES EM DINHEIRO (ITEM 11), OS LUCROS DISTRIBUÍDOS (ITEM 12) E “SALDO” DOS CRÉDITOS SUJEITOS À COMPROVAÇÃO 15. ELEMENTO DE PROVA DO SUPOSTO ILÍCITO NÃO TRAZIDO AOS AUTOS PELA FISCALIZAÇÃO; 17. ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO e 18. 'IN DUBIO PRO' CONTRIBUINTE”, restam não conhecidos por tratarem de argumentos novos, não apresentados pela defesa em sede de impugnação às fls. 1.483/1.529, o que não é admissível no processo contencioso administrativo, implicando a ocorrência da preclusão consumativa. 52 Nos termos dos arts. 16, III e 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal, todos os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa deverão ser mencionados na impugnação, considerandose não impugnadas as matérias não expressamente contestadas. 53 No caso dos autos, a discussão administrativa foi delineada pela impugnação de fls. 1.483/1.529, restando rechaçadas quaisquer outras teses defensivas eventualmente não expostas, por aplicação do princípio eventualidade, ressalva feita ao direito ou fato supervenientes, o que não é a hipótese e sequer justificadas pelo contribuinte. 54 Nesse sentido, conforme se verifica da análise da impugnação e do recurso voluntário, constatase que no recurso ora sob análise, o recorrente deduz diversas matérias que não foram levada à apreciação da DRJ em sede de impugnação, conforme já informado no voto em item alhures. 55 Com efeito, confrontandose ambas as peças de defesa, verificase que o recorrente inova na fase recursal ao apresentar diversas "teses" não levadas a conhecimento do colegiado de primeiro grau. 56 Analisando o conteúdo das razões de impugnação, indicadas em um pequeno sumário foi objeto de defesa as seguintes matérias em pouco mais de 48 páginas: Fl. 2867DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.852 33 57 No recurso voluntário, constatase que a recorrente inova nos itens indicados 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 17 e 18 salientando que tais alegações poderiam e, mais, deveriam ter constado de suas razões de defesa desde a impugnação, máxime se as considera aptas a influenciar no resultado do julgamento. 58 Por conseguinte, entendo que esses argumentos, trazidos apenas em grau de recurso, em relação aos quais não teve oportunidade de conhecer e de se manifestar a autoridade julgadora de primeira instância, não podem ser apreciados por este colegiado em grau de recurso, dada a ocorrência de preclusão consumativa e a supressão de instância. 59 Nesse sentido, inúmeros são os precedentes deste tribunal no sentido de não conhecer de matéria que não tenha sido submetida à apreciação e julgamento de primeira instância, dos quais cito apenas alguns, ilustrativamente: Fl. 2868DF CARF MF 34 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2004 a 31/01/2008 ARGUMENTOS DE DEFESA. INOVAÇÃO EM SEDE DE RECURSO. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO.Os argumentos de defesa trazidos apenas em grau de recurso, em relação aos quais não se manifestou a autoridade julgadora de primeira instância, impedem a sua apreciação, por preclusão processual. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COOPERATIVA. CLASSIFICAÇÃO POR RAMO. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO. EDUCACIONAL. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. A classificação por ramo assue caráter didático e não se presta a excluir a incidência tributaria, tão pouco impede a investigação da verdade sobre a operação. Cooperativa educacional é exemplo típico de cooperativas de produção para fins previdenciários, é espécie de cooperativa que, por qualquer forma, detém os meios de produção e seus associados contribuem com serviços laborativos ou profissionais para a produção em comum de bens ou serviços. Assim a cooperativa é equiparada a empresa para fins previdenciários, sujeitandose ao recolhimento de contribuições sociais quando do crédito de importâncias, a qualquer título, a segurados contribuintes individuais. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF N°02. A análise de eventual caráter confiscatório da penalidade aplicada envolve a aferição de compatibilidade com a Constituição Federal da legislação tributária que fundamentou a autuação, o que é vedadoa este tribunal, conforme Súmula CARF nº 2. Relator(a) RENATA TORATTI CASSINI 07/08/2018 AC.2402 006.482 60 Mister notar que o recorrente não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação dos princípios da congruência, estabilização da demanda e do duplo grau de jurisdição administrativa, em ofensa aos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72 (em especial o § 4º do art. 16), bem como aos arts. 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil (CPC), mormente quando não há motivo para só agora aduzir os questionamentos referidos, razão pela qual não se conhece de tais argumentos. 61 Sendo assim, não conheço das razões do recurso voluntário, sintetizadas nos tópicos 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 17 e 18, acima, por se tratarem de matérias inéditas, trazida pela primeira vez pelo recorrente apenas no recurso voluntário, em face da ocorrência do fenômeno processual da preclusão consumativa. Fl. 2869DF CARF MF Processo nº 15868.720208/201268 Acórdão n.º 2201005.005 S2C2T1 Fl. 2.853 35 ILEGALIDADE DA MULTA QUALIFICADA DE 150% 61 Quanto a multa qualificada em relação ao lançamento da omissão de rendimento de depósitos não identificados o TVF de fls 1.447 assim fundamentou: 63 Nesse ponto entendo que cabe razão ao contribuinte, pois analisando os termos do relatório fiscal em que há a fundamentação para a qualificação da multa de ofício aplicandose ao presente caso os termos da Súmula 25 do CARF uma vez que o fundamento da qualificação foi a própria omissão do contribuinte, verbis: Súmula CARF nº 25 A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 383, de 12/07/2010, DOU de 14/07/2010). 64 – Portanto, com base na respectiva súmula, dou provimento ao recurso nesse tópico para afastar a qualificadora da multa e mantendo apenas a multa de ofício. Conclusão Fl. 2870DF CARF MF 36 65 Diante do exposto, conheço do recurso para afastando as preliminares alegadas e no mérito para DARLHE parcial provimento para excluir do lançamento o valor do crédito tributário do ganho de capital sobre os valores recebidos a título de indenização pela desapropriação do imóvel rural e para afastar a qualificadora da multa de ofício aplicada nos termos do voto. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Fl. 2871DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.725152/2012-07
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2002-000.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para que o contribuinte seja intimado a trazer aos autos, todos os documentos que dispõe, para elidir a controvérsia.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 11610.725152/2012-07
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988677
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2002-000.084
nome_arquivo_s : Decisao_11610725152201207.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : VIRGILIO CANSINO GIL
nome_arquivo_pdf_s : 11610725152201207_5988677.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para que o contribuinte seja intimado a trazer aos autos, todos os documentos que dispõe, para elidir a controvérsia. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
id : 7697886
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663154020352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1244; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 2 1 1 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.725152/201207 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2002000.084 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Data 28 de março de 2019 Assunto IRPF Recorrente JOSE WILSON DE ASSIS TRIDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para que o contribuinte seja intimado a trazer aos autos, todos os documentos que dispõe, para elidir a controvérsia. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil e Thiago Duca Amoni. Ausente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 28/33) contra decisão de primeira instância (fls. 20/22), que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 10 .7 25 15 2/ 20 12 -0 7 Fl. 38DF CARF MF Processo nº 11610.725152/201207 Resolução nº 2002000.084 S2C0T2 Fl. 3 2 Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da r. DRJ, que assim diz: O interessado impugna lançamento do anocalendário 2009, onde foram glosadas despesas pagas a Rodrigo da Ressurreição Dias (dentista, R$ 13.000,00), Denis Rossi Guilherme (fisioterapeuta, R$ 7.200,00) e Juliana Ramos Augusto (fisioterapeuta, R$ 5.000,00). Intimado, o contribuinte não comprovara a efetividade dos pagamentos. Como resultado, foi lançado imposto suplementar de R$ 6.930,00. Argumenta, em síntese, que apresentara recibos (anexados ao dossiê malha nº 10010.004349/071239) que cumprem todos os requisitos legais para fazer prova do efetivo pagamento das despesas. O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentos hábeis e idôneos. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, combatendo o mérito, requerendo o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. O contribuinte foi cientificado em 22/12/2015 (fl. 26); Recurso Voluntário protocolado em 13/01/2016 (fl. 28), assinado pelo próprio contribuinte. Responde o contribuinte nestes autos, pela seguinte infração: a) Dedução Indevida de Despesas Médicas. Pois bem, a r. decisão revisanda, assim se manifesta: “Ainda que se admitisse a validade formal dos comprovantes apresentados, o recibo é uma declaração particular, e por isso prova meramente relativa”. Ocorre que nos autos não constam nenhum recibo ou qualquer outro documento. Como podemos observar, na fl. 2 dos autos, no lado direito da petição existe uma observação: “Obs. por insistência, sem documentos comprobatórios das despesas médicas”. Diz o recorrente em sua peça de resistência: “Por quais motivos os recibos de pagamento assinados pela profissional e demais documentos (grifo nosso) apresentados não seriam hábeis e idôneos para comprovar o pagamento das despesas com saúde?” Fl. 39DF CARF MF Processo nº 11610.725152/201207 Resolução nº 2002000.084 S2C0T2 Fl. 4 3 Nesta quadra de entendimento, conheço do Recurso Voluntário e proponho a conversão do julgamento em diligência para que o contribuinte seja intimado a trazer aos autos, todos os documentos que dispõe, para elidir a controvérsia. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 40DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.906141/2015-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/05/2011
ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL.
No processo administrativo fiscal o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito do Recorrente é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-006.506
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède e Jorge Lima Abud que convertiam o julgamento em diligência. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado votou pelas conclusões por entender necessária a retificação da DCTF antes do despacho decisório.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201901
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/05/2011 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL. No processo administrativo fiscal o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito do Recorrente é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10783.906141/2015-16
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968404
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.506
nome_arquivo_s : Decisao_10783906141201516.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10783906141201516_5968404.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède e Jorge Lima Abud que convertiam o julgamento em diligência. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado votou pelas conclusões por entender necessária a retificação da DCTF antes do despacho decisório. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
id : 7636245
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663157166080
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1753; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.906141/201516 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302006.506 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de janeiro de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente SA CAVALCANTE COMESTÍVEIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/05/2011 ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF DESACOMPANHADA DE PROVAS CONTÁBEIS E DOCUMENTAIS QUE SUSTENTEM A ALTERAÇÃO. MOMENTO PROCESSUAL. No processo administrativo fiscal o momento legalmente previsto para a juntada dos documentos comprobatórios do direito do Recorrente é o da apresentação da Impugnação ou Manifestação de Inconformidade, salvo as hipóteses legalmente previstas que autorizam a sua apresentação extemporânea, notadamente quando por qualquer razão era impossível que ela fosse produzida no momento adequado. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède e Jorge Lima Abud que convertiam o julgamento em diligência. O Conselheiro Corintho Oliveira Machado votou pelas conclusões por entender necessária a retificação da DCTF antes do despacho decisório. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 61 41 /2 01 5- 16 Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10783.906141/201516 Acórdão n.º 3302006.506 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, em razão do fato de que o pagamento informado já havia sido utilizado para quitar débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito, alegando que aufere receita de venda de massas alimentícias classificadas na posição 19.02, com alíquota reduzida a zero pelo inciso XVIII do artigo 1º da Lei nº 10.925/2004 e receita de venda de águas, cerveja de malte, cerveja sem álcool e refrigerantes, sujeita à alíquota zero pela Lei nº 10.833/2003 e que, por alguma falha, não retificou a DCTF antes do despacho decisório, fazendoa apenas após a ciência do referido e juntandoa na impugnação. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 14065.009, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando a nulidade do PAF por violação do devido processo legal, ante a ausência de diligência fiscal para se comprovar o direito creditório. No mérito, reiterou que auferiu receitas de venda de massas alimentícias sujeitas à alíquota zero, requerendo diligência, ao final, para análise da documentação juntada aos autos. É o relatório. Voto Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3302006.493, de 30/01/2019, proferida no julgamento do processo nº 10783.906110/201565, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3302006.493): O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pede a nulidade do PAF pelo fato de a autoridade julgadora não ter determinado, de ofício, a realização de diligências, conforme artigo 18 do Decreto nº 70.235/1972. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10783.906141/201516 Acórdão n.º 3302006.506 S3C3T2 Fl. 4 3 Todavia, não assiste razão à recorrente. O Decreto nº 70.235/72 dispôs sobre as nulidades em seu artigo 59, nos seguintes termos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) No caso, o despacho decisório foi fundamentado na utilização integral do crédito para extinguir débitos espontaneamente declarados, cuja retificação ocorreu apenas posteriormente à ciência do despacho decisório. Já quanto à não realização da diligência, não há obrigatoriedade por parte do julgador em determinálas, mas, sim, faculdade, quando entender necessárias. O artigo 29 do referido decreto esclarece: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Assim, a faculdade está inserta dentro da livre convicção do julgador na apreciação da prova, ou, no caso, de sua ausência, já que a retificação da DCTF pressupõe a prova inequívoca da ocorrência de erro de fato, conforme §3º1 do artigo 9º da Instrução Normativa RFB nº 1.599/2015, mencionada na decisão atacada, ônus do qual a recorrente não se desincumbiu, pois nada apresentou em manifestação de inconformidade. Salientase, inclusive, que nem a própria recorrente requereu a realização de diligência. Assim, afasto a preliminar arguida. (...) Em relação à possibilidade de retificação da DCTF, o CARF, por diversas oportunidades já manifestouse no sentido de que é possível a retificação da DCTF mesmo após o despacho decisório, desde que juntamente com a retificação sejam trazidos aos autos os documentos comprobatórios da veracidade das informações prestadas na referida declaração. "Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF." (Acórdão nº 3801¬002.926, Rel. Cons. Paulo 1 § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente àquela declaração. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10783.906141/201516 Acórdão n.º 3302006.506 S3C3T2 Fl. 5 4 Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Sessão de 25/02/2014) (grifou se)http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArq uivoBinario=0 Aliás, este foi o teor da Solução de Consulta n.02/2015, cujo fragmento abaixo transcrevese. "2 Em caso positivo, a retificação da DCTF, sozinha, é suficiente para a comprovação do pagamento indevido ou a maior? Se a retificação da DCTF for suficiente, há um limite temporal para que ela produza os efeitos de uma declaração original (antes da ciência do despacho decisório, a qualquer tempo ou antes de 5 anos do fato gerador)? a. Não, a DCTF por si só não é suficiente para a comprovação do pagamento indevido ou a maior. É necessário que os valores informados na DCTF estejam coerentes com outras declarações enviadas à RFB, a exemplo da DIPJ, Dacon, DIRF, em cada caso, ou confirmados por documentos fiscais ou contábeis acostados aos autos. Isso porque a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). A divergência entre os valores informados na DCTF em relação a outras declarações não elidida por provas, afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento da compensação." No caso concreto a Manifestação de Inconformidade da Recorrente limitouse a afirmar que "Não concordamos com a cobrança do saldo devedor no valor de (...) mais multa e juros por considerar que o débito já fora totalmente quitado, bem como, a compensação efetivamente correta por tudo já exposto acima. Estão anexados a esta Manifestação de Inconformidade os seguintes documentos: Cópia da última alteração contratual consolidada, despacho decisório (...), Recibo da PER DCOMP, DCTF refiticadora, cópia da procuração e cópia da identificação do procurador." Como se percebe pelo afirmado na própria Manifestação de Inconformidade e pela análise das peças processuais, a Recorrente não se desincumbiu do ônus de, no momento processual adequado e legalmente previsto para tanto, trazer aos autos provas do crédito alegado. Como bem salientou o Acórdão proferido pela DRJ, a alteração da DCTF ocorreu após a ciência do despacho decisório, sem que, contudo, houvessem sido trazidos aos autos as notas fiscais e os lançamentos contábeis que comprovassem os fundamentos fáticos para a alteração da DCTF. "Deste modo, a retificação pretendida, conforme somente poderia ser aceita se o recorrente tivesse apresentado a documentação comprobatória da existência do pagamento a maior, verificandose a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais, para que se pudesse conhecer o valor do tributo devido e para que fosse comparado ao recolhimento efetuado. Ressalto que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a apuração da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo; tratando o presente caso de declaração de compensação, de interesse do contribuinte, cabe a ele o ônus comprobatório. Contudo, o interessado limitouse a retificar a DCTF, sem apresentar qualquer documento que lastreasse sua argumentação, restando impedida a convalidação Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10783.906141/201516 Acórdão n.º 3302006.506 S3C3T2 Fl. 6 5 da declaração retificadora apresentada pelo contribuinte e, conseqüentemente, prejudicada a análise da liquidez e certeza do direito creditório." Não há dúvidas que a busca da verdade material é um princípio norteador do Processo Administrativo fiscal. Contudo, ao lado dele, também de matiz constitucional está o princípio da legalidade, que obriga a todos, especialmente à Administração pública, da qual este Colegiado integra, a obediência as normas legais vigentes, merecendo destaque o Decreto 70.235 estabeleceu o momento da prática dos atos, sob pena ainda de se atentar ainda contra outro princípio constitucional, qual seja o da duração razoável do processo. O referido Decreto especifica objetivamente o momento da produção das provas no seu artigo 16. "Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;" O próprio Decreto 70.235, no mesmo artigo 16 especifica as hipóteses em que é possível a produção posterior de provas, o que faz de forma taxativa. "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância". É certo que este colegiado admite a juntada de provas em sede recursal, contudo apenas nos casos em que o Recorrente tenha demonstrado, na Impugnação, ou Manifestação de Inconformidade, como é o caso, a impossibilidade de se trazer aquela prova no momento oportuno (Impugnação ou Manifestação de Inconformidade), o que definitivamente não ocorreu no caso concreto. Admitirse deliberadamente a produção probatória na fase recursal subverteria todo o rito processual e geraria duas consequências indesejáveis (i) caso fosse determinado que o feito retornasse à instância original, implicaria uma perpetuação do processo e, (ii) caso as provas fossem apreciadas pelo CARF sem que tivessem sido analisadas pela DRJ, geraria indesejável supressão de instância e, em ambos os casos, representaria afronta direta ao texto legal que rege o processo administrativo fiscal. Por estes motivos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10783.906141/201516 Acórdão n.º 3302006.506 S3C3T2 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 100DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19679.009587/2005-91
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2004
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DCTF. PREVISÃO LEGAL
A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita o contribuinte à incidência da multa correspondente. Neste sentido, aplica-se a Súmula CARF nº 49: "A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração".
Numero da decisão: 1003-000.433
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Sérgio Abelson e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça.
Nome do relator: MAURITANIA ELVIRA DE SOUSA MENDONCA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2004 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DCTF. PREVISÃO LEGAL A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita o contribuinte à incidência da multa correspondente. Neste sentido, aplica-se a Súmula CARF nº 49: "A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração".
turma_s : Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19679.009587/2005-91
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968779
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1003-000.433
nome_arquivo_s : Decisao_19679009587200591.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MAURITANIA ELVIRA DE SOUSA MENDONCA
nome_arquivo_pdf_s : 19679009587200591_5968779.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Sérgio Abelson e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
id : 7639608
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663161360384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1461; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T3 Fl. 2 1 1 S1C0T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19679.009587/200591 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1003000.433 – Turma Extraordinária / 3ª Turma Sessão de 12 de fevereiro de 2019 Matéria MULTA ATRASO ENTREGA DCTF Recorrente VIRTUAL MARKET COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2004 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DCTF. PREVISÃO LEGAL A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita o contribuinte à incidência da multa correspondente. Neste sentido, aplicase a Súmula CARF nº 49: "A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Sérgio Abelson e Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 00 95 87 /2 00 5- 91 Fl. 52DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº1612.805, proferido pela 5ª Turma da DRJ/SPOI, que julgou procedente o lançamento efetuado mediante o Auto de Infração1, fls. 14, no valor de R$ 500,00, a título de multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, referente ao 4° trimestre do ano calendário de 2004. Não se conformando com o lançamento acima descrito, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, de fl. 01, alegando que cumpriu a obrigação acessória de forma espontânea, recolhendo tempestivamente a obrigação principal. A DRJ, ao analisar a manifestação de inconformidade, decidiu por manter o lançamento, restando assim ementado o acórdão: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2004 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. O cumprimento da obrigação acessória apresentação de declarações (DCTF) fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator à aplicação das penalidades legais. Lançamento Procedente Inconformada, a Recorrente apresentou o Recurso Voluntário às fls. 2527, alegando que "o indigitado débito não procede, uma vez que, a empresa cumpriu a obrigação acessória espontaneamente, e, mesmo assim, fora punida" e que, por isso, o acórdão de piso merecer ser reformado. Requereu, também que, caso este não seja o entendimento deste colegiado, seja levado em consideração o pagamento do Darf efetuado pela Recorrente no prazo legal. É o relatório. 1 O enquadramento legal consta da descrição dos fatos como artigo 113, § 3° e 160 da Lei n° 5.172/1966 (CTN); artigo 4° combinado com o artigo 2° da Instrução Normativa SRF n° 73/98; artigo 2° e 5° da Instrução Normativa SRF n° 126/98 combinado com item I da Portaria MF n° 118/84; artigo 5° do DL 2124/84 e artigo 7° da MP n° 118/01 convertida na Lei n° 10.426/2002. Voto Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Relatora. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 19679.009587/200591 Acórdão n.º 1003000.433 S1C0T3 Fl. 3 3 Compulsando os autos, verifico que o recurso voluntário é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade previstos nas normas de regência, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciálo. Versam os autos sobre a aplicação de multa no valor de R$ 500,00, a título de multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, referente ao 4° trimestre do ano calendário de 2004. Em sua peça recursal, a Recorrente alega que o referido lançamento não deve prevalecer, posto que, em seu entendimento, o instituto da denúncia espontânea alcançaria a penalidade decorrente do atraso na entrega da declaração, nos termos do que prevê o Código Tributário Nacional (CTN): Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Todavia, a questão, em sentido diametralmente oposto ao defendido pela Recorrente, é objeto da Súmula CARF nº 49, abaixo transcrita, com aplicação vinculante na administração tributária federal, determinada pela Portaria MF nº 277, de 7 de junho de 2018: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Ademais, a exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea da infração, se refere à obrigação principal entendida como aquela que decorre da ausência de pagamento do tributo devido, não alcançando, assim, os deveres instrumentais decorrentes de previsão legal. Com efeito, uma vez descumprido o dever instrumental, temse a hipótese de instituição de multa, conforme disposto no artigo 113 do CTN: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2° A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Fl. 54DF CARF MF 4 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. " Sobre o tema, ensina Leandro Paulsen2: "A impropriamente chamada conversão depende de previsão legal específica, estabelecendo pena pecuniária para o descumprimento da obrigação acessória. Ou seja, não há uma conversão automática em obrigação principal. O que ocorre, sim, é que o descumprimento da obrigação acessória normalmente é previsto em lei como causa para a aplicação de multa, esta considerada obrigação principal nos termos do § 1º deste artigo". Ademais, não se pode perder de vista que os deveres instrumentais são impostos aos sujeitos passivos como forma de auxiliar e facilitar a ação fiscal. Isto porque, por meio do cumprimento daqueles, a fiscalização conseguira aferir se a obrigação principal também foi cumprida. Assim, o fato de a Recorrente ter recolhido todos os impostos declarados nos prazos previstos em lei, não a exime da penalidade definida legalmente, tanto para a hipótese da não entrega da declaração em questão, quanto para o caso de sua apresentação fora do prazo estipulado na legislação. Por fim, em relação ao argumento sobre o DARF, acostado às fls. 38, que supostamente extinguiria o crédito tributário, temse que cabe à Delegacia da Receita Federal de origem, adotar os procedimentos pertinentes, nos termos do artigo 270 do Anexo II, do Regimento Interno da RFB, o que desde já se espera. Ante o exposto, voto no sentido NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e manter o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça 2 (PAULSEN, Leandro. Constituição e Código Tributário comentados à luz da doutrina e da jurisprudência. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 941.) Fl. 55DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.725989/2012-77
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece do recurso especial quando não há demonstração de divergência jurisprudencial em face de situações fáticas distintas.
Numero da decisão: 9101-004.054
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros André Mendes de Moura e Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Viviane Vidal Wagner - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso especial quando não há demonstração de divergência jurisprudencial em face de situações fáticas distintas.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.725989/2012-77
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5994307
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 9101-004.054
nome_arquivo_s : Decisao_10980725989201277.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : VIVIANE VIDAL WAGNER
nome_arquivo_pdf_s : 10980725989201277_5994307.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros André Mendes de Moura e Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
id : 7707709
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663164506112
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1385; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.725989/201277 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101004.054 – 1ª Turma Sessão de 12 de março de 2019 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DACAR QUIMICA DO BRASIL S/A ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso especial quando não há demonstração de divergência jurisprudencial em face de situações fáticas distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votaram pelas conclusões os conselheiros André Mendes de Moura e Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Viviane Vidal Wagner, Demetrius Nichele Macei, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado), Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 59 89 /2 01 2- 77 Fl. 5347DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial da Fazenda Nacional contra o acórdão nº 1402 001.461, de 08 de outubro de 2013, em que a 2a Turma da 4a Câmara, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso do contribuinte e não conheceu do recurso dos coobrigados, por perda de objeto. A matéria em discussão nos autos diz respeito a auto de infração de IRPJ e CSLL, relativo aos anoscalendário 2007, 2008 e 2009, cumulados com juros, multa de ofício qualificada (150%) e multa isolada, apurados em decorrência da glosa de exclusão indevida na apuração do Lucro Real. O Termo de Verificação Fiscal (fls. 3.138 e ss.) informa que foram glosadas as exclusões de despesas com amortização de ágio, lançadas pela contribuinte no LALUR e transpostas às Fichas 09 e 17 de suas DIPJ de 2008, 2009 e 2010. Segundo a fiscalização, essas despesas teriam natureza de amortização de ágio por expectativa de rentabilidade futura, decorrente da incorporação, pela DACAR, de parte do patrimônio da empresa FBM PARTICIPAÇÕES S/A. O ágio surgiu em 01/02/2005, quando a DACAR incorporou a sua controladora FBM, cujo maior ativo era o investimento de R$ 12.320.837,47 na própria DACAR (conforme “acervo líquido patrimonial contábil” referido na AGO/AGE da FBM PARTICIPAÇÕES de 01/03/2005). Ato contínuo, a autuada passou a excluir despesas com amortização de ágio oriundo de incorporação às avessas entre partes relacionadas, ou seja, o chamado ágio interno. Em síntese, sustenta a fiscalização que tratase de ágio efetivamente não pago e gerado em transações comerciais sem qualquer propósito negocial, posto que realizadas entre a DACAR e empresas do mesmo grupo econômico, razão pela qual houve qualificação da multa e imputação de responsabilidade solidária a seus dirigentes, com base nos arts. 124, I e 135, III, do CTN: a) SÉRGIO FRANÇOZI; b) JAIRO JOSÉ BARBOSA; c) Sucessores legais de REDOVINO MANFREDINI (falecido). Com a ciência da decisão, o contribuinte e os responsáveis solidários Sérgio Françozi, Jairo Barbosa, Rosalina Manfredini, Rosane Manfredini e Roseli Manfredini (devidamente intimados mediante termos de sujeição passiva) apresentaram impugnações. O interessado Roberto Tadeu Manfredini prestou esclarecimentos, às, fls. 3.778, para informar que propôs ação judicial de anulação de deliberação social contra a empresa, por discordar dos atos de gestão praticados pela sociedade. Em 22 de novembro de 2012, a 1a Turma da DRJ Curitiba (fls 3.818), por unanimidade de votos, considerou improcedentes as impugnações, para manter integralmente o crédito tributário e confirmar a responsabilidade solidária imputada aos dirigentes e sucessores. A decisão teve a seguinte ementa: Fl. 5348DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 4 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. FUNDAMENTO ECONÔMICO EM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. TRANSAÇÃO DOS SÓCIOS COM ELES MESMOS. AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA. É descabida a amortização de ágio interno, com fundamento econômico em expectativa de rentabilidade futura da empresa investida, pois não é possível reconhecer uma maisvalia de um investimento quando originado de transação dos sócios com eles mesmos, haja vista a ausência de substância econômica na operação, da falta de pagamento na aquisição das participações societárias e de não resultar de um processo imparcial de valoração, num ambiente de livre mercado e de independência entre as duas companhias. ÁGIO COM EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA. SOMENTE O ÁGIO EFETIVAMENTE PAGO PODE SER AMORTIZADO. RECUPERAÇÃO DO CAPITAL APLICADO. É condição indispensável para apuração do ágio que haja sempre um preço ou custo de aquisição, ou seja, um dispêndio para se obter algo de terceiros; somente o ágio efetivamente pago, com expectativa de rentabilidade futura, pode ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou pelos lucros futuros da investida, cujos valores não representam um ganho efetivo, já que a investidora por eles pagou antecipadamente, mas uma recuperação do capital aplicado. ADIÇÃO AO LALUR. DESPESA COM CONSTITUIÇÃO DE PROVISÃO NÃO EXPRESSAMENTE AUTORIZADA. EXCLUSÃO POR OCASIÃO DA REVERSÃO NO PERÍODO EM QUE A DESPESA PROVISIONADA FOR EFETIVAMENTE PAGA OU INCORRIDA. DESPESA NECESSÁRIA, USUAL E NORMAL. A despesa com constituição de provisão não expressamente autorizada deve ser adicionada ao LALUR para ser excluída por ocasião da reversão da provisão no período em que a despesa provisionada for efetivamente paga e/ou incorrida, porquanto tal despesa seria nesse momento dedutível, desde que atendido o requisito da necessidade para realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa, além de ser usual e normal no tipo de transação, operação ou atividades desenvolvidas pela empresa. TRIBUTAÇÃO DA REVERSÃO DA PROVISÃO INSTRUÇÕES CVM 319 E 349. INOCORRÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO EM DUPLICIDADE. A tributação do valor correspondente à reversão da Provisão Instruções CVM 319 e 349 provisão não expressamente Fl. 5349DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 5 4 autorizada que foi constituída e adicionada ao LALUR pela ex controladora e acabou sendo transferida para a interessada em operação de incorporação reversa não acarreta tributação em duplicidade, porquanto decorrente de despesa indedutível com amortização indevida de ágio interno, constituído sem qualquer substância econômica, efetivo pagamento e indispensável independência entre as partes envolvidas. PROVISÃO INSTRUÇÕES CVM 319 E 349. Nos termos da Instrução CVM nº 319, de 1999, com as alterações da Instrução CVM nº 349, de 2001, nas incorporações reversas o ágio com fundamento em perspectiva de rentabilidade futura deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis da incorporadora pelo montante do benefício fiscal esperado (parcela com substância econômica); esse reconhecimento se opera mediante constituição da Provisão Instruções CVM 319 e 349, no valor do ágio não recuperável (diferença entre o valor do ágio apurado e o benefício fiscal decorrente da sua amortização), que deve ser apresentada como redutora da conta na qual o ágio foi escriturado. No presente, caso, como o valor do ágio constituído pela excontroladora foi integralmente anulado pela Provisão Instruções CVM 319 e 349, verificase que parcela alguma do ágio tinha substância econômica e, em consequência, valor algum pode ser recuperado. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM COM A SITUAÇÃO QUE CONSTITUIU O FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. Os sócios controladores devem compor o rol dos responsáveis solidários pelo crédito tributário em face de terem interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, além de as obrigações tributárias resultarem de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, porquanto participaram diretamente de todas as operações que possibilitaram à interessada amortizar o ágio gerado artificialmente sobre o seu próprio patrimônio líquido, tendo sido beneficiados, mediante distribuição de lucros e dividendos, com os ganhos indevidos de natureza tributária decorrentes da amortização desse ágio interno; com o falecimento de um dos sócios, o espólio, os sucessores e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis pelos tributos devidos pelo “de cujus”, limitado ao montante do quinhão do legado ou da meação recebido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. ESTIMATIVAS MENSAIS. Fl. 5350DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 6 5 Caracterizada a existência de dolo, fraude ou simulação, aplica se para as estimativas mensais de IRPJ o prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN, tendo como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. POSSIBILIDADE DE FISCALIZAÇÃO DE FATOS OCORRIDOS EM PERÍODOS ANTERIORES. DECADÊNCIA. EFEITOS TRIBUTÁRIOS COM REPERCUSSÃO EM EXERCÍCIOS FUTUROS. Os contribuintes estão sujeitos à fiscalização de fatos ocorridos há mais de cinco anos, ainda que não seja mais possível efetuar exigência tributária, em face da decadência, quando houver repercussão de seus efeitos em exercícios futuros ainda não decaídos; assim, não há como se iniciar a contagem do prazo decadencial no momento da constituição do ágio interno, pois não havia ainda crédito tributário algum a ser constituído; apenas com o início da exclusão no LALUR dos encargos com amortização do ágio interno passou a haver redução indevida do resultado tributável, quando, então, foi iniciada a contagem do prazo decadencial do direito de a Fazenda Pública efetuar o pertinente lançamento de ofício, inclusive com a correspondente multa de ofício. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Aplicável a multa qualificada de 150% quando caracterizado o intuito de fraude para possibilitar à contribuinte a amortização de ágio gerado artificialmente sobre o seu próprio patrimônio líquido, pois os sócios administradores estavam perfeitamente conscientes da falta de propósito negocial do ágio gerado em operações realizadas intragrupo, em transações que não se revestem de substância econômica, sem efetivo pagamento e da indispensável independência entre as partes. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MENSAL DEVIDO POR ESTIMATIVA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto mensal devido por estimativa, por pessoa jurídica que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada de 50%. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. COMPATIBILIDADE. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do anocalendário, com base no lucro real anual. DECORRÊNCIA. CSLL. Fl. 5351DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 7 6 Tratandose de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento à CSLL. Intimados da decisão de primeira instância, o contribuinte e os responsáveis solidários (assim como os sucessores) apresentaram, individualmente, os respectivos recursos voluntários (fls. 3.924 a 4.455). Por seu turno, a Fazenda Nacional apresentou memoriais (fls. 4.544), pugnando pela manutenção dos lançamentos. Em 08 de outubro de 2013, através do Acórdão nº 1402001.461, a 2a Turma da 4a Câmara decidiu, por unanimidade de votos, no mérito, cancelar as autuações, por erro no enquadramento legal e na descrição dos fatos, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 AUDITORIA FISCAL EM PERÍODO DE APURAÇÃO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VERIFICAÇÃO DE FATOS, OPERAÇÕES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSÃO FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, qual seja: na apuração de lucro líquido ou real de períodos não atingidos pela decadência. Essa possibilidade delimitase pelos seus próprios fins, pois, os ajustes decorrentes desse procedimento não podem implicar em alterações nos resultados tributáveis daqueles períodos. Em relação a situações jurídicas, definitivamente constituídas, o Código Tributário Nacional estabelece que a contagem do prazo decadencial para constituição das obrigações tributárias, porventura delas inerentes, somente se inicia após 5 anos, contados do período seguinte ao que o lançamento do correspondente crédito tributário poderia ter sido efetuado (art. 173 do CTN). TRIBUTAÇÃO DA REVERSÃO DA PROVISÃO. INSTRUÇÕES CVM 319 E 349. Nos termos da Instrução CVM nº 319, de 1999, com as alterações da Instrução CVM nº 349, de 2001, nas incorporações reversas o ágio com fundamento em perspectiva de rentabilidade futura deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis da incorporadora pelo montante do benefício fiscal esperado (parcela com substância econômica); esse reconhecimento se opera mediante constituição da Provisão Instruções CVM 319 e Fl. 5352DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 8 7 349, no valor do ágio não recuperável (diferença entre o valor do ágio apurado e o benefício fiscal decorrente da sua amortização), que deve ser apresentada como redutora da conta na qual o ágio foi escriturado. ERRO NO ENQUADRAMENTO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Constatado erro no enquadramento legal e descrição de fatos, devese cancelar a exigência. Se a infração apontada pelo Fisco diz respeito a exclusões indevidas do Lucro Real, mas a real irregularidade cometida foi a contabilização de despesas indedutíveis, o crédito tributário deve ser cancelado. Com a ciência dessa decisão, a Fazenda Nacional apresentou recurso especial (fls. 4.645), apontando duas divergências: a) quanto à glosa da exclusão de reversão da provisão operacional sobre realização de ágio; e b) quanto à nulidade do auto de infração. Apresentou como paradigma da primeira divergência o acórdão nº 1101 000.968 e como paradigmas da segunda divergência os acórdãos nº 10096.557 e 240200.434. O recurso especial foi analisado pelo despacho de admissibilidade de fls. 4.679, que lhe deu seguimento, conforme decisão do Presidente da Câmara. Cientificados, por sua vez, os responsáveis solidários Rosalina Manfredini (fls. 4.704), Rosane Manfredini (fls. 4.772), Sérgio Fraçozi (fls. 4.838), Rosely Manfredini (fls. 4.908) e Jairo José Barbosa (fls. 4.978) apresentaram embargos de declaração sob o argumento comum de que houve cerceamento ao direito de defesa, por entenderem que na eventualidade de provimento ao recurso especial fazendário seria automaticamente restabelecida a sua responsabilidade tributária, sem, contudo, qualquer manifestação da decisão a quo acerca dos argumentos de mérito formulados nos respectivos recursos voluntários. Na mesma linha de raciocínio, o contribuinte DACAR também apresentou embargos (fls. 5.048), questionando a não apreciação dos demais argumentos de defesa apresentados, que, em seu entendimento também levariam, por outros motivos, ao cancelamento das autuações. Sem prejuízo dos embargos opostos, o contribuinte também trouxe aos autos contrarrazões ao recurso especial fazendário (fls. 5.115), nas quais pugna pelo não conhecimento do apelo, por ausência de divergência entre o acórdão e os paradigmas indicados, assim como, no mérito, pleiteia o não provimento ao recurso. Os embargos foram objeto de análise no despacho de fls. 5.234, que concluiu pelo seu não conhecimento, ante o argumento de que a decisão de cancelar totalmente as autuações fez com que as demais alegações recursais da empresa e dos responsáveis perdessem seu objeto. O despacho foi ratificado pela decisão de fls. 5.244, que "declarou improcedentes as alegações suscitadas e rejeitou os embargos de declaração interpostos pela pessoa jurídica autuada e pelos coobrigados". Fl. 5353DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 9 8 Às fls. 5.268, verificase a existência de despacho de saneamento, lavrado para complementar a análise de admissibilidade do recurso fazendário, dado que não fora apreciado o segundo paradigma indicado, relativo ao acórdão nº 240100.434, de 2009. O despacho complementar de admissibilidade, de fls. 5.272, entendeu que em relação a esse acórdão paradigma (nº 240100.434), não houve o alegado dissenso jurisprudencial, por se tratar de situações fáticas distintas. Como consequência, foi negado seguimento ao recurso especial fazendário quanto a este acórdão, conforme decisão do Presidente da 4a Câmara. Dessa decisão não houve agravo. Em função do novo despacho de admissibilidade, o contribuinte reapresentou suas contrarrazões (fls. 5.301), em que repete os argumentos de defesa anteriormente formulados. É o relatório. Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner, Relatora Conhecimento Como o contribuinte, em sede de contrarrazões, questiona a admissibilidade do recurso fazendário, que foi parcialmente admitido em relação aos paradigmas indicados, cumpre, de início, verificar a possibilidade de seguimento do apelo. A admissibilidade do recurso especial está condicionada ao atendimento das condições previstas no art. 67 do RICARF: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. Verificase que a Fazenda Nacional questiona o acórdão recorrido, apontando divergência jurisprudencial em relação a duas matérias: a) glosa da exclusão de reversão da provisão operacional sobre realização de ágio (paradigma acórdão nº 1101000.968); e b) nulidade do auto de infração (paradigmas acórdãos nº 10096.557 e 240200.434). Fl. 5354DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 10 9 Em relação à segunda matéria, o recurso especial foi analisado em duas oportunidades, como visto, nas quais se decidiu pelo seguimento do pleito com base apenas no primeiro paradigma indicado (acórdão nº 10096.557). Quanto à primeira matéria, decidiuse no acórdão recorrido que a reversão de provisão de ágio não poderia ser glosada quando da constatação de um ágio artificial, posto que deveria ser glosada, em verdade, a despesa indevidamente deduzida a título de amortização de ágio por expectativa de rentabilidade futura. A autuação foi cancelada. Aduz a Fazenda Nacional que a decisão diverge do que restou decidido no acórdão nº 1101000.968, de 9 de outubro de 2013, assim ementado, na parte que interessa: ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço a terceiros. EXCLUSÃO. REVERSÃO DE PROVISÃO. Somente podem ser excluídas do lucro real as reversões contabilizadas em contrapartida à conta de receita. Se a provisão é liquidada em contrapartida a conta de despesa, a exclusão a título de reversão de provisão prestase, em verdade, a complementar a dedução da despesa, e se sujeita aos mesmos efeitos atribuídos à despesa contabilizada. EXCLUSÃO. AMORTIZAÇÕES DE ÁGIO REGISTRADAS ANTES DA INCORPORAÇÃO. As amortizações contabilizadas até o momento da incorporação devem ser baixadas no momento da liquidação do investimento e não observam as regras sucessórias estabelecidas para outras adições e exclusões que podem ser aproveitadas pela incorporadora. No entendimento da recorrente haveria identidade fática nos dois processos, pois ambos cuidariam de ágio gerado por operações internas a determinado grupo econômico e que, nesse cenário, o acórdão paradigma (nº 1101000.968) teria admitido a glosa nas reversões de provisão, com base nos seguintes argumentos (fls.23 e ss. do voto condutor): A recorrente também questiona a glosa de exclusão decorrente de reversão de provisão, defendendo seu direito de promover tal exclusão, na medida em que a provisão, no momento de sua constituição, era indedutível. Todavia, observase que para determinar o valor tributável, a autoridade lançadora inicialmente identificou as despesas registradas na conta n. 431110 (Despesas Amortização Ágio) que, pelo seu valor líquido, efetivamente reduziram o lucro contábil e o lucro tributável, glosando os seguintes valores: i) anocalendário de 2.004 R$ 2.521.367,82, ii) anoscalendário de 2.005 a 2.007 R$ 5.042.735,64 por ano, totalizando de 2.004 a 2007 o valor geral de R$ 17.649.574,74 (fl. 34). Fl. 5355DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 11 10 Contudo, mais à frente, no Termo de Verificação Fiscal, a autoridade lançadora observou que os valores líquidos deduzidos na conta n. 431110 já estavam reduzidos pela contrapartida da realização da provisão para ajuste do valor do ágio, de modo a proporcionar um Lucro Líquido Contábil maior. Em conseqüência, para complementar o efeito fiscal da amortização integral do ágio criado por meio das operações antes questionadas, a contribuinte promoveu exclusões a título de reversão nos valores de R$ 4.894.419,96 em 2004 e R$ 9.788.839,80 em 2005, 2006 e 2007. A soma destes valores, portanto, corresponde à reversão do efeito fiscal da amortização do ágio aqui questionado, razão pela qual correta se mostra a glosa da exclusões correspondentes a reversões de provisão. Quanto à adição promovida no momento da constituição desta provisão, cabe observar que ela era pertinente, na medida em que a constituição da provisão gera uma despesa redutora do lucro tributável. Se, mais à frente, ao baixar esta provisão, a contribuinte tivesse feito uso de uma conta de receita própria, sua exclusão seria pertinente. Mas, na medida em que a contribuinte realizou esta provisão em contrapartida à conta de despesa de amortização do ágio, sua exclusão passou a representar a complementação da amortização do ágio. Assim, as mesmas razões que justificam a glosa da amortização contábil do ágio, determinam a glosa da exclusão de seu complemento. (grifouse) Por outro lado, o contribuinte aduz, em contrarrazões, que: a) inexiste a alegada divergência entre o acórdão recorrido e o paradigma indicado quanto a esta matéria; b) as situações fáticas são distintas; c) haveria, de fato, convergência entre as posições adotadas nas duas decisões; d) não houve indicação da legislação interpretada de forma divergente. Em relação à primeira matéria, penso que realmente não se vislumbra a divergência suscitada pela recorrente. Os fundamentos da decisão ora recorrida para o cancelamento da autuação foram os seguintes: Conforme auto de infração fls.3165/3167, nas DIPJ 2008, 2009 e 2010 (referente anoscalendário 2007 a 2009), a Recorrente lançou a despesa de amortização na Ficha 05 e estornou a mesma despesa na Ficha 06, anulando o efeito da amortização sobre o Lucro Líquido. Porém, na Ficha 09, essa despesa tornou a ser excluída, o que acabou por reduzir, indevidamente, o Lucro Real tributável. Esta exclusão foi registrada mensalmente no LALUR nos períodos de jan/2007 a dez/2009, conforme abaixo: (O valor da exclusão anual de R$ 10.531.651,68 equivale à exclusão mensal de R$ 877.637,64, conforme excerto do LALUR 2007 da Recorrente) Fl. 5356DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 12 11 Contabilmente, a Recorrente reduziu seu Lucro Líquido mediante apropriação de despesa de amortização de ágio, conforme Ficha 05, linha 31 “Outras Despesas Operacionais”. Já o aumento do Lucro Líquido ocorreu mediante reconhecimento de receita de Reversão dos Saldos das Provisões Operacionais, conforme Ficha 06, linha 28 “Reversão dos Saldos...” (conta de receita nº 3.02.05.01.01 – Reversão Provisão Instruções CVM 319 e 349, às fls. 569, 689, 259). Em relação ao Lucro Real, o mesmo foi reduzido mediante exclusão da reversão referida, conforme Ficha 09, linha 29 “() Reversão dos Saldos das Provisões Não Dedutíveis”. O Lucro Líquido não se alterou, pois a sua redução pela despesa foi compensada pela receita de reversão de despesa, mas o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL, no entender da fiscalização, teriam sido indevidamente reduzidos. Em razão disso, e considerando que o ágio apurado pela Recorrente seria fictício, a fiscalização glosou as referidas exclusões, e apurou novamente o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL da Recorrente nos AC 2007 a 2009, cálculos estes localizados no ANEXO I do Termo de Verificação e Encerramento de Procedimento Fiscal (os cálculos foram elaborados com base nas DIPJ e apresenta comparação entre os Valores Apurados pelo Sujeito Passivo versus Valores Apurados pela Fiscalização) às fls. 3179/3209. Do exposto, o que se verifica é que, ao invés de glosar a amortização do ágio, a fiscalização glosou a exclusão da reversão dos saldos das provisões operacionais, o que não pode ser aceito em face da legislação vigente. O equívoco da interpretação fiscal está em tentar correlacionar a reversão da provisão operacional sobre realização de ágio (“receita”) e a despesa de amortização de ágio contabilizadas, haja vista que tais lançamentos não possuem qualquer relação Fl. 5357DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 13 12 e muito menos o efeito de anulação recíproca, ainda que matemática. A contabilização dessa provisão decorre da observância ao disposto no art. 6º, § 1º, da Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº. 319/99, com a redação que lhe foi dada pela Instrução CVM nº. 349/01. Essa norma pauta a contabilização, na incorporadora excontrolada, do ágio apurado pela incorporada excontroladora quando da aquisição do investimento na excontrolada. Em resumo, o dispositivo citado objetiva circunscrever os efeitos contábeis do ágio aos seus aspectos fiscais diante da incorporação de uma sociedade controladora por sua controlada. Vejamos: (...) A CVM buscou expurgar das demonstrações financeiras valores que não tivessem significação econômica. Por isso, determinou a constituição, na incorporada, de provisão (redução concomitante do ativo e do patrimônio líquido) em montante equivalente à diferença entre o valor do ágio e o do benefício fiscal decorrente da sua amortização (§ 1º, “a”). O valor líquido remanescente dessa operação (ágio provisão) deveria ser registrado em conta do patrimônio líquido da incorporadora denominada “Reserva Especial de Ágio” (§ 1º, “b”), enquanto o ativo da incorporadora deveria registrar esse mesmo valor líquido no circulante ou no realizável a longo prazo de acordo com a expectativa de realização do ágio (§1º, “d”). (...) Diante disso, verificase que a Recorrente procedeu corretamente constituindo provisão no valor de R$ 52.658.258,00, fazendo com que as amortizações mensais do ágio (cuja contrapartida constitui despesa) passassem a ter o mesmo valor da reversão da provisão constituída (cuja contrapartida é uma receita). Destaquese, por oportuno, que a despesa correspondente à referida provisão foi adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, em 2004, nos termos do artigo 335 do RIR/99, já que não se trata de provisão com dedutibilidade expressamente autorizada. Ocorre que, na constituição da provisão, não houve reflexo no resultado contábil apurado, uma vez que sua contrapartida se deu diretamente em conta do patrimônio líquido, sem transitar pelo resultado. Justamente por isso, considerando que a contabilização da provisão não gerou efeitos fiscais no momento de sua constituição, sua reversão também não poderia. Essa reversão é realizada com lançamentos a crédito de conta de resultado, os quais resultam, por via de consequência, em um aumento do Fl. 5358DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 14 13 lucro real e da base de cálculo de CSLL. Logo, o procedimento de exclusão, via Lalur, dos valores contabilizados como receita, era o único caminho que a Recorrente poderia ter seguido a fim de manter a neutralidade da constituição da provisão e de sua reversão. Noutras palavras, a exclusão do Lalur apenas neutraliza a reversão da provisão para realização de ágio. Dessa forma, é incorreta a conclusão final da autoridade fiscal no sentido de que a exclusão realizada no Lalur caracteriza a infração, pois o que de fato diminuiu a base de cálculo do IRPJ e CSLL foram as despesas com amortização de ágio. Se a intenção do Sr. agente fiscal era glosar o aproveitamento fiscal do ágio, deveria ter glosado diretamente sua amortização e não questionado as receitas decorrentes da reversão da provisão. Forçoso concluir, pois, que a Sr. agente fiscal incorreu em vício material, já que embasou incorretamente a autuação. Em síntese, no presente caso, a fiscalização considerou que a infração do contribuinte decorreu da exclusão realizada no LALUR, mas o voto condutor entendeu que a empresa agiu corretamente, posto que a despesa relativa à provisão foi considerada na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, conforme previsto no art. 335 do RIR/99. Entendeu a decisão ora recorrida que a constituição da previsão não teve reflexo no resultado contábil apurado, pois a sua contrapartida não transitou pelo resultado e teve como destino conta do patrimônio líquido. Assim, ao considerar que a constituição da provisão não gerou efeitos, o acórdão da turma a quo entendeu que também sua reversão também deveria ser neutra, posto que realizada com lançamentos a crédito de conta de resultado, cujo resultado foi um aumento do lucro real e da base de cálculo de CSLL, de sorte que a exclusão no LALUR teria apenas neutralizado a reversão da provisão relativa ao ágio. Com base nessa premissa a decisão se manifestou pela improcedência do lançamento, que deveria ter glosado as despesas com amortização do ágio e não considerado a exclusão do LALUR como infração tributável. Já no acórdão paradigma verificase que a situação fática era diversa, pois a autoridade fiscal primeiro identificou as despesas registradas na conta de amortização do ágio (que efetivamente reduziram o lucro contábil e também o tributável) e glosou os valores correspondentes. Posteriormente, ao constatar que os valores líquidos dessa conta já estavam reduzidos pela contrapartida da realização da provisão para ajuste do ágio, o contribuinte, em caráter complementar, promoveu exclusões a título de reversão para os períodos impactados. Isso significa que as situações fáticas são distintas, porque no presente caso o acórdão entendeu que foi correta a constituição da provisão (cuja contrapartida constitui uma despesa) e também a sua reversão (cuja contrapartida é uma receita), de modo a neutralizar os efeitos da contabilização, pois os lançamentos foram realizados em contas distintas daquela em que ocorreu a amortização do ágio, enquanto que no paradigma a provisão foi constituída como Fl. 5359DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 15 14 contrapartida à própria conta de amortização do ágio, implicando redução do seu saldo e, por isso, houve a glosa fiscal, a título complementar em relação aos saldos líquidos existentes. Trazendo à análise a situação concreta destes autos, verificase, a partir do detalhamento constante da decisão de primeira instância (efls.3.819 e ss.) sobre as operações e eventos que deram origem ao ágio interno, que ocorreram os seguintes lançamentos principais no período que importa ao presente litígio: 01/01 a 31/12/2007 a Dacar Química do Brasil contabilizou R$ 10.531.651,68 de despesa com amortização do ágio na conta 3.02.05.02.02 Amortização do Ágio, assim como R$ 10.531.651,68 de receita com reversão da Provisão CVM Instruções 319 e 349 na conta 3.02.05.01.02 Reversão Provisão Instruções CVM 319 e 349 (fl. 569); 31/12/2007 a Dacar Química do Brasil excluiu R$ 10.531.651,68 do LALUR a título de reversão da Provisão CVM Instruções 319 e 349 (fls. 329365); [...] 01/01 a 31/12/2008 a Dacar Química do Brasil contabilizou R$ 10.531.651,68 de despesa com amortização do ágio na conta 3.02.05.02.01 Amortização do Ágio, assim como R$ 10.531.651,68 de receita com reversão da Provisão CVM Instruções 319 e 349 na conta 3.02.05.01.01Reversão Provisão Instruções CVM 319 e 349 (fl. 689); 31/12/2008 a Dacar Química do Brasil excluiu R$ 10.531.651,68 do LALUR a título de reversão da Provisão Instruções CVM 319 e 349 (fls. 366406); [...] 01/01 a 31/12/2009 a Dacar Química do Brasil contabilizou R$ 10.531.651,68 de despesa com amortização do ágio na conta 3.02.05.02.01 Amortização do Ágio, assim como R$ 10.531.651,68 de receita com reversão da Provisão Instruções CVM 319 e 349 na conta 3.02.05.01.01 Reversão Provisão Instruções CVM 319 e 349 (fl. 259); 31/12/2009 a Dacar Química do Brasil excluiu R$ 10.531.651,68 do LALUR a título de reversão da Provisão Instruções CVM 319 e 349 (fls. 407449); [...] Verificase, pois, que, no tocante à contabilização da provisão para realização do ágio, o contribuinte constituiu provisão do ágio contabilizado, mas quando da reversão, o fez em conta de receita própria, não em contrapartida à conta de despesa de amortização do ágio, como no paradigma. A partir dessas informações concluise que as situações fáticas são distintas e, mais ainda, que o racional adotado pelas decisões seria, inclusive, convergente. Com efeito, foi a distinção fática que levou ao provimento do recurso do contribuinte no presente caso e ao não provimento na hipótese do paradigma, pois naquele Fl. 5360DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 16 15 processo a provisão foi efetuada contra a conta de despesa de amortização do ágio, com efeitos diretos no resultado tributável, o que justamente ensejou a glosa complementar, uma vez que não havia receita a ser anulada na composição do resultado do exercício. Nesse sentido, cabe referir que o próprio o acórdão paradigma consigna expressamente a distinção aqui demonstrada: Vejase que a circunstância aqui presente é totalmente distinta daquela apontada pela recorrente em sua sustentação oral, na qual a autoridade fiscal, ao pretender glosar as amortizações de ágio, ao invés de valerse de valor computado como despesa, indica como indevida a exclusão, de mesmo valor, computada para fins de reversão de provisão semelhante à aqui tratada. Nestes autos, a autoridade lançadora deixou claro que somente promoveu a glosa da exclusão de realização de provisão porque esta se prestava a complementar o efeito redutor do lucro real, não alcançado com a despesa originalmente contabilizada, vez que esta foi minorada pelo lançamento a crédito, na mesma conta contábil, da reversão de provisão. Frisese, também, que a autoridade fiscal poderia, neste caso, ter promovido apenas a glosa da despesa lançada a débito da conta 431110, como defende a recorrente também em sustentação oral. Para tanto, bastaria demonstrar que embora o saldo final da conta contábil transportado para resultado foi minorado por lançamentos a crédito posteriormente excluídos na apuração do lucro real. Todavia, o fato de existir outra forma de se motivar a exigência de forma alguma desmerece aquela adotada nestes autos, decorrente, basicamente, da forma anormal de contabilização de reversão de provisão adotada pela contribuinte. Reiterando: se a contribuinte, ao realizar esta provisão, fizesse uso de uma conta de receita própria, sua exclusão seria pertinente. Contudo, ao realizar esta provisão em contrapartida à conta de despesa de amortização do ágio, reduzindo seu saldo, sua exclusão passou a representar a complementação da amortização do ágio, na medida em que inexistia receita a ser anulada na composição do resultado do exercício. Descritos claramente os fatos e sua conseqüência tributária, nenhuma irregularidade pode ser imputada à conduta da autoridade lançadora. (grifouse) Pelos motivos expostos, entendo que não há como admitir o recurso fazendário quanto a este ponto. Apresenta, ainda, a recorrente, subsidiariamente, tese relativa à divergência sobre a nulidade do auto de infração, tendo sido o recurso fazendário admitido somente em relação ao primeiro paradigma (acórdão nº 10196557), conforme despacho de admissibilidade de fls. 46794684. Ocorre que, posteriormente, em despacho complementar, o Presidente da Câmara não admitiu o segundo paradigma (Acórdão nº 240100434), com base nos seguintes fundamentos (verbis): Fl. 5361DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 17 16 Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a Recorrente não logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial em relação ao acórdão paradigma nº 240100.434, de 2009, como a seguir demonstrado (destaques do original transcrito): Decisão recorrida: ERRO NO ENQUADRAMENTO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Constatado erro no enquadramento legal e descrição de fatos, devese cancelar a exigência. Se a infração apontada pelo Fisco diz respeito a exclusões indevidas do Lucro Real, mas a real irregularidade cometida foi a contabilização de despesas indedutíveis, o crédito tributário deve ser cancelado. [...]. Do exposto, o que se verifica é que, ao invés de glosar a amortização do ágio, a fiscalização glosou a exclusão da reversão dos saldos das provisões operacionais, o que não pode ser aceito em face da legislação vigente. O equívoco da interpretação fiscal está em tentar correlacionar a reversão da provisão operacional sobre realização de ágio (“receita”) e a despesa de amortização de ágio contabilizadas, haja vista que tais lançamentos não possuem qualquer relação e, muito menos, o efeito de anulação recíproca, ainda que matemática. [...]. Dessa forma, é incorreta a conclusão final da autoridade fiscal no sentido de que a exclusão realizada no Lalur caracteriza a infração, pois o que de fato diminuiu a base de cálculo do IRPJ e CSLL foram as despesas com amortização de ágio. Se a intenção do Sr. agente fiscal era glosar o aproveitamento fiscal do ágio, deveria ter glosado diretamente sua amortização, e não questionado as receitas decorrentes da reversão da provisão. Forçoso concluir, pois, que o Sr. agente fiscal incorreu em vício material, já que embasou incorretamente a autuação. Acórdão paradigma nº 240100.434, de 2009: NULIDADE ERRO NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO Erros na apuração da base de cálculo, ainda que ocorram, não inquinam de nulidade o lançamento. [...]. Não vislumbro a nulidade apontada pelo ilustre conselheiro relator. Não se trata de mudança de critério jurídico. Tratase, ao meu ver, da adoção da base de cálculo proposta pelo contribuinte em sede de impugnação (fls. 111). Os valores propostos pelo fisco para a retificação da base de cálculo (fls. 163 e 164) nada mais são do que a adoção da base proposta pela recorrente (fls. 111). Fl. 5362DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 18 17 Jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes tem sido no sentido de que erros na apuração da base de cálculo não acarretam a nulidade do lançamento. O que deve ocorrer é a retificação do lançamento para adequálo à realidade fálica ou jurídica: [...]. Portanto, alinhome ao entendimento adotado na jurisprudência acima descrita, no sentido de que não há de se declarar a nulidade do lançamento. Destarte, rejeito a preliminar de nulidade do lançamento. Com relação a esse acórdão paradigma nº 240100.434, de 2009, não ocorre o alegado dissenso jurisprudencial, por se tratar de situações fáticas distintas. Enquanto na decisão recorrida tratouse de erro no enquadramento legal e descrição dos fatos, ou seja, o Sr. agente fiscal incorreu em vício material, já que embasou incorretamente a autuação, no acórdão paradigma apontado (Acórdão nº 2401 00.434, de 2009), ao contrário, tratouse de erros na apuração da base de cálculo, ou seja, adoção da base de cálculo proposta pelo contribuinte em sede de impugnação. São, pois, situações fáticas distintas, a demandarem, forçosamente, decisões diversas, insuscetíveis de uniformização por meio do Recurso Especial de divergência. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela não caracterização da divergência de interpretação suscitada em relação ao acórdão paradigma nº 240100.434, de 2009. De fato, a simples leitura dos fundamentos adotados pelo despacho evidencia que os casos são bastante diferentes, de sorte que esse paradigma não se mostrou apto a subsidiar a divergência interpretativa necessária para o seguimento do recurso especial. Notase, porém, que a decisão do segundo paradigma quanto à nulidade por erro na apuração da base de cálculo é praticamente idêntica à decisão consubstanciada ao primeiro paradigma (acórdão nº 10196557), inicialmente admitido e que trouxe o presente recurso a julgamento. O referido acórdão restou assim ementado: NULIDADE ERRO NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO Erros na apuração da base de cálculo, ainda que ocorram, não inquinam de nulidade o lançamento, podendo dar lugar a cancelamento total ou parcial da exigência. ARBITRAMENTO DO LUCRO Se . o contribuinte, intimado, deixa de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, declarando, inclusive, não possuilos, a autoridade fiscal fica adstrita a proceder ao arbitramento do lucro. OMISSÃO DE RECEITAS A falta de comprovação da origem dos recursos depositados em contas correntes mantidas junto a Fl. 5363DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 19 18 instituições financeiras autoriza a presunção de omissão de receitas, representada pela soma dos depósitos, desconsiderados os representativos de transferências entre contas do mesmo titular, e as receitas declaradas pelo contribuinte. MULTA QUALIFICADA A conduta da empresa, consistente em reiteradamente declarar parcela da receita muito inferior à real, aliada ao não fornecimento de sua escrituração comercial e fiscal, justifica a aplicação da multa qualificada. (grifouse) Transcrevo parte do relatório e voto do acórdão paradigma para demonstrar a situação nele analisada: A fiscalização arbitrou o lucro do contribuinte que, embora tendo optado pela tributação com base no lucro presumido, não possui a documentação fiscal e contábil que acoberte os valores declarados, conforme ele próprio informou à fiscalização. Nessas condições, concluiu a fiscalização que a opção do contribuinte deve ser desconsiderada, tendo sido arbitrado seu lucro com base nos valores da receita bruta por ele próprio declarada. [...] Em impugnação tempestiva o interessado alegou a ocorrência de cerceamento do direito de defesa e do contraditório, erros de apuração da base de cálculo e aplicação de multa de oficio qualificada sem nenhum elemento de prova que tipificasse os atos da empresa. [...] Requereu, afinal, fossem acolhidas as preliminares de nulidade, para o cancelamento do auto de infração do IRPJ e seus decorrentes ou, no mérito, fosse reconhecida a opção da pessoa jurídica pelo lucro presumido, e excluídas as parcelas dos depósitos bancários cuja origem foi comprovada , bem como cancelada a aplicação da multa de oficio qualificada por ausência de fatos para tal exação. A Turma de Julgamento julgou procedente em parte a ação fiscal, reduzindo a omissão de receitas apurada a partir dos valores creditados em instituições financeiras, cuja origem não fora comprovada, para excluir os valores que evidenciavam transferência de numerário entre contas do mesmo titular. [...] Na peça recursal, reedita as preliminares [...] [...] Voto [...] Fl. 5364DF CARF MF Processo nº 10980.725989/201277 Acórdão n.º 9101004.054 CSRFT1 Fl. 20 19 Não prospera a argüição de nulidade do trabalho fiscal, por ter havido erros de apuração da base de cálculo. Esse fato, por si só, motiva a redução da exigência formalizada no auto de infração, como, aliás, foi feito pela decisão recorrida, mas não acarreta a nulidade do auto de infração. (grifouse) Assim, considero que se trata aqui, do mesmo modo, de situações fáticas distintas, a demandarem, forçosamente, decisões diversas, insuscetíveis de uniformização por meio do Recurso Especial de divergência, pelo que não deve ser conhecido o recurso especial fazendário nesta matéria também em relação ao primeiro paradigma (acórdão nº 10196557). Ante o exposto, voto por não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 5365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.903591/2012-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.846
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10805.903591/2012-17
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5986798
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-001.846
nome_arquivo_s : Decisao_10805903591201217.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MARCELO GIOVANI VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10805903591201217_5986798.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
id : 7692791
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:41:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663192817664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1396; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10805.903591/201217 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.846 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 27 de março de 2019 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente BRIDGESTONE DO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório Reproduzo o relatório da primeira instância administrativa: Cuidam os autos de Declaração de Compensação Dcomp, crédito decorrente de Pagamento Indevido ou a Maior, arrecadado em 23/12/2010, referente ao período de apuração de 30/11/2010, código de receita 5856, no valor de R$ 4.201.157,97, com débito(s) próprio(s) da contribuinte. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 05 .9 03 59 1/ 20 12 -1 7 Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10805.903591/201217 Resolução nº 3201001.846 S3C2T1 Fl. 3 2 Irresignada com a nãohomologação da compensação, a interessada oferece manifestação de inconformidade alegando que: O valor devido em relação a Cofins de 11/2010 correspondia a R$ 4.133.120,26 e foi recolhido R$ 4.201.157,92, ensejando uma diferença a título de pagamento a maior no valor original de R$ 68.037,66. O novo valor apurado foi ajustado na DACON de novembro/2010, sendo, portanto, legítimo o crédito pleiteado. Pelo exposto, requer seja reconhecido o crédito de R$ 69.874,68 (valor atualizado pela Selic de 1%) e homologada a compensação pleiteada, reconhecendose a ilegalidade da imputação da multa moratória e juros constantes do despacho decisório. A 4ª Turma da DRJ/Brasília/DF, por meio do Acórdão 03066.915, de 19/03/2015, decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano calendário: 2010 COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO DO SUJEITO PASSIVO. A compensação de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o pretenso crédito da empresa é inexistente. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. No Recurso Voluntário, a empresa reitera o seu direito: sustenta erro material na apuração original confessada em DCTF, mas corrigida no Dacon; detalha as rubricas envolvidas na apuração da Cofins do período, chegando ao valor de R$ 4.133.120,26; apresenta cópias de registros do Livro Razão e informa que a totalidade da escrituração contábil está disponível à Receita Federal por meio do Sistema Público de Escrituração Digital SPED; pede, subsidiariamente, diligência para aferir a verdade material do caso. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovai Vieira, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10805.903591/201217 Resolução nº 3201001.846 S3C2T1 Fl. 4 3 A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. A DCTF retificadora apresentada antes de qualquer procedimento de ofício tem o mesmo valor da original, e a substitui integralmente, porque a motivação da alteração é espontânea. Todavia, após qualquer procedimento de ofício, a retificação da DCTF incide em ausência de espontaneidade, caracterizando vício de motivação, e por isso, exige comprovação material. Vigia, então, a Instrução Normativa RFB 1110/2010: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente àquela declaração. § 4º Na hipótese do inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 7º. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10805.903591/201217 Resolução nº 3201001.846 S3C2T1 Fl. 5 4 § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. Assim, estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se possa retificálo, após os procedimentos de ofício, é necessária prova de sua inexatidão. É preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. A escrituração contábil/fiscal difere de meras planilhas quanto à confiabilidade, posto que possuem requisitos de registros e temporalidade. Além disso, a própria contabilidade não prescinde de ser lastreada em documentos do relacionamento da empresa com terceiros, tais como notas fiscais e contratos, a conferir veracidade ao registro. Esses aspectos da força probante dos documentos são tratados nos artigos 219 e 226 do Código Civil: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. (...) Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. A obrigação de conservar os registros até que prescrevam os direitos reclamados com base neles, consta do Código Tributário Nacional, §único do artigo 195: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Temse ainda o DecretoLei 486/69, art. 4º: Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10805.903591/201217 Resolução nº 3201001.846 S3C2T1 Fl. 6 5 Art 4º O comerciante é ainda obrigado a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, a escrituração, correspondência e demais papéis relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. Fechando o arcabouço legal pertinente, temse ainda que, em se tratando de pedido de restituição e consequente compensação, o ônus da prova é do contribuinte, conforme art. 36 da Lei 9.784/991, art. 373, I do CPC2. A decisão recorrida considerou que o documento trazido pela recorrente na Manifestação de Inconformidade, como mera planilha, não atende aos requisitos de prova. Não obstante, no Recurso Voluntário, a recorrente trouxe partes do Livro Razão, e informou que toda a contabilidade está aberta ao Fisco no Sistema Público de Escrituração Digital, SPED. Ademais, muitas das informações aplicáveis estavam disponíveis para a auditoria também no Dacon. Nesse contexto, em que o Despacho Decisório não esclarece os elementos necessários para sua contradição e não examina o mérito do indébito, e que os elementos exigidos pela decisão recorrida foram trazidos, ao menos aparentemente, no Recurso Voluntário, ou estavam disponíveis desde o início ao Fisco, entendo que há abrigo na dialética processual, artigo 16 do Decreto 70.235/72 PAF, para consideração das provas trazidas, atento ao princípio da verdade material. Além disso, o Parecer Cosit 2/2015 orienta: 19. Dependendo do momento ou situação em que o PER é indeferido ou a DCOMP é apresentada ou a intimação para autorregularização é feita ou que a não homologação é decidida, é possível que o sujeito passivo não possa mais retificar sua DCTF por alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010. A autoridade administrativa ou julgadora, contudo, ao analisar o caso concreto, pode reconhecer ou não o crédito do sujeito passivo de acordo com as circunstâncias fáticas e/ou materiais contidas no processo. Assim, e com base no artigo 293, combinado com artigo 16, §§4º e 6º4, do PAF, e no princípio da verdade material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para 1 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 3 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 4 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (...) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10805.903591/201217 Resolução nº 3201001.846 S3C2T1 Fl. 7 6 que o Fisco tenha a oportunidade de aferir a idoneidade dos documentos apresentados no Recurso Voluntário, em confronto com os respetcivos livros e lastros, conforme o Fisco entender necessário e/ou cabível, e produção de relatório conclusivo sobre a pretendida compensação. Após, a recorrente deve ser cientificada, com oportunidade para manifestação, e o processo deve retornar ao Carf para prosseguimento do julgamento. (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 261DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.000134/2008-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3301-001.060
Decisão: Vistos relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem intime a MUDE e a CISCO a se manifestarem sobre o desfecho do processo penal, em 30 dias. Após, cientifique a Fazenda Nacional, também para manifestação em 30 dias.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10803.000134/2008-02
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988713
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3301-001.060
nome_arquivo_s : Decisao_10803000134200802.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
nome_arquivo_pdf_s : 10803000134200802_5988713.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem intime a MUDE e a CISCO a se manifestarem sobre o desfecho do processo penal, em 30 dias. Após, cientifique a Fazenda Nacional, também para manifestação em 30 dias. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7697922
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051663241052160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1718; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 32.795 1 32.794 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10803.000134/200802 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3301001.060 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de fevereiro de 2019 Assunto INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA QUEBRA DA CADEIA DE IPI Recorrente MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem intime a MUDE e a CISCO a se manifestarem sobre o desfecho do processo penal, em 30 dias. Após, cientifique a Fazenda Nacional, também para manifestação em 30 dias. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão de efls. 32.674ss: Trata o presente processo do Auto de Infração de fls. 969/978, integrado pelo Termo de Verificação Fiscal de fls. 739/967, por meio do qual se exige a multa prevista no artigo 490, inciso I, do Decreto nº 4.544/02 (RIPI/02), no valor de R$ 198.493.758,28 (cento e noventa e oito milhões, quatrocentos e noventa e três mil, setecentos e cinquenta e oito reais e vinte e oito centavos). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 03 .0 00 13 4/ 20 08 -0 2 Fl. 32795DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.796 2 O procedimento fiscal decorreu de trabalho desenvolvido pelo Escritório de Pesquisa e Investigação da Receita Federal em conjunto com a Polícia Federal onde foi apurada a logística de importação e distribuição de produtos eletroeletrônicos e de telecomunicações da empresa norteamericana CISCO SYSTEM INC, constituído a partir de uma sucessão de empresas exportadoras nos EUA, e, no Brasil, de importadoras, distribuidoras, de assessoria comercial, de despacho aduaneiro, aparentemente, distintas umas das outras, mas que, de fato, segundo destacou a fiscalização, constituem uma organização sob comando único, conforme vínculos dos seus integrantes, interagindo em uma série de operações comerciais simuladas, manipulando a base de cálculo de tributos federais e estaduais, e, excluindo, por meio de interposição fraudulenta, conforme exposto ao longo do Termo de Verificação Fiscal (fls. 739/967), do rol de contribuintes do IPI a empresa MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, doravante denominada MUDE, objeto do presente auto de infração e ocultando a grande interessada na colocação de produtos no mercado brasileiro, a CISCO SYSTEM INC. dos EUA. Relevante destacar que somente no ano calendário de 2003, o valor do IPI não destacado nas operações de vendas da MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. e objeto da constituição parcial de crédito tributário montou R$ 29.057.021,80 (vinte e nove milhões, cinquenta e sete mil, vinte e um reais e oitenta centavos). Baseouse o Auto de Infração em distintas fontes de dados, entre as quais citamos: Provas apreendidas durante a “OPERAÇÃO PERSONA”, realizada em 16/10/2007 pela Polícia Federal (conforme mandado de busca e apreensão prolatado nos autos do processo judicial nº 2005.61.81.0092851 do Juízo da 4ª Vara Criminal Federal da 1ª Subseção Judiciária de São Paulo), consistindo em documentos comerciais, anotações, depoimentos consignados em termos próprios, interceptações telefônicas, mensagens de correio eletrônico e documentos em meio eletrônico. Provas obtidas nas auditorias fiscais efetuadas pela Equipe Especial de Fiscalização Aduaneira, consistindo em livros fiscais, notas fiscais, documentos societários, extratos bancários, e demais documentos e esclarecimentos apresentados à fiscalização. Foi obtida autorização judicial para a flexibilização dos sigilos telefônicos e de dados, relativamente às principais pessoas e empresa relacionadas à investigação, sendo que o acesso e utilização do monitoramento (telefônico e telemático), documentos apreendidos nos mandados de busca e apreensão e aos interrogatórios, foram franqueados aos servidores designados pela Receita Federal do Brasil no trabalho de fiscalização. No comando do esquema operacional de importações, encontramse os principais dirigentes das empresas CISCO DO BRASIL LTDA e da sua distribuidora, MUDE, e ainda, juntandose a estes, outras pessoas físicas e jurídicas especificadas no Termo de Verificação Fiscal, notadamente no capítulo VIII do mesmo, que trata da Sujeição Passiva Solidária, que montaram uma sequência de operações para ocultação do real importador, simulando a ocorrência de importação direta ou própria em nome das terceiras pessoas jurídicas interpostas, quando, na verdade, as importações ocorriam por conta e ordem da própria MUDE. Ressaltou a fiscalização que as fraudes visavam a ocultação dos reais adquirentes e beneficiários das operações de comércio exterior, MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA e CISCO DO BRASIL LTDA., através da estrutura de importação fraudulenta baseada na criação de empresas interpostas entre os extremos da cadeia logística (fabricante/real exportador e real importador/adquirente). Fl. 32796DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.797 3 Obscurecendose ainda mais os fatos reais, o grupo optou por criar o chamado “duplo grau de blindagem”, ou seja, além da criação do importador e exportador interpostos, o grupo também criou distribuidores interpostos no Brasil e nos Estados Unidos. Assim ao final dos trabalhos, concluiu a fiscalização que a empresa acima identificada, através de ações fraudulentas e simuladas, incidiu na conduta tipificada no artigo 29 da Lei nº 10.637, de 30/12/2002, combinado com o artigo 79 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001, comercializando produtos de importação irregular. Tendo em vista o disposto no art. 124, I da Lei nº 5.172 de 1966 (Código Tributário Nacional), foi declarada a responsabilidade solidária da empresa CISCO DO BRASIL LTDA, CNPJ nº 00.028.666/000158 e das pessoas físicas FERNANDO MACHADO GRECCO, CPF 154.002.54896, MARCELO NAOKI IKEDA, CPF 174.047.79871, MARCÍLIO PALHARES LEMOS, CPF 455.587.95620, MOACYR ÁLVARO SAMPAIO, CPF 535.257.60868, HÉLIO BENETTI PEDREIRA, CPF 003.916.86895, GUSTAVO HENRIQUE CASTELLARI PROCÓPIO, CPF 255.873.01850, JOSÉ ROBERTO PERNOMIAN RODRIGUES, CPF 058.787.58873, LUIZ SCARPELLI FILHO, CPF 007.199.32823, PEDRO LUIS ALVES COSTA, CPF 382.756.60882, REINALDO DE PAIVA GRILLO, CPF 791.743.02868, CARLOS ROBERTO CARNEVALI, CPF 205.601.84891, CID GUARDIA FILHO, CPF 037.619.00864 e ERNANI BERTINO MACIEL, CPF 239.033.84704. DA IMPUGNAÇÃO DA EMPRESA MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA Intimada do Auto de Infração em 12/12/2008 (fl. 967), a empresa MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA apresentou impugnação e documentos em 12/01/2009, juntados às folhas 1152 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente violação ao Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório pois só teve acesso às cópias do processo em 12/01/2009, sendo prejudicada assim a análise de toda a documentação que instrui o auto. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que o auto baseiase apenas nessas provas. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007, não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega preliminarmente que a fiscalização foi superficial e que não buscou a verdade material, baseandose em suposições. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega preliminarmente que é vedada a utilização de prova emprestada no processo administrativo. Cita jurisprudência sobre o tema. Alega preliminarmente que a fiscalização interpretou as interceptações telefônicas e demais provas de forma Fl. 32797DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.798 4 a confirmar sua caracterização de fraude, distorcendo a realidade. Reafirma a alegação já feita no item 4 acima. Alega preliminarmente que a fiscalização interpretou de forma incorreta as expressões “antecipação de pagamentos” e “comissão”. Alega ainda que o modus operandi das importações decorre de uma logística comum no mercado que busca maior eficiência e rapidez. No mérito, alega que a autuação baseiase essencialmente na suposta antecipação de recursos a distribuidores e importadores. Alega que a fiscalização em seu Termo de Verificação Fiscal apresentou apenas uma operação de aquisição de mercadorias quando deveria de fato demonstrar a fraude detalhadamente em todas as operações. Alega que a contabilidade da empresa faz prova a seu favor e que não foram escriturados adiantamentos a fornecedores. Cita doutrina. Alega que a empresa não pode ser considerada importadora nos termos do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 07/2002. Cita doutrina e jurisprudência. Apresenta perícia contábil que conclui que não houve antecipação de pagamentos a fornecedores. Alega ausência do procedimento próprio da IN/SRF 228/02. Alega que as empresas apresentavam situação regular no cadastro do CNPJ e no RADAR no momento das operações. Alega que as empresas importadoras e distribuidoras não são empresas de fachada. Apresenta documentos relativos a essas empresas. Alega que a fiscalização utilizou como data do fato gerador da multa aplicada o dia 31/12/2003, em desconformidade com a legislação tributária. Alega a decadência dos créditos tributários lançados relativos a operações havidas antes de 12/12/2003. O Auto de Infração foi lavrado em 12/12/2008 (data da ciência pela Impugnante), apenas poderiam ser objeto da multa regulamentar, caso ela fosse devida, as operações de entrega a consumo ocorridas após 12/12/2003, e não todas as que ocorreram no ano de 2003. Sustenta a aplicação do disposto no art. 78 da Lei nº 4.502/64. Alega que a multa aplicada seria cabível apenas ao importador. Cita jurisprudência sobre o tema. Alega que a multa não se aplica a produtos vendidos mas sim importados. Alega a atipicidade da multa aplicada. Sustenta que essa multa só seria cabível durante o despacho aduaneiro, após a decretação da pena de perdimento. Alega que ao presente caso seria aplicável a multa de 10% do valor da operação, nos termos do art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Cita jurisprudências administrativas. Fl. 32798DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.799 5 Alega a inconstitucionalidade da multa aplicada por caracterizar confisco. Alega ainda que não houve dano ao erário, sendo aplicável a multa do art. 67 da MP nº 2.15835, de 24/08/2001. Alega que a fiscalização utilizou base de cálculo errônea, sendo que deveria ser utilizado o valor da mercadoria importada. Alega a ilegalidade da utilização da taxa SELIC. Requer, por fim, que em preliminares ou no mérito seja julgado improcedente o presente auto de infração. DA IMPUGNAÇÃO DA EMPRESA CISCO DO BRASIL LTDA Intimada do Auto de Infração em 12/12/2008 (fl. 1.043), a empresa CISCO DO BRASIL LTDA apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1277 e seguintes, alegando em síntese: Alega que a empresa utiliza um modelo de negócios que não foi compreendido pela fiscalização. Discorre sobre esse modelo. Alega que não participou das operações de importação e que não tinha conhecimento de qualquer irregularidade. Alega que não teve participação na produção das provas, não recebendo qualquer intimação, sendo violados os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa. Alega que as provas produzidas na investigação criminal não poderiam ser utilizadas na esfera administrativa. Alega que não há identidade de partes. Cita doutrina e jurisprudência. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega que foi qualificada como comercial atacadista apenas para fins de inscrição no SISCOMEX, não tendo por objeto social tal atividade. Alega que a CISCO SYSTEM INC iniciou investigação interna para apurar denúncia de que Carlos Roberto Carnevali tinha relação com a empresa MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Cita o Relatório IPEI BA 2008 006, que não concluiu pela vinculação. Alega que tal relatório não autoriza a fiscalização a alegar o conhecimento da CISCO SYSTEM INC do suposto esquema fraudulento. Tece comentários sobre vários documentos, emails e conversas telefônicas do Termo de Sujeição Passiva Solidária, fls. 979/1043, alegando, em síntese, que tratamse de contatos comerciais normais dentro do modelo de negócios adotado pela impugnante. Tece comentários sobre a escuta telefônica, fls. 1008 e seguintes, transcrita no Termo de Sujeição Passiva Solidária, acima citado, relativa a teleconferência entre Pedro Ripper, Presidente da CISCO DO BRASIL LTDA e outros funcionários da mesma empresa. Alega que tal conversa ocorreu em 2007, não se aplicando a importações de 2003. Alega que o citado “split” ou separação entre hardware e software nas declarações de importação para redução da carga tributária seria feito pela MUDE e não por outras eventuais empresas interpostas. Alega que em suas Fl. 32799DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.800 6 operações a CISCO SYSTEM INC não segrega os valores de hardware e software em suas faturas de venda. Tece comentários sobre a conversa telefônica transcrita na fl. Do Termo de Sujeição Passiva Solidária, que segundo a impugnante apenas demonstra o modelo de negócios adotado. Tece comentários sobre o evento realizado pela MUDE nos EUA com representantes da CISCO SYSTEM INC. Alega que não tinha conhecimento da interposição fraudulenta de terceiros de que é acusada a MUDE. Alega que a citada reunião não prova que a separação entre hardware e software foi efetivamente realizada. Alega que a CISCO SYSTEM INC não realiza exportações e que portanto não define procedimentos a serem adotados na importação. Alega que as linhas de crédito que a MUDE obtinha através de suas controladas nos EUA, FULFILL HOLDING e posteriormente MUDE USA, junto às instituições CISCO CAPITAL, GE COMERCIAL DISTRIBUTION FINANCE CORPORATION e BANCO CITIBANK, eram medidas comuns na relação entre a CISCO SYSTEM INC e seus parceiros. Alega que essa relação não prova que a CISCO SYSTEM INC ou a CISCO DO BRASIL LTDA tinham conhecimento de suposto esquema fraudulento nas importações. Alega que as provas apresentadas no tópico “PESSOAS QUE EFETIVAMENTE DIRIGEM A EMPRESA”, fls. 1031 e seguintes, demonstram apenas a relação comercial entre a impugnante e a MUDE, mas não o conhecimento da impugnante sobre fraudes cometidas pela MUDE. Alega que no presente caso não seria aplicável a multa prevista no art. 490, I do RIPI pois a prática da interposição fraudulenta não significa, necessariamente, que a importação dos bens tenha ocorrido de maneira clandestina, irregular ou fraudulenta. Alega que a interposição fraudulenta tipificada para a empresa MUDE seria apenada com a pena de perdimento do art. 23 do Decretolei nº 1.475/76 (SIC). Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Cita o Parecer PGFN/CAT nº 202/2004. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN relativo à responsabilidade solidária pois para tal a empresa CISCO deveria ter relação com o fato que deu ensejo ao nascimento da relação jurídica cujo resultado é o pagamento do tributo. Alega que a CISCO não figurava no polo passivo da relação tributária em questão. Cita doutrina e jurisprudência administrativa e judicial sobre o tema. Alega que a multa aplicada é de natureza administrativa e não tributária. Alega que isso afastaria a aplicação de qualquer um dos dispositivos do CTN, incluindo aí o art. 124, I e o art. 136. Alega que a natureza não tributária da multa aplicada afastaria a incidência dos arts. 150 e 173 do CTN relativos à decadência, sendo esta regida pelo art. 78 da Lei nº 4.502/64. As alegadas infrações cometidas anteriormente a 12 de dezembro de 2003 não mais podem ser penalizadas, em respeito ao art. 78 da Lei 4.502/64. Requer, por fim, que seja cancelado o Termo de Sujeição Passiva Solidária com a exclusão da impugnante do rol de devedores solidários. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2008 (fl. 1134), FERNANDO MACHADO GRECCO apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1441 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Fl. 32800DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.801 7 Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2008 (fl.1135), MARCELO NAOKI IKEDA apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1550 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Fl. 32801DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.802 8 Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 17/12/2008 (fl.1136), MARCÍLIO PALHARES LEMOS apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1601 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2008 (fl. 1137), MOACYR ÁLVARO SAMPAIO apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1728 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório Fl. 32802DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.803 9 específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2008 (fl.1138), HÉLIO BENETTI PEDREIRA apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1868 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração (fl.1139), GUSTAVO HENRIQUE CASTELLARI PROCÓPIO apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 1990 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e Fl. 32803DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.804 10 jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2009 (fl. 1141), JOSE ROBERTO PERNOMIAN RODRIGUES apresentou impugnação e documentos em 13/01/2009, juntados às folhas 2039 e seguintes, alegando em síntese: Alega preliminarmente que não pôde obter cópias do processo, prejudicando o exercício da ampla defesa. Alega preliminarmente que as provas obtidas no procedimento de investigação criminal não poderia ser utilizadas na instrução do processo administrativo. Cita o art. 5º, X, XI e XII da CF e o art. 1º e 10º da Lei nº 9.296/96. Alega que as interceptações telefônicas só poderiam ser utilizadas para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Alega preliminarmente que as provas que sustentam a autuação foram obtidas em 2007 não podendo ser usadas como fundamento do auto que lança multa relativa ao exercício de 2003. Alega que tal lançamento estaria baseado assim em suposições. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega que não houve procedimento fiscalizatório específico em relação ao impugnante, lastreado em MPF (Mandado de Procedimento Fiscal). Cita jurisprudência. Alega que não é cabível a aplicação do art. 124, I do CTN ao impugnante pois este não teria relação jurídica com o fato imponível. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não há provas da antecipação de recursos por parte do impugnante para a realização das operações de importação. Alega que o impugnante não realiza importações. Alega que a infração cominada não alcança as pessoas físicas. Alega que a responsabilidade solidária não se aplica à cobrança de penalidades. Reafirma os argumentos já apresentados na impugnação da empresa MUDE. Por fim, requer que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração (fl.1142), LUIZ SCARPELLI FILHO apresentou impugnação e documentos em 14/01/2009, juntados às folhas 2140 e seguintes, alegando em síntese: a Autoridade Administrativa pretende fazer incidir a exação sobre todo o período de 2003. À data da lavratura do Auto de Infração, os fatos jurídicos tributários havidos até 04 de dezembro de 2003, já estavam decaídos. Alega que nunca teve qualquer participação em esquema fraudulento. Alega que prestava serviços de assessoria nas áreas de análise de procedimentos internos com capacitação de profissionais para atuar com produtos de informática, automação de processos, diminuição de custos, aumento de qualidade perante os clientes e remuneração de funcionários e prestadores de serviços. Alega que a partir de 2003 assumiu participação societária na empresa MUDE para atuar de maneira mais próxima ao seu cliente. Alega que não há qualquer irregularidade no fato de possuir uma empresa offshore como sócia. Alega que nunca foi sócio gerente da empresa autuada, sendo parte ilegítima para compor o polo passivo. Alega que nos termos do art. 135 do CTN a responsabilização dos sócios só ocorre por excesso de poderes ou infração de lei. Alega que o impugnante não foi arrolado na ação penal que tramita na Justiça Federal sobre o caso. Cita doutrina e jurisprudência judicial sobre o tema. Fl. 32804DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.805 11 Alega que não é cabível a utilização das provas emprestadas do processo criminal. Cita doutrina sobre o tema. Alega que as provas apresentadas são posteriores a 2003, ano cujos fatos geradores foram glosados. Alega ainda que vários dos documentos apresentados não apresentam data. Requer, por fim, que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração (fl. 1144), REINALDO DE PAIVA GRILLO apresentou impugnação e documentos em 29/01/2009, juntados às folhas 2246 e seguintes, alegando em síntese: Alega que o impugnante nunca participou do contrato societário da empresa MUDE nem da respectiva administração. Alega que as provas colhidas “referemse aos exercícios de 2004, 2005, 2006, 2007, mas nada referente ao exercício objeto da autuação, 2003”. Alega que o impugnante é mero prestador de serviços de assessoria em logística e comércio exterior. Alega que desconhece os fatos imputados e que não teve acesso aos documentos e provas, não podendo adentrar no mérito da autuação. Apesar da alegação de que não teve acesso às provas, segue tecendo comentários sobre as provas do processo. Alega que não há documentos que provem que o impugnante teve benefício financeiro nas operações autuadas. Alega que as provas apresentadas são precárias, insuficientes para sustentar a imputação. Cita doutrina e jurisprudência. Requer, por fim, que seja julgado improcedente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração (fl. 1145), CARLOS ROBERTO CARNEVALI apresentou impugnação e documentos em 20/01/2009, juntados às folhas 2266 e seguintes, alegando em síntese: Houve evidente violação do princípio da ampla defesa e do contraditório na imposição de sujeição passiva. Alega que não seria aplicável a responsabilidade solidária do art. 124, I do CTN. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. Alega que não possuía vínculos com a empresa MUDE além de laços de amizade. Alega que não era sócio oculto da empresa MUDE. Alega que sua relação com Hélio Pedreira é puramente profissional e de amizade sendo incabíveis as insinuações feitas pela fiscalização de que ambos montaram um esquema de importações fraudulentas. Contesta alegações sobre as operações da empresa União Digital, que segundo a fiscalização seria a antecessora da empresa MUDE nas importações de produtos CISCO. Alega que a fiscalização baseou a responsabilidade em diálogos que não se referem ao impugnante. Alega que tais provas não comprovam a participação do impugnante na administração da empresa MUDE. Alega que as planilhas que apresentam pagamentos a membros do grupo MUDE/JDTC apenas sugerem mas não comprovam tais operações. Alega ser incabível a responsabilização do impugnante pelo art. 124, I do CTN. Alega que as provas não demonstram o interesse comum do impugnante nos negócios da MUDE. Cita doutrina e jurisprudência. Alega que a fiscalização interpretou de maneira equivocada o diálogo entre o impugnante e a CISCO SYSTEM INC. Alega que a fiscalização tenta vincular sua pessoa às atividades do grupo JDTC/MUDE através de indícios e interpretações tendenciosas. Alega que os documentos para contra prova em seu favor estão em poder da fiscalização. Alega que as mensagens transcritas às fls. 13 a 15 do Termo de Sujeição Passiva referemse a diretrizes fornecidas para atuação da empresa TORNADO e não da MUDE. Alega o impugnante que na época das operações de importação autuadas, 2003, não era mais responsável pela CISCO DO BRASIL, exercendo a função de VicePresidente da CISCO para América Latina e México. Alega que a partir de 2000 começou a se afastar do operacional da empresa CISCO DO BRASIL. Alega que a partir de 2007 quase que se afasta definitivamente da CISCO DO BRASIL. Alega que prestava à época consultoria a diversas empresas incluindo a MUDE. Alega que em função Fl. 32805DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.806 12 dessa atividade e do interesse de executivos da MUDE para que o impugnante ingressasse em seu Conselho de Administração, passou a receber documentos dessa empresa para análise de sua situação financeira. Alega que esta é a razão de ter sido encontrado organograma da empresa MUDE com seu nome no Conselho de Administração. Segue afirmando o impugnante que não possui qualquer relação com a administração da empresa MUDE, apresentando mensagens sobre seu desligamento do grupo CISCO e de sua relação não profissional com os administradores da MUDE. Alega violação ao Princípio da Verdade Material. Afirma que a autuação baseouse em suposições. Requer, por fim, que sejam acolhidas as preliminares de nulidade ou que seja cancelada a sujeição passiva solidária do impugnante. Intimado do Auto de Infração em 19/12/2008 (fl.1147), CID GUARDIA FILHO apresentou impugnação e documentos em 16/01/2009, juntados às folhas 2705 e seguintes, alegando em síntese: Alega a nulidade da autuação visto que esta estaria embasada em provas emprestadas do procedimento criminal. Cita jurisprudência sobre o tema. Alega que tais provas não foram submetidas ao contraditório no âmbito do processo criminal. Alega que parte dos documentos que envolvem o impugnante são relativos a períodos posteriores ao autuado (2003). Alega ser incabível a aplicação do art. 124, I do CTN. Alega que não há interesse comum do impugnante nas saídas de mercadorias da empresa MUDE. Cita doutrina e jurisprudência. Alega que a fiscalização fundamentou a responsabilidade do impugnante em meros indícios. Alega que os documentos apreendidos em sua residência são relativos a acordo de assessoria entre a 3Tech International e a CM Guardia Org. e Planejamento. Alega o mesmo em relação aos documentos apreendidos na empresa CIDER Assessoria Empresarial. Alega que os vários depoimentos de pessoas que confirmam serem laranjas e que o real proprietário das empresas importadoras é o impugnante foram alterados na esfera judicial. Alega que não é sócio das pessoas jurídicas que realizaram as importações. Alega que a responsabilidade do art. 124, I não se aplica à multa em questão pois esta não tem natureza tributária. Alega decadência dos créditos tributários em relação a fatos geradores anteriores a 18/12/2003. Alega que a importadora D’Luck Com. Imp. e Exportação Ltda. teve a sua regularidade fiscal comprovada no bojo de procedimento fiscal previsto na IN nº 228/2002, sendo vedada a alteração do critério jurídico do lançamento, nos termos do art. 146 do CTN. Alega que as importações eram “por encomenda” nos termos do art. 11 da Lei nº 11.281/2006. Alega que houve erro na capitulação legal. Alega ainda o Princípio da Retroatividade Tributária Benigna para aplicação do art. 33 da Lei nº 11.488/07. Requer, por fim, que seja julgado insubsistente o presente auto de infração. Intimado do Auto de Infração em 18/12/2008 (fl.1148), ERNANI BERTINO MACIEL apresentou impugnação e documentos em 16/01/2009, juntados às folhas 2763 e seguintes, alegando em síntese: Alega a nulidade da autuação visto que esta estaria embasada em provas emprestadas do procedimento criminal. Cita jurisprudência sobre o tema. Alega que tais provas não foram submetidas ao contraditório no âmbito do processo criminal. Alega que parte dos documentos que envolvem o impugnante são relativos a períodos posteriores ao autuado (2003). Alega ser incabível a aplicação do art. 124, I do CTN. Alega que não há interesse comum do impugnante nas saídas de mercadorias da empresa MUDE. Cita doutrina e jurisprudência. Alega que a fiscalização fundamentou a responsabilidade do impugnante em meros indícios. Alega que os documentos apreendidos em sua residência sequer poderiam ser utilizados para embasar exigência fiscal, pois se destinam exclusivamente a fins penais. Alega que os vários depoimentos de pessoas Fl. 32806DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.807 13 que confirmam serem laranjas e que o real proprietário das empresas importadoras é o impugnante foram alterados na esfera judicial. Alega que não é sócio das pessoas jurídicas que realizaram as importações. Alega que a responsabilidade do art. 124, I não se aplica à multa em questão pois esta não tem natureza tributária. Alega decadência dos créditos tributários em relação a fatos geradores anteriores a 18/12/2003. Alega que a importadora D’Luck Com. Imp. e Exportação Ltda. teve a sua regularidade fiscal comprovada no bojo de procedimento fiscal previsto na IN nº 228/202, sendo vedada a alteração do critério jurídico do lançamento, no termos do art. 146 do CTN. Alega que as importações eram “por encomenda” no termos do art. 11 da Lei nº 11.281/2006. Alega que houve erro na capitulação legal. Alega ainda o Princípio da Retroatividade Tributária Benigna para aplicação do art. 33 da Lei nº 11.488/07. Requer, por fim, que seja julga insubsistente o Auto de Infração. Não consta do processo impugnação de PEDRO LUIS ALVES COSTA. Consta às fls. 2.905 uma IMPUGNAÇÃO COMPLEMENTAR, protocolizada em 26/02/2010, da interessada, MUDE, onde é citado o seguinte: “.../... 5. Devidamente intimada do Auto de Infração ora em combate, a Impugnante apresentou a competente Impugnação, por meio da qual demonstrou cabalmente, apoiada em fartas provas e sólido Direito, que não merece prosperar o lançamento tributário em tela. 6. Devidamente processado o feito, os autos foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto – SP (“DRJ”), a qual, em 09 de dezembro de 2009, decidiu, por unanimidade de votos, determinar a realização de diligência para, surpreendentemente, mesmo reconhecendo a ofensa ao contraditório e à ampla defesa, reabrir prazo para apresentação de Impugnação Complementar. 7. Assim entenderam os I. julgadores da DRJ, haja vista que as cópias dos autos do processo não foram disponibilizadas em tempo hábil para elaboração da Impugnação, além de ter havido o recebimento simultâneo de diversos autos de infração, com prazo para impugnação praticamente idênticos, nos últimos dias do ano fiscal de 2008. Diante disso, foi expedida a intimação nº 175/2010 (doc. 02), cientificando a Impugnante da referida decisão e concedendolhe prazo de 30 (trinta) dias para apresentação da presente Impugnação Complementar. Conforme já amplamente demonstrado quando da Impugnação e apelo quanto se verá adiante, não poderá prevalecer o Auto de Infração em comento, seja por conta dos vícios contidos no procedimento fiscalizatório e no ato de lançamento, seja pela inaplicabilidade da multa à Impugnante ou, ainda, pela inexistência da alegada importação por conta e ordem, já que a Impugnante nunca antecipou quaisquer recursos aos importadores, devendo essa D. Turma Julgadora declarar a insubsistência do lançamento da multa isolada. .../...” A interessada continua, nos parágrafos seguintes, ratificando as alegações da Impugnação anterior, reiterando, inclusive, o pedido de realização de perícia contábil. Consta, também, às fls. 3.841 o Despacho de nº 8, de 06 de dezembro de 2010, da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto – SP: “Apesar do encaminhamento anterior para a delegacia de origem, no intuito de permitir vistas ou cópias do processo, em verificação posterior constatouse tratar de Fl. 32807DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.808 14 impugnação contra de auto de infração de multa regulamentar capitulada no inciso I do Decreto nº 4.544/2002 (artigo 83, I, da Lei nº4.502/1994), conforme abaixo: Art. 490. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal, respectivamente (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, e Decreto lei nº 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª) I os que entregarem a consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei n 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e Decretolei nº 400, de 1968, artº1º, alteração 2ª: e (...) § 2º A multa a que se refere o inciso I deste artigo aplicase apenas às hipóteses de produtos de procedência estrangeira introduzidas clandestinamente no País ou importados irregular ou fraudulentamente. Conforme a Portaria nº 1.916, de 13 de outubro de 2010, Anexo I, abaixo transcrita, a Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto não tem competência para apreciar a matéria, já que diz respeito ao IPI vinculado ao mercado externo (hipótese da multa aplicada ao consumo de mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestina ou irregularmente no País – como é o caso dos autos). A competência para julgamento desta matéria é da Delegacia de julgamento São Paulo II.” O processo foi, então, encaminhado a esta DRJII para julgamento. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/SPO II no 1748.340, de 10/02/2011, proferida pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Imposto sobre a Importação – II Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 Ementa PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Mesmo que o sujeito passivo alegue não ter recebido em tempo hábil as cópias de todas as peças embasadoras do feito, é facultada a vista ao processo, na repartição competente, durante o prazo legal para a impugnação, sendo inaceitável a invocação de preterimento de defesa, ainda mais se a peça impugnatória demonstrar a inércia do impugnante e o conhecimento integral da imputação. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. CASO DE FRAUDE, DOLO E SIMULAÇÃO. INÍCIO DO PRAZO: 1° DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO FATO GERADOR. A regra é a contagem do início do prazo de decadência, nos casos de lançamento por homologação, a partir do fato gerador: art. 150, caput, do CTN. Entretanto, o § 4° do art. 150 faz ressalva para os casos de dolo, fraude e simulação. Nesses casos, o início do prazo é o 1° dia do exercício seguinte ao fato gerador (art. 173, I, CTN). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA EMPRESTADA ORIUNDA DE QUEBRA DE SIGILO. ACEITABILIDADE. EXEGESE Fl. 32808DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.809 15 DO ART. 5º, XII DA CF. Sendo a prova fruto de quebra de sigilo telefônico ou de dados e tendo esta sido obtida originalmente para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, não há impedimento para sua posterior utilização em processo administrativo fiscal, ressalvada a autorização por magistrado competente. MERCADORIA IMPORTADA IRREGULAR OU FRAUDULENTAMENTE. ENTREGA A CONSUMO. MULTA IGUAL AO VALOR DA MERCADORIA. Incorrerão em multa igual ao valor da mercadoria os que entregarem a consumo mercadoria de procedência estrangeira importada irregular ou fraudulentamente. INFRAÇÃO. MULTA. SOLIDARIEDADE. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente. QUESTIONAMENTO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO. A ilegalidade e a inconstitucionalidade da legislação tributária não são oponíveis na esfera administrativa. O julgamento foi no sentido de tornar improcedente a impugnação com as seguintes conclusões: Foi montado um esquema de importações, com a participação de várias empresas e pessoas físicas, com o intuito de reduzir o pagamento de tributos incidentes na importação e na comercialização de produtos estrangeiros. Tal esquema era conduzido pela empresa MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA e tinha como beneficiária direta a empresa CISCO DO BRASIL LTDA As práticas ilegais incluíam a interposição fraudulenta na importação com a consequente simulação de negócios jurídicos e a falsificação de faturas comerciais. As pessoas físicas autuadas como responsáveis solidários neste processo tinham ciência das práticas fraudulentas e agiram de forma a operacionalizar tais atividades ilegais. Foram postas a consumo mercadorias de procedência estrangeira importadas através de tais práticas fraudulentas, tipificandose assim a multa aplicada. Dessa forma, voto pela improcedência das impugnações apresentadas, mantendose na integralidade o crédito tributário lançado. O presente processo deve ser encaminhado à repartição de origem, para efeito de ciência da decisão aos interessados, exceto a PEDRO LUIZ ALVES COSTA, em razão da revelia, prosseguindose o presente na forma da legislação em vigor. Como já relatado, todos apresentaram impugnação, com exceção do Sr. Pedro Luís Alves Costa, tendo sido declarada revelia. Cientificados, conforme folhas 3769/3782 do resultado do julgamento da DRJ, a empresa Mude e quase todos os solidários apresentaram recursos voluntários, exceto sr. Luiz Scarpelli Filho, que consta a informação que não mais reside no País (inclusive afixado edital de ciência). Consta Termo de Perempção, à fl. 3177 (Luiz Scarpelli Filho). Em recurso voluntário, as Recorrentes ratificaram as razões das impugnações, acrescentado o desacerto da DRJ na manutenção da autuação e, apontando, pontos que não teriam sido abordados pelo voto condutor. Fl. 32809DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.810 16 É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora Os recursos voluntários reúnem os pressupostos legais de interposição, deles, portanto, tomo conhecimento. Apenas não se toma conhecimento do recurso voluntário de Reinaldo Grillo, por ser intempestivo. A infração em tela trata da multa prevista no art. 490, inciso I, do Decreto nº 4.544/02 (RIPI/02), imposta porque verificado que a MUDE era a real importadora dos produtos CISCO, por consequência da constatação da interposição fraudulenta. Segundo a fiscalização, as referidas pessoas físicas e jurídicas, integrantes do Grupo CISCO/MUDE, foram consideradas responsáveis solidárias pois, nos termos do art. 124, I, do CTN, elas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador do IPI cobrado, em razão dos fatos apurados no curso das investigações promovidas no âmbito da Operação Persona (Relatório RFB/IPEI BA 2007.0005) e do presente procedimento fiscal, em que ficou comprovado que: a) os citados responsáveis solidários tinham conhecimento da interposição fraudulenta; b) houve conluio entre os componentes do grupo, com o objetivo de sonegação fiscal; c) as citadas pessoas físicas eram sócios reais ou ocultos da MUDE; e d) todos os integrantes do grupo contribuíram para o sucesso da fraude e obtiveram ganhos ilícitos significativos. O modus operandi do esquema de fraude nas operações de importação planejado e implementado pelo “Grupo MUDE” foi descrito pela fiscalização com seguintes dizeres, in verbis: No comando do esquema operacional de importações, encontramse os principais dirigentes das empresas CISCO DO BRASIL LTDA e da sua distribuidora, MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA e ainda, juntandose a estes, outras pessoas físicas e jurídicas especificadas ao longo deste Termo Fiscal, notadamente no capítulo III, que montaram uma sequência de operações para ocultação do real importador, simulando a ocorrência de importação direta ou própria em nome das terceiras pessoas jurídicas interpostas, quando, na verdade, as importações ocorriam por conta e ordem da própria MUDE COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Através deste esquema, atingiamse os objetivos nas metas de vendas na América Latina da empresa norte americana CISCO SYSTEM INC., colocando seus produtos eletroeletrônicos e de telecomunicações no mercado nacional, reduzindo drasticamente e ilegalmente a tributação do IPI e demais tributos federais e estaduais incidentes. Desta forma, indiscutível a grande vantagem na competitividade comercial, além, é obvio, da subtração de recursos ao erário público. Conforme já explicitado, as fraudes visavam a ocultação dos reais adquirentes e beneficiários das operações de comércio exterior, MUDE COMERCIO E SERVIÇOS LTDA e CISCO DO BRASIL LTDA, através Fl. 32810DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.811 17 da estrutura de importação fraudulenta baseada na criação de empresas interpostas entre os extremos da cadeia logística (fabricante/real exportador e real importador/adquirente). Obscurecendose ainda mais os fatos reais, o grupo optou por criar o chamado "duplo grau de blindagem", ou seja, além da criação do importador e exportador interpostos, o grupo também criou distribuidores interpostos no Brasil e nos Estados Unidos. Essas empresas interpostas, normalmente tinham seus quadros societários compostos por empresas offshore (sediadas em paraísos fiscais) e/ou pessoas desprovidas de recursos econômicos vulgarmente denominadas "laranjas", como pedreiros, ambulantes, operadores de telemarketing, auxiliares de escritório, ferramenteiros etc., conforme será exposto ao longo do presente Termo. O modelo de interposição utilizado pelo grupo CISCO/MUDE permitiu a eles (reais importadores e adquirentes) atuarem no comércio exterior sem sujeitarse a qualquer controle exercido pela Receita Federal do Brasil RFB. Todas as nacionalizações foram declaradas ao Fisco como importações realizadas por conta própria das importadoras interpostas, quando na realidade são operações por conta e ordem de terceiros (MUDE/CISCO). O real importador e adquirente, portanto, permanecia oculto ao Fisco. Os recorrentes Hélio Benetti Pedreira, Gustavo Henrique Castellari Procópio e Carlos Roberto Carnevali informaram que, por meio da sentença proferida nos autos do Processo Criminal nº 000582749.2003.403.6181, que tramitou na 4ª Vara Criminal Federal em São Paulo/SP, foram absolvidos dos crimes objeto da denúncia do MPF. Essa decisão foi mantida pelo acórdão de fls. 32716ss, proferido pela Primeira Turma do TRF da 3ª Região, que transitou em julgado em 10/6/2015. De acordo com o dispositivo da sentença, os referidos responsáveis solidários foram absolvidos da acusação dos delitos referentes ao uso de documentos ideologicamente falsos, com fulcro no art. 386, III, do CPP, e da prática dos demais crimes imputados na inicial, nos termos do art. 386, V, do CPP. Em face da referida absolvição, os citados recorrentes pleitearam o cancelamento dos respectivos Termos de Solidariedade Passiva, sob o argumento de que a decisão prolatada na esfera criminal devia ser aplicada ao caso em tela, uma vez que as provas utilizadas pela fiscalização, para lhes imputar responsabilidade tributária solidária, eram as mesmas utilizadas no Juízo criminal. Isso porque a sentença se baseou no relatório da Receita Federal de 1.241 páginas, ao qual fez expressa referência, e que fora trazido ao ambiente do contraditório com o oferecimento da denúncia. O relatório fiscal faz uma análise minuciosa dos elementos de prova colhidos no curso das investigação (documentos apreendidos, movimentações financeiras, interceptações telefônicas), descrevendo toda a operação fraudulenta, e, em especial, ao tratar Fl. 32811DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.812 18 da empresa MUDE, consigna expressamente tratarse de empresa que abastece uma grande fatia do mercado nacional com os produtos CISCO. Dito de outra forma, a materialidade da interposição fraudulenta foi documentada por ocasião do oferecimento da denúncia, pelos resultados das buscas e apreensões, interceptações telefônicas e de dados levados a efeito em sede policial e, principalmente, pelos relatórios fiscais, informativos e documentos encaminhados pela Receita Federal do Brasil. Os crimes de contrabando e descaminho encontram previsão no art. 334 do Código Penal, cuja redação, antes da edição da Lei nº 13.008/2014, dispunha: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena reclusão, de um a quatro anos. § 1º Incorre na mesma pena quem: (...) b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. A fiscalização sustentou que Hélio Benetti Pedreira e Carlos Roberto Carnevali foram os mentores e fundadores do esquema fraudulento e, durante todo o período da implementação da fraude, foram pessoas chave na organização e execução do esquema fraudulento, ao promover a integração e colaboração entre o “Grupo CISCO” e o “Grupo JDTC/MUDE”. Apenas após a criação da MUDE, os demais sujeitos passivos solidários se integraram ao esquema fraudulento. Teriam ainda, por intermédio de suas empresas offshores, recebido vultosos recursos financeiros no exterior, provenientes dos resultados auferidos com os ilícitos aduaneiros e tributários cometido pela contribuinte MUDE. Já Gustavo Henrique Castellari Procópio pertenceu ao “Grupo MUDE” desde a sua constituição. Sustenta a fiscalização que ele era o advogado da MUDE e procurador das empresas offshore operacionais integrantes do grupo e chegou a ocupar o cargo de Gerente de Operações. Atuava nas empresas do grupo, sempre por meio de procurações com plenos poderes de gestão. Seja na constituição de empresas envolvidas no esquema de importação fraudulento, seja na administração delas, os conhecimentos jurídicos do recorrente foram Fl. 32812DF CARF MF Processo nº 10803.000134/200802 Resolução nº 3301001.060 S3C3T1 Fl. 32.813 19 fundamentais para implementação e manutenção do esquema fraudulento em destaque. Ele atuava como sócio oculto da empresa MUDE. Dispõe o art. 935 do Código Civil que: Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Em suma, considerando que o Termo de Sujeição Passiva está lastreado nas provas produzidas nos autos do processo criminal n° 00582749.2003.4.03.6181, tal situação é apta a pôr em xeque a própria materialidade dos fatos. Ademais, o trânsito em julgado da absolvição é fato novo, sobre o qual entendo que a Fazenda Nacional, a MUDE e a CISCO devem se manifestar. Conclusão Pelo exposto acima, voto pela conversão do julgamento em diligência para que a unidade de origem intime a MUDE e a CISCO para manifestaremse sobre o desfecho do processo penal, em 30 dias. Após, cientifique a Fazenda Nacional, também para manifestação. Em seguida, deverão os autos serem devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 32813DF CARF MF
score : 1.0