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Numero do processo: 10580.725282/2009-78
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.075
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à câmara recorrida, para que esta cientifique a Fazenda Nacional do despacho que admitiu parcialmente o recurso especial do processo nº 18050.001428/2008-13, cujo julgamento é prejudicial ao do presente recurso, com retorno à relatora, para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Relatório
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à câmara recorrida, para que esta cientifique a Fazenda Nacional do despacho que admitiu parcialmente o recurso especial do processo nº 18050.001428/2008-13, cujo julgamento é prejudicial ao do presente recurso, com retorno à relatora, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório
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SANITÁRIA Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à câmara recorrida, para que esta cientifique a Fazenda Nacional do despacho que admitiu parcialmente o recurso especial do processo nº 18050.001428/200813, cujo julgamento é prejudicial ao do presente recurso, com retorno à relatora, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 25 28 2/ 20 09 -7 8 Fl. 567DF CARF MF Processo nº 10580.725282/200978 Resolução nº 9202000.075 CSRFT2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Auto de Infração (AI) DEBCAD nº 37.238.3904, lavrado por descumprimento de obrigação acessória, emitido em nome da empresa em epígrafe, em 14/09/2009, e recebido 21/09/2009, em razão de haver infringido o dispositivo previsto no art.32, inciso IV, §§ 3º e 5º, da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei n° 9.528, de 10 de dezembro de 1997, combinado com o art. 225, inciso IV e § 4º, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Conforme Relatório Fiscal do Auto de Infração, às fls. 44/53, foi constatado pela fiscalização que a empresa apresentou Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, nas competências 01/05 a 13/06. Constatado o não cumprimento da referida obrigação acessória, lavrouse o presente auto de infração. A DRJ em Salvador/BA, ao analisar o presente caso (fls. 484/495), julgou a impugnação improcedente e manteve o crédito tributário, entendendo, em suma, que: (i) a inexistência de decisão definitiva no processo administrativo no qual se discute o cancelamento da isenção da entidade não constitui óbice à constituição do crédito tributário; (ii) a decisão definitiva no processo de isenção é requisito apenas para que a União proceda à cobrança das contribuições lançadas; e (iii) a instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade ou legalidade de ato normativo em vigor. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, fls. 499/564, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. O Recorrente sustenta, em síntese, que: (i) o auto de infração é nulo por ofensa ao direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal; (ii) a autuação é nula pois não existia Ato Regulatório Cancelatório regular antes da sua lavratura; (iii) é detentora do direito à imunidade tributária; (iv) os fatos instigados que levaram à lavratura do ato Cancelatório ocorreram em período prescrito; (v) a informação fiscal que deu origem ao cancelamento da isenção tem como objeto fatos que já estão sendo analisados pela Receita Federal do Brasil, o que configura litispendência administrativa e, consequentemente, dupla condenação da Instituição, por idênticos fatos e fundamentos; (vi) é inviável a rediscussão da matéria, pois o extinto Conselho de Recursos da Previdência Social já tinha dado ganho de causa à Instituição em relação ao cancelamento da isenção; (v) a multa é confiscatória; e (vi) a multa não pode ser cumulada com a SELIC. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 591 e seguintes, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso. Portanto, em sessão plenária de 10/3/2015, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2402004.608, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. CANCELAMENTO. EXTINÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DECORRENTES. Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10580.725282/200978 Resolução nº 9202000.075 CSRFT2 Fl. 4 3 Tendo sido o Ato Cancelatório de Isenção baixado, é mister que sejam extintas as contribuições previdenciárias exigidas em decorrência dele. Recurso Voluntário Provido. Ressaltese que o presente processo foi apensado ao processo de nº 10580.725281/200923, tido como principal, consoante despacho de folhas 1216. Ao Recurso Especial foi dado seguimento para que seja reapreciado o crédito tributário discutido em consonância com o que for decidido no processo de nº 18050.001428/200813. conforme o Despacho 2400120/2015, fls. 612, da Quarta Câmara, de 17/6/2015. A recorrente traz como alegações, que: · Partindose desta premissa, impende destacar que existe uma diferença latente em (i) concordar com os fundamentos adotados em outra decisão e utilizálos também como motivação, e (ii) adotar o decidido em outro processo como único fundamento para afastar a tributação, ou seja, dizer que um lançamento não irá subsistir porque o outro também foi afastado. · Nesta última hipótese, a decisão proferida em outro processo é a própria razão de decidir daquele que está sob análise. É o que geralmente ocorre com processos ditos decorrentes, cujo único pretexto de existência é o próprio processo principal. · Neste diapasão, por serem os processos resultantes dos mesmos fatos e dos mesmos fundamentos jurídicos, é de se concluir que deverá ser dada a mesma solução a ambos, sob pena de se estar proferindo decisões contraditórias. Daí porque, normalmente, ao se decidir o processo decorrente, costumase determinar a aplicação, in casu, do que restou deliberado no processo principal. · Porém, para que a Administração exonere o contribuinte dos gravames decorrentes do processo administrativo fiscal, é necessário que a decisão administrativa que determinou o cancelamento da exigência tributária tenha transitado em julgado. Antes disso, a exigência subsiste. · Somente após o julgamento da referida insurgência é que poderá a decisão do processo conexo se tornar imutável, apta a produzir seus efeitos de forma ampla, inclusive no que tange à sua aplicabilidade ao presente processo. Antes disso, a contribuinte possui apenas uma expectativa de direito. · Ante o exposto, a União (Fazenda Nacional) requer seja conhecido e provido o presente Recurso Especial para que seja reformado o acórdão proferido nestes autos, restaurandose o teor da r. decisão de primeira instância. · Alternativamente, requer a declaração da nulidade do Acórdão recorrido e a suspensão do feito até que seja proferida decisão definitiva no processo n. 18050.001428/200813. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 10580.725282/200978 Resolução nº 9202000.075 CSRFT2 Fl. 5 4 · Ante o exposto, requer a Fazenda Nacional que: o seja conhecido o presente recurso, face à observância aos requisitos de admissibilidade previstos art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009; o seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido, mantendose o lançamento em sua integralidade. o caso não acatado o pedido formulado no item anterior, seja dado total provimento ao presente recurso, anulandose o acórdão recorrido e suspendendose o presente feito até que seja proferida decisão definitiva no processo n. 18050.001428/200813. Cientificado do Acórdão nº Acórdão nº 2402004.608, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial, em 13/12/2011, o contribuinte apresentou contrarrazões. · Em decorrência do resultado do julgamento, que culminou no cancelamento do Ato Cancelatório, não restou outra alternativa ao Relator e à Turma Julgadora senão, em consequência, dar provimento ao recurso voluntário determinando a anulação dos débitos lançados contra a entidade. · No caso do presente lançamento, não houve delimitação da data em que houve o descumprimento do requisito motivador da emissão do Ato Cancelatório anulado e sim, a fixação do periodo de 01/01/2005 a 31/12/2006, sendo o Ato Cancelatório emitido em 2009. · E o mais importante, o Ato Cancelatório anulado foi emitido na vigência do artigo 55 da Lei nO 8.212/91, legislação esta que não dispunha de previsão para a emissão de tais cancelamentos, tanto que foi introduzida pela Lei nO9.732, de 11 de dezembro de 1998, que veio introduzir 094° no artigo 55 da referida Lei nº 8212/91, assim redigido: · Diante do acima exposto e considerando que o recurso da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional não aborda os aspectos de mérito do lançamento anulado, mas, simplesmente, pede a sua anulação por questões de prejudicialidade processualadministrativa, que, por sua vez, também desmerecem provimento, a Recorrida espera que sejam também examinados os aspectos legais de mérito afetos a este lançamento, com a consequente deliberação hábil de ser proclamada no sentido de ser reconhecida a total rejeição de tal pretensão recursal administrativa extrema. É o relatório. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 10580.725282/200978 Resolução nº 9202000.075 CSRFT2 Fl. 6 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial. Contudo, identifico um incidente que merece ser reparado. Primeiramente, importante ressaltar que o AIOP ora lavrado é resultante de Informação Fiscal de Cancelamento de Isenção, fls. 1/24 do Processo nº 18050001428/2008 13, das Contribuições Sociais, emitida em 26/12/2007, na qual é sugerido o cancelamento a partir de 01/01/1997. Identificase, naqueles autos, que após ter sido proferido o despacho de admissibilidade que deu seguimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, não houve cientificação da Procuradoria, conforme determina o art. 81, §3º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria 256/2009 e, posteriormente, pela Portaria 343/2015. Isto posto, considerando a necessidade de saneamento do processo nº 18050001428/200813, com o encaminhamento à Procuradoria da Fazenda Nacional, no intuito de tomar ciência do despacho de admissibilidade que deu seguimento parcial ao seu recurso, bem como, do despacho de reexame de admissibilidade de recurso especial, conforme previsto no Regimento Interno à época da Elaboração dos despachos, mesmo destino deve ser dado aos presente autos, face a correlação entre os mesmos e o necessário julgamento em conjunto. Tão logo seja saneado com a cientificação da Fazenda Nacional, deve o processo retornar a esta relatora, para que se possa dar continuidade ao julgamento. Conclusão Face o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA à câmara recorrida, para que esta cientifique a Fazenda Nacional do despacho que admitiu parcialmente o recurso especial do processo nº 18050.001428/200813, cujo julgamento é prejudicial ao do presente recurso, com retorno à relatora, para prosseguimento. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 571DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.019800/2008-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 01 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.901
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, por converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto da Relatora.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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INCOMPLETA Recorrente TRANSPORTADORA S. J. COMERCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, por converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto da Relatora. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente processo trata de representação para a reconstituição do processo n.º 19647.003468/200330 relativo à Auto de Infração lavrado contra a empresa acima RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 96 47 .0 19 80 0/ 20 08 -9 2 Fl. 175DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 176 2 referenciada para a exigência da Contribuição ao Programa de Integração Social PIS relativa aos períodos de apuração de 31/01/1999 a 30/06/2003. Como relatado no termo de Representação das efls. 3/4, a reconstituição se fez necessária após a confirmação que o referido processo foi extraviado: "Cumprindo determinação do Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil em Recife, face à necessidade de reconstituição do processo fiscal 19647.003468/200330 de interesse do contribuinte acima, após sindicância realizada no processo fiscal 19647.014166/200711, elaboramos a presente REPRESENTAÇÃO para fins de controle e acompanhamento dos créditos tributários outrora contidos no processo extraviado, a partir de cópias oriundas do dossiê de fiscalização arquivado na Seção de Programação, Avaliação e Controle da Atividade Fiscal DRF/RCE/SAPAC. A representação contém as seguintes peças: Portaria DRF/RCE n. 264 de 11.09.2008 (fls. 03); Portaria DRF/RCE n. 257 de 19.08.2008 (fls. 04); Portaria DRF/RCE n. 206 de 31.10.2007 (fls. 05); Expediente enviado ao Chefe da DRF/RCE/SAPAC pela comissão de reconstituição de processos (fls. 06); Resposta da Chefia da DRF/RCE/SAPAC à solicitação da comissão de reconstituição de processos (fls. 07); Auto de Infração PIS, ref. ao Mandado de Procedimento Fiscal n.° 0410100/00496/03 (fls 08 a 23); Termo de início de Ação Fiscal Intimação para apresentar documentos (fls. 24 e 25); Aviso de Recebimento Postal AR ref. ao termo citado no item anterior (fls. 26); Consultas extraídas dos sistemas informatizados da RFB (COMPROT e PROFISC) (fls. 23 a 38)." (efl. 3 grifei) Como se depreende das cópias acostadas aos presentes autos, o Auto de Infração foi lavrado em razão da ausência de recolhimento de valores de PIS, igualmente não declarados em DIPJ e DCTF. Foi acostado ao processo de reconstituição apenas a cópia do Auto de Infração, não estando acompanhado de cópias de quaisquer de seus anexos, do Relatório de Trabalho Fiscal ou dos livros fiscais e contábeis da Recorrente. Após ser cientificado, o contribuinte apresentou Impugnação Administrativa, não constando dos presentes autos quaisquer documentos que teriam sido anexados àquela defesa. A Delegacia de Julgamento julgou a Impugnação improcedente, em julgado que se pautou nos documentos que estariam acostados ao Auto de Infração. Referida decisão foi relatada nos seguintes termos: "Contra a empresa acima identificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04 a 08 do presente processo, para exigência do crédito tributário referente aos períodos de janeiro de 1999 a junho de 2003, adiante especificado: (...) De acordo com o autuante, o referido Auto é decorrente da diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado/pago da Contribuição para o Programa de Integração Social, conforme descrito às fls. 05/08 e no Relatório de Trabalho Fiscal de fls. 237/240. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 177 3 Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 245 a 277, à qual anexou a procuração e substabelecimento de fl. 284(frente e verso) e as cópias constantes de fls. 278/301, onde requer seja anulado o referido Auto de Infração e, conseqüentemente, o seu arquivamento, a teor do que dispõe os preceitos do Código Tributário Nacional e o Decreto n° 70.235/72, relativamente aos valores constantes da autuação, de forma que o mesmo seja desconstituído em todos os seus termos, por afirmar, em síntese, basicamente as seguintes alegações: o cerne da questão consiste no fato de que o Auditor Fiscal baseouse em erros de preenchimentos em informações, ou seja, meros Erros de Fato, partindo, assim, de uma premissa irreal que o induziu ao erro quando do procedimento fiscal; a aplicabilidade da multa no percentual de 150% possui caráter de confisco, acima do permissivo legal e a incidência da Taxa SELIC não traduz em incidência de juros legais, além da sua característica nitidamente remuneratória e sua previsão no art. 161 do CTN, constituindose ilegalidade e inconstitucionalidade; é cediço, na doutrina e jurisprudência, que compete aos Órgão Administrativos deixar de aplicar lei ou ato normativo flagrantemente inconstitucional e ilegal, podendo e devendo a autoridade administrativa, como julgadora no processo administrativo fiscal, inaplicar a lei por considerála inconstitucional. Conclui protestando pela juntada posterior de outros documentos, a fim de que fique completamente provada a improcedência do presente Auto de Infração e do seu valor, bem como a realização de perícias e diligências com igual fito, como possibilita o Decreto n° 70.235/72. Em sua defesa, são inseridos textos da legislação, da doutrina e da jurisprudência administrativa e judicial, sobre o assunto abordado." (efl. 126 grifei) A menção aos documentos que estariam acostados aos autos é igualmente depreendida da íntegra do voto do julgador de primeira instância: "A impugnação é tempestiva, portanto dela conheço e passo a apreciála juntamente com as demais peças processuais, à luz da legislação vigente. O Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, que rege o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal, em seu artigo 10, dispõe sobre as exigências que devem ser obedecidas na lavratura do Auto de Infração. Confrontando tais determinações com o Auto de Infração ora questionado, observase que foram obedecidas todas as formalidades ali exigidas. No Auto de Infração existe a descrição dos fatos e enquadramentos legais, como se pode observar às fls. 05 a 08, 17 e 237 a 240 (Relatório de Trabalho Fiscal), apresentando os demonstrativos de apuração da contribuição, da multa e dos juros de mora relativos à infração, às fls. 09 a 17. Também estão presentes os outros requisitos elencados no artigo 10 do citado Decreto (PAF). Ainda foram apresentados os demonstrativos anexos ao Auto de Infração, para demonstrar minuciosamente o valor da contribuição apurada, conforme fls. 217 a 236 (Composição da Base de Cálculo, Apuração do Débito, Pagamentos e Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada). Quanto à procedência ou não de tal exigência, não é caso de nulidade e será analisada no mérito, adiante exposto. (...) O autuante agiu no seu dever de ofício, segundo o parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional. Aplicou a legislação pertinente, devidamente configurada às fls. 07, 08 e 17, quando do conhecimento de que a contribuinte não recolheu nem declarou em DIPJ e DCTF Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica e Declaração de Débitos e Créditos Fl. 177DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 178 4 Tributários Federais a totalidade dos valores devidos do PIS, apurando conforme planilhas anexas às fls. 215/216 uma evidente diferença a menor nas receitas declaradas nas DIPJ, bem como nas DCTF (fls. 198/210), de forma continuada e quase sistemática. (...) As bases de cálculo do PIS consideradas na autuação espelham as informações prestadas pela própria contribuinte às fls. 40/53 (janeiro/1999 a dezembro/2000, fevereiro/2001 a junho/2002 e agosto/2002 a junho de 2003), respaldadas no Livro de Apuração de ICMS (fls. 65/88, 90/106, 108/141), bem como, nos meses de janeiro/2001 e julho/2002, correspondem aos valores constante das cópias dos livros Registro de Saidas às fls. 142/147, que retratam a sua receita bruta constante das planilhas de Composição da Base de Cálculo do PIS de fls. 217/223. O fato da contribuinte afirmar, vagamente, que houve “erros de preenchimentos em informações, ou seja, meros Erros de Fato”, sem quaisquer elementos de prova, torna insubsistente o argumento. Não houve qualquer apresentação de prova sobre a necessidade de retificar os valores apurados pelo autuante e justificados com cópias de documentos anexados. A propósito, a apresentação de provas no Processo Administrativo Fiscal obedece às determinações contidas no Decreto n° 70.235/1972, em seu art. 16, §§ 4o a 6o (dispositivos acrescidos pelo art. 67 da Lei n° 9.532/1997). (...) Por todo o exposto, voto no sentido de JULGAR PROCEDENTE o lançamento relativo ao presente processo, para: l Rejeitar a preliminar de nulidade; II Declarar devida a Contribuição para o Programa de Integração Social, constante do Auto de Infração de fls. 04 a 08 e demonstrativo de fls. 09 a 13 do presente processo; III Manter a multa de ofício de 150% (cento e cinqüenta por cento) sobre os valores a que se refere o item anterior; IV Determinar a cobrança de juros de mora sobre os valores a que se refere o item II, consoante a legislação que rege a matéria." (efls. 127/131 grifei) Salientese desde já que todos os elementos de prova acima sublinhados não constam dos presentes autos de reconstituição. Cientificado dessa exigência em 21/05/2004 como informado no ofício à efl. 170, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 11/06/2004, reiterando os argumentos trazidos em sede de Impugnação, alegando em síntese: (i) a inexistência da omissão de receitas financeiras, sendo que os valores apurados não condizem com a realidade dos fatos; (ii) a base de cálculo autuada estaria equivocada vez que baseada em erro de preenchimento cometido pelo contribuinte; (iii) o caráter confiscatório de multa aplicada de 150%; (iv) a ilegalidade dos juros de mora em percentual equivalente à Taxa SELIC; (v) o dever da autoridade administrativa não aplicar normas inconstitucionais (argumento genérico trazido pelo contribuinte). Fl. 178DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 179 5 Cumpre salientar que no Recurso Voluntário, consta uma afirmação no sentido de que "o debito objeto dos parcelamentos sub judice" (efl. 147). A informação quanto à um possível pedido de parcelamento dos valores autuados igualmente consta do extrato do processo n.º 19647.003468/200330 emitido em 13/11/2008 (efls. 32/33): Fl. 179DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 180 6 O Recurso Voluntário indica, ainda, que o presente Auto de Infração foi recebido em procedimento de verificação após a "lavratura de Auto de Infração de IRPJ, bem como os seus reflexos", ´não sendo possível confirmar pela leitura do Auto de Infração (sem o Relatório do Trabalho Fiscal) se ele é um processo conexo à autuação de IRPJ. É o relatório. Voto Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne, Relatora. Não obstante a tempestividade do Recurso Voluntário, o simples relato acima trazido evidencia que o presente processo não está em condições para julgamento neste Conselho. Com efeito, quando da reconstituição do processo, constatase que não foram acostados aos presentes autos os documentos essenciais que aparentemente estavam acostados ao processo originário n.º 19647.003468/200330, documentos esses essenciais à confirmação da validade da autuação. Pela leitura da decisão de primeira instância, transcrita no relatório, identificamos alguns desses documentos considerados como relevantes ao julgamento, quais sejam: ü Relatório de Trabalho Fiscal: segundo mencionado na decisão de primeira instância, constavam nas fls. 237/240 do processo originário; ü Demonstrativos anexos ao Auto de Infração (Composição da Base de Cálculo, Apuração do Débito, Pagamentos e Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada): segundo informado na decisão de primeira instância, estes demonstrativos demonstrariam minuciosamente o valor da contribuição apurada e constariam das fls. 217/236 do processo originário. Fl. 180DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 181 7 ü Planilhas anexas ao Auto de Infração que comprovariam a diferença a menor nas receitas declaradas nas DIPJ, bem como nas DCTF: segundo informado na decisão de primeira instância, referidas planilhas constariam às fls. 215/216 do processo originário. ü cópia dos documentos fiscais e contábeis da pessoa jurídica que comprovariam a diferença autuada: a decisão de primeira instância fez menção à DIPJ e ao DCTF (fls. 198/210 do processo originário). Quanto às bases de cálculo autuadas, a decisão de primeira instância traz menção: a) quanto aos períodos de apuração de janeiro/1999 a dezembro/2000, fevereiro/2001 a junho/2002 e agosto/2002 a junho de 2003: às informações prestadas pela própria contribuinte às fls. 40/53 do processo originário e o Livro de Apuração de ICMS (fls. 65/88, 90/106, 108/141 do processo originário); e b) quanto aos períodos de apuração de janeiro/2001 e julho/2002: às cópias dos livros Registro de Saidas (fls. 142/147 do processo originário) Considerando as informações que constam dos autos, não é possível precisar qual foi a base de cálculo autuada, a que ela se refere e se os valores autuados estão de acordo com a documentação fiscal e contábil da pessoa jurídica. Acrescese que, em sua defesa, o contribuinte alega que os valores autuados corresponderiam à receita financeira, fato esse que não foi possível de ser identificado pelos documentos aqui acostados. Por fim, frisese que, como relatado, há dúvida se o presente processo teria sido objeto de parcelamento e se ele estaria conexo à processo de IRPJ. Diante de todas essas questões, para a devida instrução do presente processo de reconstituição e para avaliar a possibilidade de seu devido julgamento, proponho a conversão do presente processo em diligência para a Delegacia de origem: 1) Informar se os débitos objeto desse processo foram incluídos em algum programa de parcelamento pelo sujeito passivo. Caso positivo, apresentar a documentação correspondente que comprove a adesão e o cumprimento dos requisitos para a adesão no programa, bem como o status atual do parcelamento. 2) Anexar aos autos cópia dos documentos acima relacionados considerados relevantes ao julgamento (Relatório de Trabalho Fiscal, Demonstrativos e Planilhas anexas ao Auto de Infração e cópia dos documentos fiscais e contábeis da pessoa jurídica que respaldaram a autuação DIPJ, DCTF etc.). Na hipótese de algum documento não ser localizado na repartição fiscal ou junto ao sujeito passivo, informar a razão para a impossibilidade de sua respectiva juntada; 3) Informar se a base de cálculo autuada corresponde apenas à receitas financeiras auferidas pela pessoa jurídica no período autuado. Caso negativo, informar a composição da base de cálculo autuada; Fl. 181DF CARF MF Processo nº 19647.019800/200892 Resolução nº 3402000.901 S3C4T2 Fl. 182 8 4) Para fins de análise da Portaria n.º 1.668/2016 e da distribuição de competência deste Conselho, informar: 4.1) se o presente Auto de Infração foi lavrado com base nos mesmos elementos de prova de Auto de Infração de IRPJ. Caso positivo, informar o(s) número(s) do(s) processo(s) no(s) qual(is) consta(m) o(s) Auto(s) de Infração de IRPJ e seus reflexos; 4.2) se o presente Auto de Infração foi lavrado com base nos mesmos elementos de prova do Auto de Infração de COFINS constante originariamente do processo n.º 19647.003469/200384. Caso positivo, informar o número do processo de representação que ensejou a reconstituição daquele processo, no qual está atualmente tramitando. Realizada a presente diligência, notifique a Recorrente para se manifestar em 30 (trinta) dias. Em seguida, retornese os autos a esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgamento. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Fl. 182DF CARF MF
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Numero do processo: 10903.720004/2012-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
O art. 65, caput, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dispõe que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. Demonstrada a ocorrência da omissão, deve ser suprida, passando a integrar os fundamentos da decisão anteriormente proferida.
Numero da decisão: 9101-002.594
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em relação à omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício e, acolhê-los parcialmente, re-ratificando o acórdão embargado, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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OMISSÃO. O art. 65, caput, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dispõe que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Demonstrada a ocorrência da omissão, deve ser suprida, passando a integrar os fundamentos da decisão anteriormente proferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em relação à omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício e, acolhêlos parcialmente, reratificando o acórdão embargado, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 3. 72 00 04 /2 01 2- 30 Fl. 1775DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.776 2 (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório São embargos de declaração (efls. 1762/1768) interpostos pela CENTER AUTOMÓVEIS LTDA, em face do Acórdão nº 9101002.301, de 06 de abril de 2016, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que negou provimento ao recurso da Contribuinte e deu provimento ao recurso da PGFN. Resumo Processual A autuação fiscal (efls. 839/855) tratou de três infrações: (1) glosa de amortização do ágio; (2) multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais e (3) qualificação de multa de ofício. Na primeira instância (DRJ), a impugnação protestando sobre as três matérias foi julgada improcedente (Acórdão nº 0639.325, efls. 1190 e segs), ou seja, foram mantidas as três infrações. A segunda instância (Turma Ordinária do CARF), ao apreciar recurso voluntário do Contribuinte, decidiu afastar a infração (3), desqualificandose a multa de ofício, passando o percentual de 150% para 75% (Acórdão nº 1201000.968, efls. 1375 e segs). Tanto o Contribuinte (efls. 1451 e segs.) quanto a PGFN (efls. 1400 e segs.) apresentaram recursos especiais sobre as matérias no qual não tiveram satisfeitas as suas pretensões. Ambos os recursos foram admitidos por despachos de exame de admissibilidade. Portanto, foram devolvidas as três matérias para julgamento. A 1ª Turma da CSRF votou no sentido de dar provimento ao recurso da PGFN (para restabelecer a qualificação da multa de ofício) e negar provimento ao recurso da Contribuinte (para manter a autuação fiscal de glosa de despesa de amortização do ágio e as multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais), conforme ementa do Acórdão nº 9101002.301 (efls. 1714/1744): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICOTRIBUTÁRIO. Fl. 1776DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.777 3 O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e tratase de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformam se em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendose aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontramse atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento Fl. 1777DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.778 4 que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, tomase o momento em que o Contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. PLUS NA CONDUTA. DOLO. Operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia, implicam na presença dos elementos volitivo e cognitivo, caracterizando o dolo, o plus na conduta que ultrapassa o tipo objetivo da norma tributária e é apenado com a qualificação da multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável. A multa qualificada foi restabelecida pelo voto de qualidade: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez, votaram pelas conclusões. No mérito do tema multa isolada, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Foram interpostos embargos de declaração pela Contribuinte, reclamando pela omissão e de erro material no voto, em relação à apreciação da qualificação da multa de ofício. Foram arguidos quatro pontos. Primeiro, discorre que, ao apreciar a qualificação da multa de ofício, omitiuse o acórdão recorrido ao não se pronunciar sobre a existência do art. Fl. 1778DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.779 5 36 da Lei nº 10.637, de 2002, em vigor á época dos fatos analisados. Segundo, protesta que não haveria prova de que houve ocorrência de dolo, fraude ou simulação na autuação, ponto que não teria sido enfrentado pelo voto. Terceiro, discorre sobre existência de doutrina e jurisprudência controvertidas sobre o tema. E, quarto, requer pela aplicação do art. 112 do CTN. O despacho de efls. 2394/2395 admitiu o seguimento dos embargos em relação ao primeiro ponto, de que a 1ª Turma da CSRF não teria se pronunciado sobre a existência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 ao se apreciar a qualificação da multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura Tratase de embargos de declaração interpostos pela Contribuinte em face do Acórdão nº 9101002.301, de 06 de abril de 2016, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aduzindo que, no enfrentamento da qualificação da multa de ofício, a decisão teria incorrido em erro material e omissão, em quatro pontos. Sobre a admissibilidade os embargos, foi dado seguimento apenas em relação a um ponto, de que teria incorrido em omissão o voto por não ter se pronunciado sobre a existência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, quando discorreu sobre a qualificação da multa de ofício. Em relação aos demais pontos, (2) não haveria prova de que houve ocorrência de dolo, fraude ou simulação na autuação, ponto que não teria sido enfrentado pelo voto, (3) existência de doutrina e jurisprudência controvertidas sobre o tema e (4) aplicação do art. 112 do CTN, adoto as razões do despacho de embargos (efls. 2394/2395) para negar seguimento. Para se falar sobre a qualificação da multa de ofício, vale relembrar os fatos que deram ensejo à autuação fiscal: 1º) conforme laudo de avaliação elaborado pela Deloitte, a empresa CENTER AUTOMÓVEIS, ora recorrente, foi avaliada economicamente em 31/08/2004 pelo montante de R$ 21.404.000,00, ante a um valor registrado contabilmente de R$ 3.500.000,00; 2º) em 30/09/2004 as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, então únicas sócias tanto da autuada CENTER AUTOMÓVEIS quanto de MARUMBI (empresa "casca"), resolveram aumentar o capital desta última e integralizálo mediante a transferência de suas participações em CENTER AUTOMÓVEIS, avaliadas economicamente. Com essa operação MARUMBI" tornouse a única sócia de CENTER AUTOMÓVEIS, tendo registrado um ágio de R$ 17.900.000,00 na aquisição de suas cotas; 3º) em 27/12/2004 MARUMBI decidiu promover cisão total, com incorporação de seu patrimônio pela ora recorrente CENTER AUTOMÓVEIS, então sua Fl. 1779DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.780 6 controlada, a qual passou a deduzir o ágio pela rentabilidade futura de si própria. Com a extinção de MARUMBI, suas únicas sócias, as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, novamente assumem o controle direto de CENTER AUTOMÓVEIS, tal como em 30/09/2004, mas agora com a participação societária reavaliada economicamente. Sobre a qualificação da multa, o voto recorrido valeuse dos fundamentos adotados pela DRJ, que transcrevo novamente: É inegável que, caso não houvesse criado artificialmente esse ágio desprovido de qualquer fundamento econômico, a impugnante teria recolhido tributos em montantes muito superiores ao que recolheu. Logo, quando contratou consultoria especializada e praticou todos esses atos de reorganização absolutamente desnecessários e sem qualquer propósito efetivo para, ao final, permanecer tudo do jeito que estava anteriormente, sendo o ágio a única alteração, é evidente que seu objetivo sempre foi aliviar ilicitamente a carga tributária. E se o propósito exclusivo foi obter esse ganho ilícito, o dolo é evidente, ainda que sem utilização dos artifícios grosseiros apontados pela impugnante às fls. 1.078: adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc. Aspecto apresentado pelo termo de verificação fiscal conclui de maneira contundente: O que se evidenciou de verdade, foi a inexistência do fator econômico da configuração do ágio na aquisição do investimento, ou seja, a ausência da efetiva transferência de numerários/recursos entre as partes, ocorreu em uma operação "não caixa", sem o sacrifício de ativos ou contra uma assunção de dívida, estes se originaram, pura e simplesmente, a partir de laudo de avaliação. (grifei) Ao final o voto recorrido concluiu que o caso em debate trata de operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia. Enfatizou que estiveram presentes os elementos volitivo e cognitivo, consumandose a conduta dolosa. De fato, apesar de o assunto ter sido discutido durante a sessão de julgamento pelo Colegiado, o voto recorrido registrou argumentação a respeito da vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002. Contudo, foi aspecto que em nada alterou a cognição para aplicação da qualificação da multa. Vale transcrever o artigo em debate: Fl. 1780DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.781 7 Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da pessoa jurídica, a parcela correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica que efetuar a subscrição e integralização, e o valor dessa participação societária registrado na escrituração contábil desta mesma pessoa jurídica. (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) I na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita, proporcionalmente ao montante realizado;(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) II proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título.(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2º Não será considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1º.(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) O suporte fático tratado pelo artigo trata do diferimento do ganho de capital sob determinadas condições. A empresa A é detentora de investimento, avaliado pelo MEP, na empresa B. De acordo com a regra geral, caso o investimento da empresa B seja reavaliado, a empresa A deveria tributar o ganho de capital auferido, conforme art. 438 do RIR/99 1. O dispositivo do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, trouxe uma exceção. A empresa A faz a reavaliação das ações que possui na empresa B, e integraliza o aumento de capital da empresa C utilizandose das ações reavaliadas da empresa B. Consolidase estrutura societária no qual a empresa A controla diretamente a empresa C, e a empresa C controla diretamente a empresa B. Autoriza o dispositivo em análise que o ganho de capital auferido na transação decorrente da reavaliação do investimento da empresa B seja diferido, até o momento em que o investimento seja realizado (§ 1º). E estabelece que não se considera realização do investimento a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação (§ 2º). 1 Art. 438. Será computado na determinação do lucro real o aumento de valor resultante de reavaliação de participação societária que o contribuinte avaliar pelo valor de patrimônio líquido, ainda que a contrapartida do aumento do valor do investimento constitua reserva de reavaliação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 35, § 3º). Fl. 1781DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.782 8 Ou seja, se a empresa B e a empresa C foram objeto de evento de transformação societária, não seria hipótese de realização do investimento, e, por isso, permaneceria o diferimento do ganho de capital. Esclarecida a finalidade da norma, cabem certas considerações. Não restam dúvidas de que determinadas pessoas jurídicas entenderam que, o evento de transformação societária previsto no § 2º, envolvendo as empresas B e C, também teria repercussão na hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, o que permitiria a amortização do ágio decorrente da reavaliação do investimento. Ocorre que a pessoa jurídica investidora é a empresa A, que possui o investimento, a empresa B. Na vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, a empresa A tinha previsão legal para reavaliar o investimento sem a necessidade de oferecer à tributação ganho de capital, reavaliação que deu origem ao ágio. De qualquer forma, foi a empresa A que tomou a decisão de reavaliar seu investimento, promoveu os estudos necessários para fundamentar a reavaliação e por consequência o ágio apurado, e, portanto, em nenhum momento deixou de ser a pessoa jurídica investidora na acepção do art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997. Por sua vez, a pessoa jurídica investida é a empresa B, que teve suas ações reavaliadas. Por sua vez, a transformação societária prevista no art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, envolve a empresa B e a empresa C. Ora, ausente no evento de incorporação, fusão ou cisão a empresa A (pessoa jurídica investidora), não se consuma a hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997 que autoriza a amortização da despesa do ágio. Nesse sentido, os eventos decorrentes de reestruturação societária sob a vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, não tem nenhuma repercussão na hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. Fato é que, na vigência da norma, foram engendradas várias operações, no sentido de construir o suporte fático previsto pelo caput do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, para reavaliar as ações da empresa B, integralizar aumento de capital da empresa C com as ações reavaliadas da empresa B, contabilizar o ágio decorrente da reavaliação do investimento, para, logo em seguida, promover a incorporação da empresa B pela empresa C, e promover a amortização da despesa do ágio. Tratase precisamente do contexto da presente autuação. Ocorre que a Contribuinte, buscando deliberadamente a subsunção à norma permissiva de despesa de amortização do ágio, valeuse de operações artificiais, com utilização de empresa "casca" e de reavaliação de ativos sem substância, visando unicamente a construção de um ágio que geraria uma despesa dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Os argumentos da PGFN no recurso especial são esclarecedores: Como já destacado no item anterior, em que pese o grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN Ltda. ter tentado dar uma aparência de legalidade aos negócios que originaram o ágio posteriormente amortizado, tais operações, na realidade, não eram aquilo que aparentavam. Fl. 1782DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.783 9 Embora a Contribuinte tenha declarado que o ágio por ele amortizado decorria de uma verdadeira reorganização societária e aquisição de investimento (pela MARUMBI) com base na rentabilidade futura da empresa adquirida (CENTER), o trabalho da Fiscalização evidenciou que tudo isso não passou de atos formais que não traduziam a realidade. O fato de a recorrente, ao final de uma breve, injustificável e injustificada série de atos societários, ter voltado exatamente ao mesmo status quo ante torna incontestável o intuito doloso da CENTER, juntamente com as demais empresas que pertencem/pertenciam ao seu grupo econômico, na criação de uma contabilidade artificial, que na realidade nunca existiu. De fato, a ausência de propósito negocial e de substrato econômico, da mesma forma que impede a existência material do ágio registrado na CENTER, atesta o evidente intuito de fraude do Contribuinte. Com a demonstração de que não houve nenhuma “aquisição” de investimento pela MARUMBI a justificar a existência do ágio, deixase claro que o único intuito dessa empresa quando da aquisição do investimento traduzido nas quotas da CENTER foi criar um modo de redução dos impostos a serem pagos após a versão do patrimônio decorrente da cisão da MARUMBI, em benefício indireto dos controladores comuns a ambas. Quando da criação do ágio decorrente da aquisição das quotas da CENTER, evidenciamse duas vontades do grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN ltda: a) uma vontade declarada – aquisição pelo valor de mercado das quotas da CENTER pela MARUMBI, seguida da versão do patrimônio da MARUMBI pela CENTER; e b) uma vontade real – criação de um investimento artificial a fim de gerar um ágio que seria utilizado pela CENTER para reduzir a tributação a ser paga após a extinção da MARUMBI. (...) Sendo assim, pelos argumentos aqui expostos, demonstrase cabalmente que o ágio amortizado pelo recorrente foi registrado de forma simulada e com evidente intuito fraudulento. Por meio de uma aparente seqüência de operações societárias, na verdade, o que o recorrente procurou foi a redução indevida da sua carga tributária. A qualificação da multa de ofício, assim, é inevitável. (grifei) E a autuação fiscal, não obstante referirse a uma operação realizada no contexto do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, revelou a conduta dolosa, quando se verifica que a Contribuinte procurou empreender, de maneira completamente artificiosa, mediante uma construção meramente formal, uma reorganização societária deliberada pra buscar a hipótese de incidência nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. Fl. 1783DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.784 10 Vale repetir, o fato de o mencionado artigo 36 ter autorizado uma operação que permitiu uma "reavaliação" do investimento com diferimento de ganho de capital, tal permissão não implicou no desvirtuamento do instituto. Caso se buscasse efetivamente um diferimento no ganho de capital, conforme o cerne da norma, poderia a operação ter se consumado em dois passos: primeiro, em 31/08/2004, reavaliação da CENTER AUTOMÓVEIS, de R$ 3.500.000,00 para R$ 21.404.000,00; e segundo, em 30/09/2004, quando as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, então únicas sócias tanto da autuada CENTER AUTOMÓVEIS quanto de MARUMBI (empresa "casca"), resolveram aumentar o capital desta última e integralizálo mediante a transferência de suas participações em CENTER AUTOMÓVEIS, avaliadas economicamente. Contudo, já em 27/12/2004, ao se promover a cisão total da MARUMBI, com incorporação de seu patrimônio pela CENTER AUTOMÓVEIS, restou claramente demonstrada a intenção deliberada de buscar um plus: não bastava o diferimento do ganho de capital, mas se acreditava que se poderia obter uma despesa dedutível construindose artificialmente um suporte fático que se amoldaria aos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. As operações realizadas em curtíssimo espaço de tempo não deixam dúvidas sobre a real intenção da Contribuinte. E não há que se falar que a liberdade negocial seria ilimitada. A Lei Maior, ao discorrer sobre a ordem econômica e financeira e dos princípios gerais da atividade econômica, dispõe no art. 170, parágrafo único, que é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Contudo, a atuação deve ser norteada por princípios fundamentais, como os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, estabelecidos, não por acaso, já no art. 1º. De fato, a legislação tributária autoriza, a partir de parâmetros estabelecidos em lei, pela eleição, por parte do contribuinte, de regimes de tributação diferenciados. Por isso, a pessoa física é submetida a um regime próprio, e a pessoa jurídica, a outros, com opções mais favoráveis de reduções na base de cálculo tributável. Por que tem a pessoa jurídica tratamento mais favorável por parte do Estado? Porque se parte da premissa que a pessoa jurídica irá fomentar desenvolvimento, viabilizar empregos, exercendo papel social relevante e, por consequência, num ciclo virtuoso, auferir rendas e possibilitar uma maior arrecadação de tributos para o próprio Estado. Contudo, atitudes no sentido de se utilizar permissivo previsto na legislação, para, por exemplo, desvirtuar o instituto da pessoa jurídica para construir despesas artificiais, ou realizar segregação artificiosa de empresas visando buscar enquadramento em regimes de tributação com base menor, são condenáveis porque afrontam o sistema tributário e afrontam as premissas que autorizam tratamentos diferenciados para determinados contribuintes (como, por exemplo, as pessoas jurídicas). A livre organização encontra limites, a depender da lesão a impor na coletividade. O liberalismo, laisserfaire, que blindava integralmente o indivíduo contra a ação do Estado, visto como um odioso interventor nas liberdades individuais, é modelo relativizado. Há tempos exigese do Estado atuação mais presente, em maior ou menor grau, a depender da Fl. 1784DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.785 11 corrente econômica e/ou política, mas é incontestável que a cobrança de tributos é contraprestação necessária e indispensável para que o Estado possa desenvolver suas atividades. Nesse contexto, o formalismo das operações em análise não se opõe às premissas adotadas para a construção do sistema tributário, que concede uma tributação diferenciada para a pessoa jurídica exatamente porque a pessoa jurídica tem um efeito multiplicador na economia, gerando empregos e receitas tributáveis para o Estado. A partir do momento em que se desvirtua completamente o papel da pessoa jurídica, servindo meramente como um instrumento para fabricar uma despesa, ocorre gravíssima agressão ao sistema jurídico como um todo. Pessoa jurídica não é mera empresa de papel, é emprega que produz, proporciona emprego, e gera receitas. Pessoa jurídica deve prestar serviços e fabricar bens e produtos, e não fabricar despesas artificiais. No caso concreto, o plus na conduta é evidente, ultrapassando o tipo objetivo da norma tributária. Não se trata de mero descumprimento da norma. Verificase a presença dos elementos cognitivo e volitivo, consumandose o dolo, cuja definição é apresentada com clareza por CEZAR ROBERTO BITENCOURT2: O dolo, elemento essencial da ação final, compõe o tipo subjetivo. Pela sua definição, constatase que o dolo é constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o conhecimento do fato constitutivo da ação típica; e um volitivo, que é a vontade de realizála. O primeiro elemento, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a vontade, que não pode existir sem aquele. Sobre o elemento cognitivo, BITENCOURT 3 discorre com didática: Para a configuração do dolo exigese a consciência daquilo que esse pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela está sendo realizada Sobre o elemento volitivo, são claros os ensinamentos 4: A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente. Não há reparos, portanto, a se fazer na decisão recorrida, devendose manter a qualificação da multa de ofício. 2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, volume 1, 11ª ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 267. 3 BITENCOURT, 2007, p. 269. 4 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 1785DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.786 12 Diante do exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente os embargos, em relação a omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício, e dar provimento parcial, para suprir a omissão e rerratificar o acórdão embargado sem efeitos infringentes, nos termos do presente voto. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 1786DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.002498/2008-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
É parcialmente nula a decisão de primeira instância que se recusa a apreciar ponto da impugnação relativo a um dos potenciais efeitos da decisão a ser proferida. Todavia, a nulidade parcial não vicia inteiramente o acórdão, cabendo o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que profira decisão complementar sobre o capítulo da impugnação acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício.
Numero da decisão: 1302-002.041
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de primeira instância para se pronunciar sobre matéria suscitada pela impugnante, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de primeira instância para se pronunciar sobre matéria suscitada pela impugnante, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. É parcialmente nula a decisão de primeira instância que se recusa a apreciar ponto da impugnação relativo a um dos potenciais efeitos da decisão a ser proferida. Todavia, a nulidade parcial não vicia inteiramente o acórdão, cabendo o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que profira decisão complementar sobre o capítulo da impugnação acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de primeira instância para se pronunciar sobre matéria suscitada pela impugnante, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 24 98 /2 00 8- 72 Fl. 2217DF CARF MF 2 Relatório Tratamse de Recurso Voluntário e de Ofício interpostos pela empresa em epígrafe e pela Primeira Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre/RS, respectivamente, contra o Acórdão nº 1019.854/09, efls. 1969 a 2038 (e Anexo I efls. 2039 a 2042), que decidiu pela procedência em parte da impugnação oferecida, consoante ementa e resultado reproduzido a seguir: Comprovada a simulação através de vasto acervo indiciário, cabível a desconsideração dos efeitos dos atos viciados e a conseqüente exigência dos tributos faltantes. Cabe ao fisco, havendo na data da autuação saldo de prejuízos fiscais, ajustar o valor devido com a consideração da compensação até o limite legal, recompondo, para frente, os saldos remanescentes e suas eventuais compensações posteriores. Lançamento Procedente em Parte Acordam os membros da 1ªTurma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte o lançamento. Na leitura do acórdão recorrido, sem adentrarse ao mérito das questões confrontadas entre as partes neste momento, deparase com questão processual, deflagrada de pronto, pelo que até aqui é o suficiente para este relatório. A empresa recorrente tomou ciência do acórdão recorrido em 21/07/2009 (e fls. 2049) e interpôs, devidamente representada, o Recurso Voluntário, efls. 2050 a 2116, em 19/08/2009 (efls. 2050). A Procuradoria da Fazenda Nacional apresenta às efls. 2160 a 2185 contrarrazões. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo. Em prejudicial, esta Turma Julgadora tem se manifestado contrariamente ao entendimento esposado no acórdão recorrido sobre o declínio da atividade do julgamento de matéria suscitada pela empresa impugnante no concernente à incidência dos juros sobre a multa de ofício. Esta matéria foi, inclusive, suscitada no recurso interposto. No acórdão recorrido constou expressamente: B.12) Juros Selic incidentes sobre multa de ofício Inicialmente esclareço que não há litígio em torno da matéria reclamada. Afirmo isso lastreado no exame dos autos de infração, que indicam a incidência de juros apenas sobre o valor dos tributos lançados. Confirase, nesse sentido, os cálculos constantes das folhas 1.381 e 1.388 dos autos. Fl. 2218DF CARF MF Processo nº 11065.002498/200872 Acórdão n.º 1302002.041 S1C3T2 Fl. 3 3 Questão análoga já foi objeto de julgamento no âmbito dos Conselhos de Contribuintes. Verifiquese o teor da ementa então adotada: "JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Não havendo no lançamento objurgado a incidência apontada pela empresa é de se não conhecer do recurso quanto à matéria." . " (2o CC Ac. 20400858 4a C. Júlio César Alves Ramos Sessão de 6 de dezembro de 2005) Assim, tendo em vista a inexistência da cobrança de juros incidentes sobre a multa de ofício, não tomo conhecimento da reclamação ventilada no presente tópico. Aproveito o voto proferido no recente Acórdão nº 1302001.948, em sessão realizada em 09 de agosto de 2016, de lavra do Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior, integrante deste colegiado, sobre a questão: Preliminarmente, ressalto que a decisão recorrida expressamente se esquivou de apreciar questão levantada pela defesa em sua peça impugnatória, se não vejamos o seguinte excerto do voto condutor da referida decisão: “Quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, cabe ressaltar que essa matéria não faz parte da presente lide, pois na exigência consubstanciada nos Autos de Infração objeto do presente processo os juros de mora estão incidindo apenas sobre o valor do tributo, e não sobre a multa de ofício. Quanto à possibilidade de isso vir a ocorrer, cumpre observar que o efetivo cálculo dos juros configura matéria a ser discutida no âmbito da cobrança do tributo lançado, no qual não atua esta Delegacia de Julgamento, em função de sua atribuição específica. Os juros serão calculados e atualizados até a data do efetivo pagamento, na fase de execução do acórdão e de cobrança do crédito tributário mantido, após tornarse definitiva, na esfera administrativa, a decisão acerca do lançamento impugnado. Assim, esta autoridade julgadora não se manifesta a respeito dos critérios legais de cálculo dos juros incidentes sobre o crédito tributário a ser recolhido em fase de cobrança administrativa.” Com a devida vênia, não tem razão a autoridade de primeira instância, pois a cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício é um dos efeitos de eventual decisão pela manutenção da multa de ofício e o fato de o valor (dos juros sobre a multa) não estar mensurado no auto de infração não pode ser óbice ao exercício do direito de defesa da recorrente. Todavia, mais grave do que isso é o fato de que, tendo sido renovada a questão no recurso voluntário, não poderá este CARF enfrentála, sob pena de restar configurada a supressão de instância, com flagrante cerceamento do direito de defesa da recorrente. Ressalto que a jurisprudência pacífica deste Colegiado é de que a questão em tela deve ser enfrentada pela instância administrativa. Em situações processuais parecidas com a ora posta em julgamento, o Supremo Tribunal Federal tem decidido pela nulidade parcial da sentença, se não vejamos o seguinte Acórdão: “Processo: HC 94888 SP Fl. 2219DF CARF MF 4 Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Órgão Julgador: Segunda Turma PENAL. HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA. NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA. PRECEDENTES STF. ORDEM DENEGADA. 1. A presente impetração visa ao reconhecimento de nulidade da sentença condenatória prolatada em desfavor do paciente, sob o fundamento de ausência de fundamentação na dosimetria da pena aplicada. 2. O Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que nulidade quanto à dosimetria da pena "não vicia inteiramente a sentença e o acórdão das instâncias inferiores, mas diz respeito, apenas ao critério adotado para a fixação da pena. Tudo o mais neles decidido é válido, em face do princípio utile per inutile non vitiatur." (HC 59.950/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 01.11.1982). 3. Habeas corpus denegado.”. Mutatis mutandi, por mais que me cause espécie a declaração parcial de nulidade de sentença, sustento que seja essa a melhor solução processual para o presente caso. Destarte, há que se obstar o julgamento deste litígio e devolvêlo para a complementação da sentença a quo com a devida apreciação da matéria suscitada pela impugnante. Voto em dar provimento em parte ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de primeira instância para se pronunciar sobre a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Resta prejudicado o julgamento do recurso de ofício no presente momento, devendo ser sobrestado e aguardar a nova decisão de DRJ para prosseguir a sua apreciação em conjunto à totalidade do recurso voluntário. Observo que os processos administrativos fiscais de nºs 11065.722968/2012 02 e 11065.720055/201596 devem ser vinculados a este paf, por conexos. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 2220DF CARF MF Processo nº 11065.002498/200872 Acórdão n.º 1302002.041 S1C3T2 Fl. 4 5 Fl. 2221DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.913815/2011-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.062
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 13 81 5/ 20 11 -1 0 Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10480.913815/201110 Resolução nº 3401001.062 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.061. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10480.913815/201110 Resolução nº 3401001.062 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10480.913815/201110 Resolução nº 3401001.062 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 232DF CARF MF
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Numero do processo: 10855.722301/2015-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário:2012
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO
A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea de que os gastos foram suportados pelo próprio contribuinte e que ocorreram no ano calendário da declaração.
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. PAGAMENTOS
A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea dos pagamentos efetuados, no caso de solicitados pela fiscalização.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.581
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial nos termos da fundamentação do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário:2012 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea de que os gastos foram suportados pelo próprio contribuinte e que ocorreram no ano calendário da declaração. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. PAGAMENTOS A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea dos pagamentos efetuados, no caso de solicitados pela fiscalização. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial nos termos da fundamentação do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
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COMPROVAÇÃO A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea de que os gastos foram suportados pelo próprio contribuinte e que ocorreram no ano calendário da declaração. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. PAGAMENTOS A dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte está condicionada a comprovação hábil e idônea dos pagamentos efetuados, no caso de solicitados pela fiscalização. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 23 01 /2 01 5- 85 Fl. 242DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento parcial nos termos da fundamentação do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10855.722301/201585 Acórdão n.º 2402005.581 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Conforme relatório da decisão recorrida, o processo referese à Notificação de Lançamento, relativa ao ano calendário de 2012, fls. 163/167. O valor do imposto suplementar originalmente calculado, sujeito à multa de ofício de 75%, foi de R$ 6.638,29. A contribuinte calculou uma restituição no valor de R$ 1.343,34. A Notificação de Lançamento, lavrada em 08/06/2015, decorreu da dedução indevida a título de despesas médicas. Foi glosado o valor de R$ 29.024,10 devido a contribuinte intimada a apresentar o comprovante dos efetivo pagamento das despesas médicas abaixo relacionadas, apresentou extratos do Banco do Brasil. Os extratos não comprovaram a efetividade dos pagamentos perqueridos, pois o fato da contribuinte fazer saques regulares em sua conta não prova o pagamento das despesas médicas, já que não foram coincidentes em data e valor com os recibos apresentados. O sujeito passivo foi cientificado, apresentou impugnação em 16/07/2015 (fls. 2/5), alegando, em síntese, que: · CPF: 488.787.23568 CÁTIA MOURA GALVÃO ELOY PEREIRA, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai,Carlos Toloi CPF 035.301.83849 apresenta para comprovar recibo e relatório médico. · CPF: 05.430.580/000170 CLINICA DE ASSISTÊNCIA PEDIÁTRICA S/C LTDA ME, do valor de R$ 300,00 questiona o valor de R$ 180,00,pois referese a despesas médicas do filho Rodrigo Toloi de Andrade nascido em 04.02.2002. · CNPJ: 60.840.055/013209 FLEURY S A, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 035.301.83849. · CPF 733.058.04572 VANYERE DE LIMA ALMEIDA, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, , Carlos Toloi CPF 035.301.83849 apresenta para comprovar recibo, declaração e carta. · .CNPJ:63.554.067/000198 HAPVIDA ASSISTÊNCIA MEDICA LTDA,questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai,Carlos Toloi CPF 035.301.83849 apresenta para comprovar boletos com recibos e declaração do plano de saúde. · .CNPJ: 09.021.760/000150 RCS SERVIÇOS MÉDICOS ESPECIALIZADOS LTDA EPP, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 35.301.83849 consulta com médico a domicilio, anexa declaração atual do médico, cópia do cheque, cópia da receita do dia da consulta (não conseguiu localizar contator para pegar o recibo) Fl. 244DF CARF MF 4 · CNPJ: 01.667.119/000185 MASTOGIN CLINICA DE MASTOLOGIA E GINECOLOGIA S/C LTDA ME, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias. Anexa o recibo, pago em especie. · CPF: 482.220.03534 ANA PATRICIA COSTA TAVARES, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias. Anexa o recibo,cópia do extrato do cartão de credito, declaração da dentista com data atual · CPF: 021.313.17573 DIOGO NUNES MIGUEL DE OLIVEIRA, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias.Anexa o recibo, cópia do extrato conta corrente, cópia extrato de cartão de crédito , cópia do cheque, declaração do dentista com data atual · CPF 041.556.01877 ELIANA MARIA NUNES MIGUEL DE OLIVEIRA, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias, do filho (Rodrigo Toloi de Andrade) e do pai. Anexa o recibo, cópia do extrato conta corrente, cópia extrato de cartão de crédito, cópia do cheque, declaração da dentista com data atual, ondeela consta todos os tratamento, nclusive dois que não citei na minha declaração. · CPF: SIMONE CERQUEIRA CARDOSO, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias. Anexa o recibo, cópia do extrato conta corrente, cópia extrato de cartão de crédito , relatório do ocorrido e declaração da dentista com data atual · CNPJ 00.081.049/000116 CENTRO OFTALMOLÓGICO DE ITAPOAN S/C LTDA ME, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 035.301.83849 consulta oftamologica, não conseguiu entrar em contato com a clínica, o recibo foi encaminho via internet, site da prefeitura de Salvador. · : CNPJ: 13.612.189/000115 CLINICA DE OLHOS LEITÃO GUERRAS/S LTDA EPP, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 35.301.83849 tratamento oftamológico, não consegui entrar em contato com a clínica, o recibo foi encaminho via intrnet site da prefeitura de Salvador. · CPF: 925.463.66572 CLAUDIA COSTA PINTO FURTADOMACHADO, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 035.301.83849 anexo recibo e cópia do cheque. · CNPJ: 00.317.661/0001 45 PEDCLIN CLINICA ODONTOLÓGICALTDA, questiona o valor total , pois referese a despesas médicas próprias. Anexa recibos, extratos e declaração com data atual da dentista. · CNPJ 15.166.416/000151 REAL SOCIEDADE PORTUGUESA DEZESEIS DE SETEMBRO questiona o valor total , pois referese a despesas médicas do pai, Carlos Toloi CPF 035.301.83849 internação de urgência feita pelo genitor, que estava com sérios problemas com seu convênio, conforme explicada em minha carta .Ficaram de mandar a nota fiscal pelo site da prefeitura de Salvador mas não recebi. A decisão da autoridade de primeira instancia julgou procedente parcialmente a impugnação da Recorrente demonstrando no quadro as glosas mantidas e revertidas: Fl. 245DF CARF MF Processo nº 10855.722301/201585 Acórdão n.º 2402005.581 S2C4T2 Fl. 4 5 (1) A contribuinte anexou o recibo de fl.65, datado de 13/09/2012, no valor de R$200,00. Comprovando, através dos extratos bancários, que no mês de setembro/2012 (fls.139/140) efetuou saques que justificariam o pagamento alegado à fl. 56. (2) Anexa o recibo, no valor de R$ 180,00, de data 13/04/2012 (fl. 58), comprovando o pagamento pela cópia do cheque da mesma data (fl.72), compensado em 17/04/ 2012, conforme extrato bancário (fl.73). Nada apresenta para a diferença de R$ 200,00. Fl. 246DF CARF MF 6 (3) Anexa nota fiscal eletrônica, no valor de R$23,91, datada de 19/7/2012(fl.76), e comprova, através dos extratos bancários, que no mês de julho/2012 (fl.137) efetuou saques que justificariam o pagamento em espécie alegado à fl. 56. (4) Apresenta declaração do prestador especificando nove pagamentos efetuado nos meses de janeiro a setembro de 2012 (fl.79) e recibos nos valores constantes na declaração (fls.80 a 82), totalizando o montante de R$ 12.000,00, afirmando que efetuou os pagamentos em dinheiro (fl.56). Entretanto, pela análise dos extratos bancários presentes nos autos, verificase que a contribuinte não efetuou saques que justificassem os pagamentos. Em geral os saques da contribuinte eram em valores baixo, tais como R$40,00, R$90,00 e R$190,00, os quais continuaram a ser efetuados nos meses em que não houve mais pagamentos para quitar a despesa médica relacionada ao prestador Vanyere de Lima Almeida, indicando que os saques efetuados eram destinados a outras necessidades da contribuinte. (5) Comprovar o efetivo pagamento com os boletos do plano de saúde e comprovantes de pagamentos dos mesmos (fls. 18/38). (6) Apresenta declaração do médico especificando dois pagamentos nos valores individuais de R$400(fl.63). Comprova o efetivo pagamento com a apresentação dos extratos bancários dos meses de março(fl.100) e agosto (fl.74), nos quais há compensação de cheques no valor de R$400,00. (7) Anexa o recibo datado de 26/07/2012 (fl. 83) e comprova, através dos extratos bancários, que no mês de julho/2012 (fls.137/124) efetuou saques que justificariam o pagamento em espécie alegado à fl. 56. (8) Anexa o recibo datado de 27/7/2012 (fl. 64), no valor de R$100,00). Comprova o pagamento pela cópia do extrato do cartão de credito, onde consta o faturamento do montante em 23/8/2012 (fl.85). (9) Anexa declaração (fl. 94) e recibos das despesas médicas, nos valores de R$ 195,00 em 7/3/2012 (fl. 60) e R$ 160,00 em 14/11/2012 (fl.66). Comprovando os pagamentos através da apresentação de cópia de cheque (fl.95) de valor de R$195,00, datado de 7/3/2012, pela apresentação do extrato do cartão de crédito, onde consta o valor de R$ 160,00 faturado em 14/11/2012 (fl. 97). (10) Anexa declaração da prestadora à fl. 99, informando os pagamentos de: R$300,00 em 27/03/2012; R$1.055,83 em 03/04/2012; R$300,00 em 27/04/2012; R$350,00 em 08/05/2012; R$300,00 em 27/05/2012; R$92,00 em 25/09/2012 ; R$66,00 em 23/07/2012 e R$880,00 em 12/07/201, .totalizando o valor de R$ 3.343,88. Anexa recibos às fls: 61 (R$300,00 em 27/03/2012); 57 (R$ 1.055,88 em 03/04/2012); 59 (R$ 300,00 em 27/04/2012); 62 (R$350,00 em 08/05/2012); 104 (R$300,00 em 27/05/2012) e 107 (R$ 880,00 em 12/07/2012), totalizado o montante de R$ 3.185,88. Entretanto, somente comprovou o pagamento da quantia de R$1.872,00, através de: · extratos bancários, onde consta a compensação dos cheques: nº 850976, em 28/3/2012, no valor de R$ 300,00 (fls. 100 e 132); nº 850977 em 30/4/2012, no valor de R$ 300,00 (fls. 101 e 102) e nº 850978 em 28/5/2012, nº valor de R$ 300,00 (fl.105). Fl. 247DF CARF MF Processo nº 10855.722301/201585 Acórdão n.º 2402005.581 S2C4T2 Fl. 5 7 · extratos do cartão de crédito com os faturamentos de: R$92,00 em 25/09/2012 (fl.92) e R$ 880,00, dividido em três parcelar de R$293,34, nos dias 03 dos meses de julho, agosto e setembro (fls. 85 e 109). Faltando a comprovação dos valores de R$1.055,88 e R$350,00, pois apesar de afirmar que pagou através do cartão de crédito, não apresentou os extratos nas competências de abril e maio de 2012. (11) Anexa recibo datado de 11/12/2012, no valor de R$700,00 (fl.111). Afirma que pagou o valor em três parcelas, a primeira com o cheque nº 851006, compensando em 7/12/2012, no valor de R$ 234,00 (fl.112). A segunda e a terceira parcela, no valor de R$ 233,00, pagou com o cartão de crédito faturado em 23/1/2012 e 23/2/2012, porém não apresentou o extrato do cartão de crédito. Assim, como o valor do cheque não confere com o recibo, sem cópia do mesmo não pode ser aceito como relacionado a despesa médica. (12) Anexa duas notas fiscais eletrônicas, no valor de R$ 45,00, datadas de 29/2/2012(fl.118) e 26/1/2012(fl.119). Comprova, através dos extratos bancários, que nos meses de janeiro e fevereiro de 2012, efetuou saques que justificariam o pagamento em espécie (fls.128, 129, 121 e 130). (13) Anexa nota fiscal de 6/3/2012, com valor de R$300,00 (fl.120), afirmando que pagou o montante através do cheque nª 850969 e apresenta extrato bancário onde consta a compensação em 7/2/2012 (fl.121). Entretanto, como a nota fiscal tem data posterior a compensação do cheque, apenas o extrato bancário é insuficiente para comprovar o pagamento da despesa médica. (14) Anexa recibo no valor de R$480,00(fl. 122). Comprovando o pagamento da quantia pela apresentação da cópia do cheque nº 850987 de 15/8/2012 (fl. 123) e extrato bancário (fl. 124). (15) Anexa nota fiscal, datada de 11/10/2012, no valor de R$1.300,00 (fl.87). Comprova que pagou o montante em três vezes, faturando no cartão de crédito nas datas de: 23/9/2012; 23/10/2012 e 23/11/2012 ( 3 vezes de R$ 433,34) (fls. 88 a 91). (16) Nada apresentou comprovantes relacionado a essa despesa médica. Portanto, como o lançamento ocorreu pela ausência de comprovação do efetivo pagamento das despesas médicas, deve ser permitido a dedução da base de cálculo do imposto de renda do montante de R$11.790,22, enquanto o valor não comprovado de R$17.233,88 deve permanecer glosado. Fl. 248DF CARF MF 8 Cientificado da decisão de primeira instancia em 17/02/2016, o contribuinte apresentou tempestivamente, fls. 191/237, em 17/03/2016, o recurso voluntário apresentando, em relação aos item 04, 10, 11 e 13, documentos com vista a comprovar a legitimidade das deduções. Requer que tais documentos sejam acolhidos como hábeis para legitimar a dedução das despesas médicas. É o relatório. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 10855.722301/201585 Acórdão n.º 2402005.581 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheira Bianca Felicia Rothschild Relatora O recurso é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 17/02/2016, interpôs recurso voluntário no dia 16/03/2016, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser CONHECIDO. Nos termos do artigo 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/1995, com a redação vigente ao tempo dos fatos ora analisados, são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, a título de despesas com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e dentistas, os pagamentos especificados e comprovados. Lei 9.250/1995: Art. 8°. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) § 2º O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: (...) II restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas de quem recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” A Recorrente apresentou cópias dos pagamentos efetuados aos seguintes prestadores (fls 193 a 237): Fl. 250DF CARF MF 10 a) Em relação ao item 04 VANYERE DE LIMA ALMEIDA, recibos já acostados anteriormente aos autos (Fls. 79/82), no entanto, desta vez mais legíveis em que constando valor, data, nome, inscrição no CPF do prestador, mas não indica endereço do prestador e, ainda, declaração do profissional afirmando que o pagamento foi devidamente, realizado pelo contribuinte, em dinheiro. Apresenta, ainda, carta à defensoria pública. b) Em relação ao item 10 ELIANA MARIA NUNES MIGUEL DE OLIVEIRA, recibo no valor de R$ 350,00 que consta de valor, data, nome, inscrição no CPF do prestador, mas não indica endereço do prestador e extrato de conta corrente que demonstra que no dia 08/05/2012 foi realizado um gasto no mesmo valor de R$ 350,00. c) Em relação ao item 11 SIMONE CARDOSO CERQUEIRA, , recibo (fls 212) no valor de R$ 700,00 que consta de valor, data (11/12/2012), nome, inscrição no CPF do prestador e endereço do prestador. d) Em relação ao item 13 CLÍNICA DE OLHOS LEITÃO GUERRA, copia de nota fiscal emitida pela Prefeitura de Salvador (fl 205), no valor de R$ 300,00, referente a exame oftalmológico realizado pelo paciente Carlos Toloi (pai da Recorrente) Tendo em vista os novos documentos acostados aos autos, entendo que os relacionados aos itens 11 e 13 devem ser considerados como legítimos para fins de dedutibilidade de imposto de renda, tendo em vista serem incontestes quanto ao cumprimento de todos os requisitos legais e hábeis a comprovar a respectiva despesa. Forte nas razões expostas, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para reconhecer o direito dedução das despesas médicas glosadas, nos termos do voto e dos autos em si. (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild. Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.900398/2009-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 27/02/2004
CSLL. APURAÇÃO ANUAL. RECOLHIMENTO A MAIOR.
Cabe reconhecer o direito creditório de recolhimento a maior de CSLL apuração anual, se os registros contábeis e a apuração demonstrada na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ original espontânea confirmam que o valor devido é menor que o recolhimento efetuado.
Numero da decisão: 1201-001.582
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(documento assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EVA MARIA LOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Declarou-se impedido o conselheiro José Roberto Adelino. Ausente o conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado.
Nome do relator: EVA MARIA LOS
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 27/02/2004 CSLL. APURAÇÃO ANUAL. RECOLHIMENTO A MAIOR. Cabe reconhecer o direito creditório de recolhimento a maior de CSLL apuração anual, se os registros contábeis e a apuração demonstrada na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ original espontânea confirmam que o valor devido é menor que o recolhimento efetuado.
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APURAÇÃO ANUAL. RECOLHIMENTO A MAIOR. Cabe reconhecer o direito creditório de recolhimento a maior de CSLL apuração anual, se os registros contábeis e a apuração demonstrada na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ original espontânea confirmam que o valor devido é menor que o recolhimento efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (documento assinado digitalmente) EVA MARIA LOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Declarouse impedido o conselheiro José Roberto Adelino. Ausente o conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 03 98 /2 00 9- 80 Fl. 247DF CARF MF Processo nº 16327.900398/200980 Acórdão n.º 1201001.582 S1C2T1 Fl. 3 2 Trata o processo de Declaração de Compensação PER/Dcomp nº 29652.90690.280205.1.3.047496, de 28/02/2005, págs. 13/18, requerendo o crédito de pagamento indevido ou a maior de CSLL, no valor de R$871.496,49, recolhido em DARF de valor total R$58.247.990,38, acrescido de juros, em 27/02/2004; para compensar débito de 675801 CSLL Entidade financeira/Declaração de ajuste do período de apuração 2004, vencimento em 31/03/2005, no valor de R$1.003.702,51. 2. Às págs. 4 e 6, Despacho Decisório da DEIF/São Paulo que não homologou a Dcomp porque o pagamento foi integralmente utilizado na quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível. 3. Cientificado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade, que foi julgada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo, que considerou a manifestação de inconformidade improcedente, págs. 64/69, porque: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP.CRÉDITO DE PAGAMENTO ALEGADAMENTE A MAIOR. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO POR FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A mera alegação de que determinado débito de CSLL teria sido pago a maior, como também declarado a maior em DCTF, mesmo posteriormente retificada, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de documentos, registros e demonstrativos que evidenciem, de forma cabal, a efetiva ocorrência de erro na apuração que ensejou o pagamento e o preenchimento da DCTF. 4. Cientificado em 14/07/2011 (págs. 70/72) o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário tempestivo em 12/08/2011, págs. 73/93, com os documentos de págs. 94/153. 5. Pleiteia a tempestividade e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 6. Esclarece que a DIPJ 2004, especificamente na Ficha 17 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apresentou o saldo de contribuição social a pagar de R$ 57.385.122,56. De acordo com as regras aplicáveis pela legislação do IRPJ, tal importância deveria ser acrescida de 1% (um por cento) para o recolhimento no dia 27.02.2004, o que resultou o montante de R$ 57.958.973,78. 7. Mas que, equivocadamente, o recolhimento foi efetuado pelo valor de R$ 58.830.470,28, conforme DARF de fls. 07, gerando um crédito tributário de R$871.496,50. 8. Destaca que a CSLL é lançada por homologação; que a apuração pode ser mediante pagamentos mensais a título de antecipação, ou seja, estimativas mensais e, apuração ao final do anocalendário, restando saldo a pagar ou a depender se as estimativas forem menores ou maiores que o valor devido; formalizase a apuração por meio da DIPJ e a entrega da DCTF. 9. Tratandose, portanto a CSLL de lançamento por homologação, em 01/01/2009, isto é, cinco anos após o encerramento do anocalendário em 31/12/2003, ocorreu a homologação tácita do crédito tributário de R$57.385.122,56, antes da emissão do Despacho Fl. 248DF CARF MF Processo nº 16327.900398/200980 Acórdão n.º 1201001.582 S1C2T1 Fl. 4 3 Decisório em 18/02/2009; e destaca que a RFB não contestou o valor declarado na DIPJ, mesmo estando este em divergência com a DCTF. 10. Com isso, conclui que o DARF recolhido em 27.02.2004 foi efetuado em valor superior ao devido, sendo líquido e certo o crédito no montante de R$1.003.702,51, correspondente ao valor originário R$ 871.496,50, acrescido da variação da taxa Selic do período de 27.02.2004 a 31.03.2005 (15,17%). 11. Que o erro de preenchimento da declaração acessória justificase pelo fato de que a DCTF foi entregue em 14.05.2004 e a DIPJ em 30.06.2004, ocasião em que se apurou o quantum devido. 12. Resume que a situação fática consiste em (i) o saldo de CSLL formalmente declarada para a Fazenda Nacional se deu por meio da DIPJ; (ii) a modalidade de lançamento da CSLL é por homologação, ocorrida tacitamente em 01.01.2009; e (iii) a DCTF tratase de declaração acessória, não servindo, no presente caso, de confissão de dívida. 13. E pleiteia que seja reconhecido o direito à homologação ao crédito objeto da PER/DCOM, posto que a sua formalização junto à Fazenda Nacional se deu de forma válida entrega da DIPJ , tendo transcorrido o lapso temporal para a manifestação quanto a sua regularidade formal. 14. Assim, o saldo da CSLL relativo ao anocalendário de 2003, exercício de 2004, é o valor expresso na DIPJ do respectivo período, comprovando com isso o recolhimento a maior que gerou o pedido de compensação. 15. Advoga que cumpriu as exigências relativas à declaração de compensação de débito. 16. Reclama de cerceamento de defesa no que tange à entrega de documentação comprobatória, que advoga ser possível em fase posterior à manifestação de inconformidade e requer a juntada dos documentos que relaciona às págs. 91/92, para análise. 17. A 2ª Turma Especial da Primeira Sessão do CARF emitiu a Resolução nº 1802 000.389, de 5 de novembro de 2013, págs. 154/160, determinando a diligência: Assim sendo, converto o presente julgamento em diligência ordenando a remessa dos presentes autos à unidade origem, a fim de que aquela unidade: junte de ofício a DIPJ original e última retificadora entregue pelo contribuinte em relação ao anocalendário de 2003. em sua integralidade e: intime o contribuinte a trazer aos autos os balancetes do período ou algum documento contábil ou fiscal que demonstre a validade do crédito pleiteado, de forma a dar suporte adicional ao constante na DIPJ. 18. A diligência foi realizada pela DRF em Brasilia/DF e constou dos documentos de págs. 162/234 e da Informação Fiscal Diort/DRFBrasilia nº 0772/2016, de 09 de junho de 2016, págs. 235/238, de que: Fl. 249DF CARF MF Processo nº 16327.900398/200980 Acórdão n.º 1201001.582 S1C2T1 Fl. 5 4 14. Desta feita, com base nos cálculos efetuados na Tabela 3, concluise que o valor do saldo a compensar origem do direito creditório a ser utilizado na compensação dos débitos da PER/DCOMP 29652.90690.280205.1.3.047496, é de RS 862.507,59. 19. A Informação Fiscal Diort/DRFBrasilia nº 0772/2016, foi cientificada ao contribuinte em 18/07/2016, págs. 238/240. 20. Não consta manifestação do contribuinte. Voto Conselheiro Eva Maria Los 21. O contribuinte apresentou os documentos de págs. 173/193, atendendo à intimação da Divisão se Orientação e Análise Tributaria – Diort, DRF em Brasilia/DF, pág. 162. 22. Esta constatou que a Recorrente apresentou apenas uma DIPJ original, em 30/06/2004, relativa ao anocalendário 2003 e confirmou que a Ficha 17 apresentada correspondia ao Anexo 2 (Ficha 17) apresentada. 23. A DRF verificou que a contabilidade da Recorrente, págs. 190/193, registra R$94.932.529,81 de CSLL apurada para o anocalendário 2003; e que as estimativas devidas e recolhidas constantes dessa DIPJ, totalizavam R$37.529.811,36, e não R$37.538.711,27, como consignou o contribuinte na Ficha 17: a. no mês 10/2003, o contribuinte apurou R$3.823.720,35 de CSLL devida, da qual subtraiu R$8.899,91 de CSLL retida na fonte resultando CSLL a recolher de estimativa de 10/2003 no valor de R$3.814.820,44, que é o valor que devia ter somado ao total das estimativas recolhidas a ser deduzido na linha 41. da Ficha 17; em vez disso, o contribuinte somou o valor antes da dedução da CSLL retida na fonte e também consignou o IRRF de R$8.695,98 na linha 44. da Ficha 17. 24. Contudo, tendo em vista que, na apuração anual, na Ficha 17, a Recorrente deduziu R$8.695,98 e não os R$8.899,91 que tinha registrado no mês 10, cabe considerar este valor na apuração desse mês, resultando o valor a recolher de 10/2003 em R$3.823.720,35 () 8.695,98=3.815.024,37, e o total de estimativas recolhidas de R$37.530.015,29. 25. Assim, a CSLL a pagar resulta em R$94.932.529,81 () R$37.530.015,29 (estimativas mensais) R$8.695,98 (CSLL fonte, valor que o contribuinte consignou na linha 44 da Ficha 17)=R$57.393.818,54 que acrescidos de 1% para recolhimento em 27/02/2004, resultou em R$57.967.756,73. 26. Haja vista terem sido recolhidos R$58.830.470,28, o crédito de recolhimento a maior é de R$862.713,55: Acórdão DRJ Este voto CSLL devida 94.932.529,81 94.932.529,81 Fl. 250DF CARF MF Processo nº 16327.900398/200980 Acórdão n.º 1201001.582 S1C2T1 Fl. 6 5 () Est Mensa 37.529.811,36 37.530.015,29 () CSLL fonte 8.695,98 8.695,98 CSLL a recolher 57.394.022,47 57.393.818,54 1,00% 573.940,22 573.938,19 A recolher 29/02/2004 57.967.962,69 57.967.756,73 Recolhido 58.830.470,28 58.830.470,28 A maior 862.507,59 862.713,55 Do exposto, VOTO por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório de recolhimento a maior de R$862.713,55 em 27/02/2004, e a compensação dos débitos em aberto até o limite desse crédito. (documento assinado digitalmente) Eva Maria Los Relator Fl. 251DF CARF MF
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Numero do processo: 11060.002104/2009-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008
BOLSAS DE ESTUDO. ISENÇÃO. REQUISITOS.
Somente são isentas do imposto de renda as bolsas caracterizadas como doação quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos, pesquisas ou extensão e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços.
Numero da decisão: 2402-005.760
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ISENÇÃO. REQUISITOS. Somente são isentas do imposto de renda as bolsas caracterizadas como doação quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos, pesquisas ou extensão e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 21 04 /2 00 9- 15 Fl. 1158DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre – DRJ/POA (fls. 1.048/1060), que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF, relativo ao anoscalendário 2004, 2005, 2006 e 2007 / exercícios 2005, 2006, 2007 e 2008, o qual resultou na exigência de crédito tributário no valor de R$ 80.724,82, sendo R$ 39.407,50 de imposto; R$ 29.555,62, de multa proporcional; e R$ 11.761,70, de juros de mora calculados até 31/07/2009. Consta do Auto de Infração (fls. 100/106) que o procedimento fiscal teve como escopo a apuração da apuração de classificação indevida rendimentos na Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física. Impugnação Por bem retratar as alegações trazidas pelo contribuinte na peça impugnatória, reproduzemse os trechos correspondente do Acórdão nº 1029.377, da 4ª Turma da DRJ/POA: Tempestivamente, o interessado apresenta a impugnação da exigência às fls. 73 a 98. Suas alegações estão, em síntese, a seguir descritas. Lançamento, contra o contribuinte, de juros de mora já lançados contra a FATEC, bis in idem tributário. A Auditoria lançou, a débito do Contribuinte, juros de mora calculados pela taxa Selic incidentes sobre o Imposto de Renda lançado com base nas bolsas recebidas. Ocorre que, recentemente, juros de mora incidentes sobre a mesma base de cálculo, qual seja, Imposto de Renda da Pessoa Física, foram lançados contra a Fundação de Apoio á Tecnologia e Ciência. Os juros foram lançados contra a FATEC, juntamente com multa, em razão da falta de recolhimento do IR na fonte. Apesar de se tratar de um título de recolhimento diferente, eventualmente sob uma alíquota diferente, é óbvio que tratase do mesmo imposto que está sendo cobrado da contribuinte, sobre o mesmo fato gerador; logo, sendo idêntica a natureza do principal, idêntica é a natureza do acessório. Transcreve o disposto no art. 4º do CTN. Pelo exposto, requer a decretação da nulidade do Auto de Infração. Boafé. Uso arraigado da isenção nas fundações. Fiscalização dentro do período que não apontou irregularidade. Basicamente, o AFRFB encarregado do cumprimento do MPF apresentou, como motivo para o Lançamento de Ofício, a Fl. 1159DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 3 3 acusação de que o Contribuinte teria apresentado, nos anos base afetados, "declaração inexata", fundamentando a opção no art. 841, III do RIR/99. No caso, a "inexatidão" consistiria em "classificação indevida de rendimentos na DIRPF", consubstanciada pela declaração, na qualidade de rendimento isento, de bolsas recebidas pelo contribuinte no período afetado. Ocorre que o contribuinte, ao classificar suas bolsas como rendimento nãotributável, não errou nem agiu de máfé. Ao revés,f seguiu orientação da Lei e de seus regulamentos, bem como das práticas reiteradamente adotadas pela DRF de Santa Maria na interpretação do alcance e da incidência da isenção concedida pelas leis 8.958/94 e 9.250/95 e seus regulamentos, notadamente o Decreto n° 5.205/04. Ou seja, não se trata de inexatidão; mas sim, da aplicação de uma interpretação juridicamente válida e até então pacificamente aceita, e compartilhada pelos próprios AFRFB lotados em Santa Maria. Vale dizer que o entendimento do contribuinte, que era também o da Receita, é no sentido de que suas bolsas são nãotributáveis, embora a Declaração não lhe permita fazer diferença entre essa natureza e a de "receita isenta". Em 31 de maio de 2001, a Fundação foi intimada, pelo MPF 1010300 2001 000714, referente às bolsas pagas, onde então foi verificado o cumprimento das obrigações fiscais. Logo, houve fiscalização sobre os mesmos fatos analisados pela presente autuação, sem que fosse apontada a suposta irregularidade agora lançada. Como houve fiscalização específica sobre o cumprimento das obrigações fiscais relativamente às bolsas de estudo e pesquisa, com análise de toda a documentação pertinente, restou consolidado o entendimento de que as bolsas em questão não sofrem a incidência do IRRF. Por conseguinte, este critério jurídico deve sei" respeitado, até o momento em que a administração muda de entendimento. Cita o artigo 100 do CTN. Como no caso em tela tratamos de modificação de interpretação jurídica, e não erro de fato, deve vigorar o entendimento que até então era aceito. Nesse sentido, o contribuinte cita a doutrina. Transcreve ementas da jurisprudência judicial. Pelo exposto, requer que, em face de ter o contribuinte agido: A) com base em prática arraigada em situações de fato e de direito análogas ou idênticas; B) de ser tal prática aceita pelas autoridades competentes; C) de ter sido o sistema de bolsas da FATEC, no qual se origina a matéria de fato, ter sido Fl. 1160DF CARF MF 4 sucessivamente fiscalizado em 1996, 2001 e 2005, com ênfase especial em 2001, e de não ter sido constatada nenhuma infração em tais ocasiões, corroborando a prática em vigor; D) de ter agido o contribuinte; de boafé, ao declarar suas bolsas como nãotributáveis, de acordo com o informe assim rotulado, que lhe foi entregue pela FATEC; E) de acreditar o contribuinte, assim como já interpretou a SRF, que as bolsas que recebeu são, de fato e de direito, nãotributáveis, como abaixo se comprovará. Seja o auto de infração anulado, por conter multa e juros de mora indevidos, a teor do disposto no art. 100, § único do CTN. Efeito confiscatório art. 150, IV da CF Princípio dos motivos determinantes. O Auto de Infração deve ser anulado, por representar o uso indevido da legislação tributária com intenção confiscatória proibida pela Constituição Federal. Configuração dos requisitos para isenção Está ao abrigo da isenção preconizada pelas leis 8.958/94, 9.250/95 e pelo Decreto 5.205/04. Suas atividades preenchem plenamente os requisitos estabelecidos pela legislação; ou seja, sua declaração, nesse sentido e contexto, foi perfeitamente exata, afastando o fundamento principal do Lançamento de Ofício. A legislação invocada no auto de infração como delimitadora da outorga de isenção: Lei 9250/95, Lei 8958/94 e Decreto 5.205/04 estabelece o seguinte conjunto de requisitos: 1. Que a bolsa seja caracterizada como doação (sendo, portanto, inadmitida a contraprestação de serviços, exceto no caso de extensão); 2.Que a bolsa seja de estudo, pesquisa ou EXTENSÃO; 3. Que os resultados do estudo, da pesquisa ou do ato de extensão não revertam economicamente para o doador da bolsa. A bolsa é uma doação em dinheiro, titulada, no caso em tela, pela FATEC como doadora e pelo contribuinte como donatário. A contraprestação (no caso, de serviços) é caracterizada como elemento sinalagmatismo, ou seja, o troco da bolsa, o bolsista presta um serviço a favor do donatário. Salvo no restrito caso da Patente, regrada por lei própria, o conteúdo d arte ou do conhecimento produzido por um bolsista é patrimônio universal, que nessa qualidade, também pode ser recebido pelo doador. A outra exceção é a extensão. E de sua essência a prestação do serviço especializado, fundamentalmente como atividade de meio para a qualificação do estudante ou docente, vez que propicia o campo prático pra exercício do estudo teórico e para a comprovação e aplicação de hipóteses e teses. Fl. 1161DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 4 5 A bolsa de pesquisa constituise em instrumento de apoio e incentivo à execução de projetos de pesquisa científica e tecnológica. A bolsa de extensão constituise em instrumento de apoio à execução de projetos desenvolvidos em interação com os diversos setores da sociedade que visem ao intercâmbio e ao aprimoramento do conhecimento utilizado, bem como ao desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da instituição federal de ensino superior ou de pesquisa científica e tecnológica apoiada. Pelo último requisito, o doador a bolsa não pode obter benefício econômico com o resultado do estudo, da pesquisa ou do ato j de extensão; ou, em bom português, não pode obter lucro. O sistema de relacionamento Universidade Fundação Docente foi idealizado de modo que os institutos comuns da legislação civil permitissem o efeito isenção. A intermediação da Fundação destinase exatamente' a evitar que o Docente estabeleça relacionamento direto com o Mercado, bem como a vincular os fins de sua atividade aos pilares da educação superior Ensino, Pesquisa e Extensão. Destarte, a Fundação aparecerá, na maioria dos casos, como doadora das bolsas, sem obter com isso nenhum proveito econômico nem contraprestação de serviços do docente. Pelo exposto, impugna o sentido dado pelo AFRFB responsável pela autuação à legislação pertinente, por ser ofensivo à real aplicabilidade da isenção às bolsas em geral. Fundamento econômico da isenção favorecimento do PIB e do patrimônio público por via diversa da tributária A isenção é incentivo econômico e não meramente financeiro As isenções sempre são fundamentadas em um interesse do Estado que seja maior ou mais importante que a receita renunciada. Dessa forma, a isenção serve para estimular o desenvolvimento de atividades econômicas incipientes; para estimular o desenvolvimento de certa região geográfica; para incrementar a capacidade competitiva de certo setor econômico em face da concorrência internacional; para combater crises; para privilegiar( cidadão em situação fática especial, como certos doentes; e muitas outras razões da mais alta importância. No caso em tela, a isenção se presta a privilegiar o Docente que, por sua iniciativa, busca desenvolver as atividades não obrigatórias de ensino, pesquisa e extensão. Mais recentemente, o processo de inovação ,tecnológica foi oficialmente estatizado pela Lei 10.973, que igualmente trouxe importantes incentivos para os docentes universitários, além da bolsa. Fl. 1162DF CARF MF 6 É perfeitamente claro que a incorporação de desenvolvimento e de capital intelectual à nação Brasileira é muito mais valiosa e importante que a renúncia fiscal consistente na isenção e é a sua razão de ser. Tratase de uma forma de arrecadação extrafiscal, acrescida de arrecadação reflexa decorrente de novos negócios e atividades baseados em tecnologia e conhecimento nacionais. Destarte, uma interpretação que anule a possibilidade de isenção vai de encontro ao sistema idealizado pelas leis 8.958 e 10.973, frustrando os objetivos estratégicos do Estado assim envolvidos, e, portanto, ofendendo a baliza teleológica da interpretação. Relação de trabalho Art. 43 do RIR x Doação com encargos – nãoincidência do IR Incompetência material da SRF O RIR/99 dá dois tratamentos possíveis a bolsas de estudo: ou a isenção, pelo art. 39, ou a tributação, pelo art. 43,1. O caso de isenção e seus requisitos já foram exaustivamente analisados. O caso de tributação, ao contrário'do que possa parecer, não é de mera aplicação alternativa dos dispositivos supracitados; mas cumulativa. Ou seja, não só a bolsa deve deixar de preencher os requisitos de isenção, mas também deve preencher os requisitos de tributação do art. 43, I. Ou seja: a bolsa de estudo e pesquisa deve ser resultado de contrato de trabalho assalariado ou resultar do exercício de cargo, emprego ou função. Ocorre que a FATEC nunca toma a iniciativa de um projeto. Os projetos sempre são de iniciativa dos Professores, que possuem as equipes e a previsão dos recursos necessários para sua execução. Logo, tratase da primeira desconfiguração de incidência do IR. A segunda desconfiguração vem do fato que os Professores bolsistas não detém cargo, nem emprego nem função na FATEC. Não são contratados, nem formal nem informalmente, para prestar serviços. A relação entre as partes é totalmente voluntária, sem subordinação, dependência econômica ou obrigação de assiduidade. A terceira vem do fato de que normalmente as ações que possam ser identificadas como contraprestação de serviços ficam ao encargo dos alunos, na qualidade de prática profissional, ou, a cargo dos empregados da FATEC. Ainda há o caso especial da Bolsa de Extensão, que não foi prevista no dispositivo supracitado, mas está prevista como isenta no dec. 5.205/04.Logo, ou a bolsa de extensão é isenta, ou, é caso absoluto de nãoincidência,por falta de previsão expressa (como fato gerador). Logo, observase que, uma vez que, no caso, não estão preenchidos os requisitos para tributação, mesmo que Fl. 1163DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 5 7 eventualmente não se configure a isenção, a situação é de não tributação pelo IR. Ademais, ao escapar, ao menos em tese, da hipótese de isenção, parece haver sério conflito de competência tributária entre o Estado do RS e a União. Isso porque as bolsas de pesquisa, salvo que sejam fraude ao contrato de trabalho (e este não é o caso), sempre são doação mesmo que com encargos. Como se pode observar do art. 43, I (supracitado), o mesmo é aplicável à bolsa não em função da mera contraprestação voluntária de serviço; mas da existência de vínculo jurídico de prestação de serviço entre o "doador'j e o "donatário": O Contribuinte Donatário nunca teve vínculo jurídico nenhum para com a FATEC. Não mantém contrato de tipo nenhum com a mesma, não lhe deve subordinação, nem dependência econômica, nem assiduidade. Suas obrigações decorrentes do Projeto são apenas morais, para com a UFSM e ninguém mais. Vale dizer, se o Contribuinte deixar de executar as tarefas do Projeto, a Fatec nada pode fazer, exceto deixar de doar ajbolsa no próximo mês. Mas não poderá exigir do Contribuinte que faça ou deixe de fazer qualquer tarefa. Igualmente, a UFSM também não o pode exigir. No mesmo compasso, se a FATEC deixar de lhe pagar as bolsas, a legislação não dá ao Contribuinte título jurídico para exigi las. | Logo, estamos diante de doação, mesmo que, eventualmente, com encargo a favor de terceiro. Em tese, pode incidir o ITCMD, instituído no RS pela Lei 8.821/89. Mas isso não diz respeito à Receita Federal. Pelo exposto, requer que o Auto de Infração seja integralmente anulado, por ter sido lavrado em ofensa às normas constitucionais e infraconstitucionais sobre competência tributária, e por ter aplicado Imposto de Renda sobre eventos, que, em tese, são fatos geradores de ITCMD do Estado do Rio Grande do Sul. Amoldamento dos fatos à legislação em vigor Segundo a Fiscalização, os projetos que originaram a autuação, contém contraprestação de serviços, apresentam vantagem para o doador das bolsas e não são de pesquisa, motivo pelo qual as bolsas oriundas dos mesmos foram erroneamente classificadas como isentas; fato esse que consistiria em "DECLARAÇÃO INEXATA", fazendo incidir, entre outros dispositivos, os arts. 43 e 841, II, do RIR/99 e o art. 44,1, da lei 9.430. O contribuinte descreve os projetos pelos quais ele recebeu bolsa, com o intuito de demonstrar que o entendimento da fiscalização é totalmente equivocado. Fl. 1164DF CARF MF 8 Pelo exposto, o contribuinte requer: A A juntada dos documentos comprobatórios em anexo aos autos do processo fiscal, para que seja encaminhado ao órgão competente para julgamento e surta seus efeitos legais; B A decretação da nulidade do Auto de Infração, de pleno direito, por: 1. Conter bis in idem tributário; 2. Ser resultante do uso indevido do sistema tributário federal com o fim de provocar efeito de confisco; 3. Resultar da aplicação indevida de multas e juros, contra contribuinte que seguiu orientação jurídica pacificamente aceita e emanada da SRF; 4. Resultar de conduta, em tese, penalmente típica, por ser presumivelmente de conhecimento da SRF e de seus prepostos o lançamento, contra outro Contribuinte, de parcelas que foram lançadas contra o impugnante; 5. Ter sido lavrado por autoridade incompetente para fiscalizar e tributar fatos geradores relativos à doação; C O reconhecimento de ser o Imposto de Renda nãoincidente sobre fatos geradores caracterizados como doação; J D Alternativamente, que sejam as bolsas! recebidas pelo Impugnante consideradas isentas do Imposto de Renda, em vista dd entendimento da SRF que estava em vigor à época dos fatos geradores; E Sendo as bolsas consideradas nãoisentas, que sejam excluídos do auto os juros já cobrados da FATEC, como acima descrito; F Em vista da boafé do contribuinte, e da alteração de entendimento da SRF, que sejam excluídas as parcelas referentes a multa e juros de mora, na forma da legislação aplicável. A 4ª Turma de Julgamento DRJ/POA, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, conforme ementa do acórdão da decisão recorrida. Vejamos: ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 e 2007 Ementa: NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n.° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. INCONSTITUCIONALIDADE. O exame da constitucionalidade ou legalidade das leis é tarefa estritamente reservada aos órgãos do Poder Judiciário. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. a eficácia dos acórdãos dos tribunais limitase especificamente ao caso julgado e às partes Fl. 1165DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 6 9 inseridas no processo de que resultou a sentença, não aproveitando esses acórdãos em relação a qualquer outra ocorrência senão aquela objeto da sentença, ainda que de idêntica natureza, seja ou não interessado na nova relação o contribuinte parte do processo de que decorreu o acórdão. DIRPF. INFORMAÇÕES. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE. A responsabilidade pelas informações prestadas na declaração de rendimentos é do declarante, independentemente de entrega do comprovante de rendimentos pela fonte pagadora. BOLSAS DE ESTUDO E PESQUISA. Somente são isentas as bolsas de estudo caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os1 resultados dessas pesquisas não representem vantagem pra o doador e nem importem contraprestação de serviços. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. Os valores apurados em procedimento fiscal deverão ser submetidos à devida tributação com a aplicação da multa de ofício e dos juros de mora. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu recurso voluntário (fls. 1.103/1.113) o recorrente repisa questões trazidas na impugnação no que diz respeito à natureza das pesquisas realizadas, ressaltando, adicionalmente, que: a) a decisão não analisou a vasta documentação apresentada, eis que nada mencionou sobre a especificidade dos projetos em que atuou ou da forma como se deu sua atuação, tendo os julgadores simplesmente optado por não analisar nenhuma das provas carreadas aos autos; e b) os membros do Colegiado a quo decidiram todas as impugnações opostas por bolsistas da FATEC juntas, como se uma só fossem, sem avaliar casuisticamente nenhuma delas, sem atentar para a gigantesca diversidade de projetos em que os bolsistas estão envolvidos (pesquisa, extensão, ensino, convênios, contratos, termos de parceria, etc), o que não é condizente com o princípio do contraditório e da ampla defesa. Por fim, postula pela reforma da decisão ora atacada, de modo que seja determinada a anulação do Auto de Infração, reconhecendose que as bolsas que lhe foram concedidas pela FATEC, nos projetos em que este atuou, tiveram o caráter jurídico de doação, de forma que sobre elas não há incidência do IRPF. É o relatório. Fl. 1166DF CARF MF 10 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminar de Nulidade Consoante consta da peça recursal, os julgadores de primeira instância simplesmente optaram por não analisar nenhuma das provas carreadas aos autos, julgando todas as impugnações opostas por bolsistas da FATEC como se fossem uma só. Ao agir dessa forma, sem atentar para a diversidade de projetos em que os bolsistas atuavam, a DRJ/POA adotou procedimento que vai de encontro à noção de ampla defesa e contraditório. Primeiramente, é preciso esclarecer que o fato de não haver, na decisão atacada, menção a cada um dos projetos cujas cópias foram acostadas aos autos pelo recorrente, não quer dizer que o Colegiado a quo não os tenha analisado. No caso, verificase prescindível fazer referência às especificidades desses projetos para formar juízo a respeito da situação fática abordada no Auto de Infração, bastando para tal, como se verá adiante, o exame dos contratos que respaldaram o pagamento das bolsas objeto da autuação. Além do mais, é pacífico no âmbito deste Colegiado, que o órgão julgador não é obrigado a rebater cada um dos argumentos declinados pelo contribuinte, aqui compreendida a documentação colacionada aos autos, desde que tenha adotado argumento suficiente para fundamentar a sua decisão. Com efeito, o decisum atacado considerou que, para que os valores recebidos a título de bolsa de estudos pudesse gozar da isenção em pauta, farseia necessário o atendimento cumulativo dos seguintes requisitos: i) serem caracterizados como doação; ii) serem recebidos exclusivamente para a realização de estudos/pesquisas; e ii) que os resultados destas atividades não representassem vantagens para o doador nem importasse em contraprestação de serviços. De se notar que o voto condutor do acórdão da DRJ/POA, ao assentar que os requisitos previstos em lei para a fruição do favor legal não foram cumpridos, tomou por base os apontamentos contidos no Relatório de Fiscalização (fls. 108/126), feitos a partir da análise dos contratos trazidos aos autos, segundos os quais, “a concessão das referidas bolsas teve por objeto o pagamento de mãodeobra especializada e imprescindível para o atendimento dos compromissos contratados com financiadores dos projetos, caracterizando, desta forma a contraprestação de serviços”. Senão vejamos: Conforme consta do Relatório da Fiscalização contido no auto de infração às fls. 55 a 64, os rendimentos recebidos a título de bolsa de estudo e pesquisa da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência FATEC, nos anoscalendário 2004, 2005, 2006 e 2007, considerados pelo contribuinte como isentos e não tributáveis, foram objetos de lançamento, por entender que tais bolsas não Fl. 1167DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 7 11 satisfazem os critérios previstos para usufruir o benefício de isenção previsto em lei. Diante da minuciosa descrição dos fatos feita pela fiscalização e da farta documentação constante dos autos, constatase que os valores percebidos pelo impugnante foram em virtude de prestação de serviços à Fundação. No caso, verificase que há prestação de serviço da FATEC para a UFSM, sendo que a fundação contrata servidores pertencentes aos quadros da própria universidade para comporem a equipe técnica que atuará na execução do projeto, mediante o pagamento de bolsas. Assim, a FATEC efetua os pagamentos aos servidores participantes como remuneração pelos serviços prestados nos diversos projetos. Destarte, as atividades desenvolvidas pelos bolsistas representam uma vantagem para o doador ou contraprestação de serviços, ainda que de forma indireta, descaracterizando a isenção nos termos do inciso VII do art. 39 do RIR/99, pretendida pelo impugnante.(Grifamos) Assim, embora, por desnecessário, não se tenha feito referência individualizada a cada um dos documentos anexados à impugnação, constato que, diferentemente do que indaga o recorrente, não restou caracterizada a alegada ofensa à ampla defesa ou ao contraditório, mormente porque as razões que levaram os julgadores de primeira instância a concluir pela improcedência da impugnação estão devidamente evidenciadas no acórdão recorrido. Afasto, pois, a preliminar. Mérito No que se refere ao mérito, a questão cingese à discussão sobre a natureza dos rendimentos percebidos pelo sujeito passivo e caracterizados como bolsa de extensão, na forma da Lei nº 8.958/1994, com o objetivo de determinar se estes estariam amoldados à espécie de rendimentos isentos ou não tributáveis, tal como informado nas Declarações Anuais de Ajuste DAA, ou se deveriam ser entendidos como rendimentos tributáveis. Alega o recorrente que as bolsas que lhe foram concedidas pela FATEC preenchem o requisitos estabelecidos na legislação isentiva, estando em consonância com os disposto no art. 26 da Lei nº 9.250/1996, no art. 4º da Lei nº 8.958/1994 e nos arts. 6º e 7º do Decreto nº 5.205/2004. Consta do peça recursal que: O contribuinte, ora recorrente, atuou em projetos de pesquisa. EM NENHUM DOS PROJETOS, NENHUM. A FATEC FICOU COM O MONOPÓLIO DOS RESULTADOS DA SUA PESQUISA, NUNCA. Tais também não foram privilégio da UFSM ou de qualquer outra empresa ou entidade. Os resultados das pesquisas FORAM PUBLICADOS EM CENTENAS DE ARTIGOS E PERIÓDICOS de âmbito nacional e internacional. Ou seja, o conhecimento desenvolvido pelo autor se tornou PÚBLICO! Ninguém obteve lucro com essa Fl. 1168DF CARF MF 12 pesquisa (a não ser a humanidade como um todo, haja vista o conhecimento obtido), muito menos a FATEC que doou bolsas para incetivo da mesma e NÃO GANHOU ABSOLUTAMENTE NADA COM ISSO! (Grifos do Original) De conformidade com o acórdão recorrido, as bolsas concedidas por instituições de ensino são, via de regra, consideradas como rendimentos tributáveis, tal como estabelecido pelo art. 43, I, do RIR/1999, na medida em que, acrescendo o patrimônio do contribuinte, devem ser consideradas riquezas novas, passíveis de tributação. A despeito do tratamento conferido pela legislação tributária para as bolsas em geral, o legislador conferiu tratamento diferenciado a essa espécie de benefício quando verificadas simultaneamente três condições, a saber: i) constituir mera liberalidade do cedente em favor do beneficiário, sem significar o pagamento de contraprestação, caracterizandose como doação; ii) sua concessão se dê exclusivamente para a realização de estudos e pesquisas; e iii) os resultados destas atividades não representem vantagens para o doador. Aliás, é essa a dicção expressa do art. 39, VII do RIR (fundamentado no art. 26 da Lei n.º 9.250/95), in verbis: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: [...] VII as bolsas de estudo e de pesquisa caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços (Lei nº 9.250, de 1995, art. 26). Esse entendimento é perfeitamente aplicável também às bolsas de ensino e pesquisa referidas no § 1º do art. 4º da Lei n.º 8.958/1994 e no Decreto nº 5.205/2004, que regulamenta a legislação em espeque, conforme se infere dos dispositivos reproduzidos a seguir: Lei nº 8.958/1994 Art. 4º As IFES e demais ICTs contratantes poderão autorizar, de acordo com as normas aprovadas pelo órgão de direção superior competente e limites e condições previstos em regulamento, a participação de seus servidores nas atividades realizadas pelas fundações referidas no art. 1º. desta Lei, sem prejuízo de suas atribuições funcionais. § 1º A participação de servidores das IFES e demais ICTs contratantes nas atividades previstas no art. 1º. desta Lei, autorizada nos termos deste artigo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, podendo as fundações contratadas, para sua execução, conceder bolsas de ensino, de pesquisa e de extensão, de acordo com os parâmetros a serem fixados em regulamento. Decreto n.º 5.205/2004 Art. 6º As bolsas de ensino, pesquisa e extensão a que se refere o art. 4º , § 1º , da Lei 8.958, de 1994, constituemse em doação civil a servidores das instituições apoiadas para a realização de estudos e pesquisas e sua disseminação à sociedade, cujos Fl. 1169DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 8 13 resultados não revertam economicamente para o doador ou pessoa interposta, nem importem contraprestação de serviços. (...) Art. 7º As bolsas concedidas nos termos deste Decreto são isentas do imposto de renda, conforme o disposto no art. 26 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e não integram a base de cálculo de incidência da contribuição previdenciária prevista no art. 28, incisos I a III, da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. (Grifos Nossos) Extraise do art. 110 do Código Tributário Nacional que “a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado [...] para definir ou limitar competências tributárias”, em vista disso, temse que, nos termos da legislação de regência, as bolsas de estudo somente podem ser consideradas como rendimentos isentos ou não tributáveis nas hipóteses em que tais verbas possam, na forma da legislação cível, ser consideradas como doações por parte da instituição de ensino em favor do beneficiário e, como já se viu, sem qualquer exigência de contraprestação por parte deste em favor do doador. Não é outro o juízo que tem imperado nas decisões do Superior Tribunal de Justiça: TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA BOLSA DE ESTUDOS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL ISENÇÃO DOAÇÃO NÃO CARACTERIZADA CONTRAPRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. A isenção do imposto de renda prevista no art. 26 da Lei 9.250/95 exige que a bolsa de estudos seja espécie de doação, sem vantagens para o doador. 2. Hipótese em que o recorrente continuou recebendo salário a título de bolsa de estudos para desenvolver atividades acadêmicas no exterior, assumindo por escrito a obrigação de reverter ao empregador os resultados dos estudos e pesquisas por este financiados. 3. A manutenção da natureza salarial da verba paga para cobrir os custos da oportunidade dada pelo Banco Central do Brasil ao seu servidor descaracteriza a doação. 4. Recurso especial improvido.” (STJ, 2ª Turma, REsp 959.195/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, julgado em 25/11/2008, DJe 17/02/2009) (Grifos Nossos) No mesmo sentido, é o entendimento que prepondera neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008 IRPF. BOLSA DE EXTENSÃO. ISENÇÃO. De acordo com a jurisprudência deste CARF e em consonância com julgados do STJ, apenas são isentos os rendimentos provenientes de bolsas de estudos concedidas se tais valores decorrerem de liberalidade, bem como se os trabalhos exercidos pelo beneficiário não representem, de nenhuma forma, benefício Fl. 1170DF CARF MF 14 econômico para a instituição de ensino ou contraprestação pela prestação de serviços. Hipótese em que as bolsas recebidas pelo contribuinte não caracterizam mera liberalidade da instituição de ensino. (Acórdão 2101002.370, Processo: 11080.005297/200910, data de Publicação: 24/02/2014, Relator(a): ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2005, 2007, 2008 BOLSAS DE ESTUDO. ISENÇÃO. REQUISITOS NÃO ATENDIDOS. Somente são isentas do imposto de renda as bolsas de estudo e de pesquisa caracterizadas como doação, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades não representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação de serviços. (Acórdão 2102003.083, Processo: 11060.002452/200984, data de Publicação: 14/08/2014, Relator(a): ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI) Com base nesses assentamentos, mostrase adequado analisar, de forma individualizada, cada uma das circunstâncias que deram ensejo ao lançamento, de modo a concluir se os valores recebidos pelo contribuinte da FATEC poderiam ser qualificados juridicamente como doações, importando mera liberalidade em favor do recorrente, sem a exigência de contraprestação em favor do pretenso doador. A esse respeito, o Relatório de Fiscalização (fls. 108/126) esclarece que, com o fim de estabelecer a natureza dos rendimentos, a autoridade autante examinou a documentação entregue pela FATEC relativa aos seguintes projetos: a) Diagnóstico em Micologia Humana e Animal – nº 95407 (fls. 18/29); b) Avaliação de Fungos Patogênicos e seus Metabólicos n° 95420 (fls. 30/44); e c) Desenvolvimento e Avaliação de Produtos Biológicos, Técnicas Diagnosticas, Aplicadas à Micologia Animal e Humana – nº 95440 (fls: 46/60). Os códigos de cada um desses projetos constam da última coluna dos comprovantes de rendimentos entregues pelo sujeito passivo (fls. 8/13). Sobre os citados projetos, a fiscalização apresentou considerações que, pela relevância para o deslinde da controvérsia que ora se analisa, fazse necessário reproduzir em sua integralidade: Diagnóstico em Micologia humana e Animal – 95407 Analisando o contrato 91/2003, observase que os recursos financeiros do projeto foram provenientes dos clientes conforme dispõem a alínea b da cláusula segunda do contrato. Dentre os objetivos elencados na descrição do projeto consta o item (2.2 1): promover assessoria ao diagnóstico micológico e Fl. 1171DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 9 15 bacteriológico aos laboratórios clínicos do interior do Rio Grande do Sul. Observase, portanto a vinculação entre a origem dos recursos e a contrapartida requerida, desconfigurandose assim a isenção dos valores distribuídos aos docentes participantes. De acordo com consulta aos arquivos digitais de lançamentos contábeis entregues pela FATEC em 07/02/08, obtidos em decorrência de ação fiscal e cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização nº 1010300.2008.00045, verificouse que os recursos obtidos pela Fundação para a execução do projeto foram obtidos a partir de pagamentos efetuados por pessoas jurídicas interessadas nos resultados do projeto, tais como Agrogen Desenvolvimento Genético, Penasul Alimentos Ltda., dentre outras. O Montante recebido pelo fiscalizado referente à prestação de serviços neste projeto, totalizou R$ 21.600,00 no anocalendário 2004 e R$ 9.600,00 no anocalendário 2005. Avaliação de Fungos Patogênicos e seus Metabólicos – 95420 O projeto apresenta o mesmo padrão do anterior: recursos obtidos junto aos clientes (cláusula segunda, alínea b) tendo como contrapartida “Oferecer aos profissionais das áreas médicoveterinárias e zootécnica, produtos e serviços que tragam melhor custo beneficio nas áreas de avicultura, bovino e oviniculturas. Ao mesmo tempo, oferece diagnóstico laboratorial ao meio médico e ao meio veterinário, nas áreas de micologia, microbiologia, imunologia e biologia molecular”. Ou seja, há verdadeira prestação de serviços a ente privado, dentre os financiadores do projeto se encontram as empresas Alltech do Brasil Agroindústria, Agrogen Desenvolvimento Genético, Açucareira Quata S/A, Perdigão Agroindústria S.A. Tais informações foram obtidas nos arquivos digitais da contabilidade da FATEC anteriormente mencionados. O montante recebido pelo fiscalizado referente à prestação de serviços neste projeto totalizou R$ 28.800,00 no anocalendário 2005 e R$ 35 200,00 no anocalendário 2006. Desenvolvimento e Avaliação de Produtos Biológicos, Técnicas Diagnosticas, Aplicadas à Micologia Animal e Humana 95440 Novamente a mesma configuração dos projetos anteriores, tendo mesmos objetivos do projeto "Avaliação de .Fungos,. Patogênicos e seus Metabólicos”. Em. consulta aos arquivos digitais da contabilidade também se verificou pagamento de empresas interessadas nos resultados do projeto tais como Açucareira Quata S/A, Agrogen Desenvolvimento Genético, Alltech do Brasil Agroindústria, Syngenta Seeds Ltda. Du Pont do Brasil S.A. O montante recebido pelo fiscalizado referente à prestação de serviços neste projeto totalizou R$ 3.700,00 no anocalendário 2006 e R$ 44.000,00 no anocalendário 2007. Fl. 1172DF CARF MF 16 Considero elucidativos os esclarecimentos constantes do Relatório de Fiscalização. De fato, verificase, em vista dos elementos trazidos aos autos, sobretudo dos contratos e demais documentos de fls. 18 a 60, que as bolsas pagas ao contribuinte decorreram de sua participação em projetos desenvolvidos a partir de contratos firmados entre a Universidade Federal de Santa Maria e a FATEC, cujos recurso foram obtidos junto a pessoas jurídicas de direito privado. Por certo, não há como considerar que tais pagamentos tenham constituído mera liberalidade da FATEC em favor do sujeito passivo, tampouco que os produtos das atividades desenvolvidas pelo recorrente não tenham representado vantagem para a contratante. Ao revés disso, todos os serviços remunerados sob a forma de bolsa de extensão exigiam resultados específicos em benefício dos financiadores dos projetos. Também não remanescem dúvidas quanto ao proveito econômico obtido pela Fundação, eis que essa captou recursos junto a entidades privadas e, em contrapartida, desenvolveu programas voltados para os interesses dessas entidades. Cabe fazer ainda um breve comentário sobre asserção feita no recurso voluntário, de que “EM NENHUM DOS PROJETOS, NENHUM. A FATEC FICOU COM O MONOPÓLIO DOS RESULTADOS DA SUA PESQUISA, NUNCA. Tais também não foram privilégio da UFSM ou de qualquer outra empresa ou entidade. Os resultados das pesquisas FORAM PUBLICADOS EM CENTENAS DE ARTIGOS E PERIÓDICOS de âmbito nacional e internacional. Sobre essa questão, convém salientar que todos os contratos que redundaram no desenvolvimento dos projetos acima referenciados continham cláusula de confidencialidade, o que também denota que as pesquisas foram feitas em proveito de seus demandantes. Abaixo reproduzse referida cláusula, cuja redação e comum aos citados contratos: CLÁUSULA SÉTIMA DA CONFIDENCIALIDADE, TITULARIDADE E PARTICIPAÇÃO NA CRIAÇÃO INTELECTUAL A CONTRATADA comunicará a CONTRATANTE, durante e após a vigência do presente Contrato, os resultados alcançados pelo PROJETO, passíveis de obtenção de proteção legal, no âmbito da legislação de propriedade intelectual, ou de licenciamento a terceiros, devendo ser informado à CONTRATANTE, caso seja efetuado o respectivo registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial INPI, ou em outro órgão competente. SUBCLÁUSULA ÚNICA Qualquer licença de uso da criação intelectual resultante do PROJETO, para terceiros nele não envolvidos, deverá observar a regulamentação específica aplicável às operações com recursos públicos e incluir a participação da CONTRATANTE, desde a fase de sua negociação, devendo o respectivo contrato ser formalmente aprovado pela CONTRATANTE1 e registrado no órgão competente. Aludida cláusula se soma aos demais elementos já evidenciados, tornando ainda mais claro que os valores recebidos pelo recorrente decorreram de verdadeira prestação de serviços à FATEC, a qual obteve proveito com as atividades desenvolvidas, não havendo que se falar que os recursos despendidos para o pagamento dos executores dos referidos projetos tenham constituído qualquer espécie de doação. Fl. 1173DF CARF MF Processo nº 11060.002104/200915 Acórdão n.º 2402005.760 S2C4T2 Fl. 10 17 De se acrescentar que há inúmeras decisões de segunda instância administrativa que versam sobre situação semelhante à retratada no presente processo, onde a fonte pagadora é, inclusive, a mesma (FATEC) e os contratados são professores vinculados à Universidade Federal de Santa Maria. Essas decisões reconhecem, indistintamente, a natureza tributável de rendimentos de mesma espécie dos tratados neste processo. A título de exemplo, citamos os acórdãos nº 2801003.850, 2801003.680, 2801003.338, 2801003.343. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido CONHECER, afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 1174DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001525/2004-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
OMISSÃO DE RECEITAS.
Caracteriza-se omissão de receitas a falta de inclusão na base de cálculo do IRPJ da totalidade das receitas auferidas com prestação de serviços, as quais devem contabilizadas conforme as leis comerciais e fiscais.
A alegação de que parte das receitas omitidas refere-se serviços prestados por empresas ligadas, mediante ajustes verbais entre elas realizado, deve ser suportada pelo registro contábil dessas despesas e apresentação de documentação comprobatória da prestação dos serviços pelas empresas ligadas, bem assim, dos valores a elas repassados.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA.
Não merece ser acolhida a alegação da recorrente de que, face ao disposto no art. 19 da Lei nº 9.430/96, estava desobrigada da apuração dos preços de transferência no ano-calendário de 2.000, posto que tal afirmação está desacompanhada de documentos comprobatórios.
CSLL - LANÇAMENTO REFLEXO.
Adoto a solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de prova.
Numero da decisão: 1301-002.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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Caracterizase omissão de receitas a falta de inclusão na base de cálculo do IRPJ da totalidade das receitas auferidas com prestação de serviços, as quais devem contabilizadas conforme as leis comerciais e fiscais. A alegação de que parte das receitas omitidas referese serviços prestados por empresas ligadas, mediante ajustes verbais entre elas realizado, deve ser suportada pelo registro contábil dessas despesas e apresentação de documentação comprobatória da prestação dos serviços pelas empresas ligadas, bem assim, dos valores a elas repassados. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. Não merece ser acolhida a alegação da recorrente de que, face ao disposto no art. 19 da Lei nº 9.430/96, estava desobrigada da apuração dos preços de transferência no anocalendário de 2.000, posto que tal afirmação está desacompanhada de documentos comprobatórios. CSLL LANÇAMENTO REFLEXO. Adoto a solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 15 25 /2 00 4- 13 Fl. 470DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 471 2 (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Waldir Veiga Rocha. Relatório Tratase o presente de recurso voluntário contra acórdão da DRJ/RJOI que julgou procedente os autos de infração de IRPJ e CSLL, relativos ao anocalendário de 2000, lavrados para reduzir os saldos de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa de CSLL, em virtude das infrações apuradas no curso da ação fiscal. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado pelo órgão julgador a quo, complementandoo ao final: "Trata o processo do auto de infração, com ciência em 25/10/2004, referente ao anocalendário de 2000, resultando na redução do prejuízo fiscal no valor de R$ 749.434,59. De acordo com o Termo de Verificação e de Constatação Fiscal, fls. 245/249, a redução do prejuízo fiscal decorreu das seguintes constatações: 1) Omissão de Receita no valor de R$ 596.310,25 Verificouse que não foram consideradas como receita, para efeito de cálculo do imposto de renda a pagar, as prestações de serviço contabilizadas nas contas 1.8.8.65.99.0.013 Outros Pagtos a Ressarcir; 4.9.9.85.00.7.200 Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 Valores a Pagar Ligadas KB LTDA, totalizando R$ 991.067,05. Deste valor, foram deduzidas as despesas relativas a conta Outros Pagtos a Ressarcir no valor de R$ 394.756,80. Logo, a omissão de receita apurada foi no valor de R$ 596.310,25. Enquadramento Legal : artigo 24 da Lei n° 9.249/95, artigo 249, inciso II, 251 e § único, 278, 279, 280 e 288 do RIR/99. 2) Preço de Transferência Operações de Exportação Não adição de parcela de receitas oriundas de exportações a pessoa vinculada no valor de R$ 153.124,34. De acordo com o Termo de Verificação e Constatação, a interessada apresentou planilha contendo a demonstração de que estaria dispensada da aplicação de um dos métodos para a apuração do preço de transferência. Entretanto, deixou de considerar as despesas com Participações de Empregados. Contabilizando tais despesas, a interessada operaria com prejuízo no ano de 2000, o que a obrigaria a utilizar um dos métodos previstos nos artigos 14 a 24 da IN SRF n° 38/97, para efeitos de arbitramento das receitas a serem computadas no cálculo do Lucro Real, base de cálculo do IR. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 472 3 Cientificada, a interessada informou que utilizaria o método CAP Custo Aquisição ou de Produção, mais a Tributo e Lucro, no qual a receita de exportação arbitrada é determinada como a média aritmética dos custos de serviços exportados acrescidos dos impostos e contribuições cobrados no Brasil, e margem de lucro de 15% sobre a soma dos custos mais impostos e contribuições. Apresentou memória de cálculo onde comprovaria que a receita arbitrada de exportação seria inferior à efetivamente auferida. Entretanto, constatouse que a interessada não contabilizava os custos, registrando todos os dispêndios como despesas. Portanto, procedeuse ao rateio como forma de levantar tais custos, apropriando as despesas às receitas. Das receitas contabilizadas, algumas foram desconsideradas, apurandose diferença nos valores relativos ao Mercado de Interno, Mercado Externo e Mercado Externo Vinculado. Quanto ao custo a ser considerado, para efeito do rateio, estes ficaram contabilizados conforme demonstrativo apresentado pela interessada, no valor total de R$ 14.108.056,91. Por fim, apurouse que o lucro deveria ser ajustado com a adição no valor R$ 153.124,34. Enquadramento Legal: artigo 240 do RIR/99. Considerando as infrações apuradas, a base de cálculo negativa da CSLL também foi reduzida no mesmo valor. Enquadramento Legal: art. 2o e §§ da Lei n° 7.689/88, arts. 19 e 24 da Lei n° 9.249/95, art. Io da Lei n° 9.316/96 e art. 28 da Lei n° 9.430/96. art. 6o da MP n° 1.858/99 e reedições. Inconformada, a interessada ingressou com impugnação, em 24/11/2004, de fls. 265/273, com as seguintes argumentações: 1) Quanto à omissão de receitas. a. De forma resumida, o agente autuante verificou que parcela dos valores recebidos pela interessada em razão da prestação de serviços, constantes das notas fiscais emitidas no anocalendário de 2000, não teria sido registrada como receita, sendo a comprovação de tal afirmativa o fato de que estes valores teriam sido oferecidos à tributação pelo ISS, PIS e COFINS. b. Entretanto, não haveria razão de a interessada omitir receita e, ao mesmo tempo, emitir nota fiscal, pagar ISS, PIS e COFINS, ainda mais considerando que se dispunha de prejuízo suficiente para compensar a totalidade do valor. c. Obviamente, quem omite receita não emite nota fiscal, não registra em sua contabilidade os ingressos referentes aos recursos omitidos, tampouco paga ISS, PIS e COFINS sobre tais valores. d. Os valores seriam devidos à empresa ligada à interessada pela execução de serviços. De fato, a interessada presta serviços de consultoria a diversas empresas utilizandose da experiência internacional de empresas ligadas no exterior, e viceversa. Ou seja, a interessada é remunerada pelos serviços executados para empresas ligadas no exterior, assim remunera as empresas ligadas. e. Contudo, o agente fiscal desprezou esta informação posto que nos contratos celebrados não constam cláusulas que estabeleçam que parte do pagamento efetuado à interessada se refere a serviço prestado por sua controladora, o que não autorizaria a contabilização da forma realizada. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 473 4 f. Entretanto, os negócios jurídicos não carecem de forma específica, sendo válidas, inclusive, as avenças feitas de forma oral, nos termos do artigo 107 do Código Civil, regra também válida para os contratos de prestação de serviços. g. Verificase, portanto, que o agente fiscal esquivouse ao considerar que houve omissão de receitas, pelo simples fato de não haver cláusula específica nos contratos estabelecendo o repasse de valores às empresas ligadas. h. Mesmo admitindose que não houve, possivelmente, a contabilização dos valores nas mais estrita observância dos princípios contábeis, não pode o fiscal autuante, com base somente nessa premissa, desvirtuar a realidade dos fatos e determinar a inclusão de valores de terceiros na base de cálculo do IRPJ. i. Ademais, se tais valores fossem considerados, terseia também contabilizar as despesas na contratação de serviços de suas coligadas, plenamente dedutíveis. j. Logo, se tivesse a interessada reconhecido os valores em discussão como receita e, ato contínuo, deduzido os mesmos da base de cálculo do IRPJ, ao se materializaria a alegada omissão de receita. 2) Quanto a não adição de parcela de receitas oriundas de exportação a pessoa vinculada Preço de Transferência. a. Mais uma vez houve equívoco por parte do agente fiscal. b. Nos termos do artigo 240 do RIR/99, o arbitramento somente se aplica nos casos em que o preço médio nas operações com pessoas vinculadas seja inferior a 90% daquele praticado no mercado brasileiro. Ou seja, para que a pessoa jurídica seja compelida a aplicar os respectivos métodos de arbitramento da receita, é necessária a prévia demonstração de que os preços cobrados de empresas vinculadas não estejam de acordo com o limite de 90%. c. É somente nesta hipótese que se aplicam as regras de preços de transferência. d. Da simples leitura do Termo de Verificação de Constatação Fiscal constata se que em nenhum momento foi demonstrado que a interessada teria deixado de observar tal limite nos preços adotados nas operações realizadas com pessoas vinculadas localizadas no exterior. e. Se a condição primordial para fins de aplicação do arbitramento, nos moldes do art. 240 do RIR/99, é que o preço praticado não observe o limite de 90%, deveria o agente fiscal demonstrar a implementação de tal condição. f. Portanto, os procedimentos adotados pela fiscalização contrariam a legislação tributária, especificamente o próprio artigo 240 do RIR/99. Relativo ao lançamento da CSLL, a interessada também apresentou impugnação, fls. 306/314, apresentando os mesmos argumentos." No julgamento realizado em 10 de maio de 2007, a 7ª Turma da DRJ/RJOI considerou procedente o lançamento e prolatou o acórdão nº 1214.064, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Fl. 473DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 474 5 Ementa: OMISSÃO DE RECEITA IRPJ Cabível o lançamento quando se constata que a interessada deixou de considerar como receita, para efeito de cálculo do imposto de renda a pagar, as prestações de serviço contabilizadas nas contas 1.8.8.65.99.0.013 Outros Pagtos a Ressarcir; 4.9.9.85.00.7.200 Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 Valores a Pagar Ligadas KB LTDA. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA RECEITA DE EXPORTAÇÕES Cabível o lançamento quando não há comprovação das alegações trazidas em sua defesa, cabendo o ônus da prova à interessada de que teria incorrido na situação prevista no caput do artigo 19 da Lei n° 9.430/96. DECORRÊNCIA CSLL. Subsistindo o lançamento principal (IRPJ), igual sorte colhe o auto de infração lavrado por decorrência do mesmo fato apurado naquele. Lançamento Procedente Devidamente cientificado em 24/09/2007 (fls. 406), o sujeito passivo apresentou, tempestivamente, em 24/10/2007, o recurso voluntário de fls. 407 a 422, no qual repete os argumentos da impugnação. Com relação ao acórdão recorrido alega, resumidamente: Para o relator, a procedência do lançamento seria justificada pelo fato dos valores supostamente omitidos não terem sido oferecidos à tributação do IRPJ e CSLL, o que pode ser comprovado pela comparação entre os valores constantes da linha 8, da ficha 06A da DIPJ/2001 e o Demonstrativo do Faturamento Anual, onde foram lançadas as notas fiscais emitidas no ano calendário. Entretanto, tal comparação não comprova absolutamente nada, visto que a própria recorrente reconhece que a parcela dos valores constantes nas notas fiscais referentes aos montantes que serão repassados a outras sociedades não são incluídos na receita para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e CSLL; A alegação de que se trata de "falta de oferecimento dos valores recebidos pela prestação dos serviços na apuração do imposto de renda a apagar" foi feita na tentativa de salvar o malsinado lançamento, pois o fato da recorrente ter contabilizado os ingressos pelo valor total, ter emitido notas fiscais pelos montantes globais e ter recolhido os tributos incidentes pelos montantes totais elimina qualquer possibilidade de se qualificar o procedimento da ora recorrente como omissão de receita; Não se trata de "falta de oferecimento" como faz crer o julgador mas sim de procedimento contábil que absolutamente não modifica a apuração de IRPJ e da CSLL , visto que se tais valores fossem lançados como receitas, necessariamente deveriam ser efetuados lançamentos de despesas no mesmo montante dos valores repassados, sem resultar em modificações nas bases de cálculo dos referidos tributos; Afirma que o julgador de primeira instância reconhece que o contrato verbal tem validade e eficácia, porém, para ele, tais efeitos estariam restritos às partes. Opõese a tal assertiva pois, para a recorrente, ou o contrato é valido e eficaz para todos os fins, inclusive tributários, ou não. Acrescenta que a existência dos contratos verbais pode ser constatada de diversas maneiras, entretanto, a fiscalização preferiu mencionar que os contratos entre a recorrente e seus clientes "não possuem cláusulas que estabeleçam que parte do pagamento efetuado à Fl. 474DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 475 6 contribuinte se refere a serviço prestado por sua controladora, o que não autoriza a contabilização da forma realizada."; Com relação à afirmação do acórdão recorrido de que a recorrente teria deixado de apresentar documentos que comprovassem suas alegações, indaga se esses documentos seriam os contratos verbais ou a totalidade dos comprovantes dos lançamentos nas contas 1.8.8.65.99.0.013 — Outros Pagtos a Ressarcir, 4.9.9.85.00.7.200 — Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 — Valores a Pagar Ligadas KB Ltda. Isso porque todos os documentos relativos à escrituração contábil da recorrente sempre estiveram à disposição da autoridade fiscal, que jamais lançou qualquer comentário ou dúvida quanto aos documentos referentes aos valores lançados nas referidas contas, limitandose a questionar a inexistência de cláusula contratual; Na questão relativa à ausência da comprovação de despesas nos autos do processo, assim como da comprovação da não inclusão das mesmas na apuração do lucro real, citadas no acórdão recorrido, afirma que tais comprovações jamais foram requeridas e que o objeto do lançamento tributário em discussão é a suposta omissão de receitas e não a glosa de dedutibilidade de despesas. Caso o Agente Fiscal tivesse glosado a dedução de despesas, certamente tais comprovantes estariam anexos ao auto, entretanto, não é este o caso. Aliás, podese presumir que o Agente Fiscal verificou tais documentos, caso contrário não mencionaria as contas contábeis que serviram de registro para os mesmos e que foram objeto da suposta omissão de receitas (1.8.8.65.99.0.013 — Outros Pagtos a Ressarcir, 4.9.9.85.00.7.200 — Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 — Valores a Pagar Ligadas KB Ltda.). Já a questão relativa às condições para a dedutibilidade das despesas incorridas, por se tratar de prestação de serviços de consultoria complementares aos serviços prestados pela recorrente a seus clientes, estão obviamente atendidas; Sobre os ajustes dos preços de transferência, o acórdão de primeira instância demonstrou apenas que o ajuste dos preços de transferência baseouse da correção de planilha apresentada pelo próprio contribuinte e que a recorrente, nas respostas às intimações, jamais mencionara que não estava obrigada a fazer qualquer ajuste relativo aos preços de transferência em razão de suas vendas observarem o limite de 90%, previsto no artigo 19 da Lei n° 9.430/96; O julgador limitouse à análise das respostas da recorrente às intimações e utilizouse de argumentos não jurídicos para julgar procedente o equivocado lançamento. Em momento algum, restou demonstrado que recorrente praticou vendas de serviços por valor inferior ao limite de 90% e, portanto, estava sujeita às regras de preço de transferência; Na tentativa desesperada de salvar o improcedente lançamento, menciona que o ônus de provar que não está sujeita ao arbitramento é da recorrente, e que esta não logrou êxito em tal comprovação. Ora, se a autoridade fiscal alega erro na apuração do lucro real e na base da CSLL, em razão da inobservância das regras de preços de transferência, que seria um fato constitutivo do direito de efetuar um lançamento, obviamente quem tem o ônus de provar tal fato e, consequentemente, o direito, é a autoridade fiscal. 0 ônus da recorrente de provar a inexistência do direito pressupõe a comprovação pela autoridade fiscal de seu direito, o que não ocorreu. Caso prevaleça o entendimento do acórdão de 1ª instância, quanto a quem cabe o ônus da prova, estaremos diante de uma situação típica de inversão do ônus de prova, em que a autoridade fiscal efetua o lançamento ao seu bel prazer deixando para o contribuinte a incumbência de desconstituir o lançamento tributário mal formulado, o que é inaceitável e contraria o disposto no artigo 142 do CTN. Fl. 475DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 476 7 Trazido para julgamento na sessão de 19/06/2009, perante esta turma ordinária, o julgamento foi convertido em diligência conforme a Resolução nº 130100.015 (fls. 432 a 437), de relatoria do I. Conselheiro Marcos Rodrigues de Mello, para as seguintes providências: "0 processo não se encontra em condições de decidido. Parcela do lançamento referese a falta de adição de parcelas de receitas oriundas de exportação a pessoa vinculada. Na impugnação e no recurso o recorrente não questiona o valor apurado, mas somente que o arbitramento (regras de ajuste do preço de transferência) somente se aplicam se cumprido o requisito previsto no art. 240 da RIR (art. 19 da Lei 9430/96). Realmente a fiscalização não prova que o requisito ficou demonstrado no caso concreto. A fiscalizada, por sua vez, não traz aos autos prova de que tenha praticado nas exportações com pessoas ligadas preços superiores a 90% dos valores praticados no mercado interno. Tornase necessário, portanto, baixar os autos em diligência para que a fiscalização verifique o cumprimento do requisito do art. 240. do RIR/99. Diante do exposto, voto no sentido de converte o julgamento em diligência para que se verifique se, nas exportações praticadas com pessoas vinculadas, a recorrente praticou preços superiores a 90% dos valores praticados no mercado interno." No "Termo de Encerramento de Diligência" (fls. 453 a 454), consta que a fiscalização teria intimado a recorrente a "Comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que o preço médio dos serviços prestados para o exterior a pessoas vinculadas, no ano de 2000, foi superior a noventa por cento do preço médio praticado na prestação dos mesmos serviços, no mercado brasileiro, a pessoas não vinculadas, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhante.". Na resposta apresentada em 03/05/2012 (fls. 452), a recorrente afirmou que "em razão de a documentação tratar de fatos ocorridos no ano de 2000 e de já haver decorrido mais de 10 anos desde então, superando também os prazos decadencial e prescricional de cinco anos, a empresa não possui a documentação comprobatória solicitada na intimação em seus arquivos". É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora Considerando que a recorrente foi cientificada do Acórdão de Impugnação em 24/09/2007 (fls. 406) e o Recurso Voluntário foi apresentado em 24/10/2007 (fls. 407), o recurso é tempestivo e dele conheço. DA OMISSÃO DE RECEITAS Fl. 476DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 477 8 No Termo de Verificação e de Constatação Fiscal, anexo ao auto de infração, consta que, da comparação entre as informações prestadas pela recorrente na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ/2001, relativa ao anocalendário de 2000 (fls. 7 a 43), e a planilha denominada "Demonstrativo do Faturamento Anual e Contabilização" (fls. 291), com a relação das notas fiscais emitidas pela empresa no ano, a fiscalização verificou que não foram consideradas como receita, para efeito de cálculo do imposto de renda a pagar, as prestações de serviços contabilizadas nas contas 1.8.8.65.99.0.013 Outros Pagamentos a Ressarcir, 4.9.9.85.00.7.200 Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 Valores a Pagar Ligadas KB Ltda. Na impugnação apresentada a recorrente alegou que a autoridade fiscal concluiu tratarse de omissão de receitas os valores por ela recebidos em razão do procedimento contábil adotado para o registro dos mesmos. Acrescentou que referidos valores foram contabilizados diretamente em contas de passivo por trataremse de serviços prestados por empresas ligadas, não se tratando de omissões de receitas. Além disso os valores supostamente omitidos foram contabilizados, foram emitidas notas fiscais pela recorrente e foram devidamente oferecidos à tributação pelo ISS, COFINS e PIS. Não assiste razão à recorrente. Como bem ressaltado no acórdão recorrido, a omissão apurada pela fiscalização não é caracterizada pela tentativa de "esconder" os valores recebidos, mas sim, pela não inclusão nas bases de cálculo do IRPJ e CSLL da totalidade dos valores recebidos pela prestação de serviços. De acordo com arts. 251 e 279 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda, os contribuintes devem escriturar a totalidade das receitas auferidas com a prestação de serviços, com observância das leis comerciais e fiscais: Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). [...] Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. A Resolução CFC nº 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, na redação vigente à época dos fatos geradores, estabelecia que as receitas e as Fl. 477DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 478 9 despesas deveriam ser incluídas na apuração do resultado do período em ocorressem, sempre simultaneamente quando se correlacionassem: Art. 9° As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1° O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2° O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. § 3° As receitas consideramse realizadas: I nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetiválo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à Entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV no recebimento efetivo de doações e subvenções. § 4° Consideramse incorridas as despesas: I quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; II pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; III pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.” Verificase portanto, que os contribuintes devem registrar em sua contabilidade a totalidade das receitas auferidas, incluindoas na apuração da receita bruta e, consequentemente, na apuração do lucro real e na base de cálculo da CSLL, sobre os quais incidem o IRPJ e a CSLL. A fiscalização mencionou que inexistiam nos contratos de prestação de serviços celebrados pela recorrente, cláusulas estabelecendo que parte do pagamento a ela efetuado se referiam a serviços prestados por sua controladora. No recurso voluntário, a recorrente alega que inexiste lei que a obrigue a estabelecer nos contratos de prestação de serviços com seus clientes os valores que serão repassados a terceiros que a auxiliarão na prestação de tais serviços. Acrescenta que a realização de diversos negócios jurídicos não carecem de forma específica, sendo válidas, inclusive, as avenças feitas de forma verbal, nos termos do art. 107 do Código Civil. Fl. 478DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 479 10 De fato, assiste razão à recorrente quando afirma que os negócios jurídicos não carecem de forma específica, bem assim, que inexiste lei que a obrigue a estabelecer nos contratos de prestação de serviços os valores que serão repassados a terceiros que a auxiliarão na prestação de serviços. Todavia, para fins tributários, os contratos verbais assim como quaisquer outros, devem ser provados, não basta a mera alegação de sua existência, desacompanhada de quaisquer outros elementos de prova, tais como: descrição do serviço prestado, demonstrativo de cálculo dos valores repassados, comprovantes dos repasses, ou quaisquer outros documentos hábeis a comprovar a efetiva prestação do serviço por terceiros. O ônus da prova incumbe ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo, ou extintivo do direito do autor, consoante o art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil, vigente à época dos fatos. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do autor. No mesmo sentido, os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, que rege o processo administrativo fiscal, estabelecem a necessidade de juntada à impugnação dos documentos em que ela se fundamentar: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Dessa forma, apesar de alegar que parte das receitas tributadas no auto de infração referemse a receitas de terceiros com os quais teria firmado contratos verbais, a recorrente não anexou à impugnação nenhuma prova documental da existência de referidos contratos. A recorrente alega ainda que se os valores relativos aos serviços prestados por terceiros fossem lançados como receitas, necessariamente, deveriam ser efetuados lançamentos de despesas no mesmo montante dos valores repassados, sem resultar em modificações nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Acrescenta que jamais foram requeridas comprovações dessas despesas Fl. 479DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 480 11 e que o lançamento tributário em discussão é a suposta omissão de receitas e não a glosa de dedutibilidade de despesas. De fato, nos termos do art. 299 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR), as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte produtora são dedutíveis na apuração do lucro líquido: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n°4.506, de 1964, art. 47). § 1° São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n°4.506, de 1964, art. 47, § 1'). § 2° As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 2°). § 3º O disposto neste artigo aplicase também as gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Entretanto, para serem dedutíveis, devem estar registradas em sua contabilidade e comprovadas por documentação hábil, nos termos do art. 923 do Decreto nº 3.000/99: Art. 923. A escrituração a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Ainda no curso da ação fiscal, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 02/2004, nos itens 6 e 7, foi dada à recorrente a oportunidade de dedução de possíveis despesas não contabilizadas: 6. "Esclarecer a contabilização das notas fiscais emitidas em 2000, identificando, em relação aos montantes registrados nas contas "Valores a pagar a ligadas" e "Outros pagamentos a ressarcir", o desdobramento, a que se referem tais registros e o porquê de ser assim contabilizados;" 7. "Em relação às notas fiscais relativas a despesas incorridas, identificar as contrapartidas nas contas "Valores a pagar a ligadas" e "Outros pagamentos a ressarcir" e a ligação entre os valores debitados nessas contas com as notas fiscais emitidas;" De acordo com a resposta apresentada em 01/07/2004 (fls. 67 a 70), a recorrente limitouse a afirmar que a razão da contabilização na forma efetuada foi em cumprimento aos contratos firmados com suas coligadas e anexou cópia dos mesmos. No Termo de Intimação Fiscal nº 03/2004, a recorrente foi novamente intimada a "Identificar, em relação a cada serviço prestado e registrado na conta "Outros pagamentos a ressarcir", as despesas diretamente ligadas e contabilizadas na mesma conta. O demonstrativo deverá indicar, para cada prestação de serviço, o desembolso ocorrido, de forma individualizada." Na resposta apresentada em 12/09/2004, as despesas diretamente ligadas e contabilizadas na conta totalizaram R$ 394.756,80, valor este que foi excluído pela fiscalização do total de receitas a serem tributadas. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 481 12 Na impugnação apresentada a ora recorrente alega que se a fiscalização tivesse considerado os valores das despesas incorridas na contratação dos serviços de suas coligadas, não teria se materializado a alegada omissão de receitas. O acórdão recorrido mencionou que fiscalização excluiu parte das despesas contabilizadas na conta "Outros Pagamentos a Ressarcir" no total de R$ 394.756,80, entretanto, não constavam dos autos documentos comprobatórios de que as demais despesas teriam ocorrido, bem assim, que não teriam sido computadas na apuração do prejuízo fiscal do período. No recurso voluntário apresentado a recorrente alega que estas comprovações jamais foram requeridas e, caso a fiscalização tivesse levantado qualquer dúvida quanto aos documentos que suportam os valores repassados às empresas ligadas teria mencionado no auto de infração. Não assiste razão à recorrente. Conforme por ela própria mencionado no recurso voluntário, o objeto da lide é o lançamento das omissões de receitas motivo pelo qual não foi feito qualquer menção à glosa de despesas. A recorrente é que, objetivando a desconstituição dos autos de infração, alega, genericamente, a existência de despesas incorridas com a prestação de serviços pelas pessoas ligadas, sem no entanto, identificar valores, beneficiários ou apresentar qualquer documentação comprobatória dos repasses. A recorrente afirma que é possível presumirse que a autoridade fiscal teria verificado os documentos que suportam os valores repassados às empresas ligadas, caso contrário não mencionaria as contas contábeis que serviram de registro para os mesmos e que foram objeto da suposta omissão de receitas (1.8.8.65.99.0.013 — Outros Pagtos a Ressarcir, 4.9.9.85.00.7.200 — Valores a Pagar Ligadas DBLABM e 4.9.9.85.00.7.203 — Valores a Pagar Ligadas KB Ltda.). Novamente equivocase a recorrente. Conforme já demonstrado, no curso da ação fiscal a fiscalização efetuou intimações objetivando a identificação dessas despesas, tendo excluído o montante de R$ 394.754,80 contabilizado diretamente na conta "Outros Pagamentos a Ressarcir". Com relação aos demais valores, não há como se presumir que foram verificados com base, unicamente, no fato de terem sido mencionadas as contas em que foram registradas as omissões não informadas na Declaração de Informações EconômicoFiscais DIPJ/2011. Diante de todo o exposto, voto por julgar procedente o lançamento de ofício relativo à omissão de receitas, caracterizada pela não inclusão nas bases de cálculo do IRPJ da totalidade dos valores recebidos pela prestação de serviços. DOS AJUSTES AOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA A recorrente não questionou o cálculo do ajuste apurado pela fiscalização no valor de R$ 153.124,34, porém, alegou equívoco por parte da fiscalização que, em momento algum demonstrou a implementação da condição primordial para fins de aplicação do arbitramento, nos moldes previstos pelo art. 240 do RIR/99 (art. 19 da Lei nº 9.430/96), ou seja, que no preço praticado nas operações com empresas vinculadas não teria sido observado o limite mínimo de 90% do preço praticado nas prestações de serviços no mercado brasileiro: Art.240. As receitas auferidas nas operações efetuadas com pessoa vinculada (art. 244) ficam sujeitas a arbitramento quando o preço médio de venda dos bens, serviços ou direitos, nas exportações efetuadas durante o respectivo período de apuração da base de cálculo do imposto, for inferior a noventa por cento do preço médio praticado na venda dos mesmos bens, serviços ou direitos, no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes (Lei nº 9.430, de 1996, art. 19). Fl. 481DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 482 13 Consta do Termo de Início de Fiscalização, de 10/11/2003, que a contribuinte foi intimada a justificar o motivo pelo qual não haviam sido efetuados os ajustes dos preços de transferência decorrentes das operações de exportação efetuadas para pessoas vinculadas e/ou para pessoas físicas ou jurídicas residentes em países com tributação favorecida, bem assim, a apresentar demonstrativo para apuração da não necessidade de utilização do preço parâmetro para a comparação com os preços praticados, conforme art. 19, da Lei n° 9.430/96: "8. Planilhas de cálculo, por serviço, demonstando o porquê de não terem sido efetuados os ajustes de preços de transferência decorrentes das operações de exportação efetuadas para pessoas vinculadas e/ou para pessoas físicas ou jurídicas residentes em países com tributação favorecida, no ano em epígrafe; 9. Na apuração dos preços praticados nas operações de exportação, os demonstrativos deverão ser separados por serviço, de forma a permitir a identificação de cada item. Cada demonstrativo deverá compreender todas as operações realizadas no ano calendário em análise e conter n° da Nota Fiscal de ;venda, nome e pais do adquirente, nome e pais do importador, descrição detalhada do serviço prestado, valor unitário em reais e em dólares americanos, bem como o preço médio ponderado praticado; 10. Para a apuração da não necessidade de utilização do preço parâmetro para a comparação com os preços praticados, conforme art. 19, da Lei n° 9.430/96, os demonstrativos deverão ser separados por serviço, de forma a permitir a identificação de cada item. Cada demonstrativo deverá compreender todas as operações realizadas, tanto no Brasil, como no exterior, no anocalendário em análise e conter n° da Nota Fiscal de venda, nome do adquirente, descrição detalhada do serviço prestado, unidade de medida comercial, quantidade na unidade de medida comercial, valor unitário em reais, valor total do item, valor do desconto incondicional concedido, valor do ICMS, ISS e das contribuições COFINS e PIS, dos outros encargos cobrados pelo Poder Público e do frete e seguro suportados pelo contribuinte;" Em atendimento à intimação, a recorrente reconheceu a necessidade de apuração dos ajustes de preços de transferência. Tal fato pode ser comprovado pela planilha de fls. 42, em que a recorrente menciona, expressamente, estar dispensada de comprovação nos termos do art. 33 da Instrução Normativa nº 38/97, vigente à época dos fatos geradores. De acordo com referida planilha, o lucro decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas foi superior a 5% do total dessas receitas, motivo pelo qual poderia comprovar a adequação dos preços praticados nessas exportações, exclusivamente, com os documentos relacionados com a própria operação: Art. 33. A pessoa jurídica que comprovar haver apurado lucro líquido, antes da contribuição social sobre o lucro líquido e do imposto de renda, decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas, em valor equivalente a, no mínimo, cinco por cento do total dessas receitas, poderá comprovar a adequação dos preços praticados nessas exportações, no mesmo período, exclusivamente com os documentos relacionados com a própria operação. A Instrução Normativa nº 38/97 dispõe sobre os preços de transferências a serem praticados nas operações de compra e venda de bens, serviços e direitos, efetuadas pelas pessoas jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil, com pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior, consideradas vinculadas e sujeitas ao arbitramento, nos termos do art. 19 Fl. 482DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 483 14 da Lei nº 9.430/96. O art. 33 da Instrução Normativa nº 38/97, invocado pela recorrente, encontrase na Subseção VI Dispensa de Comprovação, ou seja, tratase de hipótese de dispensa aplicável às empresas cujo preço médio dos serviços prestados, nas exportações a pessoas vinculadas efetuadas durante o respectivo período de apuração da base de cálculo do imposto, for inferior a noventa por cento do preço médio praticado nos serviços prestados no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes. Assim, verificase que no curso da ação fiscal a própria recorrente admitiu a necessidade de arbitramento das regras de preços de transferência, porém afirmou que poderia comprovar a adequação dos preços com os documentos relacionados com a própria operação pois o lucro decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas foi superior a 5% do total dessas receitas, nos termos do art. 33 da Instrução Normativa nº 38/97. Inclusive, após a fiscalização afastar a hipótese de dispensa por ela indicada, por meio do Termo de Intimação e de Constatação Fiscal nº 01/2004, foi intimada a apresentar esclarecimentos ou contestação, bem assim, a indicar o método a ser utilizado para apuração da receita arbitrada e, na resposta apresentada, limitouse a informar que o método escolhido seria o CAP Custo de Aquisição ou de Produção mais Tributo de Lucro. Somente na impugnação a recorrente argumentou que o arbitramento é aplicável apenas nos casos em que o preço médio nas operações com pessoas vinculadas for inferior a 90% daquele praticado no mercado brasileiro, e que a fiscalização não demonstrou que a Dresdner Kleinwort Wasserstein do Brasil Ltda teria deixado de observar tal limite. O acórdão recorrido afirmou que a alegação da recorrente de que estaria dispensada da apuração de preços de transferência não estava alicerçada em documentos hábeis, pois não foram apresentados nem durante a fiscalização nem com a impugnação, documentação comprobatória e considerou procedente o lançamento. No recurso voluntário a recorrente opôsse ao acórdão recorrido afirmando que se a autoridade fiscal alegou um erro na apuração do lucro real e na base da CSLL em razão da inobservância das regras de preços de transferência, o que seria um fato constitutivo do direito de efetuar um lançamento, obviamente, quem teria o ônus de provar tal fato e, consequentemente, o direito, seria a autoridade fiscal. Acrescenta que o ônus da recorrente de provar a inexistência do direito pressupõe a comprovação pela autoridade fiscal de seu direito, o que não ocorreu e, a prevalecer o entendimento do acórdão recorrido, estaríamos diante de uma situação típica de inversão do ônus da prova. No julgamento do recurso voluntário realizado em 19/06/2009, esta Turma converteu o julgamento em diligência para que a fiscalização verificasse o cumprimento do requisito do art. 240 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99. Durante o procedimento fiscal de diligência, a recorrente foi intimada a comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que o preço médio dos serviços prestados para o exterior a pessoas vinculadas, no ano de 2000, foi superior a noventa por cento do preço médio praticado na prestação dos mesmos serviços, no mercado brasileiro, a pessoas não vinculadas, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhante. Na resposta apresentada, informou que "em razão de a documentação tratar de fatos ocorridos no ano de 2000 e de já haver decorrido mais de 10 anos desde então, superando também os prazos decadencial e prescricional de cinco anos, a empresa não possui a documentação comprobatória solicitada na intimação em seus arquivos.". Não há que se falar em inversão do ônus da prova, pois como bem ressaltado no acórdão recorrido, as perguntas 003 e 068 das orientações do Perguntas e Respostas relativo à legislação do imposto de renda, esclarecem que cabe à recorrente a comprovação de que os preços de transferência por ela praticados são adequados às regras da legislação tributária brasileira: Fl. 483DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 484 15 "003 Quem está obrigado pela legislação brasileira à observância das regras de preços de transferência? Estão obrigados pela legislação brasileira à observância das regras de preços de transferência: a) as pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil que praticarem operações com pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no exterior, consideradas vinculadas, mesmo que por intermédio de interposta pessoa. b) as pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil que realizem operações com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada em país que não tribute a renda ou que a tribute à alíquota inferior a 20% (vinte por cento), ou cuja legislação interna oponha sigilo relativo à composição societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade. [...] 068 A quem compete o ônus da prova de que os preços de transferência praticados pelo contribuinte são inadequados em função das regras da legislação brasileira? Cabe ao contribuinte a comprovação de que os preços de transferência por ele praticados são adequados às regras da legislação brasileira. Por outro lado, quando os documentos apresentados pelo contribuinte forem julgados insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço da operação, o AuditorFiscal poderá determinálo com base em outros documentos de que dispuser, aplicando um dos métodos discriminados pela legislação vigente. Conforme já demonstrado, no Termo de Início de Fiscalização, ao ser intimada a efetuar referida comprovação, a recorrente invocou o art. 33 da Instrução Normativa nº 38/97, que a dispensa da utilização dos métodos previstos no art. 19. § 3º da Lei nº 9.430/96 para apuração dos preços de transferência, deixando assim de comprovar que estaria desobrigada da apuração porque os preços por ela apurados seriam superiores a 90% do preço médio praticado na venda dos mesmos serviços no mercado brasileiro. No impugnação, assim como no recurso voluntário, apesar de alegar que o arbitramento das receitas de exportação apenas seria cabível quando o preço médio nas operações com pessoas vinculadas fosse inferior a 90%, a recorrente novamente deixou de apresentar documentação comprobatória de que estaria dispensada da apuração dos preços de transferência. Com objetivo de obter referida comprovação, foi determinada realização de diligência, entretanto, na resposta apresentada a recorrente reconhece expressamente a impossibilidade de efetuar referida comprovação. Deve ser ressaltado, novamente, que o ônus da prova incumbe ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo, ou extintivo do direito do autor , consoante o art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil, vigente à época dos fatos. No mesmo sentido, os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, estabelecem a necessidade de juntada à impugnação dos documentos em que ela se fundamenta. Dessa forma, não há como acolher as alegações da recorrente de que estaria Fl. 484DF CARF MF Processo nº 18471.001525/200413 Acórdão n.º 1301002.218 S1C3T1 Fl. 485 16 desobrigada da apuração dos preços de transferência quando tal afirmação está desacompanhada de qualquer documentação comprobatória. Com relação à resposta apresentada ao Termo de Diligência Fiscal, em que a recorrente afirma não mais possuir a documentação comprobatória objeto da intimação, em virtude dos fatos geradores terem superado os prazos prescricional e decadencial, deve ser observado o disposto no art. 264 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99: Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. Assim, enquanto não for encerrado o processo administrativo fiscal, a recorrente tem o dever de guardar a documentação comprobatória que possa vir a modificar o crédito tributário já constituído. Diante de todo o exposto, não merece ser acolhida a alegação da recorrente de que, face ao disposto no art. 19 da Lei nº 9.430/96, estava desobrigada da apuração dos preços de transferência no anocalendário de 2000, posto que tal afirmação está desacompanhada de documentos comprobatórios. DA CSLL Quanto à exigência de CSLL, adoto a solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de prova. CONCLUSÃO Em face de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Fl. 485DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.723859/2013-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
AJUSTE. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALUGUÉIS DE IMÓVEIS. DESPESAS DEDUTÍVEIS.
As despesas pagas à imobiliária para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis de imóveis oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual poderão ser excluídas da base de cálculo para incidência do imposto sobre a renda.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ALUGUÉIS Recorrente MARIA SYLVIA DE MORAES SALLES PEREIRA COSTA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 AJUSTE. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ALUGUÉIS DE IMÓVEIS. DESPESAS DEDUTÍVEIS. As despesas pagas à imobiliária para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis de imóveis oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual poderão ser excluídas da base de cálculo para incidência do imposto sobre a renda. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 38 59 /2 01 3- 02 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 106 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 107 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (DRJ/CTA), cujo dispositivo tratou de considerar improcedente a impugnação, mantendo a exigência do crédito tributário. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 0644.070 (fls. 82/84): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 RENDIMENTOS DE ALUGUEL. DESPESAS DEDUTÍVEIS COM O IMÓVEL LOCADO. Somente podem ser deduzidas do montante tributável as despesas para a cobrança ou recebimento dos aluguéis comprovadamente incidentes sobre o imóvel a ser tributado. Impugnação Improcedente 2. Em face da contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 2012/784611053855499, relativa ao anocalendário 2011, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que foi constatada omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física no valor de R$ 6.569,13 (fls. 6/10). 2.1 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. 3. Cientificada da notificação por via postal em 10/6/2013, às fls. 22, a contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 2). 4. Intimada em 26/11/2013, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, conforme fls. 85/89, a recorrente apresentou recurso voluntário no dia 2/12/2013 (fls. 91). 4.1 Expõe que pagou a importância total de R$ 7.508,61 para a Imobiliária Hideal Imóveis, a título de comissão pela administração dos seus imóveis locados a pessoas físicas e jurídicas. 4.2 Entretanto, na DAA 2011/2012 não houve a dedução integral das comissões pagas à Imobiliária, na forma permitida pela legislação vigente. 4.3 Uma vez mantido o entendimento do acórdão recorrido que a dedução possível encontra limite nas despesas associadas ao imóvel locado à pessoa física, haverá duplicidade de Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 108 4 tributação, porquanto a recorrente declarou como rendimentos recebidos da pessoa jurídica o valor integral dos aluguéis, ou seja, o montante dos aluguéis sem a dedução da comissão paga a Imobiliária. É o relatório. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 109 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito 6. A respeito dos valores passíveis de exclusão dos rendimentos de aluguéis, prescreve o art. 14 da Lei nº 7.739, de 16 de março de 1989: Art. 14. Não integrarão a base de cálculo para incidência do Imposto de Renda de que trata a Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, no caso de aluguéis de imóveis: I o valor dos impostos, taxas e emolumentos incidentes sobre o bem que produzir o rendimento; II o aluguel pago pela locação do imóvel sublocado; III as despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; e IV as despesas de condomínio. [GRIFOUSE] 7. A acusação fiscal justificou a omissão de rendimentos de aluguel com base na linguagem abaixo reproduzida (fls. 8): RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS ALUGUEL RECEBIDO DE PESSOA FÍSICA: Valor alterado para R$ 10.803,84, referente ao valor recebido de Young Ju Yoo, conforme informado por Hideal Imóveis/Lotufo & Lotufo Assessoria Imobiliária Ltda. Apuração de Omissão Valor (R$) 1 Total de Rendimentos Recebidos de Pessoas Físicas 10.803,84 2 Total de Rendimentos Recebidos de Pessoas Físicas Declarado 4.234,71 3 Omissão Apurada (12) 6.569,13 Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 110 6 8. Visto isoladamente, circunscrita a verificação às importâncias de aluguel recebidas de pessoa física, o procedimento de revisão fiscal adotado pela autoridade lançadora estaria correto. 8.1 Com efeito, a informação anual emitida pela Hideal Imóveis/Lotufo & Lotufo Assessoria Imobiliária S/C Ltda, CNPJ 66.077.405/000136, relativa ao imóvel locado à Srª Young Ju Yoo, aponta um valor total de rendimentos de R$ 11.743,32 e uma taxa de administração de R$ 939,48, resultando no valor tributável recebido de pessoa física de R$ 10.803,84 (fls. 13). 8.2 Corroborando a ótica do agente fiscal, a decisão de piso consignou que a dedução da base de cálculo do imposto sob a renda restringese às despesas com o imóvel locado. 9. Ocorre que o caso sob exame demanda uma avaliação integrada dos rendimentos de aluguéis oferecidos à tributação pela contribuinte, relativamente ao ano calendário 2011. 9.1 Afinal, independentemente de aluguel de imóvel pago por pessoa física ou jurídica, os rendimentos estarão sujeitos ao ajuste anual, submetidos em conjunto à tabela progressiva anual. 10. Nessa linha de pensamento, ao confrontarse os aluguéis de imóveis pagos por pessoa física e jurídica, segundo documentos que instruem os autos, e os rendimentos tributáveis declarados pela contribuinte na respectiva DAA 2011/2012, é possível elaborar os seguintes quadros demonstrativos: Valores informados por Hideal Imóveis R$ (fls. 11/13) Locatório Aluguel Taxa Administração Imposto Renda. JCF Restaurante e Bar Ltda (CNPJ 10.642.509/000191) 67.789,70 4.822,67 10.445,83 JCF Restaurante e Bar Ltda (CNPJ 10.642.509/000191) 24.950,07 1.746,46 491,74 Total 92.739,77 6.569,13 10.937,57 Young Ju Yoo (CPF 044.663.698/36) 11.743,32 939,48 Total 104.483,09 7.508,61 Rendimento Tributável Total 96.974,48 (104.483,09 7.508,61) Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 111 7 Valores declarados pela contribuinte na DAA 2011/2012 R$ (fls. 28/34) Rendimentos recebidos de Pessoa Jurídica Rendimento Tributável Imposto Renda JCF Restaurante e Bar Ltda (CNPJ 10.642.509/000191) 92.739,77 10.937,57 Rendimentos recebidos de Pessoa Física 4.234,71 Rendimento Tributável Total 96.974,48 (92.739,77 + 4.234,71) 11. Como alegou a recorrente, a DAA 2011/2012 não contém omissão de rendimentos tributáveis oriundos do recebimento de aluguéis de imóveis, segundo a documentação acostada aos autos. 11.1 A diferença de base de cálculo de R$ 6.569,13, exigida pela fiscalização, corresponde exatamente ao valor das despesas pagas à Imobiliária Hideal Imóveis para cobrança/recebimento dos aluguéis devidos pela pessoa jurídica JCF Restaurante e Bar Ltda. 11.2 A contribuinte deixou de deduzir tal montante na base de cálculo dos rendimentos recebidos da pessoa jurídica, diminuindoo, por sua vez, dos rendimentos recebidos da pessoa física. 12. Ao fim e ao cabo, embora incorreto o procedimento adotado pela contribuinte, não tem o condão de afetar a dimensão da riqueza econômica tributável, nos termos da legislação. 12.1 Logo, é indubitável concluir pela inexistência do fato imputado pela autoridade fiscal à contribuinte, na medida em que os rendimentos de aluguéis foram integralmente oferecidos à tributação, a despeito da deficiência de preenchimento dos campos na DAA 2011/2012. 13. No tocante aos rendimentos recebidos da pessoa jurídica, ressalto que a Imobiliária Hideal Imóveis registrou o pagamento de um valor a título de multa em 7/2/2011, na quantia de R$ 1.105,60, o qual aparentemente não foi oferecido à tributação pela contribuinte na DAA 2011/2012 (fls. 11). 13.1 Via de regra, os acréscimos ou compensações pelo atraso no pagamento do aluguel compõem a base de cálculo do imposto sobre a renda. 13.2 Todavia, a inclusão desse valor, visto que não declarado pela contribuinte, demanda o lançamento de ofício, cuja competência é da autoridade fiscal, o que impede, por conseguinte, a atuação do julgador administrativo, sob pena de alteração do critério jurídico adotado no lançamento por meio de inovação na motivação do ato administrativo. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10830.723859/201302 Acórdão n.º 2401004.580 S2C4T1 Fl. 112 8 14. Dessa feita, a decisão de piso deve ser reformada, reconhecendose a improcedência do crédito tributário decorrente da Notificação de Lançamento. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, tornando insubsistente a Notificação de Lançamento nº 2012/784611053855499, relativamente ao anocalendário 2011. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess. Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0