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Numero do processo: 10920.001079/2005-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1989 a 31/12/1998
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CONTENDO INFORMAÇÃO FALSA. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA. CABIMENTO.
Nos termos do art. 90 da Medida Provisória 2.158-35/2001, é cabível a multa de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96, quando a compensação entregue à RFB for considerada indevida e for apurada a ocorrência de qualquer das circunstâncias previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64, entre as quais se inclui a aposição de data de trânsito em julgado sabidamente inexistente.
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9303-004.416
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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MULTA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LABORATÓRIO CATARINENSE S/A ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1989 a 31/12/1998 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CONTENDO INFORMAÇÃO FALSA. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA. CABIMENTO. Nos termos do art. 90 da Medida Provisória 2.15835/2001, é cabível a multa de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96, quando a compensação entregue à RFB for considerada indevida e for apurada a ocorrência de qualquer das circunstâncias previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64, entre as quais se inclui a aposição de data de trânsito em julgado sabidamente inexistente. Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 10 79 /2 00 5- 81 Fl. 208DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº 20312.052, de 22/05/2008, proferido pela 3ª Câmara do então 3ª Conselho de Contribuintes, que fora assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/1989 a 31/12/1998 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO E LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA. REUNIÃO DOS PROCESSOS. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O julgamento em conjunto dos processos de restituição/ressarcimento/compensação e de lançamento de multa isolada, com proferição de uma única decisão, está previsto em lei e não macula a decisão de vício de nulidade. Preliminar rejeitada. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura de ação judicial sobre a mesma matéria e com o mesmo objeto importa renúncia à instância administrativa, não se podendo conhecer do recurso _na parte submetida à tutela jurisdicional. Recurso não conhecido em parte. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO FALSA. MULTA QUALIFICADA. A mera falsidade na declaração prestada pelo sujeito passivo sobre trânsito em julgado de ação judicial não se confunde com fraude que, para aplicação de multa de ofício qualificada, requer a comprovação da existência de dolo. Recurso provido em parte No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente insurgiuse contra a redução da multa de ofício aplicada para o patamar de 75% (setenta e cinco por cento). Alega contrariedade à lei e divergência de interpretação em relação ao que decidido no Acórdão nº 10421.807. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 138/140. A contribuinte também apresentou recurso especial, ao qual, todavia, desistiu em face de sua adesão a programa de parcelamento. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10920.001079/200581 Acórdão n.º 9303004.416 CSRFT3 Fl. 209 3 É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no exame de admissibilidade, que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. O recurso foi apresentado com fundamento no art. 7º, Inciso I, do Anexo II da Portaria MF nº 152, de 2007, para os casos em que há decisão não unânime de Câmara (como no caso), contrária à lei (é o que se sustenta ter ocorrido) ou à evidência da prova. Conforme relatamos, a contribuinte, que também apresentou recurso especial, requereu, por meio da petição de fls. 192/193, a sua desistência parcial, “excetuandose deste pedido a procedência relacionada à desqualificação da multa isolada”. O acórdão recorrido, todavia, já reduziu a multa qualificada para o percentual de 75%, de modo que não se pode mais admitir o recurso especial interposto pela contribuinte, por manifesta falta de interesse de agir. Não é de se admitilo apenas para manter a decisão proferida da Câmara baixa, finalidade para a qual servem a contrarrazões ao recurso aviado pela parte adversa. Nas razões de mérito da autuação, diz a fiscalização que, no caso em exame, a contribuinte promoveu a entrega de Declarações de Compensação eletrônicas, por meio das quais pretendeu compensar débitos seus com créditos oriundos de ação mandamental que impetrara, à época ainda não transitada em julgado (crédito relativo aos insumos tributados utilizados na industrialização de produtos sujeitos à alíquota zero). Todavia, a despeito deste fato, informou, nas mesmas declarações, que o trânsito em julgado já havia ocorrido. Em sede de recurso voluntário, a Câmara baixa entendeu que não estaria configurada a fraude, daí a redução da a multa de ofício isolada para o percentual de 75%, decisão contra a qual se insurgiu a recorrente. Eis os motivos adotados no acórdão recorrido: Conjugados os dispositivos legais retro, inferese que a mera declaração falsa não constitui, por si só, fraude, pois esta, para servir de qualificação a conduta infracionária sancionada pelas normas tributárias requer a presença de dolo específico, ou seja, exige que a ação ou omissão do sujeito passivo tenha sido conscientemente direcionada para o específico fim de impedir ou retardar a ocorrência fato gerador da tributária principal ou de excluir ou modificar as suas características essenciais e, com isso, reduzir o montante do tributo devido ou evitar ou diferir o seu pagamento. Ora, os elementos que constam dos autos, especialmente dos processos que cuidam do lançamento das multas isoladas, comprovam apenas que a falsidade da declaração prestada pela recorrente, pois não ficou comprovado o trânsito em julgado da decisão do processo judicial informado. Assim, a peça fiscal, por destituída de elementos probatórios do dolo específico, tais como documentos forjados com vista a amparar a declaração da recorrente, não possui a robustez Fl. 210DF CARF MF 4 necessária à qualificação da conduta como fraudulenta, conquanto, comprovadamente, estejase diante de declaração falsa. Todavia, a mera falsidade na declaração não se confunde com a fraude legal, para fins de aplicação da penalidade pecuniária em percentual duplicado. De se registrar, por fim, que, quando pretendeu o legislador sancionar a falsa declaração expressamente a previu no dispositivo legal, conforme se verifica na nova redação dada pela Medida Provisória n° 351, de 22 de janeiro de 2007, ao art. 18, § 2o, da Lei n° 10.833, de 2003, que é o fundamento legal da autuação, mas, por posterior à formalização da exigência, a estes autos não se aplica. Vejase a nova redação do mencionado dispositivo legal: (...) Notese que, com a nova redação, a aplicação da multa de ofício em percentual duplicado depende apenas da constatação de falsidade da declaração, independentemente da ocorrência de fraude. Entendemos, contudo, em contraposição à tese nele adotada, assistir razão à recorrente. Para tanto, passamos a reproduzir a evolução legislativa aplicável à espécie: CTN: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10/01/2001) Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001: Art. 90. Serão objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Lei nº 10.833, de 29/12/2003 (conversão da MP nº 135, de 30/10/2003): Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10920.001079/200581 Acórdão n.º 9303004.416 CSRFT3 Fl. 210 5 das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º (...) § 2o A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. Lei nº 11.051, de 29/12/2004 (conversão da Medida Provisória – MP nº 219, de 30/09/2004): Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. (...) § 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (...) § 4o A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” (NR) Lei nº 9.430, de 27/12/1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 212DF CARF MF 6 a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do Decreto Lei no 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a lei: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Lei 11.196, de 21/11/2005 Art. 117. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 18 . ........................................................................................ ........................................................................................................ § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicando se os percentuais previstos: I – no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II – no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5o Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4o deste artigo.” (NR) Lei 11.488, de 15/06/2007 Art. 18. Os arts. 3o e 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de não Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10920.001079/200581 Acórdão n.º 9303004.416 CSRFT3 Fl. 211 7 homologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. § 1o Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. § 3o Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1o, quando for o caso. § 5o Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo.” (NR) Conforme ressaltado no acórdão recorrido, os fatos geradores ocorreram entre fevereiro de 2003 e junho de 2004. E a contribuinte foi cientificada do auto de infração em 13/04/2005. No período anterior a outubro de 2003, quando foi editada a MP nº 135, de 30/10/2003, o art. 90 da MP nº 2.15835, de 2001, previa a aplicação da multa isolada nos casos em que a compensação era indevida ou não comprovada. A multa a ser aplicada era a prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, em cujo inciso II foi estabelecida no percentual de cento e cinquenta por cento, para os casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Com a edição da MP nº 135, de 2003, posteriormente convertida na Lei nº 10.833, de 2003, o lançamento da multa de ofício de que trata o art. 90 da MP nº 2.15835, de 2001, passou a ser limitado aos casos em que a compensação indevida decorria do fato de o crédito ou o débito não fosse passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito fosse de natureza não tributária, ou quando ficasse caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Bem se vê que, durante todo o período que compreende os fatos geradores objeto dos autos, a cominação da multa qualificada, excetuadas as outras duas hipóteses, exigia o cometimento da fraude, do dolo ou da simulação. Fl. 214DF CARF MF 8 Portanto, cabe apenas perquirir se a conduta de entregar uma declaração de compensação com uma informação falsa – a data do trânsito em julgado da ação mandamental – configura ou não a fraude, conforme entendeu a fiscalização e discordou a Câmara baixa. A nosso juízo, configura, sim! A fraude, como se sabe, é o emprego de artifício ardiloso e enganoso para reduzir ou suprimir tributos ou para impedir ou dificultar o conhecimento de sua ocorrência. É o agir com máfé para prejudicar outrem, como, a nosso sentir, laborou a contribuinte. Notese que a falsidade das declarações de compensação é evidentemente manifesta (falsidade ideológica). Ao nelas inserir a informação de que o trânsito em julgado já havia ocorrido, quando conscientemente sabia não se verificara, a contribuinte viabilizouas, embora à época já houvesse impedimento para assim fazêlo por expressa disposição legal. E nada altera este entendimento o fato de que, somente com a edição da Lei nº 11.488, de 2007, a falsidade da declaração tenha passado a ser condição sine qua non para a cominação da penalidade no percentual duplicado, uma vez que a redação anterior, porque mais abrangente, assim, no caso, conforme demonstramos, já autorizava. Em casos semelhantes, o entendimento aqui adotado já foi compartilhado por outras Turmas do CARF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2011 a 30/04/2012 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL COMPENSAÇÃO REQUISITOS. COMPROVAÇÃO CRÉDITOS LÍQUIDOS E CERTOS GLOSA DOS VALORES COMPENSADOS INDEVIDAMENTE Somente as compensações procedidas pela contribuinte com estrita observância da legislação previdenciária, especialmente o artigo 89 da Lei n° 8.212/91, respaldam a declaração do direito a compensação no documento GFIP. COMPENSAÇÃO. VALORES QUE CONSISTEM SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. AUSÊNCIA DE AMPARO JUDICIAL OU DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. O sujeito passivo deve sofrer imposição de multa isolada de 150%, incidente sobre as quantias indevidamente compensadas, quando insere informação falsa na GFIP, declarando créditos antes mesmo de decisão judicial ou declaração de inconstitucionalidade da contribuição devida. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da lei 8212/91, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" a compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte (Acórdão nº 9202003.829, de 08/03/2016). Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10920.001079/200581 Acórdão n.º 9303004.416 CSRFT3 Fl. 212 9 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CONTENDO INFORMAÇÃO FALSA. LANÇAMENTO DE MULTA ISOLADA. CABIMENTO Nos termos do art. 90 da Medida Provisória 2.15835, é cabível a multa de que trata o art. 44, II da Lei 9.430 quando a compensação declarada entregue à SRF for considerada indevida e se apurar a ocorrência de qualquer das circunstâncias previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64, entre o que se inclui a aposição de data de trânsito em julgado sabidamente inexistente. NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DO CONTEÚDO DE SÚMULA DOS ANTIGOS CONSELHOS DE CONTRIBUINTES Nos termos do § 4º do art. 72 do Regimento Interno do CARF: " As súmulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF". IMPOSSIBILIDADE DE AFASTAMENTO DE NORMA LEGAL POR INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA Nº 02 DO SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES. SÚMULA NO 2. O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. (Acórdão nº 3402000.552, de 29/04/2010). Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 216DF CARF MF 10 Fl. 217DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.904168/2009-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.083
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Compensação. Comprovação do direito creditório. Recorrente G J DE MEDEIROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/01/2005 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ Recife, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório oriundo de suposto recolhimento à maior da Cofins. Em consequência, foi mantida a nãohomologação da compensação declarada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 41 68 /2 00 9- 99 Fl. 2682DF CARF MF Processo nº 10469.904168/200999 Acórdão n.º 3301003.083 S3C3T1 Fl. 3 2 A autoridade competente da DRF/Natal não homologou a compensação, fundamentandose no fato de o DARF informado no PER/DCOMP já ter sido utilizado integralmente para quitar débitos declarados da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP objeto do presente processo. Segundo a Contribuinte, a explicação para a existência do crédito é o fato de haver apurado e recolhido a COFINS sobre seu faturamento total. No entanto, considerando que a maior parte dos produtos vendidos eram tributados à alíquota 0% (frutas e verduras no mercado interno art. 28 da Lei 10.865/2004), o valor devido seria bem menor do que o que foi declarado/pago. Quando ciente deste erro, ocorrido em 2005 e 2006, procedeu à reapuração dos valores devidos da Cofins, apurando créditos utilizados nas compensações declaradas (PER/DECMPs), mas não retificou as DCTFs. A retificação das DCTFs só foi efetuada após a ciência dos Despachos Decisórios emitidos pela DRF/Natal. A 4ª Turma da DRJ/REC, por intermédio do Acórdão nº 1133.630, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que não foram comprovadas a liquidez e a certeza do suposto crédito informado na compensação declarada. Transcrevese a parte da ementa de interesse: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO (...) DCOMP. ERRO DE FATO EM DCTF. NÃO COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não comprovado o erro de fato no preenchimento da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, com base em documentos hábeis e idôneos, não há que se acatar a retificadora para fins de comprovar a liquidez e certeza do crédito oferecido para a compensação com os débitos indicados na PER/DCOMP eletrônica. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) PROVAS. As provas devem ser apresentadas na forma e no tempo previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Em seu recurso voluntário, a Recorrente reitera seu direito creditório, justificando que nessa oportunidade apresenta as cópias das notas fiscais do período a que se refere a compensação, cópia do livro de registro de notas fiscais de saída, o relatório de vendas feitas no período, por produto, e o balancete do mês. Fl. 2683DF CARF MF Processo nº 10469.904168/200999 Acórdão n.º 3301003.083 S3C3T1 Fl. 4 3 Estes autos vieram ao CARF para apreciação do recurso voluntário, tendo o feito sido convertido em diligência, Resolução nº 3802000.030, da 2ª Turma Especial, nos termos do voto do relator Francisco José Barroso Rios, para que a unidade preparadora: · examinasse a fidedignidade da documentação acostada ao recurso voluntário, isso, frente a eventuais demonstrativos e documentação outra a ser requerida da interessada, porventura necessários à apuração da contribuição efetivamente devida; · diante dos elementos constantes dos autos, frente à documentação anexada ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifestasse sobre o valor da COFINS efetivamente devida. A empresa foi intimada pela fiscalização (Termo de Intimação Fiscal Número 001), tendo apresentado mais alguns elementos comprobatórios de seu alegado direito. Conforme consta do Relatório de Diligência Fiscal (anexado como Despacho de Diligência), as informações prestadas foram satisfatórias para a comprovação dos créditos de outros processos (outros períodos de apuração), mas, para o período de apuração analisado no presente não foi apresentada qualquer comprovação. Por isso o Auditor Fiscal concluiu que o valor devido da Cofins foi o originalmente apurado/pago pela contribuinte, que não logrou êxito em comprovar o suposto recolhimento à maior. Por fim, o despacho de encaminhamento da unidade de origem atesta que, observado o prazo regulamentar, não houve manifestação da contribuinte quanto ao resultado da diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.092, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903724/200918, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.092): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. A não homologação do PER/DCOMP se deu pelo fato de que à época da análise eletrônica da compensação declarada, a interessada ainda não havia entregue a DCTF retificadora e o dito pagamento estava, assim, totalmente apropriado ao débito originalmente declarado. Fl. 2684DF CARF MF Processo nº 10469.904168/200999 Acórdão n.º 3301003.083 S3C3T1 Fl. 5 4 Como relatado, no Recurso Voluntário, a Recorrente informa que o faturamento total de fevereiro/2006 foi de R$ 683.020,04 e que o faturamento sujeito à tributação da COFINS era somente de R$ 27.625,15. Dessa forma, a COFINS nãocumulativa informada e pleiteada pela Recorrente seria de R$ 476,68, calculada sob a alíquota de 7,6%, portanto, a base de cálculo utilizada teria sido a de R$ 6.272,10. Por isso, a Recorrente foi intimada para apresentar e comprovar os créditos subtraídos do faturamento tributável (R$ 27.625,15) para chegar à base de cálculo efetiva, de R$ 6.272,10. Foi comprovada nos autos a ciência dessa intimação, em 29/12/2015, mas o contribuinte não procedeu a essa demonstração. A prova a cargo do contribuinte tem como função especificar quais os produtos vendidos hortifrutigranjeiros (se classificados Capítulos 7 e 8 da TIPI), com seus valores e quantidades e sua destinação ao mercado interno, para que pudesse estar sujeita ao disposto no art. 28, da Lei 10.865/2004: Lei 10.865/2004 Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COF1NS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de: (Vide Lei n° 11.727, de 2008) (...) III produtos hortícolas e frutas, classificados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados na posição 04.07, todos da TIPI; e Na apuração de COFINS nãocumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização não efetuar a homologação da compensação. Em regra geral, considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito: CPC/1973 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 2685DF CARF MF Processo nº 10469.904168/200999 Acórdão n.º 3301003.083 S3C3T1 Fl. 6 5 II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor É do próprio contribuinte o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Nesse sentido a lição de Fabiana Del Padre Tomé (A Prova no Direito Tributário. 3ª ed. São Paulo: Noeses, 2011, p. 264): A prova compete a quem tem interesse em fazer prevalecer o fato afirmado. Por outro lado, se o autor apresenta provas do fato que alega, incumbe ao demandado fazer a contraprova, demonstrando fato oposto. Em processo tributário, por exemplo, se o Fisco afirma que houve determinado fato jurídico, apresentando documento comprobatório, ao contribuinte cabe provar a inocorrência do alegado fato, apresentando outro documento, pois a negativa se resolve em uma ou mais afirmativas. A empresa foi intimada a apresentar os documentos comprobatórios, o que não foi exercido. Sem o atendimento à diligência determinada pelo CARF, não há como comprovar os créditos da nãocumulatividade, porque não foram colocados à disposição para verificação. No caso presente, devese ainda acrescentar que tratase um pedido de iniciativa do próprio contribuinte (ressarcimento), para o qual, necessariamente, o mesmo deve possuir e apresentar as provas correspondentes. Isso porque a compensação tributária somente é possível, se demonstrada a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública, conforme a prescrição do art. 170 do Código Tributário Nacional CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Enfim, estáse diante da ausência de liquidez e certeza quanto ao suposto crédito contra a Fazenda Nacional, não cabendo a homologação do PER/DCOMP a ele vinculado. Conclusão Fl. 2686DF CARF MF Processo nº 10469.904168/200999 Acórdão n.º 3301003.083 S3C3T1 Fl. 7 6 Em vista disso, a Recorrente não logrou êxito em comprovar o crédito alegado, consequentemente a COFINS devida referente ao mês de fevereiro de 2006 permanece no valor originalmente pago e declarado, de R$ 18.404,01. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a empresa foi intimada a comprovar os valores que deveriam ser subtraídos da base de cálculo originalmente apurada (vendas sujeitas à alíquota zero), para chegar à base de cálculo que, supostamente, seria a efetiva. Contudo, apesar das oportunidades que lhe foram dadas, a contribuinte não conseguiu apresentar a demonstração/comprovação necessária para que o Fisco atestasse a certeza e liquidez do direito creditório utilizado na compensação declarada nestes autos. Permanece como devido, portanto, o valor da Cofins de R$19.006,31, referente ao mês de janeiro de 2005, valor esse originalmente declarado e recolhido pela contribuinte. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 2687DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.721265/2015-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS, ODONTOLÓGICAS E COM PLANO DE SAÚDE. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
Somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, dentistas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, efetuados pelo contribuinte, e relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Inteligência da Lei 9.250/1995, art. 8°, inciso II, alínea a e § 2º, incisos II e III e do Decreto nº 3.000/1999, art. 73, caput e §§ 1º e 2º.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.429
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para dar-lhe provimento parcial no sentido de afastar a glosa das despesas odontológicas constantes do recibo de fl. 8, no valor de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinqüenta reais).
(Assinado Digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado Digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS, ODONTOLÓGICAS E COM PLANO DE SAÚDE. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, dentistas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, efetuados pelo contribuinte, e relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Inteligência da Lei 9.250/1995, art. 8°, inciso II, alínea a e § 2º, incisos II e III e do Decreto nº 3.000/1999, art. 73, caput e §§ 1º e 2º. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para dar-lhe provimento parcial no sentido de afastar a glosa das despesas odontológicas constantes do recibo de fl. 8, no valor de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinqüenta reais). (Assinado Digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
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COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, dentistas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, efetuados pelo contribuinte, e relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Inteligência da Lei 9.250/1995, art. 8°, inciso II, alínea “a” e § 2º, incisos II e III e do Decreto nº 3.000/1999, art. 73, caput e §§ 1º e 2º. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 72 12 65 /2 01 5- 30 Fl. 64DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para darlhe provimento parcial no sentido de afastar a glosa das despesas odontológicas constantes do recibo de fl. 8, no valor de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinqüenta reais). (Assinado Digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10073.721265/201530 Acórdão n.º 2402005.429 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo – DRJ/SPO, que julgou parcialmente procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), alterando o valor do imposto suplementar de R$ 4.783,64 (quatro mil, setecentos e oitenta e três reais e sessenta e quatro centavos) para R$ 3.655, 86 (três mil, seiscentos e cinquenta e cinco reais e oitenta e seis centavos). O lançamento deuse em razão de glosa de valores deduzidos a título de despesas médicas, por falta de comprovação ou por falta de previsão legal para sua dedução, no valor de R$ 18.322,11 (dezoito mil, trezentos e vinte e dois reais e onze centavos). A contribuinte contestou o lançamento por meio da impugnação de fls. 2/18, alegando ter entregue a documentação solicitada com a finalidade de dirimir as dúvidas suscitadas pela Fiscalização. Conforme afirma, referida documentação não teria sido considerada para a comprovação das despesas médicas, bem assim para o recálculo do imposto devido. A DRJ/SPO julgou a impugnação procedente em parte (Acórdão de Impugnação de fls. 40/47), reconhecendo como válidos os recibos de fls. 10,13, 14, 16 e 18, no valor de R$ 4.391,96 (quatro mil, trezentos e noventa e um reais) havendo a contribuinte interposto recurso voluntário em 1/4/2016 (fls. 52/53), por meio do qual requer que o lançamento do crédito seja cancelado. Há ainda no acórdão da DRJ/SPO análise sobre suposto pedido de isenção por moléstia grave, que não foi reconhecida por não se ter comprovado que os rendimentos recebidos pela Recorrente decorrerem de aposentadoria ou reforma. Por ocasião do Recurso Voluntário a Recorrente apresentou declaração da profissional responsável pela emissão do recibo de fl. 8, referente aos destinatários do tratamento odontológico no valor de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais), requerendo o cancelamento do lançamento. Não há menção a pedido de isenção no Recurso apresentado. É o relatório. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 4 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. A definição da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF, bem assim a possibilidade de dedução de despesas relativa à prestação de serviços médicos, odontológicos e de despesas com planos de saúde têm como base o inciso I, a alínea “a” do inciso II e os incisos I a III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] (Grifamos) O caput e os §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, nos termos dos §§ 3º a 5º do DecretoLei nº 5.844, de 1943, estabelecem a necessidade de comprovação das despesas deduzidas da base de cálculo do IRPF e a possibilidade de glosa de deduções indevidas: Fl. 67DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10073.721265/201530 Acórdão n.º 2402005.429 S2C4T2 Fl. 4 5 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). De acordo com as disposições normativas reproduzidas acima, para que seja lícita a dedução de despesas médicas ou odontológicas da base de cálculo do imposto essas têm de dizer respeito a pagamentos especificados, comprovados e efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes legais. Ainda de acordo com os normativos cotejados, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. De se ressaltar que, na situação fática, somente podem ser consideradas as despesas havidas com a própria Recorrente e com ÁLVARO LUIZ BEZERRA BRAGA, único dependente legal que consta de Declaração de Ajuste Anual – DAA. Em face dos dispositivos legais sob comento, a DRJ/SPO resolveu por restabelecer as deduções glosadas em relação às despesas comprovadas por meio dos documentos de fls. 10, 13, 14, 16 e 18 por se tratarem de despesas devidamente comprovadas por documentação hábil e relacionadas a tratamentos feitos pela contribuinte e pelo seu dependente legal. Com relação aos demais documentos/despesas, a DRJ decidiu por manter a glosa pelas razões indicadas no quadro abaixo: CPF/CNPJ/NIT Beneficiário do Pagamento DOC Fl. Destinatário dos serviços Valor R$ Justificativa para a Manutenção da Glosa 079.155.26758 Débora Da Cunha Casagrande 8 Não há indicação 4.350,00 Não há no recibo a indicação do beneficiário dos serviços. 761.217.39720 Jorge Estáquio Jacob Vidigal 9 Alan Luiz Braga 200,00 O beneficiário do serviço não foi Fl. 68DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 6 CPF/CNPJ/NIT Beneficiário do Pagamento DOC Fl. Destinatário dos serviços Valor R$ Justificativa para a Manutenção da Glosa 29.069.598/000157 Cardiologistas e Pneumatologistas Associados Ltda 11 Arthemio Bezerra 100,00 27.001.049/002835 Labs Cardiolab 12 Alan Luiz Braga 520,00 35.917.970/000130 Unimed 15 Alisson Lincoln Bezerra Braga 1.095,15 35.917.970/000130 Unimed 17 Alan Luiz Braga Filho 1.461,72 informado como dependente na Declaração de Ajuste Anual. 35.917.970/000130 Unimed Não há 6.203,28 Despesa não comprovada mediante apresentação de documento. Total 13.930,15 No que diz respeito aos documentos de fls. 9, 11, 12, 15 e 17 e da despesa não comprovada mediante apresentação de documentos referente a pagamentos à Unimed de Volta Redonda, no valor de R$ 6.203,28 (seis mil, duzentos e três reais e vinte e oito centavos), não há qualquer reparo a se fazer na decisão consignada no Acórdão 1670.963 15ª Turma da DRJ/SPO. Tratamse de deduções relativas a despesas não comprovadas ou a pagamentos efetuados em virtude de despesas cujos destinatários dos serviços não se confundem com a Contribuinte ou com seu dependente legal relacionado na DAA, ou seja, de deduções de despesas feitas ao arrepio da alínea “a” do inciso II e do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995. Relativamente ao recibo de fl. 8, abaixo reproduzido, faz necessário tecer algumas considerações. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10073.721265/201530 Acórdão n.º 2402005.429 S2C4T2 Fl. 5 7 De conformidade com o Acórdão 1670.963 15ª Turma da DRJ/SPO, a documentação apresentada pelo contribuinte para o fim de dedução da base de cálculo do IRPF deve trazer informações que permitam a perfeita identificação: 1) do responsável pelo pagamento efetuado, pois sem essa informação não há como se vincular a dedução ao possível interessado; 2) do valor do pagamento; 3) da data da emissão do documento (dia, mês e ano); 4) do tipo de serviço realizado; 5) do beneficiário do serviço; 6) do emitente do documento: nome, endereço, CPF/CNPJ e, no caso de pessoa física, o registro de habilitação profissional no Conselho Regional de Classe. (Grifei) Com base nessas assertivas, e em razão de o recibo de fl. 8 não indicar o destinatário dos serviços nele registrados, a DRJ/SPO manteve a glosa da dedução efetuada pela Fiscalização. A despeito das constatações feitas pela DRJ/SPO, por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário, a Recorrente apresentou declaração (fl. 53) com a discriminação das despesas constantes do referido recibo nos seguintes termos: Paciente Márcia Aparecida Bezerra Braga Serviço Executado Valor (R$) Aparelho Ortodôntico fixo auto ligado – R$ 1.500,00 6 parcelas de tratamento ortodôntico (cada parcela R$ 295,00) 1.770,00 Total 3.270,00 Paciente Álvaro Luís Bezerra Braga Serviço Executado Valor (R$) Restauração elemento 36 180,00 Contenção Móvel 180,00 Profilaxia 180,00 Clareamento 540,00 Total 1.080,00 Total Geral 4.350,00 Não obstante a declaração da profissional responsável pela emissão do recibo ter sido apresentada por ocasião do Recurso Voluntário, há que reconhecer que referido documento destinase a contrapor razões trazidas por ocasião da análise da impugnação. Assim fazse necessária sua apreciação, consoante previsão contida na alínea “c” do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Vejamos: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: [...] c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 8 Com base na declaração referida acima, é possível inferir que o recibo de fl. 8 referese à despesas relativas a tratamento odontológico cujos destinatários foram a Recorrente e seu representante legal. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para afastar a glosa das despesas odontológicas constantes do recibo de fl. 8, no valor de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais). (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO
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Numero do processo: 13014.720144/2013-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
IRPF. BASE DE CÁLCULO DO AJUSTE ANUAL. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA.
1. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (Súmula CARF nº 98.)
2. Comprovada a existência da pensão alimentícia judicial, bem como seu pagamento, cancela-se a glosa anteriormente efetuada.
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. TRIBUTAÇÃO E DEDUÇÃO DE PENSÃO JUDICIAL EM SEPARADO. ARTS. 638, IV, 641 E 643 DO RIR/99. O décimo terceiro salário é tributado exclusivamente na fonte, sendo as deduções correspondentes também realizadas em separado, forte nos arts. 638, inciso IV, 641 e 643 do RIR/99.
Numero da decisão: 2301-004.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa relativa à pensão alimentícia devida ao filho do recorrente, Rodrigo Guajará Nossar, no valor de R$6.192,91, nos termos do voto do relator.
JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator.
EDITADO EM: 30/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves.
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 IRPF. BASE DE CÁLCULO DO AJUSTE ANUAL. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. 1. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (Súmula CARF nº 98.) 2. Comprovada a existência da pensão alimentícia judicial, bem como seu pagamento, cancela-se a glosa anteriormente efetuada. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. TRIBUTAÇÃO E DEDUÇÃO DE PENSÃO JUDICIAL EM SEPARADO. ARTS. 638, IV, 641 E 643 DO RIR/99. O décimo terceiro salário é tributado exclusivamente na fonte, sendo as deduções correspondentes também realizadas em separado, forte nos arts. 638, inciso IV, 641 e 643 do RIR/99.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2136; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 67 1 66 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13014.720144/201300 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.821 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de setembro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA Recorrente JOSE ROBERTO NOSSAR DA SILVA Recorrida UNIÃO (REPRESENTADA PELA FAZENDA NACIONAL) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 IRPF. BASE DE CÁLCULO DO AJUSTE ANUAL. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. 1. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (Súmula CARF nº 98.) 2. Comprovada a existência da pensão alimentícia judicial, bem como seu pagamento, cancelase a glosa anteriormente efetuada. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. TRIBUTAÇÃO E DEDUÇÃO DE PENSÃO JUDICIAL EM SEPARADO. ARTS. 638, IV, 641 E 643 DO RIR/99. O décimo terceiro salário é tributado exclusivamente na fonte, sendo as deduções correspondentes também realizadas em separado, forte nos arts. 638, inciso IV, 641 e 643 do RIR/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa relativa à pensão alimentícia devida ao filho do recorrente, Rodrigo Guajará Nossar, no valor de R$6.192,91, nos termos do voto do relator. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e Relator. EDITADO EM: 30/09/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 4. 72 01 44 /2 01 3- 00 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 1259.911, exarado pela 1ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro I (fls. 40 a 50 – numeração dos autos eletrônicos). Pela Notificação de Lançamento nº 2009/705921221089717 (fls. 04 a 10), foram apuradas as seguintes infrações, referentes ao anocalendário 2008: (a) dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública – glosa do valor de R$23.554,43, referente às despesas com Mariângela da Silva Guajara (R$7.851,45) e Maria Cristina Vieira Nóbrega (R$15.702,98), por falta de apresentação de escritura pública, decisão judicial ou acordo homologado judicialmente; (b) glosa de despesa médicas – glosa parcial de R$2.111,73 pela inclusão, como beneficiário, de terceiro não declarado como dependente e glosa total das despesas de Maria Fernanda Magalhães Costa (R$5.000,00), por faltar o endereço do emitente. Na impugnação foi alegado que as despesas com pensão alimentícia foram determinadas judicialmente e que as despesas médicas são próprias. A DRJ julgou parcialmente procedente a impugnação, e o acórdão recorrido recebeu as seguintes ementas: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2009 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PARTE DAS DEDUÇÕES INDEVIDAS DE DESPESAS MÉDICAS. Reputase definitivamente constituído, na esfera administrativa, o valor referente à parcela não contestada da exigência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DEDUÇÕES. PENSÃO ALIMENTÍCIA. 13º SALÁRIO. Não é dedutível na Declaração de Ajuste Anual a pensão alimentícia descontada do décimo terceiro salário, tendo em vista que já constituiu dedução desse rendimento, sujeito à tributação exclusiva na fonte. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. DEDUTIBILIDADE. MAIORIDADE. Somente são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda as pensões alimentícias judiciais pagas aos filhos menores ou aos filhos maiores de idade quando incapacitados para o trabalho e sem meios de proverem a própria subsistência, ou até 24 anos se estudantes do ensino superior ou de escola técnica de segundo grau. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13014.720144/201300 Acórdão n.º 2301004.821 S2C3T1 Fl. 68 3 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Somente são passíveis de dedução, para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, as despesas médicas relativas ao contribuinte e seus dependentes que estejam devidamente comprovadas por documentos hábeis e idôneos que possuam os requisitos exigidos na legislação de regência. Por ocasião do julgamento, restou vencido o “julgador Leandro Ferreira Silva que entendeu ser dedutível a pensão alimentícia paga a Rodrigo Guajará Nossar, por considerar ser desnecessária a comprovação da condição de estudante, em razão de o alimentando ser menor de 21 anos e tendo em vista o disposto no art. 35, IV, da Lei nº 9.250/1995”. A ciência pessoal dessa decisão ocorreu em 09/10/2013 (fl. 53). Em 29/10/2013, foi apresentado recurso voluntário (fl. 54), versando unicamente sobre a glosa de pensão alimentícia relativa ao seu filho Rodrigo Guajará Nossar, a qual é depositada na conta de Mariângela da Silva Guajará; assim, do total glosado, R$23.554,43, há concordância expressa com a glosa de R$15.702,98, “a título também de pensão paga para Maria Cristina Vieira Nóbrega, representante de Renata Nóbrega Nossar da Silva e Roberta Nóbrega Nossar da Silva, que na época tinham mais de 24 anos”. É o relatório. Voto Conselheiro Relator João Bellini Júnior O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. Preliminarmente, ressalto que o recorrente não recorreu da manutenção das glosas de despesas médicas e concordou expressamente com a glosa relativa à pensão alimentícia devida a suas filhas Renata e Roberta Nóbrega da Silva, pagas a Maria Cristina Vieira Nóbrega, no valor de R$15.702,98. Ausente o contraditório, nos termos do art. 15 do Decreto nº 70.235, de 1972, a seguir transcrito, consolidase administrativamente o crédito tributário correspondente. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) DA DEDUÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA A decisão recorrida decidiu a questão com base nos seguintes fundamentos: Visando comprovar a dedutibilidade dos valores informados a título de pensão alimentícia, o interessado juntou, em sua impugnação, os documentos de fl. 22 e 24 nos quais constam que: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 • O Ofício nº 456/97 expedido em 08 de abril de 1997 pelo Juízo de Direito (cópia fl. 22), relativo ao Proc. 5367/96 Alimentos, solicitou a adoção das necessárias providências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no sentido de que fosse consignado na folha de pagamento do interessado, a título de pensão alimentícia, em favor de Rodrigo Guajará Nossar, uma quantia correspondente a 15% de seus ganhos líquidos, deduzidos apenas os descontos previdenciários e fiscais e obrigatórios, devendo a quantia ser entregue, com o salário família, se houvesse, à Mariângela da Silva Guajará; e (...) Em consulta aos sistemas informatizados da RFB (Relatório do Sistema CPF fl. 37/39), constatase que Rodrigo Guajará Nossar, Renata Nóbrega Nossar da Silva e Roberta Nóbrega Nossar da Silva nasceram, respectivamente, em 19/02/1988, 08/04/1975 e 04/01/1979; logo, no início de 2008, Rodrigo, Renata e Roberta tinham, respectivamente, 19, 32 e 28 anos. Assim, como se depreende da legislação em vigor, já transcrita e comentada nos parágrafos anteriores, tendo os filhos atingido a maioridade civil (18 anos), somente seria admitida a dedução da pensão alimentícia paga em seu favor até 24 anos de idade, se ainda estivessem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, ou após essa idade, se inválidos. No presente caso, não restando comprovado que os filhos do interessado se enquadram nas situações anteriormente elencadas, deve ser mantida a glosa da dedução a título de pensão alimentícia judicial no valor de R$ 21.695,89. Diferentemente do decidido pela autoridade a quo, entendo que o limite de idade para o filho ser considerado dependente (e independente de outras situações, como incapacidade para o trabalho ou cursar estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau) é de 21 (vinte a um) anos, conforme prevê o art. 35 da Lei 9.250, de 1995, a seguir transcrito: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: (...) III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; (...) § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. § 2º Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13014.720144/201300 Acórdão n.º 2301004.821 S2C3T1 Fl. 69 5 § 3º No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. § 4º É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte. (Grifouse.) Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) III a quantia, por dependente, de: (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) (...) b) R$ 137,99 (cento e trinta e sete reais e noventa e nove centavos), para o anocalendário de 2008; (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: II das deduções relativas: (...) c) à quantia, por dependente, de: (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) (...) 2. R$ 1.655,88 (mil, seiscentos e cinqüenta e cinco reais e oitenta e oito centavos) para o anocalendário de 2008; (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) (Grifouse.) Ademais, o § 3º do art. 34, retrotranscrito, determina que podem ser considerados dependentes, no caso de filhos de pais separados, os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. No caso concreto, o filho do recorrente, Rodrigo Guajará Nossar, além de contar na época dos fatos com menos de 21 anos (comprovação da data de nascimento à fl. 37), também cursava ensino superior, como prova a declaração juntado aos autos à fl. 56; é, portanto, dedutível a respectiva pensão judicial. No entanto, o valor da pensão alimentícia sobre o décimo terceiro salário não é dedutível, em face de ser tributado exclusivmentea na fonte, nos termos do art. 26 da Lei 7.713, de 1988, dos arts. 7º, IV e 16 da Lei 8.134, de 1990, e do art. 4º, II da Lei 9.250, de 1995 (dispositivos esses consolidados nos arts. 638, IV, 641 e 643 do Decreto 3.000, de 1999 Regulamento do Imposto de Renda – RIR 99). Neste sentido, também a jurisprudência deste Carf: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. TRIBUTAÇÃO E DEDUÇÃO DE PENSÃO JUDICIAL EM SEPARADO. ARTS. 638, IV, 641 E 643 DO RIR/99. O décimo terceiro salário é tributado exclusivamente na fonte, sendo as deduções correspondentes também realizadas em separado, forte nos arts. 638, inciso IV, 641 e 643 do RIR/99. Recurso Voluntário Negado. (Acórdão 2802003.228, relator Ronnie Soares Anderson) PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL SOBRE O DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. Descabe a dedução, na declaração de ajuste anual, de pensão alimentícia já deduzida de décimo terceiro salário tributado exclusivamente na fonte. (2801 003.988, relator, Carlos Cesar Quadros Pierre) O valor da pensão alimentícia descontado do recorrente é R$21.895,89, conforme “comprovante de rendimentos pagos e de retenção do imposto de renda na fonte” da fl. 14 (e não R$23.554,43, conforme declarou em sua DAA, fl. 33). Tendo havida expressa concordância com a glosa de R$15.702,98, resta a ser deduzido, a título de pensão alimentícia, o valor de R$6.192,91 (R$21.895,89 R$15.702,98 = R$6.192,91), e não, como pretende o contribuinte, R$7.851,45. Voto, portanto, por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para cancelar a glosa relativa à pensão alimentícia devida ao filho do recorrente, Rodrigo Guajará Nossar, no valor de R$6.192,91. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 67DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10882.901011/2008-40
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.034
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 10 11 /2 00 8- 40 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 340201.309, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 174DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901011/200840 Acórdão n.º 9303004.034 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 177DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720409/2011-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2009, 2010
CONHECIMENTO. VALORAÇÃO DE PROVAS SUPOSTAMENTE DECORRENTES DA MESMA SITUAÇÃO FÁTICA.
Em se tratando do acórdão recorrido e do(s) paradigmas de mesma situação fática com caracterizada identidade probatória, é de se conhecer do feito, sob pena de se possibilitar a manutenção de decisões definitivas conflitantes em sede administrativa diante de idêntico suporte fático-probatório.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. AUSÊNCIA DE PROVAS. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. RETENÇÃO.
Nos contratos administrativos de concessão de serviço público de transporte coletivo de passageiros o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, o serviço delegado. Assim, inexistindo provas de que a Administração Pública exercia qualquer interferência direta nos serviços desempenhados pelos trabalhadores contratados, descaracterizado está o conceito de cessão de mão-de-obra para fins de aplicação da retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9202-004.395
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que não o conheceram, e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Junior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício). Designado para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2009, 2010 CONHECIMENTO. VALORAÇÃO DE PROVAS SUPOSTAMENTE DECORRENTES DA MESMA SITUAÇÃO FÁTICA. Em se tratando do acórdão recorrido e do(s) paradigmas de mesma situação fática com caracterizada identidade probatória, é de se conhecer do feito, sob pena de se possibilitar a manutenção de decisões definitivas conflitantes em sede administrativa diante de idêntico suporte fático-probatório. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. AUSÊNCIA DE PROVAS. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. RETENÇÃO. Nos contratos administrativos de concessão de serviço público de transporte coletivo de passageiros o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, o serviço delegado. Assim, inexistindo provas de que a Administração Pública exercia qualquer interferência direta nos serviços desempenhados pelos trabalhadores contratados, descaracterizado está o conceito de cessão de mão-de-obra para fins de aplicação da retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91. Recurso Especial do Procurador Negado.
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CESSÃO DE MÃO DE OBRA. RETENÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SÃO PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2009, 2010 CONHECIMENTO. VALORAÇÃO DE PROVAS SUPOSTAMENTE DECORRENTES DA MESMA SITUAÇÃO FÁTICA. Em se tratando do acórdão recorrido e do(s) paradigmas de mesma situação fática com caracterizada identidade probatória, é de se conhecer do feito, sob pena de se possibilitar a manutenção de decisões definitivas conflitantes em sede administrativa diante de idêntico suporte fáticoprobatório. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO DEOBRA. AUSÊNCIA DE PROVAS. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. RETENÇÃO. Nos contratos administrativos de concessão de serviço público de transporte coletivo de passageiros o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, o serviço delegado. Assim, inexistindo provas de que a Administração Pública exercia qualquer interferência direta nos serviços desempenhados pelos trabalhadores contratados, descaracterizado está o conceito de cessão de mãodeobra para fins de aplicação da retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que não o conheceram, e, no mérito, por unanimidade de votos, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 04 09 /2 01 1- 21 Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Junior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício). Designado para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.036 3 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o Município de São Paulo, por meio do qual exigese o recolhimento da Contribuição Previdenciária prevista no art. 31, §3º da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei nº 9.711/98, c/c o art. 219, §2º, inciso XIX do regulamento da Previdência, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, caracterizada pela retenção de 11% sobre o valor do documento fiscal emitido em razão da prestação de serviço de transporte público de passageiros. O entendimento do fiscal foi no sentido de os serviços prestados pelas empresas contratadas mediante contrato administrativo de concessão de serviço público, regido pelas Leis nº 8.666/93 e 8.987/95, caracterizam verdadeira cessão de mãodeobra em favor da municipalidade e como tal estariam sujeitos a retenção da citada contribuição. O lançamento foi lavrado também contra a concessionária prestadora do serviço, classificada como responsável solidária da obrigação tributária. Em sede de Impugnação a Prefeitura Municipal de São Paulo defende que no caso em tela inexiste cessão de mãodeobra. Estaríamos diante de prestação de serviço público de transporte à população por meio de concessionários, os quais recebem como contrapartida as tarifas pagas pelos usuários os verdadeiros tomadores do serviço, portanto não haveria fato gerador do tributo. Argumenta que se quer foi feita a verificação se houve o devido recolhimento da contribuição pela empresa prestadora do serviço. A empresa solidária, entre outros argumentos, reforça o entendimento de inexistir fato gerador ensejador da retenção, tece esclarecimentos acerca das diferenças de concessão de serviço público e mera prestação de serviço ao Poder Público, afirma ter efetuado o recolhimento da totalidade da Contribuição Previdenciária incidente sobre a folha de pagamento dos funcionários vinculados ao contrato administrativo, defende a inexistência de solidariedade e questiona a base de cálculo apurada. A Delegacia de Julgamento acolhendo os argumentos das Impugnantes julgou procedente as impugnações. Para o colegiado nos contratos de concessão de serviço publico nos moldes do ora discutido não há cessão de mãodeobra. Expôs, por meio de um verdadeiro tratado, que não tendo sido configurada a cessão de mãodeobra, assim entendida a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a sua atividade fim, não há que se falar em obrigação de reter e recolher à previdência social a importância correspondente a 11% do valor da nota fiscal ou fatura emitida pela empresa contratada. Afastou ainda, expressamente, ad argumentandum tantum, a solidariedade passiva. Em recurso de ofício o Colegiado a quo confirmou, sem qualquer ressalva a decisão da Delegacia de Julgamento. Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional citando acórdão paradigma que segundo ela trataria de situação fática exatamente idêntica a do acórdão recorrido, mudando apenas a empresa contratada. Naquela oportunidade o colegiado entendeu estar caracterizada a cessão de mão obra na prestação de serviço de transporte urbano de passageiros no Município de São Paulo. Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Foram apresentadas contrarrazões reiterando os argumentos da peça de impugnação e requerendo a manutenção da decisão recorrida por seus próprios fundamentos. É o relatório. Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.037 5 Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Da delimitação da lide: Apenas à título de esclarecimento destaco que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional insurgiuse apenas contra a parte da decisão que julgou o lançamento improcedente em razão da não caracterização da cessão de mãodeobra. Tanto a decisão da Delegacia de Julgamento quanto o acórdão recorrido, apesar de afastarem a ocorrência do fato gerador abordaram a questão da responsabilidade tributária e em ambas decisões concluise pela inaplicabilidade do instituto ao presente processo. Tal conclusão não foi objeto do recurso. Reforça as explicações acima o fato de o acórdão paradigma, apesar de ter concluído pela existência da cessão de mãodeobra, ter decido no sentido de inexistir solidariedade passiva entre a Prefeitura de São Paulo e a empresa cessionária do serviço de transporte. Também no entendimento daquele colegiado o "comando contido no inciso I do artigo 124 do CTN, que prevê a responsabilidade daqueles que têm interesse comum na ocorrência do fato gerador, não se aplica às hipóteses de contratação de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra, pois a lei é clara ao delimitar a responsabilidade exclusiva do contratante (art. 31 c.c. art. 33, § 5°, da Lei n° 8.212/91)". Do conhecimento do recurso: Analisando o teor da decisão recorrida, do Recurso Especial e do acórdão apontado com paradigma, julgo pertinente haver uma reavaliação do juízo de admissibilidade da peça recursal. A Fazenda Nacional ao interpor seu recurso, afirma que a decisão recorrida, na parte em que considerou que os serviços de transporte coletivo público de passageiros noticiados nos autos não foram executados mediante cessão de mãodeobra, divergiu do entendimento dado ao Acórdão nº 2302003.083 da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária. Para a recorrente "a situação fática trazida no acórdão paradigma é exatamente idêntica à do acórdão recorrido, qual seja, caracterização de cessão de mãodeobra na prestação de serviço de transporte urbano de passageiros no Município de São Paulo, mudando apenas a empresa contratada". Lembramos que o recurso é baseado no art. 67, do Regimento Interno (RICARF), o qual define que caberá recurso especial de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 No presente caso, ambas decisões recorrida e paradigma possuem o mesmo entendimento acerca da legislação, qual seja, é cabível a retenção de 11% sobre o valor do documento fiscal emitido em contratos administrativos que envolvem transporte coletivo de passageiros desde que fique configura cessão de mãodeobra. Percebese, portanto, que o objetivo do recurso interposto é na verdade a realização da revisão do juízo de valor exercido pelos julgadores da turma a quo, fato que conforme já me manifestei em outras ocasiões deveria ser suficiente para ensejar o não conhecimento do recurso. De toda forma, conhecendo o entendimento majoritário deste colegiado faço também outro apontamento que a meu ver nos leva a mesma conclusão. Segundo se depreende do relatório do acórdão paradigma o contrato objeto daquele lançamento, apesar de possuir traços semelhantes com o contrato ora discutido, possui uma especificidade: tratase de contrato de prestação de serviço, não submetido a processo de licitação e firmado única e exclusivamente para atender demanda emergencial da Municipalidade. E para chegar a minha conclusão cito parte do voto do Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, relator do acórdão paradigma: Compatibilidade entre Cessão de Mãodeobra e Concessão. Natureza Jurídica do Contrato. Nomen Iuris. Conceitos Doutrinários x Realidade dos Autos. Da análise dos autos, destacase, de largada, que importa muito pouco, para o presente voto, a forma de contratação dos serviços, se mediante delegação, nas suas formas de permissão e concessão; ou por intermédio de mero contrato administrativo de prestação de serviço. Importanos, muito mais, como, efetivamente, foram cumpridas as obrigações das partes, se mediante cessão de mão deobra ou não. (grifei) Ora, se nos dois processos estivéssemos diante de contratos administrativos de concessão de serviço público derivados do mesmo certame licitatório, poderíamos até supor que ambos seriam iguais, ou pelo menos semelhantes, não havendo qualquer variação substancial em suas cláusulas capaz de afastar o entendimento daquele colegiado caso o presente processo o fosse submetido. Ocorre que pelas circunstâncias fáticas que envolveram a celebração do contrato analisado pelo acórdão paradigma e a respectiva prestação do serviço (atendimento a uma situação emergencial), apesar da semelhança exposta pelo relatório, não tenho segurança em afirma que estamos diante de instrumentos com conteúdos análogos e cujos serviços foram prestados segundo as mesmas regras. Importante mencionar ainda o fato de (após o exame de admissibilidade) ter ocorrido a reforma do acórdão paradigma, tendo essa Câmara Superior em sua composição anterior e por unanimidade dos votos, concluído pela não configuração da "cessão de mãode obra determinada na Lei 8.212/1991 (colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços), mas sim a prestação de serviço determinado, em que o prestador assume o risco da atividade econômica, motivo do cancelamento do lançamento e do conseqüente provimento do recurso do contribuinte citado." Diante do exposto voto pelo não conhecimento do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.038 7 Do mérito: Vencida quanto ao conhecimento, passo a me manifestar quanto ao mérito do recurso o qual, conforme acima esclarecido, limitase a discutir se há nos autos elementos suficientes para caracterizar como cessão de mãodeobra a prestação de serviço público de transporte de passageiros contratado mediante contrato administrativo de concessão de serviço público. E neste aspecto comungo do entendimento externado pela decisão da Delegacia Fiscal e também do colegiado a quo para os quais inexiste provas quanto a ocorrência da cessão de mãodeobra haja vista a ausência de caracterização de um dos elementos essenciais: colocação do segurados empregados da contratada à disposição da contratante. A obrigação dos tomadores de serviços de cessão de mãodeobra de reterem 11% sobre as faturas e notas fiscais correspondentes está prevista no art. 31 da lei nº 8.212/91, com a seguinte redação: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mãodeobra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. § 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mãodeobra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. § 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. § 3o Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. § 4o Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 III empreitada de mãodeobra; IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. § 5o O cedente da mãodeobra deverá elaborar folhas de pagamento distintas para cada contratante. § 6o Em se tratando de retenção e recolhimento realizados na forma do caput deste artigo, em nome de consórcio, de que tratam os arts. 278 e 279 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, aplicase o disposto em todo este artigo, observada a participação de cada uma das empresas consorciadas, na forma do respectivo ato constitutivo. No caso do serviços de transporte de passageiros a obrigatoriedade da retenção está prevista no art. 219, §2º, XIX do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99: Art.219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5º do art. 216. §1º Exclusivamente para os fins deste Regulamento, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa, independentemente da natureza e da forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, entre outros. §2º Enquadramse na situação prevista no caput os seguintes serviços realizados mediante cessão de mãodeobra: ... XIX operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de concessão ou subconcessão; ... A leitura dos dispositivos acima revelam que só estará obrigado à retenção aquele que contrata a cessão de mãodeobra. Assim, na prática, em cada contrato administrativo de prestação de serviços em favor do Poder Público, deve ser observado se há o elemento caracterizador da cessão de mãodeobra, qual seja, se os empregados do cedente são postos à disposição do tomador dos serviços, à semelhança do que ocorre em uma relação de emprego. Ora, como exaustivamente esclarecido na decisão de primeira instância e na decisão recorrida, estamos diante de contrato administrativo de concessão de serviço público de prestação de transporte coletivo de passageiros. Tal contrato é regido pelas leis 8.666/93 e 8.987/95 sendo que essa em seu art. 2º, II, conceitua concessão de serviço publico como sendo a delegação de funções essenciais do estado à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado: Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.039 9 O Doutrinador Hely Lopes Meirelles, na obra Direito Administrativo Brasileiro, 30ª edição, p. 370/371, esclarece que "serviços concedidos são todos aqueles que o particular executa em seu nome, por sua conta e risco, remunerados por tarifa, na forma regulamentar, mediante delegação contratual ou legal do Poder Público concedente. Serviço concedido é serviço do Poder Público, apenas executado por particular em razão da concessão". Os professores Roque Antonio Carrazza e Eduardo Domingos Bottallo (in Revista Dialética de Direito Tributária nº 169. p. 136), sintetizaram muito bem a diferença ora discutida: A cessão (ou locação) é espécie do gênero prestação de serviços e se configura quando esforço humano posto à disposição do contratante (tomador dos serviços) consiste na própria colocação da mãodeobra, para que este dela faça uso, segundo suas conveniências e necessidades. Por outro lado, pode haver a contratação de prestação de serviços mediante utilização de pessoal pertencente a quadro próprio do prestador, que se encarrega da respectiva execução, ou, em outras palavras, de dar cumprimento à assumida obrigação de fazer. Nestes casos, embora exista prestação de serviços, não há cessão de mãodeobra. Como vemos, o elemento diferenciador entre a prestação de serviço (gênero) e a cessão ou locação de mãodeobra (espécie) reside no seguinte: se não houver subordinação dos empregados ao contratante (tomador de serviços), não haverá cessão ou locação de mãodeobra, mas apenas prestação de serviço. Já pelo contrário, se a sujeição dos empregados às ordens do tomador do serviço for característica marcante do contrato, então, aí sim, haverá autêntica prestação de serviços mediante cessão ou locação de mãodeobra. Diante dessa premissa é possível afirmar com segurança que no caso concreto não houve cessão de mão de obra, afinal o objeto do contrato era exatamente a prestação de um serviço pelo particular e não a contratação de mão de obra pelo Município. Para Prefeitura de São Paulo não importava a forma como os segurados empregados da contratada iriam executar o serviço, esses trabalhavam sob a gerência da própria contratada, o que lhe importava era o produto final da prestação: transporte eficiente, contínuo e com segurança a todos os cidadãos. Na prática são poucos os contratos de concessão de serviço público celebrados pela Administração Pública em que esta interfere diretamente nos trabalhos desenvolvidos pelo particular contratado, na grande maioria dos casos o ente não exerce qualquer ato de coordenação direta sobre os trabalhos da empresa contratada. Em regra o Poder Público limitase a verificar o regular cumprimento do contrato nos termos em que fixado pelo edital e essa interferência indireta é decorrência lógica do fato de a concessão ser sempre feita no interesse da coletividade, e, assim sendo, o concessionário ter o dever de prestar o serviço em condições adequadas para o público. A própria Constituição Federal, art. 175, parágrafo único, prevê esse Poder Dever da Administração Pública de regulamentar e fiscalizar os contratos de concessão de serviços públicos, exigindo do legislador a edição de lei para dispor sobre (I) o regime das Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; (II) os direitos dos usuários; (III) política tarifária; e (IV) a obrigação de manter serviço adequado. E aqui estamos falando da já citada Lei nº 8.987/95, cujo art. 23 traz quais são as cláusulas essenciais que devem constar dos contratos administrativos de concessão de serviço público: Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas: I ao objeto, à área e ao prazo da concessão; II ao modo, forma e condições de prestação do serviço; III aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço; IV ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas; V aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e conseqüente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações; VI aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço; VII à forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercêla; VIII às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação; IX aos casos de extinção da concessão; X aos bens reversíveis; XI aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas à concessionária, quando for o caso; XII às condições para prorrogação do contrato; XIII à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas da concessionária ao poder concedente; XIV à exigência da publicação de demonstrações financeiras periódicas da concessionária; e XV ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais. Mais uma vez tomando os ensinamentos do Administrativista Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, 30ª edição p. 379/380) ressaltamos: a "fiscalização do serviço concedido cabe ao Poder Público concedente, que é o fiador da sua regularidade e boa execução perante os usuários. Já vimos que serviços públicos e serviços de Fl. 1044DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.040 11 utilidade pública são sempre serviços para o público. Assim sendo, é dever do concedente exigir sua prestação em caráter geral, permanente, regular, eficiente e com tarifas módicas (art. 6º, §1º). Para assegurar esses requisitos, indispensáveis em todo serviço concedido, reconhecese à Administração Pública o direito de fiscalizar as empresas, com amplos poderes de verificação de sua administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros, principalmente para conhecer a rentabilidade do serviço, fixar as tarifas e punir as infrações regulamentares e contratuais." A meu ver as cláusulas integrantes do contrato celebrado entre a Prefeitura de São Paulo, por meio de sua Secretaria Municipal de Transportes, e o particular prestador do serviço, que na visão da Fiscalização ajudaram a caracterizar a cessão de mão de obra, são cláusulas que visaram exclusivamente dar cumprimento a determinação legal. Vale citar: trajetos e horários das viagens, quantidade e qualidade dos recursos materiais e humanos empregados, forma de remuneração direta (tarifas) e indireta (receitas adicionais), entre outros. No mais, parece inexistir fundamento para a alegação de que teria ocorrido a cessão de mãodeobra pelo simples fato de que a empresa contratada deixou de contar com a força do labor dos profissionais 'cedidos', ou seja, esses não estariam disponíveis para realização de outro trabalho; por questão lógica uma mesma pessoa não pode, em um mesmo momento, desempenhar suas funções em dois locais distintos. Vale citar ainda, que inexistia no contrato qualquer cláusula de exclusividade de atuação de determinado funcionário. Portanto, não havia qualquer impedimento do trabalhador ser deslocado pelo particular para exercer outras funções, o que havia era o impedimento de que o serviço fosse interrompido, devendo a contratada diligenciar no sentido de haver a manutenção do número de funcionários suficientes para o seu fiel cumprimento do contrato. Destacase que entre cláusulas contratuais que tratavam de mãodeobra havia apenas a exigência de operar somente com pessoal devidamente capacitado e habilitado, mediante contratações regidas pelo direito provado e legislação trabalhista, assumindo todas as obrigações delas decorrentes, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros contratados pelo operador e o Poder Público, e ainda a obrigação de apresentar, quando solicitado, a comprovação de regularidade das obrigações previdenciárias e para com o FGTS. O fato de haver previsão de serem estabelecidos critérios (cláusula 19.1.25) para realização dos descontos das parcelas da remuneração dos funcionários destinados ao pagamento do INSS, a meu ver, tratase de questões operacional necessária. Estamos diante de um mesmo serviço que visa atender usuários de todo o município, entretanto é prestado por pessoas jurídicas distintas. Para não haver tratamento desigual entre os funcionários contatados pelo particular, gerando conflitos que poderiam prejudicar a correta prestação do serviço em sua totalidade, era crível que se estabelecesse um tratamento padrão. No mais, importante citar que o art. 71 da Lei nº 8.666/93 deixa claro que a responsabilidade pelos 'encargos trabalhistas' é da empresa contratada, sendo o Poder Público solidário apenas nos casos do descumprimento das obrigações previdenciárias: Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. Fl. 1045DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 § 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. § 2o A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. E aqui julgo pertinente fazer uma consideração sobre a remissão ao art. 31 da Lei nº 8.212/91. Por ora tenho dúvidas se a intenção do legislador foi a de exigir dos entes públicos a retenção dos 11% sobre a prestação do serviço. Isso porque a redação do art. 71 da Lei nº 8.666/93 foi dada pela Lei nº 9.032/95, sendo que nessa época a redação do art. 31 da Lei nº 8.212/95 não trazia qualquer previsão de retenção, na verdade apenas afirmava nos termos do parágrafo segundo que a Administração Pública era responsável solidária com os contratantes em relação aos débitos previdenciários. A obrigação da retenção surge a primeira vez apenas em 1998, com redação dada ao art. 31 pela Lei nº 9.711. Por fim, apesar de não ser esse o entendimento da maioria deste colegiado, manifestome que deve ser considerado o fato de que a retenção cobrada nada mais é do que uma antecipação do valor devido à título de contribuição correspondente aos 20% sobre a remuneração paga aos segurados. Assim, mesmo que tenha sido descumprida a obrigação e mesmo que haja a presunção de retenção nos termos do art. 33, §5º da Lei nº 8.212/91, a meu ver, essa regra não legitima a cobrança em duplicidade do crédito tributário, ou seja, havendo prova de que a empresa contratada pagou corretamente o débito (como ocorre nos autos), seria inviável exigirse o correlato crédito do Poder Público. Diante do exposto, ausente qualquer prova capaz de caracterizar cessão de mão de obra, nego provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 1046DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 19311.720409/201121 Acórdão n.º 9202004.395 CSRFT2 Fl. 1.041 13 Voto Vencedor Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar quanto ao conhecimento do pleito. Inicialmente, admito já ter me posicionado no sentido de não estar contemplada na cognição desta instância a solução de divergências decorrentes de exclusiva divergente valoração probatória na instância ordinária, a qual deveria ser resolvida através do instituto processual da conexão entre feitos (vide, a propósito, Declaração de Voto no âmbito do Acórdão CSRF 9202004.252, de 22 de junho de 2016). Todavia, vislumbro necessidade de rever o referido posicionamento, especificamente no caso em que haja identidade fáticoprobatória nítida entre Acórdão recorrido e paradigma, de forma a que, uma vez também não mais se devendo declarar conexos os processos (recomendável somente a conexão até o momento da distribuição, agora, em meu entendimento), caso não se conheça do Recurso, possa se estar a referendar decisões definitivas conflitantes em termos de critério jurídico aplicado em casos com nítida identidade fático probatória. Explico melhor. Há casos em que, repitase, temse: a) Identidade fático probatória caracterizada entre os feitos recorrido e paradigma(s); b) As decisões de piso são conflitantes em termos do critério jurídico aplicado aos dois cenários fáticoprobatórios (idênticos para fins de aplicação da solução jurídica) e c) Não é mais recomendável que se declare, a esta altura, a conexão entre os feitos, visto que um deles ou ambos já foi objeto de distribuição, de forma a que, assim, reste priorizado por este Órgão o princípio do juiz natural e garantida, desta forma, a completa imparcialidade deste Conselho, objetivonúcleo de tal princípio. Em tal cenário (e somente neste cenário, onde presentes as três condições acima, de forma cumulativa) entendo que, a fim de evitar a insegurança jurídica que adviria da prolação, por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de duas soluções jurídicas distintas, de caráter definitivo, diante de idênticos arcabouços fáticoprobatórios, deva se debruçar também esta Câmara Superior, aqui, sobre o Recurso Especial admitido, buscandose, assim, que se tenha, no âmbito deste CARF, decisões jurídicas uniformes acerca de um mesmo tema, quando considerados idênticos cenários fáticoprobatórios. Feita tal digressão e atendome especificamente agora ao caso em concreto, novamente com a devida vênia ao entendimento esposado pela Relatora, vislumbro clara identidade entre as situações fáticas dos Acórdãos recorrido e paradigma e também entre os contratos utilizados para fins de contratação do transporte público de passageiros sob análise nos feitos recorrido e paradigmático, não interferindo, em meu entendimento, para fins de análise da caracterização ou não do instituto de cessão de mão de obra (cerne do caso em questão), nem o nomen juris do contrato e nem a modalidade sob o qual foi realizado (mesmo certame licitatório ou não), sendo relevante, sim, a meu ver, a coincidência entre as cláusulas contratuais de interesse para análise do instituto, de forma a ter restado caracterizada, assim, a identidade fáticoprobatória supramencionada. Fl. 1047DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 14 Destarte, diante de tal cenário, em que pese meu entendimento anteriormente manifestado acerca do limite de cognição desta Turma estar limitada a solução de divergências de natureza exclusivamente interpretativa, curvome, aqui, uma vez, repitase, caracterizada as divergentes decisões de piso em cenários fáticoprobatórios idênticos para fins de caracterização do instituto de cessão de mão de obra, e, também repetindo, uma vez não mais recomendável a reunião dos feitos por conexão a esta altura (há feito distribuído já em julgamento), à necessidade de se conhecer do pleito fazendário, sob pena de se estar a promover grave insegurança jurídica pela possibilidade de manutenção, por este CARF, de decisões administrativas definitivas conflitantes, sem que se caracterize, entre os diferentes casos, dessemelhança suficiente, seja quanto à situação fática, seja quanto aos elementos de prova relevantes para a decisão do feito. Assim, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 1048DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por HEITO R DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903662/2012-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 13/04/2006
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.630
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 62 /2 01 2- 38 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903662/201238 Acórdão n.º 3402003.630 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06046.003, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903662/201238 Acórdão n.º 3402003.630 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903662/201238 Acórdão n.º 3402003.630 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903662/201238 Acórdão n.º 3402003.630 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903662/201238 Acórdão n.º 3402003.630 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.726599/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 24/07/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.489
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 24/07/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 65 99 /2 01 1- 11 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 131DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 134DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 137DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.726599/201111 Acórdão n.º 3302003.489 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 138DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10730.722234/2015-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. REGULARIDADE DO LANÇAMENTO.
Constatado por meio da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte - DIRF que o contribuinte deixou de prestar na Declaração de Ajuste Anual - DAA informações relativas a rendimentos do trabalho, auferidos no decorrer do ano calendário e sendo essas informações corroboradas por provas trazidas aos autos pelo próprio contribuinte, fica caracterizada omissão de rendimentos, restando atestada a regularidade do crédito tributário lançado.
DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTE E DE EXISTÊNCIA DE ACORDO HOMOLOGADO JUDICIALMENTE. DEDUTIBILIDADE.
A dedução de despesas com pensão alimentícia requer, além da efetiva comprovação do pagamento, a prova de que o ônus tenha sido suportado pelo contribuinte por força de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.458
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial no sentido de restabelecer a dedução no valor de R$ 49.309,00 (quarenta e nove mil trezentos e nove reais), conforme informado na DAA.
(Assinado Digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado Digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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REGULARIDADE DO LANÇAMENTO. Constatado por meio da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF que o contribuinte deixou de prestar na Declaração de Ajuste Anual DAA informações relativas a rendimentos do trabalho, auferidos no decorrer do ano calendário e sendo essas informações corroboradas por provas trazidas aos autos pelo próprio contribuinte, fica caracterizada omissão de rendimentos, restando atestada a regularidade do crédito tributário lançado. DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTE E DE EXISTÊNCIA DE ACORDO HOMOLOGADO JUDICIALMENTE. DEDUTIBILIDADE. A dedução de despesas com pensão alimentícia requer, além da efetiva comprovação do pagamento, a prova de que o ônus tenha sido suportado pelo contribuinte por força de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 22 34 /2 01 5- 13 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento parcial no sentido de restabelecer a dedução no valor de R$ 49.309,00 (quarenta e nove mil trezentos e nove reais), conforme informado na DAA. (Assinado Digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10730.722234/201513 Acórdão n.º 2402005.458 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre – DRJ/POA, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), relativa ao ano calendário 2012 / exercício 2013, apurando imposto suplementar R$ 8.552,29 (oito mil, quinhentos e cinquenta e dois reais e vinte e nove centavos). O crédito foi constituído em razão da omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício, no valor de R$ 3.420,00 (três mil quatrocentos e vinte reais) e de glosa de despesas deduzidas a título de Pensão Alimentícia Judicial, no valor de R$ 49.309,00 (quarenta e nove mil e trezentos e nove reais), por falta de comprovação ou de previsão legal para sua dedução. Na apuração do tributo devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos, no valor de R$ 149,77 (cento e quarenta e nove reais e setenta e sete centavos). O contribuinte contestou o lançamento por meio da impugnação de fls. 2/3, cujas alegações se reproduz do Acórdão 1056.176 da 8ª Turma da DRJ/POA: 1) Teria sido intimado, previamente à Notificação de Lançamento, para apresentar vários documentos comprobatórios, e alega ter atendido à intimação. 2) Em maio/2015, teria constatado uma pendência de um valor não declarado de R$ 3.420,00, com IRRF de R$ 149,77. Teria solicitado recibo da fonte pagadora e buscado a Procuradoria da Receita Federal do Brasil (RFB) com o propósito de regularizar sua situação. (...) 3) Em junho/2015, teria sido notificado pela RFB, de que não foram contempladas as deduções relativas à Pensão Judicial, por conta de exigência de Carta de Sentença. Anexa, na impugnação, cópia da Carta de Sentença (fl. 10) e da Sentença Judicial (fls. 11/13). O contribuinte requer que seja acolhida sua impugnação para cancelar o débito fiscal reclamado, e que o valor da restituição de seu imposto de renda lhe seja depositado. A DRJ/POA julgou a impugnação improcedente (Acórdão de Impugnação de fls. 31/34), por entender que o contribuinte não comprovou a inexistência de omissão de rendimentos do trabalho e não demonstrou, mediante documentos hábeis, a obrigatoriedade do pagamento de pensão alimentícia em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, ou em face de escritura pública de separação ou divórcio consensual. Por ocasião do recurso voluntário o Recorrente apresenta: Fl. 99DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 4 a) Comprovante de transferência bancária da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu (fl. 42), no valor de R$2.791,43 (dois mil setecentos e noventa e um reais e quarenta e três centavos), datada do 08/10/2012. Informa em relação ao comprovante que: Nada consta acerca de deduções; O recibo foi encaminhado pelo Parque Tecnológico de Itaipu e recebido pelo Contribuinte; sempre concordou que o valor do contrato foi de R$3.420,00 (três mil quatrocentos e vinte reais); entende que tenha havido dedução na Fonte de impostos pertinentes; Como tratase de recibo de pessoa jurídica, entendeu que estariam contempladas as deduções de direito; Não houve intenção de dolo. Pelo contrário, sempre concordou que houve esse pagamento e, quando solicitado, providenciou o recibo da fonte pagadora; b) Documentos relativos a direito de dedução de pensão alimentícia judicial: Sentença de Conciliação do Divórcio (43/45); Registro de Divórcio Consensual (fl. 46); Registro de Averbação do Divórcio (fl. 47); c) Comprovantes bancários de pagamento de pensão: Extrato de sua conta bancária com registros de transferências de valores mensais variados a Gisselly Mazetti Gil, no ano de 2012 (fls. 48/65); d) Comprovantes de recebimento de pensão: Extratos bancários da conta de Gisselly Mazetti Gil com registro de recebimento de valores mensais e variados da conta corrente do Recorrente (fls. 66/89); e) Declaração de Gisselly Mazetti Gil, informando ter recebido do Recorrente pensão no valor deduzido da Declaração de Ajuste Anual – DAA de 2012 (fl. 90); f) Declaração de Gisselly Mazetti Gil, informando que a forma de pagamento da pensão (depósito em conta corrente) teria sido uma opção dela, manifestada em juízo (fl. 91). Por fim, requer o Recorrente que seu recurso seja deferido e demanda prioridade para sua restituição em face do Estatuto do Idoso. É o relatório. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10730.722234/201513 Acórdão n.º 2402005.458 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Da Omissão de Rendimentos Nos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, o rendimento bruto da pessoa física será integrado pelo produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, pelos alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda pelos proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. O art. 9º da Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990, por seu turno, impõe ao contribuinte a obrigatoriedade de apresentação de DAA, a qual, para a correta definição da base de cálculo do IRPF e para a determinação do saldo do imposto a pagar ou a restituir, deve conter todos os rendimentos auferidos ao longo do ano calendário. Sem olvidar dos demais fundamentos legais invocados para o lançamento decorrente da omissão de rendimentos, o fato é que informações constantes do banco de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil, extraídas da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF da Fundação Parque Ecológico Itaipu – Brasil, CNPJ 07.769.688/000118, dão conta que o contribuinte recebeu R$ 3.420,00 (três mil quatrocentos e vinte reais) da citada empresa, com Imposto de Renda Retido na Fonte de R$ 149,77 (cento e quarenta e nove reais e setenta e sete centavos). Convém mencionar que a DIRF é considerada documento idôneo para o fim de comprovar os valores dos rendimentos tributáveis e do Imposto Retido na Fonte e goza de presunção de veracidade, ainda mais quando não há indícios de equívocos com relação às informações prestadas. Além disso, o comprovante apresentado na impugnação, que atesta a ocorrência de transferência de numerários da Fundação Parque Ecológico Itaipu para a conta bancária do Recorrente, somente corrobora as conclusões da Fiscalização de que o sujeito passivo deixou de informar em sua DAA parte dos rendimentos decorrentes do trabalho o que caracteriza, sem qualquer sobra de dúvidas, omissão de rendimentos. Por essas razões, constatado por meio da DIRF que o contribuinte deixou de prestar ao órgão fiscalizador informações relativas a rendimentos do trabalho auferidos no decorrer do ano calendário e sendo essas informações corroboradas por provas trazidas aos autos pelo próprio contribuinte, fica caracterizada omissão de rendimentos, restando atestada a regularidade do lançamento do crédito tributário. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 6 Glosa de Despesas com Pensão Alimentícia No que se refere à possibilidade de dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF, o inciso II do art. 4º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, dispõe: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: [...] II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; [...] Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Grifei) O Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda – RIR, regulamenta a hipótese de dedução dos valores pagos a título de pensão alimentícia, nos seguintes termos: Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. § 2º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. § 3º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. § 4º Não são dedutíveis da base de cálculo mensal as importâncias pagas a título de despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). Fl. 102DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10730.722234/201513 Acórdão n.º 2402005.458 S2C4T2 Fl. 5 7 § 5º As despesas referidas no parágrafo anterior poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração anual, a título de despesa médica (art. 80) ou despesa com educação (art. 81) (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). (Grifei) O caput e os §§ 1º e 2º do art. 73 do RIR, nos termos dos §§ 3º a 5º do DecretoLei nº 5.844, de 1943, estabelecem a necessidade de comprovação das despesas deduzidas da base de cálculo do IRPF e a possibilidade de glosa de deduções indevidas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). De acordo com as disposições normativas reproduzidas acima, as deduções de despesas a título de pensão alimentícia na DAA devem obedecer cumulativamente aos seguintes requisitos: i) a comprovação do efetivo pagamento aos alimentados; e ii) que esses pagamentos decorram do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. Ainda de acordo com os normativos cotejados, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. Por entender que os requisitos previstos na Lei nº 9.250/95 para a dedução da pensão alimentícia não foram observados, a DRJ/POA resolveu por considerar a impugnação improcedente e por manter do crédito tributário exigido. O Recorrente, por sua vez, alega fazer jus à dedução e para tanto apresenta Sentença de Conciliação do Divórcio (43/45), Registro de Divórcio Consensual (fl. 46) e Registro de Averbação do Divórcio (fl. 47). Informa ter celebrado acordo judicial de divórcio consensual com Gisselly Mazetti Gil, ficando estabelecida pensão alimentícia mensal, com pagamento por meio de depósito na conta corrente. Apresenta i) extratos de sua conta bancária com registros de transferências de inúmeros valores mensais variados para sua exesposa, no ano de 2012; ii) extratos da conta da exesposa com os créditos dos valores por ele transferidos; e iii) declarações de Gisselly Mazetti Gil, informando ter recebido a pensão no valor deduzido da DAA e que a forma de pagamento, por meio de transferência bancária, teria sido opção dela, manifestada em juízo, por ocasião do divórcio. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 8 Da análise dos documentos apresentados, verificase que na sentença de divórcio consensual, homologada pela 6ª Vara de Família da Comarca do Rio de Janeiro (fls. 45/47), há previsão de que o Recorrente deverá pagar, a título de pensão alimentícia, o equivalente a 720% (setecentos e vinte por cento) salários mínimos mensais, a partir de julho de 2006, que deverão ser depositados na conta corrente da beneficiária. Considerandose que embora os pagamentos relativos ao ano de 2012 não tenham sido feitos no dia 5 (cinco) de cada mês e em uma única parcela, conforme previsto na sentença de divórcio, o fato é que os extratos bancários de fls. 48/65 e 66/89 comprovam que efetivamente foram realizadas transferências bancárias, no valor anual de R$ 51.992,00 (cinquenta e um mil, novecentos e noventa e dois reais), da conta corrente do contribuinte para a de Gisselly Mazetti Gil. E mais, há declaração da beneficiária (fl. 90) atestando ter recebido, naquele ano, a título de pensão alimentícia, R$ 49.309,00 (quarenta e nove mil trezentos e nove reais). Desse modo, considerandose que em 2012 o salário mínimo correspondia a R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais), concluise que o valor mensal da pensão (720% X R$ 622,00) era de R$ 4.478,40 (quatro mil, quatrocentos e setenta e oito e reais e quarenta centavos), o que corresponde à cifra anual de R$ 53.740,80 (cinquenta três mil, setecentos e quarenta reais e oitenta centavos). Assim, entendo que se deva restabelecer a dedução da pensão alimentícia, no valor de R$ 49.309,00 (quarenta e nove mil trezentos e nove reais), conforme informado na DAA. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e, no mérito, dar PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto. (Assinado Digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 25 /08/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO
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Numero do processo: 10980.006755/2005-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o prequestionamento das matérias recorridas.
Numero da decisão: 9202-004.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o prequestionamento das matérias recorridas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 67 55 /2 00 5- 06 Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 207 2 Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2201001.293, prolatado pela 1a Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 29 de setembro de 2011 (efls. 102 a 107). Ali, por unanimidade de votos, rejeitouse a preliminar e, no mérito, negouse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2000 Ementa: NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto nº. 70.235, de 1972 e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento. RESERVA LEGAL. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO. O § 8º do art. 16 da lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal) traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel da área de reserva legal. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal, condição indispensável para a exclusão dessas áreas na apuração da base de cálculo do ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. O fisco pode exigir a comprovação da área de preservação permanente cuja exclusão o contribuinte pleiteou na DITR. Não comprovada a existência efetiva da área mediante laudo técnico, é devida a glosa do valor declarado. ÁREAS DE PASTAGEM. EXCLUSÃO. A exclusão das áreas de pastagens para fins de apuração do grau de utilização do imóvel, pressupõe a comprovação de estoque de animais em quantidade suficiente para, considerando índices de lotação definidos tecnicamente, justificar a classificação da tal área. Cabe ao contribuinte comprovar a existência dos animais. PROJETO DE REFLORESTAMENTO. COMPROVAÇÃO. Para comprovação da existência de prometo de reflorestamento em curso é imprescindível a especificação do momento da implantação do projeto e o prazo de sua implantação, devendo esses dados serem demonstrados mediante documentos apresentados a órgãos públicos responsáveis pela aprovação e/ou controle do projeto. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 208 3 Preliminar rejeitada Recurso negado Decisão: por unanimidade, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. Encaminharamse, então, os autos ao contribuinte para fins de ciência da decisão, ocorrida em 06/03/2011 (efl. 111). Insurgindose contra o Acórdão, o autuado apresentou Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 113 a 135 e anexos). Ainda que se alegasse, no pleito, divergência passível de apreciação por esta Turma em cinco diferentes matérias, o Recurso restou admitido tão somente quanto à matéria de fluência do prazo decadencial (vide despachos de efls. 177 a 188). Aqui, alega o recorrente divergência em relação ao decidido no Acórdão 220200.667, de lavra da 2a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a. Seção deste CARF e também em relação ao decidido pela mesma Turma, através do Acórdão CSRF 2.20200.685, ambos prolatados em 10 de novembro de 2010, de ementas e decisões a seguir transcritas: Acórdão 220200.667 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1995, 1996 ITR LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DECADÊNCIA. Sendo a apuração e o pagamento do 1TR efetuados pelo contribuinte, nos termos do artigo 10, da Lei nº 9,393, de 1996, e independente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, devendo o prazo decadencial ser contado do fato gerador, que ocorre em 01 de janeiro (art, 150, § 4," do CTN). ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. Devidamente comprovado que a área é de preservação florestal/interesse ecológico a mesma poderá ser excluída da base de cálculo do ITR.Argüição de decadência acolhida.Recurso provido. Decisão: por unanimidade de votos, acolher a argüição de decadência suscitada pelo Relator, para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo ao exercício de 1995 e, no mérito, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Acórdão 220200.685 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 1998 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 209 4 Ementa: ITR LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DECADÊNCIA – Sendo a apuração e o pagamento do ITR efetuados pelo contribuinte, nos termos do artigo 10, da Lei nº 9.393, de 1996, e independente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação devendo o prazo decadencial ser contado do fato gerador, que o corre em 01 de janeiro (art. 150, § 4.º do CTN). Decisão: por unanimidade de votos, acolher a argüição de decadência suscitada pelo Relator, para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário lança do. Em linhas gerais, argumenta a contribuinte em sua demanda quanto à matéria admitida que: a.1) Ressalta que a decadência é matéria de ordem pública que deve ser conhecida de ofício pelo julgador administrativo e pode ser alegada pelo interessado a qualquer tempo ou grau de jurisdição, conforme já assentado na jurisprudência deste CARF; b) Ressalta que o ITR é imposto sujeito à sistemática de lançamento por homologação e, que, como o fato gerador do imposto se deu em 01/01/2000, a União teria até 01/01/2005 para rever a declaração, uma vez que houve antecipação de pagamento (vide efl. 06). Defende, portanto, que, in casu, o recorrente efetuou sua declaração e antecipou o pagamento dos valores por ele apurados referentes a fato gerador do ITR ocorrido em 01/01/2000, sendo que a Fazenda Nacional apenas veio a revisar e a lançar o imposto suplementar em 11/07/2005, momento no qual restava decaído o seu direito. Diante disto, cumpre a esta Câmara Superior de Recursos Fiscais conhecer do presente recurso para declarar a existência de decadência reconhecendo a improcedência da autuação perpetrada contra a recorrente. Requer, assim, que seja conhecido o recurso e lhe seja dado provimento recurso, a fim de que se reforme o Acórdão recorrido e se anule a exigência fiscal. Encaminhados os autos à Fazenda Nacional para fins de ciência em 31/03/2014 (efl. 193), esta apresenta em 04/04/2014 (efl. 200) contrarrazões de efls. 194 a 199, onde: a) Ressalta que no recorrido não há pronunciamento sobre a decadência, que é a única matéria admitida pelo presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF em despacho, posteriormente confirmado pelo presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, para o efeito de julgamento do recurso especial interposto pelo contribuinte. Nota que para prequestionar a matéria, o recorrente poderia ter oposto embargos de declaração. Contudo, o contribuinte optou interpor diretamente o recurso especial para discutir a decadência do lançamento, sem observar o requisito de prequestionamento, pressuposto de admissibilidade do recurso, conforme previsto no art. 67, § 3º, do Regimento deste CARF. Sendo assim, se o assunto não foi prequestionado, o recurso não poderia ser recebido, ainda que verse sobre matéria de ordem pública, colacionando, a propósito, jurisprudência oriunda do STF que sustentaria sua argumentação. Requer, assim, que o pleito do Contribuinte não seja conhecido. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 210 5 É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende a estes requisitos de admissibilidade quanto à matéria admitida. Todavia, quanto ao requisito de prequestionamento, expresso no art. 67, §3o. do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com a devida vênia ao despacho de admissibilidade de efls. 177 a 188, creio que o referido deva sofrer nova análise. Explico. Entendo, em linha com a Súmula STJ no. 211, baseada na legislação processual vigente à época da interposição do Recurso (CPC/1973), restar o referido requisito cumprido somente quando a questão jurídica (ou, mais propriamente, a categoria jurídica) que se elege como matéria recorrida tenha sido objeto de análise pela decisão recorrida, seja quando da decisão originalmente prolatada, seja, ainda, quando da eventual posterior decisão integrativa proferida em sede de embargos declaratórios admitidos e acolhidos, o que, ressalvadas as hipóteses de matérias de ordem pública levantadas pela autoridade julgadora de 1a. instância e pelo Colegiado a quo, remete às alegações trazidas pelo contribuinte aos autos (vedada, em outras hipóteses, a manifestação, pelos julgadores, acerca de matéria não arguída). A propósito: REsp 1.390.617/SC RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE, FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO DE VULNERÁVEL, AMEAÇA, COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO E CONTRAVENÇÃO PENAL DE FORNECER BEBIDAS ALCOÓLICAS A MENOR DE IDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO. SUPOSTA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP. INEXISTÊNCIA. PROVAS OBTIDAS NA FASE INQUISITORIAL, LACRADAS E EXCLUÍDAS EM DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA RCL 12.484/DF. INSUBSISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A DENÚNCIA E SUBSEQUENTE CONDENAÇÃO DELA DECORRENTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL RECONHECIDO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO, PREJUDICADAS AS DEMAIS QUESTÕES. 1. Entendese como prequestionada a matéria que foi objeto de análise e decisão do acórdão recorrido, sendo despicienda a referência expressa a dispositivo de lei federal (prequestionamento explícito), bastando que a questão jurídica Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 211 6 tenha sido efetivamente decidida na instância a quo (prequestionamento implícito). (...) REsp 1283930/SC PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO RECORRIDA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICOPROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. A simples indicação do dispositivo legal tido por violado, sem que o tema tenha sido enfrentado pelo acórdão recorrido, mesmo após a oposição de embargos declaratórios, obsta o conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento. Incidência da Súmula n. 211/STJ. (grifei) 2. O conhecimento do recurso especial, interposto com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional, exige a indicação do dispositivo legal objeto de interpretação divergente e a demonstração do dissídio, mediante a verificação das circunstâncias que assemelhem ou identifiquem os casos confrontados e a realização do cotejo analítico entre elas, nos moldes exigidos pelos arts. 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ e 541, parágrafo único, do CPC/1973. 3. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7 do STJ. (...)" Súmula STJ 211 Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. Por fim, de se ressaltar que, em linha com a jurisprudência oriunda do STF colacionada pela Recorrente em sede de contrarrazões, mesmo em se tratando de matéria de ordem pública, não há exceção a ser feita, em sede desta instância especial, à obediência ao requisito do préquestionamento, dada a função de uniformização jurisprudencial. Adicionese também ser esta a posição adotada pelo STJ, consoante se depreende do excerto abaixo. TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535, II, DO CPC. ARGÜIÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. PIS. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. PREQUESTIONAMENTO. EFEITO TRANSLATIVO DO RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO. COMPENSAÇÃO ENTRE QUAISQUER Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 212 7 TRIBUTOS. IMPOSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO. 1. Até mesmo as questões de ordem pública, passíveis de conhecimento ex officio, em qualquer tempo e grau de jurisdição ordinária, não podem ser analisadas no âmbito do recurso especial se ausente o requisito do préquestionamento. (...) (RECURSO ESPECIAL Nº. 814.885 SE (2006/00222538), RELATOR: MINISTRO CASTRO MEIRA, Publicado no DJU de 19.5.2006, pág. 205). PROCESSO CIVIL ADMINISTRATIVO LEILÃO DE BENS APRENDIDOS PELO DETRAN MOTOCICLETAS ALIENADAS PARA EMPRESA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO PRETENDIDA EXCLUSÃO DOS BENS NÃO RECONHECIMENTO EM 1ª E 2ª INSTÂNCIAS ALEGADA NULIDADE, POR INOBSERVÂNCIA DE PRAZO PARA NOTIFICAÇÃO MATÉRIA AGITADA SOMENTE EM RECURSO ESPECIAL ALEGAÇÃO NO SENTIDO DE QUE SE TRATA DE MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA RECURSO NÃO CONHECIDO. Não prevalece o entendimento da recorrente no sentido de que, por cuidar de nulidade, matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado. Assim, se não foi provocado um pronunciamento da Corte de origem acerca dos diplomas normativos tidos por violados e, por conseguinte, se a Turma Julgadora não emitiu juízo de valor sobre os dispositivos tidos por violados, reclama o tema o necessário prequestionamento, requisito viabilizador do acesso à essa instância especial. Com o fito de espancar eventual dúvida, cumpre trazer à balha o posicionamento no sentido de que "esta Corte já pacificou o entendimento de que as questões de ordem pública também devem estar prequestionadas no Tribunal a quo para serem analisadas em sede de recurso especial" (cf. Agr. Reg. No Agravo n. 309.700RJ, Relatora Ministra Eliana Calmon, Publicado no DJU na DATA de 24/2/2003). Assim, uma vez não tendo sido ventilada a matéria decadencial até a decisão oriunda da instância a quo, sem que tenha havido a interposição de embargos pelo recorrente. não conheço do recurso por se tratar a matéria objeto de recurso em matéria não prequestionada. Conclusão: Diante do exposto, voto por não conhecer do Recurso Especial do contribuinte. É como voto. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 213 8 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10980.006755/200506 Acórdão n.º 9202004.578 CSRFT2 Fl. 214 9 Declaração de Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Concordo com o Ilustre Conselheiro Relator, no sentido da impossibilidade de conhecimento do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, em face da ausência de prequestionamento da matéria suscitada no apelo, a despeito de tratarse de questão de ordem pública. Tal posicionamento tem sido sempre adotado por esta Conselheira, seja por ocasião do julgamento na Câmara Superior de Recursos Fiscais, seja quando da elaboração de despachos de admissibilidade de Recursos Especiais. Registrese que o posicionamento adotado no voto condutor do presente acórdão também é abraçado nas decisões exaradas pelo Poder Judiciário. Entretanto, quando da assinatura do Despacho de Admissibilidade de fls. 177 a 186, obviamente que por lapso, esta Conselheira, na qualidade de Presidente da Câmara recorrida, não se deu conta de que a matéria cuja proposta era de seguimento à Instância Especial não havia sido prequestionada. Diante do exposto, acompanhando o Relator, não conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 214DF CARF MF
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