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Numero do processo: 10314.005597/2010-89
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/04/2010
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
Numero da decisão: 3803-006.650
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 29/04/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
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BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 29/04/2010 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 29/04/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 55 97 /2 01 0- 89 Fl. 292DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação (DIs), foram efetuados sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do Fl. 293DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005597/201089 Acórdão n.º 3803006.650 S3TE03 Fl. 293 3 contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 29/04/2010 Fl. 294DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 09/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 18/10/2013, em que reitera os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na Fl. 295DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005597/201089 Acórdão n.º 3803006.650 S3TE03 Fl. 294 5 importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 296DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não Fl. 297DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005597/201089 Acórdão n.º 3803006.650 S3TE03 Fl. 295 7 sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005597/201089 Acórdão n.º 3803006.650 S3TE03 Fl. 296 9 intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Judiciário, e por negar provimento quanto à incidência dos juros no lançamento. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 301DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10183.720122/2007-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DE DCOMP. APRECIAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ART. 170 DO CTN.
Cabe à autoridade administrativa apreciar o pedido de compensação levando em consideração a analise efetiva do crédito pleiteado, desconsiderando eventual erro formal no preenchimento da Declaração Compensação/DCOMP.
Nos termos do art. 170 do CTN, para a homologação de compensação o contribuinte deve demonstrar a certeza e liquidez de seu crédito.
O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova não é suficiente para afastar a exigência do débito decorrente de compensação não homologada.
Numero da decisão: 1301-001.695
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros deste colegiado, por unanimidade de voto, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator.
(documento assinado digitalmente)
Valmar Fonseca de Menezes - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003 ERRO MATERIAL NO PREENCHIMENTO DE DCOMP. APRECIAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ART. 170 DO CTN. Cabe à autoridade administrativa apreciar o pedido de compensação levando em consideração a analise efetiva do crédito pleiteado, desconsiderando eventual erro formal no preenchimento da Declaração Compensação/DCOMP. Nos termos do art. 170 do CTN, para a homologação de compensação o contribuinte deve demonstrar a certeza e liquidez de seu crédito. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova não é suficiente para afastar a exigência do débito decorrente de compensação não homologada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste colegiado, por unanimidade de voto, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto proferidos pelo relator. (documento assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Presidente. (documento assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 01 22 /2 00 7- 53 Fl. 811DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 812DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10183.720122/200753 Acórdão n.º 1301000.695 S1C3T1 Fl. 12 3 Relatório Rosch Administradora de Serviços e Informática Ltda., apresentou PER/DCOMPS (total de 06) com os quais pretendeu restituição e compensação de tributos federais alegando que os crédito indicados eram decorrentes de saldos negativos de IRPJ. Os resultados da análise encontramse no Despacho Decisório da DRF/CURITIBA (PR) às fls. 375/382. Pelo que ali consta. foi deferido o pedido de restituição relativo ao PER/DCOMP 36653.024l3.281004.l.2.020l06 e homologada a compensação relativa ao 09190.61402.l51004.13.020607. O pedido veiculado pelo PER/DCOMP n. 29658.97869.281004.12.025476 foi indeferido sob o fundamento de que deveria estar desmembrado em pedidos individuais para cada trimestre de apuração do anocalendário 2001. A compensação declarada no PER/DCOMP n. 09503.12525.l80607.l.2.02 2352 foi homologada em parte, em face de 0 saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2002 ser menor que o apurado na DIPJ/2003. A compensação do PER/DCOMP n. 1915050955120606.1.3.020880 foi homologada em parte, também em face de o saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2005 ser menor que 0 apurado na DIPJ/2006. Por tim, a compensação declarada pelo PER/DCOMP n. 0237964466.l7l006.l.3.027075 não foi homologada porque o crédito a que ela se referia já estava totalmente utilizado para a compensação efetivada pelo PER/DCOMP 19150.50955.l20606.l.3.020880. Em 12 de setembro de 2008 foi protocolada manifestação de inconformidade (f. 421 a 427 anexos às f. 428 a 671). A contribuinte concorda com o resultado relativo aos PER/DCOMPs 09190.6l402.l5l004.l.3.020607, n. 36653.024l3.28l004.l.2.020l06 e n. 09503.l2525.l80607.l.2.022352. Relativamente aos outros demais pontos, foi aduzido, em apertada síntese, que: a) foi reconhecido o crédito de R$ 3.096.940,60 que deve ser depositado incontinenti na conta única do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso; b) o crédito informado no PER/DCOMP n. 29658.97869.28l004.1.2.025476 é direito liquido e certo, tendo sido apresentados os PER/DCOMPs por períodos trimestrais para a correção do erro meramente formal, que consta em anexo por CDROM e impressos; c) quanto aos PER/DCOMPs n. 1915050955.l20606.l.3.020880 e n. 02379.64466.l7l006.l.3.027075. o credito também é liquido e certo, conforme DIRFS das fontes pagadoras, e que o auditorfiscal considerou cálculos matemáticos para não reconhecer os créditos e homologar as compensações. Ao final, é requerido o depósito do valor reconhecido como crédito na conta única do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso e a reconsideração relativamente aos itens “a”, “e” e “Í” da conclusão do despacho decisório. Fl. 813DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 4 Consta apensado os autos do processo n. 10183.720104/200852. Conforme documentos de f. 674 a 757, 0 valor de R$ 748.648.24 foi depositado em conta vinculada ao processo judicial 00279.2007.009.23.008. A DRJ/CAMPO GRANDE (MS) decidiu a matéria por meio do Acórdão 04 19.860, de 12/03/2010 (fls. 759), julgando a manifestação de inconformidade improcedente, tendo sido lavrada a seguinte ementa: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA/IRPJ. Anocalendário: 2001, 2002, 2005 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. CONHECIMENTO PARCIAL. No caso de declarações de compensação, o litígio no âmbito do Processo Administrativo Fiscal regulado pelo Decreto n. 70.235/1972 somente se instaura se as razões da manifestação de inconformidade forem pertinentes e versarem sobre assuntos sobre os quais recaia a competência das delegacias de julgamento. PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO. Os pedidos eletrônicos de restituição e as declarações de compensação só podem ser retificados até a notificação do interessado da decisão proferida pelo titular da unidade da Receita Federal que circunscriciona o contribuinte e se tiver ocorrido mero erro material. IRPJ. RETENÇÃO. VALOR DEDUTÍVEL. O valor do IRPJ retido na fonte a ser deduzido para fins de apuração de saldo negativo deve ser calculado segundo as normas de regência, em face de 0 valor total da retenção englobar, também, a CSLL, a Cofins e a contribuição para o PIS/Pasep. É o relatório. Fl. 814DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10183.720122/200753 Acórdão n.º 1301000.695 S1C3T1 Fl. 13 5 Voto Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas O recurso voluntário é tempestivo e assente em lei. Dele conheço. Nesta segunda peça de defesa as alegações da recorrente se repetem, a seguir demobnstrado. ILEGALIDADE DA COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO Convém salientar, de início, conquanto conste da decisão recorrida que o litígio versa somente sobre a decisão anterior do delegado ou inspetor no que tange ao não reconhecimento do direito creditório ou à nãohomologação da DCOMP, não cabendo a esta instância administrativa a análise e a manifestação quanto ao depósito de valores já reconhecidos como crédito da interessada ou à compensação de oficio. Consta do relatório que os valores de crédito reconhecidos e que não foram utilizados nas compensações declaradas pela própria contribuinte já foram depositados, por ordem judicial, na conta indicada pelo juízo. Enfim, o litígio administrativo só se instaurou no que tange à conclusão do despacho decisório relativamente aos PER/DCOMPs n. 29658.97869.281004.1.2.025476, n. 1915().50955.120606.1.3.020880 e n. 02379.64466.17lOO6.1.3.027075. Passemos a análise de mérito. RETIFICAÇÃO DE PER/DCOMP E DEDUÇÃO DE VALORES RETIDOS. CÁLCULOS MATEMÁTICOS. Extraise do voto e decisão recorrida. “Especificamente quanto aos valores dos créditos, alegou a impugnante que: a) o crédito informado no PER/DCOMP n. 29658.97S69.28l0O4.l.2.025476 é direito liquido e certo, tendo sido apresentados os PER/DCOMPs por períodos trimestrais, para a correção do erro meramente formal, que consta em anexo por CD ROM e impressos; b) quanto aos PER/DCOMPs n. l9150.50955.l20606.l.3.020880 e n. 02379.64466.l7l006.l.3.027075, o crédito também é liquido e certo, conforme DIRFs das fontes pagadoras, e que o auditorfiscal considerou cálculos matemáticos para não reconhecer os créditos e não homologar as compensações. Relativamente à letra “a”, a própria contribuinte admite que houve um erro quando da apresentação do PER/DCOMP. Ocorreu que, nesse documento, foi consignado que o crédito seria decorrente de saldo negativo do IRPJ apurado por período anual e relativo ao anocalendário 2001. Na DIPJ/2002 (f. 12 a 145) está Fl. 815DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 6 claro que a apuração do IRPJ e da CSLL se deu por período trimestral. Não há, portanto, dúvida quanto ao erro perpetrado pela interessada. Como pode ser visto às fls. 205 e 206, em 6 de agosto de 2007 a contribuinte foi intimada para apresentar confirmação quanto aos períodos a que se referia o PER/DCOMP n. 2965897869281004.l.2.025476. Além disso, a interessada tinha ciência quanto à divergência entre os períodos indicados no PER/DCOMP e na DIPJ desde 6 de setembro de 2006. Nessa data, ela foi intimada para apresentar DIPJ retificadora ou PER/DCOMP retificador (fls. 372 e 373). A notícia quanto a esse documento (PER/DCOMP retificador) só veio ocorrer na manifestação de inconformidade. Ocorre que o CDROM a que se referiu a contribuinte também não consta anexo aos autos. Como já salientado no tópico relativo à admissibilidade da manifestação, a análise neste julgamento de primeira instância administrativa restringese ao quanto declarado. Na hipótese de erro de fato, para que a DRF/Cuiabá pudesse se manifestar inicialmente e depois, esta DRJ/CGE, havia a necessidade de a interessada ter apresentado o PER/DCOMP retiñcador até o prazo previsto nos artigos 57 e 73 da IN SRF n. 600/2005, acima transcritos, 0 que não ocorreu. Dessa forma, nestes autos. não há como ser reconhecido o direito aos créditos de saldos negativos de IRPJ dos trimestres do anocalendário 2001. Demais disso, o indeferimento do pleito não se deu somente em face da divergência já apontada. Há outras motivos apontados pelo auditorfiscal no despacho decisório (fls. 377): Cabe destacar que há divergência praticamente entre todos os informações referentes às fontes pagadores responsáveis pelas retenções de imposto de renda na fonte prestadas na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte/DIRF (fls. 192 a 200 e 348 a 350). Declarações de Informações Econômica –Fiscal da Pessoa Jurídica/DIPJ (fls, 122 a 145) e o Pedido Eletrônico de Restituição/Declaração de Compensação/ PER/DCOMP (fls. 01 a 04). 1. PER/DCOMP n. 29658.97S69.28l0O4.l.2.025476 (AC/2001) Neste ponto, com relação à existência de erro material cometido pela contribuinte não houve controvérsias. O pedido veiculado pelo PER/DCOMP n. 29658.97869.281004.12.025476 foi indeferido sob o fundamento de que deveria estar desmembrado em pedidos individuais para cada trimestre de apuração do anocalendário 2001. No entanto, como já visto, há outros motivos para o indeferimento, pelo que insta transcrever esta parte do Despacho Decisório as fls.377 e fls. 709. “9. Em sua DIPJ 2001 (ND 1238673, fls. 122 a 145) o contribuinte optou pela apuração do IR pela sistemática do Lucro Real com apuração trimestral e pleiteia a restituição do saldo negativo através do PER/DCOMP n° 29658.97869.28lO04.l.2.025476 (fls. 01 a 04). informando apuração anual referente ao exercício de 2002 sem informar a data de inicio e final do período. 10. Cabe destacar que há divergência praticamente entre todas as informações referentes às fontes pagadores responsáveis pelas retenções de imposto de renda na fonte prestadas na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF (fls. 192 a 200 e 348 a 350), Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Juridica DIPJ (fls. 122 a 145) e o Pedido Eletrônico de Restituição/Declaração de Compensação PER/DCOMP (fls. 01 a O4). Fl. 816DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10183.720122/200753 Acórdão n.º 1301000.695 S1C3T1 Fl. 14 7 11. Também verifiquei que há divergência entre a forma de apuração na DIPJ (apuração trimestral) e a informada no PER/DCOMP (apuração anual), irregularidade essa objeto do Termo de Intimação n° 621380209, de O6/09/2006, que alerta da possibilidade de indeferimento do pedido (fls. 372 e 373). Portanto, concluo por indeferir o pedido de restituição n° 29658.97869.281004.1.2.025476 (01 a O4), pois deveria estar desmembrado em pedidos de restituição para cada trimestre de apuração em que foi apurado saldo negativo de IRPJ.” Pois bem, no caso concreto, se o crédito pleiteado fosse liquido e certo, mas, não confirmado sua existência em favor do contribuinte sob a alegação, tão somente, de vício formal ou de que não podia ter sido processada determinada retificação de DCOMP, no meu entender tal fundamento não subsistiria. No entanto, há outros óbices. Compulsando os autos, constato às fls. 372, cópia do Termo de Intimação de 31/08/2007, (DRF/Cuiabá), no qual “solicita ao contribuinte a retificação da DIPJ correspondente ou apresentar PER/DCOMP retificador indicando corretamente a forma de apuração do saldo negativo e o detalhamento do credito utilizado na sua composição. Outras divergências entre as informações do PER/DCOMP, da DIPJ e da DCTF do período (AC/2001) deverão ser sanadas pela apresentação de declarações retificadoras no prazo estabelecida nesta intimação.” Encontro, também, às fls.203 dos autos, Intimação de 05/07/2007, reiterada em 31/07/2007 com prorrogação de prazo em três oportunidade, no qual se requisita entre outros documentos o seguinte: 2) Tendo em vista a ausência de diversas Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF, divergência entre o saldo negativo informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e o pleiteado nos PER/DCOMPs, solicitase confirmação quanto aos períodos aos quais se referem os: PER/DCOMP n° 29658.97869.28l004.l.2.025476 ano calendário 2001 – exercício 2002, e... Em resposta de 10/09/2007 (fls. 211) foi dito: 2) Quanto às solicitações contidas no item 2 da intimação, as referidas devem ser desconsideradas pelos seguintes motivos: a) PER/DCOMP n° 29658.97869.281004.1.2.025476, existe DIPJ/2002 ano 2001 retificadora (anexo); Relativamente aos cálculos matemáticos a que se referiu a recorrente, itens “e” e “f” da conclusão do despacho decisório, que se transcreve: "e) HOMOLOGAR EM PARTE a declaração de compensação n° 19150.50955.120606.1.3.020880 (fls. 17 a 86), até o limite de R$ 2.213.730,15, referente ao saldo negativo de IRPJ apurado no ano calendário de 2005, sobre o qual incidirá juros SELIC de acordo com o artigo 52 da IN SRF n° 600/05; f) NÃO HOMOLOGAR a declaração de compensação n° 02379.64466.171006.1.3.027075 (fls. 87 a 92) devido o direito creditório pleiteado já ter sido utilizado integralmente no PER/DCOMP n° 19150.50955.120606.1.3.02 0880 (fls. 17 a 86).” Fl. 817DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 8 De plano, o que se observa nos autos é que a interessada não traz qualquer elemento comprobatório que sustente suas alegações no sentido de que as DIRFs em confronto com a DIPJ serem elementos suficientes a comprovar seu direito líquido e certo. Mesmo porque as divergências apuradas pela autoridade administrativa adveio justamente deste confronto de contas. Diante do encontro de contas formalizado pela recorrente, a DRF/Cuiabá debruçouse sobre a liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, analisou a composição do saldo negativo relativo ao ano calendário de 2001, 2002 e 2003 proferindo a decisão administrativa. Neste sentido, a alegação da recorrente, com todo respeito, resta totalmente equivocado. A ausência da prova viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete ou cabe à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 333, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. CPC "Art. 333. 0 ânus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II — ao réu, quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DIPJ) são produzidas pelo próprio contribuinte, de sorte que, havendo inconsistências nas mesmas não retiram a obrigação do recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional CTN). Como alhures descrito a recorrente foi intimada a comprovar a composição do crédito ou mesmo retificar as declarações (DIPJ ou DCOMP. Mesmo tendo sido concedido prorrogação no prazo, não houve manifestação, razão pela qual foi proferido o despacho decisório. Ora, nada impedia ao contribuinte, acaso interessado em comprovar seu direito creditório, a proceder a juntada de cópia da escrituração contábil que possibilitasse a comparar com os valores declarados na DIPJ, DIRFs, estimativas e DCTF. Nesse sentido, nas declarações de compensação apresentadas, o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para Fl. 818DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 10183.720122/200753 Acórdão n.º 1301000.695 S1C3T1 Fl. 15 9 reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Enfim, não logrando o interessado apresentar elementos que comprovem a totalidade do crédito que alega possuir frente à Fazenda, é de se reconhecer o seu direito creditório apenas em relação à parcela reputada líquida e certa pela autoridade fiscal. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, acompanhando o quanto decidido em primeira instância. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator Fl. 819DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 26/11/2014 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
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Numero do processo: 10783.903920/2012-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 30 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. APROVEITAMENTO DE SALDO NEGATIVO COMPOSTO POR COMPENSAÇÕES ANTERIORES. POSSIBILIDADE.
A compensação regularmente declarada, tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive, para fins de composição de saldo negativo.
Na hipótese de não homologação da compensação que compõe o saldo negativo, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal.
A glosa do saldo negativo utilizado pela ora Recorrente acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada, e, de outro, haverá a redução do saldo negativo gerando outro débito com a mesma origem.
Numero da decisão: 1201-001.056
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 11/10/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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APROVEITAMENTO DE SALDO NEGATIVO COMPOSTO POR COMPENSAÇÕES ANTERIORES. POSSIBILIDADE. A compensação regularmente declarada, tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive, para fins de composição de saldo negativo. Na hipótese de não homologação da compensação que compõe o saldo negativo, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal. A glosa do saldo negativo utilizado pela ora Recorrente acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada, e, de outro, haverá a redução do saldo negativo gerando outro débito com a mesma origem. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO Presidente. (Assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 39 20 /2 01 2- 17 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO 2 EDITADO EM: 11/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rafael Vidal de Araujo (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior. Relatório Versa este processo sobre restituição/compensação. A DRF/Vitória, através do Despacho Decisório nº 022.392.808 (fl. 2), reconheceu parte do direito creditório pleiteado pelo interessado (saldo negativo de IRPJ, ano calendário de 2006), que foi insuficiente para homologar integralmente todos os débitos por ele informados, razão pela qual homologou parcialmente/não homologou as DCOMP que relaciona. O despacho decisório contém a seguinte fundamentação: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP PARC. CREDITO (...) RETENÇÕES FONTE (...) ESTIM. COMP. SNPA (...) DEM. ESTIM. COMP. SOMA PARC. CRED. PER/DCOMP (...) 258.629,47 (...) 22.535.919,85 (...) 34.126.859,83 137.739.544,92 CONFIRMADAS (...) 258.629,47 (...) 22.535.919,85 (...) 5.492.498,14 114.171.732,25 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$37.807.761,90 Valor na DIPJ: R$37.807.761,91 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$56.921.409,17 IRPJ devido: R$19.113.647,26 Valor do saldo negativo disponível = (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) – (IRPJ devido) limitado ao menor valor entre o saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$9.173.400,20 O interessado, cientificado em 16/05/2012 (fl. 17), apresentou, em 14/06/2012, a manifestação de inconformidade de fls. 18/25. Na referida peça, alega, em síntese, que: Fl. 177DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 1201001.056 S1C2T1 Fl. 151 3 durante o ano calendário de 2006, apurou IRPJ, mensalmente, através de balancetes de redução e suspensão, sendo os valores pagos através de compensação planilha à fl. 19; de acordo com o entendimento da autoridade administrativa, algumas compensações não foram homologadas (valor não homologado: R$28.634.307,69), o que não legitimaria os recolhimentos antecipados planilha às fls. 20/21; assim, só teria disponível R$ 9.173.400,20; no quadro às fls. 21/22, relaciona os processos administrativos onde discute a regularidade das compensações realizadas; se a exigibilidade do crédito está suspensa, não há cobrança que possa ser feita – cita jurisprudência; as compensações, ainda que não homologadas, estão sendo discutidas, seja pela apresentação de manifestação de inconformidade, seja pela apresentação de recurso voluntário; existe uma relação de prejudicialidade entre o caso em tela e os processos relacionados, devendo haver a suspensão do julgamento. Em decisão de fls. 71, a DRJ/RJ, trouxe os seguintes fundamentos: i) não é possível o sobrestamento do processo administrativo, visto que o PAF não prevê, como faz o processo civil, a possibilidade de sobrestar qualquer decisão, em razão de análise que deva ser proferido por outrem em caráter prejudicial; ii) todas as compensações de estimativas assinaladas como não confirmadas no Despacho Decisório foram indeferidas em decisões que, muito embora atacadas, permanecem válidas enquanto outra não as reforme, seja na esfera administrativa ou em juízo. Ao Final, a DRJ concluiu que não restou comprovada a existência de crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública, diverso do já reconhecido no Despacho Decisório, negando provimento à manifestação de inconformidade. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário de fls 101, por meio do qual, aduz o seguinte: i) grande parte do valor não homologado referese a questionamento da autoridade administrativa acerca da quitação de algumas antecipações mensais de IRPJ durante o anobase 2006 através de compensações e que o art. 170 do CTN e art. 74, § 2° do CTN, trazem previsão de que a compensação é forma de extinção do crédito tributário; ii) na impossibilidade de sobrestamento do presente processo até o julgamento dos demais processos administrativos onde se discute as compensações das estimativas efetuadas em 2006, deve ser determinado o apensamento dos autos para que seja julgados em conjunto. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO 4 É o relatório Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado, Relator O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. ESTIMATIVAS EXTINTAS POR COMPENSAÇÃO. COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. O presente caso trata de Declarações de Compensação apresentadas pela ora Recorrente com utilização de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2006, composto, inclusive, por estimativas mensais que haviam sido liquidadas por meio de declarações de compensação que, por sua vez, não foram totalmente homologadas, tendo sido objeto de Despachos Decisórios diversos que ainda permanecem em discussão na via administrativa. Em apertada síntese, o que está aqui em discussão é se as estimativas extintas através de compensações não homologadas, continuam a compor o saldo negativo do respectivo ano, para futura compensação com outros débitos. Segue abaixo, quadro demonstrativo das declarações de compensação e respectivos processos administrativos em que as compensações efetuadas estão sendo discutidas: Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta a ora Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, processos administrativos relacionados a não homologação/homologação parcial das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram e compor o saldo negativo do ano de 2004 e, de outro, o Fl. 179DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 1201001.056 S1C2T1 Fl. 152 5 presente processo, por meio do qual a Fiscalização e a DRJ entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débito liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. O § 2° do art. 74 da Lei n. 9.430/96, com redação dada pela Lei 10.637/02, assim dispõe: “§ 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” O texto legal é claro no sentido de prever que a compensação é forma de extinção do crédito tributário, como, aliás, não poderia deixar de ser, em face do art. 156 do CTN. Desta forma, assim como ocorre no caso de pagamento antecipado dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a compensação validamente realizada (aquela que cumpre as formalidades legais) extingue o crédito tributário para todos os fins, a despeito de o Fisco poder desconsiderála no futuro. O ilustre Prof. JAMES MARINS (Direito Processual Tributário Brasileiro: administrativo e judicial, 4ª ed. São Paulo Dialética, 2003, p. 301.), assim avalia o instituto da compensação: “(...) no atual sistema, o regime jurídico aplicado é o do lançamento homologatório, que é condição resolutória da extinção do crédito tributário compensado, assim como lançamento homologatório o é nos casos de pagamento antecipado, chamado pelo Código tributário Nacional como autolançamento, também é condição resolutória da extinção mediante pagamento. Isso significa que a compensação tributária, ainda que por mera autodeclaração formalizada através de Declaração de Compensação, passa a ser uma forma de extinção do crédito tributário, sob ulterior condição resolutória homologatória.” (grifos nossos) No mesmo sentido, nos ensina o Prof. PAULO CÉSAR CONRADO (Revista Dialética de Direito Tributário, Dialética, São Paulo, n. 94, jul/2003, p. 106): “(...) a compensação é fenômeno manifestamente híbrido, pois que supõe a inevitável preexistência de duas relaçõesbase, em cujo bojo a posição Fl. 180DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO 6 dos sujeitos encontrarseão invertidas, uma tendente a fulminar a outra. Pois é exatamente isso que faz da compensação tributária uma modalidade extintiva das obrigações tributárias completamente diferente das demais anunciadas pelo art. 156 do Código Tributário Nacional:nela, compensação, o direito subjetivo do Fisco (crédito tributário) e o dever jurídico do contribuinte (crédito tributário) desaparecem (desaparecendo, via de conseqüência, a própria obrigação tributária) porque anulados pela existência de um débito do Fisco e de um correspectivo crédito do contribuinte.” (grifos nossos) A própria RFB, através da Coordenadoria de Tributos sobre a Renda, Patrimônio e Operações Financeiras (Cosit), editou a Solução de Consulta Interna nº 18/06, a qual determina que na hipótese de não homologação de Declaração de Compensação (DCOMP) relacionada a débito de estimativa mensal, o fato de tal compensação encontrarse em discussão administrativa ainda não julgada definitivamente não macula o crédito relativo ao saldo negativo apurado ao final do período base relativo a tal estimativa, conforme assim trecho destacado da ementa: “ Os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança de multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhadas para inscrição em Dívida Ativa da União; Na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada nao declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de ofício, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estiativa. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” (grifos nossos) Essa posição adotada pela Receita Federal corrobora o entendimento do Poder Judiciário sobre a manutenção do status de "extinção" dos débitos compensados até o julgamento definitivo do respectivo processo administrativo fiscal, nos termos dos parágrafos 2º, 9º, 10º e 11º do artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Tenho firme convicção de que o contribuinte não pode ser cobrado em duplicidade em razão da glosa de um crédito único. Neste sentido, tenho a companhia de outros colegas Conselheiros do CARF, vejamos: Processo nº 10680.724186/200984. Albertina Silva Santos de Lima (Presidente) Silvana Rescigno Guerra Barretto (Relatora) “IRPJ. PERD/COMP. COMPENSAÇÕES DE ESTIMATIVAS. POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO NO SALDO NEGATIVO. Comprovadas compensações através de PER/DCOMP’s – declaração com caráter de confissão de dívida – as estimativas compensadas devem ser utilizadas para o cômputo do saldo negativo de IRPJ.”(grifos nossos) Processo nº 13896.902711/201196. Cármen Ferreira Saraiva (Presidente) Sérgio Rodrigues Mendes (Relator) Fl. 181DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 1201001.056 S1C2T1 Fl. 153 7 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. (grifos nossos) Além disso, não podemos esquecer que, na hipótese de despacho decisório que não homologa a compensação efetuada pelo contribuinte, temse a possibilidade de impugnação dessa decisão, o que dá início ao contencioso administrativo. Neste sentido, o art. 74 da Lei 9.430/96 prevê o direito do contribuinte de interpor, no prazo de 30 dias, manifestação de inconformidade contra o despacho decisório que deixou de homologar a compensação. Caso o despacho decisório seja mantido pelo órgão julgador de primeira instância, existe, ainda, a possibilidade de interposição de Recurso Voluntário ao CARF e, posteriormente, ao CSRF (quando houver cabimento). E, conforme disposto nos §§ 7º a 10º do art. 74 da Lei 9.430/96, os recursos apresentados contra despacho decisório que não homologa a compensação têm efeito suspensivo quanto à cobrança do débito compensado, nos termos do art. 151, III, do CTN. Assim, enquanto houver recurso administrativo pendente de decisão final, o débito de estimativa mensal de IRPJ/CSLL compensado tem sua exigibilidade suspensa, de tal maneira que não é admissível qualquer ato tendente à sua cobrança pelo Fisco, o que também impede a cobrança indireta desse débito mediante redução do saldo negativo apurado ao final do período de apuração. Com efeito, havendo possibilidade de revisão da decisão que não homologou a compensação de estimativa em âmbito administrativo, não há como se desconsiderar essa estimativa utilizada na composição do saldo negativo. Assim, uma vez quitadas as estimativas em decorrência de procedimentos compensatórios, não há outra solução senão o cômputo para fins de apuração do saldo negativo do IRPJ, sem prejuízo de cobrança com acréscimos legais do crédito pleiteado no PER/DCOMP, na hipótese de ausência de homologação. Ora, mesmo que venha decisão administrativa definitiva que não homologa a compensação efetuada de um débito de estimativa, a parcela deverá ser considerada para fins de composição do saldo negativo. Isso porque, na hipótese de não homologação da compensação, o respectivo crédito tributário será regularmente exigido do contribuinte através de execução fiscal, que, quando paga irá recompor o saldo negativo. No caso do Poder Judiciário afastar a cobrança do débito executado por entender como legítima a compensação realizada pelo contribuinte, tal decisão confirmará o saldo negativo posteriormente utilizado por este. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO 8 Desta sorte, em qualquer hipótese, o débito de estimativa objeto de compensação não homologada deverá ser considerado na formação do saldo negativo. Vejamos o que diz o Conselheiro JOSÉ HENRIQUE LONGO (Compensação Tributária, São Paulo, 2008, MP Editora, p. 236/237) acerca da matéria: “(...) atingese o momento de responder a questão posta: há algum impedimento na utilização do saldo negativo de IRPJ apurado em ano calendário em cuja extinção das estimativas tenha sido promovida compensação não homologada? Há apenas uma resposta: não existe impedimento. Com efeito, a eventual nãohomologação de compensação em razão da imprestabilidade do crédito já gera, por si só, uma cobrança do débito confessado pelo contribuinte, acrescido de multa de mora e juros Selic. (...) Assim, nessa linha de raciocínio, também não pode ser indeferida a homologação da compensação ou restituição solicitada com o crédito do saldo negativo, ainda que seja decorrente de extinção da estimativa por compensação não homologada ulteriormente. Caso contrário, o contribuinte seria devedor em duplicidade de um único débito, tendo em vista que esse sistema de compensação nada mais é do que uma conta corrente, e um eventual crédito indevido somente pode ser cobrado uma vez (de acordo com a legislação atual, apenas o débito confessado no pedido de compensação)”. Cabe ressaltar, o recém publicado Parecer PGFN/CAT n. 88/2014, em nada contraria o racional acima exposto. Vejamos pela própria ementa: “Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líqüido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança.” Conforme ementado, o objeto do parecer é a possibilidade de cobrança de estimativas que tenham sido objeto de compensações não homologadas o que é questão distinta da manutenção ou não dos valores compensados na composição do saldo negativo do período. Vejamos outros trecho: “A conclusão que podemos formular, a partir do questionamento da Receita Federal do Brasil, é pela legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo à substituição da estimativa pelo imposto de renda. Devemos ressaltar, porém, que deverão ser realizados ajustes para que fique claro que os valores cobrados, quando da não homologação de compensação de estimativa, são, na verdade, IRPJ ou CSLL e não estimativa dos tributos, pois a confusão pode influenciar as chances de Fl. 183DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 1201001.056 S1C2T1 Fl. 154 9 êxito da cobrança, pois a nomenclatura inadequada pode levar órgãos administrativos e judiciais a entenderem que a cobrança seria ilegal.” Assim, considerando que: a) a compensação regularmente declarada, tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive, para fins de composição de saldo negativo; b) na hipótese de não homologação da compensação, tem o contribuinte a possibilidade de interpor recurso administrativo com efeito suspensivo, de tal forma que o despacho decisório que não homologa a compensação deve ter todos os seus efeitos suspensos até que sobrevenha decisão final na esfera administrativa; c) caso a compensação seja definitivamente não homologada, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal; d) a glosa do saldo negativo utilizado pelo ora Recorrente, acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada, e, de outro, haverá a redução do saldo negativo gerando outro débito com a mesma origem. Assiste razão à ora Recorrente, que deve ver mantido e inalterado o saldo devedor utilizado nas compensações objeto do presente processo. CONCLUSÃO Com estes fundamentos, voto por CONHECER do Recurso e no mérito DAR PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO – Relator Fl. 184DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO 10 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 21/ 10/2014 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 02/12/2014 por RAFAEL VIDAL DE ARA UJO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.915199/2009-76
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 14 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3802-000.350
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral pela recorrente o advogado, Flávio Machado Vilhena Dias. OAB/MG 99.110.
RELATÓRIO
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D’Amorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral pela recorrente o advogado, Flávio Machado Vilhena Dias. OAB/MG 99.110. RELATÓRIO O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 15 19 9/ 20 09 -7 6 Fl. 883DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16327.915199/200976 Resolução nº 3802000.350 S3TE02 Fl. 884 2 A interessada entregou via Internet a Declaração de Compensação nº 11281.14226.130808.1.7.040140 de fls. 73 a 76, na qual declara a compensação de pretenso crédito de pagamento indevido ou a maior da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins – Lançamento de Ofício (código de receita 2960) relativo ao período de apuração indicado como ocorrido em 08/08/1980 (referente a vários fatos geradores). Pelo Despacho Decisório de fls. 39 e 72, a contribuinte foi cientificada, em 19/10/2009 (fls. 79), de que “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos Informados no PER/DCOMP”. Sendo que a utilização do crédito se encontrava assim discriminada: Número do Pagamento Valor Original Total Processo (PR)/PERDCOMP (PD)/Débitos (DB) Valor Original Utilizado 3687829978 2.753.612,21 Pr: 16327.001985/200137 1.120.446,85 Pr: 16327.002896/200299 1.633.165,36 Valor Total 2.753.612,21 Em razão do acima descrito, não foi homologada a compensação declarada, tendo sido a interessada intimada a recolher o débito indevidamente compensado (principal de R$ 9.288,98). Irresignada, a contribuinte apresentou em 18/11/2009 a Manifestação de Inconformidade de fls. 02 a 09. Na peça de defesa, a contribuinte apresenta os seguintes argumentos: a Manifestante é Entidade Fechada de Previdência Complementar e tem como objetivo instituir e administrar plano de previdência complementar e, por conseguinte, pagar aposentadorias complementares às pagas pela Previdência Social; tendo apurado crédito decorrente de pagamento a maior de tributos federais, apresentou, como lhe é facultado pela legislação de regência, a Declaração de Compensação de Tributos Federais n° 11281.14226.130808.1.7.040140; A Manifestante efetuou depósitos judiciais a partir de 05 de abril de 2000, dos montantes que considerava devidos: Descrição Principal Descrição Principal Total Depósito PIS Depósito PIS R$ fev99 a dez00 R$ 701.303,85 jan01 a ago2001 R$ 361.270,78 1.062.574,64 Depósito COFINS Depósito COFINS R$ Fl. 884DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16327.915199/200976 Resolução nº 3802000.350 S3TE02 Fl. 885 3 fev99 a dez00 R$ 3.236.786,99 jan01 a ago2001 R$ 1.239,765,87 4.476.552,89 R$ Total R$ 3.938.090,84 R$ 1.601.036,65 5.539.127,53 Estes depósitos foram efetuados nos autos do processo n° 20006100010173 5, em trâmite perante a Justiça Federal de São Paulo, tendo sido convertidos em renda da União, quando da adesão da Manifestante à anistia instituída pela MP 2222/01. Pretendia com isso, a Manifestante, liquidar os débitos relacionados com o PIS e com a COFINS, deixando de recolher apenas a parcela que pretendia discutir, relativa à conta 4.1;; Porém, a Manifestante. identificou divergências entre os montantes depositados e o efetivamente devido, sendo que, posteriormente, em 29 de novembro de 2002; efetuou pagamentos a titulo de PIS e COFINS, beneficiandose da possibilidade da anistia concedida pela MP 2222/01, scomo dito acima; Ressalta a Manifestante que estes códigos não são os códigos para recolhimento de anistia da MP 2222/2001 e sim os códigos para a anistia especial para os contribuintes que possuíam discussões administrativas e desejavam manter a discussão relativamente à parte do débito e reconheciam como devido uma outra parte; A intenção da Manifestante foi a de quitar os débitos relativos ao PIS e à COFINS deixando de fora apenas os montantes relacionados com os Reembolsos (4.1), cuja discussão seria mantida, como o é até a presente data; No entanto, preocupada em atender ao prazo para adesão da anistia, a Manifestante realizou cálculos apressados à época do pagamento, que resultaram num recolhimento a maior do que o efetivamente devido; Somente posteriormente, revendo suas bases de cálculo com mais calma, identificou que o total recolhido na anistia, somado ao total que já havia sido convertido em renda da União por forca da desistência da ação n° 200061000101735, superava em muito o efetivamente devido para o período. Assim sendo, resta claro que a Manifestante é detentora dos créditos que foram utilizados para compensação a titulo de PIS de R$ 718.754,47 e de COFINS de R$ 3.196.466,99, conforme quadros abaixo: Descrição PIS Devido Depositado Recolhido Folha Total Devido 96 a dez/00 4.971.668,56 701.303,86 89.442,19 Devido jan/01 a ago/01 275.770,97 361.270,78 Total 5.247.439,53 1.062.574,64 4.814.177,17 89.442,19 718.754,47 Descrição COFINS Devido Depositado Recolhido Total Devido 96 a dez/00 3.399.825,66 3.236.787,02 Devido jan/01 a ago/01 1.272.789,08 1.239.765,87 Total 4.672.614,74 4.476.552,89 3.392.528,84 3.196.466,99 Fl. 885DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16327.915199/200976 Resolução nº 3802000.350 S3TE02 Fl. 886 4 A Manifestante cometeu apenas um equivoco formal, pois quando efetuou o pagamento na GUIA referente à anistia, o fez inserindo o código errado, o que, em conseqüência, gerou a informação errada na PER/DCOMP, que também constou este mesmo código errado, sendo que o crédito compensado é legitimo; mero erro material na declaração não invalida a compensação efetuada, visto que o crédito tem origem licita, devendo ser.julgada procedente a compensação efetuada pela Manifestante, com a. conseqüente extinção do débito tributário ora imputado Uma vez demonstrada a origem dos pagamentos realizados a maior que a Manifestante pretendeu compensar, como restou comprovado acima, é claro o seu direito à restituição destas quantias, sob pena de afronta ao princípio da moralidade administrativa, tendo em vista que sua negativa configura enriquecimento ilícito por parte do Estado; os equívocos nas declarações do contribuinte não criam tributos, não podendo, uma vez comprovado o erro de fato, gerar obrigação tributária, reportandose a ensinamentos de Ives Gandra da Silva Martins e Hugo de Brito Machado; A quantia recolhida a título de tributo a maior, que não era devida, nem sequer pode ser considerada tomo receita do Estado, sob pena de afronta ao princípio da legalidade e da moralidade administrativa; Como mero ingresso de caixa e não verdadeira receita, não pode esta quantia a que se pretende compensar ser integrada ao patrimônio do Poder Público, o que implica no dever do Estado de restituir o indébito tributário ao seu legítimo proprietário; Tão logo apurado o recolhimento indevido, esta parcela foi compensada com outros tributos devidos, nos moldes da legislação federal, de maneira que não há razões a se negar tal compensação; vale ressaltar que se a confissão do contribuinte não estiver de acordo com a lei e com a realidade fática, nenhum valor terá para o juízo tributário. O tributo ou é devido, ou não é, se incidência não houve. Assim, se aquele que confessou o fez em virtude de erro, a confissão pode ser revogada, conforme determina o Código de Processo Civil em seu artigo 352; Considerando que o valor confessado pela Manifestante não corresponde às hipóteses de incidência tributária, a confissão de dívida e conseqüente pagamento são absolutamente irrelevantes, não gerando qualquer obrigação tributária, prevalecendo os fatos verdadeiros sobre o confessado; Demonstrado que o fato confessado não correspondia à hipótese de incidência tributária, este não era capaz de gerar a obrigação tributária tornando a confissão de dívida absolutamente irrelevante, o que possibilita,deste modo, a compensação pretendida. Fl. 886DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16327.915199/200976 Resolução nº 3802000.350 S3TE02 Fl. 887 5 O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/SP 1 no 1648.840, de 25/07/2013, proferida pelos membros da 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIALCOFINS Data do fato gerador: 29/11/2002 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O julgamento foi no sentido de indeferir a manifestação de inconformidade e não homologar a compensação, por falta de certeza e liquidez. Ainda insatisfeito, o contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Requer a reforma da decisão recorrida, com objetivo de homologar as compensações pleiteadas. Argumenta que é de se notar que os valores declarados não existiam de fato, uma vez que a recorrente incorreu em erro material ao preencher suas DCTF, pois incluiu na base de cálculo valores que não deveriam ser inseridos, de receitas na base de cálculo do PIS e da COFINS, cometendo apenas um equívoco formal, apesar de não ter efetuado a retificação das DCTF. O processo digitalizado foi distribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. VOTO Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Pois bem, como é cediço, a entrega de DCTF, sem qualquer tipo de comprovação que demonstre a divergência na apuração do débito, não é suficiente para comprovar o indébito indicado. No entanto, ciente disso e visando comprovar os fatos alegados e primando pelo princípio da verdade material, a Recorrente em fase de Manifestação de Inconformidade, apresentou uma planilha para demonstração da base real apurada para os cálculos do COFINS Fl. 887DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16327.915199/200976 Resolução nº 3802000.350 S3TE02 Fl. 888 6 e cópia do Balancete Analítico Consolidado, referente ao fato gerador de 29/11/2002. Agora, no texto do seu Recurso Voluntário, repisa um Demonstrativo, visando demonstrar para a Administração Tributária a “base real” do COFINS apurada pelo Recorrente no referido mês, versando que tais documentos são satisfatórios para a comprovação do direito do crédito alegado nos autos, ressaltando que declarou e recolheu valor a maior de COFINS para esta competência. Neste passo, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal consiste numa providência que resulta na melhor aplicação do direito e da justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Considerando que o Recorrente argumenta que o fato que gerou o despacho denegatório foi o erro de preenchimento na DCTF, em que constou valor maior que o apurado e que não apresentou DCTF retificadora, pois de acordo com a legislação, após a expedição de despacho decisório, a lei proíbe o contribuinte de retificar a declaração. Com base nessas considerações e o contido no recurso voluntário da recorrente bem como devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (PAF), voto pela CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, devendo os autos retornarem à DRF do domicílio tributário da recorrente, para proceder parecer sobre: a) diligenciar, com base nos dados registrados nos documentos contábeis apresentados (Balancete Analítico Consolidado, referente ao fato gerador de 29/11/2002 do COFINS, e pronunciarse sobre a veracidade dos cálculos elaborados no demonstrativo do COFINS (recurso voluntário), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo Fisco, com isso emitindo informação sobre a comprovação do direito creditório alegado e bem como seu respectivo valor, e b) em seguida, seja cientificada a recorrente, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestese sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Após, retornemse os autos a esta 2ª Turma Especial/3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 888DF CARF MF Impresso em 14/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 1 4/01/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10380.019964/2008-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006
CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Se o Relatório Fiscal e as demais peças dos autos demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento, não há que se falar em nulidade pela falta de fundamentação dos fatos geradores incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados.
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP). LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARADA À EMPRESA.
Nos termos da legislação previdenciária equipara-se à empresa, a cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade.
A qualificação como OSCIP, decorrente da Lei 9.790/1999, não substitui os procedimentos específicos necessários para considerar-se imune das contribuições patronais destinadas à Seguridade Social.
AFERIÇÃO INDIRETA (ARBITRAMENTO). PREVISÃO LEGAL.
Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário.
INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO.
Não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno.
É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade e não cabe ao julgador, no âmbito do contencioso administrativo, afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais.
JUROS(SELIC. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE.
O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos.
Nos termos do enunciado no 4 de Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC para débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal.
PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA FISCAL. DESNECESSÁRIA. OCORRÊNCIA PRECLUSÃO.
Quando considerá-lo prescindível e meramente protelatório, a autoridade julgadora deve indeferir o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito.
A apresentação de elementos probatórios, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo tributário, deve ser feita juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Julio Cesar Vieira Gomes - Presidente
Ronaldo de Lima Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente, temporariamente, o conselheiro Thiago Taborda Simões.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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AFERIÇÃO INDIRETA. SEGURADOS Recorrente ITS INSTITUTO TERRA SOCIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Se o Relatório Fiscal e as demais peças dos autos demonstram de forma clara e precisa a origem do lançamento, não há que se falar em nulidade pela falta de fundamentação dos fatos geradores incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados. ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP). LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARADA À EMPRESA. Nos termos da legislação previdenciária equiparase à empresa, a cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade. A qualificação como OSCIP, decorrente da Lei 9.790/1999, não substitui os procedimentos específicos necessários para considerarse imune das contribuições patronais destinadas à Seguridade Social. AFERIÇÃO INDIRETA (ARBITRAMENTO). PREVISÃO LEGAL. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Não cabe aos Órgãos Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) afastar a aplicação da legislação tributária em vigor, nos termos do art. 62 do seu Regimento Interno. É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade e não cabe ao julgador, no âmbito do contencioso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 99 64 /2 00 8- 13 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 administrativo, afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais. JUROS/SELIC. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos. Nos termos do enunciado no 4 de Súmula do CARF, é cabível a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC para débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. PRODUÇÃO DE PROVAS. DILIGÊNCIA FISCAL. DESNECESSÁRIA. OCORRÊNCIA PRECLUSÃO. Quando considerálo prescindível e meramente protelatório, a autoridade julgadora deve indeferir o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito. A apresentação de elementos probatórios, inclusive provas documentais, no contencioso administrativo tributário, deve ser feita juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento, salvo se fundamentado nas hipóteses expressamente previstas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Julio Cesar Vieira Gomes Presidente Ronaldo de Lima Macedo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Ausente, temporariamente, o conselheiro Thiago Taborda Simões. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de lançamento fiscal decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, relativa à parcela desses segurados não descontada e não recolhida aos cofres públicos. O período de lançamento dos créditos previdenciários é de 01/2004 a 12/2006. O Relatório Fiscal (fls. 45/53) informa que os valores das contribuições foram apurados através de aferição indireta a partir das informações dos Registros de Empregados, informações das Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) das empresas tomadoras dos serviços prestados pelo contribuinte e dos valores pagos ao mesmo por Prefeituras Municipais a título de prestação de serviço declarados ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Esse Relatório informa que foi entregue a fiscalização, com exceção do Livro de Inspeção do Trabalho, apenas cópias dos documentos e uma declaração, onde estão citados documentos que não seriam entregues por não serem pertinentes às atividades da empresa. Com isso, apresentou os seguintes documentos: RAIS 2004 negativa; Livro de Inspeção do Trabalho (original); GFIP incompleta para o período fiscalizado em meio papel; Guias de Previdência Social (GPS); Registros de Empregados (01, 02, 03, 31 e 34); Folhas de Pagamento em meio papel das competências 01 a 12/2005, 1a parcela do 13° Sal/2005 e 01 a 12/2006, 1a e 2a parcelas, 13o sal/2006 (referente apenas à administração e às instituições tomadoras de serviço SECON Secretaria da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará e DNOCS). Ao questionar sobre os Livros contábeis de 2004 a 2006, folhas de pagamento de 2004 e os demais documentos solicitados, a auditoria fiscal foi informada que não existia mais nada relacionado à empresa. Por não ter a empresa apresentado todos os documentos solicitados, a fiscalização, no intuito de verificar a correção dos dados declarados em GFIP, utilizou além das cópias de documentos acima relacionados, as informações sobre a empresa nas seguintes fontes: DIRF existente no sistema da RFB (anocalendário 2005 e 2006); Estatuto Social e alterações (6o Ofício de Notas Cartório Melo Júnior); Relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM), enviados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) por solicitação desta fiscalização; GFIP e GPS existentes no sistema da RFB e Relatórios gerados pelo sistema DATAPREV. Concluiu a auditoria fiscal que da análise desses documentos constatouse fatos que ensejaram a adoção dos termos previstos no art. 33, § 3o da Lei 8.212/1991. A auditoria fiscal destaca fatos geradores aferidos indiretamente não declarados em GFIP: (i) valores pagos a segurada empregada (Registro de Empregados), conforme planilha; (ii) valores pagos a contribuintes individuais (DIRF); (iii) valores pagos a segurados empregados (aferição por receita). Para melhor entendimento foram elaborados anexos: Anexo I Diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam os nomes dos segurados, competência e valor da remuneração, juntamente com os descontos realizados; Anexo II Total das diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam a totalização desses valores por competência; Anexo III Fl. 193DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Valores pagos ao ITS por serviços prestados; Anexo IV Remuneração não declarada em GFIP calculada por aferição indireta com base nos valores pagos por serviços prestados. Esclarece que para o correto cálculo do débito, foi realizada apropriação dos valores recolhidos pela empresa em GPS frente aos valores declarados em GFIP. Por não haver informações da empresa, os demais levantamentos aqui relacionados não se sujeitaram à apropriação de GPS. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 05/01/2009 (fls. 02 e 148). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 123/145), alegando, em síntese, que: 1. torne insubsistente os lançamentos por absoluta falta de fundamentação, de vez que inexistiu o detalhamento devido e necessário no relatório fiscal, com prejuízo ao oferecimento da defesa, para que outro seja produzido ao amparo da lei e que possa oferecer condições de defesa; 2. caso não se acolha a pretensão anterior, reconheçase a absoluta impossibilidade de incidência de contribuição previdenciária sobre os contratos de parcerias com as empresas e órgãos públicos, excluindo os do lançamento os valores lançados no auto de infração; 3. excluir a taxa SELIC da composição da dívida, fazendose substituir pelo INPC mais juros de 1%; 4. sejam compensados os valores recolhidos, incidentes sobre as remunerações relativas aos primeiros quinze dias de auxílio doença, permitindose que sejam excluídas as deduções legais das bases de cálculo aferidas; 5. requer, por fim, a produção no decorrer processual de todas as demais provas possíveis e permitidas em direito, inclusive juntadas de documentos novos e, principalmente, perícia, no sentido de aferir se os cálculos estão corretos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Juiz de Fora/MG – por meio do Acórdão n° 0934.884 da 5a Turma da DRJ/JFA (fls. 153/161) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade, eis que ele encontrase revestido das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto. A Notificada apresentou recurso voluntário manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados e no mais efetua repetição das alegações da peça de impugnação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) em Fortaleza/CE encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processo e julgamento. É o relatório. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente alega que não consta no lançamento fiscal a necessária e adequada descrição dos fatos e motivação da autuação, existindo dúvidas quanto ao lançamento, o qual, diante de tais irregularidades, deve ser declarado nulo. Tal alegação não será acatada, pois os elementos probatórios que compõem os autos são suficientes para a perfeita compreensão do fato gerador das contribuições sociais lançadas, que foram as relativas à contribuição previdenciária não descontada dos segurados empregados e contribuintes individuais. Os valores das contribuições sociais previdenciárias decorrem das remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais, e foram devidamente delineados nos seguintes anexos: 1. Anexo I Diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam os nomes dos segurados, competência e valor da remuneração, juntamente com os descontos realizados; 2. Anexo II Total das diferenças das remunerações pagas a segurados não declaradas em GFIP, constam a totalização desses valores por competência; 3. Anexo III Valores pagos ao ITS por serviços prestados; 4. Anexo IV Remuneração não declarada em GFIP calculada por aferição indireta com base nos valores pagos por serviços prestados. Verificase ainda que o lançamento fiscal ora analisado atende aos pressupostos essenciais para sua lavratura, contendo de forma clara os elementos necessários para a sua configuração e caracterização. Com isso, não há que se falar em vícios no lançamento fiscal, eis que estão estabelecidos de forma transparente nos autos (fls. 01/145) todos os seus requisitos legais, conforme preconizam o art. 142 do CTN e o art. 10 do Decreto 70.235/1972, tais como: local e data da lavratura; caracterização da ocorrência da situação fática da obrigação tributária (fato gerador); determinação da matéria tributável; montante da contribuição previdenciária devida; identificação do sujeito passivo; determinação da exigência tributária e intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 dias; disposição legal infringida e aplicação das penalidades cabíveis; dentre outros. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido Fl. 195DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nesse mesmo sentido dispõe o art. 10 do Decreto 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O Relatório Fiscal (fls. 45/53) e seus anexos (fls. 01/44 e 54/120) são suficientemente claros e relacionam os dispositivos legais aplicados ao lançamento fiscal ora analisado, bem como descriminam o fato gerador da contribuição devida. A fundamentação legal aplicada encontrase no Relatório de Fundamentos Legais do Débito FLD, que contém todos os dispositivos legais por assunto e competência. Há o Discriminativo Analítico de Débito (DAD), que contém todas as contribuições sociais devidas, de forma clara e precisa (fls. 02/20). Ademais, constam outros relatórios que complementam essas informações, tais como: Relatório de Lançamentos (RL); Relatório de Documentos Apresentados (RDA); Anexos I a IV; dentre outros. Esses documentos, somados entre si, permitem a completa verificação dos valores e cálculos utilizados na constituição do crédito tributário. Além disso – nos Termos de Intimação Fiscal (TIF) e no Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal (TEPF) –, todos assinados por representantes da empresa, constam a documentação utilizada para caracterizar e concretizar a hipótese fática do fato gerador das contribuições lançadas e a informação de que o sujeito passivo recebeu toda a documentação utilizada para caracterizar os valores lançados no presente lançamento fiscal. Posteriormente, isso foi confirmado pelo Relatório Fiscal de fls. 45/53. Com isso, ao contrário do que afirma a Recorrente, o lançamento fiscal foi lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam a matéria, tendo o agente fiscal demonstrado, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, fazendo constar nos relatórios que o compõem (fls. 01/120) os fundamentos legais que amparam o procedimento adotado e as rubricas lançadas. Logo, essas alegações da Recorrente de nulidade do lançamento fiscal são genéricas, ineficientes e inócuas, não se permitindo configurar qualquer nulidade e não serão acatadas. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 5 7 Com relação à alegação de que a Recorrente é uma associação de pessoas físicas sem fins lucrativos e, por conseqüência, não estaria sujeita ao recolhimento de contribuição previdenciária prevista na Lei 8.212/91, porquanto este dispositivo se direcionaria exclusivamente a empresas, cumpre esclarecer que esse fato não a dispensa do cumprimento da obrigação tributária principal. Isso está em consonância com o art. 15, parágrafo único, da Lei 8.212/91, que dispõe: Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei 9.876, de 26/11/99) (g.n.) De mais a mais, a alegação da Recorrente de que, em decorrência de ser uma associação, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), figura jurídica introduzida pela Lei 9.790/1999, seria inexigível a contribuição previdenciária lançada, também não será acatada, eis que, no âmbito da legislação previdenciária, tal entidade não goza de qualquer benefício ou renúncia fiscal. É oportuno esclarecer que a qualificação da Recorrente como OSCIP, conforme Lei 9.790/1999, automaticamente não lhe enquadra como uma entidade beneficente de assistência social e, por consectário lógico, ela não se enquadra no gozo da imunidade condicionada prevista no art. 195, § 7°, da Constituição Federal, já que não constam dos autos elementos ou documentos que comprovem ser a Recorrente uma entidade beneficente de assistencial social. Portanto, a Recorrente, na qualidade de equiparada à empresa, deixou de cumprir obrigação principal estabelecida na Lei 8.212/91, e, como contratante de segurados obrigatórios do RGPS, ficou diretamente sujeita à contribuição previdenciária devida à Seguridade Social. A Recorrente alega revisão ou cancelamento do lançamento fiscal, pois apresentou todas informações possíveis, não incorrendo em negativa de cumprir qualquer determinação feita pelo Fisco, não sendo cabível o arbitramento efetuado. Tal alegação é infundada, eis que o Fisco cumpriu a legislação de regência, ensejando o lançamento de ofício, com a utilização da base de cálculo decorrente de aferição indireta. Esta decorre de um ato necessário e devidamente motivado, conforme registro no Relatório Fiscal – itens “10” a “23” (fls. 49/54, processo 10380.019965/200868) –, visto que a Fl. 197DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 auditoria fiscal demonstrou que ocorreu recusa ou sonegação de documentos ou informações, ou sua apresentação foi deficiente. Essa demonstração da recusa de apresentação de documentos ou informações, ou a sua apresentação deficiente, ficou assentada no Relatório Fiscal nos seguintes termos (fls. 48/56, processo 10380.019965/200868): “[...] DOS FATOS E DA ORIGEM DO DÉBITO 10. Sobre o desenvolvimento da ação fiscal e os fatos que deram origem ao levantamento do débito, cumpre informar que: 10.1 Após o prazo fixado em TIAF para a entrega dos documentos sem que a empresa o houvesse atendido ou se manifestado, a fiscalização compareceu no endereço tributário do contribuinte cadastrado na RFB, sendo atendida pelas funcionárias Sras. Maria Lucineide Pereira, CPF: 273.267.498 25, recepcionista, e Raquel Barroso da Silveira, CPF: 656.645.90300, auxiliar administrativa. As mesmas informaram que o Sr. Felipe Cavalcanti de Menezes Mota, CPF: 985.458.68391, Presidente Executivo do ITS, já estava ciente da ação fiscal e que havia solicitado a Sra. Maria Gorete Coelho de Souza, CPF: 209.292.85115, auxiliar contábil do escritório PLENA CONTABILIDADE, Telefone:(85) 3252 4543, que presta serviço ao ITS, para providenciar os documentos. 10.2 Posteriormente, fomos procurados pela Sra. Gorete, que nos entregou, exceto pelo Livro de Inspeção do Trabalho, apenas cópias dos documentos abaixo relacionados e uma declaração assinada pela Sra. Raquel, onde constam alguns documentos que não seriam entregues por não serem pertinentes às atividades da empresa. Foi questionado sobre os Livros contábeis de 2004 a 2006, folhas de pagamento de 2004 e os demais documentos solicitados, a mesma informou que não existe mais nada relacionado à empresa. • RA1S2004 – negativa; • LIVRO DE INSPEÇÃO DO TRABALHO (ORIGINAL); • GIPF's INCOMPLETAS PARA O PERÍODO FISCALIZADO EM MEIO PAPEL; • GPS; • REGISTROS DE EMPREGADOS DE No. 01, 02, 03, 31 e 34; • FOLHAS DE PAGAMENTO EM MEIO PAPEL DAS COMPETÊNCIAS 01 a 12/2005, 1a a PARCELA DO 13° Sal/2005 E 01 a 12/2006, 1a e 2a PARCELAS 13° SAL/2006 (em anexo por amostragem); (...) 12. Por não ter a empresa apresentado todos os documentos solicitados, a fiscalização, no intuito de verificar a correção dos dados declarados em GFIP, utilizou, além das cópias dos documentos entregues, as informações sobre a empresa nas seguintes fontes: Fl. 198DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 6 9 • DIRF existente no sistema da RFB(anocalendário 2005 e 2006); • Estatuto Social e alterações posteriores, obtidos por esta fiscalização através de solicitação ao 6o Ofício de Notas Cartório Melo Júnior (em anexo); • Relatórios do Sistema de Informações Municipais SIM, enviados pelo Tribunal de Contas dos Municípios – TCM por solicitação desta fiscalização (cópias por amostragem em anexo); • Guias do Fundo de Garantia e Informações a Previdência Social GFIP existentes no sistema da RFB; • GPS existentes no sistema da RFB; e • Relatórios gerados pelo sistema DATAPREV. (...) 14. Assim, a fiscalização entende que tais fatos ensejam a adoção dos termos previstos no art. 33, § 3° da Lei 8.212/91 e nos artigos relacionados à aferição indireta previstos na IN MPS/SRP N° 3, de 04 de julho de 2005, in verbis. [...]” Nesses itens “10” a “14”, constatase que é incontroverso que os documentos em questão não foram apresentados à Fiscalização ou sua apresentação foi deficiente, a teor do contido nos §§ 1°, 3° e 6° do art. 33 da Lei 8.212/1991. Isso ensejou a lavratura do presente Auto de Infração pelas seguintes razões apontadas no Relatório Fiscal: 1. as folhas de pagamento entregues não abrangem todo o período fiscalizado, nem todas as competências em que auferiu receita por serviços prestados e existência de segurados empregados que não constam em GFIP; 2. de acordo com os dados declarados na DIRF, existem valores pagos a segurados contribuintes individuais que não foram declarados em GFIP; 3. conforme os relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM), constam prefeituras municipais, relacionadas em planilha, que tomaram serviços do ITS durante os anos de 2004, 2005 e 2006. Além disso, os empenhos realizados para o pagamento desses serviços descrevem em seus históricos diversos tipos de serviços prestados nas áreas de saúde, ensino e desporto, dentre outras; 4. conforme relatórios da DIRF, constam instituições, relacionadas em planilha, que houve pagamento por serviços prestados ao ITS durante os anos de 2004, 2005 e 2006; 5. declarou GFIP sem movimento nas competências 03/2004, 06/2004 e 12/2004, apesar de auferir receitas (realizados pagamentos pelas Fl. 199DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 Prefeituras de Camocim, Cascavel, Fortaleza e SEBRAE), conforme dados do sistema DATAPREV – relatório CCORGFIP; 6. os relatórios do SIM e DIRF demonstram prestação de serviços a 46 instituições diferentes; a média de segurados para fazer frente aos serviços prestados, no entender da fiscalização, não condiz com a possibilidade de suas execuções; elabora quadro demonstrando por competência, as receitas por serviços prestados, números e categorias de segurados declarados em GFIP e a média, no período de 2004 a 2006; 7. não houve declaração de GFIP na competência 13/2006, apesar de remunerações terem sido pagas a segurados empregados e declaradas em folha de pagamento. A existência de GFIP (01/2004, 07/2004 a 11/2004 e 11/2005) sem que tenha sido declarado qualquer segurado empregado, constando apenas contribuintes individuais. Valores pagos a segurados empregados (GFIP 2004 a 2006), correspondente à mão de obra, representam apenas 2,20% do total dos valores pagos conhecidos por serviços prestados pelo ITS; mesmo somando os valores pagos aos contribuintes individuais, o percentual corresponde à mão de obra de 3,40% sobre a receita auferida; 8. a omissão da empresa fiscalizada, que não demonstrou, através de lançamentos contábeis e folhas de pagamento, a possibilidade de serem executados com um custo de mão de obra tão reduzido, se considerar que a média deste custo nas empresas prestadoras de serviços é de 40% da receita bruta auferida. Logo, a contribuição social previdenciária apurada pela técnica de aferição indireta é adequada, razoável e proporcional, não merecendo ser reformada. Além disso, a Recorrente não apresentou qualquer elemento probatório de que suas alegações sejam verdadeiras. Assim, o lançamento fiscal ora analisado está amparado no art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei 8.212/1991 e no art. 148 do CTN, encontrandose lavrado dentro da legalidade. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. ......................................................................................................... Lei 8.212/1991: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao Fl. 200DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 7 11 recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o. É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o. A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (g.n.) Com efeito, vêse que a eficácia probatória das cópias dos documentos contábeis apresentados, bem como as informações constantes dos sistemas informatizados do Fisco, analisados pela auditoria fiscal, operase contra a Recorrente, eis que esses documentos cotejados entre a folha de pagamento e as declarações prestadas pela própria empresa nos relatórios do Sistema de Informações Municipais (SIM) – os quais constam prefeituras municipais que tomaram serviços da Recorrente durante os anos de 2004, 2005 e 2006 –, conforme demonstrativo elaborado pela autoridade lançadora nos Anexos I a IV, ensejaram a constatação que a sua contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço e, por consectário lógico, a utilização do procedimento de aferição indireta. Nada impediria, todavia, que a Recorrente demonstrasse, por outros meios probatórios, que os seus lançamentos constantes da sua escrituração, que lhe é desfavorável, são equivocados, o que não foi demonstrado em nenhum momento, seja na peça de impugnação (fls. 123/145), seja na peça recursal. Nesse caminhar, a alegação da Recorrente para que sejam compensados os valores recolhidos sobre as remunerações relativas aos primeiros quinze dias de auxílio doença também não será acatada, eis que os valores apurados no presente processo foram oriundos da Fl. 201DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 técnica de aferição indireta, sendo que a base de cálculo decorre de uma aproximação da remuneração pagas aos segurados, e a legislação não permite tal compensação, nos termos do art. 89 c/c no art. 33, §§ 3° e 6°, ambos da Lei 8.212/1991. Além disso, todos os valores recolhidos pela Recorrente por meio de GPS foram devidamente apropriados no presente lançamento fiscal. Portanto, o procedimento de aferição indireta utilizado pela auditoria fiscal, para a apuração da contribuição previdenciária, foi corretamente aplicado, pois a auditoria fiscal demonstrou que ocorreu recusa ou sonegação de documentos ou informações, ou sua apresentação foi deficiente, podendo o Fisco inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. No que tange à arguição de inconstitucionalidade, ou ilegalidade, de legislação previdenciária que dispõe sobre a utilização taxa de juros (taxa SELIC), frise se que incabível seria sua análise na esfera administrativa. Não pode a autoridade administrativa recusarse a cumprir norma cuja constitucionalidade vem sendo questionada, razão pela qual são aplicáveis as normas reguladas na Lei 8.212/1991. Isso está em consonância com o Enunciado nº 2 de Súmula do CARF: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Esclarecemos que foi correta a aplicação do índice pelo Fisco, pois o art. 144 do CTN dispõe que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e regese pela lei então vigente, ainda que modificada ou revogada, e a cobrança de juros (taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC) estava prevista em lei específica da previdência social, art. 341 da Lei 8.212/1991. Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 07/STJ. COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1º, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1º/01/1996 (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. A propósito, convém mencionar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) uniformizou a jurisprudência administrativa sobre a matéria por meio do 1 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórios relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 8 13 enunciado da Súmula nº 4 (Portaria MF no 383, publicada no DOU de 14/07/2010), nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Não tendo o contribuinte recolhido à contribuição previdenciária em época própria, tem por obrigação arcar com o ônus de seu inadimplemento. Caso não se fizesse tal exigência, poderseia questionar a violação ao principio da isonomia, por haver tratamento similar entre o contribuinte que cumprira em dia com suas obrigações fiscais, com aqueles que não recolheram no prazo fixado pela legislação. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança de juros, estando os valores descritos no lançamento fiscal, em consonância com o prescrito pela legislação previdenciária, eis que o art. 34 da Lei 8.212/1991 dispunha que as contribuições sociais não recolhidas à época própria ficavam sujeitas aos juros SELIC e multa de mora, todos de caráter irrelevável. Isso está em consonância com o próprio art. 161, § 1°, do CTN2, pois havendo legislação especifica dispondo de modo diverso, abrese a possibilidade de que seja aplicada outra taxa e, no caso das contribuições previdenciárias pagas com atraso, a taxa utilizada é a SELIC. O disposto no art. 161 do CTN não estabelece norma geral em matéria de legislação tributária. Portanto, sendo materialmente lei ordinária pode ser alterado por outra lei de igual status, não havendo necessidade de lei complementar. Ainda, conforme estabelecia os arts. 34 e 353 da Lei 8.212/1991, sem as alterações da Lei 11.941/2009, a multa de mora é bem aplicável pelo não recolhimento em 2 Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. 3 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99) (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) § 4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.876/99) Fl. 203DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 época própria das contribuições previdenciárias. Além disso, o art. 136 do CTN descreve que a responsabilidade pela infração independe da intenção do agente ou do responsável, e da natureza e extensão dos efeitos do ato. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança da multa, estando os valores descritos no lançamento fiscal, bem como os seus fundamentos legais, em consonância com o prescrito pela legislação previdenciária. A Recorrente também insiste na realização de produção de prova por todos os meios admitidos em direito, inclusive solicita realização de diligência fiscal, afirmando que isso prejudicaria o seu direito da ampla defesa e do devido processo legal. Essa tese também não prospera, eis que o deferimento de produção de prova requerida pela Recorrente depende de demonstração das circunstâncias que a motiva. Assim, a diligência fiscal e outros meios de prova admitidos em direito só deverão ser concedidos com fundamento nas causas que justifiquem a sua imprescindibilidade, pois essas provas só têm sentido na busca da verdade material. Logo, somente é justificável o deferimento de outros meios de prova admitidos em direito – tais como a prova testemunhal ou diligência fiscal – quando não se referir a matéria fática documental não posta nos autos, ou assunto de natureza técnica, que tenha utilidade probatória, relacionada ao objeto que cuida o processo, ou cuja comprovação não possa ser feita no corpo dos autos. Por conseguinte, revelase prescindível a diligência solicitada pela Recorrente que não tenha nenhuma utilidade, eis que não se relaciona com o processo ou sobre aspecto que pode ser facilmente esclarecido nos autos, como as matérias constantes das alegações apresentadas pela Recorrente. Ademais, verificase que – para apreciar e prolatar a decisão de provimento, ou não, do recurso voluntário ora analisado – não existem dúvidas a serem sanadas, já que o lançamento fiscal com seus anexos (fls. 01/230) contém de forma clara os elementos necessários para a sua configuração. Logo, não há que se falar em produção de prova por outros meios admitidos em direito, nem na produção de prova pericial, testemunhal ou diligência. Dessa forma, a realização de diligência não é necessária para a deslinde do caso analisado no momento. Nesse sentido, os arts. 18 e 29, ambos do Decreto 70.235/1972, estabelecem: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Por fim, registramos que, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/1972 – na redação dada pela Lei 9.532/1997 –, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na sua peça de impugnação ou na sua peça recursal, in verbis: Fl. 204DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10380.019964/200813 Acórdão n.º 2402004.519 S2C4T2 Fl. 9 15 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pelo art. 67 da Lei n.° 9.532/1997). Assim, indeferese o pedido de produção de prova por outros meios admitidos em direito, inclusive a solicitação de diligencia, por considerálo prescindível e meramente protelatório. Por fim, pela apreciação do processo e das alegações da Recorrente, não encontramos motivos para decretar a nulidade nem a modificação do lançamento ou da decisão de primeira instância, eis que o lançamento fiscal e a decisão encontramse revestidos das formalidades legais, tendo sido lavrados de acordo com o arcabouço jurídicotributário vigente à época da sua lavratura. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 11516.001721/2009-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 23 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/11/2008
ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.
A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97.
ALIMENTAÇÃO PAGA EM TICKETS SOFRE A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. A alimentação fornecida em tickets ou pecúnia sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.508
Decisão: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário mantendo o lançamento das contribuições previdenciárias sobre valores pagos aos segurados a título de "abonos" não expressamente desvinculados do salário, por força de lei. Por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos em tickets a título de alimentação sem inscrição no PAT. Vencidos na votação os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Wilson Antonio de Souza Correa, por entenderem que a verba não integra o salário de contribuição.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Wilson Antonio de Souza Correa.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. ALIMENTAÇÃO PAGA EM TICKETS SOFRE A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, a reiterada jurisprudência do STJ é no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação in natura fornecida aos segurados. A alimentação fornecida em tickets ou pecúnia sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário mantendo o lançamento das contribuições previdenciárias sobre valores pagos aos segurados a título de "abonos" não expressamente desvinculados do salário, por força de lei. Por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre valores pagos em tickets a título de alimentação sem inscrição no PAT. Vencidos na votação os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Wilson Antonio de Souza Correa, por entenderem que a verba não integra o salário de contribuição. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 17 21 /2 00 9- 90 Fl. 645DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Leo Meirelles do Amaral, André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Wilson Antonio de Souza Correa. Fl. 646DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 646 3 Relatório O Auto de Infração de Obrigação Principal foi lavrado em 16/04/2009 e cientificado ao sujeito passivo em 24/04/2009, através de Registro Postal, referindose às contribuições previdenciárias relativas à cota do segurado empregado incidentes sobre valores pagos aos servidores não estatutários a título de alimentação fornecida em tickets e pecúnia e sem a inscrição no PAT e valores pagos a título de Abono. O período do crédito lançado abrange as competências de 04/2004 a 11/2008. Após a impugnação, Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Florianópolis às fls. 598/618, julgou o lançamento procedente. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: a) cerceamento de defesa, porquanto o lançamento trata de três assuntos distintos num único documento, impossibilitando a discussão, o pagamento ou o parcelamento de cada um deles, já que os fatos geradores não podem ser individualizados; b) que os abonos pagos não sofrem incidência contributiva, porque as Resoluções que os instituíram expressamente os isentaram; c) que as Resoluções do parlamento tem força de lei; d) que é incabível o argumento do Acórdão recorrido de que a lei estadual não pode dispor sobre a isenção da verba; e) que a filiação do servidor ao Regime Geral de Previdência Social não desnatura a sua condição de servidor estadual, não possuindo vínculo com a CLT e portanto não se sujeitando as suas disposições; f) que a Lei n.º 8.212/91, traz que os abonos expressamente desvinculados do salário não integram o salário de contribuição; g) que os abonos foram pagos de forma eventual e por liberalidade e só passaram posteriormente a integrar a remuneração; h) que o auxílioalimentação não integra a remuneração dos servidores estatutários e por ser idêntica à verba paga Fl. 647DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 aos demais servidores, também não pode integrar suas remunerações; i) que não é inscrita no PAT porque não se trata de empresa que visa lucro e isso não pode lhe vedar a possibilidade de disponibilizar alimentação a seus servidores; j) que o fornecimento foi em tickets e jurisprudência diz que os servidores do Estado de Santa Catarina tem direito à alimentação, sem se atribuir à verba natureza salarial; k) que o aumento da alíquota do SAT/RAT é inconstitucional, ofendendo o princípio da anualidade tributária. Requer o provimento do recurso para decretar a nulidade do Auto de Infração e do lançamento. É o relatório. Fl. 648DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 647 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, devendo ser conhecido e examinado. Cerceamento de Defesa Primeiramente, não vislumbro a tese de nulidade da autuação por cerceamento de defesa frente à alegação de que o Auto de Infração trata de três assuntos distintos, não identificando os fatos geradores. A leitura do Relatório Fiscal de fls. 38 a 48, esclarece quais foram os lançamentos efetuados relativos às contribuições previdenciárias da cota do segurado empregado, incidentes sobre verbas pagas aos servidores não integrantes do Regime Próprio de Previdência do Município, tais como Abonos e Alimentação fornecida em tickets ou pecúnia sem a inscrição no PAT. Não consta do presente lançamento contribuições para o Seguro Acidente do Trabalho. Este Auto de Infração de Obrigação Principal referese , exclusivamente, às contribuições da cota do segurado. Não há qualquer confusão entre as contribuições lançadas relativas à parte do segurando, que estão bem sustentadas no Relatório Fiscal e identificadas no Discriminativo Analítico do Débito, fls. 05/15, onde consta o nome do levantamento e as contribuições vertidas. No Discriminativo Sintético do Débito, fls. 16/21, consta o valor originário do débito e os respectivos juros e multa aplicados e no Relatório de Lançamentos às fls. 17/28, constam os valores relativos à cota dos segurados incidentes sobre as rubricas "Abono" e "Auxílio Alimentação. Portanto, não foi observado qualquer vício no procedimento da fiscalização e formalização do lançamento. Foram cumpridos todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; Fl. 649DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais que trazem fatos novos, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou as alegações pertinentes do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO Fl. 650DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 648 7 PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Assim, em razão do exposto e nos termos das regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Registro também, que o direito à ampla defesa e ao contraditório, assegurado pela Constituição Federal, não foi maculado em razão do levantamento ter sido efetuado através do exame dos documentos de posse da notificada, por ela elaborados, o que lhe permitiu contradizer e defenderse sem qualquer restrição, eis que forçosamente, são de seu conhecimento os elementos oferecidos para exame. Ainda, quanto ao contraditório e à ampla defesa, preleciona Hugo de Brito Machado in Mandado de Segurança em Matéria Tributária, Ed. Revista dos Tribunais, 1995, pág. 304: Os conceitos de contraditório, e de ampla defesa, são interligados, até porque o contraditório é, de certa forma, um meio, ou um instrumento inerente à ampla defesa. Por contraditório entendese a garantia de que nenhum decisão ocorrerá sem a manifestação dos que são parte no conflito. No processo administrativo fiscal a garantia do contraditório quer dizer que o contribuinte tem direito de manifestarse sobre toda e qualquer afirmação dos agentes do fisco, antes da decisão. E também que os agentes do fisco devem ser ouvidos sobre a defesa oferecida pelo contribuinte. .......................................................................................... A ampla defesa quer dizer que o contribuinte não pode ter contra ele constituído um crédito tributário sem que lhe seja assegurada oportunidade para demonstrar que o mesmo é indevido. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 De fato, a argumentação da recorrente não prospera, porquanto o cerceamento de defesa e a violação ao princípio do contraditório e ao princípio da ampla defesa não restaram caracterizados, uma vez que o o contribuinte apresentou impugnação e recurso à autuação lavrada, demonstrando pleno conhecimento dos assuntos tratados. Abonos No que tange aos abonos pagos por liberalidade do empregador ou como no caso presente, por força de Resoluções da Mesa da Assembléia Legislativa, primeiramente é de se considerar que quanto à extensão territorial, as leis dividemse em: federais, estaduais e municipais. É uma peculiaridade dos países de organização federativa como o nosso a existência de leis federais, estaduais e municipais. Não se trata de escalonamento hierárquico, mas de uma distribuição segundo as matérias que a Constituição Federal atribui à competência das pessoas jurídicas de direito público interno, à União, aos Estados e aos Municípios. Desta forma, as Leis Federais são as votadas pelo Congresso Nacional, com aplicação normal a todo território da nação, salvo aquelas que por motivo especial se restringem a uma parte dele As Leis Estaduais são votadas pelas Assembléias Legislativas de cada Estado da Federação, com aplicação restrita à circunscrição territorial respectiva e são hierarquicamente inferiores às leis federais. Já as Leis municipais, são aprovadas pelas Câmaras de Vereadores e só vigem nos limites territoriais dos respectivos municípios. A lei magna é a Constituição Federal, a lei fundamental, a lei primeira. Depois, vêm as leis federais ordinárias; em terceiro lugar, a Constituição Estadual; em seguida, as leis estaduais ordinárias e, por último, as leis municipais. Surgindo conflito entre elas, observarseá essa ordem de precedência quanto à sua aplicação. A Resolução é ato legislativo de conteúdo concreto, de efeitos internos. É a forma que revestem determinadas deliberações das Assembléias e não estão, em princípio, sujeitas a promulgação e também não estão sujeitas a controlo preventivo da constitucionalidade, exceto as que aprovem acordos internacionais. De todo o exposto, se pode concluir que as Resoluções que trataram da concessão de abonos aos servidores públicos e do pagamento de alimentação em tickets ou pecúnia tem aplicação restrita aos servidores estatutários estaduais, abrangidos pelo Regime Próprio de Previdência aprovado por lei estadual. Não há que se alargar a abrangência da liberalidade de dispor sobre a verba, se integra ou não o salário de contribuição, para alcançar os valores pagos aos demais servidores não estatutários, que estão sob a égide do Regime Geral de Previdência Social, e sujeitos aos preceitos da Lei n.º 8.212/91. Ressalto que não é o caso, como diz a recorrente, de ser incabível o que constou no Acórdão recorrido, quanto à proibição da lei estadual dispor acerca da não incidência de contribuições sobre o abono pago aos servidores, mas sim, de respeitar a abrangência das leis dentro de suas respectivas esferas, federais ou estaduais, como no caso aqui tratado. A lei estadual pode tratar da matéria quanto à incidência de contribuição previdenciária sobre abonos e alimentação, desde que restrita ao âmbito de seus servidores estatutários não vinculados ao Regime Geral de Previdência Social, mas sim contribuintes do Regime Próprio do Estado de Santa Catarina. O que não pode é a lei estadual sobreporse às Fl. 652DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 649 9 regras contidas na legislação federal referente ao custeio do Regime Geral de Previdência Social. Os segurados, cujas remunerações constam deste auto de infração, são aqueles não detentores de cargos efetivos, para os quais se aplica o Regime Geral de Previdência Social – RGPS, consoante o disposto no artigo 13 da Lei n.º 8.212/91: Art.13 O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da união, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral da Previdência Social consubstanciado nesta Lei, dedes que amparados por regime próprio de previdência social Após a promulgação da Emenda Constitucional n.º 20 de 16 de dezembro de 1998, somente os servidores titulares de cargo efetivo podem integrar os regimes próprios, conforme o caput do artigo 40 da Constituição Federal: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98: Portanto, no caso em tela, estamos tratando de servidores não efetivos, não estatutários, que se subsumem às regras impostas pelo Regime Geral de Previdência Social, mais especificamente a Lei n.º 8.212/91. No caso específico da verba Abono, a Constituição Federal, em seu art. 201, parágrafo 4º – hoje transformado no parágrafo 11º desse mesmo artigo pela Emenda Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998 – determina, expressamente: Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. [sem grifos no original] A Lei Orgânica da Seguridade Social, Lei nº 8.212/91, em consonância com a norma constitucional supra transcrita, assim define saláriodecontribuição, para fins de incidência de contribuições à seguridade social: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de Fl. 653DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (sem grifos no original) [...] Frente à disciplina legal acima, denotase que o fato gerador do tributo em tela está presente no conceito de remuneração, ou seja, todo o plexo de contraprestações efetivadas pelo empregador ao empregado, com o intuito de retribuir o serviço prestado, não sendo relevante o título jurídico utilizado para realizar o pagamento, isto é, o nome da verba não possui relevância, mas sim se, no caso concreto, o montante despendido tem intuito de retribuir o trabalho. De outra parte, a Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os benefícios da Previdência Social, em seu art. 29, toma o saláriodecontribuição como base para o cálculo do valor do salário de benefício. Conforme previsto no § 6º do art. 150 da Constituição Federal, somente a Lei pode instituir isenções. Assim, o § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 dispõe que não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28 da mesma Lei. O § 9º do art. 28 da Lei n° 8.212/91 enumera, exaustivamente, as parcelas que não integram o saláriodecontribuição: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10/12/97, e de 6 a 9 acrescentados pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de ServiçoFGTS; 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; Fl. 654DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 650 11 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; 8. recebidas a título de licençaprêmio indenizada; 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; l) o abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Fl. 655DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) Verificase que a legislação aplicável à espécie determina, em um primeiro momento, a regra geral de incidência das contribuições previdenciárias sobre a remuneração total do empregado, inclusive sobre os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Somente em um segundo momento é que são definidas, de forma expressa e exaustiva, porquanto excepcionais, as hipóteses de nãoincidência das contribuições destinadas à Seguridade Social. A interpretação para exclusão de parcelas da base de cálculo é literal. A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário e, desse modo, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o Código Tributário Nacional em seu artigo 111, I, nestas palavras: Fl. 656DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 651 13 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Portanto, onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de violarse os princípios da reserva legal e da isonomia. Nesse contexto, os denominados abonos são verbas passíveis de incidência previdenciária, na medida em que, conceitualmente, tratamse de adiantamentos salariais, conforme nos ensina o doutrinador laboral da atualidade, Maurício Godinho Delgado: Retomado o conceito próprio do abono, como antecipação salarial efetuada pelo empregador ao empregado, tornase inquestionável sua natureza jurídica, como salário (art. 457, § 1º). A jurisprudência foi além, contudo: firmouse no sentido de conferir à parcela todos os efeitos próprios ao salário básico – o que significa que prevalece no Direito brasileiro o entendimento de que o abono, depois de concedido, não pode ser retirado do contrato pelo empregador. (Maurício Godinho Delgado, 2003, p. 729) Como bem ressaltado na doutrina retro, a Consolidação das Leis do Trabalho CLT elenca como integrante da remuneração os abonos, in verbis: Art. 457. Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.§ 1º Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador. (grifei) A Lei n ° 10.243/2001 alterou a CLT, mas não interferiu na legislação previdenciária, pois esta é específica. O art. 458 referese ao salário para efeitos trabalhistas, para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de saláriodecontribuição, com definição própria e possuindo parcelas integrantes e não integrantes. As parcelas não integrantes estão elencadas exaustivamente no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991, conforme já referido. A Medida Provisória nº 1.5869, de 21/05/1998, publicada no D.O.U. de 22/05/1998, reeditada até a MP nº 1.66315, convertida na Lei n° 9.711, de 20/11/1998, acrescentou o item "7" à alínea "e" do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, assim dispondo: Art. 28 (...) § 9º Não integram o salário de contribuição: (...) e) as importâncias: (...) Fl. 657DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (sem grifos no original) Da leitura deste dispositivo, verificase que a partir de 22/05/1998 os abonos expressamente desvinculados do salário, isto é, apenas quando uma lei que cria algum abono específico e o desvincule expressamente do salário é que realmente pode se considerar alterada a natureza jurídica da parcela em cheque. O Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto nº 3.265/99 à alínea "j" do inciso V do § 9º do art. 214, explicita e ratifica esta interpretação ao reportarse aos "abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei". Destarte, como restou firmado pelo Egrégio TST, na decisão acima transcrita, e na regulamentação feita pelo art. 214, § 9º, inciso V, alínea “j”, do Dec. 3.048/99, bem como em face da regra de interpretação restritiva prevista no art. 111, inciso II, do CTN, apenas Lei pode conceder isenção previdenciária a algum abono. Vale ressaltar que, embora as Resoluções da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina atribuam natureza jurídica diversa aos abonos, trazendo que os mesmos estarão isentos da incidência da contribuição para o Regime Próprio de Previdência, isto não pode abranger as contribuições previdenciárias que são tributos e, portanto, sujeitas à regência do Código Tributário Nacional, e somente lei federal poderia instituir abono livre da incidência contributiva previdenciária para o Regime Geral de Previdência Social. Não se trata aqui de limitação às normas impostas pela legislação estadual, mas sim de definição de abrangência destas normas. Por certo, o abono concedido aos servidores estatutários abrangidos pelo Regime Próprio de Previdência não sofre a incidência da contribuição para o financiamento desta previdência, porque está disposto por lei estadual, Todavia, isto não pode ser aplicado para as remunerações dos demais servidores não estatutários filiados ao Regime Geral de Previdência Social. Portanto, entendo correto o lançamento referente aos abonos pagos por liberalidade do empregador, que não estão dentre as parcelas excluídas do saláriode contribuição previdenciário definidas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, de modo que desde a edição da Lei nº 8.212/91, tais os abonos sofrem incidência de contribuições à seguridade social. Alimentação Os fatos geradores das contribuições lançadas estão descritos no relatório fiscal e se referem ao fornecimento de tickets refeição aos servidores não estatutários, sem a devida inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT. Consta do relatório, que nas competências de 12/2007 e 12/2008, foram pagos valores aos segurados a título de auxílio alimentação extraordinário, que em alguns casos superava o valor do salário destes segurados. Aduz, ainda, o relatório, que o abono pago aos segurados e tratado em parágrafos anteriores, tomava por base para seu cálculo, inclusive os valores fornecidos a título de alimentação. Tais fatos demonstram que os valores pagos como referentes à alimentação fornecida pela recorrente não estão ao abrigo das excludentes do salário de contribuição e devem integrar a base contributiva previdenciária. Para o fornecimento de tickets refeição aos segurados, a inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador é requisito essencial para que o benefício não integre a base de cálculo das contribuições previdenciárias. O inciso I do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, assim dispõe sobre o saláriodecontribuição: Fl. 658DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 652 15 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). E o art. 458 da CLT assevera a natureza salarial do benefício. Logo, uma vez que se subsume ao conceito de saláriodecontribuição, somente outro dispositivo legal seria idôneo para o excluir da base de cálculo da contribuição: Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações “in natura” que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. (...)Grifamos Assim o fez a Lei nº 8.212/91 em sua alínea “c”, do §9º do artigo 28; no entanto, somente para as empresas inscritas no Programa de Alimentação do Trabalhador: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; Ademais, a empresa que fornece alimentação aos segurados sem inscrição no PAT não pode gozar da isenção concedida pela legislação, como vedado pela Lei n.º 6.321, de 14.04.76, regulamentada pelo Decreto n.º 78.676, de 08.11.76 (DOU de 09.11.76). e Decreto n.º 5, de 14/01/1991: • Lei n. ° 6.321, de 14 de abril de 1976: "Art. 30 • Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. " (original sem destaque) Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991 Regulamenta a L 006.3211976 Regulamenta a Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, que Trata do Programa de Alimentação do Trabalhador, Revoga o Decreto nº 78.676, de 8 de novembro de 1976 e dá outras providências. Fl. 659DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 Art. 3º Os Programas de Alimentação do Trabalhador deverão propiciar condições de avaliação do teor nutritivo da alimentação. Art. 4º Para a execução dos programas de alimentação do trabalhador, a pessoa jurídica beneficiária pode manter serviço próprio de refeições, distribuir alimentos e firmar convênio com entidades fornecedoras de alimentação coletiva, sociedades civis, sociedades comerciais e sociedades cooperativas. (redação dada pelo D00 2.1011996) Parágrafo único. A pessoa jurídica beneficiária será responsável por quaisquer irregularidades resultantes dos programas executados na forma deste artigo. Art. 5º A pessoa jurídica que custear em comum as despesas definidas no Art. 4, poderá beneficiarse da dedução prevista na Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, pelo critério de rateio do custo total da alimentação. Art. 6º Nos Programas de Alimentação do Trabalhador PAT, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, a parcela paga "in natura" pela empresa não tem natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos, não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e nem se configura como rendimento tributável do trabalhador. Inferese da regulamentação que a adesão ao PAT não constitui mera formalidade. É através do conhecimento da existência do programa em determinada empresa que o Ministério do Trabalho e Emprego, através de seu órgão de fiscalização, verificará o cumprimento do disposto no artigo 3° acima transcrito. Ao incentivo fiscal há uma contraprestação por parte da empresa: fornecimento de alimentação com teor nutritivo adequado em ambiente que atenda as condições aceitáveis de higiene. No caso sob exame, está demonstrado nos autos que durante o período a que se refere o lançamento da rubrica a recorrente não estava inscrita no programa e, portanto, o lançamento não deve ser retificado, até porque, de acordo com o disposto no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, somente a alimentação in natura fornecida aos empregados é que está ao abrigo da reiterada jurisprudência do STJ no sentido de se reconhecer a não incidência da contribuição previdenciária sobre a mesma. Quanto às alegações trazidas na peça recursal acerca do SAT/GILRAT, deixo de me manifestar porque tal rubrica não compõe a presente autuação. Por todo o exposto, Voto por negar provimento ao recurso. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 660DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 11516.001721/200990 Acórdão n.º 2302003.508 S2C3T2 Fl. 653 17 Fl. 661DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 23/12/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 11020.915115/2009-25
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2006
NULIDADE.
No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando os atos administrativos motivados de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio.
PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL.
A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais.
PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA.
Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado.
Podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao ano-calendário objeto da DIPJ. Considera-se efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do tributo retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Per/DComp ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf.
Numero da decisão: 1803-002.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2006 NULIDADE. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando os atos administrativos motivados de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao ano-calendário objeto da DIPJ. Considera-se efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do tributo retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Per/DComp ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf.
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No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando os atos administrativos motivados de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao anocalendário objeto da DIPJ. Considerase efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do tributo retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Per/DComp ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 51 15 /2 00 9- 25 Fl. 213DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 214 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório A Recorrente formalizou os Pedidos de Ressarcimento ou Restituição/Declarações de Compensação (Per/DComp) nºs 10766.16821.210808.1.7.030229, em 21.08.2008, 29127.12998.300306.1.3.036279 em 30.03.2006, 12383.82252.140606.1.7.036093 em 14.06.2006, 33391.93026.140606.1.7.032055 em 14.06.2006, 17076.98575.300606.1.3.035177 em 30.06.2006 e 26558.66192 250706.1.3.03 5226 em 25.07.2006, fls. 0208 e 6585, utilizandose do crédito relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$695.375,07 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2005, para compensação dos débitos ali confessados. Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, fls. 0911, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação da contribuição social devida e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP PARC. CRÉDITO PAGAMENTOS Soma das Parcelas do Crédito PER/DCOMP 766.154,08 766.154,08 CONFIRMADAS 165.163,15 165.163,15 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$477.901,66. Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$766.154,08. CSLL devida: R$288.252,22 Fl. 214DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 215 3 Valor do saldo negativo disponível = (parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ – (CSLL devida) limitado ao menor valor entre saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: 0,00. Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada nos seguintes PER/DCOMP: 10766.16821.210808.1.7.030229 29127.12998.300306.1.3.036279 12383.82252.140606.1.7.036093 33391.93026.140606.1.7.032055 17076.98575.300606.1.3.035177 26558.66192 250706.1.3.035226 [...] Enquadramento Legal: Art. 168 da Lei no 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). Inciso II do Parágrafo 1º do art. 6º e art. 26 da Lei 9.430, de 1996. Art. 4º da IN SRF 900, de 2008. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 1427, com os argumentos a seguir discriminados. Faz um relato sobre a ação fiscal e suscita que: A — DOS FATOS 1. As pessoas jurídicas podem realizar a apuração do imposto de renda devido, de três formas diversas: por meio do lucro real, presumido ou arbitrado. 2. De acordo com o regime de apuração por lucro real, o sujeito passivo, ao abater as despesas das receitas auferidas no período de apuração, obtém o lucro liquido da empresa e calcula o montante do imposto devido. Já para apuração com base no lucro presumido, aplicase à receita bruta anual da empresa o coeficiente estabelecido em lei para sua atividade econômica, determinandose o lucro e calculandose o IRPJ. Por fim, com base no lucro arbitrado, a autoridade administrativa, considerando o patrimônio da empresa, as operações financeiras realizadas ou ainda, o lucro liquido auferido pelo sujeito passivo em períodos anteriores, arbitra a base de cálculo sobre a qual incidirá a alíquota, resultando no imposto devido. 3. Considerando que o lucro real constitui a base de cálculo do imposto de renda da maioria das pessoas jurídicas no Brasil, o legislador autorizou esta modalidade, podendo ser antecipado o tributo devido através do pagamento mensal de estimativas, calculadas com base no lucro presumido aferido no período, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais determinados em lei. 4. Assim, encerrando o anobase, a empresa abate as estimativas recolhidas do saldo de imposto devido ao fim do exercício, obtendo, conforme o caso, tributo a pagar ou a ser restituído, conforme o disposto no artigo 2°, da Lei n° 9.430/96 [...]. 5. Ressaltese que, as empresas que optarem pelo pagamento mensal do IRPJ por estimativa com base na receita bruta, também deverão recolher a CSLL pelo mesmo critério, nos termos do artigo 28, da Lei n° 9.430/96. 6. No caso em tela, a forma de tributação escolhida pelo impugnante para o exercício de 2006 foi o lucro real anual com base em Balanço ou Balancete de Fl. 215DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 216 4 Suspensão ou Redução. Assim, no final de cada exercício, após elaborar o balancete mensal acumulado, o impugnante constatava se o imposto e a contribuição estimada/recolhida eram maiores do que as realmente devidas. 7. Pois bem, no exercício de 2006, o impugnante encerrou o período com um saldo negativo de CSLL no valor de R$477.901,86 (quatrocentos e setenta e sete mil, novecentos e um reais e oitenta e seis centavos), apurados da seguinte forma: Período de Apuração 01/01/2005 a 31/12/2005 CSLL Valores Apurados Forma de Pagamento 01/2005 57.897,76 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 13772.43835.020305.1.3.030810 02/2005 48.909,89 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 30237.90545.300305.1.3.033340 03/2005 70.344,08 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 08839.14057.290405.1.3.032148 04/2005 75.909,58 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 16938.58846.300505.1.3.037219 05/2005 131.835,96 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 03997.89880.300605.1.3.037005 06/2005 112.852,36 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 03019.74011.220705.1.3.030268 07/2005 129.659,97 Compensado com saldo negativo de 2004 Per/DComp 25045.24602.290805.1.3.031889 no valor de R$58.667,43 Pago com DARF no valor de R$70.992,54 08/2005 138.744,48 [Pago com DARF no valor de R$138.744,48] Total 766.154,08 Saldo Negativo de CSLL [AnoCalendário 2005] CSLL Valor Devido 288.252,22 Antecipações 766.154,08 Saldo Negativo 477.901,86 8. Destarte, tendo em vista o saldo negativo apurado durante o exercício de 2006, no valor de R$477.901,86 (Quatrocentos e setenta e sete mil, novecentos e um reais e oitenta e seis centavos), o impugnante passou a utilizálo no exercício seguinte, realizando os pedidos de compensação conforme demonstrativo abaixo: Período de Apuração Valor utilizado de saldo negativo CSLL Forma de Extinção 01/2005 45.157,11 Per/DComp 10766.16821.210808.1.7.030229 02/2005 37.199,89 Per/DComp 29127.12998.300306.1.3.036279 03/2005 119.411,38 Per/DComp 12383.82252.140606.1.7.036093 04/2005 86.937,13 Per/DComp 33391.93026.140606.1.7.032055 04/2005 168.269,16 Per/DComp 17076.98575.300606.1.3.035177 06/2005 44.471,60 Per/DComp 26558.66192.250706.1.3.035226 Total 501.446,27 Fl. 216DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 217 5 9. Ocorre que, ao analisar as declarações de compensação apresentadas pelo impugnante, a fiscalização, no momento de conferir o somatório das parcelas de composição do crédito, considerou apenas as quantias recolhidas no exercício de 2005 via guia de recolhimento DARF e o valor de R$11.236,10 realizado por compensação, desprezando todas as demais compensações e pagamentos efetuados pelo impugnante. 10. Assim, em vez de apurar um saldo negativo de R$477.901,86, apurou um saldo negativo de R$165.163,15 (total de valores recolhidos via DARF — R$153.927,05 e o valor de R$11.236,10 realizado por compensação). 10.1. Logo, segundo o entendimento da fiscalização, se o impugnante possuía um saldo negativo de apenas R$ 165.163,15, e um débito de contribuição social sobre o lucro liquido de R$288.252,22, o saldo negativo a ser transportado para o exercício de 2007 seria zero. 11. Assim, com a exclusão das compensações e pagamentos efetuados, no somatório das parcelas de composição do crédito, gerou um suposto saldo remanescente de R$501.446,27, que no entender da fiscalização seria uma infração à legislação tributária, ensejando a aplicação de multa e juros. 12. Ocorre, Ilustres Julgadores, que a fiscalização acabou por equivocarse ao excluir do somatório as parcelas de composição do crédito, as contribuições liquidadas através de compensação e DARF's pagas, uma vez que todas foram devidamente declaradas através de DComp’s devidamente informadas nas DCTF's de cada exercício. (docs 09/32). B DO DIREITO 13. O artigo 156, inciso II do CTN, determina que a compensação é uma das formas de extinção do crédito tributário. 14. 0 instituto da compensação de créditos tributários, previsto no artigo 170 da Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional), disciplina [...]. 15. Conforme o art. 170, do CTN, foi publicada a Lei 9.430/1996, cujo artigo 74 passou a tratar especificamente da compensação de débitos com créditos próprios no âmbito da Receita Federal do Brasil. Referido artigo (cuja redação foi alterada pelos artigos 49 da Lei 10.637/2002, 17 da Lei 10.833/2003 e 25 da Lei 11.051/2004, ampliando as possibilidades de se efetuar compensação, esclarecendo os procedimentos e requisitos a serem observados pela RFB e pelo contribuinte e os efeitos gerados em relação ao crédito tributário) [...] 16. Ressaltese, ademais, que o impugnante realizou o pedido de restituição nos termos do disposto no artigo 4°, da IN/RFB n° 900/2008 2 , tanto em relação à apuração dos saldos negativos, quanto os pedidos de compensação. 17. Desta forma, as compensações efetuadas pelo impugnante ao longo do exercício de 2007, devidamente declaradas, com o intuito de saldar a contribuição estimada em cada período de apuração, devem compor o crédito do saldo negativo utilizado para saldar as compensações realizadas, objeto do presente processo de crédito. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 218 6 B.1 DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DOS VALORES COMPENSADOS 18. O artigo 151, inciso III, do Código Tributário Nacional, determina que a exigibilidade do crédito se suspende com "as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo". 19. Da mesma forma determina a Lei n° 9430/96, com as alterações que lhe foram introduzidas pelas Leis n° 10.637/2002 e 10.8383/2003, que a apresentação de manifestação de inconformidade suspende a exigibilidade dos valores cujas compensações não foram homologadas. 20. Assim, instaurado o contencioso administrativo, os valores compensados estão com a exigibilidade suspensa, nos termos do artigo 74, da Lei n° 9.430/96, [...]. 21. Ressaltese que, o mesmo entendimento é corroborado pelo disposto no artigo 48, §§ 2° e 30 , I, da IN/SRF 460/04, ratificado pela IN/SRF 600/05. 22. Portanto, os valores compensados pelo impugnante e ainda não homologados expressamente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, estão com a sua exigibilidade suspensa até decisão final da manifestação de inconformidade, com trânsito em julgado, nos autos deste processo de crédito n° 11020.915115/2009 25, não sendo permitida sua exigência através de inscrição em divida ativa e ajuizamento de executivo fiscal. C DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS 23. Diante do exposto, requer a Vossas Senhorias, a reforma do r. despacho decisório que não homologou as compensações declaradas nas DCOMP's: 10766.16821.210808.1.7.030229, 29127.12998.300306.1.3.036279, 12383.82252.140606.1.7.036093, 33391.93026.140606.1.7.032055, 17076.98575.300606.1.3.035177 e 26558.66192.250706.1.3.035226, realizadas pelo impugnante, para os seguintes fins: a) Declarar homologadas as compensações formalizadas pelo impugnante nas DCOMP discriminadas acima; b) Homologar a totalidade do crédito inicialmente pleiteado, de R$477.901,86 (Quatrocentos e setenta e sete mil, novecentos e um reais e oitenta e seis centavos), com a aplicação de juros e correção monetária, desde a sua apuração até a data da efetiva compensação, nos termos da Lei n° 9.250/95; c) Determinar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, inciso Ill, do CTN, e da Lei n° 9430/96, com as alterações que lhe foram introduzidas pelas Leis n° 10.637/2002 e 10.8383/2003. 24. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito permitidos e nos termos do artigo 16, § 4°, do Decreto n° 70.235/72, bem como pela posterior juntada de documentos que se fizerem necessários. 25. Nos termos do art. 365, IV, do CPC, os advogados que a presente subscrevem declaram autênticas as cópias simples dos documentos que instruem a presente manifestação. Está registrado como ementa do Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/POA/RS nº 10 44.907, de 05.07.2013, fls. 126128: Fl. 218DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 219 7 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. A compensação tributária exige crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 12.07.2013, fl. 148, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 13.08.2013, fls. 157165, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: 6. Todavia, conforme consta da própria decisão ora recorrida, a não homologação dessas compensações, objeto do PA n.° 11020.906108/200932, está sendo discutida em sede de recurso voluntário , também interposto na data de hoje, portanto pendente de julgamento perante esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. 7. Não bastasse a circunstância do efeito suspensivo produzido pela interposição do recurso voluntário no PA n.° 11020.906108/200932 por si só impedir que o Fisco não reconheça parte do Saldo Negativo, a recorrente demonstrará que a extinção dos débitos das estimativas mensais de 01/2005 a 07/2005 inevitavelmente se confirmará, e que, portanto, a cobrança em tela é indevida, dada a legitimidade da totalidade do crédito declarado. Preliminarmente. Necessário Apensamento aos Processos n.° 11020.906108/200932 e 11020.900902/201014. 8. Na petição de interposição do presente recurso, a recorrente requereu à repartição de origem o apensamento do presente feito aos Processos Administrativos n.° 11020.906108/200932 e 11020.900902/201014, relativos a Saldos Negativos de CSLL dos anoscalendário de 2004 (que compensou débitos de 2005) e de 2006 (que compensou débitos de 2007) , respectivamente, a fim de que os recursos voluntários interpostos, todos na mesma data, sejam julgados em conjunto. 9. O presente processo referese a Saldo Negativo de CSLL do anocalendário 2005 (que compensou débitos de 2006) , que causa reflexos ou sofre a influência dos referidos Processos Administrativos. 10. Em suma, o provimento do presente recurso voluntário e daqueles interpostos nos referidos processos, fará com que os Saldos Negativos dos demais períodos também sejam reconhecidos e que as compensações de débitos efetuadas sejam devidamente homologadas. 11 . Ademais, o apensamento é necessário para que não haja decisões conflitantes sobre um único contexto que envolve os 3 (três) processos administrativos . C Das Razões Para A Reforma Da R. Decisão Recorrida. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 220 8 C.1 Da Situação Dos PA’s N.° 11020.906108/200932 E 11020.000422/200586, Que Abarca As Compensações Dos Débitos Que Formaram A Parcela Do Saldo Negativo Não Confirmado. 12. O artigo 156, inciso II, do CTN dispõe que a compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário. 13. O instituto da compensação de créditos tributários, previsto no artigo 170 da Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional), disciplina: [...]. 14. No âmbito da Administração Pública Federal é a Lei n.° 9.430/1996, especialmente e em seus artigos 73 e 74, que regulamenta a compensação de débitos com créditos administrados pela Receita Federal do Brasil. [...] 16. Dessa forma, as compensações efetuadas pela recorrente, devidamente declaradas à Receita Federal do Brasil, tiveram o condão de extinguir os débitos do imposto estimado dos períodos de apuração 2005. Portanto, esses débitos, apurados pelo regime de estimativa mensal, uma vez regularmente extintos, são aptos a compor o Saldo Negativo de CSLL utilizado para saldar os débitos com vencimento em 2006. 17. No PA n.° 11020.906108/200932 houve a não homologação das compensações apresentadas em 2005 com Saldo Negativo de CSLL de 2004, as compensações objeto do PA n.° 11020.000422/200586, apresentadas em 2004 com Saldo Negativo da CSLL de 2003 também não foram homologadas. 18. Portanto, a recorrente necessita demonstrar não somente a situação do PA n.° 11020.906108/200932 como também do 11020.000422/200586. 19. Em ambos os casos a recorrente interpôs recurso voluntário, os quais ainda não f o r am julgados por esse E. CARF, conforme certifica do pela própria r. decisão recorrida. 20. Os §§ 10 e 11, da Lei n.° 9.430/96, dispõe: [...] 21 . Desse modo, enquanto não houver decisões definitivas desse E. CARF nos autos dos PA's 11020.906108/200932 e 11020.000422/200586, os débitos neles abarcados, e que compuseram ou refletem nos Saldos Negativos de CSLL utilizados no presente processo, encontramse suspensos, nos termos do art. 151, inciso III, do Código Tributário Nacional. 22. Isso significa dizer que somente a "não homologação" definitiva das compensações controladas pelos PA's 11020.906108/200932 e 11020.00422/2005 86 teria como consequência a "não confirmação" do Saldo Negativo de CSLL utilizado pela recorrente. E, se isso não ocorreu, e nem deverá ocorrer, como será demonstrado a seguir, há evidente falta de motivação na decisão do Fisco de não homologar as compensações aqui abarcadas sob a fundamentação de "não confirmação" da parcela do crédito. 23. Portanto, as compensações abarcadas no presente feito devem ser homologadas, na medida em que, para todos os efeitos, permanece o efeito extintivo dos débitos compensados por meio dos PA's 11020.906108/200932 e 11020.000422/200586, a menos que esse E. CARF diga o contrário futuramente. 24. Na hipótese de não ser esse o entendimento, o presente processo deverá permanecer sobrestado até decisão irrecorrível a ser proferida nesses dois processos Fl. 220DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 221 9 administrativos, quando será confirmada, ou não, a parcela do crédito que o Fisco deixou de reconhecer no presente feito. C.2 Da Legitimidade Das Compensações Abarcadas Nos PA N.° 11020.000422/200586 e 11020.906108/200932, Que Inevitavelmente Serão Homologadas Por Esse E. Carf. 25. Às fls. 123/125 dos presentes autos consta o acórdão proferido DRJ/POA no PA n.° 11020.906108/200932, relativo a compensações com o Saldo Negativo da CSLL de 2004. 26. Na referida decisão é possível verificar que a não homologação se deu em razão de decisão proferida no PA n.° 11020.000422/200586, que trata dos PER/DCOMP n.° 10663.19228.140504.1.3.033280, 14241.71318.310504.1.3.03 9346,00762.27544.300604.1.3.039561 e 33681.44068.160704.1.3.033807 [...] 27. No PA n.° 11020.000422/200586 foram compensados os débitos abarcados de 01/2004 a 06/2004 e que geraram o Saldo Negativo de CSLL utilizado nas compensações abarcadas no PA n.° 11020.906108/200932. 28. Assim, a recorrente necessita demonstrar a regularidade das compensações abarcadas no PA n.° 11020.000422/200586, o que ensejará na regularidade das compensações do PA n.° 11020.906108/200932 e também do presente processo. 29. A não homologação dos PER/DCOMP do PA n.° 11020.000422/200586 ocorreu sob a alegação de que o Saldo Negativo de CSLL do anocalendário 2003 não teria sido confirmado, em razão da não homologação das compensações relativas ao PA n.° 11020.000423/200521 (parcelas das estimativas de janeiro a julho e parte de agosto de 2003, no valor total de R$712.102,93); e das compensações relativas das demais estimativas devidas no ano relativas ao PA n.° 11020.000037/200377, PA de crédito do processo judicial n.° 87.00005444 , atual processo n.° 2005.34.00.0083599 5 (R$292.44,60). 30. Quanto ao PA n.°11020.000037/200377, referese a processo de restituição de créditoprêmio de IPI de titularidade da recorrente, reconhecido por decisão transitada em julgado nos autos do processo n.° 2005.34.00.0083595 (antigo processo n.° 87.00.005444). 31. Tendo em vista que o Fisco vinha impondo óbices nas homologações das compensações com o crédito do PA n.° 11020.000037/200377, a recorrente peticionou ao MM. Juízo da 7ª Vara Federal do Distrito Federal requerendo cumprimento da coisa julgada. 32. O MM. Juízo da 7ª Vara Federal do Distrito Federal, em razão de coisa julgada produzida na referida ação judicial, determinou à DRFB de Caxias do Sul/RS a apuração do crédito e a homologação de todas as compensações com ele efetuadas [...]. 33. Na decisão de 21/10/2009 o MM. Juiz determinou que fossem procedidas as compensações fixando os critérios de cálculo do crédito. Já em decisão proferida em 24/11/2009 determinou expressamente que "a compensação alcança os débitos da matriz e das filiais, abrangendo todos as compensações vinculadas ao PA 11020.000037/200377, nos termos disciplinados pela IN RFB 900/2008". 34. Portanto, não há dúvidas de que todas as compensações apresentadas pela recorrente como crédito do PA n.° 11020.000037/200377, da primeira até a última, Fl. 221DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 222 10 devem ser homologadas pelo Fisco, o que, consequentemente, confirma, de uma vez por todas as extinções das estimativas mensais relacionadas ao Saldo Negativo de CSLL aqui abarcado e também dos períodos anteriores. 35. Em relação ao PA n.° 11020.000423/200521 a recorrente informa que se trata de compensações com Saldo Negativo de CSLL dos períodos de 01/2002 a 11/2002, no valor de R$712.102,93. Há um desmembramento. As parcelas relativas aos meses de 01/2002 a 06/2002 e parte de 07/2002 originaramse de compensações do PA n.° 11020.000424/200575, já a outra parte de 07/2002 a 11/2002 originaram se de compensações doPA n.° 11020.000037/200377, PA de crédito do processo judicial n.° 87.00005444, atual processo n.°2005.34.0r0083595. 36. Ou seja, a confirmação do Saldo Negativo de CSLL do anocalendário 2004 (objeto deste PA) depende da confirmação do Saldo Negativo de CSLL do PA n.° 11020.000423/200521 que, por sua vez,depende das confirmações das extinções das parcelas de estimativas compensadas tratadas nos PA n.° 11020.000424/200575 e 11020.000037/200377. 37. Quanto ao PA n.° 11020.000037/200377 a recorrente já esclareceu acima que o Fisco encontrase obrigado a homologar todas as compensações efetuadas pela recorrente, não havendo mais nenhuma dúvida sobre as confirmações das extinções das estimativas mensais mediante as compensações tributárias com esse crédito. 38. Resta, então, demonstrar a situação do PA n.° 11020.000424/200575. 39. Com o advento da Lei n.° 11.941/2009, e diante da resistência ilegal do Fisco em homologar as compensações vinculadas ao PA n.° 11020.000424/200575, a recorrente entendeu por bem consolidar todos os débitos nele abarcados no parcelamento, tendo informado essa consolidação. 40. Com a consolidação dos débitos do PA n.° 11020.000424/200575 no parcelamento, que vem sendo devidamente cumprido pela recorrente, resta igualmente confirmada a composição do Saldo Negativo de CSLL abarcado no PA n.° 11020.000423/200521, que, portanto, deverá ser provido por esse E. CARF em futuro julgamento. 41. Vejase, na medida em que os débitos das estimativas mensais foram consolidados no parcelamento e estão sendo pagos, mesmo que de forma parcelada, não há que se falar em "não confirmação" das extinções e consequentemente, vedação à utilização dos respectivos valores na composição do Saldo Negativo de CSLL. 42. Portanto, o Saldo Negativo de CSLL do PA n.°11020.000422/200586 é plenamente legítimo e apto a compensar os débitos dos PER/DCOMP n.° 10663.19228.140504.1.3.033280, 4241.71318.310504.1.3.039346, 00762.27544.300604.1.3.039561 e 33681.44068.160704.1.3.033807, através dos quais foram liquidados os débitos do período de 01/2004 a 06/2004. 43. E, se assim é, o Saldo Negativo de CSLL do PA n.° 11020.906108/2009 32 também é legitimo para compensar os débitos aqui abarcados. D Da Possibilidade De Conversão Do Julgamento Em Diligência. 44. A recorrente acostou documentação suficiente demonstrando que o recurso voluntário interposto nos autos do PA n.° 11020.000422/200586 deverá ser provido por esse E. CARF, na medida em que, por força da coisa julgada produzida no processo judicial n.°2005.34.00.0083595 (antigo processo n.° 87.00.005444), o Fl. 222DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 223 11 Fisco deverá homologar todas as compensações feitas como crédito do PA n.°11020.000037/200377. 45. Além disso, a regularização dos débitos do PA n.° 11020.000424/200575 ,mediante a consolidação no parcelamento instituído pela Lei n.° 11.941/2009, também confirmam a composição do Saldo Negativo de CSLL em questão. 46. Em suma, as extinções das estimativas mensais que geraram o Saldo Negativo de CSLL utilizado no PA n.° 11020.000422/200586, e consequentemente do presente PA e também do PA nº 11020.906108/200932, estão sendo devidamente confirmadas. 47. E caso esse E.CARF entenda necessário, poderá determinar diligência perante a DRF de Caxias do Sul/RS, a fim de que a referida repartição certifique a regularidade no parcelamento e quais compensações/extinções das estimativas mensais já foram confirmadas e, diante de tais confirmações, qual o Saldo Negativo de CSLL atual da recorrente. 48. Com essa certificação, esse E. CARF poderá verificar o atual montante do Saldo Negativo de CSLL do anocalendário 2005 da recorrente e homologar todos os Per/DComp por meio dos quais foram extintos os débitos aqui abarcados. E – Do Pedido. 49. Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso voluntário para que, reformandose o acórdão [...], seja reconhecido o direito creditório no valor total de R$477.901,86, bem como homologadas totalmente as compensações objeto de todos os Per/DComp por meio dos quais foram extintos os débitos aqui abarcados. 50. Na hipótese de não ser esse o entendimento, requer seja conhecido e provido o presente recurso voluntário para que seja determinado o sobrestamento do presente feito, a fim de que seja aguardado o julgamento final o PA n.° 11020.000422/200586 e também do PA n° 11020.906108/200932. 51. Por fim, caso esse E. CARF entenda necessário, requer seja o julgamento convertido em diligência, a fim de que a repartição de origem certifique quais compensações/extinções das estimativas mensais já foram confirmadas e, diante de tais confirmações, quanto ao Saldo Negativo de CSLL do anocalendário de 2005 da recorrente, possibilitando a homologação dos citados Per/DComp. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. Fl. 223DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 224 12 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Os atos administrativos não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. O Despacho Decisório foi lavrado por servidores competentes com observância de todos os requisitos legais (art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). A autoridade tributária tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos3. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 4 A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. 3 Fundamentação legal: art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 10 e art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. 4 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 225 13 da persuasão racional5. Assim, o Despacho Decisório Eletrônico, fls. 0911 e o Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/POA/RS nº 1044.907, de 05.07.2013, fls. 126128, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, não está demonstrada. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos6. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo constantes nos dados informados à RFB ou ainda quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência, tampouco procurou de alguma forma evidenciar inequivocamente a liquidez e a certeza do valor de direito creditório pleiteado. A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente defende que os presentes autos devem ser sobrestados, pois são conexos com os processos nºs 11020.000422/200586, 11020.906108/200932 e 11020.900902/201014. O instituto da conexão está originalmente previsto no Código de Processo Civil, que prevê: Art. 103. Reputamse conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Há conexão pelo objeto quando existe identidade de pedido mediato, ou seja, afirmação de um direito, que é o bem da vida pleiteado em dois ou mais processos. O objeto é o pedido, a pretensão material deduzida pelo sujeito passivo. Por outro lado, são conexos pela causa de pedir, dois ou mais processos, quando lhes são comuns os fundamentos de fato e de direito. 5 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. 6 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 170 do Código Tributário Nacional. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 226 14 A causa de pedir constitui premissa para o correto entendimento do pedido e deve estar com ela correlacionada em circunstância de causa e efeito. Surge portanto a necessidade da narração dos fatos e da fundamentação jurídica das situações que ocorreram em determinado período de tempo causando determinadas consequências jurídicas e que foram projetados para o processo. Sobre a matéria, o Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, prevê: Art. 47. Os processos serão distribuídos aleatoriamente às Câmaras para sorteio, juntamente com os processos conexos e, preferencialmente, organizados em lotes por matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. [...]. Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. [...]. § 7º Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc. (grifos acrescentados) O instituto da conexão somente implica prorrogação relativa de competência enquanto não proferida a decisão do órgão encarregado do julgado do primeiro processo. Se este já foi julgado, o instituto não tem mais efeito, podendo o outro órgão julgador proferir decisão consoante as suas próprias convicções. Não restou identificada de forma clara, explícita e congruente os presente autos são conexos com os processos nºs 11020.000422/200586, 11020.906108/200932 e 11020.900902/201014, que tratam de análise de Per/DComp com utilização dos créditos relativos aos saldos negativos de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados pelo regime de tributação com base no lucro real dos anoscalendário de 2003, 2004 e 2006. A contestação aduzida pela defendente de que o presente processo deve ser sobrestado, por isso, não pode ser sancionada. A Recorrente suscita que os Per/DComp devem ser deferidos. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o Fl. 226DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 227 15 procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 7. A Per/DComp é modo de constituição do crédito tributário e de confissão de dívida, bem como instrumento hábil e suficiente para inscrição em Dívida Ativa da União dispensando, para isso, o lançamento de ofício8910. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP 11, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.04.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF12. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais13. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por 7 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 8 Fundamentação Legal: DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984 e Portaria do MF nº 118, de 28 de junho de 1984. 9 BRASIL. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Acórdão nº 40201967. Conselheiro Relator: Henrique Pinheiro Torres, Segunda Turma, Brasília, DF, 4 de julho de 2005. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:camara.superior.recursos.fiscais;turma.1:acordao:200507 04;40201967> Acesso em: 09 mar. 2012. 10 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255 de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 482, de 21 de dezembro de 2004, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, A Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 11 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP. Ministro Relator:Teori Albino Lawascki, Primeira Seção, Brasília, DF, 11 de março de 2009. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/jsp/revista/abreDocumento.jsp?componente=ITA&sequencial=864597&num_reg istro=200802440246&data=20090323&formato=PDF>. Acesso em: 06 mar.2012. 12 Fundamentação legal: art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. 13 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 228 16 legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial14. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento da CSLL pelo regime de tributação com base no lucro real anual deverá apurar o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões legais em 31 de dezembro de cada ano. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como a CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de CSLL a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza15. A pessoa jurídica que adota o regime de tributação do lucro real pode optar pela apuração anual de CSLL, o que lhe impõe o pagamento destes tributos em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada, ainda que venha a apurar base de cálculo negativa no balanço encerrado em 31 de dezembro do anocalendário. Pode, todavia, suspender ou reduzir os pagamentos dos tributos devidos em cada mês, desde que demonstre, mediante de balanços ou balancetes mensais, que as quantias acumuladas já recolhidas excedem os valores dos tributos devidos referentes ao período em curso. Para tanto, estes balanços ou balancetes devem ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário e a demonstração do lucro real relativa ao período deve ser transcrita no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). 14 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 15 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 229 17 O regime de tributação com base no lucro real anual prevê que a pessoa jurídica que efetuar pagamento de tributo a título de estimativa mensal pode utilizálo ao final do período de apuração na dedução do devido ou para compor o saldo negativo, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza16. Além disso, nos termos do enunciado da Súmula CARF nº 84 o “pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”. Sobre a possibilidade jurídica de utilização da CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada, objeto de extinção sob condição resolutória de ulterior homologação da compensação, para dedução da CSLL devida no cálculo do saldo negativo apurado no encerramento do período, a Procuradoria da Fazenda Nacional mediante Parecer PGFN/CAT nº 88/2014 manifestouse no seguinte sentido: PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei nº 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. I OBJETO DA CONSULTA Tratase de consulta cuja origem remonta a Secretaria da Receita Federal do Brasil, tendo sido encaminhada para manifestação acerca da ratificação ou retificação dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, os quais trataram da impossibilidade de inscrição em Dívida Ativa da União dos valores mensalmente apurados por estimativa, a título de antecipação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, e não pagos, ainda que objetos de Declaração de Compensação não homologada. 2. A consulta, realizada por meio da Nota Cosit nº 31, de 20 de novembro de 2013, propugna pela revisão dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, nos seguintes termos: “a) dada a regra geral de que a estimativa não paga não é passível de cobrança, excepcionalmente a estimativa estaria sujeita a cobrança e inscrição em DAU, quando objeto de parcelamento inadimplido ou de compensação não homologada ou considerada não declarada; 16 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Código Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, art. 73 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 4º da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, art. 30 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, art. 96, inciso I do art. 100, inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional, Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012, art. 269 do Código de Processo Civil, Lei Complementar nº 118, de 9 de fevereiro de 2005 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF e art. 83 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 230 18 b) se a lei permite a compensação de estimativa por meio de DComp, pode advir decisão administrativa de não homologação, com posterior manifestação de inconformidade, bem como de suspensão do débito; c) sendo possível, ao final da análise da DComp e do julgamento pela CRJ e pelo CARF, manterse não homologada a compensação de valores de estimativa, temse, por consequência lógica, a possibilidade de sua cobrança após o ajuste anual; d) se a lei especial admite o parcelamento de valores de estimativa informados em DComp não homologada, eventual inadimplência levará à sua cobrança e execução por parte da PGFN; e) do contrário, a manter o entendimento dos referidos pareceres, que se pronuncie quanto aos questionamentos constantes dos itens 48 e 52.” 3. A angústia dos consulentes reside na preocupação quanto ao fato de não saberem como proceder na hipótese de manutenção dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, como pode ser percebido do item (e) acima, o qual faz referência aos itens 48 e 52, cujo teor transcrevemos: “48. Diante de todo o exposto, e tendo em vista que os valores de estimativas devidos foram confessados em DComp e que, após o encerramento do anocalendário, não há mais que se falar em estimativa, pois as antecipações passam a revestir o caráter de tributo, tanto que passam a compor o resultado apurado no final do anobase, questionase: a) Na hipótese de o contribuinte utilizar como dedução na apuração anual do tributo valores de estimativas que tenham sido confessadas em DComp, cuja compensação não tenha sido homologada, a RFB não pode efetuar a cobrança da diferença devida com base na DComp, cobrando esse valor como tributo e não mais como estimativa, mesmo que seja após a ocorrência do fato gerador (31 de dezembro)? b) Qual seria o marco para início da incidência dos acréscimos legais: (i) o vencimento da estimativa não paga (último dia útil do mês subsequente àquele a que se referir), ou (ii) o vencimento do tributo (último dia útil do mês de março do ano calendário subsequente ao ano base)? c) Qual seria o termo inicial do prazo de que a Fazenda disporia para efetuar a cobrança dos valores confessados e indevidamente deduzidos do ajuste anual? Seria a data da confissão do débito de estimativa em DComp, considerando, ainda, que o prazo prescricional não corre no período que medeia a entrega da DComp e a não homologação da compensação? d) Em se mantendo o entendimento de que as estimativas não são créditos tributários, por isso não podem ser cobradas com base Fl. 230DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 231 19 na DComp não homologada, mas devem ser objeto de lançamento de ofício, perguntase: não sendo crédito tributário, as estimativas poderiam ser compensadas, uma vez que a legislação sempre trata da compensação entre créditos tributários líquidos e certos? ...omissis... 52. Importante mencionar, todavia, que dos R$ 169 bilhões relativos aos créditos de saldos negativos, R$ 930 milhões (0,55%) referese a estimativas parceladas. Sendo assim, diante da existência de permissão legal, tanto que existente crédito tributário nessa situação, questionase: a RFB pode, por ato infralegal, restringir o direito do contribuinte, vedando a inclusão de tais antecipações no parcelamento simplificado, com base no argumento de que, ao final do anobase, as estimativas são substituídas pelo tributo apurado? E quando o parcelamento for de estimativas cuja compensação não foi homologada e se der depois de 31/12 do anocalendário a que correspondem as antecipações?” 4. A grande diferença das consultas anteriores é que essa ressalta o questionamento em relação aos valores da estimativa que foram contabilizados após o ajuste anual, ou seja, não seriam mais estimativas, mas valores que foram contabilizados no ajuste como tributos efetivamente pagos ou compensados, portanto, os valores seriam parte do tributo que teve sua compensação não homologada, como é possível constatar em trecho da Nota Técnica Cosit n.º 31/2013: “Entretanto, a PGFN não considerou a possibilidade de que as estimativas parceladas fossem aquelas objeto de compensação nãohomologada e, quase sempre, efetuado o parcelamento depois de anocalendário encerrado. Ou seja, as estimativas parceladas podem ser aquelas que compuseram o ajuste anual do imposto apurado e deste foi deduzido por compensação que veio a ser nãohomologada” 5. Desse modo, a consulta realizada em nada se assemelha as anteriores, em que foram tratadas as estimativas, ou seja, valores não consolidados no ajuste anual. Tanto o Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011, quanto no Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013 abordam os valores relativos a estimativa, não analisando a mudança de natureza que ocorre após o ajuste anual, portanto, não vislumbramos nenhuma razão para alteração dos pareceres anteriores, aos quais remetemos para questão das estimativas. II TRANSFORMAÇÃO DA ESTIMATIVA EM TRIBUTO 6. O imposto de renda tem sua matriz no Art. 153, Inciso III da Constituição Federal, estabelecendo princípios para sua regência no § 2º do mesmo artigo, além dos já previstos nos Arts. 150 e 151 da Carta Magna, porém, o delineamento do tributo consta no Código Tributário Nacional, ao definir o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda: Fl. 231DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 232 20 “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.” 7. Não existe nenhuma dúvida quanto ao fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto sobre a renda, valendo trazer a lição a seguir a respeito do conceito de renda: “...o acréscimo de valor patrimonial, representativo da obtenção de produto, da ocorrência de fluxo de riqueza ou simples aumento do valor do patrimônio, de natureza material ou imaterial, acumulado ou consumido, que decorre ou não de uma fonte permanente, que decorre ou não de uma fonte produtiva, que não necessariamente esta realizado, que não necessariamente esta separado, que pode ou não ser periódico ou reprodutível, normalmente líquido, e que pode ser de índole monetária ou em espécie.” 8. Outro aspecto deve ser levando em consideração para aferir a renda, o interstício temporal, a partir da combinação de acréscimos e decréscimos patrimoniais relevantes, que vão apontar o ganho de renda do sujeito passivo num determinado período. Vejamos lição de Hugo de Brito Machado: “em se tratando de imposto de incidência anual, podese afirmar que o seu fato gerador é da espécie dos fatos continuados. E em virtude de ser a renda, ou o lucro, um resultado de um conjunto Fl. 232DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 233 21 de fatos que acontecem durante determinado período, é razoável dizerse também que se trata de fato gerador complexo” 9. Mesmo o fato que enseja à incidência do imposto de renda ocorrendo apenas ao final do ano, a legislação estabelece o pagamento de valores mensais, cujo valor real se apresentará apenas no ajuste anual, com a apuração do lucro real, a qual ocorrerá em 31 de dezembro, consoante definido no Art. 2º da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996: “Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. (Regulamento) (Vide Medida Provisória nº 627, de 2013) (Vigência) § 1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. § 2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. § 3º A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior. § 4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo.” 10. Por sua vez, o Art. 6º da Lei n.º 9430, de 1996, também deixa bastante claro que o imposto será apurado em 31 de dezembro, estruturando o imposto de renda anual para o seu devido valor, superando as antecipações de recolhimento designadas como estimativa. Vejamos o dispositivo: Fl. 233DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 234 22 “Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art. 2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. § 1º O saldo do imposto apurado em 31 de dezembro receberá o seguinte tratamento: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) I se positivo, será pago em quota única, até o último dia útil do mês de março do ano subsequente, observado o disposto no § 2o; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) II se negativo, poderá ser objeto de restituição ou de compensação nos termos do art. 74. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) § 2º O saldo do imposto a pagar de que trata o inciso I do parágrafo anterior será acrescido de juros calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. § 3º O prazo a que se refere o inciso I do § 1º não se aplica ao imposto relativo ao mês de dezembro, que deverá ser pago até o último dia útil do mês de janeiro do ano subseqüente.” 11. Esse pagamento a que nos referimos acima se assemelha a antecipação do imposto de renda por meio de retenção na fonte, a qual tem sua natureza abordada em nota na clássica obra de Aliomar Baleeiro: “Generalizouse a retenção do imposto de renda na fonte. Com o advento da Lei nº 7713/88, a partir de 01.01.1988, todos os rendimentos de pessoa física, recebidos de pessoas jurídicas, sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte, mesmo quando pagos em juízo. Incluemse, portanto, no rol, os rendimentos pagos ao trabalho assalariado (salários, remunerações e despesas pagas pelo empregador), ao autônomo, aluguéis e outros. As exceções são os ganhos de capital, mesmo se pagos por pessoas jurídicas, os alimentos e pensões. ...omissis.. Originariamente, o imposto de renda (fonte) incidia apenas sobre os rendimentos ao portador e dos residentes e domiciliados no exterior. Surgiu, portanto, por razões de praticidade ou pelas limitações territoriais da lei brasileira, como incidência única e exclusiva, cabendo às fontes pagadores reter e recolher o tributo as repartições competentes. ...omissis... Posteriormente, estendeuse o imposto de fonte a outras hipóteses, até a ampla generalização que tem hoje. Não configura, em nenhum caso, tributo diferente do imposto de renda, mas, antes, deve ser analisado como mera antecipação de imposto que se presume devido. Se, ao final do anobase em que está periodizado (ver comentários seguintes, no tópico 13), o Fl. 234DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 235 23 imposto não for devido, em decorrência de saídasdespesas elevadas, deverá ser devolvido ao contribuinte.” 12. O entendimento quanto à natureza de antecipação do imposto foi tratada em decisões do Supremo Tribunal Federal, a seguir colacionadas: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PESSOA JURÍDICA. RETENÇÃO NA FONTE. PAGAMENTOS EFETUADOS PELO PODER PÚBLICO. CARÁTER INFRACONSTITUCIONAL DA DISCUSSÃO. INSUFICIÊNCIA DAS RAZÕES RECURSAIS. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO MONOCRÁTICA. DISCUSSÃO ACERCA DE SEUS REQUISITOS. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 38 da Lei 8.038/1991 e do art. 21, § 1º do RISTF, cabe ao relator negar seguimento aos pedidos ou aos recursos manifestamente improcedentes. Nestes casos, devese preservar a possibilidade de recurso ao Colegiado, pela exposição precisa dos fundamentos da decisão monocrática. Requisito observado neste caso. 2. Considerada a sistemática de retenção na fonte como instrumento de antecipação do Imposto de Renda (realidade diversa da retenção na fonte como mecanismo de tributação definitiva), para que fosse possível bem compreender a alegada dimensão constitucional do debate, seria necessário examinar não apenas a norma de retenção, mas também a contramedida de compensação, destinada a reconduzir a carga tributária ao patamar autorizado pela Constituição e pela legislação. Ausente discussão sobre elemento essencial do modelo, as razões recursais são ineficazes para promover o debate constitucional da matéria. 3. Ademais, as razões recursais desviamse de outro elemento determinante para o controle da validade da tributação, que referese aos limites à mensuração da carga tributária que pode ser exigida em antecipação. Como há a previsão para o reequilíbrio da carga tributária com a compensação, a questão de fundo deixa de ser propriamente a violação imediata do conceito de renda, para se desdobrar em duas: (a) a razoabilidade e a proporcionalidade dos valores retidos, considerado o direito constitucional ao exercício de atividade econômica lícita e (b) a eficácia do mecanismo de compensação para reconduzir a carga tributária ao patamar permitido pela Constituição e pela legislação. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 628845 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe061 DIVULG 30032011 PUBLIC 31032011 EMENT VOL0249301 PP00194) EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PESSOA JURÍDICA. ANTECIPAÇÃO. “DUODÉCIMOS”. VALIDADE. PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. 1. O acórdão prolatado pelo Tribunal de origem está devidamente fundamentado, ainda que com sua conclusão não concorde a parteagravante. Ausência de violação do art. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 236 24 93, IX da Constituição. 2. A orientação firmada por esta Corte considera válida a cobrança do IRPJ pela modalidade de antecipação conhecida como “duodécimos” (DecretoLei 2.354/1987 e Lei 7.787/1989). A suposta violação do princípio da vedação do uso de tributo com efeito confiscatório depende do exame de provas específicas, relativas ao caso concreto. Ausente quadro probatório capaz de confirmar a alegação da parteagravante. Impossibilidade de revisão de fatos e provas (Súmula 279/STF). Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 255379 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 08/02/2011, DJe060 DIVULG 29032011 PUBLIC 30032011 EMENT VOL02492 01 PP00043) 13. Ao final do período ocorre à substituição das estimativas pelo ajuste anual, não existindo liquidez e certeza na estimativa, razão pela qual é impossível a inscrição e cobrança das estimativas, conforme exposto no Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011, do qual extraímos o trecho a seguir: 28. Ocorre que, como visto e reiterado, os valores do IRPJ e da CSLL apurados por estimativa não se qualificam como crédito tributário, mas como mera antecipação do pagamento deste. 29. Assim, ainda que a DCOMP se preste à confissão de dívida, tal confissão não tem o poder de transformar a antecipação do tributo (estimativa) em crédito tributário. 30. Disto decorre que, mesmo declarada esta antecipação do tributo como débito (e até confessada), em não sendo homologada a compensação ela é tida por inexistente, tendo como efeitos o não pagamento e a não extinção desta parte do crédito tributário, a teor do art. 156, inciso II, do Código Tributário Nacional. 31. Conclusivamente, o débito relativo à antecipação do IRPJ e da CSLL apurada por estimativa não constitui crédito tributário e assim não se converteu pelo fato de ter sido objeto de DCOMP, não se sustentando como líquido e certo, inclusive porque é necessário o ajuste, ao final, para apuração do saldo do imposto. 32. De fato, conforme preceitos do art. 2° c.c. art. 6º da Lei nº 9.430, de 1996, caso não recolhido ou pago a menor o valor da antecipação mensal dos tributos, é necessária a apuração destes ao final (31 de dezembro ou na data do encerramento das atividades ou dos demais eventos indicados na lei), com previsão de penalidade pecuniária, ainda que a pessoa jurídica venha a apurar prejuízo no balanço. 33. A propósito, não é desarrazoado prever a ocorrência de situação em que os valores antecipados sejam superiores ao valor do tributo devido, hipótese que reforça a conclusão de inexistência de certeza e liquidez das referidas antecipações. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 237 25 14. A mesma conclusão foi adotada no Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013, conforme excerto a seguir: “12. A existência da compensação não implica em sua possibilidade de cobrança, afinal, ao ser concluído o exercício, a estimativa é substituída pelo imposto apurado, consoante exposto no Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011 e assim como é definido pela própria Receita Federal do Brasil no Art. 16 da Instrução Normativa SRF Nº 093, de 24 de Dezembro de 1997: Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto.” 15. O IRPJ e a CSLL substituem as estimativas, contudo, é possível que os valores relativos à estimativa tenham sido compensados e computados como pagamento no momento do ajuste anual, contudo, essa compensação pode não ser homologada, ocorrendo a decisão após a apuração do lucro real. Assim, tratarseiam de valores referentes a tributo consolidados com o ajuste anual, não mais de mera estimativa do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro. 16. Esse entendimento já é aplicado pela Receita Federal do Brasil, vejamos trecho da Nota Cosit nº 31/2013, a qual serve de lastro à consulta: “Portanto, ao apurar, em 31 de dezembro, o valor total do imposto devido em todo o anocalendário, o sujeito passivo há de pagar esse valor, não havendo porque a RFB manter a cobrança de um débito (estimativa) que foi incorporado por outro (imposto a pagar). Isso é pacífico. A RFB não cobra estimativa não paga no anocalendário: aplica multa de ofício e cobra o imposto devido na forma de saldo a pagar.” 17. A leitura do trecho acima deixa claro que a RFB tem consciência da inviabilidade de cobrança das estimativas, pelo menos até a ocorrência do fato jurídico que enseja a incidência do IRPJ e CSLL na modalidade anual. 18. Ocorre que, após o ajuste, a estimativa é substituída pelo tributo, portanto, a estimativa extinta por meio de compensação foi incorporada ao ajuste, como explicado pela própria Receita Federal do Brasil na Nota Cosit n.º 31/2013: “21. Ocorre que não se está tratando de estimativa não paga no anocalendário, mas de estimativa extinta por meio da compensação, cujo efeito legal é o mesmo do pagamento, Fl. 237DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 238 26 conforme se depreende da leitura do art. 156, Incisos I e II, do CTN e do art. 6º da Lei nº 8.212, de 29 de agosto de 1991. 21.1. Por sua vez, a Lei n.º 9.430, de 1996, não previa – e não foi atualizada nesse ponto – a hipótese de que o valor devido fosse antecipado por forma diversa do pagamento, in casu, a compensação, cujas regras próprias possibilitam a contestação dessa antecipação por meio da nãohomologação, que ocorre, via de regra, apenas depois de 31 de dezembro, ou seja, depois de a Declaração de Informações EconômicoFiscais (DIPJ) ser entregue e o imposto pago ou o saldo negativo apurado. 21.2. Ora, enquanto não homologada a compensação, extinto está o débito declarado a título de estimativa e, portanto, corretamente deduzido do total do imposto devido no ano e demonstrado no DIPJ. Essa extinção, entretanto, não é definitiva, mas se submete a condição resolutória de a RFB homologála ou não no prazo de cinco anos. 21.3 Assim, ao compor o imposto de renda apurado e devido ao final do anocalendário, e ser declarado extinto por meio de estimativa, temse que esse valor informado na DIPJ como compensado já não é mais estimativa, mas imposto sobre a renda, crédito tributário definitivamente constituído por apuração e confissão do sujeito passivo. Tal caráter de confissão tanto se encontra assentado na informação do valor estimado e compensado prestada na DCTF, como na DComp. 19. O entendimento que podemos extrair do excerto acima é de que tratamos de tributo em si, não mais de estimativas, cuja existência se encerra com o ajuste anual, consoante exposto nos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, razão pela qual podemos ter uma conclusão diferente daqueles constantes nos pareceres mencionados, contudo, sem modificarlhes em nenhum ponto, apenas por considerar que no caso estamos tratando de tributo propriamente dito. 20. A conclusão que podemos formular, a partir do questionamento da Receita Federal do Brasil, é pela legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo à substituição da estimativa pelo imposto de renda. 21. Devemos ressaltar, porém, que deverão ser realizados ajustes para que fique claro que os valores cobrados, quando da não homologação de compensação de estimativa, são, na verdade, IRPJ ou CSLL e não estimativa dos tributos, pois a confusão pode influenciar as chances de êxito da cobrança, pois a nomenclatura inadequada pode levar órgãos administrativos e judiciais a entenderem que a cobrança seria ilegal. III CONCLUSÃO Fl. 238DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 239 27 22. Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. (grifos acrescentados) Podese concluir que somente podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao anocalendário objeto da DIPJ. Considerase efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do tributo retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Per/DComp ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Consta no Voto condutor do Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/POA/RS nº 10 44.907, de 05.07.2013, fls. 126128: A contribuinte informou no PER/Dcomp que o crédito seria originário do pagamentos de estimativas. Contudo, além de as parcelas informadas não coincidirem exatamente com o que foi declarado em DCTF, não foi informado que muitas delas teriam sido quitadas com o saldo negativo de CSLL do anocalendário 2004. A DCTF assim registra quanto às quitações por compensação: P. A. Estimativa Per/DComp 01/2005 57.897,76 19326.11642.210808.1.7.030810 02/2005 48.909,89 30237.90545.300305.1.3.033340 03/2005 70.344,08 08839.14057.290405.1.3.032148 04/2005 75.909,58 16938.58846.300505.1.3.037219 05/2005 131.835,96 03997.89880.300605.1.3.037005 06/2005 112.852,36 03019.74011.220705.1.3.030268 07/2005 58.667,43 25045.24602.290805.1.3.031889 Total 556.417,06 As compensações mencionadas na tabela estão sendo tratadas no processo administrativo 11020.906108/200932. Foram homologadas parcialmente pela DRF, em razão do reconhecimento do crédito de R$67.659,22. A manifestação de Fl. 239DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 240 28 inconformidade contra a parte não homologada pelo despacho decisório foi indeferida por esta Turma, em julgamento que antecede ao deste, nesta sessão. As homologações do processo 11020.906108/200932 não são suficientes para confirmar qualquer parcela do saldo negativo utilizado nas compensações deste processo. Assim, consideramse efetivamente pagos os valores de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada objeto de compensações solicitadas por meio dos Per/DComp nºs 19326.11642.210808.1.7.030810, 30237.90545.300305.1.3.033340, 08839.14057.290405.1.3.032148, 16938.58846.300505.1.3.037219, 03997.89880.300605.1.3.037005, 03019.74011.220705.1.3.030268, 25045.24602.290805.1.3.031889 formalizados no processo nº 11020.906108/200932 no total R$556.417,06 no anocalendário de 2004. Ademais, foram considerados no Despacho Decisório Eletrônico o valor total de R$165.163,15 a título de CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada paga com Darf. Analisando os registros internos da RFB, fls. 115122, verificase que de fato há dois pagamentos com validação total: (a) R$138.744,48, código 2484, do período de agosto de 2005 e (b) R$70.992,54, código 2484, do período de julho de 2005. Tais Darf perfazem o total de R$209.737,02, conforme demonstrado na Tabela 1. AnoCalendário 2005 (A) Valores Reconhecidos Despacho Decisório R$ (B) Valores Reconhecidos Segunda Instância de Julgamento R$ (B) CSLL Devida 288.252,22 288.252,22 () CSLL Determinada Sobre a Base De Cálculo Estimada Paga com Darf (165.163,15) (209.737,02) () CSLL Determinada Sobre a Base De Cálculo Estimada Paga com Per/DComp 0,00 (556.417,06) Saldo de CSLL 123.089,07 (477.901,86) Por conseguinte, deve ser reconhecido o direito creditório relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$477.901,86 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2005, para compensação dos débitos ali confessados até o limite desse crédito. Em assim sucedendo, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$477.901,86 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2005, para compensação dos débitos ali confessados até o limite desse crédito. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 240DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 11020.915115/200925 Acórdão n.º 1803002.455 S1TE03 Fl. 241 29 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/12/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10380.006736/2010-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2006
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. TÍTULOS PRÓPRIOS.
Constitui infração à legislação previdenciária, a empresa deixar de lançar, mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há cerceamento do direito de defesa quando estão explicitados todos os elementos do lançamento e quando o contribuinte tem preservado seu direito à apresentação de impugnação.
CERCEAMENTO DE DEFESA
Não se configura cerceamento de defesa a impossibilidade de dilação do prazo de defesa, posto que a matéria vem regulada em lei.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. DILAÇÃO DE PRAZOS LEGAIS. É cediço que à Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. Assim, não lhe compete alargar prazo legal se o contribuinte não demonstra a incidência de qualquer exceção normativa que autorize a prática a destempo. Inteligência do artigo 5°, II, da CF; e artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o Auto de Infração de Obrigação Acessória lavrado no Código de Fundamento Legal 34, por não contabilizar em títulos próprios, de forma discriminada, os fatos geradores de contribuição previdenciária.
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: Relator André Luís Mársico Lombardi
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CUSTEIO. TÍTULOS PRÓPRIOS. Constitui infração à legislação previdenciária, a empresa deixar de lançar, mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há cerceamento do direito de defesa quando estão explicitados todos os elementos do lançamento e quando o contribuinte tem preservado seu direito à apresentação de impugnação. CERCEAMENTO DE DEFESA Não se configura cerceamento de defesa a impossibilidade de dilação do prazo de defesa, posto que a matéria vem regulada em lei. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. DILAÇÃO DE PRAZOS LEGAIS. É cediço que à Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. Assim, não lhe compete alargar prazo legal se o contribuinte não demonstra a incidência de qualquer exceção normativa que autorize a prática a destempo. Inteligência do artigo 5°, II, da CF; e artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o Auto de Infração de Obrigação Acessória AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 67 36 /2 01 0- 06 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 2 lavrado no Código de Fundamento Legal 34, por não contabilizar em títulos próprios, de forma discriminada, os fatos geradores de contribuição previdenciária. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006736/201006 Acórdão n.º 2302003.402 S2C3T2 Fl. 89 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo o crédito tributário lançado. Adotamos trechos do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 63 e seguintes), que bem resumem o quanto consta dos autos: Tratase de processo de Auto de Infração de obrigação acessória, DEBCAD 37.255.8895, lavrado por infração ao disposto no art. 32, II, da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, combinado com o art. 225, II e §§ 13 a 17 do Regulamento da Previdência Social (RPS). aprovado pelo Decreto n° 3.048. de 6 de maio de 1999 (Fundamento Legal 34). Conforme Relatório Fiscal, fls. 05/13, a empresa deixou de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de contribuições previdenciárias, como exemplificado a seguir: a) 33903600 Outros serviços de terceiros pessoa física Nesta conta o órgão registra todos os pagamentos a pessoa física indiferentemente de estarem ou não sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, tais como: COM INCIDÊNCIA — serviços prestados por contribuintes individuais das categorias de autônomos e transportadores autônomos; SEM INCIDÊNCIA — aluguel de imóvel contratado com pessoa física. A auditoria constatou também que o órgão não registra sua contabilidade pelo regime de competência, ou seja, no momento em que a despesa se realizou independentemente do momento do pagamento... O que observou a auditoria é que o órgão não vem contabilizando a quota patronal devida ao INSS na sua totalidade conforme demonstra a planilha anexa que compara os valores devidos ao INSS a título de quota patronal com os valores efetivamente liquidados pelo órgão no título contábil 31901300 OBRIGA ÇÕES PA TRONAIS. A multa foi aplicada no valor de R$ 14.107,77 (quatorze mil, cento e sete reais e setenta e sete centavos), em observância ao disposto nos artigos 92 e 102 da Lei n° 8.212, de 1991, e artigos 283, II, "a" e 373 do RPS, com atualização da Portaria Interministerial MPS/MF n° 350, de 30/12/2009. (...) (grifos nossos) Cientificada dos lançamentos constantes dos presentes autos, a recorrente apresentou defesa que, como afirmado, foi julgada improcedente. Novamente cientificada, apresentou o seu recurso, no qual alega, em síntese: Fl. 90DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 4 * cerceamento de seu direito de defesa ainda por considerar exíguo o prazo de trinta dias para apresentação de impugnação, especialmente por terem sido lavradas várias autuações na mesma ação fiscal. * ficou impossibilitado de exercer seu direito à ampla defesa, uma vez que o AI foi fundamentado numa infinidade de normas, ora com base na legislação vigente à época da ocorrência da infração, ora na legislação de 2009. * argui que a legislação mais benéfica é a da época da ocorrência da infração, que permitia a relevação da multa, se atendidos determinados requisitos, não havendo que se falar em opção de penalidade mais benéfica. * afirma que todos os fatos geradores foram contabilizados de modo a atender tanto à Lei previdenciária, como à Lei n° 4.320, de 1964, não tendo havido obstáculo à apuração dos mesmos por parte do auditor. * aduz que, em se tratando de órgão público, sujeito à contabilidade pública e controlado e fiscalizado por Tribunal de Contas, está sujeito a outras legislações que, muitas vezes, lhe impedem de cumprir as obrigações acessórias da legislação previdenciária por estar obrigado ao cumprimento de lei especial que, nesse caso, prevalece sobre a lei geral. * considera que a responsabilidade pela infração objeto da autuação é do gestor, com base no disposto no art. 41 da Lei n° 8.212, de 1991, alterado pela MP 449. * requer também a relevação da multa, em razão de ser aplicável o disposto no art. 291 do RPS, vigente à época da ocorrência da suposta infração, alegando sua primariedade e a inocorrência de circunstância agravante. Aos autos foram indevidamente encaminhados à Primeira Seção de Julgamento deste Conselho, sendo que a 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, no Acórdão 1103 000.865, declinou competência para esta Segunda Seção. É o relatório. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006736/201006 Acórdão n.º 2302003.402 S2C3T2 Fl. 90 5 Voto Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi Cerceamento de defesa. Em que pese a recorrente afirmar que ficou impossibilitada de exercer seu direito à ampla defesa, uma vez que o AI foi fundamentado numa infinidade de normas, ora com base na legislação vigente à época da ocorrência da infração, ora na legislação de 2009, verificase que a descrição da infração, bem como sua fundamentação, encontramse claramente descritas no relatório fiscal e na folha de rosto (fls. 1) do Auto de Infração. O artigo 15 da Lei n° 8.212, de 1991, assim dispõe: Art. 15. Considerase: 1 empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; O dispositivo acima prevê que o Município de Maracanaú é considerado empresa para os fins da legislação previdenciária e, por esta razão, deve cumprir as obrigações tributárias principais e acessórias nela previstas. Assim, não podem prosperar as alegações de que o Município, por estar sujeito às regras da contabilidade pública e dos Tribunais de Contas, estaria dispensado de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme previsto no art. 32, II, da Lei n° 8.212, de 1991. Ademais, conforme explicitado no próprio relatório fiscal, quando a Lei n° 8.212. de 1991, determina a segregação dos fatos geradores de contribuições previdenciárias em títulos próprios, não colide com as determinações da Lei n° 4.320, de 1964, pois as normas da contabilidade pública admitem o desmembramento dos elementos de despesa ao nível de subelemento, conforme Portaria Interministerial n°163, de 04/05/2001, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), art. 3o , § 5o. O direito ao contraditório também foi observado, uma vez que o município teve a oportunidade de se manifestar através da impugnação A alegação de erro na aplicação da legislação tributária não pode prosperar. Isso porque os dispositivos legais e normativos que fundamentaram a presente não sofreram alteração em 2009. Além disso, a multa aplicada foi calculada em observância aos referidos dispositivos, sendo considerada a atualização dada pela Portaria MPS/MF n° 350, de 2009, em razão do disposto no art. 373 do RPS, segundo o qual os valores expressos em moeda corrente, Fl. 92DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 6 referidos no Regulamento, são reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. Finalmente, quanto à exigüidade do prazo concedido para apresentação de defesa, cabe esclarecer que o prazo de trinta dias está previsto no art. 15 do Decreto 70.235, de 1972, o qual rege o processo administrativo fiscal. Com efeito, é cediço que à Administração Pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. Assim, não lhe compete alargar prazo legal se o contribuinte não demonstra a incidência de qualquer exceção normativa que autorize a prática a destempo (artigo 5°, II, da CF; e artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235/72). Assim, concluise que, incontestavelmente, o lançamento encontrase revestido de todas as formalidades exigidas por lei, tendo sido o sujeito passivo cientificado de todas as decisões de relevo exaradas no curso do presente feito, restando garantido, por conseguinte, o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Inexiste, portanto, qualquer óbice procedimental da parte da fiscalização. Legislação Mais Benéfica. Relevação. Argui que a legislação mais benéfica é a da época da ocorrência da infração, que permitia a relevação da multa, se atendidos determinados requisitos, não havendo que se falar em opção de penalidade mais benéfica. Ocorre que não cabe a relevação da multa aplicada, antes concedida pelo órgão de julgamento, em razão da revogação do dispositivo que a previa, o art. 291, § I o do RPS, pelo Decreto n° 6.727, de 12 de janeiro de 2009, em data anterior à lavratura da presente autuação. Responsabilidade do Gestor. Afirma que a responsabilidade pela infração objeto da autuação é do gestor, com base no disposto no art. 41 da Lei n° 8.212, de 1991, alterado pela MP 449. Com a revogação do art. 41 da Lei n° 8.212, de 1991, pela Medida Provisória n° 449, de 2008, foi afastada a responsabilidade pessoal dos dirigentes. Entretanto, há que se observar que, nos termos do Parecer PGFN/CAT n°/190, de 2009, não houve desqualificação do ato como punível. A infração se mantém, bem como a possibilidade de imputação, pela regra geral, à pessoa jurídica que descumpre os dispositivos da legislação previdenciária. Assim, face a esta interpretação, concluise que a penalidade deve ser aplicada em nome da pessoa jurídica, inclusive para períodos anteriores à publicação da MP n° 449, de 2008. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 93DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10380.006736/201006 Acórdão n.º 2302003.402 S2C3T2 Fl. 91 7 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 16/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI
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Numero do processo: 10166.900938/2009-39
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2005
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto processual relativo a tempestividade da apresentação do aditamento a manifestação de inconformidade. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ que originalmente proferiu a decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 1803-002.543
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto processual relativo a tempestividade da apresentação do aditamento a manifestação de inconformidade. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ que originalmente proferiu a decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 09 38 /2 00 9- 39 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 98 2 A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 30552.6502.150306.1.3.043079, apresentada em 15.03.2006, fls. 2027, utilizandose do crédito relativo ao pagamento a maior de Imposto sobre a renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 2362, no valor de R$181.521,74 recolhido em 27.02.2004, apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados. De acordo com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 04, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 181.521,74 A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados o PER/DCOMP [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. [...] Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada em 05.03.2009, fls. 03 e 17, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade em 12.03.2009, fl. 02, solicitando o cancelamento do processo, pois, o valor cobrado já estaria incluso no processo nº 10166.900226/200839. A manifestação de inconformidade foi objeto de análise, conforme Despacho do Presidente da 2ª Turma da DRJ/BSA/DF, fl. 19, resultando na devolução dos autos ao órgão de origem: Consoante Despacho Decisório reproduzido à fl. 03, emitido eletronicamente em 18/02/2009, a autoridade competente não homologou a compensação declarada pelo contribuinte no Per/DComp n° 30552.16502.150305.1.3.043079, tendo em vista que não foi confirmado o crédito utilizado, relativo a pagamento a maior no valor original de R$181.521,74, proveniente de recolhimento efetuado em 27/02/2004, através de DARF de igual valor, o qual foi totalmente utilizado para extinguir débito declarado em DCTF. Conseqüentemente, diante da não homologação, o sujeito passivo foi intimado a efetuar o pagamento do débito indevidamente compensado. Cientificado do despacho denegatório, por via postal, em 05/03/2009 (fl. 14), o interessado apresentou em 12/03/2009 a petição acostada à fl. 01, na qual, em síntese, não contesta o direito creditório não reconhecido mas a cobrança do débito, que informa ter sido objeto de outra compensação, constante dos autos do processo n°. 10166.900226/200839, razão porque requer o cancelamento do presente processo. Desta forma, não havendo reclamo contra o direito creditório, a matéria tratada no requerimento não comporta julgamento de primeira instância por esta DRJ, razão pela qual retorno os autos ao órgão de origem, para as providências cabíveis. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 99 3 O processo foi enviado para cobrança amigável, pois, de acordo com o órgão de origem, o valor cobrado não corresponde a nenhum dos débitos inclusos no processo mencionado pela Recorrente. Notificada em 09.10.2012, fl. 35, inconformada com Despacho do Presidente da 2ª Turma da DRJ/BSA/DF, a Recorrente opôs nova peça de defesa que denominou “manifestação de inconformidade” em 16.10.2012, fls. 3639, argumentado: 05. Considerando que a elaboração de forma incoerente, da fundamentação da cobrança, deixando de evidenciar a informação de que o valor de R$518.160,02 tratase exclusivamente de um crédito legítimo declarado nos Per/DComp n° 30552.16502.150305.1.7.04.3079; 38539.03005.060405.1.7.04.0709 e 23965.92028.110505.1.7.04.8013, sob a natureza de um pagamento indevido ou a maior, sendo que esse valor é advindo de um saldo negativo de IRPJ, declarado no valor de R$1.819.934,76, na DIPJ [de 2005] [...]. 06. Por motivo desse saldo negativo de IRPJ de R$1.819.934,76, foram informados equivocadamente em outras Per/DComp um valor divergente, onde a base de cálculo negativa do imposto seria de R$1.301.774,74 e não o que realmente era devido. A regularização dessa situação, que em princípio seria de simples solução, poderia ser ocasionada mediante a retificação das Per/DComp já emitidas, procedimento que a via tentou realizar, mas que se revelou impossível, tendo em vista a não possibilidade desta retificação após o início do procedimento administrativo. Com o intuito de ilustrar o desdobramento da origem do valor deste crédito em questão, fixase o quadro: Valor Base Negativa IRPJ DIPJ (Correto) 1.819.934,76 Valor Negativo Informado equivocadamente nas Per/Dcomp (1.301.774,74) Diferença IRPJ a maior DIPJ518.160,02 07. Sobretudo, cumprese destacar, que a diferença apontada entre a DIPJ e as Per/DComp, que é de R$518.160,02, foi compensada pela via nos Per/DComp n° 30552.16502.150305.1.7.04.3079; 38539.03005.060405.1.7.04.0709 e 23965.92028.110505.1.7.04.8013. 08. Assim, diante dos argumentos apresentados, não tendo sido comprovada a falta de liquidação do valor em cobrança [...] deve ser extinto o crédito tributário ora requerido por esta Delegacia da Receita Federal de Julgamento. [...] 09. Estamos certos de que demonstramos, à exaustão, a ilegalidade de que se reveste o lançamento da cobrança em referência. 10. Diante das razões expostas, a empresa pleiteia o deferimento integral da presente peça de manifestação de inconformidade e, em conseqüência, sejam declarados improcedentes todos os lançamentos ora contestados, como também o cancelamento do Despacho Decisório [...]. Está registrado como ementa do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/BSA/DF nº 03 51.940, de 29.04.2013, fls. 4346: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 27/02/2004 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PETIÇÃO EXTEMPORÂNEA. PRECLUSÃO Fl. 99DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 100 4 Instaurada a fase litigiosa do procedimento, eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Outros Valores Controlados Notificada em 21.08.2013, fl. 53, Recorrente apresentou o recurso voluntário em 20.09.2013, fls. 5477, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: II DA PRELIMINAR DA NULIDADE DAS DECISÕES DA DRJ. DO FLAGRANTE CERCEAMENTO DO DIREITO D E DEFESA. DA AUSÊNCIA D E APRECIAÇÃO DOS ARGUMENTOS D E DEFESA: No presente momento, necessário se faz reiterar os seguintes momentos do processo, os quais estão intrinsecamente vinculados ao cerceamento do direito de defesa comprovadamente ocorrido, quando da apresentação da primeira irresignação em face da não homologação da compensação realizada. Repitase, após a ciência do Despacho que não homologou a compensação realizada, houve apresentação de manifestação de inconformidade [...], a qual fora devidamente processada, onde sobreveio Despacho de encaminhamento [...] lavrado pela Divisão de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília/DF, manifestandose no sentido de que: (i) que a referida manifestação de inconformidade [...] apresentada, fora recebida tempestivamente, ou seja, dentro do prazo de 30 dias; (ii) que houve a instauração da fase litigiosa comportando julgamento em primeira instância com base no Ato Declaratório Normativo COSIT n.° 15/2009; (iii) ao final, determinou a remessa dos autos à DRJ de Brasília para análise de impugnação proposta pela Recorrente. [...] Ocorre que de forma indevida e em desobediência flagrante à verdade material, a fungibilidade recursal e o Decreto n° 70.235/72 que regula a tramitação do processo administrativo fiscal no âmbito federal, houve lavratura de Despacho [...] de devolução, onde foram gravadas as seguintes informações: (i) que a Recorrente não teria contestado o direito creditório em face da não homologação do Per/DComp; (ii) que como não houve o suposto reclamo da Recorrente, o processo não comportaria julgamento de primeira instância, razão pela qual se determinou o retorno dos autos à origem. Depreendese da leitura da decisão recorrida que o entendimento da Turma Julgadora não merece prosperar, na medida em que esta deixou de acolher os argumentos suscitados pela Recorrente quando da apresentação da primeira manifestação de inconformidade [...], onde fora induzida a erro pela confusão havida no preparo dos autos para julgamento, haja vista que [...] a unidade preparadora faz uma afirmação, ao passo [...] existe informação em sentido diametralmente oposto. [...] Como pode constar a informação [...] dos autos que: (i) a manifestação de inconformidade [...] apresentada fora recebida tempestivamente, ou seja, dentro do prazo de 30 dias; (ii) houve a instauração da fase litigiosa comportando julgamento em primeira instância com base no Ato Declaratório Normativo COSIT n° 15/2009; Fl. 100DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 101 5 (iii) fora determinada a remessa dos autos à DRJ de Brasília para análise de impugnação; e, posteriormente, por intermédio de Despacho de Devolução [...], a mesma DRJ/BSB que agora teve competência para apreciar o caso [...], afirmou anteriormente que não o teria para dar alicerce à sua conduta flagrantemente omissa??? Importante se faz gravar que quando da apresentação da primeira manifestação de inconformidade [...], a própria unidade preparadora e/ou a DRJ/BSB tinha a obrigação legal, tendo em vista os fundamentos de defesa e a verdade material que rege o processo administrativo fiscal, de requerer informações e/ou avocar o processo administrativo fiscal n° 10166.900226/200839, até porque na data em que fora apresentada a primeira manifestação de inconformidade, ambos os casos, ou seja, esse processo administrativo e o da origem do crédito (PA 10166.900226/200839) estavam no Serviço de Controle e Julgamento da própria DRJ/BSB. [...]. Assim, resta claro que a Recorrente não pode ser apenada pelo descompasso entre a unidade preparadora e o órgão julgador, o qual, este último, tem o dever legal de emanar suas decisões com base na verdade material e na instrumentalidade processual de forma fundamentada e sem preterição do direito de defesa como ocorreu no caso dos presentes autos. Assim sendo, conforme se passará a demonstrar, o Despacho de devolução [...] deverá ser anulado, bem como o Acórdão recorrido que fora proferido pela da 2º Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília, pois ambos encontramse eivados de nulidade, uma vez que deixaram de apreciar tanto o fundamentos da primeira manifestação de inconformidade, tal como ocorreu quando da apresentação da segunda irresignação das razões de defesa suscitadas. Dispõe o Decreto n° 70.235/72, com a redação que lhe foi alterada pela Lei n° 8.748/93, em seu artigo 31, ao referirse à decisão exarada em primeira instância administrativa [...]. Notase, portanto, que a legislação regente é clara em estabelecer que a decisão emanada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento deve conter expressamente todas as razões de defesa suscitadas pela Recorrente. Tratase, portanto, de um requisito indispensável à garantia do devido processo e ao seu processamento para que não haja preterição do direito de defesa tal como ocorreu. No mesmo Decreto, especificamente no comando legal insculpido no art. 59, inciso II, encontrase a seguinte previsão no que concernente a nulidade despachos e decisões [...]. Percebese, dessa forma, que o mencionado dispositivo legal é claro ao mencionar que é nula a decisão de primeira instancia administrativa que cerceia o direito de defesa do contribuinte e é o que ocorreu no presente caso, na medida em que o Despacho de devolução dos autos não analisou sequer os fundamentos constantes da irresignação da Recorrente, mesmo levandose em consideração de que a Recorrente teve o cuidado de juntar, à época, a íntegra da manifestação de inconformidade protocolizada nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10166.900226/200839. [...] Com isso, concluise que: (i) é requisito indispensável da decisão de primeira instância administrativa fiscal federal a abordagem expressa de todos os aspectos e argumentos levantados na peça impugnatória; (ii) o não cumprimento de tal obrigatoriedade enseja caracterização de cerceamento do direito de defesa; e (iii) a Fl. 101DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 102 6 caracterização do cerceamento de defesa implica na nulidade da decisão de primeira instância. No presente caso, observase que a primeira manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente demonstrou a não procedência do Despacho Decisório [...] que não homologou a compensação realizada pela Recorrente, onde à época, houve manifestação desta no sentido de que o valor referido na compensação citada já estava incluído nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10166.900226/200839, onde inclusive, fora juntada a íntegra da manifestação de inconformidade [...] e, inclusive, ao final, houve requerimento de cancelamento do presente caso, em razão de que o valor aqui referido já fazia parte do outro caso, qual seja, citese novamente, o Processo Administrativo n° 10166.900226/200839. Contudo, na decisão recorrida, os Srs. Julgadores que se limitaram [...] a se manifestar no sentido de que não constava contestação do direito creditório, houveram por bem ulteriormente em julgar o processo através do acórdão ora recorrido, em total descompasso com as normas que regem a tramitação e a análise dos processos administrativos fiscais no âmbito federal. Em outras palavras, o que a DRJ/BSB fez, em ambas as decisões, quais sejam, na decisão [...] e no acórdão recorrido, foi deixar à margem da lei suas decisões em flagrante desobediência com a fungibilidade recursal, bem como do princípio da verdade material. De fato, na íntegra da decisão, é possível verificar que a própria DRJ/BSB [...] dos autos grava que a primeira petição da Recorrente tem a natureza jurídica de manifestação de inconformidade, pelo que se verifica com tal alegação o verdadeiro descompasso da Decisão lavrada [...], na medida em que resta claro e provado que o órgão julgador não analisou em nada as manifestações da Recorrente, seja na primeira peça de inconformidade, seja na segunda manifestação que fora julgada ulteriormente. Apenas a título de exemplificação, como pode a d. DRJ/BSB afirmar que se trata de manifestação de inconformidade e não julgar pelo simples e incorreto motivo de que a Recorrente não teria contestado seu direito creditório e, em momento posterior, afirmar que os fundamentos são extemporâneos??? Data máxima venia, um verdadeiro absurdo jurídico tais manifestações, em especial porque ferem de forma inconteste as normas que regulam o processo administrativo fiscal no âmbito federal. Ou seja, nesse ponto, como ocorreu em diversos outros do presente caso [...] a Turma Julgadora simplesmente deixou de apreciar as razões da primeira manifestação de inconformidade suscitadas pela Recorrente na peça apresentada [...], em total ofensa aos artigos 31 e 59, II do Decreto que regula o Processo Administrativo Fiscal. Tratase, portanto, de nítido cerceamento do direito de defesa em desfavor da Recorrente. [...] Dessa forma, estando devidamente demonstrado que a Turma Julgadora, seja na lavratura do Acórdão recorrido [...], seja no Despacho de devolução [...] se eximiu do seu dever contido nos artigos 31 e 59 inciso II, ambos do Decreto n° 70.235/72, temse que as decisões por ela emanadas padecem de nulidade, devendo tal fato ser reconhecido por esta colenda Turma Julgadora, para que os autos do presente processo administrativo sejam devolvidos à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília, a fim de que eles, relativamente aos fundamentos das manifestações de inconformidade apresentadas, profiram uma nova decisão abordando todos os argumentos suscitados pela Recorrente. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 103 7 III DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Não obstante os fundamentos acima expostos sejam mais do que suficientes para determinar a declaração de nulidade de todo o processo a partir do Despacho de devolução [...], uma vez que em completo desacordo com as regras que regem o processo administrativo fiscal, a manifestação de não homologação através do Despacho Decisório [...] não pode ser considerada lídima para fundamentar o não aproveitamento do crédito tributário a que tem direito a Recorrente tendo em vista a flagrante desconsideração do Princípio Da Verdade Material. Isso porque tal Despacho decisório fora lavrado unicamente em dados que não correspondem à verdade dos acontecimentos e sim em meras suposições, o que, por si só, não têm o condão de gerar a não homologação do aclarado crédito tributário que faz jus a Recorrente. Ou seja, em todos os fundamentos constantes do Despacho decisório que não homologou a compensação realizada, a Auditoria Fiscal afasta toda a verdade material e não reconhece o crédito da Recorrente, motivo pelo qual desconsidera integralmente todas as provas juntadas quando da apresentação das manifestações de inconformidade que comprovam de forma inconteste a existência de crédito em favor da Recorrente. [...] Verificase, ainda, a elaboração de forma incoerente da fundamentação da cobrança pelo Despacho Decisório que não homologou a compensação que a Recorrente faz jus, haja vista que a RFB deixou de constatar a informação de que o valor de R$518.160.02 tratase exclusivamente de um crédito legítimo declarado nos Per/DComp n° 30552.16502.150305.1.7.04.3079, 38539.03005.060405.1.7.04.0709 e 23965.92028.110505.1.7.04.8013. sob a natureza de um Pagamento Indevido ou a Maior, sendo que esse valor é advindo de um saldo negativo de IRPJ declarado no valor de R$1.819.934.76 na DIPJ 2005 entregue de forma tempestiva, objeto que pode ser facilmente evidenciado na sua página n° 11, especialmente na ficha 12A. É necessário esclarecer que o saldo negativo de R$1.819.934,76 (que consta na DIPJ de 2005 como saldo de pagamento informado equivocadamente em outras Per/DComp com valor divergente, onde a base de cálculo negativa naquela informação repassada ao Fisco seria de R$1.301.774,74, o que não corresponde com o valor real para homologação da presente compensação, ou seja, o que realmente é lídimo para efeitos de compensação em favor da Recorrente é o primeiro valor gravado, qual seja: R$1.819.934,76. A regularização dessa situação, que em princípio seria de simples solução, poderia ser ocasionada mediante a retificação das Per/DComp já emitidas, procedimento que se tentou realizar, mas que se revelou impossível, tendo em vista a não possibilidade desta retificação após o início do procedimento administrativo. Com o intuito de ilustrar o desdobramento da origem do valor deste crédito em questão, seguese o quadro didático abaixo: Valor Base Negativa IRPJ DIPJ (Correto) 1.819.934,76 Valor Negativo Informado equivocadamente nas Per/DComp (1.301.774,74) Diferença IRPJ a maior DIPJ 518.160,02 Ainda, de suma importância cumprese destacar, que a diferença apontada entre a DIPJ e as Per/DComp, que é de R$518.160,02, foi compensada pela Fl. 103DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 104 8 Recorrente nos seguintes Per/DComp n°s 30552.16502.1503|05.1.7.04.3079; 38539.03005.060405.1.7.04.0709 e 23965.92028.110505.1.7.04.8013. Assim, diante dos argumentos acima apresentados, não tendo sido comprovada a falta de liquidação do valor em cobrança [...] deve ser homologada a compensação realizada com a consequente reforma do Acórdão recorrido lavrado pela d. Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF. Assim sendo, provase. ab initio, que os argumentos para homologação do crédito a que a Recorrente faz jus devem ser analisados a fundo, haja vista os ora citados fundamentos da presente peça administrativa fiscal. Com efeito, para a garantia do procedimento administrativo correto, bem como para análise do processo administrativo com um todo, se faz necessária a utilização de provas veementes para garantir o batismo da certeza, isso porque tal procedimento deve reger toda atividade administrativotributária. Assim, com relação aos créditos tributários que têm direito a Recorrente, não cabe prosperar a alegação administrativa de não homologação do crédito existente, ainda mais quando se verifica claramente a existência de pagamento a maior e efetivo crédito que dá lastro para que seja deferida a compensação realizada. Dessa forma, em razão do princípio da verdade material, corolário da legalidade, não pode o Fisco deixar de proceder à análise dos fatos jurídicos tributários e de todos os documentos (obrigações acessórias) já juntados no presente caso, sob pena de não homologar crédito com clareza solar que a Recorrente faz jus. [...] No presente caso, verificase que a Administração Fiscal não se preocupou em apurar a verdade material dos fatos, haja vista que, não obstante ter diversas informações e documentos sobre todas as operações realizadas pela Recorrente, delas não tomou conhecimento ou examinouas de forma equivocada, arbitrária e desmedida. Indagase, diante de tantas informações e documentos! Preocupouse o Auditor Fiscal e a Administração Tributária em apurar a verdade durante todo o procedimento administrativo de fiscalização??? Com certeza: NÃO. Assim, repitase, o presente caso está intrinsecamente relacionado com o Processo Administrativo n° 10166.900226/200839, o qual juntamente com a contabilidade da Recorrente prova a origem do crédito existente, especialmente o pagamento a maior realizado. Então, não merece prosperar a não homologação do crédito a que a Recorrente tem direito, o qual não fora homologado via Despacho decisório que teve entendimento idêntico gravado pela d. DRJ/BSB, eis que resta comprovado que o crédito apurado pela Recorrente é lídimo e deverá ser aproveitado, em face do princípio da verdade material. Passados esses fundamentos, concluise que a presente compensação deverá ser homologada em obediência à verdade material, bem como pela inconteste demonstração do direito creditório como feito anteriormente. IV A CONTABILIDADE COMO PROVA EM FAVOR DA RECORRENTE. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 105 9 No exercício regular de suas atividades, as empresas devem manter contabilidade societária e fiscal, de modo que todos os interessados nas operações das empresas (funcionários, diretoria, Fisco, etc.) possam visualizar a sua verdadeira situação e tenham subsídios para tomar suas decisões e cumprir os seus respectivos ofícios. Os lançamentos contábeis, na verdade, refletem os diversos fatos econômicos ocorridos na vida da empresa, produzindo as informações desejadas pelos "consumidores" dos relatórios/informes contábeis. Nesses termos, é necessário terse em mente que a ocorrência dos fatos econômicos sempre será materializada por meio de documentos, razão pela qual todo o lançamento contábil deve ter lastro em documento que indique o fato econômico contabilizado. [...] Resta claro, portanto, que a contabilidade feita pela Recorrente constituise prova em seu favor, sendo certo afirmar que a total desconsideração das razões expostas nas manifestações de inconformidade, faz surgir de forma aclarada que a d. Fiscalização sequer teve o cuidado de levantar1 informações contundentes antes da não homologação da compensação aqui discutida. Visto isso, cumpre esclarecer relevante questão acerca dos documentos que dão suporte aos negócios jurídicos objeto de contabilização. Isto porque, conforme se depreende do já aludido artigo 923 do RIR/99, a contabilidade somente faz prova em favor do contribuinte se lastreada em "documentos hábeis". [...] Sendo assim, é de se concluir que um documento hábil para a escrita contábil é aquele que consubstancie fisicamente um negócio jurídico (que implique em alteração patrimonial na empresa) com cumprimento aos ditames legais. Logo, o lançamento contábil calcado em documentos que condizem com a realidade factual faz prova a favor do contribuinte, devendo o Fisco, sempre aprofundar e levantar as informações corretas antes da não homologação do crédito a que faz jus a Recorrente, o que não foi feito no caso dos presentes autos de forma inconteste. [...] Por todo o exposto, queda nítido, que a escrita contábil do contribuinte, lastreada em instrumento válido juridicamente, t em poder de prova em sua benesse no que tange ao direito creditório da Recorrente considerado corretamente pela RFB, sendo dever do Fisco, que não fora caso almeje fundamentar sua decisão sobre a não homologação do crédito a que faz jus a Recorrente, em considerar todos os documentos e os lançamentos contábeis devidamente realizados por esta, o que não foi feito até o presente momento. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Desde logo, se requer, quando da chegada dos autos no CARF o sobrestamento do feito para julgamento em conjunto com os Processos Administrativos n.°s 10166.900222/200851 e 10166.900226/200839, ambos em trâmite na Primeira Seção de Julgamento do CARF na medida em que tais processos estão intrinsecamente ligados (origem do crédito) ao caso presente e deverá haver o julgamento em conjunto pela mesma Turma. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 106 10 Em face de todo o exposto e reiterando todos os termos das manifestações de inconformidade apresentadas, requer o acolhimento da preliminar de nulidade das decisões emanadas pela d. DRJ/BSB por flagrante cerceamento do direito de defesa e/ou das razões de mérito do presente Recurso Voluntário, com a reforma integral do r. Acórdão recorrido [...] a fim de que seja homologada a compensação realizada pela Recorrente, reconhecendose o crédito tributário ora em discussão e arquivandose o presente processo administrativo fiscal aqui entabulado. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Em preliminar tem cabimento a análise da tempestividade da apresentação do aditamento a manifestação de inconformidade. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes são asseguradas aos litigantes em processo administrativo. Por esta razão há previsão de que a pessoa jurídica seja intimada para apresentar sua defesa, inclusive, por via postal no domicílio fiscal constante nos registros internos da RFB, procedimento este que deve estar comprovado nos autos. Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deve cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do Despacho Decisório que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. Ainda contra a decisão de primeira instância, cabe recurso voluntário para reexame da sucumbência, que tem efeito suspensivo e que deve ser interposto dentro dos trinta dias seguintes à sua ciência 1. O prazo legal de instauração da fase litigiosa no procedimento é peremptório, já que não pode ser reduzido ou prorrogado pelas partes. Considerase definitivo o ato decisório de primeiro grau, no caso de esgotado o prazo legal sem que a peça de defesa tenha sido interposta. Cientificada do Despacho Decisório em 05.03.2009, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade em 12.03.2009 solicitando o cancelamento do processo, pois, 1 Fundamentação legal: inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 33 e art. 42 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 182 do Código de Processo Civil. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 107 11 o valor cobrado já estaria incluso no processo nº 10166.900226/200839. Temse que no Despacho do Presidente da 2ª Turma da DRJ/BSA/DF restou esclarecido que “não havendo reclamo contra o direito creditório, a matéria tratada no requerimento não comporta julgamento de primeira instância por esta DRJ, razão pela qual retorno os autos ao órgão de origem, para as providências cabíveis”, tendo em vista o art. 224 do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Notificada em 09.10.2012 e discordando do Despacho do Presidente da 2ª Turma da DRJ/BSA/DF, a Recorrente opôs em 16.10.2012 aditamento à peça de defesa que denominou “manifestação de inconformidade” contra a não homologação dos débitos originalmente confessados no Per/DComp objeto de análise nos presentes autos. A motivação que está registrada no Voto Condutor do Acórdão recorrido é a seguinte: Revisitando o Decreto [nº 70.235, de 06 de março de 1972] verificamos que a impugnação/manifestação de inconformidade, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência (no caso em baila o Despacho Decisório), instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). Instaurada a fase litigiosa do procedimento, eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância. Não podemos perder de vista que os motivos de fato e de direito em que se fundamenta os pontos de discordância e as razões e provas que possuir devem ser apresentados na impugnação, ou seja, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência do despacho decisório, precluindo o direito de o requerente fazêlo em outro momento processual. Em suma, a petição intitulada Manifestação de Inconformidade, apresentada em 16/10/2012 (fls. 36 a 39), em face da sua extemporaneidade, não instaura fase litigiosa já instaurada, via de conseqüência, não comporta julgamento de primeira instância. Ex positis, voto por não conhecer da manifestação de inconformidade interposta pela interessada. Verificase que, em face da não homologação dos débitos confessados no Per/DComp objeto de análise nos presentes autos, a Recorrente opôs a peça de defesa, que tem natureza jurídica de aditamento à manifestação de inconformidade originalmente apresentada no tempo, na forma e no lugar previstos em lei, pois o fez antes que fosse proferido o Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/BSA/DF. Por essa razão, a preclusão temporal está afastada, haja vista que não houve o descumprimento do prazo para a prática do ato processual. Na decisão de primeira instância de julgamento foi afastada a possibilidade de análise do Per/DComp ao argumento de que o referido aditamento a manifestação de inconformidade foi apresentado intempestivamente. Por essa razão, não foi analisada a efetiva existência do direito creditório pleiteado. Superada esta questão, necessário se faz a apreciação Fl. 107DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 108 12 do mérito pela autoridade administrativa competente, quanto aos demais requisitos para homologação da compensação para evitar a supressão de instância. Temse que inexiste reconhecimento implícito de direito creditório no caso em que a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto processual relativo a tempestividade da apresentação do aditamento a manifestação de inconformidade. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) que originalmente proferiu a decisão de primeira instância. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Ainda, o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional 2. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais3. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de registro obrigatório pela 2 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 3 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 109 13 legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como o IRPJ ou a CSLL determinado sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de IRPJ ou de CSLL a pagar ou a ser compensado no encerramento do anocalendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza4. A partir de 30.11.2009, foi expressamente afastada a vedação de utilização do crédito proveniente de pagamento mensal a maior de estimativa do IRPJ e da CSLL, para fins de compensação com débitos tributários, cuja matéria é tratada em sede de norma complementar. Sobre a retroatividade de seus efeitos, vale ressaltar que a legislação tributária abrange as normas complementares que incluem os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas superiores, necessários à perfeita execução das leis. Como têm caráter meramente elucidativo e explicitador, apresentam nítida feição interpretativa, podendo operar efeitos retroativos para atingir fatos anteriores ao seu advento. Assim, em relação à compensação tributária, temse que o permissivo regulamentar de utilização do crédito proveniente de pagamento mensal a maior de estimativa do IRPJ e da CSLL alcança o Per/DComp formalizado antes da sua vigência5. O pedido inicial da Recorrente referente ao reconhecimento do direito creditório pleiteado do valor de IRPJ ou de CSLL determinado sobre a base de cálculo estimada, pode ser analisado, uma vez que o “pagamento indevido ou a maior a título de estimativa pode caracterizar indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”, desde que comprovado erro, em conformidade com a Súmula CARF nº 84. Cumpre registrar, inclusive, que, enquanto a Recorrente não for cientificada de uma nova decisão quanto ao mérito de sua compensação, os débitos compensados permanecem com a exigibilidade suspensa, por não se verificar decisão definitiva acerca de seus procedimentos. E, caso tal decisão não resulte na homologação total das compensações promovidas, develhe ser facultada a oposição de novo recurso voluntário, possibilitandolhe a 4 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. 5 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Código Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, art. 73 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 4º da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, art. 30 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, art. 96, inciso I do art. 100, inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional, Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012, art. 269 do Código de Processo Civil, Lei Complementar nº 118, de 9 de fevereiro de 2005 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF e art. 83 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 110 14 discussão do mérito da compensação nas duas instâncias administrativas de julgamento, nos termos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19726. Os efeitos do acatamento da preliminar da possibilidade de deferimento da Per/DComp e acatamento do aditamento à manifestação de inconformidade originalmente apresentada, afastamento a preliminar de sua intempestividade, impõe, pois, o retorno dos autos à DRJ/BSA/DF para que seja analisado o mérito do pedido, ou seja, a origem e a procedência do crédito pleiteado, em conformidade com a escrituração mantida com observância das disposições legais, desde que comprovada por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, bem como com os registros internos da RFB. Também devem ser examinados conjuntamente os Per/DComp que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso7. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para aplicação da Súmula CARF nº 84 e determinar o retorno dos autos à autoridade julgadora para apreciar o acatamento do aditamento à manifestação de inconformidade como tempestivo e o mérito do litígio e ainda para reconhecer a possibilidade de formação de indébito de IRPJ, código 2362, no valor de R$181.521,74 recolhido em 27.02.2004, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito pela DRJ/BSA/DF, com o conseqüente retorno dos autos a essa unidade da RFB, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido no Per/DComp, inclusive no que diz respeito à juntada por anexação dos processos administrativos, cujas declarações tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso8. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 6 Fundamentação legal: art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. 7 Fundamentação legal: art. 9º do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. 8 Fundamentação legal: Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10166.900938/200939 Acórdão n.º 1803002.543 S1TE03 Fl. 111 15 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10830.010513/2007-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2301-000.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Marcelo Oliveira - Presidente.
Adriano Gonzales Silvério - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (presidente da turma), Adriano Gonzales Silvério, Daniel Melo Mendes Bezerra, Cleberson Alex Friess, Natanael Vieira dos Santos e Manoel Coelho Arruda Junior.
Nome do relator: ADRIANO GONZALES SILVERIO
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