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Numero do processo: 11080.724788/2011-88
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009
CERTIFICADO DE ENTIDADES BENEFICIENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL - CEBAS. RETROATIVIDA.
Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2803-004.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima.
(assinatura digital)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente
(assinatura digital)
Ricardo Magaldi Messetti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI
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RETROATIVIDA. Tendo a entidade filantrópica protocolado requerimento para a renovação do CEBAS, este, quando concedido, tem efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 47 88 /2 01 1- 88 Fl. 469DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela empresa IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTRS, em face da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em FLORIANOPOLIS (SC) que julgou improcedente a impugnação apresentada e manteve o crédito Tributário. Discutese, no caso ora em apreço, Autos de Infração (AI), nos quais se exigem créditos referentes à contribuição previdenciária e de terceiros, bem como decorrente de descumprimento de obrigação acessória, conforme Relatório Fiscal de fls. 66 a 72, cujo valor total consolidado em 01/07/2011 corresponde a R$ 248.016,95 (fl. 63), quais sejam: a) DEBCAD no 37.331.3667, compreende as contribuições patronais, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT) e referentes à retenção de 11%, no período de 01/2007 e 12/2009, cujo valor consolidado em 01/07/2011 corresponde a R$ 208.887,82, conforme Discriminativo do Débito (DD) de fls. 3 a 18; b) DEBCAD no 37.331.3659, compreende as contribuições dos segurados contribuintes individuais, no período de 01/2007 e 07/2009, cujo valor consolidado em 01/07/2011 corresponde a R$ 3.811,83, conforme Discriminativo do Débito (DD) de fls. 32 a 34; c) DEBCAD no 37.331.3640, compreende as contribuições para as terceiras entidades e fundos (FNDE, INCRA, SEBRAE e SESC), que tiveram como fatos geradores as remunerações de segurados empregados no período de 01/2007 e 12/2009, cujo valor consolidado em 01/07/2011 corresponde a R$ 32.270,16, conforme Discriminativo do Débito (DD) de fls. 40 a 48; d) DEBCAD no 37.331.3624 (CFL 68), decorrente do descumprimento da obrigação acessória de deixar de informar em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, cujo valor em 22/06/2011 corresponde a R$ 1.523,57, conforme fl. 62; e e) DEBCAD no 37.331.3632 (CFL 30), decorrente do descumprimento da obrigação acessória de preparar folha de pagamento de todos os segurados que prestaram serviços à empresa, cujo valor em 22/06/2011 corresponde a R$ 1.523,57, conforme fl. 62. Consta do Relatório Fiscal que a entidade preencheu as condições para se manter isenta da contribuição patronal no período de julho de 1972 a agosto de 2005, quando teve o benefício cancelado por meio do Despacho Decisório DRF/POA no 1127, posto que a contar de 19/08/2005 não cumpriu o inciso II, do art. 55 da Lei no 8.212/91, por não possuir o registro e certificado de entidade beneficente de assistência social. Que mesmo assim a entidade continuou se declarando incorretamente como isenta, informando o código FPAS 639 em GFIP e, com isso, recolhendo apenas a contribuição dos segurados. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 11080.724788/201188 Acórdão n.º 2803004.103 S2TE03 Fl. 470 3 A contribuinte apresentou impugnação tempestiva, contudo as alegações trazidas em sua peça de defesa não foram acolhidas pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC), em acórdão assim ementado: ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. REQUISITOS. O benefício da isenção das contribuições sociais, previsto no art. 195 da Constituição Federal, pressupõe o preenchimento dos requisitos objetivos estabelecidos na legislação específica (Lei no Lei 8.212/91 e posteriores). ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO ACESSÓRIA TRIBUTÁRIA. Para fruição do benefício da isenção a entidade deve cumprir fielmente as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. REQUISITOS. O benefício da isenção das contribuições sociais, previsto no art. 195 da Constituição Federal, pressupõe o preenchimento dos requisitos objetivos estabelecidos na legislação específica (Lei no Lei 8.212/91 e posteriores). ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO ACESSÓRIA TRIBUTÁRIA. Para fruição do benefício da isenção a entidade deve cumprir fielmente as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. Constitui infração apresentar Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) com informação incorreta, decorrente indevido uso de código FPAS de entidade isenta. AUTO DE INFRAÇÃO. PREPARO CORRETO DA FOLHA DE PAGAMENTO. Constitui infração deixar a empresa de preparar folha de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 4 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre isenção. FATO GERADOR. LANÇAMENTO FISCAL. LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. O lançamento fiscal reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Antes de ser devidamente intimada da decisão da DRJ, a contribuinte juntou cópia da Certidão a respeito da manutenção do Título de Utilidade Pública Federal (fls. 401 a 404). Irresignada, a contribuite apresentou recurso voluntário, aduzindo, em apertado escoço, que a) Preliminarmente, a autuação fiscal está baseada na ausência de CEBAS, porém, já ingressou com o Processo nº 71000.058433/200949 junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, requerendo sua renovação, que segundo alega, por razões alheias à sua vontade, ainda se encontra em análise naquele órgão; b) o art. 8º, caput, do Decreto nº 7.237/2010 estabelece que o protocolo de requerimento de renovação serve como prova da certificação, até seu julgamento, informação esta também prestada pela Coordenação Geral de Certificação daquele órgão c) se por equívoco de administrações anteriores da entidade, não foi renovado o CEBAS do período de 2007 a 2009, tratase de questão meramente formal, posto que manteve no período o mesmo trabalhado filantrópico que sempre desenvolveu. Sem contrarrazões fiscais, os autos foram encaminhados à apreciação e julgamento por este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria. É o relatório. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 11080.724788/201188 Acórdão n.º 2803004.103 S2TE03 Fl. 471 5 Voto Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Da Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e presentes se encontram os demais requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual passo a apreciálo. Da Filantropia CEBAS Como bem pontuado no relatório fiscal a autuação ora combatida se deu em razão de a entidade ter lançado o código FPAS 639 (ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, com isenção requerida e concedida pela Previdência Social, inclusive aquela transformada em entidade de fins econômicos na forma do artigo 7° da Lei 9131/95, no período de pagamento parcial das contribuições patronais, nos termos do art. 13 da Lei n° 11.096, de 13 de janeiro de 2005) quando deveria ter lançado o código FPAS 515 (COMÉRCIO ATACADISTA – COMÉRCIO VAREJISTA – AGENTE AUTÔNOMO DO COMÉRCIO COMÉRCIO ARMAZENADOR – TURISMO E HOSPITALIDADE (inclusive salão de barbeiro, instituto de beleza, empresa de compra, venda, locação e administração de imóvel, engraxate, empresa de asseio e conservação, sociedade beneficente e religiosa etc.) – ESTABELECIMENTO DE SERVIÇO DE SAÚDE (hospital, clínica, casa de saúde, laboratório de pesquisas e análises clínicas, cooperativa de serviço médico, banco de sangue, estabelecimento de ducha, massagem e fisioterapia e empresa de prótese) – COMÉRCIO TRANSPORTADOR, REVENDEDOR, RETALHISTA DE ÓLEO DIESEL, ÓLEO COMBUSTÍVEL E QUEROSENE (exceto quanto aos empregados envolvidos diretamente na atividade de transporte Dec. 1.092/94 FPAS 612) – EMPRESA E SERVIÇOS DE PROCESSAMENTO DE DADOS – ESCRITÓRIO, CONSULTÓRIO OU LABORATÓRIO DE PROFISSIONAIS LIBERAIS (pessoa jurídica) – CONSÓRCIO – AUTOESCOLA – CURSO LIVRE – LOCAÇÕES DIVERSAS – PARTIDO POLÍTICO – EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (contribuição sobre a folha de salário de seus empregados) – SOCIEDADE COOPERATIVA (estabelecimento no qual explora atividade econômica relacionada neste código) TOMADOR DE SERVIÇO DE TRABALHADOR AVULSO – contribuição sobre a remuneração de trabalhador avulso vinculado ao comércio – EMPRESAS DE FACTORING) por não possuir o Certificado de Entidade Beneficente para o período do lançamento fiscal, tendo o referido documento não ter sido renovado. A entidade, por sua vez, defende que sempre gozou das prerrogativas de instituição filantrópica, fazendo jus ao Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). E no meu sentir tem razão a recorrente. É bem verdade que houve alteração no critério de uso do beneficio com a edição da Lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009, que assevera em seu artigo 31 que “o direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 6 Ora, a entidade protocolou no órgão público, devidamente instruído, o pedido de certificação na época que ainda estava vigente a sistemática de concessão do CEBAS com data retroativa ao protocolo. No período considerado pelo fisco a legislação foi alterada diversas vezes no que diz respeito à exigência do certificado: Lei 8.212/91 “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos;” (...) A Medida Provisória 446, de 7 de novembro de 2008, revogou o art. 55 da Lei nº 8.212/91 e estipulou as condições necessárias para o benefício, contudo manteve a exigência do Certificado. Estabeleceu, ainda, que os pedidos de concessão originária de Certificado que não tenham sido objeto de julgamento pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, até a data de publicação da Medida Provisória, seriam remetidos ao Ministério responsável, “de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará, nos termos da legislação em vigor à época do requerimento”. MP 446/98 “Art. 3º A certificação será concedida à entidade beneficente que demonstre, nos doze meses que antecederam ao do requerimento, o cumprimento do disposto nas Seções I, II e III deste Capítulo, de acordo com a respectiva área de atuação. § 1º Nas situações previstas em regulamento, a demonstração do cumprimento do disposto no caput poderá ter como base os primeiros doze meses contidos nos dezesseis meses que antecederem ao do requerimento. § 2º O período mínimo de cumprimento dos requisitos de que trata este artigo poderá ser reduzido se a entidade for prestadora de serviços conveniados com o Sistema Único de Saúde SUS ou com o Sistema Único de Assistência Social SUAS, em caso de necessidade local atestada pelo gestor do respectivo sistema.” (...) “Art. 36. Os pedidos de concessão originária de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social que não tenham sido objeto de julgamento pelo Conselho Nacional de Assistência Social CNAS até a data de publicação desta Medida Provisória serão remetidos ao Ministério responsável, de acordo com a área de atuação da entidade, que os julgará, nos termos da legislação em vigor à época do requerimento.” Fl. 474DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 11080.724788/201188 Acórdão n.º 2803004.103 S2TE03 Fl. 472 7 Posteriormente, a Medida Provisória n.º 446 foi rejeitada pelo Congresso Nacional, conforme Ato do Presidente da Câmara dos Deputados, retornando a vigorar o artigo 55 da Lei n.º 8212/91. Ei o teor do ato que comunicou a rejeição da MP 446: “O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS faz saber que, em sessão realizada no dia 10 de fevereiro de 2009, o Plenário da Casa rejeitou a Medida Provisória nº 446, de 10 de novembro de 2008, que "Dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social, regula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social, e dá outras providências". Não houve a publicação de Decreto Legislativo para regular os efeitos advindos da Medida Provisória rejeitada pelo Congresso. Em 30 de novembro de 2009 foi publicada no Diário Oficial da União a Lei n.º 12.101 que dispôs sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social, regulou os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social e alterou outras leis que tratavam do tema. Pelo que dispôs o artigo 31 “o direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendido o disposto na Seção I deste Capítulo”. Ocorre que a entidade protocolou pedido junto ao órgão competente e, após longo prazo de espera, teve a publicação do ato de concessão de sua certificação com prazo de vigência desde a publicação oficial. Medida que contraria, inclusive, o disposto na parte final do art. 36 da MP n.º 446, que assegurava ao contribuinte ter seu pedido julgado nos termos da legislação vigente à época do requerimento. E a legislação vigente á época assegurava a retroatividade: “Art. 208. A pessoa jurídica de direito privado deve requerer o reconhecimento da isenção ao Instituto Nacional do Seguro Social, em formulário próprio, juntando os seguintes documentos: (Revogado pelo Decreto nº 7.237, de 2010). (...) § 2º Deferido o pedido, o Instituto Nacional do Seguro Social expedirá Ato Declaratório e comunicará à pessoa jurídica requerente a decisão sobre o pedido de reconhecimento do direito à isenção, que gerará efeito a partir da data do seu protocolo.” Vale destacar, ainda, o Ato Declaratório nº 05/2011, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2132/2011, dispensando a interposição de recurso “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é meramente declaratório, produzindo efeito ex tunc, retroagindo à data de protocolo do respectivo requerimento, ressalvado o disposto no art. 31 da Lei nº 12.101, de 2009 (data da publicação da concessão da certificação), desde que inexista outro fundamento relevante, como a necessidade de cumprimento da legislação superveniente pelo contribuinte”. A ProcuradoriaGeral da Fazenda se manifestou em seu parecer, nos seguintes termos: Fl. 475DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 8 “4. Primeiramente, vale ressaltar que este Parecer não trata das demandas em que se pleiteia a declaração da existência de direito adquirido ao reconhecimento da natureza de filantrópica, nas quais se pleiteia a manutenção do direito ao CEBAS não obstante a desobediência aos requisitos de legislação superveniente. Neste ponto, a jurisprudência é pacífica a favor do pleito fazendário de que não há direito adquirido. 5. Neste parecer, temse em foco a controvérsia sobre os efeitos da concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, se meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex tunc, ou se constitutivo, de modo que possui efeitos ex nunc. 6. O Poder Judiciário entendeu, conforme se observa da jurisprudência pacífica do STJ, no sentido de que o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é meramente declaratório, de modo que possui efeitos ex tunc. De acordo com o Ministro Castro Meira, no julgamento do Resp 478239/RS, Segunda Turma.” A Jurisprudência nos Tribunais foi pacificada e definiu que a certificação é ato declaratório administrativo ex tunc, retroagindo portanto no tempo. É bem verdade que o posicionamento doutrinário e jurisprudencial é contrário aos dispositivos da legislação revogada (art. 55, II, da Lei nº 8.212/91, do Decreto nº 2.536/98 e do Decreto nº 3.048/99), mas a construção consolidada com base na legislação revogada não se alterou com as novas disposições da Lei nº 12.101/2009 (art. 31). EDcl no AgRg no REsp 737907/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, Julgado em 16/04/2009, DJe 29/04/2009. E no me sentir o relatório fiscal não traz outra acusação de descumprimento da norma previdenciária. Faz menção aleatória ao disposto no art. 55, §5º, da Lei 8.212/91 (“Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento”). Contudo, não há fundamentação alguma no sentido de que a entidade teria desobedecido tal dispositivo. Os Estatutos Sociais da entidade demonstram tratarse de entidade beneficente de assistência social. Aplica, ainda, todos os recursos nos seus objetivos sociais e não distribui lucros aos seus associados, diretores ou empregados. Nesse sentido, dou provimento ao recurso voluntário manejado pela recorrente. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti Relator Fl. 476DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 11080.724788/201188 Acórdão n.º 2803004.103 S2TE03 Fl. 473 9 Fl. 477DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA
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Numero do processo: 10480.903696/2008-91
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2000 a 31/03/2000
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ.
Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade.
PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA.
A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado:
I - Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância;
II - Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
FLÁVIO DE CASTRO PONTES Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade. PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FLÁVIO DE CASTRO PONTES – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 36 96 /2 00 8- 91 Fl. 83DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Por meio de PER/Dcomp (Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação) a requerente postula a compensação de débitos de diversos tributos com crédito referente a valor que teria sido recolhido indevidamente a título da contribuição Cofins (cód. 2172). A Delegacia da Receita Federal do Brasil no Recife (PE), conforme Despacho Decisório Eletrônico, não reconheceu o direto creditório e não homologou as compensações efetuadas. Após ter sido cientificado dessa decisão, a interessada apresentou manifestação de inconformidade. Aduziu, em resumo, que ocorreu apenas uma falha de procedimento da empresa em não retificar as DCTFs onde constavam as informações dos débitos cuja compensação era solicitada. Tal erro de procedimento não anula a existência dos créditos, vez que estes decorrem da existência de decisão judicial favorável à OABPE, da qual a empresa é sindicalizada, garantindo a isenção de Cofins para as empresas exclusivamente prestadoras de serviços relativos a profissões legalmente regulamentadas. A fim de comprovar a veracidade das suas alegações, anexou cópia da ação judicial impetrada pela OABPE que garantiu o direito de isenção de Cofins da empresa, assim como a certidão de trânsito em julgado relativa a mesma ação. A DRJ no Recife (PE) julgou improcedente a manifestação de inconformidade,nos termos da ementa transcrita abaixo: COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. A compensação, nos termos em que definida pelo artigo 170 do CTN só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em relação à Fazenda Pública estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Após comentar a decisão da DRJ, sustenta a incoerência entre a decisão da DRF/Recife e a DRJ/Recife. Argumenta que referidas decisões são totalmente diferentes. A decisão da DRF/Recife que considerou não homologadas as compensações baseouse no fato de que os DARFS aos quais estavam vinculados os créditos estarem totalmente utilizados, razão pela qual, em nosso argumento de defesa, apresentamos as informações obtidas no CAC/Recife de que houve apenas um problema de não retificação das respectivas DCTFS da empresa. Pontua que a decisão da DRJ/Recife procedeu em uma inovação completa do conteúdo do indeferimento inicial das compensações. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 5 4 Insiste que toda a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Concluiu este tópico afirmando que por estes fatos merece reparo a decisão proferida pela Turma da DRJ/Recife, por ter cerceado o direito de defesa da empresa, ao inovar juridicamente os argumentos sem prévia comunicação de prazo para alegações da empresa sobre os novos fatos e informações apresentadas ao processo e que seriam objeto de análise, ofendendo frontalmente o art. 5º, Constituição Federal de 1988, quanto ao direito de defesa da empresa. Quanto ao direito creditório, discorda do entendimento da decisão da DRJ/Recife de que não seria possível à empresa a utilização dos créditos para compensação em razão de existir liminar em sede de Reclamação suspendendo os efeitos da decisão que garantia aos filiados à OAB/PE o direito de isenção de Cofins. Argumenta que a decisão judicial em Mandado de Segurança que concedeu o benefício da isenção da empresa da Cofins já havia sido encerrada e reconhecido o direito. Apenas em sede de ação rescisória foi reanalisada a questão, na qual o TRF da 5a. Região decidiu por conceder parcial provimento à rescisória a fim de conceder efeitos exnunc à decisão, ou seja, a rescisão da decisão que concedia o benefício da isenção da Cofins somente surtiria efeitos para frente, não abrangendo os fatos pretéritos. Esclarece que apenas contra esta decisão do TRF foi que concedeuse a liminar do Ministro Joaquim Barbosa do STF, suspendendo a modulação dos efeitos da decisão da rescisória. Aduz que liminar, como o próprio nome diz, é decisão precária e não anulou, como quer fazer crer a decisão da DRJ/Recife, os efeitos do decidido na ação rescisória. Seus efeitos estão apenas suspensos, aguardando um pronunciamento do órgão colegiado do STF quanto à manutenção ou não da liminar. Por fim requer que seja processado regularmente o presente Recurso Voluntário, e, ao final, julgado integralmente procedente para, reformando as decisões proferidas pela DRF/Recife e DRJ/Recife reconhecer o direito de crédito da empresa relativo aos pagamentos indevidos, realizados a título da Cofins e, conseqüentemente, homologar a compensação realizada na PERDCOMP relacionada a este processo que utilizaram tais créditos. É o relatório. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento.. De início, examinase a tese de irregularidade na decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Recife. A interessada sustenta cerceamento no direito de defesa em relação à decisão da DRJ/Recife, uma vez que esta inovou no conteúdo do indeferimento inicial das compensações, pois a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Não merece prosperar essa tese. Ao contrário do alegado, o colegiado de primeira instância discutiu todas as teses necessárias e suficientes para a solução da lide administrativa. Exemplificando, o julgado “a quo” motivou a decisão em relação a argumentação da recorrente em relação ao fato de que seu direito creditório era decorrente da ação judicial impetrada pela OABPE. Ora, foi a recorrente que trouxe ao litígio essa tese, de sorte que a decisão de primeira intância não inovou juridicamente no julgamento. Destarte, o órgão julgador administrativo estava obrigado a apreciar essa tese da interessada de maneira motivada e fundamentada. Assim, não há reparos a serem feitos na decisão a quo. Não se pode perder de vista que a decisão recorrida apreciou todas as questões relevantes necessárias a solução do litígio, em especial a eficácia das decisões judiciais apresentadas pela própria interessada. Assim, o julgador apresentou razões coerentes e suficientes para embasar a decisão. Além disso, no âmbito do processo administrativo fiscal as hipóteses de nulidade são tratadas de forma específica no art. 59 do Decreto nº 70.235/72: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." No caso vertente, nenhum dos pressupostos acima encontrase presente, uma vez que não ficou evidenciada a preterição do direito de defesa, tendo em vista que a decisão recorrida motivadamente demonstrou de forma clara e concreta as razões da não homologação das compensações, de sorte que não ficou caracterizado qualquer prejuízo à recorrente. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 7 6 Por tais razões não há que se falar em qualquer irregularidade da decisão guerreada por cerceamento de direito de defesa. O litígio tem como principal controvérsia eventual direito creditório em razão de ação judicial. Transcrevo de uma decisão da DRJ o histórico das ações judiciais em debate: 10.1. A OABPE impetrou ação de mandado de segurança coletivo em nome dos seus Escritórios de Advocacia associados, autuada em 31/05/2001, sob o nº 2001.83.00.0145250, objetivando, principalmente, em síntese, a isenção do recolhimento da Cofins prevista no inciso II do art. 6º da Lei Complementar (LC) nº 70, de 30 de dezembro de 1991, e a compensação dos valores pagos indevidamente. A segurança foi denegada pelo juízo de primeiro grau, com fundamento em que não havia obstáculo para a revogação da isenção concedida pela LC nº 70, de 1991, pela Lei (Ordinária) nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, tendo em vista que a isenção não é matéria reservada à lei complementar. O magistrado considerou, então, prejudicada a análise do pleito de compensação. 10.2. À apelação da OABPE junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5ª Região) – que obteve o nº AMS 80.558PE – foi pela Quarta Turma concedido provimento, por unanimidade, nos termos do voto do relator, que esposou entendimento diametralmente oposto ao do juiz singular, dando pela impossibilidade da revogação da referida isenção com fundamento no princípio da hierarquia das leis. 10.3. De tal decisão, foi interposto pela Fazenda Nacional Recurso Especial (REsp), que foi inadmitido. Irresignada, a Fazenda Nacional manejou agravo de instrumento, ao qual foi negado provimento. Assim, a decisão transitou em julgado em 09/09/2004, restando reconhecido o direito à isenção postulada. 10.4. Posteriormente, a OABPE atravessou petição alegando que a edição da Lei nº 10.833, de 30 de dezembro de 2003, em seu art. 30, poderia obstruir o cumprimento da decisão judicial que reconheceu a isenção da Cofins para as sociedades civis dedicadas ao exercício da advocacia, mediante a retenção na fonte da referida contribuição. Requereu, na ocasião, fosse oficiada a Receita Federal para que se abstivesse de exigir o pagamento da Cofins sobre as receitas auferidas pela prestação de serviços de advocacia, bem como de exigir a retenção na fonte de tal contribuição pelas pessoas jurídicas tomadoras dos referidos serviços. O pleito foi deferido monocraticamente e, ao depois, atacado por agravo regimental aviado pela Fazenda Nacional, o qual foi provido com base nos fatos de não ter sido debatida, nos autos, a Lei nº 10.833, de 2003, e de que não seria admissível, naquele momento processual, inovar a actio, transmudandoa. 10.5. Contra essa decisão, recorreu a OABPE, mediante o REsp nº 739.784 (nº 2005/00540062), cujo provimento foi negado por Fl. 88DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 8 7 unanimidade pela Segunda Turma do STJ em sessão de 19/11/2009, tendose, em resumo, concluído que a superveniência da Lei nº 10.833, de 2003, não pode ser alcançada pelos efeitos da coisa julgada que concedera a segurança pleiteada, de modo a ampliar o objeto da lide. Registrese que, no decorrer do voto, o ministro relator, Mauro Campbell Marques, após afirmar, a título ilustrativo, que a tese adotada pela instância de origem para reconhecer a isenção postulada pela recorrente não mais subsistia em razão de o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 377.457 3/PR, relator o Ministro Gilmar Mendes, ter proclamado que a revogação da isenção da Cofins concedida pela LC nº 70, de 1991, pelo art. 56 da lei nº 9.430, de 1996, foi plenamente válida e eficaz, porquanto o referido diploma, não obstante formalmente complementar, ostenta, materialmente, caráter de lei ordinária , esclareceu que Primeira Seção do STJ, ao julgar a Ação Rescisória (AR) nº 3.761/PR, na sessão de 12/11/2008, deliberara pelo cancelamento da Súmula nº 276, que enunciava a isenção da Cofins perante as ditas sociedades, independentemente do regime tributário adotado. 10.6. Da decisão do STJ referida no subitem 10.3, a ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional na 5ª Região propôs Ação Rescisória (AR) nº 5.471PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) junto ao TRF5ª Região, que foi parcialmente procedente, por lhe terem sido dados efeitos ex nunc. No acórdão exarado, aquele tribunal regional afirmou que o acórdão rescindendo fora proferido antes da manifestação do STF sobre ser a matéria constitucional ou não. 10.7. Contra os efeitos exnunc da decisão do TRF5ª Região – que, em tese, daria aos escritórios de advocacia filiados à OAB PE o direito de não pagarem a Cofins no período abrangido pela ação coletiva até a publicação da decisão na ação rescisória –, a Fazenda Nacional protocolou Reclamação (Rcl) nº 6.917 junto ao STF, tendo o Ministro Joaquim Barbosa deferido, em 10/12/2008, liminar para suspender o acórdão da ação rescisória na parte em que conferiu efeitos meramente prospectivos ao acórdão que julgou procedente a ação rescisória. Encontrase o processo aguardando apreciação desse Colegiado. 10.8. Embargos de declaração opostos pelas partes – OABPE e Fazenda Nacional – contra a decisão proferida pelo TRF5ª Região no bojo da Ação Rescisória nº 5471/PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) foram julgados, não tendo, no entanto, ocorrido nenhuma alteração no resultado do julgamento originário por essa corte. Do exame das ações judiciais, constatase que a matéria está sub judice, uma vez que este processo administrativo tem o mesmo objeto da ação judicial em referência, homologação de compensação em face de pedido de restituição decorrente da legalidade da revogação da isenção do pagamento da Cofins, por parte das sociedades civis de profissão legalmente regulamentada, pela Lei nº 9.430, de 27/12/1996, que, em seu art. 56, revogou a veiculada pelo art. 6º, inciso II, da Lei Complementar nº 70, de 30/12/1991. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 9 8 Como se nota, o direito creditório está dependendo do desfecho da Reclamação no Supremo Tribunal Federal. Destarte, incide no caso vertente o parágrafo único do art. 38, da Lei nº. 6.830/80, que dispõe: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.(grifouse) O excelso Supremo Tribunal Federal já manifestou acerca da constitucionalidade desse dispositivo, conforme decidido no recurso extraordinário nº 233.582: EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980.(...). É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.(STF, RE 233582, DJe088 de 1605 2008).(grifouse) Em relação ao conteúdo desse dispositivo legal, Leandro Paulsen, René Bergmann e Ingrid Schroder explicam: O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. Considerando que o contribuinte tem direito a se defender na esfera administrativa mas que a esfera judicial prevalece sobre a administrativa, não faz sentido a sobreposição dos processos administrativo e judicial. A opção pela discussão judicial, antes do exaurimento da esfera administrativa, demonstra que o contribuinte desta abdicou, levando o seu caso diretamente ao Poder ao qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito, o Judiciário. Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto Fl. 90DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 10 9 nas discussões administrativa e judicial". (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka. Direito Processual Tributário: processo administrativo fiscal à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 447 e 448). De fato, se o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário, por uma questão de lógica, ele está desistindo tacitamente da esfera administrativa, visto que a decisão do Poder Judiciário é soberana. Eventuais decisões antagônicas, nas esferas administrativa e judicial, teriam uma única solução, qual seja, prevaleceria a da esfera judicial, em razão do princípio constitucional da jurisdição única, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Destarte, não faz sentido a continuação da discussão no âmbito administrativo, pois o mérito da questão será decidido pelo Poder Judiciário com efeito de coisa julgada. Corroborando esta teoria, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do recurso especial nº 840.556, assim se pronunciou: TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA.AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA DE RECORRER NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IDENTIDADE DO OBJETO. ART. 38, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 6.830/80. 1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial. 2.(...) 3. In casu, os mandados de segurança preventivos, impetrados com a finalidade de recolher o imposto a menor, e evitar que o fisco efetue o lançamento a maior, comporta o objeto da ação anulatória do lançamento na via administrativa, guardando relação de excludência.4. Destarte, há nítido reflexo entre o objeto do mandamus – tutelar o direito da contribuinte de recolher o tributo a menor (pedido imediato) e evitar que o fisco efetue o lançamento sem o devido desconto (pedido mediato) com aquele apresentado na esfera administrativa, qual seja, anular o lançamento efetuado a maior(pedido imediato) e reconhecer o direito da contribuinte em recolher o tributo a menor (pedido mediato).5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via administrativa quando seu objeto subjugase ao versado na via judicial, face a preponderância do mérito pronunciado na instância jurisdicional. (...) (STJ, REsp 840556/AM, DJ 20/11/2006) (grifouse) Assim sendo, a existência de uma ação judicial, por parte da requerente, com o mesmo objeto desse processo administrativo fiscal importa na renúncia à esfera administrativa. Em relação a essa discussão, aplicase a Súmula nº 01 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que uniformizou o seguinte entendimento: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois Fl. 91DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 11 10 do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.(grifouse) Além disso, os Conselheiros têm o dever de observar as súmulas, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009. Em caso análogo da mesma recorrente, esta tese também foi acolhida, em outro julgado do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER. CONFIGURAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. CUMPRIMENTO. A propositura pelo contribuinte de ação judicial onde se alterca matéria veiculada em processo administrativo, antes ou após a inauguração da fase litigiosa administrativa, conforme o caso, importa em renúncia ao direito de recorrer ou desistência do recurso interposto, não competindo ao CARF se manifestar acerca do alcance, efeitos e forma de cumprimento de decisões judiciais cuja execução não lhe caiba. DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não configura inovação de motivação do despacho decisório a fundamentação da decisão que, acolhendo ou rechaçando a pretensão deduzida em manifestação de inconformidade, examina elementos novos introduzidos na lide administrativa pelo próprio recorrente e que, até então, eram desconhecidos da Administração Tributária (CARF. 3ª Seção, 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão 3401002.634, de 29/05/2014, rel. Robson José Bayerl, Processo nº 10480.905883/200818) Em remate, não se toma conhecimento das alegações decorrentes do direito creditório, isenção ou não da Cofins, visto que a recorrente submeteu à apreciação do Poder Judiciário esta matéria. Ante ao exposto voto no sentido de: I – negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 92DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.903696/200891 Acórdão n.º 3801004.652 S3TE01 Fl. 12 11 Fl. 93DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10166.721766/2009-39
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. LANÇAMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC). VALE TRANSPORTE. PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA.
Segundo a Lei 8.212/1991, salário-de-contribuição (SC), para o empregado e trabalhador avulso, é a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia (Súmula CARF nº 89).
Numero da decisão: 9202-003.508
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente))
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO
Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Elias Sampaio Freire
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. LANÇAMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC). VALE TRANSPORTE. PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. Segundo a Lei 8.212/1991, salário-de-contribuição (SC), para o empregado e trabalhador avulso, é a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia (Súmula CARF nº 89).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente)) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Elias Sampaio Freire
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LANÇAMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (SC). VALE TRANSPORTE. PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. Segundo a Lei 8.212/1991, saláriodecontribuição (SC), para o empregado e trabalhador avulso, é a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia (Súmula CARF nº 89). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 17 66 /2 00 9- 39 Fl. 635DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 (assinado digitalmente)) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em exercício), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Elias Sampaio Freire Fl. 636DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10166.721766/200939 Acórdão n.º 9202003.508 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Especial por contrariedade divergência, interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) contra acórdão que decidiu dar proviemnto parcial a recurso voluntário do sujeito passivo, nos seguintes termos: “ ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. Os tribunais superiores STF e STJ já decidiram que não há incidência de contribuições previdenciárias sobre o vale transporte pago em pecúnia por ter caráter indenizatório. MULTA. RETROATIVIDADE. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. RELATÓRIO DE CORRESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA SE DEVIDA. Os relatórios de CoResponsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e se destinam a esclarecer a composição societária da empresa no período do débito, a fim de subsidiarem futuras ações executórias de cobrança, se devidas. Esses relatórios não são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.” Como esclarecimento inicial, o recurso da nobre PGFN versa sobre a incidência de contribuição sobre valores pagos a título de vale transporte, em pecúnia. Em seu recurso especial a PGFN alega, em síntese, que há decisões divergentes, corretas, que definem que os valores pagos a título de vale transporte, eme pecúnia, devem sofrer incidência da contribuição. Solicita acolhimento e proviemnto de seu recurso. Por despacho, deuse seguimento ao recurso especial. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 O sujeito passivo – apesar de devidamente intimado – não apresentou suas contra razões. Os autos retornaram ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10166.721766/200939 Acórdão n.º 9202003.508 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade – recurso tempestivo e divergência confirmada e não reformada conheço do Recurso Especial e passo à análise de suas razões recursais. Como já citado, o litígio em questão, da nobre PGFN, versa sobre a incidência de contribuição sobre valores pagos a título de vale transporte, em pecúnia Sem me estender muito no tema, o CARF adotou súmula, que define a questão, motivo da negativa de provimento do recurso da PGFN: “Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia.” CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto em negar provimento ao recurso da nobre PGFN, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Fl. 639DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720417/2012-42
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009
Ementa:
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, os estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculá-los à atividade produtiva da empresa, e os serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como fase produtiva.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer créditos em relação a estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculá-los à atividade produtiva da empresa, e a serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como fase produtiva. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, que deu provimento em maior extensão para atender ao pedido alternativo do contribuinte e reconhecer o direito de crédito sobre a depreciação do imobilizado. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti que, além de acompanharem o voto do Conselheiro Domingos, reconheciam o direito de crédito sobre lubrificantes e despesas com carga e descarga. Sustentou pela recorrente o Dr. João Manoel Martins Vieira Rolla, OAB/MG no 78.122.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2009 Ementa: COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, os estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculá-los à atividade produtiva da empresa, e os serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como fase produtiva. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 Ementa: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 04 17 /2 01 2- 42 Fl. 696DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, os estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculálos à atividade produtiva da empresa, e os serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como “fase produtiva”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer créditos em relação a estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculálos à atividade produtiva da empresa, e a serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como “fase produtiva”. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, que deu provimento em maior extensão para atender ao pedido alternativo do contribuinte e reconhecer o direito de crédito sobre a depreciação do imobilizado. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti que, além de acompanharem o voto do Conselheiro Domingos, reconheciam o direito de crédito sobre lubrificantes e despesas com carga e descarga. Sustentou pela recorrente o Dr. João Manoel Martins Vieira Rolla, OAB/MG no 78.122. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre pedido de restituição/ressarcimento (PER) (fls. 3 a 14)1, com transmissão em 16/12/2011 (numeração com final 4422), referente a créditos de COFINS exportação/2o trimestre de 2009, em saldo de R$ 142.817.778,59 (com base no § 2o do art. 6o da Lei no 10.833/2003), cumulado com 3 compensações (DCOMP) transmitidas em 21/12/2011 (fls. 15 a 18 no valor de R$ 53.662.875,45; fls. 19 a 22 no valor de R$ 47.203.545,57; e fls. 23 a 26 no valor de R$ 41.951.357,57), todas em relação a débitos de IRPJ de novembro de 2011. Apensado a este o processo no 16682.720483/201212 (de controle dos débitos declarados nas DCOMP vinculadas). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 697DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 697 3 Iniciada a ação fiscal tendente a verificar o direito creditório demandado neste processo e em outros (referentes a “PIS não cumulativo” e a “COFINS não cumulativa”, de 2008 a 2010), em 26/04/2012 (fls. 124 a 127), a empresa é intimada a apresentar os documentos e esclarecimentos detalhados às fls. 125/126. São então apresentados os documentos de fls. 133 a 231, posteriormente complementados pelos de fls. 236 a 253. Após novas intimações (fls. 254 a 257, em 16/07/2012; fls. 326 a 329, em 23/08/2012; e 394 a 396, em 05/09/2012), são enviados, respectivamente, os documentos de fls. 258 a 325, 330 a 393, e 397 a 419. Em 24/06/2013 é proferido o Despacho Decisório no 140/2013, de fl. 484, fundado no Parecer DEMAC no 140/2013 (fls. 455 a 476), deferindo parcialmente o pedido de ressarcimento, reconhecendo créditos de COFINS vinculados a receitas de exportação apuradas no 2o trimestre de 2009 no valor de R$ 95.977.006,77; aceitando as retificações efetuadas nas 3 DCOMP, deferindo as duas primeiras e homologando parcialmente a terceira, determinando a cobrança do crédito remanescente de IRPJ no valor de R$ 46.480.771,82. No parecer que ampara o referido despacho narrase que: (a) conforme ficha 01 da DACON referente ao período, a interessada optou por apropriar custos, encargos e despesas pelo critério do rateio proporcional (Receita de Exportação com base na proporção da Receita Bruta Auferida), tendo o fisco apurado a receita de exportação com base em dados extraídos do DW SISCOMEX, e verificado em sistemas da RFB a regularidade dos fornecedores (à exceção da empresa “PENTEC Industrial LTDA”, já baixada na data de emissão das notas fiscais apresentadas, de R$ 12.192,50 e R$ 65.517,18); (b) no que se refere a créditos de aquisições de bens utilizados como insumos (fls. 463 a 468), foram glosados aqueles referentes aos CFOP 1407 e 2407 (compra de mercadoria para uso ou consumo cuja mercadoria está sujeita ao regime de substituição tributária), e 1556 e 2556 (compra de material para uso ou consumo), conforme planilha de fl. 467; (c) em relação aos créditos de serviços utilizados como insumos (fls. 468 a 471), a empresa utilizou indevidamente aquisições efetuadas no ano de 2007 como se fossem do 2o trimestre de 2009 (conforme planilha de fls. 439/440), sendo ainda glosados serviços que não são aplicados ou consumidos na produção/fabricação, como: serviços de logística (tabela à fl. 469), estudos e pesquisas, prospecção e sondagem, serviços de geologia, serviços de operação portuária, serviços de manutenção de equipamentos ferroviários (parcialmente aceitos), serviços em equipamento de telecomunicação, serviços de dragagens e serviços de Fl. 698DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 manutenção de embarcações, conforme planilha de fls. 470/471; (d) no que se refere a créditos relativos a bens do ativo imobilizado (fls. 471 a 473), a empresa computou equipamentos e máquinas que não se enquadram nas hipóteses previstas na legislação, como locomotivas, vagões de transporte de minério de ferro, dormentes ferroviários, caminhões, barcos de alumínio, notebooks, mobiliário, livros e material de escritório, conforme planilha de fls. 450/452 e fl. 473; e (e) verificando que a empresa não acostou aos autos conjunto probatório capaz de embasar plenamente seu pedido de ressarcimento, e considerando os valores de ofício apurados na ação fiscal, que abarcava os períodos de 2008 a 2010, explica o fisco ao final do parecer (fls. 473/474) que as glosas foram refletidas diretamente no valor pleiteado a título de ressarcimento. Cientificada do despacho decisório (em 19/07/2013 fl. 488), a empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 21/08/2013 (fls. 492 a 521), sustentando que: (a) houve nulidade da “autuação” por falta de exaurimento do poderdever de lançar (tendo sido o ônus da prova, que incumbia ao autor do pedido, totalmente satisfeito, mediante o atendimento completo das sucessivas intimações, e tendo o fisco se furtado ao seu dever de aprofundar a investigação a partir de tais elementos, examinado efetivamente a aplicação dos bens e serviços ao processo produtivo); (b) a disciplina constitucional da não cumulatividade da COFINS, pós Emenda no 42, deve nortear a interpretação de todos os dispositivos legais e infralegais sobre a matéria, não podendo a lei restringir a não cumulatividade, mas apenas definir os setores a ela sujeitos; (c) o direito aos créditos da contribuição está atrelado aos custos, despesas e encargos “de tudo o que contribua para a obtenção de receitas”; (d) no que se refere a créditos de aquisições de bens utilizados como insumos (fls. 507 a 510), a RFB, além de sequer ter investigado as rubricas glosadas e a natureza dos bens (o óleo e as correias, por exemplo, são típicos produtos intermediários), pelo que se demanda conversão em diligência, tomou como critério a indevida exigência de incorporação física ao produto final; Fl. 699DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 698 5 (e) em relação aos créditos de serviços utilizados como insumos (fls. 510 a 515), mais uma vez o fisco se ateve mais à denominação do que ao efetivo emprego nas atividades operacionais da empresa (os serviços de transporte e armazenagem, inclusive embarque nos navios, por exemplo, são inegavelmente etapa indissociável do transporte da mercadoria, cuja ausência inviabilizaria a própria venda, cf. art. 3o, IX da Lei no 10.833/2003), destacandose ainda a pertinência de outros serviços glosados (como geologia, estudos e pesquisas, logística, comunicações, capatazia, praticagem e rebocagem, citando precedente do CARF) e que as atividades de movimentação e transporte compõem parte da receita da empresa, conforme DIPJ; (f) no que se refere a créditos relativos a bens do ativo imobilizado (fls. 515 a 517), afirma que o traslado do minério dos estabelecimentos de lavra da empresa até as estruturas portuárias para posterior venda é etapa indissociável da venda do produto final (cabendo o crédito em relação a trilhos, dormentes, locomotivas, vagões, v.g.), citando precedente do STJ; e (g) tendo em vista não terem sido aprofundadas as investigações sobre as atividades da empresa, demanda se o deferimento de prova pericial técnica, indicandose os quesitos à fl. 518/520. Em 29/11/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 620 a 643), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os argumentos de que: (a) não houve nulidade, tendo sido o procedimento fiscal conduzido regularmente, oportunizando a comprovação de defesa e de comprovação do crédito pleiteado, sendo comprovadas individualmente as motivações das glosas; (b) o ônus probatório é da postulante ao crédito, sendo descabida a “intenção da recorrente de descaracterizar a análise e a decisão proferida pela DRF com base no argumento de que tais elementos por ela fornecidos à fiscalização não seriam hábeis e suficientes para informar a realidade dos fatos”; (c) presentes os elementos necessários ao julgamento do processo, são prescindíveis as diligências/perícias solicitadas; (d) os créditos devem ser analisados tal qual foram solicitados e informados em DACON, sob pena de se suprimir instância ao apreciar o pedido (com respeito aos serviços de operação portuária e a bens do ativo imobilizado); e (e) somente geram crédito os insumos que sofram alterações em função de sua aplicação direta na prestação de serviços ou no processo produtivo do bem destinado à venda, e nas hipóteses expressamente previstas na legislação (Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e IN SRF no 247/2002 e no 404/2004). Cientificada do acórdão da DRJ em 27/12/2013 (doc. de fl. 647), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 10/01/2014 (fls. 651 a 675), basicamente reiterando as considerações expostas na manifestação de inconformidade, e acrescentando que a decisão da DRJ é nula por também não apurar os fatos, nem permitir a realização de perícia/diligência, em respeito à verdade material que rege o processo tributário administrativo. Fl. 700DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Na data do julgamento (11/11/2014) foi protocolizado, invocando o princípio da verdade material, documento pedindo a juntada aos autos de parecer de lavra da empresa PricewaterhouseCoopers, demandandose a análise e consideração quando do julgamento pela turma. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Afora as nulidades levantadas preliminarmente, são três os temas que remanescem controversos: (a) o caráter constitucional da não cumulatividade; (b) a delimitação do conceito de insumos; e (c) a aplicação de tais conceitos às glosas em espécie, referentes a bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 1. Das preliminares de nulidade Alega a recorrente ser nulo o despacho decisório por ausência de fundamentação, e por deixar de realizar o fisco “um exame detido e profundo acerca das circunstâncias essenciais para se reputar determinado custo ou despesa como passível de ensejar o direito de crédito, à alegação de que caberia a prova da presença destas circunstâncias ao próprio contribuinte”. Sustenta ainda a nulidade da decisão de piso, por negar a realização de diligência/perícia. A primeira alegação, de ausência de fundamentação do despacho decisório, é claramente improcedente. A simples leitura do parecer que embasa o despacho decisório permite verificar que, item a item, o fisco apresenta a análise dos créditos pleiteados, à vista dos documentos e esclarecimentos apresentados pela recorrente, informando quais as glosas (detalhadas especificamente em tabelas) e quais os fundamentos normativos que as amparam. O fato de a recorrente discordar das fundamentações utilizadas pelo fisco não implica afirmar que havia ausência de fundamentação. Aliás, logicamente, a discordância reflete individualizadamente o reconhecimento da motivação e a apresentação da correspondente refutação. Em relação à afirmação do fisco de que o ônus probatório em processos desta natureza é da postulante ao crédito, temos que é absolutamente correta. Não se está aqui tratando de uma “autuação” (como afirmava inicialmente a manifestação de inconformidade da empresa), mas de um pedido de crédito, no qual o solicitante tem o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime, inclusive com a composição atual: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que Fl. 701DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 699 7 tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante todo o procedimento de fiscalização. Veja que houve quatro intimações à empresa para prestar esclarecimentos e apresentar documentos, para descrever seu processo produtivo, identificando os bens e serviços utilizados como insumos, para apresentar memórias de cálculo individualizadas, etc. Enfim, basta a leitura do citado parecer para que se perceba que o fisco fez inclusive reuniões com os auditores e representantes da empresa para saber qual era exatamente a metodologia utilizada para apurar os créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. O próprio fisco explica, ao longo do parecer, que acolheu as retificações de DCOMP apresentadas; e acolheu dados que, embora não detalhados na documentação da postulante, foram atestados de outra forma (v.g. descrições codificadas e genéricas que puderam ser checadas com notas fiscais, e segregação/identificação da finalidade por CFOP). E vejase que quando o fisco intima a empresa a apresentar planilha na qual identifique quais os bens e materiais que foram adquiridos para consumo, a empresa responde (sem apresentar planilha) que (fl. 259): “Todas as aquisições de bens e materiais se encontram listadas nos arquivos da IN 86 para o ano de 2008, entregues ao fisco em 04/04/2010 e EFD para os anos de 2009 e 2010, cujas cópias se encontram disponíveis, também, nos estabelecimentos da empresa. Quanto ao conceito de “uso e consumo”, na ótica da legislação do ICMS e/ou do IPI, as notas fiscais correspondentes foram escrituradas sob os CFOP’s n.s 1556 e 2556.” É infundado, assim, imputar ao fisco a falta da busca da verdade material, a falta de “maior investigação”, pois é patente nos autos que o fisco buscou todos os meios para melhor detalhar, v.g., tais aquisições para “uso e consumo”, não tendo sido possível ir além justamente por falta de colaboração de quem seria o maior beneficiado com a pormenorização, e tinha o ônus de comprovar o direito creditório: a recorrente. Fl. 702DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 Como ensina JAMES MARINS, a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 2 Não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória ad infinitum, com conversões em diligência ou demandas de perícia para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já lhe eram demandados durante o procedimento de fiscalização. Daí a importância do disposto no art. 16, § 4o do Decreto no 70.235/1972. Analisandose os quesitos da perícia solicitada à DRJ, percebese que buscam basicamente identificar os itens glosados (indicados como insumos) com o processo produtivo da empresa. Em verdade, pedese que um perito responda o que havia sido demandado à empresa já na primeira intimação, que acompanhou o Termo de Início de Procedimento Fiscal (item 3 da fl. 125): “A fim de possibilitar a verificação do alegado crédito, fica o sujeito passivo intimado a prestar os esclarecimentos e/ou apresentar os elementos a seguir especificados a esta Delegacia da Receita Federal do Brasil: (...) 3. Descrever o seu processo produtivo, identificando neste os bens e serviços utilizados como insumos; (...)” Agiu bem, a nosso ver, a DRJ, ao indeferir a solicitação de perícia/diligência, visto que tais institutos destinamse a esclarecer eventual dúvida do julgador, e não a propiciar dilação probatória. Assim, improcedentes as alegações preliminares de nulidade. Ainda sob a égide da verdade material (no contexto inviabilizador da dilação probatória ad infinitum aqui exposto), percebese que também o documento protocolizado na data do julgamento reflete tentativa extemporânea de atendimento, agora na segunda instância administrativa (em 11/11/2014), da providência demandada já no início do procedimento fiscal. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Dos três temas relacionados ao início deste voto como contenciosos, impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF do primeiro, que sustenta ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) 2 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 700 9 inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à COFINS, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 704DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma (v.g. Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784), inclusive com a formação atual: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI (como pareceu entender o fisco ao efetuar as glosas) nem com a do IR (como parece desejar a recorrente). As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo A fiscalização narra que glosou os créditos referentes aos CFOP 1407 e 2407 (compra de mercadoria para uso ou consumo cuja mercadoria está sujeita ao regime de substituição tributária), e 1556 e 2556 (compra de material para uso ou consumo), conforme planilha de fl. 467. Nesse tópico, a recorrente limitase a sustentar que o fisco não investigou as rubricas glosadas e a natureza dos bens, tendo equivocadamente tomado como critério a indevida exigência de incorporação física ao produto final (citando exemplificativamente que o óleo e as correias são típicos produtos intermediários). Em que pese a glosa ter sido efetuada objetivamente, indicandose em planilha as rubricas e montantes rechaçados (basicamente operações de aquisição para uso e consumo), a defesa é efetuada a título exemplificativo: apesar de se afirmar que os produtos objeto da glosa “são indispensáveis ao processo produtivo da recorrente”, não são trazidos quaisquer elementos que comprovem a alegação, demandandose a já analisada (e incabível) dilação probatória para comprovação. Nos itens exemplificativamente questionados encontramse: (a) os óleos lubrificantes, que, segundo a recorrente, seriam consumidos em “inúmeros” (sic) equipamentos indispensáveis ao processo produtivo da empresa, tendo a própria RFB reconhecido o crédito em situação análoga (Solução de Divergência de no 35/2008); e (b) as correias transportadoras, que “consistem em típicos produtos intermediários responsáveis pela movimentação do minério, no âmbito da mina”. Fl. 705DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 701 11 Por certo que óleos lubrificantes que sejam efetivamente empregados no processo produtivo geram direito a créditos, se adquiridos com pagamento das contribuições3. Contudo, resta necessária a prova de que efetivamente foram empregados no processo produtivo, prova esta inexistente nos autos. E sua menção a título exemplificativo, demandandose dilação probatória, não encontra guarida nos comandos legais que regulam a matéria. E bastaria à empresa, para o cabimento do direito ao crédito, ter comprovado que suas aquisições tributadas de lubrificantes foram individualizadamente destinadas a emprego em máquinas e equipamentos, caminhões, e outros, atrelados à sua produção. Recordese, por exemplo, que, como já julgou unanimemente esta Turma, seria incabível o creditamento de combustíveis e lubrificantes em relação a veículos utilizados no transporte de funcionários (Acórdãos no 3403002.912 a 917), e que a recorrente foi intimada de forma reiterada a esclarecer/especificar as despesas e seu relacionamento com o processo produtivo. Assim, não resta possibilidade de acolhida dos créditos em relação a óleos lubrificantes, por não ter a recorrente se desincumbido de seu ônus probatório, como destacado neste voto. No que se refere às correias transportadoras, vem entendendo este colegiado que o crédito deveria ser apropriado com base nos encargos de depreciação e amortização (na forma prevista nos artigos 3o, § 1o, incisos III das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003), visto ser o bem ativado (com duração superior a um ano): “CRÉDITOS. BENS CLASSIFICADOS NO ATIVO IMOBILIZADO. É vedada a apropriação de créditos sobre o custo de aquisição em relação a bens classificados no ativo imobilizado. (...) Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/99. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas.” (Acórdão no 3403002.648, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação à matéria, sessão de 27.nov.2013) (grifo nosso) Assim, é incabível o crédito na forma solicitada pela recorrente, em relação ao custo total de aquisição do bem. E não se pode aqui analisar pleito diverso do apresentado à RFB pela empresa. Inexistente, então, o crédito também em relação às correias transportadoras. Improcedentes, nesse sentido, as alegações da recorrente em relação a bens utilizados como insumos. 3 No caso de lubrificantes, ou combustíveis, cuja aquisição tenha sido efetuada com alíquota zero, incabível seria o crédito por força do comando dos artigos 3o, parágrafo segundo, inciso II das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003. Fl. 706DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 12 3.2. Serviços utilizados como insumo As glosas efetuadas pelo fisco nesse item são referentes a aquisições efetuadas no ano de 2007 como se fossem do 2o trimestre de 2009 (conforme planilha de fls. 439/440), sendo ainda glosados serviços que não são aplicados ou consumidos na produção/fabricação, como: serviços de logística (tabela à fl. 469), estudos e pesquisas, prospecção e sondagem, serviços de geologia, serviços de operação portuária, serviços de manutenção de equipamentos ferroviários (parcialmente aceitos), serviços em equipamento de telecomunicação, serviços de dragagens e serviços de manutenção de embarcações, conforme planilha de fls. 470/471. A recorrente afirma que o fisco se ateve mais à denominação do que ao efetivo emprego nas atividades operacionais da empresa (e que os serviços de transporte e armazenagem, inclusive embarque nos navios, por exemplo, são inegavelmente etapa indissociável do transporte da mercadoria, cuja ausência inviabilizaria a própria venda, cf. art. 3o, IX da Lei no 10.833/2003), destacandose ainda a pertinência de outros serviços glosados (como geologia, estudos e pesquisas, logística, comunicações, capatazia, praticagem e rebocagem, citando precedente do CARF). No que se refere aos serviços portuários (como capatazia, movimentação portuária, despesas aduaneiras, atracação e desatracação de navios), e traslado de minério de ferro das minas para pátios de carga e descarga, a motivação para a glosa é a de que são operações realizadas já com o produto acabado, ou transporte interno para escoamento. E a recorrente sustenta (fls. 668/669), invocando o inciso IX do art. 3o da Lei no 10.833/2003 (que trata de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda) que: Ainda que não se trate, especificamente, de serviços de transporte ou armazenagem, é de clareza solar que a atuação da prestadora de serviço ao recepcionar os vagões, desembarcar e agrupar o minério e, inclusive, embarcálo diretamente nos navios, consiste (sic) etapa indissociável do transporte da mercadoria cuja ausência inviabilizaria a própria venda do produto final ...”. (grifo nosso) Como se percebe da própria argumentação da recorrente, é incontroverso que tais despesas não são de armazenagem nem de frete na operação de venda, daí pleitearse o crédito como “insumos” (inciso II). Tal posicionamento da recorrente, contudo, não encontra guarida nas normas vigentes, tendo em vista que as operações não são realizadas “durante” o processo produtivo, mas após este, envolvendo o produto já acabado. Assim vem entendendo esta Turma unanimemente, inclusive com a composição atual: “COFINS NÃOCUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. DESPESAS COM SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVA. INADMISSIBILIDADE. Não se vinculando à atividade propriamente produtiva, as despesas incorridas com capatazia e estiva se assemelham mais a espécies de despesas com vendas, sem que, todavia, o artigo 3o da Lei no 10.833/03 contenha hipótese permissiva para o creditamento da COFINS, apurada segundo o regime não cumulativo. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 702 13 (...) É o que se dá com os serviços de capatazia e estiva, incorridos pela ora recorrente nas operações portuárias associadas à exportação de seus produtos. Não importa que os serviços sejam prestados por pessoas jurídicas com sede no País. O relevante, a meu ver, é que as atividades cogitadas não constituem insumo para a fabricação, no sentido de que não compõem o respectivo custo de produção. Mais apropriado seria entendêlas como espécies de despesas com as vendas, entre as quais habitualmente se inserem “os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda, constando dessa categoria despesas como: com o pessoal da área de vendas, marketing, distribuição, pessoal administrativo interno de vendas, comissões sobre vendas (...)” (Manual de contabilidade das sociedade por ações (aplicável às demais sociedades). Ob. cit., p. 383). E se não caracterizam insumo da atividade produtiva da recorrente, os serviços de capatazia e estiva igualmente não se identificam com as espécies de despesas com vendas cuja realização autoriza o creditamento. Embora envolvam o manuseio da carga, capatazia e estiva não constituem serviço de transporte e, portanto, o preço que a ora recorrente paga por eles não se define como “frete”. Daí a inaplicabilidade à hipótese do inciso IX, do já referido artigo 3o.” (Acórdão no 3403002.139, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.abr.2013) (grifo nosso) “NÃO CUMULATIVIDADE. FRETE E DESPESAS DE ARMAZENAGEM NAS OPERAÇÕES DE VENDA. EXTENSÃO As operações de movimentação de contêiner cheio; serviço de fumigação de pallets; despesas com capatazia e reembolso de CPMF; movimentação de embarcação; transporte de contêineres vazios e sua devolução para o exportador; descarga de contêineres; vistoria de contêineres; handling de contêineres; unitização e desunitização de contêineres e uso de pátio não estão abrangidos no conceito de armazenagem e tampouco podem ser concebidas como etapa do frete nas operações de venda, razão pela qual os respectivos gastos não ensejam o creditamento da contribuição.” (Acórdão no 3403003.097, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânime, sessão de 22.jul.2014) Incabíveis, assim, o desconto de créditos em relação a serviços portuários diversos, já com o produto acabado. E também improcedente o creditamento em relação a transporte do produto acabado entre unidades/setores da empresa, como tem decidido unanimemente esta turma, endossando excerto de voto do Cons. Marcos Tranchesi Ortiz: “Porque na sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, os dispêndios da pessoa jurídica com a contratação de frete pode se situar em três diferentes posições: (a) se na operação de venda, constituirá hipótese específica de creditamento, referida pelo art. 3o, inciso IX; (b) se associado à compra de matériasprimas, materiais de embalagem ou produtos intermediários, integrará o custo de aquisição e, por Fl. 708DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 14 este motivo, dará direito de crédito em razão do previsto no artigo 3o, inciso I; e (c) finalmente, se respeitar ao trânsito de produtos inacabados entre unidades fabris do próprio contribuinte, será catalogável como custo de produção (RIR, art. 290) e, portanto, como insumo para os fins do inciso II do mesmo artigo 3o. De seu turno, o transporte de produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte somente do ponto de vista logístico ou geográfico pode ser compreendido como etapa da futura operação de venda. Juridicamente falando não o é e, a meu ver, não se enquadra dentre as hipóteses legais em que o creditamento é concedido.” (Acórdão n. 3403001.556, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.abr.2012) (Nesse sentido ainda o Acórdão n. 3403002.681, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014 )(grifo nosso) Incabíveis, assim, o desconto de créditos em relação a serviços portuários diversos, já com o produto acabado. E também improcedente o creditamento em relação a transporte do produto acabado entre unidades/setores da empresa. No que se refere à alegação da recorrente de que o fisco foi indiferente ao fato de esta também prestar serviços de movimentação de cargas de terceiros, o caráter genérico da defesa, indicando apenas valores e fichas, sequer segregando detalhadamente as operações e fornecendo elementos para que apurasse as distinções (sendo que no próprio parecer que ampara as glosas expressamente se reconhece créditos em relação a receitas de vendas destes serviços), impede que nesse grau recursal se venha a possibilitar o reconhecimento creditório ou mesmo a suscitada dilação probatória, por não ter a recorrente se desincumbido de seu dever de provar a liquidez e a certeza de seus créditos no curso da fiscalização e do contencioso. Também genérica é a peça recursal em relação aos demais serviços, dedicando ao tema um único parágrafo (fl. 671): “Nessa situação se incluem, indiscutivelmente, os serviços de geologia, estudos e pesquisas, prospecção e sondagens, que são serviços que antecedem o processo produtivo, mas essencial (sic) para que o mesmo (sic) ocorra (sem o qual seria impossível iniciar a atividade operacional) e ao longo do processo produtivo. Visando (sic) identificar a localização (reservas), a concentração (teor) ou ocorrência de minerais de interesse econômico em forma e quantidade suficientes (continuidade), que justifiquem extração econômica. (...)” (grifo nosso) Em relação a estudos/pesquisas e sondagens, a única motivação expressa no parecer que ampara a glosa, igualmente sintética, é a de que “antecedem a fase produtiva” (fl. 470). Assim, bastaria à recorrente, para afastar a glosa, comprovar que tais “estudos/pesquisas e sondagens” de fato compõem a fase produtiva. Mas a defesa surge apenas com o citado parágrafo, que entendemos ser apenas parcialmente suficiente. De forma geral, soa lógico interpretar que na atividade da empresa (basicamente mineração) podem realmente, dentro do conceito aqui trabalhado de insumos, serem entendidos como tal os estudos prévios de solo / geologia, e as pesquisas e trabalhos de Fl. 709DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16682.720417/201242 Acórdão n.º 3403003.378 S3C4T3 Fl. 703 15 prospecção e sondagem. Mas não se pode acolher como insumo qualquer menção genérica a estudos e pesquisas sem especificação de escopo. Em relação a estes, deveria ter a recorrente especificado o tipo de estudo ou pesquisa, de modo a possibilitar a identificação da relação com o processo produtivo, tão demandada ao longo da fiscalização. Assim, acolhese aqui a argumentação da recorrente tão somente em relação a serviços de geologia, serviços de prospecção e sondagens, e estudos e pesquisas detalhados (estes com identificação que permita vinculálos à atividade produtiva da empresa), ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como “fase produtiva”. 3.3. Bens do ativo imobilizado As glosas referentes a créditos relativos a bens do ativo imobilizado se devem ao cômputo de equipamentos e máquinas que não se enquadram nas hipóteses previstas na legislação, como locomotivas, vagões de transporte de minério de ferro, dormentes ferroviários, caminhões, barcos de alumínio, notebooks, mobiliário, livros e material de escritório, conforme planilha de fls. 450/452 e fl. 473. Sobre tais rubricas afirma a recorrente que o traslado do minério dos estabelecimentos de lavra da empresa até as estruturas portuárias para posterior venda é etapa indissociável da venda do produto final (cabendo o crédito em relação a trilhos, dormentes, locomotivas, vagões, v.g.), citando precedente do STJ (que já de início se destaca não vincular o fisco nem o julgador administrativo, além de ter pouca relação com o caso em análise). Remetese aqui à argumentação já externada no tópico anterior, referente a serviços, no sentido de que o legislador contemplou as hipóteses de crédito em diversos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, de acordo com a situação regulada (v.g. insumos, inciso II; bens do ativo imobilizado inciso VI; e armazenagem e frete na venda inciso IX), não devendo ser confundidas as hipóteses. A confusão, expressa na peça recursal, deriva basicamente do indevido alargamento do conceito de insumo pela recorrente, que defende (fl. 675) que: “Não se pode perder de vista, no que pertine (sic) o direito aos créditos sobre encargos de depreciação do ativo imobilizado que a não cumulatividade das contribuições sociais sobre receita/faturamento visa (sic) desonerar todo o ciclo operacional envolvido na consecução de seus objetos sociais, que são origem do faturamento.” (grifo nosso) E é só com tal conceito alargado que se poderia conceber créditos, por exemplo, a aquisições de livros e material de escritório. Contudo, como aqui já se tratou (ao início do tópico 3, referente à delimitação do conceito de insumos), há necessidade de vínculo do insumo com o processo produtivo, e tal vínculo restou inexistente ou não comprovado nas operações para as quais houve glosa pelo fisco em relação ao ativo imobilizado. Devem ser, então, mantidas tais glosas. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 16 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer créditos em relação a estudos e pesquisas detalhados com identificação que permita vinculálos à atividade produtiva da empresa, e a serviços de geologia e de prospecção e sondagens, ainda que efetuados em etapa prévia à que o fisco considerou como “fase produtiva”. Rosaldo Trevisan Fl. 711DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 19515.008296/2008-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1301-000.238
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, convertido o julgamento em nova diligência, nos termos do relatório e voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, convertido o julgamento em nova diligência, nos termos do relatório e voto do Relator. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Paulo Jakson da Silva Lucas, Carlos Augusto de Andrade Jenier, Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 08 29 6/ 20 08 -0 9 Fl. 4759DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 3 2 Relatório Por bem descrever as circunstâncias fáticas dos autos, destaco do relatório apresentado pela r. decisão de origem: DA AUTUAÇÃO Em procedimento fiscal realizado na empresa em epígrafe, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 2.826/2.830), constataramse irregularidades, no período de 2002 a 2004, relativas à omissão de receitas apuradas com base em extratos bancários, decorrentes de: a) Vendas de mercadorias omitidas de declaração e tributação [2002 — R$ 27.058.407,68 (vinte e sete milhões, cinquenta e oito mil, quatrocentos e sete reais e sessenta e oito centavos), 2003 — R$ 20.717.167,12 (vinte milhões, setecentos e dezessete mil, cento e sessenta e sete reais e doze centavos) e 2004 — R$ 7.875.235,65 (sete milhões, oitocentos e setenta e cinco mil, duzentos e trinta e cinco reais e sessenta e cinco centavos)]; e b) Valores sem justificativa da origem dos recursos [2002 — R$ 14.612.727,06 (catorze milhões, seiscentos e doze mil, setecentos e vinte e sete reais e seis centavos), 2003 — R$ 9.219.665,94 (nove milhões, duzentos e dezenove mil, seiscentos e sessenta e cinco reais e noventa e quatro centavos) e 2004 — R$ 5.945.238,80 (cinco milhões, novecentos e quarenta e cinco mil, duzentos e trinta e oito reais e oitenta centavos)]. 2. O referido Termo de Verificação Fiscal informa ainda, essencialmente, que: 2.1. A empresa está inapta desde 24/11/2005 por prática irregular de operações de comércio exterior. 2.2. Em 09/12/2005, foram entregues declarações retificadoras de inatividade para o referido período. No entanto, permanecem ativas as DCTF, tempestivamente entregues, com débitos no período. 2.3. O lucro foi arbitrado, pois, durante a ação fiscal, a empresa, mesmo intimada e reintimada, deixou de apresentar seus livros contábeis e fiscais, bem como não comprovou estar impossibilitada de apresentálos. 2.4. A multa foi aplicada no percentual de 150% com fundamento no a rt. 44 da Lei n° 9.430/1996 c/c a rt. 71 da Lei n° 4.502/1964, tendo em vista que os extratos bancários demonstram que os valores depositados são principalmente vinculados a operações comerciais da empresa, no entanto, foi apresentada declaração de inatividade no período. Assim, ao fazer declaração sabidamente incorreta, omitindo receitas e não justificando de maneira inconteste ter efetuado escrituração contábil/fiscal, cabível a majoração da multa. 3. Em decorrência da falta apurada, foram lavrados em 17/12/2008, e cientificados ao sujeito passivo em 19/12/2008 (fls. 2.898), os seguintes autos de infração: Fl. 4760DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 4 3 3.1. Imposto de Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ (fls. 2.841/2.848): Crédito tributário no valor total de R$ 4.896.738,96 (quatro milhões, oitocentos e noventa e seis mil, setecentos e trinta e oito reais e noventa e seis centavos), incluídos tributo, multa e juros de mora calculados até 28/11/2008, com enquadramento legal descrito às fls. 2.843, 2.845 e 2.847. 3.2. Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS (fls. 2.857/2.863): Crédito tributário no valor total de R$ 1.856.439,84 (um milhão, oitocentos e cinquenta e seis mil, quatrocentos e t rinta e nove reais e oitenta e quatro centavos), incluídos tributo, multa e juros de mora calculados até 28/11/2008, com enquadramento legal descrito às fls. 2.863. 3.3. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social — COFINS (fls. 2.872/2.878): Crédito tributário no valor total de R$ 8.568.187,52 (oito milhões, quinhentos e sessenta e oito mil, cento e oitenta e sete reais e cinquenta e dois centavos), incluídos tributo, multa e juros de mora calculados até 28/11/2008, com enquadramento legal descrito às fls. 2.878. 3.4. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL (fls. 2.887/2.894): Crédito tributário no valor total de R$ 2.156.986,88 (dois milhões, cento e cinquenta e seis mil, novecentos e oitenta e seis reais e oitenta e oito centavos), incluídos tributo, multa e juros de mora calculados até 28/11/2008, com enquadramento legal descrito às fls. 2.894. DA IMPUGNAÇÃO 4. Inconformada com a presente autuação, a empresa, tempestivamente, apresentou a impugnação de fls. 2.906/2.971, acompanhada de documentos de fls. 2.972/2.999, 3.002/3.199 e 3.202/3.236, aleg ando em síntese que: 4.1. Tendo sido declarada inapta em 24/11/2005 (documento 1— fls. 2.973), o domicílio fiscal passou a ser o do sócio Albert Beukers, Rua Campos Bicudo, 140, ap. 171, Jardim Paulista, São Paulo — SP, CEP 04536010, que deverá continuar servindo para futuras notificações e intimações. 4.2. Consignou expressamente nos autos do MPF que estava impedida de apresentar a quase totalidade dos documentos solicitados por meio do Termo de Intimação Fiscal datado de 10/09/2007 ( fls. 11), pois os mesmos encontravamse, e ainda encontramse apreendidos por ordem da Justiça Federal de Guarulhos por força de Mandados de Busca e Apreensão (documento 5 – fls. 2.984/2.991) pela Polícia Federal em 13/07/2005 (documento 6 – fls. 2.992/2.993) e remetidos à Secretaria da Receita Federal. 4.3. É certo que dentro das 175 caixas apreendidas encontravamse os documentos contábeis solicitados pela fiscalização, quais sejam: os Livros Diário, Livros Razão e Livros de Registro de Entradas e Saídas de Mercadorias do período de 2002 a 2004 conforme será demonstrado com a juntada dos Termos de Abe rtura de Lacre (documentos 7 e 8 – fls. 2.994/2.999 e 3.002). 4.4. Portanto, apresentou à fiscalização apenas o que lhe restava em guarda, enquanto de outra parte, solicitava o acesso aos documentos apreendidos. Fl. 4761DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 5 4 4.5. Não obstante referida disponibilização, estava impossibilitada face à ação penal que se encontrava, e ainda se encontra na pauta para julgamento em instância judicial. 4.6. A fiscalização ignorou a escrituração que estava sob guarda da Secretaria da Receita Federal, bem como a indisponibilidade judicial e tributou pelo Lucro Arbitrado todos os depósitos e créditos bancários. 4.7. Existem nulidades que acarretam o cancelamento do auto de infração tais como: inexistência de hipótese legal para apuração do lucro arbitrado em face da existência da escrita contábil (fls. 2.913/2.919), violação à ampla defesa em virtude dos livros contábeis continuarem inacessíveis e sob guarda da Receita Federal do Brasil (fls. 2.920/2.925) conforme atestado pela fiscalização no item 14 do Termo de Verificação Fiscal (documento 9 – fls. 3.003). 4.8. O auto de infração não atende à legalidade, devendo ser anulado ou subsidiariamente cancelado, tendo em vista que: a) A presunção de omissão de receitas foi elidida por prova da existência da escrita contábil, os livros contábeis em poder da fiscalização e as declarações anexadas à impugnação [documentos 7, 8 (fls. 2.994/2.999 e 3.002) e 13 a 27 (fls. 3.007/3.168)] — (fls. 2.925/2.929); b) A materialidade tributária é atividade plenamente vinculada aos documentos que a fiscalização obteve acesso, limitando a fiscalização ao seu conteúdo [documentos 7, 8 (fls. 2.994/2.999 e 3.002) e 13 a 27 (fls. 3.007/3.168)] conforme detalhado às fls. 2.929/2.931; c) A prova material dos documentos, alguns apreendidos e outros anexados ao processo administrativo é inquestionável [documentos 7, 8 (fls. 2.994/2.999 e 3.002) e 13 a 27 (fls. 3.007/3.168)] de acordo com o exposto às fls. 2.932/2.935; d) A juntada das DIPJ e das DCTF inverte o ônus da prova, impingindo ao sujeito ativo a demonstração probatória de que o sujeito passivo é devedor tributário [documentos 13 a 27 (fls. 3.007/3.168)] — (fls. 2.935/2.940); e) A retificação das DIPJ após a consumação do ato jurídico perfeito (pagamento dos tributos) não gerou prejuízos ao Erário (fls. 2.940/2.944); f) A elevação da pretensão punitiva deve considerar a existência de prova irrefutável de sonegação por dolo, conluio ou fraude, prova esta inexistente nos autos (fls. 2.944/2.957); g) A decadência tributária fulminou grande parte do lançamento tributário, especialmente, os fatos geradores ocorridos em 2002 e 2003 (fls. 2.957/2.963); h) A apuração do PIS e da COFINS somente poderia ocorrer sobre a base de cálculo efetivamente tida como ocorrida, ou seja, por verbas denominadas "faturamento" (fls. 2.963/2.968). 4.9. Diante do exposto, requer a anulação e cancelamento do auto de infração ou sua improcedência. Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova lícitos, Fl. 4762DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 6 5 inclusive juntada de documentos e diligência fiscal para efetivação de nova impugnação, visto que os livros contábeis e vários documentos encontramse apreendidos pela Secretaria da Receita Federal e com acesso indisponibilizado pela 2a Vara Federal de Guarulhos [documentos 7, 8 (fls. 2.994/2.999 e 3.002) e 11 e 12 (fls. 3.005/3.006)]. 5. Em 03/02/2009, foi protocolizada petição (fls. 3.257), reiterando que todas as intimações sejam dirigidas ao endereço do sócio Albert Beukers. Analisando os termos da IMPUGNAÇÃO apresentada, concluiu a 6a Turma da DRJ/SPO1 pela PROCEDÊNCIA PARCIAL DO LANÇAMENTO, apresentando, na ementa de seu acórdão, as seguintes e específicas razões: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004 LIVROS E DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS. NÃO APRESENTAÇÃO. LUCRO ARBITRADO. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. OMISSÃO DE RECEITA. BASE DE CÁLCULO. O valor da receita omitida apurada pela autoridade tributária a partir de depósitos bancários e não declarada ao Fisco deve ser computado para a determinação da base de cálculo do tributo devido. OMISSÃO DE RECEITA OU RENDIMENTO. DEPÓSITO BANCÁRIO. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Configuram omissão de receita ou rendimento os valores creditados em conta bancária cuja origem não tenha sido comprovada, mediante documentação hábil e idônea, pelo contribuinte regularmente intimado. PRESUNÇÃO LEGAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. A presunção legal tem o condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para o sujeito passivo, que pode refutar a presunção medi ante oferta de provas hábeis e idôneas. MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO. A conduta do sujeito passivo que apresenta Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ de inatividade, não atende às intimações para apresentação de livros e documentos contábeis e fiscais, e, durante três anos consecutivos, pratica vultosas operações comerciais e financeiras, evidencia vontade inequívoca dolosamente dirigida à sonegação tributária, ensejando assim a imposição da multa de oficio qualificada de 150%. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IRPJ/CSLL/COFINS/PIS. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS e a Contribuição para o Programa de Integração Social PIS são tributos, em regra, sujeitos a lançamento por homologação. Contudo, não havendo pagamento ou Fl. 4763DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 7 6 ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial regese pela norma contida no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN. PISE COFINS. BASE DE CÁLCULO. A partir da vigência da Lei n° 9.718 de 27/11/1998, a base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS corresponde à totalidade d as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, sendo permitidas somente as exclusões determinadas em lei. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÕES JUDICIAIS. A Lei n° 9.718/1998 constitui norma legal regularmente editada segundo o processo legislativo estabelecido, tem presunção de legitimidade e vige enquanto não for afastada do sistema jurídico brasileiro; eventuais decisões do Poder Judiciário acerca do alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, proferidas incidentalmente, beneficiam apenas as partes das respectivas ações. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS/COFINS/CSLL. O decidido quanto ao lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ deve nortear a decisão dos lançamentos decorrentes, tendo em vista que se originam dos mesmos elementos de prova. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003, 2004 DCTF. DCOMP. NATUREZA JURÍDICA. Atualmente, os débitos informados espontaneamente em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais) e/ou em DCOMP (Declaração de Compensação) constituem confissão de dívida e, portanto, essas declarações são instrumentos hábeis e suficientes para sua exigência. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DÉBITO OBJETO DE DCTF/DCOMP. Comprovada a formalização de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF e de Declaração de Compensação DCOMP antes do início do procedimento de fiscalização, envolvendo os mesmos débitos, afastase o crédito tributário constituído de oficio. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004 LANÇAMENTO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Somente se reputa nulo o lançamento na hipótese prevista no art. 59, I, do Decreto n° 70.235/1972. PROTESTO POR NOVAS PROVAS. Indeferese o pedido pela produção posterior de provas, quando não são atendidas as exigências contidas na norma de regência do contencioso administrativo fiscal vigente à época da impugnação. Lançamento Procedente em Parte Fl. 4764DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 8 7 Tendo em vista a exoneração parcial do crédito tributário em montante superior àquele determinado pelas respectivas normas procedimentais de regência, em relação ao referido julgado foi então interposto o competente Recurso de Ofício, determinandose, assim, em sede de revisão de julgamento, a sua apreciação por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Especificamente em relação ao apontado recurso de ofício, desde já, destacase que as matérias a ele submetidas referemse, especificamente, ao reconhecimento da decadência parcial (relativos ao 1° ao 3° trimestres de 2002 para o IRPJ e CSLL e ao período de 01/2002 a 11/2002 para o PIS e COFINS) e, também, à necessária exclusão dos valores confessados pela própria contribuinte em decorrência da apresentação de suas DCTF e DCOMP’s ali então especificamente indicadas. A par disso, entretanto, regularmente intimada a contribuinte (21/08/2009 – Sextafeira), por ela foi também interposto o seu competente Recurso Voluntário (18/09/2009 – Sextafeira), pretendendo a reforma do julgamento proferido e, para tanto, aduzindo as seguintes e específicas razões de direito: Afastamento do lucro arbitrado: documentação sob a guarda da própria receita federal De acordo com o que especificamente apresentado nos presentes autos, os documentos contábeis e fiscais da contribuinte teriam sido objeto de específica determinação judicial de busca e apreensão, determinada nos autos do processo 2005.61.19.0044092 (Procedimento Criminal Diversos), da 2a Vara Federal de GuarulhosSP, e, conforme efetivamente inconteste nos autos, tais documentos deveriam permanecer na guarda da Secretaria da Receita Federal em São Paulo, somente podendo ser devolvidos ao contribuinte mediante específica e própria determinação jurisdicional. Nesse sentido, restou apontado nos autos que os referidos documentos fiscais/contábeis teriam “desaparecido” das dependências da Receita Federal, não sendo atualmente localizado qualquer registro a respeito de sua manutenção. Em face dessa verificação fática, a r. decisão de primeira instância chega a admitir o “possível” descumprimento de ordem judicial pelos agentes da fiscalização fazendária, tendo em vista que, mesmo diante da inexistência de qualquer determinação judicial nesse sentido, os referidos documentos “devem ter sido entregues” à contribuinte. Diante dessa constatação, a recorrente requer seja noticiado ao Ministério Público Federal para a apuração da irregularidade que inviabiliza a sua defesa. Nada obstante, apresenta precedentes deste Conselho Administrativo no sentido do reconhecimento do arbitramento dos lucros realizados, nos casos em que os documentos exigidos pela fazenda pública – quando da fiscalização , encontravamse já em poder da Receita Federal (PAF no 10882.002377/200672 – Contribuinte BOUTIQUE DASLU LTDA. ) Devolução da documentação – decisão contrária à ordem judicial Fl. 4765DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 9 8 Conforme expressamente determinado pela decisão exarada nos autos do processo judicial ajuizado pela contribuinte, qualquer devolução dos documentos apreendidos dependeria de prévia e expressa autorização legal, a qual, inexistindo, lança por terra a afirmação dos agentes da fiscalização (e também da decisão de primeira instância) que a contribuinte teria simplesmente deixado de atender ao determinado. A afirmação promovida pela decisão de primeira instância de que, conforme apontado no TVF, todos os documentos entregues à fiscalização teriam sido devolvidos aos representantes da contribuinte não pode, de forma alguma, impor a conclusão de que aqueles documentos apreendidos teriam sido a ela devolvidos, sobretudo porque (repete) inexistiu qualquer determinação judicial nesse sentido. A consideração feita pelos agentes da fiscalização (e também pela decisão recorrida) de que a contribuinte teriam simplesmente deixado de apresentar os seus livros e documentos fiscais apresentase, no mínimo, como ofensa ao contraditório e à ampla defesa, sobretudo porque, conforme demonstrado, a ela era pois completamente inexigível o atendimento da determinação apontada. Nesse sentido, destaca a contribuinte outro precedente do CARF, no julgamento do PAF no 10882.002491/9769 ALPHAVEL ALPHAVILLE VEICULOS LTDA Arbitramento dos lucros conclusão Em face dessas considerações, completamente indevida e irregular se apresenta a aplicação da sistemática do arbitramento dos lucros pelos agentes da fiscalização, sobretudo porque, conforme apontado, completamente inexistente a configuração das hipóteses autorizadoras do art. 530, inciso III do RIR/99. Escrita fiscal – Demonstração da existência dos documentos solicitados Existem provas cabais e suficientes nos autos que os registros contábeis pretendidos pela fiscalização efetivamente existiam, mas teriam desaparecido por responsabilidade exclusiva dos agentes da apontada Secretaria da Receita Federal. Nada obstante, resta também incontroverso nos autos que a contribuinte teria apresentado as suas DIPJ’s em relação aos anos de 2002, 2003 e 2004, comprovando, assim, a existência de registros contábeis e fiscais a respeito das atividades por ela desenvolvidas. Escrita fiscal – Lançamento é atividade vinculada e obrigatória A recorrente volta a considerar a impossibilidade de manutenção do lançamento ante a nãoconfiguração das hipóteses autorizadoras da aplicação da presunção fiscal de omissão de receitas. Escrita fiscal – Omissão de receitas deve ser comprovada Fl. 4766DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 10 9 Com base nos documentos carreados aos autos pela contribuinte, verificase que os montantes relativos às receitas tributáveis foram, sim, por ela devidamente submetidas à tributação, inexistindo, assim, qualquer prova em sentido diverso. Multa qualificada Tendo a contribuinte promovido o registro de suas competentes DIPJ’s e apresentado as correspondentes DCTF’s, apurando, e recolhendo – inclusive – os montantes dos tributos devidos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), completamente insubsistente, assim, as considerações adotadas pela fiscalização para fins de imposição da qualificação da penalidade aplicada. Multa qualificada – inexistência de evidente intuito de fraude Não tendo sido devida e regularmente comprovada qualquer prática de conduta dolosa capaz de permitir a configuração, no presente feito, de quaisquer das hipóteses apontadas pelos art. 44, inciso II da Lei 9.430/96. Que o ônus da comprovação da específica atuação dolosa da contribuinte era todo da fiscalização, que, não tendo dele se desincumbido, não poderia, de forma alguma, impor a majoração da penalidade pretendida. Que o entendimento do CARF é pacífico no sentido de que a mera omissão de receitas não se mostra suficiente para a qualificação da multa de ofício (cita precedente). Decadência – Aplicação do Art. 150, parágrafo 4o do CTN A par de todas essas considerações, requer ainda a aplicação das disposições do Art. 150, par. 4o do CTN, ampliando, assim, o reconhecimento da decadência na espécie (de 31/03/2002 a 17/12/2003). Base de Cálculo do PIS e da COFINS – Depósitos bancários não são faturamento Por não se considerar “receitas decorrentes de atividade operacionais da pessoa jurídica” os depósitos bancários não poderiam ser utilizados como fundamento para a incidência do PIS e da COFINS. Débitos informados em DCTF/DCOMP – Homologação tácita Que as DCOMP’s 03946.87466.040305.1.3.037019 e 13980.22680.090305.1.7.037206 teriam sido já tacitamente homologadas, nada havendo a ser assim em relação a elas exigido. Nulidade da decisão – falta de ciência dos documentos juntados pelo fisco Não tendo sido a contribuinte regularmente intimada das diligências realizadas nos autos após a sua petição de impugnação (19/01/2009), todos os atos praticados seriam nulos, e nulo também seria o presente processo administrativo fiscal, pela ofensa ao contraditório e à ampla defesa. Fl. 4767DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 11 10 Vindo os autos à apreciação e julgamento e, 26/05/2011, entendeu a douta 2a Turma Ordinária desta 3a Câmara, determinar a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos termos da Resolução no 1302000.083, da lavra da então ilustre Sra. Conselheira Dra. Lavinia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira, especificamente determinando o seguinte: “NULIDADE, PROVA DO CERCEAMENTO DE DEFESA — MOTIVAÇÃO, PROVA DO FATO INDICIÁRIO DA OMISSÃO DE RECEITA — Como a documentação contábil não foi apresentada pela contribuinte, a autoridade fiscal em 2008 presumiu que os depósitos bancários não foram escriturados e fez o lançamento pelo lucro arbitrado dos anoscalendários de 2002 a 2004. Para validade do lançamento, necessário esclarecer os argumentos da defesa, ou seja, se a autoridade fiscal desconsiderou integralmente: (i) as DIPJ e DCTF retificadoras e os pagamentos de tributos feitos pela contribuinte em 2005, bem como (ii) a apreensão dos documentos contábeis em 2005; (iii) se tais documentos contábeis e fiscais já estavam de posse do fisco desde a três anos antes da abertura do MPF, (iv) porque deixaram de ser apreciados em sede do MPF.” Baixados os autos para as providências então determinadas, foi então distribuído o feito a um dos auditores fiscais da douta DFIS/SP, Sr. CARLOS STEVENSON NETO, que, por sua vez, por diversas vezes tentou promover a intimação da contribuinte e seus sócios, seja pelo endereço cadastrado junto ao CNPJ, ou ainda, o das ultimas alterações promovidas na Junca Comercial, restando, entretanto, infrutíferas todas aquelas tentativas. Nada obstante, foi então promovido o “encerramento” da Diligência Fiscal, promovendose, inclusive, a intimação por edital da contribuinte, nos termos ali então especificamente apontados. Do relatório a diligência fiscal, por sua vez, constatamos o seguinte: “Tratase de baixa em diligência da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), encaminhada através da Resolução nº 1302000.083, de 26 de maio de 2011. Para atendimento dessa diligência foi programado o Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência (MPFD) nº 08.1.90.00 2012029032, que originalmente foi distribuído em 27/07/2012 para o AFRFB Olávio de Matteo Padilla, matrícula 18.572 e posteriormente a mim redistribuído em 08/08/2013 em virtude de licença médica do AFRFB Olávio. Primeiramente cumpre observar que se trata de empresa INAPTA, cuja inaptidão deu se por “PRATICA IRREGULAR COMERCIO EXTERIOR”, com efeitos desde 24/11/2005 (Processo nº 10314.006116/200595). Após receber o processo e seus documentos elaborei o Termo de Prosseguimento de Diligência Fiscal, datado de 30/09/2013 e encaminhei para o endereço constante no cadastro CNPJ e também para o endereço constante da última alteração cadastral efetuada na Junta Comercial do Estado de São Paulo, ambos por via postal com aviso de recebimento (AR). O envelope encaminhado para o endereço do cadastro CNPJ retornou com a informação “MUDOUSE” e o encaminhado para o endereço da última alteração contratual na JUCESP retornou com a informação “NÚMERO INEXISTENTE”. Posteriormente, em 21/11/2013 elaborei um Termo de Intimação e encaminhei para o endereço residencial dos sócios Albert Beukers, CPF 051.079.11820 e Maria do Socorro Moura Beukers, CPF 613.688.22800, constantes do cadastro CPF, por via Fl. 4768DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 12 11 postal com AR, intimandoos a comparecer à DEFIS/SP para tomar ciência do processo supra citado. Ambos os envelopes retornaram com a informação “MUDOUSE”. Em prosseguimento à diligência elaborei os Editais DIFIS II Nº 313/2013, 314/2013 e 315/2013, intimando a empresa e os sócios a comparecerem à DEFIS/SP para tomarem ciência do processo 19.515.008.296/200809, os quais foram afixados em 09/12/2013 e desafixados em 26/12/2013. E com vistas a finalizar a diligência, elaborei o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal, datado de 06/01/2014, e cuja ciência se deu através do Edital DIFIS II Nº 07/2014, o qual foi afixado em 07/01/2014 e desafixado em 24/01/2014. Portanto, diante do acima exposto, proponho o encerramento do MPF nº 08.1.90.00 2012029032 e que o eprocesso nº 19.515.008.296/200809 seja encaminhado ao CARF para as providências cabíveis. Cumpre ressaltar que a empresa KINSBERG COM. IMP. E EXP. DE TECIDOS LTDA. será objeto de processo de Representação Fiscal para fins de baixa de Ofício do registro da inscrição da pessoa jurídica no CNPJ/MF, haja vista nem a empresa e nem os sócios terem sido localizados.” Com essas conclusões, retornou então o feito a este CARF, sendo a mim então distribuído, vindo agora, mais uma vez, para a regular apreciação e julgamento. É o relatório. Passo ao meu voto. Fl. 4769DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 13 12 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo regular e assente em lei o recurso de ofício e tempestivo o recurso voluntário, deles conheço. Conforme destacado da parte final do relatório aqui apresentado, verificase que, pretendendo analisar as questões apresentadas e oferecer solução específica e definitiva para o caso analisado, esta Turma entendeu por bem determinar a conversão do julgamento em diligência solicitando que pelos agentes da douta fiscalização fazendária fosse então objetivamente analisadas as informações ali expressamente destacadas que, como se verifica, tratavamse, na verdade, de informações próprias por ela mantida. Pretendendo supostamente dar cumprimento à solicitação recebida deste Conselho, o ilustre Sr. Auditorfiscal designado para a tarefa (Sr. CARLOS STEVENSON NETO) tentou então promover a "intimação da contribuinte", o que, por razões diversas, acabou se mostrando impossibilitado. Com base nesse fato, foi por ele então simplesmente declarado o "encerramento da diligência", determinando então a devolução dos autos a este CARF. Ocorre que, conforme antes aqui apontado, a diligência determinada, por certo, prescindia, completamente, de qualquer informação ou documento que devesse ser obtido da contribuinte, podendo ser, ao contrário, perfeita e integralmente respondida com a prestação de informação pela própria Delegacia preparadora, o que, com a solução intentada, com certeza, simplesmente demonstra o descaso daquela autoridade com o pedido formulado. Em face dessa específica verificação, esta Turma de Julgamento então decidiu, especificamente, converter, novamente, o presente julgamento em diligência, reiterando a solicitação das informações contidas na Resolução no 1302000.083, da lavra da então ilustre Sra. Conselheira Dra. Lavinia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira, que, por certo, não dependem, absolutamente, de qualquer intimação/manifestação da contribuinte. Diante disso, requerse, mais uma vez, a resposta da douta fiscalização em relação às objetivas e específicas questões: Considerando os elementos contidos nos presentes autos, e, ainda, as informações mantidas por esta fiscalização, favor informar se, na análise desenvolvida quando a lavratura do presente lançamento, pela autoridade fiscal fora então integralmente desconsideradas: (i) as DIPJ e DCTF retificadoras e os pagamentos de tributos feitos pela contribuinte em 2005, bem como; (ii) a apreensão dos documentos contábeis em 2005; (iii) se tais documentos contábeis e fiscais já estavam de posse do fisco desde a três anos antes da abertura do MPF; e Fl. 4770DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 19515.008296/200809 Resolução nº 1301000.238 S1C3T1 Fl. 14 13 (iv) por que deixaram de ser apreciados em sede do MPF. Considerando a necessidade de reiteração da solicitação por meio desta nova Resolução, seja então especificamente informado ao chefe da unidade, para que, sendo o caso, adote as providências necessárias respectivas. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 4771DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 26/11/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 10855.907025/2012-81
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/12/2008
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS.
O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação.
Numero da decisão: 1802-002.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 70 25 /2 01 2- 81 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente. Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: “Tratase de Pedido de Restituição das contribuições sociais retidos na fonte por ocasião de pagamento de serviços de terceiros. Na fundamentação do Despacho Decisório que indeferiu o Pedido, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição (...) Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: o crédito, cuja restituição se pretende decorrente de retenção indevida praticada pela Impugnante referente a serviço prestado por pessoa jurídica optante do SIMPLES Nacional, nos termos em que instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. ... Consoante relatado e conforme comprovam os respectivos documentos fiscais, a Impugnante contratou a prestação de serviços da pessoa jurídica de direito privado ‘Guarapuã Florestal Ltda – EPP’ (...). Com base nas disposições do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 e da Lei nº 10.833/2003, a Impugnante é obrigada a reter os valores concernentes ao imposto de renda e às contribuições sociais CSLL, PIS e COFINS Fl. 97DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 4 3 incidentes sobre as operações e repassálos (...) na condição de substituta tributária. Todavia, a Impugnante constatou posteriormente que a pessoa jurídica substituída fornecedora dos serviços contratados à época dos fatos geradores ora considerados, era optante do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, situação em que permaneceu no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, como bem comprovam os documentos inclusos. ... Por esta peculiar sistemática, o adimplemento dos mencionados tributos dáse de modo unificado, por meio de uma alíquota única, ao encargo da pessoa jurídica optante do SIMPLES, o que indelevelmente a desonera as empresas porventura obrigadas às retenções de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, como a Impugnante, a assim procederem. ... Nesta esteira, a retenção praticada pela Impugnante não teve sentido algum e o montante recolhido por ela por ocasião da operação retratada notadamente constitui indébito, cuja restituição se justifica (...).” A DRJ de Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, consubstanciando sua decisão na seguinte ementa: “ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/12/2008 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. Ainda que indevida a retenção de tributos devidos por prestadora de serviços optante pelo Simples, a restituição de valores depende da demonstração da assunção do ônus tributário por parte da tomadora dos serviços que efetuou as retenções por ocasião do pagamento das respectivas notas fiscais, sem o que esta última não preenche os requisitos para que lhe sejam restituídos os valores eventual e indevidamente recolhidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Dessa decisão da qual tomou ciência em 29/10/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 27/11/2013. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 5 4 No Recurso faz arrazoado sobre os motivos pelo qual o acórdão exarado pela DRJ não deve prosperar, reiterando em seguida as alegações feitas por ocasião da sua manifestação de inconformidade e, no fim, pugnando pelo provimento do seu Recurso Voluntário, eis que tem autorização expressa da empresa para a qual o encargo foi transferido para pleitear a devolução do indébito. Este é o Relatório. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, pelo que dele tomo conhecimento. A análise feita sobre o pedido apresentado pela contribuinte se deu no âmbito do processamento eletrônico de declarações, meio legítimo e eficiente de verificação dos pleitos formalizados pelos sujeitos passivos, também de forma eletrônica, em busca dos créditos que entendem possuir contra a Fazenda Pública. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o despacho decisório, ainda na fase de auditoria fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na sequ ência, na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Desse modo, para a homologação desse crédito a Administração Fazendária solicitou que o contribuinte juntasse ao seu pedido a documentação contábil que deu suporte ao preenchimento ao pedido de restituição. A Recorrente por ocasião de sua Manifestação de Inconformidade juntou: a) consulta feita na internet em que consta a informação de que a empresa Guarapuã Florestal Ltda – ME estaria compreendida no Simples no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, o que abarca os pagamentos tidos por indevidos. b) notas fiscais emitidas pela prestadora de serviços nas quais estão destacadas as parcelas referentes aos tributos que teriam sido indevidamente retidos. Os valores segundo análise da DRJ são compatíveis com o montante do crédito inscrito no Pedido de Restituição. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 7 6 c) documento endereçado à contribuinte, no qual consta a seguinte solicitação: “GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, cadastrada no CNPJ sob o nº 10.296.543/000151, estabelecida à Rua Ruy Barbosa, nº 685 – Centro, município de Buri/SP, vem solicitar através desta a restituição de imposto descontado indevidamente em notas fiscais devido empresa ser optante do SIMPLES NACIONAL, conf. Demonstrativo abaixo” Com isso a Recorrente requer a restituição de apenas uma parcela do valor recolhido por meio do DARF inscrito no Pedido, razão pela qual não foi possível a verificação, a partir dos valores, da exata composição do DARF de forma a aferir se o valor recolhido corresponde efetivamente ao tido por indevido. Uma demonstração da composição do DARF seria indispensável para a efetiva comprovação da inclusão dos valores eventualmente indevidos nos recolhimentos efetuados. Seria caso de baixar esse processo em diligência, caso a Recorrente não viesse reiteradamente se evadindo em demonstrar que de fato assumiu o ônus do tributo retido da prestadora de serviço indevidamente. Pelo contrário, deu todos os indícios, inclusive com a declaração da empresa Guarapuã Florestal Ltda – EPP, que não assumiu o ônus, mas que apenas se prendeu a parte final do CTN, artigo 166, onde mediante autorização de quem sofreu o ônus do tributo, haveria a possibilidade de efetuar o pedido de restituição em nome próprio. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Nesse sentido a Lei nº 9.430/96, art, 74, § 12, II, “a” veda expressamente a trasferência de créditos tributários para terceiros. A esse respeito já há jurisprudência consolidada, senão vejamos: "TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS A TERCEIROS – LEI 9.430/96 – IN SRF 21/97 E 41/2000 – LEGALIDADE. A Lei 9.430/96 permitiu que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. O art. 15 da IN 21/97, permitiu a transferência de créditos do contribuinte que excedessem o total de seus débitos, o que foi posteriormente proibido com o advento da IN 41/2000 (exceto se se tratasse de débito consolidado no âmbito do REFIS) e passou a constar expressamente do art. 74, § 12, II, "a" da Lei 9.430/96. Dentro do poder discricionário que lhe foi outorgado, a Secretaria da Receita Federal poderia alterar os critérios da compensação, sem que isso importe em ofensa à Lei Fl. 101DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 8 7 9.430/96. (REsp 677874/PR Ministra ELIANA CALMON DJ 24.04.2006)". A autorização de restituição a quem não teve o ônus seria o mesmo que a Administração Fazendária anuir com o enriquecimento ilícito ou sem causa, também denominado enriquecimento indevido, ou locupletamento, pois configuraria aumento patrimonial sem causa jurídica, ou o que se perderia sem causa legítima. Isso porque em momento algum está estabelecido que o produto da restituição será repassado a quem teve o ônus. Nesse sentido prescreve o Código Civil: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituíla, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.” Isso porque a despesa já incorrida foi integralmente registrada em conta de resultado atribuida ao fornecedor, sendo sua contrapartida registrada em conta de passivo, uma parte devida ao fornecedor e o restante em tributos retidos de terceiro. A recuperação do crédito tributário daria ensejo ao registro em conta redutora de passivo com a contrapartida em caixa / bancos. Essa prática daria ensejo a obteção de uma receita decorrente da cessão de créditos tributários, essa vedada pela legislação ora em vigor, sem qualquer tributação. No presente caso, havendo crédito tributário a ser restituído, caberia somente a empresa GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, contribuinte do tributo para solicitar a restituição. Sendo assim, resta claro que a parte final do caput do art. 166 do CTN deve ser interpretado de acordo com o restante do sistema jurídico que rege a matéria, em especial os citados anteriormente. Por oportuno cabe salientar ainda que se trata apenas de “Pedido de Restituição”, pois em caso de “Pedido de Compensação” a Recorrente estaria sujeita à multa correspondente a compensação não declarada, nos termos do diploma legal supra citado. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, mantendo a decisão da delegacia de origem. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 102DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 9 8 Declaração de Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa. Faço a presente declaração de voto para demonstrar os fundamentos que me levam a acompanhar o relator no não provimento do recurso voluntário. O art. 166 do Código Tributário Nacional – CTN, trazido à baila para o exame das questões suscitadas, guarda relação com a antiga classificação dos contribuintes em “contribuinte de direito” e “contribuinte de fato”. O chamado “contribuinte de fato”, na lógica dos tributos indiretos (p/ ex., IPI e ICMS), desimportante para o direito tributário num primeiro momento, adquire relevância nos casos de restituição de indébito, eis que de acordo com o referido artigo: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. O problema é que essa lógica não se aplica aos tributos retidos na fonte. Ocorrida a retenção de tributo e presente o respectivo beneficiário do pagamento que ensejou essa retenção, tal situação refoge ao campo do art. 166 do CTN. A fonte pagadora é encarregada de cumprir um dever administrativo (de reter e recolher o tributo), na condição de mero responsável, mas não ocupa a posição do chamado “contribuinte de direito” (que se perfaz na pessoa do fabricante, no caso do IPI, e do comerciante, no caso do ICMS). Tratandose de retenção na fonte, a condição de contribuinte, desde o início, cabe ao beneficiário do pagamento/rendimento, ou seja, àquele que sofreu a retenção do tributo, e é somente ele quem poderá reivindicar a repetição do tributo retido e que se configurou como indébito tributário. Nesse caso, a fonte pagadora não possui legitimidade para figurar no pólo ativo da repetição de indébito. Não se aplica aqui a autorização mencionada no art. 166 do CTN, eis que a situação seria de apropriação/aproveitamento de crédito de terceiro, o que não é admitido pela legislação (Lei nº 9430, art. 74), e a referida autorização não poderia servir a esse fim – transferência de direito creditório de um contribuinte para outro. Por essas razões, acompanho o relator e também nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 103DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907025/201281 Acórdão n.º 1802002.452 S1TE02 Fl. 10 9 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA
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Numero do processo: 12466.720292/2013-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 19/08/2010 a 13/05/2011
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA.
A obtenção, por parte do Fisco Federal, de informações referentes à movimentação bancária do sujeito passivo, através de Requisição de Movimentação Financeira (RMF), além de ter previsão legal, não constitui quebra de sigilo bancário.
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO.
Não compete à autoridade administrativa, analisar e julgar questões sobre ilegalidade ou inconstitucionalidade de norma tributária, e assim decidir sua aplicação ao caso concreto. Este tipo de julgamento é prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário, por força de dispositivo constitucional.
DAS PROVAS
No âmbito do processo fiscal, são admitidos todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive provas indiretas e a presunção hominis (presunção simples), desde que comprovada por indícios convergentes.
IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA.
A lei prevê a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na operação de comércio exterior quando a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação de mercadorias estrangeiras não for comprovada. A interposição fraudulenta de terceiros em operações de comércio exterior, é considerada dano ao erário, punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
Numero da decisão: 3401-002.811
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento aos recursos voluntários. Vencidos os Conselheiros Jean Cleuter Simões Mendonça, Angela Sartori e BErnardo Leite de Queiroz Lima.
Julio Cesar Alves Ramos- Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Angela Sartori, Jean Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira e Bernardo Leite de Queiroz Lima.
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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Recorrente PORT BRAZILIAN COMERCIO EXTERIOR LTDA ME E OUTROS. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 19/08/2010 a 13/05/2011 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. A obtenção, por parte do Fisco Federal, de informações referentes à movimentação bancária do sujeito passivo, através de Requisição de Movimentação Financeira (RMF), além de ter previsão legal, não constitui quebra de sigilo bancário. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Não compete à autoridade administrativa, analisar e julgar questões sobre ilegalidade ou inconstitucionalidade de norma tributária, e assim decidir sua aplicação ao caso concreto. Este tipo de julgamento é prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário, por força de dispositivo constitucional. DAS PROVAS No âmbito do processo fiscal, são admitidos todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive provas indiretas e a presunção hominis (presunção simples), desde que comprovada por indícios convergentes. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. A lei prevê a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na operação de comércio exterior quando a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação de mercadorias estrangeiras não for comprovada. A interposição fraudulenta de terceiros em operações de comércio exterior, é considerada dano ao erário, punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 02 92 /2 01 3- 35 Fl. 5518DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento aos recursos voluntários. Vencidos os Conselheiros Jean Cleuter Simões Mendonça, Angela Sartori e BErnardo Leite de Queiroz Lima. Julio Cesar Alves Ramos Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Angela Sartori, Jean Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira e Bernardo Leite de Queiroz Lima. Relatório Este processo tem como objeto Auto de Infração lavrado para constituir e exigir crédito tributário no valor total de R$ 2.452.552,00 (dois milhões, quatrocentos e cinqüenta e dois mil, quinhentos e cinqüenta e dois reais), referentes a multa de conversão em pecúnia da pena de perda de bens importados relacionados à ocorrência considerada enquadrada nas infrações e regras previstas no inciso V e §§ 1º a 3º do art. 23 do DecretoLei n° 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 c/c art. 81, III, da Lei nº 10.833,de 29 de dezembro de 2003. O levantamento das informações e a constatação que instruem a autuação tiveram origem no procedimento de fiscalização previsto na IN SRF n. 206, de 2002, e na IN SRF n. 228, de 2002. O auto de infração foi lavrado contra o contribuinte a empresa Port Brazilian Comércio Exterior Ltda. – CNPJ 00.581.150/000136, e também, como solidários e coautores, contra Osvaldo Silva Carvalho – CPF 022.895.99778, Thais Gomes Lopes – CPF 098.660.067 94 e JNVT – Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda – CNPJ 09.121.031/000175. Consta do relatório fiscal, conforme resumo objetivo feito pelo voto na decisão de primeiro grau, que reproduzo: Com o andamento dos trabalhos referentes ao procedimento especial de fiscalização, foi constatado que: · a autuada e seus prepostos não foram encontrados nos endereços que constam como sede da empresa no cadastro do CNPJ, nem no endereço de seu sócio administrador Patrique Lima Torezanni; · não existia registro pela autuada de trabalhadores/empregados vinculados a ela, conforme consta das informações prestadas à Previdência Social (01/2011); · a autuada não apresentou declaração de DIPJ nos anos de 2009 e 2011 e embora tenha apresentado declarações para os anos de 2008 e 2010, os valores estão zerados; · o responsável pelo escritório de contabilidade (Tristão Contabilidade Ltda), que fez a declaração de DIPJ de 2008, para a autuada, declarou Fl. 5519DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 3 3 que não possui contrato com a mesma e que não cuida de sua contabilidade; · a responsável pela empresa Mastercont Assessoria Contábil e Empresarial Ltda, responsável pelo preenchimento da DIPJ 2010 da autuada, apresentou cópias da declaração DCTF dos meses 10 e 11/2010, DACON dos meses 07, 08, 09, 10 e 11/2010 e declarou que não presta serviço à autuada desde 03/01/2011, fato este informado ao CRC do Espírito Santo. Foram colhidas informações junto às Comissárias de Despachos responsáveis pelo registro das Declarações de Importação (DI), que informaram: · Omega Trade Despachos Aduaneiro e Logística Internacional Ltda – declarou que não tinha contrato de prestação de serviços com a autuada, que não tinha documento que autorizasse a utilização de conta bancária, que recebia de Patrique as instruções sobre os serviços de despacho aduaneiro, por telefone ou email, sem procedimentos por comprovantes dos recebimentos de recursos da autuada, embora nos registros contábeis conste do histórico, "adiantamento do cliente Port Brazilian" referentes a duas DI; · Willlian Alves dos Santos – foi o responsável pelo registro de 209 (duzentas e nove) DI e, quando intimado, apresentou informações inadequadas. Reintimado, não respondeu; · Alexandre Andrade Fernereti – responsável pelo registro de três DI, declarou ser funcionário da JNVT – Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda, que não tem contrato de nenhum tipo com a autuada, que não tem informação sobre as contas bancárias utilizadas pela autuada, que essas informações só podiam ser obtidas na JNVT, que recebia a informação para a realização de despachos; · JNVT – Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda – foi intimada e reintimada a apresentar documentos comprobatórios e esclarecimentos sobre os contratos de prestação dos serviços à autuada; as procurações outorgadas pela autuada; a titularidade das contas bancárias utilizadas para débito de tributos ou outras despesas da autuada; a quitação de pagamentos de responsabilidade da autuada; o recebimento de recursos da autuada; a forma de recebimento de instruções para execução dos serviços aduaneiros e/ou outros em nome da autuada; e contatos efetuados no Brasil e no exterior em nome da autuada. A JNVT solicitou intempestivamente a prorrogação do prazo para atendimento da intimação. E, mesmo concedido um prazo bastante dilatado, a JNVT não atendeu as exigências da fiscalização, limitandose a apresentar cópias de notas fiscais de serviço. § Sobre as empresas destinatárias das mercadorias importadas pela autuada, consta do auto de infração (AI), que foram enviadas intimações para 107 delas com o intuito de procurar informações sobre o endereço da autuada. Deste total, 15 não foram localizadas e 30 não responderam às intimações. As empresas destinatárias que responderam às intimações, em resumo, afirmaram que não estão vinculadas à autuada, que pagavam a mercadoria em espécie contra a apresentação de notas fiscais. Cinco dessas empresas citaram como Fl. 5520DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 4 representante Patrique, mas não o identificam como administrador da autuada. Sobre os recursos financeiros aplicados na importação, verificouse, no banco de dados do SISCOMEX, que os tributos e taxas federais incidentes no registro das DI foram debitadas de quatro contas do BRADESCO, nenhuma em nome da autuada. Procurando levantar mais dados sobre a autuada, durante a ação fiscal foi feita pelo chefe da unidade uma Requisição de Movimentação Financeira (RMF), que uma vez atendida trouxe ao processo as seguintes informações: · Banco do Estado do Espírito Santo – inexistência de operações de mútuo e câmbio em nome da autuada. Foram enviadas pelo banco cópias do extrato bancário, ficha cadastral e relação de transferências de recurso (DOC) de Osvaldo Silva Carvalho para a autuada; · Banco Bradesco – informou inexistência de movimentação da conta e operações de câmbio; · Banco do Brasil – apresentou extrato da movimentação da conta da autuada, comprovantes de depósitos em dinheiro pelo próprio correntista, relação de transferência de recursos à autuada (TED) da Brex do Brasil Exportação Ltda, de Osvaldo Silva Carvalho e Thaís Gomes Lopes, relação de cobrança direta, cheques compensados no período. Nos extratos bancários da autuada não foram identificados pagamentos de tributos federais e taxas incidentes nas importações, nem contratos de liquidação de câmbio. Assim, as despesas incorridas e as receitas oriundas das operações realizadas pela autuada não transitaram pelas suas contas bancárias e nem mesmo do seu sócioadministrador. Ainda sobre a autuada, a fiscalização constatou que: · não existem resultados positivos registrados na atividade da empresa, o que exclui o lucro operacional como formador de origem dos recursos utilizados no comércio exterior; · não existem registros contábeis, movimentação bancária condizente, nem documentação que comprovem a fonte do financiamento da atividade. Sobre Patrique Lima Torezanni, sócio administrador da Port Brazilian, destacase que em consulta ao banco de dados da RFB, verificase que ele apenas apresentou DIPF nos anos calendário 2007, 2008 e 2009. Para esta pessoa física não existem DIRF Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte, DCPMF Declarações de Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira, DOI Declaração sobre Operações Imobiliárias, nem DIMOF Declarações de Informação sobre a Movimentação Financeira. Não foram localizadas fontes pagadoras de rendimentos a Patrique, nem seus vínculos empregatícios em períodos anteriores através do CNIS Cadastrado Nacional de Informações Sociais. A partir da insuficiência de recursos apresentada pelo sócio da empresa, assim como da ausência de registro de recursos em instituições financeiras, a fiscalização concluiu que não foi efetivada a integralização do capital social da autuada, e portanto não houve o suprimento de recursos para a realização das atividades de comércio exterior. Durante o desenvolvimento da fiscalização, foram obtidas informações significativas referentes a pessoas que não participavam do contrato social Fl. 5521DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 4 5 da empresa. Estas informações referemse a Osvaldo Silva Carvalho, sua esposa Thais Gomes Lopes e à empresa JNVT – Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda. Procurada, Sônia Alves Guimarães Gabriel, exsócia da autuada, para saber do real endereço da mesma, informou que não mais era sócia da empresa desde 14/10/2010. Quando da transferência da empresa para Patrique Lima Torezanni, ela foi apresentada a Osvaldo Silva Carvalho, que efetuou o pagamento de R$ 41.000,00 (quarenta e um mil reais) para quitação das quotas da autuada. Os cheques para o pagamento mencionado foram emitidos por Osvaldo, tendo Sonia apresentado à fiscalização cópias dos cheques e extrato de comprovante de depósito bancário. Tendo sido chamado a prestar esclarecimentos sobre sua atuação na empresa autuada, Osvaldo Silva Carvalho disse que apenas pactuou com Sonia a venda das cotas da autuada a Patrique, com intuito único e exclusivo de intermediar o negócio; que não tem informações sobre como se deu a disponibilização dos recursos por Patrique; que não tem participação, nem procuração outorgada para gerência, nem conhecimento dos contratos pactuados e negociações efetuadas pela autuada. Das informações financeiras obtidas via Requisição de Movimentação Financeira retrocitada, constatouse que Osvaldo foi responsável por depósitos nos valores de R$ 500,00 (quinhentos reais – BANESTES em 30/8/2010) e R$ 361.000,00 (trezentos e sessenta e um mil reais – Banco do Brasil em 31/1/2011), sendo Thais Gomes Lopes, sua esposa, responsável por um depósito de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais – Banco do Brasil em 1º/2/2011). Sobre Osvaldo, cita ainda o auto de infração, que ele é sócioadministrador da empresa Gamma Comércio Internacional Ltda, sediada em Vitória (ES), que também atua no comércio exterior. Faz também parte do quadro societário da empresa GAMMA Thais Gomes Lopes. A JNVT Comissária & Despachos Ltda é titular da conta BRADESCO 0439826 agência Visconde de Inhaúma, RJ, que foi utilizada para pagamento de tributos em 43 DI da autuada, sendo o valor total debitado de R$ 1.423.615,56 (um milhão, quatrocentos e vinte e três mil, seiscentos e quinze reais e cinquenta e seis centavos). Embora intimada e reintimada, a empresa JNVT, não apresentou nem esclarecimentos nem documentos, referentes ao recebimento dos valores por ela utilizados no pagamento dos impostos que fez para a autuada. Apenas apresentou cópias de notas fiscais de prestação de serviço à autuada. Sobre as 212 declarações mencionadas, consta do auto de infração que as mesmas foram realizadas por Alexandre e Willian que na ocasião dos registros estavam vinculados a empresa JNVT. Das informações obtidas, foram encontrados como principais beneficiários Osvaldi Silva Carvalho e Carlos Antonio Gomes Carvalho, que receberam, respectivamente, R$ 302.424,12 (trezentos e dois mil, quatrocentos e vinte e quatro reais e doze centavos) e R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais). Intimados a prestar esclarecimentos pela fiscalização, declararam em comum que não tinham relação com a autuada e desconheciam as operações da mesma. Fl. 5522DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 6 Devidamente cientificados, apresentaram impugnação tempestiva os responsáveis solidários, Osvaldo Silva Carvalho, Thais Gomes Lopes e a empresa JNVT – Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda. Não apresentou impugnação e foi declarada revel a autuada Port Brazilian. As impugnações de Osvaldo Silva Carvalho e Thais Gomes Lopes têm grande parte das alegações em comum, por isso serão apresentadas conjuntamente. O único argumento que não é comum, é o que pede nulidade do processo, devido a forma utilizada para ciência do auto de infração. Este argumento aponta que a intimação por edital não é válida uma vez que não foram realizadas as outras formas de ciência que é pessoal ou por via postal. Preliminarmente, referente ao levantamento dos dados bancários da autuada, realizada com base no art. 6º da Lei Complementar (LC) nº 105, de 10 de janeiro de 2001 (Requisição de Movimentação Financeira – RMF), alega que essa prática de quebra de sigilo é inconstitucional, uma vez que inviolabilidade de dados, a intimidade e a privacidade são garantidos pela Constituição Federal (CF) em seu artigo 5º, X e XII. Que desta forma a prova obtida por RMF deve se rechaçada, pois é ilegal. Que na solicitação da RMF, não foram observados os requisitos exigidos no artigo 6º da Lei Complementar 105/2001, regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, uma vez que esta foi feita de forma genérica. No mérito, alegaram os impugnantes que: · os fatos referemse à autuada, sobre a qual os impugnantes não tem qualquer participação ou ingerência; · a única relação que os impugnantes tiveram com a autuada foi a concessão de empréstimos de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais – Thais) e R$ 361.000,00 (trezentos e sessenta e um mil reais – Osvaldo); · em mais de um ano de investigação, a fiscalização não logrou levantar qualquer informação e/ou documento que mostrasse que os impugnantes eram pessoas interpostas; · nem mesmo os mais de cem clientes citaram os impugnantes como ligados à autuada; · a falta de devolução do empréstimo pela autuada, inadimplência por exemplo, não pode ser a única prova da fiscalização de que os impugnantes são responsáveis pelas atividades irregulares praticadas pela autuada; · no próprio auto consta que os recursos aportados por eles à autuada são insuficientes para suportar as importações efetuadas; · a fiscalização não se esmerou em encontrar Patrique, que é sócio de outra empresa no Rio de Janeiro, conforme consta da SERASA. Que a consulta mostra que Patrique atualizou seu endereço em outubro de 2012, então poderia ser facilmente encontrado e que a participação do responsável legal seria essencial para revelar as responsabilidades sobre as infrações cometidas pela autuada; · é necessário identificar com precisão em qual dos dois tipos infracionais a autuada é acusada, se por interposição fraudulenta ou interposição fraudulenta por presunção; · para haver a interposição é necessário haver a simulação, fraude que tem como elemento constituinte imprescindível o dolo. A fraude somente pode ocorrer na prestação das informações que se dá durante o procedimento de despacho aduaneiro. Que nesse sentido, Fl. 5523DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 5 7 os impugnantes não podem ser acusados de serem responsáveis pela negociação, intermediação e suporte operacional e econômico das importações realizadas pela Port Brazilian; · não houve individualização da conduta dos impugnantes, em flagrante cerceamento de defesa. Que há de se individualizar a parte da pena conforme prevê o artigo 100 do DecretoLei nº 37, de 21 de novembro de 1966; · que a interposição fraudulenta presumida baseiase na não comprovação dos recursos empregados nas operações de comércio exterior da empresa autuada. Que aos impugnantes não se aplica o dever de prestar contas sobre a origem dos recursos utilizados, uma vez que não tem qualquer controle. Somente pode ser apenado por omissão aquele que possua o dever de praticar certo ato. É absurda a ideia de que terceira pessoa possa se responsabilizar pela omissão alheia; · não há provas de que os impugnantes participaram das operações de importação, intermediando, negociando ou concedendo suporte operacional. Que as respostas das importadoras mencionavam que quem realizava negociação era Patrique; se a Receita Federal concluiu pela inexistência da autuada constatada em diligência realizada em 2012, não significa que a empresa não existia em 2011. Se ela existia em 2011, não pode um terceiro desvinculado da empresa provar os recursos utilizados pela mesma; · as penalidades geradas pela não comprovação de recursos devem ser aplicadas exclusivamente à autuada, pois somente a ela cabe comprovar os recursos; · que o art. 27 da Lei nº 10.637/2002 não permite à fiscalização apontar sujeito passivo diverso do instituído pela lei, pois a finalidade do referido artigo é permitir a aplicação do disposto nos art. 77 a 81 da Medida Provisória (MP) nº 215835, de 24 de agosto de 2001 e a conseqüência dessa presunção não é a caracterização de uma infração, mas o reenquadramento administrativo tributário das operações; · em relação ao art. 124 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN), o CARF entendeu que deve haver interesse comum nas relações envolvendo operações de importação, a ser atestado com prova inequívoca. A JNVT Comissária & Despachos Aduaneiros Ltda inicia sua impugnação mencionando a inconstitucionalidade da quebra de sigilo bancário, através da RMF, conforme prevê o art. 6º da LC nº 105/2001, o que é motivo para anulação do auto de infração em análise. O sigilo é um direito fundamental do indivíduo, sendo plenamente possível tal quebra com autorização do Poder Judiciário, desde que os demais valores sejam suficientemente importantes para sua violação. Além da quebra de um direito fundamental, a quebra de sigilo seria também uma violação do princípio da segurança jurídica. Prossegue a impugnação alegando cerceamento de defesa. Menciona que o AI não foi instruído com os documentos que orientaram a autuação pela Receita Federal. Fl. 5524DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 8 Afirma que o sujeito passivo deve conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, e que neste caso o auto de infração não lhe permite precisar exatamente a infração cometida. Menciona ainda que: · apresentou os documentos que comprovaram ser ela uma simples prestadora de serviço (inclusive as notas fiscais) e que a Receita Federal, unilateral e infundadamente decidiu desconsiderálos; · a autuação da impugnante foi feita absurdamente de forma presumida; · a fiscalização não logrou comprovar que os fatos que levaram a presunção de interposição fraudulenta, quais sejam, a constatação da não comprovação da origem dos recursos empregados nas operações de importação e a ocultação do real adquirente,são de responsabilidade da impugnante; · a única operação realizada pela impugnante foi a simples facilitação no desembaraço das mercadorias quando da chegada ao porto, sendo sua relação com a autuada a de prestação de serviços; · pelo fato de ela ser uma prestadora de serviços, é absurda a responsabilidade tributária atribuída a ela; · no caso, de forma objetiva, houve uma simples transferência da obrigação tributária e que essa, por ter um caráter punitivo não podem ser transferidas; · cita fatos contraditórios da fiscalização, mencionando que nas conclusões sobre a pena de perdimento a fiscalização não comprovou ser a impugnante uma pessoa interposta ou até mesmo contribuir para a interposição fraudulenta. Que a comprovação deste entendimento está no fato da impugnante ter apresentado a documentação requisitada pela fiscalização. A Respeitável 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis apreciou a autuação e as impugnações e os documentos que instruem o processo, e decidiu rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, considerar improcedente as impugnações, mantendo o crédito tributário em discussão. O Acórdão n. 0733.782, de 26/12/2013, ficou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 19/08/2010 a 13/05/2011 IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. A lei prevê a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na operação de comércio exterior quando a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação de mercadorias estrangeiras não for comprovada. A interposição fraudulenta de terceiros em operações de comércio exterior, é considerada dano ao erário, punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. A obtenção, por parte do Fisco Federal, de informações referentes à movimentação bancária do sujeito passivo, através de Requisição de Movimentação Financeira (RMF), além de ter previsão legal, não constitui quebra de sigilo bancário. Fl. 5525DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 6 9 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E/OU ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Não compete à autoridade administrativa, analisar e julgar questões sobre ilegalidade ou inconstitucionalidade de norma tributária, e assim decidir sua aplicação ao caso concreto. Este tipo de julgamento é prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário, por força de dispositivo constitucional. DAS PROVAS No âmbito do processo fiscal, são admitidos todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive provas indiretas e a presunção hominis (presunção simples), desde que comprovada por indícios convergentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Thais Gomes Lopes e Osvaldo da Silva Carvalho ingressaram com recurso voluntário, contra a decisão de 1º grau. Em breve síntese alegam: · a decisão da RJ se baseia em presunções; não há provas diretas da participação das recorrentes na infração; seus nomes não foram citados pelos clientes da Port Brazilian, mas, sim, o de Patrique (que se reconhece como aquele que tratava diretamente com os clientes e recebia os pagamentos; e portanto realizava a intermediação, a negociação e o suporte operacional); · não há comprovação da efetiva utilização dos empréstimos feitos pelas recorrentes nas importações realizadas pela Port Brazilian (se a autoridade lançadora não demonstra, por exemplo, através dos registro contábeis, o uso dos empréstimos como recursos financeiros usados nas importações, então eles não as financiaram); · há contradição no raciocínio da DRJ pois os recursos emprestados pelas recorrentes não seriam suficientes para suportar as importações feitas e as receitas e despesas da importadora não transitaram por contas bancárias. · os compradores das mercadorias em questão são os reais adquirentes; · o fato das recorrentes não terem cooperado com a fiscalização não pode ser utilizado como fato presuntivo para provar a infração; · as importações forma financiadas por outras empresas (especialmente JNVT e Sharlak); · é impossível às recorrentes comprovar a origem dos recursos usados pela importadora Port Brazilian, pois não são sócios, administradores ou possuem qualquer ingerência. o ônus dessa comprovação é da importadora; · O RMF (registro de movimentação financeira) é ato administrativo e o relatório circunstanciado previsto no § 5º do art. 4º do Decreto n. 3.724, de 2001, é pressuposto para validade do RMF. as recorrentes entendem que, no caso ele não existe, logo as provas obtidas dessa forma, com RMF sem validade, são ilicitas. · a infração descrita no inciso V do artigo 23 do Decretolei n. 1.455, de 1976, é diferente da descrita no § 2º desse mesmo artigo, e a autoridade lançadora imputa ambas à importadora e às recorrentes, mas isso é uma acusação genérica, faltalhe imputação especifica, o que prejudica o direito de defesa das recorrentes. Fl. 5526DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 10 · a pena pela não comprovação da origem não deve ultrapassar a pessoa da importadora; e a aplicação da penalidade deve ser na medida de culpabilidade de cada suposto infrator; · o art. 27 da Lei n. 10.637, de 2002, não estabelece uma infração, mas uma presunção para permitir a aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP 2.15835, de 2001. · a solidariedade do art. 124, I, do CTN é fática. o interesse comum não se presume, deve ser provada. A falta de comprovação implica em cerceamento do direito e capacidade de defesa. · pedem sobrestamento desse processo até seja decidido pelo STF o RE n. 389.808 que teria reconhecido a inconstitucionalidade da LC n. 105/2001, sobre o sigilo dos dados, e/ou seja sobrestado até decisão do RE n. 601.314 pelo STJ, sobre o mesmo tópico. · por eventualidade, acaso mantida a responsabilidade solidária dos recorrentes, seja a multa proporcional ao valor emprestado por cada recorrente e seja limitada a responsabilidade de cada recorrente ao valor dos empréstimos. JNVT Comissária de Despachos Aduaneiros Ltda. apresentou recurso voluntário, onde alega: · inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário; · é ilegal a quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial; deve ser anulado o auto de infração; · a descrição da infração não é exata sobre os fatos, o que prejudica o direito e a capacidade de defesa da recorrente · a recorrente simplesmente facilitou o desembaraço, somente prestou esse tipo de serviço, não sendo responsável pela conduta da importadora; nem ser considerada responsável tributária; · a recorrente apresentou a documentação requisitada pela autoridade fiscal e isso comprova a total inexistência de intençãopor parte da recorrente de praticar ou concorrer para a prática de qualquer ilícito. · não houve comprovação da simulação, dos benefícios auferidos e da ocultação do real interessado, nem do dolo É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Dos pedidos de sobrestamento e dosagem da pena Inicialmente proponho apreciarmos os pedidos das recorrentes Osvaldo da Silva Carvalho e Thais Gomes Lopes para que: (a) se sobrestasse o julgamento enquanto não apreciados pelo STF e pelo STJ Recurso Extraordinário que cuida da constitucionalidade da Fl. 5527DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 7 11 Lei Complementar que trata do sigilo bancário e (b) para que a pena de multa objeto desse processo administrativo fosse dosada consoante critérios que aproveitasse a proporcionalidade "ao valor emprestado por cada recorrente" ou ( c) e "fosse limitada à responsabilidade de cada recorrente ao valor dos empréstimos". Como é sobejamente conhecido, foi subtraído do CARF a possibilidade de aplicação do instituto do sobrestamento de processo administrativo tendo em vista a possibilidade de julgamento e decisão no STF e no STJ de matéria com efeitos de repercussão geral ou repetitivo. Com relação à questão da quantificação da pena levantada pelas recorrentes, a legislação que estabelece a pena em discussão e as situações ou hipóteses que ensejam as penalidades não firmaram regras nesse sentido para se determinar o quantum da multa deveria ser atribuído na responsabilização de cada um dos que participaram e concorreram para as infrações. Ademais, como será tratado ao longo do voto, as infrações não são os "empréstimos" a que se referem as recorrentes, mas as práticas perpetradas através das importações de ocultação dos reais interessados através de simulação ou fraude e falta de comprovação da origem, disponibilidade e transferência de recursos empregados. Portanto, pela falta de previsão legal, proponho sejam rejeitados os pedidos. Da Preliminar de Nulidade por Quebra do Sigilo Bancário O sigilo bancário tem sido um tema sensível e que suscita debates relacionados a sentimentos e posições divergentes, mas a interpretação dos institutos que o tratam e disciplinam concorrem para esclarecer e pacificar a sua eficácia e as hipóteses da quebra desse sigilo. Como pressuposto, na análise desse tema e das possibilidades de se quebrar ou mitigar o sigilo bancário, é certo que todos têm direito à privacidade, mas ela não pode ser usada para albergar ilegalidades. Por isso ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para evitar a sua efetividade sobre ele. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Professo, portanto, o entendimento que o sigilo bancário, para fins tributários e aduaneiros, não é absoluto, e, sim, relativo, e o acesso a esse tipo de informações por parte das autoridades fiscais e aduaneiras pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Nesse sentido, a Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, estabelece o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; Fl. 5528DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 12 III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. O texto autorizou, positivamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações mantidas e referentes às operações ativas e passivas e serviços prestados pelas instituições financeiras, inclusive de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. O parágrafo único do artigo 6º dessa Lei Complementar deixa expresso que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo e observada a legislação tributária, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, e que esse proceder não constitui, de fato, quebra de sigilo. As recorrentes propõem que as Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas não seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também não estariam presentes nos autos. Alegam que isso invalidaria a Requisição e a eficácia dos dados assim obtidos. Não acolho esse entendimento e a conclusão propostas pelas recorrentes. Em verdade, verifico que houve intimações e reintimações para se prestar informações e a fornecer documentos e registros de suas operações, inclusive de sua movimentação em instituições financeiras. Entretanto, os intimados não os apresentaram, razão por que não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. considerando a existência de indício de incompatibilidade entre a capacidade econômicaoperacional da empresa PORT BRAZILIAN e os valores transacionados no comércio exterior; a não localização da empresa e seus prepostos; a omissão no atendimento da intimação fiscal e na apresentação de declarações e escrituração fiscal perante a RFB; e a existência de indício de interposição, tornouse imprescindível a obtenção das informações bancárias a respeito do contribuinte PORT BRAZILIAN para a constatação da origem, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. E, considerando a configuração da hipótese prevista no art. 33 da Lei nº 9.430/96, a ação fiscal solicitou a emissão de RMF Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira às instituições Fl. 5529DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 8 13 bancárias. O Sr. Inspetorchefe, considerando indispensável ao andamento do procedimento de fiscalização, requisitou as informações sobre a movimentação financeira do contribuinte PORT BRAZILIAN ao Banco do Brasil S/A, Banco do Estado do Espírito Santo S/A e Banco Bradesco S/A. (trecho da descrição dos fatos no auto de infração) A meu ver, ao consultar os documentos que instruem o processo, os requisitos estabelecidos pelo artigo 4º do Decreto n. 3.724, de 2001, foram atendidos. E neles não se inclui a obrigatoriedade de reproduzir no auto de infração parte ou a totalidade das informações assim obtidas, nem a obrigatoriedade de instruir o concernente processo administrativo com essas informações ou com o relatório circunstanciado e de outros expedientes para a obtenção dessas informações. Ademais, pelo louvor ao principio da verdade material, mesmo a ausência do relatório circunstanciado que justificou o acesso a esse tipo de informação não pode ter o condão de invalidar o conhecimento sobre os fatos financeiros para fins de instrução do auto de infração e o processo administrativo. Advogo que o formalismo deve ser balanceado com os outros princípios que regem o processo administrativo e os atos da administração pública. Não se vislumbra, portanto, qualquer irregularidade no ato administrativo adotado, mas um procedimento legal, que objetivou viabilizar a ação fiscal e que estava devidamente amparado pela legislação em vigor. Nesse sentido, afirma o recorrente que a quebra do sigilo bancário só é permitida quando precedida de autorização judicial e para o fim específico de investigação criminal ou instrução processual penal e que a Lei Complementar nº 105, 10 de janeiro de 2001, padece de inegável inconstitucionalidade. Assim, entende que os extratos bancários, obtidos pela autoridade fiscal, mediante emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira (RMF), são provas ilícitas. Mas essa alegação não procede. Sublinho que a Lei Complementar não subordina o acesso a essas informações por parte das autoridades fiscais a uma prévia autorização judicial. Ademais, esposo o ponto de vista que o sigilo bancário não está expressamente previsto na Constituição Federal. E os debates recebem teses cuja origem de fato, advêm das interpretações doutrinárias e jurisprudenciais. Mas não há dúvida que a Lei Complementar e a Lei Ordinária prevêem e autorizam o exame de informações tratadas e mantidas pelas instituições financeiras. Não seria cabível questionar a sua constitucionalidade. Citese, por oportuno, a Súmula CARF nº 2, abaixo transcrita, cujo enunciado registra o entendimento de que este colegiado está impedido de examinar a constitucionalidade de leis tributárias: Súmula CARF nº 2 – O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de Fl. 5530DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 14 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova por quebra do sigilo bancário. De onde proponho a esta alta Corte considerar afastadas as alegações de que as informações obtidas pela fiscalização e usadas para o auto de infração neste processo sejam ilícitas. E, se acolhida esta proposta, nestes termos, seja afastada a alegação de nulidade do lançamento, por uso de prova ilícita suscitada pela defesa. Preliminares de falha na descrição dos fatos, nas provas e na motivação do auto de infração Manifestei em outras ocasiões, e aqui repito, meu entendimento de que o disposto no § 2º do artigo 23 do Decretolei n. 1.455, de 1976, não conflita com o disposto no inciso V desse mesmo artigo. Citálos como motivação em um mesmo auto de infração não constitui uma acusação genérica, mas a definição de que está se constatando tanto a interposição fraudulenta presumida (§ 2º desse artigo), como a infração prevista no inciso V. Não vejo nas impugnações e nos recursos voluntários indício que tivesse sido prejudicada a capacidade e o direito de defesa tendo por causa a co existência desses dois dispositivos na motivação do auto de infração ou por suposta insuficiência ou falha na descrição dos fatos imputados. ao contrário. Por esses motivos concluo que não podem prosperar as alegações de que houve falha na descrição e motivação do auto de infração. A lei do processo administrativo fiscal, para a comprovação do ilícito, admite todos os elementos de prova indispensáveis (art. 9º do Decreto n. 70.235, de 1972). E ela não prevê hierarquia ou juízo de valor entre eles e entre os tipos de provas. E esse princípio inclui as presunções suportadas por indícios convergentes. Portanto, entendo que não há base legal para as argumentações que pretendem tornálas menos ou mais válidas por serem ou não diretas. Cada julgador, consoante método que pessoalmente burila e dentro do que a legislação dispõe, ao apreciar os dispositivos legais e normativos e as informações e argumentações de um contencioso, estabelece a convicção que orienta e justifica o seu juízo e as suas conclusões. As tipologias concorrem para elucidar, mas não para determinar os juízos. Neste caso, há um conjunto de elementos reunidos pela investigação e instruindo o auto de infração, que, a meu ver, comprovam os ilícitos, como analisaremos a seguir. Portanto, considero improcedentes as alegações que pretendem invalidar o auto de infração e o decisum de primeiro grau por falta de prova direta ou pelo uso da presunção. Mérito A meu ver, neste processo há elementos que demonstram que houve colaboração efetiva das recorrentes para a ocorrência das importações com ocultação dos reais responsáveis e subtraindo a possibilidade de se comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. O aporte de recursos feito à autuada por Osvaldo da Silva Carvalho e Thais Gomes Lopes , que chamam de "empréstimos", foram realizados nas seguintes datas: Depósito de R$ 500,00 (quinhentos reais) – Conta do Banestes em 30/8/2010 – Osvaldo; Depósito de R$ 361.000,00 (trezentos e sessenta e um mil reais) – Conta do Banco do Brasil em 31/1/2011 – Fl. 5531DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 9 15 Osvaldo; Depósito e R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) – Conta do Banco do Brasil em 1º/2/2011 – Thais. cheque dado como pagamento a Sônia Alves Guimarães Gabriel, antiga sócia da autuada, por Osvaldo no valor de R$ 41.000,00 (quarenta e um mil reais), quando da transferência da empresa para Patrique Lima Torrezanni (doravante identificado neste voto pelos eu primeiro nome) em outubro de 2010, que também pode ser considerado um aporte de dinheiro à autuada. A recorrente JNVT Comissária cuidou do despacho de aduaneiro de 49 declarações de importação e efetuou o pagamento dos tributos a elas relacionados no montante de R$ 1.423.615, 56 que saíram de suas contas bancárias. Apesar de Intimada, não informou ou esclareceu a origem dos recursos e as condições que justificaram essas operações, face a importadora ser a Port Brazilian. Ademais, os despachantes Willian Alves dos Santos e Alexandre Andrade Fernereti, responsáveis pela confecção de 212 Declarações de Importação da Port Brazilian estavam vinculados à própria JNVT Comissária. As recorrentes, em resposta a intimações, prestaram informações que posteriormente se revelaram contraditadas pelos fatos. Como consta do decisum a quo: Inicialmente referente a Osvaldo, consta resposta a intimação de que em relação à autuada somente teve contato com a mesma quando auxiliou na transferência da empresa de Sonia para Patrique, com o único intuito de intermediar negócios. Alegou ainda: (a) que não tinha em seu poder contratos realizados pela autuada; (b) que os recursos para aquisição da empresa foram disponibilizados por Patrique; ( c) que os recursos da compra da empresa deviam ser comprovados por Patrique; (d) que não tinha participação societária ou administrativa na autuada; (e) que não tinha conhecimento das suas negociações; (f) que tinha participação societária e administrativa na empresa Gamma Comércio Internacional Ltda. Quanto a Thais, em resposta a intimação, menciona que: (a) não tem conhecimento da autuada; (b) que nunca intermediou negócios, nunca fez parte do quadro societário e nunca foi administradora Port Brazilian; ( c) que desconhece qualquer documentação da empresa autuada; 9d) que, no momento da resposta à intimação, encontravase afastada das suas funções de advogada, visto que estava fazendo curso para procuradora do estado. Sobre os impugnantes, cabe inicialmente mencionar que ambos são casados e residem no mesmo endereço. Ambos, em resposta às intimações em 2012, negaram qualquer participação ou relação com a autuada e não mencionaram os depósitos de R$ 361.000,00 (trezentos e sessenta e um mil reais – Osvaldo) e R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais – Thais) feitos no início de 2011, depósitos estes que na impugnação disseram ser empréstimos. A contradição das informações prestadas na impugnação, com aquela apresentada quando da resposta da intimação, mostra claramente que havia um interesse à época de não informar a existência de tais depósitos, que uma vez descobertos pela fiscalização, passaram a ser denominados pelos impugnantes de empréstimos. Sublinho que, a partir de 2010, passou a ser registrada em nome da Port Brazilian operações de importação, tendo sido declarado todas as operações como que por conta própria e que chegam ao valor total de R$ 12.970.577,00 (doze milhões, novecentos e Fl. 5532DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 16 setenta mil, quinhentos e setenta e sete reais), operações essas que ocorreram no segundo semestre de 2010 e primeiro semestre de 2011. Continuando a apreciação dos recursos, também não é verdade, como sugerem, que o Sr. Patrique foi reconhecido pelos clientes da Port Brazilian como o seu responsável ou seu administrador. De fato, das dezenas de clientes, dos que foram contatados pela fiscalização apenas 5 (cinco) citaram seu nome e nenhum o reconheceu como administrador da empresa importadora. A Port Brazilian, como ente jurídico, sofreu uma substantiva mudança a partir do 2º semestre de 2010, onde constatamos a alteração do seu quadro societário e do administrador com a intervenção feita pelo Sr. Osvaldo da Silva Carvalho para pagar as quotas pertencentes à sócia anterior e retirante e promover o ingresso do Sr. Patrique no quadro societário e como seu administrador. Esta mudança de rumo está patente no fato da empresa passar a realizar somente importações, ao invés da somente exportações como era antes. E passou a fazêla acima de sua capacidade financeira. É a partir dessa fase que deixou de prestar informações à Receita Federal. A exsócia Sra. SÔNIA ALVES GUIMARÃES GABRIEL CPF nº 845.686.23715 também foi intimada a apresentar documentação comprobatória e esclarecimentos sobre a localização das empresas ACIMPEX e PORT BRAZILIAN; sua atuação e participação na empresa PORT BRAZILIAN; a negociação e quitação das quotas de capital da empresa PORT BRAZILIAN. Em resposta, a Sra. Sônia apresentou cópia das 7 e 8ª Alteração do Contrato Social da PORT BRAZILIAN e declarou que não possui documentos referentes à PORT BRAZILIAN; que se retirou da PORT BRAZILIAN em 14/10/2010; que foi apresentada “ao Sr. Osvaldo Silva Carvalho, que estava vinculado ao Sr. Patrique Lima Torezanni”; que o Sr. OSVALDO SILVA CARVALHO efetuou o pagamento de R$ 41.000,00 para quitação das quotas de capital da PORT BRAZILIAN e apresentou cópias de cheques de emissão do Sr. Osvaldo, extrato e comprovante de depósito bancário. ANEXOS Termo de Intimação, Termo de Reintimação, AR e resposta do contribuinte. Com relação à proposta de que esse repasses financeiros sejam considerados como empréstimos, não há elementos trazidos pelas recorrentes para se classificar como empréstimos os recursos financeiros passados por Osvaldo da Silva Carvalho e Thais Gomes Lopes à Port Brazilian, como desejam e insistem as recorrentes. Não há contratos, nem garantias, nem contraprestações, nada há para provar serem empréstimos. Não há dúvidas, ademais, que todas as recorrentes disponibilizaram recursos e/ou transferiram e/ou aplicaram recursos financeiros que integraram os empregados para viabilizar as importações aqui discutidos e concorreram para o fato infracional. A meu ver, ao contrário do que argumentam as recorrentes, para que se possa ter elementos de prova para essa convicção, não há necessidade que se demonstre que eles tenham financiado diretamente cada ou todas as importações, nem que tenham sido em montante suficiente. Com relação à determinação da responsabilidade pelas infrações, a meu ver, a participação na infração não se restringe ao proprietário ou administrador da pessoa jurídica, mas pode incluir qualquer pessoa que a ela concorra, nos claros termos do que definem os artigos 94 e 95 do Decretolei n. 37, de 1966. Na mesma direção, pareceme correta a interpretação e conclusão da autoridade lançadora, ao aplicar ao caso o disposto no artigo 27 da Fl. 5533DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 12466.720292/201335 Acórdão n.º 3401002.811 S3C4T1 Fl. 10 17 Lei n. 10.637, de 2002, uma vez que, como comprovado nos autos, as recorrentes ou transferiram recursos para a conta corrente da Port Brazilian, ou geriram a disponibilidade de recursos e o aplicaram para promover as importações em discussão. Reproduzo trecho da autuação que resume a conclusão: A simulação praticada pela empresa PORT BRAZILIAN pode ser revelada através da apuração das transferências de recursos de terceiros para a realização de operação de comércio exterior, o que remete à presunção legal do art. 27 da Lei nº 10.637/2002: “Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001.” (grifos nossos) A presunção legal acompanha a lógica. Não há razão para que terceiro se responsabilize pelo suprimento de numerário e pelo pagamento de despesas de importação de mercadorias, que não são suas. As pessoas físicas e jurídicas relacionadas acima têm interesse nas operações internacionais que são realizadas de forma simulada pela PORT BRAZILIAN e tentaram manterse ocultas perante o Fisco. Como se vê, também não há como acolher a argumentação das recorrentes de que a sua responsabilização pela ocorrência das infrações restaria fragilizada por que elas não seriam administradores da Port Brazilian e lhes seria impossível comprovar a origem dos recursos financeiros empregados. De fato, não há esse requisito ou exigência. Este não é o ponto de fundamento. Consoante o que consta neste processo, interpreto que a Port Brazilian é um ente jurídico que passou a ser habitado por um novo animus no segundo semestre de 2010, e está evidente que passou a não ter intenção de respeitar os princípios e as regras da ordem posta. A simulação e a dissimulação passam a constituir a lógica dominante. O zelo dos novos gestores passa a administrar as operações para evitar o registro ou manutenção de informações. Desse modo interpreto o cuidado com que é utilizado o sistema bancário, dos pagamentos feitos em espécie, da falta de registros empresariais contábeis, etc. As recorrentes se relacionaram com esse empreendimento em situações concretas que envolveram recursos financeiros em montantes significativos e no curto período de 12 meses. É contraditório que tivessem tido essa ligação e/ou participação e não se posicionassem diante do fato que a empresa não tinha endereço certo, e que não pudesse oferecer garantias usuais para as recorrentes face os compromissos mantidos com ela, e que as origens dos recursos e a utilização dos serviços bancários não se davam dos modos geralmente esperados. E está comprovado, a meu ver, que os fatos objetos da autuação, nas importações em discussão, receberam das recorrentes participação substantiva para sua ocorrência. Por tudo o que consta deste processo e tendo em vista as considerações postas neste voto, proponho a esta Corte o não acolhimento dos recursos voluntários e dos pedidos das recorrentes e a manutenção do crédito tributário. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 5534DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA 18 Fl. 5535DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 17/ 12/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 09/12/2014 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA
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Numero do processo: 10830.000118/2003-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Jan 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002
SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matéria-prima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-002.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matéria-prima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2100; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 10 1 9 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.000118/200370 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.112 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de novembro de 2013 Matéria IPI COMPENSAÇÃO Recorrente TECIDOS FIAMA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 SALDO CREDOR REMANESCENTE IPI. CRÉDITO PROVENIENTE DA COMPRA DE INSUMO UTILIZADO NO PROCESSO INDUSTRIAL. RESSARCIMENTO MEDIANTE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, é passível de ressarcimento mediante compensação o saldo credor do IPI proveniente da compra de matériaprima utilizada no processo de fabricação de produto industrializado e comercializado pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer, adicionalmente, o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 01 18 /2 00 3- 70 Fl. 330DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO 2 Relatório Tratase de Pedido de Restituição (fl. 6) do saldo credor remanescente de IPI do 4° trimestre de 2002, no valor total de R$ 42.190,35, cumulado com declarações de compensação colacionadas aos autos. A autoridade competente da unidade da Receita Federal de origem, acatando as conclusões exaradas na Informação Fiscal de fls. 124/126, por meio do Despacho Decisório de fls. 162/164, deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento e reconheceu o crédito no valor de R$ 9.268,97. A glosa do valor de R$ 21.053,83 deuse em razão de a contribuinte ter incluído no saldo credor do período créditos cujo CFOP é 1.99.1 (outras entradas outros créditos de mercadorias não especificadas) que não são conceituadas como insumos, não sendo passíveis de ressarcimento. O valor restante da glosa (diferença de R$ 11.867,55), deu se em razão de o crédito ter sido apurado em conformidade com o demonstrativo dos valores escriturados no Livro de Apuração no trimestrecalendário, conforme explicitado nos Demonstrativos de fls. 120/122 (glosa referente à período anterior). Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual contestou apenas o Termo de Intimação n° 10830/SEORT/CPS/1103/2007, solicitando seu cancelamento com base nas novas provas coligidas aos autos, a saber: a) cópias de notas fiscais de vendas de mercadoria consignada e de remessa de mercadoria em consignação; b) cópia do Livro de Registros de Entradas das remessas; e c) cópia do Livro de Registro de Entradas das vendas. A Turma de Julgamento de primeiro grau considerou os referidos documentos como contestação apenas da parcela glosada de créditos de IPI no montante de R$ 21.900,00 e prolatou a decisão de fls. 228/232, em que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 MATÉRIA NÃO CONTESTADA. A matéria submetida a glosa em revisão de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, não especificamente contestada na manifestação de inconformidade, é reputada como incontroversa, e é insuscetível de ser trazida a baila em momento processual subseqüente. RESSARCIMENTO. CRÉDITO GLOSADO. O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI, decorre apenas das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO Processo nº 10830.000118/200370 Acórdão n.º 3102002.112 S3C1T2 Fl. 11 3 Em 22/3/2011, a interessada foi cientificada da decisão de primeira instância. Inconformada, em 20/4/2011, protocolou o Recurso Voluntário de fls. 234/244, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade, em aditamento alegou que, o valor do crédito glosado, no valor de R$ 21.900,00, tratavase da compra do produto denominado “Baygard”, aplicado diretamente sobre as fibras têxteis durante o processo de fabricação do tecido, a fim de impermeabilizálo e conferilhe maior qualidade e durabilidade. A remessa sob à forma de consignação ocorrera tão somente para fins de ampliação do prazo de pagamento, ou seja, houve uma remessa para faturamento futuro, mas nunca com a finalidade de revenda. Informou ainda a recorrente que, logo após o recebimento do produto em consignagao, houve a efetiva operação de compra, conforme pode se verificar nas notas fiscais acostadas aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O cerne da controvérsia cingese a glosa parcela do saldo do credor do IPI, no valor de R$ 21.053,83, proveniente da apropriação de crédito do IPI destacados em notas fiscais de simples remessa de mercadorias para venda em consignação (CFOP 1.99.1 Outras entradas de mercadorias não especificadas), que segundo o entendimento da fiscalização, ratificado pela Turma de Julgamento de primeira instância, não configurava operação que a legislação reconhecesse direito ao crédito do IPI, para fins do ressarcimento previsto no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, por não se tratar de insumos aplicados na industrialização dos produtos fabricados pela recorrente. Por sua vez, alegou a recorrente que as operações de simples remessa do produto químico “Baygard” não eram para fim de revenda, mas para utilização no processo de produção, para impermeabilizar e conferir maior qualidade e durabilidade as fibras têxteis durante o processo de fabricação do tecido, e que, por estratégia mercadológica, com vistas a ampliação do prazo de pagamento, o produto era inicialmente faturado como simples remessa, mas logo em seguida era realizada a efetiva operação de compra do produto, com a emissão das respectivas notas fiscais. Em parte procede a alegação da recorrente. Com base na documentação fiscal colacionada aos autos (fls. 178/221), constatase que, logo após a operação de remessa em consignação era realizada a operação de compra e vendo do referido produto (CFOP 1.101 – Compra para industrialização). Portanto, tratase de aquisição de matériaprima utilizada no processo de industrialização dos produos fabricados pela recorrente. Além disso, consultando a literatua técnica disponível na internet foi possível confirmar que o citado produto tem a utilização e a finalidade informadas pela recorrente. Porém, em relação a remessa do produto em consignação realizada no dia 3/12/2002 (nota fiscal 10098), no valor de R$ 80.300,00 e IPI destacado de R$ 7.300,00, Fl. 332DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO 4 verificase que a operação de compra e venda somente foi efetivada em 6/1/2003, logo, o valor IPI desta operação não pode ser apropriado no 4º trimestre de 2002, mas no trimestre em que realizada a efetiva compra e venda do produto, ou seja, no 1º trimestre de 2003. Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para, adicionalmente, reconhecer o direito creditório da recorrente ao valor de R$ 14.600,00 e homologar as compensações até do limite do valor crédito reconhecido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 333DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 07 /01/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 20/02/2014 por LUIS MARCELO GUER RA DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 16561.000067/2009-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 31/07/2004 a 31/12/2004
NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.
Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide.
O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3202-001.404
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido.
Luís Eduardo Garrossino Barbieri Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Tatiana Midori Migiyama e Paulo Roberto Stocco Portes.
Nome do relator: LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 31/07/2004 a 31/12/2004 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos. Embargos rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Tatiana Midori Migiyama e Paulo Roberto Stocco Portes.
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REMESSAS AO EXTERIOR Embargante SIEMENS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 31/07/2004 a 31/12/2004 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarouse impedido. Luís Eduardo Garrossino Barbieri – Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Tatiana Midori Migiyama e Paulo Roberto Stocco Portes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 67 /2 00 9- 75 Fl. 4430DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela contribuinte, em face do Acórdão nº 320200.925, de 26/09/2011, proferido por esta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, o qual decidiu, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Alega a embargante que teria havido omissões e contradições no voto condutor do Acórdão, em relação aos seguintes pontos: i. Omissão quanto aos argumentos de defesa da Embargante, já que teria deixado de enfrentar questões relacionadas à natureza dos softwares adquiridos e as provas por ela carreadas aos autos em sua defesa; ii. Teria havido contradição entre a motivação do auto de infração e o fundamento do acórdão embargado; iii. O acórdão seria omisso, também, porque deixou de aplicar a Solução de Divergência nº 27/08, da COSIT, cuja observância seria obrigatória tanto por parte dos agentes fiscais quanto por parte do CARF; Requer, por fim, que os presentes Embargos sejam conhecidos e providos, para que sejam sanadas as alegadas omissões e contradições apontadas. É o Relatório. Voto Os embargos de declaração estão disciplinados no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nos seguintes termos: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Destarte, temos que os embargos declaratórios têm por finalidade tornar clara a decisão embargada ou trazer à discussão matéria que foi omitida ou contraditória no julgamento, de tal sorte que a solução dada pelo órgão encarregado de resolver a controvérsia demonstre, com clareza, haver enfrentado o objeto do litígio. O que se verifica da leitura do Acórdão embargado é que neste não há qualquer omissão ou contradição a serem supridas em relação aos itens (i), (ii) e (iii) especificados no Relatório. As questões levantadas nos Embargos foram devidamente apreciadas e submetidas à análise do Colegiado, de modo que a decisão foi devidamente motivada. A Embargante busca apenas reabrir a discussão sobre matérias que restou vencida no julgado. Senão vejamos. Em relação aos itens (i) suposta omissão quanto aos argumentos de defesa da Embargante e (ii) a alegada contradição entre a motivação do auto de infração e o fundamento Fl. 4431DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 16561.000067/200975 Acórdão n.º 3202001.404 S3C2T2 Fl. 4.431 3 do acórdão embargado, a Embargante não demonstrou clara e objetivamente quais seriam estas omissões e contradições alegadas. A meu ver, a Embargante questiona (e discorda!) dos critérios valorativos adotados pelo julgador. Contudo, as matérias foram devidamente apreciadas no acórdão recorrido, não cabendo, de igual modo, reapreciála nesta fase processual. Há mero inconformismo com o resultado proferido no julgado, uma vez que o votocondutor apenas não adotou as teses defendidas pela Recorrente, pelos fundamentos constantes do próprio voto. No sistema de livre convencimento motivado, adotado no nosso ordenamento jurídico, permitese que a decisão proferida seja fundamentada com base nos argumentos que o julgador entender cabíveis, o que foi feito no caso concreto. O julgador não está obrigado, necessariamente, a se pronunciar sobre a totalidade dos argumentos aduzidos. A decisão sendo devidamente motivada e fundamentada, não há que se falar em omissão ou contradição, mesmo que não tenham sido abordados todos os pontos trazidos pela defesa. Corroborando esse entendimento, colacionase a ementa da decisão prolatada pelo Egrégio STJ, na qual, o relator, Ministro José Delgado, menciona claramente a desnecessidade de apreciação de matéria que não guarde pertinência e relevância entre os fatos e a decisão. “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. PRETENSÃO DE REVOLVIMENTO DE MATÉRIA MERITAL (PIS SEMESTRALIDADE INTERPRETAÇÃO DO ART. 6º, DA LC 07/70 CORREÇÃO MONETÁRIA – LEI 7.691/88). DESOBEDIÊNCIA AOS DITAMES DO ART. 535, DO CPC. EXAME DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Inocorrência de irregularidades no acórdão quando a matéria que serviu de base à interposição do recurso foi devidamente apreciada no aresto atacado, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando as questões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudência consolidada. O não acatamento das argumentações deduzidas no recurso não implica em cerceamento de defesa, posto que ao julgador cumpre apreciar o tema de acordo com o que reputar atinente à lide. (...) (EDREsp nº 362.014/SC, DJ de 23/09/2002, pg. 236, Min. Rel. José Delgado). Portanto, conforme se depreende, ainda que voto não tenha apreciado todos os argumentos aduzidos pela interessada, não se configura, necessariamente, motivo de embargos por omissão ou contradição, pois o órgão julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos apresentados pela contribuinte se por outros motivos tiver firmado seu convencimento. Nesse sentido, verificase que o acórdão embargado está exaustivamente motivado, conforme se pode verificar pela simples leitura das efolhas 4.391 a 4.396 dos autos. Por fim, quanto à suposta omissão (item iii do Relatório) do acórdão por não ter adotado o entendimento constante da Solução de Divergência nº 27/08, da Cosit, equivoca se a Embargante ao afirmar que o CARF estaria vinculado à citada Solução. A uma, porque a Fl. 4432DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 4 Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB. O CARF não faz parte da estrutura da RFB. A duas, porque a Solução de Divergência citada pela Embargante não abrange especificamente a hipótese tratada nos autos, de modo que a solução de consulta somente produzirá efeitos em relação às questões específicas suscitadas pelo consulente. A Embargante resignouse a citar a ementa da SC Cosit nº 27/08 sem demonstrar o nexo de causalidade entre o caso concreto tratado e a matéria objeto da solução de consulta. Destarte, no caso em litígio, este Conselheiro fundamentou seu voto com base nos dispositivos legais, em estrito cumprimento ao princípio da legalidade. Confiramse trechos do voto abaixo transcritos: Pois bem. Passemos à aplicação dos dispositivos normativos ao caso concreto em litígio. A Lei nº 10.332/2001, ao dar nova redação ao §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000, alargou o campo de incidência da CIDE, fazendoa incidir, a partir de 01/01/2002, sobre mais duas materialidades. Deste modo, com a alteração trazida pela Lei nº 10.332/2001, a partir de 1º de janeiro de 2002, a referida contribuição passou a incidir sobre as seguintes hipóteses: (i) pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior (caput do artigo 2º); (ii) serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes (primeira parte do §2º do artigo 2º); e (iii) royalties, a qualquer título (parte final do §2º do artigo 2º). O caput do artigo 2º da Lei nº 10.332/2001, portanto, prescreve que a CIDE incide sobre as seguintes materialidades: na remessa ao exterior efetuada (a) pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou (b) pela pessoa jurídica adquirente de conhecimentos tecnológicos, e, também, (c) nos contratos que impliquem transferência de tecnológica. Deste modo, o fato de ter havido ou não transferência de tecnologia não é condição necessária para haver a incidência da CIDE para todas as hipóteses de incidências previstas no citado caput do artigo 2º da Lei nº 10.332/2001. O conectivo “ou” empregado no enunciado prescritivo acima transcrito tem função includente, ou seja, relaciona mais hipóteses de incidência, além da “licença de uso”, também para a “adquirente de conhecimentos tecnológicos” e da “signatária de contratos com transferência de tecnologia”. Por outro lado, é certo que a partir de 1º de janeiro de 2006, em decorrência dos artigos 20 e 21 da Lei nº 11.452/2007, a remessa ao exterior em decorrência da licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador (software), que não envolvesse a transferência da correspondente tecnologia, não estaria mais sujeita à incidência da CIDE. A Lei nº 11.452/2007, a meu ver, não é lei meramente interpretativa, pois determina expressamente, em seu artigo 21, a eficácia do artigo 20 a partir de 1º de janeiro de 2006. Portanto, não pode fazer retroagir seus efeitos nos termos do que prescreve o artigo 106, inciso I, do CTN. Assim, apenas para os eventos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2006 é que não haverá a incidência sobre as remunerações pela licença de uso de programa de computador (software). A contrario sensu, deve haver a incidência para os períodos anteriores a esta data, conforme norma extraída do caput do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000. No caso dos autos, o período de apuração referese ao ano de 2004. Fl. 4433DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 16561.000067/200975 Acórdão n.º 3202001.404 S3C2T2 Fl. 4.432 5 Em nenhum momento a Lei nº 10.168/2000 restringiu a incidência apenas sobre determinadas espécies de softwares, como argumenta a Recorrente. Destarte, não é relevante a diferenciação apresentada pela Recorrente entre os denominados “software customizado”, “software de prateleira” e “software desenvolvido sob encomenda”. A incidência é devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso de software, independentemente de sua espécie. Portanto, não cabe ao intérprete ao aplicar a norma estabelecer restrições onde a lei não o fez. Assim, fazendose uma interpretação sistemática, a partir dos dispositivos legais insculpidos na Lei nº 10.168/2000, com a alteração trazida pela Lei nº 11.452/2007 , é de se concluir que a CIDE é devida pelas pessoas jurídicas detentora de licença de uso ao efetuarem o pagamento/remessa ao exterior, dentre os quais incluise a remuneração por licença de uso de software até 1º de janeiro de 2006. Por fim, registrese que os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. Quando cabível, o instrumento processual adequado para o reexame da lide, na esfera do processo administrativo federal, é o Recurso Especial (art. 67 do RICARF). Neste sentido, pronunciouse o STJ no AgRg no REsp 179411 / SP (data da decisão: 19/06/2012; DJe 27/06/2012), cuja ementa transcrevese abaixo: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA DE MÉRITO DECIDIDA. IMPOSSIBILIDADE EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 1. Nos termos do art. 535 do CPC, os embargos de declaração apenas são cabíveis quando constar no julgamento obscuridade ou contradição ou quando o julgador for omisso na análise de algum ponto. Admitese, por construção jurisprudencial, também a interposição de aclaratórios para a correção de erro material. 2. A omissão a ser sanada por meio dos embargos declaratórios é aquela existente em face dos pontos em relação aos quais está o julgador obrigado a responder; enquanto a contradição que deveria ser arguida seria a presente internamente no texto do aresto embargado, e não entre este e o acórdão recorrido. Já a obscuridade passível de correção é a que se detecta no texto do decisum, referente à falta de clareza, o que não se constata na espécie.(EDcl no AgRg no REsp 1.222.863/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 13/6/2011) 3. Embargos manejados com nítido caráter infringente, onde se objetiva rediscutir a causa já devidamente decidida. 4. Embargos de declaração rejeitados. Com essas considerações, encaminho meu voto no sentido de rejeitar os Embargos de Declaração opostos pela interessada. É assim que voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Fl. 4434DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI 6 Fl. 4435DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 01/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI
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Numero do processo: 16682.720906/2013-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
PLR. NEGOCIAÇÃO. OPÇÃO LEGAL ENTRE CONVENÇÃO/ACORDO COLETIVO E COMISSÃO PARITÁRIA. ART. 616 DA CLT. ALCANCE.
É facultado à empresa e empregados negociarem a participação nos lucros ou resultados via (i) convenção / acordo coletivo (art. 8°, VI, da CF) ou por intermédio de (ii) comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria (art. 8°, III, da CF). Art. 2° da Lei n° 10.101/2000.
O art. 616 da CLT alude a procedimento a ser adotado pelo empregador quando da recusa à negociação coletiva para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva, não havendo previsão legal de tal exigência procedimental na hipótese de celebração de acordo de PLR por comissão paritária.
COMISSÃO ESCOLHIDA PELAS PARTES. PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE SINDICAL.
Consta do art. 2°, I, da Lei n° 10.101/2000, a exigência legal de que o sindicato indique um representante para a comissão paritária de negociação da participação nos lucros ou resultados. Se a ausência de representante do sindicato ocorre a despeito da comunicação formal da realização das reuniões (local, data e horário), na qual se solicita a presença de um representante do sindicato, constando em atas de reunião que o sindicato foi informado, mas não confirmou presença e nem tampouco justificou a ausência, não podem empregados e empresa ser prejudicados, pois a ilicitude não foi perpetrada por eles, mas pelo sindicato, que deixou de cumprir sua função constitucionalmente prevista (art. 8°, III, da CF).
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. PARCELAS NÃO INTEGRANTES. EXCLUSÃO LEGAL EXPRESSA E EXAUSTIVA.
O conceito de Salário de Contribuição abraça não somente a folha de salários como, também, todos os demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados a qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, ressalvadas as hipóteses de isenção legal previstas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91.
GRATIFICAÇÃO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
A importância paga, devida ou creditada a segurados obrigatórios do RGPS título de gratificação ou prêmio, mesmo em caráter eventual, integra o conceito legal de Salário de Contribuição - base de cálculo das contribuições previdenciárias.
ABONOS. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos, não expressamente desvinculados do salário por força de lei, mesmo que decorrentes de Acordo Coletivo de Trabalho, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. ART. 22, III, DA LEI nº 8.212/91.
É devida à Seguridade Social a contribuição da empresa à alíquota de 20% incidentes sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços, nos termos do inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/91.
ADICIONAL DE SAT. APOSENTADORIA ESPECIAL.
O benefício da aposentadoria especial será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.550
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para anular, exclusivamente, o lançamento relativo à rubrica PLR - Participação nos Lucros e Resultados, tendo em vista a comprovação de que o contribuinte intimou o Sindicato da categoria de empregados a participar da negociação relativa aos Acordos tendentes a regular o pagamento da PLR. Vencido na votação o Conselheiro Relator, que entendeu por negar provimento ao recurso. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor.
Por maioria de votos em negar provimento ao recurso voluntário, quanto às rubricas de gratificações pagas aos segurados empregados, por integrarem o salário de contribuição, de acordo com o artigo 28 da Lei n.º 8.212/91, e por não constarem das excludentes contextualizadas no parágrafo 9º, do mesmo diploma legal. Vencido na votação o Conselheiro Leo Meirelles do Amaral por entender que os valores constantes do Levantamento R6 rubrica 3028 indenização por garantia de emprego paga na rescisão de empregado em auxílio doença, não integram o salário de contribuição.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
André Luís Mársico Lombardi - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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NEGOCIAÇÃO. OPÇÃO LEGAL ENTRE CONVENÇÃO/ACORDO COLETIVO E COMISSÃO PARITÁRIA. ART. 616 DA CLT. ALCANCE. É facultado à empresa e empregados negociarem a participação nos lucros ou resultados via (i) convenção / acordo coletivo (art. 8°, VI, da CF) ou por intermédio de (ii) comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria (art. 8°, III, da CF). Art. 2° da Lei n° 10.101/2000. O art. 616 da CLT alude a procedimento a ser adotado pelo empregador quando da recusa à negociação coletiva para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva, não havendo previsão legal de tal exigência procedimental na hipótese de celebração de acordo de PLR por comissão paritária. COMISSÃO ESCOLHIDA PELAS PARTES. PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE SINDICAL. Consta do art. 2°, I, da Lei n° 10.101/2000, a exigência legal de que o sindicato indique um representante para a comissão paritária de negociação da participação nos lucros ou resultados. Se a ausência de representante do sindicato ocorre a despeito da comunicação formal da realização das reuniões (local, data e horário), na qual se solicita a presença de um representante do sindicato, constando em atas de reunião que o sindicato foi informado, mas não confirmou presença e nem tampouco justificou a ausência, não podem empregados e empresa ser prejudicados, pois a ilicitude não foi perpetrada por eles, mas pelo sindicato, que deixou de cumprir sua função constitucionalmente prevista (art. 8°, III, da CF). SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. PARCELAS NÃO INTEGRANTES. EXCLUSÃO LEGAL EXPRESSA E EXAUSTIVA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 06 /2 01 3- 85 Fl. 1808DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 2 O conceito de Salário de Contribuição abraça não somente a folha de salários como, também, todos os demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados a qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, ressalvadas as hipóteses de isenção legal previstas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. GRATIFICAÇÃO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO A importância paga, devida ou creditada a segurados obrigatórios do RGPS título de gratificação ou prêmio, mesmo em caráter eventual, integra o conceito legal de Salário de Contribuição base de cálculo das contribuições previdenciárias. ABONOS. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos, não expressamente desvinculados do salário por força de lei, mesmo que decorrentes de Acordo Coletivo de Trabalho, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. ART. 22, III, DA LEI nº 8.212/91. É devida à Seguridade Social a contribuição da empresa à alíquota de 20% incidentes sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços, nos termos do inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/91. ADICIONAL DE SAT. APOSENTADORIA ESPECIAL. O benefício da aposentadoria especial será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para anular, exclusivamente, o lançamento relativo à rubrica PLR Participação nos Lucros e Resultados, tendo em vista a comprovação de que o contribuinte intimou o Sindicato da categoria de empregados a participar da negociação relativa aos Acordos tendentes a regular o pagamento da PLR. Vencido na votação o Conselheiro Relator, que entendeu por negar provimento ao recurso. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Por maioria de votos em negar provimento ao recurso voluntário, quanto às rubricas de gratificações pagas aos segurados empregados, por integrarem o salário de contribuição, de acordo com o artigo 28 da Lei n.º 8.212/91, e por não constarem das excludentes contextualizadas no parágrafo 9º, do mesmo diploma legal. Vencido na votação o Conselheiro Leo Meirelles do Amaral por entender que os valores constantes do Fl. 1809DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.809 3 Levantamento R6 – rubrica 3028 – indenização por garantia de emprego paga na rescisão de empregado em auxílio doença, não integram o salário de contribuição. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. André Luís Mársico Lombardi Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 1810DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 4 Relatório Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010. Data de lavratura do Auto de Infração: 17/09/2013. Data da ciência do Auto de Infração: 23/09/2013. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração de Obrigação Principal nº 51.013.5030, 51.013.5048, 51.013.5064 e 51.013.5072 consistentes em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre a remuneração paga, creditada ou devida a segurados empregados e a segurados contribuintes individuais, conforme descrito no relatório fiscal de fls. 07/69 e assim distribuídos: · 51.013.5030 Contribuição previdenciária da empresa e GILRAT incidente sobre remuneração a empregados R$ 13.736.709,23 · 51.013.5048 Contribuições destinadas a outras entidades e fundos. R$ 3.506.701,48 · 51.013.5064 Contribuição previdenciária adicional de 6% destinada à aposentadoria especial R$ 390.272,86 · 51.013.5072 Contribuição previdenciária da empresa incidente sobre remuneração a contribuintes individuais R$ 310.987,99 De acordo com a Resenha Fiscal, constituem fatos geradores das contribuições ora lançadas as parcelas remuneratórias referentes a pagamentos a segurados empregados e contribuintes individuais, efetuados no período de 01/2009 a 12/2010 a título participação nos resultados, gratificações e abonos, não declarados em GFIP, os quais encontramse distribuídos, consoante suas naturezas jurídicas, de acordo com os seguintes levantamentos:. (A) Contribuição da empresa, GILRAT e contribuição destinada a outras entidades sobre remuneração a empregados: 1. Levantamento L1 – rubrica 40 – participação de empregados nos lucros ou resultados (PLR) – ausência de programa em conformidade com as exigências legais, em virtude da não participação da entidade sindical representante dos empregados na elaboração do instrumento correspondente, requisito legal essencial; Fl. 1811DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.810 5 2. Levantamento L2 – rubrica 3955 – participação de empregados nos resultados de vendas (PRV) – ausência de programa em conformidade com as exigências legais, em virtude da não participação da entidade sindical representante dos empregados e da não participação de comissão de empregados na elaboração do instrumento correspondente, requisitos legais essenciais; 3. Levantamento L3 – rubrica 3964 – participação de empregados nos resultados específicos do setor TCAS – ausência de programa em conformidade com as exigências legais, em virtude da não participação da entidade sindical representante dos empregados, requisito legal essencial; 4. Levantamento L4 – rubrica 3031 – gratificação a empregados estrangeiros trabalhando no Brasil – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 5. Levantamento L6 – rubrica 3033 – remuneração variável a empregados executivos – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 6. Levantamento L8 – rubrica 3072 – gratificação para compensar perdas de câmbio a empregados estrangeiros trabalhando no Brasil – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 7. Levantamento M1 – rubrica 3073 – gratificações excepcionais a empregados – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 8. Levantamento M3 – rubrica 3096 – ajuda de viagem a empregados estrangeiros quando de suas férias – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 9. Levantamento M5 – rubrica 3205 – abono salarial no fechamento do Acordo Coletivo pago a empregado – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência, pois não é abono salarial expressamente desvinculado do salário por lei; 10. Levantamento M6 – rubrica 3019 – ajuda para transporte por alteração do local de trabalho de empregado – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência, pois não é valetransporte na forma da legislação própria e desvinculada do custo efetivo do transporte; 11. Levantamento M7 – rubrica 3028 – indenização por garantia de emprego paga na rescisão de empregado em auxílio doença – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência, por não ser indenização expressamente prevista em lei; 12. Levantamento M8 – rubrica 3153 – compensação de perdas tributárias de empregado estrangeiro – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; Fl. 1812DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 6 (B) Contribuição adicional de 6% destinada à aposentadoria especial: 13. Levantamento R1 – rubrica 40 – participação de empregados nos lucros ou resultados (PLR) – ausência de programa em conformidade com as exigências legais, em virtude da não participação da entidade sindical representante dos empregados na elaboração do instrumento correspondente, requisito legal essencial; 14. Levantamento R2 – rubrica 3964 – participação de empregados nos resultados específicos do setor TCAS – ausência de programa em conformidade com as exigências legais, em virtude da não participação da entidade sindical representante dos empregados, requisito legal essencial; 15. Levantamento R3 – rubrica 3033 – remuneração variável a empregados executivos – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência; 16. Levantamento R5 – rubrica 3205 – abono salarial no fechamento do Acordo Coletivo pago a empregado – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência, pois não é abono salarial expressamente desvinculado do salário por lei; 17. Levantamento R6 – rubrica 3028 – indenização por garantia de emprego paga na rescisão de empregado em auxílio doença – verba cuja natureza não está presente no rol das exclusões de incidência, por não ser indenização expressamente prevista em lei; C. Contribuição da empresa sobre remuneração a contribuintes individuais: 18. Levantamento L5 – rubrica 3031 CI – gratificação a diretores não empregados estrangeiros trabalhando no Brasil – verba cuja natureza é remuneração a segurado contribuinte individual e integra o salário decontribuição; 19. Levantamento L7 – rubrica 3033 CI – remuneração variável a diretores executivos não empregados – verba cuja natureza é remuneração a segurado contribuinte individual e integra o saláriodecontribuição; 20. Levantamento L9 – rubrica 3072 CI – gratificação para compensar perdas de câmbio a diretores não empregados estrangeiros trabalhando no Brasil – verba cuja natureza é remuneração a segurado contribuinte individual e integra o saláriodecontribuição; 21. Levantamento M2 – rubrica 3073 CI – gratificações excepcionais a diretores não empregados – verba cuja natureza é remuneração a segurado contribuinte individual e integra o saláriodecontribuição; 22. Levantamento M4 – rubrica 3096 CI – ajuda de viagem a diretores não empregados estrangeiros quando de suas férias – verba cuja natureza é remuneração a segurado contribuinte individual e integra o salário decontribuição; Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o Sujeito Passivo ofereceu impugnação administrativa a fls. 1419/1479. Fl. 1813DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.811 7 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1448.206 10ª Turma da DRJ/RPO, a fls. 1651/1669, julgando procedente o lançamento tributário, e mantendo o crédito dele decorrente em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 04/02/2014, conforme Aviso de Recebimento a fl. 1805. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Sujeito Passivo interpôs Recurso Voluntário a fls. 1688/1751, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que as rubricas objeto do vertente lançamento não integram o conceito de Salário de Contribuição. Aduz que não são somente as parcelas enumeradas no art. 28, §9º, da Lei nº 8.212/91 que devem permanecer fora da base de cálculo das contribuições previdenciárias; · Que as verbas pagas a título de PLR são desvinculadas da remuneração, não sendo base de incidência de contribuições previdenciárias. Aduz que a não participação do sindicato nas negociações e assinatura do acordo, por si, não tem o condão de transmudar a natureza da verba; · Que a ausência do sindicato nas negociações para a concessão da Participação nos Resultados da Empresa não ocorreu por deliberação da Recorrente, ou desconsideração àquele respeitável órgão sindical, mas, ao contrário, a mesma se deu por vontade exclusiva do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro, o qual foi formalmente convidado a participar das negociações, deixando de fazêlo, todavia, injustificadamente; · Que a gratificação excepcional ao expatriado, a gratificação excepcional Rio, o prêmio excepcional de mérito e a complementação IRRF EXP não possuem natureza contraprestacional e não devem integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias; · Que a gratificação excepcional variável e a gratificação excepcional não integram o conceito de Salário de Contribuição; · Que os abonos pagos pela empresa tem natureza de ganhos eventuais, não podendo ser confundido como Salário de Contribuição; · Que a ajuda deslocamento paga pela empresa a seus empregados tem natureza de vale transporte; · Que a parcela paga ao trabalhador em gozo de beneficio de auxílio doença, após o seu retorno, equivalente ao período de 60 dias, tem natureza indenizatória; Ao fim, requer a declaração de improcedência das autuações. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 1814DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 8 Voto Vencido Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi valida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 04/02/2014. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado no dia 28/02/2014, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DOS FATOS GERADORES Alega o Recorrente que as rubricas objeto do vertente lançamento não integram o conceito de Salário de Contribuição. Aduz que não são somente as parcelas enumeradas no art. 28, §9º, da Lei nº 8.212/91 que devem permanecer fora da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Sem razão, todavia. Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de serviços efetivamente prestados pelos empregados. A retidão de tal concepção poderia até ter sua Fl. 1815DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.812 9 primazia aferida ao tempo da promulgação do DecretoLei nº 5.452/43 (nos idos de 1943), que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho. Hoje, não mais. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) §1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) §3º A habitação e a alimentação fornecidas como salárioutilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. (Incluído pela Lei nº 8.860, de 24.3.1994) §4º Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de coabitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) Fl. 1816DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 10 Todavia, como bem professava Heráclito de Ephesus, há 500 anos antes de Cristo, Nada existe de permanente a não ser a eterna propensão à mudança. O mundo evolui, as relações jurídicas se transformam, acompanhando..., os conceitos evolvemse... Nesse compasso, a exegese das normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A sucessiva evolução na interpretação das normas já positivadas ajustamnas à nova realidade mundial, resgatandolhes o alcance visado pelo legislador, mantendo dessarte o ordenamento jurídico sempre espelhado às feições do mundo real. Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho por ele prestado ao empregador. Se assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória, já que não representam contraprestação direta por serviços executados pelo obreiro. Paralelamente, as relações de trabalho hoje estabelecidas tornaramse por demais complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de exclusividade e de imagem, novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não o suor e o vigor dos músculos. Esses ilustrativos, dentre tantos outros exemplos, tornaram o ancião conceito jurídico de remuneração totalmente démodé. Antenada a tantas transformações, a doutrina mais balizada passou a interpretar remuneração não como a contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pelo empregado, mas sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho. Com efeito, o liame jurídico estabelecido entre empregador e empregado segue os contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal, podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu labor, também a sua imagem, o seu não labor nas empresas concorrentes, a sua disponibilidade, sua credibilidade no mercado, ceteris paribus. Já o contratante, por seu turno, em contrapartida, pode oferecer não só o salário stricto sensu como também uma série de vantagens diretas, indiretas, em utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo de mera liberalidade, todas elas ostentam, em sua essência, uma nota contraprestativa. Todas elas colimam, inequivocamente, oferecer um atrativo financeiro/econômico para que o obreiro estabeleça e mantenha vínculo jurídico com o empregador. Por esse novo prisma, todas aquelas rubricas citadas no parágrafo precedente figuram abraçadas pelo conceito amplo de remuneração, eis que se consubstanciam acréscimos patrimoniais auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito embora não representem contrapartida direta pelo trabalho realizado. Nesse sentido, o magistério de Amauri Mascaro Nascimento: “Fatores diversos multiplicaram as formas de pagamento no contrato de trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do saláriobase há modos diversificados de remuneração do empregado, cuja variedade de denominações não desnatura a sua natureza salarial ... (...) Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação pelo trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005. Fl. 1817DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.813 11 Registrese, por relevante, que o entendimento a respeito do alcance do termo “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele conceito antiquado presente na CLT. O baluarte desse novo entendimento tem sua pedra fundamental fincada na própria Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece: Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos nossos) Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições Previdenciárias não é tão somente o “salário”, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, por todos os lançamentos efetuados em favor do trabalhador em contraprestação direta pelo trabalho efetivo prestado à empresa, acrescido dos “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”, parcela esta que abraça todas as demais rubricas devidas ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Na prática, inexiste dificuldade em tal discernimento. Basta hipoteticamente suprimir o trabalho realizado pela pessoa física na consecução do objeto social da sociedade. A importância que deixar de ser vertida a essa pessoa corresponderá, assim, à parcela do trabalho que o obreiro dedicou à empresa. Ao revés, a fração que ainda for devida à pessoa, independentemente do eventual labor físico ou intelectual por ela realizado, representará mera liberalidade do empregador. Atentese que o conceito de “Empresa” referese ao exercício organizado de atividade econômica, na forma de unidade econômicosocial, integrada por elementos humanos, materiais, técnicos e logísticos, visando à produção ou a circulação de bens ou de serviços mediante o emprego de fatores de produção no sistema capitalista, capital, mãodeobra, insumo e tecnologia , objetivando a geração de lucro. Por isso, tecnicamente, a “EMPRESA” não concede “liberalidades” aos seus empregados. Os “detentores do Capital”, sim. A “empresa”, rectius – o “Capital da empresa”, remunera um dos seus fatores de produção – a mão de obra. Nessa perspectiva, todo e qualquer lançamento a conta de despesa da empresa, levada à débito do Lucro Líquido do Exercício, representativa de rubrica paga, devida ou creditada a segurado Fl. 1818DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 12 obrigatório do RGPS, que tiver por motivação e origem o trabalho realizado pela pessoa física em favor do Contribuinte, ostentará natureza jurídica remuneratória, e como tal, base de cálculo das contribuições previdenciárias. A propósito, o próprio Legislador Constituinte honrou deixar consignado no Texto Constitucional a real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque: as contribuições previdenciárias incidem não somente sobre a “folha de salários”, como também, sobre todos os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência do conceito de salário (Instituto de Direito do Trabalho) para abraçar os ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Assim, a contar da EC n° 20/98, todas as verbas recebidas com habitualidade pelo empregado, qualquer que seja a sua origem e título, passam a integrar, por força de norma constitucional, o conceito jurídico de SALÁRIO (Instituto de Direito do Trabalho) e, nessa condição, passam a compor obrigatoriamente o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (Instituto de Direito Previdenciário) do segurado, se sujeitando compulsoriamente à incidência de contribuição previdenciária e repercutindo no benefício previdenciário do empregado. Nesse sentido caminha a jurisprudência trabalhista conforme de depreende do seguinte julgado: TRT7 Recurso Ordinário: Processo: RECORD 53007520095070011 CE 00053007520095070011 Relator(a):DULCINA DE HOLANDA PALHANO Órgão Julgador: TURMA 2 Publicação: 22/03/2010 DEJT RECURSO DA RECLAMANTE CTVA NATUREZA SALARIAL CONTRIBUIÇÃO A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A parcela CTVA, paga habitualmente e com destinação a servir de compromisso aos ganhos mensais do empregado, detém natureza salarial, devendo integrar a remuneração para todos os fins, inclusive para o cálculo da contribuição a entidade de previdência privada. RECURSO DO RECLAMADO CEF CTVA. Com efeito, se referidas gratificações são pagas com habitualidade se incorporam ao patrimônio jurídico do reclamante, de forma definitiva, compondo sua remuneração Fl. 1819DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.814 13 para todos os efeitos. Atentese que a natureza de tal verba não mais será de "gratificação" mas sim de "Adicional Compensatório de Perda de Função" A norma constitucional acima citada não exclui da tributação, de maneira alguma, as rubricas recebidas em espécie de forma eventual. A todo ver, a norma constitucional em questão fez incorporar ao SALÁRIO (instituto de direito do trabalho) todos os ganhos habituais do empregado, a qualquer título. Ocorre, contudo, que o conceito de SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (instituto de direito previdenciário) é muito mais amplo que o conceito trabalhista mencionado, compreendendo não somente o SALÁRIO (instituto de direito do trabalho), mas, também, todos os demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, pela empresa à pessoa física que lhe preste serviço. Assim, as verbas auferidas de forma eventual podem se classificar, conforme o caso, ou como incentivos salariais ou como benefícios. Em ambos os casos, porém, integram o conceito de Salário de Contribuição, nos termos e na abrangência do art. 28 da Lei nº 8.212/91, observadas as excepcionalidades contidas em seu §9º. Lei nº8.212,de24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Fl. 1820DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 14 Advirtase que o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Em verdade, até mesmo a remuneração referente ao tempo ocioso em que o empregado permanecer à disposição do empregador não escapa da amplitude do conceito de salário de contribuição. Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”. Nesses termos, compreendemse no conceito legal de remuneração os três componentes do gênero, assim especificados pela doutrina: 1 Remuneração Básica – Também denominada “Verbas de natureza Salarial”. Referese à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. 2 Incentivos Salariais São programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus, gratificações, prêmios, participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados, dentre outros. 3 Benefícios Quase sempre denominados como “remuneração indireta”. Muitas empresas, além de ter uma política de tabela de salários, oferecem uma série de benefícios ora em pecúnia, ora na forma de utilidades ou “in natura”, que culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor da utilidade recebida, seja pela despesa que o profissional deixa de desembolsar diretamente. Nesse novel cenário, a regra primária importa na tributação de toda e qualquer verba paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade encontrase estatuída numerus clausus no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância, transcrevemos em sua integralidade: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) a) Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). b) As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; Fl. 1821DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.815 15 d) As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) As importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) 1. Previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. Relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; 3. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. Recebidas a título de incentivo à demissão; 6. Recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. Recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. Recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) A parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração mensal; i) A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (grifos nossos) l) O abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Fl. 1822DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 16 o) As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couberem, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) O valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). u) A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) O valor da multa prevista no §8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Advirtase que, nos termos do art. 111, II, do CTN, devese emprestar interpretação restritiva às normas que concedam outorga de isenção. Nesse diapasão, em sintonia com a norma tributária há pouco citada, para se excluir da regra de incidência é necessária a fiel observância dos termos da norma de exceção, tanto assim que as parcelas integrantes do supraaludido §9º, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrar a base de cálculo da contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; Fl. 1823DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.816 17 2.1.1. DA PLR Contextualizado nesses termos o quadro jurídiconormativo aplicável ao casoespécie, visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até o momento foi apreciado, verificamos que a alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 estatuiu, de forma expressa, que não integram o Salário de contribuição, as importâncias recebidas a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. O Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR consubstanciase numa ferramenta de gestão que visa ao alinhamento das estratégias organizacionais com as atitudes e desempenho dos empregados dentro do ambiente de trabalho. Tratase de um instrumento gerencial bastante utilizado pelas empresas, mundialmente disseminado, que auxilia no cumprimento das metas e diretrizes das organizações, permitindo uma maior participação e empenho dos empregados na produtividade da empresa, além do seu esforço ordinário decorrente do contrato de trabalho, proporcionando, dessarte, atração, retenção, motivação e comprometimento dos funcionários na busca de melhores resultados empresariais. Constituise o PLR num tipo de remuneração variável a ser oferecida àqueles que efetivamente colaboram na obtenção de lucros e/ou no atingimento das metas préestabelecidas pelo empregador. Tratase de um Direito Social de matriz constitucional, tendo o Constituinte Originário, taxativamente, outorgado à lei ordinária a competência para a estipulação dos parâmetros legais da conformação do Direito dos trabalhadores, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Merece ser enaltecido que a PLR legal comporta hipótese de não incidência legal, nos termos da alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, e não hipótese de imunidade constitucional. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa des∙vin∙cu∙lar (des + vincular) verbo transitivo 1. Tornar alienável (bens de morgadio).verbo transitivo e pronominal 2. Libertar ou libertarse de um vínculo. vín∙cu∙lo (latim vinculum, i, laço, atilho, relação de amizade ou parentesco) substantivo masculino 1. Liame; vincilho. 2. Laço; atilho; nó. 3. Tudo o que ata, liga ou aperta. = LAÇO, NÓ Fl. 1824DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 18 4. Aquilo que liga ou estabelece uma relação (ex.: vínculo laboral). 5. [Figurado] Morgadio. 6. Bens vinculados. Desvinculado da remuneração significa, tão somente, que a PLR não deve guardar qualquer relação de vínculo com a remuneração, ou seja, ser independente do valor da remuneração paga ao empregado. Tal desvinculação, todavia, não implica imunidade. De maneira alguma. Analisese a hipótese de uma empresa resolver pagar um abono de dois mil reais, a cada empregado, independentemente do cargo ou salário deste, por ocasião das festas natalinas. Tal abono é desvinculado da remuneração, posto que se trata de um valor fixo, sem qualquer relação de proporcionalidade com o salário nominal do beneficiário. Todavia, constituise base de cálculo das contribuições previdenciárias, eis que não expressamente previsto em lei. Atentese que quando o Legislador Constituinte elegeu hipóteses de imunidade tributária, ele fêlo não de maneira dissimulada, mas, sim, expressamente, conforme art. 149, §2º, I; art. 150, VI; art. 153, §3º, III e §4º, II; art. 155, §2º, X; art. 156, §2º, I; art. 195, §7º, etc. Nessa esteira, quando o Constituinte Originário utiliza os verbos “vincular” e “desvincular”, ele o faz no sentido da existência ou inexistência de relação de proporcionalidade matemática, como sói ocorrer nos incisos IV e XI do art. 7º da CF/88. Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Como visto, não se encontra presente no preceito constitucional em voga qualquer referência, a mínima que seja, a eventual não incidência tributária sobre os valores pagos a título de PLR. Ao revés, a própria Lei nº 10.101/2000 dispõe expressamente que sobre a PLR legal há incidência de tributo. Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000 Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do Fl. 1825DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.817 19 imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Ora, se fosse caso de imunidade tributária, a incidência de Imposto de Renda sobre a PLR legal seria inconstitucional, eis que sua base de cálculo é, também, a remuneração do trabalhador. Tratase, portanto, a PLR legal não de hipótese imunidade constitucional, mas, sim, de caso de isenção legal, prevista na alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, fixada nos contornos estatuídos no Código Tributário Nacional CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (...) Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Assim, nos termos dos artigos 111 e 176 do CTN, a fruição da isenção tributária depende do adimplemento integral das condições estabelecidas na lei concessiva, in caso, alínea “j” do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 c.c. Lei nº 10.101/2000. Sendo um instrumento de integração capitaltrabalho e de estímulo à produtividade das empresas, buscase por meio da regra imunizante e da consequente redução da carga tributária Fl. 1826DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 20 proporcionar vantagens competitivas às empresas que, regularmente, implementam mecanismos efetivos de integração e participação de seus empregados, sem que, com isso, haja substituição da remuneração devida. Decorre daí a norma de desvinculação do pagamento a titulo de PLR da remuneração em geral. A Participação nos Lucros é norma constitucional de eficácia limitada, dependente, portanto, de regulamentação infraconstitucional que lhe estabeleça as condições de contorno e os critérios de pagamento, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela remuneratória. Nesse sentido dispõe o Parecer CJ/MPAS nº 547, de 03 de maio de 1996, aprovado pelo Exmo. Sr. Ministro do MPAS, ad litteris et verbis: (...) de forma expressa, a Lei Maior remete à lei ordinária , a fixação dos direitos dessa participação. A norma constitucional em foco pode ser entendida, segundo a consagrada classificação de José Afonso da Silva, como de eficácia limitada, ou seja, aquela que depende "da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador ordinário, integrandolhe a eficácia, mediante lei ordinária, lhes dê capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses". (Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1968, pág. 150). (Grifamos) Tais diretivas não atritam com entendimento esposado no Parecer CJ/MPAS nº 1.748/99, cujo teor transcrevemos na sequência: DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO TRABALHADOR PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS ART. 7º , INC. XI DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1) O art. 7º , inciso XI da Constituição da República de 1988, que estende aos trabalhadores o direito a participação nos lucros desvinculado da remuneração é de eficácia limitada. 2) O Supremo Tribunal Federal ao julgar o Mandado de Injunção nº 426 estabeleceu que só com o advento da Medida Provisória nº 794, de 24 de dezembro de 1994, passou a ser lícito o pagamento da participação nos lucros na forma do texto constitucional. 3) A parcela paga a título de participação nos lucros ou resultados antes da regulamentação ou em desacordo com essa norma, integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social. (...) 7. No entanto, o direito a participação dos lucros, sem vinculação à remuneração, não é auto aplicável, sendo sua eficácia limitada a edição de lei, consoante estabelece a parte final do inciso anteriormente transcrito. 8. Necessita, portanto, de regulamentação para definir a forma e os critérios de pagamento da participação nos lucros, com a finalidade precípua de se evitar desvirtuamento dessa parcela. 9. A regulamentação ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas e dá outras providências, hoje reeditada sob o nº 1.76956, de 8 de abril de 1999. 10. A partir da adoção da primeira Medida Provisória e nos seus termos, passou a ser lícito o pagamento de participação nos lucros desvinculada da remuneração, mas, destaco, a desvinculação da remuneração só ocorrerá se atender os requisitos pré estabelecidos. Fl. 1827DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.818 21 11. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ao julgar o Mandado de Injunção nº 426, onde foi Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, que tinha por escopo suprir omissão do Poder Legislativo na regulamentação do art. 7º, inc. XI, da Constituição da República, referente a participação nos lucros dos trabalhadores, julgou a citada ação prejudicada, face a superveniência da medida provisória regulamentadora. 12. Em seu voto, o Ministro ILMAR GALVÃO, assim se manifestou: O mandado de injunção pretende o reconhecimento da omissão do Congresso Nacional em regulamentar o dispositivo que garante o direito dos trabalhadores de participarem dos lucros e resultados da empresa (art. 7º, inc. IX, da CF), concedendose a ordem para efeito de implementar in concreto o pagamento de tais verbas, sem prejuízo dos valores correspondentes à remuneração. Tendo em vista a continuação da transcrição a edição, superveniente ao julgamento do presente WRIT injuncional, da Medida Provisória nº 1.136, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, verificase a perda do objeto desta impetração, a partir da possibilidade de os trabalhadores, que se achem nas condições previstas na norma constitucional invocada, terem garantida a participação nos lucros e nos resultados da empresa. (grifei) 14. O Pretório Excelso confirmou, com a decisão acima, a necessidade de regulamentação da norma constitucional (art. 7º, inc. XI), ficando o pagamento da participação nos lucros e sua desvinculação da remuneração, sujeitas as regras e critérios estabelecidos pela Medida Provisória. 15. No caso concreto, as parcelas referemse a períodos anteriores a regulamentação do dispositivo constitucional, em que o Banco do Brasil, sem a devida autorização legal, efetuou o pagamento de parcelas a título de participação nos lucros. 16. Nessa hipótese, não há que se falar em desvinculação da remuneração, pois, a norma do inc. XI, do art. 7º da Constituição da República não era aplicável, na época, consoante ficou anteriormente dito. (Grifamos) Tratandose de norma constitucional de eficácia limitada, esta depende da integração de documento normativo editado pelo órgão legislativo competente para que suas disposições possam produzir os efeitos jurídicos colimados pelo Constituinte. Tal matéria já foi bater às portas da Suprema Corte, cuja Segunda Turma, no julgamento do Agravo Regimental no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n° 505.597, pacificou o entendimento que deve prevalecer nas situações desse jaez. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. ART. 7º, XI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. MP 794/94. Com a superveniência da MP n. 794/94, sucessivamente reeditada, foram implementadas as condições indispensáveis ao exercício do direito à participação dos trabalhadores no lucro das empresas [é o que extrai dos votos proferidos no julgamento do MI n. 102, Redator para o acórdão o Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02]. Fl. 1828DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 22 Embora o artigo 7º, XI, da CB/88, assegure o direito dos empregados àquela participação e desvincule essa parcela da remuneração, o seu exercício não prescinde de lei disciplinadora que defina o modo e os limites de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifos nossos) Na mesma linha de entendimento: RE 398.284 / RJ Rel. Min. MENEZES DIREITO Órgão Julgador: Primeira Turma DJe de 19122008 Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da Constituição Federal. Necessidade de lei para o exercício desse direito. 1. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da Constituição Federal começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração. 2. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido. Deflui dos termos dos julgados suso transcritos que o exercício do direito social em debate sujeitase às disposições estabelecidas na lei disciplinadora, à qual foi confiada a definição do modo e dos limites de sua participação, bem como do caráter jurídico desse benefício, seja para fins tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Atentese, por relevante, que o direito social estampado no inciso XI do art. 7º da CF/88 é dirigido à classe de trabalhadores que laboram mediante o vínculo jurídico de uma relação de emprego, não abraçando as pessoas físicas que, assumindo o risco da atividade econômica, exercem por conta própria, determinada atividade profissional de natureza urbana, como é o caso dos Diretores não empregados e demais segurados contribuintes individuais, eis que entre estes e as respectivas empresas não se formaliza vínculo empregatício. Das disposições plasmadas no caput do art. 2º do Diploma Legal acima desfiado ergue se como fato incontroverso que o direito social objeto de regulamentação abarca, tão somente, os empregados da empresa, assim compreendidos os trabalhadores vinculados mediante um liame empregatício com a entidade empresarial em questão, não irradiando efeitos sobre as demais categorias de obreiros, aqui incluídos os segurados contribuintes individuais. A assertiva ora alinhada encontra amparo, igualmente, nas disposições insculpidas no §4º do art. 218 de nossa Lei Soberana, cuja norma de caráter programático prevê o apoio e estímulo às empresas que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Constituição Federal de 1988 Art. 218 O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. Fl. 1829DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.819 23 (...) §4° A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. (grifos nossos) Com efeito, a Lei nº 8.212/1991, em obediência ao preceito constitucional em testilha, honrou materializar na alínea “j” do §9º do seu art. 28 a hipótese de não incidência tributária assinalada no inciso XI, in fine, do art. 7º da CF/88, excluindo do campo de tributação das contribuições previdenciárias as importâncias pagas, creditadas ou devidas a título de PLR, sempre que estas verbas forem pagas de acordo com a lei própria de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000, como assim prevê a Norma Matriz. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28 – (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Relembrando, a edição da Medida Provisória nº 794/94 veio ao atendimento do comando constitucional em tela, introduzindo no Ordenamento Jurídico os primeiros traços definidores do direito social ora em debate, vindo a sofrer, ao longo do tempo, em suas reedições e renumerações, um volume pouco expressivo de modificações legislativas, até a sua definitiva conversão na Lei nº 10.101/2000. Lei nº 10.101 de 19 de dezembro de 2000 Art.1o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (grifos nossos) I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (grifos nossos) II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Fl. 1830DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 24 §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1o Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. §3o Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. §4o A periodicidade semestral mínima referida no §2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. §5o As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I – Mediação; II – Arbitragem de ofertas finais. §1º Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. §2º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. §3º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. §4º O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Colhemos dos princípios idealizadores da rubrica em pauta, que a verba paga a título de PLR tem por espírito e essência de sua instituição servir como um instrumento de incentivo à produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, da empresa, mediante o pagamento de um plus remuneratório, além do salário e dos demais benefícios devidos ao trabalhador, como forma de estimular o empregado a ter um rendimento operacional que exceda ao desempenho ordinário que lhe é exigido habitualmente como decorrência comum, inerente e direta do contrato de trabalho. Fl. 1831DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.820 25 O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR. Nos termos do §1º, in fine, do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, tal fim extraordinário pode ser estabelecido como um índice de produtividade, de qualidade da produção ou de lucratividade da empresa. Pode, igualmente, ser traduzido por um programa de metas, de resultados ou de prazos, ou por qualquer uma outra ferramenta gerencial que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Assim: · O desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; · O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. Realizase, assim, a integração Capital vs Trabalho: A empresa ganha com o aumento da produtividade, qualidade, lucratividade, volume de produção, prazos, etc. O trabalhador ganha também, mediante o auferimento do plus remuneratório consubstanciado na PLR. Conforme dessai dos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, optou o legislador infraconstitucional por não engessar na Lei os fins excepcionais a serem almejados nos planos de incentivo à produtividade, delegando às próprias empresas a prerrogativa de estabelecer nos seus planos de PLR os objetivos que melhor de adequem à realidade e às características intrínsecas de cada pessoa jurídica. Dentre tais fins extraordinários, elencou a lei, exemplificativamente, dentre outros possíveis e viáveis, os seguintes critérios e condições: · Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; · Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Mas não se iludam, caros leitores. Muito embora a legislação infraconstitucional não obrigue a empresa a seguir este ou aquele objetivo excepcional determinado, a existência e delimitação clara e precisa, no plano de PLR, de um fim extraordinário específico a ser atingido pelo quadro funcional da Entidade é mandatória e indispensável para a caracterização da PLR legal. Assim, mesmo que a empresa decline de optar por qualquer um dos critérios ilustrativamente descritos nos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000, ela tem que, necessariamente, descrever em detalhes, e de maneira prévia, um objetivo extraordinário específico a ser Fl. 1832DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 26 almejado pelo seu corpo funcional na consecução e realização do plano de participação nos lucros e resultados da empresa, sob pena de descaracterização da PLR legal. Almeja com isso a Lei um comprometimento efetivo dos empregados no sentido de oferecer uma dedicação, um cuidado e um empenho de excelência, superior ao ordinário, usual, rotineiro e cotidiano, na busca pela consecução dos objetivos fixados no acordo e na obtenção do direito subjetivo estipulado no plano. Isso porque, conforme já salientado, qualquer verba paga em razão do desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador, decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho, tem natureza jurídica de salário, remuneração direta e inescusável pelo labor comum e usual oferecido cotidianamente pelo trabalhador à empresa e, nessas condições, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Dessarte, sem o estabelecimento prévio no plano de PLR de um objetivo especial, que incentive e alavanque a produtividade, a ser atingido pelo operariado, o qual, se atingido satisfatoriamente, tem o condão de premiar os trabalhadores que efetivamente envidaram esforços supranormais na sua consecução, o plano de PLR recai na tábula rasa do trabalho comum, rotineiro e ordinário, o qual é remunerado mediante salário, sofrendo a incidência, assim, das obrigações previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social. O pagamento de verba com o rótulo de PLR Legal em retribuição ao trabalho comum, ordinário, usual e cotidiano do empregado, desconectado a qualquer incentivo à produtividade, é expressamente vedado pela Lei nº 10.101/2000, cujo art. 3º obsta o pagamento de tal rubrica em substituição ou complementação à remuneração devida a qualquer empregado. As regras claras e objetivas quanto ao direito substantivo referemse ao direito dos trabalhadores de conhecerem, previamente, no corpo do próprio instrumento de negociação, o quanto irão receber a depender do lucro auferido pelo empregador se os objetivos estabelecidos forem cumpridos, o que terá que fazer para receber tal quantia e como irá recebêla. Quanto às regras adjetivas, deve o trabalhador ter ciência dos mecanismos de aferição de seu desempenho, de como aferilo em determinado momento e situação, das metas e índices de produtividade a serem alcançados e o que falta para alcançálos, etc. A inexistência de tais regras, de forma clara e objetiva, no instrumento de negociação, implica a sua estipulação e avaliação dos trabalhadores por ato unilateral do empregador, circunstância que colide com o objetivo almejado pelo legislador. A exigência de regras claras e objetivas justificase como forma de inviabilizar a discriminação de empregados e de se consumar a própria finalidade do instituto criado. Sendo o resultado finalístico almejado pela norma o fomento da produtividade da mão de obra, nada mais compreensível e pertinente que os empregados tenham o real conhecimento da exata dimensão do direito a eles concedido e do esforço e dedicação que eles devem empreender para alcançálo. Mas a Lei não se contenta só com a explicitação dos direitos objetivos dos trabalhadores. Ela exige que o instrumento de acordo coletivo especifique os critérios e procedimentos a serem seguidos para a mensuração do quanto do acordado já se houve por cumprido, bem como para a aferição de quanto cada empregado já contribuiu para o alcance das metas propostas. Com efeito, exige a Lei n° 10.101/2000 que do acordo constem os “mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado", de modo a assegurar aos empregados a transparência nas informações por parte da empresa, o fornecimento dos dados necessários à definição das metas, a adoção de indicadores de produtividade, qualidade ou lucratividade que sejam compreendidos por todos, a possibilidade de fiscalização do regular cumprimento das regras pactuadas e o acompanhamento progressivo da constituição do direito em debate por parte do empregado. Fl. 1833DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.821 27 Da pena de Sergio Pinto Martins (in Participação dos Empregados nos Lucros das Empresas, Editora Atlas, 2009, pág. 150) já se escreveu: "Os critérios da participação nos resultados não poderão ficar sujeitos apenas a condições subjetivas, mas objetivas, determinadas, para que todos as possam conhecer e para que não haja dúvida posteriormente sobre se o empregado atingiu o resultado almejado pela empresa". Exsurge a todo ver que a regulamentação legal pautase no desígnio da proteção do trabalhador para que sua participação nos lucros seja concreta, justa e impessoal. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º da Lei de regência, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. Visa o Legislador Ordinário a impedir que condições ou critérios subjetivos obstem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados ou que a empresa utilize a rubrica em foco como forma dissimulada de remuneração, o que é expressamente vedado pelo art. 3º do Diploma Legal Regulador. Assim, devem as regras conformadoras do direito em palco ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos objetivamente, de modo que o obreiro possa exigir do empregador o seu efetivo cumprimento, eis que, alcançados os termos assentados no acordo, o trabalhador passa a ser titular do direito subjetivo ao recebimento da importância a que faz jus. Concretizase, dessarte, a integração entre o capital e o trabalho e o incentivo à produtividade tão visados pela lei. Em primoroso trabalho doutrinário, Kertzman e Cyrino (KERTZMAN, Ivan e CYRINO, Sinésio. In Salário de contribuição; Salvador, Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2010) realçaram as notas características da hipótese de não incidência de contribuições previdenciárias ora em trato: “A exigência de regras claras é uma forma de impossibilitar a discriminação dos empregados e de alcançar a própria finalidade do instituto criado. Se o objetivo é estimular a produtividade dos empregados, nada mais correto do que se exigir que estes tenham conhecimento das regras do benefício proposto, pois, se assim não fosse, não seria possível a promoção de um esforço adicional para alcançar a meta estabelecida, e o programa seria apenas uma forma de remuneração disfarçada”. Exige a Lei que nos instrumentos decorrentes da negociação constem as regras adjetivas do plano de PLR, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, para que o trabalhador possa saber, de antemão, como ele será avaliado e como será apurado o cumprimento das metas previamente estabelecidas, não se contentando a Lei com a mera divulgação, a posteriori, na internet ou em outro meio qualquer de comunicação da empresa, da consolidação dos resultados alcançados. A Lei preconiza um enfoque proativo, de natureza dinâmica, antecipando de maneira clara e precisa qual será efetivamente o mecanismo de avaliação dos trabalhadores quanto às metas estabelecidas e de qual será o critério e metodologia de apuração do cumprimento das metas estabelecidas no acordo. Não se satisfaz com a mera postura estática, retroativa, de apenas medir e relatar os resultados alcançados. De outro eito, decorre por dedução lógica e, principalmente, pelas disposições expressas na lei, que a definição e formalização em documento próprio das condições de contorno do plano de PLR têm que estar concluídas e tornadas públicas aos empregados previamente ao período de Fl. 1834DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 28 apuração dos objetivos pactuados entre as partes, de maneira que o trabalhador tenha o perfeito e exato conhecimento daquilo que precisa fazer, de como precisa fazer, do quanto e quando precisa fazer, de como serão mensurados e avaliados os objetivos estabelecidos pela empresa e de como o empregado será avaliado pela empresa para fazer jus ao ganho patrimonial especificamente consignado e prometido na negociação coletiva REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. Tendo por finalidade a norma em tela a integração entre capital e trabalho e o ganho de produtividade, exige a lei a negociação prévia entre empresa e os empregados, mediante acordo coletivo ou comissão de trabalhadores, da qual resulte clareza e objetividade das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direito substantivo). Deve ser enaltecido que o instrumento de acordo celebrado não figura como mera peça decorativa na indigitada lei específica, mas, sim, como documento formal para o registro dos fins extraordinários a serem alcançados pelo corpo funcional da empresa, das regras claras e objetivas referentes aos direitos substantivos dos empregados, ou seja, do incentivo contraprestacional que irão auferir caso atinjam os objetivos do plano, e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Tendo a PLR a finalidade de incentivar o trabalhador a realizar e oferecer à empresa um plus de produtividade que exceda ao resultado rotineiro e ordinário decorrente do contrato de trabalho, avulta que acordo tem que ser assinado antes do início do período de apuração, para que os trabalhadores saibam, com precisão, o quê, como, quando, quanto precisam fazer, para auferir o ganho patrimonial que lhes é prometido por intermédio do plano ajustado. Antes do início do período de apuração necessitam os trabalhadores ter o claro e preciso conhecimento de quanto e quando irão ganhar, sob que forma, e como serão avaliados, para poderem decidir se vale ou não a pena se empenhar de maneira excessiva à ordinária e comum. São as tais REGRAS CLARAS E OBJETIVAS quanto aos direitos substantivos dos trabalhadores. O espirito da lei pautase na transparência, conhecimento e registro documental prévio dos direitos subjetivos dos trabalhadores na participação nos lucros e resultados da empresa, bem como das condições e dos fins excepcionais que deverão de ser atingidos com o empenho incentivado pelo plano, para a consecução de tal ganho patrimonial. Deflui da simbiose dos fundamentos jurídicos e principiológicos dimanados dos dispositivos legais ora revisitados que as comissões eleitas para costurar os termos do plano de PLR sejam integradas, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria, e que o instrumento de negociação celebrado entre patrões e empregados seja arquivado PREVIAMENTE na respectiva entidade sindical, como forma de garantia dos direitos dos trabalhadores, porquanto os sindicatos ostentam, como uma de suas principais funções, a defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos dos seus associados. A Lei nº 10.101/2000 não se satisfaz com o mero convite ou carta de convocação aos sindicatos. Ela exige a participação efetiva dos sindicatos na mesa de negociações! A eventual escusa dos sindicatos de participar da celebração do plano de PLR não é excludente da exigência estatuída no Diploma Legal ora em foco, uma vez que o Ordenamento Jurídico prevê caminhos alternativos de sanatória de tal ausência, os quais se encontram fixados no art. 616 da Consolidação das Leis do Trabalho, ad litteris et verbis: Consolidação das Leis do Trabalho Fl. 1835DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.822 29 Art. 616 Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusarse à negociação coletiva. (Redação dada pelo Decretolei nº 229/67) §1º Verificandose recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, ao Departamento Nacional do Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, para convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas recalcitrantes. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento às convocações feitas pelo Departamento Nacional do Trabalho ou órgãos regionais do Ministério de Trabalho e Previdência Social, ou se malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio coletivo. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) §3º Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos 60 (sessenta) dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo. (Redação dada pelo Decretolei nº 424/69) §4º Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou Acordo correspondente. (Incluído pelo Decretolei nº 229/67) Nessa esteira, não atendendo os sindicatos à convocação levada a efeito pela Recorrente, deveria esta ter dado ciência do fato ao órgão responsável do Ministério do Trabalho, ou ao órgão governamental competente que lhe faça as vezes, para que procedesse à convocação compulsória dos Sindicatos recalcitrantes. Dessarte, sem a presença, nas comissões, de um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria e enquanto não se promover o efetivo arquivamento do instrumento de acordo celebrado na entidade sindical dos trabalhadores, irregular, incompleta e em desacordo com a Lei nº 10.101/2000 estará a negociação entre patrões e empregados, circunstância que exclui toda e qualquer verba paga a título de PLR do campo de não incidência tributária delimitado na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. É de se enaltecer que muita vez uma determinada empresa celebra espontaneamente um acordo particular de PLR com os seus empregados e, na sequência, um eventual acordo ou convenção coletiva de trabalho estipula um benefício à categoria, atinente à participação nos lucros ou resultados, diverso daquele que foi fixado no acordo particular acima citado. Nestas hipóteses específicas, a lei estatuiu como faculdade da empresa a compensação dos pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados, de maneira que o trabalhador receba, no mínimo, aquele que for mais vantajoso, e que o empregador não seja obrigado a pagar ambos, simultaneamente. Dessarte, dado à exegese restritiva exigida pelo CTN, somente serão extirpadas da base de cálculo das contribuições previdenciárias as verbas pagas sob o rótulo de participação nos lucros e Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 30 resultados (PLR) que forem pagas ou creditadas a segurados empregados, e em estreita e inafastável consonância com a lei específica que rege o benefício em pauta. Do contrário, não. Permanecerão qualificadas como Salário de Contribuição. Diante dos aludidos dispositivos, deflui que o efeito sublime da desoneração prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei de Custeio da Seguridade Social somente toma vulto na exclusiva condição de as verbas pagas ou creditadas a título de participação nos lucros e resultados atenderem cumulativamente aos seguintes requisitos: · A verba paga a título de participação nos lucros e resultados da empresa tem que ser representativa de um plano gerencial de incentivo à produtividade, consoante art. 1º da Lei nº 10.101/2000. · O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR, de maneira que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Ø O desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; Ø O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. · Tem que resultar de negociação formal entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou de convenção/acordo coletivo; · Das negociações suso citadas, deverão resultar instrumentos formais que registrem o plano de incentivo à produtividade adotado pela empresa, os objetivos a serem alcançados na execução de tal plano, as regras claras e objetivas definidoras dos direitos substantivos dos trabalhadores, bem como a regras adjetivas, abarcando os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, etc. · A negociação entre empresa e trabalhadores tem que ser concluída previamente ao período de execução do plano, de modo que os empregados dele participem com a perfeita e exata noção do que, do quanto, do quando e do como fazer para o atingimento dos objetivos pactuados, do quanto receberão pelo seu sucesso, e de como serão avaliados para fazerem jus à PLR prometida; · O instrumento formal resultante do acordo em realce tem que ser arquivado previamente na entidade sindical dos trabalhadores; Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.823 31 · A PLR não pode substituir, tampouco complementar a remuneração devida a qualquer empregado; · A PLR não pode ser distribuída em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; No caso em apreço, apurou a Fiscalização que na elaboração dos Acordos de participação nos lucros e resultados, rubricas “0040 Participação Lucros ou Resultados”, “3955 Participação de Resultados – PRV” e “3964 Participação de Resultados – TCAS” não constava a assinatura do representante do Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro. No curso da ação fiscal, foi realizada diligência perante o Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro, intimandoo, mediante termo próprio, a informar se o Sindicato havia participado na elaboração dos PLANOS/ACORDOS DE PARTICIPACAO NOS LUCROS da Recorrente. Em resposta datada de 13/03/2013, o Sindicato foi categórico ao informar: “Que o sindicato, por intermédio de seus diretores, incluindose aí o presidente, não participou da elaboração dos PLANOS/ACORDOS DE PARTICIPAÇAO NOS LUCROS, nos anoscalendários de 2008, 2009 e 2010, planos estes que fixaram as regras de pagamento de participação nos lucros e resultados da sociedade Michelin”. Assim, diante dos elementos apresentados e da ausência de um programa de PLR em conformidade com as exigências contidas na lei que rege o tema, qual seja a participação obrigatória do sindicato, a Fiscalização concluiu que realizados a título de participação nos lucros e resultados constituemse em valores pagos aos segurados empregados enquadrados no conceito de salário de contribuição previdenciário, sujeitos, portanto, à incidência das contribuições previdenciárias por não atender à lei específica que rege o assunto, a teor da alínea “j”, § 9°, art. 28 da Lei n° 8.212/91 combinado com o §10, art. 214 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Assim, a empresa fugiu ao abrigo da legislação que rege o direito social previsto no inciso XI do art. 7º da CF/88, uma vez que efetuou apagamentos sob o rótulo de PLR, sem, todavia, atender aos requisitos da lei específica de regência do beneficio em pauta. O pagamento de tais verbas, nas condições em que se consumaram, não possui as premissas básicas conformadoras da Participação nos Lucros ou Resultados assentadas na Carta de 1988. Tais acordos, portanto, não se prestam como instrumento de integração entre o capital e o trabalho, muito menos como elemento de incentivo à produtividade, como assim exige o art. 1º da Lei nº 10.101/2000. Ora, o pagamento de verbas, a título de PLR, pagas em ampla desconformidade com as normas tributárias fixadas na Lei nº 10.101/2000 transmuda a natureza jurídica da constitucional Participação nos Lucros ou Resultados para mero prêmio, o qual não se encontra abraçado pela hipótese de não incidência tributária prevista Lex Excelsior. Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 32 Frustramse então os objetivos da lei, que tem como inspiração maior o fomento à produtividade. Ao não atender aos requisitos impostos pela Lei nº 10.101/2000, fugiu a verba em questão da proteção do manto da não incidência prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, sujeitandose a importância paga sob o rótulo de participação nos lucros às obrigações tributárias fincadas na Lei de Custeio da Seguridade Social, A inobservância à aplicação de lei representaria, por parte deste Colegiado, negativa de vigência aos preceitos inseridos no inciso XI do art. 7º da CF/88 e nas Leis nº 8.212/91 e 10.101/2000, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Estando, portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, nas circunstâncias ora analisadas, deve persistir o lançamento ora em debate. 2.1.2. DAS GRATIFICAÇÕES E ABONOS O Recorrente alega que a gratificação excepcional ao expatriado, a gratificação excepcional Rio, o prêmio excepcional de mérito e a complementação IRRF EXP não possuem natureza contraprestacional e não devem integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Argumenta, ainda, que a gratificação excepcional variável e a gratificação excepcional não integram o conceito de Salário de Contribuição. Sem razão, igualmente. A Fiscalização apurou que a Recorrente realiza o pagamento de gratificações salariais a empregados estrangeiros da empresa que estão trabalhando em dependências da empresa no Brasil, assim denominados “empregados impatriados”, mediante as seguintes rubricas: · GRATIFICAÇÃO EXCEPCIONAL AO EXPATRIADO Levantamento L4, Rubrica “3031 Grat. Excep. Expatriado”; · GRATIFICAÇÃO EXCEPCIONAL VARIÁVEL Levantamento L6, Rubrica “3033 Grat. Excep. Variavel”; · GRATIFICAÇÃO EXCEPCIONAL RIO Levantamento L8, Rubrica “3072 Grat. Excep. RIO; · GRATIFICAÇÃO EXCEPCIONAL Levantamento M1, Rubrica “3073 Grat. Excepcional; · PRÊMIO EXCEPCIONAL MÉRITO Levantamento M3, Rubrica “3096 Prêmio Excep. Mérito; · GANHO EVENTUAL ACORDO COLETIVO – Levantamento M5, Rubrica “3205 – Ganho Event Acordo Coletivo”; Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.824 33 · AJUDA DESLOCAMENTO – Levantamento M6, rubrica “3019 – Ajuda Deslocam. Mas” · GARANTIA DE EMPREGO – Levantamento M7, rubrica “3028 – claus. 9A Diss/Col”, · COMPLEMENTAÇÃO IRRF EXP Levantamento M8, Rubrica “3153 Complem. IRRF EXP”. A Gratificação Excepcional do Expatriado corresponde a um prêmio pago pela empresa, uma vez por ano, ao empregado estrangeiro contratado no exterior, a fim de incentivar a permanência fora de sua pátria. A Gratificação Excepcional Variável corresponde ao pagamento de remuneração variável, efetuado aos empregados de nível executivo da empresa, uma única vez por ano, no mês de maio, sendo apurada levando em consideração a performance individual e o resultado da empresa como um todo Grupo Michelin. A Gratificação Excepcional Rio corresponde ao ressarcimento da diferença cambial dos recebimentos do empregado impatriado, pago uma vez por semestre, ao empregado estrangeiro contratado no exterior. A rubrica Gratificação Excepcional é utilizada pela empresa para pagamentos esporádicos a seus empregados. O Prêmio Excepcional Mérito corresponde ao pagamento de viagem nas férias do impatriado, pago uma vez ao ano, no mês de maio, para sua pátria, país de origem da sua contratação. A rubrica Ganho Eventual Acordo Coletivo é utilizada para pagamento do abono salarial quando do fechamento do Acordo Coletivo. A rubrica claus. 9A Diss/Col é utilizada para pagar, em rescisão contratual, indenização por garantia de emprego, correspondente ao período de 60 dias de trabalho. “É assegurado ao empregado afastado do trabalho pela Previdência social, em gozo de benefício de auxíliodoença, garantia de emprego, ou indenização equivalente correspondente ao período de 60 dias após o seu retorno ao serviço. Nova garantia deste benefício só poderá ocorrer após o período de 01 (hum) ano contado da data do retorno.” A rubrica Ajuda Deslocamento é utilizada para o pagamento da ajuda de transporte do pessoal que trabalha na Barra da Tijuca. “A Michelin manterá para os empregados que tiveram alterado o local de trabalho, dos bairros de Santo Cristo ou Campo Grande para a Barra da Tijuca, uma ajuda intitulada “Deslocamento MAS” em valor igual para todos os empregados, a fim de ressarcir, como efetivamente ressarce, as despesas de condução acrescidas. Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 34 Parágrafo Primeiro O “Deslocamento MAS” será pago enquanto os empregados continuarem trabalhando na nova sede da MICHELIN, cessando, por consequência, ao retornarem ao local de trabalho de origem. Estão excluídos desta ajuda aqueles empregados que tiverem direito a estacionamento gratuito, fornecido pela empresa, no local de trabalho.”. A empresa, ao invés de distribuir vale transporte aos empregados que tiveram alterado o local de trabalho de Santo Cristo ou Campo Grande para a Barra da Tijuca, está pagando uma ajuda de transporte de valor fixo e igual para todos estes empregados, independente do efetivo custo que os empregados tiveram com o transporte residênciatrabalho e trabalhoresidência. 2.10.8) Desta forma, como a empresa não obedece a legislação concernente ao assunto, pelo fato da empresa pagar uma ajuda de transporte a estes empregados que não tem o mesmo valor que o efetivo custo que os empregados tiveram com o transporte residênciatrabalho e trabalhoresidência, esta ajuda de transporte paga em dinheiro se reveste de caráter remuneratório, mas não foi considerada pela empresa como salário de contribuição”. A rubrica Complementação do IRRF é utilizada para pagamento de compensação de perdas de tributos para os impatriados. Corresponde ao ressarcimento do encargo fiscal que o expatriado sofreu, incidente sobre o valor que lhe é pago no Brasil. A gratificação caracterizase como uma forma de agradecimento ou reconhecimento do empregador pelos serviços prestados pelo empregado ou como recompensa pelo respectivo tempo de serviço na empresa. A gratificação pode ser concedida por liberalidade, como ato da vontade do empregador, ou ajustada, tendo como origem a própria lei ou o documento coletivo sindical, obrigando, em ambos os casos, o empregador ao seu pagamento. A jurisprudência pátria tem sedimentado entendimento nesse sentido, conforme se depreende da Súmula 207 do STF: Súmula 207 do STF As gratificações habituais, inclusive a de Natal, consideramse tacitamente convencionadas, integrando o salário. Outro não é o Direito estatuído na Consolidação das Leis do Trabalho, cujo art. 457 dispõe, expressamente, que as gratificações ajustadas e os abonos pagos pelo empregador são parcelas integrantes da remuneração do trabalhador. Consolidação das Leis do Trabalho Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada à distribuição aos empregados”. Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.825 35 Repisese que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, são incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária, a teor do art. 201, §11, da CF/88. Em ádito, notese que o conceito legal de Salário de Contribuição alcança não somente o salário, como, também, todos os demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que preste serviço à empresa, mesmo sem vínculo empregatício com esta. Assim, as rubricas pagas aos empregados a título de gratificação excepcional ao expatriado; gratificação excepcional Rio, gratificação excepcional, prêmio excepcional mérito, ganho eventual acordo coletivo, ajuda deslocamento, garantia de emprego complementação IRRF EXP, nos termos legais e constitucionais, constituemse parcelas integrantes do Salário de Contribuição. A Gratificação Excepcional do Expatriado revelase como um atrativo salarial ao trabalhador, sendo paga pelo trabalho e não para o trabalho, integrando o Salário de Contribuição para os efeitos de incidência tributária. A Gratificação Excepcional Variável corresponde ao pagamento de remuneração variável, efetuado aos empregados de nível executivo da empresa, uma única vez por ano, no mês de maio, sendo apurada levando em consideração a performance individual e o resultado da empresa como um todo. Tratase, igualmente, de parcela paga em razão do trabalho, e não para o trabalho, integrando o Salário de Contribuição para todos os efeitos de incidência tributária. A gratificação excepcional tratase de Tradicional Prêmio de Desempenho, a qual era paga aos empregados que possuíam um desempenho excepcional em suas atividades laborais, sendo, portanto, uma verba paga pelo trabalho e não para o trabalho, integrando, assim, o Salário de Contribuição para efeitos de tributação previdenciária. A Gratificação Excepcional Rio, a Complementação IRRF EXP, assim como o Prêmio Excepcional Mérito, também se configuram como rubricas remuneratórias, na medida em que recompõem o patrimônio inercial do trabalhador no montante correspondente ao quantum expendido em razão da diferença cambial dos recebimentos do empregado impatriado, ou do quanto lhe foi suprimido do salário para o recolhimento do IRRF, ou ao quanto deixou de gastar para custear a viagem de férias do impatriado para a sua pátria de origem, representando, portanto, em todos os casos, um plus remuneratório. Não se enquadram na hipótese de isenção vertida no item 7 da alínea ‘e’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 as verbas pagas sob o rótulo de “Ganho Eventual Acordo Coletivo”, eis que apenas se encontram a salvo da tributação previdenciária os abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei, jamais em razão de acordo coletivo de trabalho. Com efeito, de acordo com o inciso VI do art. 97 do CTN, constituise matéria de reserva legal as hipóteses de exclusão do crédito tributário, como assim se revela a isenção. Dessarte, somente os abonos desvinculados do salário por força expressa de lei stricto sensu se ajustam na hipótese de não incidência legal prevista no supratranscrito art. 28, §9º, ‘e’, 7, da Lei nº 8.212/91. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; (...) Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 36 VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (...) Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Outra não é a diretriz traçada pela Consolidação das Leis do Trabalho, à luz do que emana, com extrema clareza, do §1º, in fine, do seu art. 457, verbis: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999/53) §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999/53) (grifos nossos) A matéria ora em apreciação já foi bater às portas da Suprema Corte de Justiça, havendo o Egrégio STJ, de há muito, iluminado em seus arestos, a interpretação que deve prevalecer na pacificação do debate em torno do assunto, consoante dessai dos seguintes julgados. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBAS SALARIAIS. INCIDÊNCIA. AUXÍLIO DOENÇA. NÃOINCIDÊNCIA. (...) 4. É pacífico no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o saláriomaternidade não tem natureza indenizatória, mas sim remuneratória, razão pela qual integra a base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Precedentes: AgRg no REsp 973.113/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques e REsp 803.708/CE, Rel. Min. Eliana Calmon. Da mesma forma, o saláriopaternidade deve ser tributado, por se tratar de licença remunerada prevista constitucionalmente, não se incluindo no rol dos benefícios previdenciários. (...) 6. Incide contribuição previdenciária sobre adicionais noturno (Enunciado 60/TST), insalubridade e periculosidade por possuírem caráter salarial. 7. O benefício residência é salárioutilidade (art. 458, §3º, da CLT) e, como tal, integra o salário para todos os efeitos, inclusive quanto às contribuições previdenciárias. 8. As verbas pagas por liberalidade do empregador, conforme consignado pelo Tribunal de origem (gratificação especial liberal não ajustada, gratificação aposentadoria, gratificação especial aposentadoria, Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.826 37 gratificação eventual liberal paga em rescisão complementar, gratificação assiduidade e complementação tempo aposentadoria), possuem natureza salarial, e não indenizatória. Inteligência do art. 457, § 1º, da CLT. (grifos nossos) 9. Dispõe o enunciado 203 do TST: "A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos legais". 10. O abono salarial e o abono especial integram o salário, nos moldes do art. 457, §1º, da CLT. (grifos nossos) 11. Com efeito, a Lei 8.212/1991 determina a incidência da Contribuição Previdenciária sobre o total da remuneração paga, com exceção das quantias expressamente arroladas no art. 28, § 9º, da mesma lei. 12. Enquanto não declaradas inconstitucionais as Leis 9.032/1995 e 9.129/1995, em controle difuso ou concentrado, sua observância é inafastável pelo Poder Judiciário (Súmula Vinculante 10/STF). 13. O STJ pacificou o entendimento de que não incide Contribuição Previdenciária sobre a verba paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença, porquanto não constitui salário. 14. Agravos Regimentais não providos. (AgRg nos EDcl no REsp 1098218 / SP, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 09/11/2009) TRIBUTÁRIO – IRRF – ABONO SALARIAL CONCEDIDO POR MEIO DE CONVENÇÃO COLETIVA – NATUREZA SALARIAL – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO – PRECEDENTES. A jurisprudência desta Corte há muito se cristalizou no sentido de que as verbas recebidas a título de abono salarial em virtude de acordo ou convenção trabalhista possuem natureza remuneratória, porquanto substituem reajuste salarial e, assim, constituem fato gerador do imposto de renda, sendo passíveis, portanto, de incidência do imposto de renda na fonte. 2. Precedentes: REsp 696.677/CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 7.3.2007; AgRg no REsp 766.016/CE, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 12.12.2005; REsp 449.217/SC, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 6.12.2004. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 885006 / MG, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, DJ 31/05/2007 p. 424) Nessa linha de análise, constatase que os valores pagos pela empresa aos segurados a título de abono não se ajustam à hipótese de não incidência tributária consagrada no art. 28, §9º, ‘e’, item 7, da Lei nº 8.212/91, urgindo prevalecer a regra segundo a qual, na ausência de disposição legal em contrário, todo abono ostenta cunho salarial. Na mesma linha encontrase a Gratificação excepcional, utilizada pela empresa para pagamentos esporádicos a seus empregados, pagamentos esses que nada mais são do que abonos, prêmios, gratificações ou congêneres. Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 38 Também ostenta natureza de abono, prêmio, gratificação ou congêneres as verbas pagas mediante a rubrica “claus. 9A Diss/Col” aos trabalhadores em gozo de auxílio doença, e não indenizatória, como assim defende o Recorrente. Tratase de um abono pago ao trabalhador, independente das verbas rescisórias, caso ele opte pela rescisão do contrato de trabalho, quando do retorno do auxílio doença. Não se deslembre que o dever de indenizar pressupõe a existência de um ato ilícito e de um dano deste diretamente decorrente, sem o qual não há o que se reparar. Anotese que somente ostenta natureza indenizatória as verbas pagas visando a repara um dano, decorrente de ato ilícito praticado com dolo ou culpa por aquele que tem o dever de reparar o dano em questão. Nessa vertente, se um trabalhador tem o seu carro destruído por uma enchente, e o Empregador, em reconhecimento à importância do empregado e como forma de restaurar o statu quo ante, oferece gratuitamente ao trabalhador um veículo idêntico ao destruído, tal ato jurídico não ostenta natureza indenizatória, uma vez que não decorreu de ato ilícito praticado pelo Empregador, tampouco tinha este o dever jurídico de reparar o dano sofrido pelo seu empregado. No caso em tela, estando o trabalhador em auxílio doença, findo o benefício previdenciário, pode ele optar, nos termos do acordo coletivo, pela garantida de emprego ou, em caso de rescisão contratual, pelo recebimento de uma verba equivalente, correspondente ao período de 60 dias após o seu retorno ao serviço. Registrese que o empregador possui o Direito Potestativo de dispensa do trabalhador, a qualquer tempo, mesmo sem justa causa, ressalvadas as hipóteses taxativas de garantia de emprego, as quais não contemplam o período após o retorno do auxílio doença. Tal importância tem natureza jurídica de abono, e não de indenização. Tanto é assim que nova garantia deste benefício, nos termos do acordo coletivo, só poderá ocorrer após o período de 01 (hum) ano contado da data do retorno. Ora, se indenização fosse, o dever do empregador de indenizar o empregado não poderia ser limitado na forma como consta no acordo, eis que o dever de indenizar decorre ex lege, não se sujeitando a essa espécie de restrição. Não merece prosperar, igualmente, a alegação de que a parcela paga a título de AJUDA DESLOCAMENTO, paga mediante a rubrica “3019 – Ajuda Deslocam. Mas” teria natureza de Vale Transporte. Mostrase virtuoso, inicialmente, mencionar que os gastos com transporte do trabalhador de casa para o trabalho e viceversa configuramse como despesas a serem atendidas e custeadas pelo salário do obreiro, mesmo em seu valor mínimo legal, e não pela empresa, consoante inciso IV do art. 7º da CF/88. Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (grifos nossos) (...) Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.827 39 Por outro viés, não se deslembre que, nos termos da alínea ‘f’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 111 do CTN , somente a parcela recebida a título de valetransporte, auferida na forma da legislação própria, não integra o Salário de Contribuição para fins de incidência de contribuições previdenciárias. No caso ora em foco, a disciplina da matéria em relevo, no plano infraconstitucional, restou a cargo da Lei nº 7.418/85, a qual instituiu o valetransporte, assim dispondo sobre o seu tema nuclear: Lei nº 7.418, de 17 de dezembro de 1985 Art. 1º Fica instituído o valetransporte, (Vetado) que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência trabalho e viceversa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais. Art. 2º O ValeTransporte, concedido nas condições e limites definidos, nesta Lei, no que se refere à contribuição do empregador: (grifos nossos) a) não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos; b) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; c) não se configura como rendimento tributável do trabalhador. Art. 4º A concessão do benefício ora instituído implica a aquisição pelo empregador dos Vales Transporte necessários aos deslocamentos do trabalhador no percurso residência trabalho e viceversa, no serviço de transporte que melhor se adequar. (Artigo renumerado pela Lei 7.619/87) (grifos nossos) Parágrafo único O empregador participará dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à parcela que exceder a 6% (seis por cento) de seu salário básico. A lei nº 7.418/85 foi regulamentada pelo Decreto nº 95.247/1987, que dispõe: Decreto nº 95.247, de 17 de novembro de 1987 Art. 2° O ValeTransporte constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência trabalho e viceversa. Parágrafo único. Entendese como deslocamento a soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local de trabalho. Art. 3° O ValeTransporte é utilizável em todas as formas de transporte coletivo público urbano ou, ainda, intermunicipal e interestadual com características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo poder Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 40 público ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente. Parágrafo único. Excluemse do disposto neste artigo os serviços seletivos e os especiais. (...) Art. 5° É vedado ao empregador substituir o ValeTransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. No caso de falta ou insuficiência de estoque de Vale Transporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediata, da parcela correspondente, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento. (...) Art. 7° Para o exercício do direito de receber o ValeTransporte o empregado informará ao empregador, por escrito: I seu endereço residencial; II os serviços e meios de transporte mais adequados ao seu deslocamento residênciatrabalho e viceversa. §1° A informação de que trata este artigo será atualizada anualmente ou sempre que ocorrer alteração das circunstâncias mencionadas nos itens I e II, sob pena de suspensão do benefício até o cumprimento dessa exigência. §2° O benefício firmará compromisso de utilizar o ValeTransporte exclusivamente para seu efetivo deslocamento residênciatrabalho e vice versa. §3° A declaração falsa ou o uso indevido do ValeTransporte constituem falta grave. Art. 8° É vedada a acumulação do benefício com outras vantagens relativas ao transporte do beneficiário, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 4° deste decreto. Art. 9° O ValeTransporte será custeado: I pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% (seis por cento) de seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; II pelo empregador, no que exceder à parcela referida no item anterior. Parágrafo único. A concessão do ValeTransporte autorizará o empregador a descontar, mensalmente, do beneficiário que exercer o respectivo direito, o valor da parcela de que trata o item I deste artigo. Art. 10. O valor da parcela a ser suportada pelo beneficiário será descontada proporcionalmente à quantidade de ValeTransporte concedida para o período a que se refere o salário ou vencimento e por ocasião de seu pagamento, salvo estipulação em contrário, em convenção ou acordo coletivo de trabalho, que favoreça o beneficiário. Art. 11. No caso em que a despesa com o deslocamento do beneficiário for inferior a 6% (seis por cento) do salário básico ou vencimento, o empregado poderá optar pelo recebimento antecipado do ValeTransporte, cujo valor será Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.828 41 integralmente descontado por ocasião do pagamento do respectivo salário ou vencimento. Art. 12. A base de cálculo para determinação da parcela a cargo do beneficiário será: I o salário básico ou vencimento mencionado no item I do art. 9° deste decreto; e II o montante percebido no período, para os trabalhadores remunerados por tarefa ou serviço feito ou quando se tratar de remuneração constituída exclusivamente de comissões, percentagens, gratificações, gorjetas ou equivalentes. Deflui dos dispositivos suso selecionados que o valor do benefício auferido a título de vale transporte tem seu valor variável e é individualizado por empregado, sendo dependente visceralmente do seu endereço residencial, bem como dos serviços e meios de transporte mais adequados ao seu deslocamento residênciatrabalho e viceversa, e é devido a todos os empregados indistintamente. No caso em apreço, o valor auferido pelo beneficiário é fixo, independentemente de onde resida ou de qual o meio de transporte venha a utilizar para realizar o percurso residência trabalho e viceversa. Ademais, somente os empregados transferidos para a sede da Barra da Tijuca/RJ fazem jus ao benefício em questão, benefício esse que será suprimido caso o trabalhador retorne ao local de trabalho de origem, localizado nos bairros de Santo Cristo/RJ ou Campo Grande/RJ. Anotese que o benefício do valetransporte é devido a todos os empregados da empresa. No caso em apreço, tal benefício contempla, tão somente, os trabalhadores que tiveram alterados seus locais de trabalho de Santo Cristo/RJ e Campo Grande/RJ para a sede da Barra da Tijuca/RJ, e mesmo para estes, não é devido àqueles empregados que tiverem direito a estacionamento gratuito, fornecido pela empresa, no local de trabalho. A empresa, ao invés de distribuir vale transporte aos empregados que tiveram alterado o local de trabalho de Santo Cristo ou Campo Grande para a Barra da Tijuca, ajustandose às novas condições, na forma prevista no art. 7º do Decreto nº 95.247/1987, optou por pagar uma ajuda de transporte de valor fixo e igual para todos estes empregados, independente do efetivo custo que os empregados tiveram com o transporte residênciatrabalho e trabalhoresidência, violando, assim, a vedação instituída no art. 8º do citado decreto regulamentar, que expressamente proíbe a acumulação do benefício do valetransporte com outras vantagens relativas ao transporte do beneficiário. Anotese que nos termos da legislação de regência, para se por a salvo da tributação previdenciária, a única ajuda de custo que a empresa pode conceder aos seus empregados referese à parcela que exceder a 6% (seis por cento) de salário básico de cada trabalhador, condição essa não adimplida pelo Recorrente. Conforme já enaltecido alhures, tratandose de hipótese de renúncia fiscal, urge emprestarse exegese restritiva à fórmula isentiva acima abordada. Assim, a parcela auferida por cada trabalhador da Recorrente que teve seu local de trabalho transferido para a sede da Barra da Tijuca, a título de Ajuda de Transporte, consubstanciamse Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 42 remuneração indireta, pois representa exatamente a importância que o Beneficiário deixou de desfalcar do seu patrimônio próprio para cobrir as despesas em tela. 2.2. DA APOSENTADORIA ESPECIAL APÓS 25 ANOS DE TRABALHO. Os empregados considerados como tendo direito a aposentadoria especial após 25 anos de serviço, e que por isto acarretam para a empresa a contribuição adicional de 6% (seis por cento), são aqueles empregados que foram declarados pela própria empresa em suas GFIP com código de ocorrência 04 Exposição a agente nocivo (aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho). Conforme discriminado no item 3.2 do Relatório Fiscal, o adicional de SAT acima citado incidiu sobre as seguintes parcelas de natureza remuneratória: · LEVANTAMENTO R1 Pagamentos feitos referentes à Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “0040 Participação Lucros ou Resultados” · LEVANTAMENTO R2 Pagamentos feitos referentes à Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3964 Participação de Resultados TCAS” · LEVANTAMENTO R3 Pagamentos feitos referentes a Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3073 Grat.Excepcional” · LEVANTAMENTO R4 Pagamentos feitos referentes a Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3033 Grat.Excep.Variavel” · LEVANTAMENTO R5 Pagamentos feitos referentes ã Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3205 Ganho Event Acordo Coletivo” · LEVANTAMENTO R6 Pagamentos feitos referentes à Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3028 Claus. 9A Diss/Col” Os fatos geradores dos lançamentos em questão foram obtidos diretamente das GFIP, para os segurados em relação aos quais a empresa declarou o código de ocorrência 04. As bases de cálculo encontramse discriminadas por trabalhador, representado pela sua matrícula, competência, código da lotação do empregado e o estabelecimento da empresa no qual o empregado trabalha, dispostas nos seguintes anexos: · Anexos 1A, a fls. 118/129: Lev. R1 rubrica “0040 Participação Lucros ou Resultados” · Anexos 3A, a fls. 254/258: Lev. R2 Pagamentos feitos referentes à Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3964 Participação de Resultados TCAS” · Anexos 6A, a fl. 166: Lev. R3 Pagamentos feitos referentes a Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3073 Grat.Excepcional” · Anexos 10A, a fls. 234/247: Lev. R4 Pagamentos feitos referentes a Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3033 Grat.Excep.Variavel” Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.829 43 · Anexos 14A, a fls. 299/309: Lev. R5 Pagamentos feitos referentes ã Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3205 Ganho Event Acordo Coletivo” · Anexos 16A, a fl. 343 : Lev. R6 Pagamentos feitos referentes à Rubrica Salarial da Folha de Pagamento “3028 Claus. 9A Diss/Col” Nessa vertente, sendo as rubricas “0040 Participação Lucros ou Resultados”; “3964 Participação de Resultados TCAS”; “3073 Grat.Excepcional”; “3033 Grat.Excep.Variavel”; “3205 Ganho Event Acordo Coletivo” e “3028 Claus. 9A Diss/Col” parcelas integrantes do Salário de Contribuição, sobre elas, relativamente tão somente aos trabalhadores expostos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e que lhes confiram o direito a aposentaria aos 25 anos de serviço, deve incidir o adicional de 6% a que se refere o §6º do art. 57 da Lei nº 8.213/91. 2.3. DOS SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS É devida à Seguridade Social a contribuição da empresa à ordem de 20% incidentes sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços, nos termos do inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/91. Conforme discriminado no item 4.2 do Relatório Fiscal, as contribuições lançadas mediante o Auto de Infração de Obrigação Principal nº 51.013.5072 encontramse agrupadas consoante os seguintes levantamentos: · “L5 Rubrica 3031 CI” competência 01/2009; · “L7 Rubrica 3033 CI” competências 01/2009 e 05/2010; · “L9 Rubrica 3072 CI” competência 08/2009; · “M2 Rubrica 3073 CI” competências 08/2009; 09/2009; 11/2009; 05/2010; 10/2010 e 12/2010 · “M4 Rubrica 3096 CI” competências 04/2009 e 04/2010 a 06/2010 Nessa prumada, sendo as rubricas “3031 Grat.Excep.Expatriado”, “3033 Grat.Excep.Variavel”, “3072 Grat. Excep. RIO”, “3073 Grat. Excepcional” e “3096 Prêmio Excep. Mérito”, parcelas integrantes do Salário de Contribuição, sobre elas, relativamente e tão somente aos segurados contribuintes individuais, deve incidir a contribuição patronal de que trata o inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/91. Da análise de tudo o quanto se considerou no presente julgado, podese asselar categoricamente que a decisão de primeira instância não demanda, alfim, qualquer reparo. Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 44 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16682.720906/201385 Acórdão n.º 2302003.550 S2C3T2 Fl. 1.830 45 Voto Vencedor Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. PLR. Participação dos Sindicatos. Demonstração da Solicitação de Participação na Avença. Como já bem destacado no Relatório e no Voto do ilustre Relator, apurou a Fiscalização que na elaboração dos Acordos de participação nos lucros e resultados, rubricas “0040 Participação Lucros ou Resultados”, “3955 Participação de Resultados – PRV” e “3964 Participação de Resultados – TCAS” não constava a assinatura do representante do Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro. No curso da ação fiscal, foi realizada diligência perante o Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro, intimandoo, mediante termo próprio, a informar se o Sindicato havia participado na elaboração dos PLANOS/ACORDOS DE PARTICIPACAO NOS LUCROS da Recorrente. Em resposta datada de 13/03/2013, o Sindicato informou que “não participou da elaboração dos PLANOS/ACORDOS DE PARTICIPAÇAO NOS LUCROS, nos anos calendários de 2008, 2009 e 2010, planos estes que fixaram as regras de pagamento de participação nos lucros e resultados da sociedade Michelin”. Tal afirmação foi considerada suficiente, na compreensão do Relator, para a manutenção do lançamento. Ocorre que a recorrente alega que a ausência do sindicato nas negociações para a concessão da Participação nos Resultados da Empresa não ocorreu por deliberação da recorrente, ou desconsideração àquele respeitável órgão sindical, mas, ao contrário, a mesma se deu por vontade exclusiva do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro, o qual foi formalmente convidado a participar das negociações, deixando de fazêlo, todavia, injustificadamente. Em análise à documentação acostada à impugnação, verifico diversos e mails encaminhados ao endereço do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha e Afins (stiaberj@terra.com.br) por intermédio dos quais comunicase a realização de reunião para tratar dos acordos de PLR (local, data e horário), solicitando se a presença de um representante do sindicato. Verifico tal conteúdo às fls. 1.596; 1.600; 1.602; 1.604; 1.607; 1.614; 1.618; 1.619; 1.621; 1.625; 1.628; 1.630. Ademais as Atas de Reunião confirmam que o sindicato foi informado por email e não confirmou presença nem tampouco justificou a ausência (fls. 1.597; 1.603; 1.608; 1.610; 1.612; 1.616; 1.620; 1.623; 1.624; 1.631). Notese que a Lei n° 10.101/2000 não obriga que a negociação entre empresa e empregados seja celebrada por acordo ou convenção coletiva, facultando como via opcional que a referida negociação seja feita por “comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 46 também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria” e “por convenção ou acordo coletivo”. Vale dizer, no acordo de PLR, o sindicato pode figurar como parte do acordo ou convenção coletiva (art. 8°, VI, da CF); ou indicando um representante para integrar a comissão paritária (art. 8°, III, da CF). Portanto, são situações distintas, mas ambas contempladas pela Lei n° 10.101/2000 O art. 616 da CLT, invocado pelo ilustre Relator, alude a procedimento a ser adotado pelo empregador quando da recusa à negociação coletiva para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva. Como no caso foi eleita a via de comissão paritária, entendemos que não tem incidência a hipótese prevista no aludido dispositivo. Assim, tendo sido sempre solicitado formalmente ao sindicato que viabilizasse a presença de um representante do sindicato para as reuniões, considero que a recorrente cumpriu todos os requisitos legais que lhe são exigíveis, devendo ser anulado lançamento relativo à rubrica PLR Participação nos Lucros e Resultados, em razão de restar comprovado nos autos que o contribuinte intimou o Sindicato da categoria de empregados a participar da negociação relativa aos acordos tendentes a regular o pagamento da PLR. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, a fim de excluir do lançamento a rubrica PLR Participação nos Lucros e Resultados. É como voto. Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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